Setembro de 2012 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita
Este $ é seu!
A importância do orçamento público. Pág. 6
Maré’n’Roll
O Rock ganha espaço na Maré Pág. 14
Anote aí Lançamento do livro “Testemunhos da
VAMOS ÀS URNAS!
ESPECIAL
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Paulo Barros
Candidatos à prefeitura entrevistados sobre a Maré Em entrevistas exclusivas, os oito candidatos a prefeito do Rio de Janeiro opinam sobre questões relativas ao conjunto de favelas da Maré e citam projetos a serem implementados nas comunidades, caso sejam eleitos. O jornal elabo-
rou três perguntas e as respostas estão publicadas na íntegra para que o leitor possa conhecer melhor cada um dos candidatos. As eleições acontecem no domingo, 7 de outubro. Pág. 8 a 12
Maré”, de Eliana Silva; do “Guia de Ruas da Maré”; e abertura da exposição de Artes Plásticas com fotos antigas da Maré, de Chico Moreira. pág. 13
Genilson Araújo
Jerfferson Vasconcelos / Imagens do Povo
Ano III, No
O diretor do Observatório de Favelas e professor da UFF, Jorge Barbosa, fala sobre o jargão de que ‘brasileiro não sabe votar’ e sobre relações clientelistas na política brasileira. Isto acontece porque nem todo eleitor no Brasil está consciente de seus direitos. Pág. 8 a 12
Fique por dentro Tem saúde, esporte, educação e infraestrutura. Confira! pág. 3
PROGRAME-SE Centro de Artes da Maré Lona Cultural Herbert Vianna
Pág. 13
Outra ação policial com mortes
No dia em que se realizaria a Conferência Livre de Direitos Humanos da Maré, a polícia desencadeia uma operação, deixando dois jovens mortos. O acontecimento, que indignou os moradores, reforça a luta por direitos humanos na comunidade. Pág. 8 a 12
Elisângela Leite
HUMOR -
EDITORIAL
ACESSIBILIDADE
André de Lucena
Respiramos política A entrevista exclusiva com todos os candidatos a prefeito do Rio de Janeiro (a partir da pág. 8) tem por objetivo principal apresentar cada um deles de maneira equilibrada. Um veículo de comunicação não pode privilegiar nenhum candidato – até mesmo por questão legal, para cumprir a legislação eleitoral. Fizemos questão de conseguir a participação dos oito candidatos para que, no Maré de Notícias, eles concorram em pé de igualdade. Como complemento, publicamos ainda uma entrevista (na pág. 7) com avaliações bastante pertinentes sobre saber votar, sobre gostar de política, sobre clientelismo e temas afins. Na pág. 6, um artigo do Fórum Popular do Orçamento discorre ainda sobre a necessidade de transparência nos gastos públicos. Gostaríamos de agradecer à leitora Sara Alves, que nos impulsionou a preparar esta edição especial, após enviar uma carta para a Redação. Desejamos a todos uma boa leitura. Afinal, as decisões políticas impactam o nosso dia a dia, quer gostemos de política ou não. Bons votos!
Expediente Instituição Proponente
Redes de Desenvolvimento da Maré
Diretoria
Andréia Martins Eblin Joseph Farage (Licenciada) Eliana Sousa Silva Edson Diniz Nóbrega Júnior Fernanda Gomes da Silva Helena Edir Patrícia Sales Vianna Shyrlei Rosendo
Coordenação de Comunicação Mirella Domenich
Instituição Parceira
Observatório de Favelas
Apoio
Ação Comunitária do Brasil Administração do Piscinão de Ramos Associação Comunitária Roquete Pinto
car ta veri-vg
Maré de Notícias No 33 - Setembro / 2012
EDITORIAL
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PARADA LGBT
O Grupo Conexão G, em 02/09, realizou sua primeira Parada do Orgulho LGBT da Maré (Ed. 32, pág. 3), que teve como seu eixo central a proposta de dialogar com a comunidade acerca da violência contra a população de lésbica, gay, bissexuais e travestis. E essa proposta foi de fato efetivada. Entendemos que as ações realizadas nesse dia deram conta da proposta inicial da Parada, pois estiveram presentes de 8 mil a 10 mil pessoas no evento. Fizemos uma grande manifestação política e de mobilização da população do complexo de favelas da Maré. Gostaríamos de agradecer a todos os parceiros que nos ajudaram a realizar esse sonho, a todos do Complexo de Favelas da Maré e a todos os voluntários que se disponibilizaram a ajudar. E ano que vem estaremos aí realizando de novo! Gilmar Cunha, do Conexão G
Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas Associação dos Moradores e Amigos do Conjunto Esperança Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias
Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda Biblioteca Comunitária Nélida Piñon Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa
Repórteres e redatores
Hélio Euclides (Mtb – 29919/RJ) Rosilene Miliotti Fabíola Loureiro (Estagiária)
Fotógrafa
Diagramação Logotipo
Os artigos assinados não representam a opinião do jornal.
Elisângela Leite
Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros
Conjunto Habitacional Nova Maré
Projeto gráfico
Associação de Moradores do Morro do Timbau
Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros
Associação de Moradores do Parque Ecológico
Luta pela Paz
Associação de Moradores do Parque Habitacional da Praia de Ramos Associação de Moradores do Parque Maré
União Esportiva Vila Olímpica da Maré
Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz Associação de Moradores do Parque União Associação de Moradores da Vila do João
Editora executiva e jornalista responsável Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)
Redes de Desenvolvimento da Maré Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Nova Holanda / Maré CEP: 21044-242 (21) 3104.3276 (21)3105.5531 www.redesdamare.org.br comunicacao@redesdamare.org.br
Conexão G
União de Defesa e Melhoramentos do Parque Proletário da Baixa do Sapateiro
Tiragem
40.000 exemplares
Pablo Ramos Daniel Biléu
Monica Soffiatti
Colaboradores
Anabela Paiva André de Lucena Aydano André Mota Flávia Oliveira Francisco Valdean Observatório de Favelas Victor Domingues Victor Vianna
Impressão
Gráfica Jornal do Commércio
Parceiros
PCP de volta em setembro Atuar efetivamente no sentido de melhorar a educação pública de ensino fundamental da Maré, impactando – em médio e longo prazo – nos indicadores de desenvolvimento humano da comunidade. Este é, em linhas gerais, o objetivo principal do Programa Criança Petrobras (PCP Maré), que vem sendo desenvolvido há dez anos pela Redes de Desenvolvimento da Maré nas 16 favelas do bairro. No biênio 2012/2013, o programa atuará em sete escolas de ensino fundamental e uma creche comunitária, além de atividades na sede da Redes da Maré.
A saúde no fundo do poço Hélio Euclides Na manhã de 23 de agosto, servidores do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) realizaram um ato por aumento salarial, melhores condições de trabalho e contra a privatização da saúde pública. Os funcionários reclamam que o governo federal deseja entregar a administração do hospital para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, estatal criada em 2011. Essa transferência de gestão é entendida como privatização e, por isso, tem recebido críticas de diversos setores. “Queremos um serviço público de qualidade, somos contra privatização da saúde. Esse é um hospital do povo e de referência”, afirma o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde e Previdência Social no Estado do Rio de Janeiro (Sindsprev/RJ), Nereu Lopes, que é morador da Maré. Os funcionários estão em greve, mas prometem respeito aos pacientes, fazendo uma triagem para os atendimentos emergenciais.
sxc.hu
O PCP Maré parte do pressuposto de que as ações só terão sucesso com a participação dos diferentes atores que compõem a vida escolar: alunos, pais, responsáveis, professores, direções e apoios administrativos.
