gO_travelers magazine

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01 Junho 2012 MENSAL www.go.pt

travelers magazine

Magic Shots No continente de todas as paixĂľes

Entrevista

Gonçalo Cadilhe Curtas

Companheiros de viagem

2 EUR (Continente e Ilhas)


ÍNDICE

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ÍNDICE

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GADGETS Companheiros de viagem FUGAS A cavalo na terra do lobo EVENTOS Festas de Lisboa CURTAS

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GONÇALO CADILHE A DESVENDAR O MUNDO ENTREVISTA

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MAGIC SHOTS ÁFRICA EM REPORTAGEM PRODUÇÃO FOTOGRAFICA

Ficha Técnica Direcção, Edição e Design Gráfico Tânia Raposeiro Director de Qualidade Bruno Rito Produtor Etic_ Design Editorial Fotografia Corbis, www.palomarweb.com, www.moleskine.pt, www.lomografiaportugal.com, www.festasdelisboa.com, www.goncalocadilhe.com Publicidade EuroRSCG, Paris, France Redação Artigo Rotas e Destinos Nov 2011, Ecotura - Rotas e Destinos Mai 2011, GC Artigo Revista Ginko Julho 2011, www.palomarweb.com, www.moleskine.pt, www.lomografiaportugal.com, www.festasdelisboa.com Impressão Etic_ Tiragem 1000 exemplares Periodicidade Mensal Assinatura 2€ Imagens: Capa © Frans Lemmens/Corbis, Índice e Editorial © Anthony Asael/Art in All of Us/Corbis e © Jonathan Andrew/Corbis

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EDITORIAL

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esde o início da sua história que a fotografia anda de mãos dadas com os viajantes. Os primeiros daguerreótipos provavam aos sedentários habitantes da Europa a existência de mundos desconhecidos e apenas desbravados por um punhado de aventureiros. Alguns anos passaram e a democratização das viagens acompanhou a democratização da fotografia. Já não de máquinas fotográficas em punho, mas com um simples telemóvel, podemos registar todos os momentos que vivemos, todas as paisagens que admiramos, todas as pessoas que conhecemos. A necessidade de registar faz parte das nossas vidas. Para mostrar aos amigos, para nos lembrarmos, para provar que lá estivemos. Forma de arte cada vez mais ilimitada, a fotografia também expressa o sentimento de um tempo e de um lugar. E, numa revista de viagens é essencial para retratar paisagens, pessoas, culturas. Para mostrar o mundo. Sem retórica, lugares-comuns ou marketing associados, a verdade é que uma boa fotografia pode mesmo valer mil palavras. E o que faz dela uma boa fotografia? O equilíbrio entre composição, assunto, técnica, luz e momento decisivo? Robert Capa dizia que se as fotografias não são suficientemente boas, é porque não se está suficientemente perto. Esta frase é mítica e continua a fazer sentido. As melhores fotografias serão as do fotógrafo que mais se aproxima do mundo, que não se esquece de vivê-lo. Henri Cartier-Bresson escreveu: “ Viajei muito, embora não saiba realmente como viajar. Gosto de viajar descansadamente, deixando entre um país e o seguinte um intervalo que me permita digerir o que vi. Chegando ao novo país, sinto quase o desejo de me instalar para viver e “senti-lo” da melhor maneira possível. Eu nunca poderia ser Glober-Trotter.” Viajar não é apenas estar sempre de partida.

Para mais tarde recordar

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CURTAS

# GADGETS

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LEGO® - Edição Limitada

Os cadernos Moleskine® e os tijolos LEGO® são dois ícones do design e plataformas criativas tanto para crianças como para adultos. Nesta nova edição limitada a capa preta do caderno clássico Moleskine® é gravada e incorpora de uma

Amachucar antes de usar

peça LEGO®. Esta edição presta

ser guardado no bolso sem ter de

ram crianças, mas que continuam

Já imaginou um mapa que pudesse respeitar todas aquelas dobras e vincos tradicionais? Crumpled City. Feitos de um material super resist-

homenagem a todos os que já foa acreditar na importância do lúdico no seu quotidiano de adultos. http://www.moleskine.pt

Lomografia…

A arte de fotografar com uma Lomo consiste em fotografar ao acaso, de forma imprevisível. Regras de ouro da Lomografia: 1 2 3

uma das cidades. Boa-viagem!

