O casamento do meu melhor amigo

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Capitulo 1 - No tempo certo. [...]Ou eles terminavam ou ficavam juntos... Eles não terminaram. A relação entre Lucas e Cuddy era um fato. E um fato que House resolveu tentar aceitar, e conseguiu até que bem durante aqueles meses. Ele não precisava de jogos, nem criava planos. House não precisava evitá-la. Só precisava esquecer que gostava dela. Se dedicar ao trabalho era uma ótima maneira de ocupar a mente, e nos últimos meses House resolvera casos extraordinários, muitas vezes sozinhos. A medicina se fez uma grande amiga. E Wilson também. Mesmo quando o oncologista começou a namorar Natasha, uma artista plástica, que conhecera em uma visitação feita com House semanas atrás, os dois não se afastaram. Na verdade a mulher tornou-se uma companhia, e não um problema. - Vamos mesmo ao jogo dos Larkers? – perguntou House abrindo a porta do consultório de Wilson sem bater, como de costume. - Já viu alguma vez a Natasha deixar de conseguir alguma coisa? A propósito, pode entrar – terminou com ironia. - Na verdade... – jogou-se no sofá – Sim. Aquela noite, em Santa Helena, nós dois. Eu disse que nunca daria certo porque você era meu amigo... – brincou, mas Wilson o interrompeu jogando um livro nele. - Sem essa House! - Eu só estava brincando – ele resmungou tentando parecer chateado. - Como você está? – Wilson perguntou mantendo os olhos nos papéis na sua frente. - Dolorido – retrucou passando a mão onde o livro o acertara – Sabe que eu odeio isso não é? Essa mania de ficar perguntando se eu estou bem! - Só fico preocupado com você. - Eu também te amo pequeno Wilson! – ele mangou levantando-se – Mas eu estou bem. - House? - Humm? – a porta já estava aberta, então, só parou, sem se virar. De certa forma, House conhecia aquele tom. Sabia que Wilson estava querendo falar algo realmente importante. Só não sabia que era algo que mudaria a vida de todos. - Eu vou pedir a Natasha em casamento... James Wilson realmente dissera o House achava que ele tinha dito “Eu vou pedir a Natasha em casamento...” . Ele estava pensando em se casar novamente. Que tipo de idéia idiota era essa? Quatro casamentos que deram errado e ele ainda queria arriscar? Quando tempo conhecia Natasha? 3 ou 4 meses? E a Amber? Ele a superou? Não... Isso não devia acontecer, não agora. Por que Wilson estava dizendo aquilo? - Okay – a respondeu sem emoção quando ele virava para encarar o amigo. - Okay? – Wilson ergueu de leve as sobrancelhas. - O que exatamente queria que eu dissesse? – as palavras de House soavam devagar como se ele estivesse analisando o oncologista – Okay é okay. - Nada – ele deu de ombros, ainda desconfiado – Eu só pensei que... Esquece House. Obrigado. - Por que está me agradecendo? Se eu falasse que era uma idéia idiota você não se casaria?


- Você acha que é uma idéia idiota? - Eu disse okay! Os dois ficaram se encarando por um tempo, sabiam que estavam dentro de um jogo, e nenhum dos dois cederia facilmente. - House, se você não... - Por Deus, Wilson! Eu disse okay – ele enfatizou com um pouco de ironia antes de sair da sala, deixando um pensativo amigo para trás. House cruzou rapidamente o hospital. Pelo menos o mais rápido que sua perna podia deixar. Havia tantos pensamentos em sua mente, que ele mal conseguia organizá-los. E ele... Estava se sentindo estranho. Por quê? - Wilson está louco! – ele gritou entrando na sala de Lisa Cuddy. - House, estou ocupada agora – respondeu mostrando uma pilha de papéis – Você tem o cartão de Mayfield ainda, não tem? - Há-há – ele forçou uma risada – Ele quer casar com a Natasha. Ele se jogou no sofá e encarou Cuddy, que pareceu chocada com a noticia. Por alguns segundos ela não disse nada, seus olhos viajando pela sala como se procurasse alguma resposta. - Que Natasha? Natasha Doyle, a pintora? - Não. A Natasha prostituta iraniana que conhecemos na nossa viagem ao México! – ele respondeu com sarcasmo. - Há-há – foi a vez da diretora forçar a risada – Mas... Quanto tempo eles estão juntos? Quatro meses no máximo? - Algumas pessoas não esperam muito tempo para evoluir uma relação – House respondeu encarando-a e Cuddy tinha certeza que aquela frase tinha outro sentido. - Vai começar? - Não. Já terminei – respondeu simplesmente. - O que você disse ao Wilson? - Que tudo bem... - E? - E... Tudo bem – ele ressaltou um pouco impaciente. - Não House. Você não pode mentir. Se tivesse tudo bem não teria vindo aqui. - Gosto do cheiro da sua sala – ele brincou. - Por que veio aqui? Por que quer minha opinião? - Qual é sua opinião? - Que é cedo demais – ela respondeu tentando desviar o olhar, sabia que aquela conversa podia ir para um rumo que ela não desejava. - Também acho. - Por que não disse isso a ele? - Por que seria egoísmo da minha parte... – ele fitou o chão – Quando o Wilson casar, eu vou perdê-lo. Por isso vim falar com você...


- Quer que eu seja sua melhor amiga? – Cuddy realmente estava confusa. - Eu vim ouvir sua opinião, porque queria saber se era realmente cedo demais, ou se eu estava procurando uma desculpa para tentar não perder meu amigo. - House... É cedo demais – ela respondeu surpresa com a sinceridade dele. House parecia de certa forma mais maduro, como se realmente se importasse com Wilson. – Foi legal da sua parte... - Já me deu sua opinião, não preciso de sermões – ele a cortou abrindo a porta, mas antes de sair disse – Você está linda, hoje, sabia? E fechou a porta. Sem permitir que Cuddy tivesse qualquer reação, além de corar um pouco e deixar, sem querer, escapar um sorriso. Wilson ia casar... Provavelmente ele está louco, pensou enquanto voltava sua atenção aos papeis em cima de sua mesa. __________________________________________________________________ Capitulo 2 - Verdades Sinceramente House não esperava, e nem queria, ter de falar com Wilson tão cedo. Mas, ainda naquele dia, o oncologista foi a sua sala. - Okay? – ele repetiu arqueando as sobrancelhas e procurando um lugar para se sentar. - Sim, Wilson, okay. Quantas vezes vou ter que dizer? - Quero que você seja sincero comigo, House. - Tudo bem... – ele respirou fundo antes de voltar a olhar para o amigo – Não case. - Por que? - É cedo demais... Você mal conhece a Natasha. Pra quem tem quatro divórcios, pressa não parece ser a melhor solução. - Tem razão – ele respondeu encostando-se à cadeira. - Eu tenho razão? - Será que você pode levar a sério alguma coisa na sua vida? – sua voz soava impaciente e chateada – Isso não é brincadeira. É importante pra mim House! House desviou o olhar, ficou incomodado com o que ele disse, mas preferiu não demonstrar. Depois de um tempo voltou a fitá-lo. - É uma decisão que você tem que tomar sozinho. Não há razão para ficar me preocupando. - Achei que pudesse contar com... um amigo – Wilson respondeu levantando-se – Primeiro você diz que sim, depois discorda. Só que queria poder contar com você. Droga! É importante pra mim... - É cedo demais – ele ressaltou voltando sua atenção ao computador. - Obrigado – respondeu com sarcasmos antes de sair. Por um tempo, a qualquer teoria Passou a mão no idiotice. E era

cabeça de House concentrou-se no e-mail que ele lia sobre uma nova de neurologia, mas ele não conseguiu se focar por muito tempo. rosto um pouco chateado. Wilson estava exagerando. Casar agora era algo que ele podia ver por si mesmo.

Olhou para seu relógio e viu que ainda marcava três horas, mas não tinha mais animo algum para ficar no hospital. Em poucos minutos arrumou suas coisas e seguiu até a


recepção. Inventou uma desculpa qualquer, que ele sabia que as enfermeiras não acreditariam, e saiu de Princeton o mais rápido que pode, antes que Lisa Cuddy o impedisse. Não estava com muita vontade de falar com ninguém, mas ao chegar em casa avistou o Audi estacionado e sabia que teria companhia aquela tarde. Talvez não fosse de tão ruim assim. - Greg! – Natasha gritou ao vê-lo a porta e correu pra abraçá-lo. - Posso mandar te prender por invasão? – perguntou sorrindo e deu uma boa olhada na sala até avistar o pote de sorvete em cima da mesa – E por comer meu soverte de café? Ela riu, sabendo que na verdade ele não se importava. - Ainda tem muito – comentou na sua alegria habitual – Ah! Amei os CDs do Sinapse! Eles são demais! House riu do jeito empolgado com qual ela dizia e ainda mais da imitação do solo de guitarra que ela tentava fazer no ar. Estava cansado, chateado e sem nenhuma vontade de ver ninguém. Mas sabia, perfeitamente, que Natasha era uma das poucas pessoas no mundo que ele abriria uma exceção. Ela era visivelmente mais jovem que os dois, e tinha uma energia exagerada. Às vezes falava muito alto e gesticulava bastante, mas isso mais divertia do que incomodava. Tinha uma beleza diferente, quase exótica. E House não sabia explicar, mas até que gostava daquela pirada. - Consegui o ingresso dos Larkers! – gritou agarrando-o pelo pescoço, quando ele se jogou no sofá. - E é só por isso que eu vou te perdoar por comer todo meu sorvete. Eles ficaram ali por um tempo, tentando achar na TV algo que realmente fosse interessante. Mas àquela hora da tarde parecia ser a hora perfeita para provar a decadência da televisão. - Deixa naquele filme! – ela gritou quase batendo nele para arrancar o controle de sua mão. - Qual? – House voltou três canais até aparecer uma cena de Um amor para recordar – Esse filme de gay? - Num é de gay. É lindo, okay? Ele riu sarcasticamente e para implicar tirou do canal. - Greg, eu vou te matar! – ela partiu para cima dele com uma almofada - Olha! – apontou para TV tentando escapar dos golpes – Luta livre. - Uhuuu! Luta livre, baby! – ela ergueu os braços toda feliz – Acaba com ele Minotauro! - O Minotauro é gay – House resmungou. - Tudo pra você é gay! - O Wilson é gay. - Eu sei – brincou fingindo não se importar. E eles voltaram a ficar no silêncio, tirando é claro os gritos empolgados que Nat dava com alguns golpes. Mas ela não o tipo de pessoa que se concentrava muito tempo na mesma coisa, então logo se levantou, foi até sua mochila e pegou um caderno.


- Greg, desenhei para você – falou entregando o caderno aberto em uma página especifica, enquanto voltava para o sofá. - Que isso, doida? – ele pegou o papel um tanto que desconfiado, mas logo pode ver um retrato seu a lápis. Realmente Nat tinha talento. - Desculpa – ela comentou de repente. - Pelo que? - No desenho... Não queria ter deixado você tão triste – respondeu simplesmente, voltando sua atenção agora para o notebook a sua frente. Os traços realmente eram perfeitos. A proporção e a simetria eram de precisão admirável. Sim ele parecia triste. E o pior, é que era real. - Mas vamos nos divertir hoje no Larkers! – ela gritou tentando animá-lo e roubou um sorriso dele – Eu gosto de você, bobão. - Eu também gosto de você. - Mentira! Você gosta dela. - Dela quem? - Da doutora Cuddy - respondeu sorrindo. - E você gosta do bobão do Wilson! - ele retrucou. - Ah-ha! - O que foi? - É óbvio que eu sou apaixonada pelo Wilson. Mas você... Você sempre negou, doutor House. E agora, simplesmente não! Ele encarou a TV, arrependido de ter sido tão descuidado. - Você está ficando mais esperta - zombou tentando mudar de assunto. - Convivênica - riu - Devia ter desenhado você enquanto conversamos sobre ela. - Por que? - Precisa ver como você sorrir que nem um menino! Quando Wilson olhou no relógio, logo ao entrar no carro, sabia que estava atrasado. Não o suficiente para perder o jogo, pelo menos. Respirou fundo ao rodar a chave. Não estava com raiva de House. Só desapontado. Era um momento importante e ele só queria a opinião do seu melhor amigo. É cedo demais... House não era a melhor pessoa para se pedir conselhos. Mas Wilson precisava dele. Parecia errado, mas o oncologista o ouviria mesmo se estivesse errado. É cedo demais.... Ele ainda pensava na Amber. E não tinha como ser diferente. Até que Natasha sabia respeitar isso muito bem. Algumas vezes até conversar sobre ela, sem parecer se chatear de maneira nenhuma com os sentimentos que Wilson ainda mantinha. Na verdade, ela respeitava muito bem. Ainda com o carro ligado, ele escorou sua cabeça no volante por um tempo, como se estivesse sem força alguma. Talvez House estivesse certo. Alias, quando é que House não está certo?, ele se perguntou com um sorriso um pouco confuso. Mas decidido colocou as mãos no jaleco e tirou de lá a caixinha com as alianças. Sem pensar duas vezes a colocou bem no fundo do porta-luvas, embaixo de muitos papéis.


- É cedo demais – disse em voz alta, como se tentasse convencer a si mesmo. Enquanto ia para casa, tanto Amber quanto House e Natasha não saíram de sua mente. Tudo parecia ser tão confuso e ao mesmo tempo não. Ele tinha certeza sobre ainda amar a médica. Ele tinha certeza sobre House ser sincero com ele, ainda que do jeito louco e infantil dele. E tinha certeza que estava apaixonado por Natasha. Então, por que ele ainda não sabia o que fazer? Ao chegar em casa, desistiu de tentar se entender. Tirou o jaleco e o enrolou sob o braço. Mas as alianças ainda ficaram no fundo do porta-luvas. Ele daria tempo ao tempo. Ainda pretendia se casar, mas iria esperar. Quem sabe com uns meses? Ele riu de si mesmo e dos planos que passavam rápido por sua mente, enquanto procurava a chave para entrar. Ao abrir a porta, logo avistou House e Natasha sentados a mesa, cartas a mão. - Bom dia, Jimmy! – Nat gritou da mesa, sem se levantar – Deve ser cinco da tarde em algum lugar do mundo. - Desculpa amor. Uns pacientes – ele respondeu sem graça – Sabe como é vida de médico. - Hey! Eu sou médico e já estou aqui há horas! – House brincou sorrindo, e esperando que Wilson retribuísse. Temia que o amigo estivesse chateado. - Também você é um desocupado – retrucou, devolvendo o sorriso, enquanto aproximavase da namorada para beijá-la. - Desocupado não, meu filho. Chefe de departamento! - O Wilson também é – Nat defendeu – E eu dobro a aposta. Está implicando com o Wilson porque está com uma mão ruim. House sorriu ao olhar novamente para seu par de as que ainda combinavam com outro a mesa. Não queria demonstrar, mas estava aliviado quanto a Wilson. - Sua habilidade de dedução é péssima – ele riu mostrando as cartas. - Affe! É por isso que eu só jogo com o Jimmy, ele me deixa ganhar. Ela deu outro beijo no médico que já estava indo em direção ao quarto. House deu uma revirada de olho para cena, e resolveu levantar-se para pegar mais soverte. - Desculpe de novo pelo atraso! – Wilson gritou do quarto – Tive medo de perder a hora do jogo! - Vosces peedis discu – House tentou responder ainda com soverte na boca. - Deixa de ser assim – falou batendo de leve no ombro dele. - Você pede desculpas demais! – ele concluiu, finalmente ao engolir, afastando o sorvete para que Nat não pegasse. - Enjoado! – disse infantilmente – Wilson! Como você consegue ser amigo do Chatolino hem? - Chatolino? – ele caçou do quarto. - Precisa ver o apelido homossexual que ela colocou em você – revidou colocando mais um quilo de sorvete na boca. - Qual? – ele perguntou assustado colocando só a cabeça para fora do quarto. - Willis! – House caçou – Nome do primeiro vocalista do Village People!


- Amor! – resmungou voltando para o quarto. - É incrível como você consegue ser chato né? – Nat mostrou infantilmente a língua para ele e tentou novamente tirar o pote de suas mãos – Ainda compro as coisas pra você. Consegui ingresso pros Larkers. - Por falar em ingressos, cadê? - Tá no carro! Valeu, Greguinho! – gritou beijando-lhe a bochecha e saiu correndo para fora. - Essa sua namorada é bipolar, Willis. - Cala a boca, House! Agora vai dá pra me chamar de Willis toda hora – respondeu finalmente saindo do quarto, já com a roupa trocada para sair. - É romântico – ele brincou, mas olhou para a porta, certificando-se que Nat ainda não tinha voltado, antes de continuar – Sobre hoje a tarde... - Esquece House. Está tudo bem. Você tinha todo direito de estar tão confuso quanto eu. Obrigado, sério. House sorriu sincero para ele. Era incrível como aquele oncologista bobão conseguia ser tão importante em sua vida. Pensou em dizer isso a ele, mas achou melhor não. Wilson ficaria muito gabado. - Willis... Hummm. – encrencou rindo, assim que Nat voltou balançando alegremente os ingressos. - Greg, James – falou entregando – E ai vamos? House sorriu mais uma vez, enquanto virava para pegar sua bengala e seu casaco. Observou de longe aquele alegre casal sair pela porta de sua casa. Talvez não fosse tanta loucura Wilson pedi-la em casamento, afinal, ela o fazia feliz. Mas agora não... Wilson deveria esperar. ________________________ Capitulo 3 - Os mesmos erros Sair com Natasha e Wilson já era comum. E House tinha que admitir que gostava da garota. O que não era normal, já que ele nunca aprovou muito as companheiras do amigo. E mesmo com Amber, ele nunca criara uma verdadeira relação. O fato de House está se esforçando para se tornar uma pessoa mais sociável, também ajudava muito, mas, no fundo, ele sabia que Nat tinha algo de realmente especial. - Toda a vez que você come esse cachorro-quente, você passa mal – House comentou sem tirar os olhos do jogo. - É amor. Depois tá reclamando... - Isso é algum complô? Organização contra cachorros-quentes? – reclamou erguendo as sobrancelhas – Estou com fome... - Depois a gente sai pra comer – continuou House quase levantando da cadeira para observar de perto um lance sensacional. - Comer?! Amanhã tem trabalho! - James Wilson? Vai começar? – Nat lhe enviou um olhar assassino e o pobre Wilson ficou todo encolhido com seu cachorro-quente do mal nas mãos. Toda vez que eles saiam, era papel de Wilson lembrar as duas crianças de suas responsabilidades do dia seguinte, principalmente se fosse em dia de semana. Mas o oncologista não estava em situação de impedir qualquer coisa, não sem abrir mão do seu cachorro-quente. Não vamos demorar, ele pensou, sabendo que era mentira.


- Pra onde vocês querem ir? – perguntou contrariado. - Brutus! – Natasha e House responderam juntos. - Brutus? De novo? Vamos lá todo dia! - Credo amor! Faz um século que não vamos ao Brutus – Nat olhou para House buscando apoio. - Nós comemos lá ontem! – Wilson resmungou. - É mesmo... – ela comentou meio desligada. - Por favor Jimmy boy! – House fez cara de pidão – Por favor! Por favor! Por favor! - Não! Vocês vão criar é alergia de tanto que vocês vão lá. - Amor? – Nat chamou, puxando Wilson para olhar pra ela – Por favorzinho! - Tudo bem, tudo bem – ele disse contrariado. - Agora eu num vou mais! – House retrucou – Eu te peço vinte vezes e nada. Mas quando a doida pedi você deixa. - Isso tudo é ciúmes? – zombou Wilson. - Que nada, Willis. É só charme. House e Wilson se encrencaram pelo resto do jogo, que sinceramente só foi ficar bom nos últimos dez minutos. Mas no fim, foi uma boa partida, vitória dos Larkers e tudo. Só restava a fome e é claro: Brutus! - Por você tá todo tristinho, Greg? – Nat perguntou, quando eles já estavam no carro – Jogado no banco. - Não estou triste... Estou com sono. - Você vive com sono – ela comentou rindo – Mas você parece triste! - Eu não estou triste... - Ele não está triste, amor. Ele é triste – Wilson mangou rindo pelo espelho retrovisor. - Com um amigo desses, você queria que eu fosse alegre? – House retrucou usando a bengala para atingi-lo na cabeça. - Num bate no Willis, ele só tá brincando – Nat disse enquanto fazia carinho na cabeça do oncologista. - Péssimo argumento – House retrucou novamente. - Vou fazer faculdade de Direito só pra defender ele melhor então. - Não! De advogadas estou cheio – House brincou, usando novamente a bengala, mas desta vez para mudar a estação de rádio. - Ah é! Sua ex-mulher era uma advogada, não é? Deve ser duro ser processado pela própria esposa! - Ela não me processou... E eu não gosto de falar sobre meus assuntos pessoais. - Okay – ela deu com os ombros, mas pareceu não esquecer o assunto – É aquela que você tem foto, não é amor? Uma de cabelo preto? Stacy? Wilson balançou a cabeça positivamente em resposta.


- Você tem uma foto da Stacy? – House perguntou curioso – Pra que? - As pessoas normais costumam ter fotos dos amigos – ele respondeu, olhando de novo pelo espelho. - Claro! Eu coloquei sua foto de sunga atrás da porta do meu banheiro – zombou. - A Cuddy é mais bonita – Nat comentou do nada, os interrompendo. Wilson riu em resposta, mas House ficou calado, fitando o teto do carro. - Não concorda amor? – ela insistiu. - As duas são mulheres bonitas – Wilson respondeu meio desconfortado. - Já chegamos? – House perguntou levantando-se e tentando impedir o assunto. - Oh meu Deus! Ele fica todo todo quando eu falo da diretora – Nat tentou apertar as bochechas dele, mas House a afastou com a bengala. - Um dia você vai acordar morta – ele disse sem emoção, olhando para a janela, verificando se já estavam chegando. - Admita que você gosta dela! – Nat já não estava mais nem sentada, ela apoiara seus joelhos no assento, de modo a ficar de frente para House. - Eu não gosto dela – respondeu ainda sem emoção. - Admita! Admita! Admita! - Você nem sabe do que está falando, doida, foi só uma atração física. Nada demais... – House respondeu, agora aborrecido. Manteve seus olhos na janela e continuou tão sincero quanto no começo – Lisa Cuddy é passado. Ela nunca foi nada. Ao ouvir aquilo, ela se calou e virou-se novamente para frente. Wilson observa os dois, mas não comentava. E o silêncio tomou conta do carro por um tempo. - Greg... Ou você mente bem ou você deve ser louco por ela – Nat disse com seu sorriso de sempre. - Você esqueceu a terceira opção – House falou, quando finalmente chegaram – Ela nunca foi nada. - Não existe terceira opção – respondeu sorrindo quando saiu do carro. Wilson sorriu com a frase, pois concordava plenamente com ela. Mas House só revirou os olhos, ainda aborrecido. Nat e Wilson iam entrando abraçados no restaurante, quando a garota forçou que eles parassem, para que House entrasse com eles, já que o médico ficou um tempo escorado no carro, pensando talvez no que ela dissera. No fundo, eles eram um bom trio. O Brutus não era um restaurante muito famoso nem muito grande, logo era um lugar onde você não esperava encontrar alguém conhecido. Mas hoje não parecia ser o dia de sorte de Gregory House. - Wilson! House! – uma voz muito familiar chamou pelos médicos. Em uma mesa, não tão distante da entrada, Lisa Cuddy jantava com Rachel e Lucas. Sem poder fingir que não viram, os amigos tinham obrigação de ir até lá cumprimentar a chefa. - Que surpresa – Wilson comentou quando eles chegaram mais perto e estendeu a mão para a diretora – Cuddy – e logo para seu companheiro – Lucas. Olá Rachel! Essa aqui é a Natasha, vocês já conhecem. - Eu ainda não – comentou Lucas sorridente, levantando-se para cumprimentá-la.


- E ai Lucas? – House falou estendendo a mão para o detetive – Cuddy – fez o mesmo, mas dessa vez desviando o olhar – e Rach. - Rau! – a garotinha exclamou ao vê-lo. Nestes últimos meses, até que House a pequena Rachel estavam se dando bem. Vez ou outra, quando a babá não podia ficar com a criança, Cuddy era forçada a levá-la ao trabalho e esporadicamente ela aparecia na sala de House, que não se importava de passar um tempo com a pequena. - Já fizemos nossos pedidos, mas se quiserem juntar a mesa – Lucas ofereceu gentilmente apontando para uma mesa vazia ao lado. House pensou em uma forma não-agressiva de negar o pedido, mas realmente não encontrou. Olhou para Nat que entendeu o recado, mas antes que ela pudesse falar qualquer coisa, Wilson o fez. - Na verdade, estamos esperando uma amiga... Então fica para próxima. - Tudo bem – Cuddy respondeu, sabendo que era mentira. Seus olhos tentaram encontrar o de House, mas não conseguiu. O grupo se afastou e foi até o outro lado da sala, não por capricho, mas por que já era costume. O garçom ao vê-los já sorriu. Eram clientes antigos e realmente muito assíduos. - Doutores! Novamente aqui? É sempre bom vê-los – saudou o jovem Carl – A senhorita também, dona Natasha. Como vão as pinturas e tudo mais? - Vai tudo bem, obrigada por perguntar. - O de sempre então, doutores? - Vou variar hoje – House falou olhando o cardápio que ele já sabia decorado – Batatas fritas, vou querer queijo também, um x-House e uma cerveja só pra começar. De tanto que eles iam lá, o cozinheiro tinha criado sanduíches em homenagens a eles. E o garçom ia anotando tudo. - Carl, assino embaixo do que o Dr. House disse. - E o senhor, Dr. Wilson? Wilson estava segurando a barriga com as mãos e com o olhar meio perdido. Tanto que o garçom teve que perguntar novamente para que ele pudesse entender. - Ah Carl! Hoje... Só um suco. De limão. Não estou me sentindo bem. O garçom verificou se anotou tudo direito e reconfirmou com Natasha antes de sair. - James Wilson mentindo? – Nat exclamou quando Carl finalmente saiu. - Realmente é um fenômeno astronômico – zoou House. - Tudo bem, eu chamo a Cuddy pra sentar com a gente. - Nem pense nisso, por que... – mas ele não concluiu. Não ao ver a cara que Wilson fez, parecia que vomitaria na mesa mesmo – Você é um idiota, Willis! A gente disse para você não comer o cachorro-quente. - Briga depois, House! – ele gritou correndo para o banheiro. - É desse idiota que você gosta? – zombou House voltando a atenção para o saleiro da mesa. - Gostamos das pessoas pelos defeitos delas, e não pelas qualidades – Nat comentou,


tentando encontrar no meio daquela gente, a mesa de Cuddy. - Isso é poético – respondeu House com ironia. - Tipo, eu admiro o Wilson pelo fato dele ser oncologista, mas não é por isso que eu me apaixonei. Gosto dele porque ele é bobão, esquecido, é tão bom que às vezes enjoa, porque ele é um médico que ainda se choca com noticias ruins. - Sempre achei que fosse uma característica dos seres vivos procurar pelo melhor macho. - Quando se é um chimpanzé ou um leão, talvez. Eles procuram um parceiro para se reproduzir ou proteger. Basta ser bonito e forte. Os seres humanos são complexos. - Por que tenho impressão que esse papo vai ser tedioso? - Porque você sabe que eu tenho razão. Existe o lutador de boxe bonitão, tipo meu exnamorado, mas no fundo eu gosto do médico bonzinho. - Tem doido pra tudo – ele brincou. - É. Tem gente que prefere diretoras de medicina a advogadas. É normal. Somos complexos. - Sério. Você sente alguma espécie de prazer ao me irritar? – House perguntou jogando um sache de catchup nela. - Não – respondeu rindo – É que eu gosto de conhecer meus amigos. - Você me conhece há quatro meses. Sabe onde moro, com o que e onde trabalho, meu restaurante preferido, as bandas que eu curto, conhece meu melhor amigo, sabe que eu sou chato. - Não é o que fazemos que define quem somos, Greg! – ela o interrompeu, mas sem parecer chateada – E sim quem amamos. House a olhou confuso. - Eu não sou Natasha Doyle, nova-iorquina que é artista plástica, gosta de cachorros, sonha em conhecer a Itália, é amiga de um médico rabugento e tudo mais – ela continuou sorrindo - Tudo irrelevante! Basta dizer que eu sou apaixonada por Willis, um oncologista bobão. Isso diz mais sobre mim que qualquer outra coisa. - Foi a maior idiotice que eu já ouvi – House mangou. - Quem você é, Greg? – ela perguntou sorrindo quando finalmente avistou Cuddy no meio das pessoas. A diretora levanta-se com a filha e o namorado para voltar para casa. House seguiu os olhos de Nat e avistou Cuddy também. Não demonstrava qualquer reação, mas sabia que por dentro sentia seu corpo queimar. - Quem você é? - Sou Gregory House – ele encarou a garota, sem saber de devia dizer – apaixonado pela diretora do hospital onde trabalho. Parece mais errado do que é – ele terminou sorrindo sem graça – Não conta pra ninguém... - Prazer em te conhecer, Greg! – ela falou estendendo a mão. - Você é louca sabia? – não sabia porque, mas retribuiu o gesto. Não demorou muito para que Wilson voltasse e a comida tema rapidamente, para a alegria de House, que não se confortável em falar sobre isso, e principalmente por o que sentia por Cuddy era só uma atração física. Uma

chegasse. A conversa mudou de sentia nenhum um pouco já ter convencido Wilson de que bela mentira...

Enquanto Wilson parecia estar morto na mesa, Nat e House comentavam alegremente o


jogo e não demoraram muito para fazer o que Wilson mais temia: competição de bebida! - Quem vomitar primeiro perde! – gritou Nat, levantando o braço para chamar o garçom. - Minha pobre criança, iludida. Acha mesmo que ganhas de mim? – zombou House virando a primeira dose em cima da mesa. Não importava o quando Wilson dissesse para que eles não bebessem. Competição era competição, e ele sabia. House e Nat só iriam parar quando houvesse um ganhador. Meia hora depois, de muitos copos virados, muitos doláres gastos e muitas reclamações de Wilson, os dois sairiam arrastados até o carro. - Vocês sempre tem que beber? - reclamou virando-se para encará-los. Os dois largagos no banco de trás. Um apoiando a costa do outro. No rosto aqueles sorrisos de bebado. - Bota uma música, Willis! - House gritou alegre. - Nada. Vão dormir. Vou deixar a Nat em casa, e amanhã você pega seu carro amor, tudo bem? - Bota uma música, amor! - ela gritou alegre. - Nada de música, vocês não se comportaram. - Então vamos cantar! - Nat revidou, e cuturou House com o cotovelo - Back in black! I hit the sack! I've been too long, I'm glad to be back! -Yes! I'm let loose from the noose. That's kept me hangin' about - House continuou as músicas e fingiu tocar uma guitarra no ar. Desta vez, Wilson nem tentou impedi-los. Se sobrio, as vezes eles não o ouviam. Quem dirá bebados? Agradeceu ainda, por Nat não morar tão longe do restaurante, e na viagem ele só precisar ouvir uma música do AC/DC. - Boa noite amor - disse Wilson beijando-lhe já fora do carro. - Noite! Willis! I'm back - gritou dando um beijão nele e correndo para porta de casa - Greg! Tchau, doidão! - Tchau, Nat! - ele gritou de volta, enquanto mudava de lugar e ia sentar no banco da frente. - Eu te amo - Wilson falou ainda antes de ir. - Eu também, bobão. Eu também. Ele ainda esperou um tempo, antes de voltar para o carro, queria certificar-se de que ela ficaria bem. - Você é um péssima influencia para a Nat, House - ele comentou rindo enquanto ligava o veiculo. - Jimmy? - House chamou agarrando-lhe pelo ombro. - Que é maluco? - Jimmy? - ele estava visivelmente bebado. - Fala House. Não vou conseguir dirigir com você me segurando. - Pede a Nat em casamento... Wilson olhou para ele perplexo. - Mas você...


- Eu sou um idiota, Jimmy! Você vai me ouvir? - ele parecia sincero, apesar da voz de bebado - Claro se for assunto médico, é o mais apropriado. Mas não assuntos pessoais. O que eu entendo sobre isso? - House, é cedo demais. Você está certo... - Não Jimmy! Olha pra mim - House colocou as mãos no rosto do amigo de modo que não pudesse quebrar o contato visual - Me promete, Jimmy... Me promete... - O que House? - Que não vai cometer o mesmo erro que eu... - Que erro? - A Nat é uma grande garota... Ela gosta de você... - Eu sei House, eu sei... - Peça-a em casamento, Jimmy... - Vou esperar House e ai eu pedirei - Wilson respondeu calmamente. - Não Jimmy! Você não pode cometer o mesmo erro que eu. - Que droga de erro? - De não dizer que ama a mulher da sua vida, enquanto ainda tem tempo - ele desabafou soltando-o. Escontou-se no banco e fitou o horizonte já envolvido com a madrugada Eu tive vinte anos... 823 chances... Eu perdi todas... - House... - ele olhou para o amigo com ternura. - Me promete Jimmy? Não tem essa história de tempo certo. Não existe isso. Se você a ama e ela te ama, por que não? Wilson riu. Nunca pensou ouvir tudo aquilo de House. Mas estava feliz por ter acontecido. Apesar dele estar completamente bebado. - Eu vou sim, House. - Vai o que? - ele perguntou confuso. - Pedir a Natasha em casamento... - Ah tah! - disse parecendo recuperar a linha de raciocinio - Que bom, Jimmy! Diga a sua garota que a ama! Não... Não cometa o mesmo erro que eu. Eu... Eu sou um idiota, Wilson. - Não é não, House - ele falou sorrindo - Vamos. Vamos para casa. Amanhã você vai fazer um jantar especial. - Jimmy? - Sim? - Por que os Flinstones comemoram o natal se eles nasceram antes de Cristo? Wilson o fitou confuso. Será que House tinha pelo menos noção de onde ele estava? Mas por contar a quantidade de bebida que ele consumiu, seria supreendente se soubesse. - Dorme, House. Já estamos chegando em casa. _______________________________________________________________


Capitulo 4 - A verdade James Wilson tivera uma noite tranqüila e nunca acordara tão bem quanto naquela quinta-feira. Certificou-se de pegar as alianças no carro, antes mesmo de se trocar, fato que rendeu alguns comentários das pessoas na rua a seu pijama nada convencional. Mas ele não ligou. Estava de bom humor. Mais que o costume. Demorou alguns minutos em seu ritual de toda manhã: arrumar o cabelo, passar a roupa, banho, escovar os dentes, nutritivo café da manhã, arrumar o cabelo de novo. Mas antes de sair olhou para o quarto de House para verificar se estava bem, quem o visse daquele jeito podia jurar que estava morto. - House? – chamou ainda da porta, enquanto terminava de colocar a gravata – House?! Mas o médico não acordou, somente virou preguiçosamente para o outro lado da cama e colocando um travesseiro em cima do rosto. Wilson riu, ele devia estar em uma ressaca terrível. - A Cuddy vai matar você se chegar atrasado outra vez – ele comentou antes de sair, mas House não esboçou qualquer reação e continuou jogado na cama. A manhã fora tranqüila, Wilson não tivera tantos pacientes e seu plano de escapar de Cuddy estava dando certo. Ele sabia muito bem que caso a diretora o encontrasse, haveria um interrogatório sobre o paradeiro do chefe de diagnóstico. Wilson não estava muito disposto a entregar o amigo e nem queria mentir para Cuddy. Entretanto, também não queria evitá-la o dia todo. Afinal, antes de pedir a mão de Natasha, precisava conversar com ela. A opinião dela era muito importante. Mas Cuddy era só a segunda da lista. Antes mesmo de falar com ela, Wilson precisava de outra pessoa. Alguém que entrava, com quase cinco horas de atraso, cambaleando até a recepção. Por coincidência atrás do balcão, empregado com um - Sabe que horas

ou não, bem na hora que House entregava as pastas para a enfermeira Cuddy chegou a recepção. Colocou as mãos na cintura, e fitou o olhar assassino. Mas House nem a encarou. são, House? – Cuddy estava nitidamente irritada.

- Alguém morreu na minha ausência? – a voz dele soava arrastada e os olhos azuis estavam escondidos pelas lentes escuras de seus óculos – Ou é só saudade? - Você está bêbado? - Estava! Na verdade... Doente. Tive que ir ao médico hoje de manhã – mentiu enquanto assinava sua entrada, ainda sem encará-la. Wilson esperava os dois terminarem o jogo para poder conversar com House, afinal ele ouvira um bêbado, e precisava ouvir o amigo. - Nem sonhe que acreditarei em alguma palavra sua, House. Vai me pagar o dobro de horas na clinica pelo... – ela parou de falar, para contar mentalmente – décimo quarto atraso só nesse mês! - Mas, hoje ainda é dia dezessete – admirou House sorrindo, só para irritar Cuddy ainda mais – Tenho algum caso? - O pronto-socorro está um caos, seus médicos estão ajudando lá, o que você deveria estar fazendo! - Ah! Eu te dou quatro médicos pro PS, e você ainda vem brigar comigo? - Vá fazer seu trabalho, House! Antes que ele pudesse dizer algo, Treze chegou e entregou uma ficha para a enfermeira, mas passou entre eles, atrapalhando a conversa, pra sorte de House. - Se divertindo na minha ausência? – voltou-se para Treze, ignorando Cuddy e sua áurea de fúria.


- Isso é ressaca? – perguntou a médica apontando para os óculos e a expressão acabada do chefe – Tenho esse remédio que é ótimo – tirou um pote do bolso e entregou para ele sorrindo. - Por que você leva remédio pra ressaca no bolso? – ergueu a sobrancelha de leve. - A Nat mandou perguntar se você vai ao show amanhã. Precisa confirmar, porque sou eu quem vai comprar os ingressos – ela disse ignorando a pergunta dele. - Sinapse? Vou, pode comprar – respondeu sem emoção e voltou sua atenção agora pra Wilson, que ainda esperava lá em pé com as mãos na cintura – Quer falar comigo? - Se puder... - Viu, tia Cuddy, tenho um paciente. Preciso trabalhar. - Você precisa trabalhar, House. Na clinica! - Quer que eu large o Jimmy? - ele fingiu estar chocado - O que você está sentindo Willis? Impotencia? Uma vontade incontrolável de abraçar o Foremam? - Cala a boca, House! House riu e foi puxando Wilson para a sala dele. Cuddy ainda tentou impedir, mas resolveu nem se esforçar. A qualquer hora era castigaria House. Respirou fundo, apoiando suas mãos no balcão, e sorriu sem graça para a enfermeira que ria de tudo. - Dra. Hardley... – a diretora virou para a médica que ainda assina uns papéis ali – Desde quando você e o Dr. House saem juntos? - Não quero parecer grossa, mas... Desde quando isso importar para você, doutora? – dizendo isso Treze pegou algumas pastas e sorriu, voltando para a clinica. Cuddy ficou calada por um tempo, e olhou para a enfermeira que voltou a sorrir. - Esses subordinados do House, estão cada vez mais parecidos com ele... Usando a bengala, House fechou a porta da sala de Wilson atrás de si, e jogou-se no sofá sorridente. - É a segunda vez que você mente para me ajudar a escapar da Cuddy – ele piscou para o amigo – Papai está orgulhoso! - Eu não menti – Wilson respondeu enquanto sentava-se a mesa. - A sua amiga é uma furona, então – brincou. - Ontem a noite eu menti, estou me referindo a agora... Preciso falar com você. - Meu Deus! Você está impotente? – House fez cara de espantou – Ou é a vontade incontrolável de abraçar o Foreman? Wilson lhe lançou um olhar de reprovação, e logo House se calou, percebendo que devia ser algo realmente importante. - Eu vou me casar com a Natasha – ele disse sério. - Dejavu? - Preciso da sua opinião, House. Preciso da verdade. - Você acha que por eu estar totalmente bêbado ontem a noite, eu não fui sincero com você? – respondeu fingindo estar ofendido. - Então... Acha que eu realmente devo me casar com ela?


- Claro que sim! – ele jogava sua bengala de uma mão para a outra, mas mantinha seus olhos nos dele – Você a ama, ela ama você. Não é coisa mais simples que isso. Seria um erro se não fizesse... - Obrigado, House... - disse Wilson sorrindo para o amigo, mas depois respirou fundo antes de continuar – Falando em erros... Você não quer conversar? Sobre a Cuddy... O médico desviou o olhar e não falou nada. Wilson sabia que não era o assunto mais confortável, mas de certa forma era necessário. - Você realmente tinha me convencido que era só atração física, mas... – ele insistiu com uma calma desnecessária – Depois de ontem. Depois do que você disse. - Eu estava bêbado! – retrucou com impaciência – Como pode levar a sério o que eu digo quando estou bêbado? - House... – Wilson interrompeu, deixando claro que não acreditava nele. - É só atração física. Era, para ser mais especifico. - Sinceramente eu fui um idiota por acreditar que você não gostava realmente dela. - Droga, Wilson! Eu não gosto da Cuddy! - Se você diz... – ele disse, enquanto House levantava-se já impaciente para sair – Só mais uma coisa... Ele parou antes de completar, House podia estar irritado agora, por ele ter insistido em falar sobre a diretora, e talvez devesse pedir em uma outra hora. Mas quando ele se virou, Wilson se viu aliviado ao perceber o sorriso sacana na cara dele. - Eu não vou te emprestar meu chicote, pequeno Willis! – brincou. - Cala a boca, House – brigou, mas rindo – Quero que você seja... Meu padrinho. ___________________________________________________________________ Capitulo 5 - Casais... Não era a primeira vez que House ouviu a aquela frase. E sinceramente ele torcia para ser a última. Ser padrinho de Wilson era uma das coisas mais óbvias no universo, mas mesmo assim, ele não deixou de se sentir lisonjeado com o pedido. Sempre era bom lembrar o quanto ele podia ser significante para Wilson, e que a recíproca era totalmente verdadeira. - Será uma honra – ele respondeu sorrindo. - Só não vá ficar sentimental – brincou Wilson, dando a volta na mesa para aproximarse dele – Não podia ser mais ninguém... - Pare, Willis. Está ficando gay – alertou House, mas não se recusou em abraçá-lo – Então é isso? Meu pequeno Wilson vai casar... - É.. Dá para imaginar? - Vou ter que te levar ao altar? – brincou - Não. Isso é função do meu sogro. Você faz outras coisas... Ajuda na roupa, com a organização do casamento, com as alianças... - Despedida de solteiro! – animou-se House. - Isso também – Wilson riu. - Quando vai fazer o pedido?


- Sexta-feira, eu acho.. - Sexta? A gente vai para o show do Sinapse! Eu, a Nat e a 13. - Droga... Esqueci disso... Acho que será hoje então. - Lá vou eu dormir na rua – House fez cara de triste. - Por quê? Já sei. Não quer atrapalhar o casal, muito gentil da sua parte... - Nada! Eu não quero que meu sono seja atrapalhado por vocês – ele brincou, enquanto vira-se para partir. - Ah! House... Por favor, não fale nada para a Cuddy ainda. Eu quero fazer formalmente o pedido a ela. Ele ergueu de leve as sobrancelhas, fechando a porta da sala novamente. - Que pedido? - Ela será a madrinha, ora. Junto com você – Wilson respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. E era – Meu melhor amigo e minha melhor amiga. - Eu não vou ser padrinho ao lado da Cuddy! - House, pare de ser infantil! Você mesmo disse que é só atração física, então não tem problema. O médico apoiou-se na bengala e fitou o chão pensativo. Era mais complicado do que Wilson podia imaginar. - Sério House, não penso em ninguém além de vocês dois. - Por favor, Wilson... - Você mesmo disse que não é nada demais. - Eu não serei padrinho se a Cuddy for a madrinha! - E eu não vou me casar se você não for padrinho! - Claro! Jogue a culpa do casamento toda em cima de mim... Que adulto – ele retrucou revirando os olhos. - House... Eu... Preciso de você - ele fitou o amigo esperando que House pudesse mudar de idéia. - Eu não posso... - Porque você a ama! - Que merda! Eu não gosto da Cuddy... Eu só não quero ser padrinho ao lado dela. - Se você não for padrinho desse casamento, não terá casamento - Wilson falou decidido. House ficou calado por um tempo, ainda sem encará-lo. Respirou fundo e olhou nos olhos dele, como se estivesse certo que se arrependeria por ceder. - Okay Jimmy... Você venceu... Eu serei padrinho desse casamento. - House? - ele o chamou mais uma vez, quando House abriu a porta para tentar sair pela terceira vez. - Humm?


- Obrigado. Ele só fez acenar com a cabeça positivamente, fechando a porta atrás de si. Começou a caminhar em direção a sua sala, mas não demorou muito para encontrar Taub e 13. - Temos um caso - disse Taub ao alcançá-lo. - Eu e você? - assustou-se House - Não conte para Rachel. Ela parece já ter raiva de mim o suficiente! - Paciente com sangue no vomito - continuou Taub ignorando o comentário. - Teve parada cardiaca - insitiu 13 quando House não respondeu nada. - Que interessante - ele resmugou sacarticamente. - Mas o eletro está normal - disse a médica sorrindo, enquanto entregava a ficha para um agora curioso House. - Viu Taub, ela sabe me ganhar - terminou, enquanto entrava na sala, seguido pelos dois. Wilson só terminou de fechar alguns papéis pendentes antes de ir a sala de Cuddy. Com certeza, a opinião de House já bastava, mas sinceramente, ele queria ouvi-la também. E além disso, convidá-la para ser madrinha dele. Ela estava em uma ligação quando ele bateu a porta, mas não demorou muito para dispensar o tedioso Dr. Horlland, da Empresa Marshall, e atender o oncologista. Com um aceno de mão avisou que ele podia entrar. - Espero não está atrapalhando – ele disse sentando-se. - Não, não. Investidores chatos. Nada demais – ela sorriu organizando uns papéis em cima da mesa. - Primeiro, desculpe por ter meio que ajudado o House ainda há pouco. Eu realmente precisava dele. - Tudo bem – ela fez uma cara de má – Ele terá o castigo dele. Wilson riu meio sem graça e olhou para a mulher da sua frente. Analisou-a por alguns segundos. House não seria louco se realmente gostasse dela, ele pensou consigo mesmo. Mas logo seus pensamentos pararam, quando Cuddy lhe lançou um olhar curioso. - Eu vou me casar com a Natasha... – Wilson disse simplesmente. A diretora deixou de lado o que estava fazendo no mesmo momento. Não era novidade o que acabara de ouvir, pois House já lhe contara isso. Porém, Cuddy chegou a acreditar que isso não passara de uma idéia maluca. - James, você tem certeza? Achei que você não... - House falou com você, não falou? Ontem? – ele perguntou interrompendo-a, mas não parecia chateado. Cuddy balançou a cabeça afirmativamente, olhando-o serenamente. - Eu tenho certeza – respondeu com firmeza. - Parece ser cedo demais. - Quando vai se casar com o Lucas? Ela ficou perplexa com a pergunta. O que isso tinha a ver com a conversa? A relação dela com Lucas não era nem semelhante a dele com Nat.


- Se ficamos com alguém é porque esperamos que dê certo – Wilson começou a se explicar – Todo mundo quer casar, ter três lindos filhos e passar as férias em Madrid – ele continuou sorrindo – Não falamos isso no primeiro encontro, para que a pessoa não saia correndo, mas... Todo mundo sempre tem um futuro. - Isso é verdade, Wilson, mas... Tudo tem seu tempo. - E quem decide quando é o tempo certo? Cuddy respirou fundo, pois não sabia o que responder. - Quando vai se casar com o Lucas? Quando estará preparada? Hoje? Amanhã? Esteve ontem? Cuddy... O tempo às vezes é tão irrelevante. Talvez seja cedo demais. Porém, talvez, se eu demorar muito a pedir, ela pode achar que eu não a amo, e quando eu criar coragem, talvez seja tarde – Wilson queria muito que Cuddy o compreendesse. Deseja ter a benção dela para o casamento – Eu a amo. E tenho certeza que quero um futuro com ela. Cuddy ficou por um tempo em silêncio, como se analisasse cada palavra que Wilson dissera. E realmente fazia sentido. Às vezes somos covardes demais. E a vida não precisa de covardes. - Fico feliz por você, James – Cuddy falou, sorrindo sinceramente. - Fica mesmo? - Olha como essa garota deixa você! Todo bobo... Eu espero muito que dê certo. Wilson riu. - E Cuddy... Eu quero que você seja minha madrinha de casamento. - O que? Sério? – ela ficou realmente surpresa com a proposta. - Claro Cuddy... - Oh! Wilson... Nem sei o que dizer. Fico honrada. Essa é a palavra. Honrada – ela sorria para o amigo – Estou tão feliz por você, mesmo. - Mas... Você sabe... – Wilson disse olhando para ela. - House será seu padrinho – ela concluiu antes dele e riu da preocupação – Tudo bem isso. Não poderia ser diferente, ele é seu melhor amigo. - Cuddy, estou tão... Mas Wilson não conseguiu concluir sua frase, porque a porta de Cuddy abriu com um estrondo e os dois se viraram para fitar House. Ele sorria e carregava na mão uma pasta. Mancou até perto deles e jogou a pasta na mesa. - Sabia que estaria aqui, Willis – disse para Wilson – Vocês, mulheres, e suas fofocas... - Desaprendeu a bater House? – implicou Cuddy. - Acho que nunca bati – ele disse dando com os ombros e sentando-se. - O que é isso House? – Wilson perguntou olhando para a pasta. - Ah! Uma lista com as possibilidades de madrinha. Queria que você escolhesse quem estaria ao altar do meu lado – respondeu simplesmente, olhando o teto. - Achei que eu fosse a madrinha – Cuddy comentou confusa. - Você é a madrinha! – Wilson respondeu zangado – Não é House? - Claro que é – ele falou com um tom brincalhão, agora se deitando no sofá de Cuddy –


Ela será sua madrinha. Ela e o Lucas. Tanto Cuddy quanto Wilson olharam para House surpresos. Que história era essa agora? Wilson mal falava com Lucas e House queria que ele fosse seu padrinho? - Não House... Você é. Você prometeu... - Prometi que seria padrinho no seu casamento, mas não necessariamente o seu – respondeu espertamente – Serei o padrinho da Nat. Eu e mais alguém... E esse “mais alguém” você vai decidir... - Cuddy! – Wilson falou já impaciente. - A Cuddy nem tá na lista. Se abrisse a pasta saberia. Se você quiser escolher Cuddy também, eu não reclamaria – ele disse sorrindo para a diretora que ainda o olhava curiosa. Quando o oncologista abriu a pasta, ele e a diretora puderam ver muitas fotos ali dentro. Retirando a primeira eles viram Scarlett Johansson. - Scarlett Johansson? – Cuddy riu – Por que acha que ela seria madrinha? - Sei lá, ela já ficou com o Woody Allen – House deu com ombros, pegando um pirulito dentro do casaco – Por que não? - Jessica Alba? – perguntou Wilson mostrando a foto da mulher. - Linda não? – House rebateu sorrindo. - Natalie Portman? Keira Knightley? Meryl Streep? – Cuddy começou a rir com todas as fotos que ela tirava das pastas. - Na verdade, a Keira devia estar no posto da lista – ele comentou pensativo – Não resisto aquele sorriso, sabe? – brincou – E a Meryl Streep é um sonho antigo. Wilson olhou para ele reprovando tudo aquilo. Por que House não podia agir como um adulto? Afinal, ele prometera que seria padrinho dele. E Wilson queria House, e não Lucas. Mas sua atenção foi roubada para uma foto, logo abaixo da Katie Holmes. - Meu Deus! Quem é essa? – Cuddy arregalou os olhos para a imagem de uma mulher muito, mas muito feia mesmo. House sorriu, mesmo sem ver. Sabia exatamente de quem estavam falando. - A Frida?! – Wilson exclamou – Você está drogado House!? Ele não disse nada, apensar continuou sorrindo. - Céus! Ela parece o... Como é mesmo o nome? Wendell! Aquele gordão do Recursos Humanos – Cuddy disse ainda arrepiada. - Tirando o bigode – House comentou rindo. - O Wendell não tem bigode – Cuddy pensou alto e olhou melhor para a foto – Meu Deus! Isso não é bigode, House, é uma barba. - Por que tem uma foto da Frida aqui, House? – Wilson perguntou tão quase horrorizado quando Cuddy. - É uma opção... – ele respondeu simplesmente. - Desde quando? - Nossa! House, ela é horrível – Cuddy ainda olhava para a foto. Que era aquele tipo de coisa que não agrada os olhos, mas é tão bizarra que você não pode parar de olhar.


- Como vocês dois são superficiais – House resmungou, sentando-se no sofá – Ela é uma mulher com conteúdo – ele tentava parecer sério, mas não conseguia. - Ela era búlgara! Nós nem entendíamos o que ela falava – Wilson exclamou. - Você não entendia. Mas ela sabia falar chinês, e eu conversei com ela... Sobre muitas coisas, ela é uma pessoa legal – ele ainda não conseguia segurar o riso – Mal compreendida, só isso. Por pessoas como vocês dois. Que só ligam para a aparência... Cuddy passou a mão na cabeça, já não agüentando evitar o riso. Mas Wilson ainda parecia extremamente chocado para esboçar qualquer reação. - A Frida? – ele se perguntou em voz alta – A Frida? - Okay! Vocês ganharam! – ele reclamou – Tirem a pobre da lista. Mas eu ainda quero o direito de convidá-la ao casamento. - Você é doente House! Cuddy só ria dos dois, e tentava imaginar como eles conseguiram encontrar tal criatura tão mítica como aquela mulher, ou tentativa de mulher, conseguia ser. - Escolheram? Scarlet? Keira? - Já parou um momento para pensar que a Nat não quer apenas um rosto bonito no altar, e sim um rosto amigo – Wilson falou já parecendo cansando. - Claro! Eu já ia escolher a 13 mesmo... Só não arranjei uma foto boa para deixar na pasta – ele disse vitorioso levantando-se para pegar o objeto. - 13? – Cuddy e Wilson perguntaram ao mesmo tempo. - Um rosto bonito e amigo. Ela e a Nat se adoram – ele parou por um tempo – O que é meio perigoso. Cuidado, Jimmy boy – mas parou de novo, ao pensar melhor – Na verdade, cuidado não. Você seria um sortudo. Mas House parou de falar ao receber os olhares desaprovadores tanto de Cuddy quanto do amigo. - Então está decidido – concluiu de repente – Lucas e Cuddy serão seus padrinhos. Eu e a 13 seremos da Nat. Parece legal... - Cuddy... – Wilson tentou dizer algo. - Lucas não se importará. - Existe algo que eu posso fazer que vá fazer você mudar de opinião, House? – ele perguntou tristemente, por já saber a resposta. - Claro! Deixe eu convidar a Frida – brincou enquanto abria a porta. - House? – Cuddy o chamou, fazendo-o parar e virar-se – Só por curiosidade. Por que não quis que eu fosse seu par? Wilson voltou sua atenção para ele, também queria fazer essa pergunta. Mas não sabia se podia. - Por causa do Lucas – ele respondeu simplesmente. - Ah, House! Eu achei que isso já... – ela tentou falar, mas ele tomou a vez de novo. - Se eu fosse ele não me sentiria muito confortável com a situação. Então, abri mão de ser padrinho do Wilson para evitar... Qualquer coisa – ele respondeu sinceramente. Os dois olhavam surpresos para ele, mas ninguém ousou interrompe-lo.


- Não é nada pessoal, eu só não quero complicar nada. É uma questão de respeito à relação de vocês. Espero que não se sinta ofendida... Nem você Wilson... Ainda estarei do seu lado. E terminando de falar, saiu sem deixar tempo para qualquer reação. Cuddy e Wilson ficaram em silêncio por um bom tempo. - Desde quando o House se põe no lugar de alguém? – Wilson perguntou finalmente. - Isso foi tão... adulto? - Eu sei. O House está diferente. Eu também achei que fosse alguma birra dele não aceitar fazer par com você. E realmente fiquei surpreso com a atitude... adulta... dele. - Wilson? - ela mudou de assunto reprentinamente - Mas... Onde vocês conheceram a Frida? O oncologista sorriu, enquanto se levantava. Nos últimos meses, um pouco tempo depois de House decidir esquecer Cuddy, ele e Wilson fizeram muitas viagens e foi numa dessa que eles a conheceram. - Republica Tcheca – ele respondeu sorrindo. - Uma búlgara que fala chinês na Republica Tcheca. Isso que é globalização – Cuddy riu voltando suas atenções para os papéis. - Esqueceu de dizer que ela parece um esquimó – ele ainda disse antes de sair – Obrigada, Cuddy. Ela sorriu e acenou com a cabeça. Tentou voltar para o trabalho, tarefa que ficou um pouco impossível, uma vez que algo não saia de sua mente. E não, não era a imagem da pobre Frida, nem mesmo o casamento de Wilson, e sim House... O que ele dissera há pouco. Ele fora tão humano, tão compreensível. Em relação a ela e ao Lucas. Pensou em como evitar que o detetive se sentisse mal. Pensou em uma solução que não prejudicasse o Wilson também. Então balançou a cabeça como se tentasse afastar sem pensamentos. Foi em vão. Não seria agora que ela conseguiria deixar de pensar nele. Capitulo 6 - Você aceita? House, mais uma vez e para não perder o costume, inventou uma desculpa qualquer para sair mais cedo. Mas dessa vez, tinha um bom motivo. Pelo menos para ele era bom. Ajudaria Wilson. Quando o oncologista chegasse, o jantar estaria pronto. Era o mínimo que ele podia fazer. Deixou o paciente a mercê de sua equipe, mas não era um caso difícil e ainda naquela tarde Foreman descobriria que ele tinha um tomar quase invisível de tão pequeno. Meus garotinhos já estão tão grandes! Sabem se virar sozinho... Papai está muito orgulhoso!, House zombou quando o neurologista ligou avisando que o caso estava encerrado. Apesar de ser um excelente cozinheiro, a preguiça, muitas vezes, não deixava que House treinasse mais um de seus dons. Mas hoje seria diferente. Ele estava disposto a passar algumas horas na cozinha pelo amigo. Foi até a sala e ligou o som alto suficiente para ouvir no outro aposento, uma lista de músicas aleatórias, onde sua maioria era blues. Abriu uma garrafa de cerveja e deixou perto do balcão ao seu alcance. Colocou o avental e riu de como ficava engraçado com ele. Demorou um pouco para escolher o cardápio, eram tantas opções. Mas depois de decidido, House rapidamente começou a prepará-lo. Ele tinha até se esquecido o quanto podia ser divertido cozinhar. No meio do processo, ainda modificou as receitas para fazer um prato melhor. Mas antes de terminar, House pode ouvir o barulho de alguém entrando em casa. E só duas pessoas,


além dele mesmo, tinham a chave. - Greg! – Nat gritou ao vê-lo – Oh meu Deus! Tão fofo de dona de casa! - Há-há – ele forçou a risada – Virou comediante agora? - Nada – respondeu simplesmente, sentando-se em cima do único balcão livre – Mas não conhecia seu lado cozinheira. - Até que sou bom – House ofereceu uma colher para que Nat prova-se o molho e riu com a cara que ela fez – Só tenho preguiça. - Cara! Greg você manda muito bem! Vou contratar você para cozinhar para mim todo santo dia! - Por dez mil dólares semanais não vejo problema – disse rindo enquanto terminava de temperar a carne. - Dez mil? Então vai ter que usar esse avental sexy toda vez – tentou pegar umas batatas que estavam em um prato perto, mas House bateu em sua mão com uma colher – Malvado... Só queria provar. - Espere até a hora do jantar. - A Remy disse que você vai ao show – ela comentou alegre, mudando completamente de assunto. Algo que House já se acostumara – Fiquei feliz. Achei que seu ego antisocial e taciturno te faria perder o Sinapse. - Nada! Eu não perderia esse show por nada – disse sorrindo – Nem meu ego me impediria. Mas, fugindo um pouco da conversa, o Wilson deixou um presente para você em cima da cama. - Sério? Ah! Esse Jimmy – Nat gritou com brilho nos olhos e saiu correndo para o quarto, quando pegou o pacote só conseguiu gritar ainda mais – GREG! Não acredito! O pacote estava aberto em cima da cama, e nas mãos de Nat estava um lindo vestido azul. Ela o colocou a sua frente para analisá-lo melhor. Sim, era extremamente bonito. Alegremente, ela correu de volta a cozinha para mostrar a House. - Uau – exclamou para a peça, mas logo voltou sua atenção para as panelas – Até que o Willis tem bom gosto. - É muito lindo. Há! O desligado ainda se esqueceu de tirar o preço – ela disse pegando a etiqueta que acusava os trezentos dólares gastos no presente. - Coisa de Wilson – ele brincou desligando o fogo. - Mas é muito, muito, muito lindo mesmo! Por que será que ele comprou? - Hummm. Deixe-me pensar – falou batendo no queixo com a mão - Ele tem dinheiro, você é namorada dele. Por que não? - Vou experimentar! - Isso, bom. Ai a gente vê o nível de atenção do Wilson. Se ele comprou o número certo, nota dez para ele. Se ele comprou menor, aceite como um elogio. - Maior como ofensa! – ela concluiu rindo e foi pro quarto se trocar. House sorriu e se espreguiçou, olhando no relógio viu que estava quase na hora de Wilson chegar, e hoje, ele não poderia se atrasar. Enquanto arrumava a mesa para o jantar, agradecia por Nathy ser uma mulher e como uma boa representante da espécie lhe daria tempo o suficiente para seguir com o plano. Ele havia acabado de colocar o ultimo prato na mesa, quando Wilson abriu a porta da sala. House correu até ele, o mais rápido que sua perna permitiu.


