Síntese das artes / Museu Laboratório / MARP e Anexo - Raphael Mattielo

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CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA

RAPHAEL MATTIELO DE ANDRADE

SÍNTESE DAS ARTES / MUSEU LABORÁTÓRIO ANEXO AO MUSEU DE ARTE DE RIBEIRÃO PRETO

Trabalho de Finalização de Graduação apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo no Centro Universitário Moura Lacerda

Orientador Prof. Ms. Francisco Carlos Gimenes

RIBEIRÃO PRETO 2014


“A arquitetura é a arte que dispõe e adorna de tal forma as construções erguidas pelo homem, para qualquer uso, que vê-las pode contribuir para sua saúde mental, poder e prazer.” John Ruskin

“As ideias são como peixes. Se quisermos capturar peixes pequenos, podemos ficar pelas águas pouco profundas. Mas, se quisermos capturar os peixes grandes, temos que ir mais fundo, é assim com a arte também.” David Lynch

“Arquitetura deve falar de seu tempo e lugar, porém anseia por atemporalidade.” Frank Gehry

"A arte e nada mais que a arte! Ela é a grande estimuladora da vida, a grande aliciadora da vida, o grande poder da vida". Friedrich Nietzsche


AGRADECIMENTOS Muito obrigado... Primeiramente aos meus pais, Alci e Dilsa, sempre presentes neste caminho que é a vida. A minha avó Maria (in memória), que com sua sabedoria simples

me

inestimáveis,

ensinou

sempre

coisas

presente

nos

exemplos e nas lembranças. À Greize, minha

fiel

companheira,

grande incentivadora,

amiga

e

ao Professor

Francisco que me acompanha desde o projeto

de

iniciação

científica,

me

orientando e me ensinando de forma irrestrita, sem vocês possivelmente este trabalho não teria se concretizado.


RESUMO

Este trabalho tem como objeto trabalhar o Museu de Arte de Ribeirão Preto – MARP e a proposta de um anexo que ligue organicamente os dois edifícios. A ideia é que, o Anexo abarque o conceito de “síntese das artes” caracterizado pelo trabalho integrado de pintura, escultura, painéis, paisagismo e arquitetura em um edifício. O MARP tem como objetivo abranger o conceito de museu laboratório marcado pelas diversas frentes de ação cultural distanciando-se do modelo de museu tradicional com uma atitude que não se restringe apenas a expor e informar, mas de instruir e formar também.

PALAVRAS-CHAVE: Museu de Arte de Ribeirão Preto, Síntese das Artes, Museu Laboratório, Museu Anexo.


ABSTRACT This work has as object the Art Museum of Ribeirão Preto - MARP and the proposal of an attachment that organically connect these two buildings. The idea is that The annex building embraces the concept of "synthesis of the arts" characterized by integrated painting, sculpture, panels, landscaping and architecture on a building. MARP aims to encompass the concept of laboratory museum marked by various cultural fronts of action moving away from the traditional museum model with an attitude that isn’t restricted only to expose and inform, but to educate and instruct too.

KEYWORDS: Art Museum of Ribeirão Preto, Synthesis of Arts, Laboratory Museum, Museum Annex.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ___________________________________1 2. SÍNTESE DAS ARTE ______________________________2 3. MUSEU DE ARTE DE RIBEIRÃO PRETO – MARP ______8 4. LEITURAS MORFOLÓGICAS SOBRE O ENTORNO ____15 5. DISCUSSÕES SOBRE O MUSEU HOJE ______________17 6. MEMORIAL JUSTIFICATIVO E DESCRITIVO __________20 7. REFERÊNCIAS PROJETUAIS_______________________21 8. ESTUDOS DE MAQUETES / VOLUMES_______________28 9. O PROJETO_____________________________________32 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS_________________________49 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS__________________50


