Potências urbanas: ensaios projetuais no Bairro República (ES)

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RAYANNE MAFFEI LOUREIRO

_POTÊNCIAS URBANAS ENSAIOS PROJETUAIS NO BAIRRO REPÚBLICA (ES)



“Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito” (BARROS, 2010, p. 156).


RAYANNE MAFFEI LOUREIRO

POTÊNCIAS URBANAS

Universidade Federal do Espírito Santo - UFES Departamento de Arquitetura e Urbanismo Centro de Artes Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Orintador: ARQUITETO E URBANISTA DOUTOR MILTON ESTEVES JUNIOR. Coavaliadora: ARQUITETA E URBANISTA DOUTORA MARTHA MACHADO CAMPOS. Convidado: ARQUITETO E URBANISTA LINDOMBERTO FERREIRA ALVES. Vitória, 2014.


FOLHA DE APROVAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO APROVADO EM__ /__ /____. ATA DE AVALIAÇÃO DA BANCA: ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ AVALIAÇÃO DA BANCA EXAMINADORA: ________________________________________________________________________________ NOTA:

DATA:

DR. MILTON ESTEVES JUNIOR

________________________________________________________________________________ NOTA:

DATA:

DRA. MARTHA MACHADO CAMPOS

________________________________________________________________________________ NOTA:

DATA:

LINDOMBERTO FERREIRA ALVES

APROVADA COM NOTA FINAL:___________.


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[AGRADECIMENTOS] À Deus e ao universo pelas boas conspirações e lindas coincidências; à minha família por todo apoio; ao Bruno, por ter acreditado neste projeto desde sempre, por todo amor e companheirismo; ao Milton, por ter aceitado acompanhar este trabalho, por toda sabedoria e dedicação; ao Beto, pelos cafezinhos e conversas maravilhosas e por todo carinho de sempre; à Martha, por toda colaboração acadêmica; e a todos os demais professores e funcionários que contribuíram na minha formação profissional e pessoal. À Flavinha, à Jaque à Cíntia e à Paulinha pelas conversas e pela parceria infalível; à Renata e ao Rafa pelo ombro amigo, companheiros de planos e aflições; à Thaís e à Luana pelas doces conversas; à “velha guarda” por toda experiência, paciência e companhia; e a todos da minha linda turma 2009/02. À Nathy, amiga de sempre e para sempre; à Camila, ao Gui, à Erika, ao Baiano e ao Conrado por todos os momentos maravilhosos que passamos juntos; e aos meus amigos em geral, do samba, da sala de aula, das viagens, da vida... Levarei comigo cada momento que vivemos juntos; à CEMUNI linda, muita gratidão.


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[SUMÁRIO] Introdução

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1. Primeiro movimento: leitura e crítica sobre a cidade

...14

1.1 A revolução industrial e os ideais modernos 1.2 O enfraquecimento da rua 1.3 O homem errante 1.4 Espacialidades urbanas e a vida social

...16 ...20 ...25 ...29

2. Segundo movimento: aproximação e análise do território

...36

2.1 O território 2.2 Primeiras aproximações e apreensões 2.3 Recorte: análise aprofundada_ A Avenida Presidente Castelo Branco e suas praças

...38 ...42 ...60

3. Terceiro movimento: ensaios projetuais

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3.1 Intenções Projetuais 3.2 Movimentos Finais

...84 ...128

Anexos

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Índice de Imagens

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Bibliografia

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“Eu não sabia se era o lugar que transmitia o abandono às pessoas ou se eram elas que transmitiam o abandono ao lugar” (BARROS, 2006, p. 11).



[INTRODUÇÃO] O espaço público desempenha um importante papel de convergência social. O livre acesso, a diversidade de atividades e de pessoas e as possibilidades de encontros e de trocas fazem do espaço público um importante cenário dos acontecimentos sociais. No entanto, o que vemos na contemporaneidade, é a perda de potência do espaço público como local da multiplicidade. Na cena pública, predominam situações como: a proliferação de ambiências incompatíveis com a escala humana; a interiorização do convívio social para dentro dos espaços privados, na convivência entre assemelhados e para o consumo; a criação de espaços públicos homogêneos que, embora se digam públicos, não potencializam a liberdade individual e, muito menos, a convivência social. Essa somatória de características desarticula os encontros, os dissensos e as trocas inerentes à vida em comum, e provocam um empobrecimento das experiências urbanas. Discute-se e explora-se, aqui, a qualidade dos espaços públicos contemporâneos centrando-se na importância da espacialidade urbana como catalisadora da vida social, e os possíveis meios de potencializar a desejável intensidade da vida pública. O desenvolvimento deste trabalho tem como objetivo produzir uma leitura crítica da cidade e, a partir dela, identificar alguns fatores que fomentem ou desfavoreçam a vitalidade das áreas públicas. O trabalho se propõe a estudar o Bairro República, em Vitória (ES), e, por meio de vivências e de experimentações no próprio local, entendê-lo para, posteriormente, apontar possíveis intervenções projetuais. Tal vivência e tais desdobramentos estabelecem um diálogo entre as atividades e formas de apropriação já existentes no território, a fim de articular os aspectos positivos e inibir os aspectos negativos, fomentando possibilidades já denotadas

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e outras que ainda restam desapercebidas. As intenções projetuais deste trabalho não têm a pretensão de dar respostas determinantes e, sim, de despertar a potência do espaço público. Este trabalho explora o uso de diversos recursos gráficos e de linguagens que vão além do texto verbal, tanto no que se refere ao entendimento do espaço urbano como um texto não verbal, quanto uma leitura incorporada da cidade na exploração de colagens, diagramas, ilustrações, desenhos à mão, fotomontagens etc. Esta forma de apresentação pretende provocar uma leitura mais agradável e dinâmica, e resultou em um procedimento prazeroso de concepção e realização de todo o projeto. A estrutura deste trabalho se divide em três partes chamadas de movimentos, que correspondem ao seu processo de formulação sequencial: “[PRIMEIRO MOVIMENTO] Leitura e crítica sobre a cidade contemporânea”; “[SEGUNDO MOVIMENTO] Aproximação e análise do território”; “[TERCEIRO MOVIMENTO] Proposições projetuais”. No primeiro, serão discutidos alguns dos fatores que exerceram influência na transição da cidade tradicional para a cidade moderna; as mudanças sofridas pela rua no processo de “modernização” das cidades; os paradigmas que envolvem as práticas de planejamento urbano atuais; a qualidade das espacialidades urbanas e o homem e a vida pública na contemporaneidade. No segundo, serão feitas análises do território, utilizando-se de percepções sensitivas, registros fotográficos, desenvolvimento de mapas cognitivos e reflexões interpretativas sobre este conjunto. Esta plataforma de informações dará suporte às possíveis intenções projetuais apresentadas no terceiro movimento, que trará alguns ensaios projetuais para a área de intervenção.

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1.[PRIMEIRO MOVIMENTO]

LEITURA E CRÍTICA SOBRE A CIDADE


1.1 [A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E OS IDEAIS MODERNOS] O contexto social e cultural e a difusão das técnicas produtivas e construtivas fomentadas pela Revolução Industrial mudaram o rumo do planejamento das cidades. O repentino crescimento demográfico provocado pela migração campo-cidade, por parte de uma população que buscava trabalho e melhor qualidade de vida, juntamente com a precária condição das habitações e da infra estrutura nos novos bairros operários, contribuíram para o estado crítico que passou as cidades industriais europeias. A nova conjuntura do mundo industrializado e a busca por adaptações para um contexto compatível com o homem moderno - ou seja, de uma cidade que representasse o “espírito da época” -, colaboraram para o rompimento dos velhos quadros da cidade tradicional. Neste espírito de mudança surgem novos princípios para o planejamento urbano que redirecionou o planejamento das cidades. “O período moderno irá produzir uma ruptura radical na estrutura, na forma, na organização distributiva e nos conteúdos e propósitos da urbanística e da cidade” (LAMAS, 2000, p. 297). Diversos foram os arquitetos e urbanistas¹ que contribuíram na difusão dos pensamentos racionalistas, na qual, defendiam o rompimento com os padrões da cidade tradicional e a reconfiguração absoluta da dinâmica dos assentamentos urbanos. Para estes, a intensa e vivaz cidade “velha” não cabia mais. Em seu livro “Urbanismo” Le Corbusier escreveu: “A cidade se esmigalha, a cidade já não pode subsistir, a cidade já não mais convém. A cidade está velha demais” (1976, p. 09). Este depoimento radical nos mostra a postura extremista a qual tomaram alguns profissionais modernos. Na tentativa de solucionar as necessidades do homem e das cidades do século passado, “[...] os arquitetos ‘modernos’ se lançam na árdua tarefa de oposição à urbanística formal e na organização da estrutura e morfologia 16

¹ “Fundado por Le Corbusier

em 1929, o Congresso Internacional de Arquitetura (CIAM) promoveu muitas das ideais desenvolvidas por esses arquitetos visionários. Nos anos seguintes, particularmente após a Segunda Guerra Mundial, os ideais dos vários CIAM influenciaram muito as novas cidades criadas ao redor do planeta[...]” (WALL; WATERMAN, 2012, p. 32). A Carta de Atenas de 1942, também coordenada por Le Corbusier, esquematizou os princípios do planejamento moderno e propiciou sua difusão. “CIAMs: Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna. O Congresso representa, em intervalos regulares, um momento culminante de militância e de formulação doutrinária para os membros de um movimento que congrega arquitetos reunidos pela vontade de romper com o passado e pela fé na técnica” (CHOAY, 1996, p.14).


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da nova cidade. [...] Estavam também convictos de que tanto a urbanística existente, acadêmica e consagrada, como as estruturas urbanas tradicionais não forneciam respostas eficazes aos problemas do século XX” (LAMAS, op. cit., p. 298). Algumas práticas reconfiguraram a disposição da cidade afastando-se da escala humana e afetando diretamente a vida pública, tais como o zoneamento urbano destinado a definição de espacialidades para funções como habitar, trabalhar, recrear e circular, o rompimento da unidade morfológica e do traçado tradicional, o isolando do edifício no contexto urbano e do habitante na célula habitacional e a abertura de grandes espaços vazios e eixos de conexões para os novos fluxos (vide figuras 01 e 02). É nesta etapa que se formulam todas as experiências de destruição e abandono do quarteirão, da rua e até da própria praça; [É nesta etapa] que a cidade deixa de se organizar como mistura funcional para se dividir em zoneamentos rígidos; e em que se dá a quebra da integração recíproca dos vários elementos morfológicos que constituem a estrutura urbana (ibidem, p. 298).

A prática do zoneamento funcional modificou a complexidade distributiva das cidades e diminuiu a riqueza inerente à multiplicidade.

Figura 01: Praça Charles de Gaulle ou Praça l’Étoile e ao centro o Arc De Triomphe, Paris. Figura 02: Ville Radieuse, Le Corbusier, 1933.

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As novas práticas urbanísticas transformou, em muitos casos, grandes áreas em espaços monótonos e vazios, como a falta de animação noturna nos centros administrativos, ou as cidades dormitórios devido aos movimentos pendulares dos trabalhadores e, ainda, as grandes áreas vazias destinadas apenas à passagem de automóveis (auto estradas, grandes viadutos, etc). Ainda que fortemente influenciadas por seus princípios de planejamento, nas décadas seguintes ao boom do Movimento Moderno, novas revisões foram surgindo e, paulatinamente, pesquisadores, teóricos e práticos do universo arquitetônico e urbanístico vêm retomando discussões sobre temas como: a vida pública, a escala urbana compatível com o pedestre, o interesse na construção de áreas dinâmicas e de uso misto e o (re)planejamento do tráfego. Do mesmo modo, estas correntes vêm questionando a centralidade do papel do arquiteto nas decisões sobre a cidade. Jane Jacobs², em 1961, desenvolveu uma crítica aos fundamentos do planejamento urbano baseados no modernismo ortodoxo, ocupando um importante papel como autora que influenciou na crítica aos paradigmas modernos². Em seu livro “Morte e Vida de Grandes Cidades”, a autora discorre detalhadamente sobre a vida urbana das cidades norte americanas e aponta falhas no planejamento das mesmas. A obra citada mereceu comentários de Ermínia Maricato, que por sua capacidade de síntese, foi escolhida para explicar o pensamento de Jacobs. O planejamento e o desenho urbanos, classificados por Jane como ortodoxos, são objeto de uma crítica radical. Segundo a autora, eles são responsáveis pela “Grande Praga da Monotonia” que assola espaços monumentais, padronizados, vazios, sem vida ou sem usuários, enfim, verdadeiras “cidadelas da iniquidade”. Trata-se da “anti-cidade” ou da “urbanização inurbana”, fruto de uma pseudo ciência que é incapaz de olhar para a cidade real e aprender as muitas lições que ela pode

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² “As novas cidades foram construídas com base no uso do automóvel e a metrópole modernista surgiu como uma paisagem horizontalizada de superquadras e shopping center atendidos por amplas auto estradas e enormes estacionamentos asfaltados. Esse novo estilo de vida, construídos por planejadores urbanos como Robert Moses, logo passaria a atrair fortes críticas [...]; no final da década de 1950, um movimento para reconhecer os valores das comunidades, tradições e paisagens locais começou a emergir com grande força. Contrapondo-se aos grandes projetos de infraestrutura de Moses, Jane Jacobs publicou seu livro pioneiro[...] marcando um novo período de apreciação da vida urbana e descortinando uma nova perspectiva para o desenho urbano” (WALL; WATERMAN, 2012, p. 34).


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transmitir a cada instante. Desprezam a vitalidade urbana e a interação entre os usos para se fixar em fronteiras formais (MARICATO, 2000 , p. 01).

Vale a pena ressaltar que, amante da rua e da dinâmica da megalópole, Jacobs defendia arduamente a necessidade de espaços públicos mais convidativos a fim de atrair transeuntes e, dessa forma, criar espaços mais seguros. Esta vigilância, promovida pelos próprios usuários ou proprietários naturais, é chamada por ela de “olhos da rua”. Algumas práticas importantes que a autora aponta para a produção de um bom espaço público são: a valorização de largas calçadas como espaço fundamental da vida pública; a criação de áreas de usos diversificados; a presença de cenários atrativos para os residentes e cidadãos em geral; evitar longas fachadas cegas que propiciam sensações de insegurança e de repulsa; o rompimento das grandes quadras, criando-se, assim, trechos mais curtos e permeáveis, etc. Para Jacobs, as oportunidades de se contornar as esquinas deveriam ser frequentes³.

³ “Décadas depois de Jane

Jacobs ter se oposto aos planos de Robert Moses para a Lower Manhattan Expressway (vide figura 03), buscando salvar seu bairro, o West Village, podemos ver resquícios dos ideais modernistas sendo implementados, combinados e adaptados para promover tanto a ideia da cidade como a vida dos seus habitantes” (WALL; WATERMAN, 2012, p. 34).

A transposição da vida pública das ruas para dentro dos parques - grandes áreas livres propostas pelos planejadores modernos -, na grande maioria dos casos não favoreceu aos encontros e, muitas vezes, se configuram como espaços ociosos e violentos. Jacobs defende a diversidade como garantia de uma cidade viva. Para a autora, é por meio dos contatos e das trocas que se dão no espaço público, em especial nas ruas, que se floresce a vida pública exuberante na cidade. As cidades monótonas, inertes, contêm, na verdade, as sementes de sua própria destruição e um pouco mais. Mas as cidades vivas,

Figura 03: Robert Moses Nova York.

diversificadas e intensas contêm as sementes de sua própria regeneração, com energia de sobra para os problemas e as necessidades de fora delas (JACOBS, 2009, p. 499).

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1.2 [O ENFRAQUECIMENTO DA RUA] As reconfigurações urbanas do século XX, guiadas pelas novas práticas de planejamento, mudaram as dinâmicas das cidades e provocaram a retração da potência da rua no mundo moderno. A cidade moderna abandona a rua para dar lugar ao automóvel. Antes do advento da era dos fluxos, as percepções se davam em outra velocidade e os contatos entre transeuntes eram mais frequentes e possíveis. A gravura do viaduto Ludgate Hill, em Londres, de Gustave Doré, ilustra a intensa e movimentada rua do século XIX (vide figura 04). A imagem ao lado, da mesma localidade, porém após o processo de reurbanização, representa o impacto do automóvel e um consequente retraimento da potência do espaço público (vide figura 05).

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Figura 04: O viaduto de Ludgate Hill, Londres gravura de Gustave Doré - 1870. Figura 05: Ludgate Hill, Londres - fotografia de François Coppée.


