Proposta de Inserção dos critérios do ecodesign na atividade projetual do designer gráfico

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FACULDADES INTEGRADAS TERESA D´ÁVILA DESENHO INDUSTRIAL

RENANN PEREIRA DA SILVA

Proposta de inserção de critérios do Ecodesign na atividade projetual do designer gráfico

Lorena, 2011


RENANN PEREIRA DA SILVA

Proposta de inserção de critérios do Ecodesign na atividade projetual do designer gráfico

Monografia apresentada ao curso de Desenho Industrial com Habilitação em Programação Visual das Faculdades Integradas Teresa D´Ávila como Trabalho de Conclusão de Curso. Orientador: Profº Dr. Nelson Tavares Matias

Lorena, 2011


658.512.2 Silva, Renann Pereira da Proposta de inserção de critérios do ecodesign na atividade projetual do designer gráfico. Lorena: FATEA, 2011.113f Monografia (Bacharel em Desenho Industrial com Habilitação em Programação Visual), Faculdades Integradas Teresa D´Ávila, 2011. Orientador: Profº. Dr. Nelson Tavares Matias S586p


RENANN PEREIRA DA SILVA

Proposta de inserção de critérios do ecodesign na atividade projetual do designer gráfico

Monografia apresentada ao curso de Desenho Industrial com Habilitação em Programação Visual das Faculdades Integradas Teresa D´Ávila como Trabalho de Conclusão de Curso. Orientador: Profº. Dr. Nelson Tavares Matias.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________ Profº. Dr. Nelson Tavares Matias Orientador/Fatea

_______________________________________________________ Profº. Dr. Paulo Sena Fatea

______________________________________________________ Profº. Deise Carelli Fatea

Lorena, 18 de novembro de 2011.


DEDICATÓRIA

Aos meus padrinhos, Ito Moreira Pinto (in memorian)e Veríssima Pinto


AGREDECIMENTOS Agradeço a Deus pela força que me deu para conseguir realizar esse trabalho. Agradeço a minha família, pelo apoio durante esses quatro anos de curso por acreditarem em mim e sempre me ajudarem nessa jornada, pela educação e respeito que me deram. Agradeço ao meu orientador, Dr. Nelson Tavares, pelas orientações durante o projeto, pela paciência durante o desenvolvimento do projeto pelo apoio e ensinamentos durante esses quatro anos de curso e por me incentivar a melhorar a cada projeto. Agradeço aos meus professores que sempre me apoiaram durante minha vida acadêmica com conselhos e direcionamentos em meus trabalhos; Profª Olga Arantes, Profª Deise Carelli, Profº Paulo Pina, Profº Paulo Sena e Profº Marcus Vinicius. Agradeço aos acadêmicos externos, professores sem fronteiras, que acreditaram em meu projeto e me ajudaram no desenvolvimento com correções que foram fundamentais para o meu conhecimento na área do design sustentável; Christian Ullman (IEDSP/UFPR), Profª Nádja Mourão (UEMG), Profº Nelson Smythe Jr (UFPR), Profª Karla Baldini (AEDB) e Profª Kátia Pêgo (UFMG). Agradeço à Marina Trambelline em nome da TRIP Editora, pela atenção com meu projeto em ceder informações para o desenvolvimento da pesquisa. Agradeço aos meus amigos, companheiros de projetos ou não, que sempre estiveram do meu lado e ouvindo minhas ideias e tentando me ajudar de alguma maneira; Alisson Penelluppi, Patrícia Lopes, Camila Moura, Ana Laura, Larissa Carvalho, Mariana Castilho e Amanda Ribeiro. Agradeço aos amigos à distância que sempre estiveram as disposições com indicações de conteúdos científicos e conselhos; Diana Founier, Taís Ribeiro, Lais Lammoglia e Beatriz Fazolo. Agradeço meus supervisores de estágio pela oportunidade de aprender o significado da palavra “designer” na prática, e apoio durante o desenvolvimento deste projeto, Arlington Sirqueira (LUDKA) e Daniel Regozsci e Amanda Regozsci (AgênciaMD) . Agradeço a todos aqueles que contribuíram com este projeto de alguma forma e acreditam que é possível construir um mundo melhor!


“São as perguntas que movem o mundo, não as respostas” (Canal Futura)


RESUMO

SILVA, Renann Pereira da. Proposta de inserção de critérios do ecodesign na atividade projetual do designer gráfico. 2011. 113f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Desenho Industrial Habilitação em Programação Visual) – Faculdades Integradas Teresa D´Ávila, Lorena, 2011. O presente estudo, motivado como parte integrante da graduação em Design Gráfico, investiga as contribuições desta profissão para o desenvolvimento sustentável. O Designer, gestor de projetos e serviços, na execução de um ‘produto gráfico’ deve considerar as diversas condições que possam induzir fatores negativos ao meio ambiente durante sua atividade projetual. A pesquisa se inicia com aplicação de uma enquete piloto, com designers gráficos, em que foram apontadas as atitudes e conhecimentos sobre a produção gráfica sustentável por esses profissionais com a finalidade de contextualizar a problematização. Após a enquete foi feita uma pesquisa documental exploratória sobre design gráfico, sustentabilidade e os impactos ambientais inseridos nas fases da produção gráfica (pré-produção, produção, distribuição e descarte) e as alternativas existentes. A partir desta base teórica foi possível construir o fluxo de produção gráfica gerenciado pelo designer gráfico, e através de uma análise qualitativa da relação das significações do impacto ambiental com a atividade projetual propor ações para diminuir o impacto negativo dessa atividade. Desta forma, os resultados permitiram elaborar recomendações e ações técnicas para o desenvolvimento de produtos gráficos, conduzindo a um menor impacto ambiental.

Palavra chave: design gráfico, sustentabilidade, recomendações, impacto ambiental, indústria gráfica.


ABSTRACT

Silva Pereira da Renann. Proposal to insert criteria of ecodesign to the activity project Graphic Designer. 2011. 113f. Completion of course work (Bachelor of Industrial Design Qualification in Visual Communication) - College of Teresa of Avila, Lorena, 2011. .

This study was motivated as part of a degree in Graphic Design, explores the contributions of the profession for sustainable development. Designer, manager of projects and services, implementation of a 'product graph' must consider the various conditions that may lead to negative environmental factors during their activity planning. The research begins with application of a pilot survey, with graphic designers, which were pointed out the attitudes and knowledge about sustainable print production of these professionals in order to identify the problem. After the poll was made an exploratory documentary research on graphic design, sustainability and environmental impacts embedded in the graphic production phases (pre-production, production, distribution and disposal) and alternatives. From this theoretical basis it was possible to build the graphics production workflow managed by graphic designer, and through a qualitative analysis of the meanings of the relationship with the environmental impact of the project activity graphic of designers propose actions to reduce the negative impact of this activity. Thus, the results allowed propose recommendations and actions technically viable for the development of graphics products, leading to a lower environmental impact.

Keyword: graphic design, sustainability, recommendations, environmental impact, the graphic arts industry.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Matte leão Orgânico Projeto End-to-End..................................................... 41 Figura 2 Ciclo de vida do processo, na horizontal o do produto ................................ 42 Figura 3 Na natureza tudo se cria ............................................................................. 44 Figura 4 Selo FSC ..................................................................................................... 48 Figura 5 Processo cradle to cradle ............................................................................ 50 Figura 6 Marca Bom para seu bolso. Bom para o planeta ........................................ 56 Figura 7 Sinalização Rede Wal-Mart ......................................................................... 57 Figura 8 Novos refis natura ecoinovação traduzida em design ................................. 58 Figura 9 Novos refis natura ecoinovação traduzida em design ................................. 59 Figura 10 Revista Natura .......................................................................................... 62 Figura 11 Infográfico impressão Offset ..................................................................... 69 Figura 12 Tinta de soja certificada ............................................................................ 78 Figura 13 Tinta de soja certificada ............................................................................ 78 Figura 14 Etapas de produção gráfica ...................................................................... 87 Figura 15 Fac símile enquete .................................................................................. 110


LISTA DE TABELAS Tabela 1 Formato econ么mico do papel ................................................................... 111


LISTA DE QUADROS Quadro 1 Organização do trabalho ........................................................................... 17 Quadro 2 Metodologia ............................................................................................... 21 Quadro 3 Formato de papéis..................................................................................... 79 Quadro 4 Impacto ambiental impressão offset .......................................................... 82 Quadro 5 Processo proposto para a produção gráfica .............................................. 88 Quadro 6 Fluxo de materiais processo de impressão offset ................................... 112


LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 2 Entendimento texto introdução .................................................................. 23 Gráfico 3 Gênero ....................................................................................................... 24 Gráfico 4 Idade .......................................................................................................... 24 Gráfico 5 Localidade ................................................................................................. 25 Gráfico 6 Atuação...................................................................................................... 25 Gráfico 7 Entendimento sustentabilidade .................................................................. 26 Gráfico 8 Responsabilidade nas etapas do projeto ................................................... 26 Gráfico 9 Fatores....................................................................................................... 27 Gráfico 10 Pesquisa sobre matéria-prima ................................................................. 27 Gráfico 11 Práticas no desenvolvimento ................................................................... 28 Gráfico 12 Preocupação com o projeto ..................................................................... 28 Gráfico 13 Opinião sobre valores de impressão sustentável .................................... 29 Gráfico 14 Conhecimento em impressão sustentável ............................................... 29 Gráfico 15 Conhecimento em práticas do design gráfico sustentável ....................... 30 Gráfico 16 Opinião da sustentabilidade no projeto .................................................... 30


LISTA DE TABELAS ................................................................................................. 15 LISTA DE QUADROS ............................................................................................... 16 LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................... 12 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 16 1.1 Organização do trabalho .................................................................................... 17 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................ 20 2.1.1 Caracterização da pesquisa ............................................................................ 20 2.1.2 Visão geral dos procedimentos metodológicos ............................................... 20 3 Enquete................................................................................................................ 22 3.1 Tabulação dos resultados .................................................................................. 31 4 PROBLEMATIZAÇÃO.......................................................................................... 32 4.1 Definição do problema ....................................................................................... 32 5 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 33 6 OBJETIVOS ......................................................................................................... 34 6.1.1 Objetivo geral .................................................................................................. 34 6.1.2 Objetivos específicos....................................................................................... 34 7 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................ 35 7.1 Sustentabilidade ................................................................................................ 35 7.1.1 Sustentabilidade no processo.......................................................................... 38 7.1.2 O ciclo de vida do produto ............................................................................... 40 7.2 CONSUMO CONSCIENTE ................................................................................ 43 7.2.1 Relação custo x benefício ............................................................................... 45 7.3 NORMAS E CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS ................................................... 47 7.3.1 Classificação dos resíduos .............................................................................. 52 7.4 DESIGN GRÁFICO ............................................................................................ 53 7.4.1 Design gráfico para a sustentabilidade............................................................ 54 7.4.2 Design gráfico editorial .................................................................................... 60 7.5 GESTÃO DO DESIGN ....................................................................................... 63 7.6 TIPOS DE IMPRESSÃO .................................................................................... 68 7.6.1 A impressão Offset .......................................................................................... 69 7.6.2 A impressão digital .......................................................................................... 71 7.7 PAPÉIS .............................................................................................................. 72 7.8 TINTAS .............................................................................................................. 76


7.9 ACABAMENTOS ............................................................................................... 79 7.10 IMPACTOS AMBIENTAIS DO PROCESSO .................................................... 82 7.10.1 Resíduos sólidos............................................................................................ 83 7.10.2 Resíduos líquidos .......................................................................................... 83 7.10.3 Emissões atmosféricas .................................................................................. 83 8 DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 87 8.1.1 Conhecimento do fluxo de produção gráfica ................................................... 87 8.1.2 Definição dos critérios do ecodesign na atividade projetual ............................ 90 8.1.3 Proposta da inserção dos critérios do ecodesign ............................................ 92 9 Resultados e Discussões ..................................................................................... 95 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 98 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 99 APÊNDICE A........................................................................................................... 107 APÊNDICE B........................................................................................................... 110 ANEXO A ................................................................................................................ 111 ANEXO B ................................................................................................................ 112


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INTRODUÇÃO A partir da crescente preocupação da relação do homem com o meio ambiente

surgiram novas oportunidades de atuação para o designer. As contribuições provenientes deste profissional podem melhorar a qualidade de vida da população, levando até elas soluções orientadas para o desenvolvimento sustentável. A indústria gráfica é um dos setores que podem sofrer alterações processuais para diminuir os efeitos negativos do seu processo. O CETESB (2009) diz que o setor gráfico participa com 1% do PIB nacional e quase 6% do total na indústria de transformação. A cadeia produtiva da indústria gráfica conta com diversas fontes de insumos, na caracterização, destacam-se as indústrias de papel, indústria de embalagens, máquinas e equipamentos e de outros insumos, como tintas, reveladores e solventes. Segundo Deliberalli (2011, p. 16) a Associação Brasileira de Empresas Rotativas Offset (ABRO) apresentou um faturamento total do setor em 2010 de R$4,54 bilhões. 8,7% a mais que em 2009. O resultado refletiu o bom desempenho das gráficas nos segmento editorial de livros, revistas e impressos promocionais. Júnior e Vaz (2011) dizem que apesar de diversas iniciativas de empresas e instituições no sentido de adotar métodos de produção mais limpa e de destinar corretamente seus resíduos, a indústria gráfica brasileira, de um modo geral, ainda está pouco consciente da sua importância e sua responsabilidade com as ações sustentáveis. Com o crescimento da produção de produtos gráficos, é preciso repensar o modelo de produção gráfica atual, verificando os possíveis impactos desse processo que possam interferir no ambiente e adotar novas medidas para ajudar a minimizar esses efeitos negativos. O Designer na execução de um produto gráfico deve considerar as diversas condicionantes que possam induzir fatores negativos ao meio ambiente. A partir da observação da prática de sustentabilidade na indústria gráfica, este presente projeto procura investigar as contribuições do Designer Gráfico para o desenvolvimento sustentável. E ainda, contribuir para uma cultura de desenvolvimento de projetos gráficos com menor impacto ambiental, atendendo as necessidades dos consumidores. Para identificar os problemas, tratados na pesquisa, foi aplicada uma com designers que atuam na área gráfica, servindo de mediadora para a elaboração da


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hipótese e identificação de problemas. Problemas estes provenientes da relação entre a atividade prática do designer durante a elaboração de produtos editoriais gráficos e os impactos ambientais gerados pela produção gráfica.