1. INTRODUÇÃO

Este texto resultou da pesquisa em iniciação científica que se desdobrou no trabalho de finalização do curso de Arquitetura e Urbanismo no Centro Universitário Moura Lacerda, cujo objetivo foi estudar a aplicação do conceito de “síntese das artes” em Ribeirão Preto, posteriormente propor uma intervenção projetual no MARP (Museu de Arte de Ribeirão Preto) a partir deste conceito. Desta maneira o trabalho pretende propor um anexo ao MARP e uma alteração no plano de função deste museu. O projeto de um museu de arte e sua inserção na cidade do ponto de vista da sua operabilidade, assim como um museu laboratório (MARP) e um que abarque o conceito de “síntese das artes” (Edifício Anexo), ambos ligados organicamente, através das diversas frentes de suas ações culturais e artísticas, tendo no edifício anexo as características propostas no conceito de “síntese das artes”. O edifício anexo tratará especificamente do processo de desenvolvimento de uma edificação que contenha em seu programa, este conceito, ou seja, durante a elaboração do projeto, foi planejado um conjunto de elementos artísticos que possam estabelecer uma conexão estética/visual dentro das propostas do conceito que consista em exibições de painéis, esculturas e uma elaboração aprimorada de paisagismo tornando-o assim um objeto na cidade referência da chamada “síntese das artes”. Já o MARP será adaptado para ser um museu laboratório que comporte todos os elementos propostos sob esta ótica, que consiste em um modo diferente da relação dos museus tradicionais com a cidade, como foi proposto por Pietro Bardi no Museu de Arte de São Paulo da Sete de Abril, de não apenas informar, mas também formar através de cursos e oficinas. A proposta da intervenção é estabelecer um anexo ao MARP na região central de Ribeirão Preto com o objetivo de promover uma difusão mais ampla das artes, tanto com o edifício anexo que comportará exibições tais como painéis, esculturas e artes em geral e também por sua arquitetura contemporânea divergente da arquitetura eclética do MARP que por sua vez comportará o conceito de museu laboratório com oficinas culturais, tendo em vista a formação e instrução, a ideia partiu da análise das plantas, por que em sua disposição já proporciona espaços para as oficinas. 1


2. SÍNTESE DAS ARTES

O tema Síntese das Artes foi fundamental na constituição da arquitetura moderna do século XX, ele se caracteriza pelo trabalho integrado de pintores, escultores e arquitetos em um edifício. Na primeira proclamação da Bauhaus em 1919, escreve “(...) os arquitetos, os pintores e os escultores devem reconhecer o caráter compósito do edifício como uma entidade unitária. E mais adiante: “(...) juntos conceberam e criaram o novo edifício do futuro, que reunirá arquitetura, escultura e pintura numa única unidade”. É a mais contundente verbalização sobre o tema da integração das artes no panorama da arquitetura moderna.

Figura 1 Bauhaus 1919.

[...] a construção completa é o objetivo final das artes visuais. Sua função mais nobre, numa época, foi a decoração dos edifícios; hoje, estes sobrevivem em isolamento, do qual só podem ser retirados com os esforços conscientes e coordenados de todos os artífices. Todos nós arquitetos, escultores, pintores, devemos voltar-nos para o nosso ofício. A arte não é uma profissão, não existe nenhuma diferença essencial entre o artista e o artesão... Formamos uma única comunidade de artífices sem a distinção de classe que levanta uma arrogante barreira entre o artesão e o artista. (BENEVOLO, 1976, p.404) 2


De acordo com Fernandes, o termo “síntese das artes” é tema fundamental que percorreu toda a problemática sobre a constituição da arquitetura moderna, nas primeiras décadas do século XX. Um dos exemplos mais emblemáticos, que ganha novo enfoque, foi desenvolvido na Bauhaus, é o projeto de Walter Gropius para o Teatro Total de 1927. Redefinindo o conceito a partir de um trabalho conjunto entre arquitetos, pintores e escultores.

[...] a primeira Bauhaus nasce no interior da cultura do expressionismo, que se manifesta logo após o primeiro pós-guerra, como reação à adesão à indústria esboçada nas primeiras décadas do século XX, principalmente no círculo de arquitetos ligados ao Werkbund. Este confronto irá se revelar na busca de um utópico retorno ao convívio harmonioso com a natureza como alternativa à vida metropolitana da civilização industrial e no trabalho integrado de pintores, escultores, arquitetos, pedreiros, marceneiros, relacionando aos anseios de uma comunidade e indicado como caminho para atingir o socialismo. (FERNANDES, 2010, p. 3)

No Brasil o tema síntese das artes foi fundamental na constituição da arquitetura moderna do século XX, que se caracterizou também pelo trabalho integrado de pintores, escultores e arquitetos, compreendendo este período a partir da década de 1930 com a construção do antigo Ministério da Educação e Saúde, hoje Palácio Gustavo Capanema, considerado um marco no estabelecimento da Arquitetura Moderna Brasileira, tendo sido projetado por uma equipe composta por Lucio Costa, Carlos Leão, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Ernani Vasconcellos e Jorge Machado Moreira, com a consultoria do arquiteto franco-suíço Le Corbusier, seu revestimento externo é decorado por azulejos de Cândido Portinari, além de pinturas de Alberto Guignard, Pancetti e esculturas de Bruno Giorgi, JacqquesLipchltz e Celso Antônio Silveira de Menezes. (MINDLIN, 2000)

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Figura 2 Edifício MEC Gustavo Capanema Rio de Janeiro.

Figura 3 Edifício MASP São Paulo.

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Figura 4 Conjunto Arquitetônico da Pampulha Belo Horizonte.

