Clipping 11/08/18 - O Liberal / Belém + 30 atualiza carta declaração.

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OLIBERAL

6 ATUALIDADES

BELÉM, SÁBADO, 11 DE AGOSTO DE 2018

CIDADES

Detran cancela mais de 30 mil carteiras LIBERDADE Documento é comercializado em grupos de conversa por mensagens

pessoa poderia ter acesso à aquisição de uma habilitação para qualquer categoria, pagando um valor que começava em R$ 800. Um dos áudios divulgados no grupo por um vendedor de CNH dizia: “Então, meu amigo. A CNH ai é emitida em São Paulo. Tudo certinho para você no Detran. Vai tudo certinho. Prontuário pronto ai. Tudo beleza. Você não vai estar precisando fazer nenhuma aula, beleza? Tudo certinho para você. Só para você está usando ela”. De acordo com o corregedor do Detran, Fábio de Oliveira Moura, algumas fraudes são facilmente identificáveis, mas há alterações que são difíceis de rastrear, principalmente quando saem de dentro do órgão. “A fraude nessa habilitação é evidente, principalmente pela fonte (tipo de letra) de algumas informações. A cor também é

M

ais de 30 mil carteiras de habilitação foram canceladas pelo Departamento de Trânsito no Pará (Detran), entre janeiro e junho de 2018. De acordo com o órgão, os documentos estavam sendo produzidos e entregues sem que fossem respeitados os processos legais de autoescola exigidos para a formação de condutores. Três servidores do departamento que participaram do crime foram identificados. Em grupos de conversa por mensagens instantâneas, o documento estava sendo oferecido livremente. Qualquer

Três servidores que participaram do crime foram identificados nas investigações diferente”, detalhou. Em março deste ano, o Detran publicou no Diário Oficial do Estado uma portaria que cancelava a habilitação de 26.224 motoristas. Em setembro, mais 400 carteiras serão canceladas. Segundo Fábio Moura, os três funcionários do Detran eram os únicos que tinham acesso à senha usada no sistema de produção de novas carteiras. “Foi concentrada em um único setor, com uma coordenadora”, garantiu Moura. Ele disse ainda que um processo administrativo foi aberto. “A gente sabe que um deles fez a maior parte dos processos”.

Respeito à consulta livre e prévia, repartição de benefícios, respeito aos saberes, culturas e inovações, bem como aos seus territórios: é este o teor da Declaração Belém+30, apresentada nesta sexta-feira, durante o encerramento do Congresso da Sociedade Internacional de Etnobiologia, realizado no Hangar, em Belém. O documento foi discutido nos quatro dias do evento em sessões que avaliaram conquistas e desafios da Carta de Belém de 1988 a partir das perspectivas dos diferentes grupos sociais e étnicos participantes. Para a pesquisadora Regina Oliveira da Silva, do Museu Paraense Emílio Goeldi, a declaração renovada aponta avanços pois chama a atenção para necessidade de olhar e valorizar os povos tradicionais do mundo. “É destaque a inclusão dos povos tradicionais, a inclusão dos movimentos sociais, os pareceres, a realidade vivida e o que mudou em 30 anos. Não podemos achar que a pesquisa

FÚNEBRES

LUNA REIS - BELÉM +30

Congresso atualiza Carta de Belém

Evento redefiniu os termos da carta escrita há 30 anos

é a mesma. Não é. Há 30 anos a representação era muito mais dos povos indígenas. Os povos tradicionais, quilombolas, ciganos saíram da invisibilidade no movimento de 90 pra cá. Essa renovação é importante porque traz outras realidades, outros povos que vão incrementar muito a pesquisa

