Hélio Euclides
agosto de 2013 - Maré, Rio de Janeiro -
Inscrições abertas
35 atividades na Vila Olímpica. Pág. 15
Elisânmgela Leite
Artigo
Parte da Maré sem Correios Cinco das 16 comunidades da Maré ainda não dispõem de entrega de correspondência domiciliar. Seguindo orientação dos Correios, os carteiros deixam os envelopes nas associações de moradores, que acabam cumprindo um dever do Estado. Os moradores, por sua vez, são obrigados a arranjar tempo para buscar as correspondências, situação que só será resolvida quando todas as ruas e casas estiverem devidamente identificadas. Pág. 8 e 9
O que é ser favelado? Pág. 10 e 11
O morador Mateus Carneiro, de Marcílio Dias, buscando suas correspondências na associação
Barba, treinador de futebol Pág. 3
Elisânmgela Leite
Perfil
Parada LGBT Marcada para 1º/09 Pág. 14
Centro de Artes e Lona da Maré Pág. 15
Érica Ramalho / Divulgação Alerj
Conjunto Esperança
Muitas melhorias Pág. 11
distribuição gratuita
Elisângela Leite
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Como e por que denunciar maus policiais O coronel Waldyr Soares, novo chefe de gabinete do comando geral da PM, estimula os moradores a não abrirem as portas para revista de suas casas sem mandado de busca e apreensão. Ele ainda explica como denunciar os policiais que cometem abusos: é preciso passar informações mínimas para que Pág. 4 e 5 a corregedoria inicie uma investigação.
Associações de Moradores unidas
Presidentes das 16 Associações de Moradores da Maré se unem para ter mais força na busca por políticas públicas que melhorem a qualidade de vida no bairro. Pág. 6
Silvia Noronha
Ano IV, No
Um todos, todos por um Nem todos na Maré têm a felicidade de contar com um carteiro como o Carlinhos da Nova Holanda, entrevistado na edição passada. O esforço de tornar o nome das ruas oficial está a pleno vapor, para que possamos cobrar a entrega de correspondência domiciliar em todos os cantos da Maré. Enquanto isso, os moradores e as associações é que precisam dar conta do recado, como você poderá ler nas páginas 8 e 9. Na pág. 6, você lerá também sobre a união das associações de moradores, que estão agindo coletivamente para ganhar força em prol da Maré, em todos os campos das políticas públicas. Mas ao folhear o jornal, você poderá ler sobre muitas outras iniciativas protagonizadas por moradores. Esta edição foi fechada em meio ao burburinho a respeito da ocupação da Maré pela polícia para a instalação de uma UPP, até que, no dia do envio para a gráfica, em 7 de agosto, o novo comandante-geral da Polícia Militar, coronel José Luís Castro Menezes, deu entrevista ao RJTV, da Rede Globo, negando a ação para um momento próximo. Independentemente de UPP, a questão que se coloca é o debate sobre a segurança pública que nós queremos. Por isso, este tema tem estado sempre em pauta no nosso jornal.
Boa leitura! Expediente
Morador dedica seu tempo à arte de ensinar futebol para a criançada Hélio Euclides
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CEêDvAoE cê cad
Como nós, do Maré de Notícias,, não conseguimos resposta da Cedae, estamos tornando público nosso questionamento sobre quando terão início as obras no sistema de esgoto das comunidades do bairro. Na Ed. 35, de novembro do ano passado, demos matéria de capa sobre as obras que, segundo a própria Cedae, teriam início em março. Publicamos a matéria acreditando na informação passada, mas até agora nada! Nem retorno aos nossos contatos.
Associação dos Moradores e Amigos do Conjunto Esperança
Biblioteca Comunitária Nélida Piñon
Fabíola Loureiro (Estagiária)
Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa
Fotógrafa
Instituição Proponente Diretoria
Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros
Conjunto Habitacional Nova Maré
Associação de Moradores do Morro do Timbau
Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros
Associação de Moradores do Parque Ecológico
Luta pela Paz
Andréia Martins Eblin Joseph Farage (Licenciada) Eliana Sousa Silva Edson Diniz Nóbrega Júnior Helena Edir Patrícia Sales Vianna
Coordenação de Comunicação Silvia Noronha
Instituição Parceira
Observatório de Favelas
Apoio
Ação Comunitária do Brasil Administração do Piscinão de Ramos Associação Comunitária Roquete Pinto Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas
Nascido na Bahia, Barba veio para o Rio de Janeiro aos 17 anos, como muitos, tentar uma vida melhor. Trabalhou com minério e peças de carro. Começou nas escolinhas ainda quando morava no Parque União. Em 1983 foi para a Vila do
gador, “Não visamos um jo issor e sim um futuro prom a em qualquer escolh profissional” Pinheiro e um ano depois retomou as atividades com o futebol. Atualmente, ele conta com o apoio de dois profissionais que trabalham lado a lado, Robson Luís Silva e Delmon Veloso. “Vejo o Barba como um profissional completo e com muitas virtudes”, ressalta Robson.
Interesse pela escola Para o nosso personagem, o motivo maior do seu esforço é contribuir para o desenvolvimento das crianças. “O que espero é que tenham dis-
ciplina, força de vontade, que sejam pessoas exemplares, com humildade. Não visamos um jogador e sim um futuro promissor em qualquer escolha profissional”, afirma Barba. O treinador lembra que a carreira de jogador de futebol é uma questão de sorte. Ele acompanha o boletim de cada um e incentiva em palestras o interesse pela escola. “Foi aqui onde comecei e aprendi tudo. Tenho os maiores sentimentos por ele”, diz o ex-aluno e jogador, João Wesley, de 19 anos. Barba só fica triste ao ver crianças vagando na rua. “Dizem que na Maré tem muitos projetos, acredito que até falta. O governo precisa investir em cursos”, desabafa. A Escolinha do Barba, que é gratuita, conta com mais de 200 meninos de 4 a 16 anos e funciona de segunda a sexta-feira na Arena da Mata, no Parque Ecológico, e Toca da Raposa, na Vila do Pinheiro. Hoje já tem ex-aluno que traz o filho para treinar. Quando perguntado se é mais conhecido que nota de R$ 2, ele confirma. “Sou reconhecido pelo trabalho, amizade e respeito”, finaliza o treinador.
A coluna Seus Direitos, da Equipe Social da Redes da Maré, volta na próxima edição.
Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias
Redes de Desenvolvimento da Maré
Elisângela Leite
Na maioria das favelas, surgem as escolinhas de futebol nos campinhos. Na Maré não é diferente; e alguns desses instrutores se destacam. Um deles é Ademar Francisco de Andrade, de 63 anos, o popular Barba, da Vila do Pinheiro, que ganhou esse apedido por causa do personagem de um famoso conto infantil, o Barba Azul.“Ele já treina há muitos anos, e bastantes alunos já passaram pela escolinha. É um exemplo, porque além de ajudar as crianças, não esquece da sua esposa, dos filhos e netinhos”, elogia o aluno Alessandro Cabral de Queiroz, que sugeriu a matéria sobre o professor para a equipe do Maré de Notícias.
