Garatuja

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Reinaldo Santos Souza

garatuja


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Reinaldo Santos Souza

garatuja


Dedico a vocĂŞ Baby que fez nascer tudo isso aqui.


agradecimento

Agradeço a você Baby pelo incentivo, carinho e paciência de ler os rabiscos.


Apresentação Desenho rudimentar, malfeito, normalmente sem forma e ilegível e também os rabiscos que as crianças fazem na tentativa de representar o mundo que as rodeiam, isto é garatuja. Garatuja se es-

tende principalmente nas poesias, a poesia nasce de um rabisco, de um olhar, de uma necessidade de externar ou de esconder um pensamento, um sentimento, todavia no íntimo de quem escreve existe um desejo que alguém especial, assim como você, venha

desvendar o que os “rabiscos” querem realmente dizer. A minha garatuja é um convite para degustar algumas das minhas singelas

epifanias, diálogos em vários cenários e sobre variadas temáticas. E se fosse possível e se cada poesia por um beijo seu seria realmente o bom da coisa toda. Com o tempo vamos percebendo, que

poesia é poesia não se prende a nenhuma regra e que poesia não come ninguém. A poesia não é antropofágica ela arrebata e conquista em um rompante, utilizando de vários artifícios e tantos tatos. Garatuja é rabisco que pode ser ou não resultado de infinitas vivencias. A musa pode existir ou não, pode ser ou não ser o fruto de uma inspiração. Talvez a garatuja pode ter nascido dos meus sonhos nos braços do Orfeu. Podemos dizer: Nem te amo pra a poesia, mas o coringa neste caso é tentar entender o que se sente quando lemos o resultado da garatuja de quem tentou fazer poesia.

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sumário

8 poesia por um beijo Seu 10 o bom da coisa toda 11 poesia não come ninguém

12 rompante 13

tantos tatos

14 a musa 15 orfeu 16 nem te amo 17 o coringa


Poesia por um Beijo Seu A parte que parece com você é desperdício Acho que não tenho vocação Vários motivos para não se amar, um só para amar? Também me pergunto isso Espero que você me responda um dia

Porque falou com uma certa certeza Como se no fundo soubesse a resposta Já tinha me esquecido do dia dos namorados Sou anti romântico, pois os românticos estão mortos Ainda há alguns Ele tem tudo pra ser cafajeste, mas não é

Ele não é romântico, que inveja a minha Valeu a delicadeza sem motivos É uma situação mal resolvida. Não dou muita sorte pra essas coisas Isso me estressa Essa procrastinação para invadir seu íntimo, sua privacidade Já perdi muita gente assim

Você não vai ser mais uma Love me like you do As pessoas me perdem por falta de coragem Não tô acostumado vou admitir que tenho que esquecer E só estou mandando você ter peito pra falar o que quer Porque eu não sou todo mundo assim E depois só o tempo e a lembrança que foi bom

Livres para as nossas escolhas e escravos das consequências Não me arisco a perder ninguém assim

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Ninguém morreu por você abrir a boca e dizer o que queria É o que dizem Embriagar-me-ei nos braços de uma ninfa qualquer que seja espelho de uma deusa grega

Com tanta beleza naquele vestido Vénus, do mesmo jeito, diz que ser mulher deve ser bom Somos de mundos tão diferentes Eu fico reparando cada detalhe e tudo isso no escuro Pra nascer uma poesia que vire um beijo seu diariamente Vou querer ser sutil tácito feito um lago puro


O Bom Da Coisa Toda Não vou mais me preocupar

Eu ando muito cansado. Mas eu sempre sobrevivo

Fingir ser forte é mais cansativo que sê-lo de verdade EU quero muito possuir você um dia

Tão inexorável o meu Narciso só se preocupa com ELE mesmo

Eu não saberia me comportar diante de uma pessoa que quer me devorar por inteiro

O deus da luz e do sol. Minha virgem de Apolo... deusa guerreira protetora de Tróia! Viro um mero e simples satélite que gira em torno de seu eixo Mas que não tem luz própria.

