Raquel da Silva Hummel
PRAร A SENSORIAL PRAรงA SENSORIAL
PRAÇA SENSORIAL PRAçA SENSORIAL Raquel
Da
Silva
Hummel
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Arquitetura e Urbanismo à Banca Examinadora do Centro Universitário de São José do Rio Preto – UNIRP. Orientador Prof. Oswaldo Angelucci
BANCA EXAMINADORA
Prof.(a): Linda Saturi Instituição:
Prof.(a): Érika Pereira Instituição: Centro Universitário de São José do Rio Preto - UNIRP.
Prof.(a): Oswaldo Angelucci. Instituição: Centro Universitário de São José do Rio Preto - UNIRP.
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SP | 2020
[ AGRADECIMENTOS ] [ AGRADECIMENTOS ]
A Deus, por ter me abençoado até aqui, me fazendo superar todos os momentos de dificuldade. Aos meus pais, por estarem presentes em todos os momentos, apoiando às minhas decisões e incentivando meus projetos e sonhos. Ao meu orientador Oswaldo Angelucci, por ter me acolhido ao longo desse ano e ter contribuído para a elaboração deste trabalho. Aos meus amigos de curso, por estarem sempre presentes ao longo da caminhada, apoiando uns aos outros e compartilhando conhecimentos. Enfim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente na minha formação e na elaboração deste trabalho. Obrigada.
“
AS CIDADES TÊM A CAPACIDADE DE FORNECER ALGO PARA TODOS, SÓ PORQUE, E SÓ QUANDO, ELAS SÃO CRIADAS POR TODOS. - JANE JACOBS
”
[ resumo ] [ RESUMO ] O presente trabalho tem por objetivo propor a revitalização de um espaço urbano de grande potencial, transformando o mesmo em uma área para uso da população da cidade e turistas. Esse espaço tem como objetivo ampliar as atrações públicas, de maneira que transforme um espaço pouco utilizado em uma área apropriada à cultura e lazer para a cidade de Guapiaçu. O jardim sensorial foi pensado para receber toda pessoa que desejar conhecê-lo e usá-lo, fazendo com que se torne um local público e de convivência, prevendo adaptações especiais para cadeirantes, deficientes visuais, idosos e crianças. Para isso, foram estudados aspectos da morfologia urbana, projetos de praças em geral e alguns estudos de referência. O trabalho está estruturado de maneira a apresentar os referidos estudos primeiro – como referencial teórico, e a sistematização de dados colhidos durante a pesquisa; em seguida, estão as análises da área e então a proposta projetual. Palavras-chave: Praça. Cultura. Contemplação. Parque. Urbanismo.
[ ABSTRACT ] [ ABSTRACT ] This work aims to propose the revitalization of an urban space of great potential, transforming it into an area for use by the population of the city and tourists. This space aims to expand the doors, in a way that transforms a little-used space into an area suitable for the culture and leisure for the city of Guapiaçu. The sensorial garden was designed to receive everyone who wants to know and say it, making it a public and social place, providing special adaptations for wheelchair users, the visually impaired, the elderly and children. For that, aspects of urban morphology, square projects in general and some reference studies were studied. The work is structured in order to present the studies first - as a theoretical reference, and the systematization of data collected during a research; next are the analysis of the area and then the project proposal. Keywords: Square. Culture. Contemplation. Park. Urbanism.
[ lista de FIGURAS ] Figura 1 – Jardins Egípcios | Paisagismo Figura 2 – Jardins Egípcios Figura 3 – Jardim Yuyuan em Xangai na China Figura 4 – Casa dei Vettii em Pompéia, Itália Figura 5 – Jardí d’Eram, Irã Figura 6 – Oasi Zegna em Piemonte, Itália Figura 7 – Garden in Chateau Villandry, Loire Valley, France Figura 8 – Piazza Navona, Roma Figura 9 – Piazza San Marco, Veneza Figura 10 – Praça des Vosges em Paris, França Figura 11 – Praça des Vosges em Paris, França | Vista aérea Figura 12 – Plaza Mayor de Madri Figura 13 – Plaza Mayor de Madri | Vista aérea Figura 14 – GROSVENOR SQUARE, ENGLAND | Vista aérea Figura 15 – BEDFORD SQUARE, ENGLAND | Vista area Figura 16 – Vista do Terreiro de Jesus, com a Catedral Basílica ao fundo Figura 17 – Multidão durante as comemorações do IV Centenário da capital na Praça da Sé em frente à Catedral Figura 18 – Área verde Figura 19 – Área verde em espaços urbanos Figura 20 – Parque urbano em Curitiba/ PR Figura 21 – Parque Linear em Chapultepec, México Figura 22 – Croqui Jardim Botânico Figura 23 – Jardim das sensações | Curitiba, PR Figura 24 – Jardim das sensações | Visitantes Figura 25 – Visita ao jardim das sensações Figura 26 – Ponte Jardim das sensações Figura 27 – Mapa de localização Viveiro Inhotim Figura 28 – Jardim das sensações Figura 29 – Jardins lúdicos e interativos | Jardim das sensações Figura 30 – Espécies e jardins | Jardim das sensações Figura 31 – Espécies Figura 32 – Croqui W.E. Carter School Figura 33 – Planta humanizada | W.E. Carter School Figura 34 – Jardim sensorial W.E. Carter School Figura 35 – Caminho W.E. Carter School Figura 36 – Usuários Carter School Figura 37 – W.E. Carter School Figura 38 – Design do jardim Figura 39 – Pérgolas cobertas Figura 40 – Mapa Guapiaçu x São José do Rio Preto Figura 41 – Localização do terreno em Guapiaçu/ SP Figura 42 – Mapa de sistema viário Figura 43 – Mapa de transporte público Figura 44 – Área da várzea preservada Figura 45 – Mapa topográfico de Guapiaçu Figura 46 – Foto do terreno Figura 47 – Foto do terreno com o asilo ao fundo
Figura 48 – Praça do Idoso em Guapiaçu Figura 49 – Equipamentos urbanos Figura 50 – Mapa de uso do solo Figura 51 – Mapa de gabarito de altura Figura 52 – Mapa figura fundo Figura 53 – Setorização do projeto Figura 54 – Croqui | Sem escala Figura 55 – Croqui | Sem escala Figura 56 – Croqui | Sem escala
[ lista de quadros ] Quadro 1 – Relação dos estilos de praça Quadro 2 – Planilha de Potencialidades | Conflitos e Diretrizes para o projeto de Praça Sensorial no município de Guapiaçu-SP Quadro 3 – Programa de necessidades
[ lista de abreviaturas e siglas ] CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente EUA – Estados Unidos IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística KM – Quilometragem MA – Massachusetts MG – Minas Gerais SP – São Paulo PR – Paraná W.E. – William Ernest
[ SUMÁRIO ] [ SUMARIO ]
ESPAÇOS LIVRES E PÚBLICOS
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[ 1.1 PRAÇA NA HISTÓRIA E SUAS TIPOLOGIAS] [ 1.2 MODELOS IDEAIS] [ 1.3 AS PRAÇAS BRASILEIRAS] [ 1.4 A PRAÇA MODERNA] [ 1.5 PRAÇAS CONTEMPORÂNEAS] [ 1.6 JARDINS SENSORIAIS]
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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[ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS]
ÁREAS VERDES
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[ 2.1 ÁREAS VERDES NOS ESPAÇOS URBANOS]
PROJETO
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PARQUES
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[ 3.1 PARQUES URBANOS] [ 3.2 PARQUES LINEARES] [ 3.3 PRAÇA SENSORIAL]
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DIRETRIZES PROJETUAIS [ 6.1.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES] [ 6.1.2 FLUXOGRAMA E ORGANOGRAMA] [ 6.2 CONCEITO E PARTIDO] [ 6.3 EVOLUÇÃO DO PROJETO]
ANÁLISES E ESTUDOS DE CASO [ 4.1 JARDIM DAS SENSAÇÕES - CURITIBA/PR] [ 4.2 INHOTIM - BRUMADINHO/MG] [ 4.3 W.E. CARTER SCHOOL - BOSTON/EUA]
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INSERÇÃO URBANA [ 5.1 GUAPIAÇU/SP] [ 5.2 ÁREA ESCOLHIDA] [ 5.2.1 MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO] [ 5.2.2 MAPA DE GABARITO DE ALTURA] [ 5.2.3 MAPA DE FIGURA FUNDO]
INTRODUÇÃO
SEM TÍTULO - ROBERTO BURLE MARX (1978) 14
[ INTRODUÇÃO ] [ INTRODUçAO ] Desde a idade antiga, a praça pública tem a função valiosa de espaço de ligação e união da população. Na história, ela era o ponto de partida para as construções das cidades, já que estas eram originadas a partir do entorno das praças. A praça é também, um local de padrão de estética, de patrimônio e de memória, onde encontramos projetos paisagísticos, marcos e locais de uso comum para toda a população, trazendo diversos benefícios ao bem-estar social. Com o passar do tempo, devido ao crescimento e desenvolvimento tecnológico das cidades, tais funções e características se perderam. Hoje esses avanços tecnológicos são tidos como uma fonte de lazer e o medo dos pedestres em relação à segurança, já que estes por muitas vezes se sentem mais seguros, como por exemplo, em shoppings e clubes recreativos do que em um espaço público. Tendo em consideração esta demanda, de um espaço público eficaz para a região, observou-se a importância da criação e preservação de espaços verdes, selecionando algumas metodologias que se dão início a partir da análise histórica de locais públicos e leituras das principais bibliografias referentes ao tema; ato contínuo ao estudo das convicções do “Placemaking”, que debate fundamentos para a avaliação e ideia de um espaço público de qualidade e potencializa a conexão entre os lugares divididos e as pessoas. Este critério em geral, se estabelece em entrar em contato com o local e com seus usuários para compreender a necessidade dos pedestres para no fim, compor uma proposta projetual de praça pública sensorial que incentive as práticas culturais, artísticas e de lazer na cidade de Guapiaçu – SP. O espaço escolhido para a intervenção é a Praça do Idoso, embora esse espaço seja bem localizado dentro de um bairro, próximo a uma das principais vias de acesso, possua dimensões consideráveis, com quase seis mil metros quadrados, seja próximo ao asilo da cidade, esse espaço, hoje, não oferece as condições de praça sensorial. É possível notar que os potenciais desta área estejam sendo subutilizados apenas para caminhadas e passagens. Neste sentido, o projeto pretende resgatar o significado de praça através de uma intervenção projetual por meio de um desenho acessível que privilegie o pedestre, integre o entorno tornando a rua entre a praça e o asilo de acesso restrito a pedestres e articule o tecido urbano. Neste trabalho também foi utilizado os seguintes instrumentos de levantamento de dados: observações assistemáticas do espaço, levantamento fotográfico, levantamento da situação existente, mapeamento comportamental. O estudo se divide em cinco partes principais, sendo estas: introdução, fundamentação teórica, análises e diagnósticos e proposta projetual. A introdução apresenta o tema a ser tratado, fundamento e principais objetivos, junto com o arranjo estrutural do trabalho. A fundamentação teórica é uma compilação das literaturas a respeito do espaço público, praça e urbanidade relatando a problematização relacionada ao tema para análise de futuras soluções do projeto. Também faz menção a algumas obras de referências, e a análise do estudo de caso, o Jardim dos Sentidos localizado no instituto Inhotim em Brumadinho – MG. As análises e diagnósticos trata da pesquisa feita sobre o contexto geral da cidade e da área de estudo, levando em conta à situação atual, os usos, identificando conflitos e potencialidades. E por fim, a proposta projetual, considerando o programa de necessidades, o pré-dimensionamento, fluxograma, conceito e partido arquitetônico, propõe uma alternativa de intervenção na área de estudo.
