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Newsletter nº 3 Janeiro-Junho 2014

Envelhecer Segundo Uma Perspectiva de Igualdade de

Conclusões preliminares 28 Maio 2014 Fórum Municipal Romeu Correia

Mais de uma centena de participantes no Seminário Quebrar Barreiras Pág. 2 Diagnóstico revela necessidade de formação sentida pelas/os profissionais Pág. 3

Projecto QB cria materiais com Histórias de Vida e Arte e Género Pág. 4

O Projecto Quebrar Barreiras viu o seu tempo de vida prolongado por mais algum tempo tornando-se possível, até ao final do presente ano, desenvolver mais acções de sensibilização com pessoas idosas, dentro das temáticas que temos vindo a trabalhar. Recordamos que nas instituições gerontológicas dos concelhos de Almada, Lisboa e Seixal as sessões têm abordado: Violência Doméstica sobre Pessoas Idosas, Direitos Humanos e Cidadania, Feminismos e Estereótipos de Género, Afectos e Sexualidades, Mulheres na História, etc. Caso seja de interesse da sua instituição—associação de reformados, centro de dia, centro de convívio, centro social e paroquial, lar, ou outra—receber, numa tarde, a equipa do Projecto QB para uma sessão de sensibilização sobre qualquer um dos temas referidos, contacte-nos via telefone (218 873 005) ou, de preferência, para o email do Projecto— projecto.quebrarbarreiras@gmail.com

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Seminário Final do Projecto Quebrar Barreiras | Resumo Reunindo ao longo do dia 28 de Maio de 2014 mais de uma centena de participantes, o Seminário Final do Projecto Quebrar Barreiras teve como anfitriã a autarquia de Almada, que graciosamente cedeu o Fórum Municipal Romeu Correia para acolher o evento. Este foi um momento importante para, num mesmo espaço, reunirmos algumas das pessoas dos diversos grupos com os quais trabalhamos desde o início de 2013: pessoas idosas de associações de reformados, de centros de dia, as mulheres do centro de convívio do Projecto Alkantara, estudantes das escolas secundárias, mas também muitas/os profissionais e dirigentes de instituições que trabalham com a população idosa nos concelhos de Almada, Lisboa e Seixal, amigas e amigos da UMAR, responsáveis das autarquias e investigadoras/es nas temáticas da gerontologia. Organizado em painéis, o Seminário iniciou-se com a intervenção de Teresa Sales, vice-presidente da UMAR. De seguida, assistimos à intervenção da Presidente da CIG, Fátima Duarte, que em jeito de síntese nos apresentou uma reflexão sobre as questões do envelhecimento tenho em conta o género. Recebemos as boas vindas por parte do vereador da Câmara Municipal de Almada, António Matos, finalizando-se a mesa de abertura com a intervenção de Anabela Soares da Câmara Municipal do Seixal. Num pequeno momento de apresentação ao livro “Memórias Escondidas”, três alunas/os da Escola Secundária Manuel Cargaleiro leram duas histórias de vida por elas/es recolhidas. Ainda durante a manhã, desenrolou-se o painel Género e Envelhecimento, com a moderação de Anne Marie Delettrez, que contou com os contributos de especialistas na área: Pedro Moura Ferreira, do Instituto do Envelhecimento, dissertou as noções de envelhecimento activo e intergeracionalidade, Heloísa

Perista, do CESIS, aprofundou a análise para o que é envelhecer segundo uma perspectiva de género e, Maria João Quintela, presidente da Associação Portuguesa de Psicogerontologia, no seu peculiar estilo, cruzou as variáveis envelhecimento com saúde das pessoas idosas. De tarde, no painel sobre Violência Doméstica contra a Pessoa Idosa, intervieram José Ferreira Alves, da Universidade do Minho, responsável pelo estudo pioneiro nesta matéria, Elisabete Brasil, directora executiva para a violência de género na UMAR e Cristina Pires, coordenadora do Projecto QB que apresentou as conclusões preliminares do estudo “Denúncia da Violência Doméstica contra Pessoas Idosas”. Após a pausa para café, deu-se lugar à mesa redonda, com a moderação de Manuela Góis, em que participaram representantes de entidades parceiras do projecto: Cristina Dias pela AURPITM do Seixal, Sónia Cruz do Centro Social e Paroquial do Cristo-Rei que integra o Grupo Concelhio de Idosos de Almada, Filipe Santos do Projecto Alkantara e Jacinto Bettencourt da Escola Secundária Manuel Cargaleiro. Pela equipa do Projecto QB, Luísa Rego fez um balanço da multiplicidade de públicos com os quais o projecto foi desenvolvido e das relações de parceria e, Cristina Pires encerrou com um conjunto de reflexões e conclusões sobre o envelhecimento segundo uma perspectiva de igualdade de género. A sessão terminou com a projecção de um pequeno filme que resume a actividade desenvolvida pelo Projecto Quebrar Barreiras—Envelhecer Segundo uma Perspectiva de Igualdade de Género ao longo dos meses, realizado por Carla Kristensen. [no site quebrarbarreiras.umarfeminismos.org é possível aceder à galeria fotográfica completa deste Seminário, bem como a algumas intervenções na íntegra.]

