Completo livro receita em prosa compressed

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Receita em Prosa

Carolina Rodrigues Geane Amaral Kennedy Costa Leandro Fernandes Monalisa Franรงa


Ficha Técnica Oliveira, Carolina Rodrigues; Amaral, Geane Aparecida Durante; Costa, Kennedy Rosa; Lopes, Leandro Fernandes; Silva, Monalisa França. Receita em Prosa / Carolina Rodrigues de Oliveira; Geane Aparecida Durante Amaral; Kennedy Rosa da Costa; Leandro Fernandes Lopes; Monalisa França da Silva. - Uberlândia, 2015; 91 p. f. : livro digital. Produto final do Projeto Interdisciplinar em Comunicação V, do curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo - Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia, 2015. Orientação: Profº. Dr. Rafael Duarte Oliveira Venâncio; Profª. Dra. Ana Cristina Menegotto Spannenberg; Profª. Dra. Mirna Tonus; Profª. Dra. Vanessa Matos dos Santos; Profº. Dr. João Henrique Lodi Agreli. 1. Jornalismo. 2. Livro reportagem. 3. Livro de receitas. I. Receita em Prosa. CDD: 070 Textos, Fotos, Edição, Projeto Gráfico e Diagramação: Carolina Rodrigues de Oliveira; Geane Aparecida Durante Amaral; Kennedy Rosa da Costa; Leandro Fernandes Lopes; Monalisa França da Silva. Livro editado em mídia digital PDF Dinâmico. Esta edição não tem fins lucrativos. O download é gratuito. Reprodução de partes ou do todo do livro deverá ser autorizada pelos autores.


Receita em Prosa

Carolina Rodrigues Geane Amaral Kennedy Costa Leandro Fernandes Monalisa Franรงa



Menu Apresentação

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Mané pelado, ops! Roubado Entre Goiás e Minas

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(Con)tradição em Família 48 Em meio a violas, temperos e amigos 64 Terça-Firmes

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Apresentação Querido leitor, Não espere um livro de receitas comum. Nas próximas páginas você encontrará cinco pratos, cinco histórias, vários personagens. Todos reais! Sabemos que a gastronomia encanta paladares, adoça vidas. Mas as pessoas nela envolvidas torna cada receita especial e única. Por isso, convidamos você a provar com a gente do doce ao salgado, da reunião familiar à família cozinheira, dos sabores aos dissabores. Aprecie histórias de dar água na boca. Bom apetite!

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ManĂŠ pelado, ops! Roubado Kennedy Costa


Hummm... bolo de mandioca, quem não gosta? Difícil é encontrar perto de casa ou ter uma receita bem saborosa no caderno. E se você encontrasse o ponto ideal do bolo, tivesse ele como o carro chefe da sua lanchonete e de repente, roubassem a sua receita? Mirian Isaías Ferreira é confeiteira e, em 2010, resolveu montar o seu próprio negócio. Com um forno, uma batedeira e um balcão, colocou para funcionar no alpendre de sua casa, uma lanchonete com todos os produtos feitos por ela mesma. Quitandas, salgados, tortas e doces faziam parte da composição exposta diariamente na vitrine, de segunda a sábado. Mas o que não podia faltar? O mané pelado, o típico bolo feito de mandioca. Mirian tinha dado à receita o seu toque pessoal, a partir da experiência adquirida durante os treze anos que trabalhara como confeiteira. Mas antes de contar o desenrolar da história, você deve estar se perguntando: de onde surgiu a Mirian ? Esse realmente é o início da história? Qual sua trajetória até chegar nesse ponto de ter uma receita roubada?

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Mirian nasceu em Ituiutaba, Minas Gerais. Ainda pequena, aos sete anos, subia em cima de um banquinho para cozinhar em sua casa, no bairro Progresso. Quando maior, já se arriscava nas receitas de quitanda da mãe. Ela casou aos dezessete anos e teve dois filhos: Nayrim e Alessander. O casamento terminou quando o filho caçula tinha sete meses, e Mirian que nunca havia trabalhado, por imposição do companheiro, se deparou com uma nova situação: a busca por emprego.

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Foi sua madrinha, ao ir à padaria de manhã, que ouviu que o estabelecimento precisava de uma funcionária, e indicou a afilhada, que fazia quitandas em casa e precisava de um emprego. Abriam-se aqui as portas para os seus treze anos na área de confeitaria. Na padaria ‘Arte e Pão’, Mirian aprendeu os primeiros ofícios, com seu Severino, mais conhecido como Ramim, que até hoje considera um de seus mestres. “Primeiro Deus, que deu o dom pra gente, e seu Ramim, outro mestre”, explica. Ele e Nilma, dona do estabelecimento, perceberam a habilidade da funcionária e ofereceram cursos de panificação e confeitaria para ela se qualificar.