- Não importa o que a Nathy diga. Foi você quem comprou para ela – ele disse rapidamente. - Está doido, House? - O jantar tá pronto, ela logo sairá do seu quarto – pegou sua mochila em cima do sofá, sua bengala e um casaco para o frio – Wilson? Boa sorte. - Valeu, mas... - Mas nada. Vá lá e faça o que tem que ser feito – ele viu que a garota estava saindo do quarto – Eu te amo, cara. Wilson não pode emitir qualquer reação, pois House já fechara a porta na sua cara. Segundos depois ele ouviu o barulho da moto ligar e através da janela, o amigo ir sem rumo definido. E quando se virou pode finalmente entender o que House quis dizer com “Foi você quem comprou”. - Amor! Eu amei – ela gritou correndo para abraçá-lo. Mas o oncologista mal conseguiu responder. Era um vestido realmente muito bonito. Onde que ele iria imaginar que House pudesse fazer algo assim? Ou ainda que tivesse tamanho bom gosto. - Não acredito – Nat disse ao ver a cara de surpresa de Wilson – Esse Greg é um safado mesmo! – continuou rindo – Você nem devia saber que esse vestido existia. - Realmente não... – respondeu sorrindo. - GREG! – ela gritou para a cozinha – Greg? - Ele saiu – Wilson falou de repente aproximando-se dela. Nunca tinha estado tão nervoso na vida – Ligaram de Princeton, o paciente piorou e ele precisou voltar. - Mas... Wilson, ele fez o jantar... E me deu esse presente – Nathy falou um pouco decepcionada. - A gente guarda um pouco para ele – sugeriu sorrindo e guiando-a pelo braço para sentar-se a mesa – A gente pode comer agora? Estou faminto. Nathy concordou alegremente, apesar de desejar que House estivesse ali. Mas antes de sentar, ela viu entre os pratos uma carta. - Você deixou isso ai? - Acabei de chegar – Wilson disse, pegando a carta - De quem é? - Ele está tremendo por dentro. Mas não sabe porque. Só sabe que quando está perto dela, é assim que ele se sente... – ele começou a ler – E ela. Bem, ela está linda essa noite, com um vestido que ela sabe que não foi ele quem deu – ambos riram – E se ela sabe... Significa que ele não sabe mentir – Wilson revirou os olhos – Então ele se parece com ela. E se você olhar bem, ela ainda não tirou a etiqueta – Nathy riu olhando para o papel balançando ao lado da roupa – Se for verdade... Significa que ela se parece com ele – os dois se entreolharam sorrindo – Dois idiotas... que se amam. Não ficarei pro jantar, Greg. - Esse Greg é uma piada! – Nathy disse ainda rindo – Nem sei por que ele fez tudo isso. O vestido, o jantar, agora essa carta. Acho que ele é bipolar! - Na verdade, ele só está ajudando um amigo – Wilson falou um pouco envergonhado. - O que é tudo isso, Jimmy? – ela perguntou já sacando que não era uma ocasião comum.


- Natasha Doyle – ele falou se ajoelhando – Aceita ser a minha esposa? A garota quase chorou, mas antes que pudesse falar qualquer coisa. O telefone da casa tocou. Wilson mordeu o lábio sem acreditar em hora mais inconveniente para isso. E ainda surpresa, Nathy foi até o aparelho. - Nathy! É o Greg.. Ele já pediu? – a voz de House soava cansada do outro lado da linha, e tinha muito barulho. - Sim – respondeu rindo – Onde você está, seu maluco? - Meu presente está no meu quarto! – ele disse alto, pois a ligação não estava muito boa – Boa sorte para você! - Quem é? – Wilson perguntou quase transtornado. - É House – ela respondeu baixinho. - Manda ele tomar banho! - Greg? O Wilson mandou você... - Eu ouvi! Diga que eu não o amo mais! Tenho que desligar. Estou passando num túnel! E isso é verdade... Pela primeira vez nada vida! – ele desligou e Nathy pode perceber que ele estava dirigindo. - Eu vou matar o House – ele falou passando a mão na cabeça. - Não vai querer saber minha resposta? – Nathy perguntou sorrindo para ele. - Claro que sim... - É sim. Minha resposta é sim. Sim! Sim! Um milhão de vezes! Ela correu para beijá-lo e eles ficaram ali no meio da sala, em um beijo extremamente apaixonado. Nunca Wilson tivera tanta certeza na vida quanto tinha agora. - O Greg deixou um presente pra gente no quarto dele! – ela falou animada, largando o médico e correndo – MEU DEUS! – ela exclamou já dentro do quarto. - O que é? – Wilson correu e ficou logo atrás dela. - DVDs pornôs, uma calcinha comestível – ela ia dizendo enquanto mostrava cada um dos objetos – E... O chicote dele! Mas nenhum dos dois se sentiu ofendido, na verdade eles riram muito ao ver aquelas coisas ali. Era a forma infantil e maluca de House dizer que estava feliz por eles. E tanto Wilson quanto Nathy se sentiam completos com essa “benção”. xxxxxxx Não demorou muito para que House chegasse aonde ele pretendia. Com o telefone, já sabia que o amigo não levará um pé na bunda. Mas isso também significava que ele não podia dormir em casa. Logo precisava de um hotel. Mas não agora... Ainda eram sete da noite. Quem sabe ele podia... Visitar uma pessoa. - House? – Cuddy surpreendeu-se ao abrir e a porta e depara-se com o funcionário. - Você está linda essa noite – ele disse sorrindo. ___________________________________________________________________ Capitulo 7 - O tratado Sinceramente, não havia nem passado pela cabeça de Cuddy a probabilidade de que House pudesse está ali naquela noite. Mas mesmo surpresa, sorriu com seu comentário, que preferiu julgar como elogio a algo de mau gosto.


- Fui expulso de casa – ele tentou se justificar levantando de leve os ombros. - Entre – Cuddy pediu sem saber se deveria fazê-lo – O que você fez dessa vez? - O que eu fiz? – House fingiu cara de inocência – Nada. O problema é o que o Jimmy vai fazer, sabe? 5 - Rau! – a voz de Rachel chamou a atenção dos dois ainda perto da porta. A pequena estava brincando em cima de uma manta no chão. House sorriu para ela, mas voltou a fitar Cuddy por alguns segundos, antes de procurar pela sala por alguém. - Ah! Foi hoje que ele pediu? - Sim. Apressado não? – brincou – O Lucas está? Cuddy o analisou por um tempo antes de responder. Queria ter certeza de quais eram as intenções dele ao perguntar isso. Surpreendentemente, parecia uma pergunta normal. - Um cliente dele ligou há trinta minutos. Coisas urgentes, ele precisou sair – respondeu enquanto dava a volta para sentar-se em uma mesa cheia de papéis, provavelmente para voltar a fazer o que estava fazendo antes de House chegar. - Que pena... Pensei em jogar poker com ele. A diretora voltou a observá-lo curiosa. - House? Sei porque não você não pode estar em casa. Mas por que veio aqui? - Queria jogar poker com o Lucas – respondeu simplesmente sentando-se no sofá. Ao vê-lo tão perto, Rachel engatinhou até ele, apoiando-se em sua perna ficou de pé e levantou os braços como se pedisse colo. House não demorou a atender ao pedido, e Cuddy olhava tudo de longe. O médico, cuidadosamente tomou a menina nos braços e a colocou sentada, em sua perna boa. - O Wilson está ocupado, obviamente – ele continuou ao ver a expressão de desconfiança de Cuddy – Tenho medo de ficar sozinho com o Foreman entre quatro paredes... O Chase anda carente, logo posso me arrepender... A mulher do Taub me odeia, então... E a Treze deve está com alguma amiga em casa – terminou sorrindo. - Então... Resta o Lucas? - Na verdade, depois do Wilson, ele era o primeiro da lista – respondeu simplesmente, enquanto olhou para a Rachel – Você quer fazer alguma coisa? - Sim! Rau! – a garotinha respondeu animada. - Primeiro, aprende a falar meu nome direito. É House. - Rau... – ela insistiu. - Desisto – falou fazendo careta – Por que não escolhe um filme? Pega, Rach... Um filme. A pequena entendeu e usando novamente a perna dele, desceu e caminhou, vagarosamente, até o armário abaixo da TV. Percebendo que alguma coisa poderia dar errado, House levantou-se e foi até ela. - Escolhe um DVD... Ela deve ter puxado uns dez filmes de uma vez, e os dois olharam culpados para Cuddy, mas a diretora só se assustou e lançou um olhar para House. O médico rapidamente insistiu que Rachel escolhesse logo um, para que ele pudesse guardar o resto.


- Happy Feet? – perguntou tomando da mão dela a caixa – O bom dos filmes infantis é que você não precisa pensar muito para pegar a moral da história – comentou, enquanto colocava o disco no aparelho e voltava para sentar-se junta a ela. Cuddy parou de preencher os relatórios. Não conseguia se concentrar. E não era culpa do som do filme, e sim de um sentimento estranho causado pela presença de House. Relaxando suas mãos sobre a mesa, ela pode observá-los. Ele estava atento ao filme e nada mais, esporadicamente Rachel conseguia chamar sua atenção, mas fora isso, ele estava focado na tela. Lucas não estava em casa e mesmo assim House agia como se ele estivesse. Nenhum comentário, nenhuma piada, nenhuma tentativa. Na verdade, o médico nem olhava para ela, em momento algum. Não parecia ignorá-la. Era diferente, como se a presença de Cuddy fosse irrelevante. Parecia que ele realmente não estava ali para vê-la. - Munblu – Rachel tentou dizer o nome do pingüim. - É Mumble – House corrigiu sem tirar os olhos da tela. - Mumble! – gritou feliz com ela mesma e deu um sorriso quase sem dentes que contagiou até House. Ele realmente tentava ver o filme, mas Rachel não parava. Ela gargalhava, levantava, pulava em cima dele. Mas House não estava aborrecido. Talvez, depois Wilson e Lucas, ele pudesse colocar Rachel em sua lista. - Por Deus! Sua mãe deixou seu ovo cair? – ele perguntou fazendo referencia ao filme, enquanto ela sapecamente pulava no sofá segurando nos ombros dele, quando os pingüins cantavam. - Mumble! – ela gritou erguendo os braços. Cuddy continuava a observá-los, quase hipnotizada. Era tão fofo vê-los juntos, e parecia tão real. Era estranho. House estava realmente lá, mas não parecia estar fazendo plano algum, como se estivesse cansado demais para jogar? House tinha desistido?, ela se perguntou admirada. O sono pareceu começar a afetar a pequena Rachel que desistiu de pular e colocou inocentemente sua cabeça sobre a perna de House. A principio, ele pensou em impedir, mas logo resolveu ceder aquela fofura toda. Não sabia se devia, mas sua mão repousou gentilmente na cabeça da menina e acariciou seus cabelos de leve. Tantas coisas se passaram na cabeça de Lucas naquele momento, que o detetive demorou algum para entender o que ele estava realmente sentindo. Acabara de entrar em casa, e sentado no seu sofá estava Greg House. Se Lucas fosse mais precipitado, talvez ele se deixasse levar pelo momento. Mas ao observar melhor a cena, percebeu a nítida distancia e a invisível muralha criada entre House e Cuddy. Ele sorriu de leve, um tanto aliviado. E Rachel, que ainda não havia realmente pegado no sono, acabou acordando ao ouvi-lo entrar. - Lu? – a pequena perguntou fazendo forças para abrir os olhos. House lhe ajudou a levantar e ela ergueu os braços para ele. - Colega, eu te acordei? Desculpa – ele disse pegando-a no colo e beijando-lhe a testa. Mas logo seus olhos encontraram os de House – Boa noite... - Fui expulso de casa – disse simplesmente se justificando. - O Wilson fez o pedido hoje – Cuddy completou a idéia ainda atrás da mesa.


- Ah! Claro... Havia esquecido isso. Que legal! – ele disse simpaticamente, indo agora até onde Cuddy estava e depositando um beijo em seus lábios. Sutilmente, mas sem maldade alguma, ele olhou para House no momento. Ele simplesmente estava indiferente. - Achei que podíamos jogar poker, mas Cuddy disse que você havia saído, então a Rach me fez companhia – ele falou olhando para Lucas. - Rau! – Rachel chamou, ainda no colo dele, esticando seus braços para ir com House. - Desculpa velho. Mas quando o dever chama – ele sorriu simpaticamente enquanto a entregava pra ele. Os olhos de Lucas viajavam de House para Cuddy, e dela para House novamente, em uma habilidade formidável. Não havia nada de errado. Nada com que ele pudesse se preocupar. - Que beber alguma coisa? - Estou de moto – ele disse simplesmente, desviando a cabeça para que Rachel não agarrasse sua barba – mas valeu. Lucas riu da normalidade dele e mesmo assim foi até a geladeira. - Seu organismo ainda toma refrigerante? – brincou – Tenho coca! Apesar de não estar com sede, ele acabou aceitando. Só para não fazer desfeita, mesmo sem saber por que estava preocupado com isso. - Quer também, amor? – Lucas perguntou enquanto tirava duas latas lá de dentro. - Não, obrigada – ela respondeu simplesmente, sem tirar os olhos dos papéis. Dando de ombros, o detetive seguiu até o sofá e jogou-se ao lado do House, entregando depois a lata para ele. Respirou fundo, casando e em dois movimentos iguais, retirou seus sapatos e esticou-se para ajudar as costas. - Esse cara... O que ligou para mim hoje a noite. Há quatro meses me paga para tentar flagrar a mulher dele com outro – começou a contar e riu sozinho da coincidência que poderia ser está ali com House – Nunca vi nada. Ele sempre liga. Ela sempre não está fazendo nada. - Até essa noite – House concluiu, enquanto Rachel ajeitava-se em seu colo. Ele olhou meu assustado para a pequena, mas logo colocou o braço para apoiá-la. - Segui de carro até uma casa. Fui filmando tudo – ele parou para tomar um gole – Ela estava com uma garota, bonita, nova. - Perder sua mulher para outra mulher é dose – comentou rindo. - Ela não estava com a garota. A garota, na verdade, era amante do meu cliente. E a esposa tinha descoberto tudo e foi tirar satisfação com a menina – Lucas comentou rindo – Pobre coitado. Pagou-me para descobrir que foi pego. O médico riu com a história, mas não comentou nada. Viu Lucas levantar-se rapidamente, prometendo que tinha algo para ele. House não sabia explicar, mas o detetive parecia diferente. Como se estivesse mais confortável... Quando Lucas voltou do quarto, House já havia deitado Rachel no sofá, que adormecida apoiava sua cabeça na coxa dele. Vendo suas mãos livres, jogou uma pasta para ele e tomou mais um gole, antes de sentar-se novamente. - Natasha Doyle – House leu o nome da pasta – O que é isso?


- O bom de ficar esperando três horas até alguém aparecer o suficiente para você tirar uma foto borrada, é que sobra tempo para pesquisar algo realmente interessante – ele respondeu sorrindo – Acho que você quer conhecer a mulher que vai se casar com seu melhor amigo. House olhou para a pasta em sua mão, e deu um meio sorriso. Ele ainda podia ouvir, em sua mente, aquela voz fina que parecia sempre estar alta demais dizendo: “ Basta dizer que eu sou apaixonada por Willis, um oncologista bobão. Isso diz mais sobre mim que qualquer outra coisa.”. Verificou novamente a pasta, sem abri-la, havia muitos papeis e até algumas fotos, mas ele a devolveu. - Eu já a conheço o suficiente – ele disse sorrindo, para não parecer grosso. - Então você sabe que ela foi sete vezes campeã do concurso de comer coxas de frango? – Lucas perguntou curioso recusando-se em receber a pasta. - Não- House riu – Mas isso não é tão relevante, é? - Relevante eu não sei, mas que é engraçado – ele falou levantando de leve os ombros. - Eu já urinei de dentro de um carro em movimento. Duas vezes – House comentou sem emoção. - Sério? Eu já tentei – ele falou como se estivesse se lembrando – Eram boas calças. - Imagino... - Qual é House? Achei que você quisesse saber sobre ela. Tipo, ela foi expulsa da escola, com catorze anos, por encher a sala do diretor com papel higiênico. - Eu já fiz isso – comentou sorrindo. Por mais alguns minutos, House e Lucas continuaram ali conversando sobre feitos que eles conseguiram realizar, e sobre outras coisas da pasta de Nathy. Entre os dois, Rachel dormia tranquilamente, suas pernas em cima de Lucas, sua cabeça nas pernas do House. Cuddy tentou terminar de verificar os papéis, mas enquanto seus olhos tentavam ler, seus ouvidos estavam concentrados no sofá. - A mulher descobriu que o marido tinha o fetiche de se vestir de mulher – Lucas ia contando outro caso esquisito. - Já atendi um paciente, que a própria esposa o envenenava. Bizarro – ele também ia contando, agora um pouco relaxado. Ambos tinham a sensação de resgatar alguma coisa do passado. Como as conversar que costumavam ter logo que se conheceram. Lucas era o típico cara esperto, com quem House gostava de conversar. E House era o típico cara complexo, que Lucas gostava de tentar desvendar aos poucos, como um desafio. Depois de algum tempo, nem seus olhos acompanhavam os relatórios. Com as mãos apoiando o queixo, Cuddy observava os dois. De repente, ao se deslumbrar com um sorriso que Lucas dava, daqueles que pareciam ser permanentes em seu rosto, um pensamento invadiu-lhe. Fechando os olhos, a diretora imaginou-se alguns anos no futuro. Estavam de férias em algum lugar da Europa. Rachel já maiorzinha, e no seu colo ela carrega o que seria outra filha. Todos estavam rindo, animados. Lucas contava histórias sobre o lugar e as três ouviam tudo entusiasmada. Em um momento, ele carregou Rachel, colocando-a em cima de um muro, para que a filha pudesse ver melhor o mar. E Cuddy sentia perfeitamente segura ali. Como se pudesse agarrar a felicidade e nunca mais vê-la escapar. Estava frio, e logo Lucas aproximara-se dela, colocando seu casaco sob seus ombros.


Depositando-lhe um beijo rápido, mas quente. Abraçou-a por trás e sussurrou palavras carinhosas em seu ouvido. E a diretora riu sozinha, enquanto ainda observava os dois. Agora eram as mãos de Lucas que desciam vagarosamente sob a cabeça de Rach, acariciando-a. Não, ela não fizera má escolha quando deixou Lucas entrar em sua vida. Mas algo lhe chamou sua atenção. Ao ouvir algum comentário do detetive, House dera um sorriso, que há tempos não dava, forçando-a a ter mente invadida novamente por pensamentos no futuro. Ela tentava trabalhar. Saiu do quarto, e o relógio acusavam os vinte minutos que faltavam para a meia noite. Quando chegou a sala, eles jogavam algo que ela não lembrava o nome, só sabia que era um jogo que usava guitarras de brinquedo. Rachel gargalhava divertindo-se, dançava empolgada ao som da música e quando errou, resolveu desistir. Mas Cuddy pode ver quando House se abaixou para ensiná-la o jeito certo de tocar aquela nota. Dando um sorriso que faltava um dente, Rachel ergueu a cabeça novamente e tentou. Quando a fase terminou, Cuddy lançou um olhar para os dois, que logo entenderam. Desligando o jogo, Rachel pulou no colo de House, que imitando um avião levou-a para o quarto, para contar alguma história onde com certeza um personagem chamado Wilson se daria mal. O som do celular de House lhe trouxe de volta a sala, e o médico atendeu rápido para não acordar Rachel. - Claro. Sim, sim. Parabéns de novo. – aparentemente ele falava com Nathy – Nos vemos amanhã. Claro que eu vou ser seu padrinho, doida. Boa noite. Não usem meu quarto! - Ela parece ser uma boa garota – Lucas comentou quando ele desligou. - Tenho pena dos filhos dele, se puxarem os pais, não vão bater muito bem da cabeça – House brincou – Já é tarde, mas obrigado por tudo– ele disse gentilmente, estendendo a mão para Lucas. - Podemos jogar poker amanhã – propôs o detetive, animado com o humor de House. - Tenho um show – ele justificou – Mas quem sabe sábado, podemos chamar o Jimmy, se não se importar – continuou educadamente. - Claro – Lucas sorriu tirando Rachel de cima dele, para que o médico pudesse levantar-se – Já sabe onde vai dormir? - Tem um hotel não muito longe – disse enquanto apertava a mão do detetive – Boa noite Lucas. Boa noite, Cuddy – ele disse virando-se para encará-la. - Boa noite, House. - Não vai levar isso, mesmo não? – perguntou Lucas mostrando-lhe a pasta. Ele pensou em recusar novamente, mas assim como fizera com o refrigerante, achou melhor ceder e aceitar. - Obrigado – disse mais uma vez, enquanto saia. Em poucos segundos, eles puderam ouvir o barulho da moto sendo ligada lá fora, e pela janela House tomou seu caminho. Lucas olhou um pouco surpreso para Cuddy. - Ele foi tão... - Legal? – a diretora perguntou sorrindo. - Normal – ele corrigiu – Lembrou o House dos tempos que eu vigiava o Wilson. - Não aconteceu nada – ela assegurou levantando-se para abraçá-lo.


- Eu sei e isso que é interessante – comentou pensativo – Pareceu até que House queria dizer alguma coisa. Como se quisesse... - Voltar a ser seu amigo? Ter uma relação normal comigo? Sem planos, brincadeiras, frases ambíguas? - É. Pareceu um tratado... De paz – ele sorriu ao concluir – Isso é bom... Eu estava sentindo falta do House. Ela o beijou docemente, voltando para seus papéis, enquanto o detetive ocupou-se de organizar Rachel em seu berço. A mente de Cuddy ainda viajava, entre o homem que estava jogado em sua cama e o que provavelmente entrava em um hotel naquele momento. Sim... Era um tratado de paz. E Cuddy sentia-se feliz com ele. ____________________________________________________________________ Capitulo 8 – O show tem que continuar... Quando acordou, a primeira pessoa que Wilson desejava vê era House. Mas ao chegar no hospital, em seu horário habitual, sabia que não o encontraria lá. Então, resolveu dedicar-se ao seu trabalho, enquanto House criava coragem para acordar. A enfermeira Bennet estava mais concentrada do que nunca, para não precisar refazer pela terceira vez aquele mesmo relatório, por isso quase teve um ataque quando alguém, em um pulo, sentou-se sobre o balcão vazio. - Dr. House! – ela reclamou ao se recuperar – Isso não é cadeira! – sua voz soava irritada, mas daquela maneira maternal, o que divertia House mais ainda. - Era o único balcão desocupado – comentou inocente – Você enche os outros com papel, só dá pra sentar nesse. Esticando-se um pouco ele alcançou o pote de pirulitos, reservado as crianças. - Se eu lhe falasse que era proibido pegar, você me ouviria? – ela já sabia a resposta. Infantilmente House disse não balançando a cabeça e depois seus olhos procuraram por alguém nos corredores. O pronto socorro estava um caos, e logo o médico reconheceu sua equipe entre a multidão de funcionários que corriam apressados de um consultório para outro. - Preciso de um caso – comentou entediado. Sem olhar para ele, a enfermeira Bennet puxou uma pasta com vários históricos e entregou ao médico, resmungando um divirta-se um tanto aborrecido. House sorriu e começou a folhear. - Chato... Fácil... Mais chato... Esse provavelmente nem doente está... – ele dizia para cada página que virava – Não... Chato... Tedioso... Como ninguém sabe o que essa velha tem? - Dr. House, por favor – Bennet já estava impaciente – Pode ir trabalhar? - Com essas pessoas doentes? Sabe o risco que estarei passando? – ele fingiu estar ofendido – Achei que gostasse de mim! Ela só revirou os olhos e lançou-lhe um meio sorriso. Mas House estava mesmo entediado. Girava sua bengala de um lado para outro, ainda sentado no balcão da recepção. - Já sei – ele disse de repente e pulou com cuidado – Você vai morrer de rir. A enfermeira o encarou sem entender, e ainda o seguiu com os olhos quando House deu a volta no balcão. Em um momento, ela o perdeu de vista, pois o médico abaixou-se para mexer em alguma coisa. Ao levantar, expressa um sorriso de moleque e apressou-se para voltar a sentar no balcão, com cara de santo.


- O que você fez? - Espera... Dê-me uma ficha da clinica, vou precisar me esconder... - ele fez um gesto com a mão para que ela se apressasse. - Sério Dr. House – Bennett insistiu dando uma ficha qualquer em sua mão – O que você fez dessa... Mas a enfermeira não conseguiu completar a pergunta, pois um grito de fúria, repentinamente, soou no recinto. - DR. HOUSE! - Tchauzinho – o infectologista piscou para ela, enquanto descia e tentava ir até a clinica, mas antes que ele atravessasse a porta Patrick o alcançou. - Eu sou um ser humano e mereço respeito – começou Patrick, um enfermeiro novato que trabalha no hospital. Com um jeito, no mínimo suspeito – O senhor fica com suas brincadeirinhas. Visivelmente aborrecido, o enfermeiro jogou-lhe um revista adulta, que House deixara dentro de sua pasta. - Isso não é meu! - Claro que não – Patrick continuou sarcástico. - Achei que você gostasse – House comentou sorrindo, enquanto saia, enrolando sua revista e devolvendo a sua mochila em suas costas. - Isso não vale nada – o enfermeiro resmungou novamente, voltando para o trabalho. - Se não sabe conviver com o doutor, Patrick... É melhor mudar de hospital – Bennett comentou sorrindo.

James Wilson ainda ouviu alguns resmungos solitários de Patrick, quando passou pela recepção, procurando por uma sala específica na clinica. - Feche a porta – House reclamou ainda de olhos fechados, deitado na maca. - Velhos hábitos não mudam nunca – brincou Wilson puxando uma cadeira. - É. Eu durmo desde que sou criança – continuou sarcasticamente, mas depois respirou fundo e simplesmente perguntou – Como foi ontem? - Obrigado por tudo House – ele sorria – O jantar, o vestido, a ausência. - Hey! Você quem comprou o vestido... Droga Willis! Você é um péssimo mentiroso. - Pra onde foi ontem a noite? - Hotel Graltest, onde eles enganam você com chocolate. - Vai dizer que comeu sabonete pensando que era chocolate? – perguntou surpreso. House procurou algo no bolso e lançou para Wilson que tomou em mãos o pequeno pacotinho onde podia ler chocolate. - Dessa vez é doce mesmo – o oncologista comentou sorrindo. - Não. É sabonete... Com essência de chocolate – House comentou fazendo careta – Por que as pessoas fazem algo assim? - Você comeu?


- Estava escrito: chocolate! As pessoas confundem quando está escrito sabonete – resmungou levantando-se. - Cara, você precisa para de infernizar o Patrick – ele comentou de repente. - A Cuddy vai me castigar? – House simulou estar com medo. - Não... Ele pode se apaixonar por você. Os dois saíram da sala rindo e no caminho para seus escritórios, o oncologista pode contar outros detalhes sobre a noite em que ficou noivo de Nathy. - Aonde vai? - Trabalhar – House respondeu simplesmente e Wilson encarou desconfiado – Alguém tem que fazer algo nesse hospital... - Até mais, House! Mas o médico não foi direto para sua sala. Ainda afetado pela noite mal dormida no hotel, House caminhou vagarosamente e sem bater, como já era costume, entrou na sala de Lisa Cuddy. - Velhos hábitos não mudam nunca – a diretora comentou sem tirar os olhos do computador – Já tentou bater na porta? House não respondeu, e fez uma careta ao ouvir a frase.Malditas citações antigas, ele pensou divertindo-se. - O que você deseja House? – sua voz era calma. - Além de um caso, preciso de um favor – falou sentando-se na cadeira a frente dela. - O pronto-socorro, só para variar, está um caos, por que não começa a trabalhar por lá? Não tenho um caso no momento digno de toda a sua genialidade – ela disse encarando-o com uma expressão um tanto desafiadora. House só sorriu em resposta, suas mãos repousando na bengala a sua frente. Seus olhos percorreram toda a extensão daquela sala, antes de voltarem a encará-la. - Gosto da sua mesa – ele comentou. Sua mão deslizou vagarosamente de uma distância a outra do móvel. E ele pode sentir os olhos de Cuddy invadirem sua mente – A propósito, você está linda hoje. Cuddy apoiou seu rosto em suas mãos e o encarou mais profundamente e desafiadora do que antes. Sua testa franziu um pouco, mas ela não pode evitar o pequeno sorriso que se formara ao ouvir aquilo. - O que você quer House? - Eu disse. Um caso e um favor. Você já cortou o barato do caso mesmo – respondeu, escorando-se na cadeira. - Qual é o favor? – ela estava realmente curiosa. Ele se virou e pegou a mochila, que deixara ao seu lado quando sentara. Abriu a mochila em um único movimento e retirou de lá um pequeno pacote. Então, o depositou em cima da mesa, pensativo. A mente de Cuddy foi invadida por um incontável número de teorias sobre o que poderia ser aquele pequeno presente. - O que é isso? - É da Rachel, queria que entregasse para ela – falou levantando-se.


A diretora deu um meio sorriso e abriu e fechou a boca algumas vezes, sem encontrar o que dizer. Por que ele estava fazendo tudo aquilo? - House... Pra onde você está indo? - Trabalhar – ele respondeu como se fosse obvio – O pronto-socorro está cheio... - Você vai dormir, não vai? – Cuddy perguntou espertamente. - Você me paga para dormir? Acho que não... Vou colocar o papo em dia com as enfermeiras, se aparecer alguma paciente com urina verde, eu coloco meus dons celestiais para funcionar – ele concluiu, fechando a porta atrás de si. Ela ficou calada por um tempo, encarando o pequeno embrulho a sua frente. Naquele momento, Cuddy só tinha uma certeza: precisava conversar com Wilson. Wilson brincava distraído com mais um presente que ganhara de um paciente, quando Lisa Cuddy entrou em sua sala. A testa franzida, a expressão pensativa. Colocou um pacote em cima da mesa dele e sentou-se a sua frente. - O que é isso? – perguntou desconfiado, guardando seu jogo de copos que ganhara. - Primeiramente, parabéns – ela falou parecendo estar calma – Segundo... Qual é o jogo do House? O oncologista a encarou surpreso com o comentário. Na visão dele, House estava normal, na verdade, melhor do que de costume.Espera! House não é normal, ele pensou consigo e voltou a encará-la. - Por que diz isso? - Ele foi ontem à minha casa... - House disse que dormiu em um hotel, esse doido... - Ele dormiu em um hotel – Cuddy concertou – Mas antes ele foi até a minha casa. - E o que aconteceu? – ele estava realmente preocupado agora. - Nada. Absolutamente nada – respondeu pensativa – Esse é o problema... - Sem piadas, comentários ambíguos ou planos estranhos? - Nada. Ele e Lucas ficaram conversando um bom tempo. House foi absolutamente normal... - House não é normal – Wilson comentou com um sorriso sem graça. - Isso tem alguma coisa em mente, James, e você sabe disso. - Ou ele mudou. - O que parece ser mais fácil? O oncologista demorou um pouco para finalmente responder. - House tem alguma coisa em mente. - Isso é para Rachel – Cuddy comentou apontando para o pacote. - E o que é? - Não achei certo abrir... – ela falou com a voz meio perdida. - Lisa – Wilson a encarou bem nos olhos – Você não está balançada está?


- Claro que não! – ela levantou-se e o fitou com raiva. Obviamente ele não acreditou e sorriu. - Sim você está. O novo jeito do House mexeu com você... - Pena que é uma mentira – ela disse pegando o presente e abrindo a porta. - E se não for? Mas Cuddy não respondeu. Sem muito a força, bateu a porta e deixou sozinho, um pensativo, mas sorridente Wilson. O oncologista teria falado com House assim que a diretora deixara sua sala, mas aquele dia foi puxado, e Wilson tivera muitos pacientes. Quando se viu livre, já era final da tarde e ao chegar à sala do amigo, ela já estava vazia. Então, tentou encontrar o médico, no segundo lugar mais obvio: a sala de Lisa Cuddy. Mas ao chegar lá, a diretora já estava de saída, fechava a porta de seu escritório e ao virar-se deu de cara com Wilson. - Viu o House? – ele perguntou normalmente. - Não – tentou se recuperar do susto – Você não ai conversa com ele, ia? - Claro que não, Lisa – mentiu e logo pensou em algo para convencê-la – A Nathy está atrás dele, e não o encontrei na sala. - Já deve ter ido – começou a andar. Gentilmente, Wilson ofereceu para carregar suas pastas até carro. - Por que está levando metade de Princeton para casa? - Com os novos investimentos na ala de pediatria, tenho que assinar uma montanha de requisições – respondeu cansada e logo os dois puderam ver Lucas chegando com o carro. O automóvel parou perto deles, e ao ver a mãe, a pequena Rachel ficou totalmente animada, quase pulando para fora da cadeirinha. - Oi meu amor – disse pela janela – Diz oi pro tio Wilson. - Will! – ela respondeu risonha, balançando alegremente a mão. - Olá Rachel, oi Lucas – cumprimentou, devolvendo as pastas para Cuddy. - E ai? Parabéns pelo noivado – sorriu simpaticamente. - De nada. Cuddy, até amanhã – ele falou abrindo a porta para ela. - Até amanhã, James – depositou um beijo na bochecha dele e agradeceu quando ele fechou a porta. Wilson sorriu ao ver a pequena Rachel dando tchau animada. E resolveu que ia para casa. Talvez encontrasse House ali. - Como foi seu trabalho?- Lucas perguntou ao ligar o carro, beijando-a serenamente. - Cansativo, como sempre – ela deu um sorriso exausto. - De quem é isso? – atencioso como era, logo o detetive percebeu o pequeno embrulhado sobre as pastas no colo dela. - Ah! Filha, o tio House mandou para você – Cuddy entregou o presente para Rachel, dando com os ombros quando Lucas a olhou curioso – Não sei o que é.


Ela ajudou a pequena puxar a fita que liberava o pacote. Quando Rachel viu o que tinha lá dentro, seus olhos brilharam. - MUMBLE! – gritou estendendo os braços e rapidamente retirou o pequeno pingüim de pelúcia de dentro do saco – Mama, é o Mumble! - Que lindo, Rach – Lucas falou olhando pelo retrovisor – Que pingüim bonito. - É muito tunito! – ela concordou. - Bonito, filha, bonito – Cuddy concertou sorrindo. - Mumble – repetiu agora abraçando o pequeno pingüim – Bigada, Rau – ela disse com se ele estivesse ali. Lucas encarou Cuddy, ele não parecia chateado com o fato. Só estava curioso. House não costumava presentear ninguém. E de repente ele deu aquilo para Rach. Era tão estranho. - Nem me pergunte... – Cuddy disse com um sorriso sem graça. - Esse House... Ele não regula bem - conclui rindo e depositando outro beijo nos lábios da amada. Logo quando voltou para a casa, a primeira coisa que House fizera foi procurar algo para comer e depois jogar-se da cama. Não demorou muito para adormecer, apesar de saber que existiam muitas coisas sobre as quais ele ainda tinha que pensar. - Greg! – ele foi acordado pelo grito e o bater na porta do seu quarto – Greg! Levantou-se com dificuldades e abriu a porta tão forte que quase Nathy cai ao chão. Ele a fitou mal-humorado e sem dizer nada voltou para a cama e jogou-se de bruços. - Ah tio! Há meses esperamos o show do Sinapse para você não querer ir? – o cutucou com a bengala dele. - O show é hoje? – a voz de House estava abafada nos travesseiros. - Claro que é hoje, Chatolino. Vamos que ainda temos que pegar a Remy – ela tentou puxá-la, mas sem sucesso. O médico era muito mais forte. - Por que temos que pegar a Treze? – ele levantou-se contrariado, e sentou na beira da cama – Ela não tem carro? - Tem, mas como ela vai beber, não vai voltar dirigindo – Nathy o empurrava, ou melhor, tentava empurrá-lo para o banheiro. Mas por mais força que ela usasse House nem se movia, e ria do esforço dela. - Mas eu vou beber também – ele resmungou. - Eu também! Mas ai vamos ser três bêbados e um carro, e não um em cada um. Diminuindo a probabilidade de dá merda em três vezes. - Isso faz algum sentido? - Cuida Greg! Ele revirou os olhos, contrariado, antes de entrar. A água estava gelada e House sentiu seu corpo encolher-se debaixo do chuveiro, mas pelo menos, foi o suficiente para fazê-lo acordar. Não demorou cinco minutos para se vestir. E pegando alguns sacos de salgadinhos na geladeira, entrou no carro com Nathy e foram até a casa de 13. Eles pensaram que iam se atrasar. Mas ao chegar ao local de evento, a pré-banda ainda se apresentava. House sorriu, ao ver que aquela noite poderia até ser boa.


- Imagine o que os caras estão pensando ao me vê com duas mulheres lindas – ele disse maliciosamente para suas acompanhantes, enquanto os três desviavam das pessoas para chegar a bar. - Que você é nosso pai – brincou 13. - É bem provável – Nathy concordou rindo, mas logo entrelaçou seu braço no de House e 13 fez o mesmo. - Agora – ele riu – Pareço um cafetão. Mas ele logo se calou ao sentir duas mãos atingirem sua nuca, quase que sincronizadas. - Au! – ele reclamou fazendo bico – Não vão ganhar mesada. Elas riram e logo os três estavam sentados, fazendo seus pedidos. - O Wilson me disse que ontem a noite você ainda foi para a casa da Cuddy... – Nathy comentou tomando um gole. - Esse Willis está me saindo um grande fofoqueiro – House resmungou encarando a multidão. - O que foi fazer lá? - Jogar Poker com o Lucas – respondeu simplesmente virando o copo de uma vez. - Há-há – 13 forçou a risada, mas depois o fitou sem graça. - Por que as pessoas simplesmente não acreditam em mim? – House colocou a mão na cabeça fingindo está muito ofendido. - Você dá motivo, chefe – 13 continuou pegando seu segundo copo – Mas diz ai. Você foi realmente lá só para ver o Lucas? House balançou a cabeça afirmativamente, ainda encarando a multidão. - Eu não vou com a cara dele – Nathy comentou de repente – Sei lá. Ele não combina tanto assim com a Lisa. - E você combina com o Wilson? – 13 perguntou sorrindo. - Você e o Foreman também não combinam – encrencou House. Ela pareceu chateada com o comentário, rapidamente virou mais um dose e encarou o chefe, com um olhar decidido. - Foreman é passado. - A Cuddy também – ele disse rindo. - Você está mentindo – a médica defendeu-se. - Todo mundo mente – Nathy comentou já “alegre” com o terceiro copo – Você ainda gosta do seu ébano, amiga. - Ébano? – House quase caiu na gargalhada. - Cala a boca, House! Não sou eu que gosto da minha chefa! Ele calou-se, mas continuou rindo. Também já estava um pouco afetado pela bebida e pelo visto o show logo começaria. - É sério. Você combina mais com a Lisa do que aquele detetive, Greg – Nathy falou


novamente do nada. House e 13 a olharam, mas depois não fizeram comentário algum. - E eu combino com o Wilson – ela continuou pensativa – temos coisas em comum! Assim como o Greg e a Lisa, eles são tão parecidos. - E eu e o Foreman? – 13 perguntou, pois sabia que Nathy não ia se calar agora. - Vocês dois trabalham para o médico mais genial e lindo que existe – House falou sorrindo. - E... Você dois gostam de mulher – Nathy falou simplesmente. Mas nem House, nem 13 conseguiram se agüentar. A médica não ficou ofendida, há tempos não se relacionava com outra garota, e já estava tão acostumada às implicância de House, que já conseguia levar na esportiva. Vendo que a conversa só tomaria rumos piores, House levou as duas até perto do palco, onde a banda Sinapse já se preparava para tocar. House decidira que naquela noite, ele não pensaria em Cuddy, Lucas, Rachel, Wilson ou ainda sobre se deveria ou não renovar sua TV a cabo. Tomando mais um gole da garrafa em sua mão, e levantado a mão ao ouvir o solo de uma das músicas, ele resolveu aproveitar somente o show. Sua mente só prestaria atenção nas letras das músicas, e quem sabe vez ou outra, e de forma sutil, na beleza de suas acompanhantes. O álcool ajudava-o a curtir mais o show. Não só ele. Nathy e 13 estavam tão “alegres”, que mesmo depois de fim da apresentação, o trio ainda ficou pelo menos quarenta minutos no local, conversando sobre coisas tão sem noção, que nem se lembrariam no dia seguinte. - A noiva tem que dirigir – House falou quando terminou seu ultimo copo. - Está louco, chefe? Essa doida dirige mal sóbria, quem dirá chapada – 13 riu e pegou as chaves que estavam engatadas na cintura do médico. - Hey! Mulher dirigindo é uma desgraça... Eu levo vocês. Recebendo novamente os golpes sincronizados na cabeça, House riu tentando chegar até o carro. - Qual é a probabilidade de nós morrermos hoje a noite? – House perguntou jogando-se contra o carro. - Por que não pedimos um taxi? – Nathy questionou procurando um na rua. - Vai dá caro – o médico disse destravando as portas. - Melhor que morremos – 13 disse um pouco assustada. - Não confiam em mim? - Não! – as duas responderam juntas, mas House já ligara o carro. Sem dinheiro para pagar o próprio taxi, elas entraram contrariadas. - Se eu morrer, House... – 13 falou encarando-o. - A gente vai se vê no inferno – ele riu ligando o som do carro e aumentando o quanto pode – É pra me manter acordado. Eles chegaram em casa quase quatro da manhã. E como era perigoso demais, House dirigir por mais tempo, para levar tanto Nathy quando 13 para casa, as duas acharam melhor dormir ali mesmo.


- Nathy você dorme com o Wilson, 13 tem a minha cama... - O que?! – ela o interrompeu. - E eu ia dormir no sofá – ele concluiu, jogando-se pesadamente em um dos sofás da sala. Ela sorriu sem graça, mas antes que pudesse falar alguma coisa, viu Nathy arrasta-se até o outro sofá que estava paralelo ao de House. - Quer saber, vou acabar acordando o Jimmy, vou dormir aqui mesmo – disse em meio a um bocejo aconchegando-se com as almofadas. A médica fitou o terceiro sofá, que completava o conjunto da sala de House e Wilson, e achou que seria mais justo dormir ali com eles. - Tem lençol no seu guarda-roupa, House? Para não se esforçar muito, House só fez um sinal de positivo com a mão, ainda de olhos fechados. A médica foi até o quarto dele e retirou três peças, jogando-as em cima de cada um. - Vai dormir aqui, Remy? – Nathy perguntou já quase adormecendo. - É mais justo... – ela comentou se embrulhando e agradecendo mentalmente pelo sofá ser tão confortável. - O mundo não é justo – House resmungou, com usa voz abafada por seu próprio braço no qual ele dormia em cima. - O que vai fazer? – 13 perguntou fitando o teto, sem conseguir dormir. - Nada – ele respondeu simplesmente – O que posso fazer? - Lute! – Nathy quase gritou e os dois riram da empolgação dela, pensavam que a garota já tinha até dormido. - Não quero – House disse virando-se e embrulhando-se melhor. Nathy e 13 se entreolharam, curiosas. - Está com preguiça de lutar pela mulher da sua vida? – 13 franziu a testa de leve. - Não. Eu simplesmente não quero. - Por quê? – Nathy perguntou novamente entre um bocejo. - Porque não importa o que eu quero. A única coisa que importa é a felicidade dela e... Lisa não seria feliz comigo. - Ooooooooh! – 13 e Nathy quase piraram ao ouvi-lo dizer aquilo. Era algo tão verdadeiramente fofo, principalmente vindo de um canalha como o House. - Posso saber o porquê do gemido das duas? – ele levantou as sobrancelhas. - Isso foi muito lindo mesmo. Você parece àqueles adolescentes apaixonados – 13 respondeu ainda fitando o teto. - Sei lá, Greg. Foi tão bonito... – Nathy disse sorrindo – Você fica tão fofo quanto fala dela, meu Deus! Dá vontade de apertar e... - Calem a boca, vocês duas! – ele resmungou tampando o rosto com o lençol. - Fica com vergonha não – 13 brincou.


- Vai dormir e sonhar com seu ébano – ele zombou e sentiu uma almofada atingi-lo bem na barriga. Mas mesmo assim riu, ainda debaixo da coberta. - Cuidem de dormir, que amanhã temos trabalho – Nathy disse de repente, virando-se para deitar melhor. - Trabalho? Amanhã é sábado – House resmungou. - Amanhã vamos sair para comprar as coisas do casamento – 13 justificou. - Já? – ele tirou o lençol do rosto. - É daqui a um mês – Nathy disse sorrindo – Por que no dia dezessete será meu aniversário. Minha mãe casou no dia do aniversário dela, minha avó e minha bisavó também... - Tradições de família não podem ser quebradas – 13 comentou sorrindo, sabendo que o chefe deveria está morrendo de raiva. - Eu não vou amanhã para lugar algum! – tampou novamente o rosto. - Claro que vai senhor Gregory House! Você é meu padrinho! Amanhã vou eu, você, a Remy, a minha irmã, que chegou de New York hoje, minha outra madrinha, a Lisa... - A Cuddy vai? – ele tirou o lençol do rosto e a fitou confuso. - Claro que sim. Ela é madrinha, não é? - Do Wilson! – ele tentou justificar. - Hey, chefe. O show precisa continuar – 13 brincou. - Liga para o Foreman ir também – ele mangou devolvendo a almofada para ela. - Cuidem de dormir! Os dois! Até que 13 pegou logo no sono, mas não foi tão facilmente que o médico conseguiu pregar os olhos. Ele estava tentando seguir com sua vida, fazer coisas diferentes e tentar evitar Lisa Cuddy fora do ambiente de trabalho. E agora, com o casamento de Wilson, ele teria que vê-la toda vez. Maldito dia que eu resolvi ser padrinho da doida... Maldito dia. ______________________________________________________________________ Capitulo 9 - Vestido de noiva Wilson acabara de deixar o ultimo copo com café em cima da mesa, quando caminhou tranquilamente até a sala. Escolheu de forma aleatória um dos CDs de House e o colocou no aparelho de som. Deu pause e rodou até o final o botão do volume. Com um sorriso no rosto escorou-se no balcão da TV, e ligou o play. O som foi tão alto que quase Nathy e 13 caem do sofá, tamanho fora o susto que tomaram. Mas House continuou deitado, dormindo profundamente. - Ai amor! Que horas são? – ela passava as mãos na cabeça tentando ajeitar os cabelos bagunçados. - Oito. Não foi o horário que você pediu? Pela cara de zumbi de vocês, o show deve ter sido ótimo... As duas levantaram os braços fazendo o símbolo do metal com as mãos, e o oncologista sorriu, aproximando-se de House. - Você está vivo? - Meu organismo não está preparado para levantar em pleno sábado, as oito da madrugada – ele resmungou com a voz abafada.


Wilson deu com ombros, e viu a noiva e a amiga, jogaram-se ainda chapadas na mesa. Ele não sabia dizer se era pela bebida ou pelo sono. - Preciso de um banho... – 13 resmungou deixando sua cabeça escorar na mesa. - Vamos, Remy, eu te dou uma toalha. Não estou me agüentando em pé – Nathy disse quase sussurrando, pegando a amiga pelo braço para guiá-la. E o oncologista não pode deixar de rir com a cena que passou em sua cabeça, imaginando como seria Nathy e 13 tomando banho, juntas. E sorriu mais ainda ao olhar para House e ver no sorriso malicioso que surgia em seu rosto, que ele pensara exatamente a mesma coisa. - Já que vocês todos vão me abandonar hoje – ele fingiu cara de triste – Eu vou aproveitar para um amigo que mora um pouco longe e resolver outros problemas. - Tchau amor! – Nathy voltou para beijá-lo. - Tchau Wilson! – 13 despediu-se, entrando no quarto de House para tomar banho. - E você? Num vai dizer tchau, zumbi? - O doutor House não está no momento. Favor deixar recado – ele resmungou com a voz abafada – Tchau, Willis! O oncologista pegou seu casaco e saiu extremamente curioso com o que eles comprariam aquela tarde. E daria tudo para estar no lugar de House. Enquanto o médico daria tudo para não estar no seu próprio lugar. A última coisa que ele queria era fazer comprar com um bando de mulher, em pleno sábado. Afinal, sábado é dia de passar o dia na cama fazendo absolutamente nada. Ele chegou a adormecer de novo, ainda no sofá, e nem fez questão de olhar no relógio ao juntar coragem o suficiente para levantar-se. Foi se arrastando até o quarto, e só chegou até lá, pois sabia decorado o caminho, afinal seus olhos estavam praticamente fechados. Empurrou a maçaneta da porta do seu banheiro e percebeu que o mesmo estava trancado, apesar dele não ouvir barulho nenhum do chuveiro. Meio zonzo, ele só fez escorar sua testa na porta, para adormecer de novo. A doutora 13 não sabia que House estava na porta quando a abriu tranquilamente, e o chefe caiu esbarrando nela. Os dois coraram, quando a face de House foi parar em seus seios cobertos somente pela toalha úmida. - Perdão – ele disse afastando-se e passando a mão no rosto para enxugá-lo. - Precisei do banheiro – falou sem jeito, saindo para que ele pudesse entrar. - Nossa Senhora – ele exclamou parecendo só agora perceber o que realmente tinha acontecido – Quando precisar do meu banheiro, pode usar a vontade – ele brincou malicioso, ainda chapado. Quando House ligou o chuveiro, passou a mão massageando sua bochecha direita tentando aliviar a dor da tapa que pegara. Mas mesmo assim ele riu. Já no quarto de hospede, onde as vezes Nathy dormia, 13 trocava de roupa, colocando uma emprestada da amiga. Também sem conseguir evitar sorrir com o que acabara de acontecer. Canalha, ela pensou rindo. House fitava um tanto zonzo o volante do carro, revirou os olhos, antes de procurar a chave em dos bolsos do casaco. - Quer que eu dirija? – 13 perguntou do banco de trás, inclinando-se um pouco. - Iríamos todos morrer – House caçoou.


- Com você descobriu meu plano de matar vocês? – ela perguntou sarcástica. - Vocês beberam o mesmo que eu, mas minha ressaca não é tão forte. Mas habilidosamente, a médica se inclinou rapidamente e tirou as chaves da mão dele, que a encarou desafiando. - Uma coisa é um motorista de ressaca a outra é um motorista de quase ressaca e muito sono – ela riu saindo do carro. - Você não vai dirigir Huntington! – ele gritou segurando o volante com força. - Deixa de ser chato, Greg, você tá caindo de sono – Nathy disse puxando pela camisa, para que ele senta-se ao seu lado. Muito contrariado ele saiu do caro, e fez um careta ao passar pela médica. Jogou-se no banco de trás e apoiou sua cabeça no ombro de Nathy. Quando 13 tentou dá ré no carro para sair da garagem, o automóvel morreu. - Não fala nada, House! – ela disse encarando-o pelo espelho, o chefe esboça um sorriso sarcástico. - Como eu vou morrer Nathy, quero que você saiba que meu presente de noivado é seu vestido de noiva... Logo ele se arrependeu de ter dito isso. Pois Nathy começara a gritar histericamente ao seu lado e 13 fez o mesmo soltando o volante, mas logo tomando-o novamente nas mãos. - Meu Deus! Eu mereço.... Eu mereço... - Não, Greg. É sério! Isso é coisa mais fofa que um padrinho pode fazer pela noiva! – Nathy estava mais que empolgada – O vestido de casamento! - Oh! Será que o malvado Gregory House tem coração? – 13 brincou. Mas na mesma hora em que disse, ela precisou frear bruscamente para não atingir um carro que furara o sinal. - Coração eu não, mas carteira de motorista com certeza – ele revidou. - A culpa não foi minha! - Greg, para! Você vai deixá-la nervosa... – Nathy bateu de leve no ombro dele, e House encostou-se na porta, para tentar dormir. Como havia chovido durante boa parte daquela madrugada, as ruas estavam completamente molhadas e constantemente o carro passava por uma poça molhando a calçada. - Cara, 13! Você é boa de mira! Quase molhou todo mundo da parada de ônibus – House zoou. A médica mandou um olhar assassino pelo espelho retrovisor. - Tem gente que quer ficar na parada de ônibus... - Por quê? O carro é meu – ele reclamou infantilmente. - Mas eu estou com a chave! - Ah Greg! Para de zoar com a 13, ela dirigi direitinho, mas você fica reclamando e reclamando – Nathy bateu de novo nele. - Vocês me acordam às oito da manhã em pleno sábado, para comprar vestidinhos! – ele revirou os olhos – A única coisa que vocês não tem direito é de pedir para eu não reclamar.


- Dorme, Gregzinho, dorme... – Nathy zoou fazendo carinho na cabeça dele – Logo, logo a gente vai está super se divertindo vendo um monte de vestidos lindíssimos! - Por que eu tenho a grande impressão que eu vou me arrepender? - Porque você vai chefe, você vai... – 13 disse rindo, enquanto eles já procuravam um lugar para estacionar. House andava quase se arrastando. De um lado levava 13, do outro levava Nathy. Mas na verdade, elas o levavam. O casaco que vestia possuiu um capuz, que o médico jogou sobre a cara sonolenta dele, enquanto era guiado até a praça de alimentação por duas eufóricas garotas. - Eles ainda acham que você é o nosso pai – Nathy sussurrou no ouvido ele. - Vocês continuam sem mesada – ele retrucou, quando a garota largou seu braço para correr, pois reconhecera alguém. Nina Austen era uma mulher baixa, com cabelos negros e curtos, tinha uma aparência energética, apesar de séria, e não tinha cara de quem já havia passado dos trinta. - Este é o Greg e esta é a Remy – Nathy disse chegando abraçada com a mulher. House inclinou-se de mal grado para receber um beijo na bochecha e sorriu meio forçado para a simpática Nina. - Finalmente conheci o famoso Gregory! – ela disse sorrindo – Ouço muito falar de você e pelo visto, foi arrancado cedo cama – concluiu espertamente e ganhou um sorriso do médico, dessa vez verdadeiro. - Saiba que tudo que contam sobre mim é mentira – comentou sonolento. - Que pena então – brincou – E você é Remy. Vimos-nos naquela festa, não é? – as duas se cumprimentaram - Que bom te rever, você está ótima. - Você também, Nina. - Sua irmã ligou Nathy. Disse que estava aqui na praça – Nina comentou olhando para os lados. Mas achar Tammy Doyle no meio de toda aquela gente não era uma tarefa muito difícil. Tirando os óculos, o cabelo um pouco mais escuro e mais comprido e os olhos verdes, Tammy era uma cópia da irmã mais velha. - Natasha! – ela gritou ao avistar a irmã. - Tammy! – também gritou e correu para abraçá-la. House e 13 se entreolharam rindo do pequeno escândalo. Já haviam se acostumado com a empolgação muitas vezes exagerada de Nathy, mas tê-la em dose dupla, seria uma experiência, digamos, diferente. - Mana esse aqui é o Greg – a irmã apertou a mão dele – e essa é a Remy – e fez o mesmo com a médica – A Nina você já conhece! - Prazer em conhecer vocês! A Nathy não para de falar em vocês dois e claro no famoso Wilson, meu cunhado que eu estou louca para conhecer. - Só falta a Lisa, mas ela havia me ligado dizendo que iria se atrasar – Nathy explicou e o grupo resolveu seguir para a primeira loja. Tammy virou-se para comentar algo em segredo com a irmã, mas falou tão alto que todos que estavam perto puderam ouvir. - Nathy, não me diz que o médico é gay, por favor! Um homem desses lindo ser gay é um


desperdício para a humanidade! House encarou assustado as duas e logo a garota percebeu envergonhada que ele ouvira. - O Greg não é gay não – Nathy comentou divertindo-se. - Ah! – ela desviou os olhos, envergonhada – É que tipo, ele está indo comprar os vestidos com a gente sabe. - Estou aqui forçado – ele explicou, achando graça. - Então vamos prisioneiro para a primeira loja – Nathy disse indo para trás dele e o empurrando para dentro do lugar. Ao passar pelo primeiro vestido, os olhos de House se abriram de espanto. Cinco mil e quinhentos dólares! E olha que a peça parecia ser extremamente simples. - Arrependido do presente? – 13 perguntou rindo da surpresa dele. - É esse o preço mesmo? - Só vai piorar, chefe – ela continuou rindo – Mas que belo presente de noivado. - Espere até ela saber que o de casamento é a festa de despedida do Wilson – ele comentou sorrindo. - Não são os padrinhos do noivo que cuidam disso? - E você acha mesmo que eu vou deixar o Lucas e a Cuddy com essa diversão? - Hey! Se for que nem o do Chase vai muito show – ela já começava a ficar animada só de pensar. - Isso por que o Chase é um funcionário, imagina o que eu farei pro meu melhor amigo – House deu um sorriso malicioso – Tá dentro? - Claro chefe – ela bateu na mão de House – Mas voltando ao casamento, você sabe que sua gravata tem que ser da cor do meu vestido não é? - Sério? – ele revirou os olhos, entediado, mas riu ao ver de longe um vestido de cor no mínimo exótica – Por que você não vai com aquele fosforescente? - Há-há! Até parece! – 13 fez cara de nojo para o vestido – E você que vai ter que se virar para achar a gravata mesmo. Ele riu, procurando um lugar para sentar, enquanto a médica foi atrás do seu vestido de madrinha. House puxou novamente o capuz do seu agasalho, e já estava adormecendo, quando Nathy praticamente pulou em sua frente. - O que acha desse Greg? – a garota colocava o vestido em sua frente, para dá a impressão de que estava com ele. - Um sonho – ele disso irônico – Parece até... Um balão! - Chato! – ela jogou para a irmã e pegou outro – E esse? - Humm... – passou a mão no queixo, e riu ao ver um monte de flores pregado na lateral do vestido – Parece até um vaso. Ele começava a se divertir. - Greg! – ela ralhou, pegando mais um – E esse? - Bonito, mas... Dourado? Se seu vestido for dourado, o Jimmy vai precisar ir de dourado e ele... Vai parecer um pato.