A ponte que cai Hélio Euclides
Elisângela Leite
Depois de cinco meses da reclamação no Maré de Notícias (edição nº 28, de abril de 2012) sobre a necessidade de reforma da ponte que liga as comunidades Salsa e Merengue e Vila do João, pouco foi feito. Apenas um compensado foi instalado no local, que, evidentemente, não vem resistindo bem à chuva, sol e ao grande movimento de pedestres. Essa passagem é a única ainda de madeira na localidade. As outras cinco já foram reformadas. “Precisa fazer o piso de cimento, pois além de pessoas que a utilizam, ainda têm bicicletas e motos. Só faltam carros”, ironiza a moradora do Salsa e Merengue, que se identificou como Luzinete. A moradora da Vila do João, Sílvia dos Santos Carneiro, compartilha do mesmo pensamento. “Se não fizerem a base de cimento, depois de pouco tempo vai ficar do mesmo jeito”, observa. “As pontes que atravessam os valões nos ajudam muito. Antes era muito ruim sem elas”, explica a moradora da Vila do João, conhecida por Nina. A Associação de Moradores da Vila do João informa que as pontes foram reivindicadas junto à prefeitura, que nunca atendeu os pedidos. A instituição, então, se uniu à iniciativa privada. Espera-se a colocação de piso de concreto até o final de setembro.
As escolas atendidas a partir deste mês de setembro são Ciep Elis Regina, Ciep Samora Machel, Ciep Gustavo Capanema, Ciep Helio Smidt, Ciep Leonel Brizola, Escola Municipal Tenente General Napion, e Escola Municipal Bahia.
Rugby na Vila Olímpica Rosilene Miliotti Jerfferson Vasconcelos/ Imagens do Povo O rugby é a nova modalidade oferecida pela Vila Olímpica da Maré (VOM). Esse é resultado de uma parceria entre a VOM e o Clube Guanabara Rugby, a partir de iniciativa da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. A parceria tem como objetivos aproveitar o crescimento deste esporte no país e promover a sua volta como modalidade olímpica, a partir dos jogos de 2016, no Rio. A ideia é massificá-lo dentro da comunidade, incentivando a formação de uma equipe de competição da Maré. As aulas acontecem às terças e quintasfeiras, às 8h e às 14h30. A expectativa é de que 40 crianças e adolescentes, de 9 a 17 anos, pratiquem o esporte na Maré.
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Luciana Bento
NOTAS
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O que acontece e o que não deixa de acontecer por aqui
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DIREITOS HUMANOS
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...até quando?
Operação violenta da PM, em setembro, reforça a importância de a Maré elaborar seu próprio Plano de Direitos Humanos Luciana Bento e Rosilene Miliotti
Elisângela Leite
A coincidência não poderia ser mais triste: no dia em que seria realizada a Conferência Livre de Direitos Humanos da Maré, no sábado, 1º de setembro, a Polícia Militar fez uma operação na favela e matou dois jovens. Com isso, a Conferência foi substituída por uma reunião, no Centro de Artes da Maré (CAM), na Nova Holanda, que discutiu estratégias de mobilização e denúncia de mais um caso de violência policial. O camburão blindado da Polícia Militar, apelidado de “caveirão”, chegou cedo à Maré. Por volta das 8h30 já havia troca de tiros na Nova Holanda. Segundo relatos de moradores, a ação policial desconsiderou a presença de pessoas inocentes nas ruas e uma saraivada de balas foi disparada a esmo, atingindo os dois jovens. Um deles, Fabrício de Souza Melo, de 18 anos, estava indo para o trabalho quando foi atingido por uma bala e colocado em um camburão da Polícia Militar ainda com vida. Ele estava com todos os seus documentos no bolso, segundo relatou sua mãe, Elza de Souza. Mas Fabrício foi registrado, já morto, como indigente no Hospital Federal de Bonsucesso. A mãe, ainda chocada com o fato, foi acolhida no CAM e levada à
delegacia, junto com dezenas de pessoas, para registrar queixa. “Com este acontecimento, a construção de um Plano de Direitos Humanos da Maré ganha ainda mais importância”, ressalta a diretora da Redes de Desenvolvimento da Maré, Eliana Sousa Silva. “Temos que pensar a segurança pública a partir das necessidades dos moradores da favela, que tem que ser respeitados e protegidos como um morador de qualquer outra região da cidade”. Roubo na casa de D. Deuzenir Para completar, uma moradora teve sua casa invadida por policiais enquanto ela trabalhava
“Temos que pensar a segurança pública a partir das necessidades dos moradores da favela, que tem que ser respeitados e protegidos como um morador de qualquer outra região da, cidade.” Eliana Sousa Silva, da Redes
em sua barraca na feira da Maré. A porta estava trancada e foi aberta com uma chave mestra. O cômodo que fica no segundo andar foi revirado e de lá roubados R$ 1.460 da moradora, que estava economizando para realizar uma cirurgia de catarata. Todos os fatos ocorridos foram registrados na Delegacia de Bonsucesso e seus desdobramentos serão acompanhados por um advogado contratado pelas entidades organizadoras da Conferência de Direitos Humanos: Instituto de Estudos da Religião (ISER), Luta Pela Paz, Redes e Observatório de Favelas. “Não podemos apenas nos indignar, é preciso reagir a estes absurdos e mostrar que a população não aceita este tipo de comportamento da Polícia, que deveria proteger os moradores”, assinala Eliana.
Nosso Plano de Direitos Humanos A Conferência de Direitos Humanos seria o momento de revisar e finalizar o texto elaborado por moradores da comunidade durante oficinas de direitos humanos, realizadas desde maio deste ano. A ideia de construir um documento local surgiu após o processo de revisão do Plano de Direitos Humanos Estadual de 2010, realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com a participação da pesquisadora do Iser, Noelle Resende. Uma das idealizadoras do projeto na Maré, Noelle defende a produção de planos de ação para contextos específicos, mas que dialoguem com uma visão geral da questão no estado do Rio.
O plano será entregue a representantes do governo.Cerca de 200 pessoas estiveram envolvidas na construção do documento, entre elas moradores que participaram das oficinas. “Mais do que fazer um Plano de Direitos Humanos, trata-se de promover as condições para que as favelas escrevam o seu próprio plano. A possibilidade de participar da construção de suas próprias políticas públicas é um direito que deveria ser dado a todos os cidadãos, mas sabemos que não é assim que acontece”, explica Alice de Marchi, coordenadora e oficineira do projeto. Alice esclarece que o Plano da Maré será um importante instrumento de luta. “Se a
“Os organizadores e participantes da Conferência Livre de Direitos Humanos da Maré, em solidariedade e apoio ao trágico evento vêm manifestar sua indignação, contribuir com a coleta de dados das testemunhas e exigir esclarecimento dos fatos por parte do poder público. É emblemático constatar que uma Conferência voltada para a criação de um Plano de Direitos Humanos tenha se transformado numa articulação de resistência.”
Trecho da Nota Informativa da “Conferência Livre Plano de Direitos Humanos da Maré”, após a operação policial que deixou dois mortos
comunidade efetivamente se apropriar desse documento, ele pode servir não só para indicar o que precisa ser melhorado e servir de proposta de ação, como também ser uma forma de mostrar a capacidade de organização da população local”, ressalta. Ela cita exemplos como o do Complexo do Alemão, onde a comunidade escreveu um Plano de Ação antes da entrada das Forças Armadas no final de 2010, e a Vila Autódromo, que apresentou à Prefeitura um Plano de Urbanização, fortalecendo a luta dos moradores para impedir que a favela seja removida em função da Copa e das Olimpíadas, como deseja a prefeitura.
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Direitos Humanos
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Arquivo pessoal
ARTIGO
E a ética no orçamento público?
