centro cultural universitรกrio Projet o de e sp a รง o c u l t u r a l e u n iv e r s itรก r i o n a c i d a d e d e Ba u r u
R ap h ael L ei t e Bo r g e s G o n ç a lv e s O r ien t a ç ã o p o r P rof. Dr. Ale x a n d re S u á re z d e Ol i v e i r a
centro cultural universitário P rojet o d e e s pa ç o c u l t u r a l e u n ive r s itá r io n a c i d a d e d e Ba u r u
Trab al h o Fi n a l d e G r a d u a ç ã o A rq u it e tu r a, U r b a n i smo e P a i sa g i s mo FA AC - UN ES P B A U RU 2020
agradecimentos Aos meus pais, Ana Clara e Joaquim, cujo apoio incondicional, esforços e sacrifícios foram responsáveis por compor parte do que sou hoje. Não existem palavras suficientes para agradecê-los. À Izabelle, Natasha e Tatyane, que partilharam comigo os medos e desejos da infância, acompanharam
meu
desenvolvimento
até
aqui enquanto ser humano, cuidaram de mim quando precisei e sei que cuidarão quando voltar a precisar. Ao Matheus, cuja inocência, pureza e bondade me desperta esperança em um mundo melhor, me faz enxergar a vida de forma mais leve, me aquece o coração e me faz sentir criança de novo. À Amanda, com quem posso compartilhar tudo o que sou sem medo de ser julgado. Que me apoia e me incentiva diariamente e me faz querer continuar quando já não tenho mais forças. Por dividir comigo as vontades
e ambições e por fazer meus dias melhores apenas com a sua presença, mesmo que à distância. Aos meus amigos Iago, Malu e Renan, que assim como a Amanda caminharam inseparavelmente ao meu lado durante os últimos cinco anos, compartilhando comigo os momentos de dúvidas e incertezas, mas também os de glória, alegria e conquista ao longo do percurso. Sem vocês eu não teria chegado até aqui. Ao meu orientador Alex, pela paciência, olhar, atenção e por me acompanhar na mais difícil jornada da graduação. À professora Kelly, cujos apontamentos na banca de qualificação juntamente com sua orientação nesta reta final me indicaram o caminho para a finalização do trabalho. E ao professor Luttgardes, por disponibilizar parte do seu tempo para me atender e me auxiliar com a solução estrutural do edifício aqui projetado.
I get by with a little help from my friends I get high with a little help from my friends I gonna try with a little help from my friends
resumo
Associada ao acelerado processo de urbanização e
industrialização pós-café, a inserção do Brasil no roteiro cultural internacional acontece concomitante à ascensão da indústria cultural, que ganha força com a chegada dos meios de comunicação de massa como a televisão, o rádio e o cinema. Décadas mais tarde, o gradual processo de crescimento da ciência e tecnologia brasileira - através da dispersão de universidades ao longo do território nacional - proporcionou o contato direto entre pessoas das distintas regiões do país, que chegavam à cidades do interior para estudar.
No centro oeste do estado de São Paulo, Bauru consolidou-
se enquanto uma cidade média, que recebe anualmente uma grande quantidade de estudantes devido à presença de duas das maiores universidade do país em seu território. Sua produção acadêmica, no entanto, raramente se expande para além dos limites de suas cidades universitárias. Desta forma, este trabalho se desenha considerando a grande produção de conhecimento que acontece em Bauru a partir da criação de um espaço cultural e universitário, fornecendo um novo pólo de conhecimento e cultura à população bauruense. PALAVRAS CHAVE: Bauru; Brasil; Centro
Cultural; Cultura;
Massificação; Produção Acadêmica; Universidade.
abstract
In association with the accelerated process of urbanization
and post-coffee industrialization, Brazil’s insertion in the international cultural itinerary happens concurrently with the rise of the cultural industry, which gains strength with the arrival of mass media such as television, radio and cinema. Decades later, the gradual growth process of Brazilian science and technology - through the dispersion of universities throughout the national territory - provided direct contact between people from different regions of the country, who arrived in the interior cities to study.
In the west center of the state of SĂŁo Paulo, Bauru has
consolidated itself as a medium-sized city, which annually receives a large number of students due to the presence of two of the greatests universities of the country in its territory. It’s academic output, however, rarely expands beyond the limits of the universities. Thus, this work is designed considering the great production of knowledge that happens in Bauru from the creation of a cultural and university space, providing a new pole of knowledge and culture to the population of Bauru. KEYWORDS:
Bauru;
Brazil;
Cultural
Center;
Massification; Scientific Production; University.
Culture;
I N TRO DU Ç Ã O
17
C O N C EI T U A Ç Ã O
Cap ítulo 0 1
23
Massificação cultur al e o pioneir ism o fr ancês
Cap ítulo 0 2
27
Breve histór ico d a univer sidad e no Br asil
D ES D O BR A M E N T O S
Cap ítulo 0 3
33
Desd ob r am entos 3 .1
Ob jetiv o
33
3 .2
Ob jetiv os esp ecíficos
34
3 .3
M etod ologia
34
Cap ítulo 0 4
41
AN ÁL I SE
Contexto cultur al d a cid ad e de Baur u 4 .1
Eq uip am entos d e cultur a e local d e im p lantação
43
4 .2
O lote na cid ad e
47
sumário
Capítulo 05 E s t u dos de caso 5.1
CCSP
50
5.2
Ses c Po mpeia
54
5.3
I MS
58
5.4
Ágo ra Hu b
61
Capítulo 06
67
P R OJET O
Cen t ro Cu lt u ral U niv er sitár io 6.1
Pro g rama arqu itetônico
69
6.2
L u gar
71
6.3
E difício
72
C O NCLUS ÃO
R EFE RÊN C I AS
50
113
Bibliografia
117
Iconografia
121
introdução
introdução
A história das instituições culturais no Brasil têm início com
transferência da corte portuguesa às terras brasileiras. Desde então, o território que anos mais tarde viria a formar o império independente do Brasil deixou de ser apenas uma colônia, elevando-se à categoria de território lusitano nas Américas, sede administrativa do Império Português.
Juntamente à família real, compunham também a corte
artistas dos mais diversos gêneros: trupes de teatro, músicos, pintores, escritores, poetas, entre outros. O surgimento de uma rotina cultural nas terras portuguesas da América foi então se estabelecendo apoiado pela criação de edifícios tidos como contentores de cultura. A biblioteca, o mais antigo desses, ainda hoje está presente na maioria dos municípios brasileiros e compunha o tripé de instituições culturais notadamente eurocêntrico ao lado do teatro e do museu.
Com o passar do tempo, no entanto, cada uma dessas
instituições passou por mudanças referentes a seu uso e importância. O surgimento do rádio, da televisão, do cinema e, mais recentemente, da internet revolucionou o acesso - mesmo que à distância - às obras de arte. Os livros deixaram de ser a única fonte de informação e o teatro passou a concorrer com o cinema. O museu, que outrora contava histórias próprias do município ou estado a que pertencia, começou a se afirmar enquanto instituição de caráter internacional, através da qual
17
exibem-se obras produzidas em toda parte do mundo.
Dessa forma, objetivando a inserção do Brasil no contexto
cultural internacional, algumas instituições, como é o caso do Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) fundado em 1947 - surgem no país. Duas décadas mais tarde, o museu é transferido para a Avenida Paulista após a construção do projeto arquitetônico ambicioso de Lina bo Bardi e torna-se referência nacional em termos de cultura e museologia. O volume prismático elevado do solo em conjunto com suas grandes salas, sem divisórias, onde as obras de arte são expostas lado a lado, “sem hierarquia ou condicionantes de ordem cronológica ou de escolas” (MONTANER, 2003, p. 39), aproxima a instituição da sua intenção original enquanto disseminadora plural de cultura, fato que “só poderia acontecer no novo mundo, em uma américa latina na qual o legado da arte chegava de uma só vez, como um todo que se fazia visível e contemporâneo” (MONTANER 2003, p. 39).
A criação destas novas instituições culturais pode ser
analisada enquanto um fenômeno decorrente da crescente urbanização e industrialização pós-café, que introduz o Brasil na dinâmica do capitalismo internacional e dá suporte, ao mesmo tempo, à criação das primeiras universidades no território nacional, tendo em vista a necessidade de capacitar profissionalmente a população brasileira.
No decorrer das décadas, o acesso ao ensino superior passa
a se expandir, em paralelo à criação de novas universidades e campi universitários ao longo do limites nacionais. A universidade pública chega no interior dos estados e pouco a pouco se consolida enquanto uma instituição geradora de conhecimento
18
e tecnologia, fundamentando parte da formação intelectual e cultural do brasileiro.
