Angelfire

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Courtney Allison Moulton

Créditos Tradução e Revisão: Grupo Shadows Secrets

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Sinopse Quando, aos dezessete anos de idade, Ellie começa a ver ceifeiros—criaturas monstruosas que devoram humanos e enviam suas almas para o Inferno—ela se encontra na linha de frente de uma guerra sobrenatural entre arcanjos e os Caídos, e encara a possível destruição da sua alma. Um garoto misterioso chamado Will revela que ela é a reencarnação de uma antiga guerreira, a única capaz de empunhar espadas de fogo angelical na luta contra os ceifeiros, e que ele é um imortal que jurou protegê-la na batalha. Agora que os poderes de Ellie foram despertados, um ceifeiro poderoso chamado Bastian veio desafiá-la. Ele contratou um assassino feroz para eliminá-la—um assassino que já a matou uma vez. Enquanto equilibra sua vida social definhante e os deveres de caçar ceifeiros, ela e Will descobrem que Bastian está procurando uma criatura adormecida que se acredita ser um verdadeiro ceifeiro de almas. Bastian planeja usar essa arma para acender o Fim dos Dias e destruir a alma de Ellie, terminando o seu ciclo de renascimento para sempre. Agora, ela deve enfrentar um exército dos ceifeiros mais assustadores de Bastian, evitar que o ceifeiro de almas consuma sua alma, e descobrir os segredos das suas vidas passadas—incluindo verdades que podem ser assustadores demais para se lembrar.

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1 Encarei o lado de fora da sala pela janela e ansiei por liberdade, querendo estar em qualquer lugar no mundo que não fosse encarando meu professor de economia assim como o resto da minha turma. A última vez que eu o tinha ouvido, Sr. Meyer estava nos ensinando sobre policiamento fiscal, e foi então que ele me perdeu. Meus olhos rolaram pela minha melhor amiga, Kate Green, quem estava rabiscando flores intrincadas por todo seu caderno e parecia estar muito bem entretendo a si própria. Enquanto isso, eu estava reduzida a encarar o crespo pêlo grisalho no peito do Sr. Meyer, que pulava pela gola de sua camiseta polo, como palha de aço que cresceu demais, me perguntando se ele já tinha considerado uma depilação. Finalmente, depois de outros tediosos vinte minutos, o sino tocou às duas e meia e pulei sobre meus pés, instantaneamente energizada. Kate enfiou seus papéis no caderno e me seguiu até o corredor entre as mesas. Os outros veteranos e um punhado de calouros saíram rapidamente, como se houvesse sido dado apenas cinco segundos a eles para escaparem ou eles nunca sairiam vivos dali. “Senhorita Monroe?” Sr. Meyer me chamou assim que eu ia sair da sala. Virei-me para Kate. “No seu armário em cinco minutos?” Ela assentiu e saiu da sala junto com o resto dos estudantes, até eu ser deixada sozinha com o professor. Sr. Meyer sorriu por trás de seus óculos um pouco grossos, e me chamou até sua mesa. Respirei fundo, tendo uma boa ideia sobre o que poderia ser o tópico dessa discussão. “Sim, senhor?” Seu sorriso era caloroso e amigável. Ele empurrou os óculos sobre seu nariz. “Então o teste da semana passada não saiu muito bem, saiu?” Eu me concentrei. “Não, senhor.” Ele inclinou sua cabeça até mim. “Ano passado na minha aula cívica você estava indo muito bem, mas nos últimos meses de aula suas notas começaram a decair. Desde que as aulas começaram esse ano, elas só têm piorado. Eu gostaria de ver você ter sucesso, Ellie.” “Eu sei, Sr. Meyer,” eu disse. Desculpas correram por minha cabeça. Na realidade, eu estava distraída. Distraída pelas aplicações para faculdade. Distraída pelas constantes brigas entre meus pais. Distraída pelos pesadelos que me assombram todas as noites. É claro, eu não ia dizer sobre os meus problemas para o meu professor de economia. Não era Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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do assunto dele. Então eu dei a ele uma vaga resposta em troca. “Sinto muito. Eu tenho estado distraída. Várias coisas aconteceram no ano passado.” Ele se inclinou para frente, cravando os cotovelos sobre sua mesa. “Entendo essa coisa de Doença do Último Ano. Faculdade, amigos, Baile de Boas Vindas, garotos... São várias coisas requerendo a sua atenção de cada ângulo. Mas você tem que ficar focada no que é realmente importante.” “Eu sei,” eu disse desanimadamente. “Obrigada.” “E eu não falo só sobre os trabalhos da escola,” ele continuou. “A vida sempre vai testar você de modos que nunca aconteceram antes. Não deixe o seu futuro mudar a boa pessoa que você é ou fazer você esquecer quem você é. Você é uma boa garota, Ellie. Eu desfrutei tê-la em minhas aulas.” “Obrigada, Sr. Meyer,” eu disse com um sorriso honesto. Ele sentou para trás em sua cadeira. “Essa aula não é muito difícil. Eu sei que se você dedicar um pouco mais do seu tempo, você vai conseguir. Minha aula não é nada em comparação com o que há lá fora no mundo real. Eu sei que você pode fazer isso.” Assenti, assumindo que ele tinha esse discurso para cada um que tirou um D num teste de vinte questões, mas ele falou com tanta sinceridade que eu quis acreditar nele. “Obrigada por acreditar em mim.” “Eu não digo isso a cada um que as notas começam a decair” ele disse, como se tivesse lido a minha mente. “Eu falo a sério. Acredito em você. Só não se esqueça de acreditar em si mesma, ok?” Sorri abertamente. “Obrigada. Vejo você amanhã?” “Vou estar aqui” ele disse, encarando seus pés. “Seu aniversário está chegando, certo?” Dei a ele um olhar surpreso. “Sim, como você sabe? Você quer que eu traga cupcakes para distribuir, ou algo assim?” Ele riu. “Não, não. A menos que você realmente queira, eu digo, então fique à vontade. Mas, feliz aniversário, Senhorita Monroe.” “Obrigada, senhor.” Sorri e dei a ele um educado aceno antes de me virar. Saindo da sala de aula, não podia deixar de pensar que aquele discurso era um pouco pesado para um professor de economia prestes a se aposentar no Arizona. Encontrei Kate em seu armário. Ela franziu as sobrancelhas para mim enquanto eu andava até ela. “O que o Meyer queria?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Encolhi os ombros. “Ele quer que eu me dedique mais.” Ela sorriu. “Bom, eu acho você perfeita.” “Obrigada,” eu disse, rindo. “Você vai direto estudar para prova de matemática de quinta?” Ela balançou a cabeça e pôs o cabelo loiro para trás de um ombro depois puxou a mochila de seu armário. “Vou me bronzear primeiro,” ela disse. “Por quê? É setembro e você ainda parece que vai a praia todos os dias.” Colei seu ombro ao meu e ri forçadamente. Sua pele estava com um glorioso tom dourado, mas eu ainda gozava que ela ia acabar parecendo a outra boneca Barbie laranja na escola se continuasse assim. “Estou determinada a não ficar pálida nesse inverno como você sempre faz.” Kate era muito bonita, e mesmo quando ela estava com uma carranca ela parecia glamorosa. Ela também era quase uma cabeça mais alta que eu, mas essa não era uma grande proeza. Eu era alguns centímetros mais baixa que a maioria das garotas da minha idade. “Eu não estou pálida,” olhei para baixo para meu braço às escondidas, para que ela não notasse. Eu não estava tão pálida assim. “Essa pele deslumbrante não é fácil de manter, você sabe.” Ela acariciou a própria clavícula para dar efeito à frase e riu. Mostrei a língua para ela antes de irmos para o meu armário. Joguei meu livro de biologia dentro dele e derrubei meu material de literatura dentro da bolsa para levá-lo para casa. Minha redação de Hamlet era para próxima semana, então eu precisava começar a trabalhar nela. Um baque contra um armário próximo ao meu chamou minha atenção. Landon Brooks encostou o ombro contra nele e correu a mão por seu cabelo profissionalmente clareado. Ele era um desses caras que pensava que ter cabelo de surfista é o único jeito, mesmo aqui em Michigan, onde não tem onde surfar. De fato, era como a maioria dos jogadores de futebol se sentia. Landon era de longe a estrela do colégio, então era claro que qualquer coisa que ele pensasse ser o máximo, todo o resto achava que era o máximo também. “E então, sobre a festa de sábado? Vai acontecer?” Meu aniversário de dezessete anos era na quinta, vinte e um, e eu planejei fazer a festa na noite de sábado. Por alguma razão, toda a escola havia ouvido sobre isso e a opinião geral era de que iria arrasar. Eu não era desenfreadamente popular ou conhecedora de festas incríveis, mas ultimamente qualquer festa despertava um burburinho na minha escola. Era isso que acontecia numa escola de ensino médio suburbana em Detroit como Bloomfield Hills, suponho. “Sim,” eu disse cansada. “Nós só precisamos manter o número de convidados baixo. Meus pais me matam se uma centena de pessoas aparecerem.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Tarde demais,” Kate opinou. “Essa é a primeira festa do nosso ano de veteranas, então é claro que todos vão querer ir. E o Baile de Boas Vindas é no próximo final de semana, então nós precisamos de uma boa festa para começar o semestre do jeito certo. As massas estão crescendo inquietamente. Não é como se você fosse Leper Girl ou algo assim. As pessoas gostam de você.” “E você convidou Josie, lembra?” Landon cutucou. Ah sim. Josie Newport. Nossas mães foram próximas quando estava no ensino médio e nós ainda nos falávamos algumas vezes. Josie e eu brincávamos juntas quando éramos pequenas, mas as coisas mudaram. Ela era bem popular na escola, mas fora os compromissos de nossas mães, nós raramente nos falávamos e nunca abraçamos uma a outra. Eu a convidei para a minha festa quando nós nos encontramos em um salão algumas semanas atrás. Eu nunca entendi o estereotipo de todas as pessoas populares, lindas garotas que são completas vacas. Josie era uma boa garota. Ela talvez fosse um pouco patricinha, mas ela não havia sido má com ninguém de propósito. Eu tinha que admitir, embora ela tenha alguns amigos que eu não poderia dizer o mesmo. “E Josie tem que levar seu bando junto com ela a qualquer lugar que ela vai, certo?” Kate apontou. “Isso inclui metade da escola, Ell.” Fiz outra careta e bati meu armário. “Eu vou dar um jeito nisso.” Claro, eu na verdade não ia fazer nada. Eu não ia chegar em Josie Newport e dizer: “Oh, só para constar, quando eu convidei você, eu quis dizer só você e talvez um amigo ou dois. Não todo mundo e seus primos vesgos.” “Talvez ela tenha pensado que estava fazendo um favor a você?” Landon apontou. “Levantando a sua popularidade ou algo assim?” Enquanto isso soava legal, eu não suspeitava que fosse possível. Josie não ia me fazer nenhum favor. Mas provavelmente, se a festa fracassasse, Josie iria simplesmente mover o seu bando para algum outro lugar. Eles iriam ser como uma festa dentro de uma festa. Se a minha fracassasse, então Josie iria simplesmente fazer uma própria. Ela já tinha gente suficiente para fazer isso. “Tudo bem, eu estou saindo,” falei, feliz por encerrar a conversa e ir embora da escola para casa, mesmo que fosse para estudar. “Ok, eu vejo você em uma hora,” Kate disse. “Adios, garotas,” Landon disse, nos saudando com zombaria. “Por que vocês não estudam por mim também, para que eu não tenha que fazer isso?” Kate deu a ele um sarcástico sorriso antes de virar e fazer seu caminho para o estacionamento de estudantes. Ela tinha carteira e um carro desde que fez dezesseis anos, como a maioria das pessoas que eu conhecia. Eu tinha minha carteira também, mas ainda Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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não um carro. O pai de Kate comprou para ela uma BMW vermelha, para o seu aniversário. Eu achava ser um absoluto milagre de Deus ela não tê-lo batido ainda. Ela dirige como uma pessoa cega tendo um choque diabético. Acenei um adeus para Landon, puxei meu longo cabelo vermelho escuro para fora da alça da mochila, e sai pela porta da frente da escola, indo encontrar a minha mãe. Enquanto cruzava a porta da frente, encontrei um garoto que eu nunca tinha visto encostado contra uma árvore. Ele vestia uma camiseta marrom e jeans, e seu cabelo, que colou contra seu rosto com o vento, parecia preto até que o sol o iluminou. Na verdade ele até parecia um pouco velho para estar no ensino médio, talvez vinte ou vinte e um anos. Enquanto eu olhava para ele, senti uma certa simpatia no fundo do meu coração, mas balancei a cabeça fazendo o sentimento desaparecer. Eu não sabia quem ele era. Talvez ele tenha se graduado há um ou dois anos e eu o tenha visto nos corredores em algum momento? Minha escola era bem grande. Não tinha como eu conhecer todos que estudavam lá. Observei-o por mais alguns segundos até me dar conta de que ele estava me olhando de volta. Corei fortemente e olhei para trás, para a rotatória adiante onde os carros dos pais estavam parados. Era estranho como ele estava só parado ali, mas tive de assumir que ele estava esperando por algum irmão ou irmã mais nova. A Mercedes da minha mãe era quase indistinguível de qualquer outra Mercedes passando pela rotatória. Olhei através dos para brisas até a ver. Ela e o meu pai não pareciam em nada comigo. O cabelo da minha mãe era mais para um castanho claro perto do meu rico vermelho achocolatado. Pessoas me perguntam o tempo todo se eu pinto o meu cabelo dessa cor, como se fosse um rosa forte ou algum outro tom sobrenatural. Não, meu cabelo veio exatamente assim. Além do mais, ela não tinha nenhuma sarda. Várias pessoas pensam que qualquer pessoa ruiva é coberta de sardas. Não é verdade. Eu só tenho seis sobre o meu nariz. Você pode cutucar o meu rosto e contá-las. São seis. Entrei no carro e nós trocamos nossa típica conversa pós-escola. “Como foi o seu dia, Ellie Bean?” minha mãe perguntou, como ela faz todo santo dia. “Eu não morri,” respondi, como sempre. “Bom, essas são boas noticias,” era sempre a resposta dela. Olhei para trás pela janela de passageiro para a árvore onde eu havia visto o garoto, mas ele havia partido. Meus olhos percorreram o gramado, mas eu não podia vê-lo em nenhum lugar. “Para o que você está olhando?” minha mãe perguntou conforme nós nos distanciávamos. “Nada,” respondi distante. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Minha mãe gritou alguma obscenidade para o motorista à sua frente, que estava demorando muito para virar no semáforo. Limpando a raiva de sua expressão no momento seguinte, ela sorriu para mim. “Estou tão feliz por essa ser a última semana que eu vou ter que pegar você na escola.” “Bom para você.” Minha mãe é web designer e trabalha em casa, então ela sempre esteve disponível para me levar e buscar na escola, felizmente me poupando de nunca ter que ir para creche. Meu pai, por outro lado, raramente estava em casa. Ele trabalha com pesquisa médica e várias vezes eu fui para cama sem vê-lo. Algumas vezes eu não o via por uma semana. Ultimamente, isso se tornou uma coisa boa. “Então você nunca me disse o que você quer para o seu aniversário,” minha mãe disse. “Lambo.” Ela riu. “Sim, claro, vamos só vender a casa e conseguir para você uma Lamborghini de aniversário.” Nós finalmente saímos da avenida da escola e guiamos para casa. “Então, o que você quer? Eu sei que nós falamos sobre um carro, e o seu pai concordou.” “Eu de verdade não sei.” “Não me faça escolher,” minha mãe avisou. “Eu vou escolher para você uma bicicleta motorizada para ir para escola”. “Vou arriscar,” revirei os olhos. “Eu não sei, só me dê algum legal, seguro e que tenha um tocador de MP3. Vou ficar feliz da vida com isso.”

Acordei com música zumbindo em meus ouvidos. Procurei por meu celular e apertei o botão de desligar sem nem abrir os olhos. Segundos depois tocou novamente. Abri apenas um olho para checar a hora. Era 5h45 da manhã. Soltando uma meia maldição, arrastei o telefone pela minha cabeceira e olhei no visor. Era Kate. Esfreguei a mão na testa, me forçando a sair desse estado grogue pós pesadelo. Nos últimos meses eu venho tendo os mais estranhos sonhos como em filmes de terror, tipo o filme do Drácula com Gary Oldman. Assustadores. Eles não me deixavam dormir direito nas primeiras noites, mas então comecei a me acostumar com eles, e agora eles não me incomodavam muito. Até um mês atrás, eu acordava gritando todas as noites.

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Com muita preguiça para por o telefone contra a minha orelha, liguei o viva-voz e coloquei-o de volta na cabeceira. “Qual o problema com você? Meu despertador ainda nem tocou.” “Jesus, Ellie, liga a televisão.” A voz de Kate era baixa e frenética. “É o Sr. Meyer. Canal quatro.” Procurei pelo controle remoto, liguei a televisão, e fui para o canal quatro como o instruído. Ergui-me rapidamente. “Ele está morto, Ellie,” Kate sussurrou. “Eles o acharam atrás daquele bar, o Lane’s.” Meus olhos estavam colados no caos que passava na televisão. “... a falta de sangue no local indica aos investigadores que Frank Meyer pode ter sido assassinado em outro local e largado aqui atrás do Pub Lane’s junto com a possível arma do crime: uma longa faca de caça com um gancho. A razão para o acontecido é ainda apenas especulada, as autoridades revelaram muito pouco sobre essa descoberta macabra. No caso de você estar ligando a televisão agora, essa é Debra Michaels transmitindo do Commerce Township, onde o corpo severamente mutilado de um dos educadores mais amados desta comunidade, Frank Meyer da West Bloomfield, foi encontrado mais cedo nesta manhã...” Eu senti como se fosse vomitar. Vi o local atrás da repórter, cheio pela polícia, o corpo de bombeiros, e as ambulâncias. Sr. Meyer? Ele era um dos professores mais legais que eu já tive. Eu o havia visto a menos de vinte e quatro horas antes. Como ele podia estar morto? Ele foi assassinado? E severamente mutilado? “Você acha que as aulas vão ser canceladas?” Kate perguntou. Havia esquecido que ela estava no telefone. “Estou indo falar com a minha mãe. Encontre-me na minha casa.” Desliguei. Uma hora mais tarde, eu estava sentada em um banquinho na ilha-bar da cozinha, encarando um intocado prato com panquecas. Minha mãe só fazia panquecas quando eu estava doente ou tinha um dia horrível, ou quando era um dia especial como o Natal. Supus que esse era um daqueles dias em que as panquecas eram justificadas, mas não conseguia dar nem uma mordida. O rico cheiro me nauseava. Mamãe andou atrás de mim e passou um braço ao redor do meu ombro. “Você precisa comer, querida. Por favor? Ponha um pouco de comida no estômago e você vai se sentir melhor.” “Vou vomitar tudo,” resmunguei tristemente. “Uma mordida,” ela ordenou. “Então eu não vou me sentir tão mal por ter que jogar fora esse café da manhã intocado.”

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Fiz uma careta e passei a faca naquela papa antes de pegar com o meu garfo, mas ela tombou e caiu sobre o meu colo. Grunhi e bati com a cabeça no balcão. Minha mãe franziu o cenho. “Você tem que ser mais esperta que a panqueca, Ellie.” Encarei-a. Não era para os adolescentes serem os espertinhos, e não os pais? Ela ignorou o meu olhar de reprovação e me estendeu um guardanapo, para que eu limpasse a minha calça de pijama. “Bom, eu finalmente consegui contatar alguém na escola. Eles estiveram tentando lidar com essa tragédia a manhã toda, então as linhas estavam sempre congestionadas. Tenho certeza que cada pai desse distrito deve ter tentado ligar para eles. De qualquer jeito, a escola está fechada hoje, mas suspeito que amanhã já vá estar aberta. Eu sei que você gostava muito do Sr. Meyer, e o assistente do diretor me informou que os conselheiros estão sendo chamados, então se você precisar falar com alguém...” “Estou bem, mãe,” eu disse. “Não estou surtando nem nada. Só não me sinto bem, isso é tudo.” Ela estava sempre tão no topo das coisas. Ela tinha planos para tudo. Ela me encarou afetuosamente. “Você é o meu pequeno milagre. Quero que você esteja bem.” Revirei os olhos. “Você sempre diz isso.” “Preocupo-me com os seus pesadelos,” ela disse tristemente. “Eu mal os tenho ultimamente,” menti. Pensei que seria melhor para ela se preocupar menos comigo. Eu ainda tinha pesadelos todas as noites, mas estava aprendendo a lidar com eles, já que a medicação que eu estava usando era inútil. “Mas e se essa tragédia os trouxer de volta? Posso marcar uma consulta para você com o Dr. Niles para semana que vem.” “Tchau, mãe,” eu disse, dispensando ela. Odiava quando ela começava com isso de psicólogo que ela e meu pai me levaram por três meses. Tudo que o cara fez foi me dizer um monte de besteiras que eu já sabia e me deu remédios que não funcionaram. Claro, todos eles pensavam que o problema havia sido resolvido. O que eles não sabem não pode machucá-los. “Eu não quis deixar você brava, Ellie Bean.” Exalei, deixando a tensão sair de meu rosto, e olhei de volta para ela. “Eu sei. Você só tem que acreditar em mim quando digo que vou ficar bem.” Ela ficou em silêncio por um momento antes de dizer algo. “Vou dizer para o seu pai dar tchau para você antes de sair.” Mamãe desapareceu da cozinha.

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Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Kate, perguntando onde ela estava. Minutos depois, recebi uma resposta: “To aii log6! Talv.” Imediatamente me arrependi de mandar uma mensagem para Kate enquanto ela estava dirigindo—por razões óbvias. Cutuquei meu café da manhã mais algumas vezes. Meu pai andou na cozinha, arrumando a frente de paletó. Olhei para ele brevemente e dei um pequeno sorriso. Ele deu um tapinha no topo da minha cabeça enquanto passava. “Sinto muito sobre o seu professor,” ele disse. As linhas em seu rosto me diziam que ele estava triste, mas seus olhos não combinaram. Eles estavam calmos e nada afetados, sua mente em outro lugar. Tinha certeza que ele quis dizer o que disse, mas ele nunca sabia realmente como demonstrar isso. Assumi que ele tinha aprendido como confortar os outros imitando alguém—como se ele tivesse visto na televisão. Nunca parecia natural, nunca parecia que ele realmente se importava. “Obrigada, pai,” eu disse sinceramente. “Kate está vindo para cá.” “Oh,” ele disse. “Não acho que nós vamos fazer alguma coisa,” eu disse. “Ok, então. Tchau.” “Até mais.” Ele provavelmente deveria ter dito algo sobre como ele esperava que tudo ficasse bem e que ele me amava, mas iria me dar um susto de morte se eu ouvisse essas palavras vindo da boca dele qualquer dia desses. Observei a cabeça do meu pai na garagem e ouvi ele dirigir para longe. Quando Kate chegou, ela se deixou na porta da frente. Ela sentou quieta ao meu lado, pegou meu garfo e deu uma garfada na minha panqueca. “Não posso acreditar que o Sr. Meyer morreu,” Kate disse com a boca cheia. Pensando em nunca mais ver o suave sorriso em seu rosto na aula me fez realmente triste. “Também não posso acreditar que ele está morto. Os noticiários disseram mais alguma coisa sobre isso?” “Eles só disseram que ele foi ‘severamente mutilado’. Embora eu não tenha a menor ideia do que quiseram dizer com isso. Poderia ser qualquer coisa. Provavelmente foi coisa de algum psicopata. Detroit está a tipo cinco minutos daqui.” Peguei um pouco do meu café da manhã. Imediatamente me senti mal. “Acho que vou dormir um pouco mais. Vem comigo?”

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“Melhor ideia que eu já ouvi desde que Landon e Chris decidiram que iriam roubar uma zebra do zoológico e deixá-la solta durante a cerimônia de formatura,” ela disse. “Você acha que eles realmente vão fazer isso?” “Duvido.”

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2 Eu estava alisando minha mão sobre as grandes marcas de garras que corriam ao longo na extensão da porta de metal, quando ouvi os rugidos de algum lugar nas profundezas da cavernosa fábrica de tecidos. Os rugidos de raiva sacudiam o chão empoeirado debaixo dos meus sapatos em ecos desolados, anunciando a presença do Ceifeiro abaixo. Eu invoquei ambas as minhas espadas do nada e dei um passo em silêncio pela porta e pelo corredor escuro. O ar cheirava a fumaça e enxofre, o inconfundível mau cheiro deixado para trás pelos demoníacos, e a única coisa que ligava o mundo mortal ao sombrio. O chão estava coberto com papel amarelado, e nada restou das pequenas janelas industriais que pontilham as paredes além de irregulares vidros quebrados. A pálida luz doentia dos postes ao longo das ruas escuras formavam listras através das janelas quebradas. O lixo estava amontoado contra as paredes, que eram cobertas com tiras de pintura descascada, em decomposição. Eu pisei em torno de tudo, sem fazer barulho, mas eu sabia que o Ceifeiro podia me sentir. Meu silêncio não poderia mascarar a energia que rolava de mim. Nada poderia, e o ceifeiro estava faminto por mim. Entrei no Sombrio, passando através do véu de fumaça e ao mundo que a maioria dos humanos não podia ver. Aqui os ceifeiros habitavam. Os restos do plano mortal puxaram meus braços e roupas como gavinhas viscosas. Um carro da polícia passando iluminou o piso térreo da fábrica, como fogos de artifício vermelho-sangue, o barulho de suas sirenes ensurdeceram-me por um momento. Eu tomei uma respiração profunda para recuperar a compostura e segui em direção à escada de emergência mais próxima. Chutei a porta aberta, e o pesado barulho de aço mudou minha posição. Eu segurei os cabos de ambas minhas espadas Khopesh 1 de prata em forma de foice apertados, e olhei sobre a borda da grade de metal que descia do eixo ao nível do porão. Uma forma escura, maciça brilhou em todo o andar de baixo. O ceifeiro rugiu novamente, fazendo a escada estremecer. Desci rapidamente, chicoteando o meu corpo em torno da escada em espiral de aço, em cada turno, determinada a não deixar que ele escapasse. Meus passos eram leves, apenas roçavam o chão debaixo de mim. Com pressa, eu saltei sobre os trilhos e pousei em segurança com nada mais do que uma curva nos meus joelhos e um baque dos meus sapatos. Chutei a porta da escadaria aberta e congelei para espreitar cuidadosamente na escuridão. Garras invisíveis arranharam o concreto. Ele queria que eu soubesse que ele estava lá. Atrás de mim veio um estrondo, baixo e gutural. Virei-me e vi de relance o ceifeiro, mas ele desapareceu na escuridão mais profunda. Cerrei os dentes amargamente, e fogo angelical irrompeu das minhas espadas, preparando-se para a batalha. As chamas eram a única coisa que podia realmente matar um ceifeiro, e eu era a única que poderia utilizá-las. Elas iluminaram o porão cavernoso em luz branca, mas o ceifeiro se evadiu do brilho e ficou preso às sombras. 1

As espadas que ela usa na capa do livro.

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Ele estava brincando comigo, me atraindo. Eu segurei as espadas prontas e o segui de qualquer maneira. O poder do ceifeiro estava todo em torno de mim agora, lavando-me como uma enchente de fumaça de uma chama extinta, pesado, escuro, impiedoso e sem aviso. Eu virei e cortei com ambas as espadas. A luz do fogo iluminava a forma colossal, parecida com um urso, do ceifeiro quando ele levantou, suas pernas estendidas a sua frente, acenando com as patas do tamanho de pratos. Seus olhos eram negros e vazios como os de um tubarão, e suas mandíbulas gigantes caíram para soltar um rugido como um trem direto no meu rosto. Eu me encolhi quando o ceifeiro bateu fortemente as longas garras do seu pé na minha cabeça. Eu pulei para os meus pés e andei para trás. O ceifeiro avançou em minha direção e levou apenas meio passo para chegar a mim. Ele abriu sua boca novamente, revelando um conjunto de dentes enormes que poderiam ter pertencido a um gato dente de sabre, cada presa facilmente mais longa que meu antebraço. Ele se ergueu por cima de mim e seu rugido trovejou mais uma vez pela fábrica. Eu caí de joelhos, cortei o peito do ceifeiro e através de suas pernas traseiras. Ele entrou em colapso em um jato de sangue, mas endireitou-se rapidamente e saltou pelo ar, pousando a trinta pés longe de mim. Sua carne chiou onde as lâminas de prata tinham cortado e o fogo havia queimado. Ele virou e atacou. Afastei-me para o meu calcanhar direito preparada para o impacto. Em vez disso, o ceifeiro caiu a minha esquerda, um pouco antes, ele teria colidido comigo. Ele desapareceu por um momento. Garras cortaram pelas minhas costas, rasgando meu corpo como carne de hambúrguer. Eu guinchei e cai para frente. Estremeci e deixei cair minhas espadas. A dor que eu esperava não veio, eu não senti nada. O ceifeiro estava distraído pela minha poça de sangue por um momento enquanto eu estava imóvel. Ele fez uma pausa para saboreá-lo e rosnou um ruído gutural de aprovação com sua boca desumana, antes de se abaixar até mim para terminar o trabalho. Eu não pude terminar o meu último suspiro antes de morrer. Eu sentei-me reta com um enorme suspiro de ar, sentindo como se a vida tivesse sido levada para fora de mim. Alcancei em torno de minhas costas e senti a pele lisa, sem danos lá e soltei um suspiro de alívio. Meus pesadelos estavam ficando cada vez mais reais a cada vez que eu dormia, e comecei a me preocupar se eu realmente precisava voltar para a terapia. Ao meu lado, Kate se mexeu. Ela sentou-se comigo e fez uma careta. “Você está bem? Pesadelos?” Levantei meus joelhos até meu peito e descansei minhas bochechas contra eles. “Sim.” Ela tocou meu cabelo suavemente. “Quer ver um filme?”

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Eu consenti. Kate nunca me julgou pelos meus pesadelos, nunca me tratou como uma psicopata, e ela compreendia melhor do que ninguém que os medicamentos e a terapia não ajudavam. Ela era a única pessoa que me ouvia em vez de tentar me diagnosticar constantemente. Eu me dobrei e me enrolei em uma bola, enquanto Kate se atrapalhou para ligar o DVD no chão, na frente da minha TV. Passamos por três filmes divertidos, incluindo um dos meus favoritos, Gatinhas e Gatões, para me lembrar que era meu aniversário no dia seguinte. Esse filme sempre me fazia sentir melhor, mas tentar fazer hoje parecer menos ruim foi inútil. Maratonas de filmes alegres—e panquecas— tinham sido a nossa cura de dias ruins desde que nós usávamos tranças, e eu notei que o ritual iria nos acompanhar até a faculdade no outono seguinte. “Qual o próximo?” Kate perguntou, arrastando a pasta em minha cama. “As Patricinhas de Beverly Hills?” Eu balancei minha cabeça. Passava das quatro agora, e eu estava começando a me sentir inquieta. “Eu não me sinto como se quisesse assistir a outro filme. Você quer ir fazer alguma coisa?” “Como, o quê? O shopping? Devemos ir investigar antes que a coleção de Outono da Gucci acabe.” Eu torci meu rosto. “Não, eu não quero ter que arrumar meu cabelo e parecer decente. Nós poderíamos simplesmente ir tomar um sorvete.” Kate se animou um pouco. “Parece bom. Estou dentro.” Eu coloquei as calças jeans e uma jaqueta leve de zíper por cima da minha regata. “Devemos chamar Landon para nos encontrar lá?” Kate deu um aceno rápido e discou pra ele. Deixamos a minha mãe saber para onde estávamos indo, saímos na BMW de Kate, e dirigimos até Cold Stone. Landon estava esperando por nós no estacionamento, conversando com algumas outras pessoas do nosso círculo de amigos: Chris, Evan, e Rachel. Chris estava na equipe de futebol com Landon, e eles tinham sido melhores amigos por tanto tempo quanto eu conseguia lembrar. Todos pararam de falar quando Kate e eu saímos do carro. “Hoje está sendo tão louco,” disse Landon. “Como vocês estão indo?” “Tudo bem, apenas saindo um pouco,” disse Kate, tomando minha mão e levandome com ela. Fizemos o pedido e sentamos nas mesas externas de metal. Landon e os outros três se juntaram a nós. Vasculhei o meu pote de Cookie Doughn't You Want Some2 antes de dar uma pequena provada. Considerando o pouco que eu tinha comido naquele dia, eu não estava com muita fome. O assassinato do Sr. Meyer me incomodou mais do que eu 2

Bolinho com sorvete e biscoitos em cima

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esperava. Eu nunca tinha conhecido ninguém que tivesse morrido antes, além do meu avô. Ele tinha falecido em paz. Algo muito ruim tinha acontecido com meu professor. Os outros estavam dizendo coisas sem nexo uns aos outros sobre o Sr. Meyer. “Ouvi dizer que foi um ataque de urso,” disse Evan com a boca cheia. “E Meyer tentou se defender com uma faca.” “Não existem ursos deste lado do estado,” disse Rachel. “Talvez tenha sido o puma de estimação de alguém,” Landon propôs. “Eu conheço um cara com uma jaguatirica.” “Você não conhece,” Chris zombou. “Sim eu conheço.” Rachel arranhou o topo da cabeça de Evan com as unhas. “O que é uma jaguatirica?” “Foi assim tão horrível?” Kate perguntou. Chris assentiu. “Um amigo meu está fazendo serviço comunitário no necrotério por dirigir alcoolizado, e ele ouviu que foi horrível. Como se ele estivesse em pedaços, cara. Eu não acho que uma briga de bar teria chegado a esse ponto a menos que a garota fosse totalmente gostosa. Eu rasgaria um cara se ele estivesse entre mim e a Angelina Jolie.” Eu não gostava do jeito que eles estavam falando sobre o Sr. Meyer, então eu tentei bloqueá-los e mandar as imagens mentais perturbadoras embora. Cold Stone estava cheia; desde que já tinha passado das quatro, a escola primária na vizinhança tinha terminado a aula e agora o lugar estava começando a ter uma multidão de pequenas crianças gritando e brigando. Eu tentei ao máximo ignorá-las, desde a quinta série meninos tentavam pegar garotas do ensino médio. Meus olhos varreram a área, observando seus rostos à distância, até que eu vi o menino estranho do lado de fora da escola, do dia anterior. Hoje, ele usava uma camiseta de manga comprida preta e calça jeans escura, estilo desbotada. Ele estava sentado sozinho em uma mesa de cerca de vinte pés de distância e olhando para o espaço. Eu o conhecia. Eu tinha que conhecê-lo de algum lugar. Quando eu olhei para ele, imagens breves de seu rosto, seus olhos e seu sorriso passaram por minha mente. Um cheiro morno passou por mim e eu sabia que era dele, mas eu não estava perto o suficiente para senti-lo. A ternura passou pelo meu coração, tanto me trazendo medo quanto me trazendo paz. Quando ele percebeu que eu estava olhando para ele, ele olhou de volta e não desviou o olhar. Tentei bloqueá-lo também, mas eu percebi que não podia ignorar todo mundo. Voltei aos meus amigos. “A escola deve abrir amanhã,” disse Rachel. Kate lambeu uma bola de chantilly. “Isso é uma droga.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Você acha que ainda vamos ter que terminar o trabalho da semana de economia?” Landon perguntou. Chris deu de ombros. “Por que não teríamos? Nós vamos ter um substituto até eles encontrarem outro professor pra substituí-lo.” Eu terminei meu sorvete rapidamente, sem me juntar à conversa, e depois me levantei para caminhar até a lata de lixo, ao lado do prédio, para jogar meu pote fora. Quando me virei, eu quase esbarrei em uma forma alta, pulando assustada. Olhando para cima, me vi cara a cara com o garoto que eu tinha visto no dia anterior. Ele era alto, talvez um metro e oitenta e tinha ombros largos—e ele estava muito, muito, muito perto. Sua presença me rodeou—não sufocando, como eu teria esperado, mas pacificamente. Eu não me afastei dele. Ele olhou para mim com brilhantes olhos verdes, sem dizer nada. Ao redor do colarinho da sua camisa tinham estranhas manchas negras, como tatuagens. Seu cabelo escuro estava um pouco bagunçado pela brisa de Setembro. “Hum, oi,” eu disse, arrastando em minha inquietação. “Você... Precisa da lata de lixo?” Eu me senti como um idiota, logo que eu disse isso. “Oi,” ele disse, e me deu um sorriso silencioso, que ampliou os contornos suaves de seu rosto, a curva de seus lábios, a pequena linha ao lado de seu olho direito que apareceu quando ele sorriu—um sorriso que eu sentia ter visto um milhão de vezes antes. “Não, eu não preciso da lata de lixo.” “Ok...” Comecei a andar de volta para meus amigos. “Você se lembra de mim?” Perguntou ele. Além de ter um sentimento distinto de déjà vu, eu estava muito certa que eu não o conhecia. “Eu acho que devo ter te visto ontem na escola.” “Só isso?” A expressão dele mostrou que ele se sentia magoado. Sim, ele era muito estranho. “Tenho certeza. Você está procurando alguém?” “Não,” ele meditou. “Você é Elisabeth Monroe, certo?” “Ellie, sim. Você frequenta a minha escola?” “Não, desculpe. Você vai fazer uma festa no sábado, não é?” Minha nossa, o mundo inteiro sabia? “Sim. Como você ouviu sobre isso, se você não frequenta a minha escola?” “Um amigo.” Ele sorriu. “Você está bem, Ellie?” Landon tinha se juntado a nós. Ele parecia irritado, quase hostil. “Quem é esse cara?” Ele olhou para o menino de cima abaixo. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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O estranho sorriso desapareceu. “Apenas me chame de Will.” Suas palavras desencadearam algo no fundo da minha mente, assim como seu sorriso parecia familiar para mim. Senti como se já o tivesse ouvido dizer isso antes. “Não fale com ela, cara,” disse Landon, dando um passo em direção a Will. Eu coloquei a mão suavemente no peito de Landon. “Landon, calma, ele não está me incomodando. Eu estava jogando meu pote fora. Vamos lá. Bom conhecê-lo, Will.” Eu balancei a cabeça para Will e levei Landon para longe. “Qual é o seu problema?” Perguntei-lhe, uma vez que estávamos fora do alcance da voz. “Nada—não se preocupe com isso. Ele não deveria estar falando com você.” “Eu pensei que você fosse dar um soco naquele cara.” “Se ele tivesse tocado em você, eu teria dado.” Eu pisquei, surpresa. “Bem, ele não tocou em mim.” Ele bufou. “Bom.” Eu tentei não rir. Landon tinha sido meu amigo desde a sexta série, mas ele era um menino, e os meninos não faziam sentido para mim.

Meu pai realmente chegou em casa a tempo para o jantar, para meu espanto, mas logo que todos nos sentamos à mesa, eu queria que ele fosse embora. Jantares ultimamente eram gastos principalmente com meus pais tentando me fazer falar. Eu não precisava falar sobre o Sr. Meyer. Eu não tinha dez anos e eu não estava traumatizada. Eu estava apenas triste. Que era natural e esperado. Eu não precisava ser mimada sobre isso. Eu temia a escola na manhã seguinte. Isso iria acontecer hoje mais uma vez e por mais umas mil vezes. Para não mencionar que eu ainda tinha teste de matemática na minha agenda. Que maneira de passar meu aniversário. O punho do meu pai batendo na mesa me abalou brutalmente para fora dos meus pensamentos. Sentei-me como um tiro. “Este não é o ponto.” Sua voz era fria e dura, como se estivesse segurando um grito nervoso. “Não é?” Minha mãe perguntou. “Esta é a primeira noite que você esteve em casa durante toda a semana. Não seria surpresa para mim descobrir que os pesadelos dela são o resultado da falta de uma figura paterna.” “Isso é ridículo. Não me venha com essa porcaria psicológica, Diane.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Eu só estou tentando encontrar uma solução,” disse mamãe, cansada. “O professor dela foi assassinado. Se acontecer qualquer coisa, isso vai começar os pesadelos dela de novo. Devemos levá-la de volta ao Dr. Niles.” Era como se ela tivesse esquecido totalmente o que eu lhe tinha dito naquela manhã. Eu queria jogar meu espaguete em ambas as suas faces e gritar, Olá! Eu estou bem aqui! Era quase mais cômico do que enfurecedor quando eles discutiam sobre mim enquanto eu estava sentada bem próxima a eles. Quando eles esqueciam totalmente da minha presença em uma sala, isso se tornava tão óbvio. Eles se preocupavam mais com brigar entre si do que sobre a minha saúde mental. Meu pai bufou. “Se você acha que é necessário.” “Há um monte de coisas que eu acho que são necessárias.” “O que é que isso quer dizer?” Ela olhou para ele. “Você sabe exatamente o que quer dizer.” “Não faça joguinhos mentais comigo.” Eram noites como estas que me faziam desejar que eu tivesse um cachorro. Eu precisava de uma desculpa para sair de casa e ir para uma caminhada. Qualquer coisa para dar o fora. “Você nunca está em casa, e quando está, tudo que você faz é gritar,” Mamãe acusou. “Eu tenho medo de você quando—e se—você chega em casa, à noite. Elisabeth também tem. Não me chocaria se seus pesadelos são o resultado de todos estes anos de você gritando com ela por qualquer coisinha. Isto não é sobre você e eu, Rick—trata-se da maneira como você trata sua filha.” Isso foi tudo que eu pude aguentar. Eu me levantei da mesa e levei meu prato para a cozinha, bloqueando mentalmente a resposta enfurecida do meu pai. Todos os pais brigam—isso acontece em qualquer relacionamento, mas pais não deviam brigar na frente de seus filhos. Minha mãe e meu pai estavam concentrados em culpar uns aos outros por meus pesadelos, quando ambos provavelmente eram a causa. Fui até meu quarto e sentei na minha cama, olhando para o espelho sobre a minha cômoda. A caixa de música cor-de-rosa que o meu pai tinha me dado quando eu tinha sete anos, estava entre um par de velas perfumadas e um cartão de aniversário que a minha avó tinha me enviado no início da semana. Levantei-me, fui até minha cômoda, e levantei a tampa da caixa de música. A pequena bailarina de plástico de dentro se desenrolou e se levantou. Eu levantei a caixa e girei a chave na parte inferior. Uma música delicada começou a tocar, a bailarina virou-se lentamente. Eu assisti a dança por alguns instantes, imaginando como minha vida tinha chegado a ser dessa maneira, como meu pai tinha se transformado em uma pessoa detestável. Eu amava aquela caixa de música, agora Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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principalmente porque ela me lembrava do pai maravilhoso que o homem no andar de baixo costumava ser. Eu teria dado qualquer coisa para voltar aos últimos dez anos da minha vida—e isso não era algo que alguém da minha idade deveria sentir.

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3 Recusando-me a deixar a minha depressão piorar, eu coloquei um filme. Eu me conformei com De Repente 30, já que essa era a idade que meus parentes me faziam sentir. Pelo menos esses felizes e engraçados momentos poderiam ser capazes de restaurar o meu ânimo. Dentro e fora eu podia ouvir a gritaria. Quando meu relógio apontou a meia-noite, meus pais tinham começado a discutir novamente. “Feliz aniversário para mim,” eu disse tristemente. Dentro do minuto seguinte, recebi oito mensagens de texto contendo as variações de “feliz aniversário!” envolvendo excesso de pontuação e dois textos como “amo vc vadia!” Decidi passar os meus primeiros poucos minutos como uma menina de dezessete anos, esgueirando-me pela porta da frente para me sentar na varanda. Eu me inclinei contra uma das colunas e tomei uma respiração profunda. A noite estava tranquila, o ar estava um pouco frio, mas eu estava confortável em minha camiseta. Algum tempo depois de ficar sentada na varanda, mexendo nas minhas unhas, eu me levantei e comecei a descer para a calçada. Uma volta pelo quarteirão deve ser o suficiente, eu decididi. Eu realmente precisava de um cachorro. Considerei por um momento: um carro ou um cachorro para o meu aniversário. ...É, um carro. Eu não achei que iria ganhá-lo exatamente no dia seguinte, mas mais provavelmente no fim de semana. Eu sabia que um monte de crianças que não conseguiram carros em seus aniversários, ou em qualquer outra data, muito menos a chance de escolher um, então eu não devo reclamar. Mas, novamente, um monte de crianças tem pais que não gritam um com o outro. Todo mundo faz seus sacrifícios. Ouvi um estrondo baixo, logo há minha frente, e parei de andar. Isso não soou mecânico, como o motor de um carro, e eu definitivamente não vi nenhum farol à frente. Forcei meus olhos para espreitar a escuridão. O poste acima de mim zumbiu e apagou. Passando o canto da calçada, no fundo, dentro da relva do meu vizinho, eu não conseguia ver nada. Por um instante eu pensei no assassinato do Sr. Meyer. Talvez não fosse assim, uma ideia tão boa, andar por aí depois da meia noite? “O que você está olhando?” Deixei escapar um pequeno grito e me virei com o meu coração saltando na minha garganta. Era Will, como se ele tivesse aparecido do nada. Ele parecia preocupado e determinado, mas obviamente com cara de tentando esconder aqueles sentimentos. “O que você está fazendo aqui?” Eu sussurrei duramente. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“O que você está fazendo aqui?” Ele respondeu. Eu joguei minha mão. “Eu moro aqui!” De repente, eu tive um pensamento terrível. Eu o tinha visto pela primeira vez um dia antes, na noite em que o Sr. Meyer morreu. Não, não, não. Isso foi ridículo. Ele era apenas um cara gostoso e estranho. Aconteceu de eu o ver em todos os lugares em que eu fui. Isso não fazia dele um assassino. A minha mãe não tinha me dado uma spray de pimenta no Natal? O que eu tinha feito com aquilo? “Então por que você saiu para uma caminhada, assim, tarde da noite?” Ele perguntou, distraindo-me dos meus pensamentos. “Mesmo se você vive aqui, é muito tarde para ficar andando por aí à noite.” “Bem, você está aqui fora também. Eu gosto de estar fora durante a noite. É relaxante.” Aquele sorriso alargou. Era como se ele achasse isso engraçado. “A maioria das pessoas se sentiriam nervosas.” Minhas mãos repousavam sobre meus quadris. “Por quê? Eu deveria estar?” “O quê?” “Nervosa.” “Provavelmente.” “Você não parece estar nervoso.” “Eu posso cuidar de mim.” Seu sorriso se tornou escuro, conhecedor. “Você é o garoto mais estranho que eu já conheci, e, acredite, cada um deles é estranho, então isso significa muito.” Quando percebi o que eu acabara de dizer, eu queria bater a minha cara em uma parede de tijolos. Minha boca gostava de se mover, quando isso deveria acontecer com os o resto do meu corpo. Ele riu. “Pelo menos você é honesta sobre seus sentimentos.” “Dizem que é uma virtude.” Eu virei para voltar para a minha casa. Era hora de sair. “Faça-me um favor e me deixe sozinha. Eu simplesmente sei que você vai dar uma de Ted Bundy pra mim a qualquer momento.” Olhei ao meu redor, esperando que um dos vizinhos tenham mexido nas suas luzes no alpendre ou desatado a segurar uma espingarda. Eu tinha certeza que eu não era tão sortuda. “Você tem medo de mim?” Will perguntou, correndo para me alcançar.

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“Você está tentando passiva-agressivamente me dizer que eu devo estar com medo de você, também? Não apenas ‘nervosa’?” Eu estava somente há quatro casas de distância de casa agora. “Não, mas você já ouviu o ditado ‘O corajoso pode não viver para sempre, mas o cuidadoso não viverá nada’'?” “Não, eu nunca ouvi isso, mas eu vou manter isso em mente. Obrigada pela a percepção proverbial, meu amigo perseguidor.” Ele jogou o braço sobre meu peito para me parar e olhou à frente, encarando o escuro friamente. Seu corpo enrijeceu, mas algo dentro de mim me disse que não era por causa do ar frio. Virei a cabeça para seguir o seu olhar, mas não vi nada a frente. Uma brisa espalhou um punhado de folhas caídas. Senti o cheiro algo estranho, como ovos e fumaça preta. “Você cheira isso? O que há de errado?” Ele pisou em torno de mim para se colocar entre mim e onde ele estava olhando. “Você não pode ver o Sombrio ainda.” “Ver o quê? O sombrio o quê?” Eu olhei por cima do ombro. Eu pensei ter visto uma sombra cruzar meu caminho, mas quando eu piscava, não havia nada. Eu acho que estava muito escuro. Seu olhar estava fixo em alguma coisa na escuridão. “Não é hora! Acalme-se. Eu não me importo se já passou de meia-noite, ela não pode ser tocada, a menos que você esteja preparado para as consequências.” Ele claramente não estava falando comigo. De repente eu estava muito ciente de que embora eu soubesse o nome dele, eu não tinha ideia de quem ele era. Ele poderia ser algum viciado em drogas. Eu nunca tinha visto alguém com outra coisa que não fosse maconha ou álcool, nem mesmo cogumelos, e muito menos algo pior, então eu não tinha idéia do que esperar. Meu corpo ficou tenso com o medo. “O que você usou? Eu tive o suficiente. Estou indo embora.” Comecei a voltar para minha casa. “Não, espere,” Will disse. Eu ouvi o barulho de novo, só que dessa vez foi mais alto. Isso não era um motor de carro. Era um grunhido? Havia um cachorro—um cachorro enorme—lá fora, no escuro? Minha mente acelerou com pensamentos de um ataque de cão raivoso. E se o cão estivesse perto o suficiente para eu ouvi-lo, então eu deveria ter sido capaz de vê-lo. Outro rosnado veio, e, em seguida, passos muito pesados, como T-rex-agitando-ocopo-de-água-estilo-Jurassic-Park. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“O que é isso?” Eu perguntei, tremendo, meus olhos procurando no escuro. Eu senti como se estivesse caindo direto na versão vida-real de um dos meus pesadelos. Minha cabeça girava vertiginosamente, e meu medo agitava meu estômago. Respiração quente, fedendo como um coisa atropelada, soprou meu rosto vindo de uma fonte invisível, e eu virei, engasgando. “Oh meu Deus!” Eu gemi, cobrindo minha boca. “Venha aqui,” disse Will lentamente, me alcançando sem dar um passo. Aquele olhar de preocupação que eu notei mais cedo se aprofundou. Agora ele parecia com medo, e isso me assustou mil vezes mais. “De jeito nenhum!” Eu chorei, cambaleando para longe dele. Seu medo se transformou em frustração quando eu me afastei. “Não grite. Você vai fazê-lo atacar.” O pânico se estabeleceu. “Vá embora!” Eu gritei, e tentei correr, mas Will agarrou meu braço. Eu torci e puxei, mas o seu aperto era incrivelmente forte. Era como tentar arrastar um caminhão, não conseguia levá-lo a dar nem um centímetro. Como alguém poderia ser tão forte? Comecei a tentar tirar os seus dedos, mas eles eram como rocha sólida. “Está na hora de terminar este jogo,” disse ele, enviando pontadas de gelo pela minha espinha. Ele me puxou para o seu peito e sem esforço pressionou a palma da mão na minha testa. Uma luz branca brilhou cegando-me. Cada centímetro do meu crânio pareceu como se fosse explodir com a pressão. O chão parecia como se estivesse balançando e rolando sob meus pés, e um vento cruel—que eu não sabia da onde vinha—me puniu violentamente, batendo em mim de todas as direções. Meus joelhos começaram a oscilar, incapazes de manter meu peso, mas Will me segurou para que eu não caísse. A luz desapareceu tão abruptamente como tinha aparecido, tão abruptamente como ele tirou sua mão e me liberou. Eu cambalei para trás caindo no meu cóccix, minha visão borrando, mas através da neblina eu poderia jurar que vi asas sombrias elevando-se sobre mim, espalhando a sua extensão. Eu pisquei e vi apenas a forma embaçada de Will onde eu pensei que as asas tinham acabado de estar. Cada músculo do meu corpo doía como se eu tivesse corrido uma milha, mas eu estava energizada. Havia uma sensação de movimento no ar, através do solo, e cada centímetro do meu corpo formigava com pequenas protuberâncias de eletricidade, como se eu estivesse me movendo a cem de quilómetros por hora, mesmo que eu não tenha movido uma polegada. O ar ao redor mim era espesso por um momento, espesso e fumacento, e eu apertei meus olhos e os abri novamente para limpar a minha visão. Depois de uma batida de coração, a nebulosidade desapareceu. Olhei confusamente na calçada, esfregando minha testa. “Ellie!” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Meus olhos de repente, focados e eu vi Will novamente. Minha visão era nítida e o mundo tinha se iluminado. Olhei Will, maravilhada com a facilidade com que eu podia ver através da escuridão, distinguir cada folha nos arbustos do meu vizinho, cada sulco em cada telha em seus telhados. E então eu vi o monstro: algo vagamente semelhante a um cão enorme, coberto por uma grossa pele preta, pairou sobre nós, atingindo facimente 5 pés de altura até seu ombro. Isso se arrastou sobre quatro patas, com um focinho retorcido, dentes perversos nas mandíbulas de uma grande e pesada cabeça. As patas daquilo eram do tamanho das de um elefante e terminavam em garras que pareciam poder rasgar um homem pela metade. Mas eu não estava com medo. A calma tomou conta de mim, e minha mente analisou em uma velocidade relâmpago. Estranhas memórias e pensamentos que não me pertencem invadiram minha mente: faces e violência que eu havia visto há muito tempo, em épocas diferentes. Olhei para cima, para Will, cujo rosto despertou a mais querida e mais clara memória. Eu sabia que tinha que lutar agora, mas eu precisava de minhas armas. O animal pulou em minha direção, as garras estendidas, e desferiu um golpe com uma das patas dianteiras, mas Will apareceu entre nós. Ele agarrou a pata dianteira do animal e o chutou com toda a sua força em seu peito, enviando-o voando de volta, quebrando a caixa de correio do meu vizinho em inúmeros pequenos pedaços de madeira e tijolo. Aconteceu tão rápido que eu sabia que não deveria ter sido capaz para vê-lo, mas eu vi. Eu dei um passo à frente, vendo a criatura subir em seus pés e soltar um rosnado baixo soando perigoso. Eu estendi meus dois braços e desejei armas nas palmas das minhas mãos abertas. As espadas gêmeas Khopesh apareceram do nada em um flash de luz brilhante. As lâminas cuvadas de prata brilharam intensamente. Eu olhei para Will. Eu poderia ver agora tatuagens pretas se torcendo para fora, vindo debaixo de sua camisa descendo pelo seu braço direito até os seus dedos. Lembrei-me dos belos símbolos tecidos no design em espiral, pois eu os tinha visto antes com um olhar diferente, num outro tempo. Meus pensamentos estavam calmos e irritantemente claros. As lâminas explodiram em chamas brancas sob meu comando. Luz ofuscante devorou a prata, e o poder corria através de mim. Meus dedos apertaram os frios, familiares cabos, assim como os aromas de prata e sangue velho inundaram meus sentidos aguçados. As espadas pareciam certas sob meu domínio, como o abraço de um velho amigo. O monstro começou a me circular, rosnando baixo e lançando um silvo sobrenatural. Os olhos daquilo eram poços sem fundo de negritude profunda, no seu horrível crânio deformado. Eu encarei de volta aqueles olhos, sem medo ou hesitação. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Eu me movi com a criatura para que ela nunca estivesse às minhas costas, e com uma voz que não parecia a minha eu desafiei a besta: “Venha para mim.” O monstro veio, com patas e garras estendidas, enormes mandíbulas escancaradas. Eu girei para fora do caminho, assim, aqueles dentes agarraram o capuz do meu moletom ao invés da minha garganta. O animal puxou o retalho de algodão, deslocando-se em torno de mim desajeitadamente, torcendo, rosnando. As suas patas agarraram meu corpo, me puxando para mais perto de sua boca para que ele pudesse tomar uma mordida do meu rosto. Eu esmaguei meu cotovelo em seu nariz, e ele caiu de volta para suas ancas com um gemido. Então, meu cotovelo bateu no topo de seu crânio e alguma coisa quebrou, mas o monstro só mordeu um pouco mais forte o meu capuz, retalhando o tecido. De repente, ele me jogou no chão, e eu olhei para cima. Will o tinha pela garganta, seu braço enterrado profundamente na espessura da pele, forçando o animal para trás. “Agora,” ele rugiu. Aquilo se debateu como um pit bull gigante e se libertou. Meus olhos se trancaram no meu alvo e minha mente clareou para aproveitar a oportunidade. Mais rápido do que meu coração poderia bater, eu estava sobre os meus pés, empurrando a minha espada de fogo pela sua garganta diretamenate até o topo de seu crânio. As pernas da criatura dobraram, assim como seu pêlo brilhava estranhamente antes de explodir em chamas. Isso aconteceu muito rapidamente. Fogo consumiu o ceifeiro, engolindo-o em luz branca, o consumindo, até que finalmente a cabeça desapareceu, deixando apenas o espaço vazio e cinzas caindo onde o monstro acabara de estar. Então as sombras se fecharam em torno de mim.

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4 Na manhã seguinte, minha cabeça e todos os músculos do meu corpo doíam, como se eu tivesse corrido uma maratona através de seis metros de neve em saltos stiletto. Pedaços fragmentados do pesadelo que tive na noite anterior giravam na minha cabeça. Por mais que me irritasse ter sonhado com Will, eu estava assustada porque tinha sido bem mais vívido e assustador do que meus pesadelos usuais. Por que eu ainda estava de jeans e camisa? Meu casaco, entretanto, estava ausente sem minha permissão. Eu cavei na pilha de roupas sujas e nos cobertores da minha cama, mas estava longe de ser encontrado. Como ele simplesmente desapareceu? E se o que aconteceu ontem a noite não era um sonho? Houve uma batida na minha porta. “A aniversariante já acordou?” Era minha mãe. “Vamos lá, Ellie! Levanta!” Fui ao banheiro tomar banho, endireitar as desagradáveis ondas dos meus cabelos, e puxei a calça jeans limpa e uma camiseta. Eu saltitei escada abaixo para encontrar minha mãe na cozinha. “Fiz panquecas pra você, já que é seu aniversário,” minha mãe disse alegremente, e sorrindo brilhantemente, ela mostrou o prato com as panquecas. “Eu sei que você não comeu as que eu fiz para você ontem, então espero que você esteja se sentindo bem o suficiente para apreciá-las mais esta manhã.” “Obrigada, mãe,” agradeci, sentando no balcão para comer. “Feliz aniversário querida.” Ela beijou o topo da minha cabeça. “Amo você.” “Amo você também. Onde está meu pai?” Seu sorriso desapareceu. “Ele teve que sair mais cedo. Ele tinha uma reunião em Lansing. Ele me pediu para te dizer feliz aniversário e que ele ama você.” Eu forcei um sorriso, certa de que ela tinha inventado a última parte. Era mais provável que ele tivesse saído para a reunião sem dizer nada. O rosto de minha mãe se iluminou. “Então, pensei que poderíamos pegar seu presente depois da escola. Eu sei que hoje vai ser bem difícil com tudo o que aconteceu ontem, mas com sorte isso vai fazer o dia ser um pouco menos horrível. Parece bom?” Meu coração deu um pulo. “Sim.”

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“Ok, então. Vou trabalhar um pouco antes de irmos para a escola.” Ela virou-se para voltar ao escritório. “Certifique-se de comer. Nós vamos à concessionária depois da escola e ver o que eles têm.” Incrível. “Ei, mãe?” Ela virou. “Sim, querida?” “Você ouviu alguma coisa noite passada?” Eu não tinha certeza do que eu esperava que ela respondesse. Ela franziu o cenho. “Oh, querida, sinto muito, seu pai e eu estávamos discutindo. Eu sinto muito você ter ouvido aquilo.” “Eu quero dizer como um rosnar, como um cachorro enorme ou um urso.” Minha mãe lançou-me um olhar estranho, avaliando o que eu tinha dito. Minhas bochechas coraram quando eu percebi quão estúpida eu tinha soado. “Não foi outro pesadelo?” “Não, eu estava acordada.” Ela suspirou e apertou os lábios. “Talvez fossem dois cachorros brigando lá fora? Eu não ouvi nada. Você não iria ouvir barulhos estranhos se fechasse sua janela de noite.” “Acho que está certa.” O consenso era oficial: foi só um sonho e eu era uma lunática.

Assim que eu cheguei ao meu armário, eu fui cumprimentada por Landon, que carregava um vaso de rosas. Meu queixo caiu no chão. “Você está falando sério?” Perguntei, meu olhar se demorando sobre o buquê. “Feliz aniversário, Ellie.” Ele beijou minha bochecha. A qualquer segundo eu explodiria com tanta doçura. Ele entregou o vaso a mim e eu peguei. “Eu não quero que seu aniversário seja ruim, mesmo sabendo que é um dia triste e tudo. Espero que isso o torne melhor.” Coloquei meu braço livre em volta do ombro dele e o abracei. “Muito obrigada, Landon! Você é tão bom pra mim. Isso definitivamente vai fazer meu dia melhorar.” Seu sorriso se alargou. “Tenho que correr para a aula, mas eu estou realmente contente de ver você feliz. Te vejo mais tarde.” “Tchau!” Eu tinha que remover uma pilha de papéis velhos do fundo do meu armário para deixar um espaço seguro para o vaso. Eu conhecia Landon há muito tempo, Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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mas ele nunca tinha me dado flores antes. Que fofo. Eu estava praticamente dançando do meu caminho para a sala de aula. As aulas foram exatamente como eu previ que seriam. Durante a manhã o diretor deu um longo discurso sobre o Sr. Meyer pelo interfone, e então a professora da minha turma, Sra. Wright, deu outro. Os primeiros quatro períodos do dia foram basicamente a mesma coisa. Professores fizeram suas pequenas palestras, e não deram nenhum trabalho de casa. Meu teste de matemática foi adiado para a outra segunda-feira, que estava ótimo para mim já que eu não tinha vontade de fazer prova no meu aniversário. Durante o terceiro período, que eu juro que só estava tomando para aumentar meu GPA, nós não fizemos nada além de sentar em nossas mesas e discutir os projetos para a próxima semana. Eu assumi que se ficássemos muito sentimentais seria muito para o pobre Sr. Gray aguentar. Quando a hora almoço chegou, eu me encontrei com meus amigos. Todos nós fizemos um esforço para termos um almoço normal. Até um idiota poderia ver quão amado Sr. Meyer foi. Kate, Landon, e eu sentamos em nossos lugares habituais, no canto direito das janelas que davam para o pátio. Evan, Rachel, e Chris se juntaram a nós, e para minha surpresa e alegria, todo mundo evitou o assunto de como o Sr. Meyer foi assassinado. Quando eu terminei meu almoço, eu fui ao banheiro para uma pausa rápida. Enquanto eu lavava minhas mãos na pia, alguma coisa me fez parar por um segundo e encarar o espelho. Minha garganta apertada com medo enquanto eu encarava o lado direito do meu rosto. Coisas pretas—como teias, linhas enfileiradas—rastejando do meu couro cabeludo e em volta da minha bochecha e em volta do meu olho direito, entrelaçando umas com as outras. Medo girando em repulsa enquanto eu esfregava forte minha bochecha, tentando esfregar a escuridão para longe. As linhas continuavam vindo, ficando compridas e cobrindo cada vez mais meu rosto. Eu esfreguei, mas eu não podia senti-las na minha pele. Elas estavam na minha pele? Meio chorando, meio muito assustada, eu peguei um punhado de papeis toalha e as molhei na água corrente. Esfreguei meu rosto vigorosamente com as toalhas molhadas, mas quando eu as abaixei, as linhas ainda estavam lá e os meus olhos se transformaram eu um sólido branco como bolas brancas. Eu deixei cair as toalhas e me afastei do espelho até que minhas costas atingiram a estrutura sólida da porta dos banheiro. Eu cobri meu rosto com as duas mãos, meus dedos tecendo através de meu cabelo, puxando-o em desespero. Quando eu olhei para cima, eu não vi nada no reflexo do meu rosto além das listras de lágrimas. Sem coisas pretas. Sem escuridão. Eles foram embora. Meus olhos estavam normais de novo. Joguei água fria no meu rosto para aliviar a vermelhidão maçante do meu rosto e levou longas, lentas respirações para firmar meus nervos. Quando eu me senti confiante o suficiente para retornar a cafeteria, eu abri a porta do banheiro, determinada a esquecer o

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que tinha acabado de acontecer comigo. Quando eu dobrei a esquina, eu virei na direção de Will. “Meu Deus!” Gritei, lutando contra a vontade de bater nele. “Você me assustou! O que você está fazendo na minha escola? Eu pensei que você não vinha aqui.” Eu puxei nervosamente a bolsa para alto no meu ombro e respirei fundo. Foi quando eu percebi que a preta tatuagem em espiral que estava ao longo de seu braço musculoso era claramente visível—exatamente as mesmas tatuagens que ele tinha usado no meu sonho. Eu encarei os estranhos símbolos, e a sinuosa escuridão me lembrou da escuridão espalhada em meu rosto momentos antes. Mas isso era diferente. As tatuagens dele eram bonitas, assustadoras e sobrenaturais. Elas feriam e dançavam por seu braço como se estivessem orgulhosas e desafiadoras. Eu não conseguia tirar meus olhos delas. Ele ignorou minha pergunta. “Está tudo bem com você?” Ele tinha me ouvido chorar? Como ele sabia? Afastando meu olhar de suas tatuagens, eu limpei meus pensamentos e afirmei duramente, “Estou bem.” “Preciso falar com você.” Ele não estava sorrindo. Na verdade, ele nem parecia alegre, e seu olhar questionador me deixava corada. Eu conscientemente cobri com minhas palmas. “Sobre o quê? Eu tenho que voltar para o meu almoço.” Comecei a andar em volta dele, mas ele entrou na minha frente, bloqueando meu caminho. Depois do que aconteceu no banheiro, eu não estava com humor para lidar com nenhuma outra loucura. “Nós precisamos conversar sobre ontem à noite.” Meu estômago se apertou, e o medo que eu tinha sentido momentos antes voltou furioso para meu corpo. “Eu não sei sobre o que você está falando. Eu estava em casa na noite passada. Não há nada que nós precisamos—” “Você não lembra?” Ele inclinou-se para mim, seus olhos verdes arregalados e rasgando os meus avelãs. Ele estava tão perto que era tudo o que eu podia sentir, ver e cheirar. Meus sentidos estavam se afogando nele. “Lembrar de quê?” Foi só um sonho—tinha que ter sido. O que aconteceu não podia ser real. Eu tinha imaginado, assim como eu imaginei as teias pretas no meu rosto. Ele pegou meu braço e puxou-me gentilmente contra os armários quando um casal de estudantes passava. “O ceifeiro? O que você matou?” Ele perguntou em um suspiro áspero. “O quê? Que diabos você está tomando, Will?” Tentei me afastar, mas ele me segurou mais apertado. “Olha, eu não uso essas coisas, seja ela qual for, então—”

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“Chega disso,” ele rosnou, inclinando-se mais perto. “Você precisa aceitar o que aconteceu na noite passada e o que você é, não importa o quanto você não queira. Fingir que foi só um sonho ou que eu sou louco não vai ajudar você. Só vai piorar as coisas.” “Eu não sei sobre o que você está falando!” Eu disse entre dentes. Eu estava desesperada para conter minha raiva para não chorar. Will respirou fundo e pronunciou as palavras seguintes lentamente. “Olha, eu me sinto horrível e eu não quero assustá-la—” “Bem, você está fazendo um bom trabalho com isso!” “Só me escute por um momento e eu irei embora. Certo?” Estudei seu rosto. Ele estava realmente sério sobre isso. “Tudo bem.” Ele respirou fundo de novo. Ele falou devagar, mas com uma intensidade que me assustou mais ainda. “O que você viu—com o que você lutou—na noite passada era um ceifeiro. Esqueça a foice e as vestes compridas. Isso é real. A maioria não precisa da foice porque eles têm dentes e garras como arma. Eles comem você. Eles comem sua carne e sangue, e então arrastam sua alma para o inferno. Seu professor, Frank Meyer, foi morto e devorado pelo mesmo que você matou ontem à noite. Você é a Preliator, a única mortal do mundo com o poder de lutar com eles. E eu sou seu Guardião, seu guarda-costas, jurei proteger e defender você. E você está tornando meu trabalho dolorosamente difícil.” Eu o encarei por alguns momentos, incapaz de decidir como responder. Eu me conformei com a coisa mais fácil. “Você está completamente louco.” “Droga!” Will jogou os braços pra cima. “Isso é ridículo. Eu não entendo como você não lembra. Eu acionei seus poderes na noite passada. Você acordou e entrou no ceifeiro por conta própria e então o matou. Por que você não lembra agora?” Ele se afastou de mim e prendeu sua mão acima da cabeça. Sua voz era rápida e preocupada. “Talvez porque tenha muito tempo. Antes, sempre fora dezoito anos entre os ciclos. Sua alma esteve adormecida por muito tempo.” Recuei, minha mão rastejando pela parede, incapaz de fazer sentido no que ele disse. Então eu reparei na corrente de metal em volta do pescoço dele, enfiado dentro de sua camisa. Uma imagem cruzou minha cabeça de alguma coisa brilhando, balançando— um sinal a mais. Parecia déjà vu, uma lembrança que eu não lembrava de ter tido, se é que isso faz algum sentido. “E se você está se perguntando para onde o seu casaco foi, cheque no seu lixo. Desculpe, estava destruído.” “Destruído?” “Algum problema, senhorita Monroe?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Eu virei para ver um dos diretores assistentes, Sr. Abbot, parado atrás de mim, olhando de mim para Will. “Quem é esse jovem?” Sr. Abbot perguntou, vendo claramente que Will não era um estudante. Seu olhar acusador se demorou nas tatuagens cobrindo o braço de Will. Para ele, as tatuagens devem ter sido um claro sinal de delinquência. “Um amigo,” disse Will. “Eu passei para trazer um dos trabalhos de Ellie que ela esqueceu na minha casa.” Sr. Abbot olhou interrogativamente para mim. “É verdade?” Assenti. “Sim, senhor. Está tudo bem.” Eu não sabia por que estava dando cobertura a ele. Talvez sua loucura tenha me contagiado, como um forte resfriado, ou algo pior. Ele virou-se para Will. “Jovem rapaz, eu tenho que lhe pedir para deixar o campus. Você fez um grande favor a Ellie trazendo seu dever de casa. Entretanto, como você não é um estudante e não tem um passe de visitante, você precisa ir embora.” Will assentiu. “Tudo bem. Vou me despedir e vou embora.” Ele encarou intensamente para o Sr. Abbot, recusando-se a ceder. Estranhamente, meu diretor assistente fez uma cara peculiar antes de virar e ir embora. “Ellie, você conversará comigo depois da escola?” Will me perguntou. “Sem chance,” eu disse, dando as costas a ele. Ele veio para minha frente para que ficássemos cara a cara. “Se você não vier, então você não saberá como chamar suas espadas e você não será capaz de se defender.” Senti um arrepio pela espinha enquanto seus entediados olhos se encontraram com os meus, prendendo nossos olhares, sua voz baixa e totalmente invasiva. “Isso foi uma ameaça?” perguntei cautelosamente. Sua expressão não entregou nada. “Eles virão por você.” O arrepio se transformou em um golpe brutal de medo direto no meu estômago. Meu pulso acelerou e eu apertei meus lábios juntos quando eu senti o calor indo para meu rosto. “Agora que eu despertei seus poderes, você é jogo justo para os ceifeiros. Você está mais vulnerável, e isso é quando eles vão atacar.” Respirei fundo. “Se você não me deixar em paz, eu vou gritar pela segurança e eles vão chamar a polícia.” Ele me observou por alguns minutos. Sua mandíbula estava cerrada firmemente e ele chupou seu lábio superior em frustração. “Leva um tempo para você recuperar sua Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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memória às vezes, mas nunca demorou tanto. Você sabe que está tendo pesadelos. Você sempre os tem quando você está preparada para aceitar quem você é. Claro, da última vez que eu a vi—a verdadeira você—bem, tem mais de quarenta anos. Você esteve fora por vinte e oito anos.” Minha garganta se apertou. Ele me lançou um sorriso surpreendente, dessa vez tinha algo diferente, algo secreto. “Feliz aniversário, a propósito. Desculpe-me, eu não disse ontem à noite, mas eu tenho um presente para você. Você desmaiou antes que eu pudesse dá-lo.” Will puxou alguma coisa do bolso e estendeu a mão. Na palma de sua mão havia um pingente na forma de asas brancas pendurado em uma corrente de ouro. O colar era lindo, etéreo, as asas tão brancas que elas pareciam cintilava e parecia brilhar na luz. Quando eu pisquei o brilho foi embora. “O que é isso?” perguntei, maravilhada com o pingente alado. “Sempre foi seu,” ele disse, levantando minha mão e colocando o colar na minha palma. “Desde antes de eu te conhecer. Ele nunca mancha ou desbota. Sempre o mesmo. Sempre permanente, mesmo quando o destino leva muita coisa.” Ele gentilmente fechou meus dedos em volta do pingente, suas mãos quentes prolongaram um pouco o momento. “Falarei com você em breve.” Will se virou e saiu. Abri minha mão para olhar o lindo colar. Escovei meus dedos pelas asas, eu não podia decidir de que era feito. A superfície do pingente era lisa e luminosa, como se fossem feitos de pérolas, ou algo mais precioso que isso. Sua beleza me embalou, e eu escorreguei para um estado de transe, estranha nostalgia; e os sussurros de memórias que não me pertenciam surgiram em minha cabeça. Imagens distantes do rosto de Will, de ceifeiros à espreita no escuro, de mim correndo através de becos e florestas, do colar na minha mãe. Coisas que eu não deveria ter lembrado, mas lembrei. Balancei minha cabeça e enfiei o colar na minha bolsa. Mais de quarenta anos? Eu caí contra os armários, cansada e esfregando o rosto com as duas mãos. Por que Will apenas não me deixava em paz? Ele parecia acreditar que eu era uma espécie de super-herói, e aquilo foi a coisa mais louca que eu já tinha ouvido. E se não fosse o suficiente, ele disse que falará comigo em breve. Embora eu saiba pouco a respeito de Will, eu sabia que fora uma promessa. Eu voltei para o almoço com meus amigos e tentei esquecê-lo, mas não podia. O quarto período veio e foi sem outro incidente além de Kate me distraindo da discussão sobre a atribuição da semana. Alguma coisa sobre comprar vestidos para festa de sábado. Felizmente, essa era a única aula que eu tinha com Kate, então eu seria capaz de me concentrar um pouco mais durante as outras aulas. Quinto período, história europeia, foi

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levemente mais interessante, porque, na verdade, eu gostava de história. Era algo que eu aprendia fácil, ao contrário de economia. Sentei na minha mesa, ignorando meu parceiro que distraidamente pegou em seu rosto, eu me encontrei pensando na noite anterior. Eu tentei lembrar a horrível criatura que Will tinha chamado de ceifeiro. O rosnado, o olho morto do monstro me encarando através de minhas memórias, garras enormes cavando a terra, pronto para saltar. Por que eu sonharia com coisas tão terríveis? Esfreguei meus braços, lembrando a sensação de sua pele tocando a minha. Nenhum pesadelo meu tinha parecido tão real, na minha cabeça, na minha pele, e no meu coração. Decidi imaginar, por um momento, que Will estava dizendo a verdade. Se eu fosse de fato o que ele alegou, o Preliator, então esses monstros, os ceifeiros, eram reais. O que ele quis dizer quando mencionou que eu tinha sumido por vinte e oito anos? Eu estava tão confusa. Tentar entender o que Will disse me deixava maluca. Eu não conseguia entender a surpresa de Will por eu não lembrar nada. Claro, nada tinha acontecido—foi só um pesadelo, e Will era maluco. Mas como ele poderia saber tantos detalhes do meu pesadelo? Ele tinha até mencionado o “sombrio” de novo, seja lá o que era. E suas tatuagens... Eu não tinha visto aquelas quando encontrei com ele na tarde anterior. A primeira vez que as vi foi em meu sonho. Will tinha me tocado no meu sonho e de repente eu tinha me tornado uma pessoa diferente, alguém poderoso, alguém muito assustador. Aquilo me assustou, mas eu ainda estava atraída a ideia. Puxei o colar de asas da minha bolsa e estudei a delicada borda e intrincadas gravuras. Lembre-se. Pensei com força, fechando meus olhos firmemente e fechando meus dedos em torno do pingente. Lembre-se, lembre-se. O que eu deveria lembrar? Eu olhei para baixo, para minhas anotações de história. Se somente minha história fosse escrita nessas páginas, em vez da de Carlos Magno. Os eventos da noite passada se repetiram várias vezes na minha cabeça, como um filme de terror: o ceifeiro me perseguindo no escuro, cobrando de mim enquanto eu girava as estranhas, flamejante, em forma de foice, espadas. Tanto sangue... E então meus olhos saíram de foco. Eu os apertei fechados e os abri de novo, virando meu rosto para longe da dura luz da sala para olhar para o chão. A temperatura caiu, e eu tremia e esfregava meus braços. O chão embaçou e minha mesa e todos os rostos desapareceram, me deixando sozinha, no escuro e de joelhos na neve. Eu parei, olhei a minha volta, e vi a densa floresta sombria aproximando-se de mim e do gelo, o vento inflexível no meu rosto. Meus olhos caíram para a trilha de sangue que pontilhava a neve a minha frente enquanto eu me movia para o Sombrio. Eu sabia que o ceifeiro não podia estar longe. Ele tinha levado Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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aproximadamente umas cem vidas na pobre região de Le Gévaudan ao sul da França. Os dragões enviados pelo rei francês não encontraram nada e deixaram um rastro interminável de carcaças inocentes de lobos em seu caminho. O ceifeiro era mais inteligente e faminto do que qualquer um dos outros, isso o fazia mais perigoso. Eles não podiam caçar alguma coisa que eles não podiam ver e aquilo foi mais esperto que eles. Eu de repente podia senti-lo—o formigamento do poder negro se arrastando em minha pele, rolando na terra através da neve. Algo escuro piscou a minha direita. Então piscou a minha esquerda. Ele estava me circulando. Eu odiava quando eles me caçavam de volta. Segurei minhas espadas mais perto. As chamas não derreteram a neve a minha volta. Fogo angelical só queimava o mal, e deixava o resto intocado. Passos trituraram a neve à minha frente. O ceifeiro finalmente decidiu se revelar. Ele chegou mais perto, me permitindo dar uma boa olhada nele. Ele rangeu os dentes com uma promessa de morte, e seu pêlo preto brilhava com um negro, lúgubre líquido. Sangue. Eu não sabia a que, ou a quem, aquilo pertencia. “Você é uma tola por me caçar, Preliator,” ele rosnou através das mandíbulas de lobo, mandíbulas que nunca deveriam ser capaz de falar a língua humana. “Esse é meu território. As almas dessa terra serão minhas. Você encontrará seu fim nessa floresta.” Eu zombei e reforcei o aperto em ambos as espadas. “Eu posso, mas antes de morrer, eu vou me certificar que você não deixe essa floresta vivo também. Esse é o preço a pagar por beber tanto sangue.” O ceifeiro levantou a cabeça, seus olhos pretos me olhando curiosamente. “E que preço você paga? Por todo sangue que derramou?” “Este é o meu dever.” Ele me ignorou. “Solidão, eu acho.” Sua voz era tão intensa, machucava meus ouvidos ouvilo. “Pare de tentar entrar em minha cabeça e lute logo comigo, Holger.” Ele abaixou a cabeça, e seu focinho formou um estranho sorriso de lobo. Seus olhos estavam quase invisíveis contra o pêlo preto, revelados apenas pelo aspecto do fogo angelical em todas suas superfícies brilhantes. “Você sabe meu nome.” “Eu sei muito mais sobre você do que isso.” “Esse conhecimento a faz me temer?” ele perguntou, assustadoramente esperançoso. Ele era velho—mais velho e poderoso do que a maioria dos ceifeiros que tinha lutado nos últimos anos. Trezentos anos eram certamente algo para se vangloriar. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Isso te faria feliz, não é?” “Sim, faria,” Holger disse, as palavras rolaram de sua língua gigante. “Onde está seu guardião, Preliator?” “Não muito longe.” Isso não importava. Eu tinha que destruir o ceifeiro por conta própria ou ele mandaria mais almas inocentes para o inferno. “Bem, isso é bom para mim.” Ele atacou, mandíbulas e garras para fora. Eu defendi e ele caiu ao meu lado, deslizando pela neve e pulverizando pó branco brilhante. Ele saltou em mim de novo, e eu mergulhei atrás de uma árvore. Ele colidiu com ela, sacudindo metade da neve e fazendo um buraco na casca com seu corpo. Ele rugiu em fúria, e todas as árvores perto dele balançaram com a força de sua energia. Seu poder explodiu e ele bateu em um tronco de árvore com sua pata, suas garras rasgando o tronco quase na metade. A árvore rangeu e eu olhei para cima quando desabou; mas eu caí para trás antes que pudesse me prender no chão. Embora tenha me errado, o tronco tinha prendido uma das minhas espadas debaixo dele e as chamas se apagaram. Eu agarrei o cabo e puxei, mas a lâmina não saiu. Holger escalou o tronco, e então ele estava rosnando e seu focinho estava a centímetros do meu rosto. Ele estalou o maxilar, chicoteando sua cauda grossa em fúria, e atacou-me, mas um golpe poderoso no seu crânio o derrubou contra a árvore. Meu coração pulou quando eu vi o Will. Ele bateu na cabeça do ceifeiro de novo, esmagando Holger no chão. Ele deu a volta para me ver e gritou, “Sua espada!” Eu assenti e dei a Khopesh outro forte puxão, apoiando minha bota no tronco para uma alavancagem, e finalmente a lâmina saiu. Fogo angelical explodiu. Virei minha cabeça bem na hora para ver Holger romper contra mim onde eu estava deitada. Suas mandíbulas me abocanharam, eu me virei para longe, e seus dentes prenderam na terra e na neve ao invés da carne. Com um choro desesperado, eu empunhei minha espada o mais forte eu podia. A lâmina cortou profundamente seu pescoço, e seu corpo explodiu em chamas. A cabeça de Holger saiu de seu corpo na direção do meu rosto. Eu gritei e minha cadeira saiu debaixo de mim. O barulho ecoou na sala de aula quando minha bunda atingiu o chão e a cadeira caiu. Todo mundo a minha volta estava em silêncio, chocados demais para rir, mas eu não ousei olhar para cima. Meu corpo inteiro foi lavado com calor. Meu Deus, Meus Deus... Minhas duas mãos cobriram meu rosto quando eu sentei no chão, totalmente mortificada. “Puta merda, Ellie, você está bem?” perguntou meu parceiro de mesa. Olhei para cima para ver seu rosto olhando para mim. “A cadeira... Ela escorregou.”

