Proposta de Redação - Modelo Vestibular

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PROPOSTA DE REDAÇÃO VESTIBULAR Leia os textos a seguir: TEXTO 1 Mobilidade urbana é tudo que diz respeito ao deslocamento das pessoas dentro do perímetro urbano. Essa possibilidade de locomoção deve ser provida pela própria cidade, de maneira que seus habitantes possam exercer seu direito de ir e vir livremente, de forma rápida e eficiente. A cidade deve disponibilizar a infraestrutura e as ferramentas para essa movimentação, com transporte público viário, ferroviário e fluvial com sistemas inteligentes. Além disso, as condições com o fim de facilitar o transporte individual por meio de automóveis ou veículos movidos à tração humana também devem ser providos pelas autoridades urbanas. A mobilidade urbana sustentável são os esforços para realizar todas essas ações minimizando os impactos ambientais, que englobam questões como a poluição visual, sonoro e do ar. Este é o grande desafio das megalópoles modernas, que tiveram um crescimento desordenado e não planejado, causando o caos urbano que acompanhamos diariamente em muitas cidades do Brasil. Somente na última década, a frota de automóveis do país aumentou 120% atingindo a marca de quase 70 milhões de veículos. Disponível em: https://goo.gl/1dFiLZ

TEXTO 2 De presa a predador: alta de ciclistas em SP complica relação com pedestres Caminhão anda por onde não pode, ônibus fecha carro, que fura o farol vermelho e bloqueia o cruzamento. Moto se espreme nos corredores, bicicleta invade a calçada, e pedestre atravessa fora da faixa. É difícil encontrar um santo no trânsito de São Paulo. Com a proliferação de ciclovias, no entanto, um dos elos da cadeia de mobilidade urbana que sempre foi e continua a ser presa de veículos motorizados, aos poucos, se torna também predador. "Vejo muito ciclista equipado furando farol vermelho e queimando faixa de pedestre", observa Jones Mesquita, 30, entregador com bicicleta há oito anos. "Eles se esquecem de que bike não é carro, mas também machuca." Menos de 2% dos acidentes com vítimas em São Paulo têm o envolvimento de ciclistas. Ainda assim, na segunda, dia 17 [agosto], um homem de 78 anos morreu após ser atropelado por um ciclista embaixo do Minhocão. Durante 15 minutos de observação da ciclovia da Paulista, a Folha presenciou, em frente ao Masp, dois ciclistas cruzando a faixa de pedestres no intervalo de travessia, outro pedalando sobre a faixa, como se fosse um pedestre, e um quarto conduzindo a bicicleta na contramão. Esses comportamentos estão em desacordo com o Código Brasileiro de Trânsito. "É preciso inserir a bicicleta no contexto de educação para a mobilidade porque, durante um século, só organizamos, regulamos e educamos o automóvel", critica Thiago Benicchio, do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil). "O desenho da cidade ainda é muito desfavorável para o pedestre", avalia. Marina Kohler Harkot, 23, do grupo de estudos de mobilidade Apé, diz que há quem "carregue para a bicicleta a lógica de onipotência, velocidade e desrespeito ao pedestre típica dos carros". Para ela, atitudes como furar o farol vermelho ou atravessar na faixa de pedestres são, no entanto, necessárias para a autopreservação do ciclista. "Parece mesmo que os ciclistas querem se impor porque são muito desrespeitados pelos carros. Mas, com isso, é o pedestre quem está cada vez mais acuado", avalia Caio César, 27, executivo de contas, em cima de sua bicicleta. "Ciclista tem que saber que pedestre é prioridade sempre", diz José Eduardo Daros, 80, presidente da Associação Brasileira de Pedestres. Para Letícia Sabino, 26, da ONG SampaPé, "é a falta de investimento público no planejamento da mobilidade a pé que contribui para a confusão sobre quem é prioridade no trânsito". "Com isso, todo mundo se julga prioridade e não se importa com o outro."

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PROPOSTA DE REDAÇÃO VESTIBULAR

DEZ MANDAMENTOS DO CICLISTA CIDADÃO

Preferência: Dê total preferência para o

1 pedestre sempre

Calçadas: Evite-as. Faça-o só em locais

7 onde não houver ciclovia ou ciclofaixa e onde o volume de pedestres for pequeno

2

Calma: Reduza a velocidade ao se aproximar da faixa de pedestres

Não ande na contramão: Você atrapalha

8 outros ciclistas e pode surpreender Na linha: Ande em linha reta, sem

3 mudanças bruscas de sentido

motoristas e pedestres Desmonte: Para atravessar a rua pela

4

Controle: Mantenha sempre as duas mãos no guidão Sinal: Sempre que possível, sinalize

5 conversões com as mãos

9 faixa de pedestres, desmonte da bicicleta e empurre-a a pé de uma calçada a outra Fones: Sons são informações para sua

10 segurança e dos outros, evite usar fones de ouvido

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Seja visto: Utilize iluminação traseira e dianteira e/ou colete refletivo

