Escola Infantil Montessori

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Rebeca Marangoni de Castro


Ficha Catalográfica

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Rebeca Marangoni de Castro ESCOLA INFANTIL MONTESSORI Trabalho final de graduação apresentado ao CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE RIBEIRÃO como requisito para a obtenção do diploma de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob orientação da Profª Alexandra Marinelli

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________________________ Alexandra Marinelli

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE RIBEIRÃO PRETO Orientadora

________________________________________________________________________ Oscar Eustachio da Silva Mendes

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE RIBEIRÃO PRETO

________________________________________________________________________ Luciana Pagnano Ribeiro

Arquiteta e Urbanista convidada 2


Figura 1

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Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus por ter me sustentado. A minha família por tamanha dedicação, zelo e empenho para que eu chegasse até aqui. Agradeço aos meus professores, do início da vida até a conclusão da graduação. Cada um contribuiu como um tijolinho para minha chegada ao topo. Esse trabalho surgiu justamente pelo incentivo e direcionamento que muitos me deram no âmbito escolar ao longo da vida. Agradeço aos meus amigos de graduação, em especial ao Henrique, Isabela, Iago, Yas e Thais que dividiram comigo momentos de muita tensão e tornaram mais leves cada segundo. Foi incrível partilhar tantos anos com pessoas tão agradáveis e que agregaram tanto na minha vida. Agradeço também a amizade da Beatriz Catani, que além de amiga e confidente se tornou parte da minha família, ela foi responsável por me juntar com o amor da minha vida. Obrigada por dividir a família, as noites sem dormir e muito conhecimento. Por último e não menos importante, gratidão ao meu esposo, Gabriel Catani, por tanto amor, paciência e cuidado. Sou grata pela parceria nas madrugadas de trabalhos, nos auxílios e apoio emocional. Foi difícil passar por tudo isso em meio a pandemia, mas graças a essas pessoas, o caminho foi percorrido. Sem vocês teria sido impossível. Obrigada!

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"Comecemos pelas escolas: se alguma coisa deve ser feita para 'reformar' os homens, a primeira coisa é 'formá-los'". Lina Bo Bardi 6


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O método Montessori teve origem no início do século XX, e sua pedagogia defende a importância da autoeducação, permitindo que a criança explore, pesquise, interaja e reflita, desenvolvendo-se de acordo com seu ritmo próprio e não mais estando numa situação passiva de aprendizado. Para isso é necessário um ambiente prepa-rado na escola, com diferenciais arquitetônicos, voltados totalmente para a criança, sua estatura, seu espaço para exploração, aliados a um professor que supervisiona as atividades, garantido que as crianças se sintam estimuladas ao conhecimento com base na liberdade. O arquiteto tem como papel, entender e direcionar através da arquitetura e de seu projeto, um espaço adequado e preparado para a pedagogia, para que haja êxito em sua criação. No Brasil o tradicional tem estado em evidência a anos e a busca é por uma ruptura do óbvio. O objetivo deste trabalho, para tanto, é evidenciar as técnicas da educação Montessori e sua origem, dando destaque ao contexto arquitetônico que torna a mesma possível. Palavras-chave: 1. Pedagogia. 2. Montessori. 3. Crianças. 4. Educação. 5. Arquitetura.

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RESUMO


ABSTRACT

The Montessori method originated at the beginning of the 20th century, and its pedagogy defends the importance of self-education, allowing the child to explore, research, interact and reflect, developing according to their own rhythm and no longer being in a passive learning situation. . For that, it is necessary to have a prepared environment in the school, with architectural differentials, totally focused on the child, his stature, his space for exploration, together with a teacher who supervises the activities, ensuring that the children feel stimulated to knowledge based on in freedom. The role of the architect is to understand and direct, through architecture and its design, an adequate and prepared space for pedagogy, so that there is success in its creation. In Brazil the traditional has been in evidence for years and the search is for a break from the obvious. The objective of this work, therefore, is to highlight the techniques of Montessori education and its origin, highlighting the architectural context that makes it possible. Keywords: 1. Pedagogy. 2. Montessori. 3. Children. 4. Education. 5. Architecture.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO..........................................................................................13 1. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO............................................................18 1.1 CONTEXTO EDUCACIONAL NA EUROPA.................................24 1.2 CONTEXTO EDUCACIONAL NO BRASIL...................................38 2. LEGISLAÇÃO.........................................................................................50 2.1 LEGISLAÇÃO RIBEIRÃO PRETO....................................................53 3. MÉTODO MONTESSORI...................................................................56 3.1 ESPAÇO MONTESSORI...................................................................62 4. LEITURAS PROJETUAIS....................................................................66 4.1 JARDIM DE INFÂNCIA – BELO HORIZONTE............................67 4.2 MMG ESCOLA INFANTIL MONTESSORIANA / HGAA.........77 4.3 JARDIM DE INFÂNCIA SMW / HIBINOSEKKEI + YOUJI.....87 5. LEITURA MORFOLÓGICA.................................................................98 5.1 LOCALIZAÇÃO...................................................................................99 5.2 USO DO SOLO.................................................................................107 5.3 GABARITO........................................................................................109

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5.4 HIERARQUIA VIÁRIA E ACESSOS................................................111 5.5 CARACTERÍSITICAS DA ÁREA.....................................................113 5.6 CONDIÇÕES NATURAIS................................................................114 6. PROJETO................................................................................................116 6.1 CONCEITO E PARTIDO....................................................................117 6.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES.................................................118 6.3 FLUXOGRAMA...................................................................................119 6.4 VOLUME...............................................................................................120 6.5 MEMORIAL JUSTIFICATIVO...........................................................121 6.6 ACESSOS E SETORIZAÇÃO.........................................................125 6.7 MATERIALIDADE, ESTRUTURA E FECHAMENTOS.................129 6.8 IMPLANTAÇÃO..................................................................................131 6.9 PLANTA DE COBERTURA..............................................................132 7.0 PLANTAS, CORTES E ELEVAÇÕES..............................................133 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................141 LISTA DE FIGURAS...................................................................................143

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INTRODUÇÃO A educação é um direito de todos e é através dela que o indivíduo tem acesso a informação e conquista a inclusão social. Atualmente, diversos são os métodos pedagógicos que formam as escolas, tendo como destaque o método tradicional, onde as crianças tem uma relação formal com o professor, o qual é responsável por passar o conhecimento e delegar normas e regras da sala de aula. O ensino acontece de maneira passiva, sendo transferido de uma posição superior e gerando a necessidade de memorização dos alunos. Já no método Montessori, o ensino vai além de conteúdos prontos e carteiras enfileiradas. Nessa pedagogia o ensino ocorre de modo geral, estimulando o intelectual, social e o emocional dos alunos. Chamada também de pedagogia científica, ela propõe que a criança aprenda de acordo com seu ritmo e interesse por determinado assunto, tendo o professor como um auxiliar nessa trajetória de conhecimento.

Para que o desenvolvimento aconteça, a pedagogia propõe um ambiente adequado para que as habilidades sejam afloradas, tornando importante fatores como boa iluminação, harmonia de cores, proporção do mobiliário, ventilação, e organização para que o ensino ocorra com qualidade e possa ser assertivo. O assunto da presente pesquisa se trata de um equipamento púbico, inserido na área de projeto de arquitetura, sendo esse trabalho requisito para conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo e que tem como tema uma escola infantil para crianças de zero a cinco anos com a Pedagogia Montessoriana. A educação é algo primordial para o desenvolvimento do indivíduo, porém faz algum tempo que a educação no Brasil vem sendo questionada, principalmente nas escolas públicas. Desse modo é nítida a necessidade por mudanças e melhorias na qualidade de ensino de modo geral. (KOWALTOWSKI, 2011)

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KOWALTOWSKI (2011) afirma que o arquiteto tem que estar a par dos métodos pedagógicos e atividades que serão realizadas em cada local para que seu projeto atenda de maneira efetiva as necessidades locais.

uma vez que somente escolas de ensino fundamental I e II estão alocadas na região A educação infantil é o primeiro estágio da educação básica, e é ali onde começa toda noção de mundo e interiorização da criança. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, é dever do Estado garantir à crianças de zero a cinco anos, atendimento gratuito em creche e pré escola, sendo que esse acesso à educação, é considerado direito público subjetivo. (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016)

“A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho...” (ECA, Lei n°13.845, de 2019, Art. 53).

A prioridade é gerar um espaço agradável onde a convivência com o externo seja presente e onde a arquitetura seja acessível às crianças para que elas explorem e aprendam de maneira ativa, demonstrando que é possível unir educação com liberdade, num equilíbrio positivo. Esse trabalho tem como objetivo, através de pesquisas, propor uma escola para uma região desfavorecida da cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, com o objetivo de compreender em como o ambiente auxilia no desenvolvimento do indivíduo e como podemos gerar mais interesse para o aprendizado através do projeto. . O local, que se encontra no bairro

Ao pensar no espaço da sala de aula, trata-se de um ambiente fértil em estímulos e comportamentos diversos, pois “as interações entre a criança e seu ambiente são contínuas, recíprocas e independentes.” (KOWALTOWSKI, 2011)

Uma das principais ferramentas para que haja crescimento num país é a educação. Uma criança que tem acesso ao conhecimento, se bem aproveitado, se torna um adulto com maior autonomia diante de suas responsabilidades e escolhas. Desta forma, anseia-se que o projeto contribua diretamente nas experiências e lembranças das crianças que por ali passarem.

Esplanada da Estação, apresenta carência e necessidade por um equipamento educacional para a faixa etária em questão,

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OBJETIVO GERAL Como alternativa para o comum e tradicional, o intuito desse trabalho é propor um projeto arquitetônico de ensino infantil para o bairro Esplanada da Estação em Ribeirão Preto, visando a importância da arquitetura na decisão por um conceito de ensino na escola. Abordando temas como o entendimento do método Montessori no desenvolvimento da criança, proporcionando espaços que gerem interesse, fugindo de padronizações e inflexibilidade.

OBJETIVO ESPECÍFICO A ideia projetual, é levar ao bairro que é tão carente, acesso ao que é fundamental para que a construção do ser se desenvolva da melhor maneira possível: Educação, num espaço de qualidade e que proporcione uma auto consciência sobre o redor e a natureza e assim gere desde a infância um senso crítico em cada um. Desenvolver no projeto salas de aula convidativas, com móveis e disposições no alcance da criança. Ambientes que agreguem interação entre o projeto e a pedagogia Montessori, tornando a criança livre para escolher e aprender. Inserir hortas e locais de atividades ao ar livre para gerar contato e interação com o mundo exterior, inserindo a curiosidade como papel formadora do indivíduo.

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“Os usuários nesse caso, não sabem como usar as propriedades do espaço, porque falta estímulo à interação com o ambiente, que se apresenta em espaços configurados em forma de sucessivas fileiras de carteiras que, mesmo sendo móveis, raramente têm sua disposição modificada. Portanto, existe a necessidade de “humanizar” o espaço interno, atribuir-lhe características pessoais, adequar a proporção com a escala humana, para permitir a manipulação do mobiliário pelos usuários, enfatizando a necessidade de paisagismo, harmonia entre os elementos construtivos, as cores e os materiais.” (KOWALTOWSKI, p. 43, 2011)

METODOLOGIA A metodologia adotada para o projeto foram buscas por referenciais teóricos baseados em artigos científicos, trabalhos finais de graduação publicados, livros, websites sobre o tema, artigos e bibliografias. Leituras projetuais também foram realizadas a fim de compreender o espaço relacionado a pedagogia em questão e leituras morfológicas da área e do entorno contendo diagnóstico.

