ABRIGO PARA PESSOA EM SITUAÇÃO DE RUA

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RENATA JUNQUEIRA MEIRELLES

ABRIGO PARA PESSOA EM SITUAÇÃO DE RUA

Trabalho final de curso apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências para a obtenção do título de Arquiteta e Urbanista, em 2018, sob orientação da professora Maria Lídia Guimarães Pantaleão

RIBEIRÃO PRETO 2018


RENATA JUNQUEIRA MEIRELLES

ABRIGO PARA PESSOA EM SITUAÇÃO DE RUA

ORIENTADOR: _______________________________________________ Nome: Maria Lídia Guimarães Pantaleão

EXAMINADOR 1: _____________________________________________ Nome: Onésimo Carvalho EXAMINADOR 2 : _____________________________________________ Nome:

RIBEIRÃO PRETO ______/_____/_____


“A RUA, CONCRETA, DISCRETA NOS MOSTRA A FRIEZA DA SOCIEDADE E A TRISTEZA DE UM POVO ESQUECIDO..” TRECHO DO POEMA “A RUA” DE MARIANA ZAYAT CHAMMAS


IMAGEM 1 : MORADOR DE RUA COM SEU CACHORRO FONTE: https://vejasp.abril.com.br/blog/bichos/acao-ajuda-moradores-de-rua-e-seus-bichinhos/


AGRADECIMENTOS PRIMEIRAMENTE A NOSSA SENHORA, POR TODAS AS BENÇÃOS E PROTEÇÃO RECEBIDA AO LONGO DESSES ANOS. Á MINHA ORIENTADORA MARIA LÍDIA, PELA AJUDA E POR SE MOSTRAR SEMPRE DISPONÍVEL NESSE MOMENTO TÃO DELICADO PARA NÓS, FORMANDOS. AGRADEÇO Á MINHA FAMÍLIA E AMIGOS PELO APOIO NESSE MOMENTO TÃO ESPECIAL DA MINHA VIDA, EM ESPECIAL Á MINHA MÃE, CRISTINA ORANGES, MEU PADRASTO, FERNANDO BELLONI E MEU NAMORADO, MARCOS BOTELHO. SEM VOCÊS ESSA JORNADA SERIA MUITO MAIS COMPLICADA.


RESUMO A PROPOSTA NESSE TRABALHO É A CRIAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO PÚBLICO DESIGNADO A PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA DA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO/SP. COM BASE NAS PESQUISAS EFETUADAS NO DECORRER DESSE TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO A ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO EDIFÍCIO SERÁ NO QUADRILÁTERO CENTRAL, NO LOTE DE ESQUINA SITUADO NA RUA MARIANA JUNQUEIRA COM A RUA DUQUE DE CAIXIAS. PESSOAS QUE SE ENCONTRAM EM SITUAÇÃO DE RUA POSSUEM INÚMERAS NECESSIDADES, MAS PRINCIPALMENTE EM RELAÇÃO A HIGIENE INTIMA, E A VOLTA DA AUTOESTIMA PARA REINSERÇÃO NA SOCIEDADE. COM BASE NESSAS DIRETRIZES, O EQUIPAMENTO ABRANGE INTERESSES SOCIAIS, EM PROL DO PRINCIPAL MOTIVO DO TRABALHO QUE É, A MELHORA DO BEM ESTAR E CONSEQUENTEMENTE DA VIDA DOS USUÁRIOS.

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IMAGEM 2 : MORADOR DE RUA COM SEU CACHORRO FONTE: https://minilua.com/a-triste-realidade-dos-moradores-de-rua/


SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO

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LEVANTAMENTO

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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ANTEPROJETO

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LEVANTAMENTO DE DADOS

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BIBLIOGRAFIA

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LEITURAS PROJETUAIS 9


CAPITULO l. 10


INTRODUÇÃO O assunto escolhido para o TFG de Arquitetura e Urbanismo é um abrigo para pessoa em situação de rua, que está inserido na área de projetos sociais e que tem como tema de pesquisa: Abrigo para pessoas em situação de rua em Ribeirão Preto. O Interesse pela abordagem de tal assunto surgiu devido a percepção da grande quantidade de pessoas em situação de rua em todo o país, mas com um foco em especial na cidade de Ribeirão Preto. O número de indivíduos que passam por tal situação, e sofrem com a exclusão e o preconceito é intenso, segundo as pesquisas feitas no decorrer do material, o que fez surgir uma motivação pessoal para desenvolver uma proposta que mudasse esse quadro e essa população passasse a ter um apoio. Geralmente, essas pessoas se encontram nas áreas centrais, onde comércio e serviços ficam concentrados, e onde o fluxo de pessoas é maior o que possibilita a obtenção de alimentos e alguns recursos financeiros, sendo que durante o período noturno estes locais ficam praticamente “abandonados”, despovoados, se transformando assim em abrigos. Dessa forma o local de estudo escolhido para inserção do projeto foi o quadrilátero central da cidade de Ribeirão preto – SP. O usuário de interesse, requer, além do que podemos entender como uma infraestrutura básica um cuidado ainda maior, quando observamos seu histórico de insucessos, desvinculações e inúmeras outras dificuldades que nos faz pensar e estruturar o projeto de acordo não somente com a arquitetura e o urbanismo mas também com a questão social que o envolve. As precariedades que incorporam as pessoas em situação de rua são pontos importantíssimos no desenvolvimento do projeto arquitetônico, já que essas precariedades devem ser olhadas com maior cuidado , sendo as principais a higiene intima e a questão social. Projetar um equipamento público que seja capaz de atingir essa população é algo extremamente desafiador pois de certa forma a pessoa em situação de rua esta “acostumada” com esse estilo de vida, portanto, o ponto-chave é achar um meio-termo para que aos poucos esse indivíduo seja reinserido na sociedade e buscando entender qual dos equipamentos se adequa melhor as necessidades do mesmo. O objetivo geral da pesquisa é identificar qual o melhor tipo de abrigo para as pessoas em situação de rua e as estratégias usadas para a reinserção dessa população na sociedade, levando em consideração os abrigos já existentes e a forma como os atuais usuários utilizam o mesmo. 11


Os objetivos específicos são: •Analisar os abrigos já existentes na cidade, para que assim seja possível definir se é necessário novas estratégias para o abrigo ou somente a melhorias daqueles já existentes. •Conhecer a população de rua do município de Ribeirão Preto. •Fazer um levantamento das regiões de Ribeirão que tenham grandes concentrações de população em situação de rua e com isso definir através de analises o lugar apropriado para implantação do projeto. •Desenvolver uma estrutura física que ofereça condições de habitabilidade, higiene, segurança, conforto e privacidade aos moradores de rua. Para atingir os objetivos propostos será realizado a pesquisa bibliográfica, a qual terá a função principalmente de definir conceitos e métodos que serão utilizados na construção do pensamentos que levara á criação de um projeto viável para esses indivíduos que se encontram em situação de rua. Através das pesquisas será possível visualizar as possíveis saídas para que haja uma melhora significativa nos métodos que são usados na abrigagem dessas pessoas. Outro estudo que será feito é um estudo de caso, através de pesquisas sobre o atual albergue para moradores de rua na cidade de Ribeirão Preto, o CETREM. Esse estudo de caso buscara coletar informações da condição do local de acordo com os seus usuários e também aqueles que ali trabalham. No contexto atual de nosso país, identifica-se na maioria das cidades brasileiras a presença de inúmeras pessoas que se encontram em situação de rua e pode-se perceber que os abrigos existentes não são capazes de suprir as necessidades desse grupo, muitas das vezes o que é oferecido faz com que a pessoa prefira se abrigar nas ruas ao invés de estar nesses abrigos oferecidos pela prefeitura.

