TFG | Fronteiras e Limites Urbanos

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FRONTEIRAS E LIMITES URBANOS CIDADE FORMAL X CIDADE INFORMAL


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FRONTEIRAS E LIMITES URBANOS CIDADE

FORMAL

X

CIDADE

INFORMAL

Raphaela Erena da Silva | Trabalho Final de Graduação Edson Lucchini Júnior | Professor Orientador Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade Presbiteriana Mackenzie São Paulo Dezembro, 2013



AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar à minha mãe, Mariza, pelo apoio incondicional e por todo o esforço para que eu chegasse até aqui e me formasse arquiteta urbanista. Ao meu orientador Edson Lucchini Jr. por desde o início acreditar no meu trabalho, todo apoio e encorajamento, inlcusive nos momentos mais frágeis. Aos amigos que caminharam ao meu lado durante estes cinco anos, sendo fundamentais para a minha formação e também para o desenvolvimento deste trabalho: Alessandra Pichler, Ana Beatriz Menezes, Mariana Martini e Yasmin Gouveia. E àqueles que compreenderam minhas ausências e a importância deste trabalho para mim, nunca deixando de me apoiar e incentivar. Em especial ao Renato Leal, por todo carinho e paciência.


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SUMÁRIO 1. Introdução ao tema 1.1. Problematização, objetivos e justificativas............................................................................................9 1.2. Metodologia e referenciais teóricos.......................................................................................................10 2. Análise do tema 2.1. Situação socioeconômica mundial.......................................................................................................15 2.2. Foco na situação do Brasil e São Paulo: processo de favelização...............................................16 2.3. O bairro do Morumbi e a favela de Paraisópolis: processo de ocupação e histórico.............22 3. Conceituação 3.1. Urbanidade na cidade contemporânea.................................................................................................31 3.2. Cidade Formal X Cidade Informal........................................................................................................33 3.3. Fronteiras, limites e barreiras urbanas..............................................................................................34 3.4. A importância do espaço público..........................................................................................................36 3.5. Cultura e educação como elementos conectores e conciliadores de duas realiadades......38 4. Estudos de caso 4.1. 4.2. 4.3. 4.4.

Centro Cultural São Paulo – Arq. Luiz Telles e Eurico Prado Lopes............................................44 Parque e biblioteca Espanha, Medellin – Arq. Giancarlo Mazzanti.............................................52 Grotão – Fábrica de Música, Paraisópolis – Urban Think Tank....................................................60 Considerações parciais acerca dos Estudos de Caso....................................................................69

5. Ensaio projetual: a conciliação 5.1. Localização e delimitação da área de atuação.................................................................................72 5.2. Diagnóstico da área.................................................................................................................................74 5.3. O projeto: Centro Cultutal Morumbi Paraisópolis...........................................................................78 6. Considerações finais...........................................................................................................................108 7. índice de imagens e Referências bibliográficas.....................................................................112


“Existe um efeito recíproco entre as pessoas e as coisas. E é com isto que me identifico como arquiteto. Esta é a minha paixão.” peter zumthor 8


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INTRODUÇÃO AO TEMA


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1.1. PROBLEMATIZAÇÃO, OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS

Urbanidade está intimamente relacionada à cidadania. Fronteiras, por sua vez, relacionam-se intimamente à dinâmica social e política das cidades, apesar de suas mudanças ao longo do tempo. A cidade contemporânea é marcada por fronteiras e trincheiras que levam os indivíduos a uma condição de isolamento e de individualismo. Para reverter esse panorama é fundamental a reintegração dos tecidos urbanos, através da conciliação entre as partes fragmentadas. O objetivo deste trabalho consiste em estudar e compreender melhor a cidade para poder propor soluções que permitam amenizar diferenças na vida urbana e estimular a convivência entre os diversos grupos sociais. Serão discutidas as fronteiras urbanas existentes na cidade contemporânea, além do papel de equipamentos públicos de conciliação na superação dessas fronteiras. A pesquisa abrangerá a diferenciação dos tipos de fronteiras que existentes na contemporaneidade; a diferença entre limites e fronteiras e suas consequências como a fragmentação espacial e exclusão social; a urbanidade ao longo da recente história urbana, além da dualidade entre a cidade formal e informal no século XXI. São Paulo é uma mega cidade do terceiro milênio em uma transformação darwiniana. Suas cosntruções características são os condomínios murados e as favelas. A realidade do bairro do Morumbi em São Paulo é compatível com o descrito acima. Ao visitar ou apenas observando uma imagem aérea da região fica clara a existência de um limite urbano ali. Localizado no distrito da Vila Andrade, Zona Sul da cidade de São Paulo, o Morumbi tem hoje como principal marca o fato de nele coexistirem duas realidades contrastantes: a dos condomínios fechados de classe média alta e a da favela de Paraisópolis, segunda maior favela da cidade de São Paulo. Assimilando os conceitos a serem estudados, busca-se, então, como ensaio projetual algo que materialize de forma coerente esta pesquisa. Desta forma, através da conexão de elementos como cultura, educação e espaço público de qualidade, propõe-se como objeto prático deste trabalho o projeto de um equipamento público voltado à cultura, educação e lazer. O objetivo é implantar na região um equipamento público de qualidade que atenda as necessidades e seja frequentado por toda a população do bairro, pelo moradores da cidade formal e da cidade informal. 11


1.2. METODOLOGIA E REFERENCIAIS TEÓRICOS

Esta pesquisa foi desenvolvida a partir do desejo de estudar de forma mais aprofundada a formação e desenvolvimento da favela de Paraisópolis e o bairro do Morumbi/ Vila Andrade em São Paulo. Ao analisar esta área mais de perto, como dito anteriormete, o primeiro ponto que chama atenção é a existência de um limite urbano ali. Buscou-se primeiramente entender os fatores que levaram ao processo de favelização e consequentemente ao surgimento da cidade informal em torno dos grandes centros, através do estudo da situação socioeconômica mundial, tendo como principal referencial teórico Mike Davis, autor de “Planeta Favela”. A partir daí, estudou-se as consequências que esta situação trouxe para as cidades brasileiras, principalmente para São Paulo. Em seguida, o foco consiste em compreender o surgimento e o processo de ocupação da favela de Paraisópolis e o do bairro do Morumbi e ter, por fim, um panorama da realidade atual da região e o que está sendo proposto para elevar a condição de Paraisópolis e fazer com que ela seja vista como um bairro e não mais como uma favela. A partir deste estudo da área, procura-se entender os conceitos relacionados à questão das fonteiras e limites urbanos. Como principal referencial teórico desta parte da pesquisa temse o livro “Cidade ao Avesso: Desafios do Urbanismo Contemporâneo”, de autoria de Rachel Coutinho Marques. Baseado no trabalho de Rachel, busca-se entender a urbanidade na cidade contemporânea para através disso compreender mais profundamente a origem das fronteiras, barreiras e limites urbanos e suas consequências na cidade contemporânea. Nesta parte da pesquisa, tem-se também como referencial teórico o trabalho “A Cidade Informal no Século XXI” desenvolvido pela Secretaria de Habitação da Cidade de São Paulo, liderado por Elizabete França, que destaca o papel fundamental da arquitetura e do urbanismo para reverter a situação existente hoje nas favelas. Em seguida, a pesquisa aborda a questão da cultura e educação como elementos conectores e conciliadores de duas realidades, a cidade formal e a cidade informal. Neste item é estudado o trabalho e os principais conceitos desenvolvidos por Anísio Teixeira, nos quais é possível notar as primeiras relações significativas entre educação e arquitetura. É estudado também o caso da cidade de Medellin na Colômbia, no qual o Governo Municipal faz da cultura e educação 12


motores da transformação social da cidade. Após compilar todo este conhecimento e tendo em mente também a carência de equipamentos públicos de qualidade em Paraisópolis e no bairro do Morumbi, define-se o objeto prático desta pesquisa: um centro cultural. A partir daí são estudados três projetos de cunho cultural, educacional e de lazer: o Centro Cultural São Paulo – referência de equipamento cultural em São Paulo; Biblioteca Espanha em Medellin e Grotão – Fábrica de Música, em Paraisópolis. Como concretização deste trabalho, tem-se, por fim, o Centro Cultural Morumbi Paraisópolis.

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“ As cidades são uma expressão espacial das relações econômicas políticas e culturais de uma sociedade e sua história.” João Sette Whitaker Ferreira 14


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ANÁLISE DO TEMA


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2.1. SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA MUNDIAL

A população mundial é de aproximadamente 6,5 bilhões de pessoas, sendo que metade dela vive em áreas urbanas. É nessas áreas que se concentram as grandes taxas crescimento, acarretando, de acordo com Mike Davis em “Planeta Favela”, atualmente em um momento histórico no qual a população urbana global é maior do que a população que mora na zona rural. Essa taxa de crescimento urbano se concentra nos países em desenvolvimento, cidades da periferia do capitalismo que crescem de maneira desenfreada. No mundo todo mais de 1 bilhão de pessoas vivem na cidade informal e, de acordo com a UNHabitat, este número será aumentado em mais 400 milhões até 2033. O processo de favelização é generalizado. Este não se desenvolveu por acaso. Ele faz parte do desenvolvimento do capitalismo, modo de produção que tem como principal condição acumulação de capital. Desta forma, pode-se afirmar, como descreve Karl Marx em “O Capital”, que o capitalismo se traduz na produção da desigualdade econômica e social. O desenvolvimento do capitalismo e posteriormente a aplicação do Neoliberalismo, gerou o endividamento dos países subdesenvolvidos, que, para arrecadar recursos destinados ao pagamento das dívidas cobram altos impostos. Ao mesmo tempo, os países desenvolvidos, com taxas tributárias inferiores possuem uma arrecadação muito superior diretamente voltada aos seus investimentos. Este processo consolida um ciclo, no qual a desigualdade se agrava, ainda mais com o pagamento de royalties e repatriação de lucros dos investimentos estrangeiros nos países em desenvolvimentos. Quem arca com este ônus são os trabalhadores do terceiro mundo que, além de pagarem os altos tributos ao governo, bancam também os altos tributos da produção, já que o capitalista repassa os valores para o produto final. Assim, o trabalhador carrega duplamente o peso dos impostos, além de receber salários baixíssimos. O resultado é a inviabilidade de uma vida digna e a degradação do seu meio de vida. Esta situação, consequência de um modelo socioeconômico estabelecido no século XV, segundo Davis, tem sido responsável pela deterioração das condições de vida e também pela generalização da miséria e da pobreza na qual vivem os trabalhadores na periferia do capitalismo mundial. A concretização deste processo está nas favelas espalhadas por todo o mundo. 17


