M E R C A D O P Ú B L I C O E G A S T R O N ô M I C O D O B E N F I C A O MERCADO COMO REQUALIFICADOR DO ESPAÇO PÚBLICO
RAUL SOUTO TAVARES
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA Centro de Ciências Tecnológicas Graduação em Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Prof. Me. Marcos Bandeira de Oliveira
M E R C A D O P Ú B L I C O E G A S T R O N ô M I C O D O B E N F I C A O MERCADO COMO REQUALIFICADOR DO ESPAÇO PÚBLICO
RAUL SOUTO TAVARES
Fortaleza 2018
M E R C A D O P Ú B L I C O E G A S T R O N ô M I C O D O B E N F I C A O MERCADO COMO REQUALIFICADOR DO ESPAÇO PÚBLICO
RAUL SOUTO TAVARES
Trabalho Final de Graduação apresentado à Coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza, como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Orientador: Prof. Me. Marcos Bandeira de Oliveira
Fortaleza 2018
Ficha catalográfica da obra elaborada pelo autor através do programa de geração automática da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza
Tavares, Raul Souto. Mercado Público e Gastronômico do Benfica: O Mercado como Requalificador do Espaço Público / Raul Souto Tavares. - 2018 120 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade de Fortaleza. Curso de Arquitetura E Urbanismo, Fortaleza, 2018. Orientação: Marcos Bandeira de Oliveira. 1. Mercado Público. 2. Requalificação Urbana. 3. Espaço Público. I. de Oliveira, Marcos Bandeira. II. Título.
M E R C A D O P Ú B L I C O E G A S T R O N ô M I C O D O B E N F I C A O MERCADO COMO REQUALIFICADOR DO ESPAÇO PÚBLICO
RAUL SOUTO TAVARES
Trabalho Final de Graduação apresentado à Coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza, como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Fortaleza, _____ de ______________ de 2018.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Me. Marcos Bandeira de Oliveira (Orientador) Universidade de Fortaleza
Profª. Dra. Andrea Agda Carvalho de Sousa Arruda Universidade de Fortaleza
Fabricio Porto Cavalcanti Arquiteto e Urbanista Convidado
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Rejane e Álvaro, por me ensinarem bons princípios e por aceitarem a escolha da minha profissão. Principalmente à minha mãe que aguentou um formando insone e, por vezes, estressado. Obrigado por tudo. A minha irmã Amanda que, mesmo do outro lado do mundo, me acompanhava em todas as decisões de projeto, mesmo sem compreender muito dos assuntos, e buscava complementar em algo. Ao meu irmão Ciro que, também distante, apesar da rotina do dia-a-dia sempre buscava uma brecha para trocar ideias e saber como andavam as coisas. A minha companheira, Lorena, por me amar com todos os meus defeitos, pela paciência infindável em me aturar nos últimos dias e por enaltecer e me fazer enxergar sempre o lado positivo das coisas. Ao Iuri, meu segundo irmão, pelos quase dez anos de amizade e todas as noites viradas ao longo desses anos da faculdade de arquitetura, ajudando um ao outro nas tomadas de decisão ou até mesmo quebrando um galho fazendo o trabalho do outro. A todos os colegas de curso, especialmente ao Anderson Yago, que dentre várias modificações projetuais nas retas finais se deu um ótimo parceiro para ateliers. A todos os professores que contribuíram ao longo desses cinco anos de faculdade no meu aprendizado e que me fizeram perceber que há muito mais por trás de ruas e de prédios do que o simples olhar mostra. Obrigado por me ensinarem a perceber o mundo com os olhos de um arquiteto e urbanista. Ao Professor Mestre Marcos Bandeira, meu orientador, pela disponibilidade e interesse em abraçar a causa, pelo empenho na revisão, nas críticas e aperfeiçoamentos constantes do trabalho. Obrigado por me mostrar o poder do traço de um desenho e que sempre há tempo para começar a desenhar. A Companhia Nacional de Abastecimento, Conab-CE, pela disponibilidade e atenção em ceder sua base de arquivos arquitetônicos referentes ao prédio em estudado neste projeto. Por fim, à banca examinadora, por aceitar o convite e se dispor a contribuir na discussão deste projeto.
“Enquanto satisfaz apenas às exigências técnicas e funcionais – não é ainda arquitetura; quando se perde em intenções meramente decorativas – tudo não passa de cenografia; mas quando – fruto instantâneo de inspiração, ou de procura paciente – aquele que a ideou pára e hesita ante a simples escolha de um espaçamento de pilares ou da relação entre a altura e a largura de um vão, e se detém na procura da justa medida entre “cheios” e “vazios”, na fixação dos volumes e subordinação deles a uma lei, e se demora atento ao jogo dos materiais e seu valor expressivo, – quando tudo isso se vai pouco a pouco somando, obedecendo aos mais severos preceitos técnicos e funcionais, mas, também, àquela intenção superior que seleciona, coordena e orienta em determinado sentido toda essa massa confusa e contraditória de pormenores, transmitindo assim ao conjunto ritmo, expressão, unidade e clareza – o que confere à obra o seu caráter de permanência: isto sim, é arquitetura.” (Lucio Costa – em Registro de Uma Vivência p. 119)
RESUMO
A maneira como o comércio se dá no espaço urbano consegue expressar os costumes, o modo de vida e a arquitetura das pessoas. Dessa forma o Mercado se molda ao espaço em que se encontra inserido, de forma a promover suas atividades sempre buscando atender a demanda da melhor forma e proporcionando conforto para os que ali se encontram. O objetivo do projeto consiste na requalificação urbana por intermédio da implantação de um Mercado Público reestruturando um espaço existente, de forma equilibrada e sustentável, tornando o espaço uma área novamente atrativa e funcional para as pessoas e a cidade. A intenção do projeto é que o Mercado funcione como catalizador do espaço público, proporcionando diversas atividades tanto no seu interior como no seu entorno. Buscando sempre a valorização do pedestre, proporcionando permeabilidade a seus espaços edificados ou não edificados, de forma fluída e natural buscando a aproximação das pessoas com a cidade, e vice-versa. As estratégias adotadas consistem no retrofit de uma edificação existente no terreno escolhido, utilizando-se das premissas expostas no conceito do projeto, adotando uma linguagem moderna e divergente do que se aplica no conceito construtivo dos centros de autosserviços criados com a globalização. Palavras-chave: requalificação urbana, mercado público, espaço público, retrofit.
The way in which commerce occurs in urban space can express the customs, way of life and architecture of people. In this way, the Market is shaped by the space in which it is inserted, to promote its activities always seeking to meet the demand in the best way and providing comfort for those who are there. The objective of the project is to urban requalification through the implementation of a Public Market by restructuring an existing space, in a balanced and sustainable way, making the space an attractive and functional area for people and the city. The intention of the project is that the Market function as a catalyst for public space, providing various activities, inside it and in its surroundings. Always seeking the importance of the pedestrian, providing permeability to their built or un-built areas, in a fluid and natural way seeking the approach of people with the city, and vice versa. The strategies adopted consist of the retrofit of an existing building in the chosen terrain, using the premises exposed in the concept of the project, adopting a modern language and divergent of what is applied in the constructive concept of the centers of self-services created with globalization. Key-words: urban requalification, public market, public space, retrofit.
