Ensaios (sob)re o Minhocão

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ENSAIOS (SOB)RE O MINHOCテグ



E N S A I O S (S O B )R E O M I N H O C Ã O



FAuusp

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

RAQUEL ARARUNA

ORIENTADORA PROFª DRª

MARTA BOGÉA

21 de janeiro de 2015



Ă celeida

pelo constante estĂ­mulo ao saber

Ă carmen

por minha criatividade e coragem

a silvio

por respeitar minhas escolhas



aos insatisfeitos

Obrigada aos familiares por aquele empurrãozinho

construir uma cidade

ver na faculdade. Finalmente. Essa é para vocês!

MAIS bonita

curta data, sempre ardentes de novas idéias, crítica

QUE cotidianamente buscam mais coletiva e

toda vez que repetiam que não aguentavam mais me De coração, agradeço aos amigos de longa e de pungente e boas intenções. Obrigada pelas reflexões sobre este trabalho em inúmeras conversas informais,

Sem hesitar, agradeço enormemente à Marta por me

mas sempre prósperas, no café do cinema, no banco

acompanhar neste último ano dando-me o suporte

dos bichos, nas ruas do Centro, no fast food árabe ou

mais que essencial, por oras acadêmico, por oras

até mesmo no asfalto do bendito Minhocão...

maternal.

Obrigada a todos aqueles que de alguma forma

Obrigada também aos meus caros companheiros de

nortearam e reorientaram os meus caminhos,

TFG pela ajuda mútua durante esse período único em

conduzindo-me até aqui. Em especial, ao Rafa e à

nossas vidas.

Chris pelo enorme apoio nesses últimos meses.



SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

109

ENSAIOS SOBRE O MINHOCÃO

17

O ELEVADO COSTA E SILVA

119 131 143

ENSAIO 1 - MONTE SEU PARQUE ENSAIO 2 - MICROURBANISMO ENSAIO 3 - (SOB)RE O MINHOCÃO

33

ESPAÇO URBANO E SEUS TEMPOS

35 39 43 49

O ESPAÇO NA MODERNIDADE TRÊS LUGARES O FENÔMENO POST-IT O ENTRE-LUGAR

187

PONDERAÇÕES FINAIs

193

BIBLIOGRAFIA

53

ESPAÇOS E TEMPOS DO ELEVADO

199

ICONOGRAFIA

61

PREMISSA

209

ANEXOS

63

UM LUGAR UNS LUGARES

91

PROPOSTAS EXISTENTES

91 95 105

LIGAÇÃO LESTE-OESTE PRÊMIO PRESTES MAIA DE URBANISMO PARQUE MINHOCÃO

13





APRESENTAÇÃO DO TRABALHO As escolhas que fiz nos últimos anos de faculdade

Cada vez mais muitos habitantes de São Paulo

tiveram imensa influência neste trabalho. Durante

estão se utilizando de formas alternativas para a

esse período de formação, recolhi certezas e

apropriação do espaço público. São desde iniciativas

inquietações a propósito do espaço público e da sua

mais improvisadas, como o picnic de domingo, a

apropriação.

ações mais organizadas, como é o caso dos festivais

Em 2012 parti para um intercâmbio universitário em Paris que me conduziria inevitavelmente a questionar contrastes e semelhanças entre a cidade francesa

"Olhar sobre o mundo". Entorno do Elevado, 2011. Foto: Evelson de Freitas.

independentes. Essas novas formas de interpretação da cidade buscam reconquistar o meio urbano como lugar de convívio.

e São Paulo. Quando retornei, passei a reconhecer

Acredito que essas ações sejam reflexo da mudança

uma dinâmica na capital paulista parecida com o

dos princípios de uma boa parcela da sociedade, que

que tinha visto em Paris, mas que até então me era

passou a compreender o quão importante é retomar

pouco clara: a ocupação das ruas. Com certeza essa

os espaços comuns. Resgatando o papel de cidadão

movimentação não surgiu de um dia para o outro,

ativo, muitos hoje se esforçam para que a capital

mas só direcionei o olhar após meu regresso.

paulista se torne cada vez mais convidativa. Para que

13


seja natural a convivência, a interação social, entre os

de pauta muitas vezes. Ele já tinha sido foco de

habitantes da metrópole.

várias discussões intensas, quando, por exemplo,

A partir dessa premissa, me propus a indagar sobre um território de São Paulo que expusesse o contraponto entre a noção antiga de cidade e a nova convicção da necessidade da reconquista da rua: o Elevado Costa e 14

Silva, mais conhecido como Minhocão.

em 2006 foi realizado o concurso nacional 2º Prêmio Prestes Maia de Urbanismo que tinha o Elevado como tema. Quando iniciei este trabalho em março de 2014, o debate estava mais ameno. Porém, apenas alguns meses depois, em julho do mesmo ano, foi sancionado pelo prefeito Fernando Haddad o novo

Quando construída na década de 1970, essa

Plano Diretor Estratégico (PDE) da cidade de São

infraestrutura viária, imposta à população, se

Paulo que discorria sobre a desativação completa e

mostrava coerente com algumas crenças da época.

gradual da via elevada para o fluxo de automóveis.

Hoje em dia, porém, tal estrutura como foi concebida

Com a certeza do seu fechamento para o tráfego, o

não condiz mais com o contexto de renovação urbana

Elevado voltou a ser o centro das atenções.

e as ambições da sociedade. Há vinte e cinco anos foram decretados horários específicos de interdição ao tráfego motorizado no Elevado. A partir desse momento, a população começou uma ocupação paulatina que hoje está consolidada, transformando

Muitos acreditam que ele deva ser retirado, enquanto outros julgam que é melhor torná-lo um parque elevado. Porém, a discussão sobre o assunto é muito mais profunda do que se possa imaginar.

o Minhocão em um espaço público de referência para

Investigando acerca do seu presente e futuro, esse

os paulistanos.

trabalho usufrui do Minhocão como fato material

Desde a sua concepção, o Minhocão entrou e saiu

e apropriado para refletir sobre a cidade e seus


1. O workshop “Minhocão, Under & Over: a Hyper-Sectional Urbanism” foi realizado em São Paulo entre julho e agosto de 2014, organizado e orientado pelo Prof. Alexander Pilis da University of Toronto em parceria com a Escola da Cidade. Esta oficina, que acontece anualmente desde 2012, tem como foco discutir o Elevado Costa e Silva, mas propondo situações diferentes a cada edição. Em uma das três edições, se considerava que o Minhocão não estivesse desativado. Já no workshop de 2014, o único do qual participei, o contexto era de completa desativação.

usos, sobre os espaços comuns e como os projetos

Assim, novas percepções amplificam o campo de

e intenções para esses espaços podem qualificar ou

atuação e vislumbram outras possibilidades para a

não a vida urbana.

intervenção sobre o espaço.

Como instrumento de análise, desenvolvi três

Com os três ensaios compreendi que existem

ensaios. O primeiro, um ensaio/pesquisa, é chamado

diferentes nuances do Minhocão e que não é possível

de “Monte seu parque” e especula sobre o momento

fazer um projeto para a via elevada sem levar em

atual da via elevada, entre a ocupação ora de carros,

consideração essas particularidades. Este trabalho,

ora de pedestres. Nele estudo as potencialidades

então, não busca ser conclusivo. Na verdade, ele é o

do lugar através de elementos temporários que

começo, a abertura para as proposições que poderão

dariam suporte às atividades ali já desenvolvidas. O

vir a seguir. É a ampliação do debate sobre o polêmico

segundo ensaio, o “Microurbanismo”, corresponde

Elevado Costa e Silva.

ao produto desenvolvido coletivamente em um workshop1 onde se considerava um contexto em que o Elevado estivesse completamente desativado para automóveis, convidando os participantes a estudálo em corte e trazendo a questão da verticalidade para a pauta. Muitas conversas e indagações depois, desenvolvi um terceiro ensaio, o “(Sob)re o Minhocão”. Ali convergem pontos discutidos nos dois primeiros ensaios, como a temporalidade e a verticalidade, mas o enfoque passa a ser o baixio.

15



O ELEVADO COSTA E SILVA 2. Informação do site da prefeitura. Disponível em: <www.prefeitura.sp.gov. b r /c i d a d e / s e c r e t a r i a s /c o m u n i c a c a o / noticias/?p=134611>. Acesso: mai. 2014.

Batizado oficialmente como Elevado Presidente Arthur

seguindo pela Avenida General Olímpio da Silveira até

da Costa e Silva em homenagem ao segundo presidente

chegar ao Largo Padre Péricles em Perdizes [p. 18]. São

do Brasil durante a ditadura militar, o Minhocão é

três distritos muito densos atingidos: República, Santa

uma via elevada expressa inaugurada em 1971 e que

Cecília e Barra Funda. Por sua localização estratégica, é

conecta a região central à zona oeste de São Paulo.

um trajeto muito utilizado pelos automóveis. Segundo a

Essa infraestrutura viária possui largura variável entre

Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), estima-se

15,5m e 23m com quatro faixas para carros e passa a

que 80 mil carros passem por ali diariamente2.

uma distância média de 5m das edificações lindeiras, a uma altura intermediária entre o 1º e 2º pavimento dos prédios (cerca de 6,5m da cota do viário). Estende-se por aproximadamente 3,5km, sendo 2,8km de estrutura elevada, que vai desde o túnel que atravessa o subsolo [01] Maluf Curinga. Festa de São João no Minhocão, 2012. Foto: Circuito Fora do Eixo.

da praça Roosevelt, na Consolação, continuando sobre a Rua Amaral Gurgel, parte da Avenida São João e

O Elevado foi idealizado durante a gestão do prefeito José Vicente Faria Lima (1965-1969) com a justificativa de desafogar o trânsito duplicando a capacidade de escoamento do fluxo de automóveis naquela região. Porém, devido a inúmeras críticas, o projeto não seguiu adiante. Em 1969, o engenheiro Paulo Maluf é nomeado prefeito da cidade de São Paulo por indicação

17


Pq. Água Branca Lg. Pe. Péricles Av .G

al.

O lí

mp

io

Estação da Luz Av . Sã

18

oJ

o

Metrô M. Deodoro

Metrô Sta. Cecília Rua Amaral Gurgel

Pacaembu

Pç. da República

Pç. Roosevelt

0

100

300

500m


3. Sobre os diversos níveis que o Minhocão criou e se referindo ao trecho em que via elevada passa sobre Avenida General Olímpio da Silveira que por sua vez passa sobre a Avenida Pacaembu, Cândido Malta Campos Filho diz: “É como se o sonho modernista de uma cidade multinivelada, de tráfegos independentes e desimpedidos, se desdobrasse em pesadelo” (CAMPOS FILHO apud ARTIGAS, 2008, pág. 20). 4. No artigo "Seja bem-vindo, Minhocão!", o jornalista Douglas Nascimento escreve: "Durante todo o ano de 1970, especialistas se revezaram em artigos dos principais jornais paulistanos para mostrar o quanto aquela obra era equivocada e trazia uma solução viária bastante ultrapassada, que já estava sendo abandonada em vários países que a adotaram antes de nós, como os Estados Unidos”. Disponível em: <www. saopauloantiga.com.br/propagandas-dominhocao/>. Acesso: ago. 2014.

"A empolgação das pessoas com a inauguração não era tão grande quanto a do prefeito...o público foi muito aquém do esperado". Disponível em: idem. 5.

do então presidente da república Costa e Silva.

de arrojo foi uma fratura no tecido urbano e divisor de

Buscando visibilidade, Maluf decide retomar o projeto

águas quando trouxe consigo a degradação da área que

do Elevado e prioriza a execução dessa obra de grande

perpassa e a segregação socioeconômica entre bairros

porte, inaugurada menos de um ano depois de ter sido

lindeiros. Hoje podemos perceber a diferença gritante

anunciada.

entre bairros próximos ao Elevado, como a Vila Buarque

A obra, reconhecida como um grande erro urbanístico,

e a Santa Cecília.

mas na época da sua construção, foi pertinente ao projeto

Desde o começo o Minhocão gerou animosidade. Para

rodoviarista que estava ocorrendo no Brasil incluindo a

construí-lo em um ano, foi necessário um intenso período

indústria automobilística em desenvolvimento. Naquele

de obras, causando transtornos aos moradores da área.

momento, o planejamento urbano era pautado na

E a notícia da sua inauguração não repercutiu da forma

mobilidade individual e motorizada em detrimento do

espera, não obtendo grande participação da sociedade

transporte público. Brasília, construída há pouco mais

na comemoração de abertura da via5.

de uma década, apresentava a segregação de fluxos de carros do de pedestres como uma das inovações das cidades modernas3. Mesmo com as críticas de alguns especialistas que afirmavam o quão questionável era a

A estrutura elevada criou uma área de sombra permanente nas ruas e avenidas a que se sobrepõe, configurando um baixio contínuo de quase três quilômetros:

construção de algo que outros países já evitavam4 e sem o consenso dos habitantes da região, Maluf levou a cabo

O Elevado é também uma ocultação: cria uma

o projeto, orgulhoso do feito. Ele se dirigia positivamente

zona de sombras, um mundo semi-enterrado, em

ao Minhocão como a maior obra de concreto armado

que térreos e primeiros andares se perdem num

de toda a América Sul [fig. 02]. Mas o que era sinônimo

longo subsolo. Seu próprio apelido evoca um ser

19


20


6. Artigo 375 da lei 16.050: “Parágrafo único: Lei específica deverá ser elaborada determinando a gradual restrição ao transporte individual motorizado no Elevado Costa e Silva, definindo prazos até sua completa desativação como via de tráfego, sua demolição ou transformação, parcial ou integral, em parque”. Ver bibliografia.

subterrâneo. Nessa área aparentemente escondida

da prefeita Luiza Erundina (1989-1993), também pela

surgem elementos e usos que não ousam se

questão da poluição do ar, o Minhocão passa a ser

manifestar em locais mais expostos, sempre com

fechado de segunda a sábado, das 21h30 às 6h30, e aos

mão dupla: da arte proibida das pichações ao

domingos e feriados o dia inteiro.

apelo ambíguo dos travestis. Esse verme urbano sem pé nem cabeça costuma ser apreendido de maneira fragmentada. Por cima, por baixo, ou como segmento de algo do qual não se vislumbra começo nem fim. Para motoristas usuários, é sempre trecho de trajeto maior; para transeuntes de baixios e entornos, são pórticos de concreto que se sucedem, perdendo-se na distância e escondendo o lance seguinte (CAMPOS FILHO apud ARTIGAS et al., 2008, p. 20).

Pouco tempo depois de inaugurado, o Minhocão já era

[02] "Majestosa obra". Abaixo, parte do convite da prefeitura à população para a inauguração do Elevado. Recortes de propagandas, 1971.

A partir dai, a via se apresentou como um "vazio" urbano temporário. Esse espaço passou, então, a ser ocupado espontaneamente pelos moradores do entorno e com o tempo adquiriu importância como espaço de lazer também para outros habitantes da capital paulista. Aos domingos ensolarados está sempre repleto de usuários andando de bicicleta, de patins, levando o cachorro para passear, correndo ou fazendo uma simples caminhada. Existem também momentos em que recebe outras apropriações mais pontuais, como festivais, feiras, ensaios de dança, peças de teatro ou projeções de filme.

foco de novas reclamações, agora por causa do barulho

Atualmente passou a ser possível tornar o Elevado

excessivo. Mas foi apenas em 1976 que passou a ser

uma área livre permanente. No final de julho de 2014,

fechado da meia-noite às 5h da manhã por causa da

o novo Plano Diretor Estratégico (PDE) da cidade de

poluição sonora e para evitar os acidentes noturnos

São Paulo foi sancionado pelo atual prefeito Fernando

que se tornavam frequentes. Em 1989, durante a gestão

Haddad. Nele está presente um artigo6 que determina a

21


22

[03] Posicionamento pilares e vigas transversais pré-moldadas em concreto. Minhocão em construção, 1970. Fonte: SP in foco.


7. Uma pesquisa do Datafolha de setembro de 2014 mostra que apenas 7% dos entrevistados são a favor da demolição do Elevado, enquanto 23% deseja que ele vire parque. A maioria, 53%, prefere que a via permaneça como está. Disponível em: <spressosp.com.br/2014/09/23/datafolhamaioria-dos-paulistanos-quer-minhocaocomo-esta/>. Acesso: out. 2014.

elaboração de uma lei específica sobre a desativação do

pessoas de baixa renda pudessem ter acesso à moradia

Minhocão enquanto via para carros e o seu desmonte ou

nas imediações da via elevada. Com o baixo preço dos

transformação em espaço livre.

aluguéis, muitos optaram por conviver com o incômodo

Em seu blog, João Whitaker completa: “Mas, brincadeira a parte, o fato é que o nefasto elevado Costa e Silva teve um perverso efeito positivo, dentre todos seus aspectos negativos. Ao degradar o entorno, matar a rua, condenar os vizinhos a respirar toneladas de gás carbônico por anos a fio, o Minhocão desvalorizou tanto os prédios em sua orla que, com isso, permitiu que uma população de baixa renda tivesse condições de alugar ou até mesmo comprar, e assim morar no centro, perto de seu trabalho. Pesquisas feitas por estudantes da FAU mostraram que muitos moradores dos prédios ao longo do Minhocão são ambulantes do comércio informal do centro”. Disponível em: <cidadesparaquem. org/blog/2014/8/22/maluf-o-minhoco-ea-gentrificao?rq=elevado>. Acesso: ago. 2014.

nostalgia da paisagem paulista naquele trecho antes

8.

Antes mesmo do PDE, muito já se discutia a respeito do futuro do Elevado. Os mais interessados na sua demolição são os proprietários dos apartamentos mais baixos e de frente para via. Existem ainda aqueles que, com uma certa da existência do Minhocão, querem retomar as feições urbanas da cidade. É importante dizer que a estrutura da via é pré-moldada, sendo assim, desmontável. Outra parte da população é a favor de transformá-lo em parque. O grupo mais representativo dessa alternativa é a Associação Amigos do Parque Minhocão. Desde 2013, seus integrantes mobilizam a sociedade para apoiá-los nessa defesa que ganha cada vez mais adeptos. Contudo, a maioria dos paulistanos acredita que o Minhocão deva permanecer como está7. Sobre isso, é importante ressaltar dois pontos. Primeiro, por ter desvalorizado a região, essa obra possibilitou que

da poluição atmosférica e sonora, mas habitar em uma área bem provida de equipamentos e transporte públicos. Como João Whitaker8 ironiza, o intuito de Paulo Maluf ao construir o Minhocão ”era fazer uma política de habitação social no centro da cidade”, “uma espécie de ZEIS”. Fato está que qualquer mudança positiva que seja feita no Elevado pode ocasionar a expulsão desses moradores se não forem estabelecidas leis que inviabilizem o processo de gentrificação. O segundo ponto importante a respeito disso é que o Minhocão é hoje um espaço livre, no pleno sentido da palavra. Sem portões de entrada, sem “dono” e sem grandes restrições. Qualquer um pode ocupá-lo, até mesmo durante a madrugada. Mas qual é a melhor opção para o destino do Elevado? O que fazer com ele agora? E depois? Para iniciar essa discussão, é necessário fazer uma primeira pergunta: que lugar é esse?

23


24

[04] Permeável - posicionamento das vigas longitudinais. Minhocão em construção, 1970. Fonte: Acervo Folha de São Paulo.


25

[05] Opaco - tabuleiro posicionado. Minhoc達o em constru巽達o, 1970. Fonte: Acervo Folha de S達o Paulo.


26

[06] Início das obras, 1970. Fonte: São Paulo Antiga.

[07] Pilares, 1970. Fonte: Acervo Folha de São Paulo


27

[08] Vigas, 1970. Fonte: Acervo Estad達o.

[09] Tabuleiro, 1970. Fonte: Acervo Folha de S達o Paulo.


28

[10] Cheio de gente. Inauguração do Elevado no aniversário da cidade, 1971. Fonte: Acervo Estadão.


29

[11] Cheio de carros. Elevado pouco depois da inauguração , 1971. Fonte: Acervo Estadão.


30

[12] Manh達. Minhoc達o n達o-motorizado, 2011. Foto: Di坦genes Muniz.


31

[13] Noite. Minhoc찾o n찾o-motorizado, 2011. Foto: Di처genes Muniz.



ESPAÇO URBANO E SEUS TEMPOS Originalmente concebido para valorizar e facilitar os deslocamentos dos carros, o Minhocão recebeu uma inversão de sentido quando foi a vez das pessoas ocuparem seu leito carroçável. Consolidou-se, assim, espontaneamente um espaço comum.

Aprofundar o entendimento dos conceitos de espaço e tempo aplicados ao contexto dessa via elevada, corrobora com a discussão sobre a situação atual e futura da via. Assim, explicito a seguir algumas transformações

Essa troca temporária de usuários sobre a sua superfície,

essenciais pelas quais o espaço e tempo urbanos

faz com que um mesmo lugar abrigue momentos distintos

passaram nas últimas décadas, buscando conectar essas

em si. São identidades diferentes para um mesmo

informações a uma leitura atual do Elevado.

território. Outra sobreposição de temporalidades e espacialidades é a fração superfície/baixio. Em cima, um contexto, em baixo, outro. Claridade versus escuridão; a negação da [01] Todos os tempos. Minhocão nãomotorizado, 2013. Foto: Juliana Stendard.

em si a coexistência espacial e temporal de contradições.

rua versus o convívio com a vida de bairro; a ampliação versus a restrição do campo de visão. O Elevado carrega

33



O ESPAÇO NA MODERNIDADE

O sociólogo Zygmunt Bauman teoriza sobre o advento 9

da era moderna, chamando-a de modernidade líquida , e sobre as mudanças que ela provocou e ainda provoca na condição do indivíduo. Para Bauman, vivemos nessa época fluida, onde tudo se liquefaz:

um “impacto”, a modernidade é volátil, móvel, leve, escorregadia. Bauman dedica-se a analisar essa liquidez moderna através de cinco conceitos básicos em torno dos quais se desenvolvem as narrativas da condição humana: a emancipação, a individualidade, o tempo e espaço,

Do livro “Modernidade líquida” de Zygmunt Bauman, 2001. Ver bibliografia. 9.

(...) os líquidos, diferentemente dos sólidos, não

o trabalho e a comunidade. Nos interessa aqui,

mantêm sua forma com facilidade. Os fluidos, por

prioritariamente, o terceiro conceito. Para Bauman,

assim dizer, não fixam o espaço nem prendem

a modernidade chega com a separação entre tempo e

o tempo. Enquanto os sólidos têm dimensões

espaço, pois assim ambos podem ser teorizados como

espaciais claras, mas neutralizam o impacto e,

“categorias distintas”.

portanto, diminuem a significação do tempo (resistem efetivamente a seu fluxo ou o tornam irrelevante), os fluidos não se atêm muito a qualquer forma e estão constantemente prontos (e propensos) a mudá-la (BAUMAN, 2001, p. 8).

A lógica operacional da sociedade, antes rígida e sólida, agora se baseia na contemporaneidade e na [02] Flores em cal na superfície do Elevado. Intervenção artística, 2009. Foto: Felipe Morozini.

flexibilidade. Como o líquido, amorfo, que se reorganiza a partir de qualquer ação externa a qual for submetido,

A propósito do espaço urbano, citando Richard Sennett, Bauman parte da clássica definição de cidade enquanto “um assentamento humano em que estranhos têm chance de se encontrar”. Por isso, a ideia de comunidade, isto é, um meio onde se reconhece todos os integrantes e se vive em harmonia seguindo as “melhores regras de convívio”, não é concretizável no meio urbano. É uma utopia, já que a cidade é um ajuntamento de indivíduos que não se uniram por afinidade, a questão, porém, é

35


36

[03] “A cidade é sua”. São Paulo, 2012. Foto: Edu Moraes.


compreender como conviver com as diferenças e habitar

pode parecer uma simples premissa para o planejamento

um mesmo território pacificamente.

dos espaços comuns foi absolutamente revertido na modernidade. Bauman evidencia um dos grandes

O que se segue é que a vida urbana requer um tipo de atividade muito especial e sofisticada, de

problemas dessa época líquida: a institucionalização dos medos urbanos.

fato um grupo de habilidades que Sennett listou

Devido à incapacidade de lidar com o outro, a sociedade

sob a rubrica “civilidade”, isto é: “a atividade que

moderna, ao invés de apoiar políticas públicas para a

protege as pessoas umas das outras, permitindo,

redução da desigualdade econômica e maior integração

contudo, que possam estar juntas...” (ibidem, p. 111).

social, optou por afastar os problemas urbanos com a

É a “civilidade” que viabiliza a vida nas aglomerações urbanas e para que ela seja posta em prática, é necessário que o contexto urbano também seja civil. “Significa, antes e acima de tudo, a disponibilidade de espaços que as pessoas possam compartilhar como personae públicas” (ibidem, p.112). Então, partindo dessa noção de cidade, sociedade e civilidade, é o espaço público que deve ser palco das trocas e relações civis, permitindo que os habitantes de um mesmo contexto urbano ajam confortavelmente, se reconhecendo e se “educando”. Porém, um conceito que

aquisição de “segurança”. As pessoas passaram a se isolar cada vez mais em espaços privados e a considerar as ruas como inseguras. O receio de compartilhar a cidade com indivíduos diferentes leva ao surgimento de novas categorias de espaços que, segundo Bauman, não permitem o convívio civilizado. Por isso, ele os chama de “espaços-públicos-mas-não-civis”.

37



TRÊS LUGARES “Por mais cheios que possam estar, os lugares de consumo coletivo não têm nada de “coletivo”. (...) é uma ilha de ordem, livre de mendigos, desocupados, assaltantes e traficantes – pelo menos é o se espera e supõe. As pessoas não vão para esses templos para conversar ou socializar” (ibidem, p.114). 10.

A partir de 2013, encontros organizados através das redes sociais reuniram muitos jovens, a maioria de periferia e associados à cultura do Funk, em shoppings centers de SP e do RJ. Esses rolezinhos foram julgados como inadequados por alguns estabelecimentos, que obtiveram liminares para controlar o acesso dos clientes com base na aparência. Em: notícias de “G1/O Globo” (bibliografia). 11.

