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Fábula XLIX O Pastor e o Lobo
MW1919
Andava um Lobo a fugir de um caçador que vinha a persegui-lo, e, chegando ao pé de um Pastor, escondeu-se numas moitas e pediu ao Pastor que se o caçador perguntasse por ele, lhe dissesse que fugira. O Pastor concordou. Quando chegou o caçador, perguntou pelo Lobo, e o Pastor disse-lhe que fugira, mas coma cabeça indicou-lhe onde estava escondido. Contudo o Caçador não percebeu os acenos e foi-se embora. O Lobo saiu então do esconderijo, e disse-lhe o Pastor:
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— Então, amigo? Muito me deves pois bem te vali.
— Valeu-me antes a minha sorte — respondeu o Lobo — e não te entender o caçador; pelo que nada te devo, e se bendigo a tua língua, amaldiçoo a tua cabeça, que tanto fez por me descobrir.
Moral da história
Notam-se nesta Fábula os que do mal que urdiram, ainda que não tendo efeito, querem tirar agradecimentos, e mostra-se o perigo que representa quererem os homens em seus trabalhos valer-se de seus inimigos; que quando são muito fiéis e primorosos, cuidam que satisfazem ao mostrarem-se neutrais.