2.2. FOCO NA SITUAÇÃO DO BRASIL E SÃO PAULO: PROCESSO DE FAVELIZAÇÃO Favelas definem-se por: parte da cidade que não tem urbanização legal, na qual o parcelamento do solo é descontrolado e as construções não possuem planejamento, o que resulta em assentamentos espontâneos, com pouca ou nenhuma infraestrutura e serviços. A morfologia informal caracterísitca da favela é, sobretudo, um resultado complexo de decisões numerosas, pequenas e individuais, e não de um planejamento coordenado. As cidades brasileiras são hoje a expressão urbana de uma sociedade que nunca conseguiu superar sua herança colonial para construir uma nação que distribuísse de forma mais equitativa suas riquezas. Mais recentemente, viu sobrepor-se à essa matriz arcaica uma nova roupagem de modernidade “global” que só fez exacerbar suas injustiças. Pesquisas de várias instituições indicam que as grandes metrópoles brasileiras têm em média entre 40 e 50% de sua população vivendo na informalidade urbana, das quais de 15 a 20% em média moram em favelas. (Ferreira, 2005). Segundo Ermínia Maricato, a população moradora de favelas tem crescido mais do que a população urbana como demonstram os Censos do IBGE para 1980 e 1991. Em 1980, 1,89% da população brasileira vivia em favelas. Dez anos depois, em 1991, esssa porcentagem já era 3,28%, um crescimento de 70%. O resultado de tal processo, que não se restringe a cidade de São Paulo. Segundo pesquisas parte significativa da população urbana brasileira vive nessas condições: 40% da Região Metropolitana do Recife, 33% do município de Salvador, 31,% da cidade de Fortaleza, 20% da cidade do Rio de janeiro, 20% da cidade de Belo Horizonte. (LABHAB, 1999). Duas características principais distinguem as favelas da cidade formal. A primeira é que sua formação e desenvolvimento não obedecem a nenhuma regra urbana ou legislativa: as ruas são definidas posteriormente a construção das moradias. O segundo ponto é que as unidades habitacionais são construídas segundo a disponibilidade de lotes vazios. Esse processo acontece geralmente de maneira ilegal, independentemente de a área ser de propridade pública ou privada. Essa marca de ilegalidade e a ausência de direitos é o que definem em grande parte o estigma das áreas ocupadas por favelas, implicando em uma exclusão ambiental e urbana. 18

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Outro grave desdobramento desse expressivo crescimento de favelas diz respeito ao meio ambiente. As localizações das favelas se dão mais freqüentemente em áreas ambientalmente frágeis: beira de córregos, fundos de vales inundáveis, áreas de mangues, encostas íngremes, áreas de proteção ambiental, entre outras. O cresecimento de favelas produz, a cada período de chuvas, áreas de risco geotécnico, já que estas se caracterizam pela ocupação de áreas íngremes, frágeis e sem urbanização; sem contar com a assessoria do conhecimento técnico de engenharia e arquitetura; fazendo uso de soluções precárias e improvisadas. São Paulo consiste na maior cidade do Brasil e na cidade mais populosa de toda América Latina. Sua próspera economia industrial atraiu trabalhadores das áreas rurais pobres; muitos deles se concentram em assentamentos ilegais. Atualmente, mais de 30% das pessoas que aqui moram, cerca de três milhões, vivem em condições precárias (favelas, cortiços ou loteamentos irregulares), desvinculados da cidade formal. Na Região Metropolitana de São Paulo, segundo a Secretaria Municipal de Habitação, existem mais de 1.060 loteamentos irregulares, 523 conjuntos habitacionais e 1.500 favelas.

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As favelas de São Paulo são um fenômeno urbano, surgido a partir do desenvolvimento da cidade e estão colocadas em sua estrutura como um de seus elementos morfológicos, 19


que, embora informais, segundo Elizabete França, definem seu partido urbanístico. O modo que as favelas se organizam vão contra as convicções que o mercado imobiliário e o setor privado acreditam ser o método oficial de utilização do solo. O panorama descrito acima é resultado da crise habitacional de 1940, agravada pelo estabelecimento da Lei do Inquilinato que juntas ocasinaram o surgimento das primeiras favelas e cortiços na cidade de São Paulo. As favelas representam o clímax de um processo histórico de desigualdades sociais

urbanas e a segregação no planejamento urbano. São resultados da má distrubuição e concentração de renda ao longo de séculos. As favelas foram construídas como uma reação à exclusão social e à segregação espacial. (França, 2010, p. 13)

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Complexo Paraisópolis - obras de urbanização

Anteriormente vistas como o reflexo e o espelho de uma sociedade desigual, as favelas são hoje reconhecidas também por sua diversidade social, o que pode ser a chave das soluções dos problemas urbanos. Em resposta à situação exposta acima, é importante destacar uma tendência, ainda que minoritária, verificada nos municípios: a urbanização de favelas. Segundo o LABHAB, ela teve início nos anos 1980, com a redemocratização do país e é formada por gestões municipais que buscam diminuir a desigualdade e a pobreza com propostas sustentáveis tanto no aspecto ambiental como sócio-econômico. O Programa de Urbanização de Favelas, realizado pela Secretaria Municipal de Habitação, que acontece hoje em São Paulo é o maior do país: cerca de 120.000 famílias estão sendo beneficiadas com as obras. O programa, de acordo com a SEHAB, tem como foco a superação de déficits relacionados à infraestrutura, acessibilidade, equipamentos e serviços públicos, além da construção de moradias. O objetivo das intervenções consiste na permanência dos moradores e garantia de continuidade dos investimentos realizados na construção de moradias. O plano visa, sobretudo, a construção e consolidação de espaços públicos de qualidade que estejam de acordo com as preexistências locais e que estimulem a superação das fronteiras urbanísticas e simbólicas entre a cidade formal e informal.

6 Heliópolis - obras de urbanização

7 Cantinho do Céu

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FAVELAS EM SÃO PAULO Linha do tempo 1980/2008 Fonte: A Cidade Informal do Século

XXI

-

Prefeitura

do

Município de São Paulo Secretaria Municipal da Habitação

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2.3. O BAIRRO DO MORUMBI E A FAVELA DE PARAISÓPOLIS: PROCESSO DE OCUPAÇÃO E HISTÓRICO Paraisópolis localiza-se na subprefeitura do Campo Limpo - distrito de Vila Andrade, região da cidade que possui um dos maiores números de favelas, cerca de 185. Distante 16 km do centro da cidade, está inserida dentro do limite do bairro do Morumbi, uma das áreas mais ricas da cidade. Morumbi e Paraisópolis tem uma natureza simbiótica, isto é, os trabalhadores da favela são empregados na construção civil e no trabalho doméstico por todo o bairro. A Avenida Giovanni Gronchi atua como uma linha que segrega as duas realidades: do lado esquerdo há muitos condomínios de alto padrão, escolas com boa estrutura, ruas asfaltadas, iluminação pública, etc. Enquanto isso o lado oposto caracteriza-se por assentamentos irregulares, em condições precárias, ausência de saneamento básico, ruas esburacadas e calçadas praticamente inexistentes tomadas em grande parte por lixo ou entulho. O Morumbi foi um dos últimos bairros a ser desenvolvido na cidade de São Paulo, em função de sua localização, do outro lado do Rio Pinheiros. Essa área era essencialmente agrícola antes da urbanização. A maioria dos proprietários dos lotes originais haviam comprado como investimento, sem a intenção imediata de construir. A área em que hoje está situada a favela do Paraisópolis fazia parte da Fazenda do Morumbi, que foi parcelada em aproximadamente 2000 lotes pela União Mútua Companhia Construtora e Crédito Popular S.A. A infraestrutura do loteamento não foi completamente implantada e muitos dos que adquiriram esses lotes nunca tomaram posse efetiva, nem pagaram os tributos. Desta forma, a área se tornou uma região abandonada, o que se configurou em um convite para a ocupação informal. Segundo a Secretaria Municipal de Habitação, este processo começou por volta de 1950, quando a área foi sendo transformada em pequenas chácaras. Havia poucas casas e alguns bares, porém com a implantação de bairros de alto padrão como o Morumbi, os cemitérios Gethsemani e Morumbi, e a abertura de vias de acesso, como a Avenida Giovanni Gronchi, a região passou a ser objeto de grande valorização, despertando o interesse econômico. Nessa mesma década, foi elaborado o primeiro Plano de Desenvolvimento, que propunha a declaração da área como utilidade pública, visando uma posterior urbanização. Entretanto, tudo ficou no papel, principalmente por causa de sua topografia acidentada e dos rios que cortam a área. 24


Na década de 1970, registra-se uma ocupação intensa do local, devido ao estabelecimento de uma nova lei de zoneamento que restringia a forma de ocupação. Surgiam, assim, os primeiros barracos de madeira, ocasião em que teve início a ocupação do Jardim Colombo e Porto Seguro, comunidades vizinhas à Paraisópolis. O crescimento do processo migratório acelerou-se ainda mais a partir de 1980. Entre as diversas causas, a facilidade de emprego pelo crescimento acentuado dessa região, principalmente com a demanda crescente de mão de obra para a construção civil. Segundo a SEHAB, Paraisópolis possuía uma característica particular: 99% da área era de propriedade privada. Dessa forma, era difícil justificar investimentos públicos ali antes do Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257/01). A partir deste Estatuto, foi possível a crição da ZEIS – Zona Especial de Interesse Social, isto é, Zoneamento Urbano Especial, gerando o programa de urbanização de favelas. A urbanização é indispensável para a regularização fundiária das favelas que, por sua vez, é de suma importância para promover a inserção da comunidade no contexto legal da cidade.

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No ano de 2005, teve início o processo de urbanização e regualrização dos imóveis construídos lá irregularmente para que Paraisópolis deixe o status de “favela” e se torne “bairro”. 25


1948

1968 • Décadas de 1950 – 1960 : Paraisópolis antes da ocupação. Rede de sistema viário já é aparente. A infraestrutura não foi completamente implementada em função da incompatibilização dos projetos com a topografia do local. A ocupação teve seu início no final dos anos 50, por trabalhadores atraídos pela construção de casas para a classe alta no Morumbi.

1977

1996 26

• Décadas de 1980 – 1990: Paraisópolis se tornou mais densa. Isso se deve aos intensos processos migratórios que ocorreram no Brasil, da região Nordeste para o Sudeste. Os migrantes vinham em busca de emprego, entretanto a cidade não foi capaz de absorver esta necessidade.

1986

2000

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• 2000: Começam a ser ocupadas a região do Grotão e Grotinho, áreas que posteriormente se configurariam em áreas de risco geotécnico. Essas áreas localizadas na porção sul de Paraisópolis são as mais frágeis e estavam sendo evitadas até então.


Há muitos objetivos a serem alcançados em Paraisópolis, em função de seu tamanho e complexidade. Para tanto estes objetivos do Programa de Urbanização, foram, segundo a SEHAB, divididos em três fases. A primeira, que já foi concluída, contemplou: a reforma da escadaria Manuel Antônio Pinto, a recuperação das áreas de risco nos setores Grotão e Grotinho, melhoria do campo de futebol Palmeirinha, implantação de infraestrutura no sistema viário CentroBrejo e implantação de redes de distribuição de água e redes coletoras de esgoto.

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Fonte: Cidade Informal do Século XXI Prefeitura do Município de São Paulo - Secretaria Municipal de Habitação

Considerando o crescimento desenfreado que a região sofre, ao visitá-la, nota-se uma grande carência de equipamentos públicos votados ao lazer, educação e cultura. Apesar da existência de diversos vazios no bairro, e até mesmo na Avenida Giovanni Gronchi (onde há muitos postos de gasolina, concessionárias e oficinas de veículos) este tipo de investimento não é realizado. Não existem equipamentos de cultura e lazer suficientes para nenhuma das realidades, nem para os moradores da favela, nem para os moradores dos condomínios fechados. Na região os únicos espaços destinados para estes fins são o CEU Paraisópolis, a Praça Vinícius de Morais e o Parque Burle Marx, sendo os dois últimos mantidos pela iniciativa privada. Segundo Christian Kerez em “A Cidade Informal no Século XXI”, a favela é uma área residencial extremamente densa e 27


demonstra maior eficiência e razão de sua forma, que qualquer outra proposta do movimento moderno. É o único modelo que permite às grandes cidades rápido crescimento e mudanças constantes para desenvolvimentos futuros.