No entanto, ainda hoje a disseminação da produção
acadêmica brasileira enfrenta inúmeras dificuldades. Muitos dos campi universitários concebidos durante o período do regime militar localizam-se afastados do centro das cidades. O caso de Bauru não é diferente. Se o campus da Universidade de São Paulo (USP) - criado antes do golpe de 1964 - encontrase em uma localização privilegiada e de fácil acesso, o campus da Universidade Estadual Paulista (UNESP), por sua vez, foi concebido às margens do traçado urbano da cidade, distante do centro e das regiões onde tradicionalmente se instalam os estudantes.
Portanto, considerando a importância da universidade
para a formação cultural da sociedade e o histórico dos espaços culturais no Brasil, este trabalho visa minimizar o impacto gerado pela distância entre universidade e cidade através da proposição de um centro cultural que busca sanar parte da problemática envolvendo o baixo alcance da produção acadêmica sobre a população bauruense, ampliando os espaços acadêmicos para além dos limites das cidades universitárias e possibilitando, assim, contato direto entre produção e público, além de fornecer uma opção a mais para o roteiro cultural da cidade.
19
conceituação
01 MASSIFICAÇÃO CULTURAL E O PIONEIRISMO FRANCÊS
“A França sempre procurou se caracterizar como o berço da civilização, produzindo monumentos e obras artísticas destacadas capazes de manter a atenção sobre si como se isso fosse a sua marca registrada” (MILANESI, 1991, p. 52)
Desde seu surgimento, o movimento moderno questionou
fortemente as tradições artísticas. Em 1917, o francês Marcel Duchamp expôs um mictório dentro de um museu, colocando-o em condições de igualdade a obras de arte famosas. “A fonte”, como foi nomeada a obra, é arte assim como a “Mona Lisa” de da Vinci. Na época, a proposta fora um choque. A crítica inerente à própria exposição bate na questão da temporalidade. Questões como “o que obras de artes antigas dizem sobre um mundo revirado pela revolução industrial?” e “por que continuar a exaltá-las?” começam a ganhar força. A fonte de Duchamp (imagem 1) propõe uma reflexão responsável por atualizar os valores artísticos de uma nova época, incompatível com academicismos passados.
23
IMAGEM 1 - A Fonte de Marcel Duchamp
Autoria desconhecida.
Neste momento a produção cultural passa a atingir um
público - devido ao advento dos veículos de comunicação - que outrora não alcançava. A biblioteca, o teatro e o museu, em sua individualidade, têm sua importância diminuída: eles não estão ao alcance das massas. Assim, na segunda metade do século, a ideia pós moderna de um grande centro de cultura e convívio, capaz de abrigar uma quantidade massiva de pessoas começa a ganhar forma.
Em 1971 a França fez valer seu pioneirismo frente às
questões culturais e realizou um concurso internacional de arquitetura com o objetivo de escolher um projeto para a construção de um grandioso centro cultural em Paris. Concebido com a ideia de dar suporte à difusão da informação artística e da comunicação social, o Centro George Pompidou - cujo projeto vencedor do concurso é de autoria do italiano Renzo Piano em parceria com o britânico Richard Rogers - é polêmico. A
24
arquitetura ousada se pauta inteiramente em uma ideia global, internacional, em total consonância com a proposta única da instituição.
O edifício comporta espaços de exposições; uma
pinacoteca de arte moderna e contemporânea; auditórios; espaços de debate; um instituto de pesquisas musicais; cinemateca; um centro destinado a arquitetura e design; além de uma grande biblioteca que, diferentemente das demais, oferece um contato direto entre a obra escrita e o leitor, sem barreiras, onde o princípio do livre acesso à informação supera a ideia de manutenção da ordem. É um complexo cultural.
O projeto se caracteriza notavelmente por sua aparência
singular. Em busca de otimizar ao máximo seus espaços internos, toda a estrutura e infraestrutura do prédio foi colocada para o lado de fora da caixa de vidro onde acontecem as atividades culturais, dando uma cara única ao centro cultural, totalmente inovadora, diferente de qualquer tradição arquitetônica conhecida. “A construção de aço e vidro, com certo sarcasmo, foi chamada de “refinaria”, denominação que levou a uma outra, muito mais próxima de seu objetivo: “usina cultural”. Esses termos criaram um distanciamento em relação aos velhos museus e bibliotecas, instituições amáveis e cômodas no conforto de suas antiguidades que, no entanto, na relação dialética com o tempo já não respondiam provocativamente a ela, na perspectiva da desordem que as ações culturais propõem” (MILANESI, 1991, p. 54)
25
Dentro do Pompidou, tudo é informação e toda informação
é mutante e se inter-relaciona. É um espaço contemporâneo, fluido, monumental. Recebe em média 25.000 pessoas por dia. É a consagração da massificação cultural e da difusão do conhecimento em uma forma adaptada ao mundo pós moderno: industrial, seriado, rápido e dinâmico, carregado de transformações. É o modelo de instituição cultural a ser seguido ao redor do mundo.
26
02 BREVE HISTÓRICO DA UNIVERSIDADE BRASILEIRA
As primeiras experiências universitárias no Brasil remontam
ao período da revolução de 30, que deu fim a uma pseudo democracia apoiada nas oligarquias cafeeiras, cujos interesses passavam longe de qualquer ideia baseada no desenvolvimento científico e tecnológico, assim como o governo imperial que a precedeu.
Este primeiro momento, porém, não foi muito otimista.
Menos de uma década depois, Getúlio Vargas aplicou um golpe de Estado sobre o governo constitucional que ele mesmo construiu, e inaugurou o Estado Novo, destruindo assim a expectativa de desenvolvimento de um projeto cultural gerada a partir da criação do, até então recente, Ministério da Educação. Entretanto, nem as universidades deixaram de ser criadas nem o acesso a elas diminuiu, porém seu ritmo de crescimento foi menor do que o esperado para um país que acabara iniciar a revolução industrial.
Apesar do pouco incentivo à ciência e tecnologia no
momento, a necessidade de inserir-se dentro do contexto internacional, bem como a vontade de encontrar uma identidade própria enquanto nação - abandonando os laços culturais com a antiga metrópole portuguesa - são responsáveis pelo surgimento
27
de obras científicas de notória relevância até os dias de hoje. Foram lançados, na década de 30, Casa-Grande e Senzala, de Gilberto Freyre; Evolução política do Brasil, de Caio Prado Júnior; e Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda.
Após o fim da segunda guerra mundial e a redemocratização
do país, transformações no cenário da educação superior no Brasil ganham forma. Entre 1930 e 1960 o número de ingressantes nas universidades brasileiras aumentou em quase 35 vezes, e o modelo universitário brasileiro começou a ser repensado de dentro para fora, adaptando-se às realidades sócio-culturais locais e distanciando-se dos modelos europeus.
Em
pleno
processo
de
crescimento,
entretanto,
a
universidade brasileira recebe, pela segunda vez, o duro golpe do fim de um regime democrático e o início de uma ditadura, que durou mais de vinte anos agora. Mais uma vez, a universidade não deixa de crescer, mas o conteúdo ali produzido é radicalmente censurado pelo regime autoritário. Docentes e discentes foram perseguidos, torturados, exilados e mortos. Os campi universitários criados neste período são colocados às margens das cidades, como uma tentativa segregar possíveis ideias e organizações democráticas e revolucionárias do restante da população.
Ao fim da década de 1980 a ditadura militar chega ao fim
e leva consigo a censura institucionalizada. É um novo momento para a produção científica e cultural brasileira, cujo apogeu acontece na primeira década do século XXI, quando o acesso às universidades foi ampliado a partir da criação do PROUNI (Programa Universidade Para Todos, de 2004), do SISU (Sistema de Seleção Unificado, de 2010) e do Sistema de Cotas. Neste
28
período, o incentivo à pesquisa, ao intercâmbio e a extensão universitária eram grandes, mas durou até a chegada de uma nova crise econômica, juntamente a mais uma ascensão conservadora no cenário político brasileiro.
Apesar dos inúmeros campi espalhados pelo território
nacional, a história da universidade brasileira é uma história de luta. É notório que crises econômicas e decisões políticas são frequentemente responsáveis pela redução da verba destinada ao ensino e pesquisa, além de direcionar o que pode ser publicado e lecionado, ou não. Essas questões escancaram a falta de prioridade no trato com a educação e cultura brasileira. É necessário reagir. Ampliar a participação da sociedade, fazêla enxergar na universidade o espelho de sua própria cultura e a garantia de preservação de seus valores. Estimular experiências conjuntas, acolher àqueles que estão de fora. Aumentar a permanência estudantil, promover o direito à educação e cultura, conforme presentes na constituição.