Elas riram, voltando para pegar mais alguns exemplos. Nina, 13 e Tammy procuravam seus vestidos para a noite, enquanto a busca de Nathy era um pouco mais demorada. - O que acha desse, doutor? – Tammy perguntou. - Comprido demais – ele disse todo galanteador e recebeu um olhar de reprovação. - Greg! Olha esse – Nathy voltara com um vestido um tanto que escandaloso. - Mais que diabos é isso? Pra que esses frufrus todos? - Ah! Você é muito exigente! Nesse momento, Cuddy entrou na loja ao lado de sua babá, Anne, que trazia Rachel em seu colo. A garotinha quase pulou ao ver House. - Você devia ser que nem a Rach – ele comentou levantando-se – O vestido dela é lindo. Nathy riu para o vestido florido que a pequena usava, e aproveitou para apresentar sua irmã e a amiga para a diretora. - Lisa, essa é a Tammy, minha irmã, e a Nina, grande amiga – elas se cumprimentaram – A Remy e o seu Gregory você já conhece e bem. - Mumble! – a pequena Rachel gritou, querendo chamar a atenção do médico, mostrando o pequeno pingüim em suas mãos. - É o Mumble, Rach. Você gostou? - Ela não larga esse pingüim por nada no mundo – comentou a babá deixando-a descer ao chão. - Sabia que ia gostar – ele disse pegando-a no colo – Preparada para morrer de tédio com esse bando de mulheres loucas? - Moê de tédio! – repetiu animada. - Pelo menos você sabe o que te espera. - Obrigada pelo presente, House... Ela adorou – Cuddy comentou aproximando-se dele. Seus olhos sem se desgrudar nenhum momento. Ela não sabia se Wilson teria dito alguma coisa para ele, sobre a conversa que tiveram. Mas era legal vê-lo ali, ajudando Nathy a escolher o vestido, apesar de estranho. Nos últimos tempos, havia algo de diferente em House, como um esforço para se tornar melhor. Cuddy só não sabia o porquê de tudo isso. - Nem pensei em rosa! Num é lindo? – 13 chegou de repente e mostrou ao chefe um lindo vestido em um rosa claro. - Tem homens que ficam mais sexy de rosa. Será que eu conseguiria me superar? – ele perguntou com um sorriso malicioso. - E tem homens que ficam mais sexy quando humildes. Será que você conseguiria tentar? – ela riu divertindo-se com a cara dele, fez um carinho na risonha Rachel e voltou ao mar de vestidos. - Doeu! – ele retrucou, fingindo-se magoado. - Doeu – Rachel o imitou sorrindo. O médico já estava sofrendo de tédio, quando avistou Nathy e mais uma montanha de vestido, pensou rápido e olhou para Rachel.


- Greg! Olha esses! - A Rachel quer tomar sorvete, vou levá-la agora – mentiu. - Não é não... - Rach, você quer tomar soverte com o tio House? - Quer sovete! – levantou os braços, empolgada. - Viu? Preciso cuidar dela – ele fingiu falar sério. - Não pode usar a Rachel para fugir, House. É só a primeira loja – comentou Cuddy sorrindo. - Eu tenho muito dinheiro e tem muito sorvete por ai – mas ele parou, como se percebesse só agora o que ela dissera – Primeira loja? Vai ter mais? - Acha mesmo que vamos olhar só em uma, doutor? – Tammy perguntou como se fosse obvio para ele. - Meu Deus, Rach. Onde eu vim me meter? – reclamou saindo com a pequena e babá para arranjar algum sorvete. As mulheres riram dos dois e continuaram sua busca quase interminável por vestidos. Nathy mandou uma mensagem para o celular de House, avisando que elas já tinham mirgrado para uma outra loja. O médico não voltou logo como todos esperavam. Cinco lojas e cinco mensagens depois, ele finalmente encontrou o grupo, que já tinham uma dezena de sacolas em mãos. ___________________________________________________________________ Capitulo 10 – Má influência House não estava muito atrás das garotas se assunto era sacolas. A bengala estava engatada no mesmo braço em que ele carregava a Rachel, e na outra mão ele trazia meia dúzia delas. - O que você comprou Greg? – Nathy se aproximou ignorando o vendedor que mostrava um lindo sapato dourado para ela. - Doces! – Rachel falou com um grande pirulito na boca. - Doces, revistinhas, novos jogos para o meu PSP, um tênis e um CD do ACDC – ele disse animado olhando para as sacolas. - Tem gente que não sabe com o que gastar – Cuddy brincou. - Hey! O que vocês compraram? - Vestidos, sapatos... – 13 respondeu mostrando as sacolas. - Maquiagens... – Nina continuou. - Jóias! Você escapou das jóias. Cada uma mais linda que a outra – Tammy disse empolgada. - Estou triste por perder as jóias – House zombou passando Rach par ao colo da babá e pegando um pirulito na bolsa. - Agora então, vamos voltar à segunda loja? – Cuddy propôs olhando para Nathy esperando a resposta. Nathy e as outras concordaram, terminaram de pagar um sapato que Nina comprara. E seguiram “saltitantes” quando na porta da entrada, pararam com a bengala de House tampando o caminho.


- Voltar pra loja?! – ele arregalou os olhos – Como assim? Eu comprei um monte de coisas em dez minutos e fiquei quase duas horas e meia na sessão de jogos com a Rachel e vocês não compraram tudo que precisavam?! Mas elas só fizeram rir dele, pegaram suas sacolas e cada uma foi passando por baixo de sua bengala. - Claro que não, Greg! Acha mesmo que eu vou comprar meu vestido de noiva na primeira loja que eu procuro? – Nathy sorriu, passando por baixo. - Viajou doutor! – Nina riu e também abaixou-se. - Agora vamos experimentar os vestidos preferidos – Tammy deu um sorriso desviando da bengala dele. - Você é o padrinho House! – Cuddy deu com ombros antes de também passar. - É lindo precisamos ver tudo! – 13 riu e com um único movimento empurrou a bengala de House de volta ao chão. Ele cruzou os braços, totalmente contrariado, e seguiu aquele grupo de mulheres que não sabiam decidir um vestido! - Lindo? – Cuddy sussurrou no ouvido de Nathy que só sorriu, sem dizer nada. Lindo? Desde quando “Dr. House” virou, simplesmente, “lindo”? A diretora olhou de House para 13 e de 13 para House. Mas o que a incomodava não era a possibilidade deles ficarem juntos e sim... Por que isso parecia importar tanto para ela? - Algum problema doutora Cuddy? – Anne disse ao vê-la um pouco estranha. - Só estou cansada – ela sorriu – Passamos muito tempo aqui, não é? Ela concordou. - Mas agora que é a parte legal! Vão tentar escolher definitivamente o vestido, certo? - Sim – Cuddy sorriu mais aliviada quando sua mente esvaziou de qualquer pensamento que envolvesse Gregory House. Mas isso não durou muito tempo, pois, enquanto o grupo caminhava até a loja onde a maioria encontrara o vestido perfeito, com exceção de Tammy, que já o comprara, House parou subitamente e encostou-se na vitrine. - Eu quero isso! – ele gritou apontando para uma linda guitarra feita em madeira. - Não senhor! – Nathy o agarrou pelo casaco e tentou tirá-lo da vitrine. - Hey! Não é justo – House disse infantilmente – Eu vou ter que esperar vocês comprarem seus vestidos e não posso comprar aquela guitarra? - Já não vai gastar muito dinheiro no meu vestido não? – ela colocou a mão na cintura e encarou o amigo. - VOCÊ VAI COMPRAR O VESTIDO DE NOIVA DELA? – Cuddy, Nina, Tammy e até a Anne perguntaram em coro. Ele ficou meio envergonhado e desviou o olhar, babando pela guitarra de madeira. - Oh! Isso é tão fofo! – Nina disse com lágrimas nos olhos. - Eu quero um padrinho desses para mim! – Tammy exclamou e todo mundo percebeu o duplo sentido de sua frase. - Eu tenho dinheiro para pagar o vestido e guitarra – ele continuou meio infantil e


ignorou os comentários das meninas – Eu trabalho. - Pelo menos deveria – Cuddy brincou. - Deixa logo o Greg comprar a guitarra – 13 disse segurando, amigavelmente, os ombros de Nathy – Você sabe que só assim ele para. - É... Parece criança – a noiva o fitou com um olhar assassino e House deu um sorriso de moleque e correu para dentro da loja. Greg? E os funcionários já podem usar o primeiro nome dos chefes?! Cuddy se viu pensando novamente nisso. O que? Nada disso Cuddy. House é um cara solteiro e pode ficar até com Wilson se ele quiser. Você está com Lucas e é só isso que importar... Alias, esse “Greg” num deve significar nada, pensou melhor, acalmando-se. Mas... Lindo? - Velho, eu quero aquela dali. A voz de House a trouxe de volta. Logo o vendedor veio trazer todo feliz, com a possível venda, a guitarra para o médico. House a pegou cuidadosamente, e analisou bem. Fez algumas perguntas técnicas, que ninguém além de Nathy que também tocava, entenderam. - A Ibanez Blazer 21 está rara no mercado – o vendedor comentou – Somos uma das poucas lojas que tem. Preço bom. - Posso testar? – House perguntou com um sorriso meio infantil. - Claro! – ele disse empolgado, quase tempo certeza que House a compraria. Puxou um amplificador e pegou a guitarra das mãos dele para plugá-la no aparelho. As garotas só ficaram observando de longe, enquanto o médico pegava uma cadeira para sentar-se, ajeitou a guitarra e ajustou sua corda. - Que música? – perguntou olhando para elas. - Do Sinapse! – Nathy sugeriu empolgada. - Não! – Tammy pensou um pouco – Toca alguma do - Vocês são todas indecisas – ele resmungou – Rach! Escolhe ai! - Tatauga! – ela disse animada olhando para a mãe, como se esperasse que Cuddy esclarecesse melhor para eles. - Qual é a música da “tatauga”? – House olhou espantado para Cuddy. - Eu era uma tatauga... – Rachel começou a cantar fofamente, mas parou de repente toda tímida, escondendo o rosto nos ombros de Cuddy. Quase ninguém resistiu e deu um sorriso. Sinceramente, se House conhecesse a música ele tocaria na hora, tamanho foi o esforço da pequena para cantar. Passou a mão no queixo, pensando e logo decidiu. - Oh-oh-oh-oh-oooh-oh-oh! – de repente o médico começou a tocar a música da Lady Gaga, que no mínimo ficava hilária em sua voz. Todo mundo da loja parou, para ouvir sua grande habilidade na guitarra, mas principalmente o seu inusitado cantar –Caught in a bad romance Oh-oh-oh-oh-oooh! Caught in a bad romance!Presa em um romance ruim. Presa em um romance ruim. Nathy agachou-se para conter a risada. O pior é que o infeliz ainda tocava e cantava bem, apesar da comédia que ficava a imitação dele. - Rah-rah--ah! Rama-ramama-ah! GaGa-ooh-la-la! Want your bad romance Quero o seu romance ruim! – ele não acompanhava tão corretamente a letra da música, mas apesar disso mandava bem –You know that I want you. And you know that I need you! I want it bad, your bad romance! I want your love and I want your revenge! You and me could


write a bad romance…Oh-oh-oh--oh-oooh!Você sabe que eu quero você. E você sabe que eu preciso de você! Eu quero um romance, seu romance ruim! Eu quero o seu amor e quero sua vingança! Você e eu poderiamos escrever um romance ruim... Ele realmente se divertia tocando e no final fez um solo bacana, e foi aplaudido por todos na loja. - Rau! – Rach gritou animada. - Vai levar? – o vendedor perguntou ainda rindo do desempenho. - Claro! – ele puxou o talão de cheque. - Faltou só a coreografia! – 13 brincou. - O que?! Se eu fizesse começaria uma histeria sem fim – ele disse sorrindo. - Nossa! Esqueci como você é irresistível, Greg - Nathy voltou a puxá-lo pelo casaco - Agora vamos comprar vestidos! - Vocês tem meu cadastro! - House gritou pro vendendor, enquanto era arrastado Mande entregar naquele endereço! Mas logo a felicidade de comprar a guitarra passou. House se viu sentando em uma daquelas poltronas quadradas, de frente para os provadores. Rach e Anne ao seu lado, ajudando-o a terminar o saco de bombons que ele comprara, enquanto Tammy esperava animada, com seu vestido já comprado. - São os vestidos que mais gostamos, hem Greg! – Nathy gritou de dentro do provador – Seja muito sincero, então! Mais do que você é normalmente. - Eu não prometo nada – ele disse marotamente, sabendo que ela ia se irritar. - GREG! - Okay, okay... Eu estou aqui de castigo mesmo – ele bocejou, ajeitando-se na poltrona – Eu, a Anne, a Tammy e a “tatauga” vamos ajudar vocês. - E o Mumble! – Rach disse mostrando o pingüim para o médico. - Ah! Claro... Quase me esqueci do Mumble – ele sorriu para a menina, como se fosse um pecado esquecer-se do pequeno pingüim. Lá dentro, em cada um dos provadores, Nathy, Cuddy, Nina e 13 colocavam os vestidos que mais tinham gostado entre as centenas que viram. E do lá de fora, o celular de Cuddy tocou, e a babá pediu para atender. - Sr. Lucas? Okay... Um momento – ela tirou o ouvido do fone – Dra Cuddy?! O patrão disse que está aqui perto e perguntou se a senhora não quer que ele passe para levar a Rachel! Cuddy pensou em como a filha deveria estar cansada. Se era um pouco chato para elas, que entendiam, ficar um tempão experimentando vestido, imagina para a filha. Por mais que ela tivesse se entretido com o “tio House”, deveria estar com sono. Parecia, então, uma boa idéia. - Diz para ele que sim, Anne! Ai você acompanha ela, okay? - Sim – a babá gritou – Pode vim nos pegar, Sr. Lucas. Desligou o telefone e ajudou Rachel que queria descer do seu colo. A pequena sentouse no chão esperando, e a babá pegou mais uma jujuba do saco de House. - Ela deve estar bem cansada – comentou Nina de um dos provadores para as outras três. Os outros, do lado de fora, não podiam ouvir o que elas conversavam, ao menos que elas gritassem.


- Sim. Deve ser chato para ela – Cuddy concordou olhando mais uma vez o vestido. - Chato é pro Greg – Nathy comentou rindo. - Oh Nathy! Você judia também do doutor. Para qualquer homem deve ser o inferno esperar um bando de mulheres comprar roupas – Nina comentou com pena. - Ele é o padrinho! – 13 tentou justificar sorrindo. - Eu fiz questão de trazer o Greg porque não há espelho melhor no mundo do que os homens! - Que teoria é essa? – Cuddy perguntou curiosa. - Homens são naturalmente canalhas, então não há pessoa mais sincera quando o assunto é “eu estou realmente bonita?” – ela explicou – Se um cara é capaz de deixar o queixo cair mesmo sabendo que você é noiva do melhor amigo dele, é porque você está realmente linda. As três riram da teoria bizarra de Nathy e subiram num banquinho para olhar, por cima da porta, o que eles estariam fazendo lá fora. - Mesmo assim, Nathy, o pobre doutor deve se estressar – Nina comentou ao ver que House estava quase dormindo na cadeira. - E existe coisa mais legal no mundo do que estressar o Greg? – Nathy perguntou rindo de uma maneira malvada – Adoro encrencar com ele! - Você quem sabe... - Humm. Acho que alguém aqui está interessada no Greg! – Nathy curtiu agora gargalhando. - Ui! Eu pensei que era a sua irmã – 13 deu corda. Apesar de não pode ver, elas sabiam que Nina estava corando em seu provador. Cuddy não fez comentário nenhum, mas mesmo assim sorriu. - Greg! – Nathy gritou para acordá-lo – A Nina vai sair agora e você vai dizer a nota ou dá seu parecer como quiser. Ele concordou sem tem outra opção. Cruzou os braços esperando, enquanto Cuddy, 13 e Nathy subiram no banquinho deixando só suas cabeças para fora do provador. Nina sairia com um lindo vestido de um azul sutil, que parecia cair muito bem nela. - Está lindo – Anne comentou pegando outra jujuba. - Nina! Você está perfeita – Tammy parecia mais encantada que a babá. - Tá tunito! – Rachel sorriu para a moça. - É bonito, bebê – Anne concertou. Todas olharam para House, que passava a mão no queixo como se analisasse cada mínimo detalhe da peça, esperando seu comentário. - Tem muito tecido na parte dos seios, sabe? Dá uma impressão desnecessária. A cor caiu muito bem com seu tom de pele. Mas sinceramente, se desse uma ajeitada na parte de cima, ficaria perfeito – ele falou sorrindo, sabendo o quão engraçado parecia falando daquele jeito. E o pior é que ele tinha razão. Os seios de Nina pareciam maiores do que o necessário no vestido e se tirassem algumas camadas dali, o vestido ficaria muito melhor. - Agora eu! – 13 comentou animada e não demorou para sair.


O vestido azul marinho parecia obedecer perfeitamente o formato de seu belo corpo. A alça fina escondida pelos cabelos soltos, não tinha muitos detalhes, e a costa, que pode ser vista quando a médica deu uma volta, eram sensuais e chamativas. - Estou boba – Anne falou segurando o próprio queixo. - Nossa senhora! – House falou com um sorriso malicioso no final. - Nossa senhora! – Rache repetiu erguendo as mãos – Diz Mumble! Nossa senhora! 13 riu da pequena e corou um pouco com o comentário do chefe. - Remy está absolutamente lindo! – Nathy gritou do provador, colocando o braço para fora para fazer um legal com a mão. - Está bom mesmo? Achei que ficou muito colado – ela disse sinceramente, olhando para o próprio vestido. Mas Tammy levantou-se para olhar de perto e discordou plenamente, dizendo que o que todos falaram. 13 estava divina. - Nem tá tão assim – House disse implicando – Pelo menos eu vou conseguir arranjar uma gravata dessa cor. - Há-há! – ela forçou a risada – Pensei que você tivesse gostado. Depois do “Nossa Senhora” – retrucou. - Nada! Tá muito curto! – o médico pegou sua bengala e usou para levantar um pouco o vestido, deixando a quase dois palmos do joelho. House posicionou-se melhor na poltrona para ver o vestido de Cuddy, enquanto sua mão massageava sua bochecha vermelha. Era o segundo tapa que levava no dia. - Vai Lisa! Queremos ver o seu – Nathy disse animada, ainda rindo da tapa que House levara. Agora ele parecia tão comportado. - Ah! É que a costa está complicada – ela explicou do provador ao lado – Já vou sair, espera só um pouco... - Então, eu vou mostrar logo o meu – Nathy estava também um pouco apressada para ir para casa – Greg! Seja sincero! - Hey! Eu sou sincero – ele resmungou, enquanto ela saiu. Seu queixo caiu e ele a fitou admirado – É clichê, mas: nossa senhora! - Nossa senhora! – Rach repetiu escorando-se na perna de House. - Irmã! Está lindo! Está absolutamente lindo! Oh meu Deus – Tammy realmente chorava emocionada – Você é a noiva mais linda do mundo. - Espero que esse James Wilson seja um bom homem, porque você Nathy está linda – Nina também correu para ver a amiga melhor de perto. - Dá uma volta, dona Natasha – Anne pediu sinceramente admirada. Sorridente, ela virou em torno de seus próprios pés. - Nathy, amiga. Preciso dizer mais do que foi dito? – 13 perguntou olhando cada detalhe daquele vestido perfeito. - Como você mesmo diz absolutamente lindo – Cuddy comentou, lá de dentro, terminando finalmente de colocar o vestido. - Eu amei esse vestido – Nathy disse pegando o tecido com a mão – Ele é lindo! - E caro – House comentou mexendo na etiqueta com a bengala – O que são praticamente três mil dólares? – perguntou sarcástico.


- Nada para um comprador de guitarras... – Nathy disse rindo, mas simplesmente parou quando Cuddy abriu a porta do provador. Ela não estava simplesmente linda. Era algum muito mais do que isso. Cuddy corou ao sentir aqueles olhos azuis de House percorrem toda a extensão do seu corpo. Ele nada disse, porque não tinha o que ser dito. - Nossa senhora – Rach disse sorrindo, sem esperar que House dissesse para repetir. Todo mundo riu da pequena e aproximaram-se para ver melhor o lindo vestido de um azul turquesa que ela usava. - Chefe! A senhora está linda – 13 comentou sorrindo. - Arrasou patroa! – Anne quase pulou da poltrona. - Sério, Lisa, seu vestido está magnífico! – Nathy também elogiou. - Lindíssimo! – Nina e Tammy disseram juntas. - Lisa, você está... – Nathy iria falar de novo, mas House completou por ela, talvez com o único adjetivo que cabia no momento. - Perfeita – ele disse parecendo envergonhado e desviou o olhar – Bom! Vocês já se decidiram então? Vamos pagar logo isso! A Nathy vai dá uma facada básica em mim agora, mas vamos! Elas voltaram ao provador para trocar para suas roupas originais. E Anne não pode deixar de rir, quando House escorou-se na parede, pensativo, ela sabia o quanto ele tinha gostado do vestido de Cuddy. - Rachel! Colega! Lucas apareceu na loja e sorriu ao encontrar a enteada. Anne rapidamente levantou-se e pegou a mochila com as coisas da criança, enquanto Rachel corria para abraçar o Lu. - Amor! A gente se vê depois no almoço! – Cuddy gritou de dentro do provador. - Claro! Estou te esperando em casa – ele disse tomando a crianças no colo e sorrindo para House e Tammy. - Oi! Eu sou irmã da Nathy – apertou a mão do detetive. - Lucas, namorado da Lisa – ele sorriu – Como vai House? Ainda de pé o poker de hoje a noite? - Nem tudo bem – House fez cara de cansado – Estou de castigo aqui, mas... - GREG! – Nathy reclamou lá de dentro e o médico riu. - Claro que sim. Passa lá em casa – ele aproximou-se, então de Rachel, segurando a mão dela - Tchau Rach! Tchau Mumble! - Tchau Rau! Beijo! – o médico pode sentir as pequenas mãozinhas tocando a face dele, e puxando-o serenamente pare perto. Depois sentiu um beijo molhado ser depositado em sua barba por fazer, que causou cócegas em Rachel e a fizeram sorrir com os poucos dentes que já tinha. - House... Tammy – o detetive despediu-se – Tchau pra quem está no provador também! Vamos Anne? Logo a babá o seguiu junto com a menina. - Ele é o namorado da Lisa? – Tammy perguntou curiosa, enquanto ela e House voltavam a sentar.


House só fez balançar a cabeça dizendo que sim. - Nossa! Jurava que era você... – ela comentou de repente, de uma maneira tão sem noção que lembrava a Nathy. Ele corou um pouco e desviou o olhar. Não demorou muito, e House até agradeceu, quando elas saíram dos provadores e eles finalmente puderam pagar os vestidos. Sinceramente, House estava com fome. Mas não seria agora que eles almoçariam. Antes de ir, Natasha ainda queria ver alguns convites. - Sério que não dá para ver isso outro dia? – ele insistiu impaciente. - Credo Greg! Você já reclama! – Nathy bateu de leve no ombro dele. - E você já gosta de me torturar! – ele se escorou na vitrine, deixando o capuz esconder seus olhos. A última coisa que House queria era encarar Cuddy, não depois de quase babar ao vê-la com aquele vestido. Nathy, 13, Nina, Tammy e Cuddy viram pelo menos uns vinte exemplos de convites de casamento, cada um mais lindo que o outro. - Eu estou com fome! – House reclamou infantilmente – Você não devia decidir isso com seu futuro marido? - Vou levar só os melhores, né, cabeção? – Nathy respondeu como se fosse óbvio. - Eu estou com fome... – ele repetiu querendo chatear. - Você não tem um monte de bombons? – 13 perguntou apontando para a sacola de doces que ele ainda levava. - Ah! Pensei que ia oferecer outra coisa – ele comentou sorrindo. Enquanto eles saiam da loja, House massageava novamente sua bochecha. Era o terceiro tapa que levara, só hoje. Já do lado de fora do shopping, eles decidiriam onde iriam. - Oh meu Deus! – Nathy o abraçou por trás – Ele está tão entediado, faminto, aborrecido, e agora ele apanhou. - Não venha sentir pena de mim – revirou os olhos – E eu continuo com fome! - O James deixou comida em casa para gente – Nathy explicou – Alguém quer almoçar com a gente? Remy? Nina? Cuddy? Mana? - Não! A 13 bate em mim! - Por que você é um pervertido, Greg – Nathy justificou olhando feio para ele. House jogou o capuz novamente em seu rosto. - Valeu Nathy. Mas eu ia almoçar com o Chase... - Hummm. O Chase... Sei... – o chefe caçoou – Cuidado, pois ele anda carente. - Irmã, eu adoraria, mas tenho tanta coisa para resolver – Tammy disse fazendo sinal para um taxi – Foi um grande prazer conhecer todos vocês! Temos que combinar para eu me encontrar com o famoso James! Ela entrou no carro com seu monte de sacolas e todos se despediram. Nina também pegou um táxi, mas Cuddy e 13 entraram no carro de House, para uma carona. - Sabe quando eu saio novamente com vocês? – ele resmungou enquanto fazia a curva – Nunca mais! - Oh meu Deus! – Nathy tentou apertar as bochechas dele, mas House a impediu com o


braço – Ele está tão revoltado! - Eu vou te bater – ele ameaçou tentando parecer sério, mas logo riu. Ele não conseguia falar sério com a doida da Nathy. - Quem tem o melhor padrinho do mundo? – ela quase gritava – Eu! - Vai me bajular agora? – House reclamou aumentando o som. - Se você pegar a próxima a direita é mais rápido, chefe – 13 comentou já rindo, sabendo que ele iria se irritar com a opinião dela. - 13! EU estou dirigindo, então não venha dizer nada. - Você quem manda! – ela disse sarcasticamente. - É sério? Eu vou cobrar isso – House perguntou animado, fitando-a pelo retrovisor. A médica despediu-se da amiga e da chefa, enquanto House a xingava mentalmente, massageando novamente sua face. Que filha da mãe! É o quarto! - Próxima parada! Casa da Lisa e depois pra sua! – Nathy disse animada, mas pareceu lembrar-se de algo – Não! Greg! Eu prometi pro meu amigo, Fabio, que almoçaria com ele! - Droga, Nathy! Ele mora aonde? - Volta essas duas ruas, chato – implicou porque ele resmungava alguma coisa. - Vou almoçar sozinho, então? – ele fez beiço. - Oh meu Deus! Eu tenho tanta pena desse ser! – Nathy o abraçou – Depois eu vou pra lá para você me ajudar a escolher um monte de coisa! - Que nada! Eu vou dormir quando chegar em casa, se você vier com negócio de casamento hoje, eu juro que ligo o extinto de incêndio em você – ele ameaçou sorrindo, enquanto se aproximava da casa que Nathy dissera. - Eu preciso de um favor ainda, passa na farmácia e compra mais uma caixa daquele meu remédio? Por favor! – ela depositou um beijo no rosto dele, e House recuou tentando evitá-lo, em vão – Tchau Lisa! Obrigada por tudo! - De nada, Nathy – respondeu sorrindo. - Passa pra frente! – ela sugeriu sorrindo e despedindo-se alegremente deles, antes de correr até a porta da casa, animada como sempre. House esperou que Cuddy senta-se no banco da frente, para ligar o carro de novo. Por alguns minutos, o ambiente foi invadido por um silencio constrangedor, que só não era absoluto, pois do rádio saia baixinho a música do novo CD que House comprara. - Obrigada pelo elogio... – Cuddy arriscou falar – Do vestido. Ele sorriu em resposta. - Agora a Rachel só irá ficar falando “Nossa Senhora” – ela comentou sorrindo. - E eu vou ficar com a música da “tatauga” na cabeça – ele sorriu também. - Nem sei se era irá querer almoçar! Encheu-se de doces – Cuddy deu um olhar desaprovador meio maternal para o médico - Culpa sua! Você é uma má influencia para a Rach, House – ela brincou. - Eu? O máximo que pode acontecer é ela querer comprar uma moto e virar médica – ele sorriu, enquanto procurava a farmácia – E a última coisa teria muito influencia sua.


- Ah! Mas ela inventaria de ser infectologista! – Cuddy riu, sentindo-se mais a vontade. - Nada! A Rach tem cara de endocrinologista mesmo... – ele procurava uma vaga, enquanto falava – Vou precisar parar aqui rapidamente – explicou. - Tudo bem... - E pro orgulho da mãe ser maior, ela vai se tornar uma diretoria de Medicina do mal que não dá folga pros seus médicos – House riu encarando-a nos olhos pela primeira vez. Cuddy gargalhou com o comentário, enquanto ele desligava o carro para sair. - Do jeito que a Rachel é. Será bem capaz dela se querer trabalhar no Departamento de Diagnósticos como o pai! House parou. E Cuddy também, percebendo o tamanho do significado que aquela frase poderia ter. Ela o fitou, quase desesperada, buscando qualquer reação nele e se odiando por te dito algo tão idiota assim. Um meio sorriso formou-se em seu rosto, mas House sabia que era o tipo de coisa que Cuddy não queria dizer. Mas mesmo assim era engraçado saber que ela podia pensar daquela maneira. Ele a encarou então sem pressioná-la e também não disse nada, esperando para ouvir qualquer reação. - House... Eu... – Cuddy realmente não sabia o que dizer. Ela não queria dizer aquilo! Ou queria? De repente Gregory House tornou-se uma opção? Não! Ele não era! A coisa mais idiota do mundo era acreditar que aquele canalha seria uma opção, por mais... Por mais fofo e atencioso que ele fosse com Rachel. Por mais louca que a pequena fosse por ele. Ela o fitou. Sim... Talvez ele fosse uma opção, improvável é claro, mas... Uma opção. House fechou os olhos, quando repentinamente a mão de Cuddy repousou sobre sua face, para acariciá-la lentamente. Ele sorriu mais ainda com o movimento. Os dois se inclinavam ficando mais próximos. Quando House abriu novamente os olhos, a distância era a menor possível. E a mão dele invadiu os cabelos de Cuddy, segurando-a, gentilmente, pela nuca. Estavam tão perto um do outro que podiam sentir suas próprias respirações. House queria tanto simplesmente esquecê-la. E Cuddy também. Mas naquele momento, a única coisa que conseguiram pensar era em se beijar o mais rápido que pudessem. Os lábios de House tocaram o seu, e Cuddy sentiu seu corpo queimar por dentro, enquanto a mão dele puxava-a carinhosamente para mais perto. O beijo deles era romântico, apressado, cheio de desejo. Mas a mão livre de House apalpava a porta procurando a abertura. Eles não deviam estar fazendo aquilo... Quando a porta se abriu, eles finalmente se separaram, mais ainda ficaram alguns segundos ali, naquela distância gostosa e provocante. A mão de Lisa em seu rosto, sua mão perdida nos cabelos dela. Ele empurrou a porta com a outra mão. - House... Me desculpe – ela sussurrou. - Não se preocupe, Lisa – a pronuncia do primeiro nome lhe causou mais uma sensação estranha – A Rach vai ser uma grande detetive – ele respondeu simplesmente, mas triste, enquanto saia do carro. ___________________________________________________________________ Capitulo 10 – Poker face House apoiou as duas mãos no balcão e respirou fundo, enquanto o vendedor com traços ocidentais procurava o remédio de Nathy para gripe no meio de todas aquelas prateleiras. - Como eu odeio essa mulher... – ele resmungou baixinho, pegando um pirulito em um


pote ao lado – Quanto custa? - Cinco cents – respondeu dando a caixa para House – E o remédio é trinta e cinco. O médico puxou uma nota de cinqüenta e entregou para o balconista. - Me vê o troco em pirulitos – House disse passando a mão na cabeça. Rindo o vendedor começou a tirar os doces do pote e contá-los. - Dia difícil? – perguntou tentando parecer simpático. House o fitou como se estivesse ofendido com a pergunta. Não gostava de ninguém querendo se meter em sua vida, ainda mais se nem o conhecesse. - “Eu odeio essa mulher...” – o vendedor tentou imitar House e sorriu – Se for a do carro – comentou olhando para Cuddy através da grande janela de vidro – eu acharei que você está mentindo. O médico lhe lançou um olhar nada agradável e pegou sua grande sacola de pirulitos e o remédio de Nathy. - A beleza não é tudo, pequeno Yonng. - É Penng! – concertou quase gritando, pois House já atravessa a porta da farmácia. House abriu a porta do carro e rapidamente sentou-se, pegando um doce antes de jogar os dois pacotes para o banco de trás. Suas mãos seguraram o volante com uma força desnecessária. Ele podia sentir Cuddy olhando para ele. Era engraçado e estranho como ele ainda podia sentir o gosto dela em seus lábios e fechou os olhos devagar. Respirou fundo e não disse nada durante minutos. Cuddy também não. Ela não conseguia falar nada, somente se xingar mentalmente pelo que aconteceu. O médico então ligou o carro e continuou o caminho naquele silêncio mesmo. Quando ele arriscava olhar para ela, Cuddy desviava o olhar e quando ela tentava fitá-lo, era a vez dele impedir o contato visual. Ficaram nesse jogo, durante a viagem toda. - Me perdoa? – a diretora perguntou finalmente quando o carro parou em frente a sua casa. - Tudo bem – ele disse secamente. Os dedos de House batiam nervosamente no volante, enquanto o pirulito brincava em sua boca de uma maneira sensual, sem intenção dele. - Você sabe que a Rachel nunca será detetive – Cuddy sussurrou enquanto abria a porta. - Se depender de você... – a voz dele soou novamente amargurada. - Não faça isso – ela pediu. - O que? Eu não estou jogando Cuddy! O que aconteceu hoje não foi... – ele respirou fundo olhando através da janela – Não era para ter acontecido. - Claro que não! - Avise ao Lucas, que as seis, estamos esperando por ele – House disse mudando de assunto. - Espero que isso não mude as coisas... Mas House não respondeu, continuou a olhar para o lado de fora da janela, enquanto Cuddy saia e ia em direção a sua cada.


- Merda! – ele socou o volante antes de dá a partida. Eram praticamente seis horas, quando Lucas tocou a campainha da casa. - Vai lá House – Wilson disse sem larga o controle do videogame. - Por quê? Você que tá perdendo – ele retrucou quase marcando um gol. - Okay – deu pause, antes de levantar – Se você dê play, eu te mato! Ignorando o pedido do amigo, House fez uma careta e tirou do pause, deixando o time de Wilson sem comando e tendo o caminho livre para marcar mais uma vez. - Filho da mãe! – reclamou abrindo a porta. - E ai Wilson? – Lucas entrou – Como vai, Greg? Jogando videogame? House segurou-se para não dá uma resposta sarcástica. - Desculpe, pergunta obvia não? – Lucas concertou-se tirando o casaco e House riu da esperteza dele – Sou o próximo! - Então pega o controle que já está cinco a zero – House jogou o aparelho para o detetive que se jogou no sofá. Wilson cerrou os olhos para House, mas sabia que não poderia vencer mesmo. - Já que me expulsaram do jogo, vou beber algo – ele foi pra cozinha – Alguém quer?! - Eu! – Lucas disse animado. - Também – House respondeu reiniciando o jogo. Antes de decidirem jogar poker, os três continuaram a jogar no Playstation 3, por pelo menos duas horas. House até se esquecera de como Lucas era divertido. - Então ela pegou a taça com a mão e acertou o general – o detetive contava mais uma história, mais animado do que antes, com ajuda do álcool. - Isso é mentira – duvidou House virando o resto do uísque na boca. - Eu tenho fotos! – Lucas tentou se justificar – Nunca vi um homem correr tão rápido com as calças no meio das pernas. - Mas o que aconteceu com a filha? – Wilson já ria mais que o normal. - Ah! Ela abortou e parece que fez contabilidade em Boston – Lucas respondeu mostrando o final da história não era interessante. - E mais uma vez a adolescente curiosa se safa e o cara se dá mal – House riu servindo um pouco mais de uísque. - É o quarto copo ainda e você já está filosofando, House? O médico só riu em resposta e levantou-se para pegar o baralho na gaveta abaixo da TV. Jogou-se no sofá, novamente e começou a embaralhar as cartas. - Que tal Drink Poker? – Lucas sugeriu. House deu então duas cartas para cada, colocando o resto do baralho em cima da mesinha. Sorriu ao ver seu par de valetes. - Começo com um copo de vodka – ele sorriu propondo. - Eu pago – Lucas afirmou animado.


- Estou fora dessa, rapazes – Wilson jogou suas cartas na mesa – Vou ao banheiro. - Vai desistir por que está apertado? – House arqueou a sobrancelha. - Não... Eu vou passar porque estou com uma mão ruim! Eles riram quando o oncologista quase tropeçou quando correu até o banheiro. House virou o flop na mesa. - Mais dois copos e uma pergunta – House ofereceu olhando o detetive. - Uma pergunta? Isso faz parte do Drink Poker? - Achei que não tivesse regras – ele respondeu simplesmente tomando mais um gole. Lucas sorriu, sabia que aquilo poderia ser interessante. Ainda porque o As que abrira na mesa, formava par com o que ele tinha em mãos. - Eu pago. House riu da ousadia e virou a quarta carta. Um três de espada. O jogo não mudou. - Check – House disse batendo na mesa, significando que continuava no jogo, mas não aumentava a posta. - Check – Lucas o imitou e esperou a ultima carta. Um rei também de espada foi virado vagarosamente na mesa. Lucas deu um meio sorriso e House também. - Mais um copo... – House ofereceu. - Eu aumento. Um copo de uísque e um de vodka – Lucas sorriu o desafiando. - Eu pago – ele disse mostrando o par de valete. - Ah! Que pena, Greg. Fica pra próxima – ele disse sarcasticamente mostrando o As em sua mão. Ele chegou a abrir a boca para comentar algo, mas achou melhor não. Contrariado, ele serviu com vodka e tomou de uma vez o conteúdo do copo, fez um careta e se serviu novamente. De novo, tomou rapidamente. Respirou fundo servindo o terceiro. - O que contra o que? – Wilson voltou jogando-se no sofá. - Par de As contra para de Valetes – Lucas respondeu divertindo-se, enquanto House virava o terceiro copo – Falta um. House revirou os olhos antes de se servir novamente. Dessa vez o liquido desceu vagarosamente por sua garganta, e ele fez um careta ao final, sentindo-se tonto. Pegou então uma dose de uísque que Lucas já servia e virou-a de uma vez. - Você gosta da Cuddy? – o detetive perguntou sorrindo e Wilson o encarou assustado. - O que? - Apostamos quatro copos de vodka, um de uísque e uma pergunta... Eu perdi, eu respondo – House disse quase sem fôlego por causa das bebidas. Apesar de saber que aposta era aposta, House encarou Lucas e seu sorriso vitorioso antes de responder. Onde o detetive queria chegar com aquilo? Bem que House poderia simplesmente esfregar em sua cara que beijara Cuddy há algumas horas, mas... - Em que sentido? – ele tentou ganhar tempo para pensar.


- Você ama a Cuddy, Greg? - Eu gostei dela – ele respondeu simplesmente encarando-o. Lucas sorriu, como se a resposta fosse o bastante, por enquanto. - Por que perguntou isso? – Wilson posicionou-se no sofá, ficando de frente para ele. - Ele ganhou a aposta, Jimmy, se quiser perguntar pegue as cartas – House queria mudar de assunto e entregou duas cartas ao oncologista. - Precisava saber – explicou e voltou-se para House - Por que está fazendo isso, Greg? – Lucas perguntou dessa vez. - Um par de As, uma pergunta – ele disse sorrindo. - De repente eu virei uma opção? – Lucas o encarou, cruzando os braços – Decidiu seguir em frente... Esquecer a Lisa e se tornar meu amigo... Por quê? - Se quiser saber ganhe de mim novamente – ele tomou mais uma dose. - É, House, por quê? – Wilson também estava interessado. - Oh Jesus! É um complô – House escorou-se no sofá – Achei que era para nos divertimos essa noite. - Pra isso preciso saber se tudo isso é verdadeiro – Lucas disse sinceramente – Eu gosto de você, Greg. Confesso que senti sua falta e que fiquei triste por tudo que aconteceu. Mas eu não posso desistir da Lisa... - Por isso Lucas. Você é o cara certo para ela – House o fitou. - Pensei que você era o menos errado – ele sorriu – Aquela noite... - Eu estava bêbado! – ele justificou-se. - E está sóbrio agora? – Wilson perguntou com os olhos cerrados. - Isso não é um plano – House parecia impaciente – É uma noite com amigos. Bebida, poker, conversar fora... A não ser que eu dope você e tire fotos suas, só de cuecas, com garotas asiáticas isso implicaria em seu relacionamento com a Cuddy. - Então, tudo isso é... Verdadeiro? - Por que não seria? - Você é um grande cara, Greg – Lucas riu, pegando suas cartas em cima da mesa. - Eu sei – ele respondeu rindo – Eu sei... House, Lucas e Wilson continuaram em seu Drink Poker, por mais uma hora. Mas as perguntas não eram tão parecidas com a primeira. Já bêbados responderam coisas mais pessoais. Wilson precisou confessar que morre de medo de cabras, Lucas disse que já se vestiu de mulher em um caso e House teve que dizer, e mostrar, que sabe decorada a coreografia de Billie Jean. Depois que terminaram de jogar, pediram comida tailandesa, porque o detetive reclamou que nunca experimentou a culinária do país. Mas resolveram parar de beber, antes que cada um entrasse em coma alcoólico. Após o jantar, Wilson desmaiou de sono no sofá. Totalmente apagado, seu braço balançava para fora do móvel. E House podia jurar que ele babava. O médico e Lucas continuaram um bom tempo jogando Playstation 3, contando histórias engraçadas e apostando corrida no emulador. - Quanto custou esse volante? – Lucas perguntou divertindo-se com as curvas.


- Nem sei. Eu comprei junto com um monte de coisas – House respondeu sem tirar os olhos da pista – Ganhei de novo! - Claro! O videogame é seu – revirou os olhos. - Isso é desculpa de perdedor – House brincou, enquanto o detetive levantava – Já vai? - São quase dez horas – olhou no relógio – Estou bêbado... A Lisa vai me matar... House riu. - Pode chamar um táxi? O médico levantou-se e foi até o telefone ao lado da TV, no caminho cutucou Wilson com a bengala para ver se o amigo ainda estava vivo. - Não se preocupe Lucas... – discou - Você não será castigado sozinho, a Cuddy vai querer matar eu e o Jimmy também... Lucas jogou-se no sofá, enquanto House dava o endereço para o táxi. - Valeu por essa noite, Greg! – ele disse rindo. - De nada... – tocou em seu ombro e depois deitou no sofá. Quando Lucas partiu, House sabia que precisava de uma única coisa: a cama. Esforçouse para arrastar Wilson até o quarto dele e depois rumou, quase dormindo, para seu próprio quarto. Jogou-se então entre seus lençóis, sabendo a ressaca que o esperava, mas... Fora uma boa noite. Com o tempo House percebia na prática, algumas coisas que Nolan tentava lhe dizer no período que passou em Mayfield. Se ele tentasse ser mais amigável, mais aberto, tentar mudar um pouco... Ele seria mais feliz. E House sentia-se feliz naquele momento, só não estava mais perfeito, pois uma coisa ainda perturbava sua mente: o beijo. - Como eu odeio essa mulher... – ele sussurrou para si mesmo entre os dentes, sabendo que seria uma longa noite de sono. E que o que dizia, era uma grande mentira... Como House previra, ele passou a manhã inteira dormindo. A ressaca de Wilson o deixou com pena suficiente para não acordar o amigo no horário normal. Mas o verdadeiro plano do médico, de só acordar na segunda-feira, foi interrompido quando algo pesado pulou sobre ele na cama. - Greg! Já é uma da tarde! Acorda! - Nathy sorriu em cima dele. House gemeu mal humorado e virou-se em um movimento suficientemente grande para fazer a noiva do amigo cair. Nathy levantou-se dando língua para ele e batendo de leve em seu ombro. - A Tammy fez um almoço para conhecer o James, você não que ir? - Sua irmã é uma tarada – ele disse bocejando – Ela quer me agarrar! - Quem manda você ser um doutor mal e sexy? – brincou puxando o lençol que o cobria – Vamos logo! - Eu não estou afim – ele resmungou, embrulhando-se novamente. - Ih! Está de ressaca é? Deixa-me pegar um remédio pra você! E ela saiu do quarto pulando, correndo até a cozinha. Ainda com sono, ele jogou o lençol outra vez em cima do seu rosto.


- Pela cara do James, ontem deve ter sido legal – Nathy comentou entregando uma pílula e um copo com água pra ele, e sentando-se na beira da cama. - Foi... – respondeu sem emoção levantando o tronco para engolir o remédio. - É legal o que você está fazendo sabe? Com o Lucas e tal... – ela sorriu. - Não acha que eu tenho segundas intenções? – sua voz soou irônica, quando ele jogouse novamente na cama. - Por que acharia? – Nathy transparecia uma inocência infantil, isso a fazia sempre agir com sinceridade. - Eu não sei... – ele deu com os ombros – Parece que tudo que eu faço sempre tem segundas intenções. - Sua fama te mata, Greg – Nathy falou de um jeito que não parecia ruim. Mas ele entendeu o recado – Não seria capaz de duvidar de sua intenção. Pelo menos não depois do que você falou para mim e para a Remy... Ele a fitou por alguns segundos, estudando se deveria contar para ela o que ocorrera no dia anterior. Mas achou melhor não, deu apenas um sorriso triste e voltou a fechar seus olhos, ainda com sono. - Não que ir mesmo? – ela fez beiçinho e House riu – Vou trazer comida para você então! - É arriscado – brincou – Sua irmã pode querer colocar alguma porção do amor... - Que engraçado, senhor Gregory House! – levantou-se pegando a bolsa. - E ai? Vamos? – Wilson apareceu na porta sorrindo. - Podem ir, eu vou ficar dormindo. - Vamos trazer comida então de lá – ele ofereceu educadamente. - Eu me viro aqui – House sorriu. - Certeza? – Nathy insistiu mais uma vez. - Vá embora daqui, rapaz! – ele a empurrou da cama rindo. - Também te amo Greg – ela gritou correndo para a porta – E trate de atender seu celular! Liguei milhões de vezes de manhã. Ele tateou a escrivaninha ao lado da cama e alcançou seu celular, ao abri-lo leu o visor: Quatro chamadas não atendidas. - Nossa que exagerada! – disse sarcasticamente – Só me ligou quatro vezes, pensei que fossem quarenta. - Engraçado – ela falou de repente – Só liguei três. Tchau, Greginho! House cerrou os olhos, pois não gostava daquele apelido, mas também não reclamou. Era o jeito maluco e sem noção de Nathy tratá-lo, hora implicando com ele hora cuidando dele. Então voltou a se virar, procurando uma posição confortável, enquanto Nathy e Wilson saiam. Estava pronto para dormir, até que percebeu o que Nathy falara: Só liguei três vezes. Ele voltou a pegar seu celular e apertou na opção que mostrava o registro das chamadas perdidas. Lá estavam as três ligações de Nathy e uma de Treze. House ficou um tempo com o celular na mão, antes de resolver retornar a ligação. - Treze? – perguntou como se não fosse obvio.


- House? - a voz dela ecoou no telefone – Te acordei? - Tecnicamente... Tinha uma ligação sua – tentou justificar. - Ah é! Queria te mostrar umas coisas... Sobre a despedida de solteiro. Você está ocupado? O plano de House para aquele domingo era simplesmente dormir o dia inteiro, quem sabe acordar de noite para assistir a luta livre. Mas de repente, não pareceu uma má idéia. - Estava dormindo, mas me forçaram a acordar... Já almoçou? - Ia fazer isso agora. Você já? - Não... Traga frango, meu apetite está exigente hoje – ele sorriu. - Cara-de-pau! – ela resmungou desligando o telefone. Sabendo que ela iria demorar pelo menos uns vinte minutos, House arrastou-se até o banheiro. Por que todo mundo acha que eu sou um cara-de-pau?. ___________________________________________________________________ Capitulo 11 – “Der Kuß des Teufel” House já assistia TV, quando a campainha tocou. Uma hora e vinte minutos? Essas mulheres..., ele resmungou para si mesmo, enquanto mancava, faminto, até a porta. - Pois não? – brincou olhando para o relógio. - Hey! Já estava pronta, demorei para encontrar seu frango – ela retrucou mostrando o pacote com duas tigelas. - Trouxe frango? Está perdoada... Ele abriu caminho para que ela entrasse. - Vou precisar de ajuda para tirar uma coisa do carro – Treze comentou enquanto colocava a comida na mesa. - Você trouxe strippers? – perguntou mancando até fora. - Bem que eu queria, só encontrei Go Go boys – ela riu abrindo o porta mala. - Eu dispenso... O que é isso? – House curiosamente observou uma grande caixa que quase ocupava todo o espaço atrás do carro. - Só depois do almoço! - Ih! Num estou tão afim de joguinhos – ele puxou a alça e viu o quão era pesada – Isso! Pede do aleijado para carregar a mala com strippers! - E não pode deixar cair – disse pegando na outra alça – Se não perde a graça. - Sério – ele disse fazendo força para carregar e praguejando os degraus desnecessários em frente à casa – estou ficando curioso... Quando jogaram a caixa no chão da sala, os dois jogaram-se no sofá, extremamente cansados. - Quem colocou isso no carro para você? – a voz dele era ofegante. - O Big Joe – ela respondeu rindo – Deu pra entender como ele conseguiu colocar, não é? - Não me permita imaginar – House disse sarcasticamente levantando-se para voltar até


a mesa – Posso comer isso sem perigo de morrer envenenado? - Por que eu te mataria? Perderia meu emprego... - Que nada! Cuddy colocaria o Foreman como chefe, e o departamento iria continuar – ele falou já rindo, sabendo o quanto ela ficaria com raiva. - Cala a boca, House! Ele riu e colocou um grande pedaço de frango na boca. - Você poderia ter cozinhado... - Já não abusou demais do seu chefe aleijado fazendo-me carregar aquela mala? Eu não cozinho mais... - Por quê? Você era ótimo... - Preguiça – ele respondeu rindo. - Deus! Sabe o quanto a humanidade ganharia se não fosse a preguiça? - Praticamente nada – comentou divertindo-se – Se o homem não tivesse preguiça de andar ele não inventaria a roda! - Que desculpa mais esfarrapada... Por que inventaram evoluíram os carros, então? - Porque tinham preguiça de estudar e tornarem-se interessantes, então criaram os carros esportivos – ele riu. - Onde estão a Nathy e o Wilson? – perguntou mudando de assunto. - Foram até a casa da Tammy... - Não quis ir? - Não acordei muito disposto – respondeu simplesmente dando uma ultima garfada em seu prato. - Algum dia acorda? – ela riu. - Alguns dias são piores que outros – comentou. - Eu sei como é... – ela respirou fundo e continuou ao ver a curiosidade nos olhos do chefe – Quando se tem uma doença que lhe dá uma sentença de morte, é normal acordar alguns dias e não estar... Feliz. - Mas eu devia estar feliz – House disse pensativo. - Sabe o que você faz? – ele balançou negativamente a cabeça – Sai, compra vestidos, toma soverte e fala mal das outras garotas! Ele riu. - Ah! Confundi! Isso só serve para as minhas amigas – ela continuou ironicamente – No seu caso... A gente fica em casa jogando videogame, toma soverte e fala bem das garotas. Eles ficaram em silencio por um bom tempo, depois disso, enquanto terminavam de arrumar a mesa e iam em direção a sala. House jogou-se no sofá deixando sua cabeça inclinar para trás. - Você parece mais chateado que normal... - Treze comentou, enquanto sentava-se. - Eu odeio aquela mulher – ele disse sem saber de deveria dizer. - O que aconteceu? Entre você e a Dra. Cuddy? – ela completou sagazmente.


House a fitou como se procurasse algum motivo para contar a ela sobre o ocorrido. E simplesmente não encontrou nenhum. - Nos beijamos – ele disse mesmo assim. Os olhos de Treze se abriram em surpresa, mas a médica não comentou nada. Dobrou suas pernas em cima do sofá e puxou uma almofada abraçando-a. - E a odeia por isso? – perguntou finalmente. - O que eu faço? – as mãos deles passavam por seu cabelo. Treze nunca vira o chefe tão... Vulnerável. - Depende... Talvez o melhor seja seguir o plano. - Como assim? - Por exemplo... Ontem eu fui almoçar com o Chase – ela comentou fitando-o. - E ele te agarrou? – House riu com a idéia. - Não! – ela jogou a almofada nele – Mas ele realmente está mal pela Cameron, sabe? A conversa até que foi boa, até chegar a um assunto não tão legal... - Eric Foreman – House respondeu por ela. - Sim. Chase comentou em como ele estava desde o dia em que nos separamos... - Você ainda gosta dele? – ele perguntou erguendo de leve as sobrancelhas. - Infelizmente sim... - E ele ainda gosta de você? - Pelo que o Chase disse – Treze respondeu juntando a almofada do chão e ajeitando-a sob seu colo. - Então porque diabos vocês não estão juntos? Isso melhora o humor de vocês e fazem ter idéias melhores para mim – ele riu ao concluir. - Primeiro que eu pensei que você fosse contra nosso namoro... - Eu sou contra tudo, é parte da minha natureza – ele brincou. - Segundo que eu não posso ficar com um cara que não tenha certezas sobre seus sentimentos. - O Foreman te ama... - Você acha? – ela perguntou e o cara fez cara de que era obvio – Isso não basta! - Ele te ama, você o ama e... - Mas ele não diz! Não admite! O que importa se ele me ama se ele não diz? É a mesma coisa que não amasse... Não admitindo ele está jogando o sentimento no lixo. Como se dissesse que não queria se sentir assim... House ficou em silêncio fitando o teto. Tivera mais de oitocentas chances de dizer a Cuddy que a amava e simplesmente não fez... Então, ela se sentia assim? Como se House gritasse que odiava o fato de amá-la? - Meu caso é o mesmo que o seu... – ela comentou pensativa. - Como assim?


- Houve o beijo, isso é fato... O beijo diz que você gosta da Cuddy e ela gosta de você, mas... O que realmente significou? – Treze o fitou sinceramente. O chefe a encarou ainda sem entender onde ela queria chegar. – Foi algo tipo “House passa amanhã lá em casa, pois eu vou dispensar o Lucas”? – ela continua a se explicar - Ou estava mais para “Sim, eu sou louca por você, mas ainda assim o Lucas é o melhor caminho, foi mal”? - Ela pareceu envergonha e chateada depois... Então a segunda opção parece ser a mais verdadeira... - Nesse caso... Continue com o plano de esquecê-la – Treze disse fitando a caixa em sua frente – Chase me contar que Foreman ainda pensa em mim não significa que ele quer algo de verdade, assim como o beijo não significa que ela está disposta a arriscar. Às vezes vemos coisas onde elas simplesmente não existem... - A vida é uma merda não é? – ele perguntou tentando sorrir. - Só às vezes – tentou parecer séria – Por que não cuidamos de fazer o que viemos fazer? Despedida de solteiro! - Boa idéia... Pelo menos... Eu paro de pensar naquilo... - Meu Deus, homem! Vou pegar o videogame e o sorvete! – ela brincou tentando animálo. Mas se havia alguém no mundo que pudesse saber o que House estava passando, era Treze. - Fazer a despedida de solteiro já serve – ele riu – Pode abrir essa caixa? - Calma homem! – ela brigou abrindo o objeto. O que é que estivesse lá dentro, ainda estava escondido por uma proteção de espuma e em cima desta algumas pastas – Ai tem a relação de alguns strippers e alguns “shows”. Mas sinceramente eu gostei das garotas da festa do Chase, então? House a fitou espantando. Não sabia que ela estava tão animada para organizar tudo aquilo. Ele folheou e analisou as lindas garotas da pasta. - Só precisamos colocar um aviso com o sabor do licor que elas usam – 13 riu – Não queremos choques anafiláticos. - Com certeza não... Mas tenho algo mais especial – ele comentou levantando-se e pegando algo na gaveta abaixo da TV – Dê uma olha nisso, criança. A médica sentou-se ao lado dele e observou atentamente a TV. Femme Fatale estava escrito logo na primeira cena. Treze abriu a boca sem reação ao ver aquela mulher na pole dance. Ela era simplesmente incrível! - Caroline Sneijer – House explicou, inclinando um pouco sua cabeça para observar melhor a mulher – a melhor stripper de todo a Holanda! - A festa do Wilson terá stripper importada? – ela pareceu animada. - Claro que sim! Sinceramente eu espero que ele e Nathy sejam felizes para sempre e mais toda aquela coisa melosa, ou seja, Jimmy não irá mais se casar... - A despedida das despedidas... – Treze concluiu sorrindo, sem tirar os olhos da TV – Sim, merece stripper importada. - Quando decidirmos a data eu comprarei as passagens... - Já falou com ela? Que eficiente! – comentou, mas depois fez beicinho quando House desligou o DVD – O catálogo fica com você e então você decidi as meninas, confio em você pra isso... - Obrigado – ele riu.


- Quanto ao local, temos que decidir... Isso é muito importante. - Se não acharmos nada de interessante podemos fazer aqui em casa mesmo – ele comentou continuando a folhear o catálogo de strippers. - Pensei em uma festa temática – ela disse batendo no próprio queixo com os dedos. - Las Vegas! – House sugeriu animado. - Pode ser... Mas depois a gente vê isso. Temos que definir as atrações... Aquelas coisas de sempre: pole dance e tudo mais... - Concurso de quem mija mais longe, quem vomita primeiro ou quem acerta qual strippers vai conseguir conquistar nosso pequeno Taub – brincou House. - Até parece que vamos fazer isso – ela revirou os olhos. - Hey! É festa de homens... Você só vai porque está organizando... E porque você se comportou na festa do Chase – disse com um sorriso malicioso. - Okay, chefe - ela prosseguiu revirando novamente os olhos, mas foi se aproximando da caixa – Porém, temos que decidir antes uma das coisas mais importantes da festa. - Achei que eu escolheria as strippers! - Não estou falando delas – retrucou como se fosse obvio – As strippers são como – ela procurou uma metáfora - carros e eu estou me referindo – Treze de uma só vez puxou a proteção que escondia o que tinha dentro da caixa – ao combustível desses carros! House inclinou-se para analisar melhor o conteúdo da caixa. Haviam alguns copos na parte central, mas estavam circulados por pequenas garrafas cada um contendo uma bebida diferente. Tomando a iniciativa, Treze pegou a primeira garrafa, abriu e serviu uma dose em dois copos. - El gitano – a médica leu ao guarda a garrafa – Deve ser bom... - Onde você conseguiu isso? – House arqueou as sobrancelhas fitando o copo. - Tenho minhas fontes – ela riu virando o copo. Lambeu os lábios e fechou os olhos como se analisasse o gosto – Doce demais, não acha? House virou de uma vez o liquido e acabou concordando com ela. - Nota seis... Vamos ver se temos mais sorte com... – ele retirou outra garrafa – Spécialiste! Humm. Bebidas francesas. Os dois viraram os copos e fizeram um careta. Diferente da outra, essa era mais forte e até um pouco picante. - Eu gostei – Treze disse ainda sentindo o gosto na boca. - Deixe separado... - O cara que me arranjou as amostras, disse que faz o pacote com quatro bebidas a nossa escolha – ela explicou pegando a terceira garrafa. - Preciso conhecer esses seus amigos – ele riu, enquanto virava na boca uma dose da também francesa Les sauveurs – Preferi a outra. - Tem razão. House e Treze experimentaram pelo menos mais dezesseis tipos de bebida, dos mais diversos países. Colocavam algumas separadas, suas preferidas, para depois escolher as quatro melhores. Ambos já estavam visivelmente bêbados, quando House retirou uma


garrafa alemã de dentro da caixa: Der Kuß des Teufel. - Que nazista – ele comentou analisando a garrafa. - Será que Hitler bebia isso? – Treze já estava rindo do nada, por tantas doses. - O beijo do diabo... – ele leu o rótulo – É o que está escrito. - Quantas línguas vocês sabe falar? – surpreendeu-se. - A que você quiser – disse galanteador. Começou a servir os copos, e depois massageou a face dolorida com a tapa. - Nem me olhe assim, chefe, você mereceu – ela riu pegando o copo. - Vamos ver se faz jus ao nome – House virou com tudo e a médica fez o mesmo. Assim que o líquido tocou-lhes os lábios, ambos sabiam que haviam encontrando a bebida perfeita. Era um sabor inexplicável, nem tão doce, nem tão amargo. A sensação daquilo descendo-lhes a garganta era maravilhosa. Tanto que House serviu novamente. - Isso é perfeito! – Treze disse entregando o copo para que ele enchesse o seu também. - O beijo do diabo – ele repetiu divertindo com o nome – Pode colocar na lista junto aquelas duas. Quando terminaram de experimentar as outras oito garrafas que restaram. House e Treze ainda tiveram estomago, e fígado, para esvaziar toda a Der Kuß des Teufel, enquanto assistiam a filmes e discutiam outras questões da festa. - Meu Deus! Sabe que horas já são? – Treze olhou no relógio – Dez da noite! - Passamos a tarde bebendo – House riu, sabendo que não tinha graça, mas só porque queria rir – Onde se meteram a Nathy e o Jimmy? Já deviam ter chegado... - E eu era pra estar em casa! Temos que trabalhar amanhã e estou bêbada – ela riu como se não fosse errado – A Cuddy vai me matar – concluiu quase como se cantasse. - Engraçado – comentou desligando a TV – Você não é a primeira bêbada que me fala isso no final de semana... - Lucas também saiu daqui em mal estado? – perguntou rindo. - Bom... Matar-me duas vezes a Cuddy não vai – ele se levantou para pegar o telefone – Quer que eu chame um táxi? - Vou dirigindo... – disse caindo no sofá. - Vai morrer se você tentar dirigir – ele discou o número da agência – Você já dirigi mal normalmente... Se quiser eu te levo... - Meu Jesus! Ai eu morro com certeza – caçoou. - Hey! Sou quase o Schumacher – ele fingiu estar ofendido – E alias, é perigoso você ir de táxi. O motorista vai te ver bêbada e vai te atacar – riu, mesmo sabendo que não seria uma situação engraçada. - Se eu for dirigindo, eu moro. Se eu for de táxi, serei atacada. Como vou para casa? Eu que não durmo aqui! Ele terminou de dá o endereço da casa para a atendente. - Eu te acompanho no táxi, o cara não vai te atacar se eu estiver com você – ele disse simplesmente.