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Figura 2:

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HIST Ó

ÃO AÇ

1. ICO DA EDU C R


A arquitetura é formada por diversas decisões tomadas diretamente pelo arquiteto, a partir do momento em que ele tem consciência do problema específico, quando há uma percepção do entorno através de experiências e vivências, juntamente com o momento em que se está, pela época que vigora. Segundo Brandão, “toda compreensão é histórica e aparece de uma situação existencial e da experiência vivida por aquele que se propõe à tarefa de compreender ou interpretar alguma coisa.” (BRANDÃO, 2000, SP). Como parte fundamental dessa criação temos o lugar, questão que envolve tanto a topografia, como a formação, direção dos ventos, o sol, a iluminação, a chuva, o uso do solo, a legislação vigente, e tudo que pode ser percebido através de uma observação e análise cuidadosa, como citou Carlos Alberto Maciel, arquiteto e urbanista. “Buscar compreender as implicações de cada um desses aspectos nas relações de uso e no processo de construção é fundamental tanto sob o ponto de vista técnico como conceitual.” (MACIEL, SP, 2003,).

Se tratando do setor educacional, o arquiteto precisa levar em conta todo o contexto pedagógico e o fato de que aquele ambiente além de ser um gerador de cidadãos, agrega também a todas as áreas de conhecimento, sendo assim por essência um local de desenvolvimento de todo o processo de ensino e de aprendizagem. Segundo Doris Kowaltowski, no Brasil assuntos relacionados a educação ge-ram grande discussão, uma vez que sua qualidade é questionável, analisando por exemplo o desempenho em escolas públicas. Para Kowaltowski o edifício em si, é resultado da expressão cultural de uma determinada comunidade por conter traços que vão além do material que o compõe. 19


Por esse motivo a discussão de escola ideal não pode se limitar a um só aspecto discutível, mas sim abranger a pedagogia, a ordem arquitetônica, e social de maneira multidisciplinar. Dessa forma o arquiteto acaba se tornando o principal influenciador do conceito que será tomado para o ensino de uma escola, uma vez que é ele quem define os espaços e usos da instituição. A educação é um direito de todos, e percorre todo o desenvolvimento humano por meio do ensino e da aprendizagem, com o intuito de potencializar o intelecto de cada indivíduo. De maneira formal, a educação se trata de um reconhecimento oficial e engloba o âmbito escolar, com seus níveis, diplomas e currículos. A informação e o saber são passados através de disciplinas específicas e possui um mediador: o educador. A educação escolar é aquela que acontece dentro do contexto de uma instituição. A instituição de ensino vista como é hoje, é o resultado de um processo histórico que através de toda sua evolução, explica o modelo aplicado nos dias de hoje. A educação é a propagação de todo valor e o acúmulo de conhecimento de uma população, e por esse motivo, a história dela também diz sobre uma sociedade e seu desenvolvimento em questões culturais, políticas e econômicas. Segundo Doris Kowaltowski, de acordo com a origem da palavra educação, fica claro que ela não se pode partir apenas de um lado: “A origem etimológica da palavra educação – “trazer à luz a ideia”, “conduzir para fora” – ou seja, dar a possibilidade de expressão de conteúdos internos individual e socialmente construídos, desmistifica o caráter impositivo e unilateral que se possa dar ao processo educativo.” (KOWALTOWSKI, pg13, 2011).

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Sem um processo educativo, não haveria chance de sobrevivência por parte do indivíduo, numa sociedade que radicalmente modificou as condições naturais de vida. De acordo com a história humana, a função de transmissão do conhecimento teve formas diversificadas e objetivos específicos. Em diversas culturas primitivas, a educação se dá de maneira informal, onde todos os membros sociais desempenham o papel de educador e principalmente as famílias e assim, o ambiente em que se vive pode ser chamado de escola. Segundo Brandão: “A educação existe onde não há a escola e por toda parte pode haver redes e estruturas sociais de transferência de saber de uma geração a outra onde ainda não foi sequer criada a sombra de algum modelo de ensino formal e centralizado. Porque a educação aprende com o homem a continuar o trabalho da vida. A vida que transporta de uma espécie para a outra, dentro da história da natureza, e de uma geração a outra de viventes, dentro da história da espécie, os princípios por meio dos quais a própria vida aprende e ensina a sobreviver e a evoluir em cada tipo de ser.” (BRANDÃO, 2002)

As sociedades crescem e as experiências passadas por gerações também, o que gera a necessidade de dividir trabalhos, sendo a primeira divisão feita pelo se-xo. Homens e mulheres não desempenhavam mesmas funções em sociedades primitivas. A capacidade de cada membro da comunidade em exercer determinada função, impõe aprendizados e assim ultrapassa o ambiente familiar e surge o início da instituição que propaga o saber: a escola. (KOWALTOWSKI, pg 13, 2011).

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No todo, as salas de aula são a expressão de como é a sociedade em que a criança irá crescer e a rotina escolar é a responsável por gerar valores do mundo adulto à criança. No geral é o professor quem toma o lugar de autoridade e inicia-se a quebra do sentimento de igualdade com o aparecimento de líderes e uma hierarquia demarcada. O esforço passa a ser medido por notas e todo valor adulto é transmitido através de rotinas.

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Figura 3:

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CONTEXTO

EUROPA NA

1.1 UCACIONA L ED


Segundo Kowaltowski, a educação passou a ser um meio de divisão interna da sociedade, aprovada juntamente com a divisão das classes sociais. A palavra pedagogia originou-se na Grécia e foi de lá que veio a base de educação formal da história, é no cenário grego que surgem as primeiras ideias pedagógicas que influenciaram a cultura e educação ocidental. Partindo dos primórdios, onde a civilização era denominada por caçadores e nômades, segundo o pesquisador Peter Grey (2016), vemos que as crianças usavam de suas próprias capacidades de exploração e brincadeiras, para se tornarem adultos. “Adultos, em sociedades caçadoras e coletoras, concedem liberdade quase ilimitada para as crianças brincarem por conta própria, porque reconhecem que essas atividades consistem na forma mais natural que há de aprender.” (GREY, 2016)

Durante esse período, era demandado grande conhecimento, habilidades e instinto e por esse motivo, caçadores viviam de maneira lúdica, sem distinguir o momento de brincar e de trabalhar. Todos esses esforços não eram trabalhistas em si, a vida tinha um outro tipo de compreensão. “Para serem eficientes, as pessoas tinham que adquirir um vasto conhecimento de plantas e animais, das paisagens e da geografia local. Elas também tinham que ser hábeis artesãs de suas ferramentas, ter iniciativa e ser criativas nas formas de encontrar comida e procurar caça. No entanto, elas não tinham longas horas de trabalho – e seu trabalho era excitante, não monótono.” (GREY, disponível em :https://educacaointegral.org.br/reportagens/umabreve-historia-da-educacao-da-escola/ 2016) 25


Posteriormente, com o surgimento do trabalho agrícola, a 10 mil anos atrás aproximadamente, a forma de vida das pessoas mudou de maneira considerável. De acordo com Peter Grey (2016), as famílias passaram a se estabelecer em locais fixos, por conta de suas plantações, e deixaram a vida nômade de vez. Também passaram a produzir mais alimento e dessa maneira, ter mais filhos em condições de sobrevivência gerando a capacidade de acumular bens e propriedades nesse novo cenário que surgia. Com a demanda de trabalho gerada pela agricultura, que exigia o cultivo, o plantio, e todo o cuidado que a atividade trás, crianças passaram a ser delegadas para essa função também, a fim de que se obtivessem mais ganho e tempo. Com famílias cada vez maiores, os menores deveriam assumir responsabilidades e desse modo, a infância tomou outros rumos, uma vez que não se tratava mais de uma livre escolha da criança, mas sim a busca por interesses para manter a família. (GREY, 2016). Foi nesse período em que pela primeira vez surgiu a diferenciação de classes por status. Todo o acúmulo de propriedade e bens, vindos da agricultura, geraram sistemas de escravidão e servidão que separavam proprietários de terras, dos que não possuíam e que dependiam dos mais favorecidos para sobreviver. “Tudo isso culminou no feudalismo na Idade Média, quando as sociedades se tornaram vertiginosamente hierárquicas, com alguns reis e senhores no topo e massas de escravos e servos na base.” (GREY, 2016). Durante o feudalismo as crianças foram submetidas a aprender sobre obediência, servidão e reverência a senhores e mestres. Palmadas eram aplicadas, até que houvesse submissão e todo esse contexto era o principal gerador do ensino. 26


Na Idade Média, o número de escolas era consideravelmente baixo e restrito, estas eram alocadas em mosteiros e sedes episcopais com um número mínimo de alunos e destinavam-se a ensinar e preparar sacerdotes para as igrejas ou funcionários da corte. As escolas continham pensamentos fechados, rigorosos, estáticos e dominados pela religião. (KOWALTOWSKI, pg 14, 2011).

Figura 5: Sala de Aula Medieval Fonte: (en.wikipedia.org/wiki/Medieval_univ ersity#/media/File:Meeting_of_doct ors_at_the_university_of_Paris.jpg)

Figura 4: Sala de Aula Medieval Fonte: (en.wikipedia.org/wiki/Medieval_university#/ media/File:Laurentius_de_Voltolina_001.jpg) 27


Segundo Kowaltowski, o espírito empírico, baseado na experiência e observação é desenvolvido até se modernizar com o Renascimento. Os pensamentos redescobertos de Aristóteles uniram-se e o início do racionalismo se implantou na instituição medieval de ensino. A educação defendia a junção da natureza com o homem e grandes nomes de pensadores que discursaram sobre, foram sendo difundidos por toda a Europa. Em meados do século XVII a religião perdeu o controle sobre as ideologias e os princípios da filosofia se consolidam fugindo de antigas influências. A partir desse período culminaram as ideias iluministas e vertentes pedagógicas surgiram, sempre com o princípio de liberdade ao homem cada um com sua especificidade. (KOWALTOWSKI, 2011) Com a Revolução Industrial, a escola passa a ter formatos onde eram valorizados a ordenação espacial e por esse motivo a tornavam responsável pelo controle dos alunos, deixando as salas de aula como pequenos observatórios. De acordo com a literatura, a escola surgiu por volta do século XIX como forma de condicionar ordem para a sociedade e garantir pontualidade e organização de todo o tempo imposto pela indústria. A instituição torna-se a dominação social e política. (KOWALTOWSKI, 2011)

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O século XVIII foi marcado pelo sentimento de um novo espírito otimista e científico, pois graças a avanços da razão e da ciência se tornaria possível o aperfeiçoamento do espírito humano e melhorias nas condições materiais. Pensadores iluministas acreditavam que o homem era o resultado de ideias e de convicções e que vivia num mundo que se formava justamente do acúmulo de todas essas ideias. Ideias essas que estavam diretamente ligadas as mudanças na sociedade, economia e na política vividas nesse período. (KOWALTOWSKI, 2011) Ao que se refere a arquitetura, segundo Kowaltowski, até o século XV, as escolas possuíam sala única e muitas vezes continham a moradia do professor ligada a ela. O ambiente era ocupado por diversas idades, tendo como responsável um professor, que poderiam ser auxiliados por seminaristas mais jovens. (KOWALTOWSKI, 2011)

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Na Inglaterra, o espaço que compunha essa sala única era retangular e com espaço estreito e comprido, contendo fileiras de bancos próximas as maiores paredes, e em muitos casos, o espaço do centro das salas únicas, eram ocupados por um pódio utilizado pelo professor e um fogão. Cada banco onde sentavam os alunos era destinado a uma atividade especifica, podendo ser elas voltadas para o catecismo, para o ensino do Novo Testamento ou para treinamento da escrita. Dessa maneira era possível a comunicação visual entre os alunos. (KOWALTOWSKI, 2011)

Fonte: (KOWALTOWSKI, pag 66, 2011) Figura 6: Disposição Sala de Aula Inglaterra 30


Foi no século XVI em que as escolas começaram a obter divisões de acordo com as idades e foi definida por Comernius. Escolas jesuítas do século XVII prestigiaram a nova maneira educacional na arquitetura escolar e por isso surgem edifícios escolares com nova disposição, contendo salas organizadas ao longo de um corredor na lateral ou ao centro e a divisão por série fica bem representadas nas plantas.