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ESPAÇOS LIVRES E PÚBLICOS
A BOCA DO MATO I - ROBERTO BURLE MARX (1993)
1.1 [ PRAÇA NA HISTÓRIA E SUAS TIPOLOGIAS ] [ PRAçA NA HISTORIA E SUAS TIPOLOGIAS ] A praça pode ser definida, de maneira ampla, como qualquer espaço público urbano, livre de edificações que propicie convivência e/ou recreação para os seus usuários. Segundo Rigotti (1965, apud DE ANGELIS et al, 2005, p.2) “as praças são locais onde as pessoas se reúnem para fins comerciais, políticos, sociais ou religiosos, ou ainda, onde se desenvolvem atividades de entretenimento”. Para Segawa (1996) “Ao caracterizar a praça [...] sua ocupação como espaço popular, permeado pelo universo do riso, do escárnio, da festa, numa dinâmica distinta da cultura religiosa ou aristocrática, contrapõe-se o jardim público, recinto derivado dos grandes jardins privados aristocráticos, de natureza distinta e oposta da praça pública pelas peculiares formas de sociabilidade que desfilavam à sombra das árvores: fazer-se público de sua presença, exibir pompa, ver homens e mulheres bem vestidos e bonitos, contar e ouvir novidades, assistir a apresentações musicais, mostrar filhas na busca de maridos, homens finos admirando e fazendo a corte a cortesãs.” A utilização do verde urbano, principalmente os jardins, estabelece um dos reflexos do modo de viver dos povos que o conceberam em suas épocas. Também são expressos nos traços culturais contidos nesses espaços públicos, que foram se alterando nos anos e no tempo. Muitos dos valores resistiram, outros foram remodelados e outros até se perderam. De forma sucinta, Spirn (1995, apud DE ANGELIS et al, 2005, p.2), relata o caráter das praças: “lugares para ver e ser visto, para comprar e fazer negócios, para passear e fazer política”. A autora Zuliane (1995, apud DE ANGELIS et al, 2005, p.2) “entende a praça como o lugar privilegiado e tradicional de trocas, ponto de convergências de ruas e teatro de todas as forças sociais, eixo de cada movimento”. O primórdio da Jardino cultura tem aparição em dois lugares: Egito e China. A tradição da jardinagem egípcia até o século XVIII é propagada através dos gregos, dos persas, dos romanos, dos árabes, dos franceses e dos italianos. Com intenção primária de suavizar o grande calor das residências, eles reproduzem, em menor escala, o sistema de irrigação empregado na agricultura. Figura 1 – Jardins Egípcios | Paisagismo
Figura 2 – Jardins Egípcios
Acesso em: 03.FEV.2020 Disponível em: http://www.clubedejardinagem.com.br/index.php/ jardinagem-paisagismo/32-o-jardim-egito-babilonia-persia-grecia-e-roma-antigas.
Acesso em: 03.FEV.2020 Disponível em: http://www.clubedejardinagem. com.br/index.php/jardinagem-paisagismo/32-o-jardim-egito-babilonia-persia-grecia-e-roma-antigas
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Para tratar de espaços públicos é necessário primeiro tratar sobre os espaços livres urbanos – os quais, segundo Miranda Magnoli (1982), podem ser considerados como “todo espaço não ocupado por um volume edificado (espaço-solo, espaço-água, espaço-luz) ao redor das edificações e que as pessoas têm acesso”. A China, com sua forte influência espiritual, conhecida por seus jardins mais “religiosos”, e a colocação nestes dos elementos da natureza, desempenhando grande peso sobre os japoneses que aderem o estilo da corte chinesa, tendo assim um significado simbólico típico, causando o aparecimento de elementos como: pedras, água, pontes, entre outros princípios. Figura 3 – Jardim Yuyuan em Xangai na China
Acesso em: 03.FEV.2020 Disponível em: https://www.vigoenfotos.com/china/shanghai_jardin_yuyuan_5.pt.html
A Grécia manifesta-se com o conceito de espaço livre remetido a Roma, onde propriedade privada da nobreza é revertida em espaços livres para uso da comunidade. Figura 4 – Casa dei Vettii em Pompéia, Itália
Acesso em: 28.JAN.2020 Disponível em: https://thearcheology.wordpress.com/2010/06/07/casa-romana-peristylium/
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Os jardins Árabes, na Idade Média, se destacam na jardinaria com funções singulares, de pequena escala, se referindo a jardins internos, criados essencialmente de plantas frutíferas e perfumosas. A jardinagem começou a ser efetuada à luz da arquitetura com o Renascimento, buscando apuro estético, onde os elementos artificiais de formas múltiplas e ricas, projetam um espaço de grande valor artístico. Figura 5 – Jardí d’Eram, Irã
Acesso em: 28.JAN.2020 Disponível em: https://ca.wikipedia.org/wiki/Jard%C3%AD_d%27Eram
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O estilo italiano é notado pelo acomodamento dos jardins à topografia do terreno; essa acomodação promove o surgimento de desníveis e terrações conectado por rampas e escadarias, que se incorporam facilmente com a arquitetura. Figura 6 – Oasi Zegna em Piemonte, Itália
Acesso em: 15.JAN.2020 Disponível em: http://www.oasizegna.com/it/news/oasi-zegna-finalista-parchi-piu-belli-italia-2017-conca-dei-rododendri-news_5489.html
Geralmente maiores em extensão, os jardins franceses buscam a geração cenográfica em grande escala, com a influência exercida pelos jardins franceses na manifestação das áreas verdes “praças e parques” que são livres à população. Figura 7 – Garden in Chateau Villandry, Loire Valley, France
Acesso em: 15.JAN.2020 Disponível em: https://www.istockphoto.com/br/foto/chateau-villandry-jardim-gm116570813-5567371
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No século XVIII a chegada da Revolução Industrial deu início às transformações sociais, políticas e econômicas, mudando usos e costumes, lazer e modificando o cotidiano da humanidade. As pessoas não têm mais o tempo para a contemplação, para o bate-papo. O trabalho assalariado exige delas dedicação, horários, e, isso faz com que novas necessidades surjam em suas vidas, exigindo dos espaços públicos adequação, novas instalações e infraestruturas. Surgem consequências do desenvolvimento técnico-industrial, como formas mais sofisticadas de diversão (aparelhos eletrônicos), equipamentos esportivos, playground, consumismo e até mesmo outras formas de valores ligadas à modernidade. As praças cada vez mais perdem significado na vida, o social principalmente, dessa geração e talvez quem sabe, de gerações futuras, como diz De Angelis:
“
”
“Praça como espaço da memória histórica que forneceu tanto a moldura quanto o fundo para discursos políticos e culturais sobre a cidade como local de identidade, de tradição, de saber, de autenticidade, de continuidade e estabilidade (DE ANGELIS, 2005, p.3)”.
Em cada sociedade um modelo de praça foi transmitido e moldado de acordo com as necessidades de sua população. Outros modelos de praças também são hoje resgatados e normalmente agregados a modelos ideais a serem seguidos, como: as Piazza italianas; as Places Royales francesas; as Plazas Mayores espanholas e as Squares inglesas (SEGAWA, 1996).
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1.2 [ MODELOS IDEAIS ] [ MODELOS IDEAIS ] As Piazzas, são pátios/planos e abertos, com fluxos de multi direções, de forma irregular rodeados por arquitetura e utilizadas geralmente para comercialização. A origem desta Piazza vem da Roma Antiga. No mesmo local, entre 81 e 96 d.C., o imperador romano Domitiano construiu um estádio, que ficou conhecido como Circus Agonalis – ou Arena de Competição. Essa é provavelmente a origem do nome da praça, que seria uma alteração de “Agonalis” para “in Agona”, “Nagona”, e então para “Navona”. A Fonte dos quatro rios (fontana dei quattro fiumi) é a maior fonte da praça. Essa fonte representa os quatro principais rios de cada um dos continentes: o Rio Nilo na África, o Rio Danúbio na Europa, o Rio Ganges na Ásia e o Rio da Prata na América. Ela foi construída entre os anos de 1647 e 1651 a pedido do papa Inocêncio X. A criação da fonte havia sido concedida a Borromini, mas acabou sendo realizada por Bernini, seu rival. Ele fica no meio da Piazza Navona. Figura 8 – Piazza Navona, Roma
Acesso em: 20.JAN.2020 Disponível em: https://pxhere.com/pt/photo/1054064
As Places Royales, antecederam as grandes praças inglesas e espanholas, sendo também um modelo atraente de praça residencial separada do tráfego. Difere-se por não ter um edifício público como seu foco, formada basicamente por um quadrilátero, com um entorno de arquitetura de alto padrão construtivo, com três pavimentos.
