Blue Design by Rafaela Rosa

Blue design D A C A L Ç A D E LO N A U S A D A POR MINERADORES ÀS PASSARELAS DO MUNDO

LU C I A N E R O D R I G U E S M A RT I N S

Blue Blue design desi CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SANTA CATARINA CURSO DE DESIGN DE MODA

LUCIANE RODRIGUES MARTINS SÃO JOSÉ, 2018

1. JEANS . 4

21. EMBALAGEM . 39

2. A ORIGEM DO JEANS . 6

22. MIX DE PRODUTOS . 40

3. POPULARIZAÇÃO . 9

23. PRODUTOS FEITOS COM DENIM . 41

4. REBELDIA . 10

24. CONSUMO E MERCADO DO

5. O JEANS E OS JOVENS . 11

JEANSWEAR . 42

6. MARCAS QUE FIZERAM HISTÓRIA . 12

25. CONSUMIDORES . 45

7. TECENDO O JEANS . 19

26. JEANS DO FUTURO . 46

8. DADOS TÉCNICOS . 22

27. TECIDOS INOVADORES . 47

9. DIFERENTES TIPOS DE TECIDO . 23

28. UNIVERSO DIGITAL . 50

10. DIFERENÇA ENTRE ÍNDIGO, DENIM

29. JEANS ECOLOGICAMENTE CORRETO . 51

E JEANS . 24

30. CURIOSIDADES . 52

11. LAVANDERIA E ACABAMENTOS . 25

31. SUSTENTABILIDADE . 54

12. PRINCIPAIS PROCESSOS DE

32. JEANS MAIS SUSTENTÁVEL

LAVAGEM . 28 13. PROCESSO PRODUTIVO . 31 14. MODELAGEM . 32 15. COMPRAS . 33 16. CORTE . 34 17. COSTURA . 35

DO MUNDO . 56 33. JEANS SUSTENTÁVEL - POLPA DE MADEIRA . 57 34. COMO SABER SE MEU JEANS É SUSTENTÁVEL? . 58 35. BONS EXEMPLOS . 59

18. ACABAMENTO . 36 19. LIMPEZA DA PEÇA E INSPEÇÃO . 37 20. PASSADORIA . 38

jeans Jeans, produto que vem atravessando gerações, desde sua criação e sem previsão de se tornar obsoleto, foi consagrado como ícone jovem e conquistou as passarelas do mundo, atravessando todas as fronteiras. Atualmente tem adeptos em várias faixas etárias, sendo produto com força na economia, e produto de desejo. Desde as lonas pesadas até os tecidos com diferentes composições e combinações de fibras visando conforto e diferenciação, este produto se tornou objeto de estudo e evoluiu, principalmente enquanto tecido, desde sua adaptação para a vestimenta. Para suprir uma necessidade, Levi Strauss adaptou a lona que vendia para a confecção de calças mais resistentes, principalmente para o trabalho pesado. A partir desta substituição, as calças adquiriram outros clientes, conquistando espaço principalmente entre os jovens

após a segunda guerra mundial, sendo incorporado nas mais diversas ocasiões de uso e adotado como moda. Com a evolução e solidificação da sua aceitação como produto versátil, o jeans se diversificou em variedades de tons, do mais claro ao mais escuro, com diversificação de combinações do algodão com outras fibras, principalmente com o elastano, possibilitando mais conforto e maior mobilidade. Esta gama de possibilidades, gerada a partir da variedade de tons e composições, possibilita a inserção deste produto nos mais diferentes públicos e classes sociais. A compreensão da aceitação do jeans ao longo das décadas no universo da moda é um desafio, influenciando na busca por matérias primas diferenciada e constante inovação das empresas. Minha vida profissional ligada à moda esteve em grande parte ligada ao jeans wear,

jeans por esta paixão e identificando a necessidade no mercado de conhecer mais teoricamente sobre este tecido, nasceu a inspiração para este projeto. Trabalhando diariamente com desenvolvimento de coleção e nas visitas à fábricas, sentia a necessidade de artigos técnicos que me auxiliassem no desenvolvimento da coleção. O jeans requer alguns conhecimentos específicos, porque desde a construção da ficha técnica, existe a necessidade de informações técnicas para a produção da peça final. O fascínio por um produto que tem um mix variadíssimo e pela sua complexidade, venho por meio desde artigo, espanar para auxiliar designers, estilistas, compradores ou todos os profissionais que dele fazem instrumento de trabalho, para melhor entendimento e compreensão e um melhor resultado no produto final.

A ORIGEM do JEANS Diferente do que a maioria das pessoas acredita o jeans não nasceu nos Estados Unidos e sim na Europa. O brim pesado do final do século XVIII era usado em Gênova, na Itália, por marinheiros que trabalhavam no porto de Gênova, em 1567. Catoira (2006, p. 82) diz que “fabricado na cidade de Nîmes, desde a Idade Média, o tecido resistente

era utilizado para fabricação de velas de barcos e até roupas de marinheiros de Gênova - cidade que em Francês é Gênes, origem da palavra jeans”. No início sua cor não era azul, e sim uma cor entre o bege e o marrom-claro, pois essa era a cor do tecido original. Era uma espécie de estopa bem trançada, de algodão.

A ORIGEM do JEANS Depois passou a ser tingida pelo índigo, uma tinta vegetal azul. O extrato natural de Índigo pode ser obtido a partir da fermentação das folhas de várias espécies de anileiras como, por exemplo, as do gênero Indigofera ssp. Em 1853, nos Estados Unidos, caravanas cruzam os territórios indígenas em direção ao Oeste, onde fervilham as escavações de minas e os sonhos de riqueza. Só naquele ano, a sedução do ouro despeja 33 mil pessoas na cidade de São Francisco, na Califórnia. Há ouro, mais falta quase tudo. Um judeu alemão de 24 anos chamado Claude Levi Strauss, desembarca na América para trabalhar como camelô com seu cunhado, trazendo mercadorias

que no Oeste são gêneros de primeira necessidade, como por exemplo, toldos para carroças e um tecido rústico para cobrir barracas. Um mineiro solicitou ao vendedor uma calça resistente para o trabalho, questionando que nenhuma era resistente o bastante para o trabalho nas minas. Levi põe o tecido destinado às barracas debaixo do braço e vai à um mineiro alfaiate. Pouco tempo depois, seu freguês sai de lá com as calças resistentes e novas. Conta a lenda que naquela noite, devidamente embriagado, o mineiro gabava-se de ter as calças mais resistentes do Oeste. Nascia assim o jeans.