1.1

Organização do trabalho O trabalho, após a introdução, iniciou sua pesquisa empregando uma enquete 1,

que apresentou os resultados que possibilitaram elaborar as hipóteses, por conseguinte conduziram aos problemas a serem discutidos na fundamentação teórica. Por fim, o desenvolvimento da pesquisa e seus resultados.

Quadro 1 Organização do trabalho Fonte: Autor (2011)

1

A Enquete foi precedida de uma enquete piloto que teve por objetivo validar a ferramenta utilizada, mediante o retorno dos entrevistados selecionados especificamente para esta atividade


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O trabalho foi composto por 6 capítulos, brevemente apresentado a seguir: •

Introdução

Apresenta informações sobre a sustentabilidade, a participação do designer no contexto gráfico e processual de suas atividades. Apresenta, ainda, algumas das etapas pré-textuais relacionadas ao tema e a organização do trabalho. •

Procedimentos Metodológicos

A estratégia adotada empregou ferramentas investigativas como: préenquete, enquete e ferramentas estatísticas que permitiram tabular os resultados e formular uma análise. •

Fundamentação teórica

Este capítulo apresenta levantamento bibliográfico sobre os seguintes conteúdos: sustentabilidade: práticas no processo, normas e legislações ambientais que classificam os resíduos; design gráfico: a gestão e o processo

nas

atividades

de

projeto

editorial

gráfico;

impactos

ambientais: promovido pela produção gráfica •

Desenvolvimento

Momento em que serão realizadas as seguintes etapas: estudo dos diferentes critérios do ecodesign; comparação dos fluxos processuais da produção gráfica; definição e elaboração das relações entre os critérios de ecodesign e os fluxos processuais da produção gráfica; apresentação de um ciclo do produto gráfico, que propõe recomendações processuais para a redução dos impactos ambientais.


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Resultados e discussões

Apresenta os principais aspectos encontrados, tornando possível o diálogo entre as hipóteses apresentadas e os resultados. •

Considerações finais

Apresenta as conclusões em frente às hipóteses e problemas levantados pela pesquisa.


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2

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1.1 Caracterização da pesquisa

Decidiu-se por usar o método de pesquisa qualitativa por ser uma pesquisa indutiva, isto é, o pesquisador desenvolve conceitos, ideias e entendimentos a partir de padrões encontrados nos dados, ao invés de coletar dados para comprovar teorias, hipóteses e modelos pré-concebidos (OTERO, 2006, p 12). A abordagem qualitativa proposta por esta pesquisa se dá através da compreensão e interpretação da relação do sujeito (designer gráfico) com o objeto (impacto ambiental promovido pelo desenvolvimento e produção do produto gráfico).

2.1.2 Visão geral dos procedimentos metodológicos

O trabalho se inicia com uma enquete piloto utilizando a plataforma Surveygizmo e divulgada nas redes sociais, Facebook e Twitter, nos perfis de conteúdo sustentável e grupo de designers. Foram colhidas 120 respostas, durante 2 meses de enquete, com objetivo de identificar o problema. Após a problematização o projeto se dividiu em 3 fases sequenciais, abrangendo os 3 objetivos específicos, demonstrados a seguir e resumidos (Quadro 4). •

Fase 1 Consiste na pesquisa bibliográfica sobre teorias de base nas seguintes áreas: design gráfico, produção gráfica, sustentabilidade, ecodesign e Legislações Ambientais, relacionando-se com o objetivo específico I.


21

Fase 2 Consiste no conhecimento do fluxo de produção gráfica do designer gráfico feito através da análise de dados obtidos na fase 1, relacionando-se com objetivo especifico II

Fase 3 Consiste na apresentação na proposta dos critérios a serem inseridos no processo de produção gráfica do designer, relacionando-se com objetivo específico III.

Quadro 2 Metodologia Fonte: Autor (2011)


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3

Enquete A elaboração da enquete buscou apresentar a realidade, permitindo, deste

modo, identificar as hipóteses a serem estudadas, bem como também os problemas relacionados à atividade processual do designer e a sustentabilidade nos processos gráficos. Antes da formalização da enquete houve a preocupação para que as questões apresentadas pudessem ser compreendidas de forma objetiva, deste modo foi proposta uma enquete piloto, constituída das seguintes etapas:

a) Elaboração das questões: A enquete foi composta da seguinte forma: identidade; comportamento e opiniões. As questões sobre a identidade ajudaram a conhecer o designer (idade, local de residência e o ramo de atuação no design gráfico). Sobre o comportamento, as questões buscaram saber quais as práticas são realizadas durante o desenvolvimento do projeto gráfico. Por último, foram questionados os valores e opiniões dos designers sobre a aplicação de conceitos sustentáveis ao projeto gráfico (Apêndice A). No caput da enquete piloto foi inserido o texto da Adélia Borges 2 sobre o design gráfico sustentável, com objetivo de esclarecer o que é o design sustentável, assim os respondentes teriam mais subsídio sobre o assunto; b) seleção dos entrevistados – seguiu o critério fundamental de que deveriam ser profissionais inseridos em atividades de produção editorial gráfica; c) divulgação, nas redes sociais Facebook, Twitter nos perfis de conteúdo sustentável e grupo de designers, durante 2 meses. d) envio dos e-mails, a 10 entrevistados, juntamente com a solicitação de que deveriam responder até a data prevista no documento. e) recebimento das respostas; f) correção dos aspectos que apresentaram inadequação e desta forma validar a enquete piloto como um instrumento adequado às obtenções das informações requeridas;

2

Adélia Borges. Jornalista, curadora especializada em design e professora de história do design na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP)


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g) formalização gráfica, da enquete, em sítio eletrônico próprio – Surveygyzmo selecionado por apresentar gratuidade e não limitar o número de perguntas a serem realizadas. O fac símile da enquete, que os entrevistados receberam, está apresentado no Apêndice B; h) envio do e-mail com a enquete validada para 120 Designers profissionais da área gráfica.; i) recebimento das respostas; j) tabulação das respostas.

Os gráficos com as resposta são apresentados a seguir: •

Entendimento do texto de introdução:

3%

Entendi Não entendi

97%

Gráfico 1 Entendimento texto introdução


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Qual seu gênero?

48%

52%

Masculino Feminino

Gráfico 2 Sexo

Qual sua idade?

17% 20 a 30 30 a 40 83%

Gráfico 3 Idade


25

Qual sua localidade?

Norte

45%

49%

Sul Sudeste

6%

Gráfico 4 Localidade

Qual área do Design Gráfico você atua?

Identidade Visual 16%

25%

Sinalização

8% 8%

Editorial (jornais, revistas, livros, folders); Embalagem

43% Outras Gráfico 5 Atuação


26

Você sabe o que é sustentabilidade?

0%

Sim Não

100%

Gráfico 6 Entendimento sustentabilidade

Você é responsável pelas decisões nas etapas do projeto?

39%

Sim 61%

Gráfico 7 Responsabilidade nas etapas do projeto

Não


27

Qual fator você considera como decisório em projeto editorial?

Econômico (objetivo de não encarecer o projeto para o cliente);

27%

Sustentável (objetivo projetar pensando no impacto ambiental que o produto pode gerar);

56%

Produção (objetivo de gastar o menor tempo, para realizar a tarefa).

17%

Gráfico 8 Fatores

Você costuma pesquisar sobre a matéria-prima que irá utilizar no seu projeto?

39%

Sim 61%

Gráfico 9 Pesquisa sobre matéria-prima

Não


28

Indique abaixo sua prática durante a atividade projetual:

Uso de energias alternativas

14%

10% Uso de materiais reciclados ou recicláveis

7%

40% 29%

Uso de materiais conceitualmente ecológicos como: canetas, lápis, apagadores etc. Nenhum

Gráfico 10 Práticas no desenvolvimento

O quanto você diria estar preocupado com a sustentabilidade no seu projeto?

32% Muito Pouco 68%

Gráfico 11 Preocupação com o projeto


29

Você acredita que a inserção de tecnologias de impressão sustentável pode encarecer o valor do projeto para o cliente?

10%

Sim Não

90%

Gráfico 12 Opinião sobre valores de impressão sustentável

Você conhece algum processo de impressão sustentável?

38% 62%

Gráfico 13 Conhecimento em impressão sustentável

Sim Não


30

Você conhece alguma prática do Design Gráfico sustentável?

29% Sim Não 71%

Gráfico 14 Conhecimento em práticas do design gráfico sustentável

Você acredita que seu projeto gráfico é sustentável?

33% Sim Não 67%

Gráfico 15 Opinião da sustentabilidade no projeto


31

3.1

Tabulação dos resultados

De acordo com a enquete verifica-se •

96% entenderam o texto de introdução;

48% são homens e 52% mulheres;

83% com idade de 20 a 30 anos

59% são do sudeste

43% trabalham com projetos editoriais;

100% sabem o que é sustentabilidade;

71% tomam as decisões no projeto;

56% consideram o aspecto econômico;

73% pesquisam o tipo de material a ser usado;

40% utilizam de materiais reciclados ou recicláveis,

68% disseram pouco preocupados com a sustentabilidade no projeto;

90% disseram que a utilização de impressão sustentável pode encarecer no valor do projeto;

62% não conhecem impressões ecologicamente correta;

71% desconhecem práticas de design gráfico sustentável;

67% disseram que o seu projeto gráfico não é sustentável.


32

4

PROBLEMATIZAÇÃO Após a produção de peças gráficas e sua subsequente utilização, estas são

descartadas, muitas vezes em lixões abertos, sem o devido tratamento, provocando então, impactos ambientais 3 diversos. As tecnologias de impressão já possuem alternativas menos impactantes, contudo as atividades processuais do profissional, ainda preconizam seleção de matérias primas inadequadas do ponto de vista ambiental, assim como o excesso da quantidade de materiais empregados, sobrecarregando os sistemas de descarte. Verifica-se que o designer gráfico não considera a questão ambiental em seus projetos, principalmente por desconhecimento e não acesso de informações sobre as alternativas menos impactantes. Acredita-se que, a partir do entendimento dos impactos provocados pelos materiais utilizados, já na pré-produção, torna-se possível planejar o destino final após o seu uso. Diminuindo assim o impacto negativo provocado pelo produto gráfico.

Diante desses problemas podemos sustentar as seguintes perguntas; •

Como o designer gráfico pode contribuir para um ciclo de vida do produto gráfico de forma que reduza o impacto ambiental dessa atividade?

4.1

Definição do problema

O designer parece não apresentar amplo conhecimento a respeito do desenvolvimento de um produto gráfico quando este se refere aos impactos ambientais oriundos do processo de produção e suas especificações técnicas projetuais.

3

Segundo a NBR ISO 14004 – Gestão ambiental, impacto ambiental é “Qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização”. (ABNT NBR ISO 14004, 1996, p.5).


33

5

JUSTIFICATIVA Com o mundo cada vez mais conturbado, pelas ações irresponsáveis e

depredatórias do ser humano em relação aos recursos naturais do planeta, comprova-se a necessidade de mudar as atitudes em todos os setores. Adotar uma postura sustentável hoje em dia acaba sendo uma estratégia para empresas que buscam um diferencial no mercado e um novo reconhecimento. Conforme adverte Bária; Cunha (2009) não há empresa totalmente sustentável, toda ação gera uma reação, portanto sempre que um tipo de produto é gerado algum tipo de resíduo tem que ser descartado. Conforme a enquete apresentada no tópico anterior, os designers gráficos desconhecem as alternativas sustentáveis para os impactos da atividade projetual e ainda encontram barreira para adotar medidas que diminuem os efeitos negativos. O designer e as indústrias gráficas nesse caso podem contribuir e muito, pois ao invés de utilizar vários tipos de materiais levando à dificuldade na separação em sua reciclagem, eles podem reduzir a quantidade de materiais já na confecção de um impresso, preocupados sempre com o gerenciamento do resíduo, seja ele sólido, líquido ou gasoso, devendo sempre considerar uma certa hierarquia para esse gerenciamento, tendo em vista as possíveis alternativas, de modo a determinar qual a melhor solução do ponto de vista de vantagens ambientais. ( BÁRIA; CUNHA, 2006, apud, RIBEIRO, 2003, p.23).

A importância do projeto se dá pela possibilidade de identificar e apresentar às boas práticas normalizadas, atualmente adotadas pela empresa do setor gráfico, ao designer. E ainda, contribuir para uma cultura de desenvolvimento de projetos gráficos com menor impacto ambiental, atendendo às necessidades da sociedade que serão produzidos de forma consciente.


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6

OBJETIVOS

6.1.1 Objetivo geral

Apresentar melhorias no processo projetual do designer gráfico para reduzir os impactos ambientais negativos advindos da produção gráfica.

6.1.2 Objetivos específicos

I.

levantamento

bibliográfico

sobre

sustentabilidade,

os

impactos

ambientais das fases do projeto gráfico gerenciadas pelo designer gráfico

(pré-produção,

produção,

distribuição

e

descarte) e

as

alternativas existentes;

II.

pesquisar o fluxo de produção gráfica gerenciada pelo designer gráfico;

III.

propor melhorias para o processo de produção gráfica gráfico.


35

7 7.1

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Sustentabilidade

Viveiros (2008) nos mostra que sustentabilidade surgiu na década de 70, em um momento de preocupação das relações entre crescimento econômico e meio ambiente. Relacionando essa ideia com o desenvolvimento sustentável percebemos como as empresas abordam o modo de preservação ambiental, o bem estar social e desenvolvimento econômico do planeta hoje em dia. Almeida e Gianneti (2006) salientam que a revolução industrial, iniciada no século XVIII, e a utilização de combustíveis fósseis em larga escala trouxeram conseqüências, que podem ser descritas como resultado de um processo de crescimento descontrolado. Manzini e Vezzoli (2008) ressaltam que nos próximos decênios, deveremos passar de uma sociedade de grande consumo de bens para uma sociedade que reduzirá a produção de produtos e dos materiais.

