Arquivo Pessoal
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Outubro de 2012 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita
Água abaixo
Elisângela Leite
Morador sofre com descaso do poder público Pág. 10 e 11
Não se perca Saiu o primeiro guia de ruas de
uma favela do Rio. Garanta o seu gratuitamente Pág. 7
Maré dos anos 1970
Ex-morador expõe quadros que reproduzem o cotidiano das favelas da Maré de 40 anos atrás. A partir de fotos em preto e branco, Chico Moreira preparou 12 telas que foram coloridas em alguns pontos. “Quero que as pessoas de hoje consigam ver o colorido do passado”, afirma ele. A exposição “A Cor da Maré”, no Centro de Artes, com entrada gratuita, pode ser vista durante o mês de outubro. Pág. 8 e 9
la Leite Elisânge
Ano III, No
Ele é ouro!
Maré mais Down
Autonomia para quem tem Down pág. 5
Que bagunça! Descubra no Espaço Aberto quem
Felipe Gomes, da Nova Holanda, conquistou medalhas de ouro e de prata na Paraolimpíada de Londres. Deficiente visual, o rapaz se dedica ao esporte, faz faculdade, passeia, viaja e usa o computador com desenvoltura. Pág. 4
deixou a casa da Isabela assim pág. 16
Beleza da Maré para o Brasil
PROGRAME-SE Centro de Artes da Maré Lona Cultural Herbert Vianna
Pág. 15
Bianca Andrade, moradora do Parque União, virou celebridade na internet – e nas ruas – com seu blog Boca Rosa, onde dá dicas de moda e, principalmente, de maquiagem. “A ficha não caiu, confesso. Quase todos os dias encontro com alguma leitora”, comenta ela. Pág. 3
Saulo Cruz/ Superar
Arquivo Pessoal
Elisângela Leite
Saulo Cruz/ Superar
Vamos às urnas
As boas estripulias dos moradores fizeram deste número uma edição especial do nosso Maré. As páginas que se seguem estão repletas de feitos que comprovam a frase exposta no evento Labirinto Cultural (leia na pág. 13), na Vila do João: “Não há um canto de favela que não guarde uma história”. E esta história continua em construção, tendo a população local como protagonista, como vocês verão a cada página do nosso jornal.
Maré de Notícias, eu é que agradeço por vocês terem preparado uma edição especial em que pude “sentir” a respiração política que vocês emitiram com neutralidade. Gente, vocês arrebentaram!! O Maré de Notícias é um canal de comunicação que podemos e devemos participar e neste mês (setembro, ed. nº 33), especialmente, ele arrebentou. Não podemos deixar de refletir sobre os temas expostos e que interferem em nossas vidas. Para finalizar, é muito prazeroso saber que crianças participam do jornal enviando seus desenhos. Todos estão de parabéns! E para o Diogo especialmente: É isso aí, menino!! Eu também estudei na Napion, minha Escola do Coração. (nota da Redação: Diogo é o autor de um dos desenhos publicados na pág. 16, da Ed. 33).
Nossa trajetória inclui os feitos de cada um e, especialmente, as construções coletivas, como a que envolve o Plano de Direitos Humanos da Maré, que será discutido em data ainda a ser definida. Leiam na pág. 12 e fiquem atentos à discussão de um tema tão importante para a melhoria da qualidade de vida local.
Sara Alves
A reportagem sobre água e esgoto na Maré, nas pág. 10 e 11, nos chama para uma – ainda – triste realidade, nos lembrando que, na área de saneamento básico, também há muito a ser feito.
Gostaria de agradecer aos colaboradores do Maré de Notícias pela linda reportagem realizada sobre a minha vida. Quero também informar que esse jornal é o “termômetro” da nossa comunidade, devido à grande repercussão. Refiro-me à edição nº 32 (de agosto de 2012), com o tema “Moradora inspira diretor de teatro” (pág. 15), que até hoje sou parabenizada pelos moradores da comunidade e seu entorno pela linda reportagem. É notório que a comunidade se interessa muito pelas reportagens de cunho cultural que o jornal nos contempla. Sou leitora assídua do Maré de Notícias e me identifico bastante com as informações que são publicadas. Fico informada sobre a agenda cultural e as notícias de primeira mão. Fiquei muito honrada com a escolha. Agradeço ao Marcus Faustini e sua equipe pelo cuidado e o carinho que tiveram em retratar minha história e à linda atriz Regiane Alves, que me proporcionou essa grande homenagem. “Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade” - Carlos Drummond de Andrade Sandra Tomé, moradora da Maré
Boa leitura!
Expediente Instituição Proponente
Redes de Desenvolvimento da Maré
Diretoria
Andréia Martins Eblin Joseph Farage (Licenciada) Eliana Sousa Silva Edson Diniz Nóbrega Júnior Fernanda Gomes da Silva Helena Edir Patrícia Sales Vianna Shyrlei Rosendo
Coordenação de Comunicação Mirella Domenich
Instituição Parceira
Observatório de Favelas
Apoio
Ação Comunitária do Brasil Administração do Piscinão de Ramos Associação Comunitária Roquete Pinto
Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas Associação dos Moradores e Amigos do Conjunto Esperança Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros Associação de Moradores do Morro do Timbau Associação de Moradores do Parque Ecológico Associação de Moradores do Parque Habitacional da Praia de Ramos
Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda Biblioteca Comunitária Nélida Piñon Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa Conexão G Conjunto Habitacional Nova Maré Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros Luta pela Paz União de Defesa e Melhoramentos do Parque Proletário da Baixa do Sapateiro União Esportiva Vila Olímpica da Maré
Associação de Moradores do Parque Maré Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz Associação de Moradores do Parque União Associação de Moradores da Vila do João
Editora executiva e jornalista responsável Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)
Repórteres e redatores
Hélio Euclides (Mtb – 29919/RJ) Rosilene Miliotti Fabíola Loureiro (Estagiária)
Fotógrafa
Elisângela Leite
Projeto gráfico e diagramação Pablo Ramos
Redes de Desenvolvimento da Maré Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Nova Holanda / Maré CEP: 21044-242 (21) 3104.3276 (21)3105.5531 www.redesdamare.org.br comunicacao@redesdamare.org.br Os artigos assinados não representam a opinião do jornal.
