REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS DEGRADADOS

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CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA

REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS DEGRADADOS: IMPLANTAÇÃO DE UM PARQUE URBANO NA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

ALINE ADRIELE DOS REIS



ALINE ADRIELE DOS REIS

REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS DEGRADADOS: IMPLANTAÇÃO DE UM PARQUE URBANO NA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO Projeto apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências parciais para a obtenção de graduação em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação do prof.ª Silva Camilo.

RIBEIRÃO PRETO, 2013



“O palácio esta em ruinas ... dói ver no parque o abandono da fonte sem repouso .. ninguém ergue o olhar da estrada e sente saudades de si ante aquele lugar-outono ... essa paisagem é um manuscrito com a frase mais bela cortada.” Hora absurda – Fernando pessoa, Cancioneiro



AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a meus pais, que mesmo involuntariamente influenciaram a minha escolha pelo curso de Arquitetura e Urbanismo. Principalmente aos meus amigos, que sempre, e inegavelmente em todos os momentos, me apoiaram, compreenderam e caminharam ao meu lado em minhas conquistas e também aos que conquistei durante o curso, que sempre lembrarei com saudades, de todas as horas que passamos juntos, as dificuldades e alegrias, os momentos de companheirismo e a cumplicidade. Agradeço a todos os professores que me guiaram nesta jornada, contribuindo ao meu crescimento, não só profissional mas pessoal, com críticas e elogios. Privilegiada que fui, tive duas orientadoras maravilhosas urante esta etapa. As queridas Marcela Petenusci e Silvia Camilo pela paciência, conselhos, carinho, dedicação, comprometimento e fé, que disponibilizaram em meu trabalho. Enfim, agradeço a todos que de alguma forma fizeram parte dessa minha conquista, e que eu possa contar com o apoio e a força de todos vocês na longa caminhada de minha vida profissional. Muito obrigada.

“Arquitetura tem de causar infartos." Isay Weinfeld



RESUMO O presente trabalho tem como tema a requalificação de uma área subutilizada, composta por fragmentos de vazios urbanos, dentro da cidade de Ribeirão Preto, através da implantação de um parque urbano, reconstruindo o espaço urbano, proporcionando melhor qualidade de vida e valorização da malha urbana, através da potencialização do perfil paisagístico, ecológico e recreativo, e da inserção de uma linguagem nova como equipamento urbano, criando uma costura urbana e dando identidade para o local. O trabalho consiste em contribuir para amenizar os problemas ambientais, urbanísticos e sociais que afetam a área delimitada, resultantes dos vazios urbanos e do desenvolvimento da cidade. Tem como objetivo discutir a importância da existência de áreas verdes na cidade, apontar a paisagem urbana como forma de requalificação de áreas ambientalmente degradas; defender a necessidade de implementação de equipamentos públicos urbanos para a socialização das pessoas e definir o parque urbano como um sistema de área verde, de lazer e de composição da paisagem. Para garantir que os objetivos da pesquisa sejam alcançados, garantindo êxito e qualidade do projeto, foram utilizadas pesquisas bibliográficas para fundamentação teórica e para definição de referencias conceituais e projetuais, levantamento de dados, documentos e legislação, pesquisa in loco de informações, e material iconográfico. O processo de execução do trabalho é apresentado em softwares especializados, como Autocad, Microsoft Office , Google Sketchup. PALAVRAS-CHAVE: REQUALIFICAÇÃO – PARQUE URBANO – ÁREAS VERDES – VAZIOS URBANOS – COSTURA URBANA



ABSTRACT The present work has as its theme the redevelopment of an underutilized area, composed of fragments of urban voids in the city of Ribeir達o Preto, through the implementation of an urban park, redeveloping urban space, providing a better quality of life and enhancement of the urban through potentiation profile landscape, ecological and recreational, and inserting new language as urban infrastructure, creating a seam urban and giving identity to the site. The work is to help alleviate environmental problems, urban and social challenges affecting the area enclosed, resulting voids and urban development of the city. Aims to discuss the importance of green areas in the city, pointing out the urban landscape as a form of rehabilitation of environmentally degraded areas; defend the need for the implementation of urban public facilities for socializing and people define as an urban park system green area, leisure and landscape composition. To ensure that the research objectives are achieved, ensuring quality and success of the project, literature searches were used for theoretical and conceptual references for defining and projective, survey data, documents and legislation, research-site information, and iconographic material . The process of execution of the work is presented in specialized software like Autocad, Microsoft Office, Google Sketchup. KEYWORDS: REHABILITATION - URBAN PARK - GREEN AREAS - EMPTY URBAN URBAN FASHION



SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................... .......................................03 CAP. 1 IMPOSIÇÕES POLÍTICAS PRESENTES NA CONCEPÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS............................05 CAP. 2 PROJETOS DE REFERÊNCIA.........................................................................................................07 2.1 OBJETIVO DA PROPOSTA......................................................................................15 2.2 LINGUAGEM DO ESPAÇO URBANO E SEUS USOS: CONTEMPORANEIDADE........15 2.2 EQUIPAMENTOS URBANOS..................................................................................16 CAP. 3 LEVANTAMENTO DE DADOS DA ÁREA DE INTERVENÇÃO.............................................................17 3.1 BREVE CONTEXTO HISTÓRICO..............................................................................19 3.2 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO: TIPOLOGIAS E EQUIPAMENTOS.............................21 3.3 GABARITO.............................................................................................................23 3.4 SISTEMA VIÁRIO E TRANSPORTE..........................................................................24 3.5 HIDROGRAFIA E VEGETAÇÃO................................................................................26 3.6 CONSIDERAÇÕES...................................................................................................27 3.7 ENTENDIMENTO DAS NECESSIDADES…………………….........………………………….……28 3.8 CARACTERIZAÇÃO …………………………………………………………….……..……………………29 3.9 DO APOGEU AOS DISSABORES……………………………………………………………………….31 CAP. 4 ESTUDO DOS PARQUE URBANOS EXISTENTES NA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO E SEUS USUÁRIOS............................................................................................................................................34 4.1 EQUIPAMENTOS DE LAZER DETERMINADOS PELO VALOR DO SOLO URBANO....35 4.2 DEMARCAÇÃO DE OUTROS TIPOS DE LAZER URBANO EXISTENTES NA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO.........................................................................................................38 CAP. 5 ESTUDOS PRELIMINARES.................................................................................................. ..........39 5.1 SUBDIVISÃO DA ÁREA EM ETAPAS.......................................................................41 5.2 PRINCÍPIOS NORTEADORES.................................................................................42 5.3 PROPOSTA GERAL E PROGRAMA DE USOS..........................................................43 5.4 IDEALIZAÇÕES.......................................................................................................44 5.5 PLANO DE MASSAS...............................................................................................45 CAP. 6 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO: ESTAÇÃO ESPORTIVA................................................................47 6.1 PARTIDO...............................................................................................................49 6.2 CONCEITO............................................................................................................51 6.3 PROJETO PRELIMINAR.........................................................................................53 6.4 ESTUDOS FINAIS...................................................................................................57 6.1.1 MONUMENTALIDADE...........................................................61 6.1.2 MATERIALIZAÇÃO.................................................................63 6.1.3 SISTEMAS ESTRUTURAIS ......................................................67 6.1.4 DESIGNER PARAMÉTRICO E GENERATIVO............................69 6.1.5 ESTRUTURAS METÁLICAS PRÉ-MOLDADAS..........................71 6.1.6 JARDIM VERTICAL.................................................................73 6.1.7 SISTEMAS HIDRÁULICOS.......................................................76 6.1.8 ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAIS.............................................77 6.1.9 ACESSOS................................................................................79 6.1.10 PERSPECTIVAS.....................................................................81 PLANTAS, CORTES E ELEVAÇÕES.....................................................................(ANEXOS, NÃO PAGINADAS) CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................... ..............84 BIBLIOGRAFIA................................................................................................................. .....................85


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INTRODUÇÃO

Atualmente a expansão urbana esta extremamente acelerada, tentando seguir o ritmo do crescimento populacional desenfreado nos grandes centros urbanos, e também pelas novas formas de morar, e a constante migração ou transição de indivíduos entre as cidades, em busca de melhor qualidade de vida, como emprego e estudos, tornando as cidades desordenadas, espraiadas e, muito frequentemente sub-utilizando áreas de grande potencial por não servir mais a determinadas necessidades. Sobre a postura dos governos em relação à concepção dos espaços, Dias (2005, p.6), aponta que “faltam-nos principalmente políticas públicas verdadeiramente imbuídas para a criação de projetos urbanísticos voltados a melhoria e a criação de novos espaços públicos”. Sob este aspecto, a cidade necessita de planos e propostas que incentivem a restauração ou revitalização de áreas urbanas, que pode agregar diversos pontos para a cidade, como geração de empregos, valorização de áreas e objetos, inserção da população carente em projetos culturais, melhoria da qualidade de vida, entre outros. Sobre conceitos de deterioração e degradação urbana, Vargas e Castilho (2005, apud FORTES, 2012, Não paginado), apontam que “estão frequentemente associados à perda de sua função, ao dano ou à ruína das estruturas físicas, ou ao rebaixamento do nível do valor das transações econômicas de um determinado lugar”. É possível amenizar ou praticamente zerar alguns problemas urbanos causados pelo crescimento desenfreado dessa população nas grandes cidades e o adensamento de suas atividades urbanas, como a má organização dos espaços ou mesmo por outras questões como abandono de áreas urbanas, espaços ociosos, degradação, vazios urbanos, apropriação ilegal de espaços; através de intervenções e requalificação destes, visando aplicar o que melhor se adequa as necessidades daquele local. O sociólogo Zigmunt Bauman (2004, apud Silva, 2008, p. 1 e 2) lamenta que: Nós perdemos a capacidade de aprender a conviver com pessoas de classes sociais e culturas diferentes, pois não temos mais espaços nas cidades onde este convívio possa acontecer. Desistimos do espaço publico e optamos por espaços privados e ‘purificados’ – em shopping center e campus universitário, por exemplo, que se fundamentam em torno do consumo. Espaços que não nos possibilitam praticar a ‘arte e as habilidades para compartilhar a vida publica’.

Então, assim como é importante compreender a importância do centro cívico, da mobilidade, da qualidade dos espaços de habitar, entre outros, em uma cidade, é indispensável pensar na qualidade de vida da população, lazer, e qualidade ambiental, que é garantida e proporcionada pelas áreas verdes e parques públicos. O contato homem-natureza é essencial para a saúde mental da população.


Um parque urbano não é somente um ponto de encontro, ou uma área de respiro para a cidade. Dumazedier (1979:16, apud MORAGAS, 2009, p. 5) esclarece que “o espaço de lazer, tanto quanto espaço cultural, é um espaço social onde se entabulam relações específicas entre seres, grupos, meios, classes”. E seguindo este raciocínio, Moragas (2009, p.5) completa: Sendo o mesmo determinado pelas características da população que o utiliza. Devendo esse espaço respeitar, desenvolver as diferenças culturais destes indivíduos para fugir à uniformização, à padronização. Analisando estas circunstancias, este trabalho tem como objetivo apresentar o projeto de um parque urbano, requalificando um conjunto de vazios urbanos na Zona Norte da cidade de Ribeirão Preto, delimitada entre os bairros Campos Elíseos e Ipiranga, que apesar da proximidade com a região central da cidade, e de ter um grande potencial urbano e importante valor histórico, se encontra em estado de degradação e abandono, tanto pela sociedade como pelo poder público. Com a requalificação é possível dar uma nova imagem não só a este trecho da cidade – que antes recebia apenas descredito pela ociosidade gerada, tendo perdido seu valor histórico, cultural e imobiliário -, mas a cidade como um todo, visto que a metodologia do planejamento paisagístico propicia desenvolvimento urbano, social, cultural e econômico, e pode garantir uma melhoria na qualidade de vida da população.

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IMPOSIÇÕES POLÍTICAS PRESENTES NA CONCEPÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS

As bibliografias das quais se fazem base até o momento foram escolhidas tendo como principal objetivo o aprimoramento do conhecimento sobre espaços e parques urbanos, lapidando ideias, e espreitando a compreensão sobre alguns termos, como: o que são os espaços livres, como eles se relacionam com a cidade, os usos, e as escalas humanas, entre outros fatores urbanos; e também abordando, de maneira ampla, uma análise de outros projetos existentes, buscando compreender o que propriamente espera-se de um parque urbano e qual a melhor maneira que ele pode ser implantado para contribuir com a cidade e a população. 1.1 A GESTÃO PUBLICA E AS INTERVENÇÕES URBANAS Ribeirão Preto é, como outras cidades brasileiras, um bom exemplo para se apontar o descaso com as questões urbanas, onde a Prefeitura Municipal investe pouco em empreendimentos mais democráticos, desvalorizando bairros antigos da cidade, e principalmente os bairros que se encontram nas periferias. É importante ressaltar que, além dos benefícios econômicos, a recuperação de áreas degradadas acompanha benefícios ambientais e sociais. Em um trecho de seu trabalho Dias (2005, p. 06) discorre que: [...] a existência de espaços públicos é pequena e seu uso é bem tímido, e às vezes elitizado. [...] As políticas públicas pouco valorizam a construção e criação de espaços públicos, voltando seus esforços e incentivo à criação de espaços mais rentáveis economicamente, principalmente para o entretenimento semi-público ou privado.

Em entrevista à Folha e Ribeirão Preto, o arquiteto Fernando Freire, Presidente do COMUR (Conselho Municipal de Urbanismo de Ribeirão Preto), preocupasse com a tendência de estimular a expansão geográfica, e diz que: Sempre consideramos que antes de se pensar na expansão territorial da cidade, a gente deveria ter um incentivo para ocupar os vazios urbanos. Do contrário, todas essas áreas expandidas vão trazer ônus para o poder público, que terá que levar transporte e infra-estrutura para esses locais. 1.2 DESIGUALDADE SOCIAL REFLETIDA NO ESPAÇO URBANO Infelizmente, apesar da plena consciência dos pontos negativos que os vazios urbanos geram na cidade, e da capacidade que estes espaços tem, sendo reabilitados, de gerar benefícios, mesmo que a longo prazo, e de já ser uma área que possui infra-estrutura e transportes (mesmo que precise de melhorias), a cobiça por aumentar o lucro rápido e


o consumismo dos empreendimentos imobiliários visando as elites tem influencia maior sobre os projetos urbanos na cidade. Para compreender melhor esta má distribuição de infraestrutura urbana presente na cidade, basta analisar as visíveis divergências entre o Parque Tom Jobim, no bairro José Sampaio, que abriga uma população de classe baixa, e encontra-se em lastimável estado de degradação, amontoamento de lixo e abandono público; e os parques Prefeito Luiz Roberto Jábali e Dr. Luís Carlos Raya, representativos de equipamentos públicos implantados nas áreas em que se aloja a população de maior renda e em consequência, a que se confere um maior valor ao solo urbano. Sakata (2011, p. 20) ainda defende que: A intensão dos arquitetos quando equipam um espaço publico tem sido a de tornar acessível à maioria o que seria acessível apenas as classes de renda mais alta. Desta maneira, o espaço publico tem efeito compensatório as desigualdades de renda da população brasileira. Em suas argumentações Bramante (1995, apud MORAGAS, 2009, p. 11), mostra que “no Brasil, a questão do lazer vem sendo tratada pelo poder público com ações desintegradas e descontínuas, que ora o utilizam como massa de manobra política, ora como instrumento de controle social”. Infelizmente uma realidade praticada em diversas cidades e em diversos tópicos urbanos e sociais. 1.3 A VALOR POLÍTICO DA PROFISSÃO E A VISÃO DO ARQUITETO PAISAGISTA Mesmo que cada vez mais interpretadas de maneira capitalista, já é notável a preocupação dos urbanistas em criar espaços com áreas verdes, podendo destacar que durante este processo de consolidação, as cidades se tornaram extremante impermeáveis, com a grande intensificação das construções e pavimentações das vias para transporte de automóveis e pedestres, gerando um grave problema como o das enchentes; também é consideravelmente importante a existência destes espaços para amenizar a poluição do ar, causada pelas fábricas e automóveis através da emissão de gases, e da agua, e para amenizar as temperaturas urbanas. Em entrevista a revista A.U., Edição 121, Abril de 2004, Rosa Greena Kliass, uma das primeiras especialistas em paisagismo no Brasil, fala sobre o valor político da profissão do arquiteto paisagista, onde afirma que “o poder público deveria ser o melhor contratante, mas os profissionais ficam nas mãos da iniciativa privada desenhando condomínios, residências de luxo ou shopping centers”. O cuidado e preocupação com a recuperação de áreas degradadas nas cidades está aumentando, mas por ser obrigatório, com preocupações estéticas e políticas, e não tendo em vista a necessidade da população e a qualidade dos espaços nas cidades.