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Trabalhando como encarregada por seis anos em um grande supermercado da cidade, Mirian exercitou sua criatividade na criação e no aperfeiçoamento de tortas, decorando a vitrine do setor com os mais variados tipos de bolos e quitandas. Chegava a trabalhar mais de doze horas por dia e via seus filhos acordados somente aos domingos. “Quando eles eram pequenos, eu chegava à noite e já estavam dormindo. Foram criados na creche, eu chegava, trocava o menor e, quando saía para trabalhar, deixava a mamadeira arrumada, a menina dava para o menorzinho e minha mãe colocava eles na van”. Em um de seus últimos empregos em padaria, a confeiteira recebeu uma proposta para abrir um estabelecimento em sociedade com um colega. Logo no primeiro mês, a experiência não deu certo, e ela se aventurou em um comércio próprio. Pois bem, voltemos agora, ao início da história... O empreendedorismo gerou para Mirian, nessa nova fase, muito aprendizado e mais doze horas de trabalho diário para dar conta das encomendas que recebia. E onde o mané pelado entra nessa história? ... Ah o mané! Esse eu tenho que terminar de contar pra você.

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O tal bolo de mandioca fazia maior sucesso no comércio de Mirian. A vizinhança prestigiava todos os dias nos horários do café da manhã e da tarde, principalmente os trabalhadores da oficina mecânica, que fica na esquina da sua casa, ficaram fãs do bolo.

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Todos os dias havia ao menos um tabuleiro fresquinho esperando a clientela. A receita fazia tamanho sucesso que a vizinhança e os amigos se interessavam pelas quitandas e pelos segredos para fabricar alimentos tão saborosos. Em uma dessas curiosidades, uma “amiga” e vizinha de muitos anos, afirmou que “tentava e não dava conta” de fazer um bolo como o que Mirian vendia. Depois de muita insistência e não vendo problemas, a empreendedora passou a receita.

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Alguns dias se passaram e o movimento da lanchonete começou a (quitanda) cair. Mirian não entendia o porquê, até que outra vizinha, que morava na casa ao lado e adorava subir no muro para conversar e ver o que ela estava fazendo, contou que viu a mulher que pediu a receita vendendo pedaços de bolo de mandioca na oficina. Ela comprou um e trouxe para a confeiteira experimentar.

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"Esse é o fogão de quando minha mãe casou, há mais de cinquenta anos e que funciona até hoje" Foi nele que Mirian começou a cozinhar, aos sete anos.

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Experimentando o bolo “concorrente”, Mirian reconhece traços da sua receita, mas ainda acredita que “não é a mesma coisa”. Quando passou a receita para a vizinha, não revelou o “segredinho”, para que, no final, o mané pelado pudesse ficar molhadinho e saboroso. Mesmo assim, o episódio fez com que ela desanimasse do negócio próprio que chegou a durar sete meses. Foi aí que a confeiteira resolveu se mudar para a cidade de Uberlândia em busca de uma nova estabilidade financeira, deixando o seu lado empreendedor. Foi no seu primeiro emprego fora de Ituiutaba que a conheci, em uma rede de hipermercados onde trabalhávamos. No espaço de uns dez metros quadrados rodeados por balcões, ela me contava um pouco de sua vida todos os dias, histórias que fazem desta, um mero pedaço do bolo de um grande tabuleiro.

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Mirian IsaĂ­as Ferreira tem hoje 37 anos, ĂŠ operadora de empilhadeira em um hipermercado da cidade de Ituiutaba. Confeiteira, empreendedora, operadora de caixa, atendente, dona de casa, mĂŁe.

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Com um sorriso sempre largo no rosto, Mirian revela pra gente a receita original do seu famoso manĂŠ pelado.

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Receita Mané Pelado Ingredientes 1.200g de massa de mandioca 9 ovos 500g açúcar 300g de margarina 300g de coco ralado 300g de queijo ralado 1 colher e meia de fermento químico em pó 30g de farinha de trigo Leite condensado, o segredinho do bolo.


Modo de Fazer - Rale 1.200g de mandioca já descascada; - Adicione os ovos, o açúcar, a margarina, o coco e o queijo; - Misture bem (não é necessária a utilização de batedeira); - Por último, adicione o fermento; - Unte uma forma (tabuleiro) grande com margarinha e polvilhe a farinha de trigo; - Despeje a massa na forma e coloque para assar por cerca de 40 minutos ou até dourar em forno médio; - Retire o bolo do forno. Com ele ainda quente despeje leite condensado a gosto e espalhe com a colher para que seja absorvido.