Notas da redação
Associação de Moradores do Parque Habitacional da Praia de Ramos Associação de Moradores do Parque Maré Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz Associação de Moradores do Parque União Associação de Moradores da Vila do João Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda
Conexão G
União de Defesa e Melhoramentos do Parque Proletário da Baixa do Sapateiro União Esportiva Vila Olímpica da Maré
Editora executiva e jornalista responsável Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)
Repórteres e redatores
Aramis Assis Hélio Euclides (Mtb – 29919/RJ) Rosilene Miliotti
Elisângela Leite
Projeto gráfico e diagramação Pablo Ramos
Logotipo
Monica Soffiatti
Colaboradores
Redes de Desenvolvimento da Maré Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Nova Holanda / Maré CEP: 21044-242 (21) 3104.3276 (21)3105.5531 www.redesdamare.org.br comunicacao@redesdamare.org.br Os artigos assinados não representam a opinião do jornal.
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Impressão
Gráfica Jornal do Commércio
Tiragem
40.000 exemplares
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3 PERFIL
No mundo da bola
HUMOR - André de Lucena: “Descobertas científicas
Editorial
“Dizem que na Maré tem muitos projetos, acredito que até falta. O governo precisa investir em cursos”
Maré de Notícias No 44 - agosto / 2013
Maré de Notícias No 44 - agosto / 2013
EDITORIAL
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“Vai lá buscar o mandado, depois vem com o mandado e entra”. Essa é a frase que o morador deve dizer quando um PM quiser entrar na sua casa, conforme orienta o novo chefe de gabinete do comando geral da PM, coronel Waldyr Soares Filho, que concedeu esta entrevista ainda como corregedor da Polícia Militar do Rio de Janeiro. As orientações da corregedoria se mantêm exatamente as mesmas que poderão ser lidas abaixo, segundo a assessoria de comunicação da PM. O coronel diz que entende o medo dos moradores (ele chega a falar em covardia), mas adianta que todos devemos ter coragem de denunciar. Segundo ele, denunciar os maus policiais é uma responsabilidade social do cidadão, que deve arcar com o ônus do enfrentamento das consequências daquilo que acha correto. Nesta entrevista, o coronel Waldyr explica como fazer uma denúncia anônima, que não deve ser vaga demais, porque a total falta de informação inviabiliza a apuração. Mas ele também reclama da atitude desrespeitosa de alguns moradores. Neste sentido, ele acha que as pessoas da Maré possuem a lógica do antagonismo com as forças policiais. “A gente precisa conscientizar tanto um lado (moradores) quanto o outro (policiais)”, avalia ele. Leia a seguir os principais trechos da entrevista, realizada em junho, dias antes da incursão do Bope que resultou na morte de 10 pessoas.
Maré de Notícias: Qual é o papel da Corregedoria? Coronel Waldir: Somos regidos por normas, leis, regulamentos que devem ser fiscalizadas pelo chefe direto (o regulamento disciplinar da PM está no Decreto 6.579/1983). Os desvios de conduta devem ser detectados, a princípio, pe-
ses (até início de junho), a prática de desvio de conduta diminuiu drasticamente. Eu crio esse juízo de valor até pelas próprias denúncias, que diminuíram. A corregedoria tem sido proativa. Já tivemos nove policiais presos no Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRV), 11 no 41º BPM, detectamos em inquérito dez em São Gonçalo, prendemos 63 na Operação Purificação, prendemos 53 em Bangu (ele não tinha informações sobre punição a policiais do 22° BPM).
Maré: Têm havido muitas punições?
Coronel Waldir Soares:“Que os moradores da comunidade tragam a nós, com horários, locais, o maior número de dados, que nós vamos apurar e responsabilizar, como responsabilizamos 317 policiais em 2012.
los comandantes. No nível tático, o controle do comportamento da tropa é feito pela Corregedoria, que tem braços operacionais, que são as Delegacias de Polícia Judiciária Militar (DPJM).
Maré: Qual é a garantia de sigilo de quem denuncia um policial? Coronel: Total. Vai a uma lan house se não quer falar de casa e bota apelido. O local do fato que é importante e a descrição do que aconteceu, e pode anexar foto. Nesse um ano e oito me-
“Em um ano e oito meses instaurei 518 inquéritos policiais militares. Nestes tivemos mais de 800 policiais indiciados e quase 400 na rua. Temos trabalhado para reverter esse imaginário popular de que há tolerância”
Coronel: A denúncia anônima, apesar de permitida e valiosa, de certa forma inviabiliza uma punição com base única e exclusivamente nela, porque pode ser uma vingança. “Ah, o policial é cana dura, vamos fazer uma denúncia para tirar esse cara daqui”. Pode acontecer isso. É por isso que criamos essa possibilidade de a pessoa denunciar e juntar foto, documentos. Chegando à conclusão de que o fato é verdadeiro, o policial pode ser reformado ou excluído (expulso).
Maré: O que mais impede o andamento de uma apuração? Coronel: Primeiro, uma covardia, no bom sentido até compreensível, das pessoas denunciarem. O medo está presente no ser humano; o psicopata que não tem medo. Há uma responsabilidade social a ser cobrada do cidadão. Ele precisa ter coragem de lutar contra aquilo que o aflige. Como as pessoas não têm essa consciência da responsabilidade social, elas se deixam vencer pelo medo e acabam não denunciando. O que precisamos fazer? Receber a denúncia e investigar. E essa cultura da investigação era um pouco deixada de lado. Neste 1 ano e 8 meses, conseguimos melhorar muito. Colocamos 317 policiais na rua, instaurei 518 inquéritos policiais militares. Nestes tivemos mais de 800 policiais indiciados. Temos trabalhado para reverter esse imaginário popular de que há tolerância.
Maré: O policial não pode fazer nada.
Coronel: Essa relação da polícia de proximidade é uma via de mão dupla. Admito que existam desvios por partes de alguns policiais, no sentido de querer impor, ser truculento. Tem que haver respeito mútuo. Hoje existe muito mais do que em tempos pretéritos. A própria UPP é um exemplo disso. Existem problemas na UPP, mas os problemas estão sendo reduzidos. Existem locais que são mais conflagrados, onde as pessoas já estão com aquela lógica do antagonismo com as forças policiais. E talvez tenham uma intolerância maior, uma resistência maior, que eu acho que é o caso do Complexo da Maré ou do Complexo do Alemão. Não deve haver radi-
desvios “Admito que existam policiais, por partes de alguns impor, no sentido de querer e haver ser truculento. Tem qu oje existe um respeito mútuo. H tempos muito mais do que em pretéritos” calismo nem por parte da comunidade que acha que o sistema policial é falido e não serve para nada, nem do Estado de achar que não tem jeito, que tem que ser no cassetete. Está errado isso e a gente precisa conscientizar tanto um lado quanto o outro.