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5 O resto do dia passou sem mais incidentes. Sem mais devaneios, eu disse a mim mesma com firmeza. Meus pesadelos eram bastante assustadores e eu não desejava tê-los quando acordada. A memória do que eu experimentei durante a aula de história estava fresca em minha mente e cortada como um papel picado; o episódio flutuava em torno da escola, por isso, no último período eu já era conhecida como a garota que caiu de bunda durante a aula. Eu teria que me mudar. Provavelmente para o Alasca. Enfim, a aula terminou e eu corri para meu armário. Meu intervalo lá, com Kate e Landon, foi breve, havia outras coisas em minha mente. Como conseguir o meu carro. E meus pesadelos tomando vida. Eu, meio que sem vontade, concordei em me encontrar com Kate no shopping no sábado, para comprar nossas roupas para a minha festa, como havíamos discutido anteriormente, durante a aula de matemática. Após dizer um adeus apressado e agradecer novamente a Landon pelas rosas, eu saí com o vaso em meus braços para encontrar a minha mãe. Ela parecia tão animada quanto eu. “Querida, de quem são as flores?” “Landon,” eu disse, cheirando novamente. “Bem, isso foi muito doce da parte dele,” ela ofereceu, olhando o vaso. “Eu suponho que ele esteja compensando todas as bolas de neve que lançou em minha face e colocou debaixo da minha camisa durante anos.” Ela balançou a cabeça lentamente e sua testa tremulou. “Se você diz.” Nós dirigimos para a concessionária a poucos quilômetros da escola e inspecionamos quase todos os carros que estavam lá. Eu estava fixada em um sedan, então decidimos testar uma quantidade de carros diferentes, ao lado de uma alegre vendedora peituda. Eu me apaixonei por um pequeno Audi, branco com interior preto. Era mais alegre do que os outros e, definitivamente, o senti perfeito para mim. Depois que minha mãe organizou a compra e estávamos prontas para ir para casa, eu pulei no assento do motorista de meu presente de aniversário. O interior foi revestido com couro liso, frio e eu me afundei nele. Minha mãe abaixou a cabeça para sorrir para mim através da janela do lado do motorista. “Eu vou chamá-lo de Marshmallow,” anunciei. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Minha mãe levantou uma sobrancelha. “Marshmallow?” “Sim, e ele adora.” Eu passei os dedos carinhosamente ao longo do volante revestido em couro. “Então, o que você diria sobre dirigir para casa em seu carro novo?” “Sim!” Eu quase gritei. “Lembre-se de agradecer ao seu pai quando você chegar.” Eu balancei a cabeça, sorrindo amplamente. Eu estava em êxtase o suficiente para quase esquecer meu assustador sonho de mais cedo. Quase. Eu segui minha mãe. O Audi deslizou ao longo das estradas montanhosas como um sonho. Para cima e para baixo, esquerda e direita, controlei o veículo sem esforço, e me sentia em completo controle, de outro mundo. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, se era a emoção de ter meu primeiro carro ou a minha festa chegando, mas eu me sentia energizada. Diferente. Sentia-me bem. Nenhuma daquelas dores com as quais acordei naquela manhã permaneceu. Quando parei na calçada atrás do carro da minha mãe, aconteceu de eu olhar para caixa de correio do meu vizinho, que estava em uma pilha de migalhas. Meu vizinho, o Sr. Ashton, estava apanhando os fragmentos de madeira e pedaços de tijolos espalhados por todo o seu gramado. A memória muito clara da noite anterior penetrou na minha cabeça, e o sangue foi drenado do meu rosto. Uma fria pressa me inundou quando eu saí de meu carro, senti uma vertigem, o que me fez apoiar contra a porta. Notei uma cratera irregular na rua, não muito longe. “Isso aconteceu ontem à noite,” disse minha mãe, com uma careta no rosto. “Parece que o buraco pode ter sido causado por um motorista que acertou o meio-fio e, em seguida, a caixa do Sr. Ashton. A associação de vizinhos está mandando alguém para fechar o buraco amanhã. É estranho, desde que estas coisas normalmente não acontecem até a primavera.” Eu encostei no meu carro e me apoiei, a minha respiração longa, mas uma rápida vertigem. “Talvez seja isso que você ouviu na noite passada?” Mamãe perguntou. “O barulho que você mencionou.” Eu observei o Sr. Ashton despejar os restos de sua caixa de correio em um carrinho de mão e levar para seu quintal. “Talvez.” Corri até meu quarto e despejei o conteúdo da minha lixeira sobre o tapete. Will tinha que estar errado. Meu moletom desaparecido não poderia estar lá. Mas mesmo em frente a mim, no meio de papel de caderno amassado, tecido acolchoado, e papel de bala, Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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era o meu moletom. Eu o levantei, puxando cuidadosamente o capuz, levantando com os dois dedos. O algodão foi rasgado, molhado com algo grosso que secou sobre ele e espirrou através das mangas, e estava escuro no peito, com gotas secas. A coisa toda exalava um cheiro azedo como baba de cachorro, junto com o leve odor de sangue velho. Arrastando-me para o banheiro, vomitei no vaso sanitário.

Kate me ligou naquela noite, às sete horas, para encontrá-la no Starbucks3. Qualquer motivo era bom o suficiente para me tirar de casa e dirigir. Quando saí, cheirei as rosas na minha cômoda e tentei não pensar sobre a descoberta dos retalhos na minha lixeira. Eu deixei minha mãe saber aonde eu ia e ela deu permissão sem muita resistência. Quando eu cheguei, Kate estava junto do seu carro no estacionamento, com Landon e Chris. Ela soltou um grito estridente quando viu meu carro novo. “Ah!” Ela gritou. “É tão fofo! Eu aprovo.” “Obrigada!” Eu disse, sorrindo. “Eu dei a ele o nome de Marshmallow. Não é perfeito?” “Oh meu Deus, sim,” disse Kate, olhando na janela, do lado do motorista. “Ruby quer que ele seja seu namorado.” Ela estava se referindo ao nome de seu BMW vermelho. “Vocês, garotas ricas, e seus nomes estúpidos para seus carros,” disse Chris, suspirando, enquanto ele dava uma olhada. “A4, legal. Aposto corrida com você na minha 370Z.” Eu ri. “Sem chance. Eu não vou me matar, obrigada, e por que você se preocuparia? Eu estou bem certa de que você me destruiria de qualquer maneira naquela coisa.” “Tudo bem,” ele disse, e se virou para Kate. “Me deixe guiar o E90.” Ela olhou para ele, sorrindo. “Continue sonhando.” “Vocês estão desperdiçando seus carros, senhoritas,” disse Landon, examinando meus pneus. “Realmente vai ser muito chato quando formos calouras no Estado de Michigan e tivermos que deixar nossos carros em casa,” disse Kate, fazendo beicinho. “Você enviou o seu pedido?” eu perguntei. Ela assentiu com a cabeça. “Sim. Você não?” Eu fiz uma careta. Minhas notas não eram exatamente incríveis, mas eu ainda estava boiando. “Ainda não.” 3

Starbucks é a empresa multinacional com a maior cadeia de cafeterias do mundo, tem sua sede em Seattle, Washington, EUA.

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“Bem, faça isso logo,” disse ela. “Os lugares lotam rapidamente.” Eu fiz uma anotação mental para fazer meu pedido na próxima semana. Nenhum de nós queria ir para qualquer outro lugar. Bem, é claro que eu queria ir para Harvard quando eu tinha seis anos, mas meus objetivos ficaram mais realistas desde então. Após os meninos inspecionarem o Audi começando pelo cano de escape, nós entramos no Starbucks como de costume. Kate me comprou um cappuccino para o meu aniversário, e eu o bebia enquanto nós conversávamos e ríamos. Fiquei feliz por não precisar me preocupar com os estranhos acontecimentos dos últimos dias. No momento, minha única preocupação era em não derramar meu café em mim mesma e não deixar Landon chegar muito perto. Ele parecia que mudava cada vez mais enquanto eu o via pelo canto do meu olho. Eu não estava claustrofóbica de qualquer forma, mas logo estaria se ele chegasse mais perto. “Então o que vamos ver amanhã?” Chris perguntou, lambendo o chantilly da borda do seu copo. Sexta à noite era a noite de cinema para o nosso grupo de amigos. Era praticamente um evento religioso para nós. Dei de ombros. “Eu não sei. O que está passando?” “Há um filme de fantasmas que estreou semana passada,” Kate ofereceu. “Eh,” eu disse. Eu já tive o suficiente de situações assustadoras nas últimas 24 horas. “Filme de ação, então?” Landon perguntou. Nós concordamos com um filme sobre um assassino existencial. Noite de filmes não era sobre ver filmes merecedores de Oscar. Era sobre passar uma doce noite fora. Clichês que se danem. De repente, me lembrei da minha redação de literatura. Resmunguei para o chão. “Eu realmente preciso começar a fazer a minha redação.” Kate franziu a testa. “Já?” “Realmente, Ell,” Landon disse, piscando com um estúpido sorriso. “Qual é a razão de beber café à noite se você simplesmente vai dormir?” Eu empurrei seu ombro, brincando. “Até que a sua lógica é perfeita, mas isso não me ajuda a obter minha redação feita. Este cappuccino, por outro lado, vai.” “Bem, bem,” Kate disse, acenando com a mão em um movimento espantando. “Você não presta. Vá.” “Você não deveria falar que eu não presto em meu aniversário,” eu disse com um sorriso. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Feliz aniversário!” Ela sorriu. “Obrigada, amiga.” Juntei minha bolsa e copo. Eu disse adeus e fui de volta para o meu carro. Quando cheguei em casa, fui para meu quarto imediatamente, e percebi que eu havia deixado meu livro de literatura e notas no meu armário naquela tarde. Eu jurei em voz alta e pulei fortemente na minha cama. “Droga, o que vou fazer?” Eu disse em voz alta para ninguém. Eu olhei para minha mochila, irritada com ela por não conter as coisas que eu precisava. Se eu não começasse minha redação hoje à noite, eu nunca iria fazê-la. Eu estava muito ocupada com a minha festa. Eu precisava voltar para a escola para pegá-lo. Olhei para meu relógio. Era quase nove, mas a escola definitivamente ainda devia estar aberta para as classes de educação de adultos à noite. Se não estivesse aberta, então pelo menos eu tinha uma boa desculpa para dirigir novamente. Eu posso ser otimista quando necessário. Peguei minha mochila, bolsa, cappuccino e telefone celular e voltei para a escola para recuperar minha lição de casa esquecida. Estava com uma fraca iluminação, e eu encontrei apenas dois outros carros estacionados no estacionamento dos estudantes atrás do edifício. A única iluminação era fornecida pelas manchas laranja sob as luzes, então eu estacionei sob uma delas em vez de uma mancha escura. Achei que era menos provável um assalto lá. Descobri que as portas que eu costumo entrar pela manhã estavam trancadas, então eu andei ao redor do edifício até que eu encontrei uma aberta. Por dentro, eu acenei para um zelador que reconheci, o qual sorriu gentilmente para mim enquanto ele varria o chão, escutando o leitor de MP3 conectado aos seus ouvidos. As salas eram mal iluminadas, e os meus passos ecoavam solenemente. Era incrível como me causa arrepios esta escola à noite. Corri para o meu armário, puxei para fora o que eu precisava, e enfiei na minha bolsa antes de correr de volta para fora do prédio. Por alguma razão, agora o lado de fora parecia mais escuro para mim. As luzes no poste ao lado do meu carro piscaram e zumbiram. Algo puxou meu corpo, e um véu nebuloso cobriu minha visão. Eu tive problemas para dar um passo à frente, e olhei para meus braços para ver o que estava me segurando. O mundo, não só o ar, mas tudo sólido, esticou e se dissolveu como se eu estivesse me movendo por uma parede gelatinosa. Mais um passo, e de repente eu estava livre, como uma explosão de fumaça preta enrolando meus membros e clareando em outro lugar, deixando o mundo normal novamente. No meio do caminho pelo estacionamento, eu ouvi um ruído distinto—e muito familiar. “Oh Deus,” eu sussurrei, parando no medo. Após dois segundos muito dolorosos eu ouvi outro rosnado rolando através da escuridão.

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Eu comecei a correr, minhas mãos cavando freneticamente em meus bolsos pelas minhas chaves. Algo pesado bateu no pavimento atrás de mim, mas eu estava apavorada demais para olhar para trás. Eu apertei para abrir umas cinquenta vezes antes de me bater na porta do meu carro. Uma forma gigante, escura, brilhou no canto da minha visão; eu gritei enquanto me abaixava, e uma pata enorme raspava todo o para-choque dianteiro do meu carro novo com suas garras. Eu caí no chão, derramando meu café e minha bolsa, e olhei para o rosto de meu atacante: um ceifeiro, tão grande quanto o Audi, pairava sobre mim com uma pata no capô do meu carro. Ele olhou para mim, me cobrindo completamente com sua sombra, bloqueando a rua, o seu peito arfante com cada respiração. Sua pele felpuda, escura, brilhava em uma cor feia de carvão na luz amarela. O ceifeiro estava em forma de lobo, assim como os dos meus sonhos e meu pesadelo na noite anterior. “Encontrei você, Preliator,” o ceifeiro disse, em uma voz profunda, rouca, mas estranhamente feminina. “E agora você é minha.” Ela sorriu, a boca cheia de dentes, e se virou para mim. Eu gritei e joguei meus braços sobre minha cabeça. A ceifeira riu, seu hálito quente me estrangulando. Uma sombra veloz passou atrás do ceifeiro, e de repente ela foi enviada voando sobre o Audi. Ela pousou e derrapou em todo o pavimento, escavando suas garras no chão e deixando listras brancas para trás. Baixei os braços e olhei para cima, para encontrar Will, de pé em cima de mim. Sua pele debaixo das tatuagens em seu braço direito brilhava intensamente na rua. “Você se machucou?” Perguntou ele, oferecendo a mão livre. Segurei, olhando para ele atordoada, e ele me ajudou a levantar. “O cappuccino... deve ser a cafeína...” Will agarrou o meu ombro de repente, me jogou de volta contra o meu carro, e olhou ferozmente para o meu rosto. “Deixe disso, Ellie! Negar não vai fazer o ceifeiro ir embora!” “Eu não posso! Eu—” “Pare de dizer que você não pode! Você pode! Você deve lutar!” Eu virei, esbarrando em Will enquanto eu procurava a ceifeira, que havia desaparecido. Eu agarrei a camisa de Will no terror, estremecendo mais perto dele, minha cabeça girando ao redor, descontroladamente, desesperada para encontrar a ceifeira. “Liberte-a, Guardião!” Sua voz ecoou de algum lugar invisível.

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Deixando escapar um grito rouco, eu olhei para cima, para ver a ceifeira agachado no teto do Audi. Saliva grossa escorria de suas mandíbulas, atingindo o teto e descendo até a janela do lado do motorista. “Oh, pobre criança,” a coisa meio gritou e meio rosnou. “Ela está tremendo. Qual é o problema, menina? Você deveria ser um pesadelo, mas tudo que vejo é um cordeiro choramingando um pouco. Nós nem sequer precisamos do Enshi. Eu mesma vou matála.” Horrorizada, eu mexi para longe, mas Will agarrou meu braço. “Outra vez!” Ele gritou, batendo a palma da mão em minha testa pela segunda vez em poucos dias. A explosão me atingiu, mais forte desta vez, e a luz branca me cegou mais uma vez. O mundo sacudiu e rodou, e eu senti como se estivesse presa no centro de um furacão novamente. Uma estranha rajada de vento espiralou em torno de mim, levantando meu cabelo para o céu. Fechei meus olhos apertado, me preparando. Will me soltou e eu caí para trás, mas seu braço enrolado ao redor de minha cintura me puxou para seu peito. Depois de um momento tonta, eu tive a força para ficar sozinha, e ele me deixou ir. Quando abri os olhos, chamei pelas minhas lâminas e elas apareceram em minhas mãos, crescendo, como num passe de mágica, do pomo na parte inferior de cada um dos cabos até as pontas das lâminas. O mais simples puxão no meu peito enviou um estouro de chamas das espadas, como se saíssem somente por minha vontade. Meu poder aumentou através de mim, e a assustadora e aracnídea energia da ceifeira esquentou meu rosto como um fogo crepitante. Eu podia sentir—e ver—o poder de Will enquanto ele estava ao meu lado. Ele parecia sombrio e bonito. “Estou pronta agora,” eu disse. A ceifeira rosnou e saltou para fora do carro, pousando com um baque e causando um tremor de terra. Eu não esperei ela atacar. Agachei-me ao chão, apertei minha mão em cada espada, e soltei um grito terrível. Meu poder entrou em erupção, me ensurdecendo momentaneamente, estourando do meu corpo como uma explosão de fumaça de tinta branca, a sua força balançando o chão como um terremoto. A pressão bateu na ceifeira e em meu carro com força o suficiente para empurrar vários centímetros para um lado. Meus ouvidos soaram enquanto eu observei a ceifeira se preparar e se manter firme. Seus olhos vazios me olhavam como pedaços de vidro vulcânico torcido. Eu me atirei na ceifeira, com a espadas levantadas. Eu invoquei meu poder e me lancei ao ar, rodando e esmagando com o meu pé a mandíbula do ceifeiro. Enquanto eu aterrissava no chão, passei minhas lâminas flamejantes por seu corpo, cortando ambos os seus ombros. Ela abaixou a sua cabeça e me mordeu, logo quando eu desci, suas presas cortando meu braço e rasgando minha pele. Ela balançou o pescoço e a sua cabeça em meu corpo, me esmagando em um poste. As luzes se apagaram quando a lâmpada caiu, espatifando todo o vidro ao meu redor. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Eu fiquei ali caída, meus olhos escurecendo por um momento, e olhei para meu braço. Havia cortes em minha pele, do vidro da lâmpada e dos dentes do ceifeiro. Eu limpei o sangue e assisti meu braço se curar diante de meus olhos. A carne rasgada se costurou como se tivesse ali algum tipo de fio e agulha invisível até minha pele estar completamente lisa e sem nenhum defeito, exceto por manchas de sangue. Meu olhar subiu rapidamente para ver a ceifeira marchando em minha direção. A sua mandíbula estalou, se retorcendo grotescamente, enquanto os ossos que foram esmagados pelo meu pé se curaram, voltando ao normal. “Você tem um sabor bom, Preliator.” Ele rangeu os dentes, abrindo a boca. “Eu acho que eu vou te dar outra mordida.” Eu peguei uma de minhas espadas e me preparei. A ceifeira viu o meu movimento e lançou sua pata em meu rosto, virando meu rosto. Eu apertei meus dentes severamente, tomei distância com o meu braço e lancei meu punho em seu queixo o mais forte que pude. Ao invés de apenas quebrar novamente, a sua mandíbula pulou fora do esqueleto e deslizou pela calçada, espalhando um rastro de sangue. Outro ceifeiro apareceu do nada. Ele surgiu das sombras em minha esquerda, com suas presas brancas brilhando na escuridão, Will passou sua própria espada pelo ar entre nós, parando minha respiração. Sua espada gigante rasgou o pescoço do ceifeiro, fazendo a sua cabeça rolar por cima de mim enquanto virava pedra. A cabeça e o corpo atingiram o chão, fragmentando-se em milhões de pedacinhos. Eu girei de volta enquanto a primeira ceifeira ficava em suas patas traseiras, balançando a cabeça com raiva, e então lancei minha espada em suas costelas. Quando minha espada golpeou o seu coração, ela caiu de quatro. Ela respirou de maneira ofegante e cuspiu, seu corpo estremeceu, explodiu em chamas e se foi para sempre.

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6 Peguei a lâmina e esfreguei contra meu jeans para limpar. Will me olhava com olhos escurecidos cuidadosos. “Obrigada,” eu disse. “Você vai apagar em mim novamente?” ele perguntou, içando a espada em suas costas como se ela não pesasse nada. Agora eu podia ter uma visão melhor. A lâmina era larga e quase tão longa quanto meu corpo, e o punho era inacreditavelmente bonito, com suas curvas lustrosa prata e douradas moldadas no que parecia com uma asa. “Não, eu estou bem,” eu disse. “Mais ou menos. Então—eu apaguei mesmo ontem à noite?” “Sim. Você atingiu o chão bem forte depois.” Calor crepitou em minhas bochechas. “Obrigada por me trazer de volta para o meu quarto.” “Eu não ia deixar você lá,” ele disse. “Então, você está se lembrando?” Dei de ombros. “A parte da luta está voltando para mim e minhas espadas apareceram quando eu as chamei. Eu senti como se soubesse o que estava fazendo.” O que mais me apavorava era que eu não precisava realmente pensar quando lutava. Meu corpo meio que já sabia o que fazer, e eu só estava indo junto no passeio. “Você teve muita prática.” “Mas todo o resto,” eu disse distraidamente, olhando para baixo para a espada selvagem em minhas mãos. “Ainda é tão confuso. É estranho, porque eu sei que está tudo ali, mas eu não consigo entender. Eu não sei o que eu sou.” “Você é a Preliator,” Will declarou com algo de autoridade em sua voz. “Eu sei quem eu sou” eu disse. “Consigo me lembrar disso, mas não sei o que eu sou. E não sei quem você é.” Dor cruzou sua inflexível determinação, me surpreendendo. “Eu sou o seu Guardião, seu servo. Estou aqui para proteger e guiar você. Essa é a minha tarefa, e isso é tudo que eu sou.” “Quantos anos você tem?” perguntei estudando seu rosto. “Seiscentos.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Minha cabeça ficou nebulosa. “Quantos anos eu tenho?” “Não sei exatamente. Alguns milhares de anos, talvez. Nós temos informações de você datando da Roma antiga.” Desabei no chão perto do meu carro. Olhei para cima para os enormes cortes e o amassado no para-lama do Audi. Meus pais iam me matar. “Isso é tudo real, não é?” “Sim” Will abaixou a minha frente. Ele limpou a minha bochecha. Seu toque era suave, amável, familiar. Seu olhar fixo era firme, mas gentil. “Você tem sangue no seu rosto.” Balancei a cabeça em direção as minhas armas. “Essas espadas têm uma aparência tão estranha. Por que eu sou capaz de simplesmente fazê-las aparecer no ar? Por que elas brilham em chamas? Como?” “Elas são Khopesh, um antigo tipo de arma,” ele explicou. Reconheci o nome de meus pesadelos. “Elas são espadas excepcionais—feitas para cortar, não esfaquear, mas elas fazem o trabalho. Nós dois somos capazes de chamar nossas espadas através do nosso poder com magia angelical, mas uma vez que elas aparecem, elas estão ali. Nós não podemos conjurar novas, então é melhor você não perder nenhuma delas. Nós podemos afastá-las também, quando nós as estamos segurando nas mãos, ou quando morremos. Elas desaparecem até nós chamarmos elas novamente.” Ele segurou sua espada em pé, e ela sumiu bem na frente de meus olhos com aquele mesmo tipo de luz tremeluzente. Ele abriu a mão e conjurou a espada uma vez mais para me mostrar quão simples era, e então ele a mandou embora novamente. “O fogo ao redor de nossas espadas é fogo angelical, a única coisa com efeito catastrófico o suficiente para destruir ceifeiros além da decapitação. Ou destruir o coração—que é para isso que o gancho atrás da lâmina serve.” Examinei minhas espadas. Com certeza, a ponta da parte cega de cada lâmina se curvava para trás em um gancho, que eu imaginava que poderia fazer um grande estrago se apresentado em suaves carnes. Engoli em seco, imaginando o que tinha acontecido com o coração do primeiro ceifeiro quando o gancho o atingiu. “Se um ceifeiro morre por outros meios que não sejam o fogo angelical,” Will continuou, “seu corpo se transforma em pedra ao invés de queimar. Prata também queima, que é motivo das nossas lâminas serem feitas de prata, mas não tem os mesmos efeitos permanentes do fogo angelical.” Assenti. “Isso foi o que aconteceu com o segundo ceifeiro. Você pode fazer o fogo angelical aparecer?”

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“Não, só você pode, porque você é a Preliator.” Ergui ambas as espadas e me perguntei como eu as havia acendido antes. Elas haviam feito isso só porque eu queria que fizessem. Será que eu podia fazer isso de novo, fora da batalha? Encarei minhas espadas. Era como um botão de liga-desliga? Deixei uma palavra cruzar minha mente e me concentrei. Liga. Chamas brotaram ao redor das lâminas, deixando os cabos em minhas mãos ilesos. Não parecia quente e não queimavam nada. Passei uma das lâminas flamejantes na perna da minha calça e não senti nada. Toquei o lado plano da lâmina no braço de Will. Ele olhou para mim estranhamente, mas nada além disso. Desliga. As chamas se foram. “Legal.” Examinei uma das lâminas de perto. Gravada na prata, acima do cabo, tinha uma série de estranhas e confusas belas marcas. “O que isso significa?” Olhei para ele, e seu olhar fixo encontrou o meu. “É Enoquiano,” ele explicou, sua atenção desviando para a espada. “A linguagem da divina magia angelical. Você uma vez me disse que é uma prece de poder, mas eu não consigo lê-la. Nós tentamos recriar as escritas em outras armas na tentativa de fazer outras espadas tão poderosas quando a sua Khopeshs, mas até agora as suas são as únicas capazes de brilhar com fogo angelical.” “Isso é bem legal,” eu disse. “Quem gravou essa prece nas minhas espadas?” Ele sentou no chão próximo a mim, suas costas contra o meu carro. “Você fez.” Pisquei em surpresa. Meus dedos percorreram as estranhas palavras, a beirada das marcas raspando minha pele suavemente. Senti uma sensação de nostalgia, mas era distante, como a lembrança de um belo sonho. Quanto mais eu a admirava, mas eu me lembrava. “Como as tatuagens em seu braço. Eu as coloquei aí há muito tempo atrás.” Tracei os espiralados símbolos da tatuagem com meu dedo. Seu braço ficou tensionado com o meu toque e sua respiração se tornou mais lenta e estável. “É tão estranho,” eu disse. “Não posso acreditar que o que eu estou dizendo em voz alta é algo que eu fiz. Lembro-me de tatuar isso no seu braço. Eu fiz para proteger você.” “É um feitiço Enoquiano, como o das suas espadas.” Percebi que ele estava olhando para os meus dedos em sua pele, e me afastei timidamente. “Bom, você ainda está aqui, então funcionou. Por que eu não tenho um?” “O feitiço não tem efeito na pele humana.” Que inconveniente. “Como você me encontrou? Você sempre soube quem eu era?” “Sim. Posso sentir você entre os outros. Eu sempre sei onde você está, e tento nunca estar longe. Encontrei você novamente alguns anos atrás, e os ceifeiros encontraram você mais recentemente.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Eles estão me caçando agora?” “A maioria não. Eles têm medo. Mas sim, alguns vão caçar você. Fique feliz por ser só alguns. A maioria deles tenta ficar sob o radar, e os mais fracos não saberiam quem você é até ver aquelas espadas brilharem.” “Will, estou tão confusa,” comecei. “Como eu posso ser assim tão velha quando eu sei exatamente quando e onde eu nasci? Tenho fotos de bebê. Tenho só dezessete anos.” “Quando você morre, você reencarna,” ele explicou. “Seu corpo e alma renascem uma e outra vez na mesma forma humana. Encontro você novamente, normalmente quando você é só uma pequena criança, e protejo você até você crescer. Quando você faz dezessete anos e está pronta para encarar a sua real identidade, eu acordo você.” “Quando você me encontra como uma garotinha, como você sabe que sou eu?” Captei o pequeno sinal de um sorriso. “Eu conheço você há um bom tempo. Sempre posso dizer quando é você.” Deixei minha cabeça cair para trás contra o carro. “Então eu não sou imortal.” “Não do modo que eu sou.” “Isso significa que você não pode morrer?” “Eu nunca morri, mas eu não sou invencível. Eu só não envelheço.” “Você é tão forte,” notei. “Você acertou aquela ceifeiro tão forte e você a ergueu só pelo pescoço. Ela era tão grande quanto o meu carro. Como alguém pode ser tão forte assim?” A expressão de Will ficou bem séria. “Você é mais forte que eu, Ellie.” Exausta, balancei minha cabeça. “Eu não entendo como isso é possível... Como qualquer disso é possível. O que eles são? Os ceifeiros?” “Eles são monstros nesse mundo,” ele disse com algo em sua voz que fez todo meu corpo se arrepiar. “Eles caçam humanos por suas carnes e almas, que colhem para restaurar o exército do Inferno para a Segunda Guerra entre Lúcifer e Deus—o Apocalipse. Os ceifeiros são imortais e vêm de várias formas; eles são máquinas mortíferas muito efetivas.” “Não entendo como pode haver criaturas assim tão grandes e ninguém saber sobre elas. Como eu nunca havia visto nenhuma delas até noite passada?” “Os ceifeiros não gostam de serem vistos,” Will respondeu. “Eles passam a maior parte do tempo no Sombrio, onde eles se escondem da vista humana. Psíquicos poderosos, entretanto, podem senti-los como um chão tremendo enquanto um trem passa, e podem Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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entrar no Sombrio. Seres dentro do Sombrio podem ver e até interagir com objetos e pessoas do mundo mortal, mas eles não podem ser vistos ou ouvidos através do véu. Os ceifeiros tiveram alguns milhares de anos para aperfeiçoar a sua caça. Eles já foram vistos algumas vezes por humanos, mas isso é raro e apenas acontece porque o ceifeiro estava sendo descuidado. É ainda mais raro para ceifeiros intencionalmente permitir que um humano os veja e não matá-lo, mas alguns fazem isso por esporte. Há lendas sobre eles em praticamente todas as religiões, onde todas as lendas os identificam como anunciantes da morte. Mas ao invés de guiarem as pessoas para a pós-vida, os ceifeiros as comem, suas almas ganham um bilhete só de ida para o Inferno.” “Então não há estudos sobre eles, mesmo que eles tenham sido avistados?” Perguntei. “Nunca? Pessoas acreditam no Pé Grande e no monstro do Lago Ness, e eu vejo documentários sobre expedições para encontrá-los no History Channel o tempo todo—não que eu assista muito o canal ou algo assim. Não há prova alguma de que algum deles existe. Ainda assim os ceifeiros deixam corpos como o do Sr. Meyer e ninguém se pergunta nada?” “A culpa dos ataques de ceifeiros normalmente é colocada em animais ou humanos psicóticos. Pé Grande e Monstro do Lago Ness não são reais.” “Os ceifeiros obviamente são! Por que não teve nenhuma histeria sobre uma visão?” Will respirou fundo e falou lentamente. “Há várias visões reportadas sobre os ceifeiros. Os mais famosos são os que parecem humanos, como a lenda do Ceifeiro Sombrio4.” Meus olhos se arregalaram. “Há ceifeiros humanos?” Ele assentiu, olhando para o chão. “Sim, há ceifeiros com forma humana, chamados de vir, e eles são os mais poderosos. Eles também são os mais convencidos e os que mais gostam de mostrar o rosto para os humanos. As outras formas, como o ursid, o lupino, o nycterid, e outros, foram confundidos com monstros, porque os humanos não sabem o que veem. Como o seu Pé Grande, dragões ou até lobisomens. A ceifeira contra quem você lutou era lupina.” Lembrei-me do meu sonho sobre a floresta nevada na França. Lembrei-me que eu havia estado na região de Le Gévaudan, um lugar onde os aldeões foram devastados por um monstro com forma de lobo. Historiadores responsabilizaram pela histeria um pão bolorento, mas eu sabia mais. Senti como se eu realmente houvesse estado lá. “Você continua falando sobre o Sombrio,” eu disse. “O que é isso?” “O Sombrio é uma dimensão paralela ao plano mortal,” ele explicou. “Criaturas sobrenaturais vivem lá sem serem vistas por mortais e são capazes de cruzar as duas 4

A imagem da morte que mais conhecemos, a pessoa ou esqueleto encapuzado com uma foice.

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dimensões. A maior parte dos humanos não pode entrar no Sombrio, a menos que seja um verdadeiro psíquico ou uma criatura como eu e você. Noite passada, você entrou no Sombrio involuntariamente, então você pôde ver aquele ceifeiro caçando você, mas você fez isso por puro instinto.” “Como eu fui criada?” “Nós não sabemos exatamente o que você é. Seu corpo e alma são humanos, mas seu poder... É algo totalmente diferente. Tem um monte de coisas sobre você que nós ainda não entendemos.” “Por nós, você quer dizer você e eu? Mas alguém sabe sobre mim? Tem algum outro Preliator?” “Não, você é a única.” “Você é o meu único Guardião?” “Sim, mas antes de mim, tiveram outros que protegeram você.” “Por que eu não tenho nenhum outro?” “Agora essa é a minha tarefa, sozinho.” “Há quanto tempo você tem sido meu Guardião?” “Quinhentos anos.” Corei e olhei para longe dele. “Você esteve me seguindo por aí por quinhentos anos?” “Eu sou seu soldado, seu protetor. E eu não sigo você o tempo todo.” “Então eu não sou humana, sou?” “Não inteiramente.” “Eu sou uma psíquica, como os que podem ver os ceifeiros?” “Não.” “Então como eu posso vê-los?” “Eu não sei. Você é a Preliator.” Lembrei-me do meu braço destroçado. “Como eu pude me curar tão rápido?” “Seu poder regenera seu corpo quando você é machucada,” ele explicou. “Então como eu morro, se o meu corpo se conserta sozinho imediatamente?”

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“Alguns machucados são muito traumáticos para o seu corpo curar. Eu sou do mesmo modo, e também eram os seus outros guardiões.” “Você é humano? Ou um psíquico?” Ele pausou antes de me responder. “Não.” “Então o que você é?” “Seu Guardião.” “Essa não é uma resposta direta,” eu disse, franzindo as sobrancelhas. “Will é o seu nome de verdade?” “Claro.” “Então, o que você é?” “Seu Guardião.” Franzi o cenho. Eu tinha mais um milhão de perguntas, e a sensação de que ele iria se esquivar das melhores o máximo possível. Tudo viria com o tempo, certo? Havia flashes de imagens, de coisas terríveis, batalhas e sangue, cruzando através da minha memória em fragmentos distorcidos. Olhei para baixo para o sangue do ceifeiro em minhas mãos e me senti muito triste. Como eu poderia me adaptar a isso? Eu não estava mais sonhando. Minha pele estava ardendo de quando eu atingi o chão. Meu braço doía onde tinha sido cortado. Isso era real. Meus pesadelos se tornaram reais. Eu estava assustada, e eu não queria lidar com isso. Não era preocupação o suficiente conseguir ir para faculdade? “Por que eu não consigo me lembrar?” perguntei. “Isso não é normal, é?” Will balançou a cabeça. “Não, isso nunca aconteceu antes, mas faz um bom tempo desde que você esteve viva. Normalmente sua reencarnação é quase imediata e você renasce em algum lugar do mundo, mas dessa vez você levou quatro décadas para se tornar a Preliator novamente. Não sei por que.” “Minha memória deve voltar com o tempo, certo?” “Vai voltar.” “Quando você tocou o meu rosto, tudo se tornou tão claro. Minha força, meu propósito... Por que você fez isso?” Will se inclinou para frente, apoiando os braços sobre os joelhos. “Porque eu sou o seu Guardião, eu tenho a habilidade de acordar o seu poder. Você era uma garota normal até o momento que completou dezessete anos, e é o meu dever restaurar o seu poder e a sua memória, e defender você nas batalhas a partir de então.”

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De repente me lembrei da minha redação de literatura e fiquei rapidamente em pé, olhando ao redor pela minha bolsa. A vi caída ao lado da minha mochila, exatamente aonde eu a havia largado. Meu carro havia sido movido duas vagas do lugar em que eu o deixara. Parei, dando-me conta da impossibilidade do que eu tinha feito. “Eu fiz isso, não fiz?” “Você pode fazer muito mais que isso com o seu poder.” “É telecinésia?” “Não, seu poder pode apenas empurrar as coisas, não trazê-las. É como uma rajada de vento muito forte, feita de pura energia, de força vital.” “Isso é insano,” murmurei recuperando minhas coisas perdidas. Peguei meu celular e chequei a hora, então coloquei o celular de volta na mochila. Já passava das dez. Fantástico. Eu nunca conseguiria escrever nada na minha redação e acordar com meu cérebro trabalhando de manhã. Estranhamente, minha tarefa pareceu um tanto insignificante. “Preciso ir para casa. Meus pais vão me matar quando virem o que aquela coisa fez com o meu carro. O que eu digo a eles?” Passei a mão nas profundas marcas no para-lama do Audi. Teria que ser repintado, provavelmente substituído. Como eu iria explicar isso? “Diga a eles que alguém bateu no seu carro e caiu fora. O seu seguro deve cobrir os danos.” “Eles nunca vão acreditar isso.” “Você não tem outra opção.” Fiz um barulho feio e uma careta. Meu pai ia me matar não importava o quê. Distraindo meus pensamentos do meu destino, me lembrei de algo que a primeira ceifeira havia dito. “Você ouviu a ceifeira dizer algo sobre Enshi?” Ele me encarou. “Enshi? O que exatamente ela disse?” “Ela disse, Nós não precisamos do Enshi, porque ela queria me matar ela mesma. Você sabe o que essa palavra significa? E quem é nós?” “É sumeriano” ele disse atenciosamente. “Senhor de... alguma coisa. Tenho que checar o que -shi significa exatamente.” “Você fala sumeriano? Quem fala isso? Sério.” “Você pode me encontrar na biblioteca depois da escolar? Nós deveríamos dar uma olhada nisso.” “Eu tenho muito dever de casa,” eu disse. “Que tal sábado à tarde? Às três?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Isso vai funcionar. Amanhã à noite nós precisamos treinar. Suas habilidades precisam voltar a você mais rápido.” “Mas é sexta à noite. É a nossa Noite do Filme.” “De outro jeito você não vai durar.” “Você quer dizer que eu vou morrer.” Essa não era a questão. “Sim.” Encolhi os ombros. “Bom, nós não queremos isso, mas meus amigos e eu sempre vamos ao cinema nas noites de sexta, então vai ter que ser mais tarde.” “Eu posso esperar. A noite é longa.” “Eu ligo para você quando terminar. Qual o seu número?” Comecei a tirar meu celular da bolsa para anotar. “Eu não tenho um número. Você não precisa me ligar.” Olhei para ele. “Ninguém sobrevive sem um celular. Você vai estar me observando no cinema também?” Ele pareceu não se afetar. “Eu tenho sido seu acompanhante por cinco centenas de anos como seu Guardião, seu guarda costas. Durante o dia, enquanto você está na escola, você está segura, então eu normalmente estou em casa até o anoitecer. Eu preciso descansar também. Não fico seguindo você constantemente, mas eu posso sentir se você está em dificuldade ou assustada. Se você é atacada, eu vou saber. É parte do vínculo que nós compartilhamos.” Perguntei-me se ele tinha sentido meu medo durante a alucinação no banheiro mais cedo na escola, e se foi por isso que ele veio me encontrar. “Então enquanto eu estou na escola, como você se mantem ocupado? Tem algum hobby?” Ele sorriu. “Você está gostando de todas essas perguntas, não está?” “Estou apenas tentando desvendar você.” Seus olhos encontraram os meus desafiadoramente, mas eu estava muito cansada para continuar interrogando ele. Suspirei. “Eu preciso mesmo ir para casa. Estou tão exausta.” Ele assentiu. “Vejo você amanhã depois de filme.” “Sim” eu disse, não particularmente entusiasmada com isso. Eu entendia o que estava acontecendo a minha vida, mas eu não tinha completa certeza sobre aceitar isso. Até esse ponto, não havia mais dúvidas de que a minha vida nunca mais seria a mesma. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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7 A escola voou como uma brisa. As sextas-feiras eram muitas vezes assim. Todos, incluindo professores e funcionários, só queriam dar o fora de lá e aproveitar o fim de semana. Na noite anterior, eu adormeci quase no momento do impacto com o travesseiro, e, obviamente, eu não consegui fazer minha redação. Felizmente, nenhum dos meus pais olhou perto o suficiente para o meu carro naquela manhã para notar as marcas gigantes de garra na pintura. No entanto, eu sabia que era só uma questão de tempo e de sorte até que eles notassem. Kate, por outro lado, notou-as imediatamente. Eu falei a história de Will e expliquei que alguém bateu no meu carro em um estacionamento, mas eu não tinha certeza se Kate estava convencida. Eu ainda precisava descobrir como consertar aquilo da forma mais barata possível e sem ser pega pelos meus pais. Fui para casa logo após a escola para dar uma sondada nas três das cinco páginas necessárias para o meu trabalho de literatura. Naquela noite, eu usei o colar com asas que Will havia me dado. Usá-lo parecia a coisa certa, como recolocar um quinto membro perdido. O sentimento era reconfortante, e o colar era lindo. Eu adorei. Eu encontrei Kate e Landon no cinema, e logo nos juntamos a Rachel e Chris. Assim que cheguei, Kate notou o meu colar. “Onde você conseguiu isso?” perguntou ela, boquiaberta com o pingente e examinando-o de perto. “Parece antigo. Tão lindo.” “Sim, é muito antigo.” Eu não queria dizer a ela que Will havia me dado, ou que ele era meu, para começar. “Eu vou roubá-lo,” Kate disse, e afastou-se. Eu sorri e a segui para dentro. Estava frio lá fora, então eu estava feliz de estar usando um moletom sobre a minha blusa. Não teríamos mais muitos dias de setenta graus em setembro. O filme era bom, com alguns efeitos especiais muito bons, mas eu não conseguia me concentrar o suficiente para apreciá-lo tanto quanto os meus amigos pareciam. Eu já havia esquecido a maior parte da trama no momento em que todos deixaram o cinema, com meus amigos conversando sobre o quão docemente algum capanga qualquer levou uma faca na cabeça e como o herói escapou do trem em chamas. Os meninos foram muito precisos ao lembrar o quão gostosa era a protagonista. Tudo o que eu conseguia pensar era em me encontrar com Will depois, e sobre como só Deus sabia que outros horrores eu teria que testemunhar. Eu me vi olhando para os lugares mais escuros ao meu redor, com medo do que poderia saltar das sombras. Eu me perguntava se eu iria passar por alguém na Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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calçada, que poderia ser morto por um ceifeiro naquela mesma noite e perder sua alma para o inferno, não importa que tipo de boa vida que ele viveu. Se eu fosse uma espécie de heroína, quantas pessoas eu seria incapaz de salvar? Eu não conseguia nem comer batatas fritas com ketchup sem me sujar. Como eu poderia ser responsável pela vida de outra pessoa quando eu não podia nem mesmo ser responsável pela minha própria camisa? “Você está bem, Ell?” Kate perguntou, baixando a cabeça para sussurrar em meu ouvido. “Você parece tão distante e quieta.” Eu balancei a cabeça. “Sim, eu estou bem. Eu só tenho que ir.” “Hã?” Kate perguntou, surpresa. “Você está se desfazendo de nós tão cedo novamente?” Landon ouviu e correu ao meu lado, jogando um braço sobre meu ombro. “É melhor você não estar pensando em vazar. É apenas dez horas e sua festa é amanhã. Tem que haver uma pré-festa e depois uma pós-festa. E uma festa do dia seguinte. Ficar fora até tarde. Seu trabalho pode esperar. Eu ainda nem sequer comecei o meu.” “Não, não é o meu trabalho.” Eu não queria mentir, mas eu não podia exatamente dizer a verdade, também. Uma verdade parcial daria. “Eu irei encontrar com Will daqui a pouco.” O braço de Landon tornou-se tenso em torno de meu ombro. Os olhos de Kate se arregalaram. “Você quer dizer aquele cara estranho da Cold Stone? Você vai a um encontro com ele?” Eu coloquei minhas mãos para cima defensivamente, não queria que eles tivessem a ideia errada. “Não, não, não. Não é um encontro, nós só vamos sair.” “Querida, é noite de sexta-feira, e quando é só você e ele saindo, isso é um encontro. Ele é gostoso como o inferno, então se divirta, ok?” Kate piscou. Rachel concordou. “Sim, ele é. Deixe-me saber se você não o quiser! Terei prazer em arrancá-lo de suas mãos.” Ela riu alegremente e beliscou meu lado. Eu me afastei me torcendo de forma desconfortável. A expressão de Landon ficou obscura e ele retirou o braço. “Você está falando sério? Você está indo para algum lugar com aquele cara? Você nem sequer o conhece!” “Sim, você acha que é uma boa ideia?” Chris perguntou. “Ele deve ter, tipo, vinte anos.” “Ele é legal,” eu disse, carrancuda. “Sim, ele é um pouco estranho, mas ele é realmente um cara muito legal. E daí se ele é um pouco mais velho que eu?” Pensando bem, nenhum de nós sabia com certeza quantos anos eu realmente tinha. Kate deu de ombros. “Ok, bem, deixe-me saber como foi o encontro.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Eu não posso acreditar nisso!” Landon disse, o volume de sua voz fazendo cabeças se virarem e olhar. Ele deu um passo em direção ao estacionamento. Passei a mão pelo meu cabelo. “Sério! O que há de errado com ele?” Kate riu. “Ellie, você é realmente cega? Ele gosta de você.” Eu fiquei boquiaberta com ela. “Como é?” “Sim,” disse Chris, o olhar em seu rosto me dizendo que ele achou isso muito divertido. “Nós pensávamos que você soubesse.” Justo o que eu precisava. Eu havia pensado que seu novo interesse extremo em meu bem-estar era algo mais benigno—eu devia estar enganada. Lembrei-me das rosas no meu aniversário e o beijo na bochecha. Eu realmente era tão estúpida? Landon era bonito e um cara legal e tudo, mas era Landon. Apenas... De jeito nenhum. Eu coloquei a mão na minha testa. “Eu tenho que ir. Agora.” “Vejo você mais tarde, Ell,” disse Rachel. “Se cuida,” Kate disse. "Me chame apenas se você quiser que eu a salve.” Eu balancei a cabeça. “Vejo você logo? Somerset às onze? Talvez almoço, enquanto nós estamos lá?” “Parece ótimo!” Ela sorriu, e então sua expressão limpou. “Ellie,” disse a voz de Will atrás de mim. Virei-me e fiquei chocada ao vê-lo. “Will! O que você está fazendo aqui?” Seus olhos piscaram para o colar em volta do meu pescoço e um sorriso caloroso se formou nos seus lábios. “Nós íamos nos encontrar, lembra?” “Certo,” eu disse, olhando para trás, para meus amigos. Eu me despedi e segui para onde eu havia estacionado. “Eu não sabia que você ia me surpreender bem na frente do cinema.” “Bem, você disse que poderíamos nos encontrar logo depois, então aqui estou.” “Onde está seu carro?” eu perguntei, enquanto embarcamos e apertamos os cintos. “Eu não dirigi.” Táxi, eu imaginei. “Para onde vamos?” “Eu encontrei uma boa localização, Pontiac,” disse ele. “Pontiac? Até lá? Por quê?” Isso não era exatamente a área mais segura por aqui para sair à noite. Entrei um pouco em pânico por dentro. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Gostaria que eu dirigisse?” “Não, é meu carro,” eu disse possessivamente. “Então, não se queixe sobre para onde estamos indo.” Demorou mais tempo do que o habitual para viajar os cinquenta e dois quilômetros até Pontiac por causa do tráfego pesado. Will não falou muito durante a viagem, e o silêncio constrangedor estava começando a tomar seu pedágio em minha psique. “Então, onde você está vivendo?” perguntei-lhe, tentei iniciar uma conversa durante a pausa. “Você está tensa,” Will observou, olhando o para-brisa. “Eu tenho um ninja sentado ao meu lado. Claro que eu estou tensa.” O menor sorriso no canto da boca dele. “Não se preocupe com isso.” Eu esperava que ele elaborasse, mas ele não fez. “Você não tem um apartamento ou algo assim? Como você paga por ele? Você tem um emprego?” “Não se preocupe com isso.” “Por que tantos segredos?” “Você não fez as perguntas certas.” Ele olhou para mim e sorriu. Eu bufei, irritada. “Você tem um lugar para viver, certo?” “Sim, mas eu estou lá apenas para o essencial.” “O que é que isso quer dizer?” “Eu preciso dormir, tomar banho e comer, é claro. Eu não sou um robô.” Eu sentei lá fervendo por um momento. Ele obviamente não ia me dar uma resposta direta, então eu mudei a minha pergunta. “Por que você é meu Guardião?” “Sou muito proficiente em combate. Fazíamos uma boa equipe.” Olhei para ele. “Ainda fazemos?” “Eu espero que sim. Você faz um monte de perguntas. Eu não sou importante agora. Temos de nos concentrar no seu despertar e ficar forte de novo.” “Bem, seria bom se eu pudesse me lembrar de tudo, já que eu deveria saber disso.” Tudo soava tão secreto. Eu estava tendo dificuldade em acreditar que eu poderia ser parte

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de algo muito maior do que eu. Olhei para fora do para-brisa para os carros se aproximando lado oposto da rodovia. “Você se importa?” Will perguntou. “O quê?” Pisquei para ele. Ele tinha a mão no botão do aparelho de som. “É um caminho longo,” disse ele. “Eu não gosto de ficar em silêncio.” “Sim, eu acho.” Ele ligou o rádio e colocou na estação de rock clássico. Satisfeito, ele se inclinou para trás contra o assento. “Pink Floyd?” eu sondei, incapaz de impedir o sorriso de rastejar aos cantos dos meus lábios. “Eu tive muito tempo para mim mesmo, à espera de seu renascimento,” ele confessou. “Você esteve longe por tanto tempo. Eu tive que pensar em algo para fazer, e eu achei o rock’n’roll.” Ele sorriu. “Eu fiquei muito bom na guitarra. Vou tocar algumas músicas dos Rolling Stones para você um dia, se você tiver sorte.” Eu ri. “Se eu tiver sorte, huh?” Seu sorriso aumentou de forma brilhante. “Oh, sim. Somente se você tiver sorte.” Quando finalmente chegamos a Pontiac, Will me deu direções específicas e nos dirigimos para uma área que parecia muito acidentada. Viramos em uma rua muito escura, sem iluminação pública, e os únicos edifícios que eu podia ver eram um posto de gasolina abandonado e um armazém que parecia como se funcionasse há uns 20 anos. “Vamos realmente estacionar meu carro aqui?” eu perguntei, nervosa, meus olhos passeando em toda parte. “Ninguém está por perto,” disse ele. “Vá para o beco. É isolado. Se alguém vier, eu vou ouvi-los. Não se preocupe. Encontrei este edifício na semana passada, por isso deve ser um ótimo lugar para treinar.” “O que você disser, chefe.” Eu dirigi para o beco que ele apontou, apenas apertando o meu sedan gordinho por ele. Os pneus rolaram sobre as pedras, lixo e enormes ervas daninhas que estavam começando a parecer árvores. Cheguei ao fim e desliguei o motor. “E agora?” Ele sorriu. “Nós entramos.” “Eu vou pegar tétano lá,” eu resmunguei. “Não vá rolar em montes de terra e pregos enferrujados e você ficará bem.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Você é um imbecil.”

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8 Will me mostrou a porta, mas ela estava coberta por tábuas. Ele as arrancou sem nenhum esforço e jogou-as de lado. Dentro, o armazém estava surpreendentemente limpo. O lixo tinha sido movido para o lado, e não havia qualquer vidro quebrado ao redor. Pneus foram empilhados em um canto numa pilha de calotas enferrujadas e caixotes de madeira. O luar entrava pelas altas janelas, quase inteiramente intactas. Colunas de aço se estendiam do chão de concreto até o teto. “Eu até mesmo limpei tudo para você,” disse Will, obviamente tentando reprimir o riso. Riso que eu tinha certeza estava dirigido a mim. Eu olhei para ele. “Por que isso estava coberto por tábuas se você já havia entrado? Você as pregou sobre a porta quando você saiu?” “Eu não entrei pela porta,” disse ele, e apontou para cima. Meu olhar se elevou para as janelas. “Nã-nã.” “Quando você descobrir o que pode realmente fazer, você não ficará surpreendida com como eu entrei. É por isso que estamos aqui.” “Pra que você possa me matar e roubar Marshmallow?” Eu murmurei distraidamente enquanto arrancava a pintura descascada da porta. Ele piscou. “Roubar o quê?” “Esqueçe.” “Você é uma menina muito estranha,” ele disse, dando um passo para muito perto de mim. Sua proximidade me alarmou por um momento, e então eu senti minha inquietação derreter. Isso era realmente estranho, a minha reação à sua presença. Talvez fosse porque ele fosse o único que eu conhecia no mundo inteiro, que possuía o poder para me proteger. Aquilo teria feito qualquer um se sentir muito seguro, certo? Talvez esse fosse o vínculo que ele disse que nós compartilhávamos. “O que você está fazendo?” Eu perguntei, meus olhos arregalados. Seus dedos traçaram a curva do meu ombro suavemente, assim como seu olhar caiu. Eu engasguei drasticamente. Se ele tentasse me beijar, eu daria um tapa nele. Com ou sem vínculo.

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Ele deslizou minha bolsa fora do meu ombro e atirou-a. “Você não precisará disso.” Ele virou e se afastou. Soltei um longo suspiro. ”Você é esquisito, sabe disso? Muito mais estranho do que você pensa que eu sou.” Ele riu. ”Eu acredito que você me disse isso algumas vezes.” “Preciso estar no Sombrio para lutar ou fazer aquelas acrobacias loucas?” “Não,” disse ele. “A única vez que você precisa entrar no Sombrio é quando um ceifeiro está escondido lá. Quando eles estão se escondendo, esse é o único jeito que podemos vê-los.” “Então o que posso realmente fazer? Se você pode saltar através de uma janela de dois andares, então o que eu posso fazer?” “Você pode fazer isso também. Você nem sequer precisa de asas para fazê-lo, tampouco.” Ignorei sua observação sabichona, a qual não fazia sentido de qualquer maneira. Eu tirei meu moletom, dando de ombros, e joguei-o dentro da minha bolsa. Vestindo apenas minha regata, dobrei os meus braços sobre meu peito. “Sim, certo. Mostre-me alguma coisa, então.” “Você pode trazer todo este edifício abaixo.” Eu bufei em descrença. “Mostre-me.” “Eu não vou destruir o armazém conosco dentro dele,” ele afirmou. “Vamos precisar deste lugar por um tempo, então eu vou lhe dar um gostinho.” Ele deu um passo para longe de mim, seus olhos presos nos meus, e ficou ao lado de uma das colunas de aço. Por um momento—eu tive que piscar várias vezes—parecia que o ar em torno dele se moveu, como ondas de calor oscilando acima da calçada em um dia quente, só que isso irradiava de seu corpo. O verde de seus olhos pareceu se intensificar até que eles quase brilhavam, embora eu soubesse que não era possível. Em seguida, uma explosão me atingiu como um caminhão, derrubando-me de costas. Lutei para voltar para os meus pés, boquiaberta diante Will em incredulidade. Eu pude ver a energia ondulando dele. Eu podia sentir isso na minha pele e lambendo as minhas pernas. Com um balanço rápido de seu torso, Will esmagou seu antebraço contra a coluna, e o aço deu um gemido agudo até ela se inclinar em um ângulo, formidavelmente quase totalmente livre da viga alta acima dela. Poeira explodiu, estabelecendo-se no chão. Eu cambaleei para trás, tropeçando e quase caindo. Olhei para ele, com medo, confusa e completamente atordoada. ”C-como?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Eu poderia tê-lo derrubado se eu quisesse,” disse ele, relaxando seu poder, deixando-o ir como se levado por uma onda. “Você é mais forte do que eu, Ellie. Eu preciso provar isso a você.” “Oh Deus,” era tudo que eu poderia dizer. “Você, tente,” disse ele. “Eu sei que você se lembra como. Eu já vi você fazer isso desde que você acordou. Com a convocação do seu poder você terá a força para matar um ceifeiro. Eles podem fazer a mesma coisa, embora, por isso você precisa ser cautelosa, e que é por isso que você tem a fogo de anjo. Se você se deparar com um, você pode não saber o que ele é, até que seja tarde demais. Os mais fracos parecem os mais humanos. Os poderosos não se preocupam em esconder o que eles são. Eles normalmente não gostam de ser comparados aos seres humanos, mas eles mudarão de forma para assumir a aparência de um ser humano em especial, a fim de se infiltrar.” “Você vai ter que tocar meu rosto novamente, para me acionar, a fim de trazer o meu poder à tona?” Eu perguntei. “Não, eu não acho que eu vou ter que fazer isso de novo.” Ele estendeu seu braço e conjurou sua espada. A lâmina enorme de prata brilhou. “Chame suas espadas agora.” “Por quê?” Eu perguntei, sem saber de seus motivos. “Nós vamos trazer seu poder à tona de modo que você vai aprender a fazê-lo por conta própria. Eu sou o seu soldado, mas eu não sou sua muleta.” “Mas eu—” Em um flash ele golpeou sua espada na minha garganta, mas eu instintivamente me esquivei, chocada com a minha própria rapidez. Sem eu conscientemente chamá-las, minhas espadas apareceram nas minhas mãos. Will golpeou sua lâmina para baixo outra vez, mas eu balancei minhas espadas para cima, pegando golpe de Will com um shing! de metal contra metal. Ele empurrou para baixo, firmemente, mas eu segurei a minha posição, recusando-me a deixá-lo me dominar, e fogo de anjo inflamou nas minhas lâminas. O pé de Will de repente se conectou com o meu peito me batendo contra uma das colunas atrás de mim, minhas costas se esmagando contra o aço. O fôlego deixou meus pulmões, mas Will estava vindo para mim muito rapidamente para eu poder recuperá-lo. Ele golpeou novamente e eu rolei para longe. Sua lâmina retiniu na coluna, e eu olhei para trás, olhos arregalados. “Pare de correr!” Will gritou. “Lute comigo.” “Você vai me matar!” Eu gritei. “Só se você me deixar!” Ele saltou no ar e veio para mim, sua espada erguida. Ele desferiu um golpe, mas a Khopesh pegou sua espada e desviou-a longe do meu rosto. Eu Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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balancei a minha outra espada e cortei-o, Will recuou assim que a lâmina cortou nitidamente abaixo de sua bochecha. Seu rosto cedeu para lado e ele gemia de dor. Ele olhou para mim, os seus olhos verdes mais brilhantes que eu já tinha visto, e o corte em sua bochecha se fundiu novamente, deixando apenas uma fina linha de sangue. O fogo de anjo não o machucou. “Continue lutando e não pare!” ele trovejou. “Se você parar, você está morta!” Ele desapareceu de repente e reapareceu atrás de mim. Eu cambaleei para encará-lo, levantando minha espada, que colidiu com a dele. Eu golpeei a sua barriga com a outra espada, mas ele saltou para trás, girou, e chutou meu pulso. A Khopesh voou. Eu fiquei boquiaberta diante daquilo, com medo, e quando eu olhei de volta para o Will, ele já havia abaixado sua espada e estava me alcançando. Ele fechou sua mão em torno de minha garganta, jogando minhas costas contra uma coluna, e agarrou o pulso que segurou minha Khopesh restante. Ele me derrotou. Lutei contra o seu controle, mas ele era tão, tão forte. “Deixe-me ir!” Minha mão livre agarrou a sua ao redor do meu pescoço. “Eu não vou libertar você," disse ele. “Você perdeu. Você parou de lutar e tirou os olhos de mim.” “Por favor, por favor, Will.” Eu engasguei, minha traqueia fechando. O pânico me dominou e meus olhos se encheram de lágrimas. “Você vai me matar.” “Então, faça algo sobre isso,” ele rugiu em meu rosto. “Você tem essa força! Se você quer que eu deixe você ir, então me force a isso!” Eu gritei, preenchida metade com medo e metade com raiva, e meu poder explodiu, meu cabelo ricocheteando ao redor do meu rosto tão loucamente que eu não podia ver. A coluna atrás de mim rangeu, e o chão rolou e afundou sob a minha força. Will foi soprado para longe de mim e pousou deslizando sobre chão de concreto. Eu me movi para frente e minha espada explodiu em chamas quando eu golpeie na garganta de Will onde ele estava deitado. Eu prestes a colocá-la em sua jugular, meus pulmões pesados, meu coração batendo, e meu poder rodando como um furacão ao meu redor, engolindo-me em luz brilhante. Meus olhos escureceram enquanto eu encarava Will. Ele levantou as suas mãos lentamente. “Você perdeu,” eu disse cruelmente. Meu poder diminuiu e meu corpo relaxou. Eu peguei minha espada caída e as fiz desaparecer. Will sorriu e levantou-se. Eu o soquei rapidamente no rosto forte o bastante para fazê-lo cair de volta para seus joelhos. “Você é um bastardo!” Eu gritei para ele, minha voz embargada.

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Ele riu e esfregou o queixo com firmeza. “E você é assustadora.” Ele afastou-se. Eu lhe bati novamente, fazendo a sua cabeça estalar. “Por que você me assustou assim?” Quando eu oscilei pela terceira vez, ele agarrou meu pulso. “Já bateu o suficiente,” ele rosnou. “Você não bate exatamente como uma garota.” Eu arranquei meu pulso e afastei-me dele, respirando pesadamente. “Bom Deus, aquilo foi incrível.” “Bater em mim?” “Sim,” eu disse, olhando para ele por alguns instantes. “E o poder. Eu senti como se pudesse atravessar paredes.” Meu olhar encontrou a cratera que eu tinha feito no chão de concreto. A coluna estava torcida e desfigurada, mal se conectando com teto. Isso rangeu, como se apenas uma ligeira cutucada pudesse enviá-la ao chão. “Você pode,” disse ele. “Estou com medo, Will,” confessei. “Eu assusto a mim mesma. Se sou capaz de fazer isso, o que está me impedindo de fazê-lo com alguém que não merece? E se eu machucar alguém?” “Eu vou ajudar você a evitar isso,” ele me assegurou. “Quando você está diante de um ceifeiro, você não pode se preocupar com mais nada. Esse é meu trabalho. Você tem que usar tudo o que você tem e derrotá-lo. Se você hesitar, você vai morrer. Você hesitou por apenas um momento atrás, e é assim que eu fui capaz de dominá-la. Você não pode parar por qualquer motivo. Confie em mim para sempre proteger as suas costas na batalha. Eu irei protegê-la.” Ele passou por mim, mas eu agarrei o ombro. “Espere.” Eu o guiei para ficar na minha frente, minha mão deslizando para o seu colarinho. Eu estava imaginando aquele sinal positivo brilhante que eu pensei ter visto antes, e eu deslizei a corrente debaixo da camisa para fora. Pendurado no final da corrente havia um crucifixo de prata, e não um sinal de mais. Assim que vi, eu lembrei o que era, e meu coração aqueceu. Era bom ver aquilo novamente. Olhei para cima e vi que seu olhar estava colado ao meu. “Eu me lembro disso.” Seu corpo estava rígido e sua mandíbula se apertou. De repente, sua reação foi tão fascinante quanto a minha lembrança do crucifixo em torno de seu pescoço. “Foi um presente,” disse ele, “da minha mãe.” “Ele protege contra os ceifeiros?” “Não.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Então por que você a usa?” “Minha mãe me deu.” Eu balancei a cabeça, com raiva de mim mesma por fazer uma pergunta tão estúpida. Apesar de sua expressão de pedra, eu podia sentir que eu o feri. O crucifixo tinha um valor sentimental para ele. Talvez isso significasse tanto para ele como meu colar alado significava para mim, se eu pudesse lembrar da onde meu próprio pingente vinha. Seu crucifixo devia ter tido séculos de idade. Se ele o manteve durante tanto tempo, isso deveria significar muito para ele, assim como sua mãe. “Sinto muito.” “Não se preocupe com isso.” Enfiou o crucifixo de volta em sua camisa. “Não é nada, sério. É estúpido.” Eu olhei pra ele por alguns momentos. Não parecia certo para mim que ele foi tão evasivo. O objeto, obviamente, era algo para ele, mas eu não senti que fosse certo lhe sondar sobre isso. “Treino amanhã à noite?” perguntou ele, interrompendo os meus pensamentos. Eu fiz uma careta. “Não,” eu disse. “É a minha festa de aniversário.” “Oh, sim. Eu esqueci.” Ele não parecia desapontado, mas neutro, como se simplesmente observasse um fato. “Está tudo em cima para a biblioteca às três, então?” “Claro, mas não há nenhuma maneira de eu estar perdendo minha própria festa de aniversário.” “Eu vou ficar por perto para isso.” “Eu gostaria que você estivesse lá,” eu disse. “Como um convidado.” “Besteira. Vou vigiar no telhado.” “Você não tem que ser uma trepadeira o tempo todo, sabe. Venha para a minha festa e se divirta um pouco pela primeira vez na sua vida.” “Eu me divirto.” Eu zombei. “Eu tenho certeza que nossas ideias de diversão variam drasticamente.” O flash de um sorriso. “Eu vou mostrar a você um dia.” Eu sorri de volta. “Agora você me intrigou.” “E você vai ter que ficar assim até o dia em que eu decidir divulgar os meus segredos a você.” Eu ri. “Então você virá? Dentro de casa, também, e desfrutará da festa?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Seu sorriso era manhoso. “Você não acha que Landon vai ter um problema com isso?” “Como você...? Oh, certo.” “Eu vi a maneira como ele olha para você,” disse ele. “O que me choca é que você não viu.” “Bem, agora que isso foi apontado para mim, eu poderei.” Ele atraiu o seu rosto mais perto do meu. “Você não lê as pessoas muito bem, não é?” Eu, brincando, empurrei o ombro dele pra longe. “Eu leio as pessoas bem o bastante. Eu só não tenho mil anos de prática como você.” Ele deu um passo para trás e riu. “Tudo bem, eu vou passar por lá, como um convidado. Eu vou permitir que você me veja lá.” Pisquei. “Oh, você me permite vê-lo, é isso?” Ele balançou a cabeça, não conseguindo parar a formação de um sorriso. “Oh, sim. Você até agora só me viu quando eu permito. Eu sou espetacular me escondendo.” “Você é tão seguro de si, não é?” “Você não tem ideia.” Apertei os olhos. “Vamos ver sobre isso.” Eu me virei e deixei o armazém. Entrando no meu carro, mas quando eu olhei para Will, ele estava em pé na minha janela, em vez de ficar no banco do passageiro. “Você não vai entrar?” Ele se inclinou para olhar para mim através da janela. “Não.” “Você vai andar todo o caminho de volta, para casa, para Bloomfield Hills?” Ele balançou a cabeça. “Eu posso viajar facilmente.” “Isso é idiotice. Entre.” “Só vá,” disse ele. “Não se preocupe comigo.” “Eu não vou deixá-lo no meio da Pontiac. Entre.” “Eu posso, obviamente, cuidar de mim. Eu não estou dirigindo com você.” “Sim, você está. Não minta para mim e diga que você está indo dar uma caminhada.” “Adeus, Ellie,” ele disse, saindo da janela. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Will!” Eu gritei, abrindo minha porta e saltando para fora. Ele tinha desaparecido. Virei- me, procurando por ele, mas ele não estava em lugar nenhum “Will?” A rua estava escura, e o vento soprava as folhas e papéis velhos no calçadão—o único movimento que eu podia ver. “Eu estou tão cansada de você dar essas de Batman para cima de mim!” Exausta e zangada, voltei para o meu carro e dirigi para casa.

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9 Acordei às nove, e assim que eu saí da cama, senti os efeitos do meu treinamento com Will na noite anterior. Minhas costas e ombros doíam, e os comprimidos antiinflamatórios que eu havia tomado não aliviaram praticamente nada. Depois de um banho eu fiz um pouco de café para tentar despertar. Kate me chamou às dez, confirmando que ela estaria lá às onze para me pegar, mas eu disse a ela que tínhamos que estar prontas às duas, então eu teria tempo de chegar à biblioteca. Lá fora já estava quente o suficiente para eu me sentir confortável usando jeans e havaianas. Apesar de estar com sono, me sentia bem. Sentia-me diferente e eu gostava. Domando meu cabelo ondulado, puxei metade para cima, e prendi atrás da minha cabeça. Alisamento parecia muito trabalho para hoje. De volta ao meu quarto, puxei minha malha favorita e estava pronta para ir. Houve uma batida na minha porta. “Sim?” perguntei. A porta se abriu e minha mãe entrou. Eu não gostava do olhar em seu rosto. “Ellie, há alguma coisa que queira me dizer?” Pânico passou por minha cabeça. O que eu fiz? Eu voltei muito tarde? “Uh, eu acho que não,” eu observei, tentando soar calma enquanto meu coração diminuía o ritmo. “Sobre seu carro, talvez?” Lâmpada. “Ah, sim,” gemi. “Alguém deve ter batido no meu carro na escola e fugido. Eu não podia acreditar.” Ela me olhava com reprovação. “Estou surpresa que você tenha se esquecido de mencionar isso. Você não bateu em um sinal ou outra coisa, né? Seja honesta, Ellie.” Eu teria preferido bater em um sinal ao invés do que realmente aconteceu. “Eu encontrei meu carro daquele jeito ontem,” eu expliquei. “Juro que não bati em nada, mãe. Fiquei com tanta raiva, e eu não queria que aquilo arruinasse meu dia, então eu tentei não pensar sobre isso. Eu estava tão ocupada fazendo meu dever de casa e então indo para a Noite de Cinema, que eu esqueci totalmente. Desculpe-me.” Ela franziu o cenho. “Eu acho que temos que cuidar disso. Eu espero que a loja da concessionária conserte, já que você só tem essa coisa há dois dias.” Ela salientou essas duas últimas palavras desconfortavelmente. “Seja lá quem for que você irritou na escola... você provavelmente devia tentar ser legal antes que alguém corte seus pneus e quebre suas janelas.” “Sim, claro,” adicionei. Se ela acabasse tendo que pagar por isso de novo, eu me sentiria realmente como lixo. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Eu vou ligar para eles,” ela suspirou. “Tente estacionar na parte de trás do estacionamento, Ellie.” “Mãe, é quase inverno,” protestei. “Eu não quero estacionar no meio de lugar nenhum e congelar até a morte indo para dentro. Sem mencionar, meu carro é branco. Ele vai se camuflar na neve e eu nunca vou encontrá-lo.” “Você está vestindo uma saia,” ela observou. “Está perfeitamente quente lá fora.” Bufei. “Não por muito tempo.” Ela franziu o cenho novamente. “Bem, eu não sei o que te dizer. Divirta-se com Kate hoje.” Ela me entregou um cartão de crédito. “Seja razoável. Um vestido. E almoce enquanto estiver fora. Você parece cansada, e eu não quero que o açúcar em seu sangue fique muito baixo. Você sabe que fica ranzinza quando não come.” Eu sorri. “Obrigada, mãe.” Ela virou, mas deu uma segunda olhada. “De onde veio esse colar?” Toquei o pingente. “Um amigo.” “Um garoto?” Credo. “Ele é um amigo que é um menino.” Sua boca se contorceu em divertimento e seu olhar o deixou. “Primeiro rosas, e agora um colar? Você tem certeza que Landon não é seu namorado?” “O colar não veio dele, mãe.” “Então você tem dois namorados?” “Não, mãe!” Eu quase gritei. “Nenhum dos dois é meu namorado. Confie em mim. São só garotos que são meus amigos. Sem nenhuma outra conexão de palavras rolando.. Ou conexão de qualquer coisa, falando nisso.” Ela me encarou. “Humm.” Então ela deixou o quarto. Ela era tão estranha às vezes. Alguns minutos depois Kate estava quase irritantemente feliz quando irrompeu pelo meu quarto. “Então!” ela cantou, pulando em minha cama, cabelos loiros voando. “Como foi?” “Como foi o que?” perguntei, puxando um pouco de cabelo dos meus olhos e fixando com um Bobby enquanto encarava o espelho sobre a minha cômoda. Kate atirou um travesseiro na minha bunda, fazendo-me bater na cômoda e fazendo chacoalhar dois frascos de perfume. “Você sabe o que eu quero dizer! Como foi seu encontro com Will?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Não foi um encontro,” respondi, franzindo a testa para ela através do espelho, estabilizando o vaso de rosas de Landon. “Eu juro a você.” “Então, me esclareça. O que foi exatamente?” “Ele estava me ajudando com... Dever de casa. Economia tem acabado comigo.” E Will também, pensei. Kate gargalhou. “Ele é seu tutor? Oh, Ellie, essa é a maior merda que eu já ouvi.” “Bem, é a verdade,” menti. Eu odiava mentir para a minha melhor amiga, mas não era como se eu pudesse dizer a ela o que realmente estava acontecendo. “Eu não gosto dele nem nada, confie em mim. Ele é meio que um idiota, na verdade. Ele não é tão legal quanto pensei.” “Eu gostaria de ter um tutor gostoso.” “Não seja tão inteligente então.” “Tanto faz,” Kate disse, sentando. “Você é uma grande e gorda mentirosa. Vamos às compras.” Nós dirigimos no BMW de Kate até o shopping e estacionamos na entrada da Saks, na 5th Avenue. Kate deu suas chaves a um manobrista muito fofo e enfiou o bilhete dentro da bolsa antes de entrarmos. Glamorosos balcões reluzentes ouro e marfim forravam a entrada principal com tons de gélidos para anunciar a chegada do outono e inverno. Kate parou para cobiçar uma prateleira de sapatos Chanel e paramos de novo para acariciar uma bolsa particular na coleção Valentino enquanto eu me arrastava até a escada rolante para a loja de vestidos. Eu decidi por um vestido fofo Bagdley Mischka, sem alça, creme. O corpete cabia confortavelmente e as camadas da saia de chiffon caíam logo acima dos meus joelhos. Eu sabia que combinava perfeitamente com minhas sandálias de cetim do Marc Jacobs, como complemento. Eu não fiquei surpresa quando Kate escolheu o aventureiro vestido tomaraque-caia, curto e colado no corpo Dolce&Gabbana. Se alguém pudesse retirá-lo, Kate poderia. As pernas dela se estendiam por quilômetros, e se tudo o que ela usasse fosse alguns panos velhos juntos com fita adesiva, ela ainda pareceria pronta para um tapete vermelho. Eu paguei com o cartão que minha mãe me deu e então andamos por volta de uma hora antes de irmos comer no P.F. Chang’s5. Kate conhecia um gerente de lá que nos ajudou a pular duas horas de espera e nos colocou em uma mesa imediatamente. Enquanto eu comia meu frango Szechuan e ouvia Kate falar da nova fofoca de Josie Newport deixando a loja Louis Vuitton com uma nova bolsa, eu me peguei pensando 5

Restaurante de comida chinesa.

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sobre Will. Perguntei-me se ele estava no Sombrio naquele momento. Me senti confortável, segura, sabendo que se alguma coisa decidisse atacar, ele estaria aqui em um instante. Mesmo pensando que eu havia acabado com ele na noite anterior, eu ainda não queria lutar por conta própria. Para ser honesta, ele provavelmente se sentiria muito estranho se decidisse nos acompanhar onde pudéssemos vê-lo. Eu o imaginei vagando ao nosso redor pelo shopping, nos seguindo com sacolas em nossas mãos, nos ajudando a escolher vestidos, e eu não consegui evitar uma risada. “Eu sei, certo?” Kate perguntou com um aceno de cabeça, confundindo minha risada com alguma coisa que ela havia dito sobre Josie. Eu olhei ao meu redor, na esperança de avistá-lo e desmentir sua afirmação de que eu nunca poderia vê-lo ao menos que ele deixasse, mas falhei. O restaurante estava muito cheio, muito barulhento, e muito escuro. Desapontada, voltei minha atenção para minha refeição e a conversa colorida de Kate. “Então, quando você vai ver Will de novo?” Kate perguntou, como se estivesse lendo meus pensamentos. “Ele virá para minha festa hoje à noite,” respondi. Seu rosto se iluminou. “Ele vai? Ele irá levar algum dos amigos dele? Ele tem que estar na faculdade. Aonde ele vai? Universidade de Michigan? Universidade de Oakland?” Eu assenti. “Uh, sim. Universidade de Michigan. Eu não acho que ele irá levar nenhum amigo.” “Ah, que isso! Sem meninos gostosos de universidade? Por que você consegue agarra o único?” Eu cutuquei meu arroz. “Acho que sou sortuda.” Por um breve momento me imaginei dançando com Will, e no próximo momento me senti com se estivesse cuspindo meu frango. No nosso caminho para a saída do shopping, Kate parou na Valentino e comprou a bolsa que ela havia visto mais cedo. Surpresa, surpresa.

Quando chegamos em casa, disse aos meus pais que eu estaria na biblioteca por algumas horas. Aquilo não era uma mentira, mas eu não estaria lá para estudar para a prova de matemática de segunda-feira, como eles achavam. Eu estaria lendo sobre outra coisa. Eu não sabia por que não havia livros sobre os ceifeiros ou qualquer coisa sobre o que era Enshi numa biblioteca comum, mas suspeitava que Will soubesse mais que eu.

