ALÉM DA CERCA
a integração da ufrn com seu entorno como estratégia de segurança [análises, propostas e diretrizes] por rayanna rodrigues
natal, rn
rayanna rodrigues
além da cerca A INTEGRAÇÃO DA UFRN COM SEU ENTORNO COMO ESTRTÉGIA DE SEGURANÇA [ANÁLISES, PROPOSTAS E DIRETRIZES]
Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no semestre 2015.2.
Orientador: Prof. Esp. Francisco da Rocha Junior
natal, rn novembro de 2015
rayanna rodrigues
além da cerca A INTEGRAÇÃO DA UFRN COM SEU ENTORNO COMO ESTRTÉGIA DE SEGURANÇA [ANÁLISES, PROPOSTAS E DIRETRIZES] Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no semestre 2015.2. Aprovado em:
banca examinadora
___________________________________ prof. esp. francisco rocha junior Orientador - UFRN
______________________________________________ prof. dra.dulce bentes Membro Interno - UFRN
______________________________________________ DOMINIQUE BARROS Convidada
agradecimentos Aos meus pais, por terem me oferecido uma educação fora do comum, me ajudando a ter essa visão de mundo que tenho hoje e a me estimulando a ser cada vez mais questionadora e por se preocuparem por todas as noites que virei fazendo trabalhos; A minha irmã Yasmin, que me inspira todos os dias a sair da caixinha que sempre acabamos criando a cada novo conhecimento adquirido; A Felipe, por me acompanhar durante quase todos esses 6 anos de curso e que me ajuda a querer ser melhor como pessoa e como pensadora todos os dias, sempre me mostrando na prática como é díficil convencer as pessoas que estão fora desse mundo idealista em que arquitetos e urbanistas vivem; Aos boemios, que me adotaram no meio dessa jornada, mostrando que sempre existe um lado incrivelmente divertido por trás de todo esse drama; A Tisbe, com quem virei realizei os melhores trabalhos e tive as melhores discussões, estando juntas em momentos de agonia e de muita alegria; A João, quem me acompanhou nesses ultimos meses nas idealizações mais diversas e quem me acompanharia até às nuvens que tanto quero chegar; Aos professores que me inspiraram muito nesse curso, me fazendo refletir bastante sobre sociedade, em especial a Henrique Minguez, aquele que me inspirou a trilhar o caminho do urbanismo e me inspira até hoje como profissional; Ao Governo Brasileiro, o qual me proporcionou a melhor experiência acadêmica através da vivência em outro país, o qual eu devo muito do que sei sobre cidades e pessoas hoje.
resumo O trabalho consiste em elaborar propostas e diretrizes para intervenções e reformas urbanas na área que compreende a UFRN e o conjunto edificado que compõe o seu entorno imediato. O objetivo é promover uma maior integração física entre as duas partes como resultado de análises morfológicas, aplicação de questionários, realização de entrevistas e análise de outros dados a fim de compreender quais os problemas que a área enfrenta no que diz respeito à morfologia urbana como promotora da sensação de segurança. As análises, propostas e diretrizes têm como base o guia britânico Safer Places, o qual se utiliza do planejamento urbano e arquitetônico, além da importância de ter uma equipe interdisciplinar, como estratégia de segurança, desmistificando a necessidade e eficácia das estratégias de segurança utilizadas na nossa cidade, como cercas elétricas, muros altos e pouco movimento. Assim, a área foi analisada como um conjunto e foram delimitados pontos de maior impacto, para os quais foram propostas intervenções a níveis esquemáticos, e diretrizes para as áreas consideradas de menor impacto, visando amenizar os problemas encontrados, diminuir/solucionar conflitos e dinamizar a urbanidade na área como algumas das estratégias de segurança adotadas. Palavras-chave: UFRN; safer places; segurança; morfologia urbana; integração.
lista de figuras figura 01 - Área de estudo, 19 figura 02 - Área de conexão entre frações urbanas do Campus UFRN e dos bairros de seu entorno, 35 figura 03 - Universidade Federal de São João del Rei, 36 figura 04 - Universidade Federal de Santa Catarina, 36 figura 05 - Área de implantação inicial da UFRN, 38 figura 06 - Mapa de figura fundo, do início de 1970, 1980 e 1990, 41 figura 07 - Imagem de geo-referenciamento, 41 figura 08 - Área de estudo_Mapa de traçado, 43 figura 09 - Área de estudo_Uso residencial, comercial e misto, 44 figura 10 - Área de estudo_Uso de serviço, 46 figura 11 - Área de estudo_Uso institucional, 46 figura 12 - Área de estudo_Vazios urbanos, 47 figura 13 - Área de estudo_Áreas de lazer, 47 figura 14 - Área de estudo_Vias e edifícios principais, 51 figura 15 - Área de estudo_Pontos e rotas de ônibus, 52 figura 16 - Área de estudo_Imagensda vegetação presente na área, 53 figura 17 - Área de estudo_Locais mais inseguros na ufrn, 59 figura 18 - Área de estudo_Localização da cerca, 61 figura 19 - Área de estudo_Estabelecimentos entrevistados, 63 figura 20 - Área de estudo_Conexões impossibilidadas pela cerca, 67 figura 21 - Área de estudo_Rotas que podem ser estimuladas, 69 figura 22 - Área de estudo_Imagens da área analisada, 71 figura 23 - Área de estudo_Espaços públicos, privados e semi-públicos, 77 figura 24 - Área de estudo_Mapa dos pontos de propostas de intervenção, 85 figura 25 - Área do Ponto 1 atualmente, 87 figura 26 - Mapa do Ponto 1, 88 figura 27 - Imagens ilustrativas das propostas para o Ponto 1, 90 figura 28 - Área do Ponto 2 atualmente, 93 figura 29 - Mapa do Ponto 2, 94 figura 30 - Imagens ilustrativas das propostas para o Ponto 2, 96 figura 31 - Área do Ponto 3 atualmente, 99 figura 32 - Mapa do Ponto 3, 100 figura 33 - Imagens ilustrativas das propostas para o Ponto 3, 102 figura 34 - Área do Ponto 4 atualmente, 105 figura 35 - Mapa do Ponto 4, 106 figura 36 - Imagens ilustrativas das propostas para o Ponto 4, 107 figura 37 - Área do Ponto 5 atualmente, 109 figura 38 - Mapa do Ponto 5, 110 figura 39 - Imagens ilustrativas das propostas para o Ponto 5, 111 fugura 40 - Área do Ponto 6 atualmente, 113 figura 41 - Mapa do Ponto 6, 114 figura 42 - Imagens ilustrativas das propostas para o Ponto 6, 115
sumário sobre andanças e percepções,14 introdução,16 1.ilhas urbanas,22
Causas e Efeitos,24 Caminhos e Variáveis,28 Procedimentos Adotados,30
2.além da cerca,32 A.C.[Antes da Cerca], 34 D.C.[Depois da Cerca], 42
3.margens,56
A Marginalidade das Margens,58 Morfologia do Crime,64
4.propostas e diretrizes,80
Olho que tudo vê,82 Ponto 1 - Praça das Artes,84 Ponto 2 - Praça Claudionor de Andrade,90 Ponto 3 - Escadaria,96 Ponto 4 - Portão Biociencias,102 Ponto 5 - Portão C&T,106 Ponto 6 - Praça do Parque,110 Diretrizes,114
considerações finais,116 referências bibliográficas,118
sobre andanças e percepções Criada batendo perna, nunca fui refém do transporte público para me locomover pela cidade nos tempos de escola. Sempre morei perto do colégio que estudava, minha mãe sabia o que era qualidade de vida desde cedo, e também morávamos perto de onde ela trabalhava, e trabalha até hoje, no centro da cidade, o coração de Natal. Desde cedo aprendi a chegar onde eu queria com minhas próprias pernas, o que se tornou um hábito que me acompanha até hoje, e foi intensificado quando morei certo tempo numa cidade pequena e acolhedora da Espanha. Morei onze meses em Murcia, através de um programa de bolsas de estudo do Governo Brasileiro, o Ciências Sem Fronteiras, entre 2012 e 2013. Também morava no centro da cidade e perto de todas as principais lojas, mercados, bares e praças. Mas meus hábitos em Murcia não eram muito diferentes dos meus hábitos em Natal, o que diferenciava as duas cidades era a vivacidade urbana, qualidade dos espaços públicos e a vida na cidade durante a noite da cidade espanhola. Só utilizava o transporte público para ir à faculdade ou ao shopping que eram distantes do centro, na ponta da cidade. Mas isso era só para variar
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mesmo, pois eu tinha tudo o que eu precisava a algumas quadras da minha casa. Na volta ao Brasil, eu comecei a estagiar em um escritório de Arquitetura em Candelária. Meu expediente acabava ao meio dia, e minha aula apenas uma hora depois. Seria o suficiente para chegar até a UFRN, almoçar e descansar um pouco se o ônibus não demorasse 30 minutos para chegar a minha parada e mais outros 30 no trajeto. Nas primeiras semanas eu chegava atrasada e lanchava na sala de aula, depois eu percebi o quanto o meu local de trabalho era perto da Universidade. Testei ir andando para ver quanto tempo eu gastava até à parada do circular. Economizei 20 minutos, mas gastei mais outros 20 esperando o Circular do Campus que viria lotado para piorar o calor da caminhada. Depois resolvi parar de esperar o circular. Em 30 minutos eu havia feito todo o trajeto do meu trabalho até o meu setor de aulas. Agora eu tinha tempo para almoçar e descansar, e de quebra eu ainda conhecia o que havia entre a cidade e a UFRN, as ruas mais sombreadas e as mais movimentadas e seguras para realizar meu trajeto. Comecei então a olhar as pessoas na parada do
circular com certa curiosidade, depois os taxava de preguiçosos, afinal, não seriam gastos nem 15 minutos até a UFRN. Até entendo aqueles que estudam em setores mais afastados, onde o trajeto é bem mais longo. Mas eu tinha certeza quando eu via o inverso lotado, onde a maioria iria descer no meu setor de aulas, aquele em que eu gastava menos de 15 minutos para chegar. A observação já fazia parte do meu trajeto. Notei que poderia haver mais árvores para amenizar o calor, que as calçadas irregulares me davam nos nervos (eu tinha que fazer jogos equilibristas para desviar de morrinhos de areia e buracos), que as praças pelo caminho eram sempre mal tratadas e abandonadas, ao ponto de que se houvesse alguém descansando na praça já era motivo para eu andar mais rápido. Também notei quais eram as ruas com restaurantes e lojas, trajetos mais movimentados em que eu me sentia mais segura. Muitas vezes escolhi o lado do sol por ser um trajeto em que eu conseguia ver o ponto que eu queria chegar com mais clareza que no lado da sombra. Também notei o potencial incrível de alguns trajetos com espaços públicos enormes, mas descuidados, lugares onde eu adoraria almoçar antes de chegar a UFRN, e o quanto a cerca me fazia percorrer o trajeto mais longo.
me proporcionava menos estresse do que esperar o transporte público ou desejar um carro. Andar pela cidade era bem mais agradável e menos impotente do que depender de algum sistema de transporte, além de mais saudável física e psicologicamente. Mas isso se deve ao meu atrevimento e a minha necessidade de quebrar convenções e explorar a cidade. Não exijo isso de ninguém. Além disso, minhas andanças ficavam presas à luz do dia, o luar era muito assustador para percorrer essas ruas desertas quando não iluminadas pelo sol. Dessas andanças e percepções começaram as indagações e inquietações rotineiras, o designer que existe em mim começou a arquitetar perguntas, suposições e propostas. Surge a necessidade enfim, de pesquisar a aversão do caminhar, de onde emana a sensação de insegurança, se isso se estende a outras pessoas e se isso pode ser produzido e amenizado pelo espaço público, e claro, como o caminhar poderia ser incentivado e como poderia ser exaurido das tensões do medo.
Mas minha observação foi intensificada quando eu ouvia os comentários de “você é louca de vir andando nesse sol de meio dia”. O sol é de lei, mas ninguém nota o vento que Natal tem, né? Os comentários que mais intrigavam eram a respeito da segurança: “tenho medo de assalto” ou “é muito perigoso”. Eu também tenho medo de assalto, acredite, mas a escolha de vir andando
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introdução O Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte começa a ser construído no início da década de 1970, em pleno período da Ditadura Militar brasileira. O afastamento do centro da cidade e a separação das diversas áreas dentro da própria universidade vão além de um modelo americano de campus universitário. Essas estratégias de desenho urbano evitavam o contato entre estudantes, pensadores e formadores de opinião, com o resto da população e a organização de manifestações de qualquer cunho dentro do campus por estudantes de diversas áreas. Os conjuntos e loteamentos por sua vez, foram implantados a partir de uma linha de pensamento modernista, sendo também afastados do centro da cidade onde estava localizada grande parte dos comércios e serviços, constituindo uma área estritamente residencial que baseava seus deslocamentos por meio do automóvel, onde não era necessária a existência estruturas urbanas complexas e bem planejadas. A proximidade dos equipamentos não era o foco, nem o preenchimento de vazios urbanos, muitas vezes ocupados décadas depois. O modelo modernista prezava pelo contrário, grandes áreas urbanas,
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amplas, não edificadas e de baixa densidade, inspirados nos subúrbios americanos. Talvez em razão dessa área ter se tornado uma “cidade dormitório” típica do modelo modernista, pela presença de terrenos desocupados e amplos espaços não edificados, o campus e seus arredores tenham se tornado espaços vulneráveis a atos antissociais frequentes até meados dos anos 2000, quando foram tomadas medidas para a melhoria da segurança, como a contratação de seguranças, mais iluminação e segurança eletrônica com câmeras. Destaca-se que foi justamente nessa época que se deu a implantação da cerca, mais precisamente em 2007, delimitando a UFRN e na intenção de restringir o acesso ao Campus. Cogitava-se ainda a possibilidade de fechar os portões instalados no anel viário em determinadas horas do dia, servindo como obstáculo àqueles que utilizavam as vias que contornam o campus para acessar outras áreas da cidade, possibilidade que foi descartada diante de reações negativas da população. De fato, as noticias sobre a ocorrência de crimes
na região do Campus diminuiu, o que não deve ser necessariamente atribuído às medidas de segurança tomadas pela Instituição, mas também a outros fatores, como o aumento do número de cursos oferecidos, do número de vagas preenchidas e de edificações dentro do próprio campus e o aumento da circulação de pessoas por consequência. Na vizinhança, ainda se nota a presença massiva de cercas elétricas e muros altos, além de poucas pessoas circulando nas ruas. Outro fato observado é que muitas vezes os usuários preferem esperar um ônibus, o qual geralmente está lotado para se deslocar entre os setores de aula e dentro da área, em vez de caminhar até seu setor de estudo, o que poderia economizar tempo e ser até mais agradável e confortável se fossem feitas algumas mudanças na estrutura urbana para estimular tal ato. As causas desse comportamento são inúmeras, que vão desde costumes sociais ocasionados pelo clima à sensação de insegurança transmitida pelo espaço. Buscar as causas da insegurança no geral é algo muito amplo e complexo, que possui incontáveis fatores que contribuem para o aumento ou a diminuição da criminalidade. No entanto, a tendência de isolamento e a busca por proteção através de estratégias difundidas tanto por empresas particulares quanto pelos órgãos públicos, que incluem muros altos, cercas e câmeras de vigilância são cada vez mais comuns em residências, estabelecimentos comerciais e outros tipos de edifícios, inclusive em instituições de ensino como a UFRN.
Muito se vem discutindo sobre as medidas que a instituição vem tomando para assegurar seu patrimônio, mas pouco se tem falado de maneira sistêmica e efetiva. Todos nos incomodamos com o espaço da UFRN e de suas margens, mas poucos de nós sabemos o que há de errado de fato ou o que se pode realmente modificar. Sabemos que a cerca não controla os acessos, mas nos perguntamos frequentemente: Ela é necessária? Ela está no lugar mais adequado? Apenas nos acostumamos com ela e com muitas outras estratégias adotadas tanto pela instituição quanto pelos moradores e comerciantes da área e da cidade? Seriam essas estratégias eficazes? Sentimos-nos mais seguros? A temática desse trabalho é sobre configurações espaciais e estratégias de segurança, tendo como objetivo geral diminuir a sensação de insegurança na área de estudo e propor alternativas projetuais a níveis esquemáticos a partir dos conceitos expostos no guia Safer Places e de análises morfológicas da área. A principal intenção é que essa pesquisa não seja meramente analítica e teórica, mas sim propositiva de modo à credibilizar tais alternativas e estimular a futura concretização de tais conceitos para que a área se torne um ambiente urbano mais atrativo e dinâmico, passando uma maior sensação de segurança aos seus usuários. Dessa forma, foram formuladas as seguintes questões: De que forma a sensação de insegurança influencia nas formas de deslocamento nas áreas do entorno do campus? Por que há uma resistência do caminhar, mesmo esta sendo uma opção mais rápida para os usuários do Campus?
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Quais são as causas dessa resistência e como miná-las, estimulando outras formas de deslocamentos modificando ou substituindo atributos morfológicos? Para responder a essas questões, foram delineados objetivos específicos que visam compreender como a morfologia da área contribui para a sensação de insegurança na área de estudo; identificar as áreas que geram maior sensação de insegurança na área; estimular o deslocamento através de modais não motorizados; tornar o ambiente urbano da área mais atrativo e dinâmico, passando uma maior sensação de segurança aos seus usuários. A área de estudo delimitada para a pesquisa consiste no território do Campus da UFRN e as frações dos conjuntos e loteamentos que o margeiam, abrangendo os bairros de Capim Macio, Lagoa Nova, Candelária e Nova Descoberta, mais especificamente os Conjuntos dos Professores, situado no Loteamento Cidade Jardim, o Conjunto Mirassol, o Conjunto Potilândia e o Conjunto Soriedem, situado no Loteamento Soriedem.
urbana, se comportando como um organismo. Sendo assim, seria incoerente eleger somente um trecho de intervenção, quando é sabido da existência de vários pontos conflitantes na área de estudo. A presente pesquisa tem como objeto a morfologia da área de estudo relacionada a aspectos de segurança pessoal, mais precisamente nas áreas de conexões entre o Campus UFRN e as frações urbanas do seu entorno. A metodologia adotada constituiu, primeiramente, na investigação teórica e conceitual sobre as causas e efeitos da insegurança nos meios urbanos, através de autores e principais reflexões deste sobre o tema, através de pesquisas em livros, internet e pesquisas acadêmicas já realizadas sobre o tema. Posteriormente foram aplicados questionários e entrevistas voltados para os usuários do Campus e de comerciantes localizados nos limites do Campus. Também foi realizada uma entrevista com o Chefe de Segurança do Campus sobre alguns de suas estratégias de segurança.