Monica Soffiatti
Logotipo
Leia o Maré também em www.redesdamare.org.br
Colaboradores
Parceiros
Anabela Paiva Aydano André Mota Flávia Oliveira Observatório de Favelas Victor Domingues Victor Viana
Impressão
Gráfica Jornal do Commércio
Tiragem
40.000 exemplares
Da Maré para o mundo
3 PERFIL
O pulso forte da Maré
Arquivo Pessoal
EDITORIAL Maré de Notícias No 34 - Outubro / 2012
Moradora vira personagem de teatro
Blogueira do Parque União vira celebridade com seu blog sobre maquiagem e moda feminina. Seus vídeos já superam a marca de 2 milhões de visualizações
caiu, “A ficha nãotodos confesso. Quase algumosa dias encontro com leitora.” Bianca Andrade
Victor Viana Arquivo pessoal
Antigamente a televisão era o único veículo que servia para dar visibilidade a grandes talentos. Com a chegada da internet e, consequentemente, sua popularização, cada um agora faz sua oportunidade. Blog, Twitter, Facebook, Youtube, não importa o site, todos estão abertos para “os cheios” de ideias.
Jeito simples e extrovertido As maiores provas desse sucesso são os fã-clubes que Bianca tem espalhado pela internet. Andressa Martins, de São Paulo, tem apenas 12 anos, mas já curte os vídeos de maquiagem. Ela assiste aos vídeos desde o começo e adora o jeito simples e extrovertido da blogueira. Recentemente, criou um fã-clube para Bianca no Facebook. “O jeito de ela fazer os vídeos é incrível porque ela explica de uma forma engraçada que ajuda todo mundo e não cansa assistir ao vídeo inteiro. Em seu blog, tem o quadro ‘Inventando Moda’; são dicas muito boas para se fazer com o que se tem casa”, conta Andressa.
A Maré já possui sua “web celebridade”, Bianca Andrade, dona do blog Boca Rosa, onde a jovem moradora do Parque União posta dicas sobre moda feminina. Com apenas 17 anos, Bianca faz sucesso desde o tempo em que postava foto das maquiagens na sua página do Orkut, o que sempre chamou a atenção dos seus amigos de redes sociais. “Era novidade para todas, logo, virou uma febre, todas me perguntavam como as fazia, então surgiu a oportunidade de fazer um blog, mostrando todo o passo a passo dessas maquiagens bem coloridas”, conta Bianca. Mas para a blogueira, explicar por foto não parecia muito didático. Foi quando resolveu postar vídeos no Youtube, mostrando maneiras diferentes de se fazer uma boa maquiagem. Em menos de um ano, seus vídeos já bateram mais de dois milhões de visualizações, com um vídeo contendo quase meio milhão. Bianca acredita que o sucesso venha do fato de mostrar maneiras de se maquiar também usando a criatividade com o que se tem em casa, mas ainda se surpreende. “Depois dessa repercussão, tive a oportunidade de receber mais leitoras que até hoje estão comigo, se divertindo com o BR (Boca Rosa). A ficha não caiu, confesso. Quase todos os dias encontro com alguma leitora. Amo saber que me abordam sem nenhum pudor, somos amigas mesmo”, comenta.
O Boca Rosa também possui uma página oficial no Facebook, onde os fãs – mais de 40 mil – se sentem mais próximos de Bianca e aproveitam para elogiar e pedir conselhos. São muitos comentários, todos bastante carinhosos. “Diariamente recebo milhares de recadinhos das minhas leitoras, repletos de carinho. Sempre me emociono quando leio. Um prazer indescritível! O meu blog era apenas um hobby que iniciei com o intuito de ensinar às minhas amigas, vizinhas, galera do colégio, não imaginava que daria nisso. Hoje faz parte da minha história”, afirma Bianca.
As dicas estão em http://bocarosaa. blogspot.com.br/, onde há link para todos os vídeos de Bianca
Bianca se forma no Ensino Médio este ano e ainda não sabe qual curso irá escolher na faculdade, mas pelo o que parece seu futuro no ramo da moda está mais do que certo. A blogueira recebeu um convite para participar de um programa na TV Gazeta, de São Paulo, chamado “Você Bonita”. “Fui chamada para dar dicas de maquiagem. Estou super feliz, vai ser uma grande experiência e se surgir mais alguma oportunidade, agarrarei pra valer”, revela.
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CARTAS
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OURO! Felipe, que não podia pular ou correr quando criança por causa do problema na vista, hoje é campeão mundial de atletismo
Saulo Cruz/ Superar
Após um histórico de lesões e correndo pela primeira vez com um guia com quem não havia sequer treinado junto, Felipe Gomes surpreendeu ao conquistar a medalha de ouro nos 200 metros na Paraolimpíada 2012, em Londres, no mês de setembro. Deficiente visual desde criança, o atleta, que é morador da Nova Holanda, conta que foi para os jogos com o guia que sempre o acompanha nos treinamentos e competições. Este guia, porém, chegou a Londres lesionado, com um estiramento de grau 3, e teve que voltar para o Brasil. Felipe, então, precisou correr com outros dois guias. O atleta nunca tinha treinado junto com o guia que ganhou com ele os 200 metros. “A gente só fez o aquecimento juntos. Não treinamos nada, fomos direto pra corrida”, revela. Felipe chegou a Londres com o 5º melhor tempo do mundo nos 100 metros, modalidade em que era cotado para ganhar. Mas nos 200 metros, não era cotado nem para chegar ao pódio. Felipe conta que até então, em todas as competições deste ano, não se sentia muito seguro, pois ainda se lembrava do “trauma” dos Jogos PanAmericanos de 2011, em Guadalajara, no México, quando teve um estiramento durante a final dos 100 metros. “Em Guadalajara, quando tudo estava caminhando para um sucesso – na eliminatória fiz 11s40, o melhor tempo; na semifinal, alcancei 11s23 e bati o recorde pan-americano –, tive essa infelicidade de me machucar na final da competição”, lembra.
Sonhada medalha paraolímpica Felipe, que começou no atletismo em 2003, vem de um histórico de lesões. Mudou a estratégia e passou a investir mais na fase de alongamento e começou a praticar pilates. Apesar das lesões, o atleta possui uma coleção de medalhas conquistadas em eventos internacionais.
