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ISSN 1809-466X

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CAÇÃO LI

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Ano 10 Número 51 2015 R$ 12,00 5,00

67ª REUNIÃO DA SBPC PROGRAMA PROAMAZÔNIA FESTIVAL DE PARINTINS

RAIO X DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


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Por ter sido o anfitrião do encontro anual do GCF em 2014, o governador Tião Viana foi responsável por abrir a participação dos governadores no encontro de 2015, sediado em Barcelona

investimentos em momento de crise

Criada em setembro de 1999, sob a forma de sociedade anônima de capital fechado, a Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) é uma instituição financeira não bancária, subordinada à fiscalização e à supervisão do Banco Central do Brasil, e tem como acionista controlador o Estado do Amazonas

52 Encíclica histórica sobre

ambiente e alterações climáticas Clima, biodiversidade, água, poluição do ar, energia, resíduos, tecnologia. Praticamente todos os aspectos da crise ambiental mundial estão abordados na encíclica do Papa Francisco inteiramente dedicada à proteção do planeta, divulgada recentemente pelo Vaticano

54 O Barômetro da

Biodiversidade 2009 à 2015 O conhecimento dos brasileiros sobre temas ambientais teve destaque entre os nove países participantes da pesquisa Barômetro da Biodiversidade, divulgada recentemente em Paris pela União para o BioComércio Ético (UEBT)

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DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn

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FAVOR POR

PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn CIC

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24 AFEAM: alternativas de

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Forests Task Force – GCF

PUBLICAÇÃO Período (julho/agosto) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil

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18 Governors’ Climate and

EXPEDIENTE

COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn

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Um dos mais tradicionais eventos do setor científico e tecnológico do País, este ano aconteceu na Universidade Federal de São Carlos, cidade do interior de São Paulo conhecida por suas universidades e seu perfil inovador

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06 67ª Reunião Anual da SBPC

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ARTICULISTAS/COLABORADORES Ana Gerschenfeld, Celso Freire,Edgar Segato Neto, João Guilhermr Sabino Ometto, Luciete Pedrosa,Marcos Nakagawa, Naiana, Gaby Ferraz Monteiro Santos, Silvio Crestana FOTOGRAFIAS Alexandre Vieira / Assessoria de Imprensa Boi-Bumbá Caprichoso, Andrew C. Revkin, Arquivo Oceana, Ascom/ MCTI, Ayrllys Allan, Ascom Semas, Caroline_Rocha,, Christophe Maitre, Cortesia de Dominique Adriaens/ Universidade de Gan Daniel Nardin/Secom, Divulgação/ IBGE, Divulgação/ICMBio, Doug Morton/Nasa , Fernanda Farias, Heber Dutra, Illuminati, Jardel Rodrigues/SBPC, Elizabeth Gusmão – Acervo Ascom Inpa;JPL- Caltech, Luciete Pedrosa – Ascom Inpa, Melissa Harris, Michael Porter/Universidade de Clemson, National Aquarium, Oregon State University, Patrícia Fontoura/Agência Brasil, Roberto Carlos/Secom Rudolph Hühn, UC Irvine/Yang Chen, UN Photo/Eskinder Debebe/Evan Schneider/Rick Bajornas EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro NOSSA CAPA “Cidade e Jardim” - Conceito espaço verde no centro das cidades e perto de locais de oficinas – para aprender a viver em harmonia com o meio ambiente. Projeto da marca BMW. Dentro do Barômetro da Biodiversidade, da União para o BioComércio Ético (UEBT). Foto: Ellis Navarro

60 50º Festival Folclórico de Parintins

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66X ISSN 1809-4

Ano 10 Número 51 2015

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[15] Drones: novo caminho para a conservação ambiental [16] I Simpósio do programa ProAmazônia [23] América Latina se prepara para a Conferência da ONU sobre Mudança do Clima em Paris [26] 6º Fórum Mundial de Meio Ambiente [30] PNUMA: Principal desafio das novas metas da ONU será tirar 1 bilhão de pessoas da extrema pobreza [32] Lições dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio são “trampolim” para a futura agenda da ONU [36] IDS 2015 do IBGE faz raio X do desenvolvimento sustentável do país nos últimos anos [42] Cúpula do Clima das Américas [46] ECOSOC e HLPF – Fóruns de Alto Nível Político sobre o Desenvolvimento Sustentável e Político da ONU [49] 9º Encontro de Jornalistas Fundação Banco do Brasil [56] Investir na recuperação de solos é conservar reservas de água potável [57] O novo acordo do clima e os desafios para o Brasil [58] El Niño mais forte aumenta risco de queimadas no leste da Amazônia [67] A PME mais sustentável e a ética [70] Maiores aquíferos do planeta estão sob ameaça de esgotamento

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67 PROGRA ª REUNIÃO DA M SBPC FEST A PROAMA

ZÔNIA IVAL DESENV OLVIMEN DE PARINTIN S TO SUST ENTÁVE L REVISTA AMAZÔN

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O boi Garantido, iniciou o desfile com um show de luzes, muito vermelho, músicas e danças. Tudo com foco nas tradições da Amazônia e na vida dos povos da floresta. Com o tema “Vida”, o bumbá apresentou o espetáculo “Criação e Celebração da Vida”

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67ª ReUnião AnUAl dA SBPC SoCiedAde BRASileiRA PARA o PRogReSSo dA CiênCiA Fotos: Ascom/MCTI, Caroline Rocha, Fernanda Farias, Heber Dutra, Jardel Rodrigues/SBPC

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m dos mais tradicionais eventos do setor científico e tecnológico do País, este ano aconteceu na Universidade Federal de São Carlos, cidade do interior de São Paulo conhecida por suas universidades e seu perfil inovador. Com o tema “Luz, Ciência e Ação” em alusão à definição da organização das Nações Unidas (ONU), que elegeu o ano de 2015 como o Ano Internacional da Luz. O objetivo da reunião foi a discussão de temas e a solução de problemas relacionados à luz, como o desenvolvimento sustentável e a promoção de soluções aos desafios globais nas áreas de energia, educação, agricultura e saúde.

No total, foram 241 atividades com pesquisadores e gestores de instituições de Ciência e Tecnologia (C&T) do Brasil e de outros países. As atividades foram divididas em 92 conferências, 62 mesas redondas, 52 minicursos, 14 sessões especiais, 11 simpósios, 6 assembleias e 4 encontros. Além da ExpoT&C, a SBPC Jovem, Indígena, Cultural e de Inovação. A Reunião celebrou, ainda, os 30 anos de criação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Na solenidade de abertura da 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), estiveram presentes os ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, da Educação, Renato Janine Ribeiro, além de autoridades da SBPC, pesquisadores, diretores da UFSCar, autoridades locais, estaduais e federais. Cerca de 1200 pessoas prestigiaram a abertura oficial da 67ª RA da SBPC.

Abrindo a noite, a secretária-geral da SBPC e coordenadora geral da reunião, Regina Pekelman Markus, destacou a importância do evento de promover as novidades e aguçar a curiosidade das pessoas. “As reuniões anuais da SBPC são sempre inovadoras”, comentou. Como destacou Markus, a SBPC, fundada em julho de 1948, chega aos 67 anos consolidada como uma defensora e difusora da ciência brasileira. Aldo Rebelo, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, lembrou que nesse ano o MCTI celebra os 30 anos de sua criação durante a 67ª. Reunião Anual da SBPC. “O Ministério nasceu com a vocação de liderar o esforço nacional de promoção da ciência e da tecnologia e, mais recentemente, também da inovação. Passou por altos e baixos nesses últimos anos, conheceu uma evolução significativa, mas também a perda de recursos e orçamentos”, disse. Mesa oficial na abertura da 67ª Reunião Anual da SBPC no Bazuah Centro de eventos em São Carlos (SP), maior evento científico da América latina

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na cerimônia de abertura da 67ª Reunião Anual da SBPC

Rebelo falou que o MCTI começa a retomar alguns compromissos, que já foram firmados, inclusive, pela presidente Dilma Rousseff. “A presidente me assegurou que dará prioridade à ciência e à pesquisa na regulamentação dos 50% restantes do fundo social do Pré-Sal”. Os 50% regulamentados haviam ficado apenas para educação e saúde, e a ciência ficou de fora do fundo. Ele falou também sobre a recomposição dos Fundos Setoriais, do Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia, que perderam os recursos do petróleo e não receberam os recursos do Pré-Sal. “Faremos a retirada de duas despesas, que são necessárias, mas que não são diretamente relacionadas com a finalidade do fundo”. Uma delas são as bolsas de graduação, pagas pelo CNPq, que saem do orçamento do Ministério e são repassadas ao MEC. “Nós vamos ficar apenas com pós-graduação e pesquisa”, disse. O ministro ressaltou o apoio da SBPC nesse processo, “não apenas o apoio insitutucional, mas também a luz de ilustres integrantes que compõem a equipe do MCTI. “A SBPC não representa apenas os interesses ou os objetivos dos pesquisadores dos cientistas no Brasil, ela representa todo o conjunto do sistema de ciência, pesquisa e inovação na sociedade. É uma instituição que consolidou sua imagem pela seriedade e representatividade”, destacou. Rebelo acrescentou que a SBPC tornou-se porta voz das aspirações e anseios da comunidade de cientistas e pesquisadores do Brasil e que é uma organização que atua

fortemente para levar as reivindicações da Ciência e a defendê-las junto à sociedade e junto ao governo. Em seu discurso, a presidente da SBPC, Helena Nader, que acaba de ser reeleita, ressaltou as conquistas da ciência brasileira no último ano. Ela destacou a emenda constitucional 85, que altera e adiciona dispositivos na Constituição Federal para atualizar o tratamento das atividades da Ciência, Tecnologia e Inovação, cuja participação da SBPC foi chave: “A SBPC, em nome da comunidade científica, esteve presente em todos os momentos de discussão e encaminhamento da PEC. Um fato a ser destacado foi a nossa luta e persistência para que fosse mantida no texto constitucional o termo “pesquisa básica”, observou. Para Nader, é necessário garantir o financiamento à educação, ciência e tecnologia, que deve contar com recursos provenientes da exploração do petróleo e do pré-sal. “Continuamos a reiterar que 50% do fundo social sejam destinados à ciência e tecnologia, lembrando que a nova legislação tornou a receita do CT-Petro nula”. A presidente da SBPC, Helena Nader, reforçou o papel da comunidade científica para o aperfeiçoamento da Emenda Constitucional 85. “A SBPC, em nome da comunidade científica, esteve presente em todos os momentos de discussão e encaminhamento da PEC. Um fato a ser destacado foi a nossa luta e persistência para que fosse mantido no texto constitucional o termo ‘pesquisa básica’”, destacou. Durante a cerimônia, foi entregue o Prêmio José Reis

o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo na abertura da 67ª SBPC. “A presidenta da República me assegurou que dará prioridade à ciência e à pesquisa na regulamentação dos 50% restantes do Fundo Social do Pré-Sal”

o ministro da educação, Renato Janine Ribeiro, lembrou que há 15 anos, em 1998, presidiu a Comissão de Programação Científica da Reunião Anual da SBPC, em Natal

Helena nader, presidente da SBPC durante a abertura da 67ª RA da SBPC, alertou sobre os problemas que vêm ocorrendo no financiamento à educação, ciência e tecnologia no Brasil

Para Paulo Altomani, prefeito de São Carlos, a realização do maior evento científico da América Latina contribui para que a cidade seja atrativa para novos investimentos revistaamazonia.com.br

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A pesquisa foi realizada em todas Ministro Aldo Rebelo divulgou as regiões do Brasil, entre os dias 22 resultado de pesquisa sobre a percepção pública de C&T no Brasil de dezembro de 2014 e 16 de março de 2015. De acordo com a pesquisa, 73% dos brasileiros acreditam que ciência e tecnologia trazem mais benefícios do que malefícios para a humanidade. Dos 1.962 entrevistados, 61% afirmaram ter interesse quando o assunto é Ciência e Tecnologia (C&T). Os dados são positivos, principalmente quando comparados com a União Europeia, onde apenas 53% dos entrevistas em pesquisa semelhante disseram que se interessam por C&T. “O objetivo da pesquisa é orientar o posicionamento, iniciativas envolvendo políticas públicas e a própria atitude de um governo capaz de liderar a sociedade na valorização institucional, social, cultural e orçamentária da Ciência e da pesquisa no Brasil”, afirmou o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, na apresentação dos resultados. Para ele, a pesquisa apontou que há grande expectativa por parte da população em relação à Ciência, como também há graves deformações, principalmente quando se trata do nível de informação acerca das ações e iniciativas na área. “Precisamos valorizar os dados apontados por essa pesquisa e corrigir as deficiências”, complementou. No total, os entrevistados responderam a 105 perguntas. Dos resultados vale destacar que: 54% acreditam que a Ciência traz mais benefícios que malefícios para a Humanidade; 50% veem os cientistas como pessoas inteligentes que fazem coisas úteis à Humanidade; a TV é o veículo por meio do qual as pessoas mais se informam sobre C&T; e 78% opinaram que os investimentos em C&T devem aumentar. Um dado relativamente positivo é que 12% dos entrevistados disseram ter visitado museus de Ciência e Tecnologia nos últimos 12 meses, porcentagem que era de 4% em 2006 e 8% em 2012. Porém, o interesse por C&T ainda não significa que os brasileiros conheçam os pesquisadores e instituições responsáveis pela produção de conhecimento. Apenas 13% dos participantes da pesquisa disseram conhecer alguma instituição de pesquisa e 93% não lembram do nome de nenhum cientista. Para o presidente da Academia Brasileira de Ciência, Jacob Palis, a difusão científica deve passar também pela criação de celebridades. Ele citou como exemplo o cientista Artur Ávila, 37 anos, o primeiro matemático do hemisfério sul, formado no hemisfério sul, a ganhar a medalha Fields, considerada o Prêmio Nobel de Matemática. “Temos que pôr o foco nele. Se não tivermos heróis, fica difícil. A sociedade está muito distraída, precisa de referências“, salientou. A presidente da SBPC, Helena Nader, concorda. Para ela, assim como os ídolos do esporte motivam novos atletas, na área científica precisa acontecer o mesmo. “Se a gente conseguir romper essa barreira, os jovens podem querer ser cientistas e professores“, avaliou. A pesquisadora Ana Carolina Zeri, do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), explica, em um dos estandes da Expo C&T, sobre as aplicações da luz na ciência – uma das principais atrações da reunião de São Carlos. Ela trabalha com ressonância magnética nuclear, técnica usada para determinar a estrutura de moléculas e que tem aplicações. Ela acredita que além de despertar a vontade de ser cientista, a proximidade com a ciência ajuda a formar o pensamento crítico e a fazer boas escolhas

de Divulgação Científica e Tecnológica. A vencedora desta edição foi a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A instituição é conhecida por ter a comunicação como área estratégica e mantém uma série de ações voltadas para a democratização da informação e do conhecimento na área da saúde, com a manutenção de canais de comunicação nas mais diversas formas: impressos, eletrônicos e digitais. Em seu discurso, o ministro da Educação, Renato Janine, fez um panorama das políticas públicas de inclusão social por meio de educação, ciência e tecnologia. “É difícil pensar em mudanças grandes no Brasil sem esses três pilares. Nos últimos 12 anos, o Brasil avançou muito. Elevamos o número de estudantes matriculados em 08 REVISTA AMAZÔNIA

universidades de 3 milhões para 7,5 milhões, sem cair a qualidade”, avaliou. “A inclusão social entrou na agenda política brasileira, isso mostra que estamos no caminho correto.” O secretário de Educação do Estado de São Paulo, Herman Jacobus, que representou governador Geraldo Alckmin, destacou que as universidades, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/ MCTI), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) e as fundações estaduais de amparo à pesquisa (FAPs) têm um importante papel na “evolução significativa da representatividade do Brasil no sistema acadêmico mundial e na geração do conhecimento”.

67ª SBPC O reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Targino de Araújo, ressaltou que a 67ª SBPC vai tratar de temas cruciais para o desenvolvimento brasileiro. “Teremos a honra de sediar a segunda edição da SBPC Indígena e isso nos dá a certeza de que tomamos a decisão acertada quando, em 2007, criamos vagas adicionais em cada um dos nossos cursos para os estudantes indígenas”, disse Araújo, que também é presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). “Teremos também a SBPC Inovação, com uma programação que nos oferecerá uma revistaamazonia.com.br


o presidente da Financiadora de estudos e Projetos (Finep/MCTi), luis Fernandes, disse ao apresentar os dispêndios brasileiros na área: “A ciência e a tecnologia estão no coração da geração de riqueza e agregação de valor”

o diretor do inpa/MCTi, luiz Renato França, e o general Theóphilo gaspar, do Comando Militar da Amazônia (CMA), apresentaram o Programa Pro Amazônia que visa desenvolver as pesquisas em lugares mais remotos da Amazônia e proteger os seus recursos naturais

Aldo Rebelo, visitou o estande do instituto nacional de Pesquisas da Amazônia (inpa/MCTi)

verá palestras para debater os desafios na inovação e a recomposição do FNDCT, entre outros assuntos. Integraram a mesa oficial: O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, o ministro da Educação, Renato Janine, a presidenta da SBPC, Helena Nader, o reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Targino de Araújo, os presidentes do CNPq, Hernan Chaimovich; da Finep, Luis Fernandes; da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis; do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Sergio Gargioni; da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Newton Lima; o diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique Cruz; o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha do Brasil, almirante-de-esquadra Sergio Santos; os secretários executivos do MCTI, Emília Ribeiro, e do MEC, Luiz Cláudio Costa;

Ministro Aldo Rebelo, do MCTi, e luis Fernandes, presidente da Finep, na inauguração da expoT&C

o vice-reitor da UFSCar e coordenador da comissão executiva local, Adilson de Oliveira; o deputado federal Sibá Machado (PT-AC); e o presidente de honra da SBPC, Sérgio Mascarenhas. Durante a cerimônia, várias homenagens foram realizadas a figuras marcantes para a Ciência brasileira. O

Carlos Alfredo Joly, coordenador do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (Biota), da Fapesp, apresentou um panorama da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (Ipbes)

oportunidade ímpar de avançarmos nessa importantíssima temática para o desenvolvimento do país.” A SBPC Inovação terá treze atividades que discutirão temas como políticas e incentivos à inovação tecnológica nas instituições de ciência e tecnologia. A mesa-redonda reunirá os presidentes do CNPq, Hernan Chaimovich; da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI), Luis Fernandes; da Capes, Carlos Nobre; e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Celso Lafer. Saiba mais. A presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduando (ANPG), Tamara Naiz, aproveitou a participação na cerimônia de abertura para convidar o público a participar do 4º Salão Nacional de Divulgação Científica, que integra as atividades da 67ª SBPC. Com a temática “Financiamento da ciência no Brasil”, o evento promorevistaamazonia.com.br

Para o professor Ricardo Ribeiro Rodrigues da eSAlQ-USP, A coexistência harmoniosa entre áreas agrícolas e de vegetação nativa não é uma possibilidade, mas uma necessidade durante a mesa redonda “Acesso, qualidade e permanência: novas políticas para educação Básica”

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no debate “o papel e as perspectivas dos Brics no mundo contemporâneo”, segundo o economista José Eduardo Cassiolato, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em sistema de tecnologia e inovação, competitividade e indústria, esse bloco hoje, representa uma janela de oportunidades para a sociedade global

primeiro homenageado foi Luiz Hildebrando Pereira da Silva, um dos mais respeitados especialistas em doenças tropicais do mundo. Outro homenageado foi Leopoldo de Meis, pesquisador que, além de contribuições importantes na sua área principal de atuação, a Bioquímica, também foi referência nas áreas de Sociologia da Ciência, Educação Científica e Cienciometria. Ambos falecidos no final de 2014. Por fim, foi homenageado o professor, pesquisador e historiador Mário Tolentino, um dos maiores educadores de São Carlos, inicialmente na Educação Básica e, depois, na UFSCar. Na Mesa-redonda no primeiro dia de atividades que reuniu a Academia Brasileira da Ciência, Conselho Nacional de Educação e Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores para discutir ensino e inovação no Brasil, Jorge Luiz Audy, vice-presidente da ANPROTEC (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), o desenvolvimento do País é ainda sustentado com a exploração da matéria ao invés do conhecimento. “Estamos muito distantes de transformar conhecimento em riqueza, em valor agregado à sociedade”, disse. Para o físico Luiz Davidovich a pesquisa no Brasil evoluiu a começar pelo número de doutores formados por ano – 15 mil –, juntamente ao aumento do número de artigos em publicações internacionais, e a consequente elevação no fator de impacto. O professor ressaltou ainda os 18 milhões de estudantes inscritos nas Olimpíadas de Matemática, além do matemático brasileiro, Artur Ávila, o primeiro a ser laureado com a medalha Fields. Da mesma forma que tivemos progresso, especialmente na última década, Davidovich observa que os gastos anuais o presidente da Capes, Carlos nobre, na mesaredonda sobre agências de fomento e o desafio da inovação

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do País por estudante é ainda menos que o do México e do Chile. Porém, outro dado que merece atenção são as matrículas em cursos presenciais, que cresceram 75% entre 2002 e 2011, ao passo que os cursos de Ensino a Distância (EAD) inflaram 2800% no mesmo período. “O processo de expansão do ensino superior brasileiro gera três grandes restrições: territorial, de áreas de conhecimento e institucional”, comentou. Para ele, tais restrições comprometem a qualidade da pesquisa , pois afetam diretamente o processo inovativo, que, no Brasil, permanece dependente da universidade.

Educação Superior, pesquisa básica e política industrial Nessa mesa-redonda, os palestrantes apresentaram dados sobre o Ensino Superior no Brasil que interferem na consolidação da inovação no País, apresentando exemplo de Palestrantes apontam entraves e soluções para a inovação no âmbito do ensino Superior

países bem sucedidos nos rankings do Ensino Superior – incluindo nações da Europa e, também, China e Estados Unidos. Uma das alternativas é a flexibilização dos currículos, combinando cursos de graduação de diferentes durações, a inserção de mais disciplinas eletivas, dentre outras diretrizes que, segundo Luiz Davidovich, docente do Inso presidente da Fapesp, Celso lafer, na mesaredonda sobre agências de fomento e o desafio da inovação

tituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estão registradas integralmente nos documentos da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Para Jorge Luis Nicolas Audy, Vice-Presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreedimentos Inovadores (Anprotec), quando o assunto é inovação, ainda é preciso evoluir muito. “O nosso desenvolvimento é sustentado com a exploração de matéria prima e não com o conhecimento. Estamos distantes de transformar conhecimento em valor agregado, em riqueza”, sintetizou. Para Luiz Roberto Liza Curi, do Conselho Nacional de Educação (CNE), “Apenas 3% dos doutores no Brasil estão na indústria. Os demais estão na universidade, regidos por estruturas de avaliações, periódicas e obrigatórias”. “Com tantas avaliações, as instituições se ajustam aos requisitos mínimos para manter a expansão do Ensino Superior. Daí a baixa produtividade dessas IES”, afirmou. E complementou: “No Brasil, 68% das IES são privadas. Elas deveriam investir mais em inovação. Falta uma política que estabeleça isso como agenda compulsória”. Davidovich apontou o conservadorismo das corporações como um dos principais entraves às mudanças, especialmente de gestores e docentes. “As IES devem colocar sua tradição e qualidade a serviço da renovação necessária para atender a sua terceira missão, que é a atuação no desenvolvimento econômico e social”, afirmou Audy.