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No passado dia 28 de Maio, o Projecto Quebrar Barreiras apresentou as conclusões preliminares do estudo “Denúncia de Situações de Violência Doméstica contra Pessoas Idosas”. O presente estudo teve como principais objectivos proceder ao levantamento das dificuldades sentidas pelas/os profissionais da área da gerontologia quando se deparam com situações de violência doméstica, compreender como atuam no combate a este crime exercido contra pessoas idosas, identificar quais os recursos que as/os profissionais conhecem e aos quais maioritariamente recorrem e,

ESTUDO “Denúncia de Situações de Violência Doméstica contra Pessoas Idosas” 91% das/os profissionais inquiridas/os afirmam nunca terem recebido formação na área

ainda, qual a percepção e formação destas/es em matéria de violência doméstica. Esta investigação resultou do preenchimento de inquéritos por questionário de carácter individual, enviados e distribuídos às/aos profissionais das organizações de gerontologia, entre Agosto 2013 e Abril 2014 nos concelhos de Almada, Lisboa e Seixal. Dos 255 questionários considerados válidos, 97 profissionais inquiridas/os afirmaram já ter tido conhecimento de pelo menos uma situação de violência doméstica contra pessoas idosas. Após a análise destes 97 inquéritos verificouse que 88% das/os inquiridas/os afirmam que as vítimas são na maioria mulheres e 62% afirmam que os agressores são na maioria homens. Por sua vez, as relações abusivas mais identificadas foram Marido (agressor) - Esposa (vítima) e Filho (agressor) - Mãe (vítima). A esta realidade, ainda que de três concelhos, não podemos deixar de reforçar que este crime assenta numa desigualdade de género e como as relações de poder entre géneros não tendem a diluir-se com a idade, mas antes pelo contrário. “Conversas com a pessoa idosa” foi a forma mais identificada pelas/os profissionais de como perceberam estar perante uma situação de violência doméstica. Contudo, mais de metade das/os inquiridas/os que afirmaram já ter detectado uma situação de violência doméstica contra pessoas idosas, afirmam igualmente sentirem obstáculos nessa identificação sendo a principal razão identificada a negação do crime por parte da pessoa idosa. Ainda no âmbito deste estudo, constatou-se que as/os profissionais reconhecem as forças de segurança como um recurso essencial na denúncia e combate ao crime de violência doméstica, no entanto, reportam, quase sempre as situações, em primeiro lugar, à/ao sua/seu superior hierárquica/o e recorrem às forças de segurança quase sempre em última instância.

o o o o o o o o o

Recursos identificados:

Forças de Segurança (PSP, GNR, PJ) Instituições de Apoio à Vítima (AMCV, APAV, CIG, UMAR) Linhas Telefónicas de Apoio Segurança Social Comunicar à/ao superior/a hierárquico/a Contactar a Assistente Social Centros de Saúde e Hospitais Ministério Público Linha Nacional de Emergência Social – 144

“Após reconhecer uma situação de violência doméstica:” o Comuniquei a situação ao/à meu/minha superior/a hierárquico/a o Falei com a vítima o Comuniquei à Assistente Social o Avisei a pessoa agressora o Informei um familiar ou pessoa de confiança da vítima o Participei às forças de segurança (PSP, GNR, Polícia Judiciária)

Quanto à percepção e formação das/os profissionais o estudo concluiu, ainda de forma preliminar, que 73% das pessoas inquiridas afirmam que ao detectar-se uma situação de violência doméstica deve-se sempre denunciar, mesmo contra a vontade da vítima contrariamente às 24% que afirmam apenas em alguns casos se deve denunciar. Ao nível da formação das/os profissionais que diretamente trabalham e prestam serviços às pessoas idosas, 91% das/os inquiridas/os afirmam nunca terem frequentado acções de “Enquanto profissional, se detectar uma situação formação ou workshops especializados na área da violência de violência doméstica, devo denunciar mesmo doméstica. contra a vontade da vítima?” Concluímos e realçamos o facto de mais de metade (154) das pessoas inquiridas afirmarem nunca terem tido conhecimento de uma situação de violência doméstica durante o desempenho da sua actividade profissional. Questionamo-nos, portanto, se as/os profissionais estão realmente consciencializadas/os para este fenómeno? Será que sabem identificar sinais que ajudam a entender se estão ou não perante uma situação de violência doméstica? Estas e outras conclusões apresentada no dia do Seminário Final do Projecto Quebrar Barreiras já se encontram disponíveis no site do projecto, estando previsto a edição de uma pequena brochura do estudo. 1%