12. O shopping Nova América emitiu um código de conduta onde, dentre outras arbitrariedades, proibia seus clientes de "vadiarem", isto é, passearem pelo shopping sem um objetivo definido. O código foi retirado depois da repercussão negativa. Em: artigos de Stéfano Salles (ver bibliografia).

[04] Canteiro central. Baixios do Elevado, 2011. Foto: Otavio Sousa.

Citando a obra "Tristes trópicos" (1996) de Claude Lévi-

(por exemplo, espaços que limitam o acesso dependendo

Strauss, Bauman faz um paralelo entre as duas estratégias

da roupa que se está trajando), até as dinâmicas

utilizadas na história humana para lidar com a alteridade

de exclusão social advindas do não enfrentamento

descritas por esse autor e as novas categorias de espaços

da diversidade, como a segregação espacial e a

“públicos” da modernidade. Lévi-Strauss sugere que a

gentrificação. Já a segunda categoria, os “espaços

humanidade, quando confrontada pelo “o outro”, reagiu

fágicos”, designa ambientes projetados para “repelir ou

de forma antropoêmica ou antropofágica.

atenuar o impacto de estranhos”, como por exemplo, os

A antropoemia diz respeito a aniquilação desse outro, pois ele representa a alteridade em si. “Consiste em “vomitar”, cuspir os outros vistos como incuravelmente estranhos e alheios: impedir o contato físico, o diálogo, a interação social”. É a segregação, a anulação, a expulsão do corpo estranho em si. Já a antropofagia consiste na “ingestão", no “ “devorar” e engolir diversidade, tornando o corpo

“templos de consumo”. São espaços que estimulam o 10

agir e não o interagir . Quando se está em um shopping, por exemplo, se age de uma determinada forma padrão. Se não se está de acordo isso, se é massivamente coibido. É o caso da repressão aos rolezinhos11 ou do código de conduta de um shopping carioca que proibi a "vadiagem" dentro do estabelecimento12.

estranho “idênticos aos corpos que os ingerem”. Por isso,

A essas duas primeiras categorias, Bauman acrescenta

ela é a supressão da diferença, buscando homogeneizar e

uma outra: os espaços vazios. Esses espaços são

padronizar os indivíduos, transformando todos em igual.

privos de significado, mas não necessariamente por

Traçando o paralelo, a primeira categoria, dita “espaços êmicos”, representa desde os lugares que não são hospitaleiros e desencorajam a permanência do outro

que são inacessíveis. São lugares que não se adentra, pois são invisíveis. Essas lacunas se configuram por permanecer fora da lógica urbana, pautada na dinâmica socioeconômica do território. Cada um possui um seu

39


40

[05] São frequentes intervenções artísticas usando os pilares como suporte. Baixio “invisível”, 2014. Fonte: Urban Hearts.


13. Sobre a ausência de significado dos espaços vazio, Bauman conta uma anedota: “Numa de minhas viagens de conferências (...), fui recebido no aeroporto por uma jovem professora, filha de um casal de profissionais ricos e de alta escolaridade. Ela se desculpou porque a ida para o hotel não seria fácil, e tomaria muito tempo, pois não havia como evitar as movimentadas avenidas para o centro da cidade (...). De fato, levamos quase duas horas para chegar ao lugar. Minha guia ofereceu-se para conduzir-me ao aeroporto no dia da partida. Sabendo quão cansativo era dirigir na cidade, agradeci (...), mas disse que tomaria um táxi. O que fiz. Dessa vez, a ida ao aeroporto tomou menos de dez minutos. Mas o motorista foi por fileiras de barracos pobres, decadentes e esquecidos, cheios de pessoas rudes e evidentemente desocupadas e crianças sujas vestindo farrapos. A ênfase de minha guia em que não havia como evitar o tráfego do centro da cidade não era mentira. Era sincera e adequada a seu mapa mental da cidade em que tinha nascido e onde sempre vivera. (...) No mapa mental de minha guia, no lugar em que essas ruas deveriam ter sido projetadas havia, pura e simplesmente, um espaço vazio” (op. cit., p.121).

mapa mental da cidade, dependendo das experiências

de conformidade, monotonia e repetitividade

dos deslocamentos que se faz, por opção ou por

comunitárias é um projeto que se auto-alimenta,

necessidade. Para cada indivíduo, um mapa diferente,

mas que está fadado à derrota (ibidem, p.123).

13

onde se reconhecem cheios e vazios distintos . As três categorias de espaço, êmico, fágico e vazio, são representativas de um ciclo de insegurança que se instaurou na cidade, onde o medo da alteridade é combatido com segregação e isolamento. O afastamento das pessoas evitando a convivência nos espaços comuns fragiliza os laços sociais e afirma uma condição de decadência da rua, que, inevitavelmente, acaba por gerar mais insegurança. (...)

quanto

mais

eficazes

a

tendência

à

homogeneidade e o esforço para eliminar a diferença, tanto mais difícil sentir-se à vontade em presença de estranhos, tanto mais ameaçadora a diferença e tanto mais intensa a ansiedade que ela gera. O projeto de esconder-se do impacto enervante da multivocalidade urbana nos abrigos

Indo na contramão disso, muitos indivíduos romperam com a ideia de isolamento e, vendo potencial de renovação urbana nos espaços vagos das cidades, se uniram para atuar sobre eles. Coletivamente e colaborativamente, pessoas agem sobre territórios vacantes, muitas vezes amparadas por materialidades. Uma nova camada é, então, sobreposta ao contexto urbano, dando suporte a outras situações e modificando a paisagem da cidade.

41



O FENÔMENO POST-IT

O projeto catalão “Post–it City e outros formatos de 14

vem investigando o fenômeno da

Esse confronto que viabiliza a coexistência de pessoas

rearticulação da cidade a partir de ações informais e

distintas em um mesmo espaço comum é, como visto

efêmeras sobre as lacunas urbanas. Como um post-

anteriormente, essencial para a vida urbana.

temporalidade”

it (papel adesivo onde se escreve notas importantes como pró-memória e se cola à alguma superfície, ressignificando-a), essas ações podem adicionar uma Mais a respeito do projeto, ver o site oficial do Post-it (versão em inglês): www. ciutatsocasionals.net/englishEXPOCOWEB/ homepage.htm. Acesso: jun. 2014. 14.

[06] “Bolha imobiliária”. Intervenção de Basurama e MUDA, 2013. Fonte: Chistera ha volado.

espaço público como espaço de fricção entre diferenças.

nova camada de cidade sobre uma velha e reformular o todo.

Para explicar as ações Post-it, Peran faz uma leitura sobre dois mecanismos atuais para apropriação do espaço público na Europa. Esses mecanismos se referem a duas dinâmicas bem diferentes. Uma é relacionada às “práticas de dissenso” e outra às “práticas de sobrevivência”. Na

Martí Peran, um dos mentores do projeto, afirma que as

primeira, podemos ver a existência de um planejamento

situações post-it são “aparições ocasionais, desaparições

urbano informal como uma resposta à cidade planejada

e reaparições ingovernáveis” de ocupações de espaços

e controlada, buscando modos livres de atuação. São as

vagos, confrontando as tipologias tradicionais e o

autoconstruções, por exemplo, que configuram novos

urbanismo convencional. Essas situações agem em

espaços a partir de antigos. Na segunda estratégia,

defesa do “espaço público nômade”, permitindo a

relativa às práticas de sobrevivência, estão as ocupações

livre experiência de sociabilidade (e civilidade) a partir

informais temporárias do espaço público como mera

do contraste entre alteridades no contexto da cidade

alternativa de subsistência. É o caso de imigrantes, sem

contemporânea.

teto, químico dependentes, travestis, dentre outros, que

Em palestra proferida por Peran no Centro Cultural São Paulo em 2006, o autor introduz o conceito de “espaço de dissenso”, defendendo como premissa pensar o

ocupam espaços vagos por serem totalmente excluídos e marginalizados na sociedade. São os acampamentos informais embaixo de viadutos, por exemplo.

43


Ambas as estratégias, apesar de cada uma ter problemas

44

Nesse ínterim, essas estratégias adquirem materialidade. São

15.

específicos, são derivadas do contexto de segregação

ocupações físicas do espaço normalmente feitas com materiais

artigo “Post-it City. The final public space in

social enfatizados durante modernidade líquida. No

"sustentáveis", de reuso, restos, objetos abandonados, etc,

caso brasileiro, tanto a condenação do convívio com a

que readquirem outros usos a partir de novas espacialidades.

alteridade no espaço público quanto a condenação do

Por isso, Peran relaciona essas ocupações com conceitos

textosprincipalcast/lavarracataleg.htm>.

debate em torno das propostas para a erradicação (ou

como “pára-arquitetura” e “dispositivos temporariamente

Acesso: jun. 2014.

pelo menos uma considerável diminuição) dos problemas

arquitetônicos", que dão suporte ao acontecimento de

16.

socioeconômicos causam um impasse: evitando o

“micro-situações” transitórias.

ex-pugilista Nilson Garrido em parceira com

confronto nos espaços públicos, exclui-se inevitavelmente o diálogo entre seus habitantes. Consequentemente, retornamos à polêmica discussão: “cidade para quem?”.

A investigação acerca de ações post-it por parte do projeto

Tradução da autora de um trecho do

the contemporary city” de Giovanni La Varra. Disponível

em:

<www.ciutatsocasionals.

net /englishEXPOCOWEB/tex tos/

Projeto social fundado em 2006 pelo

Cora Batista. Garrido começou instalando um ringue de boxe no Vale do Anhangabaú. Hoje

catalão analisa diversos lugares do globo. Dois exemplos

possui 3 sedes que oferecem ringue de boxe,

citados pelo projeto em São Paulo são a ocupação dos

academia de ginástica e biblioteca. Ver artigo de Paulo Nogueira na bibliografia.

O aprendizado principal com os post-its é que vazios

baixos de viaduto pelo Cora Garrido16 [Anexo 1] e o projeto de

urbanos podem adquirir múltiplos significados. Uma

pesquisa "Post-it manoeuvres: a cartography of occasional

17.

cidade permeada de estratégias post-it é um grande

cities in São Paulo", que dentre outras coisas, cartografa o

Núcleo de Pesquisa da Escola da Cidade,

laboratório urbano.

Minhocão como estudo de caso17.

foi apresentado na 7ª Bienal de Arquitetura

Atualmente existem inúmeras iniciativas que questionam o

composições e improvisações que produzem

A ideia de que um estacionamento possa ser

cenário urbano e buscar reinventá-lo. Arquitetos, urbanistas,

uma releitura do espaço público”. Um

convertido em espaço público compartilhado, que

artistas, sociólogos, enfim, pessoas que cansadas do status

um espaço infraestrutural possa se tornar uma

quo decidem unir forças para mudar a cidade. Alguns dos

feira, que um terreno vago possa ser jardim é uma

outros grupos atuantes que foram pesquisados para dar

subsequente qualidade ativa de espaço urbano.15

Parte desse projeto, desenvolvido pelo

em 2007. Ele trata de “eventos temporários,

dos estudos de caso cartografado é o “espaços de ócio e lazer em via elevada”. Disponível em: <www.ciutatsocasionals.net/ englishEXPOCOWEB/proyectos/71saopaulo/ index.htm>). Acesso: nov. 2014.


bairro Buritis na zona sul de

suporte a esse trabalho [Anexo 2] são: Recetas Urbanas

Belo Horizonte, devido à sua topografia

(ESP), Basurama (ESP), Urban Catalyst (ALE), Raumlabor

18. No

montanhosa,

à

pressão

do

mercado

imobiliário e à restrição da Lei de Uso e Ocupação do Solo de construir edificações mais altas do que quatro pavimentos,

(ALE), Atelier d'Architecture Autogérée (FRA) e Rebar (EUA).

e espaços de descanso [Anexo 3]. Já Teixeira, arquiteto do Vazio S/A Arquitetura e Urbanismo, realizou alguns projetos onde o intuito era reativar espaços vagos ou subutilizados através de um

No Brasil, Louise Ganz e Carlos Teixeira atuam sobre

programa. Em Amnésias Topográficas I (2001) e II (2004-

Os pilotis foram idealizados funcionalmente

vazios. Com a pressão do mercado imobiliário sobre as

2005) [Anexo 3], Teixeira, em parceira com Louise Ganz,

para sustentar os edifícios, mas como efeito

capitais brasileiras priorizando determinadas zonas em

desenvolveu dois projetos cenográficos que ocupavam

colateral configuraram um grande volume

detrimento de outras, a lógica econômica da cidade induz

as palafitas18 presentes embaixo de edificações no bairro

ao abandono de edificações, existência de lotes vagos

de Buritis em Belo Horizonte. Esses espaços passaram a

e a configuração de espaços de má qualidade. Ganz,

servir de palco para algumas apresentações do grupo

com a colaboração de Breno Silva e de outros artistas e

teatral Armatrux.

foram contruídos prédios sobre palafitas.

vazio embaixo das edificações. Disponível em: <www.vazio.com.br/projetos/amnesiastopograficas-i/>. Acesso: jun. 2014.

arquitetos, envolve as populações locais na transformação de lotes vazios privados em espaços públicos de uso coletivo durante um período de tempo. Com o projeto "Lotes Vagos" (2005-2008), Ganz atuou em Belo Horizonte e Fortaleza ocupando terrenos com elementos temporários como tendas, redes, panos, piscinas, guardasóis, cadeiras de praia. Também se utilizou de estratégias menos flexíveis quando, por exemplo, preencheu os vazios entre estruturas remanescentes de um lote vago com terra, areia e grama, conformando novas topografias

Enormes palafitas de concreto – que sustentam edifícios residenciais no bairro Buritis, em Belo Horizonte — foram convertidas em material para investigações urbanas. São espaços piranesianos não idealizados por arquitetos; produtos de calculistas que jamais imaginaram o espaço que projetaram; surpresas espaciais que nunca acontecem no mundo previsível da arquitetura.

45


Tais labirintos de pilares, totalmente subutilizados

Bernard Tschumi.

e ignorados pelos condôminos, foram ativados e revelados como cenário do espetáculo Invento para Leonardo, concebido pelo grupo Armatrux especificamente para as palafitas.19

Os autores dispuseram passarelas, escadas, rampas 46

e plataformas de madeira entre os pilares e vigas da estrutura em concreto armado do "subsolo" dos edifícios. Esses elementos configuraram novos espaços que deram possibilidades para que diferentes situações fossem encenadas durante a atuação do grupo Armatrux.

Eu me convenci bem cedo de que não poderia falar sobre arquitetura sem falar dos movimentos dentro

disponível

em:

<www.vazio.com.br/

jun. 2014. 20. Trecho

da resposta de Tschumi quando

da arquitetura, e tampouco falar sobre espaço

indagado sobres suas investigações a respeito

sem falar sobre o movimento do corpo no espaço.

da representação dos movimentos em planos

E a verdade era inextricavelmente conectada se

arquitetônicos (TEIXEIRA, 2010, p.264).

o movimento fosse canalizado por elementos arquitetônicos,

tais

como

escadas,

rampas,

elevadores; ou se o movimento acontecesse aleatoriamente naqueles espaços.20

É a partir da movimentação dos corpos, da interação e

resíduos de maus projeto de arquitetura e engenharia.

do confronto entre eles, que Tschumi desenvolve muitos

Com as intervenções pontuais que viabilizaram a

de seus projetos. Ele entende que tanto a arquitetura

movimentação e o encontro dos corpos no espaço,

quanto o urbanismo precisam trabalhar com espaços

Teixeira e Ganz conseguiram preencher essas lacunas

intersticiais que repensados representem a "possibilidade

e dotá-las de significado, mesmo que por um período

de acidentes”, isto é, de estimular e abrigar eventos

específico e para um determinado uso (a peça de teatro).

inesperados e seus desdobramentos. Esses interstícios

entrevista realizada em 2007 por ele com o arquiteto

Texto relativo ao Amnésias Topográficas

projetos/amnesias-topograficas-i/>. Acesso:

Os espaços ocupados no Amnésias Topográficas I e II são

Texeira, em seu livro "ENTRE" (2010), apresenta uma

19.

I,

são chamados por Tschumi de "entre-dois", por estarem localizados entre uma coisa e outra (entre elementos


importantes). São espaços "não programados", isto é, aparentemente vazios e sem um uso bem definido. Os "entre-dois" abrigam fluxos e apropriações dentro de si. Igor Guatelli os chama de "entre-lugar" e convida à reflexão sobre a arquitetura desses espaços.

47



O ENTRE-LUGAR

Em seu livro "Arquitetura dos entre-lugares: sobre a

da apropriação e utilização momentâneas, os

importância do trabalho conceitual" (2012), Guatelli

usos e funções inicialmente previstos como mais

discorre, dentre outras coisas, sobre a importância

apropriados e adequados para tais lugares e

da arquitetura e do urbanismo de trabalharem com os

objetos (ibidem, p.31).

entre-lugares, lacunas livres da lógica do pensamento tradicional que servem como espaços de suposições e elo

As dinâmicas contemporâneas das grandes cidades

entre outros lugares.

refletem questões de diferentes espacialidades e

O autor afirma que ainda hoje existe o “desejo do arquiteto pelo controle e total definição do espaço, a busca por uma adequação entre forma e conteúdo pensados e a apropriação social manifesta” (GUATELLI, 2012, p.30).

temporalidades em um mesmo organismo. O fato de ter que lidar com acontecimentos de diversas escalas que podem romper com a lógica tradicional do espaço e tempo urbanos traz a necessidade do arquiteto e urbanista de atuarem de forma mais flexível sobre a cidade. O fazer arquitetônico e urbanístico deve compreender o

Contudo, passamos a ter de lidar com o florescimento, cada vez mais frequente, de eventos, de acontecimentos, verificados nas mais diversas

espaço intersticial como um "suporte de suposições", já que livre de “preconfigurações”, esse espaço permite a espontaneidade, a liberdade de ação.

escalas, que parecem causar certos desajustes

[07] Num domingo qualquer. Minhocão não-motorizado, 2014. Foto: Teca Eça.

ao romperem com o originalmente proposto, por

O espaço intermediário seria compreendido aqui

vezes subvertendo as representações históricas que

como uma indefinição, um espaço aberto às

lugares e formas possuem, "excedendo", mediante

significações entre espaços definidos, espaços estes que seriam os agentes catalisadores, motivadores

49


dessas ações dos usuários, desses eventos, desses

50

sobrepõe linhas (correspondem às circulações), pontos 21

acontecimentos inesperados que surgiriam e

(as folies ) e superfícies (topografia, pisos e pavimentos).

permaneceriam sempre em processo, transitórios

Essa sobreposição estimula os acontecimentos na

(...). Nesse caso, o papel do arquiteto residiria na

"intertextualidade", pois mais importante do que os

tentativa de promover uma interação-articulação

equipamentos dispostos no parque são os intervalos

entre o definido e o não definido, o desenho e o

entre eles, onde a circulação das pessoas gera infinitas

não desenho, as macro-organizações e setorizações

possibilidades de encontro e convívio.

espaciais e o engendramento de microssistemas programáticos, enfim, na criação de condições e situações para que esses eventos possam eclodir ou intensificar-se. O desafio residiria justamente na montagem dessas articulações (ibidem, p.33).

Dentre outros exemplos de arquiteturas de entre-lugares, Guatelli analisa em seu livro dois projetos [Anexo 3] de Tschumi: o Parc de La Villette (1982-1998) em Paris e no Le Fresnoy (1991/1997) em Tourcoing, ambos na França.

Nesses dois projetos Tschumi se utiliza do "entre-dois", isto é, do "entre-lugar" como estratégia arquitetônica e urbanística para gerar acontecimentos imprevisíveis. Guatelli explica que no Parque de La Villette Tschumi

Já no Le Fresnoy, segundo Guatelli, Tschumi trabalhou mais nitidamente a questão do "entre". O projeto consistiu em adaptar um novo programa22 de edificações e usos a um antigo complexo cultural. Este complexo apresentava problemas relativos "à estanqueidade e solidez dos edifícios e à capacidade das antigas coberturas de abrigar as futuras instalações". Por isso, Tschumi optou por construir uma nova cobertura independente acima das edifícios existentes "que, ao mesmo tempo que resolvesse o problema da estanqueidade, serviria como suporte para novas instalações" . Neste caso o espaço intersticial não é só aquele visto em planta entres as edificações do conjunto, mas também

21. As folies são edificações vermelhas espalhadas pelo parque que foram projetadas sem função prederterminada já que deveriam ser capazes de abrigar diferentes usos rotativos. 22. "O desafio era acomodar um programa que incluía um estúdio de filmagens, um media center, dois cinemas, espaços para performances e exibições, laboratórios para pesquisas e produção de som, administração e bar em um antigo complexo cultural de lazer datado de 1920, chamado de Le Fresnoy (...)" (ibidem, p.49).


23. Em entrevista transcrita no livro de Teixeira feita pelo autor à Tschumi. (op. cit., p.269).

o espaço vertical entre os edifícios e a cobertura nova.

que interligam as folies e as superfícies do parque, e como

Tschumi explica:

o vão entre as coberturas antigas e a cobertura nova do Le Fresnoy, esses interstícios devem permitir e, porque

É o espaço entre o telhado do edifício antigo e o do novo. É um espaço não desenhado, que é concebido e tornado possível. É um espaço que pode ser usado para qualquer coisa que o artista queira, como exposições, restaurantes, projeção de filmes e assim por diante. Um espaço de apropriação: as pessoas podem se apropriar desse espaço.23

A partir dessas discussões a respeito do "entre", é necessário perceber que os deslocamentos na escala urbana estão sujeitos à presença de espaços cheios, vazios e intersticiais. Nesse trabalho, identifico como cheios os lugares com uso bem definido. Já os espaços vagos são aqueles privos de significado e que, por isso, não constam no imaginário da sociedade como um todo. Por fim, os espaços intersticiais são as lacunas com potencialidades, que por conectarem pontos importantes na cidade, fazem parte de um percurso. Como as circulações do La Villette

não, estimular interações entre indivíduos da sociedade e apropriações inesperadas, como espaços de uso público e civis. 51



ESPAÇOS E TEMPOS DO ELEVADO O Minhocão é aqui entendido como superfície, baixio,

Já o baixio é um lugar fisicamente limitado e que não

rampas e túnel de acesso. Da sua relação com a cidade,

conversa com a vida de bairro existente no térreo. É

principalmente com o entorno imediato, fica evidente

sombrio e possui um canteiro central estreito, subdividido

que ele é composto por espaços, tempos e usos distintos.

pelos pilares estruturais e ilhado entre dois leitos carroçáveis de fluxo permanente. Essa configuração

Espaços

vulnerável impossibilita que as pessoas o acessem,

A superfície do Elevado passou a figurar no imaginário

viário, o Minhocão é apreendido de forma fragmentária.

urbano como espaço comum quando a desativação temporária da via entrou em vigor em 1989 e o lugar foi progressivamente ocupado. Por não ter desníveis ou interseções de outras vias, a superfície elevada se tornou uma espécie de “calçadão de praia” com vista para os [01] Reflexo-reflexão. Minhocão nãomotorizado, 2011. Foto: Julieta Benoit.

apartamentos lindeiros. Nessa cota, o Minhocão pode ser apreendido como uma linha contínua.

o percorram e se apropriem dele. Por isso, na cota do

As rampas, outro resquício da obra de infraestrutura mal planejada, são elementos que fracionam o espaço público. Uma delas, a que dá acesso ao Minhocão próximo ao metrô Marechal Deodoro, aniquilou parte da praça de mesmo nome. A plano inclinado cobriu uma das extremidades do espaço livre e o alargamento

53


a via elevada para a junção com a estrutura da rampa sombreou outra parte ainda maior. O túnel de acesso ao Elevado sob a praça Roosevelt é um espaço projetado para ficar escondido e inacessível aos pedestres. Só se reconhece a existência desse subsolo oco uma vez dentro dele. 54

Tempos e usos

conecta com pontos importantes em um sistema por 25

possuir apenas alguns acessos pontuais (as rampas ) que o ligam ao resto da cidade,a superfície da via permanece na maior parte do tempo estanque ao contexto em que está inserida. Em um passeio sobre o Elevado, é evidente a dificuldade de perceber o entorno que não seja a janela do edifício vizinho. Não se reconhece o que está acontecendo na cota do viário e podem até passar despercebidos equipamentos importantes que estejam

A superfície do Minhocão, ora cheia de carros, ora cheia

ao longo do trajeto, mas não próximos às rampas do

de gente, é um espaço de alternância. O local que permite,

Minhocão.

por exemplo, a corrida noturna [02] acontece diariamente

Enquanto a parte de cima da via elevada abriga uma

das 21h30 às 6h30. Já o espaço livre que viabiliza ações pontuais como uma festa de São João24 [03] ou uma "paellada" [04] entre amigos acontece semanalmente aos domingos. Outra característica importante desse lugar é que quando não-motorizado ele não possui programa definido, o que possibilita que ele seja palco de diferentes situações.

multiplicidade de ações, o baixio permanece quase sempre imutável. Nos finais de semana, o fluxo de automóveis é menor, mas ainda sim é um lugar que não se reconfigura. Pelas suas limitações espaciais, são poucos e pontuais os momentos em que ele é ocupado e não existe um uso temporário que se repita ali. As poucas pessoas que se relacionam com esse espaço são: alguns proprietários dos

Porém, apesar de ser contínuo e sem uso predeterminado,

comércios de fronte; moradores de rua que ali encontram

o que dá margem a suposições, esse território não se

abrigo da chuva e um lugar para estender seus colchões;

24. A Festa Junina do Minhocão já teve duas edições, uma em 2012 e outra em 2013. Esses eventos foram financiados de forma coletiva com arrecadamento da verba através de plataformas na internet e organizados colaborativamente. 25. As rampas são o único modo de acessar o Minhocão, tanto para carros quanto para pedestres.


