centro receptivo “thomaz de molina” e roteiro turístico “trilhos do café” “ARQUITETURA ORIENTADA AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CULTURAL E TURÍSTICO DE MOCOCA-SP”
Figura 001 | Mirante da cidade de Mococa. Por: Vittório Zucaro. 2018,
Centro Universitário Fundação de Ensino Octávio Bastos” ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO DE ENSINO OCTÁVIO BASTOS
Trabalho Final de Graduação l Thiago de Mattos Balaniuk
centro receptivo thomaz de molina e roteiro turístico trilhos do café “ARQUITETURA ORIENTADA AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CULTURAL E TURÍSTICO DE MOCOCA-SP”
Trabalho final de graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo, do Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Me. Fabrício Godoi.
Junho de 2018
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dedicatória
Dedico este trabalho a Deus, que se mostrou
criador, me dando forças e sabedoria para enfrentar todos os desafios até aqui. Dedico também ao meu saudoso avô, Juvenal Rocha de Mattos, que sempre acreditou e me incentivou a buscar além do que meus olhos pudessem enxergar.
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agradecimentos
Quero agradecer, em primeiro lugar, à Deus, pela força e
coragem durante toda esta longa caminhada.
Agradecer aos meus pais, por todo apoio, paciência,
compreensão e amor com que sempre dedicaram suas vidas para me proporcionar boas experiências e cujos os ensinamentos e princípios aprendidos levarei sempre comigo.
Agradecer ao meu Professor, Mestre e orientador Fabrício Godoi,
por todo suporte, paciência, compreensão durante o desenvolvimento deste trabalho, extenso, porém gratificante.
Agradecer também so Sr. Luiz Augusto Brigagão Nasser,
personalidade fundamental para que este trabalho e todos os levantamentos fossem realizados.
Quero também agradecer a todos os meus amigos que sempre
torceram e estiveram ao meu lado durante toda esta caminhada até aqui, em especial: Ariani Ceponis, Bruno Otávio Roque Leal, Lucas Prini e Amanda Santiago.
Figura 002 | Frame retirado de video captura realizada com drone. Mirante da cidade de Mococa. Por: Vittório Zucaro. 2018,
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“O passado não volta. Importantes são a continuidade e o perfeito conhecimento de sua história.” Lina Bo Bardi
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resumo
O presente TFG (Trabalho Final de Graduação) em arquitetura e urbanismo delimitou para o município de Mococa-SP a
proposta de um projeto arquitetônico e urbanístico em prol de seu desenvolvimento econômico, cultural e social. A imersão no universo do turismo rural e como ele se organiza, de acordo com suas diretrizes e seus órgãos de classe, serviram como instrumento para as análises qualitativas e quantitativas presentes. A sondagem do universo das propriedades rurais, assim como o levantamento histórico do município, permitiu a seleção das fazendas e do sítio histórico urbano que já recebem um contingente turístico, tanto de dentro quanto de fora do Brasil. Os dados primários foram alcançados através de levantamentos presenciais, realizados em conjunto com os proprietários das principais fazendas já inclusas no plano de turismo rural, no interior do território do município. Realizou-se a seguir o mapeamento geográfico, ainda não existente, dessas propriedades, assim como os perfis relacionados às suas particularidades e suas atividades produtivas. Dessa maneira possibilitou-se o agrupamento e a classificação de cada fazenda para o desenvolvimento do planejamento de proposta do roteiro turístico. O estudo aborda a classificação de 44 propriedades rurais e também ressalta o contingente de propriedades históricas no sítio histórico urbano central, agrupadas de acordo com o desenvolvimento da atividade do turismo rural a partir da fala de seus proprietários e de análises presenciais. Nesta perspectiva, constatamos que a introdução de um polo centralizador, de comércio que promova APLs (Arranjos Produtivos Locais) e de recepção e distribuição de turistas, assim como a introdução de um roteiro turístico direcionador ao centro histórico e posteriormente às fazendas de visitação e hospedagem, tem como finalidade integrar a comunidade local no mercado do turismo, visto que as propriedades rurais mantêm suas características históricas e enxergamos nesta atividade a geração de renda, inclusão social, desenvolvimento econômico e fixação da identidade cultural do município.
Palavras-chave: turismo rural, inclusão social, desenvolvimento econômico, cultura e patrimônio histórico.
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abstract
The present Final Work Degree (FWD) in architecture and urbanism delimited for the city of Mococa-SP a proposal of an
architectural and urbanistic project in favor of its economic, cultural and social development. The immersion in the universe of rural tourism and how it is organized, according to its guidelines and its class entities, served as an instrument for the qualitative and quantitative analyzes present. The exploration of the universe of rural properties, as well as the historical survey of the city, allowed the selection of the farms and the urban historical site that already receive a tourist contingent, both inside and outside Brazil. The primary data were obtained through face-to-face surveys, carried out along with the owners of the main farms already included in the rural tourism plan, within the territory of the city. The following geographical mapping, not yet existent, of these properties was carried out, as well as the profiles related to their particularities and their productive activities. This way it was possible the grouping and the classification of each farm for the development planning of proposal of the tourist itinerary. The study addresses the classification of 44 rural properties and also highlights the contingent of historic properties in the central urban historical site, grouped according to the development of rural tourism activity based on the talk of their owners and face-to-face analyzes. From this perspective, it is possible to see that the introduction of a centralizing center, a trade that promotes APLs (Local Productive Arrangements) and the reception and distribution of tourists, as well as the introduction of a tourist route to the historical center and later to visitation and hosting farms, has the purpose of integrating the local community in the tourism market, since the rural properties maintain their historical characteristics and we see in this activity the generation of income, social inclusion, economic development and fixation of the cultural identity of the city.
Key-words: rural tourism, social inclusion, economic development, culture and historical heritage.
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Figura 003 | Mapa mundi, expansĂŁo do cafĂŠ. Design por Thiago Balaniuk.
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introdução
O universo deste trabalho foi composto pela região sudeste do Brasil, divisa do Estado de São Paulo com Minas Gerais, no
município de Mococa-SP. E tem como proposta enfática dos conhecimentos em arquitetura e urbanismo adquiridos no decorrer deste curso, no desenvolvimento de uma proposta de projeto de um polo centralizador, de comércio que promova APLs (Arranjos Produtivos Locais), de recepção e distribuição de turistas, assim como a introdução de um roteiro turístico direcionador ao centro histórico do munícipio e posteriormente às fazendas de visitação e hospedagem.
A proposta de projeto está correlativamente conectada às esferas do Turismo Rural apontadas por levantamentos
realizados e apresentados no decorrer deste trabalho, afim de servirem como ferramentas auxiliadoras no desenvolvimento econômico, cultural e social do município de Mococa-SP. Os estudos presentes neste trabalho abordam o turismo rural e suas classificações pré-existentes, assim como suas estruturas em funcionamento dentro das propriedades rurais, que por sua vez possuem seu valor histórico e cultural dentro do município, afim de estabelecer o perfil de APLs ativos e em potencial dentro dessas propriedades. Através de pesquisa histórica documental, sondagem e levantamentos presenciais foi traçando assim uma proposta estruturada e sistematizada em prol do fomento e aprimoramento dessas atividades.
É válido ressaltar a experiência do Sr. Luiz Augusto Brigagão Nasser, entrevistado, proprietário da Fazenda Buracão,
que foi de extrema importância neste trabalho para o entendimento, construção do conhecimento e o fortalecimento dos laços com o eixo do turismo rural pré-existente no município de Mococa. Tais compartilhamentos permitiram a elaboração de mapas contemplando a localização de cada fazenda existente em cada área geográfica estudada e manuseada.
Este trabalho está estruturado em quatro partes, primeiramente no levantamento histórico do município. A seguir,
apresenta-se o entendimento das atribuições do turismo rural relacionando-as com o desenvolvimento econômico, cultural e social, pautando a problemática em sua falta de estrutura sistematizada dentro do município de Mococa. O terceiro capítulo leva em consideração a problemática, o levantamento de estudos de casos e suas relações com a proposta que será desenvolvida. Ainda neste capítulo define-se o tema do projeto a ser confeccionado no segundo semestre de 2018 e sua justificativa. No quarto e último capítulo apresenta-se a compilação de todas as análises urbanísticas, a escolha do terreno no qual a proposta arquitetônica será desenvolvida, a análise da legislação cabível e dos condicionantes bioclimáticos e técnicos deste terreno, e criação e organização do programa de necessidades da proposta de projeto.
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siglas APL - Arranjo Produtivo Local. ALESP - Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. ABETA - Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura. CNT - Conselho Nacional do Turismo. CMT - Conselho Municipal de Turismo. CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico. DADETUR - Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos. EMBRATUR - Ministério do Turismo em parceria com o Instituto Brasileiro de Turismo. FORNATUR - Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo. FUNGETUR - Fundo Geral do Turismo. FEM - Fórum Econômico Mundial. GT MIT - Grupo de Trabalho dos MITs. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. IPRS - Índice Paulista de Responsabilidade Social. IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal. IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. IAC - Instituto Agronômico de Campinas. Figura 004 | Malha urbana ilustrada sobre a foto panorâmica do Mirante de Mococa-SP. Foto por Vittorio Zuccaro. Design por Thiago Balaniuk.
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MIT - Município de Interesse Turístico. MTUR - Ministério do Turismo. OMT - Organização Mundial do Turismo. ONG - Organização Não Governamental. PIB - Produto Interno Bruto. PAC - Programa de Aceleração do Crescimento. PNT - Política Nacional de Turismo. SEADE - Sistema Estadual de Análise de Dados SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. STSP - Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo. TAR - Turismo nas Áreas Rurais. TER - Turismo no Espaço Rural. TZMR - Turismo na Zona e Meio Rural. UNIFEOB - Centro Universitário Fundação de Ensino Octávio Bastos. UPPH - Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico. WTTC - World Travel & Tourism Council / Conselho Mundial de Viagens e Turismo.
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Lista de FIGURAS
Figura 001 | Mirante da cidade de Mococa. Por: Vittório Zucaro. 2018.............................................................................................................................. 1 Figura 002 | Frame retirado de video captura realizada com drone. Mirante da cidade de Mococa. Por: Vittório Zucaro. 2018....... 6 Figura 003 | Mapa mundi, expansão do café. ................................................................................................................................................................................ 10 Figura 004 | Malha urbana ilustrada sobre a foto panorâmica do Mirante de Mococa-SP. .................................................................................. 12 Figura 005 | Zoom , foto panorâmica estrada Mococa - Cássia dos coqueiros. ......................................................................................................... 27 Figura 006 | Inauguração da Igreja Matriz. Fonte: Museu Histórico Pedagógico Marques de Três Rios. ..................................................... 30 Figura 007 | Quartos de hóspedes. Fazenda Santo Antônio da Água Limpa. ............................................................................................................. 33 Figura 008 | Mapa da cidade de Mococa em 1900. .................................................................................................................................................................. 34 Figura 009 | Mapa da cidade de Mococa no ano de 1958. ................................................................................................................................................... 36 FIGURA 010 | Anúncio de manteiga artesanal, Dona Izabel Barreto. 1919. .................................................................................................................. 38 FIGURA 011 | Duplicata de mercadorias ano de 1930.............................................................................................................................................................. 39 FIGURA 012 | Croqui Estação Mogiana, sede Mococa. ........................................................................................................................................................... 40 Figura 013 | Foto panorâmica estrada Mococa - Cássia dos coqueiros. ........................................................................................................................ 44 FIGURA 015 | Fotografia, turismo cultural em Portugal. ........................................................................................................................................................... 45 FIGURA 016 | Estrutura Física Mamirauá. ......................................................................................................................................................................................... 47 FIGURA 017 | Turismo Rural no Brasil cresce à taxa de 30% ao ano, 2010. .................................................................................................................. 49 FIGURA 018 | Mapa do Estado de São Paulo publicado na revista “O Imigrante, 1908.......................................................................................... 50 FIGURA 019 | Ilustração em 3D .............................................................................................................................................................................................................. 57 Figura 020 | Fotomontagem das respectivas fazendas históricas de Mococa-SP. ................................................................................................. 59 Figura 021 | Fazenda Água Limpa. ..................................................................................................................................................................................................... 60 Figura 022 | Fazenda Ambiental Fortaleza. .................................................................................................................................................................................... 60 Figura 023 | Fazenda Barra Alegre ...................................................................................................................................................................................................... 61
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Figura 024 | Fazenda Belo Monte ....................................................................................................................................................................................................... 61 Figura 025 | Fazenda Boa Vista. ........................................................................................................................................................................................................... 62 Figura 026 | Fazenda Boiada. ................................................................................................................................................................................................................ 62 Figura 027 | Fazenda Bom Sucesso. ................................................................................................................................................................................................. 63 Figura 028 | Fazenda Buracão .............................................................................................................................................................................................................. 63 Figura 029 | Fazenda Cachoeirinha. .................................................................................................................................................................................................. 64 Figura 030 | Fazenda Cafezal e Mutuca. ......................................................................................................................................................................................... 64 Figura 031 | Fazenda Campo Experimental. ................................................................................................................................................................................. 65 Figura 032 | Fazenda Chapadão ......................................................................................................................................................................................................... 65 Figura 033 | Fazenda Contendas de Baixo. ................................................................................................................................................................................... 66 Figura 034 | Fazenda Contendas de Cima. .................................................................................................................................................................................... 66 Figura 035 | Fazenda Bocaina. .............................................................................................................................................................................................................. 67 Figura 036 | Fazenda Laje ....................................................................................................................................................................................................................... 67 Figura 037 | Fazenda Guarani. .............................................................................................................................................................................................................. 68 Figura 038 | Fazenda Limeira. ............................................................................................................................................................................................................... 68 Figura 039 | Fazenda Da Mata. ............................................................................................................................................................................................................. 69 Figura 040 | Fazenda Matinha, São José,........................................................................................................................................................................................ 69 Figura 041 | Fazenda Morro Azul. Foto: ............................................................................................................................................................................................ 70 Figura 042 | Fazenda Nova. .................................................................................................................................................................................................................... 70 Figura 043| Fazenda Pessegueiro. ...................................................................................................................................................................................................... 71 Figura 044 | Fazenda Prata. ..................................................................................................................................................................................................................... 71 Figura 045 | Fazenda Quebra Cuia. .................................................................................................................................................................................................... 72
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Figura 046 | Fazenda Santa Cândida. ............................................................................................................................................................................................... 72 Figura 047 | Fazenda Santa Eutáquia. .............................................................................................................................................................................................. 73 Figura 048 | Fazenda Santa Maria. ...................................................................................................................................................................................................... 73 Figura 049 | Fazenda Santa Thereza. ................................................................................................................................................................................................ 74 Figura 050 | Fazenda Santo Antônio da ........................................................................................................................................................................................... 74 Figura 051 | Fazenda Pessegueiro. .................................................................................................................................................................................................... 75 Figura 052 | Fazenda São João. ........................................................................................................................................................................................................... 75 Figura 053 | Fazenda São José do Mato Seco. ............................................................................................................................................................................ 76 Figura 054 | Fazenda São Luiz. ............................................................................................................................................................................................................. 76 Figura 055| Fazenda São Manuel . ..................................................................................................................................................................................................... 77 Figura 056 | Fazenda São Pedro. ......................................................................................................................................................................................................... 77 Figura 057 | Fazenda Serra do Rontila. ............................................................................................................................................................................................. 78 Figura 058 | Fazenda Serra. .................................................................................................................................................................................................................... 78 Figura 059 | Fazenda Sertãozinho . .................................................................................................................................................................................................... 79 Figura 060 | Fazenda Theolinda. ......................................................................................................................................................................................................... 79 Figura 061 | Fazenda Varginha. ............................................................................................................................................................................................................ 80 Figura 062 | Mapa municial estatístico. IBGE. 2010. ................................................................................................................................................................... 83 Figura 063 | Foto da remodelação da Fazenda Niop. ............................................................................................................................................................... 85 Figura 065 | Imagens: Google Earth Pro. .......................................................................................................................................................................................... 86 Figura 066 | Cidade Histórica Fortificada de Campeche (México). 2005. ..................................................................................................................... 87 Figura 067 | Fazenda Niop imagem noturna. ................................................................................................................................................................................. 90 Figura 068 | Alejandra Abreu e Xavier Abreu. ................................................................................................................................................................................ 91 Figura 069 | Fazenda Niop contraste da intervenção. .............................................................................................................................................................. 92 Figura 70 | Fotos feitas antes da intervenção arquitetônica. ................................................................................................................................................. 92 Figura 71 | Fotos das ruínas da fazenda. Foto por David Cervera Catro. ........................................................................................................................ 93
