Proposta de Redação - Modelo Vestibular

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PROPOSTA DE REDAÇÃO VESTIBULAR

As redes sociais têm sido usadas para marcar protestos, para questionar projetos de leis polêmicos e até mesmo como forma de se solidarizar ou apoiar causas mundiais. A partir desse contexto e seu conhecimento de mundo, responda: O CYBERATIVISMO É VALIDO COMO FORMA DE MANIFESTAÇÃO?

Sandor Vegh no livro "Classifying forms of online activism: the case of cyberprotests against the World Bank, de 2003" (o livro, sem tradução brasileira, é considerado uma referência sobre o tema), comenta que as estratégias de utilização da internet para o ciberativismo objetivam aprimorar a atuação de grupos, ampliando as técnicas tradicionais de apoio. Vegh cita três categorias de atuação do ativismo online: conscientização e promoção de uma causa (por exemplo, divulgar o outro lado de uma notícia que possa ter afetado a causa ou uma organização); 2 organização e mobilização (convocar manifestações, fortalecer ou construir um público); e 3 ação e reação. 1

Exemplos desse tipo de ativismo vão desde petições online, criação de sites denúncia sobre uma determinada causa, organização e mobilização de protestos e atos que aconteçam fora da rede, flashmobs, hackerativismo e o uso de games com uma função política e social. Disponível em: http://vestibular.uol.com.br

Hoje em dia, para muita gente, entrar no Facebook ou no Twitter significa mergulhar em um grande protesto, onde as pessoas comentam sem parar artigos das edições digitais da imprensa e notícias dos onipresentes casos de corrupção entre políticos e empresários, convocam atos políticos ou simplesmente desabafam contra aqueles que consideram como os responsáveis pelo desastre de nosso país. [...] As redes sociais, favorecem um “ativismo preguiçoso” ou “superficial”, que produz muito barulho mas mal se traduz nas urnas ou na rua. São meios eficientes quando não se requer mais do que o compromisso dos usuários. Parece que novamente a Internet está “ficando independente” da realidade. Javier Calvo, disponível em elpais.com.br (adaptado)

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BENETT, Gazeta do Povo, 04/07/2015.

Muita gente viu na semana passada as fotos de seus amigos no Facebook repentinamente serem recobertas por um filtro com as cores do arco-íris – era uma maneira de apoiar a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de permitir o casamento entre homossexuais, como já acontece no Brasil desde 2013. Segundo o Facebook, 26 milhões de internautas no mundo todo fizeram o mesmo. No próprio Facebook, no entanto, surgiram dúvidas sobre a eficácia de medidas como essa: o ativismo de internet, afinal, poderia ser incapaz de mudar algo na vida real, segundo alguns críticos. Até porque o algoritmo que organiza a informação recebida pelo usuário faz com que, em geral, as pessoas recebam maior quantidade de informações que vêm de pessoas próximas e que, por consequência, tenderiam a pensar de maneira parecida. Um indício de que o fascínio com o poder das redes sociais para divulgação de temas políticos poderia estar sendo exagerado vem do fato de que os milhões de usuários que recobriram a foto de seu perfil com as cores do movimento gay representam menos de 2% das contas do Facebook (no Brasil, a porcentagem não é divulgada) – e quem viu a maior parte dos amigos trocar a imagem pode estar simplesmente associado a mais pessoas que são favoráveis ao casamento gay. Para o professor de comunicação política Wilson Gomes, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no entanto, isso não é motivo para desprezar a força do ativismo on-line. “Primeiro, porque não é verdade que as pessoas só convivam com iguais nas redes. Se fosse assim, não haveria a 'trolagem', não haveriam confrontos. E também porque as pessoas não são monolíticas: podem concordar com uma opinião de seus amigos, mas não com outras”, diz. Convivendo com pessoas que pensam diferente e que exibem, às vezes em grandes grupos, simultaneamente, a mesma posição, torna-se mais provável que as pessoas passem a refletir mais sobre um tema – ou porque não tinham pensado nele, ou porque começam a admitir que o argumento dos amigos é válido. Ou até por questões psicológicas, conforme diz o professor Jamil Marques, do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Temos sempre medo de ficarmos isolados, e às vezes isso pode nos fazer rever posições”, diz.

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Marques reforça o que disse o filósofo Kwame Anthony Appiah, de Princeton. Em seu livro O Código de Honra, Appiah afirma que muitas revoluções morais se dão porque as pessoas que resistem à mudança, com o tempo, passam a se sentir ridicularizadas. Ele cita o exemplo dos chineses que obrigavam as mulheres a deformar os pés para que ficassem artificialmente pequenos. Quando a convivência com os ocidentais aumentou, o costume foi abolido para que a China não ficasse mal no cenário internacional. Por outro lado, afirma o cientista político Sérgio Braga, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o ativismo, somado aos algoritmos das redes sociais, podem também levar as pessoas não a mudar suas posições, mas a recrudescer a divergência. “Esse é um risco real da internet. Criar intolerância com quem pensa diferente”, diz. Rogerio Waldrigues Galindo, Gazeta do Povo, acesso em 19/11/2015.

Redija, entre 20 e 25 linhas (manuscritas), um texto dissertativo-argumenativo assumindo uma posição a respeito da polêmica questão. Apresente argumentos que sustentem o seu posicionamento, seja ele qual for. Atribua um título a seu texto.

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