Escola Técnica de Ensino Integral.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO - FAU CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

ANTEPROJETO DE UMA ESCOLA TÉCNICA DE TEMPO INTEGRAL PARA O BAIRRO DE JACARECICA / CRUZ DAS ALMAS.

Aluno: José Rafael dos Santos Cordeiro Oliveira Professor : Augusto Aragão de Albuquerque Período: 2014.2

Maceió - AL 2014


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

ANTEPROJETO DE UMA ESCOLA TÉCNICA DE TEMPO INTEGRAL PARA OS BAIRROS DE JACARECICA E CRUZ DAS ALMAS.

Aluno: José Rafael dos Santos Cordeiro Oliveira Professor: Augusto Aragão de Alburquerque Período: 2014.1

Maceió-AL 2014.


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JOSÉ RAFAEL DOS SANTOS CORDEIRO OLIVEIRA

ANTEPROJETO DE UMA ESCOLA TÉCNICA DE TEMPO INTEGRAL PARA OS BAIRROS DE JACARECICA E CRUZ DAS ALMAS.

Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal de Alagoas para obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof.ª Augusto Aragão de Alburquerque

Maceió-AL 2014.


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“É fazendo que se aprende a fazer aquilo que deve se aprender a fazer”. (Aristóteles)


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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeramente a Deus, por sempre guiar meu caminho e estar comigo em todos os meus passos, e a Virgem de Guadalupe por me proteger como verdadeira mãe. Quero agradecer também aos meus pais Marcio Cordeiro Oliveira e Gedalva dos Santos Cordeiro, por me dar a oportunidade de ser hoje aquilo que sou, graças a seu amor, compreensão, apoio e exemplo. E a minha esposa Ana Cecilia Elorza por toda fé em mim, pelo amor incondicional e pela confiança nos meus sonhos. Agradeço a Universidade Federal de Alagoas pelo apoio didático, o qual foi imprescíndivel pela maduração de ideias do presente projeto. Agradeço ao professor Augusto Aragão de Albuquerque pelos bons momentos falando sobre arquitetura. E aos meus irmãos, amigos e parentes que, direta e indiretamente, estiveram presentes em algum momento da minha vida durante a realização desta pesquisa, e que têm contribuido a ser a pessoa que sou. Muito obrigado


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LISTA DE ABREVIATURAS APL- Arranjos Produtivos Locais CEASB – Centro de Educação Ambiental CEBELA – Centro de Etudos Latino Americano CIEPs - Centros Integrados de Educação Pública ETE – Escola Técnica Estadual FNDE – Fundo Nacional de Educação INEP- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas MEC – Ministerio da Educação PMFE – Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola PNE – Plano Nacional de Educação UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura


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LISTA DE IMAGENS Imagem 1 Afresco pintado por Rafael Sazio. Representa a academia de Atenas e a vida intelectual da Grécia antiga. Fonte: CUMMING, 1995. ........................................................................................ 13 Imagem 2 Fachada da ETE Bezerros-PE. Fonte acervo do autor. ........................................................................................................................ 27 Imagem 3 Escola Técnica Estadual Prof. José Luiz de Mendonça Gravatá-PE Fonte: acervo do autor. ............................................................................................................................................................. 28 Imagem 4 Escola Técnica Estadual Maria José Vasconcelos Bezerros PE. Fonte: acervo do autor. .. 28 Imagem 5 Estudo de volumes de uma ETE. Fonte: Próprio autor autor. ........................................... 29 Imagem 6:. Perspectiva e fotografias tiradas “in loco”. Fonte: Adaptado pelo autor. .................... 29 Imagem 7 Planta baixa do térreo. Fonte: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=16354&Itemid=1011 31 Imagem 8 . Planta baixa do térreo. Fonte:http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=16354&Itemid=1 011....................................................................................................................................................... 31 Imagem 9 Entrada principal da escola. Fonte:Próprio autor .............................................................. 32 Imagem 10 . Entrada principal da escola. Fonte:Próprio autor ........................................................ 32 Imagem 11 . Planta de reforma e ampliação da escola Eulina Ribeiro de Alencar. Fonte:Próprio autor. ................................................................................................................................................... 33 Imagem 12. Fachada principal da Escola Eulina Ribeiro de Alencar. Fonte: Próprio autor. ............... 33 Imagem 13. Corte AA’ Escola Eulina Ribeiro de Alencar. Fonte: Próprio autor. ................................ 33 Imagem 14 Pátio central da escola Fonte:Próprio autor .................................................................. 34 Imagem 15. Depósito de cadeiras,fonte de doenças antrópicas. Fonte:Próprio autor ...................... 34 Imagem 16 . Planta de reforma e ampliação da escola claudinete Batista. Fonte:Próprio autor. ..... 34 Imagem 17 Localização do bairro da Cruz das Almas e parte de Jacarecica ,por meio de imagem de satélite. Fonte.: Google Earth, Acesso em: julho de 2014. ................................................................. 36 Imagem 18 Recorte Urbano Analisado Cruz das Almas e parte de Jacarecica, Fonte.: Próprio autor. ............................................................................................................................................................. 37 Imagem 19. Gráfico da população segundo o censo de 2010 Fonte: IBGE Adaptado 2013 ............. 38 Imagem 20 Gráfico do crescimento população da Cruz das Almas em dez anos. Fonte: IBGE Adaptado 2013. ................................................................................................................................... 39 Imagem 21 Gráfico do crescimento população de Jacarecica em dez anos. Fonte: IBGE Adaptado 2013..................................................................................................................................................... 39 Imagem 22. Perfil sócio-econômico dos moradores dos Bairros da cruz das Almas e Jacarecica Fonte: Sempla Adptado 2014.............................................................................................................. 40 Imagem 23 Diferença de nível entre a planície litorânea e a região do tabuleiro, desenho sem escala Fonte: Duarte et al 2009. .................................................................................................................... 41 Imagem 24. Planície marítima de Jacarecica Vila Emater I e II Fonte: Goole Earth adaptado, Robsom 2013....................................................................................................................................... 41 Imagem 25 Média mensal das temperaturas mínimas e máximas de Maceió. Fonte: Eduardo Frigolleto, 2010. .................................................................................................................................. 42 Imagem 26 Precipitação Mensal de Maceió. Fonte: Eduardo Frigolleto, 2010. ................................ 42 Imagem 27. Média mensal do número de horas de sol por dia em Maceió. Fonte: Eduardo Frigolleto, 2010. .................................................................................................................................. 42


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Imagem 28: A– Falta de Permeabilidade da malha tortuosa da vila Emater I. -B- Perfil esquemático da topografia de Maceió, com incidência dos ventos predominantes. Fonte: Google Earth ............ 43 Imagem 29. Bairro de Cruz das almas e parte de Jacarecica, sobreposto carta solar e pela rosa dos ventos, indicando a freqüência de ocorrência e velocidade dos ventos por direção e estação e insolação. Fonte: Próprio autor, adaptados. ..................................................................................... 43 Imagem 30: Gráfico do comportamento da umidade relativa para o município de Maceió Fonte: www.inmet.gov.br ................................................................................................................... 44 Imagem 31 : Gráfico do comportamento da Nebulosidade para o município de Maceió. Fonte: www.inmet.gov.br ................................................................................................................... 44 Imagem 32: Mapa dos bairros e a localização das escolas. Fonte: Santos Rafael, 2013. .................. 45 Imagem 33 Terreno da antiga COBEL. Fonte: Acervo do autor ......................................................... 46 Imagem 34: Entorno do terreno Densidade construída associado com divisão de áreas e imagens associadas. Fonte: SANTOS, Rafael, 2013. .......................................................................................... 46 Imagem 35: Localização do terreno no bairro. Fonte: Google Earth adptado pelo autor. ................. 47 Imagem 36: Maquete física do terreno produzida pelo autor............................................................ 47 Imagem 37 Beco de uma das Ruas da Vila Emater Fonte: Acervo do autor autor. ............................ 48 Imagem 38 Crianças ociosas na área do antigo lixão Fonte: Acervo da CEASB. ................................. 51 Imagem 39 Programa de necessidades Fonte: Próprio autor............................................................. 52 Imagem 40 Esquema de configuração de salas de aula Fonte: Neufert 2010. ........................................................................................................................... 53 Imagem 41: Auditório Padrão para uma escola Fonte: Neufert 2010. .............................................. 54 Imagem 42 Dimensionamento das áreas ............................................................................................ 56 Imagem 43: Fluxograma de alunos, professores, serviço e público externo ...................................... 57 Imagem 44: Diagrama de retângulos .................................................................................................. 58 Imagem 45: Diagrama de retângulos no terreno. ............................................................................... 58 Imagem 46 Modelo de Domus romana Fonte :Disponível em < http://paulcoulbois.blogspot.com.es/2012/02/domus.html>. Acessado em: out. 2014................... 59 Imagem 47 Pátio que forma um dos claustros da Catedral de São Tiago de Compostela, Espanha (entre 1075 a 1122). Fonte: :<http://www.flickr.com/photos/30946230@N06/3423135303/>. Acessado em: nov. 2014. .................................................................................................................... 60 Imagem 48 Forte São Thiago das cinco pontas. Construído pelos holandeses em 1630, como meio de defesa e organização das tropas e armamentos, abriga atualmente abriga um teatro e o Museu na cidade do Recife. Fonte: Disponível em: <http://www.viajandoblog.com/post/11527/museu-dacidade-do-recife-no-forte-das-cinco-pontas-reabre-no-recife> Acessado em: out. 2014. ................ 60 Imagem 49 Pátio interno de um conjunto habitacional na Dinamarca. Projeto do escritório SLA. Fonte: LOFT, 2012 ............................................................................................................................... 61 Imagem 50 Pátio central da escola ..................................................................................................... 63 Imagem 51: Esquema de croquis estudo inicial. ................................................................................. 63 Imagem 52: Croquis união das formas................................................................................................ 64 Imagem 53: Croqui edifíco em “E” e edifício fragmentado. .............................................................. 64 Imagem 54: Esquema de croquis das perspectivas circulares ............................................................ 65 Imagem 55: Esquema de croquis, saindo da forma circular do terreno. ............................................ 65 Imagem 56: Estudo no computador da forma circular ....................................................................... 65 Imagem 57 Estudo do edifício em “L” ................................................................................................. 66 Imagem 58: Croquis de como a proposta edifício em “L” pode ser desenvolvida. ............................ 66


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Imagem 59: Edifício “A” em planta. .................................................................................................... 66 Imagem 60: Edifício “A” perspectiva 01. ............................................................................................. 67 Imagem 61: Edifício “A” perspectiva 02. ............................................................................................. 67 Imagem 62: Primeiro croqui da proposta arquitetônica. ................................................................... 67 Imagem 63: Estudo da forma em planta baixa, estudo da trama para colocação dos pilares 7 x 6 m ............................................................................................................................................................. 68 Imagem 64: Estudo da forma em maquete física. .............................................................................. 68 Imagem 65: Estudo da forma em volumetria ..................................................................................... 69 Imagem 66: Topografia, em azul o limite do terreno em vermelho o local escolhido para colocar o edifício ................................................................................................................................................. 69 Imagem 67: Criação de plataformas ................................................................................................... 70 Imagem 68: Tipologia da casa pátio, foi colodcado cubo com 3 pavimentos e um vazio central. ..... 70 Imagem 69: Estudo do pavimento térreo, vazios para entrada de ventilação natural. ..................... 70 Imagem 70: Estudo do pavimento térreopara entrada de ventilação no pátio central. .................... 71 Imagem 71: Estudo das áreas no pavimento térreo. .......................................................................... 71 Imagem 72: Estudo das áreas no 1ª pavimento ................................................................................. 71 Imagem 73: Estudo das áreas no 2ª pavimento. ................................................................................ 72 Imagem 74: Futura ampliação ............................................................................................................ 72 Imagem 75: Estudo de insolação. ....................................................................................................... 72 Imagem 76: Esquema geral do aproveitamento da água da chuva. ................................................... 73 Imagem 77: Esquema da vegetaçaõ no terreno da escola. ................................................................ 74 Imagem 78 Esquema da Evolução da forma. ...................................................................................... 75 Imagem 79: Planta da estrutura.......................................................................................................... 76 Imagem 80 Planta baixa do Pavimento Térreo ................................................................................... 77 Imagem 81 Perspectiva em corte do Pavimento Térreo .................................................................... 77 Imagem 82 Planta baixa do1ª Pavimento. ......................................................................................... 78 Imagem 83 Perspectiva em corte do1ª Pavimento............................................................................ 78 Imagem 84 Planta baixa do2ª Pavimento. ......................................................................................... 79 Imagem 85 Perspectiva em corte do2ª Pavimento............................................................................ 79 Imagem 86: área exportiva. ................................................................................................................ 80 Imagem 87: Perspectiva geral da área esportiva. ............................................................................... 80 Imagem 88: Corte AA’. ........................................................................................................................ 81 Imagem 89: Corte CC’ da área da piscina. .......................................................................................... 81 Imagem 90: Corte 3D com pavimentos explodidos pavimentos. ....................................................... 82 Imagem 91: Perspectiva geral da Escola. ............................................................................................ 83 Imagem 92: Perspectiva final. ............................................................................................................. 83


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 10 1.