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CAPITULO 2. 14


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A população composta por moradores de rua inclui qualquer pessoa que, sem moradia, pernoita nos logradouros da cidade, nos albergues ou qualquer outro lugar não destinado à habitação. Desta forma, é possível incluir, como membros desta população, todas as pessoas que residem em locais precários. No Brasil, a definição ampla incluiria, assim, não apenas os albergados e a população que pernoita nas ruas mas, também, os moradores de cortiços e favelas, dada a precariedade de seus domicílios (Schor & Artes, 2001). No entanto, o presente estudo se restringe, apenas, ao chamado núcleo duro desta população. Ou seja, aqueles que se encontram habitando as ruas ou albergues públicos. Esta população é cada vez mais comum em nosso país, principalmente nos grandes centros urbanos. De fato, ao que tudo indica, os moradores de rua estão cada vez mais comuns em todo o globo terrestre. Em grandes centros terceiro-mundistas, no entanto, concentra-se a maioria destes sujeitos. Paula Quintão (2012), destaca uma distinção importante entre eles, há aqueles que estão nas ruas por falta de alternativa por diversas causas, portanto, consideram a possiblidade de sair dessa condição, vista como provisória. Porem existem também aqueles que estão na rua praticamente por opção, em uma condição quase permanente com baixas possibilidades de reinserção, fator geralmente associado ao tempo de rua e ruptura de vínculos com a sociedade. Há ainda as crianças e os viciados em drogas considerados casos específicos, pois necessitam de alternativas diferenciadas de auxilio e atendimento para uma possível reinserção. Por mais que o termo “morador de rua” seja muito utilizado pela maioria da população é necessário discutir as definições que envolvem os termos relacionados a essa população. Algumas delas são: ”Trata-se de indivíduos sem uma habitação e que satisfazem tal necessidade, seja procurando uma instituição social, seja se apropriando e transformando o espaço publico em moradia. “ (GIORGETTI, 2006) ”Grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, mas que tem em comum a condição de pobreza absolta e falta de pertencimento á sociedade formal. “ (COSTA, 2005) ”Um segmento social que, sem trabalho e sem casa utiliza a rua como espaço de sobrevivência e 15 moradia. “ (VIEIRA, BEZERRA E ROSA, 1992)


Apesar de pertencentes ao mesmo grupo, para compreender quem são esses indivíduos e o contexto no qual estão inseridos é fundamental tomar o conhecimento de suas historias, das causas que os levaram as ruas, a maneira que sobrevivem, quais as suas dificuldades e necessidades, a condição que se encontram, aonde se estabelecem. Quanto ao modo de sobrevivência, encontra-se: o pedinte ou mendigo, que obtém recursos através da mendicância; os catadores também chamados de carroceiros ou carrinheiros, ”composto por aquelas pessoas em situação de rua que exercem a profissão de catadores de materiais recicláveis, embora nem todo catador esteja em situação de rua.”(MATTOS, 2006) Quanto ao local onde se estabelecem e pernoitam existem: os albergados ou acolhidos, referindo-se aqueles que utilizam os albergues e abrigos para passar a noite; os nômades, que dormem geralmente sob marquises e pontilhões porem não possuem um espaço fixo; os assentados que delimitam um espaço fixo por meio de simulações de portas e paredes; os homens das cavernas que vivem dentro de estruturas, os selvagens que no tem lugar e carregam seus pertences e os maloqueiros, ”que usam a maloca ou mocó que é um lugar definido de permanência de pequenos grupos(...) que normalmente tem colchoes velhos, algum canto reservado para pertences pessoais e as vezes utensílios de cozinha.”(VARANDA, 2003) Quanto a mobilidade, há trecheiros, trata-se daqueles que se deslocam de entre cidades e ate mesmo estado em busca de assistência; andarilhos, ”caracterizados pela errancia: movimentação radical sem qualquer destino, ponto de partida ou chegada, rumo o roteiro, fazendo com que sejam pessoas que promovem uma ”deserção radical do sedentarismo.. Fuga ou distanciamento das normas e controles sociais””. (MATTOS, 2006) Quanto a condição física ou mental, os deficientes, aqueles com problemas físicos ou mentais que encontram maior rejeição entre os moradores de rua; os nóias ou pedreiros, que utilizam crack constantemente e os alcoolistas. Mesmo em meio a tanta diversidade, é imprescindível enfatizar que entre essa população existem traços primordiais comuns pois, de uma maneira geral sobrevivem no espaço urbano em condições precárias de extrema pobreza, romperam laços e são segregados da 16 não podendo muitas vezes exercer sua cidadania. sociedade


Estão em constante instabilidade social, econômica e ate mesmo psicológica e para agravar suas dificuldades de sobreviver, sofrem grande preconceito por parte dos cidadãos comuns passando por um processo de invisibilidade, causado pela indiferença da população, negligencia nas politicas publicas e medidas de afastamento. Os principais motivos que os levaram as ruas, constatados pela pesquisa nacional, são o desemprego, rompimento de laços familiares, perda de moradia, problemas com drogas, alcoolismo, saúde mental, imigração, tragédias naturais e fuga da policia. As formas que encontram para sobreviver também variam, podem viver de doações ou empregos considerados informais. Quando se estabelecem, normalmente buscam espaços públicos como viadutos, praças, marquises, calçadas, mas existem também os que não se fixam em um local especifico. Se divergem também quanto a utilização das estruturas de apoio, especialmente as destinadas para pernoite como os albergues e casas de convivência já que muitos optam ou ate mesmo não conseguem usufruir desses espaços por diversas justificativas.A partir de inúmeras diferenças entre milhares de pessoas que são englobadas em um só grupo, algumas denominações são utilizadas ate mesmo por eles próprios para se identificarem e se diferenciarem, baseadas em alguns parâmetros fundamentais no modo de vida desses indivíduos. Ainda, como afirma Esquinca, a cronicidade da condição aumenta a ruptura dos vínculos econômicos, sociais, culturais e desencadeia um processo de degradação física e mental, podendo ser causado pela má alimentação, abuso do álcool ou uso de substancias ilícitas. Ao romper com as formas socialmente aceitas de viver, se inserem em um novo grupo onde também há regras e conceitos, uma espécie de ”organização da rua ”. (ESQUINCA, 2013) O que poucos param para pensar é que para sair das ruas não basta querer, essas pessoas não são aceitas na maioria dos locais, conseguir um emprego para um morador de rua é tarefa quase impossível.

Lima (2014), descreve bem o fato e nos faz inclusive pensar sobre o termo ‘morador de rua’. Eles são moradores nas ruas, porque chamá-los de moradores de rua, além de confuso é contraditório, se a rua fosse deles, eles teriam onde construir e morar. Rua não foi feita para morada de nada, nem de ninguém. Rua surge por ser caminho publico, ladeado de casas ou muros nas povoações. A rua só existe, porque existe alguma morada. Então rua não é causa, é consequência, nunca ouvi dizer que um engenheiro se especializasse em fazer ruas. (lima, 2014, não paginado).

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O fenômeno “população em situação de rua, no Brasil, passou a ocupar o debate na perspectiva de intervenções públicas somente na segunda metade do século XX, com o aporte de pesquisas específicas. Tais pesquisas dão existência oficial a esta população, visto que os censos nacionais baseados no critério domiciliar não visualizam e, portanto, não reconhecem a existência destes grupos sociais (GEHLEN, 2008, p. 17).

2.1- QUESTÃO SOCIAL, POLITICAS PUBLICAS E A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS.

