Campos Filho ressalta 'legado' no Legislativo

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A6 CORREIO POPULAR

CIDADES

Campinas, quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Xeque-Mate FELIPE TONON - interino

felipe.tonon@rac.com.br

Dilma e o dólar O dólar comercial acumulou alta de 12,78% ao longo do ano. Ontem, porém, na última sessão do ano, a moeda americana fechou com queda de 1,79%. Foi o quarto ano seguido de alta. Em dezembro de 2010, ano em que a presidente Dilma Rousseff (PT) foi eleita pela primeira vez, a moeda valia R$ 1,666. Hoje vale R$ 2,659, diferença de 59,54%. O dólar subiu em todos os quatro anos do primeiro mandato de Dilma: em 2011 avançou 12,15%; em 2012 9,61% e, no ano passado, a moeda subiu 15,11%.

CÂMARA ||| FIM DE CICLO

Campos Filho ressalta ‘legado’ no Legislativo Vereador diz ter focado mudança estrutural no comando da Casa Edu Fortes/15dez2014/AAN

Pegou mal As novas regras para o seguro-desemprego e pensão por morte revoltaram a cúpula da Força Sindical. O presidente Miguel Torres disse que a medida é uma “facada nas costas do trabalhador”. Ele ainda

chamou a presidente Dilma Rousseff de “Robin Hood às avessas”, em alusão ao personagem que roubava dos ricos para distribuir aos pobres. O movimento sindical quer unir as centrais e barrar as novas regras no Congresso.

O governo tem coragem de enfrentar os trabalhadores, mas não enfrenta as grandes fortunas. Do presidente nacional da Força Sindical, Miguel Torres, sobre as novas regras do seguro-desemprego.

Um ano para esquecer

A população de Americana não vê a hora de 2015 chegar. Quer esquecer o péssimo ano de 2014, que irá terminar de forma melancólica. Não bastasse a crise política pela qual o município atravessou e a crise financeira ainda instalada, os últimos dias do ano velho serão lembrados pelas montanhas de lixo que se acumulam pelas ruas. A revolta dos moradores tem gerado protestos emblemáticos. Pilhas de lixo estão sendo levadas para a porta da Prefeitura.

(Mais um) Abacaxi

O prefeito eleito de Americana, Omar Najar (PMDB), ainda nem assumiu o cargo, mas o que não faltam são problemas para resolver. Além da enorme dívida e da greve dos servidores, que já dura 20 dias, o peemedebista terá que encontrar uma saída para a dívida de R$ 18 milhões com a Foxx Solução Ambiental, responsável pelos caminhões que fazem a limpeza urbana.

Quase nada

Na semana passada, a Prefeitura pagou somente

R$ 150 mil do valor devido — o que corresponde a menos de 1% do total. Mesmo assim, a empresa decidiu retomar o serviço, mas tem tanto lixo espalhado pelas ruas que serão necessários alguns dias para que tudo volte a ficar limpo. O mau cheiro incomoda e pode ser sentido em muitos pontos. A Foxx promete esperar a posse do novo prefeito para negociar. Omar Najar assume o Executivo no dia 9 de janeiro.

Vai tarde

O ano de 2014 também não vai deixar saudades para os moradores de Paulínia, que viram o atual prefeito, Edson Moura Junior (PMDB), ser cassado quatro vezes. Ao todo, ele tem seis cassações. Apesar disso, continua no cargo com liminares e com recursos em instâncias superiores da Justiça Eleitoral. São muitos os processos contra o prefeito, acusado de compra de votos e fraude eleitoral. Pelo andar da carruagem, a instabilidade política no município deve prosseguir no decorrer de 2015. O mandato de Moura Jr. termina em 2016. COLABOROU BRUNO BACCHETTI

Sola de sapato O prefeito em exercício Henrique Magalhães Teixeira (PSDB) tem mesmo levado a sério as palavras do pai, de que política se faz gastando sola de sapato. Ontem, Henrique desceu do 19º andar até o subsolo do Paço Municipal para desejar um feliz Ano-Novo a todos os servidores. Faltaram apenas três departamentos, que serão visitados hoje pela manhã. Depois, ele parte para mais uma peregrinação na cidade. Amanhã participará, como prefeito, da posse do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Jonas Donizette (PSB) retorna à cidade na sexta.