- Bondade sua, chefe, mas... Na volta, se você for atacado, eu me sentiria culpada – ela riu, jogando-se novamente no sofá. - Claro que se sentiria! Foi você quem me embebedou! – House riu, deixando seu corpo cansado deslizar no sofá. Não demorou muito para ouvirem a buzina do lado de fora. Pegando sua bengala e seu casaco, House abriu a porta para sairem. A caixa ficara na casa dele, e amanhã, os dois dariam um jeito de devolvê-la ao Big Joe. O motorista estava nitidamente desapontado quando logo após a bela dama, entrara no carro também House. Treze disse o endereço e começaram seu caminho. - Então... querida – ele falou divertindo-se – Vai seguir seu plano? - É. Depois de um tempo você percebe que a vida continua. - Isso é obvio, mas... Vale à pena continuar sem eles? - Que papo mais suicida! – ela brincou empurrando-lhe de leve – Acha que ainda devemos tentar? Depois de tudo... - Uma vez... – House parou um pouco, por estar bêbado não organizava suas idéias tão bem – Uma vez a Nathy me disse que o que define alguém é quem ela ama. - Desistir do amor é desistir de nós mesmo? – Treze perguntou confusa. No banco da frente, o motorista ria da conversa deles. - Talvez vocês só estejam amando a pessoa errada – ele comentou. - Como assim? – a médica perguntou sem parecer incomodado com o comentário dele. Diferente de House que fechou a cara. - O filosofo ai – apontou para o infectologista – Pode está certo quando diz que a coisa mais importante para alguém é quem ela ama. Então esse é o ponto – continuou e o sotaque latino dele era engraçado – Como saber quem é realmente a pessoa que você ama... - Ele tem razão – Treze disse pensativa. - Ele é um motorista – House disse sarcasticamente, enquanto o carro parava. - Conheço da vida, meu chapa – ele não pareceu ofendido – Não pensem que são o primeiro casal bêbado a entrar no carro do papai, aqui. Treze riu com o comentário e deu uma bela gorjeta para o simpático homem e depois riu achando que ele não era o tipo de cara que a atacaria se estivesse sozinha. - Dispensei porque acho que você não ia querer voltar com ele – ela disse sorrindo. - Obrigado, eu não ia agüentar os conselhos do “papai” – House respondeu mal humorado, enquanto olhava pela rua procurando outro táxi. - Valeu por me escoltar, foi muito gentil... – Treze disse sinceramente, enquanto caminhava até a porta de sua casa e riu ao ver que House a acompanhou – Acha que eu serei atacada da calçada até minha porta? - Nunca se sabe... – ele disse sorrindo. Ela procurou as chaves na bolsa, e ao encontrá-la, fitou o chefe e riu. - Qual é a graça? - Sei lá... Não parece com você... – ela comentou enfiando o objeto na fechadura – Se preocupando com alguém...


- Por que as pessoas acham que tudo que eu faço tem uma segunda intenção? - Porque na maioria das vezes tem – riu – Todo mundo é assim... O problema é que as suas segundas intenções são mil vezes mais elaboradas. Ele desviou o olhar, por alguns segundos. Sinceramente, ela não quis ofendê-lo ao comentar o quão diferente ele estava. Ela só disse porque... Ele estava. House a fitou por alguns segundos, e mancou até chegar mais perto dela. - Não... House... – ela sorriu sabendo onde ele queria chegar – Você é como um pai pra mim. O médico sorriu e deu um passo para trás, meio desapontado. Mas quando se preparava para ir até a rua procurar por um táxi. Sentiu a mão dela segurando-o pelo braço. Não demorou muito para sentir, agora, os lábios dela nos seus. O beijo dela era diferente, quase enigmático. House deu um meio sorriso quando se separaram. - Achei que tivesse dito... Os dedos dela impediram-lhe de continuar falando. Ela se aproximou do chefe, e disse em um sussurro em seu ouvido. - Eu disse só para ver sua reação... E saber se eu poderia fazer o que eu fiz... - Fique a vontade para achar eu que sou seu pai – ele riu. Quando a porta abriu e os dois entraram na casa, apesar de beijá-la, House massageava sua face novamente, pois levara outra tapa. As mãos do médico viajavam em sua costa, levantando de leve sua blusa, enquanto Treze bagunçava-lhe os cabelos. Eles foram caminhando até chegarem ao sofá, e se separaram porque o oxigênio se fez necessário. Um pouco agressivamente, a médica lhe empurrou no sofá e House se viu forçado a deitar ali. Habilidosamente, ela começou a desabotoar a camisa dele, enquanto o chefe beijava-lhe o pescoço. - Sabe... Que não... Poderá... – ele dizia ofegante – Me processa... Por assedio sexual... - Claro que não! – riu com o comentário dele, enquanto o chefe, também com habilidade, tirou sua camisa. Levantou-se um pouco, e viu seu quadril envolvido pelas pernas dela. House massageou com um pouco de força as coxas dela, mas Treze gostava daqueles movimentos mais agressivos. Tanto que mordeu próximo à clavícula do chefe, deixando uma marca vermelha no lugar. - Eu não conheço sua casa, então... - O quarto é ali – ela apontou para o final do corredor. Tentando deixar todo o peso do corpo dela forçar só sua perna boa, House e Treze caminharam aos beijos para o quarto. Eram beijos eróticos e enérgicos. As mãos deles deslizavam sobre seus corpos como se estivessem se descobrindo. - Oh House! Como você é bom nisso – Treze gemeu em seu ouvido, quando as mãos deles chegaram agora na parte interior das pernas dela. Os movimentos circulares e lentos estavam levando a médica à loucura. Ela também não deixou por menos e começou a beijar e mordiscar toda a extensão do tórax dele, que estava muito conservado para a idade. House segurou os pulsos dela fazendo-a deitar por baixo dele, agora. - Eu sou o chefe – ele disse maliciosamente. - Estamos mesmo bêbados, não é? – Treze perguntou quase em um gemido, enquanto House


viaja novamente em seu pescoço. - Humrum – respondeu novamente com aquele sorriso malicioso. - Oh! E ainda quer conversar as pessoas que não tem segundas intenções? – ela riu mordendo o lóbulo da orelha dele. - Hey! Foi você quem dispensou o táxi... Você quem me beijou... E quem disse onde era o quarto – ele tentou se defender, gemendo de prazer, enquanto Treze acariciava sensualmente seu abdome. - Que cara manipulável, você... – ela brincou puxando um pouco a calça dele com os dentes. - Eu fiquei vulnerável por causa do “Beijo do Diabo” – ele riu, fechando os olhos para aproveitar aquela sensação gostosa. Treze riu, beijando-lhe rapidamente os lábios e sorrindo sensualmente para ele. - A culpa sempre é da bebida... ___________________________________________________________________ Capitulo 12 – Eu preciso da verdade... James Wilson estava em sua sala naquela manhã, o dia anterior tivera sido maravilhoso. Conhecer a irmã de Nathy fora ótimo e ele percebeu que se daria bem com Tammy, mas estava nervoso, pois na próxima semana Wilson teria que conhecer os pais da noiva. Edgar e Cristina Doyle viriam de New York para Jersey, no domingo, para o jantar oficial de noivado. - Preciso de você... – Cuddy disse decidida ao entrar em sua sala e fazê-lo voltar de seus pensamentos. - O que foi Lisa? A diretora, que até aquele momento, estava de costa para o amigo, respirou fundo ao virar-se para encará-lo. Pelos olhos dela, Wilson já podia saber que havia algo de muito errado. - Eu... – ela sentou-se antes de continuar, desviou seu olhar por um tempo, mas resolveu encará-lo – Beijei o House... As palavras, de inicio, pareciam não fazer sentido para o oncologista, porém, aos poucos, ele foi pensando e seus olhos se abriram de espanto. - Lisa... Quando?... Como? – Wilson mal conseguia falar. Cuddy escondeu seu rosto nas mãos e sacudiu lentamente sua cabeça. Ele então deu a volta na mesa e sentou-se ao lado dela, sua mão apoiando seu ombro. - No sábado... Depois das compras... - Mas e o Lucas?! Bom, ele não deve saber, já que não falou nada no jantar... Cuddy... O que aconteceu? - Eu fui uma idiota, Wilson! Falei uma coisa que não deveria e dei espaço para que acontecesse... Eu sou uma idiota! – ela não conseguiu impedir as lágrimas. Wilson a envolveu num abraço protetor enquanto pensava se havia alguma lógica em tudo aquilo. House disse que ia esquecê-la... - Eu achei... Eu achei que House não fosse mais um problema – ele comentou, sem saber muito que dizer, nem mesmo o que pensar. - E não era! – Cuddy jogou seus cabelos para trás, tentando sentir-se melhor. Era como se faltasse espaço ou ar. Algo a sufocava – Até que...


- Até que? - Droga James! Olha como o House está agindo... O Lucas está adorando conseguir ser amigo dele de novo, a Rachel é louca por ele. Além do mais, ele está muito dedicado ao seu casamento, nem ouço mais reclamações dele... House... – ela o fitou – Ele está mudado. Wilson ficou em silêncio por um tempo, calculava cada palavra em sua cabeça antes de pronunciá-las. - House mudou desde que saiu de Mayfield... Ele viu sua vida desmoronar de repente, quase perdeu tudo o que tinha, então... Gradualmente ele teve que mudar. Cuddy passou novamente a mão nos cabelos. Que merda!, ela pensou ao perceber que ainda podia sentir o gosto dele em seus lábios. - Wilson... Eu não sei porque fiz isso.. Wilson ficou em silêncio por alguns minutos, sinceramente, era informação de mais em pouco tempo. Ele precisava entender porque aquilo tinha acontecido, mas não achava resposta. - Lisa... A pergunta é: qual foi o erro? A diretora o fitou, sem entender onde ele queria chegar. - O beijo foi o erro? Ou todo o resto que está errado? - Com todo o resto você quer dizer o Lucas? – Cuddy o fitava sem acreditar no que ele dizia. - Lisa, o House mudou isso é um fato. Não era o que você queria? Você gostava dele e só não estava com o House pelo que ele era... Agora, a única desculpa desmoronou e você está confusa, pois não há mais nada que a impeça de ficar com ele... - James... Como pode ter tanta certeza? - Ele está sendo maravilhoso... Comigo e com a Nathy... Claro que ele está sendo o melhor em seu limite. Eu não espero que House vire um santo da noite para o dia, e nem espero que ele melhore a esse ponto, mas... Ele está se esforçando, sendo mais sociável e mais aberto... - Eu sei, James... Mas... - House mudou, você queria que ele mudasse. O que vai fazer com isso? É simples – ele a fitou sinceramente. - E se ele não tiver mudado? – Cuddy parecia juntar coragem para fazer essa pergunta, e tentou de todas as maneiras fazê-la sem parecer ofendê-lo. - Como assim? Acha que tudo isso... Ser padrinho da Nathy, ajudar com o casamento... – ele parou para pensar um pouco – Ou o jeito como ele está tratando o Lucas e a Rachel... É uma armação? - E se for? James, eu não estou duvidando, mas acha que eu deveria desistir de tudo? Wilson pareceu entender o ponto que Cuddy queria chegar, ajeitou-se no sofá e ficou em silêncio por mais alguns segundos. - Siga o plano... – ele disse simplesmente. - Continuar com o Lucas? – perguntou parecendo satisfeita com a idéia – Parece ser o melhor, mas o fato do House e eu termos nos beijados não vai simplesmente desaparecer e... – Cuddy parou de repente de falar como se tivesse percebido algo – É segundafeira, nos beijamos no sábado, ele ainda não tinha te contado?


- Não... – ele também estranhou – Mas sábado eu só o vi quando saímos com o Lucas, ele não contaria, e domingo eu mal o vi. Nem dormiu em casa... - Ah James – Cuddy o abraçou, ainda sentada – Você tem tanta sorte... Pela Nathy... Cuida dela, nunca se esqueça de dizer a ela que a ama... Vocês têm um amor tão puro, sem essas complicações... - Obrigada, Lisa – ele sorriu devolvendo o abraço. Wilson observou enquanto a diretora saiu, respirou fundo e continuou lá mesmo pensativo, tentando achar algo que fizesse sentindo naquele beijo. O oncologista já se levantava para continuar a analisar os relatórios do seu paciente, quando sua porta foi novamente aberta. Mas dessa vez ele pode ver: Gregory House. - Eu beijei... - Eu já sei – Wilson falou cortando-o, enquanto sentava. - Já? Nossa! Como a Treze é apressada! – ele riu jogando-se no sofá. - Treze? – perguntou arqueando a sobrancelha. - Sim, ontem à noite, estávamos... – ele parou de falar, pois seu bip tocou. Tirandoo da cintura e olhando o visor ele pode ler:Hemorragia interna. Parada respiratória. O paciente tinha piorado - Preparando coisas do casamento... - E se beijaram? - Sim... - E...? Como foi? - Nossa Senhora! A Treze é maravilhosa - ele respondeu rindo, enquanto abriu a porta para ir até sua sala, verificar o diferencial. Desligou mais uma vez seu bip que novamente o chamava urgente - E... Esse é o problema de estar apaixonado... E saiu. Dizendo simplesmente isso, ele saiu. Wilson ficou um tempo ali, parado em sua sala, tentando diregir tudo que House falara.Esse é o problema de estar apaixonado? Wilson respirou fundo e ao sair no corredor não encontrou mais o amigo. Seguiu então pensativo para a sala de Lisa Cuddy. Cuddy finalmente tinha conseguido se concentrar na papelada que precisaria entregar na reunião de quarta-feira com o conselho, quando Wilson entrou, sem bater, em sua sala. - Convivência com o House? – ela brincou, ainda encarando os papéis. - O House bate na porta, agora... – Wilson riu tentando se concentrar no que tinha para dizer. - Ah! Ele é um santo, agora, quase esqueci – Cuddy falou como uma brincadeira, mas ela realmente queria acreditar nisso. - É real – ele disse sentando-se a sua frente. - O que? - House... Ele mudou... De verdade – Wilson parecia pesar cada uma de suas palavras antes de dizê-las. A diretora o encarou sem entender. Claro que Wilson era o melhor amigo dele, e seria difícil que ele duvidasse de House. - James, você sabe que... Pessoas não mudam.


- Qual seria o único motivo para o House fingir que mudou? – ele falava vagarosamente. - Me deixar com duvidas? - Exato! E fazer com que você terminasse com o Lucas... - A mente do House é um jogo em que eu não pretendo entrar, James, e... - Ele beijou a Treze – Wilson a cortou, apresentado logo onde ele queria chegar. Cuddy o fitou sem acreditar. - HOUSE BEIJOU A TREZE? – Cuddy não sabia explicar o que ela estava sentindo naquele exato momento – Não, James... Não faz sentido... - Eu também achei meio estranho... – comentou pensativo. - Mas se... O que pode significar o beijo? – ela fitou Wilson como se pedisse que ele a ajudasse a pensar. - Ele está tentando fazer ciúmes em você? – perguntou, mas parecendo uma afirmação – Não seria improvável... - Isso torna a mudança de House real? James... Vou fazer o que já tinha dito para você antes: continuar com Lucas. - Mas se ele está usando a Treze para fazer ciúmes em você... Por que ele diria para mim que está apaixonado? - Apaixonado?! – Cuddy quase pirou. - Eu também estranhei, mas foi o que ele disse... - House é um idiota! Claro que ele falou isso para você porque sabia que você falaria para mim, e fez tudo isso com a intenção de me fazer pensar que ele estava apaixonado, e que tudo que ele está fazendo é real, que ele mudou de verdade. Tudo isso para eu terminar com o Lucas e ficar com ele! Cuddy falava tão rápido que quase Wilson não conseguiu acompanhar tudo. - Espera! – ele mexia com as mãos como se pedisse tempo – O House disse que estava gostando da Treze, para que nós achássemos que ele tinha mudado de verdade? - Sim... É tudo mais um plano insano do House... - Lisa... – ela a chamou, quando a diretora nervosamente tentou voltar sua atenção para os papéis – Deixa-me entender uma coisa... Se o House mudar, de verdade... Você ficaria com ele? Mas ela não respondeu, e não porque não sabia da resposta. E sim porque simplesmente ela não gostava. Quando ela o fitou, Wilson pode ver através de seus olhos o quanto Cuddy ainda gostava de House. - Você é louca por ele! – o oncologista concluiu apontando para ela. - James, eu estou com o Lucas – ela afirmou decidida. - Ele parece gostar da Treze – ele disse pensativo – Não acredito que ele esteja mentindo... - Tem certeza? - Você ficou abalada com o beijo de vocês, ficou furiosa com a história da Treze e está mais que confusa – ele falava espertamente.


- Sim, James! Eu estou... – respirou fundo – Eu não sei o que fazer, porque eu não sei o que é verdade e o que é um plano do House... - Fique onde é seguro, Lisa – ele levantou-se. - Preciso falar com o House! – Cuddy levantou também e foi indo em direção a porta, quando Wilson a impediu, segurando-a pelo braço – Ele não pode ter beijado-a! - Essa reação – ele a fitou dizendo sinceramente – é justa para o Foreman, não para você. Lisa, você tinha duas escolhas: seguir em frente e ficar com o Lucas ou esperar pelo House... Você fez a primeira opção, então não pode culpar o House por mudar tarde demais... - James... Ele está mesmo com ela? – sua voz soou magoada. - Você não tem o direito de estar com raiva dele e sabe disso... Não pode seguir com sua vida e esperar que o House fique o tempo todo aqui. E sabe? Não quero te ofender, mas fiquei feliz... Pelo que aconteceu... Os olhos de Cuddy pareciam tristes, mas quando ela o encarou, Wilson viu que ela começava a entender. - Que irônico, não é? Ou ele continuava o mesmo canalha... E eu não o teria. Ou ele mudava... E eu não o teria. Talvez... - Hey – Wilson tocou-lhe nos ombros – Vocês foram feitos um para o outro. Ela deu um sorriso tímido. - Isso não ajuda muito... - Mas é a verdade – ele sorriu. - Ah! James... Eu queria saber a verdade... - Vocês foram feitos um para o outro... Essa é verdade... Observou quando a diretora jogou-se sentada no sofá, e deu mais uma olhada nela antes de sair. ___________________________________________________________________ Capitulo 13 – Você dança comigo? A semana passou rápido e tanto Wilson quanto Cuddy decidiram que não falariam com House sobre o assunto Treze. Ambos só observaram de longe o médico, que não agiu muito diferente do seu normal. Evitou trabalho, implicou com sua equipe, salvou vidas, infernizou a vida do pobre Patrick. E quanto a Treze, ele parecia mais gentil, mas nada, além disso. Quando Wilson terminou de falar com o Sr. Walter, um dos seus inúmeros pacientes, ele foi até a fala de House. Ao chegar, pode vê-lo conversando com Treze. O médico arqueou de leve as sobrancelhas e bateu antes de abrir a porta. - Então eu vou ligar para ele – a médica disse levantando-se – Olá Wilson! - Oi Treze. Espero não estar atrapalhando nada... - Não está – House respondeu frio – Como vai conseguir o número dele? – perguntou para Treze que já saiu. - O Taub conseguiu... Quando eu conseguir falar com ele, eu deixo tudo na sua casa – ela respondeu sorrindo. - O meu pequeno Taub tem me dado tanto orgulho nesses dias – ele brincou, enquanto a médica saia.


- Do que estavam falando? – Wilson perguntou ao sentar-se. - Segredo de estado! - Ah! Qual é House? - Eu não vou te dizer... Papo de meninas – brincou. - Ui! – Wilson caçoou. - Quando digo meninas me refiro a Treze e ao Taub, eu não tenho nada a ver com isso, só sou o mandante do crime – ele riu. - O que está aprontando? - Por que tudo que acontece nesse mundo tem ligação com seu casamento? – perguntou fingindo estar ofendido. - Eu não disse que tinha – ele riu – Mas você está aprontando algo. - Tem razão... Mas ainda assim você não pode saber, Jimmy. Eles se encararam por um tempo, mas logo o oncologista desistiu. House realmente não falaria nada, mesmo que ele implorasse. E isso só significava uma coisa: tinha a ver com o casamento, sim. - A Nathy ligou e perguntou se você vai? House idéia aulas havia

revirou os olhos. Nos últimos três dias, Natasha tinha colocado na cabeça a de que queria dançar com o Wilson na festa após o casamento. Então eles fariam de dança durante algum tempo, o problema é que Wilson não queria. Na verdade, uma condição: House teria que ir junto.

- Já disse mil vezes que não vou para essas aulas de dança! Isso é coisa de marica! - Eu sei! – Wilson já estava cansando daquela história também – Mas House... É pela Nathy... - Eu não vou! - Por favor, House. Não me faz passar por essa barra, sozinho... - Quais são as chances dela desistir? – ele perguntou esperançoso. - Nenhuma! Até as amigas vão fazer, está tudo planejado. A Nina, a Treze e a Cuddy vão fazer também! Todas confirmadas – ele revirou os olhos – E ele está insistindo... - Aprenda a dizer não para a sua mulher, Jimmy! – ele disse em tom de brincadeira – Antes que seja tarde demais... - House! – ele implorava – Por favor, velho... - Cinqüenta dólares – disse estendo a mão. - Tudo bem – Wilson bufou procurando uma nota no bolso. - Tudo bem? – House se impressionou – Eu amo o fato de você amar a Nathy. Ele revirou os olhos, enquanto House pegava seu casaco. E os dois seguiram para o estacionamento. Wilson procurava uma maneira para falar com House sobre Treze e Cuddy, não queria deixar espaço para segundas interpretações, nem mesmo expor a diretora. - Você e a Treze? Estão bem? – ele perguntou enquanto procurava as chaves do carro. - Por que não estaríamos? – House estranhou.


- Sei lá... – ele quis mudar de assunto. - Por que de repente ficou tão interessado nisso? - Sinceramente, House, eu não sei... Torço para dar certo. - Eu também – ele riu entrando em seu carro. - Sabe aonde é? – perguntou apoiando-se na janela, seu carro não estava muito distante – A aula de dança? - Não fica perto do restaurante? Aquele francês? - Humrum – Wilson respondeu sem emoção e House riu. - Tenho pena de você, Jimmy. Eu ainda estou ganhando dinheiro... - Valeu pela força – respondeu ironicamente – Pelo menos, se alguém nos encontrar por lá, não pagarei o mico sozinho. - Madame Pruff? – House leu no folheto – Deve ser um terror... - Te vejo lá, House. - Até mais, Jimmy. Não demorou muito para House perceber que somente cinqüenta dólares não eram o bastante. Sentou em um banco em frente a pista de treinamento e seus olhos logo reconheceram a pomposa madame Pruff. - Greg! – Nathy gritou ao vê-lo e saiu correndo para tentar abraçá-lo. Só não conseguiu, pois House colocou sua bengala impedindo-a de se aproximar – Tão feliz por te vê aqui! Com ela, chegaram também Nina e Treze. Wilson já estava lá, se aquecendo, todo envergonhado. E alguns minutos depois Cuddy chegou. Além deles, haviam quatro homens e uma mulher. - Vai dançar também? – Treze o fitou, desconfiada. - Na verdade, eu só estou acompanhando. Eu vim só para rir... - Não senhor! – a voz da madame Pruff ecoou alta atrás do grupo – Ninguém vem até minha escola de dança, para não dançar! - Sinto muito decepcioná-la, mas eu tenho atestado médico – ele mostrou a bengala – Não posso dançar por causa da minha perna. A professora o fitou friamente por de trás daqueles óculos grandes, analisando-o. E House, sinceramente, sentiu um pouco de medo. - A perna não é desculpa – sua voz era tão fria quanto seu olhar. - É sim! Eu sinto dor! - Eu sou médica e posso lhe garantir que a dança iria piorar a situação do Sr. House – Treze disse tentando livrá-lo. - É? – a mulher parecia acreditar. - Eu também sou médico e... – Wilson pensou seriamente em desmenti-la, mas não faria isso com o amigo – garanto que é melhor ele evitar a dança. - Todos são médicos, num é lindo? – Nathy disse tentando animar a todos – Menos eu! – ela riu.


- Muito bem então, vamos seguir... – impressionantemente a mulher parecia muito mais simpática – Vocês devem ser os noivos? - Certamente – Wilson respondeu sorrindo para Nathy. - Só os dois? Mais alguém aqui vai casar? – ela olhou para cada um do grupo, que negou com a cabeça – O Sr. House? - Não posso casar – ele respondeu rindo e todos o encararam, curiosos – Sou padre! Todos riram, mas a professora voltou a encará-lo de maneira fria. Essa mulher é bipolar? House se perguntou assustado. E parecia ter razão, porque segundos depois ela já estava toda sorridente concertando os erros dos seus atrapalhados alunos. O pequeno leque, que ela carregava, hora ou outra tocava as costas deles, ajeitando a postura ou tirando uma mão de um lugar equivocado. - Vamos Jimmy! – House zoava com ele, ainda sentado – Está indo muito bem! A cada dois passos, você acerta três vezes o pé da Nathy. Ele se divertia, mas logo parava por causa dos olhares da madame Pruff. A aula só demorava quarenta minutos, então logo aquela tortura acabaria. Pelo menos era o que Wilson pensava, enquanto aquela mulher concertava cada coisa que ele fazia, dos passos a postura. - Você está indo bem, amor – Nathy o encorajou. - Como o amor é mentiroso – House continuou a brincar do banco, e novamente parou ao olhar da madame Pruff. House já estava entediado e tinha chegado até a adormecer no banco. Fazer piadas sobre a dança deles não era tão divertido ao ponto de mantê-lo acordado, não com aquela música lenta e repetitiva. - Treze – ela a chamou – madame Pruff disse que sua roupa atrapalha sua performance... Terá que vim com um vestido mais curtinho! Logo ele se calou, a cabeça atingida pelo leque na madame Pruff e o rosto por mais uma tapa de Treze. Cinqüenta dólares é pouco demais! resmungou mentalmente. Quase no fim da aula, a professora pediu que todos parassem para descansar um pouco e aproveitou para escolher algo muito importante: a música que Wilson e Nathy dançariam. Afinal, era para isso que estavam ali. Apesar de que Nina, Cuddy e Treze só estivessem aproveitando a oportunidade. - Nem parei para pensar nisso antes – Nathy falou ofegante, enquanto sentava. - A gente nem tem aquela música do casal, sabe? Aquela bem especial – Wilson comentou passando uma toalha sob a testa soada - Tem sim! Só não querem dizer, pois como haverá crianças da festa não poderá tocar – ele brincou. Novamente ficou calado, pois novamente o leque da madame Pruff atingiu-lhe a cabeça. - Todo casal tem uma música! – Nina disse quase ofendida. - Mas a gente não tem – Nathy disse ainda pensativa. - Como não? Todo mundo tem – madame Pruff concordou com Nina – Alguma que vocês dois gostem, ou que a letra fala de vocês... - Ih! Se não tem música do casal é porque o amor não é verdadeiro – implicou House, e espertamente colocou sua bengala protegendo a cabeça – E nem venha me bater de novo! Mas ela nem precisava, só lançou um olhar para ele.


- Vai ver a gente ainda não descobriu – Wilson disse um pouco envergonhado pelo fato de realmente não terem uma música especial – Nem todo casal tem... - Claro que tem! Se o amor é verdadeiro, tem que ter – House implicou novamente. - Para Greg! – Nathy empurrou-lhe de leve – Humm. Ah pessoal! Digam alguma música! Ajudem! - Não podemos dizer sem conhecer de verdade vocês – madame Pruff tentou explicar. - Run to the hills – House palpitou. - A do Iron Maiden? – Treze perguntou erguendo as sobrancelhas – Não é nada romântica. - Eu sei... Mas ela pediu qualquer música. - Sr. House! – a professora lançou-lhe outro olhar e o médico se calou, contrariado. - Tem que ser romântica – Cuddy disse. - É, algo com uma letra legal – Nina tentou ajudar. - Putz... Tá difícil – Nathy continuava a procurar algum momento com Wilson em que uma música tivesse feito parte – Ninguém tem uma? House? - Eu vou ficar calado a partir de agora – ele resmungou. - Quer roubar a música de alguém? – Wilson perguntou, ainda um pouco frustrado por não ter sua própria. - Pegar emprestado – ela riu. - Qual a sua música com o Lucas, doutora? – Nina perguntou. Cuddy não respondeu imediatamente, porque simplesmente ela não tinha música. Ih! Se não tem música do casal é porque o amor não é verdadeiro! inexplicavelmente a frase de House invadiu sua mente. Ele estava certo? - Bom, a gente não tem nada de especial – ela corou um pouco – Acho que alguns casais simplesmente não têm... - É... Vamos sugerir algumas! Que sejam de acordo com o momento – Treze disse olhando para House – Então nada de Iron Maiden! - The Reason, When she smiles, Did you know – madame Pruff foi sugerindo – Todas lindas e dão belas coreografias. - Everything I do é perfeita! – Nina sugeriu animada. Nathy e Wilson iam tentando lembrar das músicas e ficaram analisando se seriam boas para a dança. - You`re Gold é legal – Cuddy sugeriu – You and I… - A little less conversation! – House falou já rindo, sabendo que ninguém aprovaria. - Time after time! – Treze quase gritou, pois estava há alguns segundos loucamente tentando lembrar do nome da música – Ela é linda! Os olhos de Cuddy e House encontraram-se quase involuntariamente. Time After time era a música que tocava quando eles dançaram na viagem. Foi no dia em que House descobriu que Lucas estava com Cuddy. Foi no dia que Cuddy descobriu que House sempre gostou dela. Eu ia ligar...


A voz de House soava em sua mente e Cuddy fechou seus olhos, sem perceber que House fazia o mesmo. Era como se Time After time fosse... A música deles... House deu um meio sorriso ao perceber o desconforto de Cuddy. - É uma música gay! – ele retrucou. - Nem é! É uma música linda – Treze discordou – Seria perfeito. - Sim! Sim! É perfeita – Nathy se animou olhando para Wilson e esperando que o médico concordasse com ela. A diretora fitou House por um momento. Ele pensava isso mesmo da música ou ele só não queria que fosse usada? E se ele não quisesse, então, qual era o motivo? Era especial para ele ao ponto de se sentir incomodado se Wilson e Nathy a usassem? - Perfeitamente gay – ele continuou mal criado. - Qual é House? – Wilson o fitou curioso – Algum problema com essa música? De repente, todos estavam fitando o médico. E o olhar da madame Pruff era o que mais dava medo, com certeza, porém não era o mais interessante. Cuddy o encarava como se pedisse para impedi-los de usar. A música era especial para ela? - Sim – respondeu impaciente – Ela é gay! - O mundo, para você, é gay – Nathy riu. - Acho que a letra não combina – Cuddy comentou pensativa – Parasse perfeita, mas não no caso de vocês. A música fala de um amor mal resolvido... Os olhos dele se encontraram novamente, quase por instinto. Ambos entendiam o que cada um queria dizer... Somente com aquele olhar. - Realmente... – Treze disse se lembrando da letra – Temos que pensar em outra! - Ah! Agora estou sem música – Nathy disse preocupada. - Pode usar alguma das que nós dissemos anteriormente – Nina tentou animá-la. - Mas já perdemos muito tempo com essa discussão – a voz da madame Pruff ecoou mais uma vez soberana – Amanhã decidimos a música. Para finalizar a aula, preciso ver como vocês dançam uma simples valsa. - Valsa? – Wilson perguntou, enquanto levantava. - Sim! Eu não darei instruções nenhum hoje, só observarei. Então dancem como acharem melhor – ela batia o leque na mão – Escolham seus parceiros... Vamos! Rapidamente Nathy pulou no pescoço de Wilson arrastando o noivo para o meio do salão. Nina e Treze perguntaram se alguns dos outros alunos queriam dançar e logo se moveram até a pista. Outro cara, de cabelos muito grisalhos e jeito elegante, veio todo sorridente pedir para que Cuddy dançasse com ele. - Você dança comigo? A diretora se virou para quem falava e pode ver House em pé a sua frente. A mão dele esperando pela dela. - Achei que sua perna... - Achei que você já conseguia ver quando eu mentia – ele sorriu. Cuddy retribuiu o sorriso e permitiu que sua mão repousasse na dele. - Ela não vai se importar? – perguntou enquanto seu corpo começava a balançar no


ritmo da música. - Não devia – ele respondeu simplesmente. Os movimentos eram leves, mas Cuddy pode sentir suas pernas ficando fracas, como se a traíssem. Como aquele canalha conseguia deixá-la assim? - Não seria justo se eles ficassem com Time after time... – ele comentou, quando sua mão segurou-a pela cintura dando mais firmeza a dança. - Eu... Não me importaria – mentiu. - Não? – ele a fitou surpreso, mas sabia que ela não dizia verdade – Mesmo assim... Não combinava com eles. Como você disse, é sobre um amor mal resolvido... As palavras de House eram ditas de uma maneira calma, mas a atingiam violentamente. Cuddy podia sentir seu corpo febril só de estar perto deles, ela tentou para de fitar aqueles olhos, mas era impossível. - James tem sorte... – ela comentou simplesmente. - Não é questão de sorte... - Não? - Ele só está ganhando a recompensa... Pela escolha certa – ele sorriu. Cuddy o fitou sem entender, primeiramente, onde ele queria chegar. Mas logo viu que realmente ele se referia à relação deles. Seus olhos então encararam o chão. Porém a mão de House subiu da cintura para as suas costas, puxando-a para mais perto. Cuddy deixou uma lágrima solitária escorrer quando seu rosto repousou carinhosamente sobre o peito dele. - House... Eu... – ela tentou falar. E ele percebeu a tristeza em sua voz. - Muito bem, Sr. House! – madame Pruff apareceu perto dos dois, batendo de leve na costa dele com o leque. Imediatamente Cuddy afastou-se dele – Para quem não queria dançar, devo dizer que é o melhor... Ele tentou sorrir educadamente, mas ficara tão frustrado por ela ter aparecido justamente naquela hora, que simplesmente não conseguiu. - Obrigado – respondeu sem emoção, soltando sua parceira – Acho que aula terminou... - Há alguns minutos – ela sorriu para o médico – Mas como vocês estavam dançando tão bem, resolvemos não... Atrapalhar... House então se virou para olhar as outras pessoas, todos já tinham parado de dançar, o que significava que por um tempo só ele e Cuddy continuaram. Então, desviou o olhar e foi até o banco pegar a bengala. - Muito bem, turma! Vocês foram ótimos – ela batia palmas animada – Amanhã mesmo horário... Todos pegaram suas coisas e começaram a sair. - Achei que não fazia parte do plano – Treze quase sussurrou em seu ouvido. - Ficou ofendida? – a voz dele soou a mais sarcástica possível. - Claro que não... Por que ficaria? – ela sorriu – Vai estar ocupado hoje a noite? Ele olhou pelos ombros e pode ver Wilson e Nathy saindo também. - Não... Não estou.


Então os dois saíram juntos, seguidos logo atrás por Wilson e Nathy. Cuddy olhava para eles, enquanto pegava suas coisas... Você está enlouquecendo, Lisa... Você precisa, imediatamente parar de pensar em Gregory House, ela repetiu para si mesma mentalmente, enquanto procurava a chave do seu carro. Vamos... Vamos para casa, pensou decidida. Ao chegar em casa, Lisa demorou a dormir. No frio daquela noite, não havia maneira melhor se aquecer do que dormir abraçada com Lucas. Ela sorriu quando detetive depositou um beijo carinhoso em seus lábios, antes de adormecer. Você dança comigo? A voz de House invadiu-lhe novamente de surpresa. Hoje ela sonharia com ele... ___________________________________________________________________

Capitulo 14 – O presente de Nathy House não fora trabalhar no outro dia, porque uma febre inexplicável o abateu. Wilson até que queria ter ficado em casa para ajudar o amigo, mas tinha muito trabalho. Mas Nathy ficou lá. Era uma das coisas positivas do trabalho dela. Por ser autônoma, Nathy fazia seu próprio horário e se dar folga quando quisesse. Então, para ela era um grande prazer ficar na casa do noivo cuidando de House. Mas é claro que o médico não aceitava tão bem os cuidados. House não era o tipo de pessoa que gostava de depender de alguém. - Está se sentindo melhor? – ela perguntou sentada na beira da cama, tirou o termômetro da boca dele – Trinta e seis e meio! Finalmente sua febre diminuiu... - Estou um pouco melhor... Só estou com frio – House puxou o lençol para mais perto de si e encolheu-se ainda mais na cama. - Quer que eu prepare algo? Você nem almoçou direito – ofereceu preocupada. - Não... Atchim! – ele tentou responder – Ainda sem fome... - Dorme, então, Greg... – por mais que ele não gostasse de qualquer demonstração de carinho físico. Nathy passou sua mão no cabelo dele – Vai se sentir melhor... - Só porque eu estou doente não lhe dá o direito de me assediar – ele resmungou sorrindo. - Eu te amo chato! – Nathy disse enquanto o embrulhava melhor. - As pessoas falam eu te amo pra todo mundo... – ele comentou, com a voz ainda fraca – Acaba perdendo o valor... Só devemos dizer isso quando for verdade... - É? – ela fez pose como se estivesse pensando – Então... Greg, eu te amo. Ele riu, e respirou fundo ainda com o corpo dolorido. Mas estava feliz por tê-la ali. - Nathy? - Sim? - Eu também – e dormiu. Aproveitando que House dormia e Wilson trabalhava, Nathy chamou algumas amigas para decidirem alguns outros detalhes do casamento. Não demorou muito, pra após o expediente, Treze e Cuddy também chegassem. A diretora precisou levar a filha junto. - Ah! As lembranças estão lindas – Treze disse pegando as pequenas caixas – Muito lindas mesmo! - Vai fazer quantas? – Cuddy perguntou sentando-se para ajudá-las.


Wilson não chegou muito depois, na verdade, ele demorou mais ainda, pois a noiva ligou para ele avisando da invasão de mulheres e pedindo que ele comprasse comida para todas. O barulho não demorou a acordar o enfermo House, que apareceu na sala todo enrolado em seu lençol, causando risos em todos na sala. - Rau! – Rachel disse animada ao vê-lo e recebeu um sorriso do médico. - Meu Deus! Vocês não têm respeito com os doentes – ele disse ironicamente, arrastando-se para cair no sofá. - Como você está? – Nathy perguntou, terminando de trazer os copos e os pratos, com ajuda do Wilson. - Nathy disse que você tava com febre – Treze aproximou-se e colocou a mão na testa do chefe para checar a temperatura – Parece bem... Como está se sentindo? - Com fome... – ele resmungou – O que vocês estão fazendo? - As lembranças! – Nina respondeu e animadamente mostrou um exemplar para ele. - Que gay... – ele retrucou. - Ah! Quase esqueci! – Treze pegou algo em seu bolso – Eu pensei em uma música para vocês – disse olhando para Nathy e Wilson – chama-se When You Say Nothing at All e parece ser boa... - Deixa-me ver! – Nathy pediu animada. - Trouxe uma partitura para ver se o House conseguia tocar, mas como ele tá doente... - Toca Greg! Por favor! Por favor! - Ele tá doente, amor. Deixa o House descansar – Wilson pediu. - Nathy? – House chamou tentando se levantar – Vai ao meu quarto e pega meu violão... Treze me dá a partitura. Ele observou atentamente o papel em sua mão. Já tinha ouvido a música algumas vezes, então não seria muito difícil tocá-la. Nathy não demorou em trazer seu violão, e House gemia baixinho ainda com dor, mas ele queria tocar. Pegou o instrumento em mãos e pediu que Nina segurasse a folha perto dele, deu mais uma lida rápida da partitura antes de começar. A melodia era bonita, e House só precisou tentar duas vezes antes de acertas as notas. Seus dedos batiam habilidosamente nas cordas, mas também ficava visível o esforço que ele estava fazendo para tocar. Nathy sorriu ao ver o quanto When you say nothing at all era linda. - It's amazing how you can speak right to my heart without saying a word, you can light up the dark… É maravilhoso como você consegue falar diretamente ao meu coração e sem dizer uma única palavra, você consegue iluminar a escuridão... - a voz dele soava cansada e ofegante, mas mesmo assim ele cantava maravilhosamente bem – Try as I may I can never explain what I hear when you don't say a thing Tente como eu nunca vou conseguir explicar o que eu ouço quando você não diz nada. As mãos dele deslizavam com paixão pelo instrumento, e sala inteira se calara para ouvi-lo, até a agitada Rachel parecia hipnotizada ao vê-lo tocar. - The smile on your face lets me know that you need me O sorriso no seu rosto me faz saber que você precisa de mim – ele continuou - There's a truth in your eyes saying you'll never leave me Existe uma verdade nos teus olhos dizendo que você nunca vai me deixar...


Sem conseguir evitar, seus olhos encontraram os de Cuddy. - The touch of your hand says you'll catch me wherever I fall... You say it best when you say nothing at all O toque da tua mão me diz que você vai me segurar onde quer que eu caia... Você diz isso melhor quando você não diz nada Cuddy nem conseguia entender como estava se sentindo. Ela sabia que House estava de tocando de favor para Nathy, mas mesmo assim. Parecia que cada palavra era direcionada a ela. Abraçou então Rachel ainda mais no seu colo, como se abraçasse a única coisa sobre a qual tinha certeza. - All day long I can hear people talking out loud but when you hold me near, you drown out the crowd try as they may they could never define… Durante o dia consigo ouvir pessoas conversando alto, mas quando você me traz para perto, você destrói a multidão. Tente como eles, eles nunca vão conseguir definir... – House desviou seus olhos e voltou a ler o papel, não queria parecer tão vulnerável –What's been said between your heart and mine... The smile on your face lets me know that you need me… There's a truth in your eyes saying you'll never leave me! The touch of your hand says you'll catch me wherever I fall… You say it best when you say nothing at allO que foi dito entre o seu coração e o meu... O sorriso no seu rosto me faz saber que você precisa de mim... Existe uma verdade nos teus olhos dizendo que você nunca vai me deixar! O toque da tua mão me diz que você vai me segurar onde quer que eu caia... E você diz isso melhor quando você não diz nada Ao terminar, todos aplaudiram de forma merecida o médico que gemeu um pouco ao colocar o violão de lado. - Que droga! – ele disse ironicamente – Vou perder a aula de dança hoje – sorriu. - Obrigado Greg – tentou beijá-lo na bochecha e conseguiu, já que ele estava fraco demais para fugir – É linda, ótima escolha Remy! - Passei a noite pensando em alguma música e me lembrei dessa... Você também gostou Wilson? - É demais – ele respondeu amigavelmente. - Agora, Greg, vamos para o quarto, você precisa descansar! – Nathy o puxou pelo braço tentando ajudá-lo a levantar. Wilson então ajudou a levar o amigo até o quarto. Nathy ficou lá por um tempo, quando Cuddy entrou. - O James disse que você não tinha comido nada, então eu fiz isso – ela disse cuidadosa entregando um copo de leite. Ele deu um meio sorriso tímido pegando o copo. - Preferia uísque – brincou e tomou um pouco. - Valeu Lisa... – Nathy disse olhando para a diretora e continuou quase sussurrando – Ele não tava querendo comer nada, só agora aceitou. Cuddy riu em resposta e continuou na porta por um tempo observando, enquanto Nathy o embrulhava. - Foi uma linda música, House... - Não é linda, Lisa? – Nathy disse animada – Vou querer que você toque, Greg! - Se eu não morrer antes – ele resmungou com a voz abafada pelo travesseiro. - Vamos continuar com as lembranças? – Cuddy sugeriu. - Claro! Deixa só eu ver a temperatura desse ser mais uma vez... A diretora então voltou para a sala, onde as meninas e Wilson terminavam de arrumar


todas as lembranças e sentou-se para ajudar e dar atenção a Rachel que brincava no colo do tio Wilson. - Se você tivesse tocado a música para mim seria melhor – Nathy comentou sorrindo. - Eu toquei para você... - Claro que não! – ela riu – E por falar nisso, tenho um presente para você! - Por falar no que? - Na Lisa! – disse como se fosse obvio e levantou-se para pegar algo na bolsa, retirou de lá um envelope e entregou para ele – Acho que você vai gostar... - O que é isso? - Só leia... – pegou o termômetro – Trinta e sete... Qualquer coisa me chama! Depois você me diz se gostou ou não, agora dorme! Contra a vontade dele, ela depositou um beijo em sua testa e guardando o termômetro ela saiu alegremente para a sala. Sem querer esperar, House abriu a carta e pode ler: “Greg... Você já sabe o quanto eu gosto de você, de tantas vezes que eu falo. Mas eu queria dizer de novo! Sabe? Você é como um irmão mais velho para mim. Chato, preguiçoso, egoísta, implicante e mal-humorado. Mas mesmo assim, eu te amo! E eu sei que por mais que você diga que vai me matar, você gosta de mim também... É até engraçado, porque um dia eu percebi que eu tenho ciúme de você. Acredita? É sério... Não gosto daquelas mulheres oferecidas, não me sinto bem ou ouvir sobre sua ex-mulher, nem fui com a cara daquela médica que visitou vocês há alguns meses... Allison, não é? Porém eu também percebi outra coisa... Só tinha uma pessoa no mundo da qual eu não sentia ciúmes... da Lisa! E eu não entendia, mas hoje eu descobrir porque! A Lisa é a única mulher que parece te amar do jeito que eu te amo. Todas as outras gostam do que você poderia ser e isso é estranho, não é? Como se amassem seu futuro... Como se estivessem o tempo todo esperando por algo de você... Mas a Lisa não. Assim como eu, a gente, inexplicavelmente, gosta de você, Greg, exatamente como você é... Sem idolatrar um futuro e sem esperar nada em troca... Somos doidas? Eu não sei... Acho que é seu charme! Então eu te dou o desenho da única mulher que merece você... E que não sai da sua cabeça, por mais que você negue.. Te amo, Greg... Natasha Doyle Wilson" Ao terminar de lê, House virou a folha em sua mão e pode ver o desenho do qual a carta falava. Era feito toda a grafite, e muito bem feito, cada traço caprichosamente composto e de tão perfeito, chegava a ser real. House não percebeu o sorriso em seu rosto ao olhar para a mulher retratada. Era ela linda. Seus cabelos caindo delicadamente em uma face iluminada por um sorriso. Deus! Quando Cuddy sorria House podia sentir seu coração partir... Ele leu novamente o texto e depois o guardou na gaveta ao lado. Ainda em volta do lençol House arrastou-se preguiçosamente para fora do quarto, sem notar que ainda sorria. Passou pela sala e todos o olharam, curiosos. - Preciso de mais leite – ele explicou, antes de espirrar mais uma vez. - Por que você não me chamou? – perguntou Nathy. - Tenho que pegar um daqueles aparelhos que chamam enfermeiras de Princeton, não


estou podendo gritar – ele brincou. Wilson fez menção de levantar para ajudá-lo, mas Nathy, colocando a mão em seu ombro, disse que ela iria. Mas House em esperou que ela chegasse, e sozinho continuou a mancar até a cozinha, arrastando seu lençol com ele. Nathy olhou por seu ombro, para verificar se estavam sozinhos, pegou a jarra da mão dele e o serviu. Deixando o recipiente próximo a pia, em um salto ela sentou-se no único balcão livre. House escorou-se perto da geladeira, soprando o leite para depois tomá-lo. - Gostei do desenho... – ele comentou, após um gole – Como conseguiu a pose? - O Jimmy tem uma foto dela – respondeu, balançando suas pernas animadamente – Você gostou? - Do desenho? Eu disse que é bonito... Você tem talento! - E da carta? – ela o fitou, apreensiva. E House riu por um instante da preocupação dela. - Um tanto exagerada, principalmente na minha lista de qualidades – ele sorriu. - Você sabe que é tudo isso... - Então... Você tem ciúmes de mim? – a voz dele soou um pouco vitoriosa. - Há-há! Não vá se gabar. Estava sendo sincera com você... Claro que tenho ciúme, não quero qualquer pessoa com você. Gosto de cuidar dos meus amigos... Ele sorriu em resposta, e gemeu baixinho, tomando mais um gole e puxando o lençol para mais perto dele. - Eu sou um idiota – disse simplesmente. - Por quê? Diz isso só porque você gosta dela? - Digo isso porque eu me convenci que só mudando eu poderia tê-la – ele a fitou seriamente. - Ninguém precisa mudar Greg... Eles ficaram em silêncio por um tempo. - Mudaria pelo Wilson? – perguntou encarando-a. - Essa questão de mudança é muito relativa... – disse pegando da mão dele o copo, agora, vazio para enchê-lo novamente – Mudar o que? Meu emprego, meu carro, meu time do coração? House olhou para ela, um tanto admirado, mas esperando que ela concluísse o pensamento. - As pessoas confundem muito esse negócio de mudar – a voz dela soou chateada, e foi engraçado, pois Nathy não era o tipo de pessoa que se chateava facilmente – Se o meu emprego prejudicasse o James, eu mudava! Se a cor do meu cabelo não está boa ou meu time tem má reputação ou meu sotaque é irritante... Tudo isso é mutável e passível de sacrifícios... - Pessoas não mudam – ele comentou, enquanto rodava a xícara em sua mão. - Só não dá para mudar quem somos... - Não? Por quê? - Por que não é justo – ela sorriu, tornando o diálogo muito mais suave – Não posso e


nem devo – ressaltou - mudar minha família, meus sonhos ou minha personalidade... - Pode ignorá-los... - E o que restaria de mim? Se eu mudasse tudo isso, o que o James amaria afinal? House a fitou profundamente, cada palavra dela parecia cair como uma pedra em sua alma. Eu sou um idiota... - Greg... Eu e o James conversamos muito sobre você... – ela o encarou e House pode notar o quanto ambos gostavam dele – Sinceramente eu fico feliz por você ter dado a oportunidade para eu entrar em sua vida, já que você sempre preferiu se isolar... - Isso não é algo bom para mudar? – ele deu um sorriso sem graça. - Ou ela te ama ou não... - Simples assim? – riu pensativo. - Simples assim... Você nunca vai deixar de ser o House – ela desceu no balcão e caminhou até ele – Pode ter virado um cara mais aberto a felicidade, mas sempre será o mesmo House. - E isso não é ruim? - Ruim?! – ela riu, abraçando-o. E pela primeira vez, o médico permitiu que ela o fizesse – Gostamos de você todos os dias. Quando você acorda com bom humor e faz o café e até quando você está de ressaca e não sai da cama... Ele sorriu, deixando a xícara de lado e retribuindo o abraço. Afinal, ele precisava disso, nesse momento, sentia como se o mundo estivesse caindo. Era estranho... - Gosto de você aos domingos alegres e nas malditas segundas-feiras – ela beijou suavemente seu rosto – Gosto de você quando resolveu um enigma da medicina e quando perde um paciente... - Porque você é maluca – ele riu. - Ela também gosta de você, Greg... - Não, não gosta... - Acha que eu menti na carta?! – ela fingiu estar ofendida. Saindo do abraço, colocou as mãos na cintura, como Wilson, e o cerrou os olhos. - Ela está com o Lucas – ele respondeu simplesmente. - Lisa está confusa... Ela diz que não, ela age como não, mas Lisa gosta de você, exatamente como eu. Um amor que não espera futuro, Greg... Tudo isso que está acontecendo é mentira. Eu sei que é... - Você não reconheceria uma mentira nem que ela estivesse em sua frente, Nathy! - Os olhos não mentem Greg! Ele ia argumentar, mas não conseguiu. - O jeito como ela olha pra você... – continuou sorrindo. - O que eu devo fazer? – sua voz nunca soou tão vulnerável. - Lute – ela respondeu rindo. - Eu não posso... Não posso querer que ela abandone o Lucas, se ele é o melhor para ela.


- Quem te disse isso? – ela voltou a colocar as mãos na cintura – Quem mentiu para você dizendo que Lisa Cuddy estará melhor com o Lucas? - Você sabe que sim... - Covarde! – ela o cortou, dizendo infantilmente – Covarde! - Vai imitar uma galinha agora? – ele perguntou quase indignado. - Lute Greg! – ao perceber que tinha falado alto demais, olhou pelos ombros, mais uma vez, para vê se alguém os escutava. Estavam sozinhos, ainda. - Não posso lutar pela Cuddy, porque... – ele parou um momento – Porque o tempo todo ela usa a mesma desculpa de que eu deveria mudar... - E você mudou. Onde ela está? - Provavelmente achando que toda essa mudança é parte de um plano louco para reconquistá-la – ele disse sarcasticamente. - Você vai querer que ela passe por mentirosa? – Nathy perguntou espertamente. - Não é um plano... – sua voz soou ofendida – Eu estou mudando... - Eu sei Greg. Você está mudando onde pode mudar e isso é bom. O James me disse que você parece mais feliz... Mas não se iluda que poderá mudar quem você é. - Eu tive oitocentas e trinta e duas chances – ele riu. - O que vai fazer com mais uma? Seus olhos procuraram na sala e encontraram Treze. - Nada... Vou seguir em frente – respondeu voltando a se arrastar de volta para o quarto. - Greg! Ele virou-se para encarar aquele sorriso. - Você é um idiota! – riu. - Obrigado pelo presente. ____________________________________________________________________ Capitulo 15 - Tom Sawyer Quando Treze, Chase, Taub e Foreman aproximaram-se da sala de Greg House, podiam ainda do corredor, ouvir o som que a guitarra fazia. Mas o médico não estava em pé tocando-a, na verdade, House estava sentado a sua mesa tocando seu mais novo jogo em seu notebook. O infectologista era tão habilidoso com o teclado como era com as cordas verdadeiras. - Temos um caso? – ele mesmo perguntou quando a equipe adentrou sua sala. - Na verdade houve agora pela manhã... – Taub começou a falar, mas de repente parou – Você está melhor? - Sim – House respondeu impaciente – Continue... - Houve um grave acidente na Rua Detroit, vários carros, dois ônibus – Treze prosseguiu por ele – O PS está cheio e a Dra. Cuddy não quer que peguemos nenhum caso. - Mas não eram necessários quatro médicos para me dizer isso, era? – perguntou ironicamente, enquanto ainda tocava. Era incrível como não perdia a concentração no jogo.


Foreman sorriu com a observação e jogou uma ficha na mesa do chefe. - Tom Hildebrand, nove anos – comentou. - O único sobrevivente de sua família – Chase completou – Tem hematomas e ferimentos por todo o corpo. - Mas não sente dor – Taub concluiu sabendo que uma história de sobrevivência não era o que o chefe gostava de ouvir. - Síndrome de Riley-Day? – House perguntou observando a ficha. Realmente o garoto estava arrebentado – Isso é obvio – disse sem emoção – Muito raro, mas obvio. - Só que... – Treze recusou pegar a ficha que ele devolvia entediado – O garoto sentia dor... Somente com o acidente a situação mudou. - Ele criou Riley-Day? – agora ele estava interessado, tanto que desligou o notebook em um único movimento – Preciso ver esse garoto. Os quatro esperaram então que House se levantasse para segui-lo novamente até o Pronto-Socorro. Mas ainda na porta, o médico virou-se. - Taub? Você sabe onde fica aquele lugar que você me falou? - Onde ocorreu a festa de despedida do meu primo? House balançou a cabeça dizendo que sim. - Claro... - Vamos depois do trabalho lá – ele disse sorrindo. - Ah House! A Rachel não vai... - Deixa disso! Vamos rapidamente lá. Não precisar ter medo da sua mulher – House o cortou. - Posso ir não? – Treze perguntou animada. - Claro! Você faz parte da organização... Pra quem você acha que eu vou passar o trabalho, querida? Eu não sou nada sem você – ele completou sarcasticamente. House fez questão de deixar claro a forma como ele a chamou, justamente pela presença de Foreman ali. O médico, como era esperado, fechou a cara e passou direto por eles, sem esperar que os outros voltassem a andar. O médico só sorriu e continuou seu caminho. Quando Cuddy viu Greg House entrar no Pronto-Socorro, ficou tão surpresa que deixou cair algumas fichas que estavam em sua mão.Esse filho da mãe nunca ajuda no PS! - A senhora está bem? – Chase perguntou ajudando-a com as coisas. - Para que esse nervosismo, Cuddy? – House zombou procurando um estetoscópio no balcão. - Você nunca ajuda no PS! Por que está aqui? - Vai me dar folga? – ele brincou – Acho que não é justo com essa galera... - Okay, House – Cuddy achou melhor aproveitar que ele estava disposto a ajudar – Faça o seu trabalho, alguma vez nada vida... House deu com os ombros e continuou até uma maca no canto da grande e lotada sala, onde um garotinho estava normalmente sentando procurando por alguém, apesar de um gigantesco corte em sua cabeça.


