Respiro Urbano: uma proposta de intervenção no Parque Ecológico Paulo Gorski em Cascavel/PR

Page 1

RESPIRO URBANO

Uma proposta de intervenção no Parque ecológico Paulo Gorski - Cascavel/PR

RAQUEL BECKER MIRANDA


AGRADECIMENTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL CAMPUS ERECHIM CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO INTRODUÇÃO AO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO RESPIRO URBANO Uma proposta de intervenção no Parque ecológico Paulo Gorski Cascavel/PR AUTORA: RAQUEL BECKER MIRANDA ORIENTADORA: PROF. DRA. RENATA FRANCESCHET GOETTEMS


SUMÁRIO INTRODUÇÃO Apresentação do tema Objetivos e metodologia

04

APROXIMAÇÃO TEÓRICA Sistema de espaços livres Parques Urbanos Os rios e as cidades Soluções baseadas na natureza Cidade para Pessoas ESTUDOS CORRELATOS Parque Ibirapuera Parque Manancial de Águas Pluviais

06

CASCAVEL Contexto regional Contexto histórico

04 05

06 06 07 08 09

10 10 12

14 14 16

ANÁLISE URBANA Suporte biofísico Ação antrópica Área de abrangência do parque Diretrizes gerais para a área

19

APROXIMAÇÃO Levantamento fotográfico e diagnóstico da área Proposta e espacializações

28

REFERÊNCIAS

36

19 21 23 26

28 34


INTRODUÇÃO O cenário urbano, historicamente, tem trazido uma tendência crescente do distanciamento dos indivíduos com o ambiente natural. Consequentemente são gerados problemas psicológicos e de interação social aos habitantes, devido a falta de vivências ao ar livre e do contato com a natureza. Em momentos de isolamento social, como o vivenciado, em 2020, durante a pandemia do Covid-19, torna-se evidente a importância da vivência em espaços livres e a falta que estes fazem para a população urbana. Casos de ansiedade, que já são frequentes no cotidiano urbano atual, são multiplicados por conta da falta de relações com esses espaços. Além da importância para a saúde dos indivíduos, os espaços livres são os elementos urbanos mais acessíveis aos cidadãos, gerando maior autonomia dos indivíduos e grupos que o utilizam, sendo possível uma apropriação efetuada de maneira mais democrática. Para tentar solucionar essa problemática o sistema de espaços livres nas cidades tem se mostrado um importante gerador de qualidade de vida e de vivências diretas com a natureza. Os parques urbanos, um tipo comum de espaço livre, tem sido uma ferramenta muito usada pelos responsáveis do planejamento urbano, para gerar lazer, cultura e instigar a preservação ambiental nas cidades. Tendo em vista o crescimento da cidade de Cascavel-Paraná e da necessidade de qualificar os espaços livres, propôe-se nesse trabalho, uma análise da situação atual dos espaços livres da cidade, com a finalidade de gerar diretrizes para a requalificação dessas áreas. Posteriormente, será analisado em uma escala de aproximação, o parque ecológico Paulo Gorski, com objetivo de identificar problemas e potencialidades do local e propor o desenvolvimento de um projeto de planejamento e requalificação da área. Por acreditar que ele é um elemento de grande potencial conector de um sistema de espaços livres na cidade.

04 | 38

O parque urbano, foco deste estudo, se localiza na maior área de preservação da cidade de Cascavel, que conta com passagem do principal rio da cidade, o rio Cascavel. Nesse sentido, e buscando atender uma demanda local, o projeto será vinculado a conscientização popular, a preservação das áreas verdes e a qualidade das águas desse rio, que abastece o município. Tendo em vista os casos de escassez de água e análises negativas quanto a qualidade do recurso hídrico, no rio Cascavel, relatados em estudos feitos pela Sanepar, companhia responsável pelo setor de abastecimento na cidade, é possível verificar a negligência histórica, por meio da cidade, quanto a sua preservação. É relevante frisar que o local é ponto de menor altitude na cidade e consequentemente, em períodos de chuvas frequentes, é a área de maior acúmulo de água. Por isso é imprescindível a implantação de elementos da infraestrutura verde no projeto, para que a permeabilidade das águas pluviais no solo seja facilitada e inundações sejam prevenidas. Além dos elementos que remetem a preservação ambiental, a área apresenta também um elemento que remete a história e ao patrimônio arquitetônico da cidade, a Igreja do Lago. Com uma localização privilegiada, por conta de seu posicionamento elevado no terreno, a Igreja é um marco importante da paisagem e gera muita curiosidade ao observador. Por isso a importância da sua preservação e abertura aos visitantes. Outro elemento localizado na quadra ao lado do lago municipal é o zoológico, que apresenta uma grande área de visitação e de apreciação do ambiente de preservação da mata nativa da região. Considerando os aspectos acima descritos, acredita-se que a região do lago é uma paisagem marcante e tem uma composição de elementos privilegiada. Porém demanda de um planejamento para que esses elementos se relacionem e gerem ao usuário um percurso de visita agradável e harmonioso.


OBJETIVO GERAL O presente trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de diretrizes urbanísticas e paisagísticas visando a requalificação do Parque Ecológico Paulo Gorski e a integração deste aos demais espaços livres públicos relacionados com o rio Cascavel, na cidade de Cascavel/ PR. Além disso, em uma escala de aproximação, pretende-se trabalhar com o desenvolvimento de diretrizes para a próxima etapa a ser desenvolvida em TFG II, um projeto urbano e paisagístico para a área, tendo como foco principal as conexões do parque com a cidade e a produção de um espaço mais atrativo para as pessoas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS Os objetivos especificos relacionam-se com as diferentes escalas de análises desse projeto, dessa forma:

Escala Macro- Região Metropolitana de Cascavel •Analisar o contexto da cidade como polo regional e as suas dinâmicas com os outros municípios. Identificando as relações e as demandas que esses municípios estabelecem com a cidade. Escala Meso- Cidade (Cascavel PR) •Identificar e compreender como o suporte biofísico e as ações antrópicas se relacionam com os espaços livres da cidade de Cascavel/PR •Criar uma cartografia que auxilie na compreensão das dinâmicas urbanas. Escala Micro- Aproximação (Parque ecológico Paulo Gorski e o seu entorno) •Compreender a memória afetiva da população com o local. E propor diretrizes para o resgate e conservação dessa memória. •Identificar as dinâmicas e potencialidades presentes na área do parque. •Elaborar uma proposta que busque unificar as áreas com diferentes ambiências, gerando um percurso harmonioso e acessível para os usuários.

FIGURA 01 - VEGETAÇÃO EM ÁREA DE NASCENTES DO RIO CASCAVEL

METODOLOGIA A metodologia aplicada ao referido trabalho será organizada por 3 escalas diferentes, sendo elas a macro (Cascavel e a região), meso (Cidade de Cascavel) e a micro (Parque ecológico Paulo Gorski), dentro dessas escalas será feito o aprofundamento teórico, levantamento de material bibliográfico, dados e estatísticas relevantes a temática. Além de análises que se baseiam em aspectos históricos, sociais, culturais e ambientais da escala analisada. Na escala Macro as análises serão elaboradas buscando contextualizar a importância socioeconômica da cidade de Cascavel para a região, tendo como base dados estatísticos do IBGE e material bibliográfico elaborado sobre o tema. Já na escala Meso, serão feitas as análises urbanas. Nessas análises serão utilizados métodos do autor Jan Gehl, que apresenta uma metodologia para análise urbana, em seu livro ´´A vida nas cidades: como estudar̀`. Nele é apresentado diferentes ferramentas como: o mapeamento e o rastreamento, para efetuar o estudo das dinâmicas dentro da cidade. Nesse trabalho será utilizado essa metodologia como embasamento para a análise urbana de Cascavel-PR, utilizando as ferramentas do Sistema de Informações Geográficas (SIG), sobrepondo camadas de dados de aspectos biofísicos e antrópicos , para efetuar o diagnóstico.Diante dos estudos da situação atual, propor novas diretrizes baseadas nos conceitos de cidade viva, segura, sustentável e saudável, gerando assim melhorias na qualidade de vida da população local. Já na escala Micro, com a área de abrangência do Parque Ecológico Paulo Gorski, será primeiramente analisado o seu entorno e as suas relaçõe exitentes, novamente utilizando a sobreposição de camadas e mapeamentos. Já em seguida, por meio do método de ordenação do sistema de espaços livres, da autora Tardin (2008), será apresentada a análise dos espaços livres vinculados ao Rio Cascavel e suas diretrizes. Já na área interna do parque, será utilizado além dos levantamentos fotográficos, tambem haverá o diagnóstico da área por meio do método de Condicionantes, Deficiências e Potencialidades (CDP), que por fim será base para a proposta de diretrizes para a área.

05 | 38


APROXIMAÇÃO TEÓRICA

Sistema de espaços livres Espaços livres urbanos são porcentagens do território que se apresentam livres de edificação (MAGNOLI, 1982). Além disso, são elementos principais na composição da paisagem urbana que, quando integrados, formam um sistema que apresenta relações de conectividade e complementaridade (MACEDO, 2007). Os espaços livres públicos da cidade, organizados como sistema, têm ainda, como consequências, a valorização dessas áreas já consolidas e contribui para a criação de um melhor espaço urbano onde hajam interação e encontros envolvendo todos os cidadãos (PRETO, 2009). No mesmo sentido, para Tardin (2008), o espaço livre é retratado como um elemento espacial livre de assentamentos e infraestruturas viárias, sendo eles passíveis de proteção por lei ou não. O sistema de espaços livres, como uma rede de elementos de distintas escalas, que integrados são um tipo de estratégia projetual para elaborar uma melhor ocupação e qualidade de vida urbana. Áreas parcialmente edificadas com nula ou mínima proporção de elementos construídos e/ou de vegetação – avenidas, ruas, passeios, vielas, pátios, largos, etc. – ou com presença efetiva de vegetação – parques, praças, jardins, etc. – com funções primordiais de circulação, recreação, composição paisagística e de equilíbrio ambiental, além de tornarem viável a distribuição e execução dos serviços públicos em geral. São ainda denominados espaços livres, áreas incluídas na malha urbana ocupadas por maciços arbóreos cultivados, representados pelos quintais residenciais, como também pelas atuais áreas de condomínio fechado, áreas remanescentes de ecossistemas primitivos – matas, manguezais, lagoas, restingas, etc. – além de praias fluviais e marítimas(SÁ CARNEIRO E MESQUITA, 2000, p.24).

PRAÇA ALEXANDRE DE GUSMÃO- SÃO PAULO/SP

FIGURA 02

06 | 38

ESPAÇOS LIVRE PÚBLICO

FIGURA 03

Sá Carneiro e Mesquita (2000) também classificam os espaços livres em espaços livres Públicos (ELPu) e Privados (ELPr). Os ELPu são espaços de uso comum, acessíveis a todos. São locais de convivência em que relações coletivas ocorrem. Esses espaços podem ser subdivididos na designação de suas funções , sendo eles: de circulação e de permanência. Os que tem como função a circulação, incluem calçadas, canteiros centrais e faixas de rolamento. Já os de permanência, são os parques, praças e jardins. Locais de convivência onde a diversas trocas culturais. Já os ELPr, são áreas de terrenos particulares, como: lotes, quadras ou glebas, não ocupadas por edificações. Seu acesso é restrito e tem usos diversificados, como: lazer, jardinagem e esportes. Nesse trabalho os espaços analisados, serão os denominados espaços livres públicos, tendo como estratégia projetual a integração desses, como forma de propor um sistema.

Parques urbanos O parque urbano é ´´um espaço livre público estruturado por vegetação e dedicado ao lazer da massa urbanà` (MACEDO, 2010, p.13). É um importante elemento que interfere de maneira positiva na qualidade de vida, na integração entre a população urbana e na preservação do meio ambiente. Além de serem espaços acessíveis a todos os cidadãos, independentemente de classe e raça, tornando assim, um exemplo efetivo de espaço democrático. Essa diversidade vivenciada nos parque, vem também da própria palavra, que “provém do baixo-latim parricum, pelo francês parc – indicando as diferenças de dimensões, formas de tratamento, funções e equipamentos” (CASTELNOU NETO, 2005, p.297). Já para Giordano (2004), os parques urbanos são áreas reservadas tanto para a conservação, quanto para preservação de recursos naturais, além de conectar pequenas partes de elementos florestais a outros de composição paisagística, agrega ainda funções para utilização dos usuários, desenvolvendo princípios sustentáveis e contribuindo de forma positiva para a comunidade.

PARQUE DA GARE - PASSO FUNDO/RS

FIGURA 04


Kliass (2010) apresenta os parques urbanos como produtos da cidade industrial, já que a partir do século XIX, há uma nova demanda social, nos meios urbanos, de espaços de lazer. O parque acompanhou as transformações urbanísticas que ocorreram nas cidades, sendo chamado pela autora, ´´um testemunho importante dos valores sociais e culturais das populações urbanas̀`. Na visão de Ferreira (2007), com a origem de novas cidades, há também o surgimento dos parques urbanos com diferentes definições conceituais como por exemplo: parques podem ser margeados por cursos d’água, ferrovias ou rodovias e configurações espaciais: programa de necessidades mais detalhado. Segundo Macedo (2010) os primeiros parques no Brasil, tinham função contemplativa, como por exemplo o Passeio Público do Rio de Janeiro, primeiro parque urbano brasileiro criado em 1783, era um ambiente utilizado para os famosos passeios ao ar livre, tradição de origem europeia. Porém contrariando os países europeus, a instalação desses parques não foi efetuado diante de uma necessidade no meio urbano no século XIX, já que as cidades brasileiras na época não detinham um rede urbana expressiva, sendo assim essa criação se deu pela necessidade, da pequena elite da época, de manter um cenário compátivel as referências europeias. A urbanização no Brasil ocorre entre as décadas de 50 e 80, a partir desse momento é que surge uma demanda social desse tipo de espaço e um crescimento no interesse político por suas implantações. O aumento das solicitações desses espaços públicos também vieram com novas carências de usos, sendo assim o parque passava de uma função apenas contemplativa, para usos de lazer, esporte , conservação ambiental e convivência. PARQUE DEL RETIRO - MADRI, ESPANHA

FIGURA 05

PARQUE TRIANON - SÃO PAULO/SP

FIGURA 06

As funções dadas aos parques também trouxeram novas denominações aos mesmos, como o denominado Parque ecológico que tem como objetivo principal a conservação dos recursos ambientais. E ainda apresenta áreas mais concentradas, voltadas para atividades de lazer, como jogos e recreação infantil, e lazer passivo, como caminhadas por trilhas bucólicas (MACEDO,2010). Nesse trabalho o parque urbano de intervenção é conceituado Parque Ecológico e tem como funções a conservação ambiental, o lazer, o esporte, a contemplação e a convivência social.