26. Um dos últimos eventos do Buraco em 2014 foi o “Buraco da Augusta Parque das Minhocas”, realizado em parceria com o movimento Parque Augusta (www. parqueaugusta.cc). Esse evento, dentre outras atrações, teve sarau, lançamento de revista e roda de discussões.

grafiteiros e artistas plásticos que, intrigados, fazem arte

em uma curva bem acentuada e, por isso, bastante larga.

com seus pilares; atores e dançarinos que usam o lugar

A sobra entre a grade da praça do metrô Santa Cecília

como suporte para suas performances; e aqueles que,

e o leito carroçável também é ocupada por pessoas que

sem escolha, precisam esperar o ônibus que passa no

vivem nas ruas do entorno. Essas ocupações informais

local.

acontecem em paralelo aos outros tempos do Elevado,

Fazendo uma leitura vertical da sobreposição superfície e

esteja ele ativado ou desativado para o tráfego.

baixio do Minhocão, se percebe que duas temporalidades

O túnel da Praça Roosevelt há pouco tempo permanecia

distintas acontecem em paralelo na mesma estrutura.

completamente vazio nos horários de interdição

Enquanto na parte de cima fluem carros ou pessoas

da via, sendo eventualmente ocupado por pessoas

desimpedidos, simultaneamente na parte de baixo

marginalizadas. Desde fevereiro de 2014, a parte do túnel

pulsam fragmentos de uma cidade compartilhada entre

próxima à Rua Augusta, batizada carinhosamente de

carros, ônibus, ciclistas e pedestres.

Buraco da Minhoca, passou a receber eventos esporádicos

Relativo às rampas, além de serem o único modo de acessar o Minhocão, elas também servem como suporte para pessoas em situação de rua. Próximo à estação Santa Cecília, por exemplo, na rampa de saída do Elevado sentido centro-bairro, o espaço existente entre a infraestrutura e o lote lindeiro é ocupado por moradores de rua que construíram um pequeno barraco ali. Já do outro lado, saída sentido bairro-centro, a rampa termina

de coletivos que se uniram para ressignificar o lugar. Esses acontecimentos, apesar de pontuais, afirmam parte do túnel como espaço de estar comum, onde ocorrem desde festas públicas a encontros e debates26 acerca das questões de apropriação da cidade.

55


56

[02] Passeio noturno. Minhoc達o n達o-motorizado, 2011. Foto: Tiago Queiroz.


57

[03] Quadrilha. Festa Junina do Minhoc達o, 2012. Fonte: Circuito Fora do Eixo.


58

[04] Paella de domingo. Minhoc達o n達o-motorizado, 2014. Fonte: Facebook.


59

[05] "As ruas são para dançar". Interdição policial durante o carnaval do Buraco da Minhoca, 2014. Fonte: Uscha.



PREMISSA

São Paulo é conhecida como o lugar onde tudo está em permanente movimento. Onde um dia é cheio, no outro pode ser vazio. Tudo depende da dinâmica efêmera da metrópole. Mas sendo um aglomerado heterogêneo de indivíduos com ambições diferentes, faz sentido essa flexibilidade espacial e temporal. As feiras urbanas, que numa terça-feira ocupam uma determinada rua e na quinta outra, são eventos que se repetem com muita intensidade e naturalidade na capital. É evidente que para suprir a demanda de vários grupos que coabitam a cidade, é necessário que ela se reinvente periodicamente. O Minhocão é um exemplo da flexibilidade da metrópole contemporânea. A alternância e a sobreposição de usos e de durações curtas e longas no Elevado caracteriza uma dinâmica de experimentação e a renovação do espaço. É importante perceber que as espacialidades e temporalidades distintas são dados de projeto. Qualquer intervenção que proponha uma grande mudança nesse contexto deve ser produto de uma reflexão acerca dos

[06] Tempos e fluxos. Minhocão nãomotorizado, 2008. Foto: Daniel Mitsuo.

espaços, tempos e usos do Minhocão.

61



UM LUGAR UNS LUGARES

No livro “Vida e Morte de Grandes Cidades”, segundo Regina Meyer, Jacobs defende a tese central de que “o grau de urbanidade de uma cidade, de uma metrópole ou de um bairro depende intrinsecamente do grau de vitalidade urbana ali presente” Disponível em: <www.vitruvius.com.br/ revistas/read/resenhasonline/01.001/3261>. Acesso: dez. 2014. 27.

[01] Barraca do beijo. Festa Junina do Minhocão, 2012. Foto: Circuito Fora do Eixo.

A movimentação de agora que gira entorno da

e alguns profissionais defendiam, isto é, a prática do

“reconquista da rua” por parte do pedestre é decorrência

urbanismo pautado não só na macro, mas também na

da insatisfação de um vasto período de negação do espaço

micro escala. Como explica Hugo Segawa28, a crítica

público. Já em 1960, Jane Jacobs tecia duras críticas ao

de Jacobs era direcionada às práticas do “urbanismo

planejamento urbano modernista a respeito das práticas

moderno ortodoxo”. E esse fenômeno “extrapolou as

27

de reurbanização e renovação de espaços públicos .

fronteiras norte-americanas, banalizando-se enquanto

Relativo especificamente às ruas, Jacobs entendia que

intervenções urbanas tardias em cidades como Caracas

a vitalidade nesses espaços era essencial para o bom

ou São Paulo nos anos 1970”.

funcionamento das cidades. Era na rua, entendida aqui como calçadas e espaços públicos para pedestres, onde se teciam as relações sociais. Por isso, era essencial que o planejamento urbano lidasse com escala do pedestre, projetando ruas de qualidade e com usos diversificados. Nessa mesma época, o Brasil contradizia o que Jacobs

O Minhocão, inaugurado em 1971 nesse contexto de atraso ideológico, gerou a imediata desvalorização e fragmentação socioterritorial do entorno. Uma ferida urbana29 que enfatizava a decadência da rua. Porém, os paulistanos aprenderam aos poucos a conviver com o Elevado e de ferida aberta, passou a ser uma

63


cicatriz suportável. Com a sua apropriação, mesmo que temporária, o Elevado ganhou o seu lugar no imaginário coletivo como experiência urbana valorosa.

64

atividades são desenvolvidas no Minhocão. O Buraco da Minhoca, citado no capítulo anterior, é a porção do túnel do Elevado sob a Praça Roosevelt

Alguns dos coletivos que atuam com frequência no

próximo à Rua Augusta que é apropriada desde 2014

Minhocão são o BaixoCentro, o Buraco da Minhoca e o

pela população organizada colaborativamente. Como

Grupo Esparrama.

descrito na sua página nas redes sociais, o Buraco ”é uma

O

BaixoCentro

é

“um

movimento

colaborativo,

horizontal, independente e auto-gestionado”30 que forma uma rede aberta de pessoas interessadas em atuar sobre a região central próxima ao Minhocão (nos bairros

A crítica de Jacobs estava direcionada, principalmente, ao urbanismo americano da primeira metade do século XX. Hugo Segawa explica: “O contexto dos ataques de Jacobs ao urbanismo moderno ortodoxo era o programa norte-americano de renovação urbana das áreas centrais das cidades, do fazer tábula rasa de setores urbanos consolidados, substituídos por megaprojetos de reurbanização nos quais uma arquitetura burocrática ou monumental, viadutos, elevados, vias expressas e florestas de concreto configuravam a nova paisagem das grandes cidades”. Disponível em: <www.vitruvius.com.br/revistas/read/ resenhasonline/01.001/3259>. Acesso: dez. 2014.

28.

passagem para outra dimensão de utilização consciente do espaço público”31. Nesse local são realizadas diversas atividades, como festas, saraus, rodas de discussão, etc, sempre sem fins lucrativos.

de Santa Cecília, Vila Buarque, Campos Elísios, Barra

Já o Grupo Esparrama é um coletivo teatral que propõe

Funda e Luz), ocupando, reconquistando e qualificando

uma intervenção cênica chamada “Esparrama pela

o espaço público. Exatamente por não ter hierarquia

Janela” desde novembro de 2013: “da janela de um

e ser colaborativo, o movimento funciona através de

apartamento do 3º andar de um prédio da rua Amaral

financiamentos e arrecadações coletivas. Desde 2012,

Gurgel é apresentado um espetáculo para o público 32

29.

Não sei ao certo quando foi dado o

apelido “cicatriz urbana” ao Minhocão, mas em 2006 já constava no edital do concurso

realiza anualmente o Festival BaixoCentro. O evento

que está do outro lado da rua, no Minhocão” . As

2º Prêmio Prestes Maia de Urbanismo que

consiste em diversas atividades realizadas no recorte

performances passaram a ocorrer com frequência, se

tratava do Elevado Costa e Silva.

territorial citado acima. São intervenções artísticas,

consolidando como evento cíclico no Elevado e hoje

30. Disponível

oficinas recreativas, exibição de filmes, exposições,

reunem famílias, amigos e transeuntes para ver os

somos/>. Acesso: jun. 2014.

shows, etc. Pela potencialidade do lugar, muitas dessas

espetáculos.

em: <baixocentro.org/quem-


www.facebook.com/

Essas ocupações civis recentes vem ganhando força

pages/Buraco-da-minhoca/2408012960894

cada vez mais em São Paulo e estimulam a população a

31.

Disponível

em:

91?fref=ts. Acesso: jun. 2014. 32. Disponível

em:

www.facebook.com/

esparrama?fref=ts. Acesso: jul. 2014. O Manifesto do Sim foi redigido por Marco P. Cremasco. Disponível em: <espacohumus. com/manifesto-sim/>. Acesso: jun. 2014. 33.

conhecerem arejadamente.

atuar sobre o espaço comum. O “Manifesto do Sim”33,

Parece que aquele impulso de fugir da situação urbana

publicado na página do Buraco da Minhoca, reafirma

com segregacionismo e homogeneização se enfraqueceu.

a mobilização de ressignificação do espaço público

Hoje, espaços urbanos são redesignados, estabelecendo

enquanto algo generalizado na capital paulista:

um senso de pertencimento, de identidade entre usuário e território. O espaço passa a ser um “Lugar”. E o

Os espaços ociosos da cidade de São Paulo estão sendo ocupados pela população livremente organizada em células independentes, como os membros de um grande corpo buscando reconectarse para caminhar com equilíbrio. A formação crescente de ateliês e laboratórios compartilhados, onde artistas produzem, descansam e se alimentam livres da mediação estatal e do dinheiro colabora por criar uma cada dia mais bem distribuída rede de hospitalidade urbana. Como clareiras em meio à selva, os espaços outrora inúteis vêm sendo ressignificados a cada dia. Geram arte, esperança, olho no olho. Geram ideias e geram ações, porque servem para gentes e ideias circularem e se

Minhocão é um deles. Vários deles.

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66

[02] "Minhocão Fantástico I". Suposições, 2011. Autor: Ángela León.


67

[03] "Parque de Divers천es Minhoc찾o". Festival BaixoCentro, 2013. Fonte: Criaticidades.


68

[04] "Minhocão Fantástico III". Suposições, 2011. Autor: Ángela León.


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[05] Piscina-poça d'água olímpica. X Bienal de Arquitetura, 2013. Foto: Junior Lago.


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[06] Texturas sobre o Minhoc達o. Coletivo Agulha, 2014. Foto: Athos Comolatti.


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[07] Texturas sobre o Minhoc達o. Festival BaixoCentro, 2012. Foto: Bruno Fernandes.


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[08] Amorosa. Minhoc達o n達o-motorizado, 2014. Foto: Paula de Andrade.


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[09] Devagar!"Dan莽ando na cidade", 2011. Foto: Haroldo Sab贸ia.


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[10] Cores sobre o Elevado. Festival BaixoCentro, 2013. Foto: Danilo Verpa.


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[11] Cores sob o Elevado. Festival BaixoCentro, 2012. Foto: Bruno Fernandes.


76

[12] Pintura sobre "A dança". Minhocão não-motorizado, 2014. Foto: Athos Comolatti.


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[13] Dança sobre a pintura. Minhocão não-motorizado, 2014. Foto: Athos Comolatti.


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[14] Lugar de expor. Mercado da Minhoca, 2014. Fonte: Facebook.


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[15] Lugar de estar. Minhoc達o n達o-motorizado, 2012. Foto: Natalia Nambara.


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[16] "Karroça" da Cia. Atropofágica. Teatro sobre o Elevado, 2012. Fonte: Núcleo Inspira.


81

[17] "Barafonda" da Cia. SĂŁo Jorge de Variedades. Teatro sob o Elevado, 2012. Fonte: Manga CenogrĂĄfica.


82

[18] Da janela. Espetรกculo do Grupo Esparrama, 2014. Foto: Paulรฃo de Barros.


83

[19] Para a janela. Espetรกculo do Grupo Esparrama, 2014. Fonte: Apaixonado por Bike.


84

[20] Cine elevado. PrĂŠ-estreia do filme Elevado 3.5, 2010. Fonte: Site do Filme.


85

[21] Cine baixio. Festival BaixoCentro, 2013. Foto: Circuito Fora do Eixo.


86

[22] Festa. Buraco da Minhoca, 2014. Fonte: Blog de Luiz Yassuda.


87

[23] Roda de discussĂŁo. Buraco da Minhoca, 2014. Foto: ZĂŠ Naklem.


88

[24] Passeio de domingo. Minhoc達o n達o-motorizado, 2009. Foto: Julia Moraes.


89

[25] Cortejo anual do Grupo Cangarussu. Minhoc達o n達o-motorizado, 2013. Foto: Marina Ribeiro Arruda.



PROPOSTAS EXISTENTES 34. Disponível em: <brasileiros.com. br/2012/07/prefeitura-de-sao-paulo-reabrelicitacao-da-operacao-urbana-lapa-bras/>. Acesso: out. 2014.

35. Como dito anteriormente, a estrutura do Minhocão é pré-moldada e desmontável. Segundo Lúcio Gomes Machado: o desmonte “poderia render uma reciclagem nobre de materiais para que se façam obras de mobilidade na periferia da cidade”. Disponível em: <exame.abril.com.br/brasil/ noticias/afinal-o-que-sera-do-minhocao>. Acesso: out. 2014.

[01] Sem grandes restrições, o Elevado também é cama. Foto: Junior AmoJr.

O Minhocão sempre suscitou discussões desde a sua

Uma das questões principais caso a via elevada

concepção e por ter se tornado tão significativo para

fosse desativada e desmontada era a necessidade de

a mobilização de reconquista do espaço público,

estabelecer rotas alternativas para o tráfego35. A opção

não são poucas as propostas existentes para ele. No

principal era desviar a ligação leste-oeste mais a norte.

percurso investigativo desse trabalho se fez necessário o

Essa proposta já era “prevista nos planos de revisão dos

conhecimento de algumas dessas proposições.

transportes públicos da região”36 no anos 2000, mas só foi oficializada em 2010 com o licitação da Operação Urbana Lapa-Brás37.

LIGAÇÃO LESTE-OESTE

Uma das premissas dessa operação era a criação de

A partir dos anos 199034, o debate acerca da demolição

vias expressas sobre a ferrovia que seria enterrada

do Minhocão se intensificou. Nas gestões consecutivas

no leito atual da CPTM (Companhia Paulista de Trens

de Marta Suplicy (2001-2004), José Serra (2005-2006)

Metropolitanos), entre os bairros Brás e Lapa. Esse

e Gilberto Kassab (2006-2012) passou a ser iminente a

sistema poderia acolher o tráfego que passava sobre

possibilidade de demolir do Elevado.

o Elevado. Com uma nova ligação leste-oeste seria

91


desnecessário manter o Minhocão como conexão para

fluxo de veículos do Elevado foi realizado pelo engenheiro

carros, permitindo que este fosse retirado. A Operação

de tráfego José Tadeu Braz (Brazhuman Engenharia e

Urbana Lapa-Brás, contudo, não foi levada adiante por

Consultoria). Segundo ele, como alternativa a Av. São

problemas de habilitação do consórcio que executaria o

João poderia abrigar uma faixa expressa com passagens

projeto.

subterrâneas nos cruzamentos, como a Faria Lima tem

Algumas pessoas, como a própria prefeitura o fez por 92

com a Av. Rebouças e a Av. Cidade Jardim39.

muito tempo, julgam que para desativar o Minhocão seja

Independente das alternativas, é necessário entender

necessário substituí-lo por outra via expressa que permita

que o problema da ligação leste-oeste não será resolvido

o mesmo ou superior escoamento de automóveis. Mas já

com a criação de mais uma via expressa da capacidade

em 1991, foi realizado pela Emurb (Empresa Municipal

do Elevado. Mais recentemente, em uma entrevista para

de Urbanização) um estudo de impactos no trânsito caso

o coletivo Candeia40, Whitaker fala sobre o impacto no

o Minhocão fosse retirado, mostrando que a realidade

sistema viário que a desativação do Minhocão geraria:

não era bem essa. Roberto MacFadden, vice-presidente da empresa na época, explica:

Essa questão do impacto no sistema viário é muito

O trânsito teria uma piora, de imediato, de apenas 15%, o que

complicada de ser analisada porque o sistema

poderia ser reduzido com o uso inteligente de vias alternativas.

já está colapsado (...). Então, claro que na hora

Assim que for restaurado o bom senso, e voltarmos a pensar

que você retira o Minhocão, você, num primeiro

a médio e longo prazos, veremos que a retirada do Minhocão

momento, vai ter um impacto muito grande.

não é tão absurda.38

Só que dentro do colapso, esses impactos são

Outro estudo dos anos 2000 relativo à dissipação do

rapidamente absorvidos. Então você vai ter num

Não foi descoberta a data exata que proposta foi feita, mas já em 2006 ela era notória (ARTIGAS et al., p.123).

36.

Para maiores informações a respeito da Operação Urbana Lapa-Brás, consultar o Termo de Referência que consta na bibliografia deste trabalho.

37.

38. Trecho de um artigo “Cicatriz de concreto” de 2002. Disponível em: <www1. spbancarios.com.br/rdbmateria.asp?c=236>. Acesso: out. 2014. 39. No artigo “Sonho de demolir o Minhocão faz 30 anos” de 2005. Disponível em: < w w w1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ ff2108200530.htm>. Acesso: out. 2014. 40. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=IQTgDKLKaw0>.Acesso: out. 2014.


41. A previsão da atual prefeitura é de construir 150km de corredores de ônibus até o final de 2016 e 400km de ciclovia até o final de 2015, buscando um equilíbrio entre os meios de transporte. Em entrevista, Haddad explica a intenção: "Não se trata de ser contra o transporte individual motorizado, se trata de equilíbrio entre o pedestre, o ciclista, o usuário do transporte público, seja ônibus ou trem, e o transporte motorizado individual. Isso que nós estamos tentando para a cidade de SãoPaulo". Disponível em: <g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/09/ datafolha-80-aprovam-ciclovias-em-spaumenta-popularidade-de-haddad.html>. Acesso: dez. 2014.

primeiro momento um impacto muito grande e num segundo momento uma capilarização do (fluxo do) Minhocão para as ruas do entorno. O que vai acontecer é que vai aumentar significativamente o trânsito das pequenas ruas (...). Agora o que não pode é cair na fraqueza de se pensar como se pensava antes, que era um pensamento baseado no automóvel, e de dizer se eu tiro o Minhocão tenho que substituir com alguma coisa (...). É um erro fenomenal porque você resolve um problema reproduzindo o mesmo problema um pouco mais pra longe.

Vale também notar que a atual gestão do prefeito Fernando Haddad tem trabalhado a questão da mobilidade urbana com outra lógica que não a pautada no transporte individual motorizado41. Tanto que a desativação permanente do Minhocão sancionada no PDE de julho de 2014 não prevê a criação de uma via substituta.

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94

[02] Túnel elevado para carros, galerias laterais de uso "múltiplo" e parque na cobertura. 1° Lugar do concurso, 2006. Autores: José Alves e Juliana Corradini.


PRÊMIO PRESTE MAIA DE URBANISMO

Em 2006, o debate acerca do Minhocão ganhou novo

estudos de impactos ambientais e antrópicos (op.

fôlego com o lançamento do concurso nacional 2º Prêmio

cit., p.75).

42

Prestes Maia de Urbanismo . O competição buscava soluções para os problemas 42. Instituído em 1997 a partir da lei municipal nº 12.443, o Prêmio Prestes Maia de Urbanismo foi criado com o intuito de colher propostas e promover o debate em torno do planejamento e da engenharia urbana no município de São Paulo, “incluindo projetos de loteamentos e paisagismo, planos e projetos viários, de pontes, viadutos e túneis, bem como planos e projetos de sistemas de transporte público e de infraestrutura urbana”. Sua primeira edição foi realizada em 1998, com o tema que visava a elaboração de planos para solucionar ou, pelo menos, amenizar os problemas de enchentes na região da bacia do córrego Aricanduva. Apesar de ter sido estipulado como quadrienal, o Prêmio voltou a ser outorgado somente em 2006. 43. De

3 trabalhos premiados e 4 menções honrosas concedidas, 6 projetos mantinham o Elevado, porém reformulado.

urbanísticos e ambientais provocados pelo Elevado ao longo de toda a sua extensão. Segundo Rosa Artigas, Joana Mello e Ana Castro, organizadoras do livro

Com base nesse livro, onde se definem partidos em comum aos 46 projetos habilitados para o concurso, evidencio aqui os três partidos que julgo mais pertinentes para esse trabalho a partir das propostas premiadas. 95

Caminhos do Elevado – Memória e Projetos, o prêmio

procurou: (...) problematizar e discutir a relação do minhocão com o cidadão que ali circula: tanto sobre a via elevada, dentro de seu automóvel nos dias de semana e a pé nos finais de semana, quanto por aqueles que moram e trabalham no entorno de seus quase 3 km de extensão e sofrem as consequências da construção em seu cotidiano. Tal intenção veio ao encontro dos novos modelos de organização

Partido 1 Um primeiro partido, o mais premiado43, tratava de manter a estrutura do Minhocão como ligação viária leste-oeste transformando-a em um túnel elevado. Na cobertura, nas laterais desse túnel ou até mesmo no baixio do Elevado, se conformava um parque linear. Esse partido tentava associar tanto a necessidade de escoamento do tráfego quanto a de se ter um espaço livre à disposição da população.

da cidade atualmente discutidos e que se fundam em ideias de gestão participativa, com base em

A maioria dos concorrentes – cerca de 80% considerou o custo da implantação e os transtornos


causados por ela inviáveis para realizar, com a mesma eficiência, a ligação leste-oeste. Também se levou em conta a apropriação daquela estrutura pela população como área de lazer, outro impeditivo para a derrubada. O júri avaliou ainda que, no conjunto das propostas apresentadas, esse partido garantia as melhores soluções para a 96

cidade (ibidem, p.84).

A proposta vencedora do 1º lugar de autoria de José Alves e Juliana Corradini, por exemplo, transformava o Minhocão em um túnel elevado para automóveis, posicionando nas suas laterais (quando possível) galerias

com o contexto espacial. O ponto negativo desse projeto e dos outros que também construíam um túnel sobre toda a extensão do Elevado, era não levar em consideração em nenhum momento o desconforto que a sobreposição de mais um pavimento sobre a via causaria. Mesmo com a proposta de redefinir os usos dos primeiros andares das edificações limítrofes evitando que fossem de uso residencial, o projeto vencedor não trata a relação entre o Minhocão e a rua. A ventilação e a iluminação já são precárias no entorno e sob a via. Com o túnel elevado a situação dos transeuntes na cota do viário, isto é, no térreo só pioraria.

de uso “múltiplo” e na cobertura do túnel um parque

Mais um ponto complicado é que algumas propostas,

permanente.

como a dos vencedores do 1º lugar, sugeriam que a

Uma coisa interessante da proposta é que ela previa a intervenção também em lotes adjacentes subutilizados, fazendo conexões entre a estrutura elevada e edifícios lindeiros a serem propostos (de uso cultural, institucional

área entorno do Elevado fosse contemplada em uma Operação Urbana. Essa é uma sugestão arriscada, pois uma Operação Urbana Consorciada nos moldes atuais poderia descaracterizar completamente a região.

ou comercial). Isso modificaria a relação que se tem hoje onde o Elevado rasga o tecido urbano e não se relaciona

A proposta é controversa e vai à contramão da


44. Disponível em: <motherboard.vice. com/pt_br/read/os-possiveis-futuros-dominhocao-em-sao-paulo>.Acesso: nov. de 2014.

maioria dos outros estudos apresentados – que procuraram estabelecer um diálogo com a história e morfologia urbana existente, para não repetir os mesmos equívocos cometidos quando da

45. Transformando

a Rua Amaral Gurgel em um bulevar com pólo gastronômico e cultural.

construção do próprio Minhocão – pois de certo modo incentiva a substituição da área em torno da via (ibidem, p.87).

