T. ∆anér 80 anos Texto Text
1926
2006
Mario Marona
T. ∆anér 80 anos Texto Text
1926
2006
Mario Marona
1926
1928
1930
1926
A T. Janér é fundada como empresa individual. A T. Janér is founded as a limited partnership company.
1927
Tor Janér torna-se representante no Brasil da Associação de Exportação Sueca.
1926
Tor Janér adquire 50% da empresa de representações do norueguês Bjarne Bugge. Criação da Bugge, Janér e Cia. Ltda. para importação e distribuição de papel de imprensa e importação de bacalhau. Tor Janér acquires 50% of the Norwegian Bjarne Bugge’s representation company. Bugge, Janér e Cia. Ltda. is founded for the purpose of importing and distributing newsprint and the importing of codfish.
1928
É fundado o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP). The Center of Industries of the state of São Paulo is founded (CIESP).
Tor Janér starts to represent the Swedish Export Association in Brazil.
1930
Deposição do presidente Washington Luís. Getúlio Vargas assume a chefia do governo provisório. President Washington Luís is deposed. Getúlio Vargas takes over as head of the provisional government.
Aspecto da Avenida Rio Branco por ocasião do empastelamento e incêndio de um jornal governista. Rio de Janeiro, 24 de outubro de 1930. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
Cais do Porto. Rio de Janeiro, agosto de 1925. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som. Port Pier. Rio de Janeiro, August 1925. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
1930
Tor Janér e o norueguês Bjarne Bugge possuem duas firmas individuais: T. Janér e B. Bugge. A primeira importava papel, e a segunda, bacalhau da Noruega.
Tor Janér and the norwegian Bjarne Bugge own two limited partnership companies: T. Janér and B. Bugge. The former imported paper, and the latter Norwegian codfish.
Aspect of Avenida Rio Branco on the occasion of the breaking into and burning of a pro-government newspaper. Rio de Janeiro, October 24, 1930. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
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T. Janér
80 anos
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A T. Janér é fundada como empresa individual. A T. Janér is founded as a limited partnership company.
1927
Tor Janér torna-se representante no Brasil da Associação de Exportação Sueca.
1926
Tor Janér adquire 50% da empresa de representações do norueguês Bjarne Bugge. Criação da Bugge, Janér e Cia. Ltda. para importação e distribuição de papel de imprensa e importação de bacalhau. Tor Janér acquires 50% of the Norwegian Bjarne Bugge’s representation company. Bugge, Janér e Cia. Ltda. is founded for the purpose of importing and distributing newsprint and the importing of codfish.
1928
É fundado o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP). The Center of Industries of the state of São Paulo is founded (CIESP).
Tor Janér starts to represent the Swedish Export Association in Brazil.
1930
Deposição do presidente Washington Luís. Getúlio Vargas assume a chefia do governo provisório. President Washington Luís is deposed. Getúlio Vargas takes over as head of the provisional government.
Aspecto da Avenida Rio Branco por ocasião do empastelamento e incêndio de um jornal governista. Rio de Janeiro, 24 de outubro de 1930. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
Cais do Porto. Rio de Janeiro, agosto de 1925. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som. Port Pier. Rio de Janeiro, August 1925. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
1930
Tor Janér e o norueguês Bjarne Bugge possuem duas firmas individuais: T. Janér e B. Bugge. A primeira importava papel, e a segunda, bacalhau da Noruega.
Tor Janér and the norwegian Bjarne Bugge own two limited partnership companies: T. Janér and B. Bugge. The former imported paper, and the latter Norwegian codfish.
Aspect of Avenida Rio Branco on the occasion of the breaking into and burning of a pro-government newspaper. Rio de Janeiro, October 24, 1930. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
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T. Janér
80 anos
9
T. Janér 80 anos T. Janér 80 years
O rosto redondo contrasta com os lábios finos, as sobrancelhas arqueadas emolduram os olhos claros, os cabelos loiros e ondulados nascem no alto da testa larga. Nada naquela cabeça sustentada por ombros generosos sugere um biótipo brasileiro. Mas o olhar altivo e o sorriso quase permanente indicam confiança, obstinação e, sobretudo, coragem de buscar o desconhecido. O desconhecido era um país chamado Brasil. A separar aquele homem deste país havia mais de dez mil quilômetros, línguas estranhas, climas opostos e culturas distintas. A uni-los, conspirava a vontade de ambos de crescer e construir uma vida. Tor Evald Wilhelm Janér e o Brasil foram apresentados um ao outro em 23 de junho de 1920. The round face contrasts with the thin lips, arched eyebrows frame pale eyes, and blond, wavy hair sweeps over the broad forehead. Nothing about this head resting on well-proportioned shoulders suggests a Brazilian biotype. But the lofty gaze and almost permanent smile display the confidence, stubborn resolution and, above all, courage to seek out the unknown. The unknown was a country called Brazil. Separating the man from the country were more than ten thousand kilometers, very different languages, extremely different climates and distinct cultures. Conspiring to unite them, the will of both to grow and build a life. Tor Evald Wilhelm Janér and Brazil came face-to-face on June 23, 1920.
Tor Janér. S.l., s.d. Acervo família Janér. Tor Janér. S.l., s.d. Janér family archives.
T. Janér 80 anos T. Janér 80 years
O rosto redondo contrasta com os lábios finos, as sobrancelhas arqueadas emolduram os olhos claros, os cabelos loiros e ondulados nascem no alto da testa larga. Nada naquela cabeça sustentada por ombros generosos sugere um biótipo brasileiro. Mas o olhar altivo e o sorriso quase permanente indicam confiança, obstinação e, sobretudo, coragem de buscar o desconhecido. O desconhecido era um país chamado Brasil. A separar aquele homem deste país havia mais de dez mil quilômetros, línguas estranhas, climas opostos e culturas distintas. A uni-los, conspirava a vontade de ambos de crescer e construir uma vida. Tor Evald Wilhelm Janér e o Brasil foram apresentados um ao outro em 23 de junho de 1920. The round face contrasts with the thin lips, arched eyebrows frame pale eyes, and blond, wavy hair sweeps over the broad forehead. Nothing about this head resting on well-proportioned shoulders suggests a Brazilian biotype. But the lofty gaze and almost permanent smile display the confidence, stubborn resolution and, above all, courage to seek out the unknown. The unknown was a country called Brazil. Separating the man from the country were more than ten thousand kilometers, very different languages, extremely different climates and distinct cultures. Conspiring to unite them, the will of both to grow and build a life. Tor Evald Wilhelm Janér and Brazil came face-to-face on June 23, 1920.
Tor Janér. S.l., s.d. Acervo família Janér. Tor Janér. S.l., s.d. Janér family archives.
O país que o recebeu acabara de concluir um censo que registrava a existência de 30.635.605 habitantes, 13.346 fábricas e 275 mil operários. Passava por enormes dificuldades provocadas pela queda do preço internacional de sua principal riqueza econômica – o café –, obrigando o presidente da República, Epitácio Pessoa, a intervir fortemente no mercado para proteger os produtores. Em São Paulo, vivia-se o clima febril que culminou, dois anos depois, na Semana de Arte Moderna, uma importante quebra de paradigmas na literatura, na poesia e nas artes plásticas. No Rio, o jornalista Nelson Rodrigues, muitos anos depois, lembraria: “O Brasil de 1920 era uma paisagem de velhos. Os moços não tinham função nem destino. Um homem de 25 anos já portava bigode, a roupa escura e o guarda-chuva necessários para identificá-lo entre os homens de 50.”
Centenário do Jornal do Commercio. Comemoração em meio ao maquinário de impressão. Rio de Janeiro, 1o de outubro de 1927. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som. Centennial of Jornal do Commercio. Commemoration in the midst of printing equipment. Rio de Janeiro, October 1 st, 1927. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
30.635.605 12
T. Janér
habitantes,
13.346
fábricas e
275
The country that welcomed him had just completed a census registering the existence of 30,635,605 inhabitants and 13,346 factories employing 275,000 workers. Brazil was in the throes of an economic crisis provoked by the plummet in the international price of its main export commodity, coffee, forcing the President of the Republic, Epitácio Pessoa, to inter vene strongly in the market to protect producers. São Paulo, meanwhile, was in the midst of a cultural fervor that culminated two years later in the Modern Art Week, a moment that defined major paradigm shifts in literature, poetry and the fine arts. As journalist Nelson Rodrigues would recall of Rio many years later: “Brazil in 1920 was a landscape of the elderly. The young had no function or future. A 25-year-old man already sported a moustache, and his dark clothes and umbrella allowed him to blend in with 50-year-olds.”
mil operários 80 anos
13
O país que o recebeu acabara de concluir um censo que registrava a existência de 30.635.605 habitantes, 13.346 fábricas e 275 mil operários. Passava por enormes dificuldades provocadas pela queda do preço internacional de sua principal riqueza econômica – o café –, obrigando o presidente da República, Epitácio Pessoa, a intervir fortemente no mercado para proteger os produtores. Em São Paulo, vivia-se o clima febril que culminou, dois anos depois, na Semana de Arte Moderna, uma importante quebra de paradigmas na literatura, na poesia e nas artes plásticas. No Rio, o jornalista Nelson Rodrigues, muitos anos depois, lembraria: “O Brasil de 1920 era uma paisagem de velhos. Os moços não tinham função nem destino. Um homem de 25 anos já portava bigode, a roupa escura e o guarda-chuva necessários para identificá-lo entre os homens de 50.”
Centenário do Jornal do Commercio. Comemoração em meio ao maquinário de impressão. Rio de Janeiro, 1o de outubro de 1927. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som. Centennial of Jornal do Commercio. Commemoration in the midst of printing equipment. Rio de Janeiro, October 1 st, 1927. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
30.635.605 12
T. Janér
habitantes,
13.346
fábricas e
275
The country that welcomed him had just completed a census registering the existence of 30,635,605 inhabitants and 13,346 factories employing 275,000 workers. Brazil was in the throes of an economic crisis provoked by the plummet in the international price of its main export commodity, coffee, forcing the President of the Republic, Epitácio Pessoa, to inter vene strongly in the market to protect producers. São Paulo, meanwhile, was in the midst of a cultural fervor that culminated two years later in the Modern Art Week, a moment that defined major paradigm shifts in literature, poetry and the fine arts. As journalist Nelson Rodrigues would recall of Rio many years later: “Brazil in 1920 was a landscape of the elderly. The young had no function or future. A 25-year-old man already sported a moustache, and his dark clothes and umbrella allowed him to blend in with 50-year-olds.”
mil operários 80 anos
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Oficina do Jornal do Commercio. Rio de Janeiro, dĂŠcada de 1920. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som. Jornal do Commercio print shop. Rio de Janeiro, decade of the 1920s. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
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T. JanĂŠr
Oficina do Jornal do Commercio. Rio de Janeiro, dĂŠcada de 1920. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som. Jornal do Commercio print shop. Rio de Janeiro, decade of the 1920s. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
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T. JanĂŠr
Aos 33 anos, Tor Janér trazia da Europa o seu estilo de vestir: ternos bem cortados, de golas largas, e a indispensável gravata escura sobre camisas claras. Vendedores não podiam chamar a atenção com roupas extravagantes. E Tor era, acima de tudo, um vendedor, ofício que aprendeu desde cedo na sua cidade natal, Norrköping, ao sul de Estocolmo, onde se formou em Comércio no Instituto Schartau. O homem que desembarcou no porto do Rio de Janeiro numa manhã de quarta-feira não chegava solitário e “com uma mão na frente e outra atrás”, como costumavam se referir a si mesmos os imigrantes que acorriam ao
At 33, Tor Janér brought his European style of attire: well-cut suits, with wide collars, and the indispensable dark tie worn with light-colored shirts. Salesmen were not supposed to call attention to themselves with extravagant clothes. And Tor was, above all, a salesman, a trade he learned very young back in his hometown, Norrköping, south of Stockholm, where he studied Commerce at the Schartau Institute.
Brasil fugindo da penúria na Europa do pós-guerra. Ele vinha acompanhado da mulher, Ruth, e de dois filhos pequenos, Ragnar Tor e Lars Wilhelm. Chegou empregado, contratado pela empresa sueca Transmarina Kompaniet Aktiebolag para gerenciar a subsidiária brasileira Holmberg, Bech & Cia. Trazia no bolso um contrato que lhe garantia salário mensal de 1.500 coroas suecas, além de dez por cento do faturamento da empresa. Não era um mero golpe de sorte. Era, isto sim, resultado da experiência que adquirira nos quatro países em que já havia trabalhado. O que primeiro estranhou ao chegar talvez tenha sido desembarcar numa cidade que, em pleno inverno, registrava temperatura bem mais alta que a da pequena Norrköping, onde as marcas máximas dos mais rigorosos verões não vão muito além dos 12 graus.
The man who disembarked at Rio de Janeiro’s port on a Wednesday morning did not arrive alone “with one hand in front and another behind,” as the immigrants who were fleeing to Brazil from the hardship of postwar Europe referred to themselves. He arrived in the company of his wife, Ruth, and their two small sons, Ragnar Tor and Lars Wilhelm. He also arrived with a job, hired by the Swedish company Transmarina Kompaniet Aktiebolag to manage the Brazilian subsidiary, Holmberg, Bech & Cia. In his pocket he carried a contract guaranteeing him a monthly salary of 1,500 Swedish crowns, as well as ten percent of the company’s revenues. This was no mere stroke of luck. In fact, it was the result of experience acquired in the four countries in which he had already worked. Perhaps the strangest thing on arrival was disembarking in a city which, even in deepest winter, registers a temperature far higher than the little town of Norrköping, where the maximum temperatures in the hottest summers seldom exceed 12°C.
Ruth Janér com os filhos Lars e Ragnar, década de 1920. Ruth Janér with her sons, Lars and Ragnar, decade of the 1920s.
80 anos
17
Aos 33 anos, Tor Janér trazia da Europa o seu estilo de vestir: ternos bem cortados, de golas largas, e a indispensável gravata escura sobre camisas claras. Vendedores não podiam chamar a atenção com roupas extravagantes. E Tor era, acima de tudo, um vendedor, ofício que aprendeu desde cedo na sua cidade natal, Norrköping, ao sul de Estocolmo, onde se formou em Comércio no Instituto Schartau. O homem que desembarcou no porto do Rio de Janeiro numa manhã de quarta-feira não chegava solitário e “com uma mão na frente e outra atrás”, como costumavam se referir a si mesmos os imigrantes que acorriam ao
At 33, Tor Janér brought his European style of attire: well-cut suits, with wide collars, and the indispensable dark tie worn with light-colored shirts. Salesmen were not supposed to call attention to themselves with extravagant clothes. And Tor was, above all, a salesman, a trade he learned very young back in his hometown, Norrköping, south of Stockholm, where he studied Commerce at the Schartau Institute.
Brasil fugindo da penúria na Europa do pós-guerra. Ele vinha acompanhado da mulher, Ruth, e de dois filhos pequenos, Ragnar Tor e Lars Wilhelm. Chegou empregado, contratado pela empresa sueca Transmarina Kompaniet Aktiebolag para gerenciar a subsidiária brasileira Holmberg, Bech & Cia. Trazia no bolso um contrato que lhe garantia salário mensal de 1.500 coroas suecas, além de dez por cento do faturamento da empresa. Não era um mero golpe de sorte. Era, isto sim, resultado da experiência que adquirira nos quatro países em que já havia trabalhado. O que primeiro estranhou ao chegar talvez tenha sido desembarcar numa cidade que, em pleno inverno, registrava temperatura bem mais alta que a da pequena Norrköping, onde as marcas máximas dos mais rigorosos verões não vão muito além dos 12 graus.
The man who disembarked at Rio de Janeiro’s port on a Wednesday morning did not arrive alone “with one hand in front and another behind,” as the immigrants who were fleeing to Brazil from the hardship of postwar Europe referred to themselves. He arrived in the company of his wife, Ruth, and their two small sons, Ragnar Tor and Lars Wilhelm. He also arrived with a job, hired by the Swedish company Transmarina Kompaniet Aktiebolag to manage the Brazilian subsidiary, Holmberg, Bech & Cia. In his pocket he carried a contract guaranteeing him a monthly salary of 1,500 Swedish crowns, as well as ten percent of the company’s revenues. This was no mere stroke of luck. In fact, it was the result of experience acquired in the four countries in which he had already worked. Perhaps the strangest thing on arrival was disembarking in a city which, even in deepest winter, registers a temperature far higher than the little town of Norrköping, where the maximum temperatures in the hottest summers seldom exceed 12°C.
Ruth Janér com os filhos Lars e Ragnar, década de 1920. Ruth Janér with her sons, Lars and Ragnar, decade of the 1920s.
80 anos
17
Até então, a família só convivera com o frio. Em 1907, Tor Janér trabalhou na Suécia para o Ostergotlands Enskilda Banken. No ano seguinte, recebeu uma bolsa de estudos e mudou-se para Hamburgo, na Alemanha, onde foi comerciário até 1910. Em 1910 e 1911 trabalhou em Newcastle, na Inglaterra. Esta cidade portuária ao noroeste da Inglaterra viria a proporcionar o primeiro contato de Tor Janér com o Brasil.
Until then the family knew only the cold. In 1907, Tor Janér worked in Switzerland for the Ostergotlands Enskilda Banken. The following year, he received a study grant and moved to Hamburg, Germany, where he was a commercial employee until 1910. In 1910 and 1911 he worked in Newcastle, England. This port city in the northeast of England would provide Tor Janér’s first contact with Brazil.
Num dos raros momentos de folga, ele observou atracados no porto dois navios brasileiros – os encouraçados Minas Gerais e São Paulo, que eram, na época, as maiores embarcações de guerra do mundo. Tinham sido construídos na Inglaterra e naquele dia, em 1910, passavam por uma limpeza antes de zarpar para o Brasil. A amigos, Tor contou depois o que sentiu:
“Um país que pode mandar fazer navios como esses
deve ser uma potência.”
Ele não podia saber que, poucos meses depois de zarpar para o Brasil, os dois encouraçados seriam palco de um dos momentos marcantes da história do país – a Revolta da Chibata. Na noite de 22 de novembro de 1910, 200 marinheiros amotinaram-se e tomaram o controle do Minas Gerais e do São Paulo, que estavam ancorados na baía de Guanabara. Exigiam o fim dos castigos físicos, que naquela época ainda eram aplicados aos marujos na forma de chibatadas. Chegaram a disparar contra a cidade, mas foram subjugados depois de tensas negociações, que resultaram num acordo: anistia geral e suspensão definitiva dos castigos na Marinha brasileira.
During one of his rare moments off work, he observed two Brazilian ships docked in the port – the battleships Minas Gerais and São Paulo, at the time the largest war ships in the world. They had been built in England and on that day, in 1910, were being cleaned before heading back to Brazil. Tor later explained to his friends what he had felt:
— A country that can order
these kinds of ships to be built
must be a world power.
Little could he know that, a few months after sailing for Brazil, the two battleships would provide the stage for one of the most striking moments in the country’s history – the Chibata Revolt. On the night of November 22, 1910, 200 sailors mutinied and took control of the Minas Gerais and São Paulo, which were docked in Guanabara Bay. They demanded the end of corporal punishment, which was still applied to ship crews in the form of lashes. They went as far as firing on the city, but were subdued after tense negotiations resulting in a deal: a general amnesty and definitive withdrawal of corporal punishment in the Brazilian Navy. Desembarque de fardos de papel no porto do Rio de Janeiro. Livreto T. Janér 1926-1951. Unloading of bales of paper in the port of Rio de Janeiro. Booklet T. Janér 1926-1951.
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T. Janér
80 anos
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Até então, a família só convivera com o frio. Em 1907, Tor Janér trabalhou na Suécia para o Ostergotlands Enskilda Banken. No ano seguinte, recebeu uma bolsa de estudos e mudou-se para Hamburgo, na Alemanha, onde foi comerciário até 1910. Em 1910 e 1911 trabalhou em Newcastle, na Inglaterra. Esta cidade portuária ao noroeste da Inglaterra viria a proporcionar o primeiro contato de Tor Janér com o Brasil.
Until then the family knew only the cold. In 1907, Tor Janér worked in Switzerland for the Ostergotlands Enskilda Banken. The following year, he received a study grant and moved to Hamburg, Germany, where he was a commercial employee until 1910. In 1910 and 1911 he worked in Newcastle, England. This port city in the northeast of England would provide Tor Janér’s first contact with Brazil.
Num dos raros momentos de folga, ele observou atracados no porto dois navios brasileiros – os encouraçados Minas Gerais e São Paulo, que eram, na época, as maiores embarcações de guerra do mundo. Tinham sido construídos na Inglaterra e naquele dia, em 1910, passavam por uma limpeza antes de zarpar para o Brasil. A amigos, Tor contou depois o que sentiu:
“Um país que pode mandar fazer navios como esses
deve ser uma potência.”
Ele não podia saber que, poucos meses depois de zarpar para o Brasil, os dois encouraçados seriam palco de um dos momentos marcantes da história do país – a Revolta da Chibata. Na noite de 22 de novembro de 1910, 200 marinheiros amotinaram-se e tomaram o controle do Minas Gerais e do São Paulo, que estavam ancorados na baía de Guanabara. Exigiam o fim dos castigos físicos, que naquela época ainda eram aplicados aos marujos na forma de chibatadas. Chegaram a disparar contra a cidade, mas foram subjugados depois de tensas negociações, que resultaram num acordo: anistia geral e suspensão definitiva dos castigos na Marinha brasileira.
During one of his rare moments off work, he observed two Brazilian ships docked in the port – the battleships Minas Gerais and São Paulo, at the time the largest war ships in the world. They had been built in England and on that day, in 1910, were being cleaned before heading back to Brazil. Tor later explained to his friends what he had felt:
— A country that can order
these kinds of ships to be built
must be a world power.
Little could he know that, a few months after sailing for Brazil, the two battleships would provide the stage for one of the most striking moments in the country’s history – the Chibata Revolt. On the night of November 22, 1910, 200 sailors mutinied and took control of the Minas Gerais and São Paulo, which were docked in Guanabara Bay. They demanded the end of corporal punishment, which was still applied to ship crews in the form of lashes. They went as far as firing on the city, but were subdued after tense negotiations resulting in a deal: a general amnesty and definitive withdrawal of corporal punishment in the Brazilian Navy. Desembarque de fardos de papel no porto do Rio de Janeiro. Livreto T. Janér 1926-1951. Unloading of bales of paper in the port of Rio de Janeiro. Booklet T. Janér 1926-1951.
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Revolução Russa. Russia Revolution.
No outro lado do Atlântico, naquele momento, Tor Janér se preparava para voltar da Inglaterra para a Suécia, onde, por um curto período, foi diretor do Hermod’s Correspondance Institute, em Malmoe. Ganhou meses depois outra bolsa de estudos para a Rússia, onde trabalhou em várias empresas suecas do ramo de aços, entre as quais a Mossson, sediada em São Petersburgo. Mais uma vez, o frio. A Rússia, naquele tempo, passava por momentos difíceis, empobrecida pela participação na Primeira Guerra Mundial e, imediatamente depois, convulsionada pela revolução comunista de 1917. Foram momentos difíceis também para Tor, que acabou sendo obrigado a fugir, como clandestino, deixando para trás tudo o que possuía. Voltou para Estocolmo e de lá só saiu para viver a maior aventura da sua vida. Não havia nada de insólito na escolha, e a memória acabou pesando a favor do Brasil quando veio à tona a lembrança daqueles dois grandes navios que impressionaram Tor em Newcastle. Assim, depois do clima gélido de uma Rússia incendiada pela revolução e do retorno ao frio da velha Suécia de nascimento, Tor veio em busca do calor tropical e humano de um país que só conhecia de leituras e memórias afetivas. Aqui se instalou e deu início a uma nova carreira de comerciante. Até que se tornasse, como voltou a ser hoje, um empreendimento focado no fornecimento de papel e de alta tecnologia para a imprensa brasileira, a empresa individual de Tor Janér passou por várias experiências. Caçava desafios, se aventurava em prospecções, fazia nascer mercados. O primeiro produto até que era bastante óbvio: Tor Janér vendia bacalhau da Noruega, sempre em parceria com um grande amigo, o norueguês Bjarne Bugge. Mas Tor não demorou muito para perceber que poderia ser uma ligação perfeita entre os jornais brasileiros e os produtores escandinavos de papel, matéria-prima então raríssima e cara no Brasil. Uma oportunidade de ouro em ensolaradas terras tropicais. No entanto, o papel de imprensa não foi a única opção. A T. Janér, fundada por Tor em 1926, inicialmente ainda como empresa individual, acumulou depois representações de fabricantes nacionais e estrangeiros de uma verdadeira miscelânea de produtos: maquinário industrial, lavanderias, passadeiras, motores marítimos, geradores elétricos, instrumentos cirúrgicos, equipamentos de raios X, aviões, armamento, bombas para perfuração de poços, etc.