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Quando cheguei à biblioteca, estacionei, e imediatamente eu vi Will sentado nas escadas. Ele usava sua casual expressão séria. “Eu não acredito que você está me fazendo estudar no meu aniversário,” resmunguei. “Você não é meu tutor de verdade, você sabe.” “Hoje não é seu aniversário.” “Minha festa de aniversário é hoje e isso é tão bom quanto se fosse meu aniversário.” Ele se levantou. “Vamos entrar. Quero que conheça alguém. Ele é um amigo meu— de nós dois—há muito tempo.” Aquilo me deixou interessada. “Quem é esse cara?” “Você verá,” Will disse. “Acho que ele tem ideia de onde podemos começar a descobrir o que é esse Enshi.” Eu o segui para dentro e falei calmamente. “Por que você acha isso? Que informações pode ter em uma biblioteca sobre ceifeiros? Não parece um lugar provável.” “Você precisa confiar mais em mim.” Ele me conduziu a frente à recepção e acenou para uma mulher gorda de óculos que estava sentada lá, embaralhando uma pilha de papéis. “Ei, Louise.” A mulher acenou e sorriu para nós enquanto eu seguia Will através de um conjunto de portas a direita dela, e descemos um lance de escadas que nos levava a outras. Nós entramos em um longo corredor, cujas paredes brancas arranhadas foram alinhadas com portas de madeira. Não ouvi nada exceto um zunido do ar condicionado e nossos passos ecoando pelo chão de linóleo. Will finalmente parou em uma porta indistinguível das outras, abriu-a, e deu um passo para o lado para que eu pudesse entrar. A sala de dentro era maçante e cheirava a mofo de livros velhos. Todas as quatro paredes estavam revestidas com grandes livros de capa de couro, e a estante de dupla-face era da mesma altura nos dois lados de um corredor que levava aos fundos da sala. Uma mesa foi colocada contra a parede com um jovem garoto sentado atrás dela, lendo um livro que eu tinha certeza que era mais grosso que o meu tronco. Uma garota que parecia ter a idade de Will sentou em uma cadeira de frente para ele. Ela virou a cabeça para nós, seus longos cabelos castanhos escuro balançando. Ela era uma linda garota asiática, e ela sorriu docemente quando nos aproximamos. O jovem homem—talvez da mesma idade que Will—era anormalmente pálido, como se não saísse muito, e ele olhou para nós quando nos aproximamos. Ele parecia meio nerd, mas do tipo adorável, com um sorriso bobo, meio torto. Seu cabelo castanho estava Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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desarrumado, mas eu tenho a impressão de que ele era um daqueles caras que não ligavam para a aparência. “Ei, Nathaniel,” Will disse. Ele acenou para a garota. “Lauren.” Nathaniel olhou só para mim, sorrindo o tipo de sorriso que me lembrou o Sr. Meyer, embora parecesse que ele não era nem um pouco mais velho que Will. Eu sorri de volta, gostando dele instantaneamente. Seus olhos eram vívidos e cor de cobre, como moedas iridescentes. Com cada movimento de seu olhar, eles brilhavam. “Olá de novo.” Nathaniel sorriu brilhantemente. “Já faz um tempo.” “Desculpe-me, mas nós nos conhecemos?” Perguntei, incapaz de recordar seu rosto. “Ah, sim,” disse ele. “Nós nos conhecemos há muitas eras. Will me disse que sua memória está tendo problemas para retornar a você, mas está tudo bem. Você se lembrará de mim com o tempo.” “Espero que sim,” disse honestamente. “Você está tão linda como sempre foi,” ele ofereceu. “Obrigada,” eu disse. A garota asiática levantou-se e estendeu uma mão para eu balançar. “Você deve ser Ellie.” Eu sorri. “Isso mesmo.” “Lauren Tsukino,” ela disse. “Prazer em te conhecer. Vou parar de incomodar você agora. Nathaniel, você vai olhar isso para mim, não vai?” Ele assentiu. “Claro, querida. Você vai ouvir de mim logo.” Lauren se apertou por nós e desapareceu pela porta. Nathaniel virou-se de volta para mim. “Lauren é uma psíquica muito poderosa,” ele explicou. “Ela sentiu alguma coisa chegando à área recentemente, que lhe deu um grande choque. Seria legal se ela pudesse ver o futuro, então nós teríamos uma carta na manga. Infelizmente, ela é só clarividente, mas ela reconhece um ceifeiro desagradável quando sente!” Ele sorriu como se tivesse acabado de contar uma piada incrível, mas eu falhei em encontrar o divertimento. Eu podia ver a parte final da piada—eu não era estúpida—mas apenas não era engraçada. “Eu não sabia que médiuns eram reais até Will me contar sobre eles,” observei, olhando em volta para a coleção de livros de Nathaniel.

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“Ah, sim,” ele disse. “Quando eles não estão maus, são aliados inestimáveis para gente. Lauren tem sido a mais útil desde que eu a conheci. Seu professor também. Frank Meyer.” Meu queixo caiu. “Sr. Meyer? Você está brincando.” “Ele foi morto recentemente em uma caçada,” Nathaniel explicou, “como você sabe, claro. Ele era bom para um humano, mas sua idade o atrasou. O ceifeiro levou a melhor sobre ele.” “Você está me dizendo que meu professor de economia era um caçador de ceifeiro psíquico? Isso é, tipo, fodão demais para um professor da escola.” “Frank era um dos melhores,” Will disse. “Nuh-uh.” Minha cabeça girava. “Eu não fazia ideia que ele fosse tão legal.” Will me deu uma pequena risada. “Ele era selvagem em sua adolescência. Pior em seus vinte anos.” “Você o conhecia naquela época?” Sua risada morreu. “Você também.” Olhei para ele. “Eu o conhecia em uma vida passada?” Ele deu uma rápida olhada em Nathaniel. “Sim, em Chicago. Por volta de quarenta e cinco anos atrás, e ele me disse que reconheceu você em seu primeiro dia na escola, como calouro. Ele nunca esqueceu você. Ele me disse que foi uma experiência e tanto vê-la novamente.” “Eu o conhecia?” repeti, minha cabeça rodando com mil perguntas e pensamentos. “Ele devia ter por volta de vinte, certo? Por que ele nunca disse nada para mim? Ele continuou fingindo que eu era só mais uma estudante. Ele lutou conosco uma vez? De todas as pessoas no mundo para encontrar em outra vida—Sr. Meyer?” Desejei me lembrar dele mais jovem, mas não podia, e isso quebrou um pouco meu coração. “Verdadeiros psíquicos são raros,” Nathaniel explicou. “Especialmente aqueles que querem encontrar ceifeiros. E matá-los. Mas esse mortais que caçam ceifeiros querem parar isso tanto quanto nós. Foi uma terrível perda que sofremos, perder Frank.” Ele e Will ficaram quietos por um momento. Perguntei-me o que Kate acharia do Sr. Meyer sendo tão legal, mas eu nunca poderia contar a ela nada sobre a minha nova vida. Ela nunca poderia saber. Arrastá-la ou a qualquer outro amigo meus nisso os mataria. Assim como o Sr. Meyer. “Eu não fazia ideia,” eu disse. Coisas que eu deveria ter dito e feito me assombravam. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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A mão de Will cobriu a minha. “Está tudo bem. Ele sempre dizia que a única coisa que iria derrubá-lo no final era um ceifeiro. Ele nunca se arrependeu de nada disso.” O calor de sua mão na minha me fez tomar consciência de quão fria eu estava desde que eu comecei a aprender sobre a verdadeira identidade do Sr. Meyer. Eu pensei de novo sobre as notícias do repórter sobre a descrição de seu assassinato, e isso fez mal ao meu estômago. Eu morri diversas vezes, mas o Sr. Meyer nunca mais retornaria do jeito que eu fiz. Desesperada para falar sobre outra coisa, eu olhei para baixo, para o livro que Nathaniel deixou sobre a mesa. “Que lugar é esse? Esses livros parecem antigos.” “Eles são,” ele disse. “Nathaniel é encarregado dos livros raros aqui,” Will explicou. “Correto,” Nathaniel adicionou. “Eu posso trazer basicamente qualquer livro que eu queira e mantê-los aqui. Eu tenho alguns volumes documentando ceifeiros ao longo da história. Eu também sou um colecionador de antiguidades, e é assim que eu ganho dinheiro já que sou voluntário aqui. Eu gosto de coisas velhas, provavelmente porque eu mesmo sou muito velho. Você ficaria surpresa quão lucrativo é comprar algumas pinturas feias e vendê-las a bilionários cem anos mais tarde. Dez milhões de dólares para um original de Picasso não são nada desprezíveis.” Balancei a cabeça, imaginando o que eu faria com dez milhões de dólares. Meu Deus, os sapatos que eu poderia comprar com isso. “Então você nos conhece há muito tempo? Então, você é imortal como Will? Ele me disse que não havia outros guardiões. Não agora, pelo menos. Eu não tive outros guardiões antes dele?” Nathaniel deu um olhar estranho a Will. Will só o encarou de volta e não disse nada. “Sim... Eu sou imortal, e você teve outros guardiões antes. Eles têm protegido você até suas mortes. O dever é para sempre.” Ele me deixou sem fala. Eu olhei para Will, que evitou meu olhar, e tive que me forçar a olhar para longe dele. Aquelas pessoas morreram por mim? Quantas? Will falou de repente, mas eu não o odiei por mudar de assunto. “Nós lutamos contra um ceifeiro que mencionou algo sobre Enshi. Isso te lembra alguma coisa?” Nathaniel apertou os lábios juntos. “Um Enshi? Senhor da vida—do que faz a vida, para ser mais correto; das almas.” “O Enshi,” eu corrigi. “O ceifeiro fez soar como se fosse somente um.” “Somente um, você diz? Talvez seja isso que Lauren sentiu.” “Parece provável,” Will disse. “Talvez isso seja grande, Nathaniel. Você acha que Bastian tem algo a ver com isso?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Quem é Bastian?” perguntei. Quando Will não respondeu, Nathaniel falou, piscando-lhe outro olhar estranho. “Bastian é um vir muito, muito poderoso, um ceifeiro humanoide. Um vir pode parecer com um homem ou mulher comum, mas eles possuem o poder de mudar de forma dos ceifeiros e muitas vezes têm olhos estranhos, garras, escamas, caudas, chifres, asas... Você dá o nome. Eles podem escolher esconder esses aspectos ou revelá-los a qualquer momento. Alguns deles conseguem mudar de forma totalmente e parecer alguém totalmente diferente. O humanoide também é mais poderoso que qualquer outro ceifeiro, e eles vão preferir controlar ceifeiros, como aquele que você matou na escola, como Bastian fez. Ele é cruel, astuto e tem tentado descobrir um modo de matar você por quase um milênio, Ellie. Ele e seus ceifeiros têm matado e tirado a alma de mais humanos do que se pode contar.” A expressão de Nathaniel deixou-me saber que falava sério. “Por isso é nosso trabalho ajudar a proteger as almas humanas deles. Bastian e seus seguidores podem muito bem estar na caça por esse Enshi.” “Nós precisamos pegar emprestados alguns livros e ver se nós podemos achar algo sobre isso,” Will disse. “Vá em frente,” Nathaniel disse, de pé. “Os bons estão atrás da minha mesa.” Will examinou cada livro da prateleira que Nathaniel havia apontado, correndo os dedos por cada coluna, lendo as inscrições, e finalmente escolheu três livros. Ele os colocou sobre a mesa, e leu os títulos. Nathaniel escolheu um limpo, mas velho volume encadernado e começou a manuseá-lo. “Esse está em latim,” eu disse, sentando próximo a ele. “Eu não posso ler em latim.” Will sentou e folheou algumas páginas para ler por cimar algo que eu só pude imaginar que fosse o índice do livro. “Você pode?” perguntei quando ele não respondeu. “Claro.” Eu olhei para os outros dois livros. Um também estava em latim e o outro estava em uma língua que eu não reconheci imediatamente. “Que língua é essa?” “Hebraico,” ele respondeu sem olhar para mim. “Você pode ler latim e hebraico?” “Assim como você também pode.”

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“Ah,” eu disse. “Outra habilidade misteriosa que eu não consigo lembrar. Eu realmente espero que cozinhar esteja nessa lista, porque eu gostaria de ser capaz de cozinhar cupcakes sem transformá-los em cimento.” Ele me recompensou com um pequeno sorriso. “Cozinhar bem era algo que você nunca se preocupou no passado.”

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10 Uma hora mais tarde Will e Nathaniel tinham muito pouco a mostrar pelos seus esforços. Eu me divertia assistindo os dois, particularmente fascinada com a intensidade nos olhos de Will, enquanto lia as línguas antigas, e com os músculos de seus antebraços tensos quando virava cada página. Ele finalmente fechou o livro em Latim e pegou aquele sobre o folclore sumério antigo. Depois de algum tempo, ele bateu a página aberta que ele estava lendo, me fazendo saltar. “Achei!” Will disse animado. Ele olhou para mim com uma expressão animada, mas eu só encolhi os ombros. Ele franziu a testa e continuou. “Enshi, o Senhor das Almas. O doador e o tomador do sopro da vida.” “Sopro de vida?” Eu murmurei. “Isso soa um pouquinho filosófico demais para um sábado.” “O que quer que esse Enshi seja, é tão grande quanto pensávamos,” disse ele enquanto lia mais. Nathaniel espiou por cima do ombro. “O que é?” “Isto diz que o Enshi é um ser adormecido, que é o deus da vida sob o comando de Enki, o deus supremo da Terra, segundo a mitologia suméria. Muitas civilizações antigas confundiram ceifeiros poderosos como seus deuses, então essa é uma possibilidade de sua origem. Está associado a este símbolo.” Ele sacudiu o livro perto para mostrar a página a Nathaniel e mim. A imagem era de três círculos abertos arrumados como um alvo de dardos, com quatro pequenos pontos sólidos arrumados horizontalmente pelo centro e dois crescentes um em frente do outro na vertical. “Este é o selo de Azrael,” explicou Nathaniel. “Será que o texto significa que o Enshi serve o Destruidor?” “Essa é definitivamente a impressão de que estou tendo,” disse Will com uma voz escura. “Azrael é o anjo da morte, mas não um arcanjo—pelo menos não mais. Arcanjos são a classificação mais alta e mais poderosa dos anjos. Se o Enshi é um ceifeiro, então isso tem que significar que o Enshi é, na verdade, um ceifeiro angelical. Não há como um ceifeiro demoníaco servir um anjo. Vai contra a natureza de ceifeiros e tudo que eles são ensinados a acreditar.” Minha cabeça girou, tentando dar sentido do que eles estavam dizendo. “Ceifeiro angelical? O destruidor? Anjos? Sobre o que vocês estão falando?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Will olhou para Nathaniel, que olhou atentamente de volta, como se ele não quisesse responder a pergunta. Eu odiava quando eles trocavam olhares. Isso me fazia sentir como se eu fosse uma criança desobediente ouvindo a conversa dos adultos. “Sim, anjos,” Will explicou. “A contrapartida para os caídos.” Estudei seu rosto, chocada com o que ele estava me dizendo. “Você quer dizer que os anjos existem de verdade? Os caídos são demônios, não são? Isso significa que Deus existe? Satanás, também?” Ele respirou. “Sim. Lúcifer se rebelou contra Deus e perdeu a Primeira Guerra, como você já deve ter aprendido em algum momento de sua vida. Deus expulsou Lúcifer do Céu, e ele caiu no inferno, mas sua guerra caiu na Terra. Os anjos que se juntaram a causa de Lúcifer caíram com ele e se tornaram demônios—os Caídos. Dois dos Caídos tiveram filhos horríveis, cujos descendentes são as criaturas que conhecemos hoje como os ceifeiros demoníacos. Em desespero por mais soldados para abastecer o seu exército dos condenados, Lúcifer usa os ceifeiros para coletar almas humanas.” Eu estava completamente fascinada. “E os ceifeiros angelicais? O que são eles?” “Os descendentes dos Grigori,” explicou Will. “Nem todos os Caídos que lutaram por Lúcifer eram verdadeiramente maus. Deus acreditava que os Grigori podiam ser reabilitados, e assim eles foram presos no mundo mortal. A fim de fazer as pazes pela sua traição, eles receberam ordens para vigiar a humanidade. Eles são os guardiões da magia angelical e medicina e os portais para o Céu e Inferno. Eles tiveram filhos entre eles, mas essas crianças não foram criadas pelo espírito do mal e selvageria. Eles se tornaram os ceifeiros angelicais, os soldados terrestres de Deus, que destroem os ceifeiros demoníacos e os impede de levar as almas humanas. Os Grigori têm quatro senhores, os Vigilantes dos Elementos, que dominam sobre os pontos quadrantes da Terra. Eles são Fomalhaut do inverno do norte, Regulus do verão do sul, Aldebaran de primavera oriental, e Antares do outono ocidental. Eles representam o espírito do elemento de seus quadrantes.” “Você já conheceu um dos Grigori?” Eu perguntei. “Será que eles lutam contra os ceifeiros demoníacos também?” “Não, eles são muito raros,” disse ele. “Mas Antares, Guarda do leste, vivem na América. Colorado, eu acho. E eu não acho que nenhum deles luta. Eles são pacíficos na sua maior parte, mas isso não significa que eles estão fracos.” “Então, eu não sou descendentes deles,” eu concluí. “Onde eu entro?” “Os mais poderosos ceifeiros demoníacos superam em número os ceifeiros mais poderosos dos anjos, e Deus precisava de ajuda,” Will disse. “Você e os ceifeiros angelicais são destinados a evitar a Segunda Guerra de Lúcifer, o Apocalipse. Se esta guerra acontece, é o Fim dos Dias. Seu trabalho é parar muitos dos ceifeiros demoníacos quantos puder. A melhor maneira de matar um ceifeiro demoníaco é com fogo de anjo, mas os Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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ceifeiros angelicais não podem exercer esse poder, por que os anjos, seus ancestrais, já caíram. Nós não sabemos o que você é. Você não é uma ceifeira e seu corpo é humano. Você simplesmente meio que apareceu, e todos nós a aceitamos. Mas quando um ceifeiro te mata, ele não pode fazer nada com sua alma. Você reencarna e luta novamente, como se sua alma fosse imune.” Mastiguei em meus lábios, me forçando a acreditar nele, mas o ‘e se?’ ainda se escondia no fundo da minha mente. Lembrei-me de sexta-feira, no banheiro, quando as coisas negras estranhas estavam rastejando no meu rosto e de repente desapareceu. Eu não poderia esquecer meus pesadelos horríveis. Eu era um dos Caídos? Não. Não, se eu pudesse usar Fogo de anjo. Mas eu não podia escapar do medo de que alguma coisa escura se escondia dentro de mim, algo mais assustador do que o pensamento de Segunda Guerra de Lúcifer e o fim do mundo. “E se você estiver errado?” Eu perguntei. “E se eu sou uma ceifeira?” “Você não é.” Will me assegurou. “Você é algo diferente. Confie em mim.” Olhei de volta para o estranho símbolo de Azrael. “Portanto, há ceifeiros bons e ceifeiros ruins? Os bons servem os anjos e os maus servem os Caídos?” Nathaniel assentiu. “Simplesmente, sim.” “Eu mato os maus, certo?” Eu perguntei. “Os ceifeiros demoníacos.” E se eu matei os bons? Um buraco pesados cresceu no fundo do meu estômago. O olhar firme de Will parado no meu. “Nós lutamos apenas com os ceifeiros demoníacos.” “Vocês são como as armar secretas dos anjos,” Nathaniel acrescentou. “A sua presença nesta guerra torna as coisas equilibradas.” “Eu não deixo as coisas desequilibradas, então?” Eu odiava dar uma de advogado do diabo—sem trocadilhos—mas eu precisava para compreender quem ou o que eu era. Nathaniel disse: “Não, porque há muitos ceifeiros demoníacos para os anjos destruírem todos sozinhos.” “Os Caídos têm um Preliator?” “Não,” ele disse com uma contração no nariz dele. “Poderia o Enshi ser o outro Preliator?” Eu perguntei. “Talvez um demônio?” Will trocou um olhar com Nathaniel. “Embora seja improvável, é algo para se pensar. Não podemos descartá-la.”

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“Will,” comecei, “na noite do meu aniversário, você disse que o ceifeiro não podia me tocar até que você me acordasse, ou ele teria que enfrentar as consequências. Você estava falando sobre os anjos?” “Sim,” Will disse. “Os demônios ceifeiros se esforçam para o caos, mas existem regras que muito pouco deles se atreve a quebrar, especialmente se isso significa que eles terão de enfrentar um anjo soldado como resultado—um tipo de anjo abaixo do nível de arcanjo, os policiais do Céu, se você quiser. Você não pode ser tocada até que você recupere seus poderes, e os anjos soldados fazem essa lei ser cumprida.” Eu fiz uma careta. “Então, os ceifeiros demoníacos são apenas feitos para ser maus? Isso soa tão vilão da Disney. Eles não podem escolher ser bons? Soa como genocídio ou alguma coisa para mim, simplesmente limpá-los do jeito que eu supostamente devo fazer.” Os olhos de Will perfuraram os meus, atentos. “Se um ser humano é devorado por um ceifeiro demoníaco, é uma passagem só de ida para o Inferno. Os ceifeiros ganham controle completo sobre a alma. É muito parecido com a maneira de algumas pessoas de outras culturas que comem a carne de seus inimigos ou predadores poderosos para ganhar a sua força através da magia. Os ceifeiros angelicais protegem as almas humanas, mas não podem manipulá-las. Somente Deus deve ter o direito de decidir se uma alma deve acabar no Céu ou Inferno.” “Eles não podem ser todos assim,” eu disse. “Deve haver algum deles que tenha optado por não roubar almas para os Caídos.” Ele balançou a cabeça. “Os únicos ceifeiro demoníacos que você já lutou também tentaram te matar. Eles são somente monstros. Eles são a semente do demônio. Eu nunca ouvi falar de uma mudança em seus caminhos. Cada pessoa que eles já mataram vai queimar no inferno por toda a eternidade. Eles matam pessoas inocentes, eles vão matar você, e nós os matamos.” “Eu não sei,” eu disse com tristeza. “Parece que deve haver mais do que isso.” “O que você quer dizer?” Meus ombros afundaram. Eu não gostava de ser colocada naquele posto. “Eu não sei. Eu só não acredito em um mal absoluto... Ou bem absoluto. Ninguém é perfeitamente um ou outro. Por que alguns ceifeiros demoníacos não podem ficar bons ou alguns ceifeiros angelical ficar maus? Se o Enshi é um ceifeiro angelical, então por que ele ajuda os ceifeiros demoníacos? Talvez ele seja ruim.” “Ellie, nós não somos...” A boca de Will fechou e sua expressão encheu de dor. Seu olhar caiu. “O que há de errado?” Eu perguntei. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Ele acenou com a mão com desdém, mas ele não olhou para mim. “Deixa pra lá.” Eu o vi por um momento, desejando saber sobre o que era que ele não diria. “Devemos voltar ao Enshi,” disse Nathaniel. Eu não contestei. “Então, o Enshi serve um anjo?” Eu perguntei. “Aquele cujo selo está nesse livro. Azrael. O anjo da morte.” “Bem, um deles,” disse Nathaniel. “Há mais de um?” Pela primeira vez na minha vida eu gostaria de ter ido a pelo menos um dia de escola dominical só assim eu poderia começar a ter a essência básica do que eles estavam tentando explicar. Ele balançou a cabeça. “O outro anjo da morte verdadeira é Samael, mas ele caiu e já não é um arcanjo.” “Por que ele caiu?” Eu perguntei. “Samael cometeu uma desobediência imperdoável a Deus, quando ele se tornou amante de Lilith, rainha dos Caídos... Juntos no inferno, eles são mão esquerda e direita de Lúcifer, embora Samael às vezes seja erroneamente identificado como Lúcifer. Samael e Lilith são os antepassados dos ceifeiros demoníacos.” Eu fiquei boquiaberta de surpresa. “Seus filhos são os ceifeiros demoníacos?” “Sim.” “Então, esses ceifeiros querem uma criatura demoníaca que serve Azrael,” eu disse. Nathaniel encolheu os ombros. “Se o Enshi realmente servir Azrael, então eu não sei por que Bastian iria querer isso, ou por que os ceifeiros demoníacos acham que vai ajudá-los.” Isso me fez sentir um pouco de esperança. “Se ele está do nosso lado, não podemos conseguir que ele nos ajude? Quem disse que tem que ser ruim?” “A ceifeira pareceu bastante certa de que eles iriam usar o Enshi contra você,” disse Will. “Isso não é algo que estou disposto a arriscar.” “Peço desculpas com antecedência por ser tão brusco em sua presença, Ellie,” disse Nathaniel. “Mas é um fato que não importa quantas vezes eles matam a Preliator, ela vai renascer e matar mais uma centena deles para cada uma de suas mortes.” Eu me encolhi. Ele era um pouco mais duro do que eu tinha me preparado.

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“Exatamente,” Will disse, inclinando-se para frente. “Então, o que significa se este Enshi acordar? Talvez tenha a força para matar Ellie, mas ela só vai estar de volta alguns anos mais tarde. O ciclo nunca vai acabar.” Nathaniel suspirou. “Eu não sei. Talvez eles saibam algo que nós não sabemos.” “Eu não gosto disto,” Will confessou. “Isto poderia ter alguma coisa a ver com quanto tempo Ellie levou para ser renascida?” “Espero que não.” “Nathaniel,” disse uma voz estranha no interfone acima de nossas cabeças. “Sim, Louise?” Respondeu ele. “Nós temos outra remessa, você poderia vir e assinar por ela?” “Estarei lá em um minuto.” Ele se levantou. “Eu vou estar de volta daqui a pouco.” “Se você precisa sair, sinta-se livre para ir. Vire pelo andar de cima e diga adeus se você for.” Ele saiu da sala rapidamente, deixando Will e eu Sozinhos. Após um silêncio breve e estranho, eu falei. “Está ficando muito tarde e eu ainda tenho que arrumar as coisas para esta noite. Está tudo bem se pararmos a pesquisa agora?” “Sim,” ele disse com um aceno de cabeça. “Vamos.” Encontramos Nathaniel em uma sala no segundo andar da biblioteca, analisando uns documentos delicados dentro de capas de proteção. Nós dissemos adeus, e ele prometeu ficar atento para qualquer coisa que poderia nos levar a mais informações sobre o Enshi. Lá fora, fiz uma pausa antes de entrar em meu carro. “Quais são seus planos depois disso?” Eu perguntei. Ele olhou para o céu. “Vai ficar escuro em breve.” Eu balancei a cabeça conscientemente. Foi quando os seus deveres de guarda começaram. “Bem, se você prefere não se sentar no meu telhado como um encalhado, você é muito bem-vindo para nos ajudar a arrumar para a festa. Ou pelo menos ficar por lá. Você não tem que ficar sozinho o tempo todo.” “Não, obrigado,” disse ele. “Isso não é uma boa ideia.” “Ok, Batman,” eu disse com um sorriso. “Mas se você vai afirmar que é meu guarda-costas, você poderia muito bem me acompanhar.” Sua expressão era pensativa. “É melhor assim.” “Por quê?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Porque quando estou perto de você, em vez de a vigiar, eu baixo a minha guarda.” “Bem, não faça isso.” Ele sorriu de forma brilhante, o seu primeiro sorriso genuíno dele do dia, e meu intestino deu um pulo. “Eu não posso evitar.” “Você disse que os ceifeiros não saem durante a plena luz do dia.” “Isso não significa que eles não podem. Eles ainda são oportunistas e uma presa fácil é uma presa fácil.” “Mas você não acha que eles estariam menos inclinados a me atacar se você estiver ao meu lado do que se você não estiver?” “Não importa.” “Por que não?” “Eles sabem que eu posso sentir se você está angustiada, e eu estarei com você quer eu esteja por perto ou não.” “Você sempre tem que contestar a minha lógica, não é?” “E você sempre tem muitas perguntas.” Apertei os olhos. “E você nunca responde frequentemente o suficiente. Você é detestável. Vejo você mais tarde. Você ainda está vindo para a festa, certo?” “Sim,” disse ele. “Porque você deseja que eu vá.” “Ótimo. Estou contando com você.” “Você sempre pode.”

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11 Às sete horas minha mãe, Kate, e eu tínhamos feito a maior parte da decoração. Landon e Chris penduraram fitas e estrelas no teto e nas colunas da sala de estar. Tentei não deixar a situação estranha com Landon, mas ele parecia ter superado o que aconteceu na noite anterior. Ele ajudou a alcançar os lugares mais altos para por a decoração e pendurou os balões de papel no pátio. Subi correndo as escadas para o banheiro para tomar banho e colocar o meu vestido. Meu colar com asas era o acessório perfeito. Kate e eu fizemos o cabelo uma da outra, e quando nós estávamos prontas, encontramos os rapazes no pátio para mostrar as nossas roupas. “Você está ótima, Ellie,” Landon disse. “Obrigada,” respondi, radiante. “Kate, você não acha que está mostrando um pouco demais?” Minha mãe perguntou, dando a ela um olhar estranho. Kate deu de ombros. “Meus seios não estão à mostra.” “Isso é uma pena.” Chris disse quando ela passou, e ela rapidamente o estapeou no ombro. A noite caiu, as lanternas de papel estavam acesas, e meu quintal era um palco iluminado. A luz da lanterna brilhava e cintilava sobre a piscina. Além do quintal havia uma longa mata que levava a um lago atrás do nosso bairro, e a luz da lua reluzia entre as árvores, fazendo o gramado brilhar. Eu não poderia estar mais feliz. Quando meu pai chegou a casa, puxei-o para fora para ver tudo, mas sua expressão me fez calar a boca. “Você precisava mesmo disso tudo?” Ele perguntou com uma carranca. “É o meu aniversário,” insisti. “O quintal não parece legal?” “Isso é absurdo.” “Nós só colocamos algumas lanternas de papel.” Algo em seu olhar fixo tremeluziu escuro e mais profundo que raiva, como sombras passando por trás de seus olhos. Pisquei em surpresa. Ele balançou a cabeça e aquele olhar sumiu. “Não faço ideia de porque você fez disso uma coisa tão grande.”

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Eu teria rido da ridícula declaração dele se eu não estivesse tão perto de chorar. “É o meu aniversário.” “Você não está um pouco velha para festas de aniversário?” Ele manteve seu olhar fixo em mim por mais um agonizante momento, seus lábios contraídos. Então ele fez um indescritível barulho e saiu através do pátio para checar os hambúrgueres que minha mãe estava fazendo na churrasqueira. Ele inalou profundamente o cheiro da carne, agindo como se ele não tivesse acabado de praticamente partir meu coração. Por que ele diria algo tão desdenhoso e doloroso? Ele não entendia quão importante minha festa de aniversário era para mim? Eu não era importante para ele? Mordi minha língua com força para evitar chorar e arruinar minha maquiagem, e entrei na casa. Minha mãe tinha colocado um bolo de duas camadas no bar da cozinha e moveu os bancos para a sala de jantar, então as pessoas não teriam que se amontoar ao redor deles para chegar ao bolo. Chris trouxe algumas caixas de som; ele plugou no laptop, e logo a casa estava tomada pelo som da música. Tudo aquilo era quase o suficiente para me fazer esquecer quão cruel meu pai havia sido comigo. Quase. Às oito, os convidados começaram a chegar. Kate gostou de bancar a anfitriã, levando todos da porta da frente e os guiando pelo foyer até a sala. Meus amigos me disseram o quão incrível eu estava e, um por um, me abraçaram antes de ir curtir o bolo e a música. Evan e Rachel chegaram assim que a casa começou a encher. Eu estava feliz por ver que Josie Newport apareceu—com todos os seus seguidores atrás dela. Ela usava um vestido curto amarelo verão e seu cabelo amendoado-tingido caía em cachos sobre seus ombros bronzeados. Ela sorriu para mim e me deu um abraço que pareceu autêntico, e me desejou feliz aniversário. Minha casa e o quintal estavam lotados com estudantes do ensino médio as nove e meia. Meu pai e minha mãe se retiraram para o andar de cima quando o lugar começou a ficar muito cheio para eles, e eu estava feliz. Ninguém quer os pais rondando na festa. Me movi de grupo para grupo, conversando e dançando, e quando eu vi Will, congelei em meu lugar. Ele havia mesmo vindo. Eu estava ainda mais chocada por vê-lo usando uma calça preta e uma bem equipada camisa vermelha escura com a parte de cima dos botões não abotoados e sem gravata. Só uma pequena parte de suas tatuagens aparecia sob a gola da camisa. Antes que eu pudesse ter sua atenção, uma das amigas de Josie, Harper—ou Harpia, como eu gostava de chamá-la—parou na frente dele, se apresentando. Harper passou um braço ao redor dele e começou a guiá-lo para longe da festa. Atrás deles, Kate fez uma expressão cômica e um gesto igualmente apropriado com as mãos que me fez rir. Quando o olhar de Will encontrou o meu, ele se livrou do abraço de Harper sem dizer uma palavra a ela e andou até mim. Ela murchou e abriu a boca em descrença, enquanto eu não podia conter o sorriso de vitória em meu rosto. Aquilo ensinaria Harpy a pensar Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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antes de achar que era dona do lugar—e Will! Não que eu fosse territorialista, ou algo assim. Ok, talvez um pouquinho. Kate veio até mim e parou para fazer um sufocado som em meu ouvido. “Não acredito que Josie trouxe Harpia Knight” ela disse em um tom baixo e contrariado. “Ela é tão turbulenta.” Ri e assenti mesmo não fazendo ideia do que aquilo significava. Kate grunhiu, mostrando seus dentes brancos, e seguiu em frente. Will se aproximou de mim e abaixou um pouco a cabeça para falar em meu ouvido. “Você está linda.” “Obrigada” eu disse, mordendo meu lábio enquanto sentia minhas bochechas corarem. “Você parece muito forte. Onde você conseguiu essa camisa?” “Com um amigo.” “Você tem amigos?” “Não fique tão surpresa. Estou vivo a um bom tempo. Fui obrigado a encontrar alguém que gostasse de mim. É só o Nathaniel, de todo jeito.” “Oh, isso é tão fofo” eu disse, apertando suas bochechas. “Ele fez compras por você. Você são como BFF’s6.” Ele me dedicou um olhar fixo e logo deu uma olhada na sala. “É o suficiente.” Sorri para ele, pondo as mãos no quadril. “Você parece tenso.” “Me senti estranho vindo pela porta da frente.” “Ah, claro” retruquei com um pequeno riso. “Você deveria ter entrado direto pela janela, já que você é tão bom nisso.” Ele sorriu torto e voltou a encarar o meu rosto. “Pensei nisso.” “Ou você poderia ter pulado do telhado direto para o pátio.” “Não sou, realmente, a favor de uma entrada tão dramática. Não gosto de atrair atenção para mim mesmo.” Ri. “Você falhou miseravelmente nisso, caso você não tenha notado.” Ele pareceu ignorar a minha observação e ergueu o meu pingente com as mãos. Ele o virou em sua palma, olhando-o minuciosamente. “Estou feliz por você estar usando isso.” 6

Abreviatura da expressão: Best Friends Forever. Literalmente, melhores amigos para sempre.

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“Combina com o meu vestido.” Ele sorriu suavemente. “É, combina.” Olhei para trás dele e vi Harper nos encarando com um olhar de zombeteira em seu rosto enquanto ela falava com outra garota. Olhei de voltar para Will. “Você quer um pedaço de bolo?” “Não, obrigado.” “Vem e come um pedaço de bolo. Está muito, muito bom.” Ignorando a resposta dele, agarrei seu braço e o guiei até a cozinha. Sorri para algumas garotas pegando cada uma um pedaço enquanto elas encaravam Will. Ele pareceu inabalável, como se ele realmente não se importasse com a atenção, e não era só distraído. “Eu realmente não quero bolo” ele disse examinando a obra prima açucarada no balcão. “Tem certeza?” perguntei, desapontada. “Bom, eu vou pegar um pedaço.” Cortei para mim uma fatia e comecei a comer. “Você é realmente chato, sabia disso?” “Eu sou qualquer coisa menos chato. Você é que está se pavoneando por aí com o seu pequeno vestido fingindo ser uma garota humana normal. Isso é chato.” Mostrei a língua para ele. “Eu sou uma garota humana normal, apesar do que você quer acreditar, e eu vou aproveitar o meu aniversário. Você só faz dezessete uma vez.” “Eu devo ter feito dezessete só uma vez,” ele disse. “Mas você é uma profissional nisso.” Meu coração afundou. “Bom, essa é a única vez que eu me lembro, então não estrague isso para mim.” “Perdoe-me,” ele disse, me surpreendendo. “Não quis chatear você.” Ele estudou o meu rosto por um momento, antes de pegar minha mão. “Vamos aproveitar a sua festa.” “Espere, espere,” eu disse me afastando dele para terminar minha fatia de bolo antes de jogar o prato e o talher de plástico no lixo. Limpei um pouco de glacê dos meus lábios e permiti que ele me guiasse para fora da cozinha, mas na abertura para sala de jantar, demos de cara com Landon. Ele olhou do meu rosto para o de Will, para a mão de Will segurando a minha, e de novo para o meu rosto, sua expressão rapidamente ficando desdenhosa. Ele não disse nada e passou por nós na cozinha. De volta para a sala, Will virou para me encarar. “Sua amiga está certa.” “Sobre o quê?” Perguntei sonhadora quando ele se inclinou para mim e senti seu perfume.

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“Ele é bem ciumento.” “Oh.” Landon. “Como você sabe o que Kate disse?” “Eu tenho ouvidos muito bons.” “Então você escuta atrás da porta?” Perguntei brincalhona. “Devo ter escutado.” Ele disse com um largo sorriso. Revirei os olhos. “Você deveria conhecer Kate oficialmente. Então ela pode pensar que você não é tão esquisito.” “Temo que isso possa ter o efeito oposto” ele disse desanimado. Revirei os olhos e o puxei para o quintal. Kate estava parada junto a um grupo de convidados, rindo em voz alta graciosamente. Quando ela viu Will e eu, ela acenou para nós. Todos me desejaram feliz aniversário um milhão de vezes e Kate estendeu uma mão para Will. “Acho que nós não fomos formalmente apresentados,” ela disse. “Sou Kate.” “Will,” ele respondeu. “Prazer em conhecer você.” Os outros se apresentaram, e nós engatamos em uma tediosa curta conversa que eu tinha certeza que esqueceria em cinco minutos. Will continuou a me surpreender parecendo confortável no papel de convidado atento. Ele soltou piadas, conversou amavelmente, todo o tempo mantendo um olho em mim. Acho que ninguém o achou muito estranho, para a minha alegria. Josie apareceu com Harper atrás dela, e passou um braço ao redor do meu e me beijou na bochecha. “Oi, Ellie, como você está?” “Estou muito bem, Josie,” retruquei feliz. “Estou tão feliz que você veio. Está se divertindo?” “Sim,” ela disse. “A festa está ótima e a decoração muito bonita. Amei o seu vestido!” “Muito obrigada! Nós colocamos os rapazes para fazer a maior parte do trabalho.” Josie riu. “Bom, é para isso que eles servem, certo?” Ela sorriu para Will, inclinando a cabeça e balançando seus cachos brilhosos. “Quem é o seu amigo?” “Esse é o Will,” eu disse. “Will, essa é Josie.” “Você é novo na escola? Nunca vi você antes.” Ela o examinou minuciosamente, seus olhos se movendo de cima abaixo, seus lábios delicadamente curvados. “Você está no time de futebol?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Não” ele disse. “Já me formei. Na verdade, estou na Michigan.” Os olhos dela brilharam. “Oh, mesmo? Qual o seu curso?” “Economia.” “Bom, isso é interessante,” ela disse reluzindo um pouco mais, brincando animadamente com seus cachos. “Então você vai ser, tipo, um top CEO7 algum dia?” “Provavelmente não,” ele disse honestamente. Josie franziu as sobrancelhas. “Eu tenho um presente de aniversário para você” Kate disse de repente e animada, agarrando o meu braço. Ela tirou duas garrafas de Goldschläger e Dr. Pepper e as agitou animadamente—muito para o meu deleite, já que eu estava cansada de ver Josie flertando com Will. “Hora da festa começar.”

Abreviatura de: Chief Executive Officer. Diretor executivo ou diretor geral. É a pessoa com a mais alta responsabilidade ou autoridade em uma organização. 7

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12 À uma da manhã a festa tinha esvaziado, deixando apenas meus amigos mais próximos e grupo de amigos da Josie. Chris e Landon tinham feito uma excelente equipe de DJs a noite toda, e eu ainda estava sentindo um pouco os drinks. Depois de outra dança com Kate, eu fui até Will, que estava encostado na parede contra o arco para a cozinha. Eu agarrei sua mão, sorrindo. “Dança comigo!” Will riu e balançou a cabeça. “Não, eu acho que não.” “Por que não?” “Porque você está bêbada,” disse ele com cuidado. Eu olhei para ele. “Não estou. Eu me sinto bem.” O que era verdade. Eu poderia estar embriagada, mas eu não teria me chamado bêbada. Meu corpo não estava mais aquecido, mas eu ainda estava um pouco tonta e queria me divertir um pouco mais antes de eu parar de sentir-me assim. “Vamos lá, só por diversão. Por favor, dança comigo?” “Vá perguntar a Landon,” disse ele, balançando para cabeça atrás de mim. Quando me virei, Landon andou até mim, direito da sinalização. Ele parecia desanimado. “Ellie, posso falar com você?” Estraga-prazeres. “Sim.” Isto não podia ser bom. “Podemos ir lá fora?” “Claro.” Eu capturei o olhar de Will quando eu seguia Landon. No pátio, havia apenas duas outras pessoas, que quando viram as expressões infelizes em nossos rostos voltaram para dentro da casa. Nós atravessamos o longo gramado em direção as árvores e o banco de pedra cercado pelos lírios da minha mãe. Quando percebi que ele me trouxe todo o caminho aqui para privacidade, meu queixo se apertou e minha respiração tornou-se superficial e nervosa. Sentei-me com tudo no banco e perdi o equilíbrio. Ele pegou meu ombro. Ele olhou para minha cara e riu. “Sem chance! Ellie, você está bêbada?” “Não mais,” eu resmunguei. “O quê? Se você quiser mais, eu tenho algumas cervejas restantes.” “Não, que seja. Então, o que aconteceu?” Eu sabia do que se tratava e eu temia cada palavra que estava prestes a sair de sua boca. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Sua expressão ficou neutra. “Eu queria falar com você sobre uma coisa.” Obviamente. Vá em frente. “Ok.” “Algo está me incomodando ultimamente,” disse ele. “Nós temos sido amigos por um tempo muito longo, e você sabe que eu me preocupo com você.” “É claro,” eu disse honestamente. “Eu me importo com você, também. Você é um dos meus melhores amigos.” “Sim, mas eu me sinto um pouco diferente do que isso.” Ele se inclinou um pouco mais perto. “Eu realmente gosto de você, Ell. Você é engraçada e inteligente—” “Oh, eu não sou tão engraçada e, especialmente não sou tão inteligente...” “—e linda, e eu quero ser mais que seu amigo.” Ele passou a mão no meu cabelo por trás do meu ombro. O gesto era para ser carinhoso, mas Landon era praticamente meu irmão e o toque só pareceu invasivo. Sentei-me ali, olhando para os meus joelhos e puxando a bainha do meu vestido. Eu estava esperando isso, mas eu nunca tinha planejado minha resposta. “Oh, Landon, eu...” “Por favor, diga que você sente o mesmo,” ele respirou, ficando ainda mais perto. “Você quer ser minha namorada?” Lutei para manter uma cara normal no meu rosto. “Landon, eu...” Sua mão envolveu minha bochecha e puxou meu rosto em direção ao seu, então ele tentou me beijar. A ideia de beijar Landon era estranha, e francamente, meio nojenta. Eu me retorci me afastando e me senti horrível instantaneamente. Quando me levantei, ele levantou-se comigo, segurando meu braço. “Landon, eu apenas não me sinto assim sobre você—” Ele ficou irritado muito de repente, assustando-me. “Por quê? Será que é por causa desse cara Will? Você o conhece há o que, dois dias, e você já está saindo com ele?” Eu pisquei para ele e se afastou. “Não, não é isso, eu...” “Ellie, sou eu! Você me conhece desde...” Retirei meu braço de sua mão suavemente, cortando suas palavras curtas. “Sim, é isso. É você. Você é meu amigo, Landon, um dos meus melhores amigos. Você é como um irmão para mim. Eu te amo como um irmão. Eu—” Algo ameaçador incomodou minhas entranhas, me parando no meio da frase. Eu conhecia essa sensação.

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“Cuidado!” Eu gritei, agarrando os ombros Landon e jogando-o ao chão. Eu escorreguei para o Sombrio logo quando o maior ceifeiro que eu já vi atacou para fora da escuridão. Landon bateu a cabeça na borda do banco e ficou imóvel na grama. Virei-me e disparei em direção a minha casa. Eu gritei o nome de Will quando passos bateram no chão atrás de mim. Virei-me para me defender. O ceifeiro rugiu e me deu uma cabeçada no peito, batendo-me para fora do Sombrio e jogando-me através do ar, sobre a minha piscina, e enviando-me para estilhaçar as grandes janelas que cobriam a parte de trás da minha casa. Caí em um mar de vidro quebrado na minha sala, cercada por gritos. Pelos mais longos dois segundos de minha vida, eu não conseguia respirar ou me mover. Minhas costas doíam como o inferno, e eu gemia dolorosamente quando eu me levantei, tirando o vidro de cima de mim. Meus cortes se curaram quase instantaneamente e deixaram algumas listras de sangue atrás do meu rosto e braços. E a minha festa estava arruinada. Eu estava tão chateada. “Ellie!” Kate gritou, e correu em minha direção. “Você está bem?” Olhei de volta para ela enquanto ela estava com Josie e alguns outros me encaravam boquiabertos em choque. Eu não disse nada e pulei de volta para fora através da janela quebrada quando Kate gritou meu nome novamente. De volta para dentro do Sombrio e fora da vista dos meus amigos, eu podia ver o ceifeiro na parte de trás do meu jardim, esperando por mim apenas alguns metros de distância de onde Landon estava inconsciente. Ele era do tamanho de um Chevrolet Tahoe, com olhos negros como carvão num rosto curto e volumoso como o de um urso. Seu focinho largo estava cheio de irregularidades, dentes serrilhados, e as narinas infladas quando ele pegou o meu perfume. Ele cavou suas garras na grama, seus ombros rolando luxuosamente, como um gato do inferno gigante amassando um cobertor de terra. “Você se afaste dele,” eu rosnei enquanto eu chamei minha espada em minhas mãos. As lâminas explodiram em chamas de fogo angelical, e eu me preparei. Will entrou no Sombrio atrás de mim, sua lâmina pesada já desenhada. O ceifeiro mostrou seus caninos gigantes e assobiou como um crocodilo em resposta. “Nós nos encontramos de novo, Preliator!” O ceifeiro, disse em uma voz que sacudiu a terra debaixo de mim. “Ellie!” Kate chamou do outro lado do gramado. “Onde você está? Você se machucou?” “Temos que sair daqui,” eu disse a Will quando eu vi meus amigos pisando com cuidado através da janela quebrada. Eles não podiam ver qualquer um de nós, ou o

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ceifeiro, enquanto estávamos no Sombrio, mas eu não podia arriscar perder minha concentração e deslizar de volta para a dimensão mortal, onde nós seríamos vistos. Will balançou a cabeça e eu pulei fora, correndo através de quintais dos meus vizinhos para a floresta, no final da minha rua. O ceifeiro nos seguiu, os passos de suas patas batendo maciços, trovejando através do meu crânio. Ao chegarmos às árvores, eu podia sentir o ceifeiro nos alcançando. Abaixei e girei, passando embaixo uma lâmina. O ceifeiro saltou no ar, sobre a minha cabeça, pousando seis metros mais adentro na floresta. Eu fiquei com Will ao meu lado e olhei para onde estava o ceifeiro. “Ele é um Ursid, Ellie,” Will alertou. “Tenha cuidado. Ele é mais forte que os Lupinos.” O ceifeiro riu, sua voz profunda gritando, agitando os ramos em torno dele. “Não está me reconhecendo, Preliator?” Olhei para ele com atenção. “Eu nunca lutei com você antes. Se eu tivesse, você estaria morto.” Ele riu novamente, desta vez ainda mais alto. “Estou chocado que você esteja tão ousada. Nós batalhamos há muito tempo. Você vê, fui eu quem experimentou o seu sangue na última vez.” Ele sorriu com a boca cheia de dentes de sabre, os olhos negros brilhando ao luar. Uma memória terrível voltou correndo para mim—as memórias de um porão escuro, de olhos no escuro, de dor, uma dor excruciante. Lembrei-me de minha visão ficando escura, e lembrei-me morrer. A forma negra do ceifeiro se iluminou com o fogo angelical brilhando como um filme em uma velha tela de prata na minha cabeça, e eu gritei, cambaleando de volta para Will. “Você!” Eu gritava, apontando a ponta da minha lâmina para o ceifeiro. “Oh, sim,” ele rosnou. “Você tinha um gosto tão doce, como açúcar e carne e sangue de criança. Eu me pergunto se você ainda tem um gosto tão bom.” O medo me agarrou pelo pescoço. “Will...” “Eu estou aqui.” Sua voz era firme e gentil. O ceifeiro pisou na minha direção. “Eu sou Ragnuk, e eu vou te comer agora.” Uma bola de saliva amarelada caiu de sua boca no chão. “Você tem que lutar com ele, Ellie,” Will disse. Eu estava sem fôlego de pavor. “Eu não—eu não posso...”

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A mandíbula de Ragnuk se abriu e ele rugiu, a montanha de músculos em seus ombros, estremecendo, e ele se colocou para frente. Eu gritei e joguei minhas mãos sobre meu rosto, perdendo a minha espada. Olhei para cima e encontrei Will acima de mim, ambas as mãos segurando a mandíbula o ceifeiro, impedindo-o de triturar com seus dentes minha cabeça abaixo. Will virou o rosto para mim, e seus olhos eram brilhantes como faróis duplos. “Ellie, corra!” Obedeci e corri de volta pela terra até que bati em uma árvore. Liberando o rosto do ceifeiro, Will deixou seu poder explodir, em espiral, torcendo fios de sombras. Ragnuk rugiu quando ele foi jogado no ar, batendo em árvores e rasgando-as, com raiz e tudo, para fora da terra. Ragnuk aterrissou de quatro, suas garras rasgando a terra para parar o seu deslizamento, e então ele trovejou na direção onde eu estava. Ele abriu a boca, seu hálito quente explodiu em mim, e então Will acertou o topo da cabeça do ceifeiro contra o chão. O ceifeiro torceu e passou suas garras na barriga de Will. Ele gritou enquanto seus joelhos batiam no chão. “Will!” Eu gritei, vendo-o cair. Ragnuk voltou sua atenção para mim. “Eu não sei por que Bastian tem tanto medo do seu poder,” ele rugiu. “Você é apenas um pequeno rato que treme por qualquer coisa.” Eu gritei, detonando meu poder, e a luz e o vento me consumiam. A força disso explodiu à queima-roupa no ceifeiro, engolindo-o em uma luz branca esfumaçada, e o mandando para longe de mim pelos ares, batendo em árvores como um pinball até que ele caiu no chão. Ele rosnou de raiva por ter tomado uma segunda batida tão forte. Mergulhei para as minhas espadas, mas ele já estava na minha frente. Olhei para cima e suspirei. Ele me bateu fortemente, cortando o meu vestido, ficando aberto na minha barriga. Eu pulei para trás, acendendo minhas lâminas, e girando, uma lâmina cortando sua carne. O ceifeiro ignorou a fogo de anjo incendiando sua ferida, rugiu de raiva, e esmagou seu crânio no meu corpo. Eu bati na árvore perto de mim e ambas as espadas se soltaram do meu aperto. Eu deslizei para o chão vertiginosamente quando Ragnuk pressionou uma pata rigidamente em meu peito, empurrando minhas costas na árvore atrás de mim até que eu não conseguia mais respirar. “Bastian quer que eu te mate antes que você nos impeça de obter o Enshi,” sussurrou o ceifeiro, atirando-me com seu hálito quente e rançoso. “Com você fora do caminho por alguns anos, nós não precisamos nos preocupar com você estragando nossos planos. E quando você voltar, Preliator, o Enshi estará aqui esperando por você e você vai deixar de ser uma ameaça. Você não vai ser uma ameaça. Sua destruição será seu presente de boas-vindas.” Eu engasguei e me contorci para que eu pudesse ter ar suficiente para falar. “O que é o Enshi?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Morte,” Ragnuk zombou. “A morte de tudo. O prenúncio do Fim dos Dias.” Eu soquei Ragnuk no rosto, e sua cabeça se virou para o lado enquanto ele resmungou. Meu punho acertou seu focinho novamente com todas as minhas forças, e algo rachou. Ele cambaleou e levantou sua pata do meu peito. Eu gritei e esmaguei o meu poder na perna de Ragnuk. O osso espesso quebrou na metade e ele gritou, cambaleando para trás e me liberando. Eu caí, tossindo e respirando com dificuldade. Eu levantei em pé e corri para Will. A frente de sua camisa estava encharcada com o sangue negro. Eu rasguei a camisa aberta para parar o sangramento, mas ao invés disso, eu olhava para a pele perfeita. “Estou bem,” disse ele, olhando para mim. “Onde ele está?” Vi Ragnuk levantando em seus pés, favorecendo a perna quebrada. O ceifeiro cuspiu um bocado de sangue e sussurrou para mim. "Eu estarei de volta para você," ele rosnou, sem fôlego. Sua forma se turvou por um momento, e então ele se foi. Pisquei. “Ele desapareceu!” Will sentou-se, esfregando seu abdome. “Ceifeiros têm a capacidade de se mover a uma ultra-velocidade através do Sombrio quando precisam fazer uma fuga rápida, ou quando estão em perseguição. Ele precisa de um tempo para curar sua perna. Ossos quebrados daquele tamanho não se curam instantaneamente, como fraturas de ossos menores e cortes.” “Eu sinto muito, Will,” eu chorei. “Eu congelei.” Ele olhou para mim, seus olhos quentes e clementes. “Meu trabalho é proteger você, não importa o que aconteça.” “Você se machucou por minha causa,” eu disse com tristeza. “Ei, eu estou bem,” ele assegurou-me, puxando os pedaços fragmentados de sua camisa para além de me mostrar suas feridas curadas. “Eu posso ter um monte de danos. É por isso que eu estou aqui.” Eu olhei para meu vestido e no dano que Ragnuk tinha feito a ele. “Oh, meu vestido...” Will riu. “Você é tão garotinha.” Fiz uma careta. “E você é um idiota.” “É só que—” Ele se cortou. “O quê?”

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“Toda vez que você volta, você está um pouco mais humana.” O riso na voz dele havia desaparecido. “Eu não entendo.” “Não sei,” confessou. “É estranho. Você age muito humanamente às vezes, muito mais do que você era quando nos conhecemos. Você não é tão sombria, eu acho, e você se considera um deles.” Eu quase ri. “Eu sou um deles. Apenas com poderes estranhos agora.” Não havia diversão no rosto. “Você não pensou sempre assim.” O que isso significava? Houve uma vez eu pensei que era melhor do que os seres humanos, fui tão sombria quanto os ceifeiros? Alguma vez eu fui tão cruel? Náusea rastejou por mim. “Will, Ragnuk me assustou como o inferno. Ele me matou antes. Lembrei-me assim que ele disse isso.” “Você pode derrotá-lo,” disse ele sinceramente. “Nós vamos destruí-lo e você pode superá-lo.” “Will, eu morri!” Eu gritei, mais irritada do que assustada. “Lembro-me de morrer! Eu me lembro dele me dilacerando!” Ele tocou meu braço, mas me afastei. “Está tudo bem...” “Não, não está tudo bem,” eu disse. “Você não pode imaginar como é isso.” “Você está certa,” disse ele. “Eu não posso.” Eu caminhei para longe dele. Eu me odiava por ter tido um ataque. Dar desculpas para o meu congelamento no meio da luta não ia me ajudar. Então, eu limpei os meus olhos e respirei fundo. Ter medo iria me matar. “Por que Ragnuk é muito maior do que os outros?” eu perguntei, minha voz tremendo um pouco. “Ele é um ceifeiro ursid,” explicou Will. “Eles são maiores e mais poderosos, mas mais lento do que os Lupinos, parecidos com lobos. Ursids confiam na força bruta em uma batalha.” “Ele era um monstro,” eu sussurrei, incapaz de tirar o seu rosto da minha mente. “Mas você o derrotou neste momento,” disse ele. “Você o feriu gravemente, o suficiente para ele fugir. Você o fez recuar. Isso em um momento em que estava com medo. Ellie, você precisa entender que depois de superar o seu medo, você pode derrotar qualquer coisa.” “Mas eu não o matei, e agora ele vai voltar para mim com o que quer que seja o Enshi. E eu fiz você se machucar e eu me sinto um lixo.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Não se preocupe comigo, Ellie. Eu estou aqui para tomar os golpes por você. Confie em mim.” Estudei seu rosto, incapaz de compreender por que alguém iria dedicar-se a mim tão intensamente. Eu não valia a pena a sua dor ou seu sangue. Ele forçou um sorriso. “Precisamos levar você de volta para sua casa. Tenho certeza que seus pais não vão estar muito felizes com a janela quebrada.” Meu coração se afundou. Eu tinha esquecido que Ragnuk tinha me jogado através do vidro. Como eu ia explicar isso? “Eu não acho que eu quero voltar.” Ele franziu a testa para mim. “Sim, você precisa voltar.” Eu balancei a cabeça e respirei fundo. “É melhor você ir embora. Eu não acho que seria uma boa ideia voltar com roupas rasgadas e você comigo. Pode parecer ruim.” “Bem pensado,” disse ele. “Eu vou estar por perto.” “Obrigada, Will.” Ele tocou meu ombro. “Você ainda está linda em seu vestido.” Quando me virei para encará-lo, ele tinha ido. De novo.

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13 Eu emergi do bosque e do Sombrio para ver Kate e Landon parados no pátio chamando meu nome. Eu estava morta. Eu tinha certeza disso. Kate me viu primeiro, e é claro que ela fez a maior cena. “Ellie!” Ela gritou, vindo numa corrida repentina. “Oh meu Deus, você está bem?” Ela me agarrou me puxando para um abraço forte. “Nós não tínhamos ideia para onde você tinha corrido! Onde você estava? Está machucada? Eu não acredito que você caiu através do vidro!” “Eu...” “O que aconteceu com o seu vestido? O que é isso em você? Você está imunda. Isso é sangue? Você precisa ir para o hospital?” Kate estava disparando rapidamente. Eu só me afastei dela com um grande esforço. “Eu estou bem.” Eu disse, alisando meu vestido, de repente muito consciente sobre a pele nua aparecendo através do rasgo. Landon me capturou num grande abraço. “Eu estou tão feliz por você estar bem! O que aconteceu? Nós estávamos conversando e você disse para tomar cuidado e então—eu nem sei mais.” Eu pensei rapidamente numa resposta. Era doloroso ter que mentir pra ele, mas não tinha jeito de eu poder contar o que realmente aconteceu. “Você tropeçou num banco e bateu a cabeça. Você está bem?” Talvez dirigir a atenção a ele fosse salvar o meu traseiro, mas aquilo não era provável. Ele passou uma mão pelo seu cabelo e encolheu os ombros “Sim, eu estou bem. Eu só... Nós estávamos sentados e conversando, e eu não consigo me lembrar de nada depois que você gritou.” Eu acenei firmemente. “Nós estávamos conversando e você levantou para voltar para festa quando você tropeçou no pé do banco e caiu. Tem certeza que você está bem?” Como ele me deu um aceno confuso, eu me perguntei do que mais ele se lembrava — se ele se lembrava de pedir para eu ser sua namorada. Eu esperava que sim, e se lembrasse da minha resposta também, então ele seguiria em frente, mas a maneira com que ele segurou-me, me fez pensar de outra maneira. “Elizabeth Marie!” Minha mãe gritou assim que ela pisou na minha direção em seu robe e pijamas. “Você está bem? O que diabos aconteceu com você? Onde você está machucada?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Eu virei para longe. “Eu estou bem—não estou machucada.” “O quê?” Mamãe agarrou meu braço, puxando-me para perto, e examinou minha pele, procurando por machucados. Ela tocou minha barriga, empurrando para cima os retalhos do tecido, seus olhos arregalando quando ela não achou nenhum ferimento. “Como você não está machucada?” Ela se virou para Kate. “Ela caiu através do vidro, certo?” Kate assentiu. “Ela foi voando através dele.” Sem falar nada. Eu espiei sobre o ombro de Kate para ver meu pai marchando pela casa. Meu corpo ficou tenso, se preparando para o jogo de gritos que estava prestes a entrar em erupção. “Como, Ellie?” Minha mãe pressionou. “Alguém te empurrou? E você caiu em um bosque? Está coberta de sujeira. Você estava bebendo?” Eu escolhi aquele momento para tirar vantagem. “Sim, me desculpe mãe. Landon e eu estivemos bebendo e brincando por aí. Landon caiu, e eu tentei entrar quando eu tropecei e atravessei a janela. Quando eu vi o que eu havia feito, eu pirei e corri. Eu estava muito assustada para vir para casa. Eu sinto muito, mãe.” “É bom mesmo você estar!” Ela gritou. Eu podia sentir pelo olhar em seu rosto que ela não podia acreditar que eu consegui quebrar a janela com nada menos do que um carro, mas nada havia atravessado aquela janela a não ser meu corpo. Ela estava forçada a acreditar no que eu lhe contei. “Você estava bebendo?” Meu pai exigiu iradamente assim que ele apareceu no pátio. Ele falou comigo, mas seus olhos procuraram a escuridão atrás de mim. Eu esperava que ele não tivesse visto Will. “Sem mais festas aqui. É isso. Sem Baile.” “Mas pai...” “Ele está certo.” Minha mãe jogou suas mãos no ar. “Eu estou completamente chocada que você não tem nem um arranhão em você! De onde veio todo esse sangue?” Eu pensei rapidamente. “Eu tenho arranhões, só pequenos arranhões. Está muito escuro para vê-los, eu acho. Todos os meus dedos ainda estão aqui, vê?” “Você vê a bagunça que você fez?” Meu pai sibilou. “Você é uma completa débil mental!” “Richard!” minha mãe gritou, cobrindo a boca com sua mão, pasma com ele. Eu o encarei em choque, registrando o evidente desprezo no seu rosto e a malícia em sua voz. Kate deu um passo mais próximo a mim, e eu senti seus dedos na parte de trás do meu braço, deixando-me saber que ela estava lá por mim. Meu próprio pai havia acabado de me chamar de débil mental. O que eu fiz—ou o que precisei que eles Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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acreditassem — poderia ter sido estúpido, mas o que ele havia falado havia passado dos limites. “Eu não sou estúpida,” eu rosnei debaixo do meu fôlego. A expressão do meu pai congelou. “O que foi isso?” “Eu disse...” eu reforcei em uma voz mais alta, mais forte, “Eu não sou estúpida. Eu cometi um erro. Isso não significa que eu sou uma retardada.” Ele me deu um olhar gelado de esguelha. “Você tem certeza disso?” Minhas mãos se enrolaram em punhos apertados. Eu não queria brigar com meu pai, mas eu não podia o deixar falar comigo daquela maneira. “Absoluta.” “Rick, só volte para dentro da casa,” minha mãe disse, “eu cuido disso.” Ele se virou pra ela. “Por que você está defendendo ela?” “Eu não estou defendendo ela,” ela atirou de volta. “Só estou sugerindo que você não pode dar conta disso quando você está tão chateado.” Suas narinas dilataram e as veias em sua têmpora palpitavam como se ele estivesse prestes a explodir a qualquer segundo. “Você está fazendo muito melhor? Você a deixa sair por aí e você está sempre interferindo.” Ela piscou em choque. “Interferindo? Com o que?” “Eu não posso discipliná-la com você sempre correndo para o lado dela!” “Disciplinar?” Ela exclamou com um suspiro. “Isso não é disciplina. Você só está piorando as coisas!” Ele atirou um dedo no rosto dela. “Talvez um dia você vá aprender com tudo isso que tudo só piora.” Assim eu assisti o homem que era suposto ser meu pai voltar enfurecidamente para a casa, e rezei para que ele somente pedisse por um divórcio e fosse para bem longe de mim e da minha mãe para o bem. O que estava errado com ele? Eu me lembrei de ter um pai que uma vez brincou de cavalinho 8 e pintura com os dedos enquanto ele assistia desenhos no sábado de manhã. Este homem não era mais o pai que eu tive uma vez. Ceifeiros demoníacos tinham mais compaixão do que esse monstro. “Ellie,” minha mãe disse muito seriamente, tirando-me dos meus pensamentos. “Olhe, eu sei que vocês garotos são adolescentes, e você irá beber independente do que qualquer um diga, mas, por favor, fique a salvo. Não fique com medo de pedir a ajuda de

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Andar de Cavalinho, piggyback rides, é quando o pai coloca o filho nas costas e corre com ele.

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alguém quando você precisar. Eu gostaria que você viesse a vim ao invés de nós a acharmos morta em uma vala. Fugir desse jeito não foi legal.” “Obrigada, mãe,” eu disse, forçando um sorriso. Kate me deu um olhar sábio e franziu os lábios apertadamente. Saber que ela e Landon tiveram que testemunhar tudo, me fez sentir mil vezes pior. “Nós vamos falar sobre isso amanhã,” minha mãe disse, colocando uma mão esgotada em sua testa. “Você ficará de castigo.” “Sra. Monroe,” Kate interveio, pisando para frente, “isso foi culpa minha. Eu trouxe o álcool.” Minha mãe expressou desapontamento9. Eu não queria que Kate pegasse qualquer parte da cólera. Eu queria gritar a todos pulmões e contar a todos o que realmente aconteceu, mas eu não podia, e isso me fez sentir ainda mais louca por dentro. “Eu não sou sua mãe, Kate” minha mãe começou, “mas o mesmo vale para você e Landon. Se vocês precisarem de ajuda, me ligue. Tampouco quero ter que me preocupar com vocês dois. Ellie já é o bastante para me deixar louca.” Kate sorriu fracamente. “Obrigada, Sra. Monroe.” “Restou alguém?” Eu perguntei, temendo a caminhada da vergonha de volta para casa. “Josie e seus amigos foram para casa pouco tempo atrás,” mamãe disse. “A mãe dela está muito preocupada com você. Eu vou ter que ligar para ela antes de dormir.” Eu assenti e descansei a minha bochecha no ombro da Kate. “Eu estou realmente, realmente cansada. Eu acho que eu só vou para cama.” “Você quer que eu fique com você?” Kate perguntou. Eu sorri. “Sim, isso seria ótimo.” Eu disse tchau para Landon, que me abraçou novamente, levando tempo demais para o meu conforto. As coisas iriam ser estranhas entre a gente. Kate e eu nos dirigimos para cima, para o meu quarto. Eu tomei um banho rápido e coloquei meu pijama enquanto ela assistia TV no meu quarto. Quando eu saí, tirei outro par de pijamas para ela e pendurei o meu vestido, embora ele estivesse destruído. Que desperdício. “Eu vou dar um pulo rápido no chuveiro e já vou sair,” Kate disse “Eu me sinto tão nojenta por dançar a noite toda.”

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No original: My mom tsked, quer dizer que a mãe dela fez tsk tsk, som que demonstra desapontamento.

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“Ok.” Eu disse distraidamente, caindo na minha cama e pegando o controle remoto para mudar entre os canais. Um minuto ou dois depois que a Kate desapareceu no banheiro, eu escutei uma voz atrás de mim. “Hey,” Will disse assim como ele escalava atravessando a minha janela. Eu pulei para ficar de pé, mortificada, meu olhos arregalados. “O que você está fazendo aqui?” Eu disse em um sussurro áspero. “Eu estava brincando sobre você entrar pela janela! Eu não acredito que você está no meu quarto. Meus pais estão lá embaixo, na sala, e Kate pode voltar a qualquer minuto. Sem mencionar que meu pai está louco. E se você for pego? Ele tem uma arma, você sabe.” Ele zombou e recostou-se contra a parede, cruzando seus braços sobre seu peito. “Por que você está aqui, Will?” Eu perguntei, o olhando cuidadosamente. Ele pisou para frente, sugando seu lábio superior por um momento. Um pequeno vislumbre de sua língua quando ele fez isso foi muito perturbador. “Eu preciso te dizer algo.” “Isso não pode esperar até amanhã?” Eu perguntei como ele sentou na cama e eu sentei ao seu lado. “Não, não pode. Eu devia ter te contado antes, mas você não lembrava, e eu não tinha certeza quando seria certo para te contar.” “Por quê?” Eu perguntei impacientemente. “Eu não tenho certeza se pode haver algo mais que você possa dizer para me chocar.” “À noite em que você morreu,” ele disse, falando lentamente. “Eu não estava lá.” “Eu sei.” “Você sabe?” “O dia antes do meu aniversário, eu tive um pesadelo, ou uma memória, da minha morte,” Eu disse. “Aquela noite eu não estava realmente com medo do Ragnuk. Eu tinha medo porque eu não sabia onde você estava.” O olhar dele caiu para longe, sua expressão dolorosa. “Desculpe-me, eu não consegui alcançá-la a tempo.” “Por quê? Por que você me deixou?” “Bastian.” “Bastian? O que ele tem a ver com isso?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Will olhou de volta pra mim, seu olhar intenso e cheio de agonia. “Ragnuk tinha sido ordenado a caçar você, e os outros assassinos de Bastian me pegaram primeiro. Eles me mantiveram e me torturaram. Eu não pude escapar. Quando... Quando Ragnuk retornou, eu sabia que tudo estava acabado. Ele deitou você na minha frente, e você tinha... Você tinha ido. Então eu planejei escapar, porque eu sabia que eu precisava viver. Eu precisava estar lá quando você voltasse. Você morreu sozinha, mas eu não podia deixar você voltar sozinha.” “Will,” eu disse, não sabendo mais o que dizer, “não é culpa sua.” “Mas é,” ele disse, balançando a sua cabeça. “Você morre uma vez e outra vez, e outra vez, eu tento te salvar, mas eu falho. Nunca é o bastante.” “Will,” eu disse novamente, e meu coração se encheu com tanta tristeza, que eu não poderia aguentar isso. Minha mão formou uma concha na sua bochecha suavemente. A sua própria mão cobriu a minha e ele inclinou-se sobre a minha palma, fechando seus olhos. Essa foi a primeira emoção real que ele havia mostrado para mim, como se ele estivesse me deixando ver a sua alma pela primeira vez. O abraço me fez perguntar o que ele verdadeiramente sentia sob o inabalável exterior endurecido-pela-batalha. Ele ficou ali por tanto tempo que eu perdi a noção do tempo. Então rapidamente, dolorosamente, ele se afastou e ficou me deixando sentindo vazia e ansiosa. “Eu tenho que ir,” ele disse, deixando seu olhar cair. “Ela está vindo.” Eu não disse nada de volta, mas somente o encarei enquanto ele pareceu desaparecer no ar. No momento seguinte Kate entrou pela porta do meu quarto, esfregando uma toalha no seu cabelo. “Com quem você estava conversando?” Ela perguntou, me dando um olhar estranho. “Oh, ninguém,” eu disse e saltei para os meus pés, meu coração de repente batendo como se eu tivesse perdido algumas batidas e ele estivesse tentando recuperar o tempo perdido. Eu sentei de volta na minha cama. Will saiu tão rapidamente que eu me senti insatisfeita; parecia que ainda havia muito a se dizer, mas eu precisava manter tudo dentro de mim. Eu tinha o pressentimento que existia muito mais do que ele queria me dizer, também. “Eu podia jurar que você estava falando no telefone ou algo assim,” Kate disse, adicionando um sorriso astuto. “Era o Will?” Meu rosto corou. “Não, eu estava só... Dizendo coisas bobas para a TV. Eu odeio reality shows.” “Certo,” ela disse, revirando seus olhos. Como Kate era mais alta do que eu, minha calça do pijama ficava pouco acima de seus tornozelos. “Nós só vamos fingir que eles Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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tinham a intenção de ser cortados.” Ela riu, apontando para baixo, como se alguém a pudesse acusar de se vestir mal entre àquela hora e de manhã. “Eu não vou contar a verdade a ninguém,” eu disse, sorrindo. Eu queria fazer piadas e me divertir com a Kate, mas eu não podia parar de pensar no que mais o Will tinha para me dizer. Mais do que isso, eu tinha medo do Final dos Dias sobre o qual Ragnuk havia falado. “Você está ok, Ellie?” Eu olhei para cima para ver Kate me observando preocupada. “Desculpe-me. Eu só estou meio que sobrecarregada com a vida agora.” Kate franziu a testa e caiu abruptamente no carpete, descansando seu cotovelo na borda da cama. “Eu realmente sinto muito sobre o seu pai.” O canto da sua boca se contraiu, como se ela estivesse tentando me oferecer um sorriso, mas não pudesse. “Sim. Somos duas.” “Ele não devia ter dito as coisas que disse.” A pena na sua expressão me fez tomar um profundo fôlego. Eu gostaria que meu pai entendesse que o que aconteceu foi um acidente e eu não pude evitar isso. Sim, eu tomei algumas doses, e talvez aquilo não fosse exatamente legal na minha idade, mas eu não dirigi para qualquer lugar e ninguém estava ferido por causa do álcool. Landon poderia ter se machucado muito mais se eu não o tivesse empurrado para fora do caminho do ceifeiro e então atraído a besta para longe. Eu tentei tanto fazer a coisa certa, mas eu não sabia como. Se eu tivesse que continuar cobrindo os incidentes com os ceifeiros com a minha reputação e mentindo para amigos e familiares, então eu não tinha certeza de quanto tempo eu poderia continuar lutando. Nenhum desses parecia justo para mim. Ou para eles. “Eu estou preocupada com você,” Kate disse abruptamente. “Parece que seu pai fica pior a cada dia. E eu acho que isso está começando a te afetar.” Uma memória fugaz do meu pai me dando uma bola que ele apanhou no meu primeiro jogo de baseball dos Detroit Tigers passou na minha cabeça, como um filme. Ele sorria tanto naquele tempo, e agora eu nem podia me lembrar da última vez que ele sorriu ou olhou para mim com algo que não fosse desdém. Eu encolhi os ombros para Kate. “Bem, eu vou me formar na primavera e ir embora para a faculdade, então ele que se foda.” “Mas ele é o seu pai,” ela insistiu. “Você realmente quer odiá-lo para o resto da sua vida?” “Eu acho que ele fez a minha cabeça por mim, você não concorda?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Ela franziu e suspirou. “Ele costumava ser tão legal quando nós éramos pequenas. Você se lembra de quando ele nos levou a Crystal Mountain para o final de semana e fez snowboard conosco? Aquele foi um dos melhores finais de semana da minha vida.” Eu sorri com a memória, e isso fez meus olhos arderem com as lágrimas. Meu pai alugou uma casa no resort de ski, para ele, minha mãe, e eu no natal, antes de Kate e eu começarmos o Ensino Médio. Aquele o foi o último ano em que nós nos sentimos como uma família. Kate sempre foi como uma irmã para mim, e meus pais a tratam como uma filha adotada. Agora até ela sente a frigidez do meu pai. “Você não pode deixar todas essas novas memórias ruins apagar todas as velhas e boas,” ela disse, inclinando sua cabeça para mim. “Elas são muito boas para serem apagadas. Você tem que se concentrar duramente nas coisas ótimas sobre a sua infância, todas as boas memórias com seu pai. Ele não é malvado, ele só mudou. Ele pode mudar de volta.” Eu sorri para ela, enxugando uma lágrima no canto do eu olho. “Obrigada, Kate.” Ela sorriu de volta e escovou ternamente meu cabelo para trás com seus dedos. “Você sabe que eu te amo.” “Eu queria que alguém mais sentisse o mesmo.” Eu odiava ser tão deprimida e eu nunca teria admitido que eu tinha problemas com papai para qualquer um, mas parecia errado esconder da Kate o que estava acontecendo na minha vida. O que incluía meus deveres de Preliator. Esconder aquilo dela estava me matando—machucando quase tanto como meu relacionamento com meu pai fazia. “Ele te ama,” ela disse. “se ele não te amasse, ele nunca teria sido um bom pai. Ele foi maravilhoso uma vez. Ele só é uma droga agora. Talvez as coisas melhorem.” “Eu espero que você esteja certa.” Ela sentou e zombou de mim. “Claro que eu estou certa, eu sou tipo, incrível, se você quer saber.” Eu ri e atirei um travesseiro nela. “Oh, sério?” “Sim, sério.” O seu sorriso ficou cheio de malícia. “Então, e o Will? Ele estava lindo esta noite.” Minhas bochechas coraram. “Ele pode ter.” Sua expressão se iluminou. “Eu sabia! Você gosta dele, não gosta?” Minha boca franziu indecisamente e eu corri uma mão pelo meu cabelo. “Veja, eu não sei. Ele é um pouquinho diferente, mas não de uma maneira ruim. Ele só não age como a maioria dos caras, você sabe?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Kate riu. “É claro, alto, sombrio, e estoico seria o seu tipo. Pelo menos seria melhor que Landon te seguindo recentemente por aí como um cachorrinho apaixonado. Desculpeme por isso, a propósito.” Eu forcei um sorriso. “Obrigada. Eu me sinto realmente mal sobre isso.” Ela deu uma risadinha e me olhou como se eu fosse louca. “Por quê?” Eu dei de ombros. “Eu não sei. É como se ele realmente gostasse de mim e eu só não sentisse o mesmo. Ele é Landon, você sabe?” “Sim, eu acho que sim.” Seu olhar cintilou para o teto por um momento. “Não é como se ele fosse um idiota. Ele é um pouco imaturo, mas ele ainda é um bom garoto, e ele é tão fofo. E aloww? Estrela de futebol! Talvez não fosse tão ruim dizer sim e ver no que dá.” Meu rosto franziu novamente. “Eu não vou sair com um cara para ver se eu acabo gostando dele no final. Isso parece errado. Eu não quero motivá-lo.” “Quando você coloca dessa maneira...” Ela foi sumindo. Eu olhei para ela com suspeita. “Por que você é a defensora dele de repente? Você gosta dele?” “Oh Deus, não. Ele te chamou para sair?” “Meio que. Eu não tive a chance de responder para ele.” Ela se animou. “E se ele te chamar de novo?” Meu coração afundou. “Eu não sei. Eu teria que dizer não. Não é como se eu pudesse fazer outra coisa.” “Verdade.” “É só que com Will, eu só o conheço por alguns dias, mas eu sinto como se o conhecesse desde sempre. Eu me sinto segura ao redor dele. É legal.” Ela sorriu. “Oh, querida, nós todas queremos um cavaleiro branco. Está programado dentro das garotas.” Meu sorriso foi genuíno desta vez. “Ele é meio que um cavaleiro branco.” “Sim, uma raposa dura e fria também. Você acha que ele quer sair com você?” “Eu não sei. Nós estamos tipo, andando juntos agora, então não saindo de qualquer jeito. Eu não acho que ele goste de mim dessa maneira.” Kate rolou os olhos. “Ok, sair juntos para mim significa uma coisa completamente diferente do que eu sei que você usou. Por favor, não me diga que você já ficou com ele.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Não, não!” Eu disse rapidamente. “Não é isso.” “Você o beijou pelo menos?” “Não.” “Você quer?” “Eu não sei.” Eu corei novamente, pensando nisso. “Ellie, você sabe dentro de cinco segundos depois de conhecer um garoto se você quer ou não beijá-lo. Você quer ou não quer?” Eu queria? Isso não me dava repulsa, mas eu não fazia nem ideia de como Will se sentia sobre mim. Nós tínhamos tido algo há alguns minutos atrás, mas assim que ele se abriu para mim, ele se fechou de novo. Ele podia ser realmente charmoso e então ficar tão mal-humorado. Ele era meu Guardião. Salvar o meu traseiro era provavelmente um emprego para ele. Ele tem me protegido por centenas de anos, e o que eu teria dado só para lembrar qualquer coisa daquilo... Eu estava começando a duvidar que toda a minha memória poderia alguma vez voltar para mim. Ajudava pensar sobre Will, mas isso também me levava à loucura. Ele me levava à loucura. Eu só queria entendê-lo e saber os seus segredos. O que Will era? O que eu era? Minha reencarnação, sua imortalidade, ou habilidades super-humanas, os ceifeiros... E o Enshi—o que isso podia ser? Poderia Will ser um dos anjos dos quais ele me contou? “Ell?” Kate levantou uma sobrancelha para mim. Eu suspirei. “Eu estou quase dormindo.” Kate sorriu fracamente. “Ok.” Nós duas subimos na minha cama e achamos o sono rapidamente.