[Figura 01]
Anteriormente, a pesquisa tinha como objetivo desenvolver um anteprojeto para a Avenida Passeio dos Girassóis, tida como via de principal conexão e onde se concentravam os principais conflitos, o que ainda ocorre. Mas no decorrer do trabalho viu-se que seria mais importante manter a análise da área como um conjunto, considerando que a ação em um trecho repercute no funcionamento e na dinâmica de outro trecho, que é o que ocorre de fato com uma malha
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Após a coleta de dados, foi realizada a sistematização dos mesmos e a análise morfológica dos pontos considerados mais propícios a ocorrência de crimes através do guia Safer Places. Logo, partimos para a análise dos principais conflitos existentes na área e a identificação das áreas em potencial, elaborando ideias projetuais como forma de solucionar ou minimizar os conflitos e atenuar a sensação de insegurança nos pontos considerados de maior impacto e de diretrizes para as áreas de menor impacto.
FIGURA 01.Área de conexão entre frações urbanas do Campus UFRN e dos bairros de seu entorno Fonte: Google maps, modificado pela autora.
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Era previsto, também, a coleta de dados criminais junto ao Governo do Estado, com o resultado das estatísticas de boletins de ocorrências e registros da prática de crimes na área de estudo, sendo possível a identificação dos pontos de maior ocorrência. Porém, os dados não foram obtidos a tempo da realização das análises necessárias para esse trabalho. O presente trabalho se divide em quatro capítulos, onde o primeiro capítulo, Ilhas Urbanas, compõe-se dos referenciais teórico e metodológico e dos procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa. O segundo capítulo, Além da Cerca, consiste na caracterização da área de estudo, contendo desde o surgimento até como a área se configura morfologicamente nos dias de hoje, nos proporcionando também uma análise socioeconômica. O terceiro capítulo, Margens, é dividido em duas partes, contendo a análise dos dados coletados a partir de questionários e entrevistas realizados com os usuários da área – A Marginalidade das Margens – e a análise morfológica dos locais apontados como mais inseguros, a partir dos dados coletados e de acordo com os atributos definidos pelo Guia Safer Places – Morfologia do Crime. O quarto capítulo, Propostas e Diretrizes, onde são identificados os pontos que evidenciam maior impacto na dinâmica e funcionamento da área como um todo – áreas de maior impacto – e as áreas que necessitam de mudanças, mas que não mudam a dinâmica e o funcionamento da área se realizadas – áreas de
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menor impacto, gerando para estas, respectivamente, ideias projetuais e diretrizes. Por fim, temos nas Considerações Finais, a análise dos resultados obtidos com a pesquisa e as perspectivas para a área, além dos apontamentos para o planejamento de outras áreas da cidade com características e problemas similares.
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CAUSAS E EFEITOS Para um melhor entendimento do tema estudado se faz necessário um aprofundamento teórico em conceitos que estão ligados ao tema. Dessa maneira, buscou-se na literatura disponível embasamento acerca do significado de Morfologia Urbana e Unidades de Vizinhança; assim como uma aproximação teórica sobre a sensação de insegurança e sobre os espaços semi-públicos. Sabemos que a Morfologia Urbana é o estudo da forma das cidades, de seu traçado e como este pode sofrer mutações ao longo do tempo dependendo de vários agentes condicionantes, conforme Renato Rego e Karin Meneguetti. A base da morfologia urbana é a ideia de que a organização do tecido da cidade em diferentes períodos e o seu desenvolvimento não são aleatórios, mas seguem leis que a morfologia urbana trata de identificar. Portanto, a formação física da cidade tem dinâmica própria, ainda que condicionada por fatores culturais, econômicos, sociais e políticos. (REGO e MENEGUETTI, 2011, p. 123)
Vale salientar que existem duas vertentes para o estudo da morfologia: uma procura explicar a forma urbana em si, enquanto que a outra se detém em estudar o planejamento urbano. A primeira, denominada estudo cognitivo e a segunda, normativo (GAUTHIER; GILLILAND, 2006 apud REGO e MENEGUETTI, 2011). Entretanto, as duas levam em consideração que uma cidade é constituída de seu tecido urbano, o qual é composto pelo sistema viário, parcelamento
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do solo, tipologias edilícias e espaços livres. Em outras palavras, o tecido da cidade é feito pelas edificações, ruas, quadras e lotes, parques, praças e monumentos, nos seus mais variados arranjos. Segundo Philippe Panerai (2006), “conhecer a forma da cidade e reconstruir sua história é também orientar uma maneira de projetar” (PENERAI, 2006, p.12). O desenho urbano contém as relações entre pessoas e cidade. Uma metrópole pode ter grandes proporções e ainda incentivar seus habitantes a percorrerem seus caminhos a pé – vivenciando seus espaços mais intimamente, enquanto que uma cidade pequena pode ser pensada para automóveis e excluir os pedestres de seu convívio em várias esferas. Cidades onde os moradores não interagem com seu meio urbano nem com seus semelhantes, escondendo-se atrás de condomínios fechados, muros altos e cercas elétricas, é o oposto daquela defendida por Jane Jacobs em Morte e Vida de grandes Cidades (1961), livro no qual considera as ruas e calçadas pontos vitais do ambiente urbano. Nesses espaços ocorre a maior parte das interações de uma cidade, onde a presença de desconhecidos é um fator confortante e não intimidador. Uma calçada que funciona, com pessoas circulando ininterruptamente, é uma barreira contra o crime. Assim, o ambiente externo se torna atrativo para os proprietários, mantendo os olhos nas ruas, o qual a autora denomina de Sistema de Vigilância Cidadã. Isso só se torna possível se existir uma boa diversidade de usos nos edifícios ao redor. A calçada por si só não é nada. A segurança
urbana é função das ruas da cidade grande e suas calçadas. Se as ruas não são seguras, serão evitadas. As pessoas prudentes e tolerantes, então, demonstram bom senso de evitar ruas onde possam ser assaltadas. (JACOBS, 1961, p.30-31)
Junto aos ideais de Jacobs, encontramos o conceito de Unidades de Vizinhança, proposto inicialmente por Clarence Perry nos anos 1920 e que tem como objetivo central “promover a sociabilidade a partir das relações de vizinhança. [...] O princípio era, ao conferir autossuficiência à Unidades de Vizinhança, engendrar a convizinhança desejada” (FERREIRA; GOROVITZ, 2008). Na Unidade de Vizinhança as residências estão separadas dos serviços à distância de apenas uma caminhada, salvaguardadas do tráfego de automóveis, fator que facilita a convivência entre moradores. Mesmo que o objetivo aqui não seja criar uma cidade seguindo esses ideais, observamos como possuem a capacidade de agregar qualidade a um centro urbano e como sua falta interfere no funcionamento da cidade. O macrozoneamento urbano de usos nos marcos do planejamento urbano funcionalista afasta residências de comércios e serviços e obriga os residentes a percorrerem longas distâncias e fazem de suas áreas residenciais focos fáceis de criminalidade. A ordem pública não é mantida basicamente pela polícia, sem com isso negar sua necessidade. É mantida fundamentalmente pela rede intricada, quase inconsciente, de controles e padrões de comportamento espontâneos presentes em meio ao povo e por ele aplicados. (JACOBS, 1961, p.32)
Em seu artigo, “Cidades e Sentimento de Insegurança: Violência Urbana ou Insegurança Urbana?”, Nelson Lourenço relata que houve um aumento de criminalidade significativo na França, durante um período em que as cidades cresciam e a economia estava aquecida; desassociando o antigo paradigma de criminalidade mais crise e demonstrando que justamente nesse período as desigualdades sociais também aumentaram, servindo de combustível ao crime tipicamente patrimonial, como o autor denomina. O que isso nos sugere é que uma cidade desigual incentiva à insegurança urbana. Quando existe um padrão exaltado pela sociedade, mas que não agrega todas suas esferas, os indivíduos externos criam uma necessidade de “possuir a qualquer custo” visando pertencer a esse nível esperado. A insegurança urbana está ligada a um imaginário do medo, cada vez mais destacado em razão da ascensão da violência, caso que segundo Maria Cecília Teixeira e Maria do Rosário Porto (1998) tem raízes em dois elementos. Por um lado, numa crença infinita da razão, que pretende explicar o medo por meio do conhecimento científico e eliminar simultânea e gradativamente formas simbólicas de tratá-lo; por outro, num excessivo individualismo próprio do liberalismo moderno (self-made man1), que vem promovendo, cada vez mais, o distanciamento entre os indivíduos. (TEIXEIRA; PORTO, 1998).
Com o passar do tempo esse medo pode crescer e vir a tornar-se uma fobia, segundo Marcelo de Souza (SOUZA, 2008, p. 9): fobópole, que corresponde ao “resultado da combinação de dois 1 Self-made man é uma expressão em inglês que pode ser traduzida como autodidata.
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elementos de composição, derivados das palavras gregas phóbos, que significa “medo”; e pólis, que significa “cidade”“. Ou seja, fobópole é a “cidade do medo” ou “medo da cidade” ou ainda “uma cidade dominada pelo medo da criminalidade”.
dos espaços influencia em seus usos, gerando relações positivas ou negativas. A primeira se configura quando o individuo e/ou grupo desenvolve afetividade com o local; a segunda, quando os espaços são desprezados e/ou depredados.
Sendo assim, podemos afirmar que a sensação de insegurança é um conjunto de manifestações subjetivas e particulares sobre o medo da criminalidade, justificando a adoção individual de táticas de autopreservação, expressando-se através de muros altos, câmeras de segurança, cercas, entre outros. Fazendo-nos refletir também sobre a falta de confiança na capacidade do Estado em prover segurança pública de qualidade, alimentados por mídias que exaltam a existência ou o crescimento da violência como arma política.
Sobre a ocupação de espaços públicos, Luciana de Andrade, Juliana Jayme e Rachel Almeida (2009) defendem que dependendo do estrato social, as relações ocorrem de maneira diferente; o escalão mais alto prefere a vigilância constante daqueles espaços próximos às suas residências, enquanto que a população de menor poder aquisitivo continua utilizando o meio público, ocupando-o como parte de suas moradias, mesmo que descuidado pelo Estado.
Tudo o que foi abordado até agora nos leva a refletir nas relações existentes e possíveis entre o público e o privado. Dentro do conhecimento geral, o espaço público pertence a todos, pode ser ocupado por qualquer pessoa em vários momentos e serve como meio para o desenvolvimento de atividades diversas. Ou seja, está passivo de ser ocupado, segundo Annie Eppinghaus (2006). Se entendermos que o espaço público representa o espaço de socialização da comunidade a que o individuo pertence, podemos concluir que a apropriação do espaço público consiste em uma dinâmica natural em que os atores sociais perdem e conquistam áreas constantemente. (EPPINGHAUS, 2006, p.48)
A autora discorre ainda sobre como a ocupação
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Percebeu-se uma mudança nas formas de sociabilidade nos espaços públicos, motivada principalmente por um forte sentimento de insegurança e uma alteração na sociabilidade cotidiana decorrente dos modos de vida urbana contemporâneos (ANDRADE; JAYME; ALMEIDA, 2009, p. 132).
Há ainda quem diferencie espaço urbano e público, como é o caso do sociólogo Rogério Proença Leite (2002), que defende a mutação do espaço urbano em público apenas se esse for ocupado, demonstrando-se mais uma vez a importância da ocupação da cidade. Um espaço urbano somente se constitui em um espaço público quando nele se conjugam certas configurações espaciais e um conjunto de ações. Quando as ações atribuem sentidos de lugar e pertencimento a certos espaços urbanos, e, de outro modo, essas espacialidades
incidem igualmente na construção de sentidos para as ações, os espaços urbanos podem se constituir como espaços públicos: locais onde as diferenças se publicizam e se confrontam politicamente (LEITE, 2002, p.116).
Há ainda que atentar-se ao fato de que um espaço pode ser público de uso comum – praias, praças, ruas, etc.; ou de uso especial – aqueles em que o acesso não é sempre liberado, como é o caso de edifícios, bibliotecas, etc. O espaço semi-público então, é aquele em que existe uma relação de ocupação; entretanto, o uso/acesso não é sempre livre, está sob vigilância – seja constante ou não. Como exemplos, citamos os parques públicos em que se cobra entrada, os shoppings centers, entre outros. Nesse sentido, refletimos que, apesar da universidade ser um espaço público de uso especial, tem características de semi-público, uma vez que está aberta à sociedade para usufruto, enquanto tem seus limites demarcados por uma cerca, ressaltando sua relação de territorialidade com o entorno, deixando claro que o acesso não é irrestrito como se espera de um ambiente público pleno. A partir deste embasamento teórico, partimos para o embasamento metodológico, onde há metodologias existentes a serem aplicadas nos espaços de modo a intervir na sensação de insegurança existente nos mesmo e a diminuir índices de criminalidade de fato.
CAMINHOS E VARIÁVEIS O tópico discorre sobre técnicas de reconhecimento e análise das características da morfologia urbana que pudessem influenciar no aumento ou diminuição da sensação de medo e insegurança nos espaços públicos. O principal método inspirador deste trabalho é um estudo iniciado na década de 1970 e atualizado ano após ano com o surgimento de novas teorias e comprovações científicas das que já existiam. O estudo realizado por Oscar Newman em 1972 (apud GEASON; WILSON, 1989), Crime Prevention Through Eviromental Design2 – CPTED – mudou a forma de prevenção de crimes através do design ambiental, o qual constitui em estratégias implementadas em trechos urbanos, modificando ou substituindo atributos morfológicos que conferem ao local sensação de medo e insegurança. O método vai contra algumas crenças difundidas por planejadores urbanos modernos do início da década de 1950, onde as vizinhanças deveriam se isolar umas das outras, pois ruas vazias eram mais seguras que ruas de grande movimento e o carro representava o progresso, mesmo quando em detrimento do pedestre. Assim como Jane Jacobs já defendia em “Morte e Vida de Grandes Cidades” em 1962, Schlomo Angels (apud GEASON; WILSON, 1989) afirmava seis anos depois em sua tese de pós-graduação Discouraging Crime Through City Planning3 (1968) que o crime 2 Prevenção de Crimes através do Planejamento Ambiental (tradução livre). 3 Desencorajamento do Crime através do Planejamento Urbano (tradução livre).
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era inversamente proporcional ao nível de atividade nas ruas, e que áreas comerciais menos movimentadas estavam mais vulneráveis a crimes. O desenvolvimento da teoria dos Defensable Spaces por Newman4 (1996) reforça os laços de vizinhança e fortalece “os olhos da cidade” de Jacobs, partindo da premissa que a reestruturação física de locais de altos índices de criminalidade permita que seus residentes e frequentadores vigiem os espaços. A implementação desse método, através de um planejamento e um projeto urbano apropriado, pode reduzir a ocorrência de crimes, a sensação de insegurança e aumentar a qualidade de vida. Para isso, Newman ressalta que o CPTED só é possível com a participação da comunidade e de programas educativos voltados para que a mesma se transforme em uma forte rede de vigilância natural. Para que os espaços se tornem mais seguros, Newman (1996) estabelece duas características principais. A primeira é que os espaços devem proporcionar que os usuários vejam e sejam vistos continuamente, facilitando a identificação de um possível criminoso e diminuindo a sensação de medo. A segunda defende que os residentes ou frequentadores do local estejam propensos a intervir ou reportar um possível ato antissocial. Para isso, deve-se aumentar a sensação de segurança no local, encorajando as pessoas a tomarem o controle nessas áreas e assumir o sentimento de pertencimento ao local – quando as pessoas se sentem seguras em suas vizinhanças, ficam mais dispostas a interagir e intervir quando crimes ocorrem, defendendo sua 4 Espaços Defensáveis (tradução livre).
