Radiorrevista
RADIORREVISTA
Apresentação As pessoas ligam o rádio pelos mais diversos motivos: afastar a solidão, ouvir as últimas notícias, saber as horas, se divertir com uma novela ou se emocionar ouvindo música. A revista radiofônica é um formato de programa que consegue congregar todas essas razões e mais! É um dos formatos mais comuns, mas que as vezes nem percebemos que estamos ouvindo: é aquele locutor que parece que nos conhece e nos fala diretamente de nossos problemas, aquela música que vem depois de um boletim informativo, é o drama, a enquete, o consultório sentimental... É tudo isso junto, ordenado numa estrutura que nos acompanha ao longo da manhã, da tarde, da noite ou da madrugada. Para quem faz, porém, a radiorrevista é um desafio a cada programa. O que pode ser trabalhado? Como organizar os temas, os gêneros, os formatos e as seções? Quem é a figura do apresentador? Quantas músicas? Em que momentos? Gravada ou ao vivo? Como trabalhar este tipo de programa tão variado na escola? São estas e outras perguntas que este material vai tentar responder. Pesquisando entre manuais e experiências, encontramos algumas dicas que podem ajudar professores, estudantes, monitores e todos que querem desenvolver a radioescola a trabalhar com revistas radiofônicas. Agora, para a leitura!
Equipe Catavento
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ão se sabe ao certo como ou quando foi transmitida a primeira radiorrevista, mas, nas décadas de 1940 e 1950, conhecidas como a Era de Ouro do rádio no Brasil, já se transmitia programas que tinham a ideia de acompanhar o público ao longo de seu dia, oferecendo informação, música e entretenimento. O principal objetivo do programa de variedades ou magazine – outros nomes dados ao formato – é justamente distrair, passar o tempo. É como se os apresentadores fossem amigos que chegam para uma visita e engatam uma conversa que passa pelo preço do tomate, pelas dificuldades das crianças na escola e pelo último filme lançado no cinema. E, entre problemas da atualidade e amenidades, um café, uma fatia de bolo, uma troca de receita, uma música. Assim, a conversa flui e o tempo passa, o trabalho executado enquanto se escuta o rádio se torna mais leve. Estamos acompanhados. E, ao final do programa, nos divertimos, mas também soubemos as últimas notícias e até participamos fazendo uma ligação para comentar sobre o tema da vez.
Características da radiorrevista Misturando informação e entretenimento, a radiorrevista é um formato híbrido: tudo pode, tudo cabe. Entrevistas, notícias, debates, dramas, enquetes, testemunhos, opiniões, visitas dos ouvintes à redação e também dos apresentadores e produtores às praças, às praias, às casas, às escolas e aonde quer que esteja o público. Como saber o que vai entrar como pauta? Todo mundo escuta rádio, quais interesses eu vou priorizar?
A variedade é importante, mas a revista não pode ser uma mistura sem sentido!
No caso da radiorrevista, embora ela seja dirigida a toda a audiência da emissora, em geral se trabalham públicos específicos. Isso quer dizer que a estrutura do programa e o conteúdo dele serão pensados em função de algum segmento da sociedade: jovens, crianças, mulheres, donas de casa, profissionais da saúde, estudantes da escola. E, de acordo com o segmento, será escolhido o horário de transmissão – um programa direcionado às donas de casa certamente passará em algum momento da manhã, para que a pessoa o escute enquanto realiza seus afazeres. Além de ter um público alvo, é muito comum que as radiorrevistas sejam temáticas. A ideia, aí, é justamente evitar a mistura maluca e superficial de vários temas, que pode acabar desinformando o público em vez de esclarecendo; os programas temáticos, por sua vez, vão com a ideia de aprofundar o conhecimento de quem o escuta sobre algo.