Segundo Viveiros (2008) a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU elaborou, na Noruega, um documento chamado “Nosso Futuro Comum”, também conhecido como Relatório de Brundhtland. Este relatório, em 1987, apresentou a preocupação com o impacto da atividade econômica no meio ambiente, relacionando-se, também, com a qualidade de vida e bem-estar da sociedade, tanto presente quanto futura.

Rangel (2009) diz que um ambiente ecologicamente equilibrado é o meio saudável desejável para permitir a sobrevivência da espécie por tempo indeterminado e, ao mesmo tempo, satisfazer, às necessidades de cada indivíduo.


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Para Manzini e Vezzoli (2008, p. 28) ser sustentável deve atender os seguintes requisitos: •

basear-se fundamentalmente em recursos renováveis;

otimizar o emprego dos recursos não renováveis;

não acumular lixo que o ecossistema não seja capaz de reutilizar;

igualdade social.

Dougherty (2011, p. 22) nos alerta que a sustentabilidade é uma daquelas ondas, como o advento do modernismo de 1930 e a revolução dos computadores pessoais da década de 1980, que mudaram praticamente todos os aspectos de uma sociedade.

Em 1987, como resultado da Conferência de Estocolmo, a Comissão Mundial para o Ambiente e o Desenvolvimento enviou para a ONU o Relatório Brundtland, conhecido também como Nosso Futuro Comum (‘Our Commum Future’). Nele são apresentados os conceitos de ‘equidade’, ‘participação’ e ‘posteridade’ como fundamentais para um futuro ‘sustentável (RANGEL, 2009, p. 2).

Os designers também devem buscar um impacto positivo, sob o ponto de vista ambiental e social. “Não é “bom” ser um gênio se sua genialidade é usada para prejudicar a sociedade”. (DOUGHERTY, 2011, p. 23).

Assim, percebe-se que a sustentabilidade está mudando a forma de projetar, fazendo com que questões antes não percebidas pelos designers, hoje se tornem indispensáveis ao projeto.


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Dougherty (2011, p.15) cita alguns motivos para a sustentabilidade estar transformando nossos negócios: •

valores de branding, decisão de compra baseada em valores que a empresa agrega ao produto;

responsabilidade social das empresas, as empresas devem fazer mais que somente obter lucro. Elas precisam estar em equilíbrio com o desempenho ambiental, social e financeiro;

descompasso ecológico,reinventar o modo como trabalhamos para atuarmos dentro dos limites ecológicos;

ecoqualidade – A popularização da sustentabilidade,a percepção que o consumidor tem de “qualidade” e a ideia de “ecológico” fez com que esses consumidores hoje queiram uma qualidade melhor e estão cada vez mais atraídos pelas soluções.

Para Sena (1995, p.20), a ecologia em parceria com o design é de grande valia, pois o design valoriza a discussão em cada uma das suas fases do projeto, e esse pode ser o caminho para da continuidade da análise ambiental, que em geral é feita de forma

fragmentada. Já na visão de Manzini e Vezzoli (2005, p.15) o

ecodesign é como uma genérica aptidão projetual que tende a conceber artefatos levando em consideração os aspectos relativos ao seu impacto ambiental. Podemos entender que a inserção de critérios do ecodesign na atividade projetual do designer gráfico, nos permite adotar uma visão sistêmica do projeto, e visualizando os impactos negativos do processo. Sena (1995, p.45) ressalta que a concepção de novos designs deve refletir essa preocupação principalmente quanto ao impacto ambiental que podem causar e custo beneficio para a comunidade.


38

7.1.1 Sustentabilidade no processo

A aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva integrada aos processos, produtos e serviços, aumenta a eficiência ambiental e reduzem os riscos ao homem e ao meio ambiente.

A Abril é um dos maiores conglomerados de comunicação da América Latina, o grupo trabalha com informação, educação e entretenimento para diversos segmentos de público e atua de forma integrada em várias mídias. Fundada em 1950 e com sede em São Paulo (SP), conta com mais de 7 mil funcionários e se estrutura em quatro pilares; Mídia, Distribuição e Logística, Gráfica e Educação.

A empresa adota algumas estratégicas para redução dos impactos no processo produtivo, e são elas; •

salas de web conferência para reduzir a necessidade de locomoção em reuniões;

economia de energia elétrica com virtualização do data center;

parte do processo de produção de publicações digitalizado;

coleta seletiva de materiais descartados,como papel e copos plásticos;

pools de impressão para racionalizar o uso de papel feito com 30% de bagaço de cana: economia de 15 eucaliptos para cada tonelada de papel;

produção de conteúdo exclusivo para mídias digitais

O grupo Santander (2011) apresentou em seu sítio as quatro linhas de atuação: energia, água, resíduos e acessibilidade. A partir disso, o banco definiu uma estratégia completa para o plano, que inclui orientação dos gerentes comerciais, campanhas internas de incentivo e definição de produtos de financiamento específicos para atender às demandas nos quatro setores prioritários.


39

As estratégias adotadas pelo banco estão entre trocas simples de equipamentos, como geladeiras e ar condicionado, a implantações de novos sistemas de energia e tratamento de resíduos além das linhas de créditos diferenciadas para empreendimentos sustentáveis.

Atitudes simples e pequenas modificam e podem fazer a diferença. Muitas vezes não prestamos a atenção e passam despercebidos em nossos hábitos. O blog Mr.Fly (2010) apresenta algumas posturas que podemos adotar em nosso dia-a-dia; •

desligue o computador da tomada todas as noites. Plugado o computador ainda consume energia;

evite imprimir documentos que podem ser facilmente lidos ou guardados eletronicamente;

use os dois lados de cada papel, se possível;

use luz dirigida ao invés de uma lâmpada que ilumine grandes partes do escritório que não necessitam de tal;

caso você vá ao trabalho de carro, escolha ao menos um dia da semana para ir de ônibus, metrô, a pé ou bicicleta – de acordo com o que for possível.


40

7.1.2 O ciclo de vida do produto

Durante o desenvolvimento de um produto, somos levados a perceber a relação do produto com o ambiente em diversas etapas do projeto. Manzini e Vezzoli (2008, p.85) dizem que não é possível conceber qualquer atividade de design sem confrontá-las com o conjunto das relações que, durante o seu ciclo de vida, o produto terá no meio ambiente.

“Em ‘ciclo de vida’ considera-se o produto desde a extração dos recursos necessários para a produção dos materiais que o compõem [‘nascimento’] até o ‘último tratamento’ [morte] desses mesmos materiais após o uso do produto”. (MANZINI; VEZZOLI, 2008, p 91). Kulay (2008) diz que: “A análise do ciclo de vida (ACV) é uma técnica de diagnóstico de abrangência sistêmica, no entanto os resultados decorrentes indicam somente onde novas ações podem ser implementadas no sentido de melhorar o perfil ambiental do produto ou serviço”.

Na sequência, Kulay diz que o gestor deve agir no sentido de empreender melhorias. Podemos adotar essa prática ao projeto gráfico, quando temos que procurar materiais para o desenvolvimento do projeto, a exemplo disso temos a nova embalagem do Matte-Leão-Orgânico (Figura. 1), feito pelo estúdio Santa Clara para a Coca Cola Brasil. Como resultado percebemos a redução de 90% de tinta na embalagem do chá em relação a anterior. Um grande ponto positivo, pois a maioria das tintas de impressão contém metais pesados que contaminam o solo ou inviabilizam a reciclagem do produto. O verso da embalagem ainda apresenta o ciclo de vida do produto, desde a sua produção até chegar ao consumidor final, informando a preocupação da empresa.


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Figura 1 Matte leão Orgânico Projeto End-to-End Fonte: Quartim (2010)

Para Almeida e Gianneti (2006) o ciclo de vida nada mais é que a história do produto, desde a fase de extração das matérias-primas, passando pela fase de produção, distribuição, consumo e uso, até sua fase de descarte. O design gráfico assume um papel importante, na medida em que é responsável pela interface entre o produto e os usuários. Orientações quanto ao que devemos fazer no final do ciclo de vida do produto têm se tornado cada vez mais claras, graças aos projetos sintonizados com o incentivo a novos valores de vida. (BORGES, 2011, apud DOUGHERTY, 2011, p. 8).

Segundo a Setac (2002, apud ALMEIDA; GIANETI, 2006) a avaliação do ciclo de vida (ACV) é um método utilizado para avaliar o impacto ambiental de bens e serviços. É uma avaliação sistêmica que quantifica os fluxos de energia e de materiais. Podemos, portanto, contar toda a vida de um produto como um conjunto de atividades e processos, cada um deles absorvendo uma certa quantidade de matéria, operando uma série de transformações e liberando emissões de natureza diversa. (MANZINI; VEZZOLI, 2005, p. 91).

Baria e Wike (2008) dizem que o pensamento estratégico na criação de produtos ou impressos sustentáveis deve levar em conta o ciclo de vida da peça, desde a extração da matéria prima, até os processos de fabricação, utilização e descarte.


42

O desenvolvimento de projetos gráficos, que utilizam o ciclo de vida do produto junto com o ciclo de vida do processo (Figura 2), possui uma visão sistêmica do impacto ambiental do projeto ao ambiente. Possibilitando uma visualização das reservas utilizadas do ambiente para fabricação do produto, a quantidade de material descartado, a possível reciclagem do produto após seu uso e as emissões que podem ser geradas a cada etapa do processo. Com isso a possibilidade de intervir no processo é mais fácil do que buscar soluções para resolver o problema de resíduos ambientais depois de pronto.

Figura 2 Ciclo de vida do processo e na horizontal o do produto Fonte: Adaptado de Almeida e Giannetti (2006)


43

7.2

CONSUMO CONSCIENTE

Brown (2010) adverte que a Revolução Industrial criou não apenas consumidores, como também uma sociedade de consumidores. Com a facilidade de compra, preço mais baixo, melhor qualidade e padrão de vida elevado, fez com o papel dos consumidores passasse a ser quase totalmente passivo.

Viveiro (2008) nos mostra que, em conjunto ao movimento ambientalista, durante a década de 1980, surge um novo consumidor, preocupado com as questões ambientais e disposto a pagar mais caro para comprar produtos menos poluentes ou fabricados com padrões ambientais certificados. Com essa afirmação percebemos as várias iniciativas já tomadas pelas empresas na medida em que constatam que a sustentabilidade pode ser utilizada como diferencial competitivo.

Peltier e Saporta (2009) dizem que alguns consumidores afirmam que, a partir de agora, estão prontos para boicotar as empresas poluentes e também, aceitam a pagar mais caro pelos produtos se a conduta da empresa for respeitosa ao meio ambiente.

O Instituto Akatu (2011), todo consumo causa impacto (positivo ou negativo) na economia, nas relações sociais, na natureza e em você mesmo.

Notamos que ao ter consciência dos impactos na hora de escolher o que comprar, e de quem comprar e como descartar, o que não serve mais depois de uso, buscamos maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos, desta forma contribuímos com o mercado ecologicamente correto.


44

Em entrevista para o sítio Akatu sobre consumo consciente, Figueiredo (2011), disse que; Muitas empresas ainda não perceberam que o consumidor estará, cada vez mais, crítico, consciente de seu papel e importância e disposto a não prestigiar as empresas que entende como não sustentáveis. Ao invés de partirem para ações consistentes elas insistem em gerar elevados gastos em propaganda e em maquiar seus produtos e serviços relacionando o produto a imagens de florestas e animais, utilizando-se de auto-selos ecológicos ou atuando somente na embalagem. O consumidor comum cada vez mais informado saberá identificar claramente a camuflagem e passará a punir as empresas que insistirem nestas práticas.

Uma forma de ajudar na identificação de produtos sustentáveis é por meio dos chamados ‘selos verdes’, como o selo da Procel para eletrodomésticos e eletrônicos, o FSC para madeiras entre outros certificados. O consumo consciente pode ser praticado no dia-a-dia, por meio de ações que levem em conta os impactos da compra, uso ou descarte de produtos, ou pela escolha das empresas, em função de seu compromisso com o desenvolvimento sócio-ambiental. Guimarães (2011) apresentou um infográfico de como serão os consumidores no futuro (Figura 3).

Figura 3 Na natureza tudo se cria Fonte: Adaptado de Guimarães (2011)


45

7.2.1 Relação custo x benefício

Um grande impasse para adoção de um consumo mais sustentável está em encontrar o equilíbrio com o bolso. Qualquer designer que queira enfrentar questões ecológicas deve encarar a presunção de que materiais e métodos de fabricação alternativos têm um custo mais elevado. (DOUGHERTY, 2011, p.39) Silva (2011), diretor da SJS Gráfica, disse que a SJS imprime no papel reciclado, há mais de dez anos, para construtoras, laboratórios, bancos e Organização Não Governamental (ONG) de diferentes setores, entre outros clientes. "Atualmente, o preço do papel reciclado é igual ao do papel couché nacional; no passado, o custo do reciclado era 30% mais elevado". Sobre o valor dos produtos com conceitos sustentáveis Dias (2010) nos diz que: Dentro da lógica do marketing, existem os produtos feitos em grande quantidade que, com isso, ganham competitividade pela escala. Ou seja, custam menos porque sua produção é massiva. Aqueles que são feitos em pouca quantidade, destinados a segmentos específicos de consumidores, não têm essa competitividade. Têm, por outro lado, o atrativo de serem diferentes - e seus consumidores, por desejo ou necessidade, muitas vezes se dispõem a pagar mais para ter esse algo distinto. São os chamados produtos de nicho.

Fazendo uma comparação com as afirmações de Silva (2011) e Dias (2010), percebemos que pela falta de espaço no mercado para os produtos sustentáveis acarretam no seu alto custo. Uma alternativa para esse problema seria através da comunicação com o consumidor incentivando o consumo de produtos dessa categoria, valorizando empresas com posturas corretas com o ambiente.