29
30
desdobramentos
03 DESDOBRAMENTOS
Apresentado o embasamento teórico e conceitual que
norteia este trabalho, realizaremos nesta etapa algumas definições próprias do desenvolvimento de um trabalho científico. Seguem objetivos e metodologia.
3.1 OBJETIVO
Tendo em vista o distanciamento da UNESP perante a
malha urbana da cidade de Bauru e a histórica dificuldade de difusão do conhecimento acadêmico no Brasil, este trabalho objetiva desenvolver o projeto de um espaço que possa promover um intercâmbio cultural entre a comunidade acadêmica e a população da cidade, viabilizando a propagação do conhecimento científico junto à comunidade bauruense e promovendo a troca de experiências a partir desta conexão entre estes dois mundos.
33
3.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Entender o histórico e funcionamento das instituições culturais, bem como a ascensão do Centro Cultural enquanto reflexo da popularização do acesso à cultura. • Analisar o contexto da universidade pública brasileira e as dificuldades encontradas no processo de disseminação do conhecimento científico e cultural por ela gerado, principalmente na cidade de Bauru. • Investigar o cenário cultural e universitário do município, sua espacialização pelo território e definir uma área para a implantação do Centro Cultural Universitário. • Entender as demandas acadêmicas e estudantis a fim de definir um programa arquitetônico compatível com a proposta aqui apresentada. • Pesquisar e analisar equipamentos semelhantes com o objetivo de embasar o programa e a intervenção projetual. • Realizar
o
projeto
arquitetônico
do
Centro
Cultural
Universitário.
3.3
METODOLOGIA Durante o desenvolvimento do trabalho, a pesquisa
apresentada nesta monografia se desenvolveu a partir de
34
uma estrutura metodológica proposta no plano de trabalho documento redigido e entregue no início da disciplina Laboratório de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo IX (LAUP IX) - com algumas atualizações posteriores durante o decorrer da matéria Trabalho Final de Graduação (TFG).
A metodologia em questão se pautou em quatro etapas
distintas a serem realizadas antes do início da intervenção projetual - que é a quinta etapa. Seleção e leitura da bibliografia é a primeira etapa, passando por uma breve análise do município de Bauru e escolha da área de implantação do projeto (segunda etapa), e encerrando-se após a realização dos estudos de caso e definição do programa arquitetônico (etapas 3 e 4). Explanaremos a respeito de cada etapa individualmente abaixo. ETAPA 1 Seleção e leitura da bibliografia Durante a realização da pesquisa foram selecionadas livros, artigos, teses e dissertações, entre outros, cujo texto abordasse a relação da cidade contemporânea e seus espaços culturais com a produção artística e acadêmica, além de materiais de apoio para a realização dos estudos de caso. ETAPA 2 Análise do município de Bauru e escolha da área de implantação do projeto A partir do entendimento do contexto cultural e universitário de Bauru, um levantamento sobre possíveis áreas de implantação e sua relação com a cidade foi realizado durante a disciplina de LAUP IX, levando à escolha um lote no bairro do Jardim Estoril,
35
sobre o qual discutiremos mais adiante, para a implantação do projeto. ETAPA 3 Estudos de caso Com o intuito de criar um repertório projetual e auxiliar na definição do programa arquitetônico e no entendimento de questões relacionadas ao tipo de edificação a ser projetada, foram analisados quatro espaços culturais brasileiros: o Centro Cultural São Paulo, o SESC Pompéia, o Instituto Moreira Salles São Paulo (IMS SP) e o edifício Hub, do complexo Ágora Tech Park. ETAPA 4 Definição do programa arquitetônico Nesta etapa iniciará o processo de definição programática da edificação com base nos estudos de caso realizados em conformidade com as necessidades e intenção do projeto. ETAPA 5 Intervenção projetual Por fim, etapa de intervenção projetual se deu durante a disciplina de Trabalho Final de Graduação (TFG) e concentrou as atividades relativas à forma do espaço a ser projetado, que é o objeto deste trabalho, relação do projeto com o entorno, concepção espacial dentro do lote, concepção e solução estrutural e tecnológica, setorização dos espaços, preparação de peças gráficas para apresentação do projeto, entre outras atividades próprias do desenvolvimento de um projeto arquitetônico.
36
37
anรกlise
04 CONTEXTO CULTURAL DA CIDADE DE BAURU
A pouco mais de 300 quilômetros de distância da capital
paulista, Bauru localiza-se no centro oeste do estado de São Paulo e o pressuposto que levou ao início da urbanização de seu território é justamente a sua posição geográfica. IMAGEM 2 - Localização de Bauru no estado de São Paulo
Autoria desconhecida
Até meados do século XIX, a região onde está a cidade de
Bauru era bastante inóspita e pouco explorada, quando então este território foi dividido em algumas poucas fazendas
de-
limitadas a partir dos divisores de água das bacias hidrográficas da região. O interesse por essas terras, no entanto, aumentou apenas após o anúncio da passagem de 3 linhas férreas pelo
41
território bauruense. Por estarem bem ao centro do estado de São Paulo, essas terras foram escolhidas para receber um entroncamento ferroviário, responsável por parte da logística de captação e escoamento da produção cafeeira do oeste paulista. Em decorrência disso, foram instaladas vilas operárias às margens do complexo ferroviário da cidade, acelerando o processo de ocupação do seu território.
Contudo, pouco tempo antes da passagem das linhas fér-
reas pela região, o início da ocupação do que viria a se tornar Bauru aconteceu em uma área denominada de Patrimônio. Hoje localizado bem ao centro da cidade, o Patrimônio se conectava à Lençóis Paulista por meio de uma estrada onde foram instalados os primeiros imóveis de Bauru. A Rua Araújo Leite, nome pelo qual a estrada passou a ser conhecida, se consolidou enquanto um dos principais eixos comerciais e de serviço do município e um dos principais vetores de crescimento da cidade naquele período. IMAGEM 3 - Centro da cidade, Rua Araújo Leite e Pátio Ferroviário em Bauru.
1
2
3
1. Pátio Ferroviário 2. Centro de Bauru 3. Rua Araújo Leite Acervo do Autor
42
Com o passar do tempo, a cidade se expandiu para além
das regiões ferroviárias, ultrapassou barreiras físicas - como os rios e as próprias linhas férreas - e englobou um perímetro que soma hoje aproximadamente 670 km² (IBGE, 2019), abrigando uma população de quase 380 mil pessoas (IBGE, 2020). A queda das oligarquias cafeeiras somada a parcial substituição do modal ferroviário pelo rodoviário em todo o território nacional contribuiu para a decadência do sistema econômico baseado nas indústrias férreas em Bauru. As linhas ainda são usadas para transporte de carga, mas a maior parte da infraestrutura férrea municipal hoje abriga museus e memoriais que contam a história bauruense.
4.1
EQUIPAMENTOS DE CULTURA E LOCAL DE IMPLANTAÇÃO
Tendo como objetivo preservar a história do município
através de ações comunitárias e educativas, os museus de Bauru (Museu da Imagem e do Som de Bauru, Pinacoteca Municipal de Bauru, Museu Histórico Municipal de Bauru e Museu Ferroviário Regional de Bauru) estão sob salvaguarda do Departamento de Proteção ao Patrimônio Cultural e estão sediados em edifícios históricos da cidade, como as antigas instalações férreas, por exemplo. Boa parte das demais casas de cultura bauruenses, no entanto, foram surgindo espontaneamente ao longo do tempo e se distribuíram pelo tecido urbano de acordo com os interesses da organização, o momento de sua fundação, a disponibilidade de lotes na malha urbana e a quantidade de capital disponível.
43
IMAGEM 4 - A espacialização da cultura no território de Bauru
4 3
6 5
2 1
9
1. Casa do Hip Hop 2. Espaço Protótipo 3. Museu Ferroviário Regional de Bauru 4. Museu Histórico Municipal de Bauru 5. Pinacoteca Municipal de Bauru 6. Teatro Municipal 7. Sesc Bauru 8. Universidade de São Paulo (USP) 9. Instituto Cultural 10. Universidade Estadual Paulista (UNESP)
44
7
8
9 10
Acervo do autor
45
A partir da análise do mapa presente na imagem 4, é pos-
sível perceber uma concentração de instituições culturais no centro da cidade, enquanto ambas as universidades públicas se espraiam para além da região central de Bauru, principalmente no caso da Unesp.