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A fervilhante paisagem da cidade antiga, ainda que caótica, desaparece para dar lugar à paisagem monótona predominantemente ocupada pelos automóveis¹. O percurso do pedestre agora se restringe às estreitas calçadas e torna necessário uma competição entre os que transitam a pé com os carros em movimento. Com o advento das propostas urbanas para a cidade moderna, segundo Richard Sennett (1999, p. 28), o espaço público se transformou numa derivação do movimento. As exigências cotidianas e a consequente falta de tempo fazem da vida contemporânea uma corrida interminável; não se pode perder tempo com paradas inesperadas, conversas com estranhos ou até mesmo apreciando uma paisagem. Para Sennett, “a movimentação se tornou a atividade diária mais carregada de ansiedade. A ansiedade provém do fato de que consideramos a movimentação sem restrições do indivíduo como um direito absoluto [...], e o efeito que isto provoca no espaço público, especialmente no da rua urbana, é que o espaço se torna sem sentido, até mesmo endoidecedor” (1999, p. 28). A criação de espacialidades urbanas não apropriadas à vida social, ainda que sejam denominadas de “espaços públicos”, não possuem o caráter cívico e, por isso, são classificadas por Bauman como “espaços públicos mas não civis”. Tais espaços são apresentados ora com propósitos unicamente comerciais, ora como lugares pouco convidativos e que desarticulam a permanência. A falta de espacialidades urbanas de qualidade nas cidades contemporâneas favorece ao uso de “espaços de lazer”, caracterizados pela lógica do convívio homogênio, diretamente vinculado ao consumo. Edifícios como shopping-centers, galerias e hipermercados são reproduzidos em larga escala e se tornam cada vez mais a principal área de lazer para grande parte da população.

¹ “As redes de ruas estreitas

e labirínticas da cidade medieval são vistas como modelos para a circulação de pedestres e a promoção dos contatos sociais. Encontros acidentais e contatos face a face são inevitáveis nesses pequenos espaços. Em contraste, as ruas mais largas e os bulevares do século XVIII eram largos o suficiente para o controle militar e foram feitos para acomodar carruagens com cavalos, que se deslocavam mais rápido. Esses espaços amplos, não tão propícios ao contato social, começaram a separar os fluxos de pessoas por meio da implantação de faixas de rolamento, para os veículos, e passeios, para os pedestres. [...] Essas separações buscaram melhorar a eficiência da cidade, mas muitos críticos consideram que elas levaram à ‘morte da rua’” (WALL; WATERMAN, 2012, p. 57).

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A transferência do convívio social estabelecido nas áreas públicas para dentro de espaços controlados e privados - que negam a liberdade de expressão e a diversidade, - vêm interiorizando e individualizando a cidade, inibindo a liberdade dos acontecimentos e diminuindo a potência da vida pública na cotidianidade citadina. Para Bauman (2001), a principal característica da civilidade é a capacidade de interagir com estranhos, sem pressioná-los a abandoná-la ou a renunciar a algum dos traços que os fazem estranhos. Na tela de Richard Estes (vide figura 06) “vemos a rua esvaziada de pessoas e transformada em um enorme out door vivaz e multicolorido, porém sem perspectiva ou profundidade, cuja função seria a de abrigar o consumo e os estímulos a mais consumo. A pintura, de um realismo fotográfico, não nos deixa supor nada, tudo está claramente colocado, exposto, com uma clareza que beira à falta de significado (KUSTER; PECHMAN, 2007, s/p.).

Figura 06: Richard Estes Gordon’s Gin - 1968.

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Somos bombardeados de informações publicitárias na tentativa de sermos capturados ao consumo (vide figuras 07 e 08). Para que seja possível a leitura de dentro dos carros em velocidade as imagens publicitárias são cada vez maiores e empobrecem as paisagens cotidianas. Fundados nesse princípio mercantil da experiência, os projetos urbanos contemporâneos criam, nas cidades, espaços-slogans que transformam os espaços públicos em cenários desencarnados e fachadas sem corpo: pura imagem publicitária. As cidades cenográficas, cada dia mais uniformizadas, são espaços pacificados, aparentemente destituídos de conflitos, desacordos e desentendimentos. A pacificação do espaço público, através da fabricação de falsos consensos, busca esconder as tensões que são inerentes a esses espaços e, assim, esteriliza também a própria esfera pública (JACQUES, 2012, p. 195).

A predominância de paisagens com ambiências inapropriadas à vida social, se torna cada vez mais frequente na cidade contemporânea. A hostilização do espaço público e a interiorização dos espaços de convívio favorecem à criação de uma cidade esvaziada de pessoas e de identidade, inapropriada aos encontros, dissensos e trocas. Para Lamas, “a urbanística operacional, burocrática, que nos últimos anos conduziu o ordenamento territorial, destruiu a forma urbana e, paralelamente, conduziu à crise urbanística. Crise a todos os níveis - programática, funcional e morfológica, gerando a perda da fé dos arquitetos e do público no urbanismo e numa cidade sem espaços identificáveis e significantes, com tudo funcionalmente resolvido, mas insatisfatório” (op. cit, p. 382). Figuras 07 e 08: Anúncios publicitários na Terceira Ponte, Vitória (ES).

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A tela do pintor italiano Giorgio De Chirico, do início do século XX (vide figura 09), ilustra uma paisagem urbana esvaziada, transmitindo um ambiente misterioso e melancólico, como sugere o nome da obra. No artigo “Maldita Rua” publicado por Eliana Kuster e Robert Pechman, os autores descrevem a tela como uma paisagem hostil e para eles “[...] a sensação de desesperança toma conta do espectador da tela, que se depara com uma cidade construída em uma perspectiva conflituosa e onde as poucas figuras humanas que ocupam a rua são apenas sombras alongadas, também igualadas em sua pouca substância. A criança brinca, alheia ao que pode haver de ameaçador na próxima esquina” (2007, s/p.).

Figura 09: Tela de Giorgio De Chirico, Mistério e Melancolia de uma rua, 1913.

Sendo o local do livre acesso, da multiplicidade de atividades e de pessoas e das possibilidades de encontros, o espaço público precisa cumprir seu principal papel de convergência social. Este “espaço público civil” é definido por Bauman (2001) como local onde os usuários podem agir na condição de “personae públicas”, sem serem instigadas, pressionadas ou induzidas a tirarem as próprias máscaras. O espaço público onde se é possível confessar seus sentimentos íntimos e exibir seus pensamentos, sonhos e angústias, é onde ocorre a liberdade e a troca estabelecida entre os diferentes que mantém a vitalidade da vida pública. Na clássica definição de Richard Sennett, uma cidade é “um assentamento humano em que estranhos têm chance de se encontrar”. Isso significa que estranhos têm a chance de se encontrar em sua condição de estranhos, saindo como estranhos do encontro casual que termina de maneira tão abrupta quanto

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começou (BAUMAN, 2001, p. 111).


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1.3 [O HOMEM ERRANTE] O espaço público sempre desempenhou um dos quadros essenciais na vida urbana, sendo o lugar das possibilidades, do inusitado e do inesperado (vide figura 10). Em contraponto, a casa sempre foi o local da segurança, da ordem e da moralidade. Manoel Delgado afirma que “si el dentro es el espacio de la estructura, el fuera lo es del acontecimiento” (2007, p. 29). Por ser o espaço público um território provocativo e expositivo, ele exige cidadãos dispostos a permear por tal universo. O homem urbano do século XIX, admirador e vivente da cidade, que sob o olhar crítico à maneira do flâneur baudelariano, transita “[...] entre os muros dos prédios, vive, experimenta, reconhece e inventa tanto quanto os indivíduos ao abrigo de suas quatro paredes (BENJAMIN, 1989, p. 194). Para o perfeito flanêur, para o observador apaixonado, é um imenso júbilo fixar residência no numeroso, no ondulante, no movimento, no fugidio e no infinito. Estar fora de casa, e contudo sentir-se em casa onde quer que se encontre; ver o mundo, estar no centro do mundo e permanecer oculto no mundo, eis alguns dos pequenos prazeres desses espíritos independentes, apaixonados, imparciais, que a linguagem não pode definir senão toscamente (BAUDELAIRE, 1996, p. 22).

Figura 10: Tela de Constantin Guys, Pela Rua, 1860.

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O observador apaixonado pelo espaço público é representado na tela “O homem na janela”, de Gustave Caillebotte (vide figura 11), na qual, o artista “[...] parte de um interior doméstico e o contrapõe ao espaço urbano, claramente mostrado que - embora ainda esteja resguardado em sua sala - o protagonista da tela logo ganhará as grandes avenidas” (KUSTER e PECHMAN, 2007, s/p.). Este homem público, vivenciador da cidade, rompe com o conforto dos espaços de convívio unicamente com assemelhados para se aventurar a contatos sociais, trocas e possíveis conflitos. Sennett se refere a este sujeito público como o ser cosmopolita: Há um termo logicamente associado a

um

público

urbano

diverso:

“COSMOPOLITA”. De acordo com o emprego francês registrado em 1738, cosmopolita é um homem que se movimenta despreocupadamente em meio à diversidade, que está à vontade em situações sem nenhum vínculo nem paralelo com aquilo que lhe é familiar. [...] Por causa dos novos hábitos de se estar em público, o cosmopolita tornouse O HOMEM PÚBLICO PERFEITO (1999, p. 31).

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Figura 11: Gustave Caillebotte, O Homem na janela, 1876.


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O flâneur, personagem urbano criado pelo poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867), ainda que reproduza um comportamento resultante de sua época, personifica um caminhante permissivo às experimentações no território público urbano, “aquele que não se protegia psicologicamente mas, justo ao contrário, buscava a experiência do choque com o Outro¹, com os vários outros anônimos, a embriaguez da multidão - uma relação entre anonimato e alteridade que constitui o espaço público metropolitano” (JACQUES, 2012, p. 194). Jacques (2012), em seu texto “Experiência Errática”, faz uma ponte entre o flâneur, o personagem que vivencia criticamente a cidade antiga, com o sujeito errante contemporâneo. Ambos se caracterizam pelo comportamento permissivo às experimentações no território público urbano, que busca a experiência da alteridade na cidade, se afastando voluntariamente do lugar que lhe é familiar em uma incessante busca pela vivência urbana. No entanto, o que vemos na contemporaneidade são personagens cada vez mais interiorizados e individualizados, um verdadeiro empobrecimento da experiência urbana.

¹ “O Outro urbano é

o homem ordinário, praticante das cidades, que escapa - resiste e sobrevive - no cotidiano, da anestesia pacificadora. Como bem mostra Michel de Certeau (1994) ele inventa seu cotidiano, reinventa modos de fazer, astúcias sutis e criativas, táticas de resistência e de sobrevivência pelas quais se apropria do espaço urbano e assim habita o espaço público de forma anônima e dissensual” (JACQUES, 2012, p. 195).

O aspecto crucial dessa configuração contemporânea das cidades é o do empobrecimento da experiência urbana dos seus habitantes, cujo espaço de participação civil, de produção criativa e vivência afetiva não apenas está cada vez mais restrito quanto às suas oportunidades de ocorrência, mas, inclusive, qualitativamente comprometido quanto às suas possibilidades de complexificação (JACQUES et. al., 2010, p. 10).

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De acordo com Jacques, é possível que estejamos [...] [...] vivenciando hoje um processo de esterilização da experiência, sobretudo da experiência da alteridade na cidade. O processo de esterilização não destrói completamente a experiência, ele busca a sua captura, domesticação, anestesiamento. A forma mais recorrente e aceita hoje deste processo esterilizador faz parte do processo mais vasto de espetacularização das cidades e está diretamente relacionado com a pacificação dos espaços urbanos, em particular, dos seus espaços públicos (2012, p. 194).

Os espaços da segregação, que restringem e controlam a interação entre os diferentes, que impedem a multiplicidade e que moldam um público consumista favorecem o empobrecimento das experiências no espaço público das cidades. O sujeito anestesiado e domesticado, capturado pelos interesses capitalistas e embebido de uma postura “blasé” ², torna-se incapaz de atuar como corpo ativo e crítico nesse território. O olhar direcionado e alienado, guiado pelas placas publicitárias, nas quais o consumo é colocado como atividade fundamental da vida humana, é uma postura predominante na cena pública urbana contemporânea. Discute-se aqui, portanto, novas formas de vivenciar a cidade e novas possibilidades de usos.

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² O temo “atitude blasé” foi criado por Georg Simmel em 1903, em seu livro “A Metrópole e a Vida Mental”.


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1.4 [ESPACIALIDADES URBANAS E A VIDA SOCIAL] Cidades são formas extraordinárias de vida coletiva - meios para nossas interações em intensidades talvez impossíveis de serem alcançadas sem sua espacialidade particular. [...] As cidades são sistemas de referências para guiar e mediar nossas práticas o tempo todo (NETTO, 2014, p.19).

O espaço público é o espaço da representação de toda a sociedade e suas espacialidades urbanas potencializam ou desarticulam a canalização dos encontros e das trocas, favorecendo ou dificultado o convívio social. Como tratamos nos capítulos anteriores [...] a dimensão humana tem sido um tópico do planejamento urbano esquecido e tratado a esmo, enquanto várias outras questões ganham mais força, como a acomodação do vestigioso aumento do tráfego de automóveis. Além disso, as ideologias dominantes de planejamento - em especial, o modernismo - deram baixa prioridade ao espaço público, às áreas de pedestres e ao papel do espaço urbano como local de encontro dos moradores da cidade. Por fim, gradativamente, as forças do mercado e as tendências arquitetônicas afins mudaram seu foco, saindo das inter-relações e [dos] espaços comuns da cidade para edifícios individuais, os quais, durante o processo, tornaramse cada vez mais isolados, autossuficientes e indiferentes [vide figura 12] (GHEL, 2013, p. 03).

Figura 12: What are you looking at?. Banksy, Londres.

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A cidade contemporânea, guiada por interesses individualistas geridos pelo capital, reproduz em seus espaços públicos a indiferença com a vida coletiva e social. A reprodução incessante de espaços isolados e autossuficientes negam a potência inerente dos espaços compartilhados da cidade. A qualidade dos espaços públicos, lugar onde nos encontramos com os outros e que podemos compartilhar experiências diversas, está cada vez mais comprometida pela hostilização e empobrecimento das experiências urbanas. O que se põe em discussão aqui é a qualidade das espacialidades urbanas e a importância da escala humana como norteadora do planejamento das cidades. É por meio do corpo humano que nos relacionamos com o espaço físico e com o outro, no entanto, cotidianamente presenciamos espaços urbanos incompatível com as necessidades sensoriais, cognitivas e afetivas do ser humano. O que se vê são espaços condicionados pela circulação, insuficientemente confortáveis para a vivência e permanência. Cristovão Duarte (2006) afirma que os espaços da cidade contemporânea estão se constituindo como uma resposta reativa aos impactos negativos produzidos pelo tráfego motorizado sobre o cotidiano, muitas vezes hostis e inapropriados para a escala humana. Apesar de ter criado formas inusitadas de intervenção sobre o meio, com capacidade para transformá-lo inteiramente, o homem continua obrigado a se sujeitar a um meio que, não raro, se apresenta hostil e ameaçador, desafiando os limites e a fragilidade do seu próprio corpo. Dessa forma, a atuação do corpo humano sobre o meio se torna cada vez mais dependente das próteses mecânicas que lhe são associadas. A circulação motorizada faz do corpo humano um instrumento anacrônico e pouco adaptado à sobrevivência do homem na cidade, confrontando a fragilidade do corpo humano com a prepotência da máquina. Competindo pelo espaço público em condições desiguais, o automóvel afugenta e expulsa das ruas o pedestre (DUARTE, 2006, p. 10).

A melhoria das condições para a vida nas cidades desperta um maior interesse a novos usos e apropriações no espaço público. O aumento de usuários nas ruas é um fator indispensável para a vitalidade das cidades e neste caso, um dos desejos centrais desse projeto.

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[...] um maior número de vias convida ao tráfego de automóveis. Melhores condições para os ciclistas convidam mais pessoas a pedalar, mas ao melhorar as condições para os pedestres, não só reforçamos a circulação a pé, mas também - e mais importante - reforçamos a vida da cidade (GHEL, 2013, p. 19).

A presença de pessoas utilizando o espaço público intensamente constitui na forma mais eficiente de se manter uma cidade viva e essa aglutinação está diretamente relacionada com a qualidade espacial que se apresenta (vide figuras 13 e 14). Diversos são os autores que estão retomando ao planejamento das cidades questões que abrangem a qualidade urbana apropriada para o convívio social, entre eles se destacam o norte americano Willian H. Whyte com o seu clássico livro “The Social Life of Urban Spaces” e o dinamarquês Jan Gehl, com publicações mais recentes, entre elas “Cidade Para Pessoas” e “Novos Espaços Urbanos”. Fontes apresenta Hanry Shaftoe, outro urbanista preocupado com a qualidade ambiental de nossas cidades, que denomina como “espaços públicos de convivência” os espaços públicos que correspondem ao coração da vida democrática, os últimos locais onde ainda

Figura 13: Nyhavn, Dinamarca. Transfotmada em rua de pedestre em 1980.

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é possível confrontar-se com a diferença e aprender a entender a tolerar outras pessoas. “Segundo ele, não há uma fórmula para o espaço público de convívio, mas alguns elementos comuns de ordem física, geográfica, sensorial, psicológica e de gestão, subdivididos em uma série detalhadas de atributos¹ ” (2013, p. 27). Fontes se baseou nesses autores para criar um novo conceito denominado por ela de “amabilidade urbana” para designar os espaço convidativos e acolhedores possíveis e desejáveis para o espaço público. [...] Os espaços amáveis [...] são os lugares onde a amabilidade urbana se manifesta. Para que isso aconteça, são necessários alguns atributos específicos que, comunicativos e atraentes, os tornam “apropriáveis” pelas intervenções: elas só se desencadearão caso exista no espaço algum componente de atração. Determinadas características físicas podem resultar tanto em um espaço hostil quanto em um espaço potencialmente atraente. A qualidade urbana se cria, portanto, através da união dos atributos do lugar (2013, p. 26).