Maré: Na Maré há relatos até de roubo a morador. O que o morador deve fazer, porque normalmente esses policiais não andam com nome na farda? Coronel: Devem denunciar o local, dia, circunstância na página da corregedoria. Agora, essa narrativa pode ser vazia: “No Complexo da Maré os policiais estão tomando os pertences dos moradores.” Esse tipo de denúncia sou obrigado a arquivar, vou fazer o que com isso? Se fosse rua tal, dia tal, tantas horas, viatura de número tal parou em frente a tal lugar, isso aí me dá condições de fazer alguma coisa.
Maré: Invasão de domicílio. O senhor acha certo? Coronel: Se a pessoa não tem nada e não deve nada, ela não deveria abrir a porta e deveria di-
Coronel: Entendo que não, porque a moradora não é obrigada a provar para ele que aquilo ali ela realmente comprou. Se sou eu o morador, até respondo que ganhei de presente. Alguém lhe dá presente e entrega a nota?
Maré: E o policial que pede conta de energia elétrica para o morador? Parece tentativa de intimidação. Coronel: A leitura que eu faço não é essa. O policial está querendo investigar se aquelas pessoas são moradoras da casa ou se estão se escondendo ali, em razão da operação.
PMs meteram o pé na porta da casa do professor Bruno Paixão, em maio passado
zer: “Se o senhor quiser entrar, vai ter que me trazer um mandado judicial para invadir a minha casa, cercar a casa. Vai lá buscar o mandado, depois vem com o mandado e entra”.
Maré: Essa frase do senhor é muito importante, porque, na prática, o policial pode se sentir afrontado com essa postura. Coronel: Mas como ele (o policial) é um defensor da lei, ele não pode se sentir afrontado. Essa é a postura correta, a não ser que ele tenha comprovação de que naquela casa esteja havendo a prática de um crime. A pessoa tem que ter essa coragem de dizer para o policial que ela quer que ele cumpra a lei. Arrombou a porta; tem que ter coragem de procurar um órgão correcional. É com bônus da cidadania que o cidadão tem seus direitos e tem o ônus também, que é o enfrentamento das consequências daquilo que acha correto.
Maré: Outra situação estranha é quando o policial militar exige nota fiscal de produtos do morador.
m nada e não te o ã n a o s s e “Se a p everia abrir a d o ã n la e , a d deve na senhor o e S “ r: e iz d a porta e deveri e me trazer u q r te i a v r, a quiser entr para invadir l ia ic d ju o d a d um man r a casa. Vai lá a rc e c , a s a c a a minh vem com o is o p e d , o d a d buscar o man tra” mandado e en Maré: O que o senhor pode dizer para quem não confia na Polícia Militar? Coronel: Eu diria que a Polícia Militar está nas comunidades com a missão de cumprir o seu dever profissional que é servir. Somos servidores públicos. Se por ventura eles não estão fazendo isso, que os moradores da comunidade tragam a nós, com horários, locais, o maior número de dados, que nós vamos apurar e responsabilizar, como responsabilizamos 317 policiais em 2012 que insistiram em praticar desvio de conduta e foram responsabilizados.
Denuncie à Corregedoria da PM Site: www.cintpm.rj.gov.br (clique no aba: Denúncia) Tel.: 2332-2646 / 2725- 9159 Fax: 2725-9098
Maré de Notícias No 44 - agosto / 2013
Em entrevista exclusiva ao Maré, o coronel da PM Waldyr Soares orienta morador a denunciar os maus policiais
Coronel: Isso é uma forma de confirmar se ele realmente é proprietário. Agora, o fato de a pessoa não ter (a nota) não enseja responsabilização penal.
Rosilene Millioti
Morador não deve abrir a casa para a PM
Maré: A seguir, vamos fazer perguntas baseadas em situações que temos vivido ou ouvido. Nas UPPs, por exemplo, há uma quantidade maior de casos de desacato à autoridade. Por quê?
Segurança Pública
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Palavras do comando:
Érica Ramalho / Divulgação Alerj
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SEGURANÇA PÚBLICA
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Eles já se reuniram com representantes da Comlurb, da Cedae, da Light, da Subprefeitura e da Administração Regional; e encaminharam ofício solicitando audiência com o prefeito Eduardo Paes e com o governador Sergio Cabral. Neste mês de agosto, eles estavam cobrando as promessas feitas nos encontros já realizados. Segundo Marquinhos Gargalo, presidente da Associação de Moradores da Vila do João, a preocupação é trazer melhorias efetivas para a Maré. “Não adianta apenas nos reunirmos
com o poder público. Queremos ver o retorno”, ressalta ele.
Foco nos direitos dos moradores Outra preocupação do grupo é que governantes e funcionários do Estado façam políticas públicas com base nos direitos dos moradores e não com fins eleitoreiros. “Não vamos permitir que usem a máquina do governo para fins eleitorais”, destaca Janaína Monteiro, presidente do Conselho de Moradores da Vila do Pinheiro. José Carlos Gomes Barbosa, presidente da Associação do Parque Maré, observa que muito do que vem sendo feito atualmente nas ruas é fruto das reivindicações apresentadas pelo grupo, por meio do projeto A Maré que Queremos, realizado desde 2010 em parceria com a Redes da Maré. “Nossas reuniões têm sido ótimas, porque vemos que todos nós passamos pelas mesmas dificuldades. É uma terapia que fortalece a gente”, avalia o vice-presidente da Associação de Marcílio Dias, Luciano Aragão.
Desde junho, os líderes comunitários também se reuniram três vezes com a cúpula da Polícia Militar e, neste mês de agosto, estava para ser confirmado mais um encontro, desta vez na Secretaria de Segurança Pública. Na última reunião, Osmar Camelo, presidente da Associação do Morro do Timbau, foi aplaudido ao pedir para que os líderes comunitários sejam respeitados pelos policiais. “As associações de moradores querem que o comando fale para a tropa que nós, presidentes, somos representantes legais da comunidade. Queremos ser reconhecidos como instituição”, afirmou Osmar. Também em agosto, no dia 13, às 17h, os presidentes tinham reunião marcada com os líderes comunitários das favelas do Alemão, do Lins, Manguinhos, Jacarezinho e Mangueira. E para 24 de agosto, a Redes da Maré, em parceria com as associações locais, está organizando um seminário com representantes das associações da Zona da Leopoldina para debater segurança pública e trocar experiências a respeito das UPPs.