etnobiológica”, afirmou. Francisco Antônio Guedes, tikuna do Alto Rio Solimões, no Amazonas, avaliou como positiva a ampliação do debate. “Eu espero que através dessa carta o governo reconheça o direito dos povos indígenas, povos tradicionais de nosso país e outros países. Muitas etnias contribuíram pra fazer essa carta”, disse ele. Vivian Cardoso, quilombola da comunidade do Abacatal, em Ananideua, Região Metropolitana de Belém, ressaltou a conquista em participar com as demandas das populações negras no documento, que não foram representadas na declaração anterior. “Nós começamos a participar, colocar nossas demandas. Essa carta é um grito de socorro pro mundo inteiro ver que nós sofremos, mas a gente não desiste”, declarou. A Declaração de Belém, originalmente escrita em 1988, é uma referência para a pesquisa etnobiológica e inspira trabalhos e tratados internacionais que reconhecem os direitos de povos tradicionais e a defesa da biodiversidade. Para o professor Flávio Barros, presidente da comissão organizadora do Belém+30, o documento é o principal legado do evento que também deu destaque para a diversidade de saberes e culturas, integrando os amazônidas com populações de várias partes do planeta. “A expectativa do Belém+30 foi superada em todos os sentidos. A gente sente que todo mundo foi contaminado por uma grande alegria, uma magia. Foi realmente um aniversário de 30 anos congratulando com as comunidades tradicionais, com a diversidade do Brasil, com a diversidade do mundo”, comemorou.

O Pai que nunca desiste de amar SAMUEL CÂMARA

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onta-se que certo Imperador saiu para uma batalha decisiva e arriscada. Combateu e venceu. Voltando à sede do império, suas tropas em forma, prestaram-lhe homenagens, com toda a pompa protocolar e o rigor de segurança exigidos. Rompendo a multidão, uma menina correu ao encontro do Imperador. Um guarda tentou barrá-la, dizendo: “Não podes passar, menina, é o Imperador”. Ele parou só para dizer: “É o Imperador, mas também é o meu pai”; e, correndo, lançou-se aos braços do seu pai, que a recebeu com alegria. Quanta confiança! Só o amor pode gerar tamanha confiança Essa menina tinha todo o amor de que precisava para escolher ser o que quisesse na vida. Certa feita, Jesus contou uma parábola (conhecida como “parábola do filho pródigo”) a respeito de um filho que, alicerçado nesse mesmo tipo de confiança que só o amor pode gerar, resolveu enfrentar o próprio pai quanto à partilha antecipada da herança (Lc 15.11-32). Em vez de retribuir o amor do pai e ajudar nas lides da casa, essa confiança fez brotar nele o pior, apenas o egoísmo de querer provar que era dono do próprio nariz e fazer as coisas do seu jeito. Talvez quisesse provar que era tão bom quanto o filho mais velho; talvez fosse somente a obstinação de uma mente pequena e a dureza de um coração ingrato. Conta Jesus que esse filho partiu para um lugar distante e dissipou tudo quanto tinha, pois viveu dissolutamente em muitas farras. Finalmente, esse jovem acabou tudo o que tinha e, quando precisou comer, procurou na cidade alguém que o ajudasse, mas ninguém acreditava absolutamente nele. Houve somente um homem, dono de uma pocilga, que lhe deu uma oportunidade de trabalho: cuidar de seus porcos. Ele sentia tanta fome que lhe era desejável comer a comida dos porcos, que lhe era negada. Até que ele caiu em si e lembrou-se de seu pai, a quem ferira com tamanha ingratidão. Ele se arrependeu e, não tendo outra saída, tomou a resolução de voltar à casa de seu pai. O amor é que faz qualquer filho saber que a casa dos pais é o último lugar seguro para onde sempre pode retornar. Esse jovem da parábola teve uma oportunidade de chegar ao fundo do poço. Outros se afogam sem terem o direito de tocar no fundo. Dizem que a única coisa boa sobre chegar ao fundo do poço é que, agora, o único caminho é para cima, quando se tem algum fôlego de esperança. Assim, aquele filho resolveu voltar e dizer ao seu pai que não se sentia digno de ser chamado seu filho; pediria uma chance de ser tratado igual a um empregado da casa. Ele viajou todo o caminho de volta pensando: “Será que meu pai vai me aceitar de volta?” Quando ele se aproximou, o pai estava naquela costumeira posição de “espera”, o que fazia normalmente todos os dias. Mas quanta ferida deixou o filho pródigo