Leva a tua Lomo onde quer que vás. Usa-a a qualquer hora do dia ou da noite. A Lomografia não interfere na tua vida, torna-se parte dela. 4 Aproxima-te o mais possível do objecto a fotografar, se assim o desejares. 5 Não penses …… lomografa. 6 Sê rápido. 7 Não precisas de saber antecipadamente o que fotografaste. 8 Nem depois. 9 Fotografa a qualquer ângulo. 10 Não te preocupes com quaisquer regras.

http://www.palomarweb.com

http://www.lomografiaportugal.com

ente, o tyvek, estes mapas todoo-terreno contam já com mais de uma dúzia de destinos, incluindo Lisboa, e, além de se desdobrarem tão depressa como uma T-shirt, ainda prometem uma selecção de locais de visita obrigatória em cada

# FUGAS A cavalo na terra do lobo

Quem conhece o planalto de Castro Laboreiro sabe a beleza que o espera, um cenário tão selvagem quanto surpreendente encravado entre Portugal e Espanha, onde se escondem os lobos e vagueiam os cavalos selvagens da raça Garrano. Quem não conhece e for um apaixonado

# EVENTOS

pela Natureza pode (e deve) optar por rumar ao extremo norte do país e escolher um dos mais recentes programas da Ecotura: Férias Equestres em Território do Lobo e dos Cavalos Selvagens. Uma forma diferente de conhecer o património natural e cultural que o Parque Nacional

da Peneda-Gerês. Percorremos trilhos florestais e caminhos de terra batida que permitem explorar os lugares mais recônditos da serra do Soajo, onde o Lobo vagueia num dos seus raros territórios de abrigo.

Vivá sardinha!

Festas’12 de Lisboa quase a arrancar. Este ano o Fado e a celebração dos 80

Para que preferir pode optar por percursos pedestres, pas-

anos das marchas populares são dois dos

seios de bicicleta, mergulhos nas piscinas naturais do rio

eixos centrais das Festas que arrancam a

Laboreiro e piqueniques ao luar. Com sorte ouvirá o uivo

31 de Maio.

do Lobo Ibérico.

www.festasdelisboa.com

www.ecotura.com

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ENTREVISTA

DESVENDAR

O MUNDO Gonçalo Cadilhe

Percorreu o mundo de mochila, revelando ao país estórias desconhecidas. Viajante profissional, compreendeu desde cedo que questionar as realidades distintas de um mesmo planeta faria de si um ser mais esclarecido, completo e feliz.

Por que afirma que quem viaja torna-se melhor e mais feliz? Quando se tem um emprego, o quotidiano pode tornar-se na repetição de uma fórmula. Às tantas nem se pensa. Quando se viaja, nada é facilitado. É estar continuamente em contacto com o desconhecido. Os sentidos ficam mais apurados, o raciocínio mais afiado, as reacções mais rápidas. Surgem dificuldades recorrentes que nos ajudam a compreender melhor quem somos. Claro que é um processo cansativo e intenso, mas gratificante. Quando termina deixa-nos mais seguros, mais conscientes de quem somos, com novas amizades e novos interesses na vida, consequentemente mais felizes.

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ENTREVISTA

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Uma viagem, nesse sentido, é o melhor alimento não só para a alma, mas também para o intelecto… O que é dogmático tende a fechar o raciocínio. Tudo o que está em aberto obriganos a pensar e a experimentar. Começou a viajar muito jovem. O que é que mais o marcou na altura? Percebi que o que cá dentro é verdade lá fora pode ser anti-verdade. Quem viaja tem obrigatoriamente de comparar, e compreende que não existem verdades absolutas.

“a solidão tem a ver com o que trazemos dentro de nós e não com o facto de estarmos sozinhos. Eu faço-me imensa companhia”.

Por que optou por viajar sozinho? Quem viaja acompanhado fecha-se no grupo, acaba por carregar o que tinha cá. Quem viaja sozinho abre-se ao mundo. Se queremos que algo aconteça não podemos levar companhia. Há sempre lugar para mais um numa mesa de seis ou sete. Por outro lado, quando os autóctones encontram um viajante só, perdem mais facilmente a timidez, metem conversa e facilitam situações de contacto com o outro. E, em termos práticos, quem me pode acompanhar em projectos que chegam a durar 19 meses?