Felipe, à esquerda, e seu guia. Os deficientes visuais correm ao lado de atletas-guias
“Não apague o talento que seu filho pode ter. Vamos mostrar que ele é capaz de trabalhar, estudar, praticar esporte, viajar, namorar.” Felipe Gomes
Felipe nasceu com glaucoma congênito, teve catarata e descolamento de retina aos 4 anos de idade. Ainda criança, ouviu do médico que ele não poderia pular, nem gritar e correr, pois assim ficaria cego. Perdeu a visão completamente aos 14 anos. Ele acredita que, de qualquer maneira, perderia a visão e declara: “Hoje eu corro e sou campeão paraolímpico”. Além disso, ele é estudante de direito. Teve que trancar a faculdade para se dedicar ao esporte, mas pretende retornar aos estudos no próximo período. Felipe sugere que os pais de deficientes coloquem seus filhos para praticar esporte, estudar braile e usar o computador, o que, por sinal, ele faz com desenvoltura. “Não apague o talento que seu filho pode ter. Vamos mostrar que ele é capaz de trabalhar, estudar, praticar esporte, viajar, namorar”. Ele conta ainda que o esporte o proporciona, além da possibilidade de subir ao pódio, a felicidade de viajar, conhecer novas culturas, pessoas e lugares diferentes.
Meu filho tem DOWN...
DIREITOS HUMANOS
Nosso atleta é
Victor Domingues
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Programa piloto na Maré cria uma rede para facilitar o acesso ao tratamento para que os moradores com Down ganhem independência Rosilene Miliotti
Elisângela Leite
A moradora da Nova Holanda, Francine Deodoro de Souza, mãe da pequena Gabrielle, é um exemplo a ser seguido. Desde que soube que a filha tinha síndrome de Down, ela lida com a situação com a maior naturalidade. “Tenho outros filhos sem Down e só soube que ela tinha quando nasceu. A médica me perguntou se eu havia notado algo de diferente na minha filha e eu respondi que não. Aí ela disse que a Gabrielle tinha um probleminha. Eu respondi que tudo bem”, relata. Francine, que é diarista, acha apenas que vai ter dificuldade para voltar a trabalhar, pois imagina que não será fácil deixar Gabrielle com alguém. “Sei que ela vai me dar um pouco de trabalho”, afirma. Uma parceria entre o Movimento Down, o Observatório de Favelas e a Redes da Maré – responsável pela pesquisa inédita sobre síndrome de Down nas comunidades locais, a partir do Censo Maré – já identificou, além de Gabrielle, outras 20 pessoas portadoras de Down na comunidade. Mas a projeção é que existam 32. Uma das constatações da pesquisa é que, por falta de opções na Maré, as famílias precisam encaminhar os filhos para tratamentos e terapias em outros bairros da cidade, dificuldade que pode levar ao abandono das atividades. E assim como Francine, a maior parte das mães de crianças com Down tem medo de deixar seus filhos com outra pessoa e, por isso, não consegue voltar à rotina de trabalhar fora, por exemplo. De posse dos dados já coletados pelo censo, os assistentes sociais da Redes vêm
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ESPORTE
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realizando visitas às casas dos moradores cada vez que é identificada a presença de uma pessoa com síndrome de Down. A família é encaminhada a uma equipe composta por psicólogos e assistentes sociais que fornecem informações e orientações sobre o desenvolvimento, estimulação, saúde, legislação e outras questões que envolvem a melhoria da qualidade de vida das pessoas com a síndrome. Para a assistente social Alessandra Alves, os serviços de estimulação e a fonoaudiologia são os mais deficientes na comunidade. “Mas estamos bem servidos quando o assunto é acesso à educação, esporte e cultura”, comemora.
Filhos criados sem restrição O projeto de criar uma rede na Maré para as pessoas com Down é um piloto para a cidade do Rio, que pode ser adotado em outras partes do mundo. Além de identificar as famílias, é feito um acompanhamento para saber as demandas e identificar as dificuldades. Todos os meses, as mães se reúnem para discutir e falar sobre tratamento ou sobre o que desperta interesse nos filhos. “Queremos fazer com que eles se tornem independentes. Esse é um projeto de acessibilidade e a intenção é criar um livro de recursos onde estarão incluídas todas as instituições da Maré que estão abertas a atender crianças com Down”, revela a assistente social. Alessandra diz que aqui na Maré houve uma surpresa, pois nem todos os portadores apresentavam problemas de visão, no coração e fala. “As pessoas até brincam dizendo que a água da Maré deve fazer bem, já que todos falam, com dificuldade, mas falam, e as mães criam seus filhos sem restrições. Os filhos com e sem Down são criados da mesma forma”, observa.
(?) O que é síndrome de Down? Os seres humanos têm, normalmente, 46 cromossomos, mas as pessoas com Down têm um a mais. Por isso, elas possuem características diferentes, como os olhos puxadinhos, dificuldades na aprendizagem e, em muitos casos, doenças no coração. Entretanto, quando estimuladas, elas sabem falar por si e podem ocupar um lugar na sociedade como qualquer cidadão. Para saber mais sobre o projeto, ligue para 3105-5531.
Vamos salvar vidas! Hélio Euclides
Elisângela Leite
Saiu o guia de ruas da Maré, instrumento político importante para garantir o direito de estarmos no mapa do Rio. Vem aí também o Guia Comercial Fabíola Loureiro
Mirella Domenich
A Maré já conta com 222 moradores formados em Primeiros Socorros Básicos, além de 12 instrutores, que passaram por cursos oferecidos na comunidade pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), em parceria com a filial Rio de Janeiro da Cruz Vermelha Brasileira. A formação em socorrismo visa o fortalecimento dos moradores para que possam agir em casos de emergência, até a chegada da ambulância.