naquela casa! Ele bem o sabia. Felizmente, para esse jovem, a história teve uma continuação. Outras histórias nem continuam. Quando alguns saem, não voltam. A vida tem as suas complicações. E essas são ampliadas quando os filhos resolvem partir, principalmente quando o fazem pelos motivos errados. Há pais que ainda hoje choram a perda dos filhos, e dizem: “Tudo quanto tenho eu daria para ter meu filho de volta”. Muitos pais não sabem se seus filhos vivem, onde estão, se nos cemitérios ou nas prisões; se perdidos em alguma cracolândia ou aprisionados como escravos sexuais em algum lugar do mundo. Deve ser uma sensação horrível de perda que carregam no coração! Se um pai tivesse a chance de olhar em alguma direção, então olharia para o mesmo caminho por onde o filho se fora como a possível direção de onde retornaria. E assim aconteceu com o pai desta parábola. Quando o filho vinha ao longe, uma simples silhueta, o pai o reconheceu. Antes que o filho dissesse o que ensaiara, o pai correu e o abraçou, e deu ordens para que o tratassem da melhor maneira possível: banho, roupas novas, sandálias novas nos pés, anel no dedo; e mandou matar o melhor novilho para uma grande festa. E disse: “Este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado”. Assim é o amor que não desiste. Quanto a esta parábola, bem que poderia ser chamada de parábola do pai que nunca desiste de amar. Porque essa figura paterna retrata o próprio Deus Pai, que nos ama de tal maneira que jamais desiste de nós. Neste domingo será comemorado o Dia dos Pais. Como está o seu coração, papai (ou mamãe que também exerce a função de pai)? Que sonhos, que marcas, que feridas, que dores você tem, de um filho que, como o filho pródigo, se foi e exigiu de você o que não deveria exigir, feriu você como não poderia ferir? E você, pai, pode então pensar que não tem mais esperança. Mas eu quero lhe dizer que, assim como Jesus contou essa história, Ele quer contar também a sua história com uma renovada esperança. O motivo de Jesus contar essa história não foi exaltar a perdição do filho, mas asseverar a misericórdia do pai que ama e acolhe; foi demonstrar que, mesmo quando agimos mal, o verdadeiro pai nunca desiste de amar e sempre perdoa. Assim também, Deus o Pai ama infinitamente e está disposto a perdoar e receber Seus filhos de volta. Que cada filho “perdido” possa enfrentar a sua própria vergonha e romper o protocolo, atirando-se com confiança nos braços do Pai que nunca desiste de amar, para então receber perdão e recomeçar uma nova vida. Feliz Dia dos Pais! Samuel Câmara é pastor da Assembléia de Deus em Belém. E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv

Senhor, chegue até vós o meu clamor! CLÁUDIO PIGHIN

A

vida das pessoas não se resume somente em alegrias e glórias, mas também em sofrimentos e dores. Quantas lágrimas desceram e descem de rostos humanos, dia e noite? Nisso sou testemunho. É nesses contextos que o homem e a mulher, na maioria das vezes, se dirigem a Deus. Clamam por Ele. Invocam Ele de todo coração. Os filhos e filhas de Deus reconhecem, assim, a própria limitação e buscam o Altíssimo qual seu socorredor. O salmo 101 das Sagradas Escrituras nos vem ao encontro, descrevendo a oração de um pobre aflito que desabafa toda a sua angústia perante o Deus Altíssimo. Leia atentamente. “Senhor, ouvi a minha oração, e chegue até vós o meu clamor. Não oculteis de mim a vossa face no dia de minha angústia. Inclinai para mim o vosso ouvido. Quando vos invocar, acudi-me prontamente, porque meus dias se dissipam como a fumaça, e como um tição consomem-se os meus ossos. Queimando como erva, meu coração murcha, até me esqueço de comer meu pão. A violência de meus gemidos faz com que se me peguem à pele os ossos. Assemelho-me ao pelicano do deserto, sou como a coruja nas ruínas. Perdi o sono e gemo, como pássaro solitário no telhado. Insultam-me continuamente os inimigos, em seu furor me atiram imprecações. Como cinza do mesmo modo que pão, lágrimas se misturam à minha bebida, devido à vossa cólera indignada, pois me tomastes para me lançar ao longe. Os meus dias se esvaecem como a sombra da noite e me vou murchando como a relva. Vós, porém, Senhor, sois eterno, e vosso nome subsiste em todas as gerações. Levantai-vos, pois, e sede propício a Sião; é tempo de compadecer-vos dela, chegou a hora... porque vossos servos têm amor aos seus escombros e se condoem de suas ruínas. E as nações pagãs reverenciarão o vosso nome, Senhor, e os reis da terra prestarão homenagens à vossa glória. Quando o Senhor tiver reconstruído Sião, e aparecido em sua glória, quando ele aceitar a oração dos desvalidos e não mais rejeitar as suas súplicas, escrevam-se estes fatos para a geração futura, e louve o Senhor o povo que há de vir, porque o Senhor olhou do alto de seu santuário, do céu ele contemplou a terra; para escutar os gemidos dos cativos, para livrar da morte os condenados; para que seja aclamado em Sião o nome do Senhor, e em

Jerusalém o seu louvor, no dia em que se hão de reunir os povos, e os reinos para servir o Senhor. Deus esgotou-me as forças no meio do caminho, abreviou-me os dias. Meu Deus, peço, não me leveis no meio da minha vida, vós cujos anos são eternos. No começo criastes a terra, e o céu é obra de vossas mãos. Um e outro passarão, enquanto vós ficareis. Tudo se acaba pelo uso como um traje. Como uma veste, vós os substituís e eles hão de sumir. Mas vós permaneceis o mesmo e vossos anos não têm fim. Os filhos de vossos servos habitarão seguros, e sua posteridade se perpetuará diante de vós.” É um salmo de desabafo de um pobre cansado e angustiado. É uma descrição bem detalhada das misérias humanas e dos sofrimentos corporais. Focaliza a solidão desse pobre fiel, levando-o a quase um espectro fúnebre. Ao mesmo tempo, salienta uma grande hostilidade de inimigos que fazem graça dele e o amaldiçoam. Perante ele, há uma mesa com alimentos amargos, cinzas - símbolo dos pêsames e da penitência -, e lágrimas: “cinza do mesmo modo que pão, lágrimas se misturam à minha bebida”. O alimento aqui representa simbolicamente uma vida sustentada pela dor e sofrimento. Uma vida amarga. Assim, o fiel se dirige ao seu Deus, fazendo uma profissão de fé. E a partir daí renova a sua esperança elevando hinos de felicidades. Tudo isso lhe permite renascer tanto espiritualmente quanto fisicamente pelo resto da sua vida. Sendo assim, demonstra-se que a oração do suplicante é feita de dimensões pessoais e que refletem também as questões de vida comunitária. O Senhor, Criador de tudo, aquele que supera o tempo e o espaço, sempre acompanhará os seus fiéis. Portanto, este salmo nos revela a unidade da oração. Uma oração que integra a pessoa e a comunidade, as questões pessoais e aqueles do povo. Na oração, não se separa a pessoa do resto da realidade. E além do mais, uma oração que é sempre animadora, que combate a solidão e o abandono do ser humano, dando espaço a um horizonte de esperança não obstante tanta ‘tempestade’. Nesse perfil suplicante que cresce uma dimensão humana repleta de um olhar de vida eterna. Claudio Pighin é sacerdote e doutor em Teologia. E-mail: clpighin@claudio-pighin.net


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