Beleza Múltipla - Revista Natureza - Raquel Taraborelli - Pintor, Artista Impressionista

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Beleza

múltipla As dálias são tão diferentes umas das outras que compõem jardins e arranjos florais muito dinâmicos POR GABI BASTOS FOTOS VALERIO ROMAHN

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ormatos, cores e tamanhos das flores variam tanto que, às vezes, nem parece que estamos falando da mesma espécie. Essa é uma das principais características das dálias (Dahlia hybrid), herbáceas que contam com mais de 50 mil variedades registradas no Royal Botanical Gardens, de Kew Gardens, na Inglaterra, instituição onde é catalogada a maioria das plantas do mundo. Essa diversidade de beleza rendeu fama à dália a ponto de estar presente em canteiros de quatro continentes. Outra vantagem: como estão disponíveis em portes de 25 cm a 2,4 m de altura, as dálias podem render canteiros muito atrativos mesmo sem a companhia de outras espécies. Um bom exemplo é o jardim aqui mostrado, que abriga a coleção de dálias da artista plástica Raquel Taraborelli. “Como as dálias apresentam floradas sucessivas, também é possível colher algumas para compor arranjos florais”, conta Raquel. No espaço, a jardinista bordou os canteiros de dálias com renques de buxinhos (Buxus sempervirens) (1) e, entre os pedriscos que revestem o piso, plantou velocino-de-ouro (Thymophylla tenuiloba 'Sunshine') (2).

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Florada curiosa

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s inflorescências das dálias surgem na primavera e no verão e, curiosamente, são formadas pelo conjunto de dois tipos de flores. As flores responsáveis pela reprodução são pequenas tubulares e compõem o aglomerado que parece ser o miolo amarelo da flor. As outras, chamadas de liguladas periféricas, são estéreis, posicionam-se ao redor desse aglomerado – chamado de capítulo – e, em geral, apresentam uma única pétala.

Diferentes formatos e quantidades de pétalas das inflorescências proporcionam uma aparência única a cada variedade de dália. As inflorescências podem medir entre 5 cm e 30 cm de diâmetro e se destacam acima da folhagem. Quando deixam de brotar, as folhas perecem e a planta entra em estado vegetativo, a fim de poupar energia durante o inverno. Não se preocupe, pois a folhagem ressurge na primavera, anunciando mais uma bela florada.

As dálias são formadas por

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milhares de variedades com formatos, cores e tamanhos diferentes. Essa ĂŠ uma das caracterĂ­sticas que tornam a planta tĂŁo especial

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Dália-bola: inflorescências parecidas com pompons

Dália-simples: tem poucas pétalas e miolo aparente

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s dálias são divididas em grupos de acordo com o formato das inflorescências. As que apresentam poucas pétalas e mostram claramente o miolo são chamadas de dálias-simples (1). As com grande quantidade de pétalas tubulares, formando uma espécie de pompom, são conhecidas como dálias-bola (2). Já as que têm pétalas longas e miolo reduzido, classificadas como dália-cacto (3). Ao todo são dez categorias, conforme mostra o quadro à direita. Essas nomenclaturas foram criadas para facilitar a identificação, a multiplicação e a troca de variedades pela The American Dahlia Society (Sociedade

Americana de Dálias). A instituição é a principal referência sobre o assunto e reúne mais de 70 sociedades independentes, localizadas em países como Canadá, França, Nova Zelândia e África do Sul, entre outros. No Brasil, ainda não existem sociedades do tipo, mas o site da The American Dahlia Society (www.dahlia.org) traz dicas de como elas são criadas. Além de promover a troca de informações e de variedades de dálias, os membros recebem quatro boletins anuais sobre a planta e têm acesso a artigos que ajudam a criar novos híbridos e a cuidar deles.

Dois belos exemplos de dálias-cacto. Nessa categoria, as plantas têm pétalas longas e miolo pequeno

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Aydano Roriz

Coleção organizada


Simples: podem ser singelas ou semidobradas, com pétalas que mostram claramente o miolo.

Pompom: têm flores pequenas e pétalas curtas em forma de taça. Dispõem-se de maneira regular.

Decorativa: têm inflorescências com pétalas curtas e largas, distribuídas de maneira arredondada.

Cacto: chamadas de crisandálias, têm pétalas alongadas, estreitas, formando um tubo pontiagudo.

Semicacto: semelhantes ao tipo cacto, mas com a base das pétalas mais larga e plana.

Colarete: capítulos são formados por dois tipos de pétalas. As maiores, externas, e as menores, intermediárias.

Anêmona: flores dobradas e de pétalas lisas que circundam um grupo de pétalas menores e tubulares.

Lírio-d’água: flores dobradas, com pétalas largas, lisas ou com margens.