2%

24%

Sempre

Em alguns casos Nunca NR

73%

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Projecto QB lança 2 livros que resgatam memórias de vida No âmbito do projecto foram editados, em Maio de 2014, dois livros que relatam histórias de vida de m ulheres e hom ens segundo uma perspectiva de género. Histórias que retratam percursos de vidas sofridas, com uma acentuada discriminação baseada no género… onde as mulheres procuraram, face às (poucas) oportunidades que tinham ultrapassar barreiras que, nos dias de hoje, ainda teimam a quebrar. O livro “Memórias Escondidas” conta com 20 histórias de vida (12 histórias de mulheres e 8

histórias de homens), recolhidas por alunas/os da Escola Secundária Fernão Mendes Pinto (Almada) e da Escola Secundária Manuel Cargaleiro (Seixal). O livro “Vivências e Saberes” resulta de um convívio quinzenal—da actividade Tertuliar—com um grupo de mulheres idosas do Centro de Convívio do Projecto Alkantara onde junta emoções, sabores, dicas e histórias de vida de mulheres lutadoras, e sem dúvida, vencedoras.

Sessões sobre Direitos Humanos criam materiais artísticos Dois painéis sobre a temática dos Direitos Humanos e o exercício de cidadania pelas pessoas idosas exemplificam uma das actividades previstas no Projecto QB—Arte e Género. Ambos resultaram do impacto de duas sessões de sensibilização realizadas em Junho e Julho de 2013, sobre esta temática, respectivamente no Centro de Desenvolvimento Comunitário do Bairro dos Lóios, Lisboa e, na Associação Unitária de Reformados, Pensionistas e Idosos da Torre da Marinha, Seixal. Nos painéis, colectivos de utentes daquelas instituições puderam traduzir de uma forma artística—com poemas, textos colagens, artesanato, fotografia—a sua sensibilidade à temática dos direitos das pessoas mais velhas.

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Alguns números... Em 2014, o Projecto Quebrar Barreiras realizou 7 acções de sensibilização em instituições do concelho de Almada, 3 no concelho do Seixal e 2 no concelho de Lisboa, com a novidade de ter sido introduzida, este ano, a temática dos Afectos e Sexualidade. Foram muito concorridas as sessões que abordaram estes temas, tendo a primeira delas ocorrido na Associação de Reformados do Concelho de Almada, registando o número de 45 presenças. Neste âmbito, num total de 12 acções de sensibilização participaram 184 mulheres idosas e 64 homens idosos. Quanto às/aos responsáveis de instituições gerontológicas, o projecto teve como destinatárias/os 17 profissionais em Odivelas (temática: Envelhecimento e Violência Doméstica) 10 em Almada (temática: Igualdade de Género), 7 em Almada e Seixal (temática: Prevenção e Combate à Violência Doméstica) e 11 em Alcântara (temática: Envelhecimento e Violência Doméstica). Em resumo, de Maio de 2013 a Abril de 2014, o Projecto Quebrar Barreiras desenvolveu 25 acções de sensibilização junto de um total de 567 pessoas idosas, além das/os 78 alunas/os do ensino secundário que também receberam em sala de aula o projecto e estiveram envolvidas/os na actividade Memórias Escondidas, a que podemos juntar as/ os profissionais de instituições geriátricas que foram contactadas/os ao longo de Projecto QB.

O projecto Quebrar Barreiras - Envelhecer Segundo Uma Perspectiva de Igualdade de Género assenta numa consciencialização para o fenómeno do

CONTACTOS

envelhecimento segundo uma perspectiva de género e intergeracional. Aprofundar conhecimentos com base numa recolha de informações, ao longo

Morada Rua da Cozinha Económica, Bloco D Espaços 30M e 30N, Alcântara

de todo o projecto, sensibilizando diferentes públicos-alvo para as questões do

1300-149 Lisboa

nomeadamente, da comunidade escolar, das organizações na área da

Telefone 218 873 005 E-mail projecto.quebrarbarreiras@gmail.com

envelhecimento integrando a dimensão de género será o principal desafio do mesmo. Pretende-se, para tal, o envolvimento dos diferentes públicos-alvo, gerontologia e da sociedade civil na promoção da igualdade e combate a todo o tipo de discriminações baseadas no género e na idade, com vista à construção de uma cidadania mais inclusiva. Neste sentido, o projecto desdobrar-se-á em diferentes actividades que visam colmatar as necessidades actualmente sentidas no seio da comunidade e contribuir para a concretização de medidas

Site http:// quebrarbarreiras.umarfeminismos.org

previstas no IV Plano Nacional para a Igualdade, Género, Cidadania e não Discriminação (2011-2013) e no IV Plano Nacional contra a Violência Doméstica. Incluir a dimensão da intergeracionalidade interligada com a dimensão de género revela-se, neste projecto, como um factor inovador que contribuirá para uma melhor análise do fenómeno do envelhecimento.

Equipa do Projecto Quebrar Barreiras: Cristina Pires e Luísa Rego 5


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