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14 As janelas quebradas na minha sala deixaram buracos enormes que davam para o pátio, e elas estavam cobertas com uma lona e fita bastante desagradáveis até a empresa de vidros entregar e instalar o vidro de substituição. Eu ficaria aliviada quando eu não tivesse mais que olhar aquilo novamente. Na escola—o único período nas próximas três semanas que eu tinha permissão para estar fora de casa—Kate tentou não falar sobre o incidente da janela, e Landon ainda parecia sem pistas sobre o que havia acontecido com ele. Eu esperava e rezava para que ele nunca lembrasse que eu o joguei no chão, mesmo que tivesse sido para salvar sua vida. Se ele não lembrasse, ele manteria a boca fechada, o que seria provavelmente para o melhor. Eu não podia explicar nada a ele. Eu o machuquei, e não podia nem pedir desculpas por isso. Isso me fez passar mal. Ficar de castigo, no entanto, não me impediu de sair furtivamente pela porta dos fundos da minha casa para que Will e eu pudéssemos fazer a patrulha por ceifeiros. Nós ou treinávamos ou caçávamos toda noite, e eu estava ficando melhor. Eu aprendi a atacar a cabeça ou o coração para derrubar os ceifeiros mais rápido e evitar ficar ferida tanto quanto fosse possível. Will trabalhou comigo paciente e incansavelmente, e minha memória estava retornando aos poucos. Era reconfortante saber que ele estava lá em algum lugar, em completa sintonia comigo. Eu sabia que ele tinha a força para me proteger, mesmo que eu não soubesse que eu tinha força para me proteger. O mundo das trevas no qual eu me encontrei caindo de repente estava se tornando normal. Toda noite ou duas havia um ceifeiro cruzando meu caminho. Eu estava ficando melhor, mais fluida, mais precisa ao lutar com eles. Técnicas que uma vez foram minha segunda natureza em minhas vidas passadas, agora estavam retornando. Não era bem como andar de bicicleta, mas eu estava chegando lá. Eu estava feliz por dar a Will um tempo do seu dever de guardião enquanto eu estava na escola. Ceifeiros normalmente não saíam durante o dia, então Will estava livre para passar um tempo na casa de Nathaniel, onde ele tomava banho, comia, e fazia suas próprias coisas. Se eu fosse atacada, por mais improvável que fosse, enquanto estivesse na escola, ele saberia instantaneamente e viria para meu lado. Ele precisava de um pouco de tempo para si mesmo, e eu precisava ter um dia normal. Sair do mundo dos ceifeiros algumas horas durante o dia me ajudariam a manter a sanidade. Talvez ele precisasse disso para manter a sanidade também. Entretanto, quanto mais eu me envolvia nesse mundo, mais longe dos meus amigos, família e escola eu ficava. A polícia tinha um suspeito sob custódia para o assassinato do Sr. Meyer. Mesmo eu sabendo que o homem era inocente desse crime, ele Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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era procurado para ser interrogado sobre outros dois homicídios violentos em Detroit, com provas empilhadas pesadamente contra ele. Eu tentei acreditar que alguma coisa boa viria devido à morte brutal de Sr. Meyer. Isso, no entanto, não me fez sentir nem um pouco melhor, pois eu sabia que cada uma das vítimas dos ceifeiros estavam no Inferno, incluindo o Sr. Meyer. Quando eu peguei meu trabalho de volta, eu não podia acreditar que o tinha feito tão mal. Eu não podia descobrir como equilibrar minha atenção com a escola e meus deveres de Preliator. Meu professor, Sr. Levine, pediu para me ver depois da aula para que pudéssemos discutir o trabalho. Eu temia o encontro, mas era melhor do que reprovar a matéria toda. Se eu fosse realmente sortuda, ele me deixaria refazer o trabalho. Infelizmente, eu não tinha sorte com muita frequência. Depois que o último sinal soou, eu passei na classe do Sr. Levine para falar com ele sobre meu trabalho. Como eu suspeitava, ele não me deixou refazê-lo, mas ele repassou o trabalho comigo, e me deixou com uma noção bem melhor sobre o que deveria estar aprendendo. Eu não seria capaz de ganhar nenhum crédito extra também, mas o Sr. Levine estava muito disposto a me ajudar a passar de ano. Eu tinha bastante certeza que meus amigos estavam mais impacientes com a minha reprovação do que eu. Durante o almoço, uma das primeiras sextas-feiras da minha liberdade, me peguei sonhando durante o dia de novo, cavando profundamente na minha cabeça, desesperada para lembrar mais. Mas toda vez que eu tentava, tudo o que eu podia ver era o rosto horrível de Ragnuk, rosnando e mordendo. Quando isso aconteceu, eu forcei sua memória para longe e imaginei o suave rosto do Will, e me concentrei nele o máximo que eu podia. Ragnuk me assustou e eu não tinha vergonha de admitir isso. Ele era do tamanho de uma caminhonete e ele queria me comer. O medo era, no mínimo, razoável. “Ellie Marie...” uma voz melodiosa veio do meu lado. “Huh,” resmunguei, e cutuquei meu almoço. Era dia de peru com molho, o que era meu almoço preferido na escola, mas eu tinha muita coisa na cabeça para me permitir saboreá-lo. “O que há com você essa semana?” Kate perguntou, sua voz baixa. Landon sentou perto de nós e estava em uma conversa com Chris e Evan sobre seu vídeo game favorito ter seu direito adquirido para um grande filme. Nenhum dos três nos ouvia. “Desculpe-me,” eu disse. “Eu só tenho estado muito distraída.” “É seu pai?” Seu tom era sério.

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“Pela primeira vez, não, não só ele. É ele, a porcaria da escola, pensar sobre a faculdade, garotos idiotas... é só um monte de coisa passando pela minha cabeça agora.” Ela franziu a testa. “Você parece tão cansada o tempo todo.” “Eu estou. Eu não sei. Só estou passando por uma fase assustadora, eu acho.” “Bem, anime-se! É Noite de Cinema e você não vem com a gente há um milhão de anos.” Cutuquei meu almoço. “Eu não acho que estou a fim de ver um filme.” “Uh, que pena,” Kate disse. “Você não tem escolha. Eu preciso sair com você, então você vai.” Eu forcei um sorriso. “Eu sei, eu sinto muito.” “Traga Will.” Eu ri de verdade dessa vez. “Uhum, certo.” “Por que não?” “Ele realmente não é uma pessoa de cinema.” Eu tentei imaginar Will com seus seiscentos anos, sentado eu um cinema lotado cavando no balde de pipoca amanteigada. Então eu o imaginei usando os óculos 3D, e era muito difícil não rir alto. Kate fez um ruído ininteligível. “Quem não gosta de ir ao cinema? Isso é um monte de besteira.” “Ele é um cara muito sério,” admiti. “Muito focado no que ele deviria estar fazendo. Ele não coloca divertimento como prioridade na sua lista.” “Ele nunca te levou para um encontro?” Ela parecia horrorizada. “Ele não é meu namorado, Kate.” “Você sai com ele o tempo todo. Como vocês dois não namoram?” Eu dei uma mordida e desviei o olhar; eu sabia quão péssima mentirosa eu era. “Ele é meu tutor. Isso é tudo.” “Não minta pra mim. Se você está saindo com ele, só admita. Eu não te julgarei por isso. Ele parece legal e é gostoso. Eu não entendo o porquê de você estar com vergonha de admitir que ele seja seu namorado. Sem mencionar que ele já é graduado. Caras da faculdade são muito mais legais que meninos da escola. Eles sabem coisas. Eles sabem como fazer coisas.” Eu não queria saber o que ela queira dizer com aquilo. “Ele é só meu tutor. Ele tem me ajudado com economia. É realmente embaraçoso de admitir isso, mas isso é tudo o que Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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ele é, eu juro.” Teria soado muito, muito estranho chamar Will de meu namorado, porque isso não era verdade; mas pensar na ideia me fez perceber que eu meio que gostava dele. Ele provavelmente não seria a primeira escolha dos meus pais, para dizer o mínimo, mas eu não podia evitar. Minha mãe não ia gostar se eu namorasse um cara que estava na faculdade. Meu pai... Bem, ele nunca gostaria de me ver saindo com ninguém—então, tanto faz. A opinião dele não contava. Eu não me lembrava de ter conhecido Will, mas eu podia sentir. E era meio romântico pensar nele como meu protetor. Eu gostava daquilo. Ele era como um cobertor de segurança... Apenas menos fofo. Eu me perguntei, por um momento, se ele era fofinho. Provavelmente não. Kate sentou-se com um sorriso esperto no rosto. “Você é uma péssima mentirosa.” “Não sou.” “Ninguém sai com seus tutores,” ela desafiou. “Tutores são uma droga. Até mesmo os gostosos.” “Ele é um cara legal,” eu insisti. “Nós somos meio que amigos agora.” “Eu pensei que você tinha dito que ele não era tão legal.” “Ele pode ser legal quando quer, mas ele também é temperamental.” “Soa como um típico menino. Você vai trazê-lo hoje à noite?” “Eu duvido muito.” Ela franziu o cenho. “Isso irritaria muito o Landon, não irritaria? Eu me sinto meio mal pelo cara.” “Ele terá que superar isso.” Tomei um pouco da minha Mountain Dew. Kate cruzou os braços sobre o peito e suspirou. “Você está sendo ingenuamente otimista.” Landon olhou para cima. “Mmm? O que tem eu?” “Estamos falando besteira sobre suas raízes feias,” Kate zombou, cutucando o topo de sua cabeça. “Você talvez possa querer retocá-las. David Beckham choraria ao te ver.” Ele fez uma careta e tirou a mão dela antes de voltar a sua conversa. Ela riu.

Após o último sinal, eu fiquei mais uma hora na escola para estudar a nossa próxima lição com o Sr. Levine. Quando nossa aula terminou, eu fui para o meu armário, peguei o que eu precisava, e me dirigi para o estacionamento dos alunos. Todos os meus amigos já tinham ido, e o estacionamento não estava cheio como de costume. Enquanto eu andava para meu carro, peguei um vislumbre da Josephine Newport parada ao lado do Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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seu brilhante Range Rover vermelho. Corajosamente, eu mudei meu caminho e caminhei na direção dela. Ela estava mandando uma mensagem em seu telefone. “Oi, Josie,” eu disse. Ela olhou para cima e me deu um sorriso genuíno. “Oh, oi, Ellie. E aí?” “Acabei de sair de uma sessão com o Sr. Levine,” respondi. “Eu estava ficando para trás, então ele tem me ajudado depois das aulas. O que você ainda está fazendo aqui?” Ela acenou seu telefone com desdém. “Eh, saí da aula mais cedo para uma consulta médica. Só estou matando alguns minutos antes de sair. É melhor do que ficar sentada em uma sala de espera por quarenta e cinco minutos. Pelo menos eu posso aproveitar o sol aqui e tirar essa marca que os óculos deixaram no meu rosto.” “Verdade,” eu ri. “Hey, escuta, sobre a minha festa...” “Não se preocupe com isso,” ela disse, escorregando seu telefone dentro da bolsa. “Merdas acontecem.” Corei escarlate. “Foi muito embaraçoso.” “Eu sei que algumas pessoas tentaram fazer disso uma grande coisa.” Ela olhou com raiva. “Mas sério, eu já fiz muita merda sozinha. Acontece com todo mundo que fica bêbado—bem, não voar pela janela, mas você entendeu o que eu quis dizer. Eu passei mal uma vez e arruinei o interior do carro do meu ex. Todo mundo pisa na bola algumas vezes. Você só meio que tem que rir da situação e agradecer de não ter saído machucada.” Eu sorri, me sentindo um pouco melhor. “Obrigada, Josie.” “Sem problemas,” ela disse com um sorriso simpático. “É sério. Desculpa pela janela.” “Sinto muito sobre o carro do seu ex.” Nós rimos uma para outra por um momento. Foi bom saber que ainda estávamos bem. Ela pegou o celular de volta e olhou para ele. “Eu já vou indo.” “Até logo,” eu disse. Ela sorriu. “Com certeza.” Ela entrou no carro e deixou o estacionamento. Eu virei para começar a andar de volta apara meu carro e de repente o mundo começou a escapar. Eu balançava para trás em meus calcanhares, de repente com medo que a nebulosidade da minha visão poderia significar que eu estava ficando cega por alguma razão, mas assim que esse pensamento cruzou minha cabeça o mundo entrou em foco. Só que não era um mundo que eu reconheci imediatamente. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Eu estava em um mundo muito mais escuro, um mundo antigo, um mundo dourado iluminado por tochas, e o rosto de uma mulher—uma ceifeira—apareceu a centímetros de distância do meu, suas mãos apertadas nas minhas bochechas e maxilar. Ela me empurrou contra uma parede que estava fria e dura contra minhas costas. O simples vestido plissado que ela usava era legal contra meus braços e pernas. Sua pele era morena e seus olhos eram inumanamente largos, as pupilas derretiam na íris tão grande que somente algumas lascas de branco apareciam dos lados. Seu cabelo era grande e escuro, separado em tranças, eu supus que era na ordem que a permitisse a ela misturar. “Você não deveria ter vindo aqui,” a ceifeira sussurrou em uma língua que eu de alguma forma reconhecia como um egípcio antigo e sabia que era sua língua nativa. “Aqueles que amam a Deus são escravos, e você é uma estranha aqui.” Eu mal podia falar através do seu aperto. “O negócio dos homens não me interessa. Minha única preocupação é com suas almas—livres e cativas da mesma forma.” “Você é uma idiota. Nem mesmo os angélicos se aventuram aqui.” “Nós duas sabemos que isso é uma mentira.” Seu rosnado virou uma zombaria. “Você quer dizer seu Guardião? Ah, sim. Eu rasguei sua garganta agora mesmo. Agora até mesmo os arcanjos esqueceram essa terra.” Eu apertei minha mandíbula e meus dentes em raiva. “Se eles tivessem esquecido, eles não teriam me enviado aqui para matar a ceifeira posando de faraó e impedir vocês todos de reivindicar mais almas humanas.” Ela rachou o fundo da minha cabeça na parede. Dor desceu pelas minhas costas, e escuridão crepitou na borda dos meus olhos. “Eles a mandaram aqui para morrer, assassina. Assim como seu Guardião.” Garras como de um gavião cresceram em seus dedos, mas eu não esperei que elas me cortassem. Meu poder cresceu e empurrou o ceifeiro num flash de luz branca, mas ela forçou contra ela. Seu rosto se contorceu em fúria, e seu próprio poder explodiu enquanto suas asas cinza saíam de suas costas e ela me empurrava mais fundo na parede, quebrando a pintura de deuses faraós. Bati a palma da minha mão em seu peito e a mandei direto para o chão. Incapaz de pegar o balanço de seus pés, ela levantou voo, enchendo o quarto do palácio com suas asas enormes, que destruíram a coluna de pedra da sala, como se fossem feitas de junco. Uma seção do teto desabou a nossa volta, e eu saltei para evitar os destroços. O ceifeiro voou para trás em direção ao trono, onde ela aterrissou, empoleirando-se na careira dourada, suas asas se abriram amplamente. A tocha brilhando fora das paredes de ouro deu a ceifeira um brilho sobrenatural. Chamei minhas espadas e levei-as para cima, instantaneamente as iluminando com fogo de anjo. Segurei-as apertado enquanto a ceifeira pulava do trono do faraó e levantava voo novamente, seu vestido esvoaçante ao seu redor, as asas batendo uma vez, garras cortantes. Ela desceu sobre mim, mas eu completei meu verdadeiro objetivo e girei. Minhas lâminas de fogo cortaram a cabeça Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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da ceifeira num golpe limpo, e eu abaixei enquanto seu corpo em chamas explodiu acima de mim e foi embora. Cinzas e brasas caíram a minha volta, e eu parei, deixando a fogo de anjo apagar. Respirei fundo para controlar meu coração e me foquei na próxima tarefa. Corri da sala do trono para um corredor muito sombrio para encontrar o ceifeiro impostor do faraó, mas eu congelei quando virei ao outro canto. Um dos ceifeiros bloqueou meu caminho. Virei-me para encontrar outro as minhas costas; eu estava cercada. Fogo de anjo retornou para minhas espadas, e eu me lancei no primeiro ceifeiro. Girei, torci e cortei, mas um deles foi atingido. Eu projetei minha lâmina em linha reta nas mandíbulas escancaradas do primeiro ceifeiro e sua cabeça pegou fogo, mas garras se envolveram em volta da minha cintura e puxou-me para trás. Eu gritei e me debati... O mundo girou mais uma vez, e uma caminhonete soava sua buzina enquanto passava, por pouco me errando. Eu me virei e esbarrei em um firme, quente corpo. Eu olhei para cima para me encontrar nos braços de Will, e eu estava nos fundos do estacionamento da minha escola. Ele me tirou do caminho da caminhonete. “Ellie? Ellie!” Meu coração disparou e meus olhos chicotearam a minha volta descontroladamente. “Onde está?” Perguntei sem fôlego. “Onde está o ceifeiro? Minhas espadas?” Ele segurou meus ombros com firmeza. “Não há ceifeiro. Relaxe.” Meu pulso começou a desacelerar e eu respirei longa e profundamente. Deve ter sido outro flashback, como o que eu presenciei em minha aula de história. Enquanto eu estabilizava meus nervos, mais da memória voltou para mim. Eu estive cercada e sozinha. “Onde eu estava?” Perguntei com medo. “Quem era aquela?” Ele estudou meu rosto com um olhar intrigado. “Quem? De quem você está falando?” “A ceifeira!” Chorei. “Ela era uma vir, eu acho. E havia mais. Havia Ursids em toda parte. O faraó...” “Faraó?” “Sim, ele foi morto e um ceifeiro vir mudou de forma e imitou sua aparência para assumir seu lugar. Eles tinham matado tantos egípcios, levaram tantas almas, e eu estava lutando contra eles sozinha. Meu Guardião estava morto. Foi antes de eu te conhecer, muito antes. Deve ter sido a milhares de anos atrás.” Meus pensamentos estavam dispersos e incoerentes enquanto eu tentava dar sentido a muitos detalhes de uma vez. Foi muito antes de Will entrar na minha vida, Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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muito antes de eu começar a me sentir humana, assim como ele me disse que eu gradualmente tinha me tornado ao longo dos séculos. Eu tive em contato direto com os arcanjos? Quando eu parei de receber ordem deles? Com um ceifeiro posando como faraó, as forças demoníacas foram capazes de matar um imenso número de humanos, tantos que eu, na verdade, tinha sido mandada para o Egito Antigo para intervir. Mas quem me enviou? Um anjo? “Eles te enviaram aqui para morrer, assassina.” As palavras da ceifeira me assombravam. “Ellie,” Will disse, colocando uma mão no meu ombro. “Você está bem?” Eu assenti. “Sim. Só estou... Pensando.” “Bem, vamos pensar fora do caminho de veículos em alta velocidade.” Ele me levou de volta para meu carro, e nós nos sentamos no interior por um momento. “Tem mais,” eu disse. “A ceifeira me chamou de assassina. Eles geralmente me chamam de Preliator. O meu nome significa exatamente?” “Você nem sempre teve esse nome,” ele explicou. “A origem é Latim, então eu suponho que as pessoas começariam a te chamar de Preliator enquanto que essa era uma língua importante no mundo antigo. Significa guerreira.” Guerreira. “Eu acho que tenho uma grande reputação para fazer jus.” “Não se preocupe com isso. Você vai chegar lá. Você sempre chega.” “Espero que esteja certo,” eu disse. “O que você está fazendo aqui na escola, afinal?” “Você estava angustiada. Deve ter sido o flashback. Eu corri pra cá o mais rápido que eu pude e vi um ceifeiro a cerca de um quilômetro de distância.” Aquilo me pegou desprevenida. “Em plena luz do dia?” Ele assentiu. “Poderia estar te procurando ou seguido seu perfume. Você deveria ir para casa porque assim não terá nenhuma luta em público.” “Ele não vai atacar ninguém, vai?” “Não,” ele me assegurou. “Eles não se alimentam durante o dia, e é muito raro para um deles estar fora a essa hora. O ceifeiro estava fumando como uma chaminé no sol. Seja o que for, para ele estar fora, deve ser importante, o que é o porquê de você ir para casa.” Olhei para ele com surpresa. “Você está andando no meu carro?” “Sim.” Foi tudo o que ele disse. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Você não vai voando para minha casa então?” perguntei sarcasticamente. Ele se virou para me dar um olhar surpreso, questionador. “Não.” “Essa memória realmente me assustou, Will.” “O que você quer dizer?” “Eu era tão fria e só... Diferente. Eu levava meu trabalho muito a sério. A sério demais. Era meio que assustador. Era como se eu nem fosse humana.” Eu estava feliz por não haver um espelho, então eu não poderia ver meu rosto. A escuridão em minha expressão seria muito para eu lidar. “Você pode ser bem intensa,” ele confessou. “E mais uma coisa,” eu continuei. “Na minha lembrança, eu disse ao ceifeiro que eu fui enviada por anjos. Eles me dão ordens?” Ele piscou para mim e eu tomei isso como um não antes dele dizer alguma coisa. “Não que eu me lembre.” “Se eles me deram ordens antes, por que não agora? Por que eles pararam? Por que eu não me lembro de ter falado com eles?” “Eu não sei quando e nem porque eles pararam.” Mas porque eu não me lembrava disso? Estava eu me tornando tão humana que aos poucos estava me esquecendo de mim mesma? Eu me esqueci de onde tinha vindo? O que eu realmente era? Minha humanidade era uma fraqueza? Ou me dava forças? Era culpa minha que eu não falava mais com os anjos? Eu fizera algo errado? Will me dissera que ceifeiros angelicais serviam os anjos no céu. E se eu fosse parte do plano deles? Quem eu deveria servir? E se eles tivessem me criado? Eu zombei da ideia de que eu poderia ser algum experimento científico do divino, mas obviamente alguma coisa estava me trazendo de volta toda vez que eu morria. Eram os anjos?

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15 “Suba até seu quarto e eu te encontro lá,” disse Will, quando voltamos para minha casa. Eu lhe atirei um olhar desconfiado. “Minha mãe vai—.” “Não, ela não vai saber que eu estou aqui. Basta chegar lá em cima.” Eu balancei a cabeça. Não havia meios de lutar com ele. Assim que eu entrei pela porta da frente, ouvi minha mãe me chamar de seu escritório. “Ei, Ellie? Você pode vir aqui por um minuto?” Eu parei morta. Meu coração bateu como louco quando eu fui a seu escritório. Ela olhou para cima quando eu entrei. “Ei, querida,” disse ela. “Como foi a escola?” Dei de ombros. Demorei me esforçando para me comportar como normalmente em vez de uma lunática completa. “Foi tudo bem. Eu estou fazendo um pouco melhor em economia. No entanto, ainda realmente não consegui isso. Então, o que você quer falar comigo?” “Oh, sim!” ela disse. “A concessionária finalmente ligou. Eles podem levar o seu carro agora. Eu acho que eles tiveram algumas semanas muito ocupadas. Podemos deixar hoje à noite ou domingo à noite, se você quiser. Você vai ao cinema de novo?” Isso mesmo. Estávamos levando meu carro para tirar os arranhões e limpar estilhaços e repintar. “Sim. Você sabe, nós podemos muito bem esperar até domingo para deixar lá. Eles não vão começar a trabalhar nele até segunda-feira de qualquer maneira, e eu gostaria de usar meu carro neste fim de semana.” “Parece bom.” “Ok. Bem, eu tenho que trabalhar em um dever de casa de economia antes de sair. Falo com você depois, mãe.” Corri até as escadas e encontrei Will de pé perto da minha mesa olhando algumas fotos dos meus amigos e eu. “Vamos caçar esta noite?” Perguntou. Eu fiz uma careta com uma pontada de decepção. “Sim, eu acho que sim. Noite de Filme hoje, lembra?”

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Ele gemeu e se virou para mim. “Eu esqueci.” Fez uma pausa. “Você realmente tem que ir?” “Sim,” eu disse com firmeza. “Eu quero tentar ser uma garota adolescente normal.” “Mas você não é.” “Bem, então eu gostaria de manter a fachada.” “Eu realmente tenho que ter certeza que o Ceifeiro de mais cedo não te acompanhará nesta noite, ou outro, como Ragnuk. Eu não acho que você deve estar indo a lugares com seus amigos sem mim, especialmente à noite.” Lembrei-me de minha conversa com Kate de mais cedo. “Você poderia... Venha comigo.” Minha voz esperançosa no final. Ele não respondeu no início, e meu coração se afundou. “Eu realmente não posso pensar em uma maneira melhor de manter um olhar estreito em você.” “Então você está indo. Você já foi ao cinema antes?” “Claro que já,” ele disse. Ele parecia ofendido. “Eu não vivo em uma caverna.” “Poderia ter me enganado,” eu disse. Will se sentou à beira da minha cama, se inclinando preguiçosamente. “O que vocês vão ver?” Perguntou, olhando para mim. “Kate disse algo sobre uma comédia.” “Como o quê?” Ele parecia nervoso. “Você está dizendo que não tem nenhuma sugestão?” Eu sorri maliciosamente. “Só porque eu tenho visto alguns filmes nos últimos cem anos não significa que eu entenda tudo sobre Hollywood nos dias de hoje.” “Eu estava apenas curiosa. Eu não acho que você seria. Você está bem em ver um filme? Eu pago.” Eu recorri a minha vaidade de colocar alguma sombra de olho e rímel. Eu olhei para Will pelo reflexo no espelho. “Eu não estou indo para me divertir,” ele resmungou. “Eu vou para ter certeza de Ragnuk não vai quebrar seu pescoço na saída.” “Eww! Por que você tem que ser tão gráfico?” Eu acariciava meus cílios com o pincel de rímel. “Eu gosto que entendam o meu ponto de vista.” “Aparentemente.” Eu me virei para ele e me aproximei de onde estava sentado. “De qualquer forma, acho que esta noite vai ser bom para você. Você não deve ser tão malhumorado e taciturno.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Eu não sou mal-humorado ou taciturno,” ele insistiu. Eu olhei para baixo excentricamente a ele. “Oh, você é.” “Nós vamos lutar primeiro?” Ele perguntou, enquanto escolhia ignorar o que eu há pouco havia dito. “Talvez nós devêssemos fazer uma corrida.” “Não,” eu disse. “Eu não quero ficar nojenta e ter que tomar banho novamente. Que tal depois?” “Está bom,” ele disse, sua voz sombria. “Se você me perguntar, eu não acho que você está levando o seu dever a sério o suficiente.” Eu ofereci o meu sorriso mais doce. “Bem, eu não perguntei, perguntei?” Ele mostrou o menor vislumbre de um sorriso para mim. “Mas Ellie, eu realmente preciso que você entenda que esta é provavelmente uma ideia muito ruim.” Apertei os olhos. “Uma ida ao cinema não é perigosa. Eu vou ficar bem.” “Você não pode garantir a sua segurança.” “Nem você pode.” Ele sorriu, tão ligeiramente. Então ele estendeu a mão e tocou meu lóbulo da orelha, olhou com cuidado. “Quando eu a vi pela última vez,” ele disse suavemente, “suas orelhas estavam perfuradas com pequenos brincos de pérola.” Eu quase ri, não porque a memória foi engraçada, mas por causa do gosto doce em sua voz quando ele se lembrou disso. Me surpreendeu. “Você tem uma memória muito boa.” “Muito boa.” Seu sorriso cresceu um pouco mais—o sorriso deslumbrante que eu não o vi mostrar a semana toda. Isso me fez feliz. “Você é a mesma pessoa, mas você é alguém novo.” “Isso é uma coisa boa?” Ele deu de ombros um pouco. “É como um novo começo para você. Eu acho que poderia ser uma coisa boa.” “Por que passou tanto tempo?” Eu perguntei. Seu sorriso desapareceu e eu instantaneamente lamentei a pergunta. “Desde que você esteve viva?” “Sim,” eu disse. “Por que demorou tanto tempo para eu renascer?” “Eu não sei.” A expressão triste no rosto me fez sentir ainda mais triste. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“É estranho que eu seja diferente toda vez?” Eu perguntei. “Incomoda você que eu tenha um nome diferente?” “Não, claro que não. Nunca foi assim. Você ainda é você, mas você tem uma infância diferente de cada vez e sua personalidade é sempre um pouco diferente. Você certamente está mais sensível do que da última vez.” Eu o encarei, mas não consegui esconder o sorriso que também apareceu. “Qual era o meu nome da última vez?” “Por que isso importa?” “Estou curiosa.” “Foi há muito tempo.” Ele se levantou e passou uma mão em torno da volta do meu pescoço delicadamente. “Um nome é apenas um nome, não quem você é. Que tal não se preocupar com isso?” “O que você quer dizer?” “Que tal você ser apenas você esta noite e eu vou ser eu? Não se preocupe com qualquer outra coisa.” Seus olhos esmeralda eram suaves e gentis. Senti que ele realmente falou a serio. “Você quer dizer fingir ser humano?” “Por que não?” Eu sorri maliciosamente para ele. “Bem, isso é uma grande mudança para você.” “Talvez eu esteja pensando que seria bom relaxar de vez em quando.” “Apenas durante a noite?” “Apenas durante a noite.” Ele abaixou a cabeça e se inclinou para frente, me surpreendendo. Ele não me beijou, mas ele estava perto o suficiente para fazê-lo. Meu corpo trancou e meus lábios se separaram. Seu corpo estava quente contra o meu, e eu queria que ele fizesse o que eu pensei que ele ia fazer. Eu realmente queria que ele me beijasse, e eu podia sentir meu interior puxar e girar. Eu levantei meu queixo e esperei, mas ele parou. Seu olhar caiu e ele virou o rosto e se afastou lentamente. Eu exalei. “Então, quando é o filme?” Ele perguntou, correndo a mão pelos cabelos. Me senti como se estivesse caindo no chão. “Hum, geralmente vamos às sete ou oito.” Ele balançou a cabeça. “São apenas quatro. O que você quer fazer até lá?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Bem, eu deveria pegar algumas páginas do meu trabalho de economia,” eu disse, gemendo. “Está bem,” disse ele. “Você gostaria que eu fosse para que você possa fazer a sua lição de casa?” “Aonde você vai?” Eu perguntei. “Você vai percorrer todo o caminho de volta para Nathaniel como você faz durante o dia?” “Não. Ver o ceifeiro esta tarde me deixou nervoso. Quando eu estou guardando a sua casa, eu costumo me sentar no telhado. É o melhor lugar para vigiar.” “Se funcionar para você, eu acho.” Sorri. “Vou te dar um grito quando terminar.” Ele me deu um aceno rápido e se afastou, desaparecendo. Eu balancei a cabeça em descrença. Ele era como um ninja ou algo parecido. Ele provavelmente havia desaparecido no Sombrio e eu considerei por um momento o seguir até lá. Mas eu estava com medo das coisas no Sombrio e o que eu poderia ver por lá. Então, ao invés, eu me sentei na minha mesa e agarrei a minha mochila para pegar a minha lição de casa. Eu ainda podia sentir a presença de Will no meu quarto, eu cheirei o seu cheiro, como se não tivesse realmente deixado. E ele realmente não tinha. Eu sabia que ele estava por perto, e esse pensamento reconfortante me ajudou a passar por minha tarefa com facilidade.

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16 Meu estômago rugiu. Deixei meu rosto acertar a mesa e virei meu rosto para o lado para encarar meu relógio de lado. Mal passava das seis. Não podia acreditar que estive trabalhando nessa tarefa por duas horas. Eu estava tão cansada dessa droga. Ergui meu olhar. “Ei, Will?” Me senti estúpida falando com ninguém em meu quarto. “Terminou?” sua voz soou um momento depois. Assustada, pulei na cadeira com a mão sobre meu coração. Meu pulso batia na cabeça. “Qual o problema com você? Você me assustou!” Ele parou em frente à janela. De algum jeito, ele havia conseguido entrar sem fazer nenhum barulho. “Desculpe sobre isso.” Passei a mão em minha camisa. “O que você é, Will? Como você pode se mover tão rápido?” “Eu sou o seu Guardião.” “Não, quero dizer, além de Batman, qual a sua espécie?” “Sou um imortal.” “Deixa pra lá” eu disse impaciente. “Já sei o que você é: insolente. Vou trocar minha roupa.” “Por quê?” “Porque eu não gosto de usar a mesma roupa o dia todo.” Ele me olhou como se eu tivesse um terceiro olho. Revirei os olhos e fui para meu closet. Peguei uma calça jeans e um suéter preto e os coloquei antes de sair. “Estou realmente com fome, e eu sei o quanto você gosta de ser invisível e tudo mais, mas eu acho que você pode fazer uma exceção. Você se importaria se nós pegássemos alguma comida antes do filme?” “Nem um pouco,” ele disse. “Você precisa comer. Você fica mal humorada quando não come.” Pisquei em surpresa. Ele realmente me conhecia bem. “Ótimo. Como Coney Island soa?” “Não faço ideia do que seja isso.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Blasfêmia.”

Levei-nos para o meu favorito, Leo’s Coney Island. Um restaurante que normalmente ficava lotado nas noites de sexta. Enquanto nós esperávamos por uma mesa, percebi um grupo de garotas sentadas em uma mesa próxima a porta da frente. Duas delas encaravam Will, então eu dei a elas um olhar feio quando nós passamos. Escolhi uma mesa na parede oposta, o mais longe possível daquelas garotas. Nossa garçonete era uma animada garota talvez um ano mais velha que eu. “O que eu posso pegar para vocês?” Ela perguntou com um lápis e um bloquinho em mãos. “Um cheeseburguer simples e fritas com salada de acompanhamento e água para mim” eu disse e acenei para Will. “Você quer alguma coisa?” “Não, obrigado,” ele disse com um desdenhoso aceno de mão. A garota deu um aceno rápido e se afastou. “Você não está com fome?” perguntei a ele. Ele balançou a cabeça. “Na maioria das vezes não. A única hora que eu como é normalmente depois de uma luta. Quanto mais ferido ou fraco eu estou, mais eu preciso comer para me curar e recuperar minha força. Calorias curam o meu corpo, então eu preciso de um monte delas.” Encarei-o. “Estou com inveja de você.” Eu estava excitada por ele sentir que podia revelar coisas a mim. Talvez essa conversa pudesse levar a algo interessante. Nossa anfitriã trouxe minha bebida e eu peguei o canudo para tomar um gole. “Algum dia você vai me dizer como você se tornou um Guardião?” Perguntei esperançosa. Ele sorriu. “Você sabe muito bem como isso aconteceu. Eu sei que você não tem acesso as suas memórias ainda, mas eu não acho que isso é algo que eu posso só falar para você. Significa muito para mim, eu acho. Tudo vai voltar para você. Seja paciente.” Bufei com a resposta dele, porque só me fez ficar mais curiosa. “Você vai me dizer qual era o meu nome, ou eu tenho que lembrar isso também?” Ele revirou os olhos. “Você tem que parar de fazer perguntas. Lembra-se do que eu disse mais cedo? Nós estamos fingindo ser humanos normais hoje.”

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“Bom, humanos normais não sentam em Coney Island e olham os outros comerem. Eles pedem um prato cheio de batata frita com queijo e chilli. Não seja tão estranho.” Tomei outro gole. Minha salada chegou, e quando a garçonete estava prestes a sair, Will segurou a mão dela. “Mudei de ideia. Vou querer uma vaca preta de cerveja de raiz10.” Ela soltou um rápido sorriso e se afastou. “Uma vaca preta de cerveja de raiz?” Perguntei. “Quantos anos você tem, cinco?” “É a minha favorita.” “Uma vaca preta de cerveja de raiz?” Repeti. “Você tem seiscentos anos e uma vaca preta de cerveja de raiz é a sua bebida preferida?” Ele encolheu os ombros. “Você queria que eu fosse normal e pedisse algo, então eu pedi.” “Ainda assim é estranho.” “É uma delícia.” A garçonete voltou com a bebida dele, ele mexeu e bebeu o sorvete imediatamente. Entre seus goles e o sorvete, Will me observou de perto enquanto eu comia. “O quê?” Perguntei, engolindo com a boca cheia. “Você me lembra de mim mesmo.” “Isso não pode ser bom.” Dei outra mordida. “Não é necessariamente uma coisa ruim. Você deve estar mesmo faminta.” Não gostei da diversão em seus olhos. Me senti com a consciência pesada de repente. “Então?” Ele deu de ombros. “Nada.” “Vá se danar.” Comi mais devagar depois disso. Quando nós fomos ao caixa para pagar e sair, procurei na minha bolsa por dinheiro, mas Will estendeu ao caixa uma nota de vinte dólares. “Não, não, não,” eu disse puxando a mão dele. “Isso não faz parte do acordo.”

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Apesar do nome, é um tipo de refrigerante.

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“Não se preocupe com isso” ele garantiu a mim, estendendo a nota ao funcionário. “Eu pago essa.” “Mas tudo que você pegou foi aquela coisa com sorvete.” “Nós estamos tentando agir normalmente, não estamos? Não é muito normal uma jovem dama pagar pelo seu próprio jantar.” Fiz uma carranca. “Você deve estar confundindo o agora com cem anos atrás. Isso é um estereótipo estúpido. Nós não estamos nem num encontro, então não conta.” “Talvez, mas todo mundo ao redor está assumindo o contrário.” Ele acenou, seu olhar percorrendo através do restaurante. “Nós não queremos que eles suspeitem, queremos?” “Will, eles realmente não se importam com o que nós estamos fazendo” eu disse. “Não é como se nós estivéssemos à paisana ou algo assim.”

Quando nós nos encontramos com os meus amigos, Landon encarou Will, sua atitude dramaticamente azeda. Disse a mim mesma, severamente, que eu iria ignorar as atitudes de Landon essa noite, então eu foquei meus esforços em estar bem humorada. Não me esqueci sobre o aviso mais cedo de Will sobre o ceifeiro perambulando, mas vendo Will à vontade me fez sentir à vontade. “E-l-l-l-l-lie!” Kate me agarrou em um grande abraço e me segurou firmemente. “Estou tão feliz por ver você!” Ela praticamente me jogou para longe e se virou para Will. Ela o puxou para um abraço também, resultando em um Will muito desconfortável. “Estou tão feliz que você veio!” Você poderia contar com Kate estando acima de qualquer coisa em tudo que ela faz. Forcei um alegre sorriso. “Então, e o filme?” “Nós temos vinte minutos antes de começar.” Chris disse, olhando para o celular. “Nós deveríamos pegar os ingressos e sentar. É noite de estreia.” Depois de comprar nossos ingressos—e eu não deixei que Will pagasse pelos nossos quando ele tentou—nós esperamos na fila de entrada do teatro. De vez em quando eu o via enrijecer e olhar ao redor, como se ele estivesse vendo e ouvindo muito cuidadosamente. Se alguma coisa estava considerando pular sobre nós esta noite, eu tinha certeza de que Will teria vários avisos. Quando o homem que ficava na porta nos deixou entrar, nós encontramos lugares um pouco para trás, já que o meio já estava cheio. Chris, Rachel e Evan deslizaram pelo corredor primeiro, seguidos por Landon e Kate, e então eu e Will.

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Landon se inclinou para Kate e eu. “Onde você disse que estudava mesmo?” Ele perguntou a Will. “Sou um estudante do segundo ano da UM11” Will respondeu. Landon zombou. “Você e Ellie saem muito juntos?” Kate deu uma cotovelada nele na região das costelas, e ele deu a ela um olhar zangado. “Sim,” Will disse. Passando um braço pelo meu, Kate riu forçadamente para Will. “Você não deveria monopolizá-la tanto. Nós sentimos saudades dela!” Will encolheu os ombros e sorriu. “Sinto muito. Não era a minha intenção.” Kate riu e brincou com uma mecha do meu cabelo. “Eu acho que então você vai ter que sair junto com a gente mais vezes, então nós podemos vê-la também.” Aham, claro. O filme finalmente começou, e até aqui, Will parecia estar gostando. Ele riu algumas vezes, mas ele frequentemente desviou o olhar para a saída de emergência, como que esperando que algo rompesse através dela. Também percebi que Landon estava constantemente olhando para nós. Qual o problema dele? Ele provavelmente esperava que nós déssemos um amasso durante o filme. Essa era uma coisa de calouros do ensino médio, de qualquer jeito, então a preocupação dele era ridícula. Às nove e meia o filme terminou e o cinema começou a ter uma hemorragia de alunos de ensino médio e da faculdade. Nós paramos na calçada para decidir qual seria o próximo passo. “Landon e eu vamos a Cold Stone,” Kate disse. “Mais alguém quer nos acompanhar? Ellie?” Franzi o cenho. “Eu não estou a fim de sorvete.” “Ah, vamos!” Ela reclamou. “Por favor?” Ri. “Por que você quer tanto que eu vá com você comprar sorvete?” “Porque é bom!” Kate se virou para o Will. “Você também quer sorvete, não quer Will?” Os olhos de Will fixaram-se em mim e logo de volta para Kate. “Se Ellie não está a fim, então eu também não estou. Eu vou aonde ela vai.” 11

UM – Universidade de Michigan.

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Kate grunhiu. “Vocês não podem deixar a gente já! Não são nem dez horas. Pelo menos venham para a minha casa e vamos festejar um pouquinho. Nós podemos ficar no porão.” Isso soava bom. Eu não fui capaz de relaxar com a minha melhor amiga por semanas. Will se inclinou para perto de mim, sua voz suave, sua respiração quente em minha orelha. “Eu acho que você deveria ir. Você vai gostar.” “Mas e você...?” Sussurrei de volta. “Você vai se divertir,” ele sussurrou. “Eu quero que você seja feliz. Lembra-se do nosso acordo para essa noite?” Sorri. “Mas eu quero que você finja ser humano junto comigo.” “Certo,” ele sorriu. “Ok, vocês dois,” Kate disse. “Qual o plano?” Olhei para ela. “Nós vamos.” “Yay!” Ela comemorou, me puxando para outro forte abraço de Kate. “Eu ainda quero Cold Stone. Certeza que vocês não querem se juntar a nós?” Assenti. “Yeah, eu comi antes do cinema, e ainda estou bem cheia. Vou passar essa, mas que tal a gente se encontrar na sua casa em uma hora?” “Soa bem,” ela disse com um sorriso. “Ok, tchau,” eu disse, e acenei para eles. Will e eu andamos de volta para o meu carro. “Obrigada,” eu disse em voz baixa. “Falei sério quando eu disse que queria que você fosse feliz,” ele retrucou. “Isso sempre faz ficar mais fácil para você—quando você está feliz.” “Sério?” “Sim.” Ele sorriu. “O que nós costumávamos fazer para nos divertir?” Destranquei o carro e nós entramos. “Você sempre amou cavalos,” ele disse de forma distante. “Em cada vida que eu conheci você.” Ergui o rosto. “Sério? Eu cavalgava muito?”

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“O tempo todo. Cem anos atrás não havia muitos carros, então era assim que você passeava. Quando você... Quando eu conheci você da última vez, você competia em mostras de cavalos.” Eu ri. “Isso é legal.” “Você era muito boa.” “Você acha que eu ainda sou?” Ele assentiu firmemente. “Ah sim. Sempre foi natural para você. Nunca falhou em voltar a você.” “Você me leva para um passeio?” Ele me encarou. “Definitivamente.” “Promete?” “Nunca quebrei uma promessa a você.” Eu o olhei. “Nenhuma?” “Nenhuma.” Eu estava descrente. “Você está me dizendo que em quinhentos anos, você nunca falhou em algo que prometeu a mim?” “Ellie, você precisa entender,” ele disse suavemente. “Eu existo apenas para servir a você e lutar ao seu lado. Quer seja lutar para preservar a sua vida ou ter certeza que você sorria, foi para isso que eu fui feito. Você é tudo que eu tenho, e eu vou sempre olhar por você.” Eu o encarei. “Você é muito intenso, sabia disso?” “Eu sei agora.” Ele sorriu. Nós voltamos para a minha cidade e saí em uma arborizada estrada de barro. A estreita estrada estava tranquila, e eu vi apenas outro par de faróis a um quilômetro e meio. “Espero que você tenha gostado,” eu disse para Will. “Você gostou do filme?” Ele estava olhando para fora da janela, mas se virou para me olhar e sorriu. “Foi interessante. Acho que Landon e eu poderíamos ser amigos.” Eu ri também. “Ah claro. Melhores amigos. O que você achou do filme, honestamente?”

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Ele encolheu os ombros. “Foi engraçado. Humanos sempre me surpreendem com quão dramaticamente sua cultura evolui com o passar dos anos. Imagine testemunhar isso ao longo de várias gerações.” “Eu gostaria de poder,” eu disse. “Eu ainda estou apenas me lembrando de parte das coisas.” “Vai voltar para você. Eu sei que eu fico falando isso, mas vai acontecer.” Assenti melancolicamente. “Estou feliz que você veio essa noite, e que nada de ruim aconteceu. Obrigada.” “Claro. Eu acho que foi bom para você.” Meu sorriso voltou. “Foi bom para nós dois sairmos e fazermos algo além de lutar, para variar.” Pelo canto do olho através de minha janela eu vi uma sombra escura na estrada. Então algo massivo acertou a porta do meu carro, e o Audi girou em sentido anti-horário, chicoteando meu corpo no assento. O volante soltou do meu aperto e o carro começou a parar de repente, meu ombro bateu contra a porta e a janela quebrou próxima ao meu rosto. Os faróis iluminavam a estrada escura. “Ellie!” Will gritou. “Ellie, você está bem?” Ele soltou meu cinto de segurança e suas mãos tocaram meus braços, meu rosto e o meu pescoço freneticamente. Minha cabeça girou e eu senti como se estivesse ficando doente. Olhei ao redor e vi que nós havíamos atingido uma árvore do lado que Will estava. Minha janela tinha bordas de vidro quebradas e espalhadas em todas as direções. Oh Deus, meu pobre carro. “Estou bem. Você está—?” O para-brisa explodiu, jogando pedaços de vidro, e a horrenda e deformada cabeça de Ragnuk irrompeu por ali com um grito. Ele estava livre do Sombrio. Ele estava completamente na dimensão mortal. Gritei e me debati, balançando meus braços. Will se ergueu e atingiu o rosto do ceifeiro diversas vezes, e as mandíbulas se alargaram, mordendo seu braço. “Saia do carro!” Ele gritou, inclinando-se para trás, e então ele chutou o ceifeiro no rosto. Ragnuk gritou e se jogou pelo para-brisa com suas gigantes garras. Puxei a alavanca e bati com toda a minha força na porta, mas não funcionou. Estava muito amassada. Empurrei... empurrei, e empurrei, e empurrei, e empurrei. Ragnuk se forçou para dentro até que metade do carro estava cheio, ranger de dentes e garras balançando, fui mais para trás e empurrei a porta com toda a minha força. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Meu poder fluiu e a trava da porta abriu. Saí do carro e me virei para ver Ragnuk metade dentro do carro e Will muito menor lutando com ele. Minhas pernas pareciam de gelatina, mas eu precisava fazer algo rápido. Não podia ter medo dele. Chamei minhas espadas, e a prata se firmou em minha mão, as lâminas de fogo de anjo brilhando. Pulei sobre o tronco, surpreendendo-me com quão fácil eu podia pular tão alto. Pulei outra e outra vez até estar sobre o ceifeiro. Cruzei as duas espadas na frente do meu peito e atingi Ragnuk nas costas. Ele urrou e bateu a cabeça no teto do carro, antes de se retorcer e finalmente sair. Seus olhos pretos se fixaram em mim. Com um grande esforço ele recuou e sacudiu seu corpo como um cachorro. Pedaços de vidro estavam presos em suas costas, e eu assisti o vidro voar de suas costas conforme ele se sacudia, acertando o chão como diamantes banhados em sangue. Ragnuk grunhiu e saltou para mim. Abaixei e mergulhei uma espada em sua barriga, fazendo sangue jorrar. Suas garras me atingiram, rasgando o meu braço aberto, gritei. Ele deslizou suas garras para baixo em mim, mas consegui desviar, e seu rosto atingiu o teto de metal. Balancei minha espada, mas ele bateu a lateral de sua cabeça em meu peito, e a força brutal me mandou voando pelo ar. Não senti nenhum sangue, então pulei sobre meus pés. Eu podia fazer isso. Precisava perder o meu medo e derrotá-lo. Ragnuk pulou do meu carro e caiu com um baque que sacudiu a terra. Ele andou para frente e arqueou as costas, seu poder se construindo como uma tempestade. Olhei para cima para ver Will sair do Audi com sangue pelo seu rosto e seu peito desaparecendo diante de meus olhos. Ele abaixou sua espada na cabeça do ceifeiro. Ragnuk se empinou, e sua pata atingiu Will no peito diante dos meus olhos, jogando suas costas contra o fundo da porta do motorista. Vi sangue. Escuridão penetrou nas bordas da minha presença, como quando eu estava prestes a ter um flashback, mas ao invés de me lembrar de algo, perdi toda a noção de tempo e espaço. Meu olhar bateu em meu alvo, e tudo que eu pensava era em matar. Raiva percorreu meu corpo, encobrindo meus pensamentos, e eu podia praticamente sentir o sangue de Ragnuk em minha boca. Prendi o choro e o encarei, as espadas em mãos. Uma mão me pegou pelo pescoço e me jogou para trás—com força. Meu corpo deslizou pela rua e atingiu uma árvore. Quando atingi o chão, ergui o olhar. Uma criatura feminina pousou com um passo tão suave quanto o de um gigante, de sua carne surgiu asas—asas!—se esticando, bateram uma vez, e se dobraram em suas costas. Garras horríveis trancaram minha garganta até ela ficar tão seca quanto uma lixa. Sua pele era tão reluzente, ela parecia brilhar a luz da lua. Cabelos tingidos caíam ao redor de seus ombros e ela me encarou com pálidos e curiosos olhos. Ela deveria ser um dos ceifeiros humanoides. Poder emanava dela em terríveis ondas escuras. “Ragnuk,” ela rosnou, seu olhar ainda fixo em mim. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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O ceifeiro deixou seu ataque sobre Will e se afastou dele, suas garras marcando o pavimento com raiva. “Ivar!” Ele grunhiu, sua voz como um trovão dentro do meu crânio. “Como você se atreve a me parar?” Finalmente ela desviou o olhar, libertando-se de seu rude olhar. Seus movimentos eram fluídos como água, tão estranho e terrível quanto uma onda no mar com tempestade. “Aconteceu algo. Bastian precisa de nós.” Sua voz era baixa e sensual, suave como veludo. Um rosnado baixo e mortal saiu das profundezas da garganta de Ragnuk. “Isso pode esperar.” “Não,” disse ela abruptamente. “Você não parece capaz de finalizar o trabalho.” O temperamento de Ragnuk explodiu, e ele cravou uma garra em meu carro, esmagando-o mais fundo na árvore. Ivar olhou de volta para mim com aquela mesma suavidade assustadora. “Preliator” ela disse, “aproveite os dias que você ainda tem. Beba o sol como vinho, porque quando o Enshi acordar, as trevas não pouparão nada do seu mundo... Nem mesmo a sua alma. Vai terminar logo.” Suas asas pareceram ainda maiores e ela pegou impulso no ar, desaparecendo rapidamente. Com um silvo desagradável, Ragnuk veio na minha direção, parando a apenas alguns metros de onde eu havia caído. “Eu vou voltar por você, garota” ele rosnou, curvando seus lábios pretos e piscando, suas garras sangrentas. “Você e o seu Guardião. Você é minha.” A malícia em sua voz me assegurou que ele falava sério em cada palavra. Ele rangeu o maxilar para mim antes de desaparecer na noite.

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17 Quando ele se foi, eu encontrei forças para levantar e correr para o lado de Will. Ele respirava pesadamente e estava encostado no meu carro batido. Através de sua camisa rasgada, vi suas feridas se fecharem e desaparecerem. A pele sobre suas costelas estalou e fez crack. Alguma coisa devia estar quebrada. Contusões desapareceram e ele respirou fundo, agora que a pressão dos ossos quebrados estava fora seus pulmões. Quando abri minha boca para falar, ele se inclinou para frente e me virou para examinar a minha cabeça. “Eu estou bem, Will,” eu disse, quando ele pegou no meu cabelo imundo. “Você tem caco de vidro em seu cabelo.” Ele alisou meu cabelo e soltou-o. “Eu só quero ter certeza de que não há qualquer vidro preso na pele.” Eu ri. “Eu acho que eu teria notado vidro saindo de trás da minha cabeça.” Ele me deu um olhar sério. “Não é engraçado. Feridas não podem curar se há algo impedindo a pele de ser fechada.” “Bem, não há nada empalando minha cabeça. Como você está?” “Eu preciso comer.” “Parece mesmo assim.” Limpei uma listra de sangue em sua bochecha. “Quem diabos era aquela garota morcego?” “Uma agente de Bastian,” disse ele. “Eu não quero que você lute com ela. Ainda não. Você ainda não está desperta o suficiente.” O rosto de Ivar brilhou em minha mente, seus olhos cinza frios, como cadáver, sobre os meus. “Por quê? Ela era uma das vir que você me falou, como a da minha memória?” Ele balançou a cabeça. “Sim, ela é um vir,” ele explicou. “Ivar é uma ceifeira com habilidade de mudar de forma. Ela pode aparecer na maior parte humana, se ela desejar.” “Eu não gostei dela,” eu disse. “Eu nunca gostei.” “Eles não estavam nem mesmo no Sombrio,” eu disse. “Por que eles nos atacaram neste plano?” Ele gemeu e ajeitou a camisa. “Eles fazem isso às vezes.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Ele moveu-se para o lado para que eu pudesse dar uma boa olhada no meu carro. O que sobrou do meu Audi era uma bagunça retorcida de metal respingado de sangue e vidro estilhaçado. Um pouco de pêlo do Ragnuk estava preso nas bordas do meu parabrisa. A porta do lado do motorista foi esmagada e estava pendurada hesitantemente sobre as dobradiças. O para-brisa explodiu totalmente para o interior do carro, na calçada e grama em torno dele. Sangue manchava todo o capô e teto. O vermelho era gritante e violentamente aparente na tinta branca. Marshmallow foi transformado em uma grotesca zona de guerra. “Meu pobre carro,” eu gemi. “O que eu vou fazer?” Will suspirou. “Você tem que ligar para seus pais. Diga a eles que foi um veado. Se você quiser que o seu seguro cubra isso, você provavelmente vai ter que preencher um relatório policial.” “Isso é uma merda.” Eu queria chorar. Meu carro novinho em folha estava detonado. Eu amava o meu carro. Com os nervos provocando tremores em minhas mãos, peguei meu celular. Ele tocou apenas duas vezes antes de haver uma resposta. “Ei, Ellie,” minha mãe disse. “O que foi?” “Eu tive um acidente,” eu disse, minha voz tremendo. “O quê? Você se machucou? Onde você está?” “Estou bem,” eu assegurei. “Will está comigo. Nós estamos bem. Eu bati em um monte de veados e meu carro está detonado.” “Quem é Will, querida?” Opa. Eu esqueci que não o mencionara ainda. Eu dei a ele um olhar de desculpas, mas ele pareceu não se alterar. “Um cara que conheço que foi ao cinema com a gente. Eu estava dando uma carona a ele para casa.” Suas palavras eram rápidas, mas cuidadosamente enunciada quando ela tentava manter a calma. “Ok, você está do lado da estrada?” “Eu me assustei e bati numa árvore.” “Oh Deus! Tem certeza de que ninguém está ferido?” “Estamos em uma vala.” “Seus piscas estão ligados?” Não. “Sim.” Liguei-os. “Ok, eu vou chamar a polícia para você e um caminhão de reboque. Certeza que está bem? Seu amigo está ferido? Ele não vai processar, não é?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Ugh, a polícia? “Estamos bem mãe, tudo bem. Ele não vai nos processar. Relaxe.” “Eu estou a caminho.” Eu desliguei o meu telefone. “Isso é simplesmente maravilhoso. Os policiais não vão acreditar que veados fizeram isso!” “Você ficaria surpresa.” Sua expressão me disse que ele poderia ter usado essa desculpa antes. “Veados matam mais pessoas na estrada do que pessoas matam pessoas. Michigan tem um monte de veados.” “Sim,” eu resmunguei. “Viu?” Ele sorriu. “Muito provável.” “Meu pobre carro...” Eu queria chorar, e eu realmente queria matar Ragnuk por destruir o meu carro. Eu estava muito agradecida que o meu primeiro acidente tivesse sido com um ceifeiro e não outra pessoa. Minha mãe chegou em cinco minutos, e a polícia chegou apenas um par de minutos depois. Ela não parava de me abraçar. Os dois policiais que chegaram fizeram pouco mais do que questionar-me e escrever coisas. “No que você bateu?” O oficial com o bigode perguntou, batendo a caneta na prancheta. Ele não parecia feliz por estar lá. “Veado,” respondi. Oficial Bigode me olhou sombriamente, como se eu tivesse cometido um crime. “Deve ter sido um veado enorme. Era grande?” “Oh sim. Enorme. E um monte de pequenos.” “Onde estão os corpos?” O policial mais jovem mais bonito, perguntou. “Corpos?” “Sim.” O policial bonitinho disse com um aceno de sua mão em direção ao meu carro. “Este tipo de dano e nenhum veado morto é um pouco difícil de acreditar. Eu não posso imaginá-lo se levantando e correndo.” “Bem, ele não correu,” eu disse. Minha voz tremeu. Eu estava longe de ser uma mentirosa tão boa quanto Will. “Alguns homens do interior estavam passando com um caminhão e se ofereceram para levar o bicho morto que estava atravessado na minha janela.” “Alguns homens do interior?” O Oficial Bigode estreitou os olhos.

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“Eu não sei por que eles queriam aquilo. Tinha chifres grandes, mas talvez eles pensassem em um churrasco amanhã. Como vou saber? Não quero pensar sobre o que eles queriam com o bicho morto na estrada.” O policial bonito fez uma careta. “Você ou seu namorado se feriram de alguma forma?” “Ele não é meu namorado,” eu disse com firmeza. “Responda a pergunta, Ellie,” Will disse. “Não, nós estamos bem.” Eu olhei para ele. “Tem muito sangue em vocês,” observou o policial bonito, encarando nós dois. “Não é nosso,” eu disse. “O veado se abriu. Vá olhar o meu banco da frente. Foi um massacre.” O Oficial Bigode acenou para seu parceiro. “Há um caminhão de reboque em seu caminho. Ele deverá estar aqui em breve para levar o seu carro para casa. Dirija com segurança a partir de agora, senhorita.”

Nós seguimos o reboque até a concessionária do Audi no Mercedes da minha mãe. Os restos patéticos do meu carro foram deixados no edifício de serviços e eu me despedi dele. Eu tinha certeza de que Marshmallow estava morto. Mamãe me garantiu que a companhia de seguros iria cuidar dos danos, ou pagar por um carro substituto. Foi um ato da natureza, ela disse. Oh, sim. Foi um inferno de um ato da natureza. Mamãe estava muito interessada em Will, e até que entramos no carro, ela mal conseguia manter os olhos longe de suas tatuagens. Ela interrogou-o todo o caminho até a concessionária e de volta para minha casa. “Existe um lugar que eu posso deixá-lo, Will?” Ela perguntou com uma voz preocupada, para não acabar com o instinto maternal que foi posto em alerta máximo desde o meu telefonema inicial de condenação. “Não, está tudo bem,” disse ele. “Eu moro a apenas cinco minutos de caminhada após seu bairro.” “Você tem certeza? Não será nenhum problema.” “Eu vou ficar bem. Você teve emoção suficiente para uma noite.” Minha mãe riu. “Bem, eu posso ter um pouco mais. Onde é sua casa?”

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“Vejo que você está muito determinada nisso.” “Eu estou.” Ele dirigiu a minha mãe a um par de minutos após a nossa rua. A casa era uma das casas mais modestas na área, e eu sabia que não pertencia a ele. O gramado era impecável e ornamentalmente projetado. “Jardins amáveis,” minha mãe disse quando ela parou na calçada. Já passava da meia-noite e a casa estava às escuras. Eu não precisava me preocupar com os verdadeiros donos da casa se perguntando por que um cara estranho estava desembarcando lá. “Obrigado,” Will disse quando ele saiu do banco traseiro. “Foi muito bom conhecê-lo,” disse a mãe. “Você tem que nos visitar com mais frequência.” “Eu irei,” disse ele, sorrindo lindamente. “Obrigado pela carona, Sra. Monroe. Desculpe sobre o seu carro, mais uma vez, Ellie. Espero que ele possa ser consertado.” “Obrigada,” eu disse, e mostrei a minha língua para ele. Ele piscou. Minha mãe não notou. Nós saímos do estacionamento, e quase imediatamente, perdi Will de vista no espelho. Eu precisava ligar para Kate e avisá-la que nós não iríamos. Com toda honestidade, eu não estava mais no clima de festas. A luta com Ragnuk tomou a sua taxa de mim. Eu estava orgulhosa de mim mesma por permanecer corajosa—pelo menos até Ivar aparecer. Ela era um jogo totalmente diferente. “Ele realmente é um universitário de economia?” Minha mãe perguntou, quebrando meus pensamentos. “Uh, sim,” eu disse. Era importante manter a identidade de Will certa. Vi a menor elevação das sobrancelhas. “Eu admiro você por trabalhar com o seu professor e conseguir um tutor para esta disciplina,” disse ela. “Parece que você está em boas mãos. Ele parece muito inteligente.” “Ele é. Ele sabe muito.” “Ele é seu namorado?” Eu quase engasguei com a minha língua. “O quê? Não. Ele é apenas um bom amigo.” “Estou surpresa que você nunca tenha mencionado ele,” observou ela. “Ele é meio velho para você, de qualquer maneira.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Ela não me enganava. “São as tatuagens e você sabe disso,” eu disse. Ela riu. “Seu pai certamente não gostaria disso nele, mas é mais uma questão de idade. Espere até você estar realmente na faculdade antes de começar a namorar rapazes da faculdade. Talvez se você tivesse dezoito anos e já tivesse se formado... Mas para agora, eu acho que ele é um pouco velho demais.” Só um pouco. Bati meus dedos na janela enquanto eu observava o mundo se borrar em sombras. Eu não deveria mesmo ter pensado sobre Will romanticamente, especialmente dada a forma como a nossa relação não-romântica funcionava. “Então, mãe,” eu disse. “Só uma pergunta hipotética, é claro, mas o que você diria se eu gostasse dele?” “Quantos anos ele tem mesmo?” “Perto de vinte...?” Minha voz sumiu, incerta. Ela fez um barulho baixinho. “Não há nada de errado com gostar dele.” “Mas não sair com ele.” “Como eu disse,” ela explicou. “Seria mais fácil para eu aceitar se você não estivesse ainda no colégio. Você precisa se lembrar que tem apenas dezessete anos e ele é tecnicamente um adulto, mas é óbvio que você gosta dele.” Eu mordi meu lábio, contemplando quão honesta eu poderia ser com ela—e comigo mesma. “Eu gosto. É estúpido, eu sei. Ele não é perfeito, mas ele faz um monte de coisas certas.” “Não é estúpido. Para começar, ele é um menino muito bonito e ele parece correto.” Eu ri. Isso era muito verdadeiro. “Então, quando você disse que ele deveria visitarnos com mais frequência...” “Bem, agora...” Ela parou de falar, mas deu uma risada suave. “Eu não tenho certeza se eu realmente poderia sair com ele de qualquer jeito,” eu disse. “Ele é meu tutor. Nós saímos algumas vezes com amigos, mas é isso. Ele é um cara do tipo todo negócios.” “É bom que ele leve a sério os seus deveres.” Que engraçado, ela deve usar essa palavra. “Sim. Ele leva. Muito.” “Mas você não está satisfeita com isso.” E minha mãe era uma leitora da mente. “Não exatamente. É mesmo possível estar com alguém com quem você basicamente trabalha?”

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“É possível,” disse ela, pensativa. “Mas isso torna o trabalho em conjunto difícil, porque então você está focada nele e não no seu trabalho. E se as coisas vão mal entre vocês dois, então é difícil continuar trabalhando juntos. Faz ser quase insuportável estar em torno deles.” Observei-a com cuidado, o seu olhar preso em frente. “Você está falando de papai, não é? Ser casada com ele, eu quero dizer.” “Ele cairia sob essa categoria, eu acho.” “O que aconteceu com ele?” Ela soltou um longo suspiro. “Eu não sei, bebê. Eu realmente não sei.” “E estar com ele todos os dias,” eu comecei devagar, “é difícil.” “É. Ele mudou. Isso acontece. Ele não tem sido o homem com quem me casei há muito tempo.” Ela se virou para olhar para mim por um segundo. “Mas você sabe qual é a parte mais louca? Eu ainda o amo.” “Eu acho que é verdade que o amor deixa a gente cega.” “Não,” minha mãe disse. “Não torna você cega. Você está muito, muito ciente de tudo sobre quem você realmente ama, quer o que você sabe venha do que seus olhos dizem ou do que diz seu coração. Então, não, o amor não te torna cega. Paralisa você até que você não possa respirar ou fugir dele.” E com isso, eu sabia que minha mãe não poderia deixar meu pai, mesmo que ela tentasse. Ele nunca bateu nela, mas ele era verbalmente e emocionalmente abusivo. Talvez o tempo estivesse passando. Talvez a minha mãe soubesse disso. Em todo caso, ela não iria ajudar a si mesma e eu não poderia ajudá-la, também. Mas me fez questionar minha relação com Will. Se ele se tornasse mais do que apenas o meu Guardião, como isso afetaria a nossa capacidade de trabalhar juntos? Se ele me beijasse, iríamos mudar? Mamãe suspirou. “Você não pode imaginar como eu estava horrorizada quando você me disse que havia sofrido um acidente. Eu sabia que poderia acontecer, mas eu senti que meu coração havia parado.” Meu instinto se afundou. “Sinto muito.” “Eu já te disse que eu estive em um acidente grave, uma vez?” Olhei para ela. “Não.” Entramos em nossos trilhos da garagem e estacionamos na garagem.

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“Era tarde da noite, um motorista na outra pista deslizou para a minha. Ele me surpreendeu, eu virei e meu carro bateu em uma árvore. Eu estava grávida quando isso aconteceu e perdi o bebê. Depois disso, os médicos disseram que eu não seria capaz de ter filhos. E então você veio.” Ela passou a mão em meus cabelos e tocou meu rosto com ternura. “É por isso que você é meu pequeno milagre. Eu nunca quero saber o que a vida seria se eu perdesse você.” Observei-a por outro momento mais longo. O silêncio da garagem enrolado em volta de mim, sugando-me como um vácuo. O que a minha mãe confessou me assustou. Eu já sabia que era uma aberração, mas isso me fez sentir ainda mais como uma. Quando eu renascia, quem decidia em que família eu nasceria? Eu temia a ideia de que alguém— ou algo—tivesse controle sobre meu destino. Sobre a minha alma. “Vejo você de manhã,” minha mãe disse. “Estou tão feliz que está tudo bem.” “Obrigada por tudo,” eu disse a ela. “Isso foi realmente assustador.” “Eu simplesmente não posso acreditar no azar que você teve com seu carro,” ela meditou. “Primeiro foi riscado e, em seguida, perda total. Se todos os adolescentes têm este tipo de sorte, então eu não culpo as companhias de seguros por suas taxas.” Apertei os lábios firmemente. Certo, sorte. Não que eu estava sendo caçada por um monstro comedor de bebês assassino, nem nada. Apenas má sorte. Ela sorriu calorosamente e beijou minha testa. “Não foi culpa sua, e acho que você lidou bem com isso. Descanse amanhã, ok?” “Não é possível argumentar com isso.” Eu ri. “Boa noite.” “Boa noite, Ellie Bean.” Fui em direção à escada, mas parei quando ouvi uma voz grunhindo de raiva atrás de mim. “Que diabos você fez?” Uma sensação horrível no meu peito mergulhou fundo na minha barriga quando eu vi meu pai vir em minha direção, seu rosto vermelho beterraba e seus olhos selvagens. Eu cambaleei para trás, tropeçando no degrau inferior da escada, e eu bati na parede quando o medo girou através de mim. “Foi um acidente,” eu implorei, minha mão rastejando ao longo da parede para tentar manter o meu equilíbrio. “Eu não quis—” “Você destruiu o seu carro!” ele rosnou através do ranger de dentes, saliva respingando em meu rosto. Ele ergueu a mão, e eu não sabia o que ele estava prestes a fazer com ela. “Você o tinha há apenas um mês!” “Richard!” Minha mãe gritou quando ela correu para ele e agarrou seu pulso. “Richard, esteja feliz que ela não está ferida.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Ela não está ferida?” Ele rugiu, voltando-se para ela. “E sobre o carro de trinta mil dólares que eu comprei para ela?” Minha mãe empurrou seu ombro, guiando-o firmemente para longe de mim. “Richard, me escute. Foi um cervo. O acidente não pôde ser evitado.” Percebi como ela reiterou que havia sido um acidente, mas não fez nenhuma diferença. “Sua falta de cuidado não pôde ser evitada,” ele gritou a centímetros do seu rosto. Minha mãe fechou os olhos quando ela foi jateada com a respiração e saliva. Senti o calor subir em mim quando a minha raiva cresceu. Olhei para meu pai quando ele gritou aquelas coisas horríveis no rosto da minha mãe. Elas não eram verdadeiras. Eu fizera o meu melhor. Eu estava apenas tentando proteger os outros e a mim mesma, mas eu não era perfeita. Não era minha culpa que as coisas ficassem danificadas quando eu lutava contra os ceifeiros. Não era minha culpa. “Não é minha culpa,” eu disse em voz alta, tentando convencer o meu pai e eu. “É melhor você acreditar que é culpa sua!” Aquele monstro sussurrou, voltando sua atenção de volta para mim. “Eu não sou descuidada,” eu disse, minha voz estranhamente calma, quando a raiva agitou como uma ressaca dentro de mim. “Tudo que você faz é quebrar as coisas e falhar na escola. Você não pode fazer nada além de causar destruição?” “Eu não estou falhando na escola.” Minhas notas não eram surpreendentes, por assim dizer, mas elas eram certamente solucionáveis. Ele não tinha o direito de citar a escola. “Você não tem respeito por nada nem ninguém,” ele rosnou, ignorando a minha réplica. “Você é inútil.” Fúria girou através de mim. “Não tão inútil como você.” Ele certamente não ignorou isso. Ele agarrou-me ao redor da mandíbula em um movimento surpreendentemente rápido e levantou meu rosto para que seus olhos perfurassem os meus. Ele poderia ter feito isso para machucar, mas isso não aconteceu. Não para mim. Não tanto quanto suas palavras fizeram. Lutei com tudo em mim para não quebrar cada um de seus dedos como pequenos ramos. Minha respiração ficou mais longa e mais constante enquanto eu olhava para meu pai e disse, “Eu odeio você.” Seu olhar não piscou nem mesmo por um batimento cardíaco, mas seus dedos seguraram meu queixo apertado. “Eu não me importo.”

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Ele me segurou por mais um momento antes de soltar-me, derrubando-me de volta na parede. Ele se virou e saiu. Minha mãe começou a vir para mim, mas eu subi os degraus e corri para o meu quarto antes que ela pudesse dizer uma coisa, batendo a porta atrás de mim. Acendi a luz e joguei minha bolsa na minha cama, derramando seu conteúdo por todo o chão. Uma vez que eu estava sozinha, minha compostura foi embora e eu comecei a hiperventilar como meu olhar girava ao redor da sala. Eu não poderia focar sobre qualquer coisa. Eu estava tonta, furiosa, e esgotada. Finalmente, meus olhos descansaram na caixa de música na minha cômoda, a caixinha de música que meu pai me deu, eu a amava. Em vez de abri-la e ver a bailarina girar em torno da bonita música, eu agarrei a caixa, abri minha janela, e atirei-a tão forte quanto eu podia para a noite. Eu assisti a caixa de música voar através do ar e quebrar quando ela bateu no chão. Eu nunca mais queria ver a bailarina dançando ou ouvi-la novamente. Virei-me para longe da janela, enterrei meu rosto em minhas mãos e soltei um grito abafado. Uma vez que ele estava fora, comecei a chorar. Corri minhas mãos em meus cabelos, puxando as travas para longe do meu rosto para que eu pudesse respirar melhor, mas não funcionou. Eu chorei e chorei, e meus joelhos começaram a dobrar, mas eu me recusei a cair. “Ellie.” A voz suave atrás de mim, mais familiar do que qualquer som que eu já ouvira antes, enviou uma onda de alívio pelo meu corpo. Quando me virei, Will passou os braços em volta de mim, quentes e apertados. Ele parecia tão familiar quanto sua voz, firme como a fundação de um arranha-céu, o abracei apertado e enterrei meu rosto em seu peito enquanto eu chorei. Ele tocou o meu cabelo e me segurou o mais próximo que pôde e não disse nada. Eu não precisava que ele dissesse qualquer coisa. Eu só precisava que ele estivesse ali e me abraçasse. Ficamos assim até que parei de chorar e afrouxei meu aperto. Ele cheirava tão bem, como lar, mais familiar do que a casa que eu morava, eu não queria deixá-lo se afastar, mas eu sabia que precisava fazer. Eu recuei e o deixei ir, incapaz de olhar para cima, em sua espécie de olhos verde e enfrentá-lo. “Obrigada,” eu sussurrei com a voz rouca, olhando para o chão ao invés de para ele, enxugando as lágrimas que riscaram meu rosto. “Eu estou bem agora.” Fiquei envergonhada com o que ele sabia que havia acontecido e por minha reação a isso. Mas eu também sabia que ele não iria me julgar, mesmo que eu o fizesse. “Qualquer coisa por você.” Essas palavras me fizeram olhar para ele no fim das contas. Sua expressão era firme com preocupação e raiva, mas ele tentava parecer mais calmo do que ele realmente estava. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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A bondade de seu esforço me fez ser terrivelmente grata por tê-lo na minha vida naquele momento. Ele engoliu em seco e seu olhar cintilou. “Se ele tivesse batido em você,” ele disse lentamente, “eu o teria matado.” Eu olhei para ele, olhando-o de cima para baixo, registrando a rigidez dos ombros. “Eu sei.” Nossos olhos se encontraram novamente, e nenhum de nós se moveu ou falou por algum tempo. Eu estava finalmente lúcida depois de tudo, como se sua presença tivesse lavado toda a tristeza e raiva, inundando meu coração. “Eu tenho que ir,” disse Will. Ele desapareceu pela minha janela, deixando-me sozinha, colocando mais uma vez uma distância entre nós, logo que chegamos perto. Olhei para ele, passando pelas cortinas ondulantes na brisa gelada da noite e para fora, para o buraco negro de uma janela.

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18 Eu precisava ligar para Kate. Ela devia estar preocupada sobre onde eu estava. Eu peguei meu telefone, clareei minha garganta, e liguei para ela. “Onde você está?” Ela perguntou assim que ela atendeu. “Eu estou em casa,” eu disse acendendo o abajur ao lado da minha cama apagando a luz. “Meu carro está destruído.” “O quê?” Ela gritou tão alto que eu tive que afastar o telefone do meu ouvido. “Nós batemos em um bando de veados no caminho de casa. Meu carro está seriamente danificado.” “Oh meu Deus,” ela ofegou. “Brutal. Vocês estão bem?” “Sim, nós estamos bem, só realmente cansados e sujos.” Eu não contei a ela o que aconteceu com o meu pai assim que chegamos em casa. Eu não queria reviver isso de novo. “Você ainda quer vir pra cá? Eu posso ir pegá-la. Evan tem um litro.” Eu me senti mal em desanimá-la, mas eu não estava no clima para beber. Um monstro havia tentado me matar algumas horas atrás. Tudo que eu queria era dormir. “Que tal amanhã à noite?” Eu perguntei. “Eu ainda estou muito apavorada. Amanhã à noite nós deveríamos ir todos juntos a sua casa.” “Tudo bem,” ela disse, “é melhor você não me dar um bolo de novo. Eu acho que nós devíamos nos divertir antes da festa, também. Parece que eu nunca mais vejo você.” Eu ri. “Eu não vou te dar um bolo, eu prometo. Eu vou até levar o Will.” Se ele estava ficando perto de mim, então ele deveria mostrar a cara e se divertir um pouco. Era uma boa desculpa para manter ele por perto. Tão logo eu pensei naquilo, eu vi Will escalar pela minha janela. “Ei, eu te ligo amanhã,” eu ofereci, dando o meu melhor para parecer alegre. “Nós vamos festejar então, eu juro. Nós vamos até nos divertir mais cedo, também. Laser tag12 talvez?" “Ok-tchau-te-amo,” ela disse num só fôlego. O laser tag consiste num jogo laser altamente sofisticado que permite aos seus utilizadores digladiarem-se entre si, integrados em equipes, sem necessidade de qualquer tipo de proteção, através da utilização de verdadeiras armas laser. 12

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Eu desliguei, joguei meu telefone na minha cama, e me virei para o Will. “O que você está fazendo aqui de novo?” Eu perguntei. “Eu pensei que você tinha ido embora por esta noite.” “Eu mudei de ideia quanto a deixar você sozinha. Eu queria ter certeza que você estava realmente bem.” “Oh. Obrigada.” Um silêncio estranho caiu sobre nós. Eu odiava que isso viera a nós, quando algumas horas atrás tudo parecia tão certo entre a gente. Eu precisava fugir. “Eu vou tomar banho,” eu disse finalmente. “Você vai ficar aqui?” Eu me senti um pouco esquisita sobre um cara estar andando pelo meu quarto enquanto eu estava no banho. Não existia muita coisa que eu tivesse que esconder. Eu supus que a coisa mais embaraçosa que eu tinha era minha coleção de filmes. Então, outra vez, ele provavelmente não se importaria que eu tivesse todos os filmes do High School Music ao lado da Sailor Moon no topo da minha prateleira. Eu era tão imbecil. Pelo menos Gossip Girl estava lá em cima também, então eu estava meio que redimida. Ele acenou. “Eu não vou mexer em nada, eu prometo. Eu conheço você por quinhentos anos, então eu não acho que nada que você possa fazer pode me chocar.” Ele sufocou uma risada, mas eu dei a ele um olhar interrogativo. Uma fugaz preocupação sobre o que ele poderia saber sobre mim cruzou a minha mente. Eu me apressei no chuveiro o mais rápido que eu pude. Quando eu terminei, eu pisei para fora e me sequei. Meu reflexo no espelho estava um pouco mais agradável considerando que meu rosto não estava mais bastante parecido com o acidente de carro em que eu estive aquela noite. Eu procurei pelo meu robe, mas eu não o vi. Preocupada, me envolvi na toalha. “Oh não,” eu respirei. Meu robe não estava no banheiro. De jeito nenhum eu iria colocar minhas roupas sangrentas de volta. Eu chutei a pilha de roupa suja no meio do chão do banheiro e me encolhi. “Droga, droga, droga...” Eu teria que voltar para o meu quarto na minha toalha para pegar roupas limpas. Isso não era bom. Eu não queria andar por aí praticamente nua na frente de ninguém, muito menos o Will. Eu estremeci assim que eu andei novamente para o meu quarto. Eu empurrei a porta aberta alguns centímetros e sussurrei alto o bastante para somente o Will, e não meus pais, me escutarem. “Will?” “Sim?” “Você pode se virar por um segundo?”