A ORIGEM do JEANS O uso das tachinhas de cobre, que atualmente é conhecida como rebites, também foi resultado de um acaso. Em 1872, o alfaiate Jacob Davis, judeu nascido na Letônia, trabalhava perto de São Francisco, fabricando mantas para cavalos e tendas para barracas. Frequentemente, ouvia os fregueses reclamarem de que

os bolsos não resistiam ao peso das coisas que carregavam. Isso lhe deu a ideia de prender os bolsos com as mesmas tachas de cobre que usava para prender as correias dos cavalos às mantas. O sucesso foi enorme e logo o mesmo procurou Levi Strauss, para juntos patentearem a invenção.

Popularizacao O jeans começou a se popularizar na década de 30, quando usado pelos cowboys norte-americanos. “No cinema, as divas são Lauen Bacall, Ingrid Bergman, Joan Crawford, Bette Davis e os heróis são os cowboys americanos, que vestiam as calças do campo, incorporando os jeans e retratando a vestimenta do far West” (CATOIRA, 2006, p. 36). Durante a segunda guerra mundial, os soldados norte-americanos usavam uniformes confeccionados com o tecido, dando ao denim uma imagem de virilidade. Após a vitória dos aliados, o jeans se espalhou pelo continente europeu.

rebeldia O denim atravessou o século XX, se transformando no artigo de moda mais democrático e popular existente. Na década de 40, os cowboys do asfalto montavam suas motos Harley-Davidson trajando o jeans. Mas foi na década de 50 que o jeans se transformou em símbolo de rebeldia, quando, no filme Juventude Transviada, o ator James Dean, no papel do jovem e rebelde Jim Stark, apareceu usando a combinação clássica: calça jeans e camiseta branca.

Além de Dean, Marlon Brando e Elvis Presley contribuíram para que o artigo se disseminasse entre os jovens da época, que teve sua imagem associada ao rock. A imagem rebelde do jeans se tornou tão forte, que o traje passou a ser proibido nas escolas e em lugares como cinemas e restaurantes. Logo depois, novas modelos como Marylin Monroe, usavam o jeans com um apelo sensual.

o jeans e os

jovens

Depois de James Dean e Marlon Brando, vieram os Beatles, Bob Dylan e Jimi Hendrix, e o jeans continuou sendo a peça principal do visual jovem. Na década de 70, com a guerra do Vietnã, surgia um novo grupo cujos ideais eram baseados na busca pela paz. Os hippies americanos adotaram o jeans como peça essencial do visual largado, e mais uma vez ele se tornou parte de uma cultura jovem. Foram os hippies que introduziram a ideia de customização das peças, feita por meios artesanais, que logo entrou

em processos industriais. Ele havia entrado de vez para o vestuário, como uma peça funcional e barata, sempre ligado a um símbolo de juventude. Na mesma época, o jeans inicia sua globalização e se insere na indústria européia, que transformou e aprimorou o design e o acabamento, se tornando grande referência na produção do artigo na indústria da moda. Levi’s, Lee e Mustang se consagravam como marcas de grande nome no segmento.

marcas que f izeram

historia

Levi´s A união de Levi Strauss e Jacob Davis , não poderia ser mais bem sucedida. Em 1873, eles já haviam produzido mais de 1800 dúzias de peças. Nessa época, o jeans já tinha costura dupla e dois arcos pespontados nos bolsos de trás, que representavam as montanhas rochosas norteamericanas, e com fio cor de

laranja para combinar com a cor das tachas cobre. Em 1890, depois de 18 anos de bom trabalho, expira a patente, e surge o modelo da calça mais famosa, a LEVI´S 501, que significa o número do primeiro lote de tecido importado por Levi Strass.

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Foi a crise econômica de 1929 nos Estados Unidos, que transformou a 501 em imitação de calça de trabalho. Com a crise, que derrubou os preços dos bois, os grandes fazendeiros do Oeste, abriram suas propriedades ao turismo e os ricos americanos do leste embarcaram nessa nova onde de lazer. As boutiques chiques de Nova York passaram a encomendar a 501. Em 1935, num anúncio publicado pela revista Vogue, duas damas do leste passeiam num rancho vestidas com calça Levi´s, o anuncio conquistou fregueses e despertando assim a concorrência . Se a crise de 29 foi um presente para o jeans, a segunda guerra mundial foi seu passaporte para a fama. A produção da calça 501 tornou-se nos Estados Unidos, essencial, somente os

operários que trabalhavam para a indústria da defesa, tinham direito a ela. O comandante almirante W. B. Young, chefe da intendência da armada, escreveu numa carta dirigida a Levi Strauss: para equipar nossos combatentes, a marinha precisa de grandes quantidades suplementares dessas roupas. Vossos esforços para produziremnas são tão vitais para nós quanto os dos operários que fabricam munições de guerra. O jeans invadiu a Europa no dia seguinte ao da vitória dos aliados em 1945, e assim como as recéminventadas meias de náilon, o jeans passou a ser um dos artigos mais procurados na devastada Europa do pós-guerra.

marcas que f izeram Lee

historia

A Lee começou em 1889, quando Henry David Lee fundou uma empresa em Kansas especializada na distribuição de alimentos. Em pouco tempo, ele percebeu a necessidade de produzir roupas que proporcionassem segurança para seus funcionários. Não demorou, portanto, para que em 1911 criasse a Lee Bib Overall, uma espécie de macacão com vários bolsos. Em seguida, veio o Union All, uma

roupa que uniu a jaqueta e a calça em uma única peça, dando maior segurança no trabalho de mecânicos, maquinistas, operadores de trens, fazendeiros, etc. Mas não foram essas invenções, nem a criação da primeira jaqueta jeans da história, em 1921, que fizeram da Lee um nome de grande sucesso. O boom da grife começou mesmo a partir de 1924, quando a Lee criou as calças de cowboy de rodeio.

