Indisciplina no ambiente escolar reflexões e estratégias

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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ Instituto de Desenvolvimento, Educação e Cultura do Ceará Curso de Licenciatura Específica em Pedagogia

QUÊNIA DE OLIVEIRA

INDISCIPLINA NO AMBIENTE ESCOLAR: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS

FORTALEZA-CE 2015


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QUÊNIA DE OLIVEIRA

INDISCIPLINA NO AMBIENTE ESCOLAR: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC apresentado como exigência para a obtenção do título de Graduação em Licenciatura Plena do Curso de Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú

em

parceria

com

o

Instituto

Desenvolvimento, Educação e Cultura do Ceará. Orientadora: Professora Nereide Alves de Lima.

FORTALEZA-CE 2015

de


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Trabalho de Conclusão de Curso - TCC apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Graduação em Licenciatura Plena do Curso de Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú em parceria com o Instituto de Desenvolvimento, Educação e Cultura do Ceará, sob a orientação da Professora Nereide Alves de Lima.

INDISCIPLINA NO AMBIENTE ESCOLAR: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS

_____________________________________ Quênia de Oliveira

Apresentado em: _____/_____/_____

Nota Obtida: ________

BANCA EXAMINADORA ____________________________________________ Prof.ª Orientadora

____________________________________________ 1º Examinador

____________________________________________ 2º Examinador

____________________________________________ Prof.ª Coordenadora do Curso


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DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos familiares, amigos e colegas que enxergaram em mim potencialidades, que também as vejo, porém às vezes um empurrão se faz mais que necessário e acaba sendo bem mais que um incentivo, chega a ser um animo a mais, uma motivação, foi assim que me senti por diversas vezes, quando diziam: Quênia e a faculdade, como você ainda não começou? Não perde mais tempo, começa logo! Comecei, estou terminando, e hoje, aqui, digo-lhes que todo esforço é compensador e traz mais que alegrias, nos traz a possibilidade de realizações, dedico a vocês em palavras, este estudo, que com certeza poderá ajudar a tantos outros e dedico principalmente todo meu carinho e sentimento de emoção deste momento.


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AGRADECIMENTO Sou muito grata ao senhor Deus, ao seu filho amado e querido, que nos veio como exemplo de pessoa, ambos me dão força e motivação, sou grata a minha mãe que me deste a vida, que me deu exemplos e que sem saber me deu razões para seguir mais adiante nos estudos, aos meus irmãos queridos, Leandro em especial, que também me impulsionaram, agradeço também em especial a minha prima Gislenilda e minha amiga Lili pelo incentivo a iniciar a jornada e aos outros pelo apoio que recebi no decorrer da caminhada, entre eles: O Pequeno Nazareno (em nome de todos); Irmã Maria de Lourdes; Lúcio Barbosa; Luciana Castro; Raimundo Trajano; minha Professora e orientadora querida que tanto admiro pela garra, altivez e disposição e a todos que aqui por esquecimento de momento não foram mencionados.


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“Melhor professor nem sempre é o de mais saber e, sim, aquele que, modesto, tem a faculdade de manter o respeito e a disciplina da classe.” Cora Coralina


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RESUMO

Através deste estudo, tenho como objetivo apresentar e fazer uma reflexão sobre os fatores que podem causar a indisciplina no ambiente escolar. Sabemos que os fatores podem ser relacionados a fatos internos e externos à escola, sabemos também que a indisciplina tem se configurado como uma das maiores preocupações atuais existentes entre educadores, gestores escolares e familiares em todo Brasil. Outro desdobramento deste trabalho é propor alternativas à indisciplina, através da abordagem de aspectos que podem colaborar para diminuição da referida problemática e desta forma também contribuir para maior e melhor aproveitamento do ensino e da aprendizagem. Família, escola e sociedade, este tripé é fundamentalmente necessário, acompanhado do repasse de valores éticos e morais, bem como uma pedagogia diferenciada com novas metodologias, assim podemos de fato incidir no enfrentamento da problemática. A ludicidade, os jogos e outras estratégias são apresentadas enquanto recurso pedagógico a serem utilizados para o ensino e a aprendizagem. Palavras-chave: Indisciplina. Escolar. Família. Ludicidade. Jogos. Aprendizagem.

ABSTRACT

Through this study, I aim to present and to reflect on the factors that can cause indiscipline at school. We know that the factors may be related to internal and external events to school, we also know that indiscipline has set as one of the existing current concerns among educators, school managers and families across Brazil. Another offshoot of this work is to propose alternatives to indiscipline by addressing aspects which can contribute to reduction of such problems and thus also contribute to greater and better use of teaching and learning. Family, school and society, this tripod is fundamentally necessary, accompanied by the transfer of ethical and moral values as well as a differentiated pedagogy with new methodologies, so we can really focus in addressing the issue. Playfulness, games and other strategies are presented as educational resources to be used for teaching and learning. Keywords: indiscipline. School. Family. Playfulness. Games. Learning.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................

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1. Indisciplina no ambiente escolar ...................................................................................

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1.1 Os fatores e as influências da indisciplina ..................................................................

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1.2 De que formas se pode favorecer a (in)disciplina .......................................................

