Maré de Notícias #40

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Pablo Ramos (montagem)

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abril de 2013 - Maré, Rio de Janeiro -

Nova coluna Conheça os Seus Direitos Pág. 6 e 7

Pablo Ramos (montagem)

Vem dançar!

distribuição gratuita

Pela educação de qualidade Ouvimos diretores de escola, professores, equipes de apoio e pais de alunos das escolas municipais e levamos as questões para o novo coordenador regional de Educação (4ª CRE), Eduardo Alves Fernandes, que se mostrou empenhado em buscar melhorias para a Maré. Em 25 de maio, acontecerá o III Seminário de Educação da Maré, que pretende ampliar este debate. Pág. 8 e 9

Elisângela Leite

Ano IV, No

Conheça o sacolé de Coco do Mimiu Pág. 15 Centro de Artes

Últimos espetáculos da Temporada Maré de Artes Cênicas

Pág. 15

Arte que atravessa a nossa Maré

Segunda edição da exposição “Travessias - Arte Contemporânea na Maré” vai de 13 de abril a 23 de junho, na Nova Holanda, reunindo artistas como Carlos Vergara, Ernesto Neto, Vik Muniz e o morador Ratão Diniz, que é fotógrafo do Imagens do Povo. A programação paralela terá debates com MV Bill, Fernanda Abreu, Marcelo D2, Marcelo Yuca, entre outros. Pág. 12 e 13

Pacificação ou militarização?

Pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas diz que as UPPs não respeitam o morador de favela como cidadão. Muito pelo contrário: as políticas públicas têm sido decididas sem diálogo com a c o mu n i d a d e. Leia também o artigo de Atila Roque, da Anistia Internacional. Pág. 4 e 5

Divulgação / FGV

Arquivo pessoal

Huumummmm...

Carlos Eduardo, gari do Ciep Elis Regina, amplia o conhecimento dos alunos sobre personagens famosos, fazendo caricaturas. Pág. 3

14 / Luisa Mello

A animação de quem faz dança de salão Pág. 11

Aramis Assis

Um gari bom de traço


Maré de Notícias No 40 - abril / 2013

EDITORIAL

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Humor: “Enquanto isso, no espaço” -

Editorial

André de Lucena

Educação de qualidade A matéria de capa desta edição retorna a um dos assuntos mais importantes para a Maré: educação pública de qualidade. Na verdade, tudo que envolve políticas públicas muito nos interessa. Afinal, na Maré, nós temos serviços e equipamentos públicos, mas falta qualidade. No caso da educação (como poderá ser lido na página central), faltam qualidade e também quantidade. Isto porque as salas de aula estão cheias demais, o que prejudica o ensino. A boa notícia é que alguns dos problemas estão sendo resolvidos e há perspectivas de melhorias na educação da Maré. Apresentamos também duas histórias bacanas que descobrimos em escolas municipais. Na pág. 3, você vai conhecer o gari desenhista do Ciep Elis Regina; e na pág. 10, mostramos a nova oficina de educação ambiental do Ciep Capanema. E ainda no campo dos nossos direitos, as próximas páginas trazem debates sobre UPP (4 e 5) e ainda uma nova coluna, que visa informar melhor o leitor sobre seus direitos de cidadão (pág. 6 e 7). Cultura não pode faltar. O Travessias 2 já está dando o que falar, movimentando a Maré até junho. Acompanhe a programação do evento nas páginas 12 e 13. Este mês, o Maré de Notícias chegou à 40ª edição. A biblioteca da Redes, na Rua Sargento Silva Nunes, na Nova Holanda, tem toda a coleção do jornal. Faça-nos uma visita! Se preferir, peça o pdf das edições atrasadas por e-mail: comunicacao@redesdamare.org.br

Carta Maré na biblioteca Renovamos o interesse em continuar recebendo esse título – somente 1 exemplar. Favor enviar números que nos faltam (edições 13 e posteriores). Debra McKern The U.S. Library of Congress Office

Distribuição do Maré de Notícias

Boa leitura! Expediente

Estamos implantando um novo sistema de distribuição do Maré de Notícias. Desde fevereiro, a maior parte das 16 comunidades está recebendo um grupo de distribuidores que tem deixado o jornal de porta em porta. Mas atenção: todas as associações de moradores da Maré e as instituições parceiras do jornal continuam tendo exemplares para distribuir aos interessados. Pegue seu exemplar a partir do dia 15 de cada mês!

Associação dos Moradores e Amigos do Conjunto Esperança

Biblioteca Comunitária Nélida Piñon Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa

Instituição Proponente

Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias

Diretoria

Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros

Conjunto Habitacional Nova Maré

Associação de Moradores do Morro do Timbau

Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros

Associação de Moradores do Parque Ecológico

Luta pela Paz

Redes de Desenvolvimento da Maré Andréia Martins Eblin Joseph Farage (Licenciada) Eliana Sousa Silva Edson Diniz Nóbrega Júnior Helena Edir Patrícia Sales Vianna

Coordenação de Comunicação Silvia Noronha

Instituição Parceira

Observatório de Favelas

Apoio

Ação Comunitária do Brasil Administração do Piscinão de Ramos Associação Comunitária Roquete Pinto Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas

Associação de Moradores do Parque Habitacional da Praia de Ramos Associação de Moradores do Parque Maré Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz Associação de Moradores do Parque União Associação de Moradores da Vila do João Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda

Conexão G

União de Defesa e Melhoramentos do Parque Proletário da Baixa do Sapateiro União Esportiva Vila Olímpica da Maré

(Mtb – 29919/RJ) Rosilene Miliotti Fabíola Loureiro (Estagiária)

Fotógrafa

Elisângela Leite

Projeto gráfico e diagramação Pablo Ramos

Logotipo

Monica Soffiatti

Colaboradores

Anabela Paiva André de Lucena Aydano André Mota Flávia Oliveira

Coord. de distribuição Editora executiva e jornalista responsável

Givanildo Nascimento

Impressão

Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)

Gráfica Jornal do Commércio

Repórteres e redatores

40.000 exemplares

Aramis Assis Hélio Euclides

Tiragem

Leia nosso Maré na internet e baixe o PDF: www.redesdamare.org.br.