ABSTRACT
SUMÁRIO
1.0
1.1. Introdução.......................................14 1.2. Metodologia ..................................16
APRESENTAÇÃO
2.0
REFERENCIAL TEÓRICO
3.0 ESTUDOS DE CASO
2.1. Mercado Público.............................20 2.1.1. Origem e Evolução......................20 2.1.2. Arquitetura...................................24 2.1.3. Mercados Públicos no Brasil........27 2.2. Mercado e o espaço urbano...........30 2.2.1. O mercado como ferramenta de requalificação urbana.............................30
3.1. Mercado de Santa Caterina….........34 3.2. Mercado Público de Cachan….......38 3.3. Mercado Central de Atarazanas…..41 3.4. Conclusão das Análises…...............44
4.0
DIAGNÓSTICO DA ÁREA
5.0 PROPOSTA
6.0
CONSIDERAÇÕES FINAIS
4.1. O Bairro .........................................48 4.1.1. Benfica: um lugar plural…...........48 4.1.2. A feira livre …..............................51 4.2. Área de Intervenção .......................52 4.2.1. Localização …..............................52 4.2.2. O Terreno ....................................54 4.2.3. Acessibilidade .............................56 4.2.4. Hierarquização Viária ..................58 4.2.5. Uso do Solo ................................58 4.2.6. Gabarito ......................................60 4.2.7. Condicionantes Físicos e Condicionantes Naturais .......................60 4.2.8. Legislação Urbana .......................60
5.1. Conceito ........................................66 5.2. Partido ...........................................68 5.2.1. Papel ao ar ..................................68 5.2.2. Caos organizado .........................72 5.3. Programa de Necessidade ............78 5.4. Implantação …...............................80 5.5. Boxes …..........................................94 5.6. Sistema Estrutural ..........................96 5.7. Conforto Ambiental .....................104 5.8. Rua Marechal Deodoro ................106
6.1. Considerações Finais ...................115 6.2. Bibliografia ...................................116 6.3. Listas ............................................117 6.3.1. Lista de Tabelas .........................117 6.3.2. Lista de Figuras .........................117
1.0
A P R E S E N T A Ç Ã O
1.1 INTRODUÇÃO
Um lugar que, para a realização da troca, faz-se necessário o encontro, onde desse encontro não se trocará apenas mercadorias, mas também ideias, palavras, experiências e sensações. Um lugar essencialmente humano, onde o relacionamento entre pessoas ultrapassa suas diferenças culturais, sociais e religiosas, fazendo com que as distinções passem despercebidas. Falamos do Mercado Público. Sabe-se que o Mercado Público surgiu junto com as primeiras civilizações não só como um espaço de importância para atividades econômicas, mas também como um importante espaço político e social, palco de várias manifestações socioculturais. Desde a Antiguidade, o mercado público transcende o simples espaço comercial para simbolizar uma manifestação cultural legítima, palco da diversidade, dos costumes e comportamentos de uma comunidade identificados na troca de mercadorias, no consumo e na produção de artigos locais e artesanais. A maneira como o comércio se dava no espaço urbano, nas mais diferentes sociedades, conseguiu expressar os costumes, o modo de vida e a arquitetura em diferentes épocas. Dessa forma o mercado se moldava ao espaço em que se encontrava inserido, de forma a promover suas atividades sempre buscando atender a demanda da melhor forma e proporcionando conforto para os que ali se encontravam. A partir do final do século XX, com o surgimento da globalização, os avanços tecnológicos acarretaram numa série de mudanças no comportamento de consumo da população. O comercio se afastou da sua configuração “primitiva” e se agrupou em hipermercados, centros comerciais e shopping centers, distanciando o consumidor da tradição de compra “cara a cara”. Segundo Moraes (1993 apud Romano, 2004:1) os Mercados nos dias de hoje apresentam resistência, utilidade e perenidade. Atualmente muitos se encontram avariados, alguns poucos restaurados, mas todos tombados, senão legalmente pelas autoridades, na afetividade da população que os utiliza. Essa essência cultural é o que distingue este tipo de edifício dos atuais autosserviços encontrados em uma franquia comercial privada. Percebe-se pelo exposto ser imprescindível que ele possua um espaço que possibilite uma qualidade vital ao ambiente urbano. As ações de requalificar o patrimônio cultural edificado
14
existente através da adequação ou de novos usos pode incentivar a população a ocupar o lugar e evitar a degradação proveniente do abandono, além de fortalecer a identidade tanto da cidade quanto das pessoas que ali vivem. Acreditamos, pelo colocado até aqui, que o Mercado Público pode ser um dos instrumentos de remodelação do espaço público tendo em vista sua característica de equipamento urbano que atende as demandas de abastecimento de produtos de um bairro, de uma cidade ou de uma região, além da possibilidade de proporcionar as mais diversas atividades socioculturais. Este trabalho pesquisou o Mercado Público e sua arquitetura ao longo da história, buscando embasar o seu uso como meio de integração entre cidade e pessoas, estimulando a ocupação e apropriação do espaço público. De forma mais especifica esta pesquisa buscou também compreender a história do edifício e o seu uso ao longo dos anos, bem como sua inserção como equipamento público e de requalificação do espaço urbano; entender sua forma, funcionamento e abastecimento, bem como sua arquitetura e tecnologias construtivas; compreender as particularidades da arquitetura bioclimática que se apliquem à estratégias de conforto ambiental para o ambiente de Mercado; por fim, propor a interação deste edifício com o seu entorno, buscando a valorização dos sistemas ambientais, como áreas verdes e recursos hídricos.
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1.2 METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho se divide em três etapas:
1. e coleta de dados primários em visitas empíricas.
A primeira etapa consistiu na revisão bibliográfica Nesta etapa abordaremos: o Mercado Público, a requalificação do espaço urbano.
etapa consistiu no diagnóstico. A partir 2. Adosegunda estudo do contexto histórico e a compreensão do que é o Mercado Público, será elaborado um breve contexto histórico do Bairro Benfica em conjunto com um diagnóstico sobre o local escolhido para implantação do edifício e seu entorno, bem como da legislação urbana vigente. terceira etapa consistiu na proposta de projeto. 3. AApós considerar os apontamentos levantados nas etapas anteriores buscou-se uma sugestão projetual coerente com o local e os conceitos urbanísticos mais atuais, resultando no Mercado Público e Gastronômico do Benfica.
16
17
2.0
R E F E R E N C I A L T
E
Ó
R
I
C
O
2.1 MERCADOS PÚBLICOS
2.1.1
ORIGEM E EVOLUÇÃO
Em termos gerais, o registro bibliográfico sobre a temática de Mercados Públicos é escasso, necessitando então de associações e enfoques múltiplos. Desta forma, para o desenvolvimento da pesquisa em estudo, foram utilizados registros de Oliveira Junior, Heliana Comin Vargas e Leonora Romano para o desenvolvimento da pesquisa, não de forma a confrontá-los, mas sim de forma a embasar o que será exposto em seguida.
O surgimento da agricultura, nos primórdios da humanidade, fez com que o homem aprofundasse seus conhecimentos e técnicas acerca do cultivo de plantas e animais úteis à sua sobrevivência. Este aperfeiçoamento garantiu a ele um aumento de sua produtividade, mesmo que em nível de subsistência. Com o passar dos anos, novas técnicas de cultivo foram criadas acarretando um aumento da produtividade agrícola e a geração de excedentes em grande escala, que por sua vez passaram a ser utilizados como moeda de troca por bens de consumo, surgindo, então, o comercio em sua forma mais rudimentar. O crescimento das cidades se iniciou, dentre outros motivos, devido ao aperfeiçoamento dos transportes, que proporcionou uma maior facilidade de deslocamento entre elas, possibilitou a distribuição dos excedentes e a aquisição de outras especialidades produzidas em cidades mais distantes. Esta atividade, que era abrigada nos espaços urbanos, foi denominada de mercado e veio a surgir como regulador das trocas locais. As cidades remetiam ao templo o desempenho das funções do mercado como: fornecimento, armazenagem e distribuição de produtos. O mercado podia existir como unidade própria, embora na forma de abrigos temporários, algo semelhante as feiras semanais de várias cidades do mundo nos dias de hoje. A conquista do mercado como lugar permanente na cidade foi consequência direta tanto do tamanho e crescimento populacional quanto da produção local. Segundo Mumford (1998:85 apud Oliveira Júnior, 2006:21), “as duas formas clássicas, a praça aberta ou o bazar coberto, e a rua de barracas ou de lojas, possivelmente já tinham encontrado sua configuração urbana por volta de 2000 a.C. (...)”.
20
No Oriente Médio, por exemplo, devido à sua localização entre dois continentes, desenvolveu-se um importante centro de comércio mundial, com destaque para as cidades de Meca e Medina, que possuíam grande convergência comercial através de seus bazaars. Na Figura 1 ficam expostas a localização dessas, e demais, cidades citadas, bem como o destaque para as rotas comerciais utilizadas na época. A palavra bazaar provém da língua árabe e significa mercadoria, dando denominação ao local onde as mercadorias eram expostas para venda. De acordo com Vargas (2001), é um ambiente de confiança e respeito, nele as diferenças sociais se harmonizam e as conversas e opiniões merecem a mesma importância que as mercadorias nele negociadas. Ao longo da história outras sociedades passaram a desenvolver e abrigar suas atividades de troca em seus espaços urbanos nas mais diversas formas supracitadas por Mumford. Na Grécia, por exemplo, por questões geográficas, desenvolveu-se uma grande vocação para os negócios transformando-a na maior potência comercial do mundo antigo. As atividades comerciais varejistas gregas aconteciam na Ágora (Fig. 2), local destinado ao discurso e a troca de ideias, que assumiam o mesmo grau de importância da comercialização de bens. Sobre a Ágora, sabe-se que:
Ela foi uma evolução gradual dos mercados formados ao pé da Acrópole, quando a população aumentou e começou a ultrapassar as muralhas. A Acrópole adquire, então, um caráter mais simbólico, com uma função puramente religiosa, e o centro de atividades muda-se para os locais de mercado, isso é, para a Ágora. (VARGAS, 2001:116).
No Império Romano, diferente da Grécia, o desenvolvimento do comércio varejista se deu não pelas características geográficas, mas sim pelo seu poderio militar, que ao construir suas novas cidades nos territórios ocupados garantia a função comercial do espaço à lógica da estrutura urbana. Porém, herdou da cultura helenística a noção de espaço com usos combinando, surgindo assim os fóruns. O Fórum romano (Fig. 3), era um espaço aberto monumental que combinava atividades comerciais, religiosas e políticas. 21
Figura 01 Localização dos bazaars e rotas de comércio no oriente médio. Fonte: Vargas (2001:105)
Figura 02 Praça no mercado grego dos tempos clássicos. Fonte: Vargas (2001:118)
Figura 03 Mercado público no Império Romano. Fonte: Vargas (2001:129)
22
Com o declínio do Império Romano, o número de pessoas nas antigas cidades foi reduzindo fazendo com que elas não funcionassem mais como centros de produção e comércio. A população se refugiou nos campos, próximas a castelos protegidos por muralhas. Oliveira Júnior (2006), também nos relata que, nesse período, compreendido como Idade Média, mercado e cidade estavam ligados intrinsecamente. As trocas de excedentes aconteciam predominantemente nas vias de circulação mais importantes fora das delimitações da cidade, de forma periódica. Com o passar do tempo essa atividade foi se consolidando e se estabelecendo, de forma cada vez mais central em relação às concentrações populacionais. Além dessa centralidade, segundo Vargas (2001), o mercado no período medieval ocorria também em praças e espaços livres das cidades, quase sempre coexistindo com as funções religiosas e cívicas no mesmo local. Enquanto as praças cívicas e religiosas necessitavam de algum edifício municipal e religioso, respectivamente, para o seu desenvolvimento, as praças de mercado não requeriam a existência de nenhum edifício, o comércio apenas precisava do fluxo de pessoas para acontecer. Nota-se, então, pelas informações expostas até aqui que a atividade comercial do mercado, desde seu início, sempre esteve associada a outro evento ou outro espaço urbano com elevado potencial sociocultural. Apesar da dissolução medieval, por volta do século XVI, muitos dos hábitos e formas das manifestações comerciais e socioculturais permaneceram ativos por quase três séculos. Aos poucos, entre os séculos XV e XVIII, introduziuse na Europa um novo conjunto de traços culturais, que afetaram tanto a forma quanto o conteúdo da vida urbana. A ascensão do capitalismo mercantilista no final do século XVIII, trouxe grandes mudanças na economia além de uma nova estrutura política e novas ideologias que alteraram radicalmente o modo de vida nas cidades.