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PROJETOS DE REFERÊNCIA 1.1 INHOTIM – INSTITUTO DE ARTE CONTEMPORÂNEA E JARDIM BOTÂNICO – MG O Instituto Inhotim foi idealizado pelo empresário Bernardo Paz em meados da década de 1980. Em 1984, o local recebeu a visita do renomado paisagista Roberto Burle Marx, que apresentou algumas sugestões e colaborações para os jardins. Desde então, o projeto paisagístico cresceu e passou por várias modificações. Localizado no município de Brumadinho, 60 km de Belo Horizonte, MG. Inhotim caracteriza-se por oferecer um grande conjunto de obras de arte, expostas a céu aberto ou em galerias temporárias e permanentes, situadas em um Jardim Botânico, de rara beleza. O paisagismo teve a influência inicial de Roberto Burle Marx (1909-1994) e em toda a área são encontradas espécies vegetais raras, dispostas de forma estética, em terreno que conta com cinco lagos e reserva de mata preservada.

07 http://entretenimento.uol.com.br/album/inhotim_mg_album.htm

Arte Contemporânea O acervo artístico abriga mais de 500 obras de artistas de renome nacional e internacional, como Adriana Varejão, Helio Oiticica, Cildo Meireles, Chris Burden, Matthew Barney, Doug Aitken, Janet Cardiff, entre outros. O Inhotim se diferencia de outros museus por oferecer ao artista condições para a realização de obras que apenas em seu parque poderiam ser construídas. Jardim Botânico Em uma área de 97 hectares, o Jardim Botânico conta com diversas coleções botânicas entre as quais se destacam a de Aráceas, uma coleção de orquídeas da espécie Vanda, com 350 indivíduos de diferentes espécies e, ainda, uma das maiores coleções de palmeiras do mundo com mais de 1.400 espécies. Pesquisas e projetos botânicos e paisagísticos são desenvolvidos em parceria com órgãos governamentais e privados. Inclusão e Cidadania O museu tem se tornado um vetor fundamental para o desenvolvimento socioeconômico do município de Brumadinho e de seu entorno. Projetos como o Inhotim Encanto e Coral e Iniciação Musical valorizam a vocação da região e mobilizam crianças, jovens e adultos. Importante interlocução também tem sido estabelecida com os empresários da região para o incremento de suas atividades econômicas, além de diversos projetos em parceria com o poder público local.

O museu também tem referência internacional. O jornal The New York Times, por exemplo, em referência ao Inhotim, citou certa vez que "poucas instituições se dão ao luxo de devotar milhares de acres de jardins, montes e campos a nada além da arte, e instalar a arte ali para sempre”

http://www.grupogpss.com.br/duo-turismo-levagrupo-de-pessoas-a-inhotim/


INTERAÇÃO COM O ESPAÇO

A dispersão neste tipo de espaço urbano é uma característica importante para agregar qualidade e aumentar a possibilidade e formas de uso do equipamento, permitindo a real interação do usuário com a obra. Visto que a capacidade e as formas como cada indivíduo reconhece o espaço são diferentes. E essa falta de definição de um caminho, ou de uma preexistência de percursos regrados, permite ao visitante explorar intuitivamente e aleatoriamente as obras, de acordo com as sensações que o espaço lhe oferece, como se fosse uma atração do espaço para o indivíduo. Inhotim é um espaço aberto e em constante transformação, onde a arte e o meio ambiente interagem harmonicamente e se renovam a todo instante, permitindo a experiência sensitiva.

INTENÇÃO: Fazer uso de elementos arquitetônicos que sirvam de referência aos usuários dentro do parque e também aplicando conceitos lúdicos, brincando com o real e o surreal (tentando “fugir” do cotidiano através dos sentidos). As galerias trabalham de maneiras distintas a relação da obra com o meio externo:

ESPAÇO COSMOCOCA – HÉLIO OITICICA •

Exemplo: Obra de arte não se relaciona diretamente com o meio externo.

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Fonte: http://ulissesmattos.blogspot.com.br/2011_04_01_archive.html

ESPAÇO EXTERNO: EXPERIMENTAÇÃO DE UMA OUTRA QUALIDADE DO OBJETO E VISÃO AMPLA DO ENTORNO. ACESSO AO PAVILHÃO: ARTE A SER EXPERIMENTADA DENTRO DO OBJETO.

ATRAVÉS DOS ESTÍMULOS, ESTE ESPAÇO TEM A CAPACIDADE TRANSFORMAR O EXPECTADOR EM PARTE DA OBRA.

GALERIA TRUE ROUGE, 1997 - TUNGA Instalação - Técnica mista

OBRAS EXPOSTAS AO AR LIVRE

Exemplo: Obra de arte relacionada parcialmente com o meio externo.

Fonte: Arquivo pessoal da autora (acima), e http://clicio.wordpress.com/2009/03/27/inhotim-obrigatorio/ (instalação , ao lado).

Obra de arte totalmente relacionada com o meio externo, estabelecendo relações de interação com o mesmo.

Fonte: Arquivo pessoal da autora.


PARQUE DA JUVENTUDE – ANTIGO COMPLEXO PENITENCIÁRIO DO CARANDIRU - SP Após 46 anos de funcionamento, a área onde está hoje o Parque da Juventude foi ocupada pela Casa de Detenção de São Paulo, o maior presídio do Brasil, palco de muitas rebeliões e de um massacre de presos em 1992. Ainda funciona, a penitenciária feminina, imensa edificação na extremidade norte do parque. A construção de um parque cultural no local do Carandiru foi considerado um ato simbólico por parte do Governo do Estado no sentido de livrar o local do estigma de violência. Durante a apresentação da proposta do projeto, no entanto, houve diversas críticas de especialistas em planejamento urbano e em políticas públicas no tocante ao papel que o parque terá no processo de especulação imobiliária da região. O desafio para o escritório Aflalo & Gasperini Arquitetos, ganhador da concorrência pública do governo do estado, foi transformar esse território, marcado por muitas tragédias, em uma área de lazer e convivência, que acolhe milhares cidadãos da capital paulista desde 2007. O projeto paisagístico é de Rosa Klias e coube à Purarquitetura, com base no partido já aprovado, qualificar e desenvolver o projeto do parque institucional e do teatro, considerando as tecnologias mais viáveis. O programa também contou com a assessoria de integrantes do grupo dos S - Sesc e Senai pela sua familiaridade na gestão de espaços culturais e de educação.

09 http://juventude.sp.gov.br/portal.php/divirta-se/parque%20da%20juventude

O Parque é composto de três grandes espaços: A Área Esportiva, é de caráter recreativo - esportivo, com quadras poliesportivas, espaços para prática de skate e patins, pistas de corrida, entre outros. Este espaço ocupa 35 mil metros quadrados. Ele está situado no extremo leste da gleba, onde antes ficava o Hospital Penitenciário. A Área Central, tem aproximadamente 95 mil metros quadrados de área verde, com alamedas, jardins, bosques, árvores ornamentais e frutíferas. É de caráter recreativo - contemplativo, com trilhas, caminhos ajardinados, passarelas, entre outros elementos que remetem mais à ideia tradicional do "parque". Nesse local destinado ao lazer passivo, chama atenção a vegetação abundante, em grande parte preexistente. A intenção do projeto era criar um oásis urbano, onde os visitantes pudessem sentar a sombra das árvores para ler um livro ou descansar, o que justifica a ausência de infraestrutura para atividades físicas no parque Central. Os únicos equipamentos existentes ali são os bancos de concreto com encosto de madeira e os cestos de lixo em aço inoxidável. Entre as modificações promovidas pelo projeto está a formação de pequenos morros na região central do parque. Esse elemento rompe a planicidade da área, situada na várzea do córrego Carajás, afluente do rio Tietê, e oferece diferentes possibilidades de observação do verde e do horizonte da cidade. Ele foi concebido como forma de absorver resíduos da demolição dos prédios da Casa de Detenção. Porém, como o entulho teve outro uso, foi necessário adquirir terra para executar o morro. A Área Institucional, é de caráter cultural, onde estão localizadas as Etecs (Escolas Técnicas), que oferecem cursos regulares de enfermagem, informática, música, canto, entre outros. Aí também se encontra a Biblioteca de São Paulo, de responsabilidade da Secretaria da Cultura. Nesta parte do projeto, manteve-se dois pavilhões da lateral da antiga penitenciária, mantendo a ideia da praça de acesso e reforçando a divisa natural da área. Nestes pavilhões remanescentes foram instaladas as escolas técnicas profissionalizantes. Os elementos construtivos que marcam as duas primeiras fases do parque são o aço corten e o concreto, na etapa final se destacam os fechamentos pré-moldados. Os prédios existentes foram envolvidos com um fechamento novo, aproximando a características das construções. Isso só é possível pois, nos dois casos, as construções não possuíam valor arquitetônico.


RECUPERAÇÃO E VALORIZAÇÃO DE UMA ÁREA COM POTENCIAL URBANO Os vazios urbanos são produtos gerados principalmente pelo processo de desenvolvimento das cidades e da sociedade, sendo diretamente associados tanto ao processo de esvaziamento das áreas centrais como à retenção especulativa de terras ociosas. Eles deixam de caracterizar espaços livres, áreas de respiro e estoques de reservas para configurarem problema social com dimensões econômicas, advindas, principalmente, da demanda por habitação e lazer em áreas já infraestruturadas. A especulação imobiliária surge como grande articulador dessa problemática. A presença destes lotes vagos e subutilizados levam a descaracterização e ao esvaziamento de alguns bairros, ou mesmo desvalorização dos lotes urbanos próximos, levando a população de baixa renda a morar próximas a estas áreas. Normalmente estes locais também atraem a atenção de vândalos, usuários de drogas, e tornam os vazios regiões perigosas para circulação da população. Analisar os conceitos para incorporação do Parque da Juventude, e a maneira como foi revertida a imagem negativa da área diante da sociedade, restaurando não só um valor imobiliário para a região, mas para a população, promovendo a reativação destes lotes, contribuindo para a qualidade espacial e ambiental do espaço urbano, e minimizando as desigualdades sociais e espaciais para a construção de uma nova sociedade urbana.

VISÃO: Possibilidade de recuperar não só a imagem de uma área, mas renovar as esperanças de melhoria de vida da população

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Episódio conhecido como "Massacre do Carandiru", 111 mortos, em 1992, na Casa de Detenção de São Paulo.

A área de estudo vem sofrendo com ações do tempo, vandalismo, descaso público e falta de manutenção. Todos estes fatores desvalorizam e desconfiguram uma área que, em seu auge, impulsionou a economia e o desenvolvimento da cidade de Ribeirão Preto.

Devolver a cidade espaços adequados a convivência da população. Imagens Casa de Detenção. Fonte: http://dimensaojornal.com.br/a-violencia-nao-se-justifica/

A relação das duas áreas e o significado de sua recuperação são bem diferentes, mas o conceito de abandono é bem próximo.

Incêndio da Cianê. Fonte: http://darcyvera.blogspot.co m.br/2011/10/incendio-nogalpao-da-ciane-quem.html Demais fotos da área: Fonte Arquivo pessoal da autora.


THE RED RIBBON – QINHUANGDAO/CHINA O projeto está localizada no Rio Tanghe, na periferia urbana a leste da cidade de Qinhuangdao, na província de Hebei, na China. O local é um basicamente um corredor à margem do rio, com uma área total de cerca de 20 hectares. A implantação do parque tinha importantes objetivos ecológicos a cumprir, como por exemplo, preservar as áreas subdesenvolvidas do rio e recuperação de áreas que se tornaram abandonadas no curso de expansão urbana. O grande desafio do projeto foi a forma de preservar os habitats naturais ao longo do rio, enquanto a criação de novos usos urbanos de lazer e educação. Localizado à beira de uma cidade de praia, configurava-se num local de despejo de lixo com favelas desertas e instalações de irrigação, como valas e torres de água que foram construídas para a agricultura. O local era praticamente inacessível e insegura para as pessoas usarem. O parque que incorporou elementos de design visualmente marcantes, como a fibra de vidro de 500 metros do banco vermelho que tem mais em comum com o trabalho de arquitetos paisagistas, como Martha Schwartz, ASLA e Oeste 8 do que as tradições de desenho de paisagem na China.

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A solução, que também da identidade ao projeto é uma espécie de banco escarlate sinuoso, de meio quilômetro, que acompanha toda a margem do rio. A "fita vermelha“ integra as funções de iluminação, assentos, interpretação ambiental e orientação. Ela é feita de fibra de vidro, e iluminado por dentro para que ele fique vermelho à noite. Tem 60 cm de altura, e a sua largura varia de 30-150 cm. Vários espécimes de plantas são cultivadas em buracos estrategicamente colocados na fita. Este projeto demonstra como uma solução de design minimalista pode conseguir uma melhoria significativa na paisagem.

Quatro jardins de flores perenes de branco, amarelo, roxo e azul, agem como patchwork nas antigas campos abertos, e rode a lixões desertas e sites de favelas em atrações. Quatro pavilhões na forma de nuvens são distribuídos ao longo da fita, que proporcionam protecção contra o tempo, as oportunidades de reunião e pontos focais visuais. Junto com o processo de expansão urbana, o local foi procurado para fins de lazer, como pesca, natação e corrida pelas pessoas que vieram a residir nas comunidades recém-desenvolvidos próximas. Sem a implantação do projeto, o corredor natural do rio era susceptível de ser substituído por pavimento duro e canteiros de flores ornamentais. O local foi coberto com vegetação nativa exuberante e diversificada que fornece diversos habitats de várias espécies. O projeto Red Ribbon ganhou um prêmio de honra da Sociedade Americana de Arquitetos Paisagistas, e também foi escolhido pelos leitores da Conde Nast Traveller como uma das sete novas maravilhas do mundo da arquitetura.

