Introdução

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UNIDADE DE ENSINO EXTRA CURRICULAR

“A escola fora da caixa.”

Douglas Rafael Felinto do Nascimento Souza Trabalho de Final Graduação Arquitetura e Urbanismo Universidade Católica de Brasília Orientador: Prof. Nelton Keti Borges Co-Orientador: Prof. Aline Stefânia Zim

Brasília 2015


Agradeço a DEUS, por ter me dado a possibilidade de tal conhecimento e por sempre me fortalecer nos momentos em que me sentia fraco. Ao meu orientador e amigo, professor Nelton Keti Borges, e que confiou no meu projeto e acreditou nesse resultado desde o início da proposta. A professora Aline Stefânia Zin que sabiamente me aconselhou e usou de incrível empatia nos momentos de maior dificuldade. Aos meus pais, que com carinho toleram minha ausência em momentos tão importantes e, em silêncio, me apoiaram. Aos meus amigos, aos meus pastores e a minha namorada, pelo amor e incentivo constante durante a pesquisa. E a todos que direta ou indiretamente me influenciaram nas pesquisas sem os quais este trabalho não ficaria completo. Dedico este trabalho aos meus pais, Eunice e Carlos, que sempre me acompanharam nessa caminhada, torcendo por mim nas horas de dificuldade e vibrando a cada conquista, e a todas as crianças que são privadas de um ensino de qualidade sendo assim, subjulgadas a viverem num mundo sem o brilho gerado pelo dom do conhecimento.


UNIDADE EXTRA CU


E DE ENSINO CURRICULAR


O Tangram, é um quebra-cabeças chinês formado por 6 ou 7 peças com as quais podemos criar mais de 5000 figuras. Esse quebra-cabeças, geralmente utilizado pelos professores para o estudo da geometria, desenvolve a criatividade e o raciocínio lógico e tal conceito, foi usado para a construção da linha de pensamento em nossa pesquisa. Assim, organizamos as principais partes que compõem a proposta em peças - ou blocos - de maneira lúdica e criativa para que todos possam compreender e interagir desde já com nosso projeto. O nome Extra+Currilar, surge de uma brincadeira com a palavra, que na sua forma original “extra-curricular”, é escrita com o hífen. Usualmente o hífen (-) representa a subtração, assim o substituímos pelo sinal (+) que vem a ser o símbolo da soma. Assim propomos uma nova forma de contribuir para a educação. Entre nessa, e descubra o que é a Unidade de Ensino Extra+Curricular.


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sumário

histórico 08 - A B C do Aprender 12 - Era Medieval 14 - Educação Moderna e Comtemporânea 18 - O Brasil sendo Alfabetizado

arte e a experiência infantil 38 - Um Olhar Infantil

21 - A Revolução Brasileira 40 - As Linguagens na Educação 24 - Escola Parque x CIEPS x CEU x CIAC

gestão participativa e a educação 44 - O Défict Educacional e a forçã das ONG’s 47 - Boas Práticas

30 - O Cenário da Capital 03

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introdução

justificativa

objetivo


diplomação i - histórico

histórico

o lugar do ambiente

51 - Relação Criança e Ambiente

52 - Análise do Sítio 73 - Contexto Ambiental

55 - Centro de Desenvolvimento Infantil Los Nogales (Colômbia) 58 - Saunalahti School (Finlândia)

90 - Técnica Construtiva 92 - Organização Espacial 95 - Parâmetro Estético 98 - O Programa 103 - Risco Preliminar

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bibliografia

referência de imagens

unidade de ensino extra+curricular

49 - Psicologia e Educação

estudo de caso


UNIDADE DE ENSINO EXTRA CURRICULAR

introdução

A escola, como instituição de ensino atualmente conhecida, é o resultado de um longo processo histórico, cuja a evolução pode explicar o desenvolvimento do pensar humano. A educação é vista como a transmissão de valores e acumulo de conhecimento. Portanto, a história da educação também é a história da sociedade. Atualmente, acredita-se que a escola é responsável pela socialização intelectual da criança e de maneira geral, a sala de aula acaba sendo um modelo que mostra a criança como é a sociedade em que ela vai crescer e passar a vida. Na maioria das escolas, o professor ocupa o lugar de autoridade, e o principio de igualdade de condições dos alunos é quebrado pelo aparecimento de lideres e por certa hierarquia que se estabelece entre eles. A retribuição pelo esforço ou pela inatividade se dá pela atribuição de notas. Os valores que regem o mundo dos adultos são transmitidos a criança pela rotina escolar. Num sentido mais abrangente, o sistema escolar compreende todo um universo composto por alunos, professores, pais, programas escolares, vivências pessoais e a arquitetura dos espaços destinados a educação. O resultado dessa mistura, de acordo com Carla Boto, é a noção de “cultura escolar”:

“Cultura escolar integra, sob tal perspectiva, a lição e o exercício da sala de aula; a exposição do professor sobre a matéria. É a divisão das matérias; mas é também o horário do recreio: intervalo pleno em signi�icados que escapam, em geral, de qualquer registro. Cultura escolar é, como já se veri�icou, uma dada distribuição do espaço e do tempo escolares: mas compõe-se também dos espaços e dos tempos de inscrição das transgressões. Cultura escolar é a carteira en�ileirada; mas é o piscar de olhos de quem olha pra trás. É a prova e sua “correção”; mas é o “colar” e o “dar cola”. É a ordenação de comportamentos prescritos pelos adultos; mas é, sobretudo, a apropriação diferenciada que novas e sempre novas gerações farão com aquilo que se pretende fazer delas.” (BOTO:387)

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Em diferentes contextos sociais, com inúmeros métodos e conceitos, das formas mais simples aos programas mais complexos de atividades, en�im, independente de qual maneira, a escola tem por objetivo ensinar, integrar, formar e educar. Além disso, a escola - e somente ela - tem o poder de formar mentes e corações, pessoas e cidadãos. Tem o poder de moldar o futuro de uma geração. Para Anísio Teixeira, grande pensador da educação brasileira nos anos 50, a escola deve ser vista como uma miniatura da sociedade e, nesse sentido, acima de tudo “prática”. Em sua visão, como manifestação de vida, a educação, portanto, além de universal, deveria prover a formação integral do indivíduo. Sendo assim, percebe-se a importância que à escola tem ao ver o aprendizado na escola como manifestação de vida. Contudo, da forma como o espaço escolar e a maneira de compartilhar o saber que tem sido concebida na maioria das instituições brasileiras, não é de se espantar que os alunos digam sentir-se prisioneiros das escolas em muitas ocasiões. Mas qual seria a escola ideal? É claro que essa não é uma resposta tão simples quanto parece, uma vez que a discussão não se restringe a um único aspecto, no entanto, é real a necessidade de haja uma revolução na forma de educar. Nesse sentido, a proposta para a Unidade de Ensino Extra+Curricular, visa não somente questionar e desa�iar as teorias da educação, ou abordar a enorme crise nas escolas, menos ainda, apontar fórmulas mágicas para mudar a educação brasileira, mas sim a criação de uma unidade de educação infantil que posso absorver parte das crianças residentes na cidade Estrutural - DF, provenientes do sistema convencional brasileiro, aulas de artes como uma forma de suprir o dé�icit educacional e proporcionar melhores condições de convivência, sociabilidade e acesso à cultura. Para tal, no capitulo 1, abordaremos o histórico da educação, do desenvolvimento da cultura e da sociedade tanto no cenário mundial, como seus re�lexos e in�luências na construção do ensinar nas escolas brasileiras. Daremos ênfase nos aspectos educacionais bem como as práxis educativas e os principais pensadores da educação (que contribuíram para o pensamento dessa proposta), alem de analisar alguns edi�ícios que foram signi�icativos no nosso contexto. Seguindo essa lógica, no segundo capítulo, trataremos da educação pela arte como uma

unidade de ensino extra+curricular

diplomação i - INTRODUÇÃO

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de ajudar no desenvolvimento intelectual da criança, uma vez que tal atividade, em suas diferentes dimensões (artes visuais, dança, música, literatura e etc.) explora as sensações, os sentimentos, a atividade psico-motora e contribui para a formação cultural de cada ser humano. No capitulo três, adentraremos no espaço escolar e apontaremos alguns caminhos para a arquitetura, de forma que o espaço lúdico possa contribuir para o desenvolvimento infantil e para a construção subjetiva de afeto entre a criança e o ambiente de ensino. Reservei o capitulo quatro para tratar de maneira pessoal, com poderíamos empregar uma proposta dessa dimensão através da gestão participativa e com a força das organizações não-governamentais, uma vez que na atual conjuntura, é impossível prever que de fato, poderíamos contar com o apoio do Estado. Passamos agora para um segundo bloco, e a partir do capitulo cinco, falaremos especi�icamente de dois projetos que contemplam nossa proposta, e as dentre as milhares de opções, escolhemos as duas que melhor mostrariam nossa realidade. Por �im, no capitulo seis temos os estudos referentes a cidade, o terreno, os condicionantes �ísicos da região, e a proposta propriamente dita, com programa de necessidades, partido arquitetônico, dimensão construtiva e parâmetros estéticos. Palavras-chave: Escolas (Arquitetura). Projeto. Espaço escolar. Arte e Educação.