Mesmo diante das transformações irá sofrer ao longo do tempo, no tocante às suas estratégias de comercialização, sua morfologia e dimensões, o mercado jamais perderá a sua essência. (OLIVEIRA JÚNIOR, 2006:31)
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Os modos de comprar e dos espaços físicos do comércio se transformaram, inclusive em relação à inserção da atividade comercial na malha urbana. As feiras acabaram perdendo importância e os mercados se dedicaram exclusivamente ao abastecimento alimentar. A partir do século XIX, o mercado se converte no foco de atenção das necessidades básicas da população, constituindo-se numa edificação própria com grandes espaços cobertos. Com o surgimento dessas novas edificações, e da intensa urbanização, o poder público passou a se preocupar com a higiene destes espaços. No início do século XX, o comércio extrapolou sua função social, projetando-se como atividade econômica altamente especulativa. O ambiente de mercado como espaço público perdeu suas funções originais, de transações pessoais e entretenimento social, assumindo particularidades de espaço privado. Essa perda social foi ainda mais estimulada com a rápida evolução dos meios de comunicação, ao longo dos anos, que extinguem a comunicação direta entre comprador e vendedor, vizinho e colega de marcado. A partir dessa análise evolutiva do espaço urbano por meio das atividades comerciais, representadas pela figura do Mercado Público, comtempla-se que este equipamento foi grande contribuinte para a consolidação das cidades, ora como elemento central de vida social, ora como estimulador do crescimento urbano. Conclui-se que o Mercado é um forte elemento de atração de público, e que apesar das relações impessoais instauradas no modo de vida contemporâneo, ele se revela como importante ferramenta promovedora de interação social e estimulante do uso do espaço público.
2.1.2
ARQUITETURA
Como exposto anteriormente, o Mercado só tomou forma edificada em meados do século XIX, porém, anterior a esse período, a maneira como o comércio se dava no espaço urbano, nas mais diferentes sociedades, conseguiu expressar os costumes, o modo de vida e a arquitetura em diferentes épocas. Segundo Vargas (2001), o bazaar, no Oriente Médio
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possuía fachadas despojadas, o que remetia à igualdade entre homens diante de Deus, com tendas voltadas para vias que se distribuíam ao longo de estreitas ruas. Nestes estabelecimentos os produtos eram distribuídos espacialmente obedecendo a princípios funcionais, o que garantia a criação e direcionamento de fluxos. A ambiência do bazaar explorava a percepção sensorial daqueles que ali transitavam através da diversidade de odores, cores e sons. Na Grécia Antiga, a Ágora surgiu como um espaço plano com funções comerciais e de encontro público numa forma irregular dominado pelas condicionantes geográficas e adotou gradualmente a condição de espaço fechado por edifícios. Quanto maiores os edifícios ao seu entorno mais o espaço aberto se isolava do entorno urbano. A partir do século V a.C. a Ágora assume um desenho retangular (Fig. 4), como decorrência da regularização do traçado viário das cidades. Mais tarde, os gregos evoluíram o desenho retangular da Ágora para uma forma em U adicionando mais permeabilidade ao centro do espaço definido. No Império Romano, como já explicitado anteriormente, o comércio acontecia em edifícios monumentais, os Fóruns romanos. O Fórum era um espaço aberto e pavimentado, que ocupava geralmente dois quarteirões. Este espaço era rodeado por colunatas que davam acesso às lojas e aos escritórios de comerciantes que se encontravam nos andares superior. O Fórum de Trajano (Fig. 5), é um dos mais conhecidos do período, possuía uma planta circular que se adaptava ao terreno inclinado através de seis níveis interligados por escadarias laterais. Os três primeiros níveis eram destinados ao comércio de alimentos e os três níveis seguintes constituíam o grande salão de lojas que davam acesso à rua. Como dito anteriormente, segundo Vargas (2001), na Idade Média as praças de mercado eram espaços abertos e desenvolviam-se próximo a edifícios que proporcionavam grande fluxo de pessoas. Com isso, o acesso ao comercio era facilitado e atendia as necessidades do cotidiano dos que ali viviam. A partir do surgimento do mercantilismo, desenvolvido no século XV, os mercados passaram a se delimitar por um sólido fechado, com cobertura leve apoiada em uma estrutura de ferro. Com o passar dos anos foise aprimorando a maneira com a qual esses mercados cobertos eram construídos, até que no início do século XX o ferro e vidro tornaram-se os principais materiais 25
Figura 04 Planta da àgora de Priene. 1 – Stoa Sagrada. 2 – Templo de Asclepius. 3 – Ecclesiasterion. 4 – Prytaneion. 5 – Templo de Athena. 6 – Ágora. Fonte: Vargas (2001:119)
Figura 05 Mercado no Forum de Trajano, Roma. Fonte: Vargas (2001:125)
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construtivos na arquitetura de mercado. Seguindo essa característica construtiva destacou-se como referência o Mercado Central de Paris, ou Les Halles, como também era conhecido. Construído em ferro e vidro, continha uma leveza e grandes vão, proporcionados pela estrutura em ferro, e através de seus fechamentos em vidro permitia espaços visualmente abertos e iluminados. Les Halles foi um marco histórico de arquitetura de mercado público, a partir de sua construção muitos mercados surgiram pelo mundo. Oliveira Júnior (2006), elenca alguns conceitos projetuais básicos que compõem um mercado devem ser obedecidos, tais como, a existência de área de comercialização e áreas de apoio, contendo administração, carga e descarga, sanitários, dentre outros. Ainda de acordo com o autor, a circulação entre os ambientes deve se dar de forma fluida, evitando cruzamentos entre acessos de serviço e de comercio. Os materiais utilizados devem ser duráveis e resistentes, além de proporcionarem fácil manutenção. A estrutura deve sempre viabilizar o uso de grandes vãos e permitir o aproveitamento da ventilação e iluminação natural. Conclui-se que o mercado público evolui de forma espontânea e orgânica até se tornar um espaço que encontramos hoje, coberto ou semicoberto, planejado e que atende as demandas de abastecimento.
O comércio, segundo Mott (2000 apud Oliveira Júnior, 2006:34), foi introduzido no Brasil pelos portugueses por intermédio dos mercados e feiras livres, seguindo os padrões de Portugal. Eram implantados em sua maioria nos centros urbanos, e seus edifícios eram cercados por feiras.
2.1.3
MERCADOS PÚBLICOS NO BRASIL
A cidade do Rio de Janeiro é uma das pioneiras na implantação do Mercado Público como espaço edificado no Brasil. O Mercado da Candelária, o primeiro Mercado construído em alvenaria do Brasil, foi inaugurado em 1841 após uma série de ações que remodelaram a cidade e suas práticas sociais, buscando atender os padrões de organização e higiene no comercio varejista. 27
Após a construção referida, outros três Mercados foram entregues à população carioca: o Mercado da Praça da Harmonia (1856), o Mercado da Glória (1858) e o Mercado Municipal (1907), o maior da categoria, com área de 22.500m², totalmente executado em ferro. (ROMANO, 2004:30) Com o despontamento das construções dos Mercados em ferro na Europa na segunda metade do século XIX o Brasil passou a importar edifícios pré-fabricados em ferro e, segundo Silva (1986 apud Oliveira Júnior, 2006:41), nenhum teve tanta aceitação e utilidade quanto os Mercados Públicos. Entre os séculos XIX e XX foram instalados diversos mercados de ferro em diversas cidades brasileiras, tais como: o Mercado São José (1875) em Recife, o Mercado Municipal de Manaus (1883-1910), o Mercado Público de Fortaleza (1897) (Fig. 6), o Mercado São João (1890) em São Paulo, dentre outros. Apesar da mesma tipologia estrutural, por terem sido instalados em regiões distintas uma das outras, estes mercados se diferem por suas vedações externas. Alguns são mercados fechados e outros abertos. Romano (2004) destaca que além dos mercados em ferro, mercados em alvenaria também foram instalados nas mais diversas cidades brasileiras, como o Mercado da Candelária, já citado anteriormente, o Mercado Modelo em Salvador (1863), o Mercado Público de Porto Alegre (1869) (Fig. 7) e o Mercado Municipal de São Paulo (1933). Tendo este último passado por uma grande reforma recentemente, tornando-o um importante ponto turísticocomercial da cidade. Nota-se que no período referido entre os séculos XIX e XX houve o apogeu dos Mercados Públicos no Brasil. Porém, com o surgimento do atual sistema de autosserviço no varejo, na primeira metade do século passado, e a consolidação do mesmo, os supermercados destacaramse, frente aos mercados públicos, sobre a distribuição de alimentos e o abastecimento urbano. Conclui-se que os mercados brasileiros se destacaram, assim como na Europa, pois foram grandes geradores de espaços urbanos agregando comércio e convívio social, resultando em uma concentração maior de pessoas, produtos, serviços e ideias num só lugar.