2.

3.

ARQUITETURA E EDUCAÇÃO ....................................................................................................... 12 1.1.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO .................................................................................................... 13

1.2.

EDIFÍCIOS DE ENSINO .......................................................................................................... 14

1.3.

ESCOLAS DE TEMPO INTEGRAL ........................................................................................... 17

1.4.

A CONCEPÇÃO DO PROGRAMA EDUCAÇÃO DE TEMPO INTEGRAL. ................................... 21

1.5.

PROGRAMA DO GOVERNO BRASIL PROFISSIONALIZADO ................................................... 24

ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................ 25 2.1.

PROJETO ARQUITETÔNICO DA ETE .................................................................................... 26

2.2.

ESTUDO “IN LOCO” .............................................................................................................. 27

2.3.

ESPAÇOS DEFINIDOS ........................................................................................................... 28

2.4.

ESTUDO DAS ÁREAS ............................................................................................................ 30

2.5.

ESTUDO DE REPERTÓRIO..................................................................................................... 32

CONSTRUINDO A PROPOSTA PROJETUAL ................................................................................... 35 3.1.

ÁREA DE INTERVENÇÃO ...................................................................................................... 35

3.1.1.

ESTUDO DOS BAIRROS ................................................................................................ 36

3.1.2.

POPULAÇÃO ................................................................................................................ 37

3.1.3.

PÉRFIL SÓCIO-ECONÓMICO......................................................................................... 39

3.1.4.

GEOMORFOLOGIA ....................................................................................................... 40

3.1.5.

CLIMA .......................................................................................................................... 42

3.1.6.

SITIO ............................................................................................................................ 44

3.1.7.

VILA EMATER. .............................................................................................................. 48

3.2.

PROGRAMA DE NECESSIDADES. .......................................................................................... 51

3.3.

PRÉ-DIMENSIONAMENTO ................................................................................................... 56

3.4.

ESTUDO DA TIPOLOGIA “CASA PÁTIO” ............................................................................... 59

3.5.

CONSTRUINDO A PROPOSTA ARQUITETÔNICA .................................................................. 62

3.6.

CONCRETIZANDO A PROPOSTA ARQUITETÔNICA............................................................... 69

3.7.

EVOLUÇÃO DA VOLUMETRIA .............................................................................................. 75

3.8.

PROPOSTA FINAL. ................................................................................................................ 76

4.

CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 84

5.

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 85


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INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo elaborar um anteprojeto arquitetônico de uma Escola Técnica de tempo integral para beneficiar a comunidade dos Bairros de Cruz das Almas e Jacarecica, no Estado de Alagoas. Para tanto, utilizou como estudo de caso o projeto do Governo Federal da ETE Esscola Técnica Estadual. Não é proposta neste estudo fazer uma crítica no âmbito pedagógico desse modelo de escola, por não ter formação na área . Para se realizar um estudo crítico , é preciso conhecimento sobre o tema. Comenta-se que esse padrão de escola é um projeto predeterminado bem articulado, desenvolvido por uma equipe multidisciplinar. É importante ressaltar que o programa de necessidades do projeto do Govern o foi obedecido, pois a proposta desse TFG é uma Escola Técnica Estadual com uma proposta espacial diferente, fazendo uma crítica ao projeto “tipo” do Governo Federal. A crítica é no âmbito da arquitetura, na forma padronizada de se fazer arquitetura, pois o projeto desse TFG parte de uma lógica de metodologia projetual, um estudo da tipologia Clássica da “casa pátio” .É nessa linha de pesquisa que se caminha o estudo, onde o mais importante é o olhar do arquiteto no edifício educacional, tendo como objetivo específico a compreensão desse edifício. No primeiro capítulo, será esmiuçado sobre a Arquitetura e educação: iniciou a história da educação na Antiga Grécia; como alguns autores contemporâneos abordam os modelos de escolas na atualidade; intervenções públicas no campo educativo ; os conceitos e a concepção da educação de tempo integral. Ainda dentro desse capítulo, será abordado sobre o programa do Governo Federal Brasil profissionalizado, programa Federal que financia as Escolas Técnicas Estaduais o qual “ abre as portas” do estudo de caso que será discutido. No segundo capítulo, será abordado sobre o estudo de caso, ETE, Escola Técnica Estadual, do Estado de Pernambuco o qual possibilitou um entendimento maior do funcionamento dos edifício escolares. Em seguida, um estudo de repertório


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de duas Escolas de Ensino Fundamental do Município de Maceió, descrevendo um pouco situação desses edifícios de Ensino no Município. Diante desse repertório de pesquisa, foi possível dar base para a construção da proposta do edifício de ensino para a comunidade do Bairro de Cruz das Almas e Jacarecica. Assim, no último cápitulo ,será apresentado como foi desenvolvido o produto desta pesquisa com o partido arquitetônico tomado, estudos funcionais e espaciais, a escolha da tipologia que resultam em um estudo preliminar.


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1. ARQUITETURA E EDUCAÇÃO Existe uma demanda recente e contemporânea que é a escola de tempo integral. Esse modelo se caracteriza pela permanência do jovem em tempo integral no edifício de ensino para desenvolver várias atividades pedagógicas, o que repercute na estrutura arquitetônica dessa escola. Neste capítulo, há uma breve explicação sobre as primeiras escolas na Antiga Grécia para que se possa entender o histórico que envolve a educação. Já em outro tópico, será abordado o tema edifíficos de ensino cujos autores Kowatowski, Broto e Cavaliere foram de grande importância. Será explanado, em outro item, sobre as escolas de tempo integral uma estratégia do governo para melhorar a qualidade de ensino, tendo como referência as Diretrizes do Programa Ensino Integral do Estado de São Paulo e os documentos do MEC. Posteriormente, será feito um estudo sobre a concepção desse programa que´é a tentativa de interveção pública no campo do ensino. Ao final deste capítulo, será

abordado

o

tema

sobre

o

programa

do

Governo

Federal

Brasil

Profissionalizado, este que é um programa de financiamento e assistência técnica cuja proposta é ampliar e qualificar a oferta da educação profissional e tecnológica de nível médio nas redes estaduais de ensino.


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1.1. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO Segundo Plazola (1994), “a História da Educação é parte indissociável da história

geral,

porém

específica”.

É

importante

estudar

a

educação

no contexto histórico para observar a relação da influência de determinação, entre educação e sistema social mais amplo. A história da educação não estuda o passado, como coisa morta, mas utiliza esse conhecimento do passado como uma “chave” para entender o presente.

Imagem 1 Afresco pintado por Rafael Sazio. Representa a academia de Atenas e a vida intelectual da Grécia antiga. Fonte: CUMMING, 1995.

As primeiras escolas europeias datam o tempo da Antiga Grécia, cinco séculos A.C. Os gregos possuiam três tipos de escolas elementares: uma cujo propósito era ensinar leitura e escritura; a outra para a aprendizagem de música e literatura, já a terceira, tinha como meta desenvolver a habilidade da ginástica. Observa-se que as escolas, no começo, eram particulares cujo ensino impartido num plantel chamado “palestrão” que era um lugar público onde faziam espetáculos de luta e touradas. Nessa época, foi criada a “Efibia”, uma instituição onde jovem de dezoito anos chamados efebus frequentavam para serem adestrados em tácticas militares, armas, como também, nas artes em geral. (PLAZOLA, 1994) O que nesse tempo foi considerado como educação superior, foi proposta pelos sofistas. Eles foram os primeiros a dar sentido à educação e a desenvolveram com ideias humanistas, ou seja, com objetivo de preparar o homen para a vida, no


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seno da sociedade juridicamente regulada pelo Estado. A Grécia viveu dentro do regime democrático, sobretudo para conseguir o voto dos cidadãos era ambição e necessidade de quem desejava escalar os postos públicos e iam em busca do ensino. (PLAZOLA, 1994) “A educação participa na vida e no crescimento da sociedade, tanto no seu destino exterior como na sua estruturação interna e desenvolvimento espiritual e uma vez que o desenvolvimento social depende da consciência de valores que regem a vida humana, a história da educação esta essencialmente condicionada pelos valores válidos para cada sociedade” (JEAGER. 1994).

1.2. EDIFÍCIOS DE ENSINO A arquitetura e a educação expressam a evolução do ser humano. Si se considera o desenvolvimento de cada disciplina, se pode reconstruir o grande e inrregular caminho da evolução histórica das condições sociais, religiosas, econômicas e políticas. A arquitetura aplicada as instituições educativas expressa de forma contudente o passado, presente e o futuro da humanidade, podem explicar e influenciar o caráter e a mentaliadade de quem vive e cresce nela, tanto como sua forma de entender a vida. (BROTO, 2013) Diante de uma sociedade caracterizada pela urbanização desordenada, associada às políticas públicas inadequadas, a privatização do sistema educacional, bem como a retirada da classe média urbana da escola pública, tudo isso consolida a baixa qualidade prática e simbólica do sistema de educação fundamental pública. A proposta pragmática coloca em evidência o processo de renovação das ações pedagógicas que a Nova Escola assume a qual antes não desenvolvia essa prática. A escola passa então a assumir um papel sócio-integrador, que possibilita democratizar as instituições escolares e não reafirmar o caráter discriminatório (CAVALIERE, 2002). A Escola Nova aponta a pedagogia tradicional como responsável pelo fracasso e pela exclusão precoce das crianças brasileiras. A partir daí, aponta como crítica a escola tradicional. Essa nova forma de pensar traz um novo sentido práticas para a educação que é o de canais de comunicação e de interferência entre os conhecimentos formalizados e experiências. Uma das bases que movimenta o pragmatismo é, consequentemente, a escola nova, é o princípio de democracia, é


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mais que uma forma de organização política, é uma forma de vida associada, de experiência conjunta e mutuamente comunicada. Uma micro-sociedade intencionalmente preparada necessita de uma permanente e intensa troca com a realidade político-cultural vigente, para que possa atuar como um ambiente de favorecimento da “reconstrução da experiência”. Constituir-se como uma “micro-sociedade” dentro de uma sociedade maior é, ao contrário do que possa parecer à primeira vista, deixar de ser auto-suficiente e passar a dialogar com as referências das diversas instâncias desta sociedade maior da qual todos participam. Não se organiza uma “metasociedade” sem reflexão e escolha sobre algum modelo (CAVALIERE 2002, p.261).

Nesse novo modelo, as escolas devem proporcionar espaço de trocas intersubjetivas intensas, de desenvolvimento da natureza comunicativa e da reconstrução da experiência. É nessa perspectiva que se constitue o pragmatismo estudado e defendido por Cavaliere (2002). Segundo (KOWALTOWSKI, 2011), o tema da educação carrega tal importância que exede o seu alcance pedagógico e formador de cidadãos, constituindo objeto de estudo e intervenções para todas as áres do conhecimento. Como fundamento e alicerce da sociedade, é um mote também para os arquitetos, que tratam de materializar os ambientes para o seu desenvolvimento. Passadas décadas de públicações de estudos, pesquisas e propostas de arquitetura escolar internacional, que apresentam avanços expresivos no conhecimento e na aplicação de parâmetros qualitativos e técnicos, adequados para a implantação de ambientes escolares melhores e em consonância com os objetivos educacionais, ainda se ouvem críticas e questionamentos sobre os espaços propostos. O problema, sem dúvida, é complexo e sua origem pode estar no âmbito institucional, das políticas públicas, mas também nas esferas técnicas dos profissionais de cada agente, de cada área da ciência envolvida. (KOWALTOWSKI, 2011). O entorno afeta as pessoas. Para desenvolver uma arquitetura que ultrapasse

a

simples

funcionalidade

é

necessário

ter

consciência

e

comprometimento com o bem estar dos usuários. Atualmente, os profissionias da educação são sabedores da influência que a arquitetura pode exercer no ensino. O desempenho dos estudantes e professores depende dela. As habilidades de criar


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um entorno que possibilite a concentração e o desenvolvimento cultural dos estudantes está diretamente relacionado com as plantas de espaços que estimulem a atividade intelectual. (BROTO, 2013) O entorno afeta as pessoas. Para desenvolver uma arquitetura que vá além da simples funcionalidade é necessário ter conciência e comprometimento com o bem estar dos usuários. Atualmente o mundo da educação é consciente da influência que a arquitetura pode ter no ensino; o desempenho dos estudantes e professores depende deles. As habilidades de criar um entorno que permite a concentração e o desenvolvimento cultural dos estudantes está diretamente relacionado com as plantas de espaços que estimulem a atividade intelectual. (BROTO, 2013) O programa dos espaços e planejamento deve ser feitos segundo o número de alunos por etapa escolar ou por ano, alunos por clase, tipo de escola, forma, áreas e necessidades especiais em geral. As diretrizes para construção de edifícios escolares fornecem programas padrão, tendo como base as necessidades específicas de funcionamento: 

Organização, tempo integral ou parcial, currículo básico ou específico;

Objetivos pedagógicos /didáticos;

Relacionamento espacial, integração, áreas oferecidadas e tipo de formação;

Possibilidades espaciais e exigências;

Tecnologia da edificação, iluminação natural e artificial, clima ventilação, calefação, instalações elétricas, rádio, TV, telefone, água e esgoto.