Já há muito associam política, orçamento à corrupção, roubo. Mensalão, escândalo Cachoeira-Delta, privatizações etc., uma sucessão de escândalos sem fim. Em todos os casos foi apresentado o crime como um problema de natureza individual, isto é, o Brasil seria maravilhoso se os nossos governantes fossem éticos. Há ainda um pensamento mais ousado (e perigoso) de que o ideal seria acabar com os políticos, pois estes nasceram apenas para roubar o nosso dinheiro. Sem querer aliviar nenhum corrupto ou corruptor – cadeia neles! – o problema vai muito além de um desvio de caráter. É preciso compreender que as maiores imoralidades da nossa sociedade são a desigualdade
Artigo escrito a quatro mãos por Luiz Mario Behnken, economista, e Talita Araújo, estudante de economia (UFRJ), do Fórum Popular do Orçamento. social e a concentração de renda e estas, juntamente com a corrupção e o suborno, são favorecidas pelas instituições e o sistema econômico que nos governam. Ora, não existe corrupção maior do que a política que transfere para os banqueiros a maior parte da riqueza produzida por toda a nação! Então, o quê fazer? Conhecer, participar e lutar sempre! O Orçamento Público é o melhor instrumento para termos uma cidadania ativa. Na verdade, é na disputa orçamentária que se define como o nosso dinheiro é distribuído. O orçamento cheio de códigos e números parece muito complexo e difícil. E é assim justamente para impedir a participação popular! Desta forma, as negociações obscuras acontecem para que
“É preciso exigir que os governos façam seus negócios à luz do dia, explicando tintim por tintim – o porquê, como e para quê será feito qualquer gasto público.”
os governantes decidam, por exemplo, gastar em propaganda ao invés da creche ou reduzir os impostos daquele famoso empresário que contribuiu em sua campanha. Portanto, é nas decisões orçamentárias que o povo pode e deve saber quem paga e quem recebe o dinheiro público. É preciso exigir que os governos façam seus negócios à luz do dia, explicando tintim por tintim – o porquê, como e para quê será feito qualquer gasto público. Assim, teremos menos corrupção e escândalos. Transformar o orçamento num verdadeiro instrumento do povo é o desafio. Preparamos a cartilha “De Olho no Orçamento” (http://www. corecon-rj.org.br/fporj/publicacoes/Cartilhas/ olho_orcamento.pdf, baixe gratuitamente) para que todos possam participar dessa luta. Mobilize-se para abalar os alicerces dos poderosos que fazem do orçamento um meio dos ricos ficarem mais ricos e os pobres mais pobres. Sem ética não há mudança e sem mudança não há ética!
Victor Domingues
“As pessoas querem direitos, não querem favores” Em entrevista ao Maré de Notícias, Jorge Barbosa, geógrafo, diretor do Observatório de Favelas e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), explica de onde vem o jargão de que o brasileiro não sabe votar. Ele esclarece também os traços de clientelismo que permanecem na relação candidato X eleitor no Brasil. Maré de Notícias - As pessoas dizem que brasileiro não sabe votar. Por quê? Jorge Barbosa - Muito desse jargão de que brasileiro não sabe votar vem da precarização do voto, por causa dessas relações históricas que são constituídas pelos próprios candidatos: troca de favores, clientelismo. Temos um processo de precarização do voto, que expressa os limites da democracia representativa. As pessoas estão descrentes desse processo eleitoral. Por outro lado, a experiência democrática no nosso país ainda é muito pequena. É dos anos 1980 para cá (após a ditadura militar). Maré - O amadurecimento seria a democracia participativa? Jorge - Sim, democracia participativa e deliberativa, constituindo outros fóruns de representação, participação e decisão pública. Temos que encontrar processos políticos de valorização do voto. O papel que cabe ao Poder Legislativo é ser capaz de responder às questões da sociedade brasileira. Como ele não é capaz disso ainda, essas instâncias de
“Para que a gente conseguisse o voto universal, o voto das mulheres, do analfabeto, da juventude, foi uma longa luta. Quando a pessoa vota nulo, ela desperdiça essa história de luta.” Maré - Qual a opinião do senhor sobre o voto nulo? Jorge - É um modo de manifestação. Eu particularmente acho um desperdício do voto, embora caracterize uma desilusão ou um recado – “olha, estou votando nulo porque nenhum deles me agrada”. Você pode não gostar de política, mas dizer que a política não influencia a sua vida é um equívoco. Para que a gente conseguisse o voto universal, o voto das mulheres, do analfabeto, da juventude, foi uma longa luta. Quando a pessoa vota nulo, ela desperdiça essa história de luta. Maré - As críticas aos políticos afastam muitas pessoas do mundo da política. Isso não acaba sendo bom para os políticos que desejam exercer o poder sem interferência? Jorge - Você tem muitas vezes uma despolitização da questão eleitoral, o que tem servido para essa hegemonia que nós temos na cidade. Na minha opinião, temos uma Câmara de Vereadores das mais atrasadas dos últimos 20 anos. Foram eleitos chefes de milícia, filha de chefe de milícia. Além disso, é uma Câmara bastante servil ao Executivo, assim como a Assembleia Legislativa é muito servil ao Executivo estadual. Não digo que tem que estar lá para ser contra o governo, mas me parece que uma Câmara e uma Assembleia Legislativa devem ser também propositivas. Sendo servil você acaba sendo
Maré – As coligações políticas devem ser levadas em conta na hora de escolher o candidato? Jorge - Como a coalizão é apenas eleitoral – ou seja, esses partidos saem juntos na disputa eleitoral, mas lá na frente se separam, criam entre eles bancadas que atravessam os partidos –, é muito difícil para o eleitor identificar quais intencionalidades estão postas numa candidatura. E também porque nós, de certa forma, somos tratados como objetos depositantes de voto e não como sujeitos com voto. Isso significa que, se por um lado há uma precarização do voto, há também um processo de precarização do eleitor. E aí as pessoas preferem votar no cara que aparece na televisão, no comediante, no jogador de futebol e em alguns políticos tradicionais, como no médico que fez um favor. Isso vai constituindo uma relação perversa na sociedade brasileira, que é o patrimonialismo, porque o que é direito acaba se transformando num favor. O político cria uma clientela, ou seja, uma relação direta, pessoal com você, onde você me deve um favor. O privilégio atravessa diferentes classes sociais no Brasil. “Muitas vezes uma pessoa vota num candidato porque ele fez algum favor, por exemplo, conseguiu uma vaga num hospital público, quando essa vaga é um direito.” Então muitas vezes uma pessoa da favela vota num candidato porque ele, em algum momento, fez algum favor para o tio ou para a tia, por exemplo, conseguiu uma vaga num hospital público, quando a vaga no hospital público é um direito. Ou conseguiu entrar num programa de assistência social, quando isso está no direito do cidadão. A questão é que isso é transformado num favor, e esse favor é transformado no capital que determinados candidatos acumulam e vira um patrimônio político dele. E aí, numa sociedade com pouca percepção do direito e pouca vivência do direito, temos a precarização do voto. Isso faz mal à sociedade brasileira porque acaba levando ao conformismo, ao individualismo, ao salve-se quem puder. Maré – Os avanços dependem do quê? Jorge - As pessoas falam: ah, é preciso educar para ter cidadania. Nós falamos justamente o contrário: para ter uma educação melhor, a gente precisa ser cidadão. A cidadania vem primeiro. Eu acredito que as pessoas querem direitos; não querem favores.
7 CAPA
ENTREVISTA JORGE BARBO SA
Maré - Os mecanismos de democracia participativa introduzidos pela Constituição, ou seja, os conselhos municipais, estaduais e federais existentes em diversas áreas, ainda não surtiram efeito? Jorge - Os conselhos são muito importantes e são um avanço fundamental na direção da democracia participativa, mas eles não se empoderaram o suficiente. Eles deveriam ser deliberativos, formuladores de políticas públicas e exercer o acompanhamento das políticas públicas. Eles precisam se constituir em esferas públicas capazes de ser uma espécie de contra poder e ter a sociedade civil mais representada ali. Os conselhos tentam ser o resumo oficial da sociedade, por terem representantes do Estado, dos empresários e da sociedade civil. Acontece que a sociedade civil não encontrou ainda um modo efetivo de fazer política.
uma mera reprodução do Executivo. Isso tira o papel do Poder Legislativo, que existe para representar a população e não o Executivo.
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VAMOS ÀS URNAS!
poder do Legislativo são sempre desvalorizadas, tamanha distância.