É importante lembrar que o concurso foi realizado em um momento em que não se tinha certeza da desativação

Partido 2 O segundo partido é da manutenção do Minhocão como eixo viário, sem vedá-lo, para a passagem de transporte público (ônibus, veículos leves sobre trilhos ou trólebus). Algumas propostas mantiveram a estrutura original, enquanto outras demoliram parte do elevado ou reduziram a estrutura transversalmente, retirando algumas das vigas longitudinais externas e criando, assim, um respiro para as edificações adjacentes à via.

completa do Minhocão, tanto que a proposta vencedora

Nesse partido os autores entenderam que a função do

previa que se depois de construído o projeto o Elevado

Elevado como infraestrutura viária essencial para a

viesse a ser desativado, o túnel deveria, então, ser

ligação leste-oeste deveria permanecer . O 2º lugar do

“preenchido” com outros usos, como espaços de lazer

concurso de autoria de Fernando Ventura Gutierrez, por

e cultura. Juliana Corradini, uma das autoras desse

exemplo, propunha uma grande reestruturação viária da

44

projeto afirma que caso o Minhocão fosse interditado

região. Para isso, o trecho do Minhocão que vai da Praça

permanentemente antes de transformá-lo em túnel

Roosevelt até o Largo Santa Cecília era demolido45 e o

elevado, não faria mais sentido isso e seria melhor

resto da estrutura elevada era usada para a passagem de

construir um parque diretamente sobre a estrutura atual.

um corredor de ônibus híbrido (a gás natural e à energia elétrica) com barreiras acústicas nas suas laterais. A via também dispunha de espaços dedicados aos pedestres e

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98

[03] Seção transversal reduzida, corredor de ônibus híbridos e arcos de suporte para vegetação. 3° Lugar do concurso, 2006. Autor: Marcelo Monacelli.


ciclistas, afirmando o Minhocão como uma via “comum”,

do sistema de transporte coletivo. Elas enfatizam a

compartilhada entre transporte motorizado e não-

necessidade de criar mais um deslocamento expresso

motorizado.

para os carros, o que, como visto anteriormente, não

Apesar de dar foco ao transporte coletivo, a maioria das propostas desse segundo partido ainda se preocuparam em achar uma alternativa para o transporte individual. O 2º lugar, por exemplo, propunha que o fluxo do carros que vem da Radial Leste para o Elevado fosse transferido através de um túnel conectando a Rua Amaral Gurgel à uma via expressa a ser construída mais a norte (como na proposta formalizada na Operação Lapa-Brás). Já o projeto ganhador do 3º lugar do concurso de autoria de Marcelo Alex Monacelli, propunha a transferência do

é condizente com as estratégias de mobilidade urbana atuais de São Paulo. Além disso, quando a proposta do 3º lugar estreita mais ainda o canteiro central (que atualmente já é muito restrito e na maior parte da sua extensão não permite nem a passagem de uma pessoa quando se tem o pilar estrutural) e ainda propõe a diminuição da calçada das ruas inferiores ao Elevado, se percebe que a vida de bairro, as atividades comerciais do térreo e a circulação e o bem-estar dos pedestres não são contempladas.

tráfego do Elevado para as vias inferiores, estreitando o

Os projetos desse segundo partido que preveem a

canteiro central e as calçadas dessas ruas.

passagem de transporte público, pessoas e ciclistas

Um ponto negativo dessas alternativas é ainda entender que para retirar o fluxo de carros de cima do Elevado é necessário achar um substituto para o transporte individual, isto é, essas propostas afirmam que não basta dar como solução para a ligação leste-oeste a ampliação

sobre o Elevado entendem a necessidade de afirmar esse lugar como um espaço de coexistência e respeito. Já as propostas que reduzem a seção transversal da estrutura elevada, mostram que para qualificar o entorno é essencial pensar na melhoria da ventilação e da iluminação do térreo. Outro ponto positivo é a que algumas proposições

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100

[04] Desmonte do Elevado, manutenção de trechos de "memória" e articulação com equipamentos propostos. Menção honrosa, 2006. Autores: Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo M. Ferraz.


fazem uso de elementos que funcionam como barreira

segundo o júri do concurso, soluções pertinentes para

para a poluição sonora, ambiental e visual. Essas são

os problemas levantados. Assim, um único projeto que

estratégias independentes da reestruturação do Elevado

previa o desmonte e que foi premiado (Menção Honrosa)

e que poderiam ser implantadas a curto prazo, mitigando

foi a proposta de autoria de Fernando Forte, Lourenço

alguns dos problemas que a via sempre causou.

Gimenes e Rodrigo M. Ferraz. No Caminhos do Elevado se explica as motivações:

Partido 3

(...)

muito

provavelmente

em

função

do

O terceiro partido diz respeito à demolição, isto é, ao

detalhamento e da qualidade do projeto. Tal

desmonte do Elevado. As propostas que defenderam

proposta previu a reordenação do sistema viário

tal medida levaram em consideração que o custo-

e a manutenção, em quatro pontos estratégicos,

benefício da retirada do Minhocão era válido, já a sua

de trechos da estrutura elevada, que funcionariam

estrutura poderia ser reaproveitada em outras obras

como elementos da memória do Elevado e, ao

de infraestrutura urbana. Para viabilizar o desmonte

mesmo tempo, como elementos articuladores

e também a interdição temporária das vias que isso

de novos espaços públicos (portos de saúde,

exigiria, os projetos previam a transferência do fluxo de

equipamento cultural, biblioteca e praça de

automóveis para um túnel a ser construído no mesmo

esportes) definidos em função das necessidades do

local (no subsolo) ou para aquela via expressa a ser

entorno imediato (op. cit., p.89).

implantada sobre o leito da CPTM. Porém, as propostas de demolição não apresentaram,

Uma primeira questão a respeito do desmonte é onde as pessoas que já usufruem do Elevado à noite e aos

101


102

[05]

[06]

[07]

[08]


46. A via elevada de 5,5km foi construída gradualmente entre a década de 1950 e 1970 para desafogar o trânsito na região central do Rio de Janeiro. A partir de novembro de 2013 se iniciou a sua demolição como parte da Operação Urbana Porto Maravilha. O projeto prevê que a Av. Rodrigues Alves, que passava por baixo do elevado retirado, se tornará uma via expressa (sem cruzamentos) de 4 km e 3 faixas. Em paralelo, outra via de 3,5 km, chamada de Binário do Porto, será construída seguindo o antigo trajeto da Perimetral. Devido à topografia da área, três novos túneis e um antigo a ser recuperado farão a interligação desse sistema viário. Disponível em: <infraestruturaurbana.pini. com.br/solucoes-tecnicas/17/artigo263021-1. aspx>. Acesso: dez. 2014.

domingos achariam um espaço no centro de São Paulo

portuária repleta de galpões e quase margeando o mar,

equivalente em área livre e função para desenvolver

enquanto o Minhocão rasga uma área central, densa de

suas atividades. Qual seria o equipamento proposto

edifícios residenciais e comércio. Porém, é mais importante

que supriria a demanda por espaços livres na região?

perceber que o projeto de revitalização do porto carioca

As propostas desse terceiro partido tentaram achar uma

ainda dá muito foco ao transporte individual motorizado

solução para a substituição do tráfego, mas não para a

como solução de mobilidade urbana.

substituição do espaço público. Como visto anteriormente, a ocupação do Minhocão vai além das atividades físicas. Ela é uma apropriação também de cunho social, de ativismo social. Vale indagar se uma “praça de esportes” ou um “equipamento cultural” teriam o mesmo valor do Elevado enquanto “Lugar” para a sociedade.

O tráfego pela Perimetral já estava saturado de 119%, por isso o projeto em andamento visa ampliar a capacidade de fluxo de tráfego em 40% com a construção de novas vias e túneis na região. Apesar de contar com propostas para o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e para passeios públicos em alguns pontos da intervenção, esse projeto

Já se foi falado a respeito de transferir o tráfego para uma

perpetua o incentivo dos deslocamentos com automóveis

via no leito da CPTM. Mas a propósito de se fazer um túnel

particulares. Mas ainda é necessário concentrar os

[05] Menção Honrosa - Bruno Roberto Padovano

embaixo de onde hoje passa o Minhocão, é inevitável

esforços e investimentos públicos em obras com esse

não pensar no custo e no transtorno que a implantação

intuito? Não deveria o carro passar a ser coadjuvante e

[06] Menção Honrosa - Leandro R. Schenk e Luciana B. M. Schenk

dessa infraestrutura subterrânea acarretaria, como, por

não se manter personagem principal das propostas de

[07] Participação no concurso - Magno Moreira Arquitetura

[Anexo 4] no Rio de Janeiro estão fazendo.

[08] Menção Honrosa - Marcos Rosa e Vanessa Grossman

Existem algumas diferenças substanciais entre os

existe a proposta de transformação do Minhocão em

elevados, como o fato da Perimetral cruzar uma zona

espaço livre e verde permanente.

46

exemplo, as obras relativas ao Elevado da Perimetral

requalificação e revitalização urbanas? Na contramão dos estímulos que esse projeto representa,

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[09] Colagem sugestiva da Associação Amigos do Parque Minhocão, 2013.


PARQUE MINHOCÃO

Nos últimos anos, alguns grupos se organizaram tanto em defesa da retirada do Elevado, como o Movimento Desmonte do Minhocão, quanto em prol da transformação dele em parque, como a Associação Amigos do Parque Minhocão.

Disponível em: < http://www1.folha.uol. com.br/fsp/cotidian/ff2108200530.htm>. Acesso: out. 2014. 47.

Mesmo assim, a proposta não foi executada. A ideia do Parque Minhocão se inspira nos projetos do High Line Park [Anexo 4] de Nova Iorque e na Promenade Plantée [Anexo 4] de Paris, sendo o primeiro a principal referência da Associação. O High Line, projeto do escritório

Fundada em 2013, esta associação sem fins lucrativos

Diller Scofidio+Renfro inaugurado em 2009, é um parque

tem como objetivo criar meios para a implantação de

elevado de 2,3km a oeste de Nova Iorque, construído

um parque sobre o Elevado Costa e Silva. O grupo é

sobre uma antiga ferrovia desativada. O seu contexto

muito conhecido por quem frequenta o Minhocão, já que

urbano é bem diferente do Minhocão. A transformação

promove periodicamente ações com intuito de divulgar

da ferrovia em espaço livre não influenciou na questão

a causa. Além disso, durante 2014 passou a coletar

dos deslocamentos na cidade. Diferentemente, a

assinaturas dos usuários da via elevada para viabilizar a

desativação do Minhocão lida com o tráfego de carros

sua interdição ao tráfego também aos sábados.

e, por isso, ela deverá ser paulatina, para que o fluxo de

A discussão acerca do parque é uma coisa antiga. O primeiro registro de uma proposta de um espaço livre sobre o Elevado dataria de 1986. O projeto do arquiteto paulistano Pitanga do Amparo previa duas faixas para ônibus elétricos e o resto do espaço seria ocupado com área verde. O arquiteto apresentou o projeto para o então prefeito Jânio Quadros, que, segundo ele, adorou47.

automóveis se reorganize paralelamente à interdição. Além disso, a estrutura do elevado novaiorquino não se sobrepõe linearmente a nenhuma via, passando por cima de miolos de quadra e cruzando o espaço público apenas transversalmente em alguns pontos. Já o Elevado Costa e Silva segue por 2,8km encobrindo longitudinalmente ruas e avenidas.

105


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A Coulée Verte René-Dumont, projeto de Jacques Vergely

sanção do PDE de julho do mesmo ano, é de autoria dos

e Philippe Mathieux inaugurado em 1993, antigamente

vereadores José Police Neto (PSD), Nabil Bonduki (PT),

conhecida

(“passeio

Toninho Vespoli (PSOL), Ricardo Young (PPS), Goulart

arborizado”), é um exemplo interessante, pois os seus

(PSD), Natalini (PV) e Floriano Pesaro (PSDB). Nele se

4km de extensão perpassam diferentes situações urbanas.

cria o Parque Municipal do Minhocão, prevendo uma

Devido à topografia, a Promenade não é sempre elevada.

desativação gradativa da via elevada para o tráfego de

Existem trechos que são em trincheira e outros na cota do

automóveis. Nota-se que até a conclusão deste trabalho,

viário. Ela também se conecta a jardins e praças através

este Projeto de Lei ainda está em tramitação.

como

Promenade

Plantée

de escadarias, pontes e rampas que dão continuidade ao passeio, criando, assim, um sistema de espaços livres. É importante perceber que a Promenade se articula muito bem ao entorno. Por isso, a sua referência conceitual para um eventual projeto de parque no Minhocão é mais importante do que o icônico High Line, já que este parque deveria funcionar como articulação urbana e não como uma ilha verde indiferente ao contexto em que está inserido. A pressão exercida pela Associação desde a sua fundação gerou uma das ações mais concretas com o propósito de transformar o Elevado: o Projeto de Lei PL0010/2014. Esse PL, de fevereiro de 2014 e, por isso, antecedente à

Segundo o PL, devido ao fácil acesso à região do Elevado (tanto pela existência do metrô quanto pelo acréscimo da oferta de transporte público em São Paulo), torna-se viável a desativação permanente do Minhocão para carros, substituindo, assim, os deslocamentos hoje individuais pelo coletivo. Os vereadores também justificam o projeto pelo significado que a via elevada adquiriu com o passar do tempo: Enquanto uma solução definitiva tem sido adiada, os moradores apontaram um caminho natural e salutar ao organizar diversas atividades nos períodos em que o Elevado permanece fechado ao tráfego motorizado, transformando a


48. Trecho da justificativa do PL, disponível em: < http://camaramunicipalsp.qaplaweb. com.br/iah/fulltext/justificativa/JPL00102014.pdf>. Acesso: mai. 2014.

fonte de problemas em um espaço público ressignificado e

projeto do porte de um parque municipal não pode estar

reocupado pela comunidade como espaço de interação social,

limitado a apenas uma das partes do sistema.

49. No artigo 3° do PL0010/2014: “O Poder Público Municipal (...) incentivará atividades culturais, esportivas e de lazer no Elevado Costa e Silva, por parte da comunidade e de entidades da sociedade civil, assim como garantirá as adequadas condições de segurança no local durante os horários de fechamento ao tráfego durante os períodos nos quais o mesmo se encontre fechado para trânsito de veículos”.

A implantação do parque seria gradual, prevendo um

dará suporte às atividades realizadas no Minhocão

prazo de até 1440 dias a partir da sanção da lei para que

durante o período de desativação49. Porém, não se fala

o Elevado fosse completamente desativado e o parque

sobre a materialidade da apropriação temporária desse

devidamente implantado. Isso quer dizer que a partir

espaço, isto é, não fica claro se será o Poder Público

da lei sancionada, o tráfego de veículos sobre a via será

Municipal o responsável por fornecer os elementos físicos

paulatinamente reduzido e só aproximadamente 4 anos

temporários, como mobiliário, banheiros e bebedouros,

depois é que o Parque Minhocão poderá finalmente ser

que deem o suporte necessário para o desenvolvimento

estabelecido.

das atividades no Minhocão durante esse período de

lazer e atividade física.

48

Dois pontos importantes não estão claros nesse projeto.

Em segundo lugar, o PL afirma que o poder público

transição.

Primeiramente, o PL não sinaliza se a implantação do

Essa questão sobre a qualificação gradativa do espaço

parque atuaria também qualitativamente no térreo e no

do Elevado é fundamental para o prosseguimento da

entorno, dando a entender que a reestruturação do espaço

investigação desse trabalho.

será focada somente na superfície da estrutura. Como visto anteriormente, o Elevado possui espacialidades, temporalidades e usos distintos, sendo necessário entendê-lo como um sistema composto por superfície, baixio, rampas, túnel de acesso e entorno imediato. Um

107



ENSAIOS SOBRE O MINHOCÃO 50. Alguns dos pontos de partida dos trajetos mais distantes que tinham como destino o Minhocão eram: da Av. São João com a R. Cons. Crispiniano; da Estação Júlio Prestes pela Rua Helvétia; da Rua Dona Veridiana na altura da Av. Higienópolis; Av. Angélica na altura do Parque Buenos Aires.

Apesar de já ter em mente que uma intervenção no

la e acompanhá-la sem estar protegida dentro de um

Elevado exigiria um questionamento tanto da sua

automóvel.

51. Pela Rua Helvétia, pela Al. Glete, pela Al. Nothmann e pela Av. Angélica.

Depois de alguns levantamentos fotográficos focados na

então o tráfego estava relativamente tranquilo. Minha

superfície, resolvi direcionar o olhar para o baixio. Tracei

primeira impressão ao ver o Minhocão a partir Alameda

em um mapa as rotas [mapa 01] que levavam a dois pontos

Glete foi de esbarrar com muro alto. Como o dia estava

do Minhocão, próximo ao Largo Santa Cecília e à Praça

ensolarado e com muita claridade, atravessar a via

Marechal Deodoro. Então, de bicicleta, munida de uma

elevada significava adentrar uma zona escura brevemente

câmera GoPro no guidão, registrei os caminhos50 que

e sair de novo em uma zona bem iluminada. Era difícil

levavam ao Elevado, buscando entender empiricamente

a adaptação imediata do olhar. Percebi pelos vídeos

como era se aproximar da estrutura e tentar atravessá-

feitos com a GoPro a dificuldade também da câmera de

[01] “Eu sou o crack. Quem olha pra mim?”. Cia. São Jorge de Variedades sob o Minhocão, 2010. Fonte: Aplauso Brasil.

superfície quanto do seu baixio e entorno, as minhas primeiras visitas ao local, tendo ele como objeto de estudo, curiosamente se limitavam a passeios sobre a via.

Meus primeiros registros foram de travessia por baixo do Minhocão. Partindo de pontos a leste e a oeste dele, cruzei transversalmente a via elevada51. Era domingo,

109


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MAPA 01 - INCURSÃO AO BAIXIO ÁREA DE ENFOQUE PONTOS PRINCIPAIS PONTOS DE PARTIDA TRAJETOS

0

100

300

500m


adaptar a imagem rapidamente à nova iluminação. Além

da estrutura, tanto no canteiro central como nas ruas

do desconforto sensorial, os atravessamentos revelaram

adjacentes. As caminhadas próximo ao Minhocão

seções diferentes ao longo do Minhocão e que, por isso,

mostraram a divisão clara entre o espaço público

ele não deveria ser percebido apenas de forma genérica.

utilizável (a calçada) e espaço público nulo (o baixio). Era

Mesmo tendo feito a experiência em um dia em que o fluxo de carros na região é bem menor, quando foi o momento de acompanhar o Elevado longitudinalmente, foi complicado permanecer na faixa da esquerda para registrar o canteiro central, já que esta faixa é exclusiva de ônibus e estava movimentada. De qualquer forma, pude constatar que o espaço não era nem um pouco amigável para ciclistas nem para pedestres e que a sombra e o peso da estrutura aniquilavam qualquer iniciativa de permanência no local. A partir dessa primeira incursão ao baixio retornei outras vezes, mas caminhando. Como já havia atravessado embaixo do Minhocão em outros momentos, resolvi focar no deslocamento longitudinal e seguir por baixo

como seguir acompanhando um grande nada, um campo desconhecido, que só fazia sentido por alguns segundos quando o atravessava para ir para o outro lado da rua.

111


[02]

[03]

[04]

[08]

[09]

[10]

[14]

[15]

[16]


[05]

[06]

[07]

[11]

[12]

[13]

[17]

[18]

[19]


114

MAPA 02 - EXISTENTE ESPAÇO LIVRE TERRENOS POTENCIAIS ACESSOS EXISTENTES

0

100

300

500m


52. De acordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo de 2004, Parte I, Título II, Capítulo III, estacionamentos em lotes a céu aberto, dependendo das condições e da localização, poderão ser considerados subutilizados e, por isso, passíveis de parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, entendendo que esse uso não cumpre com a função social da propriedade. O entorno do Elevado é uma área extremamente densa e bem equipada. Por isso, considerei que esses estacionamentos são lotes subutilizados que não permitem que a população usufrua minimamente do terreno. Além disso, nem a fruição do lote e nem fachada ativa propostas pelo novo PDE de 2014 estão contempladas nesse caso. Ver bibliografia.

Nesse momento reconheci que para trabalhar com

O Minhocão dispõe de cinco pontos de acesso: entrada

o térreo sob o Elevado era essencial reconhecer as

e saída próximo à Rua da Consolação, duas rampas de

potencialidades dos lotes lindeiros. Então, defini um raio

saída próximo ao metrô Santa Cecília, uma rampa de

de ação que fosse o alcance de um atravessamento a pé

entrada na Avenida São João, uma rampa de entrada

(300m para cada lado da estrutura).

próximo ao metrô Marechal Deodoro e, por fim, entrada

Fiz um levantamento demarcando os espaços livres existentes [mapa 02] nesse raio de abrangência e buscando lotes que pudessem servir como terreno de expansão de

e saída no Largo Padre Péricles. A distância mínima entre esses acessos é de aproximadamente 400m e a máxima é de 900m.

uma possível intervenção: terrenos vazios, postos de

Os terrenos vazios, postos de gasolina e estacionamentos

gasolina e estacionamentos em lote a céu aberto. Os

estão sinalizados no mapa ao lado como terrenos

postos de gasolina foram marcados especificamente,

potenciais. Uma hipótese inicial é que eles se tornem áreas

pois, apesar do solo contaminado impedir a permanência,

livres ou abriguem equipamentos de uso público, fazendo

se poderiam configurar como espaços de passagem, com

a integração entre o Elevado e o entorno. Configura-se,

circulações verticais que permitissem outros acessos de

assim, um sistema de espaços livres [mapa 03] e para que

pedestre ao Minhocão. Já os estacionamentos em lote a

ele seja permeável ao fluxo dos transeuntes, é necessário

céu aberto foram demarcados entendendo que este uso

que hajam outros pontos de acesso ao Minhocão além

não é compatível com a região central, muito menos com

dos existentes. Sugere-se a implantação de circulações

52

as novas diretrizes do PDE aprovado em 2014 .

verticais em 9 pontos, distanciados cerca de 300m.

115


116

MAPA 03 - SISTEMA PROPOSTO ESPAÇOS LIVRES PONTOS PRINCIPAIS PONTOS INTERMEDIÁRIOS

0

100

300

500m


As circulações estariam posicionadas a priori dentro

estímulos projetuais que me conduzissem a outras formas

dos terrenos potenciais, mas também poderiam estar

de atuação, sempre evitando recair na polarização “High

plugadas ou infiltradas nos edifícios existentes [estudos de

Line” e “desmonte”. Assim, participei de um workshop

conexão, p.124]. Os novos pontos de acessos são de dois

no qual o objetivo era desenvolver uma proposta de

tipos: quatro principais e cinco intermediários. Os pontos

uso público permanente para o Elevado. Meu segundo

principais possuiriam maior oferta de atividades para o

ensaio, o “Microurbanismo”, corresponde ao produto

público, enquanto os pontos intermediários ofereceriam

dessa oficina.

menos opções.

Paralelamente aos dois primeiros ensaios, continuei visitando o Minhocão frequentemente. Realizei alguns

Os ensaios

outros levantamentos e “incursões” ao seu baixio. Também participei de alguns eventos relacionados ao

A partir desses levantamentos e análises iniciais,

tema que me estimularam a desenvolver um terceiro

desenvolvi um primeiro ensaio/pesquisa que chamei

ensaio, o “(Sob)re o Minhocão”, que propõe uma

de “Monte seu parque”. Nele investigo a respeito de

intervenção pontual próximo ao metrô Marechal Deodoro

estruturas e usos temporários que acompanhem os

e traz novas questões para a discussão acerca do assunto.

diferentes tempos do Minhocão. Porém, não satisfeita com o rumo que minhas discussões tomavam a partir do Ensaio 1, passei a buscar novos

117



ENSAIO 1 MONTE SEU PARQUE

Este primeiro ensaio leva em consideração a situação

O ensaio “Monte seu parque” é sobre sistemas

atual do Elevado que ora é via expressa para carros, ora

montáveis, desmontáveis e remontáveis, compostos por

calçadão para pedestres e bicicletas.

peças de caráter temporário, que juntos dariam forma e

Com o uso apenas esporádico da sua superfície para a realização de eventos públicos, manifestações populares e festas independentes, o Minhocão “não-motorizado” passa a maior parte do tempo recebendo pessoas que desenvolvem alguma atividade dinâmica ao ar livre.

Parque temporário. Colagem conceitual da autora, 2014.

amparo a um parque efêmero, instalado no Minhocão no contrafluxo dos carros. Para isso, criei duas coleções de referências, uma de temas e outra de materialidades, que contribuíram para os meus primeiros croquis de investigação projetual sobre o Elevado.

São pontuais os momentos em que os usuários param

Sobre os temas, procurei reunir referências de estruturas

e permanecem em um lugar ao longo da via por algum

encaixáveis, desencaixáveis, deslocáveis, expansíveis e

tempo. Já que o Elevado é uma infraestrutura idealizada

retráteis. Já para as materialidades, busquei elementos

exclusivamente para o fluxo de automóveis, ele não

que contribuíssem para a ativação de espaços públicos

estimula a permanência dos pedestres. Dá para perceber

pela flexibilidade dos seus componentes: elásticos,

só pelo fato de que a maioria das pessoas se sentam no

infláveis, dobráveis e delimitadores permeáveis de

único “banco” disponível sobre a via, o divisor de tráfego

espaço. Para atuar no entorno imediato e fazer a ligação

de concreto. Assim, busquei estudar de forma mais

entre a cota do viário e a superfície do Elevado, fiz uma

genérica elementos que pudessem dar suporte a uma

terceira coleção de referências, a de conexões. Foram

maior permanência nesse local.

pesquisados sistemas de pontes móveis e elevadores que poderiam ser aplicados no parque temporário.

119


TEMAS E MATERIALIDADES [01] Banco retrátil - "Looking For A Landscape" de Matthew Mazzotta, 2009. [02] Trilhos - "Social Circles" do Rebar, 2013. [03] Espaço inflável - The Kitchen Monument do Raumlabor, 2006. 120

[04] Parque móvel sobre bibicleta "Parkcycle Swarm" do N55, 2013. [01]

[05] Redes - "Dymaxion Sleep" de J. Hutton & A. Blackwell, 2009.

[02]

[06] Trampolim à beira do rio em Copenhague. Autor e ano do projeto desconhecidos. [07] Cordas - "2011 ECO Pavilion" do MMX. [08] Mobiliário inflável - "Bushwaffle" do Rebar, 2010. [09] Cobertura inflável - "Machi Yatai Project" por estudantes da Tokyo Geijutsu Daigaku: University of the arts, 2009.

[03]

[04]


121

[05]

[07]

[06]

[08]

[09]


122

[01]

[04]

[02]

[05]

[03]

[06]


CONEXÕES

A transitoriedade dos sistemas é pertinente para

[01] "Gateshead Millennium Bridge" ponte inclinável - de Wilkinson Eyre e Gifford, 2001.

acompanhar os diferentes momentos da via elevada, já

[02] "Scale Lane Footbridge" ponte pivotante com praça - do McDowell+Benedetti, 2013.

cada vez mais, à medida que o processo de desativação

[03] "Rolling Bridge" - ponte enrolável - do Heatherwick Studio, 2004.

que podem ser ativados de acordo com a necessidade e, da via progredisse. Além disso, as conexões temporárias são associadas a uma circulação vertical permanente que nos pontos principais do sistema [mapa 03, p. 116] poderia

[04] Proposta vencedora do "Pedestrian Footbridge Design Competition"- ponte praça - de LEA Invent & Burcak, 2011.

funcionar como uma praça elevada [conexões 02 e 04].