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T. Janér
On the other side of the Atlantic, at that moment, Tor Janér was preparing to return from England to Sweden where, for a short period, he became director of Hermod’s Correspondence Institute in Malmö. Months later he won another grant for studying in Russia, a country in which he worked in various Swedish companies in the steel business, including Mossson, based in St. Petersburg. Once again, cold weather. At that time, Russia was going through a difficult period, impoverished by its involvement in the First World War and convulsed by the communist revolution of 1917. These were difficult moments too for Tor, who was eventually forced to flee undercover, leaving behind everything he possessed. He returned to Stockholm, his final port of call before embarking on the biggest adventure of his life. There was nothing unusual in the choice: as he considered his future, the memory of those two impressive ships seen in Newcastle seem to have tipped his mind in favor of Brazil. Thus, after the frigid climate of a Russia inflamed by the revolution and his return to the cold of his old birthplace, Sweden, Tor went to the tropical and human warmth of a country he had only know through reading and affectionate remembrances. He installed himself definitively here, giving a new kickoff to his career as a trader. Until it became, as it has returned to being today, an enterprise focused on supplying paper and high technology to the Brazilian publishing industry, Tor’s individual company went through various experiences. It sought fresh challenges, ventured into new areas and gave birth to new markets. As it happened, the first product traded was fairly obvious: Tor Janér sold salted cod from Norway, always in partnership with a great Norwegian friend, Bjarne Bugge. But he quickly realized a perfect connection could be made between the Brazilian newspaper industry and the Scandinavian paper producers, providing a raw material that was then rare and costly in Brazil. A golden opportunity in sunny tropical lands. However, printing paper was not the only option. The T. Janér company, founded by Tor in 1926, initially still an individual company, later combined forces with national and foreign manufacturers of an extremely diverse range of products: industrial machinery, laundries, pressing machines, maritime motors, electrical generators, surgical instruments, X-ray equipment, aircraft, guns, well drilling pumps...
Revolução Russa. Russia Revolution.
No outro lado do Atlântico, naquele momento, Tor Janér se preparava para voltar da Inglaterra para a Suécia, onde, por um curto período, foi diretor do Hermod’s Correspondance Institute, em Malmoe. Ganhou meses depois outra bolsa de estudos para a Rússia, onde trabalhou em várias empresas suecas do ramo de aços, entre as quais a Mossson, sediada em São Petersburgo. Mais uma vez, o frio. A Rússia, naquele tempo, passava por momentos difíceis, empobrecida pela participação na Primeira Guerra Mundial e, imediatamente depois, convulsionada pela revolução comunista de 1917. Foram momentos difíceis também para Tor, que acabou sendo obrigado a fugir, como clandestino, deixando para trás tudo o que possuía. Voltou para Estocolmo e de lá só saiu para viver a maior aventura da sua vida. Não havia nada de insólito na escolha, e a memória acabou pesando a favor do Brasil quando veio à tona a lembrança daqueles dois grandes navios que impressionaram Tor em Newcastle. Assim, depois do clima gélido de uma Rússia incendiada pela revolução e do retorno ao frio da velha Suécia de nascimento, Tor veio em busca do calor tropical e humano de um país que só conhecia de leituras e memórias afetivas. Aqui se instalou e deu início a uma nova carreira de comerciante. Até que se tornasse, como voltou a ser hoje, um empreendimento focado no fornecimento de papel e de alta tecnologia para a imprensa brasileira, a empresa individual de Tor Janér passou por várias experiências. Caçava desafios, se aventurava em prospecções, fazia nascer mercados. O primeiro produto até que era bastante óbvio: Tor Janér vendia bacalhau da Noruega, sempre em parceria com um grande amigo, o norueguês Bjarne Bugge. Mas Tor não demorou muito para perceber que poderia ser uma ligação perfeita entre os jornais brasileiros e os produtores escandinavos de papel, matéria-prima então raríssima e cara no Brasil. Uma oportunidade de ouro em ensolaradas terras tropicais. No entanto, o papel de imprensa não foi a única opção. A T. Janér, fundada por Tor em 1926, inicialmente ainda como empresa individual, acumulou depois representações de fabricantes nacionais e estrangeiros de uma verdadeira miscelânea de produtos: maquinário industrial, lavanderias, passadeiras, motores marítimos, geradores elétricos, instrumentos cirúrgicos, equipamentos de raios X, aviões, armamento, bombas para perfuração de poços, etc.
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T. Janér
On the other side of the Atlantic, at that moment, Tor Janér was preparing to return from England to Sweden where, for a short period, he became director of Hermod’s Correspondence Institute in Malmö. Months later he won another grant for studying in Russia, a country in which he worked in various Swedish companies in the steel business, including Mossson, based in St. Petersburg. Once again, cold weather. At that time, Russia was going through a difficult period, impoverished by its involvement in the First World War and convulsed by the communist revolution of 1917. These were difficult moments too for Tor, who was eventually forced to flee undercover, leaving behind everything he possessed. He returned to Stockholm, his final port of call before embarking on the biggest adventure of his life. There was nothing unusual in the choice: as he considered his future, the memory of those two impressive ships seen in Newcastle seem to have tipped his mind in favor of Brazil. Thus, after the frigid climate of a Russia inflamed by the revolution and his return to the cold of his old birthplace, Sweden, Tor went to the tropical and human warmth of a country he had only know through reading and affectionate remembrances. He installed himself definitively here, giving a new kickoff to his career as a trader. Until it became, as it has returned to being today, an enterprise focused on supplying paper and high technology to the Brazilian publishing industry, Tor’s individual company went through various experiences. It sought fresh challenges, ventured into new areas and gave birth to new markets. As it happened, the first product traded was fairly obvious: Tor Janér sold salted cod from Norway, always in partnership with a great Norwegian friend, Bjarne Bugge. But he quickly realized a perfect connection could be made between the Brazilian newspaper industry and the Scandinavian paper producers, providing a raw material that was then rare and costly in Brazil. A golden opportunity in sunny tropical lands. However, printing paper was not the only option. The T. Janér company, founded by Tor in 1926, initially still an individual company, later combined forces with national and foreign manufacturers of an extremely diverse range of products: industrial machinery, laundries, pressing machines, maritime motors, electrical generators, surgical instruments, X-ray equipment, aircraft, guns, well drilling pumps...
Tor Evald Wilhelm Janér e o Brasil foram apresentados um ao outro em 23 de junho de 1920.
Tor Evald Wilhelm Janér and
Brazil came face-to-face on
June 23, 1920. Requisição do registro de estrangeiro de Tor Janér. Rio de Janeiro, 14 de julho de 1939. Arquivo Nacional. Tor Janér’s request for registration as foreigner. Rio de Janeiro, July 14, 1939. National Archives
22
T. Janér
80 anos
23
Tor Evald Wilhelm Janér e o Brasil foram apresentados um ao outro em 23 de junho de 1920.
Tor Evald Wilhelm Janér and
Brazil came face-to-face on
June 23, 1920. Requisição do registro de estrangeiro de Tor Janér. Rio de Janeiro, 14 de julho de 1939. Arquivo Nacional. Tor Janér’s request for registration as foreigner. Rio de Janeiro, July 14, 1939. National Archives
22
T. Janér
80 anos
23
acumulou depois representações de fabricantes nacionais e estrangeiros de uma verdadeira miscelânea de produtos later combined forces with national and foreign manufacturers of an extremely diverse range of products Funcionário da T. Janér cercado por moradores no momento em que a água começa a jorrar em Petrolina, Pernambuco, 1963. T. Janér worker surrounded by residents at the moment when water gushes from a newly-drilled well, Petrolina, Pernambuco, 1963.
Depósito de equipamentos para perfuração. Livreto T. Janér 1926-1951. Warehouse for drilling equipment. Booklet T. Janér 1926-1951.
acumulou depois representações de fabricantes nacionais e estrangeiros de uma verdadeira miscelânea de produtos later combined forces with national and foreign manufacturers of an extremely diverse range of products Funcionário da T. Janér cercado por moradores no momento em que a água começa a jorrar em Petrolina, Pernambuco, 1963. T. Janér worker surrounded by residents at the moment when water gushes from a newly-drilled well, Petrolina, Pernambuco, 1963.
Depósito de equipamentos para perfuração. Livreto T. Janér 1926-1951. Warehouse for drilling equipment. Booklet T. Janér 1926-1951.
O DNA do comerciante, desenvolvido em bancos escolares e atrás dos balcões, se impunha às gerações seguintes diante de um país sedento de progresso e mudanças. O que quer que fosse necessário e exigisse inovação tecnológica, a empresa se credenciava para representar e vender. Mas se o gene era o comércio, a competência principal era o papel de imprensa, e foi com este produto que a T. Janér construiu a essência de sua história. Em 22 de junho de 1926, Tor Janér comprou metade da empresa de representações de Bjarne Bugge. Pouco tempo depois seria criada a Bugge, Janér e Cia. Ltda. Ficava mais bem organizada, assim, a dupla atividade: Janér cuidava do papel de imprensa sueco e, através da Bugge, importava-se bacalhau da Noruega. Um brasileiro da gema, Raul Mendonça Santos, juntou-se a Tor e Bugge, parceiros e amigos de primeira hora, para trabalhar para as duas empresas. Certamente ajudou a consolidar a aliança que resultou, oito anos depois, na fundação da T. Janér & Cia. Os três se tornaram sócios na empresa, registrada com capital social de 800 contos de réis e com lucros divididos 40% para Tor, 30% para Bugge e 30% para Mendonça. É bem verdade que a empresa não abriu as portas, no centro do Rio, num momento tranqüilo para o país. Muito pelo contrário. Como se fosse pouco ter passado pelo ambiente conturbado da Revolução Soviética, Tor Janér jogava a sua mais arriscada cartada – a inauguração de uma empresa – em meio a um cataclismo. Deixara para trás uma Rússia de militares amotinados, guerra civil, operários gritando nas ruas...
Encadernação de jornais. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, s.d. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som. Newspapers being folded. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, n.d. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
The DNA of the merchant, evolved in banking schools and behind the counters, was transmitted to the following generations in a country thirsty for progress and change. The company qualified itself to represent and sell whatever markets needed and demanded in terms of technological innovation. But while business was in the genes, the main competence was printing paper and it was around this product that the T. Janér company built its history. On June 22, 1926, Tor Janér bought half of the trading company belonging to Bjarne Bugge. A short time later, Bugge, Janér e Cia. Ltda. was created. This allowed much better organization of the company’s dual activity: Janér dealt with the Swedish printing paper, while Bugge looked after the imports of Norwegian salt cod. A born-and-bred Brazilian, Raul Mendonça Santos, joined the partners and best friends, Tor and Bugge, to work for the two companies. His arrival undoubtedly helped to consolidate the alliance which resulted, eight years later, in the founding of T. Janér & Cia. The three became partners in the company, registered with a capital of 800 contos de réis and profits divided into 40% to Tor, 30% to Bugge and 30% to Mendonça. It is true the company did not open its doors in the center of Rio during one of the country’s calmer periods. Quite to the contrary. As though experiencing the Soviet Revolution first-hand had been a picnic, Tor Janér played his most risky hand – the inauguration of a company – in the middle of a cataclysm. He had left behind a Russia of mutinous soldiers, civil war, workers shouting in the streets...
80 anos
27
O DNA do comerciante, desenvolvido em bancos escolares e atrás dos balcões, se impunha às gerações seguintes diante de um país sedento de progresso e mudanças. O que quer que fosse necessário e exigisse inovação tecnológica, a empresa se credenciava para representar e vender. Mas se o gene era o comércio, a competência principal era o papel de imprensa, e foi com este produto que a T. Janér construiu a essência de sua história. Em 22 de junho de 1926, Tor Janér comprou metade da empresa de representações de Bjarne Bugge. Pouco tempo depois seria criada a Bugge, Janér e Cia. Ltda. Ficava mais bem organizada, assim, a dupla atividade: Janér cuidava do papel de imprensa sueco e, através da Bugge, importava-se bacalhau da Noruega. Um brasileiro da gema, Raul Mendonça Santos, juntou-se a Tor e Bugge, parceiros e amigos de primeira hora, para trabalhar para as duas empresas. Certamente ajudou a consolidar a aliança que resultou, oito anos depois, na fundação da T. Janér & Cia. Os três se tornaram sócios na empresa, registrada com capital social de 800 contos de réis e com lucros divididos 40% para Tor, 30% para Bugge e 30% para Mendonça. É bem verdade que a empresa não abriu as portas, no centro do Rio, num momento tranqüilo para o país. Muito pelo contrário. Como se fosse pouco ter passado pelo ambiente conturbado da Revolução Soviética, Tor Janér jogava a sua mais arriscada cartada – a inauguração de uma empresa – em meio a um cataclismo. Deixara para trás uma Rússia de militares amotinados, guerra civil, operários gritando nas ruas...
Encadernação de jornais. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, s.d. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som. Newspapers being folded. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, n.d. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
The DNA of the merchant, evolved in banking schools and behind the counters, was transmitted to the following generations in a country thirsty for progress and change. The company qualified itself to represent and sell whatever markets needed and demanded in terms of technological innovation. But while business was in the genes, the main competence was printing paper and it was around this product that the T. Janér company built its history. On June 22, 1926, Tor Janér bought half of the trading company belonging to Bjarne Bugge. A short time later, Bugge, Janér e Cia. Ltda. was created. This allowed much better organization of the company’s dual activity: Janér dealt with the Swedish printing paper, while Bugge looked after the imports of Norwegian salt cod. A born-and-bred Brazilian, Raul Mendonça Santos, joined the partners and best friends, Tor and Bugge, to work for the two companies. His arrival undoubtedly helped to consolidate the alliance which resulted, eight years later, in the founding of T. Janér & Cia. The three became partners in the company, registered with a capital of 800 contos de réis and profits divided into 40% to Tor, 30% to Bugge and 30% to Mendonça. It is true the company did not open its doors in the center of Rio during one of the country’s calmer periods. Quite to the contrary. As though experiencing the Soviet Revolution first-hand had been a picnic, Tor Janér played his most risky hand – the inauguration of a company – in the middle of a cataclysm. He had left behind a Russia of mutinous soldiers, civil war, workers shouting in the streets...
80 anos
27
Em dezembro, depois de assumir a presidência de um país cansado de tanta agitação, Washington
No Brasil, Artur Bernardes governava amparado no estado de sítio; o movimento operário avançava, inspirado nas idéias socialistas e anarquistas; as revoltas tenentistas, nascidas no Rio Grande do Sul, contaminavam o país. À guerra civil que agitava a Região Sul acrescentou-se a tomada do poder pelos tenentes em São Paulo, respondida à altura pelo presidente da República: a maior cidade do país foi bombardeada e recuperada das mãos dos rebeldes,
Luís decidiu estabelecer a
censura à imprensa. Não era
decididamente a primeira vez
que isto acontecia e certamente
não seria a última.
deixando um rastro de 503 mortos, 4.800 feridos e uma população em fuga. Derrotados, os tenentistas
Se a criação da primeira empresa teve que resistir à
fugiram e se incorporaram à Coluna Prestes, que por
crise de 1926, a consolidação dos negócios precisou
dois anos percorreu o interior do país tentando
sobreviver a um novo período de agitação política e
sublevar a população.
indefinição econômica. Eleito presidente da República em 1930, Júlio Prestes não conseguiu tomar posse.
Assuntos de sobra para os jornais da época, mercado de sobra para um vendedor de papel de imprensa. A crise nacional não era a única notícia ruim a estimular a venda de jornais. Em agosto de 1926, em Nova York,
Seu antecessor, Washington Luís, foi derrubado por uma junta militar pouco antes de terminar o mandato
“revolucionários de 30”, liderados por Getúlio Vargas.
Valentino. No mesmo ano, houve espaço para uma boa notícia para a humanidade: os ingleses faziam com
imagens em movimento a distância.
Nascia a televisão. 28
T. Janér
Ample topics to fill the newspapers of the period, and an ample market for the newsprint seller. The national crisis was not the only bad news to sell newspapers. On August 23, in New York, the biggest idol of the 1920s died – Rudolph Valentino. In the same year, there was room for at least one bit of good news for humankind: the English successfully transmitted a moving image for the first time.
Television was born. In December 1926, after assuming the presidency of a country exhausted from so much excitement, Washington Luís decided to introduce censorship of the press. It was not, decidedly, the first time that this had happened and it certainly would not be the last.
e, exilado na Europa, assistiu à tomada do poder pelos
morria o maior ídolo do cinema dos anos 20 – Rodolfo
sucesso a primeira experiência de transmissão de
In Brazil, Artur Bernardes governed in a state of siege; the workers’ movement was ablaze, inspired by socialist and anarchist ideas; the tenentista (lieutenant) rebellions, first arising in Rio Grande do Sul, were now sweeping the country. The civil war raging in the Brazilian South was compounded by the seizure of power by lieutenants in São Paulo, provoking a violent response from the President of the Republic: the largest city in the country was bombed and retaken from the hands of the rebels, leaving a trail of 503 dead, 4,800 injured and a refugee population. Defeated, the tenentistas fled and joined the Prestes Column, which spent two years wandering through the interior of Brazil attempting to rouse the population.
Avenida Rio Branco. Rio de Janeiro, agosto de 1925. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som. Avenida Rio Branco. Rio de Janeiro, August 1925. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
While the creation of the first company had to resist the 1926 crisis, the consolidation of its business needed to survive a new period of political turmoil and economic drift. Elected President of the Republic in 1930, Júlio Prestes never managed to take office. His predecessor, Washington Luís, was deposed by a military coup shortly before the end of his mandate and, exiled in Europe, watched the takeover of power by the "30s revolutionaries" led by Getúlio Vargas.
80 anos
29
Em dezembro, depois de assumir a presidência de um país cansado de tanta agitação, Washington
No Brasil, Artur Bernardes governava amparado no estado de sítio; o movimento operário avançava, inspirado nas idéias socialistas e anarquistas; as revoltas tenentistas, nascidas no Rio Grande do Sul, contaminavam o país. À guerra civil que agitava a Região Sul acrescentou-se a tomada do poder pelos tenentes em São Paulo, respondida à altura pelo presidente da República: a maior cidade do país foi bombardeada e recuperada das mãos dos rebeldes,
Luís decidiu estabelecer a
censura à imprensa. Não era
decididamente a primeira vez
que isto acontecia e certamente
não seria a última.
deixando um rastro de 503 mortos, 4.800 feridos e uma população em fuga. Derrotados, os tenentistas
Se a criação da primeira empresa teve que resistir à
fugiram e se incorporaram à Coluna Prestes, que por
crise de 1926, a consolidação dos negócios precisou
dois anos percorreu o interior do país tentando
sobreviver a um novo período de agitação política e
sublevar a população.
indefinição econômica. Eleito presidente da República em 1930, Júlio Prestes não conseguiu tomar posse.
Assuntos de sobra para os jornais da época, mercado de sobra para um vendedor de papel de imprensa. A crise nacional não era a única notícia ruim a estimular a venda de jornais. Em agosto de 1926, em Nova York,
Seu antecessor, Washington Luís, foi derrubado por uma junta militar pouco antes de terminar o mandato
“revolucionários de 30”, liderados por Getúlio Vargas.
Valentino. No mesmo ano, houve espaço para uma boa notícia para a humanidade: os ingleses faziam com
imagens em movimento a distância.
Nascia a televisão. 28
T. Janér
Ample topics to fill the newspapers of the period, and an ample market for the newsprint seller. The national crisis was not the only bad news to sell newspapers. On August 23, in New York, the biggest idol of the 1920s died – Rudolph Valentino. In the same year, there was room for at least one bit of good news for humankind: the English successfully transmitted a moving image for the first time.
Television was born. In December 1926, after assuming the presidency of a country exhausted from so much excitement, Washington Luís decided to introduce censorship of the press. It was not, decidedly, the first time that this had happened and it certainly would not be the last.
e, exilado na Europa, assistiu à tomada do poder pelos
morria o maior ídolo do cinema dos anos 20 – Rodolfo
sucesso a primeira experiência de transmissão de
In Brazil, Artur Bernardes governed in a state of siege; the workers’ movement was ablaze, inspired by socialist and anarchist ideas; the tenentista (lieutenant) rebellions, first arising in Rio Grande do Sul, were now sweeping the country. The civil war raging in the Brazilian South was compounded by the seizure of power by lieutenants in São Paulo, provoking a violent response from the President of the Republic: the largest city in the country was bombed and retaken from the hands of the rebels, leaving a trail of 503 dead, 4,800 injured and a refugee population. Defeated, the tenentistas fled and joined the Prestes Column, which spent two years wandering through the interior of Brazil attempting to rouse the population.
Avenida Rio Branco. Rio de Janeiro, agosto de 1925. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som. Avenida Rio Branco. Rio de Janeiro, August 1925. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
While the creation of the first company had to resist the 1926 crisis, the consolidation of its business needed to survive a new period of political turmoil and economic drift. Elected President of the Republic in 1930, Júlio Prestes never managed to take office. His predecessor, Washington Luís, was deposed by a military coup shortly before the end of his mandate and, exiled in Europe, watched the takeover of power by the "30s revolutionaries" led by Getúlio Vargas.
80 anos
29
Os últimos meses do ano foram um prato cheio para os jornais, que multiplicaram suas tiragens. A foto que simbolizou a derrubada da oligarquia cafeeira esteve em todas as primeiras páginas: Vargas e os revolucionários amarrando os seus cavalos no obelisco da Avenida Rio Branco. Pelo menos nas primeiras páginas dos jornais que conseguiram passar incólumes pela ira popular, pois alguns foram empastelados e apedrejados pela turba. Mas nem mesmo uma revolução resiste ao espírito gaiato do carioca. O jornal A Esquerda, um dos que não foram atingidos pela reação do povo, descrevia assim, no dia seguinte, uma cena curiosa garimpada perto do Palácio do Catete: “A massa popular que cercava-lhe o auto abriu alas, dando-lhe passagem,
The last months of the year were rich pickings for the newspapers, whose print runs multiplied. The photo that symbolized the fall of the coffee oligarchy was on all the front pages: Vargas and the revolutionaries tying up their horses to the obelisk on Rio Branco Avenue. At least on the front pages of the papers that managed to survive the popular anger unscathed, since some were raided and stoned by mobs.
aos gritos de ‘Viva Maurício!’ (Maurício de Lacerda, pai de Carlos Lacerda.) ‘Viva Getúlio Vargas!’ ‘Viva a Revolução!’ “Pouco atrás do carro em que vinha Maurício, o povo aglomerava-se,
But not even a revolution resists the mischievous spirits of the carioca. The journal A Esquerda, one of those unaffected by the uprising, described a curious scene witnessed the following day close to Catete Palace:
aos gritos, incessantes, de ‘Viva a Revolução’, enquanto acenava com vários pedaços de panos vermelhos ao ar. “Aproximamo-nos e, então, pudemos compreender a causa do entusiasmo
“The crowd encircling his motorcar moved aside to allow him past to shouts of, Long live Maurício! (Maurício de Lacerda, father of Carlos Lacerda) Long live Getúlio Vargas! Long live the Revolution!
do povo. Ali estava, parada, a ‘barata’ n º 12.026. No seu interior uma moça gentil e bela rasgava o vestido de cor rubra, para distribuir os pedaços entre o povo. “Quisemos falar-lhe, mas foi impossível, tão compacta era a massa popular que cercava a simpática brasileira! (...)”
