Reprodução / CRMM
Ano VI, No
60
dezembro / 2014 a março / 2015 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita
Tem Griot na Maré? Descubra... na página 16
O que querem as crianças? As propostas dos pequenos para a nossa Maré Pág. 3
5 anos do nosso Maré
Com esta edição, iniciamos o sexto ano do Maré de Notícias. A cada mês de aniversário, publicamos reportagem sobre o próprio jornal mas, desta vez, decidimos homenagear todos os que fazem comunicação comunitária neste país e contamos sobre o jornal Fala Manguinhos. Leia também artigo sobre a luta pela democratização da comunicação. Pág. 4 e 5
Rosilene Miliotti
Cinema no beco
Bhega Silva
Óleo virando cultura! Pág. 12
la Leite
A investigação da chacina que resultou na morte de 10 pessoas aponta pelo menos quatro autos de resistência, sugerindo que os policiais do Bope agiram em legítima defesa. O resultado frustra expectativas, apesar de a investigação estar sendo conduzida com raro empenho quando se trata de morte provocada por policiais em favela. Pág. 6 e 7
1ª Miss
Black Po wer do B ra
sil
u dora se Vitória alo crespo cabe
Margarid o precon a e Vera contra ceito
Elisânge
investigada
Fortalecer a identidade da mulher negra é fundamental para combater o preconceito e valorizar a diversidade de nossa sociedade. Conheça ações e pessoas engajadas nesta causa na Maré. Pág. 8 a 11 o
Chacina
Beleza negra em destaque c Valnei Suc
História da Praia de Ramos Pág. 14 e 15
Jorge Fe rreira / C FN
Boca de Siri
HUMOR - André de Lucena: “Aquecimento global”
Editorial Juntos para sempre Chegamos à edição de número 60. Depois de uma brevíssima interrupção nesta virada de ano, o Maré de Notícias volta a circular pelas ruas, casas e instituições locais, como sempre fizemos nesses cinco anos de vida, completados em dezembro passado. Vibramos com mais um aniversário e agradecemos a proximidade dos moradores e trabalhadores que se apropriam do jornal e o reconhecem como veículo profundamente enraizado na Maré.
A taça é nossa! Ficamos em 2º lugar na última edição do Prêmio Visibilidade das Políticas Sociais e do Serviço Social, do Conselho Regional de Serviço Social (Cress/RJ).
O tema de capa – sobre a mulher negra, a partir da página 8 – visa aumentar a compreensão sobre a riqueza de nossa diversidade social e combater a imposição de padrões de beleza que afetam a auto-estima e a identidade de cada um. Essa reportagem circula agora na versão impressa do jornal, para que todos possam ler e entrar nesse debate.
A matéria premiada foi “Vidigal: custo de vida lá no alto – Gentrificação”, do jornalista Aramis Assis, publicada na Ed. 53, de maio de 2014. Este foi o quarto prêmio Visibilidade recebido pelo Maré de Notícias.
Conforme noticiamos na edição 46, seis em cada 10 moradores da Maré são pretos ou pardos, segundo dados do IBGE. Por isso, consideramos importante apresentar outro ângulo dessa temática, porque entendemos a necessidade de fortalecer a nossa identidade e autoestima. O combate ao preconceito racial e social cabe a todos nós.
Silvia Noronha
Maré de Notícias No 60 - dezembro / 2014 a março / 2015
EDITORIAL
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A todos e todas, boa leitura!
Expediente Instituição Proponente
Redes de Desenvolvimento da Maré
Diretoria
Andréia Martins Eblin Joseph Farage (Licenciada) Eliana Sousa Silva Edson Diniz Nóbrega Júnior Helena Edir Patrícia Sales Vianna
Instituição Parceira
Associação dos Moradores e
Conexão G
Amigos do Conjunto Esperança
Conjunto Habitacional Nova Maré
Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros Associação de Moradores do Morro do Timbau
Luta pela Paz União de Defesa e Melhoramentos do Parque Proletário da Baixa do Sapateiro União Esportiva Vila Olímpica da Maré
Associação de Moradores do Parque Ecológico Associação de Moradores do Parque Habitacional da Praia de Ramos
Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz
Apoio
Associação de Moradores do Parque União
Proj. gráfico e diagramação Pablo Ramos
Logomarca
Os artigos assinados não representam a opinião do jornal.
Colaboradores
Permitida a reprodução dos textos, desde que citada a fonte.
Anabela Paiva André de Lucena
Coordenador de distribuição Impressão
Editora executiva e jornalista responsável
Tiragem
40.000 exemplares
Editor assistente
Redes de Desenvolvimento da Maré
Hélio Euclides (Mtb – 29919/RJ)
Associação de Moradores da Vila do João
Associação Comunitária Roquete Pinto
Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda
Fabíola Loureiro (estagiária) Rosilene Miliotti
Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas
Biblioteca Comunitária Nélida Piñon Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa (CRMM)
Elisângela Leite
Leia o Maré e baixe o PDF em www.redesdamare.org.br
Jornal do Comércio
Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)
Administração do Piscinão de Ramos
Repórteres e redatores
Fotógrafa
/redesdamare
Imagem de cabeçalho na capa: Grafite existente no CRMM-Maré, na Vila do João.
Monica Soffiatti
Luiz Gonzaga
Associação de Moradores do Parque Maré
Observatório de Favelas Ação Comunitária do Brasil
Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros
Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias
Parabéns, Aramis! A matéria esclarece o processo de gentrificação que vem ocorrendo no Vidigal após a ocupação pelas forças de segurança. Ou seja, está havendo mudança no perfil dos moradores, já que o local vem sendo procurado por pessoas de classes mais altas, o que afeta a cultura local. Leia no site da Redes, clicando em Maré de Notícias e depois na edição 53.
Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Nova Holanda / Maré CEP: 21044-242 (21)3105.5531 www.redesdamare.org.br comunicacao@redesdamare.org.br
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Parceiros:
Fabíola Loureiro
Elisângela Leite
Cerca de 200 pessoas definiram as propostas da Maré a serem apresentadas na Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, em maio. Caso sejam aprovadas, as sugestões serão levadas à Conferência Estadual e, posteriormente, à Conferência Nacional, marcada para dezembro. A Conferência Livre da Maré aconteceu no final do ano passado, no Centro de Artes. Segundo Gisele Martins, coordenadora da Equipe Social da Redes da Maré, instituição que organiza o processo participativo local e integra o Conselho Nacional, o objetivo foi discutir a forma como as crianças e adolescentes gostariam que as políticas públicas se desenvolvessem na Maré e nos demais espaços populares.