Encontrei um universo tão tranquilo e sereno onde dois astros celestes (sol e lua) possam conversar em paz e discorrer sobre suas desproporcionais magnitudes Você para ali naquele cantinho

Eu deixo a porta entreaberta e na fresta eu fico te olhando

O significado de Seduzir é o eterno depende

Ser você mesmo é a única forma de ser honesto com os outros

Mas eu queria te abraçar bem forte, te pôr no meu colo e te ver dormindo! Você não entende

Nem precisa aceitar seu mundo é tão seu

Você é tão Sol de si mesma. Então aí eu fico me achando único e só sou mais um só Oferecer esperança ou extrema-unção aos moribundos apaixonados Realmente não é o seu forte

Daria tudo por um beijo nessa sua boca carnuda e suculenta

E Eu respeito isso. E não vou ter pena de ninguém. Nem de mim mesmo

Bom saber que tu sentes atração e isso é perfeito (não me interessa por quem) Só físico ... Isso tudo me excita muito.

Estou convicto que a mulher tem o direito de ser feliz Gostar de sexo inclusive.

E EU nem ligo pra isso e só penso em te beijar e se resistimos à uma tentação É porque ELA não foi suficientemente forte.

O doce fim é que a gente não se conhecer é a parte boa da coisa toda EU te apertei em um abraço, você tomou água comigo E o dia então acabou nublado, mas sem chuva.

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Poesia não come Ninguém

São peitos e braços, pernas e cochas Lábios, boca e dentes Frutos e sementes

Enamora e ignora a vontade que não sede à cede Engana na trama e diz não ser ciente

Do desejo que provoca em mim na gente

Ha de existir um dia em que, Mulher, tu não me terás na mão Afagos, lamentações e triângulos obtusos

Pra dizer três palavras simples... Que absurdo! Te querer assim faz tão pobre de mim

Uma panaceia de nadas e espaços suprimidos

E se de repente em devaneio profundo por um segundo tu crias uma dúvida Pulveriza em mim uma esperança.

Sim, se eu ouvir isso, não vou acreditar

Pois nada fiz pra merecer a tua atenção

Em vão criatura, eu tentaria ser verdadeiro

Em cativeiro criaria tão distinta façanha de te amar até a paixão, vil sentimento, se acabar

Em meu ser não se estranha

Sem regras, arrependimento ou choro

Aprazarei a verdadeira convicção

Que escrevo, vivo e percebo por mais que eu queria

A luz por cima da ribanceira não diz se quer um amém O fato tosco da vida insana é perceber o que temo

E quem perderia a dor com doses de um “volta meu bem?” A ação indolor e o estupor sentimento

Admito que poesia não come ninguém

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Rompante

Embora eu Queira um ser humano E não um troco de árvore sem vida Meu peito tá tão quente e macio que pode até te envolver em tua própria distensão. Minha musa Minha deusa guerreira Meu amor Meu tudo Meu mel Mel fel

Fiel Não serei tolo todo Ao ciúmes ao costume de te perder pra conselhos sérios Com tanto orgulho de minha parte Serei um mistério em qualquer amar Não se alimenta o que não pode te levar a algum lugar

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Tantos Tatos* Você não é pra mim um objeto, nem um troféu ou algo parecido.

Uma coisa peculiar de ficar com você é o fato de nunca poder dividir esse instante com mais ninguém nesse mundo.

Sentir o cheirinho do seu prazer mesclado ao calor intrínseco da tua alma.

Olhar você desfalecer de tanta volúpia enquanto seguro tenazmente a tua nuca e me dissolvo no ritmo do teu respirar ofegante, me prendo aos seus cabelos e sinto cada célula do meu corpo gritar no infinito o teu imaculado nome... Estrela

Tuas pupilas dilatadas, teus lábios ensoberbecidos e tua pele macia agora incontida em

um arrepio duradouro serão testemunhas de que nesse instante você se pertenceu se permitiu

Estar completa dentro do seu universo interior.

Universo o qual busco garimpar, desprovido de qualquer receio por me enveredar pelos confins de teus braços – e tantos tatos- para caso queira-me arrebatar

Arte inextricável é essa querência incólume por uma criatura que invade minhas liras noturnas, com a mais lasciva intenção de me tentar

Amálgamas de almas que dançam freneticamente, no ritmo concupiscente e sons a profanar

Se quero a tua carne, teu ser me assusta e ainda assim me chama pra perto, estuda sensação de medo, e arraigado pelo mais insaciável anseio de nesta noite te içar até o seu ponto de partida nas alturas a brilhar.