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É essencial saber qual é o público com quem se quer dialogar um programa que tenta chegar a todos pode acabar não chegando a ninguém! Uma vez escolhido, conheça seu público, vá até ele, veja quais seus problemas e o que lhe agrada, não se deixe guiar pelo senso comum. As combinações entre público-alvo e temas são quase infinitas; quase qualquer tema pode ser trabalhado de forma a interessar quase todos os públicos. Por que não pensar em uma forma de conversar sobre economia com crianças? Ou saúde? Ou política? O tempo dos programas de variedades é variável. Pode durar de 15 minutos até 4 horas. As rádios comerciais costumam ter magazines mais longas e predominantemente musicais, nas quais o apresentador interfere a cada 20 ou 30 minutos com alguma informação; os programas mais curtos, por sua vez, costumam ter sessões mais dinâmicas e menos música, justamente pelo pouco tempo de que dispõem para dialogar com o público. A frequência também é uma decisão importante. Ninguém gosta de um amigo que visita três dias em uma semana, dois na seguinte e depois fica três semanas sem aparecer. Existem muitas radiorrevistas que são diárias, acompanham as pessoas em seus trabalhos de segunda a sexta; outro formato muito comum, que costuma dar certo, são as revistas semanais, utilizadas principalmente por grupos específicos ou que tratam de apenas um tema. Em geral, programas com um espaçamento maior que uma semana entre um e outro não caem no gosto do público, não cria o hábito do ouvinte. A principal questão aqui é que, seja qual for a frequência, é importante que ela não mude, que o público saiba que, por exemplo, nas terças, às 9h30min da manhã, vai ao ar a Magazine Tal. E, claro, ao escolher o horário e frequência, levemos em consideração o público que desejamos atingir – quão produtivo seria um programa para dialogar com crianças que passasse de madrugada, quando geralmente elas estão dormindo? Outro elemento diretamente relacionado com a identidade do programa é o/a apresentador/a. O apresentador é a cara do programa, é ele (ou ela, ou eles) que vai conversar com o público, apresentar as sessões, receber as cartas, ligações e visitas, que assume o caráter de amigo de confiança para cada ouvinte – por isso, o ideal é que, assim como o horário e a frequência, o apresentador também seja fixo, afinal, é difícil estabelecer uma relação entre pessoas que só se encontram se vê de vez em quando. A apresentação pode se tornar ainda mais interessante se for dividida. Dois apresentadores, de preferência um homem e uma mulher – pois permite que o público se identifique com ambos, em vez de ter um preferido -, que dialogam entre si e falam com os ouvintes e não para eles. Essa fórmula, porém, não funciona se algum dos apresentadores aparece mais que o outro ou se só um deles fala com o público.
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E na radioescola? Quem é o público-alvo do programa? Quais temas podemos trabalhar com esse público? Quanto tempo de duração terá cada programa? E com que frequência ele vai ao ar? Quem apresentará?
Falando com o público: a apresentação A analogia entre uma magazine e a visita de um amigo vale aqui também. Quem gosta de uma conversa que só uma pessoa fala? Na radiorrevista é do mesmo jeito. Ao se propor a acompanhar, é necessário também ouvir, permitir a participação do público, seja através de cartas, ligações, e-mails, redes sociais, convidando a participar ou mesmo fazendo com que as pessoas tenham o sentimento de fazer parte através da identificação com o que está representado num gênero dramático ou numa música. A outra ponta da conversa fica por parte dos apresentadores. E todo bom diálogo é de igual para igual. O apresentador não representa o público, nem está munido com conhecimentos únicos e com a missão de esclarecer a “massa” ou deve trata-lo pedindo mil licenças. Pelo contrário: fala, pergunta, ensina e aprende, como em toda boa amizade. A apresentação deve ter e levar a identidade do programa: se é direcionado à juventude, não adianta ter apresentadores muito sérios; se é para mulheres, um apresentador homem pode destoar. Vale destacar que é essencial que quem vai apresentar participe diretamente da produção do programa, afinal, se ele só ler o que outra pessoa escreveu, não tiver domínio do tema, perderá a naturalidade. Isso não quer dizer que outras pessoas não podem participar da produção, seja criando e comandando algumas sessões fixas, produzindo reportagens, adaptando e gravando contos, pensando temáticas e fazendo pesquisas para orientar e direcionar o programa. O apresentador, porém, deve ter a visão do todo para poder “costurá-lo”.