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A idéia de focar no cowboy foi crucial, já que era o mercado que estava se tornando um grande promotor do jeans wear ao redor do mundo. De acordo com as necessidades deles, os bolsos de trás eram removidos para não danificar a sela dos cavalos. E foi o sucesso da Lee na produção dessas roupas para os peões e para o trabalho em geral, que fez surgir o primeiro slogan: O Jeans que construiu a América. Com esse mesmo espírito, a Lee apresentou, em 1926, o primeiro jeans com zíper do mundo. Em 1933, lançou o que se tornaria uma de suas peças mais famosas, a Storm Rider Jacket, que fez sucesso graças a sua gola e forro de pele de carneiro. E porque tanto sucesso? Por que ela se tornou a preferência de várias estrelas de Hollywood, como Marylin Monroe, James Dean, os Beatles e até o presidente dos EUA John F. Kennedy.

marcas que f izeram Calvin Klein

historia

Calvin Richard Klein, americano de origem judaica húngara foi o fundador que deu nome a marca em 1968. Depois de frequentar o Fashion Institute of Technology, fez parte do primeiro time de estilistas que desenharam a moda dos Estados Unidos no século XX. A sua ambição de construir uma carreira em moda levou-o a trabalhar durante os cinco anos seguintes em diferentes confecções, com o objetivo de adquirir o máximo de experiência possível. Dotado de um talento inigualável, não foi preciso esperar muito até que conseguisse apoio financeiro para lançar um projeto seu. Barry Schwartz, que viria a tornar-se seu parceiro, doou-

lhe 10.000 dólares para o efeito e tudo começou a partir daí. Klein vendia suas roupas em pequenas quantidades para grandes lojas de departamentos e foi em uma delas, a Bonwit Teller, que recebeu sua primeira grande encomenda. A partir daí, tudo mudou e logo Calvin Klein virou uma das grifes mais famosas do mundo. Com o jeans, Calvin Klein tornou-se um verdadeiro mito. Ter um calvin passou a ser um sonho mundial de consumo. Foi Calvin Klein, o primeiro estilista a colocar o jeans na passarela. Foi muito criticado no início, mas depois copiado por muitos.

marcas que f izeram Diesel

historia

A Diesel foi criada em 1978 na cidade de Milão pelos italianos Renzo Rosso e Adriano Goldschmeid, este último dono de uma confecção. O nome foi escolhido porque a palavra significava exatamente a mesma coisa em qualquer lugar do mundo e podia ser pronunciada da mesma forma em diversos idiomas. Além disso, o diesel era um combustível alternativo nesta época, o que exatamente a marca italiana queria ser no mundo da moda. A Diesel foi oficialmente lançada no mercado em 1979, essencialmente com roupas masculinas. As calças jeans com aparências de usadas fizeram enorme sucesso entre os

jovens, especialmente na década de 1980. Em 1996, o empresário italiano realizou sua tacada mais ousada: ingressou no mercado americano. Instalou sua primeira loja em Nova York, exatamente em frente à maior loja da Levi’s na cidade, em um ato de evidente provocação ao ícone americano. O sucesso dos jeans caríssimos, se comparado com a maioria das marcas no mercado, e com aparência de anos de uso foi tão grande que o mercado americano tornou-se o maior da diesel no mundo. A diesel fez dos jeans uma peça de luxo e ainda passou a fornecer jeans para grifes como Louis Vuitton e Hermès.

marcas que f izeram

historia

A diesel vende mais de 30 milhões de calças jeans anualmente. O jeans é feito quase que artesanalmente, em um processo que inclui lavagens à mão e água em temperatura controlada. A mão-de-obra é composta basicamente de artesãos, cada costureira da diesel ganha o equivalente a aproximadamente R$12.000 por mês. Para garantir a pronta entrega para qualquer país a

fábrica deixa à disposição, na Itália, um estoque com aproximadamente 400 mil peças. No Brasil a marca italiana desembarcou em 1998 com a inauguração de sua primeira loja e chegou a ter três unidades em São Paulo e Rio de Janeiro, incluindo a do shopping Iguatemi, que chegou a ser a mais rentável entre suas lojas no mundo.

tecendo o jeans A composição do Denim se caracteriza pela mistura de fibras, e por tecidos 100% algodão. Ainda não foram desenvolvidos denim com 100% de composição em outra fibra, mas as pesquisas em torno dessa possibilidade são contínuas. Os tecidos são classificados em rígidos e elásticos. Os tecidos rígidos apresentam em sua composição 100% algodão, ou misturas de algodão e poliéster. As opções flexíveis se utilizam dessas misturas aliadas principalmente ao elastano. A compreensão das características dessas fibras possibilita explorar de forma eficiente os produtos confeccionados em Denim,

haja vista que caracterizam e distinguem os produtos por qualidade, preço e diferenciação visual. A principal fibra do Denim, o algodão tem como sigla CO, que vem do inglês cotton. Fibra natural vegetal derivada de sementes e frutos é versátil permitindo composições com as mais variadas fibras naturais ou químicas. A cerca de 3 mil anos é cultivado e fiado, e por mais que fibras sintéticas tentem reproduzir suas características, elas apresentam, como citado pela Pelican Têxtil (2016, p. 1) “toque agradável, boa absorção de umidade”, além do conforto e durabilidade, características inerente e única do algodão.

tecendo o jeans Não foi desenvolvida quimicamente uma fibra que substitua o algodão, somente fibras que se assemelham. O caso mais próximo é o poliester (PES): fibra química sintetizada do petróleo, onde uma das suas principais características químicas é absorver pouca umidade. O poliéster é a mais barata das fibras e suas características tem contado com avanços tecnológicos a fim de tornar cada vez mais parecido com o algodão, permitindo seu aumento em consumo e produção. É uma fibra extremamente versátil,

durável e hoje, como afirma Pelican Têxtil (2016, p. 1) “é a fibra sintética mais utilizada na indústria têxtil”. A fibra que permite produtos em Denim elásticos e mais confortáveis é a coloquialmente conhecida como elastano fibra química obtida do etano (refino do petróleo), tem como nome técnico Poliuretano e por isso sua sigla PUE. Foi inventada em 1959 por Joseh Shivers, e patenteada pela DuPont com a marca Lycra.

tecendo o jeans Os tecidos com elastano têm características particulares de encolhimento e largura. A Tecelagem São José (2016, p. 1) observa que por se tratar de “um produto elastizado, merece tratamento especial durante todo o processo de confecção”, pois apresenta alongamento no sentido largura/trama, e é mais estreito que os tecidos comuns. Outras fibras começam a ser exploradas no segmento do Denim,

tais como Lyocel, Poliamida, algumas fibras metálicas e linho, mas com descrição ainda, e somente por grandes empresas têxteis. É importante ressaltar que as descobertas e melhorias tecnológicas tendem a variar e evoluir essas misturas, contribuindo para a variedade e versatilidade dos produtos desenvolvidos em Denim.