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Figura 9 – Piazza San Marco, Veneza
Acesso em: 20.JAN.2020 Disponível em: https://pxhere.com/pt/photo/886575
A praça São Marcos mede 180 metros de comprimento por 70 metros de largura e é a única piazza de Veneza, já que as outras são piazzales ou campos. Sua construção teve início no século IX, adotando o tamanho e a forma atual em 1177, sendo pavimentada 100 anos depois. A praça é o lugar mais baixo de Veneza, e por esse motivo, é o primeiro lugar a inundar. Quando isso acontece, as autoridades colocam passarelas para que os cidadãos possam transitar. Os edifícios mais importantes da praça são a Basílica de São Marcos, o Museu Correr, a Torre dell’Orologio, o Palácio Ducal e o Campanile, que é o campanário da basílica. As Colunas de São Marcos e São Teodoro na entrada da praça, foram construídas em granito em 1172 no lugar onde aconteciam as exposições públicas.
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Figura 10 – Praça des Vosges em Paris, França Originalmente conhecida como Praça Real, é uma das praças planejadas mais antigas e preservadas da França. Localizada no distrito de Marais, ela foi construída a mando de Henri IV e hoje é considerada uma das praças mais bonitas de Paris, apesar de pequena. A Place des Vosges está localizada no bairro de Marais, em Paris, na junção dos 3º e 4º bairros. Ela é um excelente exemplo da arquitetura da época e seu estilo é inspirado em Luís XIII. A praça é a mais antiga praça planejada de Paris e o seu charme vem das belíssimas construções de tijolo ao seu redor. Inaugurada em 1612 para celebrar o casamento de Luís XIII e Ana da Áustria, a Place des Vosges é a mais antiga praça planejada de Paris. Tem uma dimensão de 127 x 140 metros e está rodeado por 36 casas idênticas feitas de tijolo vermelho. No centro da praça há um bonito jardim com árvores, fontes e uma estátua equestre de Luís XIII.
Acesso em: 25.JAN.2020 Disponível em: https://pxhere.com/pt/photo/871502
Figura 11 – Praça des Vosges em Paris, França | Vista aérea
Acesso em: 25.JAN.2020 Disponível em: http://paris.dicasdacolombia.com.br/2017/06/place-des-vosges-em-paris.html
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Figura 12 – Plaza Mayor de Madri
Acesso em: 25.JAN.2020 Disponível em: https://pxhere.com/pt/photo/1372499
Figura 13 – Plaza Mayor de Madri | Vista aérea
Acesso em: 25.JAN.2020 Disponível em: https://www.pinterest.co.uk/amp/pin/222857881540611343/
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As Plazas, são pátios planos com uso original de mercado e tem uso variado de acordo com a hora do dia, comercial e/ou para lazer. De acordo com Kevin Lynch (1987), as plazas são também locais de foco de atividades na centralidade de uma área que seja intensamente urbana. Para ele, nesses modelos de praça se encontra com facilidade alguns elementos que atraem a população como: bancos, abrigos, fontes entre outros. Não havendo obrigatoriedade de vegetação. Esta praça com pórtico é o coração do Madrid dos Áustrias, a parte velha da cidade e um dos bairros com mais encanto. A Plaza Mayor começou a se erguer nos terrenos da antiga Plaza del Arrabal, onde se encontrava o mercado mais popular da vila, nos finais do século XV, altura do traslado da corte. Em 1617 o arquiteto Juan Gómez de Mora ficou encarregado de dar uniformidade aos edifícios deste lugar, que durante séculos acolheu os festejos populares, corridas de touros, coroações de reis e também autos-de-fé. A estátua de Felipe III é uma das obras de arte de maior valor que se podem encontrar nas ruas de Madrid. Concebida por Giambologna e terminada por Pietro Tacca em 1616, a estátua custodiou durante séculos o acesso à Casa de Campo, mas a rainha Isabel II cedeu-a à cidade em 1848, que decidiu colocá-la na Plaza Mayor. A escultura só voltou a mudar de localização durante as duas repúblicas.
Figura 14 – GROSVENOR SQUARE, ENGLAND | Vista aérea As Squares, são jardins ou parques de proporções pequenas, delimitados por arquitetura nos seus quatro lados. Por consequência, surgiram as residências chamadas de “crescents e circus”, que se caracterizam por módulos residenciais voltados para um jardim central (ALEX, 2008). É uma grande praça com jardim na Mayfair bairro de Londres. É a peça central da propriedade Mayfair do Duque de Westminster e leva o nome do sobrenome “Grosvenor”. Oferecendo quase 2,5 hectares de jardim aberto, Grosvenor Square é a segunda maior praça com jardim de Londres, depois de Lincoln’s Inn Fields. Na década de 1720, seu design era uma celebração do campo na cidade, no entanto, os jardins foram modificados ao longo do tempo para atender às necessidades de mudança daqueles ao seu redor. Reservada para uso dos residentes durante grande parte de sua vida, a paisagem tornou-se um espaço público para o desfrute de todos. Macedo e Robba (2003) consideram duas premissas básicas: o uso e a acessibilidade do espaço, para chegar ao seguinte conceito: “Praças são espaços livres públicos urbanos destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos e livres de veículos” (p.17). Tal conceito nos leva a perceber que as praças podem ser classificadas de acordo com a época, organização na malha da cidade e organização interna.
Acesso em: 25.JAN.2020 Disponível em: http://ttnotes.com/grosvenor-square.html
Figura 15 – BEDFORD SQUARE, ENGLAND | Vista aérea
Acesso em: 25.JAN.2020 Disponível em: https://arquiscopio.com/archivo/2013/10/02/bedford-square/
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1.3 [ AS PRAÇAS BRASILEIRAS ] [ AS PRAçAS BRASILEIRAS ] Teoricamente, o espaço da praça, todavia assume papéis distintos e apresenta um contraste morfológico, possuindo em sua concepção, o caráter de espaço coletivo, lugar de culto e de ritos, de manifestação, oportuno à interação social. No solo brasileiro, esses espaços criaram duas formas distintas: uma, nas vilas e cidades implantadas no contexto urbano, e outra, nas aldeias e assentamentos indígenas presentes. Na construção do Brasil urbano, as praças surgiram no entorno das igrejas fundando os primeiros espaços públicos urbanos. A praça apresenta-se segundo o conceito vitruviano de centro político-administrativo, local oportuno à implantação dos principais edifícios públicos da cidade, local de comércio principal, das casas mais luxuosas, ponto de encontro e elo desta com a paróquia. A proposta de Vitruvius, em seu tratado “De Architectura”, é que a arquitetura se baseia em três princípios básicos, venustas (beleza), a firmitas (firmeza) e Utilitas (utilitário). A arquitetura tem um equilíbrio entre estas três variáveis. A organização formal da praça brasileira tem sua origem baseada em dois princípios básicos, notados na formação das cidades coloniais: a praça com composição orgânica e a praça formal, ambas simbolizaram o espaço de maior importância do cotidiano, dando lugar para o caráter inerente de espaço coletivo. Segundo Marx (1980) “logradouro público por excelência, a praça deve sua existência, sobretudo, aos adros das nossas igrejas. Se tradicionalmente essa dívida é válida, mais recentemente a praça tem sido confundida com jardim. A praça como tal, para reunião de gente e para um sem-número de atividades diferentes, surgiu entre nós, de maneira marcante e típica, diante de capelas ou igrejas, de conventos ou irmandades religiosas. Destacava, aqui e ali, na paisagem urbana estes estabelecimentos de prestígio social”. Figura 16 – Vista do Terreiro de Jesus, com a Catedral Basílica ao fundo
Acesso em: 18.JAN,2020 Disponível em: https://www.wikiwand.com/pt/Terreiro_de_Jesus
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O centro de uma cidade normalmente é associado à praça principal e à Igreja Católica, que são componentes referenciais urbanos da área central, seja em cidades de pequeno, médio e grande porte. Como exemplo, na Igreja da Sé, em São Paulo, situada na Praça da Sé, importante logradouro público de reconhecimento nacional, preservou-se, ao decorrer do século XX, seus costumes, comercial e religioso, mantendo-se também como palco de manifestações populares. Para Macedo e Robba (2003) as praças, civicamente, militarmente, de mercado, ou simplesmente para a contemplação, se destacam nas cidades pelas funções que exerciam. Por muito tempo, funções como essas deram o significado desses espaços públicos, tidos como o símbolo de poder, seja estatal ou militar. Figura 17 – Multidão durante as comemorações do IV Centenário da capital na Praça da Sé em frente à Catedral
Acesso em: 18.JAN.2020 Disponível em: https://acervo.estadao.com.br/noticias/lugares,praca-da-se,8250,0.htm
Robba e Macedo, no início do século XXI, viram que a utilização da praça para fins religiosos até então era grande, não tão forte quanto no começo do século XX; o comércio informal, centrado em atividades de camelôs e vendedores ambulantes; e atualmente, a Praça da Sé permanece local de encontro da população imigrante, e palco de apresentações culturais populares diversas. Recentemente, em função dos novos padrões de consumo e lazer, as praças perderam a atratividade para a população, por conta do avanço da tecnologia, como a internet, os parques temáticos, os shoppings centers, entre outros, além de que temos o fator segurança, com maior relevância em grandes e médios centros urbanos. A praça é um dos principais espaços de lazer e convívio social nos bairros com população de baixa renda, integrando seu cotidiano. Nessa nova imagem urbana colidem com o público e o privado, prevalecendo o público, na medida em que, agora, os espaços coletivos urbanos – praças, avenidas, ruas, galerias, lojas, pavilhões, cedem lugar à habitação como espaço urbano da intimidade, seguramente protegido por portões, grades, muros, múltiplos de vedação, a casa como lugar onde nos escondemos. 30
1.4 [ A PRAÇA MODERNA ] [ A PRAçA MODERNA ] A escala da cidade, a partir do séc. XIX progrediu em uma mudança estrutural intensa, consequentemente, o crescimento acelerado passou a demandar soluções cada vez mais conforme os problemas urbanos, ocasionando uma maior amplitude nas intervenções, parado nas estratégias dos planos globais. “A praça moderna, recortada no movimento protocolar de uma régua, não tem o menor conteúdo espiritual, somente uma superfície vazia, de tantos por tantos metros quadrados” (Camillo Sitte, 1889)”. O uso de praças, no Brasil, é um traço cultural antigo, que remete à época em que as pessoas colocavam suas cadeiras na calçada, se encontravam com seus vizinhos e ali permaneciam, como uma extensão de suas casas. Aos poucos as pessoas sentiram necessidade de aumentar seus espaços de convivência, e como suas casas não permitiam, a vida passou a se desenrolar na rua, na calçada, na praça. Dessas praças, a grande maioria está em áreas residenciais, internas aos bairros e com um raio de interferência não maior que 200 metros de distância – caracterizando-as como praças de alcance local, mais voltadas aos usuários mais próximos e com pouca relação com a cidade ao redor. O local da praça surge sob a ótica da estética, da funcionalidade, da relação espacial e da compreensão da ótica do bem-estar do indivíduo, sendo assim, espaço livre (vazio) X espaço construído (massa). Para De Angelis (2005), do romantismo à praticidade, conceitos e funções sobre a praça existem os mais diversos, porém todos tem um entendimento em comum: é o local da reunião e do encontro. A praça é o lugar do encontro, mas para compreendê-la, é necessário inseri-la no contexto da cidade, das suas contradições. Contradições estas nas quais a vida se reproduz e se dá o modo concentro de se viver”. A praça é assim assimilada como um local de concepção da vida, logo, os contrastes ali evidentes dizem respeito ao modo concreto de viver de cada indivíduo que lá se situa: ao modo de viver evidente em suas lutas diárias pela sobrevivência, em uma cidade que tem sua performance conduzida pelo modo capitalista de produção. Tanto em tempos remotos quanto na atualidade, as praças exercem papel de grande excelência como espaço democrático, local de decisões e local de convívio e lazer da comunidade, sendo de grande importância o conhecimento de seus usos e funções, essencialmente para a conservação das praças públicas.
