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Fábula LVI O Homem pobre e a Cobra
H1865
Um Homem pobre costumava acarinhar e dar de comer a uma Cobra que tinha em casa, e enquanto assim fez tudo lhe corria bem e a vida melhorou. Depois, em virtude de um desentendimento com a Cobra, fez-lhe uma grande ferida. E vendo que tornava a empobrecer, com muitas palavras e humildade pediu perdão à Cobra. Respondeu a Cobra:
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— Eu boamente te perdoo, mas isso não te vai servir para deixares de ser pobre, que esta ferida sempre me há de doer e sempre há de estar pedindo vingança de ti.
Moral da história
Quis Esopo mostrar nesta Fábula o que costumam dizer: a quem ofenderes não lhe creias, porque a memória das ofensas é eterna. Portanto, quem injuriou algum amigo e depois se reconciliaram, entenda que, por muito amigos que pareçam ser e que no exterior mostre não se lembrar nada, lá no mais secreto do coração está guardada muitas vezes a memória da injúria.