dados tecnicos As características inerentes do Denim, que possibilitam sua diferenciação, são apresentadas nos rolos de tecidos ainda não manufaturados, e servem de parâmetro para os confeccionistas, pois cada composição, cada artigo requer cuidados especiais, dado a importância em se conhecer as caraterísticas, que são basicamente: a) peso: o Denim tem o peso representado por uma Unidades Não SI – Unidades Não Sistemas Internacionais – onça por jarda quadrada e é representada pela sigla OZ, que é uma e equivale a 28 gramas, e a jarda 91 cm; b) largura: devido a sua produção, composição e tingimento, cada artigo tem uma largura, e essa característica é importante para o aproveitamento no encaixe para o corte da produção; c) cor: Como já citado, atualmente é vasta a quantidade de variações de cores e tingimentos, sendo os mais comuns o Blue (tradicional e mais

popular índigo), Black (corante preto) e blue Black (recebe os 2 corantes) e sua intensidade é medida em DIP, pelo tempo de mergulho do tecido no corante, abreviação da palavra inglesa Deep. “quanto maior o tempo de mergulho do produto nas caixas de corante, mais intensa será a cor do jeans” (PEZZOLO, 2007, p. 22); d) composição: a principal fibra utilizada na composição dos tecidos em denim, é o algodão. Que devido as suas características, geralmente as composições de tecidos em denim tem superioridade a 50% da fibra do algodão. As fibras mais utilizadas nessas misturas são o elastano, e o poliéster. Outras fibras como Lyocell e poliamida também são utilizadas, mas em menor quantidade. Essas características são fatores determinantes na escolha e seleção deste ou aquele artigo para a confecção, tornando-os únicos. Isso possibilita uma gama de opções de denim.

diferentes tipos

de tecido

Brim

Denim

É bem grosso, bem resistente, é geralmente de algodão, a fibra sintética e outros fios também são utilizados. Dá pra se dizer que o brim é mais associado a um jeans mais clássico, que não passou por tantos processos de beneficiamento.

É feito de algodão e os fios da trama são tingidos e a urdidura é branca. A urdidura é um conjunto de fios que se lançam entre eles mesmos, podemos dizer que o denim é a matéria prima do jeans. A diferença do denim e do brim é que o corante utilizado não penetra tanto nas tramas, fazendo com que algumas partes do tecido fiquem mais branquinhas.

Sarja A sarja é um tipo de tecido que tem como destaque ser na diagonal. Esse tipo de construção resulta em um tecido básico que deixa um bom caimento e é um tecido durável.

diferenca entre Índigo

Denim

De origem indiana, é um pigmento de cor azul extraído da flora local. Sabe-se que tem sido usado há 5000 anos, desde o império GrecoRomano. Com uma composição química de alta sensibilidade, o mecanismo de tingimento com o índigo se mantém praticamente inalterado até hoje. O sistema consiste no tingimento sobre os fios de algodão, seguido por um processo de foulardagem – sistema de impregnação de substâncias químicas têxteis nos tecidos – e oxidação ao ar, responsáveis pela intensidade do azul no tecido.

É o algodão, que tramado e enrolado vira o rolo de tecido. Referências históricas não concluem a origem do algodão, mas foram os árabes que fiaram e teceram as primeiras fibras.

Jeans Criado por Levi Strauss, nos Estados Unidos, o jeans é a peça de roupa composta pelo denim tingido com o índigo. Sua calça, sua bermuda, camisa e seu short são grandes exemplos de jeans.

lavanderia e acabamentos A lavagem é um dos principais processos de beneficiamento pelo qual passa o jeans durante a produção. A lavanderia industrial surgiu após a década de 70, com a customização do jeans pelos hippies, veio de uma necessidade de atender os desejos do consumidor. O jeans ganhou novos tipos de lavagens e modelagens, reinventando-se a cada estação nas coleções apresentadas pelas grifes. Os diferentes beneficiamentos pelos quais as peças de jeans passam durante o processo de confecção agregam valor ao produto final e podem dar um acabamento mais sofisticado à peça. Algumas roupas passam por dois ou três processos de beneficiamento diferentes para que fiquem com o resultado final esperado. Antigamente, o jeans chegava à casa do consumidor coberto com uma espessa camada de goma, que deixava o tecido duro e desconfortável. A goma era retirada somente após passar

lavanderia e acabamentos por vários processos de lavagens domésticas. Era assim, mas graças a Marithé François Girbaud – que criou em 1970 o método Stone Wash – o processo mudou. O denim, matéria prima do jeans, passou a ser visto como uma folha em branco, pronta para receber qualquer tipo de pintura. Em outras palavras, descobriram que se tratava de um tecido flexível, que permitia diversas intervenções e customizações. O segmento de lavanderia jeans é bem peculiar, porque mistura a higienização com processos criativos, tingimento e artesanato. É na lavanderia que o jeans ganha o aspecto envelhecido e/ou amarrotado e aquelas manchas brancas ou coloridas surgem. O stone wash é um processo de lavagem que utiliza máquinas de lavar com tambores rotativos cheios de pedras. O atrito causado entre as pedras e as peças promovem o desgaste do tom azul e o efeito de envelhecimento. O stone wash pode ser aliado a diversos produtos químicos, como as enzimas celulósicas, que potencializam o efeito de envelhecimento.

lavanderia e acabamentos O tingimento vintage garante uma nova cor ao tecido, além de efeitos que criam um aspecto jovial e contemporâneo. Bigodes, puídos, forno e uma infinidade de técnicas dão ao jeans características exclusivas que dependem apenas da criatividade de cada estilista e de cada equipe de lavagem. Após todo esse processo é possível também aplicar o permanganato, uma substância química utilizada para corroer a cor do jeans, promovendo clareamentos localizados. A área da peça, que vai receber o permanganato, é devidamente lixada antes da aplicação, para identificar as áreas que serão desbotadas. Posteriormente, as peças são mergulhadas em uma substância denominada metabissulfito de sódio, que vai revelar o efeito do permanganato aplicado anteriormente. Em algumas ocasiões

o cloro também é utilizado, para obter um clareamento ainda maior. Nesse caso é preciso cuidados especiais, pois se o jeans possuir elastano corre-se o grande risco de danificá-lo, fazendo com que perca a elasticidade. Enfim, diversas são as possibilidades e, de igual modo, as especificidades de uma lavanderia industrial que trabalha com jeans. Os cuidados também são extremos, afinal, um procedimento irregular pode comprometer até 120 peças de uma só vez, que é a capacidade de uma máquina industrial. Os equipamentos de proteção dos funcionários são essenciais e jamais podem ser negligenciados, já que o segmento utiliza frequentemente tintas, produtos químicos, ferramentas cortantes e máquinas que emitem calor.

PRINCIPAIS PROESSOS

DE LAVAGEM

Beneficiamentos

Destroyed

Nesta etapa, as peças passam por um ou diferentes tipos de lavagens do jeans – algumas utilizam temperaturas altíssimas – e/ou outros tipos de acabamentos.

É uma lavagem feita com corrosivos químicos que permite colocar rasgões e cores aleatórias, através de pré-tingimentos antes da lavagem. Dirty wash

Amaciamento Sem grandes alterações de aparência, é feita uma rápida lavagem e um amaciamento, visando somente a melhoria do toque da peça.