O conceito síntese das artes também se deterá em temas buscando dimensões humanistas e comunitárias para a atividade artística. Este debate ocorre principalmente no interior do CIAM [Congresso Internacional de Arquitetura Moderna]. No VI CIAM de 1947 a questão da síntese das artes é revisitada, enfocando o sentido das correlações das diferentes atividades artísticas em busca de uma similaridade de métodos de pintura, arquitetura e construção. No VIII CIAM de 1951 observa-se que a arquitetura moderna, nos últimos anos, se manteve separada das suas artes irmãs, enquanto que na sua origem, deveu muito de sua inspiração a elas. “A dimensão artística então é evocada como meio para modelar a vida emocional das massas, participando da construção de centros cívicos e comunitários, como espaço qualificado para a ação coletiva.” (FERNANDES, 2010) Na verdade estas colocações já tinham se delineado no manifesto proposto por Sert, Giedion e Lerger em 1943, “Nove pontos sobre a monumentalidade”, em que os autores destacam a colaboração entre paisagistas, pintores, escultores, arquitetos e urbanistas como meio para atingir a nova monumentalidade cívica. A relação entre pintura, escultura e arquitetura para o arquiteto catalão Josep Lluís Sert não é somente desejável como em certos casos é necessário. Sert sempre foi cercado pelo mundo artístico e defendeu uma síntese intelectual entre a 5


arquitetura e as artes plásticas. Ao longo de sua vida, a relação entre paisagem, arquitetura e objeto artístico foi um eixo fundamental para o desenvolvimento de sua obra. Sert afirma que a arquitetura hoje tem que ser mais funcional e não pode existir sem o sentido dos valores plásticos – “O arquiteto é igual a um escultor e um pintor, necessita de um sentido de valores, sem estes produzirá edifícios, mas não será arquitetura”. (JUNCOSA, 2011)

[...] Gropius desenvolveu uma proposta de edifício extremamente flexível. Ligeiramente ovalado, possui auditório capaz de converterse em três diferentes formas “clássicas”: palco italiano, arena e palco projetado. Propôs também uma espécie de palco periférico onde a ação poderia ocorrer envolvendo o público. (RODRIGUES, 2008, p.78)

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2.1 MUSEU LABORATÓRIO

Museu Laboratório é um modo diferente de relação dos museus tradicionais com a cidade, neste tipo de museu há diversas frentes de ações culturais que propõe uma espécie de anti-museu no sentido de distanciar-se do modelo de museu tradicional, com um caráter não apenas com o fim estreito de informar, mas de instruir e formar também.

[...] num período de revisão de suas primeiras proposições, os museus tornaram-se peças chaves nas estratégias dos arquitetos modernos atuantes no pós-guerra, com propostas de restabelecer, para as cidades, pontos vivos que pudessem transformar os velhos centros ou construir outros novos. Lugares destinados a apreciação de obras de arte e para o cultivo da mente na cidade moderna já haviam sido propostos no IV CIAM de 1933, que originou a Carta de Atenas e CanourCitiesSurvive? O tema foi desenvolvido no VIII CIAM intitulado "O Coração da Cidade", de 1951, no qual a ideia de museus como "laboratórios" encontra-se nas proposições de Le Corbuiser e de JosepLluisSert em seus discursos na busca por uma transformação dos centros das cidades através da criação de pontos estratégicos que viriam a contribuir para recuperar um sentido de coletividade. Em "O Coração como ponto de reunião das artes" Le Corbusier cita o MASP da Sete de Abril como um dos exemplos da forma como se daria a integração entre o museu, a formação do público e a cidade, um dos papéis do "coração”. O projeto desenvolvido por Lina Bo Bardi para o MASP na Avenida Paulista torna-se a espacialização disto: se o MASP da Sete de Abril apresentou tais orientações, apontadas através das suas diversas ações na cidade mesmo sem ter uma sede própria e uma arquitetura própria, o museu projetado e construído por Lina Bo Bardi no novo centro localizado no Trianon levaria consigo essas diretrizes, que estariam expressas em sua arquitetura e na forma da sua inserção no espaço da cidade. (CANAS, 2010, p.5)

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3. MARP - MUSEU DE ARTE DE RIBEIRÃO PRETO

O prédio onde está instalado o MARP foi construído no início do século XX, para ser a primeira sede da Sociedade Recreativa de Ribeirão Preto. A inauguração do edifício em estilo eclético aconteceu em 31 de dezembro de 1908. O projeto para a sede da Sociedade Recreativa é de autoria do arquiteto Affonso Geribelloe a execução da obra pelo construtor Vicente Lo Giudice.

Figura 5 Edifício da Sociedade Recreativa (Hoje o MARP) 1930.