O estudante Jonathan Luiz, 10 anos, participou dos grupos de trabalho e gostou da conferência: “Achei uma ideia boa, teve a participação de pessoas variadas e também adultos. Dei uma ajuda no grupo e surgiram várias propostas diferentes”, contou ele. A também estudante Iana Carolina, 10 anos, acha que o evento teve uma boa
participação. “É importante saber a nossa opinião. E não é todo dia que podemos expressar nossa opinião, sem que outras pessoas se intrometam. Um dos exemplos que me chamou atenção foi quando sugeriram: ‘Você bate em uma flor? Não. Então não devemos bater em uma mulher’”, finalizou Iana.
Evento contou com a participação ativa das crianças, que gostaram de ser ouvidas
P Prrooppoossttaass com
1. Eixo Educação:
às diversas necessidades periodicamente.
* Garantir na educação básica um currículo que contemple temáticas como direitos humanos, prevenção de substâncias psicoativas, diversidade sexual e de gênero, território e demais temas conexos aos direitos das crianças e adolescentes;
2. Eixo Segurança Pública:
* Promover o acesso aos equipamentos escolares, inclusive nos finais de semana, como espaços de lazer e convivência comunitária, com atividades esportivas e culturais em parceria com as instituições locais; * Fortalecer os espaços democráticos nas escolas com a participação dos setores locais nas diversas políticas, tais como saúde, esporte e lazer, segurança pública, cultura etc., possibilitando ainda o protagonismo dos estudantes, de seus familiares e de toda comunidade local; * Garantir o acesso das crianças e adolescentes com deficiência nas escolas públicas com espaços integrados e adaptados
profissionais
capacitados
* Criar políticas voltadas ao enfrentamento e erradicação do trabalho de crianças e adolescente no tráfico de drogas; * Fortalecer e exigir dos órgãos de defesa dos direitos da criança e do adolescente um posicionamento público contrário à redução da maioridade penal e às diversas formas de violência contra crianças e adolescentes; * Potencializar a atribuição dos Conselhos Tutelares de sistematizar e encaminhar as denúncias e demandas locais aos órgãos competentes para o planejamento de políticas públicas voltadas para crianças e adolescentes; * Fiscalizar e potencializar as instituições socioeducativas.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Conheça as propostas de crianças, adolescentes e responsáveis para uma Maré com mais qualidade de vida
Maré de Notícias No 60 - dezembro / 2014 a março / 2015
A voz e a vez da garotada
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COMUNICAÇÃO
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s o an s o t n ju
!
morar os , e m o c a r Pa o Maré d s o n a cinco os todas m a z i n e b para as que as pesso municação fazem co ria e contamos á comunit o sobre o jornal um pouc inhos u de Mang
Silvia Noronha
Fazer comunicação comunitária é muito bom, mas não é nada fácil, principalmente se a proposta for elaborar um jornal impresso. O pagamento à gráfica e a necessidade de montar um sistema de distribuição tornam o desafio ainda maior. Este é o caso do nosso Maré de Notícias, que completou cinco anos em dezembro passado, com 59 edições. Um feito, sem dúvidas, mas não somos os únicos; há muitos grupos fazendo comunicação comunitária, a maior parte pela internet. Entre os veículos impressos, além do Maré de Notícias, existem: Fala Roça, da Rocinha; Fala Manguinhos, do Complexo de Manguinhos; Voz das Comunidades, do Alemão (que no fim do ano voltou a ser impresso); e A Notícia Por Quem Vive, da Cidade de Deus. Simone Quintella, uma das fundadoras do Fala Manguinhos e da Agência de Comunicação Comunitária de Manguinhos, conta que o lançamento do jornal foi pensado para democratizar as informações das 17 favelas que formam Manguinhos, onde moram cerca de 40 mil pessoas (IBGE, Censo 2010). “As coisas aconteciam, mas a informação não circulava, porque Manguinhos é grande. Apenas uns poucos privilegiados tinham acesso ao que ocorria por aqui. O jornal ameniza essa situação”, afirma Simone. O Fala Manguinhos foi lançado em novembro de 2013 por um grupo de moradores. A ideia nasceu no grupo de comunicação do Conselho Comunitário de Manguinhos. Inicialmente tinha periodicidade mensal, mas depois passou para bimestral, por causa do custo. São 10 mil exemplares, distribuídos pela própria equipe que es-
creve. Um exemplar é deixado na porta de cada casa e nas instituições locais (a exemplo do que fazemos com o nosso Maré). Eles também estão tentando captar anúncios das empresas locais para garantir a existência do jornal que, atualmente, conta com apoio da Fiocruz e recentemente recebeu verba do prêmio Favela Criativa, patrocinado pela Light e Secretaria Estadual de Cultura. Fazem parte dos planos lançar uma rádio-web e remunerar a equipe, formada por 12 pessoas, sendo 10 moradores.
Rio tem 118 veículos de comunicação comunitária Além das ações citadas acima, a pesquisa “Direto à comunicação e justiça racial”, do Observatório de Favelas, mapeou a existência de 118 iniciativas comunitárias de diversos tipos na Região Metropolitana do Rio. Desse total, 70 responderam a um questionário (nós fomos um deles!). A maior parte das ações de comunicação (52 de um total de 70) existe somente pela internet (blogs, redes sociais, site, web-rádio e web-tv). Jornais e revistas impressos são apenas 10, de acordo com a pesquisa, concluída em 2014. Existem também seis canais de rádio comunitária e dois de TV. Vida longa a todos!
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“As coisas aconteciam, mas a informação não circulava, porque Manguinhos é grande. Apenas uns poucos privilegiados tinham acesso ao que ocorria por aqui. O jornal ameniza essa situação” Simone Quintella, do Fala Manguinhos
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A luta pela Democratização da Comunicação em nosso país passou a ter alguma organicidade por volta de 1987, quando aconteceram as primeiras articulações e debates para tentar contribuir para o conteúdo da nova Constituição, que terminou sendo aprovada em 1988. Infelizmente, passados 25 anos da aprovação da nossa atual Constituição, os principais capítulos da mesma que tratam da comunicação não foram regulamentados. Os ‘barões da mídia’ e os ‘imperadores das teles’ não querem que haja nenhum tipo de regulação da mídia em nosso país. Dizem que isso seria uma censura, um atentado à liberdade de imprensa. Na realidade, quem faz censura todos os dias são os donos das principais empresas de comunicação no país, impedindo a pluralidade de ideias, a diversidade de fontes de opinião, o debate do contraditório, e impondo um ‘pensamento único’, manipulando a informação, deturpando a notícia, contando ‘meias verdades’, exercendo na prática uma verdadeira ‘liberdade de empresa’. Suas TVs, rádios, jornais e revistas dizem o que querem, sua opinião passa a ser a ‘verdade’ nacional, e ninguém tem a oportunidade de divergir ou de contestar. Desde 1991, o Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação (FNDC) vem organizando as principais lutas e campanhas pelo direito à comunicação, pela liberdade de expressão e pela democratização da comunicação. Do apoio à luta das rádios e TVs comunitárias, do fortalecimento da comunicação pública, da luta por uma internet livre e democrática e de boa qualidade (banda larga), da implantação do Canal da Cidadania na TV digital aberta, do apoio para dar sustentabilidade à comunicação alternativa, popular, independente e livre, nas vitórias para regulamentar a Lei do Acesso à Informação, a Lei do Serviço Condicionado (TV por Assinatura), o Marco Civil da Internet, da luta pela criação e implantação dos Conselhos de Comunicação, na luta pela organização e implementação da I Conferência Nacional de Comunicação (ConFeCom), à luta mais geral para conquistar um novo Marco Regulatório das Comunicações, o FNDC sempre esteve lá.