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1.3 Como a escola vê a indisciplina ..................................................................................

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1.4 De que maneira a família contribui para a (in)disciplina escolar ................................

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1.5 A sociedade que vivemos e a educação que queremos ...............................................

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2. Ludicidade como estratégia de aprendizagem e diminuição da indisciplina ................

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3. Jogos, uma proposta de aprendizagem que pode ajudar a conter a indisciplina ...........

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4. Vinte passos para combater a indisciplina com os alunos ............................................

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5. Estratégias para o enfrentamento da indisciplina ..........................................................

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CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................

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REFERÊNCIAS ................................................................................................................

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ANEXOS ..........................................................................................................................

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INTRODUÇÃO

Não há como não dizer que a indisciplina praticada por alunos no ambiente escolar não seja uma transgressão do comportamento e uma demonstração de que algo esta errado, causando grande preocupação e transtorno aos professores e a comunidade escolar. Muitos se preocupam com o fenômeno, por isso há muito o quê dizer e muito debate sobre o tema. Pesquisas apontam que muito tempo é perdido em sala de aula e fora dela (sala da diretoria, psicóloga) por conta da indisciplina, mas pesquisas ( Isabel Leme - Universidade de São Paulo, 2006) também mostram alternativas possíveis para solução da problemática. Se para todo efeito (indisciplina) há uma causa, também para causa (indisciplina) deve haver medidas para a eficácia do problema. Inicialmente é preciso identificar os porquês, os motivos e/ou a razão do comportamento, na minha compreensão é a partir desta reflexão, que caminhos podem ser visualizados para solução da problemática. Através deste estudo é possível identificar algumas causas do porquê da indisciplina praticada por alunos, também é possível identificar recursos para prevenir, combater e conter o fenômeno é o que mostra as investigações bibliográficas apresentadas neste trabalho. A partir do estudo e da pesquisa percebe-se que há propostas pedagógicas, metodológicas e didáticas que podem sim resultar na solução da problemática. Dentre tantas estratégias citamos a ressignificação de valores éticos e morais, sobre isso, La Taille (2008) escreveu: Décadas atrás, tiraram a disciplina Educação Moral e Cívica do currículo. É bom que ela tenha sido eliminada por causa de sua ligação com a ditadura militar, mas o problema é que não colocaram nada no lugar. Moral, ética e cidadania se aprendem, não são espontâneas. Citamos ainda a ludicidade, segundo o Referencial Curricular para a Educação Infantil (1998),“a passagem da educação infantil para o ensino fundamental representa um marco significativo para a criança podendo criar ansiedades e inseguranças” (BRASIL, 1998, p. 84) por isso, não seria importante não haver uma ruptura tão abrupta de um ciclo para o outro? E por fim, o jogo, Celso Antunes (2001), considera o jogo como uma ferramenta importante no processo do ensino e da aprendizagem, ele coloca que o jogo estimula o interesse do aluno. Então, porque não aliar uma ferramenta que desperta tanto à atenção e o interesse do aluno a aprendizagem dos educandos? A partir destas considerações feitas em maior profundidade no decorrer deste estudo espera-se contribuir para diminuição dos índices de indisciplina no ambiente escolar.


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1. Indisciplina no ambiente escolar

O problema da indisciplina no ambiente escolar, de um modo geral nos dias de hoje, tem sido uma das maiores preocupações existentes entre os educadores em todo Brasil. Sabemos e pesquisas podem comprovar o quanto e como se perde tempo em sala de aula, sala da diretoria, sala da psicóloga, por questões de indisciplina. Atos de indisciplina, mesmo que pareçam insignificantes, com o tempo podem trazer consequências gravíssimas, quem sabe até passando do ato de indisciplina para um ato de violência escolar.

Como não dizer que a indisciplina tem sido uma problemática, no ambiente escolar, ocasionando situações de conflitos. Os professores muitas vezes se veem em dificuldades, não sabendo como agir, ficam angustiados, impacientes, sentem-se impotentes, pensam em desistir; e os alunos por sua vez são desmotivados, alguns também pensam em desistir. Um aluno indisciplinado traz para a escola os valores e comportamentos que ele aprendeu até aquele momento, ou seja, no seu convívio familiar ou social. O que se tem questionado é que muitos desses alunos indisciplinados têm sido vítimas de influências negativas vindas de sua própria família e da sociedade de maneira geral.

1.1 Os fatores e as influências da indisciplina

Percebemos que a indisciplina é uma manifestação que pode abranger muitos aspectos, devemos saber que podem ser relacionados a fatores externos e internos ao ambiente escolar. Como fator externo ao ambiente escolar podemos citar a influência do contexto familiar; da formar como os pais educam seus filhos; do meio em que se vive; da internet e da televisão, quando percebemos que as mesmas mais parecem incitar a violência ou a banalizá-la, quando deveriam incentivar o amor ao próximo; a tolerância e o respeito a dignidade da pessoa humana. Enquanto fator interno ao ambiente escolar, temos diretamente, a relação entre professor e aluno, e a relação entre aluno e aluno, tendo em vista que convivem durante certo tempo no mesmo ambiente, todos com as mais diversas diferenças entre si, sejam sociais ou culturais. Outro fator que muito influencia é o número de alunos por sala de aula, impactando


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consequentemente na atenção que o professor pode disponibilizar aos seus educandos, tendo em vista que o aluno não esta ali apenas para aprender conteúdos, mas sim para também aprender a ser um cidadão. Quanto mais atenção os alunos puderem receber de seus professores maiores serão as chances deles serem melhores enquanto pessoa.