Vale ressaltar que estamos tratando da cidade das trocas e dos dissensos e que o conceito de “amabilidade urbana” que a autora apresenta não é entendido aqui como espaços pacificados e do consenso, e sim, se comunica com o desejo deste projeto de que o espaço provoque afeto no usuário, e que este, afetado por ele, crie novos desejos. Este trabalho se propõe a pensar os espaços públicos da cidade contemporânea a partir da perspectiva das pessoas, dos seus usos e percursos, na tentativa de tencionar “a potência dos espaços públicos” e provocar reflexões de como estão sendo produzidos os espaços compartilhados da cidade, muitas vezes geridos como negócios e negligenciando a dimensão humana. 32

¹ “ Eis os atributos listados pelo autor: qualidade de espaços para sentar, qualidade material, adaptabilidade, proporcionada assimetria, detalhamento variado, apropriadas superfícies e tamanho médio (atributos físicos); localização, tipo de vizinhança, sequência espacial e acessibilidade (atributos geográficos); diversidade de usos, controle equilibrado, inclusão, manutenção, limpeza, proibição de tráfego motorizado e animação (atributos de gestão); e escala humana, singularidade, sensação de segurança, conforto ambiental, visibilidade, elementos naturais, qualidade acústica e olfativa e oportunidade de comida e bebia (atributos sensoriais e psicológicos)” (FONTES, 2013, p. 27).


. potências urbanas l ensaios projetuais no Bairro República

No decorrer dos próximos movimentos serão feitas análises do Bairro República (ES), em especial a Avenida Presidente Castelo Branco, para posteriormente realizar alguns ensaios projetuais, na tentativa de sugerir possibilidades para o espaço público. Procura-se aqui, por meio de algumas intenções, induzir novos espaços e tencionar desejos naqueles que usufruem a cidade, acreditando na qualidade das áreas pedestrializadas como fator fundamental para a transformação dos espaços públicos em um ambiente mais humano e com qualidade de vida. Duarte aponta a desaceleração dos fluxos como uma saída para as cidades contemporâneas. [...] a “nova cidade” deverá ser concebida como um lugar seguro e confortável para o corpo humano, isto é, uma cidade acessível para todos sem distinção de classe ou próteses, onde as crianças possam crescer brincando pelas ruas e os velhos possam se sentir seguros para desempenharem suas atividades cotidianas. Uma cidade lenta, dimensionada à escala e à velocidade corporal das pessoas (2006, p. 15).

Figura 14: Brighton, Inglaterra. Após a transformação da “New Road” em rua com prioridade para pedestre, o movimento deles aumentou 62%, enquanto o número de atividade com permanência aumentou 600%.

33


“Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem com barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós” (BARROS, 2010, p. 86).



. potĂŞncias urbanas l ensaios projetuais no Bairro RepĂşblica


:

2.[SEGUNDO MOVIMENTO]

APROXIMAÇÃO E LEITURA DO TERRITÓRIO


2.1 [O TERRITÓRIO]

O Bairro República localiza-se na parte continental da cidade de Vitória, Espírito Santo. Possui uma média de 4.001 a 5.000 habitantes (Censo 2010) e uma área territorial de 340.531 m² (PMV, SITE).

Figura 15: Mapa de localização do Bairro República no mundo.

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A região de Goiabeiras começou a ser ocupada há mais de 80 anos e era constituída de baixadas cobertas de manguezais. Goiabeiras I, é conhecida como Goiabeiras Velha, pois caracteriza o núcleo inicial da ocupação. [...] Separando a parte “velha” dos conjuntos habitacionais da COHABES, construídos em 1969 - Goiabeiras II e 1971 - Goiabeiras III, está a Av. Fernando Ferrari. Goiabeiras II e III são hoje conhecidas por um só nome: Bairro República. Fonte: Diagonal Urbana, Projeto Terra,SEDEC / DIT / GEO

AEROPORTO

GOIABEIRAS

BAIRRO REPÚBLICA MATA DA PRAIA

O bairro faz fronteira com a área reservada do Aeroporto Eurico de Aguiar Salles e com os bairros Mata da Praia, Morada de Camburi e Goiabeiras.

MORADA DE COMBURI

[Ver panorama histórido geral da região em anexo no final do volume (p. 135)]

Figura 16: Mapa de fronteiras do Bairro República.

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Figura 17: Mapa de ruas do Bairro República. Escala: 1/4000

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2.2 [PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES E APREENSÕES] “Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas” (BARROS, 2010, p. 319). O segundo movimento se constitui de experimentações e vivências no território através da imersão e se desdobra em análises críticas dos seus espaços. A metodologia utilizada nas primeiras aproximações foi a prática da deriva¹, uma experimentação do território menos impregnada por um olhar unidirecional, e sim, uma percepção ampliada guiada pelos afetos gerados no território. Também utilizou-se de recursos como: registros fotográficos, colagens, análise da morfologia urbana, interpretação de mapas, conversas com moradores, etc. O texto “Teoria da Deriva”, traduzido por Amélia Luisa Damiani aponta a deriva “como forma de vivência e método para romper com a racionalidade das representações do espaço dominantes.” Aqui, “a deriva se apresenta como uma técnica da passagem ativa através dos variados ambientes. O conceito de deriva está indissoluvelmente ligado ao conhecimento dos efeitos de natureza psicogeográfica, e à afirmação de um comportamento lúdico-construtivo, o que o opõe em todos os pontos às noções clássicas de viagem e de passeio.” Faço aqui um paralelo com a teoria do corpo vibrátil de Suely Rolnik, que pressupõe o cartógrafo como o ser que se estabelece no território, sensível aos possíveis afetos, tensões, encantamentos, estranhamentos, etc. Para a autora, “o que define, portanto, o perfil do cartógrafo é exclusivamente um tipo de sensibilidade, que ele se propõe fazer prevalecer, na medida do 42

¹ “A deriva se define como um comportamento ‘lúdicoconstrutivo’; ligada a uma percepção-concepção do espaço urbano enquanto labirinto: espaço a ‘decifrar’ (como decifrando um texto com características secretas) e a descobrir pela experiência direta” (New Babylon, Constant - Art et Utopie, p. 14).


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possível, em seu trabalho. O que ele quer é se colocar, sempre que possível, na adjacência das mutações das cartografias, posição que lhe permite acolher o caráter finito e ilimitado do processo de produção da realidade que é o desejo. Para que isso seja possível, ele se utiliza de um ‘composto híbrido’, feito do seu olho, é claro, mas também, e simultaneamente, de seu corpo vibrátil [...]” (1989, s/p.). Nas primeiras aproximações ao território foi possível identificar espacialidades urbanas distintas, o que aqui irei chamar de “ambiências urbanas”. De acordo com Jean-Paul Thibaud (2011) o ordenamento urbano não se limita somente as formas construídas e aos espaços edificados, mas também aos ambientes sensíveis e aos envelopes climáticos.

² “Cabe ressaltar que há alguns componentes do lugar que são menos tangíveis. Para tratar de sua essência ou identidade, o que ele é ou quer ser, Norberg-Schulz (1980) resgatou o conceito romano Genius Loci (Espírito do Lugar), o caráter que denota sua atmosfera geral, que é a propriedade mais compreensível de um lugar” (FONTES, 2013, p. 27).

Ao fazer este deslocamento de meio ambiente para ambiência proponho explorar uma nova maneira de conceituar e de experimentar a cidade. Como pensar as transformações da cidade moderna a partir de suas ambiências? O que passa com a fabricação sensível de territórios urbanos? O que acontece quando se trata não só de conceber espaços, mas de instalar atmosferas? (THIBAUD, 2011, p. 30).

Este trabalho procura compreender as ambiências que compõe o Bairro República (ES), e se propõe a explorar novas maneiras de abordar esses espaços, pautando em conceitos que compreendem a importância de ressaltar a percepção a nível do corpo e da pele. O conceito de “amabilidade urbana” (FONTES, 2013) comentado no capítulo anterior, pressupõe um conjunto de atributos do lugar que contribuem para a criação de uma espacialidade que favorece o convívio social. Essa amabilidade, além dos fatores de ordem prática, só é alcançada se compreendido as ordens menos palpáveis.² 43


Essa ordem da subjetividade, tão difícil de conceituar, é tratado por Zumthor, em seu livro “Atmosferas: Entornos arquitectónicos – As coisas que me rodeiam”, onde o autor diz que “A atmosfera comunica com a nossa percepção emocional, isto é, a percepção que funciona de forma instintiva e que o ser humano possui para sobreviver. Há situações em que não podemos perder tempo a pensar se gostamos ou não de alguma coisa, se devemos ou não saltar e fugir. Existe algo em nós que comunica imediatamente conosco. Compreensão imediata, ligação emocional imediata, recusa imediata (2006, p. 13). As espacialidades urbanas, sensíveis ao corpo, nos envolve ou nos coage. Essa dimensão urbana que nos provoca sensação de acolhimento ou de expulsão, vontade de permanecer ou de fugir imediatamente, nos acompanha nas experiências cotidianas da cidade. Aqui a escala humana se aproxima para a escala da pele, limite que nos separa do outro e das coisas, o limiar entre o corpo físico e o mundo externo. Todos os sentidos, incluindo a visão, são extensões do tato, os sentidos são especialidades do tecido cutâneo e todas as experiências sensoriais são variantes do tato, e portanto, relacionados à tatilidade. Nosso contato com o mundo se dá na linha divisória de nossas identidades pessoais, pelas partes especializantes de nossa membrana de revestimento (PALLASMAA, 2011, p.10).

Peter Zumthor (2006) se refere à materialidade do corpo arquitetônico -, não como ideia e sim como paisagem invólucro, como algo que pode nos tocar fisicamente. Resgatando o termo do arquiteto suíço, se trata da experiência corporal com a paisagem para além do seu aparato visível. Sua radicalidade consiste em pressupor o corpo da arquitetura na ordem do tangível, da forma física e concreta, de tomar o conceito do corpo quase literalmente. Nas palavras de Zumthor, significa tomar a arquitetura: [...] Corporalmente, como uma massa, como membrana, como tecido ou invólucro, pano, veludo, seda, tudo que me rodeia. O corpo! Não a ideia do corpo – o corpo! Que pode me tocar (ZUMTHOR, 2006, p. 23 apud MACHADO, 2012, p. 03).

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Eu confronto a cidade com meu corpo; minhas pernas medem o comprimento da arcada e a largura da praça; meus olhos fixos inconscientemente projetam meu corpo na fachada da catedral, onde ele perambula sobre molduras e curvas, sentindo o tamanho de recuos e projeções; meu peso encontra a massa da porta da catedral e minha mão agarra a maçaneta enquanto mergulho na escuridão do interior. Eu me experimento na cidade; a cidade existe por meio da minha experiência corporal. A cidade e meu corpo se complementam e se definem. Eu moro na cidade e a cidade mora em mim (PALLASMAA, 2011, p. 38).

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[ANÁLISE DAS AMBIÊNCIAS]: PERCEPÇÕES NO TERRITÓRIO


Figura 18: M apa post-it de palavras-cha ve.

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1. [ AMBIÊNCIA ] velocidade, calor, limitado, sufocante, ruidoso, automóveis, placas, inseguro, desconfortável;

2. [ AMBIÊNCIA ] quietude, acolhedor, tranquilidade, frescor, presença de pessoas, uso e apropriação do espaço público, mobiliário urbano, bares, segurança, vegetação, crianças, idosos lendo jornal;

[1] [6] [2]

[3] [3]

[4] [6]

[MAPA DAS AMBIÊNCIAS] Figura 19: Mapa das ambiências.

Sem escala

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[5] [3]


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3. [ AMBIÊNCIA ] bares, movimento, mesas, automóveis, estreito, vegetação, segurança, presença de pessoas, comércio, calor;

4. [ AMBIÊNCIA ] vegetação, crianças, pipoca, idosos jogando baralho e bocha, ginástica, cachorros, casais de namorados, escola, banca de revista, parquinho, automóveis;

O mapa sensorial é resultado das primeiras aproximações e tem como objetivo ilustrar as diferentes ambiências identificadas dentro do Bairro República (ES). Cada área despertou sensações e percepções distintas, que variaram com os acontecimentos vivenciados, os espaços físicos experimentados, as sensações despertadas por cada área, etc. Vale ressaltar que as palavras-chave que acompanham cada ambiência foram retiradas de um bloquinho de notas utilizado ao longo das vivências e que são indispensáveis para a compreensão do mapa.

[1] 5. [ AMBIÊNCIA ] carros, muros, inseguro, transição, movimento, escuro, cerca elétrica, câmeras, condomínio fechado;

6. [ AMBIÊNCIA ] cachorro, feijão, varal, bicicleta, idosos lendo jornal ou bordando, rede, grades, vegetação, automóveis, escuro.

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[DIAGRAMA VISUAL: CAMADAS]

Collager: [TRADUÇÃO DO AUTOR ]

_DICIONÁRIO METÁPOLIS, p. 114.

Como complementação do mapa das ambiências, apresenta-se aqui seis colagens, produzidas na forma de fotomontagem que representam as ambiências distintas encontradas no Bairro República (ES). A colagem foi escolhida como método de representação por se aproximar do processo de percepção do território com a prática da deriva. A linguagem de sobreposição tenta reproduzir o bombardeio de informações ao se adentrar no território.

[1] Método de representação de espaços. [2] Método de produção de espaços. [3] Ação e efeito de utilizar a técnica da colagem para originar um espaço ou um objeto arquitetônico. Substitutivo dos sketches, do esboço e das maquetes de trabalho.

As imagens são produzidas através da sobreposição de diversas fotografias obtidas aleatoriamente ao longo das visitas e guiadas por meio das palavraschave retiradas do bloco de anotação pessoal. As colagens têm como objetivo reproduzir as percepções encontradas no território, que vão além do registro fotográfico propriamente dito. A ideia aqui é a produção de uma percepção pessoal, que não seja linear e nem objetiva como a imagem de uma máquina fotográfica e sim irregular e subjetiva; o que justifica a desconstrução e a reformulação das imagens.

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[20]


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A primeira ambiência (vide figura 21) é fortemente marcada pelo FLUXO INTENSO de veículos presente nas Avenidas Adalberto Simão Nader e Fernando Ferrari. Embora a segunda não faça parte do limite propriamente dito do bairro na classificação da prefeitura de Vitória (ES), esta influencia diretamente em sua dinâmica. O intenso CALOR provocado pela ausência de áreas sombreadas, o RUÍDO dos automóveis e o bombardeio de anúncios das placas comerciais geram uma ATMOSFERA HOSTIL e SUFOCANTE. A região é escura, o que proporciona uma sensação de INSEGURANÇA no período noturno. A longa fachada gradeada que limita a área destinada ao aeroporto, ainda que seja composta por uma massa vegetativa, aumenta ainda mais o DESCONFORTO.

A segunda ambiência (vide figura 22) é composta pela SENSAÇÃO AGRADÁVEL produzida pelos OITO PEQUENOS ESPAÇOS RESIDUAIS, que posicionados em uma das extremidades das ruas que convergem para a Rua Presidente Castelo Branco, dificultam a circulação de veículos e consequentemente produzem uma CLIMA CALMO e CONFORTÁVEL. A presença de MOBILIÁRIO URBANO e de ARBORIZAÇÃO fazem com que os transeuntes sintam-se convidados a parar e permanecer em algumas dessas áreas. Os USOS são DIVERSOS, desde estudantes esperando ou conversando, pessoas de passagem, crianças jogando algum tipo de esporte, etc. A região, no período diurno é relativamente MOVIMENTADA por pedestres,

Figura 21: Colagem da primeira ambiência.

Figura 22: Colagem da segunda ambiência.

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Figura 23: Colagem da terceira ambiência.

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uma vez que possui uma escola municipal que atraí crianças, familiares e funcionários nos seus horários de pico, além da FEIRA LIVRE, que ocorre em todas as terças-feiras na Avenida Presidente Castelo Branco. No período noturno, o famoso bar “Misturas” é o maior ponto de convergência de pessoas, que além da típica comida de boteco e o CHEIRO AGRADÁVEL é famoso pela apropriação da praça. O bairro é famoso por sua enorme quantidade de bares e restaurantes. A informalidade das mesas nas calçadas é comum até mesmo pelos estabelecimentos mais requintados. As longas faixas de estacionamento é uma característica marcante da terceira ambiência (vide figura 23), provocam um sentimento de SUFOCAMENTO e produzem uma barreira visual e física DESCONFORTÁVEL pra aqueles que transitam a pé. As ruas são quase todas asfaltadas e priorizam os automóveis com suas largas faixas de rolamento e estreitas calçadas. O pedestre está sempre LIMITADO e AFLITO. A região é bem arborizada e o clima é FRESCO. A quarta ambiência (vide figura 24) é composta pelas duas praças centrais do bairro. A praça maior contém uma academia popular, uma quadra de bocha, um parque infantil e é ladeada em uma de suas extremidades por uma rua unicamente de pedestres, a única com essa característica em todo o Bairro. Além do mobiliário urbano e do ENTORNO MOVIMETADO, a praça maior está localizada próxima a uma escola estadual, confluindo crianças, pais e funcionários. No entanto, a sensação de CONFINAMENTO é presente na ambiência. A escola municipal e a quadra esportiva são muradas e praticamente não estabelecem nenhum contato visual com a rua, a quadra de bocha além de ser cercada por uma grade fica trancada em alguns Figura 24: Colagem da quarta ambiência.


momentos do dia. Até mesmo o parquinho das crianças é restrito pelas altas grades de ferro. A segunda praça se configura atualmente como um grande canteiro central, as construções existentes foram demolidas e hoje não possui nenhum banco sequer. Embora sejam ARBORIZADAS, o clima é um pouco ÁRIDO e NÃO ACOLHEDOR. As longas fachadas cegas e os muros altos provocam uma sensação de INSEGURANÇA ao logo da quinta ambiência (vide figura 25). Os diversos meios de promover a “segurança” optados pelas casas privadas, como: grades, cercas elétricas, câmeras, sensores de presença, juntamente com a ausência de pessoas nas ruas, fazem dessa ambiência DESCONFORTÁVEL e INIBIDORA. Utilizada intensamente por auto escolas para treinamento de alunos que pretendem obter a carteira de habilitação, a Rua Francisco Fundão é basicamente um estacionamento de automóveis.