Redes de Desenvolvimento da Maré Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Nova Holanda / Maré CEP: 21044-242 (21) 3104.3276 (21)3105.5531 www.redesdamare.org.br comunicacao@redesdamare.org.br Os artigos assinados não representam a opinião do jornal.

Parceiros:


Gari desenhista alegra a criançada

PERFIL

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Funcionário do Ciep Elis Regina expõe desenhos e estimula a imaginação dos alunos da Maré Quando criança, corria pra debaixo da mesa, cruzava as pernas e com lápis de cor fazia o que mais lhe dava prazer: desenhar.Até hoje o desenho é uma das maiores inspirações de vida do gari Carlos Eduardo Albuquerque de Souza, que se emociona ao ver a filha desenhando debaixo da mesa, assim como ele, herdeira da sua vocação. Carlos é carioca, tem 37 anos e há 8 anos “ama” seu trabalho como “operador de vetores” (profissão conhecida como gari), no Ciep Elis Regina, entre o Parque Maré e a Nova Holanda. Autodidata, Carlos encanta os alunos. Figura querida por todas as crianças do Ciep e até mesmo das escolas vizinhas, ele sempre é convocado para desenhar nos cadernos dos alunos. “A arte abre um mundo de possibilidades para as crianças”, afirma. No final de 2012, ele expôs no Ciep caricaturas de grandes personagens negros do Brasil.

quando os amigos começaram a incentivá-lo a se profissionalizar. Assim, Carlos iniciou o aperfeiçoamento da sua técnica, explorou a pintura e a caricatura e começou a oferecer seus serviços. Casado, pai de duas crianças e morador de Guadalupe, bairro da zona norte do Rio, Carlos realiza trabalhos sob encomenda, como pintura de paredes e tecidos, painéis para festas, trabalhos escolares e caricaturas, essa última que mais lhe dá prazer. “Gosto de caricatura debochada. É uma diversão fazer a dos colegas, eles se amarram. Também fico muito feliz quando mostro meu trabalho e alegro as pessoas”, conta. Para ele, que sonha em cursar uma faculdade de artes visuais, bom astral é o que o motiva a desenhar, sua maior inspiração para a criatividade.

Desde criança se diferenciava pela sua persistência em fazer desenhos perfeitos, porém como não tinha incentivo da família e da escola, só descobriu que tinha talento para a área aos 17 anos,

O que é caricatura? A caricatura é uma representação cômica, geralmente de pessoas, como políticos e artistas, que mostra de forma exagerada as características do personagem ou do objeto retratado.

Maré de Notícias No 40 - abril / 2013

Aramis Assis


Entrevista

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UPP exatamente para quê? Pesquisadora reflete sobre a função das Unidades de Polícia Pacificadora: Pacificação ou militarização?

Maré de Notícias No 40 - abril / 2013

Silvia Noronha

Pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) afirma que as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) não se baseiam em princípios democráticos nem promovem a autonomia da população das áreas populares. A opressão continua, diz Sonia Fleury, doutora em Ciência Política e professora da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape) da FGV, onde coordena o Programa de Estudos sobre a Esfera Pública. Sonia chama as UPPs de “militarização” por praticar um “controle militar” sobre moradores e trabalhadores das favelas. Leia a seguir os principais trechos da entrevista. Maré de Notícias: Qual é a sua percepção sobre as UPPs? Sonia Fleury: A questão é complexa, porque tem vários aspectos. É claro que a UPP significa a liberdade de ir e vir dos cidadãos, especialmente daqueles que estão no “asfalto” e agora podem ocupar os espaços de lazer das favelas. Mas o preconceito continua igual. Não sei se os meninos da favela forem ao shopping, se eles serão tão bem recebidos quanto o pessoal do “asfalto” que vai à favela para as festas. Além disso, a população nessas áreas passa a ter um controle militar. Então é problemático, porque a UPP representaria maior autonomia para os moradores se eles fossem respeitados como cidadãos, mas se você começa a colocar toque de recolher, se não pode ter baile funk, se começa a controlar as manifestações sociais, culturais, se há um controle militar disso, eu não posso dizer que as pessoas têm mais autonomia. Maré: Qual a avaliação do ponto de vista democrático? Sonia: Democracia envolve a possibilidade de os cidadãos participarem da decisão das políticas públicas. Toda a construção da Constituição Federal de 1988 foi nesse sentido, de construir conselhos e formas para que a população pudesse ser ouvida n a s suas demandas e ter seus interesses inseridos. No entanto, essa

não é uma política da chamada pacificação, que é uma militarização. Nas UPPs, há uma série de fóruns para os quais a população é convocada, mas para que os moradores sejam notificados sobre remoções e outras decisões que já foram tomadas. Não é para a população ser ouvida, não é um processo de diálogo, de criar alternativa; é um processo de diminuição das tensões. Ou seja, é a mesma insegurança. E cidadania representa segurança em relação ao futuro, à política pública, à capacidade de sobreviver; e as pessoas estão muito inseguras, inclusive sobre a sustentabilidade dessa política. A UPP é uma política muito localizada, uma política direcionada pelo eixo do controle sobre aquela população e não pela sua participação. Maré: A chamada “pacificação” tenta tornar as pessoas menos críticas? Sonia: Essa política pública não corresponde a um projeto de cidadania, porque ela não leva ninguém a pensar, inclusive nós da área acadêmica também não podemos falar nada sobre UPP. Todas as outras políticas públicas são discutíveis: saúde, educação, transporte. UPP não. Se você levantar alguma discussão, você é visto como resistência a essa política pública; e se está resistindo é porque é a favor do que estava antes. Mas não é nada disso. Essa é uma falsa sinuca que se quer colocar tanto ao meio acadêmico quanto à população, que é o amordaçamento. Maré: Tenta-se o silêncio? Sonia: Falar desestabiliza o projeto de mercadoria que é o Rio de Janeiro dos megaeventos. É como se tudo tivesse se transformado em mercadoria e o silêncio faz parte disso. Só pode falar das coisas boas, porque senão não vende a cidade. Mesmo assim a população tem se reunido e resistido de várias formas, por exemplo, preventivamente, como vocês fizeram com a cartilha (da campanha “Somos da Maré e Temos Direitos”); seja de outras formas, através de discussões, procurando a Defensoria Pública, como está acontecendo na Providência no caso das remoções, seja buscando o Poder Legislativo. Na próxima edição, Sonia Fleury fala sobre opressão e emancipação, e sobre os interesses das grandes empresas associados à UPP.


