Relatorio anexo 40892320130

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO DEPARTAMENTO DE TURISMO E HOTELARIA ESPAÇO INTEGRADO DO TURISMO – ESINT

RELATÓRIO DE PESQUISA - Empreendedorismo Cultural: Perspectivas para desenvolvimento do Turismo Cultural no bairro da Madre Deus em São Luís-MA

São Luís 2014 1


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1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 1.1. Projeto: Empreendedorismo Cultural: Perspectivas para desenvolvimento do Turismo Cultural no bairro da Madre Deus em São Luís-MA 1.2 Orientador: Conceição de Maria Belfort de Carvalho. Bolsista de Extensão no País – Bolsista de Extensão no País-EXP-B 1.3 Bolsista: Sâmya Cristini Pereira Mendonça – Bolsista de ITI -A 1.4. Colaboradores: Professora Dra. Klautenys Guedes Cutrim Professora Dra. Ilza do Socorro Galvão Cutrim Vanderley de Jesus Rabelo – aluno do Curso de Turismo da UFMA Leticia Cinara Martins – aluna do Curso de Turismo da UFMA Hanna Coelho - aluna do Curso de Turismo da UFMA Matheus Vinicius Cardoso – aluno do Curso de Turismo da UFMA

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3 2. INTRODUÇÃO O turismo tem mobilizado pessoas do mundo inteiro a conhecer novas paisagens. Esse desejo irmana-se com a necessidade de trocar experiências com várias comunidades a partir da expectativa do novo. Conhecer e experimentar novas culturas sempre foram um grande incentivo para o desenvolvimento da atividade turística e, consequentemente, para a movimentação da economia de inúmeras localidades. Os destinos do turismo cultural são duplamente importantes porque dão a conhecer os hábitos e costumes de um povo e também porque tornam visíveis a riqueza das tradições da população local. Por outro lado, nem sempre a relação de troca entre turista e população ocorre de forma sustentável. Em alguns lugares, a população não se beneficia da atividade turística porque lhe faltam informações sobre como desenvolver um bom planejamento. Em busca de resultados que minimizem os impactos negativos oriundos do turismo e buscando formatá-lo segundo preceitos de sustentabilidade, algumas cidades têm reunido seus gestores, iniciativa privada e sociedade civil a fim de harmonizarem as esferas que englobam a atividade turística, com destaque para a economia criativa. Também no espaço acadêmico pesquisas têm sido feitas no sentido de apresentar ideias que resultem numa relação harmônica entre desenvolvimento sustentável e economia criativa. Isso porque o talento criativo incorpora técnicas e tecnologias e agrega valor ao capital intelectual cultural. Tais discussões envolvem um conceito muito em voga, o de cidades criativas. No Brasil, algumas cidades têm se destacado por adotar atitudes que valorizam a criatividade. Para citar apenas uma, destacamos a pequena cidade cearense de Guaramiranga, que iniciou em 2000 um processo de transformação, tendo como ícone o Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga. O Festival foi um trabalho de organização da comunidade local. Somam-se aos espetáculos atividades diversificadas que incluem oficinas, atividades de ecoturismo,

encontros

entre

novos

talentos

e

nomes

consagrados,

programação complementar entre cidades vizinhas, ensaios gratuitos, além de 3


4 outras atividades promotoras de um fluxo mais contínuo de turistas para a região, ao longo do ano. (REIS; URANI, 2011, p. 35). No Estado do Maranhão, tão rico em diversidade cultural, as oportunidades para serem desenvolvidas atividades de valor criativo são bastante promissoras. A capital maranhense, por exemplo, é marcada por um forte perfil de expressões culturais e, mais recentemente, tem explorado a sua potencialidade para o turismo. No entanto, observa-se que os espaços e manifestações populares ainda não estão formatados ou estruturados enquanto um produto no mercado turístico de forma criativa. A economia criativa é considerada uma das principais estratégias de desenvolvimento, inclusão social, uso de saberes e fazeres tradicionais, pois ela transforma o saber popular em riqueza. Mas pouco tem sido feito em prol do conhecimento popular. Isso se deve em parte ao desconhecimento – e até certo preconceito – entre o mundo da cultura e o mundo dos negócios. Destaca-se, também, que, mesmo sendo uma das áreas com maior potencial de crescimento na geração de trabalho e renda, são poucos os que “vivem de cultura”. Esse setor, apesar de sua importância, ainda tem pouca representatividade, talvez porque carece de uma constante visibilidade. Em São Luís, por exemplo, a cadeia produtiva da cultura encontra-se desarticulada, apresentando processos entrópicos, tais como ausência de interação e integração entre produtores, mestres e artistas populares, empreendedores culturais e o trade turístico local. O despertar dos agentes para a valorização do produto cultural da cidade deve ser observado com atenção e preocupação, visto que a formatação do produto deve ser feita de forma articulada e sustentada na realidade da comunidade local, por meio de um conjunto de estratégias que podem favorecer o empreendedorismo e o desenvolvimento da cultura. A partir dessa constatação, emerge a necessidade de iniciativas no sentido de verificar a dinâmica das articulações locais e os termos de promoção dos aspectos culturais de São Luís. É necessário gerar subsídios que sinalizem estratégias de divulgação do produto São Luís, integradas com a sistematização

e

divulgação

de

espaços 4

e

manifestações

populares


5 tradicionais e/ou emergentes que abranjam o campo do patrimônio cultural local: arte cênica, artes populares, eventos culturais, apresentações artísticas, dentre outros. Assim, os elementos que compõem a cadeia produtiva da cultura de São Luís ganharão maior visibilidade por meio da realização de estudos e pesquisas científicas sobre a dinâmica dos espaços e das manifestações culturais locais que apresentem propostas de um desenvolvimento de forma criativa. Esse é o atual foco do Espaço Integrado do Turismo-ESINT, núcleo de extensão e pesquisa vinculado ao curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão: apresentação de uma proposta que desenvolva o potencial empreendedor da Madre Deus, a partir de elementos da economia criativa. A partir das transformações do patrimônio cultural como bem de consumo turístico e da necessidade de investigações acerca da dinâmica sociocultural do bairro da Madre Deus, tradicional bairro da cidade de São LuísMaranhão, busca-se agregar os aspectos históricos, culturais e turísticos desse bairro a fim de verificar suas potencialidades, como também instrumentalizar a comunidade acadêmica no que tange a novos paradigmas que envolvem o crescimento da atividade turística, a saber: inovação e criatividade, estruturação de produtos e serviços com bases comunitárias e sustentáveis, envolvimento e participação dos agentes locais, interpretação patrimonial com foco na economia criativa para auxiliar a comunidade do bairro no aprimoramento de seus recursos. O relatório a seguir expõe os resultados finais do projeto de pesquisa intitulado:

Empreendedorismo

Cultural:

Perspectivas

para

desenvolvimento do Turismo Cultural no bairro da Madre Deus em São Luís-MA, tendo como escopo principal detectar os possíveis entraves para a formação de uma rede de empreendedorismo cultural no bairro da Madre Deus.

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6 3. OBJETIVOS Meta 01 Ampliar o conhecimento sobre a diversidade cultural do Bairro da Madre Deus, potencializando sua dinâmica econômica a partir dos ativos culturais. Meta 02 Elaborar um Calendário Cultural com elementos diversos da cultura do bairro, através da inserção de informações culturais fotográficas e textuais, para que turistas e visitantes frequentem o local.