Figura 25: Colagem da quinta ambiência.

A sexta ambiência (vide figura 26) é em sua maioria marcada pelo uso residencial e alguns pequenos comércios locais. Os cachorros latindo, as roupas penduradas no varal, as janelas abertas e o forte cheiro de comida caseira, fazem dessa ambiência ACOLHEDORA e até mesmo FAMILIAR. Os muros baixos provocam uma intensa relação do transeunte nas calçadas com os moradores dentro de suas residências, esse contato visual garante uma sensação de SEGURANÇA. Embora seja uma área residencial e de baixo fluxo de veículos, as vias são todas pavimentadas, favorecendo o deslocamento do automóvel e ao mesmo tempo limitando o pedestre nas estreitas calçadas.

Figura 26: Colagem da sexta ambiência.

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[MAPAS FIGURA FUNDO] A figura fundo dos espaços construídos ( vide figura 27) demonstra o adensamento do bairro República. Por ser resultado de um loteamento destinado a um conjunto habitacional, os lotes são pequenos e regulares. A maior parte do solo privado é ocupado por edificações de pequeno porte, variando em sua maioria de um a três pavimentos. Isso ocorre pela limitação imposta pela legislação que ampara o aeroporto Eurico de Aguiar Salles, que tangencia a região nordeste do bairro. Vale ressaltar que a especulação imobiliária tem alcançado o bairro nos últimos anos e a possível mudança de sentido da pista do aeroporto, que possibilitaria um maior gabarito para a região, tem influência direta nesta especulação. espaços construídos

Figura 27: Figura fundo de espaços construídos.

A figura fundo dos espaços públicos (vide figura 28) ilustra claramente a escassa parcela do solo urbano destinada para os espaços públicos e abertos. Além das vias para passagem de automóveis e das calçadas destinadas ao movimento de pedestres, as áreas públicas são desproporcionais se comparadas com as áreas privadas dentro do bairro. espaços públicos

Figura 28: Figura fundo de espaços públicos.

malha viária

Figura 29: Figura fundo da malha viária.

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A malha viária do Bairro República é composta por quadras regulares, com pouca variedade nas formas e nos tamanhos e em sua maioria possui vias retilíneas e vértices ortogonais, como se pode observar na figura fundo da malha viária (vide figura 29). O bairro se localiza em uma região plana e é resultado do loteamento de 1969 e 1971 para os conjuntos habitacionais da COHAB-ES. Vale ressaltar que a delimitação adiministrativa da Prefeitura de Vitória (ES) condicionada pela malha viária não acompanha os reais limites do bairro. A região composta pela rua Rogério Nascimento, embora que ainda componha uma ambiência interna do bairro e seja acessada apenas por ele, já pertence a delimitação do bairro Goiabeiras (ver figura 17).


espaços privados

Figura 30: Figura fundo dos espaços privados.

principais acessos

Figura 31: Mapa dos principais acessos.

A figura fundo que destaca o espaço privado (vide figura 30) é, sem dúvidas, a que gera maior contraste visual, demonstrando claramente a predominância de espaços privados, em sua maioria residenciais. Como ilustra o mapa dos acessos (vide figura 31), dois dos principais acessos do bairro se dão pela Avenida Adalberto Simão Nader, via de grande fluxo que faz fronteira com a área do aeroporto, além de ser uma importante via de conexão entre a Avenida Fernando Ferrari e Danti Michelini, na orla. A Avenida Presidente Costa e Silva é o principal acesso para quem vem da Avenida Fernando Ferrari. Para que acessa o bairro pela Mata da Praia, utiliza tanto a Rua Alvin Soares Bermudês como a Francisco Fundão.

sobreposição das figuras fundo

Figura 32: Mapa das sobreposições das figuras fundo.

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Figura 33: Mapa panorama geral. Escala: 1/4000

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[MAPA PANORAMA GERAL - O ESPAÇO FÍSICO E SUAS ATIVIDADES] AEROPORTO: Aeroporto Nacional Eurico de Aguiar Salles. Marco sonoro: muito ruído. Não possui acesso pela Adalberto Simão Nader; Avenida limite do Bairro.

FEIRA LIVRE: A feira livre reúne feirantes na Avenida Presidente Castelo Branco todas as terças-feiras das sete horas da manhã ao meio dia. Os usos são diversos, como: pessoas passeando, fazendo compras, comendo pastel e bebendo caldo de cana, idosos tomando sol e apreciando o movimento das pessoas.

BARES E RESTAURANTES: Os bares e os restaurantes são pontos famosos dentro do bairro República e atraem consumidores de toda cidade. Se concentram, em sua maioria, nas Avenidas Carlos Gomes de Sá e na Avenida Presidente Costa e Silva. Normalmente apropriam das calçadas e proporcionam um clima descontraído.

COMÉRCIO DE GRANDE PORTE: Comércios que atendem outros bairros e possuem usos mais esporádicos, como aluguel de carros, serviços de segurança, etc. Se concentram na Avenida Adalberto Simão Nader pelo seu caráter de via de fluxo intenso e de ser uma importante via de conexão da Avenida Fernando Ferrari à praia.

COMÉRCIO DE PEQUENO PORTE: Comércio que atende a comunidade local como mercearias, pequenos salões de beleza, ateliês de costura, farmácias, etc. Se concentram nas principais vias dentro do bairro, como a Avenida Presidente Costa e Silva e Avenida Carlos Gomes de Sá.

ESPAÇO PÚBLICO ABERTO: Áreas públicas abertas que propiciam a convivência e a recreação dos seus usuários. O bairro concentra desde pequenas espaços a uma grande praça com livre acesso que amparam atividades como descanso, brincadeiras, leituras, etc.

IGREJA: Templos religiosos que atraem pessoas de diversas idades, prioritariamente em horários noturnos, aglomerado um grande número de automóveis em seu entorno nos horários de funcionamento.

ACADEMIA POPULAR PÚBLICA: Espaço de livre acesso com equipamentos adequados para o exercício físico. A academia pública dentro do bairro se situa na praça Irene Terezinha Grecchi.

ESCOLA: Instituição concebida para o ensino de alunos sob a direção de professores. Estas edificações reúnem uma grande quantidade de pessoas, em especial crianças e adolescentes, que influenciam diretamente na vitalidade do entorno.

PAVIMENTAÇÃO DE ASFALTO: Vias asfaltadas que favorecem a transição dos automóveis em alta velocidade e influenciam diretamente na ambiência do local. A pavimentação em asfalto prioriza o automóvel e inibe o pedestre.

PAVIMENTAÇÃO RUGOSA: Áreas pavimentadas com revestimentos texturizados que inibem a velocidade, influenciando na qualidade da ambiência do local.

ECO POSTO: Posto de coleta seletiva de lixo seco. Política desenvolvida pela Prefeitura de Vitória.

QUADRA ESPORTIVA: Espaço equipado destinado a prática esportiva. Reúne pessoas em horários diversos.

POSTO DE SAÚDE: Instituição que atende a comunidade com necessidades médicas.

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[UM POUCO MAIS SOBRE O BAIRRO] Ocupado em sua maioria por residências uni familiares, o bairro República é conhecido por sua tranquilidade e clima bucólico. Devido a sua proximidade como o aeroporto e as restrições no gabarito, o bairro é composto, em sua maioria, por edificações de até três pavimentos. Nas áreas internas do bairro, que se afastam das ruas movimentadas, é comum a presença de pequenas casas, caracterizadas pelos seus muros baixos e suas varandas frontais, onde idosos geralmente observam o movimento. O bairro é bem movimentado pelo comércio em suas principais avenidas ao longo do dia, e no período noturno, atraí consumidores para

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os restaurantes diversos. Como se pode notar no mapa contexto geral, as avenidas Presidente Costa e Silva (responsável por dividir o bairro em duas grandes partes) e Carlos Gomes de Sá, concentram a maior parte do comércio de pequeno e médio porte. Contrastando com a tranquilidade da segunda ambiência, a Avenida Adalberto Simão Nader, que delimita o bairro na sua extremidade norte, é ruidosa, movimentada e suporta o comércio de maior porte. Por estar próximo à Universidade Federal do Espírito Santo, o bairro também atrai uma população jovem, que vindos de outros bairros ou até mesmo de outras cidades e estados, moram em repúblicas ou pequenos apartamentos. A mudança do sentido da pista do aeroporto Eurico de Aguiar Salles e a transferência do seu principal acesso da Avenida Fernando Ferrari para a Avenida Adalberto Simão Nader poderá provocar uma possível alteração na estrutura atual do bairro, que provavelmente passará por uma verticalização guiada pela especulação imobiliária.

[34]


[35]

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[RECORTE]:

2.3

ANÁLISE APROFUNDADA_ A AVENIDA PRESIDENTE CASTELO BRANCO E AS SUAS PEQUENAS PRAÇAS

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Figura 36: Morador de rua que ocupa as pequenas praças eventualmente.


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[PRAÇA ADALTO DA S. CASSILHAS]

[PRAÇA JOÃO BARBIRATO]

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Figura 38: A Avenida Presidente Castelo Branco e suas praças. Escala: 1/4000


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[A ESCOLHA DA ÁREA] A Avenida Presidente Castelo Branco, também conhecida como “Rua Central” ou “Rua da Feira” está localizada dentro da segunda ambiência e se destaca por ser ladeada por pequenos espaços residuais. Estes pequenos espaços são identificadas pelos moradores locais como ruas sem saídas e levam o nome da rua a qual pertencem. Das oito pequenas áreas, duas são identificados pela prefeitura como praças, a João Barbirato ou “praçinha do Misturas” no encontro com a Avenida Presidente Rodrigues Alves e a Praça Adalto da Cassilhas na esquina da Rua Presidente Afonso Pena. As dez vias que cortam ortogonalmente a Avenida Presidente Castelo Branco são numeradas de um a dez. Por ser o foco deste trabalho entender a importância dos espaços públicos como local de convergência social, de encontros e de trocas, a rua foi escolhida como área em potencial para possíveis intervenções, uma vez que reúne vários espaços residuais subutilizados.


[PERCURSOS FOTOGRテ:ICOS] Figura 39: Percursos fotogrテ。ficos ao longo da Avenida Presidente Castelo Branco.

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[OUTRAS PERCEPÇÕES]: CONSIDERAÇÃOES SOBRE A AVENIDA PRESIDENTE CASTELO BRANCO

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Andando pelo bairro, me deparei com uma cena que muito me chamou atenção. Atrás das grades de uma casa que ladeia uma pracinha, duas crianças brincavam com uma bola e uma rede. Era um espaço pequeno e restrito que se contrastava com a praça vazia. Em meio a todo esse contexto me veio a pergunta: Porque estas crianças não brincam na praça? Obviamente a resposta é muito mais complexa do que se pode imaginar. Tangencia questões que vão desde segurança pública, medo, a hostilizarão da rua, etc. Neste momento me despertou o interesse ainda maior de provocar nestas crianças o desejo de estar no espaço público. Figura 40: Outras percepções sobre a Avenida Presidente Castelo Branco e os pequenos espaços residuais.

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[MAPA DE USOS, APROPRIAÇÕES, VIVÊNCIAS E RELAÇÕES SOCIAIS]

68 41: Mapa de usos, apropriações, vivências e relações sociais. Figura Escala: 1/4000

Os usos e as apropriações da ao longo da Rua Castelo Branco são diversos. Variam desde idosos batendo papo e tomando sol ao movimento intenso na calçada do Bar Misturas.


DONA TEREZA,

82 ANOS Moradora do bairro hรก 30 anos, toma sol e bate um papo com as amigas sempre que pode.

A VIDA COTIDIANA NA RUA PRESIDENTE CASTELO BRANCO. QUEM POR ALร PASSA E PERMANECE,,,,

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[A FEIRA] A feira-livre acontece ao longo da Avenida Presidente Castelo Branco nas terças-feiras no período das seis da manhã ao meio dia. Os feirantes comercializam uma diversidade de itens que vão desde roupas, panelas, toalhas a frutas, legumes e carnes. A feira atrai moradores de todo bairro e até mesmo de bairros próximos, como Jardim da Penha, Mata da Praia e Goiabeiras. Os feirantes iniciam a montagem das barracas às 4:00 horas da manhã e devem estar com todas as barracas desmontadas às 13:00 horas da tarde. A feira é analisada por fiscais da prefeitura que exigem organização, controle do barulho, destino adequado dos resíduos, etc. Em conversas com os moradores do bairro pude perceber uma diversidade de opiniões quanto a localização da feira. Alguns moradores adoram a comodidade de estar próximo a ela, outros, em especial os que residem na rua Presidente Castelo Branco, reclamam do odor, do barulho e da impossibilidade de retirar os automóveis das garagens.

[O USO DO ESPAÇO PÚBLICO]

Muitos usuários da feira, em especial os idosos, alegam sair de casa sozinhos apenas nos dias de feira. Isso porque o número de pessoas na rua aumenta e proporciona segurança.

Figuras 42 e 43: Moradoras do bairro fazendo compras.


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[PERCURSOS FOTOGRテ:ICOS] Figura 44: Registros fotogrテ。ficos da feira livre ao longo da Avenida Presidente Castelo Branco.


[MAPA DE TEXTURAS] 72

Figura 45: Mapa de texturas da feira livre.


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Os feirantes criam uma relação de proximidade com os moradores do bairro, e muitos, os chamam pelo próprio nome. Como arquitetura efêmera, a feira é uma linha estruturante que conecta as pequenas praças.

A FEIRA COMO LOCAL DE ENCONTRO

[47]

DONA ALAÉRCIA,

[46]

79 ANOS. Mora na Avenida Presidente Castelo Branco e frequenta a feira toda semana. “Morava em Jardim da Penha em um apartamento pequeno, aqui tenho mais espaço e liberdade”.


[BASE DE PERCEPÇÕES] Por meio das vivencias e das experimentações apresentadas anteriormente, foi possível produzir uma leitura e análise crítica do território e gerar um diagrama, aqui chamado de “base de percepções”. Esta plataforma aponta observações gerais encontradas ao longo da Avenida Presidente Castelo Branco e será apresentada a seguir. O “mapa post-it” subsequente complementa a compreensão da “base de percepções” e inicia algumas intenções projetuais que se concretizará no terceiro movimento. Indica aspectos positivos (+), aspectos negativos (-) e algumas possibilidades para a área de intervenção. As análises encontradas ao longo do segundo movimento se desdobrarão em proposições projetuais, as quais têm como objetivo dialogar com o território e com as ações nele existentes a fim de potencializar os aspectos positivos, inibir os aspectos negativos e fomentar possibilidades ainda não notadas.

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[48]

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[ÁREAS ESCURAS]

[ÁREAS VERDES]

A ausência de iluminação gera um desconforto para os transeuntes no período noturno, juntamente com a dificuldade de locomoção e a sensação de insegurança.

[BASE DE PERCEPÇÕES]

Algumas percepções ao longo da Avenida Presidente Castelo Branco.

Grande parte da rua é arborizada, favorecendo no conforto de quem transita a pé.

[RUAS SEM SAÍDA]

As pequenas “praças” são localizadas ao final de ruas sem saídas para automóveis.

[DIVERSIDADE DE USUÁRIOS]

Um aspecto positivo da rua é a sua multiplicidade de usuários. São idosos, executivos, moradores de rua, crianças, adolescentes, etc...

Figura 49: Base de percepções. [PERMEABILIDADE VISUAL]

O uso de grades no lugar de muros fechados por grande parte das casas ao longo da rua permite um contato maior dos moradores com os transeuntes.

[OS CORREDORES DE CARROS]

Estacionados em ambos os lados da via, os automóveis ocupam todo e qualquer espaço aberto acessível. Obstruem a passagem dos pedestres e criam um bloqueio visual. [ÁREAS ABERTAS SEM ABRIGO DO SOL]

Algumas áreas de permanência não possuem abrigo do sol e dificultam o uso prolongado. Como alternativa, alguns feirantes estendem tecidos como coberturas.

[MOBILIÁRIO URBANO]

Ainda que presentes ao longo da rua, os mobiliários urbanos se concentram apenas nas “pracinhas”.


[A RUA COMO DERIVAÇÃO DO MOVIMENTO]

A predominância do asfalto favorece a movimentação dos carros em alta velocidade e provocam insegurança. As praças possuem pavimentação mais texturizadas.