ARTIGO

A segurança com a qual sonhamos

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Atila Roque - Diretor Executivo, Anistia Internacional Brasil

Os dados de homicídios provocados por policiais no Brasil se encontram entre os mais altos do mundo. A superação desse estado de coisas e a promoção de uma reforma profunda no sistema de segurança brasileiro permanece como uma das tarefas inacabadas da transição democrática. O déficit de confiança existente entre as polícias e as populações das favelas corrói a legitimidade do Estado e precisa ser enfrentado em toda a sua complexidade, se quisermos dar um salto de qualidade no sentido da construção de uma política de segurança que seja expressão de um pacto efetivo para a realização de direitos e não instrumento de sua violação. Para isso é essencial a plena participação dos moradores e um diálogo amplo com o restante da cidade. A ocorrência cada vez mais frequente de conflitos e mortes nas favelas ocupadas pela polícia tem deixado bem claro que a janela de oportunidade aberta com a experiência das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) começa a se fechar muito rapidamente. As práticas policiais nas favelas “pacificadas” não estão conseguindo superar um conceito original de “ocupação” profundamente marcado por uma concepção de cidade que não inclui a favela como parte de uma comunidade de direitos a ser compartilhada

integralmente por todas as pessoas que nela residem, sem exceção. O que temos visto é a persistência de uma narrativa de guerra que demarca os territórios de favelas como espaços a serem retomados de um exército inimigo (o tráfico), ocupados pela polícia e pacificados. As populações seriam, nessa versão, expectadores passivos desse esforço “liberador”, testemunhas “bestializadas” da história, como se disse uma vez do povo em relação a Proclamação da República. A perspectiva de instalação, em breve, de uma UPP no conjunto de favelas da Maré deu origem à parceria inovadora entre a Redes da Maré, o Observatório de Favelas e a Anistia Internacional, com o objetivo principal de garantir o protagonismo dos cidadãos e cidadãs residentes neste território, na garantia de seu direito fundamental à segurança pública. A campanha “Somos da Maré e Temos Direitos” é um resultado importante nessa colaboração e deu prosseguimento a um processo de reflexão que já vinha em curso sobre o papel da cidadania ativa, especialmente das populações de favelas, na construção de uma política de segurança consistente com os princípios fundamentais dos direitos humanos. É preciso aproveitar o momento atual para ampliar a conversação sobre a segurança pública com a qual sonhamos para o Brasil e para o Rio de Janeiro. As favelas não constituem territórios de “exceção” de direitos, “conflagrados”, onde tudo é permitido em nome da “pacificação”. As pessoas que aqui vivem exigem ser protagonistas plenos de um projeto de cidade que tenha a segurança pública como um direito fundamental de todas as pessoas, sem distinção do lugar onde residem. Um sistema de segurança pública que provoque orgulho nos profissionais que nele atuam e confiança nos cidadão e cidadãs que dele se beneficiam.

Maré de Notícias No 40 - abril / 2013

O sistema de segurança e justiça no Brasil permanece profundamente marcado por uma noção de controle social voltada basicamente para a criminalização das populações pobres e negras, em particular dos jovens meninos e adolescentes residentes nas favelas e periferias de nossas cidades. Para esses jovens, o encontro com o agente de segurança quase sempre resulta em violência e, muitas vezes, em morte.


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POLÍTICAS PÚBLICAS

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Prefeitura volta a dialogar com associações de moradores Silvia Noronha

Elisângela Leite

O vice-prefeito do Rio, Adilson Pires, assumiu o compromisso de retomar os encontros com os presidentes das associações de moradores, para dialogar e estabelecer prazos de execução das demandas locais. Em 25 de março, Adilson participou da reunião do coletivo A Maré que Queremos, na Nova Holanda. O projeto reúne os presidentes das 16 associações, em parceria com a Redes da Maré. Em maio do ano passado, o prefeito Eduardo Paes já havia participado de uma reunião do grupo. Na ocasião, ele recebeu o documento elaborado pelo coletivo com propostas estruturantes para a melhoria da qualidade de vida nas favelas do bairro. “Proponho retomar o documento para apresentar o prazo das ações e assumir um compromisso com data, com prazo para as coisas acontecerem aqui”, declarou o atual vice-prefeito. O coletivo ficou de atualizar as propostas para marcar uma nova reunião ainda neste mês de abril. “A prefeitura tem entendimento da importância da Maré no contexto da cidade”, frisou Adilson.

Mais garis nas ruas Um dos problemas estruturais já discutidos na reunião foi a coleta de lixo. O diretor de Serviços da Comlurb, Luis Guilherme Gomes, adiantou que irá aumentar gradativamente o efetivo da companhia na Maré. Segundo ele, atualmente são 36 garis da Comburb e 72 comunitários, sendo 68 na ativa e quatro de licença. De acordo com ele, o número ideal é um gari para cada mil habitantes. Na Maré, portanto, deveria haver um total de 130, se considerarmos o Censo do IBGE, que indicou a existência de 130 mil moradores. Entretanto, o Censo Maré, cujos dados estão sendo tabulados, deve revelar uma população local maior. Luis Guilherme lembrou que a contratação de garis comunitários foi questionada pelo Ministério Público do Trabalho. Mesmo contrariada, a prefeitura deverá ser obrigada a substituí-los.

Leia, guarde, pendure esta página em locais públicos para que mais pessoas possam conhecer os seus direitos.

O Maré de Notícias lança nesta edição uma nova coluna, destinada a tratar dos direitos da população. Os temas serão abordados em oito edições, com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre equipamentos e ferramentas públicas que podem ser acionadas pelo cidadão, sempre que necessário. A série é assinada pela Equipe Social da Redes da Maré, formada por uma psicóloga e assistentes sociais que acompanham os projetos da instituição e estão sempre em contato direto com moradores. Conheça os assuntos: - Direitos humanos - Direitos previdenciários; - Equipamentos de saúde e as diferentes portas de entrada (saúde da família, alta complexidade etc.); - Direitos da criança e do adolescente; - Gênero e diversidade; - Questão racial; - Bolsa Família e Cartão Família Carioca; e - Direitos da mulher.