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“propriedade”, seu território. Em 1982, alguns experimentos e teorias foram adicionados ao CPTED, como a teoria da “janela quebrada”, por James Q. Nilson e George L. Kelling, a qual atesta que os crimes ocorrem mais em áreas deterioradas ou abandonadas. Além disso, também foi constatado que comportamentos criminosos são mais influenciados pelo risco de ser pego do que pela facilidade em cometê-los. A certeza de ser pego é mais eficaz na diminuição das ocorrências do que a implantação de punições mais severas. Portanto, o estudo procura enfatizar o risco de ser percebido e apreendido. As estratégias mais comuns são a Vigilância Natural, o Controle Natural de Acessos e o Reforço Natural da Área. Em cada item, pontuamos os que mais se adéquam à nossa realidade e ao nosso objeto de estudo, visto que o estudo produzido por Newman (apud GEASON; WILSON, 1989, p.5-7) toma como base as cidades Estadunidenses, portanto, com características distintas. A Vigilância Natural se constitui em garantir a permeabilidade visual da área, evitando fachadas e muros cegos, de maneira a evitar pontos vulneráveis que atestem a falta de presença humana. Algumas das estratégias são: implantar janelas viradas para calçadas e estacionamentos, utilizar o caminho do carro como um elemento de vigia, usar cercas e muros com a menor limitação visual possível, evitar luzes mal localizadas as quais possibilitem pontos escuros para observadores, iluminar áreas poten-
cialmente problemáticas (escadas, passagens, entradas e saídas, estacionamentos, pontos de ônibus, etc.) e instalar circuitos internos de vigilância quando a prevenção por janelas não for viável, entre outras. Já o Controle Natural de Acessos pretende diminuir e direcionar os acessos à propriedade privada, utilizando-se de cercas baixas que possibilitem vigilância. O Reforço Natural do Território auxilia o item anterior demarcando claramente o que é de uso público, semi-público e privado; criando um senso de propriedade e uma maneira eficaz de identificar facilmente possíveis invasores e reportá-los à polícia. O recomendável é evitar elementos que atestem a ausência de presença humana, tornando o lugar mais vulnerável a invasões e a atos criminosos, como cercas de ara-me e arame farpado. Assim, a combinação de tais estratégias pode causar a redução de custos em segurança pública, visto que se observou uma redução de roubos e assaltos entre 30% e 84% nos locais em que o CPTED foi aplicado. Essa estratégia, porém, só deve ser aplicada com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar composta por designers ambientais, urbanistas, agentes da lei e da própria comunidade, onde esta ultima se configura de extrema importância para a eficácia do método. Alguns governos adotaram esse método em vários países, como os EUA, Canadá e Reino Unido, desenvolvendo até guias que norteiem essas intervenções, como é o caso do Safer Places – The Planning System and Crime Prevention, de-
senvolvido pelo Departamento de Planejamento Urbano Britânico em 2004. O guia caracteriza atributos morfológicos que possam diminuir a sensação de insegurança e a ocorrência de crimes de forma mais sistemática e ilustrativa, facilitando a aplicação do método e a análise de seus resultados, o qual será adotado como metodologia de análise, detalhado no tópico a seguir.
PROCEDIMENTOS ADOTADOS Com base nas referências citadas nos tópicos Causas e Efeitos e Caminhos e Variáveis, a metodologia adotada também compreendeu o levantamento de informações sobre a área (histórico do bairro, parcelamento, ocupação e uso do solo, mapas de crescimento), a coleta de dados em campo, a aplicação de questionários e entrevistas, e o posterior cruzamento de dados e análise, produzindo mapas temáticos com as áreas analisadas e com os resultados seguindo os conceitos e classificações anteriormente introduzidos. A metodologia de análise e de proposições projetuais se baseia no guia Safer Places – The Planning System and Crime Prevention, desenvolvido pelo Departamento de Planejamento Urbano Britânico em 2004. O guia não trata somente de prevenção ao crime, se trata de lugares mais seguros e também melhores em vários outros aspectos. No geral, trata de um bom planejamento urbano, mas com foco em combate ao crime e ao medo do crime. Visa mostrar como o
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planejamento urbano contribui para tornar os espaços mais seguros. (REINO UNIDO, 2004,
responsabilidade territorial e comunidatária.
p.07, tradução livre).
A Proteção Física por meio de recursos de segurança bem planejados não devem ser descartados, mas não devem ser o único recurso a ser utilizado. Em lugares onde o nível de atividade humana é apropriado para o local, gerando Movimento, cria uma redução do risco de criminalidade e a sensação de segurança o tempo todo. E por último um item primordial para a eficácia das atribuições anteriores, a Gestão e Manutenção dos lugares que são planejados com esse item em mente, tende a desencorajar o crime no presente e no futuro.
O Safer Places apresenta um plano que visa corrigir ou monitorar lugares mal planejados como um dos métodos de prevenção ao crime, o que deve ser aliado a outras técnicas. O guia não buscar ser um modelo, já que não existem soluções universais. Cada ambiente deve ser analisado de acordo com suas particularidades e seu contexto. O que pode funcionar para um lugar, pode não funcionar para o outro. Não se pode analisar os impactos da morfologia urbana sobre a criminalidade sem considerar o contexto social no qual o espaço está inserido. O estudo destaca sete atributos os quais considera essenciais para a prevenção de crimes: Acesso e Circulação, Estrutura, Vigilância, Apropriação, Proteção Física, Movimento e Gestão e Manutenção. Cada espaço ao qual se propõe uma remodelação é analisado de acordo com esses atributos, os quais serão mais detalhados adiante. Quanto ao Acesso e Circulação é desejável que os lugares possuam rotas bem definidas, espaços e entradas que ofereçam um movimento conveniente sem comprometer a segurança. A Estrutura dos lugares devem prever diferentes usos que sejam compatíveis entre si e com o ambiente. A Vigilância sugere que lugares onde todos os espaços publicamente acessíveis são supervisionados naturalmente. Lugares que promovem um senso de apropriação, respeito,
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Cada item é explicado detalhadamente, explicitando quais as características que podem estimular comportamentos antissociais e quais as principais medidas a serem tomadas relacionadas a cada item. Ao final, o guia sugere que ao analisar os espaços algumas perguntas devem ser feitas, as quais não pré-determinam os contextos sociais dos ambientes, mas sugere quais conflitos e características devem ser levadas em consideração para que o método seja efetivo. No que se refere aos dados utilizados, os questionários online aplicados aos usuários da UFRN sobre segurança nos locais frequentados por eles dentro da instituição, a entrevista realizada com o Diretor Substituto do Departamento de Segurança Patrimonial, setor responsável pela segurança interna da UFRN, sobre quais são as diretrizes adotadas na segurança e como são planejadas e aplicadas, qual o porquê da implantação da cerca e a quem ela deseja proteger, e as entrevistas realizadas obre segurança com
pessoas que trabalham nos comércios e serviços próximos a cerca que delimita a Universidade e como esta afeta esses estabelecimentos foram realizadas durante a pesquisa intitulada “A UFRN como ilha”, desenvolvida por mim e por Tisbe Machado durante a disciplina de Projeto e Planejamento Urbano e Regional 06, em novembro de 2014. A coleta e sistematização desses dados e análise dos lugares considerados mais inseguros baseada no Safer Places (2004) através de imagens e visitas in loco, concluindo como as medidas de segurança adotadas pela UFRN, sua configuração morfológica e os usos de solo presentes dentro da Universidade e nos as frações urbanas do entorno configuram espaços mais seguros ou não, considerando as particularidades de cada região analisada. Durante a descrição das análises dos espaços por meio de imagens, os conceitos do Safer Places serão discorridos. Após as análises, foram identificados os principais conflitos e potencialidades da área, e estabelecidas as áreas de maior e menor impacto. Para as áreas consideradas de maior impacto são propostas intervenções conceituais em níveis esquemáticos, e para as áreas de menor impacto são estabelecidas diretrizes para futuras intervenções, sejam projetuais ou de gestão.
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A.C..
[ANTES DA CERCA] Iniciando pelo coração da área, a UFRN é implantada seguindo a concepção de campi universitário no Brasil, que nasce a partir do modelo norte-americano de universidades, no qual as instituições de ensino superior eram implantadas em áreas campestres, para serem mais arejadas e abertas, possibilitando, além de uma maior integração com a natureza a criação de uma “cidade planejada” exclusiva para uma população seleta de estudantes que seguiriam as regras próprias de suas universidades, como defende Gelson de Almeida Pinto (2009). As universidades norte-americanas, prestigiadas pela contribuição tecnológica que deram ao esforço de guerra, tornaram-se o principal modelo para a universidade brasileira, inclusive, acrescentamos no que diz respeito à sua organização espacial, a cidade universitária ou campus universitário. (CUNHA, 1983, p.151. apud PINTO, 2009, p. 5737).
O termo “cidade universitária” nos induz a pensar que o espaço em questão possui estrutura semelhante à de uma cidade, com comércios, moradias e serviços. Entretanto, observando as universidades brasileiras, chega-se à conclusão que o termo mais correto para designar esse tipo de instituição é “campus universitário”, um território que abriga espaços exclusivos de estudos, mas que ainda não possui toda a infraestrutura necessária para ser chamado de “cidade” com toda a complexidade que a palavra expressa.
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Os campi e as propostas de cidades universitárias constituíram um desafio novo para urbanistas, arquitetos e educadores. Ainda não existia nenhum exemplo de cidade totalmente planejada voltada especificamente ao ensino e à pesquisa e que, ao mesmo tempo, preservasse características das cidades comuns. (PINTO, 2009, p.5744)
A escolha do local de implantação das universidades se deu, geralmente, da mesma maneira em todo o país durante o período de ditadura militar. O Estado recebe um terreno, ou por meio de doação ou arrematando-o em leilões, de preferência mais afastado do centro da cidade por ser mais barato; e nesse local implanta a universidade. Os projetos eram baseados em zoneamentos funcionais, com a setorização de departamentos, na qual cada área de conhecimento está separada das demais, com dependências próprias – blocos de aulas e administração exclusivos. Edifícios inseridos separadamente e conectados por vias de automóveis e pedestres. [figura 02] Apesar de o conceito geral ser, de uma universidade aberta à natureza, o que se vê repetidas vezes nos campi brasileiros implantados no período de ditadura militar são espaços com pouca qualidade urbanística ou paisagística, grandes massas de edifícios seguindo uma linha estética modernista, a qual priorizava funcionalidade e de produção industrial, gerando prédios repetitivos cumprindo as exigências básicas de cada curso.
1.Área de 2.Área de 3.Área de 4.Área de Terra 5.Área de
Os campi tornam-se locais de uso restrito e de passagem rápida, o suficiente para cumprir as exigências básicas de cada curso ou carreira. Enfim, trata-se de um aglomerado de prédios com linguagem repetitiva e espaços modulados estritamente voltados para suas funções. Tudo isto, agravado pela inexistência de manutenção, acaba por tornar todo esse espaço bem pouco atrativo para os usuários sejam docentes, pesquisadores ou alunos (PINTO, 2009, p. 5743).
Biociências Tecnologia Humanas Ciências da Serviços
FIGURA 02.Macrozoneamento da UFRJ, criada em 1981
Fonte: Google maps, modificado pela autora.
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FIGURA 03.Universidade Federal de São João del Rei Fonte: MEC - Reuni.
FIGURA 04.Universidade Federal de Santa Catarina Fonte: Portal UFSC.
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Ao observar as Figuras 3 e 4, percebemos que mesmo estando as duas universidades em duas regiões distintas do país, a tipologia edilícia exibida é quase a mesma, de estética moderna e industrial, as particularidades ambientais e culturais das distintas regiões não estão refletidas nos edifícios. Os campi universitários em geral se configuram como instituições autônomas e policêntricas, como locais de produção e de diálogo de conhecimentos entre suas diversas áreas (OLIVEIRA, 2001). Sua configuração espacial expressa sua organização administrativa, separando cada área do conhecimento em determinado espaço do Campus, onde cada setor é autônomo administrativamente. A área de implantação inicial do Campus Central da UFRN era de 130ha (hectares) na década de 1970, resultado de uma doação por parte do Governo do Estado, segundo Sheila Oliveira de Carvalho (2005) e teve como arquiteto responsável Alcyr Meira, formado em Engenharia Civil e Arquitetura pela Universidade Federal do Pará. O terreno onde foi construída a universidade era antes de propriedade militar: área de treinamento de tiros.
Durante a Segunda Guerra Mundial, um grande terreno vizinho á cidade do Natal servia como Campo de Tiro. Granadas e morteiros cruzavam o ar, interrompendo a circulação de veículos até que o treinamento terminasse. Passados 30 anos, neste mesmo terreno, desenvolve-se uma luta diferente. Máquinas pesadas e tratores realizam serviços de terraplanagem; jovens técnicos circulam com suas plantas acompanhando o ritmo incessante das obras; jipes atravessam o terreno ondulado, criando suas próprias estradas. São 130 hectares de terra para construir, urbanizar, integrar: é o Campus da UFRN que está surgindo (VIANA, 1973 apud ONOFRE, 2008, P.78).
A terra cedida para a construção da universidade, segundo Carvalho (2005), foi ocupada em limites que diferem dos oficiais, os quais adentravam o atual Parque das Dunas e não contemplavam a área que compreende da atual Escola de Música ao atual Departamento de Artes (a antiga Escola de Engenharia). [figura 05] Os primeiros edifícios que se têm registro de construção foram alguns blocos de aulas, o restaurante universitário e a capela ecumênica – de projeto do arquiteto João Maurício de Miranda, um dos fundadores do curso de Arquitetura e Urbanismo. Além desses, a Escola de Engenharia foi construída em 1966, caracterizando-se oficialmente como o primeiro edifício do campus, onde hoje funciona o Departamento de Artes. O zoneamento foi pensado tendo em mente os ideais militares, com prédios afastados para dificultar as aglomerações estudantis. O projeto urbanístico previa cinco zonas: Administrativa, Ensino e Pesquisa, Recreação, Esportiva e Serviços Gerais.
Em 1972 teve início a construção e seu planejamento atendia os ideais utilizados no período do regime militar, visto que o Campus Central deveria ser implantado longe do centro da cidade, próximo a uma área militar, visando o controle e a observação. A implantação dos prédios, afastados entre si, dispersava os alunos e evitava aglomerações, dificultando o movimento estudantil (CARVALHO, 2005, p. 60)
Além disso, a organização espacial seguiu os preceitos modernistas, segundo Edja Trigueiro apud Onofre (2008). O conjunto arquitetônico-urbanístico inicial do Campus da UFRN evidencia, de modo exemplar, as contradições embutidas na fase de disseminação internacional da proposta brutalista, a começar pela implantação, estruturada segundo rígido zoneamento funcional [...] a tudo se chega por um complexo sistema de circulação que aparta pedestres e veículos e estes entre si, segundo destinos e usuários – local, vicinal, global, público e privado (TRIGUEIRO apud ONOFRE, 2008, p. 80).
O Campus está localizado oficialmente no bairro de Lagoa Nova (figura 04) e está envolto por loteamentos, iniciados na década de 1960, ocupando as áreas mais distantes do centro, e por conjuntos habitacionais que surgiram a partir de 1973 com a criação da política habitacional brasileira e do Banco Nacional da Habitação – BNH, em 1964, com o intuito de dinamizar a economia e garantir o apoio político na população que sofria com a falta de moradia no país (MEDEIROS, 2007, p.03).
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FIGURA 05.Área de implantação inicial da UFRN
Fonte: Google Maps, modificado pela autora.
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Os conjuntos são implantados desrespeitando a débil legislação no tocante a uso do solo, tamanho do lote e área construída. Normalmente localizados em áreas urbanas periféricas ou rurais, os conjuntos contribuem para o surgimento de grandes vazios, dando continuidade ao processo de ocupação rarefeita e fragmentada da cidade, iniciado com os loteamentos. (FERREIRA, MEDEIROS E QUEIROZ, 1992, s.p.)
Essa política também proporcionou uma expansão urbana horizontal e aumentou os limites urbanos da cidade, construindo não só moradias, mas provendo essas áreas de infraestrutura urbana. As porções residenciais que margeiam o Campus - Loteamento Cidade Jardim, Loteamento Soriedem e Loteamento Lagoa Nova – surgem a partir desses processos, assim como os conjuntos habitacionais que compõem essa margem - o Conjunto Potilândia, o Conjunto Mirassol e o Conjunto dos Professores. Desta forma, juntamente com a construção dos conjuntos habitacionais, agregava-se um pacote de desenvolvimento urbano, constituído por infraestrutura de transportes, serviços básicos (água, esgoto, energia), espaços públicos e de lazer (praças, quadras de esportes), associações e conselhos comunitários. (ANDRADE E AZEVEDO, 1982, apud MEDEIROS, 2007, p. 05)
Os loteamentos surgem na década de 1970, a partir dessa política de expansão urbana, incentivando as incorporadoras a buscar terrenos mais distantes do centro, muitas zonas ainda sem infraestrutura, para a construção de moradias ou somente para a venda de lotes.
A maioria dos loteamentos e conjuntos construídos até então não possuíam exigência de áreas destinadas a espaços públicos, escolas ou serviços no planejamento. Após a década de 1970, vieram leis que regulamentavam a produção desses espaços, mas ainda faltava uma visão urbana da cidade com um todo. A ordenação espacial interna dos conjuntos, os quais formam muitas vezes verdadeiros bairros, se caracteriza por uma uniformidade física no traçado urbano e na tipologia edilícia. Os espaços públicos são meros cumprimentos das exigências do projeto. (FERREIRA, 2000, p.147)
O III Conjunto IPASE, onde atualmente configura parte do Conjunto Potilândia, foi construído em 1965 e foi destinado aos funcionários do Estado e parte aos ex-combatentes da Marinha. O IPASE – Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado – foi a incorporadora responsável pela construção e financiamento do Conjunto, o qual era composto por 26 casas de 51m² e com lotes de 250m². O Conjunto Mirassol foi o maior da área de estudo, financiado pela incorporadora COHAB e construído em 1967, possuía 810 unidades com lotes de 200m². O Conjunto Universitário, hoje Conjunto dos Professores, foi construído em 1975, com 192 unidades mistas, compostas por casas e apartamentos de até três andares, uma exclusividade da incorporadora INOCOOP. Os conjuntos construídos pela COHAB atendiam à população de menor poder aquisitivo, enquanto os construídos pela INOCOOP atendiam à população de renda média.
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(...) os conjuntos construídos pelo INOCOOP-RN eram equipados com infraestrutura completa: “abastecimento de água, calçamento, energia elétrica, áreas para a construção de centro sociais e templos religiosos, unidades escolares, comércio, praças e recantos de lazer” (BNH, 1977d, p.19-20, apud MEDEIROS, 2007, p.07)
A área também é delimitada pela presença do Parque Estadual das Dunas de Natal “Jornalista Luiz Maria Alves” criado através de ato do poder Executivo em 1977 (Decreto estadual nº 7.237, de novembro de 1977) e seu Tabuleiro Litorâneo adjacente, os quais configuram uma Zona de Proteção Ambiental - ZPA 2 - “pela diversidade de sua fauna, flora e belezas naturais, constitui importante unidade de preservação, destinada a fins educativos, recreativos, culturais e científicos”. (Zoneamento Ambiental De Natal, 2008, p.04) Nessa zona não é permitido a intervenção humana sobre o uso e ocupação do solo “porque a ocupação e o uso do respectivo solo, de modo não controlado, porão em risco o equilíbrio ecológico da região, ocasionando a migração das dunas e o comprometimento dos lençóis de água subterrânea” (Zoneamento Ambiental De Natal, 2008, p.24), sujeitando-se à desapropriação do terreno, acessão e benfeitoria privada situados na área.