4. REVISÃO DE LITERATURA O turismo, na sociedade contemporânea, transformou-se em uma atividade de expressiva geração de riquezas às nações que o exploram, oportunizando melhorias socioculturais e ambientais as suas populações. A Organização Mundial do Turismo (OMT)1 enfatiza que, em todo o planeta, a atividade turística movimenta, anualmente, cerca de US$ 4 trilhões, ou seja, aproximadamente 10% do PIB mundial, sem contar a criação de 280 milhões de empregos. O Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR) avalia que o setor turístico promove uma receita aproximada de 45 bilhões, participando de 8% do PIB nacional, gerando 4,4 milhões de empregos diretos e 11 milhões de empregos indiretos, resultando em um emprego para cada 13 que existem no país2. O Brasil, país de clima predominantemente tropical, de dimensões continentais e com vasto potencial ecológico e cultural, possui uma vocação nata para o turismo. A região nordeste brasileira, por exemplo, em função da diversidade de seus atrativos de cunho cultural e paisagístico, tem buscado na atividade turística alternativas de desenvolvimento socioeconômico por meio da ampliação de sua participação no mercado turístico nacional, objetivando melhorias de vida da sua população, face às condições de desigualdade social e dificuldades de sobrevivência. 6


7 O Maranhão, localizado na região nordeste do país, insere-se nessa lógica. Suas potencialidades turísticas são capazes de gerar grande fluxo de visitantes, de proporcionar o desenvolvimento social, e, consequentemente, o crescimento da economia local. A atividade turística no Estado se encontra em plena ebulição, graças a várias iniciativas do poder público, que começaram a se efetivar em 1993, com a elaboração do Programa de Ação para o Desenvolvimento do Turismo no Nordeste – Maranhão (PRODETUR/MA). O PRODETUR/MA foi concebido a partir da conjunção de diversas instituições de naturezas pública e privada, ligadas ao turismo, e desenvolvido com o intuito de consolidar o Estado como importante destinação turística nacional e internacional. Em 1999, foi implantado no Maranhão o programa de desenvolvimento turístico denominado “Plano Maior”, que dentre suas ações propõe atualmente a divisão do Estado em dez polos turísticos. A capital São Luís, que abriga o bairro Madre Deus, situa-se no Polo São Luís. Em meio ao debate envolvendo novas formas de produção e consumo do

espaço

turístico,

sobressaem-se

novas

estratégias

que

aliam

o

desenvolvimento, a criatividade, a renovação urbana, com foco nas indústrias da criatividade. A articulação entre esses diferentes setores propicia a configuração de produtos turísticos experienciais, envolvendo os laços imateriais da produção cultural – artes, moda, design, performances, festivais – com o retorno econômico decorrente da visitação turística de forma equilibrada. É nesse âmbito que se propõe uma atuação mais articulada entre turismo, criatividade e desenvolvimento, em especial quando a experiência turística se baseia no simbólico, isto é, nos patrimônios imateriais das comunidades. Esses patrimônios hoje geram visibilidade e se traduzem em oportunidades de desenvolvimento,

estando

inseridos

numa

categoria

emergente,

as

denominadas indústrias criativas. Segundo Reis (2011), o termo indústrias criativas surgiu em 1994, na Austrália, disseminando-se ao longo do século XXI, evoluindo para o conceito contemporâneo de cidades criativas. Diversos países, a exemplo do Reino Unido e da Inglaterra, começaram a implantar estratégias de crescimento e 7


8 desenvolvimento econômico a partir da criatividade, atração de talentos criativos, dinamizando o setor e disseminando a importância da economia criativa para os países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento. Por ser um conceito polissêmico e que ainda está em fase de construção, ao longo dos anos 1990, diversos autores tentaram esboçar um conceito capaz de abranger a importância e o significado que as indústrias da criatividade exercem nas sociedades contemporâneas. Throsby (2001), por exemplo, entende que o termo indústria criativa emerge como extensão do conceito de indústria cultural, sendo a criatividade a força motriz do processo. Martins et al (2007, p. 31) consideram as indústrias criativas como sendo aquelas que têm “sua origem na criatividade, talento e habilidade individuais, apresentam um elevado potencial de criação de riqueza e de emprego através da geração e exploração da propriedade intelectual”. Howkins (2001) também defende a ideia de que as indústrias criativas geram algum tipo de propriedade intelectual, como as patentes, o copyright e designs. Jeffcutt (2000, p.123-124) define esse setor da seguinte forma: As indústrias criativas são formadas a partir da convergência entre as indústrias de mídia e informação e o setor cultural e das artes, tornando-se uma importante (e contestada) arena de desenvolvimento nas sociedades baseadas no conhecimento [...] operando em importantes dimensões contemporâneas da produção e do consumo cultural [...] o setor das indústrias criativas apresenta uma grande variedade de atividades que, no entanto, possuem seu núcleo na criatividade.

Nota-se uma intensa articulação entre criatividade e tecnologia, e como estas estão presentes na sociedade do conhecimento, da inovação e na busca por novas formas de produção e consumo cultural. Jaguaribe (2006) observa, por sua vez, que as indústrias criativas não abrangem apenas as indústrias da mídia, audiovisual, software, mas um conjunto de produtos, bens e serviços baseados na criatividade e que possuem elementos tradicionais, como o artesanato e o folclore, os quais se utilizam das novas tecnologias para gerarem uma grande rede de distribuição.

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9 Em 2008, a United Nations Conference on Trade and Development – UNCTAD1 publicou o relatório Creative Economy buscando sistematizar as diferentes perspectivas existentes sobre o tema, além de identificar parâmetros ou critérios comuns para a comparação das realidades do setor em diferentes países. O relatório da Unctad IX (REIS, 2008) define que o termo indústrias criativas é usado para representar um cluster de atividades que têm a criatividade como um componente essencial; estão diretamente inseridas no processo industrial e sujeitas à proteção de direitos autorais. Assim, de acordo com o referido documento, os setores criativos são definidos como Os ciclos de criação, produção e distribuição de bens e serviços que usam criatividade e capital intelectual como insumos primários. Constituem uma série de atividades baseadas no conhecimento, que produzem bens tangíveis e serviços artísticos e intelectuais intangíveis com conteúdo criativo, valor econômico e objetivos de mercado.

O documento inclui Expressões Culturais, Arquitetura, Artes Cênicas, Artesanato, Cinema & Vídeo, Design, Mercado de Artes e Antiguidades, Mercado Editorial, Moda, Música, Software, Publicidade, Rádio e TV, Vídeo Games. Entendido como o conjunto de setores que têm por centro a criatividade humana, as indústrias criativas, conforme destaca Jaguaribe (2006), abrangem arte, artesanato, indústrias culturais e ainda os setores econômicos que se ancoram na criatividade e cultura para devolver funcionalidade, a exemplo de moda, design, arquitetura, propaganda, software e mídias digitais. As indústrias criativas são ainda mobilizadoras de outros setores econômicos, sendo dessa forma: 1) transetoriais porque são moldadas pela ligação entre as indústrias dos mídia e informação e os setores cultural e das artes; 2) transprofissionais porque resultam da união de diversos domínios de empenho ou esforço criativo (artes visuais, ofícios, vídeos, música, entre outros), o que permite o desenvolvimento de bens e serviços através do aproveitamento de novas oportunidades para o uso de novos meios e 1

Órgão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas criado com o objetivo de incrementar o comércio internacional para acelerar o desenvolvimento econômico, coordenando as políticas relacionadas com países subdesenvolvidos. 9


10 tecnologias; 3) transgovernamentais, uma vez que utilizam uma complexa rede de participantes interessados ou stakeholders – provenientes da cultura, do comércio, da indústria e da educaçãos – para a criação e implementação de políticas conjuntas (DANTES, 2008). Trata-se, portanto, de um conceito polissêmico e ainda em construção, variando seus níveis de abrangência. A, figura a seguir, adaptada da publicação do British Council, em 2010, apresenta uma divisão das indústrias criativas em quatro grandes áreas – serviços, conteúdo, experiências e originais – e as interseções que existem entre elas. Figura 1- Distribuição das atividades que compõem as indústrias criativas

Fonte: Documento do British Council (2010).