Segundo Iamamoto (1999, p.27) a questão social pode ser compreendida como “conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura”. A questão social hoje vem sendo representada basicamente pela má́ distribuição de renda. Como o maior objetivo do sistema capitalista de produção é obter lucro, este continua contribuindo para o desenvolvimento e o avanço tecnológico, possibilitando assim a diminuição de trabalho necessário, com isso muitos trabalhadores de serviço braçal foram substituídos por máquinas, que produziam com maior eficácia em menor tempo. Em sua pesquisa relacionada à questão social no Brasil, Maria Vitória Benevides (1991) leva a compreender que “A questão social se insere no contexto do empobrecimento da classe trabalhadora com a consolidação e expansão do capitalismo”. Nesse contexto mais grave do que o desemprego, é a vulnerabilidade do trabalho, sua precarização e a submissão a essa ordem imposta pelo mercado, o que, consequentemente, gera trabalhadores inválidos. Com isso, pode-se perceber que de um lado acontece a acumulação de riquezas e de outro o grande aumento da miséria. Onde poucos possuem muito e muitos possuem pouco. Isso acontece, pois, a distribuição das riquezas produzidas é feita de maneira inadequada, portanto, injusta, acarretando desta forma o pauperismo, pauperismo: O pauperismo é a parte da superpopulação relativa composta dos aptos para o trabalho, mas que não são absorvidos pelo mercado, dos órfãos e filhos de indigentes e dos incapazes para o trabalho (as pessoas com deficiência incapacitadas para o trabalho, pessoas idosas, enfermos etc.) É a camada da superpopulação relativa que vive em piores condições (SILVA, 2009 p.100). Como consequência desse processo de pauperismo, a sociedade capitalista fez com que muitos desses trabalhadores passassem a fazer parte da população em situação de rua, em que seus direitos são constantemente violados, uma vez que todas as pessoas têm direito a uma vida digna, direitos estes assegurados pela Constituição Federal de 1988 (CF/1988):

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Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, Os indivíduos em situação de rua além de terem seus diretos violados, são ainda vitimas de todas as formas de preconceitos, sendo muitas vezes vistos pela sociedade como indigentes, vagabundos, mendigos, bandidos, loucos, sujos, enfim, são seres invisíveis, restritos de respeito, igualdade e dignidade como Estabelece o artigo 5° da Politica Nacional para a População em Situação de Rua decreto n°7053 de 23 de dezembro de 2009: “Art5°. São princípios da Politica Nacional para a população em situação de Rua, além da igualdade e equidade: I – respeito a dignidade da pessoa humana; II – direito a convivência familiar e comunitária; III – valorização e respeito á vida e á cidadania; atendimento humanizado e universalidade e V- respeito as condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade, gênero, orientação sexual e religiosa, com atenção especial as pessoas com deficiência. “ (Politica Nacional para a População em Situação de Rua, decreto n° 7053 23/12/2009) Logo, pode se afirmar que os indivíduos em situação de rua têm todo direito garantido em lei, como qualquer outra pessoa tendo ela endereço ou não, esses, não devem ser tratados como indigentes, sem valores e sem direitos. Pelo contrário, estes também são seres humanos e merecem total visibilidade do Estado. É fato que são precárias e/ou isentas as políticas publicas voltadas a essa demanda. Deve-se pensar e investir o dinheiro público, em políticas publicas que envolva habitação, saúde, educação, trabalho, para que esta população possa deixar as ruas e viver como indivíduos dignos de respeito. Essa situação de rua é característica do processo de exclusão social que tem como definição o acesso limitado aos direitos sociais e civis, tem origens econômicas, já mencionadas, mas caracteriza-se, também, pela falta de perspectivas, dificuldade de acesso à informação e perda de autoestima. Para o sociólogo francês Robert Castel, a exclusão é o resultado de um processo de ruptura do individuo com seu grupo de origem, devido a trajetórias diferenciadas de vida, e que não contemplaram com plenitude os resultados do modo de produção do capital. “Sua situação mais comum é a degradação de um status anterior” (CASTEL, 2000, p.23, apud ARRÀ, 2009), ou seja, a perda de vínculos com o grupo ao qual essa pessoa era incluída, seja ele a sua família, seu trabalho ou qualquer outro motivador. Apesar de se tornarem mais e mais comuns e mais e mais visíveis, o desconhecimento desta população ainda é muito grande. De 19 forma análoga à sociedade em geral, a sociedade científica parece ocupar-se mais fortemente de outros fenômenos sociais, deixando de


lado a problemática dos que vivem nas ruas. De certa forma, a sociedade científica comporta-se como o cidadão comum que ao se deparar com um mendigo morador de rua tende a desviar seu olhar, quando não seu caminho.

2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESSOA EM SITUAÇÃO DE RUA

A população em situação de rua não se explica a partir de um único determinante, pois se dá por múltiplos fatores, sendo eles, doenças mentais, não ter trabalho e renda. Existem ainda aqueles que são expulsos de casa ou abandonados pela família. Ou também podem viver nessas condições por desastres naturais. Não é uma população homogênea, pois possuem diferenças entre si. Diferenças que podem ser divididas, em origens, interesses, motivos pessoais de cada um, onde a única semelhança é a condição de extrema pobreza. A própria dificuldade atual de implantação de programas de politicas publicas efetivas e transformadoras, fator apontado pelos sociólogos como questão fundamental desta problemática, encontra-se no desconhecimentos de configurações subjetivas (LOPES, 2002). Este desconhecimento não permite a variedade de manifestações da pobreza, homogeneizando equivocadamente, o que é heterogêneo (LOPES, 2002, p.166). Geralmente o morador de rua possui em comum algumas características: •Encontra-se, por diferentes motivos, excluído do mercado de trabalho por um longo período de tempo. •Baixa escolaridade; •Origina-se de famílias de classes baixas; •Perdeu os laços com sua família de origem; •Consome álcool e outras drogas; •Sobrevive através da mendicância ou de pequenos bicos; •Migra-se constantemente.

Deste modo, o morador de rua, que chega a esta condição por diferentes histórias de vida, constituindo-se em uma população altamente 20heterogênea, possui, ainda, uma situação social em comum. Estes sujeitos têm seu fundo de reserva dilapidado, não contam com a


ajuda de familiares ou amigos para colaborar com a reposição deste fundo, ou mesmo não possuem contato com a família ou amigos que não se encontrem nesta situação e, por essa condição, tornam-se excluídos do mercado de trabalho, passando a sobreviver com o mínimo necessário. Muitos são os mecanismos sociais que, contraditoriamente com a necessidade imposta pelo sistema dominante, tornam-se impeditivos à tentativa do indivíduo de acumular pertences para fugir da condição de carência e se reinserir no mercado de trabalho. Sob esta condição de vida o sujeito passa, então, por várias formas de expropriações. Perde, primeiramente, a posse de bens materiais e a possibilidade de acumulação de novos pertences. Como conseqüência, torna- se impossibilitado de vender a sua força de trabalho, perdendo, então, a identidade de trabalhador útil e produtivo. Ficando, também, ausente de disposições a respeito do futuro (Neves, 1995). O morador de rua, com seu modo de vida, seus hábitos, sua aparência, é representado socialmente como a personificação do fracasso pessoal. Esta representação social caminha junto com outras, que afirma que estes sujeitos são perigosos, vagabundos, buscam a vida fácil, são indignos de confiança etc. Estas representações sociais encontram-se presentes em todas as esferas sociais, alimentando a subjetividade social geral, assim como as subjetividades individuais, até mesmo dos sujeitos que vivenciam esta realidade. Ou seja, as representações sociais pejorativas acerca dos moradores de rua fazem parte, também, dos espaços sociais destes sujeitos, assim como de suas próprias subjetividades sociais. Todos os quatro sujeitos estudados por Camila Giorgetti apresentavam, de formas distintas, sentidos subjetivos relacionados e alimentados por estas representações sociais. Invariavelmente, representavam a si mesmo ou a seus colegas, moradores de rua, da mesma maneira, pejorativamente. Estas afirmações ficam claras na expressão de I.: “Quando me vi morando na rua, percebi que tinha chegado no fundo do poço. Pior que estava só se estivesse morto.” O fato de este sujeito ter chegado à rua devido ao alcoolismo corrobora com a subjetividade social dominante e as representações sociais pejorativas acerca dos moradores de rua. Sendo assim, I. representa-se pejorativamente, como um fracassado, indigno de confiança.