Este ano, os voluntários foram além: fundaram o Núcleo de Socorristas da Maré (Nusomar), após observarem que, muitas vezes, o socorro especializado demora a chegar até as vítimas, gerando necessidade de um suporte básico. O Nusomar tem por objetivo desenvolver uma rede comunitária de assistência capaz de prestar o primeiro atendimento nos casos simples ou nas situações de emergências, facilitando o acesso ao serviço especializado. O último curso da Cruz Vermelha ocorreu nos meses de agosto e setembro, na Redes da Maré. Entre os 50 alunos estava Francisca Ferreira, de 53 anos, uma das mais animadas com o conhecimento obtido. “A minha filha que me chamou para o curso. Gostei, pois
Pelas ruas da Maré
“É muito bom para o morador, porque sempre que perguntam onde fica uma determinada rua, ninguém sabe informar e com o guia ficaria mais fácil. Onde eu moro não tem número nem CEP e por isso costumo colocar o endereço do meu comércio nas correspondências. Uma vez jogaram umas sete correspondências no meu portão, e eu fui entregando a quem eu conhecia, mas nem todo mundo faz isso.” Edson Souza, 40 anos, serralheiro - Parque União Fabíola Loureiro
estou aprendendo e agora vou poder falar para os outros sabendo”, comentou. A sua incentivadora, a filha Bianca Ferreira, agora já dá passos mais altos. “Para mim é um estágio, já que sou aspirante a instrutora. Primeiro fiz o curso de socorrista, depois escolheram oito para se aprofundar durante três meses. Agora é uma avaliação, mas estou me esforçando para esse objetivo”, contou.
Em caso de emergência, ligue primeiro para o Samu (192); depois para o Nusomar (8170-2475 contato: Beth Ramalho).
Segundo Eliezer Lima, um dos responsáveis pelo curso, o trabalho de socorrista se resume em se doar em prol da ajuda ao próximo, mesmo sem conhecê-lo, sem importar a sua raça, sexo ou religião. Para ele, cada pessoa pode fazer, em algum momento, um ato humanitário.
ATUALIDADES
a de costas Desmaio: Deite a vítim e plana em uma superfície rígida pernas da e levante, um pouco, as o recobre a vítima. Caso a pessoa nã is minutos, consciência em um ou do do. chame o socorro especializa ntifique a Envenenamento: Ide caminhe en e substância ingerida vel ao ssí po ido a vítima o mais ráp vômito e qu vo pro o pronto socorro. Nã tipo à r ue alq qu de ou ofereça bebida vítima. um pano Hemorragia: Utilize al. Evite o loc o limpo para comprimir açúcar ou l, sa uso de borra de café, parar a ra pa to qualquer outro produ hemorragia.
ncia: Não Ingestão de substâ reça leite, ofe provoque vômito nem dado no en om somente se isso for rec . rótulo do produto ingerido a a região Queimaduras: Umedeç sas ou res queimada com comp ua fria ág toalhas embebidas em aliviar ra pa ou mergulhe-a na água ntado ide ac a dor. Não coloque o ses es ós sob o chuveiro frio. Ap ura ad eim qu procedimentos, deixe a livre, sem nada por cima. no local Quedas: Coloque gelo Na cabeça: nas primeiras 24 horas. servação, mantenha a vitima em ob sinais rve evitando que durma. Obse ilidade tab irri de convulsão, febre, excessiva.
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“As pessoas têm dificuldade em achar as ruas, porque antes era chamado de Rua A, B, C e depois mudou para nomes próprios. É um marco para a Maré, é a primeira comunidade que ganha esse guia. Ele veio para acrescentar. O guia vai ajudar bastante pois muitas pessoas não sabem o CEP, e outras ainda não têm.” Fátima Regina, 53 anos, é técnica em enfermagem, trabalha em festas e eventos com sua barraquinha de pipocas - Nova Holanda
Mirella Domenich
“A publicação vai ajudar tanto os moradores como pessoas que vêm de fora conhecer um pouco daqui. Na minha casa tem CEP e por isso nunca tivemos problemas em receber correspondências. O único problema é que minha casa tem o mesmo número que a casa vizinha e isso às vezes gera confusão ao carteiro.” Ana Clara, 13 anos, estudante - Nova Holanda O Guia está sendo distribuído gratuitamente na sede da Redes (R. Sargento Silva Nunes, 1.012, Nova Holanda) e no Observatório de Favelas (R. Teixeira Ribeiro, 535, Parque Maré). Edição limitada. Baixe o arquivo no site da Redes www.redesdamare.org.br
Rosana José de Oliveira não vai mais precisar se preocupar quando alguém chegar à loja onde ela trabalha pedindo informação sobre ruas da Maré. Com o guia lançado no dia 28 de setembro, no Centro de Artes da Maré, será possível responder às costumeiras perguntas sobre onde fica uma determinada rua e como chegar até ela. “Acho excelente ter um guia aqui na Maré, porque sempre chega alguém pedindo referência, e isso ajudaria também a nós, que temos comércio. Vai facilitar a entrega das mercadorias”, afirma Rosana, balconista de uma loja situada numa das mais movimentadas esquinas da Nova Holanda. O guia é um dos resultados do Censo Maré, iniciativa da Redes de Desenvolvimento da Maré em parceria com o Observatório de Favelas, a Fundação Ford e a Petrobras, patrocínio da ActionAid e apoio do Instituto Pereira Passos e das 16 Associações de Moradores da Maré. A publicação traz o mapeamento cartográfico de toda a região, do Conjunto Esperança a Marcílio Dias, onde habitam mais de 130 mil pessoas. Além de facilitar o dia a dia, o material permitirá o reconhecimento oficial das ruas pela prefeitura, assim como a reivindicação de CEP e a entrega de correspondências e contas em casa, pelos Correios, em todas as 16 comunidades. “O Guia de Ruas da Maré é uma publicação que derruba a ideia de que a favela é o dito aglomerado subnormal (denominação dada pelo IBGE). Ampliar as referências cartográficas deste território significa dar mais visibilidade às dezenas de milhares de moradas para as quais o ato de declarar o endereço ainda tem efeito vão ou desfavorável ao morador. Este guia é uma importante contribuição para que os cariocas reconheçam este lugar como o bairro que, de fato, é”, avalia Dalcio Marinho Gonçalves, coordenador do Censo Maré. Além do Guia de Ruas, fazem parte do Censo Maré: o Mapa Cartográfico, lançado em 2010; o Guia Comercial, que está previsto para dezembro, e o Censo Populacional, atualmente em fase final de coleta dados, com divulgação estimada para a partir de maio de 2013. Para elaboração do Guia Comercial também foi realizado um Censo em 2011, que contou 2.655 empreendimentos econômicos (serviço, comércio e indústria) nas favelas da Maré.