Internet como Direito Fundamental O acesso à Internet como exercício da cidadania foi o tema dessa mesa redonda coordenada pelo professor Nelson Pretto, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Marcelo Saldanha, do Instituto Bem Estar Brasil, enfatizou a importância das políticas públicas na ampliação do acesso à Internet no Brasil e a importância de projetos feitos colaborativamente, como os telecentros, os pon-

debate analisou o quadro atual da internet no Brasil, em que 96% do acesso está a cargo de três operadoras o presidente do CnPq, Hernan Chaimovich e o desafio da inovação

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Helena nader apresenta perspectiva brasileira de como as sociedades científicas podem influenciar políticas públicas, junto a Tom Wang, diretor de relações internacionais da AAAS e Luc van Dyck, conselheiro de políticas públicas da Euroscience

tos de cultura, as rádios e televisões comunitárias com transmissão online e a formação de redes de compartilhamento de acesso. O papel das empresas privadas também foi debatido, principalmente em um quadro em que o atual mercado brasileiro é concentrado em três operadoras que controlam 96% do acesso.

“Instalações Nucleares:

Riscos e desenvolvimento no cenário atual do Brasil” Segundo o Capitão da Marinha do Brasil Leonardo Amorim do Amaral que ministrou essa conferência, é importante o Brasil planejar novas estratégicas energéticas debatendo instalação de usinas nucleares

para atender a demanda e possibilitar preços mais acessíveis. Atualmente, cerca de 73,5% da energia elétrica é proveniente das usinas hidroelétricas. “Até 2060 teremos mais de 250 milhões de habitantes e o esgotamento do potencial hídrico. Com o aumento da demanda e a necessidade de crescimento do País, é necessário aumentar significativamente a oferta de energia elétrica”, defendeu. Além disso, também é importante diversificar as fontes energéticas e pensar em opções que diminuem a utilização dos combustíveis fósseis e a emissão de gás carbônico. Amaral acredita que o investimento em energia nuclear pode ampliar a participação do Brasil no cenário internacional, pois o País está comprometido com o uso pacifico da energia nuclear e conta com a terceira maior reserva mundial de urânio. Na opinião de Amaral, o aumento da utilização de energia nuclear pode também incentivar o desenvolvimento de outras áreas que utilizam materiais radioativos, como as ciências médicas e a indústria. Para finalizar, Amaral defendeu que, diante dos protocolos de minimização de acidentes e da preparação de profissionais qualificados para aplicar os protocolos revistaamazonia.com.br

de segurança, a energia nuclear pode complementar a oferta energética e atender a demanda diante das perspectivas de aumento no consumo e da importância da energia elétrica em projetos de desenvolvimento do País.

balhar para se tornar um país industrializado e caminhar para ser um país de serviços parece ser falso. Para Oliveira, há uma tendência clara, em todo o mundo, de que a combinação de indústria e serviços é o caminho para ofertar maior qualidade à população em todo o mundo. Segundo ele, vivemos na era do PSS (Product Servive System), um novo conceito de negócio que combina desempenho e sustentabilidade. Ele citou o Uber, aplicativo que oferece um serviço semelhante ao táxi tradicional, como um dos exemplos mais recentes de PSS. “Na estratégia da Embrapii, não há limitações para participação, o importante é o projeto e o que podemos aprender em conjunto. Estamos desenvolvendo um

“O dilema entre manufatura e serviços. Economia circular e novos modelos de negócios” Nessa conferência, João Fernando Gomes de Oliveira, presidente da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, afirmou que o dilema entre tra-

Acho que a iniciação científica cria um diferencial de motivação no aluno que nunca mais sai da cabeça dele o diretor do laboratório nacional de nanotecnologia (lnnano), Fernando galembeck, na Mesa-redonda sobre a Assembleia geral da União internacional de Química Pura e Aplicada

Adalberto luís Val, pesquisador do inpa/MCTi, mostrou que as mudanças climáticas podem causar a diminuição de peixes amazônicos, como o tambaqui e o pirarucu, gerando impacto negativo na economia da região

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robô submarino para a British Gas para minimizar riscos de vazamentos na camada de pré-sal. Esse é um dos maiores projetos do Sistema Embapii e um bom exemplo porque pode trazer desenvolvimento para muitas outras empresas no Brasil”, destacou. Para Oliveira, as universidades precisam repensar o modelo de ensino, que acaba desestimulando o aluno, muitas vezes, a aguçar sua curiosidade e ousar em projetos de pesquisa. “Nas universidades, os maiores índices de qualidade estão nos alunos de iniciação científica, porque eles têm um método de aprendizado, que é mão na massa, tudo isso no automático, sem ter que negociar com ninguém. Acho que a iniciação científica cria um diferencial de motivação no aluno que nunca mais sai da cabeça dele”, completou.

Finep celebra a luz e a inovação A Finep esteve presente com um estande conceitual, na ExpoT&C, feira que acontece paralelamente ao evento. O estande ofereceu aos visitantes seções “Curta a Luz”, com exibição de filmes que remontam às origens da luz e sua contribuição para a comunicação, as artes e a ciência. Um dos destaques foi o curta-metragem sobre o Sirius, Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, que conta com financiamento da Finep para a instalação de uma fonte de 4ª geração. Longas-metragens reconhecidos por sua fotografia e qualidade nos contrastes de luz e imagem também foram apresentados: os celebrados documentários do diretor alemão Wim Wenders: O Sal da Terra e Pina. O primeiro, sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado e o segundo sobre a arte da coreógrafa e bailarina alemã, Pina Bausch.

o bolsista da AeB Pedro nehme fala sobre o Sistema espacial para Realização de Pesquisa e experimentos com nanossatélites (Serpens) Finep celebrou a luz e a inovação com estande conceitual. estande da Finep transformado em uma sala de projeções

O Amazonas na SBPC “Socializando Saberes: a história do Amazonas através das toadas de boi-bumbá” e “Enamorados pela Vida: cantando e dançando contra as drogas”, foram os dois projetos da Escola Municipal Deputado Ulysses Guimarães, localizada na zona Norte, que representaram o Amazonas na 67ª Reunião Anual da SBPC. Ambos os projetos da escola municipal são financiados pelo Programa Ciência na Escola (PCE), da Fundação de Amparo

o protótipo do Água Box exposto no estande do inpa, com o tema Água e luz: purificador de água via energia solar, na expoT&C

Socializando Saberes

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Capes na expoT&C

à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). O programa consiste em apoiar, com recursos financeiros e bolsas, estudantes do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental que participem no desenvolvimento de projetos de pesquisas de escolas públicas.

INPA O Inpa participou de várias atividades, entre elas a conferência de Apresentação do Programa ProAmazônia, pelo diretor do Inpa, Luiz Renato de França, e a coordenação do Comandante do Comando Militar da Amazônia (CMA), o general Theóphilo Gaspar. Na programação científica: as conferências “Os efeitos das Mudanças Climáticas na Biota Aquática e Terrestre”, com o pesquisador Adalberto Luiz Val; e a “Evolução da enzima lactato desidrogenase”, com a pesquisadora Vera Val; e a palestra “Água e Serviços Ambientais”, com o pesquisador Philip Fearnside. Para o coordenador de Extensão (COEX) do Inpa, o pesquisador Carlos Roberto Bueno, a Reunião do SBPC, fortalece os laços entre as instituições de ensino, pesquisa e inovação do Brasil e contribui para o desenvolvimento dos trabalhos na Amazônia. “É uma oportunidade de divulgar as principais pesquisas na linha de biodiversidade amazônicas e biotecnologia e atrair os jovens para participarem ativamente da ciência no país”, disse Bueno.

Reunião Anual da SBPC em São Carlos supera as expectativas Surpreendente e supera as melhores expectativas. “O que vemos, aqui, são salas lotadas por um público constituído, sobretudo, por professores, pesquisadores e estudantes, que assistem e participam de apresentações e debates sobre educação, ciência, tecnologia e inovação, apesar de estarmos em período de férias”, comemora Nader. Para a presidente da SBPC, o encontro que diariamente, entre os dias 12 e 18 de julho, promoveu dezenas de sessões paralelas, com palestras, mesas redondas, seminários e minicursos, surpreendeu também pelo elevado nível dos debates entre os cientistas e pesquisadores que se dispuseram a vir de todo o País para falar de seus prorevistaamazonia.com.br

jetos e especialidades ao público reunido em São Carlos. “Além das sessões mais voltadas para a pesquisa e o desenvolvimento de ponta, do que se faz de mais avançado no Brasil em todas as áreas do conhecimento, contamos também com a presença de dois ministros, o da Ciên-

29 atividades foram oferecidas com propostas inovadoras, educacionais e culturais. Entre elas: exposições interativas, jogos e apresentações de protótipos de veículos aerodinâmicos e de construções civis, oficina robótica, palestras sobre nutrição, e ainda centros de ciência itinerantes

Tecnologias disponíveis para jovens influenciam os alunos a buscar novas formas de ajudar a sociedade com inovações para as áreas de saúde e de educação no pavilhão de exposição da expoT&C

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cia, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, e da Educação, Renato Janine Ribeiro, que desde o dia da abertura do evento, participaram de diversos debates e encontros,” salientou Helena. Além dos ministros, participam da Reunião Anual os dirigentes das principais agências de fomento à ciência e tecnologia do País, como os presidentes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Capes (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo), e outras. Nader comenta que “é uma oportunidade única para que estes dirigentes pos-

etnias indígenas do Amazonas, como os Marubo e os Kambeba na SBPC indígena representou uma oportunidade muito grande para disseminar a cultura de povos que são esquecidos ou pouco conhecidos

Mesa-redonda que discutiu parceria entre setores público e privado para atender demandas tecnológicas

o conferencista José galizia Tundisi, pesquisador do instituto internacional de ecologia (iee), falou sobre o tema Recursos hídricos: caminhos para o futuro

sam prestar contas à sociedade sobre os investimentos públicos em educação, ciência, tecnologia e inovação, que sabemos, apesar do momento de crise, são fundamentais para garantir um futuro melhor para a sociedade brasileira”.

Destaques Alguns debates foram destacados por Helena, como a cerimônia em comemoração aos 30 anos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que contou com a presença de quatro ex-ministros, além de mensagens enviadas por todos os outros que não puderam comparecer. “Estas três décadas de existência do MCTI estão diretamente associadas a um crescimento vertiginoso da produção científica nacional. Tenho certeza de que foi uma decisão acertada do governo, que acatou sugestão da comunidade científica na época, quando o professor Crodowaldo Pavan era presidente da SBPC.” A presidente Helena também salientou algumas sessões que atraíram grande público como mesas sobre educação superior e políticas públicas; o papel da universidade no sistema nacional de inovação; o movimento indígena e o contexto político atual; nanomateriais e nanomedicina; buracos negros; a emenda constitucional 85, que vai propiciar maior interação entre universidades e empresas, entre outras. “É uma grande diversidade de temas que oferecem um debate riquíssimo. Também é interessante observar a capacidade de participação e contribuição que está sendo demonstrada pelo público 14 REVISTA AMAZÔNIA

nas plateias, sobretudo jovens estudantes, que nem mesmo em sessões ministradas em inglês, como a que realizamos com representantes de sociedades científicas coirmãs da SBPC, dos EUA e da Europa, deixaram de fazer comentários e perguntas”, comentou Helena. Outro ponto a destacar foi a participação do público nas mostras e exibições que integram a SBPC, como a ExpoT&C, as SBPC Jovem e Mirim, Indígena, e Cultural. É emocionante toda essa possibilidade de mostrar ao público jovem o que o nosso País produz em ciência, tecnologia e inovação, e abrir em suas mentes o interesse pelo conhecimento”. A Expotec abrigou, em uma tenda de seis mil metros quadrados, estandes de instituições de pesquisa de todo o Brasil. Elas mostraram produtos e processos inovadores, resultado de seus projetos de pesquisa. O Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação ocupou boa parte da área da Expotec com uma exposição interativa sobre a luz.

A SBPC Jovem, instalada em 2.800 metros quadrados, reuniu experimentos científicos, jogos e oficinas, apresentados por universidades e institutos de pesquisa de vários locais do país. A sessão de encerramento aconteceu no Teatro Florestan Fernandes, da Ufscar, onde a presidente da SBPC, Helena Nader, destacou a qualidade da plateia de estudantes e pesquisadores presentes, além da participação ativa dos institutos de pesquisa. Durante os seis dias, foram realizadas 186 atividades, 74 mesas redondas, 60 conferências, 52 minicursos, 14 sessões plenárias, 11 simpósios, 6 assembleias e 4 encontros. Na solenidade, também foram divulgadas as próximas cidades que sediarão o evento. As 68ª e 69ª reuniões anuais estão marcadas para a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), em Porto Seguro (BA), em 2016 e para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, em 2017.

Mesa-redonda que discutiu parceria entre setores público e privado para atender demandas tecnológicas revistaamazonia.com.br


Drones: novo caminho para a conservação ambiental Fotos: Divulgação/ ICMBio, Ayrllys Allan

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om capacidade de coletar dados e imagens de alta resolução, a tecnologia dos Veículos Aéreos Não Tripulados (os Vant’s, popularmente conhecidos como drones), pode ser uma ferramenta de trabalho para organizações que cuidam do meio ambiente. Os desafios são muitos, especialmente de natureza legal, mas a necessidade de inovações que contribuam para a proteção e monitoramento dos animais e das florestas motivou o WWF-Brasil, juntamente com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e outros parceiros, a iniciar o Projeto Ecodrones Brasil. O Projeto Ecodrones Brasil, lançado no dia que se celebrava o dia da Proteção das Florestas, tem a intenção de otimizar a conservação, não apenas do ponto de vista técnico como também econômico, já que as ações necessárias para a proteção dos recursos naturais requerem, na maioria das vezes, bastante tempo e dinheiro (Assista ao vídeo, que explica como os drones podem ser usados para aperfeiçoar a gestão, a vigilância e o monitoramento dos recursos naturais do nosso País). Segundo o especialista do Programa Amazônia do WWF-Brasil, Marcelo Oliveira, o potencial de uso desses equipamentos na esfera ambiental é enorme. Ele contou que os ecodrones trazem oportunidades inovadoras para o mapeamento de áreas protegidas, monitoramento da biodiversidade, combate a incêndios florestais, caça e exploração dos recursos naturais, bem como na coleta de dados científicos. O diretor de Criação e Manejo do ICMBio, Sergio Brant,

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Drones serão usados para vigiar mata na Amazônia e no Cerrado

destacou que o órgão tem muito interesse nas possibilidades e alternativas de uso dos Vant’s. “É uma ferramenta interessante, que tem uma série de possibilidades de utilização em áreas protegidas: desde fiscalização até o uso público”, afirmou. O emprego de veículos aéreos não tripulados para a defesa da biodiversidade já é reconhecido como uma estratégia bastante eficaz em alguns continentes, como África e Ásia. Em 2012, o WWF ganhou um prêmio de U$ 5 milhões do Google para um projeto com vistas a reduzir a morte de elefantes e rinocerontes em áreas protegidas na África. Na Austrália, um experimento de monitoramento do Dugongo - um tipo de mamífero aquático semelhante ao peixe-boi – foi feito com Vant’s e trouxe resultados mais rápidos, mais baratos e mais refinados do que o método tradicionalmente utilizado de enviar um grupo de pesquisadores a bordo de um avião. A aplicação da tecnologia no cenário brasileiro ainda é

tímida ou realizada de forma isolada, especialmente por que a lei que regulamenta seu uso não traz regras claras para este tipo de finalidade. Nesse sentido, o Projeto Ecodrones está focado em construir um cenário favorável para a utilização de Vant’s na questão ambiental no Brasil nos próximos meses. “Nós não faremos uso recreativo ou comercial deste equipamento, e entendemos que é preciso uma normatização diferente, que contemple e auxilie seu uso com objetivo de conservação do patrimônio natural brasileiro”, disse Oliveira. Além da regulamentação, ele defendeu que é preciso formar um corpo técnico que seja capacitado e habilitado para pilotar os equipamentos e realizar um planejamento que possibilite voos seguros e eficientes. “É nessa etapa que o grupo de cooperação está concentrando seus esforços”, afirmou Oliveira. O grupo de cooperação, que foi formado em junho, busca não só planejar como utilizar esta tecnologia e ajudar os órgãos reguladores – como a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) – a construir leis que ajudem e facilitem o uso desses aparelhos para o monitoramento de toda a biodiversidade brasileira. Este grupo que vem pensando em todas essas questões é formado pelo WWF-Brasil, pela organização não governamental inglesa Conservation Drones, o ICMBio, a Agência Nacional de Águas (ANA), a Universidade Federal de Goiás (UFG), o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Araguaia de Proteção Ambiental, uma organização não-governamental do Estado do Tocantins. REVISTA AMAZÔNIA 15


I Simpósio do programa ProAmazônia por Luciete Pedrosa* Fotos: Elizabeth Gusmão – Acervo Ascom Inpa; Fernanda Farias e Luciete Pedrosa – Ascom Inpa

Na abertura do I Simpósio do programa ProAmazônia, da esquerda para a direita: general Franklinberg, o diretor do Inpa, Renato Luiz de França, o general Theophilo Gaspar, o general Paulo Sergio da 12ª Região Militar e Guilherme Melo do CNPq

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a abertura do I Simpósio do programa ProAmazônia, o general do Comando Militar da Amazônia (CMA), Theophilo Gaspar de Oliveira, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), disse que este primeiro simpósio é o marco inicial do ProAmazônia. “E já começa muito bem, porque já temos as bases e a logística prontas”. “Temos que integrar as pesquisas e transformar esse conhecimento em recursos para o nosso país” O ProAmazônia é uma iniciativa do CMA e será realizado com 26 instituições parceiras. O Exército oferece as bases dos Pelotões de Fronteiras à disposição da comunidade científica para a realização de pesquisas numa faixa de 150 quilômetros de fronteiras entre os estados de Amazonas, Roraima, Acre e Rondônia. O programa vem sendo elaborado desde janeiro deste ano e já foi apresentado em diversas universidades e instituições de pesquisas no Brasil. Theophilo Gaspar explica que o ProAmazônia não é um projeto, porque todo projeto tem um início, meio e fim. “E não queremos que seja um projeto, mas, sim, um programa que tenha um início e não pare mais”, diz o general, exemplificando-o com o Programa do Calha Professor Naziano Filizola e Ingo Wahnfried

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Norte, criado desde 1985 com o objetivo de promover a ocupação e o desenvolvimento ordenado e sustentável da região amazônica com apoio das Forças Armadas. O Exército possui vários outros programas com atuação nos Pelotões de Fronteiras: o Amazônia Protegida, que investe recursos especificamente do Exército para os Pelotões de Fronteiras na parte de infraestrutura; o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira (Sisfron), um sistema de vigilância na faixa de fronteira; o Amazônia

Conectada, recentemente criado e que leva comunicação para as fronteiras via cabo subfluvial de fibra óptica; e o Proteger, um sistema de proteção das instalações estratégicas do país. Ainda de acordo com o general, o ProAmazônia é o único deste conjunto de programas do Exército que trabalha com o conhecimento; “É preciso conhecer o que está por debaixo dessa floresta em termos de biodiversidade e geodiversidade”, ressaltou. Em termos de recursos a ser investido no ProAmazônia, o general afirma que agora vai depender o que cada projeto vai querer pesquisar. “O resultado que se espera é conhecer o que temos e transformar esse conhecimento em produtos que rendam recursos para o povo do Estado do Amazonas”. Na opinião do diretor do Inpa, Luiz Renato de França, a disponibilidade do apoio logístico do Exército para que os pesquisadores do Brasil possam realizar pesquisas nas fronteiras é fundamental e uma ideia grandiosa. “O Instituto abraçou essa iniciativa do Exército, porque é uma oportunidade imperdível de se fazer pesquisa nessas áreas e desenvolver a Amazônia e o Brasil”. O diretor de Engenharia, Ciências Exatas, Humanas e Sociais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Guilherme Melo, afirma que é muito bem-vinda a inciativa do Exército de colocar à disposição dos pesquisadores de todo Brasil e de todas as áreas de interesse para que possam fazer projetos em revistaamazonia.com.br


conjunto. “Já que o Exército tem as bases muito bem situadas nas áreas de fronteiras por que não anexar o CNPq no suporte que está sendo oferecido”. Para o pesquisador do Inpa na área de biologia aquática, Efrem Ferreira, todo apoio das instituições interessadas em apoiar as pesquisas é bem-vindo e necessário. “Principalmente, tendo em vista o grande espaço geográfico na Amazônia, onde o deslocamento nunca é fácil. Não temos estrada para fazê-lo via terrestre e, normalmente, precisamos fazer via barco”, diz o pesquisador, acres-

centando que é importante se ter esse apoio que possa servir como base nessas áreas mais afastadas. “Ainda existem muitas coisas a serem descobertas e áreas onde nunca foram feitas nenhum tipo de coleta”, ressaltou. De acordo com o coordenador de Extensão do Inpa, Carlos Bueno, o projeto Fronteira teve como objetivo implantar e consolidar um programa multidisciplinar e multi-institucional de pesquisa naquelas regiões. “Naquele momento já tínhamos a ideia de levar o projeto para outros municípios próximos aos Pelotões de Fronteira onde poderíamos ter apoio do Exército”, conta o pesquisador. Para o coordenador, as ações que foram desenvolvidas no projeto Fronteira poderão ser levadas para outros municípios do Amazonas, assim como para outros Estados da Amazônia, a partir dessa discussão do Exército em conjunto com outros parceiros. “Esses resultados apresentados no projeto Fronteira servem como modelo do que pode ser desenvolvido com as multiplicações de atividades e de locais como se propõe o ProAmazônia”, explica Bueno. “A partir daí resultados fantásticos serão obtidos, tanto no conhecimento Carlos Bueno, coordenador de Extensão do Inpa, disse que os resultados apresentados no projeto Fronteira servem como modelo do que pode ser da biodiversidade com a descrição de desenvolvido com as multiplicações de atividades e de locais como se propõe novas espécies de plantas, de peixes e o ProAmazônia. revistaamazonia.com.br

Durante o Simpósio, foi apresentada a experiência científica exitosa do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia com o projeto Fronteira, desenvolvido em São Gabriel da Cachoeira e em Santa Isabel do Rio Negro, durante o período de 2005 a 2012. São Gabriel da Cachoeira, é um dos municípios fronteiriços do país, fazendo divisa com dois países sul-americanos

de aves, assim como oferecer informações para a política de desenvolvimento de cada município onde o ProAmazônia atuará”, diz Bueno. A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) também deu sua contribuição para o ProAmazônia mostrando as pesquisas que são feitas com relação a água. Para o professor Ingo Wahnfried, que estuda águas subterrâneas, o programa proposto pelo Exército para apoiar pesquisas nas áreas de fronteiras é de fundamental importância, porque, segundo ele, na área central da Amazônia só se conhece um pouco a respeito da qualidade da água e na fronteira esse conhecimento é inexistente. “Esse programa vai gerar uma mão dupla no auxílio à produção de conhecimento da água, vai servir tanto para o conhecimento científico quanto para o uso dos Batalhões de Fronteiras. Com certeza, o Exército usa poços para o seu abastecimento, mas têm lugares em que este fornecimento de água não é tão seguro em termos de quantidade e de qualidade”, explica o professor.

[*] Ascom Inpa

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Governors’ Climate and Forests Task Force – GCF Fotos: Daniel Nardin / Secom

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or ter sido o anfitrião do encontro anual do GCF em 2014, o governador Tião Viana foi responsável por abrir a participação dos governadores no encontro de 2015, sediado em Barcelona. Tião Viana iniciou sua participação ao lado dos governadores brasileiros Simão Jatene (PA), Pedro Taques (MT) e Marcelo Miranda (TO), ressaltando a honra que o Estado do Acre tem de integrar o GCF como membro fundador e participar da reunião na Casa Mila, conhecida também como La Pedrera, do arquiteto e artista Antoni Gaudi, um espaço simbólico e afetivo que une valor da arte e do conhecimento. “Sou da cabeceira das nascentes dos rios da Amazônia. Há menos de uma década, o GCF já apresenta resultados. Quem sabe um dia nos reuniremos, como nos reunimos nas Olimpíadas, com povos do mundo inteiro, fortalecendo o caminho para um desenvolvimento de uma nova economia, e isso não questiona a incondicional autonomia nacional dos países, é mais uma estratégia para novo rumos do planeta no século XXI”, comentou o governador. Tião Viana explicou que o Acre tem uma gestão continuada, com uma política de desenvolvimento sustentável, e graças a essa continuidade foi possível garantir resultados tão efetivos, como as compensações de redução de desmatamento por boas práticas sustentáveis.