Fonte: (KOWALTOWSKI, pag 66, 2011) Figura 7 e 8: Escolas Jesuítas

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Em 1847, na Inglaterra, houve a publicação do livro de Henry Kendall, sobre arquitetura escolar e abordava o estilo gótico como recomendado para o ambiente das salas de aula. O mesmo recomendava o uso de grandes janelas para a ventilação e iluminação, com orientação norte para as aberturas, impedindo o ofuscamento no quadro e no plano de trabalho. (KOWALTOWSKI, 2011).

Fonte: (KOWALTOWSKI, pag 67, 2011) Figura 9: Exemplo de arquitetura escolar gótica

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Após 1870, a Inglaterra aplicou grande investimento para a educação pública e E. R. Robson foi escolhido e contratado para aumentar a rede de edifícios escolares de Londres, uma vez que demonstrou grande habilidade para prédios arquitetônicos e educacionais em seu livro que foi publicado em 1874 (School Architeture). Seus projetos eram rígidos, com plantas baixas simétricas e alinhadas, contendo janelas que não permitiam a visualização do exterior por conta do alto peitoril. O pé-direito era alto e havia duas salas para meninas. (KOWALTOWSKI, 2011)

Fonte: (KOWALTOWSKI, pag 68, 2011) Figura 10: Duas salas de aula para ensino de meninas 33


Na Alemanha, o sistema de salas de aula adotado foi o prussiano, que continha uma separação feita por um hall de entrada. O tamanho dos espaços era definido de acordo com a lotação de crianças que variava de 40 a 60, podendo chegar até 300 alunos por sala. A maior parte dos projetos foram construídos em zonas urbanas de lotes menores, com uma arquitetura robusta e muitas escolas recebiam em torno de 400 crianças de cada sexo. (KOWALTOWSKI, 2011)

Fonte: (KOWALTOWSKI, pag 68, 2011) Figura 11 e 12: Exemplo de sala de aula para 304 alunos

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Em 1816, na Escócia foi que se estabeleceram as primeiras pré-escolas, por Robert Owen com aberturas das salas para jardins onde não era permitido encostar na vegetação que compunha a paisagem. Eram apenas para contemplação e gerador de autocontrole da tentação. “Após o estabelecimento da educação compulsória na maioria dos países da Europa e dos Estados Unidos, um número significativo de educdores como Margaret MacMillan, em Londres, e Maria Montessori, em Roma, influenciou a arquitetura escolar, para adequá-la à população carente.” (KOWALTOWSKI, pag 69, 2011)

Durante a primeira guerra mundial, mudanças significativas marcaram o momento vivido pelo pós guerra, dando abertura para novas tendências modernistas em todos os contextos, arquitetura, educação e artes. O professor, que anteriormente era representado apenas pela figura masculina, passa a ser substituído pelas mulheres, uma vez que muitos foram mortos em guerra. A participação feminina nas salas de aula trouxe objetivos novos para o ensino e um caráter social mais significativo para a escola e sua arquitetura. A partir do século XXI, essas mudanças continuaram a moldar o cenário educacional, e a busca por espaços mais agradáveis e diversos tornou-se primordial. Alguns exemplos recentes dessa postura nos mostram que a arquitetura escolar não significa apenas os princípios das instituições de educação, mas sim a força vital da escola atualmente, e sua inserção na sociedade e o acolhimento das crianças nas suas diversas fases de desenvolvimento.

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Na Europa, o país com maior investimento per capita voltado para a arquitetura das escolas, é a Suíça. Arquitetos e profissionais renomados são responsáveis pelos projetos de escolas públicas. “Além de qualidade ambiental, conforto e funcionalidade, há uma preocupação com seu valor artístico, e sua implantação é cuidadosamente acabada com projetos paisagísticos, introdução de fontes e esculturas, obras de arte nas áreas mais públicas, como o hall de entrada, espaços de circulação e grandes salas multiuso ou auditórios.” (KOWALTOWSKI, pag 73, 2011)

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Figura 13:

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CONTEXTO

BRASIL NO

1.2 UCACIONA L ED


“No Brasil, a história da educação tem como base o desenvolvimento do ensino da Europa e, mais tarde, da América do Norte.” (KOWALTOWSKI, 2011). Ao que se refere ao espaço, a arquitetura da maior parte das escolas no Brasil, permanecem seguindo padrões tradicionais contendo carteiras em fila e um professor ministrando as aulas na frente da sala, na lousa. Houve diversas influências e um longo caminho, até o que nos é conhecido atualmente. (KOWALTOWSKI, 2011) Para Brito Cruz e Carvalho (2004), a educação era responsabilidade de instituições religiosas e da igreja durante o Brasil colônia, contendo poucos registros arquitetônicos e pedagógicos É relatado que a educação no Brasil, iniciou-se em meados do século XVI, com a vinda de padres jesuítas para o país ainda colônia, com o objetivo de propagação da fé católica. Consequentemente foram responsáveis pela criação de colégios voltados para filhos de índios e de homens brancos. O fundador e responsável pela primeira escola nesse modelo foi o Padre Nóbrega e abordava princípios religiosos contra a reforma. (HILSDORF, 2002) Durante a segunda metade do século XVIII o ensino era aplicado em igrejas, sacristias, entre outros locais improvisados, sendo conduzidos por professores qualificados e nomeados pelos órgãos do governo responsáveis pela instituição. (VIDAL, 2005)

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Do final do século XIX até meados de 1920, a arquitetura neoclássica tomou conta das edificações escolares, vinda diretamente da Primeira República. Grandes prédios imponentes, contendo eixos simétricos, térreo acima do andar da rua, pé-direito alto e longas escadarias, era o que prevalecia para trazer impacto ao entorno urbano. Durante esse período houve um destaque para a organização dos serviços que inspecionavam escolas e pelas primeiras tentativas de projetos exclusivamente voltados para fins escolares. (KOWALTOWSKI, 2011) Os primeiros projetos escolares foram dos Grupos Escolares e das Escolas Normais, que se baseavam em modelos franceses para a instituição educacional e procuravam acompanhar valores culturais como por exemplo a divisão das áreas femininas e masculinas. Os partidos arquitetônicos eram similares, apenas se adaptando as características de cada terreno, utilizando o porão alto, que auxiliava na ventilação de assoalhos de madeira. “Buffa e Pinto (2002) destacam que, quando se entra numa escola pública construída na época da Primeira República (1890-1920), percebe-se a importância atribuída à educação por meio do estilo e da importância de seus edifícios, com detalhamento sofisticado, com o entrelaçamento harmonioso entre projeto arquitetônico e pedagógico.” (KOWALTOWSKI, pg 83, 2011)

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Durante o período da Primeira República, os edifícios escolares ficavam adjacentes às praças agregando referências que expressavam o poder da ordem política. A arquitetura escolar desse período, foi desenvolvida por arquitetos de renome internacional, principalmente formados na Europa. (KOWALSTOWSKI, 2011) “O programa arquitetônico era composto por salas de aula e um reduzido número de ambientes administrativos. Destacava-se a simetria da planta, com uma rígida separação entre as alas femininas e masculinas, e toda a concepção do espaço era condicionada pelo Código Sanitário de 1894.” (KOWALTOWSKI, pg 83, 2011)

Os projetos construídos para alojar as Escolas Normais eram evidentes por sua grandiosidade, contendo complexos programas arquitetônicos, tornando o edi-fício uma marca imponente em meio a paisagem urbana. Além de ambientes nor-mais, existentes nos Grupos escolares, as Escolas Normais possuíam ainda biblio-tecas, laboratórios e anfiteatros. Fonte: (https://ieccmemorias.wo rdpress.com/) Figura 14: Escola Normal da Capital – Um exemplo do primeiro registro de edificação escolar paulista para uso exclusivamente educacional. (Inaugurada em 1894, na atual praça da República, na região central de São Paulo.) 41


O primeiro Código Sanitário de São Paulo é do ano de 1894 e sistematizou as exigências sobre à urbanização, salubridade, altura de edifícios, espessuras mínimas, ventilação e luz direta para todos os cômodos, e umidade do solo. Porém não gerava total eficácia, uma vez que não havia regulamentação e especificações. Desse modo, abria margem para muitas interpretações (KOWALTOWSK, 2011) “Para Buffa e Pinto (2002), as obras dessa época não tinham vagas suficientes e faltava qualidade aos programas de ensino. O prédio escolar é essencialmente organizado pela disciplina, como espaço de controle, assim como a sala de aula (Raimann; Raimann, 2008). Cada aluno ocupa o seu lugar, com o professor na frente, em posição de supervisão.” (KOWAL-TOWSKI, pg 85, 2011)

De 1921 até a décadas de 1950, advindo de influências das manifestações como da Arte Moderna (1922) e Revolução (1930), houve impacto e mudanças no setor da educação, refletindo diretamente nas edificações escolares. Os projetos deixaram de ser compactos, as divisões entre sexos tornaram-se inexistentes, a implantação tornou-se mais fluida e o uso de pilotis tornou-se ativo, deixando o térreo livre para atividades recreativas (FDE, 1998b). (KOWALTOWSKI, 2011)

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"Em 1932, um grupo de intelectuais lançou o manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que defendia a universalização da escola pública, laica e gratuita.” (KOWALTOWSKI, pg 85, 2011) Em 1934, com a entrada da primeira Constituição, os municípios foram obrigados a investir 10% da arrecadação de tributos em educação, construção e manutenção de prédios escolares. Em São Paulo a regra passou a vigorar somente em 1943 na prefeitura de Prestes Maia. Posteriormente, no período da Primeira Guerra Mundial foram suspensas as produções de projetos voltados para grupos escolares, sendo retomado apenas no decorrer dos anos 1920. Daí em diante, novo manual com diretrizes foi criado para auxílio em futuras obras desses grupos. “Criaram-se códigos de Educação em vários Estados, com o objetivo de unificar a legislação escolar, inclusive em relação ao edifício. No Estado de São Paulo, foi designada uma Comissão Permanente para se responsabilizar pelas condições higiênicas e pedagógicas dos prédios e pela organização, fiscalização e execução de um plano para resolver os problemas das construções escolares (Buffa; Pinto, 2002).” (KOWALTOWSKI, pg 86, 2011)