1.2 De que formas se pode favorecer a (in)disciplina

Como foi dito o ambiente escolar, é um local com pessoas que pensa diferente, mas convivem juntas, a dinâmica da escola favorece as mais diferentes relações, a interação pode ser conflituosa. Psicólogos orientam, a escola precisa investir na formação ética de todos que estão no ambiente escolar.

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que criar cidadãos éticos é uma responsabilidade de toda a sociedade e suas instituições. A família, por exemplo, desempenha uma função muito importante até o fim da adolescência, enquanto tem algum poder sobre os filhos. A escola também, na medida em que apresenta experiências de convívio diferentes das que existem no ambiente familiar - se deixo meu quarto bagunçado, o problema é meu; se deixo uma classe bagunçada, o problema não é só meu. (LA TAILLE, 2008).

As escolas devem trabalhar as questões morais e éticas em todo o ambiente escolar, envolvendo as famílias bem como toda a comunidade escolar, considerando que tantos limites foram e são ultrapassados no cotidiano escolar. Há uma sensação de que a indisciplina está se generalizando e pior que a cada dia aumenta e que pode refletir-se no agravamento, quando se passa para a agressão verbal ou física contra professores; alunos e funcionários. Sobre isso, Yves La Taile (2008) ressalta:

A dimensão moral da criança tem de ser tratada desde a pré-escola e se estender por toda a trajetória do aluno. O trabalho pode ser feito de forma simples ou sofisticada, não importa: o que a escola não pode é silenciar. Décadas atrás, tiraram a disciplina Educação Moral e Cívica do currículo. É bom que ela tenha sido eliminada por causa de sua ligação com a ditadura militar, mas o problema é que não colocaram nada no lugar. Moral, ética e cidadania se aprendem, não são espontâneas. (LA TAILLE, 2008)


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É essencial e se faz cada dia mais urgente, diante dos dias atuais, trabalhar uma política de educação, baseada em valores éticos, valores morais, princípios, de forma que as crianças, os adolescentes e os jovens de hoje sejam orientados e compreendam de que problemática quer se tratar, combater e como todos podem contribuir para a solução da problemática. Sabemos que estamos rodeados de más influências, sejam as mídias, as formas com que tantos se comportam nesta sociedade, o respeito não parece mais ser tido como um valor incondicional ao ser humano. A escola está sendo um local onde crianças estão as maiores partes do tempo. E para que a escola seja bem conceituada, ela deve ter: bom espaço físico; profissionais qualificados comprometidos com a educação. Esta escola deve inovar; ter metodologias que estimulem os alunos pela aquisição de novos conhecimentos; deve saber que todos os alunos são diferentes, cada um com suas especificidades, com aptidões e interesses dos mais diferentes. Sendo que dentro do ambiente escolar, pessoas distintas são obrigadas a conviverem, algumas portadoras de traumas, outras vítimas de violência advindas da própria família. Nesse sentido, a escola tem o dever de saber trabalhar com as diferenças. Conforme Rego (1996), coloca:

A vida em sociedade pressupõe a criação e o cumprimento de regras e preceitos capazes de nortear as relações, possibilitar o diálogo, a cooperação e a troca entre membros deste grupo social. A escola por sua vez, também precisa de regras e normas orientadoras do seu funcionamento e da convivência entre os diferentes que nela atuam. Nesse sentido, as normas deixam de ser vistas como prescrições castradoras, e passam a ser vistas como condição necessária ao convívio social. (REGO, 1996, p. 86).

Percebemos que no ambiente escolar a indisciplina pode apresentar-se de várias maneiras. Algo que deve nos servir como um alerta, tanto para os gestores, como professores, como também os pais. É preciso atentar para está situação, considerando que a situação pode trazer tantas consequências negativas para todo o ambiente escolar. A indisciplina altera a dinâmica do ambiente, fazendo com que o mesmo fique agitado, por isso o receio da indisciplina gerar situações de violência, é o que ocorre muitas vezes em situações de ambiente conturbado, afetando e influenciando negativamente todo o ambiente escolar. Por isso é tão importante atentarmos e pensarmos estratégias para este fenômeno que ocorre no cotidiano das escolas e que precisa ser combatido de forma geral e não somente no ambiente escolar. Essa problemática nada mais é do que a omissão de valores que são


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negligenciados, valores que deveriam cotidianamente ser preservados e/ou resgatados. Durkheim (2008) faz uma reflexão sobre isso:

A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as que ainda não estão maduras para a vida social. Tem por objeto suscitar e desenvolver na criança certo número de estados físicos, intelectuais e morais dela exigidos tanto pela sociedade política em seu conjunto quanto pelo meio especial ao qual ela está particularmente destinada. (DURKHEIN, 2008, p. 36-37).