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1.5 [ PRAÇAS CONTEMPORÂNEAS ] [ PRAçAS CONTEMPORANEAS ] Ao longo dos séculos as praças foram sendo modificadas, passaram pelo ecletismo, modernismo até o contemporâneo, segundo aponta Robba e Macedo (2003). No eclético, a praça multifuncional colonial deixa de existir e em seu lugar aparecem os jardins do século XVIII, depois a praça ajardinada, para contemplação e descanso construídas nos primeiros anos do século XX. Com o século XX chegam as transformações sócio econômicas do crescimento urbano, exigindo traçados mais racionais, modernos. De modo a priorizar a funcionalidade, as praças agora estão voltadas ao lazer ativo, com quadras, brinquedos, área de jogos e afins. No fim do século então, com o grande aumento no número de veículos e pessoas, as cidades enfrentam um problema de cunho social e espacial e o desenho de praças passa a ser mais livre, busca atender as necessidades socioculturais da atualidade. Surge então a linha projetual contemporânea que mescla aspectos dos períodos anteriores, adicionando os usos comercial e de serviço aos espaços que antes eram apenas contemplativos e de lazer. Quadro 1 – Relação dos estilos de praça
A partir do exposto pode-se concluir que hoje as praças não seguem mais uma estrutura rígida de desenho, se moldam a depender do local onde serão implantadas e levando em consideração os desejos da população que as usará. Ao fim, é importante ressaltar que “a praça é, na atualidade, o único lugar propício à permanência e ao desenvolvimento de atividades sociais não consumistas” (ROMERO, 2001, p.29 apud MINDA, 2009, p. 50). Fonte: Adaptado de Miranda 2020, p.27.
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1.6 [ JARDINS SENSORIAIS ] [ JARDINS SENSORIAIS ] Somente nos dias atuais surgiu a preocupação em criar condições de acessibilidade aos portadores de necessidades especiais em locais públicos, como parques e jardins. Inicialmente, foram implantadas facilidades de locomoção, visando a romper barreiras arquitetônicas que lhes impediam o acesso a muitos lugares, com instalação de rampas e elevadores, rebaixamento de guias, estacionamentos preferenciais, entre outras. Para essas pessoas, o ambiente externo é o melhor lugar para vivenciar novas experiências e ampliar suas possibilidades. Dessa forma, entende-se por jardins sensoriais (ou dos sentidos), espaços que objetivam a percepção e a valorização do mundo vegetal por outros meios, além do simples olhar. Nos jardins sensoriais, devese enfatizar a utilização de espécies vegetais que se destacam pela textura, pelo perfume, pela forma das folhas, flores e caules, dos frutos e sementes. A sensibilidade de cada pessoa e a percepção dos sentidos, pode provocar mudanças de atitudes e comportamentos em relação às plantas. (PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE, 2007). O jardim sensorial possui grande influência oriental, manifestando-se através de quatro sentidos do corpo humano: -
o a a o
tato, através das texturas das plantas, audição, com os repuxos d’água, visão, através das cores exuberantes e, finalmente olfato com os aromas das espécies.
As espécies possuem diferentes texturas e através delas é possível garantir um resultado satisfatório, através do tato. Um bom exemplo disso é o caso das suculentas. Um pequeno jardim de cactos pode apresentar infinitas texturas e um resultado excelente principalmente considerando os deficientes visuais. As cores exuberantes das flores e folhagens também garantem excelentes resultados no que se refere ao aspecto visual do jardim. Suas combinações podem considerar as mais infinitas gamas de cores. Petúnias, rabos de gato, violetas, lírios da paz, gerânios, ixoras e plumbagos estão entre as mais cotadas para pequenos vasos e jardineiras. O resultado policromático também pode variar conforme as estações do ano. As pequenas fontes e repuxos d’água também são responsáveis por agradáveis sensações e podem ser inseridas em qualquer jardim através de um simples sistema de bombeamento de água semelhante ao utilizado em aquários. O som emitido pela água é calmante e terapêutico segundo especialistas holísticos. Segundo especialistas, as ervas aromáticas possuem efeitos terapêuticos, entram através das células sensíveis que cobrem as passagens nasais, chegando direto para o cérebro. Desta forma tais ervas afetam as emoções, atuando no sistema límbico que também controla as principais funções do corpo.
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ÁREAS VERDES
JOSÉ PIQUET CARNEIRO - ROBERTO BURLE MARX (1979) 36
2. [ ÁREAS VERDES ] [ AREAS VERDES ] Segundo Llardent (1982), áreas, zonas, espaços ou equipamentos verdes são espaços livres onde predominam áreas plantadas de vegetação, correspondendo, em geral, ao que se conhece como parques, jardins ou praças. “Área verde” é um termo que se aplica a diversos tipos de espaços urbanos que têm em comum o fato de serem abertos, acessíveis; relacionados com saúde e recreação ativa e passiva, proporcionaram interação das atividades humanas com o meio ambiente (DEMATTÊ, 1997). Figura 18 – Área verde
Acesso em: 06.FEV.2020 Disponível em: https://www.eliowinter.com.br/noticias/vantagens-de-morar-perto-de-uma-area-verde
Nucci (2001) afirma que, para calcular o índice de área verde, devem ser consideradas somente as áreas verdes públicas localizadas na zona urbana e ligadas ao uso direto da população residente nessa área. Uma questão muito discutida quando se fala em vegetação urbana diz respeito ao índice de áreas verdes. Muitas cidades procuram aumentar seus índices colocando todo espaço não construído como área verde e considerando a projeção das copas das árvores sobre as calçadas. Enquanto alguns trabalhos envolvem o cadastramento de árvores para elaboração de bancos de dados informatizados ou da avaliação das condições da vegetação, existem aqueles que se preocupam com a avaliação da utilização do espaço pelo público, do perfil dos usuários e dos aspectos perceptivos em relação à arborização (OLIVEIRA, 1996).
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2.1 [ ÁREAS VERDES NOS ESPAÇOS URBANOS ] [ AREAS VERDES NOS ESPAçOS URBANOS ] Segundo o Ministério do Meio Ambiente, as áreas verdes urbanas são consideradas como o conjunto de áreas dentro do tecido urbano que apresentam cobertura vegetal, arbórea (nativa e introduzida), arbustiva ou rasteira (gramíneas) e que contribuem de modo significativo para a qualidade de vida e o equilíbrio ambiental nas cidades. Figura 19 – Área verde em espaços urbanos
Acesso em: 06.FEV.2020 Disponível em: https://www.flickr.com/photos/jmirtiany/16513269421
Parque Urbano é uma área verde com função ecológica, estética e de lazer, no entanto, com uma extensão maior que as praças e jardins públicos. De acordo com o Art. 8º, § 1º, da Resolução CONAMA Nº 369/2006, considera-se área verde de domínio público “o espaço de domínio público que desempenhe função ecológica, paisagística e recreativa, propiciando a melhoria da qualidade estética, funcional e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres de impermeabilização” (Brasil, 2006).
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Países como Inglaterra, França, Itália e Estados Unidos colocaram a ideia dos parques como equipamento urbano. As variações de suas geografias, culturas e até políticas levaram as variações desse tema. A concepção desta proposta tem como base estudos, o entendimento sobre espaços livres e públicos, praças e principalmente o contexto em que está inserida a área de estudo. Dessa forma, foram definidos os elementos essenciais para a proposta: - manter o máximo da vegetação existente; - estimular a utilização dos espaços pela população em diferentes dias e horários por meio de uma proposta que promova multiplicidade de usos, a partir da revitalização das áreas existentes, tornando-as capazes de atender os públicos de todas as idades; - privilegiar o pedestre através do tratamento dos passeios, e de soluções que tornam o espaço do automóvel secundário; - proporcionar bastante área verde, a fim de estimular o contato dos usuários com a natureza e minimizar os efeitos da insolação direta na área; - potencializar as funções de lazer, esporte e estar (espera e descanso) identificadas na área. A partir das diretrizes a cima, o programa de necessidades foi definido, levando em conta, o entorno e usos que deveriam ser mantidos, mas sendo melhorados significativamente.
