Portfólio

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Renata Aguiar



Fotógrafa, artista e pesquisadora, investiga as relações poético-políticas entre fotografia, identidade e gênero. Formada em Artes Visuais pela Universidade da Amazônia e mestre pelo Programa de PósGraduação em Artes da Universidade Federal do Pará integra o coletivo Casulo Cultural Nasceu em 1985, na cidade de Urucará, Amazonas.


#professornãoébandido Performance digital. Arte-política. Arte e educação. Ação cyberativista.

Trabalho realizado para mobilização de ato contra a criminalização da educação em maio de 2018



Campina 562 Da solidão sei bem as carícias, da noite conheço os becos e as bocas “E sei como ninguém acariciar a cabeça de um cão na madrugada” (Hilda Hilst). Morei três anos no Bairro da Campina numa casa agora esquecida de número 562.

Obra selecionada para a mostra do curador do IX Diário Contemporâneo de Fotografia, 2018





a linha de fuga do voo da mariposa Romper o casulo para ainda inseto, voar. Uma mariposa, uma borboleta, cumprindo seu devir-voo. Afinal, não se fica no casulo para sempre, por mais que seja doloroso, às vezes é necessário se deixar construir pela metamorfose, abrir as asas e sair.



Sem título A fluidez da água se revelou para a humanidade como primeiro espelho. Seu tremulante e impreciso reflexo deu ao homem e à mulher a percepção de si enquanto imagem, enquanto reflexo projetado e que agregado a outros elementos, põe em movimento a constituição da identidade. Imagem imprecisa, fugaz, flutuante, que é alterada constantemente pelo fluxo do tempo. Imagemreflexo, portanto, efeito de uma causa: o próprio ser humano em fantasmagoria

Obra intégra a experimentação Universo de Si que gerou exposição e mostra homônima no Casulo Cultural, Studio Garden e Associação Fotoativa, movida por estudos em torno da identidade e intersecções entre canto e fotografia em parceria com Yvana Crizanto.



Cartografia do abandono Corpo-Imagem no corpo da cidade. Nua. Perece. A artista intervém na rua, a rua intervém na artista. Nada permanece.

Intervenção urbana com lambelambe de autorretrato fotográfico em lugares abandonados do centro histórico de Belém.







Reinos Místicos

Série composta por 35 fotografias impressas e 23 fotografias projetadas e exposta na Galeria Fidanza do Museu de Arte Sacra de Belém em 2016 e na Galeria Teodoro Braga, contemplada com o Edital Prêmio Pauta Livre 2017.

Numa jornada por vezes solitária, passei pelo topo do mundo nos Himalaias, atravessando seus profundos e férteis vales. Descobri desertos gelados e refugiados tibetanos. Encontrei por toda parte animais sagrados em seus templos. Conversei com muitos sábios, homens e mulheres do fim do mundo. Gente nômade, ciganos tradicionais e viajantes ocasionais. Em Goa, encontrei mercadores com os quais conversar em português. Jaipur me iluminou com as luzes do Diwali, e de Hampi a Kerala vi elefantes para toda uma vida. Vivi o Janmashtami em uma pequena viela da Deli, pelo qual sou grata. Todos esses lugares me habitam; pessoas, imagens, cheiros, que são hoje parte de mim. Místico é esse tipo de encantamento, uma tendência ou inclinação a viver em comunhão com o sagrado. Sagradas são todas as imagens que trago comigo construídas de afetos e encontros, que me revelaram a diversidade e potência da humanidade em seus tons mais obscuros e iluminados, colocando em movimento identidades e não apenas a do outro, mas principalmente a minha.







Mersaul t -Tu não és daqui, és? - Amazonense, paraense, mãe carioca, morei na Índia, vim de Urucará, me criei em Capanema, não sou daqui, não sou de nenhum lugar, meu avô era português, meu pai caboclo de Abaetetuba. “[o homem absurdo] reconhece a luta, não despreza absolutamente a razão e admite o irracional. Desse modo ele recupera a atenção de todos os dados provindos da experiência. ” (CAMUS, 1977, p.55). No sentimento de estranhamento, a partir de uma percepção múltipla de identidade no contemporâneo, ha um paralelo com um outro estrangeiro: Mersault, personagem do livro “O estrangeiro” de Albert Camus, autor franco argeliano, que ajudou a fundar a estética do absurdo.