[05] "Maison à Bordeaux" - plataforma elevatória - Rem Koolhaas/OMA, 1998.

ser implantados a curto prazo e sistemas de ligação a

[06] "Hörn Bridge" - ponte dobrável de Gerkan, Marg and Partners, 1997.

do espaço seria feita pela prefeitura em parceria com a

A partir das coleções esbocei mobiliários que poderiam longo prazo para criar o parque temporário. A ativação população local e criaria mais oportunidades de interação social nesse lugar.

123


[ESTUDOS DE CONEXÃO]

124

Espaço de uso público, acesso ao Minhocão pela edificação (pavimento aberto ao público) no contraturno dos carros.

Espaço passa a ser de uso privado da edificação nos horários de tráfego e desconectado do Minhocão.

Edificação nova com usos públicos diversos, cobertura verde e fachada pensil.

Elemento inclinável para conexão, como o exemplo [01] da pág. 122. Ora está desconectado da edificação, ora inclina e faz a ligação.


Conexão dobrável e/ou pensil usando parte dela como elemento para amenizar o desconforto acústico, estético e a poluição do ar.

Plataforma elevatória como a [05] na pág. 122. Quando rebaixada, o vão poderia permanecer aberto ou preenchido com algum tecido/rede que permitisse que os usuários usassem o vazio como espaço de estar, mas ainda permeável à luz natural.

125

Embaixo se conformaria um palco/tablado que poderia abrigar outras atividades

Nos horários de passagem de carro, a plataforma retornaria a sua posição, completando o leito carroçável.


[ESTUDOS DE MOBILIÁRIO] Os mobiliários modulares seriam montados em diversos pontos ao longo do Elevado nos dias de interdição e só em alguns pontos durante a interdição noturna.

126

Cordas conformando uma cobertura permeável.

Módulo cúbico de 0.60m em estrutura metálica com placas reclicadas removíveis. Seria um módulo empilhável com encaixe entre as estruturas.


0,60m 0,40m 0,30m Módulo piramidal de 0,30m de altura em plástico rígido com encaixes nas faces.

Combinações para recreação

Módulos individuais

127

Combinação para descanso coletivo


[ESTUDOS DE MOBILIÁRIO]

128

Contêiners com usos e elementos diferentes, como espaço de estar, suporte às práticas esportivas, aluguel de livros e jogos, banheiro, bebedouros e burrifadores de água, etc, devem ser implantados temporariamente no pontos principais do sistema [Mapa 03, pág. 116]. Esses contentores seriam transportados por caminhões até o lugar de ocupação.

Mobiliário fixo no contêiner

Revestimento temporário sobre o asfalto

Mobiliário inflável


O “Monte seu parque” era uma proposta interessante,

ao sistema plataforma elevatória, como aquele usado por

já que poderia ser realizada a curto prazo e permitiria

Rem Koolhaas na casa Bordeaux [05, p. 122], para extrair

melhorar a experiência dos usuários durante o processo

um pedaço do Elevado e abrir um vão que inundasse

de desativação do Elevado (que,

como visto no PL

temporariamente o baixio de luz eram problemáticos.

"Parque Minhocão", pode levar vários anos). Outra

Só se resolveria a falta de interação da via elevada

qualidade da proposta é que por ser uma intervenção com

com a vida de bairro quando a via estivesse interditada

durações mais ou menos longas é moldável à dinâmica

para carros e o vão pudesse estar, assim, aberto. Caso

urbana de São Paulo. Porém, dois pontos com relação

contrário, a parte de baixo permaneceria como está, nada convidativa. Em segundo lugar, esse sistema exigiria mais recursos para ser implantado, tanto pelo maquinário quanto pela reestruturação da via, o que contradiz a ideia de ser uma estratégia de ocupação rápida e efetiva. Seria algo conveniente para uma utilização permanente, mas cíclica.

129



ENSAIO 2 MICROURBANISMO

Este ensaio, produto coletivo do workshop “Minhocão, 53

Under & Over: a Hyper-Sectional Urbanism” , foi

Radial Leste e passa embaixo da Praça Roosevelt tem

essencial para a compreensão de alguns pontos que

quatro leitos carroçáveis: dois em nível que conectam o

reconduziriam a forma de pensar o espaço do Elevado.

túnel à Rua Amaral Gurgel e mais duas rampas que ligam

Nessa terceira edição do workshop, sempre organizado e orientado pelo Prof. Alexander Pilis, o objetivo era 53. Ver

nota “1” (no capítulo “Apresentação

do Trabalho”).

desenvolver projetos conceituais para o Elevado Costa e Silva analisando-o em corte e levando em consideração a sua definitiva interdição aos carros. Assim, com o intuito de reinterpretar o Minhocão como um espaço de

Microurbanismo. Colagem conceitual da equipe para o workshop. Autor: Ava Nourbaran.

da Praça Roosevelt. Naquele ponto, o túnel que liga à

o túnel ao Elevado. Outras duas ruas laterais conectam a Amaral Gurgel à Rua da Consolação e uma alça de saída do Elevado também conduz à Consolação. Mantendo este cenário particularmente problemático, as conexões não motorizadas entre a cota do viário (da Rua Amaral Gurgel) e a via elevada seriam difíceis e limitadas.

uso público permanente, foram divididos quatro grupos

Sabendo que o Minhocão foi construído para carros e

de estudantes, formados por brasileiros e canadenses.

que nessa hipótese projetual deveríamos considerá-lo

Cada um ficou responsável por realizar uma proposta

completamente desativado, buscamos uma situação

para uma das quatro seções escolhidas para análise:

que desfragmentasse a ideia de infraestrutura viária,

Praça Roosevelt, Rua Marquês de Itu, Avenida São João

interligasse diferentes níveis e delimitasse novos espaços

e Avenida Pacaembu.

comuns na escala do pedestre. Decidimos, então,

O grupo do qual fiz parte (junto à Ava Nourbaran e Gregory Then) ficou responsável pelo Minhocão nas proximidades

dar ênfase ao que chamamos de “microurbanismo”, baseando nossa proposta em dois elementos principais: rampas e colunas.

131


Rampas de circulação acessíveis conectam os três pontos: Rua da Consolação, Rua Amaral Gurgel e Minhocão, interligando as vias do entorno ao Elevado desativado. Essas rampas serpenteiam por um campo de colunas de 0,50m de diâmetro, erguidas com espaçamentos alternados, e criam quatro tipologias diferentes de 132

Diagramas de ocupação.

lugares: clareira, escarpa, cume e caverna. As colunas variam de 0,50m de altura, permitindo serem utilizadas como banquetas, até 12m de altura. A escolha dessa floresta está na habilidade de decompor a via expressa em espaços menores e assimiláveis. A clareira se configura como uma praça. A escarpa permite vislumbrar os baixios da Rua Amaral Gurgel em alguns pontos a partir do Elevado. O cume, como numa cordilheira, possibilita ver o cenário do entorno, emoldurando visuais da cidade julgadas importantes naquele lugar. Por fim, a caverna delimita um pequeno espaço coberto no intervalo das colunas. Rampas do Elevado na altura da Consolação. Foto: Daniel S. de Carvalho.


Essas quatro tipologias ainda se entrelaçam a outros quatro tipos de espaçamento entre as colunas: três lineares (de 2x2m, 3x3m e 4x4m) e um sinuoso. Caminhar por entre colunas de espaçamentos distintos requer atenção, o que leva o transeunte a ter uma percepção mais acurada do entorno e reduzir a velocidade quando adentra a floresta. Esse perímetro, onde o atrito faz adentrar e compreender o território e não simplesmente Espaçamento entre as colunas e possíveis atividades a serem desenvolvidas entre elas.

passar por ele despercebido54, se afirma como lugar de encontro, pórtico de entrada ou de saída do Minhocão.

Marta Bogéa, na palestra “Construções” no Simpósio ZL Vórtice (2013), falando a respeito do território da Zona Leste que está em questão no evento, indaga sobre como aderir ao território e não ceder ao impluso de atravessá-lo sem se reter e sem apreender a paisagem. São as situações que causam um certo atrito que permitem nos aproximar dessa paisagem. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=o2t33cTofWI>. Acesso: maio de 2014.

54.

Tipologias de espaços - respectivamente: caverna, escarpa, clareira e cume.

133


134

Ru a

o ns o da C

laçã

o

MAPA 01 - CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES

Pç. Roosevelt

Pç. Roosevelt

MAPA 02 - CIRCULAÇÃO DE CARROS NO TÉRREO

Ru a

o ns o da C

laçã

o

MAPA 03 - CIRCULAÇÃO DE CARROS NO MINHOCÃO

TRAVESSIAS DE PEDESTRES

FLUXO DE CARROS EM SUPERFÍCIE

FLUXO DE CARROS EM SUPERFÍCIE

ELEVADO EM PROJEÇÃO

FLUXO DE CARROS SUBTERRÂNEO

FLUXO DE CARROS SUBTERRÂNEO

ELEVADO EM PROJEÇÃO

Pç. Roosevelt


O [Mapa 01] mostra que embaixo das rampas do Elevado não existem travessias para pedestres, obrigando a circulação a ser periférica. Os [Mapa 02] e [Mapa 03] indicam que as opções de fluxo para os 0.00

carros é muito superior. Trabalhando com a hipótese de interdição permanente do Minhocão, é necessário tornar essa área permeável aos passantes. Assim,

-5.00

foram removidas partes das rampas da via elevada, -5.00

Ru a

o ns o da C

laçã

o Pç. Roosevelt

MAPA 04 - USOS E OCUPAÇÃO NO TÉRREO

Ru a

o ns o da C

laçã

dando lugar a outras rampas para transeuntes e

0.00

0.00

o

ciclistas que serpeiam o espaço conectando a R. da

Túnel Radial Leste

Pç. Roosevelt

Consolação (considerada simbolicamente na cota 0.00), a estrutura elevada (também na 0.00) e R.

MAPA 05 - PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Amaral Gurgel (“enterrada” na cota -5.00) [Mapa 05]. Hoje, o baixio das rampas é ladeado principalmente

COMÉRCIO E SERVIÇO

ÁREAS DE FUTURO DESENVOLVIMENTO

por estacionamentos desinteressantes para os

TRAVESSIAS DE PEDESTRES

pedestres [Mapa 04]. Por isso, se propôs que algumas

RESIDENCIAL

áreas admitissem um desenvolvimento futuro,

INSTITUCIONAL ESTACIONAMENTO

0

50

100

200m

modificando seu uso. São os lotes que atualmente funcionam como estacionamento e parte do túnel a ser desativado permanentemente [Mapa 05].

135


3

2

1


55. Equipe E2, anexo 5: Courtney Meagher, Daniel S. de Carvalho, Julia Song e Nadia Pulez. 56. Equipe

E3, anexo 5: Dakota Wares-Tani,

Edward Yu, Keerat Kaur e Pedro Norberto. 57.

Equipe E4, anexo 5: Carolina Mellado,

Joseph McBurney e Luiza Menezes Thomaz.

As demais propostas do workshop foram extremamente

investigado no primeiro ensaio deste capítulo, onde

interessantes e contribuíram significativamente para

foram demarcados lotes potenciais para a expansão da

o debate acerca da desativação do Elevado. Algumas

intervenção. O quarto grupo57, encarregado da seção

imagens dos trabalhos dos outros grupos estão no

pela Avenida Pacaembu, buscou criar espaços aquáticos

[Anexo 5]. Analisarei a seguir, sucintamente, algumas das

no Elevado e no seu entorno imediato para enriquecer a

diretrizes que cada equipe propôs.

experiência urbana e sensibilizar a população à questão

Os responsáveis pela Rua Marquês de Itu55 propuseram a retirada por completo de um trecho do Minhocão,

Perspectiva da Intervenção

do cuidado com água. Uma proposta emblemática para um momento de crise hídrica [Anexo 5-E4].

substituindo-o por passarelas orgânicas sobrepostas

Esse workshop foi significativo para perceber que o

em camadas que tocam a cota do viário em alguns

Elevado é extremamente diferente ao longo dos seus 3,5

pontos, propagando movimento ao que antes era uma

km de extensão. A partir das análises dos diferentes pontos

estrutura rígida e retilínea [Anexo 5-E2]. Já dentre as várias

estabelecidos para as propostas da oficina, compreendi

diretrizes expostas pelo grupo da Avenida São João56,

a importância de estudar o Minhocão em seção. Mas

que teve enfoque na questão da mobilidade urbana, se

não só a partir de um corte transversal genérico e sim

afirmava a necessidade de traçar novos caminhos para

pontual, evidenciando as peculiaridades do entorno.

pedestres conectando o Elevado e seu entorno através

Além disso, constatei que é necessário trabalhar com a

de um sistema de espaços livres nas coberturas de

escala do pedestre, com microintervenções que convidem

edificações próximas [Anexo 5-E3]. É importante salientar

as pessoas a usufruir melhor dos espaços do Elevado,

que o espraiamento do espaço do Elevado já havia sido

tanto da sua superfície como do seu baixio.

137



A

A

VISTA AÉREA ESQUEMÁTICA

CORTE AA

0

5

10

20m



VIEW 2

VIEW 3



ENSAIO 3 (SOB)RE O MINHOCÃO

Após o workshop que resultou no Ensaio 2, participei

projeto de parque sobre o Minhocão, Kent respondeu que

de alguns outros eventos relacionados ao Minhocão. No

tínhamos a oportunidade de fazer algo melhor do que

começo de outubro fui ao ciclo de palestras “Parques

Paris e Nova Iorque, se referindo à Promenade Plantée

do Brasil: desafios, modelos de gestão, oportunidades e exemplos que inspiram” realizado em São Paulo pelo Arq.Futuro e pelo Instituto Semeia. Nesse evento duas A PPS é uma organização sem fins lucrativos com intuito educacional, de planejamento e desenho urbanos com sede em Nova Iorque. Foi fundada em 1975 por Fred Kent (presidente da PPS) dando continuidade ao trabalho do sociólogo, jornalista e consultor de planejamento William H. Whyte. Desde dos anos 1970, Whyte estudava o comportamento humano no meio urbano. Para mais informações, ver: < www.pps.org/>. Acesso: out. 2014. 58.

apresentações foram importantes para nortear este

no Minhocão não se limitar à superfície da via elevada e que era essencial reativar a rua e conectar o Elevado a edificações lindeiras, criando todo um sistema de requalificação. Para Kent, só dessa forma se mudaria a

terceiro ensaio.

percepção que as pessoas tem da cidade de São Paulo e

Fred Kent, integrante da Project for Public Spaces (PPS)58,

não com um projeto de arquitetura icônica como o High

fez uma palestra muito interessante apresentando a PPS

Line [Anexo 6].

e as estratégias de placemaking59. Esta é uma abordagem

Mais tarde foi a vez de Athos Comolatti, um dos integrantes

do desenho e planejamento urbanos centrada nas pessoas. As estratégias para a criação, transformação e gestão de espaços públicos são definidas de forma participativa, contribuindo para que os habitantes de um mesmo meio

[01] Onde focar? Cenas do vídeo “Duplicidade: Elevado Costa e Silva” de Ana Carolina Lima.

e ao High Line. Enfatizou a necessidade da intervenção

da Associação Amigos do Parque Minhocão, que fez uma palestra onde apresentava diversas ocupações transitórias do Elevado por parte dos seus usuários e explicitava a

urbano se reconheçam e que as comunidades locais se

urgência de torná-lo um parque. Determinado a rebater

fortaleçam.

qualquer crítica contrária à proposta da Associação, a

Ao final de uma rodada de apresentações, como em

respeito do desmonte, Comolatti explicou que não era

todas as outras, havia uma sessão de perguntas para

possível demolir o Elevado e fazer um parque no lugar

os palestrantes. Quando indagado sobre um possível

na cota do viário, já que não se tinha espaço suficiente

143


144

transversalmente para isso. Disse também que muitos

fez mais uma oficina, agora relacionada à 31ª Bienal de

questionam a Associação sobre o que se fará com o

Arte de São Paulo. “Turning a blind eye: redesigning the

baixio e que eles sabem que essa é a parte mais difícil

common space of Minhocão” foi um rápido workshop de

do Minhocão. Porém, a Associação defende o parque na

uma tarde com enfoque no baixio do Elevado, próximo ao

superfície. É uma prerrogativa do grupo.

metrô Marechal Deodoro.

Durante a sua apresentação, Comolatti citou o

Conversando com Pilis, disse que cada vez mais me sentia

placemaking apresentado por Fred Kent e também falou

direcionada a focar meus próximos passos nos baixos

sobre melhorias de baixo custo que poderiam ser feitas

do Elevado e ele rebateu dizendo que também pensava

rapidamente, licenciando o Elevado para o uso temporário.

mais e mais a respeito desse espaço. Ele imaginava que

Sugeriu permitir, por exemplo, a instalação de mobiliários

se fosse bem resolvido o baixio se ganharia os votos de

(bancos, cadeiras, guarda-sóis) e equipamentos móveis

todos para se manter o Minhocão de pé, mas repensado.

(food-trucks, barraquinhas de sorvete, pipoca, coco), e usou o termo “parque temporário” para se referir a essa situação. São evidentes as semelhanças entre essa proposta e o “Monte seu parque“ (Ensaio 1). Outro evento foi importante para direcionar esse ensaio. O Prof. Alexander Pilis, o mesmo do workshop “Minhocão, Under & Over: a Hyper-Sectional Urbanism” do Ensaio 2,

Após refletir sobre os últimos acontecimentos, retomei minhas análises: - O primeiro ensaio, “Monte seu parque”, estava direcionado a transformar o espaço de passagem do Minhocão em espaço de permanência e troca, dando suporte a atividades já desenvolvidas ali. Porém, apesar de buscar a conexão com o entorno, este ensaio não

59. Sucintamente, o placemaking sugere que sejam feitas entrevistas, estudos e análises com as pessoas que frequentam um determinado lugar, buscando definir as necessidades e aspirações dessas pessoas para o local. A partir de uma visão comum desse espaço, surgem as estratégias de requalificação, primeiramente na pequena escala. São feitas melhorias a curto prazo para ativar e gerir espaços comuns. Em seguida, se necessário, são feitos planejamentos a longo prazo para a transformação urbana. Mais informações em: <www.pps.org/reference/ what_is_placemaking/>. Acesso: out. 2014.


trouxe soluções plausíveis para a parte de baixo. - Já no “Microurbanismo” percebi a importância de apreender o Minhocão em corte e constatei a necessidade de atuação no “sob”. Como visto no Ensaio 2, a proposta de intervenção liga a cota do viário à superfície do Minhocão através de rampas. Além disso, pontua novos cruzamentos para pedestres e espaços de permanência no térreo, como clareiras e cavernas. Apesar de não constar na proposta inicial do workshop a intervenção nessa cota, todos os quatro grupos, menos ou mais timidamente, sinalizaram uma ocupação do baixio. - Das palestras sobre os “Parques do Brasil” conclui duas coisas. Uma, que é notório que a parte mais difícil do Minhocão é a de baixo, mas que de alguma forma isso fica fora do debate; e outra, que era necessário retomar e qualificar o espaço do pedestre na rua para viabilizar qualquer intervenção sobre a via elevada. - Na rápida oficina “Turning a blind eye” visitei o baixio

mais uma vez com a consciência de que a manutenção do Elevado exigiria uma resolução para aquele espaço sombroso e que fortalecesse a existência do próprio Minhocão. Comecei, então, a fazer um levantamento mais exato das medidas do canteiro, já que tinha pouca informação detalhada a respeito dele. Com uma trena eletrônica, tirei algumas medidas de pé-direito, distância longitudinal entre pilares e distância transversal entre pilar e fim do canteiro/começo do leito carroçável. Com essas medidas em mão, decidi desenvolver um terceiro ensaio, o “(Sob)re o Minhocão”.

145


[02]

[03]

[04]

[05]


Proposta Este ensaio é um estudo de caso pontual que se desenvolve na área próxima ao metrô Marechal Deodoro, entre as ruas Rosa e Silva/Lopes de Oliveira e a Alameda

o baixio ao seu contexto, significando e qualificando esse vazio. Dessa forma se justificaria a renovação e manutenção do Elevado enquanto espaço público.

Nothmann, abrangendo três porções do canteiro central

Inicialmente, fiz um reconhecimento mais acurado da

no térreo, superfície e entorno da via elevada [mapa 01].

área de intervenção para entender suas especificidades.

É considerada como dado de projeto a situação atual

Margeando o Elevado temos prevalentemente edifícios

do Minhocão que ainda funciona para o tráfego de

de uso misto, isto é, edificações residenciais com

automóveis, mas se leva em conta que ele será desativado

comércio no térreo e sobreloja. Como indicado no

paulatinamente.

Mapa 01, nessa área também estão localizadas duas

A escolha do recorte partiu da familiaridade que adquiri [02] Vista da superfície do Minhocão para a edificação do metrô Marechal Deodoro, 2014. Foto: acervo pessoal.

concretizada, antes de tudo há a necessidade de articular

com o lugar devido às minhas incursões ao baixio do Minhocão e ao workshop “Turning a blind eye”, cujo foco foi essa região.

praças, a Marechal Deodoro e a Olavo Bilac, e alguns equipamentos julgados importantes: o metrô Marechal Deodoro

1

, o Hospital Santa Cecília

Nacional de Artes (FUNARTE) da Cultura e da Educação

4

3

2

, a Fundação

junto aos Ministérios

, algumas instituições de

[03] Rampa de acesso ao Elevado sobre a Pç. Mal Deodoro, 2014. Foto: acervo pessoal.

A decadência da rua causada pela presença do Elevado

ensino, como a Academia Internacional de Cinema

faz com que este ensaio atente à reconfiguração do térreo,

, o Colégio e a Faculdade Oswaldo Cruz

[04] Canteiro intermediário entre a estação e o baixio do Elevado, 2014. Foto: acervo pessoal.

já que é na cota do viário que se desenvolve a vida de

ONG Clube Mães do Brasil

bairro. São os moradores e trabalhadores do entorno que

a Paróquia da Santíssima Trindade

[05] Durante a oficina “Turning a blind eye”, 2014. Foto: acervo pessoal.

têm que suportar a convivência com o Minhocão todos

“terrenos potenciais” (2 estacionamentos em lote a céu

os dias. Mesmo que a proposta do parque venha a ser

aberto, 2 postos de gasolina e 1 lote vazio) adjacentes ao

7

6

, além da

, o Teatro São Pedro 9

5

8

e

. Existem, ainda, 5

147


8

Pç. Olavo Bilac

Rua Brg. Galvão

9

pson Rua A. Lins

s irineu Rua P

Rua Oscar Th om

Rua O. de A lm

eida Prado

6

11 7

Av. Gal. Olímpio da Silveira

10

Rua Albuquerq ue Lins

1

Rua das Pa

12

Pç. Marechal Deodoro

lmeiras

2

5 6


MAPA 01 - EXISTENTE

Minhocão no trecho do canteiro escolhido para o ensaio. Foram escolhidos 4 pontos para onde o processo de

EQUIPAMENTOS IMPORTANTES 3

Rua

Gen .

J. M .

Salg

reconfiguração espacial pudesse se expandir. Um deles

LOTES POTENCIAIS

é sobre o metrô Marechal Deodoro

ESPAÇOS LIVRES

da laje de cobertura plana. Outro é o lote vago

10

E-Fácil (estacionamento integrado com o Metrô, CPTM

ado

e ônibus da SPTrans). Um terceiro ponto de expansão é um estacionamento térreo

11

de frente para o Minhocão,

entre a Av. Angélica e a Rua Albuquerque Lins. Por fim,

Metrô

7

Clube Mães do Brasil

2

Hospital Santa Cecília

8

Teatro São Pedro

3

FUNARTE

9

4

Ministério da Cultura

Paróquia da Santíssima Trindade

5

Academia Internacional de Cinema

10

Lote Vago / E-fácil

faixas para estacionamento. As mais movimentadas para

11

Estacionamento térreo

o tráfego são a Av. Angélica e a Av. São João/Av. Gal.

12

Posto de Gasolina

Olímpio da Silveira (que correm embaixo da via elevada).

6

Colégio/ Faculdade Oswaldo Cruz

lete

1

Al. G

Av. São João

, que possui parte

situado atrás dessa estação, onde antes funcionava um

INTERVENÇÃO NO CANTEIRO CENTRAL

4

1

o quarto ponto é um pequeno posto de gasolina

12

na

esquina entre a Praça Mal. Deodoro e a Av. São João. As vias do entorno são prevalentemente locais e com

Boa parte dos transeuntes evita caminhar ao longo das avenidas que acompanham o Minhocão. A Rua das Palmeiras, por exemplo, que segue do metrô Marechal

0 10

30

50

100m

Deodoro em direção ao Largo Santa Cecília e é quase paralela ao Elevado, é muito usada pelos pedestres

149


150

[01]

[02]

[03]

[04]

BAIXIOS [01] Ciclovia sob a Ponte de Bercy, Paris, 2014. [02] Quadra sob a estação Glacière, Paris, 2005. [03] Skatepark do metrô Jaurès, Paris, 2006. [04] Feira de Barbès, Paris, 2010. [05] Folly for a Flyover da Assemble, 2011. [05]

[06]

[06] A8ernA do NL Architects, 2006.


60. Disponível em: <concursosdeprojeto. org/2014/02/07/premiados-concurso-baixiodos-viadutos-belo-horizonte/ >. Acesso: set. 2014.

como rua para passeio e compras. Ela possui um tráfego

território tão estreito e poucos projetos se localizavam

mais tranquilo, é comercial e bem mais agradável que as

tão próximo da malha urbana consolidada, como é o caso

avenidas principais.

do Elevado.

61. A8ernA é um grande espaço público construído sob a rodovia A8 que corta uma pequena cidade holandesa chamada Koog aan de Zaan. O projeto de autoria do NL Architects foi inaugurado em 2006. A área possui “intervenções de programas públicos e equipamentos” como “pista de skate, uma galeria de graffiti, uma quadra poliesportiva, um supermercado, uma floricultura e uma peixaria, estacionamentos para 120 automóveis e uma pequena marina”. Mais informações em: <www.archdaily.com.br/ br/01-135024/projeto-urbano-a8erna-ativaro-terrain-vague>. Acesso: out. 2014.