Ainda sobre isso, não é de hoje que a sociedade vem a cada dia perdendo seus valores, valores que devem ser tidos como fundamentais como o fato de sempre importar-se com o próximo, não faça ao outro o que não faria a você. Como crianças e adolescentes construirão para si valores nobres se não os veem na pratica dos adultos. Assim nos dizia Durkheim (2013, p. 59). Educação é a ação exercida sobre as crianças pelos pais e professores. Tal ação é constante e geral. Não há período na vida social e nem mesmo, por assim dizer, momentos durante o dia em que novas gerações não estejam em contato com os mais velhos e, por conseguinte, não recebam influência educadora. Esta não se faz sentir somente nos breves instantes em que pais e professores comunicam conscientemente, por meio do ensino propriamente dito, os resultados de suas experiências. Há uma educação inconsciente que não cessa jamais. Através de nosso exemplo, das palavras que pronunciamos, dos atos que realizamos, moldamos continuamente a alma de nossas crianças.

Se uma criança desde pequena é orientada, convive num ambiente saudável e equilibrado, em sua casa, na escola, tem bons exemplos, também na sociedade, dificilmente apresentará problemas em relação ao mau comportamento. Diretores, professores, pais e sociedade precisam enfrentar o problema. Considerando que ela exerça um papel fundamental na formação dos alunos. Nesse sentido, não cabe à escola apenas limitar a transmitir conhecimento acumulados; é preciso educá-los. A escola, segundo Durkheim (2008), é insubstituível na vida da criança.

A vida escolar consiste em um momento decisivo, único, insubstituível, no qual podemos formar a criança, dado que nessa fase de sua vida a sociedade ainda não alterou profundamente sua natureza, ainda não despertou nela sentimentos que a tornam parcialmente refrataria à sua vida em comum. Estamos diante de um terreno virgem, sobre o qual podemos semear germes que, uma vez que criam raiz, tenderão a se desenvolver por sua conta própria. (DURKHEIM, 2008, p. 230).


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1.3 Como a escola vê a indisciplina

A escola deve saber que a Educação é um processo que envolve a participação de todos, seja no repasse dos valores essenciais para a construção da personalidade da criança, seja na forma como procura educar seus alunos. Diretores e professores que agem de forma autoritária, achando-se capazes em decidir o direito da permanecia ou não do aluno tido como indisciplinado, não age corretamente. Para esses diretores, professores, de fato é mais fácil tirar o problema de dentro da escola para “fora”. Mas e qual são as perspectivas futuras para este aluno, quando lhe é tirado à possibilidade de exercer sua cidadania? E esse aluno o que será que sente? Não se reflete que desta forma a situação tende a se agravar? A escola deve refletir e melhorar sua prática metodológica, encontrando formas de trabalhar com estes alunos. Sobre isso Aquino (1996) nos diz:

O que se pode subtrair dos fenômenos que rondam esta nova escola é a indicação de um impacto do ingresso de um novo sujeito histórico, com demandas e valores, numa ordem arcaica e despreparada para absorvê-la plenamente. Nesse sentido, a gênese da indisciplina não residiria na figura do aluno, mas na rejeição operada por esta escola incapaz de administrar as novas formas de existência social concreta, personificadas nas transformações do perfil de sua clientela. (AQUINO, 1996, p. 45).

Conforme ele coloca, facilmente observamos que, os alunos não são orientados de forma correta, será que não é a escola que não tem preparo para trabalhar com esse novo perfil de aluno? Será que a escola deve se reduzir ao simples fato de ensinar? Ou não é claro que para além do ensino deve-se também saber trabalhar sobre os aspectos humanos.

Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurarlhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores (BRASIL, 1996).

A escola e a política educacional não devem ser constituídas com base idealizada em um sujeito passivo, deve sim estar preparada para atuar frente uma geração nova, uma geração de sujeitos que são bastante ativos, alunos que não são mais submissos, que contestam. Esta geração nova, esse novo sujeito histórico do ambiente escolar, não pode e nem deve ser


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modelado ou coagido. Por isso é que se precisa de novos modelos educacionais, de novas práticas e novas metodologias. Por isso também é que não é suficiente o saber fazer, mas o porquê fazer. É urgente termos uma escola em que todos possam e sejam incluídos, que ao invés de se desistir do aluno, que se possam enxergar potencialidades e talentos que todos têm. A escola deve cumprir seu papel de educar a todos inclusive se preocupando com o fato de que os alunos podem e devem ser pessoas melhores enquanto ser humano.