RIO NILO- EGITO

Os rios e as cidades

Os recursos hídricos historicamente demonstraram ter uma grande influência no processo de escolha de novas ocupações humanas, viabilizando o desenvolvimento de grandes civilizações antigas. A proximidade aos rios, era uma estratégia para manutenção e abastecimento de muitos povos, que também resultou na possibilidade de se fixar no espaço escolhido, pelo suporte que os rios davam para a realização de atividades como a agricultura, por meio dos processos de irFIGURA 07 FIGURA 08 rigação desenvolvidos e também na criação de animais, sendo assim iniciado o processo de sedentarização das populações (VIOLLET, 2004). São exemplos desse processo histórico, o Rio Tigre e Eufrates, que foram suporte para a construção das cidades da Mesopotâmia e também o famoso Rio Nilo que sustentou o desenvolvimento de diversas cidades do Egito. FIGURA 09 Segundo Gorski (2008) devido ao processo de urbanização nos meados dos anos 50, a água, recurso indispensável para a vida dos seres vivos, tem passado por um processo de depreciação, que representa um sério risco a saúde pública. A diminuição dos leitos dos rios, o aumento da poluição ambiental e a falta de saneamento básico são alguns dos problemas enfrentados em relação a esse processo. Com base nessa problemática, são iniciadas discussões sobre a conservação dos recursos naturais. Nos Estados Unidos, na década de 1960, os arquitetos paisagistas Ian McHarg e John Lyle criam metologias com abordagens inovadoras de planejamento e projeto vinculadas a princípios ecólogicos. No Brasil, país que detém 12% da água doce disponível no mundo, discussões a cerca do assunto foram iniciadas, na década de 80, diante da implementação da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei no 6.938/81), que criou o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e impusionou novos estudos e pesquisas na área. Uma importante lei que intituida no Brasil em 1997, foi a de nº 9.433, conhecida como lei das águas, a nova Política Nacional dos Recursos Hídricos (PNRH) estabeleceu ferramentas de planejamento e gestão dos recursos hídricos do país. E para somar no ano de 2000 a lei nº 9.984/2000, regulamentou a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) que é a responsável pela concretização dos objetivos da lei das águas.

07 | 38


Soluções baseadas na natureza

PROJETO DE RECUPERAÇÃO DO RIO -SEUL, CORÉIA

FIGURA 10

FIGURA 11

Gorski (2008), enfatiza que a conscientização da população e a compreensão da dependência e da finitude da água, são importantes fatores para a participação e o envolvimento desses, na valorização dos recursos hídricos urbanos. Por isso nesse trabalho, será utilizado ferramentas de educação ambiental que garantam a conscientização e o engajamento dos visitantes e habitantes da cidade de Cascavel e região, para uma melhor relação com o Rio Cascavel, principal fonte de abastecimento da cidade. Outro fator relatado por Costa (2006), é a importância do entendimento dos rios urbanos como parte da paisagem, essa ideia agrega aos rios um valor ambiental e cultural que vai além da visão funcional de saneamento e drenagem. Esse agregamento dos rios urbanos no conceito de paisagem, que presume que esses tenham uma interação com componentes ecossistêmicos, sociais, econômicos e culturais, também assumem as perspectivas emocionais e estéticas dos rios, compreende a relação afetiva que os mesmos possuem com seus usuários. Como visto, a maneira de se perceberem os cursos de água nas cidades vem sendo modificada, tendo se tornado claro que a sua canalização não resolve, integralmente, as ameaças de inundação, assim como não freia a sua contaminação. Ao contrário, passou-se a associar esse tipo de prática à degradação de suas funções ecossistêmicas, além da sua perda como elemento paisagístico. As atuais tendências de intervenção apontam para a adoção de abordagens mais integradas, incorporando aspectos de cunho ambiental e social às análises tecnológicas e de custo-benefício. (BAPTISTA, M.; CARDOSO, A, 2013, p.136) Na elaboração do trabalho aqui exposto, serão utilizadas abordagens que incorporam elementos de análise do ponto de vista histórico, ambiental, social, econômico e cultural, tendo em vista a legislação e atividades vigentes no país. Essa integração entre áreas fará com que as pesquisas e soluções encontradas para as problemáticas sejam mais efetivas.

A Comissão Europeia em diálogo com o Ministério de Ciência, da Tecnologia, da Inovação e das Comunicações iniciou um importante debate sobre Soluções Baseadas na Natureza (SBN) e o fruto desse diálogo foi a produção de um relatório sobre o assunto, tendo como autoras Cecilia P. Herzog e Carmen Antuña Rozado. Esse relatório foi utilizado como guia para a elaboração de soluções projetuais no presente trabalho. O relatório descreve como o processo de urbanização e o uso da infraestrutura cinza para desenvolvimento de edificações, ruas, entre outros, tornou o solo impermeável. E ainda, o mesmo processo, gerou canalização e o desaparecimento da visual natural de rios e riachos, modificando a paisagem local e regional. E essas mudanças geram muitos impactos, como : inundações, deslizamentos de terra, efeito de ilhas de calor urbano, poluição do ar, da água e do solo, perda de biodiversidade, entres outras situações que diminuem a qualidade de vida urbana. Além de impactos espaciais, essas mudanças também geraram problemáticas para a saúde humana, já que a mesma está interligada as condições do ambiente (HEZORG E ROZADO, 2019) Diante dessa problemática, os planejadores urbanos buscaram soluções para que fosse efetuado mudanças, substituindo os espaços ´´cinzas̀` por outros que beneficiem tanto os usuários, quanto o ambiente utilizado. Os chamados princípios ecossistêmicos, tem sido base para a produção de projetos inspirados nas SBN, tendo como objetivo a recuperação e regeneração de processos e fluxos naturais. Por tanto, é indispensável o uso das SBN nos projetos elaborados atualmente, para que os mesmos contribuam para a criação de cidades mais resilientes e sustentáveis, melhorando também a qualidade de vida dos habitantes. Uma das ferramentas projetuais apresentadas pela SBN é a chamada Infraestrutura Verde. O autor Pellegrino (2014) apresenta esse tipo de infraestrutura como um importante elemento para restauração da conexão entre os ecossistemas. No trabalho aqui apresentado, o uso de sistemas de drenagens e outros elementos da infraestrutura verde serão utilizados na criação de diretrizes dos espaços livres públicos e na intervenção no Parque ecológico Paulo Gorski, gerando assim um projeto voltado na recuperação de elementos naturais e no uso consciente dos mesmos. PARQUE BISHAN ANG MO KIO

FIGURA 12

08 | 38

FIGURA 13


Cidade para Pessoas

A CIDADE SUSTENTÁVEL

Jan Gehl, em seu livro Cidades para Pessoas (2013), analisa de forma profunda, as características dos indivíduos no cotidiano urbano e defende a importância de se projetar as cidades preservando a dimensão humana. No capítulo “Cidade Viva, Segura, Sustentável e Saudável”, ele analisa os principais fatores para garantir uma cidade que propicie uma melhor qualidade de vida. A CIDADE VIVA Uma Cidade Viva seria uma cidade mais convidativa, levando como ferramenta para sua construção um planejamento urbano holístico. O autor frisa que os espaços vivos refletem um acolhimento e promovem integração, e explica que a vitalidade nas cidades não estão ligadas com a quantidade de pessoas que a usufruem e sim a qualidade sensorial que o mesmo transmite.

O conceito de sustentabilidade, concebe fatores como o consumo de energia, emissões de gases, atividade industrial, fornecimento de energia e gerenciamento de água, esgoto e transporte. Porém, o transporte é foco da análise que frisa a importância do caminhar, do pedalar e do transporte coletivo. FIGURA 19

A CIDADE SAUDÁVEL

FIGURA 14

“Calçadas abarrotadas, com multidões se acotovelando para abrir caminho, nunca indicam boas condições para a vida da cidade’’ (GEHL, 2013 Pag. 65). FIGURA 21

FIGURA 16

FIGURA 15

A CIDADE SEGURA

FIGURA 17

FIGURA 18

FIGURA 20

A sensação de segura é fundamental para a apropriação dos espaços e a mesma é utilizada pelo autor como um convite a permanecer, caminhar ou pedalar, ou seja vivenciar a cidade. Ele reafirma que os pedestres devem ter sempre a prioridade, como já é muito conhecido por todos, porém nem sempre efetivado nas áreas de tráfego das cidades. Gehl também relata que a desigualdade social é um dos fatores mais importantes para a alta nos índices de criminalidade, que acabam gerando características comuns em cidades inseguras, como muros altos, cercas elétricas, entre outros, que são elementos que acabam criando mais insegurança nas ruas.

FIGURA 22

Com a problemática apresentada no contexto urbano, induzindo o sedentarismo e culminando na perda da principal forma natural de locomoção, o caminhar, é relatado a importância de politicas públicas que incentivem o exercício físico e que apresentem os equipamentos urbanos necessários para a efetividade dessas atividades. Retomando novamente a necessidade do planejamento focado nas pessoas e não nos automóveis, quando se tange no quesito mobilidade. Há ainda, a importância do contato da natureza, para uma melhora na saúde mental dos habitantes. Os benefícios deste contato, foram analisados e comprovados por um estudo organizado pela ONG The Nature Conservancy (TNC) em parceria com a Universidade de Virginia e o Centro de Resiliência de Estocolmo. Neste estudo, é apresentado o percentual de que 46% das pessoas, que vivem no meio urbano, já sofrem com algum problema psicológico, dado que demonstra a denomida “penalidade psicólogica urbana”, consequência da rotina urbana, que aumenta o stress e os transtornos mentais. No estudo é observado que até as mais breves interações com a natureza trouxeram benefícios à saúde mental, aliviando os sintomas. Com base nesse estudo, é evidenciado a necessidade da inclusão dos espaços verdes no contexto urbano, sendo esta, um elemento extremamente relevante na questão da saúde pública e na qualidade de vida urbana.

FIGURA 23

09 | 38


Parque Ibirapuera

IMPLANTAÇÃO LOCALIZAÇÃO Av. Pedro Álvares Cabral - Vila Mariana, São Paulo - SP, Brasil LEGENDA

Mapa 03 0 10 20km

Mapa 01 0

500

ESTUDOS CORRELATOS

0

Estado de São Paulo

Estacionamento

Mapa 1: Mapa Brasil/São Paulo- Mapa 02: Estado/ Cidade SP - Mapa 03: Localização Parque Ibirapuera Base de dados: IBGE Fonte: elaborado pela autora, 2020.

75 150km

O nome Ibirapuera significa “árvore apodrecida” em tupi-guarani e vem de uma aldeia indígena que ocupava a região do Parque quando a área era alagadiça com solo de várzea. O Parque Ibirapuera, é um parque urbano localizado na cidade brasileira de São Paulo, apresenta uma extensa área de mais de 150 hectares e foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e sua equipe. O projeto foi executado no ano de 1954 e apresenta em seu conjunto cinco edifícios culturais que são conectados por uma sinuosa marquise, sendo esses elementos em harmonia com o projeto paisagístico. A composição arquitetônica e paisagística do parque, se tornou um importante marco na arquitetura moderna do Brasil (Archdaily,2018). A área do parque abrange um grande e complexo programa, que apresenta elementos como: equipamentos culturais, jardins, praças, áreas esportivas e equipamentos de serviço. Com essa gama diversa de elementos, o parque apresenta diversos usos, estabelecendo diferentes fluxos e percursos para o visitante. O espaço conta com um conselho de gestão, o Parque Ibirapuera Conservação, que é uma organização sem fins lucrativos que administra e organiza a área com o objetivo de conservar os elementos ali presentes. Como é uma área de preservação ambiental, dentro de um grande centro urbano, os visitantes conseguem ter contato com diferentes espécies, tanto da fauna quanto da flora, estabelecendo assim um contato direto com a natureza. Garça-Moura

Figueira Bengalense

Bebedouros Equipamentos esportivos

Parque Ibirapuera Mapa 02

20

Banheiros

Brasil Cidade de São Paulo

1000km

19

FIGURA 25

5

1

Paisagismo Burle Marx

4 22

Parquinho

6 31

Pista de coope Ponto de ônibus Alimentação

7

32

23 24 33

8

25 25

31

34

27

16

36 31

15 35

28

39

37 38

9

10 11

35

26 17

14

12 40

41

18

13

0

EQUIPAMENTOS CULTURAIS E DE SERVIÇOS 1- Pavilhão Japonês 2- Escola Municipal de Astrofisica Prof. Aristóteles Orsini 3- Planetário Prof. Aristóteles Orsini 4- Pavilhão das Culturas Brasileiras – Pavilhão Engenheiro Armando de Arruda Pereira 5- MAB - Museu Afro Brasil – Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega 6- Auditório Ibirapuera Oscar Niemeyer 7- Oca – Pavilhão Governador Lucas Nogueira Garcez 8- MAM - Museu de Arte Moderna 9- Fundação Bienal de São Paulo – Pavilhão Ciccillo Matarazzo

Irerê

FIGURA 26

3

2

JARDINS E PRAÇAS

FIGURA 24

19

21

19- Bosque dos Eucaliptos 20- Lago das Fontes 21- Rosa dos Ventos 22- Bosque das Cerejeiras 23- Praça da Paz 24- Canto das redes

1,5

3km

Mapa 04: Implantação Parque Ibirapuera Imagem fornecida pelo site: Parque Ibirapuera Conservação Adaptado pela autora, 2020.

10- Sede guarda civil metropolitana 11- Sede administrativa 12- Escola de Jardinagem 13- CECCO – Centro de Convivência e Cooperativa 14- MAC - Museu de Arte Contemporânea 15- Antiga Serraria 16- Viveiro Manequinho Lopes 17- UMAPAZ – Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura da Paz 18- Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre

RECREAÇÃO 25- Túnel de Bambu 26- Praça Burle Marx 27- Parque dos Cachorros 28- Bosque da Leitura 29- Praça do Porquinho 30- Bosque das Araucárias

31- Parquinhos 32- Área de Pic Nic 33- Estações de Slakline 34- Quadra de esportes (raquete) 35- Campos de futebol de grama sintética e de terra

36- Mesas de Ping Pong 37-Mini quadras Badminton 38- Mesas Damas/Xadrez 39- Quadra de Amarelinha 40- Pista de Cooper 41- Academia ao ar livre


FIGURA 27

Marcação da linha de vegetação do parque e visualização do skyline dos prédios, mais distante. Essa diferenciação é consequência do entorno imediato, edifícios de menos pavimentos. FIGURA 28

FIGURA 29

FIGURA 30

O parque apresenta uma grande área ZONEAMENTO de vegetação, sendo essa diferenciada, em locais com mais adensamento, com uma formatação de bosque e também um formato menos adensado como jardins, gramados e praças. Essa dinâmica, apresentada no esquema ao lado, demonstra a diversidade de ambiências encontradas no local, sendo que esses formatos também se relacionam com os usos e equipamentos presentes nas proximidades. Além disso, há tambem no local a passagem do córrego do Sapateiro, que abastece e forma dois lagos, o Lago das Fontes e o Lago das Garças, que apresentam pistas de caminhada e de ciclismo ao redor e pontos de contemplação.