Com as minhas incursões recorrentes ao baixio, constatei

Quando estava em intercâmbio em Paris em 2012 tive

que esse é um espaço rígido e opressor. Verticalmente, o

contato com alguns baixios. Lá existem muitas vias

canteiro está esmagado entre o solo e a via elevada que

elevadas para a passagem do metrô aéreo. Embaixo

pesa sobre os pedestres. Transversalmente, é limitado

delas, é frequente ver trechos ocupados com feiras

pelos dois leitos carroçáveis de fluxo contínuo em ambos

que acontecem regularmente. Também existem baixos

os lados. Longitudinalmente, não se tem a continuidade

ocupados por ciclovias que seguem o mesmo trajeto do

espacial devido aos pilares estruturais, que apoiados em

trêm, como uma espécie de túnel para ciclistas. Outras

um canteiro estreito, muitas vezes não permitem nem a

estruturas abrigam espaços para a prática de esportes,

passagem confortável de uma pessoa (existem pontos

desde quadras de basquete a "mini skateparks". Além

em que se tem 0,35m entre o fim do pilar e o começo

desses exemplos, usei como referência o “Concurso Baixio

do leito carroçável). O único lugar onde essas ilhas de

de Viadutos”60 de Belo Horizonte, realizado no começo de

62. Folly for a Flyover é um cinema e espaço cultural de uso público que funcionou temporariamente sob parte da rodovia A12 em Londres, próximo a um canal. O projeto foi idealizado pela Assemble, uma organização de designers, artistas e arquitetos sem fins lucrativos, e foi construído por voluntários em 2011. Esse espaço permanenceu montado por nove semanas, sendo palco de filmes e

concreto se alargam é próximo aos pontos de ônibus,

2014, o projeto holandês de espaço público permanente

chegando a ter 1,10m.

em baixio A8ernA61 e a intervenção temporária Folly for

Buscando referências de intervenções em baixos de

a Flyover62 em Londres.

viadutos, percebi que não são muito frequentes as propostas para esse tipo de espaço. Outro fato é que das poucas referências achadas, nenhuma lidava com um

Canteiro central

151


152

[croqui 01] O baixio está pressionado por todos os lados, hostilizando qualquer tipo de permanência ali

[croqui 02] Reconfiguração: alargamento do canteiro central, aberturas zenitais e expansão temporária sobre o viário

[croqui 02]


performances ligadas ao festival Create11. Durante o dia também funcionava um café e eram realizados workshops, eventos e passeios de barco pelo entorno. Mais informações na página em inglês: <assemblestudio.co.uk /?page_ id=5>. Acesso: out. 2014.

Devido à configuração limitadora do lugar, os primeiros

Todas as faixas de rolamento em ambos os sentidos estão

gestos de intervenção no térreo do Minhocão buscam

superdimensionadas [07] [09]. Considerando a avenida

trazer um respiro para o local. A premissa fundamental

sob o Minhocão como via coletora, foram estipulados de

é alargar o canteiro central para garantir continuidade

2,50 a 3,0m de largura para faixas de rolamento comuns,

longitudinal e afrouxá-lo transversalmente. Também

3,30m para ônibus e 2,5m para as de acostamento63.

63. Com

elevada entre as vigas longitudinais, permitindo que um

base na nota técnica “Projeto MULV” da CET. Disponível em: <www.cetsp. com.br/media/20214/nt027.pdf>. Acesso: out. 2014. 64. Disponível

em: <www1.folha.uol.com.br/ cotidiano/2014/12/1557841-prefeitura-desp-vai-fazer-ciclovia-embaixo-do-minhocao. shtml>. Acesso: dez. 2014.

deveriam ser abertos vãos no tabuleiro da estrutura pouco de luz natural penetre no ambiente sombroso e para que se configure uma conexão vertical entre o espaço do canteiro e o espaço da superfície. Por fim, se supõe uma possível extensão temporária do canteiro central sobre o sistema viário, interditando momentaneamente trechos do leito carroçável para ocupá-lo com outros usos. O canteiro central não é uniforme, mas para este ensaio considerei uma largura média e constante de 4,0m. Os pilares do Elevado tem 1,0mx3,0m. Isso faz com que a média do espaçamento entre pilar e fim do canteiro seja de 0,50m, muito estreito para a permitir a passagem dos pedestres. Assim, o canteiro é ampliado 3,0m, sendo 1,0m sobre a via centro-bairro e 2,0m sobre a via bairrocentro. A largura total do canteiro passa a ser 7m.

Junto ao leito carroçável sentido bairro-centro, onde se aumentaria de 2m o canteiro, está a Praça Marechal Deodoro e a “calçada” [08] que ladeia a rampa de acesso ao Minhocão (na verdade essa calçada é parte da praça fragmentada pelo plano inclinado que se apoia sobre ela). Dessa forma, se o ajuste da largura das faixas de rolamento não fosse suficiente para ganhar os 2m de canteiro, se poderia reduzir alguns centímetros dessa calçada/praça para aumentar o canteiro central. Vale ressaltar que no começo de dezembro de 2014 a prefeitura anunciou o projeto de implantação de 5km de ciclovia embaixo do Elevado64 [10], ligando a Praça Roosevelt na Consolação até o memorial da América Latina na Barra Funda. Para esse projeto é previsto o alargamento do canteiro central para 1,5m

153


154

[11] [07]

[08] [07] Leito carroçável sentido bairro-centro nas proximidades do metrô Mal. Deodoro. Fonte: Google Stree View, 2014. [08] Rampa de acesso pela Pç. Mal. Deodoro. Fonte: Google Stree View, 2014. [09] Leito carroçável sentido centro-bairro nas proximidades do metrô Mal. Deodoro. Fonte: Google Stree View, 2014.

[09]

[10]

[10] Simulação da "Folha de São Paulo" para o projeto da prefeitura de implantação de 5km de ciclovia embaixo do Elevado Costa e Silva. Fonte: ver nota 64.


65. Chicanes são curvas artificiais criadas em uma via para reduzir a velocidade dos carros. São implantadas tanto em pistas de automobilismo (depois de longas retas) quanto no sistema viário comum. Em: <www.sfbetterstreets.org/find-projecttypes/pedestrian-safety-and-traffic-calming/ traffic-calming-overview/chicanes/>. Acesso: out. 2014.

e, consequentemente, o estreitamento das faixas de

por pessoas ainda segue a lógica do fluxo dos carros: à

rolamento das vias adjacentes.

direita num sentido, à esquerda no outro, com um trajeto

66. “Traffic

longitudinais para evitar transições de carga. Uma

calming” é um sistema de medidas de desenho urbano que busca o equilíbrio entre o tráfego e outros atores na rua. São estratégias de moderação da velocidade dos carros importantes para afirmar a rua enquanto espaço a ser partilhado entre pedestres, ciclistas e automóveis. Em: <www.pps.org/reference/ livememtraffic/. Acesso: out. 2014. O sistema de faixas reversíveis “consiste na inversão do sentido de circulação de faixas de rolamento para atender o sentido de maior demanda de tráfego (...) em determinados períodos, normalmente nos horários de pico da manhã e da tarde”. Fonte: CET. Em: <www.cetsp.com.br/consultas/seguranca-efluidez/o-que-sao-faixas-reversiveis.aspx>. Acesso: out. 2014. 67.

retilínio e em velocidade constante. Com a abertura de vãos alternados se romperia com essa dinâmica. No caso

Expansão vertical As aberturas zenitais seriam de 2 tipos, mas ambos retirando o tabuleiro da estrutura sem mexer nas vigas tipologia de abertura é mais centralizada com dois vãos abertos entre as vigas III-IV e IV-V ou entre as IV-V e V-VI [croquis 03]. O segundo tipo é de vãos externos nos limites

da estrutura elevada, retirando o tabuleiro entre as vigas I-II e II-III. A intenção aqui é expor o esqueleto do Minhocão [p.26], pois como o conceito de cidade que esta via representava ruiu, parte dele estaria ruindo para dar lugar à requalificação do espaço comum. Deve-se notar que para abrir esses vãos, os divisores de tráfego de concreto existentes entre as vigas IV e V seriam retirados e um guarda-corpo metálico fixado, contornando o vazio. No geral, a lógica de ocupação do Elevado quando usado

do Minhocão não-motorizado [diagrama 01], se mantida uma linha central, onde o fluxo pode ser mais retilíneo e mais rápido, e abertos os vãos nas laterais, configurando “bolsões de estar”, se evitaria que o espaço de passagem estivesse disperso por toda a extensão transversal da superfície e que o espaço de permanência fosse reduzido à “barreira de concreto-banquinho central". Já para os carros [diagrama 02], a ruptura da linearidade reduziria a velocidade de escoamento como as chicanes65, estratégia de traffic calming66, fazem. Para isso, é necessário reduzir o número de faixas de rolamento do Elevado, instituindo um sistema de faixas reversíveis67, que, como sugerido no PL “Parque Minhocão”, poderia “restringir o sentido da operação do Elevado Costa e Silva para tráfego de veículos, permitindo apenas o trânsito bairro-centro no período da manhã e centro-bairro no período da noite” (Artigo 2º, inciso IV do PL nº 01-00010/2014).

155


156

[diagrama 01]

[croquis 03] Esquemas de aberturas zenitais

[diagrama 02]


68. Como a “Yellow Brick Road” do Mágico de Oz, essa estrada direciona o caminhar por uma trilha reconhecível, que interliga pontos importantes.

Expansão sobre o viário Como última premissa para liberar o baixio, sugiro a expansão temporária do canteiro, interditando o trecho do leito carroçável sentido bairro-centro a partir da bifurcação que existe na frente da estação Marechal Deodoro até a Rua Apa [mapa 02]. Esse trecho de via poderia ser fechado contemporaneamente à interdição temporária de carros no Minhocão ou até mesmo em outros horários, por exemplo, um dia por semana como acontece nas ruas que recebem feiras livres. O importante é que em algum momento o canteiro central transborde para o viário, afirmando o local enquanto

pela Rua das Palmeiras, podendo retornar para debaixo do Elevado apenas pela Rua Apa. Atualmente, o trecho desta rua em questão, compreendido entre a Rua das Palmeiras e a Av. São João, é mão-dupla. Para comportar o aumento de fluxo que o desvio causaria, esse trecho terá seu sentido alterado para mão única. Como existe um ponto de ônibus localizado no canteiro no meio do trecho de expansão, quando houver o desvio temporário, um ponto de ônibus alternativo na Praça Mal. Deodoro servirá os usuários das linhas redirecionadas. Essa parada deverá ser posicionada em uma área da praça [11] que hoje está degradada, sendo motivo para reavivá-la.

espaço aberto à disposição da população. Ele pode ser

As duas faixas de rolamento do leito carroçável que

ocupado por alguma atividade específica, como por

correspondem ao trecho de expansão devem ser

exemplo o Mercado da Minhoca [p.78] ou feira de livros,

refeitas usando blocos de concreto intertravado de alta

alimentos, etc. Esse trecho, por dialogar diferentemente

resistência na cor amarela [Anexo 7]. Essa “estrada de

com o baixio, pode se tornar um ponto de referência,

tijolos amarelos”68 sinaliza aos motoristas que se está

estimulando a identificação dos transeuntes com o local.

adentrando um outro território, tanto pelo maior atrito

Quando essa área estiver interditada, o fluxo de carros, inclusive do transporte público, seguirá obrigatoriamente

na passagem dos carros quanto pela cor quente que interfere no ambiente frio. Já para os transeuntes, o pavimento diferenciado identifica o espaço conquistado

157


para uso comum. O piso intertravado, mas de baixa resistência, também será usado para refazer os canteiros centrais que serão alargados. Blocos amarelos delimitam 4 trechos do canteiro onde se tem uma intervenção pontual de mobiliário permanente, as “Estações” (descritas mais 158

adiante), enquanto para o resto do canteiro serão utilizados os blocos sem pigmentação. Outro espaço de expansão para os pedestres é a pequena rua [12] que faz parte da Praça Mal. Deodoro, no alinhamento da Rua Pirineus. Ela deve ser transformada em via exclusicamente pietonal. Hoje, ela é pouco utilizada para o tráfego, sendo prevalentemente ocupada por carros estacionados. Por estar localizada entre duas vias (a Av. Angélica e a Rua Apa) que fazem conexões mais importantes em ambos os sentidos, das três faixas dessa rua, duas servem como estacionamento (uma delas possui um trecho ocupado por um ponto de taxi e outra

fechamento permanente dessa via para os automóveis. Assim, o leito da via deve ser elevado ao nível da calçada para se afirmar a continuidade entre a praça e o novo espaço comum. O piso a ser utilizado também é o bloco de concreto intertravado de baixa resistência e sem pigmentação e o local deve ser delimitado por elementos que impeçam a entrada de automóveis, como balizadores. Ainda são sugeridas outras duas estratégias de traffic calming que visam reconfigurar o espaço do transeunte

na cota do viário: a diminuição do raio de curvatura das esquinas e a implantação de lombofaixas. A partir das visitas ao local, percebi que muitas vezes as esquinas tinham um raio muito amplo que alontana o pedestre da travessia e dificulta o contato visual entre transeunte e automóvel. Sugiro de forma mais genérica que, quando possível, seja diminuida a curvatura das esquinas, permitindo que o pedestre ganhe um espaço a mais.

um espaço reservado para carga e descargada). Além

Já as lombofaixas elevam o nível da travessia à cota da

disso, na proposta de desvio do fluxo, a Rua Apa passa

calçada, conectando o canteiro central do baixio a lotes

a ser mão-única, oposta à Av. Angélica, viabilizando o

de intervenção e equipamentos adjacentes. Atualmente


as faixas de pedestre cortam o canteiro central,

dos lotes de intervenção (hoje um estacionamento); a

rebaixando-o ao viário. Dessa forma, o canteiro é julgado

Estação 3 está próxima a outro lote parte da intervenção,

como parte do leito carroçável e não como calçada,

o pequeno posto de gasolina na esquina da da Praça Mal.

um espaço onde o transeunte estaria hipotéticamente

Deodoro com a Av. São João, e de frente para a nova

protegido. Com as lombofaixas se busca garantir a

via pietonal que ladeia a praça; por fim a Estação 4 está

continuidade da travessia de um lado para o outro das

próxima à Alameda Nothmann.

avenidas, passando pelo baixio, sem quebrar o ritmo da caminhada. Quem faz o esforço da quebra do movimento passa a ser o carro, que precisa reduzir a velocidade para superar as lombofaixas.

A única estação temporária não tem um posicionamento fixo, pois funciona como um estoque móvel de paletes que podem ser carregados para outros lugares. Quando, por exemplo, a “estrada de tijolos amarelos” estiver pedestrianizada, esse mobiliário poderia ocupar o leito

Estações de paletes

carroçável; ou quando o Minhocão estiver interditado, ele pode ser levado para a superfície da via elevada. Já

As Estações [mapa 03] são agrupamentos de elementos

quando estiver passando carro tanto embaixo quanto em

similares a paletes dispostos de forma a configurar

cima, esses paletes permanecem empilhados em algum

espaços de estar. São quatro Estações permanentes

trecho do canteiro central.

e uma temporária ao longo do canteiro central. Os quatro lugares de instalação fixa foram definidos pela proximidade a pontos importantes: a Estação 1 está de frente para metrô Marechal Deodoro; a Estação 2 está posicionada no ponto de ônibus e de frente para um

Os paletes [Anexo 7] possuem 1mx1mx0,18m e como parte deles deve ser transportável, poderiam ser feitos em madeira com chapas de espessura inferior aos paletes comuns ou até mesmo em plástico reciclável. Basta que sejam transportáveis e de fácil manutenção e reposição.

159


Pç. Olavo Bilac

Rua A. Lins

s irineu Rua P

pson

Av. Gal. Olímpio da Silveira 1

2

3

Pç. Marechal Deodoro

Rua Albuquerq ue Lins

Rua Oscar Th om

Rua O. de A lm

eida Prado

Rua Brg. Galvão


MAPA 02 - RECONFIGURAÇÃO

Rua

Gen .

1

J. M .

Salg

LOTES UTILIZADOS

PONTO DE ÔNIBUS EXISTENTE

PISO COM PIGMENTAÇÃO

PONTO DE ÔNIBUS PROPOSTO

Cada Estação tem um desenho diferente que foi estabelecido a partir de uma função e do diálogo com o entorno. A Estação

1

se conforma como uma

PISO SEM PIGMENTAÇÃO

FLUXO EXISTENTE

arquibancada. A Estação

TRAFFIC CALMING

FLUXO ALTERADO

alturas para a espera no ponto de ônibus. Já a Estação

DESVIO TEMPORÁRIO

ESTAÇÃO DE PALETES

3

2

como bancos em diferentes

é um pequeno palco, enquanto a Estação

4

é uma

escada. Para descrevê-las melhor, é necessário entender 161

o contexto do baixio em que estão inseridas.

ado

Verticalidade Para ligar o térreo (canteiro, Estações e lotes adjacentes) [11]

aos espaços na cota superior (superfície e cobertura do metrô), estabeleci que circulações verticais fossem

4

implantadas [mapa 03]. Correspondendo a essas lete

circulações, foram definidas 4 seções transversais (A, B, C e D) para analisar a intervenção.

Al. G

Av. São João

Todas as circulações são feitas em estrutura metálica na

[12]

cor amarela, marcando visualmente a continuidade entre a 0 10

30

50

100m

intervenção no térreo e na via elevada. As Circulações 3

2

e

das Seções B e C, respectivamente, são compostas por


8

9

6

11 7

2 1

2

3

1

12 3

1

2 10

5 6


MAPA 03 - PROPOSTA EQUIPAMENTOS IMPORTANTES LOTES UTILIZADOS

5

ESPAÇOS LIVRES

4

escada e plataforma elevatória enclausurada. A caixa da plataforma elevatória forma o núcleo rígido que sustenta

Colégio/ Faculdade Oswaldo Cruz

em balanço os lances de escada de 1,5m de largura.

7

Clube Mães do Brasil

adjacentes e se conectam temporariamente ao Elevado

8

Teatro São Pedro

através de um sistema de ponte móvel (retrátil ou pensil,

9

Paróquia da Santíssima Trindade

como nas referências tratadas na “Coleção de conexões”

6

INTERVENÇÃO NO VIÁRIO

3

Academia Int. de Cinema

Essas duas circulações estão implantadas dentro de lotes

1

CIRCULAÇÃO VERTICAL

1

ESTAÇÃO DE PALETES

1

Metrô

10

Lote Vago / E-fácil

escada longilínea posicionada no canteiro intermediário

2

Hospital Santa Cecília

11

Estacionamento térreo

na frente da estação de metrô Marechal Deodoro, que se

3

FUNARTE

12

Posto de Gasolina

liga pelo último patamar temporariamente ao Minhocão.

4

Ministério da Cultura

[p. 122] ). Já a Circulação

1

da Seção A é apenas uma

Os sistemas de conexão flexíveis são pertinentes, pois ainda não se sabe ao certo o futuro do Elevado e nem se a sua completa desativação implica na ocupação

4 4 4

B

A

C

D

permanente do espaço por parte dos pedestres (como visto anteriormente, se poderia optar por manter a via para a passagem do transporte público). A quarta e última é a Circulação

4

na Seção D, que também é uma

escada longilínea, mas pivotante (como a escada da loja Forma de 1987 de Paulo Mendes da Rocha) [Anexo 7]. Ela

SEÇÕES

0 10

30

50

100m

está posicionada no canteiro central em um dos vãos abertos no tabuleiro.

163


SEÇÃO B

SEÇÃO A


SEÇÃO D

SEÇÃO C

SEÇÕES PERSPECTIVA DA ÁREA DE INTERVENÇÃO


PRAÇA MAL. DEODORO

ESTAÇÃO 1

CIRCULAÇÃO 1 METRÔ

EXPANSÃO TEMPORÁRIA

MARECHAL DEODORO PRAÇA ELEVADA

CONEXÃO COM JARDIM INTERNO

ÁREA LIVRE

SEÇÃO A


69. Tomando como base o projeto de arquitetura simplificado publicado no livro “Leste Oeste: em busca de um solução integrada” (ver bibliografia), conferi os dados importantes para esse trabalho com as pranchas do projeto executivo do Departamento de Arquitetura do Metrô de São Paulo.

Seção A - Metrô Mal. Deodoro

70. Essa cota foi determinada a partir do levantamento do pé-direito feito por mim e o corte genérico do Minhocão.

saídas do metrô.

Esta seção vai desde o lote vago onde funcionava o estacionamento E-Fácil, passando pela edificação principal do metrô Marechal Deodoro, pelo canteiro intermediário da bifurcação viária, cortando o Elevado e terminando no edifício residencial que possui uma das

A estação Marechal Deodoro é uma edificação térrea. De acordo como o projeto do Metrô69, o térreo da estação está na cota 743.50 e sua cobertura na 748.80. Assim, a cobertura do edifício de 5,30m está a aproximadamente 2,20m de altura da superfície do Elevado, considerada na cota 751.0070. Parte dessa cobertura é em laje plana e parte é composta por abóbadas translúcidas que estão sobre um jardim interno da estação [Anexo 7]. Proponho, então, o espraiamento das atividades do Minhocão “nãomotorizado” sobre a parte plana da cobertura do edifício e uma conexão com esse jardim interno. A Circulação 1 (escada longilínea fixa) possui 3 lances de escada e uma dimensão total aproximada de 1,50x15,00m.

Ela está posicionada no canteiro intermediário que existe na frente do edifício da SPTrans, ligando o metrô Marechal Deodoro ao Minhocão. Como dito antes, essa circulação se conecta temporariamente ao Elevado através de um sistema móvel, sendo ativada somente nos horários em que ele está interditado para carros. Por outro lado, essa circulação se liga permanentemente à cobertura do metrô através de uma passarela fixa que culmina em uma praça escalonada. Esta é formada por planos sobrepostos de alturas variadas (0,55m, 1,10m, 1,65m e 2,20m) que permitem que as pessoas se acomodem livremente sobre eles, em grupos ou sozinhas, mas sempre próximo umas das outras. A praça elevada se configura como um espaço livre permanente e sem programa definido. Imagina-se que por ser uma extensão do espaço do Minhocão, ela se afirme como lugar de encontro à disposição da população, dando suporte para situações espontâneas. Continuando a conexão, uma escada metálica amarela se expande pelo vazio do jardim, posicionada ao lado

167


do elevador já existente no edifício. Essa circulação

sequência ao sistema de espaços livres entorno ao

permite o retorno ao térreo público (na 743.50), o acesso

Elevado.

independente a dois níveis do jardim interno da estação (nas cotas 737.80 e 733.00) ou o acesso os controles do metrô pelo segundo nível do jardim (na 733.00, primeira plataforma do subsolo71). 168

De volta à cota do viário, a continuidade do fluxo dos pedestres é garantida com implantação das lombofaixas entre as duas saídas do metrô (sobre a Rua das Palmeiras conectando ao canteiro intermediário e sobre Av. Gal.

Ainda a partir da praça elevada, outra escada faz a conexão com o grande lote vago atrás da edificação (onde antes funcionava o E-Fácil). No projeto original do metrô, esse terreno era previsto como uma extensão da Praça Mal. Deodoro que podia ser acessado pelo térreo público da edificação:

Olímpio da SIlveira dos dois lados do canteiro central. A partir das saídas do metrô no térreo, se pode avistar a Estação 1 de paletes no canteiro central. Essa Estação, como dito antes, toma a forma de uma arquibancada (de de 4,00x16,00m). Está situada no meio do canteiro e de frente para uma tela para a projeção de filmes, podendo

As áreas utilizadas como canteiros de obras na construção

funcionar como um pequeno cinema ao aberto. O pé-

serão futuros jardins (com 7200m ), extensões da Praça

direto do baixio naquele ponto é de 6,20m, permitindo

Marechal Deodoro. Esta nova praça será criada em volta da

que a Estação chegue a ter 3,00m de altura. São 5

cobertura do acesso e dos jardins internos. Será cortada por

patamares, cada um com 0,54m de altura (3 camadas de

passeios e dotada de vários equipamentos, como tanques de

paletes). Também é possível ocupar o espaço com outros

2

areia, bancos e brinquedos para crianças.

72

Propõe-se que a ocupação deste terreno retome o intuito da ideia original, isto é, de ser uma área verde, dando

usos, como montar um pequeno palco com os paletes da estação temporária, e utilizar o local para performances e palestras.

71. Observa-se que já existe um controle na frente da saída do elevador na cota 733.00 para usuários do metrô com necessidades especiais. Então, para a conexão com jardim em nível, seria necessário aumentar o número de catracas à disposição. 72. Trecho do livro “Leste-Oeste: em busca de uma solução integrada”, descrevendo o projeto da estação Marechal Deodoro, p. 68. Ver bibliografia.


A proximidade de equipamentos como a Academia Internacional de Cinema, Teatro São Pedro e até mesmo a FUNARTE poderia gerar um estímulo a mais para a ocupação da Estação 1 com atividades culturais. Por fim, um painel vazado de 15m de altura parte da Estação 1 e atravessa o vão central aberto no tabuleiro do Minhocão, sinalizando para os transeuntes na superfície da via elevada a região de início/fim da intervenção. Esse painel serve de aviso para atentarem às ações de reconfiguração do térreo e de convite para descobrir os espaços do baixio.

Um dos vãos abertos no tabuleiro para a iluminação do baixio.

169


PRAÇA ESCALONADA Espaço livre permanente sobre a cobertura do metrô

PASSARELA FIXA Conexão do baixio com a cota do Elevado

JARDIM INTERNO Escada e elevador de acesso ao jardim do metrô

+ 751.20 + 748.80

+ 743.50

Metrô R. das Palmeiras

+ 737.80

ÁREA VERDE Extensão da Pç. Mal. Deodoro

+ 733.00

+ 727.40


CIRCULAÇÃO 1 Escada longilínea

FAIXA FLEXÍVEL Pavimento diferenciado

SISTEMA MÓVEL Conexão temporária

VÃO+PAINEL VAZADO Conexão vertical

ESTAÇÃO 1 Arquibancada LOMBOFAIXA Continuidade da caminhada + 751.00

Edf. Residencial Av. Gal. O. da Silveira

METRÔ Conexão existente com saída pelo térreo de edifício

SEÇÃO A 0

1

3

5

10m


CIRCULAÇÃO 2 POCKET PARQUE

ESTAÇÃO 2 PONTO DE ÔNIBUS PRAÇA MAL. DEODORO EXPANSÃO TEMPORÁRIA

SEÇÃO B


73. Foi considerada na Seção B como cota do térreo a mesma cota do metrô (a 743.50), já que no levantamento topográfico de 1 em 1 metro não se apresentam curvas de nível entre a Seção A e B.