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Figura 72 | Planta da fazenda Niop em seu estado original. .................................................................................................................................................. 93 Figura 73 | Planta da fazenda Niop após intervenção. .............................................................................................................................................................. 94 Figura 074 | Fazenda Niop foto noturna. .......................................................................................................................................................................................... 94 Figura 075 | Fazenda Niop imagem interna do bar. ................................................................................................................................................................... 94 Figura 76 | Planta de implantação de espelhos d’água. .......................................................................................................................................................... 95 Figura 077 | Fazenda Niop imagens externas. .............................................................................................................................................................................. 95 Figura 78 | Planta de implantação com análise de setorização. .......................................................................................................................................... 96 Figura 079 | Croqui de um espelho d’água. .................................................................................................................................................................................... 96 Figura 80 | Planta de implantação com análise de fluxos. ...................................................................................................................................................... 97 Figura 081 | Implantação da fazenda Niop. .................................................................................................................................................................................... 97 Figura 82 | Estudo de insolação na suíte nupcial. ...................................................................................................................................................................... 98 Figura 83 | Fotos interna da fazenda. .................................................................................................................................................................................................. 99 Figura 084 | Croqui expandido de um espelho d’água. .........................................................................................................................................................101 Figura 085 | Imagem da implantação do projeto urbano parque colonial na zona norte de Ijuí-RS. ............................................................103 Figura 086 | Recorte estadual e municipal. ...................................................................................................................................................................................106 Figura 087 | Figura 1: Moradias em áreas de risco. ...................................................................................................................................................................107 Figura 088 | Figura 2: Precariedade dos espaços públicos. Bairro XV de Novembro. ..........................................................................................107 Figura 089 | Mapas de restrições e mapa de renda. ................................................................................................................................................................107 Figura 090 | Zoneamento por 3C Arquitetura e Urbanismo. ................................................................................................................................................108 Figura 091 | Equipamentos por 3C Arquitetura e Urbanismo. ...........................................................................................................................................108 Figura 092 | Imagens e proposta de intervenção. .....................................................................................................................................................................110 Figura 093 | Croqui da intervenção por Thiago Balaniuk. ....................................................................................................................................................111 Figura 094 | Projeto urbanístico proposto. .....................................................................................................................................................................................113 Figura 095 | Implantação setorizada. ...............................................................................................................................................................................................114 Figura 096 | Esquina das ruas 13 de maio e Cassiano Ricardo: ocupação de AP, falta de infraestrutura. .................................................114
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Figura 097 | Setor 1 da Reurbanização Colonial: moradias sobre APPs - nascentes. ...........................................................................................114 Figura 098 | Ponto principal de acesso ao futuro Parque Colonial. .................................................................................................................................114 Figura 099 | Recuparação e consolidação da APP do arroio Matadouro. ...................................................................................................................114 Figura 100 | Fotomontagem: Implantação de equipamentos esportivos e de lazer no acesso ao parque na esquina das ruas 13 de maio e Cassiano Ricardo. .................................................................................................................................................................................................................115 Figura 101 |Fotomontagem: acesso ao Parque Colonial na rua 13 de maio e preservação e recuperação ambiental do Arroio Matadouro........................................................................................................................................................................................................................................................115 Figura 102 | Construção de novos trechos de vias existentes. Exemplo: Rua Edvino S. Filho. ........................................................................115 Figura 103 | Qualificação viária e nova ponte sobre o Arroio Matadouro na Rua Guilherme Commandeur. ..........................................115 Figura 106 | Mapa de implantação - Proposta viária. ...............................................................................................................................................................116 Figura 104 | Recuperação de APP e obras de saneamento na rua Cassiano Ricardo. .........................................................................................116 Figura 105 | Qualificação viária e de infraestrutura no bairro Tancredo Neves. ........................................................................................................116 Figura 107 | Fotomontagem: Qualificação viária e recuperação ambiental na rua Karlos Walter. .................................................................116 Figura 108 | Fotomontagem: Qualificação viária e construção de nova ponte da rua Guilherme Commandeur. ................................116 Figura 109 | Área destinada a equipamento público. Bairro Colonial. ...........................................................................................................................117 Figura 110 | Área destinada à parque tecnológico Bairro Colonial..................................................................................................................................117 Figura 111 | ÁEquipamentos ecistentes devem ser qualificados, como a Escola Centenário. .......................................................................117 Figura 113 | Mapa de implantação - Equipamentos Publicos e Privados . ..................................................................................................................117 Figura 112 | Área destinada à Parque Industrial Bairro XV de Novembro. ...................................................................................................................117 Figura 114 | Fotomontagem: Implantação de equipamento comunitário no bairro Colonial. .........................................................................118 Figura 115 | Fotomontagem: proposta de escola profissionalizante - Parque Tecnológico. Bairro Colonial. .........................................118 Figura 116 | Área apropriada para habitação, junto ao condomínio Júlio Taube. ..................................................................................................118 Figura 117 | Área destinada a HIS Loteamento Colonial........................................................................................................................................................118 Figura 118 | Área destinada a HIS Quadra Nilson Brum. ........................................................................................................................................................119 Figura 120 | Mapa de implantação - Parques Industrial e Tecnológico . ......................................................................................................................119
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Figura 119 | Área destinada a HIS Quadra Jair João Busetto. ............................................................................................................................................119 Figura 121 | Fotomontagem: Proposta de moradia multifamiliar Condomínio “Júlio Taube II”. ......................................................................119 Figura 122 | Fotomontagem: Proposta de moradia unifamiliar. Loteamento Colonial (rua José Amor de Amorim). ..........................119 Figura 123 | Croqui expandido da intervenção por Thiago Balaniuk. ............................................................................................................................121 Figura 124 | Fotomontagem do terreno escolhido. ..................................................................................................................................................................123 Figura 125 | Foto aérea do terreno. ....................................................................................................................................................................................................128 Figura 126 | Foto em perspectiva do terreno. ..............................................................................................................................................................................129 Figura 128 | Foto via secundária e ciclo-faixa. .............................................................................................................................................................................129 Figura 127 | Foto em perspectiva lateral do terreno. ...............................................................................................................................................................129 Figura 129 | Mapa de uso e ocupação. ...........................................................................................................................................................................................130 Figura 130 | Mapa de cheios e vazios. .............................................................................................................................................................................................131 Figura 131 | Mapa de vazios urbanos. .............................................................................................................................................................................................132 Figura 132 | Mapa de intensidade e sentidos das vias. ..........................................................................................................................................................133 Figura 133 | Mapa com pontos relevantes para a proposta de projeto. .......................................................................................................................134 Figura 134 | Diagrama do programa de necessidades. .........................................................................................................................................................139 FIGURA 135 | Duplicata de mercadorias ano de 1930-31.....................................................................................................................................................141 FIGURA 136 | Mapa do turismo rural confeccionado à mão. ..............................................................................................................................................146 FIGURA 137 | Flyer de divulgação do turismo rural em Mococa. .....................................................................................................................................147
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Lista de TABELAS TABELA 001 TABELA 002 TABELA 003 TABELA 004 TABELA 005 TABELA 006 TABELA 007 TABELA 008 TABELA 009 TABELA 010 TABELA 011 TABELA 012 TABELA 014 TABELA 013 TABELA 015 TABELA 016
| Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS. ................................................................................................................................................................52 | Tabela de análise de perfis – Recorte Mogiana. ........................................................................................................................................................................53 | Tabela de análise de perfis – Recorte Mogiana. ........................................................................................................................................................................54 | SEBRAE . ..........................................................................................................................................................................................................................................................55 | Fazendas ativas e seus respectivos APLs. ...................................................................................................................................................................................80 | Tabela de variação de temperaturas em Campeche. ............................................................................................................................................................89 | Programa de necessidades. .............................................................................................................................................................................................................109 | Linha de ação urbanização. .............................................................................................................................................................................................................114 | Linha de ação - Infraestrutura e Saneamento. .......................................................................................................................................................................115 | Linha de ação - Desenvolvimento Econômico e Social. ...................................................................................................................................................117 | Linha de ação - Parques Industrial e Técnológico. ...............................................................................................................................................................118 | Programa de necessidades - Térreo 01 . ....................................................................................................................................................................................136 | Programa de necessidades - Segundo Pavimento 01. ......................................................................................................................................................137 | Programa de necessidades - Térreo 02 . ....................................................................................................................................................................................137 | Programa de necessidades - Segundo Pavimento 02. ......................................................................................................................................................138 | Programa de necessidades - Terceiro Pavimento. ...............................................................................................................................................................138
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Lista de gráficos GRÁFICO 001 | Percentual de APLs no município de Mococa-SP. .................................................................................................................................. 80 GRÁFICO 002 | Gráfico de precipitação de Campeche. ......................................................................................................................................................... 88 GRÁFICO 003 | Gráfico de variação de temperatura de Campeche. .............................................................................................................................. 89
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capítulo 1..............................................................................................................................................................27 mococa e suas raízes................................................................................................................................28 d.thomaz de molina.................................................................................................................................29 a formação das primeiras fazendas.......................................................................................31 a estrutura oganizacional das fazendas.......................................................................31 fazenda água limpa..................................................................................................................................32 SITUAÇÃO POLÍTICA ......................................................................................................................................34 aspéctos arquitetônicos.................................................................................................................35 estrutura urbana e social..............................................................................................................35 SETORIZAÇÃO 1958.........................................................................................................................................37 ARISTOCACIA DO CAFÉ................................................................................................................................38 O COMÉRCIO E A INDÚSTRIA....................................................................................................................39
capítulo 2..............................................................................................................................................................43 turismo e suas categorias..................................................................................................................44 turismo de natureza...............................................................................................................................44 turismo cultural.......................................................................................................................................45 turismo sustentável..............................................................................................................................45 ecoturismo.......................................................................................................................................................46 RELAÇÃO ENTRE turismo e cultura ...........................................................................................48 turismo rural................................................................................................................................................49 análise comparativa dos eixos econômicos de mococa..................................51
capítulo 3..............................................................................................................................................................59 fazendas de mococa..................................................................................................................................59 RESULTADO DA SONDAGEM......................................................................................................................80 CONCLUSÃO DAS ANÁLISES.....................................................................................................................81
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capítulo 4..............................................................................................................................................................85 estudos de caso..............................................................................................................................................85 Fazenda Niop / AS arquitectura + R79......................................................................................85 Parque Colonial / 3C arquitetura e urbanismo.......................................................103
capítulo 5...........................................................................................................................................................123 PROPOSTA DE PROJETO..............................................................................................................................124 Legislações...................................................................................................................................................125
capítulo 6...........................................................................................................................................................127 estudos do terreno................................................................................................................................128 Localização...............................................................................................................................................................128 uso e ocupação.......................................................................................................................................................130 cheios e vazios.........................................................................................................................................................131 vazios urbanos .......................................................................................................................................................132 sentido das vias.....................................................................................................................................................133 pontos relevantes.............................................................................................................................................134 programa de necessidades........................................................................................................................135 pré dimensionamento.......................................................................................................................................136 diagrama do programa de necessidades ...................................................................................139
bibliografia...................................................................................................................................................141 anexos......................................................................................................................................................................145
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capítulo 1
Figura 005 | Zoom , foto panorâmica estrada Mococa - Cássia dos coqueiros. Foto por Vittóirio Zuccaro e Design por Thiago Balaniuk.
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mococa e suas raízes
A nordeste do estado de São Paulo, fazendo limite entre
As fazendas levantadas, como veremos no decorrer deste
este estado e Minas Gerais, com uma área de aproximadamente
trabalho, estão em plena atividade, algumas ainda cultivam “café
859 quilômetros quadrados de extensão, em 1839 nasce o
natural” e “orgânico”, matéria prima de alto custo e padrão de
município de Mococa .
qualidade, inclusive para exportação, reconhecidos ao redor do
A cidade em questão foi o recorte escolhido por nós para o
mundo atravéz da Fazenda Ambiental Fortaleza, o que movimenta
desenvolvimento de um projeto de resgate histórico, cultural, de
parte do PIB municipal, e que ainda estão inclusas no turismo rural
desenvolvimento econômico e social.
mesmo que de maneira intrínseca, mantendo vivos os costumes
locais e o conjunto de ações e valores passados de pai para filho
1
Fizemos um levantamento detalhado de toda a história
do município e de como foram traçados os caminhos desde sua
que deram origem ao município.
origem até os dias de hoje. Tivemos a percepção, através dessas
análises, que o município de Mococa possui um vasto patrimônio
não possui atualmente uma expressão significativa pela falta de
histórico e cultural, incluindo em seu currículo mais de quarenta
planejamento estrutural adequado para seu desenvolvimento,
fazendas construídas no século XVIX, algumas que fizeram parte
apesar de possuir grande potencial de acordo inclusive com
da revolução constitucionalista de 1932, abrigando inclusive
o SEAD (Sistema Estadual de Análise de Dados), como iremos
trincheiras remanescentes até os dias hoje, como no caso da
constatar no decorrer deste trabalho.
Fazenda Buracão. No seu centro urbano do município encontram-
se inúmeros casarões em estilo eclético, barroco mineiro e em art-
questão, foi necessária uma verdadeira imersão no município,
noveau, que inclusive estão em processo de tombamento junto
analisando o seu surgimento, compreendendo também suas
ao CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
estruturas econômicas e sociais, em especial a “aristocracia do
Arqueológico, Artístico e Turístico).
café”, que contribuíram em sua origem e consequentemente para
1 MOCOCA (tupi) - Segundo capitão-mor Custódio José Dias em 1844, conhecedor do dialeto tupi-guarani explicou: “Mo - significa pequeno, CO - esteio, OCA - casa onde viviam”, resultando no significado “casa pequena”. Disponível em: <www.cidadespaulistas.com.br/ cid/345>. Acesso em: 05 mar. 2018.
Pouco difundido, o turismo rural no município de Mococa
Para um entendimento apurado de cada elemento em
o acervo patrimonial atual da cidade de Mococa. Foi necessária uma pesquisa dentro dos órgãos governamentais em especial no mapa do turismo brasileiro em todas as suas categorizações para o entendimento da problemática levantada.
29 Este texto histórico e introdutório foi elaborado com base em
relatos advindos dos livros “Assim Nasceu Mococa” do autor
sertanista Urias Emídio Nogueira de Barros, tomou posse de uma
Carlos Alberto Paladini, 1995 e “ A Mococa – Da sua formação até
grande área delimitada pela Serra da Borda da Mata e pelos rios
1900”, do escritor e jornalista Humberto de Queiroz, 1913.
Pardo e Canoas e pelos ribeirões das Areias e da Boiada, dando-
lhe o nome de Sesmaria da Zabelônia, que dominava grande parte
A “Cidade encanto”, assim intitulada pelo escultor e filho
ilustre de Mococa, Bruno Giorgi, teve como marco de seu início a
Os primeiros relatos informam que em 1820, através do
do Município de Mococa. Pouco tempo depois este domínio fora vendido para ao comerciante espanhol D. Thomaz de Molina.
partir da construção da capela curada de São Sebastião da Boa Vista.
d.thomaz de molina
O povoado de São Sebastião da Boa Vista se consolidava e
se desenvolvia com aumento da chegada de posseiros anônimos e também por concessões de sesmarias2 . Na primeira metade
do século XVIII formaram-se os primeiros núcleos populacionais,
seus irmãos Vitoriano, Alexandre e Thomaz Carlos pertenceu ao
chamadas de “mocoquinhas”, da origem tupi-guarani.
grupo de dominadores da Argentina e do Uruguai. Quando os
países conquistaram sua independência foram expulsos e vieram
O povoado menos denso, a fertilidade das terras atraía
Nascido em Granada ao Sul da Espanha, juntamente de
cada vez mais a atenção dos lavradores mineiros, que por sua vez
para o Brasil.
advinham para o nordeste paulista com o intuito de conquistá-
las. As primeiras terras conquistadas foram as terras que faziam
Paulo após uma curta permanência na cidade do Rio de Janeiro.
divisa entre os rios; Pardo e o Rio Grande, devido sua privilegiada
Foi casado com Rosa Maria do Carmo, mulher popular e que tinha
localização, porém tais terras permaneciam indivisas na primeira
um grande prestígio na sociedade paulistana da época.
metade do século XIX. Na segunda metade do mesmo século,
houve a regularização legal das terras graças aos processos de
p.16, 1995 – D. Tomaz de Molina através de uma concessão do
divisão e demarcação.
imperador D. Pedro I, seu amigo pessoal, que por sua vez fez um
D. Thomaz de Molina passou a residir na cidade de São
Segundo relatos citados na bibliografia de PALADINI,
contrato de dois anos lhe dando a possibilidade de se estabelecer 2 SESMARIAS – Lote de terra inculta ou abandonada que os reis de Portugal cediam aos novos povoadores afim de proliferar a agricultura. Disponível em: <www.todamateria.com.br/sesmarias>. Acesso em: 05 mar. 2018.
com oficinas próprias para fundição de moedas de cobre, na Ladeira do Porto Geral, em São Paulo. D. Tomaz de Molina acumulou considerável fortuna adquirindo
30
muitos bens na cidade de São Paulo e várias fazendas nas regiões de Franca, São José do Rio Pardo, Caconde e Cajuru, assim como também várias sesmarias, entre elas a de Mococa, no início intitulada como Zabelônia e que após ser adquirida por D. Thomaz, passou a se chamar “Alegria”.