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2.3 O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES.

Feres (1995) aponta para o fato que em uma instituição de assistência a moradores de rua verificam-se duas demandas muitos distintas. A demanda do poder público, que responde como empregador ou viabilizador econômico da instituição e a demanda dos usuários. Este autor, ao relatar sobre uma experiência no Rio de Janeiro, escancara a submissão da demanda do usuário em favor da demanda do poder público, quando afirma que “...a partir de um dado momento a equipe foi esfacelada, à medida que a voz desse usuário começou a ser ouvida (Feres, 1995, pg. 78)”. Outros autores concordam com Feres apontando que as instituições assistenciais voltadas para os moradores de rua tem como objetivo primeiro, quase sempre mascarado ou enfeitado por diferentes discursos, não permitir que estas pessoas fiquem expostas à visão das pessoas nas ruas (Santana, Donelli, Frosi & Koller, 2004). Mesmo assim, muitos autores percebem que não é só a sociedade que considera como relevante as instituições de atendimento à população de rua, mas também a própria população de rua ( Santana, Doninelli, Frosi & Koller, 2004, 2005; Forster, Barros, Tannhauser & Tannhauser, 1992). À adesão de moradores de rua às instituições assistenciais voltadas a eles Feres atribui a razão de que “diante de uma contingência de vida de rua, que é tão perversa, tão massacrante, que as pessoas não tem outra alternativa, senão buscar abrigo nas instituições publicas ( Feres, 1995, 78)”. Sendo assim, as instituições de caridade, devido a sua imersão no sistema de organização social, têm como função amenizar os conflitos provocados pela produção de uma massa de marginais, mantendo e fortalecendo este sistema (Lolis, 1995). Como explicita Vargas (1995, pg. 75). ...agimos sob a perspectiva de encará-los como um problema, quando na verdade o problema é da sociedade. Como tal, da ação institucional, privada ou do Estado... A gente acaba vendo o mundo pela visão da classe social dominante.... Assim, na verdade, na sua grande maioria os trabalhos são paternalistas e dentro de uma visão de controle social. Acabamos vendo o mundo através de valores dominantes. Desta maneira as instituições de caridade e de apoio aos moradores de rua acabam por manter e reforçar justamente o que se propõe 22 a romper, a carência do individuo ( Santana, Donelli, Frosi & Koller, 2004; Neves, 1995).


Outro fator importante é a qualidade desses espaços oferecidos por essas instituições. . Muitas das vezes o morador de rua opta por continuar na mesma pelo precariedade dos espaços oferecidos. Uma reclamação muito comum e motivo para essas pessoas não dormirem nos albergues é o desejo de não abandonar seus pertences, como carrinhos e seus animais de estimação. Uma pesquisa feita pelo Fipe em 2006, avaliou os albergues existentes destinados para pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo por meio de diversos fatores, desde físicos ate serviços prestados. Entre as vagas oferecidas, 84% são para homens e a media de leitos por dormitório é de 22,4. O levantamento também apontou que a maioria não possui área externa onde os usuários aguardam e nem áreas verdes. Concluímos que, as instituições tem papel de suma importância na vida dessas pessoas, mas que, ao mesmo tempo, a necessidade de melhoria dessas instituições é imprescindível.

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CAPITULO 3. 24


LEVANTAMENTO DE DADOS Morar na rua, é um tema pouco estudado no Brasil. Por não possuir residência fixa, a população em situação de rua acaba por não fazer parte dos censos do IBGE, o que acaba por dificultar um pouco o processo de conseguir dados a respeito.

3.1 SITUAÇÃO NO BRASIL Em 2008, foi feita a pesquisa nacional sobre população de rua, que é o que norteia ate então quaisquer pesquisas relacionadas a essa área, que contabilizou aproximadamente 50.000 pessoas em situação de rua no Brasil, são dados dessa pesquisa os gráficos 01,02 e 03 dispostos abaixo:

Imagem 03: População em situação de rua no Brasil quanto ao gênero e origem. Fonte: Pesquisa Nacional sobre população em situação de rua, 2008.

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Imagem 04: População em situação de rua no Brasil quanto a escolaridade e pernoite. Fonte: Pesquisa Nacional sobre população em situação de rua, 2008.

Imagem 05: População em situação de rua no Brasil quanto aos motivos que levaram a viver nas ruas. Fonte: Pesquisa Nacional sobre população em situação de rua, 2008.

Segundo Schor & Artes (2001), as características dos moradores de rua apontadas no capitulo anterior se traduzem em dificuldades para realização do trabalho de campo necessário para obter informações sobre sua forma de vida, estratégias de sobrevivência e, sobretudo, para quantificá-los. Estas dificuldades são: •A ausência de moradia; •Requer que o levantamento das informações seja realizado no menor tempo possível com o objetivo de minimizar a dupla contagem; •Necessidade de realização do trabalho de campo unicamente no período noturno.

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3.2 SITUAÇÃO EM RIBEIRÃO PRETO Como a área do projeto estará localizada em Ribeirão Preto detalharemos esse resultado com foco na cidade a ser estudada. Segundo o instituto Solar Fides que acolhe moradores de rua homens e maiores de 18 anos em Ribeirão alguns dados pesquisados nos informam o seguinte:

Imagem 06: População em situação de rua no Brasil quanto a raça Fonte: Junqueira, Renata

Imagem 08: População em situação de rua no Brasil quanto a idade Fonte: Junqueira, Renata

Imagem 07: População em situação de rua no Brasil quanto ao gênero Fonte: Junqueira, Renata

Imagem 09: População em situação de rua no Brasil quanto a renda Fonte: Junqueira, Renata

De acordo com José Maria Tomazela “A prefeitura de Ribeirão Preto tem 505 moradores de rua cadastrados, mas o número pode ser maior. Eles se concentram no entorno da Unidade Básica de Saúde (UBS) Central, na Praça Santo Antonio, nos Campos Elíseos, e na 27 Praça Schmidt, na Vila Tibério.”.


PRAÇA SANTO ANTÔNIO

UBDS CENTRAL PRAÇA SCHIMIDT

Imagem 10: foto aérea de Ribeirão Preto Fonte: Google Earth

3.2.1 ESTUDO DE ÁREAS Ribeirão Preto ocupa uma área de 651 km2. Segundo o ultimo senso do IBGE a população estimada de Ribeirão Preto foi de 604.682 habitantes, com um densidade urbana de 928,46 hab/Km². Ribeirão Preto é dividida em setores (Norte, Sul, Leste e Oeste) e possui 54 subsetores. Tem 157 bairros , mais o Distrito Bonfim Paulista com 11 bairros. A cidade começou a se desenvolver do centro em sentido ao norte e oeste, depois se expandiu por todas as regiões. Essa expansão sem planejamento e controle, traz diversos problemas para o município que já sente hoje os efeitos. Para a escolha da área foram estabelecidos alguns critérios fundamentais para que seja possível desenvolver a temática desejada.

CRITÉRIOS

28Alguns critérios foram levados em consideração na hora da escolha do terreno, como o dimensionamento, buscando atender, depois


de analisar a pesquisa feita, uma quantidade estipulada de pessoas. A presença de uma infraestrutura básica na área e de um entorno que possuísse mobiliários urbanos também foi levado em consideração já que o publico que será atendido utiliza desses equipamentos. Dessa maneira, foi decidido um eixo de inserção para a intenção de projeto. Como já foi dito anteriormente as pessoas em situação de rua ficam localizadas em torno da área central, vila Tibério e Campos Elísios fazendo com que surgisse um maior interesse em torno dessa área.

VILA TIBÉRIO CENTRO

Imagem 11 : foto aérea de Ribeirão Preto Fonte: Google Earth

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A primeira área selecionada fica no Campos Elisios, situada ao lado uma avenida movimentada de Ribeirão, próximo a áreas onde se encontram as pessoas em situação de rua e se situa a 1,0km a pé do setor central sendo assim considerada uma área de fácil acesso.