- Tom? – o médico perguntou, enquanto puxava uma cadeira para perto da maca. - Sim... – a voz dele era tímida e preocupada. - Sou o Dr. House e preciso saber o que você está sentindo... - Onde estão meus pais? – ele perguntou ainda assustado, ignorando o médico. - Tom... Seus pais não estão aqui – House respondeu sério, mas com um pouco de pena. - Eles? Eles... Morreram? – sua voz soou triste, mas a criança não chorou – Meus irmãos? Por favor, seu moço... Diz que não é verdade... - Sem lágrimas e sem dor – comentou Foreman – House, com certeza é ICDA. - Eu fiz faculdade de medicina também – o médico respondeu sarcasticamente, e voltou a olhar o menino – Mas as pessoas nascem com ICDA e não desenvolvem. - Doutor... Eu sinto dor! – ele disse tentando ajudar – Antes do acidente... Eu estava andando de bicicleta na praça, teve uma hora que cai e ralei o joelho, doeu muito... - Tom... – House o interrompeu, e pegou sua pequena mão guiando-a até a testa dele, para que o menino sentisse o grande corte em sua cabeça – Você está sentindo isso? Os olhos de Tom se abriram ao ver a quantidade de sangue em suas mãos, ele pulou da maca e correu até um espelho não muito longe. Balançou a cabeça sem acreditar no estado do seu corpo. Ele devia ter morrido... - Doutor? Doutor?! – Tom correu e agarrou-se a cintura de House, que ficou sem reação – Como isso aconteceu? - É o que estou tentando descobrir – respondeu simplesmente, enquanto analisava o garoto – Você não sente dor em parte alguma? Ou calor? Frio? Qualquer coisa? - Nem medo... – ele disse abaixando a cabeça – Eu devia estar com medo, eu devia estar chorando... Doutor? Eu sou uma pessoa ruim? Todos da equipe encararam o médico esperando sua resposta. - Não... Tom... Você só está doente – ele respondeu seriamente. - Mas... Eu não sinto dor... As doenças matam as pessoas, elas não salvam – comentou espertamente, colocando novamente a mão em seu ferimento. House ficou em silêncio por um tempo. Não sabia o que dizer ao pequeno garoto na sua frente. - Será que é algum tipo de milagre? – perguntou ingenuamente. - Eu vou curar você... Milagres não existem... – ele falou, enquanto levantava-se. - Você promete? O médico o fitou surpreso. Não esperava esse pedido. - O senhor promete que vai me curar, doutor House? - Sim... – ele respondeu um pouco nervoso. - De dedinho? – o garoto disse inocentemente, mostrando o dedo ensangüentado para que o médico unisse o seu, selando a promessa. - De dedinho – ele prometeu um pouco envergonhado com a cena. Afinal, não era somente sua equipe que o observava agora.


- Você é confiante – comentou – Eu gosto do senhor... Posso não ficar curado, mas o senhor vai tentar fazer seu melhor, por causa da promessa... House o fitou agora um pouco admirado. - Se você acha que pode perder, é o que acaba acontecendo – ele continuou a falar, enquanto Chase o ajudava a sentar-se na cadeira de rodas. - Façam uma REM – House ordenou e sua equipe saiu. O médico fitou tão distraído com o garoto que saia naquele momento, que nem percebeu quando Wilson aproximou-se. - Você ajuda no PS agora? – perguntou rindo – É uma das coisas que o novo House faz? - Não existe novo House – respondeu irritado, jogando a ficha de Tom para uma enfermeira – ICDA adquirido... – justificou sua presença. - Impossível – Wilson arregalou os olhos pegando a ficha da mão da enfermeira. - Caro, Jimmy, eu trabalho com o impossível – gabou-se mancando de volta para sua sala. Mas ainda enquanto caminhava, pensando nas diversas soluções possíveis que explicassem o fato, House sentiu seu braço ser segurado de leve por uma mão. E de certa forma, o médico odiava como seu corpo era vulnerável àquele toque. - House... – Cuddy quase sussurrou sem nome – O que você vai fazer com o garoto? - Ele adquiriu Riley-Day – justificou, evitando encará-la – Preciso saber porque... - O PS está cheio... - Sabe que eu não iria trabalhar aqui mesmo que eu não tivesse algo tão interessante quanto isso para fazer – respondeu ironicamente. - Eu sei – disse irritada – Isso eu sei, mas... A família dele morreu, não acho que é bom para o garoto sofrer uma série de exames porque você está curioso! - E se o que causou a ICDA puder comprometer outras coisas? – ele tentou argumentar. - House... – Cuddy ia dizer outra coisa, mas House parecia realmente preocupado com ele – Você tem cinco horas, se não achar nada que posso realmente prejudicá-lo, você irá liberar os outros médicos... Aqueles que ainda fazem seu trabalho... - Cinco horas consecutivas? – ele arriscou já rindo, pois sabia que não daria certo. - E eu mandarei uma assistente social acompanhar vocês, já que o garoto deve está em um estado emocional terrível! - Mãe! – ele resmungou. - Trate o menino com a assistente no seu pé ou não trate o menino – sua voz soou decidida. Dando com os ombros, ele achou melhor continuar seu caminho. Malditas assistentes sociais... Cinco minutos depois, ele entrou em sua sala e abriu novamente o computador para esperar os resultados, que não demoraram. - Sem hemorragia cerebral ou qualquer outra anomalia grave – Chase disse entregando os resultados – Mas o garoto apresenta algumas contusões devido à batida no carro... Foreman pediu licença e pegou a ressonância da mão do chefe. - Não há qualquer tipo de trauma na área responsável pelo dor ou em suas proximidades – concluiu apontando para certos pontos no exame.


O médico analisou pelo menos mais três vezes o exame a sua frente, antes de voltar a sentar-se pensativo. - House? – a voz de Treze interrompeu seus adágios – Alguma outra teoria ou... - Podem voltar ao PS – ele respondeu, antes que ela concluísse. Algumas teorias foram escritas em seu quadro branco, mas logo apagadas. Nenhum fazia sentido. Nada parecia fazer sentindo. E das cinco horas prometidas por Cuddy, House agora só dispunha de mais duas. Nem com o silêncio de sua sala, House conseguia concentra-se o suficiente para encontrar qualquer solução que fosse. Ele jogava sua bola para cima e agarrava novamente em suas mãos, em um movimento repetitivo, quando Wilson adentrou a sala. - Algum progresso? – perguntou sentando-se. House só balançou a cabeça. - Você vai estar ocupado amanhã? – ele quebrou novamente o silêncio. - Depende... Se você quiser beber ou fazer algo divertido, não. - Na sexta haverá o jantar de noivado, onde vou conhecer os pais da Nathy – ele continuou – Então você poderia me ajudar a organizar... – deu um sorriso sem graça. - Amanhã vou ver com a Treze e o Taub os últimos detalhes para sua despedida de solteiro... - Já tinha combinado com eles antes? – Wilson perguntou desapontando. - Não – riu – Vou combinar ainda hoje, quanto formos ver o local. Mas organizar sua despedida é muito melhor que a festa de noivado... - House – resmungou – Por favor... - O que tem pra organizar numa festa de noivado? É uma festa comum! Compre bebida, comida e um CD bom... Está pronto... - E eu vou fazer tudo isso sozinho? Não quero que a Nathy tenha trabalho... - Chama o Lucas! - Eu nem falo com ele direito – Wilson comentou sem emoção. - Ele é seu padrinho – House disse sarcasticamente. - Você é meu amigo – retrucou. - E como amigo eu tenho que dar prioridade para a sua despedida! Os dois foram interrompidos, quando a senhora Saotome, uma japonesa muito gorda e com cara de má, entrou na sala. - Dr. House? Sou a assistente social do caso Tom Hildebrand e... - Vai me acompanhar – ele resmungou irritado. - O Sr. Hildebrand está passando por um momento muito difícil e... - Os conselhos não deviam ficar para o menino? – House a cortou. A mulher fechou a cara e mesmo sem convite, sentou-se ao lado de Wilson que a fitou assustado e um pouco intimidado com seu tamanho.


- O que aconteceu com o garoto? – perguntou, pois não estava a par – Não é o que tem ICDA adquirida? - O Tom perdeu os pais e o irmão no mesmo acidente que o deixou com a tal Síndrome – a Sra. Saotome respondeu pelo médico. - Coitado – ele comentou realmente com pena – Parece o Tom Sawyer, perdeu os pais quando pequeno... A diferença é que o Tom não é mais bebê... A assistente não pareceu feliz com o comentário no médico, por achar desnecessária a comparação e só não disse nada, pois o menino não estava presente. Mas a reação de House foi outra. Ele ergueu a sobrancelha de leve e encarou Wilson, pensativo. - House? Mas o médico não respondeu. Só levantou-se vagarosamente pegando sua bengala. - Eu te dei a resposta, não dei? - Dr. House? – a Sra. Saotome o chamou, mas o médico não ligou e saiu da sala em direção ao quarto de Tom – Isso sempre acontece? - Praticamente o tempo todo – Wilson sorriu e continuou sentado, enquanto a mulher tentou correr para alcançar o médico. Quando House abriu a porta do quarto de Tom, pode ver Treze e Taub terminando de fazer os curativos no menino. Pois apesar de não estar sentindo dor, Tom ainda estava com muitos ferimentos. - Tom Sawyer! – o médico disse apontando para ele. - Eu conheço a história dele – o garoto falou animado – Meu pai sempre lia para mim! - O que tem o Tom Sawyer? – Taub perguntou curioso. - Nada! Ele é legal – House respondeu simplesmente, quando a Sra. Saotome entrou desesperada na sala – A questão na é quem e sim quando... - Quando? – agora Treze perguntava. - O Tom não é mais bebê... – House comentou repetindo o que Wilson falara. - Claro que não! – o garoto comentou ofendido – Já tenho nove anos – exclamou como se fosse muita coisa. - Mas quando você era bebê sofria de uma doença chamada enteropatia glúten-induzida – ele tentou explicar – Que afeta pessoas geneticamente predisposta. Quando você era um bebê você pegou. - Intero... Etero... Glu... O que induzida? – Tom tentou falar, mas acabou se atrapalhando. - Doença celíaca – House ofereceu outro nome – Por isso você é pequeno demais para sua idade... O garoto então levantou a mão bem no alto, como se estivesse numa sala de aula. - Pode falar Tom... – Treze o avisou simpaticamente. - Por que as pessoas inventam nomes tão complicados como “interogutenha induzida” se pode chamar simplesmente de celíaca? Eles riram da curiosidade dele, mas logo Taub pediu para que House continuasse. - Muitas crianças conseguem dizer celíaca – riu – mas poucos sabem que um dos sintomas mais raros é a indução de uma neuropatia.


- Mas House, a ICDA se desenvolveria quando ele ainda era criança – Treze tentou argumentar. - A neuropatia não foi tão séria, mas se unida aos traumas da batida, temos uma suficientemente grande para gerar a ICDA – ele justificou vitorioso mostrando a ressonância. - Mas os sintomas básicos da neuropatia são... – Taub ia rebater, mas logo percebeu que iria falar besteira. - A sensação de choque ou picadas de agulha – Treze concluiu – Que ele não poderia sentir se estivesse induzido a ICDA. - Mandem o Chase abrir a cabeça do Tom Sawyer ai e tudo voltará ao normal – ele disse jogando a ficha em cima da cama. - Doutor? – Tom o chamou timidamente. House já abrira a porta para sair, mas parou e virou-se para fitá-lo. - O senhor vai me devolver a dor? – ele perguntou confuso. - Não Tom... Vou te devolver as sensações, todas elas... O garoto o fitou parecendo satisfeito com a resposta. - Então... Para eu sentir tudo novamente... Calor, frio, carinho... Eu tenho que voltar a sentir dor também, não é? – ele o fitava – É engraçado... - O que Tom? – a Sra. Saotome perguntou, tentando incentivá-lo a falar. - Para que eu sinta a alegria de novo, tenho que sentir dor – ele riu um pouco tímido – Não é engraçado? Ninguém pode viver com uma coisa só... Ou você senti tudo ou não senti nada... - A vida de todo mundo é assim – Taub comentou sorrindo. - E vale a pena – ele continuou. - Sentir dor? – Treze perguntou curiosa, terminando o ultimo curativo. House ainda estava na porta e o encarava ansioso por sua resposta. - Se só com dor, podemos sentir a alegria, vale a pena sim! – ele riu. - As vezes as pessoas esquecem isso – House comentou antes de sair. House ficara pensativo. Voltou a sua sala, pois nada o convenceria a descer até o PS e ajudar lá. Cuddy tinha médicos e enfermeiros demais a sua disposição.... E ele estava ocupado com algo mais importante. Pegou suas caixas de amplificação de som em uma gaveta e as plugou em seu notebook, para voltar a tocar sua guitarra virtual. - Gimme fuel, gimme fire, gimme that which I desire! Me dá combustível, me dê fogo, me dá o que eu desejo! – o médico cantou junto com o jogo. Ele já se empolgava com o teclado, quando pode ver entrando em sua sala, as duas últimas mulheres que ele gostaria que estivessem ali: Sra. Saotome e Lisa Cuddy. Contrariado, deu pause no jogo e inclinou-se na cadeira. Elas não pareciam muito felizes. - Precisamos conversar, House – Cuddy disse seriamente sentando-se, enquanto a assistente social fazia o mesmo. - E precisa dela aqui para isso? – perguntou apontando para a mulher.


- Isso é sério doutor House! – Sra. Saotome o interrompeu. - Como você sabe, a família do Tom morreu no acidente, então o garoto precisará ir para adoção depois de receber alta... – Cuddy começou a explicar. - O que acontecerá ainda está tarde – ele disse sem emoção – Era isso que precisavam saber? Então se puder eu quero continuar a tocar Fuel for fire... - Tentei falar com ele, doutor, antes que ele entrasse na sala – a assistente o interrompeu – Mas Tom está com muito medo, não quer uma família nova, nem quer falar sobre isso agora... - Me surpreenderia se ele quisesse... O moleque tem nove anos e vocês querem que ele aja como um adulto? – perguntou impaciente. - House, o Tom pediu para ficar com você – Cuddy disse o cortando. Era melhor chegar logo ao ponto. - O que? – ele perguntou sem acreditar. - Só por hoje – Cuddy adicionou – Ele pediu House... Tom não quer pensar em adoção ainda hoje, ele enfrentou muita coisa e só Deus sabe porque ele confia em você... - Eu não posso ficar com o garoto – ele disse seriamente. - Uma noite, House... Uma noite – Cuddy disse tristemente. - Você concorda com isso? – ele perguntou para a assistente. - É claro que não! – respondeu zangada – Mas... É o que o Tom quer... Ficar com você essa noite, para só amanhã pensar sobre isso, então... Ele passou a mão na cabeça sabendo que seria uma péssima idéia dizer sim. - Vou precisar de alguém para ajudar eu e o Wilson a escolher o centro de mesa do casamento mesmo – ele respondeu sorrindo. - Obrigada House – Cuddy tocou em suas mãos antes de levantar. House as fitou sem graça, odiava como o simples toque de Cuddy parecia afetá-lo tanto. Acompanhou com os olhos, as duas mulheres cruzarem a sala. Uma totalmente contrariada e a outra um pouco receosa, mas ao mesmo tempo agradecida. A cirurgia acabou praticamente junto com o fim normal do expediente. Como não era algo muito complexo e intenso, o garoto podia ir para casa naquele mesmo dia. - Vocês moram juntos? – ele perguntou ao entrar no carro de Wilson. - Sim – o oncologista respondeu sorridente. - Vai ficar em casa hoje à noite? – House perguntou procurando algum CD para colocar – Gosta de que música Sawyer? - Tenho que passar na casa da Nathy, antes. Então deixo você e o tom em casa e vou para lá – Wilson respondeu. - Tenho ouvindo muito Oasis – Tom respondeu timidamente. - Oasis? – House ergueu de leve as sobrancelhas – Não sou tão fã, mas até que tem umas músicas boas... Tentando agradar ao garoto, House procurou se tinha algo ali da banda, o que seria um pouco difícil de achar. Depois de um tempo, quase chegando em casa, achou um disco velho onde tinha a gravação de estúdio de Don’t go away que o pequeno Tom cantarolou toda.


- Quando voltar vê se trás comida! – House disse fechando a porta. - Eu vou demorar, House! – Wilson retrucou ligando o carro novamente. - Você só sabe inventar desculpas, Jimmy – resmungou – Não seja assim pequeno Sawyer. - Tchau House! – o oncologista o cortou rindo – Tchau Tom! Divirtam-se! - Tchau Sr. Jimmy! O garoto deixava sua mochila balançar ao seu lado e fitava o chão, ainda tímido. House respirou fundo se perguntando mentalmente porque tinha aceitado isso. Mas... Realmente não parecia justo para o garoto ficar pensando no futuro agora. Ele merecia esquecer um pouco na vida. - Oasis? – House repetiu a pergunta, agora sorrindo. - Eu não sofro de depressão, tá? – ele riu. - Sabe tocar Wonderwall na guitarra? – House perguntou abrindo a porta da casa. - Desculpe doutor, não sei tocar guitarra, nem violão... - Não importa – ele riu – Por isso inventaram o Guitar Hero. Ao entrar na casa, o pequeno Tom pode ver a grande TV no centro da sala e ligada a ela o XBOX 360 que House comprara. O médico entrou no quarto, deixou sua mochila e seu casaco em cima da cama, e voltou para a sala com duas guitarras de brinquedo. Jogou uma para o garoto e ficou com a outra, sentando-se então no grande sofá na frente da TV. - Pegue ali aquele CD – House pediu apontando para sua estante de jogos – O que está escrito Rock Band. Sabe jogar? - No expert! – ele disse orgulho. - Okay, Tom Sawyer. Vamos ver o que você é capaz de fazer. Tom sorriu para ele. Era a primeira vez naquele dia que o garoto realmente sentia-se feliz. Perto de House, Tom conseguia esquecer toda a dor e confusão de perder sua família. Sabia que amanhã teria que enfrentar tudo isso. Era criança, mas tinha consciência bem claro sobre isso. Mas hoje? Ele só queria esquecer um pouco toda sua dor... - Mas que fique claro que mesmo que eu perca, continuo sendo melhor – House sorriu – pois eu sei tocar guitarra de verdade e você não... O que Tom não sabia, era que hoje, ele ajudaria o próprio doutor House a esquecer um pouco de sua própria dor. House e Tom tocaram pelo menos quinze músicas antes de mudar de jogo, o garoto era realmente bom, mas House era infinitamente superior. - Podemos jogar esse? – o garoto perguntou tímido mostrando a caixa do Pro Evolution Soccer para o médico. - Claro, você deve estar cansado de apanhar – ele mangou, guardando as guitarras e a bateria que ele havia pegado para as últimas oito músicas. Tom se mostrou melhor baterista do que guitarrista. - Estou com fome – ele disse sorrindo, enquanto colocava o jogo. O médico então se levantou e mancou até a cozinha para procurar algo. Infelizmente, não tinha muitas opções saudáveis de comida e House sabia que Tom devia ter cuidado com a alimentação, afinal ainda se recuperava da cirurgia.


- Vamos fazer o seguinte Sawyer – falou abrindo a geladeira – Vou fazer uma sopa para nós dois, enquanto você toma banho. Tenho que trocar seus curativos, tudo bem? - Você cozinha? – ele perguntou com uma surpresa nítida. - Claro, as mulheres adoram isso – brincou – Vou te mostrar meu banheiro, mas você não pode ler minhas revistas, tudo bem? O garoto riu sabendo exatamente sobre o que House falava, mas não tinha interesse isso. Não agora. O médico lhe guiou até o quarto e abriu a porta do banheiro, mas os olhos de Tom pararam em algo acima do guarda-roupa do infectologista. House sorriu ao ver o brilho dos olhos de Tom contemplando sua coleção de órgãos que guardava em cima do armário. - São órgãos humanos – ele disse apontando – Um cérebro, aquele ali é o rim, tenho um pulmão também e aquele no meio é o coração. - Caraca! – exclamou aproximando-se – O senhor... Será que o senhor... - Poderia mostrar para você? – completou por ele – Claro... Mas lembre-se que você ia me ajudar a escolher as coisas do Tio Jimmy... - Sim, sim – ele respondeu com seus olhos ainda pregados nos potes de vidro – Ah... Doutor? – o chamou timidamente tirando do rosto a toalha que House jogara. - O que é Tom? - Tipo, o senhor disse que a dor ia voltar ao poucos e como eu já estou sentindo... Na hora do banho vai doer, não vai? O médico se aproximou do garoto e pegou seu braço, retirou com cuidado um dos curativos que protegia um profundo corte. House mostrou para ele falando: - A Dra. Treze aproveitou que você estava sobre o efeito da síndrome e limpou muito bem seus ferimentos. Não precisa esfregar e vá com calma, qualquer coisa estarei na cozinha... - Valeu doutor! House voltou para a cozinha e pegou alguns legumes e carne, começou a fatiar, mas parou e foi até a sala pegar seu iPod. Era muito melhor cozinhar ouvindo música. Do banheiro, ele podia ouvir o pequeno cantarolar algumas músicas e entre as letras, também se ouvia alguns gemidos de dor. - Dr. House? Acabei! Dr. House? - Tom o chamou do quarto. Ele deixou a comida no fogo e foi até o recinto ajudá-lo. Tom já havia coloca um short, que estava na mochila com suas coisas que a assistente pegara em sua casa. Cuidadosamente, House trocou todos os curativos. - Aaah! – ele resmungou quando House arrancou o curativo de sua testa. - Não seja bebê – brincou - Não seja sádico – retrucou. House sorriu e terminou, jogando os antigos no lixo. Tom se arrumou e ajudou o médico a descer alguns potes. Pegaram primeiro o cérebro e levaram até a cozinha, para que House pudesse ficar de olho na sopa. - Este é o sulco – o médico ia apontando – Esta parte se chama occipital... - Cada partezinha comanda algo do nosso corpo? – perguntou admirado.


- Maneiro não? - Posso tocar? – ele perguntou sem esperança de que o médico deixasse. - Vá ao quarto e na segunda gaveta tem uma caixa de luvas, pegue dois pares e você poderá tocar – pediu levantando-se para mexer a sopa. - Sério? Tom saiu correndo animado até o quarto de House e assim como ele ordenou, pegou dois pares de luvas e colocando uma, deu a outra para o infectologista. - A comida já está quase pronta – ele botou as luvas – Mas cuidado para não melar as coisas com o formol, o cheiro é forte – avisou. - Se você sentisse as meias do meu irmão, saberia que nada no mundo é pior – ele comentou sorrindo. House riu e abriu o pote de vidro, tirando cuidadosamente o órgão, deixou que o líquido pingasse bem ainda dentro, antes de colocá-lo nas mãos do garoto. - Essa parte de trás é o “oquiriptal”? - Occipital – House corrigiu rindo. - É muito macio – ele apertava com cuidado o órgão – Cara! Isso é muito legal! - Não é? Agora deixa eu colocar os pratos – pediu, e o garoto afastou-se para que House arruma-se a mesa. Ainda da cozinha, ele pode ouvir o barulho da porta abrindo. Wilson deveria ter chegado. Ele mancou até a sala para se certificar, mas o oncologista não entrara sozinho. Lisa Cuddy o acompanhava. A presença dela certamente era uma surpresa, mas o motivo para uma visita não era difícil de deduzir. House estava tomando conta de um garoto que acabara de perder sua família, e House não era a melhor babá do mundo. Ela e o Wilson entraram devagar, e assim que chegaram a sala puderam perceber os cabelos molhados de Tom e os curativos trocados, e ainda do recinto puderam sentir o delicioso cheiro da saudável sopa. Porém o mais notável não era seu estado físico e sim o sorriso em seu rosto e o brilho nos olhos que tinha ao observar o cérebro em sua mão. - Doutor? Qual é essa parte que fica do lado? – Tom apareceu na sala. Tanto Wilson quanto Cuddy encararam o médico. House não gostava de precisar explicar as coisas para as pessoas, não tinha paciência para isso, então ficaram esperando para ver como ele reagiria a pergunta do garoto. - São os lobos temporais – respondeu aproximando-se e apontando com a bengala – Ficam por cima das orelhas, vê? - Humrum! – ele disse animado. - A função deles é cuidas de qualquer estímulo aditivo. É uma área que chamamos de área de associação, como o lobo occipital. Wilson sorriu para a diretora que também observava admirada o médico. - Entendi! E o senhor disse que essas partes do lado são os “parentais”, não é? - Parietais, Tom – House o corrigiu – São divididos em anterior e posterior. Por exemplo, a zona anterior é chamada de córtex somatossensorial. - Somando o que? – perguntou confuso.


- Somatossensorial – Wilson corrigiu sorrindo, enquanto guardava seu casaco e pegava o de Cuddy para guardar. - Valeu Seu Jimmy! – agora que Tom percebeu a presença dos outros dois – E... Olá doutora Lisa. - Como está Tom? Você está bem? Ela se aproximou do menino para observá-lo melhor. Então House estava certo, Cuddy estava ali para ver como Tom estava. - Sim! O doutor fez uma sopa que parece deliciosa, eu não gosto de sopa, mas ele disse que eu não podia comer qualquer coisa – ele explicou – Estava me ensinando sobre o cérebro! - Que legal Tom – Cuddy disse simpaticamente – O Dr. House é um ótimo cozinheiro mesmo. - E Seu Jimmy, a gente ia ver o negócio do seu casamento, mas... – ele disse timidamente. - Não se preocupe Tom, não precisa ter pressa – sorriu. - Vocês vão comer com a gente? – Tom olhou para House, para ver se era uma boa idéia – Tem para todo mundo? - Tem sim, Sawyer. Eles podem jantar conosco – ele evita olhar para a diretora – Se quiserem já está pronto. - Eu estou faminto! – Wilson disse esfregando a comida – Vamos Tom, eu ajudo você a guarda esse cérebro. - Lave bem a mão, querido, o formol pode fazer mal, mesmo com a luva – Cuddy disse com uma voz materna – Lave com muito sabão. - Sim senhora! – falou correndo com Wilson até a cozinha, onde o médico o ajudaria a guardar o órgão e eles pegariam mais pratos. House permaneceu na sala por alguns segundos, enquanto Cuddy aproximou-se dele. Não podia negar o fato de que o médico a surpreendera e que estava orgulhoso de House, afinal ela sabia todo o esforço que ele deveria estar fazendo. - Onde está a Rachel? – ele perguntou quebrando o silêncio. - Ficou em casa... – parou um instante, antes de continuar – Com o Lucas. - Saudade daquela piralha – sorriu sem graça. - É legal o que você está fazendo pelo Tom... – Cuddy se aproximou ainda mais. - Ele precisa... – respondeu simplesmente. - Mas... Você não costumava preocupar-se com alguém só porque ela precisava – sua mão encostou no braço dele e Cuddy a encarou profundamente – E o Tom... - As pessoas mudam – ele disse tristemente. Cuddy o fitou. - Achei que você não acreditasse nisso. - E não acredito – ele tentou sorrir – No fundo somos sempre os mesmo, mas há certas coisas que podemos modificar... Resolvi que Tom merecia isso.


Ele fechou os olhos, a mão de Cuddy tocando sua pele parecia queimá-lo. Era uma sensação única, contraditória. House odiava esse poder que Cuddy tinha sobre ele. - Só ele merece? – a pergunta não foi feita em voz baixa, mas soou para House como um sussurro. Onde ela estava querendo chegar? Ele deixou seu braço correr até que sua própria mão segurasse a dela. Cuddy também sentia toda aquela tensão. De certa forma House também possuía um poder incrível sobre ela. - Minha resposta vai mudar algo? – ele a fitou – Se não, eu não vejo motivo para responder... Ela o fitou simplesmente. Queria gritar, queria fazer alguma coisa. Mas estava confusa demais para isso. House tinha razão, como sempre. Ele parecia disposto a mudar, mas e ela, também estaria? - A sopa vai esfriar – disse finalmente, ao perceber que ela não diria mais nada – Você quer ir? - Sim, obrigada - respondeu timidamente. Caminharam então até a cozinha, onde Wilson e Tom já jantavam e conversavam animadamente. Em cima da mesa, estavam algumas revistas com opções de decoração. O oncologista e o garoto discustiam alguma delas. - Eu achei muito feminino - Wilson comentou colocando uma colher na boca. - Tudo nessa revista é gay - House brincou entregando um prato para Cuddy e pegando um para si - Mas essa aqui é menos gay... Eles olharam para um centro de mesa no canto de uma das páginas. Realmente era bonito. Gay, mas bonito. Depois de se servirem, os quatro continuaram ali, tomando a sopa e discutindo as coisas do casamento. Tom não parecia chateado por ter que participar, pelo contrário, estava se divertindo. House fazia comentários engraçados, Wilson reclamava dos comentários e Cuddy tentava fazer os dois pareram de brigar. Depois do jantar, eles foram para a sala, onde continuaram sua missão de decidir a decoração do casamento. House e Tom ficaram logo entediados, enquanto Wilson e Cuddy continuaram empolgados decidindo tudo. Acho que esse Jimmy é gay, House resmungou mentalmente, enquanto mancou até seu quarto para pegar sua guitarra. - Vamos escolher algo mais legal – disse sentando-se novamente – As músicas! Sawyer, você é bom nisso, me ajude. - Take a look at me now do Phil Collins – ele arriscou. Todos olharam para ele sorrindo, era admirável seu conhecimento musical. House logo tocou a introdução da música. - Gostei – Wilson comentou – Tem aquela do The Manhattans… Como é House? Aquela que eu gosto? - Forever by your side? – perguntou tocando uma parte da música – Você sabe que é gay, não é? - Achei legal – Cuddy comentou – E que tal aquela Every breath you take? - Muito legal essa – Tom disse – Pode tocar doutor? - Sim, Lisa! É perfeita – Wilson sorriu. House fez a introdução da música, mas não cantou.


- Só estou achando que vocês estão falando músicas muito gays – brincou. - Qual você quer? – Wilson perguntou impaciente. - Bad romance! Claro! – ele tocou o refrão – I want your love and I want your revenge… You and me could write a bad romance! Eu quero o seu amor e quero sua vingança... Você e eu poderíamos escrever um romance ruim! - House, eu acho que em outra vida você foi a Lady Gaga – Wilson brincou jogando um travesseiro nele. - Hey! Essa música é linda! - Claro que é – Tom concordou. Depois de muita encrenca de House com Wilson, os quatro selecionaram pelo menos trinta músicas para tocar na festa. - Por hoje é só – Wilson disse respirando fundo. - Agora que eu ia tocar a música principal – House reclamou. - Qual é? Respirando fundo e fingindo estar se concentrando ele tocou a Marcha Fúnebre na guitarra, fazendo todos rir, exceto Wilson que jogou outra almofada nele. - Você está tão engraçado hoje, House! – ele ia continuar a dizer, mas seu celular tocou – Oi amor! Estou em casa... Agora?... Mas... Okay... Não, o House está aqui... Mando sim... House, a Nathy mandou um beijo! - Diz que eu não quero – resmungou dedilhando alguma coisa. - Ele não quer – continuou – Mas amor... Você sabe que ele te ama... Okay... Estou passando ai... Cinco minutos – desligou. - Hey! Eu não amo a Nathy – ele retrucou novamente. - Preciso passar na casa dela para pegar uma papelada – Wilson correu para pegar a chave do carro e seu casaco – Cuddy, quando eu voltar te levo em casa... - Okay. Você não vai demorar vai? - Não – respondeu apressado – Vou rapidamente! Tchau Tom, tchau House, tchau Cuddy! Ele bateu a porta. E House começou a dedilhar outra música. - Well you done done me and you bet I felt it… I tried to be chill but you're so hot that I melted. Bem, você fez que fez comigo e você apostou que eu senti... Eu tentei ser frio, mas você é tão quente que eu derreti. – ele começou a cantar – I fell right through the cracks, now I'm trying to get back before the cool done run out, I'll be giving it my bestest and nothing's going to stop me but divine intervention… Eu caí por entre as fendas, agora estou tentando voltar, antes que o frio passe, eu estarei dando o meu melhor e nada me deterá a não ser intervenção divina... Tom o ouviu animado, adorava como House cantava e admirava sua habilidade fora do videogame. Mas Cuddy... Ela sabia que ele tocava para ela. House sempre tocav para ela… - I reckon it's again my turn to win some or learn some but I won't hesitate no more, no more. It cannot wait, I'm yours Reconheço que é minha vez novamente de ganhar algo ou aprender algo, mas eu não hesitarei mais, não mais . Isso não pode esperar, eu sou seu – terminou. Seus olhos se encontraram com os de Cuddy novamente, como sempre acontecia quando ele tentava falar algo atrás de uma música. Certas palavras que ele não conseguia dizer.


- Caraca, doutor! Você toca muito – Tom disse animado, sem saber que podia estar interrompendo alguma coisa. - Valeu, Sawyer – ele sorriu – Mas já está tarde, hora de dormir! Ele fez uma cara triste, mas sabia que não podia argumentar. Se sentia fraco e realmente precisava descansar. - Eu te ajudo a arrumar a cama dele – Cuddy ofereceu gentilmente. Os três foram, então, até o quarto de hospedes. House e Tom ficaram conversando enquanto Cuddy arrumava a cama. A diretora tinha um jeito materno que era cativante, o modo como ela ajeitava tudo era contagiante. Um amor em cada gesto como se estivesse fazendo para seu próprio filho. House não pode deixar de sorrir quando ela bateu na cama chamando o garoto. - Consegue dormir sozinho Sawyer, ou quer que eu conte uma história? – brincou. - Valeu doutor, mas eu já tenho nove anos! – riu – Boa noite doutor, boa noite Lisa! Ela sorriu e depositou um beijo em sua testa embrulhando-o. Tom não esperava que o médico fizesse o mesmo e ele não o fez. O garoto então ajeitou-se, virando-se naquela cama confortável, fechou os olhos e saberia que logo dormiria. House e Cuddy saíram do quarto então. Ele pretendia evitá-la até a hora que Wilson voltasse para levá-la, mas tinha noção de que era uma tarefa muito difícil. Na sala, ele sentiu a mão dela fazendo-o parar, enquanto ele caminhava até o sofá. - A música... – ela tentou falar – Você tocou... - Para você? – House perguntou por ela. Cuddy o fitou profundamente. Eles estavam perigosamente próximos nesse momento. - É sempre para você – ele respondeu sinceramente. Ela sentiu seu coração queimar e não pode deixar de sorrir. House sabia que aquele sorriso acabava com ele. Os dois deram mais um passo para frente, ficando mais próximos ainda. - Isso não está certo... – ele sussurrou sem saber o que estava fazendo. Ele podia sentir a respiração dela tocando seu rosto. - Greg... A pronúncia de seu primeiro nome lhe deu uma sensação estranha. Cuddy sempre fora a mulher que ele tentou evitar, agora era ela a mulher que ele mais queria. Algumas coisas mudaram, Rachel entrou em sua vida. Mas no fundo ela era mesma. Aquele olhar decidido e desafiador que congelava sua mente. Ele não podia beijá-la, mas... Ele precisava. Cuddy olhava para o homem a sua frente. O que ele fizera por Tom a ele estava fazendo nos últimos meses. House havia mudado. Mas isso importava... Ele sempre teria aquele mesmo olhar. Os olhos azuis e capaz de petrificá-la. Ela também não podia beijá-lo... Ela estava ela precisava.

noite toda. O que realmente não triste que eram com o Lucas... Mas

Seus olhos fecharam quando seus lábios finalmente se encontraram. A mão de Cuddy agarrou a nuca de House e as mãos dele viajaram por suas costas. Cuddy estava com Lucas. Ela amava o Lucas. Mas... Quando ela estava com House, esquecia do mundo, esquecia de todo o resto. Lisa não era o tipo de mulher que traia, e tinha certeza que sua consciência a culparia depois. Mas Lisa precisava de House... Ele sentiu o peso do movimento forçar sua perna, e precisou mancar um pouco até o


sofá. Mesmo assim o beijo continuou. Romântico, frenético, cheio de desejos. Cuddy o puxava para mais perto e House a apoiava contra seu corpo. Seus lábios se encontravam em uma espécie de dança. Nenhum ousaria interrompê-la. Quando o ar se fez necessário, eles se separaram em uma velocidade exageradamente lenta, sempre mantendo a distância mínima entre seus corpos. Cuddy fechou os olhos sem saber o que pensar. Eles se beijaram no carro, e se beijaram agora. Não era certo, mas... Ela não podia evitar. Simplesmente não conseguia... House aproximou-se de seu rosto, e gentilmente retirou uma mecha de seu cabelo colocando-a por trás da orelha. Chegou perto e sussurrou: - Lisa... Você sabe que não é justo... Cuddy fechou os olhos, e uma lágrima solitária escorreu por seu rosto. As mãos dela repousaram no rosto dele, tocando em sua barba mal feita. Ela o guiou gentilmente até o sofá. Eles se sentaram e House a fitou intensamente. Como eu odeio essa mulher! ele resmungou mentalmente quando colocou seus lábios novamente nos dela. A mão dele apoiou novamente a costa dela, puxando para mais perto de si. Mas o beijo foi ganhando intensidade e Cuddy cedeu aos movimentos de House e deitou-se lentamente no sofá. Ele então, sem quebrar o beijo, deixou sua mão descer até a lateral da coxa de dela, em movimentos circulares e habilidosos. Cuddy segurou com mais força os cabelos dele, mas sem machucá-lo. - Greg... – ela chamou por seu nome, enquanto ele beijava agora seu pescoço – Greg... - Diga – pediu puxando-a cada vez para junto dele – Confesse, Lisa... - Eu... Eu preciso de você. Ele deu um sorriso, antes de beijá-la novamente. Sabia que não podia fazer aquilo, tinha certeza que Cuddy se arrependeria e o evitaria depois de um tempo. Repentinamente ele se viu invadido por pensamentos não muito bons sobre os dois. Pensou em Lucas, pensou em Cuddy, pensou no depois. Parou então de beijá-la e a fitou ofegante. - Você não pode ter os dois – ele disse sério. Cuddy o encarou analisando-o. Há alguns anos ele não se importara em dormir com Stacy mesmo sabendo que ela estava casada com Mark. Ele não ligou. House a conquistou novamente, e em momento nenhum pensou em Mark, ele simplesmente dormiu com Stacy. - Não é justo com Lucas – continuou levantando-se – Não é justo comigo e nem com você... Ela não respondeu. Sentia-se envergonhada novamente com o que aconteceu. Odiava o fato de não conseguir segurar-se perto dele. Que droga de poder era esse que House conseguia ter sobre ela? - Greg, desculpe... – ela pediu deixando sua mão repousar de leve na dele. House parou o beijo. Ele não seguiu em frente, mesmo sabendo que naquele momento ele poderia fazer o que quisesse. Diferente do que fez com Stacy, ele parou. O que tinha de diferente? Ele gostava do Lucas ou simplesmente a respeitava? Não importava o motivo, da mesma forma ele estava sendo justo... House era melhor do que ela. - Eu não devia... Acho melhor ir embora – levantou-se e procurou seu casaco. Ele ia dizer alguma coisa, mas a campainha tocou. Mas que hora de merda para isso tocar, não? Resmungou para si mesmo, quando mancou até a porta. - Greg! – Treze cumprimentou sorrindo – Vamos? A médica estava à porta e Taub estava ao seu lado. Lá na rua, por coincidência, Wilson chegava de carro também. Alguns segundos antes, o oncologista poderia ter


aberto a porta e visto o que não deveria ver. - Dra Cuddy? – os olhos de Taub a encontraram na sala – Você está ocupado? – perguntou para o chefe. - Ela só veio ver como o Sawyer está – respondeu sem emoção. - E como ele está? Ele está melhro? - Sim, já está dormindo. Wilson estranhou a presença dos dois médicos, e os cumprimentou ao passar. Trazia consigo algumas pastas. - Você vai sair? – perguntou para House ao entrar. - Vamos ver um local para a festa – Taub respondeu por ele, colocando as mãos no casaco para evitar o frio. - House... Você vai sair agora? – Cuddy o fitou surpresa – E o Tom? - Você vai ficar em casa Jimmy? – ele ignorou a diretora. - Sim, tenho que decidir esses últimos detalhes – mostrou a pasta – Achei que a Cuddy e você me ajudariam... - Não vou demorar – ele disse mal-humorado e usou sua bengala para pegar seu casaco. - E o Tom? – Wilson perguntou confuso. - Ele está dormindo, você e a Cuddy estão ai. Não vou demorar. Antes que o oncologista ou a diretora pudessem argumentar, House fechou com força a porta e seguiu com Treze e Taub para o lugar onde provavelmente aconteceria a despedida de solteiro. - Inacreditável! – Cuddy disse irritada – Ele se comprometeu que cuidaria do Tom! E foi só a Treze chegar e ele foi embora, deixou o menino! - O simples fato de House ter ficado com ele até o Tom dormir já é quase um milagre – Wilson respondeu calmamente sentando-se no sofá – Esperar que ele ficasse em casa, era demais. Ela cruzou os braços e jogou-se no móvel. Os olhos perdidos em algo próximo a mesa central. Não sabia por que estava irritada, só sabia que estava. E isso a incomodava profundamente. Wilson organizava outras revistas em cima da mesinha, enquanto Cuddy encarava a porta do quarto de Tom. Aquele cretino... - Não sei porque eu concordei em deixar o garoto com o House – ela continuou – Ele não muda mesmo! O mesmo irresponsável de... Mas a porta se abriu e ela não pode continuar. Era House. Sacudiu os pés antes de entrar e bateu a porta atrás de si, evitando fazer barulho. Guardou seu casaco sem dizer nada e foi mancando até a cozinha. - Você não ia ver o lugar para a despedida? – Wilson cerrou os olhos. - Taub conhece o local e eu confio no gosto da Treze – ele respondeu simplesmente – A dor vai voltar devagar e Tom pode... Precisa de mim. Cuddy o fitou, impressionada. Sinceramente, era incrível como ele ainda conseguia surpreendê-la. Ela viu quando ele entrou para a cozinha e voltou com um pote de sorvete, jogou-se no sofá ao lado do amigo e começou a comer. - Ainda vendo essas coisas gays? Pensei que já tivesse acabado... - Só falta isso – Wilson respondeu circulando as opções de decoração que mais o


agradava, ouvindo sempre os conselhos de Cuddy – Amanhã será a festa de noivado, no sábado a despedida e na quarta, finalmente, o casamento. - Deus! Só a louca da Nathy para casar numa quarta-feira – resmungou com a boca cheia. - Não é por causa da data especial? Tipo tradição? – Cuddy perguntou tentando manter contato com ele. - Mesmo assim... É dia de futebol! - Desde quando você é viciado em futebol? – Wilson riu. - Desde que conheci sua noiva – respondeu sarcasticamente, pois não gostava tanto do esporte assim – Casar no meio da semana é pedir para os convidados não aparecerem... - Você vai? – ele perguntou sério. - Tenho escolha? – retrucou. - Se você for, tudo bem para mim – ele sorriu. House rolou os olhos e levantou-se. Não podia ficar mais naquela sala. Não porque estava cansado de falar sobre o casamento, e sim porque não podia olhar para Lisa e não pensar em simplesmente agarrá-la e deitá-la novamente naquele sofá. Novamente seus pensamentos o traiam e House preferiu evitar qualquer coisa. - Já vai dormir? – Wilson perguntou confuso. - A Sra. “Cão tome” pediu para que eu levasse o Sawyer cedo até o orfanato – ele justificou indo até a cozinha devolver o sorvete – Preciso dormir cedo então... - Então... Boa noite, paizão – brincou. - Boa noite Jimmy – os olhos dele encontraram os de Cuddy – Boa noite Lisa... Cuddy odiava não conseguir decifrar aquele olhar. - Boa noite... Greg. _____________________________________________________________________ Capitulo 16 – O plano de House Quando Tom acordou, ainda ficou um bom tempo na cama, aproveitando o conforto que os lençóis proporcionavam. Um relógio perto da janela anunciava que já eram oito da manhã e tanto House quanto Wilson já deveriam estar esperando. - Sawyer! – o infectologista o chamou – Temos horário para chegar em St. Pauli, guri! Ele pode ouvir o médico da cozinha, e colocando seus sapatos arrastou-se preguiçosamente até lá. Na mesa, Wilson já tomava café, impecavelmente pronto para o trabalho, segurava uma xícara com uma mão e o jornal matinal com a outra. O oncologista sorriu familiarmente quando viu Tom. - Panquecas – House anunciou jogando algumas em um prato vazio. - Adoro panquecas! – ele sorriu, sentando-se. - Bom dia, Tom – Wilson cumprimentou servindo-se também das panquecas – Como está se sentindo? - Fisicamente muito melhor, senhor, mas tenho que confessar que estou nervoso – disse timidamente provando um pouco da comida – Dr. House, o senhor realmente é um ótimo cozinheiro, isso está maravilhoso. - Pare de puxar meu saco garoto – ele riu, servindo-se também – Suas coisas estão


todas prontas? Tom balançou a cabeça dizendo que sim. Depois de colocar um pouco mais na boca, o garoto respirou fundo e olhou pela janela da cozinha, pensativo. Alguma hora ele teria que enfrentar tudo aquilo, e nem House nem Wilson queriam interferir. - Estamos esperando a Dra. Cuddy – Wilson explicou – Ela faz questão de estar presente conosco. - O senhor vai também, seu Jimmy? – ele sorriu animado. - Claro Tom! É um momento importante, os amigos precisam estar com os outros – ele concluiu terminando de tomar seu café. O garoto sorriu timidamente e fitou House. Gostava daquela sensação de estar com os dois. Eles eram engraçados. Amigos, mas brigavam muito. House parecia uma criança e Wilson era o irmão mais velho que precisava cuidar dele, mas que acabava se divertindo também. Tom adorou estar com eles. - Antes mesmo de ir, eu queria dizer... Muito obrigado – disse sinceramente encarando os dois. Wilson sorriu em resposta, mas House levantou-se e foi até o garoto, agachando um pouco para ficar a sua altura, que era muito inferior já que estava sentado. Sua mão tocou o ombro de Tom. O garoto o fitou esperando ver o que ele iria fazer, e o médico só balançou a cabeça fazendo que não. - Um dia que você passa com o Jimmy e já está ficando gay – brincou bagunçando o cabelo do garoto. Tom gargalhou e ousou abraçar o médico. Não sabia se poderia fazê-lo, mas mesmo assim o fez. No começo, House não reagiu, mas depois devolveu o abraço. Neste momento a campainha tocou e sorrindo Wilson levantou-se para ir até a sala atender. - Por que eu? – House perguntou quando o abraço foi desfeito. - Meus pais morreram... – disse encarando, agora, o resto da panqueca a sua frente – Você parecia ser o único disposto a não negar isso... House fitou aquele garoto profundamente. Conhecendo-o bem, Tom parecia ter muito mais do que seus noves anos. - As pessoas acham que não encarar é melhor, mas eu ia precisar fazer isso. Meu pai sempre diz para abrirmos o armário, só assim teremos uma noite tranqüila – ele deu um sorriso sem graça – Você cuidou de mim... Mas em momento nenhum disse o que eu tinha que fazer. E... - E o que, Tom? - Você também parecia triste... – ele o encarou – Achei que você pudesse me entender... - E estava enganado? - Quando eu vi o senhor pela primeira vez pude ver seus olhos tristes, mas não quando o senhor cuidou de mim. Era diferente... – respirou fundo – Foi a primeira vez naquele dia que eu senti que podia fazer algo por alguém... - Você quis me ajudar? – ele perguntou sorrindo. - E eu estava enganado? – repetiu espertamente a pergunta. - Não, Tom... Você não estava enganado – disse bagunçando novamente os cabelos loiros do garoto.


Wilson e Cuddy entraram nesse exato momento na sala, e voltaram a se surpreender com o médico. Ambos sorriram para o garoto que retribuiu, logo colocou o ultimo pedaço que restara de sua panqueca e levantou-se para pegar sua mochila. - Preparado? – Cuddy perguntou simpaticamente, enquanto todos saiam da casa. - Tenho que estar, não é? – ele sorriu. - Acho melhor todos irmos no meu carro – Wilson ofereceu – Depois voltamos aqui para pegar seu carro Cuddy e vamos para Princeton. - É Jimmy, aproveita que a chefa liberou chegar atrasado – House brincou ajudando Tom a colocar suas coisas no carro e depois se sentando ao lado de Wilson, no banco do passageiro com seu violão. - Por que você trouxe isso? – Wilson o olhou desconfiado. - Quando o rádio ficar chato – ele riu. - Se você me atrapalhar dirigindo, vou lhe dar um cascudo – resmungou. - Então... Cuddy, me deixa sentar ai atrás – pediu, saindo do carro. Sem dizer nada, ela mudou de lugar. A primeira parte do caminho foi feita inteiramente em silêncio, somente House insistia em fazer algum som, dedilhando as cordas do violão. Mas Tom não prestava atenção, seus olhos vidrados no lado de fora do carro. O garoto sabia que o futuro que o esperava era incerto, mas necessário. O que aconteceu com ele fora horrível, mas ele não podia mudar. - Às vezes Sawyer – House disse parando de tocar, retirando-o de seu estado de transe – Nós só precisamos seguir em frente... O garoto sorriu para ele. Era incrível como às vezes o médico parecia ler seus pensamentos. Siga em frente... ele repetiu mentalmente, em frente. - Eu conheço pessoas que trabalham em St. Pauli, querido – Cuddy disse tentando deixá-lo menos nervoso – São pessoas maravilhosas, sei que será muito bem tratado lá. - Eles têm panquecas e sopas também? – perguntou rindo. - Mas eu acho que você pode fazer visitar – Wilson disse olhando para Cuddy, esperando que ela confirmasse – Se quiser ir lá em casa comer panquecas, você sempre será bem vindo. - Sério? – seus olhos brilharam – Pena que o senhor já vai se casar... Eu gostei de escolher as coisas. - Eu disse que esse garoto está ficando gay – House brincou. - Ele é só prestativo – Wilson lançou um olhar reprovador para o amigo – Gosta de ajudar! - Que indireta mais direta, Jimmy – House fingiu ficar ofendido. - E vocês terminaram de escolher? – Tom perguntou ignorando a nova briga dos dois. - Sim, querido, olhe aqui – Cuddy tirou da pasta algumas revistas e entregou para o garoto – As circuladas. - Que bonito – ele analisou realmente interessado – Mas sua noiva não é pintora, Dr. Jimmy? - Sim, Tom, por quê?


- Então por que colocar esse centro de mesa com flores? O senhor poderia escolher seu quadro preferido dela e colocar algumas miniaturas – ele respondeu simplesmente entregando as revistas para Cuddy. A diretora e o oncologista olharam surpresos para o garoto. Era uma ótima idéia, e o melhor é que tinha tempo para fazer isso, afinal o casamento em seis dias. - Pensei que você queria ser engenheiro – House comentou sarcasticamente – Mas você vai virar um decorador mulherzinha – implicou. - Vai dizer que é uma má idéia? – ele encarou corajosamente o médico, rindo do comentário dele. - Não... – sorriu – Foi uma grande idéia. - Engenheiros podem ter boas idéias. Se “infectológos” têm... - Infectologistas – Cuddy corrigiu sorrindo. - Isso! Se os infectologistas têm, os futuros engenheiros também. Mas... – ele parou por um momento – Nem sei que ainda quero ser engenheiro. - Por que não, Tom? – Wilson perguntou pelo espelho do carro. - Quero ser médico! – ele sorriu – Olha como vocês são bacanas! Caraca! Vocês são demais, acho que quero ser infectologista e “nefrolotista”. - Nefrologista, Tom – Cuddy o concertou novamente sorrindo. - Você é muito colão – House brincou. - Mas vou estudar para ser como o doutor House – ele continuou animado. - Manco? – House perguntou rindo. - Não. Sarcástico – ele retrucou espertamente e todos riram – Você é especialista em infecções e doenças de rins, mas você curou meu problema na cabeça. House sorriu, ao sentir, estranhamente, uma ponta de orgulho ao ouvir isso. De certa forma aquele garoto o admirava e isso era legal. Na frente dele, Tom tinha um grande oncologista e uma endocrinologista exemplar, mas não... Tom queria ser como House. - A modern-day warrior… Mean, mean stride! Today's Tom Sawyer... Mean, mean pride! Um guerreiro dos dias modernos... Significa transpor! Hoje, Tom Sawyer... Significa orgulho! – House começou a cantar olhando para o garoto – Though his mind is not for rent. Don't put him down as arrogant. His reserve, a quiet defense riding out the day's events… Apesar de sua mente não estar disponível para aluguel. Não o coloque como arrogante. Seu jeito reservado, uma defesa quieta resistindo aos eventos do dia... O pequeno Tom encarou o médico. Sawyer... Agora ele podia entender. Pelo espelho do carro, Cuddy e o Wilson também o observavam. House transformava-se quando tocava. - The river... O rio... – House cantou quase em um sussurro, enquanto seus dedos viajavam em um solo lindo. - Eu gosto do rio – Tom comentou sorrindo. - What you say about his company is what you say about society. Catch the mist, catch the myth, catch the mystery, catch the drift… O que você diz sobre a companhia dele é o que você diz sobre a sociedade. Pegue a névoa, pegue o mito, pegue o mistério, pegue o fluxo... – continuou. O carro chegou ao Orfanato de St. Pauli, mas nenhum dos quatro desceu no carro, apesar de relativamente atrasados. Eles queriam ouvir o final.


- The world is, the world is… Love and life are deep… Maybe as his skies are wide O mundo é, o mundo é... Amor e vida são profundos... Talvez como os céus deles são largos – House finalizou e só se pode ouvir o som agudo do solo que terminava a música. - De quem é essa música? – Tom perguntou admirado. - Uma banda chamada Rush... Talvez você precise ouvir algo além de Oasis – brincou deixando o violão para sair. Wilson pegou as mochilas de Tom e os quatro caminharam até a grande porta. - Você está pronto... Tom Sawyer? – House sorriu ao perguntar. - Temos que resistir aos eventos do dia, não é? – ele riu ao repetir uma parte da música. O caminho até dentro do orfanato pareceu muito maior do que era. A cada passo que Tom dava, ele sabia que estava deixando tudo para trás. E ele precisava, pois não restara nada. A vida levara tudo que ele tinha e só lhe restara a coragem. Ele olhou para House antes de bater, depois fitou Wilson e Cuddy, era engraçado como aquelas pessoas que ele mal conhecia, pareciam torcer tanto por ele. Siga em frente... ele repetiu novamente. Quando a porta abriu, puderam ver a grande recepção e pela porta de vidro, algumas animadas crianças que brincavam e conversavam num grande salão. Eles não demoraram em encontrar a Sra. Saotome, que estava acompanha pela diretora do St. Pauli. - Sou a Sra. Miranda – cumprimentou os médicos – Vocês devem ser do Hospital Princeton e esse deve ser o pequeno Tom Hildebrand – ela olhou bem para o garoto. - Sou, sim senhora, prazer – ele apertou a mão dela educadamente. Cuddy tratou de cuidar das papeladas junto com a assistente social, afinal o Tom estava sobre cuidados do hospital. Wilson e House aproveitaram para acompanhar o garoto até a grande sala. - Parece legal – ele tentou parecer animado. - Hey! Vai ser divertido – o oncologista tentou animá-lo – Você vai ver... - Vai mesmo, Dr. House, ou o Dr. Jimmy só está falando isso para me agradar? – ele perguntou espertamente. House sorriu antes de responder. - Os dois... Se vai ser divertido ou horrível, depende de você. Todos esses moleques estão na mesma situação que você, então, eles te entendem... - Você não acredita em mim? – Wilson fingiu cara de triste. - O Dr. House mente melhor, então ele também é mais sincero – Tom respondeu sorrindo. - Isso tem lógica? – o oncologista olhou para ele confuso – O garoto passa um dia com você e fica lunático como você! - Ah não virei um lunático gay – Tom gargalhou – Isso é ruim? - Você não sabe o quanto, piralho – House bagunçou seus cabelos. Cuddy chegou avisando que estava tudo certo e que já poderiam ir, Tom ficaria definitivamente no orfanato agora, até uma família decidir adotá-lo. - Ele poderá sair com alguém fora da instituição? – Wilson perguntou para a Sra. Miranda – É que eu vou casar na quarta-feira e gostaria muito que o Tom fosse, sabe?


Ele ajudou nos preparativos... - Sério Dr. Jimmy? Você está me convidando? - Bom, tenho que cadastra um dos senhores então, para que o Sr. Hildebrand possa ser liberado, as regras são rígidas. Posso colocar no nome da Dra. Cuddy, então? - Não, por favor, deixe o Dr. House – ela pediu olhando para ele – Tudo bem por você? - Claro... – House se surpreendeu com o pedido, mas não pode deixar de aceitar – Deixa o alemãozinho comigo – sorriu. - Caraca! Eu adoro vocês – Tom correu para tentar abraçar os três médicos juntos – Vou adorar ver o seu casamento doutor Jimmy. Eles demoraram mais uns cinco minutos se despedindo, com Cuddy e Wilson dando inúmeras recomendações para o pequeno Tom. Antes de sair, House abaixou-se e pegou sua mochila para entregar-lhe algo. - Não fique mostrando para todo mundo... As pessoas são invejosas e nem todo mundo tem um... – ele retirou o pote com o cérebro e entregou para o boquiaberto garoto – Lembra-se das partes? - Frontal, parietal, temporal, occipital – respondeu orgulho se si. House bateu palmas e levantou-se ainda olhando para ele. - Você vai ser um grande neurologista, Sawyer. Os quatro definitivamente se despediram. A Sra. Mirando acompanhou os médicos até a saída e garantiu que o pequeno Tom receberia todo o necessário no orfanato e que logo uma boa família o adotaria. Ele tinha boas notas e era comportado, um dos mais procurados por pais adotivos. Quando House entrou no carro, não estava com vontade nenhum de trabalhar. Mas sabia que não escaparia, principalmente porque a chefa estava com eles. - Tom vai se dar bem – comentou Wilson ligando o carro. - Eu espero, é um bom garoto – Cuddy sorriu. Os dois conversaram sobre Tom e sobre o casamento praticamente a viagem toda. Enquanto House dedicou seu tempo a resmungar algumas coisas e dedilhar em seu violão. Sentiria falta do garoto... - Tomara que ele não seja adotado por mais uma família composta por um casal onde a mulher é uma quarentona frustrada e o cara tem sérios riscos de ser um pervertido – House resmungou, enquanto Wilson estacionava. - Nem todas as famílias que adotam crianças são assim – Cuddy discordou e o fitou um pouco magoado. - Hey! Você sabe que é a maioria e... Nem todo mundo tem a sorte da Rachel – ele disse sinceramente saindo do carro – Você é uma ótima mãe, e espero que o Sawyer tenha essa sorte... Ela não respondeu e Wilson sorriu da cena, ligou novamente seu carro, mas não saiu, esperando que cada um deles pegasse o seu para irem juntos ao hospital. House resolveu ir de moto e logo conseguiu mais vantagem chegando antes. Durante o resto da manhã tudo ocorreu normalmente, House pegou um caso de uma garotinha com muita febre e um inchaço anormal nos gânglios do pescoço, Wilson cuidou das suas dezenas de paciente e Cuddy terminou os relatórios que precisava verificar. Como sempre o de House não estava pronto. Ao entrar na sala, logo a diretora percebeu que a equipe dele não estava fazendo


absurdamente nada. Taub lia um artigo relaxadamente na poltrona, Chase se divertia com algo em seu celular, House e Treze conversavam alegremente entre segredinhos e no canto da sala, de braços cruzados, Foreman fechada a cara para todos eles. - Você não tinha um caso? Helena Winchester? - Novo recorde! – Taub riu sem tirar os olhos do artigo. - Resolvemos em menos de meia hora – Chase completou orgulhoso. - Mas como? - Síndrome de Kawasaki! – House respondeu – Como já resolvemos o caso semanal, ganhamos a semana de folga! - Claro que não! – ela estava irritada. Só não sabia por que – Se vocês não tem caso algum, vão para a clinica, sempre precisamos de médicos lá. Seus olhos viajam da mão de Treze tocando a coxa de House, até os profundos olhos azuis do médico. Por que ela se sentia tão irritada? Ele estava com a Dra Hardley, isso todo mundo sabia... Ela não devia estar irritada. - E você me deve seus relatórios! – gritou apontando para uma pilha de papel próximo ao notebook. - Socorro! TPM! – House mangou pegando as pastas – Isso não é contagioso é? Se for eu já tranco a Treze no banheiro por antecedência, por que essa aqui já me bate normalmente... Ele mal terminou de falar, e ela já o havia atingido. Contrariado, House jogou as pastas em cima de Foreman. - Vamos pequeno Eric, faça seu trabalho, depois se junte as crianças na clinica. Foreman levantou irritado. Também estava mais alterado que o normal e com violência devolveu os papéis para o chefe e foi caminhando em direção a porta. - Vou trabalhar na clinica... Cuide você mesmo de fazer seu trabalho! - Eu disse que essa tal de TPM era contagiosa, ninguém acredita em mim – House disse sarcasticamente. Deu uma boa olhada na sala e resolveu jogar a pilha de papel para Chase – Australiano! - O que isso?! - Dever de casa! Faça você mesmo ou convença o Foreman a fazê-lo. O neurologista o encarava da porta com uma olhar desafiador. O resto da equipe levantou-se pra ir para a clinica, mas antes de sair, Treze virou-se e deu um selinho rápido em House. - Eu não estou de TPM, chefe! House ergueu a sobrancelha surpreso, mas não disse nada e continuou seu caminho com um meio sorriso no rosto. Mas Foreman, este precisou se segurar para não partir em cima do chefe e revoltado seguiu seu caminho firmemente. - Taub e Chase – House os chamou e os dois pararam – Cuidado com a TPM! Rindo eles continuaram seu caminho junto com Treze, enquanto House pretendia ir até a sala de Wilson, mas sentiu seu braço ser puxado por Cuddy. - Você – ela apontou para ele – Minha sala – apontou em direção ao seu escritório – Agora! - Mas agora mãe? – perguntou ironicamente tentando se safar.