O próprio não se utilizou das terras para uso exclusivo
para produção agrícola, a não ser a instalação de uma queijeira e de uma moenda às margens do Córrego da Manteiga. Sendo assim, a compra das terras em Mococa não foi realizada com viés comercial, mas sim para a criação de um local de descanso e recreação. É o que nos faz crer os relatos, quanto ao tamanho esmero que D. Thomaz de Molina tinha para com suas propriedades construídas neste local, às margens do Córrego da Manteiga.
D. Thomaz de Molina morreu de tifo, cuja data não
foi especificada, enquanto estava em uma expedição para abertura de uma estrada de rodagem, ligando São Paulo a Montevidéu, passando por Mato Grosso. Antes de sua morte D. Tomaz vendeu suas terras para Diogo Garcia da Cruz.
Figura 006 | Inauguração da Igreja Matriz. Fonte: Museu Histórico Pedagógico Marques de Três Rios. Design por Thiago Balaniuk.
31
a formação das primeiras fazendas
Uma das principais características das terras, era a quali-
As primeiras lavouras compunham-se do cultivo da: man-
dade do solo sendo ele argiloso de massapê , com manchas de
dioca, milho, feijão e o arroz, naturalmente produtos básicos e de
terras roxa, apropriadas para diversas culturas, sobretudo o do
subsistência. O cultivo da cana-de-açúcar também se encontrava
cafeeiro. Tais qualidades do solo aliada a uma topografia favorá-
neste cenário em grande escala, o que lhes rendiam uma infinida-
vel, somadas às belezas naturais foram os fatores preponderantes
de de produtos finais como: melaço, aguardente e a rapadura.
3
e decisivos para atrair os interesses dos lavradores mineiros. Os mesmos em sua maioria advinham das regiões de Aiuruoca, São
“Os fazendeiros desse tempo tinham imenso orgulho de
João Nepomuceno, Lavras do Funil e Santo Antônio do Machado.
seus domínios, núcleos econômicos autossuficientes: pro-
As notícias e boatos foram se espalhando e o sertão foi se povo-
duziam tudo, para a vida da fazenda. ”
ando e suas terras passaram a serem intituladas de “terras do Nor-
PALADINI, C.A. Assim nasceu Mococa. pg.21, 1995.
deste paulistano”.
Na metade do século XIX após a chegada dos grupos de
migrantes, “entrantes”, foi o momento em que, com suas fazendas,
a estrutura oganizacional das fazendas
principalmente no auge do café, alteraram de modo significativo
o perfil econômico da região. A princípio o cultivo do café era so-
As primeiras fazendas eram compostas basicamente por: casa
mente para subsistência e na maioria do tempo se emprenhavam
de morada, a casa dos escravos, o moinho, paiol, estrebaria e os
na criação de gado de corte, leiteiro, e também a criação suína,
currais. Com o passar dos anos a cultura cafeeira tomou conta do
como principais atividades econômicas.
cenário. Nesta época surgiu as fazendas típicas e exclusivamente destinadas ao cultivo do café.
“Eram mais criadores que agricultores. ” PALADINI, 1995.
Certamente cada fazenda que compuseram o município
de Mococa possuem uma valiosa parcela de responsabilidade MASSAPÊ - Terra muito argilosa capaz de reter muitos nutrientes, solo considerado de alta qualidade. CALIXTO J. S. De palmo em palmo a terra muda de jeito: diálogos sobre qualidade do solo. Tese (Pós-graduação em solos e Nutrição de Plantas) - Universidade Federal de Viçosa. Minas Gerais, p.47, 2015. 3
para o desenvolvimento econômico, cultural e histórico do mesmo. Todavia algumas fazendas foram cruciais para a demarcação e posteriormente a divisão do município, como por exemplo a fazenda Água Limpa e Fazenda da Alegria.
32
fazenda água limpa
Em 1822, José Cristóvão de Lima, se estabeleceu na
chamava José Pereira dos Santos passaram a conquistar terras,
região atraído pelas notícias sobre a fertilidade do solo nordeste
nas quais se formou a Fazenda Santa Teresa.
paulista, denominando sua fazenda de “Água Limpa”.
Nesta mesma época José Gomes de Lima, vindo de São João do
Era uma fazenda com vasta extensão territorial ao leste do
Nepomuceno, realizou um trabalho em suas terras que resultou
município. Seus limites se estendiam desde a província de Minas
na formação da Fazenda Boa Vista.
Gerais e fazia divisa com o Rio Canoas. Ao Oeste, ou como
poeticamente descrito por Carlos Alberto Paladini, “...do lado do
Nepomuceno, dito como sobrinho de Diogo Garcia da Cruz,
Sol poente”, localizavam-se as terras da Alegria, de propriedade
adquiriu propriedades de terra, formando a Fazenda Cachoeira.
de Diego Garcia da Cruz, compradas de Tomaz de Molina no ano
(PALADINI, p.22, 1995).
de 1833.
Diego Garcia da Cruz ao lado de sua esposa, Constança
cafeeira e tendo Ribeiro da Silva considerado como pioneiro na
de Figueiredo, acreditavam na prosperidade de suas terras e
região. Fazendas como; Pedra Branca, Fazenda Ressaca vieram
desenvolviam nas “Terras da Alegria” as atividades relacionadas
em seguida com os respectivos agricultores; José Barbosa e
ao pastoreio e criação de gado bovino e leiteiro.
Manoel Vicente da Rocha.
As terras que faziam divisa com as da Água Limpa e da Alegria,
foram se povoando e consequentemente delineando o recorte
e infecundo passou a receber o título de “paulista generoso”, assim
que viria ser em futura próximo ao município de Mococa.
como todos os posseiros e agricultores que foram responsáveis
Vindo de Minas Gerais, Antônio José Gomes, lavrador, organizou
por este feito receberam o título de “patriarcas” da fundação de
toda sua pastagem e suas lavouras em uma região entre meio
Mococa.
as terras citadas e denominada por região do Ribeirão do Meio
e Joaquim Custódio Dias formou a fazenda Lage, formada por
que deu origem ao município de Mococa, vale ressaltar as
extensos cafezais.
principais fazendas, em primeira instância a Fazenda Água Limpa,
Cinco anos mais tarde, em 1840 se estabeleceram em
com seu respectivo fundador; José Cristóvão de Lima, nascido em
“Mococa”, ainda conglomerados de fazendas e sítios, José Pereira
São João Del Rey em 1822. Também agricultor e criador além da
dos Santos, vindo de Carmos dos Tocos, Lavras do Funil.
Dias e Vigilato José de Souza, formaram as fazendas Soledade,
José Pereira juntamente com seu filho que também se
José Caetano de Figueiredo, vindo de São João do
Por volta de 1842, a Fazenda Prata, com intensa atividade
Após ter sido conquistada, o solo que antes era inexplorado
Dentre todas as fazendas formadas dentro do perímetro
Fazenda Água limpa, juntamente com Joaquim Custódio
33
atualmente o município de Tapiratiba e Bica da Pedra, atual Itaiquara. A fazenda Boa Vista, posse também de José Cristóvão também é peça fundamental entre as principais fazendas na formação do município. Após estas vieram outras fazendas como: Varginha, Contendas, Santo Sepulcro, Buracão, São João e São Pedro. Em 1833, surgem as Fazendas Jaborandi, Congonhal, Fortaleza e também Fazenda da Alegria, juntamente com seu respectivo proprietário Diogo Garcia da Cruz, nascido em 1772, vindo de Minas Gerais, cidade de São João do Nepomuceno, adquirindo as terras de D. Tomaz de Molina. Após adquirir tais terras e formar as fazendas citadas, Diogo Garcia entrou para a história do município como importante figura do seu patriarcado. Vale ressaltar, de acordo com os relatos que Diogo Garcia da Cruz, residiu definitivamente na fazenda da Alegria com sua esposa e filhos até o final de seus dias, valendo ressaltar a data de 2 de setembro de 1839, falecendo aos 67 anos de idade.
Figura 007 | Quartos de hóspedes. Fazenda Santo Antônio da Água Limpa. Foto por: Globo Rural. Design por Thiago Balaniuk. Disponível em: https://i.ytimg.com/vi/FnH1zOLKLy0/maxresdefault.jpg>. Acesso em: 28 mai. 2018.
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SITUAÇÃO POLÍTICA
A partir de 1850 o café, inserido no mercado internacional, passou a ser a principal economia
no estado de São Paulo estabelecendo uma verdadeira oligarquia4 . Passou a chamar atenção de pecuaristas mineiros, que por sua vez formaram uma aliança, chamada “política do café com leite”. A estrutura político-partidária formada por cafeicultores e financiada pelos recursos provenientes do café, formavam a elite agrária que conduziu por muito tempo a política local.
Com sua localização entre os estados de Minas Gerais e São Paulo, Mococa sofreu um
período de fortes tensões e mudanças político-econômica-social, devido os conflitos provocados pela revolução constitucionalista de 1932. Mesmo sendo por um período de curta duração as tropas federais ocuparam as terras mocoquenses e a vida só retornou ao estágio normativo quando as tropas paulistas retornaram ao município. Não sendo suficiente, no dia 29 de setembro de 1932, as tropas paulistas depuseram suas armas e não resistiram a pressão de seus inimigos. Com tal acontecimento reconstitucionalizou-se o Brasil e a lei do voto secreto foi estabelecida.
A década de 30 marcou o município de Mococa devido um expressivo momento de crise,
que voltou a se recuperar na década de 40. O município se mostrava mais forte e consistente com suas bases na indústria, foi nesta fase que todos os esforços dentro do município se concentravam para o desenvolvimento do parque industrial, que já se encontrava em pleno crescimento, a intenção era atrair novas indústrias. A lei municipal n° 1276, de 28 de maio de 1978, deu origem ao primeiro perímetro urbano: o distrito industrial.
Com o natural crescimento representativo da cidade novas ruas e avenidas tiveram que
ser criadas para atender a demanda populacional do município, fazendo com que seu traçado urbano também se alterasse por completo.
4 OLIGARQUIA – De origem grega (oligarkhia), sua tradução é: o governo de poucos. Consideramos que é uma forma de governo onde o poder está centralizado nas mãos de um grupo reduzido de mesma classe social, mesmo grupo econômico, área, setor ou partido político. Disponível em: <https://conceitos.com/oligarquia>. Acesso em: 10 mar. 2018.
Figura 008 | Mapa da cidade de Mococa em 1900. Referenciado por Humberto de Queiroz: A Mococa, de sua formação até 1900. 1913. Design por Thiago Balaniuk
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aspéctos arquitetônicos
A evolução econômica influenciou de maneira significativa na composição
arquitetônica e urbanística da cidade, sendo ela sem requinte, simplificada, desenvolvida pelos construtores leigos da época. O estilo era dito como “barroco primitivo mineiro”. Mesmo os recursos sendo provenientes de uma economia cafeeira, as fazendas e a cidade respirarem o café, sua arquitetura ainda não era típica e propriamente do café. Tal quadro só foi possível após uma nova forma de organização da sociedade, nomeada de “aristocracia5 do café”, o que proporcionou uma arquitetura requintada e valorosa na caracterização do patrimônio ambiental e urbano de Mococa.
Vindo de Milão, Gherardo Bozzani, o arquiteto e urbanista transformou o estilo
estético predominante no município com suas influências neoclássicas, trazidas com ele da Europa. O que caracterizou o município com arquitetura eclética bem desenvolvida, nitidamente influenciada pelos estilos neoclássico e art-nouveau.
estrutura urbana e social
A medida que a cidade foi se expandindo e recebendo imigrantes, novas culturas
e costumes foram se aglomerando no município, fazendo com que novas técnicas construtivas, fazendo com que não somente uma nova malha urbana se formasse, mas sim uma sociedade moldada e alicerçada absolutamente pelo crescimento econômico ocasionado pelo comércio cafeeiro.
5 ARISTOCRACIA – De origem grega (aristokrateia), sua tradução é: o governo dos melhores. É uma forma de governo onde o mesmo é monopolizado por uma classe privilegiada. Disponível em: <https://www.significados.com.br/aristocracia/>. Acesso em: 10 mar. 2018.
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Figura 009 | Mapa da cidade de Mococa no ano de 1958. Referenciado por Suzana Barreto Ribeiro. InventĂĄrio ArquitetĂ´nico de Mococa. p.44 e p.45.2011.
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SETORIZAÇÃO 1958 1 . Igreja Nossa Senhora do Rosário
28 . Colégio Maria Imaculada
2 . Residência Dr. Arthur de Lucca Neto e Farmácia Dorgan
29 . Residência José Balbino Moreno
3 . Residência Major José Pedro de Alcântara Figueiredo
30 . Residência Francisco Lima de Souza Dias
4 . Residência Alferes José Joaquim de Figueiredo
31 . Residência Miguel Pricoli
5 . Residência José Theóphilo Dias
32 . Residência José Ferraz de Siqueira
6 . Residência Venerando Pereira Santos
33 . Casa Bancária F.Barreto
7 . Escola Profissional Mixta Francisco Garcia
34 . Residência Abraham Venturi
8 . Coreto
35 . Cia. Força e Luz de Mococa
9 . Matriz de São Sebastião
36 . Escola Normal de Mococa
10 . Casa Paroquial
37 . Convento São José
11 . Residência Major José Quintino Pereira
38 . Lar Maria Imaculada
12 . Residência Antônio Livramento Barreto
39 . Pórtico do Cemitério da Saudade
13 . Residência João Baptista de Lima Figueiredo
40 . Residência Major João Bento Vieira da Silva
14 . Cine Teatro Central
41 . Santa Casa de Misericórdia
15 . Residência José Lima de Souza Dias
42 . Cadeia
16 . Residência Dr. Adolpho Coelho de Mattos Barreto
43 . Asylo de Mendicidade
17 . Residência Cel. José Pereira Lima
44 . Capela Santa Cruz
18 . Residência Dr. Gabriel Pinheiro de Figueiredo
45 . Residência Major José Pedro de Alcântara Figueiredo
19 . Residência Cândido Souza Dias
46 . Residência Jacintho Pisani
20 . Residência Francisco Muniz Barreto
47 . Residência Paschoal Pisani
21 . Residência Oscar Villares
48 . Teatro Variedades
22 . Residência Gabriel Garcia de Figueiredo
49 . Residência Dr. Paschoal Imperatriz
23 . Residência João Ferraz de Siqueira
50 . Residência Dr. Antônio Muniz Ferreira
24 . Grupo Escolar Barão de Monte Santo
51 . Loja Maçônica União Mocoquense
25 . Residência Antônio Lima Figueiredo
52 . Capela Nossa Senhora Aparecida
26 . Residência Monsenhor Félix Brandi
53 . Estação Ferroviária Companhia Mogiana de Estradas
27 . Residência Francisco Garcia de Figueiredo
de Ferro
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ARISTOCACIA DO CAFÉ
O café não tão somente definiu uma economia ou até
mesmo movimentou o mercado, mas sim definiu toda uma estrutura social.
No início do povoado a classe de maior prestígio e
popularidade se davam aos proprietários de glebas, que agora era definido por: o fazendeiro, surgindo com esta ascensão a aristocracia do café. Para se ter prestígio, poder e ser reconhecido não bastava ter posses, dinheiro ou até mesmo terras, mas sim ter “café”, e de fato praticar o plantio, o cultivo do mesmo.
Sendo assim podemos concluir que nos pilares estruturais,
econômicos e culturais que resultaram na sociedade mocoquense, inclusive o que se é refletida na atualidade, o café foi o ator de principal relevância.
O café definiu a paisagem urbana, expandiu mercados,
extrapolou fronteiras chegando a outros continentes, trazendo com ele para o município características históricas valiosas que não somente marcaram toda uma época, mas sim definiram uma era colocando o município de Mococa em uma posição de evidência devido sua importância patrimonial e histórica no Brasil.
FIGURA 010 | Anúncio de manteiga artesanal, Dona Izabel Barreto. 1919. Acervo pessoal. Design por Thiago Balaniuk.
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O COMÉRCIO E A INDÚSTRIA
Como a maior parte da rotatividade econômica
se concentrava no eixo cafeeiro, evidentemente com a sua expansão novos tipos de organizações foram surgindo e ganhando corpo no município, a indústria, a agropecuária e o comércio por exemplo, onde à princípio se apoiavam no mercado cafeeiro, mas com o crescimento natural do município se diversificaram agregando novos setores como a metalurgia entre outros.
Vale ressaltar que nos anos 90 as indústrias centenárias e
remanescentes foram apenas o laticínios Mococa e a J. Nicola e Irmãos, atual Cooperativa de Produtos Metalurgicos de Mococa - Copromem.
FIGURA 011 | Duplicata de mercadorias ano de 1930-31. Documento Impresso, datilografado, diversos carimbos de reconhecimento de pagamento e selo do tesouro nacional. Design por Thiago Balaniuk. Fonte: Acervo pessoal. Disponível em:<http://cliomococa. blogspot.com/search/label/Museu%20Viirtual>. Acesso em: 28 mai. 2018.
40
FIGURA 012 | Croqui Estação Mogiana, sede Mococa. por Thiago Balaniuk.