Primeiro tema:

Direitos Humanos: provavelmente você já ouviu falar sobre isso. Nos jornais, revistas, na televisão e na internet é possível acompanhar muitas notícias e discussões que têm a ver com esse assunto. Mas o que são os direitos humanos, afinal? Direitos Humanos estão relacionados a algumas noções e valores, tais como: cidadania, democracia, igualdade, liberdade, respeito, dignidade... para todos e todas, independente da raça, orientação sexual, idade, religião e classe social. Direitos Humanos, como o próprio nome já diz, são os direitos de todas as pessoas, sem distinção. Mas nem tudo é assim tão “simples”. Pensando nisso, foram elaborados, ao longo da história, diversos documentos que nos ajudam a compreender os Direitos Humanos e nossa relação com eles. Entre esses documentos, o mais importante é a Declaração Universal de Direitos Humanos, de 1948. No Brasil, há o Plano Nacional de Direitos Humanos III, de 2010. No Rio de Janeiro existe o Plano Estadual de Direitos Humanos, que se encontra em fase de revisão e atualização. No ano passado, foi elaborado o Plano de Direitos Humanos da Maré, com a participação de moradores em parceria com a Redes e outras instituições, levando em conta nossas particularidades. Há ainda outros documentos e leis relacionados a esta temática. Estes documentos orientam a formulação de políticas públicas e intervenções nesta área. E como podemos fazer para buscar a prevenção do desrespeito a esses direitos, a busca por sua efetivação e a reparação nos casos de violação? A seguir, listamos alguns mecanismos que podem e devem ser acionados por qualquer pessoa que avaliar necessário. Você pode acionar esses serviços, por exemplo, em caso de violação de direitos da cidadania, da

Equipe Social da Redes da Maré equipesocial.redes@gmail.com

população LGBT, da criança, do adolescente, da pessoa com deficiência, do idoso e de outros grupos sociais mais vulneráveis. Disque Direitos Humanos (Disque 100 – ligação gratuita): É um serviço oferecido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), de discagem direta e gratuita, disponível para todos os estados brasileiros. Recebe denúncias de violações de Direitos Humanos e fornece o esclarecimento de dúvidas sobre alguns dos direitos da população. O serviço garante o sigilo da identidade do denunciante e pode ser acessado também pelo endereço eletrônico: disquedenuncia@sdh.gov.br. Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj): A comissão atua na busca pela garantia dos Direitos Humanos no estado do Rio e recebe a população para a realização de denúncias sobre violação de direitos. Assembleia Legislativa - Palácio Tiradentes - Praça XV - CEP: 20010-090 - Telefone: (21) 2588-1309 ou 1308. Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC/RJ): Tem a atribuição de atuar, inclusive por meio de Ação Civil Pública junto ao Poder Judiciário, para assegurar direitos coletivos, difusos e até mesmo na defesa dos interesses individuais indisponíveis, como a vida e a liberdade, entre outros. Apura e combate irregularidades em questões relativas a um amplo conjunto de temas, tais como: acesso à justiça gratuita; direito à memória e à verdade; liberdade de associação; liberdade religiosa; liberdade sexual; moradia adequada; segurança pública; sistema prisional; terra/reforma agrária; desastres naturais; tortura; tráfico de pessoas para fins de exploração sexual; condição análoga a de escravo; racismo, inclusive na internet. Av. Nilo Peçanha 23 - 7º andar - Sala 713 - Centro- CEP 20020-900 - Rio de Janeiro - Telefone: (21) 2107-9517 E-mail: mmiller@prrj.mpf.gov.br; ou schettino@prrj.mpf.gov.br Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos (CEDDH/RJ): O Conselho é um órgão composto por instituições públicas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil atuantes no campo dos Direitos Humanos. Ao Conselho compete, entre outras funções, apurar as denúncias de violações de Direitos Humanos ocorridas no estado do Rio de Janeiro. Telefone: (21) 2334-5528 E-mail: ceddhrj@gmail.com

Estes são apenas alguns dos canais que podem ser acessados para a busca pela efetivação dos Direitos Humanos. Caso você tenha interesse neste assunto, por qualquer motivo, procure algum deles.

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Direitos humanos

SEUS DIREITOS

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EDUCAÇÃO

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Por uma educação de qualidade Visitamos escolas públicas municipais e ouvimos diretores, funcionários, professores e pais. As questões apontadas foram levadas ao novo coordenador regional de Educação. Todos foram unânimes: anseiam por uma educação com mais qualidade. Hélio Euclides

As reclamações a respeito da qualidade da educação pública no país são ouvidas por toda parte, vindas de diferentes segmentos da sociedade. Na Maré não é diferente. Aqui também encontramos muito descontentamento. Em março, a equipe do Maré de Notícias foi às escolas municipais saber a opinião de diretores, professores, funcionários e pais de alunos. Voltamos com uma série de questões, entre elas a falta de professores e a necessidade de recuperação dos prédios públicos. Todos os pontos citados pelos entrevistados foram levados ao novo coordenador regional de Educação (4ª CRE), professor Eduardo Alves Fernandes, que assumiu o cargo este ano. Eduardo é recém-chegado, mas em pouco tempo já demonstra amplo conhecimento sobre cada unidade. Um dos motivos para isso são as visitas que ele vem realizando às escolas para ampliar o diálogo entre todos os envolvidos. Contudo, a Maré não é o único foco de sua administração. Apesar do desmembramento da 4ª CRE – agora existe a 11ª CRE contemplando toda a Ilha do Governador –, Eduardo tem o desafio de administrar 148 escolas, na extensão de Manguinhos ao Jardim América.