Por dentro da Maré
Jovens moradores que fizeram um curso de Consciência Cidadã, em parceria com o Luta pela Paz, estão grafitando 20 muros da Nova Holanda e Rubens Vaz, entre os dias 3 e 17 de agosto. O grupo criou o projeto Cara Nova, com o objetivo de deixar a Maré mais bonita e ainda mais consciente de seus direitos. Os grafites escolhidos, alguns incluindo frases simbólicas, têm como tema os direitos humanos, os protestos que tomaram conta das cidades do país e o desenvolvimento pessoal. “Nossa ideia é continuar o projeto”, conta Orlando João Lira, líder de comunicação do Cara Nova.
Intervenção cultural simulará barreira acústica
Jornada traz estrangeiros para a Maré
No dia 23 de agosto, das 16h às 20h, acontecerá na Praça do Parque União uma intervenção do projeto Solos Culturais, com o objetivo de apresentar as diferentes práticas artísticas e culturais existentes na Maré. Será criada uma réplica do “muro acústico”, barreira que separa a Maré das Linhas Vermelha e Amarela. A ideia surgiu como forma de protesto, porque o muro acústico esconde a Maré e o que acontece por aqui. Haverá apresentação de bandas locais, a participação de Bianca Andrade, do Blog Boca Rosa, além de sarau, projeções de fotos, contação de histórias e jogo de capoeira.
Muitos peregrinos ficaram hospedados em casas de moradores, durante a Jornada Mundial da Juventude, em julho. Além disso, a Maré recebeu a visita de centenas de estrangeiros. No dia 18, 220 jovens moradores da Inglaterra, mas de várias nacionalidades, estiveram na Baixa do Sapateiro. Eles fizeram uma reunião na Praça do 18 e depois seguiram para a Paróquia Jesus de Nazaré, na Rua Ivanildo Alves. Os jovens eram de um grupo da Igreja Católica intitulado Caminho Neocatecumenal.
A proposta dos jovens que participam do projeto é realizar intervenção itinerante em locais de grande circulação de pessoas. Antes da apresentação na Maré, a intervenção passará pelo Largo da Carioca, no centro, em 21 de agosto, e na Praça General Osório, em Ipanema, em 22 de agosto. O Solos Culturais é desenvolvido com jovens pelo Observatório de Favelas.
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Os presidentes das associações de moradores das 16 comunidades da Maré estão se organizando e atuando coletivamente em busca de mais qualidade de vida no bairro. Desde 5 de junho, os líderes comunitários fazem reuniões itinerantes, na sede de cada uma das associações, de modo a fortalecer as reivindicações perante o poder público.
Grafite nos nossos muros
Valdir Alves, integrante do grupo, fez questão de negar a polêmica sobre a suposta decisão da Igreja de proibir que peregrinos ficassem hospedados na Maré, por ser área de risco. “Nós estamos com o espírito de acolher e temos pessoas em nossas casas”, afirmou ele, na semana do evento. Após o encerramento, a Maré recebeu ainda cerca de 200 croatas, que fizeram uma evangelização no muro da Real.
Hélio Euclides
Silvia Noronha
Associações de moradores se unem para fortalecer as reivindicações por melhorias na Maré
O que acontece e o que não deixa de acontecer por aqui
Fabíola Loureiro
, S O D O T R O UM P TO D O S P O R U M !
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Rosilene Ricardo
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COMUNIDADES
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Posto do Parque União: falta médico e sobra goteira O Maré de Notícias recebeu uma reclamação sobre as instalações do Centro Municipal de Saúde Parque União. Ao visitar a unidade pela primeira vez, em março, nos deparamos com baldes embaixo de goteiras. Em julho voltamos ao local. Um funcionário, que preferiu não se identificar, disse que logo após a nossa primeira visita o telhado havia passado por uma solução emergencial, com limpeza, mas que não resolveu a questão ainda. “O nosso problema principal agora é a falta de médico clínico (apenas um trabalha no posto, que possui duas equipes, porém apenas uma completa). Com isso, há um acúmulo de atendimentos”, relatou.
Reunião de 6 de agosto, na associação do Timbau: Braz (Parque União), Janaína (Vila do Pinheiro), Andréa (Nova Holanda), Marquinho (Vila do João), Eunice (Conjunto Pinheiro), Luciano (Marcílio Dias), Charles (Baixa do Sapateiro), Osmar (Timbau) e Waldir (Conjunto Esperança)
O CMS Parque União é vital para os moradores por realizar vacinação, coleta de sangue, atendimento geral clínico, tratamento de hipertensão e diabetes. “Essa unidade era um sonho da comunidade há 20 anos. O
problema é que só temos uma equipe completa e assim os profissionais estão insatisfeitos. Outra coisa é o telhado, pois quando chove não tem atendimento, uma vez que alaga aqui dentro. A obra da Transcarioca está a todo vapor, enquanto aqui não há reforma. Esperamos que as autoridades nos olhem para chegar a uma solução”, criticou o presidente da Associação de Moradores do Parque União, Francisco Braz. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que há planejamento para a realização de melhorias nas instalações do CMS Parque União. Contudo, não existe previsão para o início das obras. Com o intuito de estender a cobertura do programa de saúde da família, a SMS prevê a inauguração de duas clínicas da família na região, em 2014. (Texto: Hélio Euclides).
Cadê o carteiro? Moradores de cinco das 16 comunidades da Maré ainda sofrem para receber uma carta. Correios dizem que situação será resolvida depois da oficialização das ruas
Hélio Euclides
Elisângela Leite
“Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou, com uma carta na mão...”. Essa música de 1946 (samba-canção de autoria de Aldo Cabral e Cícero Nunes) não retrata a realidade da Maré em pleno 2013. Ainda nos dias de hoje temos cinco comunidades sem entrega de correspondências em domicílios. As cartas são deixadas nas associações de moradores. No Salsa e Merengue/ Marrocos, Nova Maré, parte do Parque União, Parque Roquete Pinto e Marcílio Dias, os moradores não são contemplados pelo serviço da Empresa Brasileira de Correios e precisam buscar suas correspondências. São mais de 25 mil moradores nesta situação.
O motivo da ausência do carteiro causa dúvidas, pois algumas comunidades têm a entrega porta a porta só em parte das casas. É o caso do Parque União, onde a entrega é feita em 80% dos domicílios. A associação contratou uma pessoa para receber e organizar as outras cartas. “É um gasto para nós, mas já procuramos a unidade Operacional dos Correios, em Bonsucesso, e eles alegaram falta de CEP e de mapeamento”, conta o presidente da Associação de Moradores do Parque União, Francisco Braz.