E o que é que o faz feliz? Tudo aquilo em que me sinto menos animal e mais divino. Cada vez mais é a música e o contacto com o mar. Sou feliz por fazer o que gosto e pelo facto de ter liberdade para fazê-lo.

Nunca é invadido pela solidão? A solidão não tem nada a ver com estar ou não sozinho. Tem a ver com o que trazemos dentro de nós. E eu não sou uma pessoa de trazer solidão dentro de mim. Tenho uma série de interesses culturais e hobbies que me mantêm ocupado. Faço-me imensa companhia. Qual é a sua estratégia para manter uma estrutura mental e emocional equilibrada longe da família, velhos amigos, paisagens com história? O ser humano é um animal de hábitos. Habituamo-nos e aprendemos a ser felizes. O importante é o modo como nos sentimos connosco, com aqueles que escolhemos para partilhar a vida, e a capacidade que temos de encontrar o que nos faz felizes. Não somos o que temos, mas o que está dentro de nós.

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Qual o conselho que daria a um viajante em início de carreira? Em terra onde estiveres fazes como vires fazer. É a regra número um para que a viagem seja um encontro e não um espelho do próprio ego. Só assim podemos saltar do nosso mundo, colocarmo-nos na pele do outro, perceber o universo através dos seus olhos. É a diferença entre o viajante e o turista. É verdade que ambos viajam, mas o turista leva o olhar que já tem consigo; o viajante está disposto a adquirir olhares novos. É também uma óptima regra de segurança. Se me disserem que não se sai a pé numa zona da cidade depois das 22:00, então não saio. Já não caminha com o mesmo gosto de mochila às costas, nem encara com o mesmo entusiasmo a possibilidade de passar noites a dormir em carrinhas velhas aos solavancos. A curiosidade por outras realidades foi esmorecendo com o tempo? Não. O que acontece é que preciso de mais tempo no mesmo lugar para satisfazer a minha curiosidade. Tem mais a ver com refinamento e requinte. Com a idade percebemos


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ENTREVISTA

“Aquilo que nos faz feliz é o que se constrói dentro de nós e dá uma estrutura sólida para vivermos com quem escolhemos para partilhar a vida” que não temos muito tempo e somos mais assertivos. Cada vez mais me fascinam as marcas deixadas por uma cultura em determinado território. Por esse motivo, por exemplo, prefiro o Médio Oriente aos paraísos artificiais.

para a Nigéria… As respostas são evasivas, do tipo “certamente já depois do pôr-dosol”, ou “nunca antes das 15:00”. A melhor foi o muçulmano irritado que me respondeu: “Essas coisas não se perguntam, o futuro só Alá é que sabe!” (risos)

Então o primeiro viajante profissional português nunca se sedentarizará? Num dos capítulos do África Acima conto que vou saltando de transporte em transporte ao longo dos Camarões, e pergunto a todo o momento a que horas chegamos. Pergunto ao revisor do comboio, ao taxista que atravessa a cidade, ao condutor da moto que me dá boleia, ao motorista do autocarro

Carregar uma mala é ainda um prazer? Viver é um prazer. A vida é a viagem.

pág. 5 @ El Salvador, Agosto 2008 @ Namíbia, Junho 2008

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Etíopes, Etiópia, África © Robin Utrecht Fotografie/HillCreek Pictures/Corbis

PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA

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PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA

M

AGIC SHOTS

é um olhar sobre alguns dos maravilhosos recantos africanos. Fruto de uma viagem fotográfica por Níger, Etiópia e Quénia. Percorremos do deserto do Sahara à savana do Masai Mara, terra do povo masai e lugar por onde passam anualmente mais de dois milhões de animais num movimento contínuo a que se dá o nome de “A Grande Migração”. O cheiro e a magia de África, em reportagem, no continente de todas as paixões.

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PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA

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PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA

Da esquerda para a direita: Etíopes, Etiópia, África © Robin Utrecht Fotografie/HillCreek Pictures/Corbis Homem com camelo no Deserto do Sahara, Níger, África © Frans Lemmens/Corbis Girafas Masai , Reserva Nacional Masai Mara, Quénia © Denis-Huot/Hemis/Corbis Gnus ,Reserva Nacional Masai Mara, Quénia © Yi Lu/Corbis Zebras de Grevy, Reserva Nacional Masai Mara, Quénia © Image Source/Corbis

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