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Revista Renovação - Edição 123 - Julho / Agosto de 2020

“DELE, POR ELE E PARA ELE SÃO TODAS AS COISAS” (Rm 11,36a)

“Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus. Para isso é que fui enviado”, assim declara Jesus a respeito de sua missão (cf. Lc 4,43).

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“Como núcleo e centro da sua Boa Nova, Cristo anuncia a salvação, esse grande dom de Deus que é libertação de tudo aquilo que oprime o homem, e que é libertação sobretudo do pecado e do maligno, na alegria de conhecer a Deus e de ser por Ele conhecido, de o ver e de se entregar a Ele. Tudo isto começa durante a vida do mesmo Cristo e é definitivamente alcançado pela sua morte e ressurreição; mas deve ser prosseguido, pacientemente, no decorrer da história, para vir a ser plenamente realizado no dia da última vinda de Cristo, que ninguém, a não ser o Pai, sabe quando se verificará” (EN,9).

Cabe a nós essa tarefa de, pacientemente, no decorrer da história e, principalmente nestes tempos, animar as pessoas pela esperança que o anúncio da salvação libertadora de Jesus realiza. É nossa tarefa anunciar o amor, a misericórdia, a salvação do Senhor, comunicar com as nossas palavras, com as nossas obras, com a nossa vida a ressurreição de Jesus e a vida no Espírito que jorra de seu coração.

“Temos à disposição um tesouro de vida e de amor que não pode enganar, a mensagem que não pode manipular nem desiludir. É uma resposta que desce ao mais fundo do ser humano e pode sustentá-lo e elevá-lo” (EG, 265). Jesus Cristo é e sempre será a resposta às necessidades mais profundas das pessoas. Comunicar Jesus às pessoas, apontar para Jesus, essa é a nossa missão.

Jesus realizou plenamente a sua missão porque sabia para que veio, nunca se desviou, nunca se perdeu em caminhos paralelos. Sua referência era o Pai. Ele sempre se retirava para rezar, para estar com o Pai em comunhão de amor e ser cheio da força do Espírito Santo. A exemplo de Jesus, nós também precisamos estar em comunhão de amor com o Senhor e ter clareza sobre o que fomos chamados a ser na Igreja e no mundo. Foi muito significativa a mensagem que o Papa Francisco deu à nós, Renovação Carismática Católica, por ocasião da celebração do nosso Jubileu de Ouro no Circo Massimo, em Roma. A seu pedido, no palco estava escrito em várias línguas “Jesus Cristo é o Senhor”, sinalizando assim o núcleo, o centro do nosso anúncio e da nossa missão, isto é, viver o Senhorio de Jesus e levar as pessoas a terem com Ele

um encontro pessoal, a Ele se converterem para serem, então, batizadas no Espírito Santo e terem suas vidas transfiguradas pela presença de Deus.

Jesus Cristo é e sempre será a resposta às necessidades mais profundas das pessoas. Comunicar Jesus às pessoas, apontar para Jesus, essa é a nossa missão

Foi depois do anúncio de Jesus como Senhor, durante o discurso de Pedro, no dia de Pentecostes, que as pessoas tiveram seu coração compungido e desejaram a salvação: “Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com a maior certeza de que este Jesus, que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor e Cristo”. Pedro, cheio do Espírito Santo, proclama que Jesus é o Senhor e a vida das pessoas muda, muda o seu coração e muda o seu destino, pois elas conhecem a salvação, o seu destino agora é o céu.

Nós também, cheios da força do Espírito, devemos anunciar Jesus e a força do Evangelho, a fim de que as pessoas tenham seu coração transformado e sejam batizadas no Espírito Santo - sabendo que o coração na Bíblia é tudo o que nos representa como pessoa, nossos pensamentos, nossos sentimentos, nossa maneira de ver o mundo e a própria vida.

Anunciar Jesus, eis a nossa missão, qualquer que seja o serviço que desempenhemos, qualquer que seja o nosso estado de vida, o foco deve ser a salvação das almas. Por isso, devemos sempre nos perguntar: “O meu Ministério tem apontado para Jesus ou apontado para a RCC como instituição? Eu tenho trabalhado para que mais pessoas tenham um encontro pessoal com Jesus e sejam salvas? Eu intercedo, eu prego, eu formo, eu canto, eu rezo para que Jesus apareça e seja anunciado?”

A instituição, as estruturas, existem para nos ajudar a cumprir com o nosso chamado e não deveriam jamais tomar o lugar de Jesus Cristo, o único que deve ter o protagonismo em tudo o que fazemos. “Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Col 3,17).

É só em Jesus que a nossa vida, a vida das pessoas e a realidade do tempo presente podem ser transformadas. “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo. Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem um horizonte de sentido e de vida” (EG, 49).

“Deus nos deu a vida eterna, e essa vida está em seu Filho. Quem possui o Filho, possui a vida: quem não tem o Filho não tem a vida” (1Jo 5, 11-12).

Comunicar a vida em Jesus é, portanto, a nossa meta, o nosso foco, independentemente de nosso Ministério, cargo ou missão. Se Deus nos chamou, devemos acreditar que nós somos os instrumentos que Ele usará para atender ao apelo de tantas pessoas que procuram desesperadamente, e muitas vezes nos lugares errados, preencher o seu vazio existencial. Só em Jesus as pessoas podem encontrar repouso para suas almas angustiadas, podem encontrar a paz e a plenitude de vida que Ele veio anunciar.

Para poder comunicar a vida em Jesus, porém, precisamos nós mesmos estar plenamente nEle e sermos revestidos da alegria da sua presença. O salmista diz “de alegria o cobriste com a vossa presença” (Sl 20,7b).

Anunciar Jesus, eis a nossa missão, qualquer que seja o serviço que desempenhemos, qualquer que seja o nosso estado de vida, o foco deve ser a salvação das almas

Que a cada novo dia que se inicia, possamos a exemplo do nosso Mestre Jesus, nos retirar em oração para receber de novo a confirmação do nosso chamado e sermos novamente revestidos da força do alto, o Espírito Santo, e ter reacendida em nós a alegria da salvação, a alegria do encontro com Cristo. Assim prosseguiremos, decididamente, indo ao encontro das pessoas para anunciar a Boa Nova do reino de Deus, tendo no coração essa certeza: “Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas”.

Por Maria Beatriz Spier Vargas

Coordenadora da Comissão de Formação da RCCBRASIL Grupo de Oração Magnificat

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