ÁREA 1 Imagem 12: foto aérea de Ribeirão Preto Fonte: Google Earth

A segunda área selecionada fica na Vila Tibério. É uma boa área pois fica próximo a uma praça, que traz inúmeros benefícios para o projeto e se situ a 2,5km do setor central.

ÁREA 2

Imagem 13: foto aérea de Ribeirão Preto Fonte: Google Earth

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A terceira e quarta áreas selecionada ficam no Centro. As duas áreas são boas pois ficam próximas de praças e áreas com grande quantidade de pessoas em situação de rua fora o fato de já pertencer a área central que tem grande caráter a receber projetos sociais. ÁREA 3

ÁREA 4

Imagem 14: foto aérea de Ribeirão Preto Fonte: Google Earth

Depois de analisar as áreas existentes foi possível concluit que a área de número quatro seria a mais adequada para locar o edifício, devido a sua proximidade com os locais onde os moradores costumam permanecer e também por sua dimensão. Outro ponto que foi levado em consideração é o fato de hoje em dia o terreno estar ocupado por um estacionamento, facilitando a remoção de qualquer construção existente.

3.3 CETREM – ESTUDO DE CASO Segundo Quintão, pag. 91 O sistema de “acolhimento” no Brasil, que se traduz principalmente na figura dos albergues, sempre foi feito com poucos critérios de qualidade, tanto espacial, quanto de atendimento, entre outros. Hoje, depois de anos de críticas e reiterados sinais de falência do sistema de “acolhimento”, de um longo caminho dos próprios moradores de rua, do Estado, da sociedade e das análises do cenário internacional, o Brasil não tem como fechar os olhos para os encaminhamentos de outros países e as propostas (tanto de políticas públicas quanto de alternativas oferecidas) têm sofrido mudanças graduais. O Serviço que o governo municipal disponibiliza é o CREAS POP que, oferece atendimento a essas pessoas que se encontram em situação de rua. Esse órgão deve funcionar em articulação com os serviços de acolhimento, e devera assegurar atendimento e atividades 31


para o desenvolvimento de sociabilidade, como o fortalecimento de vínculos interpessoais e/ou familiares, o desejo de reinserção na sociedade e também a construção de novos projetos de vida. O Abrigo para pessoa em situação de rua devera conter espaços destinados a higiene pessoal, atendimento psicossocial, área para documentação desses indivíduos, espaço para realização de atividades, alimentação, entre outros. Os órgãos municipais responsáveis por essa população é o CETREM (central de triagem e encaminhamento ao migrante/itinerante e morador de rua, que é coordenado pelo ministério do desenvolvimento social e combate a fome (MDS). O CETREM fica localizado na rua Mogi Mirim, 45, no bairro Salgado Filho, o mesmo possui dois lados de uma mesma historia: Segundo Lucas Catanho: “Givanildo Severino da Silva, 47, diz morar há quase 30 anos nas ruas. Ele afirma que desistiu de ficar na Cetrem porque às vezes que ficou lá o banho era frio e tinha dificuldade para usar o banheiro. Apesar de usuário confesso de crack, ele reclama do uso da droga por outros usuários no banheiro da unidade. “ Pode ser, mas há o outro lado da história. Funcionários da Cetrem contam que os moradores destroem chuveiros antivandalismo que custam R$ 500 a unidade, rasgam colchões e depredam o abrigo. “As condições da Cetrem não são as ideais, mas parte acaba por ser conseqüência de ações que não controlamos”, afirma Maria Sodré, secretária do local. Dessa forma a dificuldade fica clara já que os dois lados da historia possuem problemas. Um fato que também é deixado de lado não pensando somente nos moradores de rua, mas também na população como um todo é o uso dos banheiros públicos. Ribeirão Preto age em total descaso com a sua população. Somente duas Praças na área central contam com tal equipamentos sendo que nas duas o cenário de sujeira, falta de manutenção e vazamentos se repete. Segundo a Acirp cerca de 65 mil pessoas passam diariamente pelos arredores dessas praças que ficam próximas a cartões postais da cidade de ribeirão preto. Devido as pesquisas feitas, conclui-se, que há uma escassez de lugares que prestem serviços para essas pessoas em situação de rua, e os que existem são extremamente precários ou então fecharam por furtos, que os próprios moradores de rua cometem, como no caso da comunidade Toca de Assis, localizada na Rua Prudente de Morais, no Centro. Existem também algumas ONG’s, porém a única que encontrei ainda funcionando presta somente o serviço de almoço, onde o alimentos são preparados no próprio local e as comidas são basicamente arroz, feijão e algum tipo de verdura raramente tendo carne ou frango. Ou seja, é necessário sim um apoio para essa população, um local onde os mesmos se sintam seguros e que incentive a reinser32 ção na sociedade. Um apoio para aqueles que querem se livrar das drogas mas acham que o único caminho que os resta é as ruas.


A existência de uma população que habita as ruas é um problema crônico. “É utopia pretender, portanto, que políticas públicas possam reintegrar toda a população e impedir que novos moradores de rua surjam nos centros urbanos, e até mesmo em zonas rurais.”. (SCHOR, 2010, p. C5). Segundo Edvaldo gomes de Souza, O Serviço atende pessoas maiores de 18 anos, que apresentam condições de vulnerabilidade social e situação de rua, onde é oferecido acolhimento, atividades inclusivas, medidas educativas para que o mesmos restabeleçam seus vínculos familiares. Diariamente são encaminhados os usuários para emissão de documentos no Poupa-tempo, para consultas médicas, encaminhamentos para a obtenção do BPC, abordagens nas ruas, encaminhamento para Cetrem -Centro de Triagem do Emigrantes, para retornarem ao seu local de origem quando solicitado pelo mesmo, encaminhamentos dos idosos ao Conselho Municipal do Idoso. Há um atendimento em média de 70 pessoas por dia, com o seguinte corpo técnico: 1 Coordenadora, 3 Assistentes Sociais, 1 Psicóloga, 1 Enfermeira, 6 Educadores, 2 Motoristas, 1 Faxineira e 1 Cozinheira, onde o programa tem o apoio do serviço especial de abordagem, oficinas internas, Casa de Passagem Cetrem e o PIA - Plano individual de atendimento. Para melhor controle e facilidade na execução das ações interventivas é feito individualmente, um arquivo onde é relatado toda a história de vida dos usuários, onde facilita na confecção de relatórios que são enviados aos demais órgãos públicos (Ministério Público, Poder Judiciário, etc). Atendendo a tipificação, O CREAS POP, é considerado como serviços de média complexidade, visando a orientação e o convívio sócio familiar e comunitário. Difere da proteção básica por se tratar de um atendimento dirigido às situações de violação de direitos, mas cujos vínculos familiar e comunitário não foram rompidos, requerendo maior estruturação técnico operacional e atenção especializada e mais individualizada com acompanhamento sistemático e monitorado, tais como: serviço de orientação e apoio sócio familiar, plantão social, abordagem de rua, cuidado no domicílio. Observamos nos atendimentos, a ética profissional por parte dos assistentes sociais, onde fazem os atendimentos em salas, colocam todas as informações colhidas em prontuários individuais e mantém total sigilo no tocante as informações. Quando são requeridos a confeccionar relatórios para envio aos órgãos públicos, são colocadas informações sucintas que atenda ao pedido, não extrapolando nas informações.

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CAPITULO 4. 34


LEITURAS PROJETUAIS O intuito das análises projetuais neste trabalho foi fundamental para a escolha do estilo do edifício e a definição da materialidade utilizada, conforme as necessidades de iluminação e ventilação natural.