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Figura 06 Fotografia do antigo Mercado Municipal de Fortaleza Fonte: Silva (1986:172)
Figura 07 Mercado PĂşblico Alegre Fonte: RGS Tur
de
Porto
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2.2
MERCADO E O ESPAÇO URBANO
2.2.1
O MERCADO COMO FERRAMENTA DE REQUALIFICAÇÃO URBANA
Compreende-se até aqui a importância do Mercado Público e suas atividades no que diz respeito ao desenvolvimento das cidades e seu entendimento como ambiente incentivador da vida social no espaço urbano. Como exposto anteriormente, o mercado se apresenta no meio urbano em diferentes formas, ora espaço aberto ora coberto, porém, sempre mantendo sua característica geradora de convívio social. Com os processos de decadência e diminuição da importância dos centros urbanos, tornou-se necessário ações de reestruturação do espaço de forma equilibrada e sustentável, com o intuito de tornar tais centros tradicionais novamente como áreas atrativa e funcionais para as pessoas. Nota-se os impactos causados na vida urbana com o surgimento da globalização, bem como o surgimento dos sistemas de autosserviço, o que resulta no afastamento das pessoas em relação ao uso da cidade. Com isso, faz-se necessário refletir como o Mercado Público pode contribuir, como equipamento arquitetônico, com a requalificação do espaço urbano. A requalificação urbana consiste no processo de reconversão de espaço destinado especialmente às áreas urbanas em decadência, abandono ou degradação. Este processo de intervenção deve ser aplicado com o intuito de solucionar os problemas constatados nas cidades. O Mercado ajuda a minimizar os impactos resultantes do atual comportamento social que influencia na forma da cidade. Para exemplificar esta ideia abordaremos um estudo de caso a respeito do Mercado de Santa Caterina, na cidade de Barcelona, que será apresentado em seguida.
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Neste capítulo, serão analisados projetos referenciais de uma forma indireta, fazendo uso de levantamentos gráficos e de sites da internet, tendo em vista o não conhecimento in-loco dos espaços analisados. A relevância da escolha dos projetos analisados a seguir se deu pelo fato dos usos similares ao proposto em projeto. A avaliação projetual consistiu na análise dos desenhos técnicos apresentados, bem como análises por meio de ferramentas de mapeamento de livre acesso. Dessa forma, foram analisados critérios projetuais específicos, tais como, localização, relação com o entorno urbano, funcionalidade, acessos e fluxos. Dessa forma, as análises aqui propostas visão, de alguma forma, apresentar contribuições positivas para as definições projetuais do tema proposto no que diz respeito a escolha do sitio de implantação, a forma com a que o edifício se integrará com a paisagem, bem como a definição dos seus acessos e fluxos internos.
3.1 MERCADO DE SANTA CATERINA
O Mercado de Santa Caterina está localizado no distrito de Cidade Velha, na cidade de Barcelona, e encontra-se sobre as ruinas do antigo Convento de Santa Caterina. O projeto do escritório EMBT Associados teve início em 1997 e só foi concluído no ano de 2005. O edifício possui 17.533m² de área construída e abriga 70 boxes de venda, além de inúmeros espaços de serviço. A reestruturação do mercado foi o ponto inicial de uma remodelação urbanística para um bairro emblemático e histórico, que se encontrava em declínio ao esquecimento, atendendo a demanda populacional por espaços púbicos atrativos. Sua localização em um bairro emblemático e histórico proporciona um caráter não só comercial ao mercado, mas também um caráter turístico (Fig. 08). Por conta disso o espaço do pedestre foi priorizado em todo seu entorno, foram geradas duas praças que conectam o edifício a região predominantemente de habitação da área. O mercado é parte de reabilitações estabelecidas pelo Instituto de Mercados de Barcelona e foi resultado de um concurso realizado pela Prefeitura de Barcelona. O projeto de Enric Miralles e Benedetta Tagliabue manteve a originalidade da fachada do antigo convento e inseriu uma cobertura completamente remodelada (Fig. 09).
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Figura 08 Perspectiva da Implantação do Mercado de Santa Caterina Fonte: Google Maps
Figura 09 Vista Externa do Mercado de Santa Caterina Fonte: Architizer
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A proposta empregada para a coberta pelos arquitetos sobrepõe a nova arquitetura do velho através de um hibrido que acentua sua utilidade com contemporaneidade. O mercado possui múltiplos usos, desde lojas e boxes voltadas para o comercio até grandes espaços destinados a serviços ao público que o frequenta. Os acessos ao interior do mercado estão dispostos ao longo de suas quatro fachadas, a organização dos boxes no espaço interno se dá de forma irregular, porém, permite uma fluidez para aqueles que caminham em seu interior (Fig. 10). Na análise a circulação primária foi definida por se encontrar mais próximo de um eixo central criado pelo autor, já a circulação secundária foi determinada por todo e qualquer caminho que não se encontrava próximo a esse eixo. Foram destacadas também as circulações verticais existentes, o uso destas circulações conecta os usuários do mercado aos estacionamentos criados em dois níveis de subsolo (Fig. 11), tendo em vista a falta de espaço para ser destinado a esse fim no nível da rua.
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Figura 10 Planta Baixa Indicando Circulações e Usos Fonte: Architizer – adaptado pelo autor
Figura 11 Corte Longitudinal do Mercado de Santa Caterina Fonte: Architizer – adaptado pelo autor
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3.2 MERCADO PÚBLICO DE CACHAN
O Mercado de Cachan (Fig. 12), localiza-se na comuna francesa de Cachan. O projeto do escritório Croixmariebourdon Architectures, datado do ano de 2014, possui 1.800m² e está situado em frente à futura estação de metrô Arcueli-Cachan e tem como objetivo ser um novo mercado coberto que, junto da nova estação, proporcione uma regeneração do distrito em que se situa. Sua relação com o entorno se dá de maneira dinâmica, respondendo de forma simples as demandas técnicas, comerciais, urbanísticas e arquitetônicas. Por ser inserido numa região predominantemente residencial (Fig. 13), próximo a vias de grande fluxo e com a futura instalação de um modal de transporte em potencial os acessos ao mercado se dão de forma fluida e prática pela sua via de acesso. No espaço interno do edifício (Fig. 14), pode-se perceber a organização dos espaços destinados a receber os feirantes, uma disposição que garante uma circulação fluida a partir dos acessos existentes. A circulação primária foi definida a partir dos fluxos gerados pelos acessos ao interior ao mercado, os demais fluxos foram considerados secundários. A área destinada ao estacionamento garante um fácil acesso e rotatividade de veículos, proporcionando seu uso apenas para aqueles que frequentam o mercado. O setor de carga e descarga, localizado em uma via sem saída na lateral do edifício, ao entendimento de análise, acaba gerando de alguma forma conflitos no sistema viário próximo, tendo em vista seu dimensionamento e seu acesso por uma via de sentido único (Fig. 15). As escolhas projetuais se mostram de grande relevância pois privilegiam a relação humanizada do edifico com o seu entorno e proporcionam condicionantes estruturais e de conforto ambiental. O mercado tem o benefício da transmissão de luz natural através de suas aberturas no telhado e na fachada principal (Fig. 16), além da sua estrutura leve, em glulam e aço galvanizado, vencer um vão de trinta metros combatendo a fraca estabilidade estrutural devido as condições do solo (Fig. 17).
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Figura 12 Perspectiva do Mercado de Cachan Fonte: Architizer
Figura 13 Perspectiva da Implantação do Mercado de Cachan Fonte: Google Maps – adaptado pelo autor
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Figura 14 Planta Baixa do Mercado de Cachan Fonte: Croixmariebourdon Architectures – adaptado autor
Figura 15 Planta Baixa Setorizada do Mercado de Cachan Fonte: Croixmariebourdon Architectures – adaptado autor
Figura 16 Perspectiva do Mercado de Cachan Fonte: Architizer
Figura 17 Interior do edifício do Mercado de Cachan Fonte: Architizer
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O Mercado Central de Atarazanas (Fig. 18), localizado na cidade de Málaga na Espanha, foi restaurado em 2010 pelo escritório Aranguren & Gallegos Arquitectos. O antigo edifício, que possui aproximadamente 3.200m², construído no final do século XIX foi adaptado satisfazendo as necessidades atuais de higiene. O antigo edifício se relaciona de forma harmoniosa com o entrono, tendo em vista que as construções são de períodos próximos. Sua centralidade em meio a malha viária proporciona certo fluidez em seus acessos, porem, por ser um edifício muito antigo, carece da falta de estacionamentos, gerando possíveis problemas para aqueles que o frequentam (Fig. 19).
3.3 MERCADO CENTRAL DE ATARAZANAS
A nova remodelação do mercado buscou satisfazer as necessidades atuais, porém, sempre respeitando de forma integral a concepção arquitetônica original do edifício. As barracas foram organizadas de forma formal e espacial de maneira a garantir maior visão do espaço interno do Mercado, eliminando quaisquer barreiras arquitetônicas que impedissem o fluxo interno das pessoas (Fig. 20). A organização do espaço interno se dá de forma ortogonal (Fig. 21), facilitando seus fluxos internos. Por ser um mercado que se insere numa malha viária e que não prioriza o uso de automóveis, seus acessos são inúmeros e encontram-se dispostos ao longo de todas as fachadas. Os fluxos internos primários são caracterizados por formarem um eixo interno, os secundários, apesar de partirem de acessos ao edifício, porém não geram uma centralidade no interior do edifício.