Fonte: Cidade Informal do Século XXI Prefeitura do Município de São Paulo - Secretaria Municipal de Habitação

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Paraisópolis: construção de conjuntos habitacionais

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Paraisópolis: construção finalizada do condomínio F

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Paraisópolis: reforma da escadaria Manuel Pinto

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“O reverso da cidade era o campo, porém na visão lefebvriana o campo não existe mais. O lado avesso de um tecido é aquele que mostra as costuras, as imperfeições. É aquilo que mantem a roupa na sua integridade, mas que não convém mostrar por razões estéticas [e repressoras].” rachel coutinho marques


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CONCEITUAÇÃO


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3.1. URBANIDADE NA CIDADE CONTEMPORÂNEA

O significado de urbanidade é particular de alguns períodos da história, alterando visões positivas e negativas com relação ao que representa viver na cidade. Urbanidade, segundo Xavier Rubert de Ventós, em “Urbanism against urbanity?”, consiste em uma anomia amigável. Isto é, uma relação através da qual é possível que os indivíduos conviverem, sem terem que trocar experiências ou confidências. Urbanidade tradicionalmente se baseia em três princípios: cortesia, civilidade e afabilidade. Essa noção de urbanidade e de fronteiras vai se desenvolvendo ao longo da história, trazendo características distintas às cidades. No fim da Idade Média, as cidades ressurgem e o comércio retoma suas rotas. Segundo Rachel Coutinho Marques em “A Cidade pelo Avesso: Desafios do Urbanismo Contemporâneo”, a cidade foi o centro de uma grande revolução social, econômica e política; era vista como o lugar da liberdade de expressão, longe de qualquer censura. É nas cidade que surge a burguesia que vai dar início, juntamente com o ressurgimento da moeda, a um novo modelo economico mercantilista, e consequentemente ao modo de produção capitalista. No Iluminismo a cidade ainda se encontra em destaque. Ainda segundo Marques, viver na cidade significava ser moderno, estar longe da opressão do campo. Os renascentistas acreditavam que a cidade libertava das muralhas, da servidão; que ela daria origem a um novo pensamento, a uma nova cidade, e consequentemente a um novo homem, o homem público. As fronteiras, territórios a serem conquistados e trazidos para o modo de produção capitalista, a serem alcançadas eram as do campo. Após a Revolução Industrial, as cidades sofrem uma grande expansão e a população urbana cresce absudamente. Nos países do hemisfério sul, este êxodo rural não é acompanhado necessariamente por uma industrialização das cidades, o que acarreta uma expansão urbana desordenada. Seguindo este raciocínio, é exatamente com a Revolução Industrial que se inicia uma degradação da cidade, devido às condições de vida da classe trabalhadora e à presença de indústrias. Segundo Louis Wirth, em “Urbanism as a way of life”, a cidade enquanto comunidade se resolve 33


através de uma série de relações efêmeras e segmentadas e a divisão de trabalho transcende a localidade imediata. Wirth afirma ainda que quanto maior a população em estado de interação, menor será o grau de comunicação entre elas. Aplicando um pensamento semelhante à cidade contemporânea, Zygmunt Bauman destaca o parodoxo da busca por segurança nos dias de hoje e signficado de comunidade. O autor defende que os ricos podem comprar a segurança de seu lugar, cercando suas casas de alarmes e muros; modificando, assim, a noção de comunidade. Comunidade, segundo Bauman, consiste atualmente em construir barreiras e limites com o intuito de controlar os intrusos. Os bairros estão se tornando, cada vez mais, condomínios fechados marcados por uma homogeneidade, em contraste com a heterogeneidade da realidade fora deles. Pode-se afirmar, de acordo com Marques, que características como indiferença, alienação e egoísmo substituíram características como civilidade, afabilidade e cortesia que tradicionalmente definiam urbanidade. Esta situação, como levantado por Bauman, se deve em parte à violência urbana que atinge o cotidiano das metrópoles, que, por sua vez, estimula uma tendência ao isolamento. Hoje, o tempo livre vem se tornando cada vez menor e como a relação espaçotempo na sociedade de consumo reduz o tempo a mais uma mercadoria a ser consumida. Desta forma, a urbanidade fica comprometida, visto que esta se pauta nas relações de trocas entre os indivíduos. Segundo Carlos Maciel, a quase totalidade da produção recente de arquitetura faz uso de padrões espaciais de segregação. Todos os edifícios de moradia são pensados para grupos estratificados social e economicamente. Os grandes edifícios públicos, únicos que teriam a possibilidade de rearticular a malha urbana ao seu redor, colocam-se na cidade como objetos autônomos, perdendo a oportunidade de adquirirem um caráter de infra-estrutura com efetivo potencial transformador. A grande maioria das novas urbanizações privatiza ilegalmente os espaços públicos sob a forma de falsos condomínios, com a aprovação do poder público. Todos os esforços do planejamento e do projeto contemporâneos se convertem em privatizar o urbano e em eliminar a diversidade. O projeto do espaço contemporâneo, segundo Ferreira, pede o entendimento da sociedade atual com o objetivo de superar as barreiras ideológicas que influenciaram o urbanismo racionalista, vigente desde 1920. O pensamento contemporâneo trata as moradias em favelas como um fenômeno que se consolida no território, sendo assim, parte integrante da cidade. A partir da compreensão deste ponto, torna-se possível a elaboração de projetos de urbanização 34


para a cidade informal que levem em consideração novas relações de espaço, tempo e distância próprias, que compreendam a ordem das suas ocupações, sendo o oposto da cidade convencional. Por fim, conclui-se que urbanidade não significa interação plena, visto que os preconceitos ainda estão presentes em nossa realidade. Mas consiste, sim, na aceitação do outro e na convivência pautada na cordialidade. Assim, é possível concluir que a urbanidade depende do regaste de valores da civilazação, como o direito pleno à cidade por todos os indivíduos que a habitam.

3.2. CIDADE FORMAL X CIDADE INFORMAL A intensificação da dualidade entre cidade formal e cidade informal tem sido uma constante na estrutura das cidades brasileiras (Maricato, 1996). As metrópoles crescem sobretudo nas periferias, o que reforça o papel informalidade na estrutura das cidades. Ao contrário das disposições urbanas informais, a cidade demoninada formal, por sua vez, encontra-se limitada a uma parcela do espaço urbano, e atendendo somente uma pequena porcentagem da população. Assim, segundo Villaça, a cidade formal sempre serviu às classes dominantes, e o espaço urbano legal se organizou conforme seus seus interesses. As leis que regulam esse espaço serviram de instrumentos ideológicos que favoreceram essa dominação. Segundo Ermínia Maricato, os grandes investimentos do capital financeiro internacional voltamse, no âmbito das grandes cidades brasileiras, para a construção de “ilhas de Primeiro Mundo”. Estas ilhas são providas de infraestrutura e tecnologia para alavancar as atividades econômicas financeiras e terciárias. No geral, estas se situam em áreas de valorização imobiliária recente, ou seja, em “novas centralidades”, fato que provoca a expulsão dos resquícios da cidade informal dessas áreas. Como consequência direta desse processo, observa-se o acirramento da dicotomia cidade formal x cidade informal, com a sobreposição de um modelo de “modernidade” sobre uma malha urbana que ainda não conseguiu resolver desigualdade social e a segregação sócioespacial, causadas pela industrialização dependente, como exposto anteriormente.

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3.3. FRONTEIRAS, LIMITES E BARREIRAS URBANAS O significado do termo fronteira é, por diversas vezes, confundido com o de limites. O conceito de fronteira, entretanto, se relaciona a a algo mais abrangente e amplo, podendo ser uma região ou faixa, ao passo que limite está ligado a algo mais preciso, linear, pontual, exatamente definido. Segundo Rachel Coutinho Marques, o termo fronteiras era utilizado antigamente para se referir à demarcação de limites entre povos. Atualmente, entretanto, pondo em cheque este conceito de fronteira obstáculo, surge o conceito de fronteiras vivas. Fronteiras vivas, ainda segundo Marques, são caracterizadas por uma forte concentração demográfica e estrutura social complexa. Estas consistem em áreas permeáveis, marcadas por intenso intercâmbio social, baseado na interação e integração dos cidadãos que a habitam. É nessas zonas que se tornam possíveis o surgimento de um novo espaço e uma nova cultura a partir das subculturas divididas pelas barreiras e trincheiras. Com o aumento da criminalidade nas grandes cidades nota-se o surgimento de uma nova tendência na configuração dos espaços urbanos: os condomínios fechados. Estes consistem em frações de bairros onde o acesso é controlado por seguranças e bloqueios físicos. Além desta tendência dos condomínios fechados, é cada vez mais comum o fechamento dos prédios residenciais com grades e outros aparatos de segurança. A desigualdade social e econômica, segundo Jan Gehl, é o plano de fundo para os altos índices de criminalidade e, consequentemente, para essas tentativas privadas de proteger a vida e a propriedade. Simples soluções individuais com o intuito de prevenir a criminalidade não surtem muito efeito em locais onde a sensação de insegurança tem profundas raízes nas condições sociais. Com o surgimento dos condomínios fechados, do gradeamento e utilização de aparatos de segurança tem-se, de acordo com Landman e Schonteich, um aumento no nível de polarização e da fragmentação espacial. Além disso, pode-se dizer que os condomínios fechados também contribuem para a privatização do espaço público. Desta forma, os moradores destas áreas exclusivas deixam de usar o espaço público, que, por sua vez, é progressivamente abandonado. 36

“Por que caminhos você vai e volta? Aonde você nunca vai? Em que esquinas você nunca para? A que horas você nunca sai? Há quanto tempo você sente medo? Quantos amigos você ja perdeu? Entrincheirado vivendo em segredo, E ainda diz que não é problema seu.” O CALIBRE - PARALAMAS DO SUCESSO

“As grades dos condomínios são para trazer proteção, mas também trazem a dúvida se é você que está nesta prisão.” MINHA ALMA - O RAPPA


Segundo Marques, alimentar o discurso da segurança e do medo só contribui para esvaziar os espaços públicos e para a proliferação de grades, muros e comunidades fechadas, isolando os grupos sociais homogêneos e impedindo as possibilidades de trocas locais, base da sociedade urbana moderna. Aplicando o conceito de fronteiras vivas no espaço urbano das grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, mais especificamente nos limites entre as áreas formais e informais, percebe-se a interdepedência entre essas áreas, e a cooperação como fator fundamental para a superação de conflitos sociais e criminais existentes.

Ipanema - Morro do Cantagalo , Rio de Janeiro

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Assim, a transformação das fronteiras faixas em fronteiras vivas depende de uma política urbana que reconheça as possibilidades destes espaços de interação social e cultural. Além disso, é preciso também uma reversão do discurso preconceituoso e a recuperação das noções de cidadania e urbanidade. A cidade consiste no lugar das diferenças sociais e culturais e as áreas de transição entre as áreas pobres e ricas devem ser apropriadas pelos vários grupos sociais de forma aberta, múltipla e flexível. As faixas de fronteira precisam ser repensadas para que sejam transformadas em fronteiras vivas, isto é, em zonas de interação social, convivência e aprendizado mútuo. (Marques, 2006, p.37)

Segundo Madanipour (2003, p.145):

20 Brooklin - Favela do Real Parque, São Paulo

Ao criar áreas nas quais as pessoas se misturam, espera-se que pessoas diferentes possam conviver conjuntamente e que exista certo grau de tolerância. Isto é especialmente crucial em uma época em que o estado de bem estar está sob ameaça de reestruturação, e a fragmentação social tem se intensificado. O recente interesse na promoção dos espaços públicos urbanos pode ser interpretado como um interesse na reintegração das cidades fragmentadas.