Com base nas definições arroladas compreende-se que as chamadas indústrias criativas baseiam-se na criatividade como força propulsora da economia, e na criação de valor por meio do estímulo à atração e desenvolvimento de talentos nas regiões, buscando o seu desenvolvimento. Por criatividade entende-se uma capacidade de criação mental, que permite a

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11 produção de algo novo, único ou original e que possui determinado objetivo ou finalidade (DUAILIBI E JR., 1990). Na visão de Canclini (2005, s/p), a criatividade adquire valoração não somente por produzir objetos ou formas inovadoras, mas pela sua capacidade em solucionar problemas locais, ressaltando que a cultura atual exalta a criatividade nos novos métodos educativos, nas inovações tecnológicas e na organização das empresas, nas descobertas científicas e em sua apropriação para resolver necessidades locais. Para que a criatividade efetivamente ocorra, é necessário um ambiente propício, no qual interajam variáveis externas ao sujeito criativo, tais como os fatores político-religiosos, fatores culturais, fatores socioeconômicos e os educacionais; e as chamadas variáveis internas, as quais se referem à personalidade própria de cada indivíduo, suas habilidades técnicas e seus talentos especiais (EYSENCK, 1999). De acordo com a UNCTAD (2008), existem três dimensões da criatividade que estão relacionadas diretamente com as indústrias criativas: 1) a criatividade artística, que envolve imaginação e capacidade de gerar ideias originais e novas maneiras de interpretar o mundo, expressas em texto, som e imagem; 2) a criatividade científica, que envolve curiosidade e o desejo de experimentar e fazer novas conexões na solução de problemas; e 3) a criatividade econômica, que é um processo dinâmico, levando à inovação em tecnologia, negócios, práticas, marketing, etc., e está diretamente ligada ao ganho de vantagens competitivas na economia. Atrelada ao potencial criativo inerente ao homem, as indústrias criativas se utilizam intensamente das novas tecnologias de informação e comunicação na produção de seus bens, serviços e produtos na geração de riqueza para a chamada sociedade do conhecimento. Assim, “economia criativa compreende setores e processos que têm como insumo a criatividade, em especial a cultura, para gerar localmente e distribuir globalmente bens e serviços com valor simbólico e econômico". (REIS, 2008, p. 23). O relatório da NESTA (2006) propõe um modelo esquemático buscando um entendimento da lógica de atuação que sustenta as indústrias criativas ou as chamadas atividades criativas. Nesse modelo interagem 04 dimensões, a 11


12 saber: 1) Fornecedores de serviços criativos, 2) Produtores de conteúdos criativos, 3) Fornecedores de experiências criativas e 4) Produtores de originais criativos. A integração e atuação pró-ativa engendram ativação do valor aos insumos culturais e a consequente inserção competitiva dessas atividades no mercado. Considerando as transformações sociais e econômicas, a globalização e o advento das novas tecnologias da informação e comunicação, Hartley (2005, p. 05) apresenta uma definição que abrange cultura e tecnologias: A idéia de indústrias criativas busca descrever a convergência conceitual e prática das artes criativas (talento individual) com indústrias culturais (escala de massa), no contexto das novas tecnologias de mídia (TICs) em uma nova economia do conhecimento, para o uso dos novos consumidores-cidadãos interativos.

Assim, de um significado estritamente econômico, o conceito das indústrias criativas pressupõe a interação, articulação e integração entre os diversos elementos criativos nos processos de produção econômica, possibilitando agregação de valor, diferenciação dos bens e serviços, inovação e, consequentemente, o revigoramento do patrimônio cultural em suas múltiplas dimensões. No âmbito das cidades e da renovação urbana, as indústrias criativas ganham projeção, na medida em que se tornam espaços comunitários de confluência de atores que compartilham diferentes referências culturais, propiciando a concentração, a acumulação e a dispersão de um capital criativo, essencial para a atração de investimentos, negócios e articulação comunitária em prol do desenvolvimento social e econômico. Na visão de Feria (2008, p. 145): A atividade derivada da criatividade não somente gera emprego e riqueza, como também incrementa o bem-estar da população em geral, já que promove a expressão e participação dos cidadãos na vida política, favorece um sentido de identidade e segurança social e expande a percepção das pessoas.

Experiências em cidades como Barcelona e Bilbao, na Espanha, e Rio de Janeiro, no Brasil, ilustram a proeminência que o setor cultural adquire no contexto de busca por soluções de áreas urbanas degradadas por meio do 12


13 estímulo e dinamização dos elementos intangíveis e imateriais, do qualitativo humano e do patrimônio material. Florida (2005) considera que a emergência de uma cidade criativa é resultante da combinação de três fatores, que ele chama de três Ts: tecnologia, talento e tolerância. Em relação à tolerância, o autor acredita que a existência de uma cultura inclusiva e aberta a diferenças contribui para a criação de novas ideias e modos produtivos. Por talento, entende os profissionais de alta qualificação, em áreas diversas, que irão fazer uso das oportunidades tecnológicas e culturais de uma cidade a fim de gerar inovação. Finalmente, em relação à tecnologia, Florida (2005) refere-se à existência de um ambiente de inovação e concentração de formas de tecnologia. Assim, por cidades criativas compreende-se como sendo Aquelas que fazem amplo uso da criatividade dos seus recursos humanos, quer seja directamente em actividades culturais e artísticas, quer no cruzamento da criação artística com a competência tecnológica, quer na capacidade de exploração das novas formas de comunicação digital e interactiva, quer ainda na função de concepção de novos produtos e serviços ou de integração de sistemas (MARTINS et al, 2007, p.31).

Inserindo-se nessa discussão, Reis (2008) aponta três características que definiriam uma cidade criativa: a capacidade de produzir inovações, as conexões e a cultura, tomada pela autora como elemento intangível, simbólico que interage com a tessitura urbana. Segundo Deheinzelin (2006, p. 1), o conceito de cultura abarca, além das artes e das letras, os modos de vida, os sistemas de valores, as tradições e as crenças. Toda a produção material e simbólica humana e que diferenciam grupos sociais entre si é considerada cultura. Assim, o conceito de cultura utilizada na pesquisa remete ao seu significado sociológico e antropológico, uma vez que se entende a cultura como um aspecto da realidade social relacionada com a produção e circulação de saberes (artes, música, artesanato, manifestações folclóricas, etc.). Conforme observado por alguns autores (LARAIA, 1997; BOTELHO, 2001), a cultura envolve bens materiais e imateriais que se disseminam na sociedade como forma de herança, repassada de geração a geração e a partir 13