Orlando Guilhon - Executiva do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC)
“Quem faz censura todos os dias são os donos das principais empresas de comunicação, impedindo a pluralidade de ideias, a diversidade de fontes de opinião, e impondo um ‘pensamento único’, manipulando a informação” O FNDC sempre esteve formulando projetos de políticas públicas, denunciando as arbitrariedades cometidas pelo oligopólio das grandes redes de comunicação, negociando e pressionando os poderes públicos, formando novos quadros e capacitando ativistas, coletando abaixo-assinados, fazendo campanha nas ruas e nas redes, travando várias batalhas e utilizando-se de várias estratégias para fazer avançar em nosso país essa luta pela democratização da comunicação. Desde maio de 2013 estamos nas ruas, praças, escolas, universidades, igrejas e comunidades, coletando assinaturas para um Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP)
da Mídia Democrática, iniciativa construída por mais de 500 entidades e organizações da sociedade civil brasileira, e que apenas pretende regulamentar os artigos da nossa Constituição que falam de Comunicação Social e todavia não foram regulamentados. Lá está a regulamentação da complementaridade entre os sistemas de comunicação (privado, estatal e público), a proibição do monopólio e oligopólio no setor, a obrigatoriedade de mais conteúdos regionais e independentes nas nossas rádios e TVs, a criação de um Conselho Nacional de Comunicação com participação do cidadão. Queremos obrigar o Congresso e o governo federal a assumirem a sua responsabilidade de fazer este debate acontecer e avançar neste direito de cidadania para todos os brasileiros e brasileiras. Você também pode participar. Entre no site www.fndc.org.br ou no site www. paraexpressaraliberdade.org.br e você terá acesso a todos os materiais de campanha, incluindo aí a folha de coleta de assinaturas, Você pode imprimir, assinar e coletar outras assinaturas entre amigos, colegas, vizinhos e companheiros de luta. Essas eleições gerais de 2014 no Brasil foram as mais duras dos últimos anos e nos deram algumas lições. A principal delas é que dificilmente haverá avanços ou mudanças estruturais em nosso país, nos próximos quatro anos, sem muita mobilização e pressão popular, nas ruas, nas redes e no Congresso Nacional. A segunda lição é que os setores democráticos, populares e progressistas precisam costurar rapidamente a sua unidade, buscando a centralidade em algumas lutas que são prioritárias e capazes de mobilizar grandes massas, criando um grande movimento popular cívico, como foram as lutas da ‘Anistia Ampla, Geral e Irrestrita’ e a das ‘Diretas, já!’ Entendemos que este movimento cívico poderia ter um mote como Mais Democracia, Mais Direitos!, e deveria focar prioritariamente em duas grandes lutas sociais e políticas, que saíram destas eleições com maior visibilidade: Democratização da Mídia e Reforma Política com Participação Popular! Esta tem sido a proposta do FNDC, não só aqui no Rio como em todo o Brasil. Vamos à luta, nas ruas e nas redes, 2015 promete ser um ano de muita mobilização.
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Arquivo pessoal
Luta ganha visibilidade após eleições
ARTIGO
Democratização da comunicação
Chacina da Maré
Como estão as investigações Pelo menos quatro mortes foram vistas como autos de resistência. Não há questionamento sobre a ação de vingança do Bope, nem foi descoberto ainda o nome do policial que atingiu o garçom Texto: Hélio Euclides e Silvia Noronha
A investigação sobre a chacina da Maré está sendo realizada como raramente ocorre quando se trata de morte provocada por policiais militares em favela. E não estamos falando de poucos casos. Em 2013, ano da chacina da Maré, os policiais do Rio de Janeiro mataram 416 pessoas. No ano passado, o
número aumentou 40%, saltando para 582 pessoas, de acordo com dados da própria Secretaria de Segurança Pública. No caso da chacina da Maré, na noite de 24 para 25 de junho de 2013, morreu primeiro um sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope), o que desencadeou uma ação de grandes proporções na favela. Vieram para cá 191 homens do Bope, ao longo da noite e no dia seguinte. Essa ação resultou na morte
de mais nove pessoas, todos civis, além de outras violações, como a entrada ilegal em várias casas de moradores. Apesar do mérito de existir uma investigação, o resultado, até o momento, vem gerando algumas frustrações. Segundo o delegado titular da Divisão de Homicídios (DH), Rivaldo Barbosa, das 10 mortes foram esclarecida seis. Sobre os três mortos dentro de uma casa na Rua São Jorge, no Parque Maré – Fabrício Gomes Souza, 28 anos; André Gomes de Souza Junior, 18 anos; e Carlos Eduardo Silva Pinto, 23 anos –, a perícia constatou disparos de dentro para fora e com os jovens teriam sido encontrados fuzis. No caso do adolescente Jonatha Farias da Silva, 16 anos, a polícia civil assegurou que ele foi morto atrás de um poste, armado. Renato Alexandre Mello da Silva, de 39 anos, de acordo com a DH, foi morto numa casa de endolação, com um único tiro. Ou seja, para a DH, foram autos de resistência e os policiais devem ser inocentados.
Elisângela Leite
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DIREITOS HUMANOS
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Mobilização dos moradores no dia seguinte à chacina foi fundamental para que o Bope deixasse a Maré logo depois dessa caminhada
“Tudo foi levado ao Ministério Público para aceitação ou não. Nossa conclusão é essa”, disse o delegado assistente da DH, Ginitom Lages. Rivaldo Barbosa, por sua vez, garante que a perícia não constatou sinais de tortura ou de facadas em qualquer um dos mortos. Segundo ele, a mesma equipe que atua na investigação da chacina trabalhou
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Direitos Humanos
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no caso do pedreiro Amarildo, da Rocinha, que resultou na prisão de 10 policiais militares.