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Ele pausou. “Ok.” Eu entrei na ponta dos pés, segurando a toalha o mais apertado que eu pude. Ele virou e encarava a janela. “Eu preciso das minhas roupas. Desculpe-me.” Eu deslizei para o meu closet e fechei a porta atrás de mim. Eu soltei um suspiro alto e deixei a toalha cair. Eu coloquei um top de renda e calças de flanela do pijama e deixei meu closet. “Eu esperava que não tivesse que conhecer Ivar por um tempo,” Will disse. Ele não trouxe a tona o embaraçoso episódio de alguns minutos atrás, e eu iria ser eternamente grata. “É, eu também,” eu disse, minha voz trêmula. “Eu pude sentir o poder dela, Will. Era tão diferente do de Ragnuk. O poder dele parecia ódio para mim, algo como pura violência. Mas o dela... era sombrio. Me fez sentir medo. Não assustada, mas parecia medo. Isso faz sentido?” Seus lábios se apertaram. “Você disse coisas parecidas com isso antes.” “O que isso significa?” “Significa que você, a Preliator, está começando a despertar,” ele disse, pegando distraidamente um rasgo na sua camisa. “Como sua força e sua memória retornam, suas habilidades também retornarão. Isso vai tomar algum de tempo para você alcançar todo o seu potencial.” Eu suspirei. “E eu aqui pensando que Ragnuk era a coisa mais assustadora lá fora. Ivar ganha dele por um quilômetro.” “Outros vir virão—assassinos de Bastian—que você vai conhecer,” ele disse gravemente. “Eles só vão piorar. Bastian vai guardar o seu melhor para o final.” “Ótimo,” eu gemi. “Então a garota assustadora e Ragnuk são os fracos.” “Eles não são fracos,” ele insistiu. “Eles ganharam o direito de se gabar, acredite em mim. Ivar podia matar Ragnuk com uma única batida. E ela não é a mais fraca dos vir de Bastian. Ela foi enviada como uma mensageira, não para matá-la, o que não faz sentido. Eu sinto como se Bastian estivesse adiando. Talvez matar você não seja seu objetivo final, uma vez que não teria sentido. Você só iria renascer de novo.” Meus lábios se apertaram. Isso não era bom. Como eu poderia possivelmente derrotar qualquer um deles quando Ragnuk quase me matara duas vezes só nessa vida, e na verdade realmente conseguiu uma vez na anterior? O que eu iria fazer quando eu tivesse que enfrentar Ivar e os outros vir, ou até Bastian? E o que era esse jogo que Bastian estava jogando com a minha vida—mandando uma assassina para me matar e então a

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chamando de volta? Ele estava tentando me manter ocupada enquanto ele procurava por este Enshi? Tudo isso estava realmente resultando no Apocalipse? Will pareceu ler a minha mente. Ele pegou meu cabelo meio seco e colocou atrás da minha orelha docemente. “Você pode fazer isso,” ele disse, sua voz macia cheia de esperança. “Você é mais forte do que qualquer um deles.” “Então por que eles continuam limpando o chão comigo?” Eu exigi. Ele soltou o fôlego. “Você precisa ter mais confiança em si mesma. Acreditar que você pode fazê-lo.” “Eu preciso de alguma prova antes,” eu disse com uma pequena risada. “É um pouco difícil de acreditar que eu possa derrotar Ragnuk quando ele continua chutando minha bunda.” Ele franziu. “Esse é o ponto de acreditar em algo. Existe tanta dúvida e sofrimento durante a sua jornada que você tem que se segurar em algo, se não você cai.” Eu revirei meus olhos. “Pare de ser tão sábio. Você me faz parecer ruim. O que você acha que Ivar quis dizer com desenvolvimentos?” “Provavelmente tem algo haver com o Enshi. Nós precisamos duplicar nossos esforços de procura. Talvez Nathaniel tenha achado algo.” Ele franziu. “Eu nem sei por onde começar a procurar por informação.” “Então eu acho que nós teremos que nos concentrar em matar Ragnuk e os vir do Bastian?” Eu perguntei, incapaz de reprimir a dúvida no meu tom. Ele assentiu. “Ragnuk está te caçando. Nós tivemos uma pausa de sorte hoje quando Ivar o chamou de volta, mas eu não sei se nós podemos nos beneficiar disso no final.” “O que você quer dizer?” A ficha caiu. “Oh meu Deus, você não acha que eles acharam o Enshi, acha?” “Nós só podemos rezar para que eles não tenham,” ele disse. “Mas Bastian chamou Ragnuk de volta por uma razão. Eles queriam você morta e agora eles não querem, entretanto não há muito que nós possamos fazer sobre isso agora.” Eu tentei acalmar meus nervos, mas falhei. Inutilidade não era um sentimento que eu queria ter. “Bem, o que nós estamos fazendo sentados aqui? Eles podem ter o Enshi em suas mãos enquanto nós falamos!” “Ellie, o que você vai fazer?” Ele exigiu. “Só valsar em torno deles? Em primeiro lugar nós não sabemos se eles acharam o Enshi hoje. Pode ter sido só uma pista. Em segundo, nós não sabemos nem onde eles estão. Eu não tenho ideia de onde Bastian iria

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uma vez que ele tivesse suas garras no Enshi. Nós somente não temos informação o bastante para realizar isso a tempo.” “Não é disso que se trata? De arriscar?” Ele pousou uma mão no meu ombro firmemente, seus olhos verdes um pouco brilhantes. “Nós já arriscamos antes, e nós sempre perdemos. Eu não estou apostando nada quando se trata da sua vida.” “Mas eu vou voltar...” “Não é fácil, Ellie.” Ele fechou seus olhos por um momento. “Não é um videogame onde o Mário morre e surge novamente em ação dois segundos depois. Você morre. E leva quase duas décadas para você voltar ao jogo. Dessa vez levou quatro. Você tem que começar tudo novamente. Está cada vez mais difícil. Você está num estado mais fraco agora, e Bastian sabe disso. Ele quer acabar com você antes que seus poderes retornem plenamente. Se ele falhar, há uma chance mais alta de nós o pararmos antes que ele tenha o Enshi. Este negócio tem que ser capaz de te destruir se ele está passando por todo esse trabalho para achá-lo.” “Então uma vez que tenham o Enshi, eles simplesmente vão vir com força total para cima de mim?” Ele estava me assustando de novo. “Eu não acho que Bastian está tão sério sobre te matar agora. Ragnuk é bom no que ele faz, mas parece que se Bastian realmente quisesse você morta, ele teria mandado mais assassinos, e ele não os teria chamado de volta do jeito que ele fez. Eu odeio ser brutalmente honesto, mas se ele enviasse alguém como Ivar atrás de você agora, existe uma boa chance de você não fazê-lo com vida. Novamente, eu acho que ele está adiando por algo, como se ele estivesse te mantendo ocupada enquanto ele procura pelo Enshi. Isso me deixa com medo do que ele seja capaz de fazer.” Eu fiz uma careta. “Mas você tem a mim,” ele disse. “Eu vim fazendo tudo que eu pude pelos últimos séculos para mantê-la a salvo. Eu sei que eu falhei com você antes, e eu odeio o que você tem que passar, mas como eu me sinto sobre isso não importa. Emoções não são relevantes. Minha razão de existência é para proteger você.” O que ele disse me entristeceu. Não a parte de Bastian tentar me matar, mas mais quando ele disse que não importava como ele se sentia. Eu não valia a pena toda a existência de alguém—imortal ou condenada. “Isso não é verdade,” eu disse. Ele estudou meu rosto cuidadosamente. “O que não é? Eu tento meu—” “Eu me importo com como você se sente. Não diga que isso não importa.”

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Ele sorriu. “Bem, você não devia se preocupar com isso. Meu propósito é manter você a salvo e lutar ao seu lado.” “Mas por quê?” Eu perguntei impacientemente. “Por que você é meu Guardião? Você escolheu isso? Outros antes de você escolheram isso?” “Sim,” ele confessou. “Eu concordei em me tornar seu Guardião, porque eu acredito no seu objetivo. Eu acredito em você.” Eu o olhei com raiva. “Esta não é uma boa resposta.” Ele sorriu torto. “Você vai entender. Você já sabe de todas essas coisas—elas apenas a iludem por um momento.” Meus punhos se apertaram. Eu não podia mais aguentar isso. “Eu estou cansada de me dizerem que todas as coisas que eu não entendo estão bem ali na minha mente e eu não posso alcançá-las. Eu estou ficando louca, Will.” “Não seja tão impaciente.” “Uma pena!” Ele sugou seu lábio superior, algo que eu tinha bastante certeza que ele fazia quando ficava nervoso. “Sobre amanhã à noite.” “O que tem amanhã à noite?” “Você irá para a casa da Kate?” “Sim,” eu disse numa voz cansada. “Eu prometi a ela. Você devia ir.” Ele pendeu sua cabeça só um pouco para o lado. “Se for isso que você deseja.” “Sim, é isso que eu desejo. Eu quero que você venha. Eu me sinto melhor quando você está perto de mim e eu consigo vê-lo.” Ele deu um passo para frente e sentou graciosamente na ponta da minha cama ao meu lado. “Então eu vou deixar você me ver mais.” “Obrigada.” Eu disse me sentindo muito esquisita por ter um garoto sentado na minha cama. Isso parecia tão íntimo e estranho pra mim. “Eu sei que você vai me proteger.” “Eu irei,” ele disse, seus olhos presos nos meus. Eu acreditava nele. “Tem algo que eu tenho que te dizer,” ele sussurrou. “Sobre o que eu sou. Você já sabe disso, mas você não lembra, e eu não queria te contar. Eu queria que você lembrasse por conta própria, porque é mais fácil para você desse jeito, mas está levando tanto tempo Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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e eu odeio manter as coisas de você. Parece errado continuar fingindo que isso não existe, mas eu tenho medo que você me odeie depois de eu te contar.” “Eu nunca poderia te odiar,” eu disse seriamente. “O que é? Só me conte.” Eu me virei e sentei com as pernas cruzadas em frente a ele. Ele tomou uma longa respiração. “Eu sou imortal porque eu não sou humano, como eu havia te dito. Eu vivo tanto quanto os ceifeiros porque eu sou um, Ellie.” Eu não pude falar por muito tempo. “Você é um deles?” Meus lábios ficaram dormentes como quando eu fiz a pergunta que parecia tão irreal. Choque caiu sobre mim como neve, e eu congelei. O sangue foi drenado do meu rosto assim que o rosto medonho da Ivar cruzou minha mente. Will não podia ser nada parecido com ela. Não era possível. “Eu não entendo.” O seu rosto desabou. “Não, eu não sou um deles. Por favor, não pense em mim como uma pessoa maldosa, eu não sou assim.” Eu não disse nada pelos próximos momentos para deixar isso me penetrar. “Você é um ceifeiro.” Embora dissesse isso em voz alta, a declaração ainda não parecia real para mim. “Por favor, não perca sua confiança em mim por que eu não te contei antes. Você sabia disso no dia em que você me conheceu e você sabe disso agora. Eu sou um ceifeiro angelical, mas eu também sou seu Guardião. Seus guardiões sempre foram ceifeiros angelicais.” “Então você é um dos bonzinhos,” eu disse desesperada para me ancorar antes que eu pirasse. “Nathaniel é como você? Ele é imortal também?” “Sim.” Eu acenei uma vez, devagar, absorvendo tudo isso. “Então é assim que você é capaz de ver os Ceifeiros. É por isso que você é tão forte?” “Sim,” ele disse. “Esse é o porquê de eu ter sobrevivido por tanto tempo. Você é mortal, Ellie. Meu corpo pode aguentar mais danos do que o seu pode. Nós somos quase indestrutíveis e o seu corpo é humano, frágil, mas você tem o poder do fogo angelical, e nós não.” Eu pensei naquilo por um momento. O que ele disse fazia sentido. Meu corpo humano era uma fraqueza. Mas qual era a sua fraqueza? O que poderia matá-lo? “O fogo angelical pode te matar?” “Não. Fogo demoníaco pode me matar ou deixar cicatrizes, mas o feitiço de proteção Enoquiano que você tatuou no meu braço me protege disso e me vincula também.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Você já foi ferido pelo fogo demoníaco antes da tatuagem?” “Não, mas eu conheço outros que já foram,” ele disse, “e um golpe bemdirecionado no meu coração ou uma decapitação pode igualmente me matar. Eu não sou tão diferente de você. Por favor, não diga que você me odeia. Eu queria que você lembrasse por conta própria. Eu não quero que você tenha medo de mim. Você não tem razão para me temer.” “Eu não te odeio e eu não tenho medo de você,” eu disse gentilmente, mas por um momento eu não tive tanta certeza sobre a parte do medo. “Se você é um ceifeiro, então por que você mataria os da sua própria espécie?” “Os ceifeiros demoníacos matam humanos para construir o exército de Lúcifer no Inferno. Eles estão se preparando para a guerra apocalíptica, e nós temos que fazer o que pudermos para evitar isso.” “Mas você serve os anjos, por que os ceifeiros demoníacos não fazem o mesmo? Por que eles não podem ser bons como você?” Ele tomou um fôlego. “Eu nasci um ceifeiro angelical e os demoníacos nasceram do jeito que são. Os demoníacos não entendem o valor de uma vida humana e como resultado eles não a respeitam. Nenhum ceifeiros—demoníaco ou angelical—foi mortal, então nós nunca sentimos como é envelhecer, crescer, enfraquecer, ser forçado a aceitar a morte como algo inevitável ao invés de somente possível. Nós só nos tornamos mais fortes com o tempo. Por causa disso, muitos de nós são para sempre infantis e impulsivos. Com criaturas que são tão poderosas como todos os ceifeiros são, isso resulta na violência e frequentemente crueldade. Eu conheço alguns dos Angelicais que são perigosos por causa disso, mas nós somos ensinados a estimar a vida humana desde do nascimento, porque é frágil e tão importante. Os Demoníacos não se importam. Desde seus nascimentos eles são recompensados pela violência. Para eles o único valor para a vida humana é comida e almas para ceifar.” “Tudo isso se resume a almas humanas?” “Não exatamente,” ele disse. “Os demoníacos estão ceifando almas para o exercito de Lucífer. Se aquele exército ficar grande o bastante, a Segunda Guerra contra o Céu vai ocorrer. O Fim dos Dias que Ragnuk mencionou, do qual eu te disse antes. É isso. O Apocalipse. O exercito de Lúcifer é inúmeras vezes maior do que era originalmente. Se as legiões do Inferno e Céu se enfrentassem de novo, a Terra e a raça humana não iriam sobreviver.” Silêncio caiu sobre nós enquanto eu pesava suas palavras. “Isto é maior do que eu e você, não é?” Ele acenou. “Mas nós estamos bem aqui nas linhas de frente. Você é nossa melhor esperança para prevenir que isso aconteça. Este é o porquê de você estar aqui. Para Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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proteger o mundo humano e o Céu. Nós, os ceifeiros angelicais, estamos aqui para te servir e defender você contra os demoníacos.” Eu estudei o fervor em seu olhar. “Então você nasceu, e não foi transformado no que você é?” Ele assentiu. “Correto. Nós crescemos como humanos normais, mas conforme nós ficamos mais velhos, nós envelhecemos mais e mais lentamente, até que nós paramos de envelhecer completamente. Nós atingimos a maturidade no final da adolescência ou no começo dos vinte e o tempo meio que cessa para nós.” Eu o olhei nervosamente. “Você... come pessoas também?” Ele deu uma risada suave e balançou sua cabeça. “Não. Os angelicais não comem pessoas. Nós comemos comida normal. Eu gosto de cheeseburgers.” “Não pessoasburgers?” Por um momento eu me perguntei sobre a verdade por trás dos Manwiches13. “É claro que não.” Eu soltei um suspiro de alívio. “Então você cresceu como um garoto normal?” Eu perguntei, tentando entender. “De onde você é?” “Eu nasci na Escócia. Minha mãe era inglesa, mas lá era onde ela estava ficando naquela época. O ano era 1392. Não há muito sobre o que falar de como eu cresci.” Eu tentei imaginar Will falando com um sotaque tão quente quanto o do James McAvoy, e isso foi quase o bastante para me distrair da seriedade da nossa conversa. “Como você pode dizer isso? Pessoas que não fizeram nada em dez anos falam por horas sobre si mesmas. Eu não consigo nada mais do que uma frase de você.” “Bem, nós nos conhecemos em Londres no começo do século dezesseis. Eu estava na corte logo depois que o jovem Henrique XVIII tomou o trono, e eu caçava ceifeiros demoníacos que estiveram se passando por nobres.” Eu não podia aguentar o quão severo ele parecia, e tudo que eu queria era que ele sorrisse. “Tudo bem, agora eu quero que você fale tudo isso novamente, só que no seu velho sotaque.” Ele riu e isso parecia muito melhor. “O que? Não, eu não posso. Faz muito tempo. Não é mais natural pra mim.” “Eu tenho certeza que se você tentar...”

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Tipo de sanduíche feito com hambúrgueres enormes.

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“Eu aprendi tantas línguas nos últimos séculos que eles só meio que se misturam depois de um tempo.” “Mas me fale algo sobre sua vida de antes. Eu quero saber mais sobre você.” Ele soltou a respiração. “O que há para dizer? A comida era horrível e nossas roupas eram muito desconfortáveis e quentes no verão. Muitos humanos morriam. Pessoas ficavam doentes. A cada poucas décadas uma praga clamava dezenas de milhares de vidas. Não era uma época muito divertida.” Eu não havia pensado naquilo. “Eca.” “É. Você aprendeu sobre isso na escola, mas eles não têm exatamente fotos coloridas daqueles dias nos seus livros.” O seu olhar era muito sério. “Seja grata.” Eu fiz uma careta. “Certo, pare de me contar coisas depressivas daquela época.” “Você também viveu naquela época. E muito antes. Não é como se você tivesse ficado de fora.” “Eu vou te dizer pelo o que eu sou grata. Minha amnésia convenientemente tem aparado as minhas memórias da Peste Negra. Deus realmente trabalha por meios misteriosos.” Sua risada era macia novamente e seu olhar caiu. Aquela melancolia silenciosa retornou para seus olhos. “Isso Ele faz.” “Mas eu não quero que você me conte sobre coisas gerais do século XIV que eu posso achar em qualquer livro de história.” Eu olhei para baixo para a corrente do crucifixo enfiado dentro da sua camisa. “Conte-me sobre a sua mãe.” Ele hesitou antes de responder, e o fragmento de silêncio me fez sentir culpada por sondá-lo. “O que você quer saber?” Ele disse lentamente, suas palavras forçadas. Eu tinha muita certeza que ele não estava empenhado em divulgar os segredos de sua infância, mas talvez isso o ajudasse a falar sobre sua mãe. “Como ela era?” “Uma vir angélica como eu. Ceifeiras fêmeas podem ter somente uma ou duas crianças a cada século, então nascimentos são ocorrências raras. Se um vir é um angelical ou demoníaco é determinado pela herança de sua mãe.” “Sua mãe ainda está viva?” “Eu acho que não. Eu ainda não a vi desde que eu era muito jovem.” “Sinto muito,” eu disse.

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“Está tudo bem. Eu tive muito tempo para aceitar isso. Eu mal me lembro do seu rosto. Aconteceu quando eu era tão jovem.” Se a morte de sua mãe não o incomodasse muito, então ele não iria usar ainda a cruz que ela deu, e eu nunca o vi sem aquilo. “Como era o nome dela?” “Madeleine.” Eu repeti o seu nome na minha cabeça. Eu tentei colocar um rosto no nome dela, e eu imaginei que ela tivesse os abundantes cabelos chocolate de Will e olhos esmeralda. Ela deveria ser tão bonita quanto ele era. “Por que você acha que ela está morta?” “Eu saí de casa quando eu me tornei um idiota e decidi caçar os demoníacos. Eu fui para casa uma década ou mais depois que eu saí, e ela tinha sumido. Nathaniel me acolheu. Ele sempre foi como um irmão mais velho para mim. De qualquer maneira, não houve nem um traço dela desde então. É provável que ela tenha sido morta por outro ceifeiro.” Aquilo me atingiu profundamente. Eu me imaginei voltando para casa um dia para achar minha mãe desaparecida para sempre, e eu não pude aguentar. Meus olhos ficaram quentes e cerrados. “Eu sinto tanto.” “Está bem, sério. Eu tive muito tempo para esquecer isso. Um monte de pessoas que eu amei morreu ao longo dos séculos. Este é somente o mundo em que vivemos. É obscuro, enérgico e perigoso.” “Você conheceu o seu pai?” Ele balançou sua cabeça. “Não. Eu não sei nada sobre ele. Minha mãe nunca falou sobre ele. Eu acho que ela o amava, mas não estava muito orgulhosa disso, ou algo assim. Eu não acho que o relacionamento deles durou muito tempo.” Eu me inclinei para trás em minhas mãos e encarei o vácuo. Emoções remexiam dentro de mim—a maior parte incerteza e um pouco de medo—quando eu tentei focar nos meus pensamentos. Will era um ceifeiro bom que lutava ao meu lado contra os ceifeiros maus. Se a única coisa que fazia ele bom era a sua herança, então o que era o bastante para fazê-lo ficar mau? Qual era a real diferença entre Will e os ceifeiros que eu caçava? Havia uma pequena chance dos ceifeiros demoníacos mudarem? Existia uma chance que eles pudessem viver ao lado dos humanos pacificamente? Os Ursids do tamanho de um carro e os Lupinos provavelmente não seriam facilmente aceitos na sociedade—eu duvidava que qualquer um pudesse querer adotar um num abrigo—mas era possível para eles coexistirem sem matar pessoas e arrastar suas almas para o Inferno? Ele pôs uma mão em concha na minha bochecha, o toque me surpreendendo. “Por favor, entenda que não importa o que eu sou ou o que aconteceu no passado, eu sou seu. Eu sou devotado a você sobre tudo, incluindo minha própria vida.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Eu exalei depois de segurar minha respiração pelo que pareceu ser para sempre. “Isto é bem pesado, Will.” Sua expressão estava exaltada, e as costas de seus dedos escovaram o lado do meu pescoço. “É uma carga que eu estou feliz em carregar.” Ele segurou a sua mão ali por outro momento antes dele a puxar e olhar para longe. Eu senti a urgência de alcançá-lo, mas a reprimi. Seu rosto estava tão vulnerável, e eu percebi o quanto eu me importava com ele. Eu só lembrava conhecê-lo recentemente, mas eu também sabia que ele foi meu amigo por séculos. Isso era algo que eu não podia lembrar, mas eu o sentia nos meus ossos. Meus olhos poderiam não estar familiarizados com seu rosto, mas a minha alma o conhecia melhor do que conhecia qualquer outro no mundo. Quando nossos olhares se encontraram novamente, notei a mais leve cintilação naquele verde aterrador antes que a cor entorpecesse novamente. O lampejo foi tão rápido, que eu tive que piscar, mas aquilo não retornou. “Eu vou embora agora,” ele disse, e levantou, afastando-se de mim. Eu queria pular e puxá-lo de volta pra mim, mas eu não fiz. “Te vejo amanhã?” “Claro,” ele ofereceu, sorrindo. “Eu a deixarei aproveitar o seu dia com a Kate até a hora da festa. Você me verá lá então.” “Tudo bem,” eu disse. “Boa noite. Obrigada por salvar a minha vida hoje.” “Você salvou a minha, também. Você é brilhante.” “Obrigada.” Meu peito ficou quente. “Você está voltando para mim.” Ele sorriu largamente—aquele excruciante sorriso bonito—e então ele tinha ido.

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19 Enquanto as semanas entravam em outubro, nós ouvimos muito pouco sobre o lado negro. Os capangas de Bastian estavam quietos, mas tudo o que fez foi me deixar preocupada com o que eles pudessem estar tramando. Meu carro foi além do reparo, mas eu estava realmente feliz de ganhar um substituto quase idêntico ao que eu havia perdido. Eu decidi nomeá-lo Marshmallow II em homenagem à vítima do Ragnuk. Quanto mais frio o tempo ficava, mais eu me encontrava mentindo e escondendo as coisas das pessoas que eu amava. Eu entrei e saí da minha casa pela porta dos fundos com facilidade, mas era difícil ver o rosto da minha mãe toda noite e levá-la a acreditar que eu só estava indo dormir. Eu sentia como se eu estivesse perdendo muitas coisas com meus amigos, desde que eu estava sabotando nossos planos do fim de semana mais do que nunca. Eu estava preocupada em perdê-los. Eu queria poder ser honesta com todo mundo e continuar com a minha vida como antigamente, mas não era como se o mundo fosse me esperar aprender como ser um super-herói. Eu não tinha muita certeza de quanto tempo eu ainda aguentaria isso tudo, especialmente depois de mentir na cara dos meus pais e amigos todo dia. Duas semanas antes do Halloween, Kate, Rachel, e eu fomos a uma loja de fantasias e experimentamos várias roupas. Os meninos, claro, planejavam usar fantasias hediondas ou vulgares. Will, suspeitei, iria como ele mesmo. Ele podia ser assustador o suficiente. Com uma espada sangrenta e um pouco de brilho em seus já elétricos olhos verdes, ele teria até o lutador mais forte do UFC tremendo em seus calções. Todos nós fomos à festa de Halloween anual de Josie Newport. Era verdade que nós não éramos boas amigas ou nada disso, mas desde que nós todos fizemos a sétima série juntos, estava subentendido que meu grupo sempre ia à sua festa de Halloween—e eu estava tão excitada. “Experimenta esse aqui,” Kate ordenou quando jogou uma fantasia de enfermeira no meu rosto. Fiz uma careta para a fantasia. “Isso pode exceder o meu limite de estranheza.” “Você vai parecer gostosa nele com seu maravilhoso cabelo,” ela disse. “Agora experimente.” A contragosto eu peguei da mão dela e entrei na fila do vestiário. Rachel ainda estava lá dentro experimentando uma fantasia de bruxa. Kate escolheu uma fantasia de diabinha muito reveladora que era praticamente um minivestido vermelho e botas de prostituta. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Você é tão mandona,” disse para Kate. Ela riu e ajustou o arco de chifres com glitter em sua cabeça. “Você gosta. Sempre que você quiser vou colocar para fora meu chicote e algemas de veludo. Só para você, amor.” Rolei meus olhos. “Oh baby, oh baby.” Finalmente Rachel saiu. O rosa e azul em sua fantasia ficavam realmente bonito com seu cabelo castanho, mesmo que o chapéu fosse tão grande nela e ficasse um pouco baixo. Ela sorriu docemente e deu uma volta para mostrar a fantasia. A saia era um pouco longa e ela teve que puxar a anágua branca debaixo para cima de sua cintura para que não pudesse ser vista. “O que você acha?” Ela perguntou timidamente. “Você está tão linda,” eu disse. Kate chegou para frente e pegou o cabelo de Rachel de cima de seus ombros e o torceu num coque, então puxou as mangas fofas para baixo para que mais pele aparecesse. Kate deu um passo para trás para admirar sua obra. “Melhoria enorme. Pegue essa fantasia e use seu cabelo para cima. Evan vai amar.” “Você acha?” Rachel olhou para baixo e amaciou sua saia. “Com certeza,” eu disse. “Ele não vai ser capaz de afastar as mãos de você.” Kate me empurrou em direção ao vestiário. “Agora é sua vez. Se você é uma enfermeira sexy, então Will não será capaz de manter as mãos longe de você.” “Não é por isso que eu estou indo!” Eu fechei a cortina atrás de mim. “Mentirosa!” Kate disse do outro lado do vestiário. Espremi-me dentro do vestido colado e desejei que eu estivesse vestindo algo macio como a fantasia de Rachel, para que eu não me sentisse tão exposta. Meus peitos estavam meio que pulando para fora, mas a forma que a bainha ficava nos meus quadris e pernas faziam parecer que tinha quadris e pernas. Eu puxei a cortina quando fiquei pronta, e Kate deu um longo assobio. “Sua cadela gostosa,” ela disse. “Troque de fantasia comigo.” Se minha fantasia de enfermeira sexy fazia meus seios parecerem grandes, a fantasia de diabinha de Kate a faria parecer uma estrela pornô. De jeito nenhum eu poderia fazer aquilo. “Não, obrigada. Você fica com a sua.” “Você saiba que eu estou certa, porém,” ela disse maliciosamente. “Ele não será capaz de tirar as mãos ou os olhos de você à noite toda.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Tentei impedir o sorriso de crescer, mas falhei. Talvez aquilo fosse exatamente o que eu queria. Eu fui para frente do espelho e me olhei de ângulos diferentes. Eu parecia bonita, apesar de tudo. Se eu tivesse sorte, alguém mais notaria.

Naquele sábado Will e eu estávamos treinando no nosso armazém abandonado, como costumávamos fazer nos fins de semana. Quando uma viga caiu e esmagou minha mão, fomos forçados a ir aos bastidores enquanto meus ossos curavam. Eu senti minha pela crescer de volta e meus ossos remodelarem, mas essa não era a parte estranha. Minha mão quebrada nunca ficou realmente machucada. Claro, foi uma dor lancinante por alguns segundos, mas a dor passou rapidamente, e então lá estava eu, encarando meus ossos tremendo e voltando para o lugar. Já nem me nauseava tanto. Eu não sabia o que era mais estranho—meus ossos quebrados curando em minutos ou eu não estar com nojo disso. Realmente uma escolha difícil. “Você já deveria ter se acostumado com isso,” Will disse. Eu olhei para cima para vê-lo olhando para mim, seus próprios arranhões desaparecendo de sua pele. “Eu só nunca presenciei meu corpo se curando desse jeito antes,” eu disse. “É estranho que isso não doa. Na quarta série, Kate caiu das barras de se pendurar e quebrou o braço. Ela chorou tanto. Eu quebrei meus ossos e só senti um pouco de formigamento por uns momentos. E agora eu percebo... Eu nunca realmente me machuquei quando era pequena.” “Tenho certeza que você se machucou,” ele observou. “Você só não prestou muita atenção em seus machucados porque eles curavam quase instantaneamente.” Bufei, um sorriso nostálgico se formando em meu rosto. “Minha mãe sempre pensou que eu só fosse sortuda.” “Nenhuma criança é tão sortuda.” Ele agachou e estendeu sua mão para tocar a minha. Ele a levantou e examinou-a. “Boa como nova.” “Machuca você?” Perguntei, observando-o. “O que machuca?” “Quando alguma coisa quebra,” eu disse, e puxei minha mão de volta. “Toda vez.” Seus olhos verdes seguraram os meus por um momento longo, irresistível, antes dele se levantar. “Você acha que o Enshi pode ser um dos Caídos?” perguntei, levantando também. “Espero que não.” “Você já viu algum deles?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Não,” ele respondeu. “E eu nunca, nunca quero ver. Eles são a encarnação de tudo de ruim no mundo,” ele explicou. “A manifestação do ódio, doença, ganância... Tudo de mau que você puder imaginar.” “Se eles são tão fortes, então por que eles não vêm e fazem seus próprios trabalhos sujos? Por que eles precisam de ceifeiros demoníacos?” “Os anjos e os Caídos não podem entrar inteiramente no plano mortal em suas formas corpóreas. Eles podem vagar e influenciar eventos, mas não podem interferir fisicamente. É preciso muita energia e força para sua espécie sobreviver muito tempo aqui. Uma relíquia mágica poderosa pode ajudar, mas elas são quase impossíveis de serem encontradas.” “O que é uma relíquia?” perguntei. “Relíquias são objetos poderosos com uma conexão tanto com o divino quanto com os condenados,” ele explicou. “Eles normalmente são amaldiçoados ou abençoados com magia angelical, uma magia Enoquiana. Eles têm uma variedade de utilidades durante o feitiço, e alguns têm a capacidade de dar forma física a um anjo ou um Caído no reino mortal. O máximo que eles podem fazer por conta própria é mostrar-se brevemente, talvez entregar uma mensagem, antes de escorregarem de volta para seus próprios reinos. Se você encontrar um Caído em sua forma física, então que Deus ajude a todos nós. Eu não sei o que aconteceria.” “Então farei uma anotação mental para evitá-los,” eu disse com uma risada nervosa. “Você vai comigo na festa de Josie, certo?” Ele suspirou. Em voz alta. “Você não está indo mesmo, está?” “Eu não perderia, mesmo que eu fosse cercada por ceifeiros e morta. Eu reencarnaria e ainda iria. Essa será a última, já que eu me formo na primavera—se eu sobreviver para me ver me formar.” “Não brinque sobre isso.” Franzi o cenho. “Bom, eu vou e quero que você venha comigo.” “Você deveria estar se concentrando em treinar e em encontrar o Enshi, não em festas.” “Você mesmo disse que eu deveria relaxar de vez em quando. Essa é uma oportunidade perfeita.” “É uma oportunidade perfeita para uma emboscada, e mesmo se nada acontecer na festa, sua tagarelice sobre a preparação está distraindo você.” “Eu não tagarelo,” eu disse carrancuda. “E o que diabos isso significa?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Há coisas muito mais importantes para se preocupar do que encontrar o traje de Halloween perfeito.” “Eu já o encontrei, para sua informação.” “Ellie, sério. Você não pode se distrair desse jeito. Você precisa da cabeça limpa. É meu trabalho—” “Blá, blá, blá, Ellie isso, Ellie aquilo.” Eu cheguei para frente e divertidamente baguncei seu cabelo com a minha mão. “Sim, sensei, eu te escutei.” Ele enxotou minha mão e abafou uma risada. “Vê? Distrações.” “Eu acho que você precisa se distrair mais do que qualquer outra pessoa,” eu disse. “Se você fosse humano, você seria um daqueles caras que aleatoriamente trazem uma Uzi para o trabalho e atira em todo mundo. Você se leva a sério demais. Distraia-se.” “Isso é um exagero.” “Admitir que você tem um problema é o primeiro passo.” “Eu não tenho um problema.” “Agora você está nas etapas negativas. Não é um bom começo, Will.” Ele suspirou. “Você me deixa louco às vezes.” “Ohh, eu acho que isso aconteceu muito antes de eu aparecer.” “Não, não. Eu tenho quase certeza que foi você quem me levou ao limite.” “Você é tão doce, que vai me deixar com cáries, sério.” “Então depois, eu estaria fazendo um favor a você colocando seus dentes para fora.” “Ha!” Eu ri. “Você socar meus dentes nunca vai acontecer.” “Não seja tão pretensiosa. Você parece ter outras prioridades antes do seu treinamento. Você pode ser preguiçosa.” Eu queria socar os dentes dele por dizer aquilo. “Eu ainda posso te dar uma surra.” Ele deu um sorriso sombrio, delicioso. “Então vamos fazer uma aposta. Nós lutamos de novo antes de terminarmos por hoje. Se você me acertar e pontuar primeiro, então eu irei à festa com você. Se eu pontuar primeiro, então você vai passar o Halloween treinando.” “Isso é um pouco brutal, me fazer treinar no Halloween,” resmunguei. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Também é brutal me fazer ir à festa.” Eu o encarei, observando qualquer sinal de que ele fosse atacar primeiro. Ele era realmente gostoso. Droga! Eu não podia me distrair. Eu realmente queria ir à festa de Josie. Seu sorriso cintilou e eu balancei. Ele jogou os braços para cima e golpeou meu pulso para que o seu pudesse passar, direto no meu rosto. Eu me inclinei para trás, e seu punho atravessou meu cabelo. Mergulhei minha cabeça e saí do caminho de seu próximo golpe. Eu agarrei seu braço estendido e dei uma joelhada na boca de seu estômago, mas sua mão livre empurrou meu joelho para baixo. Com suas duas mãos ocupadas, eu bati minha testa na testa dele e ele cambaleou para trás com um grunhido. “Isso conta!” Gritei vitoriosa. “Melhor de três,” ele resmungou, e esfregou a cabeça. Eu soltei. “Você está falando sério?” “Nós temos que ser justos sobre isso, não temos?” “Eu cheiro um mau perdedor.” “Você acha que não pode ganhar uma segunda vez?” “Mau perdedor!” eu repeti com uma dedada em seu peito. Ele sorriu. “Desde que eu escolhi os termos da primeira rodada, você pode decidir os termos dessa.” Eu o encarei. “Tudo bem. Se nós acharmos o Enshi antes da festa de Halloween, então você terá que vir comigo. E você vai ter que usar uma fantasia.” “Tem certeza que quer apostar?” Levantei uma sobrancelha para ele. “Não duvide de mim, cara.” “Se você diz.” Dei um aceno rápido. “É isso mesmo. Temos um acordo?” “Acho que sim. Fechado.” Meu telefone tocou. Eu mexi na minha bolsa, que eu havia jogado contra a parede do armazém mais cedo. Eu estava surpresa de ver que a ligação era de Nathaniel. “Ei,” eu disse. “Ellie,” ele respondeu. “Tenho ótimas notícias. Venha para a biblioteca o mais rápido que puder.”

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Olhei para Will, que me observava cuidadosamente. Eu sabia que ele podia ouvir a nossa conversa sem esforço. “Que tal agora? Nós só estamos treinando.” “Perfeito. Até daqui a pouco.” Desliguei. “Isso soa promissor.” Eu dirigi até a biblioteca. Eram quase cinco e meia, e a biblioteca estaria fechando em breve. Quando chegamos lá, estava quase vazia e a recepcionista gentilmente nos lembrou que eles estariam fechando as seis. Nathaniel apareceu através das portas do porão e acenou para entrarmos. “Eu tenho uma possível localização do Enshi,” ele disse excitado enquanto nos guiava para baixo. Eu me animei e coloquei uma mão no ombro de Will. “Que conveniente! Melhor de dois em três. Acho que nós vamos.” Ele gemeu. “Você não vai quebrar uma promessa feita a mim, vai?” Perguntei, com um sorriso afetado par ele. Nathaniel olhou de mim para Will. “Perdi alguma coisa?” “Nadinha,” Will disse. “Como você conseguiu essa informação?” “Um amigo meu em antiguidades, com quem já trabalhei em diversas ocasiões, me informou que um de seus clientes, um colecionador local muito rico, estava se gabando sobre ter adquirido algo com o sinal de Azarel.” Nathaniel nos guiou até seu escritório. “Isso não pode ser qualquer coisa?” Perguntei, cética de que esse objeto misterioso poderia nos ajudar. Nathaniel balançou a cabeça. “Esse cara aparentemente parecia muito animado e não queria compartilhar muita informação sobre a nova aquisição. Ele disse que é antigo, e se tem o selo de Azrael sobre ele, então eu acho que vale a pena dar uma olhada.” “Você conseguiu um endereço?” “Consegui,” Nathaniel disse, jogando um sorriso malicioso. “Claro, seria ilegal para o meu amigo me dizer o endereço, então eu peguei de sua cabeça.” “Você fez o quê?” Perguntei, confusa. “Essa é a habilidade dele,” Will explicou. “Como um ceifeiro angelical.” “Ela não se lembra?” Nathaniel perguntou. “Você tem que dizer a ela.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Oh,” Nathaniel disse. “Bem, eu posso ouvir os pensamentos dos outros. Eu realmente não gosto de lutar se puder evitar, mas eu realmente posso mexer com a sua cabeça se eu quiser. É mais uma técnica de defesa do que qualquer outra coisa. Eu posso até fazer você ver o que eu quiser, desde o Paraíso até Hades, ou adormecer com uma única palavra.” “Soa muito útil,” eu disse. “E assustador.” “Sim,” ele concordou. “Mas não funciona tão bem em ceifeiros poderosos. De qualquer forma, eu também tenho um plano para você dar uma olhada nesse objeto. Espero que não se importe em sujar as mãos.” Meus olhos se arregalaram. “Eu tenho que matar esse cara?” “Não!” Nathaniel disse rapidamente. “Não, não, claro que não, desde que ele seja humano. Apenas passar sorrateiramente por uma janela, nada demais.” “Nós vamos invadir uma casa?” “Você faz isso soar terrível.” “Bem, porque é. E também é ilegal.” Eu não podia acreditar no que ele estava propondo. “Só reze para que não fique mais complicado que isso.” “Como?”

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20 “Eu não posso acreditar que estou fazendo isso,” eu resmunguei algumas horas mais tarde, quando Will nos levou pelo campo através da escuridão. Nós tínhamos alugado um caminhão, e eu ainda tentava entender por que Wil e Nathaniel pensaram que nós iríamos precisar de algo tão grande. Eu pensei que nós poderíamos apenas jogar o que quer que nós encontrássemos no porta-malas do meu carro. “É um plano muito eficaz,” Will ofereceu. “O que vamos fazer se ele é o Enshi?” Eu perguntei. “Lidar com ele.” “Então, agora estamos roubando esse cara?” “Não era dele de qualquer maneira.” “Ele comprou.” “Fomos informados de que ele adquiriu. Isso não significa necessariamente que ele comprou. Ele poderia ter matado alguém para conseguir isto, e provavelmente ele fez. Você não sabe.” Eu olhei para ele. “É assim que você planeja que a gente adquira esta coisa?” “Eu pretendo evitar ir a esse extremo.” Eu atirei um olhar zangado a ele. “Eu não estou matando ninguém. Ceifeiros, sim, claro, mas só porque eles vão me matar se eu não matá-los primeiro.” "Bem, e se esse cara puxa uma arma para você? Você vai deixar que ele atire em você?" "Eu vou... Fugir." “Claro que você vai.” Ele era irritante às vezes. “Como você alugou esta van mesmo? Eu pensei que você não tinha um emprego.” “Eu não tenho,” explicou ele, presunçosamente imitando a minha voz em um gemido agudo que, de fato, não parecia nada comigo. “Nathaniel paga praticamente tudo que precisamos. Eu preciso comer e minhas roupas ficam rasgadas com frequência. Eu preciso substituí-las. O trabalho dele na biblioteca é mais do que um passatempo.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Eu xinguei, meio esperando que ele me dissesse que ele era um ladrão profissional. Quando chegamos perto, nós tiramos as direções que Nathaniel havia imprimido antes para nós na biblioteca. Encontramos a casa gigantesca saindo de uma estrada principal que era quase deserta nas primeiras horas da manhã. Will me instruiu para puxar o caminhão mais de cem metros ou mais abaixo da estrada e nós pulamos para fora. “Se essa coisa que estamos procurando é grande o suficiente para que nós precisássemos deste enorme caminhão, por que diabos estamos estacionando tão longe?” Eu perguntei. “Isso não destrói um pouco o propósito? Nós vamos ter que levar essa coisa enorme todo o caminho da casa até aqui.” “Eu posso pegar o artefato e levá-lo para fora da casa, mas não vai ser rápido. O caminhão é para podermos fazer uma fuga rápida. Se há uma coisa que eu aprendi nos últimos séculos, é que é melhor prevenir do que remediar.” Cruzei os braços e ri. “Por que você sempre faz muito sentido?” Ele deu de ombros. “Eu tive muitas chances de não fazer qualquer sentido. E já não era sem tempo que eu tenha percebido as coisas certas. Você está pronta?” “Sim.” Ou não. “Você não está animada? Estamos prestes a realizar um assalto. Isso é legal, não é?” “Nos filmes, Will. Na vida real, não é uma grande ideia. Eu não quero levar um tiro.” “Você não vai levar um tiro, eu prometo,” ele disse. “Precisamos garantir primeiro o perímetro. Vamos percorrer o Sombrio para que possamos ver qualquer ceifeiro escondido lá.” Nós andamos ao redor da casa com cuidado, procurando todas as janelas possíveis para entrar ou qualquer empregado dentro que ainda poderia estar trabalhando. A mansão media a largura de pelo menos dois dos lotes como o da minha casa. Quando chegamos ao quintal, eu estava absolutamente espantada. Canteiros de flores e plantas podadas desenhavam o gramado e estátuas altas, majestosas estavam em áreas estrategicamente projetadas. As figuras de pedra lustraram em prata em baixo do luar. Havia réplicas—ou pelo menos eu pensei que eles eram réplicas—de antigas esculturas romanas, figuras de pedra medieval de cavaleiros com lanças competindo, esferas iridescentes, e fontes deslumbrantes. Pisquei várias vezes, certa de que estava imaginando coisas. Will passou por eles sem olhar e se estabeleceram nas portas do porão para os empregados. Ele puxou um kit contendo diversas ferramentas de pequeno porte do interior do casaco. Eu quase ri. “Você tirou isso do seu cinto de utilidades, Batman?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Ele colocou um dedo nos lábios, apresentou um dispositivo fino que parecia que vinha de filme de James Bond, e inseriu-o no buraco da fechadura. Um minuto depois, a porta clicou e ele a abriu ligeiramente. Então, congelou, imóvel como uma estátua. Ele nem sequer piscava. Ele estava escutando. Ele escorregou para dentro, e eu o segui para um porão escuro, só que isso não me lembrava de nenhum porão que eu já havia visto. O andar mais baixo da mansão era enorme. Era como uma casa inteira lá embaixo. Havia uma boa cozinha, uma sala de estar, sala de jantar, e vários corredores que davam para outras salas. Ouvimos vozes no andar de cima e o tilintar de copos. Uma vez que meus olhos se ajustaram à luz fraca, vi que obras como as de fora também foram encontradas dentro de casa. Olhei pinturas inestimáveis que decoravam as paredes, e as estátuas de mármore em pé ao redor da sala larga. E ali, um pouco além ao redor de um sofá coberto de veludo, estava uma caixa grande e escura colocada sobre uma placa coberta de veludo vermelho. Will foi direto para ela. Quando cheguei perto, fiquei surpresa com o quão grande era a caixa. Era cerca de sete metros de comprimento e três metros de largura e alta, excluindo os poucos centímetros da placa erguida do chão. Até mesmo na luz fraca eu pude ver quão elaborada era caixa. Ela parecia ser feita de arenito, com detalhes em ouro e joias embutidas na superfície. Eu reconheci o selo de Azrael na tampa, cercado por marcas estranhas, arranhões, e mais joias embutidas. Will examinou cuidadosamente as marcações. “O que é isso?” Eu perguntei, minha voz tão tranquila quanto eu poderia mostrar. “Um sarcófago.” Meus olhos se arregalaram. Poderia ser assim tão fácil? O Enshi estava ali dentro? “Quem é você?” gritou uma voz desconhecida. Uma luz se acendeu, me cegando por um segundo. Eu gritei e girei. Will pulou na minha frente sem medo. Fomos apanhados. Eu estava indo para a cadeia. Minha mãe ia me matar. Eu estava— “Por que você está na minha casa?” Um homem em um terno casual, muito bonito, estava no fundo das escadas. Ele era claramente o dono da mansão e sua voz tão agressiva me pegou de surpresa. Eu esperava que ele fosse correndo para um telefone para chamar a polícia. “Estamos levando isso agora,” Will disse com uma voz mortalmente fria. Foi então que eu senti a energia familiar, assustadora, pinicando os cabelos do meu braço. E me lembrei de que ainda estava dentro do mundo do Sombrio. O homem poderia ser um vidente? Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Eu acho que não,” disse o homem. “Paguei muito dinheiro por isso. Não há nenhuma chance de você o levar.” Will chamou a espada para sua mão e direcionou a ponta para o rosto do homem. “Will, não!” Eu gritei. “Fique de fora, vir,” disse ele. “Você nunca irá me derrotar. Você não tem nada do meu poder.” Eu pisquei e olhei de Will para o homem. O dono era um ceifeiro? Ele parecia tão... humano. Mas, de novo, Will também. “Você certamente não sairá da minha casa com isso.” O ceifeiro advertiu. “Se você não sair imediatamente, eu matarei você e sua namoradinha. É claro, eu posso ficar com ela para mim e comê-la mais tarde.” Will estreitou seu olhar. “Experimente.” O ceifeiro arreganhou os dentes e rosnou como um leopardo. Ele atacou; eu desejei que minhas espadas aparecessem em minhas mãos e fogo angelical acendesse. Will balançou a sua própria lâmina rápido como um raio. O ceifeiro agarrou seu pulso, mas Will dirigiu seu joelho profundamente no intestino do ceifeiro. O Vir se inclinou, sufocando, e eu estava atrás dele num piscar de olhos, tendo ambas as espadas cruzando meus braços por meu tórax para obter força máxima e cortando com as lâminas pelo pescoço do ceifeiro, o decapitando. Ele se incendiou de repente e se foi. O fogo angelical desapareceu das minhas lâminas, e o quarto ficou escuro novamente. “Isso foi fácil demais,” eu disse, enxugando um ponto quente de sangue na minha testa, me sentindo enojada. Eu senti outro poder próximo, só que muito, muito mais forte que o ceifeiro com o qual eu lutara há pouco. Olhei para cima para ver um homem—não, um novo vir—em pé, na porta que de onde nós havíamos entrado momentos antes. Seu rosto estava na sombra enquanto sua silhueta estava à luz do luar. “Sim, isso foi muito fácil,” disse o ceifeiro. “Você não achou que teria essa sorte, achou?” Will fechou o seu olhar no ceifeiro com um ódio que eu nunca vi antes em seu rosto. Seu poder foi crescendo de forma constante, eu conseguia ver isso disparando a sua raiva como uma maldita hélice dupla de Fogo Infernal negra, seus olhos verdes brilhando e se intensificando. “Geir,” ele rosnou. Eu segurei minha espada com força, o sangue do ceifeiro morto escorrendo das lâminas, enfrentei o Geir. Ele avançou para o quarto, e eu podia ver agora o rosto sob um tufo selvagem de cabelo castanho avermelhado. Seu sorriso era largo e insano, Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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completamente louco como o Chapeleiro Maluco, a boca brilhava cheia de dentes pontiagudos de tubarão, e seus olhos eram amarelos sob as pálpebras pesadas e uma sobrancelha grossa. “Que tolo,” disse ele. “Jonathon estava correto. Ele tinha algo muito especial nessa caixa, mas não fazia ideia de como era especial. Bastian irá me recompensar muito. Obrigado por dispor do meu amigo aqui, assim não vou ter que perder meu tempo com ele.” Ele ficou me olhando com uma fome em seus olhos. “E então eu me encontro cara a cara com a Preliator.” Meu título rolando pela língua dele como xarope doce e grudento. “Pensei que você seria mais alta.” Apertei os olhos. “Eu penso isso sobre eu mesma todos os dias.” “Ainda assim, você é mais bonita do que me disseram, mas Ivar não gosta de outras garotas.” “Nem pense nisso, Geir,” Will alertou. “Sua cabeça estará rolando por todo este tapete antes de colocar uma garra sobre ela.” O sorriso de Geir se curvou em um rosnado meio sinistro. “Isso é um desafio?” Will ergueu a espada e apontou para o vir demoníaco. “Aceite como quiser.” Com uma risada, Geir estendeu seus dois braços. Suas mãos esticadas quando o osso estalou e sua pele ficou com bolhas, seu bíceps e antebraços incharam de forma nojenta até que eles tinham duas vezes seu tamanho original. Suas mãos alongaram e as suas unhas cresceram em longas garras, deixando a pele em seus braços rasgada, vermelha e crua, como se não houvesse espaço suficiente no interior para os braços do monstro crescer e eles acabaram rompendo a superfície. Asas brotaram das omoplatas de seu ombro, enquanto se espalhava penas marrons sujas, bloqueando a luz de fora. Suas asas batiam ensurdecedoramente. Horror me envolveu, e eu não podia fazer nada, a não ser olhar para como o Vir ceifeiro abria seu poder perante mim. Ele estendeu a mão com garras e acenou para mim. Minhas espadas estouraram com fogo de anjo enquanto eu avançava furiosamente, mas de repente eu fui atingida por uma parede de tijolos de energia, quando Geir, com suas asas largas, explodiu seu poder. As portas de vidro e janelas atrás dele quebraram com um estrondo, e os fragmentos infinitos brilharam ao luar como chuva. Um tsunami de poder negro passou e me derrubou, e eu bati minhas costas no chão. Enquanto vidro chovia sobre mim, eu olhei para cima para ver Will pulando em cima de mim, sua espada levantada. Ele balançou e cortou, mas Geir pisou facilmente para fora do caminho de cada golpe. Eu pulei. Geir agarrou o braço de Will, travou a espada no ar, prendeu a outra mão em volta da garganta de Will, e girou. Will foi esmagado na parede exterior e desapareceu. Reboco, madeira e tijolo explodiram. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Will!” Eu gritei, e corri para frente, mas Geir me agarrou pela parte de trás do pescoço e me puxou para ele, passando o braço ao meu redor, girando meu corpo e me esmagando em seu peito. Suas asas monstruosas fizeram sombras negras sobre mim, e as trevas fizeram meu coração bater tão alto que era tudo o que eu podia ouvir. Ele agarrou meus pulsos com uma mão e segurava minhas lâminas longe de sua pele. Seu sorriso de Cheshire14 revelou duas fileiras de dentes, e rastejou arrepios na minha coluna. À luz ardente do fogo angelical, ele realmente parecia um demônio que agarrara seu caminho através de carne e fogo do Inferno. Estremeci de medo. “Bastian ficará tão satisfeito comigo,” disse ele. “Eu vou levar para ele a Preliator e o Enshi. Ele terá o prazer de matá-la ele mesmo.” Eu me debati contra ele, mas não conseguia libertar meus braços. Bati meu joelho em sua virilha. Seus olhos se arregalaram e ele urrou de dor, me soltando. Foi bom saber que quando as espadas falham, táticas simples de garota sempre funcionam—até mesmo em monstros. Eu corri para longe dele e saltei através do buraco na parede que Will fizera com seu corpo. A poeira me sufocava, mas eu passei e corri para Will. Ele lutava para ficar de pé, se inclinando pesadamente em sua espada como a ponta cravada no chão frio. Quando cheguei a ele, eu deixei cair minhas espadas e passei meus braços em volta do seu peito. “Peguei você,” eu disse, ajudando-o a levantar o resto do tronco para cima. Eu ouvi um estalo repugnante em seu peito enquanto ele gemia, e eu sabia que algo estava quebrado. Ele enterrou o rosto no meu ombro e rosnou com dor. Uma mão poderosa agarrou um pouco do meu cabelo por trás e me puxou para trás. Eu gritei e torci, mas Geir me segurou com muita força. Ele apertou mais forte, me fazendo gritar de dor. “Isso doeu, sua vadiazinha!” Ele sussurrou em meu rosto, soprando com seu hálito, fedido e quente. “Eu não acho que Bastian se importaria se eu mutilar você antes que eu a leve para ele. Eu vou apenas te cortar um pouco antes de terminar de lidar com o seu Guardião.” Do canto de meu olho eu vi Will atirar algo e bater no tórax de Geir. Eu olhei para baixo e vi uma lasca de madeira de dois metros de comprimento saindo dele, a apenas alguns centímetros do seu coração. Sem me soltar, Geir fez uma careta e puxou a estaca para fora do seu peito e atirou de volta para Will, pegando no ombro e derrubando-o novamente. Meu coração pulou quando ouvi o quebrar de algo em seu ombro “Fico feliz em poder compartilhar, irmão,” Geir rosnou.

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Gato de Alice no País das Maravilhas.

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Will gritou de dor e arrancou a estaca de seu corpo antes de levantar sua espada para lutar novamente. Ele embalou seu braço ferido no peito enquanto os ossos e tecido se curavam. “Nem sequer pense nisso,” disse Geir com uma agitação lenta de sua cabeça em advertência, pressionando a ponta de uma garra na minha garganta. “Você quer que a garota morra?” Eu empurrei, mas combater o aperto do ceifeiro era como luta livre com um edifício comercial. Ele apertou a garra dele mais fundo e eu ofeguei quando cortou a pele. Eu assisti o sangue drenar do rosto de Will, e eu sabia que ele sabia que Geir realmente me mataria. Eu fechei meus olhos com força e tentei concentrar a minha energia, lembrando do que Will havia me dito: “Não pare de lutar." Com um grito, eu deixei o meu poder entrar em erupção, enquanto chicoteava em Geir. O impacto o surpreendeu e o jogou para longe de mim. Quando ele voou, eu atirei a minha mão para trás e bati no seu rosto. Ele bateu no chão duro, deitado de costas. Suas asas estremeceram e enrolaram com a dor. “Sua vadiazinha!” Ele rugiu, cobrindo o rosto com as mãos. Eu peguei uma espada do chão e virei de cabeça para baixo para enfiá-la em seu coração, mas ele rolou para fora do caminho e saltou. Ele fugiu de cada movimento enquanto eu girava à esquerda e à direita, mas algo se enfureceu através de mim, uma fúria girando com loucura. Quando eu lutei com o ceifeiro, senti meu controle deslizar, e algo escuro latejava na minha cabeça até que eu mal pude respirar. O mundo à minha volta ficou escuro, até que tudo que eu podia ver era o rosto horrível de Geir enquanto eu balançava a minha espada, incapaz de pensar pensamentos coerentes. Eu queria jogar a minha arma no chão e agarrar em sua garganta com minhas próprias mãos. Will apareceu como um flash entre nós, me empurrando para trás e balançando o braço para fora e o esmagando na cara de Geir. Geir rosnou e cuspiu de raiva. “Ellie, vá!” Will gritou, olhando para mim. “Saia daqui!” Sua voz trouxe meus sentidos de volta. Eu pisquei e o resto do mundo voltou, mas Will bloqueou minha visão do ceifeiro demoníaco. “Eu posso vencê-lo!” Eu gritei. “Deixeme tentar!” Ele agarrou meu braço. “Você não está pronta para lutar com ele ainda—agora corra! Você está perdendo a si mesma. Se eu deixar você continuar a lutar com ele, ficará pior. Corra!” “E você?” Eu gritei. “Eu não vou deixar você aqui!” “Você é a única coisa que me interessa,” disse ele. “Você deve sobreviver!” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Mesmo que eu quisesse, eu não podia me mover. Meu pulso martelava na minha cabeça como tambores tribais, abafando os apelos de Will. Eu não poderia me forçar a virar e correr. Não quando ele estava ferido. Eu não podia abandoná-lo. Geir se levantou e desapareceu por um momento, reaparecendo no ar acima de Will. Ele veio com força, balançando o punho. Will saltou atrás da estátua de uma mulher e o punho de Geir bateu através do abdome dela, espalhando pedaços de mármore. Will saltou em torno da estátua e bateu em Geir uma e outra vez. Geir voou para trás e parou abruptamente, engasgando com o sangue que pingava de seus lábios. Ele olhou para seu peito e se viu espetado na lança de um cavaleiro de pedra. O sangue escorria grosso de seu ferimento e correu para baixo do comprimento da lança. Ele rosnou para Will, seus olhos amarelos flamejando, seus dentes de tubarão rangendo como de uma piranha. Ele pegou a pedra e começou a puxar para se libertar. “Ellie!” Will gritou, correndo de volta para mim. “Temos que ir, agora! Eu vou pegar o sarcófago.” Eu assenti, deixei minhas espadas desaparecerem, e voltei correndo para dentro da casa, Will logo atrás de mim. Ele se curvou sobre a caixa e a levantou—quase sem esforço, para minha surpresa—e se foi em uma corrida. “Não!” Geir gritou. “Você não pode! Maldito seja, não!” Enquanto eu corria atrás de Will, olhei para trás para Geir, que ainda estava tentando se libertar. Eu o vi bater seu punho na lança de pedra e encaixar na metade. Suas asas escuras bateram violentamente no ar. Ele gritou como um pássaro do demônio gerado no Inferno e seus olhos brilhavam intensamente com raiva. À luz falhando, seu rosto parecia mudar, os dentes mais longos e mais afiados, seus olhos se estreitando em fendas. Eu parei de assistir e corri mais rápido. Finalmente chegamos ao caminhão, eu abri e joguei as portas para trás de modo que Will pudesse colocar o sarcófago dentro. Subimos na frente o mais rápido que pudemos, com Will no banco do motorista, e saímos em disparada.

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21 “Você está ferido,” eu disse, levantando o que sobrara de sua manga destruída para examinar a ranhura profunda em seu braço. Embora nós estivéssemos livres do Sombrio, a atitude de Will certamente não estava. Ele contraiu os ombros para longe de mim, sua mão boa mantendo um aperto forte sobre o volante enquanto seu braço ferido estava contra seu peito. “Estou bem. Você se preocupa muito comigo.” “E o seu ombro?” “Eu estou bem.” “Você foi empalado.” “Geir estava pior do que eu quando nós tivemos o inferno lá fora, e ele estará de volta com o seu velho eu em minutos.” “Mas você não é Geir.” Ele me encarou. Seus olhos voltaram para seu tom normal de verde suave. “Nossos poderes não são assim tão diferentes.” “Você viu o que ele fez com as mãos?” perguntei, me segurando erguida. “Ele praticamente se transformou bem na frente dos nossos olhos.” “Isso não é exatamente incomum entre os vir,” ele disse. “Mudança de forma é um traço que muitos de nós compartilhamos.” “Você pode transformar suas mãos em garras como aquelas também?” “Não,” ele disse. “O que você pode fazer então?” “Eu não sou nada como ele.” “Oh.” Me perguntei sobre seus olhos estranhos. A cor de seus olhos e dos de Geir pareceram se intensificar conforme eles ficavam mais fortes e bravos. Não mudaram exatamente de cor, mas a cor pareceu brilhar mais, quase reluzindo. Talvez isso fosse uma habilidade de Will. Pelo menos ele não se transformava em monstro. Meneei a cabeça e olhei para frente. “Estamos voltando para a biblioteca?”

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“Claro que não,” ele disse, sua voz soando com preocupação. “O vir de Bastian vai esperar que nós levemos o sarcófago para Nathaniel, já que ele é o único que que eu conheço que pode ser capaz de ler as inscrições. Eles estarão tentando localizá-lo em seguida. Logo eles descobrirão que ele está trabalhando na biblioteca.” “Nathaniel não está lá agora, está?” Perguntei, minha voz falhando. “E se eles o encontrarem? Ele vai ser morto!” “Ele está bem,” Will disse. “Não se preocupe. Ele está no armazém.” “Nosso armazém?” “Isso. Bastian não deve saber da localização ainda. Nós vamos manter o Enshi lá também, por enquanto.” “E se Geir nos seguir?” Tive uma terrível visão dele explodindo a parede e matando todos nós. “Ele vai tentar,” ele disse sem medo. “Mas nós estamos muito à frente. A trilha vai estar fria quando ele estiver livre. O vir pode ser mais forte que outros ceifeiros, mas suas habilidades para rastrear não são tão boas. Nós não temos o nariz que um lupino tem, por exemplo.” Suas palavras eram um pequeno conforto, mas eu não podia parar de pensar sobre o que aconteceu comigo quando eu lutei um-a-um com Geir. Eu entrei em um estado no qual eu não sabia nada além da luta, nada mais importava para mim. A mesma coisa havia ameaçado acontecer durante a nossa última luta contra Ragnuk. Eu estive horrivelmente zangada e pareceu errado. O que aconteceu me assustava mais que Geir, porque ele era algo que podia ser derrotado. A escuridão que eu senti me sugando não era algo contra o qual eu pudesse lutar. E se eu tivesse perdido o controle completamente e machucado alguém com quem eu me importava, como Will? Estranhas coisas escuras apareceram em meu rosto no meu aniversário, depois de meses de horríveis pesadelos, e agora isso. Eu não sabia se estava me tornando algo tão demoníaco quanto os ceifeiros com quem lutei— se eu estava me tornando uma deles. “Will” eu disse, minha voz baixa. “O que aconteceu comigo lá? Por que você me parou? Você sabe de alguma coisa?” “O seu propósito é lutar,” ele disse. “É para isso que você foi designada. Algumas vezes fica um pouco intenso e você não pensa direito.” “Foi por isso que você me parou? Por que eu estava prestes a perder o controle?” “Você poderia ter perdido. Quando você alcança esse nível, você não é capaz de lutar com a mente limpa, e isso faz a batalha ser ainda mais perigosa. Nós podemos lutar com Geir algum outro dia.”

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“Isso não poderia ser uma coisa boa?” perguntei. “Eu perco todo o meu medo então. Você disse que isso me faz mais forte.” “Faz você mais forte, mas você também perde a si mesma junto com o medo. Não é seguro para você perder a cabeça como antes, não importa que vantagens isso possa te dar.” “Você quer dizer que eu posso machucar alguém que eu não pretendia.” “Sim.” “Eu machuquei você?” Quando ele não respondeu, um peso ficou sobre mim e eu não queria mais saber a resposta. Seu silêncio disse tudo. Eu havia perdido o controle antes e machucado ele. Isso mandou uma dor inimaginável através de meu coração. Como eu poderia ter deixado algo assim acontecer? A mão de Will enlaçou a minha em um confortável afago, como se ele quisesse facilitar para mim. Ergui o rosto para encontrar seus olhos. “Ei,” ele disse com um pequeno sorriso. “Vai ficar tudo bem.” Nós chegamos ao armazém e Will guiou para dentro do beco coberto de vegetação. Nathaniel estava parado no final, seus braços cruzados no peito. Ele soltou uma pequena respiração quando nós descemos e ele viu nossas roupas destruídas e ensanguentadas. “Imaginei que vocês haviam se metido em algum problema,” ele disse. “Quem pegou vocês?” “Geir,” Will disse quando abria a parte de trás da van. “E um vir mais fraco, mas Ellie deu conta dele facilmente. O covarde deve ter mencionado sua descoberta para o ceifeiro errado. Isso voltou para Bastian, e ele mandou Geir para recuperá-la.” “Se nós tivéssemos entrado lá cinco minutos antes,” eu disse com uma carranca. “Nós poderíamos ter evitado Geir completamente.” “Está tudo bem,” Will disse. “Nós dois permanecemos vivos, e nós temos o Enshi. Esse era o plano original, não era?” Olhei para ele tristemente. Eu já havia dito para ele o que me incomodava, então não fazia sentido ficar repetindo para ele. Eu odiava como ele fica ferido cada vez que nós encontrávamos com algum ceifeiro, e odiava que alguém derramasse algum sangue por mim. Isso fazia saber que todos os meus antigos Guardiões estavam mortos muito real. “Vamos levar o sarcófago para dentro antes que alguém nos veja,” Nathaniel disse.

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Ele e Will ergueram a caixa e a levaram para dentro, colocando-a gentilmente no chão, no meio da sala. Eles tiveram um problema tentando achar algum espaço livre dos escombros que nossos treinamentos deixaram. “O que nós temos aqui?” Nathaniel perguntou para ninguém em particular enquanto corria os dedos sobre a tampa da caixa. “O selo de Azrael, como eu pensava. Há algo em Enoquiano ao redor do selo. Mas eu não posso ler a linguagem divina. Ninguém pode. O que mais nós temos? Cuneiforme.” “Você pode ler isso?” perguntei, olhando as estranhas marcas. “Cuneiforme é dos sumérios, certo?” “Eles desenvolveram, sim,” ele respondeu tirando um pouco de sujeira de uma marca. “Mas cuneiforme evoluiu muito com o passar de milhares de anos e isso é diferente da antiga escrita Assíria que eu conheço melhor.” “Então você não pode ler isso?” perguntei desapontada. “Não imediatamente agora, mas eu vou. Só preciso de um tempo. Imagino que isso seja do século XIX a.C., baseado em alguns dos mais frequentes glifos.” Meu queixo caiu. “Tão velho?” “Quanto tempo você acha que vai levar para traduzir?” Will perguntou. “Alguns dias,” Nathaniel respondeu, contraindo os ombros. “Tenho uma ideia de por onde começar. Vou avisar vocês.” Olhei para o sarcófago. Algo antigo e mau estava dormindo dentro dele. Eu quase não queria falar muito alto, no caso de aquilo poder acordar. Ele precisava ser destruído antes que isso acontecesse Algo formigou pela minha pele como minúsculos bichinhos. Eu podia sentir a presença do Enshi debaixo da tampa de pedra, seu poder rolando pelo chão como uma tênue fumaça, embaçando minha visão e meus pensamentos. Uma voz sussurrou para mim, os ecos de algum fantasma sussurrando das profundezas da minha mente, afogando os meus sentidos. Ergui minha mão e meus dedos traçaram a tampa. Will agarrou meu pulso, e eu fixei meus olhos nos dele. A concentração com a qual ele estudou o meu rosto me fez me perguntar se ele estava tentando ver através da minha pele direto até o meu osso. “Você está bem?” “Sim,” eu disse. “Eu posso senti-lo.”

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“Eu sei,” Will disse, sua expressão sombria. “Eu posso sentir o seu medo.” Ele me puxou para perto dele em um movimento que pareceu completamente natural. “Eu não acho que você deveria tocar nisso.” Eu não retruquei. O que quer que fosse que estava dentro da caixa me queria. Eu podia sentir sua voz embalada ainda crepitando em meu crânio, muito difícil de resistir. Havia uma arrepiante vontade dentro de mim de deitar sobre o topo, de escalar ali, para ficar o mais perto possível. Estremeci e me forcei a desviar o olhar. Segurei meu colar com asas nas mãos, concentrando-me no calor do pingente como se isso pudesse me proteger. “Como nós abrimos isso?” Will perguntou. Nathaniel se ajoelhou para examinar mais de perto. Ele arranhou o selo antes de se levantar. Ele empurrou a tampa tão forte quanto podia, mas ela nem se mexeu. Ele empurrou novamente, com mais força. Ainda, nada. “Nós devíamos só queimar isso,” Will disse. “Nós não podemos queimar isso,” Nathaniel apontou. “É feito de pedra. Deixemme descobrir o que as inscrições dizem antes de fazermos qualquer coisa. Fique firme. Nós vamos dar um jeito nisso.” Eu queria acreditar nele, eu queria confiar nele, mas olhei fixamente para o sarcófago, observando os belos símbolos Enoquianos vibrando e balançando enquanto nada mais se movia. Entre meus dedos meu colar pulsou. Não acho que os outros podiam ver o que eu via ou ouvir o zumbido dentro da minha cabeça. A gentil voz começou a se tornar mais insistente, até que eu podia ouvir a voz alien, quase infantil na parte de trás de minha mente. “Pre-e-eliator...”

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22 Eu enchi minhas mãos com vísceras geladas e pegajosas e as despejei na pia da cozinha. Minha lamentável abóbora estava finalmente eviscerada e agora me esperava para esculpir alguns olhos nela. Kate já estava cavando as próprias presas da sua abóbora, e Rachel estava ainda mais lenta, ainda tirando as tripas pegajosas. Eu assisti com desconforto quando Landon pegou o quanto ele pôde da bagunça de abóbora na pia e colocou num balde de pipoca. “O que você planeja fazer com isso?” eu perguntei cautelosamente. Se ele atirasse aquilo em mim, eu iria matá-lo. “Você verá.” Ele pegou a faca de serra e começou a entalhar uma cara de olhos vesgos com uma grande boca em forma de O na sua própria abóbora. Ele pegou uma mão cheia de vísceras e deixou a gororoba cair no topo da abóbora, posicionando a massa até que uma boa quantidade foi derramada para fora da boca para o balcão. Ele foi para trás, sorrindo radiantemente. “Olha! Ele está muito bêbado.” Eu olhei para a bagunça com desgosto. Agora que ele havia dito, eu podia ver a expressão nauseada da abóbora e o vômito derramado no meu balcão. “Brilhante. Sério, Landon.” Kate olhou ao redor e riu. “Sim! Isso é demais!” “Oh, merda,” Rachel gemeu. “Isso é tão doente.” “É demais,” Kate repetiu, a encarando. “Eu acho que eu vou fazer isso com a minha. Nós precisamos de um par de garrafas de cerveja para ir junto com elas.” Landon fez um alto, inteligível som. “Você não pode me copiar, cara. Minha genialidade deve ser apenas apreciada não duplicada.” “Isso não é genial,” Rachel notou. “É só repugnante.” Eu entalhei um rosto feliz na minha abóbora. Pesar das minhas atividades extracurriculares noturnas, eu não gostava realmente de coisas assustadoras. O Jack Lanterna sorriu para mim com vazios olhos triangulares e um sorriso de dentes largos. Apesar de ele ser adorável, ele era fortemente ofuscado pelo rosto de vampiro assustador da Kate. Até o da Rachel estava melhor. As abóboras de ambas podiam massacrar a minha. Na realidade, eu acho que era isso que elas queriam. Oh, bem. Eu encolhi os ombros e coloquei o meu alegre Jack Lanterna nos meus braços e o coloquei na varanda. A escuridão começava a se instalar, e dentro de vinte Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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minutos as ruas estariam cheias de crianças pedindo doces-ou-travessuras. Minha mãe espalhara teias de aranha de algodão pela varanda e tinha posto lápides de plástico no nosso gramado da frente. Ela até substituiu as luzes da varanda por luzes negras; embaixo delas o meu moletom brilhava em uma tonalidade tóxica. Eu me dirigi de volta para a cozinha. Kate tinha tripas de abóbora em seu rosto, e o rosto de Landon tinha ainda mais da gosma. Rachel estava longe, achatada contra a parede, sua expressão aterrorizada. Landon jogou mais gosma na Kate, mas ela gritou e desviou, e a meleca atingiu a parede atrás dela. “Landon!” Eu vociferei, correndo para pegar uma mão cheia de toalhas de papel para limpar a bagunça. “Desculpe,” ele disse com uma voz não-tão-convincente. “Ela que começou.” Kate riu. “Não bote a culpa em mim! Você é quem estava por aí atirando aquela coisa nojenta.” “Onde o Will está, Ellie?” Rachel disse se afastando corajosamente da parede. “Quem se importa?” Landon intercedeu. “Minha abóbora está vomitando as suas assustadoras tripas para fora.” Ele fez uma careta grotesca quando ele mergulhou suas mãos dentro da bagunça viscosa. Eu fiz uma careta. “Ele vai estar aqui quando nós estivermos prontos para ir,” eu expliquei. Graças a nossa aposta, Will estava vindo com a gente para a festa da Josie, mas até àquela hora, eu assumi que ele estaria sentado no meu telhado se mantendo vigilante. Nós limpamos o restante da bagunça e colocamos as abóboras na varanda, próximas à minha. Landon deu o toque final de vômito do lado de fora do seu Jack Lanterna como planejado. A festa da Josie não iria começar até as nove, então nós tínhamos algumas horas pra matar. Kate tinha uma pós-festa planejada em sua casa, então eu tinha uma mochila de passar a noite para ficar lá. Chris e Evan chegaram logo depois das seis. Minha mãe os confundiu com o primeiro oficial doces-ou-travessuras da noite. Eles se desculparam por desapontá-la, e todos nós subimos para o meu quarto para assistir um filme de terror antes de vestir nossas fantasias. Eu sentei na minha cama com Rachel e Kate, e os meninos sentaram no chão com as suas costas contra a minha cama. Nós escolhemos o Poltergeist original. Filmes de terror nunca foram meus favoritos desde que eles só me deixavam enjoada. Filmes de fantasmas eu podia aguentar. Quando o filme acabou, nós tínhamos cerca de uma hora e meia para nos prepararmos. Kate e eu enrolamos o cabelo uma da outra em coques exuberantes e colocamos nossas fantasias. Ela me emprestou sapatos vermelhos salto agulha que ficavam perfeitos com meu modelito de enfermeira. Eu prendi o meu pequeno chapéu no cabelo no Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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caso dele decidir voar. Apesar do plano da Kate de prender cabelo da Rachel, nós decidimos deixar os seus cachos caírem em seus ombros e costas. Os garotos na verdade levaram mais tempo que nós para ficarem prontos, mas eu acho que é porque eles estavam usando duas vezes mais maquiagem. Meus reluzentes cílios falsos eram extremamente pesados nas minhas pálpebras, mas eu os aguentei e terminei minha maquiagem com batom vermelho-cereja. Landon voltou para o meu quarto vestido de zumbi, com direito a próteses sangrentas e esfarrapadas, e roupas ensanguentadas. Ele estava quase irreconhecível a não ser pelo seu cabelo gloriosamente clareado. Evan veio como um caçafantasmas, e o policial estadual com enormes óculos de aviador e um espesso falso bigode acabou por ser Chris. Eu o olhei, incapaz de parar o sorriso surgindo. “Você não esta indo ganhar por criatividade, está?” Sua expressão ficou em choque. “Você está brincando? Eu sou Mac!” “Mac?” “Super Tiras? Sério Ellie, você precisa assistir filmes melhores ao invés daquela porcaria da Disney.” Ele deslizou os óculos pelo seu nariz e me olhou de cima a baixo. “E não venha me falar de falta de criatividade. Você é uma enfermeira sexy? Por mais que eu aprecie isso, você tem que admitir que vão ter cinquenta outras garotas vestidas exatamente como você. Ninguém mais vai ser Mac.” Eu o olhei cuidadosamente. “Talvez seja por uma razão.” Chris balançou um dedo para mim. “Só espere.” Evan lhe bateu com força nas costas. ”Então onde estão as asas?” Chris deu a ele um olhar questionador. “Do que você está falando, cara?” “Bem, você sabe,” Evan disse, visivelmente tentando conter o riso. “Elas ficariam perfeitas para o Halloween. Fadas do pé precisam de asas, certo?” Chris xingou e empurrou seu ombro forte o suficiente para tirar o equilíbrio de Evan. A maioria dos jogadores de futebol não leva as piadas de fadas do pé muito bem. Chris e Landon não eram exceções. À medida que eles lutavam e saltavam contra a minha cama, eu fiz uma careta para a bagunça de maquiagem sangrenta e próteses espalhadas ao redor da minha cômoda. “Vocês vão limpar toda essa merda certo?” “Claro” Landon me assegurou, e sorriu brilhantemente. Ele puxou um dos meus cachos com spray e o soltou, o deixando voltar no seu lugar. Logo depois Will entrou no meu quarto sem fantasia a não ser a sua espada, presa a uma bainha em volta da sua camiseta. A camisa também mostrava as tatuagens

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Enoquianas cobrindo seu braço. “Ei,” ele disse, acenando para todos. “Sua mãe me deixou entrar, Ellie.” Eu estava exultante em vê-lo. “Ei! Onde está a sua fantasia?” Desapontada, eu cutuquei seu peito. Eu notei seus olhos se ampliarem e suas sobrancelhas se moveram quando ele viu minha fantasia, e uma pontada de triunfo cruzou meu coração—não que eu estivesse usando a fantasia somente para ganhar a atenção dele. Aquilo era só um bônus. Chris de aproximou dele, olhando seu braço. “Essa tem que ser a tatuagem mais louca que eu já vi. Você deve ter feito em LA ou algo assim?” “Itália.” Will disse. “Legal. O que você deveria ser?” “Pirata.” Chris zombou. “Cara, sua fantasia é uma droga. Uma espada muito bonita, entretanto. De jeito nenhum isso é plástico. É igual à de Final Fantasy, réplica ou algo do tipo? Você comprou no eBay?” “É,” Will disse. “Algo do tipo.” Kate dançou no seu caminho até ele e se inclinou sobre o ombro de Chris. “Qual é o problema? Você é legal demais para nós?” Ela exigiu sarcasticamente. Will deu de ombros. “Eu realmente não me visto para coisas.” “Oh, vamos lá” eu supliquei. “Você tem que vestir algo.” Ele atirou suas mãos para cima defensivamente. “Eu acho que não.” “Você vai ser a única pessoa assim lá,” eu notei. “Eu tenho uma máscara de hockey do Jason no meu porta-malas,” Evan ofereceu. “Se você quiser.” “Não, obrigado” Will disse. “Eu não sou um cara de fantasias.” “Você é tão deprimente,” eu disse, e tirei meu celular da minha cômoda para ver a hora. “Já passou das nove. Nós devíamos ir lá pelas dez.” Eu passei uma última camada de batom, um dos garotos esbarrou em mim e eu deixei cair o batom na minha roupa. Eu praguejei quando vi a marca vermelha deixada no decote da minha fantasia.“Landon!” eu gritei, e empurrei seu ombro. No meio do riso estúpido, eu peguei um, “Desculpa, Ell!”

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Eu bufei e pisando duro saí do quarto e fui pelo corredor em direção ao banheiro. Meu pai me pegou quando ele estava deixando o seu quarto e me deu um olhar por cima. Estranheza surgiu entre nós quando ele parou, boca entreaberta, mas nada saiu. Ele a fechou e olhou para o teto como se pensando o que dizer. Embaraçada com o jeito que ele olhou para mim, eu disse, “Kate parece pior.” Aquilo teria dado certo com a minha mãe, ou pelo menos colocaria um sorriso em seu rosto, mas desde que meu pai raramente falava mais do que duas palavras para mim por semana, eu não tinha certeza de qual seria seu próximo passo. Sua boca se franziu e esticou com indecisão. “Eu não devia te deixar sair assim, devia?” Eu cruzei meus braços sobre meu peito. “Provavelmente não.” “Bem, você parece uma—” ele parou abruptamente. Eu não queria que ele terminasse o pensamento de qualquer forma. “Eu só estou indo para o banheiro.” “Se cubra um pouco” ele deu de ombros, tropeçando em suas palavras. “Coloque uma calça ou algo do tipo.” “É, pai. Claro.” Seu corpo se tencionou e seu rosto se contorceu por um momento. Eu estava quase perguntando o que havia de errado quando eu ouvi passos atrás de mim. “Ellie,” disse a voz do Will. Eu me virei e sorri para ele. “E aí?” “Só vendo se você precisa de ajuda” ele disse. Will olhou para o meu pai e estendeu uma mão. “Oi. Eu sou Will, amigo da Ellie.” Meu pai encarou Will, os cantos da sua boca se abaixando, mas ele não apertou a mão do Will. Pegando o sinal, Will a retirou e me lançou uma olhar. Eu sabia que o meu pai não gostava muito dos meus amigos homens, mas aquilo estava além da grosseria. “Certo, bem, eu vejo você depois, pai.” Eu me afastei, e Will me seguiu para dentro do banheiro para me ajudar a tirar o batom do meu vestido. “Ele não gostou muito de você,” eu disse, esfregando um tecido úmido na mancha vermelha. A maior parte daquilo saiu, mas um fraco traço restante parecia que iria ser permanente. “Ele cheirava a sangue.”