21 Morumbi - Favela de Paraisópolis, São Paulo

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3.4. A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO PÚBLICO Espaço público, segundo Ali Madanipour, consiste em espaços multiusos que se encontram entre os territórios demarcados, por exemplo, nas áreas residenciais. Esta definição baseiase no fato de que os espaços públicos das cidades, nos mais diversos lugares e épocas, correspondem a locais que estão fora dos limites de controle de um indivíduo ou de um grupo reduzido de pessoas, atuando como mediador entre os espaços privados, possuindo uma variedade de funções que se sobrepõem. Analisando as cidades no que diz respeito à sua composição, percebe-se que estas se encontram segmentadas em torno da divisão entre os espaços públicos e privados. Esta característica, cada vez mais presente nas cidades contemporâneas, está sendo responsável por sua configuração espacial atual e pela vida dos indivíduos que a habitam. Nas últimas décadas, nota-se nas metropóles uma crescente privatização do espaço público, sendo esta uma tendência de âmbito mundial que colabora com a valorização dos espaços privados, em detrimento do público. Pronin (2007, p.76) ao abordar esta questão e analisar como as mudanças ocorridas na economia impactaram no ambiente construído, conclui que: No meio urbano construído, o crescente isolamento dos espaços interiorizados

privados e semi- privados acarreta um prejuízo ao restante do espaço urbano público e acessível a todos. A separação por muros e outros recursos de proteção reforça a divisão e promove maior segregação social. O abandono e a deteorização do espaço público exterior, aberto e democrático, compromentem a qualidade do meio urbano como um todo e, como consequência a qualidade de vida do cidadão.

Em complemento ao dito acima, de acordo com Abrahão (2008), a privatização contribui para a deteorização do espaço público, aprofundando, assim, as diferenças sociais, acentuando as exclusões sociais, criando, enfim, uma cidade apartada, restrita, intramuros. Essa privatização do espaço público não significa o seu fim, mas uma redução considerável da diversidade e heterogeneidade dos espaços de interação interclasses. Desta forma, pode-se afirmar que grande parte do espaço de uso coletivo contemporâneo está deixando de lado os princípios básicos do espaço público de ser aberto, acessível e de atender às exigências do bem estar público e da sociedade em geral. Estes espaços segmentados 38


nas metrópoles podem ser considerados, então, espaços homogeneizados, uma vez que incorporam grupos econômicos e sociais específicos, determinados por agentes produtores do espaço que monopolizam o mercado imobiliário. Trata-se da homogeneização social das áreas da cidade. (Oliveira, 2013) Segundo Botelho (2007, p. 33):

MASP - Av. Paulista, São Paulo - Arq. Lina Bo Bardi

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Tal homogeneização é acompanhada por uma crescente fragmentação do espaço que se materializa na diminuição das áreas de transição e de convívio entre camadas socioeconômicas da população. Ao mesmo tempo em que a distância em quilômetros entre os ricos e os pobres diminui, a distância socioeconômica aumenta as barreiras que impedem o convívio entre distintas classes sociais.

Segundo Jan Gehl em “Cidades para pessoas”, a tradicional função do espaço público da cidade como local de encontro, palco das diferenças e fórum social para seus moradores foi reduzida, ameaçada e está sendo progressivamente descartada. Logo, é de extrema importância reforçar a função social dos espaços públicos da cidade como local de encontro, contribuindo para a sustentabilidade social e, consequentemente, para uma sociedade aberta e democrática. Em outras palavras, destacando o papel do espaço público como fator de inclusão social:

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Centro Georges Pompidou - Arq. R. Piano e R. Rogers

[...] o acesso inclusivo para espaços públicos de qualidade trata-se um pilar da democracia e da equidade social, sendo também uma condição fundamental para participação política e social, e um elemento chave com potencial para melhorar o bem estar e a qualidade de vida. (Thompson e Travlou, 2007, p.3)

Tendo em vista todos os pontos acima levantados pode-se afirmar, portanto, que o valor civil, arquitetônico e urbanístico de uma cidade são seus espaços públicos e coletivos. É nestes espaços que a vida em sociedade se desenvolve. Desta forma, a respeito da importância do espaço público, segundo Madanipour, conclui-se que: “Não é suficiente ter um número de edifícios impressionantes e de atividades de lazer e entretenimento na cidade. São os espaços públicos que conectam estes edifícios e atividades.”

SESC Pompéia - São Paulo - Arq. Lina Bo Bardi

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3.5. CULTURA E EDUCAÇÃO COMO ELEMENTOS CONECTORES E CONCILIADORES DE DUAS REALIDADES O foco deste capítulo consiste em discutir a importância da cultura e da educação como elementos norteadores da vida humana, bem como contribuição da arquitetura para tanto. Assim, serão discutidos conceitos em torno do trabalho desenvolvido por Anísio Teixiera, bem como os conceitos que abrangem a política desenvolvida pelo governo de Medellin na Colômbia, a qual acarretou na construção de diversas bibliotecas parque pela cidade. É possível identificar uma das primeiras relações significativas entre arquitetura e educação no Brasil a partir do trabalho desenvolvido por Anísio Teixeira no período de 1930 a 1950. Nesta época em particular um grupo de arquitetos e educadores tiveram um papel fundamental no desenvolvimento de ideias, presentes até os dias de hoje. Anísio Teixeira, educador brasileiro, desenvolveu políticas educacionais que defendiam a extensão da escola pública à todas classes socias, sendo a educação um elemento de inclusão social e a escola um centro polarizador da comunidade, cumprindo, assim, seu papel de formador do cidadão. Segundo Teixeira, a apredizagem e educação não se limitavam ao espaço da sala de aula; ele defendia a ampliação dos espaços que compõem a escola para que assim fosse possível o desenvolvimento completo do cidadão. Acreditava na formação de indivíduos e de seu meio social, por meio de uma relação de com vivência e atividades extra curriculares, de modo que o acúmulo de conhecimento ocoresse também na área cultural, esportiva e política. Assim, segundo Renato Anelli, a escola se torna um instrumento para a estruturação da sociedade e das cidades. As ideias de Anísio Teixeira encontraram forma no projeto arquitetônico desenvolvido por Hélio Duarte e Diógenes Rebouças para a cidade de Salvador, a escola parque. Entretanto, em função das oscilações políticas da época, este projeto não teve continuidade, sendo retomado apenas quando Hélio Duarte assumiu a direção de planejamento da Comissão Executiva do Convênio Escolar de São Paulo. As atividades propostas nestas escolas estruturavam-se em três conjuntos: ensino (salas de aula, museu e biblioteca), administração e recreação. Importante destacar a ênfase destas escolas na socialização, tanto dos alunos em si, bem como dos alunos com a comunidade local. 40


Após o encerramento do Convênio Escolar, de acordo com Anelli, essa concepção da escola como instrumento de apoio à estruturação social e urbana continuaria a nortear diversas ações de outras instituições responsáveis pela construção escolar no Brasil, das quais os CEU - Centro Educacionais Unificados - são o exemplo mais recente. A implantação dos CEUs na cidade de São Paulo teve início em 2001. Seu principal objetivo é levar equipamentos públicos de qualidade às áreas periféricas da cidade, visando dimuniur a desigualdade social característica das grandes cidades brasileiras.

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Escola Parque de Salvador,1950: projeto piloto de ensino integral - Hélio Duarte e Diógenes Rebouças

Além do dito acima, o CEU visa que sua arquitetura não proporcione apenas educação, mas um espaço comunitário para a população dentro dos bairros, um local onde as pessoas possam se encontrar e conviver. Com base nos pontos levantados acima, pode-se afirmar que este projeto consiste em uma ação para enfrentar e tentar amenizar o perverso processo de urbanização que afetou grande parte das cidades brasileiras, sobretudo, São Paulo. Em Medellin a partir dos anos 2000, na gestão do prefeito Sergio Fajardo, projetos urbanos foram definidos como prioridades estratégicas no plano de desenvolvimento da Empresa de Desenvolvimento Urbano (EDU).

CEU Butantã - Arq. André Takiya e Wanderley Ariza

Parque Explora, Medellin - Arq. Alejandro Echeverri

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Os Planos Urbanos Integrados (PUIs), liderados pelo arquiteto Alejandro Echeverri, são instrumentos de planejamento e intervenção física em áreas marcadas por elevados índices de marginalidade, segregação, pobreza e violência. Estes planos defendem, entre outros pontos, a implantação de bibliotecas com o intuito que estas atuem como centros de desenvolvimento integral e da cultura social. Os PUIs incorporam todos os elementos de desenvolvimento de forma planejada e simultânea com a participação ativa da comunidade. Os parques biblioteca fazem parte do plano “Medellin, a mais educada”. O princípio fundamental deste plano consiste na educação estendida a todos, em seu sentido mais amplo, sendo o motor da transformação social da cidade de Medellin. O acesso à educação, segundo Echeverri, deve ser um direito fundamental e não um privilégio. Os projetos dos parques biblioteca criam espaços voltados ao encontro, carregados de atividades cívicas e culturais. Estes se apoiam em uma arquitetura que se torna um marco, uma referência capaz de conferir uma nova identidade ao bairro onde está inserida. Segundo Echeverri, a maneira mais adequada de combater as desigualdades, a violência e a criminalidade é garantir uma educação de qualidade para fomentar a inclusão social e a 41


permanência da cidadania na sociedade, criando igualdade de oportunidades. Isto contribui para a redução e amenização da dívida social histórica acumulada há anos com os cidadãos que vivem nestas áreas. Além da criação das bibliotecas, a possibilidade de conexão com o resto da cidade, assim como a criação de novas centralidades que oferecem atividades esportivas, culturais e econômicas tem afastado progressivamente a violência e criminalidade destas regiões e conferido mais dignidade aos moradores.

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“Edifício e cidade interpenetram-se; o usuário vislumbra as atividades antes de atingi-las fisicamente, sua escala é respeitada por meio de filtros e bloqueios visuais ao longo de um eixo longitudinal; a variação seqüencial de elementos dearquitetura intensificam o diálogo com o usuário, na descoberta das atividades e do espaço mais que funcional, legível, livre, contínuo, abrangente e favorável, tal qual o encontro com a cultura.” luiz benedito telles


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ESTUDOS DE CASO


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4.1. CENTRO CULTURAL SÃO PAULO ARQ. EURICO PRADO LOPES E LUIZ TELLES

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O projeto do Centro Cultural São Paulo começou a ser idealizado em 1975 pela equipe dos arquitetos Eurico Prado Lopes e Luiz Telles, em substituição ao Projeto Vergueiro que contaria com um complexo de escritórios, hotéis, um shopping center e uma grande biblioteca pública. Este plano foi abortado, restando apenas a ideia da construção de uma biblioteca, que fosse uma extensão da biblioteca Mário de Andrade. Nos anos seguintes o projeto da biblioteca foi sendo reformulado e deu espaço a um centro cultural multidisciplinar, nos moldes do Centro Pompidou em Paris. O Centro Cultural São Paulo conta atualmente com quatro pavimentos e uma área de 46.500 m², com espetáculos de teatro, dança e música, mostras de artes visuais, projeções de cinema e vídeo, oficinas, debates e cursos, além de abrigar expressivos acervos de arte e um conjunto de bibliotecas com área superior a 9 mil m².