41
De acordo com os levantamentos históricos e também as condicionantes que levaram a diversificação dos eixos econômicos na
cidade de Mococa, podemos observar a grande riqueza patrimonial, histórica e cultural remanescentes que moldaram estruturalmente e socialmente toda a conjuntura do município. Trazendo para uma análise proximal, o município possui um vasto recurso e valoroso potencial para se desenvolver economicamente no turismo rural, vale ressaltar que são recursos “naturais” provenientes de uma história evolutiva marcada pelo período áureo do café no Brasil.
Foi feito um levantamento presencial pelo aluno Thiago de Mattos Balaniuk, entre as datas de 02 de maio de 2018 a 25 de
maio de 2018, com os proprietários Sr. Luis Augusto Nasser, atual proprietário da “Fazenda Buracão”, Lavínia Camargo, proprietária da “Fazenda Prata” e Sra. Marina “Fazenda Nova”, e também com atual diretora da secretaria de Cultura e Turismo de Mococa, Regina Buzo. Através dessas entrevistas foi possível compreender com proximidade como se organizam os proprietários e o poder municipal, e compreender sobre recursos em potencial voltados para o turismo provenientes do estado, e que por não possuir um projeto voltado para o turismo o município, os proprietários, a população mocoquense deixa de usufruir positivamente de seus recursos patrimoniais.
De acordo com a Fundação SEAD (Sistema Estadual de Análise de Dados) em uma análise feita entre os anos de 2012 à 2014,
o município de Mococa passou a apresentar um potencial para o turismo devido ao acervo patrimonial encontrado em seu centro histórico e principalmente nas fazendas espalhadas dentro do município. (PIB dos municípios paulistas de 2012 a 2014. p.96).
O intuito deste trabalho é em prol da utilização da arquitetura e urbanismo como ferramentas de potencialização do
desenvolvimento econômico, social e cultural do município de Mococa, com a proposta da realização de um projeto de uma sede centralizadora de recepção para o turista, também voltada para o uso comunitário e de comercialização do arranjo produtivo local (APL). Também a proposta de criação do roteiro turístico e sua conexão com o patrimônio histórico urbano até os destinos de hospedagem nas fazendas históricas que oferecem hospedagem. Assim como também a proposta de pólos receptivos nas fazendas descritas.
42
43
capítulo 2
Figura 013 | Foto panorâmica estrada Mococa - Cássia dos coqueiros. Frame por: Vittóirio Zuccaro. Design por Thiago Balaniuk
44
turismo e suas categorias O Turismo está completamente ligado, desde as suas
Ministério do Turismo os números comprovam a importância dos
origens, ao simples ato de viajar ou se deslocar, consolidando a
vetores para o desenvolvimento econômico do país ( Ministério
prática da socialização, movimentação econômica e também se
do Turismo, 2015).
relacionando com a troca de culturas entre povos. A Organização Mundial do Turismo (OMT) define turismo como sendo “[...] o deslocamento para fora do local de residência por período superior a 24 horas e inferior a 60 dias. ” (OMT, 2001).
A atividade turística independentemente da classificação
por classes sociais ou localização geográfica está completamente relacionada com os avanços tecnológicos e ambientais. Por meio do aumento crescente das redes de comunicação o turismo também expandiu suas atribuições e passou a se ramificar em diversas categorias e subcategorias. Veremos a seguir atribuições de cada uma dessas categorias correlacionadas com dados levantados sobre o Brasil:
turismo de natureza
De acordo com o Fórum Econômico Mundial (FEM), o
Brasil é o país com maior potencial turístico em recursos naturais no mundo. Os parques nacionais em 2014 receberam cerca de 6,6 milhões de visitantes em 2014, de acordo com os dados obtidos através do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 10% a mais do que em 2013. Para o
FIGURA 014 | Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO). Foto: banco de imagens. Turismo de natureza ganha força no Brasil. Disponível em:<http://www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/5526turismo-de-natureza-ganha-for%C3%A7a-no-brasil.html>. Acesso em: 25 mai.2018.
45
turismo cultural
O Ministério do Turismo, mediante as novas tendências
turismo sustentável
De acordo com Marujo & Carvalho (2010), o turismo
de consumo do mercado do turismo reconhece as novas
sustentável em sua abrangência ecológica se apoia no seu pleno
oportunidades de valorizar as particularidades do país e por isso
desenvolvimento, porém limitando o consumo e o manuseio
propõe a segmentação cultural. “A definição de cultura, nesta
dos recursos naturais, afim de provocar o mínimo de danos ao
perspectiva abrangente, permite afirmar que o Brasil possui um
meio ambiente. Defende-se o uso responsável e consciente dos
patrimônio cultural diversificado e plural. Esses aspectos, da
recursos naturais e também a sistematização envolvendo uma
pluralidade e da diversidade cultural, representam para o turismo
distribuição geográfica equilibrada dos assentos turísticos afim
a oportunidade de estruturação de novos produtos turísticos,
de evitar o excesso de contingente turístico de acordo com cada
com o consequente aumento do fluxo de turistas; e converte o
capacidade de acolhimento.
turismo em uma atividade capaz de promover e preservar a cultura
brasileira. ” (Ministério do Turismo, 2010).
e belo exemplo de turismo sustentável é Bonito, no Mato Grosso
Segundo Evandro Schütz, presidente da (ABETA) um forte
do Sul, que passou a sofrer com a depredação nos anos 70 e 80, onde medidas de conscientização tiveram que ser tomadas como por exemplo a implantação do “voucher único1 ”, o que fez com que o destino fosse reconhecido mundialmente como um dos mais sustentáveis do planeta desde 2013. (Ana Duék, 2017).
FIGURA 015 | Fotografia, turismo cultural em Portugal. Foto: banco de imagens TUREL Viages. Disponível em:<http://alforgedeviagem. blogspot.com/2014/02/o-que-e-o-turismo-cultural.html>. Acesso em: 25 mai.2018.
1 VOUCHER ÚNICO - O Voucher Único é um sistema de compra de reservas por meio de uma única plataforma. Através dele é possível controlar a quantidade de visitantes, monitorar. [...]“Conseguimos moralizar o Balneário. Antes não havia um controle, essa foi uma grande vitória para a nossa gestão”. Palavras do prefeito de Bonito, Leleco. 2015. Disponível em: <http://www.bonitoinforma.com.br/turismo/bonitoms-voucher-unico-e-exemplo-para-outros-destinos-turisticos/16860/>. Acesso em 26 mai. 2018.
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O Brasil precisa se apoderar de sua biodiversidade e de sua diversidade cultural como estratégia de futuro. Falar sobre turismo nas escolas é fundamental
“O Brasil, um dos países com maior biodiversidade pela riqueza de seus biomas2 (Amazônia, Mata Atlântica, Campos Sulinos, Caatinga, Cerrado, Pantanal e Zona Costeira e Marítima) e seus diversos ecossistemas, apresenta um cenário rico para esse
Depoimento de Evandro Schütz. Disponível em:<http://viajarverde.com. br/turismo-sustentavel-no-brasil-exemplos-e-desafios/>. Acesso em: 25 mai. 2018.
segmento. O Ecoturismo tem como pressuposto contribuir para a conservação dos ecossistemas e, ao mesmo tempo, estabelecer uma situação de ganhos para todos os interessados: se a base
ecoturismo
de recursos é protegida, os benefícios econômicos associados ao seu uso serão sustentáveis. Além disso, a atividade amplia as oportunidades de gerar postos de trabalho, receitas e inclusão
Também de acordo com o Ministério do Turismo brasileiro
social e, acima de tudo, promove a valorização e a proteção
(2010), quando as questões ambientais e os debates sobre
desse imensurável patrimônio natural. ”
a necessidade da conservação do meio ambiente chegaram
(Ministério do Turismo. 2010).
às atribuições do turismo, princípios fortemente ligados a tais preocupações aliadas à preocupação social no que diz respeito
ao desenvolvimento das comunidades locais, princípios de
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no coração
sustentabilidade com bases em referenciais práticos e teóricos
da Amazônia. Este destino, de acordo com o Conselho Mundial de
foram e estão sendo aplicados dentro deste mercado. Diversas
Viagens e Turismo, “The World Travel & Tourism Council” (WTTC),
instituições espalhadas ao redor do mundo apontam que o Brasil
foi finalista em 2018 da Categoria Community Award do Prêmio
vem apresentando um crescimento no mercado do ecoturismo
“Tourism for Tomorrow”. Mamirauá está na maior área de mata e
contínuo devido ao seu potencial turístico natural, gerando assim
de várzea protegida do mundo. Em seu centro flutua uma pousada
um cenário de grande competitividade internacional. (Ministério do Turismo, 2010, p.11). [...]
Um forte exemplo de Ecoturismo aplicado no Brasil é a
2 BIOMAS - são comunidades estáveis e desenvolvidas que dispõem de organismos bem adaptados às condições ecológicas de uma grande região. Normalmente apresentam certa especificidade quanto a clima, solo ou relevo (Glossário Ibama 2003).
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ecológica com um sistema de gestão compartilhada entre o Instituto Mamirauá em conjunto com as comunidades da área da reserva. Seus princípios e valores são calcados na preservação dos recursos naturais e toda sua estrutura física se adequa aos princípios de sustentabilidade como: Luz Solar, água da chuva coletada e armazenada, gastronomia local e liberação de efluentes que são cuidadosamente tratados antes de retornarem ao rio. (Ministério do Turismo, 2018).
FIGURA 016 | Estrutura Física Mamirauá. Disponível em: <https://www.mamiraua.org.br/pt-br/institucional/ estrutura-fisica/>. Acesso em: 28 mai. 2018. Fotografia por: Alicia Choo. Design por Thiago Balaniuk
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RELAÇÃO ENTRE TURISMO E CULTURA Como em um processo contínuo, no qual os costumes,
constituída. Para obtermos uma abordagem relacional, entre os
habilidades e preceitos são basicamente uma somatória de
eixos econômicos que regeram e regem o município de Mococa,
um conjunto de ensinamentos transmitidos e retransmitidos
assim como toda sua riqueza de APL, temos que compreender
de geração em geração, podemos atribuir a resultante desse
sua cultura e seus respectivos valores históricos. (PALADINI,
processo social como cultura (PALADINI, 1995).
p.237, 1995).
É importante observarmos os aspectos que influenciam
Baseando na relação entre o espaço resultante e as
na absorção cultural, podendo se dizer que ele acontece de duas
práticas sociais que contribuíram para sua origem, analisamos
maneiras: voluntária, através de hábitos e costumes não dirigidos,
que tanto os eixos econômicos, político e cultural-ideológico
compreendendo toda uma percepção social, religiosa, artesanal,
atualmente presentes no município estão completamente
doméstica, abrangendo um conjunto de valores que acontecem
relacionados com a cultura do café. Suas fazendas históricas,
de maneira natural, hereditária e popular. E a da maneira dirigida;
sua arquitetura, seu APL e o próprio sítio histórico urbano central
onde a cultura é propagada através dos meios de comunicação,
refletem todo este conjunto de valores culturais e históricos.
e atividades específicas que ensinam habilidades através de um
processo sistematizado (PALADINI, 1995).
econômica destes produtos inseridos em seus espaços dentro de
No Brasil e podendo trazer para a temática abordada,
um contexto capitalista, podemos ao menos compreender seus
no município de Mococa, compreendemos a cultura como
potenciais existem, e as possibilidades de um aproveitamento
proveniente de um processo de colonização. Sua resultante
dessas práticas e desses recursos naturais afim de trazê-los para
nominal advém das culturas: indígena, portuguesa e africana.
uma dialética entre o espaço, sociedade e acerca da produção
Juntamente com todo este aparato de valores, costumes e
e o consumo do espaço pelo e para o turismo, caracterizamos
histórias intrínsecas tivemos como resultante um conjunto de
assim de “espaço turístico”. (PAIVA, R.A. Sobre a relação turismo e
criações sociais que deram origem à sociedade mocoquense,
urbanização3 . p.131. 2011.)
com uma forte adição da cultura italiana, proveniente dos imigrantes italianos. Portanto, na culinária, na arquitetura, na organização comercial e estrutural que sempre foi o sustentáculo do município de Mococa, encontraremos os traços culturais traçados pelos antepassados e pelo meio em que a cidade foi
Embora não seja possível prever as resultantes na esfera
3 O artigo é um fragmento de fundamentação teórica da tese de doutorado: “A metrópole Híbrida: o papel do turismo no processo de urbanização da Região Metropolitana de Fortaleza”, defendida em 2011 no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), sob a orientação da prof.a Dr.aHeliana Comin Vargas.
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turismo rural
O enfoque primordial para o embasamento deste
O turismo rural, assim como as demais ramificações
trabalho é o Turismo Rural que, segundo agência de notícias
turísticas, possui um efeito multiplicador na economia, uma vez
do Sebrae Notícias, veiculado em seu portal oficial; no Brasil
que dispõe de mão de obra, aumenta a busca por produtos
vem apresentando uma taxa de crescimento de 30% ao ano,
oriundos dos locais visitados, incrementando assim a produção
demonstrando ser uma das atividades econômicas que mais
de APLs e consequentemente aumentando a arrecadação
se desenvolve no país. A pesquisa em questão ressalta ainda
de impostos e taxas locais. É de suma importância ressaltar
a importância do turismo rural relacionando às pequenas
que além de fomentar economicamente todo um contingente
propriedades rurais brasileiras, podendo inclusive gerar valores
sistêmico econômico, o turismo contribui para o movimento de
socioeconômicos e culturais aliados ao empreendedorismo.
troca de experiências, o que agrega significativamente para o
(SEBRAE, 2010).
desenvolvimento cultural e social. (LIMA, TREDEZINI, MAIA & SANTOS, 2007).
A modalidade do Turismo Rural surgiu devido à crescente
demanda da sociedade contemporânea pela busca cada vez mais assídua por contato com áreas naturais, com a vida tranquila do campo, assim como o contato direto com as raízes naturais automaticamente conectadas ao lazer. Resumidamente, como um refúgio da vida tumultuada das metrópoles. (MANOSSO, SALOMÉ & CARVALHO, 2010).
A categoria na qual se inclui o turismo rural, possui diversas
aplicações e modelos de negócios relacionados à hospedagem, venda de APLs, entre outros. Porém, de acordo com o Ministério
FIGURA 017 | Turismo Rural no Brasil cresce à taxa de 30% ao ano, 2010. Disponível em:<https://sebrae-sp.jusbrasil.com.br/noticias/2502800/turismo-rural-no-brasil-cresce-a-taxa-de-30-ao-ano>. Acesso em: 28 mai. 2018.
do Turismo (2010), podemos classificar o turismo rural como toda e qualquer atividade relacionada ao meio rural, contanto que sejam atividades comprometidas com a valorização das práticas naturalmente e culturalmente relacionadas a seus destinos devidos, possibilitando o reconhecimento do patrimônio cultural
e histórico do local. (BRASIL, Ministério do Turismo, 2010).
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FIGURA 018 | Mapa do Estado de São Paulo publicado na revista “O Imigrante, 1908. O mapa mostra o terminais das linhas férreas, apontando a Mogyana, já pronta, em fase conclusiva dos últimos ramais, faltando apenas a Noroeste em direção a Araçatuba. Este mapa foi postado por Ralph Mennucci Giesbrecht. Setembro de 2010. Design por Thiago Balaniuk. Disponível em:<http://blogdogiesbrecht.blogspot.com/2010/09/>. Acesso em 31 mai. 2018
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análise comparativa dos eixos econômicos de mococa
Para definição da escolha dos municípios para a realização das análises comparativas presentes neste trabalho, foi levado em
consideração a relação histórica correspondente à região nordeste paulista. Fizemos um levantamento juntamente ao mapa ferroviário da Mogiana em seu ápice, no ano de 1908. Esta era a estrada férrea que fazia a mediação comercial do café entre o município de Mococa e os demais municípios vizinhos até chegar ao porto de Santos, passando por São José do Rio Pardo, Casa Branca, Vargem Grande do Sul e São João da Boa Vista.
Os levantamentos apontaram que o munícipio de Mococa-SP, de acordo com as análises feitas através do portal Fundação
SEADE (Perfil dos municípios paulistas, 2018), possui uma população estimada em 66.655 habitantes, PIB (2015) per capita de R$ 27.095,44, renda per capta de acordo com o censo demográfico, em reais (2010) de R$ 630,00, um índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM, 2010) de 0,762, totalizando um PIB municipal em (2015) de R$ 1.802.063,57. O município de Mococa foi classificado, segundo a SEADE (2014), como munícipio de “GRUPO 3 – Municípios com nível de riqueza baixo, mas com bons indicadores nas demais dimensões”.
Em uma análise comparativa com as cidades que seguem em direção à rodovia SP-340, observamos o município de Casa
Branca-SP, por meio de dados coletados também no portal do Fundação SEADE (Perfil dos municípios paulistas, 2018). O município possui 29.236 habitantes, com PIB (2015) de R$ 21.374,45 per capta anual e IDHM (2010) de 0,73, renda média per capta de acordo com o censo demográfico, em reais (2010) de R$ 637,90, totalizando um PIB municipal em (2015) de R$ 617.785,70. O município de Casa Branca foi classificado, segundo a SEADE (2014), como munícipio de “GRUPO 5 – Municípios mais desfavorecidos, tanto em riqueza quanto nos indicadores sociais”.