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Foram definidos então, critérios de projetos como o código de Saboya (1934), que impunham normas nas quais as mais importantes relacionadas às salas de aula foram transcritas por Artigas:

“Art.435 – As escolas terão um pavimento apenas, sempre que possível, e caixa de ar de cinquenta centímetros, no mínimo, convenientemente ventilada. Art. 436 – As escadas das escolas serão de lance reto e seus degraus não terão mais de 16 centímetros de altura nem menos de vinte e oito de largura. Art. 437 – As dimensões das salas de classes serão proporcionais ao número de alunos; estes não excederão de quarenta em cada sala e cada um disporá, no mínimo, de um metro de superfície, quando duplas as carteiras, e de um metro e trinta e cinco decímetros (sic), quando individuais. Art. 438 – A altura mínima das salas de classe será de quatro metros. Art. 439 – A iluminação das salas de classe será de unilateral esquerda, tolerada, todavia, a bilateral esquerda direita diferencial. Art. 440 – A iluminação artificial preferida será a elétrica, tolerada, todavia, a iluminação a gás ou álcool quando convenientemente estabelecida. Art. 441 – As janelas das salas de classe serão abertas na altura de um metro, no mínimo, sobre o assoalho e se aproximarão do teto tanto quanto possível. Art. 442 – A superfície total das janelas de cada sala de classe corresponderá, no mínimo, à quinta parte da superfície do piso. Art.443 – A forma retangular será a preferida para as salas de classe e os lados do retângulo guardarão a relação de dos para três. Art. 444 – Haverá uma latrina para cada grupo de vinte alunas ou de trinta alunos e um lavabo para cada grupo de trinta alunos ou alunas.” 44


Nesse contexto geral, novos formatos de educação passaram a ser considerados no momento de conceber o projeto, aplicando a ideia de programas, que agregassem um conjunto de necessidades (FDE, 1998b). “Entre os pontos relevantes desse programa arquitetônico, as salas de aula deveriam ser amplas, claras, e bem-ventiladas, com dimensões de 6 m x 8 m, e com pé-direito de 3,60 m, pintadas entre o creme e o verde-claro; dependências de trabalho; um auditório. Sala de educação física, jogos, canto, cinema educativo, sala de festas, de reunião; biblioteca, instalações para assistência médica, dentária e higiênica (FDE, 1998a).” (KOWALTOWSKI, pg 87, 2011)

Levando-se em conta os estilos dos prédios, a arquitetura moderna foi adotada, pois era o que predominava na época. Posteriormente, Silva Neves sugeriu que os edifícios fossem construídos sem nenhuma referência histórica, obtendo liberdade na implantação. Inicia-se então o funcionalismo na arquitetura escolar. “As plantas desses edifícios escolares são em geral, em forma de “L” ou “U”, agrupando os conjuntos de salas de aula, administração e auditório. A área de ensino constitui o volume principal, caracterizado pelas aberturas horizontais e regulares das salas de aula, em contraste com as formas verticais das escadas (FDE, 1998ª).” (KOWALTOWSKI, pg 87, 2011)

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Fonte: (KOWALTOWSKI, pag 88, 2011) Figura 15: Grupo Escolar Visconde Congonhas do Campo, projeto de José Maria da Silva Neves (1936)

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Atualmente, os ambientes de ensino seguem a arquitetura de muitos anos e vem sendo motivo de análises e discussões em nosso país. A necessidade de melhores investimentos nesse quesito é evidente para haja boa educação e formação de indivíduos. “As questões educacionais têm desencadeado muitas discussões no Brasil. Sua qualidade é constantemente questionada, principalmente pelas avaliações de desempenho dos alunos das escolas públicas. Elas demonstraram a necessidade de tratar a educação como prioridade, dada sua importância social na preparação dos indivíduos para a vida adulta e para a construção de uma sociedade mais justa e humana. Observa-se a carência de uma atuação que vislumbre, ainda, que no médio prazo, a melhoria da qualidade de ensino.” (KOWALTOWSKI, pg 11, 2011)

É perceptível que ao longo do tempo, os métodos pedagógicos e a própria educação vêm evoluindo, porem as edificações não têm se adequado e seguido tais avanços, num contexto geral. Para alcançar êxito nessas questões, diretrizes foram traçadas pelo Órgão FNDE (Fundo Nacional De Desenvolvimento da Educação), tornando possível projetar ambientes escolares com qualidade, capazes de atender os alunos e gerar um atrativo aprendizado. “Desta forma os espaços devem propiciar experiências de impacto estético positivo; adaptar-se ao contexto; serem convidativos e confortáveis; atenderem às necessidades e serem responsáveis ambientalmente.” (KOWALTOWSKI, MOREIRA E DELIBERADOR, 2010)

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Segundo Kowaltowski, o modelo de sala de aula com carteiras enfileiradas, gera sensação de ordem e controle do adulto sobre o aluno, gerando uma relação de produtos (alunos) e máquinas (escolas). Com isso a adequação passa a ser urgente, tornando responsabilidade dos arquitetos o ato de se repensarem e adequarem o ambiente de formação. “Essa configuração tradicional pode desmotivar os envolvidos no processo de ensino/aprendizagem, porque a arquitetura dessas escolas valoriza a autoridade, e não o indivíduo, o que estaria em desacordo com as novas metodologias educacionais.” (KOWALTOWSKI, pg 170, 2011)

De acordo com pesquisas em arquitetura escolar, existem grande variedade de partidos que os projetos podem adotar.

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Figura 16:

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2.

ISLAÇÃO G E L


2. LEGISLAÇÃO Segundo Doris Kowaltowski, em 1976 foi criada a Companhia de Construções de São Paulo (Conesp), cujo objetivo era resumir e listar as informações mais importantes e necessárias aos projetistas para a elaboração de projetos. Desse modo, foram elaboradas normas para cada etapa. “As especificações incluíam o conforto ambiental, a avaliação do clima local em relação à insolação e ventilação, sem o detalhamento para o conforto ambiental, posteriormente padronizado pela FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação)”. (KOWALTOWSKI, pg 91, 2011)

Essas especificações descrevem o ambiente escolar em detalhes, diferenciam os usuários de acordo com a faixa etária, currículos, objetivos e conceitos do prédio, flexibilidade no uso, possibilidade de expansão e recomendações.

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Fonte: FDE (1997) (KOWALTOWSKI, pg 93, 2011) Figura 17: Padronização de indicadores de conforto ambiental para construções escolares

A legislação vigente é usada como base para recomendações mínimas sobre o conforto ambiental escolar, (Figura 17) usando dimensões de aberturas, circulação, rampas e escadas, quantidade de sanitários necessários, níveis de conforto lumínico, fatores essenciais para o processo de aprendizagem. (KOWALTOWSKI, 2011)

“O programa de necessidades proposto pela atual FDE em São Paulo é composto de conjuntos funcionais: pedagógicos, de serviço de vivência, apoio técnico e administrativo (FDE 2003a, 2003b). Há critérios para dimensionamento de uma unidade escolar em função das áreas úteis e de circulação dos elementos construtivos. O dimensionamento baseia-se em uma modulação de 90 cm x 90 cm no eixo das paredes, que resulta em uma sala de aula padrão de 51,84 m² (7,20 m x 7,20 m). [...] Portanto, o prédio escolar do ensino público, principalmente do Estado de São Paulo, é controlado e, em relação ao programa de necessidades, as edificações são padronizadas por programas fixos e fechados, determinados pela Secretaria de Educação do Estado.” (KOWALTOWSKI, pg 92, 2011)

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2.1 LEGISLAÇÃO RIBEIRÃO PRETO “Os estabelecimentos para educação infantil; Creches, Escolas de Educação Infantil e Similares, deverão ter no máximo dois pavimentos, admitindo-se pavimentos em níveis diferentes, quando se tratar de solução natural, em face da topografia do terreno. Os alunos não deverão, em qualquer caso, vencer desnível superior a 4,50m (quatro metros e cinqüenta centímetros), sendo o mesmo feito por rampa de acordo com exigências da NBR-9050/2004, deve conter:

Segundo o Código de Obras de Ribeirão Preto, para crianças de 0 a 5 anos:

Fonte: (leismunicipais.com.br/codigo-de-obras-ribeirao-pretosp) Figura 18: Art. 495 do Código de Obras de Ribeirão Preto (Lei complementar n° 2158, 2007)

Levando em consideração as mesmas edificações, elas devem conter de mais relevante para o projeto:

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I - Recepção maior ou igual a 6m² II - Diretoria e secretaria com dimensão relativa a 0,12m² por aluno por período. III - Sanitários dimensionados a razão de: a) Berçário e Hotelzinho - 0,40m² por aluno no mínimo, e uma banheira alta para cada 10 crianças. b) Pré Escola e Maternal - 0,30m² por aluno, sendo 1 bacias, 1 torneiras e 1 chuveiro para cada 50 alunos, sendo acrescido de 1 bacia, 1 torneira, e 1 chuveiro para cada grupo de 25 alunos à mais e os números fracionados serão sempre arredondados para cima. XI - Salas de aula e atividades: a) Berçário e Hotelzinho - 1,50m² por aluno com no máximo 10 alunos por sala. b) Maternal e Pré Escola - 1,20m² por aluno, com no máximo 25 alunos por sala.


Além das adequações legislativas, é necessário priorizar a qualidade do espaço para crianças com deficiência. O espaço precisa ser livre de obstáculos e acessível para qualquer criança segundo o FDE

XIII - Esporte e Recreação Descoberta: a) Berçário e Hotelzinho - Solário com área mínima de 2,00m² por criança, pode ser dimensionado para a metade das crianças, sendo localizado de preferência em local que bata o sol pela manhã e protegidos de ventos frios. Prever piso lavável, antiderrapante, sem aspereza e quente. b) Maternal e Pré-Escola - 4,00m² por aluno sendo no mínimo 50,00m², o piso onde será localizado o playground deverá ser de areia, grama, emborrachado ou similar. XIV - Esporte e Recreação Coberta: Pré-Escola e Maternal - Atendendo a relação de 1,50m² por aluno com no mínimo de 30,00m³. XV - Sala de professores: Na educação infantil deve ter área mínima de 9,00m².” (Art. 497, Lei complementar n° 2158, 2007)

Garantir a igualdade de oportunidades a todas as pessoas, em especial às crianças e aos adolescentes em idade escolar, é o papel da Secretaria da Educação e da FDE. Um ambiente sem barreiras nas escolas é um dos caminhos para assegurar às crianças com deficiência o exercício dos direitos humanos e liberdades fundamentais, em igualdade de oportunidades com as demais crianças e adolescentes.

Figura 19: 54


Figura 20:

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I OR

MONTES O S OD

MÉ T

3.