Aproximadamente em 1922, o terreno ao lado da sede foi adquirido para construção da primeira ampliação, que ocorreu por volta de 1924. Novas adaptações para melhoria das acomodações do prédio, para conforto dos sócios, aconteceram em 1935. 8


Em 1945 foi aprovado pelo Conselho Deliberativo da Sociedade Recreativa, a construção de uma nova sede em substituição ao antigo prédio, a ser demolido, pois foi considerado inadequado às necessidades do momento. Este fato não chega a se concretizar e em 1951 a Sociedade Recreativa institui um concurso para projeto de construção da nova sede social em terreno da sede de campo. Em 1956, a antiga sede da Sociedade Recreativa, após reforma efetuada pela Prefeitura, passa a ser ocupada pela Câmara Municipal de Ribeirão Preto, que funcionava desde 1917 no Palácio Rio Branco, juntamente com a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. No piso térreo do prédio foram instalados: a Sala das Comissões, da Secretaria, dos Secretários, da Presidência, o Arquivo e Bar. No piso superior localizava-se a Sala de Jornalistas e Sala das Sessões. A Câmara Municipal funcionou neste local até o ano de 1984, quando foi transferida para o pavimento superior da Casa da Cultura. Após uma grande reforma no antigo prédio da Sociedade Recreativa e, posteriormente, Câmara Municipal, é inaugurado em 22 de dezembro de 1992, o então MARP - Museu de Arte de Ribeirão Preto, com o objetivo de reunir todo o acervo de artes plásticas da Prefeitura – obras do SARP - Salão de Arte de Ribeirão Preto e do SABBART - Salão Brasileiro de Belas Artes, adquiridas pelo poder público, bem como obras doadas, como o conjunto de obras dos artistas Leonello Berti e Nair Opromolla; e também promover a recuperação do acervo. Em 2000, o MARP recebeu o nome de Pedro Manuel-Gismondi.Em 2008, o edifício foi tombado pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (CONPPAC).

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3.1 SITUAÇÃO DO MARP HOJE O MARP nos dias atuais é um dos mais importantes centros promotores de cultura na cidade de Ribeirão Preto, porém, tem pouca visibilidade, apesar de estar no centro da cidade os transeuntes muitas vezes passam desapercebidos pelo imponente museu de característica eclética. A falta de divulgação das exposições nos grandes veículos e o próprio desinteresse da população em visitar o museu faz com que o espaço não tenha o reconhecimento merecido. A proposta do anexo vem para tentar romper com esta barreira entre o público e o museu, inclusive com relação ao espaço, o museu é realmente pequeno para as exposições, este edifício anexo se faz necessário para expandir as ações do museu (tornando-o laboratório), segundo o próprio diretor, o arquiteto Nilton Campos a melhor solução seria um anexo, sem dúvidas.

Figura 6 Fachada do Museu de Arte de Ribeirão Preto 2006.

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3.2 PLANTAS ATUAIS DO MARP

Figura 7 Planta Piso térreo.

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Figura 8 Planta Piso superior.

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3.3 ENTREVISTA COM ARQUITETO NILTON CAMPOS: (DIRETOR DO MARP)

1 - Você considera interessante um novo museu para Ribeirão Preto ou uma intervenção, bem como um edifício anexo para o Museu de Arte de Ribeirão Preto?

Nilton - O MARP é um prédio tombado, sendo assim tem limites de intervenção, há dois anos ouve uma reforma nas fachadas e precisou de aprovação do CONPPAC, interferindo o mínimo possível, penso que neste momento não há porque fazer uma intervenção no edifício em si, mas considero sim um anexo interessante, dialogando com a arquitetura do edifico, porém quero que fique claro que o prédio é de propriedade da telefônica, já foi tentada uma doação, porém nunca conseguimos. O prédio é muito interessante pra museu, a vantagem desse prédio é que ele sempre foi um espaço público (foi a primeira sede da recreativa) e os artistas preferem a arquitetura do prédio com paredes limpas, porém com toda a influência da arquitetura da época, lembro-me agora do conceito de “cubo branco” que muitos teóricos colocaram em xeque esse conceito – se você pensar que a obra foi criada em atelier e que na maioria das vezes é um ambiente caótico, quando a obra é colocada em uma parede lisa há um choque muito grande, pois o artista nunca conseguiu visualizar daquela forma e a maioria deles preferem um ambiente como o do MARP, pois apesar das paredes lisas há um contraste com a arquitetura e o desafio do espaço faz com ele repense a obra e o diálogo dela com o espaço. Apesar da tendência a ser um cubo branco, pois o prédio é cheio de aberturas e totalmente simétrico, fechamos e tampamos portas e janelas, com certo limite para não perder a arquitetura do prédio. Com relação ao espaço, o museu é realmente pequeno, já tentamos trabalhar em outros lugares e com parcerias para realizar exposições em outras locações que não o museu para expandir as ações do museu. A história do museu foi feita ali dentro, por isso não abandonar a ideia de ter aquele prédio como museu. Há sempre a vontade de ter uma extensão, depende de quem esta no poder querer mudar o museu de prédio, mas depois percebem que é inviável, então o mais interessante seria um anexo, sem dúvidas. 13