Porém sabia que não tinha muita escolha, e resolveu seguir a chefa até a sala dela. - Não quero você me dando discursos sobre assédio sexual – ele começou brincando – Eu sei me cuidar sozinho... - Ah! Cala a boca, House – ordenou irritada. E os olhos de House a estudaram minuciosamente. Na noite passada eles se beijaram, naquela manhã tinham convivido normalmente com o Tom e agora, ela simplesmente agiu como se odiasse. Por quê? O que mudou? - A TPM atacou você? - Precisamos conversar – ela disse tentando manter a voz calma. - Sim precisamos – falou agora sério, puxando uma cadeira na frente dela – Escuta, Lisa... - Cuddy – ela corrigiu. - Lisa – retrucou – Lisa! Lisa! Lisa! - Quantos anos você tem? - Três... Vai me ouvir agora? Ela respirou fundo ainda tentando não perder o controle. - Alguma coisa está muito errada – ele começou – Nos beijamos duas vezes, e não está certo, porque você ainda está com o Lucas... - House, me desculpe... – agora a voz dela passava culpa e não irritação. - Não, Lisa... Eu quero pedir. Não devia ter me aproximado de você, não devia ter dado oportunidade. Lucas é meu amigo e a sua escolha. Tive vinte anos e oitocentas e trinta e duas chances para tentar lutar por você e não o fiz... Cuddy o fitou com censura, mas não ousou interrompê-lo. - Acabou – ele disse definitivo – Sinceramente eu desejo que você seja feliz com ele e sei que Lucas é bom o suficiente para você... Não vai acontecer de novo... - House! – o interrompeu colocando as mãos na frente dele como se pedisse para ele parar de falar – Você me ama? A pergunta o atingiu em cheio, porque ele não esperava isso. - Eu amei... – respondeu secamente – E sei que em algum momento de sua vida, você foi insana o suficiente para também gostar de mim. Mas já é tarde demais... Temos que seguir em frente e eu peço desculpa por ter beijado você... - Greg... – ela o chamou pelo primeiro sem perceber. - Não vai acontecer de novo... Quando Cuddy ia argumentar, alguma coisa que nem ela mesma sabia o que era, a porta de sua sala abriu bruscamente.Maldita convivência, pensou Cuddy quando viu Nathy entrar loucamente por sua sala, sem bater assim como o House. - Gregucho! – Nathy gritou pulando no pescoço do médico que desta vez não teve tempo para fugir – Saudades! - Que merda, Nathy! – ele tentava escapar dos beijos, empurrando-a com a bengala – Eu odeio quando você me chama assim! - Eu adoro te deixar com raiva! – ela riu, largando-o e indo cumprimentar Cuddy –


Trouxe os convites do casamento! - Ah Obrigada – Cuddy pegou sorrindo, mas sabia que por dentro sua cabeça estava um turbilhão de coisas – Ficou lindo, Natasha. - Num foi? – ela meio que pulava na sala e correu mais uma vez até House abraçando-o novamente – Muito saudade de você, chatolino! - Claro você me abandonou – ele resmungou fingindo estar ofendido. - Eu não queria sobrecarregar você com os negócios do casamento, sei como para você é tedioso, então dei essa sumida para resolver tudo – ela sorriu agora puxando o cabelo dele. - Amém! – brincou batendo a bengala na cabeça dela. - Mas já está basicamente tudo pronto, não é Nathy? Ou... – Cuddy começou a falar, mas sua porta novamente a interrompeu. Cuddy podia esperar qualquer pessoa cruzando sua sala, menos ele. Atrapalhadamente, Lucas correu até a porta abrindo-o com força, fazendo com que a mesma batesse em House e Nathy que estavam próximos e eles quase caíram. Lucas não parecia feliz. - Amor? O que aconteceu? - Lisa... Eu... Lisa, não foi minha culpa – o detetive estava tão nervoso que não conseguia concluir sua frase. - Hey cowboy! – House o segurou pelos ombros – Respira fundo e diz o que aconteceu! - Rachel... – foi só o que ele conseguiu dizer. Quase em um salto a diretora deu a volta por sua mesa e postou desesperadamente na frente de Lucas. - Lucas Douglas! ONDE ESTÁ MINHA FILHA? - Ela... Oh Deus! Lisa – ele ainda estava muito nervoso. A mão de House desceu tão rapidamente no rosto do detetive que quase ninguém percebeu o golpe. Lucas quase se ajoelhou, suas mãos segurando a própria face, seu olhar contemplando o chão. Foi dolorido, mas House realmente pareceu despertá-lo. - Vamos parar com a histeria? – House o olhava preocupado – O que aconteceu com a Rachel? - Estávamos no parque, eu, ela e Anne e... - E? – agora até Nathy estava angustiada. - Quer outra tapa? – House o ameaçou. - Rachel foi seqüestrada... Lisa me perdoe... A única coisa que Cuddy conseguiu fazer foi ajoelhar sobre suas pernas e chorar, não sabia o dizer ou o que pensar. Sua filha! Sua amada filha estava perdida. - Aonde isso aconteceu? – House agora puxava o colarinho da camisa dele. - No Billiards’ Park... – a voz dele falhava. - Já chamou a policia? – Nathy perguntou enquanto ajudava Cuddy a se levantar. - Sim... A policia está atrás, a Anne já está procurando também com um namorado, mas precisei vim avisar vocês...


House ficou calado por alguns segundos, soltando Lucas para que ele caísse definitivamente no chão. - Nathy! – ele a chamou – Avise o Wilson, eu estou indo... - Aonde você vai House? – Cuddy o segurou pelo braço. Ele agachou, até onde sua perna agüentou, aproximando-se dela. - Lisa... Eu vou salvar sua filha... É uma promessa. Cuddy não respondeu imediatamente. Levantou-se com ajuda de Nathy, pois sabia que só chorar não resolveria nada. Ela, Lucas e Natasha então acompanharam House que mancava rapidamente até o elevador. - Alô Chase? – ele estava ao telefone – Preciso dos Ducklings aqui... A Rachel sumiu... Sim... É! Depois você chora... Nos encontramos no estacionamento! O tempo que o elevador demorou a chegar foi o mesmo de sempre, mas para Cuddy parecia um século. Ela ainda se apoiava em Nathy e em Lucas. - Lucas, como isso aconteceu? – a voz dela era fraca quando eles entraram no elevador. - Foi muito rápido, eu sai para pegar sorvete e a Anne foi atacada... House o interrompeu colocando a mão em seu ombro. - Não é hora para explicação... Primeiro achamos a Rachel, depois a história. O detetive agradeceu e eles seguiram rapidamente até o estacionamento. - House e ai o que vamos fazer? –Taub saiu correndo ao encontro dele e junto ao cirurgião havia pelos menos quinze médicos, além de Treze, Foreman e Chase. Demorou um pouco pare definir aonde cada um deles procuraria. Mas alguns minutos depois, o grupo se dividira e partiram para tentar achar a menina. Lucas e Cuddy partiram juntos para procurar próximo a casa deles, Taub foi com Chase para a delegacia tentar achar algumas informação, Treze se dirigiu para o parque, Foreman e os outros médicos teriam que visitar lugares onde Cuddy e a menina freqüentavam. House colocou seu capacete e ligou a moto, não sabia ao certo aonde começar a procura, só sabia que precisava ver uma pessoa. Eram dez e vinte da manhã, quando o infectologista partiu de Princeton, atrás da única pessoa, que na opinião dele, podia dizer algo de realmente interessante. Anne Rolder tinha apenas dezoito anos e agora se via em uma situação extremamente complicada. A menina da qual era babá havia sido seqüestrada. E Anne não pode fazer nada. Não fora negligência dela, ou falta de atenção. Seu outro patrão, Lucas fora comprar soverte para eles, um ato que não demoraria mais que cinco minutos. Mas aqueles poucos minutos foram suficientes para que Anne fosse surpreendida por um homem que habilidosamente tampou sua boca, impedindo-a de gritar. Maldito dia para o Billiards’ Park está vazio... A mão de Zach, seu namorado, tocou seu ombro chamando-a e fazendo parar de se lembrar. Ele queria mostrar alguma coisa para ela. - Isso não pertence à Rach? – perguntou apontando para um chapéu rosa, caído entre a grama. - Sim – respondeu quase chorando, abaixando-se para pegá-lo – É dela, Zach. Não demorou muito para os dois ouvirem o som estrondoso de uma moto aproximando-se, provavelmente utilizando um caminho não permitido para veículos.


- Doutor House! – Anne correu até ele. - Como foi? Como aconteceu, Anne? – a voz dele era séria. - Eu estava sozinha com a Rach, o seu Lucas foi comprar sorvete... Meu Deus... – ela puxou a jaqueta de House e encostou sua cabeça – Foi tão rápido. Só senti quando a mão dele tampou minha boca, ele usava mascara... Mostrou uma faca para mim e disse que se eu falasse algo ele mataria... – ela não conseguiu agüentar. - Vamos, preciso que você se esforce – House pediu afastando-a de seu corpo. - Hey cara, vai com calma! Ela... – Zach tentou diminuir. - Você sabe onde a Rachel está? – o médico gritou com o rapaz – Sabe, moleque? - Não senhor, mas... - Anne, não foi sua culpa, agora engole o choro e me diz algo – ele ignorou o rapaz – Ele tinha algo especial? Usava algum carro? Você viu como ele escapou? Ela soluçava nervosa, e ainda segurava com força a jaqueta dele. Sua mente ia devagar se lembrando de detalhes. - Um pentagrama – ela disse encarando o médico. - Um pentagrama? - Sim! Ele tinha um pentagrama tatuado na mão direita, eu vi quando ele tirou a Rach do carrinho... – Anne já começava a se animar mais – Mas ele correu pela parte com mais arvores, não pude vê se tinha carro ou moto... - Estávamos procurando um qualquer na multidão – House disse pensativo – Mas agora você colocou um grande chapéu nele... Podemos achá-lo. - O que vai fazer doutor? O que podemos fazer? - Você e o sujeito ai continuam procurando no parque... - Achamos isso – o garoto interrompeu tentando impressioná-lo, deu o chapéu para ele. - Não ajuda muito. Mas continuem olhando por aqui, eu vou precisar ir em alguns lugares – ele concluiu guardando o chapéu cuidadosamente na mochila, e pegou também dois pares de luva – Quando pegarem em algo da Rach preocupem-se em não contaminar as coisas... - Maneiro – Zach disse com um sorriso bobo ao vestir as luvas – Achei que o senhor fosse médico... - Isso que dá assistir muito Law & Order – comentou colocando o capacete – Mas quem resiste a Mariska? Anne e Zach observaram quando ele rapidamente sumiu no parque. Não imaginava o que o médico tinha em mente, mas rezava para que sua informação fosse realmente útil. House rodara tanto pela cidade, que quando percebeu precisa abastecer sua moto novamente. De cinco em cinco minutos, ele ligava para alguém do grupo e para a policia pare tentar novas informações. Mal percebeu que já dariam duas e meia da tarde, quando resolveu ir até à delegacia, ver com Taub e Chase se havia algum progresso. - O detetive Schneider estava procurando por um tal de Trivolt – Chase contou, enquanto House sentava para relaxar um pouco – O cara ficou preso por três anos acusado de pedofilia e foi solto essa semana, além de morar próximo ao parque... - Suspeito em peso – House comentou tomando um pouco de café que uma bondosa


secretária oferecera a ele. - Mas ele nem está na cidade – Taub explicou. - Só o Trivolt foi investigado? – House achava que era pouco demais. - Não! Vimos pelos menos vinte caras – Chase respirou cansado – Todos com malditos álibis... O Trivolt era o principal. - Onde está o detetive? - É o careca ali – apontou para um homem que conversa com dois policiais – Por quê? - Anne disse que o sujeito tinha um pentagrama tatuado na mão direita dele, algum dos caras que vocês viram aqui possuía essa marca? - Infelizmente não... – Chase respondeu um pouco desanimado. - Um sujeito assim devia ser fácil de achar – House comentou pensativo. - Nas ruas – Taub completou – Não se procura um cara assim em uma Igreja ou uma escola, há lugares específicos para encontrá-los. House e Chase olharam para o cirurgião, admirados. - Meu Deus! Você também é fã de Law & Order? Vamos... - Pra onde, House? – perguntou Chase enquanto os seguia. - Achar o cara do pentagrama. Nem Taub nem Chase, se largados naquele lugar, conseguiriam voltar para casa. Eram casas de jogos, bares meio macabros. Os dois tiveram o cuidado de deixar suas carteiras e celulares escondidos no carro, mas House não parecia preocupado. Ele aproximou-se de um local que parecia um bar mal iluminado próximo a um beco, havia algumas mesas do lado de fora onde alguns velhos bebiam com suas “primas”. Era o lado negro da cidade. - Hey, onde está o Russel? – House aproximou-se de um velhote morto de bêbado. - Com alguma mulher, rapaz – ele resmungou voltando a atenção aos companheiros de mesa. Irritado House o agarrou pela camisa com uma mão, enquanto a outra jogou uma nota de dez na mesa. Taub e Chase observavam tudo, assustados. O velho olhou para o médico demonstrando agora, um pouco mais de interesse. - Talvez a Lola saiba – ela apontou para o que seria provavelmente um travesti. - Você é muito gentil – Taub disse timidamente, enquanto eles caminharam devagar até a “mulher apontada”. Ela olhou para os três de cima para baixo e deu um sorriso malicioso para Chase, que ficou sem saber o que fazer. Mas House parecia ter tudo sobre controle. - Oh invertido, sabe onde posso achar o cretino do Russel? Lola o encarou, nitidamente ofendida. Deu uma risadinha de desdém antes de responder: - No outro bar, próximo ao Dallas – eles então iam indo, mas Lola segurou Chase pelo braço – O loiro não tem telefone? House os separou usando a bengala. - Ele não curte muito seu tipo – House disse sarcasticamente antes de caminhar em


direção aposta. Os três caminharam silenciosamente por alguns minutos, House sempre na frente, guiando-os. O céu ameaça chuva, o relógio já marcava quatro horas, e eles estavam incomunicáveis, pois, por segurança, deixaram seus celulares no carro. - O Chase não curte, mas você curte? – Taub perguntou rindo, quebrando o silêncio. - Cala a boca! – House o bateu de leve com a bengala. - Como conhece esse pessoal? São amigos? – Chase perguntou ainda nervoso. - Nem de longe... Pessoas que devem favores. O local onde eles precisavam chegar parecia fechado, mesmo assim eles atravessaram a rua, quando uma fina chuva começara a cair. House aproximou-se de uma janela quebrada. - Russel! Infeliz! Venha aqui! - Puta merda, House... – um velho resmungou lá de dentro – O que você quer? House largou a bengala e rapidamente segurou Russel pela gola da camisa, escorando-o na parede, fazia tanta força que o velho ficou sem tocar o chão por alguns centímetros. - Você conhece os ratos mais sujos de Princeton, eu quero um em especial. - Meu circulo de amigos é bem amplo – ele zombou – Advogados sujos, ladrões repugnantes e médicos inteligentes... Quem você procura? - Alguém seqüestrou a filha de uma amiga – seus olhos exalavam raiva – Provavelmente um pedófilo... - Sabes quantas merdas de pedófilos existem na droga desse mundo? – ele quase cuspia – Esses doentes são como pragas! - Quero um que tenha em sua mão tatuado um pentagrama! – o interrompeu. - Larss – ele quase sussurrou – Aquele cretino... - Quem é Larss? – House o ergueu ainda mais na parede. - Um entregador de pizza nojento... Um porco, House, um porco... Não sei o que esses merdas vêm nas criancinhas! - Onde eu o encontro? – ele estava com pressa demais para querer ouvir desabafo. - Me solta que eu te mostro – House o largou – Essa é a placa da van dele – ele anotou num papel alguns números – Mas não é difícil de achá-la. Toda vermelha, com o pára-choque batido, tem muitos adesivos na parte de trás. - Algum lugar especifico onde nosso cavalheiro entregue as pizzas? – Taub perguntou apressando-o, não gostava de demorar naquele lugar. - Rua Chelsea com a 4 de Julho – Russel respondeu tossindo – Ele sempre anda por lá. - Valeu, Russel! – House bateu de leve no ombro dele, antes de sair. - Salvou minha vida uma vez, Greg! – ele gritou – Não vou ficar te devendo eternamente! - Vá para o inferno Russel – House gritou sorrindo. Eles caminharam o mais rápido possível de volta para o carro..


- Salvou a vida daquele cara? – Chase perguntou ligando o carro, enquanto House estava do lado de fora subindo em sua moto. - Trato doenças, não importa a pessoa – respondeu simplesmente – E pensar que o cretino do Russel me foi útil algum dia. House deu a partida e saiu rápido, Chase e Taub o seguiram de carro logo atrás. Demorava uns quinze minutos para chegar ao local indicado por Russel. Mas os três estavam tão concentrados que se esqueceram de tirar os telefones do porta-malas. As ruas eram vazias daquele lado da cidade, e ainda mais ao anoitecer. Os três procuravam freneticamente qualquer pista sobre o paradeiro da van. Quando menos esperaram, ela tranquilamente passou por eles. Era exatamente como Russel descrevera. O coração de House disparou, ele não sabia o que fazer ao certo. Como Rachel estaria? O que ele devia fazer agora? Diminuiu então a velocidade da moto para ficar ao lado do carro de Taub. Não havia pedestre algum na rua, e além deles e da van, só mais dois carros passavam ali naquele momento. Taub abaixou o vidro, e Chase verificou o papel. Eles tentavam se manter calmos. - É a mesma placa House – Taub quase sussurrou. O tal Larss se olhasse bem pelo retrovisor poderia vê-los conversando, então tentavam ser sutis – É o desgraçado que pegou a Rachel... House pensou por um momento e analisou a pista e o tempo. A rua ainda seguia reta por um bom período, então ele teve a idéia. - Não importa o que acontecer, sigam o plano – pediu, disfarçando a conversa. - Que plano? – Chase perguntou quase desesperado, mas acalmou-se para não dar bandeira e evitou olhar para House. - Quando eu parar a van... O Australiano pega o cara e você Taub vai atrás da Rach – ele disse em um tom autoritário, mas não parecia tão seguro. - Como você vai parar a van? – agora foi a vez de Taub o olhar desesperado. - Sigam o plano! – ele ordenou acelerando. Taub e Chase ainda tentaram gritar, mas era tarde de mais. A moto de House já havia conseguido velocidade suficiente para ficar a frente da van, e ele num único e corajoso movimento colocou o veiculo para o lado, tampando a passagem. Larss tomou um susto, estava concentrado cantarolando uma música country eu seu carro, quando do nada surgiu aquela moto. O infeliz deve estar moto de bêbado! pensou enquanto freava para não atingi-lo. Tudo aconteceu muito rápido, antes mesmo de House jogar a moto para o lado, Taub já freara o carro. Eles saíram do veiculo e puderam ver quando o corpo do médico deixou a moto e caiu sobre o asfalto molhado. Sem ter a mínima idéia do que estava acontecendo, Larss desceu da van para verificar se House estava vivo, mas assim que colocou o primeiro pé no chão, sentiu algo muito duro batendo em sua cabeça. Chase, que viera correndo, acertara um soco de primeira em sua nuca, suficientemente forte para derrubá-lo. Taub seguiu com o plano e verificou a parta da frente do veiculo, mas não tinha sinal nenhum da menina, rapidamente saiu para olhar na parte de trás. Porém, antes mesmo de chegar até o final, uma dor estonteante o atingiu e ele pode sentir algo cortar sua perna. Chase estava sob a mira da arma que Larss habilidosamente retirara da cintura, e Taub sangrava de leve. Uma bala atingira de raspão sua perna esquerda. - Um movimento e dois morrem! – ele gritou tentando se levantar. - E eu posso me mexer mamãe? – House perguntou atrás dele e Larss sentiu um frio da


espinha. Segundos depois sua cabeça fora novamente atingida. Desta vez House batera com a bengala em sua nuca. Chase espertamente correu e tirou a arma de sua mão, enquanto ele se contorcia de dor. Aparentemente House só estava com os ferimentos leves. - Se a minha filha estiver machucada – o médico apontava a bengala para o homem caído – eu juro que eu capo você. Chase apontou a arma para Larss, enquanto House mancou até Taub para ajudá-lo a abrir a porta de trás da van, que estava trancada. - Cadê a chave?! – Chase gritou. - Não aponte essa arma para mim sua bicha! – Larss zombou – Você não tem coragem de matar nem uma mosca! O homem zombou ao ver a hesitação no rosto de Chase. E tentou se levantar, mas o médico respirou fundo a atirou próximo ao ouvido dele, sem intenção de atingi-lo. O barulho fez Larss se contorcer segurando suas orelhas. - Cala a boca, seu lixo – Chase disse decidido. - Papai tem tanto orgulho dele – House disse ironicamente aproximando-se de Larss, pegou a bengala e acertou o lado do homem – Como abre a merda da van?! - Sua filha vai morrer lá dentro – ele cuspiu as palavras. Mas logo o sorriso vitorioso de Larss sumira em seu rosto, a bengala de House atingira em cheio seu rosto. Depois o médico levantou novamente o objeto, deixando-o cair em cima das partes sensíveis do individuo. - Eu sou médico, sei como provocar muito dor sem matá-lo – bateu novamente com a bengala no local proibido do homem – Eu juro que não terei piedade. - A... – ele gemia de dor – A chave... Está no porta-luvas. Taub correu então até a parte da frente pegando o objeto e House o acompanhou. Chase manteve sua posição, deixando Larss ainda sobre a mira da arma. O cirurgião logo abriu a parte de trás do veiculo e eles puderam ver Rach chorando, sentada perigosamente sobre umas caixas. Estava estranhamente fantasiada e ao lado dela havia alguns aparelhos de fotografia. - Malditos doentes mentais – Taub comentou baixo - Rau! – Rachel quase gritava por ele – Rau! Mesmo machucado, o médico praticamente pulou para dentro do compartimento. Abraçandoa com força. - Está tudo bem, Rach... Eu estou aqui... Estou aqui. - Rau – ela sussurrou seu nome agarrando-se ainda mais ao corpo do médico. Taub voltou para seu carro e chamou a policia. Logo todos estariam ali. Larss não era uma ameaça, e Rachel não parecia ter sido tocada. Enquanto Chase ainda vigiada o safado, Taub e House examinaram o corpo de Rachel. - Graça a Deus esse filho da mãe não tocou em você – House disse abraçando-a mais ainda. Taub sorriu. - Achei que não acreditasse em Deus.


Não demorou cinco minutos e a Rua Chelsea estava invadida por uma frota de carros, entre eles os da policia e também os carros dos médicos que procuravam pela pequena. Naquela altura, eles já haviam amarrado Larss, e Rach dormia no colo de House. O médico e Taub sentados no vagão. Cuddy abriu a porta, antes mesmo de Lucas parar o carro. Correu rapidamente em direção a van de Larss e sentiu se coração saltar de alegria ao vê-la sã e salva no colo de House. Lágrimas escorriam em sua face e a única coisa que ela queria era levar Rachel para casa e abraçar até não poder mais aquele trio de malucos. - Greg... – ela chorava – Você... Ele tinha vários ferimentos por todo corpo, arranhões pela queda. Mas o sorriso dele era inigualável. - Eu prometi que eu a salvaria – ele disse entregando-a no colo. O movimento fez com que a pequena acordasse. Rachel nunca esteve tão feliz ao ver a mãe. Abraçava-a tão forte quanto seus braços eram capazes. - Mamãe – ela a agarrou – Rau salvou eu. Cuddy não conseguiu segurar o choro. Guardava a filha em seu colo, mas seus olhos estavam perdidos no dele. - Eu nem sei como te agradecer... Você me devolveu minha filha, minhas vida, Greg... - Nada que setenta horas de clinica não resolvam – ele riu, descendo da van. Treze e Foreman correram até os outros da equipe. A médico pegou um quite e verificou os ferimentos de House, enquanto Foreman e outra enfermeira viam Taub que deitara na maca de uma das ambulância que vieram. Todos puderam ver quando uma das viaturas levou Larss preso. - Vocês são loucos! – Foreman comentou rindo, enquanto terminava o curativo na perna de Taub. - Alguém tinha que fazer alguma coisa – Chase jogou seus cabelos charmosamente para trás, era o único que não ficara ferido – Louco é o House que se jogou na frente na van. - Sempre sonhei em fazer isso – comentou – Ai! Quer me ajudar ou me torturar? – perguntou para Treze que limpava uma corte mais profunda. - Gastou toda sua bravura pulando da moto? – ela brincou. Eles riram e continuaram um tempo ali, enquanto a policia fechava toda a rua e pegava os depoimentos necessários. - House? – Lucas o chamou. - E ai cara... - Obrigado... Eu... – ele parecia envergonhado com algo. - Nos separamos e fomos para pontos diferentes. Alguém ia encontrá-la – ele tentou sorrir, mas gemeu quando Treze forçou um pouco sob um ferimento acima de seu olho. - Mas... Eu sou detetive... - Hey cara! Detetives conhecem pessoas boas – Taub riu – Não sabe com que tipo de gente nós fomos achar esse tal de Larss. - Não fale assim dos meus amigos – House brincou. Mas Lucas estendeu a mão para o médico.


- Obrigado mesmo, House. Eu não conseguiria... House sorriu sinceramente e devolveu o cumprimento. Foi quando Wilson e Nathy finalmente chegaram. A pintora só não agarrou House pelo pescoço, pois Chase e Treze a seguraram. Mas Wilson o alcançou para abraçá-lo. - Quantas vezes eu preciso dizer que você é louco!? - Deixe de ser gay, homem! – House brincou – E ai temos um festa ainda, não temos? - Pensamos em cancelar – Nathy disse tristemente, aproximando-se vagarosamente do médico, mas não demorou muito para correr e abraçá-lo. House gemeu de dor. - Mas seus pais vieram de New York... - Eu sei Greg, mas com tudo isso. Você ficou ferido, o Taub também... Ela parou de falar quando Cuddy tocou seu ombro. - Nathy, querida, eu preciso dessa festa – sorriu. - Afinal temos mais um motivo para comemorar – Taub incentivou tentando andar e viu que precisava mancar. - Sério? – os olhos dela brilharam. - Todo mundo sabe como você queria essa festa – Lucas sorrindo abraçando Cuddy e Rachel. - Vocês são as coisas mais maravilhosas desse mundo – ela quase chorou, enquanto apertava o desprotegido House mais ainda. - Então abrace a eles, não a mim – ele resmungou. - Pense num homem chato – brincou beijando-lhe no rosto. Como o jantar não fora cancelado, todos resolveram voltar logo para casa e se arrumar, afinal agora só faltava uma hora e meia. Realmente, já estava tudo pronto. House xingou mentalmente a mãe de Larss ao ver sua amada moto ser levada para o concerto. Ele então pegaria carona com Wilson e Nathy, afinal precisava de um bom banho depois de tudo e quem sabe um analgésico, para enfrentar a festa depois de todo aquele susto. Mas no caminho do carro, ele parou, pois uma mão tocou seu braço. - Greg... House virou para encarar aqueles olhos que tanto o fascinavam. Hoje, eles exalavam gratidão. - Rau... – Rach quase pulou do colo da mãe para ir até o dele – Bigada Rause. - Você acertou – ele sorriu, ajeitando-a em seu braço – Acertou meu nome. - Nunca vou conseguir te agradecer – Cuddy falou fitando-o profundamente. - Você não pode ter certeza, pode? – ele riu. Mas seu sorriso traquina tornou-se um sorriso confuso, quando Cuddy aproximou-se dele e depositou um beijo demorado próximo aos seus lábios. Ele teve o impulso de puxá-la para si, mas não o fez. - Obrigada, Greg... – ela repetiu quando sua boca abandonou o rosto dele. Cuddy fechou os olhos quando as mãos de House seguravam a dela. O amor deles não


podia ser mais óbvio, qualquer um que olhasse aquela cena poderia afirmar com certeza que aqueles tolos gostavam um do outro. - Bigada... – foi a vez de Rach agradecer, depositando um beijo com baba no rosto dele – Bigada... pai. House não conseguiu responder e só ficou fitando a garota com um sorriso bobo. - De nada, guria – ele sorriu. Evitando olhar para aqueles olhos que acabavam com ele, House mancou, ainda sorrindo, até o carro de Wilson e Nathy que o esperavam ansiosos pela festa, - Meu pai vai amar conhecer você, Greg! _____________________________________________________________________ Capitulo 16 – O brinde. O clima na imensa casa do Doyle era o melhor possível. Eles tinham um jardim gigante, onde foram espalhadas várias mesas, na parte próxima a casa, um palco armado perto do chafariz e o clima estava perfeito para uma festa ao ar livre. Ter várias pessoas ao seu redor parecia de certa forma dá uma sensação de segurança a pequena Rachel, que brincava, como se nada tivesse acontecido no colo de Lucas. Cuddy já estava mais descansada e a conversa da mesa deles rolava solta. Chase estava inspirado naquela noite e contou várias histórias divertidíssimas sobre algumas férias na Austrália. Nem todas haviam chegada ainda, mas o clima já era familiar. O Sr. Doyle era um homem forte e de aparência séria, porém quando abriu a boca se mostrava um excelente comediante. A mãe de Nathy não deixava de ser tão agradável como ele, mas a pobre mulher corria de um lado para o outro da festa verificando se não faltava nada. O homem mais falado da noite, ainda não estava ali. E não, ele não era James Wilson, o querido noivo. E sim Greg House, o cara da vez. O Sr. Doyle comentara, muito divertidamente, que nos e-mails e cartas que recebera da filha, mais vezes ouviu falar de House do que do próprio Wilson. - A Remy não vem, Eric? – Nina perguntou sentando-se a mesa. Foreman não respondeu imediatamente, pois de certa forma sentiu-se incomodado. Sabia que não era intenção dela ofendê-lo, mas ele não estava com Treze e não tinha obrigação de saber sobre ela. - Não sei dizer – tentou ser educado, pegando mais um drinque. - Ela acabou de chegar! – Nathy os interrompeu apontando para a porta. Ao lado da médica, que usava um lindo e elegante vestido cor de vinho, mancava lenta e preguiçosamente House e seus vários curativos. Era quase engraçado olhar para ele, com alguma atadura em qualquer lugar visível de seu corpo. - Greg! Remy! – a garota correu em direção aos dois e ia arrastando junto com ele seu pai – Finalmente... Pai, esses são meus padrinhos. Greg House e Remy Hardley. - Bote finalmente nisso – o Sr. Doyle sorriu cumprimento os dois – Finalmente conheci esse tal de Greg, mais falado que o próprio noivo. - Também é um prazer conhecê-lo, senhor. - Soube de sua proeza hoje pela tarde – ele sorriu simpaticamente – Depois de tudo ainda tem fôlego para agüentar uma festa ao lado de uma bela mulher? - Bondade a sua senhor – Treze corou um pouco. - Pelas belas mulheres sempre temos um fôlego a mais.


Não demorou para que eles se juntassem aos outros a mesa. House e Taub contavam uma versão totalmente diferente e nitidamente exagerada e mentirosa sobre o que acontecera naquela tarde. - Vinte caras – Taub contou – Eu olhei para eles... - E eles se assustaram com seu nariz – House brincou – Agora falando sério, Chase mirou no meio da testa do Larss e acertou o meio fio. - Hey! Eu não queria acertar nele – resmungou tomando um gole de tequila. - Mesmo que quisesse – Taub mangou. Com a ajuda da bebida e de poucas companhias, de longe a mesa deles era a mais agitada. Conversavam sobre tudo, desde casos médicos até sobre coisas engraçadas por qual cada um passou. Cuddy sorriu sabendo que poderia esquecer de todo o sofrimento que passara naquela tarde. Tinha amigos com quem podia confiar. Ver todos no hospital ajudando a encontrar sua filha era simplesmente maravilhoso. - House? – Nina o chamou – Não está na hora? O médico de repente lembrou-se do que combinara com Nina e pediu licença para levantar, eles chamaram Nathy que pediu licença também e correu para chamar outros três amigos, que estavam sentados, não tão distante dali. - O que eles vão fazer? – Tammy perguntou curiosa. - Por que você acha que tem um palco ali? – Wilson sorriu. - Música ao vivo é coisa especial – Sr. Doyle comentou. Nathy fez sinal para que o DJ parasse com o repertório e subiu com todo aquele grupo no palco. Pegou uma guitarra e deu uma para House, Nina se posicionou atrás dos teclados, um amigo de Nathy pegou um baixo, o outro se sentou na bateria e o ultimo parecia estar ali só para ligar os instrumentos. House ajeitou o microfone a sua frente, ele e Nathy cantariam. - Boa noite, povo! – ele cumprimentou sorrindo. Todos aplaudiram em resposta. - Essa noite, estamos aqui para comemorar uma coisa muito importante – continuou dedilhando alguma coisa na guitarra – O noivado de Natasha Doyle e James Wilson! As pessoas gritaram e aplaudiram, quem estava perto de Wilson ainda deu alguns tapinhas em sua costa. Nathy mandou-lhe um beijo do palco. - Eu se que você vai querer me matar por isso, Jimmy – House riu, enquanto Nina levantava-se e ligava um grande telão atrás dele – Você mandou que eu queimasse a maior parte dessas fotos. - Eu vou te matar, House! – Wilson gritou sem jeito da mesa, quando as fotos dele com Nathy começaram a passar no grande telão atrás da “banda”. Ele sorriu e continuou a dedilhar, virou-se para os outros integrantes e sussurrou alguma coisa. Suas mãos viajaram e ele fez, junto com Nathy, a introdução de Will You Marry Me do Lenny Kravitz. - I want to do this thing! I don't want no drama, mama. It's love I bring, wait a minute! You're out of sight... Girl! I wanna give it to you. Let's make it right! Quero fazer esta coisa! Eu não quero nenhum drama, mama. É o amor que trago, espere um minuto! Você está fora da vista... Menina! Quero dar-lhe a você. Vamos fazer isso direito! – House e Nathy começaram a cantar.


Era incrível como os dois cantavam bem, e juntos suas vozes pareciam ficar melhor. A música era boa e algumas pessoas arriscaram levantar-se de suas mesas para chegar perto ao palco e dançar. - You are my life and my passion! That never goes out of fashion! I want to know: will you marry me? Você é a minha vida e a minha paixão!Que nunca sai da moda! Eu quero saber: quer casar comigo? Quando eles cantaram a ultima frase, as pessoas começaram a gritar a arrastaram Wilson para perto deles. Os olhos do oncologista e de Nathy não se desgrudavam. - Hey baby! Will you wear my ring... You're a Queen and I've been waiting to be a king! Baby, baby! Let's keep it tight if you want to get right to it! Could be tonight... You are my life and my passion… Olá querida! Você vai usar o meu anel... Tu és uma rainha e tenho estado à espera para ser um rei! Baby, baby! Vamos mantê-lo apertado se quiser obter direito a ela! Poderia ser esta noite... Você é a minha vida e a minha paixão... - Mãos pra cima – Nina gritou empolgada – Batendo palmas, pessoal! - That never goes out of fashion. I want to know: will you marry me? Come on baby! Keep it tight I know its right! I wanna have you always in my life... Hit it! Oh yeah! No I like that do... That one more time! Que nunca sai da moda. Eu quero saber: quer casar comigo? Vamos, baby! Mantê-lo apertado eu conheço o seu direito! Eu quero ter você, sempre na minha vida... Dá-lhe! Ah, sim! Não, eu gosto disso... Faça mais um vez! Eles deixaram espaço então para o solo de bateria de Paul, o amigo de Nathy, depois ela e House mandaram também um solo na guitarra para terminar a música. Quando o som parou, só sobrou as palmas. - Você quer casar com essa mulher, Jimmy?! – House gritou ofegante. - Claro que sim! - Então a próxima música é para você – disse sorrindo. House fez um sinal e Endrew, o baixista, foi até a beirada do palco e ajudou o médico a puxar Wilson lá para cima, afinal não era muito alto. O oncologista, um pouco tímido, pegou as mãos de Nathy e a fitou perdidamente. - Essa eu quero tocar sozinho, pessoal – House pediu começando a introdução. - É sua Greg! – Nina gritou dos teclados. - Eu cantarei essa música, pois quando Wilson tenta cantar no chuveiro, somo processados no dia seguinte – ele brincou e todos riram – I'm in love with a girl... Finest girl in the world... I didn't know I could feel this way! Estou apaixonado por uma garota... A melhor garota do mundo... Não sabia que podia me sentir assim! Nathy se aproximou se Wilson e beijo-lhe o rosto, abraçando-o depois. A performance de House era tão incrível quanto os dois juntos. - Think about her all the time, always on my mind… I didn't know about love. Penso nela o tempo todo, sempre no meu pensamento... Eu não sabia nada sobre o amor. – House continuou e todos começaram a pedir que Wilson e Nathy se beijassem – All that a man should do is true... I'm in love with a girl... Finest girl in the world... I didn't know this could happen to me... Tudo o que um homem deve fazer é verdade... Estou apaixonado por uma garota... A melhor garota do mundo... Não sabia que isso podia acontecer Quando ele bateu o ultimo acorde, as mãos de Wilson a puxaram gentilmente para um beijo apaixonado e todos começaram a gritar na festa, aplaudindo e assoviando. - Arrumem um quarto! – House gritou no microfone e todos riam, o médico então guardou a guitarra, pois Nina quem cantaria a próxima música.


Ele desceu para descansar um pouco, afinal seu corpo doía por conta dos ferimentos ainda recentes. Sentou a mesa junto com os outros e logo desfrutou um pouco do seu tão querido Der Kuß von Teufel. - Eu não vou dar show que nem o House – ela começou no puxando o microfone para perto do teclado – Mas prometo que será de coração... Nathy e Wilson continuavam no palco, as pessoas lá embaixo agora dançavam coladinhas ao ouvir o agradável som do teclado começando a música. - I've got an Angel... She doesn't wear any wings, she wears a heart. That could melt my own... She wears a smile that could make me wanna sing. She gives me presents with her presence alone. She gives me everything I could wish for… She gives me kisses on the lips just for coming home… Eu tenho um anjo... Ela não usa nenhuma asa, ela usa um coração. Que pode derreter o meu... Ela usa um sorriso que me faz querer cantar. Ela me dá presentes só com a sua presença. Ela me da tudo que eu poderia desejar... Ela me da beijos, nos lábios, só por voltar pra casa... – enquanto Nina tocava, Wilson e Nathy dançavam. Ela escorou sua cabeça no peito de Wilson e ele foi se movimentando devagar, suas mãos sempre unidas. - She could make angels. I've seen it with my own eyes... You gotta be careful! When you've got good love cause an angels will just keep on multiplying, but you're so busy changing the world just one smile can change all of mine… We share the same soul… Ela pode fazer anjos. Vi isso com meus próprios olhos...Tome cuidado! Quando tiver um bom amor por que os anjos vão continuar se multiplicando, mas você está tão ocupada mudando o mundo só um sorriso pode mudar todo o meu... Nós dividimos a mesma alma... – terminou e recebeu os aplausos. A “banda” então deu um tempo com as músicas ao vivo. Wilson e Nathy desceram e voltaram a se sentar com eles. Quando o janta foi liberado, o grupo se espalhou mais. House, que não estava com muita fome, resolveu então ir até o bar que fora montado lá fora aproveitar um pouco da sua bebida alemã preferida. - Greg... - uma voz conhecida o chamou e ele sentiu uma mão tocar seu ombro. - Lisa? – ele virou-se para encará-la, Cuddy parecia nervosa – Algum problema? - Precisamos conversar... É sério... - Não, nós não precisamos – ele disse sem emoção, virando-se para ficar de costas para ela. Cuddy estranhou a resposta dele, mas resolveu insistir e sentou-se no banco ao seu lado. - Você sabe que sim – a voz dela soou baixa. - Não, Cuddy. Você quer conversa, porque você está confusa – ele virou um copo de uma vez na boca antes de continuar – Você fez sua escolha e eu segui em frente, não há sobre o que conversar. Não faça nada sobre o qual irá se arrepender depois... - Você salvou a Rachel... – ela o cortou em quase um sussurro, desviando seu olhar. - Metade de Princeton estava procurando a garota, alguém tinha que achar... – ele tentou deixar seu desinteresse real – Taub e Chase estavam comigo e... A mão de Cuddy tocou-lhe gentilmente o rosto e House parou de falar, fitando-a um tanto confuso. O que essa doida quer? ele perguntou a si mesmo Por que ela está fazendo isso? Eles ficaram por um bom tempo. House tentando decifrá-la, Cuddy tentando encontrar um bom motivo para continuar, que não fossem os insanos motivos em sua mente.


- Mas nenhum fez uma promessa – disse finalmente, voltando a encará-lo. - Eu... Cuddy... – ele corou um pouco, sem conseguir disfarçar – O que eu devia ter feito? Abandonado você quando mais precisava? – repentinamente a voz dele começou a se alterar – Eu não sou o cretino filho da mãe que você acha que sou... - House... – Cuddy o fitou agora um pouco frustrada. - Todos vão ganhar agradecimento especial ou só eu? – perguntou sarcasticamente – Taub e Chase também vão ganhar “obrigadinho”? - Do que está falando?! - Você acha que eu sou incapaz de fazer algo por alguém! – ele completou um pouco triste – Vem me agradecer como se fosse um grande sacrifício eu simplesmente me importar. - Não foi o que eu disse – ela se irritou também – Não coloque palavras na minha boca, House! - Eu corri atrás da Rachel porque eu quis! Porque ela é importante pra mim... Ele não a encarava mais, seus olhos concentrados no copo a sua frente, que o garçom havia enchido novamente. Com raiva ele virou novamente tudo em sua boca e virou-se na cadeira, ficando de costa para o bar e tendo uma boa vista da festa. - House... Eu acredito que você tenha feito isso porque gosta dela – Cuddy tentava se manter calma – Meu agradecimento é verdadeiro, não é uma critica... Mas House não estava muito disposto a ouvi-la. - Você disse que o Lucas era um cara melhor... Que eu não era o que você precisava – enquanto falava, ele mantinha seus olhos nas outras pessoas – Eu tenho defeitos com os quais você não pode conviver... Você é mãe agora, tudo que fizer influencia na vida da Rach também... - Não, House, não diz isso... - Você não queria conversar? – perguntou sarcástico – Então ouça. Vivi o céu e o inferno em Mayfield, tive que me readaptar a tudo, perdi e ganhei pessoas e quando eu finalmente descobrir que eu estava loucamente apaixonado por você... – House a fitou - Você estava com um dos poucos cara que eu podia chamar de amigo... - Eu queria falar sobre nós... – a voz dela soava novamente triste. Ele odiava vê-lo falar aquelas coisas, odiava a culpa que sentia ao ver aqueles olhos. - E isso não é sobre nós?! Você queria que eu mudasse e eu mudei, mas tudo que eu faço parece não ter efeito nenhum – ele desviou o olhar – Quando eu me esforço para não agi como o cretino que eu, você duvida que seja real! Droga Cuddy! Eu mudei e tudo que você vê é um jeito de acreditar que isso não seja verdade! - House... Eu... - Sabe? Acho que a Nathy tem razão – ele tirou algo do bolso e entregou para a Cuddy – Leia, eu não me importo. Esse tempo todo eu achei que quem devia mudar era eu, mas acho que me enganei... - Do que está falando? - Sinto falta de olhar em seus olhos, Lisa – ele falou sinceramente – E ver a mulher decidida e desafiadora que zombava de mim e me enfrentava com toda a confiança... Sinto falta de como você me deixava vulnerável ou de como eu odiava você por isso... - House... – ela começava a ler. - Você mudou... Antigamente você ficaria comigo exatamente pelo que eu era...


- Mas você sabe que as coisas... – deixou o papel de lado. - Não diga que é pela Rach! – ele a interrompeu – Não tem nada a ver com a Rachel, esse tempo todo você a usou como desculpa, Lisa! Admita que você teve medo de ficar comigo, admita sua insegurança! Admita que era muito mais fácil ficar com o Lucas! Admita que você simplesmente não estava disposta a fazer sacrifícios... - Eu não podia ficar com você... - Porque você não estava preparada para fazer sacrifícios! Você não quis mudar e o tempo todo jogou na minha cara e disse que quem precisava fazer algo era eu! - A culpa agora é minha? - Não estou procurando culpados, Lisa. Só estou dizendo a verdade... Você está com Lucas, eu segui em frete. Não precisamos mudar isso e nem conversar... É melhor você também seguir em frente – ele disse secamente, virando mais um copo – Só isso, deixe as coisas como estão... - E se não estivermos completamente felizes com as coisas desse jeito? - Não posso fazer nada! – ele levantou-se e seus olhos pareciam se concentrar em alguém do outro lado da festa – Toda escolha tem conseqüências... Você escolheu não ficar comigo e sim com um detetive que nem consegue achar a sua filha! Cuddy o olhou, chocada, não acreditava que ele tivesse dito aquilo. Jogado na cara dela, que Lucas não fora capaz de ajudá-la. Quase instintivamente, Cuddy em um movimento rápido e decidido atingiu o rosto de House com a maior força que encontrou. Ele era mais forte que Cuddy, porém o fato de já estar machucado, piorou a dor da tapa. Mesmo assim ele deu um meio sorriso. - Eu te amo... – ele falou sinceramente, enquanto sua mão massageava seu rosto atingido – Isso nunca vai mudar... Aquelas palavras a atingiram de surpresa. Cuddy sentiu seu coração apertar dentro dela. - Mas... Eu cansei de ser seu arrependimento. Pegando sua bengala e virando mais um copo na boca, ele respirou fundo e a fitou uma última vez antes de caminhar para longe. As mãos de Cuddy tremiam e ela fitava o chão. Ficou imóvel por pelo menos alguns minutos. - Moça... – o barman a chamou – A senhora está bem? Ele não ouvira a conversa detalhadamente, mas percebera que eles pareciam ter brigado. - Não... – Cuddy respondeu simplesmente. - Posso fazer alguma coisa? – ele tentou ser gentil. - Encha... Por favor – pediu apontando para o copo em sua frente – Mas não tudo. O barman obedeceu e Cuddy sentou-se ainda pensativa sobre o que acontecera. As palavras de House ecoando em sua mente. Eu te amo..., ela lembrou, Isso nunca vai mudar... Cuddy sentiu seu coração ficar apertado e um nó na garganta. Eu cansei de ser seu arrependimento. House sentou-se na primeira mesa vazia que encontrou e ficou por lá por um bom tempo, até que Anne chegasse sorridente com Rachel em seu colo. - Rause – a garotinha o chamou roubando-lhe um sorriso. - Desculpe se estou atrapalhando, doutor – Anne disse timidamente sentando-se – É que


quando ela o viu, quis vim aqui. - Sem problema – deu um sorriso sem graça – Vem cá, piralha. Rach engatinhou por cima da mesa até chegar ao médico. Ela estava com seu pingüim de pelúcia que ganhara dele e mostrou animada para House. - É o Mumble, não é? - ele disse rindo, pegando o brinquedo em sua mão – “Olá Rach, como você está?” – House começou a imitar uma voz mais infantil. - Oi Mumble! – Rach disse gargalhando, sacudia sua mãozinha para o boneco. - “Você viu meu amigo House?” – ele continuava com a voz engraçada de pingüim – “Ele é alto, bonitão e está cheio de dodói pelo corpo!” Rach gargalhou e apontou para o médico. - O Rause! Tá ai o Rause! - “Olá House!” – ele mudou a voz – Olá Mumble... – voltou para a voz de pingüim – “A Rachel é minha amiga também, mas ela anda triste. Você é médico, o que receita para ela?” - Eu não to tiste – Rach balançou a cabeça. - “Mas eu vi você chorando! Anne você acha que ela está triste?” - Sim, Mumble, ela está triste – a babá respondeu divertindo-se com os dois. - “Viu? E agora, doutor House, o que podemos fazer?” – House fingiu estar pensando e respondeu com a voz normal – Ih, Mumble, acho que o único remédio é cócegas. - Cócegas? Corra Rachel! O Mumble irá fazer cócegas em você – Anne brincou chamando-a para perto. Rach correu gargalhando até o colo da babá, enquanto House levantou-se para fazer com que o boneco causasse cócegas nela. - Para Mumble! – Rach pediu rindo – Para! House sorriu e tirou o boneco. - Você é um péssimo médico, Mumble – House brigou com o boneco. - Mas você parece ser um bom pai, House – Foreman disse aproximando-se dele. O neurologista parecia está ali desde o começo, e estava. Por toda a brincadeira Foreman os observou. - Será que poderíamos conversar? – a voz dele era cansada, mas não parecia tão bêbado – A sós? – ele completou olhando para a babá. House pensou bem antes de responder. Não estava com paciência alguma para falar com ninguém, Rachel fora a exceção. Mas ele também sabia que Foreman não o deixaria em paz se ele não o escutasse. - Tudo bem... Não levante – ele pediu para Anne que se preparava para sair – Nós dois saímos daqui... Ele e Foreman então caminharam para um lugar mais afastado, onde não houvesse ninguém para ouvi-los. House tinha a impressão de já saber sobre o que se tratava. - Diga logo o que você quer – House falou impaciente, escorando-se em um muro vegetal. - Você e a Treze? – ele não sabia como dizer ao certo – O que está acontecendo entre


vocês? - Estamos juntos – respondeu simplesmente. - House, fale sério comigo, por favor – ele encarou o chefe – Sei que é difícil para você levar alguma coisa é sério, mas eu preciso – completou sarcástico. - Nós estamos juntos – ele repetiu – Saímos juntos, dormimos juntos, contamos nossos sonhos e segredos mais íntimos um para o outro... - Você a ama? – o cortou. House o encarou curioso. Era uma pergunta de fácil resposta, mas não deixava de ser interessante. - Claro que não – ele soltou um meio sorriso. - Então... – a voz dele era nervosa, mas ele não parecia surpreso com a resposta – Por que está com ela? - Por que não estaria? – House era irônico – Ela é linda, inteligente e uma boa companhia... - Se você não ama – ele fechou os punhos com força, algo realmente parecia incomodálo. Ele fitou primeiro o chão para depois encarar o chefe – Não brinque com ela! - Não estamos brincando, estamos nos divertindo – sorriu sarcasticamente. Foreman segurou o chefe pelo terno e o fitou com raiva, mas estava se controlando para não fazer besteira. E House ria do nervosismo dele. Com a bengala bateu de leve no braço de Foreman e ele o soltou, respirando fundo. - Por que não posso ficar com ela? – provocou – Ela está solteira e eu também... Ele não respondeu, continuava a fitar o chão e respirar com raiva. - A não ser que... – ele continuou. - Sim House! Que merda! Eu a amo! – ele esbravejou, mas logo abaixou a voz, não queria que ninguém os visse ali – Era isso que queria ouvir? - Por que é tão difícil dizer? - Promete pra mim, House – ele ignorou a pergunta – Que se você não a ama não vai ficar com ela... Eu te perdôo se você a amar, mas se não, deixe ela, por favor... House pela primeira vez não riu dele, de certa forma sabia o que era ver a mulher da sua vida com outro cara. Ele não era de sentir pena, mas... - Diga para ela que você ainda a ama e eu não encosto mais um dedo – disse sério. - Prometa House! - Você vai dizer? - Não! Mas... – ele fitou o chefe como se implorasse – Por favor, House, prometa... - Você é patético, Foreman – disse – Eu prometo... Foreman sorriu aliviado. - Você é um cara legal, House... Quando quer - ele complementou. - E você continua patético - disse antes de sair.


Deixando Foreman para trás, House caminhou lentamente entre os convidados da festa. Cuddy ainda estava sentada no mesmo lugar em que eles falaram, e parecia ler a carta, talvez pela décima vez. Não dava para ver direito, mas o médico tinha a impressão de que ela chorava. Ele continuou a andar, ignorando-a. Seus olhos observando todos na festa. O animado Sr. Doyle, ao longe, gabando-se das filhas contando histórias sobre elas, e a mãe de Nathy continuava a correr de um lado para o outro perguntando se todos estavam bem. Wilson conversava alegremente com um grupo de amigos. Não muito longe ele pode ver Rachel brincando com Lucas e Anne. Treze conversa com Chase e Taub. Todos pareciam muito bem. House nem percebeu que sorrira ao ver tudo aquilo. Respirou fundo, um pouco cansado e fechou os olhos quando o movimento fez doer um pouco seu corpo. Ele estava extremamente exausto. Não só fisicamente. Sua cabeça estava uma bagunça e ele não podia simplesmente aliviá-la, pois não era do tipo que simplesmente surtava com pressões. - Linda festa... – ele disse Nathy que dava instruções para algum garçom. - Greg! – ela o agarrou pelo pescoço e eles começaram a andar – Você parece triste... - Só cansaço – mentiu, em parte, pois ele realmente estava cansado – Voei de um moto hoje – ele sorriu. - Sabe que não pode mentir para mim, não é? Ele riu. - Você falou com a Lisa? - Brigamos mais do que falamos – sorriu sem graça – Mas eu acho que está na hora. - Agora? – ela entendeu o que ele quis dizer – Por quê? - Porque estou cansado desses idiotas – brincou. - É um bom motivo – ela riu – Mas, falou com ela antes. - Acho que tenho carta branca, neste caso – explicou procurando por alguém – E além do mais aconteceu algo que fugiu ao plano... - Vai causar algum obstáculo? - Não, pelo contrário – disse saindo do abraço dela. - Hey bobão... Boa sorte. Espero que saiba o que esteja fazendo – ela riu enquanto via House sair para encontrar uma pessoa em especial. Cuddy terminou de ler, pela nona vez, a carta de Nathy, tomou seu terceiro copo e realmente achava que era hora de parar de beber. “Mas a Lisa não. Assim como eu, a gente, inexplicavelmente, gosta de você, Greg, exatamente como você é... Sem idolatrar um futuro e sem esperar nada em troca..”., as palavras de Nathy continuavam em sua mente. Levantou-se com muito dor de cabeça e um pouco de culpa. Seus pensamentos estavam uma zona e ela precisa entender tudo que tinha acontecido. Resolveu que, por mais difícil que fosse agora, precisava falar com House. Ela caminhou decidia até ele, sem se importar com o que podia acontecer. Hoje ela faria o que teria que ser feito, não importa mais nada. Somente a verdade seria dita. Mas quando se aproximou, do local onde ele estava, House já caminhava em sua direção, mas passou rapidamente, sem nem olhar para ela, o mais rápido que sua perna direita permitisse. E ao virar-se para ver onde ele ia, Cuddy abriu a boca sem reação.


Ele dissera da médica a retribuísse costas dele

algo rapidamente no ouvido de Treze e sua mão entrelaçou-se nos cabelos puxando para um beijo lento. Não demorou para que Treze também o ato, as mãos dela passaram por debaixo do terno dele e acariciaram as ainda cobertas pela camisa.

House inclinou seu corpo um pouco, para aliviar o peso em sua perna ruim, mas sem quebrar o contato entre os lábios. O beijo era sensual, provocante e um pouco malicioso. Todos que estavam a volta do dois ficaram admirados com a cena. Apesar de saber que os dois estavam juntos, Wilson não deixou de ficar surpreso e até aplaudiu animado, enquanto Nathy pulava ao seu lado. Esse House é louco pensava consigo. Mas havia duas pessoas que não ficaram tão alegres. Cuddy sentiu seu coração para por alguns segundos. - Nossa! O que foi isso? – Treze perguntou ofegante quando eles finalmente se separam. - Vai dizer que não gostou? – brincou tirando suas mãos dele. - Faz parte do plano? – ela riu – O que você tem em mente? - Logo você vai me dever essa – disse sério olhando para algo atrás da médica – Em cinco segundos digamos... Cinco, quatro, três, dois, um! - O que? – Treze virou-se para ver sobre o que House falara, mas era tarde. O corpo de House chocou-se com o chão tamanho fora o muro que Foreman acertara em seu rosto. O neurologista estava nitidamente furioso. E o grupo que tinha parado para observar o beijo, agora corria para acudir House e segurar Foreman. - Deixem ele – House pediu colocando a mão na boca, que sangrava um pouco, mas aparentemente ele não perderia nenhum dente – Não acontecerá de novo. Um dos convidados que estava segurando o braço de Foreman hesitou, mas acabou soltando o médico vagarosamente. Ele ainda olhava estranhamente para House, mas não parecia disposto a atingi-lo novamente. - Você é louco?! – Treze deu um tapa forte no ombro de Foreman, antes de se ajoelhar para ajudar House. Nathy e Wilson também correram para junto do médico, e olhavam para Foreman sem entender. Com ajuda do oncologista, House sentou-se na grama, cuspiu um pouco de sangue e encarou o empregado. - Foreman... Por que fez isso? – Taub também chegara para ajudar o chefe. Ele respirava um pouco ofegante, sentia péssimo. Todos na festa estavam olhando para ele agora. - Diga negão – House tinha um pouco de dificuldade de falar por causa da dor – Diga por que você me bateu! Todos olhavam para o neurologista e depois para House. Treze segurava o chefe pelos ombros, mas encarava o ex-namorado. Todos queriam uma resposta. - Cretino... – ele sussurrou – Você prometeu! Foreman fez menção de que ia partir para cima de House novamente, mas o Sr. Doyle, Lucas e mais dois homens correram para impedi-lo. Apesar de chateada e confusa, Cuddy também se aproximou para ajudar House, lhe deu um lenço para que ele colocasse na boca que sangrava. - Você é um cretino House! – ele gritou. House só sorria, cuspiu novamente no chão um pouco mais de sangue e voltou a encarar o empregado com um ar vitorioso.