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Figura 18 Perspectiva fachada principal do Mercado Central de Atarazanas Fonte: Architizer
Figura 19 Perspectiva da Implantação do Mercado Central de Atarazanas Fonte: Google Maps
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Figura 20 Interior do edifĂcio do Mercado Central de Atarazanas Fonte: Architizer
Figura 21 Planta baixa do Mercado Central de Atarazanas Fonte: Aranguren & Gallegos Arquitectos – adaptado pelo autor
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3.4 CONCLUSÃO DAS ANÁLISES
Diante das análises dos projetos apresentados, nota-se a importância do Mercado Público se inserir em meio a uma área central, que possua acessos bem definidos a partir da malha viária, priorizando sempre o pedestre, mas que também faça uso de espaços destinados a veículos. Sua relação com o entorno deve-se dar de forma harmônica e funcional, proporcionando uma regeneração da área que se encontra degradada. Nota-se também a relação dos acessos ao interior do edifico com seus fluxos internos, acessos bem definidos e que possuem uma ortogonalidade central geram fluxos primários, que são os mais utilizados para caminhabilidade. A organização do espaço interno também é primordial para definição desses fluxos, além de garantir a devida funcionalidade que o mercado proporcionará aos seus usuários. Por fim, as análises projetuais com relevância nos critérios definidos serviram de norteador para as tomadas de decisão empregadas no projeto que foi desenvolvido.
44
45
4.0
D I A G N Ó S T I C O
Á
D
A
R
E
A
4.1 O BAIRRO
4.4.1
BENFICA: UM LUGAR PLURAL
O Bairro Benfica originou-se com a expansão da cidade proveniente do centro, donde as famílias mais abastadas migravam em direção a periferia, afastando-se do comércio, por volta dos anos 1930. Possui relação direta com a história, econômica, cultural e educacional de Fortaleza. No século XX, o destaque no processo de urbanização do bairro se deu após a chegada do Cel. José Gentil, segundo Barroso (2004). João Gentil construiu imóveis imponentes, loteou terrenos, abriu vias e incentivou a formação de um novo bairro em torno de sua chácara. A chácara da família gentil passou a ser um reduto dentro do Benfica, cuja região passou a ser chamada de Gentilândia. Segundo Holanda (2015), com a criação da Universidade Federal do Ceará, em 1955, os imóveis da Família Gentil foram comprados para sediar seu Campus universitário, no intuito de garantir a preservação dos casarões antigos. A implantação da Universidade no bairro estabeleceu a ele uma forte referência cultural na cidade. Com o passar dos anos o bairro foi se transformando totalmente. Com o crescimento urbano, hoje, o Benfica preserva algumas características geradas ao longo dos anos, como os movimentos universitários, as folias dos carnavais de rua, a boemia, o esporte e as feiras nas praças nos finais de semana. É importante informar que, oficialmente, Benfica e Gentilândia são bairros distintos, sendo este último reconhecido oficialmente no ano de 2000 pela Câmara Municipal de Fortaleza. De forma a facilitar esta análise foi considerado a junção dos dois bairros (Fig. 22), tendo em vista que ambos possuem muitas similaridades quanto a aspectos históricos, políticos e sociais.
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Figura 22 Mapa do Bairro Benfica Fonte: Elaborado pelo autor
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O bairro se insere, no que diz respeito à administração municipal, na Regional IV e faz limites com os seguintes bairros: Centro, José Bonifácio, Fátima, Jardim América, Damas, Rodolfo Teófilo e Farias Brito. É delimitado pela seguinte composição de vias: Rua Antônio Pompeu (ao Norte); Av. dos Expedicionários e Rua Senador Pompeu (ao Leste); Av. Eduardo Girão (ao Sul); e AV. José Bastos, Av. José Jatahy, Rua dos Pracinhas, Rua Senador Catunda, Av. Carapinima e Av. Imperado (ao Oeste). Possui um importante eixo que corta o bairro no sentido norte-sul pela Av. da Universidade e em um eixo leste-oeste pela Av. 13 de Maio. Segundo Barroso (2004), atualmente o bairro apresenta inúmeros problemas, principalmente aqueles provenientes do grande aumento no fluxo de veículos. Por fazer limite direto com o Centro, o bairro tornou-se um eixo importante de conexão para os bairros mais afastados, além de possuir diversas linhas de transporte público. O fato de ser um eixo de conexão e sofrer com o aumento de fluxo veicular compromete várias vias do bairro, inclusive as vias mais internas, onde a prioridade seria para o transito local de moradores. Outro problema do bairro é a substituição de moradias por serviços e comércio, são várias as antigas casas do bairro que vem sendo alugadas para a instalação de pequenos negócios, atraídos pela facilidade de acessos ao bairro, a disponibilidade de infraestrutura e a presença de grandes equipamentos como a Universidade Federal do Ceará (UFC), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e o Estádio Presidente Vargas (PV). Além disso, o bairro é abastecido por diversos modais de transporte, como ônibus, a linha sul do Metrofor e bicicletar. O Benfica possui uma urbanidade adversa de outros bairros, seus espaços públicos, apesar da carência em quantidade, são palco de manifestações e encontro. Essa interação histórica, cultural, econômica, social e educacional torna o Benfica um lugar plural na cidade de Fortaleza.
50
As feiras livres em Fortaleza conseguem abranger um território maior na capital por conta da quantidade e localidade quando comparadas aos mercados públicos. Atualmente existem apenas três mercados públicos que se destacam na capital, são eles: Mercado São Sebastião, Mercado dos Pinhões e Mercado da Aerolândia.
4.1.2 A FEIRA LIVRE
Segundo Holanda (2015), a feira livre da Gentilândia é uma das mais tradicionais de Fortaleza, ela ocorre aos sábados e domingos na Praça João Gentil, e acontece desde 1950 e conta com a organização da Prefeitura da cidade. De acordo com Barroso (2004), atualmente a feira livre da Gentilândia não reproduz um décimo da feira que ocorria nas primeiras décadas de funcionamento. Além disso, ainda segundo Barroso, durante as reformas da Praça João Gentil, realizadas pela prefeitura, a feira passou a ocorrer provisoriamente no terreno junto ao prédio da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), situado entre as ruas Marechal Deodoro e Jorge Dumar, onde antigamente funcionava como supermercado da antiga COBAL (Companhia Brasileira de Alimentos) e a CEASA (Centrais de Abastecimento do Ceará – S/A). Próximo à praça da feira está a Praça José Gentil, onde, diariamente, funcionam barracas de comidas típicas a noite. Até os dias de hoje a feira livre da Gentil abastece os moradores do Benfica e suas adjacências, atendendo uma demanda tradicional de pessoas que optam por comprar próximo a suas residências ao invés de irem aos supermercados. A feira se mantem nos tempos modernos de hoje em dia na sua forma mais tradicional.
51
4.2 ÁREA DE INTERVENÇÃO
Com base que foi exposto no levantamento histórico do Mercado enquanto espaço público na cidade e nas referências projetuais, foram traçadas algumas diretrizes que asseguraram a escolha do terreno para a implantação deste equipamento. Foi observado que o Mercado Público e as vias de grande circulação estão intimamente ligados, e que sua localização está relacionada a convergência de fluxo de pessoas. Por isso, é necessário que o local de implantação seja em uma área predominantemente residencial, bem como acessível aos mais variados modais de transporte. Com o objetivo de criar maior interação entre o ambiente interno e externo, é necessário que o Mercado permita ao usuário ter a sensação de conexão da edificação com a paisagem externa. Como já exposto anteriormente, o Mercado é um equipamento capaz de requalificar o espaço urbano. Entende-se, assim, que a região onde deve ser implantando apresente características de abandono e/ou subutilização, apontando precariedade de espaços públicos.
4.2.1
LOCALIZAÇÃO
O terreno escolhido está localizado na Avenida Eduardo Girão, entre as ruas Marechal Deodoro e Jorge Dumar, onde hoje se encontra o edifício que servirá como futuras instalações da Superintendência Regional da Conab (Fig. 23). Este terreno compreende-se em um lote único e é ocupado pelo edifício hoje pertencente a Conab. Não se sabe a data em especifico, mas acredita-se que sua construção seja datada dos anos 80. Como exposto anteriormente o edifico abrigava o supermercado da antiga COBAL e a feira da CEASA. Desde 1990, com a criação da Conab a partir da fusão da COBAL e outras duas companhias federais, o edifício deixou de funcionar com o caráter de central de distribuição de alimentos para a cidade, com isso passou a apresentar características de abandono ao longo dos anos. O motivo pelo qual se deu a escolha desse terreno é a necessidade vital de se revitalizar a área em que ele está
52
Figura 23 Imagem de Localização do Terreno Fonte: Google Maps – adaptado pelo autor
53
inserindo, próximo à Avenida Eduardo Girão, trazendo mais urbanidade através da inserção de um equipamento. Além disso, a edificação está situada próxima ao núcleo universitário e as praças José Gentil e João Gentil, além de se localizar entre os bairros Centro, Montese e Fátima, que são eixos centrais e de grande movimentação comercial na cidade de Fortaleza.