[MUROS ALTOS E COM POUCA INTEGRAÇÃO COM O ESPAÇO PÚBLICO]

A escola é o melhor exemplo disto. Com muros altos e sem aberturas impede o contato das crianças com o entorno.

[EQUIPAMENTO URBANO:LIXEIRAS]

É notável a ausência de lixeiras ao longo da rua. Alguns feirantes disponibilizam suas próprias lixeiras para os consumidores.

[A NEGAÇÃO DAS PRAÇAS PELA FEIRA]

As barracas se dispõem ao longo da via de forma contínua e não se integram com as praças.

[USO APÓS ÀS 18HRS]

O Bar “Misturas” é um importante ponto de animação e convergência de pessoas. Provoca uma movimentação noturna intensa na região.

[USO MISTO DO SOLO]

Ainda que em pouca quantidade, o uso comercial no térreo é presente ao longo da Rua.

[EQUIPAMENTO URBANO:SANITÁRIOS]

[A INVASÃO DO CARRO]

Os carros invadem as calçadas e criam obstáculos para o fluxo dos pedestres.

Presença de sanitários públicos, que atendem em especial os feirantes [A FEIRA E em suas jornadas de O LIXO] trabalho. No entanto, A ausência de com apenas um sanitário equipamentos urbanos adequados por sexo, o mobiliário urbano se apresenta para os resíduos gerados no período insuficiência para a demanda. da feira provoca uma eliminação inadequada .

[ÁREAS DE DIFÍCIL ACESSO]

A população idosa do bairro necessita de boas condições para se locomover sem riscos de acidentes. Algumas calçadas não possuem fácil acesso.



Figura 50: Mapa post-it.


[51]

POTÊNCIAS URBANAS Este trabalho acredita e aposta na qualidade dos espaços públicos contemporâneos e no planejamento urbano que garante o respeito à escala humana, tendo a consciência da importância da espacialidade

[52]

urbana como catalisadora da vida social e da desejável intensidade da vida pública. Ao lado são ilustradas algumas possibilidades para o espaço público que serão ensaiadas ao longo do terceiro movimento. 80

[53]


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81 [57]

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:

3.[TERCEIRO MOVIMENTO]

ENSAIOS PROJETUAIS


3.1 [INTENÇÕES PROJETUAIS] O segundo movimento deste trabalho, além de abordar uma compreensão aprofundada da área de intervenção, levantou algumas problemáticas que não favorecem ao uso do espaço público. O terceiro movimento se propõe a indicar possíveis alternativas urbanas ao longo da “Rua Central”, as quais têm como objetivo dialogar com o território e com as ações nele existentes a fim de potencializar e fomentar possibilidades ainda não notadas. Tratase de iniciativas que buscam respeitar a escala humana e a incentivar o uso do espaço público, potencializando novos modos de apropriação. Estas intenções são apresentadas neste momento como alguns ensaios projetuais. Vale ressaltar que as intenções projetuais deste trabalho não tem a pretensão de dar respostas definitivas para o território, e sim, uma preocupação em despertar/ativar a potência do espaço público. Neste momento opta-se por chamar a Avenida Presidente Castelo Branco de “Rua Central”, outro nome atribuído por alguns moradores do bairro à rua por esta ser uma linha estruturante e que corta perpendicularmente outras 10 ruas numeradas sequencialmente. Fortaleço essa iniciativa por acreditar que as possíveis intenções projetuais incentivam ainda mais a centralidade dessa rua como catalisador do convívio social, um desejo deste projeto.

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O diagrama de palavras ao lado se divide em dois e ilustra o mapa post-it anterior com base nas percepções encontradas ao longo da “Rua Central”. Com os aspectos positivos em vermelho e os aspectos negativos em azul, o diagrama apresenta por meio da variação do tamanho das palavras a intensidade de cada tema. A inversão da convenção das cores foi escolhida no intuito de provocar e chamar uma maior atenção aos ASPÉCTOS POSITIVOS em detrimento dos ASPÉCTOS NEGATIVOS. Na página seguinte o diagrama de palavras em amarelo apresenta as intenções projetuais gerais para a área.

Diagrama: [TRADUÇÃO DO AUTOR ]

_DICIONÁRIO METÁPOLIS, p. 162/163. [1] Nos referimos aqui a noção de diagrama como um mapa ou cartografia - de movimentos. Neste sentido o diagrama é a representação gráfica do curso de um processo dinâmico sintetizado mediante compressão, abstração e simulação. Suplementa, assim outras técnicas de representação e cálculo mediante a formulação de figuras seletivas : trajetórias concentradas que permitem ordenar, transmitir e processar informação o mais economicamente possível. É precisamente nesta propriedade econômica - sintética - de onde radica seu autentico valor expressivo e operativo .

[63]


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DIVERSIDADE DE USUÁRIOS FEIRA LIVRE PERMEABILIDADE VISUAL BAIXO NÍVEL DE RUÍDOS

USO MISTO DO SOLO

USO E APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO ÁREAS DE DIFÍCIL ACESSO LONGAS PAREDES CEGAS MOBILIÁRIO URBANO INSUFICIENTE

ÁREAS ESCURAS

MUROS ALTOS

PRESENÇA DE LIXO

OBSTÁCULOS PARA O FLUXO DE PEDESTRES EQUIPAMENTOS URBANOS INSUFICIENTES

PAVIMENTAÇÃO INADEQUADA Figura 64: Diagrama de palavras: aspéctos positivos e negativos da “Rua Central”.

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ESPAÇOS CONTÍNUOS NOVAS LUMINÁRIAS

ATIVIDADES FÍSICAS VAGA VIVA

PRAÇA

HORTA COMUNIÁRIA

MOBILIÁRIO URBANO CRIATIVO CINEMA AO AR LIVRE

NOVAS VEGETAÇÕES

ESPAÇOS PARA PERMANECER MUDANÇA DE PAVIMENTAÇÃO

MULTIPLICIDADE SOBREPOSIÇÃO DE FUNÇÕES DURANTE O DIA E A NOITE

WI- FI GRATUITO

NOVOS SANITÁRIOS PAREDES VERDES


RUA COMPARTILHADA

CONVIVÊNCIA

PARKLET

BALIZADORES COM SENSOR DE MOVIMENTO INSTALAÇÕES ARTÍSTICAS

NOVAS LIXEIRAS

NIVELAMENTO DA RUA BEBEDOUROS PÚBLICOS FLOREIRAS

ESCALA HUMANA PRESENÇA DO ELEMENTO ÁGUA

BICICLETÁRIO

ATIVIDADES CULTURAIS

ESPAÇOS LIVRES PARA CAMINHAR

VIDA PÚBLICA INTENSA Figura 65: Diagrama de palavras: intenções projetuais para a “Rua Central”.


[A RUA]

Figura 66: Croqui do atual cenário da “Rua Central”. Sem escala

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Figura 67: Croqui do corte esquemático do atual cenário da “Rua Central”. Sem escala

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_A CONDIÇÃO ATUAL DA PRESIDENTE CASTELO BRANCO

O existente da “Rua Central” se configura com a predominância de áreas asfaltadas e estreitas calçadas. Esta configuração dá preferência ao automóvel e situa o pedestre em segundo plano. Figura 68: Mapa da condição atual da Avenida Presidente Castelo Branco. Escala 1/1250

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_MUDANÇA DE PAVIMENTAÇÃO _ESPAÇOS PARA CAMINHAR

_NIVELAMENTO DA RUA

_INTENÇÕES PROJETUAIS PARA A “RUA CENTRAL”

As intenções projetuais para a “Rua Central” procuram promover um melhoramento na qualidade da rua, respeitando a escala do pedestre. As palavras chaves no entorno do mapa indicam algumas intenções para a área. Figura 69: Intenções projetuais para a “Rua Central”. Escala 1/1250

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_BEBEDOUROS PÚBLICOS

_NOVAS LIXEIRAS E SANITÁRIOS

_INSERÇÃO DE NOVOS MOBILIÁRIOS CRIATIVOS

_NOVAS VEGETAÇÕES


Um exemplo de projeto de rua compartilhada ou “shared space” é o projeto da Rua Exhibition Road, em Londres.

_RUA COMPARTILHADA

Nesta rua não há delimitações rígidas, tanto os automóveis como os pedestres compartilham de um mesmo espaço. Figura 70: Exhibition Road.

_BALIZADORES COM SENSOR DE MOVIMENTO _BICICLETÁRIOS

_ESPAÇOS PARA PERMANECER

_NOVAS LUMINÁRIAS

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_MUDANÇA DE PAVIMENTAÇÃO

A substituição do asfalto liso, que possibilita a transição do carro em alta velocidade por um piso resistente, texturizado e intertravado. A mudança de pavimentação alcança também as ruas que cortam perpendicularmente a “Rua Central”. A nova pavimentação estará em um nível elevado comparado com as demais ruas do Bairro, esse platô servirá como indicador de alerta para os automóveis autorizados a entrar na área. Figura 71: Croqui da “Rua Central” e uma alternativa de mudança de pavimentação. Sem escala

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_NIVELAMENTO DA VIA

O nivelamento da via posiciona o automóvel em uma situação de

Figura 73: Croqui do corte esquemático do nivelamento da via. Sem escala

alerta. A continuidade da rua e o tráfego lento proporciona maior segurança para caminhar e maior oportunidade de contatos e trocas.

Jardineiras podem indicar o percurso dos automóveis, além de servir como barreira física e visual que asseguram a tranquilidade do pedestre.

Figura 72: Corte esquemático do nivelamento da via. Sem escala

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_EXTENSÃO DA AMBIÊNCIA PRAÇA

Propõe-se aqui a integração das pequenas praças com a Avenida Presidente Castelo. Essa continuidade, transforma os espaços residuais anteriores em espaços contínuos em potencial.

_BALIZADORES COM SENSOR DE MOVIMENTO

A entrada somente de moradores na rua compartilhada se dá por meio de balizadores monitorados por sensores. O balizador abaixa para os moradores locais e novamente volta a sua posição inicial após a passagem, bloqueando a entrada de carros não autorizados.

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Figura 74: A atual condição da Avenida Presidente Castelo Branco.


Figura 75: Uma alternativa para a “Rua Central”.

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Os pequenos espaços residuais anteriores, agora interagem com a “Rua Central” de forma contínua e permanecem inacessíveis ao automóvel.

98 Figura 76: Uma alternativa de mobiliário urbano para as praças.


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“O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê. É preciso transver o mundo” (BARROS, 2010, p. 350). A proposta de intervenção urbana para a “Rua Central” tem como foco principal a priorização da escala humana, a diminuição dos espaços destinados unicamente ao automóvel e uma maior incentivo ao uso do espaço público por meio da qualidade urbana. O nivelamento da via e a mudança do material de pavimentação buscam um espaço compartilhado que prioriza o pedestre. As intenções projetuais para a área procuram desenvolver ferramentas a fim de dar suporte ao urbanismo provocado pelo usuário. Entende-se aqui o desenho urbano e toda infra estrutura como uma ferramenta indissociável do usuário para a desejável vitalidade da cidade. Em seu prólogo para o livro Terrenos, de Ignasi de Solà-Morales, Saskia Sassen descreve o espaço contemporâneo como uma superposição de redes que propiciam lugares de conexão, e a arquitetura como a encarregada de dar forma adequada para que esses lugares possam ser receptivos a essa troca. Uma maneira de conceber esses vínculos é observando as particularidades que emergem da dimensão urbana (CORTI; SORIA, 2012, p. 94).

Além da inserção de novas fontes de iluminação, novos sanitários, novas lixeiras e toda infra estrutura urbana necessária, a proposta também abrange o incentivo a inserção de mobiliários urbanos criativos e efêmeros que apoiem usos diversos. Essa arquitetura que faz e se desfaz no tempo e no espaço é abordada no livro “Cidade Errante: arquitetura em movimento”, onde Marta Bogéa discorre a respeito de como a arquitetura pode ser fluida, ainda que organizada em torno de sólidos e estáveis materiais, além de discutir uma natureza de espaços em que a velocidade não apenas dissolva relações ou permita circulação, mas devolva a intrigante propriedade de morada como espaço significado, estabilizado, e de tal forma que seja possível habitá-lo. As propostas analisadas pela autora busca “reconhecer uma arquitetura em que a (re)organização viabiliza variações de uso e, assim, (re)formular um mesmo espaço. Espaço estável a permitir (re)organizações no tempo” (2009, p. 27). 99


Este trabalho propõe a inserção de uma arquitetura que ampare a diversidade, um espaço que permita sua reorganização a fim de viabilizar a multiplicidade de usos e de pessoas. Trata-se de arquiteturas que buscam instaurar outra velocidade, para devolver aos espaços a condição de mobilidade (entendido como possibilidade de apresentar variáveis), onde antes havia apenas circulação. Deste modo, buscam-se (re)configurações dos lugares (BOGÉA, 2009, p.28).

Para Fontes (2013) a possibilidade da desejável amabilidade se transforma em uma situação real quando ocorre sobre o espaço potencialmente atraente uma intervenção temporária bem-sucedida, tornando-o, assim, em um espaço amável. Para a autora “O espaço deixa de ser um ‘objeto’ quando ocorre algo que o transforma em um espaço habitado, que passa a fazer parte da memória coletiva do lugar. Milton Santos já havia dito que o lugar é a oportunidade do evento e que este, ao se tornar espaço, ainda que não perca as marcas de origem, ganha características locais” (2013, p. 28). A inclusão desses dispositivos na trama urbana não pode ser pensada sem a participação de seus habitantes. Sua função social resulta ser evidente. Em muitos casos, inclusive, não se contentam com a permanência, multiplicam a ação para além de seu contexto imediato. Aí onde a cidade parte-se ou deixa espaços indefinidos, onde é fatível potenciar suas riquezas e capacidades, as micro-operações intervêm. Agem como dispositivos de expansão citadina que se inserem nos poros da cidade formal. São invenções: aparelhos e mecanismos postos em marcha que se reconhecem dentro de um modelo temporário.[...] Situações nas quais os eventos urbanos não se condicionam pelas regras de uma legislação oficial. São gestos que transitam desde o efêmero, deixando um discurso que busca a permanência (CORTI; SORIA, 2012, p. 94).

Essas intervenções efêmeras que escapam, além de criar pertencimento dos cidadãos para com o local, deixam marcas naqueles que foram afetados pela intervenção. Essa marca imaterial, ainda que sutil, é a semente transformadora, afinal, mesmo que tenhamos um excelente espaço físico, de nada adianta sem a real participação ativa e posicionamento crítico de seus usuários.

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[78] [77]

“Loungin´ SAAS Architecten” - Rotterdam, Holanda.

_MODULAÇÃO DIVERSA

A nova rua estará apta a receber mobiliários criativos que amparam diversos usos.

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[81]

“Pavilhão de investigação”, ICD/ ITKE - Stuttgart, Alemanhã.


“Meeting Bowls” intervenção urbana na Times Squares, Nova Iorque.

[80]

[79]

“Seating”, Enzo Courtyard Furniture - MuseumsQuartier, Vienna, Áustria. [82]

103


“Sinus”, desenvolvido por Roman Vrtiska, Praga, República Checa.

[83]

“Space Buster II”, Raumlabor Berlín arquitetura itinerante, Nova Iorque, Estados Unidos.

“Siesta”, desenvolvido pela designer italiana Emanuele Magini para a marca Campeggi.

104 [86]

[87]


“Stair Squares”, desenvolvido pelo designer Mark Reigelman - Prefeitura de Brooklyn Borough, Nova Iorque, Estados Unidos. [85]

[84]

“Jogos sonoros”, Galpón Estudio, Tecnópolis, província de Buenos Aires, Argentina.

“Pop-up” , desenvolvido pelos designers holandeses Carmela Bogman e Rogier Martens. Para fazer a mobília levantar do chão é só acionar um sistema hidráulico instalado próximo ao local em uma caixa de controle. Utrecht, Holanda. 105 [88]


Figura 89: Evento cultural.

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Figura 90: Mobiliário urbano criativo/ instalações artísticas.


Figura 91: Cinema ao ar livre.

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MAPA DE POSSÍVEIS AÇÕES!!!

Figura 92: Mapa de possív eis ações.

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_A FEIRA COMO INTEGRAÇÃO

A configuração atual da feira livre não promove a integração com as praças, um corredor contínuo voltado para o centro impossibilita a permanência. Uma proposta de disposição para a feira é a alternância do posicionamento das barracas, de forma a deixar espaços abertos e integrados com as praças. Esta expansão é possível uma vez que atualmente a feira ocupa apenas metade da Avenida Presidente Castelo Branco com barracas fixas, a outra metade fica vazia ou ocupada por automóveis. Uma boa ideia é concentrar as barracas destinadas à alimentação nas esquinas de convergência, a fim de potencializar os encontros.

110

Figura 93: A disposição atual da feira em corredor.


Essa nova disposição permite uma melhor adequação de feirantes independentes de barracas.

Esquinas de convergência.

Concentração das barracas destinadas a alimentação nas proximidades das praças.

Esquinas de convergência com espaços de qualidade para permanecer.

Figura 94: Corte esquemático de uma 111 alternativa para a disposição da feira. Sem escala


Incentivo as apropriações independentes do comércio.