O século XVIII ficou marcado por um novo espírito otimista, ideias que estavam diretamente ligadas às mudanças na sociedade, na economia e políticas vividas nesse período. Considerada uma verdadeira revolução que influenciou o modo de vida do ser humano, que gerou uma revisão de todos os padrões até então determinados. (KOWALTOWSKI, 2011) Na educação diversas vertentes pedagógicas surgiram e se fortaleceram nos anos seguintes. Entre elas destacou-se a pedagogia concebida por Maria Montessori (1870 – 1952), que ocupou um papel de destaque no movimento das “Escolas Novas” pelas técnicas que executou para o ensino infantil. Esse movimento que ocorreu no fim do século XIX, de educadores europeus e norte-americanos, propunha uma nova compreensão da infância e questionava a forma passiva como eram colocadas as crianças em escolas tradicionais. Maria Montessori foi uma mulher a frente de seu tempo, além de ser uma das primeiras mulheres a cursar medicina na Itália, vivenciou outros cursos que fizeram parte de sua vida acadêmica como, biologia, psicologia e filosofia. Foi nomeada três vezes ao Prêmio Nobel da Paz e teve seu método sendo propagado a diversos pais e educadores que buscam compreender e acompanhar cada fase do desenvolvimento das crianças. (Disponível em leiturinha.com.br, 2018) “A pedagogia Montessoriana relaciona-se à normatização e consiste em harmonizar a interação de forças corporais e espirituais, corpo, inteligência e vontade. Seu objetivo é a educação da vontade e da atenção, com o que a criança tem liberdade de escolher o material a ser utilizado, além de proporcionar a cooperação.” (KOWALTOWSKI, pg 24, 2011)

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O método foi criado pela pedagoga no ano de 1870, tendo se estabelecido inicialmente nas escolas infantis da Itália, e seguindo posteriormente para instituições ao redor do mundo, chegando no Brasil no ano de 1910. Tem como principal processo educativo o desenvolvimento com base na evolução da criança nas áreas emocionais, sociais, físicas e cognitivas. O aprendizado surge de acordo com as experiências que lhes são apresentadas no ambiente, respeitando a liberdade individual de cada criança. (Disponível em https://blog.todolivro.com.br/, 2020)

Fonte: (https://leiturinha.com.br/blog/ambientes-adaptados-que-estimulam-a-autonomiaconheca-o-metodo-montessori/) Figura 21: Desenvolvimento motor 58


Na pedagogia Montessoriana, a própria criança se torna protagonista de seu aprendizado e interagir torna-se parte do processo. Nesse método o aprendizado ocorre de dentro para fora de acordo com o ritmo individual e interesse e para que isso ocorra, todo ambiente é preparado e organizado com recursos lúdicos e acessíveis, que de maneira estratégica estimulam funções cerebrais. (RÖHR,2010) Segundo Kowaltowski, essa vertente pedagógica considera que o papel da educação é favorecer o desenvolvimento da criança, tendo como princípios fundamentais a atividade, a individualidade e a liberdade.

Fonte: (Autora) Figura 22: Princípios fundamentais Montessori

Desse modo, no ambiente escolar, a criança é livre para agir sobre objetos preestabelecidos, desenvolvidos por Maria Montessori (Figura ). Estes são de grande importância em seu trabalho educativo, pois prevê a compreensão das coisas a partir delas mesmas, com a função de gerar estímulos e desenvolvimento na criança. São ao todo uma série de cinco grupos de materiais didáticos produzidos pela precursora da pedagogia, uns destinados para exercícios da vida cotidiana, e outros desenvolvem a linguagem, a matemática, questões sensoriais e científicas. Esses objetos são formados por peças sólidas de variados tamanhos e formas. 59


““O Material Dourado”, criado por Maria Montessori, baseia-se nas regras do sistema de numeração, inclusive para o trabalho com números múltiplos. É composto por cubos, placas e barras de madeira.” (KOWALTOWSKI, pg 26, 2011)

Fonte: (img.elo7.com.br/product/zoom/301A691) Figura 23: Material Dourado 60


Figura 24:

61


ESP

I OR

3.1 O MONTES S AÇ


Arquitetonicamente as “Escolas Novas” incentivavam várias atividades cotidianas, com equipamentos e móveis de cozinha, estantes para o material didático e espaço livre para manuseio e trabalhos no chão com o “Material Dourado”. Os professores são auxiliares na aprendizagem, uma vez que, ao usar individualmente os materiais, os alunos atendem suas necessidades e por serem autocorretivos, usam da auto avaliação. “A metodologia pedagógica Montessoriana tem como base o desenvolvimento da iniciativa da criança e o senso de percepção por meio da liberdade física e da aplicação de material instrutivo autodidata.” (KOWALTOWSKI, pg 26, 2011)

Com o intuito de atender cada faixa etária, as salas de aula são diferenciadas e cada espaço é preparado para gerar interesse por brincadeiras individuais ou em grupos, nas mesas ou no chão. Os ambientes são projetados com mobiliário no tamanho da criança, contendo cores vibrantes, peças acessíveis, estantes de livros e objetos que despertem a curiosidade, para que assim o aluno se sinta livre para explorar.

Fonte: (soumamae.com.br) Figura 25: Sala de Aula Montessoriana

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Com todo estímulo, o método propõe uma educação cósmica que tem por objetivo auxiliar a criança a compreender o mundo e ampliar sua visão sobre o universo. O educador de maneira organizada, passa conhecimentos incentivando a imaginação e a noção de que lugar a criança ocupa no mundo. Nesse contexto a criança passa a ter maior noção sobre tempo, natureza, e o seu redor, tendo contato com o exterior, começando a compreender sobre dia e noite, a mudança das estações do ano e a descoberta de seres vivos que habitam o externo. “essas atividades ajudam a criança a começar a interpretar textos, culturas, movimentos sociais, manifestações artísticas, momentos históricos, entre outros” (ABEM, 2016)

Fonte: (https://escolainfantilmontessori.com.br/galeria-defotos) Figura 26: Contato coma Natureza 64


Figura 27:

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AIS

PROJET S A R U U T

LEI

4.


4.1 ESCOLA INFANTIL BELO HORIZONTE

Figura 28:

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FICHA TÉCNICA Projeto: Escola Infantil Montessori – Jardim de Infância Localização: Belo Horizonte – Minas Gerais – Brasil Arquitetos: Meius Arquitetura, Raquel Cheib Arquitetura Área: 700 m² Ano: 2018

LOCALIZAÇÃO:

O projeto se encontra em Belo Horizonte, Minas Gerais, no bairro Serra, que conta muito sobre a capital. Está localizado na região centro-sul da cidade, e é majoritariamente residencial, mas dando espaços a dois extremos. De um lado nota-se a presença de casas de classe alta, escolas, clubes, empresas e um lugar bem localizado para moradia. Em contrapartida, no outro extremo existe um aglomerado que une 6 comunidades.

Fonte: (google.com.br/maps/ - Intervenção da autora) Figura 29: Mapas

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Fonte: (google.com.br/maps/ - Intervenção da autora) Figura 30: Mapas

O bairro se encontra próximo ao centro, numa distância de aproximadamente 4,0 km. Frente a escola passa uma avenida movimentada, com comércios e restaurantes.

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CONCEITO:

"Para ajudar uma criança, devemos fornecer-lhes um ambiente que lhes permita desenvolver-se livremente" - Maria Montessori.

Fonte: (Archdaily) Figura 31: Tons dos ambientes

Levaram como premissa no projeto, a seguinte citação. Pensar como crianças também fez com que os arquitetos atendessem ao que foi proposto de maneira específica. A pedagogia Montessori faz parte do projeto, e inicia todo o conceito. Na concepção da escola, as cores também foram pontos principais e levou-se em consideração a importância das primárias, de maneira que não estivessem fortes, mas sim em tons suaves.

Toda marcenaria e móveis trazem à tona a questão pedagógica Montessori, tornando o redor acessível a criança e atrativo para o desenvolvimento.

Fonte: (Archdaily) Figura 32: Tons dos ambientes

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A escola propõe, além do contato dos alunos com a iluminação natural, con-tato com espaços verdes através de corredores, hortas e jardins, gerando o senso de exploração e vivência com a natureza, quesitos importantes referentes ao método educacional.

PARTIDO: A escola foi projetada, num edifício de construção já existente que foi erguida nos anos 50 e passou por reformas para ressignificar seus usos. Anteriormente totalmente residencial, passou a ser um local de cursos vestibulares em meados do ano 2.000, e recebeu mudanças para obter características do uso educacional. Recebeu novas aberturas, fluxos e um salão que acomodava as fileiras de mesas e cadeiras para estudo.

Fonte: (Archdaily) Figura 33 e 34: Áreas verdes

Em 2018 se tornou uma escola infantil, com novos acessos, iluminações e espaços internos voltados para as crianças. A preservação pelo que já era existente são características muito positivas nesse projeto, e agregam para o que será produzido posteriormente. 72


Para adequar novamente o espaço, de maneira que houvesse boa iluminação e ventilação e se tornasse um espaço Montessori, foram criados aberturas zenitais, novos fluxos, aberturas para comunicação visual e tornando aparente a arquitetura original. Fonte: (Archdaily / Com intervenção da autora) Figura 35: Iluminação e Mobiliário

A fachada anterior foi repintada e recebeu um cobogó onde ficava a abertura da garagem. Segundo o Archdaily, Designers colaboraram para que a fachada obtivesse uma identidade integrada e dialogasse com a logo já trabalhada pela escola.

Fonte: (Archdaily / Com intervenção da autora) Figura 36: Fachada

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PROGRAMA ADOTADO:

Fonte: (Archdaily / Com intervenção da autora) Figura 37: Corte

ESCADA

O programa é composto por 5 salas de aula contendo 1 sanitário de apoio em cada uma delas. 10 sanitários, área de serviço, setor administrativo, refeitório e pátio aberto. A escola se configura num terreno que possui desnível estando um nível alinhado a rua e um nível abaixo. A altura é vencida com escadas de pequenos lances.

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Fonte: (Archdaily / Com intervenção da autora) Figura 38: Plantas

O layout proposto é livre, cadeiras e mesas podem ser realocadas e adaptadas de acordo com a atividade proposta. Grandes janelas e aberturas fazem parte das salas, integrando interior e o exterior. 75


JUSTIFICATIVA: A escola Montessori de Belo Horizonte foi escolhida como referência por trazer as questões das cores à tona. Seus espaços e salas de aula refletem de maneira harmônica e delicada a pedagogia em questão. Seu conceito, iluminação, distribuição dos espaços, integração com o exterior são pontos que chamaram bastante atenção.

Fonte: (escolainfantilmontessori) Figura 39: Sala de Aula

Fonte: (Archdaily) Figura 40: Sala de Aula 76


4.2 MMG Escola Infantil Montessoriana / HGAA

Figura 41:

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FICHA TÉCNICA Projeto: Jardim de Infância HGAA Localização: Ha Long City - Quang Ninh - Vietnã Arquitetos: HGAA Área: 600 m² Ano: 2020

LOCALIZAÇÃO:

O método educacional Montessori surgiu na Europa no século XX, e tem se expandido consideravelmente no Vietnã. De acordo com o site ArchDaily, O projeto está inserido em uma área residencial na cidade que mais vem crescendo no Vietnã, Ha Long City, Quang Ninh.