Getúlio Vargas e os revolucionários a cavalo na Av. Rio Branco, em 1930. Getúlio Vargas and revolutionaries on horseback on Av. Rio Branco, in 1930.
“The crowd formed behind the car carrying Mauricio, incessantly crying 'Long live the Revolution’ while waving bits of red cloth in the air. “We moved closer and discovered the reason for the crowd’s enthusiasm. There stuck in the middle was a ‘barata,’ a VW Karmann Ghia, n. 12,026. Inside, an elegant and beautiful young lady was ripping up her crimson-colored dress and handing out the shreds to the crowd. “We wanted to speak to her, but it was impossible since the crowd surrounding this attractive Brazilian was squashed too tight! (...)”
Os últimos meses do ano foram um prato cheio para os jornais, que multiplicaram suas tiragens. A foto que simbolizou a derrubada da oligarquia cafeeira esteve em todas as primeiras páginas: Vargas e os revolucionários amarrando os seus cavalos no obelisco da Avenida Rio Branco. Pelo menos nas primeiras páginas dos jornais que conseguiram passar incólumes pela ira popular, pois alguns foram empastelados e apedrejados pela turba. Mas nem mesmo uma revolução resiste ao espírito gaiato do carioca. O jornal A Esquerda, um dos que não foram atingidos pela reação do povo, descrevia assim, no dia seguinte, uma cena curiosa garimpada perto do Palácio do Catete: “A massa popular que cercava-lhe o auto abriu alas, dando-lhe passagem,
The last months of the year were rich pickings for the newspapers, whose print runs multiplied. The photo that symbolized the fall of the coffee oligarchy was on all the front pages: Vargas and the revolutionaries tying up their horses to the obelisk on Rio Branco Avenue. At least on the front pages of the papers that managed to survive the popular anger unscathed, since some were raided and stoned by mobs.
aos gritos de ‘Viva Maurício!’ (Maurício de Lacerda, pai de Carlos Lacerda.) ‘Viva Getúlio Vargas!’ ‘Viva a Revolução!’ “Pouco atrás do carro em que vinha Maurício, o povo aglomerava-se,
But not even a revolution resists the mischievous spirits of the carioca. The journal A Esquerda, one of those unaffected by the uprising, described a curious scene witnessed the following day close to Catete Palace:
aos gritos, incessantes, de ‘Viva a Revolução’, enquanto acenava com vários pedaços de panos vermelhos ao ar. “Aproximamo-nos e, então, pudemos compreender a causa do entusiasmo
“The crowd encircling his motorcar moved aside to allow him past to shouts of, Long live Maurício! (Maurício de Lacerda, father of Carlos Lacerda) Long live Getúlio Vargas! Long live the Revolution!
do povo. Ali estava, parada, a ‘barata’ n º 12.026. No seu interior uma moça gentil e bela rasgava o vestido de cor rubra, para distribuir os pedaços entre o povo. “Quisemos falar-lhe, mas foi impossível, tão compacta era a massa popular que cercava a simpática brasileira! (...)”
Getúlio Vargas e os revolucionários a cavalo na Av. Rio Branco, em 1930. Getúlio Vargas and revolutionaries on horseback on Av. Rio Branco, in 1930.
“The crowd formed behind the car carrying Mauricio, incessantly crying 'Long live the Revolution’ while waving bits of red cloth in the air. “We moved closer and discovered the reason for the crowd’s enthusiasm. There stuck in the middle was a ‘barata,’ a VW Karmann Ghia, n. 12,026. Inside, an elegant and beautiful young lady was ripping up her crimson-colored dress and handing out the shreds to the crowd. “We wanted to speak to her, but it was impossible since the crowd surrounding this attractive Brazilian was squashed too tight! (...)”
Foram 15 anos de Getúlio Vargas e, ao mesmo tempo, 15 anos de muitas perturbações. Para a maioria dos empresários, uma montanha-russa de novas leis e regulamentos: jornada de trabalho de oito horas, regulamentação do trabalho feminino, instituição da carteira profissional, do salário mínimo e das juntas de conciliação, além do fortalecimento legal do movimento sindical. Mas foi, também, um período que caracterizou o Estado como indutor do desenvolvimento e, a partir do início da década de 1940, do grande crescimento industrial, com a abertura do país para a entrada de capitais internacionais.
Getúlio Vargas’ reign lasted 15 years, and with it a period of turbulence. For most businessmen, the period was a rollercoaster of new laws and regulations: an eight-hour working day, regulating of women’s labor, the introduction of workers’ cards, the minimum wage and mediation boards, as well as legal backing for the union movements. But it was also a period in which the state worked to promote development and, from the start of the 1940s, large-scale industrial growth with the opening up of the country to international capital investment.
Painel da Exposição Decenal do Governo Vargas. S.l.; 19 de novembro de 1940. Jornal do Commercio. Panel from the 10th anniversary exhibit of the Vargas Government. S.l., November 19, 1940. Jornal do Commercio.
32
T. Janér
80 anos
33
Foram 15 anos de Getúlio Vargas e, ao mesmo tempo, 15 anos de muitas perturbações. Para a maioria dos empresários, uma montanha-russa de novas leis e regulamentos: jornada de trabalho de oito horas, regulamentação do trabalho feminino, instituição da carteira profissional, do salário mínimo e das juntas de conciliação, além do fortalecimento legal do movimento sindical. Mas foi, também, um período que caracterizou o Estado como indutor do desenvolvimento e, a partir do início da década de 1940, do grande crescimento industrial, com a abertura do país para a entrada de capitais internacionais.
Getúlio Vargas’ reign lasted 15 years, and with it a period of turbulence. For most businessmen, the period was a rollercoaster of new laws and regulations: an eight-hour working day, regulating of women’s labor, the introduction of workers’ cards, the minimum wage and mediation boards, as well as legal backing for the union movements. But it was also a period in which the state worked to promote development and, from the start of the 1940s, large-scale industrial growth with the opening up of the country to international capital investment.
Painel da Exposição Decenal do Governo Vargas. S.l.; 19 de novembro de 1940. Jornal do Commercio. Panel from the 10th anniversary exhibit of the Vargas Government. S.l., November 19, 1940. Jornal do Commercio.
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T. Janér
80 anos
33
Dificuldades e oportunidades andavam de mãos dadas. Difficulties and
opportunities went
hand-in-hand.
Lars Janér com um funcionário da empresa em seu escritório, em 18 de abril de 1950. Lars Janér in his office with a company employee, April 18, 1950.
34
T. Janér
80 anos
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Dificuldades e oportunidades andavam de mãos dadas. Difficulties and
opportunities went
hand-in-hand.
Lars Janér com um funcionário da empresa em seu escritório, em 18 de abril de 1950. Lars Janér in his office with a company employee, April 18, 1950.
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T. Janér
80 anos
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O Brasil corria como uma locomotiva, e a T. Janér tinha passagem comprada para um dos vagões. A era Vargas foi ambígua: trágica para seus adversários, redentora para seus seguidores. A sua natureza era a polêmica e o seu espaço de discussão era a imprensa. Em nenhuma época a imprensa brasileira cresceu tanto; em poucas épocas foi tão vigiada, censurada e utilizada como porta-voz de idéias políticas. Mais uma vez, foi muito bom para quem vendia papel de imprensa. E mais uma vez também foi bom para a T. Janér, que experimentou, nas décadas de 1930 e 1940, um crescimento significativo. Espalhou filiais pelo país, ampliou suas instalações em São Paulo, adquiriu novas e importantes representações do exterior. Enquanto o filho mais novo de Tor, Lars Janér, estudava engenharia na Suécia, o primogênito, Ragnar, juntava-se ao pai para ajudá-lo a organizar a estratégia da empresa, planejar o seu crescimento e expandir exponencialmente suas atividades. Brazil was hurtling ahead like a train at full steam and T. Janér had a ticket for one of the wagons. The Vargas era was ambiguous: a tragedy for his adversaries, redemption for his followers. Polemical by nature, he used the press as his soapbox. The Brazilian press grew like never before or after; at the same time, seldom was it so monitored, censured and used as a mouthpiece for political ideas. Once again, it was an excellent environment for newsprint sellers. And once more, it was excellent news for T. Janér, which grew significantly in the 1930s and 1940s. It opened up branches across Brazil, expanded its facilities in São Paulo, and acquired new and important business concerns abroad. While Tor’s youngest son, Lars Janér, studied engineering in Sweden, the first-born, Ragnar, joined his father to help him organize the company’s strategy, plan its future growth and expand its activities exponentially.
Caderneta de conta corrente de T. Janér & Cia. no Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais. Rio de Janeiro, 14 de junho de 1938. Acervo família Janér. Bank account book for T. Janér & Cia with Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais. Rio de Janeiro, June 14, 1938. Janér family archives.
36
T. Janér
80 anos
37
O Brasil corria como uma locomotiva, e a T. Janér tinha passagem comprada para um dos vagões. A era Vargas foi ambígua: trágica para seus adversários, redentora para seus seguidores. A sua natureza era a polêmica e o seu espaço de discussão era a imprensa. Em nenhuma época a imprensa brasileira cresceu tanto; em poucas épocas foi tão vigiada, censurada e utilizada como porta-voz de idéias políticas. Mais uma vez, foi muito bom para quem vendia papel de imprensa. E mais uma vez também foi bom para a T. Janér, que experimentou, nas décadas de 1930 e 1940, um crescimento significativo. Espalhou filiais pelo país, ampliou suas instalações em São Paulo, adquiriu novas e importantes representações do exterior. Enquanto o filho mais novo de Tor, Lars Janér, estudava engenharia na Suécia, o primogênito, Ragnar, juntava-se ao pai para ajudá-lo a organizar a estratégia da empresa, planejar o seu crescimento e expandir exponencialmente suas atividades. Brazil was hurtling ahead like a train at full steam and T. Janér had a ticket for one of the wagons. The Vargas era was ambiguous: a tragedy for his adversaries, redemption for his followers. Polemical by nature, he used the press as his soapbox. The Brazilian press grew like never before or after; at the same time, seldom was it so monitored, censured and used as a mouthpiece for political ideas. Once again, it was an excellent environment for newsprint sellers. And once more, it was excellent news for T. Janér, which grew significantly in the 1930s and 1940s. It opened up branches across Brazil, expanded its facilities in São Paulo, and acquired new and important business concerns abroad. While Tor’s youngest son, Lars Janér, studied engineering in Sweden, the first-born, Ragnar, joined his father to help him organize the company’s strategy, plan its future growth and expand its activities exponentially.
Caderneta de conta corrente de T. Janér & Cia. no Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais. Rio de Janeiro, 14 de junho de 1938. Acervo família Janér. Bank account book for T. Janér & Cia with Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais. Rio de Janeiro, June 14, 1938. Janér family archives.
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T. Janér
80 anos
37
A década de 1930 também viu surgir e ser reconhecido como gênio um dos maiores compositores da música brasileira. Noel de Medeiros Rosa nasceu na Vila Isabel e deixou a faculdade de Medicina para se tornar sinônimo de carnaval, bom humor e letras inteligentes. Noel morreu em maio de 1937 ouvindo uma de suas músicas, cantada por um grupo de sambistas que ocupava a calçada de sua casa. Os jornais do dia seguinte dedicaram suas manchetes à notícia:
The 1930s also saw the emergence and recognition as a genius of one of Brazilian music’s greatest composers. Noel de Medeiros Rosa was born in Vila Isabel and abandoned his course in medicine to become a synonym of carnival, good humor and intelligent lyrics. Noel died in May 1937 listening to one his compositions, sung by a samba group playing on the sidewalk in front of his house. The newspapers the next day devoted their headlines to the news.
Diário da Noite: “Morreu cantando Noel Rosa, a figura mais popular dos nossos compositores.”
Diário da Noite: “Noel Rosa, the most popular of our composers, died singing”
Diário de Notícias: “Faleceu Noel Rosa – o conhecido compositor morreu ouvindo uma música de sua autoria.” Diário Carioca: “Faleceu ontem o maior cantor da alma carioca.”
Diário de Notícias: “Noel Rosa has died – the famed composer died listening to one of his own songs” Diário Carioca: “The greatest singer of the carioca soul died yesterday”
Composição por tipos em caixa. Revista dos Alliados. S.l., s.d. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som. Composition by boxed type. Revista dos Alliados. S.l., n.d. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
38
T. Janér
80 anos
39
A década de 1930 também viu surgir e ser reconhecido como gênio um dos maiores compositores da música brasileira. Noel de Medeiros Rosa nasceu na Vila Isabel e deixou a faculdade de Medicina para se tornar sinônimo de carnaval, bom humor e letras inteligentes. Noel morreu em maio de 1937 ouvindo uma de suas músicas, cantada por um grupo de sambistas que ocupava a calçada de sua casa. Os jornais do dia seguinte dedicaram suas manchetes à notícia:
The 1930s also saw the emergence and recognition as a genius of one of Brazilian music’s greatest composers. Noel de Medeiros Rosa was born in Vila Isabel and abandoned his course in medicine to become a synonym of carnival, good humor and intelligent lyrics. Noel died in May 1937 listening to one his compositions, sung by a samba group playing on the sidewalk in front of his house. The newspapers the next day devoted their headlines to the news.
Diário da Noite: “Morreu cantando Noel Rosa, a figura mais popular dos nossos compositores.”
Diário da Noite: “Noel Rosa, the most popular of our composers, died singing”
Diário de Notícias: “Faleceu Noel Rosa – o conhecido compositor morreu ouvindo uma música de sua autoria.” Diário Carioca: “Faleceu ontem o maior cantor da alma carioca.”
Diário de Notícias: “Noel Rosa has died – the famed composer died listening to one of his own songs” Diário Carioca: “The greatest singer of the carioca soul died yesterday”
Composição por tipos em caixa. Revista dos Alliados. S.l., s.d. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som. Composition by boxed type. Revista dos Alliados. S.l., n.d. Augusto Malta, Museu da Imagem e do Som.
38
T. Janér
80 anos
39
Naquele mesmo ano morria
também o regime democrático. Getúlio Vargas promulgava
uma Constituição autoritária e instituía o Estado Novo, situação que durou até a sua deposição, em 1945.
The democratic regime died that same year. Getúlio Vargas proclaimed an authoritarian Constitution and
instituted the “Estado Novo”, a situation which lasted until his ousting in 1945.
O presidente Getúlio Vargas em fala à nação. Decretação do Estado Novo. Rio de Janeiro, 10 de outubro de 1937. Jornal do Commercio. President Getúlio Vargas speaks to the nation. The “Estado Novo” is instituted. Rio de Janeiro, October 10, 1937. Jornal do Commercio.
40
T. Janér
80 anos
41
Naquele mesmo ano morria
também o regime democrático. Getúlio Vargas promulgava
uma Constituição autoritária e instituía o Estado Novo, situação que durou até a sua deposição, em 1945.
The democratic regime died that same year. Getúlio Vargas proclaimed an authoritarian Constitution and
instituted the “Estado Novo”, a situation which lasted until his ousting in 1945.
O presidente Getúlio Vargas em fala à nação. Decretação do Estado Novo. Rio de Janeiro, 10 de outubro de 1937. Jornal do Commercio. President Getúlio Vargas speaks to the nation. The “Estado Novo” is instituted. Rio de Janeiro, October 10, 1937. Jornal do Commercio.
40
T. Janér
80 anos
41
1930
1934
1945
Décadas de 1930 e 1940 Decades of the 1930s and 1940s Expansão da T. Janér com a inauguração de
filiais pelo país, ampliação de suas instalações e aquisição de importantes representações do exterior.
Expansion of T. Janér through the inauguration of branch offices around the country, increase in the size of its installations and the acquisition of important representations from abroad.
1934
Promulgada uma nova Constituição. A new Constitution is promulgated.
42
T. Janér
1937
Golpe de estado. Presidente Vargas fecha o Congresso e outorga uma nova Constituição. Coup d’etat. President Vargas closes Congress and delivers another Constitution.
1939
Início da Segunda Guerra Mundial. Beginning of World War II.
1931
Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Creation of the Ministry of Labor, Industry and Trade.
11934 Fundação da T. Janér & Cia., formada por três sócios: o brasileiro Raul Mendonça Santos, Tor Janér, sueco, e o norueguês Bjarne Bugge.
1942
Brasil declara guerra ao Eixo. Brazil declares war against the Axis.
Founding of T. Janér & Cia., by three partners: Brazilian Raul Mendonça Santos; Tor Janér, from Sweden; and the norwegian Bjarne Bugge.
1945
Renúncia do presidente Vargas. President Vargas resigns.
80 anos
43
1930
1934
1945
Décadas de 1930 e 1940 Decades of the 1930s and 1940s Expansão da T. Janér com a inauguração de
filiais pelo país, ampliação de suas instalações e aquisição de importantes representações do exterior.
Expansion of T. Janér through the inauguration of branch offices around the country, increase in the size of its installations and the acquisition of important representations from abroad.
1934
Promulgada uma nova Constituição. A new Constitution is promulgated.
42
T. Janér
1937
Golpe de estado. Presidente Vargas fecha o Congresso e outorga uma nova Constituição. Coup d’etat. President Vargas closes Congress and delivers another Constitution.
1939
Início da Segunda Guerra Mundial. Beginning of World War II.
1931
Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Creation of the Ministry of Labor, Industry and Trade.
11934 Fundação da T. Janér & Cia., formada por três sócios: o brasileiro Raul Mendonça Santos, Tor Janér, sueco, e o norueguês Bjarne Bugge.
1942
Brasil declara guerra ao Eixo. Brazil declares war against the Axis.
Founding of T. Janér & Cia., by three partners: Brazilian Raul Mendonça Santos; Tor Janér, from Sweden; and the norwegian Bjarne Bugge.
1945
Renúncia do presidente Vargas. President Vargas resigns.
80 anos
43
1945
1957
1955
1945
Eleições presidenciais. Vitória do general Dutra. Presidential elections. Victory of Gen. Eurico Gaspar Dutra.
1946
A T. Janér passa a representar a firma sueca Craellius, especializada em perfuração de poços.
1949
T. Janér begins to represent Craellius, a Swedish company specialized in drilling wells.
1954
Decreto do presidente Vargas impõe novas restrições ao capital estrangeiro.
A decree by President Vargas imposes new restrictions on foreign capital.
44
T. Janér
1954
Tor Janér é agraciado com a Medalha de Ouro da Associação de Exportação Sueca e com a Ordem do Cruzeiro do Sul, no grau de oficial, pelo presidente Café Filho. Tor Janér is conceded the Gold Medal by the Swedish Export Association and the Order of the Southern Cross, official grade, by President Café Filho.
Suicídio do presidente Vargas. Café Filho assume a presidência. Suicide of President Vargas. Café Filho takes over the presidency.
1950
1951
Oitenta e cinco funcionários da T. Janér atuam no Departamento de Aço. A empresa distribui aços finos e ferramentas a dois mil clientes espalhados pelo Brasil.
Getúlio Vargas é eleito presidente da República. Getúlio Vargas is elected president of the Republic.
1955
Juscelino Kubitschek é eleito presidente da República. Juscelino Kubitschek is elected president of the Republic.
Some 85 employees of T. Janér work in the steel department. The company distributes fine steel products and tools to 2,000 clients around Brazil.
1956
1957
Início da aplicação do Plano de Metas de JK.
Falecimento de Tor Evald Wilhelm Janér. Tor Evald Wilhelm Janér dies.
JK’s Targets Plan begins to take effect.
80 anos
45
1945
1957
1955
1945
Eleições presidenciais. Vitória do general Dutra. Presidential elections. Victory of Gen. Eurico Gaspar Dutra.
1946
A T. Janér passa a representar a firma sueca Craellius, especializada em perfuração de poços.
1949
T. Janér begins to represent Craellius, a Swedish company specialized in drilling wells.
1954
Decreto do presidente Vargas impõe novas restrições ao capital estrangeiro.
A decree by President Vargas imposes new restrictions on foreign capital.
44
T. Janér
1954
Tor Janér é agraciado com a Medalha de Ouro da Associação de Exportação Sueca e com a Ordem do Cruzeiro do Sul, no grau de oficial, pelo presidente Café Filho. Tor Janér is conceded the Gold Medal by the Swedish Export Association and the Order of the Southern Cross, official grade, by President Café Filho.
Suicídio do presidente Vargas. Café Filho assume a presidência. Suicide of President Vargas. Café Filho takes over the presidency.
1950
1951
Oitenta e cinco funcionários da T. Janér atuam no Departamento de Aço. A empresa distribui aços finos e ferramentas a dois mil clientes espalhados pelo Brasil.
Getúlio Vargas é eleito presidente da República. Getúlio Vargas is elected president of the Republic.
1955
Juscelino Kubitschek é eleito presidente da República. Juscelino Kubitschek is elected president of the Republic.
Some 85 employees of T. Janér work in the steel department. The company distributes fine steel products and tools to 2,000 clients around Brazil.
1956
1957
Início da aplicação do Plano de Metas de JK.
Falecimento de Tor Evald Wilhelm Janér. Tor Evald Wilhelm Janér dies.
JK’s Targets Plan begins to take effect.
80 anos
45
Em São Paulo, a T. Janér mudava de endereço, transferindo suas instalações para o Largo do Tesouro dois meses depois de ter sido contratada para instalar no Brasil uma subsidiária da sueca Astra, fornecedora de equipamentos médicos e cirúrgicos. A década de 1940 – marcada por mudanças estratégicas na T. Janér – foi a década da diversificação, mas, pelo menos em sua primeira metade, foi também um período de tensas discussões políticas no país. Aumentavam as pressões para que o Brasil aderisse às forças aliadas que combatiam os países do Eixo na Segunda Guerra Mundial. Até que isto acontecesse, muita polêmica ocupou grandes espaços nas páginas dos jornais. A não ser por um incidente que resultou na demissão de um funcionário alemão da filial paulista, acusado de nutrir simpatia pelo nazismo, a guerra não causou danos aos negócios da T. Janér. A empresa representava companhias suecas, principalmente no fornecimento de papel de imprensa, e a Suécia adotara uma posição de neutralidade no conflito mundial. Tor Janér foi nomeado cônsul-geral da Suécia no Rio, cargo que acumulou com o de representante no Brasil da Associação de Exportação Sueca.
In São Paulo, T. Janér changed address, transferring its facilities to the Largo do Tesouro, two months after being contracted to set up a Brazilian subsidiary of the Swedish Astra, a supplier of medical and surgical equipment. The 1940s – marked by important changes in T. Janér’s business strategy – were a decade of diversification; however, the decade was also, at least in its first half, a period of tense political debate in the country. Pressures increased on Brazil to join the allied forces fighting the Axis countries in the Second World War. Until this finally occurred, the newspaper pages were filled with reams of polemical discussion on the topic. Apart from an incident that resulted in the sacking of a German employee at the São Paulo branch, accused of cultivating sympathy for Nazism, the war caused little or no damage to T. Janér’s business. The company represented Swedish companies, mainly supplying newsprint, and Sweden had adopted a neutral position in the world conflict. Tor Janér was named Sweden’s consul-general in Rio, a post that was combined with acting as the representative of the Swedish Export Association in Brazil.
46
T. Janér
Escritório da T. Janér. São Paulo, 1944. T. Janér’s offices. São Paulo, 1944.