14 da qual se agregam novas características, relacionadas à dinâmica própria da vida em sociedade. Isso significa afirmar que a cultura é produzida nas interações sociais, nas relações e convivências entre os membros de um grupo social, nos diferentes modos de pensar e agir de um grupo e que lhe conferem a identidade e que se fazem presentes nas suas vivências cotidianas. A busca pela apreciação das características e diferenças culturais estimula o turismo urbano, histórico, artístico e cultural (BARRETTO, 2000). Esse segmento de turismo vincula a cultura a um processo não apenas de crescimento socioeconômico, mas de desenvolvimento das regiões receptoras. A cultura é afirmada como instrumento para a sustentabilidade das comunidades, foco de análise de Yúdice (2004), assim como de Tolila (2007). Para eles, a cultura se transforma hoje também em uma parte funcional da economia, nas comunicações, na mídia e na internet. A exploração da cultura como um atrativo turístico fez com que o turismo cultural se desenvolvesse. As viagens turísticas se traduzem em oportunidades de aprendizado e de desenvolvimento pessoal dos indivíduos. Na atualidade, face à competição entre os destinos turísticos, a busca pela maior qualidade da visitação, o mercado tem investido na elaboração de produtos que agreguem valor ao destino. Por intermédio da criação de experiências inusitadas e diferenciadoras, o turista tende a apresentar um comportamento ativo, atuando em co-autoria com as comunidades locais na produção e consumo turístico. Baseando-se nessa tendência, os destinos turísticos assumem a cultura como diferencial, associando-a aos talentos locais e ao empreendedorismo comunitário. A partir da exploração desse novo nicho de mercado, no qual a criatividade e a inovação sobressaem-se na busca pela criação de algo novo, singular, e na busca da resolução de problemas locais é que se define o empreendedorismo, especificamente o empreendedorismo cultural. De forma didática o empreendedorismo pode ser definido como um processo de mudança e de inovação, no qual um indivíduo ou grupo de indivíduos elaboram novos produtos, serviços e ideias diferentes ou geram novos negócios a partir de necessidades identificadas ou percebidas no 14


15 mercado, explorando novas oportunidades baseadas numa visão estratégica de futuro (CORDEIRO; PAIVA, 2003; DORNELAS, 2001). Nesse sentido, Johnson (2001, p. 137) define empreendedor como: um indivíduo que toma iniciativa, assume responsabilidade e propriedade por fazer as coisas acontecerem; é aberto e capaz de criar novidade; administra os riscos inerentes ao processo; tem persistência para ver coisas além da grande maioria, até mesmo quando enfrenta obstáculos e dificuldades.

Para Dornelas (2008), empreendedor é aquele sujeito visionário que detecta uma oportunidade e cria um negócio com o objeto de auferir algum tipo de lucro, assumindo os riscos de tal empreitada, otimizando os recursos de forma criativa. Além dessas características podemos identificar alguns traços do perfil do empreendedor, tais como o conhecimento do produto e do mercado, a capacidade de liderança, a iniciativa, a proatividade e a visionaridade. Ao longo da pesquisa realizada, o empreendedorismo é assumido em duas vertentes: 1) empreendedorismo direcionado para a criação de novos negócios e o desenvolvimento de novas ideias, bens, produtos e serviços; e 2) empreendedor entendido como o indivíduo ou o grupo de indivíduos que imaginam,

criam,

e

se

co-responsabilizam

pelas

ações

ligadas

ao

empreendedorismo. Já o termo empreendedorismo cultural surge na década de 1980, cunhado inicialmente por Paul Dimaggio (1982), em pesquisa que buscou retratar o panorama das organizações culturais. A partir da década de 1990, pesquisas começaram a aplicar o conceito de empreendedorismo cultural nas indústrias criativas, tendo como principais expoentes David Rae (2005) e Chris Bilton (2007). Rae (2005) ressalta que o empreendedor atua em todo o processo criativo, detendo-se na distribuição e venda dos produtos e serviços criativos. O autor observa ainda que os produtos culturais possuem uma dupla natureza: além do caráter econômico, são detentores de valor simbólico e conteúdo estético, o que justifica uma relação diferenciada em relação ao mercado.

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16 Dessa forma, nas indústrias criativas existem algumas diferenciações em relação aos outros tipos de bens e produtos produzidos pelas empresas tradicionais. Um primeiro fator refere-se ao componente de criatividade associado a essas indústrias, conforme assinalado. Existe uma imbricação entre artes, negócios e tecnologia, na qual a cultura é tratada como recurso, isto é, insumo e se materializa em objetos culturais no mercado, adquirindo no processo da cadeia de valor um significado econômico. Bilton (2007) esclarece que o trabalho criativo e a geração de valor da cadeia produtiva não estão concentrados em grandes empresas, mas dispersos

numa

rede

diversificada

de profissionais e

microempresas

especializadas nas diversas atividades dos processos de criação, produção e distribuição de conteúdos criativos. Em relação à produção e consumo, nas indústrias criativas, a produção não é limitada e o consumo não extingue os produtos culturais, sendo que o consumidor torna-se agente participativo do ciclo criativo. Para Mandel (2005), no empreendedorismo cultural existiria nos indivíduos uma nítida afeição e paixão por uma visão cultural, uma orientação de mercado externo com uma ênfase na inovação e na responsabilidade social. Assim, o empreendedorismo cultural tem o propósito de aproveitar as atividades culturais, transformando-as em atividades que podem trazer lucro e renda para as famílias. Costa e Santos (2011), citando os estudos realizados pela Unesco, apontam alguns dos benefícios das economia criativa: i) criação de empregos, exportação, promoção e inclusão social, diversidade cultural e desenvolvimento humano; ii) entrelaçamento entre economia, cultura e aspectos sociais com tecnologia, propriedade intelectual e objetivos turísticos; iii) sistema econômico baseado no conhecimento desenvolvendo a dimensão através da interligação entre elementos macro e micro da economia; e iv) do desenvolvimento da inovação através de políticas multidisciplinares. O foco de interesse da pesquisa recai nos benefícios relacionados à atividade turística, notadamente do segmento cultural, uma vez que essa modalidade ou segmento utiliza os patrimônios materiais e imateriais na perspectiva de desenvolvimento sustentável, valorização da identidade cultural 16


17 e inserção econômica das localidades e o bem-estar das comunidades receptoras. Quando bem planejada, a utilização da cultura como atrativo promove o desenvolvimento local através do aumento da renda obtida com as despesas feitas pelos visitantes no comércio local. O Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério da Cultura e o IPHAN, e com base na representatividade da Câmara Temática de Segmentação do Conselho Nacional de Turismo, definiram o Turismo Cultural como: a área do turismo que compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura. Ou seja, é quando uma pessoa se desloca para determinado lugar especialmente para conhecer e vivenciar aspectos e situações que podem ser considerados particularidades da cultura daquele lugar, os monumentos, museus, ruínas, crenças, língua, dança, festas, etc.

O turismo cultural pode abarcar também as motivações religiosas, místicas e étnicas, já que também são aspectos da cultura. Na publicação Turismo cultural: orientações básicas, do Ministério do Turismo (2006), afirmase que os deslocamentos cuja motivação seja os interesses religiosos, esotéricos, cívicos, etc. são entendidos como parte do Turismo Cultural, constituindo outros segmentos, como o Turismo Religioso, Turismo Esotérico, Turismo Cívico e outros, desde que sejam preservados os princípios da tipicidade e identidade. A utilização turística de bens culturais pressupõe sua valorização, promoção e manutenção de sua dinâmica e permanência no tempo como símbolo de memória e de identidade. Valorizar e promover significa difundir o conhecimento sobre esses bens, facilitar seu acesso e usufruto a moradores e turistas. Significa, também, reconhecer a importância da cultura na relação turística e na comunidade local, aportando os meios necessários para que essa convivência ocorra em harmonia e em benefício de ambos. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2009, p.75)

O Turismo Cultural refere-se à afluência de turistas a núcleos receptores, que oferecem como produto essencial o legado histórico do homem em distintas épocas, representado a partir do patrimônio e do acervo cultural. (BENI, 2001)

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18 Diante desses aspectos que envolvem o conceito de turismo cultural, a Madre Deus apresenta-se como um espaço promissor para a realização dessa modalidade

de

atividade

turística.