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Entre Goiรกs e Minas Leandro Fernandes


Tinha chegado gente nova na paróquia. Eu era de um dos grupos de jovens da minha igreja e conheci Isabela, que estava vindo do estado de Goiás e quis participar. Não foi só ela que veio da terra do pequi, a família toda entrou na paróquia também: o irmão mais novo, o pai e a mãe. Uberlândia tem dessas coisas, cheirinho de metrópole que atrai a migração e jeitão de cidade pequena, vila mesmo, que repara até nos novos rostos que chegam. Logo eu e minhas amigas ficamos próximos da novata, talvez o gosto pelos mesmo gostos, ou providência divina. A gente nem fala, mas sabe que é. Conheci o irmão mais novo, o Dudu, o pai, Antônio Eduardo (que tem o mesmo nome do filho), e a mãe, Liciane. Passaram seis anos de convivência, quando esse projeto, o Receita em Prosa, me chamou atenção para a história da família Rodrigues de Oliveira. Em 2009, eles escolheram fugir da pacatez do interior goiano para tentar a vida em outra cidade, outro estado. Uberlândia foi o destino escolhido e, hoje, cuidam de um restaurante familiar: o Banana da Terra.

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E banana da terra não pode faltar no cardápio! Banana frita tem todo dia mas, se está numa época de frio e chuva, a fruta não fica madurinha. Aí é um "Deus nos acuda", porque não fica docinha o suficiente e pode não agradar os clientes. Quem se preocupa tanto com detalhes como esse é a Liciane, é ela quem me conta sobre a origem da família, a construção do restaurante, a relação familiar que tem com os funcionários e os clientes e o prazer em cozinhar para servir.

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Ela nasceu em Araguari, seu pai era caminhoneiro e, aos 15 anos, a família se fixou na cidadezinha de Ceres, com pouco mais de 20 mil habitantes, no interior de Goiás. O pai dela trabalhava pro seu tio que era vizinho de Antônio Eduardo, que depois tornou-se seu marido e pai dos seus filhos. Desde criança eles já se conheciam, mas o amor só veio com o tempo. Se casou bem nova, aos 19, dois anos depois nasceu a Isabela e, aos 23, teve o Antônio Eduardo Filho. Logo quando o Dudu nasceu, ela e a cunhada abriram o restaurante "Fogão à Lenha", deixando de lado o diploma de pedagoga e a experiência de quase três anos em uma escola. O amor pela cozinha falou mais alto. Por 11 anos Liciane cuidou desse restaurante, mas a sua mãe, Graça, já havia se mudado pra Uberlândia com seu irmão mais novo, pra que ele fizesse o ensino superior. Os meninos haviam crescido e, em busca de melhores oportunidades nos estudos e novos horizontes, em 2009, eles se mudaram para cá. Em seis meses o restaurante foi construído. O lugar que abrigava uma casa, além de dois comércios - um bar e uma radiadora - deu lugar ao que hoje é o restaurante da família. Comida saborosa, pratos diferenciados em um ambiente rústico e criativo com mesas coletivas e atendimento familiar é o que é oferecido.

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Desde a sua criação, o restaurante tem como característica as mesas coletivas, inovação que, na época, nem os shopping centers haviam aderido. Liciane justifica que, desde a época de Ceres, sempre teve fila nos seus negócios e teve que se adequar já que considera o espaço pequeno. Mas quem disse que foi fácil a adesão às mesas coletivas? Eu mesmo fui resistente durante muito tempo, mesmo que eu almoçasse sozinho. Hoje ela se sente feliz por ter sido criativa e ter conseguido convencer a clientela a compartilhar a mesa para fazer suas refeições, afinal, com a correria do dia-a-dia nós temos um tempo mínimo de almoço. Apesar da rejeição inicial, hoje é tão natural que é difícil encontrar quem não aceite se sentar numa mesa coletiva, dá até pra fazer novos amigos.

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A proximidade com a prefeitura, várias empresas e a universidade fazem com que o restaurante seja a opção ideal de vários públicos da região, mas a escolha pelo bairro foi quase que automática. A sua mãe mora na mesma rua do restaurante desde que ela se mudou pra cá, antes do resto da família vir. Não foi tão difícil escolher um lugar para se construir o negócio, se não no "quintal". E é até hoje assim, a Liciane e a Dona Graça não moram juntas, mas não são nem cinco minutos de caminhada da casa de uma pra outra, e das duas pro comércio. E nem pode ser mais que isso, o restaurante só abre às 11 horas da manhã mas as duas são as primeiras a chegar, às seis e meia. Os funcionários chegam às sete e mãos à obra! Eu não sabia, mas existe uma logística muito bem planejada para que a cozinha funcione como deve funcionar. O restaurante não tem espaço para estoque, então o que chega de entrega de produtos do Ceasa e de fornecedores em cada dia, por exemplo, já tem um pré-preparo. Tudo que pode ser manuseado com antecedência, verduras que possam ser descascadas e refrigeradas, é feito. As entregas adequam o cardápio que é pensado com antecedência, além da produção, que varia de acordo com os dias da semana. Tudo o que sobra de comida é descartado, então as quantidades também são pensadas para que o desperdício seja menor.