LEGENDA Edificações Maciço arbóreo Corpos hídricos Vias e rotas Limites do parque Vegetação 0

Museu Afro Brasil

Pavilhão Japonês FIGURA 31

FIGURA 32

FIGURA 33

A área abrangente do parque e seus FLUXOS E ENTRADAS diferentes usos internos demandam de diferentes acessos e percursos internos. Com isso, é possível visualizar no esquema ao lado, que há 10 portões de entrada, que dão acesso facilitado ao parque por todos os lados do terreno. Além disso, há a diferenciação de entradas, sendo algumas apenas para pedestres e outras dando acesso aos carros as áreas de estacionamento. O parque tambem conta com um acesso diferenciado proveniente do Museu de Arte Contemporânea (MAC), a passarela Ciccillo Matarazzo, que apresenta um acesso em segurança para os pedestres.

P9

P10

P8

LEGENDA

P1

P2

Vias e rotas Limites do parque

P7

P7a

Planetário

Auditório Ibirapuera FIGURA 34

FIGURA 35

Praça da Paz

Viveiro Manequinho Lopes FIGURA 37

Pista de cooper

Museu de Arte Contemporânea FIGURA 36

Praça Burle Marx FIGURA 38

Pista de caminhada

FIGURA 39

Quadra de vôlei

P6

Diante da presença de importantes equipamentos, com diferentes usos dentro do ROTAS INTERNAS parque, o conselho gestor, Parque Ibirapuera Conservação, apresenta os dois principais roteiros utilizados no local. Sendo o Primeiro (Roteiro 1 no mapa) o de Arquitetura, arte e cultura, que se inicia pelo acesso pelo Portão 4 e passa pelo complexo cultural do parque, que contém pavilhões de exposições, museus, jardins, memoriais e planetário. Já no segundo (Roteiro 2 no mapa), denominado Natureza, esporte e lazer, inicia com a entrada pelo Portão 7 e percorre praças, bosques, e todo um complexo esportivo composto de quadras e pistas de caminhada e ciclovias.

3km

Mapa 05: Zoneamento Parque Ibirapuera Imagem fornecida pelo site: Parque Ibirapuera Conservação Adaptado pela autora, 2020.

P9a

Oca

1,5

Portões de entrada P3 P4

Acesso pedestre Estacionamento

P5

0

1,5

3km

Mapa 06: Fluxos e entradas Parque Ibirapuera Imagem fornecida pelo site: Parque Ibirapuera Conservação Adaptado pela autora, 2020.

LEGENDA Edificações Roteiro 1 Roteiro 2 Limites do parque 0

1,5

3km

Mapa 07: Rotas internas Parque Ibirapuera Imagem fornecida pelo site: Parque Ibirapuera Conservação Adaptado pela autora, 2020.

11 | 38


Parque Manancial de Águas Pluviais

IMPLANTAÇÃO

LOCALIZAÇÃO Novo distrito de Qunli, cidade de Harbin, província de Heilongjiang, China China

LEGENDA

Provincia de Heilongjiang Cidade de Harbin

ESTUDOS CORRELATOS

0

800km

Mapa 08: Localização da cidade de Harbin Base de dados fornecida pelo GADM maps and data. Fonte: adaptado pela autora, 2020.

O Parque analisado é um dos primeiros parques úmidos de água da chuva na China, que tem como objetivo o combate do alagamento urbano. Este está localizado em Qunli, a nova cidade oriental de Harbin, cidade da provincia Heilongjiang. Em 2009, o escritório chinês Turenscape foi contratado para projetar um parque de zona de manancial com cerca de 34 hectares, e que se caracteriza como uma zona regional protegida. O local é cercado por estradas e desenvolvimento denso, dentro desse novo distrito que apresenta uma previsão, dentro de 15 anos, do aumento da população para cerca de 300 mil habitantes. Por conta desse crescimento e construção constante da cidade, as áreas protegidas e importância na permeabilidade pluvial, são ameaçadas, sendo assim o projeto do parque é vinculado com o combate as inundações e na aplicação da “Tecnologia de Esponja Verde para Gestão de Água da Chuva Urbana”, sendo essa um exemplo de solução baseada na natureza. O projeto faz com que o pântano se torne a infraestrutura ecológica natural da cidade, fornecendo à ela vários serviços ecossistemicos, como: a coleta, purificação, armazenamento da água da chuva e também a infiltração nos aquíferos subterrâneos. Além do contexto funcional e de proteção do pântano, o parque também estabelece novas experiências recreativas e novos espaços que proporcionam a apropriação por parte dos habitantes da cidade.

CONTEXTO URBANO DO PARQUE Vista áerea do parque e seu entorno

FIGURA 40

Visão do pedestre em relação ao entorno

FIGURA 41

2

0

4km

LEGENDA 1- Entrada Leste 2- Torre 3- Lagoas 4- Monte coberto de bétulas 5- Entrada oeste 6- Passarela 7- Pavilhões 100 0

Mapa 09: Implantação do Parque Fonte: site do escritório Turenscape

200m

SISTEMA DE PÂNTANOS ARTIFICIAIS

O projeto do parque cria um sistema de pântanos artificiais, que funciona como um cinturão de filtro da água da chuva urbana. O sistema é organizado por “bolhas”que tem como função, a purificação da água da chuva , e estas estão concentradas nas bordas do terreno. Fazendo com que a chegada no pântano original, localizado na área central do parque, só aconteça após o processo de filtragem nas extremidades. Para o processo de purificação é usado diferentes comunidades de plantas, sendo elas: Gramíneas nativas de mananciais, prados , entre outras, formando assim um sistema de pântanos com múltiplos habitats.

LEGENDA 0

1

2km

Mapa 10: Qualidade da água Fonte: site Turenscape.com

Pouquíssima qualidade Pouca qualidade Boa qualidade Muito boa qualidade


MATERIALIDADE Os materiais utilizados nos elementos do projeto, como nas passarelas, mirantes, pavilhões e torres, são basicamente compostos por estruturas metálicas e pela madeira. O uso destes, faz com que a ambientalização, dentro do parque, se torne mais confortável e esteticamente interaja harmonicamente com a paisagem natural do pântano. Os elementos estabelecem uma evidenciação dos materiais, em sua forma natural. E os mobiliários são moldados pelos diferentes usos e contextos dentro do parque.

FIGURA 43

FIGURA 44

FIGURA 42

FIGURA 45

As passarelas elevadas proporcionam um percurso acessível e abrange grande parte da extensão do parque. É distribuída e moldada de acordo com os potenciais da área. Os pavilhões e áreas cobertas se localizam em áreas com visual marcante, já as passarelas ligam o exterior com as áreas distribuidas na extensão do parque. Há também caminhos ao nível do solo, que estabelecem uma ligação mais direta com a natureza. Nestes caminhos há a implementação de assentos na região das lagoas, evidenciando e aproximando o usuário ao recurso hídrico, gerando uma conexão direta.

FIGURA 46

FIGURA 47

FIGURA 48

Quanto ao quesito estético dos elementos distribuídos na área, é possível verificar a busca pela aparência original dos materiais, como por exemplo nos pavilhões em que os fechamentos são compostos por troncos de madeira cortados e sobrepostos, por pedras contidas por uma grade, ou por paíneis de palha que remetem a uma referência cultural chinesa. Estas são evidenciais de que a composição dos elementos também é vinculada com o contexto natural e cultural apresentado no projeto.

FIGURA 49

FIGURA 50

FIGURA 51

O esquema ao lado apresenta esque- PASSARELAS, PAVILHÕES E TORRES maticamente as intervenções consequentes das estratégias de projeto tomadas, sendo essas: 1. Preservação do núcleo natural : O núcleo central do pântano original é intocada, preservando os processos naturais existentes. 2. Estratégia de corte-e-aterro para criar um anel externo (pântano artificial). REDE DE CAMINHOS E PLATAFORMAS É criado um colar de lagoas e montes cercando o antigo pantanal usando uma técnica simples de corte-e-aterro. Este anel periférico de lagoa-e-monte envolvente cria uma zona de transição para o núcleo central. O seu funcionamento envolve a coleta das águas pluviais da área urbana por meio de um tubo que rodeia a circunferência do manancial , para em seguida serem liberadas uniformemente para filtragem nas lagoas. ANEL DE ATERROS 3. Os caminhos: No nível do solo a forma apresentada pelo sistema de filtração é acompanhada por uma rede de caminhos, organizados entre as lagoas e os montes (compostos por bosques de árvores nativas), permitindo assim que os visitantes tenham a experiência da travessia por um ambiente de floresta. 4. Camada superior a paisagem natural: ANEL DE CORTES Passarelas aéreas ligam os montes dispersos permitindo que os usuários tenham uma experiência visual de apreciação do manancial. Plataformas, pavilhões e mirantes são definidos nos montes e conectados através da passarela para permitir que os visitantes tenham vistas distantes e que observem a natureza no centro. O Parque de Águas Pluviais é um proZONA DE PÂNTANO ORIGINAL jeto que demonstra uma metodologia orientada por serviços ecossistêmicos e que utiliza de soluções baseadas na natureza para apresentar um projeto de um parque urbano mais resiliente, evidenciando a importância da preservação e da conservação do recurso fundamental para a vida humana, a água.

0

1

2km

0

1

2km

0

1

2km

0

1

2km

0

1

2km

Mapa 11: Esquema camadas do parque Fonte: site Turenscape.com

13 | 38


CONTEXTO REGIONAL

Contexto socioeconômico Cascavel é um cidade paranaense, localizada na mesorregião oeste do Paraná e na Microrregião de Cascavel. É um munícipio de médio porte, com cerca de 332.333 habitantes (IBGE,2020) que é intitulado como polo regional, pela sua grande influência e relação com as cidades da região. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a microrregião geográfica de Cascavel ocupa uma área de 8.525,238 m² e é constituída por 18 (dezoito) municípios, sendo eles: Anahy, Boa Vista da Aparecida, Braganey, Cafelândia, Campo Bonito, Capitão Leônidas Marques, Cascavel, Catanduvas, Corbélia, Diamante do Sul, Guaraniaçu, Ibema, Iguatu, Lindoeste, Nova Aurora, Santa Lúcia, Santa Tereza do Oeste e Três Barras do Paraná. Dentre os apresentados, Cascavel é a cidade de maior população e de maior representação econômica, sendo ela referência dentro do mundo do agronegócio.

0

75 150km

Estado do Paraná Mesorregião do Oeste Paranaense Microrregião de Cascavel Município de Cascavel Mapa 12: Distribuição Espacial de Cascavel. Base de dados fornecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Fonte: elaborado pela autora, 2020.

Outro fator que ajudou o município a se tornar polo regional, foi seu posicionamento geográfico estratégico, situado no acesso as fronteiras internacionais e com um trevo que liga as principais rotas do Paraná e de outros estados (IPARDES, 2008).

CASCAVEL e a região FIGURA 52 - VEGETAÇÃO DA ÁREA CONHECIDA PELAS FONTE DOS LEÕES

Um estudo sobre os arranjos populacionais LEGENDA Toledo no Brasil, efetuado pelo Instituto Brasileiro de GeBR 277 ografia e Estatística (IBGE) em 2010, demonstra BR 467 essa relação dinâmica de integração entre muBR 369 nicípios. No estudo a cidade de Cascavel é deliPR 180 mitada como um arranjo populacional de média Foz do PR 486 Iguaçu concentração (escala que abrange municípios que Perímetro tenham entre 100 mil e 750 mil habitantes), sendo urbano Curitiba ela o núcleo principal que detem uma estrutura Município de Cascavel econômica e produtiva que agrega os municipios (Sede administrativa + distritos) em torno, como é exemplificado com o município de Santa Tereza do Oeste, cidade essa com cer10 20km 0 ca de 10.000 habitantes, que interage de forma Mapa 13: Conexões rodoviárias. dinâmica com o núcleo do arranjo (Cascavel), por Base de dados fornecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia meio dos chamados ´´movimentos pendulares `` e Estatística (IBGE) e Prefeitura Municipal de Cascavel. Fonte: elaborado pela autora, 2020. para trabalho e estudo.


A estrutura econômica da microrregião de Cascavel está vinculada principalmente ao agronegócio, ou seja, agropecuária, agroindústria e comercialização dos produtos agrícolas e agroindustriais. A microrregião se destaca pelo cultivo de grãos, sendo seus principais produtos, a soja , o trigo, o milho, o arroz, o algodão e o feijão, tendo os três primeiros seus maiores expoentes. E ainda apresenta outras atividades produtivas, como: a avicultura, bovinocultura, suinocultura e ovinocultura. A cidade de Cascavel, têm maior população dentre a região e também apresenta um número mais expressivo de agroindústrias e diversas empresas do setor de serviços, tendo consequentemente a geração de mais oportunidades de trabalho tanto para a população da cidade, quanto para as do entorno. O Município possui 8.995 empresas cadastradas, as quais geram 87.146 empregos de carteira assinada , sendo assim a quarta cidade do Paraná no ranking de geração de empregos. (IPARDES, 2010).

FIGURA 53

FIGURA 54

Além do quesito econômico, Cascavel é considerado um núcleo de educação, separação feita pela secretaria de educação do estado do Paraná, atendendo 18 municipios da região, sendo eles: Anahy, Boa Vista da Aparecida, Braganey, Cafelândia, Campo Bonito, Capitão Leônidas Marques, Cascavel, Catanduvas, Céu Azul, Corbélia, Guaraniaçu, Ibema, Iguatu, Lindoeste, Santa Lúcia, Santa Tereza do Oeste, Três Barras do Paraná e Vera Cruz do Oeste. Sendo assim a cidade atende alunos de todos os municípios mencionados, com escolas e ensino de qualidade. Além disso , o setor universitário Cascavel também se destaca, apresentando várias instituições de ensino superior tanto públicas, quanto privadas.

FIGURA 58

FIGURA 55

FIGURA 56

FIGURA 57

A cidade é referência no setor da saúde, fazendo parte da 10a regional da sáude do estado, abrangendo mais 24 municípios, sendo eles: Anahy, Boa Vista da Aparecida, Braganey, Cafelândia, Campo Bonito, Capitão Leônidas Marques, Catanduvas, Céu Azul, Corbélia, Diamante do Sul, Espigão Alto do Iguaçu, Formosa do Oeste, Guaraniaçu, Ibema, Iguatu, Iracema do Oeste, Jesuítas, Lindoeste, Nova Aurora, Quedas do Iguaçu, Santa Lúcia, Santa Tereza do Oeste, Três Barras do Paraná, Vera Cruz do Oeste. Sendo esses atendidos por mais de 6 hospitais, públicos e privados, além de outras clínicas especializadas.