Morte do garçom Foi constatado que o garçom Eraldo Santos da Silva, de 35 anos, morreu com um tiro de fuzil, disparado possivelmente por um policial; porém, o autor ainda não foi identificado, segundo o delegado. “A princípio, o que mostra é que o tiro veio dos policiais, mas falta algo para finalizar o caso. Precisamos de testemunhas para solucionar os outros casos”, argumentou Rivaldo, que em dezembro esteve na Maré com sua equipe para prestar contas à população sobre o andamento das investigações. O sexto caso já finalizado é o da morte do sargento. Não foi possível identificar o autor. Ainda sobre a morte do garçom, a equipe da DH disse ter o nome de cinco possíveis autores do disparo, mas falta chegar ao nome exato do policial. Como o projétil não foi localizado, isso dificultaria a identificação do autor.
Moradores contestam Moradores e trabalhadores da Maré que ouviram a equipe da DH, no Centro de Artes,
fizeram alguns questionamentos importantes sobre a condução do caso. Um deles, que preferiu não ser identificado, disse ter visto cenas dos crimes adulteradas no dia seguinte à chacina, o que, segundo ele, dificultou a perícia, que ocorreu depois. Além disso, ele soube por testemunhas que o projétil da bala que matou o garçom foi retirado pelos próprios homens do Bope. “Nada justifica uma ação tão desastrosa. Quantas pessoas foram presas?, perguntou. Nenhuma. Isso, para ele, indica que o objetivo dos policiais naquela noite era matar, mas isso uma investigação da DH não questiona. A investigação se restringe a avaliar o momento de cada morte. Raquel Willadino, do Observatório de Favelas, argumentou ser de suma importância o fim dos autos de resistência. Eliana Sousa Silva, da Redes da Maré, tem uma visão pedagógica do processo. “Vamos continuar esse trabalho de tentar ajudar a investigação. Houve mortes e muitas outras violações naquela noite. Falta da nossa parte buscar os outros inquéritos, que estão na 21ª DP, que também têm muito a ver com o tipo de abordagem do policial na favela. Esses relatos precisam de um espaço de reflexão. Esse trabalho é profundo, amplo e requer da gente muita perseverança para mudar isso”, avaliou Eliana.
Campanha Jovem Negro Vivo na Maré A Anistia Internacional Brasil, parceira do jornal, lançará na Maré a campanha Jovem Negro Vivo. A iniciativa visa mobilizar a sociedade para romper com a indiferença em relação à morte dos jovens. Em 2012, 56.000 pessoas foram assassinadas no Brasil. Destas, 30.000 eram jovens entre 15 a 29 anos e, deste total, 77% deles negros. Menos de 8% dos casos chegam a ser julgados. A Anistia está recolhendo assinaturas para fortalecer o manifesto “Queremos ver os jovens vivos”. Acesse o site da campanha: h tt p s : / / a n i s t i a . o rg. b r / c a m p a n h a s / jovemnegrovivo. O evento na Maré está previsto para sábado, 9 de maio, de 13h às 15h30, na Rua Teixeira Ribeiro, e de 16h às 19h, no Centro de Artes da Maré, na Rua Bittencourt Sampaio, 181, Nova Holanda. Confira a programação no facebook, no twitter da Redes (redesdamaré), ou no site: redesdamare.org.br.
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RAÇA E GÊNERO
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Racismo tem
Mulheres negras sofrem mais com preconceito racial e social, como desemprego e salários baixos. Fortalecer a identidade negra é fundamental para chegarmos a uma sociedade mais tolerante com as diferenças Rosilene Miliotti
A assistente social Erika Fernanda de Carvalho, coordenadora do Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa (CRMM-CR), situado na Vila do João, diz que cerca de 70% das mulheres atendidas na unidade são negras. Muitas delas sofrem com a imposição do padrão de mulher que se sobrepõe em nossa sociedade, que é a branca de cabelos lisos, olhos claros e rica. Um estereótipo que serve ao modo de sociedade em que vivemos, que ainda precisa avançar muito para acabar com os preconceitos, seja de raça, de gênero ou de orientação sexual. O CRMM, projeto da UFRJ, não tem uma política específica para o atendimento de mulheres negras, porque entende que elas são sujeitos, sejam brancas, negras ou indígenas. A maior parte das pessoas atendidas são moradoras que sofreram algum tipo de violência doméstica, seja física ou emocional. “Mas não podemos tratar todas da mesma forma só porque sofreram violência; cada uma é uma expressão singular desse fenômeno e a condição social, de raça, gênero não deve ser impeditivo para que ela acesse seus direitos de forma plena”, explica Erika. Segundo Izabel Solyszko, também assistente social, a maior parte das mulheres não chega ao CRMM se reconhecendo como vítima de violência. Muitas não sabem nem que têm o direito de ter direito, como já sinalizado pela filósofa Marilena Chauí. “Talvez a gente nunca tenha recebido uma queixa de racismo, mas ouvimos isso em atendimento individual e nas oficinas. Ouvimos que elas não são identificadas como clientes quando entram nas lojas e relatam discriminação por morar no bairro Maré. Muitas dizem que moram em Manguinhos, mas não falam que moram na Vila do João”. A assistente social ressalta que a mulher negra também é menos valorizada no mercado de trabalho. “O homem branco ganha mais, o homem negro e a mulher branca recebem quase a mesma coisa. Já a condição da mulher negra nunca muda na faixa salarial. Além disso, na questão da maternidade, a taxa de mortalidade materna se reduziu nos últimos anos, menos entre as mulheres negras, que chega a ser 10 vezes maior do que a mortalidade materna das mulheres brancas. A desigualdade de classe, associada à desigualdade de raça, traz para as mulheres que a gente atende um componente de exposição e de maior vulnerabilidade”, analisa Izabel.
Mulheres negras
12.5%
Taxa de desemprego da população acima dos Mulheres 16 anos
brancas
9.2% Homens negros
6.6% Homens brancos
5.3%
Fonte: Retratos das Desigualdade de Gênero e Raça, Ipea, 2011. Para saber mais: http://www.ipea.gov.br/ retrato/pdf/revista.pdf
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Dia a dia mais difícil As duas queixas mais ouvidas durante a apuração desta reportagem foram discriminação nas lojas e no mercado de trabalho. É mais difícil conseguir emprego sendo negra e tendo o cabelo crespo. Vera Lucia Jorge, 58 anos, dona de casa, moradora da Vila do João, afirmou no início da entrevista que nunca havia sofrido preconceito. Mas depois pensou e logo lembrou de uma perseguição dentro de um mercado na Nova Holanda, isso já há alguns anos.
Homens brancos
R$ 1.491.