Fonte: (google.com.br/maps/ - Intervenção da autora) Figura 42: Mapas

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CONCEITO:

Segundo o Archdaily, A MMG Escola Infantil Montessorian se trata de uma escola infantil voltada para o método Montessori, e foi projetada pelo escritório HGAA que junto de seus investidores criaram, numa área de 600m² um jardim natural para crianças e uma sala de aula entre árvores e plantas buscando uma mudança através de coisas simples, porém que se tornam valiosas.

PARTIDO:

Fonte: (archdaily.com.br/br/94192) Figura 43: Fachada

O terreno onde a escola se encontra, é arrendado por somente de 5 a 10 anos, fazendo com que haja a necessidade por um sistema construtivo simples, rápido e eficaz, capaz de ser realocado com facilidade se necessário e que não gere impacto expressivo no terreno existente. 80


Para que fosse possível, como solução, foi utilizado uma estrutura de aço, para 2 blocos rodeados de jardins e hortas, proporcionando a criança total interação com a natureza. Um sistema que contém 3 escadas de ferros e passarelas aéreas, é responsável por ligar 2 jardins que possuem árvores e trepadeiras e proporcionar a circulação contínua por ali. O intuito é que as crianças tenham espaço para movimentação e para descobertas, podendo usufruir de todo o espaço para correr, manter contato com as plantas e seu crescimento. O local proporciona o aprendizado relacionado ao plantio, cuidado e contato com as frutas, legumes e flores. Como podemos observar (figura 45), graças aos fechamentos em vidro, há total integração do meio interno, com o externo. As aberturas, direcionam as crianças para longe da monotonia, em direção a busca por novas experiências, além de proporcionar um microclima agradável através da iluminação natural e de ventos, tornando o ambiente fresco e com ótimas vistas para todas as salas. 81

Fonte: (archdaily.com.br/br/941924/mmg-escola-infatil-montessoriana-hgaa) Figura 44: Partido Arquitetônico

Fonte: (archdaily.com.br/br/941924/mmg-escola-infatil-montessoriana-hgaa) Figura 45: Escola Montessoriana HGAA


PROGRAMA ADOTADO: Apesar de o terreno ser consideravelmente pequeno, possuindo cerca de 600m², os responsáveis pelo investimento buscam dedicar 50% do local para gerar espaços de aprendizado próximo à natureza, proporcionando uma conexão mais frequente do que em escolas regulares. O programa é composto por 2 grandes salas de aula integradas, que possuem fechamento em vidro inclusive na parede onde separaria uma sala da outra, promovendo a facilidade dos alunos manterem contato não só com as crianças do mesmo ambiente, como do ambiente ao lado. 2 sanitários de apoio, cozinha e jardim de infância ao fundo, e um jardim por toda a volta dos dois blocos.

Fonte: (Archdaily / Com intervenção da autora) Figura 46: Planta

Fonte: (Archdaily / Com intervenção da autora) Figura 47: Planta

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O mobiliário é acessível, estando na altura das crianças. Mesas e cadeiras podem ser facilmente realocadas e configuradas de acordo com a necessidade da atividade proposta. Há ainda espaços vazios nas salas de aula para que a criança possa explorar e brincar no chão se assim for da sua vontade. Materiais de apoio, livros e brinquedos encontram-se dispostos e podem ser pegos facilmente.

Fonte: (Archdaily ) Figura 48: Sala de Aula

MATERIALIDADE O projeto foi desenvolvido para que pudesse ser desmontado com facilidade caso necessário. O sistema construtivo adotado foi o steel frame, contando com uma estrutura de aço tendo como fechamento paredes de vidro e tijolo. Esse método possibilita a rapidez no processo, a sustentabilidade durante a obra e a facilidade do desmonte.

Fonte: (Archdaily ) Figura 49: Estrutura

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Além da estrutura dos blocos, as escadas e todas as grades são feitas da mesma maneira: Aço É notória a busca por soluções arquitetônicas singelas e ousadas, que sirvam de exemplo para melhoria na qualidade dos espaços de educação, servindo como inspiração para outras mudanças.

Fonte: (Archdaily ) Figura 50: Ventilação

O interior possui um microclima agradável graças ao projeto de iluminação na parte superior das salas, garantindo luz natural, contato com o exterior e boa ventilação. Fonte: (Archdaily ) Figura 51: Sala de Aula

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JUSTIFICATIVA: O projeto abordado foi escolhido por conta de toda interação que ele proporciona com a natureza. O contato com as plantas, hortas e jardins chama a atenção. Além disso a iluminação natural os fechamentos em vidro também me despertaram interesse. Todo interior ajustável a necessidade do momento e da criança trazem a tona a pedagogia montessori ao projeto, tornando a criança livre para explorar.

Fonte: (Archdaily ) Figura 52: Sala de Aula

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4.3 Jardim de Infância SMW / HIBINOSEKKEI + Youji

Figura 53:

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FICHA TÉCNICA Projeto: Jardim de Infância SMW Localização: Zama - Kanagawa - Japão Arquitetos: HIBINOSEKKEI, Youji no Shiro Área: 822 m² Ano: 2018

Segundo o ArchDaily, o projeto se encontra em Zama, Kanagawa, Japão, numa área residencial, e foi projetado por HIBINOSEKKEI e Youji no Shiro. A província possui cerca de 128 770 pessoas. O projeto foi concebido na área graças a necessidade por um novo espaço para comportar 110 crianças que estavam em uma lista de espera e ocupou uma área de 822 m².

LOCALIZAÇÃO:

Fonte: (Google Earth com intervenção da autora) Figura 54: Fachada

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CONCEITO: Cultivando Independência O intuito do projeto do Jardim de Infância SMW, foi gerar um espaço para que as crianças explorassem, e aprendessem de maneira criativa e independente, fugindo dos padrões, uma vez que, atualmente existe uma segurança excessiva, unida ao cuidado dos adultos a todo momento, promovendo um aprendizado passivo, diminuindo a liberdade de pensar e agir. Considerando essa situação, os arquitetos responsáveis pelo projeto, projetaram um espaço dedicado ao pensamento e criação em meio a desafios.

Fonte: (archdaily.com.br/br/908267) Figura 55: Exterior

PARTIDO: Arquitetonicamente, a primeira solução adotada para que o objetivo fosse alcançado foi a de colocar muitas aberturas e desenvolver todo o projeto numa planta térrea, dando acesso a jardins por todas as entradas. Desse modo pôde proporcionar pequenos espaços que geram a curiosidade para a exploração e a criatividade. 90


Caixotes retangulares compõe o formato da escola. A segunda ação segundo o autor, é a de criar na parte externa dos ambientes movimentos de cima para baixo com pequenas montanhas no solo como mostrado na figura.

ELEVAÇÃO NO TERRENO Fonte: (archdaily.com.br/br/908267) Figura 56: Exterior

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A terceira ação elaborada para que a criança pudesse ter autonomia para explorar foi a de estimular o interesse pelo mundo externo. A arquitetura das salas principais foi pensada de maneira que as portas pudessem ficar totalmente abertas, proporcionando luz natural, uma boa ventilação e interesse para que a brincadeira ocorra do lado de fora. A conexão com o externo e a observação direta de várias árvores que se encontram pelo entorno do terreno, proporcionam para as crianças as sensações e percepções sobre as estações do ano e sobre as mudanças que ocorrem na natureza diariamente gerando nelas um senso de sensibilidade e apreciação.

Fonte: (archdaily.com.br/br/908267) Figura 57: Exterior

92


PROGRAMA ADOTADO: O projeto é composto de 5 salas de aula, cada uma para determinada faixa etária, o setor administrativo e de serviços se concentra na parte da frente da planta, logo na entrada. O exterior é composto por piscina, jardins e sala de jogos para que a curiosidade seja aflorada e as descobertas aconteçam. O mobiliário é no tamanho da criança, e pode ter seu layout alterado.

Fonte: (archdaily com intervenção da autora) Figura 58: Plantas

93


No interior para que haja a mesma intenção, há uma rede de escalada para que as crianças apropriem o espaço de maneira diferente e menos monótonas do que a dos locais planos e para que ao brincar, a força física seja desenvolvida. Uma extensa janela de vidro faz parte do fechamento, proporcionando luz natural, ventilação e contato com o exterior. A pedagogia Montessori se faz presente através de seu conceito, uma vez que proporciona locais de descoberta, para que a criança sinta curiosidade e aprenda por si só através de desafios e obstáculos.

Fonte: (archdaily) Figura 59: Interior

94


MATERIALIDADE: As salas de aula possuem chão, teto e móveis de madeira, tornando o ambiente mais aconchegante. Por conta das baixas temperaturas no inverno, também servem como isolante térmico, tornando o ambiente mais quente e tendo o calor absorvido. As janelas são compostas de vidro e a iluminação artificial é feita de maneira divertida tendo pendentes instalados por toda a sala.

JUSTIFICATIVA:

Fonte: (archdaily) Figura 60: Interior

Esse ´projeto foi escolhido por conta dos caminhos e espaços que geram curiosidade. É interessante como trazem obstáculos acessíveis as crianças que além de ajudar com a imaginação agregam no físico e desenvolvimento da criança, como nas redes de escalada. A ideia de unir o exterior ao interior, agregando a natureza e as percepções do entorno na vida das crianças está presente na Pedagogia Montessori e pretendo trazer para o meu projeto. 95


96


Figura 61:

97


CA GI

MORFOLÓ A UR

LEI T

5.


5.1 LOCALIZAÇÃO A área de intervenção encontra-se na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, numa distância de aproximadamente 350 km da capital. O terreno escolhido encontra-se no bairro Jardim Jóquei Clube, especificamente numa área chamada Esplanada da Estação, na Rua Serra Negra. A área está localizada no setor norte da cidade, numa distância de 7,7 km do centro da cidade aproximadamente e segundo informações passadas pela Secretaria da Educação de Ribeirão Preto (via e-mail), essa área é a que mais carece do equipamento público proposto.

Fonte: (Google Maps) Figura 62 e 63: Mapas

Fonte: (Google Earth Pro / Com intervenção da autora) Figura 64: Relação de distância com o centro

99


100

Fonte: (Fotos da autora) Figura 65: Área do Terreno


Existe grande carência da população local, e baseando-se nos dados do Censo 2010 do IBGE, conclui-se que as pessoas residentes de 0 a 5 anos do bairro são consideráveis e continuam crescendo. Nas proximidades da área escolhida, é perceptível a classe econômica que engloba a população da área, sendo a maior parte dela classe baixa, contendo traços de favelização ao longo de ruas como por exemplo na Rua Hermelindo Dell Rosso, que contém vielas e assentamentos in-formais. Outro foco relevante de pobreza e favelização, é a Comunidade Locomotiva que se estende ao longo de uma antiga linha férrea desativada e que se encontra próxima a área escolhida, dentro do mesmo bairro.

Fonte: (censo2010.ibge.gov.br) Figura 66: Faixa Etária

Fonte: (censo2010.ibge.gov.br) Figura 67: Domicílios

101


102

Fonte: (Fotos da autora) Figura 68: Área do Terreno


Atualmente possuem apenas 2 escolas que atendem o bairro, dentre elas a Escola Estadual Prof Nair Guilhermina Pinheiro Nogueira - Nairzinha, colégio para ensino fundamental I, II e ensino médio atendendo alunos do primeiro ano ao terceiro colegial, e a Escola Estadual Esplanada Da Estação, colégio de ensino fundamental I, atendendo alunos do primeiro ano ao quarto. Desse modo é possível perceber a necessidade de uma escola infantil que atenda a comunidade local, promovendo educação e auxílio às mães do bairro enquanto se deslocam para o trabalho.