Em São Paulo, a T. Janér mudava de endereço, transferindo suas instalações para o Largo do Tesouro dois meses depois de ter sido contratada para instalar no Brasil uma subsidiária da sueca Astra, fornecedora de equipamentos médicos e cirúrgicos. A década de 1940 – marcada por mudanças estratégicas na T. Janér – foi a década da diversificação, mas, pelo menos em sua primeira metade, foi também um período de tensas discussões políticas no país. Aumentavam as pressões para que o Brasil aderisse às forças aliadas que combatiam os países do Eixo na Segunda Guerra Mundial. Até que isto acontecesse, muita polêmica ocupou grandes espaços nas páginas dos jornais. A não ser por um incidente que resultou na demissão de um funcionário alemão da filial paulista, acusado de nutrir simpatia pelo nazismo, a guerra não causou danos aos negócios da T. Janér. A empresa representava companhias suecas, principalmente no fornecimento de papel de imprensa, e a Suécia adotara uma posição de neutralidade no conflito mundial. Tor Janér foi nomeado cônsul-geral da Suécia no Rio, cargo que acumulou com o de representante no Brasil da Associação de Exportação Sueca.
In São Paulo, T. Janér changed address, transferring its facilities to the Largo do Tesouro, two months after being contracted to set up a Brazilian subsidiary of the Swedish Astra, a supplier of medical and surgical equipment. The 1940s – marked by important changes in T. Janér’s business strategy – were a decade of diversification; however, the decade was also, at least in its first half, a period of tense political debate in the country. Pressures increased on Brazil to join the allied forces fighting the Axis countries in the Second World War. Until this finally occurred, the newspaper pages were filled with reams of polemical discussion on the topic. Apart from an incident that resulted in the sacking of a German employee at the São Paulo branch, accused of cultivating sympathy for Nazism, the war caused little or no damage to T. Janér’s business. The company represented Swedish companies, mainly supplying newsprint, and Sweden had adopted a neutral position in the world conflict. Tor Janér was named Sweden’s consul-general in Rio, a post that was combined with acting as the representative of the Swedish Export Association in Brazil.
46
T. Janér
Escritório da T. Janér. São Paulo, 1944. T. Janér’s offices. São Paulo, 1944.
O ano de 1941 tem uma importância especial na história da empresa. Foi quando Tor Janér contratou, como gerente da filial de São Paulo, o conterrâneo Erik Svedelius, que viera ao Brasil para visitar o pai e nunca mais voltou. Também, pudera! Ele desembarcou no Rio às vésperas do Ano Novo de 1932 e, antes mesmo de encontrar parentes e amigos, teve a sorte de perder-se no réveillon que, naquela época, era comemorado com baile ao ar livre na Avenida Rio Branco. Foi paixão à primeira valsa – ou maxixe. Saiu dali tomado pela idéia de que o Brasil seria sua nova pátria.
The year 1941 has a special importance in the firm’s history. This was when Tor Janér hired his compatriot Erik Svedelius as manager of the São Paulo branch, who had come to Brazil to visit his father and never returned. And no wonder. He disembarked in Rio on New Year’s Eve 1932 and, before meeting up with his family and friends, was lucky enough to be swept up by réveillon which, at the time, was celebrated with an open air ball in Rio Branco Avenue. It was love at first sight – or first maxixe dance. He left the revelries captivated by the idea that Brazil would be his new homeland.
Depois de uma passagem pela Texaco, na época ainda com o nome original Texas & Co., Svedelius tornou-se gerente da filial da T. Janér em São Paulo e, em seguida, estrategista da empresa e conselheiro da família Janér, missões que acumulava com atividades diplomáticas – foi nomeado cônsul-geral da Suécia na capital paulista – e com uma impressionante capacidade de relacionamento humano. Fez-se amigo de Walther Sommerlath, chefe da filial da Uddeholm no Brasil e pai de uma menina que o chamava de “tio Svedelius” e que, tempos depois, viria a ser a Rainha Sílvia, da Suécia. “Tio Svedelius”, ou Grand old man, como era chamado pelos colegas, fez
After working a while for Texaco, at the time still called by its original name Texas & Co., Svedelius became manager of T. Janér’s branch in São Paulo and later the company’s strategist and an advisor to the Janér family, functions which he combined with diplomatic activities – he was named Sweden’s consul-general in São Paulo – and with an impressive capacity for forging personal relationships. He became a close friend of Walther Sommerlath, head of Uddeholm’s branch in Brazil and father of a girl who called him ‘Uncle Svedelius’ and who, some time later, would become Queen Silvia of Sweden.
do bom humor um instrumento de trabalho. Numa época em que a sisudez imperava como estilo entre os executivos, armava-se de um sorriso largo e de uma deliberada preocupação com os seus interlocutores para subverter o conceito de que cara fechada é sinônimo de competência. Serviu à T. Janér como uma espécie de mestre de cerimônias, atraindo grandes parceiros para a empresa. Serviu, não, ainda serve, porque continua trabalhando, aos 97 anos de idade. Sair agora, para Erik, seria uma aposentadoria precoce.
“Uncle Svedelius,” or the “Grand old man,” as he was called in English by his colleagues, used his good sense of humor as a tool of his profession. In an era when a dignified bearing was the style of executives, he armed himself with a wide smile and a deliberate preoccupation for his interlocutors in order to subvert the concept that a grim expression was a synonym for competence. He served T. Janér as a type of master of ceremonies, attracting large partners to the firm. He served — no, he continues to serve because he is still working at age 97. For Erik, to leave now would mean taking early retirement.
Erik Svedelius no escritório da T. Janér no Edifício Matarazzo. São Paulo, 1944. Foto: P. C. Scheier. Erik Svedelius in the T. Janér offices in the Edifício Matarazzo. São Paulo, 1944. Photo: P. C. Scheier.
80 anos
49
O ano de 1941 tem uma importância especial na história da empresa. Foi quando Tor Janér contratou, como gerente da filial de São Paulo, o conterrâneo Erik Svedelius, que viera ao Brasil para visitar o pai e nunca mais voltou. Também, pudera! Ele desembarcou no Rio às vésperas do Ano Novo de 1932 e, antes mesmo de encontrar parentes e amigos, teve a sorte de perder-se no réveillon que, naquela época, era comemorado com baile ao ar livre na Avenida Rio Branco. Foi paixão à primeira valsa – ou maxixe. Saiu dali tomado pela idéia de que o Brasil seria sua nova pátria.
The year 1941 has a special importance in the firm’s history. This was when Tor Janér hired his compatriot Erik Svedelius as manager of the São Paulo branch, who had come to Brazil to visit his father and never returned. And no wonder. He disembarked in Rio on New Year’s Eve 1932 and, before meeting up with his family and friends, was lucky enough to be swept up by réveillon which, at the time, was celebrated with an open air ball in Rio Branco Avenue. It was love at first sight – or first maxixe dance. He left the revelries captivated by the idea that Brazil would be his new homeland.
Depois de uma passagem pela Texaco, na época ainda com o nome original Texas & Co., Svedelius tornou-se gerente da filial da T. Janér em São Paulo e, em seguida, estrategista da empresa e conselheiro da família Janér, missões que acumulava com atividades diplomáticas – foi nomeado cônsul-geral da Suécia na capital paulista – e com uma impressionante capacidade de relacionamento humano. Fez-se amigo de Walther Sommerlath, chefe da filial da Uddeholm no Brasil e pai de uma menina que o chamava de “tio Svedelius” e que, tempos depois, viria a ser a Rainha Sílvia, da Suécia. “Tio Svedelius”, ou Grand old man, como era chamado pelos colegas, fez
After working a while for Texaco, at the time still called by its original name Texas & Co., Svedelius became manager of T. Janér’s branch in São Paulo and later the company’s strategist and an advisor to the Janér family, functions which he combined with diplomatic activities – he was named Sweden’s consul-general in São Paulo – and with an impressive capacity for forging personal relationships. He became a close friend of Walther Sommerlath, head of Uddeholm’s branch in Brazil and father of a girl who called him ‘Uncle Svedelius’ and who, some time later, would become Queen Silvia of Sweden.
do bom humor um instrumento de trabalho. Numa época em que a sisudez imperava como estilo entre os executivos, armava-se de um sorriso largo e de uma deliberada preocupação com os seus interlocutores para subverter o conceito de que cara fechada é sinônimo de competência. Serviu à T. Janér como uma espécie de mestre de cerimônias, atraindo grandes parceiros para a empresa. Serviu, não, ainda serve, porque continua trabalhando, aos 97 anos de idade. Sair agora, para Erik, seria uma aposentadoria precoce.
“Uncle Svedelius,” or the “Grand old man,” as he was called in English by his colleagues, used his good sense of humor as a tool of his profession. In an era when a dignified bearing was the style of executives, he armed himself with a wide smile and a deliberate preoccupation for his interlocutors in order to subvert the concept that a grim expression was a synonym for competence. He served T. Janér as a type of master of ceremonies, attracting large partners to the firm. He served — no, he continues to serve because he is still working at age 97. For Erik, to leave now would mean taking early retirement.
Erik Svedelius no escritório da T. Janér no Edifício Matarazzo. São Paulo, 1944. Foto: P. C. Scheier. Erik Svedelius in the T. Janér offices in the Edifício Matarazzo. São Paulo, 1944. Photo: P. C. Scheier.
80 anos
49
Svedelius participou ativamente da fase de expansão da empresa que, em 1943, se transformou na sociedade anônima Cia. T. Janér Comércio e Indústria. Esta etapa também teve a participação direta do filho caçula do patriarca Tor. Já formado engenheiro, Lars Janér trabalhava na Ericsson, mas deixou a empresa para assumir o comando dos projetos de ampliação da companhia do pai, enquanto o irmão mais velho, Ragnar, dedicava a maior parte de sua atenção ao ramo da importação de papel. Iniciava-se, assim, um período de grande diversificação de interesses que duraria cerca de quatro décadas, durante as quais a empresa assumiu representações de uma variadíssima gama de produtos fabricados na Suécia que tinham em comum, muitas vezes, apenas a sofisticação tecnológica.
Svedelius took active part in the company’s phase of expansion, when, in 1943, it transformed into the limited company T. Janér Comércio e Indústria. This stage also directly involved the patriarch Tor’s youngest son. Already trained in engineering, Lars Janér worked for Ericsson, but left the company to take charge of the projects for expanding his father’s company, while his older brother, Ragnar, devoted most of his attention to the paper import business. This was the start of a period of a wide diversification in the firm’s interests, lasting around four decades, during which the company traded an extremely varied range of products manufactured in Sweden, their only common point in many cases being their technological sophistication.
50
T. Janér
Homenagem das Emissoras e Diários Associados a Erik Svedelius, que recebe de Edmundo Monteiro a Medalha de Ouro dos Diários Associados. S.l., 20 de março de 1959. Jornal do Commercio. Emissoras e Diários Associados honor Erik Svedelius, who receives the Diários Associados Gold Medal from Edmundo Monteiro. S.l., March 20, 1959. Jornal do Commercio.
80 anos
51
Svedelius participou ativamente da fase de expansão da empresa que, em 1943, se transformou na sociedade anônima Cia. T. Janér Comércio e Indústria. Esta etapa também teve a participação direta do filho caçula do patriarca Tor. Já formado engenheiro, Lars Janér trabalhava na Ericsson, mas deixou a empresa para assumir o comando dos projetos de ampliação da companhia do pai, enquanto o irmão mais velho, Ragnar, dedicava a maior parte de sua atenção ao ramo da importação de papel. Iniciava-se, assim, um período de grande diversificação de interesses que duraria cerca de quatro décadas, durante as quais a empresa assumiu representações de uma variadíssima gama de produtos fabricados na Suécia que tinham em comum, muitas vezes, apenas a sofisticação tecnológica.
Svedelius took active part in the company’s phase of expansion, when, in 1943, it transformed into the limited company T. Janér Comércio e Indústria. This stage also directly involved the patriarch Tor’s youngest son. Already trained in engineering, Lars Janér worked for Ericsson, but left the company to take charge of the projects for expanding his father’s company, while his older brother, Ragnar, devoted most of his attention to the paper import business. This was the start of a period of a wide diversification in the firm’s interests, lasting around four decades, during which the company traded an extremely varied range of products manufactured in Sweden, their only common point in many cases being their technological sophistication.
50
T. Janér
Homenagem das Emissoras e Diários Associados a Erik Svedelius, que recebe de Edmundo Monteiro a Medalha de Ouro dos Diários Associados. S.l., 20 de março de 1959. Jornal do Commercio. Emissoras e Diários Associados honor Erik Svedelius, who receives the Diários Associados Gold Medal from Edmundo Monteiro. S.l., March 20, 1959. Jornal do Commercio.
80 anos
51
A T. Janér se instalou em diversas cidades do Nordeste, realizando trabalhos de perfuração de poços. Barraca com uma placa da empresa. Pernambuco, março de 1963. T. Janér opens offices in a number of locations in the Northeast, drilling wells. A tent with the company’s name attached. Pernambuco, March 1963.
• Aço da Bofors
• Fogareiros e maçaricos da Svea
• Máquinas de perfuração de poços da Craellius
• Motores de popa Johnsons e Archimedes
• Motores marítimos da Burmeister Wein • Máquinas de lavanderia industrial • Peças, equipamentos e assistência técnica para refrigeração • Turbinas hidrelétricas da Nohab
• Aviões Scandia
• Material bélico
• Steel from Bofors • Stoves and blowtorches by Svea • Well drilling machines by Craellius • Johnsons & Archimedes outboard motors • Marine motors by Burmeister Wein • Industrial laundry machines • Parts, equipment and technical assistance for refrigeration • Hydroelectric turbines by Nohab • Scandia airplanes • Armaments
A T. Janér se instalou em diversas cidades do Nordeste, realizando trabalhos de perfuração de poços. Barraca com uma placa da empresa. Pernambuco, março de 1963. T. Janér opens offices in a number of locations in the Northeast, drilling wells. A tent with the company’s name attached. Pernambuco, March 1963.
• Aço da Bofors
• Fogareiros e maçaricos da Svea
• Máquinas de perfuração de poços da Craellius
• Motores de popa Johnsons e Archimedes
• Motores marítimos da Burmeister Wein • Máquinas de lavanderia industrial • Peças, equipamentos e assistência técnica para refrigeração • Turbinas hidrelétricas da Nohab
• Aviões Scandia
• Material bélico
• Steel from Bofors • Stoves and blowtorches by Svea • Well drilling machines by Craellius • Johnsons & Archimedes outboard motors • Marine motors by Burmeister Wein • Industrial laundry machines • Parts, equipment and technical assistance for refrigeration • Hydroelectric turbines by Nohab • Scandia airplanes • Armaments
Departamento de Aço da T. Janér no Rio de Janeiro. Livreto T. Janér 1926-1951. T. Janér’s Steel Department in Rio de Janeiro. Booklet T. Janér 1926-1951. O maior poço artesiano do Brasil. Livreto Água subterrânea, editado pela T. Janér. The largest artesian well in Brazil. Underground Water booklet, published by T. Janér.
Departamento de Aço da T. Janér no Rio de Janeiro. Livreto T. Janér 1926-1951. T. Janér’s Steel Department in Rio de Janeiro. Booklet T. Janér 1926-1951. O maior poço artesiano do Brasil. Livreto Água subterrânea, editado pela T. Janér. The largest artesian well in Brazil. Underground Water booklet, published by T. Janér.
Diploma com a confirmação pelo presidente Vargas, de Tor Janér, no cargo de cônsul-geral honorário da Suécia no Brasil. Acervo família Janér. Diploma issued by President Vargas confirming Tor Janér as honorary consul general of Sweden in Brazil. Janér family archives.
56
T. Janér
80 anos
57
Diploma com a confirmação pelo presidente Vargas, de Tor Janér, no cargo de cônsul-geral honorário da Suécia no Brasil. Acervo família Janér. Diploma issued by President Vargas confirming Tor Janér as honorary consul general of Sweden in Brazil. Janér family archives.
56
T. Janér
80 anos
57
Em 29 de outubro de 1945, Getúlio Vargas foi deposto, e, com a eleição de Eurico Gaspar Dutra e a promulgação de nova Constituição no ano seguinte, o país entrava numa fase de redução da intervenção do Estado na economia. Por orientação do Fundo Monetário Internacional, o governo retomou o controle cambial e o Cruzeiro foi artificialmente mantido em níveis altos em relação ao dólar. Neste ambiente, Dutra desestimulava as exportações e, ao mesmo tempo, incentivava a importação de equipamentos, máquinas industriais e outros insumos. A prioridade era erguer um parque industrial brasileiro. As empresas que se dedicavam às importações de equipamentos de alta tecnologia se beneficiaram com essas medidas. E foi bom para a T. Janér, que já havia atingido excelência justamente nesta especialidade. Quanto ao papel, a situação também era boa. Se, na primeira metade da década, Vargas já havia decidido que o papel de imprensa deveria ser tratado como um produto estratégico por insistência do jornalista Assis Chateaubriand, a Constituição de 1946 apenas reforçou este mercado ao oferecer imunidade tributária ao papel destinado a imprimir livros, jornais e revistas. Estimulado pela redemocratização, o poder da imprensa se ampliava. Os jornais multiplicavam-se em todo o país.
In October 1945, Getúlio Vargas was deposed and, after the election of Eurico Gaspar Dutra and the proclamation of the new Constitution the following year, the country entered a phase of reduced state intervention in the economy. Following the International Monetary Fund’s guidelines, the government reassumed exchange rate control and the Cruzeiro was artificially kept at high levels in relation to the dollar. As part of this environment, Dutra disencouraged exports and, at the same time, stimulated importation of equipment, industrial machinery and other inputs. The priority was to build a Brazilian industrial complex.
Assis Chateaubriand observa a rotativa na impressão de um jornal. 25 de maio de 1966. Diários Associados. Jornal do Commercio. Assis Chateaubriand observes a printing press used to produce a newspaper. May 25, 1966. Diários Associados. Jornal do Commercio.
58
T. Janér
The companies dedicated to imports of high-tech equipment received a big boost from these measures. This applied equally to T. Janér, which already excelled in precisely this specialist field. The situation was just as promising in terms of paper. While in the first half of the decade Vargas had already decided that newsprint should be treated as a key product, at the insistence of the journalist Assis Chateaubriand, the 1946 Constitution further reinforced this market by offering tax immunity on the paper used to print books, newspapers and magazines. Stimulated by redemocratization, the power of the press expanded. Newspapers multiplied across the country.
80 anos
59
Em 29 de outubro de 1945, Getúlio Vargas foi deposto, e, com a eleição de Eurico Gaspar Dutra e a promulgação de nova Constituição no ano seguinte, o país entrava numa fase de redução da intervenção do Estado na economia. Por orientação do Fundo Monetário Internacional, o governo retomou o controle cambial e o Cruzeiro foi artificialmente mantido em níveis altos em relação ao dólar. Neste ambiente, Dutra desestimulava as exportações e, ao mesmo tempo, incentivava a importação de equipamentos, máquinas industriais e outros insumos. A prioridade era erguer um parque industrial brasileiro. As empresas que se dedicavam às importações de equipamentos de alta tecnologia se beneficiaram com essas medidas. E foi bom para a T. Janér, que já havia atingido excelência justamente nesta especialidade. Quanto ao papel, a situação também era boa. Se, na primeira metade da década, Vargas já havia decidido que o papel de imprensa deveria ser tratado como um produto estratégico por insistência do jornalista Assis Chateaubriand, a Constituição de 1946 apenas reforçou este mercado ao oferecer imunidade tributária ao papel destinado a imprimir livros, jornais e revistas. Estimulado pela redemocratização, o poder da imprensa se ampliava. Os jornais multiplicavam-se em todo o país.
In October 1945, Getúlio Vargas was deposed and, after the election of Eurico Gaspar Dutra and the proclamation of the new Constitution the following year, the country entered a phase of reduced state intervention in the economy. Following the International Monetary Fund’s guidelines, the government reassumed exchange rate control and the Cruzeiro was artificially kept at high levels in relation to the dollar. As part of this environment, Dutra disencouraged exports and, at the same time, stimulated importation of equipment, industrial machinery and other inputs. The priority was to build a Brazilian industrial complex.
Assis Chateaubriand observa a rotativa na impressão de um jornal. 25 de maio de 1966. Diários Associados. Jornal do Commercio. Assis Chateaubriand observes a printing press used to produce a newspaper. May 25, 1966. Diários Associados. Jornal do Commercio.
58
T. Janér
The companies dedicated to imports of high-tech equipment received a big boost from these measures. This applied equally to T. Janér, which already excelled in precisely this specialist field. The situation was just as promising in terms of paper. While in the first half of the decade Vargas had already decided that newsprint should be treated as a key product, at the insistence of the journalist Assis Chateaubriand, the 1946 Constitution further reinforced this market by offering tax immunity on the paper used to print books, newspapers and magazines. Stimulated by redemocratization, the power of the press expanded. Newspapers multiplied across the country.
80 anos
59
Os jornais, tanto os tradicionais quanto os alternativos, disputavam espaço nas bancas e a preferência dos leitores. Um destes – A Manha – ganhou fama pelo humor ferino de seu proprietário e editor-chefe, o gaúcho Apparício Torelly, autodenominado “Barão de Itararé, o Brando - marechal, almirante e brigadeiro do ar condicionado”. Crítico severo do Estado Novo, elegeu-se vereador pelo Partido Comunista com a retomada da democracia, mas não ficou muito tempo no legislativo municipal do Distrito Federal: foi cassado, juntamente com companheiros de partido. Ao subir à tribuna para se despedir, afirmou: “Senhor presidente, senhores vereadores, senhoras e senhores das galerias, neste momento deixo a vida pública para me recolher à privada.” No âmbito do setor gráfico, a T. Janér também alçava novos vôos. Em 1949, inaugurou um armazém com sala de reparos de equipamentos para a indústria gráfica, motores e máquinas industriais. Iniciou ainda a importação de impressoras e materiais gráficos em geral e passou a representar no Brasil os interesses de duas grandes fabricantes de impressoras – a Solna e a Goss. A parceria com a Goss durou quase 50 anos. A estratégia mirava qualquer setor onde houvesse demanda para a alta tecnologia da indústria sueca, mas a T. Janér nunca perdeu de vista o foco principal: o setor gráfico. Em 1951, dos 1.200 jornais em circulação no Brasil, nada menos que 1.000 chegavam aos leitores com papel comercializado pela T. Janér, que também registrava vendas crescentes de papéis para impressão de revistas e livros e para a fabricação de embalagens.
Both traditional and alternative journals disputed space on the newspaper stands and vied for the attention of readers. One of these – A Manha – gained fame as a result of the savage humor of its proprietor and chief editor, the gaúcho Apparício Torelly, the self-styled “Baron of Itararé, the Soft – field marshal, admiral and brigadier of the air conditioning.” A severe critic of the “Estado Novo”, he was elected a Communist Party council member following the return of democracy, but spent little time ser ving in the municipal legislature of the Federal District: he was discharged from office, along with his party comrades. On saying farewell at the tribune, he pronounced: — Mr. President, honorable councilors, ladies and gentlemen in the galleries, at this moment I am leaving public life to take refuge in private life. T. Janér also achieved new openings in the graphic sector. In 1949, it inaugurated a warehouse with a repair room for equipment used in the graphics industry, motors and industrial machinery. It also began to import printing presses and general graphic material and to represent the interests of two large printing press manufacturers in Brazil – Solna and Goss. The partnership with Goss lasted almost 50 years. The strategy involved focusing on any sector displaying a demand for high-tech Swedish industrial products, but T. Janér never lost sight of its core business: the graphics sector. In 1951, no less than 1,000 of the 1,200 newspapers in circulation in Brazil reached their readers on paper sold by T. Janér, which also recorded growing sales of paper for printing magazines and books and for manufacturing packaging.
Depósito de papel da T. Janér no Rio de Janeiro. Livreto T. Janér 1926-1951. T. Janer paper storage warehouse in Rio de Janeiro Booklet T. Janer 1926-1951.