Seção B - Ponto de ônibus

O “pocket park” é uma área verde pública de pequena escala, normalmente inserida entre edificações em terreno vago ou irregular. Possui espaços de estar, de encontro, mesas e cadeiras para pausas para refeições ou leitura de livro, playgrounds, etc. Disponível em: <www.dac.dk/en/daccities/sustainable-cities/all-cases/green-city/ copenhagen---pocket-parks-a-drop-ofurban-green/>. Acesso: 14/10/14. 74.

75.

Esse movimento reune profissionais

como arquitetos, paisagistas, engenheiros e empresários que buscam transformar a paisagem urbana instalando jardins verticais em empenas cegas (fachadas sem janelas).

A seção B vai do Hospital Santa Cecília, cruzando a

de 1,5m de largura e faz a ligação com a via elevada partindo da cota 743.5073 e chegando na 750.50.

Rua das Palmeiras, passando pela Praça Mal. Deodoro,

O terreno do estacionamento onde se apoia a Circulação 2

cortando a rampa de acesso ao Minhocão que se apoia

passa a compor a intervenção, se configurando como um

sobre a praça, passando pelo Elevado, onde no canteiro

pocket park74, um respiro a mais na densa malha urbana

central existe um ponto de ônibus [Anexo 7], e chegando

da região. Por estar ao lado do Elevado, esperasse que

a um lote onde hoje funciona um estacionamento térreo.

esse espaço livre atraia os olhares dos transeuntes, tanto

Nessa seção está posicionada a Estação 2, que, como dito anteriormente, se configura como um espaço de espera para o ônibus. A Estação está contida em dois quadrados

dos usuários da superfície quanto do térreo, convidandoos a adentrar o local. Além disso, dá continuidade ao sistema de espaços livres próximos ao Minhocão.

de 4mx4m distanciados de 2m. Cada quadrado possui

Outro recurso para a aumentar de área verde do entorno

paletes empilhados nas bordas em quatro alturas distintas

é ocupar a empena cega de aproximadamente 15 metros

(0,18m, 0,36m, 0,54m e 0,72m). As diferenças de altura

do edifício lindeiro ao pocket park com a instalação de um

delimitam espaços individuais em um todo coletivo.

jardim vertical. Esse tipo de projeto já foi realizado pelo

De frente à Estação 2, do lado oposto à praça, está

Movimento 90°75 no Edf. Honduras, também adjacente ao Minhocão, nas proximidades do Lg. Padre Péricles.

Disponível em: <www.movimento90.com/>.

localizada a Circulação 2 dentro do lote que atualmente

Acesso: nov. 2014.

serve como estacionamento. Como visto antes, essa

Dando continuidade à conexão pelo térreo, as lombofaixas

circulação possui escada e plataforma elevatória e se

estão posicionadas entre a Circulação 2, a Estação 2 e

conecta temporariamente ao Minhocão a partir do último

Praça Mal. Deodoro, e ainda sobre a Rua das Palmeiras,

patamar. Ela tem 5,50x5,50m com 4 lances de escada

entre a praça e o Hospital Santa Cecília.

173


JARDIM VERTICAL Empena verde

CIRCULAÇÃO 2 Escada e plataforma elevatória

VÃO ABERTO Conexão vertical e iluminação

SISTEMA MÓVEL Conexão temporária

+ 750.50

+ 750.30

+ 743.50

ESTAÇÃO 2 Ponto de ônibus

POCKET PARK Espaço de estar

FAIXA FLEXÍVEL Pavimento diferenciado


LOMBOFAIXA Continuidade da caminhada

Pç. Mal. Deodoro

Hospital Sta. Cecília R. das Palmeiras

SEÇÃO B 0

1

3

5

10m


CIRCULAÇÃO 3 ESTAÇÃO 3 ÁREA LIVRE DE PASSAGEM

EXPANSÃO TEMPORÁRIA

RUA PIETONAL

PRAÇA MAL. DEODORO

SEÇÃO C


76. Atualmente, a Rua Pirineus é de mãodupla com 2 faixas em cada sentido, uma de rolamento e outra para estacionar. e possui uma calçada entre 2m e 3m. Para que se possa plantar outras árvores (possui apenas algumas agora) sem precisar estreitar o espaço do pedestre, se propõe que seja retirada uma faixa do acostamento do leito carroçável, mantendo duas faixas de rolamento, uma em cada sentido, e apenas uma faixa para o estacionamento. Assim as calçadas podem abrigar a nova vegetação.

Seção C - Rua Pirineus Esta seção passa pela nova rua de pedestres proposta, contígua à Praça Mal. Deodoro, passando de frente a um lote onde hoje funciona um pequeno posto de gasolina,

Esta circulação é semelhante à Circulação 2, com o única diferença que parte da cota 743.80 até a 749.80, conectando seu último patamar temporariamente com o Minhocão.

cruzando o Elevado e continuando pela Rua Pirineus até

No alinhamento da via de pedestres e da Rua Pirineus

chegar à Praça Olavo Bilac.

está a Estação 3 no canteiro central. Esta Estação é

A nova rua de pedestres, como dito anteriormente, se afirma como continuação da Praça Mal. Deodoro. Por estar próxima ao playground [Anexo 7] dessa praça, a expansão pietonal reforça a segurança de um espaço

um palco quadrado de 4,00x4,00x0,72m, isto é, com 4 fileiras compostas por 4 camadas de 4 paletes cada uma. Esse espaço fica à disposição dos transeuntes e dos desdobramentos que o contexto possa gerar.

onde as crianças possam brincar tranquilamente. Além

Novamente as lombofaixas fazem a conexão pelo térreo

disso, a via poderia ser ocupada com alguns quiosques,

entre pontos importantes da intervenção. Nesse caso,

banquinhos e mesas, identificando esse local como área

uma delas é posta na continuação da via de pedestres até

para alimentação. Também poderia abrigar espaços para

o canteiro central, desembocando de frente à Estação 3.

estacionar e alugar bicicletas.

Outra lombofaixa liga o canteiro a uma das calçadas da

Adjacente à área pietonal está o lote do atual posto de gasolina. Esse terreno passa a integrar a intervenção, se conformando como uma pequena área verde de passagem, onde se apoia a Circulação 3.

Rua Pirineus. Nessa rua76 se propõe que sejam plantadas árvores para formar um dossel. Esse corredor verde, alinhado com a via de pedestres e a Estação 3, atira o olhar e convida os passantes a continuar a caminhada pela Rua Pirineus até a Praça Olavo Bilac.

177


CORREDOR VERDE Dossel de รกrvores

Pรง. Olavo Bilac

CORTE REDUZIDO

R. Pirineus


VÃO ABERTO Conexão vertical e iluminação

CIRCULAÇÃO 3 Escada e plataforma elevatória

LOMBOFAIXA Continuidade da caminhada

SISTEMA MÓVEL Conexão temporária QUIOSQUES Alimentação e estar

+ 749.60

+ 743.80 R. Pirineus

Av. São João

FAIXA FLEXÍVEL Pavimento diferenciado ESTAÇÃO 3 Palco

RUA DE PEDESTRES Continuidade da Pç. Mal. Deodoro

SEÇÃO C 0

1

3

5

10m


CIRCULAÇÃO 4 ESTAÇÃO 4

PAVIMENTO DISTINTO RUA PARA CARROS

SEÇÃO D


Seção D - Alameda Nothmann A Seção D vai desde de um edifício que, como a maior parte do entorno imediato, é de uso misto com comércio do térreo e residencial nos demais pavimentos, passando pela Av. São João, cortando o Elevado e continuando pela Al. Nothmann até a quadra da FUNARTE. Nesse ponto, a Av. São João ainda possui a intervenção do piso intertravado amarelo, apesar desse trecho não fazer parte da interdição temporária do viário (que termina da Rua Apa). O alongamento da “estrada de tijolos amarelos” até o final da terceira porção de canteiro central do Ensaio 3 ainda afirmar a entrada ou saída de um território distinto. No baixio se encontra a Estação e a Circulação 4. Essa Estação tem 1,62m de altura (9 camadas de paletes) e funciona como espaço de estar permanente e porto temporário para a Circulação 4 [Anexo 7]. Essa conexão, como dito anteriormente, é uma escada longilínea pivotante (1,20x8,30m), implantada no vão de cerca de 1,30m entre a IV e V viga longitudinal do Minhocão. A

escada permanece alinhada e “escondida” no tabuleiro quando a via elevada está aberta ao fluxo de automóveis. A partir do momento em que a via está ocupada por pessoas, a Circulação 4 rotaciona por contra-peso e aporta sobre a Estação 4, que se torna continuação dessa escada. Ainda na Estação 4 existe um segundo painel vazado de 15m de altura que, como na Estação 1, atravessa o vão central aberto no tabuleiro do Minhocão, conectando verticalmente os espaços do Elevado e convidando quem passa pela superfície a descer e descobrir os espaços do baixio. As lombofaixas nesse ponto são implantadas nos cruzamentos entre a Av. São João, a Al. Nothmann e o canteiro central. Na alameda se sugere que seja instalada uma intervenção artística aérea [Anexo 7], que pode ser permanente ou provisória, mas que busque captar o olhar dos transeuntes do baixio e da superfície para uma conexão visual entre o Elevado e os galpões da FUNARTE.

181


CIRCULAÇÃO 4 Escada pivotante

VÃO+PAINÉL VAZADO Conexão vertical

+ 747.50

Comércio

+ 741.00 Al. Nothmann

FAIXA FLEXÍVEL Pavimento diferenciado

ESTAÇÃO 4 Porto para a Circulação 4


INTERVENÇÃO ARTÍSTICA Ex.: Dossel de guarda-chuvas FUNARTE Ligação com equipamentos importantes

Al. Nothmann

CORTE REDUZIDO

SEÇÃO D 0

1

3

5

10m



O Ensaio 3 buscou a reconfiguração do térreo, expandindo os limites do canteiro central e conectando superfície, baixio e entorno imediato do Minhocão. Priorizei a intervenção na cota viário por entender a importância de qualificar a relação do pedestre com a rua, fortalecendo a vida de bairro e as suas microssituações. Essa reestruturação é direcionada tanto aos habitantes da área quanto aos visitantes esporádicos. Ao se instaurar conexões verticais e horizontais, os fluxos do Elevado puderam se cruzar, permitindo continuidades e atravessamentos recorrentes por entre espaços de permanência e de passagem. Vale notar que a consolidação de novos espaços comuns no térreo são elementos importantes para a dinâmica urbana, afirmando outros destinos fora a superfície do Elevado e permitindo que a cidade continue viva para o pedestre independente da via estar ou não interditada para carros. [13] Espera na penumbra. Baixio do Elevado, 2014. Foto: Teca Eça.

185



PONDERAÇÕES FINAIS Através do percurso investigativo desenvolvido nesse

sociedade; a superfície interditada para carros ofereceu

trabalho, constatei que não existe uma solução definitiva

um espaço desimpedido para pedestres. Ao se questionar

para o Elevado Costa e Silva. São diversas as questões a

sobre a via é, então, inevitável considerar as relações que

serem levadas em conta e as possibilidades de atuação

as pessoas desenvolveram com ela.

são igualmente múltiplas. Porém, devo pontuar algumas certezas.

O valor civil que vem sendo agregado ao Minhocão nos últimos anos com as ações que partem da sociedade articulada livre e espontaneamente, faz dele um

Novos Valores De alguma forma a cidade se reorganizou ao impacto causado pela construção do Elevado. Novos habitantes passaram a ocupar as edificações lindeiras desvalorizadas; Com vista “privilegiada” da janela do apartamento. Foto: Ayrton Vignola.

comércios foram fechados e outros abertos; os baixios serviram de teto para pessoas que vivem à margem da

importante emblema da reconquista do espaço comum, da vertente de mudança nas prioridades e aspirações da população. A inversão de sentido pela qual passou Elevado, do benefício para o tráfego de automóveis à espaço livre para pessoas, mostra que estamos caminhando para um

187


reentendimento do meio urbano, reinterpretando o lugar

próximo ao Elevado tornam o seu contexto imbricado

de convívio e, finalmente, nos permitindo usufruir dos

cheio de nuances e possibilidades.

inusitados acontecimentos que a cidade pode promover. É necessário reconhecer que ao agir (sob)re o Minhocão temos a oportunidade de materializar premissas básicas como a busca por espaços comuns de qualidade, territórios de troca e contato respeitoso. 188

Para lidar com esse contexto, é necessário apreender o Minhocão por partes. Como nos ensaios 2 e 3, que buscam soluções pontuais, as decisões a serem tomadas a respeito a via demandam outros estudos a cada caso, mesmo que conte com recorrências. Isso não significa deixar de lado uma articulação sistêmica, mas

Multiplicidade A superfície da estrutura elevada enquanto linha contínua pode ser percorrida na sua totalidade sem interrupções do entorno ou desvios de atenção (a não ser a janela alheia). Já o baixio é fragmentado, uma sucessão de lugares diferentes, e não é apreendido de forma fácil, exigindo mais esforço e disposição para ser reorganizado e assimilado pelo transeunte. A essas espacialidades se sobrepõem tempos e usos distintos, e somado a isso, a existência de terrenos potenciais, equipamentos consolidados e espaços livres

é necessário entender que trechos diferentes do Elevado exigem respostas pertinentes para cada situação. Essa multiplicidade de situações é que faz da cidade um ambiente propício para abrigar indivíduos diferentes. Então, respeitando a alteridade, é preciso trabalhar na escala do pedestre para costurar o Elevado à vida de bairro que se desenvolve embaixo e ao lado dele. Nesse sentido, são importantes os atravessamentos sob a via e as conexões com o entorno. Criando, então, um mosaico de espaços comuns, equipamentos interessantes e fluxos longitudinais, transversais e verticais, é possível vislumbrar a


requalificação do Minhocão e a renovação do conceito de espaço público.

Minhocão para quem? Se a construção da via refletiu o momento histórico autoritário de 1970 e, hoje, a sua apropriação por parte dos pedestres reflete as aspirações atuais da população, é certo que o que vamos fazer com Elevado daqui para frente não pode deixar de refletir nossas intenções para o futuro enquanto sociedade. Por isso, estamos diante de um debate que não se limita apenas ao perímetro do Minhocão especificamente. É um debate sobre tranformação urbana, sobre a cidade que queremos.

189





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ICONOGRAFIA


[capa] Montagem da autora com base nas imagens de: Teca Eça, Ardilhes Moreira, Circuito Fora do Eixo e Facebook (Mercado da Minhoca).

[06] Início das obras de construção do Elevado. São Paulo, 1970. Foto: autor desconhecido. Fonte: <www.saopauloantiga.com.br/propagandas-do-minhocao/>. Acesso: nov. 2014.

[p.10] Acesso ao Minhocão próximo à Praça Roosevelt. São Paulo, 2014. Foto: Daniel Souza de Carvalho.

[07] Construção do Minhocão. São Paulo, 1970. Foto: Acervo Folha de São Paulo. Fonte: <fotografia. folha.uol.com.br/galerias/10388-acervo-minhocao-elevado-costa-e-silva#foto-193515>. Acesso: nov. 2014.

Apresentação

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[p.12] “Morador observa o movimento no Elevado Costa e Silva”. São Paulo, 2011. Foto: Evelson de Freitas. Fonte: <blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/minhocao-24-horas/>. Acesso: nov. 2014. O Elevado Costa e Silva [01] Rosto de Paulo Maluf estilizado como o Coringa do Batman na festa Junina no Minhocão . São Paulo, 2012. Foto: Circuito Fora do Eixo. Fonte: <www.flickr.com/photos/foradoeixo/7482437934/ in/photostream/>. Acesso: nov. 2014. [02] Montagem da autora com base nas propagandas de 1971 disponíveis em: <www. saopauloantiga.com.br/propagandas-do-minhocao/>. Acesso: ago. 2014. [03] Construção do Minhocão. São Paulo, 1970. Foto: autor desconhecido Fonte: <spinfoco. wordpress.com/2013/08/04/elevado-costa-e-silva-a-historia-e-construcao-do-minhocao/>. Acesso: nov. 2014. [04] Construção do Minhocão. São Paulo, 1970. Foto: Acervo Folha de São Paulo. Fonte: <fotografia. folha.uol.com.br/galerias/10388-acervo-minhocao-elevado-costa-e-silva#foto-193516>. Acesso: nov. 2014. [05] Construção do Minhocão. São Paulo, 1970. Foto: Acervo Folha de São Paulo. Fonte: <fotografia. folha.uol.com.br/galerias/10388-acervo-minhocao-elevado-costa-e-silva#foto-193510>. Acesso: nov. 2014.

[08] Construção do Minhocão. São Paulo, 1970. Foto: Acervo Estadão. Fonte: <acervo.estadao.com. br/noticias/acervo,como-era-sao-paulo-sem-o-minhocao,9070,0.htm>. Acesso: nov. 2014. [09] Construção do Minhocão. São Paulo, 1970. Foto: Acervo Folha de São Paulo. Fonte: <fotografia. folha.uol.com.br/galerias/10388-acervo-minhocao-elevado-costa-e-silva#foto-193518>. Acesso: nov. 2014. [10] Inauguração do Minhocão. São Paulo, 1971. Foto: Acervo Estadão. Fonte: <acervo.estadao. com.br>. Acesso: nov. 2014. [11] Trânsito no Elevado pouco tempo depois de inaugurado. São Paulo, 1971. Foto: Acervo Estadão. Fonte: <acervo.estadao.com.br>. Acesso: nov. 2014. [12] Minhocão interditado para carros de manhã. São Paulo, 2011. Foto: Diógenes Muniz. Fonte: Flickr. Acesso: nov. 2014. [13] Minhocão interditado para carros à noite. São Paulo, 2011. Foto: Diógenes Muniz. Fonte: Flickr. Acesso: nov. 2014. Espaço urbano e seus tempos [01] Um senhor pedalando sobre o Elevado. São Paulo, 2013. Foto: Juliana Stendard. Fonte: Flickr. Acesso nov. 2014. [02] “Jardim suspenso da Babilônia”. São Paulo, 2009. Foto: Felipe Morozini. Fonte: Flickr. Acesso:


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[03] “A cidade é sua”. São Paulo, 2012. Foto: Edu Moraes. Fonte: Flickr. Acesso: dez. 2014. https:// www.flickr.com/photos/imagetico/7798462262/

[06] Sobreposições de usos no Minhocão. São Paulo, 2008. Foto: Daniel Mitsuo. Fonte: <www. flickr.com/photos/fore/3101896175/sizes/o/in/photostream/ >. Acesso: nov. 2014.

[04] Canteiro central. São Paulo, 2011. Foto: Otavio Sousa. Fonte: Flickr. Acesso: nov. 2014.

Um lugar uns lugares

[05] Intervenções artísticas de Philippe Herard (grafite) e Psycozrs (quarto stencils com os rostos de moradores do baixio) no pilar da frente. São Paulo, 2014. Foto: Urban Hearts. Fonte: <www.flickr. com/photos/urbanhearts/15821955445/in/photostream/>. Acesso: nov. 2014.

[01] Festa Junina no Minhocão. São Paulo, 2012. Foto: Circuito Fora do Eixo. Fonte: <www.flickr. com/photos/foradoeixo/7482437934/in/photostream/>. Acesso: nov. 2014.

[06] “Bolha imobiliária”. Intervenção de Basurama e MUDA. São Paulo, 2012. Foto: autor desonhecido. Fonte: chisterahavolado.blogspot.com.br. Acesso: nov. 2014. [07] Minhocão não-motorizado. São Paulo, 2014. Foto: Teca Eça. Fonte: <www.flickr.com/ photos/126477237@N08/14635266350/in/photostream/>. Acesso: nov. 2014. Espaços e tempos do Elevado [01] Reflexo dos transeuntes do Elevado sobre as janelas vizinhas. São Paulo, 2011. Foto: Julieta Benoit. Fonte: Flickr. Acesso: nov. 2014. [02] Minhocão à noite. São Paulo, 2011. Foto: Tiago Queiroz. Fonte: Blog do Estadão. Acesso: nov. 2014. [03] Festa Junina no Minhocão. São Paulo, 2012. Foto: Circuito Fora do Eixo. Fonte: <www.flickr. com/photos/foradoeixo/7482437934/in/photostream/>. Acesso: nov. 2014. [04] Cozinhando paella de domingo no Elevado. São Paulo, 2014. Foto: autor desconhecido. Fonte: <https://www.facebook.com/arq.gdias/media_set?set=a.1526437290932511.1073741835.100006 987639802&type=3>. Acesso: dez. 2014. [05] Interdição policial impedindo manifestação do carnaval no Buraco da Minhoca. Foto: autor

[02] “Minhocão Fantástico I”, 2011. Autor: Ángela León. Fonte: <chisterahavolado.blogspot.com. br>. [03] Intervenção do Basurama Brasil e MUDA_coletivo e Soviedade Anónima para o Festival BaixoCentro. São Paulo, 2013. Foto: autor desconhecido. Fonte: <www.criaticidades.com.br/ sampacriativa/festival-baixocentro-as-ruas-sao-para-dancar/>. Acesso: nov. 2014. [04] “Minhocão Fantástico III”, 2011. Autor: Ángela León. Fonte: <chisterahavolado.blogspot.com. br>. Acesso: nov. 2014. [05] Intervenção de Luana Geiger para a X Bienal de Arquitetura. São Paulo, 2013. Foto: Junior Lago. Fonte: <noticias.uol.com.br/album/2014/03/23/piscina-e-colocada-no-minhocao-em-sp. htm#fotoNav=3>. Acesso: nov. 2014. [06] Intervenção do Coletivo Agulha cobrindo e colorindo as grades da rampa do Minhocão próximo ao metrô Santa Cecília. São Paulo, 2014. Foto: Athos Comolatti. Fonte: Facebook. Acesso: dez. 2014. [07] Minhocão coberto por um tapete verde dá espaço a novas ações no Festival BaixoCentro. São Paulo, 2012. Foto: Bruno Fernandes. Fonte: bfernandes.cc/filter/fotografia/1-Festival-Baixo-Centro. Acesso: nov. 2014.

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[08] Intervenção sobre o asfalto do Minhocão. São Paulo, 2014. Foto: Paula de Andrade. Fonte: <www.flickr.com/groups/2139520@N25/pool/>. Acesso: nov. 2014.

2012. Foto: autor desconhecido. Fonte: <mangacenografica.blogspot.com.br/2012/05/barafondacia-sao-jorge-de-variedades.html>. Acesso: jul. 2014.

[09] Projeto “Dançando na cidade” do coletivo Silenciosas+Gtaime São Paulo, 2011. Foto: Haroldo Sabóia. Fonte: <www.facebook.com/media/set/?set=a.173174809413812.45716.1386822628630 67&type=3>. Acesso: nov. 2014.

[18] Os espetáculos “Esparrama pela Janela” do Grupo Esparrama são encenados a partir de um apartamento adjacente ao Minhocão e o público assiste da via elevada. São Paulo, 2014. Foto: Paulão de barros. Fonte: <catracalivre.com.br/sp/ar-livre/gratis/minhocao-recebe-ultima-apresentacao-doano-de-esparrama-pela-janela/>. Acesso: dez. 2014.

[10] Evento “Cor no Minhocão” durante o Festival BaixoCentro. São Paulo, 2013. Foto: Danilo Verpa. Fonte: <fotografia.folha.uol.com.br/galerias/15143-festival-baixo-centro-2013#foto-262847>. Acesso: nov. 2014.

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[11] Tinta sobre o leito carroçável colore baixio do Elevado no Festival BaixoCentro. São Paulo, 2012. Foto: Bruno Fernandes. Fonte:< bfernandes.cc/filter/fotografia/1-Festival-Baixo-Centro>. Acesso: nov. 2014. [12] Grupo pinta mural réplica do obra “A Dança”de Henri Matisse sobre o asfalto do Elevado. São Paulo, 2014. Foto: Athos Comolatti. Fonte: Facebook. Acesso: dez. 2014. [13] Grupo pratica dança circular sobre a pintura de “A Dança”. São Paulo, 2014. Foto: Athos Comolatti. Fonte: Facebook. Acesso: dez. 2014. [14] O bazar colaborativo Mercado da Minhoca se estabelece sobre o divisor de concreto do Elevado. Foto: autor desconhecido. Fonte: <www.facebook.com/photo.php?fbid=10202270231791157&set =gm.1411471212476423&type=1&theater>. Acesso: dez. 2014. [15] Divisor de concreto serve como banco/cadeira de deitar. São Paulo, 2012. Foto: Natalia Nambara. Fonte: <www.flickr.com/photos/natalianambara/>. Acesso: nov. 2014. [16] Performance com a “Karroça” da companhia teatral Atropofágica. São Paulo, 2012. Foto: autor desconhecido. Fonte: <nucleoinspira.blogspot.com.br>. Acesso: jul. 2014. [17] Performance do espetáculo “Barafonda” da Companhia São Jorge de Variedades. São Paulo,

[19] Espetáculo “Esparrama pela Janela” do Grupo Esparrama. São Paulo, 2014. Foto: autor desconhecido. Fonte: <www.apaixonadoporbike.com.br/uma-pausa-no-pedal-com-teatro/>. Acesso: dez. 2014. [20] Pré-estreia do filme Elevado 3.5 sobre o Minhocão. São Paulo, 2010. Foto: autor desconhecido. Fonte: <www.elevadotrespontocinco.com.br/elevado35/category/filme/pre-estreia/>. Acesso: jul. 2014. [21] Evento “Cinóia” no Festival BaixoCentro exibiu curta-metragens sob o Elevado, reunindo cerca de 150 pessoa. São Paulo, 2013. Foto: Circuito Fora do Eixo. Fonte: <spressosp.com.br/2012/03/28/ festival-baixo-centro-tem-atracoes-ate-o-proximo-domingo/>. Acesso: nov. 2014. [22] Festa no Buraco da Minhoca. São Paulo, 2014. Foto: autor desconhecido. Fonte: <luizyassuda. com/page/2>. Acesso: nov. 2014. [23] Roda de discussão no Buraco da Minhoca durante o evento “Buraco da Augusta Parque das Minhocas”. São Paulo, 2014. Foto: Zé Naklem. Fonte: <www.facebook.com/media/set/?set=a.2412 48909378063.1073741829.240801296089491&type=3>. Acesso: dez. 2014. [24] Freiras passeiam no Elevado, enquanto o Projeto Kombi Minhocão acontece ao fundo. São Paulo, 2009. Foto: Julia Moraes. Fonte: Flickr. Acesso: nov. 2014. [25] Cortejo anual do Grupo Cangarussu. São Paulo, 2013. Foto: Marina Ribeiro Arruda. Fonte: <www.facebook.com/media/set/?set=a.507352239376639.1073741849.279885408789991&ty


pe=3>. Acesso: nov. 2014. Propostas existentes [01] Pessoa dorme sobre o divisor de concreto da via elevada, enquanto outros usuários do Minhocão fazem suas atividades. São Paulo, 2014. Foto: Junior AmoJr. Fonte: <www.flickr.com/ photos/junioramojr/sets/>. Acesso: nov. 2014. [02] 1° Lugar do concurso 2° Prêmio Prestes Maia de Urbanismo, 2006. Autores: José Alves e Juliana Corradini. Fonte: <www.frentes.com.br/job.php?idjob=0028>. Acesso: jul. 2014. [03] 3° Lugar do concurso 2° Prêmio Prestes Maia de Urbanismo, 2006. Autor: Marcelo Alex Monacelli. Fonte: <www.monacelli.com.br/premios>. Acesso: jul. 2014.