Contexto cultural e turístico

O estado do Paraná é dividido em 14 regiões turísticas, sendo o oeste do estado dividida em duas regiões, conhecidadas como ‘‘ Cataratas do Iguaçu e Caminhos ao Lago de Itaipu’’ e ‘‘Riquezas do oeste’’. CIDADES PERTENCENTES A CADA REGIÃO Cataratas do Iguaçu e Caminhos ao Lago de Itaipu MEDIANEIRA MERCEDES MISSAL PATO BRAGADO RAMILÂNDIA SANTA HELENA SANTA TEREZA DO OESTE SANTA TEREZINHA DE ITAIPU SÃO MIGUEL DO IGUAÇU TERRA ROXA

CÉU AZUL DIAMANTE D'OESTE ENTRE RIOS DO OESTE FOZ DO IGUAÇU GUAÍRA ITAIPULÂNDIA MARECHAL CÂNDIDO RONDON MATELÂNDIA SERRANÓPOLIS DO IGUAÇU

Riquezas do oeste ASSIS CHATEAUBRIAND BRAGANEY CAFELÂNDIA CAPITÃO LEÔNIDAS MARQUES CASCAVEL CORBÉLIA FORMOSA DO OESTE IRACEMA DO OESTE

JESUÍTAS MARIPÁ NOVA AURORA SANTA LÚCIA TRÊS BARRAS DO PARANÁ TOLEDO TUPÃSSI VERA CRUZ DO OESTE

0

75

150km

Mapa 13: Conexões rodoviárias. Base de dados: http://www.turismo.pr.gov.br/

A primeira se trata da região mais próxima da cidade de Foz de Iguaçu e da tríplice fronteira ( entre Brasil, Paraguai e Argentina), sendo essa região retratada pelas suas belezas naturais, como o Parque Nacional do Iguaçu, as Cataratas, a Usina Hidréletrica de Itaipu e outras atrações naturais que chamam a atenção de turistas do mundo inteiro. O lago de Itaipu (de Foz do Iguaçu a Guaíra) evidencia uma dos principais elementos da composição da região, a água, sendo os lagos, rios e cataratas ambientes marcantes da paisagem.

FIGURA 59

FIGURA 60

Já a segunda região, apresenta uma característica evidenciada pelo desenvolvimento do agronegócio. Com grande expressão no eixo Cascavel- Toledo, eventos como o Show Rural EXPOTOLEDO e EXPOVEL, trazem um foco turistico a busca por novas tecnologias e inovações no setor. A mesma região ainda apresenta eventos automobilísticos - arrancadões, provas de rally e fórmula truck, entre outros, de referências no circuito nacional e internacional. O cultivo de flores sobressai-se em Corbélia e Maripá, no paisagismo e nos eventos. Na gastronomia, o Porco no Rolete e outros pratos típicos são grandes atrações turísticas. A represa de Salto Caxias, em Capitão Leônidas Marques, propicia belas paisagens com opções de lazer, pesca e náutica assim como na represa do Baixo Iguaçu, onde os destaques são os condomínios de lazer às margens do rio Iguaçu.

FIGURA 61

FIGURA 62

FIGURA 63

15 | 38


CONTEXTO HISTÓRICO

A reocupação de Cascavel O oeste paranaense, tem um histórico marcante quando se analisa a disputa de terras. A região, que foi ocupada primeiramente por diferentes povos indígenas, sendo eles: Xetá, Kaigang e Guarani, só foi anexada ao Brasil após vários tratados com a Espanha e posteriormente integrada a província de São Paulo. Sua emancipação política, se deu em 1853 quando foi integrada na província do Paraná. Esta também passou por processos marcantes na história do Brasil, como as ocupações religiosas dadas pelas missões jesuítas e a destruição dessas pelos bandeirantes paulistas no início do século XVII. (PRIORI, 2012). Entre 1881 e 1930, foi apresentado a região, o sistema denominado obrages. Sendo elas, áreas de terras utilizadas para extração de erva-mate e madeira (potenciais da região na época), concedidas pelo governo brasileiro a empresas estrangeiras, em sua maioria argentinas e inglesas (WACHOWICZ, 1987). Essas tinham como um dos seus principais objetivos, o controle dos trabalhadores, evitando o contrabando em portos clandestinos no rio Paraná (GREGORY, 2002).

Outro acontecimento nacional que influenciou a região foi a chamada “Marcha para o Oeste”, projeto desenvolvido pelo governo Getúlio Vargas no final da década de 30, era evidenciado o objetivo de ocupação dos “espaços vazios” do interior do país, priorizando sobretudo as regiões de fronteiras internacionais (Brocardo, 2014). Além disso, o projeto tinha a intenção de incentivar as produções e exportações do setor agrícola entre as regiões, fazendo com que houvesse uma organização de um programa de construções de novas malhas rodoviárias. Em 1945, a integração da “Encruzilhada” no processo, gerou a denominada BR-35. (Piaia,2004). Outro fator que somou para as providencias levadas por Vargas, foi a passagem da Coluna Prestes pela região paranaense, ampliando a questão do abandono dessa região por meio do governo, já que esses passavam por regiões de interior sem muitas estruturas governamentais estabelecidas. Para o combate dessa problemática, foi concedida a autonomia ao extremo oeste do estado, originando o Território do Iguaçu, estabelecendo como liderança o interventor General Mario Tourinho.(Piaia,2014).

FIGURA 65

FIGURA 64

O processo de ´´reocupaçãò` do oeste paranaense teve grande influência do ciclo econômico da erva-mate (séc.XV-1930). As rotas ervateiras, abriram novas estradas na região oeste para transporte e comercialização do produto, e consequentemente importantes entroncamentos foram criados, nos encontros desses trajetos, sendo um deles conhecido como Encruzilhada. Nesse local estratégico, apresentado no esquema abaixo, foi onde se iniciou as primeiras ocupações espontâneas, que posteriormente deram origem ao município de Cascavel (Wachovicz,1987). Na década de 20, de maneira espontânea, gaúchos e catarinenses imigram para a região oeste do Paraná e Cascavel, uma vila na época, se tornou um dos pontos de irradiação desse movimento. Após a Revolução de 30, onde há a queda da República Velha, muitas concessões de terras antigas foram anuladas e a “reocupação” da região é dirigida primeiramente pelo Governo do Paraná, que estabelece projetos de ocupação e faz a previsão de futuros núcleos urbanos. como é o caso de Cascavel, que em 1936, consegue 100 ha de terra para organização inicial de um núcleo urbano (Sperança, 1992). Empresas colonizadoras, privadas, também tiveram participação nesse processo.

Na década de 40, o povoado (origem da cidade de Cascavel), que ainda pertencia ao município de Foz do Iguaçu, foi fortalecido pelo segundo ciclo econômico que se desenvolveu na região, o Ciclo da Madeira (1940- 1970). A paisagem sendo favorável para tal atividade, já que a região pertencia, até a década de 70, a uma área de vegetação composta pela chamada Floresta Ombrófila Mista (FOM), sendo essa parte do bioma da Mata Atlântica (Castella; Britez, 2004). A espécie mais extraída nos primeiros anos era a Araucária (Araucaria angustifólia), consequentemente com a devastação da área, hoje é uma espécie em extinção. Esse ciclo é relatado como causa de grande progresso para a região, gerando um crescimento populacional de 79,77% ao ano na década de 1950 e um dos importantes elementos de influência para efetivar Cascavel como múnicipio (Lei estadual 790/51), no dia 14 de dezembro de 1952 (Sperança, 1992). Porém o mesmo ciclo trouxe uma vasta devastação da vegetação regional, que em 1970, sem mais estoques naturais, levou as grandes madeireiras a se deslocarem em busca de novas áreas para seguir suas atividades e a região teve que tomar novos rumos econômicos. Nessa perspectiva de desmatamento e negligência quanto a preservação ambiental no período de “reocupação” , o núcleo urbano atual apresenta poucas áreas de preservação, sendo sua maior e mais evidente, os 1.170.000 m² de extensão do Parque Ecológico Paulo Gorski, objeto de estudo do presente trabalho, sendo esse um importante elemento de memória da paisagem nativa da região.

FIGURA 67

16 | 38

FIGURA 66

FIGURA 68


1961 Diante desse cenário, de esgotamento da matéria prima da principal atividade produtiva da época, a madeira, foi necessário investir em um novo ciclo econômico, fazendo com que as amplas áreas desmatadas fossem substituídas pela implantação da agricultura (Piaia, 2013). Com a facilidade de acesso a crédito bancário, a aquisição de novos maquinários foi facilitada e consequentemente ouve um aumento da produção e do êxodo rural, gerado pela diminuição da demanda do trabalho humano no setor (IPARDES, 2008). Esse terceiro ciclo econômico da região, fez com que dois movimentos se desenvolvessem em um ritmo acelerado na cidade, a urbanização e o investimento no setor do agronegócio, sendo esses importantes elementos vivenciados na cidade até os dias atuais. A cidade se tornou um grande Polo regional, com complexos agroindustriais da soja, milho, frango, suíno, e leite (Reis, 2017).

1945

Rota ervateira é melhorada e deslocada formando a BR-35 (Programa rodoviário Marcha para o Oeste).

1953

Vias Laterais da BR-35 se tornam a chamada Avenida Brasil.

1959

Projeto Núcleo Inicial - chamado de Patrimônio Velho.

1961

1963 1969

1a intervenção no eixo estruturante - alargamento para 60 metros. Dividida em 3 pistas, a central para BR-35 e as laterais para a Avenida Brasil.

FIGURA 71

1966

Projeto de expansão - chamado de Patrimônio Novo. BR-277 finalizada. Sendo ela ligação de Curitiba com Foz do Iguaçu e que subtituiu a BR-35, retirando o tráfego rodoviário do centro da cidade.

FIGURA 72

2a intervenção na Avenida Brasil. O arquiteto Gustavo Gama 1972 Monteiro, projeta um configuração de estacionamentos e jardins ao longo do centro da avenida (área em que a BR-35 se localizava anteriormente) . FIGURA 69

FIGURA 70

1974

Evolução do desenho urbano de Cascavel A evolução do desenho urbano da cidade de Cascavel teve grande influência do elemento que também moldou a transformação do vilarejo para centro urbano, a rota ervateira. A rota que a partir de 1945, se tornou BR 35, passou por diversas intervenções ao passar dos anos e se transformou na atual avenida Brasil, eixo estruturante da cidade. A evolução desse eixo é apresentada no esquema temporal a seguir: 1920 - Encruzilhada: encontro de rotas no período do ciclo da erva-mate.

0

2

4km

Mapa 14: Encruzilhada Fonte adaptado de Sperança(1992); Piaia(2014).

1975

Desenvolvimento do Primeiro Plano Diretor de Desenvolvimento, elaborado pela arquiteta Solange Irene Smolarek Dias. O zoneamento indicava o adensamento ao longo da Avenida Brasil e a aprovação de 124 loteamentos em áreas mais periféricas.

1972

FIGURA 73

1983

Criação da Secretaria de Planejamento (SEPLAN).

1978

O arquiteto Jaime Lerner é contratado para analisar o Plano Diretor de Desenvolvimento da cidade. Tendo como resultados principais das análises, o reconhecimento da Avenida Brasil como atração da cidade e as relações comerciais e de convivência ocorrente na mesma. E ainda o espalhamento desnecessário dos 124 loteamentos criados, que acarretou em áreas de vazio urbano e custeamento desnecessário com infraestrutura.

1983

3a intervenção na Avenida Brasil. O arquiteto Luiz Forte Netto, insere áreas verdes e de pedestres no centro da cidade.

1989

Escritório cascavel NBC, cria o Calçadão, uma área de convivência no centro da cidade, com sua configuração de vias em curvas estabelece uma diminuição da velocidade do tráfego.

2012

Aprovação do novo Plano Municipal Viário e de Transportes de Cascavel. Início da execução do Programa de Desenvolvimento Integrado da cidade, financiado Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

FIGURA 74

1990

FIGURA 75

17 | 38


CASCAVEL Evolução da malha urbana Década 60

Década 70

Década 80

LEGENDA

Mapa 15: Esquema evolução malha urbana. Fonte adaptado de Sperança(1992);Piaia(2014).

Área do parque (inaugurado em 1984) Avenida Brasil e BR 277 Perimetro Urbano Malha Urbana Atual Patrimônio “Velho” (1936) Patrimônio “Novo” (1952) Loteamentos década de 1960 Loteamentos década de 1970 Loteamentos década de 1980

18 | 38

Após sua emancipação como município em 1952, Cascavel passou por grandes tranformações na sua malha urbana. Em 1959, é aprovado o projeto do núcleo urbano inicial, chamado Patrimônio Velho, localizado nos arredores da conhecida Encruzilhada. Já em 1963 há um novo projeto de expansão urbana feito pelo governo estadual, o chamado Patrimônio Novo (PIAIA,2013). Uma transformação importante na malha urbana foi o desvio da BR 35 para o Sul, formando a nova BR 277, que foi finalizada em 1969, e retirou o tráfego rodoviário do centro da cidade (DIAS et al.,2005). Já nas décadas de 1970 e 1980, Cascavel passa por uma época de grandes modificações, já que há um grande movimento de exôdo rural e consequentemente um grande aumento de população na área urbana. Com esse adensamento, há a necessidade de criar as primeiras leis urbanísticas da cidade. Sendo então, em 1974, criado o primeiro Plano Diretor de Desenvolvimento da cidade, que estabeleceu, por meio da Lei do Zoneamento, o adensamento da Avenida Brasil e a aprovação e abertura de 124 loteamentos novos, que pela distância do centro e pela falta de infraestrutura gerou várias áreas de vazios urbanos (DIAS et al., 2005). Com o rápido crescimento demográfico, Cascavel se expandiu de forma espalhada, horizontalmente. Em 1978, o arquiteto Jaime Lerner foi designado para analisar o Plano Diretor criado e por meio de sua avaliação é destacada a importância da Avenida Brasil como uma atração da cidade e ainda a relação comercial e de convivência do centro.

Parque ecológico Paulo Gorski- História

LEGENDA

Figura 76 : Vista Lago Municipal, 1985.

Hidrografia Parque Municipal Danilo Galafassi

A atual localização do Parque Ecológico passou por várias adaptações até seu formato e implantação atual. A primeira área criada para preservação da fauna, da flora e das nascentes do Rio Cascavel, foi o denominado Parque Municipal Danilo Galafassi, em 1976. Já em 1978, a mesma área teve uma mudança no seu uso, sendo implementado um programa de área de lazer e de auxilio aos orgãos de tratamento e reabilitação de animais silvestres, criando assim o conhecido Zoológico Municipal de Cascavel. Já em 1984, é inaugurado o Parque ecológico Paulo Gorski, área implantada entre a BR-277 e a Avenida Brasil, que apresenta uma grande área de preservação e reflorestamento da mata nativa e ainda um lago artificial, inseridas no meio urbano.