Desta forma, com o objetivo de aumentar a abrangência
cultural dentro do perímetro urbano e alcançar diferentes públicos, o local escolhido para a implantação do Centro
Cul-
tural Universitário, objeto deste trabalho, foi um terreno no bairro do Jardim Estoril, região que historicamente foi ocupada por populações de classe alta e média-alta, e que não possui muitos equipamentos culturais de grande relevância a nível municipal. A implantação do projeto neste local objetiva a criação de um novo pólo cultural na cidade, próximo ao câmpus da Usp, uma das universidades públicas da cidade, e também próximo às regiões onde tradicionalmente se instalam os estudantes de graduação que vêm de fora de Bauru, como o bairro da Vila Universitária. IMAGEM 5 - Área de implantação do projeto e as regiões estudantis
3 1 1. 2. 3. 4.
Área de implantação Bairro Vila Universitária3. USP UNESP
2
4
Acervo do Autor
46
Tendo em vista a distância entre a área de implantação do
projeto e o campus da Unesp, uma vez que essa foi instalada bastante distante na trama urbana de Bauru, foi proposto também o prolongamento da linha de ônibus municipal 5162 - Santa Edwiges até a universidade, conectando-a ao Centro Cultural Universitário por meio de uma única linha viária. IMAGEM 6 - Linha de ônibus 5162. Em vermelho o trajeto original, em preto a continuidade proposta.
1 2
1. Área de implantação 2. UNESP Acervo do Autor
4.2
O LOTE NA CIDADE
O lote selecionado para receber o Centro Cultural Uni-
versitário é uma grande quadra conformada pelas ruas Gustavo Maciel, Luso Brasileira, Alfredo Fontão e Raffaele Mercadante, próximo ao Bosque da Comunidade e à Praça Portugal, despertando bastante interesse imobiliário devido à sua vasta extensão e à localização privilegiada. Assim, além dos critérios
47
apontado anteriormente neste capítulo, a escolha deste lote relaciona-se fortemente à uma tentativa de gerar um novo padrão de ocupação nesta região a partir da inserção de um equipamento público e democrático em uma área nobre da cidade, diminuindo a ação da especulação imobiliária, muito presente na área, uma vez que o lote em questão encontrava-se completamente vazio e murado no início deste trabalho, a espera de valorização, da mesma forma que outros lotes presentes em seu entorno imediato.
Em relação às questões técnicas, a área de implantação
escolhida encontra-se em uma Zona Residencial (ZR-2) fazendo limite com uma Zona Mista (ZM) da cidade - onde já foram implantados prédios comerciais de gabarito alto e um supermercado. No que tange ao tipo de edificação a ser projetado, não há qualquer menção ao termo “Centro Cultural” no texto da lei 2339 - Normas para parcelamento, uso e ocupação do solo no município de Bauru. As referências mais próximas são “museu”, “pavilhão para exposição” e “anfiteatro”, ambos caracterizados enquanto Uso Específico 4, sendo necessário uma análise específica realizada pelo escritório técnico da prefeitura para aprovação do projeto, não havendo na lei índices urbanísticos para guiar um projeto arquitetônico deste tipo.
Desta forma, buscou-se respeitar os índices urbanísticos
de ambas as zonas (ZM e ZR-2), mantendo taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento e recuos dentro dos limites da legislação. O número de vagas de estacionamento mínimo foi estabelecido considerando 1 vaga para cada 4 assentos de auditório, conforme observado na legislação de outros municípios brasileiros. O subsolo, no entanto, conseguiu comportar as va-
48
gas com uma boa margem de folga. IMAGEM 7 - Recorte do texto da lei 2339, evidenciando o Uso especĂfico 4
Acervo do Autor
49
05 ESTUDOS DE CASO
Dando prosseguimento ao desenvolvimento da pesquisa,
iniciamos a etapa de estudos de caso com a intenção de criar um repertório projetual e auxiliar no entendimento do funcionamento deste tipo de edifício. O foco aqui relaciona-se diretamente ao conteúdo programático e sua espacialização dentro de cada centro cultural selecionado.
5.1 CCSP
PROJETO: Eurico Prado Lopes e Luiz Telles
LOCALIZAÇÃO: São Paulo - SP
INAUGURAÇÃO: 1982
Localizado na zona sul da cidade de São Paulo, o Centro
Cultural São Paulo (CCSP) foi concebido por uma equipe coordenada por Eurico Prado Lopes e Luiz Telles quando o Brasil vivia uma realidade política inserida no contexto da ditadura militar. De característica marcadamente longitudinal e com um desnível de 10 metros, o terreno foi usado como partido para o projeto, que é extremamente permeável, contando com entradas em três de suas laterais. O local é de fácil acesso, em uma de suas extremidades encontra-se a Estação Vergueiro da Linha Azul do
50
metrô e abaixo encontra-se a avenida 23 de maio, integrante do corredor viário norte-sul, por onde passam inúmeras linhas de ônibus.
A abertura do CCSP data do ano de 1982, período de
turbulência no cenário político nacional, quando o governo militar começa a entrar em declínio. A concepção do centro cultural contradiz a retórica autoritária do regime ao fornecer à cidade de São Paulo um espaço extremamente democrático, onde se estabelecem relações horizontais, é lugar da arte, cultura e conhecimento, livre da censura e da repressão.
Desde sua inauguração, o Centro Cultural São Paulo se
propõe enquanto um dos principais espaços fomentadores de cultura na metrópole paulistana. Sua proposta está explícita em um vasto programa, que inicialmente contava com biblioteca, gibiteca, espaços expositivos, anfiteatros, cinemas, áreas de estudos, salas de ensaio, espaços para oficinas e ações culturais, jardins, entre outros. Posteriormente foram acrescentados no porão atividades de serralheria, marcenaria, um Laboratório de fabricação digital (Fab Lab), um laboratório de Design Gráfico (folhetaria), além da horta comunitária no jardim, entre outros.
Todo o programa é contido dentro de quatro níveis.
Adotando o nível da rua Vergueiro enquanto o térreo do conjunto, temos um nível superior e dois subterrâneos. O espaço visível a partir do térreo se apresenta dividido em dois volumes verticais, intercalados por três praças. O projeto é marcado por um eixo de direção longitudinal, que se coloca enquanto uma rua interna, intermediária entre a Vergueiro e a 23 de maio, e que se subdivide em largos corredores ao encontrar os dois volumes verticais e o jardim interno, sem ser bloqueada, totalmente fluida, cujo
51
caminho é um convite a conhecer os espaços do centro cultural à medida que eles se mostram através dos inúmeros panos de vidro. É possível visualizar, do nível térreo, o teatro de arena Adoniran Barbosa, assim como a biblioteca e os espaços livres destinados às ações culturais.
IMAGEM 8 - Pátio após a entrada próxima estação Vergueiro do Metrô. É possível visualizar ao fundo o volume onde encontram-se os auditórios, cinema e foyer.
Nelson Kon
O programa do CCSP se revela aos poucos conforme
passamos a entender os níveis do edifício. No porão encontramos espaços de trabalho, não expostos a um primeiro instante, mas que atraem públicos específicos para as atividades realizadas. Nos últimos anos, este piso foi tomado por um intenso movimento de produção artística devido a criação da folhetaria (ateliê público de arte impressa), da reabertura do Espaço Cênico Ademar Guerra, e da criação do FabLab - laboratório de fabricação digital - integrante do programa municipal “FabLab livre SP”.
52
IMAGEM 9 - FabLab do centro cultural São Paulo.
Autoria desconhecida
No piso térreo encontram-se os pátios e os volumes
principais do centro cultural, por onde se acessam todos os seus espaços. O primeiro volume, mais baixo e simples, consiste em um grande salão, com acessos às salas de espetáculo e aos pisos inferiores do conjunto em geral. Em sua lateral, um largo corredor comporta duas das quatro entradas da Rua Vergueiro e é onde acontecem as chamadas “ações culturais”, como as demonstrações de hip hop e as atividades de dança como um todo. O segundo e principal volume apresenta um nível térreo, destinado a estudo e exposições; um pavimento superior, que comporta espaços expositivos e de debates - além de dar acesso aos jardins suspenso; e um subsolo, onde acontece a biblioteca.
53
IMAGEM 10 - Vista das rampas dentro do volume que abriga as exposições e a biblioteca.