O Plano Nacional de Educação – PNE - instituído pela Lei nº 10.172 de 09 de janeiro de 2001 é o documento oficial que referencia a implantação dos padrões mínimos de infraestrutura para o funcionamento adequado dos sistemas de ensino público: Educação Infantil (creche e pré-escolas), Ensino Fundamental e Ensino Médio. Ao final do quinto (5º) ano de execução do PNE - 2001/2010, todas as escolas brasileiras deveriam ter alcançado os padrões mínimos estabelecidos


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para seus respectivos sistemas. De acordo com o PNE - 2001/2010, os Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola abrangem: a) Espaço interno: iluminação, insolação, ventilação, visão para o espaço externo, rede elétrica e segurança, água potável e esgotamento sanitário. b) Instalações sanitárias e para a higiene pessoal das crianças. c) Instalações para preparo e / ou serviço de alimentação. d) Ambiente interno e externo para o desenvolvimento das atividades, conforme as diretrizes curriculares e a metodologia da educação infantil, incluindo o repouso, a expressão livre, o movimento e o brinquedo. e) Mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos. f) Adequação às características das crianças especiais. Os padrões mínimos de funcionamento da escola expressam a presença de um conjunto de insumos e condições necessárias para a realização das atividades escolares tais como instalações físicas, equipamentos, recursos pedagógicos, recursos humanos e gerenciamento. Aparentemente simples, o conceito envolve, na verdade, um amplo conjunto de condições humanas, materiais e organizacionais ou de insumos e processos (FNDE, Manual de Implantação: Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola - Ensino Fundamental – Ambiente Físico Escolar, 2006).

1.3. ESCOLAS DE TEMPO INTEGRAL A recente estratégia do Governo Federal para melhorar a qualidade do ensino fundamental é o Programa Mais Educação cuja estratégia é a ampliação da jornada escolar. Ele surge de forma inovadora trazendo no seio da estrutura a intersetorialidade, buscando a articulação entre os Ministérios, além da Presidência da República e da Secretaria Nacional de Juventude. Nesse sentido, o Programa prevê um novo modelo de gestão centrado na intersetorialidade, uma vez que ele permite articular a diversa política setorial para a resolução dos problemas educacionais.


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A escola proposta pelo Programa Ensino Integral põe em relevo, práticas além de conteúdos acadêmicos. E, dentro dessas perspectivas, verificam-se ações que envolvem conteúdos socioculturais, a possibilidade de vivências direcionadas à qualidade de vida, ao exercício da convivência solidária, à leitura e interpretação do mundo em sua constante transformação. Nas últimas duas décadas, ocorreram avanços consideráveis no acesso à educação em todos os níveis de ensino no Brasil. O acesso à educação básica está praticamente universalizado, embora o mesmo ainda não ocorra em relação à permanência e conclusão do ensino médio. Todavia, com a expansão das matrículas no Ensino Fundamental e a melhoria do fluxo, o número de alunos que ingressam no ensino médio passou acrescerde forma acelerada. Entre 1991 e 2011, a matrícula no Ensino Médio no país mais que dobrou e, assim, passou de 3,8milhões para 8,4milhões. No caso especifico do Estado de São Paulo, este movimento ocorreu de forma ainda mais expressiva. Atualmente, a taxa líquida de frequência à escola é de 67,1%, a maior entre as Unidades da Federação e 15,5 pontos percentuais acima da média nacional. (SÃO PAULO, 2013). Nos estudos dos documentos oficiais do governo, observa-se um novo conceito de gestão que é a intersetorialidade. O Programa tem como finalidade “expressar o enlace necessário entre educação, território e desenvolvimento de um lado e o enlace entre qualidade, equidade e potencialidade, de outro” (MEC, PDE, 2007, p.11 in MEC, SECAD, 2009 a, p. 12). Este tem como objetivo fomentar a educação integral por meio do apoio às atividades sócioeducativas no contra turno escolar (MEC, SECAD 2009 a). O que se preza no auge do Mais Educação é pela integralidade da formação das crianças e dos adolescentes. Então, o programa coloca a intersetorialidade como meio para a “produção” de conhecimento integral. O programa MAIS EDUCAÇÃO traz a intersetorialidade em sua gênese, uma conquista da intervenção pública no campo educativo. [...] trata-se de uma articulação entre os Ministérios da Educação, da Cultura, do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, do Esporte, da Ciência e Tecnologia, do Meio Ambiente, da Secretaria Nacional da Juventude da Presidência da República [...]. A concepção de educação que sustenta o Programa afirma o potencial educativo de amplo espectro das políticas públicas setoriais: Assistência


19 Social, Ciência e Tecnologia, Cultura, Educação, Esporte, Meio Ambiente (MEC, SECAD, 2009 a, p.24).

Para a implementação do programa Mais Educação o que também se destaca como novidade é a metodologia do “Bairro Escola” que apresenta cinco princípios “básicos‟: “Transcendência; Permeabilidade; Co-responsabilidade; Conectividade; Pluralidade” (MEC, SECAD, 2009 a, p. 45). Esses princípios confirmam a educação numa ótica de união de forças entre escola e comunidade, expandindo as “fronteiras” do conhecimento, desenvolvendo a educação a partir de uma união de força de trabalho, uma ação integral que envolve tanto a escola como a comunidade. Nesse caso a metodologia para educação integral “(...) pode ser compreendida como um instrumento de diálogo e troca de saberes de escolas e comunidades (...) em que as diferenças e saberes possam desenvolver condições de mútuas influências e negociações sucessivas” (MEC/SECAD 2009c, p. 14). Esta perspectiva é classificada como educação intercultural, centrada no diálogo ente as diferentes culturas, que surge. “(...) no âmbito da luta contra os processos de exclusão social por meio dos diversos movimentos sociais que reconhecem o sentido da identidade cultural de cada grupo e, ao mesmo tempo, busca constituir-se através do espaço de diálogo/conflito/negociação que possuem como desafio. A educação intercultural desenvolve-se na busca por espaços de interação de grupos diferenciados e enriquece-se neste processo” (MEC/SECAD 2009c, p.15).

A educação intercultural surge com a perspectiva de integrar os sujeitos as intensas transformações “(...) no acesso e na produção de conhecimentos, nas relações sociais entre diferentes gerações e culturas, nas formas de comunicação, na maior exposição aos efeitos das mudanças em nível local, regional e internacional” (MEC, SECAD a, 2009, p. 18). Pois a visão que se traz do conhecimento é que estes estão no mundo e o acesso e a apropriação destes acontecem por meio da comunicação. A contribuição da educação ao desenvolvimento humano é alcançada mediante um pressuposto: ter como meta a oferta de oportunidades de domínio de todos os recursos que permitem a todas as pessoas usufruírem de uma sociedade educativa, tal como preconizada no Relatório para a UNESCO, da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Assim, a educação brasileira está


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sendo beneficiada pelos avanços firmados, nas últimas décadas, desde o compromisso assumido na Carta Constitucional de 1988, na Conferência de Educação para Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, convocada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e na aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1996. (BRASIL, 1996). Esses

compromissos

provocaram

mudanças,

inovações,

propostas

significativas, traduzidos na Política Educacional da Secretaria de Estado da Educação, cuja missão é promover o acesso, a permanência e a aprendizagem bem sucedida dos alunos da rede pública estadual. (SÃO PAULO, 2013). “O objetivo que queremos de nossa educação, uma educação que se volte para os interesses da maioria do povo brasileiro (idem), onde frisa ainda que a escola Para a maioria não pode ser definida por uma minoria (idem) fato que nos leva a entender que precisamos estudar, e avaliar, se a educação que esta sendo implementada em nossas escolas está levando em consideração a realidade dessas comunidades e o viver diário das mesmas. Precisamos analisar o atual quadro que ora encontramos em muitas escolas, e quando falamos em analisar, nos remetemos ao fato de que precisamos alterar radicalmente o eixo transmissão assimilação, preconizando que professores e alunos rompam com a atual organização do processo do trabalho pedagógico e passem a organizar-se em relações sociais novas” com vistas a que cada escola seja transformada em uma unidade de produção e distribuição de conhecimentos articulados aos reais interesses de cada comunidade”. (SAVIANI, 2008, p. 417).

Pela afirmação citada, o acesso e a permanência na escola estão vinculados à universalização da escola e a adoção de sistemas de recuperação de estudos voltados implicitamente para decodificar números de indivíduos na mesma. Historicamente, o fenômeno da evasão e reprovação só recentemente tem sido objeto da preocupação das autoridades educacionais em nosso país, muito embora os educadores, há muito tempo, preocupam-se com esse problema. Acreditam-se que essa investigação é importante, tem pertinência e deve ser desenvolvida para contribuir na melhoria da educação das escolas brasileiras. No contexto da educação brasileira, a Educação Integral experimentou diversas iniciativas e estratégias de implementação as quais foram inspiradas em concepções pedagógicas. As mais conhecidas são: Escolas-Parque de Anísio Teixeira (anos 50) e os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs) de Leonel


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Brizola (anos 80 e 90). Recentemente, a Escola cidadã; Bairro Escola; Escola Parque; entre outras. Esse modelo vem ganhando força na Constituição Federal (1988), no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96).(BRASIL,1996). Segundo informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011, 16,3% dos jovens brasileiros de 15 a 17 anos estão fora da escola. Na faixa dos 18 aos 24 anos, esse número salta para seis a cada dez (62,2%) dos jovens, e no grupo etário de 15 a 17 anos, só 51% cursam o Ensino Médio.

1.4. A CONCEPÇÃO DO PROGRAMA EDUCAÇÃO DE TEMPO INTEGRAL. O Programa assume a inspiração no pragmatismo, embora assinale não ter a pretensão de transplantar as experiências, mas tornar acontecimentos desencadeados em tempos e espaços sócio-históricos diferentes, como inspiradores de novas construções. Envolve-se ao fator de qualidade da educação a democratização da participação coletiva na escola abarcando os vários espaços sociais, que possibilitam maior compreensão do ser e estar inserido numa vida social, como fazendo parte da comunidade e estar contribuindo para o seu desenvolvimento. Para tanto, propõe-se que sejam incluídos nos saberes sistematizados da escola “práticas, habilidades, costumes, crenças e valores que estão na base da vida cotidiana e que, articulados ao saber acadêmico, constituem o currículo necessário à vida em sociedade”. (MEC, SECAD, 2009b, p. 27).

Como podemos observar a ideia de construção de uma Educação Integral está intrinsecamente ligada ao diálogo entre escola e comunidade. Neste sentido, o documento oficial afirma: Uma comunidade de aprendizagem é uma comunidade humana organizada que constrói um projeto educativo e cultural próprio para educar a si própria, suas crianças, seus jovens e adultos, graças a um esforço endógeno, cooperativo e solitário, baseado em um diagnóstico não apenas de suas carências, mas, sobretudo, de suas forças para superar essas carências. (TORRES, 2003, p. 83. In. MEC, SECAD, 2009b, p. 31).

O que se pretende é estabelecer um ambiente de troca de saberes, sendo a escola afetada de forma positiva pelas práticas comunitárias e pelo movimento cotidiano dos espaços de educação informais, gerando a possibilidade de juntas desenvolverem uma comunidade de aprendizagem.


22 Essas experiências educadoras devem ser realizadas além do horário escolar e precisam estar sintonizadas com o currículo e os desafios acadêmicos. Conforme afirma o documento, esta articulação dever permitir trocas entre conhecimentos locais e conhecimentos escolares, configurando uma proposta de educação integral que reúna diversas áreas, experiências e saberes (NASCIMENTO, 2010, p.15).