Conselho de Moradores da Vila do Pinheiro, Janaina Monteiro. Um grande trabalho é a separação dos envelopes. “Os correios botam nas costas da associação essa responsabilidade, uma dor de cabeça para a instituição, pois tem morador que xinga porque a carta está atrasada”, conta a moradora do Salsa e Merengue, Maria Remilda, que é voluntária na organização das encomendas.
Na Vila do Pinheiro, essa situação se repete nas casas da localidade conhecida como Marrocos e na comunidade Salsa e Merengue. “Não entendo porque as casas não recebem as cartas, já que são ruas largas, registradas e todas possuem CEP”, argumenta a presidente da Associação do
Alexsandra Silva Freitas, de Roquete Pinto:“O carteiro traz correspondências todos os dias e fico na separação no meu horário todo. Às vezes quando ele chega ainda estou na separação do dia anterior”
Morador busca suas correspondências na Associação de Roquete Pinto
Onde está o problema e a solução? Um dos carteiros que deixa as cartas em associações disse que cumpre ordem dos Correios. Ele desconfia que o problema seja a falta de profissionais. A articuladora institucional da Redes da Maré, Shyrlei Rosendo, ressalta dois pontos impor tantes: primeiro, a falta de pessoal, pois não há concursos. O outro motivo é a necessidade de todas as ruas terem nomes e as casas terem números. “Alguns locais são novas extensões das comunidades, como ocupações, então é necessário organizar e reconhecer o espaço. Falta planejamento para as favelas”, grifa. Esse esforço de identificação das ruas vem acontecendo pela articulação das Associações de Moradores, projeto Maré que Queremos e Censo Maré. Após a escolha dos nomes,
“Entrega é papel do governo” A Nova Maré também sofre com a falta do serviço. “Já tentamos um contato com os Correios, que dizem não encontrar os endereços. Essa situação é um transtorno. Esperamos que mude, pois a entrega das cartas é papel do governo”, explica o presidente da Associação de Moradores da Nova Maré, Flávio Aguiar.
a Câmara de Vereadores precisa aprovar as novas identificações e aí, então, os Correios geram os CEPs. A Assessoria de Comunicação dos Correios do Rio de Janeiro informou que o Guia de Ruas da Maré, lançado no ano passado, será bastante útil para o trabalho de abairramento da região. Para a implantação do trabalho da distribuição domiciliária nos logradouros da Maré, além da oficialização das ruas pela prefeitura, será necessária a fixação de placas indicativas, numeração ordenada dos imóveis e caixa receptora de correspondência localizada na entrada de cada domicílio, de acordo com o estipulado na portaria 567/2011 do Ministério das Comunicações. Cumprida essa etapa, os Correios criarão os CEPs e organizarão a distribuição de correspondências nas áreas codificadas.
Na Roquete Pinto a reclamação é constante. “É horrível, tem que vir e procurar. Às vezes falta tempo para vir, então a carta volta”, conta a moradora da Roquete Pinto, Amanda Caroline Gomes. O morador Adriano Furtado concorda e questiona os Correios. “É ruim sair de casa, parar a minha obra. Não sei o motivo de não ter carteiro”, diz ele. Apesar da proximidade, Praia de Ramos dispõe de carteiro. A Associação Comunitária Roquete Pinto solicitou jovens aprendizes aos Correios, mas não conseguiu. Por um período, a associação manteve um carteiro que saía diariamente para deixar as cartas de porta em porta, mas não foi possível sustentar a despesa. Para piorar a situação, a associação fica no 2º andar, o que dificulta o acesso de idosos e cadeirantes. O horário comercial para pegar as cartas é uma pre-
ocupação para quem trabalha. “No momento estou desempregado, mas antes era muito difícil vir, aproveitava as folgas durante a semana”, conta o morador João Pereira da Silva. Já em Marcílio Dias e Kelson, quem fica a ver navios são os moradores dos becos e vielas. “Nós que temos de entregar para que não volte a encomenda, não temos ajuda de ninguém, é um trabalho de formiguinha”, relata a presidente da Associação de Moradores de Marcílio Dias, Jupira de Carvalho Santos. Seu vice, Luciano Aragão, faz o que pode para não deixar a associação fechada e as cartas presas. Uma dificuldade são as faturas dos cartões de crédito, pois só chega o aviso. O responsável precisa ir pessoalmente à unidade dos Correios de Bonsucesso ou da Penha, ou seja, dá despesa e requer ainda mais tempo. “O banco diz que envia, mas encontramos esse empecilho, pois precisamos ter tempo. Necessitamos de um carteiro”; conclui Mateus Carneiro, morador de Marcílio.
Camila Ramos, secretária da Associação da Vila do Pinheiro: “Separo por ordem para facilitar os moradores. Às vezes fico uma semana inteira só separando cartas. Tem morador que não sabe ler, então paro tudo para atendê-los”
Políticas Políticas públicas Públicas
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Maré de Notícias No 44 - agosto / 2013
Maré de Notícias No 44 - agosto / 2013
POLÍTICAS PÚBLICAS
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Afinal, o que é isso?
Olá, amigo leitor! Eu sou Marcelo Belfort, nascido na Favela da Praia do Pinto e criado na favela de Nova Holanda. Represento a terceira geração de favelados de minha família tanto no que diz respeito à parte de minha mãe, Maria Amélia, quanto no que diz respeito à parte do meu pai, Lourival. Por isso os múltiplos significados de “ser favelado” sempre me interessaram muito. Recentemente a Rede Globo apresentou uma novela chamada “Salve Jorge” que, fora o velho maniqueísmo que opõe os bons e os maus, trouxe como novidade de cenografia o ambiente do Complexo do Alemão, conjunto de favelas que ficou conhecido pela invasão cinematográfica das forças públicas do Estado, com ampla cobertura da mesma emissora a que nos referimos. Apesar de não tê-la assistido, não pude evitar as suas propagandas e os inúmeros comentários na TV e fora dela. Do que vi e ouvi, o que mais me chamou a atenção foi a representação da ideia de “ser favelado” que esta novela veiculou, um verdadeiro festival de arremedos e caricaturas que, a despeito dos preconceitos destilados, foi, na opinião de muitos, o ponto alto do humor da novela.
poderá ver r o it le o ig m a “O ajetória na tr a h in m a n , e qu encontrei umer , a d n la o H a v o N eia de “S id a ra a p o d a signific de Luta pelo o it je u S : ” o d Favela Cidadão!” direito de Ser
Mais recentemente ainda, mais uma vez, as forças públicas do Estado invadiram, desrespeitaram e mataram inúmeros moradores de Nova Holanda em uma atitude vil e desumana, mas plenamente justificada pelas autoridades do Estado que, para tanto, apresentaram outra idéia do que é “ser favelado”: O governador e o secretário de Segurança Pública valeram-se da mesma idéia veiculada no filme “Tropa de Elite”: “Há uma guerra na cidade que precisa ser vencida”. E adivinhem quem é o inimigo? Por estas duas representações, como podemos ver, apesar de já ser parte integrante da cidade há mais de um século, a favela tem sido vista como o “outro lugar” e os seus habitantes são vistos como “perigosos” filhos ilegítimos da urbe, portanto, sem quaisquer direitos, inclusive o direito à vida! São representações nas quais predominam imagens que estigmatizam a favela como lugar ameaçador e/ou exótico.