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RADIORREVISTA A estrutura da radiorrevista A estrutura da radiorrevista é muito parecida com a de uma revista impressa: os conteúdos são diversos e as formas de tratá-los, também. São notícias, entrevistas, contos, comentários, músicas, dedicatórias e o que mais se pensar que vão formar esta colcha de retalhos sonora, seja ela temática ou variável. E, no processo de construção, há um desafio permanente: alinhar hábito e surpresa. O ouvinte escuta e se interessa pela magazine de hoje porque a de ontem foi boa, mas, se a nova for nada mais que uma cópia, ele não se interessará pela seguinte. Cada dia é um dia, cada programa é um programa. O grande desafio aqui é manter a familiaridade, mas surpreender sempre. São diversas as formas de fazer isso. Pode ser com algumas sessões fixas e outras não; ou surpreendendo com a chegada de um convidado (real ou fictício) surpresa para fazer uma visita à redação ou com o próprio apresentador indo visitar alguém. As formas de surpreender são muitas, a criatividade no rádio é ilimitada. São três as peças básicas que formam um programa de variedades: a música, as sessões e a apresentação. Desta última, já falamos acima – é o apresentador que vai dialogar com o público e fazer a costura entre todos os pedaços do programa. A música é uma parte importante de qualquer peça radiofônica e, com a revista, não seria diferente. A quantidade e quais as músicas que tocarão dependem da proposta do programa como um todo, considerando decisões como o tempo de duração e o tema escolhido para ser trabalhado. Além disso, a música serve também para ilustrar, introduzir um assunto ou gerar um debate entre apresentadores, convidados e ouvintes. Nos programas curtos, geralmente toca pouca música para que os apresentadores tenham tempo de dialogar com o público; nos programas temáticos, as músicas que tocam – sejam quantas forem – vão dialogar com o tema. Chamamos de seções as partes em que os locutores falam, apresentam temas, introduzem dramas, comentam acontecimentos, enfim, trabalham a informação das mais variadas formas. São inúmeras as sessões que podem existir nas revistas radiofônicas, quantas a criatividade permitir: entrevista, reportagem, novela, consultório, tira-dúvidas, concursos, notícias, mesa-redonda, mensagens do dia, visita à praça...
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RADIORREVISTA Organizando as variedades
Existem dois modelos básicos de radiorrevista: a que tem diversos gêneros tratando de um mesmo tema (temática) e a que trata de vários assuntos em um mesmo programa. Ambas precisam ser bem costuradas, ter um bom encadeamento de seções, para que não fique uma mistura sem sentido, mas tem suas especificidades. A revista diversa costuma precisar de mais tempo, para que cada pauta possa ser iniciada, desenvolvida e concluída; além disso, é necessário pensar uma organização que seja agradável, que não canse os ouvintes: é interessante, por exemplo, dividir as principais notícias ao longo do programa do que fazer um bloco só no início ou no meio – lembre que tem pessoas ligando o rádio todo momento! Outra sugestão é alternar entre temas mais pesados e leves, entre gêneros informativos, opinativos e dramáticos: por exemplo, que tal começar com notícias relacionadas ao poder público, depois fazer uma enquete de rua, em seguida, tocar uma música, retornar com um drama que fale dos problemas da comunidade e emendar com um sorteio, e aí mais um bloco de notícias, agora sobre esporte...? O outro jeito de se trabalhar o formato é escolhendo um tema centra e construindo, ao redor dele, as seções. Este modelo pode se adaptar melhor à realidade da radioescola, devido ao pouco tempo do qual, geralmente, dispõe. Neste caso, observamos também a alternância entre gêneros, entre formas de se trabalhar o assunto, que vai depender dos objetivos da revista que, no espaço escolar, está ligado a fins educativos como, por exemplo, conscientizar os estudantes acerca do uso consciente da água ou debater a violência no recreio. O corpo da revista, nesses casos, costuma ter dois momentos básicos: o de conhecer o tema e o de analisa-lo.