Nas estatísticas oficiais, a educação na Maré é insatisfatória. Na Prova Rio e na Prova Brasil, dois mecanismos de avaliação do grau de aprendizado dos alunos, a nota média da cidade está acima da média das escolas da Maré. “Estamos buscando solucionar dificuldades que podem acarretar essas notas ruins. Uma das medidas é a diminuição da carência de professores. Quero olhar o problema de frente e hoje nosso objetivo preferencial é alocar professores para a Maré”, assegura Eduardo. Por aqui, a carência de professores em sala de aula se repete no início de cada ano letivo. Eduardo afirma que está resolvendo a situação. “Isso está sendo solucionado com a dupla e a tripla regência. Além disso, estamos dando preferência ao ingresso de novos docentes na Maré. No passado, a Maré tinha um número de falta de educadores muito acima do restante da 4ª CRE; hoje esse número é igual. A Maré é prioridade para nossa administração”, declara ele. Um dos motivos dessa ausência de professores é o processo de aposentadoria. No início do ano já havia 3.000 pedidos, sem contar os professores licenciados. A prefeitura abriu concurso para a contratação de profissionais PII (antigo primário). Com relação aos professores do 2º segmento (antigo ginásio), chamados de PI, não existe previsão de concurso. Os professores, segundo admite Eduardo, estão dando aulas em mais turmas, se dividindo o máximo para dar conta da demanda.

Programa da Maré, promovido pelo ão aç uc Ed de rio ná mi Se io haverá o III educação pública na debate, no dia 25 de ma adas ao for talecimento da ion ec dir s õe aç Para contribuir com este de rie sé ompanhe uma s na Redes: 3105-5531. Ac õe ré. O evento faz parte de aç Ma orm na s inf is bra Ma tro . Pe ião ça reg ian Cr que atuam na profissionais de educação damare.org.br/pcp Maré e tem como público e no hotsite do PCP: redes .br org re. ma da es ed w.r da Maré: ww também no site da Redes

o Seminário em 25 de mai


A Escola Nova Holanda antes e depois da reforma. A pedido dos próprios pais, a unidade passou apenas por uma restauração para que fosse reaberta rapidamente

Para os Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDI), a intenção é contratar mais professores. A notícia ruim é que o EDI da Praia de Ramos, reivindicado pelos moradores, não está previsto para este ano. Sobre a falta de funcionários, o coordenador afirma que esta é uma dificuldade de todos os setores da educação, incluindo a própria CRE. Nas categorias merendeira e pessoal de limpeza, a Comlurb vem suprindo a necessidade, executando essas funções.

Mais escolas no futuro Outra questão é o número de unidades escolares. As 16 escolas municipais em funcionamento – número aparentemente elevado – não são suficientes para a quantidade de crianças e adolescentes que moram no bairro. Até a prefeitura vem chegando a esta conclusão. Um estudo do Instituto Pereira Passos (IPP), órgão municipal, está avaliando a necessidade de abertura de escolas em cada região da capital. “Na Maré é necessário construir novos colégios, pois muitos alunos estudam longe de casa. Estamos com o estudo que aponta os locais, o que falta é espaço para construir. A população da Maré está crescendo. Não são poucas escolas e aqui é um dos lugares onde se tem mais unidades”, garante

Eduardo. A previsão é que a cidade receba 200 novas escolas, em turno único, o que diminuiria o excesso de alunos em sala de aula, que hoje chega a ter 50 crianças. Nas futuras escolas, a prefeitura pretende ter salas com 30 a 35 alunos por turma. A parte estrutural das unidades foi outro tema questionado, especialmente a climatização da sala de aula. Para melhorar a prefeitura destinou uma verba emergencial para consertar ventiladores, aparelhos de ar condicionado quebrados e a parte elétrica. Muitas escolas apresentam ainda problemas constantes no telhado. Uma das causas é o uso para soltar pipa. “Isso não podemos impedir com arame farpado ou cerca elétrica. Também não temos como deixar um vigia em cada escola. Precisamos da consciência da população; a escola é de todos”, orienta o coordenador. Para a melhoria na parte educacional a prefeitura está implantando o Educopédia, que são aulas digitais e interativas, com conteúdo curricular abordado de forma lúdica e prática, com auxílio de um computador em cada sala de aula. Estava marcada para abril uma capacitação na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sobre o manuseio dos novos equipamentos.

Hélio Euclides

Infiltração na Escola Paulo Freire A Escola Municipal Professor Paulo Freire, na Vila do Pinhe iro, está com infiltração na fachada, provocando medo em quem passa por baixo. Em 6 de março, não houve aula por causa do problema. “O ano come çou agora e já não tem aula. Deveriam fazer obras antes de abrir”, desabafa Manu el Sousa Freitas, que teve de retornar com a criança para casa. Eduardo Ferna ndes, coordenador da 4ª CRE, está ciente do ocorrido. “A obra já está progra mada. Estamos só aguardando o fim da reforma do Ciep Vicente Mariano para envio de equipe. Não temos prazo, mas a solução ainda vai vir esse ano. Sabem os dos problemas, como o telhado e o muro da Escola Teotônio Vilela e a neces sidade de obras na Escola Professor Josué de Castro. São bastante coisas na Maré” , conclui.

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Elisângela Leite

Elisângela Leite

Educação

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Plantando o futuro na escola Crianças do Ciep da Vila do Pinheiro preparam horta e debatem sustentabilidade

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SUSTENTABILIDADE

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Renato Paquet

Julia Rossi

Julia Rossi

Julia Rossi

Aramis Assis

Temas como água, lixo, saúde alimentar, agricultura urbana, energia e sustentabilidade são abordados com pais e alunos do Ciep Ministro Gustavo Capanema, na Vila do Pinheiro, primeira escola da Maré a receber a oficina de educação ambiental do Programa Criança Petrobras na Maré (PCP Maré). Coordenada por Julia Rossi e Renato Paquet, a oficina foi inaugurada coletivamente, no final do ano, com a preparação de uma horta, instalada no espaço ao lado do refeitório da escola. O local está sendo utilizado como ambiente didático para os alunos explorarem a sensibilidade por meio do manejo da terra e do cheiro das plantas, além de estimular o debate sobre alimentação saudável. Todos os envolvidos participam da manutenção da horta, cuja produção será utilizada nas refeições preparadas no Ciep. O material orgânico não aproveitado, como as cascas, será depositado em um minhocário para a produção de húmus. Julia Rossi explica que “o trabalho busca a transformação social, pretendendo aguçar os sentidos dos alunos para transformações sustentáveis dentro dos seus espaços, como a casa e a escola”. Outras ideias sustentáveis serão colocadas em prática. A proposta de construir um bosque na escola, por exemplo,