Os “Banquetes Urbanos” promovidos pelos artistas mineiros Breno Silva e Louise Ganz são exemplos de apropriação urbanas que independem do uso comercial. O espaço público como o local do convívio coletivo e extensão do espaço privado.

“Esse é o urbanismo dos táticos, daqueles que inventam usos temporários e interinos e que buscam vazios, nichos e brechas no tecido

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socioespacial.” (CORTI; SORIA, [95]

2012, p. 94)


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VISTA FRONTAL

VISTA LATERAL

FECHADO

FECHADO VISTA FRONTAL

VISTA LATERAL

ABERTO E EXTENDIDO

ABERTO

“Get Fresh” é um projeto da equipe de estudantes Danila Babko, Fariah Choudhary, Gabi Callejas, Hyung Tae e Israel Medina pela Columbia University, Nova Iorque, Estados Unidos. O proposta do mobiliário é dar suporte aos agricultores regionais e facilitar a distribuição de alimentos pelos trilhos dos trens. Apresenta-se aqui como uma possibilidade de mobiliário móvel para os feirantes, afim de facilitar o transporte das mercadorias, o conforto dos comerciantes e dos consumidores. [96]

FECHADO EM PERSPECTIVA ABERTO EM PERSPECTIVA

_POSSIBILIDADES DE MOBILIÁRIOS PARA A FEIRA LIVRE

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_OUTRAS POSSIBILIDADE PARA OS USUÁRIOS DA FEIRA

O “Kit Ambulante”, projetado pelo arquitete Bruno Silva, é um equipamento fácil de se montar. Neste caso, uma maleta móvel se transforma em um espaço manicure ao ar livre.

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[99]

“Homeless Vehicle” foi criado por Wodiczko em 1989 para os sem-teto de Nova Iorque. É um equipamento móvel e híbrido, ampliado para o momento do repouso. Pode ser útil para os ambulantes.

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[98]

A cobertura itinerante projetada pela parceria de Andrés Jaque Architects & The Office for Political Innovation é uma possibilidade para a feira livre. Com uma longa extensão, fornece cobertura para as barracas que passam a não necessitar de sombreamento individual. [101]

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“Projeto Agronautas” Agrococina, Bilbao. Infraestrutura de cozinha para espaços externos, equipamento de baixo custo e constituído por meio da autoconstrução. O conjunto é capaz de atender grupos de até dez pessoas e possui equipamentos diversos, entre eles: energia solar captada por meio de um painel fotovoltaico e que permite carregar outros dispositivos, pia com água e um sistema “sensorial” digital que permite a motorização dos módulos mediante dispositivos eletrônicos. [103]

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_ILUMINAÇÃO DIVERSIFICADA

A “Rua Central” no período noturno possui trechos escuros e inseguros. Isso se dá, uma vez que a copa das árvores impedem que a iluminação dos postes chegue ao nível do solo. Propõe-se aqui novas formas de iluminação, que alcancem a escala do pedestre, como luminárias em pêndulos, arandelas ou até mesmo spots fixados ao chão.

Figura 104: Croqui de uma possível alternativa para a iluminação diversificada. Sem escala

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_INCENTIVO A INSTALAÇÕES ARTÍSTICAS

A arte é sempre uma boa forma de unir cultura e pessoas, nada melhor do que a rua como palco dessas atividades.

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_INSERÇÃO DO ELEMENTO ÁGUA

A possibilidade da presença do elemento água como um entretenimento para a população e um fator de canalização dos encontros.

Figura 109: Croqui de possíveis fontes de água.

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A “Praia da Estação” (vide figura 114) surgiu em 2010 como uma reação a um decreto da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte que proibia a realização de eventos de qualquer natureza na Praça da Estação, um dos pontos turísticos mais antigos da capital mineira. A Praia é um movimento horizontal e sem lideranças, é constituída por cada um dos banhistas que se junta a ela e o banho é garantido pelas fontes da praça e por um caminhão pipa contratado com a grana de uma vaquinha que acontece no momento da intervenção, entre os próprios banhistas.

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Figura 118: A atual condição de uma praça.


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Figura 119: Uma alternativa para a inserção do elemento água.

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_DIMINUIÇÃO DO NÚMERO DE ESTACIONAMENTO DE CARROS E INCENTIVO AO USO COMERCIAL NO TÉRRE0

A diminuição do número de estacionamento em detrimento da priorização de espaços para pedestres por meio da inserção de parklets. Essa alternativa, além de amparar os estabelecimentos comerciais e incentivar o uso comercial no térreo, mantém um maior número de pessoas nas ruas. Vale ressaltar que não é necessária a presença de um estabelecimento comercial para a inserção do parklet. Na rua compartilhada, as marcações dos estacionamentos de carros podem ser indicadas com adesivos ou alguma pintura no chão, respeitando a acesso às garagens.

Figura 120: Croqui de uma alternativa de parklet em frente a um estabeleciemento comercial.

122


“A Vaga Viva consiste em uma ocupação temporária de algumas vagas de estacionamento de carros, transformandoas em área de convivência, de lazer e área verde. O objetivo é provocar uma reflexão sobre o uso atual do espaço urbano, cada vez Equipamentos urbanos como bicicletários, lixeiras, sanitários e bebedouros públicos devem estar dispostos ao longo de toda a via.

mais dedicado aos automóveis, em forma de avenidas, viadutos, estacionamentos, etc. Recentemente, começaram a ser chamadas de Zonas Verdes em São Paulo. Quando oficializadas permanentemente, passam a ser denominadas parklets.” Fonte: http://vadebike.org/2013/08/zonaverde-parklet-vaga-viva/ [122]

[123]

Figura 121: Corte esquemático do uso comercial no pavimento térreo. Sem escala

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Figura 124: A atual condição da faixa de estacionamento ao longo da “Rua Central”.

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. potências urbanas l ensaios projetuais no Bairro República

Figura 125: Uma alternativa para a diminuição do número de estacionamento de carros ao longo da “Rua Central”.

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[O MURO COMO OBSTテ,ULO]

Figura 126: A condiテァテ」o atual do muro da escola.

Figura 127: Uma alternativa para o 126muro da escola.


_A INTEGRAÇÃO COM A CIDADE

O muro existente, que se impõe como barreira entre a escola e a cidade, se reconfigura ganhando nova geometria e se transformando em equipamento urbano diverso. Figura 128: Croqui de uma alternativa para o muro da escola.

[MOBILIÁRIO CRIATIVO]

[BALANÇOS]

[BIBLIOTECA LIVRE]

[INSERÇÃO DE NOVOS ELEMENTOS VERDES]

[PONTOS DE ENERGIA/ WI-FI LIVRE]

[MUDANÇA DE PAGINAÇÃO]

[AMPLIAÇÃO DAS ÁREAS VERDES] [FLOREIRAS]

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[MOVIMENTOS FINAIS] “O inferno dos vivos não é algo que será; se existe é aquele que está aqui, o inferno que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar-se o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo e abrir espaço” (CALVINO, 2003, p. 71). Este trabalho surgiu do encantamento por toda multiplicidade e todos os mistérios advindos dos espaços públicos, bem como do desejo de provocar reflexões e discussões sobre os modos como estes estão sendo produzidos nas cidades contemporâneas. A indiferença com o espaço público, resultante de uma produção de cidade guiada por forças hegemônicas do capital e em prol da especulação imobiliária e dos consórcios urbanos, colaboram para a espetacularização da arquitetura e do urbanismo. Tais conjuntos de forças e intenções têm provocado efeitos como gentrificação (no que tange aos moradores) e esvaziamento da vida pública (no que se refere aos usuários em geral), gerando, consequentemente, o empobrecimento das experiências urbanas. Esta produção de cidade ofusca a potência inerente aos espaços públicos. A cidade desempenha um importante papel como produtora de subjetividades individuais e coletivas. É nas espacialidades urbanas que o indivíduo, enquanto figura pública, responde a estímulos, afeta o meio e é afetado por ele. O sujeito contemporâneo pacificado se perdeu na velocidade das coisas, vive de experimentações superficiais e “para se proteger da onda de choques que modificam profundamente seu psiquismo e seu potencial sensível e subjetivo, o homem precisou se tornar blasé” (JACQUES, 2012, p.193). Portanto, este trabalho defende modelos de concepção e produção de espaços urbanos que apoiem a construção de subjetividades e a realização dos desejos individuais e coletivos. 128


. potências urbanas l ensaios projetuais no Bairro República

Ao longo do processo de imersão e vivência no território de estudo que este trabalho ocasionou, foram observadas diversas questões que provocam essa produção negativa de cidade, tais como o ofuscamento das áreas públicas e a retração de sua potência por aspectos como: a produção de espacialidades mais propícias à derivação do movimento do que aos encontros sociais; a proliferação de ambiências incompatíveis com a escala humana e com as atividades cotidianas dos moradores; a interiorização do convívio social para dentro dos espaços privados e favoráveis apenas à convivência entre assemelhados; a conversão das atividades urbanas que deveriam promover a sociabilidade em amenidades destinadas ao consumo e ao individualismo. Foram observados, também, a valorização e a priorização dos automóveis individuais em detrimento dos espaços destinados aos cidadãos, assim como o medo que impede a fruição dos espaços públicos e, consequentemente, provocam sua negação por meio de aparatos que supostamente promovem segurança (câmeras de vigilância, altos muros, cercas elétricas etc.). Não menos relevante é a influência das forças estabelecidas pelas transformações do território por parte do mercado imobiliário guiado por uma lógica especulativa, bem como pela proximidade do aeroporto Eurico de Aguiar Salles, cuja reforma provocará mudanças e transformações radicais que apagarão fortes marcas dessa importante unidade de vizinhança. O bairro, ainda que esteja passando gradativamente por mudanças impostas pelo capital, mantém características peculiares: relações estreitas entre seus moradores e aqueles que o frequentam cotidiana ou esporadicamente, tal como ocorre com os feirantes que chamam os clientes pelo nome e, sobretudo, com as crianças brincando e os velhinhos sentados nas calçadas e pracinhas. Diante deste cenário em crise, é necessário colocar à frente a urgência de se discutir outras possibilidades do fazer cidade. Nesse sentido, Guatarri (1992, p. 170) é enfático ao apontar caminhos para tais possibilidades em prol da restauração da “Cidade subjetiva, que engaja tanto os níveis mais singulares da pessoa quanto os níveis mais coletivos. [...] Tudo dependerá da re-finalização coletiva das atividades humanas e, sem dúvida, em primeiro lugar, de seus espaços construídos.” 129


Portanto, discute-se e explora-se, aqui, a qualidade dos espaços públicos contemporâneos e a importância da espacialidade urbana como importantes instrumentos para o agenciamento da vida social. Discute-se, também, possíveis meios de se potencializar a desejável intensidade da vida pública, onde ocorrem os dissensos, a multiplicidade, a participação civil, a produção criativa e a vivência afetiva. O título deste trabalho, “Potências Urbanas”, emergiu da crença de que outros espaços públicos sejam possíveis. Sendo assim, propõe movimentos que vão no contrafluxo dos pensamentos dominantes do mercado para configurar-se como uma resistência a tais pensamentos na esperança de despertar as riquezas do território e as possíveis potências que lhes são inerentes. A potência do projeto está no desejo de se produzir uma “cidade outra” e desenvolver ferramentas a fim de dar suporte ao urbanismo provocado pelo usuário. O processo de concepção deste trabalho se apresentou por meio de movimentos de zoom in e zoom out, ora olhando a cidade de cima, ora vivenciando-a intensamente. Estes movimentos de aproximação e de distanciamento ilustram o processo de construção do pensamento crítico sobre a cidade, o qual se desenvolve juntamente com ela, procurando respeitar todas as escalas que a envolve. Coloca-se em discussão, aqui, a necessidade de se repensar as possibilidades de aproximação e de percepção da cidade, mesclando os modelos pragmáticos e cartesianos com outros mais sensoriais e vivenciais, o que levou a percorrer e a permear por diversos campos e procedimentos metodológicos tais como a deriva e a cartografia, por acreditar em uma postura mais intimista entre profissional arquiteto e urbanista e o seu próprio território de ação. Esse movimento de apreensão vivenciada do território explorada enquanto procedimento metodológico de investigação potencializou o entendimento sobre a criação e produção da cidade, e a cartografia (diferentemente dos mapas utilizados como modo representação de um todo estático) se desenvolveu na forma de um desenho que acompanha e se faz simultaneamente aos movimentos de transformação que ocorrem no campo de ação (ROLNIK, 2007).

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. potências urbanas l ensaios projetuais no Bairro República

Estabelecido como um modo de reflexão no campo da arquitetura e do urbanismo, tanto em sua prática profissional quanto acadêmica, faço uso do conceito relativo ao “urbanista errante” (JACQUES, 2006), para apontamento de um outro arquiteto, que entende o usuário local como agente indissociável desta produção de cidade. O urbanista errante é aquele que busca o estado de espírito errático, que experimenta a cidade através de errâncias, que se preocupa mais com as práticas, com as ações e com os percursos do que com as representações gráficas, as planificações ou as projeções que cultuam o desenho e a imagem. O urbanista errante não vê a cidade somente de cima, por meio de representações cartográficas do tipo mapa, mas a experimenta por dentro. Desse modo, substitui a mera representação para elaborar processos de vivificação por meio da experiência. Por fim, gostaria de explicitar o meu envolvimento com este projeto, não sustentando o olhar sob uma perspectiva acadêmica apenas, mas, também, sob a ótica da minha própria subjetividade. Tentei estabelecer uma relação com o território que vai além das práticas convencionais, enquadrando a minha rotina a um anseio de imersão. Frequentei feiras semanalmente, busquei utilizar o comércio local, troquei experiências com moradores e levei pessoas próximas a mim para que elas contribuíssem com suas considerações, além de toda experimentação corporal no território, onde foi possível sentir as vibrações e tenções advindas dele. Todas as minhas inquietações adquiridas ao longo do curso ganharam força e movimento e se desdobraram em potências registradas ao longo deste trabalho.

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Figura 129: Cartaz exposto pelos estudantes de arquitetura da UFES nas manifestaçþes de rua ocorridas em 2013.

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[ANEXOS]:

Figura 130: Mãe e filho fazendo compras na feira que acontece na “Rua Central”.

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[PANORAMA HISTÓRICO DOS SETORES URBANOS DE GOIABEIRAS E CAMBURI] BAIRRO REPÚBLICA [DÉCADA DE 1960]

Figura 131: Mapa da ocupação urbana na década de 1960 dos setores urbanos de Goiabeiras e camburi.

_Até a década de 1950, o acesso a Camburi era realizado pela antiga estrada que ligava Vitória à Serra, atual Avenida Fernando Ferrari. O acesso à Praia de Camburi era possível apenas por meio de barco ou pela mata existente no local. _Na década de 1950, iniciam-se transformações no lugar em função de investimentos privados, como o loteamento aprovado em 1952, inspirado no traçado de Belo Horizonte, considerado na época como modelo de modernidade. _O desenho entre a Avenida Adalberto Simão Nader e o Canal de Camburi contempla vias paralelas e perpendiculares à praia, sobrepondo às mesmas largas avenidas diagonais e ortogonais entre si, formando 13 quadras com lotes de aproximadamente 400,00 m². O projeto possui rótulas em alguns cruzamentos das vias , cujo tratamento gráfico do mesmo sugere serem praças. (MENDONÇA, 1995) _A ocupação efetiva da região ocorreu por meio de investimentos públicos na década de 1960, a saber: a construção dos armazéns do IBC em 1962; os conjuntos residenciais de baixa renda da COHAB ES (Goiabeiras I, II e III) EM 1966, 1969 E 1972; a Companhia Vale do Rio Doce e o porto de Tubarão, inaugurado e 1966; o campus da Universidade Federal do Espírito Santo em 1969 e o aeroporto (de Goiabeiras) em 1946. (MENDONÇA, 1995) _Tais investimentos geram gradativamente maior circulação de tráfego na região continental de Vitória , atraindo infraestrutura urbana necessária para o desenvolvimento da região.

_Os conjuntos residenciais, um no atual bairro de Jardim da Penha (1969) e outro no atual bairro de Jardim Camburi (1967), são vetores da ocupação da região de Camburi em direção à praia, inserindo-a como área residencial no contexto urbano de Vitória. (MENDONÇA, 1995) _O conjunto residencial unifamilair Jardim da Penha (1969), é composto por 106 residências duplex semigeminadas , com área de 50,34 m² e destinadas a à população de renda média/baixa. O conjunto residencial Jardim Camburi (1967), inicia-se com 100 residências e logo em seguida constrói mais 101 unidades, todas destinadas à população de renda média/baixa. Ambos os conjuntos não possuíam infraestrutura necessária à ocupação como o comércio, iluminação pública e transporte. (MENDONÇA, 1995) _Pode-se diferenciar os setores de Goiabeiras e de Camburi em função das características dos empreendimentos realizados: o primeiro, em local desprivilegiado, próximo ao aeroporto e sujeito a riscos, construído pelo poder público com lotes e área edificada menor e destinado à população de baixa renda; o segundo, com lotes e área edificada maior, constituído pela iniciativa privada para uma população com renda média/baixa e, no caso de Jardim da Penha, diferenciando ainda em função da proposta arquitetônica de residências duplex. Esses elementos já indicavam uma valorização de Camburi em relação a Goiabeiras, acentuando-se nas décadas seguintes, principalmente em função da verticalização de Camburi, que passa a construir 4 pavimentos nos conjuntos habitacionais no início da década de 1970. (MENDONÇA, 1995)

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BAIRRO REPÚBLICA

[DÉCADA DE 1970]

Figura 132: Mapa da ocupação urbana na década de 1970 dos setores urbanos de Goiabeiras e camburi.

