LIXO ELETRÔNICO – STEP (ONU)
Referente:
Tradução da página de abertura do site do STEP (Solving the E-Waste Problem: Solucionando o Problema do Lixo Eltrônico), da Organização das Nações Unidas – ONU
Website:
www.step-initiative.org
Tradução:
Marcus William Mauricio de Oliveira Toxicologista
E-lixo ou Lixo Eletrônico é um termo utilizado para cobrir quase todo tipo de equipamento elétrico e eletrônico que foi ou pode ser descartado. Embora e-Lixo seja um termo geral, normalmente considera-se TVs, computadores, telefones celulares, linha branca (geladeiras, lava-louças, lava-roupas, secadoras, etc.), sistemas de áudio e vídeo, brinquedos, torradeiras, secadores de cabelo – quase todos os aparelhos domésticos ou corporativos que contenham uma placa ou componente eletrônico com bateria ou fonte de energia.
Porque o e-Lixo vem crescendo? O e-lixo vem crescendo de forma exponencial simplesmente porque o mercado aonde estes equipamentos são produzidos também cresce rapidamente, pois muitos lugares do mundo têm cruzado a “barreira digital”. Por exemplo, entre 2000 e 2005, a Organização para Economia e Desenvolvimento Cooperativo (OEDC) notou um crescimento de 22% no mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) na China. Além do mais, a China era o 6º maior mercado de TIC em 2006, logo após EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido e França. Esta é uma informação muito importante pois considerando que há apenas 10 anos menos de 1% da população chinesa possuía computador. Computadores são apenas parte do total do fluxo de e-lixo, como pode ser visto na União Européia em 2005, 44% do total de lixo eletrônico era composto por geladeiras, outros aparelhos refrigeradores e freezers, combinados com outros eletrodomésticos de grande porte, conforme um estudo da Universidade das Nações Unidas de 2008 sobre a Diretiva de Descarte de Equipamentos Eletro Eletrônicos (WEEE) da União Européia. A rápida inovação e substituição de produtos , especialmente em TI e equipamentos corporativos, combinadas com uma migração dos sistemas analógicos para digital e também a troca de TVs e Monitores para tecnologias como plasma e LCD, são fatores importantes no aumento do fluxo do e-lixo. Uma economia de escala também reduziu o preço de muitos produtos eletroeletrônicos, o que tem aumentado a demanda global por muitos produtos que eventualmente terminam como lixo eletrônico.
Porque o e-lixo difere do lixo urbano comum? O Resíduo de Equipamentos Eletro Eletrônico contém substâncias perigosas, mas também contém materiais valiosos e raros. Mais de 60 diferentes elementos da tabela periódica podem ser encontrados em aparelhos eletrônicos complexos. Utilizando um computador doméstico como exemplo, um monitor com um Tubo de Raios Catódicos (CRT) contém muitos materiais valiosos, como muitos materiais tóxicos também. Uma destas substâncias tóxicas utilizadas nos eletrônicos é o Cádmio, que é utilizado em baterias recarregáveis, contatos e chaves dos antigos monitores CRT. O Cádmio pode se bioacumular no meio ambiente e é extremamente tóxico aos humanos, em
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particular rins e ossos. Ele é também uma das 6 (seis) substâncias que foram banidas pelas restrições de uso de substâncias perigosas na produção de equipamentos eletroeletrônicos da diretiva RoHS da União Européia. Além dos monitores CRT, plásticos, incluindo Cloreto Polivinílico (PVC), são utilizados nas placas de circuito impresso, conectores, coberturas plásticas e cabos. Quando queimados ou jogados em lixões ou aterros sanitários, este PVC libera dioxinas que podem afetar o sistema reprodutivo e imunológico dos humanos. O mercúrio que é utilizado em dispositivos luminosos como em monitores LCD, podem causar danos ao sistema nervoso, renal e ainda pode passar para o leite materno. Equipamentos eletrônicos ainda contêm uma grande quantidade de outras substâncias tóxicas como chumbo, berílio, retardantes de chama contendo Bromo e Bifenilas Policloradas (PCBs), nomeando apenas algumas delas. O chumbo exerce um papel importante em processos de produção de metais. Desta forma, tentativas de desenvolvimento de Equipamentos Eletro Eletrônicos sem chumbo, não significa que ele não será mais utilizado. Até mesmo elementos de solda livres de chumbo são co-produzidos o utilizando. Isto mostra a necessidade da tomada de uma visão holística para avaliação da situação do e-lixo e assim trabalhar nas possibilidades de solução. Por outro lado, o grande impacto dos Equipamentos Eletroeletrônicos nas fontes de metais valiosos e preciosos, não pode ser negligenciado. Um telefone celular por exemplo pode conter 40 diferentes elementos como metais bases (Cobre, Estanho...), metais especiais (Cobalto, Índio, Antimônio...) e metais preciosos (Prata, Ouro, Paládio...). A maior quantidade é de Cobre (Cu – 9g), enquanto a quantidade de metais preciosos está na ordem de miligramas como 250mg de Prata, 24mg de Ouro e 9mg de Paládio. Além disso, baterias de Íons de Lítio contêm aproximadamente 3,5g de Cobalto. Aparentemente são quantidades quase que insignificantes, porém com uma venda aproximada de 1,2 Bilhões de celulares vendidos mundialmente apenas em 2007, isso representa uma demanda significativa destes elementos. Cálculos