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Situado em um ponto estratégico da cidade de São Paulo, entre a Avenida 23 de Maio e a Rua Vergueiro, próximo também à Avenida Paulista e à duas estações de metrô – Vergueiro e Paraíso - o Centro Cultural ocupa um terreno cedido para a Prefeitura nos anos 1970, fruto das desapropriações ocasionadas pela construção do metrô naquela região. A pequena distância horizontal e a topografia acidentada entre as duas vias – Avenida 23 de Maio e Rua Vergueiro – definiu uma área estreita e longa, voltada para o vale da 23 de Maio. Desta forma, os arquitetos responsáveis pelo projeto, dissolveram o programa ao longo de todo o terreno – que possui aproximadamente 300 m de extensão – criando alguns pisos semi enterrados com relação a Rua Vergueiro. Assim, o projeto, caracterizado pela horizontalidade, não compete visualmente com a paisagem da cidade. No nível da Rua Vergueiro, a fachada recuada da via de pedestres, não é obstáculo para os que passam e sim abrigo, visto que a cobertura se estende até a calçada protegendo o pedestre da chuva e do sol. A construção, desta forma, segundo o arquiteto Luiz Telles, se configura como uma continuação da rua, sem barreiras. Já no nível da Avenida 23 de Maio, o edifício é praticamente imperceptível, se “mimetizando” na topografia e na vegetação existente.

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O projeto possui, segundo entrevista do arquiteto Luiz Telles (disponível em http:// www.centrocultural.sp.gov.br/30anos/ luiztelles_video.asp), vocação para a liberdade. O intuito do projeto é libertar as pessoas para que elas descubram os espaços. Dessa maneira, a arquitetura do prédio não obedeceu a padrões préestabelecidos, privilegiando as dimensões amplas e as múltiplas entradas e percursos. Como resultado desta proposta arquitetônica, tem-se a sobreposição de usos, valorizando o aspecto multidisciplinar dos espaços, evitando a compartimentação; os espaços são contínuos e interligados pelas rampas e pátios. Acima de tudo, o projeto foi concebido de forma a incentivar o encontro, agregando a população heterogênea da cidade, fornecendo um espaço em que todos tivessem acesso a variados gêneros culturais. No que diz respeito à materialidade do projeto, a estrutura utilizada é mista, com pilares metálicos e vigas de concreto. Essa solução estrutural foi adotada com a intenção de proporcionar grandes vãos, amplos espaços e também um desenho sinuoso. O intuito dos arquitetos era que a estrutura, além de cumprir sua função, participasse da concepção dos espaços. Contrapondo a rigidez do aço e do concreto, o projeto arquitetônico previu grandes espaços vazados e envidraçados, que permitem a entrada de luz natural. Para viabilizar as formas arrojadas pretendidas 49


pelos arquitetos, utilizou-se materiais variados, como vidro, aço, concreto, acrílico, tijolo e tecido de fibra de vidro. A lei de criação do Centro Cultural São Paulo, promulgada em 6 de maio de 1982, estabelecia que suas funções incluíam: “planejar, promover, incentivar e documentar as criações culturais e artísticas; reunir e organizar uma infra-estrutura de informações sobre o conhecimento humano; desenvolver pesquisas sobre a cultura e a arte brasileiras, fornecendo subsídios para as suas atividades; incentivar a participação da comunidade, com o objetivo de desenvolver a capacidade criativa de seus membros, permitindo a estes o acesso simultâneo a diferentes formas de cultura; e oferecer condições para estudo e pesquisa, nos campos do saber e da cultura, como apoio à educação e ao desenvolvimento científico e tecnológico”. (Disponível em http://www.centrocultural.sp.gov.br/CCSP_historico.html)

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4.2. BIBLIOTECA ESPANHA, STO. DOMINGO, MEDELLIN, COLÔMBIA ARQ. GIANCARLO MAZZANTI Inserida em um contexto marcado por diversos contrastes, a Colômbia vem buscando alternativas para mudar a realidade de um país com uma população, de aproximadamente 45 milhões de habitantes, afetada por graves problemas sociais e altos níveis de violência. Após a segunda metade do século XX, as principais cidades do país – Bogotá, Cali, Medellin e Baranquilla – vêm sofrendo uma progressiva urbanização sem planejamento, o que resulta em uma população sem moradias dignas, vivendo em níveis de extrema pobreza.

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No caso de Medellin, o governo da cidade desde os anos 1990 empreendeu uma política voltada à recuperação das áreas periféricas da cidade. Após um período de discussões surgiu um projeto de autoria da gestão do prefeito Sergio Fajardo que implementou obras de arquitetura e urbanismo, dentre as quais destaca-se os Projetos Urbanos Integrados (os PUIs), liderados pelo arquiteto Alejandro Echeverri. Estes projetos urbanos têm como prioridade a educação, a questão social e principalmente a renovação urbana. Têm como base cinco pontos: planejar para não improvisar; equipamentos educativos modelos para dignificar os bairros, projetos urbanos integrais, contra a exclusão e a desigualdade; habitação social para amenizar dívidas históricas, e planos de passeios e ruas emblemáticas, com a criação de parques lineares que reconectam a cidade, recuperando a rua como valor fundamental. Dentre esses projetos, destaca-se o PUI Santo Domingo, o qual integra as comunidades até então excluídas à cidade formal. Isso ocorre através da articulação do sistema de transportes por meio de intervenções como o Metrocable, um teleférico integrado ao metrô que sobe até as partes mais altas dos morros. O Metrocable sobe até cerca de 2.000 metros de altitude (a cidade fica num vale no meio dos Andes, cuja parte baixa já está a 1600 m), chegando à estação final que se encontra ao lado da Biblioteca Espanha, um dos principais equipamentos que fazem parte do PUI Santo Domingo.

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A Bilblioteca Espanha, de autoria do arquiteto Giancarlo Mazzanti, se trata de um edifício multifuncional que abriga em três volumes, que se assemelham a rochas incrustadas na montanha, uma biblioteca, salas de aula, áreas de exposição, oficinas de trabalho, áreas administrativas e um auditório. Estes três volumes se conectam por meio de uma esplanada pública, um mirante com vista para o vale, potencializando sua função como um local de encontro. 55


Com relação à materialidade do projeto da Biblioteca, a construção foi viabilizada por meio da utilização de um esqueleto metálico articulado que sustenta uma envoltória constituída por painéis de ardósia. Além disso, também foi utilizado um sistema de pórticos de concreto armado que tira o caráter portante da pele de fechamento, permitindo aberturas que iluminam os espaços internos. O uso de revestimentos de pedra e madeira nos acabamentos internos e o desenvolvimento de um mecanismo regulador de temperatura que expulsa o ar quente mediante à geração de correntes de ar ascendentes permite manter os espaços confortáveis termicamente, evitando altas temperaturas.

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Este projeto, agregado aos demais que compõem o PUI Santo Domingo, redefiniu a paisagem do lugar, além de promover a inclusão social e cultural da população da cidade informal antes esquecida. A cultura e a educação são o foco do projeto por trás das transformações físicas que ele consolidou. Segundo entrevista de Alejando Echeverri (disponível em http://oglobo.globo. com/rio/o-urbanismo-social-do-arquitetoalejandro-echeverri-na-transformacao-demedellin-10113541), através da educação, dessa integração das zonas pobres com o centro e do uso democrático da arquitetura nas favelas, a ideia de espaço público ressurgiu em Medellín e faz dela hoje uma cidade viva, em constante transformação.

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Localização, corte esquemático da topografia e morfologia dos volumes Fonte: http://kenchikumetropolis.wordpress.com/2012/09/28/biblioteca-parque-espana-giancarlo-mazzanti/

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Esquema da conecpção dos volumes, fluxos e circulação vertical Fonte: http://kenchikumetropolis.wordpress.com/2012/09/28/biblioteca-parque-espana-giancarlo-mazzanti/

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Esquemas com os principais fluxos e sistema estrutural Fonte: http://www.archdaily.com/2565/espana-library-giancarlo-mazzanti/scheme/

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Esquema de setorização dos volumes que compõem o projeto Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=455837

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4.3. GROTÃO - FÁBRICA DE MÚSICA, PARAISÓPOLIS, SÃO PAULO URBAN THINK TANK O projeto Grotão – Fábrica de Música consiste em um complexo cultural localizado na área do Grotão em Paraisópolis. Esta proposta desenvolvida por Alfred Brillembourg e Hubert Klumpner do escritório Urban Think Tank, é fruto de um workshop realizado no Complexo Paraisópolis em parceria com a Secretaria de Habitação do Município no ano de 2011. Neste workshop foram sugeridas táticas de intervenção em áreas urbanas críticas, dentre as quais inclui-se o projeto da escola música. O projeto do parque e centro comunitário do Grotão prioriza equipar esta área da cidade com infraestrutura, serviços e espaços públicos. O modelo proposto visa promover acesso à moradias, empregos, tecnologia e educação – direitos fundamentais para qualquer habitante da cidade. Apesar de sua localização central na favela de Paraisópolis, a área do Grotão se conecta a uma única via de grande circulação, que integra a área ao sistema viário da cidade formal. Devido ao desenvolvimento informal característico de Paraisópolis e às condições topográficas e geológicas da área, o Grotão é marcado pela ocorrência constante de erosões e deslizamentos de lama, caracterizando o lugar como uma zona de difícil acesso e alto risco. Como consequências destes aspectos têm-se necessidade de remoção de diversas moradias. Este ato resulta no surgimento de um vazio em meio ao denso tecido urbano de Paraisópolis. Este projeto assume dois desafios principais: conter as erosões e os deslizamentos de lama; dependendo de uma intensa participação da comunidade para o seu desenvolvimento. A topografia, na proposta, é mantida e estabilizada com o objetivo de prevenir futuras erosões, criando uma arena natural em um espaço público com terraços, o qual inclui uma área reservada para agricultura urbana. A implantação do projeto no terreno foi feita da seguinte forma: a porção mais alta do terreno foi destinada às habitações. Estas foram projetadas com o objetivo substituir as moradias que foram removidas anteriormente. Os blocos habitacionais propostos articulam-se com o entorno por meio de uma grande praça que funciona como uma continuação do sistema de terraços, mencionado acima. 63


Já na porção mais baixa do terreno encontra-se a escola de música, que reúne diversos programas para maximizar seu potencial. Esta proposta inclui uma estação de ônibus/ micro-ônibus (infraestrutura para transporte), campo de futebol e um centro comunitário. A escola de música, propriamente dita, possui salas de aula, salas para ensaios, estúdios de gravação além de um auditório para apresentações. O projeto – Fábrica de Música - segundo os autores do projeto, atua como uma fábrica educação musical, sendo um catalisador da vida da área, estendendo o acesso à educação e cultura aos moradores do bairro de todos os níveis sociais. O projeto engloba diversas características de baixa tecnologia. É proposto um sistema de gerenciamento de água que permite a utilização de água de chuva no local e o reaproveitamento de águas cinzas, além de um sistema integrado para o uso ativo e passivo da ventilação, do resfriamento e do ar condicionado. Por propor estes elementos de baixa tecnologia, visando a sustentabilidade em escala macro e micro, o projeto Grotão – Fábrica de Música foi o ganhador da categoria Ouro do Prêmio Holcim – Construção Sustentável 2010 – 2012 – América Latina. A Fundação Holcim, organizadora desta premiação, irá colaborar com o financiamento e construção do projeto. Segundo o juri da premiação: “É de alta 64

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qualidade a abordagem urbana utilizada na criação de uma densidade vertical no contexto da expansão de baixa densidade da favela e na abertura para espaços públicos ao seu redor, sob e dentro do edifício. Através do seu conceito integrativo e da introdução de instalações de “alto nível” cultural com qualidade arquitetônica, o projeto tem o potencial de contribuir para o enriquecimento da consciência social e da coesão na área. Além disso, a aplicação adequada de características técnicas possui um caráter exemplar e educativo.” (Disponível em http://concursosdeprojeto. org/2011/10/19/holcim-americalatina-20102012-ouro/). Desta forma, pode-se afirmar que os arquitetos responsáveis pelo projeto fogem das hierarquias tradicionais, propondo uma abordagem de planejamento e gerenciamento que ocorre de “baixo para cima”, integrando-se à comunidade local.