justificativa

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O mundo se encontra em um estado de intensas transformações e a sociedade, cada vez mais sofre com as diversas mudanças que não se assemelham com os diferentes padrões bem conhecidos do passado. A tecnologia avança cada dia mais em um ritmo sem precedentes e a acumulação de novos conhecimentos tem alcançado proporções quase explosivas. Em função disso, o ensino deve responder a essas transfor-


mações para cumprir essas necessidades especí�icas que a sociedade pede. A educação é uma das dimensões essenciais na evolução dos seres humanos, pois trata-se de um processo continuo que possibilita aos indivíduos alcançarem a plenitude de suas potencialidades ao longo da vida, mas diante dessa realidade, como esperar que isso seja alcançado se a escola de hoje não está sintonizada com a realidade social de seus alunos, consequentemente de suas famílias, causando desestímulo por parte do aluno e relações frias entre educador e educando? A partir da de�inição da palavra escola que originalmente signi�ica “lazer”, teremos o ponto de partida para nossa jornada. Falaremos aqui sobre o ambiente de Educação Infantil voltado para sua valorização, signi�icação e consequente construção do “lugar”. Para isso, romperemos com as visões tradicionais, funcionalistas, sistêmicas e mecânicas dos projetos educacionais, superando a visão desta como meio de ascensão social, transformando-a não em só um meio de retorno �inanceiro, mas também em um instrumento de crescimento pessoal. Todavia, ao se tratar de um projeto com caráter social, criaremos ainda, maneiras de apropriação do espaço pela comunidade, bem como o desenvolvimento sócio-econômico da cidade. Como espelho e re�lexo do mundo, a escola precisa se adaptar à nova realidade geração da informação, na qual o conteúdo está ao alcance de um clique de mouse e a di�iculdade de concentração dos jovens é crescente. Um mundo de medos e incertezas, com pro�issões cada vez mais voláteis, no qual o fantasma do desemprego e a grande busca pelo sucesso são responsável por noites insones e crises de depressão. Hoje, o simples acúmulo de conhecimentos não é garantia de sucesso, o desa�io vai muito além disso. A educação deve apresentar inúmeras possibilidades contributivas à formação social humana, a sociabilidade e o ao desenvolvimento de uma consciência crítica, sendo responsável ainda, pela criação de valores, cultura e cidadania.

unidade de ensino extra+curricular

diplomação i - INTRODUÇÃO

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UNIDADE DE ENSINO EXTRA CURRICULAR

objetivo geral / específico

Tendo como ponto de partida a relação entre a arquitetura e educação, a pesquisa teve por objetivo compreender o espaço escolar, contextualizado e delimitado nas escolas de ensino infantil, para assim, elaborar um projeto de arquitetura para uma escola de educação infantil, que possa oferecer uma formação complementar ao ensino tradicional desenvolvido na maioria das escolas públicas brasileiras, além de propor soluções espaciais que contemplem as diversas demandas sociais. Considerou-se as hipóteses de que a maioria das escolas de educação infantil não apresenta espaços de qualidade para a educação das crianças; que a atividade artística é essencial no processo de desenvolvimento e aprendizagem infantil; que o acesso à cultura é um direito e contribui para a inclusão social; que um espaço escolar complexo e polivalente se apresenta como um agente facilitador do processo de ensino-aprendizagem; de que a escola pode ser um ponto de desenvolvimento social ao contar com a participação comunitária e ações independentes do Estado. Esses conceitos também determinaram as diretrizes que de�iniram a essência do projeto da escola proposta: integração com a comunidade; desenho aberto/interação com o meio natural; escola como uma pequena comunidade de aprendizagem; iluminação natural e ventilação natural; ambientes acolhedores; circulação como um passeio de aprendizagem; adaptabilidade/�lexibilidade/variedade; transparência e supervisão passiva; arquitetura que ensina/sustentabilidade; espaços externos e incentivos lúdicos; materiais, texturas e cores como elementos de identidade.

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