- Foreman pare, por favor – Wilson pediu um pouco envergonhado – Vou precisar te tirar da festa. - Por que fez isso? – Treze o fitava com os olhos marejados. - Você prometeu, House... – era só o que ele dizia. - O que ele prometeu? – o Sr. Doyle perguntou curioso. Foreman balançou a cabeça como se não acreditasse que House a beijara, depois de prometer que não encostaria mais nela. O médico segurou em Taub e Paul e levantou-se com dificuldades. - Prometi que não me encostaria na Treze, nunca mais – House respondeu encarando. - Por que prometeria isso se vocês estão juntos? – Wilson ergueu as sobrancelhas. - Isso quem te responde é ele – respondeu cambaleando, um pouco tonto. Todo seu corpo doía, e sua perna não era diferente. - Por que Foreman? – Treze o fitava intensamente. - Porque eu te amo... Eu te amo! Treze arregalou os olhos ao ouvir aquilo. Chegou a pensar que nunca mais ouviria aquelas palavras. Engoliu o seco e fitou House que sorria ao ver a cara dela. Ela se aproximou do chefe a segurou seu terno puxando-o para mais perto. - Você é um doido, maluco, eu não sei... – ela disse baixinho sorrindo ainda sem acreditar. - Era o plano não era? – ele perguntou desviando o olhar, pois estava desconfortável com proximidade. Todos na festa olhavam para eles – Fiz minha parte. - Podia fazer isso sem se machucar? – sorriu e passou perto do ferimento – Vou sentir sua falta. - Hey! Eu não vou morrer – brincou. - Do jeito que as coisas estão indo – ela riu e parou, ainda segurando o terno dele, olhou para Foreman que observava tudo atentamente, mas com um olhar esperançoso. Então, Treze beijou o rosto do chefe sutilmente – Obrigada, seu louco. Ele riu em resposta, enquanto a médica o soltava e caminhava até o ex-namorado. Todo mundo assistia a cena sem entender absolutamente nada. - Eu te amo, Treze – Foreman repetiu quando ela se aproximou. - Por que não disse antes? – ela sorriu em graça, enquanto Lucas, Sr. Doyle e os outros largaram Foreman. - Porque ele é um idiota! – House respondeu ironicamente – Ele te ama, você o ama, se beijem logo, porque eu vos declaro marido e mulher! Algumas pessoas riram do comentário dele, outras ainda olhavam para cena sem entender nada. - Hey chefe, me perdoe, eu... – Foreman tentou dizer, mas House o interrompeu. - Cala a boca, Foreman. Eu não vou te processar ou demitir você – disse impaciente – No máximo fará meus relatórios e minhas horas na clínica. Beija logo essa mulher! E vocês precisam conversar... Foreman não pensou duas vezes antes de obedecer ao chefe e puxou Treze para um beijo romântico e demorado, os dois queriam isso há algum tempo. E após o beijo que trazia


de volta o amor deles, Foreman e Treze saíram para um lugar mais afastado. House tinha razão: precisavam conversar, agora que a verdade foi dita. Revirando os olhos, House começou a caminhar pelo meio das pessoas que o fitavam, perplexas. Mas Wilson o segurou. - O que foi isso, House? - Um beijo – respondeu sarcástico – Na verdade dois... E muro bem dado. Nathy sorriu e correu para agarrar-se no pescoço do médico. Ela sabia de tudo desde o começo. Mas o Sr. Doyle, Cuddy, Lucas e os outros convidados ainda queriam saber o que tinha acontecido. Principalmente Cuddy... - Não! Eu sei... – ele estava agitado e segurava House pelo braço, pois o amigo queria sair dali sem dizer nada – Mas tipo... Primeiro você dá aquele beijo exagerado, depois o Foreman te bate, ai diz que ama a Treze e ela volta com ele e por você tudo bem? Wilson falava com tanta pressa que embolava algumas palavras. E foi a vez de House e Nathy fitarem o oncologista sem entender. - Não fale como se não soubesse de nada, Jimmy – House disse franzindo a testa. - Saber do que? - Que o Greg e a Remy estavam fingindo ter um caso só para o idiota do Foreman parar de frescura e lutar pelo que é dele – Nathy respondeu por House. Agora todos olhavam para House. - Vocês não estavam juntos? – Cuddy perguntou fitando o médico, sua voz era uma mistura de sensações. Parecia chateada, mas também aliviada. - Não de verdade – House respondeu um pouco aborrecido. - E você sabia disso, James! – Nathy apontou para o noivo. - Hey! Parou tudo! estava com a Remy, ficasse com ciúmes novo? – ele falava

– o Sr. Doyle ordenou fazendo todo mundo se calar – O Gregory não só estavam fingindo estar juntos para que o ex-namorado dela e admitisse que ainda gosta dela, assim eles ficariam juntos de quase tão atrapalhado quando isso.

- Exatamente pai – Nathy disse com um sorriso animado. - Mas você disse para o Wilson que estava apaixonado por ela – Cuddy falou encarandoo, apesar de House desviar o olhar. - Eu não disse isso! – agora House olhava confuso para Wilson. - Claro que disse – falou um pouco nervoso – No dia em que você foi à minha sala contar que vocês dormiram pela primeira vez! - A gente nunca dormiu junto! – House parecia não acreditar que Wilson não soubesse de nada – Nós mal nos beijamos e isso porque eu estava altamente chapado. O oncologista não respondeu. Como House e Treze nunca dormiram? É claro que sim! Eles estavam juntos! House disse que estava apaixonado por ela. - James, você ficou louco? – Nathy parecia séria – O House nunca ficou com a Treze. Por que você acha que eles nunca faziam nada quando Foreman não estava presente? Wilson fitou a noiva e depois o amigo. Fazia sentido. Ele tentou se lembrar de algum momento em que House e Treze pareciam namorados, em que Foreman não estivesse. Mas... Ele disse que estava apaixonado por ela.


- Você não a ama? – Cuddy parecia estar mais confusa agora, se podia ser possível. House a encarou. - Não... – ele passou a mão na cabeça sem acreditar – Eu nunca disse isso para você Wilson... - Você falou – insistiu – Na minha sala... – tentou imitar a voz de House – “Oi Wilson, eu beijei a Treze e ela é uma mulher maravilhosa e linda e tudo mais, e esse é o problema de estar apaixonado, ficamos todos bobões”. - Wilson, você é um idiota... Quando eu disse apaixonado eu quis dizer pela Cuddy! – ele quase gritou, mas parou. Sentiu-se mal por dizer aquilo tão claramente. Havia muitas pessoas ao redor dele e Lucas estava ali. Não que o detetive não soubesse que House era louco por sua namorada, mas... Não ele não queria ficar gritando. - Pela Cuddy? – Wilson tentou entender. - Sim – corou um pouco – Por que o problema de estar apaixonado pela Cuddy era que não importava se a Treze era uma mulher maravilhosa... Depois que você beija a mulher da sua vida, nenhuma outra, por mais extraordinária que seja, conseguirá te fazer sentir completo como aquela que é única. Nathy quase surtou ao ouvir aquilo de tão feliz. Cuddy sentiu seus olhos se enxerem de lágrimas e olhou para House sem acreditar, enquanto Lucas engoliu um seco, estava com um mau pressentimento. Todos estavam em completo silêncio para ouvir o que o médico tinha a explicar. Wilson o fitou sabendo que as coisas começavam a fazer sentido. - Eu sou um idiota – o oncologista disse baixinho – Eu achei... - Aquela noite... Só serviu para me lembrar o cruel destino para qual eu fui destinado – ele encarou Cuddy e mancou para mais perto dela – Treze percebeu que não conseguiria ser feliz sem o Foreman e foi quando eu prometi que a ajudaria... - Que destino, House? – Cuddy o encarava também. - Eu percebi que só uma pessoa no mundo poderia me fazer feliz, mas também percebi que a tinha perdido. É estranho saber e duro admitir que você estará bem melhor sem mim – ele disse triste, mas sinceramente – Eu tive muitas chances para ter você, é justo que o ganhador seja aquele que soube aproveitar... - Não sou um troféu, House... Não sou algo que se possa ganhar – disse corando um pouco. - Você entendeu a metáfora – continuou, mas respirou fundo antes – Eu só espero... Sinceramente, que o Lucas te faça feliz, como você merece... Todos ficaram em silencio por um bom tempo, nem a música tocava. O detetive pensou em dizer algo, mas achou melhor não. - Eu quero – House disse olhando para o detetive – Que hoje, Lucas, você consiga ver a Lisa através dos meus olhos e saiba amá-la exatamente como ela merece ser amada. Ele fez menção de que ia tocar no rosto dela, mas resolveu não fazer. Deu dois passos para trás e pensou em ir embora, mas parou. - Não temos uma história de amor e nem teremos, porque, como você disse uma vez, não existe nós – House mantinha os olhos em Cuddy enquanto falava nervosamente – Eu te machuquei demais, te tratei como lixo várias vezes, me aproveitei de você e depois simplesmente te ignorei... Tive mais de cem chances de dizer que te amava e não fiz... - Greg... – Cuddy tentou falar, mas ele continuou.


- Saiba que o que eu fiz hoje por você e pela Rachel... Aquilo foi de coração e foi verdadeiro... – ele desviou o olhar – Há vinte anos eu estou aqui e estarei por mais vinte se você quiser... Ela andou até ele, tocando seu rosto, serenamente. - Eu te amo – House repetiu, enquanto seus olhos fechavam ao seu toque – E eu sempre vou te amar... Sinto por não ser o homem que você quer. Cuddy achou que ia chorar, mas House tirou delicadamente a mão dela de seu rosto e mancou por entre os convidados que observavam tudo em completo silêncio. Alguns emocionados, outros chocados, mas ninguém expressava nada. Nathy então andou rápido atrás de House que já caminhava distante em direção a mesa vazia, onde estava seu casaco e as chaves do carro. - Já vai embora? – a voz dela nunca soou tão agradável. - Acha que ainda tenho o que fazer aqui? – deu um sorriso sem graça – Desculpe atrapalhar seu jantar... Primeiro com o lance da Treze, depois com o Wilson. - Você não precisa me pedir desculpas por nada – ela gargalhou – Nunca vi uma festa de noivado mais agitada! E meu pai, ele se apaixonou ainda mais por você! House passou a mão na cabeça, sentia seu corpo gritar de dor. A única coisa que ele precisava era de sua cama. - Fiquei feliz pelo que você disse, Greg. É duro admitir a verdade, mas você foi justa com a Cuddy... - Fui? - Sim – riu – Agora você deixou que ela escolhesse a vida dela, sabendo exatamente toda a verdade, sabendo como você se sente. - Mas isso não vai mudar nada – disse tristemente. - Talvez não. Mas é justo... Será que eu podia te pedir um favor, antes que você fosse embora? Ele balançou a cabeça afirmativamente. - Você é meu padrinho e essa é uma festa de noivado e o padrinho sempre faz um brinde para os noivos e... - Não acha que eu já apareci demais nesta festa? – sorriu sem graça. - Por favor! – ela pulava em sua frente como uma criança – Diz que sim! Por favor! - O que eu não faço por você, hem? Nathy correu para abraçá-la mais uma vez, e caminhou em direção ao palco pendura no pescoço dele. House já havia desistido de pedir que ela o largasse, mesmo dizendo que só fazia os ferimentos dele doerem mais. - Parece uma macaca – resmungou baixinho subindo no palco com ela. Todos voltaram a atenção para eles novamente. Muitos ainda cochichavam sobre o que acabara de acontecer. Não só sobre o episódio com a Dra. Hardley e o Dr. Foreman, mas principalmente sobre o tudo que ele disse para Lisa Cuddy. - Olá pessoal! – Nathy chamou todos gritando desnecessariamente no microfone – Quero sua atenção agora aqui! Meu padrinho lindo e tudo de bom – House revirou os olhos – Vai fazer o brinde agora.


Todos aplaudiram e esperaram ansiosos, enquanto House caminhou até o microfone. Ele coçou a testa, pensando um pouco. Fitou Nathy e depois fitou Wilson, antes de começar. Se fosse em outro dia, Wilson teria um pouco de medo sobre o que amigo poderia aprontar, mas hoje não. - Boa noite... Estamos no século vinte e um, e atualmente quais são as verdadeiras chances de um casamento dar certo? – ele falava pausadamente – Quase nulas, eu diria. E quanto ao quinto casamento? Fica difícil acreditar que teria um final feliz. Wilson sorriu um pouco sem graça para o amigo. - Mas eu não vim Não interessa se é a sua quinta – a fazer para que

falar de números – ele continuou – Porque, hoje, eles não importam. essa é sua segunda chance no amor – falou olhando para Nathy – ou se riu para Wilson – O que realmente importa é o que você está disposto seja a ultima.

As pessoas o aplaudiram e Wilson sorriu sem acreditar. Mas House fez sinal para que todos ficassem novamente em silêncio. - Um dia, Jimmy, você vai encontrar um pouco de tinta derramado em um relatório importante do hospital... Um dia, Nathy, você vai descobrir que o Wilson tem mais gravatas do que você tem sapatos – todos riram e ele continuou – Durante os próximos anos vocês dois encontrarão inúmeros motivos para não ficarem juntos. Mas a grande diferença entre o sucesso ou o fracasso de algo não está na quantidade de obstáculos que existem, e sim na vontade e na dedicação para superá-los. - Eu te amo, cara – Wilson disse com os lábios, estava quando chorando. - Acho que li essa mensagem em alguma embalagem de cereal – brincou e todos riram – Hoje, eu faço um brinde a Natasha Doyle e a James Wilson! Para que eles façam dessa a sua última chance! Quando House terminou de falar, todos aplaudiram e brindaram aos noivos. Nathy pulou em seu pescoço e ele desceu para falar com o melhor amigo. - House! Foi fantástico! – Wilson o abraçou. - Lá vai começar com seus ataques gays – brincou. Depois o silencio se formou novamente, pois apesar de olhar para Wilson, o médico sabia que Cuddy e Lucas o observavam agora. O clima não ia melhorar se continuasse assim, então ele resolveu ir embora. - A festa está boa, mas tenho que ir – ele disse para Nathy – Fiz seu brinde, então estou liberado. - Tem certeza que já quer mesmo ir? - Eu preciso... Despediu-se brevemente de todos e ainda caminhou para falar com o Sr. Doyle que bebia não muito longe dali. A despedida dele foi mais demorada, pois o pai de Nathy queria elogiar o médico pelo bonito brinde e apresentá-lo para alguns amigos. Cuddy observou enquanto ele sumia entre os convidados. Sua mente estava tão confusa que ela sentia-se tonta. Sentou-se um pouco, então, e permaneceu em silêncio por vários minutos, apesar da conversa na mesa está muito animado como no começo. Mas Lucas também não falava muito. Era normal que ele estive incomodado com o que acontecera. Ver na frente de todo mundo House dizer que ama a Cuddy, era no mínimo estranho e ele não sabia como se sentir. Arriscou algumas vezes tocar na mão de Cuddy, para ver sua reação. Ela parecia normal. Respondendo ao gesto com seu sorriso de sempre. O problema é que Lucas era um ótimo observador, o suficiente para saber que apesar de parecer bem, Cuddy estava desmoronando por dentro. O detetive então chamou Anne e


pediu que ela arrumasse as coisas. - Lisa? Amor? – a chamou baixinho – Estou muito cansado – mentiu, ele sabia que quem estava era ela – Podemos ir para casa agora? - Claro – respondeu sorrindo. Não demorou muito para se despedirem de todos. Anne e Rachel iam andando na frente, para o carro, mas Lucas propositalmente caminhou mais devagar, pois queria falar com Cuddy. A diretora pareceu entender o recado e aproveitou-se que a babá estava entretida mostrando um gatinho para Rachel, e parou para falar com ele. - Lucas, sobre o que aconteceu... - Só quero que você saiba que eu vou continuar a te amar, não importa a sua decisão – ele segurou suas mãos e disse sinceramente. - Não há nada o que decidir... - Nunca irei te odiar se você resolver ficar com o House. - Lucas! – ela o interrompeu colocando a mão para tampar sua boca – Eu estou com você. Sinceramente essa noite eu fiquei muito confusa. Várias coisas aconteceram ao mesmo tempo e... – respirou fundo – Eu estou com você. - Desculpe, eu só quero que tenha certeza sobre o que você está fazendo... O House disse muitas coisas essa noite que eu sei que mexeram com você, então... – ele a fitou profundamente – Não fique comigo se você o ama. - A única coisa que o House disse foi que ele desistiu de mim. Não preciso de alguém que desista, Lucas, eu preciso de você. Ele a beijou e sorriu. Segurando sua mão, chamaram Anne e Rach e caminharam até o carro. ___________________________________________________________________ Capitulo 17 – Metáforas Quando Lucas abriu a porta do carro, percebeu que ela já estava aberta. Merda! Fomos roubados! foi a primeira coisa que ele pensou. - O que aconteceu? – Cuddy perguntou assustada. - A porta foi aberta – ele respondeu entrando para verificar que se tinham levado alguma coisa – Mas está tudo aqui. Rádio, tudo! - Velho, que estranho – Anne comentou, segurando Rach mais perto dela – Mas quebrou a fechadura, patrão? Lucas abriu e fechou a porta, parecia não ter quebrado. Menos mal. Porém era bastante estranho. Deu a volta para ver se tinham aberto algo no porta-malas e Cuddy lembrouse de ter deixado um brinco seu no porta-luvas e entrou no carro para verificar. Ao abrir o compartimento ela pode ver um CD em um envelope. Ela conhecia aquela caligrafia. “Pareço chato, mas... É só para você não esquecer” Cuddy riu e colocou o CD no rádio, amassando o envelope para que ninguém conseguisse ler depois.O idiota do House arrombou o nosso carro, pensou rindo. Anne, com Rach, e Lucas entraram no carro, o detetive avisando que realmente nada havia sido roubado. Quando Lucas ligou o veiculo, o aparelho de som também ligou, mas ninguém estranhou a música, pensaram ser um CD qualquer. Cuddy fechou os olhos quando percebeu qual era a canção. No I can't forget this evening and your face as you were leaving, Não, eu não consigo me esquecer dessa tarde e do seu rosto enquanto você estava saindo But I guess that's just the way the story goes


Mas eu acho que era esse mesmo o rumo que a história tomaria You always smile but in your eyes your sorrow shows Você sempre sorrindo, mas em seus olhos suas tristezas apareciam Yes it shows... No I can't forget tomorrow, Sim, apareciam... Não, eu não posso esquecer de amanhã When I think of all my sorrow, when I had you there but then I let you go. Quando eu pensar em toda a minha tristeza, quando eu tive você, mas deixei-a ir And now it's only fair that I should let you know what you should know E agora é justo apenas que eu deixe você saber o que você deveria saber I can't live if living is without you… I can't live, I can't give anymore… Eu não posso viver, se viver é sem você... Eu não posso viver, eu não consigo mais... Cuddy fechou os olhos. Ela estava indo para casa, mas era como se faltasse alguma coisa. E a coisa que faltava era a verdade. Cuddy precisava saber da verdade. Permaneceu em silêncio todo o caminho. Não demorariam para estar em casa. E quando Lucas desligou o carro, pegou Rachel no colo para que Anne desembarca-se também, mas Cuddy continuou lá dentro. - Você não vem amor? - Esqueci uma coisa... Na festa – ela sorriu sem graça – Tenho que ir pegar. - Eu passo no Nathy amanhã e pego, afinal será sábado e você nem trabalha – ele esperava enquanto a babá abriu a casa. - É importante – ela insistiu – Eu vou lá rápido e volto. - Certeza? - Sim, eu esqueci uma coisa muito importante – pegou a chave das mãos dele – Coloca a Rach para dormir, tudo bem? Ele sorriu segurando mais firme a menina em seus braços. Cuddy o puxou então para um beijo. - Eu já volto. Agora só falta uma coisa para eu saber disse mentalmente, enquanto ligava o carro. Ela não tinha certeza se Wilson ou Nathy estavam lá, mas mesmo assim ela apertou a campainha. - Quando é que você vai se lembrar de levar a chave, Jimmy?! – House apareceu na porta – Cuddy? Antes que House pudesse dizer mais alguma coisa, Cuddy deu três passos para frente e se esforçando para alcançá-lo, por culpa da enorme diferença de altura, a diretora o beijou. Mesmo tendo o direito e inúmeros motivos para recusar aquele gesto, House deixou-se levar pelo momento, suas mãos seguraram na cintura dela, levantando-a um pouco e trazendo-a pra mais perto de si. Ele a desejava tanto que era impossível negar-se a Cuddy. - Boa noite, House – foi a única coisa que ela disse quando finalmente se separaram e fechou a porta na cara dele. Ele passou os dedos nos próprios lábios. Tenho que parar de bebe! Pensou quando tentou raciocinar sobre o que acabara de acontecer. Um pouco irritado ele abriu a porta para correr atrás dele, pedindo alguma explicação, mas quando ele a abriu, Cuddy estava escorada na parede. - Que merda foi essa? Você até minha casa e me beija e diz boa noite e vai embora! Cuddy sorriu para ele.


- Não reclame, pois você já fez isso comigo uma vez, logo quando eu perdi a Joy – ela tinha um sorriso estranho no rosto. - Mas não foi logo depois de você ter se declarado para mim – retrucou sarcasticamente. - Eu odeio dizer isso, mas você tem razão. - Sobre o que? - Sobre o problema de estarmos apaixonados... – ela fitava o chão, mas podia sentir aqueles olhos azuis sobre ela. - Lisa... Não brinque comigo. A frase dele não foi nem de perto de ser engraçada, mas mesmo assim Cuddy sorriu, pois não era todo dia que ela podia ver House daquela maneira, tão vulnerável. E ela também se sentia assim naquele momento. - Eu não estou brincando, House... É sério. - Então veio se vingar de uma coisa que eu fiz há quase um ano atrás? – ele se escorou na porta, pois sua perna doía mais que o normal. - Claro que não... Eu só precisava saber da verdade... - Acha que eu não fui sincero o suficiente com você essa noite? – sua voz soou um pouco impaciente. Ele tinha o direito de estar na defensiva – Eu praticamente me humilhei... Ele colocou as duas mãos no bolso e encarou o chão. Não sabia por que, mas sentia seu coração bater perigosamente mais rápido. - Você se arrepende de algo que tenha dito? – Cuddy colocou a mão no rosto dele e ergueu carinhosamente para que eles se olhassem. House virou o rosto e não respondeu. - Greg... Eu preciso saber. Toda vez que ouvia seu primeiro ser pronunciado por ela, House era invadido por uma sensação estranha. Era mais uma das milhões de coisas que aconteciam quando estava com ela, que House simplesmente não conseguia entender. - Eu fui sincero... Principalmente quando disse que não quero ser mais o seu arrependimento – ele fechou os olhos e quando os abriu, a encarou profundamente – Cansei de ser o cara que você não quer amar... Cuddy se aproximou novamente dele, sem saber se podia fazer, e beijou rapidamente seus lábios. - Não faça nada do qual se arrependerá amanhã... - Você disse que depois que beijamos a pessoa que amamos, nenhum outra por mais maravilhosa que seja conseguirá te fazer sentir do mesmo jeito – ela sorriu. - Então seu plano brilhante era esse? – falou ironicamente – Beijava o Lucas e depois vinha até aqui me beijar para saber qual dos dois fazia sua perna levantar? Ela ergueu de leve os ombros e sorriu sem graça. - É insano! É absurdo! E... – ele falava pausadamente – Eu adorei. Cuddy gargalhou e repousou sua cabeça sobre o peito dele, House retirou as mãos do bolso e envolveu a diretora.


- Eu quero fazer com que dê certo – ela disse ainda abraçando-o. - Não me diga que você se também se emocionou com meu discurso para o Wilson e a Nathy! – ele brincou apoiando seu queixo, carinhosamente, no topo da cabeça dela. Ele adorava o cheiro do cabelo dela. - Foi bonito... Você estava inspirado – ela não queria largá-lo. Aquele abraço era tão reconfortante – De onde tirou aquilo? “O que realmente importa é o que você está disposto a fazer para que seja a ultima”. - Sei lá – ele sorriu – Já te disse uma vez que você me faz sentir-me estranho. - Greg... – Cuddy o apertou ainda mais – Sabe qual foi a primeira coisa que eu reparei em você? - Minha beleza estonteante? Minha grande habilidade de dedução? – brincou. - Seus olhos... House a encarou surpreso. - Mas não a cor... É que eles pareciam estar tristes, apesar de você estar sorrindo na hora – Cuddy disse tirando os braços das costas dele e colocando-os em volta do pescoço do médico – E eu acho que no momento que eu ti vi, prometi para mim mesma que ia fazer de tudo para te deixar mais feliz... House sorriu sinceramente e inclinou-se para beijá-la. As mãos de Cuddy subiram até os cabelos dele, sempre o puxando para o mais perto possível dela. - Greg... – sussurrou em seus lábios – Me perdoa por eu ter me esquecido disso... - Só se você perdoar o fato de que a primeira coisa que eu reparei em você foi... – ele parou um pouco envergonhado – Foram seus seios. Cuddy gargalhou e deu uma tapa leve no ombro dele, voltando depois a envolvê-lo pelo pescoço naquele abraço único. - Mas... É sério... Depois eu reparei na sua grande personalidade – riu – Quero dizer com isso a sua bunda. Mas... Juro que a terceira coisa que eu vi em você e a que me fez apaixonar-me por você foi seu sorriso. - Eu te amo, Greg... – disse beijando-o novamente. Dessa vez o beijo foi mais demorado e romântico, ele apoiava o corpo dela levantandoa um pouco, enquanto Cuddy bagunçava ainda mais seus cabelos. - Eu também – House respondeu sorrindo – Eu te amo, Lisa. - Estou pronta para fazer dessa minha segunda chance a minha última – Cuddy falou em seu ouvido como se fosse uma promessa. - E eu quero fazer dessa minha... – ele parou para contar - Octingentésima trigésima terceira chance – riu – a minha última. - Tudo isso? - Hey? Você não ouviu meu discurso? Disse que não importa qual é o número de chances... – ele a abraçou mais fortemente – Você sabe que precisa falar com o Lucas não sabe? Ela ficou em silêncio e repousou novamente sua cabeça no corpo dele. Respirou fundo como se procurasse coragem. Lucas não era um cafajeste bêbado que batia nela e que merecia um pé na bunda, pelo contrário, ele era um grande companheiro. Só não era o cara perfeito para ela.


O seu cara perfeito estava abraçando-a naquele exato momento, e ele era capaz de fazê-la esquecer o mundo só com aquele ato. Era o que a fazia chorar e sorrir. O que não diria as coisas certas nas horas necessárias, mas ela teria certeza que ele estava sendo inteiramente sincero quando dissesse: Eu te amo. Cuddy fechou seus olhos quando ouviu a frase de House. ... Falar com o Lucas... Ele estava certo. Mas antes que ela falasse alguma coisa, viu um filme dos últimos anos passar rapidamente por sua mente. Eram cenas tristes e alegres, mas a única certeza que ela tinha era que House estava em todas elas. A diretora tinha centenas de motivos para acreditar que House não era a pessoa certa. Mas nem sempre precisamos das coisas certas. Às vezes não precisamos de quem mentirá, para fazer você se sentir melhor, dizendo que tudo ficará bem; e sim de quem estará ao seu lado quando as coisas derem errado. Precisamos de alguém que nos faça perder a hora, fazer coisas que nunca tivemos coragem de fazer, que nos faça cultivar bobas manias, que tire nosso sono. Queremos alguém que pode nos machucar às vezes, mas é a única que pode nos fazer viver verdadeiramente. Como diria o poeta: precisamos da pessoa errada, porque a vida não é certa. E Cuddy conseguia entender isso agora. Pois aquele toque, aquele sorriso e até aqueles olhos azuis e tristes eram a única coisa que ela precisava pra sentir que sua vida valia a pena. Lucas era o cara perfeito, mas ela não precisava do cara perfeito. Ela precisava de House, ela precisava enlouquecer, chorar, se irritar e no final do dia olhar para ele e ter certeza que tudo daria certo. - Vamos falar com o Lucas – ela disse finalmente. - Eu vou pegar uma coisa e já te encontro no carro – dizendo isso ele a beijou rapidamente e entrou em casa. Cuddy sorriu e respirando fundo, criou um pouco mais de coragem e foi para o carro. Não passou muito tempo até que House chegasse. Apressado ele entrou no banco de trás e sorriu para ela através do espelho retrovisor. Ele parecia levar a mochila. - O que foi? - Nada – respondeu simplesmente – Podemos ir. - Por que está no banco de trás? – ela virou-se para tentar ver o que ele trouxera além da mochila, mas só conseguia ver a sombra do que estava escondido atrás do seu próprio banco – Quer ir de motorista? - Dirija mulher – tentou disfarça. Desistindo de tentar ver o que era, Cuddy ligou o carro, afinal queria chegar logo em casa. Quando mais rápido falasse com Lucas, mas rápido tudo estaria resolvido. Ela estava dirigindo concentrada, mas não podia negar que sua mente também estava ocupada com diversos pensamentos. House estava estranhamente quieto no banco de trás. Mas ele também tinha muito sobre o que pensar. Eles estavam no meu caminho, quando ela sentiu algum movimento na parte de trás, mas antes que ela pudesse virar-se para olhar, já podia ouvir o som que saia do violão. Cuddy sorriu para ele através do retrovisor. - Não sabia que você era romântico... - Eu não sou romântico – ele riu – Porque eu acho que não sou o personagem principal dessa música. - E quem é? Eu? – perguntou sorrindo. Mas ele não respondeu, continuou a tocar a introdução.


- You're everything I thought you never were and nothing like I thought you could've been but still you live inside of me… So tell me how is that? Você foi tudo que eu nunca pensei que fosse e nada do que eu pensei você poderia ter sido, mas você ainda vive dentro de mim...Então, me diga como é isso? – começou a cantar. - Essa música é sobre mim? – ela ria – House! Sou “eu” cantando? House sorriu e não respondeu novamente, só continuou cantando e ela diminui a velocidade para aproveitar melhor o momento. - You're the only one I wish I could forget. The only one I'd love to not forgive and though you break my heart… You're the only one and though there are times when I hate you. Você é o único que eu desejo poder esquecer. O único que amei para não perdoar e, ainda assim, você partiu meu coração... Você é o único e, mesmo assim, há momentos em que te odeio. – ele a olhou através do espelho e sorriu, continuando a tocar 'Cuz I can't erase the times that you hurt me and put tears on my face and even now when I hate you… It pains me to say I know. I'll be there at the end of the day Porque eu não posso apagar os momentos que você me machucou e colocou lágrimas no meu rosto e até agora, quando eu te odeio... Me dói dizer. Eu sei que estarei lá no final do dia - Greg... Você também me fez feliz... - I don't wanna be without you baby… I don't want a broken heart… Don't wanna take a breath without you baby... I don't wanna play that part. I know that I love you but let me just say: I don't wanna love you in no kinda way, no, no Eu não quero ficar sem você, amor... Eu não quero um coração partido... Não quero respirar sem você, amor... Eu não quero este papel. Eu sei que te amo, mas me deixe apenas dizer: eu não quero te amar de nenhuma forma, não, não - Greg, você sabe que não é verdade! Eu te amo! – ela insistiu. Ele sorriu com a aparente preocupação dela. - É só uma música, Lisa... E eu não disse que era você cantando – ele riu do olhar desconfiado que ela lhe lançou pelo vidro – I don't want a broken heart and I don't wanna play the broken-hearted girl! No, no, no broken-hearted girl... I'm no brokenhearted girl Eu não quero um coração partido e eu não quero ser a garota do coração partido! Não, não, nada de garota do coração partido... Eu não sou a 'garota do coração partido Repentinamente, antes de chegar ao destino deles, Cuddy estacionou bruscamente em um posto de gasolina e olhou furiosa para House, que tinha uma expressão de surpresa no rosto, mas ria dela. - Eu te amo, caramba! – ela virou no banco, apoiando os braços no apoio do banco e encarando-o diretamente – Eu te amo, eu te amo, eu te amo! - Something that I feel I need to say: up'til now I've always been afraid that you would never come around and still I wanna put this out Sinto uma coisa que preciso dizer: até agora, eu sempre tive medo que você nunca estivesse por perto e eu ainda quero colocar isso pra fora – ele continou com um sorriso implicante. - Nem todas as partes dessa música fazem sentido. - You say you got the most respect for me but sometimes I feel your not deserving of me and still your in my heart but you're the only one Você diz que tem o maior respeito por mim, mas, às vezes, sinto que você não está me merecendo e você continua no meu coração, mas você é o único - É, Gregory House... – ela disse ironicamente – Você é único! - And yes, there are times when I hate you but I don't complain… 'Cuz I've been afraid that you would walk away. E sim, existe momentos em que eu te odeio, mas eu não reclamo... Porque eu tive medo de que você poderia ir embora.


- Você quer ir embora? – Cuddy perguntou sorrindo de maneira provocante para ele. House gargalhou e balançou a cabeça dizendo que não. - Oh! But now I don't hate you… I'm happy to say that I will be there at the end of the day… Oh! Mas agora eu não te odeio... Estou feliz em dizer que eu estarei lá no final do dia... – ele sorriu. - Eu te amo – ela sussurrou. - Now I'm at a place I thought I'd never be… I'm living in a world that all about you and me. Ain't gotta be afraid, my broken heart is free... To spread my wings and fly away, away with you Agora estou onde pensei que nunca estaria... Eu estou num mundo onde tudo é sobre você e eu. Não tenha medo, meu coração-partido está livre para abrir minhas asas e voar longe, com você – House finalmente concluiu – Eu te amo, Lisa. - Eu também te amo – ela se esforçou para conseguir beijá-lo. - Você vai se machucar! – riu – Senta direito, mulher... Fazendo careta, ela virou-se para ficar normal no banco. Ligou o rádio e respirou fundo novamente, olhando pelo retrovisor ela percebeu que ele ria sozinho. - O que foi, Greg? - Nada... – continuou rindo, enquanto guardava o violão – É que eu percebi uma coisa... - O que? - Nós... – ele parecia uma criança falando – Temos um... Bad romance! Ela gargalhou. - Você tem um sério problema com a Lady Gaga, um sério problema – brincou. O resto do caminho foi feito em total silêncio, eles sabiam que por melhor que estivesse o clima no carro, eles não poderiam mantê-lo quando chegassem à casa. Cuddy foi a primeira a sair do carro, House demorou um pouco antes de sair. Ele queria ter certeza de que tudo aquilo estava acontecendo. Ela o puxou para um abraço. - Tem certeza mesmo que quer fazer isso? - Claro que sim, House... - Não terá volta – ele a encarou sério – E não seja tola pensando que será exatamente assim para sempre... Eu prometo que vou me esforçar para que dê certo, mas... - Eu sei que brigaremos, sei que haverá momentos em que eu te odiarei, mas eu tenho certeza House, que quero passar o resto da minha vida com você e só com você. - Vou precisar fazer uma ressonância, segunda-feira – ele sorriu. - Por quê? - Provavelmente, você deve ter algum problema para querer ficar comigo – disse sinceramente, apertando-a mais ainda nos seus braços. - Não diga como se você fosse uma pessoa horrível! – ela mordeu seu queixo brincando – Eu não sou uma pessoa fácil de conviver também, você terá muitos motivos para ficar chateado às vezes e... Ele colocou o dedo nos lábios dela, calando-a.


- Lisa... Você é perfeita – disse sorrindo. - Greg... Mas ela não conseguiu falar, novamente ele a interrompeu, porém dessa vez foi com um beijo, que apesar de rápido, foi extremamente apaixonado. - Uma macaca maluca me disse uma vez que nós gostamos das pessoas pelos defeitos delas, e não pelas qualidades – ele falava baixinho para que Lucas não os escutasse do lado de fora. - A Nathy é esperta – ela disse no mesmo tom. - Mas acho que te amo tanto pelas qualidades quanto por seu único defeito. - E qual seria esse meu suposto único defeito? – riu. - Você me ama, Lisa! –sorriu - Tem noção de quanto louca você é? - Faremos a ressonância na segunda então... – ela disse puxando-o pela mão para entrarem. Estava na hora de fazer o que foram fazer ali. - Por quê? Você não quer mais me amar? – perguntou fazendo beiço. - Claro que quero! Mas preciso te provar que eu não sou louca – explicou procurando a chave em sua bolsa. - Não se preocupe se o exame mostra alguma anomalia, as pessoas em Mayfield são ótimas – ele brincou. - Está pronto? – perguntou mostrando a chave. - Quem deve perguntar isso sou eu... Ela deu um sorriso sem graça e rodou a chave de uma só vez, abrindo a porta devagar. Lucas estava na sala, mas estava de costa, parecia servir uma xícara com café. - Amor? – perguntou sem se virar, ao ouvir o som da porta – A Rachel já está dormindo... Ela logo caiu no sono... O que você esqueceu na festa? Quando o detetive finalmente virou-se para ver a namorada, ele percebeu House atrás dela. Teve que ser ágil para evitar que a xícara cai-se de sua mão. - House? – perguntou perplexo. - Precisamos conversar – Cuddy disse tristemente – Não aconteceu nada, antes que você pense algo... - Ótimo! Não aconteceu nada, mas vai acontecer! Devia estar feliz? – ele tentava se contar, mas mesmo assim estava alterado. - Hey! Ela disse isso porque respeita você! – House deu alguns passos para frente, encarando-o – Não aconteceu nada entre a gente, porque tínhamos que conversar com você... É questão de consideração... - Greg? – Cuddy colocou uma mão na frente dele – Eu preferia que... - Desculpe, eu entendi – ele completou por ela. - Lucas, será que podemos conversar lá fora? - Eu não vou fazer escândalo – retrucou um pouco chateado. - Mas quero conversar a sós com você... – ela abriu a porta – Greg, você espera aqui?


O médico fez que sim com a cabeça e acompanhou o detetive com os olhos quando ele passou para sair. Cuddy fechou as portas e mesmo que House quisesse, ele não conseguiria ouvir a conversa. Resolveu então sentar-se no sofá para esperar. Estava estranhamente ansioso, mas do que ele pensava que ficaria. Agradeceu sua própria esperteza ao lembrar-se que trouxe seu PSP, tirou o som do aparelho e começou a jogar. Talvez assim diminuísse seu nervosismo. Cuddy e Lucas não demoraram quinze minutos do lado de fora, mas para House tinha se passado uma eternidade. Quando a diretora abriu a porta de casa, o médico já estava deitado no sofá batendo os dedos uns no outros, inquieto. Ela entrou sozinha. - Ele quer falar com você... House levantou-se então, e a fitou bem antes de sair. Lucas estava sentado no degrau mais baixo da pequena subida que havia na frente da porta da casa deles. House mancou até o chão. O detetive não olhava para ele, observava concentrado alguma outra coisa qualquer na rua. O médico jogou sua bengala de uma mão a outra, esperando que ele começasse o diálogo. Sinceramente, House não tinha nada o que dizer para Lucas. Pelo menos, não uma coisa construtiva. - Acho que a questão na era quem chegava primeiro... – ele disse finalmente, com um sorriso estranho no rosto. - Lucas, eu... - EU ESTOU FALANDO! – ele o interrompeu levantando-se. - Surtou? – House tentou rir. - Desculpa, eu... – ele tentou se acalmar – Eu achei que você tinha desistido. House permaneceu calado. - As coisas... Eu não acredito, está sendo bem complicado, porque durante a festa eu realmente achei que a Lisa ia me largar, mas depois pareceu está tudo bem e eu pensei que ficaríamos juntos... - É Lucas. As coisas aconteceram tão surpreendentemente para mim quanto para você – House não queria falar, mas sabia que não podia só ficar calado – Eu não planejei nada disso, só... Mas House não terminou de falar, pois a mão de Lucas atingira seu rosto em cheio, e o médico cambaleou para trás, mas sem cair. - Merda! – ele disse quando sentiu o gosto do sangue novamente na boca – Okay... Eu mereci essa... E mal House acabara de falar, Lucas o acertou novamente seu rosto. Dessa vez o médico precisou se apoiar na perna boa para não ir ao chão. - Que droga! – levou a mão à boca acariciando-a – Tudo bem... Talvez eu tenha merecido essa também... - Uma pela Lisa outra pela Rachel – o detetive disse decidido encarando-o. - Ainda bem que você não gosta tanto assim da Anne – House resmungou sem perder seu sarcasmo. Mas Lucas não pareceu gosta do comentário, deu um passo ficando mais próximo de House e encarou o médico com mais firmeza. - Brincadeira... Eu realmente merece esses dois, mas se você me bater de novo eu


revido – ele avisou ainda massageando o rosto. - Você me tirou tudo, House... Tudo... – uma lágrima solitária escorreu pelo rosto aflito do detetive, e pela primeira vez House sentiu pena do homem. - Éramos dois homens, amando a mesma mulher... Alguém ia acabar mal – terminou sinceramente – Sinto muito que tenha sido você. Lucas fechou os punhos novamente e cambaleou um pouco atordoado até House. - Estou dizendo: se você me bater de novo eu irei revidar! - Ao menos se quebrando a sua cara, eu a tivesse de volta – ele passou as mãos no rosto tentando se manter calmo – Mas... Ele não queria machucar House. Pois sabia que isso não mudaria nada. Mas mesmo assim, ele se sentia tão transtornado que novamente fechou os punhos e acertou o rosto do médico, dessa vez mais em cima, próximo ao olho. House quase gritou com o impacto, não porque o golpe fora forte, mas pelos ferimentos anteriores. O médico já estava ferido antes do primeiro soco, e agora a dor era quase insuportável. Quando ele abriu os olhos para encarar o detetive, viu em Lucas um sorriso aliviado. Mas o sorriso desapareceu quando a mão de House atingiu o rosto do médico. O único soco fez Lucas cair. Não era o plano de House bater com tanta força, mas ele avisara ao detetive que revidaria se apanhasse novamente. Lucas ficou caído na grama, a lateral de sua boca sangrava e ele, de repente chorou. Sinceramente, House ficou preocupado se batera forte demais, e agachou-se para ajudálo ao menos a sentar. O detetive agarrou o terno de House, e o médico temeu que fosse levar outro golpe, mas Lucas só o puxou, forçando-o a sentar-se ao seu lado. - Obrigado – ele disse, limpando o sangue da boca. - Obrigado? – House ergueu de leve a sobrancelha. - Precisa desse muro... – tentou sorrir, mas sua boca estava realmente dolorida – Belo golpe... Te bati três vezes e você em um muro me derrubou. - Treino boxe enquanto tomo banho – disse ironicamente. - Hoje à noite... Eu não tive mais dúvida sobre seu amor – a mão dele tocou o ombro de House de uma maneira amigável – Quando te conheci, não demorei a descobrir que você não é o tipo de pessoa aberta o suficiente para assumir seus sentimentos... House o fitou com atenção. - E, hoje, você praticamente se humilhou por ela – continuou – Se fosse qualquer outra pessoa, poderia até considerar algo normal, mas você... Eu sei quanto deve ter sido difícil para você fazer algo assim. - E foi... Principalmente porque eu achava que não ia dar em nada. - Mas eu também tive um prova do amor dela por você... As coisas que ela me falou a pouco, House, aqui fora... Ela ama você mais que tudo nesse mundo – disse seriamente – Não estrague as coisas... Me promete House, que vai cuidar dela... - Eu vou, Lucas... Dela e da Rachel. - Cuida da pequena... Eles ficaram em silêncio por um bom tempo. Os dois sentados, encarando a rua. - Ainda não caiu a ficha – Lucas comentou – Mas acho que você está certo, para variar, somos dois caras que amamos a mesma mulher. Alguém tinha que se dar mal...


- Ou alguém só precisa procurar em outro lugar... - Não seja idiota... Eu amo a Lisa... E só ela – ele disse tristemente. House não era o tipo de pessoa que tinha pena ou consolava alguém. Mas ele já perdera Lisa uma vez e sabia que era extremamente doloroso saber que não pode ficar com quem se ama. E ainda por cima, ele gostava de Lucas... - Talvez não... Sabe, quando eu estava com a Stacy, minha ex-mulher, eu realmente me sentia feliz e também cheguei a acreditar que seria para sempre... Lucas o olhava surpreso, nunca pensara que House tentaria ser solidário com ele. - Quando nos separamos, eu sinceramente acreditei que nunca mais acharia alguém que me faria sentir o que eu sentia no auge na nossa relação... - Até você conhecer a Lisa – ele disse pensativo. - Não. Eu já conhecia a Lisa, só não sabia que era ela, ainda. Mas acho que sempre fui apaixonado por ela, desde a faculdade – ele disse massageando sua perna – Quando percebi que eu a amava, ela me provou que eu estava errado sobre a Stacy. - Eu não sei... - Não estou aqui para julgar seu amor pela Lisa, porque sei que você deve gostar muito dela. Só estou falando que talvez você consiga superar isso melhor do que você pensa... - Eu amo a Lisa... - E eu ainda gosto da Stacy – ele completou – Não como antes, nem perto. Agora ela é só alguém por quem quero bem, mas... Já passou. - Não quero esquecer a Lisa. - E nem precisa – House completou – Minha história com a Stacy é um pouco mais complicada que a de vocês. Há muita dor envolvida. Não nós separamos porque gostávamos de outra pessoa, nos separamos porque não... Ah! Esquece. - Então, acha realmente que eu posso superar? De verdade? - Demorei vinte anos para ficar com a Cuddy... Mas tem que lembrar que eu sou um cretino egoísta e miserável, você não. Vai levar menos tempo e veja até o Wilson arranjou alguém para ele. Lucas riu pela primeira vez, e aquilo deu um alivio estranho para o médico. - Eu sempre vou gostar dela... - Eu sei – House disse encarando agora as estrelas. Sinceramente não se sentia incomodado com o sentimento de Lucas. - Sabe? Eu gosto de Deus... House o fitou sem entender. - Ele é engraçado – Lucas explicou – Hoje ele me deu uma metáfora da minha vida. - Foi? - A Rachel sumiu... E a coisa que a Lisa mais queria e precisava no mundo era achála. Ter a filha de volta significar também ter de volta sua felicidade. - Faz sentido...


- Eu sou detetive, cara – ele disse como se não fosse obvio – Tenho o que é necessário para achar alguém. E você... Você é um médico. Excelente no que você faz, mas totalmente inútil para a situação. Ele falava devagar, como se quisesse que House não perdesse seu raciocínio. - Se colocássemos isso numa balança, eu teria uma vantagem enorme sobre você. Eu sou o que a Cuddy queria, eu sou o que ela precisava. Mas... No fim do dia, quem estava com Rach em seu colo, era você. - Não dependia do nosso emprego – House tentou explicar. - Eu sou o marido perfeito... Você é o gênio indomável – Lucas continuou ignorando o que House dissera – Eu sou o homem do qual ela gostou enquanto era mãe... Você é o cara do qual ela gostou enquanto estava na faculdade. Mas no fim do dia... - Sou eu quem estará com a felicidade dela – ele concluiu pelo detetive. - Engraçado não? – perguntou rindo de si mesmo. - Se você acha... - É sério... A Lisa não precisa de mim, e sim de você. Por que é você que a fará feliz, mesmo sendo o cara errado para todas as circunstâncias... O silêncio tomou conta do lugar novamente. House passou a mão nos cabelos e gemeu baixinho, enquanto seu corpo gritava silenciosamente de dor. Lucas brincava com uma pedra que encontrara no chão. - O que você vai fazer? – House perguntou quebrando o silêncio. - Eu ainda não sei... Há dois dias um grande empresário me ligou de Búfalo querendo que eu viajasse para um serviço – ele disse, enquanto jogou a pedra o mais longe que conseguiu – Eu não aceitei por que não queria deixar a Lisa sozinha, mas acho que agora eu posso fazer normalmente. - Não vai pro casamento do Wilson? – ele tentava manter a conversa no nível calmo, que finalmente alcançara. - Vou sim, o cara queria que eu fosse no final do mês. Seria depois do casamento... - E... Ainda vai ser padrinho? House não queria simplesmente que Lucas sumisse da vida deles. Sinceramente, esperava que tudo fosse tão normal, quanto pudesse ser. - Você não iria se importar? – perguntou surpreso. - Não... É mais prático. Tudo foi organizado com você como padrinho ao lado da Lisa, e eu junto com a Treze. Acho melhor continuar assim, já que o casamento será daqui a cinco dias. Mas só se você quiser... - Eu quero – disse rapidamente – Eu quero. Obrigado... Por está sendo tão legal, eu acho. Compreensível, não faz seu tipo. - Acho que depois de três muros eu fico assim – brincou. E Lucas sorriu novamente, parecia sentir toda sua frustração aos poucos indo embora. - A despedida de solteiro é amanhã, não é? – perguntou simplesmente. - Sim... Você vai? - Vai ter bebida – ele sorriu – Estou precisando disso... - Só não faça nenhuma besteira – House pediu soando mais paternalmente do que ele


pretendia. Rindo o detetive se levantou, passou novamente a mão na boca e depois a ofereceu para que House a apertasse. - Cuida dela... O médico retribuiu o cumprimento e aproveito para levantar também. - Eu vou. - É sério... Cuida dela, House... - Eu vou cuidar. Agora, vê se você se cuida. - Não devia ter vendido minha casa – ele comentou sorrindo sem graça. - Achei que ia precisar – House disse pegando algo no bolso – É meu antigo apartamento, você sabe onde fica... - Sério? – perguntou surpreso pegando a chave que ele jogara. - Claro... Se cuida, Lucas. - Você é um grande, cara House – ele sorriu – Pode não querer ser, mas é um grande cara. Lucas apertou mais uma vez a mão do médico e olhando pela última vez, naquela noite, para sua casa ele seguiu até seu carro. House observou enquanto o detetive caminhava, e só quando ele sumiu ao virar a esquina, o médico resolveu entrar. Boa sorte, Lucas... - Como foi? – foi a primeira coisa que Cuddy perguntou quando ele entrou. - Estranho, interessante, revelador – ele brincou – E eu levei três socos. - O que?! – ela correu para olhar mais de perto e percebeu os novos machucados no rosto dele. Como se House já não tivesse apanhado o bastante por hoje. - Acho que já posso entrar pro Guinness, nenhum cara deve ter lavado quarto socos em um única noite – ele riu. - Você disse três – Cuddy disse enquanto pegava um kit de emergência. - Contando com o do Foreman – explicou – E eu ainda posso adicionar sua tapa e a queda de moto. Mas eu revidei um no Lucas e... Ai! Ela precisava esfregar para limpar o ferimento. - Você bateu no Lucas? - Eu avisei pra ele que se ele me desse o terceiro muro, eu revidaria – ele explicou – O doido gosta muito de você... - E eu gosto dele – ela completou triste – Mas... É você quem eu amo. - Você é louca, sabia? – brincou, abraçando-a. - Eu pensei que ia ser mais difícil – ela disse em seu ouvido – Mas agora eu olho para você e me perguntou como eu conseguir passar tanto tempo sem você. - Eu te amo – ele sussurrou – E eu sei que minha obrigação como homem, agora, era te arrastar para esse sofá e fazer coisas absurdas com você, mas... Eu estou meio morto. Cuddy gargalhou e ele riu sem graça.


- Minha obrigação como mulher é cuidar de você... E o senhor, Gregory House, se jogou de um moto, beijou a mulher de cara de quase dois metros e levou um grande soco, e depois ainda apanhou mais três vezes – ela brincou. - Esqueceu que você também me bateu – ele fez beicinho. - Oh meu Deus! O que eu posso fazer para ser perdoada? – ela foi guiando-o até a cama. - Eu quero sorvete! – House pediu, enquanto deixava seu corpo cair em cima da cama – De café! - Mas eu não tenho sorvete de café – ela disse olhando para ele caído ali. - Estou de mal! – ele brincou, fechando os olhos de tão cansando – Lisa?! - Humm? - Vem pra cama – ele pediu com a voz toda melosa. Ela riu observando-o. House ainda estava todo vestido. Então ela se aproximou e desamarrou o tênis dele, foi até o armário pegar um lençol para cobri-lo. House sorriu surpreso com o cuidado dela. - Agora você vem para cama – ele pediu puxando-a, gentilmente para o braço. Cuddy deitou-se ao seu lado, deixando sua cabeça repousar no peito dele. House respirava cansado e um pouco ofegante, mas Cuddy gostava da respiração dele, de sentir sua cabeça subir e descer em um ritmo único. - Eu te amo – House disse quase dormindo. - Também... - Quando você tiver certeza me avisa? – perguntou de olhos fechados. - Certeza? Sobre o que? - Se você fez a escolha certa... Para a sua vida. - Ah! – ela fingiu que fosse tão obvio como ele fez parecer. Ela ficou calada por um tempo, e House já estava quase dormindo, quando ela o chamou. - Greg? - Hummm? - Eu fiz a escolha certa – disse beijando-lhe os lábios. - Como pode saber? – ele abriu os olhos com dificuldades e a encarou. - Só sei que nunca estive tão feliz na minha quanto estou agora... - Já disse que você é louca? Cuddy gargalhou fazendo carinho no cabelo dele. - Já sim, milhões de vezes! - Boa noite, Lisa... – ele fechou os olhos. - Boa noite, Greg... – respondeu sem saber se ele ainda estava acordado. Ela só sabia que amava quando ele a chamava de Lisa.


___________________________________________________________________ Capitulo 18 – Despedida de Solteiro Os planos de Cuddy para aquela manhã de sábado eram bem claros. Ela acordaria bem cedo e faria um delicioso café para os dois, ou melhor, para os três. Depois voltaria para a cama e aproveitaria a companhia dele, o calor e o cheio do seu corpo. Mas quando a diretora finalmente abriu seus olhos naquela manhã fria, ele não estava mais lá. Sentou-se na cama, ainda sonolenta, porém com a agradável sensação de ter dormido em seus braços. O cheiro dele ainda em seu corpo. Lembrou-se que demorara a cair no sono, ao contrário de House que logo apagara, mas houve um momento, no meio da noite, que quase instintivamente, ele a abraçou como se não quisesse perdê-la. Ainda envolvida pelo lençol, Cuddy levantou-se e espreguiçou-se. Olhou no banheiro, mas ele não estava lá. Nem sinal de Gregory House. Então ela foi até a janela do quarto e procurou pelo carro dele, mas lembrou-se que ele viera no carro dela. Passou as mãos no cabelo prendendo-os em um coque e resolveu voltar para o banheiro. Enquanto cuidava da higiene pessoal, ficou relembrando o que acontecera no dia anterior. Com certeza, um dia cheio. E Lisa Cuddy foi do inferno ao céu durante vinte e quatro horas. Viu sua vida desmoronar quando a filha foi seqüestrada, mas no fim, Graça a Deus, deu tudo certo e House... Sim, fora House quem conseguiu salvá-la. Sem saber, ele fez por ela algo que Cuddy não conseguiria recompensar nunca. House lhe dera a filha de volta. Um sorriso sincero se formou no rosto dela, enquanto sua mente era invadida pelas palavras dele, pelo beijo, pela conversa com Lucas, pela noite. Quando terminou de se cuidar, Cuddy trocou de roupa ainda estranhando a ausência dele. Mas assustou-se ao olhar para o relógio ao lado da cama e perceber que já eram dez e quarenta da manhã! Dez e quarenta! O filho da mãe do House desligou o meu despertador! Cuddy saiu correndo do quarto só pensando em Rachel. A filha tinha que tomar café, banho, se cuida! Como estaria Rachel? Apesar de ter aberto a porta com força, o barulho não tirou a atenção nem de House nem de Rachel da TV. Os dois gargalhavam vendo um desenho na TV. Rachel, ainda com seu pijama segurava a bengala de House e ria do programa. Ele estava só de calça e com a camiseta preta, que usava por baixo das outras. Os pés descalços repousando em cima da mesinha central. Cuddy odiava pés na sua mesa de centro, mas hoje simplesmente não se importou. - Ele é o Elvis? – House perguntou para Rachel apontando para TV com a colher. - Cabelo rosa! – Rach riu do personagem. O médico segurava em sua mão uma tigela com cereal e leite e depois de colocar um pouco na boca, virou-se para dá uma colherada para a pequena que aceitou normalmente. - Esse cara é muito engraçado – comentou ainda de boca cheia – Como é o nome dele mesmo? - Cosmo – ela respondeu sorrindo e engatinhou para mais perto do médico – Mais! - Acabei de te dar mais – resmungou deixando a tigela o mais longe possível dela – Você vai acabar com meu cereal! - Mais! Rause! Mais – ela pediu rindo para ele. - Quer sabe? – cedeu dando mais um pouco para ela – Não te culpo. Na geladeira dessa casa só tem coisas a base de soja! Esse cereal foi à única comida de verdade que encontrei. - Soja – ela repetiu com a boca cheia.


- Depois eu e você vamos sair para o supermercado atrás de comida – ele prometeu comendo mais um pouco – Algo com açúcar e comida de carnívoros. Afinal, somos carnívoros. - Canívolos! – Rach tentou repetir. - Como dinossauros – House brincou – Grandes dinossauros. Rachel levantou-se e tentou imitar um dinossauro furioso. Mas House podia jurar que nunca viu um tão fofo em sua vida. Rindo, ele deixou a tigela de lado e agarrou a menina, abraçando-a e colocando-a depois de cabeça para baixo. - Você é uma vergonha para os dinossauros Rach! – riu. - Dinosaulos! Rhaugh! – tentou rugir. - Desculpe guria, mas você sempre vai ser meu pingüim. Nunca vou conseguir te ver como um dinossauro. - Pingüim! – ela gritou feliz e escapando dos braços dele começou a dançar em cima do sofá – Pingüim, Rau! House riu e a puxou novamente, dessa vez esfregando sua barba mal-feita no pescoço dela causando-lhe um ataque de risos. - Pala! Rau! Pala! – ela ria descontroladamente. - Parar? Pensei que você era um dinossauro... Se defenda! Sabendo que o médico não lhe soltaria, enquanto ela não fizesse nada. Rachel fez a única coisa que uma garotinha de um ano conseguiria fazer. Quando teve oportunidade, mordeu com seus incríveis cinco dentes a mão de House. - Psicopata! – ele gritou largando-a, não porque doeu, mas sim porque fora inesperado. - Dinosaulo! – disse como se explicasse – Dinosaulo! - Canibal isso sim – House corrigiu mostrando a língua para ela. Rachel o fitou um pouco culpada. Não queria machucar ou chatear o “Rau”. Ela só queria se livrar do ataque de cócegas, não foi sua culpa. Ela era um dinossauro, afinal. - Oh meu Deus! – ele disse ao ver o beicinho pré-choro que Rachel fazia – Vem cá, Hannibal Lecter, eu te perdôo. Ela foi toda animada para o colo do médico e depositou mais um de seus beijos molhados no rosto de House. - Eca! Beijo babado com gosto de cereal! – ele brincou limpando o rosto. - Te amo, Rau! - Também te amo, baixinha – sorriu e pegou o controle da TV – Agora vamos parar com essa história de dinossauro e vamos assistir mais um pouco de Padrinhos Mágicos Cuddy os observava, silenciosamente, e não podia deixar de sorrir com a cena toda. - “Também te amo, baixinha”? – ela perguntou – Devo ficar com ciúme? House sorriu ao vê-la e segurou Rachel direito no colo, pois a menina quase pulou ao ver a mãe. - Ciúme de uma mordida de “dinosaulo”? – brincou – Pode ter ciúme disso.


Ela gargalhou e pegou a filha no colo, depositando beijos. - Se eu fosse você não ficava tão perto do Hannibal Lecter – brincou mudando o canal. - Ah! Ela só tava tentando se defender, não é meu amor? Esse House malvado não queria deixar você em paz. - E você ainda incentiva?! – fingiu estar ofendido – Estou de mal! - Não seja dramático, Greg – Cuddy disse sentando-se na beira do sofá, depois olhou para Rachel – Comigo você não come de jeito nenhum, né? A pequena estava naquela fase da infância em que não gosta de se alimentar. Por isso Cuddy se impressionou tanto ao ver que ela estava normalmente comendo com House. - Isso ai não come? – se espantou – É a segunda tigela de cereal! Isso daí come mais que o Wilson na TPM! Cuddy gargalhou e ficou fazendo carinho na filha, enquanto House procurava algo decente na TV, já que o desenho já tinha finalizado. A diretora depois ficou olhando para ele estranhando o pouco como ele estava agindo. Ele simplesmente acordou e a deixou lá no quarto, e agora, sem “bom-dia”, sem “eu te amo” ou nenhum beijo. - Seu café está em cima da mesa – ele disse de repente ainda procurando algo na TV. - Meu café? – perguntou surpresa. - É... – ele corou um pouco ao dizer – Você estava dormindo, então... Ela o fitou não sabendo se amava mais o fato dele ter se preocupado com ela ou com o fato dele ter ficado envergonhado. Colocou Rachel ao lado dele e depositou um beijo singelo na testa dele, roubando-lhe um sorriso tímido. Fazer o café da manhã dela era algo realmente quis tomar com ela e sim com Rachel na frente tanto tempo sozinho, que se acostumar à idéia a fazer. E Cuddy não iria apressá-lo de forma

fofo, mas Cuddy estranhou que ele não da TV. Mas talvez House tenha passado de família fosse algo que ele demoraria alguma.

