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Fábula XVI Juno e o Pavão

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A vida de Esopo

A vida de Esopo

H1865

O Pavão foi ter com Juno muito queixoso, dizendo por que razão o Rouxinol havia de cantar melhor que ele e ter-Ihe muitas outras vantagens. Disse Juno que não se agastasse; que por isso tinha ele as penas formosas, cheias de olhos, que pareciam estrelas.

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— Isso não vale nada — replicou o Pavão —, antes queria saber cantar.

Juno respondeu:

— Não podes ter tudo. O Rouxinol tem voz, a Águia, força, o Gavião, ligeireza, tu contenta-te com tua formosura.

Moral da história

Prova-se nesta Fábula o que fica dito no princípio da vida de Esopo; que não há ninguém completamente desamparado de natureza e sem graça particular; que Deus, autor da mesma natureza, criou os homens e repartiu por eles os seus dotes.

De uns faz valentes e de outros ligeiros; um é bom pintor, outro músico hábil, outro tem o seu dote no entendimento.

Ensina por isso esta Fábula que ninguém se ensoberbeça da graça particular de que é dotado, nem tenha inveja das boas obras do próximo, antes com tudo e por tudo dê louvores a seu Deus e Criador.

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