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Eu sufoquei uma risada. “Não diga, Sherlock. É, meu pai tem sangue dentro dele. Você diz as coisas mais estranhas algumas vezes.” “Não, eu quero dizer na pele dele. Eu pude cheirar aquilo do seu quarto e eu pensei que estivesse machucada.” “Talvez ele tivesse um corte de papel,” eu disse, e olhei para ele. “Você não devia ficar por aí farejando as pessoas. Sério.” Seus lábios se apertaram e sua testa franziu. Era meio que fofo quando ele fazia aquilo, para ser honesta. “Os homens na minha vida são as pessoas mais estranhas do planeta,” eu resmunguei, e sequei o meu vestido. “Pelo menos eu consigo te tolerar, de todos eles.” “Você não gosta do seu pai.” Não era uma pergunta. Eu imaginei que meu desprezo era óbvio para ele. “Ele é um merda. Você nem entende.” Ele não disse nada, mas ele provavelmente entendia um muito mais do que o crédito que eu o dava. Sua audição era tão incrível quanto ao seu sensível olfato. Ele provavelmente ouviu as várias brigas que eu tive com meu pai. Alguma coisa pesou no meu estômago quando eu pensei em Will ouvindo meu choro. Era algo para ele saber que os ceifeiros ainda me assustavam, mas não havia razão para eu ter medo do meu pai. Ele nunca iria me ferir fisicamente, mas por dentro ele continuava a me cortar em pedaços. “Olha,” eu disse. “Só não se preocupe com isso. Não é problema seu.” O resto do tempo no banheiro passou num estranho silêncio. Meu pai não era um assunto do qual eu quisesse falar com Will ou qualquer outro. Eu evitei o seu olhar até nós estarmos de volta no meu quarto. Nós organizamos quem iria dirigir e quem iria limpar toda a bagunça de maquiagem. Uma hora depois, nos reunimos embaixo das escadas na entrada e nos dividimos entre os carros da Kate e Evan. Will, Landon, e eu fomos com a Kate para a casa de Josie Newport. Nós passamos pelos portões de ferro, e Kate mostrou um convite para o homem parado ali. Ele nos deixou entrar. Quando acabou o percurso arborizado, nós podíamos ouvir—e sentir—a batida poderosa. Eu estaria amaldiçoada se Josie não tivesse contratado um DJ. A casa por si mesma era enorme: altos telhados pontiagudos, pedras cremosas, colunas de mármore, e detalhes escuros deslumbrantes sob as luzes marfim. Nós estacionamos no fim da fila interminável de carros e saímos. Eu puxei meu extremamente curto vestido tão longe quanto possível enquanto nós caminhávamos para frente da porta. Atrás de mim, Chris me perguntou se eu podia aguentar minha saia curta e então me

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murmurou sobre me dar uma multa por exposição sexy ou algo tão estúpido quanto. Eu o ignorei. Os degraus estavam cobertos com Jack lanternas, e esqueletos de plástico escalavam as colunas. Um homem alto vestido de terno atendeu a porta e nós entramos. A grande entrada estava mal iluminada com luzes multicoloridas dançando pelo piso de mármore branco. Kate nos guiou pela mansão até a sala de festas com janelas altas que ofereciam uma vista deslumbrante do lago. Assim que nós entramos pelo arco eu soube, e pude ver que metade da escola já havia chegado. Flash de luzes em todas as direções vindas de cima. A imutável e pesada batida de música balançou as paredes e chão. Pessoas em todos os tipos de fantasias imagináveis dançavam como se essa fosse sua última noite vivos. Eu precisava dar o braço a torcer para Josie. Ela sabia como dar uma festa. Kate agarrou minha mão e nós empurramos o nosso caminho até a massa de mãos balançando, quadris se mexendo, e pés dançantes. Nós dançamos até Landon empurrar a Kate para longe. Eu dancei sozinha e com parceiros casuais por alguns minutos até que Evan e Rachel se juntaram a mim. Depois de um tempo eu fiz uma pausa, me contorcendo no caminho de volta para frente do salão, para a mesa do Buffet cheia de doces e aperitivos. Eu mastiguei pedaços de morango, ainda dançando com a música. Eu senti um corpo quente atrás de mim e cheirei o perfume almiscarado, picante, da loção pós-barba do Will. Uma avalanche de ousadia passou pelo meu peito e estômago e eu fechei meus olhos. Eu me aproximei dele, balançando meus quadris, tentando o persuadir a dançar comigo, mas ele não dançou. Ao invés, ele deixou suas mãos correrem pelos meus braços, e afundou seu rosto no meu ombro até que sua bochecha roçasse a minha. “Se divertindo?” Eu me virei e agarrei a sua mão, balançando de um lado para o outro com a batida. Ele não desistiu, mas aquilo não me impediu de tentar dançar com ele. “Dance comigo.” Ele segurou minhas mãos até que os seus olhos tocaram os meus. “Me desculpe, eu não sou um dançarino.” Eu retirei as minhas mãos e as coloquei em volta do seu pescoço. “Seiscentos anos de idade e você nunca aprendeu a dançar? Eu acho que é hora de você viver um pouco.” “Eu sei dançar,” ele me assegurou com uma linda risada. “Só não esse tipo de música.” “É fácil. Só siga o ritmo.” Eu coloquei suas mãos no meu quadril e tentei fazê-lo seguir o ritmo. Ele se afastou, e envolveu uma mão debaixo do meu queixo e o levantou. O movimento era lento, sensual, em ritmo com a música, seus dedos deslizando pela minha pele, e eu senti eletricidade passar para mim pelo seu toque. Eu inalei e aproximei meus Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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olhos na intensidade daquilo. Cada centímetro de mim estava ganhando vida. Eu não sabia se era a adrenalina da festa que me fez reagir tão fortemente ou se era algo mais. Fogo passou por mim quando eu senti os lábios dele deslocarem-se suavemente pela minha mandíbula até minha orelha, e eu tomei um lento, agonizante fôlego. “Me perdoe,” ele disse. Eu abri meus olhos e ele tinha ido. Eu me virei, procurando por ele, mas ele realmente tinha ido. Frustração ferveu em mim e se espalhou. Qual era o meu problema? O que eu esperava dele? Eu balancei minha cabeça, tentando esquecê-lo e me divertir sozinha, mas algo mexeu nas minhas vísceras, algo que eu não gostava. Eu enchi a minha boca com outro morango e fiz uma careta para ninguém em particular. Kate dançou o seu caminho até mim sozinha, rindo e cantando com a música. Ela agarrou ambas as minhas mãos e girou seus quadris com a batida. Ela se virou, me guiando de volta para a multidão, e nós dançamos por algum tempo, mas eu não podia parar de pensar no Will. Eu ainda podia sentir o seu toque no meu rosto, mesmo que somente um leve formigamento havia restado. Vestida elaboradamente como Maria Antonieta—completo com um vestido azul na altura da coxa com babados, um leque floral, meias altas e ligas, e uma peruca branca empoada—Josie nos achou e nos deu um enorme abraço. “Eu estou tão feliz que vocês vieram!” ela gritou sobre a música, brevemente, obviamente do modo dela. “Ótima festa como sempre!” Kate a assegurou, sorrindo. Eu assenti. “Sim! DJ incrível!” “Obrigada!” ela disse, alisando a sua saia e balançando seu bonito leque. “Ele trabalha para a MTV!” Não surpreendentemente. Ela dançou com a gente por um tempo, a música se agitando por nós como se a mansão fosse desabar em nossas cabeças, antes dela se afastar.

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23 Eu tentei me livrar de qualquer dúvida e negatividade e aproveitar a noite. Eu só parei quando um garoto andou até Kate e eu; ele usava uma máscara branca que escondia metade do seu rosto como o Fantasma da Ópera. A metade do seu rosto que eu podia ver era de tirar o fôlego. Eu nunca vi qualquer garoto tão bonito. O seu cabelo ouro pálido estava cuidadosamente penteado para trás com só algumas mechas escapando, e ele usava um smoking preto debaixo de uma capa. Algo sobre o tecido requintado do smoking me disse que nós não conseguimos os nossos trajes no mesmo lugar. Claro que ele deveria querer dançar com a Kate. Eu comecei a me afastar deles, mas a curva nos lábios dele me fez hesitar. Ele abaixou sua cabeça para uma Kate muito excitada, de quem a cara ficou lavada em branco quando ele perguntou a ela, “Eu posso interromper?” Ela pisou para o lado e o garoto pegou a minha mão, imediatamente me puxando para perto dele. Sua presença se envolveu em torno de mim, elétrica e convidativa, e ele me girou ao redor do hall em uma valsa que se encaixava pobremente com a música tocando, mas de alguma forma ele nos manteve no ritmo. Antes que eu notasse, a música e o tumulto se tornaram um ruído surdo até que eu não pude ouvir mais nada. Eu olhei para lugar nenhum, mas para os seus olhos, os quais eram os mais ardentes castanhos opalescentes que eu já havia visto, praticamente inumanos. Sua dança era como água, poderosa e firme, ainda assim fluída e suave através de todos os movimentos, como um rio seguindo no seu curso pré-determinado. Eu o deixei me conduzir através da multidão num estado de choque e êxtase misturados juntos, incapaz de notar qualquer coisa que não fosse o seu rosto. Eu queria tirar a sua máscara para revelar a beleza debaixo dela. Nós dançamos até o final da música, e ele ainda me segurou em seu peito, sua boca se curvando em um delicioso sorriso. “Venha comigo,” ele pediu e tomou a minha mão. Eu assenti como uma idiota e deixei ele me conduzir através do salão, de volta para o arco pelo qual nós havíamos entrado. O sentimento horrível da rejeição de Will sumiu quando o cara misterioso me levou para fora da pista de dança. Eu estava muito ansiosa para segui-lo, muito ansiosa para me fazer sentir valer à pena. Por um instante eu queria que Will tivesse me visto sair com esse garoto. Talvez uma fagulha de ciúmes fosse levá-lo a fazer um movimento. O garoto Fantasma me parou do outro lado da parede e brincou com um dos meus cachos enquanto ele estudou o meu rosto com um olhar de ambos, admiração e divertimento.

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“Você é um garota bonita,” ele disse numa voz ligeiramente surpresa, sua face tão perto que ele não precisava falar alto para eu o ouvir sobre a música. “Eu gosto da sua máscara,” minha boca tagarelou estupidamente. Eu queria arrancar meus lábios. Eu gosto da sua máscara? Ele riu, sua voz aveludada. “Eu estou feliz que você goste. Qual é o seu nome?” “Ellie,” eu respondi, desmaiando. Eu me inclinei pesadamente contra a parede para me manter de pé. “Eu sou Cadan,” ele replicou. “Este é um nome incomum,” eu observei distraidamente. “É um muito, muito antigo.” As costas dos seus dedos traçaram ao longo da minha clavícula nua. Eu estremeci. “Você é amigo da Josie?” Eu perguntei, tentando me concentrar na nossa conversa enquanto ele me tocava. Ele fez isso quase impossível de conseguir. “Não,” ele disse, e olhou para cima da minha clavícula, seus ardentes olhos opalas capturando os meus. Assim que eu os encarei, eu poderia jurar que eu vi chamas douradas tremulando dentro das íris. Eu pisquei e as chamas desapareceram. “Você vai para a nossa escola?” “Não.” “Você conhece um monte de pessoas aqui?” “Só uma,” ele respondeu. “Seu Will.” Eu pisquei em confusão, de repente sóbria. “Meu—?” Naquele momento Will apareceu ao lado de Cadan, a costa de seu punho voando e batendo na jugular do menino. A máscara do fantasma voou e quebrou no chão como se fosse feita de porcelana. Tudo bem, aquele não era exatamente o movimento que eu queria que Will fizesse alguns segundos antes. “Will!” eu gritei, agarrando seu ombro e o puxando para trás. “O que diabos está errado com você?” Ele não disse nada, mas somente encarou Cadan. Os olhos de Will brilhavam, e até no hall escuro eu pude ver o seu poder zumbindo furiosamente a sua volta. Cadan ficou em pé, segurando sua mandíbula—rindo. Eu teria apostado tudo que eu tinha que o soco do Will deveria ter esmagado cada osso no rosto do Cadan. Como ele estava vivo? Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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A menos que ele não fosse humano. “O que você está fazendo aqui?” Will exigiu, sua voz fria, abaixo-de-zero, aterrorizando até mesmo a mim. “Eu só queria conhecê-la,” Cadan disse. “Eu precisava dar uma olhada na garota que está roubando a atenção de todo mundo ultimamente. Ela parece ser o objeto de obsessão de Ragnuk, sem mencionar o de Bastian. Você pode culpar a minha curiosidade?” Náusea arranhou meu abdome, e meu corpo ficou rígido de medo. “Ceifeiro?” “Ele é um dos vir de Bastian,” Will rosnou, não olhando para mim. Cadan deu um conhecedor olhar de soslaio para Will. Ele estendeu a mão para mim, mas antes que eu pudesse reagir, a espada de Will balançou pelo ar, e a ponta encostou-se à garganta do lindo vir demoníaco. “Não ouse tocá-la.” Will avisou, pressionando a lâmina uma fração de milímetro mais fundo. Sangue surgiu na ponta da espada. Eu olhei ao redor, rezando para que ninguém notasse. “Ela é uma coisa encantadora,” Cadan disse ainda como pedra, seu queixo erguido, seus olhos presos nos de Will. “Eu vejo porque você a mantém tão perto. Você não iria querer alguém como eu a levando por aí, iria?” “Saia!” Will exigiu. “Ou então nós vamos terminar isso lá fora.” Cadan lambeu seus lábios como se a possibilidade fosse deliciosa. “Eu posso providenciar isso.” No meu terror, minha voz diminuiu num sussurro áspero. “Eu não posso lutar vestida como uma enfermeira sexy!” “Minha querida,” Cadan disse, sua voz tão sensual como vinho, “eu não pretendo te ferir. Mas o seu Guardião aqui, é outra história. Nós temos assuntos inacabados.” “Nós não vamos levar a nossa disputa para o mundo dos humanos,” Will disse. “Isso pode esperar.” Eu não pude ter certeza se a face de Cadan era de desapontamento ou não. “Outra hora, então?” Ele perguntou. “Certo,” Will rosnou. De repente Cadan desapareceu. Will deu um golpe de choque e raiva, sua lâmina perfurando a parede. Eu senti lábios quentes no meu pescoço e eu guinchei, me afastando.

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Cadan me puxou mais perto dele. Assim que Will disparou em nossa direção, Cadan sussurrou no meu ouvido, “Nós nos encontraremos novamente em breve.” Então ele tinha ido. De verdade dessa vez. Ele havia acabado de recitar Shakespeare para mim? Will gritou de raiva e socou seus dedos contra a parede. Um par de garotas veio ao redor do arco e nos encararam brevemente antes de rir e seguir em frente. Eu agarrei seu braço. “Acalme-se! Eu não posso acreditar que você acabou de fazer um buraco na parede da Josie!” Eu olhei ao nosso redor, meu coração acelerado. “Nós devíamos ir embora...” Eu o conduzi para longe e para um salão mais quieto antes de me virar e o encarar. Apesar do meu ligeiro aborrecimento com ele, sua versão defendendo a minha honra ainda era sexy. Com a sua expressão zangada, ele parecia incrivelmente lindo e tão perigoso quanto. “Will, quem era aquele?” Eu perguntei, meus sentidos retornando a mim, finalmente capaz de sentir o quanto eu estava realmente nervosa. “Cadan,” ele grunhiu. “Ele é um dos assassinos de Bastian. Eu não entendo por que ele estava aqui hoje. Eu estou surpreso que ele tentaria te atacar.” Eu estava em dúvida. “Eu não acho que ele estava procurando lutar. Ele teve muitas chances. Você não acha que ele teria aproveitado a oportunidade?” “Não pense que ele não é perigoso por que ele não te matou a primeira vista.” Sua voz estava inquieta, preocupada. “Você não entende o quão destrutivo ele pode ser.” Eu me inclinei contra a parede com uma dor aguda no meu estômago. Eu não me senti ameaçada por Cadan de maneira alguma, mas eu precisava confiar na palavra de Will. Ele conhecia essas criaturas melhor do que eu. Ele era uma delas. Will franziu e tocou o meu braço gentilmente. “Você deveria voltar para a sua festa. Kate pode estar se perguntando onde você está.” “Eu não me sinto mais tão festiva,” eu disse. Um suave sorriso se formou no seu rosto. “Como você iria chegaria em casa? Você não dirigiu até aqui.” “Oh, tudo bem,” eu resmunguei. “Eu acho que não tenho escolha.” Sua apreensão pareceu desaparecer, e mais uma vez ele se transformou naquela familiar torre de segurança e conforto. Ele tomou minha mão. “Vamos lá.”

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Eu o segui de volta para o hall, de onde Kate saltou na nossa frente, as lantejoulas de sua roupa de diabo a faziam brilhar como uma bola de discoteca. Uma mão descansava no seu quadril e a outra segurava um pirulito que saltava do lado de dentro da sua bochecha. Ela nos olhou de cima a baixo. “Onde vocês estavam, gente?” ela perguntou com um sugestivo movimento de suas sobrancelhas. “Se pegando, hã?” Eu rolei meus olhos, conscientemente me afastando de Will. “Não,” eu resmunguei. “Um cara estava me dando alguns problemas.” Eu achei sensato mencionar Cadan no caso de qualquer um ter me visto com ele. “Não aquele cara gostoso, né?” Ela franziu. Eu assenti. “Ele não era tão legal quanto ele parecia.” “Merdas acontecem,” Kate disse num tom indiferente. “Bem, é quase meia noite e eles estão prestes a avaliar o concurso de fantasia!” Cheia de entusiasmo agora, ela prendeu um braço ao redor do meu e dançou seu caminho para o meio do salão, me arrastando com ela. Will nos seguiu silenciosamente. O DJ abaixou a música e aumentou seu microfone para que todos pudessem ouvilo. Gritos ressoaram quando ele começou a anunciar os vencedores. A fantasia mais assustadora não foi para Landon, mas para outro zumbi, resultando num irado Landon. Chris na verdade ganhou pela fantasia mais engraçada. Eu decidi que eu teria que assistir Super Tiras agora. A categoria de fantasia mais sexy foi ganha por uma garota vestida como Eva. Seu copo bronzeado-demais estava coberto por uma folha acima de cada peito e uma minúscula folha biquíni como parte de baixo. Previsivelmente, a melhor fantasia de todas foi para a Josie. Kate se inclinou próxima a mim e disse com um rápido aceno, “Ela pagou alguém a mais por esse prêmio.” Eu acenei em acordo. Quando deu uma da manhã, a festa estava esfriando. Eu estava num humor melhor, finalmente capaz de sacudir a memória de Cadan para fora. Quando nós nos preparamos para ir embora, nós ficamos ao lado dos nossos carros e discutimos a próxima fase das celebrações da noite. “O pós-festa continua na minha casa?” Kate perguntou excitadamente. “Eu estou acabado,” Landon disse. Rachel estava agarrada firmemente ao braço de Evan, descansando a cabeça dela em seu ombro. Sua face estava corada e ela havia perdido seu chapéu de bruxa. “Eu estou pronta para ir para casa, na verdade.”

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“Tudo bem,” Evan disse. “Eu posso te levar para casa. Eu estou me sentindo um pouco cansado também.” “Eu tenho vodka,” Kate disse, balançando seus dedos, tentando convencê-los a se juntar. “Doses, doses, doses!” Quando Rachel começou a ficar animada, Evan a guiou para o seu carro. “Ela não precisa de mais.” “Vejo vocês depois!” Rachel chamou. Seus olhos estavam apertados e seu sorriso era absurdamente grande. “Eu me diverti tanto!” Seu rosto se contorceu de repente e ela se abaixou em volta da traseira do carro e vomitou. Evan se apressou para o seu lado e puxou os cabelos dela para cima de seus ombros. Ele esfregou suas costas gentilmente até que passou, e eles subiram no carro dele. Meu rosto franziu quando eu senti o cheiro do vômito. “Dez pratas que rola alguma coisa,” Kate ponderou quando eles partiram. Eu olhei boquiaberta para ela nauseada. “Ela acabou de vomitar!” Kate encolheu os ombros. “Ela pode escovar os dentes.” Eu franzi para ela. “Você não poderia ser mais rude se tentasse.” “Oh, eu poderia,” ela disse. “Eu poderia ser muito mais rude, mas eu não quero macular os seus lindos ouvidos virgens.” Eu empurrei os ombros dela quando ela riu, e me virei para o Will. “Você está vindo com a gente?” Ele olhou abaixo para mim, seus olhos de um fresco verde-hortelã. Ele parecia ter se acalmado desde que Cadan foi embora. “Se você quiser.” “Eu me sentiria melhor se você estivesse perto,” eu sussurrei. “Cadan me assustou.” “Então claro,” ele disse. “Eu te acompanharei em qualquer lugar.” Eu senti um alívio instantâneo quando eu soube que Will iria ficar comigo a noite toda. Parte de mim estava com medo de Cadan ou até Ragnuk atacar hoje à noite. Eu daria tudo para evitar que aquilo acontecesse quando meus amigos estivessem por perto, mas isso não era exatamente algo que eu pudesse controlar.

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24 Terminamos a noite de folga no porão da casa da Kate assistindo ao filme Halloween original, mas nós só zoamos com isso o tempo todo, por isso não ficou tão sangrento para mim. Era engraçado quantos horrores reais eu enfrentava toda noite, ainda assim eu não podia aguentar um estúpido filme de terror. Landon estava esparramado pela cadeira, e eu sentei no sofá com Kate e Chris enquanto Will sentava quietamente no meu pé. O calor de seu corpo contra minhas penas era reconfortante e eu me sentia perfeitamente segura. Eu não podia dizer se ele estava gostando do filme, mas ele estava sentado imóvel como uma estátua contra mim, seus olhos na TV. Comecei a cochilar, então chequei meu celular. Eram quase três, e eu sabia que iria desmaiar a qualquer minuto. Eu estava satisfeita de ver que todo mundo parecia se sentir do mesmo jeito. Chris já estava dormindo com sua cabeça apoiada no encosto do sofá, e sua boca estava escancarada enquanto roncava. Ele ainda não havia tirado seu bigode ridículo. Kate e Landon pareciam estar em seus próprios mundos de risos e copos tilintando. Assim que o filme acabou, Kate desejou-nos boa noite e deixou a sala. Landon escolheu uma das duas camas, e Chris não parecia que deixaria o sofá por enquanto. Eu deixei Will com a TV para me trocar em um quarto vazio. Com minha mochila jogada na cama, eu a abri e peguei meu pijama. Eu soltei meus cabelos e os grandes cachos balançaram. Fui ao banheiro perto da cozinha para escovar meus dentes. Assim que eu abri a porta, eu congelei. Kate e Landon saltaram para longe um do outro e Kate puxou uma toalha para cobrir seu sutiã. Landon esbarrou na pia e derrubou algumas coisas. O rosto dos dois estava torcido em choque. Eu olhei de Kate para Landon e para a camisa de Kate jogada no chão. “Ah, cara,” eu disse em voz baixa. Eu prontamente girei em meus calcanhares e voltei para o meu quarto, deixando a porta do banheiro se fechar atrás de mim. Eu não precisava tanto escovar os dentes. Parecia que Landon havia me esquecido. “Ellie, espere!” Kate gritou em uma voz abafada. Eu parei e virei para ela enquanto ela puxava sua camisa por cima da cabeça e corria no corredor em minha direção. Sua expressão estava mortificada. “Oh, Deus, Ellie, me desculpe. Só aconteceu! Você me odeia? Eu juro que nós não fizemos nada. Só demos uns beijos.” “Tudo bem,” eu disse honestamente. “Está legal. Eu não ligo. Eu não estou na do Landon, lembra?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Ela despencou. “Eu sei, mas eu não queria que ficasse estranho. Eu estou meio bêbada e estou com um ótimo humor e ele só estava lá, e ele é mais fofo do que o Chris. Eu não sei o que eu estou pensando.” Landon deixou o banheiro, não disse nada, e desapareceu no quarto que escolhera, fechando a porta atrás dele. “Kate, tudo bem,” assegurei a ela. “Ele é todo seu.” “Tem certeza?” Ela parecia preocupada, mas feliz, se isso fosse possível. Talvez ela só estivesse fingindo o rosto preocupado. “Definitivamente,” eu disse com um aceno firme. “Boa noite.” Eu voltei rapidamente, sem ver se ela ia para o quarto com Landon ou de volta para sua própria cama. Eu não queria saber. Eu fechei a porta e sentei na cama. Bem, isso foi um choque. Talvez se Landon se preocupasse com Kate, ele me superara. Então, se eles começassem a sair de novo eu nunca poderia sair com eles. Eu não queria segurar vela. Eu certamente não queria olhar eles se agarrando o tempo todo. Oh Deus, por favor, que seja só uma aventura. Uma batida suave veio da porta. “Entre,” eu disse. Will entrou. “Eu vou sair e vigiar.” “Tudo bem,” eu disse. “Você realmente acha que alguém pode atacar a casa?” “É sempre uma possibilidade” ele observou. “Boa noite.” Ele sorriu e virou-se para sair. “Espere... Will?” Ele virou de volta. “Sim.” “Fica comigo?” pedi. “Por favor? Só até eu dormir.” “Como quiser,” ele disse. Ele ficou imóvel. Eu subi na cama. As colchas eram legais no começo, mas elas aqueceram rapidamente. Will andou até mim e sentou no chão com as costas apoiadas na cama. Aproximei-me dele para que eu pudesse deitar minha cabeça perto de seu rosto. Ele ainda cheirava bem apesar de ter estado na festa à noite inteira. Eu achei que não me saíra tão bem. Ele deixou sair um longo, baixo suspiro e deitou sua cabeça contra a borda da cama. “Obrigada,” sussurrei. “Por ficar.” “Eu farei qualquer coisa que você me pedir,” ele disse. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Eu ri. “É melhor não dizer isso, eu posso pedir para você fazer umas coisas bem selvagens.” “Não é como se você nunca tivesse pedido no passado.” Fiquei intrigada o suficiente para quase esquecer o pensamento de Landon e Kate transando do outro lado da parede. Quase. Eu precisava pensar em outra coisa antes de perder minha cabeça. “Distraia-me.” “O que?” “Estou desesperada. Distraia-me.” “Como?” “Qual a coisa mais maluca que eu já te pedi para fazer?” Ele pensou por um momento. “Essa pode não ser a mais louca, mas uma vez nós perseguimos um ceifeiro e ele pulou de uma ponte. Você me pediu para ir atrás dele enquanto você corria pela margem rio abaixo.” Eu ri. “De jeito nenhum. Eu pedi para você pular de uma ponte?” “Nós estávamos bem desesperados por aquele,” ele disse. “Você vai me contar a história?” “Porque você pediu, eu vou. Foi nos anos 1880, no Texas. Um ceifeiro estava aterrorizando uma cidadezinha. Ele tinha gosto por crianças.” Meu estômago se revirou. “Isso é terrível.” Ele assentiu. “Os moradores locais pensaram que eram apenas coiotes arrastando as crianças à noite, ou a tribo Kiowa próxima que os roubava por escravos ou outro disparate, mas nós soubemos mais quando pegamos a liderança. A primeira noite que chegamos a cidade, você decidiu se usar de isca. Eu tentei fazer você desistir disso, mas você estava determinada a pegá-lo antes que ele machucasse mais alguma criança. Você se vestiu com um vestido de criança e esperou nas redondezas da cidade, fingindo brincar com uma boneca. Foi uma das noites mais escuras que me lembro. Era eclipse lunar e a cidade não tinha eletricidade ainda, então tínhamos apenas algumas estrelas para vermos nosso caminho.” Enquanto ele falava, eu me encontrei imaginando a cena na minha cabeça, como se eu estivesse lá. Eu estava lembrando? Eu lutei muito para lembrar enquanto ele me contava a história, e flashes de imagens cruzaram minha cabeça. Eu sabia que elas deveriam ser reais.

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“O ceifeiro não demorou muito para se mostrar e atacar você. Ele chegou bem perto, eu me lembro de estar terrivelmente assustado por você, mas você agiu como se ele nem estivesse lá. Eu nunca vi você tão legal em ação antes. Quando ele percebeu que você era a Preliator, eu estava correndo do meu esconderijo, balançando minha espada. Eu não empunhei um golpe sólido antes dele entrar na escuridão. Nós começamos a perseguição, seguindo-o através da floresta, no final de um campo. Ele era um ceifeiro treinado, então ele era mais rápido e ágil do que nós. Quando ele chegou ao rio além das árvores, ele correu para a ponte e pulou. Ele deixou o rio levá-lo. Eu acho que ele pensou que poderia nos perder na água. Você gritou para eu pular também, e você correu na lateral do rio no caso dele sair. Eu nadei o mais rápido que consegui, e quando eu finalmente o alcancei, ele lutou de volta com força. Ele me rasgou, mas ele lutava com tanta força, que parou de prestar atenção em você, e foi quando você pulou para o rio. Nós o pegamos aquela noite.” “Uau,” era tudo que eu podia dizer. “Foi uma noite e tanto,” ele disse. “Você foi maravilhosa.” “Parece que você foi maravilhoso.” Ele sacudiu a cabeça. “Você sempre me surpreendeu. Sua força me manteve com você e é por isso que eu sigo você.” Eu sorri. “Eu queria lembrar.” “Você vai,” ele insistiu. “Eu continuo te dizendo isso, porque é verdade. Há muitas coisas que eu gostaria que você nunca lembrasse, mas todas elas fazem de você o que você é. Eu nunca conheci mais ninguém que já viu tantas tragédias indizíveis em suas vidas, e ainda assim você é mais humana do que o resto do mundo.” “Você soa tão triste,” observei. “Eu estou.” Ele não elaborou. Meus dedos passaram por seus cabelos, e ele inclinou-se em direção a minha mão, virando seu rosto para que seus olhos encontrassem os meus. “Não fique. Desculpe-me.” “Não há nada que você precise se desculpar,” ele disse. “Não importa quantas vezes eu disser a você o quanto eu sinto, nunca irá compensar às vezes em que eu falhei com você e a deixei morrer.” “Will...” Ele olhou ferozmente em meus olhos. “Eu falei sério quando te disse que nunca quebraria uma promessa para você. Você sobreviverá a Bastian, eu juro.” “Eu acredito em você.”

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Ele sentou sem emoção e em silêncio por um tempo. Eu deitei minha cabeça e o observei. Ele parecia estar profundamente perdido em seus pensamentos, e quebrou meu coração o ver tão atormentado. “Eu tenho uma pergunta sobre os Grigori,” eu disse, lutando para pensar em alguma coisa que tirasse sua mente do que estava incomodando a ele. “Algum deles tiveram filhos com humanos?” Ele assentiu. “Os Grigori não eram totalmente maus como os Caídos eram quando eles se rebelaram contra o Céu, mas de algum jeito, se ligar com a Terra como punimento, os fez desenvolver desejos e emoções mortais. Em vez de observar silenciosamente o mundo mortal como deveriam fazer, eles dormiram com mulheres mortais e tiveram poderosas criaturas meio-humanas, meio-anjos chamada Nefilins.” “Pode ser isso o que eu sou?” perguntei. “Eu sou mortal, mas uso o poder do fogo angelical.” “Não,” ele disse gentilmente. “Os Nefilins são monstros. Eles nasceram do espírito caído, e nada de bom vem deles. Eles eram enormes e violentos, mais monstruosos do que a maioria dos ceifeiros. Deus inundou a Terra para destruí-los, e então Ele fez os Grigori inférteis para que mais nenhuma abominação fosse criada. Algum Nephilim talvez tenha sobrevivido, mas eu nunca vi um. Não é possível que você seja uma deles. Você teria três metros de altura e procuraria uma briga toda hora.” “Eles parecem sórdidos.” “Eles eram,” ele disse. “Sórdidos o suficiente para Deus inundar o mundo para matar a todos. Ele só fez isso uma vez, e você conhece todas as coisas horríveis lá fora agora. Ele estava bem desesperado.” Eu não podia imaginar monstros mais terríveis do que os ceifeiros que eu já tinha visto. Isso me fez me perguntar como os Caídos eram e sobre a verdade por trás de Lúcifer, Samael, e Lilith. “Por que Lúcifer se rebelou? Por que ele arriscaria algo como uma guerra contra o Céu?” “Eu realmente acho que não estou qualificado para responder essa pergunta.” “Mas o que você acha?” perguntei. “Tenho certeza que você tem uma teoria.” Ele fechou os olhos enquanto eu passava minha mão por seus cabelos de novo. “Amor, eu acho.” “Amor?” Eu dei uma pequena risada. “Eu pensei que Lúcifer era mau. Que ele não pudesse amar nada.” “Ele amava,” Will disse, olhando para mim novamente. “Ele amava muito a Deus, mas um anjo não deveria sentir amor. Deus pode, entretanto, e Ele ama os humanos mais Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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do que qualquer coisa. Um anjo não deveria sentir ciúmes também, mas Lúcifer sentia. Ele sentia ciúmes dos humanos porque Deus os amava mais. E ele se rebelou. E perdeu.” “Isso é esquisito, mas eu meio que me sinto mal por ele.” “Amor é uma coisa linda, mas terrível,” ele disse. “Você tem que tomar cuidado com isso. Pode destruir você. Esse é o motivo pelo qual os anjos não devem sentir emoções. Eles devem ser infalíveis e sem dúvidas.” “Parece um show áspero. Deve ser uma droga ter que ser perfeito.” Ele sorriu. “Boa coisa não termos que ser.” Eu puxei o cobertor até meu queixo e fiquei quieta por um tempo. Seu rosto estava tão perto do meu que eu podia sentir sua respiração. Perguntei-me como seria beijá-lo. “Obrigada por ter vindo comigo hoje à noite.” “Claro.” “E por ficar comigo. Obrigada de novo.” “Qualquer coisa por você, Ellie.” Eu sorri, mas suas palavras altruístas quebraram meu coração. Ele quis dizer aquilo, e eu confiei em seu juramento. “Eu sempre me sinto melhor quando você está perto de mim.” Ele estudou meu rosto por uns momentos e sua expressão ficou tranquila. “Você deveria tentar dormir.” Assenti. “Sim. Você estará aqui quando eu acordar?” “Eu não deixarei o quarto.” Meus olhos se fecharam. “Obrigada.”

A vir irrompeu em chamas enquanto sua cabeça saía de seu corpo. Cinzas caíram a minha volta, agarrando-se ao meu cabelo e as pregas grossas da saia em minha perna. Eu abandonei minhas espadas, e quando o brilho da fogo de anjo morreu, as ruas da cidade ficaram escuras novamente. Will chamou meu nome depois que acabou de liquidar o outro ceifeiro, seu corpo transformado em pedra e despedaçando-se no chão. A dor no meu abdômen me deixou entorpecida e minha garganta se encheu de sangue. Eu engasguei e tirei minha mão da minha barriga para saber quanto dano o ceifeiro me causara quando me apunhalou. O tecido foi rasgado e havia sangue o suficiente para eu nem sequer conseguir ver minha pele. Eu apertei meus olhos com força quando outra rajada de dor passou por mim. Eu cambaleei vertiginosamente em meus pés enquanto Will chamava meu nome de novo. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Ele tocou meu ombro e eu rangi meus dentes por causa da dor. Cada centímetro do meu corpo doía, e um calafrio se espalhou por mim, começando da ferida em minha barriga. “Você foi ótima,” ele disse com um sorriso gentil enquanto recuperava o fôlego. Um corte no pescoço foi lentamente fechando. Cheguei até a tocá-lo, porque eu sabia que seria minha última chance. Seu sorriso desapareceu como se ele tivesse lido minha mente. “O que houve?” Mordi meu lábio para não fazer careta quando algo estalou dentro de mim, tentando curar-se inutilmente. “Eu estou bem.” Os olhos de Will brilharam intensamente quando ele segurou meu rosto com ambas as mãos, alisando meu cabelo para trás, procurando por machucados. Ele sabia. Ele não havia achado a ferida ainda, mas ele sabia que estava lá. “Você está machucada. Onde? Por favor, me deixa te ajudar. Onde está?” Enquanto o coração dele se quebrava na minha frente, lágrimas começaram a rolar pelas minhas bochechas e eu me afastei, me recusando a deixá-lo ver. Eu não queria que fosse real para ele. Não de novo. O movimento brusco me fez gritar e me dobrar. Will gritou meu nome e caiu por cima de mim, atirando sua espada para longe e puxando-me para perto dele enquanto meus joelhos atingiam o chão. Sangue encharcou meu vestido e formou uma poça a minha volta, encharcando o solo com escuridão, como um buraco que levava ao inferno. Will puxou-me contra seu peito, embalando-me gentilmente. Ele tirou o corpete do meu vestido para examinar o machucado. Olhei para o seu rosto quando ele viu a extensão do dano e cerrou os olhos fechados, sugando seu lábio superior e apertando sua mandíbula. Ele respirou fundo e olhou para meu rosto, colocando meus cabelos emaranhados atrás da minha orelha e acariciando meu rosto ternamente. Ele abriu a boca para dizer algo, mas fechou de novo. Ele não mentiria para mim e diria que estaria tudo bem. Ele nunca mentiu para mim. Ele se inclinou sobre mim e pressionou a testa com a minha, seu corpo tremendo com uma dor diferente da minha. “Will,” suspirei. Doía falar e eu mal podia olhar para ele, mas eu precisava fazer os dois. Por ele. Estudei sua face, os olhos cor de joia, a curva de seus lábios, memorizando cada parte dele. “Desculpe-me.” Ele se afastou e balançou a cabeça. Seu polegar traçou meu lábio inferior gentilmente. “Nunca se desculpe por qualquer coisa. Nunca.” “Eu vou voltar para você,” prometi. Ele assentiu, lágrimas brotando de seus próprios olhos. “Eu sei. E eu estarei esperando. Eu vou esperar você para sempre.”

Acordei com um aperto de morte nos lençóis. Eu os liberei e sentei-me, tentando furiosamente lembrar o pesadelo que eu acabara de ter. Toque minha barriga e fiquei aliviada ao encontrá-la lisa e ilesa. Eu quase sentia como se Will ainda estivesse me Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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tocando, e formigou onde eu lembrei que ele tinha. No meu sonho ele pensou que eu fosse morrer, mas eu não tinha certeza se eu morria no fim. Aquela parte nunca aconteceu no sonho. Era uma memória ou só um sonho? Eu nem podia mais dizer a diferença. No mundo real, Will ficou de costas para mim, olhando pela janela. Quando os cobertores fizeram barulho, ele se virou para mim. Corei sem motivo algum quando eu vi seu rosto. O Will do meu sonho me olhava de volta com seu sorriso lindo, doce, e levou outro momento para eu distinguir realidade da minha memória. Ele parecia tão distante, e ele estivera tão perto de mim momentos atrás no meu sonho. “Como você dormiu?” ele perguntou. Ele encostou-se à parede e cruzou os braços sobre o peito. Estiquei meus braços. “Eu tive um sonho sobre você.” “Espero que não tenha sido um sonho embaraçoso.” “Não,” eu disse. “Mas também não foi um sonho bom.” Seus olhos escorregaram para o lado por um momento e ele não disse nada. “Você acha que é uma memória?” perguntei. “Pode ter sido,” ele respondeu. “O que aconteceu nele?” Eu expliquei para ele: a batalha com os ceifeiros, e eu deitando na rua, mas eu deixei de fora as partes mais íntimas. Ele manteve sua expressão neutra e acenou algumas vezes. “Era real?” perguntei. “Sim,” ele respondeu. “Foi em New York, pouco antes da Guerra Civil estourar. Eu estou feliz que sua memória esteja voltando para você, mas eu queria que você tivesse lembrado de algo mais.” “Eu morri?” sussurrei. Seu olhar era forte no meu e ele não disse nada. Ele não precisava. Seu rosto disse a resposta que ele não falou em voz alta. “Pelo menos você está lembrando” ele disse em voz baixa. “Podemos ser gratos por isso.” “Eu estou” eu disse, mas não tinha certeza. Por mais que eu ansiasse em aprender mais sobre o meu passado, eu estava com medo de aprender outras coisas também—a maioria sobre morte e desespero, e escuridão da terra. Eu rezei para que aquelas memórias não voltassem para mim, porque eu sentia em meus ossos que algumas coisas eram muito assustadoras para lembrar. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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25 Novembro foi maçante. Kate e Landon nunca mencionaram sobre o incidente no banheiro no Halloween, e de maneira nenhuma eu iria perguntar. Se eles não queriam falar sobre isso, então estava bom para mim. Landon pelo menos parecia estar desinteressado em mim, finalmente, por isso não precisei me preocupar sobre ferir seus sentimentos. Uma noite, após uma dura sessão de treinamento, eu me sentei em uma mesa fraca, em um dos escritórios velhos em nosso armazém, lutando por um monte de lição de casa de álgebra, enquanto Will sentou serenamente em uma cadeira quebrada em frente ao balcão. Tentando não reprovar e ser expulsa da escola enquanto caçava ceifeiros, equilibrar isso ficava cada vez mais difícil. Esta não foi a primeira vez que eu tive que trazer a minha lição de casa para as nossas sessões de briga. Nós lutaríamos, eu faria uma folha de fórmulas matemáticas ou algo, e então nós lutaríamos novamente. Eu ia perder minha cabeça. “Você sabe, se você vai ficar olhando por cima do meu ombro, você pode me ajudar com isso,” eu resmunguei. “Eu estou dizendo a todos que você é meu tutor. Sinta-se útil e seja meu tutor.” “Estou sendo útil,” ele respondeu. “Estou ouvindo. E, além disso, não faço ideia do que isto significa mesmo.” Eu bufei. “Isso nem é mesmo avançado. Estou na aula de física para crianças burras.” “Você não é burra.” “Eu sou burra em física.” Ele piscou. “Eu não sei essas coisas e eu não sou burro.” “Ok, bem, nós dois somos ignorantes em física,” eu disse. “Feliz?” “Mas você está aprendendo.” “Sim, isso é porque eu sou ignorante.” “Isso não significa que você é burra.” Eu senti uma vontade poderosa de bater nele. O olhar sincero de confusão em seu rosto me impediu de fazê-lo, embora eu ainda estivesse tentada. Talvez se eu simplesmente desse uma pancada de leve entre os seus olhos ou algo assim... Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Sinto muito,” disse ele, e se levantou. “Estou atrapalhando você. Eu só vou esperar lá fora.” “Você não tem que ir.” “Não, eu devo. Eu não estarei longe.” Ele saiu da sala do escritório e me deixou em silêncio. Assim que ele saiu, eu queria que ele voltasse. Eu me encontrei olhando para o seu lugar vazio e sentindo a sua ausência. Eu resolvi—ou assim eu esperava—um pouco mais dos problemas da lição de casa quando eu pensei ter ouvido uma música. Era muito leve, mas alto o suficiente para me fazer pensar. De onde estava vindo? Levantei-me e segui o som pelos corredores em ruínas, mas enquanto eu me rastejava através da luz, o mundo sumiu de novo e eu só podia dizer a mim mesma, não de novo. Eu me apoiei contra a parede, enquanto me apertava na pintura descascando, sentindo isto arranhar minha pele—qualquer coisa que pudesse impedir minha mente de entrar em um tempo mais escuro. Mas como o mundo mudou ao meu redor, meu rosto apertado, espremido até que eu não podia me mover, mas eu não senti medo, apenas raiva. Algo brilhou na minha frente, de modo incrivelmente brilhante. Precisei desviar o olhar. O último ceifeiro foi consumido pelas chamas. Minha pele e roupas estavam salpicadas de sangue, mas pelo menos eu usava calças masculinas em vez das detestáveis saias grossas que eu tinha que vestir como uma mulher jovem entre os seres humanos. Sem outros inimigos para enfrentar, desci mais profundo para dentro do castelo, me movendo dentro do Sombrio, através de corredores de pedra, iluminados apenas pelo meu fogo angelical. Minhas espadas brilhantes eram excelentes substitutos para tochas. Fiz uma pausa, buscando sair com minha mente, e localizar um poder nas proximidades. Ele inchou e morreu e inchou de novo. Mas havia apenas uma marca queimando, não muitas, então não poderia haver uma luta. Eu segui a marca de um grupo de escadas e através de uma porta que era mais alta do que a maioria das outras que eu atravessei naquele lugar. Pisando cuidadosamente em uma grande sala, eu segurei minha espada pronta. Por um momento eu pensei que eu estava errada. Havia três vir na sala, todos se viraram para olhar para mim e todos me reconheceram instantaneamente. Eles me carregaram, asas, garras e dentes rangendo e batendo. Eu torci e girei, mergulhando através das ondas de fumaça de poder e o cheiro estonteante de enxofre. Eu os despachei em segundos, meus braços doendo de tanto balançar minhas espadas. Olhei ao redor da sala novamente para ter certeza que eu derrotei todos eles. Em vez de encontrar outra batalha, eu achei um quarto ceifeiro vir preso. Os braços dele foram mantidos para cima, os pulsos dele algemados à parede. Seu poder cresceu e ele puxou contra as correntes, mas mesmo a esta distância, eu poderia dizer que as cadeias eram feitas de prata e elas o enfraqueciam. Após ele fazer outra tentativa de liberdade, sua força diminuiu e ficou mole contra suas amarras. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Eu me aproximei dele, meu peito arfante da luta enquanto eu tentava recuperar o fôlego. O ceifeiro preso não seria nenhuma ameaça para mim—enquanto ele permanecesse amarrado. Ao me aproximar dele, ele olhou para mim, e dei uma boa olhada em seu rosto pela primeira vez. Ele era, por falta de uma palavra melhor, bonito. Seus cabelos eram escuros, ricos, como madeira de nogueira polida, e suas feições eram bonitas, afiadas, e predatórias. Seus lábios estavam esculpidos como os das estátuas de mármore na Roma antiga, e seus olhos eram verde cristalino brilhante—os inconfundíveis olhos inumanos de um ceifeiro. Mas ele era demoníaco? Ou angelical? Ele olhou para minhas espadas flamejante e depois para meu rosto, se mostrando para mim em estado de choque e pavor. Este era um ceifeiro que eu nunca vi antes, e a surpresa em seu rosto provou isto. Ele nunca me viu também, mas ele sabia exatamente quem eu era. Ele levantou a cabeça em uma corajosa tentativa de parecer como se ele não estivesse derrotado e fraco. “Eu sei quem é você,” disse ele em inglês. Sua voz era fraca e tensa, quebrada, mas eu reconheci o sotaque escocês. “Se eles tivessem levado meus olhos, eu ainda saberia o que você é. Não me mate.” “Mas eu não sei o que você é,” eu disse, inclinando a cabeça para ele. Sua fina camisa branca estava rasgada e ensanguentada, e a calça não teve melhor sorte. Ele estava vestido como um nobre, e com o rosto bonito e cabelos limpos amarrados para trás com uma fita, não seria nenhuma surpresa para mim se ele fosse um aristocrata. Houve muitos ceifeiros hediondos da aristocracia ocupando posições de poder em toda a Europa. Sua expressão endureceu. “Eu não sou o que você acha que eu sou.” “Não?” Eu perguntei e o medi. “Você é um ceifeiro e bateram o inferno em você. O que você fez para merecer isto?” Um sorriso curvou nos seus lábios. “O demônio não gosta muito de mim desde que eu matei cada um deles, eu acho. Eles finalmente têm alguma coisa comigo, como você pode ver.” Não achei seu comentário divertido. “Você tem apenas o que? Um século de idade? Você não tem esse tipo de força.” “Chame de um dom.” Estudei-o por um momento. Seus olhos eram brilhantes quando ele tentou novamente quebrar suas algemas. “Você foi pego, então não pode ser tão forte.” “Foi uma emboscada,” disse ele através de uma tosse violenta. “E você é a pessoa certa para conversar. Você é tão bem conhecida por suas mortes como você é para suas conquistas.” Sua atitude começava a me irritar. “Devo lembrar que você está à minha mercê agora?” “Você não destrói o angelical. Matar-me seria sua desonra.”

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“Eu não tenho nenhuma razão para acreditar que não seja demoníaco,” eu disse. “E se você é um traidor de seu mestre? Você pode ter se rebelado contra ele, para demarcar o seu próprio território. Por isso foi punido severamente. Eu entendo a política da sua espécie.” “Eu não sou um traidor de ninguém,” ele rosnou. “Eu estou fazendo apenas o meu dever como os angelicais deveriam. Se você não acredita em mim, então, coloque o seu fogo na minha carne. Não vai me prejudicar.” Se ele era verdadeiramente demoníaco, então ele era corajoso. Mas se ele disse a verdade... Eu segurei o olhar dele por várias batidas do coração até que eu finalmente levei minha espada. A lâmina prateada se engoliu em fogo angelical. Eu usei a ponta na parte mais ampla da gola de sua camisa, expondo seu peito nu. Eu olhei em seus olhos. Ele olhou firmemente para trás, sem medo quando a luz do fogo angelical dançou fora de suas características. Quem quer que fosse, eu o admirava. Eu desenhei uma linha de sangue no peito com a lâmina enquanto o fogo lambeu a sua pele, e sua mandíbula apertou de dor, feito pedra. Afastei-me para examinar o ferimento. Como ele prometera, o fogo angelical não fez nenhum dano a ele. “Eu te disse,” disse ele com um sorriso escuro. Sua ferida fechou, deixando apenas uma gota de sangue para trás. “Eu ainda posso te deixar acorrentado." “Se você me soltar,” disse ele, “eu posso ajudá-la. Nós dois estamos caçando os demônios." “Eu não preciso de sua ajuda.” “Você não quer que ninguém guarde suas costas?” “Eu posso cuidar de mim mesma.” “Claro que você pode.” Aquele belo sorriso aumentou. “Então, se vire.” Assim que ele disse isso, senti um surto de poder por trás de mim. Me virei e balancei minha espada, retirando a cabeça de um ceifeiro que pulou em mim por trás. Ele pegou fogo, e eu me virei de volta para o ceifeiro angelical. “Vê? Eu sou útil.” Eu olhei para ele. Então eu tomei a minha espada novamente e cortei suas algemas. Ele caiu no chão e afundou contra a parede, ofegante de dor. “Qual é seu nome?” Eu perguntei. “Apenas me chame de Will.” Olhei para baixo, em seus olhos verdes quando ele se arrastava. “Eu nunca mais quero ver seu rosto novamente, Will.” Virei às costas para ele e ouvi a música novamente. Eu fechei meus olhos, me concentrando duro no som suave, até que foi tudo o que ouvi. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Quando eu abri meus olhos outra vez, eu havia voltado para o armazém em ruínas antigas. Dei um suspiro de alívio. Um véu de calor caiu sobre mim quando eu percebi que acabara de me lembrar da primeira vez que encontrei Will. Sorri para mim mesma, lembrando de como eu estava irritada e com a língua afiada. Então me lembrei que se apresentara para mim em setembro do mesmo jeito que o fizera quando eu o conheci 500 anos antes: Apenas me chame de Will. Eu escutei a música novamente e segui de volta para o depósito do almoxarifado central. Eu empurrei a pesada porta só um pouco, deixando o dilúvio de música suave nos meus ouvidos e o salão atrás de mim, e eu espiei através. Will estava sentado em uma cadeira contra a parede com um violão em suas mãos. Eu estudei a maneira como suas mãos se moviam rapidamente, flexíveis e precisos, como ondulações na água, os músculos em seus braços apertados e definidos. A maneira como sua cabeça balançava e seu pé bateu no chão com a batida que cativou. Eu reconhecia a música, embora eu não conseguisse dizer qual fosse. Mas o nome da música realmente não importa. Eu estava em transe. E era agradavelmente sexy vê-lo tocar. Sexy e bonito, como todos os outros aspectos dele. Enquanto eu ouvia e assistia, eu sabia que ele estava tão perfeitamente consciente de mim como eu estava dele, embora ele mantivesse seu ritmo infalível. Eu sabia que ele podia sentir cada centímetro da minha pele de todo o chão, como eu sentia a sua, sentindo cada fio do vínculo secular poderoso que compartilhamos. Naquele momento meus lábios ficaram dormentes e algo girou deliciosamente quente no meu peito. Nesse exato momento eu sabia que estava inegavelmente apaixonada por ele. Eu tomei uma respiração de coragem e abri a porta toda para que eu pudesse avançar. Eu cruzei meus braços sobre o peito como o meu alívio para ele, sorrindo como se nada tivesse mudado em mim. Ele não parou de tocar quando me aproximei, mas ele olhou para mim e sorriu, transformando meu estômago em pudim. Aquele sorriso inteligente foi o mesmo sorriso que ele me deu na noite que eu o conheci quinhentos anos antes. “Acho que tenho sorte, então,” eu disse, lembrando o que ele me falou sobre esse lado dele. Ele nunca perdeu um acorde. “Eu acho que você tem.” Eu não disse mais nada até que ele terminou e eu bati palmas para ele. “O que foi isso?” “Journey,” disse ele. “Uma das minhas preferidas. ‘Wheel in the Sky’.” “É muito boa. De onde você tirou o violão?”

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“Eu mantenho algumas das minhas coisas aqui. A maioria dos meus pertences está na casa de Nathaniel.” Eu imaginei que outras coisas ele poderia ter mantido ao longo dos anos e desejava vê-los, só para saber um pouco mais sobre ele. “Por que você não toca mais?” Eu perguntei. Ele deu de ombros e colocou o violão de lado. “Há outras coisas em minha mente, eu acho.” “Você pode cantar também?” Ele riu e balançou a cabeça. “Não. Cantar não é um dos meus talentos.” “Isso é muito ruim,” eu disse, mastigando meu lábio, reunindo a coragem para contar a ele sobre o meu flashback. “Will, quando eu estava saindo do escritório, me lembrei de algo. Foi a noite em que conheci você, quando eu cortei aquelas algemas todos esses séculos atrás. Você era um espertinho mesmo naquela época.” “Eu não nego isso.” “Como você conseguiu ser capturado daquele jeito?” Eu perguntei. Seu olhar permaneceu no meu rosto por algum tempo. “Eu estava caçando ceifeiros demoníacos com Nathaniel. Nós nos separamos e eu estava encurralado. Eles me torturaram e me interrogaram para descobrir o que eu sabia sobre os outros ceifeiros angelicais, mas eu não sabia de nada. Eu estava brincando de vigilante com Nathaniel. Nós não sabíamos o que estávamos fazendo na época. E então você veio.” Sua expressão suavizou enquanto ele olhava para mim, o olhar em seus olhos distantes e com saudade. "Você foi como um anjo guerreiro que eu havia visto no vitral de uma catedral. Eu sabia quem você era no momento que eu vi você, porque eu ouvi falar de você. Todo mundo ouviu. E você me libertou.” “Mas eu te disse para me deixar em paz,” eu disse. “O que fez você tentar novamente?” “Naquela mesma noite, um anjo veio a mim,” confessou. “Eu não sei o nome dele ou por que ele apareceu para mim de todas as pessoas, mas ele me disse que seu destino e o meu foram amarrados juntos. Ele disse que eu precisava protegê-la, porque você era a mais sagrada de todas as coisas. Meu destino era se tornar o seu Guardião, em uma longa linha de Guardiões: eu fui escolhido. Ele me deu a minha espada e o poder de despertá-la, assim você pode se tornar a Preliator em cada reencarnação. Ele me deu um propósito, algum tipo de resolução na minha imortalidade, um foco. Você me deu propósito.” Eu sorri para ele, e ele sorriu de volta. Fiquei muito agradecida que ele tivesse se tornado o meu Guardião. Lembrando que o flashback do Egito antigo me fez nunca querer Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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conhecer a vida sem ele, nunca mais. Senti as perdas dos meus Guardiões anteriores, mas eu não confiava em ninguém mais com a minha vida do que Will. Sem ele, eu acho que não poderia cumprir minha missão de destruir os ceifeiros demoníacos. Meu telefone tocou, quebrando o silêncio entre nós. “É Nathaniel.” Eu segurei o telefone até minha orelha. “Ellie,” disse Nathaniel antes que eu pudesse falar. “Onde vocês estão?” “No armazém. O que foi?” “Não saia. Eu vou encontrá-la lá.” Ele desligou o telefone. A urgência em sua voz deixou meu pulso batendo. Meus olhos encontraram de Will.

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26 Nós esperamos, tensos pela antecipação, pela chegada de Nathaniel. Quando ele finalmente entrou no beco e estacionou atrás do meu carro, ele e Lauren—a médium que eu conheci na primeira vez em que encontrei Nathaniel—desceram e andaram passando por nós, até o armazém. Nathaniel acenou com uma mão para que nós o seguíssemos até a sala em que estávamos mantendo o sarcófago. Assim que entrei, senti um familiar arrepio emanando do Enshi. Nathaniel e Lauren pararam na frente do sarcófago. “Bom ver você novamente, Ellie,” Lauren disse. “Você também,” respondi com um sorriso. “E ai Nathaniel?” “Descobri a linguagem que está no sarcófago,” ele disse. Will se animou. “E?” “A escrita é, de fato, uma cuneiforme arcaica,” Nathaniel disse excitado. “Mas é mais velha que Assírio Antigo, mas velha até que o estilo Acadiano.” Encarei a caixa, minha cabeça sentindo como espessas nuvens, impedindo-me de pensar com clareza. “Quão velho exatamente?” “Aproximadamente cinco mil anos.” Meus olhos saltaram. Will se moveu inconfortável perto de mim. Olhei para ele e seus olhos encontraram os meus. “Jesus,” murmurei. “Não,” Nathaniel gorjeou. “Jesus não está ali.” Pisquei. “Eu não estava...” Ele riu forçadamente e piscou para mim. Assumi que isso era para, supostamente, ser outra de suas incríveis piadas, mas elas só não eram engraçadas para mim. Dei uma suave risada sem humor. Ele emanou orgulho. Encarei Will, quem só encolheu os ombros e balançou a cabeça. Ele entendeu completamente. Nathaniel voltou a ficar sério novamente. “O que eu quero dizer é que esse Enshi foi trancado nesse sarcófago três mil anos antes do nascimento de Cristo.” “Isso diz o que o Enshi é?” Will perguntou. Nathaniel meio que acenou, meio encolheu os ombros. “Sim, e não. São todas más notícias, o que é o motivo de eu ter trazido Lauren aqui, para me ajudar a determinar o que está aí dentro.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Que tipo de más notícias?” perguntei. “Bom, se você olhar para o sarcófago de perto,” Nathaniel começou, alisando o sarcófago levemente, “você vai perceber que ele é belamente decorado. Os anciões mesopotâmicos só se importavam em enterrar pessoas muito importantes desse modo, então o corpo aí dentro é, no mínimo, de grande importância. Essa é a primeira notícia ruim. A segunda é—se você puder olhar para esse símbolo aqui—as inscrições me dizem que nosso amigo aqui dentro é um verdadeiro ceifeiro de almas.” “Em inglês, por favor?” perguntei estupidamente. Nathaniel me deu um olhar estranho. “Isso foi em inglês.” “Em americano então,” eu disse. “Nada do que você disse faz algum sentido para mim.” O ombro de Will roçou no meu. “Significa um ser que pode fazer o que quiser com as almas, ao invés de só mandá-las para o inferno.” “De jeito nenhum,” eu disse. “Como o Ceifeiro Sombrio? A própria Morte?” “Assim é como os humanos gostam de chamar,” Will disse. “Mas é possível que o Enshi seja um anjo, então? Do posto de um arcanjo, talvez?” Nathaniel assentiu. “Sim. Na melhor das opções talvez isso seja algum tipo de ceifeiro extra poderoso que pode mandar almas para o inferno ou para o céu. Foi provavelmente assim que a lenda do Ceifeiro Sombrio começou. Na pior, é que nosso amigo aqui dormindo coma as almas, o que significa que as almas vão desaparecer. Sem inferno. Sem paraíso.” “Isso é horrível,” eu disse. A expressão de Will ficou sombria. “E Ellie? Isso significa que—” Nathaniel assentiu. “Sim, significa.” Will soltou um longo suspiro carregado de medo. Meu coração parou. Procurei pelo rosto de ambos. “O que isso significa? O que isso significa para mim? Will?” Ele fechou os olhos. “Isso significa que o Enshi pode destruir a sua alma. E se ele fizer isso, você acaba. Você não vai seguir em frente e você nunca mais vai voltar. Você vai embora.” Tentei meu acelerado coração calmo. “Eu não vou voltar?” Ele deu um leve e pequeno aceno. “Deve ser por isso que Bastian quer isso tão duramente.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Minha boca secou instantaneamente. Eu poderia ir? Isso significaria que eu nunca reencarnaria novamente. Nunca iria para o paraíso. Nunca veria Will ou Nathaniel ou minha mãe e nana novamente. De jeito nenhum eu poderia me permitir acabar assim. Havia muita coisa em jogo, muita coisa deixada para eu fazer, para eu simplesmente morrer e partir. Eu não queria acabar. “Então nós precisamos matar essa coisa antes dele acordar,” eu disse sem fôlego. “Nós não sabemos como,” Will retrucou. “Eu não quero fazer nada que talvez possa fazer essa coisa acordar.” “Nós não podemos simplesmente bombardeá-lo?” perguntei. “Não como pipoca num micro-ondas. Quero dizer como uma bomba.” Afastei minhas mãos e fiz um som patético de uma explosão. “Uma das grandes. Vocês dois parecem caras que têm recursos. Tenho certeza que vocês poderiam conseguir uma.” Nathaniel balançou a cabeça. “Não tenho acesso a armas nucleares, infelizmente.” “Oh, ideia!” gorjeei. “E se nós o acorrentarmos bem apertado e jogarmos isso no meio do oceano? Toda a pressão destruiria a caixa, não?” Nathaniel deu de ombros e piscou. “Na verdade essa não é uma má ideia. E eu não acredito que alguma força não-mágica possa ressuscitar o Enshi.” “Onde nós conseguiríamos um barco para fazer isso?” Will perguntou. “Eu posso tentar conseguir isso,” Nathaniel disse. “Agora Ellie, tem algo que eu preciso que você faça. Você pode sentir o que tem aí dentro, certo?” Assenti, não tendo certeza se eu gostava do caminho que isso estava indo. “Lauren também pode senti-lo. Ela é clarissenciente15, o que significa que ela é capaz de saber coisas ao tocar em objetos e seria capaz de dizer se há uma conexão entre você e o Enshi.” Olhei para ela e ela assentiu. “Que bem isso vai fazer?” “Preciso saber o que você está sentindo,” ela disse. “Não só o que eu sinto do sarcófago.” Lauren se aproximou de mim e segurou a minha mão. Ela me aproximou do caixão e gesticulou para eu por meus dedos na tampa. Afastei-me, com medo. “Pensei que eu não deveria tocar nisso,” eu disse, olhando ansiosamente para Will. Sua expressão era calma, mas séria.

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Pessoa que pratica a Clarissenciência, que corresponde ao ato de ser guiado por uma forte intuição ou por mãos invisíveis. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Tocar está bem.” Lauren me assegurou. “Eu preciso incendiar uma reação, e o que quer que seja que está aí dentro gosta de você... Muito. Então, por favor, só toque. Não vai morder, prometo.” Seu sorriso não me ajudou a me sentir melhor. Tentando, alisei a tampa com os meus dedos e senti uma resposta no mesmo instante. A voz em minha cabeça ficou mais alta por um momento, e eu podia jurar que ouvi um suspiro com o contato. Eletricidade correu através da pedra para a minha pele, e eu queria me afastar, mas Lauren segurou minha mão e a deixou ali. “O que você está fazendo?” perguntei quando ela não me soltou. “Eu...” Me calei quando vi o rosto de Lauren. Sua boca estava aberta e seus olhos rolaram para trás em sua cabeça até ficar a mostra apenas duas órbitas brancas. No momento eu tentei me afastar, mas seu agarre era tão forte quanto o de um ceifeiro. Poder escapava do sarcófago, esvaindo-se dali, e a energia atingiu meus dedos, e através de meu braço foi para Lauren. Seu corpo deu um puxão e ela me encarou. Ela deu um passo atrás e eu pulei para fora do caminho. “O que é isso?” demandei, colocando uma mão em meu peito para aquietar meu coração acelerado. Will de forma protetora me puxou para perto dele e segurou minha mão, para ter certeza de que eu estava bem. Lauren se afastou, descansando contra uma coluna inclinada de aço, respirando duramente. Seus olhos voltaram ao normal, mas eu podia sentir que ela estava petrificada. “Isso é ruim,” ela sussurrou. Will deu um passo à frente e soltou a minha mão. “Quão ruim? O que você sentiu?” “O Enshi,” Lauren respirou fundo. “Eu podia ouvi-lo gritando ali, enchendo a minha cabeça com esses gritos horríveis. A presença da Preliator está deixando-o louco. Só esse pequeno toque o enviou em um frenesi.” “Um bom frenesi?” perguntei, esperando que talvez isso tivesse medo de mim. “Não” ela disse, balançando a cabeça lentamente. “Não era medo. Isso quer você. Ele precisa de você. Está gritando o seu nome, e esse poder é enorme—como um buraco negro, um abismo de morte e desespero. É tão negro ali, tão sombrio e faminto. Nathaniel, eu nunca senti nada como isso. Você precisa destruí-lo. Você não pode deixar o Enshi acordar. Você não pode deixar Bastian se aproximar dele.” Meu corpo se arrepiou com medo. O terror de Lauren estava claro para todos nós. Eu podia sentir o Enshi ali, mas não do jeito que Lauren fez. “Você sabe com o que nós estamos lidando?” Will perguntou, sua voz sombria.

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“É antigo,” ela disse, seus olhos congelados no sarcófago. “Mais velho que Bastian, mais velho que a Preliator, mais velho que o sarcófago em que está preso. É tão antigo, que parece vazio. Como um buraco negro.” “É um verdadeiro ceifeiro de almas?” perguntei. “É verdade? Isso pode destruir a minha alma?” “É possível,” ela disse. “Não toque mais nisso. Acho que a presença de Ellie pode ser o suficiente para acordar essa coisa se ela ficar ao redor do sarcófago por muito tempo. Talvez até um pequeno toque seja algo errado a fazer.” Confusão passou por mim. “Mas eu pensei que você havia dito que tocar não fazia mal?” Seus olhos cravaram nos meus, sua voz afiada e fria. “Não toque nisso.” Assenti. De jeito nenhum eu ia argumentar com ela. “Nós precisamos chegar ao Caribe,” Nathaniel anunciou. “Acho que se nós embarcarmos para fora de Porto Rico, nós vamos ser capazes de navegar bem distante sobre a fossa de Porto Rico para o Milwaukee. É a parte mais profunda do oceano Atlântico—quase tão profunda quanto o Monte Everest é alto—E se nós largarmos o sarcófago lá e ele não se partir pela pressão, pelo menos não vai ter como ninguém nadar até lá para buscá-lo.” “Soa como um bom plano,” Will concordou. Ergui minha mão. “Uh, rapazes, eu não posso partir para o Caribe por uma semana durante as aulas. Como eu explicaria isso para os meus pais?” Will franziu o cenho. “Você não pode dizer a eles que é uma viagem escolar ou algo assim?” Ri. “Claro, e não dar a eles nenhuma outra informação? Tem muita coisa que vai sobre essas viagens. Não acho que eu poderia sair com eles assinando só uma permissão.” “Não está chegando o feriado de Ação de Graças?” ele perguntou. Lâmpadas brilharam. “Certo. Isso seria perfeito.” “Nós podemos voar?” Nathaniel perguntou. “Embarcar na quarta pela noite e estar de volta na sexta, no máximo? Enviar o sarcófago vai ser caro, mas nós não temos outra escolha. Vou ter que conseguir uma identidade falsa para Ellie, já que ela é menor de idade. Vou fazer uma para você também, Will. Acredito que você vai precisar de um acento no avião para proteger Ellie, ao invés de viajar pelo Sombrio. Falsas identidades não serão muito problema.”

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“Eu gosto mais desse plano,” eu disse. “Posso dizer aos meus pais que vou para o norte para a casa de Kate, no lago, para o Dia de Ação de Graças.” “Eu não vou,” Lauren disse. “Não posso me defender e não quero ser uma obrigação.” “Isso é provavelmente a melhor opção,” Nathaniel assentiu. Will assentiu firmemente. “Nathaniel, você pode arranjar isso?” Nathaniel assentiu. “Sim. Vou dar uma olhada nisso imediatamente. Nós devemos ir indo, Lauren.” “Sinto muito por assustar você, Ellie,” Lauren disse. “Eu precisava sentir o que você estava sentindo. Você é uma garota corajosa.” “Não tenho muita certeza sobre isso,” assegurei a ela com um fraco sorriso. “Mas corajosa que eu.” Ela sorriu. Nathaniel e Lauren saíram, e nós ouvimos o carro se dirigir para longe. “Você está bem?” Will perguntou, colocando uma mão gentilmente sobre meu ombro. Assenti. “Vou sobreviver.” Na verdade, eu estava aterrorizada. Eu não sabia como tudo isso ia funcionar, ou se iria funcionar. Tinha quase certeza de que poderia mentir para os meus pais sobre a viagem para Porto Rico, desde que eles não falassem com os pais de Kate. Kate poderia me encobrir caso eles perguntassem a ela. A parte de mentir é que me incomodava. Estava sentindo como se cada palavra que saía da minha boca era outra mentira para os meus pais. “É, mas você está bem?” ele repetiu. Olhei para ele e encontrei seu olhar fixo. “Estou morrendo de medo. Essas coisas me assustam como o inferno. Will, eu não quero simplesmente acabar assim. Eu não quero nunca mais voltar. Eu estava me acostumando com a ideia de que há um paraíso e anjos. Não quero perder a minha alma!” “Isso vai terminar logo,” ele me assegurou. “Nós vamos jogar isso no meio do oceano e tudo vai estar acabado.” “Não exatamente,” eu disse. “Mesmo se nós destruirmos o Enshi, nós ainda teremos Bastian e seus lacaios para lidar, incluindo Ragnuk. Não acho que vou conseguir sair viva disso tudo.”

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Ele tocou minha bochecha suavemente. “Ei, lembra-se do que eu disse? Prometi que iria proteger você deles. Não estou disposto a quebrar uma promessa a você.” Sorri. “Eu sei.” De repente a porta da frente explodiu, e eu me virei ao redor quando a porta caía no chão. Algo invisível deslizou, esmagando as paredes e as molduras de ambos os lados. Meu choque me fez saltar para o Sombrio, onde eu podia ver a escura e enorme forma de Ragnuk cobrindo a entrada com seu corpo, para que ele pudesse passar através da madeira, tijolos caíram aos seus pés. Ele me encarou com seus raivosos olhos escuros, e sua língua pendia sobre sua mandíbula pingando gotas de saliva sobre o chão. Ele parecia meio insano, com ódio e faminto. Instintivamente, agarrei meu colar de asas para me confortar e andei de volta para perto de Will, mas eu não podia tirar meus olhos de Ragnuk. “Eu tenho você agora, Preliator!” O ceifeiro rosnou, cuspindo a maldição em mim como se a palavra por si só fosse algo repugnante. “Segui seu cheiro imundo todo o caminho até aqui. Dessa vez você não é capaz de sair e eu não vou ser interrompido. Esse é o fim para você, e eu vou levar o Enshi comigo. Isto acaba essa noite!”