2 - Qual a relação do museu com a cidade? Nilton – A relação com a cidade é sempre difícil, tem o ponto de ônibus na entrada que eles querem que saia há pelo menos 10 anos, os ruídos, a trepidação, além das pessoas sentarem de costas para o museu, se você perguntar para a maioria das pessoas da cidade elas não sabem da existência do museu de arte e isso é muito prejudicial, por exemplo, os taxistas fazem referencia ao museu histórico e não ao museu de arte e pra suprir isto há um educativo forte com parcerias com escolas com esperança no futuro.

3 - Quais são as propostas do MARP para difundir as exposições e os artistas?

Nilton - A imprensa dentro da prefeitura faz a divulgação e ali manda para veículos de informação, quando a mídia espontânea tem interesse em divulgar acontece, porém poderia ter projetos para atingir com mais amplitude, mas a equipe e a verba são quase nenhuma, por isso prima-se exposições temporárias de arte contemporânea, pois há uma dinâmica, sem aquela coisa hermética e isso é muito mais atrativo, há uma dinâmica com os artistas com palestras e cursos livres, há uma visita guiada onde se comenta os projetos dos artistas, isto é uma maneira de quebrar o paradigma de que arte é elitista, que arte é só pra quem conhece arte, pois a arte é pra qualquer um, é você refletir sobre o que está vendo. Há uma parte educativa em que em um período do ano há uma visita de 160 crianças por dia no museu.

4 - O MARP tem algum programa de formação?

Nilton - Por falta de espaço e verba acaba tendo uma formação mais com workshops com os artistas, leitura de portfólio, já houve cursos práticos, porem não há espaço e equipe pra fazer isso, tem que ter uma estrutura pra fazer isso e não tem no MARP por falta de espaço e recursos e por isso há as parecerias, com o

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SESC, por exemplo, que faz uma paralela com artistas que indicamos pra oficinas práticas no salão deles, tudo depende da programação daquele ano.

4. LEITURAS MORFOLÓGICAS SOBRE O ENTORNO O MARP não se destaca tanto no seu entorno, mais pela falta de identificação como museu (alguns fazem referência ao prédio histórico, mas não ao museu, como relatado em entrevista pelo diretor do museu) do que pela arquitetura eclética. Há poucas placas indicativas do museu e estão localizadas em locais onde há menor número de pedestres. Nas vias próximas à Praça Carlos Gomes, onde há maior movimentação, não há nenhuma identificação, existindo em frente ao museu um ponto de ônibus que esconde sua fachada, bem como muitos fios de eletricidade. A visão do Museu para quem está na Praça é encoberta pelo ponto de ônibus.

Figura 9 Representação no Autocad do entorno do MARP

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A via com maior fluxo de veículos no local é na Rua Barão do Amazonas. Há algumas vias coletoras que servem principalmente aos ônibus que descem a rua e tem como destino a Avenida Francisco Junqueira e a Rua Duque de Caxias. Estas vias comportam um intenso fluxo, o que provoca engarrafamentos constantes e nós de tráfego. Com isto, há uma intensa poluição do ar e sonora nas vias próximas ao MARP. Nesta área a única atividade que atrai um grande número de pedestres é justamente o ponto de ônibus, havendo um grande fluxo próximo a ele, durante o dia. O uso do solo predominante é institucional e comercial, pouco uso de serviços, sendo que vários terrenos são destinados a estacionamentos. Há um grande número de linhas de ônibus que circulam nas proximidades do museu que levam tanto pra zona sul quanto pra zona norte da cidade, o que seria inviável a retirada dele daquelas proximidades. A taxa de ocupação do solo é densa, havendo pouca área de espaço livre. Nota-se a existência de vários edifícios com a mesma tipologia, outros mais altos que ajudam no sombreamento do museu.

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Figura 10 Imagem aérea do entorno do MARP Google Earth

5. DISCUSSÕES SOBRE O MUSEU HOJE

5.1 MOMA E METROPOLITAN MUSEUM DE NOVA YORK

A relação do museu voltado para a formação do público e propagação das diversas artes é uma característica muito presente nos museus norte-americanos, em especial no caso do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) e do Metropolitan Museum também de NY.

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Figura 11 Museu de Arte Moderna de Nova Iorque 2010.

Figura 12 Metropolitan Museum de Nova Iorque 2011.