00
Média salarial
Mulheres brancas
R$ 957.00 Homens negros
R$ 833.50 Mulheres negras
R$ 544.40
“O que me deixou mais revoltada é que o segurança do mercado era negro igual a mim. Eu disse a ele que não ia roubar nada e que tinha dinheiro para comprar. Ele disse que não estava me perseguindo e logo se afastou. Outra vez, eu entrei no ônibus, ia fazer compras em Bonsucesso, aí uma senhora branca tirou o relógio bem rápido e o escondeu. Eu tinha 39 anos na época e minha vontade era de dar uma coça naquela mulher, mas falei pra ela que se eu fosse uma ladra, ela não teria tempo de tirar o relógio. Aí as pessoas no ônibus começaram a avançar na mulher e ela desceu no ponto seguinte”, conta.
aterna se reduziu nos m e ad lid ta or m de xa ta “A heres negras, que ul m as e tr en os en m , os últimos an do que a das mulheres s ai m s ze ve 10 r se a a cheg se, associada à as cl de de da al gu si de A brancas. para as mulheres que az tr , ça ra de de da al gu desi de exposição e de e nt ne po m co um de en a gente at maior vulnerabilidade” zko, do CRMM Izabel Solys
Já Margarida Maria de Jesus, 65 anos, aposentada e também moradora da Vila do João, logo se lembrou de um fato quando ela ainda trabalhava no setor de limpeza no centro da cidade. “Quanta humilhação passei quando ia receber meu pagamento. Eu entrava no banco, sempre acompanhada com outras pessoas do trabalho (todas de pele clara) e o segurança logo me parava e perguntava se eu queria alguma informação. Eu respondia que não. Minha encarregada me chamava e dizia aos seguranças que eu estava com ela. O sentimento é de humilhação, mas fazer o quê, se não posso mudar de cor? Se a pessoa for negra e com dinheiro, ela tem os direitos garantidos. Mas não vejo pobre, favelado, negro reclamar os direitos e conseguir mudar alguma coisa. Olha só a desvantagem que eu tenho, sou preta e pobre”, diz ela, para quem o preconceito é ainda mais visível contra pessoas negras de classe econômica mais baixa. Erika ressalta que as instituições que atuam na Maré têm responsabilidade de fazer com que essas mulheres sejam vistas como sujeitos de direito, que negras e brancas possam se unir para lutar por uma sociedade mais igual, tanto para homens quanto para as mulheres; e que as diferenças de cor ou de gênero possam ser vistas como algo positivo e não como objeto de opressão e desigualdade. Isso daria fim a situações como as relatadas por Vera e Margarida.
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Raça e Gênero
CEP e gênero
Negras x mídia “As mulheres negras que estão na mídia estão embranquecendo. Essas celebridades têm responsabilidade no resgate de identidade. Elas são seguidas pela juventude e o que elas fazem se torna referência”, diz Erika. Mas é bom lembrar da atriz Taís Araújo e da cantora Margareth Menezes, por exemplo, que defendem o resgate da identidade negra. Entretanto, de acordo com uma pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), as mulheres negras não estão tanto nas telas de cinema quanto as brancas. Apesar de ser a maior parte da população feminina do país (51,7%), as negras apareceram em menos de dois a cada dez longas metragens entre 2002 e 2012. Atrizes pretas e pardas representaram apenas 4,4% do elenco principal dos filmes nacionais. Além da atuação na TV e no cinema, não podemos esquecer a figura da mulata, mulher negra exuberante, objeto sexual, ligada ao carnaval. Outro exemplo são os modelos de propaganda de cuecas, sempre homens, em geral, negros e com corpos bem desenhados.
“No comercial de fralda só te criança branca de olho az m ul Quase não tem comercial . de produtos para o nosso ca be quando aparece é produt lo, o pa alisar o cabelo. Aqui mes ra mo, dentro da favela, não tem salão especializado em cabelo crespo. Quando a gente chega, já querem alisar” Margarida Maria de Je
sus, da Vila do João
“No Brasil ninguém é 100% branco, mas o que prevalece no mundo publicitário é esse modelo, a exemplo do comercial de margarina. Temos poucos negros na publicidade; quando temos é a cota ou sob a exploração do corpo”, reflete Erika.
de olho azul. Quase não tem comercial de produtos para o nosso cabelo, quando aparece é produto para alisar o cabelo. Aqui mesmo, dentro da favela, não tem salão especializado em cabelo crespo. Quando a gente chega, já querem alisar”, reclama (O Guia de Empreendimentos da Maré cita dois salões afro, um em Bento Ribeiro Dantas e outro em Rubens Vaz). Para Izabel, a colonização do Brasil retirou das mulheres a condição de sujeito. “As mulheres sempre foram vistas como coisas que deveriam trabalhar (servir de mão de obra), ter o corpo e a sexualidade explorados. Temos uma trajetória de mulheres que tiveram a sua religião expropriada. Tiveram toda sua história cultural atribuída a algo ruim. Exemplo, o cabelo crespo. Tudo que é relacionado ao negro foi ‘coisificado’ como negativo, mas isso sobre o corpo das mulheres negras foi feito de uma maneira perversa”, critica ela. Izabel lembra uma fala da militância negra que diz ‘nossos passos vêm de longe’, e é isso que para ela é preciso resgatar. “É muito triste que as mulheres, pensando na ascensão social, comecem a embranquecer, alisam e pintam os cabelos, afinam o nariz, usam roupas que não têm nada a ver com sua identidade. Fortalecer a identidade negra para essa luta é uma questão fundamental”, conclui
Para Margarida, o pior racista está dentro do Brasil. “Eu já até me acostumei com o racismo. As negras só aparecem na novela se forem empregadas. E os anúncios na TV? No comercial de fralda só tem criança branca
Apareça no CRMM Atendimento social, psicológico e jurídico e oficinas para mulheres maiores de 18 anos
Elisângela Leite
o se reflete no Izabel: racism balho mercado de tra
Elisângela Leite
ovidas, respectivamente Margarida e Vera foram rem ueleto; conheceram-se da favela do Pinto e do Esq m amigas e comadres na Nova Holanda e se tornara
Rua 17, s/n, (ao lado do posto de saúde da Vila do João) - Tel: 3104-9896
Reprodução do grafitti do CRMM
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Raça e Gênero
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Erika, do CRMM: diferenças de cor ou vistas como algo positivo e não com de gênero o objeto de opressão e desigualdade
Cinquenta mulheres de diferentes estados se inscreveram, e quem levou o primeiro lugar foi a baiana Maria Priscilla de Jesus, seguida da também baiana Jaciene Mendes Souza e da mineira Elaine Serafim de Freitas. Outra iniciativa voltada para as mulheres é o blog blogueirasnegras.org, que conta com várias articulistas sempre marcando posição contra iniciativas racistas e preconceituosas.