1.4 De que maneira a família contribui para a (in)disciplina escolar

Será que a forma como são criados ou as negligencias que ocorrem na família não acabam por contribuir muitas vezes com a indisciplina no ambiente escolar, com todas estas mudanças sociais, as famílias precisam se questionar, quem queremos formar? As famílias muitas vezes querem terceirizar a educação de seus filhos, o que temos clareza que não é correto, como também não há dúvida que a escola deve exercer um papel fundamental na educação dos alunos, preocupando-se com a formação continuada dos professores, inclusive reconhecendo-os profissionalmente, utilizando novas didáticas, ferramentas e metodologias. Família e escola podem e devem se unir para seguir o que Provérbios nos diz: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele" (Provérbios 22:6). Muitas vezes os pais acabam por permitir que os filhos façam o que desejam, que realizem suas vontades, que tenham comportamentos inadequados sem que sejam chamados a atenção ou que sejam repreendidos por devida atitude tomada. Isto vem ocorrendo pelo fato dos pais se sentirem culpados por muitas vezes estarem ausentes a maior parte do tempo, por isso o tempo em que estão com seus filhos acreditam ser melhor não repreender alguns comportamentos o que podemos perceber que não contribui para boa formação e educação deste ser em desenvolvimento, a criança ou o adolescente pode sem dúvida receber atenção e carinho de seus pais o que não se pode para o bem destes e de todos é permitir que não hajam corretamente. Não há como negar que o fato da mulher também ter entrado no mercado de trabalho, alterando a configuração do modo de vida das famílias alterou a forma dos filhos serem criados e educados influenciando diretamente no comportamento dos filhos. Por isso que assim como se há uma nova configuração de modelo das famílias deve se haver nova


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configuração para formar e educar as crianças. Segundo Durkheim (2011), é necessário mudar para que estejamos à frente e em sintonia com o tempo em que vivemos.

[...] à medida que se avança na história, a evolução social se torna mais rápida; uma época não se parece com a precedente; cada tempo tem sua feição. Novas necessidades e ideias surgem sem cessar; para poder atender às incessantes mudanças que sobrevêm, assim, nas opiniões e hábitos, é preciso que a própria educação mude e, por conseguinte, permaneça em estado de maleabilidade que permita a transformação. (2011, p. 75).

1.5 A sociedade que vivemos e a educação que queremos Do dicionário Houaiss, sociedade define-se como:

1. agrupamento de seres que convivem em estado gregário e em colaboração mútua; 2. grupo humano que habita em certo período de tempo e espaço, seguindo um padrão comum; coletividade; 3. grupo de indivíduos que vivem, por escolha, sob preceitos comuns; comunidade, coletividade; 4. ambiente humano em que o indivíduo se encontra incorporado; 5. convivência, contato entre pessoas que vivem em grupo.

Não há como negar que a convivência em grupo contribui e molda o caráter da pessoa, quando nasce, o indivíduo se depara com toda uma estrutura social formada e estabelecida dentro de padrões, desta forma se “regulam” as ações sociais das pessoas. Podemos concluir que a educação representa uma das estruturas sociais, também neste aspecto, a família é uma estrutura social que sem sombra de dúvida forma quem em seu meio esta, exercendo desta forma um papel fundamental. Nesse sentido à medida que a sociedade se modifica a educação deve aprimorar-se, transformar-se. O que tem ocorrido nos dias de hoje é que a criança inicia sua vida na escola com expectativas da parte dos pais de que a educação dos seus filhos possa ser terceirizada, ou seja, para eles cabe tão somente a escola toda a educação e formação deste indivíduo, o que sabemos que não deve ser assim, a família é a base fundamental da formação e educação do indivíduo, muitas vezes os pais até tem o discernimento de que a educação não pode e nem deve ser delegada tão somente a escola, mas por falta de tempo ou comodismo, acabam se omitindo o que logo pode se refletir em comportamentos não desejados no ambiente escolar.


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De certa maneira é nas palavras de Durkheim (2008) onde ele diz, que é a consciência coletiva, a forma moral vigente nesta sociedade, que vejo uma luz no fim do túnel.

A consciência coletiva é, em certo sentido, a forma moral vigente na sociedade. Ela aparece como um conjunto de regras fortes e estabelecidas que atribuem em valor e delimitam os atos individuais. É a consciência coletiva que define numa sociedade o que é considerado „imoral‟, „reprovável‟ ou „criminoso‟. (2008, p. 86, grifo do autor).

Será no momento que nos apercebermos que a situação esta virando um caos, que a reflexão sobre os valores morais serão revistas pela sociedade como um todo, é ai que reside nossa luz no fim do túnel, são os valores que nos dão um norte no meio em que vivemos e é a parti deles que podemos ser melhores.

2. Ludicidade como estratégia de aprendizagem e diminuição da indisciplina A criança inicia sua vida na escola rodeada de ludicidade, são tantas brincadeiras, jogos, brinquedos, contações de histórias, cantigas de roda, enfim boa parte dos momentos dedicados a aprendizagem é de descontração, mas não é pelo momento ser de desconcentração que não se aprende, ao contrário podemos dizer que esta é a fase em que a criança literalmente aprende brincando. E porque se faz uma ruptura tão brusca? Porque não considerar o fato que ainda seja uma criança e assim ensinar através de metodologias que envolvam a ludicidade? Ao invés disso precisam adaptar-se a uma estrutura de ensino tão formal, séria. Imagine o quão difícil não deva ser para uma criança permanecer quieta em uma sala de aula durante tantas horas sentada em uma carteira escutando seu professor repassar conteúdos e mais conteúdos, o professor precisa propor novas estratégias de ensino. O horário de intervalo acaba sendo tão pouco, depois do lanche, de ir ao banheiro, de tomar água, quase não sobra tempo para as brincadeiras, para descontrair-se um pouco. Após, o aluno retorna para a sala, para as mesmas didáticas de tantos e tantos tempos atrás, é preciso inovar. Devemos compreender que fica difícil não se transgredir, ainda mais por se tratar de crianças, onde nesta fase, dinamismo, interação e vontade de socializar-se definem seus comportamentos, por isso tão importante seria aprender com metodologias diferentes onde a criança pudesse interagir com várias formas e propostas de aprendizagem, quem sabe desta forma se reduziria e muito a indisciplina dentro da sala de aula.


