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Fábula LXVII O Veado e o Caçador
RC1883
Estando um Veado a beber numa ribeira, viu nela refletidos os seus cornos e armação e as pernas delgadas; as pernas pareceram-lhe mal, e ficou pesaroso de as ter, mas por outro lado ficou tão satisfeito com a formosura dos cornos, que se fez soberbo de contente. Ainda não tinha saído da água, quando se apercebeu de um Caçador. Foi obrigado a valer-se dos pés, que pouco antes desprezara e que agora o punham a salvo. Mas entrando por um arvoredo denso, embaraçavamse-lhe os cornos nos ramos das árvores, com o que se atrapalhou e foi apanhado. Vendo-se preso e ferido, disse então:
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— Que grande parvo fui; desprezei o que me era útil, fazendo muito caso do que me causou a morte.
Moral da história
A cegueira deste Veado sofrem-na todos os que têm bem-aventurança em haver coisas, que depois de alcançadas, ainda que no princípio nos alegrem, são depois causa da nossa destruição.
Portanto aprendamos a pedir a Deus que nos dê coisas com que o sirvamos e nos salvemos; porque ele sabe o que para cada um é bom, e nós não sabemos nada.