É efetuada em jeans com base índigo média (por meio de pré-lavagem stone wash), com sobreposição de tinta em tom caqui, o que dá a sensação de envelhecimento. Pode ser aplicado sobre a peça já pronta.

PRINCIPAIS PROESSOS

DE LAVAGEM

Stone-wash

Médium distressed

A grande maioria dos jeans tem este processo. São utilizados alguns tipos de abrasivos, normalmente pedras com ou sem associação de químicos. A pedra pomes, indicada para tecidos médicos e pesados, a pedra cenazita, para tecidos médios e pesados e, por último, a perlite e pós-abrasivos para desgaste de denim mais leve e delicado.

Lavagem destinada a denim sem pré-branqueamentos. Leva um tratamento de amaciamento, para ser mais fácil o lixamento manual a que é sujeito.

Acid-wash

Second hand Aparência de calça jeans já utilizada. Stone-washe´s localizados em zonas onde ocorre desgaste durante o processo de uso de uma calça jeans sem lavagens.

É feita com químicos de alta densidade que são borrifados no jeans acabado de forma irregular, para proporcionar lavagens apenas em algumas zonas. Pode ser auxiliado por meio de Tie-Dye.

PRINCIPAIS PROESSOS

DE LAVAGEM

Delavê Alvejamento com cloro, tem grande variação de intensidade de queda de cor do índigo, podendo ser associado ao stone washed, criando com isso uma enorme gama de variações de denominações. Bigode Feito manualmente simula o efeito do tempo sobre a peça nos locais quem que sofre maior desgaste, como na altura dos quadris e dobras das articulações. É claro que essas são apenas algumas opções de acabamento que podem ser dadas às peças de

jeans. Existem muitos outros tipos de lavagem e beneficiamento pelos quais as peças podem passar, isso sem falar que a modernização leva a criação de novas possibilidades. Resinado Este tipo de acabamento dá ao tecido o efeito semelhante ao couro e é obtido por meio da aplicação de um spray resinado com corante ou brilho. Depois do tingimento, a peça passa por um aquecimento de até 160ºC para que o tingimento faça a adesão ao tecido.

PROCESSO PRODUTIVO O jeans é desenhado para certo tipo de tecido, com um modelo criado especialmente para esta variedade têxtil. Um tecido com elastano precisará de um tipo de produção diferente de um tecido que seja 100% algodão, por isso modelos precisam ser específicos para a fábrica conseguir a forma desejada. Depois que os modelos são aprovados, eles vão para a produção.

MODELAGEM Departamento responsável pela modelagem de cada peça que será produzida pela fábrica. Modelista é o profissional que representa graficamente peças de vestuário planificadas, cria e adapta modelos, avalia materiais têxteis e aviamentos para o desenvolvimento de produto, desenvolve protótipos das peças do vestuário, atendendo às necessidades dos diversos públicos, utilizando técnicas de modelagem plana, moulage e digital. Pesquisa segmentos de mercado, estudando estilos de design. Apresenta domínio na utilização de ferramentas da computação gráfica para moda, elaborando fichas técnicas, desenho técnico de vestuário. Relaciona a produção visual de arte e do design de moda em contextos histórico, social, político, estético e econômico, relacionados a diversos países.

COMPRAS Departamento onde são comprados todos os tecidos e insumos para a produção da fábrica. O comprador é responsável pelo estabelecimento do fluxo dos materiais na empresa. Pelo seguimento junto ao fornecedor, e pela agilidade da entrega. Prazos de entrega não cumpridos podem criar sérias perturbações para os departamentos de produção e vendas, mas a função compras pode reduzir o número de problemas para ambas as áreas, além de adicionar lucros. Os objetivos da função compras podem ser subdivididos em quatro categorias: a) obter mercadorias e serviços na quantidade e com qualidade necessárias; b) obter mercadorias e serviços

ao menor custo; c) garantir o melhor serviço possível e pronta entrega por parte do fornecedor; d) desenvolver e manter boas relações com os fornecedores e desenvolver fornecedores potenciais.

Para satisfazer a esses objetivos, devem ser desempenhadas algumas funções básicas: a) determinar as especificações de compra: qualidade , quantidade e entrega; b) selecionar o fornecedor (fonte certa); c) negociar os termos e condições de compra; d) emitir e administrar pedidos de compra.

CORTE O setor de corte é uma das principais etapas do processo produtivo, dentro da área industrial da confecção e um dos responsáveis direto pela transformação da matériaprima, fazendo dele um setor de extrema importância, a ponto de colocar em risco todo o processo produtivo, quando mal planejado ou executado, causando sérios prejuízos à empresa. No corte, as características dos tecidos são de extrema importância para a obtenção da qualidade. Além de definirem a melhor modelagem, determinarão o melhor tipo de encaixe e risco. O corte é subdividido em: a) encaixe: é a distribuição de uma determinada modelagem sobre um papel ou tecido. Pode ser realizado manualmente ou

pelo sistema CAD, (Computer Aided Design - planejamento auxiliado por computador); b) risco: é o contorno de todas as partes da modelagem, observando a posição correta dos moldes, ou seja, obedecendo todas as marcações e denominações que ele apresenta; c) enfesto: é a operação para sobrepor as camadas de tecidos a ser cortada, Esta operação podem ser realizadas manualmente, com uma enfestadeira mecânica ou automatizada, que possuem três maneiras: Enfesto Par; Enfesto Impar e Enfesto Escada. O corte é a ação ou efeito de cortar, esta etapa exige muita atenção. Pois qualquer falha ou erro pode comprometer toda a produção.

COSTURA O jeans vai para as máquinas de costura, onde é costurado por trabalhadores em máquinas industriais incrivelmente rápidas. Uma máquina destas pode costurar milhares de pontos por segundo, por isso estes trabalhadores devem ser habilidosos para evitar ferimentos. De acordo com a Jeans Info, um trabalhador mediano consegue terminar um jeans em 15 minutos. Normalmente, a etapa de montagem é a etapa gargalo na empresa por exigir grande quantidade de máquinas, equipamentos e pessoal qualificado. Assim, todo

o lote que chega à costura deve estar organizado de maneira que haja um bom aproveitamento das máquinas e dos trabalhadores. A organização da produção mais adequada à montagem de determinado produto é um aspecto fundamental e dela depende o rendimento do processo. “Num sistema de costura, consideramse os materiais, as máquinas de costura, os operadores, os sistemas de transporte, os métodos de produção e as técnicas de planejamento e controle de produção” (ARAÚJO, 1996 apud PAIVA, 2010, p. 42).