Em seguida analisamos a cidade de São José do Rio Pardo-SP. De acordo com a Fundação SEADE (Perfil dos municípios
paulistas, 2018), o município possui 52.960 habitantes, PIB (2015) per capita de R$ 31.491,93 anual, renda média per capta de acordo com o censo demográfico, em reais (2010) de R$ 680,10, índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM, 2010) de 0,774, totalizando um PIB municipal em (2015) de R$ 1.656.318,18. O município de São José do Rio Pardo foi classificado, segundo a SEADE (2014), como munícipio de “GRUPO 4 – Municípios que apresentam baixos níveis de riqueza e nível intermediário de longevidade e/ou escolaridade”.
O seguinte município analisado foi Vargem Grande do Sul-SP. De acordo com a Fundação SEADE (Perfil dos municípios
paulistas, 2018), o município possui 41.075 habitantes, com o PIB (2015) de R$ 20.752,27 per capta anual, renda média per capta de
52 acordo com o censo demográfico, em reais (2010) de R$ 593,94, e o IDHM (2010) de 0,737, totalizando um PIB municipal em (2015) de R$ 839.284,19. O município de São José do Rio Pardo foi classificado, segundo a SEADE (2014), como munícipio de “GRUPO 4 – Municípios que apresentam baixos níveis de riqueza e nível intermediário de longevidade e/ou escolaridade”.
Como maior cidade da região e referencial, adotamos o município de São João da Boa Vista-SP. Segundo a Fundação SEADE
(Perfil dos municípios paulistas, 2018), o município possui 86.679 habitantes, PIB (2015), per capita de R$31.479,43 anual, renda média per capta de acordo com o censo demográfico, em reais (2010) de R$ 823,48, e índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM, 2010) de 0,797, totalizando um PIB municipal em (2015) de R$ 2.697.630,01. O município de São José do Rio Pardo foi classificado, segundo a SEADE (2014), como munícipio de “GRUPO 3 – Municípios com nível de riqueza baixo, mas com bons indicadores nas demais dimensões”. Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS – Dimensão de Riqueza Não possui unidade.
Os indicadores do IPRS sintetizam a
situação de cada município no que diz respeito a riqueza, escolaridade e longevidade, e quando combinados geram uma tipologia que classifica os municípios do Estado de São Paulo em cinco grupos, conforme as características descritas no quadro abaixo. TABELA 001 | Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS. Dados obtidos através de levantamentos pela fundação SEADE. Disponível em:<https://perfil. seade.gov.br/>. Acesso em: 28 mai. 2018.Organização e confecção da tabela por Thiago Balaniuk.
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TABELA 002 | Tabela de análise de perfis – Recorte Mogiana. Dados obtidos através de levantamentos pelo portal SEADE . Disponível em:<https://perfil.seade.gov.br/>. Acesso em: 28 mai. 2018.Organização e confecção da tabela por Thiago Balaniuk.
Ao analisarmos os dados populacionais de cada cidade levantada, levando em consideração dos municípios suas extensões
territoriais, população e eixos econômicos relativamente, e assim correlacionando-os com o PIB de cada cidade da região de São João da Boa Vista-SP, observamos que o município de Mococa apresenta o IDHM pouco abaixo das cidades de São José do Rio Pardo e também da cidade de São João da Boa Vista mas, em contrapartida, se enquadra no GRUPO 3, segundo a fundação SEADE, apresentando indicadores positivos em matéria de desenvolvimento social.
Para um melhor entendimento dos seus eixos econômicos, uma vez que já estudamos a história do município de Mococa,
observamos que o eixo principal - que era o cafeeiro – perdeu sua importância, dando espaço para outros produtos agropecuários, a indústria e comércio e serviços. Analisamos através do portal da fundação SEADE os dados comparativos (dos mesmos municípios) para o entendimento, de forma quantitativa, dos eixos econômicos correspondentes que colaboram para o desenvolvimento do município de Mococa, afim de estabelecermos uma relação entre seus reais potenciais a serem trabalhados em prol do seu desenvolvimento.
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TABELA 003 | Tabela de análise de perfis – Recorte Mogiana. Dados obtidos através de levantamentos pelo portal SEADE . Disponível em:< https://perfil.seade.gov.br/>. Acesso em: 28 mai. 2018. Organização e confecção da tabela por Thiago Balaniuk.
Todos os dados analisados foram comparados e compatibilizados com os dados disponibilizados no portal IBGE Cidades. Disponíveis em:www.cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/mococa/panorama>. Acesso em 28 mai. 2018.
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Estatísticas sobre n° de Micro e Pequenas Empresas (MPEs) Município de Mococa Notas: (1) Fonte: Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)/2010 - Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Conceito de MPE: Aquea formalmente contituída e que possua CNPJ. Com até 99 empregos da Indústria e até 49 em Comércio ou Serviços. (2) Exclusive Serviços de Correio e Telecomunicações; Intermediação Financeira; Cartórios; Condomínios Prediais; Administração Pública; Serviços Sociais; Atividades Associativas; Serviços Domésticos e Organismos Internacionais e Outras Instituições Extraterritoriais. (3) Exclusive Indústria de Eletricidade, Gás e Água Quente e Captação, Tratamento e Distribuição de Água. (4) Fonte: Censo Agropecuário/ IBGE (2006). Cada estabelecimento agropecuário pode cultivar/ criar mais de um tipo de produto. Engloba todo terreno onde se processa exploração agropecuária. Pode ser exercida por Pessoa Física ou Pessoa Jurídica. (5) Quociente de Localização = (participação dos estabelecimentos do setor no município / participação dos estabelecimentos do setor no ESP). (6) As tabelas acima contemplam os dez maiores segmentos de cada setor de atividade. Não foram listados os segmentos com menos de dez estabelecimentos.
TABELA 004 | SEBRAE . Disponível em: <http://www.sebrae.com.br>. Acesso em: 05 mar. 2018.
Obs: Na Agropecuária, as estatísticas % no Mun, % no Estado e QL foram omitidas da tabela para municípios cujo n° de estab. do setor seja menor que 2% do total.
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É essencial o entendimento dos eixos econômicos que passaram a reger o município de Mococa, assim como também os
perfis das cidades que no século XIX, em suas origens, tinham como locomotiva o café. Com o intuito de fomentar o desenvolvimento do município adentramos com maior profundidade em todas as particularidades remanescentes desta história tão rica da cidade de Mococa, tanto quanto ao reconhecimento do seu sítio histórico urbano, quanto em sua zona rural, onde ficavam e permanecem até hoje as fazendas de café.
Que o município de Mococa detém um patrimônio histórico incalculável e em potencial já fora ressaltado neste trabalho, após os
levantamentos patrimoniais já apresentados. Porém é importante ressaltar que, de certa forma, o que mais motivou o desenvolvimento deste trabalho foi um trecho feito por um levantamento comparativo do PIB regional, através da Fundação SEAD de 2012 a 2014, quando adentramos nas pesquisas na região de Ribeirão Preto para um melhor entendimento de seus eixos econômicos. Ressaltamos abaixo, e também observamos de maneira explícita, que o município de Mococa possui veementemente um potencial turístico, principalmente nas atribuições do turismo rural.
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Dados obtidos através de levantamentos pelo portal SEADE PIB da Região de Ribeirão Preto de 2012 a 2014, p.96 . Organização e confecção por Thiago Balaniuk.
FIGURA 019 | Ilustração em 3D feita por Thiago Balaniuk, com base na cartilha do PIB DOS MUNICÍPIOS PAULISTA 2002 a 2014. p.96.
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59
capítulo 3
fazendas de mococa
O levantamento das fazendas a seguir permiti-nos compreender suas respectivas características, assim como seus APLs.
Figura 020 | Fotomontagem das respectivas fazendas históricas de Mococa-SP. Fotos por Flávio Biazim Fernandes e Design por Thiago Balaniuk.
60 - Terras remanescentes da fazenda vizinha São Bento e naturalmente a Fazenda Água Limpa. - Ainda em 1893, foi vendida a uma firma francesa, torradora de café, com matriz em Paris.
APLs - Desde 2001 o proprietário adotou um novo de gestão natural na fazenda, chamado AGROSILVOPASTORIL, com objetivo de integrar a lavoura com espécies florestais nativas e, ao mesmo tempo, conservar os recursos naturais. Figura 021 | Fazenda Água Limpa. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Com uma área de 1.000 hectares, a Fazenda Ambiental Fortaleza continua com a produção cafeeira.
APLs - Café natural - Café Orgânico - Turismo Rural / Hospedagem
Figura 022 | Fazenda Ambiental Fortaleza. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
61 - Terras remanescentes da fazenda Borda da Mata. - Cultura CAFEEIRA.
Figura 023 | Fazenda Barra Alegre Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Terras que pertenceram ao imenso latifúndio que englobava a Fazenda da Mata e a Boa Vista, até o ano de 1873. - Cultura do café - Pecuária leiteira
APLS - Atualmente a produção se relaciona ao cultivo de eucalipto e ao manejo de gado; até a década de 80 a fazenda abrigava cerca de 23 famílias. Figura 024 | Fazenda Belo Monte Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
62 - Terras adquiridas em meados de 1840, vizinha das terras da Fazenda da Água Limpa juntamente da Fazenda da Alegria. - Casa sede é símbolo da riqueza, estilo colonial. Cultura cafeeira
Figura 025 | Fazenda Boa Vista. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Já em 1916 possuia cerca de 89.000 pés de café. - Cultura CAFEEIRA
Figura 026 | Fazenda Boiada. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
63 - Terras adquiridas em 1887. - Cultura CAFEEIRA .
Figura 027 | Fazenda Bom Sucesso. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Desenvolvendo atividades agropecuárias. É muito rica em recursos hídricos - Possui trincheiras remanescentes da revolução de 32.
APLS - Turismo Rural - Hospedagem
Figura 028 | Fazenda Buracão Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
64 - Toda fazenda pertencia ao núcleo da Fazenda da Alegria. - Cultura CAFEEIRA. - Localizada em área de divisa, na revolução de 32, trincheiras foram feitas nesta região.
Figura 029 | Fazenda Cachoeirinha. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Cultura CAFEEIRA - Pecuária LEITEIRA - Criação SUÍNA
APLS - Modernizou-se e ampliou as estruturas da fazenda nos segmentos produtivos. Café, Leite e carne suína.
Figura 030 | Fazenda Cafezal e Mutuca. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
65 - Desenvolvimento de sementes - Pesquisas de novos processos agrícolas
Figura 031 | Fazenda Campo Experimental. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Em 1916 essa propriedade possuia 189.000 pés de café. - Cultura CAFEEIRA.
APLS - Café e Hortaliças
Figura 032 | Fazenda Chapadão Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
66 - Cultura CAFEEIRA - Foi pioneira no uso de energia elétrica 1905 - Possui uma jazida de granito de excelente qualidade
Figura 033 | Fazenda Contendas de Baixo. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Terras remanescentes da Fazenda Água Limpa. - Cultura CAFEEIRA
Figura 034 | Fazenda Contendas de Cima. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
67 - Terras remanescentes da Fazenda Água Limpa - Cultivo cafeeiro - Atualmente vem sendo restaurada.
Figura 035 | Fazenda Bocaina. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Criação BOVINA - Cultura CAFEEIRA - Criação SUÍNA - Cultivo da CANA-DE-AÇÚCAR
APLS - R. Campestre Florestal Ltda. Dedica-se à produção de chia, café e árvores nativas, como o guanandi.
Figura 036 | Fazenda Laje Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
68 - Terras adquiridas em meados 1822. Remanescentes da Fazenda Água Limpa - Cultura cafeeira
Figura 037 | Fazenda Guarani. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Ramal final da antiga estrada de ferro da Mogiana - Cultivo cafeeiro - Cultivo Algodoeiro - Criadores de porcos - Viveiro de mudas de laranja - Utilizada para estudos do instituto Agronômico de Campinas - IAC. - Desenvolveu o sistema de inundação. - Pioneiro a introduzir o gado holandês em Mococa - Pioneira na região na construção do primeiro silo aéreo. - Pioneiros trazendo o sistema de ordenhas mecânicas. Figura 038 | Fazenda Limeira. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
69 - Toda fazenda pertencia às terras da Fazenda Belo Monte, 1873. - Cultura cafeeira - Cultura Algodoeira - Pecuária leiteira
Figura 039 | Fazenda Da Mata. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Cultura cafeeira - Companhia Agropecuária Santa Emília - Fábrica de Açúcar Mascavo - Alambique - Usina de cana-de-açúcar
Figura 040 | Fazenda Matinha, São José, São Bernardo. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
70 - Cultivo CAFEEIRO / Exportava para Europa - Eucalipto - Referência, possuía farmácia - Ideias abolicionistas Está em processo de restauração a 11 anos.
Figura 041 | Fazenda Morro Azul. Foto: Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Terras remanescentes da Fazenda Alegria, 1833. - Cultura cafeeira
APLS - Turismo rural Desde 1983 fazemos passeios a cavalo e cavalgadas na Fazenda Nova e pelas belas paisagens da região de Mococa. Figura 042 | Fazenda Nova. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
71 - Terras adquiridas em 1870. - Cultura cafeeira
APLS - Desenvolve uma linha de cafés especiais. Desde 2003, a propriedade ganhou na Grécia um prêmio que ressalta a alta qualidade do produto. Foi a primeira vez que uma fazenda de café recebe este título da Associação Européia de Cafés Especiais.
Figura 043| Fazenda Pessegueiro. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Terras adquiridas em 1840. - Cultura CAFEEIRA
APLS - Turismo Rural hipismo
Figura 044 | Fazenda Prata. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
72 - Cultura cafeeira
APLS - Bovinocultura de leite Desenvolvimento da raça GIR leiteiro
Figura 045 | Fazenda Quebra Cuia. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Cultura cafeeira - Cultura ALGODOEIRA
APLS - ÁGUA DÁFLORA - MINAS
Figura 046 | Fazenda Santa Cândida. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
73 - Originalmente toda fazenda pertencia à Fazenda Bom Sucesso até 1930. - Cultivo cafeeiro
Figura 047 | Fazenda Santa Eutáquia. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Terras remanescentes da Fazenda Laje. - Cultivo cafeeiro
Figura 048 | Fazenda Santa Maria. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
74 - Cultura cafeeira
Figura 049 | Fazenda Santa Thereza. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Os primeiros pés de café plantados em Mococa foram cultivados na Água Limpa 1844.
APLS - Turismo rural
Figura 050 | Fazenda Santo Antônio da Água Limpa. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
75 - Terras adquiridas em meados de 1837. Inicialmente se chamava de Fazenda Santa Rita do Canoas. - Cultura cafeeira
Figura 051 | Fazenda Pessegueiro. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Cultura cafeeira - Cultura ALGODOEIRA - Pecuária LEITEIRA
Figura 052 | Fazenda São João. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
76 - Parte da fazenda da Alegria, 1833. - Cultura CAFEEIRA
Figura 053 | Fazenda São José do Mato Seco. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Terras adquiridas em meados de 1890. - Estilo arquitetônico eclético e com jardins que remetem os jardins franceses.
APLS - Empresa de paisagismo. - Cultivo do milho - Cana-de-açúcar - Pecuária Leiteira
Figura 054 | Fazenda São Luiz. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
77 - Propriedade que fazia parte da Fazenda São Luiz, das terras da Fazenda Limeira e da Córrego Raso. - Pioneira no município em sistemas de captação de água do município. - Cultura cafeeira
Estilo NEOCLÁSSICO 1909.
Figura 055| Fazenda São Manuel . Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Terras remanescentes da Fazenda Água Limpa, 1822. - Cultura cafeeira - Criação de Gado de Corte - Cultivo do Eucalipto
Figura 056 | Fazenda São Pedro. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
78 - Cultivo CAFEEIRO - Pecuária LEITEIRA Foi pioneira na utilização de inseminação artificial.
APLS - Atualmente abriga a pousada Serra da Coruja. (colocar imagens da serra da coruja).
Figura 057 | Fazenda Serra do Rontila. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Cultura CAFEEIRA
Figura 058 | Fazenda Serra. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
79 - Cultivo do café até 2012 Sua produção de café orgânico foi considerada uma das melhores do mundo.
Figura 059 | Fazenda Sertãozinho . Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
- Terras remanescentes da Fazenda Laje. - Cultura cafeeira - Criadores de porcos - Criadores de - Galinhas Poedeiras - Pecuária Leiteira
Figura 060 | Fazenda Theolinda. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
80 - Terras remanescentes da Fazenda Lage. Cultura cafeeira - Cultura CAFEEIRA
Figura 061 | Fazenda Varginha. Foto: Flávio Biazim. Design por Thiago Balaniuk.