Lembre-se: os bons temas surgem da realidade! As pessoas querem falar e ouvir sobre o que se relaciona diretamente com suas vidas!
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RADIORREVISTA Em geral, todas as radiorrevistas contam com: - apresentação: é o momento de os locutores se apresentarem (sempre pode ter alguém que está ouvindo o programa pela primeira vez), cumprimentarem os ouvintes, de prepara-los para o programa que vai começar; pode incluir também as assinaturas de quem faz. - índice: os locutores dão uma explanada geral com os principais destaques, o que aguarda os ouvintes. - introdução: aqui, os locutores dizem qual será o tema principal a ser discutido no programa. Este momento dever ser pensado com cuidado, pois é o que vai ganhar o público, fazê-lo se interessar pelo que vem a seguir. - em seguida, entram as seções que vão desenvolver o tema. Cada uma, com sua estrutura, tem um objetivo específico que contribui para o objetivo geral do programa. - entre cada seção, claro, o papel do apresentador de animar e comentar, fazendo a ligação entre o que passou e o que vem adiante. - encerramento: pode ser um comentário final sobre o tema, pode ser o anúncio do próximo programa (é importante dizer aos ouvintes quando acontecerá o próximo encontro para que eles também se preparem) – aqui se faz o fechamento. - despedida: é o fim do programa: os locutores se despedem dos ouvintes e se despedem um do outro; passam mais uma vez as assinaturas.
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as seções centrais, da introdução ao encerramento, vai se desenvolvendo o tema escolhido para o programa. Todos os gêneros radiofônicos cabem nestes momentos, mas existem usos diferentes para cada um deles:
- gêneros dramáticos: são os recursos que imitam a vida, representam situações do cotidiano. Conto, teatro, novela, sociodrama, seja adaptado de algum lugar, criado exclusivamente para a ocasião ou mesmo um testemunho real de alguém, fazem com que o ouvinte se identifique com o que está acontecendo em cena, se sinta motivado ao participar. Os gêneros de drama costumam durar de 3 a 8 minutos e são muito usados para introduzir a temática do programa ou para trabalhar algum aspecto específico do tema central. - gêneros informativos: são as notícias, as atualidades, que podem aparecer em bloco (uma sessão de notícias) ou em flashs, a cada intervalo de 10 ou 15 minutos, nos casos das revistas maiores – nas revistas menores, o melhor é fazer um bloco de notícias, pois, devido ao curto tempo, os flashs teriam um intervalo muito curto entre um e outro, podendo, inclusive, atrapalhar o desenvolvimento de outras seções. As notícias e os dados gerados por elas - também podem ser utilizadas para introduzir e embasar a escolha de algum tema. - gêneros opinativos: uma vez apresentado aos ouvintes o que será discutido nessa edição, seja por recursos
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RADIORREVISTA dramáticos ou informativos, os gêneros de opinião – entrevista, enquete, comentário etc. – vão analisar a realidade que está posta, interpretá-la, analisar e contrapor pontos de vista. Este também pode ser o principal momento de participação do público, seja através de ligações, e-mails, sms, redes sociais ou visitas ao programa.