Fonte http://www.turenscape.com/english/proj ects/project.php?id=336


PRESERVAÇÃO E IDENTIDADE

ANTES Abaixo: detalhe da proposta apresentada para o parque.

Além da forte questão ecológica presente na concepção do projeto, este parque tinha como ideal preservar as áreas subdesenvolvidas do rio e a recuperação de áreas que se tornaram abandonadas no curso de expansão urbana, permitindo qualidade para a população que residia nesta região.

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DEPOIS

ANTES Clara recuperação e devolução à população de um espaço público com qualidade.

Com a instalação do parque, a paisagem é renovada. O que antes dava lugar a um lixão, campos abertos de vegetação alta, favelas e caminhos isolados e perigosos para o pedestre, hoje é composto por pequenos jardins, um espaço organizado principalemente seguro.

Acima: detalhe da proposta apresentada para o parque.

DEPOIS http://www.turenscape.com/english/projects/project.php?id=336


PARQUE LA VILLETTE – PARIS/FRA Projetado pelo arquiteto Bernard Tschumi na cidade de Paris, o parque La Villette pode ser considerado um exemplo da arquitetura descontrutivista, pois apresenta uma composição espacial dinâmica que abriga diversas atividades, como teatros, museus, cinema ao ar livre, entre outros. Com a finalidade de revitalizar um área suburbana que abrigava um matadouro e uma área de pastagem, o projeto do parque pode ser visto como um edifício desmembrado, uma fusão entre jardins e construções, em que o arquiteto pensa sobre a arquitetura , programa, espaço e seu uso. As linhas são as galerias e marquises cobertas, elas ligam, unem os pontos e delimitam os planos. Toda circulação segue esses eixos, organizando e limitando os espaços. Elas são as ruas da cidade dentro do parque. Os planos são os locais onde foram colocados edifícios ou foram trabalhadas as massas vegetais, tendo a água também como um elemento muito importante no projeto.

Todos os anos o parque La Villete premia os parisienses com um Festival de Cinema ao ar livre gratuito que se chama "Cinema en Plein air“. Os “folies” são elementos arquitetônicos com formas e funções diferentes. Podemos dizer que isto de certa forma mostra a liberação da arquitetura aproximando-se da arte.

Tschumi diz que para a deconstrução acontecer é necessário desmembrar e ordenar o espaço; para isso, ele pegou a cobertura antiga do matadouro e a implodiu mentalmente. Depois de resgatar cada pedaço, os ordenou em um grid, uma malha de 120 metros em 120 metros. Neste jogo de tramas seqüenciadas foram incorporados vinte pequenos pavilhões vermelhos (folies), obras escultóricas que foram dispostas seguindo uma grelha de cubos (10 x 10m). Os primeiros projetos denominados deconstrutivistas têm em comum a utilização desta grelha (grade) conceitual. Sobre esta, são efetuadas transformações e distorções que se fazem explícitas no projeto final. O projeto todo é estruturado por três objetos: o ponto, a linha e o plano ou superfície.

O parque ocupa uma área de 55 hectares dos quais 35 são de áreas verdes (7 hectares só de gramado), constitui o maior parque totalmente paisagístico na cidade de Paris. O parque abriga comodidades públicas dedicadas à ciência e à música, além de playgrounds para as crianças e 12 jardins temáticos. O parque La Villette é um espaço urbano lúdico que atrai os visitantes pela presença de longos passeios, de áreas de descanso em meio a natureza, de um plano d’água para contemplação, ou até mesmo pela presença de espetáculos e outras opções culturais.

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A grande Halle, ao lado, é o único vestígio dos antigos matadouros. Possui mil lugares para concertos formais ou pode ser transformado em um grande espaço aberto para as noites de discoteca e dança. Fonte: www.villette.com


VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO ATRAVÉS DA TEMÁTICA E PONTUAÇÃO DO ESPAÇO

A mistura do natural e artificial é um dos aspectos mais nítidos no parque.

Grandes espaços verdes dos dois lados do rio que corta o parque se tornam locais de convivência em dias de sol.

Espaço infantil

Um dos “Follies”, ao fundo. Mobiliário diferenciado, à frente.

O rio que corta o Parque La Villete.

FOLIES Cada pedaço da implosão colocado na malha é um ponto, estão em locais importantes, são marcos, nós, pontos de encontro, pontos de união. Nesses nós, estão os Folies, estruturas da cidade de Paris (bancas de jornal, banca de flores, bilheterias de metrô, de cinemas e teatros...) que dentro do Parque tomaram a função de serviços, sendo essas funções de pontos de informações, cafés, postos de primeiros socorros, lanchonetes, restaurantes, banheiros...

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Processo de criação das folies (deconstrução do cubo).


OBJETIVO DA PROPOSTA

Os Parques Red Ribbon, na China, e o Parque da Juventude, em São Paulo, são representativos de recuperação de área urbana que respondem bem à questão que o presente trabalho coloca em discussão: o abandono de áreas urbanas, não somente na questão espacial e física, mas também cultural e socialmente. As áreas onde estes parques foram implantados eram marcados por degradação urbana e violência, o que atraía diversos preconceitos, levando estes espaços a um completo abandono e desvalorização. O mesmo acontece com muitos bairros de Ribeirão Preto, onde são ‘esquecidos’, por questões de desigualdades sociais e políticas. LINGUAGEM DO ESPAÇO URBANO E SEUS USOS - CONTEMPORANEIDADE

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A sociedade esta em plena transformação, e para se pensar na concepção dos espaços urbanos hoje é necessário também pensar na relação destes espaços com os usos, as questões sociais, econômicas e atemporais da população, assim como nos espaços preexistentes. Foram analisados quatro parques urbanos, sendo dois destes exemplares modelos nacionais, nos quais se abordam conceitos e questões importantes para uma composição racional, adequada e coletiva da composição e conceituação do espaço urbano, respeitando seus usos e qualidades locais preexistentes. Os objetos de estudo seguem uma linha contemporânea. Possuem um programa funcional, com caráter predominantemente ativo, e também contemplativo. Em ambos existe uma preocupação com os ecossistemas naturais, e também como ponto forte o atrativo temático, dado pela caracterização pontual, mas não rígida e focada em um único ícone ou objeto, e sim a forte preocupação com a identidade. Os projetos analisados permitem disciplinar um novo olhar sobre o trabalho a ser desenvolvido, a algo além de um espaço degradado ou de um simples fragmento de vazios urbanos. Discutem a importância da paisagem na qualificação de um espaço e, consequentemente a importância deste espaço dentro das cidades. Os parques escolhidos para tal estudo foram: O Museu do Inhotim – Instituto de Arte Contemporânea e Jardim Botânico, em Brumadinho-MG; o Parque da Juventude, antigo complexo penitenciário do Carandiru, em São Paulo-SP; The Red Ribbon, em Qinhuangdao/China; e o Parque La Villette em Paris, França. Estes objetos abordam temas comuns quanto as discussões urbanas, mas com visões, orientações e métodos diferentes quanto a sua implementação. A análise projetual desenvolvida para este trabalho possibilitou compreender a forma como os parques urbanos intervêm no espaço, e principalmente, acompanhar todo o processo e evolução destes, resultante de um produto com extrema qualidade urbana, desde as problemáticas do local e suas condições urbanas, as necessidades e a concepção de programa alavancado, e as diretrizes do projeto, até sua concepção e o modo como hoje é utilizado pela população. Independente da escala urbana que estes objetos possuem, e de suas diferentes configurações e ocupação do espaço, é possível constatar que a organização de seus espaços e elementos, assim como sua função, estética e programas são elementos determinantes para a concepção e implementação satisfatória de projetos públicos urbanos.


EQUIPAMENTOS URBANOS: OUTROS PONTOS INTERESSANTES A SE EXPLORAR Os equipamentos urbanos devem ter qualidades estéticas - configurando ordem e complexidade -, e funcionais - considerando seus impactos na utilização dos espaços públicos-, para compor satisfatoriamente os espaços urbanos. Atualmente, muitos espaços públicos tem seus equipamentos urbanos desenhados especificamente para aquele local, com dupla ou tripla função. Estes equipamentos surgem as vezes como partido de projeto ou pode também passar a configurar a identidade para aquele local.

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DECK CITY: iluminar.

INSTALAÇÃO: iluminar, orientar o usuário no espaço. THE HIGH LINE Manhattan’s Newest Public Park

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RED RIBBON (FITA VERMELHA): iluminar, sentar, deitar, delimitar o espaço, orientar.

sentar,

http://linkedinhyunja.blogspot.c om.br/2012/01/city-deck.html

ERIE STREET PLAZA ON BEHANCE: sentar, iluminar. http://www.architravel.com/architravel/building/er ie-street-plaza

deitar,

ILUMINAÇÃO PONTUADA EM MOBILIÁRIO URBANO, PERMITINDO OTIMIZAÇÃO NOS USOS NOTURNOS ; CARACTERIZAÇÃO E LINGUAGEM DE PROJETO; MÚLTIPLO USO EM UM ÚNICO DESENHO; POSSÍVEIS DIRETRIZES E PONTUAÇÃO/DEMARCAÇÃO DE ESPAÇOS; ESPAÇOS DE ESTAR E CIRCULAR SÃO DEFINIDOS PELOS DESENHO DO MOBILIÁRIO URBANO.

PARQUE DA JUVENTUDE, SÃO PAULO. Fonte: http://www.arcoweb.com.br/lighting/senziconsultoria-luminotecnica-luminotecnica-de-30-042008.html

Flowing Gardens, China. http://www.plasmastudio.com/

Fonte: http://www.curatormagazine.com/brianwatk ins/the-high-line-manhattan%E2%80%99snewest-public-park/


O objetivo deste levantamento é analisar as qualidades e deficiências da área de estudos em relação a cidade, compreendendo a existência destes vazios urbanos, para pontuar uma proposta de intervenção e ocupação adequada ao contexto urbano e às necessidades da população.

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RIBEIRÃO PRETO

LEVANTAMENTO DE DADOS DA ÁREA DE INTERVENÇÃO Localização da Cidade. Fonte: Google, 2013, com alterações da autora.

Localizada no Estado de São Paulo, Ribeirão Preto configura-se como município pólo entre as cidades da Região com as quais está delimitada, sendo estas: Cravinhos, Brodowski, Dumont, Guatapará, Jardinópolis, Pontal, Pradópolis, Serrana e Sertãozinho.

Relação dos acessos com cidades vizinhas. Fonte: Google Maps, 2013, com alterações da autora.

Delimitado entre os bairros Centro, Ipiranga e Campos Elíseos, o conjunto de vazios urbanos é um objeto que funciona como núcleo entre bairros e diversos equipamentos importantes para a cidade, no entanto os acessos entre estes bairros, e os demais que compõe este trecho da cidade é limitado, e ainda dificulta a circulação e a relação entre eles. Delimitação da área de estudos: bairros de intervenção. Fonte: Google Maps, 2013, com alterações da autora.


ÁREA CENTRAL IPIRANGA 18

CAMPOS ELÍSEOS

Foto aérea (Helimagem). Data: 30 de novembro de 2007. Arquivo Buildi construtora.

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ASPECTOS POSITIVOS: Proximidade com a área central da cidade; Possibilidade de oferecer um programa ao alcance da população de baixa e média renda; Fácil acesso e boa estrutura viária existente (que pode ainda ser melhorado com a reestruturação da área); Possibilidade de revitalização de uma área degradada; Área inserida numa nova centralidade urbana; Possibilidade de ligação dos vazios urbanos existentes entre bairros distintos através do equipamento; Área carente de equipamentos artísticos e culturais, mas com potencial para o mesmo; Tamanho da área; Proposta da prefeitura para intervenção no patrimônio cultural e histórico da antiga Ciane.

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ASPECTOS NEGATIVOS: Acessos em sua maior parte são por vias expressas e avenidas, e não vias locais, o que torna o trafego de pedestres perigoso e pouco atrativo; Área degradada e ociosa; Área que sofre com enchentes; Apesar do potencial e da proximidade da área central, é uma área fisicamente abandonada pelo poder público e população; Vegetação escassa ou insuficiente; Ponto de uso de drogas ilícitas


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BREVE CONTEXTO HISTÓRICO Uma vez que o desenvolvimento se concentrou nos limites do quadrilátero central, pode-se afirmar que a primeira expansão urbana de Ribeirão Preto ocorreu de fato em 1887, com a criação do núcleo colonial Antônio Prado, o qual deu origem a dois entre os mais populosos bairros do município: Ipiranga e Campos Elíseos. ZAMPOLO (2011, apud SILVA, não datado, p.3). Com o advento da economia cafeeira na cidade foram sendo construídas as ferrovias e suas estações para dar suporte à chegada de imigrantes e ao escoamento da safra do café. Na área de estudo foram construídas duas estações que segundo a rede de cooperação identidades culturais (2010) para diferenciar as terras do núcleo Antônio Prado a população começou a identificar como Barracão de cima e Barracão de Baixo. Cione (1997) cita que com o tempo o nome Barracão de baixo foi substituído por campos Elíseos e nele foi implantado as indústrias Reunidas Franscisco Matarazo, a Cianê, sua especialidade era a fiação e tecelagem, hoje é considerada um patrimônio histórico e cultural e está inativa. Atualmente este bairro é bem diversificado, com prestação de serviço, comércio forte, pequenas industrias. Em relação ao Barracão de cima, ainda segundo Cione (1997, apud ZAMPOLO, 2011, p.46), na década de 60 através de um plebiscito o nome do bairro, Barracão, foi substituído por Ipiranga. Este bairro hoje é considerado uma nova centralidade urbana devido ao forte comércio e prestação de serviço existente.

Fotos 1 e 2: O Barracão. Fonte: Arquivo pessoa da autoral, 2013.

9.3 EQUIPAMENTOS REMANESCENTES A área de estudo possui muitos equipamentos abandonados e esquecidos pela população, que foram de grande importância para a concretização do bairro e desenvolvimento da cidade como um todo.

Fotos 3 e 4: Situação atual do galpão da Cianê, e muro feito pela prefeitura para inibir acesso do público.


Alguns destes exemplos são os já citados Barracão e as Indústrias Matarazo, e também outro barracão, localizado à Rua Marques de Pombal, a qual já não tem mais ligação alguma com o barracão da Avenida capitão Salomão, e hoje é usado como sindicato dos ferroviários; a antiga Cerâmica São Luiz, que teve seus barracões demolidos para inserção do Hipermercado Carrefour, mas ainda permanece uma parte do complexo como memória, sendo a entrada principal, chaminés e a fornalha; e também a antiga indústria de refrigerante da extinta marca “Calouro”, tendo prédio ainda existente om acesso pela Rua André Rebolças.

Fotos 5 e 6: Antiga Estação de Trem à Rua Marques de Pombal e antiga entrada da Cerâmica São Luiz, atual Hipermercado Carrefour. Fonte: arquivo pessoal.

Todos estes objetos acabam escondidos atrás de pichações e mato alto, atraem a permanência de andarilhos, vândalos, mendigos e usuários de drogas, e levam a população a se afastar cada vez mais destas áreas, levando também a perda de valor imobiliário na região. Fotos 7 e 8: Antiga indústria de refrigerantes “Calouro”. O equipamento pode ser visto da Via Norte e da Rua André Rebolsas. Fonte: Arquivo pessoal, 2013.