Mapeamento das áreas de risco em Paraisópolis, dentre elas o Grotão Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2011/10/19/holcim-americalatina-2010-2012-ouro/

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Esquema dos elementos que comp천em o projeto Fonte:http://concursosdeprojeto.org/2011/10/19/holcim-americalatina-2010-2012-ouro

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Esquema sistema integrado para o uso ativo e passivo da ventilação Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2011/10/19/holcim-americalatina-2010-2012-ouro/

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Esquema sistema de gerenciamento de รกguas Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2011/10/19/holcim-americalatina-2010-2012-ouro/

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4.4. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS ACERCA DOS ESTUDOS DE CASO

A partir da análise dos projetos acima destacados nota-se nos três – Centro Cultural São Paulo, Biblioteca Espanha e Grotão – Fábrica de Música – a preocupação dos autores em conferir a eles um caráter inclusor e integrador da sociedade e cidade. Isto ocorre por meio da cultura e educação, pautadas, por sua vez, na sobreposição de programas, isto é, na multidisciplinaridade. Como consequência desta integração, tem-se a democratização da arquitetura, favorecendo a convivência dos diversos estratos da população das cidades – São Paulo e Medellin, no caso – criando espaços que propriciam o encontro, o diálogo entre os usuários. Desta forma, pode-se afirmar que os projetos estudados, através da arquitetura e da concepção de espaços amplos e flexíveis, contribuem para a recuperação das noções de cidadania e urbanidade, estendendo o acesso a cultura, educação e lazer a todos, consolidando não só o caráter democrático da arquitetura, bem como o da cidade. Além disso, nos projetos da Biblioteca Espanha e o do Grotão – Fábrica de Música, que se situam em áreas marcadas pela fragmentação sócio-espacial, percebe-se a intenção de, além de vencer as barreiras sociais impostas, vencer também as barreiras físicas existentes, sendo a topografia acidentada um elemento de suma importância. Tanto na biblioteca, como na escola de música têm-se agregados aos projetos elementos que possibilitam a transposição vertical, em maior ou menor escala, transpondo os limites que segregam a população do bairro e da favela, das cidades formal e informal. Por fim, apresentados e analisados os estudos de caso, almeja-se extrair deles elementos que fundamentarão as principais bases do ensaio projetual a seguir.

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“A riqueza civil e arquitetônica, urbanística e morfológica de uma cidade, são seus espaços coletivos, todos os lugares onde a vida coletiva se desenvolve, representa e recorda.” manuel de solá morales


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ENSAIO PROJETUAL


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5.1. LOCALIZAÇÃO E DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ATUAÇÃO

AV. GIOVANNI GRONCHI

CONJ. HABITACIONAL VILA ANDRADE B

MORUMBI

PARAISÓPOLIS

R. DR. LAERTE SETÚBAL

localização e área de atuação Vista área do terreno de projeto + principais vias

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5.2. DIAGNÓSTICO DA ÁREA USO DO SOLO

HABITAÇÃO 76

COMÉRCIO

VAZIOS

INSTITUCIONAL

ÁREAS VERDES


OCUPAÇÃO DO SOLO - GABARITOS

1 A 2 PAV.

3 A 5 PAV.

6 A 10 PAV.

+10 PAV. ÁREAS VERDES

VAZIOS 77


EQUIPAMENTOS E MOBILIÁRIO URBANO

FAIXA DE PEDESTRES 78

SEMÁFORO

PONTO DE ÔNIBUS

POSTE DE LUZ


LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO - ÁREA DE INTERVENÇÃO

Vista Av. Giovanni Gronchi: cinco pistas para veículos e calçadas esburacadas

Vista Av. Giovanni Gronchi: predomínio de galpões e espaços sem uso definido

Esquina Av. Giovanni Gronchi x R. Doutor Laerte Setúbal: posto de gasolina e agência bancária

Vista R. Doutor Laerte Setúbal: principal e mais movimentada via de acesso à Paraisópolis

Vista R. Doutor Laerte Setúbal: estacionamento, galpões e calçadas estreitas. Ao fundo, Conjunto Habitacional Vila Andrade “B”

Vista R. Doutor Laerte Setúbal: entrada Conjunto Habitacional Vila Andrade “B” - Obra do Governo do Estado de São Paulo

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5.3. O PROJETO: CENTRO CULTURAL MORUMBI PARAISÓPOLIS

Como objeto prático deste Trabalho Final de Graduação tem-se um equipamento público cultural. Este equipamento, localizado na Av. Giovanni Gronchi no bairro do Morumbi, trata-se mais especificamente de um Centro Cultural. Como mencionado anteriormente, nota-se na região uma grande carência de equipamentos públicos voltados ao lazer, educação e cultura. Não existem equipamentos suficientes para nenhuma das realidades do bairro, nem para os moradores da favela, nem para os moradores dos condomínios fechados. Tendo como base os pontos acima levantados, objetivo deste projeto consiste em implantar na região do bairro do Morumbi e da Favela de Paraisópolis, não apenas um laboratório voltado à cultura e educação, mas, sobretudo, um espaço que possibilite e favoreça o encontro. Pretendese implantar na região um equipamento público de qualidade que atenda as necessidades e seja frequentado por toda a população do bairro, tanto os moradores dos condomínios fechados como também os da favela. Como dito anteriormente o Centro Cultural está situado na Av. Giovanni Gronchi, esquina com a Rua Doutor Laerte Setúbal, principal via de acesso à Favela de Paraisópolis. Esta região tem como principal característica o fato de nele coexistirem duas realidades contrastantes: a dos condomínios fechados de classe média alta e a da favela de Paraisópolis, segunda maior favela da cidade de São Paulo. A Av. Giovanni Gronchi atua como uma linha que segrega duas realidades, a cidade formal e a informal. O projeto insere-se em um terreno no qual existem atualmente uma concessionária de veículos, um estacionamento e um posto de gasolina. Este terreno, composto por quatro lotes, tem como principal característica a topografia bastante acidentada. O desnível entre a Av. Giovanni Gronchi e a Rua Dr. Laerte Setúbal chega a 35 metros. Desta forma, a partir do estudo da macro e microdinâmica locais, propõe-se, agregado ao projeto, um elevador urbano público. Sua função é atuar como uma transposição vertical, conectando a favela ao bairro, e principalmente à Av. Giovanni Gronchi, onde se concentram o comércio, serviços e o acesso ao transporte público, facilitando, assim, a mobilidade e acessibilidade do lugar. No que diz respeito ao programa funcional do Centro Cultural, este é composto por salas de ensaio e prática musical, salas para atividades físicas variadas, ateliers, salas de uso flexível, 81


sala de internet e tecnologia, biblioteca, auditório com capacidade para 350 pessoas, além de áreas de exposições e eventos e quadras recreativas. O projeto contempla também a criação de praças que conectam o Centro Cultural à habitação proposta e ao conjunto habitacional já existente. A intenção é que essas praças abriguem áreas de lazer, como quadras esportivas, playgrounds e áreas de estar, consolidando a intenção do projeto que consiste em promover o encontro. O programa, tanto o funcional como o arquitetônico, foi pensado de forma a possibilitar a inclusão social, digital e cultural da população carente da área, bem como promover, através da implantação de um equipamento público cultural de qualidade, a conciliação e a conexão entre os moradores da cidade formal e da cidade informal, consolidando, assim, seu caráter democrático. O partido arquitetônico do projeto está intimamente ligado à essa questão da topografia do terreno. Tendo em mente o intuito do projeto de ser um elemento de conexão entre a favela e o bairro, optou-se por implantar a construção perpendicularmente à Av. Giovanni Gronchi e à Rua Dr. Laerte Setúbal. A princípio, em um primeiro estudo, pensou-se em locar o projeto na parte do terreno voltada para a Av. Giovanni Gronchi, visto que neste ponto o terreno é mais plano, e não seria necessária grandes movimentações de terra e a construção, consequentemente, seria mais fácil. Entretanto, apesar destes fatores, perde-se o conceito central do trabalho que consiste em conectar a favela de Paraisópolis ao bairro do Morumbi. Desta forma, o projeto ficaria voltado para o bairro, “negando” a favela. Em função disto, esta alternativa foi abandonada. A segunda opção foi implantar o projeto na cota mais baixa do terreno, voltando-o para a Rua Dr. Laerte Setúbal. Desta forma, o projeto estaria voltado à população mais carente de cultura e educação, possibilitando um acesso direto aos moradores de Paraisópolis. Porém, em função da mesma questão levantada na primeira opção de implantação, a da conexão e integração das duas realidades, esta solução também foi abandonada. Visando consolidar a conexão entre cidade formal e informal, fragmentou-se o projeto em dois blocos ligando-os por passarelas. Nesta configuração, o projeto não está privilegiando ou negando nenhuma das realidades, e sim, está se relacionando com diretamente com ambas. Implantando o projeto desta forma, os volumes de corte, transporte e aterro são minimizados, sendo necessários apenas na base próxima à Rua Dr. Laerte Setúbal, com o intuito de assim para criar uma praça neste nível. No bloco voltado para a Rua Dr. Laerte Setúbal encontram-se os espaços mais compartimentados, porém não menos flexíveis, como salas de curso, ateliers, salas para ensaio e prática musical. Todos os ambientes neste bloco são separados por divisórias retráteis que possibilitam a 82