_Período marcado por planejamentos e transformações do setor de Camburi. Nesse período, ocorre a consolidação da área continental no contexto urbano de Vitória. _De 1970 a 1972: Em Camburi, surgem construções de conjuntos multifamiliares (INOCOOPS - ES) com quatro pavimentos, e com apartamentos inclusive no pavimento térreo, ocupando quadras inteiras na região central do loteamento. Não possuíam muros e previsão de estacionamento , sendo destinado para o público com renda de três à dez salários mínimos. Em Goiabeiras, constrói-se conjunto residencial unifamiliar, destinado para o público com renda de três salários mínimos. (MENDONÇA, 1995) A autora observa a distinção entre os investimentos realizados em Camburi e em Goiabeiras, tanto pela tipologia arquitetônica construída quanto pela condição socioeconômica do público a que se destina. _ 1973: Aprovada a lei complementar (n° 2249/73) ao loteamento de 1952 que regula construções e uso do solo de Camburi, disciplina o uso comercial, torna-o predominantemente residencial, transformando-o em bairro planejado. Por meio das novas regras, busca neutralizar a característica dominante de conjuntos habitacionais existentes no local, mostrando-se atraente para a população de renda mais elevada. _1974: Cria-se um novo território sobre parte do loteamento Camburi, denominado Mata da Praia. Por meio de desenho urbanístico específico e de normas de uso e ocupação estabelecidas por lei,

surge um novo tipo de empreendimento imobiliário, inserindo a verticalização através de modelo exclusivo na Grande Vitória. Foram previstos condomínios multifamiliares, do tipo clube, com torres de 12 pavimentos nas super quadras de frente para o mar, e extensa área interna de uso residencial, estritamente unifamiliar em ruas em cul-de-sac. Possui delimitação precisa entre esses subterritórios, sendo as atividades comerciais e de serviços locais toleradas apenas nas esquinas do limite de sua porção unifamiliar, permanecendo a área interna exclusivamente residencial. A especificidade da área multifamiliar está no serviço de lazer oferecido pela super quadra, na taxa de ocupação reduzida (30%) e afastamento de 16 metros entre as torres. Para a autora, este empreendimento passa não só a constituir-se em uma espécie de enclave, mas também a irradiar vetores de valorização imobiliária, alternando a lógica anterior verificada em Camburi. _Na segunda metade da década de 1970, novas áreas são loteadas e ocupadas na região. Surge Morada de Camburi, limitando-se com os setores de Goiabeiras e Mata da praia. Ocorre a expansão de Camburi em direção a divisa com a Serra, com construção de conjuntos habitacionais ao norte do Bairro de Fátima, entretanto, as características e dimensões dos lotes nesse local revelam condições socioeconômicas inferiores às já instituídas em Camburi. (MENDONÇA, 1995) _O acesso a Camburi, antes só por Goiabeiras, passa a ter a opção por tráfego pela orla. Constata-se crescente instalação de bares, restaurantes e boates na orla, caracterizando-a como local de lazer. (MENDONÇA, 1995) _No final da década de 1970, a área continental de Vitória se divide em três tipos de territórios urbanos: parte sul de Camburi (sul do aeroporto), com a maior concentração de altos salários da região, projetando crescimento populacional e interesse das empresas incorporadoras; porção a nordeste do aeroporto (atual Jardim Camburi), com baixa densidade ocupacional, porém com grande perspectiva de tornar-se extensão do território anterior; e Goiabeiras, contrastando com os demais em função da renda, tipo de assentamento e ritmo de ocupação inferior. (MENDONÇA, 1995)

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BAIRRO REPÚBLICA

[DÉCADA DE 1980] _Período onde se consolida a ocupação urbana da área continental de Vitória. _Os investimentos no início dessa década são dirigidos à infraestrutura viária (ainda periférica aos bairros) e de lazer em Camburi, como as duas pontes de acesso ao continente e a construção do aterro hidráulico, apresentando a praia de Camburi como importante área de lazer do Estado. (MENDONÇA, 1995) _Surge importante movimento organizado da população , AMJAP - Associação de Moradores de Jardim da Penha -, que consegue conter a intenção do PDU de expandir a área verticalizada em Camburi, cuja pretensão era alterar o gabarito dos edifícios do bairro de Jardim da Penha de quatro pavimentos para doze pavimentos. Para a associação, a verticalização de Jadim da Penha representava a descaracterização do bairro, que era especificamente residencial, além de interferir negativamente na relação casa/rua, como julgam acontecer com moradores de edifícios altos. (MENDONÇA, 1995) _A prefeitura executa em 1985 o projeto paisagístico denominado Projeto de Urbanização da Orla de Camburi, onde insere novo desenho para o passeio da praia, arborização e diversos equipamentos urbanos, fornecendo infraestrutura para a utilização múltipla da orla e valorizando toda a área continental de Vitória. A Infraestrutura relativa à drenagem e pavimentação dos bairros é iniciada primeiramente em Jardim da Penha e em seguida em Jardim Camburi.

Figura 133: Mapa da ocupação urbana na década de 1980 dos setores urbanos de Goiabeiras e camburi. _No final da década de 1980, constata-se a extensão das características territoriais de Jardim da Penha e Jardim Camburi e a desvalorização constante de Goiabeiras em relação a Jardim da Penha e Mata da Praia. Em Jardim Camburi, os edifícios construídos nesse período são multifamiliares, de padrão construtivo médio para a população acima de cinco salários mínimos, distanciando-se também do padrão das construções executadas e Goiabeiras. (MENDONÇA, 1995) _As tipologias encontradas em Jardim da Penha e a seguir em Jardim Camburi são edifícios multifamiliares com pilotis utilizados como garagem, três pavimentos tipos e agora acrescentando outro pavimento denominado cobertura. Os edifícios passam a adotar com mais frequência o elevador, a suíte e a varanda, atraindo classes socioeconômicas mais elevadas e consequentemente elevando a valorização desses bairros. Já na Mata da Praia, as super quadras projetadas na década de 1970 vão se descaracterizando em função da opção de individualizar por edifício o espaço de lazer. As quadras passam a ser divididas em lotes e os edifícios se desvinculam da área comum anteriormente projetada, como na implantada na primeira super quadra ocupada. (MENDONÇA, 1995) _Na metade da década de 1980, surge outro modelo urbanístico em Jardim da Penha: condomínios fechados constituídos por diversos blocos, ocupando geralmente toda a quadra e contando com área de lazer - piscina, playground e salão de festas. Entretanto, para a autora, a proliferação acontece em Jardim Camburi, provavelmente em função do elevado valor do solo existente em Jardim da Penha. O novo modelo apresenta-se como intermediário aos dois modelos citados, na medida em que apresenta melhor aproveitamento de espaço e qualidade ambiental em relação aos conjuntos habitacionais, mas de status inferior em relação aos condomínios da Mata da Praia. (MENDONÇA, 1995)

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BAIRRO REPÚBLICA

[DÉCADA DE 1990]

Figura 134: Mapa da ocupação urbana na década de 1990 dos setores urbanos de Goiabeiras e camburi.

_Nos primeiros anos de 1990, o território de Camburi continua a receber investimentos públicos, como a implantação de infraestrutura e drenagem e pavimentação de Jardim Camburi e a ligação da avenida da orla (Av. Dante Michelini) com a rodovia Norte-Sul. Na medida em que Jardim Camburi recebe infraestrutura urbana, sua ocupação é intensificada e sua expansão no sentido norte é estimulada, tornando-o gradativamente semelhante a Jardim da Penha. (MENDONÇA, 1995) _Apensar da grande expansão demográfica e do interesse do setor imobiliário na região de Camburi, o gabarito de quatro pavimentos não é alterado em Jardim da Penha. A intenção de expansão da área de verticalização nessa região, reeditada pelo setor imobiliária cada etapa de investimento público implantado no local, é contida desde o início da década de 1980 pela associação de moradores de Jardim da Penha (AMJAP), buscando evitar a verticalização e a proliferação de atividades comerciais, de serviço e industriais no bairro, que no entender dos mesmos poderia trazer aumento da população, do comércio e consequentemente aumento do tráfego de veículos. (MENDONÇA, 1995) _ Em 1994, o PDU aprovado permanece com restrição da verticalização em Jardim da Penha, limitado a altura das edificações em 17 metros. Já em Jardim Camburi esse limite é alterado para 30 metros (cerca de 10 pavimentos), condicionando o aumento da altura das edificações e maiores afastamentos entre elas. (MENDONDA, 1995)

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[PERÍODO DE 2000 - 2012] _Hoje Camburi situa-se entre as regiões mais nobres da Grande Vitória, sendo parte do território litorâneo intermunicipal - Vitória/ Vila Velha. Constitui-se como o único deste território a resistir à verticalização, permanecendo, no entanto, valorizado. (MENDONÇA, 1995) _Possui comércio autossuficiente nos bairros Jardim da Penha e Jardim Camburi e pequenos comércios, apenas locais, no bairro Mata da Praia. (PMV, 2012) _População composta por funcionários públicos, estudantes universitários e profissionais liberais, com idade entre 25 a 65 anos (PMV, 2012). Pelo censo 2010, os bairros de Jardim Camburi e Jardim da Penha estão entre os bairros mais populosos do município.

Figura 135: Mapa da ocupação urbana no período de 2000-2012 dos setores urbanos de Goiabeiras e camburi.

[***] Os Mapas e os textos em anexo foram retirados na ítegra da Dissertação de Mestrado de Tamara Sofia Guanaes apresentado para a Faculdade Federal do Espírito Santo. A autora editou em seu trabalho mapas feitos por Eneina Mendonça (2005). _ROSETTI, Tamara Sofia Guanaes. A dimensão urbana da arquitetura: Ambientes de transição. Mestrado da UFES, 2012./ _MENDONÇA, Eneida M. Souza. (Trans)formação planejada de territórios urbanos em Vitória (ES): O bairro Camburi. 1995. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo). FAU – Universidade de São Paulo, 1995.

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[ÍNDICE DE IMAGENS]:

Figura 136: “Sr. Urbano”: pipoqueiro e morador da “Rua Central”.

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• Figura 01: Praça Charles de Gaulle ou Praça l’Étoile e ao centro o Arc De Triomphe, Paris.

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Fonte: <http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=616934> Acesso em 28 de Julho de 2014. • Figura 02: Ville Radieuse, Le Corbusier, 1933.

...17

Fonte: <http://www.archdaily.com/411878/ad-classics-ville-radieuse-le-corbusier/> Acesso em 28 de Julho de 2014. • Figura 03: Robert Moses, Nova York.

...19

Fonte: <http://www.nytimes.com/2007/01/23/arts/design/28pogr.html?pagewanted=all&_r=0> Acesso em 28 de Julho de 2014. • Figura 04: O viaduto de Ludgate Hill, Londres - gravura de Gustave Doré, 1870.

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Fonte: BENEVOLO, Leonardo. História da Arquitetura Moderna. São Paulo: Editora Perspectiva, 2009. p. 161. • Figura 05: Ludgate Hill, Londres - fotografia de François Coppée.

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Fonte: BENEVOLO, Leonardo. História da Arquitetura Moderna. São Paulo: Editora Perspectiva, 2009. p. 163. • Figura 06: Gordon’s gin, tela de Richard Estes, 1968.

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Fonte: <http://arocenablow.blogspot.com.br/2012/05/fotorrealismopintura.html> Acesso em 29 de Julho de 2014. • Figura 07: Anúncio Publicitário na Terceira ponte. Imagem da esquerda

...23

Fonte: <http://www.maely.com.br/news/33/nas-ruas.html> Acesso em 29 de Julho de 2014. • Figura 08: Anúncio Publicitário na Terceira ponte. Imagem da direita Fonte:

<http://www.folhavitoria.com.br/geral/blogs/midiaemercado/2012/10/18/viver-unimed-e-ampla-

juntos-na-campanha-contra-o-cancer-de-mama-2.html> Acesso em 29 de Julho de 2014.

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...23


. potências urbanas l ensaios projetuais no Bairro República

• Figura 09: Mistério e Melancolia de uma rua, tela de Giorgio De Chirico, 1913.

...24

Fonte: <http://www.abcgallery.com/C/chirico/chirico9.html> Acesso em 28 de Julho de 2014. • Figura 10: Pela rua, tela de Constantin Guys, 1860. Acervo do Louvre, Paris.

...25

Fonte: ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 68. • Figura 11: O homem na Janela, tela de Gustave Caillebotte, 1876.

...26

Fonte: <http://www.booksplease.org/2011/07/06/young-man-at-the-window-by-gustave-caillebotte/> Acesso em 28 de Julho de 2014. • Figura 12: What are you looking at?. Banksy, Londres.

...28

Fonte: < http://www.lovethesepics.com/wp-content/uploads/2011/08/WHAT-ARE-YOU-LOOKING-AT.jpg> Acesso em 17 de novembro de 2014. • Figura 13: Nyhavn, Dinamarca. Transfotmada em rua de pedestre em 1980.

...31

Fonte: GEHL, Jan. Cidade Para as Pessoas. São Paulo: Perspectiva. 2013. p.16. • Figura 14: Brighton, Inglaterra após a transformação da “New Road” em rua com prioridade para pedestre.

...33

Fonte: GEHL, Jan. Cidade Para as Pessoas. São Paulo: Perspectiva. 2013. p.15. • Figura 15: Mapa de localização do Bairro República no mundo. Imagem editada pela autora

...38

Fonte: <http://legado.vitoria.es.gov.br/regionais/geral/dados/localizacao/vix_mundo.pdf> Acesso em 13 de agosto de 2014. • Figura 16: Mapa de fronteiras do Bairro República. Imagem editada pela autora

...39

Fonte: <http://legado.vitoria.es.gov.br/regionais/geral/dados/AREA_BAIRROS_abril2014.pdf> Acesso em 13 de agosto de 2014. • Figura 17: Mapa de ruas do Bairro República. Imagem da autora

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• Figura 18: Mapa post-it de palavras-chave. Imagem da autora • Figura 19: Mapa das ambiências. Imagem da autora

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• Figura 20: Moradora do bairro. Imagem disponibilizada por Cíntia Reis

...50

• Figura 21: Colagem da primeira ambiência. Imagem da autora

...51

• Figura 22: Colagem da segunda ambiência. Imagem da autora

...51

• Figura 23: Colagem da terceira ambiência. Imagem da autora

...52

• Figura 24: Colagem da quarta ambiência. Imagem da autora

...52

• Figura 25: Colagem da quinta ambiência. Imagem da autora

...53

• Figura 26: Colagem da sexta ambiência. Imagem da autora

...54

• Figura 27: Figura fundo de espaços construídos. Imagem da autora

...54

• Figura 28: Figura fundo dos espaços públicos. Imagem da autora

...54

• Figura 29: Figura fundo da malha viária. Imagem da autora

...54

• Figura 30: Figura fundo dos espaços privados. Imagem da autora

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• Figura 31: Mapa dos principais acessos. Imagem da autora

...55

• Figura 32: Mapa das sobreposições das figuras fundo. Imagem da autora

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. potências urbanas l ensaios projetuais no Bairro República

• Figura 33: Mapa panorama geral. Imagem da autora

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• Figura 34: Moradoras do bairro. Imagem da autora

...58

• Figura 35: Tipologia arquitetônica predominante no bairro, residência unifamiliar de um pavimento.

...59

Imagem da autora • Figura 36: Morador de rua que ocupa as pequenas praças eventualmente. Imagem da autora

...60

• Figura 37: Placa da Avenida Presidente Castelo Branco. Imagem da autora

...61

• Figura 38: A Avenida Presidente Castelo Branco e suas praças. Imagem da autora

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• Figura 39: Percursos fotográficos ao longo da Avenida Presidente Castelo Branco. Imagem da autora

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• Figura 40: Outras percepções sobre a Avenida Presidente Castelo Branco e os pequenos espaços residuais.

...67

Imagem da autora • Figura 41: Mapa de usos, apropriações, vivências e relações sociais. Imagem da autora

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• Figura 42: Moradora do bairro fazendo compras. Imagem da autora

...70

• Figura 43: Moradora do bairro fazendo compras. Imagem da autora

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• Figura 44: Registros fotográficos da feira livre ao longo da Avenida Presidente Castelo Branco. Imagem da

...71

autora • Figura 45: Mapa de texturas da feira livre. Imagens de Cíntia Reis; Diagrama da autora

...72

147


• Figura 46: Dona Alaércia, moradora do bairro. Imagem da autora

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• Figura 47: Moradora do bairro fazendo compras. Imagem da autora

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• Figura 48: Mãe levando o filho para a escola do bairro. Imagem da autora

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• Figura 49: Base de percepções. Imagem da autora

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• Figura 50: Mapa post-it. Imagem da autora

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• Figura 51: Tianjin Bridged Gardens, Hedong District, Tianjin City, China Fonte:

.

...80

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Fonte: <http://www.bustler.net/images/news2/LDP096_0508.jpg> Acesso em 16 de setembro de 2014. • Figura 54: Mobiliário urbano em Hafency, Hamburg, Alemanha.