*Feita em dupla com Pabline Bomfim. 13


A Musa *

*Poesia em forma de garatuja. Presente do anjo narcisista Vinicios Santiago. 14


Orfeu Tão complicado pra mim também te dividir com esse povo todo Es leve como uma brisa que vira orvalho pela manhã Só que eu fico sem jeito de ir te ver todos os dias Te pegaria pelo braço, me lançaria contigo pela estrelas cintilantes que enredam em ficar acessas até de dia Com aquele semblante irresponsável peguei logo no sono Nem sei como não fiquei com insônia também Ela não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo Então segurei ela aqui pra você poder dormir bem Lembras do Orfeu? Deixa estar Água, poesia e abraço não se nega a quase ninguém Eu já ia dizer que eu sabia que não Não quero abraços assim. Estou fechada, Lacrada de novo Na luta por esta chave eu não tenho pra onde ir mesmo Quando puder me dar atenção... Ah eu quero! Não quero nem pensar nessa bagunça Uma vírgula muda tudo antes de desmaiar de sono. Mulheres têm o dom de fazerem da suas vontades as nossas

Que saudades é diretamente proporcional ao tempo? A saudade não pode ser mensurada Eu com insônia e você com Orfeu Se eu acreditasse eu rezaria Mas no domingo você usou batom Por que tenho ciúmes enquanto dizes pra mim beijei, estou ficando.

Eu fico no campo da imaginação, mas quando alguém olha, te elogia Te tocam na minha frente, aí eu estou no campo visual. Fico com uma sensibilidade latente.

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Nem te amo

Não sei você reparou que eu não tenho intensidade e que na verdade sou por vezes contraditório no que digo Eu sempre falo uma séria e depois ponho uma outra coisa irrelevante pra atenuar um possível impacto. Acho que isso é pra me proteger Ciúmes, inveja, irá. Tudo sentimento humano. Sentimos uma vez ou outra em diferentes

intensidade e modo. Não diga: " Eu não posso" ... diga assim: eu não devo! Não sei como ele me fez pra eu ficar tão interessada Pra ele eu peço outras coisas Amo esse mistério e essa sedução ponderada Saber que você pensa em outro. Isso me excita, me deixa com ciúmes, inveja e vaidade. Nem te amo. Nem me queimei nesse seu fogo morno. Para escrever tenho que jogar. Tenho que fingir que não sinto e não vejo. Não peça outras coisas Deixe que de forma impertinente e avassaladora ele invadir o seu subconsciente. Tu levas jeito com as palavras. Com a boca também. Com as mãos. Descobrir por conta própria o que nem tu sabes se queres... Trazendo à tona toda uma gama de desejos adormecidos querendo as carícias involuntárias que o seu corpo sem juízo pede de forma ensandecera.


o coringa

Escrevi e depois apaguei tudo Você que tem que saber como é que se diz obrigado Fiquei sem assunto Quebrastes o meu espírito Eu todo cafajeste Só me dar um abraço e já resolve quase tudo Pensei que eu era muito bom, mas tu me fizeste perceber que não sou tão bom assim No quesito mulher, é realmente difícil agradar

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garatuja Tentei escrever. Eu juro que tentei Sobre tudo Platão, Aristóteles e o Olimpo inteiro O Cristo, Buda e Maomé O capital dos pecados é o paraíso de cada lugar Das deusas não tive atenção. A minha musa se calou não quis cativar-me Dormir um longo sono. Não me lembro o que sonhei Fui para as distrações impensadas Queria que minhas palavras fossem para o papel Se não tivesse Apolo criado o sol? Quem iria criar a luz? As minhas palavras no papel, há luz sobre elas. Os teus olhos abertos com a mente desimpedida O código tão pouco elaborado e frio entra pelo teus olhos e acalenta teu coração Ou faz confusão? Quantas palavras existem no mundo? Soltas, presas, com sentido, sem sentido. Indivisíveis e tão insensíveis Tu se queres compreendes o que quer dizer tudo isso ´ Garatuja Nada mais, só rabiscos que nem tive a intenção

Mas tu tens que ter cuidado com isso. Eu sei o que estou fazendo, sei dos riscos Garatuja Só rabiscos 18


Reinaldo Santos Souza é formado em História pela Universidade do Estado da Bahia -UNEB.

Amante de boas leituras e principalmente de poesias, o autor resolveu compartilhar um pequeno fragmento que faz parte de uma obra maior que se encontra em produção. Leia sem responsabilidades.


As suas influencias dessa obra são de vários autores, como por exemplo, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Clarice Lispector dentre vários outros. Lembrando que se trata de uma obra fragmentada e amadora, todavia com

um valor simbólico e cheio de sentimentos nobres. A licença poética é a essência da obra em que o autor/amador utiliza de forma totalmente responsável. As poesias são frutos de parcerias inusitadas cheias de honrarias e cumplicidade.


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