Bola: pétalas tubulares que formam uma flor perfeitamente arredondada.

Miscelânea: são todas as variedades que não se enquadram em nenhum outro grupo citado.

Os colecionadores da planta dividiram as dálias em grupos de acordo com o formato da flor. Essa planta em destaque faz parte do grupo anêmona

Ilustração: Robson Carvalho

CATEGORIAS EM QUE AS DÁLIAS SÃO AGRUPADAS


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Devido a sua rusticidade, as dálias são cultivadas em várias partes do mundo. No paisagismo, podem ser utilizadas para colorir cantinhos aconchegantes, como foi feito nesse jardim

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Natureza no 288


No mundo e nos jardins

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lor-símbolo do México, a dália foi levada para a Europa pelo diretor do Jardim Botânico de Madri (Espanha), Vicente Cervantes, que se encantou pela beleza de suas flores, no século 18. Como a espécie é subtropical e se adapta muito bem ao clima temperado, não demorou para ela chegar a outras cidades europeias, onde começou a ser hibridada e a ganhar o mundo. No Brasil, a herbácea

chegou pelas mãos dos imigrantes holandeses e fez muito sucesso durante os anos 1960 e 1970, depois caiu em desuso. Hoje, devido à busca por espécies diferenciadas, paisagistas e jardinistas voltaram a utilizar a planta para alegrar os jardins. Isoladas ou em maciços, as dálias funcionam como um ponto de atração visual do paisagismo. A planta também pode ser mantida em vasos desde que em local com boa luminosidade.

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Como cuidar das dálias

Eduardo Tarran

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A beleza das flores é garantida com solo fértil, úmido e espaçamento adequado entre as plantas

ípica de clima subtropical e resistente ao tropical de altitude, a herbácea deve ser cultivada sob sol pleno e em solo arenoso, acrescido de esterco de curral bem curtido dez dias antes do plantio. “Durante esse tempo, enquanto a terra absorve os nutrientes, é aconselhável colocar as raízes da herbácea em local com boa luminosidade para ajudá-las a despertar do estado vegetativo”, diz Raquel Taraborelli. Os detalhes desse processo estão no quadro à direita. Feito isso, abra covas de 50 cm x 50 cm, distanciadas 1 m umas das outras, e enterre três tubérculos em cada uma, a 5 cm ou 10 cm de profundidade. Molhe bem o solo e cubra com grama seca ou pínus tratado para ajudar a manter a umidade. Regue a cada dois ou três dias com pouca água para as raízes não apodrecerem. Com esses poucos cuidados, a folhagem se forma em cerca de um mês, e as primeiras hastes florais aparecem entre 60 e 90 dias. “Para suportarem o peso das flores, as hastes devem ser tutoradas com bastões de ferro ou de madeira”, explica a jardinista. As dálias são perenes, mas, em regiões muito frias, é aconselhável desenterrar os tubérculos no inverno e mantê-los limpos, em local sombreado, fresco e longe de umidade, como uma caixa, até a primavera, quando devem ser replantadas. Em regiões um pouco mais quentes, é possível manter a planta no solo. Nesse caso, a dica é podar a folhagem no inverno a fim de que a dália poupe energia para a época de floração.


Raízes tuberosas e multiplicação As dálias apresentam raízes tuberosas, parecidas com batatas, que têm a função de acumular nutrientes. Todos os anos, durante o ciclo de vida da planta, novos tubérculos surgem ao redor dos antigos. Dividir esse tipo de raiz em partes após a florada é a maneira mais adequada e fácil de multiplicar as dálias. Veja como proceder:

DO JARDIM PARA A TELA DE PINTURA E MESA

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No inverno, quando a dália perecer, desenterre toda a planta (A) e, com uma faca afiada, separe os tubérculos que compõem sua raiz, deixando um pedaço do rizoma principal em cada um (B). Daí, é só plantar na primavera para ter ainda mais flores no jardim. A planta também se multiplica por estaquia e por sementes. Porém, nesse último caso, não há garantia das mudas nascerem com as mesmas características da planta-mãe.

Eduardo Tarran

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Eduardo Tarran

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paixonada por plantas, a artista plástica Raquel Taraborelli planejou seu jardim para que servisse de cenário para pintar seus quadros impressionistas. Inspirou-se nos jardins da região de Provence, na França, para escolher as espécies e distribuí-las pelos canteiros. A coleção de dálias, que não para de crescer, começou quando um amigo a presenteou com um exemplar trazido do sul do Brasil. Hoje ela tem mais de 30 variedades, o que permite aproveitar as flores para compor arranjos florais para pintá-los ou para decorar a mesa de granito que fica abaixo de uma mangueira. Para conhecer mais obras da artista, visite o site www.raqueltaraborelli.com.

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