Os gêneros podem ser misturados. Um sociodrama pode ser opinativo e informativo, além de dramático, da mesma forma que uma entrevista também leva informação e a forma como se apresenta uma notícia já traz alguma opinião embutida Música e efeitos sonoros Os sons, além da voz, são essenciais para a harmonia de qualquer programa de rádio – e, com a revista, não poderia ser diferente. Existem, porém, funções diferentes a serem desempenhadas por cada tipo de som dentro de um programa de variedades: - música - cortinas: são fragmentos de músicas usados para separar as seções da revista ou para dividir ideias principais em uma seção muito grande; quase sempre as cortinas são instrumentais, mas também podem ser cantadas uma vez que não há a presença da voz do apresentador nesses momentos de transição. De qualquer forma, a cortina sempre está relacionada com o tema de que trata. - fundos musicais ou BGs: surge para realçar momentos importantes, como anunciar o vencedor de um sorteio, ou acentuar sentimentos que o locutor deseja passar para o público. Alguns usos comuns: acompanhar a leitura de um poema, ambientar a leitura de uma frase ou mensagem do dia, destacar algo que será comentado, dar emoção à cena de um sociodrama, acompanhar o testemunho de alguém. Não é interessante ter um BG sempre que o locutor fala, pois, em vez de chamar a atenção do ouvinte, irá distraí-lo, criar um ruído, aborrecê-lo. - canções: serve para reforçar o tema que está sendo trabalhado, mas, ao mesmo tempo, dar um descanso auditivo para quem está acompanhando a radiorrevista; por ser uma linguagem que se relaciona diretamente com a sensibilidade, ao mesmo tempo em que deixa o momento mais leve, consegue tocar em sentimentos que as outras seções não alcançam.
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RADIORREVISTA - efeitos sonoros: servem para criar a paisagem sonora, o que se deseja que o ouvinte imagine que está se passando na cabine. Os efeitos também podem ajudar também a ambientar contos, testemunhos, diálogos.
Nem tão solto, nem tão preso: roteiro O roteiro da radiorrevista é um caso a parte. Como conciliar planejamento e naturalidade? Não pode ser tão rígido a ponto de ter todos os diálogos escritos, pois perde a espontaneidade; ao mesmo tempo, não pode ficar tão solto de forma a deixar o apresentador perdido. Uma boa forma de solucionar o problema é criando um guia, que sinalize em que momento do programa tem início cada seção e com pontos gerais e notas temáticas para serem abordados pelos locutores.
Pode ser que, a princípio, a equipe e, principalmente, os apresentadores, se sintam inseguros em trabalhar dessa forma. A ideia, então, é praticar, ir adquirindo experiência, adaptando as estruturas e deixando o programa cada vez mais natural! Aqui também entra outro dilema que toca nos mesmo pontos: a revista deve ser ao vivo ou gravada? Ambas as formas tem vantagens e desvantagens. A magazine ao vivo tende a ficar mais espontânea e o ouvinte consegue captar isso através, por exemplo, de pequenos erros de locução e comentários sobre o que está acontecendo no momento; além disso, ao vivo não se corre o risco de perder a atualidade, podendo incluir acontecimentos de última hora. Os programas gravados, por sua vez, podem transmitir mais segurança a quem faz, ter menos erros de edição e melhor controle do tempo, especialmente quanto este é pouco. Pode também haver uma mistura: algumas seções, como contos e reportagens, gravadas e outras, como debates e entrevistas, junto com a locução, ao vivo.
Mesmo que seja gravada, é interessante que a radiorrevista seja pensada em ritmo de ao vivo e que os apresentadores sejam o mais espontâneos possível. A ideia é evitar o distanciamento entre o programa e os ouvintes.
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RADIORREVISTA Outro desafio: o tempo Em geral, nas rádios escolares, independente de serem gravadas ou ao vivo, as revistas são mais curtas (de 15 a 30 minutos de duração) para serem transmitidas na hora do intervalo. Aqui, se trabalha a mesma variedade e estrutura flexível de uma revista longa, mas com menos tempo e, consequentemente, algumas limitações. Não é possível, por exemplo, ter seções muito grandes, ou muitos flashs, pois pode acabar gerando confusão em quem está ouvindo. Pode-se pensar em uma estrutura básica para a radiorrevista compacta. Duas seções, no máximo três – que podem ou não ser as mesmas no programa seguinte. Por exemplo, neste programa tratamos da redução da maioridade penal com uma reportagem. No próximo, podemos abordar alimentação saudável com um conto. No seguinte, talvez seja interessante tratar da violência na escola fazendo uma enquete.