PARAISÓPOLIS

MORUMBI

LIGAÇÃO CIDADE FORMAL X CIDADE INFORMAL

35 M

FLUXOS PROJETO

integração de duas ou mais salas, ampliando a área para desenvolvimento das atividades do Centro Cultural. Este bloco abriga também um auditório, que acompanha o perfil natural do terreno, com capacidade para cerca de 350 pessoas. O acesso ao auditório pode ser feito através da Av. Giovanni Gronchi e também por meio do elevador urbano que, como dito anteriormente, está agregado ao projeto ligando a Rua Dr. Laerte Setúbal à Av. Giovanni Gronchi. Junto a este auditório tem-se um grande terraço, uma praça intermediária entre as duas ruas, onde podem acontecer exposições, eventos, podendo atuar também como um segundo foyer para o auditório. Já no bloco voltado para a Avenida Giovanni Gronchi concentram-se os espaços mais abertos, como a biblioteca que tem o seu acervo misturado à área de leitura e um grande espaço convivência com café, livraria e ampla área para exposições. Há também, agregada à biblioteca, áreas com computadores com acesso livre à internet, grande carência da população da favela. Nos dois blocos elevou-se o térreo sobre pilotis criando praças cobertas. Na praça no nível da Av. Giovanni Gronchi é onde é feito o acesso ao elevador urbano, através de um passarela de estrutura metálica. É partir desta praça que é possível acessar a uma segunda praça onde se encontram quadras recreativas, playground, etc. Abaixo do nível desta praça está o estacionamento para atender minimamente os visitantes e funcionários do Centro Cultural. A estrutura utilizada em todo o projeto é de concreto. Optou-se por esse sistema em função da facilidade de execução e do custo. São utilizadas lajes grelhas para vencer os vãos que vão de 8,75 a 20 metros. É importante destacar que todos os elementos do projeto são módulos de 1,25 m. Como vedação utiliza-se caixilhos metálicos, sendo parte deles fixo e parte maximar, propiciando uma melhor ventilação. Além disso, tem-se também no bloco voltado para a Av. Giovanni Gronchi uma abertura zenital que possibilita uma melhor iluminação dos ambientes. A orientação do prédio com relação ao norte determinou a adoção de algumas decisões de projeto para controlar a insolação. Através das análises dos gráficos de insolação, das máscaras solares foram propostas proteções horizontais para todas as fachadas (nordeste, noroeste, sudoeste e sudeste) do Centro Cultural Morumbi Paraisópolis. Como envoltória/ proteção para as superfícies envidraçadas tem-se brises metálicos resistentes à corrosão, abrasão, calor, etc. Estes possibilitam a entrada de luz durante o dia através do espaço entre eles, diminuindo o uso de iluminação artificial. Além de, pelo fato de estarem distante dos cerca 1 m. dos caixilhos, permitirem que os caixilhos possam ser abertos, propiciando a ventilação, reduzindo a necessidade da utilização de equipamento de refrigeração de ar.

SETORIZAÇÃO PROJETO

83


PROGRAMA FUNCIONAL AMBIENTES INTERNOS 1.

ACESSOS

1.1

ÁREA DE CONVIVÊNCIA

869,45

1.2

CENTRAL DE ATENDIMENTO

1.3

SANITÁRIOS MASCULINOS E FEMININOS

50,00

SUBTOTAL (M²)

2. 2.1

SERVIÇOS CAFETERIA + LANCHONETE

180,00

SUBTOTAL (M²)

3.

AUDITÓRIO FOYER

3.2

PLATEIA PARA 385 LUGARES + PALCO

110,50 615,00

3.3

CAMARINS (2)

190,00

3.4

CABINE TÉCNICA

25,00

3.5

DEPÓSITO

90,00

3.6

SANITÁRIOS MASCULINOS E FEMININOS

40,00

SUBTOTAL (M²) 5.3

ÁREA LEITURA + ACERVO LIVROS E REVISTAS

5.4

ÁREA COMPUTADORES

5.6

SANITÁRIOS MASCULINOS E FEMININOS

6.

1.070,50

BIBLIOTECA

SUBTOTAL (M²)

2.500,00 180,00 80,00 2.760,00

EXPOSIÇÕES E EVENTOS

6.1

ESPAÇO EXPOSITIVO E EVENTOS 01

900,00

6.2

ESPAÇO EXPOSITIVO E EVENTOS 02

1.300,00

6.3

SANITÁRIOS MASCULINOS E FEMININOS SUBTOTAL (M²)

7.

Implantação | vista de cobertura

180,00

3.1

5.

84

40,00 959,45

40,00 2.240,00

NÚCLEO DE ATIVIDADES CULTURAIS E SOCIOEDUCATIVAS

7.1

SALA PARA OFICINAS CULTURAIS

160,00

7.2

SALAS DE ENSAIO DE MÚSICA (2)

460,00

7.3

SALAS PARA ATIV. JUVENIS

145,00

7.4

SALA DE INTERNET E TECNOLOGIA

160,00

7.5

SALAS USO FLEXÍVEL (3)

465,00

7.6

SANITÁRIOS MASCULINOS E FEMININOS SUBTOTAL (M²)

120,00 1.510,00


7.4

SALA DE INTERNET E TECNOLOGIA

160,00

7.5

SALAS USO FLEXÍVEL (3)

465,00

7.6

SANITÁRIOS MASCULINOS E FEMININOS SUBTOTAL (M²)

8.

120,00 1.510,00

NÚCLEO PARA ATIVIDADES FÍSICO - ESPORTIVAS

8.1

SALAS PARA ATIVIDADES FÍSICAS EM GERAL (3)

8.2

SANITÁRIOS MASCULINOS E FEMININOS SUBTOTAL (M²)

9.

465,00 40,00 505,00

ADMINISTRAÇÃO E OPERAÇÃO

9.1

SETOR ADM. /FINANCEIRO

160,00

9.2

PROGRAMAÇÃO/ RH

160,00

9.3

SALA DE REUNIÕES

9.4

DEPÓSITO/ ALMOXARIFADO

65,00

SUBTOTAL (M²)

10.

150,00 535,00

FUNCIONÁRIOS

10.1

ESTAR + COPA FUNCIONÁRIOS

65,00

10.2

VESTIÁRIO FUNC. - MASCULINO E FEMININO

30,00

SUBTOTAL (M²)

11. 11.1

95,00

ESTACIONAMENTO ESTACIONAMENTO COM MANOBRISTA -192 VAGAS

2.500,00

SUBTOTAL (M²)

2.500,00

TOTAL (M²)

12.354,95

AMBIENTES EXTERNOS 1.

ACESSO PRINCIPAL

1.1

PRAÇAS COBERTAS

3.500,00

1.2

EQUIP. ESPORTIVOS - QUADRAS POLIESPORTIVAS

1.600,00

1.3

PLAYGROUND - ÁREA INFANTIL

400,00

SUBTOTAL (M²)

5.500,00

TOTAL (M²)

5.500,00

85

Implantação | av. giovanni gronchi | nível 818.00/ 815,90


Implantação | rua doutor laerte setúbal | nível 783.00 86


2.1.

3.3.

2.1.

3.2.

1.1.

1.2.

3.4.

2.2.

3.1.

1.1. 2.1.

1º pavimento| nível 793,85 1.1. SALA DE MÚSICA 1.2. SANITÁRIOS

2º pavimento| nível 798,10 2.1. SALA DE ATIV. FÍSICAS

2.2. SANITÁRIOS

3º pavimento| nível 802,35 3.1. SALA DE TECNOLOGIA E INTERNET 3.2. SALA PARA ATIVIDADES JUVENIS 3.3. OFICINA CULTURAL 3.4. SANITÁRIOS

87


4.1.

4.2.

4.3. 4.1. 4.3. 4.4. 4.3.

4.1.

4.2.

DETALHE VEDAÇÕES|BLOCO R. DR. LAERTE SETÚBAL

4º pavimento| nível 806,60 4.1. SALA DE USO FLEXÍVEL

4.2. CAMARINS 4.3. DEPÓSITOS 4.4. SANITÁRIOS

5.7.

5.3.

5.1.

5.4.

5.5.

5.1. 5.6.

5.7.

5º pavimento| nível 810,85 88

5.1. ÁREA DE CONVIVÊNCIA E EVENTOS 5.2. AUDITÓRIO - 350 PESSOAS 5.3. FOYER 5.4. SALA TÉCNICA 5.5. PALCO 5.6. CAFÉ 5.7. SANITÁRIOS


6.4.

6.3.

6.5.

6.2.

6.1.

7.1.

6º pavimento| nível 818,00

7.4.

7.2.

7.2.

6.1. ADM. 6.2. SALA DE REUNIÕES 6.3. APOIO FUNCIONÁRIOS 6.4. RH 6.5. VESTIÁRIOS 7.3.

7º pavimento| nível 825,20 7.1. CENTRAL DE ATENDIMENTO 7.4. SANITÁRIOS

DETALHE VEDAÇÕES|BLOCO AV. GIOVANNI GRONCHI

7.2. ÁREA DE CONVIVÊNCIA + EXPOSIÇÕES

7.3. CAFÉ

89


8.1.

8.2.

8.3.

8º pavimento| nível 832,40 8.1. BIBLIOTECA: ACERVO + ÁREA DE LEITURA 8.2. ACESSO À INTERNET 8.3. SANITÁRIOS

90

CORTE PARCIAL

BLOCO AV. GIOVANNI GRONCHI


9.2.

9.1.

9.4.

9.3.

9º pavimento| nível 837,65 9.1. BIBLIOTECA: ACERVO + ÁREA DE LEITURA 9.2. ACESSO À INTERNET 9.3. ESTAR + LEITURA 9.4. SANITÁRIOS

ELEVAÇÃO PARCIAL

BLOCO AV. GIOVANNI GRONCHI

91


92

CORTE AA


93


94

CORTE BB


95


96 CORTE CC

CORTE PARCIAL

BLOCO R. DR. LAERTE SETÚBAL

ELEVAÇÃO PARCIAL

BLOCO R. DR. LAERTE SETÚBAL


97


98

CORTE DD


99


100 ELEVAÇÃO NOROESTE


101


102 ELEVAÇÃO SUDOESTE


103


104 ELEVAÇÃO NOROESTE SUDESTE

ELEVAÇÃO nordeste


105


106


EXPERIMENTAÇÃO: ESTUDO DE INSOLAÇÃO PROJETO E EXECUÇÃO DE MODELO DE QUEBRA- SOL Através das análises dos gráficos de insolação, das máscaras solares foram propostas proteções horizontais para todas as fachadas (nordeste, noroeste, sudoeste e sudeste) do Centro Cultural Morumbi Paraisópolis. A partir dos projetos dos brises, foram desenvolvidos dois modelos fisícos - um da fachada nordeste e outro da noroeste - de um trecho dos mesmos em escala em 1:20. Utilizando estes modelos, foram executados ensaios no laboratório simulando a incidência solar nos períodos para os quais os brises foram projetados - fachada nordeste das 9h às 16h e fachada noroeste das 12h às 17h. Observando as fotos tiradas durante a realização do experimento, conclui-se que os brises projetados são eficientes. Os modelos propostos protegem a área de exposição, biblioteca e salas de aula nos períodos intensos de sol. Na fachada nordeste, apenas às 9h após às 16h do inverno haverá que uma pequena incidência solar. Já com relação à fachada noroeste, somente às 17h do equinócio e do inverno que o sol incidirá levemente sobre a área de convivência, exposições e parte da biblioteca. Como visto no gráfico de insolação da fachada NE, a incidência do sol nesta superfície acontece no verão das 6h30 as 11h30, aproximadamente. Já no inverno, esta incidência se dá a partir das 7h até as 17h. Desta forma, tendo em vista que nesta área se encontra a biblioteca e áreas de exposição e que em função disso não é adequado incida sol nesta região, o brise será projetado de forma a proteger esta fachada das 9h as 16h no inverno. Assim, pegando pelo ponto mais crítico, o ângulo da incidência do sol a ser considerado é de 30º, como pode-se observar analisando a sobreposição da carta solar e do gráfico auxiliar. Na fachada NO o sol incide no período da tarde. No inverno isso ocorre, aproximadamente, das 11h45 as 17h e no verão das 12h as 18h. Desta forma, sendo o sol da tarde o mais quente, propõe-se um quebra-sol que proteja essa fachada do sol no período das 12h as 16h, tanto no inverno como no verão. 107


Como é possível observar na máscara abaixo, o ângulo de incidência solar é de 15º. Com o intuito que o brises seguissem o mesmo alinhamento em todas as fachadas, o quebrasol foi projetado de modo que a distância entre cada um deles seja constante, isto é, 15 cm.