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Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998), nesta fase de transição a criança pode sentir-se ansiosa e insegura por isso é importante mais atenção e cuidado. “a passagem da educação infantil para o ensino fundamental representa um marco significativo para a criança podendo criar ansiedades e inseguranças” (BRASIL, 1998, p. 84). Pesquisas apontam que a utilização de jogos como proposta de metodologia, estratégias para complementar as aulas animam e contribuem significativamente para o aprendizado, contribuindo também com a interação entre os alunos, bem como para suas formações enquanto pessoa, no jogo se trabalha a colaboração, o conhecimento, a competição saudável, a compreensão. Resultando também em melhor destreza como agilidade, perspicácia e atenção.

3. Jogos, uma proposta de aprendizagem que pode ajudar a conter a indisciplina A enciclopédia coletiva universal, Wikipédia, define o jogo como:

1. Toda e qualquer atividade em que exista a figura do jogador (como indivíduo praticante) e regras que podem ser para ambiente restrito ou livre. Geralmente os jogos têm poucas regras e estas tendem a ser simples, sua presença é importante em vários aspectos, entre eles a regra define o inicio e fim do jogo; 2. são atividades estruturadas, praticadas com fins recreativos e em alguns casos fazem parte de instrumentos educacionais, onde são usados jogos para passar uma mensagem aos jogadores; 3. jogos geralmente envolvem estimulação mental ou física e muitas vezes ambos. Muitos deles ajudam a desenvolver habilidades práticas, servem como uma forma de exercícios ou realizam um papel educativo, simulação ou psicológica.

Como vimos a palavra jogo define-se de diferentes formas, é um termo do latim “jocus” que significa gracejo, brincadeira, divertimento. Atividades estruturadas, que podem ser praticadas com fins recreativos, bem como visando questões educacionais, pode contribuir no desenvolvimento de atividades práticas. A enciclopédia também nos diz que o jogo envolve uma estimulação mental e física servindo como uma forma de exercício. Para Piaget (1975), através do jogo as crianças constroem o conhecimento sobre o mundo físico e social, desde o período sensório-motor até o período operatório formal.


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O jogo pode ser definido como “o conjunto de atividades às quais o organismo se entrega principalmente pelo prazer da própria atividade” (Kami e Devries, sd, p. 29).

A partir destas definições podemos perceber que a utilização de jogos na escola:

A utilização do jogo na escola permitirá ao aluno uma forma de contato com a realidade lúdica, permitindo uma possibilidade a mais para construir o conhecimento. Através do jogo, é possível trabalhar o conhecimento de uma forma mais prazerosa, durante as atividades os alunos se sentem bem devido ao domínio que exercem sobre as ações. Garantindo, com isso, um outro tipo de motivação para o aprendizado. Pois, por meio do jogo a energia do aluno é canalizada e liberada na atividade, orientando seu pensamento e proporcionando o desenvolvimento cognitivo. Dessa forma o jogo consegue atrair o aluno e ser, ao mesmo tempo, um fator de integração, pois o convida a interagir consigo, com os seus colegas e com um mundo muito maior a sua volta. O aluno cria laços e entra em contato cada vez mais profundo com a realidade. Porém, o jogo só despertará o interesse e se tornará um fator integrador, se trabalhado de forma coerente ao momento cognitivo. (Nobre, Neimar, 2006).

Para Kami e DeVries (1991), o jogo deve ser proposto como uma ferramenta interessante e que desperte nas crianças a questão do desafio na busca da resolução da atividade proposta, deve permitir que possam autoavaliar seu desempenho e que todos participem. Desta forma o jogo contribuirá de forma lúdica e dinâmica no processo da aprendizagem.

O jogo deve propor alguma coisa interessante e desafiadora para as crianças resolverem; Permitir que as crianças possam se autoavaliar quanto ao seu desempenho; Permitir que todos os jogadores possam participar ativamente do começo ao fim do jogo. (KAMII; DEVRIES,1991, p. 5).

Em seus estudos sobre a temática, Constance Kamii (1991), ressalta o desenvolvimento da operatividade os aspectos do desenvolvimento cognitivos e a importância das trocas entre os indivíduos, diz que a falta de interação entre os pares, não constrói uma lógica, valores morais e valores sociais, ela coloca o jogo como sendo uma atividade que estimula a vida construtiva e a vida social da criança.


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Com certeza já percebemos, quão importante pode ser a utilização do jogo na escola, para o desenvolvimento destes alunos e não somente o desenvolvimento da cognição, da habilidade, mas enquanto indivíduo, preparando-os também para a vida.