Obra selecionada no 24º Salão CCBEU Primeiros Passos em 2015



Sem título para o anjo do desejo de ser fera moinhos gigantes doide(van)a fera. fera feroz desejo de entre os homens ser Mulher

Obra integrou a exposição “Instancias da Luz”, em 2014 na Galeria Fidanza – Museu de Arte Sacra de Belém, como desdobramento do Lab.Círio – Laboratório de Criação em Narrativas Visuais, constituída de fragmentos e narrativas apresentadas por cada artista durante os festejos do Círio de Nazaré. E em 2015 fez parte da exposição Transações: Chiquita profana no Casulo Cultural.





SPAM Xumucuís Não delete esta ocupação antes de ler esta mensagem, uma mensagem é para todos, não apenas para os escolhidos em uma lista prédeterminada de interesses, é arte em espaços de circulação não usuais, oportunizando um contato com o acaso cotidiano, SPAM é uma inconveniência, é aquilo que você não precisa, é o que você nem entende, é arte contemporânea, os artistas que integram esta ocupação não são artistas, nem o curador é curador, nem o espaço é uma galeria/museu hiper além essa negação do espaço tempo tradicionais da arte (belas?) É a própria configuração desse novo sistema de arte em ambiente computacional digital que em um pop-up salta do ciberespaço para a vida.

Ramiro Quaresma Texto de curadoria da ocupação SPAM Xumucuís que ocorreu na Universitec da UFPA e no Casulo Cultural


A ocupação “SPAM Xumucuís” é uma mostra de arte contemporânea com trabalhos realizados por cinco jovens artistas: Cléber Cajun, Diogo Vianna, Flávia Souza, Henrique Montagne Figueira e Renata Aguiar. O curador Ramiro Quaresma, professor do Instituto de Ciências da Arte (ICA) da UFPA e responsável pelo Salão Xumucuís de Arte Digital, baixou as imagens das redes e blogs dos artistas e depois propôs a estes a exposição, “o nome da ocupação remete àquela mensagem em massa enviada pela internet, sem público certo, atingindo a todos indiscriminadamente” explica o curador




Certas transas Ensaio fotográfico realizado com os atores Carlos Vera Cruz e Dario Jaime, para o espetáculo teatral “Certas transas” apresentado em Belém no ano de 2014.







A Jornada é o Destino Como muitos artistas ocidentais antes de mim, e hoje ainda – fetichistas orientalistas que se renovam – me lancei ao desconhecido e misterioso oriente, em busca deste destino imaginado. Confrontada com a realidade de uma terra, tão distante da minha e de tantas maneiras, múltipla e inapreensível, percebi o destino posto no próprio caminho, no movimento constante que é a roda da vida e o fluxo da história.

Série composta por 16 fotografias que foram expostas na X Mostra do Curso de Artes Visuais da UNAMA em 2013 e no Composição Arte&Bar em 2014.







Não Lugar BH Estava eu em BH de passagem, cada afeto ali construído, tinha o peso da despedida que não tardaria a chegar, na cidade onde fui brevemente feliz desaparecem as pessoas na imagem de um lugar que é também um não; Marc Augé é quem borra as fronteiras “O lugar e o não lugar, são, antes, polaridades fugidias: o primeiro nunca é completamente apagado e o segundo nunca se realiza totalmente.

Projeto selecionada para a maratona do Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte em 2013 que se intitulava "Lugares para dizer adeus: um olhar sobre não-lugares de Belo Horizonte“. As fotografias foram projetadas em prédios da Avenida Santo Afonso no centro de Belo Horizonte durante as noites do Festival.