Juntos e mais fortes O governador do Acre falou ainda da importância da união dos Estados da Amazônia para a conciliação de boas práticas e compromissos de conservação dos ecossistemas na nova economia baseada em baixas emissões de carbono. “Não estamos pedindo nada, mas estamos dizendo que somos responsáveis juntos. O compromisso é de todos. Quando olho regiões fortes de investimento, fico atento. Não queremos benefício de doação, queremos parcerias de interesse em comum”, diz. Os governadores brasileiros apresentaram um balanço das ações em cada unidade que revela que o Brasil cumpriu com todas as metas propostas e que por isso precisa receber apoio financeiro compensatório. Outros governadores seguiram a mesma linha. Para Manuel 18 REVISTA AMAZÔNIA

O Programa de Treinamento do GCF, faz esforço para aumentar o conhecimento institucional, compartilhar experiências e construir capacidades…

Gambini, de Ucayali, no Peru, as populações das florestas estão exigindo ajuda, porque se cuidam das árvores para o mundo, o mundo precisa ajudá-los a oferecer dias melhores para seu povo e seus filhos.

Resultados Nos últimos sete anos o Pará se tornou referência na Região Amazônica com ações de sucesso, como o Programa Municípios Verdes (PMV) e ações da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), que contribuíram efetivamente para a diminuição do desmatamento. Desde o lançamento do PMV, o Pará reduziu em 39% o desmatamento (de 3.008 km² para 1.829 km²), enquanto que a redução média na Amazônia foi de 24% (de 6.418

km² para 4.848 km²). Entre as medidas adotadas pelo Governo Estado nos últimos anos está o ICMS Verde, criado a partir de regras inovadoras que beneficiam os municípios que estão reduzindo o desmatamento e que possuem maior percentual de CAR e de áreas protegidas. Em 2014, primeiro ano de repasse, o governo repassou mais de R$ 36 milhões aos municípios, baseados em critérios ambientais. Em 2017 serão 8% do total do repasse do ICMS, o que totalizará cerca de R$ 140 milhões. Nos últimos anos, outras medidas foram lançadas pelo Governo do Estado com o intuito de avançar no combate ao desmatamento e também de estimular o ordenamento ambiental rural e a produção sustentável, como a Lista do Desmatamento Ilegal (LDI), Protocolo Verde dos Grãos e a Segunda fase do Plano de Prevenção,Controle e Alternativas ao Desmatamento. Algumas dessas iniciativas serão apresentadas pelo governador Simão Jatene durante o evento, tendo como objetivo consolidar o Pará como referência ao tema e buscando investimentos através de fundos internacionais. Um deles é o chamado Fundo Verde para o Clima, que deverá operar a partir de 2016 e possui recursos que já ultrapassam US$ 10 bilhões de dólares. Além do governador do Pará, confirmaram presença outros governadores de Estados brasileiros, com Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso e Tocantins. Também estarão presentes chefes de governos locais dos Estados Unidos, Espanha, Peru, Nigéria, México e Indonésia. O Pará é um dos membros fundadores da Força-Tarefa de Governadores para o Clima e Florestas (GCF),criado em 2008, para traçar estratégias comuns para a manutenção do clima e florestas do mundo. Composto por 26 estados e províncias no Brasil, Indonésia, México, Nigéria, Peru, Espanha e Estados Unidos comprometidos com a redução do desmatamento tropical, com a proteção do sistema climático global, melhoria dos meios de vida rurais e redução da pobreza.

Diretor do GCF destaca ações do Pará pela sustentabilidade O governador Simão Jatene reuniu-se com William Boyd, membro da Universidade do Colorado (EUA) e diretor executivo da Força-Tarefa de Governadores para o Clima e Florestas (GCF, pouco antes, o governador paraense concedeu entrevista para um documentário sobre o trabalho conjunto dos 26 Estados e províncias de sete países que revistaamazonia.com.br


Jatene na entrevista para o documentário sobre o trabalho dos Estados e províncias que compõem o grupo GCF

Grupo de 26 Estados e províncias de sete países, que juntos são detentores de mais de 25% das áreas de florestas do planeta

buscar parcerias para avançar ainda mais com essas medidas”, disse. Conforme relatou o governador Simão Jatene, o desafio é enfrentado por vários governos, mas é preciso construir parcerias que possam permitir um novo momento, além do combate ao desmatamento, possibilitando o fomento e fortalecimento do setor produtivo para alcançar o mercado da chamada economia verde. “Sabemos que os mecanismos de comando e controle têm um teto. É preciso mais para que se constitua de fato um novo cenário produtivo”, assinalou.

Noruega anuncia US$ 25 milhões de dólares para fundo de sustentabilidade do GCF compõem o grupo do GCF. Para William Boyd, o Pará tem dado passos firmes no sentido de demonstrar que é possível conciliar a preservação do meio ambiente e a produção para garantia de

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trabalho e renda para as populações locais. “Com experiências de políticas públicas, o Pará pode demonstrar o esforço que tem feito com vários programas e, com isso, comprovar ao mercado que os governos locais têm como

Hanne Bjurstom, enviada Especial para Mudanças do Clima da Noruega, anunciou o incentivo de 25 milhões de dólares para o fundo do GCF, que foi criado no sentido de apoiar os Estados membros do grupo em seus Programas de REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e

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O governador Simão Jatene com o diretor executivo da Força-Tarefa de Governadores para o Clima e Florestas (GCF), William Boyd

A reunião do GCF foi na Casa Mila, conhecida também como La Pedrera, do arquiteto e artista Antoni Gaudi

Declaração Florestal). “Esse apoio marca a diferença, mostrando que estamos sendo reconhecidos”, comenta Willian Boyd, conselheiro sênior e líder de Projeto do GCF. Louise Bedsworth, diretora adjunta da Agência de Governo da Califórnia, também falou que os esforços e caminhos percorridos até agora confirmam de fato que a força

reside no sistema dos Estados subnacionais. “A oportunidade de engajamento não está somente nos países trópicos, também temos a mesma filosofia de que a tarefa é de todos”, diz. Louise ressaltou ainda o alinhamento com o tema e a definição de parcerias para ampliar os resultados. “Também queremos trabalhar pela Declaração de

Para o governador Simão Jatene, a iniciativa do governo norueguês é fundamental para discutir a questão climática e do desenvolvimento sustentável

Rio Branco, para que haja uma sinergia”, reforçou. “Os recursos da Noruega abrem as portas para o acesso a outros fundos de investimentos, pois reconhece a legitimidade e a importância da agenda proposta pelos governadores, em especial os governadores da Amazônia, que foram destaque nessa reunião anual ao proporem estratégias econômicas para enfrentar as questões climáticas e ambientais”, afirma o secretário de Estado para o Programa Municípios Verdes, Justiniano Netto. Justiniano e o secretário adjunto da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Ronaldo Lima, são delegados do Pará na reunião do GCF. Eles apresentaram as iniciativas e informações técnicas do Pará durante o encontro anual do grupo. Os recursos da Noruega deverão ser aplicados ano a ano, e o Fundo do GCF pode receber verba de outras fontes, abrindo horizontes para novos investimentos e programas que tenham como meta conciliar preservação do meio ambiente com produção. Para o governador Simão Jatene, a iniciativa do governo norueguês é fundamental para discutir a questão climática e do desenvolvimento sustentável. “Durante a reunião com governadores e representantes de empresas de vários países foi notável o debate contra o desmatamento, a luta em defesa do desenvolvimento sustentável”, disse Jatene, ao destacar também que é fundamental a consciência e o envolvimento das comunidades locais durante o processo.

O GCF é uma aliança subnacional singular, entre 26 estados e províncias do Brasil, Indonésia, México, Nigéria, Peru, Espanha e os Estados Unidos, que vêm colaborando desde meados de 2008 para desenvolver os elementos centrais e as capacidades necessárias para construir programas jurisdicionais de REDD+ e desenvolvimento de baixas emissões. Ainda, trabalha para ligar estes programas a regimes obrigatórios emergentes de gases de efeito estufa (GEE) e outras oportunidades de pagamento por performance, incluí-las em agendas nacionais mais amplas sobre desenvolvimento rural de baixas emissões e promover alinhamento com processos políticos nacionais e internacionais. 20 REVISTA AMAZÔNIA

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O governador do Pará aproveitou a presença de investidores internacionais e gestores públicos de vários países para reafirmar, em Barcelona (Espanha), que o Estado tem desenvolvido políticas públicas que permitem aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir os índices de desmatamento

Investimentos Ainda durante o Encontro Anual da Força-Tarefa de Governadores para o Clima e Florestas (GCF), o governador Simão Jatene aproveitou a presença de investidores internacionais e gestores públicos de vários países para reafirmar que o Estado tem desenvolvido políticas públicas que permitem aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir os índices de desmatamento. Jatene também assinou a Declaração de Rio Branco, documento conjunto que defende mais investimentos para que se conquiste a meta de redução em 80% dos índices de desmatamento até 2020. No documento, gestores de 26 Estados e Províncias de sete países indicaram uma condicionante, conforme é enfatizado no texto. “Estamos comprometidos em garantir que uma parcela substancial de qualquer benefício adicional de pagamento por

desempenho que chegue até nossas jurisdições seja dedicada às comunidades dependentes da floresta, pequenos produtores e povos indígenas”, aponta o documento do GCF. Na apresentação durante o encontro do GCF, no auditório do histórico prédio “La Pedrera”, Jatene destacou que a abordagem do mercado para a região precisa passar mais pelo investimento em formas sustentáveis de produção, valorizando as comunidades locais. Segundo o governador, os índices demonstram que o Estado tem cumprido metas e caminhado para garantir a redução do desmatamento e das emissões de gases do efeito estufa. Com isso, o Estado está credenciado a receber mais investimentos de fundos para a preservação, assim como projetos de produção sustentável, indo muito além do que um simples boicote aos produtos que tenham origem na Amazônia. “Aos investidores, deixo este recado: ao apresentar os

Assinando a Declaração de Rio Branco

Tião Viana reforçou a importância de Estados subnacionais unirem esforços ao GCF

O titular da Sema, Antonio Stroski, acompanhado do secretário executivo, Luís Henrique Piva, representaram o Amazonas no encontro anual do GCF Os governadores…

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resultados já conquistados, temos a certeza de que eles podem ser ainda mais expressivos com a cooperação e os investimentos na própria região, provando na prática que é possível sim produzir preservando e preservar produzindo”, destacou o governador. Recentemente, o Fórum de Bens de Consumo, organização com cerca 400 empresas filiadas, somando US$ 3 trilhões de receita, anunciou que tem como meta, até 2020, estabelecer cadeias de abastecimento de suas atividades apenas com empresas de regiões que conquistem o desmatamento zero. Para o governador Simão Jatene, os debates confirmam que cada vez mais o olhar sobre a Amazônia tem mudado, sobretudo por conta das experiências realizadas pelos governos locais. “Temos certeza de que os resultados que estamos apresentando podem ainda ser mais expressivos com a cooperação e os investimentos na própria região, provando na prática que é possível, sim, produzir preservando e preservar produzindo. O mundo deve compreender que a Amazônia tem um duplo papel: ao mesmo tempo em que deve ser prestadora de serviços ambientais em escala planetária, ela também tem o papel de ser, por sua riqueza, se consolidar como base de vida digna para o povo que habita a região”, disse Jatene.

Durante apresentação das ações do PMV, Justiniano Netto destacou a queda em 39% do índice de desmatamento no Pará desde 2011

Programa Municípios Verdes é apresentado para investidores internacionais Durante um dos painéis de discussão do Encontro Anual do GCF, o titular do PMV, Justiniano Netto, e o adjunto da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Ronaldo Lima, abordaram a necessidade de se estabelecer um cenário que vá além dos mecanismos de comando e controle, oferecendo aos municípios e empresários incentivos à produção sustentável. “Nos últimos quatro anos, o governo do Pará trabalhou para construir um ambiente de negócios mais seguro e cadeias de fornecimento limpas de desmatamento, que no estado que caiu 39% desde 2011. No mesmo período o CAR aumentou 500% em imóveis cadastrados e mais de R$ 35 milhões foram repassados aos municípios através do ICMS Verde. Agora, é o momento de ativar a economia dos municípios com negócios sustentáveis e, para isso, o governador Simão Jatene está mostrando o quanto o Pará está credenciado e pode receber novas empresas e investidores, que tem a possibilidade de fazer negócios no Pará”, disse Justiniano Netto. Para Ronaldo Lima, o Pará avançou muito no combate ao desmatamento com os chamados instrumentos de comando e controle, como operações de fiscalização, mas avalia que é preciso dar um novo passo. “É necessário reinventar mecanismos que possam dar condições de manter esse cenário de queda de taxa de dematamento. Para isso, é de fundamental importância uma maior participação das sociedades locais e do setor produtivo para 22 REVISTA AMAZÔNIA

Juntos e mais fortes no Encontro Anual da Força-Tarefa de Governadores para o Clima e Florestas (GCF)

criar um ambiente favorável para o desenvolvimento de uma economia sustentável baseada em uma produção de baixo carbono”, afirmou Lima.

Projetos para redução do desmatamento do Amazonas O titular da Sema, Antonio Stroski, acompanhado do secretário executivo, Luís Henrique Piva, representaram o Amazonas no encontro anual do GCF, apresentando os números e a contribuição do Estado para a redução das emissões por desmatamento, conforme preconiza a Declaração Rio Branco, assinada na Reunião Anual do GCF de 2014, na qual cada membro concordou em reduzir o desmatamento em 80% até 2020 e a dedicar uma parte substancial de financiamento à comunidades tradicionais e indígenas. Ao defender essas estratégias, o Amazonas teve sinal positivo para investimentos através de dois projetos aprovados pelo GCF. Um deles coordenado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) que irá criar indicadores de carbono florestal, combatendo ainda extração e comercialização de madeira ilegal na Amazônia. A meta é investir em políticas para reduzir as emissões por desmatamento (REDD+). Para o secretário do Meio Ambiente do Amazonas, Antonio Stroski, o repasse é

uma resposta positiva à contribuição do Estado do Amazonas. “Em Barcelona, temos a oportunidade de construir novas parcerias e elevar o nível de muitos desses esforços, o que é especialmente importante nos preparativos para as negociações sobre o clima em Paris”, disse William Boyd, Líder e Conselheiro Sênior do Projeto GCF.“O mundo está procurando por soluções, e o GCF Task Force as possui. Nossos membros estão na linha de frente na luta contra as mudanças climáticas, trabalhando em conjunto com parceiros do setor privado e da sociedade civil para projetar soluções e colocá-las em prática”, completou. “Como governos subnacionais, somos aqueles que realmente devem agir”, disse Mary Nichols, Representante do Conselho da Califórnia Air Resources. “Nós somos a base de qualquer esforço bem sucedido na luta contra as mudanças climáticas.”, acrescentou.

Convenção em Paris O resultado desta reunião será levado também para a COP 21 (Conferência das Partes, realizada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) em Paris, que pretende estabelecer um novo acordo climático mundial, e será realizada entre o final de novembro de início de dezembro deste ano. revistaamazonia.com.br


América Latina se prepara para a Conferência da ONU sobre Mudança do Clima em Paris Líderes na América Latina vão se reunir com o ONUHabitat para debater sobre a ação climática antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que acontecerá em Paris, em dezembro deste ano

A

maratona durou apenas dois dias, envolveu dezenas de Entre os dias 20 e 23 de setembro, líderes da região da América Latina e o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) vão se reunir na Colômbia para a Cúpula do Clima em Bogotá, o maior evento da América Latina, em preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21), em Paris, em dezembro. O evento terá o objetivo de promover a ação climática e capacitar os atores não estatais e contribuir para o empoderamento da sociedade (Conscientização; criação; socialização do poder entre os cidadãos; conquista da

A cúpula na capital da Colômbia ajudará os países da região a se prepararem para a Conferência sobre o Clima da ONU, em Paris

condição e da capacidade de participação; inclusão social e exercício da cidadania) contra as alterações climáticas, apoiar a adoção de um acordo global ambicioso e abrangente que será decidido em Paris. Como resultado, se espera construir uma nova agenda climática global desde a mobilização dos cidadãos e das organizações da sociedade civil, da atuação dos governos locais, participação ativa do setor empresarial e publicação de compromissos locais, nacionais e internacionais

MANAUS JÁ PODE CONTAR COM AS VANTAGENS DE UM ESCRITÓRIO COMPARTILHADO.

para o clima. Durante a Cúpula serão apresentados e discutidos através conferências, mesas-redondas, workshops e treinamentos, visitas técnicas, atividades educativas e culturais, entre outros. Da Cúpula, é esperado um resultado para construir uma nova agenda global do clima a partir da mobilização dos cidadãos e da sociedade civil organizada, o desempenho dos governos locais, a participação ativa do setor empresarial e da publicação de compromissos locais, nacionais e internacionais sobre o clima. A Cúpula também vai procurar integrar agendas sobre as alterações climáticas, a resiliência, gestão de risco e água como essencial para o desenvolvimento urbano sustentável. A Cimeira terá quatro temas principais: Cidades e do novo acordo climático global; Cidades inclusivas, cidades resilientes; A mudança climática e da mudança cultural; Desfossilizar a economia e finanças do Clima.

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AFEAM: alternativas de investimentos em momento de crise

C

riada em setembro de 1999, sob a forma de sociedade anônima de capital fechado, a Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) é uma instituição financeira não bancária, subordinada à fiscalização e à supervisão do Banco Central do Brasil, e tem como acionista controlador o Estado do Amazonas, subscritor de 99,9% das ações. Objetivo? Contribuir para o desenvolvimento econômico e social do Amazonas, realizando operações de crédito direcionadas, prioritariamente, para os pequenos negócios. No momento da sua criação, a Afeam absorveu a carteira de crédito agrícola do antigo Banco do Estado do Amazonas (que foi sucessivamente federalizado e privatizado na última década do século passado), incorporando um quadro técnico experiente e qualificado e credenciando-se como um dos principais agentes de oferta de crédito ao setor produtivo do Amazonas. Em 15 anos de atividades, contados entre 1999 e o primeiro semestre de 2015, a Afeam realizou 152.637 operações de crédito, que garantiram a geração ou manutenção de 438.373 ocupações econômicas e somaram financiamentos no valor de R$ 1,270 bilhão, com a seguinte distribuição: setor comércio e serviços, 46%; setor indústria, 29%; setor rural, 25%. Aos microemprendimentos agrícolas localizados no interior do Amazonas tocou, apenas, a parcela de R$ 321,8 milhões.

Em 2014, porém, conforme determinação do governador José Melo, a Afeam retomou o seu objetivo principal, que é o microcrédito orientado essencialmente para o setor primário no interior do estado, priorizando o desenvolvimento de cadeias produtivas a partir da vocação econômica das diferentes regiões do imenso espaço territorial do Amazonas. “Não basta apoiar a agricultura de

Visita técnica da AFEAM a Associação de Produtores Rurais José Lindoso (ASPROLIN), na ZF-09 - no município de Rio Preto da Eva, localizado a 80Km de Manaus. Financiados pela AFEAM 24 REVISTA AMAZÔNIA

Setor de Produção da Amazon Nat - Fábrica de laticínios que está localizada na Fazenda São José, Km 45 estrada de Balbina - Am. Implantada com financiamento da AFEAM

subsistência”, esclarece o presidente da Afeam, EvandorGeber, sublinhando que “é necessário fortalecer os elos da cadeia produtiva, direcionando as linhas de crédito e financiamento para empreendimentos potencialmente promissores, que apontem para a geração de trabalho e renda nos municípios do interior e para a conquista de mercados. ” Entre 2012 e 2014, a Afeam enfrentou momentos muito difíceis, de crise, felizmente já superados, revela Evandor, enfatizando: “Em 2015, fechamos o 1o semestre com 8,3 milhões de lucro líquido, já investimos mais de 70 milhões em financiamento e continuamos com dinheiro em caixa. Estamos conseguindo levar à prática as diretrizes do governador José Melo: promover a dinamização da economia com distribuição de renda nos municípios do interior, buscando uma nova matriz econômica, além da Zona Franca, fundamentada nas atividades agropecuárias e de extrativismo vegetal não madeireireiro”. Evandor Geber destaca o significado econômico-social do Programa de Crédito Afeam Banco do Povo, que está sendo implementado com recursos do FMPES (Fundo de revistaamazonia.com.br


Apoio às Micro e Pequenas Empresas e ao Desenvolvimento Social do Estado do Amazonas), cujos repasses, em 2015, totalizam R$ 74 milhões. “Estamos concedendo financiamento com juros subsidiados de 3% ao ano, àqueles que querem iniciar ou expandir o seu negócio, principalmente no interior do estado, e não têm acesso ao sistema financeiro tradicional. ” Os financiamentos do Programa Afeam Banco do Povo limitam-se a R$ 15 mil e obedecem à prática do uso do crédito orientado com eficiência. Os empreendedores recebem instruções da Afeam, do Idam e do Sebrae e fazem cursos de capacitação no Cetam e no Sebrae. O programa começou a ser implementado no 1o semestre deste ano e já beneficiou mais de 20 mil empreendedores no interior do estado, com créditos de aproximadamente 40 milhões de reais, distribuídos entre capital de giro (compra de matéria-prima e outros insumos); investimentos em máquinas, equipamentos e obras de construção civil; investimento e custeio agrícola e pecuário. O Programa de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas (Prodesus) foi também dimensionado para gerar resultados notáveis. Será executado pela Afeam, em articulação com a Seplan (Secretaria de Planejamento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), envolvendo recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), no valor de US$ 70 milhões, e contrapartida de US$ 14 milhões do Governo do Amazonas, com destinação prioritária às cadeias produtivas do setor primário. Os beneficiários do Prodesus são produtores rurais, cooperativas e associações, empreendedores individuais, micro e pequenas empresas integradas a cadeias produtivas prioritárias para o crescimento da economia estadual: açaí, abacaxi, banana, borracha, castanha, cacau, citrus, feijão

de praia, fibras, guaraná, hortaliças, mamão, maracujá, pecuária de leite, pesca artesanal e piscicultura. O governador José Melo determinou a execução do Promecanização (Programa de Incentivo à Utilização de Máquinas para Mecanização de Atividades Produtivas), que está sendo coordenado pela Sepror (Secretaria da Produção Rural e Abastecimento) e executado pela Afeam. Os recursos destinam-se exclusivamente a investimentos na utilização de máquinas e implementos agrícolas em empreendimentos dedicados, principalmente, à produção de arroz, milho, feijão, fruticultura, olericultura e pecuária em áreas de pastagens degradadas. O Programa já está sendo implementado nos municípios de Presidente Figueiredo, Apuí e Humaitá. Na avaliação de Evandor Geber, a articulação entre as instituições governamentais é essencial para garantir a aplicação correta e eficiente dos recursos de financia-

mento e o sucesso dos empreendimentos econômicos: “À Afeam compete o gerenciamento dos recursos. Quem define a política de desenvolvimento do setor primário, quem indica as atividades que devem ser financiadas, de que forma e com orientação técnica de quais órgãos (Idam, Embrapa.), é a Sepror. A esta compete, entre outras atribuições, criar alternativas tecnológicas que permitam ao homem do interior produzir sem degradar o meio ambiente. É hipocrisia manter a árvore em pé e deixar o homem morrer de fome”. SERVIÇO:

Site institucional: www.afeam.am.gov.br WhatsApp e SMS: Agora a AFEAM dispõe do serviço de WhatsApp e SMS por meio do número (92) 98854-2075. Através do novo canal de comunicação será possível tirar dúvidas, mandar críticas e sugestões de forma simples, dando assim maior agilidade, transparência e interatividade ao atendimento. Ouvidoria: 0800-286-3066

Fachada da AFEAM

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6º FÓRUM MUNDIAL DE MEIO AMBIENTE Fórum Mundial de Meio Ambiente defende ações para a minimização dos efeitos das mudanças climáticas

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m dois dias de debates, o evento, promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, presidido por João Doria, e pelo Lide Sustentabilidade, comandado por Roberto Klabin, reuniu 365 participantes, para debater os impactos das mudanças climáticas. O governador Beto Richa, no pronunciamento oficial de abertura, falou sobre a despoluição do rio Iguaçu, um dos mais importantes do estado. “Nós anunciamos uma série de medidas, relativas ao meio ambiente. Uma delas é a preservação do Rio Iguaçu. Os paranaenses aguardam há muito tempo alguma iniciativa governamental recuperar este importante rio. Sua bacia hidrográfica abrange mais de 40% do território do estado. Ele nasce lá na região metropolitana de Curitiba e chega aqui nas Cataratas. Mas, já sai poluído da sua nascente. Por isso, desenvolvemos uma programação, com a participação de especialistas na área, com a formação de um Comitê Gestor do Rio Iguaçu. Além da participação da Sanepar, que identificou fontes de poluição, empresas que jogam diretamente no rio seus dejetos e mesmo domicílios. Com estes dados, iremos nos aprofundar na fiscalização e também na conscientização. Na palestra de abertura, o ex-presidente da Bolívia Jorge Quiroga, abordou o tema “As cidades e as mudanças climáticas”. “Aqui na América do Sul nós temos muitas oportunidades. Assim, como em outras partes do mundo, temos petróleo e carvão, que lamentavelmente contaminam. Mas, em contrapartida, temos muito gás natural, temos uso intenso de biocombustível, temos vários rios para gerar energia hidrelétrica, por exemplo. É preciso que o Brasil lidere esta tarefa de gerar energia mais limpa. E este fórum é uma alternativa para se discutir alternativas, planos e propostas para fazer realidade este futuro mais limpo, mais verde, para todos os cidadãos”, disse o ex-presidente. O ex-presidente da Bolívia Jorge Quiroga, defendeu a integração energética dos países da América do Sul, por meio de projetos liderados pelo Brasil. “O Brasil é o líder inquestionável da região”, afirmou. Ele citou como exemplo projetos de integração binacional energética como Itaipu e o Gasoduto que, segundo ele, beneficiaram sig-

O ex-presidente boliviano, Jorge Quiroga fez a palestra de abertura

João Dória, presidente do LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, Rodrigo Hühn e a Amazônia, mídia partner do evento, há 6 anos

Segundo Silvio Barros, secretário de Planejamento e Coordenação Geral do Governo do Paraná, os desafios dos municípios nos próximos anos, quando o consumo de energia e a geração de lixo devem aumentar 30%. “Que modelo vamos gerar para consumir 30% mais de energia em 2050 e que impacto isso terá? ”, indagou. Em sua opinião, a discussão de temas como a matriz energética é papel de toda a sociedade. “Todos precisamos assumir a responsabilidade, nos mobilizarmos e nos unirmos”, afirmou. O navegador e sócio fundador do Museu do Mar, Amyr Klink, ao lado de sua esposa, a fotógrafa, Marina Bandeira, disse que “precisamos deixar de ser individualistas e partir para ações colaborativas e, para isso, teremos que passar por um processo de mudança de valores”.

nificativamente o Paraguai e a Bolívia, respectivamente. “Na América do Sul, temos boa parte dos combustíveis do século XX e um enorme potencial de energias renováveis – temos todos os elementos”, disse. “Podemos transformar em realidade esta utopia verde e fazer da região um exemplo de desenvolvimento sustentável”. Mesa oficial da abertura

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O governador Beto Richa, em seu pronunciamento oficial de abertura

Vinicius Lummertz, Presidente da Embratur e também fã da Amazônia

Para a secretária-executiva do ICLEI – Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais, Jussara Carvalho, as cidades estão se preparando para o futuro por meio de uma série de iniciativas sustentáveis, na área de mobilidade (uso de ciclovias e prioridade ao transporte

Durante um dos eventos do 6º Fórum Mundial de Meio Ambiente, no Hotel Mabu, em Foz do Iguaçu, Paraná

público), de resiliência e de economia de energia, mas precisam de mais apoio do governo federal, especialmente na questão energética. “Não adianta os prefeitos falarem em mudança de mobilidade enquanto temos incentivos para o uso de combustível fóssil. Temos que mudar a regra do jogo”, defendeu. “Temos que considerar o uso eficiente de recursos, o foco em novas tecnologias, a integração de processos e políticas”. O 6º Fórum Mundial de Meio Ambiente, foi desenvolvido com o sucesso tradicional em cinco painéis: Resiliência urbana, O papel do poder público, O compromisso da sociedade, A atuação das empresas e Turismo Sustentável. O primeiro painel do Fórum – Resiliência Verde – Como as Mudanças Climáticas afetarão as Cidades Brasileiras” – teve como expositor Carlos Rittl, secretário-executivo

do Observatório do Clima, e como debatedores: Malú Ribeiro, coordenadora do Programa Rede das Águas da SOS Mata Atlântica; Ricardo Soavinski, secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Paraná;

João Dória com Virgílio Viana, da Fundação Amazônia Sustentável e Roberto Vámos, do Climate Reality Project Brasil

Lummertz falou sobre impacto de cidades sustentáveis no turismo Em seu painel, Lummertz explicou sobre as características e principais práticas adotadas por cidades sustentáveis, tais como manutenção dos bens naturais comuns, ações para reduzir a emissão de gases que provocam o efeito estufa e incentivo a uma economia local dinâmica e sustentável. “Nossas cidades do amanhã precisam de incentivos às construções ecológicas chamadas de green building, além disso, é preciso de programas educacionais voltados para o desenvolvimento sustentável, estímulo ao uso dos meios de transporte não poluentes e criação de espaços verdes voltados para a população”, disse ele. O presidente da Embratur apresentou exemplos de cidades sustentáveis como Canadá, Barcelona, Amsterdã e Viena, e mostrou ao público presente um detalhamento baseado em índices sociais, ambiental e econômico de 50 cidades pelo mundo. Segundo ele, na área de turismo, o Brasil já conta com práticas sustentáveis, em cidades como Fernando de Noronha, Foz do Iguaçu, Curitiba, Bonito, Florianópolis, Paraty e Gramado. “O turismo pode ajudar reduzindo as desigualdades sociais”, afirmou. Vinícius Lummertz destacou ainda conceitos de sustentabilidade social, ecológica, espacial, cultural e econômica. Sobre o último item, ele ressaltou que requer o uso eficiente dos recursos, ou seja, ter uma gestão

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racional dos investimentos que ultrapasse o foco restrito da obtenção de lucros das empresas. “Enfatizo aqui as parcerias estabelecidas entre os setores públicos e privados, de modo a propiciar um aumento da riqueza para toda a sociedade sem destruição da natureza”, disse o presidente da Embratur. Na palestra, Lummertz também frisou o diálogo e o papel do setor público para garantir o desenvolvimento sustentável das cidades brasileiras. “Com recurso limitado, o governo tem um papel importante, em especial na regulação, coordenação e normatização da atividade turística. Precisamos definir regras claras e ambientes de negócios adequados para a consolidação dos empreendimentos e projetos turísticos”, lembrou.

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Malu Nunes, da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, uma das vencedores do Prêmio LIDE de Meio Ambiente 2015, entre Roberto Klabin e João Dória Jr

Rodrigo e Amyr Klink

o deputado federal Sarney Filho (PV/MA), e o superintendente-geral da Fundação Amazonas Sustentável, Virgílio Viana. Rittl apresentou o resultado da pesquisa “Mudanças Climáticas”, realizada com 2 mil pessoas. Segundo a sondagem, 95% dos entrevistados consideram que as mudanças climáticas já afetam suas vidas. Dois terços acreditam que o Brasil deveria assumir uma posição de liderança no enfrentamento dos problemas de mudanças climáticas. Para a maioria dos entrevistados, o governo precisa ter um papel mais ativo na questão.

Sarney Filho saúda os premiados

Prêmio Lide de Meio Ambiente 2015 Bia Doria, artista plástica e representante da arte contemporânea sustentável; Amyr Klink, empresário, navegador e explorador; e Hugo França, designer famoso por suas esculturas mobiliárias feitas a partir de resíduo florestal, foram homenageados durante o 6º Fórum Mundial de Meio Ambiente, promovido pelo LIDE.

Deputado federal Sarney Filho com Rodrigo e a Amazônia

O evento contou com apoio institucional da FAS, Sos Mata Atlântica e The Nature Conservancy Brasil. Com participações especiais da Coca-Cola Femsa e Tv Cultura. Copel, Sanepar e Renault foram os patrocinadores. Colaboradores a CCR, Desenvolve SP e Tetra Pak. Fornecedores

oficiais a CDN, Eccaplan, Hotel Mabu, Maringá Turismo, Rodobens Comunicação Empresarial, Talent e UPS. Portal Click Foz, Pr Newswire, as revistas Amazônia, Lide Sustentabilidade e Top View, Tv Cultura, Tv Lide e Tv Record, mídia partners.

Turismo no Amazonas

Socorro Barroso

Receptivo em Manaus

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Declaração de Foz do Iguaçu 1. É necessário transformar as ameaças das mudanças climáticas em oportunidades para o desenvolvimento sustentável, especialmente as soluções inovadoras e simples, capazes de combinar a melhoria do bem-estar humano com a prosperidade econômica e a conservação ambiental. 2. É necessário ampliar as políticas públicas de adaptação das cidades às mudanças climáticas, assim como as contribuições das cidades para a mitigação do aquecimento global, da degradação ambiental e erradicação da pobreza extrema. 3. É importante fortalecer e ampliar a parceria do Brasil com os demais países da América Latina, visando a uma nova integração, direcionada para o desenvolvimento sustentável. 4. É necessário envolver a nova geração de jovens na transformação da sociedade, por meio de ações inovadoras e com potencial de catalisar transformações disruptivas. 5. É necessário enfrentar a crise de representação política por meio da mobilização da sociedade na busca de soluções e pelo desenvolvimento de campanhas inovadoras direcionadas para mudanças de hábitos de vida e padrões de consumo. 6. O tema da sustentabilidade deve ser inserido de forma transversal nos vários eventos e fóruns de debates setoriais. 7. Deve ser estimulada a disseminação de políticas públicas existentes e de propostas inovadoras com potencial para ampliar o engajamento do setor empresarial na mudança de estilo de desenvolvimento rumo à sustentabilidade. 8. A política tributária em todas as esferas deve privilegiar sistemas de produção e o consumo de produtos sustentáveis, estimulando o setor empresarial a caminhar de forma acelerada na direção da sustentabilidade. 9. Devem ser estimuladas políticas setoriais que nivelem por cima a qualidade socioambiental dos sistemas de produção, estimulando as empresas a competir a partir de um patamar comum de indicadores de sustentabilidade. 10. É necessário reformular, com urgência, as políticas econômicas incoerentes com o desenvolvimento sustentável, especialmente as políticas tributárias; e melhorar a implementação de políticas de apoio à educação, turismo e combate à corrupção. 11. Cidades produtoras de energia hidrelétricas devem ter tarifas diferenciadas para atenuar os impactos socioambientais de longo prazo associados às construções de barragens. 12. O chamado do Papa Francisco, por meio da sua encíclica “Laudato Si”, deve servir de inspiração para todos - independentemente de credo religioso - como uma convocação à reflexão profunda sobre a necessidade de mudar radicalmente nossos padrões de consumo e, consequentemente, o comportamento das empresas. 13. Recomendamos uma reflexão individual a todos os cidadãos do Planeta, sobre o que pode ser feito na sua casa, empresa, instituição, bairro e cidade, sendo mais sustentável: não podemos esperar que outros façam o que nós ainda não tivemos a determinação de fazer. 14. Recomendamos que cada indivíduo estreite a sua relação pessoal com a natureza, colhendo daí as sementes de generosidade, paz e amor. revistaamazonia.com.br

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PNUMA: Principal desafio das novas metas da ONU será tirar 1 bilhão de pessoas da extrema pobreza

Em seu novo relatório, o Painel Internacional de Recursos do PNUMA destacou que a prosperidade sustentável para as gerações atuais e futuras requer a manutenção e restauração da saúde do ecossistema

O

principal desafio para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) será tirar mais de um bilhão de pessoas da extrema pobreza e abordar as desigualdades ao mesmo tempo em que utilizamos os recursos necessários para uma população estimada em 8 bilhões de pessoas em 2030 – em termos de energia, terra, água, comida e abastecimento de matérias”, disse o diretor-executivo do PNUMA e subsecretário-geral da ONU, Achim Steiner. A declaração do representante se soma as preocupações do Painel Internacional de Recursos do PNUMA (IRP, na sigla em inglês) que alertou que sem uma gestão sensata dos recursos naturais como parte integral das medidas políticas, os ODS não cumprirão seu propósito fundamental: acabar com a extrema pobreza até 2030 e abordar todos os aspectos do desenvolvimento sustentável. Em seu novo relatório intitulado “Coerência das Políticas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Uma Perspectiva dos Recursos Naturais”, o IRP enfatiza que a prosperidade sustentável para as gerações atuais e futuras requer a manutenção e restauração da saúde do ecossistema. Com a prospecção de que a população mundial chegará a 9 bilhões de pessoas em 2050 e o rápido crescimento econômico nas economias emergentes e em desenvolvimento, a demanda por recursos naturais, especialmente a matéria-prima, deve continuar crescendo significativamente. Nesse contexto, aumentar a eficiência de recursos é um fator importante para assegurar a proteção ambiental e climática, o emprego, os benefícios sociais e o crescimento verde sustentável. Os estudos do IRP mostram que a extração anual de matéria em todo o mundo aumentou oito vezes durante o século 20. Até 2009, por exemplo, extraíam-se 68 bilhões de toneladas de recursos comparados aos 7 bilhões em 1900. Devido ao declínio nos níveis de minério, dependendo do material em questão, hoje precisam ser movidas cerca de três vezes mais matéria para a mesma 30 REVISTA AMAZÔNIA

extração de minério do que um século atrás, com mais degradação do solo, implicação das águas subterrâneas e uso de energia.

Números alarmantes

Coerência das Políticas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Uma Perspectiva dos Recursos Naturais

Achim Steiner, diretor-executivo do Pnuma e subsecretário-geral da ONU

A pressão sobre os recursos bióticos também tem aumentado. Mais de 20% das terras cultivadas, 30% das florestas e 10% das pastagens estão sendo degradadas a uma taxa que debilita a capacidade de ecossistemas críticos se renovarem. Até 25% da produção mundial de alimentos pode ser perdida até 2050 devido às alterações climáticas, a degradação dos solos, escassez de água e outras questões e, mesmo assim, continuamos desperdiçando um terço dos alimentos produzidos a cada ano. Todos os 17 ODS propostos implicam numa competição por recursos, apesar do progresso de 12 deles estar diretamente relacionado ao uso sustentável da terra, alimentos, água, energia e matéria. O novo relatório do IRP avalia as interligações, sinergias e contrapartidas entre os ODS relacionados aos recursos naturais que os tomadores de decisão devem levar em conta no momento da formulação de políticas para sua implementação. O modelo do relatório demonstra que se os ODS em energia, segurança alimentar e mudança do clima forem abordados por políticas setoriais, haverá possíveis contrapartidas entre os sistemas de alimento, biodiversidade, mitigação climática, poluição por nutrientes e uso de água doce. Sendo assim, o progresso deveria ser feito em todos os ODS juntos, como um pacote coordenado e integrado, entendendo os diferentes objetivos e seus requisitos de recursos, gerenciando as sinergias e moderando as contrapartidas. Além disso, se políticas forem combinadas com as medidas de produção e consumo sustentáveis em um sistema de garantias ambientais e sociais, a conquista dos objetivos é mais realista. “Conquistar o progresso econômico e social previsto em alguns ODS requer investimentos simultâneos naturais revistaamazonia.com.br


Tirar 1 bilhão de pessoas da extrema pobreza

de capital em outros”, disse o co-presidente e o antigo comissário responsável pelo Meio Ambiente Europeu, Janez Potocnik. “Buscar essa primeira meta e atrasar ação nesta segunda não funcionará. Isso implica uma transformação radical na forma como os políticos priorizam os problemas relacionados ao uso dos recursos naturais e do meio ambiente”. O progresso dos ODS relacionados à segurança alimentar, produção de energia e água e saneamento, por exemplo, depende dos mesmos sistemas fundiários a que estão sujeitas as estratégias de conservação que procuram manter a biodiversidade e ecossistema. Mudanças nos sistemas de produção que abordam as ineficiências estruturais, produtividade de recursos e as estratégias de conservação vão reduzir apenas de forma

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limitada a pressão sobre o uso da terra, água e energia para alcançar as metas de segurança alimentar, acesso à energia, abastecimento de água e a resistência às mudanças climáticas. Políticas que abordem o lado das demandas, tais como os padrões de consumo, também serão necessárias.

Sobre o Painel Internacional de Recursos

vernos e outras partes interessadas quanto ao uso efetivo e eficientes dos recursos naturais ao longo de todo o ciclo de vida. Os relatórios do Painel têm sido usados e indicados por organizações internacionais, governos nacionais, grupos de reflexão e organizações de pesquisa, academia, indústrias e sociedade civil, nas discussões e planejamento de novas políticas que levem em consideração a produção e consumo sustentáveis e eficientes de recursos.

O Painel Internacional de Recursos é um grupo de mais de 30 especialistas e cientistas renomados internacionalmente e mais de 30 governos nacionais. Sediado na divisão de tecnologia, indústria e economia do PNUMA, foi estabelecido em 2007 como um órgão científico para fornecer avaliações relevantes e independentes aos go-

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Lições dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio são “trampolim” para a futura agenda da ONU Fotos: UN Photo/Evan Schneider

O

s Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, (ODM) galvanizaram o mundo para produzir o movimento anti-pobreza, maior sucesso na história, ajudou a levantar mais de um bilhão de pessoas da pobreza extrema, fez incursões contra a fome e permitiu a frequência a escola maior do que nunca. No entanto, apesar dos ganhos notáveis, vai demorar mais para garantir que as pessoas mais pobres e mais vulneráveis não sejam deixadas para trás. Isso é de acordo com a avaliação final dos ODM, que vão desde reduzir para metade os índices de pobreza extremas para deter a propagação do HIV e provisão da educação primária universal, tudo até a data-limite de 2015. “O relatório confirma que os esforços globais para alcançar os Objetivos de ter salvo milhões de vidas e melhores condições para milhões mais em todo o mundo”, disse o Secretário-Geral Ban Ki-moon, no lançamento do relatório em Oslo, Noruega. “Estes sucessos devem ser comemorados em toda a nossa comunidade global”. E análise de dados provar que mesmo os países mais pobres podem fazer progressos dramática e sem precedentes com intervenções orientadas, estratégias sólidas, recursos adequados e vontade política, diz o relatório, que reflete o progresso global e regional dos oito ODM nos últimos 15 anos, que tem foram monitorados e analisados anualmente por dados compilados em mais de 28 das Nações Unidas e agências internacionais. “Os ODM trabalharam em todos os níveis - global, nacional e local, reunindo não só diplomatas e tecnocratas, em edifícios conferência, mas as comunidades se reuniram em praças de vilas”, disse Ban Ki-moon, acompanhado de Erna Solberg, Primeira-Ministra da Noruega, e Paul Kagame, presidente de Ruanda. O relatório - cujo lançamento coincide com a abertura em Nova York do segmento de alto nível da sessão 2015 do Conselho Económico e Social da ONU (ECOSOC) e o de 32 REVISTA AMAZÔNIA

três dias Reunião Ministerial do Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável - descobriu que o esforço de 15 anos para alcançar os Objetivos foi geralmente bem-sucedida em todo o mundo, embora reconhecendo deficiências que subsistem. “Importantes progressos foram feitos no sentido de atingir os ODM. A pobreza global continua a declinar “, disse o relatório. “Mais crianças do que nunca estão frequentando a escola primária. Mortes infantis caíram drasticamente. O acesso à água potável foi bastante expandido. Direcionados investimentos no combate à malária, HIV / SIDA e tuberculose salvaram milhões. “ “Os ODM”, acrescentou, “provam que a fixação de metas pode tirar milhões de pessoas da pobreza, capacitar as mulheres e meninas, melhorar a saúde e bem-estar, e fornecer vastas novas oportunidades para uma vida melhor”. O relatório chamou a atenção para as alterações climáticas e a degradação ambiental que minam o progresso alcançado, e notou que os conflitos permanecem a maior ame-

Ban Ki-moon, fala no lançamento do relatório final sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas (ODM), ladeado pela primeira-ministro da Noruega, Erna Solberg, e o presidente Paul Kagame, de Ruanda

aça ao desenvolvimento humano e o maior obstáculo para o progresso na consecução dos ODM. A agenda de desenvolvimento pós-2015 emergentes, incluindo o conjunto de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que serão adotadas em uma cúpula na sede da ONU, em setembro, se esforça para refletir essas lições, construir sobre os sucessos e colocar todos os países, juntos, com firmeza no caminho certo rumo a uma mais próspera, sustentável e equitativo mundo. “Ao refletirmos sobre os ODM e nossos olhos para os próximos 15 anos, estou confiante de que podemos cumprir nossa responsabilidade partilhada, para acabar com a pobreza, deixar ninguém para trás e criar um mundo de dignidade para todos”, disse Ban Ki-moon no lançamento. revistaamazonia.com.br


Em cada um dos oito ODM, o relatório constatou que: Na Meta 1 – erradicar a pobreza extrema e a fome – o mundo tem visto o movimento anti-pobreza maior sucesso na história global, que tem contribuído para a redução no número absoluto de pessoas que vivem em extrema pobreza em mais da metade em 2015, desde 1990;

1990

47%

Na Meta 2 – para alcançar a educação primária universal – na África Subsaariana, a implementação dos ODM ajudou a aumentar a taxa líquida de matrícula na escola primária em 20 pontos percentuais desde 2000, em comparação com apenas 8 pontos percentuais entre 1990 e 2000, e o ODM alcançou o sucesso inovador no número de fora de escola, crianças em idade escolar primária, de 100 milhões em 2000, diminuiu para 57 milhões em 2015;

2015

14%

2000

100 million 57 million

2015

80%

1990

1999

60%

52%

2015

1990

12.7 million

2015

6 million

0

100 1990

60%

No Objetivo 5 – melhorar a saúde materna – com a ajuda dos ODM, mais mães podem contar com a assistência e o tratamento de que necessitam durante a gravidez e depois, e a taxa de mortalidade materna foi reduzida quase pela metade em todo o mundo. Hoje em dia três quartos dos partos são assistidos por profissionais de saúde qualificados a nível mundial;

2015

Na Meta 6 – combater o HIV / AIDS, a malária e outras doenças – as taxas de infecção mais baixas de HIV de 40 por cento, um imenso aumento na terapia antirretroviral, quedas tremendas em mortes por malária e as taxas de incidência, bem como o sucesso superior em tratamento da tuberculose provar que o trabalho ODM para derrotar doenças; 13.6 million

380

84%

330

0.8 million

210

73%

ART

ART

60%

1990

2000

2013

2003

2014

80%

40%

70%

20%

71%

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2000

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revistaamazonia.com.br

100

1990 2000 2015

100%

0

103

20%

Na Meta 4 – reduzir a mortalidade infantil – os ODM foram mais bem-sucedidos na redução da mortalidade infantil. Entre 1990 e 2015, a taxa anual de redução da mortalidade de menores de cinco mais do que triplicou a nível mundial;

80%

74

40%

836 million

1,751 million

1,926 million

80%

Na Meta 3 – que procurou promover a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres – as mulheres agora estão tendo representação significativamente mais forte tanto nos parlamentos em todo o mundo, como uma força de trabalho fora do setor agrícola e as realizações substanciais foram feitos na igualdade de gênero na educação. Por exemplo, no sul da Ásia, há agora ainda mais meninas do que rapazes matriculados na escola primária, em comparação com 74 meninas para cada 100 meninos em 1990;

900 million 1990

2014 REVISTA AMAZÔNIA 33


No Objetivo 7 – Garantir a sustentabilidade ambiental – os ODM têm aumentado significativamente o acesso para a melhoria da água potável para mais de 90 por cento da população global, e desde 1990, os esforços de proteção de ozônio virtualmente eliminado substâncias destruidoras do ozônio;

2.3 billion

4.2 billion

O Objetivo 8 – para cultivar uma parceria global para o desenvolvimento – assistência oficial ao desenvolvimento (APD) dos países desenvolvidos aumentou 66 por cento em termos reais entre 2000 e 2014. $135 billion $81 billion

$

$

2000

2014 43%

1990

2015 6%

2000

2015

Destaques da América Latina e Caribe Pobreza: A América Latina e o Caribe atingiram o objetivo de reduzir pela metade a taxa de pobreza extrema, com a proporção de pessoas vivendo com menos de 1,25 dólares por dia caindo de 13% em 1990 para 4% em 2015. Fome: A proporção de pessoas subnutridas do total da população diminuiu de 15% em 1990-1992 para 6% em 2014-2015. No entanto, em 2014-2016 a prevalência de pessoas subnutridas na América Latina foi inferior a 5%, e no Caribe corresponde a 20%. Educação primária: A taxa líquida de matrículas cresceu de 87% em 1990 para 94% em 2015, mas a maior parte do progresso foi feita antes de 2000. As disparidades continuam sendo importantes entre as duas sub-regiões: 82% no Caribe e 95% na América Latina. Igualdade de gênero: A paridade foi alcançada na educação primária entre meninos e meninas na região. Mulheres na América Latina e Caribe possuem empregos remunerados quase tanto quanto os homens, 45 de cada 100 empregos assalariados no setor não agrícola são ocupados por mulheres, o maior número entre todas as regiões em desenvolvimento. A representação feminina no parlamento (27% em 2015) é a mais alta entre todas as regiões em desenvolvimento e ainda maior do que a proporção média em regiões desenvolvidas. Mortalidade infantil: A taxa de mortalidade entre menores de cinco anos foi reduzida em 69% entre 1990 e 2015. De 54 óbitos por 1.000 nascidos vivos em 1990 para 17 em 2015. A meta de redução de dois terços na taxa de 34 REVISTA AMAZÔNIA

mortalidade de menores de cinco anos foi atingida. Saúde materna: Houve 190 mortes maternas por 100.000 nascidos vivos em 2013 no Caribe. A América Latina tem uma taxa de mortalidade materna muito mais baixa, com 77 mortes maternas por 100.000 nascidos vivos em 2013. A América Latina e o Caribe fizeram um progresso lento em reduzir a gravidez adolescente e a taxa de natalidade entre as adolescentes é a segunda mais alta de todas as regiões em desenvolvimento.