ANTÔNIO CARLOS SILVA - Nossa cidade vive hoje sob uma ditadura. Os atuais governantes impuseram um regime de terror e perseguição contra a população pobre, sobre o pretexto de combater o tráfico de drogas e a criminalidade. Estão gastando bilhões em obras e investimentos que visam garantir negócios lucrativos para um punhado de tubarões capitalistas, ao mesmo tempo em que não há recursos para atender às necessidades da população com saúde, educação, moradia, saneamento etc. Na “ilha da fantasia” da propaganda eleitoral deles tudo mudou, tudo melhorou. No mundo real não pararam de crescer a desigualdade, as remoções de famílias das áreas cobiçadas pelos especuladores, o assassinato de pessoas inocentes pelas tropas que ocupam nossas comunidades pobres, tratando a população trabalhadora como se fossem marginais. Para por fim a este regime de escravidão não fazemos promessas, chamamos os trabalhadores a lutar, pois é a luta e não essas eleições controladas pelo poder econômico que podem mudar essa situação. Propomos a mobilização pelas reivindicações da comunidade e por um governo dos trabalhadores, dos conselhos operários e populares, com representantes eleitos pelos trabalhadores nos bairros e nos locais de trabalho (e não as máfias políticas que dominam a Prefeitura e a Câmara) decidindo sobre os destinos da cidade. Para reduzir a desigualdade é preciso que os que constroem a riqueza dessa cidade possam decidir os seus destinos. Contra a ditadura dos ricos, propomos a luta pelo governo operário. Exigimos o fim da ocupação policial militar das nossas comunidades operárias. Fora a PM – máquina de guerra contra a população trabalhadora. Por um Polícia Municipal sob o controle dos trabalhadores.
ASPÁSIA CAMARGO - Uma cidade sustentável tem que ter bairros sustentáveis. Isso significa que nenhum lugar da cidade deve ficar fora das melhorias a serem implantadas. Todo o lado direito da Av. Brasil, de quem vai do Centro para a Zona Oeste, tem índices inferiores ao resto da cidade. A Maré tem uma infraestrutura de serviços fraca. Creches, escolas, saúde e transporte ainda estão devendo na região. Penso que a cultura poderá exercer uma função fundamental na melhoria do IDH. Existem ótimas iniciativas de organizações
ESPECIAL
VAMOS ÀS
e pessoas nessa área e podemos ampliar a oferta de serviços apoiando boas iniciativas. Duas frentes serão prioridade: a educação, com especial atenção às creche, e a saúde, com maior atenção aos idosos.
CYRO GARCIA - O indicador IDH usa três variáveis: expectativa de vida ao nascer, educação e PIB per capita. A desigualdade representada no índice para os moradores da Maré é comparável às penúrias da maioria dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. A moradia na Maré está em condições precárias porque seus moradores não têm salário suficiente para realizar melhorias. As crianças que nascem e moram naquelas casas podem sofrer enfermidades respiratórias pela umidade nos cômodos, pelo adensamento de pessoas morando num quarto, pela falta de arejamento suficiente. Isso é agravado pela falta de creches públicas que garantam cuidados necessários para uma criança e o tempo adequado para as mães que trabalham.
Silvia Noronha
Os oito candidatos a prefeito do Rio d responderam a três perguntas exclusivas, el as ideias de cada um sobre questões pert por e-mail, concedidas gratuitamente após dos candidatos. As respostas estão publica
Antônio Carlos Silva / n Partido da Causa Operária ( pública, fundador e militante João Cândido e redator do j
Aspásia Camargo / Verde (PV). Professora d Fundação Getúlio Vargas duas vezes e atualmente
É necessário que a prefeitura entregue subsídios aos moradores proprietários ou possuidores para que melhorem o estado físico de suas moradias. Paralelamente a prefeitura pode assessorar tecnicamente as famílias, pois tem técnicos capacitados nas secretarias de obras e habitação. A prefeitura pode desapropriar várias áreas de lotes e prédios abandonados em quarteirões vizinhos da Avenida Brasil para realizar um plano de moradias com unidades de habitação com, no mínimo 60m2, para famílias residentes na Maré que moram em situação precária. Com moradia digna e creches suficientes, as crianças podem ter maior expectativa de vida ao nascer. A educação básica e o ensino médio são os gargalos mais importantes na desigualdade representada pelo IDH. Segundo os dados oficiais, uns 12 mil estudantes, alocados em 12 unidades educativas na região do complexo da Maré, realizam seu processo educativo com déficit de professores, funcionários, bibliotecas e material didático. Essa situação pode melhorar com quantidade maior de professores e funcionários, menor números de estudantes por sala (máximo de 20 para 1º segmento e 25 para 2º segmento), e ampliação e manutenção física das escolas existentes. O IBGE informou em março que o desemprego foi de 6,2%; em abril era de 5,7%. O salário mínimo é de R$ 622, e mesmo o novo valor de R$ 670 não viabiliza o custeio de uma família no Brasil. Para os moradores da Maré não é diferente. O IDH reflete a desigualdade social em que vivemos,
Cyro Garcia / número: dos Trabalhadores Unific universitário, ex-deputado e dos Bancários do Rio, funda
Eduardo Paes / nú Movimento Democrático Coligação Somos um Rio PSB, PPS, PSC, PC do PTC, PSDC, PT do B, PH prefeito, ex-deputado fede
Fernando Siqueira / n Partido da Pátria Livre dirigente da Associação d Petrobras (Aepet) e do Club Foto: Divulgação
Maré de Notícias - O IDH da Maré é um dos mais baixos da cidade do Rio de Janeiro (0,722 contra média de 0,842 da cidade, segundo dados do IBGE). O(a) senhor(a) pretende implementar medidas voltadas para a redução dessa desigualdade verificada hoje? Quais?
Marcelo Freixo / nú Socialismo e Liberdad história, deputado estadu dos Professores.
Otávio Leite / número: Democrata Brasileiro (PSD três vezes vereador, deputad e está no segundo mandato Foto: Pederneiras
Maré de Notícias No 33 - Setembro / 2012
CAPA
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Rodrigo Maia / núm (DEM), Coligação Um Ri DEM e PR. Estudou eco pelo quarto mandato con
de Janeiro aceitaram o nosso convite e laboradas para que o leitor possa conhecer tinentes à Maré. As entrevistas foram feitas s contato da Redação com as assessorias adas na íntegra, por ordem alfabética.
número: 29 - do (PCO). Professor da rede e do Coletivo de Negros jornal Causa Operária.
número: 43 – do Partido da UERJ e pesquisadora da s (FGV). Foi eleita vereadora e é deputada estadual
16 – do Partido Socialista cado (PSTU). Professor ex-presidente do Sindicato ador do PSTU.
úmero: 15 – do Partido o Brasileiro (PMDB), da o: PMDB, PT, PP, PDT, PTB, B, PRB, PRP, PMN, PSL, HS, PSD, PTN, PRTB. Atual eral, ex-vereador.
número: 54 – do (PPL). Engenheiro, dos Engenheiros da be de Engenharia.
úmero: 50 – do Partido de (PSOL). Professor de ual e ex-diretor do Sindicato
: 45 – do Partido Social DB). Formado em direito, do estadual, vice-prefeito o de deputado federal.
mero: 25 - do Democratas io Melhor para os Cariocas: onomia, é deputado federal nsecutivo.
EDUARDO PAES - É fundamental investir em saúde e educação, que foram prioridades nos últimos quatro anos e continuarão sendo caso eu seja reeleito. Criamos os Espaços de Desenvolvimento Infantil, uma espécie de supercreche, com 86 unidades em toda a cidade, três delas na região da Maré, que oferecem 600 vagas. Até o fim do ano, vamos entregar mais uma unidade, na Nova Holanda, com 200 novas vagas. Na Maré já são oito Escolas do Amanhã, um programa desenhado para estudantes de áreas de risco, atendendo quase 8 mil alunos. Vamos abrir ainda uma Clínica da Família no Parque Maré, que vai beneficiar 26 mil pessoas.
FERNANDO SIQUEIRA - No Rio, as comunidades em geral têm um IDH muito abaixo do ideal. Uma das razões é o baixo índice educacional seguido pelo desemprego e falta de oportunidades. Nossa proposta é: construir Cieps de tempo integral para melhorar a educação. Criar escolas profissionalizantes para capacitar os trabalhadores para empregos de melhor qualidade. Prioridades nas áreas de petróleo, eletricidade eletrônica, turismo, restaurantes, cabeleireiros e hotelaria. Construir postos e Centros municipais de saúde e equipá-los com profissionais de saúde concursados e bem remunerados para atender bem à população. Ou seja, oferecer saúde de qualidade e gratuita. Construir creches para permitir melhor disponibilidade dos pais para o trabalho. Melhorar o sistema de transporte na comunidade e em todo o município.