46

Dias (2010) ainda acrescentam a idéia de que em 2010, a sustentabilidade deixou de ser uma demanda de nicho: conforme inúmeras pesquisas demonstram, o consumidor deseja consumir produtos que respeitem o ambiente e ajudem as pessoas. Dessa forma, percebemos que as atitudes sustentáveis como tratamento dos insumos e desperdícios de materiais tornam-se uma forma de economia que retornar ao bolso do consumidor. Kornevall (2006), responsável pela comunicação do World Business Council for Sustainable Development, em entrevista para o sítio Diário de Notícias disse que, Os ‘bons’ produtos têm de ser também competitivos pelos preços ou têm de criar uma marca com as qual as pessoas queiram estar associadas. O branding pode criar esse tipo de incentivos, para criar mais produtos sustentáveis. A atenção ao valor do projeto será um fator que precisamos tomar conta. Se o custo de um produto ou serviço que precisamos apresenta um valor alto concluímos que está caro, porém não significa que a alternativa mais barata seja a melhor opção para a nossa necessidade.


47

7.3

NORMAS E CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS

Toda empresa, qualquer que seja o seu tipo pode ter a necessidade de demonstrar sua responsabilidade ambiental. Para tal validação das atividades de redução de impacto ambiental das empresas, existem sistema de gestão ambiental e certificações que objetivam prevenir os impactos ambientais provocados por atividades e empreendimentos que utilizam recursos naturais ou que sejam considerados potencialmente poluidores, podendo causar degradação ambientais e inconvenientes ao bem-estar do usuário.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é a única e exclusiva representante no Brasil das seguintes entidades internacionais, a International Organization for Standardization (ISO), International Electrotechnical Commission (IEC) e das entidades de normalização regional Comissão Panamericana de Normas Técnicas (COPANT) e a Associação Mercosul de Normalização (AMN). A ABNT (2011) define normalização como atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva, com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem, em um dado contexto. As normas possuem objetivo de refletir sobre aspectos ambientais, os resíduos e seus impactos gerados no meio ambiente de seus processos. A NBR ISO 14004 define o sistema de gestão ambiental como um ordenamento e consistência para que as organizações abordem suas preocupações ambientais, através da alocação de recursos, definição de responsabilidades e avaliação contínua de práticas, procedimentos e processos.

Esta Norma descreve os elementos de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA)

e

apresenta

orientação

prática

para

sua

implementação

ou

seu

aprimoramento. Além disso, orienta as organizações como efetivamente iniciar, aprimorar e manter um sistema de gestão ambiental.


48

Junior e Vaz (2011) dizem que sistemas de certificação podem prover uma estrutura operacional para verificar se os produtos são manufaturados são processados e distribuídos de maneira sustentável. E ainda ressaltam que uma certificação adequada pode criar diversas vantagens para a empresa, como: Participação em mercados mais seletivos, melhoria contínua de desempenho e melhoria da relação da organização com seus fornecedores.

A gráfica Mattavelli, que já havia iniciado estudos para uma Gestão de Qualidade Ambiental, percebeu que ou se adaptava aos novos tempos, ambientalmente corretos, ou ficaria para trás (MATTAVELLI, 2011). Após essa reflexão de seus processos a empresa passou apenas tinta à base de óleo de soja. Em 2009, a empresa foi certificada com a ISO 14004. Segundo a diretora administrativa da gráfica, Alessandra Mattavelli, no ano passado a empresa participou de 70 processos de concorrências e licitações. Desses, em 42 foi necessário apresentar as certificações de qualidade e de gestão ambiental. Um índice de 60%, que tende a aumentar nos próximos anos.

Para demonstrar sua preocupação com o meio ambiente, a Mattavelli colocou à mostra dos clientes os papéis com o selo Forest Stewardship Council ( FSC) (Figura 4), que indica a procedência correta da matéria-prima. A empresa ainda possui estratégias para prevenção e reduções dos impactos ambientais, através de pesquisas coordenadas pela própria empresa, desenvolveram e utilizam um verniz biodegradável, o ‘Opaque 832’.

Figura 4 Selo FSC Fonte: FSC (2011)


49

É recomendado que uma organização implemente um sistema de gestão ambiental eficaz para ajudar a proteger a saúde humana e o meio ambiente dos impactos potenciais de suas atividades, produtos ou serviços, e para ajudar a manter e aprimorar a qualidade do meio ambiente. (ABNT/ISO 14004, 1996, p.15).

Percebe-se como um sistema de gestão da qualidade ambiental pode ser benéfico às gráficas, e o designer deve ficar atento às atitudes da empresa quando for escolher o local para execução dos projetos.

A norma ISO14004: 1996 define algumas diretrizes para avaliar controle e influência no ambiente. Porém, é a empresa que determina o grau de controle, bem como os aspectos que ela possa influenciar: •

projeto e desenvolvimento,

processos de fabricação,

embalagem e transporte,

desempenho ambiental e práticas de prestadores de serviços e fornecedores,

gerenciamento de resíduo,

extração e distribuição de matérias-primas e recursos naturais,

distribuição, uso e fim de vida de produtos, e vida selvagem e biodiversidade


50

‘Do berço ao berço’ (cradle to cradle design) é um conceito de certificação desenvolvido por William McDonough e Michael Braungart (2011). O conceito trata projeto de produtos e dos respectivos processos produtivos de modo que todos os componentes e matérias-primas envolvidas na produção possam ser totalmente reutilizadas em novos processos depois do descarte (Figura 5). Podemos associar essa ideia com a da reciclagem que é um processo de reutilização de materiais após o descarte, porém o cradle to cradle, tem como objetivo reprocessamento do produto criando um novo produto de qualidade igual ou superior ao original.

Figura 5 Processo Cradle to Cradle Fonte: Adaptado de Almeira e Giannetti (2006, p.44)

Além disso, existe toda uma preocupação para que todo o processo de produção e as matérias-primas utilizadas sejam ecologicamente corretas e efetivas. Cradle to Cradle Design apresenta uma abordagem revolucionária para o redesenho da indústria humana com base em a convicção de que a ciência rigorosa e design pode se mover a indústria para além do simples preocupações com a "sustentabilidade" (muitas vezes visto como uma forma de manutenção dos atuais níveis de desempenho, limitando o descarte). (MBDC, 2008, p 4).

Segundo a MBDC (2011), o Cradle to Cradle move projeto para além do objetivo de apenas reduzir os impactos negativos de uma organização (ecoeficiência), fornecendo uma visão atraente e estratégias globais para a criação de um positivo totalmente pegada no planeta (eco-eficácia). Sendo assim, notamos que, os produtos são projetados para proteger a saúde humana e ambiental e para permanecer nos infinitos ciclos fechado.


51

A Desso, empresa de carpetes da Europa, Oriente Médio e África, está totalmente empenhada em mostrar aos seus clientes e funcionários como uma empresa deve ser responsável com seus processos de produção. A empresa pondera e avalia todas as consequências das suas ações, com o objetivo de proporcionar um desenvolvimento ainda maior da empresa. A Desso está alinhada com princípios Cradle to Cradle, em que os produtos são fabricados a partir de componentes puros, de fácil desmontagem, de modo a criar novos produtos de acordo com os ciclos biológicos e técnicos Os produtos da Desso são produzidos utilizando processos de fabricação que se baseiam em energia proveniente de fontes renováveis e procuram preservar as reservas de água e assumir um compromisso de responsabilidade social. Com isso os clientes das empresas têm a garantia de adquirirem produtos a partir de materiais puros que respeitem o ambiente, e são seguros para a saúde. Sendo concebidos de modo que, no fim do respectivo ciclo de vida útil, possam ser biológica ou tecnologicamente reciclados, seguindo a certificação do cradle to cradle.


52

7.3.1 Classificação dos resíduos

Cada resíduo gerado tem uma classificação avaliada pela NBR ISO 10004:2004. A forma de cuidar do destino desses resíduos é através de um planejamento de gestão ambiental.

Segundo a NBR ISO 10004:2004 podemos classificar os resíduos da seguinte maneira: •

Classe I – Perigosos

Os resíduos classe I são aqueles cujas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas podem acarretar em riscos à saúde pública e/ou riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada. •

Classe II – Não perigosos

Resíduos Classe IIA- Não inertes, podem apresentar propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. Por exemplo o lixo comum gerado em qualquer lugar

(proveniente de

restaurantes, escritórios, banheiros etc.)

Resíduos Classe IIB- Inertes: quaisquer resíduos que, submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, não degradam. O

aproveitamento

dos

resíduos

gerados

pode

trazer

benefícios

interessantes, tanto do ponto de vista ambiental como também: na redução da criação e utilização de aterros, nos gastos com acondicionamento e transporte,na redução da utilização dos recursos naturais e na diminuição dos riscos ambientais proporcionados por esses resíduos.(FIRJAN, 2006, p.6).


53

7.4

DESIGN GRÁFICO

O homem sempre teve a necessidade de se comunicar com seus semelhantes. As primeiras formas comunicativas foram através elementos visuais. Johann Gutenberg inventou os tipos móveis, artefato capaz de reproduzir em grandes quantidades e de forma cômoda um original, o que tornou possível que os documentos impressos e a mensagem que continham fossem acessíveis a um grande número de pessoas. Segundo Meggs e Purvis (2011) outro grande impulsor do desenvolvimento do design gráfico foi a Revolução Industrial. Com o surgimento das fábricas e a economia de mercado, um grande número de pessoas se deslocou às cidades para trabalhar, aumentaram as lojas, os comércios e começou a concorrência entre empresas por se tornarem uma parte do mercado. O ritmo mais rápido e as necessidades de comunicação em massa de uma sociedade cada vez mais urbana e industrializada produziram uma expansão rápida de impressores de material publicitário, anúncios e cartazes (MEGGS; PURVIS, 2009, p.174). Com isso, se desenvolveu a publicidade, encarregada de fazer chegar aos consumidores mensagens específicas que lhes mostrassem o que cada produto podia oferecer e sua vantagem perante os concorrentes. Não era somente informar as vantagens dos produtos, era preciso ter um atrativo para chamar atenção dos consumidores, tornando possível um grande avanço nas técnicas de design e no aparecimento de profissionais dedicados. Com isso surge o Design gráfico, que irá desempenhar essa atividade.

Sobre o avanço do Design gráfico no período da revolução industrial Meggs e Purvis (2009, p.170) dizem: A variedade de tamanhos tipográficos e estilos de letras tiveram crescimento explosivo. A invenção da fotografia e, mais tarde, os meios de impressão de imagens fotográficas expandiu o significado da documentação visual e das informações ilustradas. O uso da litografia colorida passou a experiência estética das imagens coloridas dos poucos privilégios para o conjunto da sociedade. Esse século dinâmico testemunhou um desfile de novas tecnologias, criatividade e novas funções para o design gráfico.


54

7.4.1 Design gráfico para a sustentabilidade

O desenvolvimento do design para a sustentabilidade significa “promover a capacidade do sistema produtivo de responder a procura social de bem estar utilizando uma quantidade de recursos ambientais drasticamente inferiores aos níveis atualmente praticados” (MANZINI; VEZZOLI, 2008, p.23). Viveiros (2008), disse que em 1969 o International Council of Societies of Industrial Design (ICSID) aconselhou os designers a darem prioridade à qualidade de vida sobre a quantidade de produção. Isso fez com que os designers se envolvessem com a ecologia, com a finalidade de

buscar soluções para os

problemas ambientais expostos. O design sustentável permite responder às necessidades socioeconômicas e ambientais dos consumidores, propondo formas, inovações, materiais, tecnologias e procedimentos que gerem impacto ambiental mínimo em cada etapa do ciclo de vida do produto. (PELTIER; SAPORTA, 2009, p.96).

Dougherty (2011) define três formas de pensamento para o papel do designer gráfico: •

manipulador de materiais, essa concepção diz respeito à busca e ao uso de melhores materiais que resultem em menos perda e impacto ambiental;

criador de mensagem,os designers também ajudam os clientes a montarem estratégias sobre como construir marcas fortes e a criarem comunicações que repercutam no público alvo;

agente de mudança, consiste em mudar a forma como as pessoas pensam e/ou como agem.

Ullman (2010), especialista em design para sustentabilidade, em entrevista à revista ABC Design, disse que atuar de forma sustentável significa trabalhar para a melhoria da qualidade de vida, inclusive no design de uma ferramenta mais importante na sociedade atual, a informação.


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Bária e Wilke (2009, p.29) relatam que a responsabilidade ambiental não deve ficar a cargo apenas da gráfica, o designer também deve ter essa responsabilidade e entender todos os aspectos ambientais relacionados às principais etapas, a fim de propor a adoção de um comportamento sustentavelmente correto. O designer tem um papel fundamental na aplicação ecológica no design. Ele/Ela está numa posição especial entre o produtor e o consumidor, e pode influenciar ambas as partes. O designer pode ter uma grande influência em relação a como as coisas são feitas; os materiais que são usados; como são construídos; quão eficientes são no seu uso; a sua facilidade de manutenção; e até mesmo seu potencial reutilização e reciclagem. Os designers não devem ser apenas reativos, mas pró-ativos e comprometidos com o ambiente. “Devem pôr de lado a atitude de estava só a cumprir ordens e assumir uma maior responsabilidade no ciclo de vida daquilo que desenham. (DOMINGUES, BÉRTHOLA, 2006, apud WHITELE, 1993, p.56).

Segundo Dougherty (2011, p.45), estamos migrando de uma era que os consumidores tomavam suas decisões de compra baseados principalmente no preço e desempenho para uma era baseada em valores. As empresas estão cada vez mais presentes na vida dos consumidores, exercendo uma influência no comportamento deles, seja nas compras ou até no dia-a-dia. Em entrevista para a revista ABC Design, Fred Gelli disse que há 700 anos o poder estava na mão das igrejas, depois passou a ser o Estado, e hoje, são as marcas, as companhias. O sítio Portal Branding (2011), apresentou o resultado da pesquisa “Futuro Sustentável 2010”, realizada mundialmente pelo grupo Havas, mostrando que os brasileiros depositam mais confiança nas empresas privadas do que no governo para resolver as questões relacionadas à sustentabilidade.