O cenário tratado anteriormente aponta a necessidade premente de repensar o atual modelo de escola e redesenhar o papel que essa instituição deve ter para a vida e para o desenvolvimento do jovem do século XXI. Isso implica mudanças tanto na abordagem pedagógica, no conteúdo do currículo e na carga horária do ensino oferecido, quanto no formato da carreira do professor e na sua relação com a unidade escolar. Nesse sentido, algumas experiências já implantadas têm demonstrado bons resultados, sendo a principal referência o modelo de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral de Pernambuco, concebido pelo Instituto de CoResponsabilidade pela Educação e implantado nas escolas estaduais da rede pernambucana desde 2004, sendo posteriormente expandido para outros estados. (SÃO PAULO, 2013). Desse modo, o Programa Ensino Integral foi concebido levando-se em consideração as demandas decorrentes de pesquisas, avaliações, bem como resultado de experiências educacionais atualmente desenvolvidas no Brasil e em diferentes países. A partir de estudos iniciais foram identificadas as condições de sucesso dessas experiências e as adaptações necessárias foram incorporadas ao modelo. Desse modo, na concepção do Programa Ensino Integral para se garantir um salto de qualidade da educação de jovens e adolescentes a ampliação da jornada escolar é uma estratégia fundamental para viabilizar metodologias que deverão elevar os indicadores de aprendizagem dos estudantes em todas as suas dimensões. (SÃO PAULO, 2013). Como consequência, o tempo de dedicação dos profissionais segue como importante fator para que, nesse maior tempo para o ensino, os docentes e demais profissionais possam atender plenamente os alunos nas suas diferentes expectativas e dificuldades na medida em que, com melhores condições de trabalho se amplia a presença educativa dos docentes e o desenvolvimento do conhecimento e habilidades dos alunos. E, em decorrência desse maior tempo de dedicação ao ensino, a equipe escolar pode ampliar as melhores condições para o cumprimento do currículo, enriquecendo e diversificando a oferta das diferentes abordagens


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pedagógicas. Tempo aplicado também para o aprimoramento da formação dos profissionais, para o desenvolvimento de metodologias e estratégias de ensino e de abordagens de avaliação e recuperação da aprendizagem dos alunos. (SÃO PAULO, 2013). Portanto, diante da necessidade de consolidar uma educação básica de qualidade é necessário enfrentar esses desafios, entre eles a ampliação da jornada escolar dos alunos que têm sido um objetivo perseguido por educadores e diversos sistemas de educação no mundo. Com esse objetivo o Programa de Ensino Integral definiu um modelo de escola que propicia aos seus alunos, além das aulas que constam no currículo escolar, oportunidades para aprender e desenvolver práticas que irão apoiá-los no planejamento e execução do seu Projeto de Vida. Não apenas o desenho curricular dessas escolas é diferenciado, mas também a sua metodologia, o modelo pedagógico e o modelo de gestão escolar, enquanto instrumento de planejamento, gerenciamento e avaliação das atividades de toda comunidade escolar. (SÃO PAULO, 2013). Assim, foi instituído o Regime de Dedicação Plena e Integral que estabelece a atuação dos profissionais por 40 horas semanais para que as equipes escolares das escolas de Ensino Integral possam fazer frente às exigências do modelo, permitindo- lhes maior proximidade com alunos e comunidade escolar. No Programa Ensino Integral os educadores, além das atividades tradicionais do magistério, têm também como responsabilidade a orientação aos alunos em seu desenvolvimento pessoal, acadêmico e profissional. Com a dedicação integral à unidade escolar, dentro e fora da sala de aula, espera-se do professor iniciativas que operacionalizam seu apoio social, material e simbólico à elaboração e realização do projeto pessoal e profissional do aluno, ações que o ajudem a superar suas dificuldades e atividades que o energizem para buscar o caminho de seus ideais. O regime prevê uma avaliação das equipes escolares visando subsidiar os processos de formação continuada dos mesmos e sua permanência no Programa. Finalmente, o Programa Ensino Integral tem como aspectos: 1) jornada integral de alunos, com currículo integralizado, matriz flexível e diversificada; 2)


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escola alinhada com a realidade do jovem, preparando os alunos para realizar seu Projeto de Vida e ser protagonista de sua formação; 3) infraestrutura com salas temáticas, sala de leitura, laboratórios de ciências e de informática e; 4) professores e demais educadores em Regime de Dedicação Plena e Integral à unidade escolar. (SÃO PAULO, 2013).

1.5. PROGRAMA DO GOVERNO BRASIL PROFISSIONALIZADO A escola de tempo Integral surge como um novo modelo de escola no Brasil, nesse tópico iremos apresentar um programa de financiamento do Governo Federal, para a construção de Escolas Técnicas Estaduais de tempo integral. “O BRASIL PROFISSIONALIZADO é um programa de financiamento e assistência técnica que tem com objetivo ampliar e qualificar a oferta de educação profissional e tecnológica de nível médio nas redes estaduais de ensino. Os estados que possuem rede de ensino médio ou de educação profissional de nível médio e tenham assinado o compromisso “Todos pela Educação” solicitam suas demandas. O MEC avalia as demandas, de acordo com as necessidades locais e convoca o Estado para assinar os convênios. A perspectiva inicial é atender 750 escolas e 500 municípios. A meta é matricular 800 mil alunos, capacitar 14 mil professores e construir 2.500 laboratórios. A escolha das escolas será feita pelo próprio Estado, que deverá priorizar, entre outros aspectos, o IDH local, o IDEB e a sintonia com os arranjos produtivos locais”. (EDUCAÇÃO,2012)

Na citação acima observamos um texto bem formulado de propaganda do governo chamando à atenção a prioridade relacionada ao IDH e o IDEB, será que esses criterios são utilizados para apontar os locais onde localizar onde existe deficiência e implantar a escola aparentemente aponta para uma inclusão social, mas observando na citação terceiro item o a sintonia com os Arranjos Produtivos Locais- APL, começamos a observar a inclusão produtiva, a força de trabalho na sociedade, nesse momento encontramos uma grande dualidade: inclusão produtiva X inclusão social. Só a escola não é suficiente para incluir socialmente, onde estão as outras políticas de inclusão a saúde a identidade a cultura? Existem duas vertentes na política de inclusão produtiva: a primeira os jovens saem da escola direto para trabalhar; a segunda os jovens saem para fortalecer os empresários onde com o tempo o mercado de trabalho qualificado e ocioso os empresários pode diminuir os salários, lei da oferta e da procura, O projeto


25

do governo tem o objetivo de formação de mão de obra de trabalho em locais que existam uma cultura de produção, podemos citar um exemplo: se uma escola como essa fosse implantada no município de Batalha-AL que tem uma cultura leiteira, provavelmente a formação desses jovens iriam atender essa demanda dos empressários dessa região, Com o passar de 5 anos o mercado estaria ocioso, saturado. O que fariam os jovens dessa região ? “O financiamento será feito por meio de convênio com o FNDE ou assistência técnica do MEC via rede pública de educação. Como contrapartida, cabe ao Estado monitorar o programa no seu território, realizar concursos públicos, abrir aos conselhos populares a participação do setor produtivo e de trabalhadores, controlar a evasão escolar, entre outras”. (EDUCAÇÃO,2012)

O governo do estado tem um papel fundamental nesse programa Federal. No Estado de PE hoje funcionam 27 Escolas Técnicas Estaduais e mais 25 estão sendo construídas. Nós próximos anos PE terá 52 Escolas Técnicas Estaduais, porque o seu visinho o Estado de Alagoas não nenhuma escola com o apoio do Governo Federal?

2. ESTUDO DE CASO

Esta etapa implica no reconhecimento de subsídios de uma base teórica e prática. Assim, é de suma importância para a compreensão do funcionamento do equipamento em questão, como também para elaboração de um pré-


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dimensionamento de um programa de necessidades, suas funcionalidades e setorização. O caso escolhido foi uma Escola Técnica Estadual (ETE) em Gravatá e outra em Bezerros localizadas no Estado de PE, do Programa do Governo Federal Brasil profissionalizado. Um projeto passivo de críticas e fazendo uma resalva que é um projeto muito bem articulado, com um programa amarrado e um projeto arquitetônico predeterminado, desenvolvido por uma equipe multidisciplinar, formadas por pedagogos, psicológos, assistentes sociais, arquitetos dentre outros profissionais. O programa está dentro de uma política Nacional para uma formação profissional, esse projeto tem um âmbito tão grande que não cabe ao autor criticar o projeto pedagógico por não ter formação nem capacitação para fazê-lo. Sabe-se bem que, esse trabalho poderia ser muito mais rico estivesse sendo feito no âmbito profissional, pois o autor provavelmente estaria inserido na equipe multidisciplinar com profissionais de outras áreas onde o seu objetivo seria trazer o olhar do arquiteto para dialogar com o olhar dos pedagogos, psicólogos, assistentes sociais e etc. Não é o objetivo desse TFG um olhar que não seja do Arquiteto. Que fique claro que o objetivo desse trabalho é uma análise crítica ao projeto arquitetônico padronizado do Governo Federal.

2.1. PROJETO ARQUITETÔNICO DA ETE O projeto arquitetônico desenvolvido pela equipe da Coordenação de Desenvolvimento dO (FNDE), possui 12 salas de aula, 6 laboratórios básicos, auditório, biblioteca, teatro de arena, refeitório, área de vivência, quadra poliesportiva coberta e 2 grandes laboratórios especiais para a preparação do jovem para o mercado de trabalho, de acordo com as especificidades regionais. Para o desenvolvimento do projeto, adotou-se como ideal, um terreno retangular de dimensões de 80m de largura por 150m de profundidade e declividade máxima de 3%. Devido à grande diversidade de relevo, ou mesmo devido à indisponibilidade, em alguns municípios, de lotes com as referidas condições, a unidade escolar foi


27 projetada em blocos independentes, podendo ser locados no terreno, conforme as características encontradas. (EDUCAÇÃO,2012)

Na citação acima, observa-se o que ja foi falado anteriormente a escola como incusão produtiva. Alguns blocos são flexivéis outros fixos, para se adequar ao local uma realidade produtiva.O projeto não tem uma flexibilidade na forma não existe uma flexibilidade na cara da escola, devido a isso não temos uma inclusão social, estamos falando de um projeto de blocos que depende de um projeto de articulação.

2.2. ESTUDO “IN LOCO”

Imagem 2 Fachada da ETE Bezerros-PE. Fonte acervo do autor.

No dia 09 de maio, de 2014 foi realizada uma visita ao Estado de Pernambuco cujo objetivo era conhecer duas Escolas Técnicas do Estado: uma delas está localiza no município de Gravatá e outra, no município de Bezerros. Nessa visita foram realizadas fotografias, entrevista com funcionários, estudantes, diretores e coordenadores, como objeto de estudo para o desenvolvimento desse TFG. Nas imagens 03 e 04, poder-se-á identificar a fachada das duas ecolas visitadas e observar que ambas são idênticas.


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Imagem 3 Escola Técnica Estadual Prof. José Luiz de Mendonça Gravatá-PE Fonte: acervo do autor.

Imagem 4 Escola Técnica Estadual Maria José Vasconcelos Bezerros PE. Fonte: acervo do autor.

2.3. ESPAÇOS DEFINIDOS Definiu-se, conforme a função a que se destinam e interligados por circulação coberta, 6 blocos distintos: - Auditório / - Bloco de Acesso e Biblioteca / - Bloco Pedagógico/Administrativo

-

Bloco de Serviços e Vivência / - Quadra Poliesportiva Coberta/ - Bloco de Ensino Profissionalizante. Na imagem 05 observa-se um estudo volumétrico, o zoneamento de localização dos blocos que são bastante flexiíveis mudando sua configuração de uma escola para outra.


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Imagem 5 Estudo de volumes de uma ETE. Fonte: Próprio autor autor.

Imagem 6:. Perspectiva e fotografias tiradas “in loco”. Fonte: Adaptado pelo autor.


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2.4. ESTUDO DAS ÁREAS As áreas de uma ETE se adequam as normas do PMFE – Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola na tabela 01 podemos verificar as áreas dos ambientes e as áreas definidas como mínimas pelo PMFE. TABELA DE ÁREAS ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO FUNDAMENTAL PARA 480 ALUNOS AMBIENTES GERAIS

ÁREA DE ENSINO

ÁREA CULTURAL

AMBIENTES ESPECÍFICOS SALAS DE AULA (12) LABORATÓRIO DE QUÍMICA LABORATÓRIO DE BIOLOGIA LABORETÓRIO DE MATEMÁTICA LABORATÓRIO DE FÍSICA LABORATÓRIO DE LÍGUAS SALA DE INFORMÁTICA LABORATÓRIOS ESPECIAIS (2 ) BIBLIOTECA SALA DE LEITURA AUDITÓRIO ANFITEATRO

ÁREA DOS AMBIENTES DE UMA ETE / ÁREA PMFE (m²) 60,62 m² / 56,00 m² 60,62 m² / 60,00 m² 60,62 m² / 60,00 m² 60,62 m²/60,00 m² 60,62 m²/60,00 m² 60,62 m²/60,00 m² 60,62 m²/60,00 m² 231,00 m² 113,68 m²/80,00 m² 75,00 m²/80,00 m² 275,00 m²/ NÃO 127,00 m²

ÁREA DE ESPORTE E LAZER

PÁTIO ABERTO QUADRA POLIESPORTIVA HALL DE ENTRADA / FOYER

360,00 m²/ NÃO 984,00 m² /548,00 m² 401,86 /240,00 m²

ÁREA DE ALIMENTAÇÃO

COZINHA REFEITÓRIO/ VIVÊNCIA

103,00 m²/73,00 m² 242,00 m²/ 240,00 m²

ÁREA ADMINISTRATIVA

BANHEIROS

DEPÓSITOS

DIRETORIA+WC SECRETARIA SALA DOS PROFESSORES COORDENAÇÃO ALMOXARIFADO COPA

23,00 m² + 2,23 m²/9,00m² 43,00 m²/19,20 m² 54,00 m²/20,00 m² 14,00 m²/10,00 m² 6,10 m ²/8,00 m² 4,00 m²/

WC MASC. E FEM. (2 BLOCOS ) WC PNE (3) WC PROFESSORES MASC. FEM. WCB FUNCIONÁRIOS /MASC.FEM.