RESULTADO DA SONDAGEM
Foram levantadas 44 propriedades rurais
remanescentes da aristocracia cafeeira, com imensurável valor patrimônial e cultural. Juntamente com as propriedades foi feito o levantamento das atividades econômicas que foram e ainda estão presentes em muitas delas. Ao lado apresenta-se as APLs encontradas em suas respectivos percentuais no município. O gráfico de percentuais de APLs, assim como a tabela, foram desenvolvidas pelo autor com base na sondagem e informações fornecidas pelos proprietários. GRÁFICO 001 | Percentual de APLs no município de TABELA 005 | Fazendas ativas e seus respectivos Mococa-SP. Confeccionado por Thiago Balaniuk. APLs. Confecção da tabela por Thiago Balaniuk
CONCLUSÃO DAS ANÁLISES O trabalho de sondagem, pesquisas e entrevistas com os proprietários das fazendas ativas no município de Mococa, permitiu-nos observar vários pontos relevantes. O município de Mococa, dentre os municípios analisados neste trabalho, possui o maior número de fazendas históricas provenientes da aristocracia do café da região, assim como um sítio histórico no seu centro urbano, como mostra a proposta de lei junto ao COMDEPHAT, de criação e tombamento do corredor histórico de preservação da paisagem urbana de interesse histórico e arquitetônico da cidade de Mococa, de autoria do arquiteto urbanista José Augusto Rodrigues, 2006, levando também em consideração o potencial turístico citado pela Fundação SEADE no levantamento do PIB da Região de Ribeirão Preto de 2012 a 2014, p.96. As análises nos permiram identificar os arranjos produtivos locais (APLs) produzidos em determinadas fazendas históricas que permanecem ativas até os dias atuais. Foi possível levantarmos também as fazendas que vivem da prática do turismo rural, e através deste contato direto com a classe desses proprietários foi possível identificar as problemáticas que resultaram na proposta deste trabalho. Cada fazenda apta a hospedagem de turistas possui seu atrativo e seus APLs respectivos, porém o comércio e a receptividade desses turistas acontecem ali mesmo, dentro de cada uma delas. O turista obtem o conhecimento da atividade do turismo rural no município de mococa de maneira aleatória, não planejada, pois o município, mesmo possuindo todos os potenciais mensionados não dispõe de um local apropriado a
acolher e orientar esses visitantes. O roteiro turistico assim como o mapa que guia os possíveis turistas foi confeccionado à mão, como se encontram nos anexos deste trabalho, sem nenhum referencial geográfico. Somente através do mapa municipal estatístico é possível identificar as propriedades rurais históricas, como podemos observar na FIGURA 61 abaixo. As fazendas ativas que possuem infraestrutura para o turismo rural se encontram no mesmo eixo de ligação, estrada Mococa ao distrito de Igaraí, com excessão da Fazenda Buracão, que fica no sentido contrário. O eixo encontra circulado em vermelho no mapa, as demais fazendas levantadas possuem o recurso de visitação agendada. Levando essas informações e todos os levantamentos dessas problemáticas em consideração deu-se a proposta deste trabalho. Utilizar-se da arquiitetura e dos conhecimentos urbanísticos para desenvolver um projeto orientado ao fomento do turismo rural na cidade de Mococa-SP. A proposta é a criação de um um polo centralizador, de comércio de produtos que promova as APLs (Arranjos Produtivos Locais) e de recepção e distribuição de turistas, assim como a introdução de um roteiro turístico direcionador ao sítio histórico e posteriormente às fazendas de visitação e hospedagem, tem como finalidade integrar a comunidade local no mercado do turismo. Juntamente com o roteiro turístico será desenvolvido pequenos polos receptivos e pontos de apoio no sítio histórico que permitam a venda de APLs.
81
82
implanta
eixo de l
Fazenda BuracĂŁo
Fazenda
Fazenda serra
ligação
Figura 062 | Mapa municial estatístico. IBGE. 2010. Descrições e anotações por Thiago Balaniuk
a nova
83
F. Snto antônio da água limpa
ação no
F. a. fortaleza
Fazenda laje
84
85
capítulo 4 estudos de caso Fazenda Niop / AS arquitectura + R79
Figura 063 | Foto da remodelação da Fazenda Niop. Foto por David Cervera Catro. Design por Thiago Balaniuk. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/763398/hacienda-niop-as-arquitectura-plus-r79>.Acesso em 25 mai. 2018.
86
Ficha Técnica
Localização
Fazenda Niop
Publicado às 19h - 8 de março de 2015
de Campeche, com uma população estimada em
Traduzido por Eduardo Souza.
230.900 habitantes. Localizada na Península de Yu-
Figura 065 | Imagens: Google Earth Pro. Design por Thiago Balaniuk.
Campeche é a capital do estado mexicano
44 5
catán a cidade de Campeche é uma das poucas ciArquitetos: AS arquitectura + R79
dades cercada de muralhas a América, sendo a única no México.
Localização: Champoton, Campeche,
Seu patrimônio histórico, em excelente estado de
México
conservação foi a razão pela qual foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em
Ano do Projeto: 2014
1999. Campeche sendo a capital do estado possui a sede dos poderes legislativo, executivo e judicial. É
Fotografias: David Cervera Castro
uma capital que se destaca pelo seu centro turístico e comercial. (UNESCO. Disponível em:< http://whc.
Fabricantes: Juan Sansores, Chukum, Proveedor Sandors, Modumex. Equipe de Projeto: Alejandra Abreu Sacramento, Xavier Abreu Sacramento, Roberto Ramirez Pizarro Colaboradores: Gerardo Trejo, Eduardo Vadillo, Daniela Alvarez, Cristina Madera, Valentina Losa.
unesco.org/en/list/895/>.Acesso em 20 mar. 2018.)
Fazenda Niop
Capital Campeche
87
Contextualização da capital Campeche
4 min. 57km
A cidade histórica de Campeche, fundada por conquistadores espanhóis no século 16° da costa do
Golfo do México, na região Maia de Ah-Kim-Pech. Na época foi o porto marítimo mais importante para a evangelização e conquista da península de Yucatán, Guatemala e Chiapas. Devido a sua importância, atribuída à sua atividade portuária, comercial, militar e pela sua rota marítima tornou a segunda maior cidade do Golfo do México. Como ponto de embarque de riquezas naturais de yucatán e diferentes políticas dos reinos velho continente, Campeche foi alvo sistemático de piratas da Espanha, por isso foi necessário instalar e intensificar o sistema defensivo em larga escala. Todo sistema defensivo através de muralhas ao redor da capital corroborou para o crescimento urbano e o desenvolvimento desta cidade murada. “Um plano urbano de tabuleiro de xadrez foi escolhido, com uma Plaza Mayor de frente para o mar e cercada por edifícios governamentais e religiosos. As paredes contêm um hexágono irregular correspondente ao cinturão defensivo que circunda a cidade. As áreas circundantes, denominadas bairros, abrangem construções religiosas, arquitetura civil e militar com características renascentistas, barrocas e ecléticas, enfatizando as forças armadas. No século XIX, a cidade dotou-se de um bom teatro, harmonizado com o tecido urbano. Uma parte da parede foi derrubada em 1893 para abrir um espaço com vista para o mar, e a praça principal foi transformada em jardim público.” UNESCO. Disponível em:< http://whc.unesco.org/ en/list/895/>.Acesso em 20 mar. 2018.
Fazenda Niop
Figura 066 | Cidade Histórica Fortificada de Campeche (México). 2005. Foto por Vincent Ko Hon Chiu. Design por Thiago Balaniuk. Disponível em:<whc. unesco.org/pt/documentos/128107>. 23 mai. 2018.
88
Economia de Campeche
Com uma localização geográfica estratégica, benefícios climáticos
e ecológicos, a capital Campeche se encontra em uma posição de muito favoritismo para atividades econômicas provenientes da agroindústria, turismo, mineradoras e petroquímicas. Campeche se destaca por vários fatores, ressaltamos dois; mão-de-obra qualificada e o menor custo, em vias nacionais, para se abrir uma empresa.
Em 2010 Campeche recebeu 13 milhões de dólares, segundo a
“Secretaria de Economia (2010), para investimentos estrangeiros diretos. Em resposta Campeche apresentou 0,1% do IDE (Índice de desenvolvimento
Clima em Campeche De acordo com o site: Climate-data.org o clima em Campeche é tropical. De acordo com a Köppen e Geiger a classificação do clima é Aw, com temperatura média de 26.4 °C. Pluviosidade média anual de 999 mm.
Climograma de Campeche O mês mais seco é o mês de Fevereiro. Em Setembro cai a maioria da precipitação, com uma média de 190mm.
econômico) recebido no México. O setor responsável pela parte majoritária do investimento estrangeiro recebido pelo estado foi o setor de comércio, o restante foi para a indústria e outros setores. (SE, Secretaría de Economía. Disponível em: <http://www.2006-2012.economia.gob.mx/delegaciones-dela-se/estatales/campeche> Acesso em: 21 mar.2018.)
GRÁFICO 002 | Gráfico de precipitação de Campeche. Site Clima-data.org. Disponível em:< https://pt.climate-data.org/location/3373/>.Acesso em 20 mar. 2018.
89
Climograma de Campeche O mês de maio apresenta-se como o mês mais quente do ano com uma temperatura média de 28.8°C, A temperatura média de 23.2 °C se estabelece no mês de janeiro, sendo a mais baixa do ano.
Tabela Climática 178 mm é a diferença de precipitação entre o mês mais seco e o mês mais chuvoso. As temperaturas médias variam 5.6 °C ao longo do ano. GRÁFICO 003 | Gráfico de variação de temperatura de Campeche. Site Clima-data. org. Disponível em:< https://pt.climate-data.org/location/3373/>.Acesso em 20 mar. 2018.
TABELA 006 | Tabela de variação de temperaturas em Campeche. Site Clima-data.org. Disponível em:< https://pt.climate-data.org/location/3373/>.Acesso em 20 mar. 2018.
90
Fazenda Niop
Figura 067 | Fazenda Niop imagem noturna. Foto por David Cervera Catro. DisponĂvel em:<https://www. archdaily.com.br/br/763398/hacienda-niop-as-arquitectura-plus-r79>.Acesso em 25 mai. 2018.
/ AS arquitectura + R79
91
AS Arquitetura + R79
O
Escritório AS Arquitetura é composto pela arquiteta Alejandra Abreu Sacramento, nascida em Merida, Yucatán, em 8 de outubro de 1978, e pelo arquiteto Xavier Abreu Sacramento, também nascido
em Merida. O escritório fica localizado em Merida, Yucatán. Alejandra, Xavier e sua equipe de colaboradores obtiveram destaque no México em vários edifícios comerciais, residenciais, hotéis e institucionais. Para o desenvolvimento deste projeto em questão obtiveram como parceiro o arquiteto Roberto Ramirez Pizzaro, studio (R79), também da cidade de Merida, Yucatán. Trazem consigo esses três pilares: “A missão, visão e valores... AS Arquitectura é uma equipe de jovens criativos, com abordagens inovadoras e experiência em projetos arquitetônicos de pequena e grande escala, comprometidos com a plena satisfação de nossos clientes. Consolidar-nos como uma empresa de arquitetura integral, design de interiores e mobiliário de alcance nacional e internacional. Acreditamos na busca de uma arquitetura humana e contemporânea, que respeite o local e o tempo em que está localizada. Acreditamos no trabalho em equipe, na atenção personalizada aos nossos clientes e na qualidade de nossos trabalhos e projetos. Acreditamos na filosofia “ser para servir”. AS ARQUITETURA. Imagens e conteúdo disponível em: < http://www.asarquitectura.com/en/aboutus> Acesso em: 21 mar.2018.
Figura 068 | Alejandra Abreu e Xavier Abreu. disponível em: < http://www.asarquitectura.com/ en/aboutus> Acesso em: 21 mar.2018.
92
U
ma fazendo que com o passar dos anos e as mudanças de uso, levando em consideração os diferentes estilos arquitetônicos presentes em sua composição, fizeram de Niop uma fazenda com funcionamento
distinto das demais fazendas tradicionais do sudeste do Mexicano. Com o intuíto de recuperar as tradições passadas o projeto busca a transformação de edificações que antes eram ocupadas por pecuária e têxteis em uma área de convivência, um Hotel Boutique, um grande salão de eventos, uma residência de fins de semana, em resumo, um local de repouso e apreciação.
Figura 069 | Fazenda Niop contraste da intervenção. Foto por David Cervera Catro. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/763398/hacienda-niop-as-arquitectura-plus-r79>. Acesso em 25 mai. 2018.
O projeto consiste em pequenas intervenções passando pelo reordenamento e zoneamento dos usos até as resoluções de como estabelecer a fusão entre o pré-existente e o contemporâneo, segundo “AS arquitectura + R79 (2015).
Figura 70 | Fotos feitas antes da intervenção arquitetônica. Foto por David Cervera Catro. Organizadas por Thiago Balaniuk. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/763398/ hacienda-niop-as-arquitectura-plus-r79>.Acesso em 25 mai. 2018.
93
Master plan - anterior à intervenção
Intervenção //// AS arquitectura + R79
N Figura 71 | Fotos das ruínas da fazenda. Foto por David Cervera Catro. Disponível e m : < h t t p s : / / w w w. a r c h d a i l y . c o m . b r / br/763398/hacienda-niop-as-arquitecturaplus-r79>.Acesso em 25 mai. 2018.
Figura 72 | Planta da fazenda Niop em seu estado original. Por AS Arquitetura + R79. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/763398/hacienda-niop-as-arquitectura-plusr79/572f6bf3e58ece015100007d-niop-hacienda-as-arquitectura-r79-original-state-plan>.Acesso em 25 mai. 2018.
94
Niop - Pós intervenção
Figura 074 | Fazenda Niop foto noturna. Foto por David Cervera Catro. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/763398/hacienda-niop as-arquitecturaplus-r79>.Acesso em 25 mai. 2018.
Figura 075 | Fazenda Niop imagem interna do bar. Foto por David Cervera Catro. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/763398/hacienda-niop asarquitectura-plus-r79>.Acesso em 25 mai. 2018.
Materiais rústicos como o aço, a madeira, e o vidro são materiais presentes em toda intervenção. A arquitetura adotada não tem intenção de chamar a atenção, mas sim ressaltar a beleza da cultura exposta através de N
suas ruínas. (AS arquitectura + R79. 2015). “que humildemente inclina a cabeça e deixa que seus antepassados adquiram o reconhe-
Figura 73 | Planta da fazenda Niop após intervenção. Por AS Arquitetura + R79. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/763398/hacienda-niop-as-arquitectura-plus-r79/572f6bf3e58ece015100007d-niophacienda-as-arquitectura-r79-original-state-plan>.Acesso em 25 mai. 2018.
cimento de que envelheceram de maneira digna.”(AS arquitectura + R79. 2015).
95
Espelhos D’água
Figura 077 | Fazenda Niop imagens externas. Foto por David Cervera Catro. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/763398/hacienda-niop asarquitectura-plus-r79>.Acesso em 25 mai. 2018.
N
Figura 76 | Planta de implantação de espelhos d’água. Por AS Arquitetura + R79. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/763398/hacienda-niop-as-arquitectura-plus-r79/572f6bf3e58ece015100007d-niophacienda-as-arquitectura-r79-original-state-plan>.Acesso em 25 mai. 2018.
“ Um espelho d’água captura e celebra as paredes remanescentes de um edifício que se recusa a desaparecer. Como sua forma é resultado da geometria existente, procurouse repeti-la de maneira a costurar um diálogo dinâmico entre o uso anterior e os novos.” (AS arquitectura + R79. 2015.)
96
Setorização
5 6 8 4
7
4
8
7
4 7 3 9
2
Figura 079 | Croqui de um espelho d’água. Por Thiago Balaniuk
1
RECEPÇÃO
2
HALL 2 / BAR
3
BANHEIROS
4
CIRCULAÇÃO EXTERNA
5
ESPAÇO CONTEMPLAÇÃO
6
ÁREA DESTINADA A EVENTOS EXTERNOS
7
QUARTOS
8
LOCAL DE EVENTOS / REUNIÕES
9
CAPELA / RESTAURADA
1
6
N
Figura 78 | Planta de implantação com análise de setorização. Por AS Arquitetura + R79. Estudo realizado por Thiago Balaniuk. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/763398/hacienda-niop-as-arquitectura-plus-r79/572f6bf3e58ece015100007d-niop-hacienda-as-arquitectura-r79-original-state-plan>.Acesso em 25 mai. 2018.
97
Circulação
CIRCULAÇÃO DE AUTOMÓVEIS CIRCULAÇÃO LIVRE DE PESSOAS
Foram criados bolsões ao redor de toda fazenda, para serem utilizados como estacionamento, uma vez que toda a intervenção fora pensada para aender eventos de diversas naturezas. O acesso livre para pedestres dentro de todo o complexo deixa explícito a intenção de caminhabilidade e valorização do olhar do observador empregada no projeto.
N
Figura 081 | Implantação da fazenda Niop. Imagens: Google Earth Pro.