MARCELO FREIXO - O IDH leva em conta a qualidade da saúde, da educação e a renda. Na saúde, temos que atuar em duas frentes. A primeira é garantir saneamento básico para todas as famílias, reduzindo a demanda nas unidades de saúde, e a segunda é melhorar e ampliar a rede propriamente dita. Vamos construir pelo menos mais uma UPA e uma clínica da família, para que todas as 16 comunidades da Maré se sintam atendidas. Também considero urgente oferecermos assistência social e psicológica para mães e pais adolescentes da região, pessoas com
Na educação, além de fortalecer o ensino básico com mais e melhores escolas, temos que investir no ensino profissionalizante, priorizando áreas como tecnologia da informação, formação para atividades culturais e reciclagem, que são grandes geradoras de emprego e renda, e não degradam o meio ambiente. Por falar nisso, um grande projeto de reciclagem pode ser implementado na região da Maré, em acordo com empresas do setor e cooperativas de catadores. É possível combinar o tratamento de esgoto e a coleta do lixo com a geração de energia para a própria comunidade, e faremos isso em parceria com os centros de tecnologia do Fundão, usando uma tecnologia que é barata e acessível. Por fim, para gerar renda, daremos apoio ao comércio de bairro e ao empreendedorismo para os trabalhadores informais (diminuindo burocracias e garantindo serviços essenciais). E vamos investir pesado na criação de pólos de produção cultural que atuem tanto na formação de profissionais, quanto na produção de conteúdos audiovisuais.
OTÁVIO LEITE - Sim. Primeiro, qualidade na educação para que os jovens tenham as oportunidades de se desenvolverem profissionalmente e terem melhores salários. Segundo, identificar atividades econômicas locais que podem também gerar mais emprego e renda. Além disso, implantar programas de qualificação profissional para jovens e todos aqueles que desejam se inserir no mercado de trabalho. RODRIGO MAIA - Para melhorarmos o IDH da Maré precisamos de três focos: educação, saúde e trabalho. Vamos trabalhar junto com os jovens para que eles possam avançar na educação e no trabalho. Um grande desafio para melhoria da Saúde na Maré é organizarmos um amplo programa de saneamento na comunidade. Vamos trabalhar para que, em dois anos, 100% da Maré tenha saneamento adequado. Isso vai gerar saúde para todos. Tenho certeza que o diálogo com a população e as ações com jovens, saneamento, trabalho e renda, teremos reais possibilidades de elevar o IDH da Maré. As escolas da Maré terão um papel fundamental na organização de currículos comunitários que respondam às demandas de toda a comunidade.
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problemas de saúde mental e idosos. Também na saúde, estudamos uma parceria com a UFRJ para ampliar o atendimento de saúde bucal na Maré e no Alemão.
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S URNAS!
porque os governos, especificamente o do Eduardo Paes, governam para os ricos. No governo do PSTU os planos de obras, de moradias, de creches, de escolas, entre outros, devem atender as necessidades da populvação e não o bolso das empreiteiras que patrocinam as campanhas do atual governo.
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VAMOS ÀS URNAS!
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Maré de Notícias - Embora os serviços públicos (como vagas em creches) ainda sejam insuficientes, a percepção local é a de que falta muito mais qualidade do que quantidade de equipamentos públicos no bairro (caso do ensino fundamental e saúde, por exemplo). Qual a opinião do(a) senhor(a)? ANTÔNIO CARLOS SILVA - Nos últimos anos foram instalados mais equipamentos para dar a aparência de que as coisas estavam mudando e para melhor. No entanto, tudo continuou como antes ou até mesmo piorou, Inauguram-se prédios mas faltam médicos, professores etc. e o atendimento está sendo privatizado por meio da terceirização e outros expedientes. Não se trata da falta de dinheiro, mas do fato de que os recursos públicos (do povo) estão sendo desviados para dar lucros a um punhado de grupos que controlam os serviços da prefeitura e suas máfias políticas. Contra esta política de sucateamento do serviço público em favor dos negócios privados propomos a luta pela municipalização / estatização dos serviços fundamentais; que os recursos públicos da Educação e Saúde, sejam destinados somente ao atendimento público; a melhoria dos salários (reposição das perdas) dos profissionais da saúde e Educação. “Contra esta política de sucateamento do serviço público em favor dos negócios privados propomos a luta pela municipalização / estatização dos serviços fundaAntônio Carlos Silva mentais.” ASPÁSIA CAMARGO - Na saúde, isso salta aos olhos. É possível identificar uma grande quantidade de problemas causados pela má qualidade do atendimento. Hospital tem. Muitas vezes mal utilizados, mas a gestão é meio bagunçada. A maioria das pessoas não sabe para onde ir, e quando chega a uma unidade de saúde é recebida por um segurança, que faz a triagem. Apesar da boa vontade de alguns deles, não é isso que deve acontecer. Vamos organizar a Saúde para que o Rio siga o que determina a Organização Mundial de Saúde, com uma unidade para cada 250.000 habitantes. Basta organizar o que já temos, treinar melhor nossos funcionários e informar a população para que todos saibam para onde ir. Na educação, precisamos de uma revolução no conceito do ensino, com Educação Integral. Isso quer dizer que não é só na escola que o aluno vai aprender. Temos que
oferecer atividades o dia inteiro, na escola, nos teatros, nos clubes, nas bibliotecas e nos centros culturais. Já conversei com o Senac (Serviço Nacional do Comércio) e eles disseram que podem entrar de cabeça nesse segundo turno com capacitação profissional para os nossos jovens. Sem esquecer o esporte. Afinal podemos ainda ter atletas com ouro Olímpico preparados para 2016. “Não é só na escola que o aluno vai aprender. Temos que oferecer atividades o dia inteiro, na escola, nos teatros, nos clubes, nas bibliotecas e nos centros Aspásia Camargo culturais.” CYRO GARCIA - Em relação à saúde, a Maré conta com os hospitais de Bonsucesso, na Avenida Brasil, e o Hospital Universitário, na Ilha Fundão, além de UPA e Clínicas da Família. Os dois hospitais não oferecem atendimento adequado e suficiente para os moradores das redondezas. Faltam equipamentos e pessoal. Isso acontece por causa da privatização da saúde e a falta de investimento estatal. A qualidade das UPA e das Clínicas é baixa, porque a responsabilidade do estado é muito reduzida, entregando os hospitais para empresas privadas em Parcerias Público-Privadas. Além da ampliação e melhora na rede hospitalar, se se quer cuidar da saúde dos moradores da Maré, é necessário também garantir a qualidade ambiental da Bacia do Canal do Cunha, cuja poluição afeta as moradores da localidade. No Brasil são gastos 3,5% do PIB com saúde, enquanto os governos estaduais e municipais gastam cerca de 1% cada um. O mínimo necessário para um sistema público de saúde universalizado e de qualidade é de 6% do PIB. No Brasil e na cidade, os “convênios” de saúde já contam com 64 milhões de usuários. O Sistema Privado de Saúde (plano de saúde, laboratórios, farmácias, hospitais e seguradoras – que estão entre as 500 maiores empresas
do país) faturou R$ 111 bilhões, em 2010. A privatização da saúde também se expressa nas terceirizações, inclusive na contratação de funcionários. Estão ganhando espaço as Organizações Sociais (OS) e Fundações Estatais de Direito Privado, que fortalecem a lógica empresarial nos setores sociais. Hospitais públicos passam a ser geridos por empresas privadas, que conseguem grandes lucros, muitas vezes disfarçados de “entidades beneficentes”. Os moradores da Maré precisam de medicamentos gratuitos. É ironia que a Fiocruz, instituição vizinha, não seja um laboratório com possibilidade de fabricar milhares de medicamentos por conta dos obstáculos das patentes da indústria farmacêutica privada. Saúde é direito de todos e dever do Estado, deve garantir acesso universal, ser gratuito e de qualidade para todos. Achamos que o SUS tem que ser 100% estatal. Somos contra as terceirizações; nenhuma verba pública para os hospitais privados ou filantrópicos. É necessário valorizar o trabalho da comunidade como um todo, com salário e trabalho dignos. No meu governo faremos concursos públicos e valorizaremos o trabalho do servidor público, com aumentos salariais e um plano de cargos e salários. É necessário melhorar as condições de trabalho e estudo, com
“Além da ampliação e melhora na rede hospitalar, se se quer cuidar da saúde dos moradores da Maré, é necessário também garantir a qualidade ambiental da Bacia Cyro Garcia do Canal do Cunha.” EDUARDO PAES - Vamos levar à Maré todos os serviços públicos, com a mesma qualidade que chegam ao restante da cidade. A abertura da Clínica da Família vai mudar rapidamente a percepção dos moradores em relação à saúde. É um atendimento mais personalizado e próximo do cidadão. Em relação ao ensino fundamental, os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) mostram que a qualidade da rede municipal melhorou nos últimos anos. Nas escolas da região, entre 2009 e 2011, a nota média dos anos iniciais subiu de 4,7 para 4,9, enquanto nos anos finais o aumento foi de 3,4 para 3,6. É uma grande vitória, em um espaço curto de tempo, e continuaremos melhorando este quadro, caso seja reeleito.