Se

esta

estiver

associada

ao

empreendedorismo, nos moldes do conceito de cidades criativas, se tornará ainda mais atrativa.

5. DESENHO METODOLÓGICO DA PESQUISA

A pesquisa se classifica como de caráter exploratório, visto que o objetivo é “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses” (GIL, 2002). Segundo Selltiz et al. (1967, p. 63 apud GIL 2002), na maioria dos casos essas pesquisas envolvem: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que “estimulem a compreensão”. Assim, o estudo assumiu a forma de pesquisa bibliográfica e de campo, mediante o mapeamento das atividades criativas do bairro em questão, e da realização de entrevistas com agentes ligados aos setores criativos do bairro. Na primeira fase da pesquisa realizou-se uma leitura de material bibliográfico sobre empreendedorismo cultural e economia criativa, visando ao entendimento das categorias cultura, economia criativa, indústrias criativas e cidades criativas, turismo cultural, empreendedorismo cultural. Na pesquisa de campo foi utilizada uma Matriz de Mapeamento de Espaços Criativos, elaborada no I Encontro de Economia Criativa, realizado em São Luís, no ano de 2012 pelo curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão. Essa Matriz consiste no mapeamento dos atributos culturais, financeiros e dos espaços de lazer do bairro Madre Deus. Ela aponta também alguns obstáculos a serem superados para que se crie uma rede de empreendedorismo cultural nesse bairro. Para a efetivação da Matriz, realizou-se o levantamento dos espaços e manifestações culturais do bairro e foram aplicados questionários com

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19 moradores do bairro a fim de apreendermos a dinâmica cultural; foi feita a sistematização de dados dos artistas, mestres da cultura popular e da dinâmica dos espaços culturais do bairro (horários de funcionamento, atividades realizadas do tipo oficinas, cursos, minicursos, apresentações populares, atividades sociais, dentre outras. A proposta metodológica contemplou ainda a coleta de expressõeschave presentes no discurso dos informantes entrevistados, tendo em vista o que afirmam Lefevre e Teixeira (2000, p.02): as expressões-chave são “constituídas por transcrições literais de parte dos depoimentos, que permitem o resgate do essencial do conteúdo discursivo dos segmentos em que se divide o depoimento (que em geral correspondem às questões de pesquisa)”. Em se tratando do presente estudo, as entrevistas tiveram como objetivo identificar as possibilidades e desafios para o empreendedorismo cultural e formatação de produtos turísticos criativos. Os dados recolhidos foram operacionalizados

em

análise

qualitativo-descritiva

do

tema

proposto,

apresentando e discutindo os resultados das entrevistas realizadas com representantes de cada setor criativo identificado preliminarmente. A análise foi feita a partir da articulação entre as informações obtidas na pesquisa bibliográfica e nos dados colhidos através das entrevistas, conforme procedimentos listados abaixo:

1- sistematização da pesquisa bibliográfica e documental, identificando as características das indústrias culturais; 2- transcrição das entrevistas gravadas; 3- tabulação dos dados, e descrição das falas temáticas de cada sujeito da pesquisa, de acordo com o roteiro de entrevistas proposto.

A seguir, são apresentados os resultados finais da pesquisa. Os resultados alcançados foram os mapeamentos das principais manifestações culturais, as atividades realizadas por cada informante entrevistado e os principais entraves que os empreendedores culturais enfrentam atualmente, bem como estratégias que sinalizem para a superação desses entraves.

19


20

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 6.1 Madre Deus: espaço de multiplicidade

Um dos bairros mais antigos de São Luís, a Madre de Deus é o maior polo centralizador de manifestações populares. Nesse sentido, o bairro se harmoniza com as festas, tornando-se o ponto central de um complexo turístico-cultural de grande relevância. Destaca-se a presença da comunidade em manifestações como o carnaval de rua e os festejos juninos. No mês de fevereiro, o carnaval apresenta-se como uma grande variedade de danças tradicionais, como tambor de crioula, blocos afros, blocos tradicionais e de ritmo, desfiles de escolas de samba, tribos de índios, casinha da roça, fofões, revelando particularidades da festa na capital São Luís. Em junho, as festas juninas atraem a população com o Boi da Madre Deus, o Encontro dos Bois na Capela de São Pedro – localizada no bairro – momento em que os bois de todos os sotaques da ilha de São Luís se encontram para saudar o santo. Nessas duas ocasiões, a comunidade da Madre Deus se reúne nos trabalhos de confecção das fantasias e também das roupas dos brincantes do boi. Vale ressaltar, ainda, que não apenas no período de carnaval, como também no período que o antecede, o pré-carnaval, há um grande movimento da população local e de turistas que consomem os serviços oferecidos pelos moradores, como churrasquinhos, cachorro quente, comidas típicas, venda de bebidas alcoólicas, refrigerantes. Mas a Madre Deus destaca-se também por reunir vários outros elementos como a Casa das Minas, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN; a Casa de Nagô; a Companhia Barrica, que reúne o Boi Barrica (que se apresenta nos festejos juninos), o Bicho Terra (que se apresenta durante os festejos carnavalescos), a Natalina da Paixão (que se apresenta no período natalino); o bloco carnavalesco Fuzileiros da Fuzarca, bloco mais tradicional de São Luís, fundado em 1936; e demais companhias carnavalescas como Máquina de Descascara Alho; Turma do 20


21 Quinto, Flor do Samba. Destaca-se também o Centro de Comercialização de Produtos Artesanais do Maranhão-CEPRAMA, antiga fábrica têxtil da Companhia de Fiação e Tecidos de Cânhamo, que expõe e vende o artesanato produzido em todo o Estado.

Fonte: Samya Mendonça A

comunidade

da

Madre

Deus

tem

grande

participação

no

desenvolvimento e manutenção das manifestações do bairro. No entanto, há um grande entrave na relação cultura–participação popular–indústria criativa devido ao fato de que o fluxo maior da atividade turística se concentra apenas nos meses de fevereiro e junho, sendo os demais meses do ano de pouco movimento.

21


22 A proposta do Espaço Integrado do Turismo é a de um projeto que promova uma integração das manifestações culturais da Madre Deus com a produção da economia local. Para a efetivação de um projeto assim, faz-se necessário, inicialmente, compreender quais as dificuldades enfrentadas pelos empreendedores culturais do bairro. Num segundo momento é imperativo apontar alternativas no sentido de possibilitar aos empreendedores uma articulação com outros agentes sociais no sentido de desenvolver seus empreendimentos. E para que a comunidade da Madre Deus se beneficie com o turismo cultural é necessário um planejamento turístico participativo. Este relatório apresenta um mapeamento realizado pelo ESINT, a fim identificar o seu potencial atrativo. A fim de se obter os resultados da pesquisa sobre os atributos do bairro Madre Deus aplicou-se a Matriz de Mapeamento de Espaços Criativos (Figura 2), que consiste em mapear os atributos culturais, financeiros e os espaços de lazer de uma localidade. No

aspecto

cultural

da

matriz

os

atributos

estudados

são:

talentos/capacidades, imagem e paisagem do lugar, patrimônio cultural material/imaterial, tradições, curiosidades, experiências, saberes e fazeres tradicionais e história. No aspecto financeiro destacam-se recursos existentes, linhas de financiamentos, iniciativa empreendedora e vontade, estímulo à captação de negócios e investimentos, ambiente favorável ao desenvolvimento de pesquisas e geração de negócios produtivos e, finalmente, no aspecto espaços de lazer destacam-se espaços disponíveis, matérias primas locais especiais, equipamentos culturais e de lazer.