Maré de Notícias No 34 - Outubro / 2012
Maré de Notícias No 34 - Outubro / 2012
SAÚDE
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ARTE E CULTURA
9 Ar te e Cultura
Exposição reproduz a Maré dos anos 1970
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“Como a Maré de hoje, a Maré de 40 anos atrás também é cheia de vida, cheia de cores”, afirma Moreira. O pintor se baseou em fotos preto e branco da época para reproduzir imagens do cotidiano da região. Suas telas retratam cenas corriqueiras dos anos 1970, como a de mulheres transportando água com rola-rola (barril de vinho deitado na horizontal com pneus acoplados em suas extremidades e puxados com cabos de madeira), lençois estendidos nos varais, fachadas dos barracos e barcos usados para pesca. Morador da Maré por 20 anos, Moreira é pintor autodidata e, atualmente, aos 54, dedica-se exclusivamente à arte, depois de se aposentar como gestor de recursos humanos. Em “A Cor da Maré”, ele pretende trazer aos que hoje ainda vivem na favela a reflexão sobre o passado, as lutas e os avanços na região. “A Maré sempre foi um lugar de oportunidades”, afirma ele, que veio com a família do Espírito Santo para a Maré quando era criança. “Meu pai veio para o Rio de Janeiro, para a Maré, em busca de dar melhores condições de estudo para os quatro filhos”, lembra.
As cores da vida
Maré de Notícias No 34 - Outubro / 2012
Recriar a Maré da década de 1970. Esse é o objetivo da exposição de artes plásticas “A Cor da Maré”, do pintor Chico Moreira. São 12 telas de couro pintadas com tinta acrílica, utilizando a técnica de pirografia, que reproduzem imagens do cotidiano da Maré de 40 anos atrás. A exposição está exposta no Centro de Artes da Maré durante todo o mês de outubro, com entrada gratuita.
Em suas telas, Moreira procura direcionar o olhar do observador, pintando com cores alguns elementos, e deixando outros em preto e branco. “Quero que as pessoas de hoje consigam ver o colorido do passado”, afirma. Ao percorrer a exposição, o visitante tem a oportunidade de observar as fotos da época e entrar na alma do pintor, que retrata partes da cena geral, focando no que para ele ainda está mais vivo – e colorido- – em suas lembranças. Um exemplo é o amarelo das fachadas das casas construídas para habitação provisória. “A cor desse tipo de habitação, sempre igual, não refletia a diversidade das pessoas que por lá viviam”, afirma. Outro destaque fica para a escolha do pintor em retratar o universo feminino da época e a presença marcante da mulher nas atividades rotineiras da Maré. “As mulheres lutavam muito. Eram elas que tinham o contato mais próximo com esse dia a dia da Maré. Elas lavavam suas roupas e também faziam serviços de lavadeira por encomenda, coletavam água, jogavam o lixo fora”, relembra. Moreira avalia que houve mudanças positivas significativas para os moradores e as moradoras da Maré nas últimas quatro décadas. Com as telas, seu objetivo é captar a oportunidade para essas mudanças. “É fundamental que as pessoas não se esqueçam desse passado de lutas”, conclui.
(!)
Maré no tempo das palafitas
Exposição “A cor da Maré” (entrada franca)
Data: até final de outubro - Horário: das 14h às 21h Onde: Centro de Artes da Maré (CAM), R. Bittencourt Sampaio, 181, Nova Holanda
(?)
Rosilene Miliotti
A pirografia é uma manifestação artística milenar, cuja origem da palavra vem do grego piro (=fogo) e grafia (=escrita). Consiste em fazer desenhos com o uso de um pirógrafo, equipamento elétrico, muitas vezes em forma semelhante à de uma caneta, que produz calor em uma das extremidades, por meio da qual é possível fazer gravações em determinadas estruturas, como madeira e couro.
Elisângela Leite
Maré de Notícias No 34 - Outubro / 2012
Mirella Domenich
Casal na abertura da exposição, no Centro de Artes Habitações provisórias construídas pelo governo na Nova Holanda, feitas de madeira
por água abaixo
Na Roquete Pinto, parte do esgoto vai para a Baía de Guanabara e outra é encaminhada à estação de tratamento da Penha. Porém, para o resíduo chegar à estação é necessário uma bomba, que vive quebrada, e dessa forma o esgoto retorna, o que deixa muitas ruas cheias. “A bomba não suporta, já é velha, com mais de 12 anos. Quando é consertada, no mesmo dia volta a quebrar. Até na minha porta há um esgoto vazando. A comunidade pede socorro”, declara o presidente da Associação da Roquete Pinto, Altemir Cardoso.
Cedae falha na prestação de serviços na Maré Hélio Euclides
Elisângela Leite
“Lata d’água na cabeça, lá vai Maria. Lá vai Maria: sobe o morro e não se cansa. Pela mão leva a criança. Lá vai Maria.” Passados exatamente 60 anos da criação dessa marchinha de carnaval ainda há quem sofra com a distribuição de água encanada. Na Maré não é diferente. Mesmo prometendo mudanças, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), empresa estatal pertencente ao governo do estado, ainda é questionada por ausência de serviços, o que se repete em vários locais da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Na edição nº 3 do Maré de Notícias, de fevereiro de 2010, o tema abordado foi a utilização de bombas hidráulicas para se ter o líquido potável em casa. Na época a Cedae tinha como discurso o projeto Água para Todos, que iria solucionar o problema das torneiras secas e ainda fazer com que a água chegasse com força, conforme acontece em outros bairros da cidade. Entretanto, de lá para cá pouca coisa mudou. “A água está fraca, a Cedae diz que está verificando, mas falta uma vistoria, já que 80% das casas usam
bomba, pois a água não sobe. O projeto só existiu para quem não tinha acesso à água”, relata o vice-presidente da Associação de Moradores de Marcílio Dias, Luciano Aragão. Outras três comunidades foram contempladas com o projeto: Morro do Timbau, Praia de Ramos e Roquete Pinto. Também nelas as reclamações persistem. “O que fizeram foi apenas trocar os registros de algumas ruas”, afirma o presidente da Associação da Praia de Ramos, Cristiano Reis.