ACABAMENTO “O acabamento é a seção onde são executadas as operações finais, com todas as partes componentes já unidas, visando a melhoria na qualidade ou complementação do produto. Dentre essas operações estão: casear, pregar botão, pregar etiqueta, etc” (ANDRADE FILHO; SANTOS, 1980 apud PAIVA, 2010, p. 43)

Limpeza da peCa

E inspeCAo'

A etapa de limpeza é responsável pela retirada de fios e revisão final das peças. (BIERMANN, 2007 apud PAIVA, 2010, p. 43). Segundo Araújo (1996 apud PAIVA, 2010, p. 43): A inspeção é realizada após a peça pronta, com o objetivo de controlar a qualidade dos produtos e verificar a conformidade com a amostra e especificações préestabelecidas. Este controle pode ser realizado sobre a totalidade das peças ou por amostragem. O operário revista os dois lados da peça confeccionada, controlando as dimensões, a qualidade de execução das costuras e defeitos.

passadoria A passadoria é a “seção onde são executadas as operações de passar a peça, estando esta totalmente montada e inspecionada” (ANDRADE FILHO; SANTOS, 1980 apud PAIVA, 2010, p. 43). Segundo Araújo (1996 apud PAIVA, 2010, p. 43) “a remoção de vincos e de volume em têxteis é relativamente recente, pois há cerca de 100 anos trás o vestuário era normalmente usado de forma amarrotada”.

Esta etapa é importante em alguns tipos de produtos, sendo que, muitas vezes, a passadoria se torna necessária devido aos maus tratos recebidos pelos produtos durante o processo produtivo, que acabam amassando o tecido ou costurando com máquinas reguladas inadequadamente, assim utilizam a passadoria para corrigir costuras franzidas (BIERMANN, 2007 apud PAIVA, 2010, p. 44).

embalagem “É o setor que depois de receber as peças inspecionadas e passadas, dobra e embala em sacos plásticos, caixas de papelão padronizadas, etc. Esse tipo de embalagem depende da forma de peça que produz e outros critérios da empresa” (ANDRADE FILHO; SANTOS, 1980 apud PAIVA, 2010, p. 44).

mixprodutos de A variedade de produtos feitos com denim é infinita. O tecido é um dos mais versáteis que existe, podendo ir desde a roupa a artigos de decoração. É um tecido que proporciona uma enorme fonte de criatividade para a produção.

do jeans: modelos como calças cigarretes, pantalonas, patasde-elefante, fuseau, bocade-sino, cintura alta, cintura baixa, além de saias e blusas de todos os tipos, macacões, macaquinhos, shorts e até biquínis (CATOIRA, 2006, p. 93).

O jeans no mundo fashion, já passou por modelagens especiais, sem perder o caráter

produtos feitos

com denim A seguir, alguns produtos confeccionados com denim: a) bermudas; b) biquínis; c) calças jeans; d) camisas; e) jaquetas; f) saias; g) shorts; h) vestidos; i) tapetes; j) luminárias; k) quadros; l) forro para paredes; m) s ofás; n) bonecos; o) almofadas.

CONSUMO E MERCADO

DO JEANSWEAR O mercado de jeanswear é bem diversificado, englobando consumidores de diferentes idades, de ambos os sexos e em distintas estações do ano. Variando estreitamente com o poder aquisitivo da população, esse mercado é ainda influenciado por diferenças climáticas e culturais, existindo distintos padrões de consumo no que tange a produtos voltados à moda e ao trabalho. Nos Estados Unidos, maior mercado mundial de jeanswear, o jeans é usado no dia-a-dia, no trabalho e na escola, assim como no lazer. Diferentemente, na Europa Ocidental, o índigo é mais associado a um artigo de moda. No Brasil, o seu uso é extremamente difundido, porém ainda é baixo o consumo per capita, em contraste com o mercado norte-americano. O tecido denim corresponde aproximadamente à metade do custo total da calça jeans, e sua fabricação hoje, muito

CONSUMO E MERCADO

DO JEANSWEAR pressionada pelos confeccionistas e consumidores finais, ocorre com elevado padrão de qualidade e menores lead times e custos, muito em função do incremento da automação dos processos. O mercado fechado do Brasil atrasou os investimentos em modernização, mas a indústria nacional, tendo passado por um grande movimento de concentração da produção a partir de 1990, quando restaram poucos grandes fabricantes do tecido, apresenta atualmente elevado padrão de qualidade e custos competitivos. No mercado mundial do segmento

jeans vem mudando ao longo dos anos. Em 1998, o Brasil era o quarto maior produtor mundial de Denin (a capacidade instalada de produção era na ordem de 250 milhões de m lin/ano), atrás dos Estados Unidos (600 milhões de m lin/ano), da China e do México (300 milhões de m lin/ano). Em termos de consumo, possuíamos o quarto maior mercado (aproximadamente 110 milhões de mlin/ano), atrás dos Estados Unidos (1.250 milhões de m lin/ ano), do Japão (300 milhõesde m lin/ano) e da Alemanha. Depois de um período de trevas, na década

CONSUMO E MERCADO

DO JEANSWEAR

de 90, com a abertura do mercado para a importação, o País investiu e tornou-se o maior produtor de Denim do mundo, com 25 milhões de metros fabricados por mês, alternando nesta liderança com a China e a Turquia. Em termos de mercado não é diferente. Atualmente, somos o segundo mercado de jeans no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Nosso consumo ultrapassa a casa dos 100 milhões de peças vendidas anualmente movimentando mais de R$8 bilhões ano e abrigando mais de 2000 marcas que trabalham basicamente com jeanswear. Para competir com os preços e modelos de rivais externos, as fabricantes brasileiras do Denim vêm investindo pesado em inovação, produção e exportação. O volume de investimento cresceu 50%, em relação a 2007, alcançando US$ 1,5

bilhão. Os desembolsos não foram puxados por projetos específicos. Representam investimentos realizados por toda a indústria, entre tecelagens, malharia e confecções, explica Fernando Pimentel, diretor executivo da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção). As empresas brasileiras têm seus próprios laboratórios de desenvolvimento e pesquisa, de onde saem infinitas variações que transformam o tecido rústico inicialmente usado como lona de caminhão em verdadeiros objetos de desejo. Todo esse empenho deu às empresas do Brasil o status de fornecedoras das grifes mais importantes de jeanswear do mundo: Zara, Calvin Klein, Levi’s, Miss Sixty, Replay, quase todas bebem do denim brasileiro.