A Praia do Pinto, favela situada no Leblon, foi retirada da zona sul pelo governo estadual em 1969, por intermédio de um incêndio criminoso, e minha família foi removida para Nova Holanda, onde cresci, me casei e criei minha filha. Só me mudei na década de 2000 para morar perto das novas escolas em que passei a lecionar, em Brás de Pina.
ar dos pesares, “ser es ap a, nç ia cr de a oc ép ha “Para a min de experimentar uma pu ue rq po m bo to ui m go al i favelado” fo ais tarde, constituíram-se em m e, qu e ad id tiv ia cr a um e liberdade ha vida” valores fundamentais na min não costumava trazer amigos e namoradas em minha casa.
“Ser Favelado” me parecia algo muito ruim! Foi a postura crítica de minha mãe que, me obrigando a refletir sobre a minha atitude e a questionar as causas da pobreza e precariedade do meu lugar, bem como os porquês da atitude hostil alheia, que me fez redimensionar minha posição, permitindo que eu entrasse na juventude mais esclarecido sobre a realidade da favela e disposto a lutar pelo seu lugar de direito na cidade: Um lugar de cidadania! A partir daí tornei-me militante do movimento popular em Nova Holanda e lutamos por saneamento básico, saúde, educação e, sobretudo, respeito. O amigo leitor pode ver que, na minha trajetória na Nova Holanda, encontrei um significado para a ideia de “Ser Favelado”: Sujeito de Luta pelo direito de Ser Cidadão!
Mas, e para nós, o que é ser favelado afinal?
E o amigo, o que pensa sobre “ser favelado”?
Tive uma infância pobre na Nova Holanda, o que dificultou bastante o atendimento das necessidades mais elementares como, por exemplo, a alimentação. Mas tenho ótimas lembranças das pessoas com as quais convivi e das brincadeiras como jogar bola de gude (Triângulo, búlica, paredinha etc.), soltar pipa, jogar futebol (sobretudo no terreno baldio em frente às “Pernambucanas”, na Rua Bittencourt Sampaio), rodar pneu, pescar rã etc. Posso dizer, portanto, que para a minha época de criança, apesar dos pesares, “ser favelado” foi algo muito bom porque pude experimentar uma liberdade e uma criatividade que, mais tarde, constituíram-se em valores fundamentais a minha vida.
Mesmo que não pareça, o que você pensa sobre isso é muito importante, pois, até bem pouco tempo, o nosso pensamento a respeito de nós mesmos vinha sendo mantido no esquecimento, oculto de nós mesmos, e substituído pelo pensamento preconceituoso que o restante da cidade construiu sobre nós.
Já na adolescência, o preconceito e mesmo a humilhação a que eram submetidas as pessoas que moravam na favela me fizeram sentir vergonha e até mentir sobre a minha origem... Eu dizia na escola que morava em “Bonsucesso” e
Foi por isso que um grupo de moradores e ex-moradores construíram o Núcleo de Memória e Identidade da Maré (Numim), um
“Nosso pensamento a respeito de nós mesmos vinha sendo mantido no esquecimento, oculto de nós mesmos, e substituído pelo pensamento preconceituoso que o restante da cidade construiu sobre nós”
projeto criado na Redes da Maré que busca, fundamentalmente, repensar a Favela e o Ser Favelado a partir de nosso próprio protagonismo. Com esta intenção, já produzimos o Livro “Memória e Identidade dos Moradores de Nova Holanda” e, brevemente, lançaremos um segundo livro sobre o Morro do Timbau e o Parque Maré.
Mas ainda há muito para ser feito! Há pelo menos um século de silêncio que precisa ser resgatado... Por isso contamos com a sua voz! Participe conosco deste Resgate das Memórias e das Identidades dos Moradores das Favelas do Rio de Janeiro. Envie-nos arquivos antigos (fotos, cartas, cartazes, documentos, etc.), conceda-nos depoimentos sobre sua história pessoal e a história do seu lugar, converse com seus vizinhos e amigos sobre a importância deste projeto e visitem o Núcleo de Memória e Identidade dos Moradores da Maré – Numim, na Redes (Rua Sargento Silva Nunes, 1.012, Nova Holanda). A partir desta edição, o Numim publicará, periodicamente, esta coluna compartilhando com todos os avanços desta nossa empreitada. Então, até a próxima!
O novo livro está terminado e aguarda a conclusão dos serviços gráficos para ser lançado. Acompanhe pelo facebook (/ redesdamare) e twitter (@redesdamare). Já a publicação sobre a Nova Holanda está no site da Redes da Maré redesdamare. org.br, na aba prateleira / publicações. O segundo da série também ficará disponível para download.
Esperança na urbanização Hélio Euclides
Elisângela Leite
Com dois anos de mandato, a diretoria da Associação de Moradores do Conjunto Esperança vem modificando o espaço urbano. As obras de construção de quadra, reformulação de salão de festa, criação de parquinho, preservação da arborização, nova iluminação e pintura de blocos e muros são alguns pontos de mudança. A limpeza do canal e das ruas só foi possível através dos garis comunitários que trabalham todos os dias da semana. Para debater as demandas, a comunicação é primordial na transformação. Por isso, os diretores da associação costumam fazer reuniões trimestrais com síndicos e moradores. Uma das novidades é a conservação da Rua José Moreira Pequeno, que ganhou grafites nos muros, latões de lixo e placas sobre como manter o espaço limpo. “Aqui estava abandonado. A região administrativa iniciou as melhorias, logo em seguida veio a associação e completou os avanços”, conta o comerciante Oberdan Teixeira.