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T. Janér
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Os jornais, tanto os tradicionais quanto os alternativos, disputavam espaço nas bancas e a preferência dos leitores. Um destes – A Manha – ganhou fama pelo humor ferino de seu proprietário e editor-chefe, o gaúcho Apparício Torelly, autodenominado “Barão de Itararé, o Brando - marechal, almirante e brigadeiro do ar condicionado”. Crítico severo do Estado Novo, elegeu-se vereador pelo Partido Comunista com a retomada da democracia, mas não ficou muito tempo no legislativo municipal do Distrito Federal: foi cassado, juntamente com companheiros de partido. Ao subir à tribuna para se despedir, afirmou: “Senhor presidente, senhores vereadores, senhoras e senhores das galerias, neste momento deixo a vida pública para me recolher à privada.” No âmbito do setor gráfico, a T. Janér também alçava novos vôos. Em 1949, inaugurou um armazém com sala de reparos de equipamentos para a indústria gráfica, motores e máquinas industriais. Iniciou ainda a importação de impressoras e materiais gráficos em geral e passou a representar no Brasil os interesses de duas grandes fabricantes de impressoras – a Solna e a Goss. A parceria com a Goss durou quase 50 anos. A estratégia mirava qualquer setor onde houvesse demanda para a alta tecnologia da indústria sueca, mas a T. Janér nunca perdeu de vista o foco principal: o setor gráfico. Em 1951, dos 1.200 jornais em circulação no Brasil, nada menos que 1.000 chegavam aos leitores com papel comercializado pela T. Janér, que também registrava vendas crescentes de papéis para impressão de revistas e livros e para a fabricação de embalagens.
Both traditional and alternative journals disputed space on the newspaper stands and vied for the attention of readers. One of these – A Manha – gained fame as a result of the savage humor of its proprietor and chief editor, the gaúcho Apparício Torelly, the self-styled “Baron of Itararé, the Soft – field marshal, admiral and brigadier of the air conditioning.” A severe critic of the “Estado Novo”, he was elected a Communist Party council member following the return of democracy, but spent little time ser ving in the municipal legislature of the Federal District: he was discharged from office, along with his party comrades. On saying farewell at the tribune, he pronounced: — Mr. President, honorable councilors, ladies and gentlemen in the galleries, at this moment I am leaving public life to take refuge in private life. T. Janér also achieved new openings in the graphic sector. In 1949, it inaugurated a warehouse with a repair room for equipment used in the graphics industry, motors and industrial machinery. It also began to import printing presses and general graphic material and to represent the interests of two large printing press manufacturers in Brazil – Solna and Goss. The partnership with Goss lasted almost 50 years. The strategy involved focusing on any sector displaying a demand for high-tech Swedish industrial products, but T. Janér never lost sight of its core business: the graphics sector. In 1951, no less than 1,000 of the 1,200 newspapers in circulation in Brazil reached their readers on paper sold by T. Janér, which also recorded growing sales of paper for printing magazines and books and for manufacturing packaging.
Depósito de papel da T. Janér no Rio de Janeiro. Livreto T. Janér 1926-1951. T. Janer paper storage warehouse in Rio de Janeiro Booklet T. Janer 1926-1951.
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Diretores e funcionários da T. Janér na comemoração dos 25 anos da empresa. Rio de Janeiro, 1951. Foto: Menezes. Acervo família Janér. T. Janér directors and employees at company’s 25th anniversary party. Rio de Janeiro, 1951. Photo: Menezes. Janér family archives.
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T. Janér
Diretores e funcionários da T. Janér na comemoração dos 25 anos da empresa. Rio de Janeiro, 1951. Foto: Menezes. Acervo família Janér. T. Janér directors and employees at company’s 25th anniversary party. Rio de Janeiro, 1951. Photo: Menezes. Janér family archives.
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T. Janér
A T. Janér viveu naqueles tempos uma das melhores fases de sua história. Ao comemorar 25 anos de fundação, brindou parte dos seus 600 empregados com um financiamento para a compra de casa própria, abrindo uma linha de crédito que chegou a um milhão de cruzeiros. Mantinha, ainda, um clube de lazer e um time de futebol, que várias vezes venceu torneios promovidos entre empresas do Rio de Janeiro. Nasceu nessa época a lenda de que o chefe do departamento de pessoal, que era goleiro do time, só admitia candidatos que não fossem pernas-de-pau. A seleção brasileira de futebol, no entanto, não teve a mesma sorte. Na Copa de 1950, o Brasil assistiu, atônito, àquilo que os uruguaios chamam até hoje de Maracanazo. O sofrimento teria sido muito maior se o gol de Ghiggia, aos 34 minutos do segundo tempo, tivesse sido transmitido ao vivo para o país inteiro. Felizmente, a televisão só viria a ser lançada no Brasil dois meses depois da tragédia da Copa, quando a TV Tupi iniciou as suas transmissões.
T. Janér was undergoing one of the best phases of its history. Celebrating 25 years since its foundation, it toasted its 600 employees by allowing many of them to finance the purchase of their own homes, starting a line of credit that reached 1 million cruzeiros. It also ran a leisure club and a football team, which won various competitions held between Rio de Janeiro companies. Around this time, the legend was born that the head of the personnel department, who was the team goalkeeper, only hired job on candidates who could play the game. However, the Brazilian football team failed to share the same luck. In the 1950 Wor ld Cup, Brazil watched on in amazement at what the Uruguayans still today call Maracanazo. The suffering would have been even more intense had the goal by Ghiggia, scored after 34 minutes of the second half, been broadcast live to the country as a whole. Fortunately, the television would only be launched in Brazil two months after the tragedy of the Cup when TV Tupi started transmitting.
Time de futebol da T. Janér. Rio de Janeiro, década de 1950. Acervo família Janér. T. Janér football team. Rio de Janeiro, decade of the 1950s. Janér family archives.
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T. Janér
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A T. Janér viveu naqueles tempos uma das melhores fases de sua história. Ao comemorar 25 anos de fundação, brindou parte dos seus 600 empregados com um financiamento para a compra de casa própria, abrindo uma linha de crédito que chegou a um milhão de cruzeiros. Mantinha, ainda, um clube de lazer e um time de futebol, que várias vezes venceu torneios promovidos entre empresas do Rio de Janeiro. Nasceu nessa época a lenda de que o chefe do departamento de pessoal, que era goleiro do time, só admitia candidatos que não fossem pernas-de-pau. A seleção brasileira de futebol, no entanto, não teve a mesma sorte. Na Copa de 1950, o Brasil assistiu, atônito, àquilo que os uruguaios chamam até hoje de Maracanazo. O sofrimento teria sido muito maior se o gol de Ghiggia, aos 34 minutos do segundo tempo, tivesse sido transmitido ao vivo para o país inteiro. Felizmente, a televisão só viria a ser lançada no Brasil dois meses depois da tragédia da Copa, quando a TV Tupi iniciou as suas transmissões.
T. Janér was undergoing one of the best phases of its history. Celebrating 25 years since its foundation, it toasted its 600 employees by allowing many of them to finance the purchase of their own homes, starting a line of credit that reached 1 million cruzeiros. It also ran a leisure club and a football team, which won various competitions held between Rio de Janeiro companies. Around this time, the legend was born that the head of the personnel department, who was the team goalkeeper, only hired job on candidates who could play the game. However, the Brazilian football team failed to share the same luck. In the 1950 Wor ld Cup, Brazil watched on in amazement at what the Uruguayans still today call Maracanazo. The suffering would have been even more intense had the goal by Ghiggia, scored after 34 minutes of the second half, been broadcast live to the country as a whole. Fortunately, the television would only be launched in Brazil two months after the tragedy of the Cup when TV Tupi started transmitting.
Time de futebol da T. Janér. Rio de Janeiro, década de 1950. Acervo família Janér. T. Janér football team. Rio de Janeiro, decade of the 1950s. Janér family archives.
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Depósito da T. Janér em São Paulo, em operação até hoje. Livreto T. Janér 1926-1951. T. Janér warehouse in São Paulo, still in operation today. Booklet T. Janér 1926-1951.
Jornais impressos com papel da T. Jáner. Livreto T. Janér 1926-1951. Newspapers printed on T. Jáner newsprint. Booklet T. Janér 1926-1951.
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Depósito da T. Janér em São Paulo, em operação até hoje. Livreto T. Janér 1926-1951. T. Janér warehouse in São Paulo, still in operation today. Booklet T. Janér 1926-1951.
Jornais impressos com papel da T. Jáner. Livreto T. Janér 1926-1951. Newspapers printed on T. Jáner newsprint. Booklet T. Janér 1926-1951.
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Em 1951, a T. Janér mantinha um Departamento de Aço, com 85
funcionários e dois mil clientes em todo o país - opção oportuna num
país obcecado por industrializar-se. Reeleito em 3 de outubro de 1950, um Getúlio Vargas mais conciliador voltou ao poder. O modelo econômico que adotou para este segundo período se caracterizou pelo desenvolvimento industrial, dirigismo estatal e, ao mesmo tempo, nacionalismo e aproximação com o capital estrangeiro. Escaldada pela censura do Estado Novo, a imprensa se posicionou contra Getúlio, que reagiu estimulando a criação da Última Hora, uma proposta moderna de jornal que viria a se tornar um dos mais populares do país. Os jornais de oposição, no entanto, também dependiam do governo, que subsidiava a importação de papel de imprensa. Na Última Hora brilhava o texto de Antônio Maria, cronista, radialista, boêmio e compositor de música popular. Em 1952, “Ninguém me ama”, uma de suas músicas mais conhecidas, explodiu nas paradas de sucesso na voz de Nora Ney, com versos rasgados sobre o cansaço de um homem solitário.
Tor Janér e seus filhos Lars e Ragnar na Av. Rio Branco, na década de 1950. Tor Janér and his sons Lars and Ragnar on Av. Rio Branco, in the 1950s.
In 1951, T. Janér ran a steel
department with 85 employees and
2,000 clients across Brazil – a timely option in a country obsessed with the idea of industrialization.
Reelected on October 3rd 1950, a more conciliatory Getúlio Vargas returned to power. The economic model which he adopted for this second period combined industrial development, state control and, at the same time, nationalism and an appeal to foreign capital. Scalded by the censorship of the Estado Novo, the press took a stance against Getúlio, who reacted by stimulating the creation of the Última Hora, a modern style of newspaper which went on to become one of the most popular in the country. The opposition newspapers, however, also depended on the government, which subsidized the importation of newsprint. The Última Hora was set alight by the writing of Antônio Maria, chronicler, radio broadcaster, bohemian and composer of popular music. In 1952, ‘Ninguém me ama,’ one of his best known songs, exploded on the hit parades in the voice of Nora Ney, with candid lyrics on the world-weariness of a solitary man.
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Em 1951, a T. Janér mantinha um Departamento de Aço, com 85
funcionários e dois mil clientes em todo o país - opção oportuna num
país obcecado por industrializar-se. Reeleito em 3 de outubro de 1950, um Getúlio Vargas mais conciliador voltou ao poder. O modelo econômico que adotou para este segundo período se caracterizou pelo desenvolvimento industrial, dirigismo estatal e, ao mesmo tempo, nacionalismo e aproximação com o capital estrangeiro. Escaldada pela censura do Estado Novo, a imprensa se posicionou contra Getúlio, que reagiu estimulando a criação da Última Hora, uma proposta moderna de jornal que viria a se tornar um dos mais populares do país. Os jornais de oposição, no entanto, também dependiam do governo, que subsidiava a importação de papel de imprensa. Na Última Hora brilhava o texto de Antônio Maria, cronista, radialista, boêmio e compositor de música popular. Em 1952, “Ninguém me ama”, uma de suas músicas mais conhecidas, explodiu nas paradas de sucesso na voz de Nora Ney, com versos rasgados sobre o cansaço de um homem solitário.
Tor Janér e seus filhos Lars e Ragnar na Av. Rio Branco, na década de 1950. Tor Janér and his sons Lars and Ragnar on Av. Rio Branco, in the 1950s.
In 1951, T. Janér ran a steel
department with 85 employees and
2,000 clients across Brazil – a timely option in a country obsessed with the idea of industrialization.
Reelected on October 3rd 1950, a more conciliatory Getúlio Vargas returned to power. The economic model which he adopted for this second period combined industrial development, state control and, at the same time, nationalism and an appeal to foreign capital. Scalded by the censorship of the Estado Novo, the press took a stance against Getúlio, who reacted by stimulating the creation of the Última Hora, a modern style of newspaper which went on to become one of the most popular in the country. The opposition newspapers, however, also depended on the government, which subsidized the importation of newsprint. The Última Hora was set alight by the writing of Antônio Maria, chronicler, radio broadcaster, bohemian and composer of popular music. In 1952, ‘Ninguém me ama,’ one of his best known songs, exploded on the hit parades in the voice of Nora Ney, with candid lyrics on the world-weariness of a solitary man.
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Na T. Janér não havia tempo para descanso. A empresa cresceu tanto, que, em 1954, foi convidada para instalar o pavilhão da Suécia na Primeira Feira Internacional da Indústria, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. A identificação entre o país e a companhia era tão forte que o local foi batizado de “Pavilhão Janér”. Vinte e cinco empresas americanas e européias, entre estas algumas suecas, eram representadas pela T. Janér na exposição, nos seguintes ramos de atividade:
There was no time for rest at T. Janér. The company grew so much that, in 1954, it was invited to mount the Swedish pavilion at the First International Industry Fair, staged at Ibirapuera Park in São Paulo. The identification of the country with the company was so strong that the location was baptized the ‘Janér Pavilion.’ Twenty-five American and European companies, including the Swedish firms, were represented by T. Janér at the expo, covering the following business areas:
• Papel de imprensa • Newsprint • Papel em geral • Equipamento gráfico
• Paper in general • Graphics equipment
• Celulose • Aços e ferramentas
• Pulp • Steel and tools
• Máquinas • Equipamento industrial • Engenharia (poços artesianos, pesquisas geológicas, pesquisas geofísicas e irrigação) • Motores marítimos e estacionários
• Machinery • Industrial equipment • Engineering (artesian wells, geological studies, geophysical studies and irrigation)
• Equipamento hospitalar
• Marine and stationary motors
• Aviação e automóveis
• Hospital equipment • Aviation and automobiles
Ragnar Janér entre jagunços locais – integrou a caravana de parlamentares e industriais do Sul do país que acompanhou o ministro João Cleophas a Serra Talhada a fim de assistir à Festa da Colheita do Algodão. 22 de setembro de 1953. Jornal do Commercio. Ragner Janér – with local men – is part of a caravan of lawmakers and industrialists in the south of the country who accompanied Minister João Cleophas to Serra Talhada to attend the Cotton Harvest Festival. September 22, 1953. Jornal do Commercio.
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T. Janér
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Na T. Janér não havia tempo para descanso. A empresa cresceu tanto, que, em 1954, foi convidada para instalar o pavilhão da Suécia na Primeira Feira Internacional da Indústria, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. A identificação entre o país e a companhia era tão forte que o local foi batizado de “Pavilhão Janér”. Vinte e cinco empresas americanas e européias, entre estas algumas suecas, eram representadas pela T. Janér na exposição, nos seguintes ramos de atividade:
There was no time for rest at T. Janér. The company grew so much that, in 1954, it was invited to mount the Swedish pavilion at the First International Industry Fair, staged at Ibirapuera Park in São Paulo. The identification of the country with the company was so strong that the location was baptized the ‘Janér Pavilion.’ Twenty-five American and European companies, including the Swedish firms, were represented by T. Janér at the expo, covering the following business areas:
• Papel de imprensa • Newsprint • Papel em geral • Equipamento gráfico
• Paper in general • Graphics equipment
• Celulose • Aços e ferramentas
• Pulp • Steel and tools
• Máquinas • Equipamento industrial • Engenharia (poços artesianos, pesquisas geológicas, pesquisas geofísicas e irrigação) • Motores marítimos e estacionários
• Machinery • Industrial equipment • Engineering (artesian wells, geological studies, geophysical studies and irrigation)
• Equipamento hospitalar
• Marine and stationary motors
• Aviação e automóveis
• Hospital equipment • Aviation and automobiles
Ragnar Janér entre jagunços locais – integrou a caravana de parlamentares e industriais do Sul do país que acompanhou o ministro João Cleophas a Serra Talhada a fim de assistir à Festa da Colheita do Algodão. 22 de setembro de 1953. Jornal do Commercio. Ragner Janér – with local men – is part of a caravan of lawmakers and industrialists in the south of the country who accompanied Minister João Cleophas to Serra Talhada to attend the Cotton Harvest Festival. September 22, 1953. Jornal do Commercio.
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T. Janér
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T. Janér
Máquinas para lavanderiaVerkstads AB Calor, comercializadas pela T. Janér. 1 ª Feira Internacional de São Paulo, 1954.
Impressoras Eickhoff para tipografia comercializadas pela T. Janér. 1 ª Feira Internacional de São Paulo, 1954.
Verkstads AB Calor laundry machinery, sold by T. Janér. 1st International Fair of São Paulo, 1954.
Eickhoff typographical presses sold by T. Janér. 1st International Fair of São Paulo, 1954.
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T. Janér
Máquinas para lavanderiaVerkstads AB Calor, comercializadas pela T. Janér. 1 ª Feira Internacional de São Paulo, 1954.
Impressoras Eickhoff para tipografia comercializadas pela T. Janér. 1 ª Feira Internacional de São Paulo, 1954.
Verkstads AB Calor laundry machinery, sold by T. Janér. 1st International Fair of São Paulo, 1954.
Eickhoff typographical presses sold by T. Janér. 1st International Fair of São Paulo, 1954.
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Motores diesel Burmeister Wein, marítimos e estacionários, comercializados pela T. Janér. 1 ª Feira Internacional de São Paulo, 1954. Burmeister Wein diesel engines, marine and stationary, sold by T. Janér. 1st International Fair of São Paulo, 1954.
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T. Janér
Automóveis e aviões Saab Scandia comercializados pela T. Janér. Em destaque o automóvel Saab 92, da Svenska Aeroplan AB Saab. 1 ª Feira Internacional de São Paulo, 1954. Saab Scandia cars and airplanes sold by T. Janér. Highlighted, the Saab 92 automobile from Svenska Aeroplan AB Saab. 1st International Fair of São Paulo, 1954.
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Motores diesel Burmeister Wein, marítimos e estacionários, comercializados pela T. Janér. 1 ª Feira Internacional de São Paulo, 1954. Burmeister Wein diesel engines, marine and stationary, sold by T. Janér. 1st International Fair of São Paulo, 1954.
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Automóveis e aviões Saab Scandia comercializados pela T. Janér. Em destaque o automóvel Saab 92, da Svenska Aeroplan AB Saab. 1 ª Feira Internacional de São Paulo, 1954. Saab Scandia cars and airplanes sold by T. Janér. Highlighted, the Saab 92 automobile from Svenska Aeroplan AB Saab. 1st International Fair of São Paulo, 1954.
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Cartaz da 1 ª Feira Internacional de São Paulo, 1954. Imagem de abertura. Poster for the 1st International Fair of São Paulo, 1954.
Tor Janér cortando a fita na inauguração do Pavilhão da Suécia na 1ª Feira Internacional de São Paulo. Parque Ibirapuera, São Paulo, 15 de novembro de 1954. Tor Janér cutting the ribbon for the Swedish Pavilion at the 1st International Fair of São Paulo. Parque Ibirapuera, São Paulo, November 15, 1954.
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T. Janér
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Cartaz da 1 ª Feira Internacional de São Paulo, 1954. Imagem de abertura. Poster for the 1st International Fair of São Paulo, 1954.
Tor Janér cortando a fita na inauguração do Pavilhão da Suécia na 1ª Feira Internacional de São Paulo. Parque Ibirapuera, São Paulo, 15 de novembro de 1954. Tor Janér cutting the ribbon for the Swedish Pavilion at the 1st International Fair of São Paulo. Parque Ibirapuera, São Paulo, November 15, 1954.
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Nesta época, a T. Janér passava por uma sucessão no seu comando. Depois que Ragnar afastou-se dos negócios da família, e com o falecimento de Tor em 1957, Lars assumiu a presidência da empresa. No folheto “Crescendo com o Brasil”, distribuído na Feira da Indústria, Lars Janér explicava que a empresa se desenvolvera rapidamente nas últimas décadas “devido ao aumento do poder aquisitivo do povo brasileiro, simultaneamente com o vertiginoso crescimento da indústria nacional”. O porte dos clientes atestava o tamanho da T. Janér: • Venda de seis petroleiros Burmeister Weins para a Petrobrás.
At the same time, T. Janér was undergoing a change of command. After Ragnar left the family businesses, and with Tor’s death in 1957, Lars took over the presidency of the company. In the pamphlet, “Growing with Brazil”, distributed during one of the fairs in which T. Janér participated, Lars Janér explained that the company had developed rapidly during recent decades “due to the rise in purchasing power of the Brazilian people, simultaneously with the vertiginous growth in national industry.” The number of clients attested to T. Janér’s size: • The sale of six Burmeister Weins oil tankers to Petrobrás
• Fornecimento de motores e geradores para a frota brasileira de pesca. • Venda de turbinas da Nohab para a Usina Hidrelétrica de Furnas.
• Supply of motors and generators to the Brazilian fishing fleet
• Fornecimento de aviões Scandia A-90 para a Vasp.
• Sale of Nohab turbines to the Furnas Hydroelectric Plant
Em 1957, como representante da Wartsila, forneceria à Klabin uma
• Supply of Scandia A-90 airplanes to Vasp
máquina finlandesa para fabricação de papel de imprensa. Mas, no mesmo ano em que a indústria celebrava seus avanços no Ibirapuera,
In 1957, as a representative of Wartsila, the company supplied Klabin with a Finnish newsprint manufacturing machine.
vicejava muito perto dos jardins do Palácio do Catete a conspiração que abalaria o segundo governo Vargas. No Congresso fortalecia-se o cerco da UDN; nas redações inflamava-se a oposição da imprensa; nas Forças Armadas crescia a insatisfação. Quando acolheu a proposta de seu ministro do Trabalho, João Goulart, de conceder aumento de 100% ao salário mínimo, Vargas foi atacado por um “Manifesto dos coronéis”, que denunciavam: um operário desqualificado vai ganhar quase tanto quanto um oficial!
But in the same year in which the industry celebrated its advances in Ibirapuera, a conspiracy was flourishing very close to the gardens of the Catete Palace which would destabilize the second Vargas government. In Congress, the UDN siege tightened; in the papers, the opposition of the press intensified; in the Armed Forces, unrest grew. When he backed the proposal of his Labor Minister, João Goulart, to grant a 100% increase to the minimum wage, Vargas was attacked by a “Colonels Manifesto” which denounced that: an unqualified worker was going to earn almost as much as an officer! Motores de popa Archimedes a gasolina produzidos pela AB Elektrolux e comercializados pela T. Janér. 1ª Feira Internacional de São Paulo, 1954. Archimedes gasoline-fueled outboard engines produced by AB Elektrolux and sold by T. Janér. 1st International Fair of São Paulo, 1954.
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T. Janér
80 anos
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Nesta época, a T. Janér passava por uma sucessão no seu comando. Depois que Ragnar afastou-se dos negócios da família, e com o falecimento de Tor em 1957, Lars assumiu a presidência da empresa. No folheto “Crescendo com o Brasil”, distribuído na Feira da Indústria, Lars Janér explicava que a empresa se desenvolvera rapidamente nas últimas décadas “devido ao aumento do poder aquisitivo do povo brasileiro, simultaneamente com o vertiginoso crescimento da indústria nacional”. O porte dos clientes atestava o tamanho da T. Janér: • Venda de seis petroleiros Burmeister Weins para a Petrobrás.