OFICINA BORACEA

Autor: loeb Capote Arquitetura Local : São Paulo, Brasil, 2003 Imagem 15: fachada edifício oficina Borac Fonte: http://www.loebcapote.com/projetos/19

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O oficina Boracea foi concebido como parte de um plano de acolhimento da gestão da Marta Suplicy em São Paulo, localizado na Barra Funda, o edifício possui 17.000 m2 e foi uma readaptação de antigos galpões de transporte para comporta o programa de um abrigo e acolhimento como espaço para atividades e convívio que visavam a retomada dos vínculos com a sociedade. Tratava-se de um projeto inovador para este tipo de programa com a meta de conceber espaços que se diferenciassem das alternativas existentes de albergue tradicional de São Paulo

PROGRAMA O projeto abrigava diversos serviços além da função de albergue, como um núcleo de atendimento de catadores, abrigo especial para idosos, restaurante-escola, centro de convívio, lavanderia-escola, cursos de alfabetização e tele centro. Porem, apesar das intenções, durante o processo ocorreram problemas administrativos e a proposta inicial não se concretizou e nem todas as atividades foram implementada

Imagem 16: Planta baixa oficina Boracea Fonte: http://www.loebcapote.com/projetos/19

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Espaço Apesar do projeto ser uma reforma e readaptação de uma estrutura existente, nota-se que os arquitetos adotaram como partido a espacialização do programa de uma forma horizontal e fluida. Há uma conexão dos espaços internos com o exterior através de pátios abertos de convivência. Os usos mais comunitários como o restaurante, cinema e as oficinas estão centralizados junto com a praça, enquanto o restante do programa acontece no perímetro do edifício voltados para o interior.

Imagem 17: Planta situação oficina Boracea Fonte: http://www.loebcapote.com/projetos/19

Imagem 18: Patio interni oficina Boracea Fonte: http://www.loebcapote.com/projetos/19

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Expressão e linguagem A própria estrutura características dos galpões proporciona uma certa linguagem ao projeto, constituído basicamente de blocos, concreto e metal. Ainda assim, percebe-se uma intencionalidade de linguagem do projeto nos ambientes internos através de cores.

Síntese O oficina boracea é uma referencia nas questões programáticas e de especialização, uma vez que é um dos únicos projetos nacionais que possibilita um comparativo com os projetos internacionais em termos de uso, atividades e arquitetura Trata-se de um edifício para pessoas em situação de rua no qual foi feito um projeto arquitetônico especifico, fator incomum no pais e na cidade de são Paulo Há uma grande diferença dos projetos nacionais e internacionais, o que demonstra a falta de estrutura e investimento neste tipo de atividade no pais. Além disso, sofreu críticas pela sua localização que não priorizou as áreas de maior concentração de moradores de rua e suas atividades alegando que seria uma tentativa de isolamento dessa população criando uma espécie de gueto na cidade.

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Imagem 19-20-21-22: imagem interna oficina Boracea Fonte: Fonte: http://177.153.4.39/en/projects/19/images?by_image_type=4


THE BRIDGE HOMELESS ASSISTANCE CENTER

Autor: Overland Partners Local: Dalas, Estados unidos, 2010 Imagem 23: Fachada The brdge homeless assistance center. Fonte: https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homeless-assistance-center-overland-partners

O edifício ”The Bridge”, construído com o objetivo de melhorar o problema da população sem moradia em Dallas, possui 75.000m2 incluindo grandes áreas externas

Programa Possui um programa diversificado que oferece atividades que incluem dormitórios, setor de apoio para saúde mental e física, higienização, consultórios médicos, escritórios de advocacia e aconselhamento, lavanderia, setor para crianças, biblioteca, refeitório, setor de treinamento, local para cuidado de animais e um pavilhão de dormitórios ao ar livre.

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Imagem 24-25-26-27: Imagem interna The brdge homeless assistance center. Fonte: https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homeless-assistance-center-overland-partners

40


Espaço O programa foi especializado em cinco edifícios posicionados formando um pátio aberto central com um refeitório como foco, criando um espaço externo com áreas verdes ao ar livre, amplo e agradável para descanso e convivência. As atividades foram divididas de tal forma: um edifício de recepção e áreas comunitárias como a biblioteca, um de serviços nos primeiros pavimentos e acomodações superiores, um de deposito e armazenamento, um de refeitório e por fim um edifício existente que foi adaptado para um pavilhão de dormitórios ao ar livre. Quase todos os blocos são térreos estabelecendo uma forte conexão com a praça aberta central, além disso em consequência dessa particularidade dispensou-se a necessidade de núcleos de circulação vertical. Apenas as áreas de acomodação não se situam no térreo possibilitando a sensação de abrigo, privacidade e segurança imprescindíveis para este estudo.

Imagem 28 :Planta baixaThe brdge homeless assistance center. Fonte: https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homeless-assistance-center-overland-partners

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Imagem 29: Planta baixaThe brdge homeless assistance center. Fonte: https://www.archdaily.com/115040/the-bridge-homeless-assistance-center-overland-partnerss

Expressão e linguagem A materialidade do projeto consiste basicamente de tijolos, metal e vidro. Há muita translucidez e visibilidade principalmente no bloco de acesso que possui um projeto artístico com painéis de vidro colorido na fachada principal.

Síntese O edifício The Bridge é uma referência importante para a compreensão das características de espacialização do programa. O ponto de maior relevância do projeto como referência é a ideia de uma praça central aberta com áreas verdes concebida pelo posicionamento dos edifícios, proporcionando um espaço acolhedor para permanência e convivência do publico. O programa acontece majoritariamente ao redor desse espaço no pavimento térreo. Outra característica que se ressaltou foi a criação de um ambiente de dormitórios ao ar livre, um uso que não estava presente em outras referencias analisadas. Portanto, o projetou tomou uma referencia importante não no que se refere aos espaços internos, mas sim as ideias de concepção de partido de uma forma geral.

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BUD CLARK COMMONS

Autor: Holst Architecture Local: Portland, Oregon, Estados Unidos Imagem 30: Fachada Bud Clar Commons Fonte: https://www.archdaily.com/189376/bud-clark-commons-holst-architecture

O edifício Bud clark Commons possui 9850m2, é destinado para homeless e faz parte de um plano de dez anos de erradicação da população de rua em Portland nos Estados Unidos

Programa Seu programa consiste em abrigo temporário para 90 homens. Refeitório, centro de apoio para essa população que oferece espaços de computação, lavanderia, biblioteca, oficinas, espaços comunitários, suporte em casos de reabilitação de drogas e alcoolismo e por fim, habilitação permanente com quartos individuais.

Espaço Os usos foram organizados nos pavimentos de tal forma que espaços de âmbito mais publico como as áreas coletivas, de serviços 43 e também o abrigo temporário situam-se no térreo e primeiro pavimento enquanto as áreas de acolhimento nos pavimentos superiores,


além disso, há um pátio que foi projetado como uma proteção e espaço de transição entre a rua e as áreas internas do centro de apoio.

Imagem 31: Imagem interna Bud Clark Commons Fonte: https://www.archdaily.com/189376/bud-clark-common\

44


Imagem 32 - 33: Planta Baixa Bud Clark Commons Fonte: https://www.archdaily.com/189376/bud-clark-common\

A circulação vertical é feita através de dois núcleos e uma escada mais informal para os primeiros pavimentos. Já a circulação horizontal é realizada por corredores centrais com os espaços circundados. Outro partido adotado foi a concepção de uma estrutura e layout que podem potencialmente abrigar outros usos futuramente, como uma acomodação estudantil ou para idosos e ate mesmo um hotel.

Expressão e linguagem

Figura 34 Imagem interna Bud Clark Commons Figura 35: Imagem interna Bud Clark Commons Fonte: https://www.archdaily.com/189376/bud-clark-commons-holst-architecture

45


A materialidade do edifício foi estabelecida visando durabilidade, economia e sustentabilidade. Concebido basicamente em concreto e tijolos locais, aço corten, vidro e madeira, nota-se que os materiais escolhidos possuem cores sóbrias e neutras. Há uma relação do espaço interno com o extremo através de fachadas transparentes nos pavimentos de caráter publico e grandes aberturas nos pavimentos de dormitórios, as quais possuem detalhes coloridos criando uma identidade para a fachada do edifício.