ASPECTOS AMBIENTAIS E VISUAIS O local escolhido possui uma área significativa de vazios urbanos permeáveis, dotados de infraestrutura, a qual é praticamente ignorada. Com vegetação rasteira em algumas áreas e praticamente nenhum tipo de vegetação em outras áreas. A área sofre com alagamentos em períodos de chuva intensa, e também com despejo de lixo e entulhos nas margens dos rios e nos terrenos vazios. O abandono destes equipamentos, que tem importância histórica significativa para os bairros de estudo e a cidade, acabam atraindo vândalos e usuários de drogas. O estado físico destas edificações fica cada vez mais degradado e o ambiente por consequência afasta cada vez mais a população.

Às margens das antigas linhas ferroviárias, ainda existentes neste trecho da cidade, encontram-se amontoadas de lixo e vegetação alta, sem qualquer cuidado ou qualidade. O asfalto está em ótimo estado, talvez até pela falta de uso, mas não existe calçamento para o pedestre. O mau cheiro predomina na área devido ao acúmulo de lixo. Fotos 9 e 10: Margens da antiga ferrovia; situação atual. Fonte: arquivo pessoal da autora, 2013.

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USO DO SOLO: TIPOLOGIAS E EQUIPAMENTOS Em relação ao uso do solo, a área de estudo é predominantemente residencial, sendo notória a presença de comércio e serviços em toda extensão das avenidas Marechal Costa e Silva, Dom Pedro I e Fábio Barreto, e também às Ruas Coronel Américo batista e Luiz Barreto, configuradas como vias principais, com grande trafego de pessoas. No interior de ambos os bairros, comércio e serviços se encontram espalhados, servindo a escala de vizinhança. Porém no bairro Campos Elíseos há uma concentração maior desta tipologia, que é também utilizada por moradores de outros bairros. A falta de equipamentos é um dos fatores que mais agrava o problema de uso e ocupação do solo na área. Todos os equipamentos que teriam um potencial para alavancar melhorias na área acabam sendo implantados no centro ou em regiões mais nobres da cidade. E os vazios urbanos ali existentes continuam abandonados e sem nenhuma manutenção ou proposta.

Mapa 1 – Uso do solo (tipologias). Fonte: Arquivo pessoal, 2013.


Os equipamentos existentes no local não proporcionam a permanência de pessoas, apenas passagem. E sendo a maioria de uso particular e com as costas do equipamento voltado para os vazios urbanos. As áreas verdes são evidentemente insuficientes e o vazio urbano existente é todo fragmentado, composta de vários terrenos vazios, algumas áreas em desuso e outras áreas degradadas.

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Mapa 2 – Destaque de alguns equipamentos importantes na área de estudos. Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2013. Fotos da autora.

Segundo a legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo (lei complementar n 2157/07) a área configura-se, quanto ao macrozoneamento, na zona de urbanização preferencial (ZUP) onde possuem estrutura e condições geomorfológicas propicias para urbanização. No que se diz respeito às áreas especiais esta em uma área de uso misto e no que se refere ao zoneamento industrial esta em uma área de uso misto – 1 (índice 1,5) AUM -1.


USO DO SOLO: GABARITO O entorno é composto por residências, e em sua maioria edificações térreas. Algumas são de dois ou três pavimentos, mas normalmente quando possuem residência e comercio no mesmo edifício.

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Mapa 3 – Mapa de ocupação do solo. Fonte: Arquivo pessoal, 2013.


SISTEMA VIÁRIO E TRANSPORTE As Avenidas Dom Pedro I, Capitão Salomão, Marechal Costa e Silva, e Rio Pardo, e principalmente a Via expressa Norte, formam um conjunto de vias importantes na área a ser estudada. Em horários de pico o fluxo é intenso em todas as vias. Porém, devida a ligação destas com a Via Expressa, o fluxo logo é disperso, e congestionamentos na área são raros, sendo notáveis em dias chuvosos, quando o Rio excede sua capacidade de escoamento d’água. Pelo local circulam diariamente cerca de 2.400 veículos por hora (de acordo com o site da Prefeitura da Cidade).

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Mapa 4 – Relação dos acessos: circulação e fluxos da área. Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2013.

A área comporta um fluxo de circulação de pessoas maior do que sua capacidade, sendo notável o efeito dessa sobrecarga de circulação em algumas vias locais, principalmente às Ruas Pernambuco, Coronel Américo Batista, Espírito Santo e Luiz Barreto, que acabam tendo características de vias coletoras. A Avenida Eduardo Andrea Matarazzo, conhecida como Via Norte, possui um projeto para se transformar em um parque linear, denominado Ulysses Guimarães. E até o momento, o que foi realizado na área como benfeitoria para este projeto foi a ciclovia, com 5,3 km de extensão, entre a rotatória Amim Calil e o bairro Adelino Simione, recebendo diversas benfeitorias como: ciclovia e paisagismo. As obras na extensão da Via Norte foram concluídas em julho de 2012, porém, elas pouco são usadas pela população pela falta de equipamentos de apoio e segurança, principalmente durante a noite e aos finais de semana, que a circulação de pessoas diminui significativamente.


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Fotos 11 e 12: Ciclovia implantada na Avenida Eduardo Andrea Matarazzo. Fotos tiradas em um domingo. Não havia circulação de pessoas ou automóveis. Fonte: arquivo pessoal da autora, 2013.

O transporte público coletivo utiliza-se destas vias expressas e arteriais para abastecer diversos bairros localizados no setor norte da cidade, porém, com a requalificação da área e a implantação do Parque Urbano, será necessário aumentar a oferta de transporte público oferecido, possibilitando uso por toda a população da cidade e não apenas de um público específico e também não sobrecarregando o serviço existente, desfavorecendo a demanda que usa o transporte para deslocamento residência/trabalho diariamente. Além do cuidado com o transporte público, repensar o desenho da ciclovia e expandi-lo, e propor a criação de uma nova via de acesso, que auxilie as existentes, permitindo uma distribuição do transito mais fluida.

As poucas passarelas para pedestres existentes na área estão em péssimas condições de uso, não tem iluminação e segurança suficientes, e nem equipamentos que auxiliem ou apoiem seu uso.

Fotos 13 e 14: Passarela que liga o bairro Campos Elíseos ao bairro Ipiranga. Falta sinalização, segurança e iluminação. Sinais de degradação. Fonte: Arquivo pessoal da aluna, 2013.

Muitas vezes leva o pedestre a arriscar-se entre os automóveis para circular de um lado a outro das calçadas. Foto 15 e 16: passarelas abertas entre os canteiros centrais das avenidas. Fonte: arquivo pessoal da autora, 2013.


HIDROGRAFIA E VEGETAÇÃO As áreas verdes encontradas no local são dadas pelas praças existentes, as quais apresentam-se em condições ruins, sem mobiliários urbanos, como bancos, lixeiras e um bom calçamento, que não permitem lazer aos usuários; e também canteiros ou áreas verdes não edificadas, onde encontram-se somente vegetação rasteira ou só possuem arborização. Há uma nascente onde não é respeitada nem cumprida a legislação pertinente para sua proteção e preservação. Dois importantes córregos cortam a área, o Córrego Retiro Saudoso e Ribeirão Preto, ambos infelizmente canalizados. Foto 17 e 18: Vegetação nas Avenidas Costa e Silva e Via Norte. Calçamento não favorece o pedestre. Fonte: Arquivo pessoal,2013.

NASCENTE

Mapa 5: Aspectos Ambientais.

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CONSIDERAÇÕES DA ÁREA DE INTERVENÇÃO Proposta da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto para a revitalização da área: implantação do “Centro Cultural Cianê” Trata-se da proposta de restauração do prédio da antiga fábrica de tecido Matarazzo e a instalação no local, aproximadamente 40 mil metros quadrados, do Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto, conforme acordado em TAC assinado pela Prefeitura Municipal e a Promotoria do município, do MIS – Museu da Imagem e do Som, da Fundação Instituto do Livro, da Biblioteca Pública Municipal Guilherme de Almeida, do Centro de Formação e da Casa do Turismo de Ribeirão Preto.

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Galpão 1: Espaço a ser destinado para um memorial da Fábrica de Tecido Matarazzo; Espaço a ser destinado à Associação de Moradores do Bairro Campos Elíseos Web Café, loja de suvenir, recepção. Galpão 2: Espaço a ser destinado ao centro de formação com a possibilidade de cursos relacionados ao universo cultural – gráficos, design, arquivista, editor,weber... Galpão 3: Espaço a ser destinado para a Secretaria da Cultura para implantação do: Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto; Fundação Instituto do Livro de Ribeirão Preto e Biblioteca Municipal Guilherme de Almeida Prado. Galpão 4: MIS – Museu da Imagem e do Som.

Fonte: http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/scultura/centros/i14ciane.php

Na área também há a proposta para a revitalização da Via Norte e criação do Parque Linear Ulysses Guimarães, cujas obras iniciaram em Setembro de 2011.


ENTENDIMENTO DAS NECESSIDADES Com base no levantamento de dados na área e na aplicação de formulários realizada nos bairros Campos Elíseos e Ipiranga, é possível fazer uma análise do perfil dos trabalhadores e usuários da área de estudo, e de suas necessidades. Quanto a estrutura, o local é dotado de comércio, instituições educacionais, hospitais, praças de pequeno porte, ciclo faixa, Via expressa, clube particular, e próximo existe ainda um estação de energia. Os moradores desta região em sua maioria trabalham em outros pontos da cidade, necessitando locomover-se diariamente até seus postos de trabalho. A demanda de trabalhadores necessária para o bairro Ipiranga é muito pequena em relação ao tamanho da sua população residente. E, no bairro Campos Elíseos, a oferta de emprego é bem maior, porém, existe uma grande demanda de trabalhadores que se deslocam de bairros mais distantes para ocupar as vagas de emprego existentes no bairro, sendo então, bem diluído o número de moradores que trabalham no bairro e usufruem da escala da vizinhança. Em relação aos equipamentos de lazer, os moradores confirmam não ter muitas opções para a prática de atividades físicas ou culturais, tanto os trabalhadores durante os intervalos de almoço, quanto os moradores durante os finais de semana. Os equipamentos presentes na região são, em sua maioria particular, e a falta de segurança inibe a circulação de pessoas em determinados horários e dias da semana. A ciclovia implantada na região não tem nenhum atrativo aos usuários, servindo somente para o deslocamento destes em horários mais movimentados do dia. Durante a noite o trajeto torna-se perigoso e mal iluminado. Além de ter ligações restritas com os bairros estudados, não permitindo também a transição e circulação entre eles, e principalmente permitindo também o uso do pedestre.

Maquete eletrônica da antiga estação Barracão. Arquivo internet, 2013.

Portanto, foi possível compreender e destacar algumas prioridades para a inserção do objeto no local: Objetivo: a ideia é inserir um Parque Urbano, criando uma malha onde o espaço torne-se uma área de livre circulação para o pedestre, quebrando barreiras entre diferentes bairros da cidade, unindo-os por equipamentos de estar e atividades mútuas, como lazer, cultura geral, contemplação e memória. Proposta: criar novas formas de circulação entre os bairros (principalmente acessos para pedestres e ciclistas); Diretrizes: revitalizar objetos de valor histórico e cultural de grande importância para a cidade, que encontram-se abandonados e degradados (O Barracão e Indústrias Matarazzo. Observação: considerar proposta da Prefeitura para os Galpões da antiga Cianê); Proporcionar uma estrutura auxiliar aos equipamentos existentes em seu entorno; Reabilitar áreas urbanas sem nenhuma estrutura (vazios urbanos). Criar elementos de interação, permanência e passagem, diurnos e noturnos para a população. Situação: atualmente foi implantada uma ciclo faixa junto a margem do Rio, que se estende pela Via Expressa Norte. A área possui uma qualidade da qual não consegue extrair benefícios pois não tem um planejamento espacial. Todos os equipamentos existentes estão dispersos, sem qualquer preocupação com acessos, usos ou mesmo um padrão na escala de vizinhança. Evitar: aumentar o fluxo de automóveis sem criar novas possibilidades de acessos. Desenho: seguir o fluxo do terreno para abrigar a proposta, conseguindo assim uma estrutura lógica na composição do mesmo. Não tem uma forma linear. O conceito do traçado será fluir sobre o terreno.

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Atualmente as cidades vem passando por grandes transformações econômicas e sociais, e a constantes transições nas formas de produção, moradias, hábitos e cultura em geral. À medida que a cidade se desenvolve, e sua infraestrutura evolui e se dilui na malha urbana, ocorre o esvaziamento das áreas central e dos bairros mais antigos dentro da malha urbana. Dentro deste contexto, surgem os vazios urbanos, que são de extrema importância para as cidades, ganhando cada vez mais potencialidade ao viabilizar empreendimentos e melhorias em diversos setores necessários à reorganização e recuperação destes espaços urbanos, que acabam se tornando conturbados e desconexos. Os vazios urbanos são resultado de questões econômicas e sociais, do valor agregado ao solo urbano, das formas de atuação da especulação imobiliária e das politicas publicas. Existe uma mudança importante relacionada às novas demandas e ofertas urbanas, que estão intimamente ligadas às questões sociais e controlam o mercado imobiliário e por consequência as diretrizes urbanas. Clichevsky (data, não paginado), diz que: Os vazios não só são encontrados nas áreas periféricas como também nas mais centrais ou intersticiais; eles definem, muitas vezes, as formas de crescimento das cidades, a partir da existência de loteamentos “salteados”, que deixaram vazias áreas de propriedade e tamanhos variados, com diversas situações urbanas e ambientais problemáticas.

A existência de vazios urbanos gera problemas econômicos para a cidade, onde deixa de usufruir da existência de infraestrutura instalada não utilizada, e tem a necessidade de criar novas instalações em locais mais distantes e menos adensados, além dos problemas de circulação, degradação e das despesas com transporte. A área de estudos, localizada na zona norte de Ribeirão Preto, está inserida num conjunto de vazios urbanos, ou seja, configura um espaço fragmentado, uma área urbana composta por equipamentos diversos, porém que não se estruturam como elementos urbanos. Estes desmembramentos levam ao abandono total de algumas áreas, deixando-as sem uso, ociosas e degradadas, e a desvalorização das áreas vizinhas, mesmo que estas tenham usos. O solo acaba sendo desvalorizado, os equipamentos ali instalados perdem seu valor, e a cidade acaba desviando sua atenção daquela região, implantando melhorias e equipamentos em outros setores da cidade.

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CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO O que restou da antiga Cerâmica São Luiz, Pavilhão de entrada, chaminés e forno. O restante foi demolido para abrigar o hipermercado Carrefour. O que existe remanescente é quase imperceptível, coberto pela vegetação e estruturas do estacionamento. Arquivo pessoal

O desenvolvimento econômico foi um dos fatores que levou ao esvaziamento desta área. Com o fechamento das indústrias ali existentes, a evolução dos meios de transporte, e a mudança das atividades econômicas da cidade, a área passou a não ter a mesma importância desde sua inserção como bairro, simplesmente deixando de lado os equipamentos ali existentes, como as ferrovias e os prédios fabris, e distribuindo a nova estrutura de suas necessidades em outras regiões da cidade. Além dos gastos com infraestrutura, outro fator importante a ser considerado para o projeto é a escala do pedestre. A área de estudos tem em sua maioria usos residenciais, porém, por se tratar de bairros intermediários, que interligam diversos outros setores da cidade, a circulação de automóveis é grande. A cidade acaba priorizando a circulação de veículos, realizando cada vez mais obras viárias e a pavimentação das vias, e esquece as necessidades do pedestre, e a relação da cidade com a paisagem e o escoamento de águas pluviais.