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PARQUES
SEM TÍTULO - ROBERTO BURLE MARX (1974) 42
3. [ PARQUES ] [ PARQUES ] A definição de Parque passa pelo parecer técnico e vai, como vimos, desde a concepção dos jardins, até o lado lúdico do ser humano. As definições técnicas aos olhos dos paisagistas quando vem à tona a discussão sobre tipos de vegetação, diferenças de dimensões, formas de tratamento, funções e equipamentos. Nos dias atuais os espaços públicos absorveram muito mais a finalidade de local de lazer do que palco para as manifestações sociais, dessa forma, pode-se concluir que a praça urbana como conhecemos passa a ter suas características mais parecidas aos parques, com mais áreas abertas e uma amplitude visual maior.
“
”
O espaço se define como um conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e do presente, e por uma estrutura representada por relações sociais que estão acontecendo diante dos nossos olhos e que se manifestam através de processos e funções. O espaço é então um verdadeiro campo de forças cuja aceleração é desigual (SANTOS, 2004, p. 13).
Os espaços construídos transformam-se constantemente. A paisagem de ontem não é a mesma de hoje, e amanhã, provavelmente será diferente dessas. Em se tratando de cidades, isto ocorre ainda com maior intensidade e velocidade, uma vez que esta é mais dinâmica que a paisagem rural. O fluxo de pessoas e de capital é maior, e isto faz com que as alterações ocorram com tal dinamismo que dentro de um curto espaço de tempo (um ano, por exemplo), esta poderá se tornar irreconhecível. Cada vez que a economia, política e nas relações sociais ocorrem mudanças, esta repercute logo na paisagem que é habitada e transformada pela sociedade em constante evolução. Com o passar dos anos o tempo vai deixando impregnado nas edificações sejam elas arquitetônicas ou até mesmo naturais, os usos, costumes e modismos de sua época. A cultura local é expressa da mais abrangente forma. Nessas perspectivas, os objetos construídos, constituem a representação e testemunho de uma época. Conforme Santos, “o conjunto de elementos que compõem a paisagem urbana tende a assumir a função de testemunhos de valores, fatos e recordações, representações vivas da condição humana; a cidade e a arquitetura representam a história [...]” (SANTOS, 1982, p. 9).
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3.1 [ PARQUES URBANOS ] [ PARQUES URBANOS ] A existência de um Parque Urbano é hoje mais que uma condição de “estética política” é uma necessidade. Esse equipamento urbano leva aos moradores das metrópoles a chance de visitar espaços naturais, com paisagens verdes, fauna e flora sem ter que se afastar de suas casas. Nesses parques grande parte da população urbana desenvolve sua relação com a natureza, o que faz deles uma importante ferramenta para conscientização ambiental. No final do século XVIII e início do século XIX, surgiram os primeiros espaços ajardinados para o uso público e os primeiros Parques Urbanos (SCALISE, 2002). Com o crescimento das cidades e a destruição das florestas, o interesse por jardins e parques apareceu como um contraponto à sociedade industrial e passou a fazer parte do cotidiano urbano. Figura 20 – Parque urbano em Curitiba/ PR
Acesso em: 06.FEV.2020 Disponível em: https://magazine.zarpo.com.br/encante-se-com-as-belezas-dos-parques-de-curitiba/
Em meados do século XX, são implantados os primeiros grandes parques projetados para o lazer público. Nas décadas de 1960 a 1980, a sociedade brasileira passou por profundas transformações, que parecem ter colocado os Parques Urbanos no foco das políticas públicas.
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3.2 [ PARQUES LINEARES ] [ PARQUES LINEARES ] Segundo o projeto técnico “Parques Lineares como medidas de manejo de águas pluviais” da Associação Brasileira de Cimento Portland Programa Soluções para Cidades Parques Lineares são formados de áreas lineares utilizadas para conservação e para preservação de recursos naturais. Sua principal característica é a capacidade de interligar pequenos fragmentos de vegetação e outros elementos encontrados em uma paisagem. A definição de Parque Linear passa pela observação de ser uma obra estruturadora de programas ambientais em áreas urbanas, são muito utilizados como instrumento de planejamento e gestão de áreas degradadas, buscando conciliar tanto os aspectos urbanos e ambientais como as exigências da legislação e a realidade existente. Figura 21 – Parque Linear em Chapultepec, México
Acesso em: 06.FEV.2020 Disponível em: https://www.pinterest.co.uk/pin/17662623518419974/
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Além dessa função de ajuda de recuperação da natureza o Parque Linear também é destinado ao uso humano com atividades de lazer, cultura e rotas de locomoção não motorizada, como ciclovias e caminhos de pedestres. Os Parques Lineares podem ser usados para finalidades múltiplas: proteger ou recuperar ecossistemas, recompor o ambiente natural, permitindo o jardins e arborização ao longo das margens dos rios, impedir enchentes, reconectar áreas verdes, melhorar a qualidade de vida das populações que vivem no entorno dos rios, atuar como área de lazer, servir de elemento estruturador urbano, impedir a poluição dos afluentes, restaurar sua importância ambiental e tornar um cenário de boa convivência da natureza e das cidades envolvidas. A implantação de Parques Lineares é uma forma de controlar essa forma em excesso de poluição ambiental. A conceituação de Parque Linear é uma referência direta a sua forma. Os Parques Lineares são como linhas que cortam a cidade, podem acompanhar seus rios e córregos, são áreas verdes no meio das malhas urbanas que acompanham rios, lagos, estradas ou rodovias.
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3.3 [ PRAÇA SENSORIAL ] [ PRAçA SENSORIAL ] Atualmente algumas intervenções urbanas, embora pontuais e muitas vezes desconexas, sugerem uma crescente valorização da dimensão sensorial nos processos de produção e apropriação do espaço urbano. A permanente preocupação em atingir padrões ascendentes de qualidade de vida na vivência urbana tem levado em alguns contextos, os responsáveis pelo planejamento e gestão urbanística a trabalhar não apenas a dimensão visível, mas também a dimensão sensorial das cidades. Segundo Camillo Sitte (1889), nas suas reflexões em torno da construção social do espaço, destacou a relevância da interação social nas cidades, dando ênfase a importância da experiência sensorial na construção da imagem urbana, deixando claro que o interesse pela dimensão sensorial do ambiente urbano não é novo, mas sim o reconhecimento do papel que o planejamento urbano pode desempenhar no modo como essa multi-sensorialidade urbana se manifesta e como se interfere nos usos de representações do espaço urbano. A dimensão sensorial da vida urbana, resultante da informação que permanente e inconscientemente captamos pelo conjunto dos nossos cinco sentidos, determina a interpretação particular.
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ANÁLISES E ESTUDOS DE CASO
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CLARIVAL I - ROBERTO BURLE MARX (1979) 50
4.1 [ JARDIM DAS SENSAÇÕES - CURITIBA, PARANÁ ] [ JARDIM DAS SENSAçOES - CURITIBA, PARANA ] Arquitetos: Loreley Motter Kikuti Localização: Jardim Botânico, Curitiba – PR Área: 2.381 m² Ano do projeto: 2008 O Jardim das Sensações é um projeto da arquiteta Loreley Motter Kikuti, inaugurado no ano de 2008, localizando-se dentro do próprio Jardim Botânico. Uma área de 2.381 m² especialmente adaptada com equipamentos e plantas que estimulam os sentidos como tato, olfato e a audição dos visitantes. Figura 22 – Croqui Jardim Botânico
Acesso em: 03.JUN.2020 Disponível em: https://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/croqui-jardim-botanico/286 1 – Estufa/ 2 – Pavilhão de exposições/ 3 – Fonte/ 4 – Canteiros/ 5 – Velódromo municipal/ 6 – Canchas esportivas/ 7 – Administração velódromo/ 8 – Cancha de futebol/ 9 – Bistrô; loja/ 10 – Bicicletário/ 11 – Acesso principal/ 12 – Estacionamento/ 13 – Portal/ 14 – Lago (plantas aquáticas)/ 15 – Sanitários/ 16 – Lago/ 17 – Museu Botânico/ 18 – Administração do museu/ 19 – Ponte/ 20 – Manutenção/ 21 – Equipamentos de ginástica/ 22 – Bosque/ 23 – Trilhas/ 24 – Pista de caminhada.
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Um espaço planejado para o turista ter uma experiência diferenciada da qual está acostumado, com uma trilha de 200 metros de extensão que percorre entre plantas e flores, onde o visitante, que a princípio estará de olhos vendados, poderá tocar e sentir o aroma das mesmas. (INSTITUTO MUNICIPAL DE TURISMO, 2012). Os espaços públicos urbanos, em especial os parques e jardins, podem suscitar a inclusão de deficientes se forem projetados para a acessibilidade. Figura 23 – Jardim das sensações | Curitiba, PR
Acesso em: 26.FEV.2020 Disponível em: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/jardim-das-sensacoes-vira-sala-de-aula-para-os-curitibinhas/49761
Uma trilha feita em concreto antiderrapante com corrimão de apoio em todo o trecho leva os visitantes por diferentes ambientes de plantas e outros elementos naturais, como água. Na entrada, os visitantes recebem orientações dos monitores e as vendas, e um mapa com desenho visual e em braile mostra como será o percurso. As plantas também são identificadas com placas em braile. A mudança de piso é outra estratégia sensorial, e no meio da trilha foi plantada uma pequena floresta de palmito e, entre as árvores, o piso é circular. Além do som provocado pelo vento nas plantas, em meio à vegetação sinos de diferentes materiais e tamanhos darão estímulos auditivos ao passeio.
