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Fábula LXX O Lobo e o Burro doente

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A vida de Esopo

A vida de Esopo

O1574

Estando o Burro maldisposto, foi o Lobo visitá-lo, fazendo-se muito seu amigo. Tomou-lhe o pulso, passou-lhe a mão pelo rosto e disse que queria curá-lo. O Burro estava quieto, bem desejoso de se ver a cem léguas do Lobo, o qual lhe apalpava os membros todos. Perguntou onde lhe doía, e apertava-o e arrepelava-o tanto, que disse o Burro:

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— Onde quer que me pões a mão, logo aí me dói; mas rogote que te vás embora e que não me cures, que quanto tu te fores, ficarei logo bom.

Moral da história

Nunca são os maus tão peçonhentos como quando encobrem a peçonha debaixo de mostras de amor. Porque afinal o Lobo é sempre mau; mas quando afaga é pior; e mostras de piedade no homem cruel são laços que arma para destruir o Burro que se fia nele.

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