Síntese A analise do projeto possibilitou não somente a identificação do programa e os serviços oferecidos para essa população mas também de que maneira se realiza a espacialização dessas atividades. Através do estudo também se identificou a possibilidade de criar espaços de qualidade para este programa por meio da concepção arquitetônica, característica que não é visada nos espaços destinados a população em situação de rua na cidade de São Paulo atualmente. Uma particularidade notada foi a adoção de um partido verticalizado, o que não é muito comum nos projetos existentes para essa função. Ainda assim, existe um intuito de relacionar os espaços internos com o exterior por meio de pátios abertos, varandas e uma grande fachada de vidro nos dois primeiros pavimentos.

46


47


CAPITULO 5. 48


LEVANTAMENTO 5.1 LEVANTAMENTO DA ÁREA DE INSERÇÃO.

RODOVIAS AREA DE INSERCAO` Imagem36: Imagem da área de inserçao Fonte: Junqueira, Renata

CPFL

49


5.2 MAPA DE USO

SERVIÇO INSTITUCIONAL COMERCIO HABITAÇÀO

50

AREA VERDE

Imagem37: Mapa de uso Fonte: Junqueira, Renata

O Quadrilátero central, caracteriza-se em possuir uso misto nos lotes, classificados predominantemente em uso comercial, residencial e também em menor quantidade, institucional e serviços. O mapeamento de uso do solo influenciou a escolha da área a ser implantado o equipamento de uso publico já que no entorno o número de comércios e serviços é muito alto, além da existência de praças onde se concentram o publico que busca-se atingir.


5.2 MAPA DE VEGETACAO

VEGETACÃO

Imagem38: mapa de vegetacao Fonte: Junqueira, Renata

A vegetação da área do Quadrilátero Central estudada, está concentrada nas praças e no interior de alguns lotes, localizados principalmente entre as ruas Duque de Caixias e Mariana Junqueira. A praça possui variedade de espécies, e alguns exemplares são muito antigos, com copas densas e altas que tornam. Local mais atrativo, favorecendo o uso do caminhar pela praça. Dessa forma, no lote o uso da vegetacao, alem de todo os benefícios claros, terão um efeito visual. proporcionando sombra e conforto para os usuários 51


5.2 MAPA DE FLUXO

Imagem39: Mapa de Fluxo Fonte: Junqueira, Renata

FLUXO ALTO FLUXO MEDIO FLUXO BAIXO

52


5.2 MAPA DE GABARITO

Imagem40: Mapa de Gabarito Fonte: Junqueira, Renata

1 PAVIMENTO 2 A 3 PAVIMENTOS 3 OU MAIS PAVIMENTOS

No Quadrilátero Central pode-se observar que existem alguns edifícios altos porém o que predomina é a existência de lotes com gabarito de 1 a 2 pavimentos. Pode se observar também a existência de lotes ”vazios” que atualmente são utilizados como estacionamentos particulares. Algumas quadras são adensadas, tendo muitas edificações que não respeitam recuos mínimos, pois foram aprovadas e executadas sob a vigência de outras legislações.

53


MARIANA JUNQUEIRA

VISCONDE DE INHAUMA

BARAO DO AMAZONAS

DUQUE DE CAIXIAS

Imagem41: Mapa de mobiliario Fonte: Junqueira, Renata

Em relação ao mobiliário na quadra, encontramos postes de sinalização, iluminação e elétrico em alguns pontos, uma lixeira e apenas um ponto de ônibus.

54

Imagem 42: Mapa figura fundo Fonte: Junqueira, Renata

A figura fundo da quadra de estudo é bastante adensada por conta da sua localização se encontrar na área central da cidade. Os lotes possuem grande ocupação, mas mesmo assim por conta dos estacionamentos privados e também os respectivos estacionamentos das edificações ainda é possível encontrar grandes vazios próximos ao lote escolhido.


55


CAPITULO 6. 56


ANTEPROJETO QUADRA Em razão da instalação do equipamento publico para moradores em situação de rua, o lote adquirido era anteriormente um estacionamento. A área possui 1,766,06 m². O local foi escolhido por possuir alguns atributos que foram considerados positivos considerando o programa de necessidades, entre elas o fato de ser um lote de esquina, com pouco desnível e perto de equipamentos importantes, como a presença de uma praça onde existem inúmeros moradores de rua. Imagem 43: Mapa quadra Fonte: Junqueira, Renata

PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades deve levar em conta que, o público alvo vive em um fluxo urbano constante, assim, para melhor utilização do espaço, dividiu-se as áreas, para qualificar a praticidade dos usos. Conforme as necessidades, há usos que exigem mais privacidade ou menos. • Para que fosse possível a elaboração do projeto algumas diretrizes foram estimadas para serem atingidas: • Recepção onde os usuários serão cadastrados e direcionados conforme sua necessidade • Possibilidades de=diferenciadas de sanitários, e áreas de banho com qualidade para mulheres, homens e portadores de necessidades especiais, em horário diurno e noturno. • Local para a acolhida de carrinho e animais de estimação. 57 • Refeitório onde serão servidos diariamente comida para essas pessoas em situação de rua.


• • • •

Espaço para apresentação e comercialização de produtos e serviços que essas pessoas possam oferecer Área livre para Descanso e convivência em que o usuário tenha o direito de ir e vir. Área onde o usuário possa guardar seus pertences e ter controle e segurança sobre o mesmo. Lavanderia coletiva para que essas pessoas possam lavar e secar suas roupas.

VENTILAÇÃO X ILUMINAÇÃO A volumetria favorece a circulação em torno do edifício, e a acessibilidade dos pedestres. O edifício seguiu a lei do código de obras para que ventilação e iluminação fossem atendidos de forma adequada, aberturas largas foram implantadas, e o térreo, onde estão localizadas as áreas públicas, como espaços de convivência, refeitório e oficinas possuem grandes aberturas. A fachada possui vidros em toda sua extensão para que assim haja não somente mais iluminação, como também, a sensação de não estar tão longe das ruas, já que o usuário pode se sentir desconfortável em locais muito fechados. O sol da manhã pega uma parte dos dormitórios e as oficinas. Já o sol do norte fica na fachada do edifício onde foi colocado um grande pergolado de concreto para diminuir qualquer desconforto. A fachada sul está bem exposta para um pátio central que proporciona iluminação e ventilação.

Imagem 44: Mapa solar Fonte: Junqueira, Renata

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MEMORIAL JUSTIFICATIVO Conceito: construção de um equipamento público voltado para pessoas em situação de rua em que elas se sintam à vontade para usufruir dos serviços que serão oferecidos pelo mesmo. O edifício possuirá iluminação e ventilação interna adequada para maior conforto Partido: O projeto partiu da necessidade de um local que fornecesse apoio as pessoas em situação de rua. Os aspectos mais precários são em relação a higiene intima, saúde e confiança para buscar melhor a situação. Portanto locais com o máximo de ventilação e iluminação natural para salubridade do edifício. Outro elemento que aparece bastante são os elementos vazados e crise, que além da estética busca ajudar no controle do sol favorecendo uma boa iluminação e ventilação O terreno: O terreno possui 1,776 m² e 1 m de desnível. O mesmo foi nivelado e possui um pequeno aclive da calçada em direção a mesmo. Interferências: A implantação terá impactos favoráveis tanto na sociedade quanto na paisagem. Socialmente é um conceito inovador que contribui com mudança não somente na vida dos usuários, mas da sociedade em geral.