IMAGENS AMBIÊNCIAS E ATIVIDADES NO PARQUE

No dia 21 de dezembro de 1988, por meio da lei municipal nº 2019, as áreas do Parque ecológico e do zoológico municipal são unificadas, fazendo parte de um sítio ecológico de natureza cultural. o complexo inclui áreas com os seguintes usos: Conservação e reflorestamento da mata natural; Horto florestal; Jardim Zoológico; Biblioteca e museu de história natural; Piscicultura; Lazer; Laboratório de pesquisas. Quanto aos equipamentos construídos na área, o atual edifício que abriga a secretaria de meio ambiente, tinha como uso inicial uma área de alimentação. Já a Igreja do lago (Igreja Nossa Senhora de Fátima), inicialmente localizada no distrito de São João d’Oeste, sendo transferida para o Parque em 1987. Já em 2012, a mesma foi tomabada como patrimônio histórico de Cascavel. Outro edifício marcante que era localizado no parque, era o Antigo Teatro Barracão, que foi inaugurado na década de 90, mas foi demolido em 2012.

FIGURA 77

FIGURA 79

FIGURA 81

FIGURA 78

FIGURA 80


ANÁLISE URBANA

Suporte biofísico

Base de dados: Fonte: elaborado pela autora, 2020.

O estado do Paraná apresenta 16 bacias hidrográficas em seu território, sendo que elas somam 196 mil quilômetros quadrados de extensão. Esse recurso hidrico é destinado para diferentes usos, desde abastecimento público até áres de preservação de vida aquática. Os usos de maior consumo no estado são de abastecimento público, com cerca de 44%, uso industrial, com cerca de 24%, agricultura com 20% e pecuária com 12%. A gestão desses recursos é feita pelo Instituto das águas do Paraná (AEN/PR, 2019). Já o munícipio de Cascavel, faz parte de 3 bacias hidrográficas, sendo elas: Paraná 3, Piquiri e Iguaçu. LEGENDA O território municipal tem uma grande rede de drenaPerimetro Urbano gem, além de diversas nascentes no contexto rural e Bacias hidrográficas do Paraná urbano. Paraná 3 Quanto ao clima, Cascavel é caracterizado Piquiri pela tipologia subtropical úmido mesotérmico. Sendo suas precipitações bem distribuídas, com propensão de Iguaçu chuvas concentradas nos meses de verão, sem estação Demais bacias seca definida e umidade do ar próxima a 75% (AMAMapa 17: Mapa bacias hidrográficas do Paraná RANTE, 2015).

No contexto urbano da cidade, há a presença de diversas nascentes e um ampla rede de drenagem. A maior parte das áreas com corpos hídricos são protegidas e denomidas áreas de preservação permanente. Sendo essas támbem evidenciam a característica topográfica em comum, de serem áreas mais baixas e de maior importância quanto a permeabilidade e drenagem urbana. Parque Ecológico Paulo Gorski

LEGENDA Bacias hidrográficas do Paraná

ANÁLISE URBANA FIGURA 82 - VEGETAÇÃO EM ÁREA DE NASCENTES DO RIO CASCAVEL

Figura 83

Curvas de nível

Paraná 3

Perimetro Urbano

Piquiri

Hidrografia Urbana

Iguaçu

Nascentes

Mapa 18: Mapa hidrografia urbana de Cascavel/PR Base de dados: Fonte: elaborado pela autora, 2020.

19 | 38


Microbacia do Rio Cascavel

1 2

A microbacia do Rio Cascavel abrange uma área de aproximadamente 50 km2 e

8

tem uma grande contribuição quanto ao abastecimento da cidade de Cascavel, cerca de 60% da água é captada nessa microbacia. Dos 50 km2, cerca de 12,8 são apresentados dentro do perimetro urbano, 18,3 em contexto de Plantio ou Pastagem, 18,9 em área de mata e 0,44 km2 na região do Parque Ecológico Paulo Gorski (NANCY;SAMPAIO;SUSZEK, 2009). Já contabilizando toda a área drenante, a microbacia pode chegar a uma área de drenagem de 117,5 km² (TOSIN,2005). O rio Cascavel nasce na região do Parque, objeto desse estudo, e o local é analisado com fragilidade ambiental pelo contexto da bacia apresentar diversas nascentes em ambiente urbano, alem de conter o cruzamento de uma rodovia federal (BR 277), no meio da microbacia, que exige a canalização do rio para sua passagem pela via. Devido a sua importância tanto ambiental quanto social desse Rio para a cidade, serão criadas diretrizes para a preservação tanto das nascentes quanto das áreas de drenagem.

3

Topografia

4

5

6 7

Parque Ecológico Paulo Gorski

9 B

A

Altimetria

LEGENDA Nascentes

Quadras

6

NASCENTES RIO CASCAVEL

2

FIGURA 84

FIGURA 88

20 | 38

FIGURA 89

5

FIGURA 85

1

8

PERFIS ESQUEMÁTICOS

LEGENDA

A partir da Cartografia Municipal, são denominaPerimetro Urbano Rio Cascavel dos 14 afluentes do Rio Cascavel, sendo eles: Ribeirão da Microbacia Rio Cascavel Rede de Drenagem Paz (Rio Peroba), Córrego Jabuticabeira, Arroio Cascavel, Córrego Milla, Arroio Diogo, Arroio São Marcos, Rio da Mapa 19: Mapa microbacia do Rio Cascavel Paz, Córrego Antonio, Arroio Juvenal, ribeirão Coati Chico, Base de dados: Arroio Capão do Tigre, Arroio Farmácia, Córrego Grama- Fonte: elaborado pela autora, 2020. dinho e Córrego Vilaka.

4

A’ B’

AFLUENTES RIO CASCAVEL

3

O município de Cascavel apresenta uma altitude média de 750 m, acima do mar. Sendo seu relevo, ao longo do território, distribuido com cerca de 50% representado por áreas planas ou suavemente onduladas e 50% de áreas com média a alta declividade. O Planalto de Cascavel faz parte do Terceiro Planalto Paranaense ou também chamado Planalto de Guarapuava, sendo essa região fisiográfica mais simples quanto as suas formas e estruturas, e sua evolução morfoescultural influenciada pela ação dos rios Piquiri, Ivaí e Iguaçu. (Embrapa,1984) Na área urbana, como demonstrado no mapa ao lado, as áreas mais baixas se localizam em áreas de rede de drenagem e com presença de corpos hídricos. Já as áreas mais altas se localizam nos limites das microbacias.

FIGURA 86

9

FIGURA 90

FIGURA 87

7

FIGURA 91

Vegetação

200m 350m

Curvas de nível

500m 650m 800m

Hidrografia Urbana

Perimetro Urbano 700m

0m

1000m

780m

Mapa 20: Mapa altimetria urbana de Cascavel/PR Base de dados: Fonte: elaborado pela autora, 2020.

Vegetação

2000m

Vegetação

690m 0m

1000m

3000m

4000m

BB’

Lago Municipal

2000m

3000m

4000m

5000m

A vegetação original da região, é a denominada Floresta Ombrófila Mista, que no período do ciclo da madeira, foi altamente devastada e ao passar dos anos, modificada pela presença de atividades agrícolas na região. Devido a esse histórico, há poucas áreas onde a floresta é preservada. No contexto urbano de Cascavel a área de preservação deste tipo de vegetação, se localiza na microbacia do Rio Cascavel, tendo uma grande área implantada dentro do Parque Ecológico Paulo Gorski. As demais áreas verdes, apresentadas no perimetro urbano são denominadas áreas de preservação permanente (APP’s) e alguns pontos de reflorestamento.

LEGENDA APP Floresta Ombrófila Mista

FIGURA 92

AA’

Lago Municipal

780m

Curvas de nível

Perimetro Urbano Figura 93: Araúcarias no Parque. Exemplares da Araucária (Araucaria anReflorestamento Hidrografia Urbana gustifólia) que atualmente é uma espécie Mapa 21: Mapa vegetação urbana de Cascavel/PR em extinção. Base de dados: Fonte: elaborado pela autora, 2020.


Legislação Ambiental 2 3

1

LEGENDA

ZFAU_-SP (Zonas de fragilidade ambiental -

Bacia de abastecimento

Subzona de proteção)

Quadras

Construção em fundo de vale

Perimetro Urbano

Área de preservação e lazer

Hidrografia Urbana

A legislação ambiental, em um âmbito nacional, por meio do Codigo Florestal Brasileiro (Lei n. 12.651/2012), define a Área de Preservação Permanente (APP),como uma área protegida, sendo ela coberta ou não por vegetação nativa, com a função de preservação. ambiental. Essa área pode pertencer a zonas rurais ou urbanas e quando relacionada com a presença de recursos hídricos, são organizadas faixas marginais a esses cursos d’água , podendo ser perenes ou intermitentes. A faixa mínima delimitada tem uma largura de 30 metros, para cursos d’água de menos de 10 metros (sendo essa largura contada a partir da borda da calha do leito regular).

ESQUEMA Faixa mínima delimitada

Curso d’água

Mapa 22: Mapa vegetação urbana de Cascavel/PR Base de dados: Fonte: elaborado pela autora, 2020.

10 metros

30 metros

Já em um contexto estadual, o estado do Paraná aprensenta, por meio da Lei Nº 11054 de 11/01/1995, Art. 6º a concebe como de preservação permanente, no âmbito do Estado do Paraná, as florestas e demais formas de vegetação especificadas no código florestal brasileiro. E ainda evidencia a importância do poder municipal no planejamento, na fiscalização e na preservação dessas áreas. O município de Cascavel, estabelece por meio de seu PLano Diretor de 2017, quatro macrozonas vinculas a gestão do território da cidade, sendo uma delas direcionada a proteção ambiental, a Macrozona de Fragilidade Ambiental Urbana - MFAU. Essa macrozona abrange as Áreas de Preservação Permanente - APP, as áreas limítrofes às APP, as quais margeiam curso d’água, nascente, veredas ou vegetação nativa a preservar, os Parques Municipais e a área da bacia do Rio Cascavel. Quanto a composição e ocupação da macrozona, é apresentado duas sub zonas:

1- A Zona de Proteção - ZP possui potencial construtivo especial e integram a mesma: as Áreas de Preservação (APP), o leito dos cursos d’água, lagos, nascentes e veredas, Áreas de Proteção Ambiental - APA, Áreas Verdes de Domínio Público, em conjunto com praças, parques, jardins e similares de propriedade do Município, e nestas, os usos serão regulamentados pelo Órgão Municipal de Planejamento. 2- As demais áreas comporão a Zona de Uso e Ocupação Controlados - ZUOC, onde não podem ocorrer usos urbanos perigosos, incômodos ou nocivos e exigirão cuidados especiais com poluição, escoamento de águas pluviais, coleta e tratamento de esgotos, controle de erosão, entre outros.

FUNDO DE VALE

3

2

FIGURA 94

FIGURA 98

Densidade populacional

FIGURA 99

As regiões mais adensadas da cidade de Cascavel se localizam, em um contexto geral, nas áreas mais periféricas, apresentando apenas pequenas parcelas de adensamento no centro, sendo essas localizadas em áreas verticalizadas. Já na área evidenciada, aos arredores do parque ecológico, é possivel visualizar que a densidade populacional é mais baixa. Sendo essa área, predominantemente residencial e com gabaritos de até 2 pavimentos, sendo poucos exemplares de edifícios com mais pavimentos . E ainda, no entorno imediato do parque , é apresentado dwalguns condomínios fechados de alta renda.

APP

1

ANÁLISE URBANA

0

4km

LEGENDA

Densidade (hab/ha) 0 - 17 17 - 35 35 - 48 48 - 62 62 - 256

2

Perimetro Urbano Mapa 23: Mapa densidade populacional Base de dados: Fonte: elaborado pela autora, 2020.

No contexto das rendas polucionais a uma inversão no mapeamento, com as áreas de menor renda nos bairros mais periféricos e num contexto central, rendas mais altas. Na área evidenciada, nos arredores do parque, é possível observar que há uma divisão marcante entre as rendas mais altas, na região que vai do centro até a BR 277. Sendo a rodovia um divisor, evidenciando os bairros com rendas mais baixas ao sul.

Renda populacional

77 BR 2

0

Renda 325 - 814 814 - 1020 1020 - 1412 1412 - 2102 2102 - 7365

2

4km

LEGENDA Perimetro Urbano Mapa 24: Mapa densidade populacional Base de dados: Fonte: elaborado pela autora, 2020.

21 | 38


Equipamentos públicos históricos

Malha urbana MALHA E MOBILIDADE URBANA

EIXOS COMERCIAIS

LEGENDA

0

Uso comercial

4km

Terminais de ônibus

Área de abrangência do parque

Quadras Perimetro Urbano Hidrografia Urbana

2

Aeroporto Rodoviária Mapa 25: Esquema malha urbana Base de dados: Prefeitura municipal de Cascavel Fonte: elaborado pela autora, 2020.

Aeroporto

A malha urbana de Cascavel, como é possivel visualizar no esquema ao lado, apresenta um tecido predominantemente ortogonal. Quanto ao vias comerciais da cidade, é possível observar que além do eixo que corta a cidade de leste a oeste (sendo esse apresentados pela Avenida Brasil e a Avenida Tancredo Neves), há também eixos que ligam o centro com as demais regiões da cidade, evidenciando eixos secundários que continuam com a predominância comercial. Outro fator importante evidenciado, quanto a ligação entre regiões da cidade, é localização dos terminais de ônibus da cidade, sendo esses localizados nas regiões: Nordeste, Sul, Leste, Oeste e Sudoeste. Além disso, a cidade apresenta uma rodoviária, localizada em um contexto central e o Aeroporto, localizado na rota de saída da Br 277, direção à Foz do Iguaçu. Quanto a região do parque, é marcada pela proximidade de acesso com a BR 277, rota de acesso ao aeroporto, e também pela proximidade com o eixo comercial da Avenida Brasil e da Avenida Rocha Pombo, ambas apresentando pontos de onibus por todo o percurso, sendo a avenida Brasil diferenciada pela sua via exclusiva para ônibus e ciclovias por toda sua extensão.

Terminal Leste

Há equipamentos presentes no contexto urbano atual da cidade, que apresentam-se como importantes marcos do desenvolvimento histórico da cidade de Cascavel. Desde equipamentos como a praça Getulio Vargas que apresenta o marco zero do município ( localização da chamada “Encruzilhada”), quanto a referência a memória da paisagem nativa da região, como o conhecido Lago Municipal ( pertencente ao Parque ecológico Paulo Gorskiobjeto de estudo desse trabalho), com sua grande área de preservação da mata nativa (Floresta Ombrofila Mista), que foi amplamente devastada no período do ciclo da madeira na região. A atual Biblioteca Pública, teve como uso original a Prefeitura Municipal, a partir de 1972. Já em 1993, com a implantação do Paço Municipal 14 de julho, efetuando a relocação da Prefeitura. Outro marco que teve sua localização alterada diante do desenvolvimento urbano do município, foi a Rodoviária, que com a proposta urbanística elaborada por Jaime Lerner em 1978, foi relocado para região oeste, removendo o tráfego rodoviário da área central e ligando ao contorno oeste ligado a BR 277 e a BR 467 (LERNER,1978). Esses marcos que detêm um valor simbólico para a cidade, se apresentam em comum a proximidade com o eixo estruturante da cidade ( a avenida Brasil) .