(Foto 1) Antiga Indústria de refrigerantes e (foto 2) Acesso ao Barracão. Os equipamentos permanecem, mas sem qualquer estrutura e manutenção. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

A cidade de Ribeirão Preto e os bairros que envolvem esta malha urbana, então, se desenvolveram independentemente dos bairros Campos Elíseos e Ipiranga, ignorando esta área urbana que já não lhe agregava nenhum benefício e não fazia parte de suas necessidades. A área simplesmente foi deixada de lado pois era “indiferente” as novas atividades da cidade e da população.

Praça incorporada pela escola Professor Alfeu Luiz Gasparini, em frente ao Barracão, e Vista da Avenida Costa e Silva para as Indústrias Cianê. Muros bloqueando elementos urbanos de grande importância.

COM O TEMPO, OS EQUIPAMENTOS FORAM SE DEGRADANDO, E SEM NENHUM CONTROLE, ALGUNS FORAM SIMPLESMENTE SUBSTITUÍDOS (CASO DA CERÂMICA SÃO LUIZ) E OUTROS DESCARACTERIZADOS E PRATICAMENTE ESCONDIDOS POR TRAZ DE TANTAS CONSTRUÇÕES E MODIFICAÇÕES URBANAS.

(Foto à esquerda) Estação de Ribeirão Preto da SPM. Anos 1950? (Acervo Rodrigo Flores; autor desconhecido).Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/r/ribp reto-spm.html. (Foto à direita) estado recente da estação. Fonte: Arquivo pessoal.

A proposta para implantação de um parque urbano nesta área, além de todas as questões aqui já levantadas, visa construir um equipamento que possa garantir apoio aos usuários do local, sendo estes trabalhadores, moradores ou estudantes locais. O sistema de circulação será então de grande importância, e possibilitará reorganizar o espaço urbano, integrando-o num mesmo contexto, criando uma ligação entre as duas áreas, permitindo trazer a esta fragmentação urbana existente na área de estudos uma qualidade espacial garantindo a concretização dos objetivos propostos.

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O parque urbano proposto está inserido em uma área de extremo valor histórico para cidade de Ribeirão Preto. Além de ser um dos primeiros bairros implantados na cidade, esta área possibilitou grande desenvolvimento e riqueza, com as indústrias Matarazzo, a Cerâmica São Luiz, a estação de trem “o Barracão”, que hoje são patrimônio do município, mas ainda assim, encontram-se abandonados e desvalorizados na cidade. RESGATE DA MEMÓRIA Tal situação leva a inúmeros outros problemas urbanos e sociais, dentre os quais já destacados neste trabalho. ou ociosos. Portanto, mais que apenas a implantação de um parque urbano, este trabalho compreende resgatar a memória, uso e materialidade gerada por este abandono, além de criar uma ligação entre estas áreas espraiadas, dando nova perspectiva aos moradores e colocando de volta o trecho dentro do contexto da cidade. Apesar da constante preocupação com os equipamentos existentes, que merecem atenção, valorização e destaque, o trabalho apresenta uma proposta arquitetônica expressiva para resolver a fragmentação urbana, sem priorizar ou agredir o existente. Para isso foram analisadas, com base nas teorias sobre conservar ou restaurar, do arquiteto e historiador Camillo Boito, algumas obras de caráter conservador onde são inseridas obras arquitetônicas em locais que já sofreram com desacertos urbanísticos, descaracterização, abandono, desvalorização de elementos históricos, subutilizados ou ociosos. É o que se consegue verificar na Praça das Artes (2006 - 2012), cuja autoria é dos arquitetos Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz e Luciana Dornellas, onde o projeto da praça tem de responder de maneira clara e transformadora a uma situação física e espacial preexistente, com vida intensa e com uma vizinhança fortemente presente, além de criar novos espaços de convivência a partir da geografia urbana, da história local e dos valores contemporâneos da vida pública.

DO APOGEU AOS DISSABORES

Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/13.151/4820

O espaço físico é composto por uma série de lotes que se interligam no miolo da quadra, voltados para três frentes de ruas, no coração da cidade. É inserido então um objeto novo e contemporâneo entre os demais, cada um com características construtivas específicas de épocas e estilos diferentes. Em duas das fachadas do conjunto, o conceito de Boito é colocado à mostra, onde o novo se anula em relação ao antigo, mas ao mesmo tempo ele abraça o antigo criando uma ligação entre eles.


Boito (1884, apud Pozzobon, 2012) alertou que: mesmo o restaurador possuindo conhecimento pleno dos estilos da arte e da arquitetura, ele deveria buscar nos documentos originais da obra, as fontes primárias para sua proposta de intervenção, infringindo o mínimo possível de ações. Concluiu sua tese defendendo que as intervenções deveriam conservar nos monumentos o seu velho aspecto artístico e pitoresco entendendo isso como respeito à materialidade do objeto. E a partir de seus pensamentos foi feita a distinção precisa entre o significado de restaurar e conservar. Chamando atenção que conservação periódica seria instrumento eficaz de preservação, e que a restauração só deveriam ser feitas quando necessárias. E que os complementos feitos a obra, quando necessários, deveriam demonstrar ser contemporâneo, diferenciando-se do material original.

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www.unifra.br/eventos/sepe2012/Trab alhos/6889.pdf‎. Acesso em setembro de 2013

Preservar o antigo com coerência e dialogo Não ter medo de colocar junto – musu rodan, marelo ferraz Imagens (fonte): www.unifra.br/eventos/sepe2012/Trabalhos/688 9.pdf‎. Acesso em setembro de 2013

De acordo com Camilo Boito (1884) “deve ser evitado acréscimos e renovações, e se for necessário, deve-se ter caráter diverso do original, mas sem destoar do conjunto” – é o caso dos novos volumes agregados ao antigo palacete, em uma nova linguagem, mas com aproximadamente o mesmo volume. Porém, a intervenção de Fanucci e Ferraz é muito mais agressiva.


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Mapa sem escala. Fonte Internet com alteraçþes da autora.


LEGENDA: PARQUE ECOLÓGICO ÂNGELO RINALDI (HORTO MUNICIPAL)

ESTUDO DOS PARQUES URBANOS EXISTENTES NA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO E SEUS USUARIOS

PARQUE TOM JOBIM PARQUE LUIZ ROBERTO JÁBALI (CURUPIRA) PARQUE MORRO DE SÃO BENTO

PARQUE LUIS CARLOS RAYA

PARQUE MAURÍLIO BIAGI PARQUE ROBERTO DE MELO GENARO PARQUE DR. FERNANDO DE FREITAS MONTEIRO DA SILVA

A diferença entre as estruturas e instalações dos parques localizados na zona sul e na zona norte são exorbitantemente claras. O investimento nas áreas nobres da cidade buscando sempre priorizar o lucro é grande, e fica claro na distribuição e na manutenção dos espaços públicos da cidade. O mesmo descaso é percebido na relação das distâncias destes equipamentos com os bairros mais carentes da cidade, além de que, estes equipamentos de lazer, quando inseridos em locais mais afastados ou menos frequentados pela elite, possuem um quadro de serviços inferior aos demais.

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EQUIPAMENTOS DE LAZER DETERMINADOS PELO VALOR DO SOLO URBANO

Grande parte da população acaba desistindo de praticar atividades de lazer e cultura, ou exercem essas atividades em um padrão de qualidade e “quantidade” inferiores ao que desejam, ou que seriam ideais as suas necessidades, por falta destes equipamentos próximos as suas residências, ou pelo menos fácil acesso até estes equipamentos. Pois o período gasto para chegar até o destino desejado é desgastante e estressante, além do valor e condições do transporte público que acabam desfavorecendo estes usos. O publico a ser atendido hoje com os projetos de restauração e revitalização urbana é bastante diverso, muito maior e menos exigente. O interesse deste trabalho é atingir um público com menos referencias culturais, que mora em bairros mais afastados, e na maior parte dos casos não tem a possibilidade de manter acesso a áreas de lazer particulares, e o espaço publico é o único local onde podem desenvolver atividades ao ar livre, com segurança e qualidade.

35 PARQUE DR. FERNANDO DE FREITAS MONTEIRO DA SILVA Fonte: http://www.revide.com.br

A localização de parques em áreas habitadas pelas elites, carrega um significado simbólico que lhes foi atribuído: sua relativa centralidade ou facilidade de acesso. Estas características apresentadas transformam estes nos principais parques da cidade, capazes de atrair milhares de usuários todos os dias, tanto para caminhar e correr como para o descanso, os shows ao ar livre e as exposições.

PARQUE CARLOS RAYA. Fonte: commons.wikimedia.org

No entanto, o que ocorre é que o mercado imobiliário se aproveita da maximização do uso do automóvel, facilitando o deslocamento das classes medias e altas para lugares diversos, e investe na concepção e implantação de novos espaços e produtos de lazer, que são cercadas, bem tratadas e seguras, oferecendo contato com cenários bucólicos, lagos, gramados e bosques, mantidos de modo a valorizar e possibilitar seus investimentos imobiliários. Se houvesse um planejamento, e fosse realmente colocado em pratica as necessidades da população para uma melhoria geral da cidade, e fossem dispostos equipamentos urbanos em diversos pontos da cidade, valorizando e melhorando a qualidade dos espaços urbanos, e pensando inclusive na circulação, melhorando a distribuição e acesso entre os bairros, ao invés de ignorar ou priorizar espaços elitizados somente com interesse em retorno de lucros e votos, a cidade estaria disponibilizando equipamentos coletivos, de uso público, que poderiam ser acessados por qualquer individuo, de qualquer ponto da cidade, e inclusive gerando uma maior integração entre a população, de modo geral.

PARQUE LUIS ROBERTO JÁBALI ‘CURUPIRA’. Fonte: commons.wikimedia.org


Fonte: ribeiraopretomusical.blogspot.com (imagem 1); www.skyscrapercity.com (imagem 2) e commons.wikimedia.org (imagem 3).

Referir-se as áreas privilegiadas da cidade como a cidade serve para justificar os investimentos públicos feitos nestas áreas. As pessoas, mesmo que não usufruam destas melhorias, alimentadas pela ideologia, tendem a se sentir beneficiadas. O embelezamento dos bairros-vitrine, se for divulgado de forma a envaidecer a população, será aprovado por todos, mesmo pelo morador de uma área distante, que talvez nem tenha acesso ao local.

Os equipamentos de lazer presentes hoje em Ribeirão Preto não criam relações de circulação entre a cidade, comércios e serviços existentes. Portanto, a cidade possui opções de lazer, inclusive particulares, como clubes, estádios de futebol, teatros, entre outros, e que são muito importantes para a economia da cidade e geração de empregos, além de suprir essa necessidade da população em realizar atividades de lazer. No entanto, acaba-se rotulando, que toda atividade de lazer deve ter um alto custo para a população, e isso acaba gerando algumas outras distorções de comportamento e selecionando grupos sociais de frequentadores. O modelo urbano presente hoje em Ribeirão Preto preza mais o uso do automóvel como meio de transporte, e de determinadas comodidades e imposições capitalistas, como o consumo e num vasto processo de investimento imobiliário, que produziram alterações radicais na configuração urbana das áreas mais antigas da cidade. O lazer de massas acaba ficando em segundo plano, onde os projetos de áreas livres e parques públicos tornam-se gradativamente muito modesto devido à clara politica de contenção de custos da prefeitura da cidade. Existe aí também, além de uma escassez de recursos e de caráter eleitoeiro da construção e reforma de espaços públicos, a falta de conhecimento de padrões de projeto de qualidade por parte das autoridades responsáveis e das melhorias que estes espaços podem produzir, mesmo que a longo prazo, na configuração da cidade.

Parque Tom Jobim. Fonte: http://teacherelen.blogspot.com.br/2012/02/cinzas-parque-tom-jobimo-abandono.html

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Mapa sem escala. Fonte Internet com alteraçþes da autora.


Infelizmente a prefeitura está pendendo cada vez mais a investir nas áreas nobres da cidade, em função do capitalismo e das elites, que muito influenciam nos investimentos e sistemas políticos da cidade. O estar ao ar livre, e a diversificação e procura por sistemas de lazer, à medida que se torna uma necessidade das massas, atrai o interesse da iniciativa privada, que acaba explorando diretamente ou indiretamente, com a implantação de equipamentos privados de lazer.

LEGENDA: SHOPPING CENTERS;

A cidade de Ribeirão Preto possui diversos outros tipos de lazer. Porém além de não serem suficientes para suprir as necessidades de toda a população, grande parte destes equipamentos de lazer são particulares e possuem um auto custo, impedindo o uso de boa parte da população, e gerando uma subdivisão populacional de classes, visto que a estipulação do valor para usufruir de determinada atividade, define “quem” poderá obtê-la e acessála. Alguns eventos realizados nestes estabelecimentos, como shows, espetáculos, exposições são abertos ao público. Porém, em clubes por exemplo, a frequência de uso é restrita a sócios. É notória a concentração destes equipamentos próximos ao Centro da Cidade.

ESTADIO DE FUTEBOL; CLUBES; TEATROS; CINEMA.

DEMARCAÇÃO DE OUTROS TIPOS DE LAZER URBANO EXISTENTES NA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

A tentativa de alguns arquitetos ao propor espaços públicos é utilizar de alegorias, elementos arquitetônicos diferenciados ou equipamentos urbanos de grande destaque, buscando atrair o público para aquele novo espaço, gerar novas propostas e interesse dos comerciantes e investidores, incentivando então seu uso. No entanto, o poder público não tem por prioridade a manutenção destes espaços, assim como mantém áreas mais nobres da cidade, visto que estas servem muitas vezes apenas como fachada para esconder o real descaso com as necessidades dos bairros mais afastados das áreas nobres da cidade. Estes espaços então acabam se desgastando muito rapidamente, são abandonados, tornam-se alvos de vandalismo, e passam a ser usados para atividades ilícitas. Claro que a manutenção dos shoppings centers tem um outro significado, tanto na configuração, localização e interesses de uso: principalmente o apelo consumista. E a manutenção destes não depende exclusivamente do governo, porém, é necessária uma estrutura da prefeitura vinculada a estes equipamentos para que seu funcionamento seja viável e pleno. Nota-se, inclusive pelas abusivas mudanças nas rotas do transporte público, que a intenção é criar laços cada vez maiores com os shoppings centers, e incentivar o uso e hábito deste tipo de lazer.

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PLANEJAMENTO PARA OCUPAÇÃO DOS VAZIOS URBANOS •

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ESTUDOS PRELIMINARES PARTIDO

• • •

Otimizar o uso dos equipamentos urbanos existentes no local. Incorporar a praça Antônio Prado de volta ao contexto da cidade (hoje murada pela escola Alfeu Luiz Gasparini); Propor um passeio linear na extensão dos trilhos existentes na Avenida Rio Pardo unindo à extensão barracão e seguindo pelas laterais da Via Francisco Maggioni. Otimizar galpão existente na Rua Rio Grande do Sul, utilizando o espaço para cursos, galerias e oficinas. Transformar a Estação Barracão em Museu Ferroviário e café temático; Considerar projeto da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto para as Antigas Indústrias Matarazzo

NECESSIDADES PRIMORDIAIS Melhorar o tráfego de pedestres, propor atividades diversas para a população, espaços de estar e convivência, além de espaços de relaxamento e descanso para os trabalhadores da região. Atividades propostas: • Contemplação; • Eventos culturais; • Fluxo de pedestres; • Esportes e recreação; • Preservação da memória. Primeiros estudos: plano de massas geral para ocupação dos vazios urbanos, possibilidades de circulação e recuperação dos equipamentos existentes. Mapa demarcando ainda o início do entendimento da gleba e as possíveis áreas a se ocupar.