Consumidores A Invista, detentora da marca Lycra, contratou o Ibope Inteligência para uma pesquisa acerca do tema, na qual o instituto revelou que 46% dos brasileiros usam jeans diariamente e, na média geral, cinco vezes por semana. Considerado o uniforme dos jovens, as peças em jeans quase sempre são escolhidas por conta da praticidade do tecido. Enquanto os homens usam as calças jeans por esse motivo, a maioria das mulheres (60%) prefere o jeans com o objetivo de valorizar o bumbum. Para elas, os modelos, em ordem de preferência, são: tradicional, skinny. A quantidade de peças que são compradas é, em média, sete

por ano. Desse total de consumo, 85% são calças, 9% bermudas, 3% shorts e 2% saia. O estudo, que reuniu 1.000 consumidores brasileiros, homens e mulheres, entre 18 e 50 anos, das classes A, B e C, também revelou que 54% dos entrevistados costumam comprar seus jeans em lojas de departamento (as chamadas fast fashion), seguidos de 51% que preferem as lojas multimarcas. Entre as características que consideram mais importantes na hora da compra a modelagem aparece em primeiro lugar, com 42%. O jeans com elastano é outro destaque da pesquisa: 54% dos entrevistados costumam usar peças com elastano.

jeans do

futuro

Acredita-se que o jeans vai fazer parte do guardaroupa das pessoas eternamente. Desde seu surgimento seu consumo e crescimento tem sido considerável ao longo desses anos. Com toda a evolução tecnológica e o avanço das mídias sociais, no futuro o jeans vai estar cada vez mais presente e com grandes evoluções ao seu favor, tanto em fiação, lavagem e construção das roupas por ele confeccionadas.

tecidos inovadores O Jeans Fitness é feito para o público que preza pelo conforto acima de qualquer outro aspecto sobre sua calça jeans, portanto alguns tecidos são feitos com tecnologia de até 80% de elastano. Essa tecnologia é a técnica bi-strech, que podemos entender como sendo o tecido que estica em duas direções diferentes ao contrário de uma só, como acontece na maioria dos jeans com elastano. O Denim Therapy Repeller e Repeller Light são lançamentos em jeans com tecnologia similar a utilizada em uniformes do exército e roupas de acampamento, pois repelem alguns mosquitos transmissores de epidemias,

como a dengue. Os tecidos possuem acabamento à base de Permetrina, um composto sintético que também é utilizado na base de creme e sprays repelentes encontrados no mercado, portanto não é nocivo à nossa pele. Essa é a primeira vez que o produto foi usado em escala industrial para atender ao grande público, e os principais efeitos desse acabamento utilizado em forma de película aplicada sobre o denim são: a) efeito repelente: mantêm os insetos afastados; b) efeito patas quentes: se o inseto pousar a substância ativa provoca uma hiperexcitabilidade levando ao Efeito Nocaute;

tecidos inovadores c) efeito nocaute: se o insistir em ficar no a substância provoca paralisante que causa a do vetor (inseto).

inseto tecido efeito morte

Ever Black são os jeans pretos com a promessa de manterem a cor vívida por até 12 lavagens caseiras, realizadas na máquina de lavar comum. Ou seja, o look inteiro preto vai continuar preto por mais tempo. E ainda, a calça jeans inteligente, onde o Google se associou com

a famosa marca de roupa Levi’s para desenvolver uma roupa inteligente a partir de diferentes tipos de tecido. Para isso eles utilizarão o chamado Project Jacquard, um tipo de fibra muito especial. A ideia é dotar de funções extras qualquer peça de roupa como: as pernas do seu jeans podem ser um trackpad; os botões da sua camisa, um setor tátil do smartphone para tirar fotos, entre muitas outras coisas, pois as possibilidades são infinitas.

tecidos inovadores O jeans de garrafa pet, cujo processo de produção é feito com 30% de algodão desfibrado – também reciclado – e 70% de poliéster (PET) e não recebe química alguma. A durabilidade das peças pode se estender, em média, a 15 anos de uso. O denim que combate a celulite, feito do Emana que é um tecido inteligente que em contato com o calor do corpo emite raios infravermelhos e estimula a circulação sanguínea. Traz benefícios para a pele, como a redução de celulite, deixa a pele

mais macia e sedosa, traz firmeza, e é um efeito permanente que não se perde na lavagem do tecido. É preciso usar a peça por seis horas diárias, durante 30 dias, e é preciso ser contínuo o uso da peça para garantir o sucesso no combate à celulite. O jeans sustentável vai além do algodão e tingimento orgânico, pois o jeans possui dupla face e não precisa ser limpo com água e sabão. Basta colocar a peça na geladeira ou no freezer por 24 horas para as bactérias serem eliminadas.

Universo

digital

A moda jeans wear no universo digital e como a internet mudou os hábitos de consumo nos últimos quinze anos. Vivemos uma revolução tecnológica, somos livres para dar opiniões e fazer escolhas. No mundo online, além de consumir moda, também temos o poder de influenciar as grandes marcas. Ou seja, participamos direta e indiretamente do processo criativo. Temos também uma considerável crescente na influência das mídias sociais e da popularização dos smartphones na decisão de compra. Os negócios de moda estão aprendendo a lidar nesse ambiente digital e aqueles que dominarem as ferramentas sairão na frente dos concorrentes.

Jeans ecologicamente

correto

O Bio Denim é o tecido brasileiro verdadeiramente sustentável. Produzido com sobras de algodão, fibras e fios reciclados, substitui processos químicos por naturais. Usa no lugar da goma sintética um amido que vem da batata. O amaciante natural feito de manteiga de cupuaçu substitui os amaciantes sintéticos e promove a responsabilidade social apoiando comunidades locais da Amazônia, que cultivam o fruto. O objetivo principal é fazer com que o consumidor final torne-se cada vez mais exigente quanto à procedência do produto que está adquirindo. Essa é uma das formas de fazer com que as fábricas se adequem ao meio ambiente e as suas necessidades.

curiosidades O mistério do minúsculo quinto bolso do jeans

Mais uma curiosidade envolvendo calças jeans: muitas delas vêm com um quinto bolso minúsculo, que fica 'dentro' de algum outro bolso na parte da frente. Por mais que os tempos sejam outros, o seu avô com certeza sabe a função dele: foi desenvolvido para que as pessoas guardassem seus

relógios de bolso enquanto trabalhavam com o gado ou cavalgavam, dessa forma ele não quebraria no processo. Hoje em dia, esses relógios são praticamente obsoletos, mas o detalhe ainda pode ser usado para guardar uma chave ou uma nota de dinheiro, por exemplo.

curiosidades Calças com botões ao invés de zíper

Todo mundo já teve uma calça jeans com botões no lugar do zíper. E é uma questão de paciência abotoar todos os cinco botões toda vez que colocar a calça ou precisar ir ao banheiro. De fato, modelos desse jeito ainda existem porque, segundo a Levi's, esse tipo de fecho se tornou uma questão de branding

pessoal. Os consumidores mais tradicionais e pacientes preferem modelos com botões e as versões com zíper valem para todas as outras. Está 100% relacionado ao seu estilo pessoal e à mensagem que você quer passar com o look.