Folha de S.Paulo, 22/08/2015

TEXTO 3 Uma faixa exclusiva e devidamente sinalizada. Essa era uma exigência básica das pessoas que optaram pela bicicleta como principal forma de locomoção. A medida de segurança seria capaz de contribuir com a redução do número de acidentes e atropelamentos envolvendo ciclistas. Na cidade de São Paulo não foi assim. O que era para ser uma política de mobilidade acabou se transformando em um debate ideológico sobre o direito à cidade. (...) A jornalista e cicloativista Renata Falzoni, umas das pioneiras na valorização do uso da bicicleta no país, vê a disputa como exemplo da segregação que existe no Brasil. (...) “Existe uma ideia de que a bicicleta é elitizada e isso não é verdade. Pelo menos 70% dos que utilizam bicicleta na cidade de São Paulo são trabalhadores mais pobres ao contrário da ideia que se tem de que a bicicleta é um elemento elitizado”, provoca Gabriel Di Pierro, da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade). (...) Segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), entre 2003 e 2013, a frota de carros quase dobrou, chegando a um aumento de 123%. Para se ter uma ideia, é como se nos últimos anos, o Brasil ganhasse uma média de 12 mil por dia. A frota de motos foi multiplicada por seis. Já ônibus e trens cresceram apenas 23%. “Não cabe todo mundo se movimentando ao mesmo tempo de carro. E a nossa cidade já vem mostrando isso há muito tempo. A diferença é que agora a gente começou acordar e a atual gestão começou a ter coragem de discutir isso”, comenta Carlos Aranha, do GT de Mobilidade Urbana da Rede Nossa São Paulo. Atualmente, o Brasil possui uma frota de mais de 80 milhões de veículos. Os carros ainda são maioria, seguidos pelas motocicletas. E a conclusão é óbvia: junto com o aumento da frota de veículos, aumentam também o tempo gasto no trânsito, a poluição e o número de acidentes. Disponível em: http://goo.gl/rH5T6Z

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PROPOSTA DE REDAÇÃO VESTIBULAR

TEXTO 4 Desrespeito de motoristas é maior queixa de usuários da Via Calma Em junho de 2014, quando a Via Calma foi implantada na Avenida Sete de Setembro, em Curitiba, houve polêmica sobre a efetividade do projeto, cujo objetivo é estimular o respeito e a tolerância entre motoristas e ciclistas ao garantir preferência de circulação na faixa à direita da pista aos ciclistas e estipular velocidade máxima de 30 km/h para veículos. Essa semana, pouco mais de seis meses após a implantação, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbanos de Curitiba (Ippuc) divulgou o resultado de uma pesquisa realizada para procurar conhecer melhor quem são os ciclistas da cidade e quais são suas demandas. O monitoramento foi realizado em três pontos estratégicos da Via Calma, instalada na avenida na metade do ano passado, durante os meses de agosto e outubro de 2014. Foram observados 649 ciclistas, dos quais 365 responderam a um questionário informando endereço, origem, destino, motivo e frequência do deslocamento, idade, sexo, escolaridade, ocupação e renda. O levantamento mostra que os estudantes são o grupo (por ocupação) que mais utiliza a faixa compartilhada, representando 15,9% do total de usuários. Entre as ocupações mais citadas estão ainda profissionais da construção civil; professores; policiais e servidores públicos. A maioria dos deslocamentos tem origem na região central da cidade e destino final também para o Centro – o que pode indicar uma dificuldade maior de utilizar a bicicleta como meio de transporte para percorrer distâncias maiores em trechos não adequados para o ciclista. O trabalho é a razão pela qual 71,5% dos usuários monitorados utilizam a bicicleta como meio de transporte diariamente; 13,2% recorrem à “magrela” para chegar à faculdade ou colégio e apenas 10,7% tem na pedalada fonte de lazer. A Via Calma e o uso de bicicletas no dia-a-dia ainda são território predominantemente masculino: 87% dos usuários monitorados são homens. A pesquisa mostra, porém, que a presença feminina tem aumentado nos últimos anos, passando de 5%, em 2008, para 13% em 2014. O maior número de ciclistas tem entre 31 e 40 anos (28,2%) e entre 21 e 25 anos (20,3%). A pesquisa também apurou que a maioria dos usuários (39%) tem renda mensal de um a três salários mínimos; em segundo lugar estão aqueles que ganham entre três e cinco salários. O quadro por faixa salarial é mais equilibrado do que o revelado nas pesquisas de 2008 e 2013, que apontavam que mais de 50% dos usuários estavam na faixa de um a três salários. Avaliação dos usuários Instados a avaliar a via calma, 16,7% dos usuários queixou-se do desrespeito por parte dos condutores de veículos e motos; 9,6% afirmou considerar o projeto uma boa iniciativa e 5,5% acredita que pode ser implantada em outros locais. Gazeta do Povo, 03/03/2015

Como se pode notar, a criação e a adaptação das ciclovias à realidade atual e à necessidade de se discutir a mobilidade urbana nas grandes cidades não é algo isento de críticas e discussões. E você, como se posiciona em relação a esse tema? Na sua opinião, as ciclovias serão uma solução – ou parte delas – para a crescente dificuldade de mobilidade urbana em nossas cidades? Em um texto dissertativo em até 30 linhas manuscritas, expresse seu ponto de vista sobre a questão.

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