Cedae descumpre promessas Segundo a diretora da Associação de Moradores da Roquete Pinto, Elizabeth Roque, lá as coisas ainda são piores. “O projeto inicial de Água para Todos era maravilhoso, até as caixas de amianto iam trocar. Contudo, a água não chega a algumas casas, mas o morador paga a conta para não ficar com o nome sujo. Hoje o problema chave da associação foi essa obra, pois todos reclamam”, expõe, se referindo à tarifa social de R$ 18,76 mensais, que passou a ser cobrada dos moradores das comunidades que tiveram Água para Todos.
Elizabeth guarda um documento no qual a Cedae convocava todas as associações da Maré para uma audiência pública, no dia 16 de abril deste ano, no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-RJ). O assunto era que em três meses iriam fazer obra para melhorar o que tinham começado, mas até agora ficou no papel. “O morador paga por um serviço que não existe. Até a associação paga a conta no valor de 18,76, que resume a água domiciliar e esgoto sanitário”, denuncia a diretora. Os moradores vizinhos ao Parque Ecológico, área considerada final de linha de distribuição, sofrem com o desabastecimento de água. Antonia Viana conta que para encher a caixa d’água precisa sempre utilizar uma bomba. “Antes a água chegava com força, mas agora tem que ter bomba. Acho que a dificuldade no fornecimento da água aconteceu após o crescimento das casas”, diz ela. A Cedae, portanto, desconsidera o aumento da demanda. Na residência de Maria de Fátima da Rocha, a chegada do calor traz junto o medo da falta d’água. “No verão a água fica fraca, chega a faltar. No tempo quente nem encho a piscina na laje, pois
Vazamento de esgoto ao lado da placa da Cedae, no Parque Roquete Pinto. A estatal instalou essas placas nas casas para orientar o entregador das contas de água e esgoto
a água não sobe. Acredito que piorou depois que surgiram novas habitações”, afirma. Ela espera que a Cedae resolva a situação antes da nova estação.
“A água não chega a algumas casas, mas o morador paga a conta para não ficar com o nome sujo. Hoje o problema chave da associação foi essa obra (Água para Todos), pois todos reclamam.” Elizabeth Roque, diretora da Associação de Moradores da Roquete Pinto
Esgoto a céu aberto Outro problema crônico da Maré é a rede de esgoto. Um vazamento ilustrou a capa da edição nº 7, do Maré, de julho de 2010, na Rua Bento Ribeiro Dantas, no Conjunto Pinheiro. Hoje se encontra do mesmo jeito. “Aqui o esgoto vive a céu aberto”, resume a presidente da Associação de Moradores do Conjunto Pinheiro, Eunice Cunha. Não existe uma reforma geral da tubulação, que atualmente é defasada. “A rede de esgoto já tem 40 anos, necessita de uma obra grande. O
Esgoto corre a céu aberto em Roquete Pinto
atendimento já foi bem melhor, o motivo principal foi o efetivo reduzido”, comenta Luciano, sobre o problema também em Marcílio. A explicação para a não execução de serviços com maior agilidade se deve ao sucateamento do Núcleo Maré da Cedae, que fica na Nova Holanda. Esta é a opinião da presidente da Associação da Nova Holanda, Andrea Matos. Ela revela que há um número pequeno de funcionário e ausência de equipamentos. “Atualmente utilizam uma vara de cano para desentupir, algo ultrapassado. A Cedae Maré só falta fechar as portas, pois só tem 10 funcionários para o trabalho na rua, e sem material”, denuncia. Para ela, existe ainda um desconhecimento das localidades por parte da estatal. A demora no atendimento faz com que sejam criada soluções alternativas. Na Praia de Ramos existe o trabalho de bombeiro hidráulico das ruas. A associação paga dois funcionários para fazer os serviços. “Para não ficar um tempão sem atendimento, nasceu esse trabalho comunitário, pois até quando a empresa vem fazer os consertos temos que fazer rateio em alguns momentos. E olha que o morador paga a conta
Mais vazamento em Roquete Pinto: a conta chega, mas o serviço falha Bueiro entupido e com o cano de água supostamente“potável”passando por dentro dele, na Praia de Ramos
Para a moradora da Roquete Pinto, Antonia Euzirene, há muito descaso. “O poder público abandonou a gente. A verdade é que no tempo da eleição maquiam tudo para receber votos”, conclui. Altemir, por sua vez, reclama ainda das tampas de bueiro quebradas e observa que em algumas ruas há canos de água e esgoto muito próximos. Na maior parte da Maré, o esgoto doméstico segue in natura para os valões até desaguar na Baía de Guanabara. Há anos existe a promessa de conectar o esgoto daqui à Estação de Tratamento de Alegria, no Caju. Durante um mês e meio o Maré de Notícias tentou incessantemente contato, via correio eletrônico e telefone, com o setor de comunicação da Cedae, para obter uma entrevista sobre as reclamações dos moradores. Só durante o fechamento desta edição recebemos o retorno da estatal. Por causa do prazo, a entrevista será feita para a próxima edição.
11 Políticas Públicas
Atendimento indo
que vem detalhada água e esgoto!”, ressalta Cristiano.
Maré de Notícias No 34 - Outubro / 2012
Maré de Notícias No 34 - Outubro / 2012
POLÍTICAS PÚBLICAS
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Silvia Noronha
Elisângela Leite
A Conferência de Direitos Humanos da Maré será remarcada, com o objetivo de ampliar o debate sobre o Plano local de Direitos Humanos. O evento estava previsto para 1º de setembro, dia da operação policial que resultou na morte de dois jovens moradores, o que transformou o encontro em momento de solidariedade e mobilização em prol da apuração dos crimes. Uma das vítimas é Fabrício de Souza Melo, de 18 anos, que portava seus documentos, foi levado com vida pela polícia primeiro para o Batalhão da Maré e depois para o Hospital, onde foi registrado já morto, como indigente, por estar estranhamente sem os documentos. Desde então, os organizadores da conferência (Iser, Luta pela Paz, Observatório de Favelas e Redes) vêm acompanhando o caso, em conjunto com a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Ainda no dia da operação, uma senhora teve sua casa invadida pela PM e, de lá, foi furtado o dinheiro que ela juntava para uma cirurgia.