Autoria desconhecida
5.2
SESC POMPEIA
PROJETO: Lina Bo Bardi
LOCALIZAÇÃO: São Paulo - SP
INAUGURAÇÃO: 1982
No bairro da Barra Funda, zona oeste de São Paulo,
encontra-se uma das mais icônicas obras da arquitetura brasileira: o Sesc Pompéia. Construída em um espaço onde antes situava-se uma fábrica de tambores de óleo e carcaças de refrigeradores a querosene da década de 1940, a obra de Lina Bo Bardi assentou-se dentro dos galpões da antiga fábrica, aproveitando de seus grandes vão como forma de revolucionar um espaço, que outrora recebeu um uso hermético e regrado, em um lugar destinado ao ócio, convívio, lazer e cultura.
A arquitetura do Sesc Pompéia consiste em dois setores.
O primeiro setor caracteriza-se pela preservação do volume dos dois conjuntos paralelos de galpões, separados por uma via de
54
circulação interna que outrora funcionou como a circulação de serviços da fábrica. O segundo setor, por sua vez, é marcado pela presença de três volumes verticais: a torre da caixa d’água, o bloco esportivo e o bloco de acesso vertical, construídos do zero em concreto para o projeto do Sesc e separados por um córrego canalizado e retificado, sobreposto por um deque de madeira por onde projetam-se as passarelas de acesso ao bloco esportivo. IMAGEM 11 - Vista do bloco esportivo construído em concreto armado. À esquerda é possível visualizar parte dos galpões originais da fábrica.
Pedro Kok
Os setores também são responsáveis pela divisão do
programa do Sesc. No primeiro setor encontram-se os espaços destinados às atividades de cultura, lazer e alimentação, com a
55
presença da biblioteca, do restaurante, do auditório, de espaços multiuso e de convivência, além da área das oficinas. No segundo setor está o complexo esportivo, cujo térreo foi destinado à área da piscina e cada um dos andares superiores conta com duas quadras poliesportivas. Para efeitos de análise, porém, vamo direcionar nossa atenção apenas ao setor cultural.
Logo após a entrada do Sesc Pompeia é possível notar a
transgressão da lógica industrial do desenho de Lina bo Bardi dentro do galpão principal. Totalmente livre e convidativo, o espaço é marcado pelos eixos dos pilares que antes dividiam o grande galpão em 5, sendo agora um espaço integrado. Centralizado, o mezanino da biblioteca é vizinho, por um lado, do espaço multiuso, que pode abrigar exposições e atividades culturais como um todo. No lado oposto, a área de convívio se conforma a partir do desenho do espelho d’água - apelidado pela arquiteta de “Rio São Francisco” que juntamente da lareira torna o espaço em um lugar aconchegante e acolhedor. IMAGEM 12 - Vista de dentro do galpão principal. Destaque para o “Rio São Francisco”.
Louis Smith
56
Saindo do galpão principal, dois galpões menores vizinhos
conformam o conjunto do teatro. No primeiro situa-se o foyer, que recebe uma cobertura translúcida, e é o único galpão que estabelece conexão visual com a rua. O acesso ao teatro em se dá através de duas escadas nas extremidades do foyer, ou por uma entrada acessível no nível mais baixo da plateia. Um ponto importante a se levantar é a versatilidade do espaço. O teatro do Sesc Pompéia em sua configuração original – teatro de arena – tem capacidade para 774 pessoas, mas pode ser reduzido pela metade fechando um dos lados da plateia e adotando o formato de palco italiano. IMAGEM
13
-
O
teatro
do
Sesc
Pompeia
Pedro Kok
57
Por fim, vamos ao galpão das oficinas. Com uma área
próxima a do conjunto do teatro, o galpão das oficinas é bastante simples - dividido em 7 diferentes salas por meio de paredes baixas em bloco de concreto - cada espaço recebe iluminação direta, apropriada para a realização de aulas e atividades de trabalho. As oficinas são formadas por uma série de ateliês de artes visuais, interseccionados por espaços de passagem e exposição.
5.3
INSTITUTO MOREIRA SALLES - SP
PROJETO: Andrade Morettin Arquitetos
LOCALIZAÇÃO: São Paulo - SP
INAUGURAÇÃO: 2017
Em 2017, a avenida Paulista - um dos mais movimentados
e cosmopolitas espaços da América Latina – recebeu mais uma instituição cultural. O projeto do escritório Andrade Morettin começa a ganhar forma a partir de um concurso de arquitetura promovido em função da construção da nova sede do Instituto Moreira Salles na cidade de São Paulo. No pouco tempo que o edifício existe desde sua inauguração, o IMS Paulista já se consolidou enquanto um dos mais importantes museus e espaços culturais dentro do variado leque de instituições desse tipo existentes na avenida, sendo parada obrigatória a todos que realizam ali um percurso cultural.
O volume do edifício é simples e puro, uma grande caixa
de vidro verticalizada, conforme demanda conjunta da própria avenida, da área oferecida para a construção e do programa a
58
ser atendido - que se distribui dentro de oito pavimentos mais o térreo e dois subsolos.
O acesso a sede do Instituto Moreira Sales da Avenida
Paulista é simples e direto, como deve ocorrer em qualquer grande centro metropolitano. A poucos metros de distância da Estação Paulista da Linha Amarela do Metrô e da Estação Consolação da Linha Verde do Metrô, a maioria dos visitantes que chega ao museu vai de transporte público, dispensando o uso do carro, uma vez que o estacionamento é restrito a portadores de deficiência física, mas conta com um bicicletário que permanece aberto durante o horário de funcionamento do edifício.
A chegada ao IMS é marcante. Com o térreo livre e contando
com um restaurante aos fundos, o acesso principal ao conjunto é feito via escadas rolante, que vão pouco a pouco revelando a característica contemporânea do prédio à medida que sugerem um percurso vertical por dentro do edifício. Percurso esse que leva o visitante ao terceiro pavimento do prédio, caracterizado enquanto um térreo elevado. O piso em pedra portuguesa, o mirante com vista para a Avenida Paulista; a presença do café, da livraria e da recepção; além do acesso elevador e as escadas convencionais marcam este pavimento. IMAGEM 14 - O térreo elevado do IMS. É possível visualizar a livraria, à esquerda; a recepção, à frente; e o mirante, ao fundo.
Nelson Kon
59
Entre o térreo e o térreo elevado, encontram-se ainda 4
níveis. O primeiro é o nível da biblioteca, que comporta salas administrativas ao fundo, e possui pé direito duplo, com exceção do espaço onde se situam as mesas de estudo, que é sobreposto por uma sala de aula, caracterizando o segundo nível desse conjunto. O terceiro nível e o quarto são marcados pela presença do auditório, que pode ser usado como cinema, teatro, ou espaço para palestras, e ocupa dois andares devido ao desnível da sala. O quarto nível ainda comporta uma sala extra de camarim e as salas de projeção, além de banheiros destinados ao público. IMAGEM 15 - Vista da biblioteca a partir das escadas.
Nelson Kon
Por fim, os três níveis superiores do conjunto se
configuram como área de exposição. Com amplo pé direito, seu espaço permite múltiplas combinações de uso devido a planta
60
livre. O piso de madeira, e as paredes neutras – que podem ser ressignificadas de acordo com a exposição recebida – dão um ar de sofisticação para o espaço. IMAGEM 16 - Exposição acontecendo no Instituto Moreira Sales.
Nelson Kon
5.4
ÁGORA TECH PARK - EDIFÍCIO HUB
PROJETO: Estúdio Módulo
LOCALIZAÇÃO: Joinville - SC
INAUGURAÇÃO: 2019
Hub é o edifício sede do Ágora Tech Park, parque
tecnológico em desenvolvimento dentro do Perini Business Park, o maior empreendimento empresarial multissetorial da América do Sul, situado em Joinville, Santa Catarina.
Fruto
de
um concurso nacional de arquitetura, Ágora Tech Park é uma instituição científica e tecnológica cujo propósito é fomentar inovação e empreendedorismo através do desenvolvimento tecnológico.
61
Enquanto sede deste complexo, o edifício Hub é um
espaço de trabalho, eventos e encontros, rodeado pela bela paisagem natural catarinense, bastante presente dentro desta arquitetura, que a enquadra em diversas situações ao criar um jogo - ora contrastante, ora sutil - entre cheios e vazios, dentro e fora, natural e construído, público e privado.