Para entender como se deu o crescimento da ocupação da área de estudo, algumas imagens e mapas foram analisados para compreender a direção do crescimento. Os mapas analisados [figura 06] indicam as décadas de cons-
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trução dos Conjuntos, indica que a direção de adensamento da área ocorreu da zona leste para a zona sul da cidade. O adensamento do Campus já teve outra lógica de crescimento devido ao conceito de centros separados, preenchendo seus vazios décadas mais tarde, apesar de no início da década de 1970 os edifícios estarem concentrados também na porção leste da área, constatados nos mapas de figura fundo do Campus Universitário. A imagem da década de 1970 [figura 07] indica que o Campus surge como condicionante de crescimento, já possuindo muitos edifícios construídos, comparado à porção mais ao sul da área onde está o Loteamento Cidade Jardim, apesar de o traçado já ter sido determinado. Além do Campus, a área de estudo também teve a área de preservação do Parque das Dunas como condicionante de crescimento, criados na mesma época em que se iniciou o processo de expansão urbana por meio da construção de loteamentos e conjuntos habitacionais.
Conj. Potilândia
Conj. Potilândia
Área Militar
Parque das Dunas
Conj. Mirassol
Lot. Cidade Jardim
Área Militar
Parque das Dunas
Conj. Mirassol Lot. Cidade Jardim
Parque das Dunas
Conj. Mirassol
Lot. Cidade Jardim Conj. Potilândia
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Conj. Potilândia
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Parque das Dunas
Conj. Mirassol Lot. Cidade Jardim
FIGURA 06.Mapas de figura fundo, do início de 1970, final de 1970, 1980 e 1990 Fonte: Carvalho, 2005, p.65, 66. Modificado pela autora.
FIGURA 07.Imagem de georeferenciamento Fonte: SEMURB
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D.C.
[DEPOIS DA CERCA] O Campus da UFRN e seu entorno hoje se configuram como uma das áreas mais importantes da cidade, agregando e interligando importantes equipamentos comerciais e institucionais, e apresentando uma rede de transportes complexas e bem distribuídas. Quanto aos conjuntos e loteamentos que preenchem o entorno do Campus, observa-se que houve um planejamento urbano claro para o crescimento da área, mantendo atualmente a mesma configuração original. Apesar do planejamento, a topografia não se configurou como determinante na configuração do tecido, dessa maneira, apresentando alguns pontos de alagamento, agravados pela falta de infraestrutura para o escoamento da água da chuva. O traçado [figura 08] se configura em três tipos de trama, sendo o primeiro, em trama radial, composto pelo Conjunto dos Professores, do loteamento Cidade Jardim, tendo como principal condicionante de crescimento a área de proteção ambiental do Parque das Dunas. Em áreas “planejadas/organizadas”, com a presença de um traçado mais regular e uniforme, encontrado, principalmente, nos conjuntos habitacionais das áreas urbanizadas que nessa análise chamamos de Centro e áreas circunvizinhas. O traçado é do tipo “xadrez” ou “colcha de retalhos”, características de áreas planejadas, com sistema viário do tipo regular,
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com vias largas, algumas apresentando canteiro central e vias tratadas. Esse tipo apresenta lotes regulares e quarteirões do tipo quadrangular e retangular alongados. Os principais condicionantes de crescimento desses lotes foram a BR-101 e a área que delimita o Campus. O terceiro tipo de trama, identificado no Conjunto Potilândia, é do tipo desencontrada, sem ruas paralelas, de modo a desestimular o tráfego de automóveis e de pessoas que não residem no conjunto. Essa área é mais adensada e possui loteamentos regulares, apresentando quadras retangulares, triangulares e trapezoidais. Os principais condicionantes de crescimento do Conjunto foram a delimitação da UFRN, da CAERN e da BR-101. Quanto ao uso e ocupação do solo, uma categoria de análise importante para a compreensão dos fatores físico-espaciais e socioeconômicos da região, contribuindo para um melhor conhecimento da dinâmica e para o processo de planejamento urbano, podendo indicar uma necessidade ou não de mudanças na área. Para o tema aqui abordado, o uso e ocupação do solo indicam o nível de atividade da área e os turnos de maior e menor movimento, o que também pode ser um indicador das causas de maior ou menor ocorrência de criminalidade e o tipo mais recorrente na área analisada, o que é abordado no capítulo 3 – Margem, quando se trata do item Estrutura.
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ufrn
candelรกria
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capim macio FIGURA 08.ร rea de Estudo_ Mapa de traรงado Fonte: Produzido pela autora.
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residencial comercial misto
O tipo residencial unifamiliar é o tipo predominante na área de estudo, ocupando as porções Noroeste, Oeste e Sul, compondo as margens do Campus. Enquanto que o uso comercial e misto, os quais se configuram como edifícios que exercem a função de trocas de bens (mercados, farmácias, lojas) e a associação de dois ou mais usos em um mesmo lote, respectivamente, ocupam as vias de maior fluxo – Av. Senador Salgado Filho, Av. Roberto Freire, Av. Capitão Mor Golveia, Av. Odilon Gomes de Lima, Av. Santos Dumont e Av. Passeio dos Girassóis. Segundo Del Rio (1990) os usos comerciais tendem a ocorrer (não exclusivamente) segundo a hierarquia da circulação pública.
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capim macio FIGURA 09.Área de Estudo_ Uso Residencial, Comercial e Misto Fonte: Produzido pela autora.
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serviço
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Quanto à tipologia de serviços, que compreende as atividades econômicas destinadas à prestação de qualquer tipo de serviços (escolas, agências bancárias, unidades de saúde), se apresentam de maneira rarefeita. Seguindo a lógica de implantação da tipologia comercial, também se localizam, em sua maioria, nas vias principais. As exceções se localizam próximos às áreas de praças.
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FIGURA 10.Área de Estudo_ Uso de Serviço Fonte: Produzido pela autora.
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institucional
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A tipologia de uso institucional, composta por edifícios voltados para atividades sociais, educação, culturais, artísticas e/ ou de lazer (delegacias, museus, correios, administrações públicas), ocupa a porção central da área, constituindo em sua maioria os edifícios do Campus Universitário. Os demais edifícios de uso institucional estão localizados nas vias de maior fluxo já citadas anteriormente, ou ocupam porções em lotes destinados a praças e áreas de lazer, alguns até ocupando todo o lote e cercando-o, como é o caso da Igreja do Mirassol e da AFURN, ambas localizadas no Conjunto Mirassol e que descaracterizaram o lote, antes de caráter público, tornando-o privado.
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capim macio FIGURA 11.Área de Estudo_ Uso Institucional Fonte: Produzido pela autora.
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vazios urbanos
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Os vazios urbanos, representados pelas áreas já parceladas que não apresentam ocupação urbana (edificação, construção ou equipamentos), sejam de domínio público ou privado, se apresentam em pouca quantidade na área, se concentrando na porção Sul da área, no loteamento Cidade Jardim. Esses vazios se encontram em sua maioria abertos, não sendo murados ou cercados, e com vegetação arbustiva aparentando não receber manutenção e que estão abandonados. Com essa análise podemos constatar que a área encontra-se consolidada e com forte especulação imobiliária.
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capim macio FIGURA 12.Área de Estudo_ Vazios Urbanos Fonte: Produzido pela autora.
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espaço de lazer
candelária Os espaços de lazer, como praças e jardins, os quais possuem uma grande representatividade na área, principalmente nos Conjuntos Mirassol e Potilândia, os quais apresentam grande número de lotes bem distribuídos e com áreas generosas. Já o Loteamento Cidade Jardim e o Conjunto dos Professores apresentam poucos espaços vazios comparados à porção edificada, reflexo dos lotes maiores, voltados à população com maior poder aquisitivo, onde as áreas de lazer compartilhadas, comuns, públicas, são reduzidas e transferidas às porções urbanas particulares, os lotes. A aplicação dos ideais modernos à cidade tende a eliminar o equilíbrio entre esses dois tipos de espaços. A neutralidade própria de um estilo de formas essencialmente abstratas somada ao predomínio quase absoluto do espaço aberto conformado pelo conjunto de edificações isoladas, tem levado a consequências nefastas no que diz respeito à qualidade do espaço urbano. (GONSALES, 2002)
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capim macio FIGURA 13.Área de Estudo_ Espaços de Lazer Fonte: Produzido pela autora.
As tipologias das edificações presentes na área podem indicar tanto sobre questões de conforto na área quanto o poder aquisitivo dos moradores, podendo indicar hábitos da comunidade e seu comportamento diante do espaço público. Por exemplo, quando o parcelamento apresenta amplas áreas verdes no lote, a tendência da comunidade não frequentar o espaço público é maior. Teoricamente o recuo faria o papel unificador e de intermediário entre público e privado. Mas na prática não é o que acontece. É território neutro, lugar da nature-za que agora se exterioriza, vazio de relações humanas. Temos a rua, o vazio, lugar do natural e a casa, isolada, privada, “livre dos olhares”. Existe uma lacuna e por isso uma indefinição entre os limites do público e do privado, do coletivo e do individual. O que se vê na maioria dos casos são ruas vazias e inseguras, sem qualquer controle social e cujo usuário mais efetivo é o “segurança” ou o “vigia”. (GONSALES, 2002)
As tipologias edilícias também indicam a forma como se constituiu o trecho urbano e quais os hábitos construtivos, indicando como se pode intervir na área de modo a não impactar negativamente na área. Os componentes da cidade estão representados no plano e constituem classes de espaços formalmente caracterizados: a rua, a praça, o parque, os espaços privados e os espaços públicos. As tipologias edilícias – que sempre estão implícitas em um traçado – são fundamentais na conformação desses componentes. Estão presentes na origem da cidade porque levam consigo uma informação cultural de como construir, como produzir o espaço habitável. Dessa
forma, o plano condiciona as tipologias futuras, dando maior ou menor grau de liberdade para seu desenvolvimento. (GONSALES, 2002)
A área de estudo apresenta três tipologias edilícias claras. A primeira é a Casa de Conjunto Habitacional, presente no Conjunto Mirassol, Conjunto dos Professores e em grande parte do Conjunto Potilândia. As casas têm lotes em torno de 200 m², com recuos laterais, frontal e posterior, com casas de duas águas e de materiais construtivos simples. A segunda tipologia é a de Casas Isoladas, evidentes no Loteamento Soriedem e no Loteamento Cidade Jardim. Essa tipologia possui lotes 500m², com casas diferenciadas e destinadas a classes sociais mais altas, utilizando de materiais construtivos mais sofisticados. A terceira diz respeitos aos Blocos de Conjuntos Habitacional, compostos por 3 pavimentos e identificados somente no Conjunto dos Professores, o qual foi construído junto com o Conjunto, apresentando uma arquitetura modernista e construído com materiais simples. Essas tipologias têm profunda relação com a restrição de gabarito na área próximo ao Parque das Dunas, que possui limites iguais ao da área de estudo, não podendo possuir edificações com mais de 6 metros de altura, e com mais de 12 metros dentro da área do Campus Universitário, de acordo com o Plano Diretor de Natal de 2004.
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A pouca diversidade de usos encontrada na área, a qual é predominantemente residencial, oferecendo poucos comércios e serviços, além de concentrar em uma mesma área os usos institucionais, influencia diretamente na sensação de segurança da área. A concentração desses usos em regiões específicas não gera movimento, tornando os espaços públicos vazios na maior parte do dia. As vias presentes na área interligam o centro histórico, na Zona Leste, até a Zona Sul, ainda configurando uma área de entrada e saída da cidade através das Avenidas Salgado Filho e Avenida Roberto Freire. A Avenida Mor Golveia e a Avenida Passeio dos Girassóis são utilizadas como alternativas de deslocamento entre a Zona Leste e a Zona Sul. Ainda, nessas vias principais, estão os principais equipamentos comerciais que, apesar de não estarem inseridos na área de estudo, se apresentam como zonas sociopetais5 e de grande movimento. A indicação da existência desses equipamentos no entorno da área de estudo nos ajuda a entender quem são os frequentadores da área, por onde se deslocam e quais são os potenciais baseados no perfil dos usuários, seja como contraponto ou como complemento. As vias que abrigam a maioria dos comércios e serviços da área se configuram como Vias Estruturais, podendo estas serem Arterial I (vias de penetração) – Avenida Salgado Filho e Avenida Eng. Roberto Freire – ou Arterial II (vias de articulação) – Avenida Cap. Mor Gouveia. Já a Avenida Santos Dumont, a Rua Odilon Gomes de Lima e 5 Espaços que aglomeram pessoas, normalmente pelo uso, ambientes como praças, lanchonetes, bibliotecas, etc
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a Rua Dr. Sólon de Miranda Galvão são classificadas como Vias Coletoras II (vias que apoiam a circulação das Vias Estruturais), de acordo com o Plano Diretor de Natal de 2004. A infraestrutura urbana, o que corresponde aos elementos estruturais que suportam os usos e equipamentos presentes na área, os quais se referem ao sistema viário, de saneamento e esgoto, de fornecimento de água, energia, etc. A área de estudo apresenta uma boa infraestrutura, exceto por algumas poucas vias não serem pavimentadas (ainda de terra), como o cruzamento entre a Rua Cel. João Medeiros e a Avenida Passeio dos Girassóis que fica fora do território da UFRN, e de alguns trechos, ainda fora do Campus, na Avenida Passeio dos Girassóis que alagam, indicando falhas ou inexistência de sistemas de drenagem no trecho. O passeio público não é nivelado e não possui um padrão no tipo de pavimento, gerando desconforto para quem caminha, utilizando-se muitas vezes da via para veículos automotivos. A iluminação na área ainda é voltada para as vias, não sendo também voltadas para o pedestre, o qual necessita de outra escala e de uma iluminação mais forte do que a que é oferecida atualmente. A coleta de resíduos sólidos é feita constantemente, não gerando acúmulos na via pública nem em terrenos vazios.
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FIGURA 14.Área de Estudo_ Vias e edifícios principais Fonte: Produzido pela autora.
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candelária Pelas vias de maior fluxo se estabelece a mobilidade da área, tanto automobilística quanto de pedestres, apesar de a maioria dos deslocamentos ocorrer por meios automotivos. As linhas que passam pela área são as 19-29, 18, 29, 30, 31, 54ª, 63, 66 e o Circular Abel Cabral, pelas empresas Riograndense, Guanabara, Transportes Conceição, Santa Maria, Cidade das Dunas e Via Sul, com deslocamentos que vão de Ponta Negra à Zona Norte da cidade. Além das linhas convencionais, o Campus possui um sistema próprio de deslocamento, o Circular, que possui dois trajetos, o sentido direto e o inverso, embora o direto seja o de maior rotatividade.
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capim macio FIGURA 15.Área de Estudo_Pontos e Rotas de Ônibus Fonte: Produzido pela autora.
PASSEIOS
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ESTACIONAMENTOS
Entendendo que um dos objetivos dessa pesquisa é estimular o uso de outros modais de deslocamento, principalmente os modais não motorizados como a caminhada e a bicicleta, a análise da vegetação
atual da área de estudo é de suma importância, constatando se a área proporciona ou não o conforto térmico advindo da vegetação necessário para o estimulo de tais modais. FIGURA 16.Área de Estudo_Imagens da vegetação presente na área Fonte: Google Street View.
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Entendendo que um dos objetivos dessa pesquisa é estimular o uso de outros modais de deslocamento, principalmente os modais não motorizados como a caminhada e a bicicleta, a análise da vegetação atual da área de estudo é de suma importância, constatando se a área proporciona ou não o conforto térmico advindo da vegetação necessário para o estimulo de tais modais. A área apresenta uma boa cobertura vegetal quando se a observa como um todo, mas a maioria dessas árvores está localizada dentro de lotes ou em áreas urbanas vazias. A vegetação presente nas ruas, sombreando os passeios, é insuficiente para proporcionar conforto à caminhada ou a quem realiza o trajeto de bicicleta. Na maioria das praças da área de estudo ocorre o mesmo, cobertura vegetal insuficiente para proporcionar conforto aos usuários. Em contrapartida, muitos locais de estacionamento apresentam cobertura vegetal vasta e oferecem grande sombreamento para os automóveis. Tendo como embasamento prático-teórico o que foi explanado aqui, partimos para a análise de como esses elementos influenciam no sentimento de insegurança na área de estudo.
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a marginalidade das margens Aqui são apresentados os dados coletados para embasar a pesquisa e comprovar, ou não, a existência da sensação de insegurança de usuários do Campus e dos moradores da região. Além disso, coletamos dados junto aos estabelecimentos comerciais localizados próximos à cerca e coletamos dados criminais, identificando os locais onde ocorrem maior número de atos criminais na área de estudo. O primeiro dado que se fez necessário coletar foi relacionado à sensação de segurança dos usuários do Campus Central da UFRN, o qual foi aplicado um questionário de forma online. Em seguida as respostas obtidas foram sistematizadas e analisadas, segundo a metodologia apresentada anteriormente, relacionando-os com o embasamento teórico e metodológico explicitado no primeiro capítulo desse trabalho. Os primeiros resultados indicam que a maioria do público alvo que respondeu à pesquisa é do sexo feminino. Das 65 (sessenta e cinco) respostas enviadas, 36 (trinta e seis) foram de mulheres, o que representam aproximadamente 55% dos entrevistados. Isto sugere que esse gênero se interessou mais pela pesquisa do que os homens, indicando uma maior sensação de insegurança pelo gênero em questão. O perfil dos entrevistados é de maioria jovem e estudante, entre 16 e 25 anos, fato já esperado, uma vez que o questionário foi direcionado aos usuários de uma universidade.