Milene Moreto DA AGÊNCIA ANHANGUERA

milene@rac.com.br

O vereador Campos Filho (DEM) deixa o cargo de presidente da Câmara de Campinas sob a bandeira de ter promovido na Casa um esperado concurso público. O democrata afirmou que tentou contemplar os vereadores com melhorias, promoveu mudanças no sistema de compra, mas ressalta a contratação de servidores de carreira. O Legislativo estava há 25 anos sem promover contratações e com um quadro inchado de comissionados (cargos por indicação). Mesmo com os novos postos de carreira — foram contratados 84 servidores mediante concurso público em dois anos —, o número de funcionários de confiança ainda é maior e, antes de entregar seu cargo, o democrata diz que deixa uma proposta de redução para o próximo presidente, Rafa Zimbaldi (PP).

Democrata deixa proposta para redução de comissionados Campos Filho afirmou que passou por momentos difíceis no Legislativo, mas que suas tentativas foram de atuar dentro da legalidade. O parlamentar recebeu críticas de seus colegas, muitas vezes durante as reuniões da Casa, de que faltam itens básicos no prédio. Ao se defender, disse que mudou o sistema de compras e que toda alteração gera problemas. Nos próximos anos, ele diz que vai tentar conscientizar a população das principais atribuições do Legislativo. Confira abaixo trechos da entrevista. Correio - O senhor, quando assumiu, disse que buscaria o fortalecimento do Legislativo. De que forma a Casa se fortaleceu? Campos Filho - Quando a gente assumiu, eu disse que tínhamos uma meta que seria a reforma administrativa e o concurso público. A gente sabe como é difícil fazer isso. Dentro desse plano, eu tenho certeza que atingimos esse objetivo. Depois de quase 30 anos sem concursos, nós fizemos isso. Na questão da reforma administrativa, o que foi mais importante para a Câmara? A primeira providência foi estancar os problemas no setor de compras. Reformular o setor. Hoje, nós fazemos tudo por pregão eletrônico. No setor jurídico, nós só tínhamos um procurador. Hoje são cinco. Abrimos visceralmente a Câmara para a sociedade. Nós conseguimos colocar no mesmo patamar o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Quando o senhor fala de mudanças no sistema de compras, isso gerou muita crítica e desagradou os vereadores. Como foi lidar com esses problemas? Para você fazer no atacado você tem que ter algumas dificuldades no varejo. Algumas medidas que poderão ser tomadas daqui para frente no dia a dia só poderão ocorrer porque investimos na estrutura. Vou dar um exemplo. Durante toda minha gestão, eu cortei o “pronto pague”. O que é o pronto pague? São as despesas que o parlamentar tem. Despesas justas com alimentação em reuniões fora de Campinas, por exemplo. Nós cortamos porque não tínhamos como ad-

ministrar isso. Na verdade, não digo que recebemos críticas, mas observações. Uma goteira, por exemplo, há quantos anos existe aquela goteira (no plenáio)? No mínimo, dez. Nós fizemos uma contratação de engenheiros que poderão resolver isso de forma definitiva. Com relação ao básico, não faltou absolutamente nada. Eu queria muito que fosse diferente no serviço público. Se falta um computador, eu não posso ir numa loja e comprar. As coisas não são assim. Temos todo um processo a ser respeitado. O senhor achou injustas as críticas que recebeu, muitas vezes durante as sessões? Eu acho que tem situações que podemos resolver no dia a dia. Cada um é cada um. Eu não faria. São situações que podem ser tratadas no dia a dia e muitas vezes você desgasta a instituição com coisas que são desnecessárias. Não posso dizer que os vereadores agiram de forma errada. São 33 vereadores, um diferente do outro. Nós tomamos medidas que mexeram em zonas de conforto. Quando o senhor assumiu, além de prometer fortalecer a Câmara, o senhor também disse que daria mais condições de trabalho aos vereadores. Os parlamentares chegaram a reclamar que isso não estava ocorrendo... Não faltou absolutamente nada. Trocamos a frota da Casa. Não faltou nada que merecesse uma manchete. Nós demos condições e cada um responde por aquilo que faz. Quando o senhor assumiu o mandato disse que puniria quem tivesse desvio de conduta. Nesse episódio recente do uso dos carros oficiais (em deslocamentos particulares), isso não merecia uma intervenção da presidência? Talvez um bate-papo, uma conversa. Mas eu vejo que a própria exposição desses parlamentares que foram flagrados já é uma punição. Hoje nós vivemos num big brother. Se você é flagrado fazendo uma coisa que não deveria fazer, você é exposto a isso. Mas o senhor não acha que