1-Praça Getúlio Vargas

Figura 103

2- Praça dos Imigrantes

Figura 104

3- Rodoviária

Figura 105

4-Prefeitura

Figura 106

5-Biblioteca

Pública

Figura 107

6-Centro Cultural Gilberto Mayer

Figura 108

7-Catedral 3 4

2

1

5 6 7

9

Figura 109

8

8-Igreja do Lago

Avenida Brasil Figura 110

LEGENDA

9-Lago Municipal

Perimetro Urbano

FIGURA 100

22 | 38

FIGURA 101

FIGURA 102

Mapa 26: Mapa equipamentos públicos históricos Base de dados: Prefeitura Municipal de Cascavel. Fonte: elaborado pela autora, 2020.

Equipamentos Quadras Google Satellite

Figura 111


Recorte: área de abrangência Para uma melhor análise e criação de diretrizes vinculadas ao Parque Ecológico Paulo Gorski e os espaços livres públicos ao seu entorno, foi utilizado medidas e parâmetros relacionados com o raio de abrangência apresentados pelo professor Renato Saboya em publicação no site Urbanidades. Sendo que o parque objeto de estudo foi classificado dentro dos critérios da tipologia Parque Municipal, com a área de 20.000 a 32.000m2 por 1.000 habitantes, tendo um raio de abrangência de 1600 a 3.200m. Com a evidência estudada, de que o parque apresenta uma influência e uso tanto municipal quanto na sua microrregião, o raio escolhido foi o de 2000 m, que consegue abrager tanto as principais relações entre os espaços livres públicos da localidade, quanto o seu principal acesso regional, com a BR 277. 1

7

8

9 14 15

3

4

2 km 10

5

16 11

6 12

7 27 R B

2

13

0

LEGENDA Quadras

ÁREA DE ABRANGÊNCIA do parque FIGURA 112 - AFLUENTE DO RIO CASCAVEL

3

6km

Pontos marcantes Vias importantes

1- Parque Ambiental Hilário 9- Parque Municipal Danilo Zardo (Vitória)

Galafassi (Zoológico)

Hidrografia Urbana

Rodovias

Marcação área de intervenção do Parque

Vias de grande fluxo

2- Parque Tarquínio Joslin dos 10- CEEBJA Santos 11- Faculdade Unopar

Vias de ligação

3- Calçadão central

Google Satellite

Mapa 27: Mapa Área de Abrangência Base de dados: Prefeitura Municipal de Cascavel. Fonte: elaborado pela autora, 2020.

12- Kartódromo Municipal

4- Teatro Municipal

13- Calçadão Cascavel Velho 5- Centro Esportivo Ciro Nardi 14- Terminal urbano Leste 6- Área militar 15- Centro de Convenções 7- Estação da cidadania Eventos 8- Shopping West Side 16- Viaduto

23 | 38


LEGENDA

Avenida Rocha Pombo

Marcação área de intervenção do Parque Área Militar Vias comerciais Hidrografia Urbana Mata nativa Mapa 28: Mapa Área de Abrangência Base de dados: Prefeitura Municipal de Cascavel. Fonte: elaborado pela autora, 2020.

Usos Uso Residencial Uso Comercial Uso Misto Uso Institucional Uso Industrial Uso militar (área militar) Antiga área industrial

Os usos institucionais contém, em sua maioria equipamentos públicos , sendo enquadrados nos setores culturais, educacionais, de saúde e de lazer. É evidenciado no entorno do parque, dois equipamentos importantes de serem analisados, já que geram um grande tráfego nas principais vias de ligação e por muitas vezes trazem para área usuários de toda a microrregião. Sendo eles, o CEEBJA e o centro universitário Unopar, localizados na avenida Rocha Pombo. Na mesma avenida, há também o Centro de exposição, que quando apresenta eventos, gera um grande fluxo a avenida. Religioso Equipamentos LEGENDA Quadras

Cultura

Esporte

Hidrografia Urbana

Escola Municipal

Hospital

Marcação área do Parque

Escola Estadual

UPA

Vias principais de ligação

Universidade

UBS

Mapa 29: Mapa Equipamentos públicos Base de dados: Prefeitura Municipal de Cascavel. Fonte: elaborado pela autora, 2020.

24 | 38

EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

ESCOLA MUNICIPAL

COLÉGIO ESTADUAL

sil

Ro ch a

Po mb

o

Bra

o iol er oP

6km

da eni Av

lind O

3

No mapa ao lado, é evidenciado o sistema viário da região analisada, demonstrando a distribuição de fluxos externos e internos (urbanos). A BR 277, apresenta uma grande importância em relação a ligação da cidade com a sua microrregião e os demais municípios do estado, além de ser um corredor de produção e turismo do Paraná. Esta apresenta marginais dentro do perimetro urbano, e estas fazem a ligação com área do parque. Já num contexto de fluxo interno, a disposição das vias são feitas primeiramente pelas denominadas vias arteriais, que em Cascavel são em grande maioria, binários, que apresentam fluxos contínuos e ligam diferentes áreas da cidade. Nessa denominação é apresentado na área analisada, a avenida Rocha Pombo (que liga o centro e a região nordeste ao parque), a avenida Carlos Gomes (que liga o centro aos bairros do sul da cidade) e as ruas da Lapa e Cuiabá ( que direcionam os fluxos de sentido sul e oeste á região do parque). Logo após, são apresentadas as vias coletoras, que distribuem o trânsito decorrente das arteriais e destinam as demais regiões. Na área evidenciada, a Avenida Brasil apresenta um importante papel, já que a mesma percorre toda região central e garante o fluxo no principal eixo comercial da cidade. Outra coletora importante na área, é a Rua Olindo Periolo que com o viaduto, atravessa a BR e liga a região sudoeste ao parque.

a Ru

0

Dentro da área de abrangência do parque, é possível analisar as características do seu entorno e as diferentes ambientações vivenciadas na região aproximada. Quanto aos usos, o entorno imediato ao parque é predominantemente residencial, o caso de alguns condomínios de luxo os vazios que se sobrepõem ao construído, já nas demais áreas residenciais a composição é mais equivalentes e mais regulares. Quanto ao gabarito destas, há uma predominância dos gabaritos até 3 pavimentos, contendo poucas exceções de gabaritos com maiores. Os eixos comerciais se localizam, nas vias: Avenida Brasil, avenida Rocha Pombo e avenida Carlos Gomes. Já na BR 277 é evidenciado o uso industrial. Uma característica diferenciada na região do parque, é a ampla área pertecente ao exercito brasileiro. Além da grande área de preservação, de mata nativa, também pertence a esta, edifícios administrativos, residenciais (tanto edifícios multifamiliares, quando residências unifamiliares), áreas de treinamento, de lazer e de esporte.

Av en ida

Avenida Brasil

Rua Jacarezinho

Sistema viário

Avenida Carlos Gomes

Cheios e vazios / Usos

Rua Rua

da

Lap a Cu iab á

BR

7 27

0

LEGENDA

3

6km

Vias

Quadras

Vias Rápidas (Rodovias)

Hidrografia Urbana Marcação área de intervenção do Parque Google Satellite

Vias Arteriais Vias Coletoras Vias Locais

Mapa 30: Mapa Área de Abrangência Base de dados: Prefeitura Municipal de Cascavel. Fonte: elaborado pela autora, 2020.

UNIVERSIDADES HOSPITAL UPA UBS

CULTURA ESPORTE

AVENIDA BRASIL

4,0 2,5 3,5 3,5 3,5 4,0 0

3

6km

PERFIS VIÁRIOS EXISTENTES AVENIDA ROCHA POMBO

3,0

10,0

4,0 4,0 3,5 3,5 3,5 2,5 4,0m

4,0

2,5 3,5 3,5 4,0 3,5 3,5 2,5 4,0m


Plano diretor

No plano diretor de Cascavel, lei complementar nº 91/2017, são estabelecidas macrozonas para auxiliar na gestão e planejamento do território da cidade, as macrozonas apresentadas na área estudada são expostas e explicadas, no esquema abaixo: MEA Com uma infraestrutura básica completa, a área preve uma ocupação para alta densidade habitacional, sendo o uso residencial apresentado em consonância ao comercial e serviço. MICIS

São áreas que percorrem trechos urbanos das rodovias federais (BR 467 e BR 277), que prevêm a implantação predominantemente dos usos comerciais, industriais e de serviço. Em caso de passagem pela macrozona de fragilidade ambiental (como no caso da BR 277) , a última se impõem sobre a primeira, interropendo o caráter proposto.

CLASSIFICAÇÕES

ESPAÇOS ÂNCORA São espaços-chave no sistema, que apresentam uma notável significação visual no contexto urbano. Sendo que estes devem ser preservados frente à ocupação urbana.

ESPAÇOS REFERÊNCIA

0

3

6km

LEGENDA Quadras Hidrografia Urbana Marcação área de intervenção do Parque Mapa 30: Mapa Área de Abrangência Base de dados: Prefeitura Municipal de Cascavel. Fonte: elaborado pela autora, 2020.

Macrozonas MFAU- Fragilidade ambiental urbana MEA- Estruturação Adensamento

e

MICIS- Incentivo ao comércio, indústria e serviços.

Ordenação do sistema de espaços livres

AÇÕES DE PROJETO Tardin (2008) estabele algumas ações projetuais para auxiliar a ordenação do sistema, vinculando cada ação com diferentes situações. Sendo elas:

Acrescentar

Adequar

Soma de espaços livres a outros já designados Adaptar as condições dos espaços, para possíveis elementos de proteção. ocupações urbanas e seu desenvolvimento adequado.

Demarcar Demarcar limites onde ainda não tenha sido estabelecido.

Conectar

Enlaçar Ligar os espaços do sistema, criando caminhos.

Articular

Relacionar os tecidos urbanos já estabelecido, que Unir espaços já protegidos e conectar aos que não apresentem interação entre si. ainda serão demarcados.

Analisando a área de abrangência do parque, é possível notar que os espaços livres públicos da área têm uma relação direta com o Rio Cascavel e com a intenção de ordenar e integrar estes em forma de sistema , foi utilizado como base para a análise das relações desses espaços, a metodologia e as classificações utilizadas por Tardin (2008). Diante das análises já apresentadas anteriormente, vinculando o suporte biofísico, usos e sistema viário da área, e buscando estabelecer principios para a ordenação do sistema de espaços livres, foi elencado 3 classificações de espaços relacionados a LEGENDA oportunidades projetuais, sendo eles os esBR 277 paços âncora, espaços de referência e de Quadras ligação. Após a classificação dos espaços Hidrografia Urbana feita, é efetuado a relação das ações de Maciço de vegetação projeto. Google Satellite

Espaços com papel estratégico de ligação dentro do sistema.

São espaços que desempenham distintas funções no sistema, desde a proteção até a ocupação. Quanto a significação visual não é tão expressiva.

MFAU

São áreas que abrangem as APP’s e suas áreas limítrofes, os parques municipais e a área da bacia do Rio Cascavel. Essa macrozona é composta pela Zona de Proteção (ZP), que são as áreas delimitadas para proteção ambiental e a Zona de Uso e Ocupação Controlados (ZUOC), que são as áreas limitrofes das áreas de proteção. A primeira possui potencial construtivo especial, voltado a preservação, já a segunda proíbi usos urbanos nocivos e exige cuidados especiais com poluição,tratamento de esgotos, entre outros. A ocupação é de baixa densidade populacional, com exceção feita para as que já se encontram consolidadas (admitida média densidade). Nas áreas delimitadas pela distância de 30 metros a partir da linha que delimita a APP, ficam definidos: Coeficiente de permeabilidade = 40% da área do lote e Quota mínima de terreno para uma economia residencial igual a 300 m². OBS: As áreas urbanas próximas aos principais acessos rodoviários, cuja ligação com o centro se dê por avenidas constituídas por duas pistas com separação física. poderão receber usos de comércios, serviços e indústrias se beneficiem da proximidade com a rodovia. (Exemplo na área: Avenida Rocha Pombo).

ESPAÇOS DE LIGAÇÃO

ZOOLÓGICO

Espaço Referência - necessidades de ligação com o espaço Âncora (área de intervenção)

0

Espaços âncora Espaços referência Espaços de ligação

3

6km

Mapa 30: Mapa Área de Abrangência Base de dados: Prefeitura Municipal de Cascavel. Fonte: elaborado pela autora, 2020.

Rua Jacarezinho (acesso ao parque) Estacionamento Como já mencionado anterioriormen- Entrada Zoológico te, o Parque Municipal Danilo Galafassi (o Zoológico), é inserido ao complexo do Parque Ecológico Paulo Gorski, porém com base nos estudos e análises efetuados, é possível verificar que as ambiências e a própria classificação entre os dois são diferenciadas. O zoológico se classifica como um espaço referência, FIGURA 113 FIGURA 114 por conta principalmente do seu poten- Encontro entre Rua Jacarezinho Portão de entrada do zoológico na Rua Fortunato Beber cial de proteção e a falta de significação e Rua Fortunato Beber visual. A quadra do zoológico é com- Por tanto, nesse trabalho o objetivo vinculado a área do zoológico posta por um maciço de vegetação que e de criar uma integração a área de intervenção do parque (esconsequentemente gera uma dificuldade paço âncora), principalmente por meio da rua Jacarezinho (espaço visual ao seu interior. livre de ligação). 25 | 38


Proposta de diretrizes para a área de abrangência PROPOSTA DE CONEXÃO VISUAL do parque com a Avenida Brasil Usando a topografia a favor, criar passarelas elevadas e mirantes, conectando visualmente o parque com o centro. Projeto do escritório Turenscape

2

1

Rua

Ciclovias

Arborização

A maioria das áreas de nascentes do Rio Cascavel, dentro do perimetro urbano, estão em situação de descaso por parte da população, que muitas vezes não tem o conhecimento da presença destas no espaço urbano e da importância da conservação das mesmas, para a qualidade da água, que abastece a cidade. Com isso, é proposto apropiações adequadas, que levem em conta a legislação ambiental e as necessidades básicas para a conservação da área, mantendo a faixa mínima de vegetação e apenas inserindo mobiliários urbanos e trilhas que ajudem na reconexão da população com esse recurso indispensável para a vida de todos.

nid a Lap a

Cui ab

7 27 R B 0

1

3

6km

2 FIGURA 117

FIGURA 118

LEGENDA

Proposta de passarela para o Parque Ibirapuera

3

4

As diretrizes vinculadas ao interior do parque, serão apresentadas após diagnósticos e análises da área aproximada, por meio de visitas e levantamentos fotográficos do local, com objetivo de observar potencialidades e deficiências, para então elaborar uma proposta de soluções. 26 | 38

da

á

ÁREA DE INTERVENÇÃO DO PARQUE/ ESPAÇO ÂNCORA

Av e

Avenida Carlos Gomes

Rua

Apropriação e Conservação

o

ESPAÇOS LIVRES DE REFERÊNCIA

Rua

FIGURA 116

iol

FIGURA 115

Rosa

er oP

Utilizar da arborização urbana como elemento guia nos percursos de acesso ao parque. Trazendo ao percurso uma ambiência mais

anta

lind

Criar percursos de ciclovias que deem acesso ao parque e promovam uma locomoção multimodal dentro da cidade.

ova S

O

Promover percursos adequados e voltados para o pedestre, utilizando elementos como a iluminação e mobiliário urbano, pavimentação e acessibilidade.