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Dentro de uma escala de 1 a 5, na qual 1 representa pouca segurança e 5 muita segurança, 31 pessoas, 47% dos entrevistados, responderam que se sentem meio seguros (3 dentro da escala). Observa-se que as áreas consideradas menos inseguras encontram-se relacionadas com o entorno do campus ou nas margens. Outro aspecto citado é refere-se ao movimento de pessoas, os locais que apresentam pouca circulação tendem a ser considerados menos seguros, confirmando a teoria de Jane Jacobs sobre os “olhos da rua”, na qual os usuários se observam mutuamente e assim geram um sentimento de comunidade unida, logo, mais segura. Os ambulantes presentes na maioria das paradas de ônibus e corredores são citados como elemento positivo, uma vez que geram mais movimento e encontro de pessoas, formando pontos aglomeradores. São defendidos por 67% dos entrevistados, com 21% contra sua presença, 7% indiferente e 3% não opinaram. Em relação à cerca, apresentada como principal hipótese de elemento considerado segregador e um dos elementos agravadores da sensação de insegurança, 35% dos entrevistados disseram ser indiferentes; 27% afirmam que trás sentimento de menor segurança; 24% alegam maior segurança e 12% não souberam opinar. Observa-se que o resultado da pesquisa não responde à hipótese, sobretudo devido ao número de entrevistados indiferentes e os que não souberam responder, demonstrando que é uma alternativa de gestão e manutenção e que ainda pode não
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1.departamento de artes 2.estacionamento praça cívica 3.praça cívica 4.editora ufrn 5.centro de biociências 6.laboratórios do centro de tecnologia 7.departamento de educação física 8.departamento de saúde coletiva
parque das dunas ser reconhecida ou assimilada por todos os entrevistados.
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Com base em todos os dados levantados, conseguimos gerar um mapa que nos informa os locais considerados mais inseguros pelos usuários da UFRN. [figura 17]
FIGURA 17.Área de Estudo_Locais mais inseguros na UFRN Fonte: Produzido pela autora.
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Se a cerca fosse retirada, 33% acreditam que não aconteceria nada, 30% alegam que seria mais acessível, 27% diz que seria mais inseguro e 7% não souberam opinar. Em considerar se a cerca é um obstáculo, 53% acreditam ser uma barreira física, 24% dizem ser um impedimento psicológico e 21% opinam não ser obstáculo algum. Questionados sobre o porquê de se sentirem mais seguros nesses locais, os entrevistados nos responderam que mesmo em locais com movimento, as pessoas se sentiriam mais seguras se, além disso, houvesse segurança eletrônica instalada e guardas fazendo rondas e observando os espaços. Além das entrevistas com os usuários do que diz respeito ao Campus, foi realizada uma entrevista com o Diretor Substituto Luís Antonio, do Departamento de Segurança Patrimonial da UFRN – DSP – o qual é responsável pelo planejamento e aplicação dos métodos de segurança adotados na instituição. A segurança do Campus é realizada por uma empresa terceirizada que atua por meio de viatura fazendo rondas, um quadro de funcionários disponível 24 horas e de postos de segurança instalados nos setores e nos estacionamentos. De acordo com Luís Antonio, os métodos adotados têm como objetivo segurar a universidade como um todo, os quais são discutidos com os setores por meio de reuniões. Os métodos não descaracterizam o uso semi-pú-
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blico da instituição, não impedindo a entrada de qualquer cidadão, exceto em feriados, quando o Campus fecha seus portões. A implantação da cerca, em 2007, visava restringir o acesso à universidade, mas o plano não foi concluído. [figura 18] Quanto à localização dos acessos e paradas de ônibus, o Diretor Substituto afirma que houve um planejamento e também que a implantação do obstáculo não gerou diminuição de ocorrências e sim as rondas frequentes. Tanto foi o incomodo com a cerca por parte de moradores e alunos que frequentavam a UFRN, que alguns portões ficam abertos em determinados horários para o livre transito entre o campus e os bairros vizinhos por meio de reivindicações. Os questionários aplicados em estabelecimentos comerciais, institucionais e de serviços que se localizam ao redor do anel viário e de contato direto com a cerca, na Rua Cel. João Medeiros e na Avenida Passeio dos Girassóis, foram aplicados no período da tarde e tinham como objetivo coletar informações sobre a influência da cerca nesses ambientes e qual a sensação de segurança dos trabalhadores e proprietários nas proximidades da UFRN. [figura 19] Foram entrevistadas pessoas de dez estabelecimentos, onde somente dois deles funcionam até às 20 horas, dois fecham às 19 horas e outros dois fecham às 18 horas – os demais fecham ao entardecer, às 17 horas. Ou seja, 60% dos estabelecimentos não funcionam durante o período noturno.
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capim macio FIGURA 18.Área de Estudo_ Localização da cerca Fonte: Produzido pela autora.
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Das dez pessoas entrevistadas, 4 (quatro) eram do sexo masculino e 6 (seis) do sexo feminino, Sobre a segurança na área, quatro entrevistados não consideram a área segura, cinco responderam que depende do horário e apenas um respondeu que considera a área segura. Nove entre os dez estabelecimentos possuem sistema de segurança interno, como câmeras, alarme e cercas elétricas como forma de compensar a falta de segurança pública e de tentar prover alguma sensação de segurança para clientes e funcionários. Questionados sobre o porquê de possuírem segurança eletrônica, cinco responderam que o motivo é a prevenção de ocorrências, dois relataram já haver passado por alguma situação de crime e três dizem não confiar à segurança pública seus empreendimentos, enquanto que sete relataram não interferir em suas decisões. Sobre a influência da UFRN para a locação dos comércios e serviços, quatro responderam que escolheram suas locações em razão da Universidade, três relatam que o Campus serve de ponto de referência e três disseram que não interfere em nada. Se o fluxo de pessoas na área fosse maior e se isso influenciaria na identificação do estabelecimento (placas, fachadas mais atraentes, letreiros), três responderam que caso maior, poderiam dar mais atenção a seus empreendimentos, enquanto que sete relataram não interferir em suas decisões. Se a cerca fosse retirada, dois acreditam que melhoraria o fluxo de pessoas; cinco defen-
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dem que ficaria pior, tornando a Universidade mais exposta; três disseram que não aconteceria nada. Ainda sobre a cerca, se a mesma é um obstáculo ou não, seis defendem que sim, dificulta a passagem de pessoas. Em contrapartida, quatro acreditam não haver influência alguma quanto ao fluxo de pessoas. Sobre o que melhoraria a segurança no entorno, todos responderam que seria melhor ter mais rondas policiais, dentro e fora da universidade. Um citou a necessidade de melhor iluminação, dois citaram maior presença de guardas (presença humana) mais bem preparados e um defende mais segurança eletrônica, com câmeras e cercas elétricas. Constatamos com isso que as pessoas ainda não relacionam segurança com movimento de pessoas e sim com sistemas de segurança.
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serviรงo misto institucional
capim macio FIGURA 19.ร rea de Estudo_ Estabelecimentos entrevistados Fonte: Produzido pela autora.
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MORFOLOGIA DO CRIME Nesse tópico as áreas consideradas mais inseguras pelos usuários da Universidade e as áreas onde estão localizados os estabelecimentos comerciais entrevistados, associados com as análises da morfologia da área, serão analisadas de acordo com os critérios estabelecidos pelo guia Safer Places, apresentados anteriormente no Capítulo 1 - Ilhas Urbanas.
acesso e circulação
Analisando os espaços a partir do atributo Acesso e Circulação, é preferível que lugares onde os acessos estão voltados para ruas pouco movimentadas, becos ou fundos de edifícios tenham um controle de acesso e sejam monitorados, seja por rondas de vigias ou policiais, seja por meio eletrônico. A remoção desse tipo de acessos também pode reduzir os índices de criminalidade. Alguns estacionamentos da UFRN são voltados para lugares pouco movimentados durante certo período do dia, como é o caso dos que estão adjacentes ao Parque das Dunas – o qual se apresenta comm uma área “cega”, como fundo de edifícios – ou ao Batalhão Militar, o que torna as áreas vulneráveis. O guia nos alerta que rotas para pedestres pouco iluminadas, entradas de edifícios que estejam voltadas para ruas com pouco movimento, quando é fácil para as pessoas ficarem desorientadas ou perdidas e quando o ambiente é pouco frequentado por guardas e vigias estimulam o comportamento criminoso na área. Ambientes pouco iluminados também propiciam a ocorrência de comportamentos antissociais e vandalismos. Também é possível a remodelação dos espaços, oferecendo “boa sinalização e lugares que despertem interesse, como quiosques, lugares para sentar ou arte urbana, encorajam as pessoas a utilizar rotas e espaços identificáveis” (REINO UNIDO, 2004, p.16). Na Avenida das Tulipas, por exemplo, a rota é obstruída pela cerca do Campus, além de ser mal iluminada e equipada, , apesar do relevo ser pouco acidentado, amplo e com boa visibi-
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lidade do destino. A via também abriga alguns estabelecimentos comerciais e de serviços, mas não possui nenhum atrativo e apresenta passeios degradados e sem acessibilidade. Também possui vegetação pouco densa, incapaz de promover sombra suficiente a quem percorre o trajeto. No que diz respeito aos acessos, as porções oeste e sul da área de estudo se configuram, de certa forma, como um labirinto. Apesar de haver uma gama de possibilidades, existem poucos caminhos possíveis quanto ao transito entre a UFRN e a malha urbana que a cerca, poucas conexões tanto para quem transita de automóvel, seja ele individual ou coletivo, quanto para quem transita a pé. O eixo composto pela Avenida Cel. João Medeiros e pela Avenida Passeio dos Girassóis se configura como um importante trecho, o qual divide a Instituição da malha urbana do seu entorno e abriga a maior parte dos usos comerciais e de serviços nas proximidades do Campus, formando uma espécie de borda. Essa borda é marcada tanto pela cerca implantada pela UFRN, quanto pela existência de duas vias, como se fossem trechos pensados em não se conectar, já que exercem a mesma função, diferindo apenas pelo tipo de pavimentação, pela diferença de relevo em alguns pontos e pelo fluxo de automóveis. Além disso, o trecho é o que possui maior contato com o entorno e o que pode promover maior integração entre as duas partes, o que não acontece. A cerca que separa as porções urbanas não só impedem o fluxo de pedestres, como já foi citado anteriormente, obrigando-os a seguir
rotas determinadas devido aos poucos acessos existentes e desencorajando muitos a realizarem seus trajetos a pé, como também limita o fluxo de automóveis e as rotas realizadas pelos mesmos. No eixo, além dos acessos existentes para automóveis, existem 4 acessos para pedestres em aproximadamente 1,8 km de extensão de cerca presente no trecho, com distancias de 200 a 300 metros entre eles. Os acessos são mal iluminados, não contemplam a acessibilidade por cadeirantes e, no entorno do acesso, a visibilidade é obstruída pela vegetação. Quanto às conexões que poderiam ser feitas entre a UFRN e seu entorno, pelos mais diversos modais, existem 3 conexões contra 17 que são interrompidas pela existência da cerca no perímetro – 4 delas não foram consideradas pela grande diferença de relevo, o que dificultaria a passagem mesmo sem a presença da cerca. [figura 20] A existência de duas avenidas em paralelo que cumprem a uma mesma função e que estão segregadas por um obstáculo físico (a cerca) tanto impede uma boa legibilidade e a leitura do espaço, quanto desconectam as partes. Rotas para pedestres, ciclistas ou veículos devem, na maioria dos casos, estar um a lado do outro, e não segregados; quando calçadas são necessárias, elas deveriam ser as mais retas possíveis e amplas, evitando lugares escondidos (REINO UNIDO, 2004, p.16, tradução livre).
Além disso, a avenida para onde estão voltados esses estabelecimentos se torna menos movimentada por veículos, pois o trafego se concen-
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tra na avenida mais próxima à UFRN. A presença da cerca facilita a atuação de agressores, os quais podem se posicionar perto da mesma e esperar uma possível vítima, agindo sem serem percebidos pela falta de permeabilidade do elemento (pela presença de vegetação) e por também se configurar uma área com iluminação precária, onde a vegetação gera áreas de penumbra. Nota-se também que algumas vias podem ser estimuladas por apresentarem potenciais urbanísticos e alguns itens essenciais para o estabelecimento de rotas seguras, como um caminho amplo e bem definido, onde é possível identificar o destino e os elementos dispostos na via, assim como as pessoas que transitam por ela. Além de serem alternativa para o transito entre Campus e outros trechos da cidade, apresentando tanto potencial de conexão quanto para abrigar outros usos. [figura 21] A Rua dos Gerânios é a que apresenta maior potencial de se tornar uma via com grande fluxo de pessoas, não só por interligar a Avenida Salgado Filho à Avenida Passeio dos Girassóis, mas por possuir duas grandes praças e abrigar alguns estabelecimentos comerciais e de serviços. No trecho que a via se encontra com a Avenida Salgado Filho, há dois grandes centros comerciais, além da via receber grande número de linhas de transporte público diariamente. A Rua também está próxima a alguns centros educativos, como o CEI Mirassol e a Escola Estadual Desembargador Floriano Peixoto. Para chegar até o Campus Universitário desde a Avenida Salgado Filho, um trecho de 600 me-
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tros poderia ser percorrido a pé em apenas 7 minutos, de acordo com a estimativa do Google Maps, totalizando menos da metade do tempo de espera média pelo Circular do Campus que é em torno de 20 a 30 minutos. Além disso, as praças que hoje são subutilizadas e possuem poucos equipamentos, poderiam abrigar novos usos, oferecendo suporte a quem realiza o trajeto e aos moradores do bairro, como restaurantes, mercearias e padarias. A Avenida das Tulipas se configura como Via Local apesar de possuir porte para ser Via Coletora, possuindo aproximadamente 11 metros de largura. Além disso, a via interliga a Praça da Árvore e o Campus, possuindo também uma praça na metade do trajeto de aproximadamente 650 metros, podendo ser percorridos em 8 minutos, de acordo com a estimativa do Google Maps. A Avenida das Tulipas também possui grande potencial para abrigar novos usos destinados a quem realiza o trajeto e aos moradores, além de poder ser uma rota mais interessante, abrigando uma ciclovia, mais árvores e passeios mais largos e acessíveis para caminhadas e até servindo de rota para ônibus. Suas praças se tornariam pontos aglomeradores, oferecendo espaços mais interessantes de ócio e lazer. A Rua Monte Sinai e a Avenida Gustavo Guedes seriam rotas alternativas para realizar o trajeto entre o Campus e a Avenida Engenheiro Roberto Freire, a qual abriga importantes estabelecimentos comerciais, centros comerciais e supermercados. Porém, ambas estariam mais destinadas ao meio de locomoção automotivo por possuírem
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capim macio FIGURA 20.Área de Estudo_ Conexões impossibilidadas pela cerca Fonte: Produzido pela autora.
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mais de 1,1 km a serem percorridos por mais de 15 minutos aproximadamente. Além disso, as vias possuem relevo acidentado e pouca vegetação que proporcionem sombra. A Avenida Gustavo Guedes é a mais propícia a abrigar ciclovias ou ciclofaixas por possuir o relevo pouco acidentado comparado ao da Rua Monte Sinai. Para os que apreciam uma boa caminhada, as vias apresentam passeios largos, mas pouco acessíveis, e possuem alguns terrenos vazios no caminho, sendo estes capazes de abrigar pequenas praças e estabelecimentos comerciais. As rotas transversais que passam pela área de estudo podem ser estimuladas para trajetos a pé por algumas apresentarem conjuntos de praças que podem ser interligadas, mas são mais recomendadas por moradores ou frequentadores da região, já que não apresentam destinos de frequentação diária, como a Universidade por exemplo. Também apresentam uma grande quantidade de cruzamentos, apesar de possuírem pouco tráfego, não sendo assim, trajetórias rápidas, além de possuírem poucas fachadas voltadas para a rua. Esses trajetos seriam recomendáveis para quem realiza o trajeto em automóvel ou de bicicleta. Começando pela Rua Desportista José Procópio Filho, a qual é classificada como Via Local, possui relevo menos acidentado quando comparado à Rua Desembargador Silvino Bezerra Neto, mais utilizada pelos pais dos alunos do CEI e que fica bastante congestionada diariamente nos horários de entrada e saída dos alunos. A Rua Despor-
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tista José Procópio Filho interliga a praça localizada em frente ao CEI à Rua dos Gerânios, havendo também a possibilidade de interligar a área da UFRN onde está localizada a Capela do Campus se a cerca fosse retirada. A via permite grande visibilidade dos destinos e pode abrigar passeios mais acessíveis e árvores para sombreamento. A Rua do Rebaixamento seria uma alternativa de interligação entre as praças da Rua dos Gerânios e a Avenida das Tulipas, a qual possui outro complexo de praças além do potencial de abrigar outros usos e de suportar ciclovias e rotas de ônibus, como já foi citado anteriormente. A Rua do Rebaixamento foi escolhida por possuir mais fachadas voltadas para a rua e por já abrigar outros usos como igrejas e pequenos comércios, – o que não acontece com a Rua do Bougaris – necessitando apenas de melhoras no passeio e mais árvores para melhorar o sombreamento. A Rua também pode abrigar ciclovias ou ciclofaixas já que possui um trajeto claro e não possui fluxo intenso de automóveis. A Rua do Rebaixamento se interliga com a Avenida Olavo Montenegro, também Via Local e com grande número de fachadas voltadas para a via. Possui passeios largos, mas irregulares, podendo abrigar mais árvores para sombreamento e, por possuir lotes vazios ao longo de sua extensão pode abrigar pequenas praças e estabelecimentos comerciais de suporte ao bairro e a quem realiza o trajeto. Além disso, a via interliga outras vias já movimentadas, com paradas de ônibus e comércios já estabelecidos.
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capim macio FIGURA 21.Ă rea de Estudo_ Rotas que podem ser estimuladas Fonte: Produzido pela autora.