Figura 80 | Planta de implantação com análise de fluxos. Por AS Arquitetura + R79. Estudo realizado por Thiago Balaniuk. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/763398/hacienda-niop-as-arquitectura-plus-r79/572f6bf3e58ece015100007d-niop-hacienda-as-arquitectura-r79-original-state-plan>.Acesso em 25 mai. 2018.
98
Análise Solar
SUÍTE NUPCIAL
1
SALA
3
CHUVEIRO
2
E.GOURMET
4
W.C.
5
QUARTO
Figura 82 | Estudo de insolação na suíte nupcial. Estudo realizado por Thiago Balaniuk utilizando o software Análise realizada através do Software Analysis Sol-AR na sua versão 6.2.
Campeche está localizado no país do México , no continente da América do Norte (ou região). DMS latitude coordenadas longitude para Campeche são:
19 ° 50’16.91 “N, 90 ° 31’39.72” W .
bientes de toda implantação, constatamos que o posicionamento das áreas
Fonte: Latitude Longitude.org. Disponível em:<http://latitudelongitude.org/mx/campeche/>.Acesso em 22 mar. 2018.
Analizamos a tragetória solar na suite nupcial, um dos pricipais am-
úmidas, como; w.c. e chuveiro recebem maior contato com o sol, poupando assim as áreas comuns de maior permanência como sala e cozinha.
99 4
2
5
1
2
3
Figura 83 | Fotos interna da fazenda. Fotos por: David Cervera. Organização do painel por Thiago Balaniuk Disponível em:<www.archdaily.com.br/br/763398/hacienda-niop-as-arquitectura-plus-r79>. Acesso em 22 mar. 2018.
100
Conclusão
A
o analisarmos o projeto é visível perceber o cuidado minucioso com a preservação da cultura, da arquitetura remanescente do local e também a valorização de cada espaço pensando no olhar do observador. É nítido que a equipe de arquitetos dos escritórios AS Arquitetura e também R79 Studio tiveram o esmero de cuidar dos mínimos de-
talhes utilizando de materiais abundantes na região, facilitando a logística e mantendo o estilo de arquitetura pré-existente. A análise deste estudo de caso é importante para o objeto de pesquisa na maneira como a abordagem dos arquitetos valorizam o patrimônio pré-existente e as condições culturais, econômicas e geográficas do sítio.
A arquitetura fora trabalhada de tal forma a não se sobrepor ao espaço, e sim enaltecer o que o já existente, criando assim vários am-
bientes repletos de história e emoção estampada em cada ruína, em cada elemento revitalizado. Espaços dinâmicos, comtemporâneos que dialogam perfeitamente com todo contexto histórico da fazendo NIOP, e que também, de certa forma passaram a contribuir para o crescimento econômico, social e turístico local.
101
Figura 084 | Croqui expandido de um espelho d’água. Por Thiago Balaniuk.
102
103
Parque Colonial
/ 3C arquitetura e urbanismo
Figura 085 | Imagem da implantação do projeto urbano parque colonial na zona norte de Ijuí-RS. Por 3C Arquitetura e Urbanismo. Design por Thiago Balaniuk.
104
Ficha Técnica
Objetivo
Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado
Prefeitura Municipal de Ijuí
projeto de urbanização contempla os bairros Tancredo Neves, Colonial, XV
Ijuí, RS
de Novembro e parte do bairro Glória, da cidade de Ijuí,RS. Com a finalidade de
Área de intervenção: 651.565,00 m2
proporcionar um espaço urbano integrado que influencie positivamente na
Área de influência indireta: Zona Urbana
vida dos moradores priorizando a inclusção social, incremento de renda para
População beneficiada diretamente: 3.153 famílias
o município, melhorias habitacionais, no desenvolvimento socioeconômico,
População entorno: 6.334 famílias
cultura, saúde e educação.
População beneficiada indiretamente: 17.292 famílias
Proposta
(moradores da Zona Urbana)
3C Arquitetura e Urbanismo
O escritório de arquitetura e urbanismo 3C (2013) destaca que o
O projeto de urbanização consiste em uma proposta promovidas
pelo poder público, interesses privados e principalmente a comunidade local de maneira democrática. O mesmo propõe melhorias tanto físicas quanto
Equipe de projeto
sociais agrupadas como:
AUTORES:
Urbanização - Melhorias na infraestrutura e reestruturação de áreas degra-
Arq. Tiago Holzmann da Silva
das.
Arq. Alexandre Pereira Santos
COLABORADORES:
com acessibilidade e conectividade. Criação de galerias de esgoto e drena-
Arq. Leonardo Marques Hortencio
gem.
Arq. Aline Beatriz Cervo
Arq. Henrique Lorea Leite
tos locais afim de contribuir diretamente para emprego e renda no município.
Arq. Angélica Magrini Rigo
A proposta consiste na melhoria dos equipamentos existentes priorizando e
Econ. Maria Alice Lahorgue
visando a longo prazo a emancipação econômica da população.
Acad. Paula Bellé
Habitação social - Reloacação das famílias residentes em áreas de risco e a
Arq. Lucas Valli
construção de novas moradias. (3C arq. e urb., 2013).
Saneamento e Infraestrutura - Priorisando a construção de vias novas
Desenvolvimento econômico e social - implantação de equipamen-
3C
Arquitetura e Urbanismo A 3C Arquitetura e Urbanismo é um escritório especializado em projetos urbanísticos, pojetos de habitação de interesse social, arquitetura institucional e acompanhamento de captação de recursos. Atuando a mais de 10 anos no mercado o escritório possui sede na cidade de Porto Alegre-RS. Segundo o próprio escritório 3C, sua missão é desenvolver projetos e obras com profissionalismo, responsabilidade social e ambiental colaborando para melhorar a vida das comunidades envolvidas. Equipe: Tiago Holzmann da Silva Leonardo Damiani Poletti Leonardo Marques Hortencio Alexandre Pereira Santos Paula de Moraes Lopes
Fonte: 3C arquitetura. Disponível em:<www.3c.arq.br/3c-arquitetura-e-urbanismo> Acesso em: 23 mar.2018.
105
106
Localização O município de Ijuí, Rio Grande do Sul, faz divisa com outros dois municípios, Pelotas e Caxias do Sul. De acordo com IBGE Cidades (2010), possui uma população de 78.915 pessoas, com estimativa de 83.330 em 2017. De acordo estudos apontados pelo escritório 3C arquitetura e urbanismo, a região se desenvolve com base à economia gerada pelos seus setores de serviços e comércio.
Características Físicas Área: 689,31 Km2 Altitude Média: 400m Clima: Subtropical úmido Geomorfologia: Planalto Meridional Bioma: Mata Atlântica Hidrografia: Região Hidrográfica do Rio Uruguai Bacia Hidrográfica: do Rio Ijuí Macrozoneamento ambiental: Zona Agtrícola Figura 086 | Recorte estadual e municipal. Por 3C Arquitetura e Urbanismo. Design por Thiago Balaniuk. Disponível em:<https://issuu.com/3cau/docs/col_caderno_a3_issuu2_pq>.Acesso em 21 mar. 2018.
107
Análise
Restrições para ocupações, áreas de risco
De acordo com as análises feitas pelo escritório 3C arquitetura
e urbanismo, constata-se que no município de Ijuí, RS, a maior parte da população de baixa renda concentra-se na zona norte. O agravamento deste quadro dá-se devido a falta de emprego e renda, inadequação fundiária, ocupação de áreas de risco e áreas de proteção permanente. também nesta área se concentra a maior parcela de jovens chefes de família do município que por outro lado mesmo com todos desafios apresenta alto potencial para se tornar uma região economicamente ativa dentro do município, uma vez que paralela a esta situação social, está as princiais áreas, glebas de terras com possibilidades para expansão e valorização do solo.
Domicícilos com renda de 0 a 3 salários mínimos.
“Este quadro de crescimento rápido da região junto com a carência de intervenções de escala compatível cria, na verdade, um grande potencial para ação: com a definição de objetivos claros e a elaaboração de planos e projetos o Poder Público potencializa o crescimento como vetor de qualificação da
Figura 089 | Mapas de restrições e mapa de renda. Por 3C Arquitetura e Urbanismo. Adaptado por Thiago Balaniuk. Disponível em:<https://issuu.com/3cau/docs/col_caderno_a3_issuu2_pq>.Acesso em 21 mar. 2018.
região, criando as bases de um futuro promissor para o município e qualidade de vida para a população.” (3C arq. e urb., 2013) Figura 087 | Figura 1: Moradias em áreas de risco. Por 3C Arquitetura e Urbanismo. Disponível em:<https:// issuu.com/3cau/docs/col_caderno_a3_issuu2_pq>.Acesso em 21 mar. 2018. Figura 088 | Figura 2: Precariedade dos espaços públicos. Bairro XV de Novembro. Por 3C Arquitetura e Urbanismo. Disponível em:<https://issuu.com/3cau/docs/col_caderno_a3_issuu2_pq>.Acesso em 21 mar. 2018.
1
2
108
Planejamento Municipal
Associação Moradores
PLANO DIRETOR
Escolas
Esporte e Lazer
De acordo com o Plano Diretor Participativo (PDP - Lei N°5.630/2012),
Orgão Público Municipal
apresentado na análise urbana na fase de planejamento feita pelo escritório
Posto de Combustível
3C arquitetura e urbanismo (2013), os corredores comerciais estão totalmen-
Saúde
te definidos a partir do centro e se ramificam através das avenidas principais,
Serviços Atendimento Social
colocando a zona norte da cidade de Ijuí como prioritariamente em um regime residencial. De acordo com a proposta de um regime homogêneo a falta de conexão
Figura 091 | Equipamentos por 3C Arquitetura e Urbanismo. Adaptado por Thiago Balaniuk. Disponível em: < https://issuu.com/3cau/docs/col_caderno_a3_issuu2_pq> Acesso em: 22 mar.2018.
entre a centralidade e a zona em questão coloca o comercio dentro da zona norte de modo a não encontrar potencial para crescimento. Observa-se que o plano diretor também não assinala as mudanças drásticas quanto ao mo-
Antecedentes (PLHIS) Foram feitas análises com base no (PLHIS) Plano de Habitação de In-
delo de expansão espacial, a solução encontrada foram as operações urba-
nas que estruturam as ações de projetos especiais.
teresse Social de Ijuí, no ano de 2012 com participação do Poder Municipal, da população local juntos aos orgãos responsáveis pela inserção do município no Sistema Nacional de Habitação. Após análise foi constatado que os maiores índices de carência de equipamentos, infraestrtura, fragilidade social e menores rendas estaria localizado na região norte do município, indo de encontro com o crescimento da cidade acelerado em sua direção a cada ano.(3C arq. e urb., 2013). “ De forma geral, o problema é de urbanização, consolidação do sitema viário e dos espaços públicos, provisão geral de infraestrutura e transição dos espaços semi-rurais para urbanos realmente. Os mais pobres sofrem mas gravemente, tanto por falta de condições pessoais de construir suas moradias adequadamente, quanto por habitar espaços em que os equipamentos e serviços
Figura 090 | Zoneamento por 3C Arquitetura e Urbanismo. Disponível em: < https://issuu.com/3cau/docs/ col_caderno_a3_issuu2_pq> Acesso em: 22 mar.2018.
publicos, mesmo os essenciais como saneamento e água, ainda
109 não tem qualidade no atendimento. Mais ainda, os mais pobres são colocados para viver junto a outras famílias de baixa renda, dividindo
Proposta
as classes esconômicas entre o centro e suas perferias, diminuindo as classes econômicas entre o centro e suas periferias, diminuindo as possibilidades de mobilidade social, empregabilidade, geração de negócios e desenvolvimento cultural integrador.” (3C ARQ. E URB., 2013).
Desafios Enquanto Oportunidades
Após as análises descritas, o (PLHIS) constatou que a região norte é
atingida pelos mais graves quadros relacionados a falta de urbanização do município, no entanto a região também possui grande potencial para se desenvolver sem a necessidade do deslocamento da população para as demais regiões. Foram assim propostos novos contingentes somados a elas de maneira que o seu próprio crescimento modifique sua própria realidade quanto à exclusão socioespecial, agregando estratégias e atividades econômicas capazes de gerar renda.(3C arq. e urb., 2013). “Além disso, potencializa-se a implantação, pelas características físicas e localização, de um conjunto completo de grandes equipamentos privados de esporte, capacitação e formação de desenvolvimento econômico. Estes equipamentos podem ser atraídos pelos investimentos públicos. Preservação ambiental e infraestrutura que já são necesários para a população atual, mas que seriam ampliados ante a esta nova condição e acelerariam o desenvolvimento de todo o município ao complementar sua base econômica atual.” (3C ARQ. E URB., 2013).
TABELA 007 | Programa de necessidades. por 3C Arquitetura e Urbanismo. Disponível em: < https://issuu.com/3cau/docs/col_caderno_a3_issuu2_pq> Acesso em: 22 mar.2018.
110
3a
11
9
8 7
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7
9
6
1
8
13
3b
12
9
6
10
2
7
7
4
6 9
9
Figura 092 | Imagens e proposta de intervenção. Por 3C Arquitetura e Urbanismo. Adaptado por Thiago Balaniuk.
5
1
Parque Colonial
2
Reurbanização Tancredo Neves
3
Reurbanização Colonial (Setores 1 e 2)
4
APP Arroio Matadouro
5
Intervenção na ext. do XV de Novembro
6
Qualificação Viária
7
Saneamento
8
Parque Industrial e Tecnológico
9
Equipamentos e programas
10
Condomínio Julio Taube II
11
Loteamento Colonial
12
Quadra Nilson Brum
13
Quadra Jair João Busetto
111
Intervenções Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado
Figura 093 | Croqui da intervenção por Thiago Balaniuk.
112
Conceito
Tendo o ser humano como foco, foram propostas interven-
ções que viriam a fortelecer a convivência, potencializando os espaços de modo a favorecer as características locais, presando e levando em consideração a visão de futuro da comunidade. (3C arq. e urb., 2013). “Essa intervenção busca ser “suave” no conjunto, mas incisiva pontualmente, afastando-se das pesadas regras de desenvolvimento urbano, mas buscando mais APIOAR do que fazer diretamente, racionalizando os recursos públicos e permitindo que a comunidade paticipe no cerne das mudanças.” (3C ARQ. E URB., 2013).
Estrutura
Segundo 3C arquitetura e urbanismo, (2013), foi estipulado
quatro eixos principais, são eles: urbanização, infraestrutura e saneamento, desenvolvimento econômico e social, e habitação social. Dentro de cada eixo somam-se um conjunto de ações de recursos de intervenções responsáveis por agirem nas áreas mais críticas, sendo eles de ordem física ou política, de acordo com a precariedade e com o plano de necessidade de cada área em questão, afim de permitirem o desenvolvimento autônomo dos projetos. “Urbanização, infraestrutura e saneamento, desenvolvimento econômico social e habitação social são tratados como
113 temas correlatos, realizados por uma multidão de atores independentes, mas cuja qualidade deve ser assegurada pela gestão ativa do Poder Público Municipal orientada pelo projeto urbanístico de médio e longo prazo. (3C ARQ. E URB., 2013).
Estrutura
Com total foco nas áreas determinadas públicas da cidade
o conjunto de intervenções se orienta. O poder público reserva-se no papel de ponderar os limites impostos sobre os lotes privados sem agir diretamente sobre as propostas que estão sendo desenvolvidas. (3C arq. e urb., 2013). “A partir do esforço integrador inicial, ocorre o processo de diagnóstico > planejamento > projeto > gestão e acompanhamento que leva, do sonho incial ao acompanhamento da evolução da cidade produzida. As ferramentas e técnicas para tanto são a ênfase territorial e a mensuração da forma urbana e dos projetos realizados em indicadores agrupados em um sistema de gestão urbana democratico e transparente. O processo de escrita e leitura do grande texto da cidade torna-se mais aberto e sábio.” (3C ARQ. E URB., 2013).
Figura 094 | Projeto urbanístico proposto. Por 3C Arquitetura e Urbanismo. Disponível em: < https://issuu.com/3cau/docs/col_caderno_a3_issuu2_pq> Acesso em: 22 mar.2018.
114
Intervenção Urbana
Figura 095
Foram priorizadas as áreas de risco e especialmente onde há
ocupação de APPs. Alguns tipos de intervenções como alargamento das vias, exemplo a rua Tancredo Neves, e também a qualificação dos espaços públicos. (3C ARQ. E URB., 2013)
TABELA 008 | Linha de ação urbanização. por 3C Arquitetura e Urbanismo. Disponível em: < https://issuu.com/3cau/docs/col_caderno_a3_issuu2_pq> Acesso em: 22 mar.2018. Figura 095 | Implantação setorizada. Por 3C Arquitetura e Urbanismo. Disponível em: < https://issuu.com/3cau/docs/col_caderno_a3_issuu2_pq> Acesso em: 22 mar.2018.