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Além dos funcionários, a Liciane e a Dona Graça cozinham, Antônio Eduardo Pai e Filho ficam no caixa e a Isabela? Ela fica no caixa, faz tortas para sobremesa, mas só quando vêm pra Uberlândia a cada 15 dias. Hoje, ela faz Medicina em Paracatu. A Isabela ajudava muito no restaurante, mesmo com toda a preocupação e ocupação durante a época de cursinho e vestibulares. "Não foi uma época fácil", lembra Liciane com um suspiro de alívio. Sustentar a escolha de se prestar Medicina foi uma carga que a família abraçou e desde o início ela foi apoiada.

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"Eu sempre disse pros meninos: qualquer profissão é muito válida, muito importante, desde que vocês sejam bons profissionais. Árvore frutífera é a que mais leva pedradas e eu sempre exigi que, desde cedo, estudassem muito, mas que sejam profissionais naquilo que escolheram."

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O Dudu escolheu Engenharia Civil e, todo dia, logo depois da aula corre pro restaurante. É em família que eles tocam o negócio e os funcionários são parte dela. Eu perguntei qual era o seu prato preferido e, embora pensasse que fosse uma pergunta fácil de ser respondida, assim como respondo facilmente lasanha, ela apenas me diz que gosta de tudo, tudo. - Se eu puder colocar uma azeitona no cantinho do prato, eu boto. Mas eu gosto de tudo.

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Já dos clientes, muito se ouve falar do filé de tilápia na chapa. Mas eles têm opções bem variadas, o cardápio não se repete, sempre tem algo novo. Um dos pratos que mais agradam o paladar da clientela foi o escolhido pra esta receita. Que eu e meus amigos do “Receita em Prosa” gostamos de comida, tá na cara. Mas eu sou apaixonado por purê! Em casa, faço purê de batatas com calabresa ao mel, purê de couve-flor, purê de cambotiá... Mas o purê que vamos apresentar é o Purê de Mandioquinha da Liciane, feito com mandioca e mandioquinha, a também chamada batata-salsa. Uma semana antes de entrevistá-la, fui às pressas almoçar no restaurante, em uma mesa coletiva, e lembro com saudades do macarrão ao cheddar e palmito que comi lá e estava sensacional. Vou até pedir pra ela me avisar pelo Whatsapp na próxima vez que fizer esse prato, muitos clientes pedem isso e eles adotam essa forma de fidelização. - Eu vario o cardápio sempre, porque eu me preocupo muito com quem almoça aqui todo dia. Minha mãe adora puxar assunto no meio da “pista”, daí os clientes vão virando amigos e vão ficando íntimos.

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Pista é o nome do local onde as pessoas se servem e, entre um cliente que adora bobó de camarão e outro, arroz com bacalhau, ela destaca uma cliente de quatro anos que ama mini-hambúrgueres. A mãe da cliente-mirim é uma das pessoas avisadas por mensagem, essa fidelização vai além do “segurar pelo estômago”. A forma com que lidam com os clientes e a decoração, por exemplo, valem tanto quanto uma pista cheia de opções e pratos deliciosos. Falando em pista, ela é abastecida por muita gente, são 17 funcionários entre cozinheiros, auxiliares e garçons em turnos de seis e oito horas, sem contar com ela, a Dona Graça, Antônio Eduardo e o Dudu. Liciane se sente privilegiada pelos funcionários que tem, alguns deles estão na equipe desde quando abriu o restaurante. - Quero que eles prosperem junto comigo, peço muito a Deus por eles e pelos meus clientes, porque não tem sentido a gente prosperar sozinho. A equipe é grande e cada um tem seu espaço pra realizar suas funções, mesmo que quase na hora de abrir esteja aquela correria, são mais de 30 opções de pratos, servidos diariamente. Dá certo.

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"Todas as minhas forças, o meu foco é pra cá... pro restaurante. Eu até sonho, me preocupo muito com ele. Coisas de cozinha em casa eu não mexo mesmo!"

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As opções fartas a fazem lembrar da época em que morava na fazenda. Foi a avó e a mãe que despertaram em Liciane o gosto por cozinhar, e mais tarde cozinhar para servir. Ela se lembra de quando matavam uma vaca pra fazer o almoço da família, quando sua mãe acordava antes que o Sol e fazia queijo, doce e almoço para os trabalhadores da fazenda. Que Goiás tem como tradição a boa comida caipira, nós sabemos. Pois é nessa tradição que ela joga toda a culpa pela proximidade que tem com a cozinha e se retrai ao dizer que cozinha bem, mas não é “nem um dedinho” do que a mãe é, cozinheira de mão cheia.

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A cozinha talvez seja o lugar que ela passe mais tempo, mas só no restaurante, ela não faz nada em casa. Ela brinca dizendo que todo mundo da casa é gordinho por isso, já que não cozinham a noite, eles saem bastante para comer. Muitos clientes do restaurante tem outros estabelecimentos e eles sempre gostam de conhecer novos lugares, faz parte do crescimento do próprio negócio, além de prestigiar o setor. Encerro o nosso bate-papo dois quilos mais gordo, porém encantado por ouvir sua história. Gratidão.