Eduardo Paes
FERNANDO SIQUEIRA - O prefeito atual privatizou a saúde e ela piorou muito. O Rio ficou em ultimo lugar entre as capitais do país. A terceirização das UPA e Clínicas das Famílias são algumas das razões para essa pior nota, pois só dão lucro para as Organizações Sociais que, superfaturando materiais e equipamentos, estão ganhando muito dinheiro, enquanto a população ganha filas. Na terceirização só as empresas locadoras de mão de obra ganham, pois exploram seus empregados e ficam com um grande lucro. Vamos reestatizar os postos, os Centros municipais de saúde e entregálos a profissionais concursados, treinados e bem remunerados. Nós pagamos impostos para ter saúde com boa qualidade e de graça. Vimos isto em Londres durante as olimpíadas, e acontece em toda a Europa. Na questão da educação a solução é simples e passa por três pontos fundamentais: I) Investir no reforço dos alunos com mais dificuldade de aprendizado, evitando evasão escolar e repetência. II) Investir nos professores, treinando, remunerando bem e cobrando desempenho. Não adianta um bom plano educacional se quem vai aplicá-lo não tem competência. III) Construir novas e adaptar as escolas atuais para atuarem em tempo integral. Com isto o reforço dos alunos se torna muito mais fácil e mais viável. Na terceirização só as empresas locadoras de mão de obra ganham, pois exploram seus empregados e ficam com um grande lucro. Vamos reestatizar os postos e os Centros municipais de saúde.” Fernando Siqueira
Genilson Araújo
MARCELO FREIXO - Esse problema não é exclusividade da Maré. A cidade toda sofre com a maquiagem feita pela atual Prefeitura. Quando você precisa de um atendimento médico, de que adianta chegar a um prédio bonito e ficar quatro horas esperando na fila? E para piorar, se você precisar de um exame ou de um especialista, não encontra... A solução para melhorar o atendimento, tanto na saúde, como na educação, é investir em pessoal, convocar concurso público e oferecer uma perspectiva de carreira para esses profissionais, exigindo metas de qualidade e não apenas de quantidade. Lamentavelmente a gestão atual não tem se preocupado com as pessoas, mas com os negócios que faz
VAMOS ÀS URNAS! com as construtoras desses prédios e com os administradores privados da saúde.
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Vamos levar à Maré todos os serviços públicos, com a mesma qualidade que chegam ao restante da cidade. A abertura da Clínica da Família vai mudar rapidamente a percepção dos moradores.”
“A solução é investir em pessal, convocar concurso público e oferecer perspectiva de carreira para esses profissionais, exigindo metas de qualidade e não apenas de quantidade.” Marcelo Freixo
OTÁVIO LEITE - Nós vamos colocar duas professoras na classe de alfabetização. Isso vai permitir um resultado muito melhor. Vamos implantar tantas creches quanto forem necessárias para que nenhuma criança da Maré fique sem creche e préescolar (4 e 5 anos). É inadmissível que a prefeitura gaste milhões em publicidade e, infelizmente, não aplique essas verbas na ampliação de creches. Educação infantil de qualidade e duas professoras na alfabetização: com essa base, a educação vai melhorar. “Vamos colocar duas professoras na classe de alfabetização. Isso vai permitir um resultado muito melhor. Vamos implantar tantas creches quanto forem Otávio Leite necessárias.” RODRIGO MAIA - O trabalho de desenvolvimento comunitário da Maré vem dos anos 1980. Mas estamos com enormes problemas na qualidade da saúde. Faltam médicos, remédios e exames. Não adianta termos uma quantidade de unidade se elas não funcionam e não atendem bem a população. Temos que garantir médicos nas clínicas e hospitais. Outro desafio é universalizar a vaga nas creches. Isso é possível e vamos garantir também que o horário seja ampliado até 19 horas, para que as mães possam chegar do trabalho com tranquilidade para buscar seus filhos. É preciso criar um modelo de avaliação em que a população tenha voz ativa para que os serviços públicos existam, mas que tenham qualidade e que possam gerar resultados para população. Eu acredito na qualidade do serviço público. Vamos organizar com os servidores públicos e com os moradores, um processo de metas e avaliação. Vamos ter serviços de muita qualidade na medida em que o pacto comunitário seja estabelecido de forma parceira. Temos que garantir médicos nas línicas e hospitais. Outro desafio é universalizar a vaga nas creches. Isso é possível e vamos garantir também que o horário Rodrigo Maia seja ampliado até 19h.”
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manutenção dos prédios escolares e compra de equipamentos auxiliares à educação. Também é muito importante melhorar a merenda. Como parte disso, chamaremos merendeiras concursadas, em vez de contratar a Comlurb para fazer merenda.
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Maré de Notícias - Desde 2010 existe o coletivo “A Maré que Queremos”, que reúne instituições não governamentais e as 16 associações de moradores das comunidades locais que, juntos, elaboraram um projeto estruturante para o bairro. Caso eleito, o(a) senhor(a) pretende legitimar este coletivo como canal de diálogo sobre políticas públicas na Maré?
ANTÔNIO CARLOS SILVA - Nós do PCO não defendemos um governo nosso. Não se trata de trocar apenas os governantes, mas a forma de governar. Propomos a luta por um governo dos conselhos operários e populares, das organizações do povo trabalhador que constrói a riqueza de nossa cidade. Se na Maré há um avanço no sentido da autoorganização da comunidade, assim como em muitas outras regiões, defendemos que esses movimentos (e não as corruptas máfias políticas que administram a cidade) que devam de fato governar ouvindo a população e garantindo o atendimento de seus interesses. Isso não pode ser alcançado apenas por meio da vontade de um governante e das eleições. Depende da luta dos trabalhadores e da juventude e é para defender e impulsionar esta luta que participamos destas eleições. A Comunidade da Maré tem uma tradição de luta por suas reivindicações, estamos ao lado desta luta que é o caminho para derrotar a ofensiva reacionária que está em curso contra o povo do Rio de Janeiro e que vai se intensificar após as eleições, diante da crise capitalista e da ganância do que querem lucrar bilhões com eventos como a Copa e as Olímpíadas às custa da miséria e da repressão do povo. Avançar na organização nas comunidades; organizar a autodefesa da população trabalhadora, de maioria negra, é o caminho para derrotar a ditadura dos governos fascistas que tratam o povo trabalhador carioca como nossos antepassados escravos. ASPÁSIA CAMARGO - Escolhi como meu vice o Piragibe, pelo trabalho dele a frente de uma associação de moradores. Acho fundamental a participação da sociedade organizada no processo de decisão dos bairros. Quem vive no local conhece melhor os problemas e as soluções. É uma máxima do PV e da sustentabilidade: pensar global, agir local. Se preocupar com o mundo, mas mudar a partir da nossa casa. Quero que cada bairro tenha o seu Plano de Desenvolvimento Sustentável, discutido e elaborado pela população local. Se a
VAMOS ÀS URNAS!