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27 Um tremor de medo passou por mim, mas eu mantive minha posição. Ele se lançou em minha direção abruptamente, mas Will estava ali, aparecendo na minha frente. Quando Ragnuk saltou, Will mergulhou e bateu seu ombro no peito do urso com toda a sua força e o lançou alto, acima de nossas cabeças. Ragnuk bateu em uma parede atrás de nós, quebrando mais tijolos. Ele girou de repente e dirigiu todo o seu poder no peito de Will, o impulsionando até que suas costas bateram na parede distante. Will gritou e puxou fracamente a sua barriga. Meu coração afundou. Uma viga de ferro saía do abdômen de Will, o empalando brutalmente. “Will!” Eu gritei, e corri em direção a ele. Ragnuk se virou em minha direção, lento como uma serpente, com triunfo perverso em seu rosto largo. Ele desapareceu por um momento, e eu senti algo poderoso puxar meu corpo e me jogar de volta em uma coluna, quebrando minhas costas. “Ellie!” Will rugiu do outro lado do lugar. Meus olhos se embaçaram e eu caí atordoada, mas quando eu olhei para cima, o rosto cruel do ceifeiro estava a centímetro do meu. “Acorde, Bela Adormecida,” Ragnuk zombou, seu fôlego quente me fez explodir. Eu bati o meu punho contra o seu nariz tão forte quanto eu podia, e ele voou, se debatendo violentamente. Ele voltou a ficar de pé, balançando sua cabeça, trovejando com raiva. Eu corri para o Will e parei assim que o alcancei. Ele puxou seu corpo para frente ao longo da viga, desesperado para se libertar. Eu segurei o seu rosto com ambas as minhas mãos e pressionei minha testa desesperadamente contra o seu peito. “Eu vou tirar você disso,” eu prometi, sem fôlego, minhas mãos correndo ao longo do ferro avermelhado. “Eu irei te ajudar!” “Chame as suas espadas,” ele grunhiu, “depressa.” Eu assenti e as desejei dentro de minhas surpreendentes mãos estendidas. Os olhos de Will se abriram, arregalados. “Atrás de você!” Eu me virei. Ragnuk vinha atravessando o armazém, não me deixando tempo para reagir. Ele me golpeou e enganchou uma garra ao redor da minha perna, me desequilibrando. Eu atingi o chão, aterrissando sobre minhas costas. Os dentes de Ragnuk se afundaram na minha perna, e ele me lançou através do armazém, tirando as espadas do meu aperto. Eu bati em um grande caixote de madeira empilhado com sucata de metal e

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papelão, quebrando meu pulso. Eu gemi quando eu levantei meu punho quebrado procurando pelas minhas armas. “Deixe-a em paz!” Will trovejou. Eu olhei para ele, para ver ele ainda lutando para se livrar da viga que o empalava. Suas mãos estavam fixas ao redor da extremidade da viga e ele se impulsionava para frente com a pouca força que restava, um centímetro de cada vez. O ceifeiro veio em minha direção, sua cabeça baixa, seus olhos negros fixos em mim com um olhar faminto. “Se levante, garota!” Eu lutei para voltar aos meus pés nos escombros, aninhando meu pulso quebrado, tropeçando devido a dor que disparava pelo meu braço. Eu podia sentir os pequenos ossos clicarem e se moverem debaixo da minha pele, se encaixando de volta aos seus lugares. “Então, aqui estamos nós,” ele zombou. “Bastian nem sequer se importa se você morrer agora. ‘A sua morte não é mais necessária, ’ ele disse. Bem, as suas ordens não significam nada para mim agora. Eu vou te devorar viva.” “Ellie, não o escute!” Will gritou. Ragnuk atirou sua cabeça para o Will. “O seu Guardião não sabe quando perdeu. Típico de um vir.” O ceifeiro ricocheteou em direção ao Will e o olhou de cima a baixo. “Vocês todos acham que são deuses, andando por aí, ladrando ordens. Vocês não são melhores que os humanos. Vocês parecem exatamente como eles.” Ele cuspiu no chão, no pé de Will. “Na maior parte.” Ragnuk riscou uma garra na bochecha de Will, desenhando uma linha vermelha de sangue. O corte curou instantaneamente. A garra era larga o bastante para perfurar o crânio de Will, mas o movimento do ceifeiro urso era chocantemente gentil. “Você fez um bom trabalho, Guardião. Parece que você a tem enganada, pensando que você é humano. Ela não lembra nem do que você é capaz, lembra?” Will não o respondeu. Por que Ragnuk só não o matava logo, eu não entendia. Ele tinha a ambos em sua misericórdia naquele momento, mas ele escolheu o escárnio ao invés de simplesmente acabar com aquilo. Era como se ele tivesse aumentando o seu poder momentâneo sobre nós. “Você não contou nada a ela ainda, contou?” Ragnuk riu. “Seu vir arrogante bastardo. Nenhuma tentativa de ativar a memória dela? Eu deveria fazer as honras? Nós devemos lembrá-la do verdadeiro monstro que você é?” Ele sorriu com seu rosto de urso e lambeu suas presas. Will se afastou dele e o golpeou com um punho, mas o ceifeiro moveu sua cabeça rapidamente para o lado, evitando o golpe sem esforço. Ragnuk agarrou a extremidade da

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viga com sua boca e a inclinou para frente. O metal rachou e grunhiu até que alcançou o limite em um ângulo de noventa graus. Will engasgou procurando por fôlego. “Saia disso, Guardião,” Ragnuk escarneceu, sua voz obscura e cruel. “Will!” Eu gritei em horror. Eu apertei meu punho e gemi com a dor. Ragnuk sorriu e se afastou de Will pesadamente, suas garras estalando no chão. Ele se moveu lentamente em minha direção, mas parou no meio do caminho e se virou para andar para trás e então para frente. Ele, de alguma maneira, parecia conflituoso, provavelmente decidindo se me matava ou me importunava ou pouco mais antes de eu morrer. “Por que você não mostra o seu verdadeiro eu?” Ragnuk rosnou para o Will. “Você poderia escapar dessa armadilha facilmente. Eu vi você escapar de piores. Você está se segurando, Guardião!” Eu olhei Will em confusão. Do que Ragnuk estava falando? Will me disse que ele não mudava de forma como Geir. Minhas entranhas estremeceram. Ele mentiu para mim? Ele estava a ponto de se transformar na minha frente? Os braços de Will se tensionaram com o esforço excruciante de tentar se libertar da viga. Ele não olhou para cima quando Ragnuk falou. Ele encarou a viga, seu cabelo caindo por cima de seus olhos. “Eu não sou como você.” O urso riu, gritando. “Você é um ceifeiro! Eu não me importo se você é demoníaco, angélico ou patético16. Você não é humano, então pare de fingir ser!” Saliva salpicou a sua boca conforme ele gritava. “Você tem uma fome dentro de você que nunca poderá ser saciada.” “Eu sou melhor que isso.” “Você não é!” Ragnuk rugiu. “Você pensa que não é um monstro, mas você é. Mostre a ela, Guardião. Mostre à garota!” “Eu não sou um monstro!” Quando Will arrastou seu corpo em direção ao fim da viga, seu poder explodiu, batendo no chão e na parede atrás dele. Ele agarrou a viga com ambas as mãos e a entortou até que a viga estivesse reta. Eu assisti em horror conforme Will a deslizava para frente e ele caiu no chão, a viga deixando um buraco escuro e escancarado em seu abdômen. Ele colapsou no chão de quatro, derramando vermelho. Ele tossiu e gemeu quando ele lutou para ficar de pé e encarou Ragnuk. “Mas eu também não sou humano.” Will cambaleou para o lado, se inclinando contra a viga com sangue coagulado enquanto o buraco em sua barriga fechava. Quando ele se voltou para mim com olhos 16

Do inglês: “I don’t care if you are angelic or demonic or idiotic.” Então o coloquei patético só para rimar mesmo

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angustiados, sua barriga estava lisa, mas a sua camisa estava retalhada. Ele tirou a viga da parede, arrancando um pedaço dela junto com a viga. Ragnuk rosnou, retraindo seus lábios e expondo suas presas maciças. O urso bateu Will de volta na parede, sua mandíbula se escancarando, pronta para morder. Will levantou as vigas com as duas mãos, golpeando Ragnuk na boca. O urso mordeu selvagemente, balançando sua cabeça para trás e para frente, engasgando e rosnando. Will tirou a barra da boca de Ragnuk e afundou no pescoço do urso. Ragnuk rosnou e se debateu, batendo seu crânio na têmpora de Will com um doentio crack. Will atingiu o chão e não se moveu. Eu testei meu punho novamente e encontrei minha mão agora completamente curada, e eu fui para frente, agarrando uma das minhas espadas no caminho à medida que eu corria para ajudar Will. A pata de Ragnuk atingiu meu peito e me jogou no chão, me tirando o fôlego. Quando eu estava deitada lá ofegando, a sua outra pata dianteira pisoteou o meu braço que segurava a espada, prendendo a minha lâmina. Eu puxei, mas a falta de oxigênio me enfraquecia. Eu olhei para cima, encarando os olhos escuros como tinta do ceifeiro. “Este é o seu fim,” ele disse. Sangue da barra empalando seu pescoço caía na minha camiseta. “Não, não é,” eu rosnei. Ele sorriu cruelmente. “Oh, eu acho que é. Novamente, seu Guardião está caído e você está sozinha. Eu sei que você se lembra da última vez em que você esteve sozinha. Eu gostaria de saborear o momento, saboreá-la, se você não se importa.” Eu o olhei dentro de seus olhos vazios. Meu medo pela segurança de Will me consumiu, e aquele medo se transformou em ódio e violência. “Aquilo foi antes. Isto é o agora.” Meu poder cresceu em uma esfera rodopiante na minha mão, o calor daquilo atingiu ambos de nós. Os olhos de Ragnuk ampliaram. Eu deixei aquilo entrar em erupção a queima roupa em seu rosto, a quente luz branca engolindo seu corpo inteiro. Ele gritou e cambaleou para trás, balançando sua cabeça violentamente, cego pela luz do meu poder. Eu rolei para longe dele e levantei minha segunda espada. Ragnuk se afastou, lutando contra a luz ofuscante. Quando aquilo se estabilizou, eu fiquei boquiaberta com o dano que eu havia feito a ele. Metade do seu rosto havia queimado, revelando músculos fibrosos, flácidos pedaços de carne, e brilhantes ossos brancos. As suas enormes presas estavam completamente expostas no lado direito, e os ossos carbonizados da sua mandíbula clicavam grotescamente. O seu olho direito estava perdido na escura cavidade óssea, e seu olho restante estava fechado com a dor. Ele respirou pesadamente sibilando, cambaleando nos seus pés. Eu assisti em horror o seu

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rosto tentar se curar; a carne borbulhou e se espalhou lentamente, inutilmente. Ele precisava se alimentar. O ceifeiro olhou para mim com seu único olho vermelho, um novo ódio e voracidade fervendo dentro dele. Meu pulso acelerou. “Agora, olha o que você fez,” ele cuspiu com seu rosto meio-esquelético. “Como você me queimou? Isso queima como fogo angelical!” Eu mantive minha posição, minha própria fúria se ligando com a dele. Os cantos da minha visão pulsaram, escurecendo, e eu lutei para me manter focada. Meu poder se levantava firmemente, crescendo além do meu controle. Eu estava deslizando novamente, mas eu não lutei contra isso. Tudo o que eu queria por enquanto era afundar minhas mãos nas entranhas do Ragnuk, sentir o cheiro do fogo de anjo queimando em seu couro. “Você não tem chance, garota,” ele rosnou. “Você exala humanidade. Eu posso cheirar a sua alma pela sua pele. Isso te faz fraca.” “Minha humanidade me faz forte!” Eu gritei, a verdade das minhas palavras ressonando profundamente dentro do meu coração. “Isso me dá paixão, para que eu continue lutando, e meus amigos e família me dão algo pelo que vale a pena lutar!” “E se você não tivesse essas espadas?” Ele riu, saliva e sangue voando de sua boca. “Você e suas armas. Você está perdida sem elas. Você não seria nada sem elas. Minhas armas são parte de mim. Dente, garra e osso.” Ele cavou suas garras no chão e lambeu os restos carbonizados de seu lábio inferior. “Você é impotente, Preliator, e sempre será.” Algo cresceu fundo dentro de mim, algo raivoso, desesperado, e escuro. Isso fluiu aos meus pés como neblina, piscando com feixes de eletricidade. Eu me agachei, sentindo a energia pulsar por mim e por fora através do espaço. O chão vibrou como se tivesse uma pulsação, martelando dentro da minha cabeça junto com meu próprio pulso, afogando meus sentidos no ritmo hipnótico. Eu forcei meus olhos para encontrar o olhar raivoso do ceifeiro. Eu rosnei, vinculando meu poder para mim, sentindo aquilo bater contra a minha vontade. “Eu não sou impotente!” Eu gritei, libertando meu poder total. O chão de concreto afundou debaixo de mim e eu com ele, a luz branca engolindo Ragnuk completamente. Ele rosnou e saltou no ar antes de descer em mim. Ele pousou com um baque de abalar a terra e me golpeou com uma pata, mas o meu braço subiu, defendendo o seu golpe. Eu oscilei a espada para cima em minha outra mão, mas os seus dentes pegaram a lâmina flamejante, a arrancou do meu aperto, e jogou para o lado. Eu encravei meu punho em sua garganta macia e sua mandíbula fechou. Eu olhei dentro do olho do Ragnuk e me senti deslizando de novo na escuridão profunda dentro de mim. Lá no fundo eu sabia que se eu perdesse o controle, eu poderia machucar Will. Mas assim que o pensamento passou, o mesmo aconteceu com o meu Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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senso. Agachando no chão, eu juntei o meu poder como eu fizera momentos antes, minhas espadas de volta em minhas mãos. Eu apertei meus dentes firmemente quando a energia, me engolindo em luz branca, impulsionou cada centímetro de mim. “Você não pode fazer isso garota!” Ragnuk trovejou, o branco de seu olho restante cintilando como o de um animal louco. Eu senti o chão gemer e ranger, palpitando sob a força que não poderia pertencer a mim. Com um choro rouco eu forcei meu poder para dentro do chão, esmagando o concreto com o poder de um maremoto. O chão rolou em ondas, subindo e descendo como água, antes de afundar em uma enorme cratera. O prédio gemeu à medida que a poeira se libertava. “Isso não vai acontecer!” A voz do ceifeiro estava distante e abafada. Eu mandei outra onda de choque se agitando num círculo a minha volta, e isso explodiu dentro das paredes e colunas como uma bomba. As janelas foram destruídas e transformadas em incontáveis fragmentos de vidro cintilante ao meu redor. Aço rangeu e guinchou, e o teto afundou pesadamente. Escombros caíram no chão. O meu cabelo chamejou em volta do meu rosto como um vento selvagem. Alguém muito longe parecia gritar, e eu percebi depois de um momento que era eu. Novamente. As colunas mais próximas a mim e as vigas acima caíram no chão, arrancando pedaços gigantes de teto. Quando uma coluna caiu ao lado de Ragnuk, eu pude ver o medo finalmente ressonar através de seu rosto queimado. Ele rosnou e se lançou para mim, garras estendidas. Meu poder agitou o prédio mais uma vez, e o teto despencou em cima do Ragnuk. Eu apertei meus olhos fechados e me preparei para compartilhar o seu destino. Mas isso nunca veio. Mãos quentes se envolveram ao meu redor, me embalando perto de um corpo ainda mais quente. Eu senti um estranho sentimento de pressa, então ele se foi um momento depois. O ar agora estava frio e eu estava nos meus pés novamente. Quando meus olhos se focaram, eu me achei no meio da rua olhando para o armazém arruinado. Minha visão pulsou, e eu estava incerta se aquilo que eu vi era verdadeiramente real. Metade do prédio havia desabado no chão e não havia nada a não ser pilhas indefinidas de madeira, tijolo e metal. Eu procurei por Ragnuk no caso dele ter sobrevivido. Tudo parecia quieto até eu ouvir um ruído entre os escombros, e fúria dentro de mim veio à superfície novamente e se derramou. Eu escalei a pilha de escombros e achei Ragnuk esmagado debaixo de uma parte do teto. Sangue escorreu de sua boca. Seus ossos foram destruídos sob o entulho, tudo menos o seu crânio semi-exposto e uma única pata dianteira. As garras de sua pata livre juntavam os escombros estranhamente, como se ele tentasse escalar o seu caminho para a liberdade, mas os seus esforços eram inúteis. Eu me aproximei dele, ambas as minhas espadas em mãos, as lâminas raspando os pedaços de concreto debaixo de mim. O Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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olho preto do ceifeiro rolou para encontrar o meus, arregalando tanto que uma faixa avermelhada se mostrou branca ao redor da borda. “Você vai...? Você vai... Acabar comigo agora?” Ragnuk enrijeceu, o osso da sua mandíbula rangendo em suas articulações, o músculo em farrapos visíveis, as suas garras arranhando desesperadas faixas no concreto. A carne queimada em seu rosto ainda borbulhava e tencionava, tentando curar. Impressionava-me que ele pudesse respirar, ainda mais falar. Eu não disse nada, mas o encarei friamente. Eu não poderia fazer sentido o bastante para replicar. Tudo que eu podia compreender era quanta raiva eu sentia com respeito à besta que agora estava a minha misericórdia. Por tanto tempo eu o temi, mas agora que ele estava impotente aos meus pés, eu não sentia nada a não ser satisfação e uma necessidade ardente de destruição. “Quem... É o monstro... Agora?” Ele riu, um patético, sibilante riso, quando as minhas lâminas queimaram com fogo de anjo. A luz branca tremeluzia em nossos rostos debaixo do céu escuro. “Você... Não tem... a coragem!” ele disse com uma mórbida, sádica diversão. Infelizmente para ele, era misericórdia que me faltava, não coragem. Eu ergui minhas espadas acima de minha cabeça. Ele parou de rir quando eu terminei de cortar a sua cabeça fora.

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28 Alguém falou atrás de mim e eu me virei, girando minha espada tão alto quanto eu soltei um grito terrível. O desejo por sangue borrou minha visão quando o meu atacante bateu no meu braço, bloqueando meu golpe. Eu o chutei em seu peito, e ele caiu para trás com um grunhido. Minha espada reluziu novamente, desta vez atingindo a carne, e eu golpeei outra vez, mas ele agarrou meu pulso e o apertou até que eu soltei a espada pela dor. Eu joguei meu punho recém-liberto e atingi sua mandíbula. Ele gemeu e cambaleou para o lado. Eu avancei pela sua garganta, mas a palma de sua mão atingiu meu peito, tirando minha respiração. Eu desmoronei, sem fôlego, nos braços do meu atacante. “Ellie.” Meu coração pareceu parar quando meus joelhos atingiram o chão e ele caiu comigo. Sua voz sacudiu minha alma e me acordou, e suas mãos firmes nos meus ombros impediram a minha queda. Seu perfume preencheu minha cabeça e eu me agarrei a ele, terrificada comigo mesma pelo o que eu fizera—pelo o que eu fizera a ele. Eu abri meus olhos e fiquei olhando abaixo, para o rosto de Will quando ele me encarou, parecendo com o coração partido. Eu mordi a minha bochecha quando eu toquei o profundo corte que eu fizera no seu braço. “Eu machuquei você,” eu disse minha voz quebrando. “Você me tirou de lá e eu te machuquei.” A face de Will permaneceu dolorosa. “Eu estou bem.” O ferimento desapareceu. Minha mão deslizou para seu ombro, pescoço e para a sua bochecha. “Eu sinto tanto. Eu não devia ter deixado chegar tão longe.” “Não importa. O que está feito está feito.” Eu enterrei meu rosto em minhas mãos, as palavras finais de Ragnuk ecoando na minha cabeça. “Todos esses pesadelos, alucinações... Eu estou virando um monstro!” Will parou, a sua presença me envolvendo. “Você não está virando um monstro.” “Como você sabe? Como você tem tanta certeza que eu não estou me tornando algo que não sou eu?” “Porque eu te conheço” ele disse, levantando meu queixo e olhando nos meus olhos. “Eu te conheço melhor do que eu conheço qualquer um. Depois de todos esses séculos e toda a vida que você levou, você sempre se agarrou em quem você é.”

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Balançando minha cabeça, eu revidei com um soluço. “Eu não posso aguentar isso quando eu me sinto como outra pessoa. Eu fico tão furiosa, tão violenta, e eu sei que isso não é quem eu sou. E se eu não puder controlar isso? E se eu te machucar ainda mais da próxima vez? Eu não consegui te distinguir do meu inimigo. Quer dizer, olha só o que eu fiz!” Eu estendi meu braço na direção dos destroços do armazém. “Eu sou tão demoníaca quanto as criaturas com quem eu luto.” “Você não é demoníaca, você não é um mostro” ele disse sua voz mais firme. “Mesmo quando seu poder ameaça te controlar, nunca tem sucesso. Coisas aconteceram, sim, mas você continua a mesma. Você tem que confiar em mim, Ellie.” “Mas eu estou com tanto medo de mim mesma e do que eu sou capaz. E agora eu vou perder minha alma para sempre. Eu não quero morrer e eu não quero acabar em nada.” “Eu não vou deixar isso acontecer com você. Eu farei você sobreviver!” “Eu não quero sobreviver, Will, eu quero viver!” eu gritei. Ele congelou então, me encarando enquanto compreendia o que eu havia confessado. “Eu quero viver,” eu repeti. “Eu quero ser eu mesma e ir à escola, à faculdade, às festas, ao cinema, boliche, jogos de futebol. Eu quero rolar na neve na minha roupa de banho e então pular numa banheira quente. Eu quero escolher vestidos para o baile com minha mãe e eu quero pegar a estrada com Kate este verão. Eu quero crescer. Eu quero casar e talvez ter um bebê algum dia. Eu não quero passar todos os dias com medo do que pode saltar das sombras para mim. Eu não quero me esconder porque coisas horríveis estão me caçando. Eu não quero morrer e voltar e não me lembrar do seu rosto, Will. Eu não quero passar outra vida sem saber quem você é!” Ele me puxou para perto e envolveu seus braços ao meu redor. Eu pressionei meu rosto contra seu peito e finalmente me permiti chorar. “Vai ficar tudo bem,” Will sussurrou no meu cabelo, tomando um longo, tortuoso fôlego. Suas mãos se derramaram sobre meus ombros e minhas costas, me segurando apertado contra ele. Meus dedos se enrolaram ao redor da sua camisa só para segurá-lo ainda mais perto. Com uma profunda respiração, eu espiei além dele e vi meu carro parado ileso no beco ao lado do armazém que não havia desabado, coberto com uma grossa camada de sujeira. O sarcófago jazia atrás do Audi e estava igualmente ileso. Will de alguma maneira afastara o sarcófago do perigo bem a tempo. Antes de eu deixar o prédio cair em cima dele.

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Eu não sei por quanto tempo ele me segurou ali antes que eu me afastasse. Poderiam ter sido horas, mas eu não teria notado. “O que Ragnuk quis dizer quando ele queria que você mostrasse seu verdadeiro eu?” Uma parte de mim não queria saber a resposta, mas a outra parte doía por isso. Ele não respondeu de primeira e suas mãos esfregaram meus ombros gentilmente. Sua bochecha se enterrou no meu cabelo. “Ele acreditava que eu sou algo que eu não sou,” ele disse. “Eu tentei arduamente não ser o tipo cruel que eles são. Os ceifeiros demoníacos odeiam o meu tipo por isso, eles me odeiam ainda mais por te proteger.” Eu me inclinei pra ele. Eu entendia o que era se sentir algo assustador e tentar manter algum fiapo de humanidade. Will combateu o mesmo tipo de escuridão que ameaçou destruir quem eu realmente era, a escuridão que ameaçava destruí-lo e levá-lo para longe de mim. Ambos de nós travávamos batalhas internas contra os monstros interiores. Isso nos fazia perigosos para todos ao nosso redor, e para um ao outro. Eu estivera tão ocupada me preocupando sobre lutar contra o meu lado assustador que eu esqueci que ele fazia o mesmo. Ele estava sempre pensando em mim e no que eu precisava, e eu nunca pensei no que ele precisava. “O que está errado, Ellie? Diga-me como eu posso consertar isso.” Meu fôlego estremeceu quando eu o puxei para dentro e pressionei meu rosto mais fundo no seu peito. “Eu pensei que eu havia te matado.” Ele exalou e beijou o meu cabelo. “Eu pensei que ia te perder,” eu confessei, mordendo um soluço que ameaçava se libertar. Will me afastou então nossos olhares se encontraram. Os séculos que nós gastamos juntos enchiam meu coração com tanta emoção que eu senti como se estivesse prestes a explodir. Eu não me lembrava de nada daquilo, mas eu conhecia tudo aquilo na minha alma. “Você nunca irá me perder,” ele disse gentilmente, e enxugou as lágrimas das minhas bochechas. “Eu sempre estarei aqui.” Eu envolvi meus braços em volta das suas costas e o segurei o mais apertado que eu podia, com medo dele se afastar. Ele abaixou sua cabeça na minha, seu corpo tão perto do meu que eu mal podia suportá-lo. “Se nós nos separarmos—se eu te perder—eu vou te encontrar.” Ele respirou, sua bochecha tocando a minha, acendendo pequenos fogos de artifício na minha pele. Lágrimas novas, implacáveis, quentes rolaram pela minha bochecha. Sua promessa queimou através de mim, e o meu coração doeu por tudo aquilo que eu queria e não podia ter. No final, ele era tudo o que eu tinha. Através de cada vida, todas as coisas que eu Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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conheci e amei no mundo mudaram ou desapareceram completamente, exceto ele. Ele era a única coisa permanente em todo o para sempre. Então ele me beijou, lentamente e gentilmente. Isso era só um roçar de seus lábios nos meus, mas eu enrijeci, surpresa e incerta de como reagir. Ele se afastou, somente, segurando seu olhar com o meu, seus lábios quase tocando os meus, como se esperando por mim. Eu inclinei meu queixo para cima e parti minha boca até que ele retornou, me beijando novamente, longa e vagarosamente. Ele parecia muito cuidadoso, como se ele esperasse que eu tivesse assustada. Eu me forcei a relaxar e ergui uma mão hesitante para pegar o seu queixo e beijá-lo de volta. Seus dedos traçaram a minha espinha e esfregou minha garganta nua antes de se enfiar ternamente no meu cabelo, seu polegar traçando ao longo da minha bochecha. Quando eu não me afastei, ele aprofundou seu beijo com desejo, ardentemente, como se fosse o nosso último, apesar de ser o nosso primeiro. Ele finalmente se libertou, mas não se afastou. Ele tocou sua testa com a minha e fechou seus olhos. “Eu sinto muito,” ele sussurrou. Minhas mãos envolveram seu pescoço. Minhas unhas traçaram o contorno de suas costas e ombros, e eu senti seus músculos enrijecerem onde eu os tocava. Eu respirei seu perfume, tentando pegar tudo dele. Por um momento eu esqueci sobre a besta que poderia destruir minha alma, e a única coisa que eu temia era perder isso e nunca ver seu rosto novamente. Se eu morrer antes que eu tenha combatido o Enshi, eu não queria esquecer seu rosto ou sua voz ou como era quando ele me tocava. Eu não poderia me deixar esquecê-lo novamente. “Não sinta,” eu disse, minhas mãos deslizando para seu cabelo. “Eu não deveria ter feito isso,” ele expirou, empurrando o aperto do meu cabelo atrás dos meus ombros. “Não há nada para se arrepender,” eu repliquei urgentemente. Ele se afastou até que ele não estivesse me tocando em nada mais, e eu desejava que ele voltasse. Eu lutei com tudo dentro de mim para não alcançá-lo. Sua expressão era terrivelmente vulnerável e dolorosa; ele parecia estar tentando desesperadamente não quebrar. “Você tem que entender o quão difícil isso é para mim,” ele disse finalmente. “Eu fui devotado a você por tanto tempo. Eu tenho feito o meu melhor para te servir e te manter a salvo. E isso—como eu me sinto—vai contra muitas regras. Eu sei que é errado, e eu sei que é estúpido, mas eu realmente não me importo.” Eu estudei o seu rosto por alguns momentos, assistindo a intensidade dos seus olhos me darem um sinal. “Essas são regras de quem?” “Do anjo que me fez seu Guardião,” ele disse. “Eu acho que ele era um arcanjo. Ele me disse que era para eu te proteger e nada mais. Eu não deveria sentir o que eu sinto.”

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“O que exatamente... Você sente?” eu perguntei cuidadosamente. “O que você quer dizer?” Ele fechou seus olhos e olhou para longe. “Eu estou tão confuso.” Ele não falou por algum tempo, mas só ficou lá parado ao lado do armazém destruído. Finalmente ele se virou para longe de mim. “Nós devíamos dar o fora daqui,” ele sugeriu. “Alguém deve ter ouvido o prédio desabar.” Eu assenti. “O que nós fazemos sobre o sarcófago?” Ele pensou por um momento. “Eu posso levá-lo um pouco daqui. Dê um telefonema ao Nathaniel. Diga para ele trazer um caminhão. Nós temos que ir para outro lugar, mas eu não sei para onde.” “Onde você quer que eu vá?” “Dirija até o primeiro sinal de pare e vire à direita. Siga em frente até o beco sem saída. Eu te encontrarei lá.” Eu dei a ele um olhar perplexo. “Você com certeza sabe o seu caminho por aqui.” “Eu estudei a localização e as suas redondezas, incluindo todas as estradas, interseções, e prédios na área.” Ele sorriu quando viu minha expressão interrogativa. “Melhor prevenir do que remediar.” “Certo.” Houve uma pausa esquisita antes do qualquer um de nós se mover. Eu ainda podia sentir sua boca na minha e fiquei lá parada, com nada para dizer. Finalmente, eu entrei no meu carro e dirigi exatamente para onde ele me disse. Eu não sei se eu estava surpresa ou não sobre ele saber do beco sem saída. Eu estacionei meu carro lá, o desliguei, e liguei para Nathaniel, dizendo a ele onde nos encontrar. Nem um segundo depois de eu desligar, Will apareceu do nada, soltando o sarcófago na luz dos meus faróis. Eu saí para encontrá-lo quando o barulho das sirenes ecoou a distância, provavelmente respondendo as ligações sobre o desabamento do armazém. “Nathaniel deve estar aqui daqui a pouco,” eu disse “Bom.” Ele não disse nada mais. Incomodava-me um pouco não saber no que ele estava pensando. Ele parecia evitar o tópico do que acontecera entre nós alguns minutos antes, mas então novamente, eu também não o trouxe à tona. Eu estava dividida sobre trazê-lo ou não. Eu queria perguntar a ele sobre isso, desde que eu me sentia tão vazia por dentro por alguma razão. Eu queria—risque isso, eu precisava—saber como ele se sentia sobre Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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mim. Então eu me perguntei, nós tínhamos ficado juntos antes? Ele havia me beijado nas minhas vidas passadas? “Sobre o que você está pensando?” ele perguntou com uma voz macia, interrompendo meus pensamentos, pelo o que eu era agradecida. “Você não gostaria de saber,” eu disse sombriamente. Ele andou para mim e inclinou as costas contra o meu carro, cruzando seus braços sobre o seu peito. “Sim, eu gostaria. Você torce o seu rosto de um jeito engraçado quando você está afundada nos seus pensamentos.” “Obrigada pela observação.” Eu estreitei meus olhos. “No que você acha que eu estou pensando?” Sua mandíbula se tensionou só por uma fração de segundo antes da tensão ir embora. “Eu tenho uma boa ideia.” “Você só vai fingir que não aconteceu?” eu perguntei. Ele sugou seu lábio superior. “Eu não acho que seria sensato.” “Bem, você foi bem sucedido.” Eu estudei sua expressão meticulosamente. Ele não mostrava nada dos seus pensamentos. “Eu não planejei isso, se é isso que você está se perguntando.” Ele pareceu honesto. “Você já me beijou antes?” “Você quer dizer antes de você ser Ellie?” Seja lá o que isso significasse. “É.” “Não.” Eu queria perguntar se ele alguma vez quis, mas eu optei por uma questão diferente. “Então o que isso quer dizer?” “Eu não entendo.” Eu suspirei. “O que isso significa entre você e eu?” Ele não respondeu direto. Nenhum de nós falou por alguns momentos, e o longo silêncio se estendeu, me nauseando. Meu corpo se tensionou. “Eu me preocupo muito com você” ele disse. “Eu só não acho—” Naquele momento uma van branca enorme apareceu e parou na nossa frente. Nathaniel e Lauren pularam para fora. Eu fiz uma careta. Will tinha sorte... Por agora. Eu

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tinha um monte de perguntas para ele uma vez que nós estivéssemos em particular novamente. “Vocês estão bem?” Nathaniel perguntou, sua voz trêmula. “Eu estou realmente com fome,” Will disse dramaticamente. Nathaniel riu. “Eu posso imaginar. Ellie, você está ilesa?” Eu dei de ombros. “Eu me curei. Ragnuk está morto. Isso é o que importa.” Lauren me assistiu com um estranho misto de emoções atravessando seu rosto. Eu não podia decidir o que ela estava sentindo. Era quase como se ela entendesse exatamente o quão mexida eu estava—com mais do que somente Ragnuk. Brevemente, eu me perguntei até onde seus talentos psíquicos se estendiam. “Nós vamos levar o sarcófago para minha casa,” Nathaniel ofereceu. “Eu acho que ele estará em segurança escondido lá até que nós possamos partir para Porto Rico.” “Eles não vão te localizar lá?” eu perguntei ceticamente. “Ragnuk nos rastreou até o armazém.” “Se os vir de Bastian estivessem por perto, nós já estaríamos mortos e eles teriam o Enshi” ele disse. “Eles não vão sentar por aí nas sombras e nos espreitar.” Eu senti que era a dica para nós darmos o fora dali. “Então, aí o sarcófago não deveria estar aqui.” Will assentiu. “Vamos continuar. É suicídio ficar perambulando por aqui.” Will e eu seguimos a van no meu carro. Ele não disse nada e tampouco disse eu. A van parou numa rua quieta com casas bastante espaçadas. Nós a seguimos por uma longa calçada arborizada para uma linda casa com vista para o lago. Nathaniel abriu as portas de uma garagem de três carros, e Will pulou para ajudá-lo a descarregar o sarcófago. “Esta é a sua casa, Nathaniel?” eu perguntei, admirando a vista para o lago. “Sim,” Nathaniel disse, e fechou as portas da garagem. Eu lembrei que Will dissera que vivia aqui, e eu o imaginei sentado no seu quarto tocando guitarra. Eu não podia me parar de encará-lo e sentir uma onda de calor com a memória do nosso beijo. Por um momento era difícil de respirar. “É melhor você ter comida,” Will disse com um sorriso. Lauren riu, colocando uma mão em seu ombro. “Cheque a cozinha.” Ele correu para dentro da casa.

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“Mas não esvazie a dispensa!” ela gritou depois dele. “Ou a geladeira! Por favor, não me faça ir fazer compras no supermercado duas vezes em uma semana.” “Eu vou certificar,” Nathaniel ofereceu, e seguiu Will para dentro. “Então você vive com Nathaniel também?” eu perguntei a Lauren quando nós entramos na casa. Ela balançou a cabeça. “Não, só me certifico se os rapazes estão comendo direito e se cuidando. Eu tenho um apartamento perto do campus. Meus pais estão me ajudando com o aluguel enquanto eu estou na escola.” “Você é uma psíquica profissional? Você faz leituras e esse tipo de coisa?” Ela riu. “Oh, não. Eu sou uma estudante de enfermagem.” Eu imaginei que ela faria uma enfermeira gentil algum dia. “Como você conheceu Nathaniel?” Ela sorriu docemente. “Ceifeiros não gostam quando você pode vê-los. Nathaniel salvou a minha vida. Eu devo muito a ele, e eu me preocupo profundamente sobre ele.” Antes que eu pudesse perguntar a ela o que aconteceu, ela tomou minha mão e me conduziu a cozinha, onde Will estava fazendo um sanduíche. Nathaniel estava o repreendendo sobre destruir outra camisa. “Já volto,” Lauren disse. Eu encarei Will quando ele devorava o seu sanduíche. “Você não estava brincando sobre precisar comer, estava?” Ele balançou sua cabeça e devorou com outra mordida. “Não.” Lauren retornou e estendeu uma limpa camiseta vermelha. “Coloque isso,” ela disse. “Você parece nojento.” Ele riu e a pegou de sua mão sem deixar o seu sanduíche no balcão. “Obrigado, Lauren.” Ela dobrou seus braços sobre seu peito. “Seja grato que eu sou tão generosa. Eu quase te trouxe a rosa.” Will riu. “Deve ser uma do Nathaniel. Eu não tenho uma camisa rosa.” Nathaniel rolou seus olhos. “O que te faz pensar que eu tenho?” Lauren levantou um dedo. “Comportem-se. Você, termine seu sanduíche.” Will sorriu através de sua última mordida e foi preparar um segundo sanduíche. Eu fui ajudá-lo, e quando seu olhar capturou o meu, eu sorri calorosamente para ele. Ele Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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tocou o meu braço ternamente, deixando suas mãos se deslizarem sobre minha pele. Outra onda de calor caiu sobre mim, e eu lutei contra a urgência de me inclinar para ele. “Eu ficarei aqui e guardarei o Enshi e Lauren,” Nathaniel disse. “Eu terei nosso itinerário de voo amanhã. Nós provavelmente teremos que colocar o sarcófago em um avião de carga separado.” “Certo,” eu concordei. “Eu entrarei em contato.” Nathaniel sorriu.

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29 Will e eu não dissemos muito no caminho para casa. Eu saí do meu carro e ele desapareceu, presumi, para o telhado. A primeira coisa que fiz quando entrei, depois de correr para meu quarto, foi ligar para Kate. O banho podia esperar. “Kate?” perguntei quando ela respondeu. “Hey” ela disse rapidamente. “E aí?” Me preparei. “Eu preciso que você me faça grande um favor, épico, numa escala de mudança de vida.” “Uh-oh.” “Você vai para o norte para o Dia de Ação de Graças.” “Sim, por quê?” “Eu vou com você.” Ela pausou. “Você... Vai?” “Não de verdade. Eu preciso que você me dê cobertura esse fim de semana.” Estremeci. “Para...?” “Se meus pais te perguntarem onde eu estou esse fim de semana, ou qualquer coisa do tipo, por favorzinho, você pode dizer a eles que nós vamos ficar no norte até domingo?” Ela pausou. “Por quê? Onde você realmente vai estar?” Eu sabia o que deveria dizer para ela me dar cobertura. “Vou estar com Will.” “Oh meu Deus!” ela gritou. “Eu sabia.” Afastei meu celular da orelha enquanto ela surtava. “Você vai a alguma escapadela romântica?” Ela estava muito animada. “Eu sabia que ele era seu namorado. Ellie Marie, não acredito que você mentiu para mim, sua piranha!” “Eu realmente sinto muito, Kate,” disse honestamente. “Eu só não queria que isso chegasse aos meus pais. Ele é mais velho, você sabe, e eles enlouquecem. Especialmente se Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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eles soubessem que eu ficaria fora da cidade com ele todo o final de semana. Então, se meus pais por algum motivo não acreditarem em mim, você, por favor, pode me dar cobertura?” Ela bufou algo incompreensível. “Uh, sim. Você é minha garota. Eu mentiria por você a qualquer hora.” Soltei um longo suspiro de alívio e uma curta risada. “Muito obrigada.” “É melhor você me contar tudo!” ela cantou. Sua voz de repente ficou baixa e séria. “Você acha que você vão... Você sabe?” Meus olhos se arregalaram. “Provavelmente não.” “Aposto cinco dólares que você vai.” “O quê? Você está apostando na minha virgindade?” Na verdade, eu não fiquei tão chocada. “Você vai para o Inferno, sabia.” “Eu não duvidaria.” “É bom que você tenha aceitado seu destino tão graciosamente.” “Qual é,” ela gemeu. “Acredito que agora você já o beijou já que ele é seu namorado, e você é uma idiota por não me dizer, mas tanto faz. Você vai ficar sozinha com ele por todo um fim de semana, fazendo só Deus sabe—ok, com sorte Deus não sabe o quê...” Rolei meus olhos. “É, bem, você nunca me disse tudo.” Ela não respondeu imediatamente. “Eu não sei sobre o que você está falando.” Eu ri. “Ah, sim, você sabe. Você e Landon?” “Ellie, eu juro que nada aconteceu.” “Não me entenda mal,” insisti. “Está tudo bem por mim se vocês estão... Juntos.” “Eu não dormi com ele” ela disse. “Nada aconteceu. Nós só nos beijamos, isso é tudo. Eu estava muito bêbada para saber o que eu estava fazendo.” “Você gosta dele?” Tentei não soar muito curiosa, no caso dela ter a impressão que eu esperasse que ela devesse dizer não. “Eu não tenho certeza,” ela confessou. “Meio que sim. Talvez. Eu não sei. Embora, eu esteja muito feliz que nada tenha acontecido no Halloween. Se eu estou feliz que nada tenha acontecido, então deve significar que eu não estou na dele, né?” Eu sorri mesmo que ela não pudesse me ver. “Se você admitir, eu acho que você vai se sentir melhor.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Ela riu. “Não há nada para admitir, confie em mim.” Eu dei um passo para trás e bati em um corpo quente e gemi. Me virei para ver Will parado ali, franzindo a testa para mim. “Ell?” Kate perguntou. “Você está bem?” “Sim, pensei que tivesse visto uma aranha.” Balancei meu punho para Will e fiz uma careta. “Uma grande, realmente feia. Desculpe.” “Compreensível,” ela disse. “Te vejo amanhã na escola, tá?” “Tudo bem, tchau!” Eu encarei Will, temendo que ele tivesse ouvido minha conversa ao telefone. “Por que a furtividade ninja? É realmente necessário?” “Pensei que você soubesse que eu estava aqui,” ele disse. A desculpa e a defesa em seus olhos verdes me fizeram esquecer quão irritada eu estava. “Tudo bem. Só tente ser um pouquinho mais barulhento da próxima vez.” Ele riu suavemente. “Eu não acho que conseguiria fazer muito barulho se eu tentasse. Você deveria ser um pouquinho mais perceptiva.” Estreitei meus olhos. “Você é um cara. Vocês são todos barulhentos, quando se resume a isso. Você vai descobrir. Enfim, o que você está fazendo aqui?” “Eu queria ver como você estava.” “Há!” gritei, imediatamente pondo a mão sobre a minha boca, com vergonha do quão alto eu acabara de falar. Baixei minha voz a um áspero sussurro. “Você é um mentiroso. Você se cansou de ficar sentado no meu telhado sozinho. Admita.” Ele franziu a testa. Ele parecia surpreendentemente vulnerável naquele momento. “Eu nunca menti para você.” Arrependimento cresceu em minha garganta. “Desculpe. Eu não devia ter dito isso.” “Não se preocupe com isso.” Ele me deu um olhar lateral. “Você vai tomar banho?” Eu corei e dei uma risada nervosa. “O que isso quer dizer?” “Só estou lendo sua mente.” Estreitei meus olhos. “Não me assuste e diga isso. Eu posso acabar acreditando em você.” Ele riu. “Eu conheço você bem o suficiente para saber que um banho é sua prioridade máxima agora.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Bufei por ele estar certo como de costume, peguei meu roupão do gancho e fui para o banheiro, onde tomei um obscenamente longo banho. A água quente caiu sobre mim, lavando a sujeira, pó, e sangue seco. Desejei que a água lavasse também a dor em meu coração, mas só acalmou minhas dores musculares. Por agora, era o que eu teria que fazer. Inclinei minha cabeça contra o vidro do box e fechei meus olhos, perdida em pensamentos. O rosto meio-queimado do Ragnuk me perseguia no escuro atrás das minhas pálpebras, alternando entre carne retorcida e osso branco. Tentei mandar a imagem para longe, mas era inútil. Eu sabia que precisava superá-lo. Havia coisas mais assustadoras para me preocupar agora, como perder minha alma para sempre. E o Apocalipse. Terminei, me sequei, vesti meu roupão, e sequei meu cabelo antes de voltar para o quarto. Will estava sentado na ponta da minha cama, inclinado para frente com as mãos juntas. Eu muito consciente, puxei meu roupão mais apertado e dei um pequeno sorriso. “Você está bem?” Seu olhar encontrou o meu. “Essa não é minha fala?” ele perguntou, sua voz fraca e cansada. “Normalmente.” Sentei-me ao lado dele. “Acho que é minha vez agora.” Ele não respondeu imediatamente. Nos sentamos em silêncio por um momento. Eu não me sentia confiante para dizer alguma coisa. Então eu esperei. “O que vem pela frente vai ser difícil,” ele disse gentilmente. “Não simplesmente essa semana, mas nas próximas também. Se nós não destruirmos o Enshi em Porto Rico, então eu não tenho certeza do que vai acontecer. Não podemos falhar.” Fiz um pequeno aceno. “É nossa única opção, a menos que nós o explodamos.” Ele encolheu os ombros. “Eu não sei quão eficiente isso será. Se é um anjo, então eu não tenho ideia de como matá-lo. Se é do fundo do oceano, pelo menos nada mais pode chegar até ele para despertá-lo. Nada pode sobreviver a 30.000 pés abaixo da superfície do oceano. Nada é absolutamente indestrutível.” “E se Bastian interceptar?” perguntei. Sua voz ficou obscura. “Então teremos que lutar com ele. Eu queria evitá-lo até que o Enshi tivesse no fundo daquela vala. Nós não podemos correr o risco contra ele, Geir e os outros antes disso. Nós não podemos.” O desespero naquelas últimas palavras enviou uma fagulha de medo por mim. Eu não queria pensar nas possibilidades de alguma coisa como aquilo acontecendo. Nós precisávamos sair da cidade—sair do estado—o mais rápido possível. Will não era o único que não queria lutar com Bastian. Eu sabia que não estava pronta. Eu não vi nada

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que Ivar poderia fazer e só um pouco do poder de Geir. Nós tivemos sorte quando fomos embora. Eu nem poderia entender o que o resto deles era verdadeiramente capaz de fazer. Agarrei meu pijama de um amontoado de roupa no chão e fui para o closet me trocar. Quando eu voltei, Will não havia se movido. A concentração furiosa em sua expressão franziu sua testa e apertou seus lábios. Ele encarava o chão. “Você comeu o suficiente no Nathaniel?” perguntei a ele, afastando os cabelos de seus olhos. Ele não respondeu. “Acho que não. Eu sei que você precisa comer depois da luta de hoje.” “Eu realmente não quero comer agora.” Eu sorri. “Não se mexa.” Eu fui à cozinha e explorei minha geladeira. Eu tive sorte de encontrar meia garrafa de refrigerante lá dentro, e um pote de sorvete de baunilha no freezer. Eu fiz uma vaca preta, sorrindo carinhosamente para mim mesma enquanto colocava a colher e o canudo dentro do copo e tomava um gole da sobremesa enquanto subia. Will ainda não havia se movido. Eu parei em frente a ele e segurei a sobremesa. Ele olhou para mim, seus olhos piscaram, e ele sorriu. “Ellie...” “Você não vai deixar passar uma vaca preta de cerveja de raiz, vai?” Pisquei de brincadeira. Ele deu uma risada gentil e pegou o copo. Sentei-me na cama ao lado dele e o assisti comer. “Como fui eu que fiz,” eu disse. “Eu ganho um gole e uma mordida.” Seu lindo sorriso se alargou. “Concordo.” Ele me deu a colher, e eu peguei uma colherada do sorvete e então dei um gole no refrigerante para lavar. “Mmm, é melhor que essa seja a melhor sobremesa com soverte e refrigerante que você já comeu.” “É mesmo, confie em mim.” Ele ficou me olhando por um momento antes de pegar o canudo de volta e mexer. “Entretanto, é ainda melhor quando o sorvete derrete. Só uma dica para você.” Ele mexeu até que a maior parte do sorvete estivesse derretida, o refrigerante ficou com uma leitosa cor marrom, como chocolate quente. “Experimente agora.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Ele segurou o canudo enquanto eu dava outro gole. O refrigerante estava suavizado com a baunilha e o gás quase todo já acabara. O resultado deve ter sido a coisa mais deliciosa que eu já havia provado. “É maravilhoso,” eu disse, e dei outro gole. “Eu te disse.” Nós dividimos o último gole e eu coloquei o copo vazio e espumante no meu criado-mudo. Meu coração disparou e eu me virei na direção dele, sentindo o calor de seus olhos nas minhas costas. “Obrigado,” ele disse. “Sinto-me muito melhor.” “Você não podia me enganar.” Facilitei para ele, e meu coração afundou quando a expressão de preocupação voltou ao seu rosto. “Will, você se arrepende de tudo isso? Da luta? De matar o ceifeiro demoníaco?” “Eu não me arrependo disso, não.” “Mas isso incomoda você,” eu disse. “É por isso que você usa o crucifixo que sua mãe te deu. E porque você sente falta dela.” Ele olhou para mim e seu rosto suavizou. “Acho que você pode ler as pessoas melhor do que eu pensava.” Eu sorri calorosamente e passei minha mão por seus cabelos. “Só você. Por mais que você tente, você nunca vai poder me enganar.” “Suponho que não.” Meu sorriso desapareceu. “Você sabe que há poderes superiores e Céu e Inferno por aí, mas você não parece muito religioso.” “Eu acho que religião é baseada na fé,” ele disse. “Eu não preciso de fé para saber com o que eu lido todos os dias. Eu sei que existe um Deus e que Lúcifer O desafia. Eu sei que existem os Caídos e que há anjos que lutam com eles. Eu sei que há criaturas que arrastam almas humanas para o Inferno para prepararem o Apocalipse e que eu fui designado para lutar contra essas criaturas. Fé não tem nada a ver com minha existência, mas sim. Você está certa. Eu não gosto de matar, mas eu tenho porque é meu dever. Proteger almas humanas é o dever de qualquer ceifeiro angelical. Proteger você é meu dever. Eu sou um soldado numa guerra, e a única diferença entre nossa guerra e aquelas entre os humanos é que essa luta começou desde o começo dos tempos e não é como se fosse terminar daqui a pouco.” “Por que sua mãe te deu um crucifixo se ceifeiros não são muito religiosos?”

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Ele fez a coisa com o lábio de novo, e meu estômago virou. “Minha mãe era muito devota na sua crença do que o que nós estávamos fazendo era à coisa certa. Ela lutou duramente contra o demoníaco, e eu acho que usar uma cruz a fazia se sentir perto dos arcanjos que ela servia e de Deus. Nós ficávamos muito sozinhos às vezes, e nós perdíamos o controle de nossas metas depois de tantos séculos de luta. Acho que o crucifixo a mantinha ligada a terra.” “Mantém você ligado a terra também?” “Você me mantém,” ele disse. “E esse crucifixo me lembra que há coisas maiores acontecendo lá fora do que só você e eu. Há um mundo além de proteger você, mesmo que você seja tudo que eu realmente conheça. Você me perguntou se eu me arrependia de alguma coisa, e a resposta verdadeira é sim. A única coisa da qual eu me arrependo é de ter falhado com você, te deixado morrer.” Eu continuei alisando seu cabelo e não disse nada. Para ser sincera, eu não sabia muito bem o que dizer. “E sim”, ele continuou, “eu sinto falta da minha mãe.” “Você acha que ela está tomando conta de você do Céu?” Ele ficou tenso e não respondeu imediatamente. “Ceifeiros não têm uma vida após a morte. Céu e Inferno são para almas humanas. Quando ceifeiros morrem, é só isso. Então, não. Minha mãe se foi.” Meu coração golpeou meu peito e tristeza cobriu-me como uma neve pesada e fria enquanto o sangue era drenado de meu rosto. Eu sempre senti um pequeno conforto sabendo que quando eu morresse, minha alma seria salva. Nada me assustava mais do que a possibilidade do Enshi destruir minha alma para que depois que eu morresse, eu fosse desaparecer. E aqui, esse tempo todo, pela vida toda de Will, ele sabia que se algum dia fosse morto, ele terminaria do mesmo jeito que eu se minha alma fosse devorada. Meus guardiões antes dele morreram por mim e acabaram com suas existências. Will sabia o tempo todo que seu último sacrifício por mim só traria um eterno nada, e apesar de saber disso, ele continuava se arriscando por mim toda noite, em toda batalha. Se ele morresse me protegendo, lutando por mim, ele desistiria de tudo. Não haveria Céu para ele descansar e encontrar paz. Tudo o que ele conheceria seria morte, perda e tristeza. Como eu podia ser tão egoísta? Por que eu o deixava arriscar tanto por mim? Meus pensamentos me deixaram com raiva de mim mesma, por não ligar para ninguém além de mim mesma. Mas ele estava lá. Dia e noite ele estava lá por mim, arriscando toda sua existência para me proteger de uma guerra que clamava pela minha vida o tempo todo. Ele nunca fraquejou, nunca hesitou, nunca temeu por sua própria segurança. Ele foi espancado, esfaqueado, abusado, torturado várias vezes, e ainda assim ele continuava preso a mim, Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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ignorando a possibilidade que ele morreria por mim algum dia. Não era certo. Eu não merecia tudo o que ele sacrificou por mim. Eu não valia um preço tão alto. Eu coloquei minha mão em seu rosto, virando seu olhar para mim enquanto eu dobrava minhas pernas embaixo de mim. Ajoelhada, passei minha mão por sua bochecha áspera e seu cabelo. Inclinei-me para frente e beijei seus lábios suavemente só para me sentir muito mais próxima a ele. Seu beijo tinha gosto de baunilha e açúcar, quente e delicioso contra meus lábios. A dor em meu coração me lembrou o quanto eu o amava e eu pressionei meus lábios com os dele mais desesperadamente, como se eu tivesse medo de que ele fosse desaparecer bem ali do meu lado. Eu reprimi uma lágrima que poderia ter sido feliz ou triste—nem mesmo eu tinha certeza—e me afastei. “Você é incrível,” foi tudo o que eu podia dizer a ele. Seu olhar caiu. “Eu não estou nem perto.” Ele se inclinou para mim, descansando sua testa contra meu ombro, e sua mão deslizou até meu braço. Ele me segurou próxima a ele e pressionou seus lábios no meu braço, esfregando seu nariz contra minha pele enquanto eu corria meus dedos por seu cabelo. Eu mordi meu lábio para parar as lágrimas. Levantei seu rosto, e seu olhar encontrou o meu. Eu não pude evitar o sorriso que se formou quando eu pude notar que o deixara sem graça. “Sim, você é. Você precisa relaxar. Não se preocupe com nada pelo menos uma vez.” Seu olhar perturbado começou a desaparecer. “Eu não tive a intenção.” “Deixe-me ajudá-lo,” ofereci. Andei em volta da minha cama e subi nela, pedindo a mão dele. Ele me deixou pegá-la e eu o puxei na minha direção. “Deite-se comigo. Durma um pouco. Você não precisa ficar sentado no frio congelante do meu telhado. Você deve isso a si mesmo. Esqueça todo o resto. Você está sempre tão preocupado sobre tomar conta de mim. Deixe-me tomar conta de você uma vez.” Ele deitou ao meu lado, o colchão afundando sob seu peso muito intimamente, e ele deslizou um braço timidamente em volta da minha barriga. Eu não disse nada enquanto nos deitávamos lá, e eu dormi sentindo seu calor e sua respiração açucarada na curva do meu pescoço.

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30 Nathaniel arranjou um voo para nós e um frete aéreo para o sarcófago para Porto Rico via Miami. Meus pais compraram a história sobre eu passar o fim de semana com a família de Kate na casa do lago ao norte que eles tinham, já que eu já havia feito isso centenas de vezes antes, e tudo estava se encaixando. Apesar da preferência de Nathaniel por trabalhar nos bastidores ao invés de lutar nas linhas de frente, ele iria vir junto como apoio. Eu ainda não o vi em ação, mas estava intrigada. Ele não lutava com as espadas tradicionais que eu e Will estávamos acostumados. Nathaniel tinha uma queda por armas. Ele deu um jeito de fazer a caixa com o sarcófago ser classificada como um artefato arqueológico, e não tivemos problemas para embarcá-lo no cargueiro. Nathaniel, legitimamente receoso de deixar o Enshi sozinho, se escondeu do pessoal do aeroporto ficando no interior do Sombrio e deu um jeito de se esgueirar para dentro do avião sem ser visto—a invisibilidade provou ser um truque de ceifeiro muito útil. Ele ficaria com o sarcófago até que chegássemos ao Caribe. Graças a Deus nós não precisamos checar nossas espadas junto com as armas de Nathaniel. Isso seria divertido de explicar. Chegamos a Miami depois das dez da noite na quarta-feira e depois de uma escala nós embarcamos em outro voo para San Juan. Eu estava definitivamente sentindo a exaustão quando chegamos ao nosso pequeno motel ao invés dos glamorosos hotéis que eu teria preferido, mas Will disse que era para nossa segurança e a dos moradores, que ficaríamos num pequeno prédio com uma saída fácil caso Bastian descobrisse nossa localização. O motel ficava numa rua estreita a poucos quarteirões do aeroporto. Era um pouco degradado, e a calçada tinha tufos de matos saindo das rachaduras. Quando o cargueiro de Nathaniel chegou a San Juan, ele alugou uma grande caminhonete para carregar o sarcófago e o estacionou atrás do motel. Ele ficou vigiando a caminhonete como um falcão até o amanhecer, em caso de algum ataque. Will me deixou dormir até onze da manhã, o que era o céu depois da difícil semana e da última noite. Depois de meu banho no querido banheirinho, eu estava toda animada planejando sair e ver como a cidade realmente era. Espiei para fora do banheiro enquanto secava meu cabelo e vi Will de pé sobre a mala tirando a camisa. Senti meu rosto ficar quente quando o vi, e quase olhei para outro lado. Quase. Ele vestiu uma nova camiseta, e os músculos de seu abdômen se contraíram quando ele alisou o algodão. “Nathaniel ainda está com a caminhonete?” perguntei. Ele virou e facilitou para mim. “Não” respondeu. “Ele foi de táxi para a marina para pegar um barco. Pensei em irmos almoçar quando ele chegar. Que tal?” Sorri largamente. “Definitivamente. Ele vai conosco?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Não, ele vai ficar com a caminhonete. Não podemos deixar a caixa sozinha.” Ele pareceu genuinamente desapontado. “Mas eu trouxe comida antes dele sair. Precisamos comer muito antes desta noite, só por precaução.” “Então você já comeu?” “Um pouco.” Seu tom era tão indiferente, como se todo mundo comesse antes de sair para ir a um restaurante. “E você vai comer mais?” “Vou,” ele disse. “Eu te disse que não queria que você visse quanto eu realmente preciso comer. Você teria pesadelos, pode acreditar.” Rolei os olhos. “Ah, obrigada por me proteger das dolorosas verdades do quanto os caras realmente comem quando as garotas não estão olhando.” Ele sorriu para mim. “Você deveria me levar mais a sério.” “Você devia se levar menos a sério,” retorqui, me defendendo quando ele se inclinou para mim. Ele riu. “Já terminou de usar o banheiro?” “Maquiagem.” “Anda logo.” Demorei. Usei meu doce tempo aplicando delineador e rímel sobre a sombra rósea. O dia estava ensolarado, e eu estava assustadoramente de bom humor. Tentei não pensar em mais tarde, quando iríamos navegar para destruir o Enshi. “Sério?” Ouvi Will gritar do quarto. Olhei para fora. “Não tem mais ninguém?” Ele pausou. “Tá legal, beleza.” Will desligou o telefone e passou uma mão nervosa pelo cabelo. “O que houve?” perguntei, passando protetor labial. “Nathaniel encontrou um barco de pesca para alugarmos” ele respondeu, com a voz irritada. “O problema é que o tal não vai estar disponível até depois das cinco. Ninguém nos deixaria levar o barco longe o suficiente. O que você está fazendo aí? Está demorando uma eternidade.” “Maquiagem!” repeti, fazendo careta. E adicionei uma camada extra de protetor só para irritá-lo. “Não está preocupada com o fato de termos que sair tão tarde?” “Bom, cinco não é ruim,” ofereci. “O pôr do sol é o que? Às sete?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Ele me encarou. “Temos que navegar quase oitenta milhas para alcançarmos a Fenda Miuwalkee.” Dei de ombros. “E? Quanto tempo leva? Uma hora?” “Ellie, não vamos de carro. Vamos com uma traineira de navegação em alto-mar, realmente grande e velha. Teremos sorte se ele conseguir navegar a quinze nós.” “Eu não sei o que isso significa!” “É mais ou menos dezessete milhas por hora.” Eu não tentei calcular, já que não conseguia contar nem os dedos dos pés sem ficar atrapalhada. “E vai dar para a gente chegar lá às seis?” “Não, vamos demorar quatro horas e meia para chegar.” Meu queixo caiu. “Vamos estar lá depois de escurecer?” Ele deu um longo suspiro. “É o que parece.” “Não podemos esperar até amanhã?” perguntei esperançosa. Ele balançou a cabeça, negando. “Nosso avião sai às nove da manhã e não podemos nos arriscar perder mais um dia aqui.” “Ótimo.” “Eu sei.” Xinguei. Ia ficar tudo bem, disse para mim mesma repetidamente. Não tinha como o vir demoníaco saber que estávamos em Porto Rico. Estávamos a salvo. “Não vamos nos preocupar com isso. Vai ficar tudo bem.” Ele me deu um olhar questionador. “Desde quando você se tornou a Miss Otimista?” “Desde quando eu fiquei faminta, então vamos.”

Will chamou um táxi para no levar até Velha San Juan. Eu estava absolutamente encantada. As ruas eram brilhantes num arco-íris de cores; cada prédio era claro e único em sua própria maneira. Janelas em arco com parapeitos de ferro cheios de vasos de flores perfumadas caindo da beirada. Cada entrada era única, ricamente decorada e protegida com belas grades de ferro. Eu teria que fazer outra visita um dia quando não estivesse esperando encontrar destruição ao pôr do sol. Paramos em um pequeno café e comemos no pátio de pedra. Pedi uma salada colorida com todo tipo de surpresas misturadas nas verduras, apesar de que nunca Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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conseguiria falar o nome dela. Will pediu uma espécie de guisado de frango com arroz e feijão. Tinha um cheiro delicioso, e roubei umas garfadas, apesar dos protestos dele. Por um pequeno momento, para minha surpresa, me senti normal novamente. Apreciei, fingindo ser uma garota normal de férias com um cara normal—embora lindo—em uma linda cidade. Quando terminamos de comer, não pegamos o táxi imediatamente, para voltar ao motel. Ao invés disso, Will insistiu que eu tivesse um dia bom. Ele parecia excessivamente preocupado em saber se eu estava curtindo, o que não me deixou à vontade—ao invés disso, suspeitei que Will pensava que esse seria meu último dia. Caminhamos por Velha San Juan, abrindo caminho pela multidão que rodeava os artistas e musicistas da rua, olhando para as vistas espetaculares. Caminhamos por uma praia lotada e fizemos um tour por Castillo San Cristóbal antes de voltarmos. Quando chegamos ao hotel, Nathaniel estava sentado numa cadeira do lado de fora da porta. Ele levantou quando saímos do táxi e Will pagou o motorista. Nathaniel sorriu. “Teve um dia legal?” “Sim,” eu disse com um sorriso. “Foi legal.” Tentei memorizar como me sentia naquele momento, porque sabia que o sentimento não ia durar. Nos amontoamos na caminhonete, com o sarcófago e a mala de Nathaniel cheia de armas atrás e dirigimos para o Porto de San Juan no outro lado da cidade. Sentei entre Will e Nathaniel e olhei para fora pelo pára-brisa em silêncio, tentando não pensar sobre o que de pior poderia acontecer naquela noite. Dirigimos por uma linha—aparentemente infinita—de transatlânticos e balsas até as docas dos barcos de pesca. Aquelas embarcações eram muito menores que os grandes navios de turismo, mas elas ainda se erguiam sobre mim. Os cheiros distintos de água salgada, peixe, ferro, metal e redes de nylon atacaram minhas narinas de uma vez só. Cordas e arames estavam esticados por todo lado e tripulantes se esquivavam entre elas fluidamente, fazendo seus afazeres. Paramos em uma imensa traineira para alto mar com o nome Elsa estampado em letras desbotadas na proa. Um homem corpulento, sujo e careca desceu pesadamente da plataforma de carga para nos cumprimentar. “Hola,” ele disse, acenando com a cabeça, seus olhos redondos se demorando em mim. “Hola, José,” Nathaniel respondeu. “Desculpe, estamos um pouco atrasados.” “Tudo bem,” José gritou. “Você já me pagou, então eu não me importo se você demorar.” Ele riu, sua barriga ressaltando, e passou o dorso da mão pela testa suja e suada. Nathaniel forçou um sorriso. “Vamos pegar o Elsa de você agora.”

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A risada de José soou ainda mais alta. “Não tem jeito de você poder pegar meu navio com outro cara e uma garota adolescente e ainda estar aqui no porto à meia noite. E eu não me importo com o quanto você me pagar, minha tripulação não sai do navio.” Nathaniel enrugou o rosto com frustração. “Isso não é necessário. Ficaremos perfeitamente bem.” “Sem chance,” José disse, sua voz mais séria dessa vez. “Eu e minha tripulação vamos contigo.” “Nathaniel,” Will disse com a voz cautelosa, “não temos escolha.” Nathaniel fechou os olhos, irritado. “Beleza, mas se lembre pelo que estou te pagando. E isso inclui não fazer perguntas.” José riu mais uma vez. “Eu sei. Pode transportar o que você quiser. Sem perguntas.” “Obrigado. Vamos carregar para podermos chegar lá o mais rápido possível.” José deu de ombros. “Isso aqui é uma traineira de cem pés e não é muito rápida. Precisaria de um milagre para alcançar a Fenda antes de escurecer. Não prometo nada.” “Vamos a toda velocidade,” Will falou rapidamente. Ele e Nathaniel foram até a caminhonete e puxaram as malas com o arsenal. “Você pode por isso em sua cabine, se quiser,” José gritou. Foi o que eles fizeram antes de voltar para descarregarem o sarcófago. Quando eles tiraram a enorme caixa de madeira da caminhonete, a tripulação do Elsa observou com suspeita. Rezei para que não ficassem muito curiosos. José também não estava imune à curiosidade. “O que vocês têm aí? E por que vocês querem levar isso para alto-mar? Vão jogar isso fora?” Nathaniel olhou brevemente para ele. “Sem perguntas, lembra?” O capitão concordou desapontado. “Não pode ser muito pesado, se vocês estão balançando isso desse jeito. E se não é pesado, então não é importante.” Eu quis rir. “Isso aqui precisa ir embaixo,” Will disse quando passaram. José apontou a direção. Segui Will e Nathaniel pela cabine e pelos conveses inferiores até um compartimento de carga que cheirava fortemente à peixe. Água batia contra as paredes de aço do barco, fazendo ecos que retumbavam no espaço cavernoso. Eles colocaram a caixa no piso e a empurraram contra a parede. Um cadeado pesado mantinha a tampa trancada firmemente.

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“Você acha que a caixa vai ficar legal?” perguntei. “Sim” Will respondeu. “É muito mais seguro aqui embaixo do que no convés.” “Se formos atacados isso não vai fazer diferença.” Ele virou a cabeça e me deu um sorriso idiota. “Não seremos atacados.” A voz de José chamava de algum lugar acima. “Amigos, vamos partir logo.” Fomos para cima, para o convés principal, ficando fora do caminho da tripulação. Eles ergueram e guardaram a prancha de embarque, e finalmente zarpamos. A corajosa traineira saiu do porto e rumou para mar aberto. Eu perscrutei sobre a beirada da amurada, observando as ondas. Fiquei vagando pelo barco para explorar. Quando José apareceu numa esquina, eu parei. Ele caminhou até mim, cheirando peixe e fumaça de cigarro. Fracassei na tentativa de impedir meu nariz de franzir ao cheiro fétido dele. “Então, o que vocês estão pensando em fazer no mar? Vocês não vão nadar, vão? São algum tipo de caçadores de adrenalina? Onde estão seus pais?” Balancei a cabeça, meu pulso crescendo. “Pensei que você não podia fazer perguntas.” Ele deu de ombros. “Eu não quero causar nenhum dano. Você não vai querer entrar naquela água, garotinha. Há tubarões maiores que o Elsa nadando por lá. Como monstros de um pesadelo.” “Não pretendo entrar na água,” garanti para ele. Na verdade, não eram tubarões que me davam pesadelos. “Vai pescar?” ele inquiriu. “Por que não alugar um daqueles barcos de pesca extravagantes para isso? Por que pagar um velho tolo como eu por umas poucas horas numa traineira velha?” “Eu não sei exatamente por que,” eu disse, e virei para andar rapidamente de volta à proa, esperando que ele não me seguisse. “É melhor vocês não estarem fazendo nada ilegal!” José gritou atrás de mim. “Espero que vocês não tenham corpos naquela caixa, e é melhor não serem da CIA!” Eu rodeei pela frente da cabine para fugir dele, encontrei Will, e fiquei perto dele o resto da viagem. Ele parecia sentir que a tripulação estava me assustando, e seu protecionismo ligou a força total. Se alguém ficasse amigável demais comigo, provavelmente eu poderia dar um jeito neles, desde que eu estava acostumada a lutar com monstros muito maiores que um bando de caras fedidos, mas deixei Will ser o protetor. Ele parecia mais feliz quando ele agia como guarda-costas. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Depois de uma hora na embarcação, comecei a ficar entediada. Inclinei-me na amurada perto de Will, embora o vento acoitasse meu cabelo como um tornado. Meus ondulados naturais estavam começando a arrepiar, e eu não me lembrei de trazer um laço para domá-los. Irritada, coloquei o cabelo atrás das orelhas, mas as mechas não ficaram sob controle. Olhei sobre a amurada e meus olhos se arregalaram quando vi golfinhos, pelo menos meia dúzia deles, entrando e saindo da água, seus dorsos cinza brilhantes sumindo e reaparecendo através das ondas. Não pude evitar o grito que me escapou. “Golfinhos!” Exclamei, apontando-os para que Will os visse. Ele deu uma olhada apaticamente sobre meu ombro e não disse nada. “Eles estão nos seguindo. Isso deve significar boa sorte ou algo do tipo, certo?” Ouvi uma bufada feia atrás de mim. Virei para ver José vindo em nossa direção. “Não fique tão alegre” ele rosnou, fazendo uma carranca para os golfinhos. “Eles estão esperando que encontremos camarão para eles roubarem. Bastardos gulosos. Carroñeros!” Ele bateu na lateral do barco com raiva, e eu estava feliz que o barulho resultante não os espantasse. Não gostei de ele chamar os golfinhos de carniceiros. Quando José estava longe o suficiente para não ouvir, Will se inclinou para mim. “Não deixe ele te aborrecer,” ele disse. “Ele é só um idiota irritante.” Eu me irritei com o capitão. Não podia esperar até termos terminado com o Enshi e voltar para San Juan. Depois para casa. “Você costumava pensar que eu era um idiota irritante” Will disse. Ele sorriu irônico. Encarei o olhar dele, desafiadoramente. “Costumava?” Seu sorriso cresceu. “Você não se importa tanto comigo, agora.” Eu bufei. “Não tenha tanta esperança.” Nathaniel apareceu ao redor da cabine, carrancudo. “Aqueles homens são realmente horríveis.” “Por quê?” perguntei. Ele balançou a cabeça. “Eles gostam de conversar—e vamos deixar por isso mesmo.” Tive uma ideia do que ele quis dizer com aquilo. De repente senti frio e desânimo, e desejei ter trazido um moletom para vestir a bordo. Ou até mesmo um saco de lixo. “Vamos lá para baixo?” Nathaniel propôs, vendo eu me arrepiar.

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Will e eu concordamos e nós três fomos para a cozinha no convés inferior. O cômodo era pintado num branco opaco, com só alguns utensílios de aço, ferrugem e algo preto geminando na parede em contraste com o branco. O lugar cheirava a mofo. Torci o nariz desaprovando. Will sentou-se à mesa oscilante e eu me juntei a ele. Nathaniel puxou um baralho encardido de dentro do bolso de seu jeans e os colocou na mesa enquanto desmoronava numa cadeira. “Onde você conseguiu isso?” perguntei, feliz que tivéssemos alguma coisa para fazer durante a viagem. “O primeiro imediato17 me deu” ele explicou, pegando as cartas amareladas e embaralhando-as. “O que vamos jogar?” “Pôquer,” respondi. “Sem fichas.” Ergui um dedo. “Fichas imaginárias.” Ele riu. “Tudo bem então. Está dentro Will?” Will confirmou e sorriu. “Pode crer.” Jogamos algumas rodadas, e Nathaniel ficou tentando apostar com mais dinheiro imaginário do que ele tinha, o que ficou irritante. Will era bom demais e tinha uma cara de pôquer perturbadoramente eficaz. Fiquei entediada depois de uns jogos e saí para ir para cima. Will me seguiu. No convés principal alguns da tripulação estavam sentados numa pequena mesa, dois deles fumando charutos. Sorri agradavelmente quando passei por eles e fui até a popa. Quando vi o sol mergulhando no horizonte, inutilmente desejei que a embarcação fosse mais rápido. Uma onda gigante correu atrás do barco e faixas de água branca dançaram num turbilhão na escura superfície do mar. A água não era mais a safira brilhante do litoral de Porto Rico, mas um azul escuro quase negro, até onde eu podia ver. O sol crepuscular do Caribe lançava uma luz dourada ardente nas nuvens enquanto se punha. Me peguei procurando no horizonte por silhuetas de monstros alados. Tive uma visão horrível de ceifeiros se lançando contra nós, como a malvada bruxa do exército de macacos voadores do norte, nos rasgando em pedaços e decolando com o sarcófago. Will se aproximou atrás de mim e pôs as mãos no parapeito dos meus lados, descansando o queixo no meu ombro. “Vamos ficar bem” ele me confortou. “Esta é a parte mais assustadora da noite, mas nós vamos superá-la.” Seu rosto tocou o meu sem querer e minhas entranhas deram um pulinho. Fiquei congelada como uma estátua, com medo de 17

O imediato é o oficial de navegação cuja função vem imediatamente a seguir à do comandante de um navio e a quem compete o comando da embarcação em caso de incapacidade ou de impedimento daquele. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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me mexer. “Relaxa” ele disse, e beijou meu pescoço por trás. Seu toque quente mandou um arrepio pelo meu corpo e não prestei muita atenção no que ele disse depois. “Nada vai acontecer. Estamos quase lá, e vamos jogar essa maldita caixa do navio e ela vai ser esmagada até não sobrar nada antes mesmo de tocar o fundo do oceano.” Sorri e soltei um suspiro, tentando me soltar. Virei para encarar Will, que continuou com os braços ao meu redor, mas seu corpo enrijeceu. Recostei na amurada. “Você sempre fala as coisas certas, não é?” Sorri para ele, brincalhona. O vento soprou pelos seus cabelos. “Eu gosto mais da Ellie feliz do que da Ellie triste.” “Vai precisar de mais que isso para me fazer feliz.” Ele me deu um sorrisinho rápido e relaxou. Ele baixou a cabeça, mas seus lábios pararam a centímetros dos meus. “Então o que é preciso?” Eu lutei para respirar e falar ao mesmo tempo, olhando a boca dele. “Você tem uma boa imaginação. Tenho certeza que você vai encontrar alguma coisa.” “Posso?” ele sussurrou. Afirmei estupidamente, incapaz de pronunciar um sim. Seus lábios roçaram os meus, acendendo minúsculos fogos de artifício na minha pele. Suas mãos repousaram na minha cintura, e ele me puxou um pouco mais perto de seu corpo. Ouvi um grito e Will se virou, me libertando. Um segundo grito rasgou através do meu crânio. Will estendeu um braço para me proteger, e eu me aproximei por trás dele. Um corpo voou pelo ar e pousou no deque à nossa frente. Quando ele deslizou e parou, eu o reconheci como um dos homens da tripulação. Ele estava sangrando horrivelmente no peito. Ele gaguejou e chegou até mim, seus olhos arregalados e injetados de sangue. Meu corpo congelou com medo conforme via o homem morrer. Estávamos sob ataque.

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31 Minha respiração era curta e rápida. Os gritos aumentaram de volume e se multiplicaram, atingindo minha cabeça. Ouvi o riso, alto e ritmado, maníaco, como um palhaço em um estalo. De repente senti vertigens, e uma náusea me atingiu. Pressionei-me contra as costas de Will, sentindo como se fosse desmaiar. “Ellie,” Will disse com firmeza quando se virou para mim. “Você está me ouvindo? Nós precisamos pegar nossas armas e lutar. Nós não estamos na trincheira ainda.” Não disse nada, só ergui a cabeça para o elenco que brilhava de forma ofuscante devido às luzes do navio, que refletia a névoa que subia dos mares com o anoitecer. Mais além só havia escuridão e mais gritos. Ouvi o pop-pop de tiros e vi flashes brancos como fogos de artifícios do outro lado da cabine. Will pulou na minha frente e agarrou meus ombros, seus olhos verdes brilhando ferozmente. “Sai dessa, Ellie. Se você ficar aqui, você vai morrer e todo mundo também. Você não pode deixar todos morrerem!” “Preciso das minhas espadas,” eu disse fraca. “Essa é a minha garota,” ele disse, e tocou minha bochecha. Chamei minhas espadas. A luz mortiça destacava os entalhes Enoquianos através das lâminas. Respirei fundo e fechei meus olhos. Eu acreditava em mim mesma. Tinha fé em meu poder. Nos curvamos um pouco e disparamos pela porta da cabine. Will puxou a dura case da arma fora da bolsa de lona e a abriu. Dentro havia duas pistolas e uma espingarda, junto com um monte de munição. “Eu nunca segurei uma arma antes,” eu disse trêmula. “Não se preocupe,” ele me assegurou. “Elas não são para você.” Ele as carregou para cima e prendeu as armas em seu jeans, depois segurou a espingarda com uma mão. “Mas armas não matam um ceifeiro,” eu disse. “Você atira várias balas para destruir a cabeça. Vai se transformar em pedra quando morrer.” Assenti de forma curta com entendimento. “Onde está Nathaniel?” Perguntei, minha voz firme.

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Will balançou a cabeça e se ergueu comigo. “Não faço ideia. Provavelmente lutando. Ele precisa disso. Você está comigo?” Assenti. “Eu preciso de você, Ellie.” “Eu estou com você.” Ele analisou meu rosto por outro momento excruciante, sua expressão dura. “Vamos. Pessoas estão morrendo.” Eu o segui de volta pela cabine e subindo até o deck. Os gritos eram caóticos e estridentes, ferindo meus ouvidos. A primeira coisa que vi quando emergi foi Nathaniel de costas para mim, e sobre ele estava Ivar. Suas massivas asas se abriram, grandes e altas, seus pálidos olhos brilhavam como duas luas presas no fundo de seu crânio. Seu poder surgindo ao seu redor, chicoteando seu cabelo selvagem. Ela agarrou o rosto de Nathaniel e ele caiu no chão. “Nathaniel!” Will gritou e jogou a espingarda. Nathaniel a agarrou, virou, bombeando a espingarda uma vez, e amaldiçoando acertou Ivar no peito, jogando-a para trás alguns passos. Ela se endireitou e olhou para o buraco em sua caixa torácica. Olhando para baixo, para ele, ela rosnou, mostrando as presas, e o buraco se fechou. “Você arruinou o meu vestido,” ela sussurrou, e se moveu na direção dele. Ele pressionou a espingarda novamente, fazendo um buraco através do ombro dela enquanto ela sacudia a cabeça para fora do caminho de risco, o que jogou seu corpo para o lado, mas ela continuava vindo. Algo estava sobre mim, e minha cabeça se ergueu para olhar o rosto louco sorridente com dentes de tubarão de Geir inclinado sobre o telhado da cabine. Suas asas se abriram sobre mim como um dossel, e ele pulou do telhado caindo entre Will e eu. “Pensou que podia correr, é, Preliator?” Ele perguntou, lambendo seus lábios com uma fome diabólica. Sua boca sorrindo ainda mais do que a biologia deveria permitir. Uma onda de coragem passou por mim, e eu corri para ele, segurando minhas espadas, mas ele desapareceu da minha frente em uma batida de coração. Algo bateu em minhas costas e eu atingi o chão. Ergui-me e vi que as mãos de Geir haviam se transformado em garras monstruosas novamente. Ele se inclinou por mim e me agarrou pelo pescoço. Sua outra mão empurrou minhas espadas para longe e rapidamente ele me ergueu sobre sua cabeça e me jogou contra a parede da cabine. Ele me erguia muito alto, assim meus pés não tocavam o chão, e suas garras apertavam contra minha garganta. Ele me pressionou com mais força contra a parede até que eu mal podia respirar. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Onde está o Enshi?” ele rosnou. Quando eu não respondi, ele me puxou para frente e então me pressionou profundamente contra a parede, o metal se partindo. Chorei quando a dor atingiu todo meu corpo. “Onde está o sarcófago?” Ele gritou no meu rosto, seus olhos amarelos em chamas. Ele rugiu e me jogou. Atingi o chão com força e deslizei. As garras de Geir me seguraram pelo tornozelo e me arrastaram de volta para perto dele. Ele me virou sobre minhas costas, prendendo ambos os meus pulsos sobre a minha cabeça com uma mão, e se agachou sobre mim, afundando suas garras em minha bochecha e na garganta com outra mão. Um tripulante virou uma haste de ferro em Geir, mas o ceifeiro a cortou com suas garras e rasgou o peito do pobre homem até abri-lo. “Como eu estava dizendo,” o ceifeiro disse, batendo nas pontas de seus dentes afiados com a língua pálida. “Mesmo que nós tenhamos que rasgar essa lata, parafuso por parafuso, nós ainda vamos matar todos vocês.” Liberei um braço meu e atingi Geir no rosto. Ele me soltou e se dobrou, gritando obscenidades para mim. Arrastei-me para longe dele, mas uma mão agarrou uma mecha de meu cabelo e puxou minha cabeça para trás. Encarei o bonito e fantasmagórico rosto de Ivar. “Eu já tive o suficiente de você,” ela grunhiu, seu cabelo flutuando ao nosso redor de forma selvagem com o vento que vinha do oceano. Meu medo se transformou em raiva e eu joguei um pulso contra ela, mas ela me agarrou pelo pescoço, me virou de cabeça para baixo e assim me jogou, como uma boneca de pano, para a chaminé do navio. O metal rangeu e se amassou com o impacto e eu deslizei de cabeça para o deck, deslizando em um amontoado. Olhei para cima para ver Ivar se lançando contra mim, suas asas abertas, mãos estendidas para me agarrarem, e eu vi uma de minhas espadas brilhantes entre nós. Pulei para ela, segurando o cabo com ambas as mãos, e a erguendo. Ivar assobiou e mergulhou para a esquerda, mas minha lâmina deslizou através de sua asa. Ela gritou e perdeu o controle, espiralando para o gradil. Pulei sobre meus pés antes que ela se recuperasse, e ergui minha espada, deslizando-a para baixo. Suas mãos seguraram meus pulsos e nós estávamos presas em uma batalha de força bruta. Ivar grunhiu como um animal para mim, seus lábios azuis curvando-se para baixo e deixando a mostra duas presas de víbora. Suas asas se ergueram, e eu jurei ter assistido sua asa danificada se recuperar com perfeição. Seu poder explodiu no meu rosto e me jogou pelo ar. Bati duramente com as costas, o suficiente para quebrar a superfície de aço do deck abaixo de mim.

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“Ellie!” Will gritou quando me viu atingir o chão. Ele estava lutando contra Geir, e eu perdi a trilha de ambos durante a histeria. “Onde está Nathaniel?” Gritei enquanto me erguia sobre meus pés. Meu medo por sua vida me fez esquecer sobre a dor em minhas costas. Os grandes olhos pálidos de Ivar brilharam ainda mais até suas pupilas mal aparecerem e um cruel sorriso aparecer em seus lábios. “Você não precisa mais se preocupar com ele,” ela zombou enquanto dava um passo em nossa direção, suas asas enormes bloqueavam a luz. O movimento de suas asas e o turbilhão de vento agitou seu vestido ao redor de seus tornozelos, e eu podia ver que ela estava descalça. “Você matou Ragnuk, e eu agradeço por nos livrar desse aborrecimento. De qualquer jeito, eu devo confessar que não dava muito crédito a você.” “É um erro seu continuar me subestimando,” retruquei, apertando com força minha espada. Procurei no deck pela outra e vi seu brilho contra a porta da cabine. Ivar zombou. “Não presuma muito, criança. Bastian parece pensar muito bem de você, no entanto. De fato, ele até quer conhecer você.” “Desculpe minha falta de entusiasmo,” grunhi. “O sentimento não é mútuo.” Ivar amuou. “Ele vai ficar tão desapontado.” “Me morda,” gritei. Seus lábios se curvaram em um sensual e eloquente sorriso. “Eu posso fazer isso.” Ela saltou para mim, mas eu dei a volta, correndo por minha espada na porta da cabine. Em duas longas passadas eu estava lá, agarrando o cabo com minha mão livre e acendendo a fogo de anjo em quanto me virava. Ivar se jogou contra mim e lançou a nós duas para a porta da cabine, farpas voaram em todas as direções. Bati em uma mesa de madeira e Ivar se aferrou a mim. Enfiei um cabo da espada em sua garganta quando ela se inclinou para mim, rosnando e grunhindo como um lobo. Seus dedos me agarraram, puxando minha camiseta e cabelo, suas garras perfurando em minha pele. Meu poder a atingiu, lançando-a para o teto e enchendo a cabine com uma luz branca. Seu corpo pressionava a fibra de vidro; a brilhante superfície ruiu em pedaços e eles caíram como flocos de neve, cobrindo Ivar com o pó. Ela bateu as asas até se estabelecerem graciosamente contra o chão. A sala estava demasiada pequena para suas asas se abrirem o máximo que podiam. Ela agarrou meus ombros, prendendo-me em algo como uma rede de pesca, e depois me jogou contra um conjunto de prateleiras. Objetos caíram sobre mim, e eu achei meu caminho para a superfície, ficando livre da rede. Os dedos de Ivar se curvaram ao redor de minha camisa e ela me ergueu até nossos olhos estarem no mesmo nível.