PLANTA

BLOCO AV. GIOVANNI GRONCHI

108

PLANTA

BLOCO R. DR. LAERTE SETÚBAL


.50

.14

.14

.29

15º

30º

CORTE ESQUEMÁTICO - FACHADA NORDESTE INCIDÊNCIA SOLAR

CORTE ESQUEMÁTICO - FACHADA NOROESTE INCIDÊNCIA SOLAR

109


110


6

CONSIDERAÇÕES FINAIS

111


112


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Espera-se que, através desta pesquisa, tenha ficado clara a relação da cultura e educação com a transformação social de uma cidade. Estes dois elementos - cultura e educação - são o ponto de partida para a diminuição das desigualdades sociais existentes em grande parte das cidades brasileiras, como herança da época colonial. Desta forma, torna-se possível, então, a inclusão social e a igualdade de oportunidades. Os conceitos abordados neste trabalho buscaram discutir as limitações e consequências da nova urbanidade na cidade contemporânea, a partir das noções que envolvem as fronteiras, barreiras e limites urbanos. Espera-se também que tenha ficado nítida a ligação entre a pesquisa e o ensaio projetual exposto. Através da implantação de um equipamento público de excelência pretende-se conectar duas realiadades hoje segregadas, oferecendo a ambas o acesso a cultura e educação, além de criar transposições verticais e horizontais com o intuito de promover a convivência e a reunião de pessoas, base da sociedade urbana moderna. Baseando-se nos conceitos discutidos nesta pesquisa conclui-se que não apenas o urbanismo é responsável pela criação e promoção de espaços públicos de qualidade na cidade contemporânea. A partir dos projetos aqui estudados pode-se afirmar que a arquitetura desempenha um papel fundamental no que diz respeito à construção e recuperação de espaços de uso público e coletivo. Para tanto o projeto arquitetônico deve ter como premissa ser, sobretudo, um facilitador para a criação de espaços de convivência e conciliação, marcados pelo multiculturalismo. Pensando de forma global, mas atuando de forma local é possível resgatar e reciclar espaços degradados. A arquitetura tem o poder e função de recuperar áreas urbanas críticas.

113


114


7

ÍNDICE DE IMAGENS E BIBLIOGRAFIA

115


116


ÍNDICE DE IMAGENS

1 – Vista aérea da favela de Paraisópolis e bairro do Morumbi http://www.habisp.inf.br/habitacao 2 – Vista favela do Rio de Janeiro http://www.mrmagoosmilktruck.com/photography/night-and-day/ 3 – Concentação de favelas no Brasil http://www.estadao.com.br/especiais/o-perfil-das-favelas-do-brasil,155751.htm 3 4 – Distribuição das favelas, cortiços, núcleos urbanizados e loteamentos irregulares na cidade de São Paulo França, Elizabete (org.). A Cidade Informal do Século XXI. São Paulo. Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Municipal Habitação. São Paulo 5- Vista aérea Complexo de Paraisópolis http://wp.clicrbs.com.br/ambienteurbano/2013/08/04/estudo-de-impacto-de-vizinhanca%E2%80%93-eiv/ 6- Obras de urbanização de Heliópolis http://www.topblog.com.br/2012/blogs/metropole/sao-paulo-tem-o-instituto-baccarelli/ 7- Vista aérea Cantinho do Céu França, Elizabete (org.). A Cidade Informal do Século XXI. São Paulo. Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Municipal Habitação. São Paulo 8- Vista aérea Paraisópolis e entorno Google Earth 9 – Imagens históricas – Processo de formação de Paraisópolis http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/habitacao/paraisopolis/historia/index. php?p=4385 117


10 – Plano Urbanístico para o Complexo Paraisópolis França, Elizabete (org.). A Cidade Informal do Século XXI. São Paulo. Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Municipal Habitação. São Paulo 11 – Vista de Paraisópolis, bairro do Morumbi ao fundo http://www.flickr.com/photos/robertorocco/6257016596/ 12 - Vista das vielas de Paraisópolis http://www.flickr.com/photos/robertorocco/6257016596/ 13 – Plano de mobilidade urbana para Paraisópolis França, Elizabete (org.). A Cidade Informal do Século XXI. São Paulo. Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Municipal Habitação. São Paulo 14 – Conjuntos habitacionais recém construídos em Paraisópolis http://jornal.paraisopolis.org/todos-unidos-por-uma-nova-paraisopolis/ 15 – Condomínio F – Paraisópolis http://jonasfederighi.wordpress.com/2009/10/24/prefeito-e-governador-entregam-126apartamentos-em-paraisopolis/ 16 – Escadaria Manuel Antônio Pinto França, Elizabete (org.). A Cidade Informal do Século XXI. São Paulo. Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Municipal Habitação. São Paulo 17 – Vista condomínios de classe média/ alta x Paraisópolis França, Elizabete (org.). A Cidade Informal do Século XXI. São Paulo. Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Municipal Habitação. São Paulo 18 – Contraste existente entre Paraisópolis e os condomínios do bairro do Morumbi http://mepr.org.br/siteantigo/nacional/paraisopolis03022009.htm 19 – Morro do Cantagalo e Ipanema, Rio de Janeiro http://colunas.revistaepoca.globo.com/viajologia/2013/04/11/morro-cantagalo/ 20 – Bairro do Brooklin e Favela do Real Parque 118


http://forumpermanente.tangrama.com.br/.referencias/banco_imagens/mit_eca_ccsp_2008/ P1010580.JPG/view 21 – Bairro do Morumbi e Favela de Paraisópolis França, Elizabete (org.). A Cidade Informal do Século XXI. São Paulo. Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Municipal Habitação. São Paulo 22 – MASP – Museu de Arte de São Paulo http://www.sp-turismo.com/fotos/masp.htm 23 – Centro Georges Pompidou, Paris http://pictify.com/user/Pompidou 24- SESC Pompéia, São Paulo http://www.manystuff.org/?p=4427 25 – Escola Parque de Salvador: projeto piloto de ensino integral https://sites.google.com/site/lucappellano/educacao-e-experiencias-pedagogicas/ conversando-sobre-educacao-integral 26- Vista CEU Butantã http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq055/projeto2/desenho13.html 27 – Parque Explora, Medellin, Colômbia http://www.skyscraperlife.com/city-versus-city/18188-guadalajara-vs-medellin-vsmaracaibo-22.html 28 – Vista Biblioteca Parque Espanha, Medellin, Colômbia https://www.japlusu.com/news/biblioteca-parque-espa%C3%B1a 29 – Vista CEU Jambeiro http://www.folhadeguaianases.com.br/noticias.asp 30 – Centro Cultural São Paulo: jogo de rampas e vazios http://ofrontispicio.blogspot.com.br/2012/01/centro-cultural-sao-pauloccsp.html 119


31 – Vista aérea CCSP: Av. 23 de Maio e Rua Vergueiro http://urbanchange.eu/2008/05/28/sp-aerea-paulista/ 32 – Vista Centro Cultural São Paulo http://www.centrocultural.sp.gov.br/ 33 - CCSP: vista do Viaduto Paraíso Foto tirada pela autora 34- Vista área CCSP e inserção urbana Esquema desenvolvido pela autora, com base do Google Earth 35 – CCSP: calçada R. Vergueiro, sentido estação de metrô Vergueiro Foto tirada pela autora 36 – CCSP: vista de um dos acesso. Destaque para recortes nas lajes, que criam pequenos átrios que iluminam os pavimentos inferiores Foto tirada pela autora 37 – CCSP: Calçada é larga, a cobertura se estende até o meio fio da rua Foto tirada pela autora 38 – CCSP: múltiplas entradas a partir Rua Vergueiro Foto tirada pela autora 39 – CCSP: vista de uma das diversas entradas a partir do Metrô Vergueiro Foto tirada pela autora 40 - CCSP: vista de uma das diversas entradas na Rua Vergueiro Foto tirada pela autora 41- CCSP: vista a partir do piso Flávio de Carvalho Foto tirada pela autora 42 – CCSP: Vista a partir das rampas – piso Flávio de Carvalho Foto tirada pela autora 120


43 – CCSP: jogo de rampas e vazios http://lounge.obviousmag.org/sem_trocadilhos/2012/04/top-10-pontos-culturais-paraconhecer-em-sao-paulo.html 44 – CCSP: estrutura composta por pilares metálicos e vigas de concreto http://jupadilha.blogspot.com.br/ 45 e 46 – CCSP: detalhe da estrutura Foto tirada pela autora 47 – CCSP: planta piso Flávio de Carvalho http://www.centrocultural.sp.gov.br/ 48 - CCSP: planta piso Caio Graco http://www.centrocultural.sp.gov.br/ 49 – CCSP: corte http://pedrocostaarquiteturaeurbanismo.blogspot.com.br/2011/04/centro-cultural.html 50 – CCSP: planta espaço Ademar Guerra http://www.centrocultural.sp.gov.br/ 51 – CCSP: planta Adoniran Barbosa http://www.centrocultural.sp.gov.br/ 52 – Vista Biblioteca Espanha, Medellin http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Biblioteca_Espa%C3%B1a(1)-Medellin.JPG 53 – Localização das Bibliotecas Parque em Medellin http://tormentasyciudades.blogspot.com.br/2012/03/medellin-colombia.html 54 – Biblioteca Espanha: implantação – vista cobertura http://www.archdaily.com/2565/espana-library-giancarlo-mazzanti/ 55 – Vista Biblioteca Espanha, Medellin http://archrecord.construction.com//subscription/LoginSubscribe.aspx?cid=/projects/portfolio/ 121


archives/0811parque-1.asp 56 – Vista aérea bairro de Santo Domingo, Medellin http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/09.105/1857/pt 57 - Biblioteca Espanha: plantas do pavimentos http://www.archdaily.com/2565/espana-library-giancarlo-mazzanti/ 58 - Biblioteca Espanha: cortes http://www.archdaily.com/2565/espana-library-giancarlo-mazzanti/ 59 – Grotão – Fábrica de Música – vista externa http://jornalparaisopolisnews.blogspot.com.br/2012/08/premio-global-holcim-awardssilver-2012.html 60 - Grotão – Fábrica de Música – vista externa http://www.designboom.com/architecture/urban-think-tank-grotao-fabrica-de-musica/ 61 - Grotão – Fábrica de Música: implantação http://concursosdeprojeto.org/2011/10/19/holcim-americalatina-2010-2012-ouro/ 62 - Grotão – Fábrica de Música: foto da maquete de Paraisópolis na exposição “A Cidade Informal no Século XXI”, destaque para o projeto do UTT Foto tirada pela autora 63 - Grotão – Fábrica de Música: vista aérea do projeto http://concursosdeprojeto.org/2011/10/19/holcim-americalatina-2010-2012-ouro/ 64 - Grotão – Fábrica de Música: vista do projeto e entorno http://concursosdeprojeto.org/2011/10/19/holcim-americalatina-2010-2012-ouro/ 65 – Localização da área de atuação – vista aérea Paraisópolis e Morumbi Esquema desenvolvido pela autora, com base do Google Earth

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BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

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