30,00 m² (CADA BLOCO) 4,40 m²( CADA PNE) (MASC/FEM.) = 9,00 m² (MASC/FEM.) = 40,00 m²

DEP. MULTIMÍDEA DEP. LABORATÓRIOS (2) DEP. DE MATERIAL PEDAGOGICO DEP. MANUTENÇÃO DE MOBILIÁRIO DML(2) ÁREA DE SERVIÇO

Tabela 1 Tabela de área de uma ETE

10,00 m² (CADA UM) 19,00 m² 10,00 m² 24,00 m² (CADA UM) 5,00 m² 5,00 m²


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Porém o estudo das plantas dos edifícios da ETC foi de suma importância para uma melhor compreensão dos fluxos e localização de cada bloco , conforme figuras 7 e 8 ,Planta baixa Térreo e a Planta do 1ª pavimento de uma ETE.

Imagem 7 Planta baixa do térreo. Fonte: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=16354&Itemid=1011

Imagem 8 . Planta baixa do térreo. Fonte:http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=16354&Itemid=1011

O modelo de Escola Técnica Estadual do Governo Federal foi importante para a composição do programa e pré-dimensionamento do anteprojeto em questão, contribuindotambém na compreensão do zoneamento e de um diferente ponto de vista em um projeto de um edifício desse porte.


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2.5. ESTUDO DE REPERTÓRIO Neste tópico será apresentado de maneira sucinta o projeto a respeito de duas escolas escolhidas entre as sete que foram objeto de estudo nesta experiência de trabalho, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Eulina Ribeiro de Alencar e a Escola Municipal de Ensino Fundamental Claudinete Batista. Esses dois projetos surgiram através da experiência de trabalho em um escritório de arquitetura, onde foram desenvolvidas projetos (experiências ou ações) para reformar e ampliar 43 escolas municipais da cidade de Maceió onde o autor ficou responsável pelo projeto de sete dessas escolas municipais, essa experiência serviu como um como base para o desenvolvimento desse documento. A proposta de reforma e ampliação das escolas citadas utilizou como base a proposta de reforma fornecida pela Secretaria Municipal de Educação – SEMED, que tem como premissa as melhorias físicas, de instalações elétricas e hidráulicas. Além de adequações arquitetônicas, como ampliação de novas áreas quando necessário e substituição

de

revestimentos

e

materiais,

atendendo

as

necessidades

emergenciais. 

Escola Municipal de Ensino Fundamental Eulina Ribeiro de Alencar Localizado na Rua Coaracy Fonseca - S/N, Jacintinho, Maceió-AL, a Escola

de Ensino Fundamental Eulina Ribeiro de Alencar possui uma área de 1387,00 m², receberá intervenção em uma área de 2.127,28m² e terá uma capacidade para 343 alunos.

Imagem 9 Entrada principal da escola. Fonte:Próprio autor

Imagem 10 . Entrada principal da escola. Fonte:Próprio autor


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Imagem 11 . Planta de reforma e ampliação da escola Eulina Ribeiro de Alencar. Fonte:Próprio autor.

Na reforma dessa escola pública ,em linhas gerais ,será contemplada com a ampliação do refeitório, ampliação de algumas salas de aula,construção de um novo bloco de banheiros,pintura das paredes e teto, retirada e colocação de pastilhas, substituição de esquadrias, recuperação dos bancos de concreto, novas cobertas em laje , eliminação de infiltrações, construção de rampas de acesso, recuperação da quadra poliesportiva com pintura no piso e construção de uma cobertura metálica e infraestrutura para ar condicionado Split.

Imagem 12. Fachada principal da Escola Eulina Ribeiro de Alencar. Fonte: Próprio autor.

Imagem 13. Corte AA’ Escola Eulina Ribeiro de Alencar. Fonte: Próprio autor.


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Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Claudinete Batista Localizado na Rua Ary Pitombo, 290, Trapiche da Barra, Maceió-AL, a

Escola de Ensino Fundamental Profª Claudinete Batista receberá intervenção em uma área de 1.275,03m². A escola estava em condições precárias, mostrava bem a realidadede das escolas da cidade de Maceió, salas de aula fora da norma do PMFE, problema nas estruturas, a escola não oferecia um refeitório, e o projeto de reforma contemplou todos esses problemas. O projeto foi desenvolvido para o dimensionamento mínimo para abrigar os 213 alunos.

Imagem 14 Pátio central da escola Fonte:Próprio autor

Imagem 15. Depósito de cadeiras,fonte de doenças antrópicas. Fonte:Próprio autor

Imagem 16 . Planta de reforma e ampliação da escola claudinete Batista. Fonte:Próprio autor.


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3. CONSTRUINDO A PROPOSTA PROJETUAL De acordo com o estudo de caso, pesquisas, entrevistas com arquitetos e engenheiros da Secretaria Municipal de Educação de Maceió – SEMED, experiência de trabalhar em um escritório de arquitetura que desenvolveu projetos de reforma e ampliação de 47 escolas Municipais de Ensino Fundamental de Maceió e o estudo das normas do MEC através do documento de PMFE e LSE,

identificou-se o

programa arquitetônico que serviu de base para compor o presente empreendimento escolar, mas especificamente uma Escola Técnica Estadual, para o Bairro da Cruz das Almas, que teve como contrapartida atender os jovens Vila Emater. É importante ressaltar que o programa arquitetônico não é apenas a enumeração das dependências da edificação, mas também uma decomposição das necessidades dos que vão utilizar o espaço em função da área adequada para cada ambiente. A partir dos estudos citados no decorrer desse trabalho, procurou-se coompreender o funcionamento geral de um edifício de ensino, analizando seus ambientes

de

maneira

setorizada,

mas

principalmente

observando

suas

interligações com a Vila Emater e o bairro de Cruz das Almas. Esse trabalho é uma crítica ao projeto padronizado de uma ETE, o desenvolvimento do projeto que será apresentado é um exercício do olhar do arquiteto onde existe a adequação do edfício ao entorno ao contexto, partindo de uma lógica projetual própria.

3.1. ÁREA DE INTERVENÇÃO O terreno esta localizado no bairro de Jacarecica, o qual hoje, passa por um processo de supervalorização após a construção do Shoping Park Maceió em 2013. No entanto conta com graves problemas de infraestrutura, falta de escolas e áreas de lazer coletiva, espaços públicos bastantes degradados. O bairro foi escolhido para o desenvolvimento do projeto após o estudo e o desenvolvimento de um diagnóstigo, no bairro de Cruz das Almas e parte de Jacarecica da disciplina de Projeto Urbanístico I e II, no período de 2013.2 e 2014.1. Estudo que nos levou ao


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desenvolvimento de um plano urbano e um projeto urbanístico para a área. Com o conhecimento da área de estudo constatou um grande problema com a falta de edifícios escolares.

Imagem 17 Localização do bairro da Cruz das Almas e parte de Jacarecica ,por meio de imagem de satélite. Fonte.: Google Earth, Acesso em: julho de 2014.

3.1.1. ESTUDO DOS BAIRROS O objeto de estudo é um recorte urbano do município de Maceió, compreendendo o bairro da Cruz das Almas e uma parte de Jacarecica. Tendo como limites ao norte o restante do bairro de Jacarecica, ao sul o bairro da Jatiúca, a leste o oceano Atlântico e a oeste os bairros do Jacintinho, Feitosa, Barro Duro e São Jorge. Tendo como principal acesso a Avenida Comendador Gustavo Paiva, responsável por ligar a área a dois pontos distintos da cidade ao centro e o litoral norte. A Avenida Juca Sampaio “ladeira do óleo” ligando-a a parte alta da cidade. Essa duas Avenidas citadas possui um tráfego volumoso de automóveis, inclusive a Avenida Roberto Mascarenha de Brito com acesso secundário. Atualmente, foi construinda a Avenida Josefa de Mello ligando o bairro do Feitosa a Cruz das Almas.


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Imagem 18 Recorte Urbano Analisado Cruz das Almas e parte de Jacarecica, Fonte.: Próprio autor.

3.1.2. POPULAÇÃO

A população de Maceió, segundo dados do IBGE a estimativa populacional de 2010, conta com 932.748 habitantes, correspondendo a quase 30% da população do estado de Alagoas. Já os bairros de Cruz das Almas e Jacarecica respectivamente possuem 11.708 e 5.742 habitantes que somados equivalem a quase 2% da população do município de Maceió.


38

Imagem 19. Gráfico da população segundo o censo de 2010 Fonte: IBGE Adaptado 2013

Ao fazer uma comparação entre o censo de 2000 e o censo de 2010 para o bairro de Cruz das Almas (imagem 20), percebe-se que em dez anos ele obteve um crescimento sutil, 2.458 habitante. Essa leve alteração, em certo ponto é bom, pois assim a população está aumentando de acordo com o desenvolvimento da infraestrutura local. Contudo, esse desenvolvimento e crescimento considerado positivo até o ano de 2010, logo apresentará alteração no crescimento da infraestrutura em consequencia da alta densidade demográfica, já que a área tende a verticalização e, com isso, a especulação imobiliária vai investir pesados na construção de condôminos verticais. Já o bairro de Jacarecica obteve em dez anos um acréscimo de 649 habitantes (ver imagem 21), esse crescimento em “passo de tartaruga” pode está ligado à imigração das pessoas para outros bairros mais desenvolvidos. Porém ao contrário do bairro de Cruz das Almas, Jacarecica tende a condomínios horizontaisn e, consequentemente apresentará mesmo com a especulação imobiliária uma menor densidade demográfica em relação a verticalizada Cruz das Almas.


39

Imagem 20 Gráfico do crescimento população da Cruz das Almas em dez anos. Fonte: IBGE Adaptado 2013.

Imagem 21 Gráfico do crescimento população de Jacarecica em dez anos. Fonte: IBGE Adaptado 2013.

3.1.3. PERFIL SÓCIO-ECONÓMICO Olhando a imagem 22, podemos perceber que apesar do bairro de Cruz das Almas ser mais estruturado do que o de Jacarecica. O primeiro bairro apresenta um perfil sócio econômico menor que o último e i sso ocorre por que as classes sociais se diversificam em áreas distintas: na parte alta encontra-se a classe média baixa, no loteamento da COHAB há um misto de classe média baixa com classe média e na área mais nobre do bairro encontram-se residências de famílias de classe média alta e comércio. Já, em jacarecica, o perfil sócio-econômico é maior por causa


40

dos 35 condomínios de alto padrão da área, apesar de que, como Cruz das Almas, Jacarecica apresenta também um “mix”, porém maior entre as classes média e a classe alta em relação a Cruz das Almas.

Mais de 5 a 10 salarios mínimos. Mais de 2 a 5 salarios mínimos. Imagem 22. Perfil sócio-econômico dos moradores dos Bairros da cruz das Almas e Jacarecica Fonte: Sempla Adptado 2014.

3.1.4. GEOMORFOLOGIA Em sua morfologia natural, a cidade de Maceió situa-se sob uma restinga arenosa e apresenta duas formas principais de configuração: a planície marinho lagunar e o pla- nalto sedimentar dos tabuleiros, formando três planos topográficos bem delineados entre eles, a parte baixa, a alta e o intrínseco das encostas que cortam a cidade (LIMA, 1990). A parte mais baixa da cidade, que constitui a planície marinha lagunar de formação quaternária, situa-se a 10m acima do nível do mar, contornando o litoral e a lagoa, sendo formada por manguezais que compõem ilhas na Lagoa Mundaú, a sudoeste, e cobrindo estuários dos rios a leste, constituída por restingas, praias, terraços, recifes, resto de dunas, mangues, rios e lagoas. Esta área é a denominada baixada litorânea de Maceió a qual sofreu ao longo de seu


41

transcurso histórico, sucessivas modificações por ações humanas, como aterros (ARAÚJO, L. M. de, 2004). Já os tabuleiros, situados ao norte, são formados por um amplo baixo-platô constituídos por sedimentos terciários, como vasta superfície aplainada. Tem composição areno-argilosa com altitude em torno de 80 metros, podendo atingir altura de mais de 100m no bairro Tabuleiro dos Martins (ARAÚJO, L.M.de, 2004). Os três diferentes planos que definem a topografia da cidade de Maceió são ilustrados na imagem 23 e na imagem 24 um corte esquemático da área da vila Emater ao lado esta localizado o terreno da implantação da escola.