Nos jogos, ao interagirem com os adversários, os alunos podem desenvolver o respeito mútuo, buscando participar de forma leal não violenta. Confrontar-se com o resultado de um jogo e com a presença de um árbitro permitem a vivência e o desenvolvimento da capacidade do julgamento de justiça e de injustiça. [...] em relação a postura diante do adversário podem desenvolver atitudes de solidariedade e dignidade, nos momentos, por exemplo, quem ganha é capaz de não provocar e não humilhar, e quem perde pode reconhecer a vitória dos outros, sem sentir-se humilhado. (BRASIL, 1997, p. 25).

Celso Antunes (2001), também aborda o jogo como uma ferramenta importante no processo de aprendizagem, colocando que estimula o interesse do aluno, ele afirmar que:

É nesse contexto que o jogo ganha um espaço como ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que propõe estimulo ao interesse do aluno, que como todo pequeno animal adora jogar e joga principalmente sozinho e desenvolve níveis diferentes de sua experiência pessoal e social. O jogo ajuda-o a construir suas novas descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem. (ANTUNES, 2001, p. 36).

4. Vinte passos para combater a indisciplina com os alunos: 1 - Estabeleça regras claras 2 - Faça com que seus alunos as compreendam 3 - Determine uma sanção para a quebra das mesmas 4 - Determine uma recompensa para seu cumprimento 5 - Peça apoio de seus colegas de equipe 6 - Estabeleça estratégias em conjunto com a equipe; os alunos precisam perceber a hegemonia das atitudes 7 - Respeite seus alunos 8 - Ouça-os 9 - Responda ao que lhe for perguntado com educação e paciência


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10 - Elogie boas condutas 11 - Seja claro e objetivo em suas intervenções 12 - Deixe claro que o que é errado é o comportamento, não o aluno 13 - Seja coerente em suas expectativas 14 - Reconheça os sentimentos de seus alunos e respeite-os 15 - Não lhes diga o que fazer; permita que cheguem às suas próprias conclusões 16 - Não descarregue a sua metralhadora de mágoas em cima deles 17 - Encoraje sempre 18 - Acredite no potencial de cada um e no seu 19 - Trabalhe crenças negativas transformando-as em positivas 20 - Seja afetuoso(a)

5. Estratégias para o enfrentamento da indisciplina - didáticas inadequadas

Não adianta exigir que os alunos cumpram as tarefas se a estratégia de ensino e o tema não dizem nada a eles

O clima pautado na colaboração e no respeito é mais eficiente porque não expõe as crianças, como Calvin e Sisu ao medo das sanções.


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A indisciplina, dizem educadores de todo o país, é o maior problema da sala de aula e da escola. Porém essa realidade (apontada em pesquisa feita pela Fundação Victor Civita e pelo Ibope com 500 professores) está longe de ser a verdadeira responsável pela dificuldade de ensinar: o que, de fato, impede o trabalho docente é a falta de adequação do processo de ensino. É isso que mostra a reportagem de capa de NOVA ESCOLA de outubro. A revista traz ainda o projeto institucional Repensar a Indisciplina, com consultoria de Ana Aragão, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Partindo do princípio de que as estratégias de repressão usadas por muitas escolas são pontuais, imediatistas e ineficazes, a revista aponta soluções para encarar o problema. Longe de ser um manual, esses passos são o ponto de partida para um trabalho que requer o envolvimento de toda a equipe. Confira um resumo das recomendações dos especialistas consultados por NOVA ESCOLA.

Distinguir as regras A indisciplina é a transgressão de dois tipos de regra: as de natureza moral (baseadas em princípios éticos, que visam o bem comum, e por isso valem para todas as instituições e para qualquer situação, como não bater, não xingar e não mentir) e as convencionais (que variam de escola para escola, como as que se referem ao uso de celular, uniforme e boné). Com frequência, os regimentos escolares erram ao colocar essas duas situações em um mesmo patamar. É importante distingui-las para entender melhor a indisciplina e lidar com ela.

Equilibrar a reação Pesquisa com 55 diretores realizada por Isabel Leme para a Universidade de São Paulo, em 2006, mostrou que a gestão de conflitos é vista por 85% deles como fundamental para garantir a paz na escola. Mas, alertam os especialistas, o que se vê na prática é menos uma abordagem para entender o problema (e lidar com ele) e muito mais a tentativa de evitar qualquer distúrbio. Quando uma situação foge do controle imposto, a reação é mandar os alunos para a diretoria. O caminho sugerido em NOVA ESCOLA é outro: dialogar sempre, ouvindo as partes e demonstrando respeito pelos valores de cada um.


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Conquistar a autoridade Toda vez que se tenta impor a disciplina com autoritarismo, surge a revolta. Com mais conhecimento, todo professor adquire segurança em relação aos conteúdos didáticos e aprende a planejar aulas eficazes. Pode parecer simples, mas isso é essencial para manter a disciplina e fazer com que todos aprendam. "É preciso diversificar a metodologia, pois interagimos com alunos conectados ao mundo de diferentes maneiras", diz Maria Tereza Trevisol, professora da Universidade do Oeste de Santa Catarina, campus de Joaçaba, a 371 quilômetros de Florianópolis.