Para a realização do estudo o grupo contou com a participação de 30 mil pessoas espalhadas por 13 países. Entre os brasileiros, 60% dos participantes alegaram

que

as

companhias

podem

lidar

melhor

com

os

problemas

socioambientais. Seguindo essas análises, a marca brasileira de cosméticos, Natura, foi tida pelos participantes como a empresa mais ligada à sustentabilidade, conquistando 27% das respostas.


56

Em segundo lugar veio a Petrobras, seguida da Nestlé, Vale, Banco Real e Bradesco. A pesquisa feita entre os americanos teve o Wal Mart como o mais votado.

Gelli (2011), sócio e designer do escritório Tátil Design de ideias, que “Não adianta vestir uma ‘roupa’ verde se essa não servir em você.” Os consumidores sabem identificar quando uma empresa está realmente comprometida ou quando só está preocupada em promover seu projeto de marketing, que muitas vezes, é de fachada.

A Tátil Design desenvolveu um conceito novo para a rede varejista Wal-Mart (Figura 6), ela utilizou o conceito em duas lojas (uma em São Paulo e uma no Rio de Janeiro), comunicando ao consumidor sobre sustentabilidade de maneira diferente. O objetivo foi estabelecer uma ponte entre o posicionamento do Wal-Mart “vender por menos para você viver melhor” e seus projetos sustentáveis.

Figura 6 Marca Bom para seu bolso. Bom para o planeta Fonte: Tátil (2011)

A partir da criação do conceito “Bom para o seu bolso. Bom para o planeta”, a Tátil desenvolveu uma nova marca e uma estratégia de apontar para o consumidor onde estão as iniciativas sustentáveis adotadas pela loja e como elas se revertem em benefícios diretos para o consumidor (Figura 7).


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Figura 7 Sinalização Rede Wal-Mart Fonte: Tátil (2011)

Gelli (2011) ainda ressalta que em ambas as lojas foram utilizadas a ‘arquitetura verde para reduzir os custos de energia e água no local, o que vai ao encontro do negócio da rede.

A

política

de

meio ambiente

da

natura

define

que

uma

empresa

ambientalmente responsável deve gerenciar suas atividades de maneira a identificar os impactos sobre o meio ambiente, buscando minimizar aqueles que são negativos e amplificar os positivos. A natura, empresa de cosmético brasileira, sempre esteve alinhada a produção de seus produtos com as questões ambientais e inovação, seja pela embalagem, fragrância e refil para reposição depois de acabado o produto.


58

No seu recente projeto em parceria com a agência Tátil Design, o redesign do refil da linha de cremes corporais ‘Tododia’ (Figura 8), mostrou como o design para sustentabilidade pode agregar ao desenvolvimento de produtos através de um projeto que gera menos impacto, apresentando bons resultados ao consumidor.

Figura 8 Novos refis natura ecoinovação traduzida em design Fonte: Tátil (2011)

Pensamento sustentável e design inteligente. “Esses foram os principais ingredientes que usamos para interpretar o desejo de inovação da Natura com o lançamento de seus novos refis”. (TÁTIL DESIGN, 2011).


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A identidade visual traz a silhueta da embalagem e cores diferentes, permitindo uma associação clara, direta, intuitiva do refil com o respectivo produto da linha. Para informar o consumidor, a agência criou ícones que representam graficamente os benefícios ‘verdes’ dos dois projetos e estão presentes em toda a comunicação dos refis Natura (Figura 7).

Figura 9 Novos refis natura ecoinovação traduzida em design Fonte: Tátil (2011)

A empresa sustentável tem como estratégia a criação de valores cuja preocupação é o desenvolvimento sustentável. Ela deve prestar contas claras sobre os resultados de suas ações em favor do meio ambiente e da sociedade assim como ela o faz com seus resultados financeiros. (PELTIER; SAPORTA 2009, p.94 ).


60

7.4.2 Design gráfico editorial

A história da indústria gráfica no Brasil começou com os artesãos que encadernavam livros importados, faziam cadernos em branco ou personalizavam volumes de bibliotecas particulares, que começaram a surgir. (VIVEIROS, 2008, p.18) Segundo a ABIGRAF (2010), em 1808 que o Brasil teve sua primeira gráfica oficialmente instalada. Era a Imprensa Régia, implantada no Rio de Janeiro por D. João VI. Viveiros (2008) diz que nos anos seguintes à sua implantação no Brasil, a impressão Régia, em suas oficinas contariam com prelos mecânicos, que conseguiram dar conta de 400 exemplares por hora. Desde então o parque gráfico se modernizou tanto em equipamento quanto em modelos de impressão. Atualmente, o setor representa 1% do PIB brasileiro e 5,8% do PIB industrial, sendo responsável pela geração de mais de 200 mil postos de trabalho diretos. (ABIGRAF, 2010) Podemos

citar

alguns

produtos

da

indústria

gráfica

como:

Jornais.

Rótulos/Etiquetas, Periódicos/Revistas, Formulários, Livros, Envelopes, Mapas, Embalagens de Papel Cartão, Cartões-Postais, Embalagens Flexíveis, Materiais de Sinalização, Materiais Publicitários (promocionais), e outros O projeto gráfico editorial consiste na produção dos seguintes produtos; livro, revista, jornal, mídia impressa como digital. Durante o desenvolvimento de um projeto gráfico são considerados conceitos de linguagem gráfica (formato, cores, fontes), percepção do perfil dos leitores e da publicação.

Villas Boas (2008, p 39) nos diz que a produção de um impresso envolve, de forma geral, quatro grandes etapas; projetação, a pré-impressão, a impressão e o acabamento. Para Dougherty (2011, p.60) são as seguintes etapas na produção de um projeto gráfico; impressão, encadernação, armazenagem, entrega, usuário e perda.


61

Há razões tanto ecológicas como financeiras para que os designers gráficos se concentrem mais em estratégias para a eficácia. “Se nosso trabalho fosse mais eficaz, poderíamos usar muito menos materiais para chegar ao resultado desejado, o que economizará dinheiro e reduziria os impactos ambientais”. (DOUHERTY, 2011, p.65).

As etapas projetuais ajudam o designer gráfico a planejar e guiar as atividades durante todo o processo. As inserções estratégicas de conceitos ecológicos nas etapas projetuais podem ajudar o designer gráfico a diminuir o impacto negativo que essa atividade causa.

Na fase de projetação, o designer realiza geralmente no escritório com sua equipe, definindo quais serão os recursos gráficos que farão parte do projeto. Nessa hora a equipe define o destino do projeto como, tipo de suporte que serão impressos e local de impressão e como será feito a logística de todo o processo. Na préimpressão é o momento de ver o resultado para corrigir e fazer alterações através de uma prova feita geralmente em birôs de pré-impressão, em alguns casos é também feito o fotolito para ser usado na fase de impressão onde é produzido material. A fase de impressão é de responsabilidade da gráfica, porém cabe ao designer gráfico fazer as indicações do tipo de impressão a serem utilizados, papel e acabamento que o material deverá sofrer.

A preocupação da natura com o projeto editorial dos catálogos (Figura 10) usados pelas consultoras, fez com que a empresa repensasse no ciclo de vida dos materiais utilizados e fizesse modificações para diminuir o impacto do produto e também um resultado final positivo com qualidade. Outra estratégia da empresa foi disponibilizar versões digitais para tablets, diminuindo assim a produção de algumas tiragens. As análises conduzidas pela Natura revelaram que o conjunto de medidas do novo projeto editorial e gráfico levará à redução de 32% por ano do impacto ambiental provocado no processo de produção do catálogo.


62

Figura 10 Revista Natura Fonte: Natura (2011)

Toledo (2008), diretor de planejamento mercadológico e vendas e de marketing de Relacionamento da Natura, disse sobre as mudanças no projeto gráfico: A reformulação culminou com a redução de quase 60 páginas em relação à versão anterior, a substituição do papel reciclado por couché. A decisão pela troca foi subsidiada tecnicamente por testes e com base na metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) realizada pela companhia, que analisou a cadeia da produção da publicação com os dois tipos de papel. O couché, por ter um peso menor (gramatura, no jargão industrial) do que o reciclado levará a companhia a reduzir em 3.500 toneladas ao ano o consumo de papel e, conseqüentemente, a quantidade de resíduos gerados pelo descarte. Além disso, o couché que será utilizado é certificado FSC.


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7.5

GESTÃO DO DESIGN

Com a adequação ambiental das gráficas dos seus processos, torna-se necessário também enfatizar a problemática do meio ambiente nas outras etapas do projeto. A gestão de design busca considerar as possíveis implicações ambientais durante todas as fases de projeto com estratégias que geram alternativas para esses impasses, minimizando assim o número de efeitos negativos e gerando uma forma de projetar diferente. Os conhecimentos em gestão, para profissionais de design, contribuem no desenvolvimento de produtos inovadores, levando em consideração aspectos administrativos, como custo, ciclo de vida, produção, distribuição, implantação no mercado, associando as tendências de mercado às necessidades da empresa. Tais conhecimentos geram a construção de uma linguagem que possibilita um entendimento mútuo entre os gerentes convencionais e os designers, tornando a empresa mais competitiva. (SANTOS; CAMPOS; MARIÑO, 2009, p.2).

O CETESB (2009) nos apresenta os seguintes procedimentos como atividades projetuais: •

pré-impressão,etapa onde se prepara para processo de impressão;

a impressão, por sua vez, é a principal parte do processo, onde a imagem é transferida para o meio escolhido;

pós-impressão é a etapa de acabamento dos produtos impressos. As barreiras para o designer surgem tanto na gestão quanto na produção. O principal objetivo do envolvimento com o papel do designer tradicional é mudar o foco do design sustentável de uma batalha sobre custo para uma conversa estratégica sobre valores. (DOUGHERTY 2011, p.48).


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Sabemos que em alguns casos, os projetos já chegam com seu destino traçado pelo departamento comercial da empresa, o custo do projeto já está calculado assim com o processo de impressão que ele sofrerá. A produção do design é formada por uma séria de estágios: os fabricantes de papel que suprem as gráficas com seus produtos, que os distribui para as oficinas de encadernação, que os repassa para os centros de distribuição etc. Quando tentamos inserir considerações ecológicas nessa mistura costumamos ouvir respostas negativas por parte do pessoal de produção e distribuição. Quando um projeto chega à produção, seu destino já está quase determinado. A única forma de mudar o sistema é fazer os designers pensarem de forma criativa antecipadamente. (DOUGHERTY, 2011, p.55).

Então, em vez de mandar arquivos para a gráfica esperando que o melhor aconteça, o designer deve procurar visualizar cada fase do sistema produtivo e procurar formas de melhorar e inovar.

Para os designers adotarem um planejamento de projeto editorial gráfico com conceitos sustentáveis, é preciso fazer pesquisa de materiais que irão compor o produto gráfico final. Com isso, será possível saber como o produto final se comportará após o descarte. Pêgo (2010) diz que a fabricação e o consumo de produtos requerem extração de matérias-primas, produção, distribuição, uso e descarte. Essas atividades provocam impacto ambiental negativo em uma ou mais fase do ciclo de vida.

Dougherty (2011) afirma que o designer não tem como controlar as atitudes dos consumidores para adotar boas práticas no uso de produtos gráficos, mas pode projetar pensando no pós uso, com a finalidade de diminuir o impacto deste ao ambiente.

Brown (2010) diz que a ascensão do design thinking corresponde a uma mudança cultural e o que vem empolgando os melhores pensadores é o desafio de aplicar suas habilidades a problemas que fazem a diferença.


65

O autor ainda nos apresenta as restrições para o processo do design thinking, a praticabilidade, funcionalmente possível em um futuro próximo, a viabilidade, o que provavelmente se tornará parte de um modelo de negócio sustentável e por último a desejabilidade, o que faz sentido para as pessoas. Quando

paramos

para

observar,

geralmente

descobrimos

níveis

gigantescos de desperdício no projeto. Mudar o sistema é algo que preenche qualquer projeto com toda inovação e solução criativa de problemas, que é onde se destacam os designers (DOUGHERTY, 2011, p.39).

Unindo o conceito apresentado de Design Thinking ao projeto gráfico com objetivos de diminuir o impacto ambiental, percebemos que o designer muda sua maneira de projetar, agregando conceitos que ajudarão na transmissão de informações, aos usuários para um consumo mais consciente dos produtos.

Brown (2010) diz que o Design Thinking pode promover uma gigantesca mudança necessária nos dias de hoje e são elas: •

informar sobre os riscos e expor os verdadeiros custos das escolhas que fazemos;

envolver uma reavaliação fundamental e processos que utilizamos para criar novas coisas;

encontrar maneiras de inventivas as pessoas a adotar comportamento mais sustentáveis.

Dougherty (2011, p. 49) nos alerta que o nosso trabalho como ecodesigner é permitir o melhor destino possível para o nosso projeto. Não podemos saber o que os outros farão, mas devemos fazer a nossa parte criando designs que não terminarão em aterros sanitários.

Com isso percebemos que projetamos um simples panfleto não temos como exercer uma influência sobre o usuário, para que ele não jogue nas vias públicas,


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mas podemos, através de planejamento e pesquisa do projeto, prever o destino do material descartado no ambiente.

Para entendermos algumas questões que precisamos em um planejamento de projeto gráfico de menor impacto ambiental, devemos nos atentar para o que o sítio Design by Nature (2011), diz sobre as decisões do designer: •

esse é um design apropriado para o impresso final?

é um caminho melhor usar menos materiais?

há algum outro modo de entregar essa mensagem efetivamente com um menor impacto ambiental?

podemos usar materiais reciclados?

o que é preciso para produzir esse impresso?

esse impresso pode ser reutilizado?

se não é reutilizado, é reciclado?

é fácil de reciclar?

O sítio ainda apresenta um guia de atitudes para se fazer, como recomendações não como obrigatoriedades, durante as etapas do projeto. Esses questionamentos podem ser usados como norteadores para o designer se guiar na busca da solução dos problemas de impacto ambiental: •

certifique-se de que essa publicação é o melhor caminho para atingir o seu público.

verifique o potencial de propósitos. Essa publicação serve para mais de um propósito?

tente considerar uma quantidade mínima de papel para o seu trabalho.

discuta com o impressor o melhor formato para minimizar o desperdício.

utilize o mínimo de cores necessárias.

escolha materiais reciclados onde é possível.

utilize acabamentos que minimizem a degradação ambiental.

verifique se sua publicação pode ser reutilizada e ou reciclada.