4.2.2
O TERRENO
O terreno é uma poligonal que possui uma área total de 7.920,31 m², nele existem um galpão edificado de 2.137,59 m², além de uma caixa d’água e uma lixeira, juntos totalizam 2.175,36 m² de área edificada no terreno (Fig. 24). As visuais identificadas estão representadas na figura seguinte (Fig. 25) e representam como os motoristas e pedestres que passam ali visualizam o terreno com o edifício. A foto 01 é uma vista contrária ao sentido do fluxo de veículos, por isso ilustra a vista do pedestre. A foto 02, também ilustra a vista do pedestre, desta vez no lado oposto a calçada do terreno, dando visual para o que seria o acesso principal ao edifício. A foto 03 ilustra a visual a partir da Av. Eduardo Girão, marcando a relevância da caixa d’água como um marco visual ao lado do galpão edificado. Por fim, a foto 04, assim como a foto 01, é uma visual interessante, uma vez que ilustra a qualidade topoceptiva e expressiva – simbólica que o terreno pode desenvolver em seu contexto. Faz-se necessário compreender essas imagens como importantes peças para o desenvolvimento do projeto e dessa forma tirar partido dessas visuais na concepção do mesmo. Pode-se perceber com elas que o terreno possui um impacto visual marcante para aqueles que transitam em seu entorno. Desta forma, a partir desta análise, fica clara a intenção de tirar partido da edificação existente no terreno para a criação de uma edificação mais atrativa tanto para o pedestre quanto para quem trafega de carro.
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Figura 24 Planta de Implantação do Terreno Fonte: Acervo Conab – adaptado pelo autor
Figura 25 Perspectivas do Terreno Fonte: Google Maps – adaptado pelo autor
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4.2.3
ACESSIBILIDADE
Para compreender melhor a dinâmica da área em que o terreno está inserido, foram elaborados dois mapas a fim de facilitar a compreensão dos acessos ao terreno. O primeiro compreende os acessos por meio do uso de veículos automotores e de forma peatonal (Fig. 26), o segundo compreende a malha cicloviária existente, bem como as rotas de ônibus e suas paradas que atendem à demanda da população (Fig 27). As principais vias que facilitam o acesso ao terreno são a Avenida Eduardo Girão e ruas Marechal Deodoro e Jorge Dumar. Além dessas vias, outras também facilitam o acesso ao terreno, como a Avenida 13 de Maio e Avenida dos Expedicionários. Todas essas que foram citadas são atendidas por transporte público, que conecta o Benfica a diferentes bairros da cidade. Apesar da acessibilidade por meio de transporte público, as pessoas têm o fácil acesso ao terreno por meio do sistema cicloviário que permeia o terreno, além do fato da existência de uma estação de metrô e de bicicletas compartilhadas a menos de 800m do terreno. A caracterização dos fluxos e acessos de pedestres ao terreno foi elaborada a partir de análise in loco, bem como da oferta de pontos de ônibus ao longo da área de estudo. Apesar disso, o pedestre ainda encontra dificuldades para transitar ao longo do bairro, seja por conta de falta de infraestrutura nas calçadas ou por conflitos em pontos de travessia.
56
Figura 26 Mapa de Caminhabilidade e Acessos de VeĂculos Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 27 Mapa de Mobilidade Fonte: Elaborado pelo autor
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4.2.4
HIERARQUIZAÇÃO VIÁRIA
O mapa a seguir (Fig. 28) compreende a classificação viária do entrono do terreno e possibilita compreender as suas relações de fluxo. Segundo o Projeto de Lei da Nova Lei de Uso e Ocupação do Solo, o Sistema Viário Básico de Fortaleza é composto por dois sistemas: Sistema Viário Básico Estrutural e Sistema Viário Básico Complementar. O Sistema Viário Básico Estrutural é composto por vias classificadas em Expressas e Arteriais I e II, compreendidas no mapa pelas Avenidas Eduardo Girão e dos Expedicionários, expressa e arterial I respectivamente. Já o Sistema Viário Básico Complementar é composto por vias classificadas em Coletoras, Comerciais, Paisagísticas e Locais, compreendidas no mapa pelas Ruas Júlio Cesar, Major Laurindo e Comendador Machado, coletoras, as demais vias classificam-se como vias locais.
4.2.5 USO DO SOLO
A partir do mapa de uso do solo (Fig. 29), pode-se entender do ponto de vista da urbanidade o entorno do terreno escolhido. É possível perceber que o bairro é predominantemente residencial e institucional, com alguns pontos de comércio e serviço e raro uso misto. A existência de grandes instituições próximas ao terreno, como a Universidade Federal do Ceará e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, ambos localizados na Avenida 13 de Maio, proporciona uma maior atratividade de público para o Mercado proposto. Além disso, a predominância do uso residencial traz uma demanda de público para a utilização do novo empreendimento. Os comércios próximos ao terreno, principalmente os localizados na Avenida Eduardo Girão, possuem um horário de funcionamento predominantemente diurno, o que acarreta numa falta de urbanidade para o local ao fim do dia, proporcionando insegurança e medo para aqueles que moram próximos. Por isso, se faz necessário propor um uso noturno para o novo edifício que possa abranger eventos culturais e gastronômicos e, assim, trazer pessoas e incentivar o ouso da região no período da noite, trazendo vivacidade ao ambiente. A variedade de atividades e de público na região representam a quão dinâmica é a área estudada, isso estimula as atividades culturais e comerciais. O Mercado Público possui uma variedade de usos e pessoas, isso trará muitos usuários e visitantes a região a partir da nova edificação.
58
Figura 28 Mapa de Hierarquia Viรกria Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 29 Mapa de Uso do Solo Fonte: Elaborado pelo autor
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4.2.6
A partir do mapa de gabarito das edificações do entorno (Fig. 30), nota-se a predominância da horizontalidade, com edificações de 1 a 3 pavimentos. A escala horizontal se mantem predominante ao longo de toda a malha urbana, com presença de torres verticais de maneira pontual, em regiões mais afastadas do entorno do terreno estudado.
4.2.7
O mapa a seguir (Fig. 31) trata das condicionantes naturais do terreno em estudo. No que se refere à topografia o terreno em estudo apresenta uma declividade na direção Sudoeste, sendo a diferença de nível entre suas extremidades próxima a 3m. A partir dos cortes e fachadas elaborados será possível compreender como ocorre o decaimento do terreno.
GABARITO
CONDICIONANTES FÍSICAS E RECURSOS NATURAIS
A presença de vegetação no terreno se dá de maneira pontual nas regiões Norte e Oeste. Os terrenos onde se localizam a Emlurb, a área do 23º Batalhão do Exército e a área do Instituto Federal de Educação, Ciência Tecnologia do Ceará possuem uma massa vegetativa relevante, porém, não podem ser utilizadas pelo público. Nota-se também a vegetação em pontos isolados que compreendem os passeios e terrenos de residências.
4.2.8
LEGISLAÇÃO URBANA
Visando obedecer às normas urbanísticas exigidas a nível municipal, foram consultados o Plano Diretor Participativo de Fortaleza – (PDPFor-2009) e a Lei Complementar Nº 236, de 11 de agosto de 2017, que dispões sobre o Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LUOS). De acordo com o PDPFor-2009, o terreno está inserido na Zona de Ocupação Preferencial 1 – ZOP 1. Em termos de definição dos parâmetros permitidos dentro da ZOP 1, temos: I - índice de aproveitamento básico: 3,0; II - índice de aproveitamento máximo: 3,0; III - índice de aproveitamento mínimo: 0,25;
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Figura 30 Mapa de Gabarito das Edificaçþes Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 31 Mapa de Topografia e Recursos Naturais Fonte: Elaborado pelo autor
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IV - taxa de permeabilidade: 30%; V - taxa de ocupação: 60%; VI - taxa de ocupação de subsolo: 60%; VII - altura máxima da edificação: 72m; VIII - área mínima de lote: 125m2; IX - testada mínima de lote: 5m; 38 X - profundidade mínima do lote: 25m. De acordo com a LUOS, o equipamento de Mercado está inserido no Grupo Institucional, no Subgrupo de Equipamento Para Venda de Artigos Diversificados em Caráter Permanente-EPV e Classe EPV 2-PE, na atividade de Mercado. Para tal atividade o número mínimo de vagas para estacionamento e o seu porte não estão bem definidos, para carga e descarga também não há definição de quantidade mínima. Ainda de acordo com a LUOS, a mesma ressalta que os recuos serão objeto de estudo por parte do poder público. Tendo em vista a utilização de uma edificação já existente no terreno os recuos empregados serão os mesmo que os atuais utilizados.
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5.0
P
R
O
P
O
S
T
A
5.1 CONCEITO
A intenção do projeto é aplicar uma linguagem moderna e divergente ao que se aplica nos conceitos construtivos dos centros de autosserviços da atualidade. Desta forma, buscando o funcionamento do Mercado como um instrumento de requalificação do espaço público urbano, foram adotadas três premissas: permeabilidade, interação social e mobilidade urbana. A permeabilidade (Fig. 32), física e visual, permitirá os mais diferentes tipos de fluxos e proporcionará a abertura do Mercado para a cidade, fazendo com que espaço interno e externo possuam uma interação única. Já a interação social (Fig. 33) busca a aproximação das pessoas com a cidade e vice-versa, moldando o Mercado ao espaço em que se insere e promovendo suas mais diversas atividades buscando atender a demanda de forma a garantir conforto para os que ali se encontram. Por fim, na mobilidade urbana (Fig. 34), buscou-se uma hierarquização em que houvesse a valorização dos pedestres e meios de transporte alternativos e públicos, minimizando o uso de veículos automotores particulares. Proporcionando a área em que o Mercado se encontra um caráter de lugar, ao invés simplesmente de passagem.