At the same time, T. Janér was undergoing a change of command. After Ragnar left the family businesses, and with Tor’s death in 1957, Lars took over the presidency of the company. In the pamphlet, “Growing with Brazil”, distributed during one of the fairs in which T. Janér participated, Lars Janér explained that the company had developed rapidly during recent decades “due to the rise in purchasing power of the Brazilian people, simultaneously with the vertiginous growth in national industry.” The number of clients attested to T. Janér’s size: • The sale of six Burmeister Weins oil tankers to Petrobrás
• Fornecimento de motores e geradores para a frota brasileira de pesca. • Venda de turbinas da Nohab para a Usina Hidrelétrica de Furnas.
• Supply of motors and generators to the Brazilian fishing fleet
• Fornecimento de aviões Scandia A-90 para a Vasp.
• Sale of Nohab turbines to the Furnas Hydroelectric Plant
Em 1957, como representante da Wartsila, forneceria à Klabin uma
• Supply of Scandia A-90 airplanes to Vasp
máquina finlandesa para fabricação de papel de imprensa. Mas, no mesmo ano em que a indústria celebrava seus avanços no Ibirapuera,
In 1957, as a representative of Wartsila, the company supplied Klabin with a Finnish newsprint manufacturing machine.
vicejava muito perto dos jardins do Palácio do Catete a conspiração que abalaria o segundo governo Vargas. No Congresso fortalecia-se o cerco da UDN; nas redações inflamava-se a oposição da imprensa; nas Forças Armadas crescia a insatisfação. Quando acolheu a proposta de seu ministro do Trabalho, João Goulart, de conceder aumento de 100% ao salário mínimo, Vargas foi atacado por um “Manifesto dos coronéis”, que denunciavam: um operário desqualificado vai ganhar quase tanto quanto um oficial!
But in the same year in which the industry celebrated its advances in Ibirapuera, a conspiracy was flourishing very close to the gardens of the Catete Palace which would destabilize the second Vargas government. In Congress, the UDN siege tightened; in the papers, the opposition of the press intensified; in the Armed Forces, unrest grew. When he backed the proposal of his Labor Minister, João Goulart, to grant a 100% increase to the minimum wage, Vargas was attacked by a “Colonels Manifesto” which denounced that: an unqualified worker was going to earn almost as much as an officer! Motores de popa Archimedes a gasolina produzidos pela AB Elektrolux e comercializados pela T. Janér. 1ª Feira Internacional de São Paulo, 1954. Archimedes gasoline-fueled outboard engines produced by AB Elektrolux and sold by T. Janér. 1st International Fair of São Paulo, 1954.
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T. Janér
80 anos
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O assassinato do major da aeronáutica Rubens Vaz, com um tiro aparentemente disparado para atingir Carlos Lacerda, dono da Tribuna de Imprensa e o mais agressivo opositor do governo, detonou a fase final da crise que levaria Vargas ao suicídio e o Brasil a dividir-se em torno da Carta-Testamento deixada por ele. O cadáver ainda jazia sobre a cama do quarto principal do palácio quando a Última Hora lançou uma edição extra para noticiar a morte do presidente:
“Matou-se Vargas:
o presidente cumpriu a palavra! ‘Só morto sairei do Catete!’”
Naquela época, até por muito menos os editores das primeiras páginas salpicavam pontos de exclamação nas manchetes. Nos anos 50, e por mais duas décadas, a T. Janér atingiu um nível de grande especialização em outro tipo de atividade, além do fornecimento de papel e equipamento gráfico: a perfuração de poços – profundos ou artesianos. Ainda há muitas pessoas, principalmente no interior, que até hoje identificam a empresa com este serviço. A T. Janér chegou a abrir uma filial em Belo Horizonte especialmente para atender à Vale do Rio Doce na pesquisa e prospecção de minério de ferro. Com as duas primeiras sondas, adquiridas em 1946, até às 53 perfuratrizes em atividade em 1972, a T. Janér perfurou
The murder of Major Rubens Vaz by a shot apparently fired at Carlos Lacerda, owner of the Tribuna de Imprensa and the government ’s most aggressive opponent, triggered the final phase of the crisis, which led Vargas to commit suicide and Brazil to become divided over the Will he left behind. His corpse was still strewn on the bed in the palace's main bedroom when the Última Hora published an extra edition to report the President’s death: “Vargas has killed himself: The President is true to his word! ‘I’ll leave Catete Palace over my dead body!’” During this period, the front page editors would litter the headlines with exclamation marks for far less. In the 1950s, and for two more decades, T. Janér reached a level of high specialization in another type of activity in addition to the supply of paper and graphic equipment: well drilling – deep or artesian wells. Many people, especially abroad, still identify the company with this service. T. Janér even opened a branch in Belo Horizonte especially to provide support to the Vale do Rio Doce company for research and exploration in iron mining. Starting with the first two drills, purchased in 1946, to the 53 drilling machines in use in 1972, T. Janér drilled 6,322 deep wells across Brazil and in at least three other countries – Bolivia, Uruguay and Mauritania.
6.322 poços profundos em todo o Brasil e em pelo menos três outros países – Bolívia, Uruguai e Mauritânia. Importante na história da T. Janér, a Suécia ganhou um lugar no coração de todos os brasileiros em 1958, quando o Brasil conquistou a Copa do
An indispensable part of T. Janér’s history, Sweden gained a place in the heart of all Brazilians in 1958, when Brazil won the football World Cup in the country, itself won over and enchanted by the dribbles of one Mané Garrincha.
Mundo de futebol naquele país, que se curvou, encantado, aos dribles de Cia. T. Janér, Comércio e Indústria. Departamento de Hidrogeologia. Total de poços perfurados. Livreto Água subterrânea.
um Mané – o Garrincha.
Cia. T. Janér, Comércio e Indústria. Hydrogeology Department. Total number of wells drilled. Booklet Underground Water.
de administração, Octávio Gabizo de Faria – até hoje diretor da empresa
Contratado em 1959 para auxiliar Lars Janér nas tarefas estratégicas e
Hired in 1959 to help Lars Janér in strategic and administrative tasks, Octávio Gabizo de Faria – who today remains the company director – fitted in perfectly with the spirit of T. Janér, which acted boldly in the market for advanced technology products.
– encaixou-se perfeitamente no espírito da T. Janér, que atuava com ousadia no mercado de produtos de tecnologia avançada.
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T. Janér
80 anos
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O assassinato do major da aeronáutica Rubens Vaz, com um tiro aparentemente disparado para atingir Carlos Lacerda, dono da Tribuna de Imprensa e o mais agressivo opositor do governo, detonou a fase final da crise que levaria Vargas ao suicídio e o Brasil a dividir-se em torno da Carta-Testamento deixada por ele. O cadáver ainda jazia sobre a cama do quarto principal do palácio quando a Última Hora lançou uma edição extra para noticiar a morte do presidente:
“Matou-se Vargas:
o presidente cumpriu a palavra! ‘Só morto sairei do Catete!’”
Naquela época, até por muito menos os editores das primeiras páginas salpicavam pontos de exclamação nas manchetes. Nos anos 50, e por mais duas décadas, a T. Janér atingiu um nível de grande especialização em outro tipo de atividade, além do fornecimento de papel e equipamento gráfico: a perfuração de poços – profundos ou artesianos. Ainda há muitas pessoas, principalmente no interior, que até hoje identificam a empresa com este serviço. A T. Janér chegou a abrir uma filial em Belo Horizonte especialmente para atender à Vale do Rio Doce na pesquisa e prospecção de minério de ferro. Com as duas primeiras sondas, adquiridas em 1946, até às 53 perfuratrizes em atividade em 1972, a T. Janér perfurou
The murder of Major Rubens Vaz by a shot apparently fired at Carlos Lacerda, owner of the Tribuna de Imprensa and the government ’s most aggressive opponent, triggered the final phase of the crisis, which led Vargas to commit suicide and Brazil to become divided over the Will he left behind. His corpse was still strewn on the bed in the palace's main bedroom when the Última Hora published an extra edition to report the President’s death: “Vargas has killed himself: The President is true to his word! ‘I’ll leave Catete Palace over my dead body!’” During this period, the front page editors would litter the headlines with exclamation marks for far less. In the 1950s, and for two more decades, T. Janér reached a level of high specialization in another type of activity in addition to the supply of paper and graphic equipment: well drilling – deep or artesian wells. Many people, especially abroad, still identify the company with this service. T. Janér even opened a branch in Belo Horizonte especially to provide support to the Vale do Rio Doce company for research and exploration in iron mining. Starting with the first two drills, purchased in 1946, to the 53 drilling machines in use in 1972, T. Janér drilled 6,322 deep wells across Brazil and in at least three other countries – Bolivia, Uruguay and Mauritania.
6.322 poços profundos em todo o Brasil e em pelo menos três outros países – Bolívia, Uruguai e Mauritânia. Importante na história da T. Janér, a Suécia ganhou um lugar no coração de todos os brasileiros em 1958, quando o Brasil conquistou a Copa do
An indispensable part of T. Janér’s history, Sweden gained a place in the heart of all Brazilians in 1958, when Brazil won the football World Cup in the country, itself won over and enchanted by the dribbles of one Mané Garrincha.
Mundo de futebol naquele país, que se curvou, encantado, aos dribles de Cia. T. Janér, Comércio e Indústria. Departamento de Hidrogeologia. Total de poços perfurados. Livreto Água subterrânea.
um Mané – o Garrincha.
Cia. T. Janér, Comércio e Indústria. Hydrogeology Department. Total number of wells drilled. Booklet Underground Water.
de administração, Octávio Gabizo de Faria – até hoje diretor da empresa
Contratado em 1959 para auxiliar Lars Janér nas tarefas estratégicas e
Hired in 1959 to help Lars Janér in strategic and administrative tasks, Octávio Gabizo de Faria – who today remains the company director – fitted in perfectly with the spirit of T. Janér, which acted boldly in the market for advanced technology products.
– encaixou-se perfeitamente no espírito da T. Janér, que atuava com ousadia no mercado de produtos de tecnologia avançada.
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T. Janér
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Quando a Amazônia precisou de motores de popa para as embarcações que
When Amazonia needed outboard motors for the boats navigating its rivers, T. Janér started to sell the Archimedes motors, light and reliable, and provided a leap forward in river navigation in the region.
singravam seus rios, a T. Janér passou a vender os motores Archimedes, leves e confiáveis, e promoveu um salto na navegação fluvial da região.
Helping to ease the suffering caused by droughts in the Northeast, T. Janér transferred to the region the deep well drilling technology used in the rest of the country and, at Sudene’s request, brought water to populations who had never experienced an abundance of this natural wealth.
Para amenizar o sofrimento com a seca no Nordeste, a T. Janér transferiu para a região a tecnologia de perfuração de poços profundos que aplicava no resto do país e, a pedido da Sudene, levou água a populações que nunca tinham convivido com a abundância desta riqueza.
This was the spirit of T. Janér in the 1950s and 60s. It was also the spirit of Brazil during a period that would come to be indelibly stamped by the daring of Juscelino Kubitschek. JK took office on January 31, 1956 with the mandate to govern a country with 60 million inhabitants and enormous ambitions, immediately translated into his Plan of Targets, which announced “50 years of progress in five years of government.” The model of development inaugurated by Getúlio Vargas reached its fulfillment with JK. Industrial production grew 80% during his government, while Brazil’s growth rate was an astonishing 7% per year. Simultaneously to the development of national industry, the economic project also stimulated the entry of foreign capital into the country. Brazil was doing whatever was needed for growth and T. Janér moved at the same pace.
Este era o espírito da T. Janér entre os anos de 1950 e 1960. Era também este o espírito do Brasil naquela época que viria a ser marcada pela ousadia de Juscelino Kubitschek. JK tomou posse em 31 de janeiro de 1956, para governar um país com 60 milhões de habitantes e enormes ambições, logo traduzidas pelo seu Plano de Metas que anunciava “50 anos de progresso em cinco anos de governo”. O modelo de desenvolvimento inaugurado por Getúlio Vargas atingia a sua plenitude com JK. A produção industrial cresceu 80% durante o seu governo e a taxa de crescimento do país foi de espantosos 7% ao ano. Simultaneamente ao desenvolvimento da indústria nacional, o projeto econômico incentivava também a entrada no país de capitais externos. O Brasil fazia o que fosse preciso para crescer, e a T. Janér acompanhava o mesmo ritmo. À euforia dos Anos JK se seguiu um novo e prolongado período de incertezas políticas e econômicas. No setor gráfico, o Brasil também passava por uma fase agitada, com a chegada ao país de um sistema de impressão cuja evolução já vinha sendo testada no mundo desde a década de 1940: o offset, uma das maiores revoluções tecnológicas da história da imprensa. A T. Janér embarcou nesta novidade com tanto ímpeto, que, nas décadas de 1960 e 1970, como representante exclusiva da empresa americana Goss, vendeu equipamentos de impressão em offset para 80% dos jornais brasileiros. Ao mesmo tempo, estreitou os laços de parceria com a maior fábrica brasileira de papel – a Klabin.
Lars Janér no armazém de aço da empresa. Rio de Janeiro, década de 1950. Foto de Georg Oddner. Acervo família Janér.
The euphoria of the JK years was followed by a new and prolonged period of political and economic uncertainty. Brazil was also going through a turbulent phase in the graphics sector with the arrival of a printing system which had already been tested in other parts of the world since the 1940s: offset, one of the biggest technological revolutions in the history of printing. T. Janér embarked on this novelty with such impetus that, in the 1960s and 70s, as the exclusive representative of the American company Goss, it sold offset printing equipment to 80% of the Brazilian newspapers. At the same time, it strengthened its partnership with the largest manufacturer of Brazilian paper – Klabin.
Lars Janér at the company’s steel warehouse. Rio de Janeiro, decade of the 1950s. Photo by Georg Oddner. Janér family archives.
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T. Janér
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Quando a Amazônia precisou de motores de popa para as embarcações que
When Amazonia needed outboard motors for the boats navigating its rivers, T. Janér started to sell the Archimedes motors, light and reliable, and provided a leap forward in river navigation in the region.
singravam seus rios, a T. Janér passou a vender os motores Archimedes, leves e confiáveis, e promoveu um salto na navegação fluvial da região.
Helping to ease the suffering caused by droughts in the Northeast, T. Janér transferred to the region the deep well drilling technology used in the rest of the country and, at Sudene’s request, brought water to populations who had never experienced an abundance of this natural wealth.
Para amenizar o sofrimento com a seca no Nordeste, a T. Janér transferiu para a região a tecnologia de perfuração de poços profundos que aplicava no resto do país e, a pedido da Sudene, levou água a populações que nunca tinham convivido com a abundância desta riqueza.
This was the spirit of T. Janér in the 1950s and 60s. It was also the spirit of Brazil during a period that would come to be indelibly stamped by the daring of Juscelino Kubitschek. JK took office on January 31, 1956 with the mandate to govern a country with 60 million inhabitants and enormous ambitions, immediately translated into his Plan of Targets, which announced “50 years of progress in five years of government.” The model of development inaugurated by Getúlio Vargas reached its fulfillment with JK. Industrial production grew 80% during his government, while Brazil’s growth rate was an astonishing 7% per year. Simultaneously to the development of national industry, the economic project also stimulated the entry of foreign capital into the country. Brazil was doing whatever was needed for growth and T. Janér moved at the same pace.
Este era o espírito da T. Janér entre os anos de 1950 e 1960. Era também este o espírito do Brasil naquela época que viria a ser marcada pela ousadia de Juscelino Kubitschek. JK tomou posse em 31 de janeiro de 1956, para governar um país com 60 milhões de habitantes e enormes ambições, logo traduzidas pelo seu Plano de Metas que anunciava “50 anos de progresso em cinco anos de governo”. O modelo de desenvolvimento inaugurado por Getúlio Vargas atingia a sua plenitude com JK. A produção industrial cresceu 80% durante o seu governo e a taxa de crescimento do país foi de espantosos 7% ao ano. Simultaneamente ao desenvolvimento da indústria nacional, o projeto econômico incentivava também a entrada no país de capitais externos. O Brasil fazia o que fosse preciso para crescer, e a T. Janér acompanhava o mesmo ritmo. À euforia dos Anos JK se seguiu um novo e prolongado período de incertezas políticas e econômicas. No setor gráfico, o Brasil também passava por uma fase agitada, com a chegada ao país de um sistema de impressão cuja evolução já vinha sendo testada no mundo desde a década de 1940: o offset, uma das maiores revoluções tecnológicas da história da imprensa. A T. Janér embarcou nesta novidade com tanto ímpeto, que, nas décadas de 1960 e 1970, como representante exclusiva da empresa americana Goss, vendeu equipamentos de impressão em offset para 80% dos jornais brasileiros. Ao mesmo tempo, estreitou os laços de parceria com a maior fábrica brasileira de papel – a Klabin.
Lars Janér no armazém de aço da empresa. Rio de Janeiro, década de 1950. Foto de Georg Oddner. Acervo família Janér.
The euphoria of the JK years was followed by a new and prolonged period of political and economic uncertainty. Brazil was also going through a turbulent phase in the graphics sector with the arrival of a printing system which had already been tested in other parts of the world since the 1940s: offset, one of the biggest technological revolutions in the history of printing. T. Janér embarked on this novelty with such impetus that, in the 1960s and 70s, as the exclusive representative of the American company Goss, it sold offset printing equipment to 80% of the Brazilian newspapers. At the same time, it strengthened its partnership with the largest manufacturer of Brazilian paper – Klabin.
Lars Janér at the company’s steel warehouse. Rio de Janeiro, decade of the 1950s. Photo by Georg Oddner. Janér family archives.
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T. Janér
80 anos
83
Matéria com o título “Poços artesianos dão nova fé aos sertanejos de São João do Piauí”. Correio da Manhã, 23 de março de 1963.
Bobina de papel de imprensa da Klabin comercializado pela T. Janér. Curitiba, Paraná, década de 1950.
Article entitled “Artesian wells give new hope to dwellers of the sertão in João do Piauí”. Correio da Manhã, March 23, 1963.
Klabin newsprint spool, sold by T. Janér. Curitiba, Paraná, decade of the 1950s.
Matéria com o título “Poços artesianos dão nova fé aos sertanejos de São João do Piauí”. Correio da Manhã, 23 de março de 1963.
Bobina de papel de imprensa da Klabin comercializado pela T. Janér. Curitiba, Paraná, década de 1950.
Article entitled “Artesian wells give new hope to dwellers of the sertão in João do Piauí”. Correio da Manhã, March 23, 1963.
Klabin newsprint spool, sold by T. Janér. Curitiba, Paraná, decade of the 1950s.
1960
1962
1967
Décadas de 1960 e 1970
Decades of the 1960s and 1970s
T. Janér controla 80% do mercado de vendas de equipamentos de impressão em offset e estreita laços com a Klabin, a maior fábrica brasileira de papel. T. Janér controls 80% of the offset printing equipment market and strengthens ties with Klabin, the largest Brazilian paper manufacturer.
1962
Advento da rotativa offset para impressão de jornal.
Advent of the offset press for printing newspapers.
1964
Castelo Branco toma posse como presidente da República.
Castelo Branco is sworn in as President of the Republic.
1960
Jânio Quadros é eleito presidente.
Jânio Quadros is elected President.
1965
Reforma monetária institui o Cruzeiro Novo. Monetary reform institutes the new cruzeiro.
1961
João Goulart toma posse após a renúncia de Jânio, com Tancredo Neves como primeiro-ministro.
João Goulart is sworn in after the resignation of Jânio, with Tancredo Neves as prime minister.
1967
1967
Costa e Silva toma posse. Costa e Silva is sworn in.
Lars Janér recebe a comenda da Ordem de Wasa. Lars Janér receives the Order of Wasa.
Lars Janér recebe a comenda da Ordem de Wasa das mãos do embaixador da Suécia no Brasil. Rio de Janeiro, 15 de julho de 1967. Acervo família Janér. Lars Janér receives the Order of Wasa medal from the hands of the Swedish Ambassador to Brazil. Rio de Janeiro, July 15, 1967. Janér family archives.
86
T. Janér
80 anos
87
1960
1962
1967
Décadas de 1960 e 1970
Decades of the 1960s and 1970s
T. Janér controla 80% do mercado de vendas de equipamentos de impressão em offset e estreita laços com a Klabin, a maior fábrica brasileira de papel. T. Janér controls 80% of the offset printing equipment market and strengthens ties with Klabin, the largest Brazilian paper manufacturer.
1962
Advento da rotativa offset para impressão de jornal.
Advent of the offset press for printing newspapers.
1964
Castelo Branco toma posse como presidente da República.
Castelo Branco is sworn in as President of the Republic.
1960
Jânio Quadros é eleito presidente.
Jânio Quadros is elected President.
1965
Reforma monetária institui o Cruzeiro Novo. Monetary reform institutes the new cruzeiro.
1961
João Goulart toma posse após a renúncia de Jânio, com Tancredo Neves como primeiro-ministro.
João Goulart is sworn in after the resignation of Jânio, with Tancredo Neves as prime minister.
1967
1967
Costa e Silva toma posse. Costa e Silva is sworn in.
Lars Janér recebe a comenda da Ordem de Wasa. Lars Janér receives the Order of Wasa.
Lars Janér recebe a comenda da Ordem de Wasa das mãos do embaixador da Suécia no Brasil. Rio de Janeiro, 15 de julho de 1967. Acervo família Janér. Lars Janér receives the Order of Wasa medal from the hands of the Swedish Ambassador to Brazil. Rio de Janeiro, July 15, 1967. Janér family archives.
86
T. Janér
80 anos
87
1969
1974
1978
1969
A alta oficialidade das três armas escolhe como presidente o general Emílio Garrastazu Médici. The top officers of the three armed forces choose Gen. Emílio Garrastazu Médici as president.
1974
A empresa se transfere para a Rua Fonseca Teles, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. The company moves to Rua Fonseca Teles, in São Cristóvão, Rio de Janeiro.
1974
Década de 1970 Decades of the 1960s and 1970s
O general Ernesto Geisel assume a presidência.
Consolidação da expansão da T. Janér. Além de ampliar o fornecimento de rotativas offset, importa e comercializa equipamentos de fotorreprodução para confecção de títulos e desempenha papel decisivo na descoberta da jazida de Carajás.
Gen. Ernesto Geisel takes over the presidency of Brazil.
Consolidation of the expansion of T. Janér. Besides increasing the supply of offset presses, the company imports and sells equipment for photo reproduction of headlines and plays a decisive role in the discovery of iron ore at Carajás.
1975
Realiza-se a 1 ª Semana de Artes Gráficas.
The first Graphic Arts Week is held.
1978
Eleição indireta leva à presidência o general João Figueiredo. Indirect election elevates Gen. João Figueiredo to the presidency.
Final da década de 1970 e início da década de 1980 End of the 1970s and beginning of the decade of the 1980s
Sala da diretoria da T. Janér à Rua Fonseca Teles. The T. Janér board room, located at Rua Fonseca Teles.
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T. Janér
80 anos
89
1969
1974
1978
1969
A alta oficialidade das três armas escolhe como presidente o general Emílio Garrastazu Médici. The top officers of the three armed forces choose Gen. Emílio Garrastazu Médici as president.
1974
A empresa se transfere para a Rua Fonseca Teles, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. The company moves to Rua Fonseca Teles, in São Cristóvão, Rio de Janeiro.
1974
Década de 1970 Decades of the 1960s and 1970s
O general Ernesto Geisel assume a presidência.
Consolidação da expansão da T. Janér. Além de ampliar o fornecimento de rotativas offset, importa e comercializa equipamentos de fotorreprodução para confecção de títulos e desempenha papel decisivo na descoberta da jazida de Carajás.
Gen. Ernesto Geisel takes over the presidency of Brazil.
Consolidation of the expansion of T. Janér. Besides increasing the supply of offset presses, the company imports and sells equipment for photo reproduction of headlines and plays a decisive role in the discovery of iron ore at Carajás.
1975
Realiza-se a 1 ª Semana de Artes Gráficas.
The first Graphic Arts Week is held.
1978
Eleição indireta leva à presidência o general João Figueiredo. Indirect election elevates Gen. João Figueiredo to the presidency.