sustentabilidade Sinônimo de moda básica, as calças jeans são também as peças que mais poluem. Desde as grandes quantidades de agrotóxicos utilizados no cultivo do algodão em larga escala, até o consumo de água para a lavagem da peça em residências, o jeans é um verdadeiro vilão no meio ambiente. Na contramão do consumo inconsciente, novos modelos sustentáveis foram criados, o que só aumenta a discussão sobre o papel do jeans e a sua relação com o caos no meio ambiente. Com o dia-a-dia atribulado e cheio de compromissos, a população deseja por uma peça que facilite o

conforto, a comodidade, que seja bonita e ao mesmo tempo casual. Com o aumento da procura, a indústria do jeans inchou em detrimento do meio ambiente. Estima-se que até o nível do mar tenha subido por conta da produção das peças jeans. Segundo especialistas em água da Universidade de Utrecht e do instituto de pesquisas Deltares, o uso excessivo de águas subterrâneas – por exemplo, para irrigação de plantações de algodão – contribuiu com até um quarto do aumento do nível do mar, que é atualmente mais de três milímetros por ano.

sustentabilidade E o impacto no meio ambiente não ocorre apenas no que tange à produção de algodão. O tingimento, os corantes usados na lavagem da peça, a energia para o transporte em todo mundo, a quantidade de embalagem que vai parar no lixo, além dos galões de água e detergentes usados pelos consumidores, tudo isso para a produção de algumas peças. Com esta realidade, houve quem criasse novas formas de unir a praticidade do jeans com o

pensamento ecológico. Novos modelos mais sustentáveis da peça começaram a surgir no mercado como uma alternativa à larga escala que pouco se preocupa com o meio ambiente. O lançamento de calças produzidas com algodão orgânico, que evitam o contato com produtos químicos e substancias tóxicas, novas formas de lavagem e até mesmo o controle por parte dos consumidores, mostraram que uma nova consciência estava para surgir.

JEANS MAIS SUSTENtaVEL

do mundo

O processo industrial de fabricação de Jeans costuma utilizar vários produtos químicos tóxicos na produção, consumindo e contaminando grande quantidade de água que depois precisa passar por sistemas de tratamento . A Saitex, que tem fábrica no Vietnã, produz um dos jeans mais sustentáveis do mundo, transformando os resíduos da fabricação de jeans em tijolos e reciclando 98% da sua água e a reintroduzindo no processo produtivo. Ela produz para as marcas de moda renomadas do mundo e é especializada em jeans Premium com capacidade para mais de 6 milhões de peças de vestuário por ano que são enviadas globalmente para diversas grifes nos EUA, Europa e América do Sul. A fábrica emprega atualmente 4.300

pessoas e utiliza os processos mais sustentáveis como painéis solares, sistema que armazena água da chuva e a reciclagem de 98% da água utilizada na fábrica. Grandes máquinas de osmose reversa filtram a água poluída pelo tingimento do denim, através de uma membrana, limpando a água. Quando a água limpa é extraída do líquido poluído, o que resta é um subproduto espesso que tem a consistência de massa de bolo. A Saitex combina este material com cimento para fabricar tijolos que são usados na construção de casas populares. A fabrica está trabalhando com outras fábricas de jeans no Vietnã para processar seus resíduos, o que poderia se tornar um novo fluxo de receita para essas empresas.

JEANS SUSTENtaVEL polpa de madeira O Tencel é uma fibra de celulose feita a partir da polpa da madeira, cuja produção é menos impactante ao meio ambiente. Para se ter uma ideia, a fibra utiliza 1/50 de toda a energia, água e químicos necessários para a produção de um modelo jeans convencional . Para se chegar à fibra, que tem atributos estéticos, de performance e ambientais, é preciso retirar tudo o que não for natural da madeira e, na sequência, extrair a polpa. Em seguida, ela é dissolvida e a fibra se forma. Outra vantagem é que esse tipo de fibra tem como base as florestas de eucalipto, que podem ser reflorestadas e que utilizam menos agrotóxicos e pesticidas do que as plantações de algodão.

como saber se meu jeans e sustentavel Alguns aspectos devem ser levados em consideração na hora de comprar uma calça deste tecido. Uma roupa em jeans só é verdadeiramente sustentável quando feita com algodão orgânico certificado, ou quando foram reutilizados retalhos de jeans velhos já existentes no mercado . Além disso, é importante se preocupar com a mão de obra, que deve ser remunerada de acordo com as leis trabalhistas. A empresa deve se preocupar também com o reaproveitamento da água, com a reciclagem de resíduos e com a diminuição de desperdício na produção. Uma calça jeans só será 100% sustentável se o tingimento for natural, ou seja, quando as tintas químicas são substituídas por corantes naturais. A prática já vem sendo utilizada, com o cultivo sustentável da anileira, fonte de índigo natural (o azul vegetal) e o cultivo de alfafa, aveia e trigo que são fontes de clorofila, o pigmento verde.

bons exemplos Percebendo que até mesmo as poluidoras calças jeans podem ter alternativas sustentáveis, várias empresas e grifes começaram a entrar no ramo, sempre mirando no público mais eco-consciente. Foi o caso da marca holandesa Kuyichi, que produz uma linha de jeans 90% orgânica em larga escala. A marca conseguiu alterar praticamente toda a sua produção com adequação às necessidades do meio ambiente. O Brasil também tem seus bons exemplos. A Eden Organic é uma marca de São Paulo, que ajuda 200 famílias no campo, produtores de algodão 100% orgânico. A marca desenvolve os princípios da sustentabilidade na indústria e em toda sua cadeia produtora.

a linha de produção. No lugar da goma sintética, um amido natural de batata foi usado e nos processos de lavagem e tingimento, a manteiga de cupuaçu foi utilizada como amaciante natural. A empresa firmou uma parceria com uma comunidade da Amazônia, o que movimenta recursos na região, atendendo as necessidades das famílias locais. E se você prefere marcas consagradas, é válido perguntar para os vendedores das lojas se as grifes possuem linhas de jeans orgânicos ou mais ecológicos. Com a procura, as marcas perceberão que há público consumidor para aquele tipo de produto.

A Tavex Corporation é uma fabricante do tecido Bio Denim, que substituiu seus processos químicos por naturais em toda

Blue design D A C A L Ç A D E LO N A U S A D A POR MINERADORES ÀS PASSARELAS DO MUNDO

LU C I A N E R O D R I G U E S M A RT I N S