Proposta de Redação - Modelo Vestibular

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PROPOSTA DE REDAÇÃO VESTIBULAR TEXTO 1 Quem conta “piadas” que ultrapassam o limite do bom gosto, não raro, diz ser adepto do politicamente incorreto. Como se isso fosse hype ou cool e, portanto, justificasse tudo. Censura é uma coisa abominável. Mas não pode ser confundida com a proibição de usar meios de massa que possuem concessão pública para a apologia à discriminação étnica, à homofobia, à xenofobia e a preconceitos e intolerâncias – que é o que certas piadas fazem. Particularmente, considero deplorável quando humoristas fazem comentários ofensivos ou preconceituosos em veículos de comunicação de massa sob a justificativa de liberdade de expressão. Deplorável pelo conteúdo e por perceber que eles foram preguiçosos e não se dedicaram com inteligência à nobre tarefa de fazer rir. Disponível em: www.blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br

TEXTO 2 Para você, qual o limite do humor? O limite? É morrer de rir. Jô Soares, em entrevista para IstoÉ, Edição 572.

TEXTO 3 O psicólogo Steven Pinker atribui aos gracejos a propriedade de azeitar as relações sociais. O tom de brincadeira nos permite comunicar de modo amigável a um interlocutor uma informação que, de outra maneira, poderia ser interpretada como hostil. Isso pode não apenas evitar o conflito como ainda dar início a uma bela amizade. Talvez mais importante, o humor é uma formidável arma que os mais fracos podem usar contra os mais fortes. O riso coletivo é capaz de sincronizar reações individuais, o que o torna profundamente subversivo. As piadas que se contavam no Leste Europeu sobre as agruras do socialismo, por exemplo, ao possibilitar que as pessoas revelassem suas desconfianças em relação aos governos sem expor-se em demasia, contribuíram decisivamente para a derrocada dos regimes comunistas que ali vigiam. Temos aqui três excelentes razões para deixar o humor tão livre de amarras legais quanto possível. Quem não gostar de uma piada sempre pode protestar, dizer que não teve graça ou até caçoar de volta. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br

TEXTO 4

"Toda Mulher que eu vejo na rua reclamando que foi Estuprada é feia pra #. Tá reclamando do quê?! Deveria dar graças a Deus. Isso, pra você, não foi um Crime, e sim, uma oportunidade... Homem que Estupra Mulher Feia não merece cadeia, merece um abraço..." Rafinha Bastos, piada do seu show “Arte do Insulto”

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PROPOSTA DE REDAÇÃO VESTIBULAR TEXTO 5 O importante é que a censura ao humor, mesmo do tipo mais esculachado possível, denota um autoritarismo absurdo. Não é coincidência que os revolucionários comunistas nunca tenham demonstrado aptidão ao riso. Ou então os “moralistas” religiosos retratados por Umberto Eco em O Nome da Rosa. Sempre desconfio de quem não é capaz de rir de si mesmo de vez em quando. Ditaduras não aceitam piadas sobre seus líderes, justamente pelo poder deste importante mecanismo numa sociedade aberta. Quando uma democracia apela para o mesmo instrumento de censura, há algo de muito podre acontecendo. O comediante Marcelo Madureira, do Casseta & Planeta, que fazia humor durante o regime militar, chegou a afirmar que hoje é ainda mais difícil ser humorista, pois a censura não é explícita. Os políticos usam o poder do estado para intimidar rádios e emissoras de televisão, e o autoritarismo velado pode ser ainda mais complicado do que o escancarado. Henri Bergson, em seu ensaio sobre a comicidade, afirma que o riso, pelo medo que inspira, mantém constantemente vigilantes certas atividades que correriam o risco de adormecer; ele “flexibiliza tudo o que pode restar de rigidez mecânica na superfície do corpo social”. A censura ao humor, portanto, é uma grande palhaçada. Mas trata-se de uma piada de mau gosto. Claro, há aquele típico humor apelação, rude, grosseiro, que não agrega nada. Este deve apenas ser ignorado, nunca censurado. No mais, aprendamos a rir mesmo de nossos ídolos e heróis. Rodrigo Constantino, Veja, 22/01/2014.

Depois de ler os textos de apoio, de fontes diversas, redija, entre 20 e 25 linhas, um texto dissertativo-argumentativo discutindo o seguinte tema: O humor deve ter limites ou vale tudo em nome da liberdade de expressão? Atribua um título ao seu texto.

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