22


23

Figura 2- Matriz dos espaços criativos da Madre Deus

CULTURAL

SOCIAL

FINANCEIRO

Talentos/Capacidades: Manifestações Culturais; Manifestações religiosas; Gastronomia, Eventos Ação coletiva organizada Ação coletiva Culturais e Religiosos. organizada: Iniciativa de Atributos: Poetas, Instância de Governança, Compositores, Músicos, Conselho Cultural da cantores, contadores de Madre Deus, Associação história, escritores, dos Moradores. Instituições parceiras: artesanato. Secretaria Municipal de Imagem e paisagem do Turismo, SEBRAE, lugar: Paisagem Pitoresca, Secretaria Estadual de atmosfera cultural. Turismo, Secretaria Estadual de Cultural, Patrimônio cultural Secretaria Municipal de material/ imaterial: Casas Cultural, Secretaria de Culto Áfrico, Cemitério, Municipal de Turismo. Fábricas Centenárias, Lideranças existentes: Grupos Culturais, Lendas, Conselho Cultural da Histórias de Vida, Igrejas, Madre Deus. Grupos Folclóricos, Grupos Instrumentos de Musicais. comunicação: Carro de Tradições, curiosidades Som, Reuniões. Festa Junina, Festa Carnavalesca, Festas Ferramentas de acesso e Religiosas. Cemitério do visibilidade: O Centro de Gavião onde estão Produção artesanal do enterradas personalidades Bairro faz parte do roteiro artísticas, politicas e turístico de São Luís. culturais do Maranhão. O de estilo artístico do Existência Comunidades Étnicas: Cemitério. Experiências, saberes e Existência de Casas de fazeres tradicionais: Culto Afro. Roteiros Turísticos, Grupos/Rede: Nível de Culinárias, Lendas, articulação da classe danças, Músicas, Histórias criativa local: empresários de Moradores antigos. isolados como artesãos, organizadores dos eventos História: Fundação do locais, músicos. Bairro; Cemitério do Bairro, o mais tradicional da cidade de São Luís; Cia. de Fiação e tecido de Cânhamo, Cia de Fiação e Tecelagem de São Luís.

23

Recursos existentes Ações de contrapartida: Secretaria de Cultura do Estado e Município. Linhas de Financiamentos: Apenas dois grupos buscam financiamentos em banco e de acordo com algum evento especifico que queiram promover. Iniciativa Empreendedora e vontade: Algumas manifestações têm iniciativas empreendedoras como: Os Feras, Cia. Barrica, Quadrilha Sertaneja Rosa Amarela, entretanto em relação ao universo de grupos podemos considerar o estimulo à captação de negócios e investimentos fracos. Ambiente favorável ao desenvolvimento de pesquisas e geração de negócios culturais: O ambiente é favorável ao desenvolvimento de pesquisa e

AMBIENTAL

Espaços ociosos disponíveis: Praças, Fábricas abandonadas, ruas. Largo do Caroçudo. Matérias Primas: Patrimônio Material e Patrimônio Imaterial Locais Especiais: Praça da Saudade, Largo do Caroçudo, Igrejas, Vista, Centro de Artesanato do Maranhão, Praça Demerval. Equipamentos culturais e de lazer: Praça da Saudade, Largo do Caroçudo, Centro de Artesanato do Maranhão, Casa Barrica, Largo de São Pedro, algumas ruas do bairro.


24 geração de negócios culturais, entretanto a maioria das manifestações não tem a percepção de que eles podem fazer da cultura um meio de renda. Estímulo à captação de negócios e investimentos: Fraco, falta instrumentalização para elaboração de projetos e conhecimento das fontes de financiamento. Motivação para fazer os cursos. Fonte: elaboração própria adaptado de Carvalho (2013)

Conforme disposto na tabela, na dimensão cultural observa-se que o bairro é detentor de várias manifestações culturais, além da presença de empreendedores culturais que desenvolvem atividades ligadas ao setor criativo. Existe, assim, um conjunto de modalidades ou segmentos que podem vir a se constituir em redes de colaboração para implantação de festivais, oficinas, mostras de artes e gastronomia, roteiros experienciais com foco na diversidade de atrações e personagens que o bairro possui. Na variável social identificou-se a presença de alguns parceiros ou alianças que contribuem para a condução de algumas propostas de ações culturais da comunidade – SEBRAE, Secretarias de Turismo e de Cultura e, ainda, a existência de uma organização representada pela Associação dos Moradores e pelo Conselho Cultural da Madre Deus. De acordo com Reis (2008), o setor da economia criativa impulsiona novos modelos de negócios, processos organizacionais e institucionais e relações entre os agentes econômicos e sociais. Porém, faz-se mister a existência de algumas condições para que o processo ocorra e se consolide, a saber: 24


25 conscientizar os gestores públicos, privados e a sociedade civil de que inclusão se faz por convergência de interesses; - definir e implementar políticas de desenvolvimento transversais aos setores e interagentes; - influenciar acordos internacionais para que possibilitem a apropriação dos benefícios da economia criativa por parte das comunidades que os originaram; - promover acesso adequado a financiamento; - levantar estatísticas que monitorem o desenvolvimento das ações de política pública; - disponibilizar infraestrutura suficiente de tecnologia e comunicações; - estabelecer um modelo de governança coerente; - analisar o processo de geração de valor não em uma estrutura de cadeia, mas de redes; - garantir educação e capacitação a par com novos perfis profissionais e novas profissões; - formar um ambiente que reconheça o valor econômico da criatividade e do intangível cultural. Essas condições devem se fazer presentes para que se impulsione o setor criativo no bairro da Madre Deus, posto que conforme o mapeamento e as entrevistas realizadas, a análise da dimensão financeira revela que existem situações de empreendedorismo cultural isoladas na comunidade, com alguns grupos fomentando a economia do bairro. No entanto, os moradores ainda não são

suficientemente conhecedores

da importância

dos seus talentos

individuais, bem como da necessidade das sinergias entre os grupos culturais que atuam em segmentos específicos, visando ao desenvolvimento do espírito criativo e empreendedor entre os membros da comunidade. Nesse sentido, o bairro dispõe de equipamentos de lazer e entretenimento que estão ociosos, mas que poderiam atrair investimentos de agentes externos e da própria comunidade para o favorecimento de diversas modalidades criativas, a exemplo de performances culturais, oficinas de repasse do saber-fazer, apresentações artísticas, produção de documentário, dentre outras atividades. Esse conjunto de atividades promoveria a revitalização do lugar, a apropriação das áreas ociosas pelos moradores e a vinda de recursos

25


26 materiais, financeiros e tecnológicos necessários para configuração de um cluster de entretenimento e lazer na Madre Deus. Assim, com base na matriz na observação de campo, existe um ambiente propício para que o bairro da Madre Deus se projete como polo de criatividade em São Luís, desde que as condições para o estabelecimento do setor criativo sejam satisfeitas em termos de mobilização comunitária, transferência de tecnologias, valorização e retenção dos talentos, apoio e financiamento de projetos culturais. Especificamente no setor turístico, embora alguns pontos do bairro figurem nos roteiros turísticos de visitação, existe um conjunto de experiências que se concentram no bairro e que podem gerar uma ressignificação dessa atividade, no sentido de incorporar novas práticas, equipamentos e atividades culturais, gerando um foco de atração e interesse por parte dos turistas e visitantes em apreciar as atividades culturais ali existentes.