No dia 8 de novembro aconteceu, aqui no Rio, o 1º Miss Black Power, iniciativa do Mercado Di Preta, uma oportunidade para discutir assuntos relacionados ao cotidiano As três finalistas do 1º Miss Black Power
Lona cultural
Herbert Vianna Dança Maré!
Danças Urbanas em Redes apresenta:
Sob Rodas
Homens, Santos e Desertos
Dança urbana
Sexta, 13 de março, às 21h Café Frio + Los Chivitos + Rafa Rocha + Botika
Novo projeto prevê a realização de Sábado, dia 14/03, às 18h oficinas e também de três módulos de Dir. artística: Renato Cruz, coprodução atividades em 2015, o primeiro deles Festival Panorama de 2014 (a partir 12 anos) dedicado à dança de rua.
Introdução ao balé
Segundas e quartas, 17h30 às 18h30 8 aos 14 anos
Balé
Terças e quintas, 14h30 às 16h intermediário
Dança contemporânea
Terças e quintas, 16h às 17h30 a partir de 12 anos Quintas, 19h às 20h intermediário
Dança de salão
Sextas, de 18h30 às 19h30 e de 19h30 às 21h a partir de 16 anos
R. Bitencourt Sampaio, 181, Nova Holanda. Programação no local ou pelo tel. 3105-7265 De 2ª a 6ª, de 14h às 21h30
Segundas, 18h30 às 19h30 iniciantes Segundas e quartas, 19h30 às 21h intermediário
Consciência corporal Quartas, 9h às 10h30
Quinta, 12 de março, às 19h Espetáculo
Lona Música Livre
Favela Rock Show
Sexta, 27 de março, às 21h Bandas Severe, Blind Horse
Cine Clube Rabiola
Dança criativa
Sextas, 03,10, 17e 24 de abril, 17h
Pilates para a 3a idade
De 13 de abril a 22 maio 4 oficinas (projeto amaréfunk), dança e DJ
Quintas, 18h às 19h 6 aos 12 anos Sextas, 9h às 10h30 (a partir de 06/03)
Teatro em comunidades Início: sábado, dia 07/03, 9h30 às 12h30 (parceria Redes e Unirio)
Oficinas de Verão
Sebastiana e Severina Quinta, 07 de abril, às 14h Espetáculo Infantil
Sebastiana e Severina Quinta, 07 de abril, às 14h Espetáculo Infantil
AMARÉFUNK
Sábado, 11 de abril, às 21h Abertura + 1ª Roda (Funk e Segurança) Sábado, 25 de abril, às 21h 2ª Roda funk e Sensualidade
Pedro Malazarte e a Arara Gigante
Quarta, 15 de abril, às 14h Espetáculo Infantil
Favela Rock Show
Sábado, 18 de abril, às 21h Banda Forfun + banda abertura
Cia Solo
Quarta, 29 de abril às 10h e 14h
Biblioteca Popular Municipal Jorge Amado
Ao lado da Lona, atende a toda a Maré: Amplo acervo, brinquedoteca, gibiteca e empréstimo domiciliar R. Ivanildo Alves, s/n - Nova Maré Tels.: 3105-6815 / 7871-7692 - lonadamare@gmail.com FACE: Lona da Maré - Twitter: @lonadamare
cultura
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Nas ruas da Maré, notamos que as meninas estão começando a adotar o famoso estilo black power e a assumir os cachos. Vitória Rosa, de 14 anos, moradora da Nova Holanda, já alisou o cabelo, não gostou do resultado e diz que se sente linda com seus cachos. “Lavo o cabelo todos os dias e acho que as brasileiras não gostam do cabelo crespo porque dá trabalho, mas elas não sabem o quanto é bom e bonito”, frisa.
Paula Azeviche, uma das criadoras do Mercado Di Preta, diz que nem sempre as pessoas entendem a proposta do evento. “O Miss Black Power é um espaço de representação sócio racial valioso. Depois que a pessoa faz parte de um concurso como esse é difícil ser a mesma porque as escolhidas acabam se tornando uma referência”, diz ela.
Jorge Ferreira - CFN
Muitas iniciativas vêm acontecendo no país pela valorização da identidade negra, especialmente neste mês da consciência negra, em novembro. Uma das surpresas da São Paulo Fashion Week deste ano, por exemplo, foi o desfile de cabelos crespos pelos corredores do evento.
da pessoa negra de maneira leve e democrática.
Valnei Succo
“Meu cabelo enrolado, todos querem imitar...”
Raça e Gênero
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SUSTENTABILIDADE
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Óleo usado vira... cultura!
A criatividade do cantor e compositor Bhega rende alegria e cultura com o projeto Cinema no beco, que conquistou o prêmio de Ações Locais da Secretaria Municipal de Cultura Hélio Euclides
Rosilene Miliotti
Unir o útil ao agradável. Foi isso que o cantor e compositor Bhega da Silva fez. Para trabalhar na rua com uma “bicicleta de som”, ele começou a coletar óleo de cozinha usado e a vender para reciclagem. Além de contribuir para conscientizar as pessoas, com a renda, ele concluiu seu objetivo. Bhega adquiriu a bicicleta com a venda de 1.200 litros de óleo. Em seguida, com mais doações, ele conseguiu a caixa de som e uma bateria. “Quando olho as aquisições, percebo que tem a colaboração de muitas pessoas”, lembra ele. As doações vêm de todos os cantos da Maré. “Com a divulgação no Maré de Notícias (edição 41, de maio de 2013) consegui em 15 dias um total de 600 litros, foi um recorde. Depois disso, quando pedalo nas ruas, as pessoas já
oferecem o óleo utilizado, pois sabem que eu faço a coleta”, conta ele, que também continua compondo músicas e lançou seu segundo CD, Perseverança, no ano passado. Com mais óleo, Bhega conseguiu outro feito. Anos atrás, ele havia trabalhado num projeto de exibição de filmes pelas ruas da Maré. O projeto chegou ao fim e as crianças ficaram órfãs do cinema. O cantor não deixou a peteca cair e aplicou o dinheiro na aquisição de uma tela portátil e um aparelho de DVD. Só faltava o projetor, que foi doado por uma rede local de supermercados. Assim surgiu o projeto “Cinema no beco, do Bheguinha”. O sucesso da ideia pôde ser visto numa rua da Praia de Ramos, na noite de 19 de janeiro, quando diversas crianças se reuniram na maior alegria para assistir o filme Tainá II e o documentário Mar Urbano, que mostra o trabalho do amigo do cantor, Jorge Tornado (leia sobre Tornado em breve no Maré).