Fonte: (Google Earth com intervenção) Figura 69: Área do Terreno

103


104

Fonte: (Fotos da autora) Figura 70: Área do Terreno


A área de intervenção encontra-se na Urbanização Preferencial (ZUP), onde o ocupação do solo são incentivados infraestrutura urbana existente segundo Diretor de Ribeirão Preto.

Zona de uso e a pois há o Plano

“Zona de Urbanização Preferencial (ZUP): composta pelas áreas internas ao anel viário formado pelas rodovias Anhanguera, Antonio Machado Sant`Anna, Antonio Duarte Nogueira e Alexandre Balbo, dotadas de infraes-trutura e condições geomorfológicas propícias para urbanização (formação da Serra Geral), de acordo com o descrito no Anexo III - B desta lei;” (LEI COMPLEMENTAR Nº 2505, Art. 5°)

Fonte: (Disponível em https://leismunicipais.com.br/a1/plano-de-zoneamento-uso-e-ocupacao-do-soloribeirao-preto-sp - Tabela produzida pela autora) Figura 71: Informações ZUP

105


106


5.2 USO DO SOLO

Fonte: (Produzido pela Autora) Figura 72: Uso do Solo Bairro Esplanada da Estação

107


Através do levantamento é possível identificar que o bairro é predominantemente residencial, com forte presença de indústrias. Na análise in loco foi possível observar que não há barulho constante vindo dessas fábricas. Em horários de trabalho apresenta movimentação normal sem produzir grandes problemas sonoros. No bairro possuem diversas áreas vazias, e por esse motivo apresenta possibilidade de crescimento a longo prazo. O entorno é composto por alguns pontos de prestação de serviço para automóveis e para corte de cabelo. A maior parte do comércio é destinado a Alimentação. As duas áreas institucionais presentes são voltadas à equipamentos da educação sendo elas a Escola Estadual Prof Nair Guilhermina Pinheiro Nogueira – Nairzinha e a Escola Estadual Esplanada da Estação.

Fonte: (Fotos da autora) Figura 73, 74, 75: Entorno Terreno

108


5.3 GABARITO

109


O gabarito do entorno é predominantemente térreo, possuindo poucas residências de 2 pavimentos. Um gabarito presente é o dos galpões destinados as fábricas ao redor, que possuem altura considerável, com o pé direito alto. De 3 a 4 pavimentos temos somente a escola Estadual Prof Nair Guilhermina Pinheiro Nogueira – Nairzinha.

Fonte: (Fotos da autora) Figura 76, 77, 78: Entorno Terreno

110


5.4 HIERARQUIA VIÁRIA

111


O acesso ao bairro é feito por duas avenidas que possuem um alto fluxo por conta de suas características e por serem destinadas a circulação com velocidade média. Através delas é que acontece a entrada para a região. A Via Anhanguera é a principal rodovia de acesso ao bairro, ligando de maneira facilitada outros extremos da cidade com a área. As demais ruas, como vemos no mapa são coletoras e locais, responsáveis pelo acesso aos lotes e residências, sendo de médio e baixo fluxo. Foi observado que por conta das áreas industriais, é comum a passagem de caminhões pelo bairro tornando o asfalto irregular e de condições desfavoráveis. (Figura 79) No bairro constam 3 linhas de ônibus para o transporte da população. Ambas se direcionam ao centro e de acordo com alguns moradores da região, quando perguntados, a quantidade de linhas é favorável. Uma queixa percebida foi apenas sobre ser necessário uma ampliação de horários para circular. 112

Fonte: (Fotos da autora) Figura 79: Entorno Terreno


5.5 CARACTERÍSTICAS DA ÁREA

Fonte: (Fotos da autora) Figura 80: Entorno Terreno

A topografia da área acontece de maneira plana, sem aclives ou declives no mesmo nível da rua. As curvas de níveis passam ao redor do lote, sem influenciar no terreno onde acontecerá a implantação do projeto. O lote escolhido encontra-se numa esquina, fazendo frente com a rua Serra Negra e a lateral com a diretriz viária da rua Getúlio de Carvalho. 113


A parte frontal da escola, que ficará na Rua Serra Negra é a que receberá o sol mais quente, do poente. Possibilitando usufruir na parte de trás de pátio ao ar livre, locais para explorar e aproveitar o sol da manhã. Em relação aos ventos, a região de Ribeirão Preto recebe os ventos predominantes de sudeste para noroeste, e para o projeto foi levado em consideração para que houvesse boa ventilação.

Fonte: Foto da autora Figura 81: Terreno

114


Figura 82

115


6.

PROJETO


6.1 CONCEITO E PARTIDO O conceito adotado será o de Integração, Modularidade e curiosidade, aliados a natureza de modo que os blocos de cada setor se integrem entre si e integrem com o exterior, gerando a busca por novos espaços para explorar. Esses blocos se alocam no terreno como peças de jogos, ressaltando no conceito o sentido lúdico que um ambiente para crianças deve ter.

Fonte: (https://www.ideiademarketing.com.br/2013/04/26/integrar-paraagregar-a-base-para-o-sucesso/) Figura 83: Integração

O partido adotado para atingir o objetivo do conceito será o de projetar blocos em módulos separados, ligados entre si por caminhos, aberturas com transparência para que o exterior possa estar integrado com o interior. Todo partido levará em conta a Pedagogia Montessori.

117


6.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES

Antes de iniciar o projeto arquitetônico foram pré dimensionados os ambientes, de acordo com os catálogos técnicos do FDE e o Código de Obras de Ribeirão Preto voltado para escolas infantis e creches. Foi levado em consideração uma quantidade de 130 alunos para tais medidas, divididas por turnos.

Figura 84 Fonte: (Produzido pela autora)

118


6.3 FLUXOGRAMA

Fonte: (Produzido pela autora) Figura 85: Fluxograma

Os fluxos iniciais foram divididos em blocos para que o conceito fosse trabalhado. A frente, próximo a entrada teremos a parte administrativa e ao fundo se estende para a área de vivência com os pátios, refeitórios e horta. Um bloco também será voltado para a área pedagógica e outro para serviços. Compondo a escola como um todo. 119


6.4 VOLUME

Fonte: (Produzido pela autora) Figura 86: Volume

A ideia do volume surgiu inicialmente através de blocos separados como peças de um jogo, que podem se encaixar. Caminhos entre eles foram gerados para despertar curiosidade.

120


6.5 MEMORIAL JUSTIFICATIVO O projeto se trata de uma escola infantil para crianças de 0 a 5 anos, cujo método de ensino é o Montessori que visa a individualidade da criança em suas descobertas, tendo auxílio do meio externo. Uma Pedagogia científica que transforma a partir da observação. A escola está localizado no bairro Esplanada da Estação, zona norte de Ribeirão Preto - SP e tem por objetivo proporcionar um espaço adequado para as crianças da região, propondo descobertas e interação, para aprendizado e desenvolvimento. A distribuição dos espaços se deu com a premissa de gerar contato das crianças com o exterior, com o verde e podendo ter a percepção do clima, das estações do ano e da convivência com os demais. O espaço da escola foi pensado para que fosse acolhedor, e intimista, mantendo proximidade e contato. A ideia é que a sala de aula seja um auxílio para o desenvolvimento que acontece por todo o território. Por esse motivo a opção foi manter todo o projeto num terreno térreo e plano, deixando os pequenos ainda mais livres para ir e vir. Com referências da Pedagogia Montessori, o intuito é propor mobiliário acessível, cultivo e relacionamento. A escola propõe locais livres para atividades diversas e criatividade e por esse motivo todos os espaços podem ser apropriados de diversas maneiras. Na lateral foi projetada uma área de exploração e escalada para desenvolvimento do equilíbrio e das brincadeiras, fugindo de brinquedos convencionais. 121


No primeiro bloco da escola, encontra-se a secretaria para acesso público e informações. Seguindo da direção e das salas destinadas aos funcionários. Ao fundo desse mesmo bloco, separado pelo refeitório encontram-se salas de apoios para os que ali trabalham, recebendo cozinha, e sala de descanso com vestiários. O segundo bloco, que é semi público, contém entrada controlada e possui em primeiro plano os berçários para que haja um acesso fácil caso seja necessária a entrada dos pais, para adaptações e mais questões dos bebes. De suporte existem alocados, o lactário para preparação de mamadeiras e amamentação, o fraldário e um solário para que as crianças possam receber a luz do sol e manter contato com o externo. Ao fundo encontra-se o bloco das salas de aulas das crianças de 2 a 5 anos, que já possuem maior autonomia e poderão usufruir das áreas verdes com mais intensidade. Ao fundo, estão alocadas hortas para cultivo e relevo para diversão e imaginação com pequenas montanhas. Um refeitório serve de apoio para refeições, socialização e futuras atividades, uma vez que contém mobiliário fácil de ser movimentado. As salas de aula são compostas por estantes acessíveis, com livros e brinquedos a disposição. O mobiliário é facilmente realocado e servirá da forma que o professor quiser conduzir suas aulas, sendo possível arrastar e usar o chão para brincadeiras. 122


Fonte: (Produzido pela autora) Figura 87: 3D 123


124


6.6 ACESSOS E SETORIZAÇÃO

A escola se trata de um local semi público, o acesso é restrito, mas aberto a visitas, prestadores de serviço e aos pais. É necessária liberação e autorização para entrada. Diferentemente, a secretaria, entrada secundária, está aberta e disponível para qualquer público entrar e se informar. As áreas privativas, são de uso exclusivo de funcionários. 125


126


Fonte: (Produzido pela autora) Figura 88: 3D

127


Fonte: (Produzido pela autora) Figura 89: 3D

128


6.7 MATERIALIDADE, ESTRUTURA E FECHAMENTOS O projeto conta com estrutura em vigas e pilares de concreto armado, com fechamentos em bloco cerâmico. A escolha deu-se pela facilidade na expansão e reformas caso necessário e por conta da necessidade de esquadrias de diferentes tamanhos.

Os caixilhos das esquadrias que possuem vidro são em PVC branco e as demais portas em madeira. O piso interno das salas é piso cerâmico e da parte externa cimento queimado. Ao redor da edificação possui forração em grama.