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Receita Purê de Batata-Salsa Ingredientes 1.000g de batata-salsa 500g de mandioca 3 colheres de margarina 200g de requeijão cremoso Leite de Côco Mussarela Ralada


Modo de Fazer

- Cozinhar a mandioca e batata-salsa com 1 colher de caldo de galinha em pó; - Depois de cozidas, batê-las no processador ainda quente; - Colocar no fogo e aos poucos colocar a margarina, o requeijão e o leite de côco até dar o ponto de uma massa cremosa; - Temperar à gosto; - Misturar bem; - Colocar em um refratário grande; - Colocar a mussarela ralada por cima e servir;

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(Con)tradição em Família Carolina Rodrigues


Ele saiu cedo e quando voltou trouxe alguns sacos com milhos; plantados, cuidados e colhidos em suas terras. Não falha um sábado sequer no trabalho com a roça. Na verdade, ele ainda não realizou o sonho de ser somente “roceiro”. É um homem que pensa na família em primeiro lugar, e por isso ainda trabalha como militar. Quando aposentar, ele quer viver de plantar e cuidar dos animais, principalmente dos bois, com grandes barbelas, que são sua paixão. Em casa, elas já aguardavam. E, logo, todos começaram a ocupar-se com suas devidas funções no processo.

O pai corta a ponta do milho – é preciso alguém forte e que tenha domínio da faca a ser manuseada para evitar sangue ou coisas piores – para que as filhas e a mãe “descasquem” os milhos, separando as palhas boas, que serão usadas para empalhar as futuras pamonhas, e tirando seus longos cabelos, que, por vezes, estão acompanhados de pequenas lacraias e lagartinhas.

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De volta ao trabalho braçal, o pai rala os milhos, que foram “limpos”. E, logo, vai coando, em uma grande peneira, para retirar o bagaço. Depois disso as mãos da mãe que darão vida às pamonhas. Escrevendo assim parece até que foi fácil, mas eles ficaram três horas e cinquenta e dois minutos para deixar a massa da pamonha pronta.

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"A pamonha nĂŁo ĂŠ uma forma de unir, mas sim de reunir a famĂ­lia"

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A bacia grande é para temperar as pamonhas doces, e a pequena, as salgadas. Nessa família, parece que só as mães conseguem fazer isso. Quando está realmente toda a família reunida, essa é função da avó, que é mãe do pai desta história, mas antes, com certeza, era da bisavó, tataravó e outras avós do passado. Antes de empalhar, ela coloca as palhas, que foram separadas no começo do processo, na água quente, por alguns segundos, para limpar e “amaciar”. E, depois, corta, igualmente, pedaços de barbante para amarrar as pamonhas. Ela manuseia as palhas em formato de copo, joga a massa, coloca um pedacinho de queijo – “pra ficar mais saborosa” –, fecha com outra palha e amarra com o barbante. E, à medida que vai fazendo, já coloca algumas porções para cozinhar em grandes tachos com água fervendo. A filha mais velha já aprendeu a empalhar, mas dessa vez ela estava inserida em um trabalho meio antropológico meio jornalístico. Se “retirou” da família para observar com outros olhos um dos fazeres que reúne a família, proporciona afeto e invoca memórias.

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Essa família tem um nome: de Oliveira. Mas poderia ser qualquer família, que se reúne em volta da mesa para comer, conversar e rir. E deixa a mãe orgulhosa, ou a avó constrangida, de tantos elogios. O pai é José Fernando de Oliveira. A mãe, Isabel Cristina Rodrigues de Oliveira. A filha mais nova, Laura Rodrigues de Oliveira. E, a filha mais velha sou eu, Carolina Rodrigues de Oliveira.

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Entrevistar a própria família requer jogo de cintura. Podem acontecer alguns “por que você está perguntando isso agora?”, “ah menina, pra que você está gravando isso?”, “é duro ter uma jornalista em casa”... Sem que soubessem da construção deste livro, fui descobrindo mais da tradição e percebendo que o “fazer” da pamonha provoca sentimentos totalmente diferentes em cada um. Pamonha é uma tradição antiga, de quando os avôs moravam na roça e só comiam o que dava em suas terras. Era uma rotina semanal. A cidade, com sua pressa por industrialização e modernidade, em conjunto com algumas quebras que há na “passagem” de tradições de pais para filhos, modificou, aos poucos, culturas / hábitos / estilos de vida dos que vieram do campo. Fazer pamonha passou de toda semana, para uma vez por mês, depois a cada três meses, e, agora, no máximo duas vezes no ano. Provavelmente essa tradição está com os dias contados na minha família.

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Para Laura, a “tradição já passou da época”, “é muito mais prático comprar pronta”, “dá muito trabalho”, “suja a casa”, “tem vários outros meios de reunir a família”, “quando tiver minha casa, possivelmente, nunca vou fazer pamonha”.