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A A F VEL DO ARTIGO
Maré de Notícias No 44 - agosto / 2013
Maré de Notícias No 44 - agosto / 2013
ARTIGO
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Estudantes de três escolas municipais da Maré aprendem a mediar e a resolver conflitos Hélio Euclides
Elisângela Leite
Já imaginou um local coletivo, onde todos juntos se unem para lidar com os conflitos? Esse é o objetivo do projeto Mediando pela Paz, da ONG Parceiros Brasil, cuja finalidade é desenvolver habilidades de resolução de conflitos. O projeto está sendo aplicado nos colégios onde existe o programa“Escolas do Amanhã”, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. Na Maré, acontece em três escolas municipais: Teotônio Vilela, no Conjunto Esperança; Quarto Centenário e Operário Vicente Mariano, no Timbau. Os alunos aprendem a fazer a mediação entre seus colegas, utilizando técnicas para ajudá-los a encontrar uma solução para conflitos escolares. Ao contrário do que geralmente ocorre nas situações de conflitos, que muitas vezes são resolvidas com corretivos ou julgamentos
alheios, na mediação a solução vem do diálogo. Para isso, um conteúdo introdutório sobre os conceitos de mediação de conflitos é aplicado para todas as turmas a partir do 5º ano. Nas turmas de 8º ano, além desse conteúdo básico, há uma seleção para escolher alguns estudantes para participar de um curso. “O sucesso do projeto é que usamos as nossas palavras, com pessoas da mesma idade. Isso evita erro na comunicação. São técnicas firmes”, ressalta Mike Alves, de 14 anos, da Escola Teotônio Vilela e um dos sete alunos da primeira turma de mediadores, formada no ano passado. “Aprendemos com a mediação a entender o próximo. A capacitação é legal, com brincadeiras que nos animam”, conta Samuel Lucas, de 14 anos, que também faz parte do grupo. No curso eles aprendem a ouvir as partes, para que os alunos se sintam compreendidos em seus problemas. Aprendem ainda a fazer questionamentos que busquem os sentimentos envolvidos no conflito e possíveis causas ocultas. Dessa forma, todos podem se entender melhor. A partir daí, fica mais
fácil encontrar soluções que sejam boas para ambas as partes envolvidas. O curso tem mudado a vida dos participantes. “Servimos de exemplo; por isso não podemos ter notas baixas, mas não somos melhores que ninguém, somos alunos da mesma escola. Já em casa, com a minha irmã, havia conflito. Hoje melhorou, pois espero ela acalmar para conversar. Isso eu aprendi no curso”, conta Samuel.
A facilitadora Juliana Gomes avalia que o trabalho tem uma boa aceitação e um resultado satisfatório.“Qualquer pessoa da comunidade escolar pode solicitar uma mediação, que só acontecerá se as partes concordarem”, esclarece. Uma das características mais importante do projeto é a apresentação de uma nova forma de lidar com os conflitos. “Mostramos que a briga não resolve nada. Acreditamos que o aluno é igual em qualquer colégio e que todo ser humano precisa ser educado para lidar com os seus conflitos. Esse trabalho aqui na Maré é significativo. O objetivo é que no futuro seja transformado em política pública”, revela a facilitadora Ana Carolina Duarte de Souza.
“
Atuamos no início do conflito, quando vemos que há xingam ento, fofoca e bullyin g. Mostramos que há ou tr a fo rm a de re so lv er o problema, que não é falando alto e sim co m o batepapo. Não tomamos partido, somos neut roso Vane ssa Dantas, de 15 anos
”
O sucesso do projeto é que “usamos as nossas palavras,
com pessoas da mesma idade. Isso evita erro na comunicação Mike Alves, de 14 anos
Alunos protagonistas de suas histórias A professora Viviane Couto conta que todos tentam usar as técnicas aprendidas no dia a dia e isso aproxima professores e alunos. “O interessante é que os alunos passam a ser os protagonistas de suas histórias, dialogando para resolver os conflitos entre eles. Assim, criamos a consciência de que todos somos responsáveis pelo bom andamento da unidade escolar”, realça. A aluna Vanessa de Farias concorda. “Visitamos as salas e os professores nos ajudam e apoiam. A mediação é uma forma de melhorar o ambiente”, enfatiza.
Bullying ?!
É o termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos, causando dor e angústia, sendo executados dentro de uma relação desigual de poder. (Fonte: Wikipedia)
Professora Viviane (à esqu.) com os alunos envolvidos no projeto, na Escola Teotônio Vilela, no Conjunto Esperança
Na ordem: Wesley Lucas - Juliana Gomes - Vanessa de Farias - Ana Carolina - Gabriel Medeiros - Maike Alves - Samuel Lucas - Vanessa Dantas - Raquel Mendes
”
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Mediar é resolver
O grupo só não media casos graves, como agressão física. “Atuamos no início do conflito, quando vemos que há xingamento, fofoca e bullying. Mostramos que há outra forma de resolver o problema, que não é falando alto e sim com o bate-papo. Não tomamos partido, somos neutros”, explica Vanessa Dantas, de 15 anos. Para Raquel Mendes, de 14 anos, o importante é entender as causas dos conflitos. “Usamos perguntas abertas, as respostas nunca são sim ou não. As pessoas podem explorar nas respostas suas vontades, sentimentos e decisões”, explica.
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EDUCAÇÃO
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No dia 1° de setembro acontecerá a 2° edição da Feira de Saúde “Maré Saudável”, seguida da Parada do Orgulho LGBT, que tem como objetivo mobilizar, articular e disseminar o conhecimento sobre as questões de prevenção das DST/ HIV/ AIDS e também sobre o preconceito e homofobia com a população LGBT moradora das favelas.
Sábado (31/08)
A feira contará com diversos serviços de ação social, entre eles a orientação para retirada de documentos, regularização do processo de inserção em escolas para a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros), encaminhamentos de denúncias de violência por orientação sexual e homofobia, entre outros.
Às 10h: Abertura da 2ª Feira de Saúde “Maré Saudável”
Gilmar Cunha, diretor geral do Conexão G, grupo organizador do evento, diz que a realização do evento na favela estimula a cultura de respeito, afirmação dos direitos e da promoção de saúde nos espaços populares.
Às 19h: Mesa de abertura com representantes de diversos movimentos sociais. No Centro de Artes da Maré (CAM), na Rua Bittencourt Sampaio, 179. Nova Holanda.
Domingo (01/09)
CULTURA
veri-vg
PROGRAME-SE !
ENTRADA GRATUITA!
Oficinas com inscrições abertas Dança de salão
Desenho Básico A partir de 10 anos 2as, de 10 às 12h Prof.: Jandir Leite
A partir de 16 anos Sáb., 18 às 20h Prof.: Roberto Queiróz
Gastronomia e Gênero
Oficina de MC’s
A partir de 16 anos 3as, de 14 às 16h 4as, de 9h às 12h ou de 13 às 16h Prof.: Marianna Aleixo
CINECLUBE
OFICINAS As oficinas retornam em 12 de agosto. Novos horários:
Dança de salão
Sexta, 18h30 às 20h30 Com Roberto Queiroz
A partir de 12 anos 2as e 4as, de 15 às 17h Prof.: Succo Emici
Dança criativa
Quarta: 17h30 às 18h30 Com Jeane Lima
Todas as sextas-feiras, às 16h30, sempre filme infantil
Dança contemporânea
Das 10h30 às 16h: apresentações culturais e serviços sociais oferecidos pela feira, no Campo da Paty.