reforça o desejo de Fernanda da Silva, de apenas 7 anos. “A escola tem pouca árvore, pouca sombra; tem que plantar mais árvores e flores”, defende. O Ciep Gustavo Capanema já possui um histórico de trabalho com os temas ambientais. Há alguns anos a escola tem se mobilizado para conscientizar a comunidade acerca da questão do lixo, que era abundantemente depositado nos entornos da instituição. O movimento envolveu toda a comunidade, produziu bons resultados e desde então o tema foi integrado no programa da escola. Assim, a entrada da oficina no Ciep está sendo muito bem recebida, como afirma Gisa Gonçalves, coordenadora pedagógica da escola: “A oficina vem como um grande apoio e um complemento ao nosso plano pedagógico”.

Educação ambiental nas escolas Desde a Lei nº 6938, de 1981, diversas propostas tentam estabelecer a educação ambiental como disciplina a ser ministrada em todos os níveis de ensino. A lei, no entanto, nunca foi efetivada. Com a Rio + 20 – Conferência de Meio Ambiente, realizada no ano passado, no Rio –, a discussão sobre capacitação e percepção das crianças e jovens para as causas ambientais se tornou mais comum. É nesse contexto que a oficina quer atuar, por meio de metodologias que contribuam para futuros jovens e pais mais críticos e atuantes em prol das causas ambientais.


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Willian Nascimento

Morador da Nova Holanda, o carteiro José Rosa dos Santos, de 54 anos, começou a fazer dança de salão há três anos. Como não podia mais jogar futebol, sua médica lhe disse para fazer outra atividade física, e ele escolheu a dança. Quando sobra tempo no trabalho, o carteiro dançarino, apelido que ganhou dos amigos, coloca uma música e ensina alguns passos aos seus colegas. “É uma grande satisfação porque a dança é um estímulo de vida, traz novos amigos e conhecimentos, te motiva e permite que você expresse seus sentimentos. No começo achei um pouco difícil, mas depois me encontrei. Aqui na aula não tem limite de idade, basta ter força de vontade e vir”, conta ele. É no Centro de Artes da Maré (CAM) que jovens e adultos se encontram todas as sextas-feiras para a aula com o professor Roberto Queiroz, responsável por ensinar as técnicas de dança através do forró, samba, soltinho e da salsa. Em média são 55 alunos divididos em duas turmas: iniciantes e intermediários. “Muitos chegaram sem se conhecer e viraram amigos. Já vi uns dois casais que começaram a namorar aqui; os alunos estão se divertindo, até combinam umas saídas para dançar. O que me encanta é que às vezes chega um cavalheiro duro, que nem consegue sair do lugar, e aos poucos vai perdendo o medo e tira a dama para dançar e quando vejo já está dançando muito bem”, observa o professor. O estudante Edilson Santiago, de 22 anos, morador da Vila do Pinheiro, faz dança há pouco mais de um ano. Ele era o único de sua família que não sabia dançar forró. “Sempre tive vontade de aprender a dançar, mas era muito tímido. A dança ajuda em tudo e junto com o teatro me desinibiu, e me faz muito bem”, ressalta. Vânia da Silva Pereira, de 39 anos, disse que a dança sempre fez parte da sua vida, pois melhora o condicionamento físico e ajuda a emagrecer. A operadora de telemarketing já fez balé, street dance, jazz e dança contemporânea, mas desde os 14 anos faz dança de salão. “É uma terapia, uma válvula de escape para quem quer esquecer os problemas. Dança é vida.”

Escola Livre de Dança da Maré: R. Bittencourt Sampaio, 181. Nova Holanda. Tel.: 3105-7265 Conheça todas as oficinas regulares da escola na pág. 15, no quadro do Centro de Artes da Maré.

“É uma terapia, uma válvula de escape para quem quer esquecer os problemas. Dança é vida.” Vânia da Silva Pereira

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Fabíola Loureiro

Dança

Vem dançar com a gente


Cultura e educação que atravessam a cidadania De 13 de abril a 23 de junho acontece a segunda edição da exposição de arte contemporânea “Travessias”. O público, além de visitar a exposição, poderá participar de oficinas e encontros com personalidades de diversas áreas para discutir arte, cultura e vida contemporânea Rosilene Miliotti

O único artista da Maré é o fotógrafo Ratão Diniz, do Imagens do Povo. Felipe diz que ele é um ótimo artista. “Sempre desejei expor as produções fotográficas nas favelas que acompanho de perto, ainda mais aqui na Maré, minha casa. Essa é uma forma de eu dar o retorno aos fotografados. Nesse sentido, o Travessias caiu como uma luva”, comenta Ratão. As fotos que estarão expostas são uma tentativa de traduzir um pouco do cotidiano da favela, representado através da cultura popular. “O que pretendo mostrar é a busca pela minha identidade, o reencontro de muitos momentos que fizeram parte da minha infância. Quero muito dialogar com o público, discutir assuntos que envolvem nosso cotidiano, mas cada um terá sua visão a partir da sua necessidade, seu posicionamento político, seu olhar; assim é a arte”, explica Ratão.

Afinal, o que é arte? “Se conseguirmos conviver com o diferente, a gente acaba jogando isso para a nossa vida. Todos nós somos diferentes. A arte media esses conflitos, essas diferenças e estranhamentos. E essa não é uma exposição para que as pessoas venham e olhem apenas. Não precisa ficar com a mão para trás. Pode tocar. A arte é um elemento transformador e pode ser interativa e lúdica. A criança pode mexer e fazer o que ela quiser. É nesse momento de descoberta e experimentação que começa a criar vínculos que antes a gente julgava como estranho e diferente. A arte traz a percepção do real e como lidar com o diferente.” Felipe Scovino, curador do Travessias 2

14 / Luisa Mello

Realizada pelo Observatório de Favelas e pela Automática, com patrocínio da Petrobras e da Secretaria Municipal de Cultura e parceria da Redes da Maré, a exposição tem como curadores Felipe Scovino e o artista plástico Raul Mourão, que reuniram dez artistas pela qualidade de suas obras e pelo poder de transformação: Arjan Martins, Cadu, Carlos Vergara, Ernesto Neto, Daniel Senise, Lucas Bambozzi, Luiza Baldan, Marcelo Silveira, Ratão Diniz e Vik Muniz.