[09] Colagem sugestiva da Associação Amigos do Parque Minhocão sobre como ficaria o Elevado caso viesse a se tornar parque. Autor: desconhecido. Fonte: <www1.folha.uol.com.br/ saopaulo/2013/08/1326012-em-ny-viaduto-velho-virou-grande-jardim-suspenso-por-que-nao-nominhocao.shtml>. Acesso: jul. 2014. Ensaios sobre o minhocão [01] Performance “Aqui é o futuro” da Cia. São Jorge de Variedades, onde pedras de craque entoam “Quem olha para mim? Você olha para mim?”, dançando embaixo da rampa de acesso ao Minhocão pela Pç. Mal. Deodoro. São Paulo, 2010. Foto: autor desconhecido. Fonte: <aplausobrasil.ig.com. br/2012/05/04/barra-funda-e-tema-de-novo-espetaculo-da-cia-sao-jorge-de-variedades/>. Acesso: nov. 2014.

[04] Menção honrosa no concurso 2° Prêmio Prestes Maia de Urbanismo, 2006. Autores: Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo M. Ferraz. Fonte: Vice Brasil. motherboard.vice.com/pt_br/read/ os-possiveis-futuros-do-minhocao-em-sao-paulo>. Acesso: nov. 2014.

[02-19] Frames de um vídeo da câmera GoPro. São Paulo, 2014. Foto: acervo pessoal

[05] Menção Honrosa no concurso 2° Prêmio Prestes Maia de Urbanismo, 2006. Autor: Bruno Roberto Padovano. Fonte: <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/06.067/2689?page=5>. Acesso: jul. 2014.

[01] “Looking For A Landscape” de Matthew Mazzotta. Cambridge, 2009. Fonte: <reprogrammingthecity.com/looking-for-a-landscape/>. Acesso: abr. 2014.

[06] Menção Honrosa no concurso 2° Prêmio Prestes Maia de Urbanismo, 2006. Autores: Leandro R. Schenk e Luciana B. M. Schenk. Fonte: <www.studioilex.com.br>. Acesso: nov. 2014. [07] Participação no concurso 2° Prêmio Prestes Maia de Urbanismo, 2006. Autor: Magno Moreira Arquitetura. Fonte: <magnomoreiraarquitetura.blogspot.com.br/2010/08/solucoes-para-o-elevadocosta-e-silva.html>. Acesso: nov. 2014. [08] Menção Honrosa no concurso 2° Prêmio Prestes Maia de Urbanismo, 2006. Autores: Marcos Rosa e Vanessa Grossman. Fonte: <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/06.067/2689?page=7>. Acesso: jul. 2014.

Ensaio 1 Temas e Materialidades

[02] “Social circles” do Rebar. São Francisco, 2013. Fonte: <rebargroup.org/embarcadero>. Acesso: abr. 2014. [03] “The kitchen monument” do Raumlabor. Várias localidades, 2006. Fonte: <raumlabor.net/ kuchenmonument/>. Acesso: abr. 2014. [04] “Parkcycle swarm” do N55. Copenhague, 2013. Fonte: <n55.dk/MANUALS/PARKCYCLESWARM/ PARKCYCLESWARM.html>. Acesso: abr. 2014. [05] “Dymaxion-sleep” de Jane Hutton e Adrian Blackwell. 2009. Fonte: www.landezine.com/index. php/2011/06/dymaxion-sleep-by-jane-hutton-adrian-blackwell/. Acesso: abr. 2014.

203


[06] Trampolins à beira-rio em Copenhague. 2013. Fonte: <nicoleincopenhagen.wordpress. com/2013/04/11/my-happy-place/>. Acesso: abr. 2014.

[p. 132] Acesso ao Minhocão próximo à Praça Roosevelt. São Paulo, 2014. Foto: Daniel Souza de Carvalho.

[07] 2011 Eco Pavilion do MMX. México DF, 2011. Fonte: <www.archdaily.com/123775/eco-pavilion2011-mmx/>. Acesso: abr. 2014.

Ensaio 3

[08] “Bushwaffle” do Rebar. Várias localidades, 2010. Fonte: <rebargroup.org/bushwaffle/>. [09] “Machi Yatai Project” por estudantes da Tokyo Geijutsu Daigaku: University of the arts, 2009. Fonte: <tectonicablog.com/?p=65280>. Acesso: abr. 2014.

204

Conexões [01] “Gateshead Millennium Bridge” de Wilkinson Eyre e engenharia Gifford. Gateshead, 2001. Fonte: <en.wikipedia.org/wiki/Gateshead_Millennium_Bridge>. Acesso: mai. 2014. [02] “Scale Lane footbridge” de McDowell+Benedetti. Hull, 2013. Fonte: <www.hullcc.gov.uk/ portal/page?_pageid=221,851675&_dad=portal&_schema=PORTAL>. Acesso: mai. 2014. [03] “Rolling Bridge” de Heatherwick Studio. Londres, 2004. Foto: Steve Speller. Fonte:<www.earchitect.co.uk/london/rolling-bridge>. Acesso: mai. 2014. [04] Vencedor do “Pedestrian Footbridge Design Competition” de LEA Invent. Istanbul, 2011. Fonte: <www.archdaily.com/103462/new-visions-for-pedestrian-footbridge-design-competition-winnerlea-invent/>. Acesso: mai. 2014.

[01] Montagem de dois frames do filme “Duplicidade: Elevado Costa e Silva” de Ana Carolina Lima, 2013. Fonte: <http://www.fau.usp.br/intermeios/pagina.php?id=309>. Acesso: set. 2014. [02] Sobre o Minhocão. São Paulo, 2014. Foto: acervo pessoal. [03] Sob o Minhocão. São Paulo, 2014. Foto: acervo pessoal. [04] Sob o Minhocão. São Paulo, 2014. Foto: acervo pessoal. [05] Sob o Minhocão. São Paulo, 2014. Foto: acervo pessoal. Baixios [01] Ponte de Bercy. Paris, 2014. Foto: autor desconhecido. Fonte: <soundlandscapes.wordpress. com/2014/03/>. Acesso: set. 2014. [02] Quadra de Basquete. Paris, 2005. Foto: autor desconhecido. Fonte: <paris-playground.skyrock. com/2.html>. Acesso: set. 2014. [03] Mini skatepark. Paris, 2006. Foto: autor desconhecido. Fonte: <skateparkjaures.canalblog. com>. Acesso: set. 2014.

[05] Maison à Bordeaux de Rem Koolhaas/OMA. Bordeaux, 1998. Fonte: <www.behance.net/ gallery/Rem-Koolhaas-Maison-a-Bordeaux-renders/7195299>. Acesso: mai. 2014.

[04] Feira de Barbès. Paris, 2010. Foto: autor desconhecido. Fonte: <patriciabmblog.blogspot.com. br/2010/12/marche-de-barbes.html>. Acesso: set. 2014.

[06] Hörn Bridge de Gerkan, Marg & Partners. Kiel, 1997. Fonte: <www.theworldgeography. com/2013/09/movable-bridges.html>. Acesso: mai. 2014.

[05] Projeto do Assemble. Folly For a Flyover. Londres, 2011. Fonte: <assemblestudio.co.uk/?page_ id=5>. Acesso: nov. 2014.

Ensaio 2

[06] Projeto A8erna do NL Architects. Koog aan de Zaan, 2006. Foto: Joren MuschFonte: <www.


architonic.com/aisht/a8erna-nl-architects/5100103>. Acesso: nov. 2014.

vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.094/155>. Acesso: abr. 2014.

[07] Fonte: Google Street View, 2014.

[02] [03] Foto: Nacho Doce. Fonte: <www.theguardian.com/artanddesign/gallery/2011/apr/15/ brazil-photography-nacho-doce>. Acesso: abr. 2014.

[08] Fonte: Google Street View, 2014. [09] Fonte: Google Street View, 2014. [10] Simulação da “Folha de São Paulo” do projeto da prefeitura de implantação de ciclovia no no baxio do Minhocão. Fonte: <www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/12/1557841-prefeitura-de-spvai-fazer-ciclovia-embaixo-do-minhocao.shtm>. Acesso: dez. 14.

[04] Foto: autor desconhecido. Fonte: <dip2.aaschool.ac.uk/2010/>. Acesso: abr. 2014. Anexo 2 [01] “Andamios”. Recetas Urbanas. Sevilla, 1998. Fonte: <www.recetasurbanas.net/index1. php?idioma=ESP&REF=1&ID=0003>. Acesso: mar. 2014.

[11] Área da Praça Mal. Deodoro que receberia o ponto de ônibus flexível durante a desativação temporária da avenida embaixo de Elevado. Fonte: Google Street View, 2014.

[02] “Ordenación y ocupación temporal de solares”. Recetas Urbanas. Sevilla, 2004. Fonte: <www. recetasurbanas.net/index1.php?idioma=ESP&REF=1&ID=0008>. Acesso: mar. 2014.

[12] Rua lindeira a Praça Mal. Deodoro que passaria a ser rua exclusiva de pedestres. Fonte: Google Street View, 2014.

[03] Balanços no Anhangabaú na Virada Cultural. Basurama Brasil. São Paulo, 2013. Fonte: <basurama.org/pt-br/projetos/a-cidade-e-para-brincar-virada-cultural-2013/attachment/ img_9418-2-4>. Acesso: mar. 2014.

[13] Ponto de ônibus. São Paulo, 2014. Foto: Teca Eça. Fonte: <www.flickr.com/photos/126477237@ N08/14820984844/in/photostream>. Acesso: dez. 2014. Ponderações Finais [p.186] Giovanni Buosu em seu apartamento com vista “privilegiada” para o Elevado. São paulo, 2011. Foto: Ayrton Vignola. Fonte: <blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/minhocao-24horas>. [p.190-191] Baixio do Elevado com a exposição “Giganto”da fotógrada Raquel Brust nos pilares. São Paulo, 2013. Foto: Camila Pastorelli. Fonte: <camilapastorelli.com>. Anexo 1 [01] Biblioteca também faz parte a apropriação social do baixio. Foto: Igor Guatelli. Fonte: <www.

[04] Parquinho com carretéis de madeira. Basurama Brasil. Ferraz, 2014. Fonte: <www.facebook. com/basuramabrasil>. Acesso: dez. 2014. [05] [06] “Schützenmatte Experimental Days” é uma ocupação experimental por 4 dias de um estacionamento. UC Studio. Bern, 2014. Fonte: <www.urbancatalyst-studio.de/en/projects/ schuetzenmatte-labor-kopie-kopie-614.html>. Acesso: nov. 2014. [07] Marco “monumental”, parte da intervenção em uma escola desativada transformada em museu. Raumlaborberlin. Liverpool, 2009. Fonte: <raumlabor.net/the-promised-land>. Acesso: abr. 2014. [08] “Spacebuster” é uma van com um sistema inflável que acionada configura novos espaços para a realização de atividade temporárias. Raumlaborberlin. Nova Iorque, 2009. Foto: Alan Tansey. Fonte: <raumlabor.net/spacebuster>. Acesso: abr. 2014.

205


[09] “Le 56 / Eco-interstice” transforma um lote vago em um espaço autogestionado e aberto ao público, onde qualquer pessoa pode propor atividades (jardinagem, compostagem, performances, etc). Paris, 2006. Fonte: <www.urbantactics.org/projectsf/passage%2056/passage56html.html>. Acesso: abr. 2014. [10] “ECObox” é um suporte para a realização de eventos de comunidades locais, engajando as pessoas em “micro-políticas” . Paris, 2001. Fonte: <www.ryerson.ca/carrotcity/board_pages/ community/ecobox.html>. Acesso: abr. 2014.

206

[06] [07] “Parc de la Villette” . Bernard Tchumi. Paris, 2012. Foto : acervo pessoal. [08] “Le Fresnoy”. Bernard Tchumi. Tourcoing, 2010. Foto: Samuel Ludwig. Fonte: www.flickr.com/ photos/st_ludwig>. Anexo 4 [01] Elevado da Perimetral. Rio de Janeiro, 2013. Foto: Allana Amorim. Fonte: <www.cidadeolimpica. com.br/galeria/imagens-aereas-do-porto>. Acesso: dez. 2014.

[11] “Bubbleway” é um mobiliário urbano modular e inflável. Sydney, 2011. Foto: William Feuerman. Fonte: <untappedcities.com/2011/10/10/off-the-grid-exploring-the-sydney-laneway>. Acesso: abr. 2014.

[02] Demolição da Perimentral (parte da via foi implodida e parte desmontada). Rio de Janeiro, 2014. Foto: Daniel Marenco. Fonte: <www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/09/1523718-fim-dominhocao-do-rio-ilumina-area-mas-nao-traz-predios.shtml>. Acesso: set. 2014.

[12] “Parkcycle Swarm” são porções de parque móvel sobre pedais. Rebar em parceira com N55. Copenhague, 2007. Fonte: <rebargroup.org/parkcycle-swarm>. Acesso: abr. 2014.

[03] Superfície do High Line Park. Nova Iorque, 2012. Foto: Daniel Lobo. Fonte: <www.flickr.com/ photos/daquellamanera/7565825074/in/photostream>.Acesso:ago. 2014.

[13] “Street Stage Parklet” é um palco montado no espaço de uma vaga de carro para abrigar pequenas performances musicais. Rebar. São Francisco, 2013. Foto: Ryan Leibrich. Fonte: <eltecolote. org/content/news/urban-design-group-envisions-a-new-mission/>. Acesso: abr. 2014.

[04] Escada de acesso no vão central do High Line Park. Nova Iorque, 2012. Foto: Urban Land Institute. Fonte: <www.flickr.com/photos/55487104@N05/7982775262>. Acesso:ago. 2014.

Anexo 3

[05] Baixio. O High Line cruza lotes privados que se adaptaram à existência da via. Nova Iorque, 2014. Fonte:Google Street View. Acesso: ago. 2014.

[01] [02] “Praia” – “Lotes Vagos”. Louise Ganz e Ines Linke. Belo Horizonte, 2006. Fonte: <lotevago. blogspot.com.br>.

[06] Um dos acessos à Coulée Verte e [07] a pequena área verde Jardin de Reuilly. Paris, 2014. Fonte: <www.everintransit.com/paris-park-promenade-plantee>. Acesso: ago. 2014.

[03] Redes de descanso em lote vazio, parte do projeto “Lotes Vagos” de Louise Ganz, implantação Constance Pinheiro e “Taís”. Fortaleza, 2008. Fonte: <lotevago.blogspot.com.br>.

[08] O Viaduc Les Arts corresponde a parte elevada da Coulée Verte e possui seus arcos estruturais ocupados por lojas de artesanato. Paris, 2012. Fonte: </www.cristinamello.com.br/?p=4120>. Acesso: ago. 2014.

[04] [05] “Amnésias Topográficas II”, cenário para a peça “Nômades” do grupo Armatrux. Belo Horizonte, 2004. Foto [4]: Eduardo Eckenfels. Fonte: <www.vazio.com.br/projetos/amnesiastopograficas-ii/>.

Anexo 5 [01] [02] Equipe 2 do workshop “A Hyper-sectional Urbanism”, 2014. Imagens cedidas pelos autores.


[03] [04] Equipe 3 do workshop “A Hyper-sectional Urbanism”, 2014. Imagens cedidas pelos autores. [05] [06] Equipe 4 do workshop “A Hyper-sectional Urbanism”, 2014. Imagens cedidas pelos autores. Anexo 7 [01] a [04] São Paulo, 2014. Foto: acervo pessoal. [05] Rua com pintura amarela sobre o leito carroçável. Shiedam, 2008. Fonte: <www.enteresan. com/haber/sari-tasli-yol.1zq.4.1.html>. Acesso: dez. 2014. [06] Pocket Park. Filadélfia, 2013. Foto: cortesia de Emma Lee/NewsWorks. Fonte: <actrees.org/ news/trees-in-the-news/newsroom/philly-latest-city-to-boast-a-pocket-park>. Acesso: dez. 2014. [07] Escada em paletes em escritório temporário. Most Architecture. Amsterdam, 2010. Foto: Rogier Jaarsma. Fonte: <www.dezeen.com/2010/10/07/brandbase-pallets-by-most-architecture>. Acesso: nov. 2014. [08] Escada pivotante com sistema de contra-peso. Loja Forma (1987), Paulo Mendes da Rocha. São Paulo, 2009. Foto: FADB. Fonte: <www.flickr.com/photos/fadb/3213850837/in/photostream>. Acesso: nov. 2014.

207



ANEXOS


1

Academia de Boxe Cora Garrido

[01]

[02]

[04]

[03]


2

Recetas Urbanas | Basurama

[01] [02] O escritório Recetas Urbanas, criado em 2003 pelo arquiteto Santiago Cirugeda, realiza projetos que contribuem para a superação da complicada vida social no ambiente urbano. As intervenções são inúmeras e vão desde ocupações sistemáticas de espaços públicos com caçambas de lixo até a construção de próteses em fachadas de edifícios, coberturas, etc. [03] [04] Basurama é uma rede de grupos que atuam em Madri e em São Paulo que atua desde 2001 com o intuito da transformação urbana através de intervenção lúdicas que contam com a participação da população local. Os materiais utilizados são resíduos provenientes da sociedade de consumo. [04] Parquinho de carretéis, 2014. Basurama.

[01] “ Andamios”, 2004. Recetas Urbanas.

[02] “ Solares”, 1998. Recetas Urbanas.

[03] Balanços no Anhangabaú, 2013. Basurama.


2

Urban Catalyst | Raumlaborberlin

[05] [06] Urban Catalyst (UC) é uma plataforma interdisciplinar para pesquisas, projetos e intervenções no espaço público. Desenvolve também palestras, exposições e publicações com os temas relacionados à ocupação contemporânea do espaço urbano e novos conceitos e estratégias para arquitetos e urbanistas. Uma das publicações relacionadas é o Urban Pioneers (2007) de Klaus Overmeyer que cataloga usos temporários em Berlim. [07] [08] Raumlaborberlin (“laboratório espacial” berlin) é um grupo arquitetos que desde 1999 critica o modo de produção convencional de arquitetura e urbanismo, propondo projetos temporários que transformem a paisagem urbana através de “protótipos urbanos” com uma abordagem lúdica. As abordagens são na pequena escala da [08] “Spacebuster”, 2009. Raumlabor. Foto: Alan Tansey.

[05] Ocupação temporária de estacionamento, 2014. UC Studio.

[06] Ocupação temporária de estacionamento, 2014. UC Studio.

[07] Marco do projeto “The promise Land”, 2009. Raumlabor.


2

Atelier d'Architecture Autogérée | Rebar

[09] [10] O AAA (Atelier d'Architecture Autogérée) é uma plataforma coletiva com o objetivo de conduzir ações e pesquisas sobre práticas emergentes de cunho político, social e cultural na cidade contemporânea, engajando as comunidades locais a autogerir os projetos de intervenção.

[11] [12] [13] Fundado em 2004, o Rebar é um escritório que abrange dois outros, o Morelab e o Gehl Studio, e desenvolve projetos em diferentes áreas. As propostas de intervenção com mobiliário urbano normalmente tem um caráter temporário de ativação do espaço coletivo.

[09] “Le 56”, interstício verde, 2006. AAA.

[10]”ECObox”, suporte para eventos locais, 2001. AAA.

[13] Paklet-palco, 2013. Rebar.

[11] “Bubbleway”, mobiliário urbano inflável, 2011. Rebar.

[12] “Parkcycle Swarm”, parque móvel, 2007. Rebar+N55.


3

Louise Ganz | Carlos Teixeira

[01] “Lotes Vagos”, 2006. L. Ganz.

[02] “Lotes Vagos”, 2006. L. Ganz.

[03] “Lotes Vagos”, 2008. L.Ganz.

[04] ”Amnésias Topográficas II”, 2004. C. Teixeira + L. Ganz.

[05] ”Amnésias Topográficas II”, 2004. C. Teixeira + L. Ganz.


3

4

Bernard Tschumi

[06] “Parc de La Villette”, 2004. B. Tschumi.

[07] “Parc de La Villette”, 2004. B. Tschumi.

Elevado da Perimetral

[01] A Perimetral, 2013.

[08] “Le Fresnoy”, 2004. B. Tschumi.

[02] Retirada da Perimetral, 2014.


4

High Line Park | Coulée Verte (Promenade Plantée)

[03] Superfície do High Line Park, 2012.

[04] Escada de acesso central. High Line, 2012.

[05] Baixo do High Line, 2014.

[06] Escadaria de acesso à Coulée Verte, 2014.

[07] A Promenade cruza o Jardin de Reuilly, 2014.

[08] Parte da Promenade elevada: Viaduc des Arts, 2012.


5

Workshop “São Paulo Minhocão: Under & Over: A Hyper-Sectional Urbanism”

[02] E2

[01] E2

[03] E3

[04] E3


5

6

Workshop “São Paulo Minhocão: Under & Over: A Hyper-Sectional Urbanism”

Fred Kent no “Parques do brasil” *tradução livre da autora

Segue abaixo alguns trechos da fala* de Fred Kent no evento “ Parques do Brasil” que julgo importante para o entendimento dos rumos que este trabalho tomou depois do Ensaio 2. Quando indagado a respeito do caso do Elevado Costa e Silva e torná-lo um parque, Kent diz: “Eu não gosto do High Line. O High Line é um monte de grama e muitos dos bancos mais desconfortáveis já projetados no mundo. É um lugar emblemático, um design icônico. Então, eu não sou um fã dele. As pessoas da comunidade não vão para lá normalmente. Ele não os atrai.” “Eles (as pessoas responsáveis pelo projeto High Line) não trabalharam a rua embaixo. Então, vocês tem uma chance aqui. Vocês poderiam criar uma cota do viário cheia de atividades”.

[06] E4

EQUIPES E1 | Seção Pç. Roosevelt | “Micro Urbanism” Ava Nourbaran, Gregory Then e Raquel Araruna. E2 | Seção R. Marques de Itu | “Propagate” Courtney Meagher, Daniel S. de Carvalho, Julia Song e Nadia Pulez. E3 | Seção Av.São João | “Per(sp)ective” Dakota Wares-Tani, Edward Yu, Keerat Kaur e Pedro Norberto. E4 | Seção Av. Pacaembu | “Minhocão Collective” Carolina Mellado, Joseph McBurney e Luiza Menezes Thomaz.

[05] E4

“...a Coulée Verte é um High Line também, mas o nível superior tem muitas pichações e calçadas muito estreitas. É realmente muito desagradável. Porém o nível mais baixo tem essa atividade urbana incrível...é um grande comércio. Então, supondo que vocês coloquem os dois juntos (o High Line e a Coulée Verte) neste lugar (no Minhocão), com um térreo maravilhoso com todos os tipos de atividades quase como um lugar interno e o topo (a superfície do Elevado) que é muito mais amplo e (que tem) mais possibilidades. Você pode criar destinos ao longo dele (do Elevado). Pode conectá-lo aos edifícios (lindeiros), o que o High Line não faz. Então, vocês poderiam...criar algo de extraordinário”. Em seguida ele conta a respeito da experiência do PPS com a transformação das ruas em Nova Iorque e diz que a primeira coisa a se fazer é reconfigurar esse espaço: “Vocês tem ruas terríveis aqui. Não existem calçadas em alguns lugares. Se vocês tem um compromisso maior em criar dez grandes ruas e que (o Minhocão) é uma delas, então vocês podem ter um impacto incrível”. “Fazer algo potente, dinâmico e revolucionário é muito melhor do que fazer uma espécie de projeto icônico em cima de uma ponte”.


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Informações adicionais do Ensaio 3

FOTOS DA ÁREA [01] SEÇÃO A | Jardim interno do metrô Marechal Deodoro, 2014. [02] SEÇÃO B | Ponto de ônibus existente ao lado da rampa de acesso e sob o Elevado, 2014. [03] SEÇÃO C | Parquinho na Pç. Mal. Deodoro e a rua limítrofe que no ensaio se torna rua para pedestres.

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[04] O vão aberto no tabuleiro do Minhocão (p.169) ao lado da rampa de acesso permite que entre alguma luz natural nesse ponto particularmente escuro do baixio.


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Informações adicionais do Ensaio 3

ALGUMAS REFERÊNCIAS [05] Piso amarelo no leito carroçável. [06] Pocket Park. [07] Escada em paletes. [08] SEÇÃO D | Escada pivotante da Loja Forma de Paulo Mendes da Rocha, 2009.

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Informações adicionais do Ensaio 3

Circulação 4 Estação 4

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