Arquivo pessoal da aluna, 2013.

Costurar/integrar os vazios e remanescentes urbanos subutilizados neste trecho da cidade através da circulação e da integração das atividades esportivas, culturais e de lazer. Em um primeiro estudo, a ligação e conexão do complexo do parque urbano seria feita através da disposição espraiada destas atividades, visando não diluir o parque em área para idosos, crianças, esportistas e outros, evitando a rigidez do uso pela faixa etária ou interesses distintos.


LIMITAÇÕES DE ACESSO NOS TRECHOS: A circulação de caminhões de carga é constante, pois o depósito do supermercado encontra-se voltado ao parque. Indica que pode haver tráfego de veículos particulares, porém é proibido estacionar

CARREFOUR

Destinado ao uso de ciclistas

PARQUE ESPORTIVO

CORREGO RIB. PRETO

Estudos para inserção dos equipamentos, circulação e acessos. Arquivo pessoal.

A proposta de fechamento da Rua Rio Grande do Sul permite recriar um elo perdido entre a praça e o barracão, e melhorar a relação entre os equipamentos culturais ali propostos.

Ao lado: detalhe da Rua Municipal e Rua industrial. Arquivo pessoal.

DESVIO NO PERCURSO DOS AUTOMÓVEIS ESCOLA ALFEU L. GASPARINI

A prioridade é a circulação do pedestre.

ESTAÇÃO CULTURAL

RUA RIO GRANDE DO SUL: TRAFEGO SOMENTE PEDESTRES

PRAÇA INCORPORADA PELA ESCOLA

TORRE GUIA

CENTRO PROFISSIONAL

BARRACÃO

MUROS DE CONTENÇÃO (ARIMO)

Estudos para ampliação da calçada próxima ao viaduto. Sem escala. Arquivo pessoal.

Além da ampliação das calçadas existentes, em alguns trechos, foi pensado criar um novo desenho para o viaduto, através de um muro de arrimo nas curvas de nível, permitindo então a ampliação do calçamento abaixo do viaduto, para que o pedestre possa transitar entre uma área e outra do parque com maior segurança, sem intervir no fluxo de automóveis da Avenida Dom Pedro I. Viaduto na Via Norte, com ciclo faixa existente, 2013. Arquivo pessoal.

Foto aérea (Helimagem). Data: 30 de novembro de 2007. Arquivo Buildi construtora.

Ampliação do calçamento para pedestres, ao lado da Via Norte. Croqui (área deverá ter guarda corpo. Replanejamento do viaduto. Arquivo pessoal.

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Em uma segunda análise, percebeu-se que a circulação poderia garantir a ligação do complexo, e que para um melhor funcionamento administrativo, o parque poderia se subdividir em áreas de interesse, sendo eles: esportivo, institucional e contemplativo. Esta divisão permite uma melhor distribuição das atividades e garante maior organização em sua execução.

SUBDIVISÃO DA ÁREA EM ETAPAS

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USINA DE PEDRA (ESTAÇÃO CULTURAL) VISTA DA VIA NORTE

ÁREA 1 - aproximadamente 140.290 m² • Memorial Cerâmica São Luiz; • Área esportiva / recreativa; Considerações:  Vegetação intensa existente e proximidade ao córrego;  Remanejar a escola de samba existente na área, visando melhor qualidade visual urbana e também permitindo que a escola de samba esteja localizada o mais próximo ao local onde são realizados os desfiles na cidade (Avenida Mogiana). ÁREA 2 – aproximadamente 110.941 m² • Recuperação da área com equipamentos e estrutura remanescente; • Proposta de ligação com áreas existentes (bairros) através de extensões lineares dadas por caminhos que comportem pedestres e ciclistas; • Circulação através de passarelas, garantindo ao pedestre maior segurança e melhor visualização do equipamento. • Área cultural e institucional fortemente presente.

USINA DE PEDRA (ESTAÇÃO CULTURAL) VISTA DA RUA ANDRÉ REBOLÇAS

ANTIGA ENTRADA CERÂMICA SÃO LUIZ

ÁREA 3 – aproximadamente 54.894 m² • Parque contemplativo: destacando a importância dos galpões remanescentes da CIANÊ; Considerações:  Existência de uma nascente;  Área alagável. ÁREA 4 – aproximadamente 61.393 m² Com forte questão cultural envolvida, devida revitalização dos galpões da CIANÊ, e também pela proximidade com a biblioteca Pública Municipal Guilherme de Almeida, proposta para um dos galpões, esta área configurar-se-á como um local mais passivo, privilegiando o uso de estudantes e pesquisadores, além de auxiliar o tratamento e uso de pacientes do hospital Santa Casa de Misericórdia. • Parque temático • Espaços para prática de relaxamento e exercício • Vegetação escassa.

CENTRO PROFICIONALIZANTE

CIANÊ. FOTOS DA ÁREA. ARQUIVO PESSOAL.


PRINCÍPIOS NORTEADORES O projeto foi dividido em 4 ETAPAS, facilitando a compreensão projetual, o detalhamento e posteriormente sua concepção. A intervenção discorrida considera para a ÁREA 2 / ETAPA 2 a proposta existente da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, para a restauração do prédio da antiga fábrica de tecidos Matarazzo. O projeto apresentado tem como princípio a reintegração da ÁREA 1 / ETAPA 1 ao contexto da cidade (trecho estudado que se encontra em estado mais agravante de abandono e descaso). A recuperação desta área, e os equipamentos propostos para ela, impulsionarão a ocupação dos demais vazios urbanos remanescentes neste contexto, e agregarão novamente valor ao solo urbano, recuperando a memória principalmente do auge industrial, que impulsionou o desenvolvimento da cidade e possui importante valor histórico e cultural para a cidade. Delimitados dentro desta área de intervenção, temos dois equipamentos expressivos que guiam a proposta de inserção de equipamentos culturais e institucionais, sendo estes a escola Alfeu Luiz Gasparini e as Faculdade Anhanguera, que sem alterar drasticamente ou usos existentes, garantirão uma melhor distribuição e organização do espaço, além de atrair novos usuários.

Área total: aproximadamente 367.518 m² O projeto final será desenvolvido e apresentado para as etapas 1, 2 e 3. A área 4 será apresentada apenas como diretriz (proposta de implantação).

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LEGENDA: Área 1 Área 2 Área 3

Área 4 Equipamentos remanescentes Equipamento remanescente à demolir (área de várzea) Não intervir

Mapa com demarcação das áreas/etapas etapas do projeto. Sem escala. Fonte: Arquivo pessoal da aluna.

A ÁREA 1 / ETAPA 1, na a qual será discutida a proposta projetual, configura-se como local mais viável para a inserção de um parque esportivo / recreativo, pois além de comportar próxima a ela uma escola de Ensino Médio - E.E. Dr. Tomás Alberto Wathelly - possui acessos privilegiados. As ÁREAS 3 e 4 serão voltadas a atividades contemplativas e temáticas, visando destacar a importância histórica da área.


Propostas de parques lineares, possibilitando melhores acessos, inclusive a pedestres; Praças e jardins temáticos, cortados por passeio e ciclovias; Abrir circulação do depósito de açúcar Usina de Pedra, incorporando-o ao parque através de oficinas culturais; Espaço da memória:

 

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PROPOSTA GERAL PROGRAMA DE USO

Café / Museu ferroviário (ÁREA 1); Memorial Cerâmica São Luiz (ÁREA 2). 

ÁREA 1 – ESTAÇÃO ESPORTIVA /RECREATIVA • Pista de skate e patins; • Pista de corrida e caminhada; • Vestiários; • Quadras poliesportivas; • Playground; • Piscina. Figuras complementares: • Café/lanchonete; • Estacionamento; • Praça de chegada/convívio.

Melhorar calçadas existentes. ÁREA 2 – ESTAÇÃO CULTURAL/INSTITUCIONAL: OFICINAS E CENTRO DE EVENTOS • • • • • • •

Figuras complementares: • Praça cívica; • Estacionamento.

PROPOSTA: ESTAÇÃO CULTURAL (ATUAL USINA DE PEDRA) PARQUE LINEAR (LINHA FÉRREA REMANESCENTE)

Como diretriz projetual, será proposta a recuperação da Antiga indústria de refrigerantes “Calouro”, atual ‘Usina de Pedra’, inserindo nela então uma Estação CENTRO Cultural com oficinas FORMAÇÃO gratuitas à população. PROFISSIONAL A área já possui dois equipamentos institucionais em funcionamento. Com a CENTRO implantação do ‘Centro CULTURAL Cultural Cianê’, proposto pela Prefeitura da cidade e a recuperação do galpão da ‘Usina de Pedra’, poderá ser criado um importante eixo cultural e institucional.

Oficinas de Música; Teatro; Área expositiva; Biblioteca temática; Oficinas de Dança; Artes Marciais Auditório.

ACESSO PEDESTRES E CICLISTAS ACESSO PEDESTRES E CICLISTAS

PARQUE LINEAR (LINHA FÉRREA JÁ INEXISTENTE)

A LINHA FÉRREA SE UNIA NESTE TRECHO PRIORIDADE: TRECHO DE VISUALIZAÇÃO

GALPÕES DA ANTIGA CIANE

ACESSO PEDESTRES E CICLISTAS

Disposição dos equipamentos culturais e institucionais. Arquivo pessoal. Sem escala.


As edificações remanescentes deste trecho do projeto, além de grande importância histórica, são exemplos de uma rica arquitetura. Uma das grandes preocupações é garantir a qualidade espacial do projeto, tornando o espaço mais convidativo para a população, sem descaracterizar as construções existentes. Portanto, a proposta mantem um trecho de visualização, mesmo que sutil, entre o Barracão e os galpões da Cianê, que poderão ainda ganhar novos espaços de observação, permitidos pela proposta das mega passarelas. GUIA DE LIGAÇÃO DAS PASSARELAS BARRACÃO TRECHO DE VISUALIZAÇÃO

TORRES GUIA E VERDE

IDEALIZAÇÕES ESTUDOS DE INTEGRAÇÃO VISUAL, FÍSICA E FUNCIONAL ENTRE AS ÁREAS 1 E 2

Demarcação do trecho de visualização entre o Barracão e o antigo complexo da CIANÊ. Sem escala. Arquivo pessoal.

CIANÊ

NASCENTE

TRECHO ALAGÁVEL: TRABALHAR COM VEGETAÇÃO AQUÁTICA

O parque idealizado terá como conceito a criação de ambientes sobre decks, como a proposta da Praça Civita. Em especial, a área 3 será composta por decks suspensos e também sob o terreno, permitindo uma diversidade de usos nesta área, mesmo com a presença da nascente, onde não é respeitada nem cumprida a legislação pertinente para sua proteção e preservação, e do afloramento de água do solo (área alagadiça). O projeto da Praça Civita utiliza um grande deck de madeira certificada, suspensa a aproximadamente 1 metro do nível do piso existente no terreno, sustentado por estrutura metálica, de modo a impedir o contato com o solo contaminado. Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/09.106/2983

Ainda em estudos, a proposta é trabalhar com vegetação específica para solos muito úmidos e áreas brejosas, como o guaimbê-da-serra e a banana d’água.

Croqui. Arquivo pessoal da autora.

Foto: Espelho d’água com vegetação aquática. Arquivo pessoal da autora.

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PLANO DE MASSAS ZONEAMENTO

AS CURVAS SERÃO AS DEFINIDORAS DO DESENHO DAS RAMPAS E ARQUIBANCADAS, QUE SERÃO BEM IRREGULARES, FAZENDO UMA BRINCADEIRA COM A TOPOGRAFIA EXISTENTE, CRIANDO ENTRE ELAS PEQUENOS ESPAÇOS DE ESTAR PARA QUEM ASSISTE AOS ESPETÁCULOS DO TEATRO OU FILMES. ESTE DESENHO SERÁ CONTÍNUO NA PRAÇA CÍVICA E ANFITEATRO.

ARQUIBANCADAS PROJEÇÃO DAS PASSARELAS SUSPENSA LIGANDO A ÁREA 2 E 3. Sem escala

TEATRO

ESTACIONAMENTO DESAPROPRIAR

A estação cultural terá seus muros retirados, fazendo com que a circulação interna existente se conecte com a circulação para o parque.

A PRAÇA CÍVICA COMPORTARÁ PEQUENOS ESPAÇOS LÚDICOS. DESENHO LEMBRA OS TRILHO DO TREM Recorte do plano de zoneamento. Sem escala. Arquivo pessoal.

PROPOSTA DE DESAPROPRIAÇÃO DESTE OBJETO PARA GARANTIR BOA CIRCULAÇÃO DO PEDESTRE ATÉ O ESTACIONAMENTO E AO TEATRO. AS VIAS AQUI PRESENTES NÃO SOFRERÃO ALTERAÇÃO.

Recorte do plano de zoneamento. Sem escala. Arquivo pessoal.


DESAPROPRIAR PARA MELHORAR A CIRCULAÇÃO

ESCOLA PROF. ALFEU LUIZ GASPARINI.

DECK ESPAÇO P/ CONTEMPLAÇÃO

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RUA ACESSO EXCLUSIVO DE PEDESTRES FACULDADES ANHANGUERA

TEATRO PRAÇA

ESTAÇÃO CULTURAL ESTACIONAMENTO

MUSEU

DECK PRAÇA CÍVICA

PASSAGEM PEDESTRES POR BAIXO DO VIADUTO

TORRE GUIA PROPOSTA PARQUE LINEAR ULISSES GUIMARÃES

ESTACIONAMENTO TORRE LAGO VERDE ARTIFICIAL

CIANÊ

ÁREA 4 (NÃO HAVERÁ INTERVENÇÃO NEM DIRETRIZES POR PARTE DESTE TRABALHO)

DECK NASCENTE

Plano de zoneamento. Áreas 2 (Institucional) e 3 (Contemplativo). Sem escala. Arquivo pessoal.

Para percorrer de uma área a outra do parque, o usuário deve usar as passarelas de travessia. Estas, foram locadas de maneira a não conurbar a paisagem urbana, que tem forte atenção voltada para os objetos arquitetônicos de importância histórica. Serão implantadas apenas duas torres nesta etapa, com distâncias aproximadas de 130 metros uma da outra, e estas se ligam ao galpão da estação cultural. O lago artificial é uma proposta para usar uma área onde o solo é muito úmido e tem enchentes frequentes. O solo alagadiço será propício a determinadas plantas, garantindo uso adequado a área sem agredir a paisagem urbana.