o ato que regula o uso do carro deveria ser mais claro? É muito complexo. Você entra numa seara de proibir o vereador de ir ao shopping. Mas se você tem um empresário que você precisa conversar e ele só pode conversar no shopping? Eu vejo uma dificuldade em criar regras mais claras. Nos últimos dois anos o senhor também coordenou algumas sindicâncias polêmicas, como a que envolveu os funcionários do setor de compras que supostamente beneficiaram empresas ligadas a eles em contratos na Casa. O que foi finalizado? São casos policiais. São atualmente cinco investigações internas que implantamos. O Ministério Público também acompanha. São situações graves, de desvios. Todos os processos já foram encaminhados com previsão de exoneração. Assim como o caso da invasão que tivemos na Câmara (por manifestantes). É caso de polícia. Essas pessoas foram indiciadas e foram denunciadas. E o painel eletrônico? Tudo o que foi comprado? Por que não houve a instalação? Eu vou explicar. O painel, quando assumimos, eu chamei o empresário e os funcionários das empresas para mostrar como funciona. Acontece que o sistema não funcionou. Aquele painel que temos hoje, ele não funciona. Vai ter responsabilização? Vai. Já está com uma ação no Ministério Público. Este ano não usamos a tal da carta convite. Eu deixei de usar e passei a contratar via pregão eletrônico para evitar problemas. O senhor enfrentou a manifestação em 2013. Depois disso, ampliou a segurança e sofreu críticas, principalmente, com as grades colocadas entre os vereadores e a população, que acompanha as sessões... Nós tivemos motivos para colocar as grades. Agora a segurança já está reforçada. Temos 60 câmeras, identificação de quem entra e sai, detectores de metal. A Câmara soube dialogar com o grupo que foi para as ruas protestar e cobrou posi-

ção dos vereadores? O que precisa ser feito é esclarecer as pessoas até onde o Legislativo pode ir. O Legislativo não faz, quem executa é a Prefeitura. Eu recebi a visita daquele grupo que se acorrentou na frente da Câmara. Perguntei qual era a pauta e prometi levar à Prefeitura. Depois de uma semana, eles voltaram e cobraram a minha presença. Eu não fui. Eu já tinha passado para o Executivo. O senhor não acha que isso é culpa dos próprios vereadores, que prometem o que não podem cumprir? O vereador não poda árvore, não faz jardim. Mas o vereador tira foto ao lado da árvore dizendo que foi ele quem fez a poda. Por isso que precisa ser feito um trabalho de informação. Não é prerrogativa do vereador. A gente tem que esclarecer e esse será um trabalho que quero fazer como vereador. Nós tivemos uma Câmara que ampliou o papel de fiscalização com a cassação de dois prefeitos. Mas, atualmente, a base governista é maioria, defendendo o governo. A grande sacada de tudo isso é não ser base de submissão, mas base de sustentação. Tivemos propostas de aberturas de CPI que a base blindou. Isso não foi submissão? Temos alguns instrumentos que antecedem a CPI. Uma CPI gera o uso político dela e isso tem de ser visto cuidado. Mas o jogo é exatamente esse. Antes de deixar a presidência, o senhor apresentou uma proposta para reduzir o número de comissionados. O senhor também tinha tentado promover essa redução, mas os vereadores reprovaram. Existe uma tendência pela aprovação? É uma tendência que a gente se molde nisso. São conversas com Tribunal de Contas, Ministério Público. O que não se pode fazer é de um dia para o outro. Mas, pelo menos, estamos mostrando a boa vontade de fazer. Agora, a mudança é popular na Câmara? Não.


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