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informe para o seu público sobre as iniciativas de produção do seu trabalho com um senso ambientalmente correto.


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7.6

TIPOS DE IMPRESSÃO

O termo impressão trata-se de um processo de transferência de pigmentos de uma matriz para um suporte visando à obtenção de cópias. Os pigmentos podem ser aglutinados em forma líquida ou pastosa, ou em pó, em gelatina etc. Este veículo pode ser tanto em papel quanto plástico, madeira, metal tecido etc. (VILLAS BOAS, 2008, p. 15). A indústria gráfica brasileira caracteriza-se por um alto nível tecnológico, tendo muitas empresas obtido importantes avanços em termos de inovação de seus processos, o que contribui para a melhoria de sua produtividade, qualidade de seus produtos, com efeitos positivos sobre seus aspectos ambientais. No entanto, há ainda um grande número de estabelecimentos com processos e equipamentos antigos que necessitam de adequação. (CETESB, 2003, p. 22).

Os seis sistemas mais comuns de impressão são respectivamente: offset, rotogravura, flexografia, tipografia, serigrafia e impressão digital e cada uma possui sua específica necessidade de materiais e processos. Este projeto adotará como referência o processo de impressão offset.

Villas Boas (2008) nos apresenta alguns parâmetros que auxiliam na escolha do processo de impressão correto, que são: •

as deficiências e vantagens apresentadas pelo processo,

a tiragem, o custo, o suporte,

a oferta e a operacionalidade,

o conhecimento prévio do processo

usabilidade.


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7.6.1 A impressão Offset

Villas Boas (2008) diz que o processo de impressão offset é o principal processo de impressão desde a segunda metade do século 20. Ele garante boa qualidade para pequenas, médias, e grandes tiragens a custos compatíveis, com o bom rendimento tanto no traço quanto nos meios-tons.

O CETESB (2009) define a impressão offset como um sistema de impressão indireto, onde uma chapa metálica é gravada com uma imagem e depois de entintada, esta imagem é transferida para um cilindro intermediário, conhecido como blanqueta, e, por meio desta, transferida para o papel usado como substrato.

Com base nessas definições podemos construir a seguinte representação do processo de impressão offset (Figura 11).

Figura 11 Infográfico impressão Offset Fonte: Adaptado de Canha (2009)

A impressão offset pode ser plana, usada para a impressão de: livros; periódicos; pôsteres; promocionais; brochuras; cartões; rótulos; embalagens; ou rotativa, usada para a impressão de: jornais; livros; tablóides; revistas; catálogos; periódicos; promocionais; etc.


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Métodos fotomecânicos são geralmente utilizados para transferir a imagem do original para a fôrma, o que gera efluentes líquidos que podem conter compostos como sulfatos e prata.Os resíduos gerados nas diversas etapas do processo incluem embalagens de tintas e solventes, panos ou estopas sujos com solvente e restos de tinta, aparas de papel, chapas metálicas obsoletas ou danificadas, solvente sujo, entre outros. (CETESB , 2009, p.20).

Para que o processo de impressão offset ocorra é preciso de alguns materiais como; a chapa, a blanqueta, o suporte (papel), cilindro de pressão, tinta e água.

As chapa offset podem ser produzidas por fotogravura, com a utilização de fotolito ou gravação digital, por dois processos conhecidos como computer to plate (CtP) e computer to press (CtPress), feitos na própria gráfica para ajustar ao maquinário. Cada material usado no processo de impressão offset necessita de uma maneira diferente de cuidar na hora do descarte. O quadro 3 no Anexo B demonstra os principais materiais presentes na impressão offset.


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7.6.2 A impressão digital

A impressão digital é outro tipo de impressão utilizado pelos designers. Villas Boas (2008) diz que a impressão digital é qualquer sistema de impressão no qual a imagem é gerada a partir de um arquivo digital e transferida diretamente para uma impressora, que pode ser, por exemplo, a laser, jato de tinta ou offset digital. Algumas dessas impressoras como a laser e jato de tinta são encontradas no próprio local de trabalho do designer, para facilitar no desenvolvimento do leiaute e correção de conteúdo.

A impressão digital possui como grande vantagem a passagem direta da imagem para o substrato, sem o uso de fôrmas, como acontece na impressão Offset. Esta característica elimina a geração de resíduos na etapa de pré-impressão.

Em relação à etapa de impressão, os resíduos gerados dependerão do sistema de impressão digital usado; alguns exemplos são: tubos vazios na impressão à cera e cartuchos de tinta vazios na impressão por jato de tinta. Além disso, ocorre alguma geração de resíduos de papel, plástico, embalagens e outros materiais, principalmente na pós-impressão.

Sobre a utilização da impressão digital a Gráfica Tarfc (2010) diz: A impressão digital reduz o impacto ambiental com tintas atóxicas e minimiza

em

97%

o

desperdício

de

componentes

reciclados

ou

remanufaturados. Quando o impresso é feito com tinta UV, é eliminada a cobertura de solventes, o que reduz a utilização de energia. As versões pigmentadas oferecem longa resistência aos fatores ambientais – tais como atrito e umidade eliminando a necessidade de laminação.

O diretor da Gráfica Tarfc Renato Mendonça ressalta que na impressão digital as tintas utilizadas não geram Compostos Orgânicos Voláteis (VOC), que são vapores poluentes emitidos por produtos químicos.


72

7.7

PAPÉIS

O papel é o principal material utilizado para o designer gráfico na produção gráfica, seja na fase de projeto com desenhos, impressão de briefings ou provas de correção. Conhecer os papéis existentes no mercado, as suas características e sua melhor aplicação é uma tarefa importante que o designer tem que inserir no projeto.

Segundo a Associação Nacional dos Produtores de Celulose e Papel (BRACELPA 2011): O Brasil é um importante produtor mundial de papel e, além de abastecer o mercado doméstico, exporta produtos principalmente para países da América Latina, União Européia e América do Norte. E ainda destaca que o papel produzido no Brasil tem origem nas florestas plantadas, um recurso renovável. Além disso, o papel é reciclável, ou seja, grande parte retorna ao ciclo produtivo após o consumo. Além dessas vantagens, a indústria avança com melhorias contínuas para uma produção mais limpa e de menor impacto.

A escolha desse material desempenha um interfere na qualidade do trabalho, no impacto ambiental após o uso e no valor do projeto. Podemos dizer quer cada necessidade de tiragem existe um tipo de papel especifico. O papel destinado à impressão apresenta-se em diversas classes, qualidades, formatos e gramaturas, espessura, superfície, alcalinidade e alvura. Villas Boas (2008) nos mostra, quatro parâmetros para escolher o papel correto: O valor subjetivo, o custo, a disponibilidade no mercado e restrições técnica. Acrescentando a idéia do autor, podemos escolher o tipo de papel de acordo com o tipo de material (publicação) que será desenvolvido. Os designers podem evitar essas perdas no projeto “projetando” em conformidade com o formato de impressão característico dos equipamentos da gráfica, em virtude disso a necessidade da interação do designer com a gráfica que irá executar o trabalho. (DOUGHERTY, 2011, p 103).


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O papel tem múltiplas aplicações, serve para imprimir (livros, jornais, revistas) e escrever (cadernos, folhas avulsas, cartões de datas comemorativas), compõe embalagens de alimentos, remédios, roupas entre outras aplicações. A Associação Nacional dos Produtores de Celulose e Papel (BRACELPA, 2011) classifica os papéis das seguintes divisões: •

papéis para imprimir e escrever, papel offset, papel couché, papel jornal ou papel imprensa, papel lwc, papel monolúcido, papel apergaminhado, papel “super bond” e cartolina para impressos;

papéis para embalagens, papel ondulado, papel kraft e para embalagens leves;

papel cartão, papel cartão duplex, papel cartão triplex, cartão sólido, cartolina branca e colorida, papelão;

papéis para fins sanitários, papel higiênico, guardanapo, toalhas de mão, toalhas de cozinha, lenços

papéis especiais, papéis auto-adesivos recobertos por adesivo à base de resinas e gomas sintéticas, papéis decorativos, papéis metalizados, papel absorvente base para laminados com alta absorção, papel autocopiativo, papéis crepados, papel de segurança papel filtrante ,papel kraft

especial

para

cabos

elétricos,

papel

kraft

especial para

condensadores isento de cloretos solúveis, papel kraft especial para fios telefônicos.


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Dougherty (2011) os designers podem fazer três coisas para minimizar os impactos negativos das fibras que usam: •

usar fibra reciclada pós-consumo;

usar fibra virgem sustentável;

usar fibras alternativas, sintéticas

Existem algumas alternativas sustentáveis para o uso de papéis em projetos editoriais. O papel reciclado é feito a partir do reaproveitamento do papel nãofuncional. Podem ser utilizados papéis pré-consumo, ou seja, recolhidos pelas próprias fábricas antes que o material passe ao mercado consumidor, ou pósconsumo, geralmente recolhidos por catadores de ruas. O processo de reciclagem pode ser manual ou industrializado e os benefícios são muitos. O processo de reciclagem pode ser manual ou industrializado e os benefícios são muitos. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (2011), uma tonelada de aparas (papéis cortados para a reciclagem) pode substituir o corte de 15 a 20 árvores, dependendo do tipo de papel que será produzido. Também se fala em redução dos gastos de água e energia durante o processo de fabricação de reciclados, apesar de não haver dados definitivos sobre isso. Ainda assim, os papéis representam cerca de 40% do total do lixo das grandes cidades e o consumo do reciclado representa um alívio para esses aterros.


75

A aplicação de vernizes e outros acabamentos especiais no papel podem acabar dificultando na reciclagem, como apresenta o Instituo Gea (2011); Os papéis recobertos com outro tipo de material, como o plástico (papéis plastificados)

ou

alumínio

(papéis

laminados)

são

de

difícil

reaproveitamento, portanto são também considerados não-recicláveis. Um caso distinto, com relação a papéis em várias camadas, é o das embalagens cartonadas tipo longa vida, cujo material é formado por três tipos diferentes de matérias-primas (papel, alumínio e plástico). Sua reciclagem é possível, porém dificultada pela existência de poucas plantas industriais que atuam no reprocessamento e pelas condições impostas por essas empresas para sua coleta (exige-se que o material esteja limpo, prensado e em grande tonelagem). (PAPÉIS, 2011).

Não precisamos utilizar somente os papéis reciclados, existem no mercado os papéis certificados. O diferencial desses papéis é que eles possuem selos de sustentabilidade, como o FSC, que garante é um produto de base florestal que resultou de um processo de produção economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto. A Suzano Papel e Celulose (2011), fabricante de papel e credenciada do FSC diz que para obter a certificação foi preciso elaborar um conjunto de princípios e critérios para orientar o manejo florestal de forma econômica e sustentável. Conservando a biodiversidade e os direitos das populações que tradicionalmente viviam das florestas ou próximas a elas. No Brasil, 100% da produção de papel e celulose utiliza matéria-prima proveniente de áreas de reflorestamento, principalmente de eucalipto (85%) e pinus (15%). Ainda assim, por melhores que sejam as práticas de plantio e processamento, a produção desses papéis necessitará de novos plantios. (EXISTE, 2011).


76

7.8

TINTAS

Cada processo de impressão necessita de um tipo de tinta diferente. Sobre a composição das tinas Viveiros (2009) nos diz que as misturas são complexas de diversos compostos químicos, pigmentos, agentes aglutinantes (resinas) e aditivos. O tipo mais comum de tinta utilizado ainda é a base de óleos minerais, petróleo. Os pigmentos são misturados ao petróleo e os solventes são compostos de álcool. Quando as tintas secam, o álcool e o petróleo soltam até 30% de gases que são evaporados e liberados no ar. (BÁRIA; CUNHA 2008, p 11)

O CETESB (2009) apresenta os seguintes componentes químicos nas tintas offset: •

resinas: ésteres (de colofônia, maleicos ou alquídicos);

óleos: vegetais à base de hidrocarbonetos alifáticos e minerais refinados;

pigmentos: orgânicos (amarelo e laranja benzidina, azul ftalocianina, vermelho e rubi) e inorgânicos (negro de fumo, dióxido de titânio, sulfato de bário, cromato e molibdato de chumbo);

secantes: naftenatos e octoanatos de zircônio, manganês e cobalto;

cêras: a base de polietileno.

As tintas de impressão são compostas por dois componentes principais: o veículo e o pigmento. O veículo mantém suspensas as partículas do pigmento enquanto a tinta está no tinteiro da impressora. Quando ela é transferida para o papel.


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Podemos contar com algumas alternativas para o impacto ambiental que as tintas provocam ao meio ambiente. A troca de tinta a base de óleo mineral pela tinta com base de óleo vegetal, pode reduzir o impacto de resíduos tóxicos, tanto sólidos como a emissão de gases que de 30% passa de 2 a 4% (Design by Nature 2009). Dougherty (2011) diz que os designers podem escolher tintas de base vegetais em vez de derivadas do petróleo. Tintas vegetais (à base de girassol. óleo de soja, óleo de canola, entre outras) geralmente tem níveis de VOC menores. A descoberta da tinta à base de soja possibilita um ganho na reciclagem pois ela é mais facilmente removida dos papéis que a tinta a base de óleos minerais.

A gráfica Tarfc adota em seus processos o uso das tintas à base de soja, segundo a gráfica as principais características são: •

o óleo de soja é proveniente de uma fonte renovável (a soja);

os grãos de soja são amplamente disponíveis a um custo relativamente baixo;

praticamente, metade de toda a soja produzida nas américas (cujos principais produtores são brasil, estados unidos e argentina) não precisa de irrigação;

a tinta à base de óleo de soja tem baixíssima emissão de voc (compostos orgânicos voláteis) por isso o seu uso reduz emissões que provocam poluição atmosférica e o efeito estufa;

impressos com tinta de soja são mais facilmente reciclados, pois causam menos danos à fibra do papel durante a reciclagem.