3

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DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

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ESTAÇÃO ESPORTIVA

1 Maquete topográfica do trecho que abrigará a ‘ESTAÇÃO ESPORTIVA’. Demarcação dos acessos. Arquivo pessoal.

PRAÇA PRINCIPAL

A “Estação esportiva” terá três acessos principais. Nos estudos iniciais, observou-se que um dos acessos possui uma edificação. Propositalmente, esta divisão criada entre os dois terrenos seria aproveitada para brincar com os acessos de pedestre e ciclistas, criando um acesso diferenciado até a praça principal. Este acesso também seria diferenciado pois o Córrego Ribeirão Preto ‘corta’ o terreno. É possível observar que este trecho do parque além de sofrer influencia direta do Córrego Ribeirão Preto, será inserido num terreno de topografia acentuada, numa cota bem mais baixa em relação ao seu entorno e acessos.

Ao lado, foto e representação gráfica da situação atual da área, que dará característica a um dos acessos do parque (pontuado acima com o número 1). Fonte: Arquivo pessoal da aluna.


Estação esportiva abrigará: • Quadra poliesportiva • Piscina; • Pista de Skate;

• • •

Playground; Vestiários e espaço para prática de atividades físicas; Praça de convívio;

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Área: aproximadamente 140.290 m² Proposta para ocupação da área 1.

PARQUE LINEAR TORRES (PONTOS VERMELHOS)

PRAÇA COM VEGETAÇÃO

ÁREA RESIDENCIAL E COMERCIAL

ESTACIONAMENTO

CENTRO FORMAÇÃO PROFISSIONAL

PRAÇA CONVIVÊNCIA

CENTRO ESPORTIVO Estacionamento do supermercado MEMORIAL CERÃMICA SÃO LUIZ

CARREFOUR

PRAÇA COM VEGETAÇÃO

BICICLETÁRIO

SKATE FORNO CERÂMICA

QUADRAS

PRAÇA CONVIVÊNCIA

PLAYGROUND

PERCURSO DO MEMORIAL SE ENVOLVE COM PISTA DE COOPER

A PISTA DE COOPER FOI LOCALIZADO SOB OU PRÓXIMO ÀS ÁRVORES TORNANDO O PERCURSO MAIS AGRADÁVEL.

ACESSO SEPARADO DO PARQUE PELO CÓRREGO

Zoneamento área 1: ‘Estação esportiva’. Sem escala. Arquivo pessoal da aluna.

COOPER E CICLOVIA SE CRUZAM, CRIANDO UMA PRAÇA DE CHEGADA


TORRE GUIA Durante os primeiros estudos, os equipamentos seriam distribuídos aleatoriamente, sem rigidez, e sim literalmente colocado sobre o terreno. As unidades teriam uma linguagem entre si. Conceito: o objeto se rotaciona em seu próprio eixo estando inserido em cada ponto do parque em uma posição e situação diferente. A forma do objeto é sempre a mesma. O que muda é o modo como é organizado e colocado no terreno.

PARTIDO

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ESTRUTURA E EQUIPAMENTOS PRESENTES NUM MESMO OBJETO. Primeiros estudos: Imagem ilustrativa. A torres serão estruturadas em aço, e brincarão com malhas para diferenciá-las. Fonte: Arquivo pessoal da aluna.

As funções distribuídas nestes equipamentos serão banheiros, cafés, área de segurança, ponto de informações, entre outros. Funcionarão também como pontos de referencia ao usuário. A primeira proposta foram as “fitas de travessia”, com a finalidade de unir as áreas, permitindo circulação suspensa entre os trechos do parque, sem influenciar diretamente nas vias de circulação existentes na malha urbana e o fluxo de automóveis, garantindo também maior segurança ao pedestre. As fitas posteriormente passaram a “furar” os blocos, e as arestas destes blocos foram desconectadas. Croqui. Primeiros estudos: DESENHO DA “FITA DE TRAVESSIA” LIGANDO DUAS TORRES GUIA. Arquivo pessoal da aluna.

Croquis e maquetes. Segundo estudo: DESENHO DA “FITA” transpondo as TORRES GUIA. Arquivo pessoal da aluna.


A principio alguns equipamentos, instalados principalmente nas áreas institucionais do parque, seriam interligados a estas passarelas, onde o conceito seria o mesmo: como se as fitas “rasgassem” ou “perfurassem” os equipamentos.

Estudos. Arquivo pessoal.

TORRES VERDES Além destes equipamentos que darão estrutura ao parque, serão propostas torres verdes como estruturas auxiliares, que funcionarão como mini estufas, enriquecendo a flora do parque, e também comportarão elevadores até as passarelas.

DESENVOLVIMENTO DOS PRIMEIROS CROQUIS PARA IMPLANTAÇÃO DE EQUIPAMENTOS URBANOS. JUNTAS, AS TORRES GUIAS E VERDES SERÃO AS ESTRUTURAS DE SUSTENTAÇÃO DA PASSARELA QUE PERMITE UMA CIRCULAÇÃO SUSPENSA PELO PARQUE.

Num primeiro estudo, as torres verdes teriam também a função de captar a água da chuva, reaproveitando-a para uso dos equipamentos do parque, como fonte na área de convivência do complexo esportivo, sanitários, limpeza das áreas comuns, regar e realizar a manutenção da flora, quando não houver incidência de chuvas.

Primeiros estudos: CROQUI DAS TORRES VERDES. Arquivo pessoal da aluna.

Os receptores seriam os condutores da água dentro da estrutura, encaminhando-a a um reservatório. Também terão a função de regular a incidência dos raios solares.

Primeiros estudos: RECEPTORES. Arquivo pessoal da aluna.

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Partido: estrutura das torres baseada na estrutura natural das árvores E interligam-se às passarelas como se fossem a extensão de seus galhos.

A idéia é de que as torres “imitem” as ranhuras do tronco das árvores. mayraardesorejoanafranco.blogspot.com www.flickr.com

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CONCEITO A proposta adotada partiu do uso da morfologia de uma árvore para composição dos equipamentos, chamados de “torre verde” e “torre guia”, que hora funcionarão como apoio de “mega passarelas” e espaços de estar, e hora conformarão pilares de sustentação para a passarela, durante a transposição entre as glebas.

Croqui: Estudo de volumetria das torres. Arquivo pessoal.

Croqui. Organização das “falsas árvores” sobre o terreno. Sem escala. Arquivo pessoal.


Foto: juanitocarvalho.blogspot.com

MORFOLOGIA DA ÁRVORE: Esta estrutura funciona como uma grande floresta, compondo equipamentos e circulação. A malha estrutural que compõe as torres lembra a casca das árvores.

Os acessos se fazem por rampas, denominadas raízes.

Foto: www.photaki.de

Croqui. Primeiros estudos. Arquivo pessoal.

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GRELHA

A abertura de entrada lembra a toca de animais silvestres; Foto: imagenscomtexto.blogs pot.com

A copa das árvores (maciço verde) conformam por fim as passarelas e algumas coberturas. Aqui foram pensados no caule (tronco) como corpo principal que abriga as torres. Foto: www.sobiologia.com.br


Possibilidade de trabalhar iluminação nestes equipamentos, com o uso de polietileno branco transparente à luz ao invés da madeira.

Este equipamento possui variações, podendo ora ter ligação com banco de outras tipologias, ora apresentar elementos vazados na peça.

PROJETO PRELIMINAR

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ESTUDO DOS EQUIPAMENTOS, FORMAS E IMPLANTAÇÃO BANCO TIPO ARQUIBANCADA

BANCO CONVENCIONAL (o encosto é a lateral do deck)

BANCO COLETIVO (possibilidade de sentar em ambos os lados)

Estes espaços terão o apoio de equipamentos instalados nas torres, possibilitando também espaços cobertos e descobertos, proporcionando sombra em alguns pontos.

Croqui: Estudo de volumetria das torres. Arquivo pessoal.

Croqui com a perspectiva de implantação da passarela e torres (“falsas árvores”) sobre o terreno. Arquivo pessoal.


PRAÇA SOBRE DECK Esta estrutura é composta por espaços de permanência e passagem (circulação). Aqui são dispostos diferentes tipologias de equipamentos, entre eles espreguiçadeiras, bancos individuais e coletivos, permitindo variação de seus usos.

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Representação do deck suspenso. Arquivo pessoal.

As laterais do deck terão entre 2,5m a 3 metros de altura, aproximadamente. Esta altura foi definida priorizando a segurando dos usuários e permitindo que esta passarela fosse descoberta. Para permitir uma maior integração visual entre a passarela e o parque, serão propostos desenhos vazados em suas laterais, como mostram os estudos acima.

Detalhe dos primeiros estudos para estrutura dos decks, e das grelas que captarão água das chuvas.

Detalhe de estudos para escoamento e captação das águas pluviais sobre o deck suspenso.Arquivo pessoal da aluna.


Já no projeto preliminar foram definidas as localizações das torres e pré-dimensionada a passarela. Durante o desenvolvimento preliminar a passarela acabou ganhando formas mais rígidas. As torres tem tamanhos variados, sendo mais altas onde a cota das curvas de nível é mais baixa, permitindo que a passarela esteja sempre no mesmo nível.

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PERSPECTIVAS DE ESTUDO

VISUALIZAÇÃO DA PROPOSTA NA “ESTAÇÃO ESPORTIVA” Apenas as passarelas que estão posicionadas nas extremidades terão rampas de acesso.


As praças terão configurações diferentes, sendo os acessos os definidores de seu formato.

Maquete esquemática da proposta. OBSERVAÇÃO: os equipamentos propostos não estarão distribuídos exatamente desta maneira. Fase em estudo.

O complexo esportivo abrigará uma quadra poliesportiva e uma piscina. Existe a possibilidade de instalar uma área administrativa neste equipamento. O mezanino comportará um pequeno café/lanchonete.

As duas torres que dão suporte a principal praça suspensa desta etapa trabalham em conjunto com um complexo esportivo. Este equipamento tem formas exatas propositalmente, e a torre insere-se nele, como se fosse um parasita. A ideia é mostrar que o homem sempre intervém no meio ambiente, e aqui a natureza quem intervém no meio urbano.

Croqui e esquema para proposta do complexo esportivo. O mezanino coberto pela praça suspensa permitirá uma maior variedade de usos.

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ESTUDOS FINAIS

Desenho: arquivo pessoal, 2013

Após diversos estudos, optou-se por manter a forma orgânica e fluida do parque, criando uma característica própria e original. Os conceitos permaneceram os mesmos definidos anteriormente. Elevação: estudo para composição do complexo esportivo.

Fase de estudos para materialização do projeto: implantação geral. Arquivo pessoal, 2013


Abaixo, estudo volumétrico para composição do complexo esportivo com as passarelas.

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A cidade, que tem clima quente, torna o caminhar do pedestre desagradável. Inicialmente, como a proposta do projeto era criar uma estrutura contínua, possibilitaria uma melhoria significativa para o caminhar do pedestre, pois a forma da estrutura, que revela e desvela, proporcionaria sombra aos usuários em alguns momentos do percurso durante o dia, com sol à pino. Porém o projeto final não manteve tais coberturas no percurso da passarela. Estas estruturas, apesar de ser uma proposta bastante atual em contraposição aos exemplares arquitetônicos existente, tem uma ligação muito forte. O material adotado para a sua execução remete a esta idéia de “passado industrial”, presente na história da área. Do presente projeto de estudos até a proposta final o “complexo esportivo” (9) ganhou formas orgânicas, seguindo a linguagem do projeto.

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9

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Planta baixa: implantação dos equipamentos. Arquivo pessoal, 2013

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LEGENDA: 1 . MEMORIAL 2 . TEATRO 3 . ARQUIBANCADAS 4 . TORRES VERDES 5 . QUADRAS POLIESPORTIVAS 6 . ESTACIONAMENTO 7 . ESTAÇÃO CULTURAL 8 . BARRACÃO 9 . COMPLEXO ESPORTIVO 10 . PLAYGROUND 11 . PISTA SKATE 12 . LAGO ARTIFICIAL


Os equipamentos propostos teriam basicamente a mesma configuração dos estudos anteriores. A diversidade de suas tipologias é priorizada, garantindo conforto aos usuários de todas as idades.

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DECK IDEALIZAÇÃO DE UM NOVO DESENHO PARA OS EQUIPAMENTOS URBANOS

Ao lado, um detalhe da praça Victor Civitá. As árvores que era existentes antes da implantação do deck foram mantidas, e este sofreu um recorte com a forma da raiz da árvore. Na proposta, a intenção é criar essa imposição da natureza em todo o deck, ao invés de criar recortes exatos para a vegetação ou limitação dos espaços.

Foto: arquivo pessoal, 2013.

O deck não será mais incorporado ao Parque esportivo. Mas os estudos realizados seguem como base para a composição do Parque contemplativo (Área 2).

ESTUDO DE DECK PARA ÁREAS ALAGADIÇAS.

Pilares de concreto apoiados no chão

PISO DE MADEIRA

VIGA METÁLICA VIGAS EM MADEIRA


Abaixo, estudo de implantação para o parque contemplativo. Criação de um lago artificial e inserção de vegetação aquática. O miolo de quadra passará a ser acessível de um lado a outro da quadra.

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Para possibilitar o uso e aproveitamento, mesmo das áreas alagáveis do parque, será proposto um deck, em madeira de reflorestamento, criando uma grande praça, que servirá principalmente como circulação. Nele, serão abertas em alguns pontos espaços para vegetação, principalmente junto aos bancos, configurando espaços agradáveis de estar.

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2 3 4

Implantação da praça cívica. Arquivo pessoal, 2013

2 2 LEGENDA: 1 . Ciclovia existente 2 . Alargamento da calçada 3 . Ciclofaixa a implantar 4 . Pista cooper


Uma das propostas deste parque é resolver a fragmentação urbana existente na área escolhida. Para isto estão sendo criadas passarelas com escala monumental, mas estruturas leves, que além de criar identidade e um novo atrativo a utilização da área atualmente abandonada, possibilitarão aos pedestres transitarem de uma área a outra do parque, ou mesmo facilitar a transição entre os bairros Campos Elíseos e Ipiranga, de forma segura e agradável.

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MONUMENTALIDADE PASSARELAS EM ESTRUTURAS METÁLICAS

O planetário, de Santiago Calatrava. Fonte: http://espacoemovimento.blogspot.com.br/2010/11/ciudad-de-las-artes-yde-las-ciencias.html

As obras projetadas pelo arquiteto e engenheiro espanhol Santiago Calatrava são estruturas em constante movimento e desenho inspirado nas formas da natureza. Trabalha com vidro e aço, criando esculturas gigantescas com leveza e movimento.

O equipamento contará com elevador central ao eixo do equipamento e rampas de aceso.

Imagens: arquivo pessoal, 2013

O desenho das mega passarelas adotado no presente trabalho, tem como base, então, as estruturas criadas por Calatrava, criando estruturas metálicas fluidas. Estas passarelas terão um desenho contínuo, ou seja, o desenho que define o objeto é único, tornando-o mais limpo, apesar da sua monumentalidade. Os volumes da estruturas terão peças pré-moldadas.

Estas passarelas serão pré-moldadas, em aço, aliadas ao vidro e vegetação para garantir seu fechamento e vedação. Acima, primeiros estudo das peças pré-moldadas. Arquivo pessoal da aluna.


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Croquis de estudo. Arquivo pessoal, 2013.

O desenho da passarela permanece o mesmo, porém as torres verdes (falsas árvores) ganham um novo desenho. O que anteriormente era pensado com cobertura, agora tornasse mais leve e esbelto. Neste, inclusive, a torre passa apenas abrigar o elevador, com dois níveis intermediários para manutenção. As torres não são mais um equipamento ou mesmo tem uma função, como proposto anteriormente. Priorizou-se a leveza do objeto, estética e estruturalmente.