Compactar o formato não é correr com o conteúdo, tentando encaixar em 15 minutos o que caberia em 1 hora. As revistas curtas devem ser pensada como curtas, tomando cuidado com a administração do tema. Pense: qual seu objetivo com o programa? O que é o mais importante a ser dito? Caso ainda sobre conteúdo, podem ser elaborados outros programas, como uma série. Quem tenta dizer tudo, pode acabar não dizendo nada!
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RADIORREVISTA Exemplos de estrutura para revistas curtas: Revista de meia hora: 1. Música característica 2. Saudação 3. Apresentação do tema (3 minutos) 4. Dramatização - conto, sociodrama, testemunho etc. (5 minutos) 5. Comentário da dramatização (4 minutos) 6. Música (3 minutos) 7. Segunda seção (5 minutos) 8. Entrevista (5 minutos) 9. Despedida (1 minuto) 10. Música característica Revista de 15 minutos 1. Música característica 2. Saudação 3. Apresentação do tema (2 minutos) 4. Dramatização (4 minutos) 5. Comentário da dramatização (3 minutos) 6. Agenda de atividades (3 minutos) 7. Despedida (1 minuto) 8. Música característica No lugar da dramatização e do comentário, além da segunda seção e da entrevista, no caso da revista de meia hora, podem entrar outros formatos e gêneros, outras ideias, da forma que a produção do programa achar melhor para trabalhar a temática escolhida. Outro detalhe é que cada seção pode ter sua vinheta ou música característica e elas podem aparecer no início ou no final ou em ambos os momentos. Exemplo de roteiro Nome da Rádio: Rádio Educasempre Nome do Programa: Vigilantes Ecologicos Tempo total de duração: 30 minutos Regularidade: Programa Diário ______________________________________________________________________________________________ ABERTURA Tempo: 3 minutos Tec. Vinheta de Abertura da Radio Loc – Aqui a sua Radio Educasempre, em seu primeiro ano de atividade, mantendo o maior e melhor conteúdo sobre educação brasileira na categoria rádio. Sou nada mais nada menos que seu locutor educomunicador ambiental Kakau Tec – Vinheta de Abertura do Programa de Variedades da Rádio Educasempre.
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RADIORREVISTA Loc- Começa agora, nosso programa:Vigilantes Ecológicos. Tec – Vinheta do programa Loc- Hoje, estamos ecologicamente preparados com uma entrevista com alunos de uma escola que estão fazendo a diferença em sua cidade. Fiquem ligados, a Radio Educasempre traz ainda muita musica e um documentário sobre o aquecimento global. Tec – BG / voltamos a apresentar Vigilantes Ecológicos BLOCO 1 – ENTREVISTA Tempo: 09 minutos Tec – sobe e desce BG / estamos de volta com nosso bloco de entrevista – sobe BG Loc – “O que seria do amanhã sem uma educação ambiental”. A professora e bióloga Márcia Frota, Especialista em Inovações Tecnológicas para educação é responsável pelo desenvolvimento do projeto na Escola Municipal XZ. Sua formação permite a educadora conectar as áreas de tecnologias e educação com ponto de partida para um trabalho focado na forma de pensar para uma proposta educomunicação ambiental. Estamos aqui com um dos alunos que participam do projeto. Carlos e aluno do 7 ano do ensino fundamental, e vai nós falar um pouco do projeto. Tec – sobe e desce BG / hora de entrevistar quem faz./sobe BG Loc – Boa tarde, Carlos. Então, poderia nos dizer um pouco sobre este projeto? Carlos – Boa Tarde, Kakau. Então nosso projeto chama-se “Blogueiros Ecologicos”. Junto com a professora Márcia, criamos um blog para a turma, onde postamos noticias sobre aquecimento global, reportagens sobre os