Meikumere

No mito Caiapós uma mulher que vivia entre as estrelas, chamada Nhàkpôkti, em tempos antes dos tempos, dá origem às sementes das plantas cultiváveis. Esta entidade assume a forma humana para entregar aos Caiapós o milho, a mandioca, a batata doce, entre outros. Nos dias atuais a nação Caiapó perdeu muitas das suas sementes tradicionais, que segundo a cultura foram trazidas por Nhàkpôkti, a partir deste contexto surge a I Feira de Sementes Tradicionais Caiapó, uma iniciativa da ONG Floresta Protegida, com apoio da FUNAI, que reuniu em setembro de 2012 varias etnias Caiapós na Aldeia Moikarakô, próximo ao município de São Felix do Xingu. Com o objetivo de realizar a troca de sementes tradicionais entre as etnias, promover a sociabilização dos “parentes” e a feitura de uma carta ao governo federal com as reinvindicações indígenas.


As pinturas corporais, as danças, os adereços, os modos de vida dos Caiapós são as maneiras reconhecidamente Mei – estética e Kumren – correta, de se apresentar na sociedade Caiapó, assim constituindo uma relação entre o estético e o ético. Esta série expressa através de registros fotográficos e a noção ética estética presente no quotidiano Caiapó, na prática da pintura corporal, nas danças, no modo de vida, que se mistura num movimento rítmico entre tradição e modernidade, constituindo uma cultura hibrida com influencias externas, mas fortemente marcada por características tradicionais.

O trabalho foi exposto Galeria Amazônia, 2013, na cidade do Faro, em Portugal, durante o Festival Amazônia realizado por ocasião do ano do Brasil em Portugal








Origens Narrativas e histórias da Dona Lelé , parteira amazonense que me ajudou a nascer, conduziram nossas conversas naquele carnaval que caia em março. Era a primeira vez, que eu já adulta voltava a Urucará, minha cidade natal, para um reencontro com minhas origens. Redescobri no saber da parteira que se perde, se esvai a minha própria história. Tive que me lembrar que o saber popular é forma de conhecimento que tem servido a nossos ancestrais e constitui modo verdadeiro, embora diferenciado do saber científico, de perceber e atuar no mundo. Eu precisava mesmo lembrar.

Obra composta por 5 fotografias e um áudio, fez parte da exposição Mulheres Liquidas na Galeria Teodoro Braga em 2012 e em 2013 foi convidada a integrar o II Salão Xumucuís de Arte Digital.





Identidades Submersas Retrato fotográfico e relato oral se confrontam a partir das mulheres do Centro de Reeducação Feminino – CRF, maior presídio feminino do estado do Pará, localizado em Ananindeua, região Metropolitana de Belém. A fim de discutir questões de realidades e ficcionalidades na fotografia, estas mulheres foram convidadas a posar para os retratos, se revelando e se falseado no exercício da pose de fotografias que depois teriam para si.

Ensaio fotográfico, realizado entre os anos de 2010 e 2013, como parte das pesquisas para monografia do curso de artes Visuais e Tecnologia da Imagem da Universidade da Amazônia e para a dissertação do Mestrado em Artes da Universidade Federal do Pará







Bicho Homem A urbe. Um só corpo. Como corpo exposto abandono desse signo da civilização. Roupa. O homem sem vestes, só, em meio à cidade que construiu, e da qual já não pode mais se libertar... Toda nudez é o primeiro passo de volta a essência do bicho, é a primeira ação rumo a um caminho sem volta. Reconexão, a frente há um futuro.

O trabalho foi exposto no Centro Cultural Espaço Mundo em João Pessoas, no ano de 2013 e em 2014 fez parte da exposição Cidades Intimas no Casulo Cultural como parte da programação da I Virada Cultural de Belém.







Vultos Claros A fotografia devaneia em possibilidades sobrenaturais, que o cinema em O fantasma da Opera de Arthur Lubin ou em O Iluminado Stanley Kubrick apresentam. Nas fotografias a narrativa gira em torno da mulher que assombra o Olympia, operando as maquinas de projeção ou percorrendo os espaços vazios e escuros do cinema, na ausência do público

Ensaio realizado em Abril de 2012 para integrar a exposição em homenagem ao centenário do Cine Olympia, mais antigo cinema em funcionamento do Brasil..



Cidade Perdida No abandono do centro histórico da cidade de Belém, onde a natureza se reapropria dos espaços abandonados pelo homem, uma cidade vai sendo perdida, se corrói onde se constrói um não-lugar no coração da capital paraense.

Obra integrou o Salão SESC Universitário de Arte Contemporânea em 2012.



renataaguiararte@gmail.com


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