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5.2 MUSEU DA MEMÓRIA E DOS DIREITOS HUMANOS SANTIAGO NO CHILE

Outro exemplo é o Museu da Memória e dos Direitos Humanos, inaugurado em janeiro de 2010, em Santiago, capital do Chile. É a primeira das intervenções previstas no projeto do escritório brasileiro Estúdio América para uma quadra na região central da capital chilena. Na definição dos arquitetos, a inauguração é uma arca na qual se depositaram as reminiscências da história chilena. A proposta conceituava o conjunto Matucana (região central onde se concentram outros edifícios históricos como a Biblioteca Nacional de Santiago) como uma quadra aberta destinada a um diálogo com a morfologia construída da capital chilena. O museu tratado como elemento fomentador da fruição do espaço público. A translucidez dos vidros permite observar construções mais antigas de Santiago, O espaço público foi concebido como uma ágora, capaz de abrigar diversos eventos. Arquibancadas ao ar livre e escadarias que confluem até a praça desde as três ruas adjacentes facilitam o acesso ao cidadão comum. Santiago conquista um espaço público aberto que enriquece e harmoniza-se com o circuito cultural já existente no eixo da Avenida Matucana. O país recebe um espaço destinado a educar e refletir sobre a necessidade de preservar os direitos humanos. Este museu serve como um exemplo de como o museu hoje pode permitir a inclusão do cidadão comum, do transeunte e do visitante se integrando com a cidade. No edifício há um espaço com arquibancadas que permite oficinas ao ar livre, isto acontece em função também por terum vão livre que propicia essa passagem, assim como proposto no edifício anexo ao MARP.

[...] projetada para criar lugares e marcos físicos ou mentais, onde se possa oferecer condições [entornos operativos] para que o conhecimento germine do interior de cada indivíduo. Somente aquilo que uma pessoa descobre por ela mesma pode acumular-se como memória ativa. Um espaço dedicado à memória pode não só transmitir informações, mas também provocar a reflexão sobre as recordações e os desejos. (DIAS, 2010)

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Figura 13 Museu da Memória e dos Direitos Humanos em Santiago, Chile.

6. MEMORIAL JUSTIFICATIVO E DESCRITIVO

O edifício anexo ao ficará ao lado do MARP, sua ocupação no lote ocorre a partir da proposta de desapropriar algumas edificações que não trazem ligações com um museu de arte. O edifício tem como característica principal a ligação orgânica entre os dois prédios, feita a partir do segundo pavimento, o anexo é revestido de material metálico, sendo um aliado para desenvolver as formas geométricas do edifício, sua fachada é revestida de vidro temperado com o objetivo de proteger o interior, mas ao mesmo tempo deixar quem está do lado de fora apresentado à visão interna do museu. O térreo tem uma circulação que objetivo integrar os visitantes ao partido arquitetônico propostos, assim como os outros pavimentos.

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A conexão orgânica entre os edifícios se dá tanto pela entrada frontal, o térreo tem um jardim que liga os dois edifícios e pelo segundo piso que estão conectados. Os mezaninos permitem maior circulação do publico para contemplar os painéis, as exposições, as esculturas, e o paisagismo do local, enquanto o MARP torna-se o principal motor do museu laboratório proposto, oferecendo as oficinas de formação, palestras, conferências, oficinas literárias, etc. O layout do anexo tem a função facilitar a integração do público com as artes, o elevador da o acesso aos três pavimentos que serão usados para as exposições, sendo o último um espaço para o suporte da manutenção do edifício. O subsolo do anexo é ligado ao térreo através de uma escadaria, ali se encontra um espaço de cultura, uma livraria com café e também os sanitários masculino e feminino com total acesso. O ponto de ônibus que fica em frente ao MARP subirá para o edifício ao lado do anexo, terá uma alça de acesso, não interferindo na hierarquia viária local e ao mesmo tempo deixando uma possibilidade de fácil de acesso através do transporte público. Os fios e os postes de eletricidade serão retirados da fachada dos edifícios e passarão subterraneamente. 7. REFERÊNCIAS PROJETUAIS 7.1 CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA INHOTIM: BRUMADINHO, MINAS GERAIS Uma das principais referências de projeto foi o Centro de Arte Contemporânea Inhotim em Brumadinho, Minas Gerais, sua arquitetura única permite um vão de acesso ao edifício que deixa espaços para circulação e exposições diversas. No projeto do edifício anexo a caixa e seu aterramento têm conexões parecidas com a do prédio mineiro, também permitindo um amplo espaço para exposições permanentes e itinerantes.

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Figura 14 Centro de Arte Contemporânea Inhotim em Brumadinho, Minas Gerais.