graves problemas causados pelo lixo, entrevistas violência social, fotos, dicas....enfim, tudo que diz respeito a ações educomunicativa ambiental. Nosso blog já alcançou mais de 18.000 visitas em 02 meses de publicação. Estamos em contato com outras escolas do Brasil . Temos muitos amigos em outros países trocando idéias e propondo ações muito simples, que qualquer criança ou adulto pode fazer para conservar o meio ambiente. Loc – Carlos, você acha que o contato com a internet, tem melhorado o desempenho dos alunos que participam do projeto. Carlos – Sim. Eu mesmo tenho melhorado muito a escrita. Para postar qualquer coisa no blog tenho que ler muito, pesquisar na rede e procurar saber se o que estou escrevendo está certo ou não. Sou outro aluno, mais comportado, mais interessado em todas as matérias e mais consciente ecologicamente. O que leio na internet sobre o que vem acontecendo com o mundo, me faz perceber que o espaço em que vivo tem mudado muito. Até terremoto vem acontecendo aqui em Montes Claros. Já viu algo assim... Loc – Parabéns Carlos. E muito bom saber que nossos meninos e meninas estão pensando no dia de amanhã. Kakau retorna já já... Fique sintonizado! Tec – Vinheta do programa / voltamos a apresentar Vigilantes Ecológicos
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RADIORREVISTA BLOCO 2 – Tempo: 08 minutos Tec –sobe e desce BG/ estamos apresentando / sobe BG /desce BG / Vigilantes Ecológicos. Loc – Muito bem galera, a musica de hoje é um chamado para assumirmos o nosso papel de cidadão de forma efetiva e ativa. Para sairmos da passividade e da postura de aceitar as coisas de forma acomodada. Depois da entrevista do Carlos, um garoto consciente de 15 anos, o melhor a fazer e pensar como e o que podemos fazer. A hora é agora... a consciência de limpar e cuidar da vida não pode esperar. Confira agora.... Tec – Musica Pacato Cidadão /Skank/ Samuel Rosa e Chico Amaral BLOCO 3 – Tempo: 3 minutos Tec – sobe e desce BG Loc – fiquem agora com nosso intervalo/ voltamos já, já com as Dicas Ecológicas do Dia. INTERVALO – chamada para propaganda. BLOCO 4 Tempo: 08 minutos Tec – vinheta do programa Loc - Estamos apresentando Vigilante Ecológicos – oferecimento dos Supermercado Oliveira – onde a dona de casa tem preço e qualidade. Estamos de volta com nosso momento Dicas Ecológicas Tec – sobe e desce BG Loc – Dicas Ecológicas – aprendendo e fazendo um mundo melhor. Tec – BG sobe e desce Loc - Nossa primeira dica é - Aprenda a cozinhar em panela de pressão Acredite... dá pra cozinhar tudo em panela de pressão: Feijão, arroz, macarrão, carne, peixe etc... Muito mais rápido e economizando 70% de gás.. Tec – BG sobe e desce Loc – Esta dica e para a garota Web 2.0 - Desligue o computador – E isto aí... Muita gente tem o péssimo hábito de deixar o computador de casa ou da empresa ligado ininterruptamente, às vezes fazendo downloads, às vezes simplesmente por comodidade.. Desligue o
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RADIORREVISTA computador sempre que for ficar mais de 2 horas sem utilizá-lo e o monitor por até quinze minutos. Tec – BG sobe e desce Loc – Vamos chegando ao final do nosso programa. Kakau agradece a sua atenção. Amanhã tem muito mais . Até lá e até sempre!! Tec – vinheta de encerramento
Referências Bibliográficas LÓPEZ Vigil, José Ignácio. Manual urgente para radialistas apaixonados. São Paulo: Paulinas, 2004. Asociación Latinoamericana de Educación Radiofónica. Manuales de capacitación en radio popular, vol. 3 e 7. Quito: Aler.
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