Doenças infecciosas: O número de novas infecções pelo vírus HIV caiu cerca de 56% entre 2000 e 2015 no Caribe e na América Latina, novas infecções por HIV têm mostrado apenas um lento declínio de 2000 para 2015, 44% das pessoas vivendo com HIV/AIDS em toda a região receberam terapia de tratamento antirretroviral, o maior número entre todas as regiões em desenvolvimento. Água e saneamento: A região alcançou o objetivo de água potável dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) cinco anos antes do previsto. A proporção da população que utiliza uma fonte de água melhorada era de 95% em 2015, acima dos 85% em 1990. A região também está bem próxima de alcançar o objetivo de reduzir para metade a proporção da população sem saneamento básico. A parcela da população que utiliza um melhor serviço de saneamento aumentou de 67% para 83%, entre 1990 e 2015.

Contexto O Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, uma avaliação anual do progresso global e regional em direção aos ODM, reflete a mais abrangente atualização de dados compilados pela mais de 28 agências das Nações Unidas. É produzido pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (DESA) das Nações Unidas.

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PRÊMiO SDSN

amazônia RECONHECENDO AS BOAS PRátiCAS VOLtADAS AO DESENVOLViMENtO SUStENtáVEL NA AMAZÔNiA CONtiNENtAL. O Prêmio SDSN Amazônia visa identificar, reconhecer e dar visibilidade às ações, projetos, programas e iniciativas de organizações públicas, das empresas, da academia e de organizações não governamentais que, frente aos desafios impostos pelo desenvolvimento socioeconômico da região da Amazônia Continental (Bolívia, Brasil, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela), trazem soluções aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). A iniciativa pretende disseminar práticas bem sucedidas como alternativas viáveis por meio de cinco categorias: Educação, Mineração, Gestão de Áreas Protegidas, Gestão de Terras Indígenas e Infraestrutura.

iNSCRiÇÕES ABERtAS!

©2015 - Prêmio SDSN Amazônia. todos os direitos reservados. revistaamazonia.com.br

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toneladas

(1) Conjunto dos princĂ­pios ativos utilizados e nĂŁo representados no grĂĄfico.


V E N E Z U E L A GUYANE

SURINAME

C O L O M B I A

Cabo Orange

Número e área

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GUYANA

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Cabo Raso do Norte

Arquip. de S. Pedro e S. Paulo

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MARANHÃO

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Arquip. de Fernando de Noronha

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RONDÔNIA

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RIO DE JANEIRO RIO DE JANEIRO SÃO PAULO I. de São Sebastião

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SANTA CATARINA PORTO ALEGRE

Número

RIO GRANDE DO SUL La. dos Patos La. Mirim La. Mangueira

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SANTA CATARINA PORTO ALEGRE

RIO GRANDE DO SUL La. dos Patos La. Mirim

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População total residente em área costeira V E N E Z U E L A

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Valores absolutos


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I. de São Francisco I. de Santa Catarina

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Cúpula do Clima das Américas

Semas defende agenda econômica para reduzir desmatamento por Naiana Gaby Ferraz Monteiro Santos * Fotos: Ascom Semas e Melissa Harris

U

m dos grandes debates da Cúpula do Clima girou em torno da precificação do carbono e de como os Estados ali presentes poderiam ajudar para combater a emissão dos GEE. Para isso, Luiz Fernandes Rocha participou de um painel sobre o tema, onde lembrou que a Amazônia ainda é responsável por 30% das emissões desses gases, mas que o Governo do Pará trabalha de forma ativa para a prevenção e redução do carbono na região. Com o avanço do debate sobre as mudanças climáticas e da sustentabilidade, o cenário mundial sente a necessidade de criar mecanismos e parcerias que gerem resultados positivos em uma escala global, através de políticas públicas, para ampliar as ações de proteção das florestas e diminuição das taxas de desmatamento que interferem diretamente no clima. O Pará está inserido neste movimento global e, por isso, foi um dos Estados convidados para participar recentemente, da Cúpula do Clima das Américas (Climate Summit of the Americas) em Toronto, Canadá. A reunião, que é promovida pelo Governo de Ontário, tem como principal objetivo reunir jurisdições pan-americanas, líderes indígenas, setor industrial e grupos ambientais para debater e trabalhar, no sentido de reforçar o compromisso com a redução dos Gases do Efeito Estufa (GEE). O Governo do Pará esteve representado pelo secretário de

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Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Luiz Fernandes Rocha. Durante o primeiro dia de encontros, a programação envolveu debates, palestras e painéis sobre mudanças climáticas, precificação de carbono, economia verde, infraestrutura e desenvolvimento regional sustentável. O ministro de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas de Ontário, Glen Murray, lembrou que os desafios para encarar as mudanças do clima são grandes. “Vamos trabalhar juntos para reduzir a emissão dos gases do efeito estufa. Nossos desafios são gigantes, mas estamos juntos

Jerry Brown, governador da Califórnia, em discurso memorável, afirmou: “Essa cúpula é sobre a revolução do clima, é sobre a evolução do Planeta. Tem muita gente que não se importa, mas nós nos importamos e vamos trabalhar juntos!”, concluiu Brown

e vamos conseguir criar uma economia verde duradoura para este Planeta”, afirmou Murray. O ministro ressaltou a importância do Pará na Cúpula do Clima. “Tivemos aqui ótimas ideias e grandes experiências. Todas as jurisdições contribuíram de alguma forma. O Brasil, aqui representado pelo Governo do Pará, nos mostrou como eles podem nos ajudar combatendo revistaamazonia.com.br


Larry Sault, representante dos Povos Indígenas Mississaugas, na Cúpula do Clima das Américas

Kathleen Wynne, governadora de Ontário, ao centro, entre Philippe Couillard, governador de Quebec e Jerry Brown, governador da Califórnia, apelaram aos líderes federais na América do Norte para combater as alterações climáticas

o desmatamento na Amazônia, precisamos entender as nossas necessidades e tentar ajudá-los”, afirmou o ministro. Além do ministro, também estavam presentes nesse primeiro momento a governadora de Ontário, Katheleen Wyne, o governador de Quebec, Philippe Couillard e o representante dos Povos Indígenas Mississaugas, Larry Sault. O encontro dos representantes das Américas para a discussão das mudanças climáticas marca um momento histórico, mostrando que, se as partes interessadas se apoiarem, as questões climáticas poderão ser resolvidas. “Estamos aqui juntos para trabalhar um progresso real, para construir esse senso de urgência para que possamos eliminar os gases do efeito estufa em nível global”, ressaltou Ketheleen Wyne.

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Mudanças Um dos grandes debates da Cúpula do Clima girou em torno da precificação do carbono e de como os Estados ali presentes poderiam ajudar para combater a emissão dos GEE. Para isso, Luiz Fernandes Rocha participou de um painel sobre o tema, onde lembrou que a Amazônia ainda é responsável por 30% das emissões desses gases, mas que o Governo do Pará trabalha de forma ativa

para a prevenção e redução do carbono na região. Luiz Fernandes apresentou as ferramentas e mecanismos que o Governo do Pará trabalha dentro do Estado, o que resultou na redução de 39% do desmatamento na região Amazônica. O Plano de Prevenção, Controle e Alternativas ao Desmatamento (PPCAD), Programa Municípios Verdes (PMV) e Cadastro Ambiental Rural (CAR), foram alguns dos assuntos que pautaram a participação do secretário durante o painel. Luiz Fernandes apresentou perspectiva diferente sobre o cenário das mudanças climáticas. “A redução do desmatamento na Amazônia é fruto de um trabalho constante na busca de se evitar o agravo das mudanças climáticas”, informou. O secretário lembrou ainda, que uma agenda econômica, que assegure o novo modelo de produção dos municípios, com agregação de valor, inovação e sustentabilidade é essencial para o crescimento desses projetos e, consequentemente, a redução dos GEE no Planeta. “Temos como certo que o desafio da sustentabilidade não se resolverá apenas pelos governos nacionais, é preciso engajar os governos subnacionais e mais ainda, os governos locais, pois eles estão mais perto das pessoas e dos agentes econômicos que fazem as coisas acontecerem no chão”, alertou o secretário. Outro ponto discutido pelo titular da Semas é para que o Pará possa usar mecanismos financeiros, como o Fundo Verde para o clima. “O nosso Governo precisa ser compensado pelo esforço

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Luiz Fernandes Rocha, a coordenadora de Relações Internacionais do Governo do Pará, Larissa Chermont e o ex-presidente do México, Felipe Calderón

que já fez, inclusive nas economias locais para reduzir o desmatamento. Mas reafirmamos aqui o compromisso de cumprir as metas até 2020”, completou. Autoridades do Governo Americano também estiveram presentes na Cúpula do Clima. O governador da Califórnia, Jerry Brown, fez um discurso memorável, afirmando que todos os Estados precisam trabalhar juntos para que, com essas parcerias, um novo mundo comece a ser desenhado. “Essa cúpula é sobre a revolução do clima, é sobre a evolução do Planeta. Essa cúpula é sobre o que nós podemos fazer e vamos construir. Tem muita gente que não se importa, mas nós nos importamos e vamos trabalhar juntos!”, concluiu Brown. O governador de Washington, Jay Inslee, também falou sobre como as parcerias entre os países pode mudar o cenário global do clima. “Nós podemos trabalhar esse desafio, é um momento único na história. Temos que construir aqui parcerias, precisamos ser vizinhos unidos e temos que continuar nos falando quando voltarmos para as nossas casas, por que assim assumimos a nossa responsabilidade e realizamos esse sonho juntos”, relatou Inslee.

dente do The Climate Reality Project, Al Gore, e com o ex-presidente do México e atual presidente da Comissão Global sobre Economia e Clima, Felipe Calderón, além das autoridades canadenses, os países colocaram em pauta os desafios que possivelmente serão discutidos na Cop21. O Governo do Pará, representado pelo titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Luiz Fernandes Rocha, e pela coordenadora de Relações Internacionais do Governo do Pará, Larissa Chermont, reafirmou o compromisso com as mudanças climáticas, no sentido de trabalhar para diminuir o desmatamento na região. “O Governo do Pará junta-se aos demais países da Cúpula do Clima para participar desse desafio das Américas. Temos que trabalhar a Amazônia para que as mudanças climáticas sejam resolvidas em

escala global”, disse Larissa. A coordenadora falou ainda no compromisso do Pará em ser protagonista da Tripla Revolução, que é a diretriz do governador Simão Jatene. Tal mudança de paradigma somente acontecerá com a revolução a partir do conhecimento, da produção e da gestão. Dessa forma, a Amazônia cumpre integralmente o seu duplo papel, de ser provedora global de serviços ambientais e garantir qualidade de vida digna a seus cidadãos. Após esse primeiro momento, Al Gore fez um discurso esperançoso sobre as questões climáticas no Planeta. Segundo o ex vice-presidente dos Estados Unidos, para começar a enxergar as questões climáticas com o devido cuidado, é necessário antes responder a três questões. A primeira delas é: devemos mudar? A resposta, segundo Al Gore, vem da própria Natureza. “A Mãe Natureza está nos mandando sinais claros que temos que mudar! As tempestades estão cada vez mais fortes, queimadas são mais comuns, o gelo derrete com mais facilidade, sofremos com temperaturas altíssimas e ainda assim, nós continuamos poluindo a atmosfera”. A segunda pergunta é: podemos mudar? A resposta, mais uma vez, é taxativa: “Podemos e vamos mudar, precisamos criar projetos globais para mobilizar a população, informar que enquanto mudamos podemos também alimentar a economia de forma sustentável”. A terceira e última pergunta, disse Al Gore, é: nós vamos mudar? “Nós vamos vencer isso, mas precisamos fazer isso juntos para vencer esse desafio, para mobilizar quem precisa ser mobilizado. Nós temos tudo que precisamos para começar essa revolução”, garantiu. Outra palestra que envolveu o público foi proferida por Felipe Calderón. Segundo o ex-presidente do México, os governos não se preocupam com as mudanças climáticas porque a solução de alguns problemas exige um custo alto. Calderón falou também sobre os sistemas globais

A governadora de Ontário, Katheleen Wyne, reforçou que o pacto firmado a partir das assinaturas tornou-se um fato histórico

Semas assina Acordo das Américas em Toronto Durante uma conversa entre os governos participantes do evento, para discutir estratégias sobre as abordagens que podem proporcionar resultados mais eficazes para a Cop21, que será realizada em novembro desse ano, em Paris. Durante uma conversa entre os governos participantes do evento em sessão apenas para convidados, com a presença do ex vice-presidente dos Estados Unidos e presi44 REVISTA AMAZÔNIA

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pelo desmatamento zero. Outro bom exemplo que temos é o do carvão, que tem como principal norte o atendimento à legislação vigente que regulamenta a produção, transporte, comercialização e utilização de carvão vegetal de fontes sustentáveis, além de reposição florestal dos estoques consumidos”. O Pará também tem outros TACs, como o da madeira e de grãos, cujo principal objetivo é a regularização e fiscalização ambiental da cadeia produtiva de madeira, o fortalecimento do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a coibição do comércio de grãos oriundos de áreas degradadas. Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, disse as empresas irão guiar o mundo fora da crise climática, em um discurso otimista no último dia da Cúpula do Clima das Américas

Luiz Fernandes apresentou as ferramentas que o Governo do Pará desenvolve, o que resultou na redução de 39% do desmatamento na região Amazônica

que precisam ser reavaliados, e citou como exemplo o mercado de energia. “Devemos capturar as oportunidades que as energias renováveis estão proporcionando para nós e não somente tratá-las como parte de um sistema”. Calderón afirma, ainda, que para diminuir a produção de carbono, são necessárias cinco medidas: acelerar o desenvolvimento de baixo carbono definindo que tipo de sistema queremos criar; parar o desmatamento e melhorar a produção agrícola; investir cada vez mais em energia limpa e começar de forma definitiva a trabalhar com a precificação de carbono e com a economia verde. Durante uma de suas falas, Calderón e Luiz Fernandes Rocha acordaram de iniciar um relacionamento a partir dos temas da Cúpula. O titular da Semas ressaltou a importância das parcerias com o setor privado, Ministério Público Federal e Estadual e Governo do Estado, citando o exemplo de alguns Termos de Ajuste de Condutas (TAC). “No Pará, já temos alguns TACs com os setores privados. Podemos citar aqui o TAC da carne, cujo objetivo reside no comprometimento por parte do produtor rural revistaamazonia.com.br

Assinatura do Acordo das Américas Além de elevar o nível das discussões a respeito das mudanças climáticas, um dos principais objetivos da Cúpula do Clima das Américas foi a elaboração de um documento que oficializa o compromisso geral de reduzir emissões dos gases do efeito estufa, bem como participar do movimento global da precificação de carbono e também de manter os relacionamentos construídos para a melhoria das questões ambientais. O termo de compromisso foi assinado por todos os países representantes das Américas. O termo também é uma forma de comunicar e mobilizar governos para que as mudanças climáticas sejam conduzidas de maneira eficaz e prioritária. A governadora de Ontário, Katheleen Wyne, reforçou que o pacto firmado a partir das assinaturas tornou-se um fato histórico, já que pela primeira vez os continentes americanos se unem para investir em tecnologias e ações para a melhoria do clima. [*] Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade

Ainda na Cúpula do Clima das Américas, Luiz Fernandes, Al Gore e Larissa Steiner Chermont

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ECOSOC e HLPF – Fóruns de Alto Nível Político sobre o Desenvolvimento Sustentável e Político da ONU Fotos: UN Photo/ Eskinder Debebe/Evan Schneider/Rick Bajornas

O

presidente do Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) abriu o Fórum de Alto Nível Político sobre o Desenvolvimento Sustentável, declarando que 2015 deve ser o ano em que as pessoas e os líderes mundiais realizem o sonho de uma nova agenda de sustentabilidade. “Nós já chegamos a um acordo com 17 propostas de desenvolvimento sustentável”, disse Martin Sajdik, explicando que as metas têm a erradicação da pobreza e a proteção do planeta como os seus objetivos globais para construir os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). “Ele também abordou as causas estruturais da pobreza e da desigualdade e falou com dimensões econômicas e ambientais. Elas abraçam a busca de sociedades pacíficas, inclusivas e bem governadas, com base no Estado de Direito, como parte integrante da agenda de desenvolvimento”, avaliou, acrescentando que 2015 não deve ser apenas um ano, quando as pessoas e os líderes compartilhem de um grande sonho. Ban Ki-moon com a primeiroministro Erna Solberg, o presidente Paul Kagame e membros da Advocacia Grupo MDG

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“Deve ser o ano em que o mundo se mobilizou para realizar esse sonho. Ele também deve ser o ano para todos nós lançarmos um esforço maior para implementar nossa nova agenda de desenvolvimento sustentável “, declarou Sajdik. O Fórum de Alto Nível Político 2015 sobre o Desenvolvimento Sustentável sob os auspícios do ECOSOC, permitiu o debate entre os governos, o sistema das Nações Unidas e outras organizações, cientistas, grupos principais e outras partes interessadas da sociedade civil. A comunidade internacional está à beira de erradicar a po-

breza extrema e alcançar as pessoas mais vulneráveis do mundo, com “uma chance de viver uma vida digna”, o Vice-Presidente do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), apelando aos delegados para reforçar as plataformas para a implementação da nova agenda de desenvolvimento que será adotada em Setembro. “Se nós quisermos dar o toque final e implementar uma agenda universal, transformacional e centrada nas pessoas, precisamos mudar nossas mentalidades. Não podemos continuar fazendo negócios como de costume e esperar resultados diferentes “, afirmou Oh Joon, em suas observações para a abertura do segmento de alto nível de 2015 sessão do ECOSOC. “Nós temos a responsabilidade de contribuir, através de nossa deliberação, para o processo que irá traçar o nosso caminho para os próximos 15 anos e além”, continuou o Sr. Oh. “Se conseguirmos isso agora, vamos obtê-lo para as gerações vindouras”. O segmento de alto nível ECOSOC, coincide com o Segmento Ministerial do Fórum de Alto Nível 2015 Político (HLPF) sobre Desenvolvimento Sustentável. Este último visa fomentar o debate entre os governos, o sistema das Nações Unidas e outras organizações, cientistas, grupos principais e outras partes interessadas da sociedade civil em todos os aspectos em torno da implementação da nova agenda da sustentabilidade e erradicar a pobreza global. Em setembro, os Estados-Membros irão adotar um conjunto de objetivos de desenvolvimento sustentável que substituir os oito Objetivos de Desenvolvimento do revistaamazonia.com.br


Durante o Fórum de Alto Nível Político sobre o Desenvolvimento Sustentável

Milênio (ODM), que tiveram o prazo até 2015. A ONU está trabalhando com governos, sociedade civil e outros parceiros para aproveitar o impulso gerado pelos ODM e continuar com uma agenda de desenvolvimento pós2015 ambicioso. Falando na abertura do Fórum de Alto Nível Político ECOSOC, o presidente Martin Sajdik disse aos delegados que a sessão poderia finalmente realizar três objetivos, incluindo o balanço de posição da comunidade internacional à frente da iminente Conferência Internacional sobre o Financiamento do Terceiro para o Desenvolvimento em Addis Abeba , Etiópia; proporcionando uma oportunidade para se preparar para a implementação da agenda de desenvolvimento pós-2015; e concepção de uma metodologia para manter o progresso e a execução

Ban Ki-moon, Secretário-Geral da ONU, com a primeiro-ministro Erna Solberg da Noruega revistaamazonia.com.br

Martin Sajdik, presidente do Conselho Econômico e Social (ECOSOC), disse que em 2015, o mundo deve “realizar o grande sonho” do desenvolvimento sustentável para todos

sob avaliação em cada país e região. Na mensagem para o Fórum HLPF, o Sr. Oh reiterou senso de urgência, observando que os Estados-Membros teriam de discutir e determinar “como garantir que vamos construir em bases sólidas”, enquanto também se unindo e integrando todos os esforços - a nível regional, nacional e níveis globais - para um objetivo unificado. “Uma agenda integrada exigirá uma visão integrada, particularmente ao nível conceitual de elaboração de políticas”, acrescentou o Sr. Oh. “Estamos à beira de criar uma ação excepcional. Deixe-nos obtê-lo direito”. “Estamos claramente indo na direção certa”, disse Jan Eliasson, Secretário-Geral Adjunto, também falando na abertura: “O teste decisivo para a nova agenda será a sua implementação.”