129


Pilares e vigas concreto armado 130

Fonte: (Produzido pela autora) Figura 90: 3D


Elevação 3

6.8 IMPLANTAÇÃO

Elevação 1

Elevação 2

131


6.9 PLANTA DE COBERTUTA

Telha de policarbonato

Telha Termoacústica

132


7. PLANTAS, CORTES, ELEVAÇÕES

Fonte: (Produzido pela autora) Figura 91,92,93,94: 3D escola

133


C

A

Parque dos obstáculos

Horta

6.0000

Pátio Aberto

Projeção do Beiral

Projeção do Beiral Depósito de materiais A= 28,35m²

Lavanderia A= 6,20m²

Vestiário funcionário Sapateira

Estacionamento Professores

Cozinha Funcionário A= 13,70m²

Sala de Atividades 5 anos

Sala de Atividades 4 anos A= 44,60m²

Refeitório

Sala de Atividades 2 anos A= 44,60m²

Cozinha

Circulação

Banheiro Masculino

Banheiro Feminino

Depósito de Lixo A= 5,05m²

Escalada

Portão Secundário Carga/Descarga Bebedouro

Despensa

Banheiro Masculino

Pátio Carga e Descarga

Banheiro Feminino Copa

Circulação Lactário

W.C

Berçário Repouso

Pátio Fechado

Solário

Sala De Professores

W.C

Berçário 0-1

Diretoria

Secretaria

Fraldário Hall de entrada

Sala Espera

C

A

Brinquedoteca

RUA SERRA NEGRA

PLANTA DE LAYOUT 0 2

10

25

DIRETRIZ VIÁRIA RUA GETÚLIO DE CARVALHO

A= 44,60m²

Sala de Atividades 3 anos A= 44,60m²

B

Sala de Funcionários A= 20,90m²

Sala de Funcionários A= 20,90m²

B


Fonte: (Produzido pela autora) Figura 95,96,97,98: 3D salas de aula

128


Fonte: (Produzido pela autora) Figura 99,100,101,102: 3D Descanso Berçário e fraldário


Fonte: (Produzido pela autora) Figura 104,105,106: 3D Refeitório e Solário do Berçário


C

A

Parque dos obstáculos Horta

Pátio Aberto

Projeção do Beiral

Projeção do Beiral Depósito de materiais A= 28,35m²

Lavanderia A= 6,20m²

0,05

Vestiário funcionário Sala de Funcionários A= 20,90m²

0,05

Refeitório

0,05

Sala de Atividades 3 anos A= 44,60m²

Sala de Atividades 2 anos A= 44,60m²

B

Banheiro Feminino

Depósito de Lixo

Circulação

Banheiro Masculino

Cozinha A= 18,90m²

Escalada

Portão Secundário Carga/Descarga

Despensa A= 14,77m²

Banheiro Masculino

Pátio Carga e Descarga

Banheiro Feminino

Copa A= 9,00m²

Sala De Professores A= 21,47m²

Lactário A= 7,88m²

Berçário Repouso A= 18,60m²

W.C

Pátio Fechado

W.C A= 21,47m²

0,05 Solário

Berçário 0-1 A= 35,82m²

0,05

A= 11,00m²

Secretaria A= 27,70m²

Fraldário

Hall de entrada

Sala Multimídia

A= 24,12m²

Balcão

A= 29,55m² Sala Espera A= 9,38m²

0,00

C

A

0,00

RUA SERRA NEGRA

PLANTA BAIXA 0 2

10

25

0,05

DIRETRIZ VIÁRIA RUA GETÚLIO DE CARVALHO

Cozinha Funcionário A= 13,70m²

Sala de Atividades 5 anos A= 44,60m²

Sala de Atividades 4 anos A= 44,60m²

B


137



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, Rodrigo. A história da educação no Brasil: uma longa jornada rumo à universalização; Gazeta do Povo. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/a-historia-da-educacao-no-brasiluma-longa-jornada-rumo-a-universalizacao-84npcihyra8yzs2j8nnqn8d91/ Acesso em 23 de abril de 2020. BLOG TODOLIVRO, 6 pilares do Método Montessori: O desenvolvimento completo e equilibrado na infância. Disponível em: https://blog.todolivro.com.br/6-pilares-dometodo-montessori-o-desenvolvimento-completo-e-equilibrado-na-infancia/. Acesso em: 05 Out. 2020 BRASIL. Lei n° 2158 de 12 de janeiro de 2007. Código de Obras do Município de Ribeirão Preto. 28. Jun. 2016 BUFFA, Ester; PINTO, Gelson de Almeida. Arquitetura e educação: organização do espaço e propostas pedagógicas dos grupos escolares paulistas, 1893/1971. São Carlos: EDUFSCAR, Brasília, INEP, 2002. GADOTT, Moacir. História das ideias pedagógicas. 8 ed. ed. São Paulo: Ática, 2002.

141


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMPOS, Caetano. Da antiga Escola Normal da Capital até a Secretaria da Educação: 122° aniversário do prédio da Praça da República. Disponível em: https://ieccmemorias.wordpress.com/2016/08/02/da-antiga-escola-normal-dacapital-ate-a-secretaria-da-educacao-122-aniversario-do-predio-da-praca-darepublica/. Acesso em: 02. Ago. 2016 GREY, Peter. Uma breve história da educação e do nascimento da escola. Disponível em: https://educacaointegral.org.br/reportagens/uma-breve-historia-da-educacao-daescola/. Acesso em: 2016 GUIMARÃES, Camila. O ensino público no Brasil: ruim, desigual e estagnado. Revista Época, [S. l.], 2015. Disponível em: https://epoca.globo.com/ideias/noticia/2015/01/boensino-publico-no-brasilb-ruim-desigual-e-estagnado.html. OLIVEIRA, Ana Clara. Ambientes adaptados que estimulam a autonomia: Conheça o Método Montessori. Disponível em: https://leiturinha.com.br/blog/ambientesadaptados-que-estimulam-a-autonomia-conheca-o-metodo-montessori/. Acesso em: 24 Jan. 2018 SILVA, Bruna Ananda. Escola de Ensino Fundamental, 2020, 143. Centro Universitário Estácio, Ribeirão Preto, 2020 KOWALTOWSKI, Doris C. C. K. Arquitetura escolar - o projeto do ambiente de ensino. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. 142


LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Criança Figura 2- Lápis de cor Figura 3- Crianças brincando Figura 4https://en.wikipedia.org/wiki/Medieval_university#/ media/File:Meeting_of_doctors_at_the_university_ of_Paris.jpg Figura 5 https://en.wikipedia.org/wiki/Medieval_university#/ media/File:Meeting_of_doctors_at_the_university_ of_Paris.jpg Figura 6 - (KOWALTOWSKI, pag 67, 2011) Figura 7 - (KOWALTOWSKI, pag 68, 2011) Figura 8 – (KOWALTOWSKI, pag 68, 2011) Figura 9 – (KOWALTOWSKI, pag 68, 2011) Figura 10 - (https://ieccmemorias.wordpress.com/) Figura 11 - (KOWALTOWSKI, pag 88, 2011) Figura 12 - FDE (1997) (KOWALTOWSKI, pg 93, 2011) Figura 13 - KOWALTOWSKI, pg 92, 2011) Figura 14 - KOWALTOWSKI, pg 97, 2011) Figura 15 - leismunicipais.com.br/codigo-de-obrasribeirao-preto-sp Figura 16 https://leiturinha.com.br/blog/ambientesadaptados-que-estimulam-a-autonomiaconheca-o-metodo-montessori/ Figura 17 – (produzido pela Autora) Figura 18 - img.elo7.com.br/product/zoom/301A691 143

Figura 19 - soumamae.com.br Figura 20 - soumamae.com.br Figura 21 - blog.todolivro.com.br/ Figura 22 https://escolainfantilmontessori.com.br/galeriade-fotos Figura 23 - google.com.br/maps/ - Intervenção da autora Figura 24 - google.com.br/maps/ - Intervenção da autora Figura 25 - https://www.archdaily.com.br/br Figura 26 - (escolainfantilmontessori) Figura 27 - https://www.archdaily.com.br/br Figura 28 - https://www.archdaily.com.br/br Figura 29 - https://www.archdaily.com.br/br Figura 30 – escolainfantilmontessori.com.br Figura 31 - https://www.archdaily.com.br/br / Com intervenção da autora Figura 32 - https://www.archdaily.com.br/br / Com intervenção da autora Figura 33 - https://www.archdaily.com.br/br Figura 34 - https://www.archdaily.com.br/br / Com intervenção da autora Figura 35 - https://www.archdaily.com.br/br Figura 36 – escolainfantilmontessori.com.br Figura 37 – escolainfantilmontessori.com.br


LISTA DE FIGURAS Figura 38 – google.com.br/maps/ - Intervenção da autora Figura 39- archdaily.com.br/br/941924/mmgescola-infatil-montessoriana-hgaa Figura 40- archdaily.com.br/br/941924/mmgescola-infatil-montessoriana-hgaa Figura 41 -archdaily.com.br/br/941924/mmgescola-infatil-montessoriana-hgaa Figura 42 - https://www.archdaily.com.br/br / Com intervenção da autora Figura 43 - https://www.archdaily.com.br/br / Com intervenção da autora Figura 44 -archdaily.com.br/br/941924/mmgescola-infatil-montessoriana-hgaa Figura 45 -archdaily.com.br/br/941924/mmgescola-infatil-montessoriana-hgaa Figura 46 - archdaily.com.br/br/94192 com intervenção da autora Figura 47 - archdaily.com.br/br/94192 Figura 48 - archdaily.com.br/br/94192 Figura 49 - archdaily.com.br/br/94192 com intervenção da autora Figura 50 - archdaily.com.br/br/94192 Figura 51 - Google Earth com intervenção da autora Figura 52 - archdaily.com.br/br/908267 Figura 53 - archdaily.com.br/br/908267 Figura 54 - archdaily.com.br/br/908267 144

Figura 55 - archdaily.com.br/br/908267 Figura 56 - archdaily.com.br/br/908267 com intervenção da autora Figura 57 – archdaily.com.br/br/908267 Figura 58 – archdaily.com.br/br/908267 Figura 59 - archdaily.com.br/br/908267 Figura 60 - Google Maps Fugura 61 - Google Maps Figura 62 - Google Earth Pro / Com intervenção da autora Figura 63 - Fotos da autora Figura 64 - Fotos da autora Figura 65 - Fotos da autora Figura 66 - Google Maps Figura 67 - Google Maps Figura 68 - censo2010.ibge.gov.br Figura 69 - censo2010.ibge.gov.br Figura 70 - Fotos da autora Figura 71 - Fotos da autora Figura 72 - Fotos da autora Figura 73 – Google Earth Pro / Com intervenção da autora Figura 74 - Fotos da autora Figura 75 - Fotos da autora Figura 76 - Fotos da autora Figura 77 - Fotos da autora Figura 78 - Fotos da autora


LISTA DE FIGURAS Figura 79 https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/files/splan/plan od/solo-aud-tecnica-solo-18-09.pdf Figura 80 - Disponível em https://leismunicipais.com.br/a1/plano-dezoneamento-uso-e-ocupacao-do-solo-ribeiraopreto-sp - Tabela produzida pela au-tora Figura 81 - Produzido pela Autora Figura 82 - Google Earth Pro Figura 83 - Google Earth Pro Figura 84 - Fotos da autora Figura 85 - Google Earth Pro Figura 86 - Fotos da Autora Figura 87 - Fotos da Autora Figura 88 - Produzido pela Autora Figura 89 - Fotos da Autora Figura 90 - Fotos da Autora Figura 91 - Fotos da Autora Figura 92 – Produzido pela Autora Figura 93 - Fotos da Autora Figura 94 - 3D Autora Figura 95 - 3D Autora Figura 96 - 3D Autora Figura 97 - Produzido pela Autora Figura 98- 3D Autora

145

Figura 99 - 3D Autora Figura 100 - 3D Autora Figura 101 - 3D Autora Figura 102 - 3D Autora Figura 103 - 3D Autora Figura Figura 104 - 3D Autora


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