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A Avenida Passeio das Rosas, classificada como Via Local, já possui certo movimento por abrigar a parada de ônibus do Circular Campus e alguns estabelecimentos comerciais e de serviços. Apesar disso, a Avenida possui um complexo de praças com estrutura pouco atrativa, com exceção da Praça da Árvore, reformada recentemente, a qual abriga eventos durante a data comemorativa do Natal. No entanto, a praça só fica ativa durante o fim do ano, utilizando as outras praças como suporte para os eventos. É importante salientar que o Plano Diretor do Campus incentiva o uso de automóveis em detrimento ao pedestre, usando as vias como meio de separação de modais de transporte, causando uma dificuldade para a livre circulação de pessoas dentro e nos arredores da universidade. Apesar dessa aparente preferência, o Plano Diretor faz menção aos pedestres como prioritários, sendo abarcados no âmbito projetual do sistema viário universitário. Art. 25. Deverão ser tomados como princípios para a elaboração do Plano de Infra- Estrutura Viária do Campus Universitário Central da UFRN: I - Classificação das Vias em: Arterial, Distribuidora e Local; II – Preocupação em evitar a circulação concentrada e os acessos indiscriminados; III - Priorização da circulação de pedestres no interior do Campus, através de calçadas sombreadas e passarelas cobertas, dotadas de condições de acessibilidade universal; IV - Controle dos estacionamentos e dos acessos irregulares; V – Controle do excesso de pavimentação nos
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estacionamentos; VI – Garantia de uma extensão livre mínima de três metros entre os edifícios e a localização dos estacionamentos, de acordo com o Detalhe 02, Anexo X [...] IX – Incorporação do cercamento do Campus e dos acessos controlados [...] (UFRN, 2007, p.8)
Atualmente estão sendo realizadas diversas obras para dar prioridade aos pedestres e diversificar os modais de deslocamento dentro do Campus e no seu entorno. Este ano, 2015, foram construídas diversas rotas exclusivas para ciclistas no território do Campus, apesar do uso do tipo de pavimento e a escolhas das rotas terem sido bastante questionadas pelos cicloativistas e da aparente falta de planejamento na execução do projeto – a escolha de pavimentação intertravada, a impermeabilização do solo abaixo do piso, o conflito entre a ciclovia e a baia do ônibus e as rotas que passam por árvores e postes antes da retirada de tais obstáculos.
AV. PROF. OLAVO MONTENEGRO
RUA MONTE SINAI
AV. GOV. JOSÉ VARELA
FIGURA 22.Área de Estudo_ Imagens da área analisada Fonte: Google Street View.
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estrutura Uma Estrutura urbana segura oferece fachadas ativas6 voltadas para as ruas mais movimentadas, “criando uma estrutura de circulação regular que concentra pessoas e veículos em um pequeno número de rotas principais, em vez de ruas e calçadas subutilizadas e segregadas” (REINO UNIDO, 2004, p.20). A existência de edifícios degradados, subutilizados ou abandonados pode passar a impressão de que a presença de criminalidade ali é tolerada ou menos notável. Nos ambientes analisados, a presença de fachadas inativas7 é massiva, muros cegos e altos são constantes, impedindo o contato visual entre o público e o privado. A falta de manutenção da vegetação que encobre a cerca passa a impressão de lugar descuidado e a predominância do uso residencial confere pouca dinamicidade para o ambiente. A Avenida Passeio dos Girassóis possui poucas fachadas ativas voltadas para a via, apresentando muros altos e cercas elétricas. A via também é mal iluminada, recebe pouco movimento e possui calçadas irregulares, sem tratamento urbanístico. Além disso, os estabelecimentos comerciais existentes na via não funcionam durante a noite, oferecendo pouca diversidade de usos. As paradas de ônibus da área de estudo também não recebem manutenção adequada, próximas à cerca e encobertas pela vegetação, localizadas normalmente em locais isolados e mal iluminados, desencorajando a utilização do espaço. As praças também não possuem tratamento ur6 Fachadas que possuem portas,janelas e muros permeáveis voltados para a rua.
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banístico que defina o uso dos espaços, apresentando em sua maioria espaços vazios e sem atrativos para a utilização da área, como a praça localizada em frente ao FLOCA. Os maiores conflitos estão nas áreas que não possuem uso definido ou não possuem edificações, aparentando estarem abandonados. Os canteiros também não recebem tratamento paisagístico adequado e, principalmente no território do Campus, há muitos terrenos não edificados e sem uso determinado, aparentando serem áreas abandonadas. Além disso, os passeios são irregulares e pouco iluminados, além de muitas áreas estarem ao lado das cercas, induzindo os estudantes a utilizarem mais o transporte interno do Campus, o qual possui um percurso limitado ao entorno da UFRN e a duas vias internas, a Rua do Meio Ambiente e a Rua da Saúde. O campus pode restringir a quantidade de fachadas voltadas para essas zonas mais vulneráveis, colocando, por exemplo, os acessos aos estacionamentos somente pelas partes internas do Campus. Uma estrutura urbana segura possui poucos lados dos edifícios voltados para o espaço público, oferece suas “fachadas ativas” para ruas mais vigiadas, criando uma estrutura de circulação regular que concentra pessoas e veículos em um pequeno número de rotas principais, em vez de ruas e calçadas subutilizadas e segregadas (REINO UNIDO, 2004, p.20). 7 Fachadas com muros impermeáveis, sem muitas aberturas que permitam o contato visual entre o público e o privado e vice versa.
A melhora e regularização de passeios e espaços de convivência do Campus também estão sendo realizadas pela Superintendência de Infraestrutura do Campus, a qual prevê não só a reforma e construção de passeios onde não existiam, mas uma organização e melhor do espaço urbano do Campus, além da construção de mais edifícios, preenchendo terrenos vazios que antes provocavam sensação de medo pelos que frequentavam os edifícios ao redor. Algumas áreas já tendem a aglomerar pessoas, ou possuem um potencial para isso, estando próximas às paradas de ônibus ou vizinhas ao conjunto edificado dos bairros. As paradas mais movimentadas são atrativas para comerciantes ambulantes que muitas vezes utilizam-se dos bancos dos pontos de ônibus para expor seus produtos, sobrecarregando as paradas que se dividem a quem espera o transporte e a quem vende e consome. Vale salientar que a presença dos ambulantes só é um conflito por a Instituição negar o funcionamento regular desses comerciantes dentro do território do Campus, permitindo somente alguns estabelecimentos comerciais – como as cantinas dos setores e os comércios que funcionam no Centro de Convivência que já funcionam há mais de 20 anos – desconsiderando o aumento da demanda ao longo do tempo, quando a Universidade sofreu um aumento considerável na infraestrutura e no aumento do número de cursos e vagas oferecidos. O entorno também não oferece diversidade de usos, não absorvendo a demanda excedente da Universidade.
O Restaurante Universitário já sofreu reformas e pequenas ampliações, não sendo suficientes para atender a demanda, sofrendo com o aumento de filas e superlotação durante os horários de refeições. Para amenizar isso, algumas cantinas passaram a oferecer almoços a preços mais altos que o RU, mas com o tempo começaram a sofrer dos mesmos problemas. Tais fatos incentivaram a vinda de mais ambulantes, funcionando nas paradas de ônibus nas proximidades dos setores de aulas, o que não exige aos usuários do Campus o deslocamento para outro setor e nem um aumento drástico de custos comparados aos preços oferecidos pelo RU. Esses fatos só tornam transparentes a necessidade do Campus de diversificar os usos dentro da Universidade ou mesmo no seu entorno, onde alguns lugares próximos as paradas que hoje funcionam como estacionamentos, possam vir a tornar-se pontos comerciais e de lazer, regulamentando e organizando o que já vem acontecendo nos últimos cinco anos e legitimando os usos já estabelecidos no espaço urbano. A instalação de quiosques e a instalação de equipamentos urbanos nesses pontos tornariam a vida dos usuários mais confortável e mais integrada ao entorno. A demarcação do território do Campus poderia ser feita através da paginação de pisos, a instalação de totens e de portões, além da instalação de guaritas com guardas e câmeras de segurança. A solução também traria movimento para a zona, tanto em dias de semana quando em finais de semana, atendendo a demanda vinda dos usuários do entorno.
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vigilância Estacionamentos em áreas abertas devem possuir fachadas de edifícios voltadas para eles, de maneira a proporcionar vigilância natural. Se isso não for possível, sistemas de seguranças eletrônicos pode ser uma boa alternativa, ou até mesmo segurança humana pode garantir proteção física. “Garagens em pátios são os mais seguros dos estacionamentos comuns, devem ser pequenos e restritos” combinados a um só acesso tornam a ação de criminosos, mais difícil (REINO UNIDO, 2004, p.27). A instalação de guaritas ou de câmeras de vigilância, próximo aos acessos e paradas de ônibus, poderia reduzir a ocorrência de crimes; visto que já foi providenciada uma melhoria na qualidade da iluminação. A adoção desse recurso deve ser verificada por uma equipe de gestão e manutenção do serviço e dos locais, não deixando aparentar que estão descuidados ou que não existem meios de vigilância. A escassez de fachadas ativas também prejudica a eficácia desse atributo, que se apropria da teoria dos “olhos das ruas” de Jacobs (1961), “fachadas ativas, ao invés de fachadas cegas, muros altos, devem ser incentivadas, quanto mais janelas vigiando a rua ou os espaços públicos, melhor” (REINO UNIDO, 2004, p.24). Os espaços serem amplos e iluminados reduz a quantidade de possíveis esconderijos, deixando as pessoas mais atentas ao que acontece ao redor. O projeto cuidadoso e apropriado do mobiliário infere na redução da criminalidade, como por exemplo, a presença de bancos próximos às cer-
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cas facilita a atuação de criminosos que podem se posicionar ali sem chamar atenção – se os bancos não existissem, pessoas posicionadas ali seriam facilmente notadas. e segregadas (REINO UNIDO, 2004, p.20). O posicionamento de luminária e/ou refletores nessas áreas mais vulneráveis e pouco movimentadas podem diminuir a sensação de medo e reduzir índices de criminalidade. Lugares bem iluminados são cruciais para a redução do medo do crime, fazendo com que os espaços fiquem mais “habitáveis” e, na maioria dos casos, aumentando sua atividade noturna. (REINO UNIDO, 2004, p.27)
Carros estacionados na rua também podem ser alvos fáceis de roubos e depredações, a menos que localizados em pontos movimentados e que seja possível a observação dos mesmos de dentro de áreas privadas. No entorno do Campus, a presença de fachadas inativas não permite essa vigilância, induzindo aos empreendimentos privados a contratar seguranças para fazer esse trabalho. A contratação desse tipo de serviço e a instalação de sistemas de segurança eletrônicos não são proibidas, desde que não sejam os únicos recursos empregados, e sim que faça parte de um conjunto de medidas.
movimento As paradas de ônibus, por exemplo, ficam mais vulneráveis por estarem localizadas em lugares desprovidos de movimento em certas horas do dia, o que facilita ações criminosas. Além disso, algumas delas são localizadas em espaços de relevo mais baixo, transformando-as em locais com pouca visibilidade e mais vulneráveis, principalmente à noite. Lugares ficam desprovidos de atividades alguma hora do dia ou da noite, enquanto continuam acessíveis a criminosos; possíveis criminosos e/ou vitimas. Estão concentrados em um mesmo lugar ao mesmo tempo, como em paradas de ônibus, pontos de taxis, etc. (REINO UNIDO, 2004, p.36).
A presença de diferentes usos poderia diminuir a sensação de insegurança nos locais e aumentar a quantidade de “olhos das ruas”, inibindo determinados tipos de crimes. A Avenida Passeio dos Girassóis, a qual possui grande número de fachadas cegas, poderia abrigar quiosques e pequenos comércios, além de um mobiliário mais atrativo e uma iluminação mais eficiente. Os estabelecimentos que consideraram inseguras as áreas onde estão inseridos, talvez possuam características morfológicas que estimulem a prática de comportamentos antissociais nas proximidades do espaço. Nos ambientes analisados, a presença de fachadas inativas é massiva, muros cegos e altos são constantes, impedindo o contato visual entre o público e o privado. A falta de manutenção
da vegetação que encobre a cerca passa a impressão de lugar descuidado e a predominância do uso residencial confere pouca dinamicidade. Lugares com pouco movimento ou que ficam desprovidos de atividades alguma hora do dia são propícios a atividades criminosas e a comportamentos antissociais. Isso acontece na área do entorno do Campus, a qual é predominantemente residencial e com pouca diversidade de usos. Atividades econômicas noturnas estimulam o movimento de pessoas durante diferentes horas do dia, inclusive à noite, tornando a área menos perigosa. Mas a escolha dos usos deve ser apropriada para que não gere conflitos entre eles. Atividades econômicas noturnas que funcionam de forma efetiva economicamente e com segurança inclui uma variedade de usos, não só bares e boates – teatros, cinemas, restaurantes, galerias e lojas podem garantir que a possibilidade de violência e insegurança causada pela cultura da bebida torne os centros perigosos durante a noite; o controle de uso do solo faz parte do conjunto de medidas que permitam o desenvolvimento de economias noturnas – como prover transporte público, iluminação e estacionamentos seguros para essas áreas. (REINO UNIDO, 2004, p.38)
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Permitir outras possibilidades de conexões entre as áreas seria uma alternativa de aumentar o fluxo em algumas ruas que possuem um potencial de trajeto contínuo e bem definido, e com o aumento desse fluxo de pessoas em diversos modais de deslocamento, outros usos seriam atraídos além de se tornarem alternativas de trajeto mais seguras.
apropriação A apropriação dos espaços pelos moradores e frequentadores do local deve ser estimulada, pois a ocorrência de crimes persiste nos lugares onde não parecem estar sendo vigiados ou abandonados, em que as pessoas não se responsabilizem pela manutenção do espaço, sintam que aquele espaço também pertence a elas. “Envolver moradores e usuários – inclusive jovens – na manutenção e no planejamento da área fornece uma sensação real de apropriação”. (REINO UNIDO, 2004, p. 32)
Permitir outras possibilidades de conexões entre as áreas seria uma alternativa de aumentar o fluxo em algumas ruas que possuem um potencial de trajeto contínuo e bem definido, e com o aumento desse fluxo de pessoas em diversos modais de deslocamento, outros usos seriam atraídos além de se tornarem alternativas de trajeto mais seguras. A delimitação clara do que é público, semi-público/privado e privado pode facilitar esse processo, mas caso da UFRN e seu entorno, a presença da cerca delimita espaços, mas não exerce controle, visto que automóveis podem transitar à vontade pelo local e existem muitos acessos. [figura 23] Além disso, o fato de a instituição ser de domínio semi-público, confunde as pessoas sobre como elas devem ou não se comportar. O fato de existir uma delimitação física talvez impeça a apropriação dos residentes e usuários da parte comum da UFRN, já que a cerca não delimita os edifícios, onde se faz necessário a autorização para acessar, e sim o território como um todo. Os espaços de uso comum não possuem propósito bem definidos e claros, parecendo estarem abandonados e, portanto, pertencentes a ninguém. Pensemos então sobre a existência da cerca, a qual se configura como um conflito, mas reavaliemos não sua existência, e sim sua localização. A definição de usos de um espaço, principalmente quando se trata de um espaço público. Essa definição clara se torna ainda mais importante quando definimos o espaço do Campus como semi-público, uma definição que não é de conhecimento de todos e que tende a confundir
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lagoa nova
nova descoberta
base militar
ufrn candelária PRIVADO SEMI-PÚBLICO PÚBLICO
parque das dunas
capim macio
FIGURA 23.Área de Estudo_ Espaços públicos, privados e semi-públicos Fonte: Produzido pela autora.
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bastante os usuários. A cerca torna-se então um elemento importante na delimitação de espaços, e o que vemos no espaço que existe hoje é apenas uma decisão equivocada quanto a sua implantação. O uso da via e de suas calçadas é público, sendo estes utilizados todos os dias por aqueles que caminham e correm, por ciclistas e por aqueles que transitam da zona leste para a zona sul diariamente. Considerando, assim, a cerca está instalada em via pública, não exercendo função de controle de fluxos e nunca fecha os acessos e portões instalados nesse trecho, apesar de a via estar em território da UFRN. Então, por que a cerca está nesse trecho? Qual o objetivo real da instalação de uma cerca? O que a UFRN precisa resguardar de fato? Se a intenção é delimitar onde começa e onde termina o território pertencente ao Campus, isso pode ser realizados de outras maneiras que não a obstrução de acessos de uso público, o que pode influenciar na sensação de insegurança, sobretudo para aqueles que utilizam o espaço público, em especial a pé. Essa delimitação de espaços pode ser obtida com uma paginação de piso diferente e a instalação de alguns equipamentos que caracterizem a presença da UFRN naquele espaço.
paisagismo pode ser usado para tornar os lugares mais seguros e mais atrativos, permitindo com que a vigilância natural não seja prejudicada. (REINO UNIDO, 2004, p.32).
proteção física No atributo de Proteção Física, medidas de target hardening8, cercas, grades e sistemas de segurança eletrônicos são englobados como uma das medidas de prevenção de crimes, mas que devem ser planejados com antecedência e com cuidado para não denotar um aspecto negativo e ofensivo à área, comprometendo a qualidade ambiental do espaço. As vantagens e desvantagem da implantação do atributo devem ser analisadas cuidadosamente. Medidas de segurança que causam impressões adversas à imagem do ambiente e à sensação que ele transmite podem minar a sensação de segurança e de comunidade; medidas como grades e cercas elétricas não são atrativas e podem aumentar a sensação de insegurança ao sugerir que a área é insegura. (REINO UNIDO, 2004, p. 34)
Demarcações de território sem barreiras físicas podem ser adequadas em algumas situações, indicando que a intenção não é impedir o acesso físico; estratégias de desenho que a maioria das pessoas tende a reagir incluem mudanças de pavimento,aplicação de texturas e cores, paisagismo, vegetação e sinalizações; 6 Técnica que visa transformar alvos mais difíceis de serem alcançados ou mais difíceis de serem removidos ou danificados, por meio de, por exemplo, portas, janelas e venezianas
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mais apropriadas, fechaduras de portas e janelas, alarmes, cercas, reparando danos ou degradações. (REINO UNIDO, 2004, p.105)
Quanto à proteção dos edifícios localizados dentro do Campus, esta também pode ser feita de outras formas, como controle de entradas por meio de fechaduras eletrônicas, a instalação de câmeras de segurança e alarmes, e a presença de guardas nesses acessos. Algumas estratégias citadas já foram adotadas, mas a cerca poderia ser um aliado se fosse transferida, por exemplo, para o quarteirão onde estão localizados os prédios e instalando alguns acessos principais, com portões resguardados por seguranças. A vedação de terrenos desocupados também pode evitar a utilização desses lugares como esconderijos ou para a prática de crimes, além de manter a organização do espaço e não aparentar ser uma vizinhança abandonada.
gestão e manutenção
Por fim, e de bastante importância, o projeto urbano que planeja a gestão e a manutenção do espaço, confere a ele qualidade e atratividade, garantindo a utilização e a segurança, e por consequência, maior respeito ao ambiente. “Sinais de desordem e negligência, como janelas quebradas, veículos abandonados e pichações, que não são removidos o mais breve possível” aumentam o risco de ocorrência criminal no espaço. (REINO UNIDO, 2004, p.40) No ambiente utilizado, a manutenção e a limpeza não são frequentes, mas sim dentro do território do campus. De acordo com um relato informal de um dos moradores, nas áreas do entorno isso é feito de forma privada, mas não em forma comunitária, devido à falta de ação da gestão pública. A partir do que foi explicitado nesse capítulo, foram eleitos alguns pontos para elaboração de estratégias de intervenção, identificadas como áreas de maior impacto e de diretrizes para as áreas identificadas de menor impacto, explicitadas no capítulo a seguir.