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Figura 32 Fluxo de Permeabilidade Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 33 Humanizar a Cidade Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 34 Conceito de Mobilidade Urbana Fonte: Elaborado pelo autor
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5.2 PARTIDO
5.2.1 PAPEL AO AR
Partindo do conceito de permeabilidade estabelecido para o projeto fez-se necessário o estudo de fluxos internos do mercado, para isso foi elaborada uma didática para a definição da disposição dos boxes, tendo em vista a contraposição frente aos conceitos utilizados nos autosserviços. Esta didática foi nomeada de Papel ao Ar e será explicanda a seguir.
A didática elaborada consistiu em: primeiramente, plotar em determinada escala a planta que continha a delimitação do terreno e da edificação existente; depois de definido a dimensão padrão dos boxes, fezse também uma plotagem, na mesma escala que a da planta, do contorno dos boxes; em seguida a planta foi disposta em uma superfície plana onde logo após, de diversos modos, foram jogados em cima da planta os papéis que representavam os boxes; após finalizado foi feito um registro fotográfico da disposição em que os papéis haviam caído sobre a planta e repetido o processo; posteriormente, por meio do auxílio de ferramentas digitais, foram elaboradas marcações de composições de grupos de boxes que chamavam atenção, bem como a determinação de regiões que seriam destinadas a outros usos (áreas edificadas, possíveis jardins, etc.), e por fim, a partir daí, organizou-se essas composições marcadas e fez-se o refinamento da organização de forma a gerar o produto final que foi utilizado no projeto. Tendo em vista tal processo, de desorganizar algo para organizar e chegar em um produto final, nomeou-se o resultado como Caos Organizado. A seguir, um breve comparativo da organização do espaço interno adotado para o projeto com a organização empregada nos conceitos atuais das tipologias de autosserviço.
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OPÇÃO 01
papel ao ar
marcação
definição
Figura 35 Composição do processo papel ao ar Fonte: Elaborado pelo autor
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OPÇÃO 02
papel ao ar
marcação
definição
Figura 36 Composição do processo papel ao ar Fonte: Elaborado pelo autor
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OPÇÃO 03
papel ao ar
marcação
definição
Figura 37 Composição do processo papel ao ar Fonte: Elaborado pelo autor
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5.2.2
CAOS ORGANIZADO
O comparativo aqui feito busca ressaltar as sensações distintas que o simples modo de organizar o ambiente de mercado pode trazer para as pessoas que ali se encontram. Na organização ortogonal (Fig. 38), modelo empregado nos mercados e supermercados atuais, o observador recebe diversas informações ao mesmo tempo, tendo em vista a quantidade de boxes presentes em seu campo visual, além de que cada box contém uma infinidade de produtos diversos. Dessa forma o observador perde aquela sensação de descobrimento a cada caminhar, pois ele tem a percepção daquilo que o aguarda mais à frente. No caos organizado (Fig. 39), o observador recebe uma quantidade de informação diferente a cada caminhar no espaço interno do mercado, pois, tendo em vista a disposição aleatória dos boxes, cada visual se torna distinta da outra, fazendo com que sua percepção seja diferente a cada momento e sua sensação de descobrimento do espaço mude constantemente.
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Figura 38 Perspectiva Corredor Organização Ortogonal Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 39 Perspectiva Organização “Caos Organizado” Fonte: Elaborado pelo autor
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Figura 40 Perspectiva Interna do TĂŠrreo Fonte: Elaborado pelo autor
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Figura 41 Perspectiva Interna com Vista para Mezanino Fonte: Elaborado pelo autor
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5.3
PROGRAMA DE NECESSIDADES
O programa de necessidades adotado é bastante simples e é composto por quatro zonas distintas: A zona pública, zona composta pela área do entorno do Mercado, com áreas livres, espaços de convívio, áreas verdes. A zona de serviços, zona composta pelos ambientes destinados a prestas serviços ao público, como sala de segurança, administração, espaço multiuso. A zona de infraestrutura, zona composta pelas áreas de organização para o bom funcionamento do mercado, como os banheiros, os depósitos de materiais e ambiente para os funcionários. A zona de comércio, está zona subdivide-se em quatro outras zonas: úmida, semiúmida, seca e gastronômica. A zona úmida é destinada a áreas molhadas, como a de venda de carnes e peixes. A zona semiúmida é destinada a venda de frutas e verduras. A zona seca é destinada a venda de temperos, grãos, laticínios, utilidades, plantas, artesanato e vestuário. A zona gastronômica é destinada a venda de produtos alimentícios de consumo imediato, além da venda de bebidas.
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Tabela 01 Programa de Necessidades e PrĂŠ-Dimensionamento Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 42 Zoneamento Mercado Fonte: Elaborado pelo autor
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5.4 IMPLANTAÇÃO
A implantação foi decidida juntamente com o paisagismo de forma a induzir o pedestre a caminhar em direção ao mercado, bem como gerar espaços externos que possibilitem a permanência de pessoas e a interação com o espaço público urbano. Observando os fluxos internos gerados pela implantação dos boxes pôde-se garantir a existência de áreas verdes bem definidas ao longo de todo o terreno, o que auxiliou no cenário paisagístico e urbanístico do bairro. A definição dos jardins e a paginação de piso foram propostas de forma a induzir o pedestre a adentrar no mercado, seja apenas para livre passagem. Por conta da forma dos jardins acabam sendo criados afunilamentos da parte externa para interna do terreno, o que gera a sensação de convite para adentra-lo. O mesmo aplicouse na paginação colorida que define as zonas comerciais, a paginação se abre de dentro para fora do mercado, alcançando inclusive passeios do entorno do terreno, fazendo de forma indireta um convite para o pedestre que transita no entorno. A pavimentação aplicada no projeto se deu por dois materiais, na área externa ao mercado utilizou-se concreto permeável em tons de cinza claro, vermelho, azul, verde, amarelo ouro e amarelo pastel. Os mesmos tons se aplicaram para o piso de concreto polido, utilizado na parte interna do mercado. Na pavimentação do deck externo foi utilizado madeira de demolição. O plano de massas e a arborização empregada foi pensado para auxiliar na ordem de espaços que se pretendia produzir, bem como auxiliar na proteção das fachadas. Todas as espécies utilizadas foram acrescentadas, exceto as carnaúbas que já existiam e foram transplantadas.
80
Tabela 02 Revestimento de Piso Fonte: Elaborado pelo autor
Tabela 03 Vegetação Utilizada Fonte: Elaborado pelo autor
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PLANTA DE IMPLANTAÇÃO E COBERTA
PLANTA PAV TÉRREO CORTE AA
PLANTA MEZANINO
CORTE BB CORTE CC
FACHADAS
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5.5 BOXES
Espaço destinado para venda de produtos, foi projetado a partir de um módulo de base quadrada de 3 metros de lado, por 3 metros de altura. A proposta é composta de materiais simples, de fácil acesso, porém qualquer elemento pode ser alterado desde que a configuração seja respeitada. A estrutura é feita em perfis de aço, com fechamentos em drywall, nos lados em que não possuam nenhum tipo de abertura, e esquadrias em madeira tipo camarão nos lados em que possuam bancadas. Serão um total de 53 boxes, buscando atender à demanda de comerciantes de todos os tipos. Abaixo está listada a quantidade de boxes de acordo com cada produto e zona de classificação.
Figura 43 Tabela de quantidade de boxes de acordo com o produto Fonte: Elaborado pelo autor
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Figura 44 Isometria Explodida Box Fonte: Elaborado pelo autor
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5.6 SISTEMA ESTRUTURAL
No projeto, optou-se pelo aproveitamento da estrutura de pilares e vigas de concreto pré-moldado existentes do edifício da Conab, descartando apenas o aproveitamento da coberta em estrutura metálica. A malha dos pilares possui modulação padrão com vãos de 6,75 x 7,80m. A coberta adotada no projeto consiste em uma grelha em madeira laminada colada (glulam) que envolve toda a área do mercado. O fechamento dessa grelha é realizado através de placas de telha metálica tipo sanduiche, com inclinação de 3%. Além disso, lanternins dispostos ao longo da coberta compõe a estrutura utilizada. Nas fachadas foram utilizadas telas metálicas perfuradas do tipo Screen Panel em cores variadas, remetendo a riqueza visual encontra no interior dos mercados. Esse sistema de proteção consiste em uma pele metálica perfurada, fixada diretamente na estrutura em suportes metálicos que proporcionam um afastamento, o que garantiu aplicar uma diferença de afastamentos da parte superior para a parte inferior dos painéis, garantindo uma inclinação nas fachadas.
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Figura 45 Isometria Explodida Sistema Estrutural Fonte: Elaborado pelo autor
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Figura 46 Detalhamento Lanternim Fonte: Elaborado pelo autor
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Figura 47 Detalhamento FIxação Screen Panel Fonte: Elaborado pelo autor
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Figura 48 Perspectiva Externa Av. Eduardo GirĂŁo Fonte: Elaborado pelo autor
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Figura 49 Figura 49 Perspectiva Externa Praรงa Fonte: Elaborado pelo autor
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5.7 CONFORTO AMBIENTAL
O conforto ambiental foi algo bastante relevante na concepção do projeto, tendo em vista a escolha da utilização de ventilação e iluminação natural no mercado, buscando evitar a necessidade de outras alternativas. Os painéis perfurados da fachada que envolvem todo o edifício impedem que a luz do sol incida diretamente na área interna do mercado, no entanto permite a entrada de forma indireta da iluminação. O espaço amplo e completamente aberto do mercado permite que a ventilação natural ocorra em todo o edifício através da ventilação cruzada e feito chaminé proporcionado pelos lanternins da coberta. As fachadas mais voltadas para o oeste e sudoeste, prejudicadas com a alta incidência solar, receberam vegetação abundante com oitis, árvore de grande porte que proporciona bastante sombra, o que ajuda a proteger a parte interna do mercado.