Quarta, 18h30 às 19h30 Com Jeane Lima
Corpo e Expressão
Às 17h: 2º Parada LGBT começando na Rua Teixeira Ribeiro, passando por ruas da Nova Holanda e terminando na Praça do Parque União.
Sexta, 17h30 às 18h30 Com Talitta Chagas
Mais informações: Tel: 7782-6728 grupoconexaog@gmail.com
cultura
R. Ivanildo Alves, s/n - Nova Maré Tels.: 3105-6815 / 7871-7692 lonadamare@gmail.com FACE: Lona da Maré Twitter: @lonadamare
Dança de Rua
Segundas, 17h30 às 18h30 iniciante 18h30 às 19h30 avançado
Consciência Corporal Terças, 17h30 às 19h30 Com Lylien Vass
Percussão
Terças, 19h30 às 21h30 Com Marcelo Sant’Anna
aulas recomeçam em 20 de agosto
R. Bitencourt Sampaio, 181 Nova Holanda. Programação no local ou pelo tel. 3105-7265 De 2 a a 6a, de 14h às 21h30
INSCRIÇÕES ABERTAS NA VILA OLÍMPICA
RECEITA - Enviada por Fabíola Loureiro
A Vila Olímpica da Maré (VOM) está com inscrições abertas para 35 atividades nas áreas de esporte, cultura, educação e também para as aulas destinadas a pessoas com deficiência. As inscrições podem ser feitas de segunda a sexta-feira das 8h às 16h, e sábados e domingos das 8h às 12h. Os interessados devem se dirigir ao Setor de Inscrição, com os seguintes documentos: Identidade (original e cópia), CPF (original e cópia), comprovante de residência (original e cópia), declaração escolar para estudantes da escola municipal e atestado médico para as seguintes atividades: natação, hidroginástica, alongamento e ginástica, com validade de seis meses. Telefone de contato: 3977-5788 (ramal 1). Veja abaixo as atividades:
1 lata de leite condensado 8 colheres de sopa de chocolate em pó 1/2 colher de sopa de margarina 1 pacote de biscoito maisena
Esporte Atletismo - Badminton Basquete - Futsal Caminhada Esportiva Futebol - Handebol Ginástica/alongamento Ginástica Artística Hidroginástica Iniciação Esportiva Judô - Karatê - Tênis Natação - Rugby - Vôlei
Cultura / Educação Artesanato Ballet - Canto/Coral Capoeira - Flauta Dança Folclórica Hip-Hop Jazz - Mist Dance Percussão Piano - Violão
Programa de Pessoas com Deficiência (PCD) Atletismo Hidroginástica Hidroterapia Judô Natação Terapia Corporal
Divulgação
Fabíola Loureiro
Lona cultural
Herbert Vianna
Veja a programação completa em www.redesdamare.org.br
Palha Italiana Ingredientes:
Modo de preparar:
1- Pique o biscoito em pedaços pequenos e reserve; 2- Faça um brigadeiro com o leite condensado, a margarina e o chocolate em pó; 3- Assim que o brigadeiro começar a soltar do fundo da panela, misture o biscoito picado até formar uma massa; 4- Retire do fogo e coloque a massa numa fôrma; 5- Deixe esfriar, corte em quadradinhos e passe no açúcar refinado (nesta foto, faltava ainda colocar o açúcar); 6- Sirva à vontade.
Fabíola Lourreiro
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Feira de Saúde e Parada LGBT
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Elisângela Leite
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DIREITOS HUMANOS
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l os os meses! Garanta o seu jornatod pra Maré participar do Maré
Artes dos pequenos leitores
Busque um exemplar na Associação de
Moradores da sua comunidade!
VEM FAZER O MARÉ COM A GENTE ! Envie seu desenho, foto, poesia, piada, receita ou sugestão de matéria.
Rua Sargento Silva Nunes, 1.012 – Nova Holanda Tel.: 3104-3276 – E-mail: comunicacao@redesdamare.org.br
O Diogo, de 10 anos, aluno da Escola Municipal Tenente General Napion, do Parque Roquete Pinto, nos enviou mais um super desenho, feito por ele no último dia 14 de junho. Lindo! Parabéns! A figura retrata o líder dos ThunderCats, Lion-O. E o outro, a Espada de Thundera.
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ESPAÇO ABERTO
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Diogo dos Santos e Hélio Euclides
Quem quer refri?
Um psiquiatra faz um teste com dois pacientes, para saber se poderia liberá-los para casa. Um seria um vendedor de refrigerante e outro, o comprador. - Refrigerante 1 real - Tem em metro? - Só o quilo!
Porta “transparente”? Curtam também este desenho do Alessandro da Silva, aluno do Ciep Elis Regina, na Nova Holanda. Cheio de estilo! Parabéns!
Ai, que pregui...
Ação social na Vila do João No sábado, 29 de junho, várias atividades aconteceram na Vila do João, como tratamento de cabelo, penteados afros, aferição de pressão e verificação de glicose, com apoio do Núcleo de Socorristas da Maré (Nusomar). O evento, intitulado Cruzada Só Com Paz Jesus, foi organizado pelo Conselho de Ministros Evangélicos do Complexo da Maré (Comebol), e contou com 15 denominações religiosas. Foi o terceiro evento desse tipo na Maré, que foi encerrado com uma marcha vindo do Parque União.
“Algum lugar” Portanto, nem sei Onde estava meu ser. Esquecido algumas coisas, Lembrado outras, Tentando esquecer tantas.
Na prova de vestibular, veio a pergunta se a porta era opaca ou transparente. Uma das respostas: Quando está fechada é opaca e quando está aberta é transparente. kkkkkkk
Hélio Euclides
Um baiano, deitado na rede, pergunta pro amigo: - Meu rei... tem aí remédio pra picada de cobra? - Tem não, meu lindo. Por que, você foi picado? - Não, mas tem uma cobra vindo na minha direção...
Briga de vizinhas O garoto apanhou da vizinha e a mãe, furiosa, foi tomar satisfação: - Por que a senhora bateu no meu filho? - Ele foi mal-educado e me chamou de gorda! - E a senhora acha que vai emagrecer batendo nele?
Poesia enviada por Alex Bomfim Fernandes
Caminhava sem destino E mesmo com uma vontade Louca de voltar à realidade, Permanecia iludido com as Influências do amor.
E era tudo muito complexo E desigual. Não falávamos com os lábios, Conversávamos pelo pensamento. Eu, ali perdido; Pedindo sua orientação e Inseguro de tudo que Nos cercava.
Estávamos assim, Perdidos e desfigurados, Caminhando ao encontro Do nosso ser...