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olho que tudo vê Para a elaboração das propostas e diretrizes contidas nesse capítulo, foi adotado para a área um conceito, guiando todas as propostas de modo a configurar uma unidade. Todas as propostas seguem a mesma linha, apesar de terem sido aplicadas estratégias e referências projetuais distintas. O Olho que tudo vê, ou Olho de Hórus, é uma representação antiga utilizada pelos egípcios que simbolizava a união do olho humano à visão de um falcão, animal que representava o Deus Hórus. O amuleto egípcio garantiria integridade física e valentia do corpo. Para os Maçons, o Olho que tudo vê é a representação de Deus, o qual estaria a observar as ações de todos os humanos na terra, tornando-se assim um ser onisciente, onipresente e onipotente. Indo mais além dessas definições, temos o falcão que, por ser uma ave de rapina, possui olhos grandes e visão apurada, além de ser dotado de uma audição sensível, características que os auxiliam na captura de suas presas. Já Deus, independente da religião em que ele é representado, é um ser criado para assumir o controle de um grupo social, garantindo vigia constante e punição de atos possam vir a ferir as regras dessa sociedade, uma personalidade divina e justa, inatingível, a fonte de toda a obrigação moral. Ora, quando se trata de um espaço público, como já foi citado anteriormente, este para se
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tornar um ambiente seguro e utilizado, um espaço com baixo índice de criminalidade, deve ser constantemente vigiado, mas principalmente por aqueles que o frequentam. Esses espaços devem ter olhos, como os descritos por Jane Jacobs, ou devem garantir Acesso e Circulação, Movimento, Apropriação, Vigilância, Estrutura, Proteção Física e Gestão e Manutenção, os atributos que garantem a presença de olhos na cidade de acordo com o Guia Safer Places. Dessa forma, as propostas e diretrizes elaboradas aqui garantem a presença dos olhos da rua, o Olho que tudo vê. Assim, na área foram estabelecidos alguns pontos que reverberam no funcionamento da área como um todo, como conjunto, sendo estes pontos de maior impacto e essenciais para garantir uma intervenção eficiente. Para esses pontos foram elaborados propostas de intervenções projetuais, onde os elementos do ponto em questão foram analisados de acordo com as diretrizes de análise do Safer Places e de como esses lugares, de acordo com sua morfologia, podem transmitir sensação de insegurança e, por consequência, se tornam locais propícios à prática de crimes. Os 6 pontos de maior impacto localizam-se nas áreas de encontro entre o Campus e nas áreas edificadas do seu entorno, composta pelas frações urbanas dos conjuntos e loteamentos da área de estudo, e da Instituição, mais especificamente na Avenida Cel. João Medeiros e da Avenida Passeio dos Girassóis. Essas áreas já possuem um potencial de aglomeração, tanto por se localizarem em Avenidas de grande movimento quanto por estarem
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em pontos de grande tráfego de pessoas, como nos edifícios de uso comerciais, institucionais e de serviços. Normalmente estas áreas, mesmo não oferecendo uma estrutura urbana adequada para seu uso, apresentam uma concentração significativa de pessoas, sobretudo devido à presença de equipamentos polos geradores de tráfego, tanto de veículos quanto de pedestres. Os pontos foram divididos em polos, interligando a área com diferentes concentrações de atividades, alguns mais voltados para o cultural, outros para atividades comerciais e outros para lazer e contemplação, escolhidos de acordo com as análises morfológicas já realizadas nos capítulos anteriores. Outros locais foram consideradas de baixo impacto, no qual as intervenções nestas não influenciarão de maneira significativa na área como um todo, como por exemplo, em locais dentro da UFRN, como os estacionamentos e locais de convivência, apesar dessas áreas não se limitarem ao interior da instituição e podem ser desde pequenas praças a muros “cegos” de residências. Para essas áreas serão descritas apenas diretrizes, não de forma isolada como será feito com os pontos de propostas, mas de uma forma mais abrangente, uma vez que essas intervenções estão em áreas de domínio privado, com soluções projetuais individuais.
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nova descoberta lagoa nova base militar
ufrn candelária
1.praça das artes 2.praça claudionor de andrade 3.escadaria 4.portão biociências 5.portão c&t 6.praça do parque
parque das dunas
capim macio FIGURA 24.Área de Estudo_ Mapa dos pontos de propospostas de intervenção Fonte: Produzido pela autora.
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PONTO 1 praça das artes A área está localizada em um dos pontos considerados mais inseguros de acordo com o questionário realizado com os usuários da UFRN e um dos pontos menos iluminados do Campus. O ponto é frequentado, em sua maioria, pelos estudantes do Departamento de Artes da Universidade - DART, e apesar de ser o ponto mais próximo da Avenida Salgado Filho, os alunos têm que esperar o Circular Campus para chegar ao setor, devido aos poucos acessos oferecidos pelo entorno do local. Quem escolhe não utilizar o transporte oferecido pelo Campus, aqueles que vêm da Avenida Salgado Filho realizam seu percurso pelo túnel, o qual oferece um espaço apertado, inseguro, sem acessibilidade, não pensado para o pedestre. Aqueles que vêm do outro lado do túnel, na área do DART, percorrem calçadas inóspitas, cercadas por muros altos e grades, além do paredão do viaduto do outro lado. Além disso, o Departamento sempre parece estar em obras. O acesso para pedestres, dos prédios à parada de ônibus, nunca foi executado, fazendo que os usuários andem por uma circulação sem tratamento (areia) ou por uma área calçada com apenas 50 cm de largura, em uma área escura e cercada por entulhos. Na frente do DART existe uma lagoa de captação que mais parece uma grande vala e um
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enorme estacionamento, que na maior parte do tempo encontra-se vazio, funcionando apenas em grandes eventos realizados na Praça Cívica do Campus e abrigando tendas de exposições em eventos culturais como a CIENTEC. A área, assim como as anteriores, é delimitada pela cerca e com alguns trechos com calçadas inadequadas e em outros inexistente. A iluminação precária, a escassez de outros usos que movimentem a área em diferentes horários e a aparência de abandono contribuem para a sensação de insegurança do ponto em análise. Além disso, a segurança do Campus só está presente dentro do edifício, realizando apenas rondas, o que deixa o trajeto e a parada de ônibus do Departamento mais propensos à criminalidade. Esse ponto de acesso também apresenta pouco movimento, com exceção da área onde localiza-se um estabelecimento comercial em uma esquina junto ao território do Campus. Também parece ser uma área abandonada, por seus largos canteiros, configurando-se como pequenas praças e sem uso estabelecido, além de uma rua não pavimentada e a presença da cerca pouco atrativa e delimitadora. A área apresenta um grande potencial, sendo um dos poucos lugares do Campus que ficam abertos à população mesmo em fins de semana, também sendo utilizada para o único acesso que interliga a UFRN ao Conjunto Potilândia, uma área predominantemente residencial. Entretanto, de acordo com o Guia Safer Places, a área funciona como um honeyspot, local que
FIGURA 25.Ă rea do Ponto 1
atualmente
Fonte: Google Street View.
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cerca
mobiliário de lazer
espaço para pedestres
ciclovia
pavilhões de exposições
zona calma
comércios
edifícios
via automotiva
FIGURA 26.Mapa do Ponto 1 Fonte: Produzido pela autora.
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atrai atividades delinquentes, onde seus frequentadores estão mais propensos a cometer crimes e vandalismo, ou de se tornarem vítimas destes. O ponto foi considerado como um polo cultural, pois já abriga atividades relacionadas a eventos e mostras, e por se localizar próximo ao setor de artes da Universidade. Portanto, as intervenções escolhidas tentam contemplar tais atividades, de modo ser um espaço que incite atividades artísticas de diversos tipos, como música, artes plásticas, perfomance, gastronomia, teatro, dança, entre outros. A primeira linha intervenção diz respeito ao Acesso e Circulação do ponto, onde a atenção está mais voltada aos trajetos que podem ser feitos a pé. Então, os principais trajetos simulados foram da Avenida Salgado Filho, antes do túnel do viaduto, até o acesso ao DART e/ou até o acesso ao Conjunto Potilândia. O trajeto deve ser bem definido, então o lugar do estacionamento da Praça Cívica foi transformado em uma praça de usos diversificados, o qual já funciona como tal, mas sem uma estrutura urbana adequada. Os passeios foram nivelados com a via, os quais são separados por separadores de meios para evitar que automóveis estacionem ou utilizem os passeios de maneira inapropriada. Manter passeios e vias no mesmo nível torna a área mais acessível, e a área de travessias foi transformada em uma área calma, identificada por um pavimento diferenciado e implantação de sinalização vertical com regulamentação de velocidade e placas indicativas informando a presença do fluxo de pessoas e travessias constantes.
Ao entrar no trecho, o motorista deve estar atento e reduzir a velocidade, evitando acidentes e priorizando o pedestre. Além disso, as áreas não convidativas ao trajeto a pé, como áreas com muros altos, fachadas cegas ou que haja perigo de atropelamentos, são delimitados por canteiros mais altos com vegetação como forma de organizar o fluxo de veículos e evitar o uso dos mesmos como passeios mesmo que inapropriados. Os grandes canteiros próximos ao viaduto poderia receber um paisagismo mais atrativo e mobiliário, como lixeiras e alguns bancos, mas deve se estabelecer como área de passagem e não de permanência, visto o intenso fluxo de automóveis. A área pode atrair ambulantes por possuir um movimento constante de pessoas. O viaduto também poderia ser destacado de alguma outra forma, através de muros verdes, trepadeiras, grafite ou de uma iluminação mais atrativa. Na frente do DART, a área que está desenhada hoje como estacionamento, mas que funciona como área de exposições, foi remodelada para abrigar o uso atual, sendo uma área flexível, hora abrigando exposições, hora abrigando comércios. O Campus, ou os moradores da área, poderiam cercar uma parte da área para exercer algum tipo de atividade restrita ou de apoio à área da Praça Cívica em grandes eventos, podendo servir até de estacionamento temporário. A lagoa de captação que antes funcionava junto à Avenida Cel. João Medeiros foi relocada cinco metros para dentro da praça, dando espaço para
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FIGURA 27.Imagens iustrativas das propostas para o Ponto 1 Fonte: Produzidas pela autora.
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a existência de passeios largos, árvores e ciclovia. A lagoa recebeu um desenho mais atrativo, podendo ser usada como pequeno anfiteatro, para pequenas apresentações informais ou que demandem um pequeno público. Quando cheia, ainda atrativa, funcionando como pequeno lago. Deve ser previsto uma manutenção e limpeza constante da lagoa quando seca, visto que a água em períodos de cheia é contaminada. A área também pode abrigar pequenas mostras e intervenções artísticas, advindas dos alunos do setor artístico da Universidade, dando a oportunidade de um contato com a sociedade e de experimentos mais sensoriais e que precisam de reações externas a serem experimentados, como performances. Também pode receber mostras de cinema de rua, reuniões de food trucks, bazares, feiras e pavilhões de exposições.
tir o funcionamento e a sensação de segurança no local, principalmente no período noturno, devido à extensão do espaço. A diversificação de usos pode ser garantida por bares pop-ups, tipo de bares móveis que funcionam geralmente em containers e abrem em horários determinados. A área de acesso ao Conjunto Potilândia pode abrigar alguns equipamentos voltados a crianças e idosos, como playgrounds e mobiliários para descanso e contemplação, e até mobiliários para exercícios físicos. As intervenções nessa área devem condizer com a característica mais calma da zona, predominantemente residencial. O entorno pode atrair usos comerciais e de serviços com características mais calmas, como cafés e livrarias.
A cerca da UFRN, a qual serve para a delimitação do território e para Proteção Física da Instituição, poderia ser mais atrativa, mas ainda permeável, com Acessos bem delimitados e portões com identificações mais legíveis para um reconhecimento mais fácil de onde se localizam os acessos. Estes poderiam abrigar serviço de segurança fixo, com a implantação de uma pequena guarita de apoio, resguardando as entradas e a extensão da cerca, além do monitoramento eletrônico. [A cor vermelha faz somente referência à cor do capítulo, não configurando como proposta concreta de cor para a cerca ou identificação da Instituição]. A iluminação no local deverá ser apropriada e monitorada sua manutenção, de modo a garan-
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PONTO 2 praça claudionor de andrade O ponto já é bastante frequentado por estar localizado próximo a um Centro de Ensino, sendo até chamada de Praça do CEI. A praça possui bastante estrutura, com quadra poliesportiva e uma lagoa de captação, que quando seca funciona como um pequeno campo de futebol. Também é bem iluminada durante a noite e é frequentada tanto pelos pais e alunos que estudam no Centro, quanto pelos moradores do entorno. Os conflitos observados na praça, porém, dizem respeito à vegetação arbustiva excessiva, que impede a visibilidade dos trajetos e do local como um todo com a existência de canteiros largos, formando caminhos estreitos e com vários obstáculos visuais, se tornando um local propício à ocorrência de atos antissociais que não possam ser claramente identificados. Além disso, o mobiliário está localizado nos passeios do perímetro da praça, não aproveitando a sombra proporcionada pelas altas árvores do local. Também é pouco atrativo e com poucos usos além do descanso e da circulação, não atendendo ao principal público frequentador do local, em sua maioria crianças e adolescentes. O ponto também pode servir de interligação com a área do Campus, em especial com a Capela e à Escola de Música, e detentora de uma área sem usos comerciais próximos, o qual
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poderia ser estimulado com um melhor tratamento do espaço público e maior movimento da área sem a obstrução da cerca. Para os alunos da Escola de Música e os usuários do Centro de Ensino, poderia haver algum local próximo para realizar refeições, lanches ou passar um tempo ocioso depois da aula ou do expediente, usos que poderiam ser atraídos para o local com um melhor tratamento do espaço público e maior movimento da área sem a obstrução da cerca. A proposta de intervenção visa assim interligar o trecho pouco frequentado por pedestres do lado da UFRN com o trecho já movimentado da praça, de modo a oferecer uma outra alternativa de deslocamento para usuários da área. Levando em consideração tais características, o ponto foi considerado como um polo de lazer e contemplação, de modo a incentivar os usos existentes e dar mais qualidade ao espaço. Portanto, as intervenções na área devem contemplar mobiliários e equipamentos voltados para a prática de esportes e atividades para o público mais jovem. Assim, na praça, próximo ao Centro de Ensino, seria ideal o redesenho dos canteiros e mobiliários, sendo os primeiros mais baixos ou em menor quantidade de modo a oferecer um espaço mais amplo de convívio, e os mobiliários com maior flexibilidade de usos e mais dinâmicos. A lagoa de captação ganhou uma arquibancada e um desenho mais atrativo. A vegetação de médio e grande porte existente foi mantida, realizando apenas a poda adequada para garantir maior permeabilidade visual.
FIGURA 28.Ă rea do Ponto 2
atualmente
Fonte: Google Street View.
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cerca
mobiliário de lazer
zona calma
ciclovia
edifícios
via automotiva
comércios
espaço para pedestres
FIGURA 29.Mapa do Ponto 2 Fonte: Produzido pela autora.
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Próximo à Avenida Cel. João Medeiros, dentro do território da UFRN, é proposto um acesso com escadaria e rampas, dando acesso ao passeio largo, à ciclovia e às paradas de ônibus já existentes. Uma zona calma também foi estabelecida nas zonas de travessia tanto da praça quanto da Rua Cel. João Medeiros pavimentada, e do outro lado da travessia, onde apresenta uma topografia mais acentuada que impede a visualização da Capela do Campus onde seria implantada uma escadaria para ócio, podendo atrair a presença de ambulantes devido ao movimento constante na área. Uma boa iluminação pública pode garantir a utilização do local no período da noite e desencorajar a prática de crimes no local, o qual pode também ser monitorado com sistemas de segurança eletrônicos.
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FIGURA 30.Imagens ilustrativas de propostas para o Ponto 2 Fonte: Produzidas pela autora.