“
”
“Muito mais do que caminhar por um ambiente bonito e agradável, o passeio pelo Jardim das Sensações é um passeio pelos nossos sentidos”, diz a arquiteta responsável pelo projeto, Loreley Motter Kikuti.
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Figura 24 – Jardim das sensações | Visitantes
Acesso em: 26.FEV.2020 Disponível em: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/jardim-das-sensacoes-vira-sala-de-aula-para-os-curitibinhas/49761
Os vasos com cerca de 70 espécies de flores, ervas e outras vegetações ficam numa altura de um metro do chão, e no meio da trilha encontra-se um pequeno lago com cascata e ponte, provocando os sentidos através do barulho da água. Logo depois, os visitantes passarão por um estreito corredor de cedro. Figura 25 – Visita ao jardim das sensações
Acesso em: 26.FEV.2020 Disponível em: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/jardim-das-sensacoes-vira-sala-de-aula-para-os-curitibinhas/49761
O objetivo de todo este espaço é justamente fazer o turista realçar seus sentidos, perceber de maneira diferente o meio ambiente, sentindo as diferenças desses elementos naturais como as pessoas que não têm visão as percebem. A concretização do Jardim das Sensações e o diferencial que este espaço proporciona. 53
Angelis (2009), percebeu que muitas vezes a rotina frenética e as mudanças constantes da humanidade tornam os seres humanos condicionados a deixar de reparar características importantes do dia-a-dia, e que, a criatividade e a inovação podem ser uma das maneiras de incentivar a imaginação e trazer novas experiências através de estímulos dos sentidos. Figura 26 – Ponte Jardim das sensações
Acesso em: 26.FEV.2020 Disponível em: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/jardim-das-sensacoes-vira-sala-de-aula-para-os-curitibinhas/49761
O uso do jardim das sensações mostrou ser um método eficaz para a educação especial e como oportunidade de estimular todo e qualquer usuário a utilizar seus diferentes sentidos para aprender os conhecimentos sobre botânica de forma prática e dinâmica. Tendo em vista a importância do Jardim Botânico para a cidade de Curitiba e a busca por adaptar e construir espaços aos deficientes visuais, como forma de inclusão, o jardim das sensações veio como um atrativo turístico, e enfatizar que é possível incluir todas as pessoas por meio de um lazer saudável, sustentável e educador.
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4.2 [ JARDIM DE TODOS OS SENTIDOS, INHOTIM - BRUMADINHO/MG ] [ JARDIM DE TODOS OS SENTIDOS, INHOTIM ] Localização: Viveiro Educador Área: 25.000 m² Ano do projeto: 2011 Localizado no Viveiro Educador do Inhotim, o Jardim de Todos os Sentidos foi criado com o intuito de explorar os sentidos, como: visão, audição, paladar, tato e olfato. O projeto comtempla três canteiros em forma de mandala, dedicados, cada um, a plantas aromáticas, medicinais e de efeitos tóxicos. Nesse espaço, o visitante é convidado a interagir com as espécies e tocá-las, observar suas peculiaridades e até prova-las. Entre as mais curiosas estão a stévia (Stevia rebaudiana), da qual é feita um tipo de adoçante natural, e a camomila branca (Matricaria recutita), que tem propriedades calmantes e anestésicas. Figura 27 – Mapa de localização Viveiro Inhotim
MINAS GERAIS BRASIL
Elaborado pela autora (2020).
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Figura 28 – Jardim das sensações Em Inhotim, os jardins são singulares e possuem uma beleza rara, explorando todas as possibilidades estéticas. Além de contemplação, os jardins também são usados para catalogação de novas espécies botânicas, estudos, conservação e ações de educação ambiental. Com aproximadamente 5.000 (cinco mil) espécies que representam mais de 28% das famílias botânicas conhecidas do planeta, o objetivo é a conservação das espécies ameaçadas. A importância da biodiversidade vegetal para a sobrevivência humana, é uma das estratégias utilizadas para divulgar e sensibilizar os visitantes, com grupos paisagísticos, que somam ao todo cerca de 5.000 acessos, sendo 181 famílias botânicas, 953 gêneros e um pouco mais de 4.200 espécies de plantas basculares. Com tamanha diversidade, faz o Jardim Botâncio de Inhotim um espaço único, que possui a maior coleção em número de espécies de plantas vivas entre os jardins botânicos brasileiros.
Foto da autora (2019).
Figura 29 – Jardins lúdicos e interativos | Jardim das sensações
Foto da autora (2019).
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Figura 30 – Espécies e jardins | Jardim das sensações O conceito do jardim vai além do cultivo de espécies e da pesquisa científica. O espaço com prática e informação, contribuem para a construção da sensibilização ambiental, a construção do conhecimento de forma lúdica e interativa. O caminho entre as espécies de plantas do mundo todo permite ao visitante o contato com experiências diferenciadas que envolvem diferentes grupos e formas. O acervo do Jardim é um campo para estudos avançados e inovadores, onde os projetos de pesquisas são voltados principalmente para conservação de espécies fora de seu ambiente, para o uso sustentável de componentes da diversidade. Além disso, o jardim busca o desenvolvimento de tecnologias ambientais para a conservação do meio ambiente, com intuito de desenvolver parcerias e pesquisas com universidades e escolas, para produção de estudos avançados.
Foto da autora (2019).
Figuras 31 – Espécies
Foto da autora (2019).
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4.3 [ W.E CARTER SCHOOL | BOSTON, ESTADOS UNIDOS ] [ W.E CARTER SCHOOL BOSTON, ESTADOS UNIDOS ] Arquitetos: David Berarducci Lansdcape Architecture Localização: Boston, MA Área: 1525,95 m² Ano do projeto: início 1998; conclusão 2006 O jardim sensorial da escola W.E. Carter está inserido no bairro de South End da capital de Boston, Estados Unidos, localizando-se a oeste da Avenida Massachuse. O projeto foi elaborado para atender adolescentes e jovens, com idade de 12 a 22 anos, que possuem necessidades especiais. A ideia era desenvolver um projeto que tivesse a capacidade de suprir as necessidades desses jovens com atrasos de desenvolvimento, e que fosse capaz de estimular, por meios sensoriais, todas as limitações de cada aluno, fornecendo um espaço que atende desde a conscientização sensorial, plantio e colheita, até o treinamento e atividades recreativas em grupo, que ajuda na mobilidade visual. Figura 32 – Croqui W.E. Carter School
Acesso em: 26.FEV.2020 Disponível em: http://www.db-la.com/WECarterPlan.html
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Figura 33 – Planta humanizada W.E. Carter School
Acesso em: 26.FEV.2020 Disponível em: http://www.db-la.com/WECarterPlan.html
A intenção projetual foi de criar um espaço ao ar livre voltado para a realização de atividades de aprendizagem. O objetivo era fazer com que o estímulo sensorial e o contato com a natureza fossem capazes de motivar e ajudar os alunos a obter maiores avanços e realizações físicas e cognitivas, ou seja, esse espaço deveria ser e trazer a sensação de segurança, tanto para os estudantes como para qualquer outra pessoa que frequentasse o jardim. Segundo Clarke (2008), na visão dos professores o jardim tinha que ser projetado com a ideia de proporcionar um espaço que fosse atraente, sendo composto por locais destinados não somente para o convívio social ou estímulo educativo, mas também para pausas e descanso dos próprios funcionários e docentes da instituição educacional.
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Figura 34 – Jardim sensorial W.E. Carter School
Acesso em: 26.FEV.2020 Disponível em: https://www.pinterest.ca/pin/456622849689842736/
Os objetivos educacionais foram projetados para aumentar a independência nessas áreas, para que os alunos pudessem ser mais facilmente aceitos em programas e em outras oportunidades de aprendizado. Outra consideração básica que surgiu, foi a acessibilidade dentro e fora do prédio: - O primeiro local da escola era uma casa vazia, que se mostrou inviável porque as portas não eram largas o suficiente para acomodar cadeiras de rodas; - O segundo era um salão da igreja não utilizado no primeiro andar era mais acessível, mas não tinha serviço telefônico, o que dificultava a comunicação; - O terceiro espaço disponível era uma área não utilizada do hospital estadual, acessível a cadeiras de rodas apenas por um elevador de carga, em caso de incêndio, isso impediria a equipe de estar próxima o suficiente para ajudar eficientemente nas evacuações; - O quarto local era um novo local no hospital, acessível no primeiro andar, com um amplo banheiro para acomodar cadeiras de rodas e era equipado com um ramal telefônico que exigia a solicitação de uma linha externa disponível. Foram vários os materiais utilizados para construção do jardim sensorial. Entre os principais estão a madeira cedro vermelho que foi usado (devido a sua durabilidade e também por conta do seu cheiro), para a fabricação de todas as estruturas das pérgolas. Outro material incorporado no jardim foram os blocos de granito natural utilizados como banco, material reutilizado das fundações das antigas casas que ficavam no local antes de se tornar o atual jardim. Por fim, nos caminhos foi utilizado diferenciação de cores demarcando as áreas destinadas para realização de atividades (cor mais escura) com as áreas destinadas somente a circulação (cor mais clara). 60
Figura 35 – Caminho W.E. Carter School
Figura 36 – Usuários Carter School
Acesso em: 26.FEV.2020 Disponível em: https://www.pinterest.ca/ pin/456622849689842736/
Acesso em: 26.FEV.2020 Disponível em: https://www.pinterest.ca/ pin/456622849689842736/
As necessidades dos alunos eram tão exclusivas de uma escola pública que pais e professores sentiram que tinham uma voz mais forte quando o número de alunos era maior e em um só lugar. O Conselho de Pais fez um lobby e recebeu permissão para escolher o prédio da Carter School, no térreo, que foi desocupado, como local permanente para a educação de seus filhos. A W.E. Carter School se dedica em fornecer um ambiente educacional acessível e apropriado para o desenvolvimento, que combine instruções orientadas a dados com serviços e suportes individualizados para maximizar o acesso dos alunos à aprendizagem, oferecendo um foco instrucional em toda a escola, desenvolve lições e programas que aumentam a capacidade de comunicação de cada aluno, para que nossos alunos possam realizar seu potencial de independência máxima e a mais alta qualidade de vida possível.