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“Eu vou gostar de matar você” ela disse. “E quando você voltar, vou gostar de matar você de novo. Se o Enshi não comer a sua alma, vou ficar feliz em comer seu coração.” Ao invés de responder, eu a esfaqueei na barriga com uma Khopesh. Seus olhos se arregalaram e ela me largou. Puxei minha flamejante espada e a cortei, mas ela segurou meu pulso antes que eu pudesse atingir sua pele, e ela sussurrou, puxando os lábios para trás violentamente. “Movimento errado.” Sua carne se curou, fechando em uma cicatriz feia. Ela lançou seu poder negro contra mim, atingindo-me no peito como um chicote, e eu fui para trás. Sacudi-me do golpe e a vi correr para mim através da fumaça que restava de seu ataque. Meu próprio poder detonou em uma explosão ensurdecedora de branco e colidiu com ela. Isso a lançou através da cabine, e ela atingiu através da parede e foi parar do outro lado do deck, em uma explosão de fibra de vidro e aço. Ivar atingiu o deck e ficou de pé, trêmula, enquanto eu atravessava os destroços da cabine. Ao invés de vir por mim novamente, ela virou os olhos para o outro lado, e meu olhar seguiu o dela. Will estava parado lá com as mãos ao lado do corpo. “William!” ela zombou, sua voz soando alta através da quebra das ondas. “Que bom da sua parte se juntar a nós!” Will não disse nada e abriu os braços, disparando com duas pistolas de Nathaniel contra o corpo de Ivar. Balas atingiram-na no peito, jorrando sangue, forçando-a a recuar. Ela se sacudiu e gritou enquanto ele descarregava ambas as armas contra ela. Quando as armas ficaram vazias, Will soltou os cartuchos, recarregando-as sem esforço, e voltando a atirar novamente. Uma mão segurou em meu ombro e ergui uma espada. Nathaniel segurou meu braço. “Hey, sou eu.” Respirei um pouco aliviada e o abracei. “Pensei que você estava morto.” Ele balançou a cabeça quando eu o soltei. “Estou bem. Você está bem?” “Yeah.” Olhei além dele para Will e o vi lutando com Ivar, mão contra mão agora. Seu vestido estava marcado com manchas de sangue, mas ela parecia ilesa. “Onde está Geir?” perguntei francamente a Nathaniel, segurando seu ombro. “Ele deve estar abaixo.” Nós corremos passando por Will e Ivar, soltando uma reza silenciosa por ele, para que estivesse vivo na próxima vez que eu o visse. Nathaniel chutou a porta para o porão. Ele balançou na largura e descemos para a fraca luz esverdeada. O odor úmido da sala

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encheu meu nariz, e ouvi um gemido fraco e rouco de algum lugar na escuridão. Estreitei meus olhos e vi o sarcófago intacto. Mas quem mais estava aqui embaixo? Nathaniel jogou uma mão sobre meu peito e eu congelei. Uma escura forma rosada e uma cabeça giraram na nossa direção, revelando a boca de tubarão de Geir, seus dentes brilhando avermelhados, seus olhos amarelos enlouquecidos como os de um animal selvagem. A luz vindo através da porta lançava um brilho doentio em sua pele pálida e em suas asas cor de lama. Mantido firmemente contra o peito do ceifeiro estava José, com a boca aberta e virado para o teto, sua tez pálida. Um pedaço de sua garganta havia sido arrancada, mas o ferimento não foi maciço, vazando tanto sangue quando deveria. Geir havia bebido tudo. “Seu Guardião me feriu um bocado,” Geir disse esganiçado, sangue pingando de seus lábios e escorrendo por seu queixo. “Precisei me alimentar a fim de deixar tudo em ordem para acabar com você, Preliator. Estou muito mais forte agora que tive um lanchinho.” Uma imensa repulsa me fez cambalear para trás, quase colidindo com o chão. Geir jogou o corpo de José para o lado, mas com tanta força que o pobre homem voou uns seis metros e bateu na parede. Geir se virou para nos encarar, e pude ver sua roupa desfiada e embebida em seu próprio sangue. A única satisfação que eu tinha era o conhecimento de que Will havia feito isso com ele. Nathaniel ergueu a espingarda, mas Geir estava ali em um instante. Suas mãos monstruosas jogaram a espingarda para longe de Nathaniel, jogando-a na parede com força suficiente para fazer a munição se soltar. Ele agarrou Nathaniel pelo pescoço e o atirou contra a mesma parede. Mais rápido do que eu pude ver, Geir estava sobre Nathaniel, dando um soco atrás do outro. Nathaniel desviou e o punho de Geir atingiu a parede, atravessando pelo aço da parede do casco. Ele o puxou de volta e água começou a jorrar por ali. O metal havia esfolado a mão de Geir e seu sangue jorrou, se misturando com a água salgada que se derramava para dentro, mas rapidamente sua pele se curou. Água correu para o porão com um barulho estrondoso. O navio ia afundar. Uma onda de fúria tomou conta de mim, atingindo-me duramente. Estava cansada de tudo isso. O monstro a minha frente abatera pessoas inocentes só porque ele podia. Ele me feriu, me aterrorizou, machucou Will, quem havia tentado me defender, matou humanos que tentaram me defender quando não podiam nem sequer defender a si próprios. Tudo isso ia acabar. E ia acabar esta noite. “Ellie!” A voz de Will veio de trás de mim. Olhei sobre meu ombro, não pronta ainda para deixá-lo interferir. Ele podia sentir o que havia me atingido, mas eu não ia deixá-lo me parar dessa vez. Eu podia controlar o meu poder. Eu podia me controlar. Não havia

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loucura correndo através de mim desta vez, apenas fúria em sua mais pura e sombria forma. Meu poder espiralou ao meu redor, empurrando a água em meus pés para longe. “Não.” Joguei meu poder em Will e ele o atingiu como a uma parede, proibindo-o de se aproximar. Ele jogou os ombros contra a barreira, mas eu não cedi nem um centímetro. Seus olhos, brilhantes na escuridão, encontraram os meus, mas seu olhar era firme, como se ele pudesse ler a minha mente e soubesse que não adiantaria tentar me trazer de volta. Mesmo que ele quisesse me parar, me acalmar seria impossível. Naquele momento, enquanto meu poder atingia a parte interna de cada célula em meu corpo, desesperado por se libertar, eu estava bem consciente de quanto dano eu podia causar a ele e a tudo mais nesse navio. “Pegue o sarcófago!” Nathaniel rugiu em sua luta com o demoníaco vir. “Jogue-o antes que Ivar consiga pegá-lo.” O olhar fixo de Will deixou o meu e ele assentiu. Ele se virou para a grande caixa que continha o sarcófago, erguendo-a sobre sua cabeça sem esforço. Ele correu subindo as escadas de volta. “Não!” Geir grunhiu. Ele se afastou de Nathaniel, mas eu o peguei, atingindo-o com minha espada em sua barriga antes que ele pudesse escapar. Ele se virou para mim, arreganhou seus dentes afiados e agarrou minha garganta, apertando-a com força. Sua outra mão agarrou meu pulso e fez minha espada sair de seu corpo com as chamas de fogo de anjo lambendo seu peito. O tempo desacelerou, e tudo ao meu redor parecia um borrão, exceto Geir. Ele pôs suas garras em meu rosto, mas eu pulei para trás e ergui minhas espadas. As chamas brilharam através da escuridão, lançando flashes torcidos de luz e sombras através de nossos rostos. Minhas lâminas deslizaram em sua barriga, mas não fundo o suficiente para matá-lo. Eu o atingi no peito com toda força que consegui e ele disparou para trás, atingindo a parede do outro lado. “Nathaniel!” gritei. Ele se virou para mim, seus olhos arregalados. “Vá ajudar Will! Eu vou manter Geir ocupado.” Sua boca se abriu. “Mas...?” “Vá!” Ele obedeceu, desaparecendo no buraco. Virei para encarar o rosto do ceifeiro, quem grunhia para mim enquanto o ferimento em sua barriga se fechava e cicatrizava em segundos.

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“Agora é só você e eu, baby” ele disse, seus olhos frios, mas brilhantes como a luz do sol. Dei um passo para trás em meu lugar, convocando meu poder. Tudo estremeceu e gemeu. Geir se jogou contra mim, e enquanto eu erguia minha espada, ele desapareceu bem na minha frente. Balancei, cortando o ar, e ele reapareceu a minha direita. Balancei minha outra espada para ele, mas atingiu apenas seu riso desconcertante que ecoava pelo porão quando sua forma desapareceu na escuridão. “Você vai morrer aqui, menininha,” sua voz zombou. Meus olhos procuraram ao meu redor, e meu coração disparou com medo. Se eu não podia vê-lo, então como eu iria lutar com ele? Deixei a fúria fluir ao redor de mim, abafando qualquer distração, cada rangido e lamentação do navio, o barulho da água, tudo, menos o batimento do coração do meu inimigo perseguindo-me desde algum lugar na escuridão. Não senti nada da sede incontrolável que me consumira durante minha batalha final contra Ragnuk; ao invés disso, minha mente agora estava clara enquanto eu via como libertar meu poder. Agora obedecia a mim, não o contrário. Senti energia passar através de mim, girando como um tornado, balançando o flamejante Khopesh. A lâmina cortou através da garganta de Geir. Ele cambaleou para trás, derramando seu sangue enquanto ele gorgolejava e apertava a ferida. Quando sua pele não explodiu em chamas eu soube que meu ataque não foi o suficiente para matá-lo. Com um grito, ergui minha outra espada atingindo-o em sua caixa torácica, destruindo seu coração. Ele caiu na minha frente, encharcando-me com seu sangue. Empurrei-o de cima de mim, com nojo, e puxei minha espada de volta. Senti como o gancho na ponta da espada pegava nele, rasgando coisas em seu interior enquanto eu libertava minha Khopesh. Geir cambaleou para mim, seu rosto uma torção de horror e agonia. Uma mão se soltou de sua garganta e foi para seu peito rasgado. Uma escura mancha salobra disseminou desde seus ferimentos, e as chamas irromperam sobre cada centímetro dele, correndo sobre seu corpo e mergulhando-o em uma luz. Suas garras balançaram para mim, envolvidas em fogo angelical, até ele se desfazer em cinzas. Em um momento o resto de seu corpo também queimou, suas asas se desfazendo por último, até que nada mais restava do ceifeiro, além de cinzas se mesclando a água em meus joelhos. Congelei. Algo duro me atingiu, como um grande poder, mas não era o meu próprio. Ele pesava sobre mim como um espesso manto de neve, tão frio quanto, com uma imensa força que parecia diminuir todos os meus sentidos e até o próprio tempo. Virei minha cabeça para olhar para trás, com medo do que eu poderia encontrar, e meu corpo seguiu meu olhar.

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Uma silhueta em forma de homem estava em pé na entrada da parte inferior da escada. Sua forma escura era marcada pela luz que vinha do deck, e asas com penas se espalharam de forma ampla, como se houvesse acabado de pousar. Ele deu um passo para mais perto de mim, a luz atingindo ao seu redor para que eu finalmente pudesse ver seu rosto. Ele não parecia muito mais velho que eu ou Will. Suas asas brancas dobraram em suas costas e desapareceram. Seu poder rodou ao seu redor como uma tempestade, mas ele se sentia como um buraco negro, sugando todo o oxigênio, assim eu estava me sentindo tonta e doente. “Olá, Ellie,” o ceifeiro disse, sua voz suave e fresca como manteiga gelada. “Eu sou Bastian.”

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32 Olhei impotente para o rosto assombroso de Bastian. Seu poder de fumaça preta puxou o meu como dedos vasculhando o meu cabelo, e roçando meu rosto suavemente como cílios trêmulos. Seus olhos eram brilhantes, o azul mais artificial que já vi, um cerúleo tóxico. Ele parecia tão familiar para mim, como se eu o conhecesse de antes, mas eu não conseguia lembrar quando ou onde. Mesmo a sua energia, em um nível profundo abaixo do que eu senti na superfície, parecia familiar. “O vermelho é uma cor bonita em você,” disse ele, finalmente. Bile subiu na minha garganta. Eu estava ensopada de sangue de Geir. O cheiro sujo, salgado me revoltou. Prendi a respiração, desesperada para não vomitar na frente de Bastian. “Onde está Ivar? Onde estão meus amigos?” “Ivar está destruindo o vir angelical no convés superior. Eles estão perdidos para você agora.” Não! Eu queria gritar, mas as palavras não escaparam dos meus lábios. Eu gritei e corri para frente, balançando minha lâmina, mas uma parede cegante de poder negro bateu-me e lançou-me de volta através do ar. Eu bati na parede oposta e me levantei, com os braços e as pernas doendo. O poder de Bastian machucara minha pele e rasgara o pano da minha camisa, mas a dor e as feridas desapareceram em segundos. “Eu não estou aqui para te matar,” disse ele. Eu o olhei. “Não? Bem, eu ainda vou acabar com você.” Ele me observou, seus olhos examinando-me tão bem, que me senti como um animal em exposição no zoológico. “Quão encantadora. Estou tão contente por finalmente conhecê-la.” “Nós nunca nos encontramos antes?” Eu perguntei, surpresa. Então por que eu tinha certeza que o conhecia? Certamente eu o conheci em uma vida passada. Seu rosto... Ele era tão familiar. “Não, minha querida,” ele disse, sua voz suave, mas o ouvi perfeitamente sobre o ruído da água correndo para o porão, engolindo meus sapatos. “Então você pensou que iria passar por aqui com os seus amigos e matar todos nós?” Meus dedos fecharam firmemente ao redor de minha espada. “Estou aqui pelo sarcófago e isso é tudo. Se eu te matar agora, então tudo isso teria sido para nada.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Onde está Cadan?” Eu perguntei. “Ele decidiu ficar fora dessa?” Algo obscuro tremulou no sorriso de Bastian. “Ele e eu não compartilhamos muito as mesmas simpatias.” Eu estudei o rosto dele, tentando encontrar qualquer emoção para ler, mas ele não revelou nada. “Apenas lute comigo já!” Sua forma turvou, e ele apareceu de repente na frente do meu rosto. Sua voz era um sussurro, fervendo com malícia. “Eu sei o que você é.” “O quê?” Eu perguntei sem pensar. Bastian se afastou de mim, espalhando suas asas de penas brancas largas. “Sua presença quebra todas as regras.” Meu corpo ficou tenso até que eu senti como se estivesse prestes a quebrar. “Do que você está falando?” Eu perguntei através dos dentes cerrados. “Você se esconde entre os seres humanos que você ama, e ao fazê-lo, você aposta com suas vidas.” Meu temperamento inflamou. “Não estou jogando com suas vidas!” Seu sorriso ficou escuro como breu. “Não fique zangada. O egoísmo é apenas um efeito colateral de viver neste mundo mortal. É muito humano, você não acha?” “Os seres humanos têm me ensinado compaixão,” eu disse. “As melhores partes de mim existem porque me ensinaram a amar e ser gentil. O que você pode dizer? Que você só matou e atormentou criaturas mais fracas do que você?” O sorriso desapareceu. “Para uma anciã, você certamente é ingênua. Você acha que é melhor do que eu? Você sabe muito menos sobre mim do que você sabe sobre si mesma. Menina, você é quase nada diferente de mim.” E ele desapareceu, borrando a visão. Olhei para o espaço que ele acabara de ocupar. Ele estava mentindo? Será que ele realmente sabia o que eu era? Medo lambia meus tornozelos na forma de crescente, gelada água do mar. Eu balancei minha cabeça, firmei os meus nervos, e subi até o convés principal. Eu me virei na cabine e vi Nathaniel, no momento que ele arremessou o sarcófago sobre o lado do barco. Meu coração saltou de alegria—mas caiu novamente, quando eu vi Ivar mergulhar no oceano atrás dele. Uma sombra passou sobre minha cabeça, e eu virei, preparando-me para o ataque. Will pousou. Espalhando ao seu redor estava um par de asas marfim—asas! Eu cambaleei para longe dele em estado de choque. As penas brilhavam ao luar, peroladas. Elas eram absolutamente lindas. Ele parecia um anjo elevando-se sobre mim, e seus olhos verdes elétricos encontraram os meus por um momento breve, terrível. Ele dobrou suas asas acima de suas costas e espalhou-as novamente antes de, tremulamente, devolvê-las ao Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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seu corpo. Não podia me mover, não conseguia respirar. Tudo que eu podia fazer era olhar para ele quando ele pousou no deck, segurando uma mão sobre o seu peito. Quando eu vi a escuridão se espalhando sobre a camisa, eu sabia que ele estava gravemente ferido. “Will!” Eu gritei, correndo para o seu lado em terror. Ele se dobrou e suas asas se estenderam sobre nós, nos deixando na sombra. Quando cheguei até ele, ele se afastou de mim, seu rosto mostrando mais do que apenas a sua dor física. Eu queria bater fortemente nele por esconder de mim o fato de que tinha asas, mas assim que eu as vi, lembrei-me delas como se eu as tivesse visto ontem. Ele puxou o seu rosto para longe das minhas mãos e estremeceu. “Não...” “Deixe-me ver,” eu disse. Suas asas balançaram e estremeceu. “Eu não quero...” Eu coloquei minha mão sobre a dele e a puxei afastando-a da ferida. “Deixe. Eu. Ver.” Ele fechou os olhos em agonia e permitiu que eu movesse sua mão. Era pior do que eu pensava. Sangue vazava de uma ferida no peito. Entrei em pânico e rolei sua camisa para cima. Ele fez uma careta e soltou um palavrão sufocado. Os meus lábios ficaram dormentes quando recebi uma boa olhada na extensão de seus ferimentos. Um buraco maior do que o meu punho direito fora perfurado através do centro de seu peito. Eu forcei meus olhos quando náuseas cozeram em meu intestino. Ele engasgou e silenciou, como se ele não conseguisse respirar. “Meus pulmões...” ele gaguejou. Olhei para ele freneticamente, tocando seu rosto. “Eu não sei o que fazer. Eu não sei como te ajudar!” Ele agarrou minha mão e apertou-a firmemente. “Não posso respirar... Só espere...” O brilho nos olhos esmaeceu, e meu maior medo sussurrou no fundo da minha mente. Era esta uma daquelas feridas muito graves para curar? “Você não pode morrer,” eu disse a ele. “Eu não posso fazer isso sem você!” “Apenas espere,” ele repetiu, fechando os olhos e fazendo caretas. O buraco em seu peito começou a preencher, e sua pele começou a cobri-lo de novo. Sua respiração tornou-se menos irregular e seu aperto sobre a minha mão afrouxou. “Eu disse... Para apenas esperar...” Meu sorriso alargou-se, e alívio tomou conta de mim. Eu esqueci completamente do sarcófago. Alisei a camisa de Will para baixo novamente e respirei fundo. “Está tudo bem,” eu suspirei, exultante. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Claro que eu estou,” ele disse em uma voz fraca. “Mas eu não queria que você me visse assim. Eu não queria que você as visse—não antes de você lembrar.” Não houve tempo para qualquer pergunta. Outra sombra pairava sobre nós, e eu estiquei o pescoço para trás para ver Bastian empoleirado em cima da cabine, em silêncio, observando Will e eu com uma expressão vazia. Eu ouvi um respingo grande atrás de mim quando eu ajudei Will a levantar. Suas asas desapareceram e nos viramos. Ivar emergiu sem o sarcófago, com os cabelos emaranhados e ensopados, mas um braço pendurado frouxamente em um ângulo estranho. Olhei mais de perto, e quando Ivar deixou cair a cabeça para trás e gritou em fúria, eu vi porque seu braço parecia tão estranho. Seu ombro estava exposto, com o braço arrancado de sua órbita, seu corpo aberto, dilacerado, e sua clavícula esfaqueada a vista de todos. Ela segurou sua mão ilesa envolta em seu peito e puxou seu ombro deslocado de volta para seu corpo. Os músculos e as veias voltaram a se juntar, tecendo de dentro para fora, empurrando para fora a carne morta e vedando o que restava, até que ela estava perfeitamente curada. Sua garganta era de um vermelho profundo, como se alguém a tivesse agarrado barbaramente a fim de arrancar seu braço fora, mas essa lesão também estava desaparecendo. Encarei em horror. Meus olhos encontraram Will, cujas mãos estavam cobertas de sangue. Uma sensação gelada percorreu meu corpo. Foi ele quem fez isso? “Renda-se, Preliator!” Bastian falou a partir do topo da cabine. Olhei de volta para cima, e ele pisou fora da borda, pousando leve como uma pluma no convés, suas asas dobraram em suas costas. “Você perdeu, Bastian!” Gritei. “Geir está morto e o Enshi está no fundo do oceano!” Bastian me ignorou e olhou para Will. Um sorriso cruel e sutil se espalhou por seu rosto. “É tão bom ver você de novo, William. Eu vejo que você está feliz de estar reunido com sua custódia, porém parece-me que as coisas mudaram entre vocês.” Will olhou de volta, seu olhar sombrio e desafiador. Ivar deu um passo à frente, com o rosto torcido de ira, mas o poder de Bastian atacou-a através do peito. Ela cambaleou para trás, suas asas tremendo de dor ao seu redor, e não por causa de suas geladas roupas encharcadas. “Deixe-os,” advertiu Bastian. Ivar rosnou e mostrou os dentes. “Mas por quê?” “Se você matá-la agora, ela só vai voltar. Temos de esperar. Seja paciente.” Os olhos cerúleos de Bastian encontraram os meus. “Não tenha dúvida, Preliator, este não é o fim, ainda não. O Enshi vai despertar e consumir sua alma.”

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A cabeça de Ivar inclinada para um lado como a de um pássaro, o cabelo pálido dela, ensopado derramado sobre os ombros. “Você já assistiu uma alma morrer?” perguntou ela. “Espere até você sentir sua própria alma morrer.” Olhei para ela com ousadia, mas a minha bravata começou a vacilar quando eu considerei o que o Enshi podia ser capaz de fazer. Pelo canto do meu olho eu peguei um lampejo de asas cinza-prateadas. Eu cambaleei e me apoiei em Will assim que outro vir desceu para o convés. Cadan. Seus olhos de opala estavam em chamas enquanto olhava de Bastian para mim e vice-versa. Suas asas de couro deram uma balançada e dobraram em suas costas, mas não desaparecem. “Um pouco atrasado, não é?” Bastian perguntou calmamente. Cadan endireitou-se e passou a mão na frente de sua camisa. “Antes tarde do que nunca.” Bastian desapareceu e reapareceu na frente de Cadan e agarrou seu queixo. “As repercussões de seu... ato de desafio serão grandes,” ele sussurrou muito perto do rosto de Cadan. “Eu não sentiria nada se eu te matasse.” Encararam um ao outro até que Bastian empurrou-o para longe e caminhou até Ivar. Ela olhou para Cadan com uma expressão estranha, endurecida. As asas de penas brancas ofuscantes de Bastian abriram, e ele voou no ar e desapareceu. Cadan olhou para longe dela, como se seu olhar o machucasse, seu cabelo ouro-pálido chicoteando no ar, os punhos cerrados com força. Ivar estendeu suas asas para levantar voo e seguiu Bastian. “O sarcófago,” Cadan começou perguntando a mim. “Onde ele está?” No instante seguinte a espada de Will cortou pelo ar entre nós e parou, equilibrada entre os olhos de Cadan. Will estava exausto e sem fôlego, mas ele nunca desistia de lutar. “Um passo a mais e eu transformo o seu rosto em uma rosquinha.” Cadan olhou com os olhos arregalados para baixo da lâmina. "Tenho certeza de que a espada faria meu rosto em dois pedaços, se você quiser ser técnico." “Só existe uma maneira de descobrir.” “Will!” gritei, agarrando seu braço livre. “Nós não temos tempo para isso. Cadan, o sarcófago se foi. Não há forma de você conseguir—” “Bom,” ele disse abruptamente. “Bastian não pode deixar essa coisa sair.” “Por que você se importa?” Eu exigi. “Você trabalha para ele, mas soa como se você pudesse ser demitido.”

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Ele soltou uma risada surpreendente. “Se fosse só isso. As coisas são um pouco mais complicadas.” “Poupe o discurso,” eu disse friamente. “O navio está afundando, e precisamos sair dessa droga.” “Adoro quando você torna-se assertiva,” disse ele com uma ponta em sua voz. Revirei os olhos, e Will empurrou a espada um pouco mais perto da testa de Cadan. “Já acabou?” Ele deu um breve aceno de cabeça. “Completamente.” Will retirou sua espada, mas ele não se afastou de mim. Ele tocou meu braço. “Nós temos que ir.” “Sim,” eu concordei. “Então, o sarcófago,” disse Cadan. “Ele se foi?” “Nathaniel o jogou fora,” Will disse, sua voz misturada com gelo. “Agora vá.” Cadan fitou-o por um longo momento antes de espalhar suas asas totalmente. “Então, esta viagem não foi para nada.” Ele bateu suas asas e voou para o céu negro. Exaustão me consumiu de repente, e eu olhei ao redor, atordoada, para os cadáveres humanos—tudo o que restava da tripulação do Elsa—espalhados no deck. O sarcófago foi embora, eu estava emocional e fisicamente esgotada, e agora estávamos presos em um navio afundando. Nathaniel correu para mim. “Precisamos descer o barco salva-vidas. O navio vai afundar!” “Nós conseguimos mandar o sarcófago para as profundezas?” Will gritou. “Perto o suficiente!” Nathaniel gritou freneticamente. “Não há forma que o sarcófago poderia ter sobrevivido, mas temos que começar a dar o fora daqui ou vamos afundar com ele.” Will foi atrás de nossas espadas e desapareceu na cabine. “Gabriel.” A voz era um sussurro em minha mente, arrastando-se através das minhas veias, através de cada parte do meu interior. Senti meu colar de asas esquentar e eu o agarrei, afastando-o de minha pele nua. “Will?” Eu perguntei. “É você?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Gabriel,” a voz suave sussurrou na minha cabeça novamente. “Feche os olhos.” Definitivamente não era Will. O mundo ficou rapidamente brilhante, tão brilhante que tudo que eu podia fazer era obedecer, ou então—eu sabia dentro de mim—os meus olhos iriam queimar em suas órbitas se eu não fizesse. Eu joguei minhas mãos sobre o meu rosto enquanto a noite negra iluminava-se tão brilhante como o dia. Eu tremia, meus olhos apertados assim que a temperatura caiu e energia rolou pelo deck—poder puro, diferente de tudo que eu já senti antes. Eu caí de joelhos sob o seu ataque. “Ellie!” A voz de Will chamou de algum lugar em torno de mim. O brilho diminuiu o suficiente para eu abrir os olhos. Luz branca dourada etérea irradiava formando uma silhueta, como a luz do sol que espreita por trás das nuvens. Bastian havia voltado? Meu pulso martelou no meu crânio enquanto eu tentava encontrar o meu equilíbrio, e eu olhava com admiração para a coisa acima de mim. Uma figura entrou a vista: a forma fantasmagórica de um homem cercado por três pares de asas brancas suaves cobertas de uma fina camada de ouro fumegante, como se as penas fossem da cor do amanhecer em um campo de neve recém-caída. Sua cabeça era coroada por cachos dourados bem aparados, e sobre as suas ondulantes, ofuscantes vestes brancas, ele usava uma armadura feita de ouro reluzente. O peso de seu poder se abateu sobre mim como o sol de verão, a glória muito pura e divina para ser real. Os meus lábios ficaram paralisados, e eu não pude deixar de chorar. “Gabriel,” disse a criatura mais uma vez, sua voz suave como vinho fino. “Você não deve deixar os ímpios tomarem a Besta. Lúcifer não deve ganhar o controle. Não há preço demasiado grande para pagar para evitar isso.” Levei séculos para fazer a minha voz funcionar. “Com quem que você está falando?” Seu rosto bonito e determinado me observou por um momento. Ele deu um aceno lento para mim. “Com você.” Eu balancei a cabeça em confusão. “Esse não é meu nome. Sou Ellie.” “Você é Gabriel,” disse ele. “A mão esquerda e poder de Deus. A Preliator.” Olhei para ele. Suas asas não se mexeram, mas mantinham-se abertas em toda sua glória luminosa enquanto ele flutuava acima de mim. A revelação do que a criatura misteriosa disse me atingiu como uma inundação. Eu não conseguia respirar. Não podia me mover. Eu não queria acreditar nele, mas eu sabia... Algo profundo despertou dentro de mim, algo brilhante, algo assustador. Ele não era nenhum ceifeiro. Ele era um arcanjo. Como eu. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Quem é você?” Perguntei-lhe por fim. “Eu sou Miguel, e eu estou aqui para orientá-la, Gabriel, minha irmã.” Aquilo pesou sobre mim, e eu senti meu corpo ceder—este frágil corpo humano que não me pertencia. Encontrei-me ressentindo isso, ansiando por algo diferente, algo verdadeiramente meu e sem limitações. Miguel veio à frente, suas seis asas dobraram para trás, e ele estendeu uma mão fantasmagórica para mim. Olhei para o seu rosto e quase podia ver através dele. Seu corpo era como um puro véu pairando sobre uma alvorada de verão, sua pele brilhando de uma fonte de luz invisível. Eu coloquei minha mão na sua e senti a atração magnética entre nós. Em contato, senti os tremores de eletricidade; ele parecia ser feito de pura energia, em vez de carne. Ele me ajudou a ficar em pé sem me tocar. De alguma forma eu senti meu corpo ser puxado para frente nos meus pés. “Você tem trabalho a fazer, Gabriel. Os ímpios irão recuperar a Besta do ventre do mar, e você deve estar lá para evitar o despertar. Tudo estará perdido se você falhar. A Segunda Guerra está próxima.” “A Besta é o Enshi, não é?” Michael assentiu. “Guardião,” ele trovejou, e olhou para minha direita. Eu segui o seu olhar para encontrar Will ali, pasmado para nós dois, em descrença. “Guardião,” Michael disse de novo. Finalmente Will desviou os olhos do meu olhar para o arcanjo. “Eu lhe dei a minha espada para que você pudesse proteger a minha irmã.” Michael disse, seu rosto duro como pedra. "Nada mais. Ela não é sua. Você pertence a ela.” Will abriu a boca, mas não disse nada. Seus olhos brilhavam ainda mais intensamente do que Michael em toda sua glória. “Miguel!” Eu falei e o arcanjo se virou para mim novamente. “Se você deve guiarme, então por que não fala mais comigo? Há muito tempo atrás você costumava me dar ordens, me dizer para onde ir. Por que você parou de me ajudar? Eu fiz algo errado?” “Você se esqueceu de como ouvir.” Levantei-me sem ter certeza se entendi completamente o que ele disse. “É você quem continua a me trazer para cá? Toda vez que eu morro, é você que me traz de volta?” “Você renasce pelo seu próprio poder,” disse ele. “Nossos profetas previram a vinda da Besta, e você escolheu permanecer no Céu para treinar e ganhar força para os desafios à frente.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Por que me sinto dessa maneira?” Eu perguntei. “Por que sinto tanta raiva em batalha? Como posso ser Gabriel se eu me sinto tão má?” Sua expressão era gentil, a sua simpatia infinita. “Os divinos nunca foram feitos para ser mortais, minha irmã. As emoções que você está sentindo agora são algo que você não foi feita para sentir. Você não caiu em desgraça, pois sua graça está sempre com você. Você deve permanecer forte, vigilante, e não esquecer de si mesma, ou você nunca vai entender o seu poder. Os seres humanos são criações surpreendentes, mas a sua capacidade de ódio é tão grande como a sua capacidade de amar. Deixe sua humanidade tornar-se uma força, não uma fraqueza.” “Se eu passei todo esse tempo treinando no Paraíso, então por que não sou mais forte do que antes? Por que não estou devastando todos os meus inimigos? Eu falharei se não estiver forte o suficiente!” A sua glória ao meu redor em um véu de luz e calor. “Deus tem fé em você. Não perca a sua fé Nele.” Ele desapareceu, e eu fiquei momentaneamente cega pela ausência repentina de luz. Quando pude ver de novo, o olhar de Will encontrou o meus, os olhos arregalados com descrença. Ele veio para mim e tocou meu cabelo, seu olhar caiu sobre cada centímetro do meu rosto. E ele caiu de joelhos diante de mim. “O que eu fiz?” Ele fechou os olhos e inclinou a cabeça. “Will,” implorei. “Não—” “Eu toquei você de maneiras que eu não deveria ter tocado, e eu desejei você—” “Will.” Eu me ajoelhei na frente dele e ergui seu queixo com a minha mão. Seus olhos estavam vermelhos e sensíveis. “Ei. Sou eu, Ellie. Eu ainda sou eu!” “Mas eu—” “Ei! Eu preciso de você. Não entre em pânico por minha causa.” “O que eu fiz—?” “Will! Sou Ellie, não algum arcanjo. Não a mão esquerda de Deus, ou o que Miguel me chamou. Sou só eu e você é apenas você.” “Como posso ignorar isso?” Sua voz falhou com a dor quando ele olhou para mim, o rosto cheio de tristeza. “O que eu fiz e senti por você é proibido. Você é—” “Por favor, Will,” eu implorei, interrompendo-o. “Eu preciso assimilar isso. Por favor, por mim? Eu não estou realmente pronta para lidar com isso.”

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Ele fechou os olhos novamente e teve uma longa respiração ofegante. Sua mandíbula cerrada apertada enquanto ele se tentava se recompor, mas ele não disse nada. Eu me virei para ver Nathaniel, que olhava para nós, o mesmo choque inundando seu rosto. “Nós temos que ir.” Minha cabeça girou de repente, e eu entrei em colapso de exaustão. Will me pegou em seus braços antes de eu bater no chão. Eu me enrolei nele, dando-me, e de repente tudo que eu queria fazer era dormir. Nossa mochila jazia a seus pés, muito mais completa do que antes. Nathaniel tinha o barco salva-vidas pronto, ele gritava amarelo brilhante praticamente à luz da lua, e ele colocou a mochila em sua barriga. Will levou-me para baixo e estabeleceu nós dois delicadamente no pequeno barco enquanto Nathaniel ligava o motor. À medida que nos afastávamos, eu olhei para trás, tremendo de frio do oceano e minhas roupas molhadas, assistindo Elsa afundar mais distante no Caribe. Will pegou a mochila e tirou um cobertor pesado com cheiro ruim e envolveu-o sobre nós. Calor e exaustão derreteram sobre mim quando me inclinei para ele, quase não sentindo o vento forte ao longo de minha cabeça e a neblina do mar caindo em mim. Eu imaginava a pressão do oceano esmagando o Enshi aos bocados, apesar da advertência de Michael, até que finalmente adormeci.

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33 Quando eu acordei, o amanhecer estava surgindo no horizonte e nós estávamos remando para uma pequena lagoa rodeada com pequenas, coloridas casas. Nathaniel parou o bote no cais, balançou a mochila nas suas costas e saiu. Will me levantou, ainda envolvida no meu casulo de colcha empoeirada, e me carregou para fora do barco. Um homem que eu não pude ver falou espanhol em algum lugar próximo, e eu escutei Nathaniel o responder fluentemente. Eu o espiei e vi o homem que havia falado. Ele olhava para nós estranhamente, seus olhos oscilando de nós para o bote parado no cais. Ele disse algo a mais, e aquilo pareceu ser o fim da conversa. Nathaniel inclinou perto de Will e disse, “Eu disse que ele poderia ficar com o barco se ele ficasse de boca calada.” Eu afrouxei um pouco minhas mãos ao redor do pescoço de Will e elas escorregaram para o meu peito quando ele me embalou. Minhas pálpebras pesavam cem quilos novamente, e logo eu estava dormindo mais uma vez.

Quando eu acordei de novo, estava na cama do hotel, e nem acabara de abrir meus olhos e Will estava inclinado perto de mim. Eu puxei a colcha um pouquinho mais apertado e me aproximei de seu calor. “Você quer tomar um banho?” ele perguntou, afastando o cabelo do meu rosto. “Não.” Minha voz rachando levemente. Eu não queria trazer à tona o que havia acontecido no barco depois de Bastian ter partido, porque eu estava preocupada que não havia sido um sonho. Mas mesmo se realmente tivesse acontecido, o que significaria? Não era nem imaginável. Como eu poderia ser um anjo? “Nós temos que partir em uma hora para o aeroporto. Nathaniel está devolvendo o caminhão antes de nós irmos.” Eu examinei minha pele e roupas com sangue-endurecido e decidi que um banho era uma boa ideia depois de tudo. Eu sentei lentamente, como um zumbi, e cambaleei para o banheiro. Eu fechei a porta atrás de mim e me despi, liguei a água quente e entrei, fechando a cortina. A água lavou meu corpo, tirando o sangue, sujeira, e uma fuligem nãoidentificável. Eu cheirava como peixe e sangue. Minhas pernas cederam e eu escorreguei pela parede do banheiro, até que eu sentei no fundo da banheira e deixei a água derramando sobre minha cabeça. Eu chorei. Ouvi uma batida na porta. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Alguns momentos depois, Will chamou gentilmente, “Ellie?” Eu não disse nada. “Você precisa de algo?” Eu estava feliz que ele não tivesse perguntado se estava tudo bem. Se ele tivesse, eu poderia estar fortemente tentada a cortar a sua língua fora. Eu ouvi a suas costas deslizarem pela porta do banheiro e o baque surdo de quando ele sentou. “Eu sei como você está se sentindo,” ele disse. Eu encarei a água cor de ferrugem ir pelo ralo quando o chuveiro me salpicou como chuva quente. “Ambos já nos sentimos assim um milhão de vezes antes,” ele continuou. “O desamparo, a desolação, o sentimento—o conhecimento—de que o fim está chegando. Nós superaremos isso.” “Bastian ainda virá por mim,” eu disse por último, minha voz vazia e seca. “Ele não vai desistir.” “Ellie,” ele disse, sua voz mais firme, “nós não perdemos. É, nós estamos em cacos, mas nós vencemos. O Enshi está no fundo do mar. Só um milagre para mantê-lo intacto, quanto mais recuperá-lo. Até onde nós sabemos, eles nem saberiam como abrir o sarcófago e despertá-lo. Está destruído e nunca será despertado.” “Mas Miguel disse que Bastian iria recuperá-lo.” Ele ficou quieto por um momento. “Mas ele tem que estar errado. Se ele não estiver, então nós vamos parar Bastian antes que ele desperte o Enshi.” As palavras de Will me deram um pouco de esperança. Bastian não tinha o Enshi, e nós ainda tínhamos um longo caminho a percorrer. O que quer que estivesse selado dentro do sarcófago era realmente capaz de destruir a minha alma? Eu não queria morrer, mas eu estava com ainda mais medo de nem sequer atravessar18. Como Will e Nathaniel lidavam com o conhecimento de que eles iam só acabar depois da morte? Se o Enshi realmente me pegasse, como seria ter a minha alma consumida? “Ellie?” Eu levantei e terminei de lavar o meu cabelo. Quando eu saí e me sequei, eu enrolei a toalha em volta de mim. Abri a porta para ver Will sentado do outro lado, virando a sua cabeça para cima para olhar para mim. Ele parou e me encarou, seu olhar persistente sobre a toalha de algodão úmida enrolada apertadamente em torno de mim. 18

No sentido de ir para o Céu.

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“Eu não parei de lutar,” eu disse tremulamente. “Eu não quero que aquele monstro destrua a minha alma ou a de qualquer outro. Eu não posso deixar Miguel na mão. Nenhum preço é alto demais para prevenir isso.” Will sorriu, e a esperança que encheu seus olhos fez o brilho dentro de mim um pouquinho mais forte. “Vai ficar tudo bem,” ele disse. Ele veio mais perto de mim, e as minhas costas tocaram a parede fria. Embora eu não sentisse mais embaraço ao redor dele, eu estremecia quanto mais perto ele chegava de mim. Eu não estava simplesmente atraída por ele do modo como eu estava um mês antes. Eu estava apaixonada por ele agora, e quando ele estava tão perto, o pensamento dele tocar a minha pele nua agitou mais do que apenas emoções dentro de mim. Quando a sua mão tocou o meu braço, um estremecimento passou por mim e eu me apertei ainda mais contra a parede só para me manter de pé. Eu reprimi a memória do aviso de Miguel. Eu pertencia ao Will. Eu o amava e era dele. “Eu te protegerei,” ele disse suavemente na minha bochecha. “Eu não vou deixar nada acontecer com você.” Eu queria acreditar nele e eu tentei. A imagem horrível do ombro dividido ao meio de Ivar passou pela minha mente, e eu olhei para longe. “O que é?” Seu rosto encheu de dor de repente quando ele sentiu a minha apreensão daquela maneira estranha que a nossa ligação de centenas de anos permitia. Eu falei lentamente, cuidadosamente escolhendo as palavras, observando seu rosto por uma reação. “Quando eu voltei do porão, eu vi o ombro de Ivar. Você fez aquilo?” Seus olhos seguraram os meus por um momento, a pausa durando dolorosamente. Ele mastigou seu lábio superior e deixou sua testa descansar contra a parede perto de mim antes de responder. “Sim.” “Você quase arrancou o braço inteiro dela fora. Como nós supostamente devemos ser coisas que lutam pelo bem se nós podemos ser tão terríveis quanto os monstros horríveis com quem lutamos?” Ele fechou seus olhos e tomou uma respiração. “O poder de um ceifeiro é formidável. Não importa quem nós servimos, aos anjos ou aos Caídos. Mas é o modo com que nós escolhemos usá-los que causa o impacto. Eu sirvo você, meu anjo, minha Gabriel, minha Ellie. Você é mais forte do que eu sou. O que eu vi você fazer está além de qualquer coisa que eu pudesse imaginar.” Um coração afundou. “Não me conte isso.” “Você irá se lembrar.” “Eu já me aterrorizo,” eu confessei. “Eu não quero assustar você, também.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Ele sorriu, mas só um pouco. “Eu estou acostumado a isso.” “Eu não estou exatamente acostumada a isso.” Um peso invisível pressionando meus ombros, me fazendo cansada. “Mas nós sabemos o que você é agora, e as coisas serão diferentes. Você é Gabriel, preso em forma humana, o arcanjo da revelação, misericórdia, ressurreição e morte. Não há nada que você não possa fazer.” As palavras dele acenderam o medo em mim. Eu não estava pronta para compreender plenamente o que eu era, ou como aceitá-lo, ou o que iria acontecer uma vez que eu o fizesse. “Eu vou tomar um banho antes de irmos,” ele disse. “Nesse meio tempo, pense em muitas histórias imaginárias para entreter seus pais sobre suas aventuras no norte com a Kate.” Eu forcei um sorriso: “Definitivamente.” Eu botei um jeans e uma regata, descartando minha toalha no chão. Eu deitei de volta na cama no meu lado, dobrei meus joelhos no meu peito, e encarei a parede. Eu tentei o máximo não pensar na noite anterior, mas eu me senti horrível pela pobre tripulação de Elsa. Por causa da nossa tarefa, por minha causa, eles estavam todos mortos. O rosto vazio de José me encarou de volta quando eu fechei meus olhos. Um flash de uma visão diferente—uma do meu próprio corpo nas mãos monstruosas de Geir—me surpreendeu, enviando arrepios por todo o caminho até os meus dedos dos pés descalços. Will prometera a mim que a minha força total voltaria juntamente com a minha memória, mas eu estava com medo que tudo viesse de uma vez, me traumatizando, danificando. Naquela última batalha, eu fui capaz de controlar a outra parte de mim que o meu poder criara. Mas se aquilo era só uma fração do que eu era capaz, então eu não seria capaz de controlar tudo aquilo. Eu não tinha certeza se eu podia aguentar a verdade sobre o meu passado e do que eu estava destinada. Isso de longe parecia muito simples: Matas alguns ceifeiros, morrer, viver novamente, matar alguns ceifeiros, morrer—ensaboar, enxaguar, repetir... E se não fosse isso? E se houvesse algo mais? E se eu fosse realmente um anjo— Gabriel, o arcanjo, a mão esquerda de Deus? O que o Sr. Meyer me dissera no último dia em que eu o vi ecoou na minha cabeça: “A vida vai testá-la de um jeito que nunca fez antes. Não deixe o futuro mudar a pessoa boa que você é ou fazê-la esquecer quem você é.” A porta do banheiro abriu e Will saiu, vestindo somente um jeans. Quando ele passou roçando em mim, eu peguei seu cheiro limpo e me sentei, meu cabelo meio-úmido emaranhado. Ele vasculhou a sua bolsa por uma camiseta chocolate escura que realçou o verde de seus olhos e a colocou sobre seu torso magro. A ideia de ser proibida de tocá-lo Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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do modo como eu queria e ele de me tocar era um absurdo. Era impossível não querer explorar cada centímetro dele. Ele sentou na beirada da cama para puxar um par de meias, então os seus sapatos. Ele virou sua cabeça para olhar para mim quando ele deslizou a corrente do seu crucifixo sobre sua cabeça e a dobrou sobre sua camiseta. Eu me arrastei para frente e me ajoelhei do seu lado. Eu não me senti nada parecida com a infalível, perfeita visão do anjo que Will havia me contado. Eu me senti como uma garota sentada ao lado de um garoto com quem ela se importava mais do que tudo. Só uma garota boba que gostava de fazer compras e tomar sorvete. Essa coisa toda estava muito além de mim, muito fora do meu controle. Alguns meses antes eu nem tinha certeza se Deus existia, mas agora as pessoas estavam falando Dele como se Ele e eu fôssemos velhos amigos. Como os arcanjos se comportam? Eles teriam que parar de falar palavrões? Parar de assistir filmes de terror? Do que mais eu teria que desistir, se eu tivesse que desistir de qualquer coisa? Eu meio que mentia muito. Isso nem de perto era angelical. Era possível eu passar pela minha vida como uma pessoa normal sabendo o quê—quem—eu era? Eu não queria me sentir diferente. Eu não queria que ninguém mais me tratasse como se eu fosse diferente. Eu queria que Will olhasse para mim do jeito que ele sempre olhou. Eu não queria que ele me olhasse como se eu fosse mais uma aberração da natureza do que eu já era. Eu não podia suportar isso, maldição, eu estava malditamente certa que eu não iria parar de dizer maldição e inferno. “Você já fez as malas?” A respiração de Will era fresca e cheirava a menta de sua pasta de dente. A umidade de seu cabelo realçou seu brilho castanho, e isso era descontroladamente desgrenhado se secado com uma toalha. “Sim,” eu disse. “Eu não trouxe muito. Não eram exatamente umas férias, então...” eu parei. Ele sorriu torto. “Me desculpe por isso. Talvez um dia.” “Você está me prometendo umas férias de verdade algum dia?” Esperança voou por mim, dando melodia as minhas palavras. “Talvez,” ele disse com uma borda na sua voz. “Com cavalos?” “Talvez.” Ele envolveu uma mão em volta do meu pescoço, acariciando a curva dos meus lábios com o seu polegar tão suavemente como se uma pluma roçasse contra eles. Meu pulso acelerou, e algo se agitou dentro do meu peito. “Eu te disse que não iria deixá-los te matarem” ele sussurrou. Então seus olhos mudaram de repente e ele retirou sua mão, se virando para longe de mim.

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Eu franzi a testa, descendo da cama para andar até a cômoda, e me virei para encará-lo. Minhas unhas batiam impacientemente na madeira barata. Minha confusão sobre como Will se sentia sobre mim tinha me distraído dos horrores da noite anterior e o que estava por vir. Eu não poderia ajudar pensando que na verdade havia sido Bastian a prever a minha morte—mas, é claro, somente para que ele pudesse me matar depois. Ele havia tido a chance perfeita de acabar comigo no porão do navio, mas ele nem ao menos tentou. Eu sabia que, na realidade, Bastian estava tentando achar um modo de recuperar o Enshi, despertá-lo, e destruir a minha alma, para que nunca renascesce. Eu não podia deixar aquilo acontecer. “O que está errado?” Will perguntou. A questão era engraçada desde que não havia nada de errado comigo. Eu devia perguntar o que estava errado com ele. “Você acha que Bastian vai achar mais assassinos para fazer o seu trabalho sujo, já que nós matamos a maior parte deles?” Ele assentiu. “Eu imagino que quando a notícia se espalhar entre os ceifeiros demoníacos do que Bastian está tentando realizar, mais virão até ele. Não há como dizer que tipos de monstros ele vai encontrar.” “Eu estou com medo de Bastian,” eu confessei. “Mas estou preparada para lutar com ele.” Ele levantou da cama e andou até mim. “Eu sei que você vai.” Ele deslizou uma mão hesitante na minha cintura, mas ele não me puxou mais perto, ou me apertou mais forte. Sua mão estava só—agonizantemente—ali. Eu queria envolver as minhas mãos em volta do seu pescoço e puxá-lo para perto e beijá-lo, mas eu podia ver a luta no seu olhar, sentir isso na rigidez do seu corpo. Ele estava com medo de me tocar? A porta da frente abriu—Will e eu saltamos para longe—e Nathaniel apareceu, parecendo mais cansado do que eu jamais o havia visto. Círculos escuros formavam aros em volta das suas pálpebras, e seu rosto estava tão branco quando o de um fantasma. Eu me perguntei se ele havia comido algo desde seus machucados na noite passada. “Eu verifiquei a nossa saída e o táxi está aqui. Hora de ir.” Ele nos deu um aceno antes de sair do quarto novamente. Quando ele fechou a porta, eu percebi que eu não havia respirado desde quando ele a abriu. “Nós devíamos ir,” Will disse. Ele veio perto de mim, e eu segurei uma mão no seu peito. “Will. Aquele era Miguel no navio? Aquilo que ele te disse era verdade?” Seu olhar voou para longe por um momento. “Aquele era o arcanjo que veio a mim séculos atrás. Aquele que me disse para protegê-la.” “Você o reconheceu?” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Ele assentiu. “Ser mortal por tanto tempo deve ter feito você esquecer. Você está se afastando mais e mais de quem você realmente é.” “Você acredita naquilo?” Ele se afastou de mim e passou uma mão pelo seu cabelo. “Por favor, não deixe que isso seja um sim,” eu gemi. “Nós devíamos pegar o táxi.” “Então é isso? Você está me afastando e me tratando como uma leprosa depois do que você descobriu sobre mim?” “Não é disso que se trata.” “Não é?” eu rebati em desafio. “Você olha para mim e eu sei que você quer me tocar, mas você se segura. Como saber o que eu sou muda as coisas?” “Miguel me deu um aviso. Eu não sei como explicá-lo a você.” “Isso é porque você não pode. Eu aceitei o que você era quando você me contou. Por que você não pode fazer o mesmo por mim?” A cor de seus olhos brilhou, e eu podia dizer que ele estava ficando bravo, mas a raiva parecia ser para ele mesmo, não para mim. “Ellie, não é sobre o que eu penso ou quero. Você é um arcanjo.” “Eu pareço com o Miguel?” eu perguntei. “Olhe para mim. Sem asas, sem brilho, sem nada.” Eu agarrei ambas as suas mãos e as coloquei no meu quadril. “Esse corpo é humano, Will, sólido e quente, e eu sei que você pode sentir isso.” Eu apertei as suas mãos quando ele tentou retirá-las. Eu me aproximei e inclinei minha cabeça quando nossos corpos se encostaram. “Eu sou somente uma garota com algumas coisas estranhas, mas tudo que você pode ver é uma garota—a mesma garota que você conhece por séculos. A mesma garota por quem você lutou. A mesma garota que você beijou. Eu não estou diferente. Em outro mundo eu posso ser quem Michael disse que eu sou, mas agora, bem aqui, com você, eu sou só Ellie. Eu não me importo com o que ele disse para você—eu só me importo com o agora.” Seu olhar caiu para mim, seus lábios partidos como se ele quisesse dizer algo, mas ele permaneceu em silêncio. Então ele tirou as suas mãos e se afastou, seu olhar indo para longe. “Você está agindo como um idiota,” eu disse. Ele parou e me encarou, e uma mão correu pelo seu cabelo. Ele parecia chocado. Eu quase ri. Eu daria algo pra ele realmente se chocar.

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Em um único e longo passo, eu fui para ele, pisei na ponta dos meus dedos, segurei seu rosto com minhas mãos e o beijei ferozmente. Ele enrijeceu a princípio, e tão logo quando ele se derreteu contra mim e seus dedos se envolveram em volta da minha cintura e puxou a banda do jeans, eu o deixei ir e passei por ele, me recusando a olhar para trás. Eu o deixaria pensar naquilo por um tempo.

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34 Lauren nos encontrou no metrô do aeroporto de Detroit. Ela parecia especialmente contente com o retorno de Nathaniel. Ela deixou Will e eu em minha casa enquanto ia para casa. Will me desejou sorte antes de desaparecer no meu telhado, e eu entrei em casa para encarar meus pais. Minha mãe estava alegre e ansiosa para ouvir minhas histórias da viagem do final de semana. E claro, eu alimentei mentiras açucaradas com uma cereja em cima. Eu fiz isso com mais facilidade do que achei que fosse conseguir, mas se eu contasse a verdade teriam me trancado em um manicômio. Foi tudo muito estranho e terrível—eu estava fazendo um favor a eles por não dizer nada. Eu rezava para que meus pais nunca descobrissem o quanto eu menti para eles nos últimos dois meses, mas em meu coração eu sabia que tinha coisas mais importantes para me preocupar do que com regras da casa e toques de recolher. Liguei para Kate para agradecê-la por ter me acobertado e, consequentemente, tive que explicar muitas vezes que nada aconteceu... Pelo menos não do jeito que ela pensou que as coisas aconteceram. Eu tive que fazer tudo isso de novo quando a vi na aula na segunda-feira. Eu me senti muito inquieta para colocar meu pijama e ir dormir. Em vez disso, eu puxei um suéter sobre um par de jeans, subi na minha janela, e escalei o telhado para onde Will estava sentado. Ele olhava o céu serenamente, seus braços cruzados sobre os joelhos. Ele me espiou enquanto eu me rastejava para sentar ao seu lado. “Então, é isso que você faz enquanto está sentado aqui sozinho?” Perguntei, cutucando divertidamente seu ombro. “Encara o nada?” “Entre outras coisas” ele respondeu. “Eu não costumo pensar tanto assim. Ficar vigiando me mantém ocupado.” Estudei seu rosto procurando por pistas, mas seu olhar era suave e sem preocupação. “Sobre o que está pensando?” “Demais.” Uma brisa gelada percorreu meu cabelo. “Se importa em elaborar?” Ele respirou lentamente. “Eu não sei como lidar com isso.” “Nós dois aprendemos muito um sobre o outro ontem à noite. O que você diz de chamarmos isso de empate?” Ele quase sorriu, mas se conteve. “Suponho que seja verdade.”

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“Por que você não me disse que tinha asas?” “Estava com medo de assustar você” ele confessou. Fiz uma careta. “Sabe, para alguém que acredita tanto em mim, você não tem fé nenhuma em mim.” “Isso não é o que eu quis dizer com tudo o que eu fiz,” ele disse. “Acho que sou uma contradição ambulante. Não sou perfeito.” “Você diz que é meu servo, e ainda assim você decide o que eu deveria saber. Você não pode me controlar desse jeito, Will.” “Eu não quero controlar você, Ellie. Eu só quero fazer a coisa certa e o que for melhor para você.” “Como você vai saber o que é melhor para mim?” perguntei rispidamente. “Você não é eu. Você não tem direito de tomar decisões por mim.” “Ellie...” “Por que você não foi sincero comigo desde o início? Eu já sou crescida. Eu posso aguentar.” “Certo,” ele quase riu. “Dizer tudo para você no primeiro dia: ‘Então, meu nome é Will. Você não se lembra de mim, mas nós nos conhecemos há 500 anos. Você caça monstros e eu sou um deles, mas também sou seu amigo. Ah, eu posso voar também.” “Will” eu disse com tristeza. “Ok, você tem razão, mas você deveria ter me dito essas coisas um pouco antes. Eu não deveria ter descoberto do jeito que descobri. Foi como um tapa na cara. Aquilo me chocou muito mais do que teria me chocado se você tivesse sido mais honesto.” “Você está certa,” ele disse. “Me desculpe. Sem mais segredos.” “Promete?” “Prometo.” Eu sorri e levantei. “Mostre-me. Mostre-as para mim.” Ele me observou curiosamente. Ele sabia o que eu queria dizer. “Por quê?” “Eu quero vê-las.” Ele levantou. “Como quiser.” Eu ouvi algodão romper e as asas de Will apareceram, espalhando-se amplamente, sua cor marfim perolada brilhando sob a luz da lua. Eu estiquei a mão para tocá-las e ele se afastou, quase como se fosse constrangimento. Uma pena caiu e se afastou na brisa. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“O que foi?” perguntei. “Não seja bobo. Eu não vou arrancá-las.” Ele sorriu fracamente e desviou o olhar. “Eu sei. Eu só... Eu as odeio. Eu não quero ser nada parecido com Bastian e os outros. Eu tento tanto me distanciar do resto da minha espécie, mas essas asas me lembram que eu sou um monstro.” Tristeza tomou conta de mim. Eu não podia aguentar ver que ele se odiava tanto. “Você não é um monstro. Você é um anjo, não eu. Meu anjo da guarda.” Ele levantou os olhos para encontrar os meus e não disse nada. Eu levantei a mão para tocar em uma asa, e a suavidade das penas me assustaram. Eu senti asas de pássaro antes; Kate tivera um papagaio uns dois anos atrás, mas suas penas eram duras e lisas e tinham um cheiro engraçado, oleoso, nelas. As de Will eram suaves e delicadas, e o cheiro me trouxe lembranças de um amanhecer quente e dourado. Corri meus dedos para baixo seguindo as penas, e a asa estremeceu sob meu toque. “Sinto falta delas,” disse suavemente. “Elas são tão lindas.” “Você lembra-se delas agora?” Sua voz era um pouco mais do que um frágil suspiro. “Sim.” Meu olhar retornou ao dele, e ele sorriu ligeiramente. Eu não queria fazer mais nada além de me enrolar em seus braços. “Esse é o motivo de eu achar que não sou um anjo. Se eu fosse, eu não deveria ter asas como as de Miguel?” “Você é um anjo mortal,” ele sugeriu. “Você não pode mudar de forma como um ceifeiro. Seu corpo não é igual ao de um anjo também, mas tem os mesmos poderes. Você lembra quão fantasmagórico Miguel era, como se só uma parte dele estivesse aqui, como se ele não pudesse entrar no mundo mortal? Talvez seja por isso que você sempre renasça em um corpo humano. Sua verdadeira forma—sua forma de arcanjo—não pode existir aqui.” “Talvez,” eu disse. Eu era um anjo mortal. Haveria um jeito de eu me tornar o que eu realmente era? Minha verdadeira forma? Will me disse uma vez que havia uma relíquia poderosa que podia ajudar os anjos e os Caídos a vir para o plano mortal, mas se algo como isso não estivesse perdido no mundo? Se o Grigori estivesse lá fora, em algum lugar, os guardiões da magia angelical e dos portões entre os mundos, eles poderiam saber de uma relíquia que pudesse restaurar minha verdadeira forma. E se coisas mais terríveis que os ceifeiros, perverso ou divino, pudessem andar na Terra entre nós, como os Nefilins extintos? “Will, por que você esconde tanta coisa de mim?” Corri meus dedos por seus braços, traçando as lindas tatuagens com minhas unhas. Eu tive uma clara memória de mim pintando sua pele séculos antes, em uma sala quente a luz de velas, sussurrando uma oração numa língua há muito tempo perdida para mim, e isso trouxe um sorriso ao meu rosto. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Porque eu sou um idiota,” ele confessou. “Eu estava errado em julgá-la. Eu não pensei que você fosse forte o suficiente para aguentar tudo de uma vez, mas isso foi estupidez. Você tem mais força em você do que eu já vi em qualquer um, e eu não digo pelo quanto você pode bater. Eu digo a força que você tem para continuar fazendo isso sem desistir. Você pode até querer, as vezes, mas você nunca desiste.” “E quanto a você?” perguntei. “Você fica ao meu lado dia e noite e toma para si os piores golpes. Por que, Will? Por que você ficou comigo por todos esses séculos? Você me viu morrer várias vezes, e ainda assim você nunca foi embora. Você continua tentando me salvar, mesmo sabendo que eu estou condenada. Tudo porque algum anjo te disse para fazer? Vamos lá. Sem mais segredos, você disse. Me diga.” Ele não me respondeu, mas seu peito subia e descia com respirações rápidas. “Por que você faria isso?” Perguntei seriamente. “Por que você arriscaria o nada após a morte por mim? Você não pode ir para o Céu, e você nunca vai encontrar paz por causa disso. Você só vai viver essa terrível e miserável vida de luta. Você poderia ter muito mais.” “Isso não é verdade,” ele disse. “Eu não preciso ir para lá para encontrar paz. Eu encontrei paz com você, Ellie, entre as lutas e os anos que você não está comigo. Você me trouxe paz.” Suas palavras fizeram meu coração acelerar, e eu lutei para não chorar. Eu observei seu rosto cuidadosamente antes de falar. “Por que você me beijou?” Sua expressão se congelou, como se ele estivesse determinado a não revelar nada em sua expressão. “Pensei que tudo isso tivesse sido bem óbvio.” “Essa não é uma resposta direita.” Seus olhos piscavam para longe e de volta aos meus indecisamente. “Isso deve ser algo que eu deva me lembrar por conta própria?” Ele estudou meu rosto intensivamente, seu olhar preso ao meu ao invés de olhar para longe de novo. “Não.” “Então por que—?” “Eu odeio...” ele começou, sua voz tremida desaparecendo. “Eu odeio quando você morre. Isso me destrói. Eu sei que eu não tenho direito de ficar chateado, porque não sou eu que estou perdendo minha vida, mas isso me quebra por dentro. Eu não sou muito bom com palavras, e eu não sei como explicar para você como eu me sinto. Eu fico solitário quando você não está comigo. Eu sinto sua falta. E toda vez que você morre, um pequeno pedaço de mim morre com você.” Eu não tinha certeza do que dizer a ele. Eu não podia imaginar que eu era uma fonte de conforto para ele como ele era para mim. Eu podia ver suas mãos trêmulas, e ele

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estava tão tenso que pensei que ele ia explodir a qualquer momento. Acariciei sua nuca com minha mão enquanto tentava acalmá-lo. “Eu gostaria de poder fazer melhor,” ele confessou. “Eu gostaria de poder salvar você, mas não posso.” “Você me salvou incontáveis vezes,” eu disse. “Você me salvou no navio ontem à noite.” “Mas eu falhei com você também,” ele disse com urgência. “Eu vi você cair tantas vezes e estava incapaz de fazer qualquer coisa para salvar você. Eu não sei quantas vezes mais eu posso vê-la morrer, Ellie.” Seu olhar caiu. “Me perdoe. Eu não deveria estar dizendo isso a você.” “Não,” eu disse, sacudindo minha cabeça. “Me desculpe por fazer você acreditar que você não pode me dizer como se sente. Não é assim que eu quero que seja entre nós. Por favor, só seja honesto comigo?” Ele se inclinou para frente, encostando seu rosto ao meu, me fazendo esquecer completamente o que eu acabara de dizer. Fechei meus olhos e me inclinei em sua direção enquanto sua pele roçava a minha e sua mão tocou minha cintura. Sua outra mão segurou minha bochecha e seu polegar acariciou meus lábios. Suas asas se ergueram à nossa volta, nos protegendo do ar gelado. “Quando o Ragnuk matou você, eu te procurei em todo lugar,” ele disse contra meu rosto. “Mas você não voltou. Por décadas eu procurei por você, temendo que os anjos estivessem me punindo por deixá-la morrer sozinha. Pensei que você nunca mais voltaria para mim—que a tinha perdido para sempre.” Seus dedos tracejaram meu braço delicadamente, como se eu fosse feita de vidro. Seus lábios pressionaram suavemente logo abaixo do meu ouvido, aquecendo meu pescoço. “E quando você voltou, quando eu a vi pela primeira vez em tanto tempo... Eu nunca estive tão feliz na minha vida.” “Eu sempre voltarei para você,” prometi, enquanto um ar quente me inundou. “Eu te amo, Ellie,” ele suspirou, suas palavras deixando minha pele pegando fogo, e algo dentro de mim se desintegrou, deixando para trás uma sensação corrente. ”Deus, eu sempre amei você.” Virei meu rosto para ele, desesperada para encontrar seu olhar, e quando o fiz, séculos de memórias de seu rosto cruzaram minha mente, tudo o que ele havia sacrificado por mim, todo o seu sangue que havia sido derramado, e todo o tormento que ele suportou por mim. Sua expressão era tão estoica, tão endurecida, mas seus olhos me disseram tudo. Eles sempre o entregavam. “Will,” eu disse, incapaz de formar qualquer outra palavra que não fosse seu nome. Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Seu sorriso era pequeno e delicado, e seus ombros relaxaram como se tivesse tirado um peso deles. Ele se inclinou ainda mais perto, seu forte abraço me envolvendo. Minha pulsação acelerou e meu coração bateu mais forte. “Todo esse tempo,” ele respirava. “Eu sempre te amei e nunca disse nada.” Ele me beijou com força e cruzou o braço em volta da minha nuca, puxando-me para ele. Eu passei meus próprios braços por seus ombros e senti sua outra mão em minha cintura. Passei a unha por seus bíceps e o músculo tremeu reflexivamente sob meu toque. Ele se separou e seus lábios roçaram minha mandíbula. Eu tremi e o puxei para perto de mim. “Não esqueça que eu sempre vou te amar,” ele sussurrou contra meus lábios, esfregando a ponta de seu nariz ao meu. “Não esqueça.” Eu assenti e procurei novamente por seus lábios, precisando mais deles do que ar para respirar. Ele me beijou de novo, mais profundamente dessa vez, luxuosamente lento. Suas mãos se moveram por minhas costas e deslizaram por meus cabelos para segurar minha nuca. Ele terminou o beijo, colocando as asas para trás, e descansando sua testa contra a minha. Emoções correram por mim e eu não disse nada, finalmente entendendo o que ele havia acabado de me dizer. Eu soube naquele instante que ele estava dizendo adeus ao seu amor por mim. Ele se afastou, e as pontas dos seus dedos se arrastaram em meu braço, como se fosse para prolongar um pouco mais o momento. Enquanto ele se afastava de mim, seus olhos ainda notavelmente esmeralda, eu rezei para que a cor nunca desaparecesse. Dei tudo o que eu tinha para não correr até ele e segurá-lo perto de mim, para sentir qualquer parte dele, e olhar para ele com admiração. Eu não sabia o que fazer—não sabia se eu deveria ter dito algo de volta. “Mas meu amor por você é errado,” ele sussurrou. “Eu não posso ter você. Não desse jeito.” Algo invisível me esfaqueou no estômago. “Você realmente está fazendo isso?” “Você é um ser sagrado. Eu não posso tocá-la. Eu posso ficar com você todos os dias como seu guardião porque é meu dever, mas eu não posso te tocar do jeito que eu desejo. Essa não foi a intenção de Miguel quando ele pediu para que eu protegesse você. É perigoso para nós dois se ficarmos muito perto.” Balancei minha cabeça e lutei contra as lágrimas, incapaz de dizer alguma coisa. “Outros guardiões morreram cumprindo o seu dever muito tempo antes de eu aparecer,” ele disse, tocando minha bochecha, meu cabelo. “Eu morrerei por você um dia.”

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“Não diga isso”, eu implorei. “Will, eu estou apaixonada por você. Você é o único que entende o que eu passo todo dia, o único com quem eu posso compartilhar esse mundo. Você é meu melhor amigo, e eu não vou aguentar se você me afastar desse jeito.” Ele fechou os olhos, os apertando bem forte. Suas mãos cerraram em punhos e suas asas se arrepiaram. Eu senti como se eu estivesse morrendo por dentro. “Você não pode me amar,” ele disse, sua voz pesarosa. “E eu não posso amar você também. Você não é minha para amar.” “Eu sou sua...” “Ellie...” “Não!” eu gritei, lágrimas fazendo meus olhos arderem. “Você não pode me aproximar e depois me afastar.” “Eu tenho que fazer isso.” Suas asas se desdobraram, as penas brilhando sobre a luz da lua, e ele saltou no ar. Enquanto eu olhava para ele, ele voou para longe e desapareceu na floresta atrás da casa, deixando bem claro para mim o quanto nós éramos diferentes com aquela última imagem sua. Raiva me inundou. Eu queria o seguir e bater nele tão forte quanto eu nunca bati em ninguém na minha vida. Mas eu também estava muito cansada e emotiva para fazer alguma coisa. E eu não queria cair do meu telhado. Eu olhei reto depois dele e soltei um longo suspiro, então minha próxima palavra não tinha nenhum traço de raiva. “Covarde.”

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35 Terça-feira minha mãe me chamou no escritório dela assim que eu saí da escola. Preparei-me para um sermão sobre meu boletim que um dos meus professores devia ter enviado, mas algo na expressão dela quando eu entrei me disse que ela estava mais chateada do que estaria por causa de uma nota ruim. “Venha sentar, Ellie” ela disse friamente. Sua voz calma era estranha devido ao seu rosto nervoso. Fiquei petrificada. Sentei na cadeira em frente à mesa dela. Tinha certeza que estava para morrer. “O que foi, mãe?” “Você não vai adivinhar quem eu encontrei enquanto fazia compras no supermercado hoje.” Vários nomes passaram pela minha cabeça, mas tentei fingir que não estava tão preocupada. Meu corpo travou com medo. “A mãe da Kate,” ela disse. “Como você pôde fazer isso, Ellie? Como pôde mentir daquele jeito?” “Eu...” Eu não sabia o que dizer. Para salvar o mundo? Para salvar minha alma? Eu tive que fazer isso, mas não podia explicar para ela. Ela nunca poderia entender. Ela cruzou os braços sobre o peito. “Aquela foi uma mentira extravagante. E ainda fazer a pobre Kate mentir por você? Sem mencionar que você me fez passar por tola quando eu agradeci a mãe dela por te levar para o norte com eles. Foi muito constrangedor quando ela disse que não fazia ideia do que eu estava falando.” Era quase impossível fazer meus lábios se moverem o suficiente para formar palavras. “Sinto muito.” “Não acho que sinto muito vai apagar o que você fez, Ellie,” ela disse com a voz amarga. “Onde você foi de verdade? Você estava com algum garoto? O Landon?” Fechei meus olhos, cansada. “Não. Estava com o Will.” Ela não respondeu à primeira vista. “Aquele garoto no colégio? Seu tutor?” Sentia-me tão cansada no assento, tão pesada que só queria me deitar. “Sim.” Minha mãe levantou e se inclinou sobre a mesa. “Você tem dezessete anos! O que você estava pensando? Eu não sei nem como reagir perante isso. Honestamente, não sei o que te dizer.” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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“Sinto muito, mãe,” eu disse, mesmo sabendo que ela não queria ouvir isso. “Tem um monte de coisas acontecendo na minha vida no momento e eu não sei lidar com tudo isso. Eu cometi um monte de erros.” “Fale comigo,” ela disse. “É meu trabalho te ajudar quando você precisar. A maioria das coisas pelas quais você está passando agora, eu já passei. Escola, garotos, amigos, garotas metidas. Você diz que está bem e que eu deveria confiar em você, mas como eu posso confiar quando você mentiu desse jeito, Elisabeth? Não posso ser sua mãe se você não me deixar entrar da sua vida.” Fiquei em silêncio, sabendo que nada do que eu dissesse iria justificar o quanto eu magoara ela. Ela pode nunca ter tido que lidar com lutas contra monstros comedores de almas, mas eu estava encarando aquelas outras coisas também, de um jeito ou de outro. Ela caiu de volta na cadeira e pôs uma mão na testa. “Vocês são íntimos? Você dormiu com ele?” “Não, mãe” eu disse. “Não, não dormimos, eu juro. Mas seria tão terrível assim, se tivéssemos dormido?” Quando seus olhos encontraram o meu, o momento foi intenso e eu recusei desviar o olhar primeiro. “Eu sei que você está numa idade onde vai começar a experimentar e não há nada que eu possa dizer ou fazer para evitar isso. Mas, por favor, pelo amor de Deus, quando fizer, esteja segura.” “Ok.” “Você está de castigo,” ela disse exausta. “Não quero você indo a lugar nenhum com o Will. Não posso evitar você de vê-lo, porque eu acho que é errado tentar te controlar e impedir que você encontre seu caminho na vida. Mas você tem que entender que ele é, tecnicamente, um adulto, Ellie. Se você for encontrar com ele, vai ser em casa e sob minha supervisão.” Queria protestar, mas eu sabia quão brandas eram as restrições dela. Ela podia ter me proibido de vê-lo completamente e ela tinha todo o direito de fazer isso. Eu não era uma filha ruim. Não era bagunceira. Não usava drogas; nem era promíscua. Eu só tinha uma responsabilidade terrível e não sabia como a balancear com uma vida normal. Não sabia nem se isso era possível. Minha mãe baixou a mão e me olhou finalmente. “Não vou dizer ao seu pai que você mentiu, porque, francamente, tenho certeza que ele te mataria. Você precisa ser punida, não assassinada, então, vamos dar um jeito nisso, você e eu. Sem festas, sem noite de cinema, sem carro, sem telefone e sem sair com seus amigos por um mês. Pelo menos. Vou pegar suas chaves, e vou te levar em qualquer lugar que você tenha que ir. Assim que você sair da escola, vai direto para dentro de casa até ter que sair para a aula no outro dia. Deus, eu não sei o que está acontecendo com você ultimamente. A bebida, a mentira, as Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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notas baixas... Como você espera entrar na Michigan State como notas daquelas? E eu quero conversar com o Will. Quero saber se ele é o seu primeiro namorado sério. Você tem que me deixar por dentro da sua vida, Ellie. Dê-me uma ajuda.” Eu concordei lentamente, agarrando o pingente alado ao redor do meu pescoço como encorajamento. Desejei que pudesse contar tudo a ela, e quis chorar porque não podia. As palavras de Bastian queimaram no meu coração. Eu estava realmente arriscando a vida de meus amigos e família por mantê-los tão perto de mim? Eles eram realmente alvos? Eu os coloquei em perigo? Eu poderia abandoná-los se fosse preciso? Eu esqueci completamente que minha mãe e eu podíamos conversar de verdade. Considerando quantas vezes eu quase perdera a vida nos últimos meses, eu queria me sentir próxima dela novamente. Não queria que algo acontecesse a ela por minha causa. “Eu te amo, mãe.” “Eu também te amo, bebê,” ela disse. “De verdade. Quero que você fique bem. O resto de suas escolhas depende de você. Espero que Deus ajude que você faça as escolhas certas.” “Provavelmente isso não vai fazer você se sentir melhor” comecei, “mas—estou apaixonada por ele. Muito.” Pareceu certo dizer isso, sabendo que eu me sentia assim por séculos, mas fui muito idiota para perceber. Ela me encarou por um tempo que pareceu horas. “E ele te ama?” “Sim,” eu disse sem hesitação, e segurei o olhar dela com confiança. “Eu não espero que você entenda tudo que ele fez para demonstrar isso, mas eu prometo que não tem limite o que ele faria por mim—ele já provou isso mais de uma vez. Eu sei que fiz uns erros terríveis e escondi coisas de você, mas isso é algo que você vai ter que confiar em mim. É a única coisa da qual tenho certeza nessa confusão que a minha vida se tornou.” Seu olhar caiu no pingente entre meus dedos. “Ele que te deu?” “Sim.” Ela fixou o olhar no pingente por uns instantes antes de falar. “Se você diz que está apaixonada por ele, então eu acredito. Mas, por favor, entenda que, na sua idade, poucos amores duram. Você não sabe se ele vai simplesmente decidir te deixar um dia. Mantenha isso na cabeça, tudo bem?” Me mantive resoluta, porque por dentro eu sabia que Will não era aquele tipo de cara. Se ele havia ficado do meu lado por quinhentos anos, arriscado a vida e a alma por mim, então precisaria de muita coisa para ele simplesmente ir embora. Ele era meu Guardião, meu anjo da guarda.

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Angelfire 1 – Angelfire

Courtney Allison Moulton

Quando a primeira nevasca caiu poucas noites depois, um pouco antes da meianoite, sentei no telhado de um prédio comercial com Will do meu lado. Eu aceitava que ia perder noites de diversão com meus amigos como parte do castigo, mas caçar era algo que eu não podia abandonar. Puxei a gola do meu agasalho para cima, até meu queixo, quando o frio do inverno feriu minha pele. Nem mesmo o Sombrio conseguia manter o frio glacial longe. “Odeio neve,” me queixei. “É tão bonita, mas por que ela tem que ser fria?” Will sorriu suavemente. “É um mal necessário.” Fiz careta. “Então onde está nosso mal desnecessário?” Perguntei, me referindo ao ceifeiro que estávamos seguindo. Seus olhos escanearam o estacionamento mal iluminado e quase vazio abaixo de nós. As lâmpadas laranja-acinzentadas ponteavam o estacionamento em uma linha, mas não revelavam monstros. “Foi aqui que ele matou noite passada. Ele deveria estar aqui de novo.” Ceifeiros eram verdadeiras criaturas de hábito. O Will não era exceção, entretanto seus hábitos eram: lutar contra ceifeiros, me deixar louca, sentar no telhado, comer quando eu não estou olhando, lutar contra ceifeiros, me deixar louca... Um homem usando um casaco preto saiu do prédio, chacoalhando as chaves enquanto caminhava para seu veículo. Ele assoviou uma música, feliz por estar indo para casa depois de trabalhar até tarde. Como que se fosse planejado, uma forma escura do tamanho de uma minivan saiu lentamente da escuridão. O homem estava completamente alheio à presença oculta do ceifeiro. Will e eu saltamos do prédio, pousando dois andares abaixo como pouco mais que uma flexão de joelhos. Direcionei-me ao homem e parei entre ele e o ceifeiro Ursid gigantesco. Os olhos negros do monstro me encontraram, e ele lambeu os lábios. Quando percebeu que eu olhava para ele, ele inclinou a cabeça curiosamente, como se não me conhecesse. Aquilo foi um choque. O homem me percebeu. Ele se sobressaltou, derrubando as chaves. “Mas que...?” “Só vá para casa,” eu disse friamente. Apertei mais minhas espadas. O olhar do homem caiu nas minhas lâminas e sua boca se abriu estupidamente ao mesmo tempo. Encarei-o. “Entre. No. Carro.” Ele se apressou, agarrando as chaves e se lançando para a porta do motorista, murmurando alguma coisa baixinho que parecia muito com “Maluca...” Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Angelfire 1 – Angelfire

Courtney Allison Moulton

Quando ele se afastou, o ceifeiro rosnou. Ele andou em minha direção, suas garras arranhando a delicada camada de neve do chão. Flocos se depositavam em seu focinho e se emaranhavam no pelo grosso e negro em suas costas. O ceifeiro recuou de mim em círculos, rastejando em direção á escuridão que ele pensava que iria ocultar seu corpo. Desde que eu tinha afugentado sua pretensa vítima, ele deve ter decidido que eu faria uma reposição saborosa. Idiota. Ele se lançou em mim, saltando no ar, as garras esticadas. Eu passei por ele rapidamente, inflamando minhas espadas com fogo de anjo, quando ele pousou no chão frio. Virei-me e mergulhei uma espada em suas costelas. As chamas morreram quando eu soltei o punho da espada e pulei para trás. Ele rugiu, fazendo meu cérebro vibrar, e cambaleou até cair, arquejando dolorosamente. Ele parecia chocado por eu ter visto ele atacar. Ele se arqueou e usou a boca para arrancar minha lâmina de seu flanco. Depois a cuspiu e rosnou. Ele sumiu num piscar de olhos, e eu me afastei nos calcanhares, esperando-o reaparecer. Seu rosto apareceu de repente na minha frente, e eu meti a mão em seu focinho, agarrando seu nariz quando suas mandíbulas rangeram na minha cabeça. Eu o empurrei para trás quando ele inclinou a cabeça para frente, ergui a espada restante e a impeli para cima. O ursid se retorceu para um lado e minha espada mergulhou em seu ombro ao invés de seu pescoço. Ele arrancou o focinho da minha mão e rugiu furiosamente na minha cara. Puxei minha espada e o chutei no peito, fazendo-o voar. Ele bateu no chão e deslizou na fina camada de gelo até parar e ficou de pé. Deu uma chacoalhada em seu pêlo desgrenhado, fazendo flocos de neve cair no chão. Invoquei meu poder, que me tragou em luz branca. O solo tremeu sob meus pés e meu poder deslizou pelo ar, derretendo os flocos de neve antes que eles tocassem o chão. O poste atrás de mim fez um barulho baixo, metálico, rangeu e dobrou para um lado, liberando uma poeira de flocos brancos cintilantes. Minha pele parecia que estava se esticando conforme mais energia fluía de mim em ondas constantes. O ceifeiro chiou e escondeu a face da luz brilhante, descobrindo seus caninos maciços. Ele ergueu seu olhar negro até o meu. “Você não é uma vir. Por que tem esse poder? Quem é você?” Andei em sua direção, meu poder girando ao meu redor, e endireitei minha outra espada, posicionando a lâmina ardente em seu crânio. O encarei intensamente, meu olhar mais frio que o ar de inverno. “Eu sou a Preliator.”

Fim Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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Angelfire 1 – Angelfire

Courtney Allison Moulton

No próximo livro...

A vida como a Preliator é mais difícil do que Ellie jamais imaginou. Equilibrar a vida real com a responsabilidade de ser a guerreira do Paraíso é um desafio para Ellie. Seu relacionamento com Will se tornou apenas negócios, embora ambos anseiem um pelo outro. E agora que o segredo de quem ela realmente é veio à tona, assim também vieram os ceifeiros mais fortes do Inferno. Mais audazes e perversos, os demoníacos a ameaçam à luz do dia e a perseguem à noite. Ela foi avisada. Cadan, um ceifeiro demoníaco, vem a ela com informações sobre o novo plano de Bastian para destruir a alma de Ellie e usar uma antiga relíquia para acordar todas as almas dos condenados e soltá-las sobre a humanidade. Enquanto ela luta para ficar à frente dos esquemas de Bastian, as revelações sobre aqueles mais próximos a ela acordam um poder sombrio dentro de Ellie que ameaça destruir tudo—incluindo ela mesma. Ela será traída. Traição vem mesmo daqueles a quem ela ama, e Ellie é quebrada pelas mortes daqueles que estiveram a seu lado nesta guerra celestial. Ainda assim, ela precisa encontrar uma maneira de salvar o mundo, a si mesma, e seu amor por Will. Se ela falhar, haverá o Inferno a pagar.

EM BREVE! Traduzido por Grupo Shadows Secrets

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