Figura 096 | Esquina das ruas 13 de maio e Cassiano Ricardo: ocupação de AP, falta de infraestrutura. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
Figura 097 | Setor 1 da Reurbanização Colonial: moradias sobre APPs - nascentes. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
Figura 098 | Ponto principal de acesso ao futuro Parque Colonial. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
Figura 099 | Recuparação e consolidação da APP do arroio Matadouro. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
115
Infraestrutura e Saneamento Básico
Foi determinadas linhas de ações onde priorizou-se os sistema de
mobilidade favorencendo a circulação municipal. Atraves das análises constatou-se que a região norte possui uma forte conexão com avenidas coletoras à perimetral. Será feito o esgotamento sanitário e a drenagem por rede separadora universal para toda a área. (3C ARQ. E URB.,2013). “Complementam o conjunto os passeios públicos ee ciclovias - inesistentes na área, que permitem mobilidade nos modais “suaves” e uso mais democrático dos espaços, especialmente para crianças, idosos e pessoas com necessidades especiais.” (3C ARQ. E URB.,2013). Figura 100 | Fotomontagem: Implantação de equipamentos esportivos e de lazer no acesso ao parque na esquina das ruas 13 de maio e Cassiano Ricardo. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
TABELA 009 | Linha de ação - Infraestrutura e Saneamento. por 3C Arquitetura e Urbanismo. Disponível em: < https://issuu.com/3cau/docs/col_caderno_a3_issuu2_pq> Acesso em: 22 mar.2018.
Figura 101 |Fotomontagem: acesso ao Parque Colonial na rua 13 de maio e preservação e recuperação ambiental do Arroio Matadouro. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
Figura 102 | Construção de novos trechos de vias existentes. Exemplo: Rua Edvino S. Filho. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
Figura 103 | Qualificação viária e nova ponte sobre o Arroio Matadouro na Rua Guilherme Commandeur. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
116
Figura 104 | Recuperação de APP e obras de saneamento na rua Cassiano Ricardo. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
Figura 105 | Qualificação viária e de infraestrutura no bairro Tancredo Neves. Por 3C Arquitetura e Urbanismo. Figura 107 | Fotomontagem: Qualificação viária e recuperação ambiental na rua Karlos Walter. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
Figura 106 | Mapa de implantação - Proposta viária. Por 3C Arquitetura e Urbanismo. Disponível em: < https://issuu.com/3cau/docs/col_caderno_a3_issuu2_pq> Acesso em: 22 mar.2018.
Figura 108 | Fotomontagem: Qualificação viária e construção de nova ponte da rua Guilherme Commandeur. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
117
Desenvolvimento Econômico e Social
A estratégia é consolidada na intenção de otimizar as infraestruturas
existentes, propor a inserção de equipamentos públicos e privados, afim de
TABELA 010 | Linha de ação - Desenvolvimento Econômico e Social. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
qualificar os serviços e também ampliar a oferta de emprego, potencializando a economia local. (3C ARQ. E URB.,2013). “ Incluem-se na estratégia a implantação do Parque Tecnológico e do Parque Industrial como incentivo à pesquisa, à ciência e à tecnologia, para prover empregos e ensino localmente e contribuir para o fortalecimento da economia municipal e ampliar a importância de Ijuí para a economia regional. Parcerias com entidades consolidadas na cidade, tais como UNIJUÍ e SESC/SENAC, para criar programas de educação de jovens e adultos, contribuindo para a promoção so-
Figura 111 | ÁEquipamentos ecistentes devem ser qualificados, como a Escola Centenário. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
Figura 112 | Área destinada à Parque Industrial Bairro XV de Novembro. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
cial.” (3C ARQ. E URB.,2013).
Figura 109 | Área destinada a equipamento público. Bairro Colonial. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
Figura 110 | Área destinada à parque tecnológico Bairro Colonial Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
Figura 113 | Mapa de implantação - Equipamentos Publicos e Privados . Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
118
Habitação Social
A proposta de habitação social foi criada para atender principalmen-
te as familias de baixa renda. De acordo com a proposta a prefeitura deverá fazer investimentos em infraestrutura em padrões urbanisticos pré-estabelecidos para que haja a valorização do solo e em contra partida interesse de empreendedores na região. (3C ARQ. E URB.,2013).
Figura 114 | Fotomontagem: Implantação de equipamento comunitário no bairro Colonial. Por 3C Arquitetura e Urbanismo. TABELA 011 | Linha de ação - Parques Industrial e Técnológico. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
Figura 115 | Fotomontagem: proposta de escola profissionalizante - Parque Tecnológico. Bairro Colonial. Por 3C Arquitetura e Urbanismo. Disponível em: < https://issuu.com/3cau/docs/col_ caderno_a3_issuu2_pq> Acesso em: 22 mar.2018.
Figura 116 | Área apropriada para habitação, junto ao condomínio Júlio Taube. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
Figura 117 | Área destinada a HIS Loteamento Colonial. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
119
Figura 118 | Área destinada a HIS Quadra Nilson Brum. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
Figura 119 | Área destinada a HIS Quadra Jair João Busetto. Por 3C Arquitetura e Urbanismo. Figura 121 | Fotomontagem: Proposta de moradia multifamiliar Condomínio “Júlio Taube II”. Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
Figura 120 | Mapa de implantação - Parques Industrial e Tecnológico . Por 3C Arquitetura e Urbanismo.
Figura 122 | Fotomontagem: Proposta de moradia unifamiliar. Loteamento Colonial (rua José Amor de Amorim). Por 3C Arquitetura e Urbanismo. Disponível em: < https://issuu.com/3cau/docs/ col_caderno_a3_issuu2_pq> Acesso em: 22 mar.2018.
120
Conclusão
A
o analisarmos este estudo de caso, que se trata de um projeto urbanistico, de desenvolvimento econômico e social e também de habitação social , desenvolvido pelo escritório de Arquitetura e Urbanismo 3C e seus colaboradores, fica evidente e precisamente descrito o processo de cada análise urbana, pesquisa popular e integração comunitária.
O ser humano é pensado em primeira instância e a arquitetura e o urbanismo são os elementos chaves que proporcionam a melhoria com propostas simplificadas que resultam em um grande benefício tanto físico, econômico e social para o municipio de Ijuí. Vale ressaltarmos neste estudo de caso é o extenso processo de identificação das deficiências urbanas, e o quão importante esta identificação de problemáticas para que as estratégias mitigadoras das mesmas sejam de fato efetivas dentro do município.
121
Figura 123 | Croqui expandido da intervenção por Thiago Balaniuk.
122
123
capĂtulo 5
Figura 124 | Fotomontagem do terreno escolhido. Por Thiago Balaniuk. Imagem: Google Earth Pro.
124
PROPOSTA DE PROJETO
Este trabalho visa o desenvolvimento de um projeto de
turísticos;
um polo centralizador, de comércio de produtos que promova
III. organizar passeios e circuitos de trilhas ecológicas e de
APLs (Arranjos Produtivos Locais), de recepção e distribuição
ciclismo; estruturar os parques municipais para visitas;
de turistas, intitulado de “ESTAÇÃO TOMAZ DE MOLINA”, assim
IV. recuperação e melhoria do Centro Histórico e áreas
como a introdução de um roteiro turístico, intitulado de “TRILHOS
adjacentes; elaborar e implantar o Piano de Divulgação dos
DO CAFÉ”. O roteiro irá direcionar a população e os turistas ao
Atrativos Turísticos do Município para turistas e moradores;
centro histórico e posteriormente às fazendas de visitação e
V. criação do Centro Cultural e Turístico no pátio do Teatro e na
hospedagem.
praça da frente ao Teatro Municipal. “ (Plano Diretor do Município
Esta proposta tem como finalidade integrar a comunidade
de Mococa.titulo XI, cap.VI, p. 2006).
local no mercado do turismo, visto que as propriedades rurais, assim como o sítio histórico mocoquense, mantêm suas
Após o levantamento histórico e cultural do município,
características históricas e enxergamos nesta atividade a geração
foi utilizado o método de sondagem e entrevistas com os atuais
de renda, inclusão social, desenvolvimento econômico e fixação
prorietários das fazendas históricas, integrado com a secretaria de
da identidade cultural do município.
cultura e turismo do município de Mococa.
De acordo com o plano diretor do município, (Lei
Foram identificados os problemas relacionados à receptividade
Complementar n° 249, de 27 de dezembro de 2006, no título
dos turistas, espaço para a comercialização dos produtos advindos
XI, capítulo VI), menciona diretrizes para o desenvolvimento do
dos Arranjos Produtivos Locais, mencionados no capítulo anterior
turismo.
deste trabalho. Assim como foi identificado a falta de planejamento e mapeamento das propriedades rurais que estão inseridas no
“Art. 46 - São objetivos do Município de Mococa em relação ao turismo: I. criar um símbolo para Mococa;
mercado do turismo rural atual, tornando incapaz inclusive de as encontrarmos no mapa do município.
Esta proposta visa oferecer não somente ao turista, mas
II. incrementar o turismo rural em Mococa, o ecoturismo e o
os a toda população a oportunidade de conhecer e usufruir das
turismo para a terceira idade, com implantação de circuitos
riquezas patrimonias e naturais que o município possui.
125
Essa proposta busca ofecer um espaço destinado a cada
produtor
“Art. 3o. As edificações verticais devem respeitar o Código
comercializar seus produtos. Contará também com
de Obras do Município, a Lei de Uso e Ocupação do Solo e o
praças de alimentação, áreas de convivência e espaços para
Código Sanitário do Estado de São Paulo, devendo obedecer aos
exposições e oficinas.
seguintes critérios:
Para o roteiro turístico, a proposta será elaborar um novo
I - Para a construção de uma edificação vertical os recuos laterais
mapa com todos os polos para visitação integrado com o eixo das
deverão ser de, no mínimo, 3 (três) metros para todas as zonas e o
fazendas de hospedagem. Busca também desenvolver pequenos
frontal de, no mínimo 4 (quatro) metros para as zonas residenciais
polos receptivos em cada parada com atendimento e venda de
ZR1 e ZR2 e zona central ZC e de, no mínimo, 6 (seis) metros para
produtos locais.
as demais zonas, não se considerando as guaritas em nenhuma
Legislações
hipótese; III - Para as áreas verdes e de lazer serão destinadas no mínimo, a
Para a escolha do terreno para a implantação da “ESTAÇÃO
20% (vinte por cento) da área do terreno;
TOMAZ DE MOLINA”, foi levado em consideração, os acessos aos
“ (Código de Obras do Município, a Lei de Uso e Ocupação do
destinos estabelecidos assim como seu zoneamento de acordo
Solo e o Código Sanitário do Estado de São Paulo, 2017).
com o código de obras do município.
De acordo com a Lei complementar n. 496, de 09 de
A criação de espaços acessíveis é de primordial
Outubro de 2017.
importância para o desenvolvimento deste projeto através da
NBR 9050.
O terreno escolhido para implantação fica localizado à:
Avenida Américo Pereira Lima, 190 - Jardim Lavínia, Mococa-SP. O
mesmo possui INDICATIVO 06, Zona Residencial 4 e Corredor de
acessibilidade dentre outras atribuições quanto a acessibilidade
Nível 2. Com coeficiente de aproveitamento de 2,5. Compreende
serão levados em consideração no projeto. Para garantir a
comércio com área até 2000m2. Compreende serviços com áreas
segurança também utilizaremos da NBR 9077.
até 2000m . Gabarito de altura livre. 2
Pisos táteis, rampas de acesso, banheiros com
126
127
capĂtulo 6
Fotomontagem do terreno escolhido. Por Thiago Balaniuk. Imagem: Google Earth Pro.
128
estudos do terreno Localização O terreno escolhido para implantação fica localizado à: Avenida Américo Pereira Lima, 190 - Jardim Lavínia, Mococa-SP. O mesmo possui 9.3023m2.
N Figura 125 | Foto aérea do terreno. Imagem: Google Earth Pro. Modificada por Thiago Balaniuk.
129
Figura 126 | Foto em perspectiva do terreno. Imagem: Google Earth Pro.
Figura 128 | Foto via secundรกria e ciclo-faixa. Imagem: Google Earth Pro.
Figura 127 | Foto em perspectiva lateral do terreno. Imagem: Google Earth Pro.
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uso e ocupação
N Figura 129 | Mapa de uso e ocupação. Imagem: Google Earth Pro. Editada por Thiago Balaniuk
131
cheios e vazios
Vazios
Terreno Proposto
Cheios
Figura 130 | Mapa de cheios e vazios. Imagem: Google Earth Pro. Editada por Thiago Balaniuk
132
vazios urbanos
N Figura 131 | Mapa de vazios urbanos. Imagem: Google Earth Pro. Editada por Thiago Balaniuk
133
sentido das vias
MĂŠdia Intensidade / Coletoras
Baixa Intensidade / Locais
Figura 132 | Mapa de intensidade e sentidos das vias. Imagem: Google Earth Pro. Editada por Thiago Balaniuk
134
pontos relevantes Fatores preponderantes para a escolha do terreno foram pela sua dimensão, desuso e por se encontrar entre o sítio histórico e também a estrada que liga Mococa a Igaraí (Fazendas de Hospedagem). Radium Futebol Clube - Estádio. Postos de gasolina Escola Técnica Federal - Eletrô Praças da cidadania - Praças Públicas UPA - Unidade de Pronto Atendimento Sítio Histórico - Centro Urbano
Figura 133 | Mapa com pontos relevantes para a proposta de projeto. Imagem: Google Earth Pro. Editada por Thiago Balaniuk
135
programa de necessidades O programa de necessidades, foi desenvolvido em
flexível destinado a exposições temporárias, com instalações
conjunto com alguns proprietários das fazendas engajadas nas
permanentes de réplicas de obras do escultor mocoquense
atividades do turismo rural.
Bruno Giorgi.
Foram estabelecidos alguns eixos para a definição do programa
preliminar de necessidades da “Estação Tomaz de Molina”, que é
atelieres destinados ao desenvolvimento de cursos, workshops
ser um grande centro com múltiplas funções: comércio, formação,
e palestras, afim da capacitação da população e também gerar
estudo, produção, exposição, apresentação, encontro e laser.
renda e movimentar a economia criativa da cidade. Esses
Segundo eixo formação e capacitação reunindo oficinas,
ambientes seriam distribuídos segundo pavimento.
O primeiro eixo da tabela, atividades culturais refere-se
Terceiro eixo seria o da ADMINISTRAÇÃO, que contempla
ao auditório, acessado pelo térreo e destinado a apresentações,
toda a parte de diretoria do departamento de turismo, curadoria,
palestras, de dança, exibição de filmes, etc. Utilizando de
tesouraria, e uma enfermaria. Essas salas ficariam localizadas no
inspiração o Ibirapuera de Niemeyer, o palco é compartilhado
segundo pavimento. A copa, estar dos funcionários, também no
com o anfiteatro (proposto para apresentações ou cinema ao ar
segundo pavimento.
livre) transformando o ambiente mutável e dinâmico.
Ao térreo também compreende o comércio dos
conforto acústico e vista privilegiada para as serras cafeeiras),
produtos advindos dos APLs assim como banheiros, depósitos,
seria uma área destinada à contemplação da paisagem, leitura e
estacionamento, espaço para feira, praça de alimentação e jardins.
descanso.
Correspondente ainda ao eixo cultural, está o memorial do café
e da cidade de Mococa, localizado no primeiro pavimento. A
no centro histórico da cidade, de preferencia em áreas públicas,
proposta é o desenvolvimento de um espaço amplo, arejado,
como as praças centrais de Mococa.
No terceiro pavimento, pelos motivos de (dimensão,
Para as cabines de suporte ao turista, seriam implantados
136
prĂŠ dimensionamento
TABELA 012 | Programa de necessidades - TĂŠrreo 01 . Por Thiago Balaniuk
137
TABELA 013 | Programa de necessidades - TĂŠrreo 02 . Por Thiago Balaniuk
TABELA 014 | Programa de necessidades - Segundo Pavimento 01. Por Thiago Balaniuk
138
TABELA 015 | Programa de necessidades - Segundo Pavimento 02. Por Thiago Balaniuk
TABELA 016 | Programa de necessidades - Terceiro Pavimento. Por Thiago Balaniuk
diagrama do programa de necessidares
Figura 134 | Diagrama do programa de necessidades. Por Thiago Balaniuk
139
140
141
bibliografia
FIGURA 135 | Duplicata de mercadorias ano de 1930-31. Documento Impresso, datilografado, diversos carimbos de reconhecimento de pagamento e selo do tesouro nacional. Design por Thiago Balaniuk. Fonte: Acervo pessoal.
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144
145
anexos
Duplicata de mercadorias ano de 1930-31. Documento Impresso, datilografado, diversos carimbos de reconhecimento de pagamento e selo do tesouro nacional. Design por Thiago Balaniuk. Fonte: Acervo pessoal.
146
mapa do turismo rural atual
FIGURA 136 | Mapa do turismo rural confeccionado à mão. Autor: Luiz Augusto Brigagão Nasser.
147
flyer de divulgação
FIGURA 137 | Flyer de divulgação do turismo rural em Mococa. Disponibilizado por Luiz Augusto Brigagão Nasser.
Centro Universitário Fundação de Ensino Octávio Bastos” ARQUITETURA E URBANISMO