Ter ra Rox a a Ru

Rua N 3

sil

bo

MOBILIDADE / ESPAÇOS DE LIGAÇÃO

Bra

Po m

Figura 119

Ave nid a

Ro ch a

4

Conectividade

Caminhabilidade

PROPOSTA DE APROPRIAÇÃO Quadras com potencial para uso público. Vinculando uma apropriação adequada com a conservação das áreas de nascentes.

Rua Jacarezinho

As diretrizes produzidas, foram baseadas nas análises realizadas no contexto da área de abrangência do Parque Ecológico Paulo Gorski e e pela ordenação dos sistemas de espaços livres relacionados com o Rio Cascavel. Uma das principais problemáticas evidenciadas neste contexto, foi o da dificuldade de conexão do parque com os demais espaços públicos, sendo eles espaços livres ou edificados. Sendo assim, em um primeiro momento, as diretrizes gerais propostas, foram divididas em categorias relacionadas a ordenação do sistema de espaços livres, relacionados com diferentes setores que necessitam de soluções quanto a conectividade. Foram estabelecidos 3 categorias, sendo elas: a mobilidade, espaços livres de referência e a área de intervenção do parque. Sendo o último subgrupo, foco de diretrizes mais aproximadas do local e baseadas em diagnósticos e levantamento da área do parque.

Ponto de aluguel de bicicletas Pontos de ônibus

PROPOSTA DE PASSARELA Passagem sobre BR 277 Portões de acesso Mapa 30: Mapa Diretrizes Gerais Quadras para Base de dados: Prefeitura municipal de Cascavel. Figura 120 apropriação pública Fonte: elaborado pela autora, 2020. Fonte: Projeto de JBMC Arquitetura e Urbanismo Google Satellite

BR 277 Quadras Hidrografia Urbana Área do Parque Vias arborizadas Ciclovias existentes Proposta ciclovias Áreas Preservação e Nascentes Potencial para futuro parque linear Maciço de vegetação


AMBIÊNCIAS: PROPOSTAS DE MOBILIDADE

Vias

Rua Nova Santa Rosa Esta é uma rua peatonal, que apresenta um dos acessos para pedestres ao parque. Ela fica localizada em um contexto residencial, em uma rua local que da acesso a um condomínio de luxo, que tem sua limitação murada e de encontro direto com a área da via. Sua situação atual é de pavimentação em estado degradado . A área apresenta um grande potencial, além do acesso direto a pista de caminhada e a ciclovia que rodeiam o lago, ela também conta com trilhas que aproximam o visitante a nascente presente no local e a vislumbrante vegetação da área de preservação permanente.

Rua Jacarezinho LEGENDA

0

3

Contato das vias com o parque Vias arborizadas Ciclovias Via peatonal Hidrografia Urbana Mapa 31: Mapa Localização das vias Base de dados: Prefeitura Municipal de Cascavel. Fonte: elaborado pela autora, 2020.

Ligação Rocha Pombo com o parque Figura 121

6km

Esta é a rua que interliga o Parque Municipal Danilo Galafassi (zoológico municipal), com a área do lago municipal (inserido no Parque ecológico Paulo Gorski). Atualmente a rua não conta com pavimentação, na quadra pertencente ao zoológico, fazendo com que os pedestres migrem para o outro lado da rua, ou se arrisquem no meio fio. Soma-se ainda, a falta de iluminação adequada ao pedestre, o que torna a via ainda mais insegura para os usuários. Sendo assim, apresenta um fluxo muito maior de automóveis do que de pedestres, mesmo apresentando o percurso mais curto entre dois dos principais espaços livres públicos da cidade.

Avenida Rocha Pombo Esta é uma via arterial da cidade e principal acesso ao parque ecológico. Atualmente a mesma conta com dois binários divididos por um canteiro central arborizado, tem uma pavimentação regular, porém apresenta áreas sem calçadas nas proximidades do parque. A via apresenta uma alto fluxo de veículos e conta com grandes geradores de tráfego, sendo dois deles, a universidade Unopar e o CEEBJA,localizados nas proximidades do parque, contando com paradas de ônibus em todo seu percurso. Esta apresenta um grande potencial para conectar a ciclovia presente na avenida Brasil ao encontro do parque.

Situação atual

Simulação da proposta

Proposta de perfil viário

1,5 1,5 3,0m

FIGURA 122

Situação atual

Simulação da proposta

Proposta de perfil viário

4,0

2,5 3,5

3,5

2,5

3,0m

FIGURA 123

Situação atual

Proposta de perfil viário

Simulação da proposta

4,0

2,5

3,5

3,5 1,5 1 1,5 3,5

3,5

2,5

4,0m

FIGURA 124

27 | 38


APROXIMAÇÃO

Parque ecológico Paulo Gorski

0

3

6km

LEGENDA Limite área de intervenção do parque Quadras entorno Ciclovias Hidrografia Urbana Áreas evidenciadas para levantamento Maciço de vegetação Portões de entrada

APROXIMAÇÃO FIGURA 125 - ÁREA DE NASCENTES DO RIO CASCAVEL

Google Satellite Mapa 32: Mapa Áreas internas do parque Base de dados: Fonte: elaborado pela autora, 2020.

A aproximação da área delimitada no mapa, apresenta a área de intervenção dentro do Parque Ecológico Paulo Gorski, objeto de estudo desse trabalho. As áreas evidencias pelos círculos pontilhados, marcam áreas internas do parque que apresentam diferentes características e ambiências, evidenciadas diante da visita ao local e de um levantamento fotográfico das mesmas. Já as flechas, demarcam os acessos e portões de entrada. As visitas à campo e os levantamentos fotográficos serviram como base para as análises e diagnósticos do local, e consequentemente para as propostas de intervenção.


LEVANTAMENTOS FOTOGRÁFICOS 5 1 6 7 8 3 2 4 9 1 0

1

2km

FIGURA 125

2

FIGURA 126

3

FIGURA 127

4

FIGURA 128

FIGURA 129

5

Essa área, localizada mais ao norte do parque, evidência a dificuldade de integração deste a área central da cidade e aos espaços livres públicos ao seu redor, como por exemplo o zoológico municipal e as áreas de nascentes do Rio Cascavel. A região do parque conta com dois portões de entrada secundários para pedestres, ao lado oeste, vinculado a região residencial e ao lado leste, vinculado ao acesso a rua Jacarezinho, que interliga o zoológico e a avenida principal do centro da cidade, a avenida Brasil. Há também uma ponte que faz a passagem da ciclovia e do percurso de caminhada sobre o curso d’água proveniente das nascentes em área urbana.

6

FIGURA 130

7

1

FIGURA 134

2

FIGURA 131

FIGURA 132

8

FIGURA 133

9

1 2 3 8

9

4

7 6

5

10 0

1

2km

FIGURA 135

FIGURA 136

3

FIGURA 137

4

FIGURA 138

5

A área apresentada no mapa acima, exibe uma das relações com grande potencial e pouco trabalhadas, que é a presença de uma região de nascente e de contato a mata nativa, dentro do percurso do parque. A rua peatonal Nova Santa Rosa, é um dos acessos secundários a pedestres e ciclistas localizados em uma região residencial, vinculada principalmente na limitação da área, dada por muros, a um condomínio residencial de luxo. A ambiência do local, mesmo com a limitação visual apresentada, também estabelece trilhas, mesmo que sem infraestrutura adequada, de aproximação e contemplação a área de nascentes.

6

FIGURA 139

7

FIGURA 140

8

FIGURA 141

9

FIGURA 142

10

FIGURA 143

29 | 38


LEVANTAMENTOS FOTOGRÁFICOS

1 6 2

7 3

98 4

5

0

1

2km

1

FIGURA 144

FIGURA 145

2

FIGURA 146

3

FIGURA 147 4

FIGURA 148

5

Já nesta aproximação, é demonstrada uma área de grande potencial conector no percurso interno do parque, que apresenta o vínculo visual, tanto com a chegada de corpos d’água provenientes das nascentes na área militar de mata nativa, quanto com uma visão panorâmica da extensão do lago municipal. A mesma apresenta ainda, a presença de diversas espécies vinculadas a fauna e a flora, dando destaque as conhecidas Capivaras, que usam da grande área de terra alagável do local, para uma apropriação mais segura e privativa, se distanciando do fluxo proveniente da ciclovia e da pista de caminhada.

FIGURA 149

6

FIGURA 150

7

8

FIGURA 151

FIGURA 152

9

5 6 3

1

2 7 4

8 9 10

0

1

2km

A área apresentada acima, é atualmente a região de maior permânencia dentro do parque. Sendo ela vinculada, a chegada da via principal de ligação com a cidade, a Avenida Rocha Pombo. Nela há a presença de equipamentos públicos importantes para a manutenção e funcionamento do parque, como a sede da Secretaria municipal de meio ambiente, sede do clube de regatas (equipe de canoagem), equipamentos de apoio, como sanitários e a conhecida Igreja do Lago, que é um patrimônico arquitêtonico e histórico da cidade. A rotatória com o chafariz, são um marco de entrada e acesso ao pequeno estacionamento e a um conjunto que acompanha a sede da secretaria, com playground e academia ao ar livre. Já ao sul da rotátoria, há o acesso, dificultado pela topografia acentuada, a conhecida “fonte dos leões” .

30 | 38

FIGURA 153

1

5

FIGURA 157

6

FIGURA 154

2

FIGURA 158 7

FIGURA 159

FIGURA 155

3

8

FIGURA 160

9

FIGURA 156

4

FIGURA 161

10

FIGURA 162


4 3

2

1

5

8 9

11

6 7 10 0

1

2km

Nesta área aproximada, é encontrado outra dificuldade de integração dentro do parque, já que a condicionante da topografia e da separação devido a passagem do grande fluxo de automóveis na Avenida Rocha Pombo, os usuários necessitam de um acesso acessível e adequado com a região do parque, mais próxima a BR 277. Nessa passagem da avenida, também é evidenciado o potencial de contemplação dado pela elevação da barragem que gerou o lago artificial. Neste mesmo local, há uma grande aglomeração e uma invasão das pistas reservadas para caminhada e para ciclistas, gerado pelo pequeno dimensionamento da área vinculada a contemplação. Dentro da área de mata nativa, há uma trilha de acesso a um área, já aterrada, que detem uma visual do skyline do centro da cidade.

1

6

FIGURA 163

FIGURA 164

2

FIGURA 168

FIGURA 169

7

FIGURA 165

3

FIGURA 170

8

FIGURA 166

4

FIGURA 171

9

10

FIGURA 167

5

FIGURA 172

11

FIGURA 173

2 1 3 4 9 5

10 7

6 8

FIGURA 174

1 0

1

2

FIGURA 175

3

FIGURA 176

FIGURA 177

4

5

FIGURA 178

2km

Na área do parque, localizada entre a Av. Rocha Pombo e a BR 277, há um percurso de pista de caminhada e de ciclofaixa, que atualmente não se interligam com os demais percursos do parque. Além da falta de inclusão, a região apresenta uma caracteristíca diferente do lago artificial, sendo mais vinculada a uma paisagem de manancial/alagado e com sua vegetação adensada e falta de visual das vias, se torna menos utilizado, pela justificativa da insegurança no percurso. Um grande potencial desta área é o vínculo visual e de acesso regional (proveniente da BR 277).

6

FIGURA 179

7

FIGURA 180

8

FIGURA 181

9

FIGURA 182

10

FIGURA 183

31 | 38


DIAGNÓSTICO

Topografia

Tabela CPD

Levantamento fotográfico

Análise/Diagnóstico

Propostas

DEFICIÊNCIAS

Visuais panorâmicas e áreas mais acidentadas

Relevo acidentado, gerando a dificuldade de

1 aprensentam vegetação. Potencial contemplati- 1 acesso aos pedestres.

SUPORTE BIOFÍSICO

Área de aglomeração e de necessidade de

2 Área mais plana e acessivel. Vegetação

2 Áreas de Preservação Permanente

2 adaptação. Assentamentos irregurales, em áreas de preser3 Área de mata nativa, habitat de diversas espé- 3 vação. cies da flora e da fauna.

4 Potencial para trilhas e percursos dentro da mata. 4 Área de mata nativa de acesso público, sem uso e apropriação dos usuários.

Hidrografia

3 Rio Cascavel e seus afluentes

Áreas de nascentes em contexto urbano. Pre5 Conscientização popular e conservação das 5 sença de poluição e acúmulo de lixo em alguns áreas de nascentes. pontos.

6 Recuperação das características naturais do cur- 6 Assoreamento dos cursos d’água. so d’água.

Distanciamento visual e de relação da popula7 Relacionar áreas com usos de lazer e conscien- 7 ção com as áreas de nascentes e dos afluentes do rio que abastece a cidade.

tização popular.

Infraestrutura Viária

4 Vias e Acessos

8 Potencial de conexão. Uso da vegetação como potencial para barrei-

Infraestrutura Urbana

8 Limitação e dificuldade de acesso para pedestres dada pela BR 277.

Fluxo contínuo de carros e caminhões, produto-

9 ra sonora.

9 res de ruídos.

10 Acesso adequado ao parque.

10 Ausência de calçadas e pavimentação.

11 Padronização de calçadas e acessibilidade.

11

5 Iluminação

12 Percurso mais iluminado e seguro.

12 Falta de iluminação voltada ao pedestre.

6 Arborização

13 Percurso de caminhada mais confortável.

13 Raizes deteriorando a pavimentação.

7 Equipamentos construídos

Sede da Secretaria do meio ambiente e

Pavimentação deteriorada e/ou sem acessibilidade adequada.

Falta de equipamentos de apoio, de alimenta-

14 guarda municipal. Potencial na gestão pública e 14 ção e serviços. manutenção do parque..

Morfologia Urbana

8 Usos e ambiências

Falta de estrutura adequada e acessível

15 Áreas de contemplação.

15 para mirantes e áreas de contemplação.

16 Potencial de áreas de lazer e esporte.

16 Pista de caminhada com algumas áreas dete-

rioradas. Falta de mais áreas de lazer para crianças, um 17 Potencial do uso das áreas de lazer infantil, inte- 17 único playgroud no percurso do parque, área grado com a educação ambiental. concentrada.

Legislação

32 | 38

1 Relevo acidentado

POTENCIALIDADES

vo e de conservação.