similares podem ser feitos para computadores e outros eletrônicos complexos. O aumento das funcionalidades dos equipamentos eletroeletrônicos foi alcançado em muito graças às propriedades destes metais especiais e preciosos. Por exemplo, 80% da demanda mundial do elemento Índio é para utilização em vidros de telas de LCD, acima de 80% da demanda de Rutênio é para Discos Rígidos (HDs) e 50% de todo Antimônio é utilizado em retardantes de chama. Levando em consideração o aumento da demanda e produção de equipamentos eletroeletrônicos, percebe-se claramente que eles são um grande direcionador da demanda e preço de alguns metais. Devido a esta complexa composição de substâncias valiosas e perigosas, sistemas especializados e normalmente “High Tech”, são necessários para processar o lixo eletrônico de forma a maximizar a recuperação de recursos e minimizar o potencial de agressão aos humanos e ao meio ambiente. Infelizmente o uso destes métodos especializados é raro e desta forma muito do e-lixo de países industrializados acaba viajando grandes distâncias para países subdesenvolvidos, com técnicas muito arcaicas para recuperação de metais precisos e recuperação de partes para reuso. Estas técnicas de “Fundo de Quintal” trazem inúmeros prejuízos a saúde destes trabalhadores e ao meio ambiente destas comunidades devido a condições precárias de trabalho. Além disso estes métodos são muito ineficientes em termos de recuperação de recursos. A reciclagem nestas condições normalmente é focada em apenas alguns elementos valiosos como Cobre e Ouro (normalmente com níveis de recuperação muito pobres), enquanto outros metais são descartados e inevitavelmente perdidos. Então, eficiência de recursos é outra importante dimensão na discussão do e-lixo ao lado da ecologia, segurança humana, economia e aspectos sociais.
Quanto e-lixo existe por aí? Como a maioria do e-lixo do mundo não é contabilizada e a destinação deste material é desconhecida, é muito difícil saber exatamente quanto lixo eletrônico tem por aí. Além do mais os tipo de e-lixo incluídos em iniciativas de análise governamentais e programas de coleta diferem muito ao redor do mundo: a União Européia tem 10 tipos distintos de categorias de produtos, enquanto no Norte da América é limitado a equipamento de Tecnologia da Informação, Telecomunicações e televisores e no Japão são 4 categorias, incluindo TVs, Condicionadores de Ar, Refrigeradores e Máquinas de Lavar. No entanto estimativas razoáveis estão na ordem de 40 milhões de toneladas
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ao ano, o que seria suficiente para encher uma fila de caminhões por metade do globo terrestre. Uma revisão da Diretiva WEEE da União Européia, mostra que apenas em 2005 houve entre 8,36 e 9,1 milhões de toneladas de elixo, com tendência de aumento. Na Austrália com uma média de 22 aparelhos eletroeletrônicos por habitação, o Departamento de Estatística Australiano tem estimado para os próximos 2 anos que mais de 9 milhões de computadores, 5 milhões de impressoras e 2 milhões de scanners em casas australianas serão substituídos. Nos EUA, a EPA (Agencia de Proteção Ambiental) reporta que apenas em 2005, 1,9 – 2,2 milhões de toneladas de e-lixo foram descartados e apenas 12,5% foram coletados para reciclagem.
Porque muito do E-Lixo ainda não é contabilizado? A agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) tem estimado um aumento de 5 a 10% na geração de lixo eletrônico todo o ano mundialmente. Mais alarmante é o fato de que apenas 5% deste material têm sido recuperado. Então, aonde estão as outras 38 milhões de toneladas? De acordo com uma revisão da Universidade das Nações Unidas da diretiva WEEE, aproximadamente 25% do total de lixo eletrônico não foi contabilizado e seu destino é desconhecido. Então, isto significa que não existem dados relativos ao destino de mais de 6 milhões de toneladas de e-lixo a cada ano. Porque muito do E-Lixo ainda não é contabilizado? Não se sabe exatamente, mas existe conhecimento suficiente para sugerir algumas alternativas, assim como envio ilegal de lixo eletrônico para países em desenvolvimento como China e India, alguns centros de processamento “Informais”, assim como uma grande quantidade de e-lixo que permanece guardado em prateleiras, porões e depósitos de donos sentimentais.
E-Lixo – Um Desafio Global Em resumo, nos podemos concluir que o e-lixo é motivo de preocupação global, devido à natureza de sua produção e de descarte de forma globalizada. Nós podemos concluir também que apesar da dificuldade de saber exatamente quanto lixo eletrônico existe, nós sabemos que uma grande quantidade dele acaba sendo processado em níveis muito rudimentares. Isto aumenta ainda mais a preocupação sobre a eficiência na recuperação de recursos e também sobre os riscos trazidos sobre a saúde humana e ao meio ambiente. Existe uma longa e complicada cadeia de eventos relativos ao problema do resíduo eletroeletrônico, iniciando desde a idéia de alguém sobre um novo produto, sua produção, terminando na sua compra e eventual descarte pelo usuário. Engajando a sociedade e através de um conhecimento científico dentro desta cadeia de eventos que poderemos ajudar a solucionar o problema do e-lixo.
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