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Figura 37 – W.E. Carter School
Acesso em: 26.FEV.2020 Disponível em: https://www.pinterest.ca/pin/456622849689842736/
Depois da implantação do jardim sensorial, os resultados e desenvolvimento nos tratamentos dos alunos vem melhorando progressivamente. Um aluno que antes, dificilmente conseguia encostar em algum objeto, hoje depois das atividades motivacionais realizadas no jardim, consegue estender a mão para vivenciar a sensação de sentir a água que cai da cascata de uma fonte. São vários os impactos que o jardim sensorial pode trazer para a população, beneficiando não somente esses alunos que possuem necessidades especiais, mas sim todos que usufrui e frequentam a área, pois além de aproximar o ser humano da natureza também estimula sentidos que antes estavam adormecidos (CLARKE, 2008). Figura 38 – Design do jardim
Acesso em: 26.FEV.2020 Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/16325617379530334/
O design do jardim é organizado em torno de um caminho, que leva o aluno à uma variedade de “áreas”: o ver, o ouvir e o toque na água em cascatas, o cheiras o perfume das flores e ervas, o toque para colher frutas e vegetais da época, faz com que os alunos possam sentir o espaço. Também é possível subir em um canteiro de flores dividido em seis cores do arco-íris, associado à cor que libera uma névoa de água fria nas plantas. Os usuários são atualizados em dias quentes de verão, que são feitos por percursos interativos de água, e nos dias mais frescos, as aulas são feitas ao ar livre, sombreadas por pérgulas cobertas de videiras. 62
Figura 39 – Pérgulas cobertas
Acesso em: 26.FEV.2020 Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/16325617379530334/
Conclui-se que a inserção desse projeto na comunidade resultou em diversas novas oportunidades de aprendizagem e entretenimento para os usuários que frequentam a área. O jardim não só trouxe um projeto com um espaço bonito e agradável, mas também elevou, de uma certa forma, a moral dos alunos e funcionários da Carter School, por ter sido projetado e pensado especialmente para toda a comunidade escolar. O que antes era uma população estudantil, que muitas das vezes eram ignorados e desprovidos de espaços ao ar livre para atividades, hoje possuem reconhecimento e com a devida infraestrutura para a realização de atividades que estimulam e melhoram seus desenvolvimentos e limitações físicas e motoras.
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INSERÇÃO URBANA
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SEM TÍTULO - ROBERTO BURLE MARX (1982) 66
5.1 [ GUAPIAÇU/ SP ] [ GUAPIAçU/ SP ] O município de Guapiaçu está situado ao norte do Estado de São Paulo e próximo a cidade de São José do Rio Preto, cerca de 15 quilômetros (km), e a 456 quilômetros (km) da capital do Estado. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Guapiaçu conta com uma população estimada de 21.454 mil habitantes. Possui 326,41 quilômetros quadrados (km²) de extensão territorial que abrigam indústrias de grandes portes, redes de comércio, prestadores de serviços e atividades agropecuárias. Figura 40 – Mapa Guapiaçu x São José do Rio Preto
Acesso em: 05.MAR.2020 Disponível em: https://www.google.com/maps/dir/Guapiacu
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Quadro 2 – Planilha de Potencialidades | Conflitos e Diretrizes para o projeto de Praça Sensorial no município de Guapiaçu-SP TEMA
POTENCIALIDADES
Educação
• Área disponível
DIRETRIZES
• O entorno em sua maioria é residencial, porém com po uca circulação de pessoas pelas ruas durante o período noturno
• Implantação de um projeto de uma Praça Sensorial sendo este um local com amplos espaços e áreas projetadas para o convívio e permanência dos pedestres
• Presença da represa e de córregos • Preservação dessescórregos • Integração de áreas verdes e espaços sem • Falta de preservação do córrego uso
AspectosAmbientais
Infraestrutura e Serviços Públicos TEMA
CONFLITOS
• Espaço adequado para promover convivência e proporcionar lazer po pulação local; • Espaço adequado para ter usosnoturnos.
• Abertura de áreas verdes para preservação do córrego • Implantação de novas espécies adequadas de árvores nas áreas verdes que hoje não possuem nenhum uso
a • Ausência de lazer e de espaços que são • Dar novo uso ao espaço, criando a integradores e que promovem a áreas co m movimentação noturna permanência de pedestres • Sinalizar corretamente as vias do entorno • Falta de sinalização nas vias.
POTENCIALIDADES
CONFLITOS
DIRETRIZES
Uso e Ocupação do Solo
• Poucos comércios e serviços para atender os moradores • Implantação de novos usos no setor • Por ser mais uma área residencial o comercial, como bares e movimento acaba se tornando mais • Área co m predominância de uso residencial, restaurantes, que possam trazer usos matutino e vespertino, se tornando um lugar co m alguns comércios e serviços locais noturnos po uco movimentado a noite • Integrar, as áreas do entorno que • Grande quantidade de terrenos que estão estão sem uso, ao projeto proposto sem uso
Sistema Viário e Mobilidade
• Atualmente os ciclistas ocupam a mesma • Implantação de ciclovias faixa que os automóveis adequadas • Espaço adequado para a implantação de • Algumas calçadas publicas existentes no • Revitalização das calçadas públicas ciclovias existentes no entorno terreno escolhido e dos quarteirões ao redor • Manutenção e revitalização do calçamento se encontram em mal estado de • Projeto de acessibilidade, inserindo dos quarteirões que compõem o entorno do conservação rampas acessíveis juntamente com terreno escolhido • NBR 9050: Falta de acessibilidade urbana na as devidas sinalizações (piso táteis) maior parte da cidade, em espacial nos nas travessias nos trechos de cruzamento de vias equipamentos
EquipamentosUrbanos
• Espaço físico para implantação de praças e • Sem muitos espaços de lazer destinado a equipamentos de lazer população.
• Implantar espaços destinados ao convívio da po pulação de Guapiaçu
Fonte: IBGE. Elaborado pela autora (2019).
Considerando que ao pensar no problema, pensamos também em soluções, o levantamento das propostas e diretrizes, já será realizado a partir da etapa de diagnóstico, tanto pela população como pelos técnicos municipais.
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5.2 [ ÁREA ESCOLHIDA ] [ AREA ESCOLHIDA ] O terreno escolhido para implantação do projeto de uma Praça Sensorial está localizado no município de Guapiaçu, entre as ruas Otacílio Costa, José Heráclito Pereira, Atílio Floravante e Rua da Glória. A área conta com 6.300 metros quadrados e atualmente o terreno já é destinado a uma praça, denominada Praça do idoso. Contudo, está praça não supre devidamente a carência de área de lazer e convivência para os moradores locais, sendo apenas uma área de passagem e curta permanência. Figura 41 – Localização do terreno em Guapiaçu/ SP
Elaborado pela autora (2019).
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O terreno proposto para a intervenção e implantação do projeto está envolto pelas ruas Otacílio Costa, José Heráclito Pereira, Atílio Fioravante e Rua da Glória. A avenida José Lucas Teixeira é uma via coletora, visto que esta colhe todo o trânsito que chega da Vicinal, distribuindo para as demais vias. Já as demais ruas que compõem o entorno da área são ruas locais.
Figura 42 – Mapa de sistema viário
VIA COLETORA
VIA LOCAL
Elaborado pela autora (2020).
Analisados os pontos elencados seguiram as seguintes diretrizes de pesquisa, foi definido um perímetro de alcance baseado no estudo prévio de autores, e feito um mapeamento dos pontos de interesse (levando em consideração o uso do espaço, seus moradores e a circulação de transporte público e pedestres). Inicialmente o levantamento contendo: áreas verdes: praças e parques; ruas de comércio específico; atividades culturais.; equipamentos significativos: institucional, transportes e serviços.
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No município de Guapiaçu existe apenas as linhas de ônibus suburbanos que faz um percurso único parando nos pontos espalhados pelo município. No mapa abaixo estam destacados a localização da rodoviária Expresso Itamarati, dois pontos existentes que estão mais próximos ao terreno de intervenção e o percurso atual. Figura 43 – Mapa de transporte público N
Area institucional 1
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Elaborado pela autora (2020).
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Nota-se, através da imagem abaixo que os principais corpos d’agua da cidade mantem sua área de várzea preservada, sendo que apenas o córrego (da represa) possui partes da várzea encurtadas pela urbanização. Figura 44 – Área da várzea preservada
Fonte: Google Maps e elaborado pela autora (2019).
A topografia da região está no Planalto Ocidental do Estado de São Paulo, apresentando uma topografia suave, caracterizada por relevo ondulado, que é relativamente uniforme, com extensos e baixos espigões, em faixas longas e estreitas. Figura 45 – Mapa topográfico de Guapiaçu
Fonte: Google Maps.
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Figura 46 – Foto do terreno
Foto da autora (2019).
Figura 47 – Foto do terreno com o asilo ao fundo
Foto da autora (2019).
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Figura 48 – Praça do Idoso em Guapiaçu
Foto da autora (2019).
As praças são uma forma de paisagem, seja está bem vista pela sociedade ou não. Paisagem que com o passar do tempo foi transformada pela natureza humana, ou mesmo esquecida por ela. Assim, “Paisagem e espaço não são sinônimos. A paisagem é um conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. O espaço são essas formas que a vida anima” ( SANTOS, 1997, p. 83). Assim sendo, as praças estão inseridas neste contexto, em que a paisagem deve ser valorizada e seus espaços bem estruturados e planejados. Caso contrário esses espaços, nesse caso, as praças, acabarão se tornando basicamente uma mercadoria, como aponta o geógrafo Santos: “o espaço uno e múltiplo, por suas diversas parcelas, e através do seu uso, é um conjunto de mercadorias, cujo valor individual é função do valor que a sociedade, em um dado momento, atribui a cada pedaço de matéria, isto é, cada fração da paisagem” (SANTOS, 1997, p. 83).