Oh Joon, vice-Presidente do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) REVISTA AMAZÔNIA 47


Participantes ouvindo uma apresentação de Carlos Alvarado Quesada, ministro de Desenvolvimento, Costa Rica

O secretário-geral adjunto observou que os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável propostos pelos Estados-Membros eram, de fato, transformadores e estabeleceu “uma visão holística do desenvolvimento centrada nas pessoas”. Ao mesmo tempo, disse ele, uma das lições dos ODM é que o mundo não pode trabalhar em silos, com foco em um objetivo, sem considerar os links para outros objetivos. “Precisamos de mais do que uma nova caixa de ferramentas de medidas políticas. Precisamos de um “repensar” essencial do caminho que fazemos e implementar políticas. Temos de aprender como dar forma,

implementar e avaliar os planos de desenvolvimento que refletem ambas as dimensões econômicas, sociais e ambientais “, Jan Eliasson afirmou. “É por isso que precisamos de uma visão integrada da execução, em que interligações são bem compreendidos e utilizados.” Enquanto isso, Sam Kutesa, o Presidente da Assembleia Geral, ressaltou a necessidade de “redobrar os esforços” para que as negociações sobre a agenda de desenvolvimento pós-2015, para “uma conclusão bem sucedida”, enquanto também ampliação mobilização de recursos e renovando e melhorando mundial parcerias para o desenvolvimento.

“É evidente por que os resultados bem sucedidos de todos esses processos serão fundamental para alcançar o desenvolvimento sustentável e colocando o nosso mundo de uma forma mais equitativa, e via mais segura, sustentável,” disse Mr. Kutesa. “As deliberações nesta sessão do HLPF vão aprofundar a compreensão das questões críticas relacionadas com a agenda de desenvolvimento pós-2015, bem como o papel vital do Fórum irá desempenhar para garantir que a nova agenda é entendida, comunicada e alcançado pelo engajamento de todos os atores”.

O Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável (HLPF) foi encerrado por Mohamed Khaled Khiari, Vice-Presidente do ECOSOC, após uma breve sessão plenária de encerramento

Na reunião do Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável (HLPF 2015)

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9º Encontro de Jornalistas Fundação Banco do Brasil Durante o 9° Encontro de Jornalistas da Fundação Banco do Brasil

A

9ª edição do Encontro de Jornalistas realizado pela Fundação Banco do Brasil (FBB), no Auditório do hotel Windsor em Brasília, no período de 12 a 14 de agosto, reuniu cerca de 80 profissionais da imprensa de todo o país e teve como tema central “Protagonismo social: a comunicação para transformar realidades” – fez parte das comemorações dos 30 anos da Fundação BB. O presidente da Fundação, José Caetano de Andrade Minchillo, após saudar os participantes pela presença no evento, explicou que o foco da instituição é a inclusão socioprodutiva das camadas mais vulneráveis da população brasileira. “Fazemos projetos que sejam sustentáveis no longo prazo, que gerem renda e que possam ensinar, contribuir, capacitar, assessorar e dar oportunidade para que haja transformação e inclusão”. Em seguida, teve início a mesa de debates sobre “Investimento Social Privado”, com a participação do presidente da Fundação Banco do Brasil Caetano Minchilo, e dos palestrantes André Desenzjain e Andrea Vialli. Foram apresentados aos jornalistas o relatório social de 2014 da Fundação BB contemplando 656 municípios

José Caetano Minchillo, presidente da FBB e nosso diretor Rodrigo Hühn com a Revista Amazônia

Segundo o economista Sérgio Besserman Vianna, o ativo mais importante do século 21, no sentido de gerar renda, emprego e bem-estar, é o conhecimento

brasileiros com investimentos sociais de R$ 296,4 milhões, sendo que deste total R$ 254,9 milhões foram voltados a inclusão socioprodutiva priorizando os vetores água, agroecologia, agroindústria, resíduos sólidos e educação, envolvendo diretamente 226 mil pessoas em todo o país, oportunidade em que o Estado de Roraima foi contemplado com um projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) com aporte de recursos de R$ 145.240,00. Segundo Caetano Minchilo, a meta principal da Fundação BB é priorizar a articulação com diversos movimentos sociais para interagir com segmentos em vulnerabilidade social como agricultores familiares, catadores de materiais recicláveis, indígenas, assentados da reforma agrária, quilombolas e jovens. “É um diálogo continuo, onde identificamos as necessidades, avaliamos os impactos do investimento social e desenvolvemos novas iniciativas par a inclusão social e produtiva desses públicos. Estamos completando 30 anos da Fundação BB e decidimos reunir os jornalistas de todo o país para compartilharmos histórias de sucessos de pessoas que dão exemplo de protagonismo na busca pela autonomia e superação de desafios na conquista da cidadania de suas comunidades, de norte a sul deste país, nos projetos apoiados pela Fundação BB”, ressaltou. Na palestra de abertura, o economista Sérgio Besserman Vianna provocou o público para refletir sobre a Exclusão Social: “No Brasil a desigualdade é a cicatriz mais profunda da nossa sociedade. É o que nos identifica mais profundamente no mundo”. E alertou que as mudanças climáticas vão trazer mais desigualdade e exclusão social em todo o mundo. “Mudanças climáticas é o tema dos próximos 20 anos com extraordinário impacto sobre a exclusão social e não adianta agir só localmente. Se você A nona edição do evento fez parte da comemoração dos 30 anos da Fundação BB

O presidente da Fundação BB, José Caetano Minchillo, a jornalista de sustentabilidade Andrea Vialli e o secretário geral do Gife, Andre Degenszajn revistaamazonia.com.br

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A mediação dos debates foi coordenada pela jornalista e radialista Kátia Sartório

quer salvar a sua floresta, se você quer salvar a população de ribeirinhos, quilombolas e comunidade indígena, ou simplesmente comunidades, vai ter que pensar local e agir global também.” O principal caminho apontado por Besserman para transformar a sociedade é o conhecimento. “Tem que fazer muito do que vocês - Fundação BB - fazem: empreendedorismo, inovação, botar o cara no mundo para que ele possa transformar o que ele sabe. O ativo mais importante do século 21 - no sentido de gerar renda, emprego e bem-estar - é o conhecimento”, destacou. Na oportunidade o gerente executivo da Unidade de Negócios Sociais e Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil, Marcos Alfredo Sardi, disse que o BB trabalha em conjunto com a Fundação para promover a inclusão social. “A Fundação atua diretamente no suprimento de demandas mais básicas nas comunidades. E o banco vem em seguida com o que chamamos de negócios sociais. É com essa parceria com a Fundação é que a gente acredita estar cumprindo nossa missão de ser um banco de mercado com espírito público”, afirmou. Primeira mesa o tema foi “Investimento Social Privado – Editais de Seleção Pública: informação de serviço, transparência e governança” com Andre Degenszajn, secretário geral do Gife, Andrea Vialli,

O jornalista Paulo Motoryn, coordenador de comunicação da Secretaria Nacional de Juventude da Secretária-Geral da Presidência da República e o Jornalista Leandro Fortes debateram e abordaram as redes sociais, mobilização e protagonismo, na construção de um novo modelo de comunicação para o Brasil

Andrea Vialli do jornal Valor Econômico, destacou que é necessário que haja uma transversalidade nas coberturas jornalísticas relacionadas à sustentabilidade. “Precisamos entender o todo, ter um olhar sistemático, considerando causa e efeito. A palavra de ordem hoje é crise, mas pouco se fala da causa, a causa da crise hídrica, causa da crise elétrica e relação destas com o desenvolvimento sustentável”

Marcos Frade, diretor da Fundação BB e o secretário adjunto da Secretaria Nacional de Economia Solidária, do Ministério do Trabalho e Emprego, discutiram o Projeto Cataforte

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jornalista de meio ambiente e sustentabilidade e o presidente da Fundação BB, José Caetano Minchillo, A segunda mesa redonda teve como tema “Redes Sociais: a comunicação para a mobilização e protagonismo”, com a participação do coordenador de comunicação da Secretaria Nacional de Juventude da Secretária-Geral da Presidência da República jornalista Paulo Motoryn e do Jornalista Leandro Fortes que atuou como chefe da Agência Brasil e comentarista da Voz do Brasil, e criador do curso de jornalismo online do Senac do Distrito Federal. O assunto da mesa 3 foi o Projeto Cataforte – da invisibilidade à inclusão socioprodutiva, que visa possibilitar a inserção de cooperativas no mercado da reciclagem e a agregação de valor na cadeia de resíduos sólidos, com a participação do diretor da Fundação BB Marcos Frade e do secretário adjunto da Secretaria Nacional de Economia Solidária, do Ministério do Trabalho e Emprego, Exposição de iniciativas bem sucedidas

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José Caetano Minchillo, presidente da FBB, apresentou dados relativos ao investimento do Banco em projetos de inclusão social que já ultrapassa R$ 290 milhões e do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, realizado a cada dois anos, que objetiva difundir tecnologias sociais já aplicadas em âmbito local, regional e nacional. “Buscamos difundir tecnologias sociais que sejam efetivas na solução de questões relativas a água, alimentação, educação, energia, habitação, meio ambiente, renda e saúde”, afirmou o presidente da FBB. Os inscritos concorrem a premiações de até R$ 600 mil.

Paulo Motoryn, José Caetano Minchillo, Katia Sartório e Leandro Fortes

Severino Lima Jr, Catador de materiais recicláveis desde criança e membro do Comitê da Iniciativa Regional Reciclagem junto ao BID. Após a exposição das 3 mesas foram apresentadas histórias de participantes de projetos sociais apoiados pela Fundação Banco do Brasil dando exemplo de protagonismo na busca pela autonomia e na transformação social em iniciativas bem-sucedidas no Piauí, Minas Gerais e Rio Grande do Norte. Houve ainda visita à Cooperativa Sonho de Liberdade e à Estação de Metarreciclagem - que já receberam investimento social da Fundação BB e que seguem transformando as vidas dos participantes envolvidos.

O gerente executivo da Unidade de Negócios Sociais e Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil, Marcos Alfredo Sardi, disse que o BB trabalha em conjunto com a Fundação para promover a inclusão social. “A Fundação atua diretamente no suprimento de demandas mais básicas nas comunidades. E o banco vem em seguida com o que chamamos de negócios sociais. É com essa parceria com a Fundação é que a gente acredita estar cumprindo nossa missão de ser um banco de mercado com espírito público”, afirmou.

Participantes de projetos sociais apoiados pela Fundação Banco do Brasil deram exemplo de iniciativas bem sucedidas revistaamazonia.com.br

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Encíclica histórica sobre ambiente e alterações climáticas “Louvado seja” meu “Senhor”, cantou São Francisco de Assis. Nesta bela canção recordou-nos que a nossa casa comum também é como uma irmã, com quem partilhamos a existência, e como uma mãe bonita que nos acolhe em seus braços: “Louvado seja” meu “Senhor, pela irmã mãe Terra, que nos sustenta e governa, e produz diversos frutos com coloridas flores e ervas”

C

lima, biodiversidade, água, poluição do ar, energia, resíduos, tecnologia. Praticamente todos os aspectos da crise ambiental mundial estão abordados na encíclica do Papa Francisco inteiramente dedicada à proteção do planeta, divulgada recentemente pelo Vaticano. Não é a primeira vez que um Papa se debruça sobre os temas ambientais. E a própria encíclica recorda passagens de textos desde 1971, de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI. Mas uma encíclica inteiramente dedicada ao ambiente é uma novidade. E, mais do que isso, Francisco põe-se claramente ao lado dos cientistas na questão das alterações climáticas. “Existe um consenso científico muito consistente que indica que estamos perante um preocupante aquecimento do sistema climático”, escreve. O clima, diz a encíclica, “é um bem comum, de todos e para todos”. O Papa aponta o dedo aos combustíveis fósseis e afirma: “A humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudar o seu estilo de vida, de produção e de consumo, para combater este aquecimento ou, pelo menos, as causas humanas que o provocam ou agravam”.

A encíclica “Laudato Si”

“As alterações climáticas são um problema global, com graves implicações ambientais, sociais, econômicas, distributivas e políticas, e constituem o principal desafio da

Uma canção de São Francisco inspirou o Papa. Louvor a Vós, é o primeiro versículo do Cântico do Sol, uma obra-prima da literatura escrita pelo Santo, em 1224, dois anos antes de morrer. É um hino de ação de graças e louvor a Deus por seu trabalho de criação do mundo 52 REVISTA AMAZÔNIA

humanidade”, acrescenta a encíclica, na mesma linha do que cientistas e políticos têm vindo a dizer nas últimas duas décadas. Para a elaboração da encíclica, o Papa cercou-se tanto de pensadores religiosos como de cientistas. Um dos religiosos foi o Bispo Dom Erwin Kräutler, da Prelazia do Xingu e presidente do Cimi (Conselho Indigenista Missionário). Dos acadêmicos quem esteve profundamente envolvido no processo foi Hans Schellnhuber, presidente do Instituto Potsdam de Investigação sobre os Impactos Climáticos, na Alemanha. Schellnhuber é um dos principais investigadores nesta área e considerado como o pai da ideia de que se deve evitar um aumento da temperatura média global acima de 2oC até ao final deste século. Na apresentação da encíclica, numa conferência de imprensa no Vaticano, Schellnhuber saudou a iniciativa do Papa. “[A encíclica] junta a fé e a moral à razão e ao engenho”, disse. revistaamazonia.com.br


Durante o lançamento da Laudato Si

Um relatório “melhor e mais claro” O texto do Papa descreve detalhadamente as causas e consequências do aquecimento global. “É como se fosse um relatório do IPCC [Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas], melhor e mais claro”, interpreta Francisco Ferreira, da associação ambientalista Quercus. Com a encíclica, a Igreja Católica posiciona-se claramente em relação a várias opções políticas e econômicas relacionadas com as alterações climáticas. O texto defende a substituição dos combustíveis fósseis pelas energias renováveis. E critica os sistemas de comércio de emissões de carbono, que “podem conduzir a novas formas de especulação” e “não permitem as mudanças radicais que a circunstância presente exige”. O texto do Papa surge num momento crítico das negociações internacionais para um novo tratado climático, que deverá ser adotado em Dezembro, na conferência das Nações Unidas (ONU) em Paris. O tema foi discutido recentemente num encontro de alto nível promovido pela ONU em Nova Iorque. E em Setembro, deverão ser aprovados também pela mesma organização os objetivos do desenvolvimento sustentável. “O momento para

a divulgação desta encíclica não poderia ser melhor”, afirma Francisco Ferreira. O clima não é senão um dos tópicos abordados pela encíclica. O texto toca em tudo o que diga respeito à crise ambiental – ou seja, à forma como a humanidade está desestabilizando o planeta. Francisco cita os efeitos da

poluição atmosférica, que “provocam milhões de mortes prematuras”, e fala do problema dos resíduos. “A Terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo”, afirma. Também lá está o risco de extinção de espécies, com o alerta de que animais e vegetais não são apenas “recursos exploráveis” mas também têm “um valor em si”. O papa também reflete sobre os problemas de acesso à água, criticando a tendência de privatização deste recurso, “tornando-se uma mercadoria sujeita às leis do mercado”. Os desafios e oportunidades da tecnologia também estão presentes. O texto menciona os riscos do acelerado mundo digital, dizendo que “os grandes sábios do passado correriam o risco de ver sufocada a sua sabedoria no meio do ruído dispersivo da informação”. E aborda também, de uma forma cautelosa, o debate sobre os transgénicos. “Às vezes não se coloca sobre a mesa a informação completa, mas é selecionada de acordo com os próprios interesses, sejam eles políticos, econômicos ou ideológicos”, escreve Francisco.

Papa Francisco: “Água e alimentos são bens de todos e não das multinacionais”

Na mesa oficial do lançamento, o Arcebispo Metropolitano de Pérgamo, Joannis Zizioulas, representando o patriarca Bartolomeu, Cardeal Turkson, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, os dois especialistas de renome mundial John Schellnhuber, do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático, e Carolyn Woo, presidente da Catholic Relief Services. Com eles foi convidado a apresentar a encíclica também uma delegação da Comunidade de Sant’Egidio, que testemunhou as dificuldades dos subúrbios, mas também o compromisso diário de muitos, de diferentes idades e origens, para transformá-los em espaços de humanidade, solidariedade e de esperança revistaamazonia.com.br

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O Barômetro da Biodiversidade 2009 à 2015 Brasil se destaca em pesquisa sobre biodiversidade

O

conhecimento dos brasileiros sobre temas ambientais teve destaque entre os nove países participantes da pesquisa Barômetro da Biodiversidade, divulgada recentemente em Paris pela União para o BioComércio Ético (UEBT). O levantamento foi feito em março e abril e ouviu cerca de 8,7 mil pessoas no Brasil, Equador, México, nos Estados Unidos, no Reino Unido, na Holanda, França, Alemanha e Índia. Para 88% dos brasileiros ouvidos na pesquisa, o maior índice entre todos os países, o assunto é considerado “essencial”. Ao lado do México, o Brasil teve respostas acima da média dos demais entrevistados sobre temas como aque-

cimento global, desmatamento, desenvolvimento sustentável e responsabilidade social corporativa. Noventa e dois por cento dos brasileiros disseram já ter ouvido falar sobre biodiversidade e 48% conseguiram dar definições corretas para o termo. Entre os mexicanos, 52% deram respostas corretas. Os outros índices de acerto foram: Alemanha (47%), Holanda (45%), Reino Unido e Estados Unidos (39%) e França (37%). Os piores resultados ficaram com o Equador (17%) e a Índia (2%). A meta da Organização das Nações Unidas (ONU) é que até 2020 toda a população mundial saiba sobre biodiversidade¬. Entre as respostas corretas para biodiversidade estavam: “É tudo o que envolve a natureza e seus habitantes, plan-

tas, insetos, animais, águas e a diversidade da fauna e flora como um todo”, dada pelos participantes do Brasil, ou “A diversidade de todas as criaturas e plantas, a diversidade da natureza na Terra”, da Alemanha. A pesquisa revelou ainda que a população jovem brasileira é a mais bem informada sobre o tema. Cinquenta e sete por cento sabem o que é a biodiversidade, enquanto a média para esse perfil é 43%. Os entrevistados também estão atentos à origem do que consomem. Do público brasileiro, 89% disseram se preocupar com o fato de as empresas adotarem boas práticas de acesso e uso dos insumos naturais, além de manifestar interesse em ser mais bem informado sobre

Barômetro de Biodiversidade - Consciência da biodiversidade em todo o mundo - pesquisa IPSOS

% Já ouviu falar sobre biodiversidade % Definições corretas de biodiversidade % Definições parciais de Biodiversidade 54 REVISTA AMAZÔNIA

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Rik Kutsch Lojenga, Diretor Executivo da União para BioComércio Ético, na conferência da UEBT em Paris

essas práticas. Os brasileiros disseram se informar sobre o assunto pela televisão e pelo rádio. Houve aumento do número de acertos para a definição de biodiversidade desde a primeira edição da Barômetro da Biodiversidade. A média global passou de 30%, em 2009, para 39% de acertos, em 2015. Segundo a União para o BioComércio Ético, além de melhorar nos conceitos nos últimos sete anos, os entrevistados passaram a relacionar o meio ambiente com produtos do dia a dia, como alimentos, medicamentos e cosméticos. Na média geral, 79% deles querem saber a procedência dos ingredientes que compõem os produtos alimentícios e 87% declaram comprar alimentos que seguem essa linha. O levantamento revela ainda que 83% dos que foram ouvidos esperam que os fabricantes adotem políticas de respeito à biodiversidade e, mais uma vez, Brasil e México se destacam, com 92% e 95%, respectivamente. A pesquisa Barômetro da Biodiversidade entrevistou 47 mil consumidores em 16 países entre 2009 e 2015.

Como as pessoas aprendem a biodiversidade?

Os programas de rádio e televisão, revistas e escola diariamente são as principais fontes de consciência sobre a biodiversidade, com diferenças na ordem sua importância em cada país.

Conscientização da biodiversidade está aumentando, mas há muito a fazer Entre 2009 e 2015 a conscientização da biodiversidade aumentou 56-64% na Alemanha, França, Reino Unido e os EUA terem dado maior divulgação em torno da campanha para o Ano Internacional da Biodiversidade 2010. Na Índia, a consciência da biodiversidade mais do que duplicou entre 2010 e 2015 e cresceu 19-40%. Consciência no Brasil diminuiu ligeiramente desde 2010 Base: amostra total em nove países - abril de 2015 - Você já ouviu falar dos seguintes conceitos? / ST Sim Com exceção da América Latina, a consciência da biodiversidade fica atrás de outros conceitos como desenvolvimento sustentável, aquecimento global e desmatamento.