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...81


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Soluções para Cidades, São Paulo, ABCP, 2013. p. 08. Imagem de Eduardo Borges Barcellos. • Figura 56: Parque de Los Deseos, Medellin, Colômbia.

...81

Fonte: GATTI, Simone. Espaços Públicos. Diagnóstico e metodologia de projeto Coordenação do Programa Soluções para Cidades, São Paulo, ABCP, 2013. p. 01. Imagem de Eduardo Borges Barcellos. • Figura 57: Mobiliário “Off Ground”, Compenhagen, Dinamarca.

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Fonte: <http://www.archilovers.com/projects/96673/off-ground.html> Acesso em 24 de setembro de 2014. • Figura 58: Mobiliário “Loop”.

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Fonte: <http://out-sider.dk/da/product/loop> Acesso em 10 de outubro de 2014. • Figura 59: “The Cascade”, Hong Kong, China.

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Fonte: <http://reprogrammingthecity.com/the-cascade/> Acesso em 16 de setembro de 2014. • Figura 60: Parque de Los Deseos, Medellin, Colômbia.

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Fonte: GATTI, Simone. Espaços Públicos. Diagnóstico e metodologia de projeto Coordenação do Programa Soluções para Cidades, São Paulo, ABCP, 2013. p. 04. Imagem de Nelson Kon. • Figura 61: Mobiliário “Sinus”, Praga, República Checa.

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Fonte: <http://www.roman-vrtiska.com/> Acesso em 16 de setembro de 2014. • Figura 62: Pavilhão de investigação, ICD/ ITKE - Stuttgart, Alemanhã.

...81

Fonte: <http://benbusch.info/portfolio/icditke-research-pavilion-2011/> Acesso em 16 de setembro de 2014.

149


• Figura 63: A autora como usuária do espaço público. Imagem da autora

...84

• Figura 64: Diagrama de palavras: aspéctos positivos e negativos da “Rua Central”.

...85

• Figura 65: : Diagrama de palavras: intenções projetuais para a “Rua Central”.

...86/87

• Figura 66: Croqui do atual cenário da “Rua Central”. Ilustração da autora

...88

• Figura 67: Croqui do corte esquemático do atual cenário da “Rua Central”. Ilustração da autora

...89

• Figura 68: Mapa da condição atual da Avenida Presidente Castelo Branco. Imagem da autora

...90/91

• Figura 69: Intenções projetuais para a “Rua Central”. Imagem da autora

...92/93

• Figura 70: Exhibition Road, Londres, Alemanhã.

...93

Fonte: <https://www.flickr.com/photos/dgeezer/7007045291/in/photostream/> Acesso em 16 de setembro de 2014. • Figura 71: Croqui da “Rua Central” e uma alternativa de mudança de pavimentação. Ilustração da autora

...94

• Figura 72: Corte esquemático do nivelamento da via. Ilustração da autora

...95

• Figura 73: Croqui do corte esquemático do nivelamento da via. Ilustração da autora

...95

• Figura 74: A atual condição da Avenida Presidente Castelo Branco. Imagem da autora

...96

• Figura 75: Uma alternativa para a “Rua Central”. Imagem da autora

...97

• Figura 76: Uma alternativa de mobiliário urbano para as praças. Imagem da autora

...98

150


. potências urbanas l ensaios projetuais no Bairro República

• Figura 77: “Loungin´ SAAS Architecten” - Rotterdam, Holanda.

...102

Fonte: <http://www.archello.com/en/project/tep-loungin#> Acesso em 5 de outubro de 2014. • Figura 78: “Loungin´ SAAS Architecten” - Rotterdam, Holanda.

...102

Fonte: http://<www.archello.com/en/project/tep-loungin#> Acesso em 5 de outubro de 2014. • Figura 79: “Meeting Bowls” - intervenção urbana na Times Squares, Nova Iorque.

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Fonte: < http://ad009cdnb.archdaily.net/wp-content/uploads/2011/08/1313624509-montaje.jpg> Acesso em 5 de outubro de 2014. • Figura 80: “Seating”, Enzo Courtyard Furniture - MuseumsQuartier, Vienna, Áustria.

...103

Fonte: <http://2.design-milk.com/images/2010/08/enzo-furniture-1.jpg> Acesso em 5 de outubro de 2014. • Figura 81: Pavilhão de investigação, ICD/ ITKE - Stuttgart, Alemanhã.

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Fonte: <http://www.gabreport.com/wp-content/uploads/2014/04/4-menges-2012-4.jpg> Acesso em 5 de outubro 2014. • Figura 82: “Seating”, Enzo Courtyard Furniture - MuseumsQuartier, Vienna, Áustria.

...103

Fonte: <https://www.ethz.ch/intranet/en/news-and-events/news/archive/2014/02/ideenwettbewerb-vomliegesessel-zur-buehne.html> Acesso em 5 de outubro de 2014. • Figura 83: Mobiliário “Sinus”, desenvolvido por Roman Vrtiska, Praga, República Checa.

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Fonte: <http://www.roman-vrtiska.com/> Acesso em 16 de setembro de 2014.

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• Figura 84: Mobiliário “Stair Squares”, desenvolvido pelo designer Mark Reigelman - Prefeitura de Brooklyn

...105

Borough, Nova Iorque, Estados Unidos. Fonte: <http://www.markreigelman.com/data/photos/157_1Square_3.jpg> Acesso em 16 de setembro de 2014. • Figura 85: Mobiliário “Jogos Sonoros”, Galpón Estudio, Tecnópolis, província de Buenos Aires, Argentina.

...105

Fonte: <http://galponestudio.blogspot.com.br/2012/09/juegos-sonoros-ampliacion-tecnopolis.html> Acesso em 16 de setembro de 2014. • Figura 86: “Space Buster II”, Raumlabor Berlín - arquitetura itinerante, Nova Iorque, Estados Unidos.

...104

Fonte: <http://raumlabor.net/space-buster-ii-generator-ny-city/> Acesso em 16 de setembro de 2014. • Figura 87: “Siesta”, desenvolvido pela designer italiana Emanuele Magini para a marca Campegg.

...104

Fonte: <http://cdn.designrulz.com/wp-content/uploads/2011/11/EMANUELE-MAGINI-siesta_01.jpg> Acesso em 16 de setembro de 2014. • Figura 88: “Pop-up” , desenvolvido pelos designers holandeses Carmela Bogman e Rogier Martens. Utrecht,

...105

Holanda. Fonte: <http://www.rogiermartens.nl/pop-up/> Acesso em 16 de setembro de 2014. • Figura 89: Fotomontagem de um possível evento cultural. Imagem da autora

...106

• Figura 90: Fotomontagem de um possível mobiliário urbano criativo/ instalações artísticas. Imagem da

...106

autora • Figura 91: Fotomontagem de um possível cinema ao ar livre. Imagem da autora • Figura 92: Mapa de possíveis ações. Imagem da autora

152

...107 ...108/109


. potências urbanas l ensaios projetuais no Bairro República

• Figura 93: A disposição atual da feira em corredor. Imagem da autora

...110

• Figura 94: Corte esquemático da disposição da feira. Imagem da autora

...111

• Figura 95: Banquetes urbanos, Belo Horizonte.

...112

Fonte: < http://www.brenosilva.art.br/wp-content/uploads/2013/12/Slide15.jpg> Acesso em 17 de novembro de 2014. • Figura 96: “Get Fresh” é um projeto da equipe de estudantes Danila Babko, Fariah Choudhary, Gabi Callejas,

...113

Hyung Tae e Israel Medina pela Columbia University, Nova Iorque, Estados Unidos. Fonte: CALLEJAS, Gabi. Portifólio. Architect and urban design. p .45 • Figura 97: “Kit Ambulante”, projetado pelo arquiteto Breno Silva.

...114

Fonte: <http://www.brenosilva.art.br/wp-content/uploads/2013/12/Slide57.jpg> Acesso em 17 de novembro de 2014. • Figura 98: “Architects & The Office for Political Innovation” - arquitetura itinerante. Fonte:

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<http://adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/09/1348748341_5046a70a28ba0

d0c65000023_escaravox_andres_jaque_architects_escaravox_by_andres_jaque_architects_office_for_ political_innovation_matadero08.jpg> Acesso em 5 de outubro de 2014. • Figura 99: “Homeless Vehicle”, projetado por Wodiczko, 1988/1989.

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Fonte: <https://c2.staticflickr.com/6/5202/5204674828_5a33c37149.jpg> Acesso em 17 de novembro de 2014. • Figura 100: “Homeless Vehicle”, projetado por Wodiczko, 1988/1989. Fonte:

...114

<http://www.galerielelong.com/sites/default/files/imagecache/work_large/homeless_vehicle_new_

york_1.jpg > Acesso em 17 de novembro de 2014.

153


• Figura 101: “Homeless Vehicle”, projetado por Wodiczko, 1988/1989.

...114

Fonte: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/f/fa/Homeless_Vehicle_New_York_2_SMALL.JPG> Acesso em 17 de novembro de 2014. • Figura 102: “Homeless Vehicle”, projetado por Wodiczko, 1988/1989.

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Fonte: <http://www.artdigit.com/artapp/07fall/unit/slides/14-sculpture_files/slide0215_image090.jpg> Acesso em 17 de novembro de 2014. • Figura 103: “Projeto Agronautas” - Agrococina, Bilbao.

...115

Fonte: <http://pezestudio.org/index.php/2012/03/11/agrococina/> Acesso em 17 de novembro de 2014. • Figura 104: Croqui de uma possível alternativa para a iluminação diversificada. Ilustração da autora

...116

• Figura 105: Instalação artística com guarda-chuvas na Rua Português de Águeda, Portugal.

...117

Fonte: <http://fust.pl/setki-parasoli-udekorowalo-portugalska-ulice-swietna-atrakcja-turystyczna/> Acesso em 20 de outubro de 2014. • Figura 106: “Playland”, Paredes de Coura, Portugal, 2014.

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Fonte: <http://static.squarespace.com/static/537c861ee4b06d0c4972dcce/53eb37a9e4b0588f78ebc9d7/53eb 7249e4b022b28bd71778/1407939147072/IMG_7734.jpg?format=1000w> Acesso em: 06 de novembro de 2014. • Figura 107: “Playland”, Paredes de Coura, Portugal, 2014.

...117

Fonte: <http://static.squarespace.com/static/537c861ee4b06d0c4972dcce/53eb37a9e4b0588f78ebc9d7/53eb 724ee4b022b28bd71780/1407939151847/IMG_7854.jpg?format=1000w> Acesso em: 06 de novembro de 2014. • Figura 108: “Playland”, Paredes de Coura, Portugal, 2014.

154

...117


. potências urbanas l ensaios projetuais no Bairro República

Fonte: <http://static.squarespace.com/static/537c861ee4b06d0c4972dcce/53eb37a9e4b0588f78ebc9d7/53e b7277e4b0f743ecc32c94/1407939202549/IMG_7401.jpg?format=1000w> Acesso em: 06 de novembro de 2014. • Figura 109: Croqui de possíveis fontes de água. Imagem da autora

...118

• Figura 110: “Fountain Hacks” - Guimarães, Portugal, 2012.

...118

Fonte: <http://static.squarespace.com/static/537c861ee4b06d0c4972dcce/537ccb10e4b0f52ed929f725/537 e6366e4b08536f339c84d/1400791934412/2+Fountain+Hacks+-+Dinis+Sottomayor.jpg?format=1000w> Acesso em 17 de novembro de 2014. • Figura 111: “Fountain Hacks” - Guimarães, Portugal, 2012.

...118

Fonte: <http://static.squarespace.com/static/537c861ee4b06d0c4972dcce/537ccb10e4b0f52ed929f725/537 e636fe4b08536f339c85f/1400791926390/3+Fountain+Hacks+-+Dinis+Sottomayor.jpg?format=1000w> Acesso em 17 de novembro de 2014. • Figura 112: “Fountain Hacks” - Guimarães, Portugal, 2012. Fonte:

...118

<http://static.squarespace.com/static/537c861ee4b06d0c4972dcce/537ccb10e4b0f52ed929f725/53

7e6372e4b04f9d2efd74fa/1400791929133/4+Fountain+Hacks+-+Francisca+Sottomayor.jpg?format=1000w> Acesso em 17 de novembro de 2014. • Figura 113: “Fountain Hacks” - Guimarães, Portugal, 2012.

...118

Fonte: <http://static.squarespace.com/static/537c861ee4b06d0c4972dcce/537ccb10e4b0f52ed929f725/537 e6368e4b0967932a569fe/1400791925241/1+Fountain+Hacks+-+Dinis+Sottomayor.jpg?format=1000w> Acesso em 17 de novembro de 2014. • Figura 114: Projeto “Praia da Estação”, Belo Horizonte.

...119

Fonte: <http://comjuntovazio.files.wordpress.com/2010/01/praia-na-prac3a7a-da-estac3a7c3a3o.jpg> Acesso em 17 de novembro de 2014.

. 155


• Figura 115: “Rill Curves Thru Cobblestone” - Espaço público em Varde.

..119

Fonte: <http://www.pinterest.com/pin/157063105728206662/> Acesso em 20 de outubro de 2014. • Figura 116: “Color Shadows”, projeto de Eduardo Castillo, Santiago, Chile. Fonte: <http://www.moma.org/interactives/exhibitions/yap/images/2011/colorshadows6.jpg>

...119

Acesso em 17 de novembro de 2014. • Figura 117: “Color Shadows”, projeto de Eduardo Castillo, Santiago, Chile.

...119

Fonte: <http://www.moma.org/interactives/exhibitions/yap/images/2011/colorshadows5.jpg> Acesso em 17 de novembro de 2014. • Figura 118: A atual condição de uma praça. Imagem da autora

...120

• Figura 119: Uma alternativa para a inserção do elemento água. Imagem da autora

...121

• Figura 120: Croqui de uma possível alternativa de parklet em frente ao bar. Ilustração da autora

...122

• Figura 121: Corte esquemático do uso comercial no pavimento térreo. Imagem da autora

...123

• Figura 122: Placa “Vaga Viva”.

...123

Fonte: <http://serhurbano.com.br/wp-content/uploads/2014/05/vaga-viva-featured.jpg> Acesso em 12 de outubro de 2014. • Figura 123: Cidadãos promovendo o projeto “Vaga Viva”.

...123

Fonte: <http://serhurbano.com.br/wp-content/uploads/2014/04/vaga-viva-1.jpg> Acesso em 12 de outubro de 2014. • Figura 124: A atual condição da faixa de estacionamento ao longo da “Rua Central”. Imagem da autora

156

...124


. potências urbanas l ensaios projetuais no Bairro República

• Figura 125: Uma alternativa para a diminuição do número de estacionamento de carros ao longo da “Rua

...125

Central”. Imagem da autora • Figura 126: A condição atual do muro da escola. Imagem da autora

...126

• Figura 127: Uma alternativa para o muro da escola. Imagem da autora

...126

• Figura 128: Croqui de uma alternativa para o muro da escola. Ilustração da autora

...127

• Figura 129: Cartaz exposto pelos estudantes de arquitetura da UFES nas manifestações de rua ocorridas em

...133

2013. Imagem da autora • Figura 130: Mãe e filho fazendo compras na feira que acontece na “Rua Central”. Imagem da autora

...135

• Figura 131: Mapa da ocupação urbana na década de 1960 dos setores urbanos de Goiabeiras e Camburi.

...136

Fonte: ROSETTI, Tamara Sofia Guanaes. A dimensão urbana da arquitetura: Ambientes de transição. Mestrado da UFES, 2012. p. 97. • Figura 132: Mapa da ocupação urbana na década de 1970 dos setores urbanos de Goiabeiras e Camburi.

...137

Fonte: ROSETTI, Tamara Sofia Guanaes. A dimensão urbana da arquitetura: Ambientes de transição. Mestrado da UFES, 2012. p. 97. • Figura 133: Mapa da ocupação urbana na década de 1980 dos setores urbanos de Goiabeiras e Camburi.

...138

Fonte: ROSETTI, Tamara Sofia Guanaes. A dimensão urbana da arquitetura: Ambientes de transição. Mestrado da UFES, 2012. p. 97. • Figura 134: Mapa da ocupação urbana na década de 1990 dos setores urbanos de Goiabeiras e Camburi.

...139

Fonte: ROSETTI, Tamara Sofia Guanaes. A dimensão urbana da arquitetura: Ambientes de transição. Mestrado da UFES, 2012. p. 97.

157


• Figura 135: Mapa da ocupação urbana de 2000-2012 dos setores urbanos de Goiabeiras e Camburi.

...140

Fonte: ROSETTI, Tamara Sofia Guanaes. A dimensão urbana da arquitetura: Ambientes de transição. Mestrado da UFES, 2012. p. 97. • Figura 136: “Sr. Urbano”: pipoqueiro e morador da “Rua Central”. Imagem da autora

...143

• Figura 137: Ciclista na “Rua Central”. Imagem da autora

...161

[***] As imagens que não foram referenciadas ao longo do trabalho pertencem ao site <http://skalgubbar.se/> que disponibiliza de forma gratuita suas imagens.

158


. potĂŞncias urbanas l ensaios projetuais no Bairro RepĂşblica

159


. potĂŞncias urbanas l ensaios projetuais no Bairro RepĂşblica

160


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