Laura: – A pamonha não une a família. José Fernando: – A pamonha não é uma forma de unir, mas sim de reunir a família.

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Minha família é um exemplo, entre milhões, para mostrar a importância da comida como elo de união, afeto, memórias. Fazer a pamonha, ou qualquer outro prato, é uma forma de parar na correria do dia-a-dia e juntar dois prazeres de uma vez: reunir a família e comer. Fazer todos sentarem em volta da mesa para compartilharem não somente o alimento, mas, também, as experiências cotidianas, memórias, sonhos e conquistas. Com ou sem pamonha, sempre haverá as reuniões familiares; bálsamos para enfrentar a modernidade.

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Depois de muitas reclamações, a pamonha ficou pronta. Laura: – Ah, hora que fica pronta é maravilhoso! José Fernando: – Viu, não é muito mais gostoso quando é a gente que faz?

Isabel Cristina: – Está todo mundo feliz comendo essas delícias, mas, vamos limpar a bagunça?

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Receita Pamonha doce Ingredientes 50 espigas de milho Um litro de banha de porco Dois quilos de açúcar Uma colher de chå de sal

Pamonha salgada Ingredientes 50 espigas de milho Um litro de banha Sal e pimenta a gosto


Modo de Fazer - Rale as 50 espigas de milho em um ralo grosso e peneire; - Esquente um litro de banha de porco; - Jogue a banha quente, os dois quilos de açúcar e a colher de chá de sal na massa do milho já peneirada; - Misture bem; - Empalhe; - Coloque as pamonhas empalhadas para cozinhar em um tacho grande, com água fervendo, por uma hora; - Retire as pamonhas e coloque em uma peneira para escorrer a água.

- Na pamonha salgada, troque o açúcar pelo sal e pimenta a gosto.

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Em meio a violas, temperos e amigos Monalisa Franรงa


Comer é sempre bom, não é verdade? E se esse ato vier acompanhado de amigos, boa música e típica comida caipira, fica melhor ainda. Essa é a história que conto aqui, de personagens que se dizem Fanáticos por Viola e que conseguem unir várias gerações, em favor de uma tradição. Eles compõem um grupo chamado Companheiros da Viola, fundado em novembro de 2011, aqui em Uberlândia. Eles não visam lucro em suas ações, mas sim passar adiante toda a tradição da música caipira, aliando tudo isso ao trabalho social e a boa comida. São ao todo dezenove pessoas envolvidas no projeto, entre violeiros, cozinheiros e familiares. Os trabalhos que ‘os companheiros’, maneira como gostam de ser chamados, realizam ocorre, em maioria dos casos em lar de idosos e comunidades que atendem à grupos específicos, como por exemplo, pessoas portadoras do vírus HIV.

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São ao todo dezenove pessoas envolvidas no projeto, entre violeiros, cozinheiros e familiares. Os trabalhos que ‘os companheiros’, maneira como gostam de ser chamados, realizam ocorre, em maioria dos casos em lar de idosos e comunidades que atendem à grupos específicos, como por exemplo, pessoas portadoras do vírus HIV.

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Alcir Teixeira é o idealizador desse projeto e fala com um entusiasmo que contagia a qualquer um sobre a origem da ideia. “O que era a nossa proposta, e mantemos até hoje: reunir pessoas, famílias que realmente gostam da viola caipira”. Ele explica que o grupo se mantém através dos eventos que faz, que têm a renda totalmente revertida para as instituições que eles atendem. As despesas que eles têm na sede, localizada no bairro Mansões Aeroporto, como água e luz são cobertas pelos próprios membros do projeto. Nos eventos, o esquema de trabalho é fazer com que as pessoas que estão nas comunidades e nos lares, tenham um dia de descontração e boa música. Além disso, claro, não poderia faltar a comida típica, que é feita pela equipe de cozinheiros.

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Entre uma moda de viola aqui e outras risadas ali, eles espalham pelo ar o bom cheirinho da comida caipira, feita por mãos habilidosas, que já estão nesse meio há vários anos. Um dos cozinheiros é Márcio Pereira, que está entre panelas e temperos desde os nove anos de idade. Ele conta que começou a tomar gosto pela cozinha quando foi morar com a avó, depois da morte de sua mãe. “Minha avó me colocava em pé, em um banquinho, em um fogão caipira, fazia a comida e eu via”. Casado com Eliane Pereira, que também ajuda na cozinha do grupo, eles colaboram e participam desde janeiro de 2015. Márcio diz que sua maior recompensa é fazer o bem: “Aquilo que a gente pode fazer de bem a quem precisa é uma coisa gratificante, dar um pouco do que a gente tem pra quem precisa, acho que não tem nada melhor na vida.”