O selo ‘Soy Ink’ (tinta de soja), promovido durante anos pela American Soybean Association, significa que a tinta tem níveis de VOC menores do que a tinta convencional, mas não afirma nada de forma especifica. (DOUGHERTY 2011, p.101).


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A Premiata Tintas e Vernizes Gráficos, fornecedor das tintas à base de soja, diz sobre a importância de verificar o selo da tinta (Figura 13). “O selo é uma ferramenta muito útil que reforça a preocupação ambiental tanto do fabricante de tinta quanto da gráfica que utiliza este tipo de insumo. Além dos benefícios técnicos no sistema de impressão gráfico, as tintas base vegetal contribuem para a redução de VOC.

Figura 13 12 Tinta de soja certificada Fonte: Fonte:BORGA Borga (2010) (2010)

Os compostos voláteis causam poluição atmosférica e são nocivos para a saúde dos trabalhadores, o designer gráfico deve ficar atendo a isso, escolhendo tintas com menores emissões desses compostos.

Para Anghinoni (2011) os compostos orgânicos voláteis são componentes químicos que tem grande concentração de vapores que em condições de baixa pressão podem entrar na atmosfera. E ainda ressalta que o VOC é considerado um dos piores poluentes do planeta, sendo um dos responsáveis, pelo aquecimento global. Outra alternativa para diminuir as emissões dos compostos orgânicos é a utilização de tintas Ultra Violeta (UV). Segundo a Sellerink (2011) as tintas UV não contêm solventes e, portanto, não emitem Compostos Carbônicos Voláteis (VOC) importantes, justamente porque não há cura (secagem) até exposição à luz ultravioleta. Benefícios adicionais de tintas UV incluem a alta velocidade de impressão, alta qualidade e excelente resistência mecânica do filme de tinta.


79

7.9

ACABAMENTOS

A última parte do processo de produção gráfica é o acabamento ou pósimpressão, para finalização do processo na gráfica.

Na impressão offset o impresso geralmente é rodado em uma mesma folha e depois de impressa essa folha e dobrada ou cortada em folhas individuais. Por isso é preciso que o designer gráfico saiba fazer o aproveitamento máximo da página para evitar perda desnecessária de papel, pois após o corte o material acaba virando

resíduo.

As

aparas

de

produção

são

passíveis

de

reciclagem,

independentemente do tipo de substrato ou do tipo de impressão. Cabe à gráfica destinar esses resíduos para uma empresa que possa reciclá-las de forma ambientalmente correta. O formato do papel se refere às dimensões do suporte, considerando o tamanho (largura por altura). Os formandos encontrados no Brasil segundo Villas Boas (2008) são:

Quadro 3 Formato de papéis Fonte: Adaptado de Villas Boas (2008)


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Devemos considerar que dentro da área útil do papel, temos que deixar espaços para as margens das marcas de registro de impressão para o posicionamento do papel na impressora, além da sangria da publicação. A gráfica Digital Press (2011) apresentou os formatos econômicos para ajudar os designers a visualizarem as perdas na hora da impressão, se encontrar no Anexo B. O acabamento possui algumas operações básicas (refile, vinco, cortes, dobraduras, encadernação) e outras aplicações especiais como, por exemplo, uso de vernizes, adesivos e etc. Segundo o CETESB (2009) uma alternativa para a aplicação de acabamentos especiais, seria a utilização de vernizes ou adesivos à base de água trazem certos benefícios ambientais em relação aos insumos à base de solventes orgânicos. Os produtos à base de água eliminam a necessidade do emprego de solventes para diluição e limpeza dos equipamentos, bem como a geração de solventes residuais e de resíduos com restos de solventes, além de eliminar as emissões atmosféricas de Compostos Orgânicos Voláteis (VOC).

A encadernação simples é o processo que permite obter mais resíduos recicláveis. A encadernação com grampo a cavalo, por exemplo, é o processo mais comum. Espirais e grampos laterais também são populares em certos ramos. Grampos de metal e espirais de arame se separam facilmente da fibra de papel.


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Segundo Dougherty (2011) a encadernação com adesivos prendem as páginas ou o bloco do miolo de uma publicação à capa por meio de adesivo apropriado. Três tipos de adesivos são usados para esse propósito, e cada um tem um perfil ambiental diferente: •

o Acetato de Polivinila (PVA) é uma cola branca sintética à base de água, é tóxico e poder encontrado facilmente e é compatível com os sistemas de reciclagem.

o Adesivo Poliuretano (PUR) eles não liberam VOC ou poluentes atmosféricos perigosos, como não são solúveis em água, ficam sólidos logo depois de secarem.

o adesivo quente de Etileno-Acetato de Vinila (EVA) é muito utilizado em encadernações de livros (hotmelt) é fácil de aplicar, tem baixa liberação de VOC e baixa toxicidade. O processo quando é reaquecido pode acabar gerando um problema na reciclagem.


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7.10 IMPACTOS AMBIENTAIS DO PROCESSO

Cada um destes materiais citados nos tópicos anteriores têm impactos associados à sua fabricação. Cabe à gráfica aperfeiçoar seu consumo e valorizar a destinação dos seus resíduos, tanto em termos ambientais como econômicos. Para ajudar com o gerenciamento correto desses resíduos a indústria gráfica conta com os guias técnicos ambientais, as normas e certificados ambientais, as gráficas conseguem um apoio para sustentabilidade nos padrões de produção.

Em 2009 a CETESB e a SINDIGRAF, fizeram o Guia Técnico Ambiental da Indústria Gráfica. Esse guia apresenta instruções operações para as gráficas se orientarem quanto às questões ambientais e tratamento de seus processos de impressão. O CETESB (2009) diz que a questão ambiental deve ser inserida no contexto empresarial gráfico como objeto de avaliação e análise, sendo necessária a busca de informações e dados estatísticos que possam dimensionar e orientar as estratégias de combate à degradação do meio ambiente.

Nota-se que a atividade projetual gráfica pode ser desempenhada de modo seguro e saudável, tanto para saúde humana quanto do ambiente, desde que sejam conhecidos e corretamente controlados seus processos para tratarem seus resíduos. Dougherty (2011, p 96) apresenta um gráfico que podemos perceber os principais impactos da produção de um material impresso:

31%

Papel Tinta

52%

Impressão 17%

Quadro 4 Impacto ambiental impressão offset Fonte: Adaptado de Dougherty (2011)


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7.10.1 Resíduos sólidos

A grande maioria dos resíduos sólidos gerados pela indústria gráfica são as chamadas aparas de produção, ou seja, as sobras de substrato, impresso ou não, geradas durante o processo de impressão ou acabamento. Essas aparas são de papeis, cartões ou plásticos, são resíduos classificados como Classe IIA ou IIB, de acordo com a norma ABNT NBR 1400:2004, ou seja, não são resíduos perigosos.

O volume de aparas gerado se dá em função de muitas questões como formato do produto impresso (o qual influencia diretamente as perdas no corte do pósacabamento), e a tiragem (volume de material impresso).

7.10.2 Resíduos líquidos

Os resíduos líquidos presentes nessa fase do processo são os elementos químicos utilizados na revelação das chapas e solventes para limpeza. Sendo classificados segundo a NBR ISO 1400:2004 de classe I perigosos. A forma de tratamento desses resíduos é de responsabilidade da gráfica através da destinação em estações de tratamento de efluentes líquidos ou envio para empresa licenciada que trate corretamente conforme a ISO indica.

7.10.3 Emissões atmosféricas

As principais emissões atmosféricas da indústria gráfica são os Compostos Orgânicos Voláteis (VOC) que evaporam dos solventes, tintas, vernizes ou adesivos. Não existem padrões de controle ambiental para esse tipo de composto. Porém, os VOC podem promover odores e provocar reclamações da circunvizinhança. As emissões de VOC podem ser recuperadas com o emprego de equipamentos específicos. Porém, devido aos altos custos de instalação, operação e manutenção desses equipamentos, além de fatores de escala (baixas quantidades envolvidas), isso é bastante raro no mercado brasileiro.


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Também devem ser consideradas as emissões indiretas relacionadas à queima de combustível para o transporte das matérias-primas até a gráfica e dos produtos acabados até seus clientes, bem como o deslocamento dos funcionários dos seus domicílios até a gráfica ou em serviço externo.

Sobre os cuidados na escolha do processo de impressão o sítio Design by Nature (2011), apresenta alguns critérios que devemos em levar em considerações sobre as emissões no meio ambiente oriundas dessa atividade: •

compostos orgânicos voláteis (VOC) na atmosfera pelo uso de solventes;

desperdício na utilização de solventes;

elementos químicos em hidrovias;

compostos químicos fotográficos ;

reciclagem. A indústria gráfica brasileira caracteriza-se por um alto nível tecnológico, tendo muitas empresas obtido importantes avanços em termos de inovação de seus processos, o que contribui para a melhoria de sua produtividade, qualidade de seus produtos, com efeitos positivos sobre seus aspectos ambientais. No entanto, há ainda um grande número de estabelecimentos com processos e equipamentos antigos que necessitam de adequação (CETESB, 2009, p.22).


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A Leograf (2011), gráfica e editora, desenvolveu a Linha Ecoline que foi lançada com o objetivo de melhor explorar os recursos sustentáveis pensando na preservação do ecossistema do planeta. Antes de lançar à linha verde de impressão, a empresa adotava atitudes com: •

redução de lixo sólido;

utilização de tintas atóxicas;

papel reciclado e certificação FSC;

Programa de Ecoeficiência da Fibria juntamente com o SENAI;

Máquinas de Impressão Offset Verde;

coleta de resíduos gráficos, verniz ecológico;

verniz Ecoline Soft Touch;

tintas à base de óleo vegetal;

carta de adequação dos fornecedores aos processos Ecoline.

A Abril Gráfica (2011) afirma seu compromisso com o ambiente e adota algumas medidas preventivas para redução do impacto ambiental, nas seguintes atitudes: •

reciclagem de papel e aparas, a empresa tenta reciclar ao máximo todos os resíduos que gera durante seu processo produtivo;

reuso de água pós-tratamento, a Abril Gráfica reaproveita a água usada no processo de galvanização de seus cilindros e de impressão, bem como a de atividades auxiliares. Essa água é levada para a Estação de Tratamento onde, depois de ser tratada, é usada nos sanitários das dependências da gráfica;

tratamento e destinação dos resíduos industriai, os resíduos mais agressivos liberados pelo processo gráfico têm sua periculosidade reduzida com tratamento prévio e destinação adequada;

sistema de recuperação de solventes voláteis, na tinta usada para imprimir as publicações há solvente volátil. A Abril Gráfica recupera praticamente 100% desse solvente, evitando o seu lançamento na atmosfera;


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reaproveitamento de calor, A empresa aproveita o calor gerado nas unidades secadoras de tinta das impressoras para aquecer o ar de entrada da caldeira, reduzindo o consumo de combustível para produzir vapor.

A empresa tem procurado usar cada vez mais papel com certificação florestal proveniente de reflorestamentos e cultivo sustentável. Para isso, conta com a ajuda de órgãos certificadores como o FSC e Certificação Florestal (CERFLOR) 4 (PEFC) 5.

Podemos perceber que uma gráfica que atenda as expectativas ambientais tanto na produção quanto no uso de materiais é de suma importância para o designer gráfico que pretende fazer projetos gráficos menos impactantes.

4

CERFLOR: Certificação Florestal. Disponível em:<http://www.inmetro.gov.br/qualidade/cerflor.asp>. Acesso em: 2 dez. 2011. 5 PEFC: Programa para o Reconhecimento da Certificação Florestal (antigo Pan European Forest Certification – PEFC) Disponível em:<http://www.inmetro.gov.br/qualidade/cerflor.asp>. Acesso em: 2 dez. 2011.


87

8

DESENVOLVIMENTO

8.1.1 Conhecimento do fluxo de produção gráfica

Para atender ao Objetivo Geral e aos Específicos é necessário identificar e apresentar o processo projetual empregado pelo do designer no desenvolvimento do produto editorial gráfico. Os designers empregam diferentes fluxos de trabalho ao desenvolverem seus projetos gráficos. Para efeito de análise serão considerados dois modelos próprios de fluxo de trabalho: Villas Boas (2008) e Dougherty (2011). Villas Boas (2008) define as etapas do processo como, projeto, pré-impressão, impressão e acabamento. Dougherty (2011) propõe uma visão diferente das etapas do projeto, “o design as avessas”, sistema onde o designer gráfico pensa no destino final do produto antes da sua concepção. As etapas segundo o autor são usuário, impressão, encadernação, armazenagem, entrega e perda.

Para determinar um fluxo de produção gráfica que possa diminuir os impactos ambientais durante o processo, foi preciso unir as ideias de processos de Villas Boas (2008) com a de Dougherty (2011) (Figura 14).

Figura 14 Etapas de produção gráfica Fonte: Autor (2011)


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Com o relacionamento das etapas do projeto dos autores citados, chegamos à seguinte definição para o processo de produção gráfica (Quadro 5);

Quadro 5 Processo proposto para a produção gráfica Fonte: Autor (2011)

O detalhamento de cada fase é apresentado a seguir:

Pré-produção •

A pré-produção é a fase em acontece o planejamento de todo o processo, reuniões de criação, o desenvolvimento do projeto, a seleção dos materiais a serem utilizados na produção entre outros aspectos necessários para a realização do projeto;

Etapas do projeto relacionadas: projeto, usuário e pré-impressão

Produção •

Em linhas gerais, podemos distinguir em três momentos fundamentais na produção do material impresso: A impressão, a encadernação e acabamento;

Etapas

do

encadernação.

projeto

relacionadas:

impressão,

acabamento

e


89

Distribuição •

ADG (2004) diz que o designer nem sempre participa desta etapa, porém essa participação é imprescindível em casos de projetos ambientais. Os momentos fundamentais que caracterizam a distribuição são: a embalagem, transporte e armazenagem.

Etapas do projeto relacionadas: armazenagem e entrega.

Descarte •

O descarte é caracterizado pelo uso ou consumo de serviços ou produto;

Etapas do projeto relacionadas: projeto e usuário.