Final da década de 1970 e início da década de 1980 End of the 1970s and beginning of the decade of the 1980s
Sala da diretoria da T. Janér à Rua Fonseca Teles. The T. Janér board room, located at Rua Fonseca Teles.
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T. Janér
80 anos
89
É bem verdade que no início da década de 1960 a política e a economia do país não ajudaram e, mais uma vez, foi preciso dançar no ritmo que a realidade impunha. Eleito presidente da República com esmagadora votação, Jânio Quadros sentiu-se acuado por um Congresso que lhe negava apoio e renunciou sete meses depois, jogando o país numa crise que culminaria com o golpe militar de 1964. O período que antecedeu o movimento militar foi marcado por grande indefinição. João Goulart, vice de Jânio, só tomou posse porque aceitou a imposição do parlamentarismo. Acabou por reconquistar o direito à presidência depois de um plebiscito, mas daí em diante já não controlava o país, e, a pretexto de pôr fim à radicalização política e impedir uma revolução socialista, os militares tomaram o poder e permaneceram no comando da Nação por mais de duas décadas.
O governo Castelo Branco preocupou-se mais com a criação de um dispositivo legal para sustentar o novo regime do que com a economia. Seu sucessor, Costa e Silva, ao mesmo tempo em que se dedicava a consolidar o fechamento político, abria a economia para um período de crescimento, tentando conciliar expansão industrial, facilidade de crédito e controle da inflação.
True enough, the politics and economy of the country at the start of the 1960s did not help and, once again, it was necessary to dance to the rhythm set by reality. Elected President of the Republic with a landslide vote, Jânio Quadros felt cornered by a Congress which denied him support and he resigned seven months later, throwing the country into a crisis which culminated with the 1964 military coup. The period in the run-up to the military takeover was marked by a high degree of uncertainty. João Goulart, Jânio’s vice, only took office because he accepted the imposition of parliamentarism. He ended up reconquering the right to the Presidency through a plebiscite, but from then on he lacked control of the country and, on the pretext of putting an end to political radicalization and preventing a socialist revolution, the military seized power and remained in control of the nation for more than two decades.
The Castello Branco government was more concerned with creating a legal device to sustain the new regime than with the economy. His successor, Costa e Silva, while taking steps to consolidate the political clampdown, opened the economy to a period of growth, attempting to reconcile industrial expansion, access to loans and control of inflation.
Inauguração de Furnas. O presidente Castelo Branco descerra a placa comemorativa do início das obras da Usina Hidrelétrica de Estreito, cujas turbinas foram fornecidas pela T. Janér. 13 de maio de 1965. Jornal do Commercio. Inauguration of Furnas. President Castelo Branco uncovers the commemorative plaque symbolizing the beginning of the construction of the Estreito Hydroelectric Plant project, whose turbines were supplied by T. Janér. May 13, 1965, Jornal do Commercio.
90
T. Janér
80 anos
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É bem verdade que no início da década de 1960 a política e a economia do país não ajudaram e, mais uma vez, foi preciso dançar no ritmo que a realidade impunha. Eleito presidente da República com esmagadora votação, Jânio Quadros sentiu-se acuado por um Congresso que lhe negava apoio e renunciou sete meses depois, jogando o país numa crise que culminaria com o golpe militar de 1964. O período que antecedeu o movimento militar foi marcado por grande indefinição. João Goulart, vice de Jânio, só tomou posse porque aceitou a imposição do parlamentarismo. Acabou por reconquistar o direito à presidência depois de um plebiscito, mas daí em diante já não controlava o país, e, a pretexto de pôr fim à radicalização política e impedir uma revolução socialista, os militares tomaram o poder e permaneceram no comando da Nação por mais de duas décadas.
O governo Castelo Branco preocupou-se mais com a criação de um dispositivo legal para sustentar o novo regime do que com a economia. Seu sucessor, Costa e Silva, ao mesmo tempo em que se dedicava a consolidar o fechamento político, abria a economia para um período de crescimento, tentando conciliar expansão industrial, facilidade de crédito e controle da inflação.
True enough, the politics and economy of the country at the start of the 1960s did not help and, once again, it was necessary to dance to the rhythm set by reality. Elected President of the Republic with a landslide vote, Jânio Quadros felt cornered by a Congress which denied him support and he resigned seven months later, throwing the country into a crisis which culminated with the 1964 military coup. The period in the run-up to the military takeover was marked by a high degree of uncertainty. João Goulart, Jânio’s vice, only took office because he accepted the imposition of parliamentarism. He ended up reconquering the right to the Presidency through a plebiscite, but from then on he lacked control of the country and, on the pretext of putting an end to political radicalization and preventing a socialist revolution, the military seized power and remained in control of the nation for more than two decades.
The Castello Branco government was more concerned with creating a legal device to sustain the new regime than with the economy. His successor, Costa e Silva, while taking steps to consolidate the political clampdown, opened the economy to a period of growth, attempting to reconcile industrial expansion, access to loans and control of inflation.
Inauguração de Furnas. O presidente Castelo Branco descerra a placa comemorativa do início das obras da Usina Hidrelétrica de Estreito, cujas turbinas foram fornecidas pela T. Janér. 13 de maio de 1965. Jornal do Commercio. Inauguration of Furnas. President Castelo Branco uncovers the commemorative plaque symbolizing the beginning of the construction of the Estreito Hydroelectric Plant project, whose turbines were supplied by T. Janér. May 13, 1965, Jornal do Commercio.
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T. Janér
80 anos
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Trabalhos de prospecção de água na Mauritânia, 1976/1977.
Nos primeiros anos do regime militar, o Brasil viveu alguns paradoxos:
Water prospecting carried out by T. Janér in Mauritânia, 1976/1977.
quanto mais o governo cerceava a liberdade de expressão, mais numerosos eram os atos de protesto nas ruas; quanto mais severamente a imprensa era censurada, mais aumentavam as tiragens e, ao mesmo tempo, tomava corpo a chamada “imprensa alternativa”, de jornais como Opinião, Movimento, Repórter e, gigante entre os nanicos, O Pasquim. Ganhava espaço, também, a luta armada contra o regime, deliberadamente superestimada pelo governo e amplificada pela imprensa. A situação política se tornou ainda mais difícil depois da posse na presidência de Emílio Garrastazu Médici, mas o modelo econômico atingiu, nesse mesmo período, o auge de sua euforia. Ao mesmo tempo em que a repressão política recrudescia, produzia-se o “milagre brasileiro” da multiplicação do PIB, que cresceu entre 1967 e 1971 a uma média de 8,8% ao ano. Apoiado numa conjuntura externa favorável, o Brasil promovia a expansão da indústria, do emprego e do mercado interno. Atingia, contudo, uma das mais acentuadas concentrações de renda da história, o que levou Médici a afirmar, em discurso:
“A economia vai bem, mas o povo vai mal.” A década de 1970 consolidou a expansão da T. Janér. A empresa ampliou o fornecimento de rotativas offset da americana Goss e passou a importar e fornecer equipamentos de fotorreprodução para confecção de títulos – as chamadas tituleiras –, contribuindo assim para a modernização da imprensa brasileira. Paralelamente, a T. Janér teve atuação decisiva na descoberta da jazida de Carajás, a maior reserva brasileira de minério de ferro, prestando serviços de perfuração e pesquisa para a US Steel Corporation, e se encarregou da perfuração de poços profundos na Mauritânia, no noroeste da África,
In the first years of the military regime, Brazil lived through a number of paradoxes: the more the government restricted freedom of expression, the more numerous were the protests in the streets; the more severe the press was censured, the more copies were printed while, at the same time, the so-called ‘alternative press’ expanded with newspapers such as Opinião, Movimento, Repórter and, a giant among pygmies, O Pasquim. The armed struggle against the regime also acquired news space, deliberately overestimated by the government and amplified by the press. The political situation became even more difficult after Emílio Garrastazu Médici took over the Presidency, yet the economic model reached the peak of its euphoria in this same period. At the same time as political repression intensified, the ‘Brazilian miracle’ was produced with the multiplication of the GDP, which grew an average of 8.8% per year between 1967 and 1971. Supported by a favorable international setting, Brazil promoted the expansion of industry, employment and the domestic market. However, it also registered one of the severest income concentrations in its history, which led Médici to proclaim in a speech:
— The economy is doing well, but the people are doing poorly. The 1970s consolidated the expansion of T. Janér. The company increased the supply of offset presses from the American Goss and began to import and supply photo reproduction equipment for making headlines – known locally as “tituleiras” – thereby contributing to the modernization of the Brazilian press. In parallel, it had a decisive role in the discovery of the Carajás deposit, the largest Brazilian deposit of iron ore, providing drilling and research services for the US Steel Corporation. Hired by the contractor Mendes Júnior, T. Janér assumed the task of drilling deep wells in Mauritania, in the Northeast of Africa.
contratada pela empreiteira Mendes Júnior.
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T. Janér
80 anos
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Trabalhos de prospecção de água na Mauritânia, 1976/1977.
Nos primeiros anos do regime militar, o Brasil viveu alguns paradoxos:
Water prospecting carried out by T. Janér in Mauritânia, 1976/1977.
quanto mais o governo cerceava a liberdade de expressão, mais numerosos eram os atos de protesto nas ruas; quanto mais severamente a imprensa era censurada, mais aumentavam as tiragens e, ao mesmo tempo, tomava corpo a chamada “imprensa alternativa”, de jornais como Opinião, Movimento, Repórter e, gigante entre os nanicos, O Pasquim. Ganhava espaço, também, a luta armada contra o regime, deliberadamente superestimada pelo governo e amplificada pela imprensa. A situação política se tornou ainda mais difícil depois da posse na presidência de Emílio Garrastazu Médici, mas o modelo econômico atingiu, nesse mesmo período, o auge de sua euforia. Ao mesmo tempo em que a repressão política recrudescia, produzia-se o “milagre brasileiro” da multiplicação do PIB, que cresceu entre 1967 e 1971 a uma média de 8,8% ao ano. Apoiado numa conjuntura externa favorável, o Brasil promovia a expansão da indústria, do emprego e do mercado interno. Atingia, contudo, uma das mais acentuadas concentrações de renda da história, o que levou Médici a afirmar, em discurso:
“A economia vai bem, mas o povo vai mal.” A década de 1970 consolidou a expansão da T. Janér. A empresa ampliou o fornecimento de rotativas offset da americana Goss e passou a importar e fornecer equipamentos de fotorreprodução para confecção de títulos – as chamadas tituleiras –, contribuindo assim para a modernização da imprensa brasileira. Paralelamente, a T. Janér teve atuação decisiva na descoberta da jazida de Carajás, a maior reserva brasileira de minério de ferro, prestando serviços de perfuração e pesquisa para a US Steel Corporation, e se encarregou da perfuração de poços profundos na Mauritânia, no noroeste da África,
In the first years of the military regime, Brazil lived through a number of paradoxes: the more the government restricted freedom of expression, the more numerous were the protests in the streets; the more severe the press was censured, the more copies were printed while, at the same time, the so-called ‘alternative press’ expanded with newspapers such as Opinião, Movimento, Repórter and, a giant among pygmies, O Pasquim. The armed struggle against the regime also acquired news space, deliberately overestimated by the government and amplified by the press. The political situation became even more difficult after Emílio Garrastazu Médici took over the Presidency, yet the economic model reached the peak of its euphoria in this same period. At the same time as political repression intensified, the ‘Brazilian miracle’ was produced with the multiplication of the GDP, which grew an average of 8.8% per year between 1967 and 1971. Supported by a favorable international setting, Brazil promoted the expansion of industry, employment and the domestic market. However, it also registered one of the severest income concentrations in its history, which led Médici to proclaim in a speech:
— The economy is doing well, but the people are doing poorly. The 1970s consolidated the expansion of T. Janér. The company increased the supply of offset presses from the American Goss and began to import and supply photo reproduction equipment for making headlines – known locally as “tituleiras” – thereby contributing to the modernization of the Brazilian press. In parallel, it had a decisive role in the discovery of the Carajás deposit, the largest Brazilian deposit of iron ore, providing drilling and research services for the US Steel Corporation. Hired by the contractor Mendes Júnior, T. Janér assumed the task of drilling deep wells in Mauritania, in the Northeast of Africa.
contratada pela empreiteira Mendes Júnior.
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T. Janér
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Calças boca-de-sino, cabeleiras fartas e despenteadas, rock progressivo e tropicalismo estavam na moda e eram adotados por muitos jovens dos anos 70. A juventude brasileira oscilava entre o “paz e amor” dos hippies e hipongas e o “guerra é guerra” dos militantes políticos. Na segunda
Máquina Solna 225 no stand da T. Janér no 5 º Salão Internacional de Artes Gráficas, Papel e Celulose. Parque Anhembi, São Paulo, 19 a 25 de março de 1973. Solna 225 machine at the T. Janér stand during the 5th International Graphic Arts, Paper and Pulp Exhibition Salon. Parque Anhembi, São Paulo, March 19-25, 1973.
metade da década, a “distensão lenta, gradual e segura” do presidente Ernesto Geisel, empossado em 1974, sinalizava a preparação do regime para o restabelecimento da democracia. Para os oposicionistas, o gradualismo foi excessivo, marcado por marchas e contramarchas, idas e vindas. Dentro do regime travava-se uma luta surda e ferrenha entre os liberais e os partidários da linha-dura.
Na T. Janér, os anos 70 representaram um período de desenvolvimento. A empresa associou-se à Solna para a instalação de uma fábrica de impressoras offset em São Paulo — que chegou a comercializar mais de quinhentas unidades até a década de 1980 — e, na mesma época, concluiu o processo de abertura de capital, colocando ações da empresa em Bolsa. Os títulos da empresa foram muito bem negociados na Bovespa durante 15 anos, até o fechamento do seu capital.
Bell-bottom pants, long and unkempt hair, progressive rock and tropicalism were fashionable and adopted by many young people in the 1970s. The Brazilian youth oscillated between the ‘love and peace’ of the hippies and the 'war is war' of the political militants. In the second half of the decade, the ‘slow, gradual and safe relaxation' of President Ernesto Geisel, who came to power in 1974, signaled the regime’s growing readiness to re-establish democracy. For oppositionists, the gradualism was excessive, marked by an endless series of advances and reversals. Within the regime, there was a silent and ferocious struggle between the liberals and hard-liners.
For T. Janér, the 1970s represented a period of development (or maturing?) The company associated itself with Solna, which it represented, to set up an offset press manufacturing plant in São Paulo — which eventually sold more than 500 units through to the decade of the 1980s — and at the same time concluded the process for opening up of the company’s capital, listing its shares on the Stock Market. The company’s shares traded well on the Bovespa for 15 years, until it closed its capital.
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T. Janér
Calças boca-de-sino, cabeleiras fartas e despenteadas, rock progressivo e tropicalismo estavam na moda e eram adotados por muitos jovens dos anos 70. A juventude brasileira oscilava entre o “paz e amor” dos hippies e hipongas e o “guerra é guerra” dos militantes políticos. Na segunda
Máquina Solna 225 no stand da T. Janér no 5 º Salão Internacional de Artes Gráficas, Papel e Celulose. Parque Anhembi, São Paulo, 19 a 25 de março de 1973. Solna 225 machine at the T. Janér stand during the 5th International Graphic Arts, Paper and Pulp Exhibition Salon. Parque Anhembi, São Paulo, March 19-25, 1973.
metade da década, a “distensão lenta, gradual e segura” do presidente Ernesto Geisel, empossado em 1974, sinalizava a preparação do regime para o restabelecimento da democracia. Para os oposicionistas, o gradualismo foi excessivo, marcado por marchas e contramarchas, idas e vindas. Dentro do regime travava-se uma luta surda e ferrenha entre os liberais e os partidários da linha-dura.
Na T. Janér, os anos 70 representaram um período de desenvolvimento. A empresa associou-se à Solna para a instalação de uma fábrica de impressoras offset em São Paulo — que chegou a comercializar mais de quinhentas unidades até a década de 1980 — e, na mesma época, concluiu o processo de abertura de capital, colocando ações da empresa em Bolsa. Os títulos da empresa foram muito bem negociados na Bovespa durante 15 anos, até o fechamento do seu capital.
Bell-bottom pants, long and unkempt hair, progressive rock and tropicalism were fashionable and adopted by many young people in the 1970s. The Brazilian youth oscillated between the ‘love and peace’ of the hippies and the 'war is war' of the political militants. In the second half of the decade, the ‘slow, gradual and safe relaxation' of President Ernesto Geisel, who came to power in 1974, signaled the regime’s growing readiness to re-establish democracy. For oppositionists, the gradualism was excessive, marked by an endless series of advances and reversals. Within the regime, there was a silent and ferocious struggle between the liberals and hard-liners.
For T. Janér, the 1970s represented a period of development (or maturing?) The company associated itself with Solna, which it represented, to set up an offset press manufacturing plant in São Paulo — which eventually sold more than 500 units through to the decade of the 1980s — and at the same time concluded the process for opening up of the company’s capital, listing its shares on the Stock Market. The company’s shares traded well on the Bovespa for 15 years, until it closed its capital.
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T. Janér
Sede da T. Janér
T. Janér’s headquarters
1972 a 2001 Fachada da sede da Cia. T. Janér, à Rua Fonseca Teles, 18, São Cristóvão. Rio de Janeiro, década de 1970. Façade of Cia. T. Janér headquarters, located at Rua Fonseca Teles, 18, São Cristóvão. Rio de Janeiro, decade of the 1970s.
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T. Janér
Sede da T. Janér
T. Janér’s headquarters
1972 a 2001 Fachada da sede da Cia. T. Janér, à Rua Fonseca Teles, 18, São Cristóvão. Rio de Janeiro, década de 1970. Façade of Cia. T. Janér headquarters, located at Rua Fonseca Teles, 18, São Cristóvão. Rio de Janeiro, decade of the 1970s.
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T. Janér
Mas a década chegava ao fim e na economia tinha início a era das más notícias. À euforia do milagre sucedeu-se um longo e tenebroso período de dificuldades: crise internacional do petróleo, aumento da dívida externa, desequilíbrio da balança de pagamentos, crescimento da inflação e, já no governo seguinte, de João Batista Figueiredo, a assustadora estagflação – que, em bom economês, significa a aliança perversa da inflação de preços com a estagnação das atividades econômicas. No início da década de 1980 o Brasil ingressou numa era de sucessivos e raramente bem-sucedidos planos econômicos de emergência. Para a T. Janér – e de resto para a maioria das empresas brasileiras – a palavra de ordem mudou de expansão para otimização. Melhor ainda: foco no negócio principal. Sorte de quem tem na sua história uma competência fundamental à qual possa se agarrar nos momentos difíceis. A T. Janér, na década de 1980, redefiniu sua estratégia, voltando sua atuação exclusivamente para o campo da indústria gráfica. Não era pouca coisa para uma empresa que havia conquistado, nas décadas anteriores, a confiança de praticamente todos os clientes do setor. A T. Janér atravessou a chamada “década perdida” sem abrir mão de sua competitividade e se preparou, assim, para as décadas seguintes.
Stand da T. Janér, representante da MGD Graphic System, da Goss, no 5 º Salão Internacional de Artes Gráficas, Papel e Celulose. Parque Anhembi, São Paulo, 19 a 25 de março de 1973. Stand belonging to T. Janér, representative of the MGD Graphic System by Goss during the 5th International Graphic Arts, Paper and Pulp Exhibition Salon. Parque Anhembi, São Paulo, March 19-25, 1973.
98
T. Janér
But as the decade ended, the economy entered into an era of bad news. The euphoria of the Brazilian miracle was followed by a lengthy and gloomy period of problems: the international oil crisis, a rise in foreign debt, a balance of payments deficit, a rise in inflation and, in the following government of João Batista Figueiredo, the alarming phenomenon of stagflation – which in good economese, means the perverse alliance of price inflation and economic stagnation. At the start of the 1980s, Brazil entered an era of successive and rarely successful economic emergency plans. For T. Janér – and the majority of Brazilian companies – the buzz word shifted from expansion to streamlining. More precisely still: focus on the main business. Some companies are lucky enough to possess a core skill, allowing them to get through difficult times. T. Janér had this asset and, during the 1980s, redefined its strategy, focusing its activities exclusively on the graphics industry. This was no mean feat for a company that had gained the trust of practically all its clients in the sector over previous decades. T. Janer survived the so-called ‘lost decade’ without losing its competitiveness, thereby preparing it for the decades ahead.
80 anos
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Mas a década chegava ao fim e na economia tinha início a era das más notícias. À euforia do milagre sucedeu-se um longo e tenebroso período de dificuldades: crise internacional do petróleo, aumento da dívida externa, desequilíbrio da balança de pagamentos, crescimento da inflação e, já no governo seguinte, de João Batista Figueiredo, a assustadora estagflação – que, em bom economês, significa a aliança perversa da inflação de preços com a estagnação das atividades econômicas. No início da década de 1980 o Brasil ingressou numa era de sucessivos e raramente bem-sucedidos planos econômicos de emergência. Para a T. Janér – e de resto para a maioria das empresas brasileiras – a palavra de ordem mudou de expansão para otimização. Melhor ainda: foco no negócio principal. Sorte de quem tem na sua história uma competência fundamental à qual possa se agarrar nos momentos difíceis. A T. Janér, na década de 1980, redefiniu sua estratégia, voltando sua atuação exclusivamente para o campo da indústria gráfica. Não era pouca coisa para uma empresa que havia conquistado, nas décadas anteriores, a confiança de praticamente todos os clientes do setor. A T. Janér atravessou a chamada “década perdida” sem abrir mão de sua competitividade e se preparou, assim, para as décadas seguintes.
Stand da T. Janér, representante da MGD Graphic System, da Goss, no 5 º Salão Internacional de Artes Gráficas, Papel e Celulose. Parque Anhembi, São Paulo, 19 a 25 de março de 1973. Stand belonging to T. Janér, representative of the MGD Graphic System by Goss during the 5th International Graphic Arts, Paper and Pulp Exhibition Salon. Parque Anhembi, São Paulo, March 19-25, 1973.
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T. Janér
But as the decade ended, the economy entered into an era of bad news. The euphoria of the Brazilian miracle was followed by a lengthy and gloomy period of problems: the international oil crisis, a rise in foreign debt, a balance of payments deficit, a rise in inflation and, in the following government of João Batista Figueiredo, the alarming phenomenon of stagflation – which in good economese, means the perverse alliance of price inflation and economic stagnation. At the start of the 1980s, Brazil entered an era of successive and rarely successful economic emergency plans. For T. Janér – and the majority of Brazilian companies – the buzz word shifted from expansion to streamlining. More precisely still: focus on the main business. Some companies are lucky enough to possess a core skill, allowing them to get through difficult times. T. Janér had this asset and, during the 1980s, redefined its strategy, focusing its activities exclusively on the graphics industry. This was no mean feat for a company that had gained the trust of practically all its clients in the sector over previous decades. T. Janer survived the so-called ‘lost decade’ without losing its competitiveness, thereby preparing it for the decades ahead.
80 anos
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Diretoria da T. Janér em jantar comemorativo no IBGE. Da esquerda para a direita, Otávio Gabizo de Faria, Lars Janér, Philip Hime e Tor Janér. 1976. Tor e Lars Janér na década de 1980, vendo-se ao fundo o retrato de Tor Evald Janér. Tor and Lars Janér in the 1980s, with Tor Evald Janér picture seen on the background.
T. Janér’s executive board at an IBGE commemorative dinner. Left to right are Otávio Gabizo de Faria, Lars Janér, Philip Hime and Tor Janér. 1976.
Diretoria da T. Janér em jantar comemorativo no IBGE. Da esquerda para a direita, Otávio Gabizo de Faria, Lars Janér, Philip Hime e Tor Janér. 1976. Tor e Lars Janér na década de 1980, vendo-se ao fundo o retrato de Tor Evald Janér. Tor and Lars Janér in the 1980s, with Tor Evald Janér picture seen on the background.