“Participar dessa exposição enriquece tanto o público quanto os artistas. Todos estão muito felizes com o convite. Há uma expectativa do lado dos artistas sobre quem vai ver suas obras, se vão gostar ou não. Os trabalhos que serão expostos são inéditos ou significativos”, comemora Felipe.

14 / Victor Fiuza

O projeto “Travessias” tem o objetivo de incorporar a favela da Maré e seus moradores no mapa das artes visuais, evidenciando o papel do artista e da arte contemporânea em um processo de integração urbana e estética. “O Travessias é mais do que uma exposição de arte, é um projeto educacional. Cultura e educação são a base para a construção da cidadania”, explica Felipe Scovino, um dos curadores da exposição, crítico de arte e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

14 / Luisa Mello

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CULTURA

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Cultura

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Programação Período: 13 de abril a 23 de junho Às quartas, sábados e domingos, das 10h às 18h Às quintas e sextas, das 10h às 20h No Galpão Bela Maré - Rua Bittencourt Sampaio, 169 (entre as passarelas 9 e 10 da Av. Brasil) Entrada gratuita! Mais informações: www.travessias.org.br

Oficina de Arquitetura

Dias 27/4; 4/5; 11/5; 18/5: Pretende montar uma maquete da Nova Holanda. Para se inscrever é preciso ser maior de 16 anos e enviar email para: oficinas@travessias.org.br com nome completo, endereço, idade, escola ou faculdade em que está matriculado e ano que está cursando.

Oficina de Design Gráfico

Dias 11 e 12/05: Inscrições pelo e-mail: oficinas@travessias.org.br

Encontros

Sábado, 04 de maio, 16h: Relato de artista: Ernesto Neto Apresentação de projeto: Marcus Vinícius Faustini, apresentando o projeto Agência Redes para Juventude Entrevista: com Marcelo D2 e Caco Barcellos Sábado, 11 de maio, 16h: Relato de artista: Carlos Vergara Apresentação de projeto: “Políticas públicas integradas no território e participação comunitária, por Ricardo Henriques Entrevista: com Fernanda Abreu e MV Bill Sábado, 25 de maio, 16h: Relato de artista: Vik Muniz ou Ratão Diniz (ainda em confirmação) Apresentação de projeto: Ronaldo Lemos, discutindo o Marco Civil para Internet no Brasil Entrevista: com Marcelo Yuka e José Padilha

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Travessias 2 – Arte contemporânea na Maré


O que acontece e o que não deixa de acontecer por aqui

Agentes multiplicadoress dos nossos direitos O Tribunal de Justiça do Rio promoverá capacitação gratuita de líderes comunitários locais, integrantes de grupos da sociedade civil atuantes na Maré e demais interessados, para formar agentes multiplicadores de informações básicas sobre direitos, justiça e cidadania. A atividade faz parte do Projeto Justiça Cidadã, que visa democratizar o acesso à justiça. Fique ligado porque as vagas são limitadas. A data de início ainda será confirmada, devendo ocorrer no fim de maio ou início de junho. O programa é composto de palestras com promotores, desembargadores, juízes e outros servidores da Justiça. Serão cerca de 20 encontros, duas vezes por semana, de 16h às 19h, no Fórum do Rio, no centro da cidade. Informações na secretaria da Redes: 3105-5531. Até o fim deste ano, a Maré passará a receber regularmente o ônibus itinerante da Justiça do Rio, que funciona como um cartório móvel capaz de intermediar questões nas áreas de direito do consumidor, direitos civis e familiares, como certidão de nascimento, reconhecimento de paternidade, de união estável, separação e divórcio, entre outros. O ônibus não oferecerá serviços na área criminal

Holder morguefile

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NOTAS

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Curso de gestante e outras oficinas

Imagens do Povo no MAC de Niterói

A Obra Social Santa Cabrini oferece Curso de Gestante para grávidas até o 6º mês. O objetivo é trabalhar a importância e a responsabilidade da gestação e os cuidados com o corpo e os bebês. As inscrições estão abertas. O curso tem a duração de dois meses, sendo os encontros de duas horas e meia, no período de 24/04 a 19/06. A atividade é realizada em parceria com as Equipes do Posto de Saúde da Vila do João e do Centro de Referência das Mulheres da Maré. No final as participantes receberão um kit enxoval.

A violência não reflete o cotidiano da população das favelas cariocas. Cada território possui espaços de diversão, confraternização e alegria. Com esta proposta, está em cartaz a exposição “Processos em Imagem”, do Imagens do Povo, no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói.

Também estão abertas as inscrições para as oficinas de Flauta, Cavaquinho, Violão, Capoeira. Endereço: Rua 17 casa 217 – Vila do João. Tel.: 3104-9807.

Exposição “Processos em Imagem” – Observatório de Favelas MAC de Niterói – varandas (Mirante da Boa Viagem s/nº) - De terça a domingo, das 10 às 18h. Ingressos a R$ 6 (nteira) / R$ 3 (meia) Entrada gratuita para estudantes da rede pública (ensino médio), crianças abaixo de 7 anos e portadores de necessidades especiais. Entrada gratuita também às quartas-feiras. Até 23 de junho de 2013


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Receita:

PROGRAMAÇÃO

Últimos espetáculos da Temporada Maré de Artes Cia Folclórica do Rio - UFRJ 27 de abril, sábado, às 18h Espetáculo: Tamborzada Tambores dos salões, dos terreiros e das ruas marcam as cadências das culturas populares. Cenografia, instalações, iluminação, figurinos, música ao vivo e muita dança criam um momento de artes integradas com participação ativa do público. Direção Geral: Eleonora Gabriel