MATERIALIDADE O brise é um dos elementos que contribuem para obter uma arquitetura mais sustentável. O seu uso adequado reduz o consumo energético, dentre uma das diversas vantagens para as edificações. A importância do brise na arquitetura bioclimática. No edificio em questao o brise foi usado na fachada onde estao a maioria dos dormitorios para que assim haja uma melhor eficiencia termica,ele tambem esta presente na fachada onde estao as oficinas trazendo nao so um conforto termico como tambem visual. a ideia e que as pessoas que estao passando pelo edificio possam em partes ver o que ocorre dentro do mesmo, para que haja um icentivo da entrada, e da convivencia. As janelas são em sua maioria de vidro e de correr. essa decisão foi tomada para que haja uma interação interno / externo.

O concreto armado esta presente na estrutura do edifício. Por possuir baixo custo de manutenção, o que é muito importante em edificações publicas e também ter elevada resistência.

59


O cobogo foi usado em alguns ambientes para trazer uma integração entre espaços, trazendo iluminação, ventilação e também uma identidade visual.

A telha sanduíche foi escolhida por ter algumas especificações que estão de acordo com o projeto. O fato de poder ter uma baixa inclinação (5% no caso) e ser uma boa opção termoacustica ajudou na escolha da mesma.

As lajes nervuradas são um sistema em concreto armado de pequenas vigas regularmente espaçadas. ... O método utiliza pouco concreto e aço no fundo da laje em relação às lajes convencionais e maciças, abraçando a armadura localizada entre as nervuras e consumindo até 30% menos materiais e mão de obra.

O sistema construtivo ficará por conta da alvenaria convencional, ja que permite trabalhar com diferentes vãos e consegue se utilizar aberturas fora das medidas convencionais.

60


PEÇAS GRÁFICAS

A2

RECEPCÃO

ÁREA PÚBLICA OFICINA 1 3.52

8 CARRINHOS Area =21,06m

5.99

CIRCULACÃO VERTICAL

Area =30,86m

Area =180,00m

7.27

OFICINA 2

4.25

BANHEIROS A1

A1

OFICINA 3

10.77

ÁREA RESTRITA

Area =92,15m

1.50

9.27

Area =3,56m

7.43

DORMITÓRIOS

3.50

1.50

DEPOSITO OFICINAS

DEPOSITO

3.50

DESPENSA / DEPOSITO ALIMENTOS

CONSULTAS / SERVICOS

SECRETARIA E

Area =5,32m

ADMINISTRAÇÃO

RUA MARIANA JUNQUEIRA

ÁREA PRODUTIVA OFICINAS

LAVANDERIA FUNCIONARIOS

A2

RUA VISCONDE DE INAHÚMA

ÁREA EM COMUM/ RECREACÃO GUARDA DE CARRINHOS / PETS

Imagem45: Programa de necessidades Fonte: Junqueira, Renata

61


A2

A2

A1

A1

A1 1.85

A1

ODONTOLOGIA

SALA DE FUNCIONARIOS

PSICOLOGIA

BARBEARIA

CONSULTORIO COLETIVO

A2

A2

Nos diagramas apresentados é possível distinguir a separação por áreas. Distinguindo setores públicos, privados e semi- privados. De forma geral o edifício pode ser recebido por toda a população, porem a entrada pela recepção é imprescindível para que haja um cadastramento dos moradores de rua da cidade de Ribeirão Preto. Outro fator é a segurança dessas pessoas e também do edifício em si. Imagem46 - 47: Programa de necessidades Fonte: Junqueira, Renata

62


Nos diagrama acima é possível identificar o sistema construtivo composto por pilares de concreto. Esses pilares foram locados aproximadamente, salvo alguns locais específicos, de 4 em 4 metros. Suas medidas são de 0.15 x 0.40 m, tirando os dois pilares que sustentam as rampas que possuem 0.15 x 1.25m. A laje do edifício é nervurada, como é possível ver nos cortes, apresentados mais a frente.

Imagem48: Pilares Fonte: Junqueira, Renata

Em relação a locação da caixa d’água, o local escolhido, como demontrado em planta, foi acima dos banheiros do dormitório feminino. De acordo com a NBR 5626 foi possível dimensionar a quantidade de litros necessarios para atender o edificío e ter uma sobra em caso de incêndio, que é exigido por lei. Neste caso será necessário duas caixas dágua. uma com 10.000 litros e uma com 6.000 litros.

63


PLANTAS 64


RUA MARIANA JUNQUEIRA A1 A2

A2

RUA VISCONDE DE INAHÚMA

CAIXA DÁGUA

A1

65

IMPLANTAÇÃO - ESCALA 1: 250


PLANTA TÉRREO 1

OFICINA 1

44.28M²

2 OFICINA 2

37.92M²

3 W.C. FEMININO

9.89M²

4 W.C. MASCULINO

9.89M²

5 OFICINA 3

27.07M²

6 DEPÓSITO OFICINAS

11.48M²

7 ENTRADA EDIFÍCIO / RECEPCÃO

96.49M²

8 SECRETARIA

17.60M²

9 LAVANDERIA FUNCIONÁRIOS

10.39M²

10 W.C. FUNCIONÁRIOS FEM

7.65M²

11 W.C. FUNCIONÁRIOS MASC

7.65M²

12 DESPENSA/ DEPÓSITO ALIMENTOS

9.97M²

13 DEPÓSITO GERAL

11.30M²

14 COZINHA

22.37M²

15 REFEITÓRIO

93.17M²

16 PATIO / CONVIVIO

266.86M²

17 LOCAL PARA SECAR ROUPAS

30.86M²

18 LAVANDERIA COLETIVA

21.06M²

19 CARRINHOS / PETS

17.66M²

20 CAIXA DE ELEVADOR

4.00M²

66

21 RAMPA

42.93M²


5 7

3 4

6

1

2

A2

A2

8

10.77

7.43

21

9.27

3.50

3.50

11

13

16 15

12

18

14 17 4.25

10

Area =92,15m

20 9

1.50

Area =5,32m

RUA VISCONDE DE INAHÚMA

1.50

7.27

A1

19

67

PLANTA TÉRREO - ESCALA 1: 250


PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO

1

BIBLIOTECA

2 W.C. GERAL FEMININO

11.89M²

3 W.C. GERAL MASCULINO

11.89M²

4 CONSULTÓRIO COLETIVO

36.83M²

5 BARBEARIA

15.62M²

6 PSICOLOGIA

17.65M²

7 SALA MULTIUSO

13.26M²

8 ODONTOLOGIA

13.26M²

9 ÁREA SERVICO

12.31M²

10 SALA FUNCIONÁRIOS

68

195.00M²

22.49M²

11 CAIXA ELEVADOR

4.00M²

12 RAMPA

42.93M²

13 DORMITÓRIO FAMILIA

199.54M²

14 W.C. FAMILIA MASCULINO

10.20M²

15 W.C. FAMILIA FEMININO

10.20M²

16 DORMITÓRIO / W.C DEFICIENTES

19.50M²


A1

8

9

7

6

5

4

3

10

11 2

12 13

A2

A2

16

14

A1

15

1

69

PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO- ESCALA 1: 200


PLANTA SEGUNDO PAVIMENTO 1

ÁREA LEITURA / CONVIVIO / COMPUTADORES

193.00M²

2 W.C. DORMITÓRIO MASCULINO

30.62M²

3 DORMITÓRIO MASCULINO

158.30M²

4 ÁREA SERVICO

5.27M²

5 CAIXA ELEVADOR

4.00M²

6 RAMPA

42.95M²

7 DORMITÓRIO FEMININO

164.61M²

8 W.C. DORMITÓRIO FEMININO

28.55M²

70


A1

3

4 5

2

6 1.85

7

A2

A2

1

A1

8

71

PLANTA SEGUNDO PAVIMENTO - ESCALA 1: 200


CORTES

72


+

10,60

+

9,28

+

6,08

+

2,88

+

0,00

+

10,60

+

9,28

+

6,08

+

2,88

+

0,00

73

CORTES - ESCALA 1: 200


CAPITULO 7. 74


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