Desmatamento

O aquecimento global

Biodiversidade

O comércio justo

O desenvolvimento sustentável de

Base: amostra total em nove países - abril de 2015 revistaamazonia.com.br

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É preciso atuar na recuperação dos solos degradados

Investir na recuperação de solos é conservar reservas de água potável

P

ara mobilizar a sociedade e chamar a atenção para as questões que envolvem a degradação do solo em todo o mundo, 2015 foi eleito pela Organização das Nações Unidas (ONU) o Ano Internacional dos Solos. Parte fundamental do meio ambiente, a conservação do solo tem grande impacto também na manutenção e reserva da água potável do planeta. Mas é preciso também atuar na recuperação dos solos degradados. Segundo estimativas da ONU, 30% das terras em todo o mundo têm alto ou médio grau de degradação, ou seja, essas áreas tiveram sua capacidade produtiva reduzida por ações naturais ou humanas, como erosão, impermeabilização, salinização ou poluição. Além disso, a demanda mundial por alimentos e água crescerá cerca de 40% em 30 anos. Desta forma, se o mundo não investir na recuperação e conservação dos solos, terá que dar conta de uma demanda maior com menos áreas produtivas. Isso sem contar o impacto que terá na oferta de recursos hídricos, uma vez que a erosão e o assoreamento de rios trazem consequências tanto para a população, que sofre com enchentes e falta d’água, quanto para a biodiversidade. O aporte de sedimentos e nutrientes aos corpos d’água, fruto da erosão, além de obstruir o curso d’água, pode torná-la excessivamente rica em nutrientes, provocando o crescimento desequilibrado de espécies, com efeitos muito negativos para o ecossistema e para a qualidade da água. Para a agricultura, a perda de solo também é 56 REVISTA AMAZÔNIA

por Silvio Crestana*

economicamente prejudicial, pois os nutrientes perdidos precisam ser repostos para que, ao longo do tempo, não ocorra perda de produtividade das lavouras. Portanto, será preciso investir em tecnologias de produção, mais sustentáveis e diversificadas, que pensem a cadeia produtiva como um todo e em sua interferência no efeito estufa, no clima e na conservação de espécies. Resumidamente, entendendo por desenvolvimento sustentável na agruicultura, o conceito proposto pela ONU, denominado Sustainable Agriculture and Rural Development (SARD), na conferência realizada em conjunto com o governo holandês em 1991, em Hertogenbosch: “o manejo e conservação dos recursos naturais e a orientação de mudanças tecnológicas e institucionais, de tal maneira a assegurar a satisfação de necessidades humanas de forma continuada para as gerações presentes e futuras. Tal desenvolvimento sustentável conserva o solo, a água e recursos genéticos animais e vegetais; não degrada o meio ambiente; é tecnicamente apropriado, economicamente viável e socialmente aceitável”. No Brasil, a discussão sobre recuperação dos solos está diretamente ligada à estratégia de enfrentamento das mudanças climáticas. Em 2012, o Governo Federal lan-

çou o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura – Plano ABC – com objetivo de planejar e investir em ações para a adoção de tecnologias de produção sustentáveis e para responder ao compromisso de redução de emissão de gases do efeito estufa no setor agropecuário. Composto por sete programas, o Plano tem metas ambiciosas como reduzir em 80% a taxa de desmatamento na Amazônia e em 40% no Cerrado; ampliar a eficiência energética e diversificar suas fontes; promover a integração lavoura-pecuária; ampliar o uso do Sistema Plantio Direto (SPD) e da Fixação Biológica de Nitrogênio; e adotar intensivamente na agricultura a recuperação de pastagens degradadas, entre outras medidas. Na atual conjuntura, em que a conservação e recuperação da água e do solo passam a receber investimentos, torna-se um bom campo de atuação para produtores rurais e profissionais especializados. E neste caminho, além do Governo, a Academia e entidades de pesquisa poderão trazer grandes contribuições. Apostando nisso, o Prêmio Fundação Bunge, criado para incentivar as ciências, letras e artes, elegeu como um dos temas deste ano a “Recuperação de solos degradados para a agricultura” e dois profissionais serão homenageados pela relevância de seus trabalhos. [*] Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revistaamazonia.com.br


O novo acordo do clima e os desafios para o Brasil

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á uma grande expectativa de que a 21ª Conferência das Partes (COP21) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que ocorrerá em Paris, de 30 de novembro a 11 de dezembro deste ano, estabeleça um novo acordo para conter o aquecimento da Terra. São dois os pilares que devem sustentar o entendimento multilateral: a capacidade de cada país de reduzir emissões dos gases de efeito estufa; e adoção de medidas de adaptação que criem mais resistência dos ecossistemas e das cidades aos impactos do clima. Também é preciso desenvolver, transferir e viabilizar o uso de tecnologias em larga escala. O Brasil está se preparando para a COP21, devendo apresentar, até outubro, as suas contribuições. Um de nossos desafios é diminuir as perdas florestais. Para isso, uma alternativa é buscar financiamentos para projetos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD plus). Esse mecanismo permite a remuneração dos que preservam as matas. Outro enorme desafio brasileiro é aumentar a participação das fontes renováveis na matriz energética, utilizando o potencial da bioenergia, bem como a eólica e a solar. No tocante ao setor agropecuário, é preciso tornar mais robusto o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (ABC). Para isso, as medidas necessárias são: plantio di-

por João Guilherme Sabino Ometto*

reto, integração lavoura/pecuária/florestas, recuperação de pastagens e áreas degradadas e restauração da flora, conforme o Código Florestal. Esse conjunto de ações pode gerar reduções expressivas da emissão dos gases de efeito estufa. No entanto, deve-

-se ponderar que os futuros compromissos brasileiros não podem ser unilaterais. É preciso que haja obrigações também ambiciosas dos países desenvolvidos e dos emergentes. Ou seja, serão complexas as negociações da UNFCCC. Em setembro, em paralelo à Assembleia Geral da ONU, ocorrerá a Climate Summit, na qual a aprovação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, lançados na RIO+20, em 2012, conterá de maneira clara a agenda do clima. Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), o Brasil precisa apresentar contribuições ousadas e flexíveis quanto à redução de emissões, mas compatíveis com nossa realidade socioeconômica. Entendemos, ainda, que nossos esforços no período pré 2020 devam constar das negociações. Além disso, é necessário considerar que o acesso ao mercado mundial de carbono é crucial para que diminuam as emissões dos gases de efeito estufa, buscando-se a melhor relação custo-benefício para o País. É importante que as ações unilaterais não resultem em restrições arbitrárias e injustificadas do comércio internacional. Serão inaceitáveis metas absolutas para todos os setores e o estabelecimento de taxas de carbono, que criariam penalidades para os segmentos mais sensíveis da indústria e não incentivariam as reduções de emissão custo-eficientes. É essencial criar uma agenda, entre 2016 e 2019, que permita investir e desenvolver novas tecnologias, inclusive via acordos bilaterais, com foco em ações de baixo carbono nos setores manufatureiros, mas preservando sua competitividade. O novo acordo a ser adotado em Paris poderá remodelar a arquitetura das relações econômicas entre países no âmbito das negociações sobre mudança do clima. O Brasil tem um papel relevante nesse cenário e pode criar as bases para reestruturar suas políticas climáticas com foco em medidas que promovam o desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, as contribuições nacionais a serem submetidas à UNFCCC precisam ser planejadas com cautela e fundamentadas na real capacidade do País de reduzir emissões. [*] Engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), é vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo São Martinho, vicepresidente da FIESP e coordenador do Comitê de Mudança do Clima da entidade

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El Niño mAis fortE AumENtA risco dE quEimAdAs No lEstE dA AmAzôNiA Com a intensificação do fenômeno El Niño, em 2015, as águas estão mais quentes na superfície do Pacífico, levando à supressão de chuvas no leste da Amazônia e ao aumento do risco de queimadas. Maranhão, Mato Grosso e Pará são os estados brasileiros com maior risco de queimadas este ano Fotos: Doug Morton/Nasa, UC Irvine/Yang Chen

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previsão de risco de queimadas para a floresta amazônica em 2015, baseada em dados de satélites, foi divulgada pela NASA e aponta que a intensidade de incêndios na região vai variar muito entre as porções leste e oeste da floresta. O oeste sofre risco mais baixo de queimadas que nos anos anteriores, enquanto o leste tem risco maior este ano. A previsão foi feita a partir de uma metodologia criada por cientistas da NASA e da Universidade da Califórnia. De acordo com a previsão aferida pelo modelo

de previsão da severidade do fogo, desenvolvido por Yang Chen e Jim Randerson da Universidade Irvine da Califórnia, juntamente com cientistas da NASA, o clima da porção oeste da Amazônia é influenciado pela temperatura das águas do oceano Atlântico tropical, enquanto a parte leste sofre influência do oceano Pacífico. Com a intensificação do fenômeno El Niño, em 2015, as águas estão mais quentes na superfície do Pacífico, levando à supressão de chuvas no leste da Amazônia e ao aumento do risco de queimadas. Maranhão, Mato Grosso e Pará são os estados brasileiros com maior risco de queimadas este ano. Segundo os pesquisadores, se o El Nino continuar a se intensificar, o risco de queimadas também vai

aumentar na parte central da Amazônia. Caso isso ocorra, eles anunciaram que vão desenvolver uma previsão especificamente para a região norte da Amazônia. Para os especialistas, a relação entre o El Nino e o aumento do risco de queimadas em Roraima é tão consistente, que nem seria preciso usar o modelo de previsão para estimar o aumento do risco de queimadas na região. Ao mesmo tempo, as águas do Atlântico Norte tropical estão mais frias que a média, o que deve levar a maiores volumes de chuva no oeste da floresta, que ocupa partes da Bolívia e do Peru, além do Brasil. A temporada de incêndios da floresta começa em maio, tem o pico em setembro e termina em janeiro. Pelo modelo, as condições da Amazônia no

As condições climáticas determinam o risco de incêndio na Amazônia, diz a NAsA 58 REVISTA AMAZÔNIA

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Pará, maranhão e mato Grosso são os estados brasileiros com maior risco de queimadas este ano

A previsão de gravidade apresentados da época de incêndios na Amazônia: nos mostradores por seis estados do Brasil (Acre, Amazonas, maranhão, mato Grosso, Pará e rondônia), três departamentos da Bolívia (El Beni, Pando e santa cruz), e um país (Peru)

fim do período chuvoso impactam nas queimadas durante o período seco. Em geral, o aumento das temperaturas das águas dos oceanos no período úmido leva à redução das chuvas e da umidade dos solos no início da estação seca. E condições mais secas na Amazônia levam à queimadas mais severas ao final da estação de estiagem. Outra informação levada em conta pelo modelo de previsão, é a quantidade de águas subterrâneas na região. Este ano, o risco de incêndios vem acompanhado de uma seca severa nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, onde informações de satélites mostraram uma contínua redução no volume das chuvas e diminuição da água subterrânea, associada a precipitações abaixo da média.

A época de incêndios da região amazônica, que abrange partes da Bolívia, Brasil e Peru, começa em maio, com picos em setembro e termina em janeiro. O padrão subjacente na previsão de incêndio deste ano é impulsionada pelo fato de que a Amazônia ocidental é mais fortemente influenciado por temperaturas da superfície do mar no Atlântico tropical, e o risco de severidade do fogo do leste da Amazônia se correlaciona com as mudanças de temperatura da superfície do mar no Oceano Pacífico tropical. Atualmente, as temperaturas na superfície do mar do Pacífico subiram com o evento El Niño – um fenômeno climático que altera os padrões de chuva ao redor do globo. “Prevemos um El Niño de moderado a forte, que coloca ainda mais o risco de incêndio através de porções da Amazônia Central e Oriental que são mais sensíveis ao El Niño do que a mudanças no Atlântico”, disse Doug Morton, co-investigador no projeto em Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Maryland. O modelo de previsão da severidade do fogo, foi desenvolvido por Yang Chen e Jim Randerson da Universidade Irvine da Califórnia, juntamente com cientistas da NASA. “Este ano, somente o El Niño [no Pacífico] está desempenhando um papel importante. É por isso que o contraste leste-oeste é mais distintivo”, disse Chen. revistaamazonia.com.br

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Início do desfile do boi Caprichoso, o grande Campeão de 2015

Fotos: Alexandre Vieira / Assessoria de Imprensa Boi-Bumbá Caprichoso, Divulgação, Patrícia Fontoura/ Agência Brasil, Roberto Carlos/Secom

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boi Garantido, iniciou o desfile com um show de luzes, muito vermelho, músicas e danças. Tudo com foco nas tradições da Amazônia e na vida dos povos da floresta. Com o tema “Vida”, o bumbá apresentou o espetáculo “Criação e Celebração da Vida” e começou sua apresentação com um grande coração no meio da Arena, de onde saiu a Batucada. Figurino evidenciado logo no início da apresentação, quando o boi vermelho surgiu do alto, içado por um guindaste.

50º Festival Folclórico de

Parintins O boi Garantido apresentou o espetáculo Criação e Celebração da Vida

Apresentação do boi Garantido, no Bumbódromo, na primeira noite do Festival 60 REVISTA AMAZÔNIA

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O boi Caprichoso durante desfile no Bumbテウdromo no Festival de Parintins

O boi Garantido iniciou o desfile com um show de luzes, muito vermelho

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Durante apresentação do boi Garantido

Os organizadores não pouparam o uso de lâmpadas de led, inclusive na arquibancada, com a arquibancada colorida de vermelho em vários momentos do espetáculo, que evoluiu sem qualquer transtorno durante duas horas e meia. Outro ponto alto da festa foi o momento em que o “levantador de toadas” cantou a música Vermelho, de Fafá de Belém. Os itens mais aclamados mais uma vez foram porta estandarte, o amo do boi, cunhã-poranga, sinhazinha, o pajé, e claro, o levantador de toadas, Sebastião Júnior e o apresentador, Israel Paulain. O Caprichoso foi o segundo boi a se apresentar no bumbódromo de Parintins, entrando na arena à meia-noite. Devido à forte chuva no início da madrugada, a evolução do Caprichoso (azul), foi prejudicada. Por isso, os dois grupos confirmavam que o cancelamento podia ser anunciado a qualquer momento. Assim, representantes das duas associações, membros da secretaria de Cultura e da prefeitura se reuniram para tratar da cláusula do regulamento que previa o cancelamento das apresentações em casos de eventos da natureza. Conclusão: O espetáculo, continuou. O Caprichoso, teve como tema a Amazônia – falava da preservação da floresta e fazia apelos pela conservação

Durante apresentação do boi Garantido

Durante apresentação do boi Caprichoso

da mata e da biodiversidade. A apresentação do Caprichoso abusou de efeitos especiais e das estruturas susBoi Caprichoso abriu a terceira noite de apresentações

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pensas por guindastes. Não faltaram fogos de artifícios e coreografias, e tudo transcorreu tranquilo e com muita empolgação. Mas, a forte chuva que atingiu a cidade um pouco antes da 1h, comprometeu a execução de alguns itens. Porém, o público não arredou pé da arena, cantou e dançou até o fim da festa, que se estendeu até as 2h30 da madrugada. Independentemente da decisão quanto à contagem dos pontos na primeira noite, os grupos Garantido e Caprichoso prometiam desfiles ainda mais empolgantes na noite seguinte, e centenas de pessoas já se aglomeravam na porta do bumbódromo para garantir um lugar na arquibancada. Mesmo sabendo que a chuva podia aparecer de novo, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que previa céu parcialmente nublado. As apresentações seguintes no 2º dia se inverteram, primeiro entrou o boi Caprichoso, às 21h, e à meia-noite apareceu o Garantido. No terceiro e último dia do Festival de Parintins, edição 2015, houve nova inversão na ordem de desfiles. revistaamazonia.com.br


A primeira noite foi do boi Caprichoso, com 418, 9 pontos

Povos Tradicionais Essa palavra marcou o 21º título do Caprichoso, grande campeão do 50º Festival Folclórico de Parintins. Com 12, 5 pontos de diferença, o bumbá azul e branco superou o rival Garantido, mesmo após ter enfrentado um temporal na primeira noite de apresentações. A chuva que varreu Parintins levou o Caprichoso a cancelar o ritual indígena da primeira noite e adotar uma série de adaptações nas noites seguintes. Mas valeu a pena. E o boi venceu o rival inclusive na noite da chuva. O tema deste ano, “Amazônia”, encantou jurados e os torcedores. O bumbá levou para a arena do bumbódromo o amor pela floresta em três capítulos: “Amazônia, o Encontro dos Povos”, “A Arte da Criação” e “Amazônia nas Cores do Brasil”. O presidente da agremiação, Joilto Azedo, comemorou o título, primeiro de sua gestão. “A chuva que enfrentamos na primeira noite impulsionou nossos artistas e nossa torcida. Isso é incontestável. Mas é importante destacar que o Caprichoso se preparou para ser campeão”, disse ele, ressaltando os meses de trabalho – iniciados em setembro de 2014 – e os reforços que fez no Conselho de Arte do boi, chamado por ele de “espinha dorsal do boi”. Ao final, todos os torcedores foram ao Curral Zeca Xibelão para comemorar a vitória do Caprichoso.

Superação

Resultado noite a noite A primeira noite foi do boi Caprichoso, com 418, 9 pontos. O Garantido ficou com 412,1. Entre os destaques da abertura da festa, a sinhazinha do Caprichoso, Karyne Medeiros, que recebeu nota 10 de todos os jurados. O desempenho se repetiu nas outras duas noites de festa. Na parcial da segunda noite, que foi bem mais equilibrada, o Caprichoso ampliou a vantagem para 6,9 pontos. O boi azul obteve 415,7 pontos nesta noite. O Garantido teve 415,6. No final o boi azul ficou com 1254,3 pontos, contra 1241,8 do vermelho. Edmundo Oran, que estreou como amo do Caprichoso, ganhou do experiente Tony Medeiros na terceira noite de apresentações. Uma das disputas mais acirradas foi no item individual levantador de toadas, em que David Assayag venceu Sebastião Júnior por pequena diferença de pontos: 60 a 58,7. revistaamazonia.com.br

Tudo com foco nas tradições da Amazônia e na vida dos povos da floresta. A festa é considerada a maior manifestação folclórica do Norte do país

Membro do conselho de arte do Caprichoso, Márcio Braz explicou que o foco do espetáculo do Touro Negro foram os povos tradicionais da Amazônia – índio, negro e branco –, e a cultura formada a partir da união deles na mesma região. “Abordamos a Amazônia pelo prisma dos povos que contribuíram para a nossa formação cultural”, comentou. O Festival Folclórico de Parintins em 2015, reuniu na Ilha Tupinambarama, cerca de 60 mil pessoas. A festa é considerada a maior manifestação folclórica do Norte do país. Cunhã-Poranga, a moça mais bela da Tribo e o boi Caprichoso

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A cauda dos cavalosmarinhos é rígida, flexível e resistente ao mesmo tempo Estes pequenos peixes couraçados possuem uma cauda feita de segmentos ósseos quadrados. Para que serve esta arquitetura fora do comum? por Ana Gerschenfeld Fotos: Cortesia de Dominique Adriaens/Universidade de Gan; Michael Porter/Universidade de Clemson; National Aquarium, Oregon State University

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a maioria dos animais com cauda – incluindo alguns macacos, lagartixas e roedores – a cauda é um apêndice cilíndrico e mole. Mas não no cavalo-marinho, cuja cauda é constituída por segmentos de seção… quadrada. Uma equipe internacional de cientistas quis saber o porquê desta originalidade anatômica – e com base nos resultados, conclui que ela poderá inspirar, no futuro, o desenvolvimento de robôs com arquiteturas corporais mais versáteis. O cavalo-marinho é um animalzinho surpreendente a vários títulos. Por exemplo, cientistas descobriram, em 2013, que a forma da sua cabeça, ao nível das narinas, constitui um autêntico “manto de invisibilidade”, que torna este peixinho couraçado num temível predador, capaz de apanhar, apesar de ser lento e manso, a sua refeição favorita: um minúsculo crustáceo que nada a velocidades quase imbatíveis. A forma da sua cabeça, ao nível das narinas, constitui um autêntico “manto de invisibilidade”, que torna este peixinho couraçado num temível predador, capaz de apanhar, apesar de ser lento e manso, a sua refeição favorita: um minúsculo crustáceo que nada a velocidades quase imbatíveis

Ossos da ponta da cauda de um cavalo-marinho (Hippocampus capensis) tingido com um pigmento 64 REVISTA AMAZÔNIA

Segundo um comunicado a Universidade do Oregon (EUA), onde trabalha um dos co-autores do novo estudo, embora se trate tecnicamente de um peixe, milhões de anos de evolução fizeram com que a cauda do cavalo-marinho – dura mas capaz de se enrolar – já quase não lhe sirva para nadar. Serve-lhe sobretudo para se agarrar firmemente a algas ou corais – e esperar, quietinho, que

o seu almoço passe por lá. Porém, o que estimulou agora a curiosidade de Michael Porter, engenheiro da Universidade de Clemson (EUA) que liderou o estudo, e dos seus colegas, foi a invulgar forma dessa cauda. Como escreve Miriam Ashley-Ross, especialista de morfologia funcional da Universidade de Wake Forest (EUA), revistaamazonia.com.br


Modelos produzidos com impressoras 3D para testar as propriedades da cauda dos cavalos-marinhos

num comentário na mesma edição da revista: “Quando um organismo vivo desvia da norma, existe habitualmente uma boa razão biomecânica para isso – [o desvio] indica que foi preciso resolver algum problema específico”. E foi à procura dessa razão (ou razões) que Porter e a sua equipa multidisciplinar – onde se inclui Dominique Adriaens, especialista de biologia evolutiva na Universidade de Gant (Bélgica) – decidiram lançar-se. A cauda do cavalo-marinho é composta por uns 36 segmentos, cada um feito de quatro placas ósseas em forma de L que, juntas, formam uma estrutura quadrada, lê-se num comunicado da Universidade da Califórnia (UC),

onde trabalham dois co-autores do estudo. A meio de cada lado desse quadrado, as extremidades de cada um dos quatro ossos em L estão ligadas de forma flexível às dos ossos L adjacentes. Os segmentos quadrados estão por sua vez ligados às vértebras da cauda do animal (que estão no centro da estrutura em quadrado) por espessas camadas de colagénio. Diga-se por último que as articulações – respectivamente entre as vértebras e entre as placas ósseas quadradas – permitem que a cauda se curve e até se enrole sobre si própria. Para analisar as propriedades mecânicas desta estrutura, os autores construíram, utilizando impressoras 3D,

Esta imagem mostra a estrutura do esqueleto de um cavalo marinho com sua cauda quadrada. Eles são pequenos peixes marinhos, cujo corpo tem uma forma que em nada lembra um peixe. Esses peixes, que nadam em posição vertical, reproduzem-se de forma peculiar: após a fecundação, que é interna, a fêmea coloca os ovos em uma bolsa que o macho possui no abdômen. Depois de aproximadamente dois meses, os jovens peixes saem da bolsa, já completamente formados

Projetos de engenharia respondem a perguntas biológicas Modelos em 3D-impressos, que imitam uma cauda de cavalo marinho foram projetados não só para potenciais aplicações de engenharia, mas também para responder à perguntas biológica, porque as caudas organizadas em prismas quadrados podem ser melhor do que os cilindros? Uma comparação mecânica dos protótipos mostra que os prismas quadrados são articulados melhor do que os cilindros para agarrar e a resistência ao esmagamento. revistaamazonia.com.br

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modelos feitos de plástico duro, molas e elásticos que imitavam a anatomia da cauda dos cavalos-marinhos – só que de maior tamanho. Também criaram um modelo de cauda semelhante, mas de secção circular (com cada segmento feito de quatro arcos de círculo). Apesar de não existir uma cauda cilíndrica deste tipo na Natureza, esse segundo modelo ir-lhes-ia permitir testar as eventuais vantagens da cauda “quadrada”. “Descobrimos então que as caudas de secção quadrada são mais eficazes para agarrar coisas, bem como para a proteção” da delicada espinhal medula dos cavalos-marinhos, explica Porter no comunicado da UC. Em particular, a cauda de secção quadrada revelou-se mais resistente à torsão. Uma outra propriedade notável do modelo de cauda

No Brasil, a Vale desenvolve projeto inédito para a conservação do cavalo-marinho A Vale está desenvolvendo um projeto inédito no mundo para a conservação do cavalo-marinho da espécie Hippocampus reidi, na Baía de Sepetiba, na Costa Verde do Rio de Janeiro. Conhecido popularmente como cavalo-marinho do focinho longo, o Hippocampus reidi é considerado “vulnerável” pela Lista de Espécies Ameaçadas do Estado do Rio de Janeiro e sobre-explotada - ou seja, que são muito capturadas em ambiente natural - pelo Ministério do Meio Ambiente. Com essa iniciativa, a Vale pretende aprimorar e disseminar o conhecimento dessa espécie, além de desenvolver técnicas para o seu cultivo. Também é foco do projeto tornar essa área um centro de referência em conservação de cavalos-marinhos no estado do Rio de Janeiro e no Brasil. Inédita em termos de monitoramento de longo prazo, a iniciativa também é inovadora no que diz respeito ao desenvolvimento do cultivo da espécie em cativeiro como alternativa para a redução de sua coleta no ambiente natural.

Os cavalos-marinhos dançam juntos por mais de 8 horas antes do acasalamento. Durante a dança entrelaçam as caudas uns dos outros, nadam em uníssono e mudam de cor

Os cavalos-marinhos usam suas caudas para pegar as coisas 66 REVISTA AMAZÔNIA

inspirado pelo cavalo-marinho é que os seus segmentos quadrados tornam esta estrutura ao mesmo tempo mais rígida, mais forte e mais resistente às deformações. Ora, em geral, quando uma destas características é reforçada numa estrutura mecânica de fabrico humano, pelo menos uma das duas outras fica enfraquecida, faz notar Porter. “Os engenheiros costumam construir coisas que são rígidas para serem mais fáceis de controlar”, diz Ross Hatton, co-autor da Universidade Estadual do Oregon (EUA), no comunicado daquela instituição. “Mas a Natureza constrói coisas que são suficientemente fortes para não quebrar e suficientemente flexíveis para desempenhar um amplo leque de tarefas. É por isso que poderá ser possível inspirarmo-nos nos animais para desenvolver uma nova geração de robótica”. A descoberta talvez mais surpreendente aconteceu quando os cientistas experimentaram literalmente esmagar o modelo da cauda de secção quadrada, batendo-lhe com um martelo de borracha. Aí, ele demonstrou uma maior capacidade de conservar a sua forma – e de recuperar do impacto – do que o modelo de secção circular. revistaamazonia.com.br


A PME mais sustentável e a ética

A

ética é a base para qualquer relacionamento duradouro. Não só para os relacionamentos, mas também para todas as ações de pessoas e empresas. Para o desenvolvimento sustentável empresarial a ética é o pilar de sustentação básico para qualquer estratégia, parceria, projetos ou atividades. Sem ética, a sustentabilidade fica comprometida e corre o risco de ser somente um lindo processo escrito num relatório com fotos e gráficos. Mais difícil do que ter um código numa empresa é o processo de engajamento de funcionários, treinamento, acompanhamento e auditorias das práticas que não são consideradas éticas numa organização. Acionistas de grandes empresas estão cada dia mais preocupados com as tais questões, pois elas garantem também, o retorno financeiro do seu investimento nas ações da empresa. Os investidores compram a prosperidade financeira, ética e sustentável da companhia por meio de papéis de “futuro”, com isso, ganham se acertarem em quais “histórias empresariais de futuro” investir. O envolvimento político responsável é um dos temas que o Instituto Ethos coloca em seu rol dos indicadores de uma empresa mais sustentável e responsável. Pensar, implementar e controlar, por meio de um plano de ações, nas questões relacionadas a contribuições para campanhas políticas e envolvimento no desenvolvimento de políticas públicas é fundamental como práticas de operação e gestão.