Incentivar a cooperação Esforçar-se para construir um clima escolar de qualidade, no qual os estudantes sejam respeitados e aprendam a respeitar, traz recompensa: um comportamento adequado porque todos têm consciência de seu papel na escola e não por medo de castigos. Nessa situação, professores e gestores são vistos como figuras de autoridade moral e intelectual, capazes de negociações justas com a garotada (nunca autoritárias).

Agir com calma Em uma situação de indisciplina, é preciso, sim, manifestar contrariedade. Sem exaltações, mostrar ao aluno que todo o grupo é prejudicado vai ajudá-lo a perceber as consequências de suas ações e aprender como agir em outras situações similares.

Ficar sempre alerta Cabe à escola cultivar um ambiente de cooperação e respeito, pois é de esperar que casos de indisciplina surjam sempre. Mesmo com a equipe capacitada para agir de forma mais confiante em relação ao problema, sempre haverá novos professores e alunos, que precisarão de tempo para se adequar a essa maneira de encarar os conflitos. Estimular a autonomia Às vezes, os alunos agem de forma indisciplinada para demonstrar que alguma regra não funciona. Em alguns casos, eles querem chamar a atenção para as próprias ideias. Ao conviver num ambiente pautado pelo respeito e pela negociação das normas, os estudantes aprendem a tomar decisões responsáveis.


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que a indisciplina se configura como um fenômeno que ocorre em muitas e muitas escolas por este país a fora. Sabemos também que este comportamento apresentado pelos alunos pode ser uma manifestação de que algo está errado e precisa ser revisto, tanto na família como no ambiente escolar a situação precisa inicialmente ser refletida para que seja resolvida, para que assim a indisciplina não venha causar comprometimentos maiores, seja ao ambiente escolar, seja a aprendizagem dos alunos. Vimos que a manifestação da indisciplina abrange aspectos internos e externos, o contexto familiar é um dos principais aspectos externos que pode influenciar a indisciplina no ambiente escolar, ou seja, o contexto em que a criança ou adolescente encontra-se, muito pode se refletir no comportamento deste aluno em sala de aula, enquanto fator interno ao ambiente escolar, temos como agente principal a relação entre professor e aluno. O ambiente escolar é plural, nele, alunos, professores e demais integrantes deste ambiente convivem com as mais diferentes formas de pensar e antes de se proporem outras estratégias para conter a indisciplina, a primeira delas é trabalhar na escola e na família os valores éticos e morais, bem como os princípios que todos devem ter, para que desta forma se possa enfrentar esta e tantas outras problemáticas pela sua raiz. Claro que paralelamente devem-se tomar outras medidas que também possam contribuir para a inexistência da problemática. Se de um lado os pais precisam e se faz urgente refletir sobre: que filhos estão formando; se percebe que muitas vezes a educação dos filhos é tida como uma educação vinculada tão somente a escola, quando não o é; a negligencia ou complacência acaba que de certa maneira prejudicando os filhos. Do outro lado gestores e professores precisam refletir suas práticas: pedagógicas; metodológicas e didáticas. Se a indisciplina é uma ruptura que prejudica e muito o processo de aprendizagem, deve ser urgente medidas para enfrentá-la e através deste estudo é possível identificar várias formas de prevenir, combater e conter a indisciplina no ambiente escolar seja no aspecto mais detalhado ou geral da situação.


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REFERÊNCIAS

ANTUNES. C. Como transformar informações em conhecimentos. Rio de Janeiro: Vozes, 2001. AQUINO, J. G. Diferenças e preconceitos na escola: alternativas teóricas e práticas. 5. ed. São Paulo: Sumus, 1998. BRASIL, LDB. Lei 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 11 Jul. 2015. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacional para o Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SELF, 1997a. V. 10. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12640%3Aparametr oscurricularesnacionais1oa4oseries&catid=195%3Aseb-educacao-basica&Itemid=859 >: Acesso em: 11 jul. 2015. BRASIL. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília: MEC/SELF, 1998a. V. 1. Disponível em: Acesso em: 11 jul. 2015. BRASIL. Constituição (1988). DURKHEIM, Émile. A educação moral. Petrópolis: Vozes, 2008. DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. Tradução: Stephania Matousek. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. KAMI, C.; DEVRIES, R. Jogos em grupo na educação infantil: implicações na teoria de Piaget. São Paulo: Trajetória Cultural, 1991. LA TAILE, Y. Nossos alunos precisam de princípios e não de regras. Nova Escola, São Paulo, n. 213, abr./jun. 2008. NOBRE, Neimar. Utilização do Jogo como Recurso Didático-Pedagógico, artigo científico, mar. 2009. Disponível em: <http:// http://www.uff.br/legeo/texto1.htm >. Acesso em 11 jul. 2015 NOVAESCOLA, Revista Eletrônica Permanente. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/como-resolve-indisciplinaautoridade-moral-convencao-cooperacao-autonomia-503230.shtml?page=1>. Acesso em: 11 jul. 2015.

REGO, T. C. A indisciplina e o processo educativo: uma analise na perspectiva vygostskiana. São Paulo: Sumus, 1996.


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ANEXO A Formulário sobre a indisciplina para aplicação com os alunos


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ANEXO B 1 Formulário sobre a indisciplina para aplicação com os professores


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ANEXO B 2 Formulário sobre a indisciplina para aplicação com os professores


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