6.2 Visão dos empreendedores do bairro

Ao ter como foco os representantes das manifestações culturais do bairro, os informantes apontaram para a existência de alguns entraves, tais como: ausência de apoio dos órgãos responsáveis pela cultura no bairro. De acordo com a responsável da manifestação Quadrilha Sertaneja Rosa Amarela:

A Prefeitura, desde o ano passado, foi publicado um edital exigindo fotos da manifestação desde a fundação, impossibilitando que a manifestação possa estar recebendo incentivo da Prefeitura, já que a mesma não possui essas imagens e assim dificultando que a quadrilha possa participar dos eventos produzidos pelo órgão. Outras brincadeiras reclamam do apoio dos órgãos da cultura, que beneficia uma das brincadeiras mais famosa do bairro, menosprezando as demais.

Outro

entrave

para

o

estabelecimento

de

uma

rede

de

empreendedorismo cultural, segundo um dos entrevistados, seria a ausência de recursos financeiros, tendo em vista que 26


27 são poucas manifestações que possui recursos financeiros, isso dificulta uma parceria com outros blocos, nós ficamos responsáveis pela maior parte das despesas, não trazendo benefícios aos blocos com recursos financeiros mais elevados. (Representante do Bloco Carnavalesco Os Feras).

A existência de parcerias é de fundamental importância para a sustentabilidade das propostas de desenvolvimento de uma indústria criativa e de uma classe criativa, nos termos proposto por Florida (2005), uma vez que se trata de um processo de produção, distribuição e consumo cultural que necessita da contribuição dos diversos stakeholders. Limeira (2008, p.08) considera que o empreendedorismo cultural está relacionado à ideia de redes sociais, uma vez que o empreendedor cultural não desenvolve suas ações de forma isolada, [...] ele é, antes de tudo, um articulador e um forjador de redes, com capacidade de unir e conectar, de maneira muitas vezes inovadora, diferentes atores e recursos dispersos no mercado e na sociedade, agregando valor à atividade produtiva.

O setor das indústrias criativas envolve necessariamente múltiplos segmentos, depende da existência de sinergias e articulações entre produtores de diferentes áreas para a elaboração dos conteúdos criativos. Porém, nota-se que os agentes criativos locais possuem atrações isoladas, isto é, ainda não despertaram para o potencial que a sinergia comunitária adquire no campo das indústrias criativas. Daí reside a importância dos artistas e produtores culturais do bairro em estabelecerem uma rede de informações e de colaboração, seja na captação de recursos ou na utilização destes de forma criativa e inovadora, seja propondo instrumentos de gestão baseados no compromisso, na solidariedade, e na formação de uma governança para o desenvolvimento de produtos culturais marcados por um forte apelo simbólico e identitário, dotado de valor econômico e de potencial de competitividade no mercado turístico. Para Drucker (1986, p. 45), "os empreendedores inovam, criam valores novos e diferentes, e satisfações novas e diferentes, convertendo um material em um recurso, ou combinando recursos existentes em uma nova e mais produtiva configuração". Nesse patamar, os espaços de discussão, de 27


28 confronto e de identificação de estratégias visando à resolução dos problemas e necessidades locais adquirem um papel central, posto que eles redefinem as centralidades, inserem novos atores nas arenas das políticas culturais locais, fortalecem o sentido comunitário da economia criativa. As informações obtidas dos atores culturais locais indicam que eles sabem da importância da relação entre cultura, criatividade e negócios e que investir nos setores culturais, em suas múltiplas dimensões criaria uma atmosfera propícia para a emergência e consolidação das Indústrias Criativas no bairro e por, extensão, na cidade. Entretanto, na prática, observa-se que não há uma convivência pacífica entre artistas, poder público e produtores culturais que forneça o estímulo necessário para ações empreendedoras na área cultural e criativa. O representante do bloco Vagabundos do Jegue afirmou que os responsáveis pelas manifestações do bairro são muito amigos, mas nunca se reuniram para discutir sobre a cultura no bairro, como também a burocracia que existe para elaborar e implementar projetos no bairro. Assim também o responsável pela Maquina de Descascar Alho entende que a falta de conhecimento na área da cultura entre os moradores e as brincadeiras dificulta o desenvolvimento do turismo cultural no bairro. Sobre a Madre Deus, ele afirmou tratar de um bairro carente, e acredita que a divulgação de cursos voltados para a área da cultura é de extrema importância. Além desses entraves explícitos na fala dos sujeitos entrevistados, percebe-se, nos meandros dos discursos, que existem alguns desafios para a consolidação de uma rede de informações culturais e de estímulo ao empreendedorismo, à criatividade e à inovação. Zardo e Korman (2005 apud ELIAS et al, 2011) identificam algumas peculiaridades inerentes ao ofício dos empreendedores culturais, conforme segue: (1) dificuldade de pensar objetivamente sistemas e processos; (2) resistência à ideia do Em São Luís, por exemplo, a cadeia produtiva da cultura encontra-se desarticulada, apresentando processos entrópicos, tais como ausência de interação e integração entre produtores, mestres e artistas populares,; (3) crença em

uma força interventora; (4) dificuldade em definir os concorrentes; (5) relação ambivalente com a ideia da arte associada ao dinheiro; (6) relação de 28


29 intensidade e emoção com a “alma”do negócio; (7) negócio cultural como “segunda atividade”; (8) relação exclusiva com a parte técnica do negócio e (9) dificuldade de dissociar-se do produto e de seu trabalho. Reportando-se às características projetadas pelas autoras, entre os atores culturais do bairro da Madre Deus sobressai-se a reduzida percepção da cultura como negócio rentável, o que dificulta o profissionalismo das atividades criativas; a crença em uma entidade interventora, posto que todos os entrevistados destacaram a importância do Estado como interventor de melhorias na área cultural. Além destas questões, outras características que se fazem presentes e que foram apontadas por Wilson e Stokes (2002, apud ELIAS et al, 2011), destacamos: (1) demarcação confusa entre consumo e produção; (2) demarcação confusa entre o que é ou não trabalho; (3) combinação entre valores individualistas e trabalho colaborativo e (4) ser parte de uma comunidade criativa maior. Segundo um dos entrevistados, responsável pelo grupo carnavalesco mais tradicional da Madre Deus, as dificuldades enfrentadas pelo grupo são a falta de projetos que incentivem a cultura local, a comunicação entre os grupos carnavalescos e projetos educacionais voltados para a cultura popular e projetos sociais, pois é um bairro carente e necessita de tais iniciativas. Os demais entrevistados ressaltam a importância do resgate cultural por meios de cursos, minicursos, oficinas de instrumentos musicais, e uma maior participação do Conselho Cultural do bairro e, o mais importante, o interesse dos órgãos públicos e privados e a participação da sociedade civil. As respostas dos entrevistados aproximam-se do conceito de empreendedor coletivo (DOLABELA, 2003), o qual desenvolve ações de sensibilização das diversas forças da comunidade para a necessidade da cooperação; incentivo à conectividade entre os setores da comunidade; estímulo a foros de discussão para debater democraticamente os principais problemas da comunidade com a criação de uma agenda local com as prioridades definidas; criação de meios para a elaboração de projetos e

29


30 estratégias para a solução dos problemas, e a construção de processos de cooperação dentro e fora da comunidade para a realização do sonho coletivo. Os resultados apontam para processos entrópicos, tais como: ausência de interação, integração entre produtores, mestres e artistas populares, empreendedores culturais e o trade turístico local. A ausência de recursos financeiros impossibilita uma maior articulação entre os empreendedores culturais da Madre Deus. Na visão de Souza (2011, p.31):

Nas indústrias criativas, a criatividade é a essência do negócio e são os indivíduos criativos que dão origem à concepção e desenvolvimento dos produtos. Entretanto, a produção depende de outros atores, como promotores, gestores, produtores, trabalhadores técnicos e distribuidores. Além disso, a valorização do produto depende do trabalho de outras pessoas, como críticos e outros profissionais dos meios de comunicação.