O programa do Hub é bastante simples e se divide em dois
blocos separados por um grande pátio central, que organiza, de modo primário, os fluxos do edifício e funciona ainda como passagem e local de encontro àqueles que frequentam o Ágora, uma verdadeira praça coberta. Cada bloco, por sua vez, agrupa o programa segmentando-o de acordo com uma classificação conceitual. No bloco menor abriga-se a parte mais fechada do programa (imersão), concentrando as salas multiuso e de reunião, além dos elementos de acesso vertical, como escadas e elevadores. Com a presença de pequenas e agradáveis varandas, a parte mais aberta do programa (expansão), composta majoritariamente por escritórios de uso coletivo (coworking), localiza-se, portanto, no bloco maior.
O térreo do Hub é livre e fluido. Sob o bloco maior estão
foyer e auditório, além do espaço destinado aos restaurantes e praça de alimentação. Do outro lado dessa praça, sob o bloco menor, encontram-se salas de reunião e um primeiro escritório compartilhado (coworking), além da administração do conjunto, rodeada externamente por um belo espelho d’água desenhado em linhas soltas e orgânicas.
62
IMAGEM 17 - Vista para o Foyer do auditório do Ágora Hub a partir do salão principal.
Nelson Kon
O acesso principal ao primeiro e segundo pavimentos do
edifício é feito por meio de uma grande escada que leva a uma área de estar interna, separadas das salas de trabalho. Ambos os pisos são bastante parecidos no tangente ao programa. Concentram salas de coworking e reuniões, além de apresentarem também espaços multiuso. IMAGEM 18 - Vista para área de estar através do mezanino no segundo pavimento.
Nelson Kon
63
64
projeto
06 CENTRO CULTURAL UNIVERSITÁRIO
A simples presença de um espaço cultural na cidade faz
dela um organismo vivo e extraordinário. Vivo porque a cultura está em constante movimento, e extraordinário porque não sabemos que tipo de mutação podemos esperar dela. As ações individuais são capazes de causar um impacto tremendo na sociedade, principalmente se feitas em conjunto. É disso que um centro cultural se faz, da união de diferentes pessoas em busca do conhecimento do que as une.
Desta forma, tendo em vista as questões culturais
que envolvem a cidade de Bauru e entendendo seu potencial enquanto produtora de conhecimento - devido à presença de duas das maiores universidades do país em seu território, USP e UNESP - busca-se aqui a criação de um espaço cultural que faça do contato direto entre a cidade e suas universidades algo vivo e extraordinário, de um modo livre, público e espontâneo, promovendo experiências únicas.
Nesse sentido, para que o projeto atingisse a proposta aqui
apresentada, sua concepção parte da comunhão de 3 fatores principais: o programa, o lugar e a construção. Pelo programa entende-se o conjunto de espaços que abrigarão os usos do
67
centro cultural e suas relações; pelo lugar entende-se o contexto urbano, já introduzido aqui no capítulo 3, em que o projeto se insere; e pela construção, por sua vez, entende-se o grupo das soluções construtivas e espaciais que darão forma ao projeto.
Para além das questões teóricas e científicas, no entanto,
é válido colocar que muito do resultado deste trabalho é fruto de um anseio pessoal e profissional do autor em encontrar uma identidade arquitetônica própria, que não se refira apenas às características formais, estéticas e programáticas do objeto projetado, mas também à tudo que tangencia o espaço urbano que o acolhe, a comunidade a quem ele pertence e a minha visão de mundo e de sociedade ideal, na qual arquitetura, urbanismo e paisagismo são peças fundamentais para o desenvolvimento social.
Desta forma, durante o desenvolvimento deste trabalho
encontrou-se sentido em destinar parte do lote à implantação posterior de um pequeno conjunto habitacional estudantil, que sanaria parte da demanda por uma política de permanência na universidade pública, e retroalimentaria as atividades culturais desenvolvidas dentro do Centro Cultural Universitário - objeto deste trabalho - uma vez que um centro cultural é feito por aqueles que o frequentam. Tirando proveito do tamanho do terreno e sua localização, as moradias a serem construídas ali buscam assegurar o direito à habitação àqueles que vêm de fora da cidade para estudar. Neste trabalho, porém, nos ateremos a detalhar exclusivamente o projeto do edifício cultural, sendo o perímetro das habitações apenas sugerido em um masterplan da quadra.
68
6.1
PROGRAMA ARQUITETÔNICO A partir da análise dos edifícios culturais estudados no
capítulo 5, assim como a percepção das demandas universitárias e estudantis em Bauru, desenhou-se um programa arquitetônico cuja intenção é abrigar atividades que promovam o contato entre a comunidade acadêmica e a população bauruense de modo que o intercâmbio de conhecimentos teóricos e práticos façam do Centro Cultural Universitário um lugar de produção, criação e lazer.
No que tange às demandas acadêmicas, foram propostos
espaços com usos bem definidos, como salas de trabalho comunitárias, auditório, laboratórios e salas de exposição, entre outros. Atendendo às demandas da cidade, além de todos esses espaços permanecerem abertos ao público, foram pensados também espaços com usos mais livres, como praça de alimentação, salas multiuso, áreas de estar, café, e um grande átrio, por exemplo. Por fim, mas não menos importante, atendendo à demanda estudantil, parte do terreno foi destinada à implantação posterior das moradias estudantis.
O programa do Centro Cultural Universitário foi setorizado
da seguinte maneira: PRODUÇÃO E TRABALHO • Salas de trabalho compartilhadas (coworking) • Salas de reunião • Laboratório de fabricação digital • Oficina de artes • Salas multiuso
69
LAZER E CULTURA • Auditório • Salas de exposição • Biblioteca CONVÍVIO • Praça coberta • Praça de alimentação • Foyer • Estar • Café ÁREA TÉCNICA • Administração • Depósito de material de limpeza (DML) • Reserva técnica • Depósito • Camarins SERVIÇOS E UTILIDADES • Restaurantes • Gráfica • Copa • Sanitários • Circulação • Estacionamento
70
6.2
O LUGAR Conforme já foi apresentado aqui anteriormente, o local
escolhido para a intervenção projetual é uma quadra no bairro do Jardim Estoril conformada pelas ruas Gustavo Maciel, Alfredo Fontão, Luso-Brasileira e Raffaele Mercadante. Historicamente habitado pelas classes alta e média alta, almeja-se que a implantação do projeto neste local seja o ponto de partida para uma ocupação mais democrática do território de Bauru.
Bastante procurado para a implantação de novos
empreendimentos imobiliários, o entorno imediato do lote está em constante transformação, uma vez que boa parte dos terrenos nas proximidades encontra-se vago. Além disso, muitos imóveis que antes eram residenciais vêm sendo convertidos em comércios.
IMAGEM 19 - Área de implantação do projeto
2
3
1 4 1. 2. 3. 4.
Rua Rua Rua Rua
Gustavo Maciel Luso-Brasileira Alfredo Fontão Raffaele Mercadante Acervo do Autor
71
MASTERPLAN
Com o lote escolhido já disposto na prancheta, a etapa
projetual se inicia com uma setorização que dá forma ao masterplan da quadra (imagens 20 e 21). Tendo como partido o conceito de permeabilidade urbana, o terreno foi dividido em dois, criando um eixo em seu sentido transversal, que dá continuidade a Rua Professor Wilson Monteiro Bonato, interrompida pelo desenho do lote.
Essa continuidade foi concebida a partir do traçado de uma
grande esplanada, fechada a veículos motorizados e que separa o volume do centro cultural às áreas habitacionais sugeridas na implantação. Feito isso, os edifícios foram desenhados e implantados de modo a respeitar a permeabilidade desejada gerando mais de uma área de fruição pública no terreno.
Por fim, trabalhamos o projeto paisagístico da esplanada
de modo a dar significado e sentido de lugar ao espaço em questão, gerando áreas de estar e passagem, cujo sombreamento gerado pelas árvores - associado à distribuição de conjuntos de chafarizes ao longo da praça - ameniza o desconforto térmico presente em Bauru devido às altas temperaturas próprias do centro oeste paulista.
6.2
O EDIFÍCIO Direcionando o nosso foco agora ao objeto principal deste
trabalho, o projeto do centro cultural seguiu o mesmo princípio de permeabilidade estabelecido durante o desenvolvimento do
72
masterplan. Sua concepção nasce de um conceito de fluidez no pavimento térreo, que pode ser acessado por três grandes entradas distintas. Se a universidade está distante da cidade nos mais diversos sentido, o Centro Cultural se abre à ela. A ampla visibilidade no térreo, tanto para dentro quanto para fora do edifício, permite ao usuário saber previamente a localização de cada um dos lugares que está a procura, ao mesmo tempo que o convida a um passeio livre e despretensioso pelo espaço.