7.2 MUSEU JUDAICO: BERLIM, ALEMANHA Outra importante referência é o Museu Judaico de Berlim. Ele é um museu da década de 1930 situado em Berlim e que cobre a história dos judeusalemães ao longo de dois milénios.Este museu foi fundado no ano de 1933 e foi encerrado em 1938 pelo Regime nazista. O arquiteto polonês Daniel Libeskind projetou um anexo para o museu que reabriu as suas portas em 2001. No projeto do MARP e seu anexo encontramos muitas semelhanças com este complexo berlinense desenhado por Libeskind, já que a proposta também foi desenvolver um edifício contemporâneo anexo ao Museu da 22


década de 1930, ligados organicamente por uma passagem, no caso do museu alemão por uma via subterrâneo.

Figura 15 Museu Judaico de Berlim.

7.3 MASP: MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO

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Figura 16 Museu de Arte de São Paulo 2012.

Uma das maiores referências para o projeto é o Museu de Arte de São Paulo foi construído graças à ideia de Pietro Maria Bardi, marido de Lina Bo Bardi, junto a Assis Chateaubriand, que em 1946, decidem criam um novo museu de arte em São Paulo. Inicialmente, este museu funcionava no segundo andar do edifício dos Diários associados. (HOLANDA, 2013) A ideia de transformar o edifício do atua do MARP em Museu Laboratório nasce da experiência com o MASP. O conceito de Museu Laboratório é um modo diferente de relação dos museus tradicionais com a cidade, e com a desativação do MASP da Sete de Abril, o MASP da Paulista trás esta proposta inicial dos Bardi.

[...] esse texto possibilitou algumas das abordagens que a pesquisa desenvolveu, pois além de indicar que a formação do MASP resulta de um trabalho realizado por um grupo de artistas e arquitetos, também ofereceu os princípios de seu projeto como museu: sua proposta de museu voltado para a formação através de várias atividades educativas e da abrangência em relação às artes que se propôs divulgar - artes plásticas, arquitetura, design, cultura popular. (CANAS, 2010, p.6)

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O edifício foi erguido no terreno do antigo Belvedere Trianon, na Avenida Paulista, em 1968. Foram inauguradas escolas de gravura, pintura, design industrial, escultura, ecologia, fotografia, cinema, jardinagem, teatro, dança e até moda. (HOLANDA, 2013) [...] no volume suspenso estão à pinacoteca, com seus escritórios, salas de exposições temporárias, salas de exposições particulares, e arquivos fotográficos, filmográficos e videográficos. Para exibir as pinturas, foram utilizadas lâminas de vidro temperado suportadas por um bloco base que imitava concreto. Isto relembrava a posição do quadro sobre o cavalete do artista. (HOLANDA, 2013, p.72)

Figura 16 Corte AA MASP.

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Figura 18 Plantas 1º e 2º pavimentos do MASP.

Pietro Bardi cita o MoMA de Nova Iorque como o grande exemplo de Museu Laboratório. O que Pietro Bardi identifica no plano de ação do museu nova-iorquino é uma ampliação do conceito de museu laboratório, transformado em um centro de promoção das artes através de diversas atividades formadoras com ênfase especial na construção da unidade das artes, mas considera que um museu de arte só seria efetivamente atuante se o seu programa estivesse voltado para reconstituir a ideia original de unidade das artes - unidade esta que os museus nos velhos moldes contribuiu em grande medida para separá-las - cumprindo assim sua função social e respondendo a uma necessidade histórica e transpor isto pra primeira unidade do MASP.

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Figura 19 Antiga sede do Museu de Arte de São Paulo da Sete de Abril 2011.

[...] sem esta unidade as artes murcham, em vez de se aperfeiçoar; a pintura se torna uma melancólica pintura de cavalete; a arquitetura nada mais é do que a aridez da parede lisa; a escultura se torna um viveiro de reprodutores em série. A unidade das artes significará: participação da arte na sociedade e contribuição para sua sistematização futura. Mas quem responderá ao chamado? De onde partirá o movimento? Quem se engajará na política em favor desta unidade senão um museu vital, cujos dirigentes sabem realmente aquilo que querem? Creio que chegou o momento de reformar os museus, de refazê-los de modo a que eles sirvam às pessoas, que orientem a formação de seu gosto, que as coloquem diante das premissas de sua própria vida, para dali tirar energias vitais úteis para o futuro (TENTORI, 2000, p.190).

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8. ESTUDOS DE MAQUETES / VOLUMES

Figura 20 Estudo de volumes inicial.

No inicio começamos com o estudo volumétrico do entorno.

Figura 21 1º Maquete de estudos.

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Depois desenvolvi uma maquete com os volumes, em um estรกgio bem rudimentar.

Figura 22 Maquete de estudos.

Outra maquete experimental, para tentar chegar ao volume ideal para o anexo.

Figura 23 Maquete + desenho de estudos.