Implantação das passarelas. Arquivo pessoal, 2013


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MATERIALIZAÇÃO O PARQUE ESPORTIVO E A COSTURA URBANA

O projeto final foi desenvolvido para o parque esportivo. As demais áreas permanecem somente como diretriz. Atualmente existe na área um estacionamento pouco utilizado pelo Hipermercado Carrefour. Os clientes não utilizam devida distancia do estacionamento com o mercado, e também as grades de segurança quase sempre encontram-se fechadas, impedindo seu acesso. Este espaço será utilizado então para abrigar o estacionamento para os usuários do Parque, tendo então delimitado um limite entre o Hipermercado, o Estacionamento e o Parque.

Planta baixa - Parque esportivo. Sem escala. Arquivo pessoal da aluna, 2013.


Foto: acesso do parque pelo pórtico existente. Arquivo pessoal, 2013.

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Implantação - Parque esportivo. Sem escala. Arquivo pessoal, 2013. Este princípio foi adotado também, pois existe ainda uma pista de caminhada ao lado deste estacionamento que leva até a área de implantação do parque esportivo. Portanto, esta pista será usada como acesso e ligação entre um parque e o estacionamento, sendo criada apenas uma continuidade para este passeio existente. Foto: Pista existente. Arquivo pessoal, 2013.


PISCINAS

TORRE COM SISTEMA HIDRÁULICO

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VESTIÁRIOS E BANHEIROS PÚBLICOS

CONFIGURAÇÃO DE PEQUENOS LOUNGES

TORRE COM ELEVADOR BANCO CONTÍNUO (TERÁ ILUMINAÇÃO À DETALHAR) DETALHE DA COMPOSIÇÃO DO PARQUE ESPORTIVO SITUAÇÃO SEM ESCALA RECONFIGURAÇÃO DO DESENHO DA RUA INDUSTRIAL

DETALHE – DIMENSIONAMENTO DAS TORRES QUE COMPÕEM A PASSARELA SEM ESCALA

CAMINHOS SINUOSOS


66 VISTA GERAL – ENTRADA DO PARQUE ESPORTIVO PELA RUA LUIZ GAMA SITUAÇÃO SEM ESCALA

As torres terão duas tipologias: • Sistema hidráulico; • Elevadores de acesso. Composição: • Pré-moldados em aço; • Vedação em Vidro; • Vegetação.


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SISTEMA ESTRUTURAL Detalhe do sanitário na praça de convívio, na entrada do Parque. Arquivo pessoal, 2013.

A cobertura dos equipamentos presentes na passarela (sanitários e café) é sustentada pelas paredes internas destes e auxiliadas pela continuidade da rampa como pilares estruturais.

Sanitários presentes na passarela. Detalhe do vidro, que não encosta no teto, permitindo ventilação.

Imagens e planta. Arquivo pessoal.


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A rampa de entrada do Parque é sustentada pela estrutura das paredes internas dos banheiros públicos. Assim como nos equipamentos presentes na mega passarela. Detalhe do jardim presente ao lado dos sanitários da passarela. A mesma estrutura que compõe o banco contínuo, funciona posteriomente como sustentação da cobertura.

Arquivo pessoal, 2013.


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DESIGNER PARAMÉTRICO E GENERATIVO A ESTRUTURA ORGÂNICA

Ao lado: Estudo de estruturas usando o sistema paramétrico. Arquivo pessoal, 2013.

É um sistema matemático de geometria complexa, frequentemente utilizada pelos arquitetos Zaha Hadid, Frank Gehry, e Santiago Calatrava. O designer generativo utiliza-se de dados para gerar os modelos, como um sistema de combinação genética. Os genes, no caso da arquitetura, são dados pelo terreno, limites, tipo de uso e público a ser atendido, limite de edificação, entre outros. Proporcionando então infinitas possibilidades construtivas. Segundo Fischer e Herr (2001, apud Brod, 2012, p. 1) “um processo generativo consiste em uma metodologia sistemática para a produção de soluções projetivas, não só em termos de criação de produtos como em criação de processos”, ou seja, é um processo em que as formas arquitetônicas são digitalmente geradas distanciando-se do modelo tradicional de projeto. “A diferença em relação a outras abordagens ao projeto está no fato de o projetista não interagir diretamente com o objeto, mas através de um sistema generativa.”

http://www.parametriccamp.com/2011/07/el-objeto-parametrico/


A concepção do projeto com formas orgânicas só foi possível graças a este sistema de construção geométrica, realizado com ajuda de computadores e softwares.

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Acima: Estudo de estruturas usando o sistema paramétrico. Ao lado, projeto final ganha formas organicas. Arquivo pessoal, 2013.


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ESTRUTURAS METÁLICAS PRÉ-MOLDADAS

Os materiais escolhidos para compor a passarela foram o aço (estruturas metálicas prémoldadas), o vidro, e a madeira de reflorestamento . As vantagens de trabalhar com o aço é que ele é um material de alta qualidade que proporciona funcionalidade , economia, e engenhosidade da forma. É um material construtivo que comparado com seu baixo peso, suporta uma alta carga estrutural . Além de oferecer eficiente aplicação, com peças prémoldadas, ainda proporciona uma leveza na arquitetura. Imagem. Arquivo pessoal, 2013.


No eixo desta torre está localizado um elevador que leva até a passarela. Algumas torres não possuem elevador. São somente apoios estruturais que contam com bombas para levar água até os banheiros públicos e o café/lanchonete.

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As peças foram pensadas de maneira que camada por camada se cruzem, e sua fixação estrutural é reforçada por anéis metálicos, num sistema de encaixe (alguns desses anéis são vazadas outras funcionam como patamar para manutenção da torre).

Estas estruturas terão entre 12 a 15 metros de altura, vencendo os desníveis da área, de maneira que a passarela tenha sempre o mesmo nível.

Imagens. Arquivo pessoal, 2013.


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JARDIM VERTICAL COMPOSIÇÃO DAS TORRES VERDES

O Jardim Vertical é uma técnica paisagística que consiste no cultivo de diferentes espécies de plantas em paredes, muros e fachadas. É uma técnica antiga, porém mais recentemente presente em grandes projetos paisagísticos e será cada vez mais valorizado em função das características evolutivas dos espaços nos grandes centros urbanos. Em geral, são utilizadas plantas de espécies epífitas, philodendros, peperômias, bromélias, samambaias, orquídeas e Aeschynanthus, que requerem poucos nutrientes e uma pequena quantidade de água para se manterem vivas e se desenvolverem, pois elas conseguem retirar seus nutrientes da atmosfera, e devido a sua baixa exigência e lento crescimento são ideais para esse tipo de jardim.

TECNOLOGIA: Os painéis utilizados com essa finalidade são específicos: eles possuem profundidade e são divididos em células, onde as sementes são plantadas. As peças também têm um sistema especial de irrigação. Uma mangueira, com pequenos furinhos, envolve o jardim. As plantas são colocadas primeiro em um recipiente especial, e depois instaladas na parede.

Sistema de gotejamento sustentavel_27.html.

individual.

Fonte:

http://www.karolstolf.com.br/2011/06/jardins-verticais-decoracao-

Benefícios dos Jardins Verticais · Aumento da biodiversidade; · Reduz a emissão de carbono ​atenuante da poluição do ar; · Diminui a temperatura tanto do micro quanto do macro ambiente externo pelo controle da energia solar; · Conforto térmico e acústico para ambientes internos; · Contribui para a maior durabilidade dos prédios, pois diminui a amplitude térmica; · Inclusão social. Aumentando a oportunidade de convívio com a natureza em diferentes locais; · Embelezamento dos centros urbanos; · Redução da poluição visual (substituição do concreto pelo verde - evita pichações); · Economia de água (quando irrigação automatizada);


A estrutura das torres de sustentação foi pensada para abrigar este sistema modular, onde cada módulo será encaixado em um perfil metálico, compondo uma torre com cobertura vegetal.

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A estrutura que compõe a torre é composta também de vidro, intercalando estas duas formas, e sobrepondo-as, intercalando entre uma camada e outra da estrutura, trabalhando então visibilidade e permitindo inserção de iluminação para usos noturnos.

Acima, visualização do encaixe da estrutura metálica da torre, em corte, e ao lado, composição das torres: ora vegetação vertical, ora vidro afixado na estrutura. As passarelas são estruturas em réguas de madeira e afixadas em vigas metálicas. Imagens, arquivo pessoal, 2013.


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Na passarela serão utilizados cascalhos em todas a extensão de sua borda, compondo a camada de drenagem de águas pluviais.

Imagens. Arquivo pessoal, 2013.

Detalhe da captação de água das chuvas. Arquivo pessoal da aluna, 2013.

Imagens. Arquivo pessoal, 2013.


O café e banheiros presentes na passarelas serão abastecidos por um sistema de bombeamento de água. Serão utilizadas tanto água potável quanto água pluvial para o abastecimento destes equipamentos. Segue abaixo um esquema de como pode ser realizado este recurso.

SISTEMAS HIDRÁULICOS

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Duas das cinco torres verdes que compõe os pilares das passarelas, sendo estas as que estão logo abaixo do café/lanchonete e banheiros públicos, não possuem elevadores. São estruturas de apoio e possuem este sistema para abastecimento de água.

Esquema de abastecimento de água para os equipamentos da passarela. Arquivo pessoal, 2013.


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ESPECIFICAÇÃO DOS MATERIAIS

Durante a concepção do projeto, optou-se por trocar a inserção do deck de madeira por piso asfáltico colorido. Esta alteração permitiu que se substituísse a ciclovia e pista de caminhada por uma única faixa, onde se pode realizar a prática destes exercícios, além de abrigar espaços de estar e convivência. A cor escolhida foi o vermelho, e as formas adquiridas acompanham o desenho das curvas de nível existentes, e garantem uma linguagem orgânica.

Os demais caminhos serão delimitados com piso intertravado retangular e concregrama.

Formas de assentamento.

Acima, demonstração da escolha dos pisos.

http://www.decorlit.com.br/piso-intertravado-retangular.html


VANTAGENS DO TETO VERDE • não custam mais que um telhado convencional, • purificam o ar, • diminuem a velocidade de escoamento das águas pluviais, • retém a chuva, auxiliando na drenagem urbana, • aumentam o conforto térmico e acústico da edificação e • auxiliam no resfriamento do ar, tanto externo (atenuando as ilhas de calor urbanas) como interno (diminuindo o uso de aparelhos de condicionamento de ar). O peso que é descarregado na estrutura é praticamente o mesmo dos telhados convencionais, não encarecendo a obra.

Fonte: http://construindo.org/telhado-verde/

Acima, Seduns. Vegetação de porte baixo, raízes não profundas, crescimento lento e que não necessitem de muita manutenção, e resistem bem às intempéries.

O teto verde será inserido no complexo aquatico, como mostra imagem ao lado. Arquivo pessoal, 2013.

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Nesta opção, foi criado um “guarda -corpo ecologico”, onde a vegetação limita o acesso do pedestre até a beirada da rampa.

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ACESSOS

O parque terá dois acessos principais. O acesso pela Rua Luiz Gama se dará por uma passarela suspensa, que transpassa o córrego Ribeirão Preto. Para execução desta passarela, Foram pensadas algumas opções diferentes de guarda corpo e estrutura.

Esta vegetação é disposta em vasos , projetados especialmente para a passarela, sendo estes encaixados sobre ela. Estes vasos tem pequenos furos embaixo, permitindo o escoamento natural da água de rega.

Observação: A estrutura desta rampa será apresentada nas pranchas inclusas no projeto.

Uma outra opção estudada seria usar o mesmo sistema de vasos, mas para criar ambientações no percurso da rampa (como na imagem abaixo).


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A entrada pela Rua Municipal já é existente. Trata-se da antiga entrada de funcionários da Cerâmica São Luiz. Restam hoje no local as chaminés e forno da fábrica e uma casa, em bom estado de conservação, que se dará abrigo ao Memorial Cerâmica São Luiz, além de outras possíveis funções significativas ao parque e patrimônio histórico da cidade.

http://nossamemoria.com.br/site/?p=717


O Parque aquático é composto de duas piscinas (Infantil e Adulto, com acesso para deficientes), vestiários e sanitários.

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PERSPECTIVAS DO PROJETO

O caminho estruturado em vermelho leva o pedestre/usuário diretamente ao Parque aquático. A cobertura deste equipamento é composta por um teto verde.

Imagens. Arquivo pessoal, 2013.


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Acima, o playground foi posicionado abaixo da rampa, proporcionando sombra na maior parte do dia para as crianรงas. Abaixo, vista geral do parque e passarelas.

Imagens. Arquivo pessoal, 2013.


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Abaixo, vista do usuário em direção ao Barracão. A passarela ganhou bancos lineares, com dimensões generosas, podendo servir para diversos usos pelo publico.

Imagens. Arquivo pessoal, 2013.


Foto aérea (Helimagem). Área sofre com alagamentos. Data: 30 de novembro de 2007. Arquivo Buildi construtora.

“As áreas vazias não são necessariamente apenas aquelas não ocupadas, mas principalmente as que perderam seu uso em virtude das dinâmicas urbanas”. (Ruth Verde Zein )

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos desenvolvidos, possibilitaram pontuar a problemática local e diagnostica-la com a proposta de um parque urbano, visando recuperar uma área abandonada pelo poder público e pela cidade, com uma quantidade significativa de vazios urbanos e remanescentes arquitetônicos abandonados e degradados. Antes da escolha da área, o desejo era de reabilitar uma área urbana subutilizada melhorando suas condições, e proporcionando, principalmente para a população menos favorecida, atividades de lazer e cultura, que acaba não tendo espaços adequados para estes fins. Percebeu-se que a cidade possui uma variedade considerável de equipamentos culturais e atividades para lazer, porém a Prefeitura da cidade não valoriza e não consegue manter estes espaços públicos de maneira satisfatório, devido aos autos custos, e prioriza os espaços voltados para as elites, que foi o ponto chave para as discussões, escolha da área e idealizações para o projeto. Foram discutidas questões físicas e ambientais para compreensão do espaço urbano e inserção do equipamento, além do estudo de referências projetuais, que permitiu entender as prioridades e os princípios norteadores para um bom projeto de requalificação urbana. O presente trabalho apresenta propostas para a ocupação e reintegração dos vazios urbanos e a devolução de equipamentos de cunho histórico para a cidade. E permite que sejam repensadas e até ampliadas as discussões aqui pontuadas, para garantir que a cidade de Ribeirão Preto inove e organize seu espaço urbano de maneira satisfatória à toda a população.

Proposta de ocupação. Arquivo pessoal.

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ABBUD, B. Criando Paisagens, Guia de Trabalho em Arquitetura Paisagística; (ilustrações Hélio Yokomizo) – São Paulo: editoria Senac São Paulo, 2006. POZZOBON, B. E Brambatti, G. e QUERUZ, F. As teorias de Camillo Boito e sua ligação com a intervenção para o Museu Rodin de Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci. Disponível em: www.unifra.br/eventos/sepe2012/Trabalhos/6889.pdf‎. Acesso em setembro de 2013. Dados das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo e proposta da prefeitura de Ribeirão Preto para revitalização da área. Disponível em: http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/scultura/centros/i14ciane.php. Acessado em: 05 de abril de 2013.

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