T. Janér’s executive board at an IBGE commemorative dinner. Left to right are Otávio Gabizo de Faria, Lars Janér, Philip Hime and Tor Janér. 1976.
Sua estratégia foi perfeita. Além de um arcabouço democrático a ser reconstruído, o regime militar legou aos seus sucessores um modelo econômico fragilizado pelas crises interna e externa. Durante quase uma década, até a virada dos anos 90, os presidentes que se sucederam – José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique – gastaram o máximo de suas energias para exorcizar a crise econômica. Instaurou-se a dinastia dos planos econômicos, cujos resultados, como as manchetes de antigamente, merecem pontos de exclamação: • O Plano Cruzado não impediu que a inflação chegasse a 365% ao ano!
Its strategy was spot on. As well as democratic framework to be rebuilt, the military regime left its successors the legacy of an economic model weakened by internal and external crises. For almost a decade, until the turn of the 1990s, the succession of Presidents – José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco and Fernando Henrique – spent all their energies trying to exorcise the economic crisis. So began the dynasty of economic plans, whose results, like the headlines of yesteryear, deserve exclamation marks:
• O Plano Bresser legou uma inflação de 1.000% ao ano!! • E o Plano Verão nada conseguiu fazer para impedir que a inflação atingisse o recorde histórico de 1.764% ao ano!!!
• The Cruzado Plan failed to stop inflation reaching 365% per year! • The Bresser Plan passed on an inflation rate of 1,000% per year!!
Esse momento difícil de readaptação das empresas brasileiras em nome da preservação de conquistas atingiu duplamente a T. Janér. Em 1987 morria Lars, filho do fundador, e coube ao seu filho – Tor, como o avô – assumir a missão de enfrentar as dificuldades. Tor, que já havia se destacado na fase da diversificação, tinha agora que promover o oposto: reestruturar, enxugar, reduzir riscos – enfim, centrar o foco. Para a T. Janér, assim como para muitos empreendimentos brasileiros daquela época, readaptação era questão de sobrevivência. Mais por cansaço do que por medo, mais por esperança do que por desânimo, o Brasil apostou no sucessor de Sarney – Fernando Collor de Mello. Recebeu em troca mais dois planos econômicos que, embora tenham funcionado num primeiro momento à custa do sacrifício da poupança popular, acabaram do mesmo jeito dos anteriores: com a volta de inflação.
102
T. Janér
• And the Verão Plan was unable to prevent inflation rising to the historic record of 1,764% per year!!! This difficult moment for Brazilian companies trying to readapt themselves in the name of preserving their gains doubly impacted T. Janér. In 1987, Lars, son of the founder, died and it now was up to his son, Tor, as did his grandfather, to assume the mission of facing the difficulties. Tor already had distinguished himself during the diversification phase; now he had to do the opposite: restructure, trim, reduce risks — at the end of the day, narrow the focus. For T. Janér, as well as for many Brazilian undertakings of that moment in time, readaptation was a question of survival. More from exhaustion than fear, hope rather than disillusion, Brazil placed its faith in Sarney’s successor, Fernando Collor de Mello. In exchange, it received two more economic plans which. although working at first, at the cost of the population’s savings, ended up with the same fate as the previous ones: with the return of inflation.
Lars Janér na década de 1980. Lars Janér during the 1980s.
80 anos
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Sua estratégia foi perfeita. Além de um arcabouço democrático a ser reconstruído, o regime militar legou aos seus sucessores um modelo econômico fragilizado pelas crises interna e externa. Durante quase uma década, até a virada dos anos 90, os presidentes que se sucederam – José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique – gastaram o máximo de suas energias para exorcizar a crise econômica. Instaurou-se a dinastia dos planos econômicos, cujos resultados, como as manchetes de antigamente, merecem pontos de exclamação: • O Plano Cruzado não impediu que a inflação chegasse a 365% ao ano!
Its strategy was spot on. As well as democratic framework to be rebuilt, the military regime left its successors the legacy of an economic model weakened by internal and external crises. For almost a decade, until the turn of the 1990s, the succession of Presidents – José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco and Fernando Henrique – spent all their energies trying to exorcise the economic crisis. So began the dynasty of economic plans, whose results, like the headlines of yesteryear, deserve exclamation marks:
• O Plano Bresser legou uma inflação de 1.000% ao ano!! • E o Plano Verão nada conseguiu fazer para impedir que a inflação atingisse o recorde histórico de 1.764% ao ano!!!
• The Cruzado Plan failed to stop inflation reaching 365% per year! • The Bresser Plan passed on an inflation rate of 1,000% per year!!
Esse momento difícil de readaptação das empresas brasileiras em nome da preservação de conquistas atingiu duplamente a T. Janér. Em 1987 morria Lars, filho do fundador, e coube ao seu filho – Tor, como o avô – assumir a missão de enfrentar as dificuldades. Tor, que já havia se destacado na fase da diversificação, tinha agora que promover o oposto: reestruturar, enxugar, reduzir riscos – enfim, centrar o foco. Para a T. Janér, assim como para muitos empreendimentos brasileiros daquela época, readaptação era questão de sobrevivência. Mais por cansaço do que por medo, mais por esperança do que por desânimo, o Brasil apostou no sucessor de Sarney – Fernando Collor de Mello. Recebeu em troca mais dois planos econômicos que, embora tenham funcionado num primeiro momento à custa do sacrifício da poupança popular, acabaram do mesmo jeito dos anteriores: com a volta de inflação.
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T. Janér
• And the Verão Plan was unable to prevent inflation rising to the historic record of 1,764% per year!!! This difficult moment for Brazilian companies trying to readapt themselves in the name of preserving their gains doubly impacted T. Janér. In 1987, Lars, son of the founder, died and it now was up to his son, Tor, as did his grandfather, to assume the mission of facing the difficulties. Tor already had distinguished himself during the diversification phase; now he had to do the opposite: restructure, trim, reduce risks — at the end of the day, narrow the focus. For T. Janér, as well as for many Brazilian undertakings of that moment in time, readaptation was a question of survival. More from exhaustion than fear, hope rather than disillusion, Brazil placed its faith in Sarney’s successor, Fernando Collor de Mello. In exchange, it received two more economic plans which. although working at first, at the cost of the population’s savings, ended up with the same fate as the previous ones: with the return of inflation.
Lars Janér na década de 1980. Lars Janér during the 1980s.
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Com Itamar Franco, levado repentinamente a suceder Collor, e com o seu segundo ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, o país conheceu um novíssimo plano econômico – de todos, o mais profundo e eficiente. O Plano Real criou nova moeda, inflou-a com valorização ao nível do dólar, estabeleceu um único indexador para os preços, reduziu as alíquotas de importação, combateu duramente a psicologia da inflação, àquela altura arraigada na memória popular, e chegou a resultados inquestionáveis: a inflação despencou para índices de primeiro mundo e a atividade econômica voltou a crescer em níveis semelhantes aos do início da década de 1980. O esforço para atravessar a tempestade da década anterior, liderado por Tor Janér, acabou recompensado. A empresa não apenas se manteve firme como se expandiu. Focada na sua competência essencial, a T. Janér da “Era FH” mais uma vez cresceu junto com o país. Passou a representar com exclusividade no Brasil duas indústrias de ponta no setor gráfico – as fábricas japonesas Sakurai e Akiyama, sobre as quais assim se manifestou Octávio Gabizo de Faria:
“Duas novidades importantes no
mercado, duas referências em alta
Abruptly called in to succeed Collor, Itamar Franco, along with his second Treasury Minister, Fernando Henrique Cardoso, introduced Brazil to an all new economic plan – of all of them, the most profound and most efficient. The Real Plan created a new currency, inflated it with US dollar parity, established a single price indicator, reduced import tariffs, waged war on inflation psychology, at that point instilled in popular memory, and achieved unquestionable results: inflation was reduced to First World levels and economic activity returned to growth rates similar to those at the start of the 1980s. The effort to get through the tempest of the previous decade led by Tor Janér eventually paid off. The company not only remained firm, but also lifted itself up to new levels. Focused on its core skill, the T. Janér of the ‘FH Era’ once again grew with the country. It acquired exclusive representation in Brazil of two cutting edge graphic industries – the Japanese plants Sakurai and Akiyama, described by Octávio Gabizo de Faria as follows:
— Two important novelties in the market, two role models in high
technology printing, which can be
compared with the arrival of Japanese
cars in the Western automobile market.
tecnologia de impressão, que poderiam ser comparadas, no mercado
automobilístico, à chegada dos carros
Detalhe de uma impressora Sakurai em operação. 2000. Detail of a Sakurai printing press in operation. 2000.
japoneses ao mercado ocidental.” 104
T. Janér
80 anos
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Com Itamar Franco, levado repentinamente a suceder Collor, e com o seu segundo ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, o país conheceu um novíssimo plano econômico – de todos, o mais profundo e eficiente. O Plano Real criou nova moeda, inflou-a com valorização ao nível do dólar, estabeleceu um único indexador para os preços, reduziu as alíquotas de importação, combateu duramente a psicologia da inflação, àquela altura arraigada na memória popular, e chegou a resultados inquestionáveis: a inflação despencou para índices de primeiro mundo e a atividade econômica voltou a crescer em níveis semelhantes aos do início da década de 1980. O esforço para atravessar a tempestade da década anterior, liderado por Tor Janér, acabou recompensado. A empresa não apenas se manteve firme como se expandiu. Focada na sua competência essencial, a T. Janér da “Era FH” mais uma vez cresceu junto com o país. Passou a representar com exclusividade no Brasil duas indústrias de ponta no setor gráfico – as fábricas japonesas Sakurai e Akiyama, sobre as quais assim se manifestou Octávio Gabizo de Faria:
“Duas novidades importantes no
mercado, duas referências em alta
Abruptly called in to succeed Collor, Itamar Franco, along with his second Treasury Minister, Fernando Henrique Cardoso, introduced Brazil to an all new economic plan – of all of them, the most profound and most efficient. The Real Plan created a new currency, inflated it with US dollar parity, established a single price indicator, reduced import tariffs, waged war on inflation psychology, at that point instilled in popular memory, and achieved unquestionable results: inflation was reduced to First World levels and economic activity returned to growth rates similar to those at the start of the 1980s. The effort to get through the tempest of the previous decade led by Tor Janér eventually paid off. The company not only remained firm, but also lifted itself up to new levels. Focused on its core skill, the T. Janér of the ‘FH Era’ once again grew with the country. It acquired exclusive representation in Brazil of two cutting edge graphic industries – the Japanese plants Sakurai and Akiyama, described by Octávio Gabizo de Faria as follows:
— Two important novelties in the market, two role models in high
technology printing, which can be
compared with the arrival of Japanese
cars in the Western automobile market.
tecnologia de impressão, que poderiam ser comparadas, no mercado
automobilístico, à chegada dos carros
Detalhe de uma impressora Sakurai em operação. 2000. Detail of a Sakurai printing press in operation. 2000.
japoneses ao mercado ocidental.” 104
T. Janér
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A década de 1990 trouxe também o crescimento de uma nova estratégia de negócios da T. Janér. Se nos 20 anos anteriores vinha enfatizando o serviço especializado à indústria gráfica, levou esta opção a um novo patamar ao se aprofundar no atendimento de todas as necessidades deste mercado. O novo foco, agora, era o cliente. Esta nova fase cobrava rapidez e segurança, o que levou a empresa a adotar um sofisticado sistema de controle e distribuição. Desde então, todas as operações de importação, venda e administração de estoques são totalmente informatizadas, o que passou a permitir o atendimento just in time e personalizado de acordo com a necessidade, rotineira ou urgente, de cada cliente. Fruto desta mudança em direção à modernidade, a T. Janér se consolidou como a maior fornecedora brasileira de material e equipamento de pré-impressão – estimulada pela parceria com a americana Autologic Information International. Mais recentemente introduziu no Brasil, da mesma Autologic, os sistemas direto-à-chapa e de transmissão remota. Para a fase de impressão, reforçou sua participação no mercado de consumíveis – tintas, filmes, blanquetas, chapas offset, etc. A ampliação do leque de produtos, no entanto, não afastou a empresa das máquinas. Além de rotativas e impressoras novas, atravessou o século
The 1990s also saw the growth of a new business strategy at T. Janer. While over the previous 20 years, the company had emphasized its specialized service to the graphics industry, it took this focus to a new level by working to cater for all the needs of this market. The new focus was now the client. This new phase demanded speed and security, which led the company to adopt a sophisticated control and distribution system. Since then, all the import, sales and stock administration operations are entirely computerized, which allows just in time and personalized services, responding to the need, routine or urgent, of each client. As a result of this decisive modernization, T. Janér was consolidated as the largest Brazilian supplier of preprinting material and equipment – stimulated by its partnership with the American firm Autologic Information International. More recently, it also introduced Autologic’s direct-to-plate and remote transmission systems into Brazil. In terms of the printing phase, it boosted its involvement in the consumables market – inks, films, blankets, offset plates, etc. The company’s expansion in its range of products did not mean losing its expertise in machinery. As well as rotary and new printing presses, it entered the new century providing a service for reforming used equipments.
oferecendo o serviço de reforma de equipamentos usados.
Vista das oficinas do jornal Lance, no Rio de Janeiro, em 2000. Os equipamentos foram fornecidos pela Cia. T. Janér. View of the Lance newspaper’s printshop, in Rio de Janeiro, in 2000. Cia. T. Janér supplied the equipment.
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A década de 1990 trouxe também o crescimento de uma nova estratégia de negócios da T. Janér. Se nos 20 anos anteriores vinha enfatizando o serviço especializado à indústria gráfica, levou esta opção a um novo patamar ao se aprofundar no atendimento de todas as necessidades deste mercado. O novo foco, agora, era o cliente. Esta nova fase cobrava rapidez e segurança, o que levou a empresa a adotar um sofisticado sistema de controle e distribuição. Desde então, todas as operações de importação, venda e administração de estoques são totalmente informatizadas, o que passou a permitir o atendimento just in time e personalizado de acordo com a necessidade, rotineira ou urgente, de cada cliente. Fruto desta mudança em direção à modernidade, a T. Janér se consolidou como a maior fornecedora brasileira de material e equipamento de pré-impressão – estimulada pela parceria com a americana Autologic Information International. Mais recentemente introduziu no Brasil, da mesma Autologic, os sistemas direto-à-chapa e de transmissão remota. Para a fase de impressão, reforçou sua participação no mercado de consumíveis – tintas, filmes, blanquetas, chapas offset, etc. A ampliação do leque de produtos, no entanto, não afastou a empresa das máquinas. Além de rotativas e impressoras novas, atravessou o século
The 1990s also saw the growth of a new business strategy at T. Janer. While over the previous 20 years, the company had emphasized its specialized service to the graphics industry, it took this focus to a new level by working to cater for all the needs of this market. The new focus was now the client. This new phase demanded speed and security, which led the company to adopt a sophisticated control and distribution system. Since then, all the import, sales and stock administration operations are entirely computerized, which allows just in time and personalized services, responding to the need, routine or urgent, of each client. As a result of this decisive modernization, T. Janér was consolidated as the largest Brazilian supplier of preprinting material and equipment – stimulated by its partnership with the American firm Autologic Information International. More recently, it also introduced Autologic’s direct-to-plate and remote transmission systems into Brazil. In terms of the printing phase, it boosted its involvement in the consumables market – inks, films, blankets, offset plates, etc. The company’s expansion in its range of products did not mean losing its expertise in machinery. As well as rotary and new printing presses, it entered the new century providing a service for reforming used equipments.
oferecendo o serviço de reforma de equipamentos usados.
Vista das oficinas do jornal Lance, no Rio de Janeiro, em 2000. Os equipamentos foram fornecidos pela Cia. T. Janér. View of the Lance newspaper’s printshop, in Rio de Janeiro, in 2000. Cia. T. Janér supplied the equipment.
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A virada do milênio e a proximidade dos 80 anos de fundação não envelheceram a T. Janér. Pelo contrário, a quarta geração dos dirigentes da empresa percebeu logo que a modernização era o caminho obrigatório. O fim da era do dólar a 1 real não trouxe apenas dissabores. Ao contrário, contribuiu para que a empresa se desse conta, com a devida rapidez, de que um novo tipo de mercado estava surgindo – mais cuidadoso, mais sensato, mais tecnológico e menos aventureiro. A T. Janér mantinha suas parcerias com os grandes compradores, que lutavam contra as dificuldades impostas pela mudança do câmbio, mas
The new millennium and its approaching 80th anniversary have failed to age T. Janér. Much the opposite, the fourth generation of company directors rapidly perceived that modernization was the only viable path. Rather than causing problems, the end of the dollar at 1 real did not only cause vexation. To the contrary, it helped the company quickly understand that a new type of market was emerging — one that was more careful, more sensible, more technological and less daring.
voltava os olhos também para os médios e pequenos clientes. Teve início, então, uma nova fase com vendas cada vez mais pulverizadas, novas representações e uma gama ainda maior de produtos, para atender a uma carteira de clientes em franca expansão. Induzidos pelos rumos do país e pelas tendências da economia, os focos se modificam e as estratégias passam por adaptações. O que não muda é a alma da T. Janér, gerada pelo espírito empreendedor de Tor Evald Wilhelm Janér e forjada por gerações que atravessaram um século preservando e atualizando o espírito da empresa: internamente, afetuosa com seus colaboradores, que a vêem como a extensão de suas famílias; externamente, rigorosamente confiável para os seus clientes, com os quais mantém relação de irredutível parceria.
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T. Janér
T. Janér maintained its partnerships with the large buyers, who fought against the difficulties imposed by the change in the exchange regimen, but it also paid attention to medium and small-sized clients. At that moment it initiated a new phase, with its sales increasingly broadened and with new representations being signed to satisfy a rapidly growing client portfolio. It began to sell more modern and practical machinery. Induced to follow the paths undertaken by the country and by economic trends, its focal points wound up shifting and its strategies underwent adaptations. But what has not changed is the T. Janér soul, generated by the entrepreneurial spirit of founder Tor Ewald Wilhelm Janér and forged by the generations that traversed a century preserving and renovating the company’s spirit: internally, affectionate with its staff, whose members are seen as an extension of the family; externally, being strictly reliable with its customers, with whom it maintains indomitable partnerships.
A virada do milênio e a proximidade dos 80 anos de fundação não envelheceram a T. Janér. Pelo contrário, a quarta geração dos dirigentes da empresa percebeu logo que a modernização era o caminho obrigatório. O fim da era do dólar a 1 real não trouxe apenas dissabores. Ao contrário, contribuiu para que a empresa se desse conta, com a devida rapidez, de que um novo tipo de mercado estava surgindo – mais cuidadoso, mais sensato, mais tecnológico e menos aventureiro. A T. Janér mantinha suas parcerias com os grandes compradores, que lutavam contra as dificuldades impostas pela mudança do câmbio, mas
The new millennium and its approaching 80th anniversary have failed to age T. Janér. Much the opposite, the fourth generation of company directors rapidly perceived that modernization was the only viable path. Rather than causing problems, the end of the dollar at 1 real did not only cause vexation. To the contrary, it helped the company quickly understand that a new type of market was emerging — one that was more careful, more sensible, more technological and less daring.
voltava os olhos também para os médios e pequenos clientes. Teve início, então, uma nova fase com vendas cada vez mais pulverizadas, novas representações e uma gama ainda maior de produtos, para atender a uma carteira de clientes em franca expansão. Induzidos pelos rumos do país e pelas tendências da economia, os focos se modificam e as estratégias passam por adaptações. O que não muda é a alma da T. Janér, gerada pelo espírito empreendedor de Tor Evald Wilhelm Janér e forjada por gerações que atravessaram um século preservando e atualizando o espírito da empresa: internamente, afetuosa com seus colaboradores, que a vêem como a extensão de suas famílias; externamente, rigorosamente confiável para os seus clientes, com os quais mantém relação de irredutível parceria.
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T. Janér
T. Janér maintained its partnerships with the large buyers, who fought against the difficulties imposed by the change in the exchange regimen, but it also paid attention to medium and small-sized clients. At that moment it initiated a new phase, with its sales increasingly broadened and with new representations being signed to satisfy a rapidly growing client portfolio. It began to sell more modern and practical machinery. Induced to follow the paths undertaken by the country and by economic trends, its focal points wound up shifting and its strategies underwent adaptations. But what has not changed is the T. Janér soul, generated by the entrepreneurial spirit of founder Tor Ewald Wilhelm Janér and forged by the generations that traversed a century preserving and renovating the company’s spirit: internally, affectionate with its staff, whose members are seen as an extension of the family; externally, being strictly reliable with its customers, with whom it maintains indomitable partnerships.
Bibliografia Água subterrânea. Rio de Janeiro: T. Janér, 1973. A água subterrânea – perfuração de poços. Rio de Janeiro: T. Janér, 1979. ASUNCION, Josep. O papel. Porto: Estampa Artes, 2002. BELOCH, Israel e ABREU, Alzira Alves. Dicionário Histórico Biográfico do CPDOC. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas. CATÁLOGO da exposição Artes do Livro. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1995. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998. HEYNEMANN, Cláudia e ISHAQ, Vivien. Os presidentes e a república. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003. Klabin 100 anos: publicação dirigida aos funcionários da empresa Klabin. S. l., dezembro, 1999. LONDON, Valéria. “Da tipografia gráfica do cotidiano.” Piracema: Revista de Cultura e Arte. Rio de Janeiro: Funarte, v. 2, n. 3, 1994. SCHLESINGER, Hugo. Enciclopédia da indústria brasileira. São Paulo: Editora Brasiliense, 1959. T. Janér 1926-1951. Rio de Janeiro: T. Janér, 1951. T. Janér: 70 anos ao lado da indústria gráfica. São Paulo: Revista Abigraf, julho/agosto, 1996. VIEIRA, Marceu. T. Janér crescendo com a indústria gráfica brasileira. Rio de Janeiro: T. Janér, 2001. Catálogo.
Bibliografia Água subterrânea. Rio de Janeiro: T. Janér, 1973. A água subterrânea – perfuração de poços. Rio de Janeiro: T. Janér, 1979. ASUNCION, Josep. O papel. Porto: Estampa Artes, 2002. BELOCH, Israel e ABREU, Alzira Alves. Dicionário Histórico Biográfico do CPDOC. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas. CATÁLOGO da exposição Artes do Livro. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1995. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998. HEYNEMANN, Cláudia e ISHAQ, Vivien. Os presidentes e a república. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003. Klabin 100 anos: publicação dirigida aos funcionários da empresa Klabin. S. l., dezembro, 1999. LONDON, Valéria. “Da tipografia gráfica do cotidiano.” Piracema: Revista de Cultura e Arte. Rio de Janeiro: Funarte, v. 2, n. 3, 1994. SCHLESINGER, Hugo. Enciclopédia da indústria brasileira. São Paulo: Editora Brasiliense, 1959. T. Janér 1926-1951. Rio de Janeiro: T. Janér, 1951. T. Janér: 70 anos ao lado da indústria gráfica. São Paulo: Revista Abigraf, julho/agosto, 1996. VIEIRA, Marceu. T. Janér crescendo com a indústria gráfica brasileira. Rio de Janeiro: T. Janér, 2001. Catálogo.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ. M312t
Marona, Mario, 1955T. Janér, 80 anos / texto, Mario Marona ; fotografia, Mario Grisolli ; pesquisa de Maria do Carmo Rainho. - Rio de Janeiro : Reler, 2006. 112p. : il. ; 28cm Texto bilíngüe português e inglês Inclui bibliografia. ISBN 85-98650-06-4 1. Janér, Tor. 2. T. Janér (Empresa)- História. 3. Indústria gráfica - História. I. Título.
06-1816.
CDD 338.476816 CDU 338.46:681.6
Este livro, composto em família ACaslon, foi impresso em papel couche brilho 150g para capa e couche fosco 150g para o miolo e realizado na cidade do Rio de Janeiro, em novembro de 2006.