Imagem 23 Diferença de nível entre a planície litorânea e a região do tabuleiro, desenho sem escala Fonte: Duarte et al 2009.

Terreno

Imagem 24. Planície marítima de Jacarecica Vila Emater I e II Fonte: Goole Earth adaptado, Robsom 2013.


42

3.1.5. CLIMA Maceió, capital do estado de Alagoas, Brasil, é uma cidade litorânea com clima Tropical quente e úmido, localizada na latitude 9º40’ ao Sul do equador e longitude 35º42’ a Oeste do meridiano de Greenwich. Temperatura - A temperatura média anual é de 24,8ºC e como uma típica cidade do tró- pico úmido Maceió tem uma baixa amplitude térmica, tanto diária quanto anual. A temperatura média mensal mais alta é de 31ºC e ocorre em fevereiro, enquanto a mais baixa, 20º, acontece em agosto. Precipitação - A precipitação anual é de 1.400mm, com aproximadamente 60% da precipitação de todo o ano se concentrando entre os meses de maio e julho. Insolação - A insolação em Maceió, é maior durante os meses de outubro, novembro e dezembro (primavera) e no mês de Janeiro (inicio do verão).

Imagem 25 Média mensal das temperaturas mínimas e máximas de Maceió. Fonte: Eduardo Frigolleto, 2010.

Imagem 26 Precipitação Mensal de Maceió. Fonte: Eduardo Frigolleto, 2010.

Imagem 27. Média mensal do número de horas de sol por dia em Maceió. Fonte: Eduardo Frigolleto, 2010.

Ventilação - A cidade de Maceió recebe a influência dos ventos originários do quadrante leste, com os ventos mais frenquentes sendo do Sudeste, Leste e Sul os mais frequentes (o vendo sudeste é o mais constante durante o ano). O vendo advindo do Nordeste é o mais intenso, a velocidade média dos ventos é 2,8m/s podendo chegar a 6m/s no verão (Leste) e primavera (Leste, sudeste e Sul), outono e inverno (Sul e Sudeste).


43

Imagem 28: A– Falta de Permeabilidade da malha tortuosa da vila Emater I. -B- Perfil esquemático da topografia de Maceió, com incidência dos ventos predominantes. Fonte: Google Earth

Imagem 29. Bairro de Cruz das almas e parte de Jacarecica, sobreposto carta solar e pela rosa dos ventos, indicando a freqüência de ocorrência e velocidade dos ventos por direção e estação e insolação. Fonte: Próprio autor, adaptados.


44

Úmidade Relativa - A umidade relativa anual é de 78,3%. No mês de maio costuma apresentar uma elevação, chegando a uma média mensal de 82,6%, enquanto novembro apresenta menor média, 74,7º.

Imagem 30: Gráfico do comportamento da umidade relativa para o município de Maceió Fonte: www.inmet.gov.br

Nebulosidade - A nebulosidade na região é maior entre os meses de abril a julho, coincidindo com o mesmo período da estação chuvosa; contudo ela é também considerável durante todo o ano.

Imagem 31 : Gráfico do comportamento da Nebulosidade para o município de Maceió. Fonte: www.inmet.gov.br

3.1.6. SITIO Observaram-se grandes problemas de infraestrutura nos bairros se agravando ainda mais nas áreas dos assentamentos precários a falta de acesso à educação e aumento da criminalidade. Após a análise na Vila Emater I e II, sub área de estudo, ficou claro que a creche da comunidade era o único local onde existe uma assitência as criança, transformando-a em uma estrutura real e sólida para as pessoas que moram na localidade, esse foi um dos principais motivos para o


45

desenvolvimento desse TFG o edifício escola. Logo após um estudo mas aprofundado nos revelou que havia uma carencia de edifícios escolares onde os existentes estavam degradados. Abaixo na imagem podemos observar o mapa dos bairros, a localização das escolas existentes, e o terreno de implantação do edifício escola na área.

Imagem 32: Mapa dos bairros e a localização das escolas. Fonte: Santos Rafael, 2013.

A área do projeto está localizada no terreno da antiga Cobel tem uma área aproximada de 31.732,69 m². O terreno foi escolhido pela facilidade no acesso dos moradores da região, hoje encontra-se abandonado mal cuidado,como podemos observar na imagem 33, nele existe as ruínas dos galpões da antiga cobel, um campo de futebol e uma creche que em breve entrará em funcionamento.


46

Imagem 33 Terreno da antiga COBEL. Fonte: Acervo do autor

Antigo lixão

Creche da Vila Emater

Acesso ao Terreno

Imagem 34: Entorno do terreno Densidade construída associado com divisão de áreas e imagens associadas. Fonte: SANTOS, Rafael, 2013.


47

Vila emater II

Vila emater I

Creche Imagem 35: Localização do terreno no bairro. Fonte: Google Earth adptado pelo autor.

Todo o terreno se encontra em declive, se levarmos em consideração a curva de nível 12 que se encontra na via da Av. Gustavo Paiva a parte final do terreno esta na curva de nível 27, uma topografia de 15 m de altura. Para melhor compreenção da área, seu entorno e como implantar o edifício foi de suma importância o desenvolvimento de uma maquete física da topografia do terreno, como podemos observar na imagem 36.

Imagem 36: Maquete física do terreno produzida pelo autor.


48

3.1.7. VILA EMATER. Inicialmente, para compreender o desenvolvimento do edifício de ensino proposto, é necessário entender o espaço onde ele será inserido. A Vila Emater I foi o ponto de partida para o desenvolvimento do projeto do edifício de ensino, entretando esse edifício não foi pensado apenas para esses jovens da comunidade, mas sim para os jovens do bairro de Cruz das Almas e Jacarecica. Neste tópico, serão apresentados alguns pontos importantes para a implantação da escola que se localiza muito próxima a Vila Emater.

Imagem 37 Beco de uma das Ruas da Vila Emater Fonte: Acervo do autor autor.

Segundo o Centro de Educação Ambiental – CEASB , que trabalha, desde 2001, com os meninos e meninas filhos de catadores da Vila EMATER, o núcleo central da ação tem sido a efetivação de uma proposição de educação ambiental em que memória, gestão social e sustentabilidade formam o tripé que permite a formação de Gestores da vida, do ambiente. Nessa concepção de educação ambiental, é preciso formar cidadãos que ultrapassem a contemplação dos problemas e que se comprometam com a transformação do seu mundo, do fazer cotidiano desses moradores da “favela do lixão” da cidade de Maceió , em especial, dos meninos e meninas na busca de uma sobrevivência digna a partir de atividade que, para o conjunto da cidade, é extremamente degradada.


49

Desde 2003, o projeto Guerreiro Executado pela CEASB, apoia as atividades sócias educativas junto às crianças, adolescentes e suas famíliascujo objetivo é a inclusão escolar dos segmentos jovens e inclusão social dos catadores. As ações educativo-culturais contaram com a parceria do UNICEF, o Ministério da Cultura – Programa Cultura Viva, Programa Mesa Brasil- SESC Alagoas e do Programa Segundo Tempo, implementado em Alagoas pelo IDESH - Instituto de Desenvolvimento Humano. É importante ressaltar que , dentro desse contexto, novos parceiros foram conquistados: o COEP, a CHESF, o Ministério do Meio Ambiente e particular. Estão em curso diversas ações em apoio ao movimento de moradores por um lar digno , política pública de inclusão sócio econômica dos catadores e projetos de geração de renda. Existe um grande proplema em relação ao acesso a educação na Vila Emater: em 2007, a CEASB realizou um censo Educacional da Vila Emater e os dados são alarmantes. É necessário entender que escola é, mais do que nunca, um equipamento fundamental, um diferencial na luta por melhor qualidade de vida. Sobre a condição de alfabetizado, o que se nota é um aumento da taxa de alfabetizado nas faixas mais jovens. Na faixa de 6 a 14 anos, o percentual é de 71,22 %; na faixa seguinte, de 15 a 21 anos, 89,02 %. Isto significa que a aquisição da leitura e escrita é um pouco atrasada, mas que a geração mais jovem tem acesso ao saber ler e escrever. Já no grupo de 22 anos e mais, este percentual cai para 45,74%. Isto indicaria que ações nos últimos 10 a 15 anos promoveram o crescimento da alfabetização. No total, 50%, sabe ler e escrever.

Idade

Sabe ler e escrever s n n/r total 0 98 1 99 99 39 1 139

até 5 anos 6 a 14 anos 15 a 21 anos 22 e mais

73

8

1

82

113

125

9

247

total

285

270

12

567

Tabela 2: Sabe ler e escrever segundo grupos de idade. Fonte: Relatório do censo educativo - CEASB


50

Dentro dessa temática, as mulheres apresentam maior índice n alfabetização: 52,72%, enquanto que os homens apenas 47,2 %. Isso demonstraria que as mulheres têm mais acesso

à escolarização do que os homens os quais

abandonam a escola para ingressar no mercado de trabalho mais cedo. 

ESCOLARIZAÇÃO MATRICULA X IDADE Código FAIXA Até 5anos a de 6 a 14 anos b de 15 a 21 anos c de 22 e mais d n/r e

total 118 139 82 217 10

N 54 28 60 198 6

N/R 1 0 2 15 2

S 63 111 20 4 2

% 53,38 79,85 25,39 1,8

TOTAL

566

346

20

200

35,2

Tabela 3: Situação de matriculado ou não em escola. Fonte: Relatório do censo educativo - CEASB

Em relação ao número de matriculados por faixa de idade, percebe-se queé grande a procura por matrícula na faixa da chamada escolarização obrigatória, ou seja, dos 6 aos 14 anos.: 79,85 estão matriculados. Outro fator importante é a hpótese de que 50% das crianças com até cinco anos já estejam também matriculadas, seja em creches ou pré-escolas. No entanto, o número dos matriculados cai aceleradamente a partir dos 15 anos, em especial, os maiores de 21 anos. Isso indicaria que precocemente o jovem passa para a fase adulta. Assim explica o número de jovens nessa faixa como chefes de família. Isso tudo dever estar atrelado, possivelmente, ao final dos programas de erradicação do trabalho, que concluem aos 14 anos. (caso do PETI). Não existem mais bolsas para os agentes jovens do desenvolvimento? Qual política de formação para os de mais de 15 anos está sendo praticada? Quais propostas podem ser feitas para a juventude? Os programas sociais deverm ser de fundamental importância para a sobrevivência do grupo, isto é, o trabalho com os jovens é fundamental. Tem interferido na melhoria da vida deles? Perguntas a serem feitas. O fato de morarem há mais de 10 anos no bairro mostra que ele está sendo o espaço de cidadania que foi construído pelos moradores. Os mais novos estão constituindo família e ficando lá, onde têm garantida a vida e a sobrevivência.


51

Imagem 38 Crianças ociosas na área do antigo lixão Fonte: Acervo da CEASB.

Além disso, a escolaridade das novas gerações aumentou. Acredita-se que será necessário, em breve, um programa de apoio aos meninos do sexo masculino, em especial porque, ao haver a evasão escolar nessa faixa, a tendência é recorrerem ao mercado de trabalho precocemente. Sem a proteção necessária, eles estão mais vulneráveis a problemas como violência, rotatividade no trabalho e outros problemas.

3.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES. Primeiramente para compreender o funcionamento do edifício escola é necessário entender como se desenvolve as ações nesse espaço. O programa de necessidades de uma escola vai além de uma lista de espaços funcionais. Deve transmitir também através da arquitetura segurança, alegria e bem estar. Para a definição do programa de necessidades, foi considerado como suporte projeto do Governo Federal Brasil profissionalizado da Escola Técnica Estadual –ETE, como também para o dimensionamento dos ambientes, foi levado


52

em consideração as normas do MEC com o documento dos Padrões Mínimos de Funcionamento da Escola – PMFE.