Entre as atividades do evento destacam-se jornal com depoimentos de moradores, contação de história, encenação de contos, música com cantores do passado, mandalas coloridas, dança, poesia, fotos e maquetes. Um dos depoimentos foi de Maria José Santos Costa, que mora na Maré desde 1978. “Muito importante falar para as crianças que a Maré tem uma história bonita. Foi aqui que criei meus filhos; os dois chegaram à universidade, e eu também”, ressalta. (Texto e foto:Hélio Euclides)
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A operação acabou por reforçar a importância do Plano de Direitos Humanos da Maré, que posteriormente será levado ao governo do estado.
Evento sobre o Plano de Direitos Humanos da Maré Data, horário e programação em definição Acompanhe pelo site da Redes www.redesdamare.org.br ou ligue para 3105-5531
Verdejar: a luta continua Victor Domingues
Depois de mandar demolir, sem aviso prévio, a sede da instituição socioambiental Verdejar, no Alemão, a concessionária de energia Light retomou as negociações, se comprometendo a rever sua decisão. A Verdejar atua há 15 anos no local, onde fica a Serra da Misericórdia. As terras são Áreas de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana (Aparu) e ainda Parques Ecológico e Urbano da Serra da Misericórdia. Todos sob responsabilidade da administração municipal. A Light, entretanto, tem um projeto de criação de uma subestação de energia dentro daquela unidade de conservação. A empresa interrompeu o diálogo iniciado com a instituição e preferiu ir à Justiça. Além disso, omitiu para a Justiça a informação da existência da Verdejar no terreno, afirmando que a área não estava ocupada. “Eles (a Light) fizeram uma manobra”, explica o coordenador da instituição, Edson Gomes. Durante semanas, a Verdejar funcionou em frente aos escombros em sinal de protesto.
NOTAS
Alfabetização de jovens e adultos Estão abertas as inscrições para o curso gratuito de alfabetização de jovens e adultos, que terá início dia 17 de outubro. As aulas acontecerão de segunda a quinta, de 19h30 às 21h30. Para se inscrever é preciso levar cópia da carteira de identidade, CPF, comprovante de residência e uma foto. Local: sede da Redes, na Rua Sargento Silva Nunes, 1.012. Nova Holanda.
Parada LGBT reuniu quase 10 mil pessoas A Parada de Orgulho LGBT, que circulou por dentro da Maré em 2 de setembro, atraiu de 8 mil a 10 mil pessoas, segundo o Conexão G, instituição organizadora do evento. O objetivo foi dialogar com a comunidade e alertar para a violência contra a população de lésbicas, gays, bissexuais e travestis. Veja as opiniões que colhemos pelas ruas após a passagem do grupo: “Eu adorei. E foi uma festa que contou com a presença da comunidade. Não esperava que fosse dar tanta gente como deu. Achei ótimo, me
diverti, dancei, bebi... E ainda nem vi confusão nenhuma. Os organizadores estão de parabéns!” João Paulo Rodrigues, 24 anos, de Bento Ribeiro Dantas “Acho que a comunidade abraçou a parada gay de maneira bastante carinhosa. Acredito que uma dessas evidências foi a paz e a harmonia em que a passeata prosseguiu. Não houve brigas, insultos e nenhum tipo de homofobia declarada.” Carlos Henrique, 24 anos, da Nova Holanda
Maré de Notícias No 34 - Outubro / 2012
Moradores, trabalhadores e visitantes da Maré estão desde já convidados para o evento
O Programa de Integração Cidadã (PIC) realizou, no último sábado de setembro, na Vila do João, o evento Labirinto Cultural – História da Maré. O prédio de três andares foi ornamentado para receber os cerca de 80 moradores. “Foi um mês para preparar, tendo pesquisa, o envolvimento das crianças e moradores. Essa dinâmica ajudou no aprendizado, a compreender a história local, a vivenciar e eternizá-la. Focamos na expectativa de um futuro melhor”, conta a educadora Joyce Nunes.
veri-vg
Plano de Direitos Humanos em debate
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Labirinto cultural
Hélio Euclides
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DIREITOS HUMANOS
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Rosilene Miliotti
PROGRAMAÇÃO
“Negro, Cidade e Estética” será um evento realizado pelo Observatório de Favelas, a Redes de Desenvolvimento da Maré e a Retalhos Cariocas, nos dias 9 e 10 de novembro – mês da Consciência Negra – No segundo dia, que recomeça após o almoço, ocorre a roda de conversa Negro, Cidade e no Galpão Bela Maré, na Nova Holanda. O encontro, que reunirá moda, música, cultura e debates com personalidades e pensadores, pretende abordar o racismo em algumas de suas especificidades, como as consequências para a produção criativa negra, sua manifestação no ordenamento espacial e construção de cartografias imaginárias da cidade (há lugares permitidos ou não aos negros no imaginário social hegemônico?). No primeiro dia de evento haverá, além de um cortejo com o grupo Marécatu, um desfile produzido
Cineclube RABIOLA
Elisângela Leite
Todas as sextas, às 16h30 O melhor do cinema infantil e infantojuvenil com muita diversão, pipoca e guaraná!
OFICINAS REGULARES Capoeira as as
Pontinho de cultura (prog. infantil)
Estética, na qual seis convidados (dos campos das artes, moda, mídia e universidade) debaterão com a plateia diferentes dimensões do tema. O encerramento será marcado pela apresentação de dois grupos de jongo. A intenção do encontro é discutir estratégias culturais de desarticulação de “expectativas” que servem, justamente, de sustentação tanto para os estereótipos que relegam os negros e suas manifestações à subalternidade, quanto à manutenção dos cânones do “belo” da cultura hegemônica.
Ingredientes: Elisângela Leite
pela Retalhos Cariocas, que lançará sua coleção inspirada na África. A atração terá trilha sonora da cantora e criadora de sons, Raquel Coutinho, e será seguida de uma grande festa celebrando o mês da Consciência Negra, com a apresentação da Orquestra Afrobeat Abayomy.
Prato muito popular em Angola, em geral servido nos finais de semana, a cachupa foi ensinada por Ana Maria, que, em agosto, participou de uma oficina de comida africana com as mulheres do Maré de Sabores.
3 e 5 - 13 às 15h
sábados: de 12h30 às 15h30
Biblioteca Popular Municipal Jorge Amado
(!)