Eleições no domingo, dia 7 de outubro O início da votação será às 8h e o encerramento às 17h. Neste dia, o eleitor escolherá seu candidato a prefeito e também a vereador. O segundo turno está marcado para 28 de outubro, apenas nos municípios com mais de 200 mil eleitores, como o Rio, desde que nenhum candidato a prefeito tenha mais da metade dos votos válidos no primeiro turno. Tira Dúvidas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): www.tse.jus.br/hotSites/central-eleitor/tiraDuvidas.html
Maré já tem um projeto, ganhamos tempo e implantamos mais rápido. CYRO GARCIA - Para o PSTU a ação de luta direta dos moradores e organizações sociais é não só legítima, como também tem que ser protagonista nos processos decisórios.No meu governo será reconhecido o coletivo “A Maré que Queremos” como parte do processo de governar para os trabalhadores, que expressamos no nosso programa de governo “Rio para os Trabalhadores”. A política pública para o PSTU estará ao serviço das organizações dos trabalhadoras e trabalhadores, dos moradores e as organizações sociais. Isso significa Rio para os Trabalhadores. EDUARDO PAES - O diálogo com representantes da sociedade civil é um instrumento fundamental da democracia. Quanto mais organizada for a entidade, maior a legitimidade dela para representar a comunidade e transmitir ao poder público suas reivindicações e anseios. Sempre estaremos abertos ao diálogo, seja através das secretarias ou de empresas públicas, como a Comlurb. O coletivo facilita bastante esse diálogo, por reunir tantas associações de moradores e instituições não governamentais sob o mesmo chapéu.
FERNANDO SIQUEIRA - Sem dúvida, o canal mais acessível para o contato do poder publico com a população é através de suas associações e representantes da comunidade. Antes de qualquer providência é preciso saber quais são as principais reivindicações coletivas e individuais dos moradores. Este coletivo é o mais legitimo para fomentar o diálogo e negociar as melhores soluções para a população residente. MARCELO FREIXO - Conhecemos as propostas desse coletivo e concordamos com todas. Algumas precisam de um certo detalhamento e de acordos com outras instituições, mas eu considero que esse é exatamente o papel da Prefeitura: convocar as forças políticas da comunidade e as demais instituições para construir soluções comuns. Nosso governo vai criar uma cultura de participação que privilegie esses espaços já consolidados de diálogo e construção de soluções coletivas para a Cidade. A integração de fóruns regionais como o “Maré que queremos” ao trabalho dos conselhos de políticas públicas (educação, saúde, idoso, mulher etc.) é o caminho para combater a corrupção e o desperdício de recursos públicos. A ideia de que uma política de participação “emperra” o desenvolvimento é totalmente falsa. O que emperra o desenvolvimento é o conluio, a política de apadrinhamento, as alianças espúrias com partidos que não tem o menor compromisso com a população. OTÁVIO LEITE - Sem dúvida! Eu sou um democrata por natureza. E esse coletivo terá todo o apoio para se estruturar melhor. Afinal, representa legitimamente aspirações e reivindicações da população. Quanto mais representação de bairro, melhor será a sociedade. Sem qualquer aparelhismo político. RODRIGO MAIA - O coletivo “A Maré que Queremos” é um canal fundamental para o pacto comunitário. Tenho certeza de que o movimento já tem um importante diagnóstico da comunidade. Minha gestão já tem uma parceria de primeira na Maré e por meio deste diálogo vamos estabelecer o movimento que vai refundar o desenvolvimento social e econômico da Maré.
As denúncias relativas à campanha eleitoral do Rio podem ser feitas pelos tels (21) 3513-8144, 3513-8249, 3513- 8204 e 2524-0404, que aceitam ligação a cobrar. As denúncias podem ser anônimas.
PROGRAME-SE !
Guia de ruas, livro e exposição de arte a partir de 28 de setembro
TODA A PROGRAMAÇÃO É GRATUITA !
PROGRAMAÇÃO Cineclube RABIOLA
Pontinho de cultura
sábados: 01, 08, 15, 22 e 29 de setembro, de 12h30 às 15h30 Oficina de COnstrução de Brinquedos (13h30 às 14h30), Oficina de Grafitti (12h30 às 13h30), contação de histórias, danças e brincadeiras (14h30 às 15h30) Prog. infantil
Favela Rock
14 de setembro, sexta-feira, às 20h
Forró na Lona
21 de setembro, sexta-feira, às 20h Edição especial do evento, em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga: performances de cordelistas, venda de comidas nordestinas, muito forró e baião com bandas ao vivo.
Festa Ploc (Anos 80)
28 de setembro, sexta-feira, às 20h
Rosilene Miliotti
Todas as sextas, às 16h30 Cinema de primeira O melhor do cinema infantil e infantojuvenil. Com muita diversão, pipoca e guaraná!
OFICINAS REGULARES Capoeira as as 3 e 5 - 13 às 15h
Cavaco
2as - 15 às 17h e 3as - 18 às 20h
Artes Circenses
2as e 4as - 14:30 às 16:30h Percussão - Ritmos brasileiros 3as e 5as - 9h30 às 11h30
Violão
2as - 15 às 17h e 3as - 18 às 20h
Gastronomia
4as e 5as - 8h30 às 11h30 13h às 16h
Teatro
Sábados - 10h às 12h (13 a 17 anos)
Dança de salão
Sábados, - 18h às 20h
Biblioteca Popular Municipal Jorge Amado! De segunda a sexta--feira, das 9h às 17h Ao lado da Lona Cultural Municipal Herbert Vianna R. Ivanildo Alves, s/n - Nova Maré Tels.: 3105-6815 / 78717692 lonadamare@gmail.com FACE: Lona da Maré - ORKUT: Lona Cultural da Maré - Twitter: @lonadamare
cultura
O Centro de Artes da Maré será palco de três lançamentos simultâneos, que prometem entrar para a história da favela. Na sexta-feira, 28 de setembro, a partir das 18h, serão lançados: o primeiro “Guia de Ruas da Maré” e o livro “Testemunhos da Maré”, de Eliana Sousa Silva; e ainda haverá abertura da Exposição de Artes Plásticas de Chico Moreira, com fotos antigas da Maré. O Guia de Ruas é um dos resultados do Censo Maré, que organizou a cartografia do bairro, permitindo o detalhamento dos territórios locais. Ele será fundamental para o reconhecimento oficial das ruas pela prefeitura do Rio.
tia de direitos aos moradores dos territórios populares. Lançado pela Aeroplano Editora, o texto é fruto da tese de doutorado de Eliana, sobre o contexto das práticas policiais na favela.
O livro da diretora da Redes, Eliana Silva, por sua vez, é um vigoroso documento que problematiza e analisa a questão da segurança pública, e apresenta propostas que passam, prioritariamente, pelo aprofundamento da noção de cidadania e garan-
O evento do dia 28 é uma realização da Redes e do Observatório de Favelas, com a parceria da ActionAid, da Fundação Ford, da Petrobras e do Instituto Pereira Passos, com o apoio das 16 Associações de Moradores da Maré.