Imagem 39 Programa de necessidades Fonte: Próprio autor

Salas de aula, ambiente de ensino. O parâmetro sugere a importância da análise sobre o tipo de ambiente

considerado adequado, pela escola, para uma sala de aula. Isso significa relacionar o aspecto físico do ambiente ao currículo escolar e a sua filosofia de ensino. As novas metodologias de ensino demonstram que os atuais ambientes de ensino devem

possibilitar

(Lippman,2003)

maior

variedade

de

configurações

de

aprendizagem


53

O padrão mínimo para a construção ou ampliação/reforma de sala de aula: área mínima de 28,00 m² e máxima de 56,00 m² com ocupação máxima de 1,40 m² por aluno de Ensino Médio definido como prioridade para o ambiente. Neste ambiente foi definido uma área máxima em função a capacidade de alunos que está limitada a 40 alunos.

Imagem 40 Esquema de configuração de salas de aula Fonte: Neufert 2010.

Laboratórios: Biologia, Química, Física, Matemática, Computação básica e Línguas

O parâmetro destaca a importância desses espaços onde o aprendizado acontece pela prática e aplicação dos conceitos aprendidos. (Kowaltowski 2009) Área mínima será de 1,5 (um enteiro e cinco décimos) vezes a capacidade de alunos do maior ambiente do tipo ‘A’ (sala de aula) que pode aparecer em qualquer dos turnos de ensino (matutino, vespertino ou noturno). 

Biblioteca / Sala de leitura A biblioteca compreende o acervo convencional para alunos e professores,

incluindo seção de empréstimos, área de leitura e trabalho, assim como estantes para livros e revistas (Neufert 2010) O padrão mínimo para a construção ou ampliação/reforma: a área mínima será 2 (duas) vezes a capacidade de alunos do maior ambiente do tipo ‘A’(sala de


54

aula) que pode aparecer em qualquer

dos turnos aluno de Ensino (matutino,

vespertino, noturno. O padrão mínimo da sala de leitura é o mesmo da biblioteca. 

Auditório O auditório tem, um papel importante na tarefa de educar a criança para o

mundo. Ao utilizarem o auditório, professores podem planejar aulas que estimulem a participação dos alunos, como peças teatrais, dramatização, leitura em voz alta, atividades em grupo, dentre muitas outras coisas. Ao tirar o aluno da sala de aula, o professor o convida o aluno a se tornar mais ativo em seu aprendizado. (Kowaltowski 2009). Dimensões mínimas não se aplicam.

Imagem 41: Auditório Padrão para uma escola Fonte: Neufert 2010.

Pátio Coberto O padrão mínimo para a construção ou ampliação/reforma para o ambiente

pátio coberto está diretamente ligada à capacidade de alunos por turno que a escola absorve. Quanto maior o número de alunos maior será a área mínima,que deve representar 2 m² para alunos da educação infantil e 0,5 m² para alunos do Ensino Fundamental e Médio.

Cozinha


55

Segue as normas da ANVISA . Resolução - RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002 Padrão mínimo para escolas com 9 (nove) a 12 (doze) ambientes tipo ‘A’ (sala de aula) . Área mínima de 62,00 m² 

Refeitório Um dos problemas da maioria das escolas é a alimentação dos alunos. As

refeições ocorrem com regras rígidas, em um refeitório geralmente grande, barulhento, com móveis desconfortáveis e institucionais. Os alunos fazem fila e o cardápio é pouco variado. Tanto na apresentação da comida como no ambiente de físico do refeitório ou da cantina escolar. (Kowaltowski 2009). Padrão mínimo para construção ou ampliação/reforma para ambiente refeitório está diretamente ligada à capacidade de alunos por turno que a escola absorve, Quanto mais alunos, maior a área mínima, que deve representar 0,5 m² para alunos do Ensino Fundamental e Médio. 

Diretoria O Padrão mínimo para escolas com 7(sete) a 12 (doze) ambientes tipo ‘A’

(sala de aula) a área mínima será de 9,00 m² + W.C. 

Secretaria O Padrão mínimo para escolas com 7(sete) a 12 (doze) ambientes tipo ‘A’

(sala de aula) a área mínima será de 19,20 m² 

Sala de Coordenação pedagógica O Padrão mínimo para escolas com 7(sete) a 12 (doze) ambientes tipo ‘A’

(sala de aula) a área mínima será de 10,00 m² 

Sala dos professores O Padrão mínimo para escolas com 7(sete) a 12 (doze) ambientes tipo ‘A’

(sala de aula) a área mínima será de 20,00 m² 

Almoxarifado


56

O Padrões mínimo para escolas com 8(oito) ou mais ambientes tipo ‘A’ (sala de aula) a área mínima será de 8,00 m² 

Banheiros A área mínima será 1,53 m² mais 2,53 m² a quantidade de alunos em um

turno (conforme campo 28,do bloco I, folha 2 do formulário LSE), dividido por 40. 3.3. PRÉ-DIMENSIONAMENTO A

partir

do

programa

de

necessidade,

foi

elaborado

um

pré-

dimensionamento levado em conta as mínimas dimensões para cada ambiente. A escola conta com 12 salas de aula, cada uma com capacidade para 40 alunos totalizando 480 alunos e, a partir daí, os demais ambientes foram dimensionados. PAVIMENTO TERREO AMBIENTES W.C PNE

Colunas1

1° PAVIMENTO

AMBIENTES 4,03

Colunas1 m²

2° PAVIMENTO AMBIENTES

Colunas1 m²

DEPÓSITO DE COMPUTADORES

15,82

ÁREA COBERTA

53,65

2,8

SALA DE AULA 03

60,59

SALA DE AULA 04

59,53

W.C FEM.

2,58

SALA DE AULA 02

59,53

SALA DE AULA 05

59,53

W.C DIREÇÃO

2,58

CIRCULAÇÃO

60,03

SALA DE AULA 06

59,53

SALA DE AULA 01

59,53

CIRCULAÇÃO

W.C MASC.

DIREÇÃO

17,72

CIRCUL.

4,85

CIRCULAÇÃO

12,73

CIRCULAÇÃO W.C PNE MASC.

2,68 3,4

60,3

SALA DE AULA 07

59,53

CIRCULAÇÃO

2,68

ALMOXARIFADO

4,84

W.C MASC.

ARQUIVO

4,84

CIRCULAÇÃO

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

10,65

W.C PNE FEM

COORDENAÇÃO DE ESTÁGIO

10,65

W.C FEM.

12,86

W.C PNE FEM.

CIRCULAÇÃO

13,67

W.C B FUNCIONÁRIOS FEM

14,74

W.C. FEM.

SALA DOS PROFESSORES

39,53

CIRCULAÇÃO

5,46

TETO JARDIM

ÁREA DE INFORMATICA DOS PROFESSORES

13,27

COPA SUJA

9,39

SALA DE AULA 08

59,53

COPA

6,62

DESPENSA

18,09

SALA DE AULA 09

59,53

CIRCULAÇÃO

60,3

W.C B FUNCIONÁRIOS MASC

14,74

CIRCULAÇÃO

12,86 2,68 3,4

W.C PNE MASC.

3,4

W.C. MASC.

12,86

CIRCULAÇÃO

2,68 3,4 12,86 207

60,3

SALA DE RECURSOS

29,67

PNE FUNCIONÁRIOS

5,28

SALA DE AULA 10

59,53

DEPÓSITO MATERIAL PEDAGÓGICO

14,06

SERVIÇO

8,22

SALA DE AULA 11

59,53

DEPÓSITO DE MANUTENÇÃO DE MOBILIARIO

14,06

RECEBIMENTO

7,16

SALA DE AULA 12

59,53

DESPENSA FRIA

6,69

ÁREA COBERTA

53,65

CIRCULAÇÃO W.C PNE MASC. W.C. MASC.

2,68 3,4 12,86

CIRCULAÇÃO

2,68

W.C PNE FEM.

3,4

DESPENSA

18,09

ÁREA ABERTA

34,64

REFEITÓRIO

236,3

TETO JARDIM

62,77

PREPARO

46,92

TETO JARDIM

64,8

60,3

CIRCULAÇÃO

54,1

CIRCULAÇÃO

W.C. FEM.

12,86

LABORATÓRIOS ESPECIAIS 02

236,27

CIRCULAÇÃO

54,1

BIBLIOTECA

80,03

LABORATÓRIOS ESPECIAIS 01

236,27

TETO JARDIM

62,77

277,2

TETO JARDIM

CIRCULAÇÃO

60,3

HORTA

SALA DE LEITURA

80,03

LABORATÓRIO DE QUÍMICA

PALCO

54,26

ALMOXARIFADO DOS LABORATÓRIOS

AUDITORIO CIRCULAÇÃO W.C MASC. CIRCULAÇÃO W.C PNE W.C FEM.

170,89 5,07 6 5,78 4,4 6

64,8

60,6 15,82

ÁREA ESPORTIVA

Colunas1

CIRCULAÇÃO

3,71

AMBIENTES

LABORATORIO DE BIOLOGIA

60,6

QUADRA POLIESPORTIVA

800

LABORATÓRIO DE MATEMÁTICA

60,6

PISCINA SEMIOLIMPICA

400

CIRCULAÇÃO

60,3

PISCINA PARA SALTOS ORNAMENTAIS

126

ALMOXARIFADO DOS LABORATÓRIOS

15,82

PISTA DE 100 M

CIRCULAÇÃO

3,71

VESTIARIO MASC.

SALA TÉCNICA

3,95

LABORATÓRIO DE FÍSICA

60,6

VESTIARIO FEM.

CIRCULAÇÃO

5,78

LABORATÓRIO DE LÍNGUAS

60,6

COORDENAÇÃO ED. FÍSICA

CIRCULAÇÃO

5,07

ALMOXARIFADO DOS LABORATÓRIOS

15,82

DEPÓSITO DE MAT. ESPORTIVO QUADRA

8,17

CIRCULAÇÃO

19,15

CIRCULAÇÃO

3,71

DEPÓSITO DE MAT. ESPORTIVO PISCINA

9,87

ESPAÇO COBERTO DO AUDITÓRIO

129,2

CIRCULAÇÃO

60,3

CIRCULAÇÃO

20,89

LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA BÁSICA

60,6

PÁTIO COBERTO SECRETARIA XEROX PÁTIO CENTRAL

253,03 38,79 3,17 1009,65

Imagem 42 Dimensionamento das áreas

40,6 40,6 17,67


57

O fluxograma corresponde a relação dos diversos tipos com os usos funcionais específicos, garantindo assim uma melhor orientação dos professores, alunos, funcionários e público externo.

Imagem 43: Fluxograma de alunos, professores, serviço e público externo


58

Com o entendimento dos fluxos e pré-dimensionamento dos espaços projetados foi desenvolvido um diagrama de retângulos (imagem 44 e 45) no qual os retângulos correspondem as áreas dos ambientes,. Assim possibilitou a relação dos espaços entre si e com o terreno.

Imagem 44: Diagrama de retângulos

Imagem 45: Diagrama de retângulos no terreno.


59

3.4. ESTUDO DA TIPOLOGIA “CASA PÁTIO” Conforme afirma Spalt (2004), os pátios em seus primeiros usos, estão ligados à própria história do habitar humano, na forma como o homem ocupou a natureza, delimitando-a, cercando-a para sua proteção com as bênçãos dos deuses. Na Grécia Antiga, esse ato de ocupar o lugar era mais do que a casa do homem, era a casa de sua família por gerações e dos seus espíritos protetores do lar. Ainda conforme o autor, a consagração dos limites era um ato sagrado devido à proteção dos deuses, tendo no fogo o seu centro por onde gira tudo ao seu redor (SPALT in BLASER, 2004).

Imagem 46 Modelo de Domus romana Fonte :Disponível em < http://paulcoulbois.blogspot.com.es/2012/02/domus.html>. Acessado em: out. 2014.

Para SPALT (in BLASER, 2004), o homem “necessita de paredes, valas e cercados para imaginar-se em uma existência não ameaçada”. Além de ser historicamente um espaço de organização espacial residencial, é sabido que o pátio constitui elemento de forte simbolismo nas tipologias construtivas institucionais dos palácios, templos, espaços educacionais, hospitalares, militares, prisionais, com formas, desenhos, tamanhos e usos distintos. Cabe mencionar que, dentre essa diversificação de tipologia construtiva, os pátios possuem ora caráter mais público ora mais privado, devido sua necessidade de uso e significado expresso por ele e/ou pelo espaço que representa. A influência dos pátios das moradias gregas e posteriormente romanas, principalmente na conformação espacial advinda dos exemplos de átrios, foi repassada às construções de maior porte e importância da cidade (ou, fora dela). O


60

tipo pátio como átrio, com seus corredores cobertos contornando com colunatas um espaço aberto ao tempo, foi transposto aos claustros católicos de monastérios e catedrais medievais (FIGURA 47), como lugares reservados exclusivamente aos párocos e monges. Aqui, diferente das casas-pátios, esses pátios são de tamanhos muito maiores e assumem nos monastérios barrocos, sua forma “perfeita”.