Questionados acerca de sugestões para fortalecer o setor cultural local, os informantes fizeram referência à realização de atividades de formação, tais como oficinas, a realização de atividades culturais em conjunto com as manifestações existentes no bairro, maior incentivo e apoio do poder público e valorização do saber-fazer local. Em se tratando do fomento às iniciativas empreendedoras, com base nos autores estudados, são elencadas algumas estratégias, distribuídas em três grupos de ações: 1) Fomento ao empreendedorismo Criativo – a fim de desenvolver o capital humano, capacitando a comunidade para o desenvolvimento de técnicas e competências empreendedoras; a melhoria dos processos de produção e distribuição dos bens e serviços criativos do bairro, por meio de oficinas, criação de novos produtos e negócios, formatação de roteiros turísticos locais; estabelecimento de seminários e encontros com pessoas com potencial criativo e responsáveis por instituições que disponibilizam recursos ou financiamento para a concretização das ideias; 2) Instituição de Modelo de Governança – no intuito de fortalecer uma rede de colaboração em prol do estabelecimento de setores criativos locais;

30


31 3) Articulação e Inovação – mediante a transferência de tecnologias, maior articulação institucional visando à consolidação de parcerias para a sustentabilidade técnica e financeira dos projetos; ações de intercâmbio de artistas e profissionais das áreas de design urbano, cinema, literatura, que possam

atuar

no

local

como

incentivadores

ou

embaixadores

de

empreendimentos e negócios criativos no bairro. 4) Elaboração do Calendário Cultural do bairro da Madre Deus está estratégia já foi desenvolvida foram confeccionados 1.000 (mil) exemplares para o trade turístico. O Calendário Cultural constitui-se em um sistema de informações culturais que foram disponibilizadas ao trade turístico como fonte de informação e pesquisa, no sentido de conferir maior visibilidade à cultura local no mercado. Figura: Entrega do Calendário Cultural

Fonte: Sâmya Mendonça

31


32

Os debates em torno da economia criativa em São Luís promovem uma reflexão sobre o potencial de desenvolvimento da criatividade no bairro da Madre Deus, bem como a necessidade de contextualizar as oportunidades que as indústrias criativas e a economia da criatividade adquirem para maximizar os níveis de competitividade desse destino. No âmbito do turismo, o campo da economia criativa torna-se estratégico, exigindo dos planejadores, gestores, profissionais e acadêmicos uma melhor compreensão dos processos de redefinição dos lugares nas sociedades complexas, pós-industriais ou pós-modernas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Economia Criativa se revela nas últimas décadas como uma estratégia de visibilidade e valoração econômica dos bens culturais, com ênfase na criatividade, identidade e inovação. Em se tratando do turismo, o uso das indústrias criativas acena com a possibilidade de desenvolvimento de bairros, lugares, regiões e suas comunidades, de forma rentável e sustentável. Para que a indústria da criatividade efetivamente consolide-se no bairro da Madre Deus, torna-se necessário um conjunto de estratégias e ações de valorização da cultura local – artes, danças populares, artesanato, cinema, etc. – estímulo ao empreendedorismo individual e coletivo, integração entre setor público e privado e não governamental, priorizando-se a capacidade de fomentar talentos e disseminar ideias criativas, nas quais o segmento turismo cultural adquire relevância. Em sua interface com o turismo, há que se considerar a importância da comunidade no processo de tomada de decisões ao longo de todo ciclo de implementação de bens, produtos e serviços criativos, cenário em que os artistas locais, produtores e distribuidores dos produtos culturais atuem de forma sistêmica, integrada e colaborativa. 32


33 Conforme observado na etapa inicial da pesquisa no bairro da Madre Deus, os aspectos de criatividade e inovação são predominantes para a obtenção de uma vantagem competitiva, seja de empresas, seja de destinos turísticos. No entanto, para que o setor criativo se manifeste no local, é necessário que se desenvolvam a capacidade de mobilização das ideias, e de gestão de empreendimentos e negócios criativos, mediante a parceria públicoprivada, com vistas a impulsionar a economia dos lugares, gerando visibilidade aos empreendedores culturais e promovendo um turismo sustentável.

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36


37 APENDICE: LISTA DE ENTREGA DOS CALENDÁRIOS CULTURAIS

“Empreendedorismo Cultural: Perspectivas para desenvolvimento do Turismo Cultural no bairro da Madre Deus em São Luís-MA” aprovado no Edital 80/2013CNPq/SEC/MinC.

Lista de entrega do Calendário Cultural Madre da DiversidadeHoteis/Pousadas São Luís, 21 de janeiro de 2015 Nome Litorânea Praia Hotel Veleiros Mar Hotel

Endereço Avenida Litorânea, 10 Praia do Calhau Avenida dos Holandeses, Quadra 14, Lotes 1-2 Ponta D'Areia

Hotel Praia Ponta Dareia

Av. dos Holandeses, Qd 13, s/n. Ponta d'Areia. São Luís

Calhau Praia Hotel

Avenida Litorânea, 1 Calhau

Costa Atlântico Hotel

Avenida dos Sambaquis, Quadra 1, 35, Ipem Calhau Bairro Calhau

Tulip Inn Praia Bella Hotel

Av. Litorânea, 46 - Calhau,

Pestana São Luis Resort Hotel

Avenida Avicênia 1, Praia Do Calhau

Stop Way Hotel

Av. Mario Meirelles , Rua 26 Qd 20 Lote 06 E 08, 37

Responsável


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Grand São Luis Hotel

Hotel Abbeville

Ponta D'areia Pca. Dom Pedro Ii, 299 Ao Lado Da Catedral Da Se, Centro Av. Castelo Branco, 500, São Francisco

Holiday Inn São Luis

Av. Castelo Branco, 375 , São Francisco

Hotel Pousada Colonial Hotel Luzeiros

Afonso Pena, 112 , Centro

Ibis Hotel

Av. Dos Holandeses 10 QD 11 Avenida dos Holandeses, 03 - Ponta D'areia

Hotel Premier

Rua João Pereira Damasceno, 02 - Ponta do Farol

Lord Hotel

Rua de Nazaré, 258 - Centro

Pousada Portas da Amazônia

Rua Vinte e Oito de Julho, 129 - Centro

Pousada Do Porto

Rua De Nazaré, 82., Centro Histórico

38


39

Brisa Mar Hotel Av. São Marcos, Nº 12 | Ponta d'Areia Convention & Visitors Bureau - São Luís

Av. Dom Pedro II, Praça Benedito Leite, 264 - Sala 04

Lista de entrega do Calendário Cultural Madre da Diversidade- Agências de Turismo São Luís, 21 de janeiro de 2015

Nome da Agência

Endereço

Responsável

Caravelas Ltda.

Turismo Av. Cel. Colares Moreira, 22, Qd. 49, 1º andar, Ed. Álamo Renascença

Taguatur Ltda.

Turismo Rua dos Timbós, Qd. 46, nº 30 Jardim Renascença I

Tam Viagens

Avenida Colares Moreira, 23 - Jardim Renascença

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40

CVC Viagens turismo

e SĂŁo LuĂ­s Shopping

CVC Viagens turismo

e Tropical Center

Shopping

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41

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42

42


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