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O entorno do terreno Ê composto por alguns equipamentos, tanto comunitårios como urbanos. Como mostra imagem abaixo: Figura 49 – Equipamentos urbanos
Elaborado pela autora (2019).
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5.2.1 [ MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ] [ MAPA DE USO E OCUPAçAO DO SOLO ] Conforme o mapa abaixo, é possível perceber um entorno com predominância de residências, com alguns comércios e serviços que atendem aos moradores locais. O uso comercial e as áreas de serviço são em sua maioria lojas de material de construção, salão de cabelereiro, padarias, farmácias e mecânicas. Já os poucos usos destinados a áreas institucionais são apenas escolas privada e municipais, secretaria da agricultura e o pátio municipal de Guapiaçu. Por fim, percebe-se a carência de áreas verdes e áreas destinadas ao lazer e ao convívio dos moradores, e é pensando nisto que se decidiu o tema que será desenvolvido no trabalho final de graduação. Figura 50 – Mapa de uso do solo
Elaborado pela autora (2019).
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5.2.2 [ MAPA DE GABARITO DE ALTURA ] [ MAPA DE GABARITO DE ALTURA ] Na análise no mapa ao lado, foi possível identificar um padrão de verticalização. Nota-se que a grande maioria das residências, comércios e serviços possuem um gabarito baixo de altura, sendo construções de apenas 1 pavimento. Já os edifícios que apresentam uma maior verticalização, com 2 ou mais pavimentos, são em sua maior parte, áreas de prédios residenciais ou construções com uso residencial no pavimento superior e que no térreo compartilham o espaço com serviços ou comércios locais.
Figura 51 – Mapa de gabarito de altura
Elaborado pela autora (2019).
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5.2.3 [ MAPA FIGURA FUNDO ] [ MAPA FIGURA FUNDO ] Percebe-se no mapa de figura fundo quadras retangulares com a predominância de cheios sobre os vazios na maior parte do entorno da área de intervenção. Existe também uma outra área próxima ao terreno escolhido, que está em crescimento e nesta área a predominância são dos vazios com apenas alguns lotes que possuem uso residencial ou edifícios que ainda estão em construção. Figura 52 – Mapa figura fundo
Elaborado pela autora (2019).
A cidade de Guapiaçu, possui dois grandes eixos viários, que são a rodovia Assis Chateaubriand e a Vicinal Maria Ivanete Hernandes Vetorasso. Tendo a primeira com um uso expresso e que direciona até a entrada do município e a outra (Vicinal) com um uso mais coletora, coletando um pouco do fluxo da expressa e direcionando a uma outra entrada para o município. Em seguida estão as avenidas, que carregam uma imagem própria do município como é caso da Avenida João Segura Lopes e a Avenida Abrãao José de Lima. 78
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DIRETRIZES PROJETUAIS 81
CLAMBÔNIA - ROBERTO BURLE MARX (1984) 82
6.1.1 [ PROGRAMA DE NECESSIDADES ] [ PROGRAMA DE NECESSIDADES ] O programa de necessidades foi realizado através das análises feitas em conformidade com os estudos aqui levantados, análises projetuais e estudo de caso. Estão subdivididos de acordo com as principais zonas que compõem o projeto: jardim sensorial, lazer, convívio, café, banheiros e apoio/guarita. A composição do programa de necessidades se baseou a partir do estudo de considerações funcionais e legais, dos estudos de referência diretos e indiretos, e de outros projetos e edificações com uso similar. Quadro 3 – Programa de necessidades PROGRAMA DE NECESSIDADES - PRAÇA SENSORIAL | GUAPIAÇU/ SP AMBIENTES JARDIM SENSORIAL JARDINS COM ALTURA DE 85cm ÁREA COBERTA ESPAÇO DE COMTEMPLAÇÃO ÁREA DE ESTUDO
ÁREA/M²
785
SANITÁRIOS DOIS BANHEIROS PNE SALA DE APOIO/ CONTROLE
ÁREA/M² ÁREA DE LAZER PLAYGROUND JARDINS
423
ÁREA/M²
36
ÁREA/M² CAFÉ DOIS BANHEIROS PNE ÁREA DE CONVÍVIO
Café e banheiros: 57,75 + convívio Total: 216
Elaborado pela autora (2020). A concepção desta proposta tem como base todos os estudos demonstrados acima, o entendimento sobre espaços livres e públicos, praças e principalmente o contexto em que está inserida a área de estudo. Dessa forma, definiu-se os elementos essenciais para a proposta, aqui descritos em forma de diretrizes projetuais: estimular a utilização dos espaços pela população em diferentes dias e horários por meio de uma proposta que promova multiplicidade de usos, a partir da revitalização das áreas existentes, tornando-as capazes de atender os públicos de todas as idades; potencializar as funções de lazer e estar (espera e descanso) identificadas na área; privilegiar o pedestre através do tratamento dos passeios e da adoção de soluções que tornam o espaço do automóvel secundário; proporcionar bastante área verde, a fim de estimular o contato dos usuários com a natureza e minimizar os efeitos da insolação direta na área. A partir das diretrizes citadas o programa de necessidades foi definido. 83
6.1.2 [ FLUXOGRAMA E ORGANOGRAMA ] [ FLUXOGRAMA E ORGANOGRAMA ] A figura abaixo foi feita afim de que possamos entender através das cores a setorização de atividades feitas no projeto. Figura 53 – Setorização do projeto
JARDIM SENSORIAL ÁREA DE LAZER CAFÉ SANITÁRIOS ESTACIONAMENTO
Elaborado pela autora (2020). 84
6.2 [ CONCEITO E PARTIDO ] [ CONCEITO E PARTIDO ] O principal conceito do projeto é construir um espaço convidativo à toda a população, com uma estética moderna, agradável e que transmita diversas sensações aos pedestres, por seus aspectos sensoriais, tornando o espaço, uma sala de aula a céu aberto. A praça sensorial foi idealizada para absorver a diversidade humana existente na cidade de Guapiaçu, e suprir a falta da mesma na cidade. Neste sentido, o projeto pretende resgatar o significado urbanístico do local, buscando trazer os cinco sentidos e tornando os espaços com capacidade de incentivar atividades nos quais trabalhe as percepções importantes para as sensações que cada espaço possa transmitir, como forma de tornar o espaço sentido de todas as formas. O partido arquitetônico escolhido é inspirado nos traçados dos jardins de Roberto Burle Marx, tendo como referência o paisagismo modernista, carregando a marca das linhas curvas, e valorizando as plantas nativas. A proposta é passar a leveza e possibilidades do espaço através das formas livres e descontraídas, assim como é a essência do projeto, por meio de um desenho acessível que privilegie o pedestre, integre o entorno tornando a rua entre a praça e o asilo de acesso restrito a pedestres e articule o tecido urbano, revitalizando e consolidando o espaço nas esferas social, física e espacial. O projeto está embasado nas características topográficas, a partir do qual as diversas zonas e construções se organizam, a permeabilidade, a qual direcionou os horários de funcionamento da praça, a integração público e privado, das áreas construídas com a natureza, a possibilidade das pessoas circularem pelo local, sem necessariamente precisar estar participando das atividades oferecidas no local, despertando o interesse e interação com o local.
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6.3 [ EVOLUÇÃO DO PROJETO ] [ EVOLUçAO DO PROJETO ] A partir do conceito e partidos desenvolvidos, passamos para uma análise do terreno, afim de iniciar definições de acessos, compreender ângulos de visadas e potencialidades. O croqui abaixo mostra as primeiras análises. Figura 54 – Croqui | Sem escala
Elaborado pela autora (2020).
Figura 55 – Croqui | Sem escala
Elaborado pela autora (2020).
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Figura 56 – Croqui | Sem escala
Elaborado pela autora - primeiros estudos (2020). 87
PROJETO 89
ABSTRAÇÃO - ROBERTO BURLE MARX 90
7. [ PROJETO ] [ PROJETO ]
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 103
COMPOSIÇÃO - ROBERTO BURLE MARX 104
8. [ CONSIDERAÇÕES FINAIS ] [ CONSIDERAçOES FINAIS ] Através do trabalho realizado, conclui-se que projetar considerando a percepção e os sentidos, pode valorizar os projetos de arquitetura e urbanismo, uma vez que corretamente estudados podem interferir nos estados de espirito de seus usuários, provocar inúmeras reações psicológicas, gerar efeitos positivos e negativos, induzir pensamentos, até mesmo contestar a prática e a vivência do ser humano no mundo e o significado das coisas. A arquitetura é capaz de explorar simultaneamente todos os sentidos humanos, para que, enquanto indivíduos, tenha consciência do que os rodeia. O homem através do edifício vive a sensação de realidade, de existência e de identidade pessoal, através da arquitetura podemos habitar mundos criados pelo próprio homem. O nosso corpo é responsável por receber e interpretar os estímulos e a arquitetura proporciona isso, esse processo de percepção e sensação se manifesta de diferentes formas nos mais diversos indivíduos. A arquitetura ao se relacionar com os sentidos humanos, revela a necessidade de recriar e de descobrir o modo ideal de abrigar o ser humano na totalidade dos seus sentidos. O arquiteto deve projetar espaços capazes de oferecer experiências interativas entre todos os sentidos do homem, através do cuidadoso desenvolvimento do projeto desde a definição de conceitos até seu detalhamento. O uso das cores e da luz, pode, inclusive, influenciar o humor das pessoas que usam um determinado ambiente, manipulando seus estados de espírito. A essência do cheiro, da luz, do toque, da visão e do som são elementos cruciais a serem explorados nos projetos de arquitetura, tornando possível unir não só uma época, mas um pensamento artístico acerca da arquitetura, além de proporcionar bem-estar a todos os usuários, com diferentes refúgios e ambientes vivenciados. Portanto, a manifestação multissensorial, é benéfica as pessoas que utilizam os espaços arquitetônicos.
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