“Essa minha história de coletar óleo e reverter para a comunidade é um incentivo às pessoas a nunca jogarem este produto no esgoto ou no lixo, pois é ruim para o meio ambiente”, comenta. No câmbio, o preço do óleo usado é de R$ 0,80. Bhega vende para uma empresa de biodiesel. No fim de fevereiro, Bhega recebeu uma boa notícia: o Cinema no Beco conquistou o prêmio de Ações Locais, da Secretaria Municipal de Educação. “Fiquei muito feliz. Foram mais de 700 concorrentes. O prêmio vai fortalecer o cineminha, com uma tela e DVD novos e uma bicicleta elétrica, na qual poderei subir até o Morro do Timbau”, conta ele. Sempre que vai exibir filme na rua, os moradores locais apoiam com pipoca e refrigerante para os expectadores. “É muito bom para as crianças que não conhecem o cinema. Tenho muito prazer em ajudar esse evento cultural”, confessa o morador da Praia de Ramos, Naziozeno Gomes. Esse trabalho já é feito há um ano e três meses e, ao final de cada apresentação, há sempre uma mensagem para as crianças: “Amigo do planeta é amigo do Bheguinha”.
Cinema no beco, na Praia de Ramos, atraiu crianças e adultos na noite de 19 de janeiro
Para doar óleo de cozinha usado ou agendar o Cinema no beco, telefone para o Bhega: 99206-5867 (OBS: Para o cinema chegar à sua comunidade, é importante a doação de pipoca e refrigerante).
Dani conquista moradores com iguaria tipicamente brasileira. Difícil é a gente fazer igual em casa Elisângela Leite
Daniele França Neri pode ser chamada de cozinheira de mão cheia. Nascida no Rio de janeiro, em 1982, hoje tem 22 anos de carreira como tapioqueira. No início, ainda criança, trabalhava com tapioca por obrigação, mas hoje vê que foi bom aprender esse ofício. Ela ainda encontra tempo para cozinhar e vender quentinhas. “Para distribuir bem o dia, tenho que dormir pouco, acordo às 2h50 e saio de Magé às 4h. Fico na Maré até as 21h e chego em casa por volta das 22h10”, conta a popular Dani, que mantém uma barraca na Rua Teixeira Ribeiro, esquina com Flávia Farnese, no Parque Maré. E lá se vão cinco anos por aqui. O funcionamento de sua barraca é de segunda a sábado. Às quartas e sábados há bolo de aipim, e no sábado, dia da feira, há ainda pamonha, cuscuz, massa de tapioca e pé de moleque na palha de banana. No domingo, não tem descanso; ela aproveita para agilizar o estoque.
ria tipicamente brasileira. Teria vindo do Nordeste, a partir da descoberta dos índios tupis que conseguiram extrair a goma da mandioca.
De Magé a Maré
Já que a Dani não conta o segredo da tapioca, ofereceu aos leitores esta receita abaixo: Ingredientes:
Trabalhar na Maré é sempre uma aventura. Dani traz tudo no ônibus, algo pesado, pois são muitas caixas. Quando desce do outro lado da Avenida Brasil, ela encontra ajuda de amigas para atravessar a passarela.
3 quilos de aipim 2 xícaras de açúcar (400g) 1 lata de leite condensado 1 xícara e meia de coco ralado 250 gramas de margarina (qualy) 1 pitada de sal
O que Dani mais gosta é do frio, quando ela chega a fazer até 250 tapiocas por dia. Ela se orgulha de ter feito tapioca para Cláudia Abreu, Dudu Nobre, MV Bill e Juliana Paes. “O meu segredo é que gosto de cozinhar, faço como se estivesse em casa”, diz ela, que tem dois filhos. Para o futuro, ela pretende comprar um carro para economizar com fretes. “Depois disso quem sabe um dia eu não divulgue a minha marca”, sonha Dani.
Modo de fazer:
As tapiocas são seu carro chefe, e isso já provoca elogios. “A tapioca é muito boa, eu vejo que a Dani faz com muita facilidade. Fico tentando copiar, mas não consigo fazer igual em casa”, conta Leonardo Castro. E nem adianta insistir porque ela não conta o segredo. “Eu vendo a massa da tapioca, mas há o macete, o gingado que só eu sei. O segredo eu não posso contar”, confessa ela, que até pretendentes conquista com seu trabalho. “A tapioca é uma delícia, o bolo é muito gostoso. Pela comida eu caso com ela”, brinca Leonardo Marafião. Outro que sempre tem o hábito de degustar a tapioca é o aluno do Observatório de Favelas, Marcos Costa. “A tapioca valoriza nossa cultura da periferia, além de ser algo antigo trazido pelos índios”, conta Marcos. De fato, a tapioca, também chamada de beiju, é uma igua-
RECEITA: Bolo de Aipim
Descasque o aipim, pique em rodelas pequenas, bata no liquidificador. Observe para não ficar uma massa aguada, e sim consistente. Acrescente a margarina. Coloque num pote e adicione a metade do coco, o açúcar, o sal, e o leite condensado. Misture tudo e coloque num tabuleiro untado e polvilhado (tamanho 500gr). Por fim, coloque o restante do coco por cima e leve ao forno por uma hora e meia. Depois é só servir.
Barraca da Dani Rua Teixeira Ribeiro esquina com Flávia Farnese - De segunda a sábado. Ela começa a servir ainda pela manhã e fica até as 21h Tapiocas de R$ 2,50 a R$ 4,50
Dani:“Meu segredo é gostar de cozinhar”
Leonardo Marafião diz que se casa com Dani por causa da comida, brinca ele
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Hélio Euclides
GASTRONOMIA
Essa tapioca é um sucesso!
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CARNAVAL
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A Copacabana do Subúrbio No início, era Praia de Maria Angu. O nome Praia de Ramos só veio depois, com a primeira faixa de areia criada pelo dono, que decidiu aterrar o lugar
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Hélio Euclides
Elisângela Leite
“Da Praia de Maria Angu ao Piscinão de Ramos”, esse foi o enredo criado pelo carnavalesco Valério Guidinelle para o Grêmio Recreativo Escola de Samba Boca de Siri. A escola preparou um desfile de pura recordação dessa praia que já foi conhecida como a Copacabana do Subúrbio. O enredo contou a história dessa área antes denominada Praia de Maria Angu, onde havia um porto de mesmo nome. Valério procurou dados para compor o trabalho e ficou triste. “Quando comecei a pesquisar me senti mal, pois algo que faz parte da história da cidade não é lembrado. Só há dados em poucos lugares, na Biblioteca Nacional não existe nada. Parece que somos esquecidos, só tem importância do Caju para o Centro, por causa da Casa de Banho de Dom João VI”, desabafa. Para recuperar o processo histórico foi preciso uma pesquisa com moradores antigos, que contaram o que vivenciaram e tinham fotografias. A Biblioteca de Ramos também ajudou com jornais antigos.