Para obter este resultado, a concepção da edificação
(imagem 22) se deu a partir da união de dois blocos suspensos, separados por um grande vazio central que, por sua vez, é fechado por uma cobertura translúcida, dando origem a uma praça coberta - inspirada no Salão Caramelo da FAU-USP de Vilanova Artigas - objetivando acolher atividades comunitárias, manifestações artísticas, exposições, congressos científicos, bazares, feiras, entre outros, e de onde é possível ver o céu mesmo estando protegido das intempéries climáticas. Para fechar o conjunto, por fim, um sistema de proteção solar rodeia as fachadas do prédio, trazendo unidade ao edifício.
Uma vez que o Centro Cultural Universitário se propõe
enquanto um reduto do conhecimento, da cultura e da ciência na cidade, a intenção de explicitar esse conceito no objeto arquitetônico projetado foi uma demanda. Buscamos tecnologias de ponta que pudessem materializar o espaço desejado sem limitações. A solução encontrada se baseia em um sistema estrutural misto entre concreto e aço, aproveitando-se do que há de melhor nos dois materiais (imagem 23). Desenhou-se, então, uma estrutura que se resolve majoritariamente em concreto pré fabricado protendido, unido a resistência do aço para vencer os
73
balanços da edificação - bem como para resolver o sistema de cobertura (imagem 25) e da proteção solar presente nas fachadas (imagens 24). Vigas metálicas também foram selecionadas para apoiar a laje inclinada sob o auditório do edifício (imagem 36), como poderemos conferir adiante.
O programa contido no edifício foi separado de modo a
preservar no térreo as atividades mais públicas e reservar aos dois pavimentos presentes nos blocos suspensos os setores que requerem um grau maior de concentração e imersão. Desta forma, encontram-se no térreo (imagem 27) a praça coberta concebida com o intuito de organizar a espacialidade do conjunto e fornecer à cidade um espaço de encontro público; uma praça de alimentação dispondo de 3 restaurantes cujo público alvo são os funcionários dos escritórios e comércios estabelecidos na região, além dos próprios frequentadores do centro cultural; a biblioteca - que visa abrigar em seu acervo o resultado do conhecimento científico desenvolvido nas universidades de Bauru e região tais como livros, monografias, teses e dissertações, entre outros; o conjunto administrativo do complexo e a recepção.
Já o primeiro pavimento (imagem 28) recebe as atividades
produtivas, e certamente será o piso com maior concentração de visitantes. Nele estão presentes as salas de trabalho compartilhadas (coworking), oficinas e laboratórios, salas de reunião e multiuso, entre outros. O setor cultural do conjunto, por sua vez, é composto pelas salas de exposição e pelo auditório e foi abrigado no segundo pavimento (imagem 29) da edificação, no qual foi possível eliminar o eixo central de pilares - disposto no sentido longitudinal de cada bloco - uma vez que a sobrecarga que a laje de cobertura recebe é inferior às cargas dispostas
74
sobre as demais lajes. Assim, desenharam-se grandes salas, com ampla visibilidade - requisito básico para o projeto de um auditório - e inúmeras possibilidades de layout - o que permite diferentes tipos de exposição. Por fim, foi projetado também um piso no subsolo (imagem 26), que recebe o estacionamento com capacidade para 90 carros e 18 motos.
75
CENTRO CULTURAL UNIVERSITÁRIO
MASTERPLAN Imagem 20
1. O lote escolhido é uma quadra no Jardim estoril conformada pelas ruas Gustavo Maciel, Luso Brasileira, Alfredo Fontão e Raffaele Mercadante, ocupando uma área de aproximadamente 190.000 m².
76
2. O Masterplan da quadra se estrutura a partir do traçado de um eixo central, que dá continuidade à Rua Prof. Wilson Monteiro Bonato - interrompida na malha viária.
3. Este eixo é responsável pela setorização do lote entre o espaço do centro cultural - disposto na esquina de maior movimento da quadra - e a área destinada às futuras moradias.
4. A quadra recebe arborização e projeto paisagístico transformando a região do eixo gerador em uma esplanada, uma grande praça destinada ao fluxo exclusivo de pedestres e veículos não motorizado, podendo acolher diversas atividades comunitárias.
77
1a
1a
2
1b 1 1a
MASTERPLAN (IMPLANTAÇÃO)
Imagem 21
78
1 Centro Cultural Universitário a Entradas b Acesso ao subsolo 2 Esplanada a Chafarizes 3 Edifcícios habitacionais
2
a
2a
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
2a
3
3
0
15
30
50
79
CENTRO CULTURAL UNIVERSITÁRIO
CONCEPÇÃO VOLUMÉTRICA Imagem 22 1. A forma nasce a partir da implantação de dois volumes suspensos e separados por um grande vazio central.
4. Uma cobertura translúcida repousa sobre o vazio central, transformando-o em uma grande praça coberta.
80
5. O conjunto é envolvido por uma pele metálica, que filtra a incidência solar e garante visibilidade de dentro para fora.
2. Cada volume dispõe de 2 pavimentos. No primeiro pavimento concentram-se as atividades de trabalho, enquanto no segundo, as de lazer e cultura.
3. A circulação vertical é realizada por elevadores e escadas, além de um conjunto de rampas que atravessa o espaço vazio, conectando os dois blocos.
6. Um rasgo é desenhado na pele, integrando áreas sociais do edifício à esplanada externa.
7. Perspectiva isométrica do volume final da concepção projetual.
81
CENTRO CULTURAL UNIVERSITÁRIO
SOLUÇÃO ESTRUTURAL Imagem 23
1. A solução estrutural adotada é mista,
2. Sobre os pilares de concreto
mas composta majoritariamente por concreto pré fabricado protendido.
apoiam-se vigas também de concreto.
82
3. Vigas metálicas de perfil “i” foram
4. Sobre o conjunto repousam as lajes
selecionadas para vencer os balanços da edificação.
alveolares em concreto protendido.
83
CENTRO CULTURAL UNIVERSITÁRIO
PROTEÇÃO SOLAR Imagem 24
1. Para sustentar o sistema de proteção
2. Então, vigas metálicas de menor
solar, as vigas metálicas que apoiam os balanços do edifício foram prolongadas.
porte são parafusadas às vigas do edifício.
84
3. Elementos verticais conectam-se
4. Chapas em metal perfurada são
à esse vigamento e criam a noção de ritmo na fachada.
presas aos perfis verticais, trazendo conforto e unidade ao conjunto.
85
CENTRO CULTURAL UNIVERSITÁRIO
COBERTURA Imagem 25
1. Vigas metálicas de perfil tubular são parafusadas nas vigas de concreto do edifício.
86
2. Sobre elas, apoiam-se terças treliçadas.
3. Com mínima inclinação, coloca-se o vidro de forma a gerar uma cobertura de duas águas.
4. São posicionados 3 extratores de ar para auxiliar no controle térmico natural da edificação por efeito chaminé.
5. Para sombreamento da praça um sistemas de brises em chapa metálica perfurada fecha o conjunto.
6. Perspectiva isométrica do volume final da solução estrutural da cobertura.
87
PLANTA SUBSOLO Imagem 26
1
1 Acesso ao estacionamento 2 Circulação vertical
CORTE B
0
5
10
15
88
AN AUTODESK STUDENT VERSION
2
89
CORTE A
PLANTA TÉRREO Imagem 27
1 Praça coberta 2 Praça de alimentação 3 Restaurantes 4 Biblioteca 5 Administração a Sala de reunião b Descompressão c Copa d Sanitários 6 Circulação vertical 7 DML 8 Sanitários 9 Depósito
1
4 CORTE B
90
4 9
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
1 CORTE A
PRODU
2
3
8 3 8 3
5a
6
5a
7 5d 5d
5c
0
5
5b
5
10
15
91
PLANTA 1º PAVIMENTO Imagem 28
1 1 Salas multiuso 2 Gráfica 3 Descompressão 4 FABLAB a Sala de projeto 5 Oficina de artes 6 Sala de reunião 7 Coworking 8 Copa 9 Sanitários 10 DML 11 Circulação vertical
1
6 CORTE B
1
7
6 6 6
92
1
7
9
7
7
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
CORTE A
PRODU
1
2 4 1
3 5
6
3
9
10
9
0
5 1
9 4a 1
1
6
10 6
6 6
8
6
15
93
PLANTA 2º PAVIMENTO Imagem 29
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Salas de exposição Acesso exposições Foyer Auditório Camarim Convívio Café Reserva técnica Sanitários Circulação vertical
1
9 5
CORTE B
9
6
94
4
4
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
CORTE A
PRODU
2 1
10
3 7
9
6
8
9
0
5
10
15
95
CENTRO CULTURAL UNIVERSITÁRIO A arquitetura do Centro Cultural. Vista perspectivada do edifício a partir da Rua Gustavo Maciel.