Arquivo pessoal

Núcleo de Formação Intensiva em Dança da Escola Livre de Dança da Maré 28 de abril, domingo, às 18h Espetáculo: “Exercício M, de movimento e de maré” Do encontro entre artistas da dança, alunos do Núcleo 2 da Escola Livre de Dança da Maré e o público nasce essa primeira experiência a ser compartilhada. Direção Geral: Lia Rodrigues

ESCOLA LIVRE DE DANÇA DA MARÉ oficinas regulares

Ingredientes:

Corpo e expressão (nova oficina infantil) Quartas-feiras, das 17h30 às 18h30 Sextas-feiras, das 17h30 às 18h30 Para crianças entre 04 e 08 anos

1 coco pequeno 1 copo de leite integral 1 copo de 200 ml de água 5 colheres (sopa) de açúcar 2 colheres (sopa) de leite condensado

Modo de fazer: Raspe o coco, acrescente o leite, a água e o açúcar e bata tudo no liquidificador. Coe a mistura em uma peneira, mas aproveite a metade da quantidade de bagaço. Bata novamente no liquidificador o suco do coco, a metade do bagaço e o leite condensado. Use um funil para colocar a mistura nos saquinhos de sacolé. Coloque também uns pedaços de coco inteiro nos saquinhos. Ponha na geladeira, deixe endurecer e depois é só saborear. Rende 8 sacolés.

Dança criativa Quintas-feiras, das 18h30 às 20h Para crianças de 08 a 12 anos Dança de salão a partir de 16 anos Sextas-feiras, das 18h30 às 19h30 Iniciante Sextas-feiras, das 19h30 às 20h30 Intermediário, salsa e samba de gafieira Sextas-feiras, das 20h30 às 21h30 Intermediário, forró e soltinho

Dança de rua Segundas-feiras, das 17h30 às 19h Iniciante, a partir de 8 anos Percussão (a partir de 10 anos) Terças-feiras, das 20h às 21h30 Consciência corporal Terças-feiras, das 18h30 às 20h Quintas-feiras, das 18h30 às 20h A partir de 16 anos Dança contemporânea Quartas-feiras, das 18h30 às 20h Quintas-feiras, das 20h às 21h30 A partir de 12 anos

R. Bitencourt Sampaio, 181 Nova Holanda

(21) 3105-7265

Fotos: Elisângela Leite

Programação no local ou pelo tel. 3105-7265 2 a a 6a, de 14h às 21h30

Programação suspensa

Lona cultural

Herbert Vianna

A Lona da Maré está temporariamente fechada, desde 1º de fevereiro, por determinação da prefeitura. A decisão se estende a todos os equipamentos públicos de cultura pertencentes ao município, até que esses espaços tenham suas condições de segurança atestadas pelo Corpo de Bombeiros. A medida foi tomada por precaução, após o grave incêndio ocorrido em Santa Maria (RS).

cultura

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CULTURA

Divulgação

Sacolé de coco do Mimiu


pra Maré participar do Maré

al n r jo u e s o a t n a r

Ga

da sua todos os meses! Busque um exemplar na Associação de Moradores comunidade!

Precisa-se de doações O Maré Latina de Aprendizado precisa de doação de materiais de construção, pois acaba de conseguir um terreno para construir a sede do projeto. Outras doações solicitadas: livros, materiais escolares, computadores, impressoras, roupas, brinquedos, fogão, geladeira, mesas, cadeiras, estantes, armários, máquina fotográfica, ventilador, liquidificador, alimentos para o lanche (biscoito, doces, pipoca...). Leia a carta enviada pela responsável pelo projeto, que é moradora da Maré: Prezado Sr(s), Quero solicitar através desta carta um apoio ou patrocínio. Sou Aline de Jesus de Melo, presidente do Projeto Maré Latina de Aprendizado, que oferece cursos gratuitos em várias áreas. Até o momento estamos sem ajuda de ninguém. Com sede principal localizada na comunidade da Vila dos Pinheiros, o Projeto Maré Latina de Aprendizado oferece cursos gratuitos a pessoas de todas as idades. Os cursos são: de moda, espanhol, inglês, português para estrangeiros, capoeira, futebol, pintura, desenho, literatura, alfabetização (reforço escolar), artesanato, reciclagem, teatro, dança, cinema, Braille, Libras, computação, música, artes circense, entre outros.

Festival de Música Ativa (Rock) O jovem estudante Raul da Silva, morador da Maré, escreveu para o Maré para divulgar sua ideia: ele está organizando o lançamento do “Festival de Música Ativa”. A proposta, explica ele, é promover vários eventos explorando diferentes estilos musicais. O primeiro será de rock. A data ainda está sendo escolhida. Fique ligado e confirme a data e o local do evento pelo Facebook: “Festival de Música Ativa”.

Também oferecemos orientação pedagógica, orientação profissional e educacional (escolha profissional), pré-vestibular, Companhia de teatro e dança Maré Latina, Coral Maré Latina, Trilha na Mata (projeto de valorização do Parque Ecológico da Maré e do meio ambiente) e atendimento a pessoas portadoras de deficiência. O projeto conta também com a Biblioteca Maré Latina de Aprendizado. Os principais resultados alcançados foram o lançamento do Livro e curta-metragem “A fadinha Maria e sua Boneca de Pano”. Aguardo resposta - Aline Melo Mais informações: Blog: www.marelatina.blogspot.com.br E-mail: alinesepanhol@gmail.com Endereço: Associação de Moradores do Parque Ecológico, s/n°, Vila dos Pinheiros / Maré – RJ Celular: (21)9308-0267

Competição

Arquivo Pessoal

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ESPAÇO ABERTO

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Diogo dos Santos e Hélio Euclides

Uma competição entre o céu e inferno. Em uma hora, quem digita mais? O diabo é super rápido. Já Jesus digita catando milho. Quando falta um minuto para terminar, ocorre um pico de luz. O computador do diabo perde tudo. E Jesus vence a competição. Pois só Jesus salva.

presentinho

)

Rin do at o a O marido vai até uma loja do shopping e pede à vendedora: - Embrulhe esta saia para presente, por favor! - Vai fazer uma surpresa para a sua esposa, senhor? - Uma surpresa das grandes! Ela estava esperando um anel de brilhantes!


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