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E você pode estar se perguntando: estou aqui, acompanhando essa leitura, que me conta sobre a história desse projeto e onde é que a comida entra nisso? A comida entra no dia em que fizemos uma visita à sede, lá no bairro Mansões Aeroporto. Cheguei acompanhada de uma amiga e fomos muito bem recebidas, por sinal. Entramos e já avistamos todos reunidos, em uma grande varanda. Dois cachorros corriam pelo gramado e só se ouvia o som dos pássaros em volta da casa. O dia para eles era especial, pois havia uma visita a ser feita em uma casa de acolhimento que fica ali perto. Alcir nos levou até a cozinha onde o Márcio já estava a todo vapor, correndo de um lado para o outro, ajeitando o almoço que seria levado a casa de acolhimento Santa Gemma, mas essa história eu conto daqui a pouco. E o danado almoço, o que era? Posso garantir que a cara estava ótima! A tradicional galinhada era o prato do dia, um dos principais pratos do cardápio do grupo.

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Aliado a ingredientes como frango desfiado, cebolinha, salsinha, arroz e pimenta a galinhada tem a marca de cada uma das mãos que ajudaram Márcio nessa empreitada. Ele, a esposa e mais duas mulheres é que estavam à frente do almoço. A galinhada veio acompanhada de tutu de feijão, que além do ingrediente principal, o feijão, leva ovos cozidos e queijo e uma macarronada, com molho bem vermelhinho, feito de forma artesanal, com tomates fresquinhos e carne moída.

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Comida pronta, panelas a postos, companheiros bem vestidos e com violas nas mãos, chegou a hora de conhecer a casa de acolhimento Santa Gemma. Ela fica no bairro Aclimação, vizinho à sede do grupo. Chegando lá, desceram a panela da galinhada e seus acompanhamentos, colocaram na cozinha da casa e tomaram seus postos. O pessoal que mora na Casa Santa Gemma se juntou na varanda para ouvir a moda de viola que ia começar. Eu e minha amiga nos sentamos para ouvir também; fomos de Sérgio Reis a Almir Sater, tudo com muita descontração e alegria. Entre uma música e outra, os companheiros conversavam com as pessoas que moram na casa e, no rosto de cada um, era visível a alegria estampada no rosto de todos ali. Depois de algumas músicas, muitas palmas e vários sorrisos, chegou a tão esperada hora de provar a galinhada.

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A mesa foi posta e todos se reuniram em volta dela, para uma oração. O coordenador da casa, conhecido como Seu Ditão, agradeceu a presença dos companheiros e, após algumas breves palavras, todos, sem cerimônia, começaram a encher os pratos com a comida e seus acompanhamentos. E olha, posso dizer que ela fez sucesso, todos comeram e a galinhada rendeu à equipe de cozinheiros muitos elogios. Entre nossa chegada na Casa Santa Gemma, a moda de viola e o almoço, já havia se passado mais de uma hora, coisa que eu e minha amiga nem notamos, poderíamos ficar ali por mais tempo, mas era necessário ir embora. Nos despedimos, com o gostinho de dever cumprido e com aquela vontade de voltar àquela casa e saber mais sobre este projeto, que nos recebeu tão bem.

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Neste clima bom, devemos concordar que há de acontecer casos curiosos, que são lembrados por muito tempo. Um deles, como nos conta o Alcir, ocorreu em um lar de idosos, onde uma senhora, que fora diagnosticada com mal de Alzheimer e que ficava em uma cadeira de rodas, apoiou-se na parede e ao ouvir a música, se ergueu e começou a dançar. O filho dela, que não via a mãe assim a tempos, se emocionou, reconhecendo que a música ajudara sua mãe. E se você acha que o projeto para por aqui, se enganou! Alcir conta que há previsão para que uma nova unidade do projeto seja aberta no estado de Goiás. Em uma palestra dada sobre a viola caipira, pelos companheiros à equipe do professor de música Marito Geraldo Rodrigues dos Santos, ele se encantou com o projeto e se interessou a começar uma parceria com o grupo Companheiros da Viola.

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Para Alcir e seus companheiros, porém, essa vontade iria passar, assim que eles voltassem para Goiás, o que, para surpresa deles, não aconteceu. Pelo contrário, o professor Marito entrou em contato com Alcir para, além de propor a parceria, trabalhar como uma ramificação do grupo “A gente achou que era brincadeira, que era só o momento e aqui mesmo ele já falou, vamos ver um espaço desse lá em Goiânia, pra gente tocar viola e eu falei, a gente ajuda. Eles estavam em três e realmente, eles mandaram a mão, estão firmes e entre os três, eles já escolheram um presidente, o outro é vice e um secretário.” O trabalho do grupo Companheiros da Viola reflete o resgate de alguns ideais, atualmente perdidos e que precisam ser cultivados. Mostra que, de uma semente que plantamos hoje, podemos colher frutos e, diga-se de passagem, bons frutos. E agora, pegue a sua caderneta e anote a receita da galinhada que o Márcio fez para levar à Casa Santa Gemma!