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Continuamos em nossa busca por um volume que se integrasse com as ideias.

Figura 24 Maquete + desenho de estudos.

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Figura 25 Maquete de estudo volumĂŠtrico.

Figura 26 Maquete de estudos.

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Figura 27 Maquete de estudos.

Até chegarmos a um volume que se adequasse a ideia de integração da população com o museu.

9. O PROJETO

Figura 28 Vista aérea do complexo.

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Figura 29 Vista aérea do complexo.

Figura 30 Corte com vista para 1º e 2º pavimentos.

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Figura 31 Vista frontal do complexo e seu entorno.

Figura 32 MARP e Anexo.

O ponto de ônibus que originalmente ficava em frente ao MARP sobe para o edifício ao lado do anexo. Os fios de eletricidade passarão via subterrânea.

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Figura 33 MARP e Anexo.

Figura 34 MARP e Anexo.

Figura 35 MARP e Anexo.

35



B

A


B

A


B

A


B

A



10.28

6.78 3.35

0.69

1.39

0.15 4.55 3.28 3.35

3.85 1.10

0.15 3.28

1

A 1 : 200

10.28

0.15 6.78

3.35 0.15

3.28 3.35 0.15 0.00 3.28

2

B 1 : 200






CONSIDERAÇÕES FINAIS

A despeito do trabalho, a ideia que o permeou foi propor um edifício anexo ao MARP contemplando o conceito de “síntese das artes” e a adaptação do museu existente para o conceito de museu laboratório ligando-os organicamente. O conceito do projeto é baseado nestas duas propostas, o anexo receberá as exposições e todo o tratado especificado na junção entre arte e arquitetura, já o MARP receberá as oficinas e cursos, porém sem deixar de lado seu caráter de museu, mas com a intenção de formar e não apenas informar o cidadão. O partido arquitetônico do edifício anexo foi pensado em uma edificação com três pavimentos em forma de mezaninos, com uma circulação agradável e com exposições permanentes e itinerantes, com uma linguagem funcional e confortável. A otimização dos espaços, a forma e o conforto ambiental pretendem contribuir com a apreciação das artes e da arquitetura. Sua arquitetura contemporânea em contraste com a arquitetura eclética do MARP chama muito a atenção dos passantes. No subsolo encontra-se os banheiros feminino e masculino com total acessibilidade, uma livraria com um café, um elevador e uma escadaria que dá acesso ao primeiro pavimento. No térreo foi implementado no edifício do MARP um elevador próximo as escadas, já no edifício anexo temos um grande espaço de circulação com um vão fechado por vidros e portas que permitem a entrada dos visitantes. No segundo pavimento há uma ligação orgânica entre o mezanino e o segundo pavimento do MARP, fazendo assim a conexão entre os edifícios. Nos pavimentos seguintes o elevador permite acesso irrestrito. As limitações do projeto se dão na medida em que sabemos que sempre há o que melhorar. Por isso a busca ad eterno pela melhora profissional e pessoal sempre será primordial para os trabalhos futuros.


11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENEVOLO,

Leonardo.

História

da

arquitetura

moderna,

São

Paulo/Perspectiva, 1976. CANAS, Adriano Tomitão. MASP: Museu Laboratório – Projeto de museu para a cidade: 1947 – 1957, São Paulo, 2010. FERNANDES, Fernanda. A síntese das artes e a moderna arquitetura brasileira dos anos 50. Disponível em: http://www.iar.unicamp.br/dap/vanguarda/artigos_pdf/fernanda_fernandes.pdf Acesso em 15 de Setembro de 2014. HOLANDA, Marina. Clássicos da Arquitetura: MASP / Lina Bo Bardi, 2013. Disponível

em:

http://www.archdaily.com.br/br/01-59480/classicos-da-

arquitetura-masp-lina-bo-bardi Acesso em 15 Setembro de 2014 JUNCOSA, Patrícia. Primitivismo e Modernidade no espaço de Miró e Sert. São Paulo/Gustavo Gili, 2011. MINDLIN, Henrique. Arquitetura Moderna no Brasil, Aeroplano, São Paulo, 2010. MIRANDA, Luiza Clara. A crítica nas revistas de arquitetura nos anos 50: a expressão plástica e a síntese das artes. SHCU 1990. V Seminário de Historia da Cidade e do Urbanismo. Disponível em : http://www.anpur.org.br/revista/rbeur/index.

php/shcu/article/view/582/558.

Acesso em 20 Setembro de 2014. RODRIGUES, Cristiano Cesarino, O Espaço do Jogo: Espaço Cênico no Teatro Contemporâneo, Belo Horizonte, UFMG, 2008. TENTORI, Francesco. P.M. Bardi, São Paulo/Inst. Lina Bo e P.M. Bardi, 2000.



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