Negro, Cidade e Estética
o Bela Maré 9 e 10 de novembro, Galpã , Nova R. Bittencourt Sampaio, 169 s 9 e 10, Holanda (entre as passarela próximo à Av. Brasil) Informações: 3105-5531
De segunda a sexta-feira, das 9h às 17h Ao lado da Lona Cultural Municipal Herbert Vianna e atende a toda a comunidade do Complexo da Maré. Além de um amplo acervo, a biblioteca oferece brinquedoteca, gibiteca e empréstimo domiciliar, além de diversas oficinas.
Cavaco
2as - 15 às 17h e 3as - 18 às 20h
Artes Circenses
2as e 4as - 14:30 às 16:30h Percussão - Ritmos brasileiros 3as e 5as - 9h30 às 11h30
Violão
2as - 15 às 17h e 3as - 18 às 20h
Consulte a programação de shows em www.redesdamare.org.br R. Ivanildo Alves, s/n - Nova Maré Tels.: 3105-6815 / 7871-7692 lonadamare@gmail.com FACE: Lona da Maré - ORKUT: Lona Cultural da Maré - Twitter: @lonadamare
Gastronomia as
4as e 5
- 8h30 às 11h30 13h às 16h
Teatro
Sábados - 10h às 12h (13 a 17 anos)
Dança de salão
Sábados, - 18h às 20h
cultura
500g de milho branco 500g de feijão carioquinha 100g de frango 200g de paio 200g de costela 200g de Lombo suíno 200g de pé de porco 100g de cenoura 200g de repolho 50g de bacon 3 dentes de alho 1 folha de louro 1 cebola 4 colheres de sopa de azeite 3 tomates maduros médios Sal a gosto.
Modo de preparar: Cozinhar o feijão e o milho separados. Enquanto inicia o cozimento do feijão e do milho, em outra panela refogue, com azeite, o tomate, a cebola, o louro e o alho. Adicione a costelinha e o pé de porco ao refogado, acrescente 500 ml de água e deixe cozinhar em fogo baixo por 1 hora.
Elisângela Leite
Depois de cozida, adicione ao refogado o frango e as outras carnes cortadas em cubos grandes e a cenoura em rodelas de 5 cm. Quando a cenoura estiver macia, reúna o feijão e o milho à mistura e por último adicione o repolho. Corrija o sal e a pimenta, se necessário for, e sirva.
A ENTRAD A C N FRA MÊS DA CRIANÇA
OFICINAS REGULARES
Cineclube Maré Cine com Curtas Infantis
2as Dança contemporânea
(12-18 anos) 18h30-20h Dança de rua (Nível avançado) 20h-21h30 Cineclube Maré Cine sempre às 17h30
Sempre às segundas-feiras, às 18h Seleção de curtas e desenhos de animação da Programadora Brasil
Apresentação musical dos Flautistas da Pró Arte Cantando Gilberto Gil
3as Consciência corporal (a partir de 16 anos) 18h30-20h
Sábado, dia 13/10, às 19h
Percussão (Método O Passo) 20h-21h30
Espetáculo infantil com Jujuba & Ana Nogueira
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as
Sábado, dia 27/10, às 18h
PROGRAMAÇÃO DE NOVEMBRO
Ana Branco
Especial Dia da Cultura
Introdução ao balé (a partir de 8 anos) 9h30-11h na Redes Dança de rua (a partir de 10 anos) 17h-18h30
5as Consciência Corporal (7-12 anos) 18h30-20h Dança criativa (7-12 anos) 18h30-20h Dança contemporânea 20h-21h30
05 de Novembro. Atividades diversas
TEMPORADA MARÉ DE ARTES CÊNICAS Infantil: último sábado de cada mês, às 19h Adulto: último domingo de cada mês, às 19h
CULTURA
PROGRAME-SE !
TODA A PROGRAMAÇÃO É GRATUITA !
Cultura Negra à mostra e em debate: Moda, música, cultura e debates na Maré no mês da Consciência Negra
Rosilene Miliotti
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Herbert Vianna
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R. Bitencourt Sampaio, 181 Nova olanda
6as Introdução ao Balé
(a partir de 8 anos) 17hs-18h30
Dança de salão (a partir de 16 anos) 18h30-20h e 20h-21h30
(21) 3105-7265
Confira a programação no local ou pelo telefone: 3105-7265 (de segunda a sexta, de 14h às 21h30)
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Festas e debates celebram o negro
Você conhece a Cachupa?
Lona cultural
Elisângela Leite
CULTURA
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pra maré
Ga
al n r jo u e s o a t n a r
participar do maré
da sua todos os meses! Busque um exemplar na Associação de Moradores comunidade!
Quem fez essa
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ESPAÇO ABERTO
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bagunça?! “Tinha dormido com meu marido na casa da minha mãe, aqui na Maré mesmo. Quando voltei, às 7h da manhã, a vizinha, assim que me viu, falou que se eu tivesse chegado dez minutos antes teria encontrado os policiais militares dentro da minha casa. Eles entraram em todas as casas da rua. Como a minha estava vazia, eles usaram chave-mestra. Sempre morei na Maré, e desta vez foi a que mais me senti invadida, sem ação, com sentimento de não ter controle das coisas que acontecem dentro da minha própria casa. A Polícia Militar já havia entrado outras vezes, e também na casa dos meus pais, na minha sogra – sempre sem mandado de busca e apreensão, né –, mas desta vez eles entraram com chavemestra, abriram até as gavetas, tiraram tudo do guarda-roupa. Encontrei a casa deste jeito. Depois chequei se haviam levado algo. Senti falta apenas de um creme hidratante importado. Foi levado. E tive que trocar a fechadura porque ficou estragada. Tive um bom prejuízo com isso. Depois pensei em fazer boletim de ocorrência (BO) na delegacia, mas minha mãe achou melhor não, porque tem receio de vingança.” Isabela Batista, moradora da Nova Holanda, sobre a ação policial realizada em 20 de setembro
Elisângela Leite
(!)
Invasão de domicílio é crime
(Endereço: Você pode recorrer ao Ministério Público 2550-9050) Av. Marechal Câmara, n° 370 – Centro. Tel: embléia ou à Comissão de Direitos Humanos da Ass Primeiro de Legislativa (End: Palácio Tiradentes – Rua Março, s/n – sala 307. Tel: (21) 2588-1000). 13. Leia mais sobre Direitos Humanos na pág.