A primeira faixa de areia A escola fez uma viagem ao passado, mostrando que, no início do século XX, quando o porto funcionava, quase tudo era mangue. Em 1912, as terras foram compradas pelo capitão Vieira Ferreira, passando a se chamar Fazenda Engenho da Pedra, onde havia muitos cajueiros. Foi ele quem fez o primeiro aterro, criando uma faixa de areia e rebatizando o lugar de Praia de Ramos. Tempos depois, com a venda de lotes, surgiu a Vila Gerson, homenagem ao filho primogênito do proprietário. Com o crescimento do lugar, palafitas foram
construídas ao lado da variante, onde hoje é a Avenida Brasil. Essa pista era constantemente atravessada por pessoas que iam buscar água do outro lado. Em 1946, o governo tentou remover a favela e, segundo contam, por influência de um bicheiro todos ficaram. À beira da praia, existia um balneário, com boate e cabines para troca de roupas. O lugar, que quase virou um cassino, abriga hoje a Escola Municipal Armando de Salles Oliveira. As festas também não ficam fora do enredo, como a de São Pedro, realizada por pescadores da colônia. Há personagens marcantes, também mostrados pela escola, como os fotógrafos que faziam os monóculos, os vendedores de Esta o raspa-raspa de simboliza jo e u g n ra groselha, os foca e no mangu liões fantasiados no mar, com direito a concurso.
res e amigos organizaram um abraço à praia, manifesto que gerou o piscinão, em 2001. Esse evento teve a influência dos cantores Dicró (falecido em 2012) e Bhega Silva. A partir daí, os frequentadores retornaram, dando mais vida ao lugar. “Quando criei esse enredo, era para homenagear a praia, os habitantes. Hoje não somos só Praia de Ramos e Roquete Pinto, somos Maré, um exemplo são os compositores que moram no Parque União. Queremos que a Maré toda abraFantasia que representa o pescador local
Os banhistas ainda tinham uma diversão diferente: assistiam os aviões aterrissarem, com charme. Alguns deram sorte e viram um que passou por baixo da ponte do Galeão. O primeiro bar local chamava-se Sereia. Depois vieram outros como o Bar da Neguinha, local de rodas de pagode, com personalidades, entre elas Beth Carvalho, que retratou a praia num samba. Com o passar do tempo, veio a poluição e a praia deixou de ser frequentada. Até que, em 2000, morado-
A fantasia da esquerda representa o piloto Melo Maluco, que passou com seu avião por baixo da ponte do Galeão, cena assistida por moradores da Praia de Ramos. A fantasia das gotas representa os moradores que usavam lata para buscar água
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Por que Maria Angu
Carnaval
ce o Boca de Siri”, comenta o carnavalesco, que pretende ao final arquivar o que pesquisou na Biblioteca de Ramos. A escola pertence ao Grupo C e desfilou na Av. Intendente Magalhães e ficou em oitavo lugar. Delícia que refresca e alimenta
Sobre o nome da Praia de Maria Angu há diversas versões. Segundo pesquisou Valério, algumas pessoas contam que existia uma moradora que se chamava Maria e vendia angu. Para outros, o nome deriva de pássaros que viviam na praia, conhecidos como mariangu (ou curiango). Ainda há a versão de que índios habitavam o território e como aqui era mangue, na língua deles, dizia-se Maria angu. Valério acredita que infelizmente parte da história se perdeu, e pode não haver exatidão em relação ao nome.
AO LEITE
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FRUTAS
ESPECIAIS
Bar da Neguinha
De Flavinho Silva e Adilson Ribeiro. Interpretação: Beth Carvalho
Fui no bar da Neguinha comer camarão Na praia de Maria Angu Tinha gente de todo lugar Foi o maior sururu Tinha gente de todo lugar Foi o maior sururu
SUNDAES POTES
Tomei cana pra abrir o apetite Espremi limão no bacalhau No meio do povo vi gente da elite Forrando a mesa com jornal Na TV preto e branco num canto O Brasil fez um gol ninguém viu Enrolaram na antena Um pedaço de Bombril Encostei num cigarro aceso Derrubei o petisco no chão E pedi pra Neguinha Fritar mais camarão Pode fritar Que a turma do samba já tá pra chegar E eu também tô querendo camarão Frita logo um montão Convidei o Hélio Turco, Alvinho e Jurandir Comprido e Carlos Cachaça Nelson Sargento chamou Dona Zica Marrom, Dona Neuma e Lecy Jamelão já estava presente Com Delegado, Elmo e Xangô Quando o Chico ligou pro Darci e falou Também vou Pode fritar Que a minha Mangueira acabou de chegar E eu também tô querendo camarão Frita logo um montão
POTINHOS
E POTÕES!
AÇAÍ
Atendimento ao consumidor
2561-9206
ESPAÇO ABERTO
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Leite e iogurtes desnatados, queijos brancos, carnes magras, óleos vegetais, alimentos cozidos, grelhados ou assados, cereais integrais, frutas, verduras e legumes
Leites e iogurtes integrais, queijos amarelos, manteiga, banha, gordura trans (gordura vegetal, higrogenada), carnes gordas, frituras, refrigerantes e bebidas alcoólicas.
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Você sabe o que é Griot? Na África, Griot é a classe de homens e mulheres responsáveis por transmitir a história de geração em geração. Eles contam fatos e lendas locais que ajudam a preservar a história e os costumes de sua gente. Pois a nossa leitora Sara Alves enviou uma boa dica para todos nós e ainda um super elogio ao jornal, que nos deixou muito emocionados. Obrigado! Leiam o texto enviado pela Sara:
Uma dica para os Mareenses
Rindo at o a Hélio Euclides
)
O documentário “Sotigui Kouyaté- Um Griot no Brasil” (disponível no You Tube. É só colocar este título na busca) é simplesmente Fascinante! Analogicamente “falando”: existe Griot na Maré: o Nosso jornal Maré de Notícias! Ele, o Maré de Notícias, nasceu para preservar nossas lendas e fatos. É guardião da memória... nossas histórias são contadas e recontadas por quem vive as histórias...
No documentário, Sotigui, o Griot, comenta que quem conhece apenas um país da África, não conhece a África; penso que acontece o mesmo com a nossa Maré, pois quem conhece apenas uma ou algumas comunidades, não conhece “A” Maré. Cada comunidade tem sua particularidade, nasceu num determinado momento (histórico, político, social, econômico etc.) e cada uma tem suas histórias para contar – histórias essas que navegam com O NOSSO GRIOT MARÉ DE NOTÍCIAS, na Maré, no Brasil e no mundo. Um orgulho, acredito eu, para os Mareenses! Espero que gostem da dica!
Onde estou? Caramba. Peguei o ônibus errado! Só descobri que estava na Bahia porque meu celular estava procurando rede.
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