Imagem 30
96
97
CENTRO CULTURAL UNIVERSITÁRIO A arquitetura do Centro Cultural. Vista perspectivada do edifício a partir da esplanada
Imagem 31
98
99
CENTRO CULTURAL UNIVERSITÁRIO A arquitetura do Centro Cultural. Vista perspectivada interna do edifício a partir da varanda
Imagem 32
100
101
CENTRO CULTURAL UNIVERSITÁRIO A arquitetura do Centro Cultural. Vista perspectivada interna do edifício a partir da passarela do 1º pavimento
Imagem 33
102
103
CENTRO CULTURAL UNIVERSITÁRIO A arquitetura do Centro Cultural. Vista perspectivada interna do edifício a partir das rampas
Imagem 34
104
105
CENTRO CULTURAL UNIVERSITÁRIO A arquitetura do Centro Cultural. Vista perspectivada interna do edifício a partir da passarela do 2º pavimento
Imagem 35
106
107
CORTES
Imagem 36
CORTE A
CORTE B 108
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
PRODU
0
5
10
15
109
conclusĂŁo
conclusão
Como consequência de todos esses anos de estudos, o
trabalho final de graduação se configurou enquanto um rito de passagem muito importante rumo à vida profissional. Inúmeras foram as dificuldades encontradas ao longo do percurso, dúvidas e incertezas se fizeram presente durante todo o decorrer deste trabalho, mas estão findadas com a chegada até aqui.
Coloco essa perspectiva pessoal e o texto em primeira
pessoa uma vez que mais do que um trabalho acadêmico, o TFG representa o término de um longo ciclo a todos aqueles que o concluem. A escolha por este tema se pautou por experiência própria enquanto morador da Vila Universitária e um aluno da Unesp que presenciava cotidianamente o baixo aproveitamento da produção acadêmica da graduação. Alguns trabalhos vinham a ser publicados, mas no contexto geral eles representam uma parte muito pequena do todo.
Por fim, é importante levantar a questão da necessidade
de valorizar a universidade pública e o que se produz nela. Nos tempos atuais se faz necessário a avaliação dos motivos que nos levaram ao descrédito da ciência por boa parte da sociedade brasileira em um dos momento em que mais precisamos de conhecimento. Finalizo este trabalho enquanto uma proposta de reflexão acerca do cenário em que se encontra a cultura, a ciência e tecnologia brasileira.
113
referĂŞncias
bibliografia
ARAGÃO, Rita de Cássia. Itinerários da universidade no Brasil. In: RUBIM, Antonio Albino Canelas (org.). A ousadia da criação: universidade e cultura. 2. ed. Salvador: Edufba, 2016. Cap. 1. p. 13-44. Autor desconhecido. Ágora Tech Park / Estúdio Módulo. 2019. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/924719/ agora-tech-park-estudio-modulo> Acesso em: 20 agosto 2020. BIERNATH, Karla Garcia. Vilas ferroviárias em Bauru: a essência de uma cidade. 2010. 107 f. TCC (Graduação) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Bauru, 2010. ESPAÇO: Concebido com o primeiro centro cultural multidisciplinar do país, o CCSP tem espaços de naturezas muito diversas, destinados a usos complementares e amplos, ocupando sua extensa área de 46.500 m² e quatro pisos. Disponível em: http://centrocultural.sp.gov.br/espacos/. Acesso em: 14 maio 2019.
117
FRACALOSSI, Igor. Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia / Lina Bo Bardi. 2013. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-153205/classicos-daarquiteturasesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi> Acesso em: 19 maio 2019. HABITAT: Lina Bo Bardi. Lina Bo Bardi. São Paulo: Ipsis, 2019. 352 p. (1) HISTÓRIA: Um pouco da história do museu. Disponível em: https://sites.bauru. sp.gov.br/museuhistorico/historia.aspx. Acesso em: 28 out. 2020. IMS São Paulo: São Paulo, 2011 - 2017. Projeto Premiado. São Paulo, 2011 2017. Projeto Premiado. Disponível em: https://www.andrademorettin.com.br/ projetos/ims/. Acesso em: 17 maio 2019. INSTITUTO Moreira Salles / Andrade Morettin Arquitetos Associados. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/883093/instituto-moreira-salles-andrademorettin-arquitetos. Acesso em: 17 maio 2019. MAHFUZ, Edson. Reflexões sobre a construção da forma pertinente (1). 2004. Disponível em: https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ arquitextos/04.045/606. Acesso em: 28 out. 2020. MILANESI, Luís. A casa da invenção: biblioteca centro de cultura. 4. ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2003. 271 p. MONTANER, Josep Maria. Museus para o século XXI. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, Sa, 2003. 162 p. NASCIMENTO, Gislaine Moura do. A representação do lugar no projeto de arquitetura pós moderno. 2013. 42 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade SÃo Judas Tadeu, São Paulo, 2013. Cap. 3. 118
OBA, Juliana. 4 museus em Bauru para aprender sobre a história e os artistas da cidade. 2018. Disponível em: https://www.socialbauru.com.br/2018/02/23/ conheca-4-museus-bauru/. Acesso em: 31 out. 2020. OFICINAS DE CRIATIVIDADE: Uma tradição além da arquitetura. 2013. Disponível em: https://www.sescsp.org.br/online/artigo/6816_ OFICINAS+DE+CRIATIVIDADE+UMA+TRADICAO+ALEM+DA+ARQUITETURA. Acesso em: 20 maio 2019. SERAPIÃO, Fernando et al (Ed.). Sesc Pompeia (1977/1986), São Paulo: Lina Bo Bardi. Monolito: Sesc - SP arquitetura, São Paulo, v. 1, n. 33, p.48-59, maiojunho 2016. Bimestral. SOUZA, Eduardo. Clássicos da Arquitetura: Centro Cultural São Paulo / Eurico Prado Lopes e Luiz Telles. 2017. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/872196/classicos-da-arquitetura-centroculturalsao-paulo-eurico-prado-lopes-e-luiz-telles> Acesso em: 16 maio 2019. TECNOLOGIA DE FABRICAÇÃO DIGITAL. Disponível em: http://fablablivresp. art.br/nossas-maquinas. Acesso em: 24 maio 2019.
119
iconografia IMAGEM 1 - Disponível em: <https://www.historiadasartes.com/ sala-dos-professores/fonte-marcel-duchamp/> IMAGEM 2 - Disponível em: <http://www.daebauru.sp.gov. br/2014/agua/plano_diretor_aguas/Vol01-TomoI.pdf> IMAGENS 3 A 7 - Acervo do autor IMAGEM 8 - Disponível em: <https://www.nelsonkon.com.br/ centro-cultural-sao-paulo/> IMAGEM 9 - Disponível em: <http://fablablivresp.art.br/unidades/ centro-cultural-sao-paulo/blog/lugar-de-mulher-e-onde-elaquiser> IMAGEM 10 - Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/ br/872196/classicos-da-arquitetura-centro-cultural-sao-pauloeurico-prado-lopes-e-luiz-telles> IMAGEM 11 - Disponível em: <https://www.archdaily.com. br/br/01-153205/classicos-da-arquitetura-sesc-pompeiaslash-lina-bo-bardi/5285f581e8e44e8e720001b2-classicosda-arquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi-foto?next_ project=no>
120
IMAGEM 12 - Disponível em: <https://www.brasilwire.com/sescpompeia-lina-bo-bardi/> IMAGEM 13 - Disponível em: <https://www.archdaily.com. br/br/01-153205/classicos-da-arquitetura-sesc-pompeiaslash-lina-bo-bardi/52797b43e8e44e865400006c-classicosda-arquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi-foto?next_ project=no> IMAGEM 14 - Disponível em: <https://www.nelsonkon.com.br/ instituto-moreira-salles/> IMAGEM 15 - Disponível em: <https://www.nelsonkon.com.br/ instituto-moreira-salles/> IMAGEM 16 - Disponível em: <https://www.nelsonkon.com.br/ instituto-moreira-salles/> IMAGEM 17 - Disponível em: <https://www.nelsonkon.com. br/18639-2/> IMAGEM 18 - Disponível em: <https://www.nelsonkon.com. br/18639-2/> IMAGENS 19 a 36 - Acervo do autor
121