A ENTRAD A FRANC PROGRAMAÇÃO SETEMBRO
OFICINAS REGULARES
De 12 de setembro a 17 de outubro, todas as quartas das 18h30 às 21h30 Faixa etária: a partir dos 16 anos Inscrições no CAM
2as Dança contemporânea
Oficina: Roda de Palhaço com o Grupo Roda Gigante
Apresentação de Dança espetáculo Alfa & Ômega com a Cia Segmentos
3as Consciência corporal (a partir de 16 anos) 18h30-20h
Dia 15/09, às 18h
Percussão (Método O Passo) 20h-21h30
Lançamento dos livros “Testemunhos da Maré”, de Eliana Sousa Silva; do “Guia de Ruas da Maré”, fruto do Censo Maré; e abertura da exposição de Artes Plásticas com fotos antigas da Maré, de Chico Moreira
4as Introdução ao balé (a partir de 8 anos) 9h30-11h na Redes Dança de rua (a partir de 10 anos) 17h-18h30
Dia 28/09, às 18h
5as Consciência Corporal (7-12 anos) 18h30-20h
Temporada Maré de Artes Cênicas (Infantil) Carroça de Mamulengos com o espetáculo de teatro e música “Felinda”
Dança criativa (7-12 anos) 18h30-20h Dança contemporânea 20h-21h30
Sábado, 29/09, às 19h
Temporada Maré de Artes Cênicas (Adulto) Grupo Focus com o espetáculo de dança “As Canções que Você Dançou prá Mim”
Domingo, 30/09, às 19h
(12-18 anos) 18h30-20h
Dança de rua (Nível avançado) 20h-21h30 Cineclube Maré Cine sempre às 17h30
R. Bitencourt Sampaio, 181 Nova olanda
6as Introdução ao Balé
(a partir de 8 anos) 17hs-18h30
Dança de salão (a partir de 16 anos) 18h30-20h e 20h-21h30
(21) 3105-7265
Confira a programação no local ou pelo telefone: 3105-7265 (de segunda a sexta, de 14h às 21h30)
Cultura
Herbert Vianna
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Lançamentos sobre a Maré
Lona cultural
Paulo Barros
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CULTURA
ni Amanda Baro
Rock da Mar YEAH ! Comunidades cedem cada vez mais espaço para o rock, contribuindo para divulgar as bandas locais
Victor Vianna
O rock nunca foi novidade na Maré. Desde anos 1980, o som já tocava por aqui. Isso contribuiu para a consagração do estilo na comunidade e também serviu de influência para futuras bandas que representam hoje o movimento dentro da favela da Maré. Atualmente existem pelo menos 12 bandas em atividade e vários projetos voltados para a “tribo” do rock. Henrique Gomes é morador da Maré, guitarrista da banda Café Frio e figura importante na divulgação do rock nas comunidades locais. Para ele, o ritmo sempre teve seu espaço. O predomínio de outros estilos, como o funk, pagode e forró, é que diminuem a visibilidade do rock, mas isso tem melhorado bastante de um ano pra cá, com a retomada dos espaços de apresentação dos grupos em vários pontos do bairro. “O rock sempre esteve presente dentro da Maré, sempre teve público pra isso. Lembrome do começo dos anos 1990, uma banda muito presente no cenário musical da Maré era a Dartherium”, comenta Henrique. Ele acredita que grande parte do incentivo vem dos próprios moradores que curtem o som e estão sempre presentes nas apresentações.
Conheça algumas bandas locais Algoz - New Metal Canto Cego - Rock Café Frio - Rock Alternativo Levante - Rock Alternativo Mortárium - Heavy Metal. Passarela 10 - Rock Alternativo
Um dos instrumentos fundamentais na difusão do estilo e na divulgação das bandas é o Favela Rock, festival mensal organizado pela Lona Cultural Herbert Vianna,a Lona da Maré, evento que também conta com o apoio de Henrique. “No início, o festival ajudou bastante, mas não tinha muito a cara do que acontecia aqui na Maré. Foi quando a produtora da lá me convidou para ajudar na produção da festa. A partir disso fui chamando bandas daqui pra tocar e deixei o festival mais no estilo do que acontece aqui dentro”. Além dos bares que voltaram a ceder espaço para apresentação das bandas, como o Zé Toré, no Timbau, e do Leandro, no Parque União, ressurgiu mais um point em setembro: a praça da Nova Holanda, onde, no dia 1º, rolou apresentações de rock, grafite e
skate. “O evento ‘A Praça é Arte’ significou muito para nós porque os moradores mais jovens puderam se apropriar novamente da praça. Além disso, o skate voltou para cá e localizamos novos artistas na Maré”, ressalta Letícia Sousa, uma das organizadoras. Há também o projeto Metanóia, onde a galera se encontra pra discutir religião e tocar um rock’n roll ao final dos encontros, entre outros projetos.
Bandas também tocam fora da Maré Quem tem aproveitado bastante esse período é a banda Algoz, que está em atividade há 10 anos. “Na nossa adolescência tivemos muita influência de pessoas mais velhas que ouviam rock. Isso acabou ajudando na formação da nossa personalidade musical. A vontade de tocar um instrumento veio depois de conhecer o rock; então acabamos nos aproximando para tocar juntos”, conta o guitarrista Diogo Nascimento.
Ren
Diogo Nascimento, guitarrista da banda Algoz
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Renato Cafuzo
“Tocar aqui dentro da Maré é sempre muito mais explosivo, pois o público conhece bem nossas músicas, canta junto e vivencia nosso dia a dia, o que acaba sendo muito gratificante para nós.” ato Cafuzo
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Paulo Barros
ONDE CURTIR ROCK NA MARÉ
Bar do Leandro Rua da Conquista, n° 11 - Parque União Lona da Maré – Evento: Favela Rock Rua Ivanildo Alves, s/n° - Parque Maré Praça da Nova Holanda – Evento: Rock na “Praça é Arte” - Na pista de skate. Metanóia Esquina das ruas Flávia Farnese e Proclamação Baixa do Sapateiro
Renato Cafuzo
Montar uma banda não é fácil, torná-la conhecida pode parecer impossível, mas a Maré tem feito um bom trabalho. Luta e persistência são características importantes do mundo do rock, porque se fosse fácil não seria rock’n roll.
Bar do Zé Toré – Evento: Cinema e Rock Largo do IV Centenário - Morro do Timbau
no André Sandi
Embora o cenário seja promissor, o grupo conta que, durante esses 10 anos, o número de bandas diminuiu bastante. O pouco retorno financeiro dificulta e faz com que muitos músicos tenham outros trabalhos, mas a animação do público sempre compensa. “Tocamos em vários lugares do município do Rio e fora. Sempre há lugares novos nos convidando. A resposta tem sido muito positiva, mas tocar aqui dentro da Maré é sempre muito mais explosivo, pois o público conhece muito bem nossas músicas, canta junto e vivencia nosso dia a dia, o que acaba sendo muito gratificante para nós”, ressalta Diogo.
Cada local abaixo costuma organizar um evento por mês. Para saber as datas, siga a comunidade “A Maré também é ROCK”, no Facebook. Para conhecer as bandas, procure pelo nome e localize os vídeos postados no You Tube.
ESPAÇO ABERTO
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pra maré
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Ga
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R. Sargento Silva Nunes, 1.012 Nova Holanda. Tel: 3104-3276 comunicacao@redesdamare.org.br
trate bem os animais A professora Viviane Couto enviou mais um desenho maravilhoso feito pelos alunos da Escola Municipal Teotônio Vilela, do Conjunto Esperança. A história em quadrinhos foi desenvolvida após debate em classe sobre a reportagem “Coisa de animal”, da edição nº 28 do Maré de Notícias, de abril deste ano. A matéria alertava para o problema dos maus-tratos contra os animais.
_ Você ta todo machucado. _ Você também.
_ Eu apanhei do meu dono. _ Pow! Eu também apanho dele.
_ Maltratar os animais é crime.
O Diogo Fernandes, da Escola Municipal Tenente General Napion, enviou mais um desenho pra gente. Esse garoto vai longe. Para quem não se lembra, o Diogo também fez o desenho do Homem Aranha, publicado na edição passada. Valeu!
A Késia deixou este lindo desenho na Redação para sair no Maré. Obrigada, Késia!
Diogo Fernandes
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Rindo at o a Macaco louco Certa vez teve um incêndio na floresta e a fumaça deixou os animais meio loucos. O macaco estava em cima da árvore e uma lagartixa foi falar com ele. Os dois ficaram conversando e depois a lagartixa desceu e foi beber água no rio próximo dali. Foi quando ela encontrou o jacaré, que perguntou: “De onde você vem, lagartixa? E a lagartixa falou: “Eu estava lá na árvore conversando com o macaco. Aí o jacaré falou: ”Então vou até lá falar com ele. Chegando à árvore, o macaco viu o jacaré e disse: Caramba, lagartixa, aí, bebeu água pra caramba! Que doideira!