90

8.1.2 Definição dos critérios do ecodesign na atividade projetual

Para Sena (1995), a ecologia em parceria com o design é de grande valia, pois o design valoriza a discussão em cada uma das suas fases do projeto, e esse pode ser o caminho para da continuidade da análise ambiental, que em geral é feita de forma fragmentada. Na visão de Manzini e Vezzoli (2005) relatam que o ecodesign é como uma genérica aptidão projetual que tende a conceber artefatos levando em consideração os aspectos relativos ao seu impacto ambiental. A inserção de critérios do ecodesign permite apontar ações que diminuam os impactos nas etapas do projeto de forma sistêmica pensando em todo o ciclo de vida do produto. Com o objetivo de compreender a aplicação dos critérios considerados para serem inseridos na atividade projetual foram reunidas 4 categorias que contemplem as etapas do projeto: •

Reduzir

Reduzir a utilização de uso dos recursos naturais, consumo de energia nas etapas do projeto, materiais de apoio para criação, emissões atmosféricas através de transporte e do processo de impressão. •

Planejar

Gestão de Projetos. Planejar o projeto de maneira que respeite o meio ambiente, educando os usuários de suas atitudes; planejar leiautes que não possibilitem muitas perdas de materiais e acabamentos que geram resíduos. •

Selecionar

Selecionar empresas que tenham consciência de seus processos com meio ambiente.


91

Reutilizar

Reutilizar materiais que foram desperdiçados durante o processo retornando ao ciclo de vida do produto ou dando um novo destino para reduzir o consumo excessivo de materiais e a produção de lixo.


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8.1.3 Proposta da inserção dos critérios do ecodesign

A proposta apresentada a seguir aponta ações sob os critérios do ecodesign encontrado como resultado na pesquisa. Essa proposta tem como objetivo contribuir para o ciclo de vida do produto gráfico gerenciado pelo designer gráfico. Os apontamentos são apenas proposta para guiar o designer de uma escolha consciente com o meio ambiente não possui caráter avaliativo ou metodológico.

Pré-produção •

Atividades integradas: reunião de planejamento, desenvolvimento do projeto, diagramação e leiaute, arte-finalização e envio para préimpressão

Critérios apontados •

Reduzir o consumo de energia em equipamento, iluminação do escritório, materiais de apoio para reunião e deslocamento de pessoas;

Planejar pensando no tempo de uso do material, cortes que gerem menos resíduos após a impressão, uso total da área útil de impressão do material, acabamentos alternativos que não dificultem na reciclagem;

Reduzir os materiais para encadernação dando preferências aos que facilitam a reciclagem

Selecionar Fornecedores certificados ISO 14001 e FSC.


93

Produção •

Atividades integradas: Impressão, acabamento e encadernação

Critérios apontados •

Planejar formatos que gerem menos perda de material e tenham um aproveitamento máximo;

Redução de materiais para o acabamento;

Reutilizar

materiais

desperdiçados

com

o

corte,

materiais

da

encadernação; •

Selecionar processo de impressão que imitem menos VOC, gráficas que possuem certificado ISO 14004.


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Distribuição •

Atividades integradas: Armazenagem e entrega

Critérios apontados •

Redução de materiais para embalar o produto depois de pronto;

Reutilizar materiais que seriam descartados para embalagem dos produtos;

Selecionar transporte que emitem menos Co2;

Planejar o deslocamento do material até o seu destino final.

Descarte •

Atividades integradas: perda, usuário e projeto

Critérios apontados •

Planejar para que o material possa voltar ao ciclo inicial do produto, reduzindo o consumo de energia no processo e de lixo;

Redução de materiais para não dificultar a reciclagem;

Selecionar um formato para o tipo de necessidade do projeto para não ter papel a mais que o necessário para o entendimento da informação;

Reutilizar o produto impresso que sobrar, reciclando ou reaproveitando de outra forma produzindo novos produtos.


95

9

Resultados e Discussões Após a obtenção dos resultados, os mesmo foram analisados segundo os

conteúdos encontrados no referencial teórico, apresentados a seguir; O designer parece não apresentar amplo conhecimento a respeito do desenvolvimento de um produto gráfico quando este se refere aos impactos ambientais oriundos do processo de produção e suas especificações técnicas projetuais. De acordo com a enquete 68% dos designers entrevistados não estão preocupados com o impacto ambiental que o seu projeto pode gerar ao meio ambiente e 62% desconhecem impressões ecologicamente corretas. Bária e Cunha (2009) relatam que a responsabilidade ambiental não deve ficar a cargo apenas da gráfica, o designer também deve ter essa responsabilidade e entender todos os aspectos ambientais relacionados às principais etapas, a fim de propor a adoção de um comportamento sustentavelmente correto. Do mesmo pensamento compartilham Silva e Souza (2008) que dizem, a questão ambiental, os princípios de respeito à natureza ainda precisam ser inseridos no contexto empresarial gráfico como objeto de avaliação e análise. A pesquisa de materiais durante o desenvolvimento do projeto é um fator importante para determinar o destino final do projeto e o impacto que ele possa gerar no final de sua vida, cerca de 73% dos designers disseram que pesquisam o tipo de material a ser usado e 47% não o consideram. Dougherty (2011) nos alerta que o nosso trabalho como ecodesigner é permitir o melhor destino possível para o nosso projeto. Não podemos saber o que os outros farão, mas devemos fazer a nossa parte criando designs que não terminarão em aterros sanitários. A decisão no projeto é muito importante, pois determina todo o planejamento e escolhas que serão seguidas ao longo das etapas projetuais. De acordo com a enquete cerca de 71% tomam as decisões no projeto e cerca de 56% consideram o aspecto econômico para não encarecer o projeto para o cliente, com isso percebemos as barreiras que um projeto com conceitos ecológicos pode gerar para o designer responsável. Dougherty (2011) diz que as barreiras para o designer surgem tanto na gestão quanto na produção. O principal objetivo do envolvimento com o papel do designer tradicional é mudar o foco do design sustentável de uma batalha sobre custo para uma conversa estratégica sobre valores. O autor ainda completa dizendo que a única forma de mudar o sistema é


96

fazer os designers pensarem de forma criativa antecipadamente. As práticas sustentáveis não devem ficar somente nas escolhas dos materiais que serão produzidos, devemos inserir durante a realização do projeto medidas que diminuam a utilização dos recursos naturais. Conforme a enquete cerca de 40% utilizam de materiais reciclados ou recicláveis, o conhecimento de práticas do design gráfico sustentável podem ajudar o designer a diminuir os impactos negativos durante as etapas do projeto, de acordo com a enquete 71% desconhecem as práticas do design gráfico sustentável. Dougherty (2011) diz que há razões tanto ecológicas como financeiras para que os designers gráficos se concentrem mais em estratégias para a eficácia, poderíamos usar muito menos materiais para chegar ao resultado desejado, o que economizará dinheiro e reduziria os impactos ambientais. A inserção de critérios a produção gráfica desenvolvida pelo designer pode auxiliar a essa mudança na atividade projetual. Sobre a inclusão da ecologia no design da mesma maneira observa Sena (1995) que diz, a ecologia em parceria com o design é de grande valia, pois o design valoriza a discussão em cada uma das suas fases do projeto, e esse pode ser o caminho para dar continuidade da análise ambiental, que em geral é feita de forma fragmentada. Na visão de Manzini e Vezzoli (2005) o ecodesign é como uma genérica aptidão projetual que tende a conceber artefatos levando em consideração os aspectos relativos ao seu impacto ambiental. Dentre os critérios do ecodesign a serem inseridos no processo estudado, destacase visão de redução, visto que a técnica é baseada na diminuição dos recursos naturais e na diminuição de resíduos, sendo uma prática de importante aplicação no projeto. Sobre o papel do designer na busca de um projeto com menos impacto ambiental, Domingues, Bérthola, Silva e Sousa (2006) dizem que o designer tem um papel fundamental na aplicação ecológica no design, ele está em uma posição especial entre o produtor e o consumidor, e pode influenciar ambas as partes. “Devem pôr de lado a atitude de estava só a cumprir ordens e assumir uma maior responsabilidade no ciclo de vida daquilo que desenham”. O objetivo principal desta pesquisa foi propor melhorias para o processo de produção gráfica desenvolvido pelo designer, bem como buscar informações sobre os impactos ambientais gerados nas etapas de produção gráfica e alternativas existentes para diminuição dos efeitos negativos. A metodologia aplicada permitiu


97

uma

melhor

percepção

dos

impactos

negativos

gerados

pelo

processo,

possibilitando encontrar resultados satisfatórios possíveis para gerar recomendações para melhorar o processo do designer gráfico. Notamos que o designer desempenha um papel importante para ajudar a diminuir os impactos ambientais no projeto gráfico, não somente a gráfica. Com isso, percebemos que o designer gráfico pode ajudar no ciclo de vida do produto gráfico, sendo um manipulador de materiais escolhendo os menos impactantes, criador de mensagens com impacto positivo no mundo e por fim, como agente de mudança propondo medidas que minimizem os efeitos negativos.


98

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS O designer gráfico durante o desenvolvimento do seu produto gráfico deve considerar os fatores que possam gerar impactos negativos no meio ambiente. Uma forma de evitar os problemas ambientais é através de pesquisa que procurem encontrar estratégicas para os problemas relacionados a escolha dos materiais que irão compor o material e o processo de impressão do produto verificando assim alternativas menos impactantes. O conhecimento do processo gráfico deve fazer parte do projeto, o designer precisa saber como a gráfica trata os resíduos de seus processos, se possui certificação em algum órgão ambiental que regulariza a produção, se os materiais que ela utiliza para a produção são certificados ou possíveis de serem reciclados. Entendemos que muitas são as barreiras a adoção de práticas sustentáveis em um projeto editorial gráfico, como por exemplo, o desconhecimento, o valor da produção com os processos, decisões pelo cliente. Cabe ao designer encontrar uma maneira de inserir os critérios de uma produção mais consciente com o meio ambiente no seu projeto e mostrar as vantagens e ganhos na produção com essa mudança, inclusive para o seu cliente direto. O trabalho buscou apresentar ações que possam diminuir os impactos ambientais em um projeto, não sendo considerada uma metodologia de trabalho, mas como recomendações técnicas capazes de orientar para um desenvolvimento sustentável. Contudo ainda é preciso aprofundar os estudos para melhorar o processo de produção gráfica, desenvolvendo um método de produção que gere menos impacto ambiental ao ambiente, para assim contribuir com o desenvolvimento de projetos ecologicamente corretos.


99

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_____. Novos refis Natura ecoinovação traduzida em design. Disponível em <http://www.abstratil.com.br/en/2010/novos-refis-natura-ecoinovacao-traduzida-emdesign/>. Acesso em: 20 jun. 2011. Figura 9.

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106

VIVEIROS, Ricardo. 200 Anos: Indústria Gráfica no Brasil. São Paulo: Ver Curiosidades, 2008.


107

APÊNDICE A Perguntas da enquete:

Por favor, leia o texto a baixo antes de responder as perguntas:

Ao se falar em design sustentável, a primeira coisa que vem à cabeça das pessoas é o uso de materiais reciclados, em geral associados a um visual “alternativo” encontrado em objetos que as pessoas compram por má, consciência. Design gráfico quase nunca está inserido nessa primeira preocupação e,quando está, pensa-se que se trata meramente de usar ou não papel reciclado nas publicações. A questão, no entanto, é muito mais ampla e complexa do que isso, exigindo uma análise mais profunda da qual sem dúvida decorrerão alterações nas práticas profissionais. Como boa parte da atribuição da sustentabilidade está no comportamento do consumidor ao usar e ao descartar um produto, o design gráfico assume um papel importante, na medida em que é responsável pela interface entre os produtos e os usuários. (texto retirado do prefácio de Adélia Borges do livro Design Gráfico Sustentável)

Sobre seu entendimento do texto acima indique: ( ) Entendi; ( ) Não entendi.

IDENTIDADE

Sexo: ( )Masculino; ( ) Feminino Idade: ( ) 20 a 30; ( ) 30 a 40; ( ) 40 a 50; ( ) 50 a 60; ( ) 60 a 70. Localidade: ( ) Sul; ( ) Sudeste; ( ) Norte; ( ) Nordeste; ( ) Centro-oeste. Qual área do Design Gráfico você atua? ( ) Identidade Visual; ( ) Sinalização; ( ) Editorial (jornais, revistas, livros, folders); ( )Embalagem; ( ) Outras


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COMPORTAMENTO

Você sabe o que é sustentabilidade? ( )Sim; ( ) Não. Você é responsável pelas decisões nas etapas do projeto? ( )Sim; ( ) Não.

Dentre os diversos fatores qual você considera como decisório para a execução do projeto gráfico editorial? ( ) Econômico (Objetivo de não encarecer o projeto para o cliente); (

) Sustentável (Objetivo projetar de pensar no impacto ambiental que o produto

pode gerar); ( ) Produção (Objetivo de gastar o menor tempo, para realizar a tarefa).

Você procura pesquisar sobre a matéria prima utilizada na produção gráfica do seu projeto? ( )Sim; ( )Não.

Indique suas práticas durante a atividade projetual: ( ) Uso de energias alternativas; ( ) Uso de materiais reciclados ou recicláveis; ( ) Uso de materiais conceitualmente ecológicos como: canetas, lápis, apagadores etc. ( ) Nenhum; ( ) Outros.

O quanto você diria estar preocupado com a sustentabilidade de seu trabalho? ( ) Muito; ( ) Pouco; ( ) Não estou preocupado.


109

VALORES E OPINIÕES

Você acredita que a inserção de tecnologias de impressão sustentável pode encarecer o valor final do projeto? ( ) Sim; ( ) Não.

Você conhece algum processo de impressão sustentável? ( ) Sim. ( ) Não.

Você conhece alguma prática do Design Gráfico sustentável? ( ) Sim. ( ) Não.


110

APÊNDICE B Fac símile da enquete

Figura 15 Fac símile enquete Fonte: Autor (2011)


111

ANEXO A Aproveitamento de papel. Digital Press (2011).

Tabela 1 Formato econ么mico do papel Fonte: Adaptado de Digital (2011)


112

ANEXO B Fluxo do processo de impress達o offset

Quadro 6 Fluxo de materiais processo de impress達o offset Fonte: CETESB (2009)


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