Imagem 47 Pátio que forma um dos claustros da Catedral de São Tiago de Compostela, Espanha (entre 1075 a 1122). Fonte: :<http://www.flickr.com/photos/30946230@N06/3423135303/>. Acessado em: nov. 2014.

Aborda-se o pátio para além do edifício, como parte constituinte de determinada paisagem urbana que, por meio de sua tipologia arquitetônica, pode ser relacionado ao estudo da morfologia urbana. Considera-se que ambas – tipologia e morfologia - agregam elementos para configuração de uma paisagem cultural, desde que articuladas aos elementos naturais e aspectos material e imaterial do patrimônio cultural de determinado sítio e escala.

Imagem 48 Forte São Thiago das cinco pontas. Construído pelos holandeses em 1630, como meio de defesa e organização das tropas e armamentos, abriga atualmente abriga um teatro e o Museu na cidade do Recife. Fonte: Disponível em: <http://www.viajandoblog.com/post/11527/museu-da-cidade-do-recife-no-forte-das-cincopontas-reabre-no-recife> Acessado em: out. 2014.


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A paisagem descrita pelo espaço em recinto, delimitado e compartimentado é tanto do que está lá fora do que é interno ao espaço (FIGURA 49). O “além” é emoldurado pelo pátio e suas aberturas, o “aqui” é presente e está em volta deste espaço. Como explica Cullen (2006), esta diferenciação gera um sentimento de expectativa sobre o “além” que é “desconhecido, infinito, misterioso, ou está envolto em uma escuridão insondável”, já que o “aqui” é próximo, do lado, a poucos passos ou a uma mão de distância.

Imagem 49 Pátio interno de um conjunto habitacional na Dinamarca. Projeto do escritório SLA. Fonte: LOFT, 2012

A concepção de pátios com jardins traduz exatamente esse sentimento de proximidade, em seus níveis do contato físico e espiritual. O pátio como um microcosmos, como uma representação do mundo sagrado na Terra, tinha no jardim sua forma de transmutar a imagem do Éden, do Paraíso terrestre para um pequeno espaço da casa, do palácio ou do prédio religioso, criando assim um paraíso particular, um lugar de contemplação e da busca do homem por algo que foi perdido ou que somente seria alcançado com sua morte. Assim, o jardim delimitado tem no pátio a sua forma de expressão do lugar original da vida como o Éden bíblico, onde Adão, o primeiro, homem vivia em contato direto com Deus e retirava de seu jardim tudo o que precisa para o seu sustento. O jardim era fonte da vida, o alimento, a


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água e a moradia: “o jardim do Éden em uma escala macro é o universo, o Caos ordenado por Deus, tornando-se o Cosmos, e em uma escala micro, a morada primeira do homem, o seu abrigo, a sua casa” (REIS-ALVES, 2011). A tipologia “casa pátio” foi escolhida pelo entendimento do autor que o pátio também é o “símbolo espacial de intimidade”, um “ninho de espaços, um dentro do outro”, como representante de uma parte do infinito, isolado, delimitado; um vazio que protege e é protegido, remetendo-se ao arquétipo da mãe, que protege seus filhos na forma de um abraço.

3.5. CONSTRUINDO A PROPOSTA ARQUITETÔNICA Louis I. Khan(in NOBERG, 1981) ao projetar uma escola, a definiu como a “escola do espírito”, a “essência da vontade de ser”, o “lugar de onde se partem as perguntas”. Khan imagina que a escola começou com um homem, sob uma árvore, que não sabia que era um mestre e que discutia sobre o que compreendia com os outros, e estes não sabiam que eram estudantes. Inserido neste pensamento, o arquiteto toma essa relação, mestre e alunos, e a traduz como um movimento circular, remetendo ao simbolismo do centro, tendo como centro o mestre e como sua irradiação os alunos. Segundo Lurker (2003), o simbolismo do centro traduz a visão que o ser humano tem da expansão do mundo em todas as direções a partir de seu país, de seu lugar de moradia, de si mesmo. Khan parte daí, a escola deve ser entendida como este círculo fundamental, onde é belo o aprender. Deste modo, ele toma como elemento espacial fundamental o átrio (pátio). Os corredores orientados a ele devem ser grandes e dominá-lo. Será o lugar onde alunos se encontrarão e discutirão a aula do professor. Um espaço que deve adquirir um valor de aula ao invés de ser somente um espaço entre aulas. Enfim, um lugar de potencial autoeducação, uma aula que pertence aos estudantes (NOBERG, 1981). Compreendendo dessa forma a essência da escola e de seu espaço fundamental, o pátio, Khan permite-nos refletir sobre o sentido de movimento do pátio interno. O pátio, como o arquiteto diz, apresenta-se com um sentido circular, isto é, como um centro irradiador. Este movimento, porém, não está limitado ao


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círculo, mas sim à ideia circular; o quadrado e a elipse também possuem o caráter do movimento circular. Após a escolha da tipologia, iniciou-se o estudo do melhor partido arquitetônico que se adequasse melhor no terreno em relação a ventilação e iluminação natural e sua topografia.

Imagem 50 Pátio central da escola

A partir da centralidade do pátio, vários estudos foram feitos para uma melhor adequação da forma no terreno, como podemos ver na imagem 51.

Imagem 51: Esquema de croquis estudo inicial.


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A datar do primeiro estudo, iniciou-se a união dos volumes estudados, procurava-se uma forma que atendesse o conforto térmico e ventilação natural.

Imagem 52: Croquis união das formas

Até encontrar a forma desejada, muitos estudos foram feitos.

Pode-se

observar a em uma das imagens abaixo a forma de um “E” e, ao lado direito, edifícios fragmentados.

Imagem 53: Croqui edifíco em “E” e edifício fragmentado.

Logo após os estudos em planta, iniciam-se os estudos em perspectivas e, o mais coerente, foi analisar formas circulares, pois se adequavam a forma do terreno e do antigo edifício da Cobel.


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Imagem 54: Esquema de croquis das perspectivas circulares

Imagem 55: Esquema de croquis, saindo da forma circular do terreno.

Muitos croquis foram elaborados para tentar compreender o edifĂ­cio que melhor se adequava ao terreno que tinha uma topografia complexa. Estudos no computador tambĂŠm ajudaram a tentar compreender o que se procurava. NĂŁo se conseguia desprender-se da forma circular do antigo terreno da Cobel, os quais sempre eram os primeiros estudos.

Imagem 56: Estudo no computador da forma circular


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Edifício em “L”, parte do edifício apoiada ao solo e a outra parte apoiada por pilotis deixando uma grande área de interação abaixo do edifício

Imagem 57 Estudo do edifício em “L”

Imagem 58: Croquis de como a proposta edifício em “L” pode ser desenvolvida.

Uma proposta bastante interessante foi o edifício “A” com 2 pavimento sustentado por pilotis, ao lado esquerdo área reservada para uma quadra poliesportiva e uma piscina semiolímpica. Assim, aproveitar a forma circular existente abaixo do edifício para uma área de interação com um anfiteatro.

Imagem 59: Edifício “A” em planta.


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Imagem 60: Edifício “A” perspectiva 01.

Imagem 61: Edifício “A” perspectiva 02.

Após muitos estudos, encontrou-se a forma que se adequava ao que procurava, adequação ao terreno, iluminação natuaral, ventilação natural, e um edifício flexível que possa ter um crescimento no futuro. Poder-se-á ver os primeiros estudos da forma nas imagens 62,63 e 64.

Imagem 62: Primeiro croqui da proposta arquitetônica.


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Imagem 63: Estudo da forma em planta baixa, estudo da trama para colocação dos pilares 7 x 6 m

Imagem 64: Estudo da forma em maquete física.


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Imagem 65: Estudo da forma em volumetria

3.6. CONCRETIZANDO A PROPOSTA ARQUITETÔNICA. Escolhido o partido a ser trabalhado , iniciou-se o a evolução da forma escolhida .O as imagens a seguir mostram o processo trabalhado para o desenvolvimento do edifício de ensino.

Imagem 66: Topografia, em azul o limite do terreno em vermelho o local escolhido para colocar o edifício


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Imagem 67: Criação de plataformas

Imagem 68: Tipologia da casa pátio, foi colodcado cubo com 3 pavimentos e um vazio central.

Imagem 69: Estudo do pavimento térreo, vazios para entrada de ventilação natural.


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Imagem 70: Estudo do pavimento térreopara entrada de ventilação no pátio central.

Imagem 71: Estudo das áreas no pavimento térreo.

Imagem 72: Estudo das áreas no 1ª pavimento


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Imagem 73: Estudo das áreas no 2ª pavimento.

Imagem 74: Futura ampliação

Imagem 75: Estudo de insolação.


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Escola da Natureza

A escola foi projetada preucupada com o meio ambiente, pensando no reaproveitamento da água da chuva, tendo em vista a sua topografia foram criadas calhas para direcionar a água para reservatórios inferiores, depois do seu tratamento será utilizada nos banheiros, limpeza do edifício, e para regar a horta e as árvores

Imagem 76: Esquema geral do aproveitamento da água da chuva.

A escola possui um terreno com uma área maior que 31.000,00 (imagem 77) metros quadrados, foi pensado para o projeto uma horta onde parte do alimento seria produzido pela própria escola e locais para plantio de árvores frutíferas, a idéia é fazer com que os alunos produzam e cultivem seu próprio alimento, foi criado teto jardins que servem de mirante, e para grande parte do terreno foi feita uma proposta de reflorestamento da mata atlântica originalmente da área a proposta e que os próprios alunos participem desse processo de plantio, e como a escola também sejam amigos da natureza, essa escola proposta é a “Escola do Futuro”.


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Imagem 77: Esquema da vegetaçaþ no terreno da escola.


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3.7. EVOLUÇÃO DA VOLUMETRIA Este tópico permite observar a evolução da volumetria os estudos tomados até chegar na proposta final.

Imagem 78 Esquema da Evolução da forma.


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3.8. PROPOSTA FINAL. 

Estrutura O projeto em questão parte de uma modulação que contribui para a

racionalização garante flexibilidade de combinação de medidas, além de contribuir para uma precisão maior na definição e alcance de medidas. Também contribui para o aumento da repetição de componentes e para a produção em série, já que, ao fixar uma medida básica da qual as demais devem ser múltiplo ou mesmo submúltiplo, limita as variações dimensionais para um mesmo elemento construtivo, o que resulta numa inter-relação harmônica dos componentes entre si e com o total do edificio. A estrutura foi dividida em módulos de 7 x 6 m. A modulação proposta facilitou a configuração de 9 x 7 m das salas de aula.

Imagem 79: Planta da estrutura.


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Pavimento Térreo : Área administrativa, Biblioteca e Auditório.

Imagem 80 Planta baixa do Pavimento Térreo

Imagem 81 Perspectiva em corte do Pavimento Térreo


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1ª Pavimento Cozinha, Refeitório e Laboratórios.

Imagem 82 Planta baixa do1ª Pavimento.

Imagem 83 Perspectiva em corte do1ª Pavimento.

2ª Pavimento Salas de Aula


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Imagem 84 Planta baixa do2ÂŞ Pavimento.

Imagem 85 Perspectiva em corte do2ÂŞ Pavimento.


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Área Exportiva

Imagem 86: área exportiva.

Imagem 87: Perspectiva geral da área esportiva.


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Cortes

Imagem 88: Corte AA’.

Imagem 89: Corte DD’ da área da piscina.


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

EdifĂ­cio explodido

Imagem 90: Corte 3D com pavimentos explodidos pavimentos.


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Perspectiva final do complexo Educativo

Imagem 91: Perspectiva geral da Escola.

Perspectiva final do edifício de ensino

Imagem 92: Perspectiva final.


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4. CONCLUSÃO Vimos que a escola de tempo integral e uma tendência aqui no Brasil e bastante importante para os país que saem para trabalhar e os filhos passam o dia na escola, observamos também que os bairros de Cruz das Almas e Jacarecica, estão em um processo de desenvolvimento Foi de suma importância e aprendizado de todo o processo de projetação desse trabalho, desde os estudo em croquis em planta baixa e perspectivas feitos a mão livre, desenvolvimento de uma maquete física da topografia, muito importantes para a escolha do partido arquitetônico, até chegar no uso do computador onde foram utilizados softweres como Autocad, Revit, 3D max e Photoshop e Corel Dral. Portanto foi possível desenvolver um projeto de um edifício de ensino que se adequa a questões de ventilação, iluminação, topografia e paisagem, fazendo uso de uma tipologia clássica que é a "casa pátio" e não necessariamente o bloco compacto do projeto do governo.


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5. REFERÊNCIAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15287 – Informação e documentação – Projeto de pesquisa - Apresentação. São Paulo: ABNT, 2005. 6p. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14724 Informação e documentação. Trabalhos Acadêmicos - Apresentação. São Paulo: ABNT, 2002.6p

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