Uma ferramenta essencial para este tipo de acordo, do que pode e o que não pode fazer, é o código de ética e conduta revistaamazonia.com.br

por Marcus Nakagawa* A liderança é fundamental para que o conjunto de valores morais e princípios norteiem as posturas comportamentais dos seus colaboradores

Práticas anticorrupção são fundamentais para coagir qualquer tipo de ação que vá contra os valores e códigos da empresa. Controlar esta prática ao longo de toda cadeia produtiva, passando pelos fornecedores e chegando ao consumidor final é fundamental para que as “histórias de futuro” da empresa tenham mais solidez e veracidade. Interessantes e atuais estes temas para as grandes empresas nacionais e multinacionais que possuem equipes e departamentos para tais controles e treinamentos de códigos de conduta e anticorrupção. Mesmo assim, de vez em quando falham. Mas, e as pequenas e médias empresas, não têm problemas com as questões éticas, de corrupção e de valores deturpados? Sim, com certeza, a qualquer momento alguém da sua equipe pode dar uma “escorregada” num dinheiro fácil ou numa ação que seja facilitada. Ou mesmo você, empreendedor, que se sente desconfortável numa negociação que pode ser a salvação da sua empresa. O caráter e os princípios dos empreendedores muitas vezes espelham a conduta da pequena e média empresa. A liderança, por exemplo, em organizações como estas, é fundamental para que o conjunto de valores morais e princípios norteiem as posturas comportamentais dos seus colaboradores. Uma ferramenta essencial para este tipo de acordo, do que pode e o que não pode fazer, é o código de ética e

conduta. Um documento simples que pode ser entregue na hora da contratação do funcionário. Fazendo com que ele leia e assine um documento dizendo que concorda com estas normas. E, pelo menos uma vez por ano, o documento pode ser revisto juntamente com a equipe e feito uma reciclagem sobre os temas. Um ambiente de controle é necessário, nada muito complexo, porém, um canal de comunicação para possíveis problemas e queixas, se faz importante. Talvez um e-mail, ou simplesmente uma pessoa que receba os possíveis desvios de conduta. E, obviamente, que vá verificar e dar andamento ao processo. Parece difícil? Mas, necessário, principalmente no momento em que a empresa começa a crescer e os relacionamentos passam de pessoais para departamentais ou processuais. Portanto, caro empreendedor, se você abriu uma empresa porque estava cansado de trabalhar num modelo e com valores que não acreditava e não concordava, está na hora de começar a fazer a diferença e com valores empresariais consistentes. Mãos à obra! Ética sempre! [*] Sócio-diretor da iSetor; professor da ESPM; idealizador e presidente do conselho deliberativo da Abraps (Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade); e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. REVISTA AMAZÔNIA 67


INDÚSTRIA BRASILEIRA DO AÇO ENFRENTA SUA PIOR CRISE O Instituto Aço Brasil realizou em São Paulo, de 12 a 14 de julho, o 26º Congresso Brasileiro do Aço e ExpoAço 2015, congregando cerca de 500 congressistas, dentre os quais representantes da indústria do aço, governo, setores da cadeia metal-mecânica, bancos, empresas de consultoria, academia, parlamentares e imprensa. Participaram da solenidade de abertura o vice-governador do Estado de São Paulo, Marcio França, o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto e o senador Ricardo Ferraço. Tendo como pano de fundo a recessão econômica no País e a adversa conjuntura do mercado internacional do aço, as apresentações e debates ao longo do Congresso evidenciaram a difícil situação da indústria brasileira do aço no enfrentamento da pior crise de sua história. Destacaram-se, no evento, as seguintes questões: ·

A conjugação de fatores conjunturais e estruturais acabou por reduzir drasticamente as atividades de setores intensivos em aço, impactando fortemente a demanda interna de produtos siderúrgicos e aprofundando o persistente processo de desindustrialização do País;

·

Essa situação é agravada pelas importações diretas e indiretas de aço, na sua maioria provenientes da China e em condições de comércio desleal que não cumprem as regras da OMC. A indústria brasileira do aço pode registrar, em 2015, o 2º ano consecutivo de consumo decrescente, atingindo nível de 2007;

·

No plano estrutural, fatores conhecidos como Custo Brasil, que fogem ao controle das empresas, mas que acabam por impactar os seus resultados continua reduzindo a competitividade sistêmica da indústria do aço e da indústria de transformação. Como consequência desse conturbado cenário, a indústria brasileira do aço opera com menos de 70% de sua capacidade instalada, o que a levou a paralisar/desativar equipamentos, demitir colaboradores e adiar investimentos;

·

No mundo, o maior problema enfrentado pela indústria do aço é o excesso de capacidade de produção da ordem de 719 milhões de toneladas, que tem pressionado, globalmente, preços e margens. A maior parte deste excedente de capacidade encontra-se na China, país que conta, principalmente, com subsídios governamentais que propiciam vantagens de custos indevidas;

·

As exportações de produtos siderúrgicos da China deverão atingir 100 milhões de toneladas este ano, o que corresponde a quatro vezes o consumo de aço no Brasil. As exportações chinesas para a América Latina cresceram 69% em dois anos, o que equivale à perda de cerca de 4 milhões de empregos, diretos e indiretos, nos países da região.

·

Uma defesa comercial ágil e eficiente deve preservar o mercado interno das práticas desleais e predatórias que vem sofrendo com o aumento das importações diretas e indiretas de aço. Isonomia e equilíbrio nas relações comerciais com outros países são prioridades;

·

A retomada do desenvolvimento do Brasil deverá ser liderada pela indústria, tendo como alternativa de curto prazo a implementação de politicas que efetivamente estimulem o comércio exterior. A agenda para o crescimento, para o período pós-ajuste, deverá priorizar os problemas estruturais do País, através de maciços investimentos em infraestrutura, da correção das assimetrias tributárias e da adoção de juros em padrões internacionais e de cambio competitivo.

Aperam South America; Arcelormittal Aços Longos; Arcelormittal Tubarão; Companhia Siderúrgica Nacional – CSN; Gerdau Açominas S.A.; Gerdau Aços Especiais S.A.; Gerdau Aços Longos S.A.; Siderúrgica Norte Brasil S.A. – Sinobras; Thyssenkrupp Csa - Cia. Siderúrgica do Atlântico; Usiminas; Vallourec & Sumitomo Tubos Do Brasil – VSB; Vallourec; Villares Metals S.A. e Votorantim Siderurgia S.A. 68 REVISTA AMAZÔNIA

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24th World Mining Congress MINING IN A WORLD OF INNOVATION

18 a 21 de outubro de 2016 Centro Empresarial SulAmérica Rio de Janeiro/RJ

APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS TÉCNICOS O evento, que terá como “Mineração no Mundo da Inovação”, congregará área de exposição, congresso e apreAPRESENTAÇÃO DEtema TRABALHOS TÉCNICOS sentação de trabalhos técnicos. A integração de altos executivos, profissionais da mineração e acadêmicos, bem como O evento, que terá como tema “ Mineração no Mundo da Inovação ”, congregará área de exposição, de importantes investidores brasileiros e internacionais significará, sem dúvida alguma, uma ampla troca de informações em relação ao desenvolvimento da mineração, ciência, tecnologia, economia, saúde e segurança do trabalhador e sustentabilidade ambiental.

sem dúvida alguma, uma ampla troca de informações em relação ao desenvolvimento da mineração, TEMAS ciência, tecnologia, economia, saúde e segurança do trabalhador e sustentabilidade ambiental. • Pesquisa Mineral TEMAS • Mina a Céu Aberto • Mineração Subterrânea • Pesquisa Mineral

• Economia Mineral • Automação e Robótica • Sustentabilidade na Mineração • Inovação na Mineração • Sustentabilidade na Mineração • Processamento Mineral

Mina a Céu Aberto • M ineração Subterrânea 01/05/2015Mineral Abertura para apresentação de resumos • Economia •

CRONOGRAMA

Processamento Mineral • Automação e Robótica • Inovação na Mineração •

01/11/2015 Data limite para apresentação de resumos 01/12/2015 Notificação aos autores sobre aceitação dos trabalhos CRONOGRAMA 30/03/2016 Prazo final para apresentação dos trabalhos 01/05/2015 Abertura para apresentação de resumos 15/06/2016 Prazo final para submissão dos trabalhos 01/11/2015 Prazo final Datapara limite para apresentação deapresentadores resumos 30/08/2016 inscrição para autores e de trabalhos técnicos

01/12/2015 Promoção 30/03/2016

Apoio Institucional

Organização

15/06/2016 30/08/2016 Agência de Comunicação

Mais informações www.wmc2016.org.br MAIS INFORMAÇÕES revistaamazonia.com.br

PROMOÇÃO: REVISTA AMAZÔNIA 1


Maiores aquíferos do planeta estão sob ameaça de esgotamento Fotos: UC Irvine / NASA / JPL-Caltech

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erca de um terço das maiores bacias de água subterrânea da Terra estão sendo rapidamente esgotadas por consumo humano, apesar de ter poucos dados precisos sobre a quantidade de água que permanece neles, de acordo com dois novos estudos conduzidos pela Universidade da Califórnia, Irvine (UCI), usando dados da NASA Gravidade Recuperação e Experimento Climáticas (GRACE) satélites. Isto significa que segmentos significativos da população da Terra estão consumindo água subterrânea rapidamente sem saber quando ela poderá esgotar-se, concluiram os pesquisadores. “As medições físicas e químicas disponíveis são simplesmente insuficientes”, disse Jay Famiglietti, professor da UCI e investigador principal, que também é o cientista sênior água do Jet Propulsion Laboratory da NASA em Pasadena, Califór-

Medição de armazenamento da água na Amazônia. Imagem tomada pela gravidade, NASA Grace

O GRACE usou um par de satélites para medir o consumo de água em aquíferos do mundo 70 REVISTA AMAZÔNIA

nia. “Dada a rapidez com que estamos consumindo as reservas de água subterrânea do mundo, precisamos de um esforço global coordenado para determinar quanto é deixado”. Os estudos são os primeiros a caracterizar de maneira abrangente as perdas globais de águas subterrâneas com os dados a partir do espaço, utilizando leituras geradas por satélites GRACE gêmeas da NASA. Os GRACE medem mergulhos e inchaços na gravidade da Terra, que são afetados pela massa de água. No primeiro artigo, os pesquisadores descobriram que 13 dos 37 maiores aquíferos do planeta estudados entre 2003 e 2013, foram se esgotando enquanto recebem pouca ou nenhuma recarga. Oito foram classificados como “estressados”, com quase nenhuma reposição natural para compensar o uso. Ou-

tros cincos foram considerados “extremamente” ou “altamente” salientou, dependendo do nível de recarga em cada. Esses aquíferos ainda estavam se esgotando, mas tinham um pouco de água que flui de volta para eles. Os aquíferos mais sobrecarregados estão em áreas mais secas do mundo, onde as populações atraem fortemente de água subterrânea. A mudança climática e o crescimento da população são esperados para intensificar o problema. “O que acontece quando um aquífero altamente estressado está localizado em uma região com tensões socioeconômicas ou políticas que não podem complementar o abastecimento de água em declínio rápido o suficiente?” Perguntou Alexandra Richey, o principal autor de ambos os estudos, que conduziu a pesquisa como um estudante de revistaamazonia.com.br


Os maiores aquíferos do planeta. Tendências de armazenamento de águas subterrâneas para os 37 maiores aquíferos da Terra em estudo liderado pela UCI usando dados NASA Grace (2003-2013). Destes, 21 ultrapassaram os pontos de ruptura e de sustentabilidade estão sendo esgotados, com 13 considerados significativamente angustiados, ameaçando a segurança regional da água e resiliência

Grace mostra mapa de quanta água foi perdida ou adquirida ao longo dos continentes. As cores vermelhas mostram regiões secas, onde a água foi perdida. As cores azuis mostram lugares que ganharam água, geralmente por causa de chuva ou neve mais pesada que o normal

doutorado UCI. “Estamos tentando levantar bandeiras vermelhas agora para identificar onde a gestão ativa do hoje poderia proteger vidas futuras e meios de subsistência.” A equipe de investigação – que incluiu coautores da NASA, o Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas, Universidade Nacional de Taiwan e UC Santa Barbara – constatou que o Sistema Aquífero árabe, uma fonte de água importante para mais de 60 milhões de pessoas, é o mais enfatizado no mundo. O aquífero da bacia Indus da Índia noroeste e Paquistão é o segundo mais estressado, e da Bacia do Murzuk-Djado, no norte da África é o terceiro. O do Vale Central da Califórnia, muito usado para a agricultura e sofrido rápido esgotamento, foi um pouco melhor, mas ainda estava revistaamazonia.com.br

rotulado como altamente estressado no primeiro estudo. “Como nós estamos vendo na Califórnia agora, contamos muito mais pesadamente sobre as águas subterrâneas durante a seca”, disse Famiglietti. “Ao examinar a sustentabilidade dos recursos hídricos de uma região, é absolutamente necessário levar em conta a dependência.” Em outro estudo, os cientistas concluíram que o volume remanescente total de águas subterrâneas utilizável do mundo é pouco conhecida, com estimativas de que muitas vezes variam amplamente. O volume total de águas subterrâneas é provavelmente muito menos do que as estimativas rudimentares feitas décadas atrás. Ao comparar as suas taxas de perda de águas subterrâneas derivadas de satélite para o que existem poucos dados sobre

a disponibilidade de água subterrânea, os pesquisadores descobriram grandes discrepâncias no projetado “tempo de esgotamento”. No mais estressado Northwest Sahara Sistema Aqüífero, por exemplo, o tempo para as estimativas de esgotamento variou entre 10 anos e 21 mil anos. “Nós realmente não sabemos o quanto é armazenado em cada um destes aquíferos. Estimativas de armazenamento restante podem variar de décadas a milênios”, disse Richey. “Em uma sociedade com escassez de água, não podemos mais tolerar este nível de incerteza, especialmente porque as águas subterrâneas estão desaparecendo tão rapidamente”. O estudo observa que a escassez da água subterrânea já está levando a danos ecológicos significativos, incluindo rios esgotados, a deterioração da qualidade da água e cedendo terreno. Os Aquíferos subterrâneos estão normalmente localizados em solos ou em camadas rochosas mais profundas abaixo da superfície da Terra. A profundidade e espessura de muitos dos grandes aquíferos tornam difícil e caro para perfurar ou não atingir terra firme e entender onde os fundos de umidade para fora. Mas tem que ser feito, dizem os autores. REVISTA AMAZÔNIA 71


1º Simpósio Internacional sobre Manejo de Pesca Marinha no Brasil Fotos: Arquivo Oceana/ Illuminati

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rganizado pela Oceana, instituição voltada para o estudo e a proteção dos oceanos, o I Simpósio Internacional sobre Manejo de Pesca Marinha, com o tema Desafios e Oportunidades, buscou encontrar propostas para o manejo adequado da pesca no Brasil, que enfrenta grave crise: por causa da histórica falta de gestão pesqueira, várias espécies comerciais tiveram suas populações diminuídas e estão em risco de extinção. O evento reuniu 185 especialistas, pescadores, representantes do governo e organizações não governamentais em torno da discussão sobre a pesca excessiva, a destruição de

habitats e a gestão científica da pesca, entre outros. Na abertura do evento, o secretário de Planejamento e Ordenamento da Pesca, do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Fábio Hazin, disse que a construção de uma gestão pesqueira eficiente no Brasil deve estar centrada na coleta de dados estatísticos confiáveis e no apoio mútuo do setor produtivo, dos pescadores, da academia e do governo. Ele anunciou que, apesar de o MPA ter sofrido um corte de 80% em seu orçamento este ano, R$ 12 milhões estão assegurados para “dar continuidade ao trabalho dos doze comitês permanentes de gestão (CPGs), que haviam sido criados e que estavam apenas no papel, e para observadores de bordo”. Os CPGs são instâncias onde as medidas de manejo recomendadas por especialistas poderão ser discutidas e acordadas entre o setor pesqueiro, governo

e sociedade civil; já observadores de bordo cuidarão da coleta de dados sobre o que cada barco de pesca está capturando e fazem parte da retomada do monitoramento das pescarias, interrompido em escala nacional desde 2008. Também durante a abertura do evento, a secretária de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ana Cristina Barros, disse que falar de gestão de pesca remete ao compromisso de ampliar as áreas protegidas marinhas de 1,5% para 5% do território marinho costeiro. Ela destacou a necessidade de se buscar um balanço entre conservação e produção e avaliou que a gestão compartilhada dos recursos pesqueiros, que é uma responsabilidade conjunta dos Ministérios da Pesca e do Meio Ambiente, precisa ser melhor compreendida pela sociedade e ser feita de forma participativa,

Mesa de abertura do Simpósio, da esquerda para a direita: Dra. Monica Peres, Oceana; Dra. Beatrice Padovani, professora da Universidade Federal de Pernambuco; Dr. Fábio Hazin, secretário de Planejamento e Ordenamento da Pesca do Ministério da Pesca e Aquicultura; Dr. Daniel Pauly, professor da Universidade de British Columbia; Dr. Paulo Pezzuto, professor da Universidade do Vale do Itajaí 72 REVISTA AMAZÔNIA

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Dra. Mônica Peres, diretora geral da Oceana no Brasil, numa das mesas do Simpósio, lembrou que em algumas áreas do país, com na Amazônia e na região costeira do Rio Grande do Sul, por exemplo, a população come peixe em todas as refeições. Uma pesquisa recente da Oceana revelou que o consumo médio das famílias ribeirinhas é cerca de 200 quilos de pescado por ano

Sistema Global de Monitoramento da Pesca

envolvendo também os movimentos sociais. Ela defendeu ainda a Portaria 445, que estabeleceu a “lista vermelha” de espécies aquáticas ameaçadas de extinção, mas reconheceu que parte das críticas que a lista tem recebido são resultado da forma como a Portaria foi elaborada e anunciada, sem uma discussão mais ampla. A Portaria 445 proíbe a pesca de espécies ameaçadas, mas seu efeito encontra-se suspenso pela Justiça Federal. Ainda na abertura, a diretora geral da Oceana no Brasil, Mônica Brick Peres, afirmou que esse é o momento para restabelecer a gestão pesqueira no país, proteger os oceanos, garantir empregos, lucro, peixe e segurança alimentar. “Esse simpósio é uma oportunidade enorme de ter todos aqui para discutir os entraves e as possíveis soluções para a

pesca no Brasil. Espero que a gente tire daqui uma identificação dos nossos desafios e problemas”, destacou. Mônica disse também: “Nosso marco legal atual é frágil, diz que a gestão deve ser compartilhada (entre o Ministério da Pesca e Aquicultura e o Ministério do Meio Ambiente), mas não define o que é pesca sustentável. Nossa situação é um reflexo disso. Não podemos aplicar a lógica do setor produtivo na pesca, é setor extrativo. A produção tem que estar limitada à capacidade de reposição das espécies”, completou. Mônica Peres ressaltou ainda que o simpósio marca o lançamento da Oceana no Brasil. “Estamos há um ano nos estruturando no país e hoje também comemoramos isso”, lembrou.

Fábio Hazin, anunciou que o MPA investirá R$ 12 milhões nos doze Comitês Permanentes de Gestão (CPGs). “Vamos investir nos 12 CPGs, que haviam sido criados e que estavam apenas no papel, e nos observadores de bordo”

Reunião dos pescadores e pescadoras do movimento da pesca artesanal durante I Simpósio

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Durante o Simpósio, foram apresentadas as experiências de manejo da Austrália, Canadá, Chile, Estados Unidos e Noruega. Esses países conseguiram implantar sistemas de pesca bem manejados, com retorno socioeconômico sustentável no longo prazo Lista de recomendações para o governo federal e órgãos ambientais apresentadas ao final do encontro Deixar de lado o modelo de gestão da pesca baseado em medidas pontuais e adotar uma gestão por planos de manejo, ampliar a participação e a inclusão da sociedade nas discussões sobre gestão pesqueira, rever e atualizar a legislação de pesca, criar um instituto nacional de pesquisa e coleta de dados pesqueiros. Essas foram algumas das mais de 30 propostas apresentadas pelos participantes Outros encaminhamentos propostos incluem apoiar as políticas de agregação de valor na cadeia produtiva do pescado, para permitir que se possa pescar menos e, ao mesmo tempo, assegurar a renda da pesca; considerar o conhecimento tradicional das comunidades pesqueiras nos processos de gestão; adotar modelos de gestão com foco espacial e regional, com manejo regionalizado; apoiar o reconhecimento e a criação de territórios de pesca exclusivos para pescadores artesanais; aplicar as mesmas regras de conservação e sanitárias adotadas no Brasil em relação ao pescado importado; melhorar a eficiência do monitoramento e fiscalização das atividades pesqueiras por meio do fortalecimento e capacitação institucional dos órgãos competentes, além da participa-

Marinha buscou encontrar propostas para o manejo adequado da pesca no Brasil, que enfrenta grave crise: por causa da histórica falta de gestão pesqueira, várias espécies comerciais tiveram suas populações diminuídas e estão em risco de extinção. O volume de pesca marinha anual no Brasil, que já foi de 750 mil toneladas, atualmente está em torno de 400 mil toneladas por ano. A ausência de um manejo adequado, falta de monitoramento e pesca excessiva são alguns dos problemas que o setor enfrenta.

Sobre a Oceana Dr. Daniel Pauly, professor da Universidade de British Columbia, Canadá, um dos especialistas internacionais que participaram do Simpósio

ção ativa das comunidades de pescadores no automonitoramento e autofiscalização da pesca local. O 1º Simpósio Internacional sobre Manejo de Pesca

Zezé Pacheco, Coordenadora Nacional Pastoral dos Pescadores em sua palestra sobre as comunidades pesqueiras tradicionais, que ocupam seus territórios desde o início do Brasil, e da importância da valorização da pesca artesanal para o país

Dra. Beatrice Padovani, professora da Universidade Federal de Pernambuco falou sobre a situação da pesca artesanal no Brasil

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A Oceana foi criada em 2001 para trabalhar exclusivamente na proteção e recuperação dos oceanos em escala global, por meio de campanhas e estudos científicos. A organização já conquistou mais de 100 vitórias para os oceanos ao redor do mundo. A Oceana está presente em sete países e na União Européia, que, juntos, são responsáveis por mais de 40% da produção de pescado do mundo; ela atua no Brasil desde julho de 2014. Dr. Paulo Pezzuto, professor da Universidade do Vale do Itajaí falou sobre a situação da pesca industrial no Brasil

Ugo Vercillo, diretor do departamento de Biodiversidade Mar e Antártica (Demar) do Ministério do Meio Ambiente, falou sobre os Principais desafios para a conservação da biodiversidade marinha no Brasil

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