ELEMENTOS ANTRÓPICOS

Como forma de síntese dos levantamentos e diagnósticos feitos da área, por meio do método CPD (Condicionantes, Potencialidades e Deficiências, foi organizado uma tabela e um mapa que apresentam os itens identificados no processo de análise. O diagnóstico é efetuado diante da observação dos fenômenos ocorrentes na área, perante a legislação existente, nas diversas escalas, tanto municipais e estaduais, quanto nas nacionais. Esta organização auxilia no processo de entendimento das dinâmicas vivenciadas e necessidades da área estudada. Servindo como base para a produção de diretrizes e propostas projetuais na área de intervenção.

CONDICIONANTES

ASPECTOS ANALISADOS

9

Patrimônio Ambiental e Histórico-cultural Marco importante na memória afetiva da popu18 18 Descaso com o edifício da Igreja do lago. lação. Potencial para revitalização. do Município.

Estabelecido pelo Plano diretor (Lei complementar nº 91/2017), em termos do estatuto da cida- 19 de (lei federal 10.257/2001). Política Municipal de Saneamento Ambiental 10 Estabelecido pelo Plano diretor (Lei complemen- 20 tar nº 91/2017). Zona de uso e ocupação controlados. Estabelecido pelo Plano diretor (Lei complementar 21 nº 91/2017).

Potencial de conservação ambiental e vínculo da Falta de vinculação da mata nativa com a memória afetiva da cidade à ‘‘paisagem hístórica’’. 19 história e desenvolvimento da região.

Problemática da erosão e revisão da presença Área de importância no abastecimento da cida- 20 de saneamento básico nas áreas ambientalde. mente frágeis Potencial de uso de soluções baseadas na naNegligência quanto a problemática da polui21 ção, erosão e assoreamento tureza.


DIAGNÓSTICO

7

Mapa CPD Seguindo a numeração dada pela tabela, o mapa ao lado, estabelece uma visualização da disposição das características evidenciadas na área, organizadas perante diferentes aspectos.

Condicionantes Apresentadas como círculos amarelos no mapa, as condicionantes estabelecem os elementos dentro do contexto urbano e ambiental, vinculando os planos e leis já existentes nesse sentido. Sendo estas necessárias para análise por conta das determinações que elas estabelecem e consequentemente a demanda de manutenção que estas detêm.

5 3 20

Potencialidades

2

Apresentadas como quadrados verdes no mapa, as potencialidade estabelecem elementos positivos sobre aspectos diferentes. Sendo estes, vinculados com vantagens e potenciais que não estão sendo usufruidos de forma adequada atualmente e que possuem uma demanda de inovação.

2

7 5

1

15 1 1 20 21 5 20 4 10 12 3 21 3 7 2 11 20 5 12 21 3 5 10 20 10 21 2 20 6 10 6 3 16 20 5 21 5 1 4 1 11 10 1 17 21 3 3 13 16 2 7 12 11 3 10 13 11 12 20 16 21 3 15 16 7 13 16 13 17 12 4 13 16 2 10 3 2 13 2 15 4 19 3 14 16 1011 19 18 17 14 14 14 15 15 4 18 11 11 2 1 1 1 1 10 10 4 2 10 4 3

Deficiências Já as deficiências, apresentadas como triângulos vermelhos no mapa, estabelecem os elementos negativos dos aspectos tratados nas condicionantes, que atrasam o desenvolvimento e dificulta os objetivos principais da área, que são a qualidade de vida urbana e a conservação ambiental. Apresentando assim demandas de mudanças para propiciar melhorias ao local.

LEGENDA Limite área de intervenção do parque Ciclovias Hidrografia Urbana Vias de ligação BR 277 Maciço de vegetação Quadras entorno Google Satellite

3

12 6 6 7 3 16 4 11 20 12 16 21 13 9 8 13 8

4

9

0

3

6km

Mapa 33: Mapa Síntese diagnóstico- CDP Base de dados: Fonte: elaborado pela autora, 2020.

33 | 38


Proposta e Espacializações Com base nos levantamentos fotográficos, feitos em visita à campo, e nas análises levantadas, sintetizadas pelo método CPD (Condicionantes, Potencialidades e Deficiências), foi evidenciado demandas e intervenções necessárias para uma melhoria da qualidade do parque e do seu contexto. Sendo assim, foram produzidas diretrizes e espacializações , que serviram para o embasamento e direcionamento da segunda etapa do trabalho final de graduação (TFG II).

Com base nas análises da área do parque, foi possível observar que dentro do percurso interno, há diversas áreas com diferentes ambiências e relações com o usuário. Para a elaboração das propostas, foi evidenciado dentre essa diversidade, três áreas com ambiências semelhantes, sendo assim as mesmas são denominadas pelos potenciais e objetivos dados para as áreas, como é apresentado no esquema abaixo:

Interatividade e Pertencimento

Reaproximação e Conexão Memória e Afetividade Percurso

1

2

CONEXÃO ENTRE AS ÁREAS

Interatividade e Pertencimento As áreas com potenciais de interatividade e pertencimento, têm várias características e ambiências em comum, como por exemplo a sua localização, pois se encontram em importantes áreas de chegada e de acesso ao parque, sendo então importante que gerem ao usuário uma experiência acolhedora, que proporcione uma sensação de pertencimento e de apropriação do espaço. Além disso, por conta da relação direta com as vias de ligação e as áreas do entorno, essas regiões demonstram um grande potencial de interatividade, sendo um elo importante na integração do parque com os demais espaços livres públicos da região e mantendo uma relação direta com as diretrizes gerais estabelecidas dentro da área de abrangência do parque. Essas áreas mesmo, com potenciais e objetivos em comum, vão ser tratadas de forma diferenciada nas soluções projetuais estabelecidas, já que elas apresentam diferentes condicionantes, como por exemplo a topografia, que na área 1 é caracterizado por uma região mais plana e na área 3 já apresenta uma topografia mais acentuada e consequentemente visuais panorâmicas interessantes. Nesse aspecto será feito o uso das condicionantes a favor dos objetivos da área, por exemplo nas área de topografia acentuada e de dificuldade de acesso acessível serão implantadas passarelas e mirantes para contemplação.

O elemento que conecta estas diferentes áreas e ambiências é o percurso interno do parque, sendo ele composto por ciclofaixas, pistas de caminhada e outros elementos voltados ao usuário, para que este tenha um passeio acessível e com diversas experiências sensoriais em seu decorrer. Dentro de cada ambiência existentes diferentes necessidades e subjetividades que serão tratadas na próxima escala do trabalho, no TFG II, com mais detalhes e desenhos estabelecendo soluções e intençoes projetuais.

ESPACIALIZAÇÃO

1

2 1

3

LEGENDA Limite área de intervenção do parque Quadras entorno

0

Hidrografia Urbana Maciço de vegetação Google Satellite Mapa 34: Mapa de propostas para o parque Base de dados: Fonte: elaborado pela autora, 2020.

34 | 38

1

2km

PASSARELAS ELEVADAS E MIRANTES PARA CONTEMPLAÇÃO

O uso de passarelas em áreas de topografia acidentada, auxiliam na acessibilidade e também minimizam o impacto sobre a área de vegetação densa, sendo elas adaptadas as condições existentes.


Reaproximação e Conexão

Considerações finais

ESPACIALIZAÇÃO

Nestas áreas, a característica predominante é a chegada dos afluentes provenientes das nascentes na área urbana. E a potencialidade evidenciada é a de reaproximar e conectar o usuário ao recurso hídrico, fazendo com que a vivência do espaço repasse, como uma forma de educação ambiental vivenciada, a importância desse recurso para o desenvolvimento da cidade e da vida humana. A proposta para essas áreas é de que por meio de trilhas e mobiliários o usuário tenham uma relação sensorial com o curso d’água, estabelecendo um ambiente saúdavel, de respiro a rotina exigente no cenário urbano. Na área 2, a uma singularidade que é o acesso direto a área de uma nascente e também uma trilha dentro da mata ,já existente e com grande potencial, porém que demanda de uma readequação. Além disso, também é proposto o uso de infraestruturas que não tenham impactos negativos e que MOBILÍARIOS E CAMINHOS QUE APROXIMEM O USUÁRIO AOS ELEMENTOS DO RIO CASCAVEL auxiliem a qualidade da água.

Memória e Afetividade

ESPACIALIZAÇÃO

REFORMA E ADEQUAÇÃO DA ACESSIBILIDADE, PARA LIGAÇÃO AO EDIFÍCIO HISTÓRICO.

Com a elaboração do presente trabalho, foi evidenciada a importância da conexão dos indivíduos com os recursos naturais no contexto urbano e quanto essa relação gera uma melhora na qualidade de vida aos habitantes e consequentemente torna o ambiente urbano mais resiliente. Com base nas diretrizes apresentadas, se pretende dar a continuação do trabalho na sua segunda etapa, no TFG II, desenvolvendo de forma mais detalhada, o aprofundamento das áreas do parque e das diretrizes estabelecidas, resultando, a nível de desenho urbano e espacializações, uma proposta final de intervenção no Parque Ecológico Paulo Gorski.

Já na área relacionada a memória e a afetividade, são apresentados elementos importantes na história de Cascavel. A conhecida Igreja do Lago é tombada como um patrimônio histórico da cidade, com elementos arquitetônicos e técnicas que remetem as primeiras construções efetuadas na região. Além da igreja, há também a edificação que está presente no parque desde sua inauguração em 1984, sendo este já passou por diferentes usos, mas atualmente é a sede da secretária de meio ambiente do município. Nesse sentido, é proposto que esta área tenha como objetivo principal a construção e a manutenção da memória afetiva vinculada ao parque e que o elemento tombado, hoje sem uso e com estado degradado, passe por uma reforma e estabeleça um uso no setor cultural, que auxilie no acesso a história da cidade, do parque e do edifício.

Percurso

ESPACIALIZAÇÃO

A proposta estabelecida para o percurso interno do parque, conta com a reformulação do dimensionamento de pistas de caminhada e de ciclovia, que atualmente evidenciam problemáticas, por conta da grande demanda e uso das mesmas. Também é proposto, a integração de percursos contemplativos, para um fluxo de visitantes e usuários que não utilizem o parque para efetuar exercícios físicos, implantando novas rotas que permitam a caminhabilidade e a permanência em todo percurso. READEQUAÇÃO DAS PISTAS EXISTENTES E CRIAÇÃO DE NOVAS ROTAS

35 | 38


REFERÊNCIAS MIRANDA, R.B. Indicadores de Qualidade Ambiental dos Recursos Hídricos da Microbacia do Rio Cascavel no Município de Cascavel/PR. 2018. 55 p. Monografia Especialização em Gestão Ambiental em Municípios). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2018. CASCAVEL. Secretaria Municipal de Planejamento. Cartografia Municipal. Cascavel: SEPLAN, 2004b. FDBS: Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: <http://geo.fbds.org.br/>. Acesso em: 29 abr. 2019. TARDIN, Raquel. Espaços Livres: sistema e projeto territorial. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008. GORSKI, Maria Cecília Barbieri. Rios e Cidades: ruptura e reconciliação. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010. MCHARG, I. L. Design With Nature. Nova York: Wiley, 1992. GEHL, Jan. Cidades para pessoas. Trad. Anita Di Marco. São Paulo: Perspectiva, 2013. MACEDO, Silvio Soares et al. Os Sistemas de Espaços Livres na Constituição da Forma Urbana Contemporânea no Brasil: Produção e Apropriação . Paisagem e Ambiente, 2012. GEHL, Jan. Vida nas cidades: como estudar.Tradução Anita Di Marco. São Paulo: Perspectiva ,2018 IPC: Instituto de Planejamento de Cascavel. Disponível em: <http://geocascavel.cascavel.pr.gov.br/>. Acesso em: 29 setembro 2020. SPERANÇA, Alceu A. Cascavel a história. Curitiba: Lagarto editores,1992. PIAIA, Vander. Terra,sangue e ambição – a gênese de Cascavel. Cascavel, EDUNIOESTE,2013. IPARDES: Instituto Paranaense de desenvolvimento Econômico e social. Disponível em: http://www.ipardes.gov.br/ Acesso em: 05 de outubro de 2020. IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. <https://www.ibge.gov.br/>. Acesso em: 05 de outubro de 2020. CASCAVEL. Plano Diretor de Cascavel: Lei Complementar nº 28 de 02 de janeiro de 2006. SABATA, Roberto. Espaços públicos. 2007. Disponível em: <https://urbanidades.arq.br/2007/06/03/espacos-publicos/> Acesso em: 06 de novembro de 2020. RANCY, Sandro;SAMPAIO,Silvio;SUSZEK,Morgana. Simulação da vazão superficial da microbacia do rio Cascavel. Revista Varia Scientia, v. 07, n. 13, p. 87-93, 2009.

36 | 38


LISTA DE FIGURAS FIGURA 01: Vegetação em área de nascentes do Rio Cascavel, acervo pessoal, 2020. FIGURA 02: Parque Alexandre de Gusmão -São Paulo/SP, acervo de Victor Moriyama. Disponível em: <https://www.thecityfixbrasil.org/2016/08/27/vida%C2%B3-na-praca-ocupar-espacos-publicos-transforma-as-cidades/> Acesso em : 05 de outubro de 2020. FIGURA 03: Espaço livre público em Copenhague. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/791592/as-6-metas-de-mobilidade-urbana-de-co> Acesso em : 05 de outubro de 2020. FIGURA 04: Parque da Gare - Passo Fundo/RS. Disponível: <https://www.archdaily.com.br/br/875069/parque-da-gare-acxt/595b23d1b22e386bae000051-parque-da-gare-acxt-photo?next_project=no> Acesso: 06 de outubro de 2020. FIGURA 05: 05 Parque del Retiro - Madri, Espanha. Disponível em: <https://brinquedosbandeirante.com.br/conheca-os-dez-parques-urbanos-mais-bonitos-do-brasil-pra-aproveitar-nessas-ferias/> Acesso: 06 de outubro de 2020. FIGURA 06: Parque Trianon - São Paulo/SP. Disponível em: <https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov. br/2017/05/qual-o-primeiro-parque-urbano-do-brasil/> Acesso: 06 de outubro de 2020. FIGURA 07,08 e 09: 09 Rio Nilo, Egito. Disponível em : <https://www.hola.com/viajes/galeria/20180620125972/egipto-imprescindibles-fotorreportaje/1/> Acesso: 06 de outubro de 2020. FIGURA 10 e 11: Parque Seul, Coréia. Disponível em: < http://jundiagora.com.br/rios-urbanos/> Acesso em: 06 de outubro de 2020. FIGURA 12: Parque Bishan Ang Mo Kio. Disponível em: < https://theclaritycompass.wordpress.com/2018/12/04/ bishan-ang-mo-kio-park/> Acesso: 09 de outubro de 2020. FIGURA 13: Parque Bishan Ang Mo Kio. Disponível em: <https://www.cidadessustentaveis.org.br/> Acesso: 09 de outubro de 2020.

37 | 38



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.