Ditame inรณcuo
CAPÍTULO I PARTE I Sementes E Espinhos.
Quando acordei estava em uma sala de estar, com dez crianças pequenas engatinhando pelo chão, três televisores ligados, duas portas, uma em cada lado das paredes. Levantei-me,
cuidadosamente caminhei atĂŠ uma das portas e encontrei um corredor repleto de outras portas. Em minha frente, uma longa escada de madeira, que levava a outros andares.
Dei-me conta de que naquele momento eu estava dentro de um gigantesco prĂŠdio, com um inusitado formato.
Cada unidade do prédio é uma área de utilidades independentes, o prédio não é dividido em apartamentos comuns.
Estou em alto mar, em uma base suspensa, coberta por aço, e todos os recursos imagináveis foram colocados aqui. Um estado autônomo, protegido por institutos e corporações de vários países.
Trata-se de uma central de testes, onde pessoas de todas as parte do mundo sĂŁo selecionadas para fazerem parte de experimentos. A maioria sĂŁo cobaias humanas, estudadas como se fossem plantas ou animais.
Ainda não há uma forma de descrever com exatidão o que havia ocorrido na ultima noite que estive naquela base em alto-mar. O céu se apresentou em cor fabulosa, não era natural.
O céu ficou super amarelo, já era meia noite, não haviam luzes e nem holofotes para descrever tamanha explosão. Toda vez que fecho os olhos ainda vejo manchas de luz em minha visão.
Eu estava navegando sozinho, jรก hรก alguns dias, sobre um barco alugado. Buscava imagens de ilhas pouco conhecidas para publicar em uma nova revista.
Certo dia, fui atingido por uma enorme explosão. Tratava-se de um teste, feito por pesquisadores desta base, ao perceberem que haviam prejudicado a minha embarcação, me levaram para a base e me ofereceram estadia.
Já dentro da base, o meu primeiro contato com tripulantes, depois que acordei, foi com três rapazes que estavam sentados em um tapete branco. Uma deles, em um tom áspero, recitava sermões sobre ética para o restante do grupo.
Eles ouviam tudo com respeito e atenção. As imagens ficaram ainda mais perdidas, era uma meia luz de velas. Mas, ainda me lembro bem de cada uma das palavras ditas ali.
Ao fundo, era tocada em um antigo aparelho de som, uma música muito antiga, uma balada. “Mas logo eles, naquele lugar, ouvindo aquela canção...” Uma música marcante, que havia anos que não se escutava.
Continuei ouvindo tudo calado. Sem ser percebido.
Ainda naquela sala, visualizei uma capa de um livro sobre a mesa, que por acaso, eu havia trazido no meu barco.
O livro estava de capa para cima, ao lado de um garoto deitado sobre vários travesseiros, em cima do tapete branco. Parecia que aquele rapaz havia acabado de ler páginas a fio, até deixar cair o livro das mãos de cansaço. [...]
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