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Receita Galinhada Ingredientes 2.500g de Arroz 8 quilos de frango (coxa e sobrecoxa) Cebola, alho e cheiro verde à gosto Óleo Açafrão


Modo de Fazer

- Cozinhe o frango em uma mistura de água e sal. Após cozinhá-lo, desfie e reserve o caldo do cozimento em outro recipiente. -Aqueça em uma panela o óleo, o alho amassado e a cebola a gosto. Para um toque de cor ao prato, se preferir, utilize açafrão. Após dourar, adicione o frango, já desfiado e o refogue por, aproximadamente, 15 minutos. -Depois disso, adicione o arroz e para que ele cozinhe, adicione a água do cozimento do frango e deixe secar. Quando estiver pronto, adicione o cheiro verde à gosto.

Dica: O Márcio usa, além de todos esses ingredientes, o tomate, o milho e azeitonas, como complemento para a galinhada. Ingredientes como milho e azeitonas devem ser colocados quando o frango e o arroz ainda estão no fogo. Já o tomate coloca-se por fim, com a panela já desligada, picado em pequenos cubos.

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TerรงaFirmes Geane Amaral


-Bom dia, filha! Não se esqueça que hoje é terça-feira e vamos reunir na casa da sua avó, ok?! -Oi mãe! Claro que não vou esquecer, à noite estou lá. Beijo! E assim começa a terça-feira da Maria Aparecida Rodrigues, conhecida por todos como Cida. Liga para as filhas, Caroline e Rhayane e avisa que logo mais tem reunião da família Firmes na casa de seus pais, dona Julieta e seu Geraldo. E, como de costume, já fala com sua irmã e acertam os comes e bebes, para que nada falte no encontro de meio de semana. Embora a noite seja dedicada à família, durante o dia ela vai para o trabalho. Coordenadora financeira na Escola Estadual Amador Naves, aqui mesmo em Uberlândia, Cida começa o dia com pique total na escola. A animação permanece até o fim do dia, quando ela se reúne com os familiares.

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Arquivo Pessoal

Mas, você deve estar se perguntando: por que numa terçafeira? Bem, este dia é o único da semana em que eles podem se juntar à noite. Muitos trabalham com comércio próprio, por isso, há uns seis anos combinaram que a terça seria o dia de celebrar, inclusive os aniversariantes da semana, com fartura de comida e bebida.

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Arquivo Pessoal

A filha da Cida, Caroline Narjara, ao contar sobre o momento, afirma que a comida e a cerveja são elos destas reuniões. Há cardápios variados, mas sem dúvida o churrasco prevalece, regado a bastante molho de alho, acompanhamento primordial da família. Se o prato principal for outro, sem problemas, o molho está sempre na mesa. A receita é preparada por Rhayane Narjara, primogênita de Cida, mas quando outro parente se arrisca, a mãe já avisa: “não fica o mesmo sabor”. Está curioso para aprender como faz, não é? Calma, que logo mais vamos ensinar o passo a passo da receita. Cida afirma que a alegria e a paixão pela comida são os motivos dos encontros, percebidos assim que entrei na casa de seus pais, onde fui recebida com sorriso e abraço típico de avós.

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Arquivo Pessoal

Conversa vai, conversa vem e a coordenadora financeira conta os “causos” engraçados que a família protagoniza. Um deles é a tradição de “malhar Judas” no sábado de aleluia, em que eles fazem um boneco de espantalho e saem pelas ruas do bairro onde moram, o Granada e desfilam com o traidor. Em seguida, penduramno na árvore da praça, cada um bate nele e finalizam queimando o boneco. Todos os momentos são registrados, haja fotos! Elas, inclusive, são enviadas para longe, em Brasília, onde os demais familiares ficam a par de tudo que acontece na família e ansiosos para o encontro de fim de ano com todos os entes.

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Arquivo Pessoal

Lembra da praça que comentei a pouco? Nela, há vários pés de manga que servem de sombra e ponto de encontro para as festas, quando a casa fica cheia. Por morarem próximas – Cida, sua mãe e sua irmã – muitas reuniões dos Firmes são realizadas na rua mesmo, com presença dos vizinhos. Como a festa junina que até uns dois anos atrás faziam. Com os olhos brilhando, a organizadora dos encontros, conseguiu definir para mim em única palavra o sentimento que move familiares e amigos a permanecerem nesta tradição: a união!

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Apesar dos problemas – típicos de toda família – sua mãe, dona Julieta sente falta quando algum parente não pode comparecer, pois, já se acostumou com a casa e as panelas cheias: “é uma alegria muito grande ver os parentes todos reunidos”. É dona Julieta, essa alegria contagia mesmo, não só quem é da família Firmes, mas quem vem de fora também. Obrigada pela terça-Firmes!

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Receita Molho de Alho


Arquivo Pessoal

FamĂ­lia Firmes

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