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PONTO 3 escadaria A área do ponto de intervenção está localizada no ponto de encontro da Rua do Gerânios com a Avenida Passeio dos Girassóis, zona que possui uma topografia com baixas cotas, apresentando pontos de alagamento impossibilitando, muitas vezes, a circulação de pedestres e automóveis. O ponto foi escolhido por a área apresentar um potencial de conexão com a universidade, como já foi citado no capítulo anterior – Margens. O fato dos canteiros da Avenida Passeio dos Girassóis não possuirem um tratamento paisagístico adequado, á área apresenta pouca diversidade de usos e das praças não possuírem atrativos além do ócio e contemplação, existe a obstrução causada pela grande diferença de relevo e pela existência da cerca, além de ser pouco iluminada durante a noite. As fachadas voltadas para a Avenida Passeio dos Girassóis são em sua maioria cegas, com exceção dos poucos estabelecimentos comerciais existentes, os quais são voltados para a avenida. A rua também é muito larga para o baixo fluxo de automóveis existentes e apresenta calçadas irregulares, com problema de acessibilidade e ausência de tratamento em alguns trechos, e difíceis de trafegar. Os canteiros são baixos e sem tratamento paisagístico, virando estacionamentos irregulares. O ponto, visto que estão no centro de uma área predominantemente residencial, mas que já vem
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atraindo outros usos para o entorno, foi considerada um polo de lazer e contemplação, de modo a garantir a característica de tranquilidade do trecho. Pontos comerciais podem ser atraídos para a área e a praça que se localiza em frente ao FLOCA pode receber alguns quiosques de frutas e padarias, assim como equipamentos de maior porte, como playground e pista de skate. Além disso, a praça é ampla o suficiente para receber alguns pequenos eventos, como feiras, mostras e pequenas apresentações. O ponto em questão serviria então de conexão, passagem, contemplação e descanso, já que estaria próximo a pontos que recebem outras atividades. A proposta para o ponto é de interligação do trecho por uma escadaria e rampas, unindo a calçada do lado de dentro da cerca e mais alta à praça localizada no ponto mais baixo, de forma a ser uma alternativa de trajeto de quem vem da Avenida Salgado Filho para o Campus pela Rua dos Gerânios. As praças ganhariam usos mais diversificados e um espelho d’água no ponto alagável, tornando o problema uma solução paisagística. As calçadas da Avenida Passeio dos Girassóis foram ampliadas com a diminuição da faixa de rolamento, de modo a trafegar apenas dois carros pela via nos trechos em que o relevo não permite a ampliação dos passeios até a Avenida Passeio dos Girassóis pavimentada, transformando a via além da cerca em calçada. As calçadas ampliadas configuram um espaço mais amplo e de grande visibilidade, garantindo trajetos mais definidos, acessíveis e seguros. Podem abrigar pequenos comércios temporários, vegetação, mobiliário e
FIGURA 31.Ă rea do Ponto 3
atualmente
Fonte: Google Street View.
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cerca
mobiliário de lazer
zona calma
ciclovia
edifícios
via automotiva
comércios
espaço para pedestres
FIGURA 32.Mapa do Ponto 3 Fonte: Produzido pela autora.
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ciclovias. Como os passeios são amplos, o conflito antes existente entre ciclovia e parada de ônibus seria amenizado, pois a ciclovia passaria por trás da parada, evitando acidentes entre ônibus e bicicletas. A travessia, localizada antes das paradas de ônibus para que os motoristas possam visualizar com segurança os pedestres, também configuram uma zona calma, dando acesso ao outro lado, próximo aos edifícios do Campus, para onde a cerca foi relocada. Os passeios e a travessia são nivelados à via, onde os espaços são delimitados por separadores de meio. Os canteiros que não são apropriados para a travessia são mais altos e possuem tratamento paisagístico, desestimulando o cruzamento da via fora da zona calma. A área do outro lado da travessia, próximo aos edifícios da UFRN é mais lúdica, podendo abrigar exposições e mobiliários mais ousados e flexíveis, voltados para aqueles que praticam caminhadas e utilizam a área para a prática de exercícios, já que está próximo a um campo de futebol dentro da Universidade. Intervenções nas fachadas cegas também podem ser realizadas, como muro verde ou grafite, além de uma boa iluminação para garantir que o local seja frequentado também durante a noite. Além disso, é natural que com o tempo a área atraia mais usos comerciais devido ao aumento de movimento de pessoas na área, além da presença de ambulantes.
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FIGURA 33.Imagens ilustrativas das propostas para o Ponto 3 Fonte: Produzidas pela autora.
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PONTO 4 portão biociências O ponto está localizado próximo ao acesso ao setor de aulas de Biociências, no encontro da Avenida Passeio dos Girassóis com a Avenida Santos Dumont, e próximo a alguns estabelecimentos comerciais e de serviços da região, com um relevo mais plano e com poucas fachadas voltadas para a Avenida Passeio dos Girassóis. O ponto foi um dos considerados inseguros pelos usuários da UFRN e pelos estabelecimentos comerciais entrevistados, além de ter sido um dos pontos analisados no capítulo Margens. O ponto é pouco iluminado e segregado da Avenida Passeio dos Girassóis pela cerca, o que torna a via que não pavimentada mais inóspita, além de possuir uma largura maior que o necessário para a demanda de fluxo inexistente. Além disso, a via durante a noite recebe alguns ambulantes que se utilizam do baixo fluxo de automóveis para espalhar cadeiras e mesas na via. Do lado dos edifícios do Campus, existem espaços não edificados e sem tratamento urbanístico e paisagístico, aparentando estarem abandonados, mal cuidados ou em obras. Ou seja, o espaço por si só não indica qual o uso daquela área. Esse espaço abriga uma parada de ônibus que, por estar sempre movimentada, atrai a presença de ambulantes. O ponto foi considerado um polo de comércio, por já abrigar estabelecimento de tá uso, podendo abrigar pequenos comércios e atrair mu-
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danças de uso para a região. Além disso, o polo também pode abrigar mobiliários de apoio a esses pequenos estabelecimentos. A intervenção nesse ponto se deu pela ampliação da calçada, transformando a Avenida Passeio dos Girassóis não pavimentada em passeio, por esta não possuir fachadas voltadas para a via, a qual pode assim abrigar de maneira regular pequenos comércios, equipamentos de lazer e contemplação, árvores e ciclovias. A vigilância é garantida pela Avenida Passeio dos Girassóis do lado de dentro da cerca, a qual recebe fluxo constante de automóveis. As ruas transversais a essa via se conectam a ela e garantem outra alternativa de realizar os trajetos. A travessia também configura uma zona calma, nivelados com a via, assim como nos pontos anteriores, tendo o lado dos edifícios do Campus delimitados pela cerca, mas com o espaço antes sem uso definido transformado em um largo de entrada pelo portão de Biociências. Esse largo pode abrigar os ambulantes que já se utilizam das paradas de ônibus como seu local de comércio, além de exposições, mostras e atendimentos referentes ao setor de aulas. O portão, assim como as demais áreas desse ponto, devem ser bem iluminados e sofrer constante manutenção, o portão pode ter a presença constante de seguranças humanos, além do monitoramento por câmeras, resguardando a integridade física do Campus.
FIGURA 34.Ă rea do Ponto 4
atualmente
Fonte: Google Street View.
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cerca
mobiliário de lazer
zona calma
ciclovia
edifícios
via automotiva
comércios
espaço para pedestres
FIGURA 35.Mapa do Ponto 4 Fonte: Produzido pela autora.
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FIGURA 36.Imagens ilustrativas das propostas para o Ponto 4 Fonte: Produzidas pela autora.
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PONTO 5 portão c&t Esse ponto, localizado próximo ao edifício da Escola de Ciências e Tecnologia da UFRN, também sofre com conflitos parecidos aos descritos no ponto 4, com o agravante da superlotação da parada de ônibus pela presença dos ambulantes e usuários, aglomerando um grande número de pessoas em um espaço que não foi pensado para isso. Além disso, a travessia de pedestre sempre ocorre com um grande número de pessoas, as quais não utilizam a faixa elevada existente, localizada na frente da parada de ônibus, sempre passando por trás de onde os ônibus param, de maneira que permita uma maior visibilidade dos veículos que trafegam na via, possibilitando a parada de forma segura, tanto para o pedestre como para o condutor. A parada de ônibus do lado em que estão localizadas as residências e a cerca apresenta problemas de iluminação e não recebe constante manutenção, além da vegetação encobrir a cerca, dificultando a visibilidade. Os canteiros do entorno também não possuem tratamento urbanístico ou paisagístico, virando área de estacionamento irregular. A ciclovia existente, por não possuir passeios que o acompanhem, também é utilizada como passeios, servindo de espaço para caminhadas e de estacionamento também, apresentando um conflito nos modais.
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Dessa maneira, o ponto foi considerado um polo que combina uso comercial – na área em que estão localizados os edifícios da UFRN, devido à demanda já existente no local – e de lazer e contemplação – na área próximo às fachadas cegas das residências. As propostas para o ponto, já que é uma área que possui relevo pouco acidentado, é a de ampliação das calçadas próximas as residências, com a transformação da Avenida Passeio dos Girassóis desse lado em vias compartilhadas, devido à presença de alguns poucos portões de garagens, conectando as vias paralelas à via principal. Esses passeios ampliados podem abrigar mobiliários mais atrativos, vegetação e ciclovia. As fachadas cegas podem receber tratamentos paisagísticos ou grafite. A travessia também configura uma zona calma, levando ao portão de acesso do Centro de Tecnologia. A área de estacionamento foi remodelada para abrigar um pátio de entrada onde, no interior do Campus, pode abrigar pequenos comércios, de modo a desafogar a área da parada de ônibus, e mobiliário, além de poder abrigar mostras e exposições referentes ao setor ao longo do ano letivo. A cerca foi transferida para a área onde estão os edifícios da UFRN, onde a entrada dos portões deve ser resguardada por seguranças humanos e monitoramento eletrônico.
FIGURA 37.Ă rea do Ponto 5 atualemente Fonte: Google Street View.
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cerca
mobiliário de lazer
zona calma
ciclovia
edifícios
via automotiva
comércios
espaço para pedestres
FIGURA 38.Mapa do Ponto 5 Fonte: Produzido pela autora.
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FIGURA 39.Imagens ilustrativas das propostas para o Ponto 5 Fonte: Produzidas pela autora.
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PONTO 6 praça do parque O último ponto de proposta de intervenção está localizado no encontro entre a Avenida Passeio dos Girassóis e a Avenida Dr. Sólon de Miranda Galvão, próximo ao Parque das Dunas. O ponto não possui uso bem definido, parecendo um grande canteiro com porte de praça, sem qualquer tratamento urbanístico ou paisagístico, dispondo de um estabelecimento comercial que se apropriou de um pequeno espaço próximo ao conjunto de edifícios do Conjunto dos Professores. Também não é observado nessa área iluminação adequada, possuindo apenas um ponto comercial e ser margeado por fachadas cegas e um grande terreno vazio, transformando em um espaço propício para assaltos. Dessa maneira, o ponto foi considerado como um polo que contempla atividades culturais, lazer e contemplação, onde as intervenções nesse local visam conectá-lo ao Parque das Dunas. O trecho pode abrigar atividades como mostras culturais, pequenos shows, pista de skate, quadra poliesportiva e playground, por ser um espaço bastante extenso e estar inserido em uma zona de predominância residencial e estar próximo a uma área de proteção ambiental. Por haver bastante movimento, a área pode atrair vendedores ambulantes e pode abrigar outro pequeno ponto comercial como a lanchonete que já existe no ponto. Também está previs-
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to algumas mudanças de uso na área devido ao aumento de movimento no trecho. O trecho de travessia, também compondo uma zona calma nivelada com a via, foi colocada em uma área longe da curva, para garantir a visibilidade do motorista na área e a redução da velocidade. Canteiros mais altos foram implantados nos trechos onde não é seguro o cruzamento da via, deixando claro qual a rota de deve ser percorrida. A travessia interliga a área residencial, que possui relevo plano e teve seu passeio ampliado, transformando a via de menor fluxo em via compartilhada, devido a presença de algumas garagens. O passeio pode abrigar mobiliário de descanso e contemplação, vegetação e ciclovias. A cerca foi transferida, assim como nos outros pontos, para o lado onde ficam os edifícios, onde o portão de acesso se localiza próximo ao edifício do Minhocão – Laboratórios de Ciência e Tecnologia, o qual ainda não está finalizado, mas que poderá ser um acesso de maior movimento, causando maior sensação de segurança. A iluminação em todo o ponto é primordial para a utilização do mesmo durante o período noturno.
FIGURA 40.Ă rea do Ponto 6
atualmente
Fonte: Google Street View.
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cerca
mobiliário de lazer
zona calma
ciclovia
edifícios
via automotiva
comércios
espaço para pedestres
FIGURA 41.Mapa do Ponto 6
Fonte: Produzido pela autora.
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FIGURA 42.Ă rea do Ponto 6
atualmente
Fonte: Google Street View.
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diretrizes As diretrizes foram pensadas para as áreas de menor impacto na área, como áreas de estacionamento, pequenas praças e vias. As diretrizes serão voltadas para tratamentos de passeios e melhorias dos espaços em geral, não contemplados nos pontos de propostas de intervenção, algumas delas já citadas durante as análises dos espaços. Para os espaços onde não é permitida a edificação, como no perímetro entre o Campus e o Parque das Dunas, onde a área do Parque pode receber passeios e uma delimitação mais clara do espaço, como uma cerca mais atrativa como a proposta para a UFRN. As paradas de ônibus localizadas nesse trecho também devem ser mais atrativas, bem iluminadas e receber constante manutenção. Guaritas podem ser implantadas nos canteiros onde a cota de relevo encobre os pontos de ônibus localizados na área do Parque e impedinde a visibilidade dos que estão próximos ao Campus, dessa maneira o segurança poderia ter visibilidade de ambos os lados. A instalação de câmeras e sistemas de segurança eletrônicos também pode ser uma opção de monitoramento se postos de apoio estiverem próximos a esses pontos, para assegurar um pronto atendimento em casos de ocorrência de crimes. Quanto aos estacionamentos localizados dentro do campus, o ideal é que não sejam tão amplos e tenham entradas e saídas bem delimitadas, podendo ser controlados por cancelas e rece-
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ber guaritas onde seguranças poderiam ter uma visão ampla do estacionamento. Sistemas de monitoramento eletrônicos também podem ajudar na vigilância da área. As áreas de convivência dentro do Campus podem ser mais iluminadas e equipadas com mobiliário e paisagismo mais atrativos. Nas áreas do entorno onde há muitos terrenos vazios, principalmente no Loteamento Cidade Jardim, estes podem abrigar pequenos centros comerciais ou pocket parks, servindo de apoio às rotas de ciclovias e aos que realizam os trajetos a pé. Além disso, as vias e espaços públicos da área do entorno devem ser bem iluminadas e receber manutenção constante, evitando o aspecto de abandono e a utilização dos espaços para a prática de atos criminosos.
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considerações finais Diante das várias leituras, análises e estudos realizados para a elaboração desse trabalho, percebi o quanto a leitura do espaço urbano, aquela que nós fazemos no nosso dia a dia, pode ser muito mais que uma simples imaginação do “e se minha rua fosse assim”, “e se aqui tivesse uma praça” ou “e se essa calçada fosse mais larga”. Esse trabalho foi fruto dessas imaginações, de observações diárias que precisam muito mais que criatividade. Elas precisam de base, de estudo, de referências para serem bem elaboradas e saírem do âmbito da imaginação. Durante as pesquisas e leituras, as indagações sobre a insegurança na cidade e principalmente no meio urbano no qual eu estava inserida há mais ou menos seis anos, o ambiente que eu e muitos dos meus amigos que frequentávamos todos os dias e que, portanto, parecia que sabíamos muito bem quais eram os problemas urbanísticos e sociais da nossa “casa”, a UFRN, me aprofundei em temas e busquei fontes distintas dos que nos eram apresentados na academia. Percebi a grande importância das minhas escolhas em estudar matérias fora do Curso de Arquitetura e Urbanismo, me aventurando nos departamentos de Artes e de Gestão de Políticas Públicas.
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Ganhei o tempo que o curso não nos deixava ter, li o que meus amigos não puderam ler e, naturalmente, formei outras opiniões e vi um mundo diferente. Claro que é isso que nos faz diferentes dos outros, e isso que nos difere como seres humanos e como profissionais. E eu agradeço essas experiências, pois foi através delas que me embebi nesse tema, a ponto de falar dele em todas as minhas rodas de conversa e relacioná-lo com as mais diversas situações, desde a abolição de carro nos centros urbanos europeus ao celular roubado do colega. Eu gostava tanto do assunto que ele não sairia de mim e agora faz parte de quem eu sou. Muitas ideias aqui realizadas eu gostaria de aprofundar, expandir, detalhar. Apesar de ter sido o trabalho que mais me orgulho e que mais tem de mim no curso, ainda encontro falhas e superficialidades, questões que pra mim ainda não foram respondidas e trechos que ainda não foram resolvidos. Eu com minha mente fervilhante e caótica, tive muitas dificuldades no que se trata da organização do pensamento, fruto de muitas falhas da academia e minhas como aluna. O fato de eu mesma ter que trabalhar sem um roteiro ou
falar de autores e utilizar métodos que eu mesma pudesse escolher foram uma dificuldade. Agora eu teria que saber exatamente o que eu estava fazendo, para que eu estava fazendo e onde eu iria utilizar aquilo, não seria robótico, eu não teria que fazer porque me mandaram fazer. Seria esse o maior aprendizado que esse curso poderia ter me dado? No último período eu poderia, por fim, andar com minhas próprias pernas e pensar, idealizar em qual cidade e em qual sociedade eu gostaria de produzir? Tornei-me assim, uma arquiteta e urbanista de verdade, um agente pensante e capaz de modificar o espaço, modificar a sociedade.
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universidade federal do rio grande do norte - ufrn centro de tecnologia - ct curso de arquitetura e urbanismo - cau