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Fábula XLVII O Rato e a Doninha
Fábula XLVII O Rato e a Doninha
WHsecXVII
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Uma Doninha, como não pudesse já caçar de tão velha e cansada que estava, usava esta artimanha: enfarinhava-se to-da e punha-se muito quieta a um canto da casa.
Vinham alguns Ratos que, pensando que a Doninha era outra coisa, se aproximavam para comer e ela apanhava-os comia-os.
Por fim veio um Rato velho, que tinha já escapado de muitas armadilhas, e pondo-se de longe disse:
— Por mais artes que uses, não me apanharás. Engana à vontade esses pequenos, mas eu conheço-te bem e não hei de chegar-me a ti.
E, dizendo isto, foi-se.
Moral da história
Na Doninha se pode ver que quem é criado em más manhas, nem por velhice as perde. Quem se acostuma a furtar, ou o baraço ou a morte lho há de tirar; e quando já não podem usar da força, com rebuços, manhas e traições usam os seus maus ofícios, como gente que tem perdida a vergonha e temor de Deus.