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Figura 50 Esquema Ventilação e Iluminação Natural Fonte: Elaborado pelo autor
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5.8
RUA MARECHAL DEODORO
Com base nas análises realizadas nos diagnósticos da área de intervenção, foram tomadas algumas medidas de intervenção no trecho da Rua Marechal Deodoro que permeia o terreno utilizado. A proposta de intervenção consistiu primeiramente na ampliação dos passeios da quadra adjacente. As faixas de rolagem também sofreram modificações quanto a suas dimensões, foi reduzida a somente uma faixa de rolagem com 2,80m de largura e adotado estacionamento paralelo ao meio fio. Esta medida de redimensionamento foi adotada, pois ao analisar a malha viária, pode-se abolir as rotas de ônibus que passavam naquele trecho, realocandoas para uma via próxima que também continha rotas de ônibus semelhantes. Outra medida adotada foi a implantação da zona 30 no trecho definido. Essa limitação de velocidade possibilita que haja menor segregação entre diferentes modais. Para isso, igualou-se a faixa de rolamento com os passeios, de modo a tornar o espaço mais fluido e acessível. Além disso, a arborização do trecho foi outra medida proposta, já que esta possibilita conforto e favorece a ocupação das ruas ao longo do dia. Na pavimentação do trecho utilizou-se pio intertravado com blocos de concreto permeáveis, o que contribui para a drenagem da água.
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Figura 51 Ilustração Intervenção Trecho Rua Compartilhada Fonte: Elaborado pelo autor
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Figura 52 Perspectiva aĂŠrea avenida Eduardo GirĂŁo Fonte: Elaborado pelo autor
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Figura 53 Perspectiva aĂŠrea Rua Marechal Deodoro Fonte: Elaborado pelo autor
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6.0
C O N S I D E R A Ç Õ E S F
I
N
A
I
S
6.1
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Mercado Público é um elemento fundamental e vital de desenvolvimento das cidades desde muito tempo. Suas atividades, sejam em praças ou em edifícios, colaboravam para o desenvolvimento econômico e para a expansão dos limites urbanos, funcionando como ponto para trocas comerciais, intelectuais, culturais e sociais, se estabelecendo assim como um ambiente importante para a socialização das civilizações. Devido a globalização e a popularização dos supermercados e cadeias de autosserviços, o mercado tradicional entrou em desuso, além da falta de interesse por maior parte da população, os consumidores tornaram-se cada vez mais exigentes e encontram-se em constante mudança, o que dificulta a adaptação do Mercado. O futuro dos Mercados Públicos está nas mãos de todos nós: consumidores, comerciantes, arquitetos e urbanistas que se sentem desconfortáveis com os problemas que cercam nossa realidade contemporânea. Temos a responsabilidade de construir uma realidade melhor e para isso, precisamos de mais e mais pessoas capacitadas para combater uma realidade em constante transformação. Em vista disso, o Mercado Público proposto aqui consiste em um equipamento estratégico para a requalificação do espaço público urbano. Ao mesmo tempo em que se busca oferecer um espaço público sadio, o Mercado Público e Gastronômico do Benfica busca ser um espaço que incentive a economia local e reestabeleça o contato do cidadão com o espaço público, e através dessa apropriação do lugar, valorizar sua identidade local e despertar novamente o sentimento de pertencimento. Por fim, espera-se ter contribuído para a discussão desse equipamento como requalificador do espaço público e de ter proposto uma arquitetura que contribua positivamente no espaço urbano do Bairro Benfica e da cidade.
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115
6.2 BIBLIOGRAFIA
ABELLA, M. Ciutat Velha. Um Coração Antigo de Barcelona. São Paulo: Aula São Paulo, 2014. Disponível em <http://www.aulasaopaulo.sp.gov.br/revitaliza_artigos_ barcelona3.htm>. Acesso em 13/10/2017. BASSOLS, Manuel; BAÑALES, José Luis. Los Mercados Públicos em la Ciudad Contemporánea. El Caso de Barcelona. Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, ago. 2007, vol. XII, núm. 744. Disponível em <http://www.ub.edu/ geocrit/b3w-744.htm>. Acesso em 13/08/2017. BARROSO, Francisco de Andrade. O Benfica de Ontem e de Hoje. Fortaleza: editora LCR, 2004. MC CLEAN, Arturo. Santa Caterina Market. Archinect, 2015. Disponível em <https://archinect.com/embt/ project/santa-caterina-market>. Acesso em 18/10/2017. HOLANDA, Arlene. Coleção Pajeú: Benfica. Fortaleza: Secultfor, 2015. OLIVEIRA JÚNIOR, José Vanildo. Fluxograma do Processo de Planejamento Arquitetônico a Mercados Públicos. 2006. 146 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa. PINTAUDI, Silvana Maria. Os mercados públicos: metamorfoses de um espaço na história urbana. Scripta Nova. Revista electrónica de geografia y ciências sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, ago. 2006, vol. X, núm. 218 (81). Disponível em <http://www.ub.es/geocrit/ sn/sn-218-81.htm>. Acesso em 10/07/2017. ROMANO, Leonora. Edifícios de Mercado Gaúchos: Uma Arquitetura dos Sentidos. 2004. 178 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Universidade Federaldo Rio Grande do Sul, Porto Alegre. SEVERO, Luana. Antigo prédio da Cobal será reformado. Fortaleza: Jornal O Povo, ago. 2015. Disponível em <http://www20.opovo.com.br/app/opovo/ cotidiano/2015/08/24/noticiasjornalcotidiano,3492658/ antigo-predio-da-cobal-sera-reformado.shtml>. VARGAS, Heliana Comin. Espaço Terciário: O Lugar, A Arquitetura e a Imagem do Comércio. São Paulo: Ed. SENAC, 2001.
116
6.3 LISTAS
Tabela 01. Programa da necessidade e prédimensionamento Tabela 02. Revestimento de piso Tabela 03. Vegetação utilizada
79 81 81
Fig 01. Localização dos bazaars e rotas de comércio no Oriente Médio 22 Fig. 02. Praça do mercado Grego dos tempos clássicos22 Fig. 03 Mercado público do Império Romano 22 Fig. 04 Planta da Ágora de Priene 26 Fig. 05 Mercado no Fórum de Trajano, Roma 26 Fig. 06 Fotografia do antigo Mercado Municipal de Fortaleza 29 Fig. 07 Mercado Público de Porto Alegre 29 Fig. 08 Perspectiva da implantação de Santa Caterina 35 Fig. 09 Vista interna do Mercado de Santa Caterina 35 Fig. 10 Planta baixa indicando as circulações e uso 37 Fig. 11 Corte longitudinal de Santa Caterina 37 Fig. 12 Perspectiva do Mercado de Cachan 39 Fig. 13 Perspectiva da implantação do Mercado de Cachan 39 Fig. 14 Planta baixa do Mercado de Cachan 40 Fig. 15 Planta baixa setorizada do Mercado de Cachan40 Fig. 16 Perspectiva do Mercado de Cachan 40 Fig. 17 Interior do edifício do Mercado de Cachan 40 Fig. 18 Perspectivado da fachada principal do Mercado Central de Atarazanas 42 Fig. 19 Perspectivado da implantação do Mercado Central de Atarazanas 42 Fig. 20 Interior do edifício do Mercado Central de Atarazanas 43 Fig. 21 Planta baixa do Mercado Central de Atarazanas 43 Fig. 22 Mapa do Bairro Benfica 49 Fig. 23 Imagem de localização do terreno 53 Fig. 24 Planta de implantação do terreno 55 Fig. 25 Perspectivas do terreno 55 Fig. 26 Mapa de caminhabilidade e acessos de veículos 57
6.3.1
LISTA DE TABELAS
6.3.2
LISTA DE FIGURAS
117
Fig. 27 Mapa de mobilidade 57 Fig. 28 Mapa de hierarquia viária 59 Fig. 29 Mapa de uso do solo 59 Fig. 30 Mapa de gabarito das edificações 61 Fig. 31 Mapa de topografia e recursos naturais 61 Fig. 32 Fluxo de permeabilidade 67 Fig. 33 Humanizar a cidade 67 Fig. 34 Conceito de mobilidade urbana 67 Fig. 35 Composição do processo papel ao ar 69 Fig. 36 Composição do processo papel ao ar 70 Fig. 37 Composição do processo papel ao ar 71 Fig. 38 Perspectiva corredor organização ortogonal 73 Fig. 39 Perspectiva organização “ caos organizado” 73 Fig. 40 Perspectiva interna do térreo 75 Fig. 41 Perspectiva interna para o mezanino 77 Fig. 42 Zoneamento mercado 79 Fig. 43 Tabela de quantidade de box de acordo com o produto 94 Fig. 44 Isometria explodida box 95 Fig. 45 Isometria explodida sistema estrutural 97 Fig. 46 Detalhamento lanternim 98 Fig. 47 Detalhamento de fixação screen panel 99 Fig. 48 Perspectiva externa Av. Eduardo Girão 101 Fig. 49 Perspectiva externa Praça 103 Fig. 50 Esquema ventilação e iluminação natural 105 Fig. 51 Ilustração intervenção trecho rua compartilhada 107 Fig. 52 Perspectiva aérea Av. Eduardo Girão 109 Fig. 53 Perspectiva aérea Rua Marechal Deodoro 111
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FONTES UTILIZADAS: GO BOLD Avenir Book Avenir Black
C=0 M=25 Y=100 K=10 C=0 M=0 Y=0 K=100