Mas ela também teria que se adaptar a essa nova vida. Um dia com House e ela já tinha uma grande prova que as coisas seriam bem diferentes. Porém de maneira nenhuma ela iria ficar comparando sua vida com Lucas e sua vida com House, ela só sabia que seria diferente. - Se a flor estiver errada é culpa da Hannibal! – ele gritou da sala. Flor? Cuddy procurou na cozinha e ao olhar a mesa que ele havia arrumado, ao lado da xícara de café, estava uma linda violeta e um papel com a caligrafia tão conhecida. Não era a flor mais bonita, mas continuava um gesto fofo. Pedi ajuda para uma criatura de um ano de idade para escolher a flor, devo ser idiota... Desculpe. Ela leu sentindo seus olhos se enxerem de lágrimas. Era o jeito dele de dizer que a amava, e isso já bastava para Cuddy. O café estava delicioso e as panquecas de House eram realmente tão gostosas quanto os comerciais que Wilson fazia diziam ser. Mas ainda assim era estranho comer sozinha, depois de ter passado tanto tempo com companhia. Mas Cuddy havia se decidido que daria o tempo que House quisesse, e caso ele nunca fosse tomar café com ela, não teria problema. Ela abriria mão do que fosse necessário para ficar com ele, até seus hábitos mais comuns. - Pede Rach... A voz de House soou baixinha e quando Cuddy levantou a cabeça pode ver os dois na entrada da cozinha. Em uma mão ele segurava a bengala e na outra a mãozinha dela. - Fala o que a gente combinou – ele sussurrava para a pequena.


Mas Rach permanecia calada, girando seu corpo, apoiando-se na mão dele, parecia envergonhada demais para falar. - Vai logo... - Mamãe? – chamou toda tímida. - Sim meu amor? – Cuddy deixou a xícara praticamente vazia em cima da mesa e fitou sorridente a filha. - Vamo pra cama? – ela coloca a mão da boca, ainda acanhada. E House ria dela. - Pra cama? Mas já são quase onze horas, tenho que arrumar um monte de coisas e... - Meu Deus, mulher! – House a cortou – Sua filha tá pedindo! - Pra cama, vamo mamãe... - É sério, estamos pedindo educadamente, mas se você quiser que eu use a força bruta, não verei problema nisso – brincou. - Isso é uma ameaça? – ela riu colocando a louça na pia. - Lisa... Eu e a Hannibal estamos te chamando, por favor. - Vamo, mamãe! Por favor... Cuddy riu, não tinha como dizer não para aquilo. Lavando as mãos, ela resolveu ceder e pegando na mão livre de Rach, caminhou com os dois até o quarto. Quando chegou sentou-se na beira da cama e ficou fitando os dois. - Essa sua mãe é toda sem graça, Rach – House comentou deixando a bengala encostada na parede. - Humrum – ela concordou sorrindo. O médico então pegou a menina embaixo dos braços e sem dificuldade balanço-a duas vezes no ar antes de soltá-la na cama. Rachel gritou eufórica durante o “vôo” e gargalhou quando caiu em cima dos travesseiros. - Greg! O pescoço dela! – Cuddy ralhou, mas sem conseguir evitar rir. - O pescoço! O pescoço! Vocês mães só falam disso – ele resmungou se jogando na cama ao lado da pequena – Vem logo aqui! Ele a puxou delicadamente pelos braços, deitando-a do seu lado. Rachel ria no meio deles, e House jogou um lençol sobre ela. A menina tirava e o médico colocava novamente, e eles ficaram assim por um bom tempo. Ao lado deles, Cuddy observava tudo com um grande sorriso. - Hannibal? – House a chamou, pegando a menina e colocando-a sentada em cima de sua barriga – Promete pro Rau que você nunca vai arranjar namorado, promete? - Greg! – Cuddy riu – Quer que ela vire freira? - Ou lésbica – brincou. - Greg! – ela bateu no ombro dele. - Hey! Estou brincando, mas é uma opção... – disse rindo. - Mas ela vai crescer você sabe disse – Cuddy disse enquanto sua mão fazia carinho no cabelo dele. - Eu sei, por isso vou comprar uma espingarda – ele brincou – Hannibal, você só


poderá segurar na mão de outro menino com trinta e sete anos, beijar na bochecha com quarenta e dois e nunca passará desse nível. - Coitada! Acredita mesmo que ela obedecerá a essas regras? - Eu espero! E espero também que a mãe não seja cúmplice... - Você é único, Greg... – Cuddy disse rindo e beijando-lhe. E os dois ficaram ali por um longo tempo. Rachel em cima deles, caminhando e rindo, hora em cima de House hora em cima da mãe. Cuddy brincava com o cabelo dele, enquanto ele acariciava o rosto dela com as mãos. - Rach, amor... – Cuddy chamou a filha quando ela tentou passar por baixo das pernas de House – Cuidado com a perna do seu pai. House a fitou com um sorriso. - O que foi? – perguntou um pouco envergonhada, enquanto puxava a filha para longe da perna ruim dele. - Adoro quando você diz isso... – ele sorriu – Seu pai. - E não é verdade? – tentou se defender. - É, mas... Eu ainda assim amo quando é você quem diz. - Papai! – Rachel disse animada – O Rau é o papai! Os dois riram olhando para a pequena e House a puxou para passar a barba no pescoço dela, causando outro ataque de risos. - Depois que ela te morde você reclama – Cuddy riu tirando a menina do “ataque” dele. - Cai dentro “dinosaulo”! – House provocou. - Cai dentro! – Rachel repetiu. - Sua sorte é que sua mãe te salvou... Quando estivermos sozinhos você vai ver! - Você parece uma criança perto dela – Cuddy comentou acariciando o rosto dele. - Não tenho culpa se as Cuddys causam reações estranhas em mim – ele riu. Cuddy poderia ficar ali para sempre, com as duas coisas que ela mais amava nesse mundo, em cima da sua cama. - Nem lembro quando foi a última vez que eu acordei dez e meia da manhã – disse olhando para o relógio. - E eu nunca tinha acordado antes disso – ele riu brincando com a Rachel. Ela ia comentar alguma coisa sobre a preguiça dele, mas alguém bateu a porta. - Quem será a essa hora? – House ergueu as sobrancelhas. - Só pode ser a Anne... - Anne? Mas ela trabalha sábado? - Sim e está muito atrasada, deve ter acontecido alguma coisa – ela ia se levantando, mas House a impediu. - Eu atendo... - Anne! A Anne! – Rachel começou a gritar feliz.


- Humm... Vai me trocar pela Anne? - Anne! – repetiu sorrindo. - Okay. Me troca por ela, me troca – resmungou pegando a pequena e colocando de cabeça pra baixa, com uma única mão e foi caminhando assim. A cada passa que ele dava, Rach gargalhava e eles continuaram assim até a porta. Como Cuddy dissera, era realmente a babá a porta e Rachel quase pulou dos braços dele para ir até a babá. - Doutor? – Anne surpreendeu-se ao ver House e não Lucas atendendo a porta. O médico deu de ombros entregando a menina. - Eu sabia! – ela disse rindo – Eu sempre soube! - Você é muito esperta – retrucou ironicamente. - Mas... Como aconteceu? - Dê um banho na Rach e coloque uma roupa de sair – ignorou a pergunta – Depois, você, ela e eu vamos ao supermercado. - Mas tem comida ai na cozinha... - Soja, coisas a base de soja, coisas com soja e soja pura – brincou – Quero algo realmente comestível! - Aleluia – ela comemorou – Às vezes eu nem comia aqui... - Esperta você... Agora cuida dela, que saímos em vinte minutos. - Sim, senhor – brincou batendo continência. House riu indo em direção ao quarto. - Mas me diz ai doutor... Como aconteceu? - Cuida, Anne! – a cortou fechando a porta do quarto. - Mas que fique bem claro que eu sempre soube! – ela gritou do lado de fora – Vamos Rachel, tomar um belo banho. Cuddy riu e ficou encarando-o, ainda deitada. House demorou um tempo observando-a, antes de deitar-se ao seu lado, depois a puxou para mais perto, fazendo de seu braço um travesseiro, onde Cuddy apoiou sua cabeça. Ele depositou um beijo rápido em seus lábios e fechou os olhos, abraçando-a depois. - Você vai dormir de novo? - Estou sonhando... - Com o que? - Com a nossa vida... Você sabe em que tipo de loucura você se meteu não sabe? - Não faço a mínima idéia – ela riu. - Então não sabe o que nos espera daqui pra frente? - Hummm... – Cuddy fingiu estar pensando – Você, a Rachel e eu seremos uma família muito feliz. - Sua capacidade de síntese é impressionante – brincou.


- Ah é? Então me diz o que nos espera... - Eu e você vamos jurar que nunca deixaremos nossa vida pessoal se misturar com o trabalho – enquanto ele falava, brincava com o cabelo dela – Mas você irá ameaçar greve de sexo, quando eu não quiser cumprir minhas horas na clinica... Ela gargalhou, mas logo voltou a prestar atenção nele. - Quando eu quiser um exame que você não quer liberar, deixarei a tampa da privada levantada, não lavarei a louça e deixarei minha roupa suja espalhada no quarto. - Pensei que faria greve também... - Está louca? Nem brincando eu ameaçaria uma coisa dessas – tentou parecer sério, mas riu em seguida – Não posso prometer algo que eu não conseguiria cumprir. - É obvio – ela ria – Continue... - Você sempre dirá não para a Rach e eu sempre direi sim... Ela será uma criança complexa, mas no fundo feliz – ele sorriu – Você comprará uma linda saia e eu uma camisa do AC/DC, você dará bonecas e eu uma guitarra ou uma bateria... Provavelmente ela vai virar médica, mas nós iremos prometer que nunca a forçaremos a isso... - Realmente, ela vai ser o que ela quiser. - Eu não vou deixar que ela namore, e você vai ajudar ela a fazer isso escondido. Na escola, provavelmente será um gênio, mas, apesar disso, ela viverá na diretoria. Então, Rachel será muito feliz como uma cantora de rock ou uma médica sem fronteira... Mas digo que ela não tem muito futuro como dinossauro. Cuddy gargalhou novamente. - Quanto a nós, bem... Vamos brigar muito, por coisas idiotas e por coisas sérias. Você vai querer me matar quando eu esquecer datas importantes. Haverá dias em que eu vou querer ficar sozinho, haverá dias em que minha dor será insuportável. Talvez ocorra de que eu me esqueça de dizer que te amo, mas isso não significa que eu não te ame... - Eu estou com você para os dias ruins e para os bons... - Eu sei. Só estou dizendo que os dias ruins virão. Continuando... – ele coçava o próprio queixo – Eu vou odiar sair para jantar fora ou ir a cinemas ou parques, e isso nos levará novamente a greve de sexo. - Não sou tão cruel assim – riu. - Você diz isso agora... – ele brincou, beijando-lhe a testa – Mas você fará muito isso. Deixa-me lembrar mais coisas... Não lembro direito o que a cartomante me disse. - Cartomante? - É, uma velha que me cobrou duzentos dólares para dizer que eu gostava de você. Até a Anne sabe disso – brincou – Ah! Ela disse também que vamos envelhecer juntos e por mais que briguemos, vamos nos amar todos os dias. Você ficará bem velha e eu terei que te emprestar minha bengala. - Acha mesmo que vamos envelhecer juntos? - Eu não quero morrer agora! E eu sei que enquanto estiver vivo eu amarei você... Ela o fitou profundamente e o abraçou ainda mais. - Ela falou também, que terão dias em que a gente brigará até ir pra cama e que haverá dias em que a gente vai acordar bem e vai dizer coisas bonitas um para o outro até irmos para cama – ele sorriu maliciosamente.


- Nesse seu futuro tem algum jeito de não irmos para a cama? – ela riu. - Tem! Se acordamos e antes de brigar ou dizer coisas bonitas, formos para a cama, anula o feitiço dela. - Você é um palhaço sabia? - Vai dizer que não acredita nesse futuro? Fala sério, Lisa, você é muito descrente. - Eu te amo, seu palhaço. - Eu também de amo – falou puxando-a para que ela ficasse em cima dele e a beijou apaixonadamente. Suas mãos deslizaram dos cabelos até as coxas, sem nunca quebrar o contato com o corpo e fazendo-o se arrepiar quando passava. O beijo foi ficando mais intenso e um pouco mais erótico. Cuddy o puxava para perto, segurando seus cabelos. House já começava a levantar a blusa dela, quando seu telefone tocou. Mas que merda de hora! resmungou e Cuddy riu da frustração dele, enquanto voltava para o colchão e ele ia atender o telefone. - Ô beleza... Quem vai mais podia ser! – falou ironicamente ao olhar pelo visor. - GREGORY HOUSE! A voz de Nathy soou tão alta do outro lado da linha que House precisou afastar o celular do seu ouvido para não prejudicar seu aparelho auditivo. - Onde você está? Eu liguei um milhão de vezes para você! – ela ainda gritava preocupada. - Não ligou não – ele disse um pouco chateado e desligou o telefone. Ele abriu o aparelho e observou o visor, enquanto Cuddy o olhava um pouco confusa. Trinta e sete ligações perdidas. House riu e retornou a ligação. - Por que você desligou? – Nathy gritava tanto que Cuddy normalmente podia ouvir o que ela dizia. - Estava vendo se você tinha mesmo me ligado... – respondeu simplesmente, enquanto se ajeitava na cama. - Não House! Eu estou mentindo! – ela disse sarcasticamente. E o médico pode ver como ela estava irritada, já que Nathy nunca o chamava pelo sobrenome – ONDE VOCÊ ESTÁ? - Onde eu estou? Não era o tipo de pergunta que ele estava esperando. - Você não dormiu em casa! Fiquei te procurando! Onde você está House?! Eu ia ligar para a polícia! O James tá tão preocupado quanto eu! Onde você está? – ela falava agora tão rapidamente quanto alto. Ele ria e afastava o telefone do ouvido. - Eu... Eu estou na casa da Lisa – respondeu pausadamente. - AAHHHHHHH! Gritar fora a única reação que Nathy podia ter tido naquele momento. House dormira na casa da Cuddy? Isso era mais que especial! O médico riu e mostrou o celular para que Cuddy pudesse ver o nível de loucura de Nathy naquele momento. E o grito se prolongou por uns trinta segundos.


- Que Lisa? Lisa Cuddy?! – ela estava nitidamente eufórica. - Não! – disse ironicamente – A Lisa Simpson! - Cala a boca, chato! Eu não acredito que você dormiu com a Lisa! - Não, Nathy, minha vida agora é mentir sobre os lugares em que durmo. - Eu e o Wilson estamos saindo de casa agora! – ela gritou. - Não! – a cortou quase ofendido. - Deixa amor... – Cuddy pediu sorrindo. Ele revirou os olhos, não que odiasse a companhia deles, mas simplesmente preferiria passar o dia a sós com a diretora. - Estamos de saída! – Nathy disse parecendo um pouco distante do aparelho. - Eu vou pro supermercado agora! E... - A Lisa vai ficar ai? - Sim, mas... – sinceramente ele não queria ser interrompido, gostaria de ficar um tempo a mais na cama com ela. - Então estamos indo! - Nathy! - O que?! - Traga almoço – ele riu. - Você é o cara mais folgado desse mundo, Greg! – ela gargalhou e desligou o telefone. House respirou fundo e resmungou alguma coisa qualquer, enquanto se levantava e procurava seu casaco. - Está ali perto da cadeira – Cuddy apontou. - Obrigado... Agora, deixe-me ver se a Hannibal está pronta. - Vai me deixar sozinha com a Nathy e o Wilson? – ela fez beiço. - Você é diretora do Princeton, vai conseguir dá conta desses dois malucos – ele sorriu e inclinou-se para beijá-la, antes de pegar sua bengala e sair do quarto. Cuddy sorriu vendo-o sair. Era a primeira vez que ele ficaria realmente sozinho com Rachel, mas ela não estava preocupada em relação a isso. Sabia que a filha e o médico se davam muito bem. Aproveito que ficaria sozinha, para tomar um bom banho e demorou tempo o suficiente para que Wilson e Nathy chegassem. Ela gritou que já estava indo e enxugou-se o mais rápido que pode, vestindo em igual velocidade. Correu então até a porta e ao abri-la pode ver a euforia de Nathy e o sorriso vitorioso no rosto de Wilson. - Preciso dizer que eu não estou nem um pouco surpreso? – Wilson sorria, enquanto Cuddy abria espaço para os dois entrarem. - Paga James! – Nathy mostrou a mão para ele.


- O que? Pagar o que amor? – ele e Cuddy olharam para Nathy, curiosos. - Eu apostei cinqüenta dólares com você que a Lisa e o Greg iam ficar juntos antes do nosso casamento! – respondeu decidida. Cuddy olhou para o amigo com um olhar reprovador, mas logo riu. Ele ficou sem jeito e passou a mão no cabelo tentando lembrar. - Nós apostamos isso? - Não... Mas se tivéssemos apostado eu tinha ganhado – ela riu. - Você é doida, Nathy – ele falou beijando-a, enquanto os três se sentavam no sofá. - Com certeza é... – Cuddy riu – Deu para ouvir seus gritos longe do celular. - Desculpa Lisa, mas... Eu surtei! – ela falava animada, segurando a mão de Wilson – Tipo, a coisa que eu mais queria na vida toda era ver vocês juntos. Wilson a encarou levemente magoado. - A segunda coisa... Depois de ficar noiva do Jimmy! – ela sorriu inocentemente. O oncologista a perdoou abraçando-a, mas ainda havia algo que ele queria perguntar para a Cuddy, só que ainda não saiba como, afinal era um assunto muito delicado. - E o Lucas? – Nathy perguntou sem noção. Cuddy deu um sorriso meio sem graça. - Desculpe Lisa... – Wilson ia começar a falar, mas ela o interrompeu. - Sem problema James, ela não perguntou por mal. - Foi mal Lisa, eu não devia ter perguntado assim tão descaradamente... É que eu sou curiosa – disse sorrindo. Cuddy riu, principalmente de como às vezes Wilson parecia ser pai de Nathy, concertando-a em seus exageros constantes, mas de modo algum ela ficara chateada com a garota. Saiba que teria que enfrentar o assunto Lucas mais cedo ou mais tarde. - Conversamos bastante, ele pareceu bem compreensivo de inicio – ela começou a falar, um pouco triste – Mas ai, quando foi a vez dele conversar com o House. - Diz pra mim que ele bateu no meu Greg, só diz isso e Lucas Douglas será um homem morto – Nathy se levantou em um salto e bateu uma mão na outra, ameaçadoramente. Wilson e Cuddy a fitaram novamente assustado e depois riram. - Sim, o Lucas bateu no House, mas ele já descontou – Cuddy disse rindo. - Mas, está tudo normal? – Wilson perguntou. - Mais até do que eu esperava. O House emprestou o velho apartamento por um tempo, eles parecem estar bem... - O Lucas vai continuar padrinho do Jimmy? - Acho que sim. Pelo andar das coisas, parece que estar melhor do que poderia ser. - Que bom... – Wilson disse sinceramente. - Eu sabia que você não ia resistir ao discurso do Greg, tipo até eu me apaixonei! – ela brincou – Não dá pra dizer não para um cara como o Greg, dá? Wilson a fitou confuso e Cuddy só conseguiu rir.


- Mas me diz Lisa... Como foi? Ele foi romântico né? Ele cantou? Eu disse para ele cantar por que as mulheres adoram música e a voz do Greg... Nossa Senhora! - Hey! Tem certeza que quer casar comigo? – Wilson perguntou tentando não parecer rude. - Claro que sim, bobão! Mas você não pode negar que o Greg é um pedaço bem grande de mau caminho. - Acho que eu vou arrumar a mesa para o almoço – ele disse pensativo e quando olhou para Cuddy, a amiga não pode deixar de rir. Nathy ficou gritando que o amava enquanto ele andava lentamente para a cozinha. - Mas e ai Lisa? Como foi? - Foi confuso – ela riu – Conversamos bastante e... - Dormiram juntos não dormiram? – ela ria quase euforicamente. - Não – Cuddy corou um pouco – Ele estava cansado e... - Mas Lisa! Não pode simplesmente ignorar Greg House na sua cama, pode? – ela tentou falar baixo para que Wilson não escutasse. - Eu... É que... Ele realmente estava cansado. - Sério? Eu não acredito! Eu no seu lugar abusava do homem – ela ria. Cuddy corou um pouco e não sabia o que dizer. - Tudo bem, eu te perdôo. O coitadinho estava realmente acabado – Nathy comentou pensativa – Foi até bondade da sua parte. - Obrigada... – foi a única coisa que ela conseguiu dizer. - Mas diz ai... Não tinha como dizer não pro Greg né? Tipo, aqueles olhos. Já viu aqueles braços? Nossa! Sinceramente, se eu não estivesse com o Jimmy e o Greg não fosse perdidamente, loucamente e infinitamente apaixonado por você. Eu investia! Cuddy riu. - Ele é perdidamente, loucamente e infinitamente apaixonado por mim? - Você não passou cinco minutos conversando com o Greg, passou? – ela dizia como se fosse obvia cada palavra – Ele só fala de você, só pense em você. O Greg vive por você... Sinceramente eu acho que tudo isso demorou a acontecer. A diretora sorriu um pouco sem jeito. - Como você está se sentido? – Nathy perguntou, parecendo incrível madura. Essa garota é bipolar? Num momento estava surtando falando de House na frente de Cuddy, sem se importar. Agora parecia ter realmente vinte e nove anos. - Estou bem... Eu acho. Preciso me acostumar a tudo isso. - Dê um tempo para o Greg também... – ela falou sentando-se ao lado de Cuddy – Mais do que você ele precisa se acostumar, não estranhe se ele agir diferente. - Como assim? - Greg era um cara genial, relativamente rico e solitário, apesar de morar com o melhor amigo. Comia pizza fria e tomava cerveja no café da manhã, e tinha que aturar as loucuras da namorada do melhor amigo.


- Entendo... – Cuddy riu. - Você trocou de namorado Lisa... O Greg trocou de vida, são mudanças maiores. Agora além de ter alguém do lado dele, ele ainda ganhou a Rachel. Então é muita coisa ao mesmo tempo acontecendo na vida dele... Não significa que ele não queria. - Tem razão – seus olhos percorrem a sua própria casa – Acho que eu gosto de tudo isso. De todas essas mudanças... - Tipo o que? - Ah! Tigela de cereal em cima da mesinha – ela apontou sorrindo – Tem roupa espalhada no quarto, ele desligou meu despertador, há um monte de DVD alugado do lado da TV... Ele está no supermercado agora comprando um monte de besteiras. - Coisas típicas do Greg – Nathy riu. - Minha casa está mais que bagunçada, ele só quis ficar deitado de manhã e não quis fazer mais nada – ela sorriu – Parece terrível, mas eu gosto. - Esqueceu da mudança principal! – Nathy disse levantando-se e pegando nos ombros de Cuddy – Vem cá! - Como assim a mudança principal? – Cuddy foi sendo guiada por Nathy até uma parte da sala onde havia um grande espelho. - Sua casa está um horror, você acordou mais tarde que o comum, sua filha ama de paixão o louco com quem você dormiu, mas a mudança mais notável é essa – ela falou simplesmente. Cuddy olhou bem para o espelho, não tinha nada de estranho. - O que é? - Seu sorriso, Lisa... - Meu sorriso? - Nunca foi tão genuíno e contagiante... O Greg vai colocar sua vida de cabeça para baixo, mas o principal está aqui: você está feliz. House chegou tão repentinamente na casa, que os três mal perceberam quando a porta se abriu e o médico, com a filha no colo, e a babá entraram. Estavam cheios de sacolas que pareciam não ter fim, pois existiam ainda mais no carro. - Greg! – Nathy fez menção de correr para abraçá-lo, mas logo foi impedida. - Vai derrubar ou as compras ou a Rach, e nos dois casos vai apanhar – ele advertiu colocando as sacolas no chão. - Eu também te amo – ela riu, ajudando Anne que estava cheia de compras. - Tem mais no carro – House gritou para a cozinha – O Wilson bem que podia ir ajudar! O oncologista só colocou a cabeça para fora da cozinha e sorriu ao ver o amigo, mas depois continuou a arrumar o almoço, mesmo com House o xingando de preguiçoso. - Você dá o que pra Rach comer? Fermento? – o médico brincou entregando Rachel para Cuddy – Ela é muito pesada. - Não sei do que o patrão tá reclamando, eu carreguei a Rachel durante as compras todas – Anne retrucou pegando mais algumas sacolas. - Mas estou carregando agora! – ele respondeu fazendo birra.


Cuddy riu e abraçou a filha que parecia bem cansada, mas também bastante feliz. Devia ter sido uma aventura fazer supermercado com aqueles dois. - Sim vocês compraram metade do mercado? – Cuddy riu, enquanto Nathy e Anne iam e vinham do carro com as compras que pareciam eternas. - Só a parte de doces – House sorriu. O médico aproximou-se dela e a surpreendeu quando passou sua mão pelo rosto até chegar a nuca, puxando-a delicadamente para um beijo. Cuddy corou, não esperava que ele fosse romântico na frente de todos. - O almoço está pronto! – Wilson anunciou da cozinha. Anne pegou Rachel para preparar o almoço dela, enquanto Nathy correu alegremente, mas no momento em que Cuddy virou-se para se juntar ao grupo, sentiu as mãos frias dele seguraram seu pulso. Ele a puxou gentilmente, enquanto sentava no sofá, fazendo com que a diretora ficasse em seu colo, sem nunca forçar sua perna ruim. Cuddy o observou surpresa e ficou acariciando o rosto dele com a ponta dos dedos. House retribuiu o olhar. - O que foi? – ela perguntou sorrindo. - House! Cuddy! O almoço! – Wilson gritou da cozinha. O infectologista revirou os olhos e Cuddy riu da frustração dele, envolvendo o pescoço de House com um abraço. - Cala boca Jimmy! Você é o maior estraga clima do mundo! Wilson riu e resolveu esperar normalmente. - Sério Greg... O que você está olhando? – Cuddy continuou. - Fico me perguntando como conseguir viver tanto tempo sem você... Cuddy simplesmente não soube o que responder naquele momento. E só o fitou com um sorriso bobo, que não podia evitar. - Greg... Eu... Fora a única coisa que ela conseguiu dizer depois de um tempo, mas House rapidamente a calou com um beijo. Não era necessário dizer mais nada, pois naquele momento o médico não tinha mais dúvidas: ele amava inteiramente aquela mulher e nunca mais conseguiria viver sem ela. O beijo teria se prolongado por um longo tempo se um grito não os interrompesse. Quando eles se separaram, House fitou furiosamente para Nathy que os encarava rindo. - Ele está assim todo fofo só por causa de hoje a noite? – ela parecia se divertir com a pergunta. - Hoje à noite? – Cuddy perguntou corando um pouco pela situação. Ela era dona da casa e ficara simplesmente se beijando no sofá, não era nada elegante. House fitou Nathy confuso por um instante. Aconteceram tantas coisas nos últimos dias, que ele realmente não sabia o que ocorreria naquela noite. Na verdade, ele nem sabia que dia exatamente hoje. Mas sua mente era rápida o suficiente para fazê-lo lembrar. - A despedida de solteiro do Wilson – ele falou quase em um sussurro. - A comida vai esfriar – Nathy sorriu – O bolo de carne está uma delícia! E você, Greg, é um manipulador...


- A despedida é hoje? – Cuddy saiu do colo dele devagar para não forçar a perna ruim. - Todo fofo só pra Lisa liberar você – Nathy riu. - Eu estava sendo fofo... – ele começou a retrucar, mas parou – Eu não estava sendo fofo! Não sou fofo... – terminou quase ofendido. - Estava sim sendo fofo – Cuddy riu, puxando-o pelas mãos para que fosse para cozinha. - Se eu estava... Não era para ser liberado – ele resmungou sentando-se ao lado de Wilson na mesa – Não preciso de permissão. Não preciso de permissão? Cuddy se perguntou mentalmente. Viu Wilson dá um sorriso tímido e Nathy olhar para ele quase inconformada. Anne e Rachel estavam indiferentes a cena. - Como não? – Cuddy perguntou provocando-o, enquanto se serviu. - Simplesmente não preciso – ele disse sem emoção. - Você vai para a despedida, não vai? – Wilson perguntou preocupado – É sério! Preciso de você lá. House não respondeu, bocejou e continuou a comer. Sabia que os olhos de Cuddy encaravam-no perigosamente agora. - Como o James quer você lá, eu deixo você ir – a voz de Cuddy nunca soara tão provocadora. Ele quase se engasgou. Wilson permaneceu calado e se concentrou bastante no bolo de carne, enquanto Nathy parecia se divertir, seus olhos indo de House para Cuddy e dela para o médico. Anne riu timidamente, sentada um pouco longe da mesa, em frente à cadeirinha de Rachel que parecia entretida tanto com o almoço quanto com seus blocos de montar. Ao ver as mãos da patroa repousaram na própria cintura, e os olhos delas encararem os de House, Anne tinha um certeza: a guerra ia começar. - Eu aposto cinqüenta dólares na doutora Cuddy – Anne disse simplesmente. Todos fitaram a babá, e House quase riu da situação. - Aposta cinqüenta em que? – Nathy perguntou curiosa. - Que ela ganha a briga e o doutor fica em casa – respondeu rindo, tentando manter seus olhos na colher. - Não vai ter briga alguma – House disse seriamente – Não é amor? Se o “amor” não tivesse soava tão sarcasticamente, talvez Cuddy tivesse terminado ai. Mas sabia que House ainda queria provocá-la. - Claro que não, meu bem – ela soou tão sarcástica quanto – Você não vai para a despedida e vamos ficar em casa, juntinhos, assistindo filmes de amor. Não haverá briga alguma. House soltou um meio sorriso, seus olhos estudando Cuddy minuciosamente. Ele não estava nem um pouco preocupado com a discussão. Pelo contrário, sentia-se ligeiramente aliviado com isso. De certa forma House gostava de toda a tensão e todos os jogos que tinha com Cuddy, enquanto estavam separados. E sinceramente, teve medo de perder isso quando os dois ficassem juntos. Mas ali estava a prova de que a guerra nunca acabaria. Ele sorriu mais ainda quando sentiu os olhos dela o estudarem.


- Mas o Jimmy disse que precisa dele lá – Nathy falou defendendo-o. - Não me meta nisso, amor, por favor – ele pediu meio nervoso – Queria o House lá, mas se a Lisa não quiser. Não meterei minha colher... Cuddy e House riram, mas logo pararam e voltaram a se encarar sérios. Nenhum queria abrir brecha nenhuma. - Eu aposto cinqüenta no Greg – Nathy disse cruzando os braços – E você, amor? - Não quero meter minha colher! – ele insistiu achando graça da sua própria frase. - Qual é Jimmy! Escolha um partido! Ele sorriu meio sem graça e viu que House e Cuddy encaravam-lhe esperando sua resposta. Não precisou pensar muito para dizer. - Cinqüenta na Lisa. - Traidor! – House resmungou – Agora nem que a Lisa deixe, eu vou para sua festa de despedida! Cuddy sorriu. - Nem que eu deixe? Ou seja... Quem manda sou eu? – o seu sorriso era mais provocador ainda. House se odiou por um momento por parecer tão descuidado. - Eu digo se vou ou não para a festa do Wilson – ele tentou soar decidido – Vai querer me proibir de sair de casa? - Para o trabalho, cinema, casa de um amigo... Não! Mas para um lugar cheio de strippers, talvez sim – Cuddy mantinha seu sarcasmo. - Ah! Não vai acontecer nada! Eu vou para cuidar do Wilson! - Agora está justificando? Achei que se você quisesse ir simplesmente iria – Cuddy disse espertamente dando um leve sorriso. Era incrível como as vezes ela parecia estar um passo a frente dele, por mais esperto e astuto que House fosse. - Não estou justificando nada – ele parecia estranhamente nervoso – Só estou dizendo que você está fazendo drama à toa. Eu não vou me pegar com mulher alguma. - Claro que não. Você não vai... – Cuddy sentou-se e lançou-lhe um sorriso. O médico escorou-se na cadeira, ainda fitando-a. Rapidamente seus olhos viajaram pela sala, olhando para cada um. A aflição de Wilson chegava a ser cômica, enquanto Nathy e Anne pareciam de divertir com tudo aquilo. E Rachel... Ele tinha Rachel. - Hannibal? – ele a chamou da maneira mais carinhosa que se pode fazer quando se utiliza como apelido o nome de um assassino. - Rau! – pela primeira vez a criança pareceu dá atenção ao grupo de adultos. - Quem você acha que tem razão? - Gregory House! Não coloque a Rach no meio – Cuddy apontava o dedo para ele, mas não parecia chateada. - Medo? – ele provocou. Os olhos de todos estão se fixaram na pequena garota sentada em sua inocente cadeirinha. Mas Cuddy não estava preocupada, afinal Rachel era filha dela, desde


pequena ficara com a diretora, não escolheria simplesmente o homem que vira um dia sim e um dia não, e que só entrar definitivamente em sua vida há um dia! - Rach? – Anne chamou, pois achou que se ela perguntasse a resposta seria mais sincera – Você escolhe o House ou a Lisa? Ela colocou fofamente a mão na boca, divertindo-se com a atenção que de repente ganhara de todos naquela sala. Os olhinhos observaram Anne, depois o tio Wilson e a tia Nathy, para depois encontrarem os da mãe. Como Rachel amava a mãe. Ainda não conseguia dizer, mas era a pessoa mais importante de sua vida. O problema era que Rachel não conseguia entender o contesto da pergunta. Apesar de mais inteligente que a maioria das crianças, seu único ano de idade não permitia que ela entendesse a complexidade por trás da pergunta. Quando Anne disse: House ou Lisa? Era House ou Lisa, simplesmente isso. Ela não compreendia nada além disso. Não podia entender o perigo de um homem bêbado com strippers, não podia entender o ciúme da mãe, nem muito menos a grandiosidade por trás do jogo de poder entre House e Cuddy. Para a pequena Rach, a pergunta era simples e direta: House ou Lisa? A pequena rira novamente, quando a babá voltou a perguntar. Viu a mãe sorrir para ela naquele tom natural. E mesmo só com pouco mais de um ano de idade, Rachel já estava completamente apaixonada por um sorriso. E para o azar de Lisa Cuddy, esse sorriso era o do homem sentado com os braços cruzados do outro lado da mesa. Um sorriso malicioso, maroto, um pouco arrogante, mas acima de tudo sincero. Rachel era apaixonada por aquele sorriso. E não importava se ela tinha House há um dia ou há uma década. A reposta para a criança era tão simples quando a pergunta. - O papai! – ela respondeu com a mão ainda fofamente na boca. House soltou uma risada quase instintiva, mas por alguns segundos não soube dizer se era pela provável vitória ou se era pelo fato de ter sido chamado de pai. Quando Lisa Cuddy fora naquela noite a sua casa e ele resolvera dar mais um chance para ela e para si mesmo, ele sabia que sua vida ia mudar. Mas House não tinha idéia do quanto. A simples presença de Cuddy lhe proporcionava uma felicidade excepcional e Rachel fora uma grande surpresa. Ele se dava bem com a pequena há algum tempo, mas nunca imagina que sentiria seu coração bater um pouco mais rápido ao ouvi-la pronunciar uma única palavra. Ele não era um homem de se importar com o que os outros pensavam dele, mas de repente saber que Lisa e Rachel o amavam tornara-se a coisa mais importante para a sua vida. House jurou naquele momento que se precisasse abrir mão de todo o resto para ter aquela mulher e aquela garota, ele faria. Só que nunca diria em voz alta, é claro. - Viu? Eu tenho razão! – ele sorriu vitorioso. Mas ninguém pareceu ligar para o que ele dissera, todos ainda olhavam para a pequena Rachel e seu fantástico sorriso de cinco dentes. - Pai? – Wilson se admirou rindo. - Oh meu Deus! O papai! – Nathy quase gritou e correu para apertar as bochechas da menina. House corou um pouco e desviou o olhar. - Não precisa ficar assim, papai House – Cuddy brincou. - E você não precisa mudar de assunto só porque perdeu – ele retrucou. - Perdi? - Sim! Eu vou para a despedida do Wilson porque eu quero! E a Rach disse que eu tenho


razão... Pronto, tudo feito. Ele levantou-se apoiando as mãos sobre a mesa e encarando os olhos dela com seu azul furioso. Sorriu. Não podia negar que adora essa guerra. - Acha mesmo que nós vamos definir tudo isso pela Rachel? – a voz dela era mais irônica que o normal. Cuddy sentou-se mostrando calma, mas isso só lhe dava um ar mais desafiador. Não tinha acabado. Anne e Nathy voltaram a se divertir observando os dois, mas Wilson revirou os olhos e achou melhor lavar a louça. Eu queria House na festa, mas... pensou consigo, e depois um pensamento lhe fez sorrir: Esses dois. Esse jogo, essa guerra. Nunca vai acabar... Ainda bem. - Agora resolveu ignorar a opinião da sua filha? – ele se fingiu chocado. - Enquanto ela tiver um ano de idade – Cuddy sorriu desafiadoramente. House odiou como aquele sorriso era incrivelmente sexy. Mas ele não podia pensar nisso, pois caso acontecesse ele se deixaria levar. Ele não podia ceder. Se manteve firme nos olhos então, menos provocadores. Mas como essa mulher consegue mexer comigo com um único sorriso... - Você só diz isso porque sabe que ela sempre escolheria a mim – ele disse quase em deboche, dando seu prato para Wilson lavar. - Rach, amor, diga: eu ou o House? Por um momento, House sentiu-se ligeiramente estranho ao perceber que Cuddy sempre se referia a ele pelo sobrenome. - O papai! – ela voltou a repetir sorrindo. - Claro! Você sempre escolherá seu pai – Cuddy revirou os olhos. Dessa vez ele sorriu. Seu pai... Só não conseguia entender ainda porque aquilo de repente tornou-se tão importante. - Assunto encerrado – ele riu levantando-se. - Não! – Cuddy colocou a mão nas cinturas – Eu disse que não vamos usar a Rachel para decidir nada. Você não vai para a despedida. House deu um meio sorriso e dando a volta na mesa, chegou bem perto dela. Cuddy odiava como a simples proximidade dele parecia mexer com todo seu corpo. - Eu vou! – ele disse infantilmente. - Não vai... – tentando-se manter mais madura que ele. - Eu vou! - Tudo isso para fazer companhia para o James? – o olhar dela era quase mortal. - Claro que não... Tenho outros motivos. - Outros motivos? – ela quase riu – Strippers? - Relativamente – ele disse maliciosamente. - Nem pense em dizer isso na minha cara House! – ela apontou para ele – Nem de brincadeira. Ele riu de como a voz dela se alterou. Adorava tirá-la do sério. Cuddy ficava incrivelmente mais sexy com raiva.


- Não vou me deitar com uma stripper! – ele fingiu estar ofendido, mas havia diversão na sua voz. - Como se só sexo fosse traição – ela estava realmente saindo do sério. - Eu não vou nem tocar nela! – parou um momento e deu um sorriso maroto – Eu acho... - Você é um safado! Wilson quase interveio na conversa, mas achou que os pratos com sabão eram mais interessantes. O que chegava a ser uma agonia para o oncologista mostrava-se um divertido espetáculo para Nathy e para a babá. - Preciso tratar de negócios – ele ria provocando-a. - Negócios? Com uma stripper!? – Cuddy dera um passo firme para frente, estava mais perto ainda dele, seus olhos quase fechados de tão furiosos – Você é impressionante! - É sério. Não acredita em mim – a voz dele era tão cínica, que chegava a ser cômica – Preciso ir a festa, que eu organizei, verificar se todo o dinheiro que eu investir nesse grande evento foi bem utilizado, e resolver um problema com uma das garotas. - Isso é uma piada não é? - Finja que é um congresso de medicina – ele riu. - E a stripper seria como uma médica famosa? – a ironia dela parecia seguir a mesma intensidade que sua raiva. - Claro! Esse é o espírito da coisa. - Você é um safado, House! - Mas ao contrário dos congressos haverão coisas lá que não permitem que levemos crianças e provavelmente eu estarei bêbado. Cuddy jurou que se pudesse ela o matava agora mesmo. House sabia tirá-lo do sério realmente e se ela não o amasse mais que tudo nesse mundo, ela com certeza o mataria. Sua mão se ergueu no ar para atingi-lo, mas House habilidosamente a segurou. Com a mesma habilidade, a mão dele deslizou dos dedos dela por toda a extensão do seu braço e Cuddy sentiu-se eu corpo ceder a cada toque dele. Com o sorriso mais malicioso do mundo, House depositou um beijo em seu pescoço, causando-lhe calafrios. - Confia em mim... – ele quase sussurrou. Ele beijou o outro lado do pescoço dela. Anne e Nathy quase gritavam com a cena. E o médico não parecia se importar que eles estivessem ali. Na verdade, quando mais gente melhor para apreciar sua vitória. - Você é um safado – Cuddy disse em um gemido praticamente silêncio. Uma das mãos dele deslizou para a costa de Cuddy e a outra viajou até a nuca puxandoa para um beijo que foi intenso, apesar de não demorado. - Eu te amo, sua louca, mesmo você sendo brava – ele riu. - Você não vai! - Duvida? – o sorriso dele nunca foi mais desafiador. - Greg House! Você não vai para essa despedida de solteiro e essa é a minha palavra final – ela disse decididamente. Ele sorriu.


- Amor... Eu esperava que você dissesse isso. Cuddy o olhou sem entender. House iria ceder? Ele simplesmente a ouviria e não iria para a festa? Impossível! - Nathy – ele a chamou – pegue a Rachel e vamos! - Pra onde? – Nathy e Cuddy quase perguntaram juntas, enquanto Wilson virava para fitar o amigo, o sabão escorrendo do ultimo prato a ser lavado. - É segredo – ele tentou parecer sério. - Eu adoro segredos – Nathy disse empolgada, pegando Rachel da cadeirinha. A menina tinha terminado de almoçar a algum tempo. - Aonde você vai, Greg? – Cuddy o segurou pela mão. - Me proibiu de ir pra festa agora vai me proibir de sair? - Não... Eu só queria saber. - Eu disse que é segredo – ele disse enquanto batia no bolso da calça para certificar que a chave estava ali – A guerra ainda não acabou. - Como assim? - Quem disse que eu não vou pra festa? – ele sorriu. - Você pode até ir, mas na minha casa não entra mais – a voz dela era quase infantil. - Eu quero ir à festa e quero voltar para cá – disse decidido, enquanto Nathy e Rach já iam para a sala. - Não tem essa opção – ela riu desafiando-o novamente. - Claro que tem... - Precisaria me convencer a deixá-lo ir! O que é.... Ela diria que era impossível, mas ela a cortou beijando-lhe rapidamente os lábios. - O que é exatamente o que farei agora – ele sorriu – Vamos Nathy? Vamos Hannibal? House demorou tanto aonde quer que ele tenha ido, que Wilson terminou de lavar a louça e dera tempo dos dois colocarem a conversa em dia e ainda começarem a assistir um filme. Cuddy adorava a companhia de Wilson. Quanto a Anne, ela já havia liberado a babá, mas a garota insistira em ficar na casa para vê o que House aprontaria. Enquanto a babá quis arrumar o quarto de Rachel, enquanto esperava o novo patrão. Cuddy e Wilson conversaram sobre tudo, desde coisas do hospital até sobre House, Lucas e sobre ela. O casamento também foi assunto e dos mais agradáveis. Até sobre a despedida eles falaram, mas Wilson sabia tão pouco quanto Cuddy. E quando os dois assistiam com entusiasmo, ambos com uma xícara de café na mão, a Fantasma da Ópera no DVD, House chegou finalmente. A porta se abriu curiosa o quarto com a pequena no eles estavam não

em estrondo, suficientemente grande para fazer Anne correr mais que de Rachel. Wilson e Cuddy olharam atentamente enquanto Nathy entrava colo. Parecia tudo normal, mas House ainda não entrara e de onde era possível vê-lo.

Nathy e Rach expressam um sorriso contagiante que só fez a curiosidade dos três aumentar mais ainda. De repente, ele apareceu mancando vagarosamente até a porta. - Depois disso, você não me negará... – ele sorriu.


Mas nada podia ser visto. Anne correu até o sofá procurando o que era. Wilson chegou a se levantar para ver se havia algo atrás dele, mas nada. Ninguém via nada. - O que é Greg? - a curiosidade era maior que qualquer coisa. - Lisa Cuddy, eu te apresento... Ao Black Sabbath – ele sorriu e bateu palmas para algo do lado de fora da casa – O mais novo membro da família. - Quem?! – Cuddy, Wilson e Anne quase perguntaram em coro. - Vem cá garoto! Vem! Como se obedecesse fielmente àquela voz, ele correu um pouco desengonçado, por causa do pouca idade, e com uma pequena dificuldade subiu os degraus da frente da casa. Era a coisa mais linda que Cuddy já vira. Sempre sonhara em ter um, qualquer fosse a espécie, mas nunca tivera coragem de realizar o desejo. E agora ela viu o pequeno filhote de Samoiedo fitá-la com aqueles olhinhos incrivelmente azuis. Eu odeio fato desse cretino me conhecer tão bem... Como eu posso dizer não para ele? Ela fitou o médico. - Você é um cretino manipulador! – ela ria. - Brinque com o Black, Lisa... Ele é seu... – ele sorriu – A Hannibal que escolheu, se você não gostar a culpa é dela! - Back! – ela disse rindo no colo da Tia Nathy. - Você gostou? – ele estava escorado na porta observando enquanto ela, Wilson e Anne se abaixavam para ver o filhote. - Eu amei – Cuddy deixou seu sorriso sincero, escapar. - Jimmy! Passo na sua casa para te pegar as dez. Todos riram. E Wilson precisou concordar feliz, ele realmente queria que House fosse aquela festa com ele. Aquele filhote de Samoiedo, com seu nome mais irônico impossível, era como uma bola fofo de neve, seus olhinhos azuis contagiantes e uma energia invejável. Lisa Cuddy apaixonou-se de primeira por ele. Sempre quisera ter um cachorro, mas isso fazia parte dos desejos que só ficavam na mente e nunca seriam realizados. Mas o efeito do presente pareceu não durar muito tempo, como House queria. Anne foi para casa logo depois de House chegar, e Wilson e Nathy não se demoraram também, pois ambos precisavam visitar os pais dela. E depois de muito brincar com o “Back”, Rachel foi tirar sua soneca vespertina. - Tem certeza que você precisa ir? – ela perguntou desviando os olhos da TV, já fazia alguns minutos que ela não estava prestando atenção no programa. - Achei que tínhamos decidido isso – ele quase sussurrou no ouvido dela. Black brincava no chão da sala, enquanto House e Cuddy estavam deitados no sofá, praticamente de conchinha, vendo TV. Mas não demorou a que a mente de Cuddy saísse do programa para a noite e o que poderia acontecer na festa. - Greg... Ele a puxou para mais perto dele, beijando-lhe agora o pescoço. - Para de pensar nisso Lisa, nada acontecerá hoje de noite. - Tem certeza? – ela virou-se, ficando de frente com ele.


- Tenho – riu da preocupação dela. - Greg... Tenho tanto medo de te perder, é sério. Não quero ser possessiva nem nada, mas... House a beijou e sorriu. - Quantas vezes eu preciso dizer que eu sou seu? A mão dele acariciou o rosto dela por um bom tempo, enquanto eles se encaravam. Ele parecia tão certo que a amava, que Cuddy sentia-se culpada por se preocupar com a festa. Mas não tinha como não pensar. - Eu te amo, Greg... Ele riu e pegou a mão dela e a beijou sutilmente. - Você é preocupada demais... Eu preciso ir a festa. - Para resolver negócios com a stripper?! - Sim – ele riu. Cuddy o encarou furioso e saiu dos seus braços, levantou-se e foi deitar no outro sofá. Ele somente gargalhou e pegou o Black do chão, colocando-o ao seu lado. - O Black me ama – ele provocou. - Ele é meu – Cuddy resmungou fingindo está prestando atenção na TV. - Você pode voltar aqui? – ele fazia beicinho – Eu quero você... - Como pode dizer isso se vai para aquela festa maldita? - Eu preciso ir, caramba. - Por quê? - É por um bom motivo, mas eu não posso te dizer agora – ele fazia carinho no cachorro que respondia com barulhos fofos. Ela sentou no sofá e o encarou. - Por que não pode me dizer? - Porque você não iria me deixar fazer – ele respondeu simplesmente. - Então é algo errado! – ela jogou uma almofada nele – Seu safado! - Não é errado... Você só não concordaria, mas quando dê certo, eu te conto tudo. Eu prometo – a voz dele realmente soou sincera. - Jura que vai me contar? – a voz dela soou manhosa e House riu. Ele esticou os braços para que ela voltasse para o sofá em que ele estava, mas ela hesitou um pouco antes de ir. Pensando bem, Wilson, Taub, Chase, Lucas, Foreman e um monte de pessoas conhecidas estariam na festa e se House fizesse algo, ela saberia. - Eu prometo que iria te falar tudo... – ele sorriu enquanto ela novamente deitava nos braços dele. - Eu te amo, Greg – Cuddy deixou sua cabeça repousar no peito dele. - Lisa... Eu não preciso de forma alguma me convencer que eu te amo, pois em relação a isso eu tenho certeza. Eu te amo como nunca amei ninguém antes. Mas hoje a noite será uma espécie de teste...


- Como assim? - Você precisava provar que confia em mim. Eu sei que te amo, e hoje à noite eu só terei mais certeza ainda. Pois não consigo pensar em outra mulher que não seja você. Colocando as duas mãos no rosto dele, Cuddy o puxou para um beijo sincero. - Eu sei que você iria mesmo se eu dissesse não, mas eu deixo você ir... Eu confio em você, Greg. Ele sorriu. Como prometido, House passou para buscar Wilson exatamente às dez horas, e o amigo não deixou de estranhar a aparente pontualidade. - Para que a pressa? – Wilson riu ao entrar no carro. - A festa não vai começar sem você – explicou ligando o veiculo – Preciso te deixar lá para pegar outra pessoa... O oncologista olhou para ele intrigado. Quem seria? Sinceramente esperava que não fosse mais uma das confusões de House. Ele não queria que o amigo estragasse tudo, não quando as coisas pareciam que finalmente dariam certo para ele e para Cuddy. - Quem é? – perguntou ligeiramente preocupado. Mas House o ignorou parecendo chateado com algo. Depois ele checou sua gravata borboleta quando eles pararam no sinal vermelho. - Eu odeio aeroporto – House disse aleatoriamente depois de um tempo. - A pessoa que você precisa pegar vai vim de avião? – Wilson perguntou sem esperar que ele respondesse. House só balançou a cabeça dizendo que sim. - Tem convidados assim importantes para minha festa? – ele sorriu, mas de repente parou como se lembrasse de algo realmente preocupante – É a Stacy?! - Quem? - A Stacy! House, não diz que é ela, por favor... - Você ainda nem bebeu e já está perdendo a razão? – House o fitou chateado. - Não! Você que deve ser louco! – Wilson tentava manter a calma. - Idiota, você convidou a Stacy para seu casamento e você mesmo disse que ela só chega na terça... Como pode ser ela? Wilson pensou melhor e ele tinha razão, não podia ser a Stacy. - Você é um idiota, Jimmy – ele riu ironicamente. - Então quem é? - Não faria diferença se eu falasse... Você não conhece. Enquanto ele falava, procurava um lugar para estacionar, finalmente chegaram ao local da festa. Estava muito bem decorado e na frente uma grande placa dizia: “A ultima despedida de James Wilson... Bem-vindos a Sodoma”. - Você sabe ser sutil, não é? – Wilson riu saindo do carro. - Quem cuidou dessas coisas foi a Treze e não eu. Mas a idéia de Sodoma foi minha...


- Isso ai deve está o inferno – ele riu. - Era o que pretendíamos... - Greg? – Wilson o chamou quando o médico já ligava o carro para partir – Quem é que você pegará no aeroporto? - Caroline Sneijer – respondeu com sotaque – Não espere por mim para começar a festa. Wilson sorriu dando uma tapa leve no carro quando o mesmo partiu. Mesmo do lado de fora, já se podia ouvir o som das músicas sugestivas que tocavam. O oncologista logo foi recebido por Treze e encontrou os outros convidados da festa. Quando House extremamente roupa. Com a sentou-se no

chegou ao aeroporto, Caroline já o esperava. Era realmente uma mulher bonita, e não carregava muitas malas e um elegante sobretudo cobria sua ajuda de um funcionário do lugar, ela colocou suas coisas na mala e banco da frente.

- Welterusten, meneer House! – ela o cumprimentou elegantemente. - Welterusten, mevrouw Sneijer – respondeu com um sotaque carregado – Your videos leugen. Ik moet zeggen dat u persoonlijk meer zijn prachtig. Ela gargalhou sem perder a elegância. - Não sabia que falava holandês, dokter – ela comentou com o sotaque tão carregado quanto o dele. - O suficiente... - Para elogiar as mulheres? Entendo – sorriu. House corou um pouco, estava se sentido desconfortável com aqueles vibrantes olhos negros analisando-o e começou a se arrepender por elogiá-la. Era como se ele tivesse aberto um espaço que não deveria ter deixado. - Charuto? – ele ofereceu mostrando o porta-luvas. - Só se o senhor me acompanhar, dokter. Ela tinha um sorriso estranho e malicioso. Essa mulher é muito mais bonita do que eu imaginei ele pensou sem dizer em voz alta. - Devo recusar – disse sério. - Sua voz não engana – ela comentou – És tão charmoso e sexy quanto sua voz me fez pensar que era, dokter. House a olhou intrigado enquanto sentia a mão dela suavemente encostar em sua coxa. Por Deus! Ela parecia ser capaz de queimar algo só de tocá-lo. - Acho que aceito o charuto – ele disse rapidamente – Pode pegar para mim? Com isso ele a forçava a ocupar as mãos com alguma coisa que não fosse sua perna. Caroline sorriu com a esperteza dele, mas deve concordar que se sentiu mais atraída ainda com o fato dele aparentemente estar recusando-a. Homem nenhum diz não para mim, ela se recordou mentalmente enquanto pegava o charuto. - Bedankt – ele sorriu sem graça, pegando um isqueiro no seu próprio bolso. - O casamento é seu? – Caroline pegou o objeto da mão dele e inclinou-se para acender, sorrindo com a proximidade que forçou. - Não posso casar... Sou padre.


Ela gargalhou enquanto voltava a encostar-se no banco. - Mais fácil – comentou sensualmente – Se fosse casado seria mais complicado, priester. - Acha mais fácil que eu abandone Deus do que minha mulher? – ele perguntou curioso, enquanto agradecia mentalmente por já estarem chegando. - Conheço homens como o senhor, priester... Com essa jeito de garoto mal que não gosta de ninguém – ela aproximava-se dele – Como se mulher nenhuma fosse capaz de roubar-lhe o coração... Enquanto falava Caroline mexia o charuto na boca eroticamente, e se House não tivesse um pouco mais de alto controle, poderia estar em uma situação desagradável. Odeio essas profissionais... - Difíceis de ganhar, mas... No fim, sempre são os melhores – ela sussurra no ouvido dele. House se afastou um pouco, pois se estivessem mais próximos ele teria que abrir o zíper da calça. Agradeceu por ver a placa ao longe. - Estamos chegando – falou sem emoção. - Sodoma? – ela riu – Que inspirador... A cidade do pecado. Ele ficou calado e procurou um lugar para estacionar. - Sinceramente, dokter quantos copos o senhor acha que precisa beber para que eu lhe dê um show particular? – ela tocou novamente em sua coxa. - Paguei uma fortuna para você vir a essa festa e quer fazer um show particular por bebida? – soou o mais sarcástico possível. Caroline aproximou-se novamente, sua mão escorregando para a parte mais interna da perna dele, sua boca tão próxima do ouvido de House que ele podia sentir a respiração dela. Até a respiração dela era incrivelmente sensual. - Pelo senhor... Eu faço de graça – disse passando a mão no cabelo dele e depois puxando a gravata. House tentou se afastar mais um pouco, desligando o carro. - A bebida é só para resolver essa questão – explicou apontando para algo no banco de trás – Talvez alguém já tenha tentando roubar seu coração... Ele virou-se para algumas coisas de Lisa jogados no banco, inclusive seu jaleco, onde estava preso o crachá com a foto e o nome. - Cuddy – ela leu – Então não são casados... - Já disse que sou padre – House falou abrindo a porta do carro. Habilidosamente ela segurou o braço dele, impedindo-o de sair por completo e disse antes de liberá-lo: - Espero lhe ajudar a rezar a missa então, priester. House respirou fundo e ajeitou a gravata quando saiu. Sorriu ao ver que Treze saia para recebê-los. Agora no meio de todos os convidados, era mais fácil se livrar de Caroline Sneijer. - Ela é gostosa – Treze disse puxando House para perto, enquanto Sneijer caminhava sensualmente até eles. - Seu lado bissexual já está falando alto? – brincou – Quanto você bebeu?


- Não se preocupe, chefe, tem muito Der Kuß des Teufel guardado para você – ela sorriu – Boa Noite, Sra. Sneijer. - Senhorita – ela corrigiu tirando o sobretudo – Não sou casada. House e Treze abriram e fecharam a boca algumas vezes ao observar o corpo excepcional daquela mulher. Se Caroline Sneijer já conseguia ser diabolicamente sensual toca coberta, imaginem com a roupa provocante que vestia. Na verdade, mais evidente era a ausência de roupa. - Preciso beber para deixar aquele lado falar mais alto? – Treze sussurrou no ouvido de House, enquanto Caroline passava pelos dois e entrava na festa. - Nossa Senhora – House comentou pegando um drinque do primeiro garçom que aconteceu. - O Foreman é liberal, mas e a Cuddy? – Treze sorriu também pegando uma bebida. - Já sabe da Cuddy? – ele ergueu as sobrancelhas de leve. - Quem não sabe? – riu – Wilson contou para todo mundo logo que chegou. - Falando na fofoqueira, você o viu por ai? - A ultima vez em que o vi estava na mesa dos jogos. Vai até lá? - Na verdade não, preciso encontrar alguém. Treze riu enquanto o chefe caminhava entre as pessoas. Vários convidados o cumprimentaram, mas House só acenava um pouco mal humorado com a cabeça. A música era realmente boa, a bebida era excepcional e o ambiente não podia ser mais sugestivo. Havia mesas para jogos em um canto, bem estilo Las Vegas e espelhado pelo grande salão existiam pelo menos três grandes bares. Em cada canto que se olhava estava estendido um palco com strippers fazendo pole dance para os bêbados convidados carregados de feromônio. O jogo de luzes era um espetáculo a parte. Treze não poderia ter escolhido um bufê melhor, a comida estava realmente ótima. Nas paredes, onde existia uma parte livre, existiam telões pelos quais eram transmitidos os clipes das músicas que tocavam. Tudo isso no primeiro salão. House mancou vagarosamente entre as pessoas para o segundo ambiente. Este dotado de um sistema de fumaça que dava um ar mais misterioso ao lugar. Com um único bar ao fundo e um único palco grande, era um local nitidamente menor que o primeiro, mas não deixava de ser útil. Em um canto da sala foram colocados almofadas gigantes e alguns sofás, todos separados com cortinas, para dá privacidade a quem precisasse. O terceiro espaço era grande varanda, onde só havia algumas mesas e o refrescante vento daquela noite de Princeton. Poucos garçons passavam por lá e realmente era um bom lugar para fugir do pecado que rolava lá dentro. Mas o médico voltou para a segunda sala, onde procurou entre as poucas pessoas, uma mulher sentada em uma das almofadas não tão distante dele. Usando sua bengala, nesta noite uma prateada elegante, ele afastou a fina cortina que a cobria. - Ruthe Watson? – ele precisou perguntar, pois ela estava de mascara. - Sente-se doutor, estava a sua espera. Ele não hesitou em jogar-se ao seu lado. - Precisei pegar uma pessoa... Não espero que isso atrapalhe nosso plano. - Não sou ciumenta – ela riu e ajeitou a gravata dele. - Já encontrou o homem que procurava?


- Com certeza sim. Apesar da máscara, House sabia que ela teria dado seu sorriso mais malicioso que podia. Os dois então levantaram-se e seguiram para o primeiro salão. - Aceita um Der Kuß des Teufel? – House perguntou gentilmente pegando dois copos de um garçom que passava – É uma bebida alemã excelente. - Conheço – Ruthe pegou de sua mão – Já vi homens fazendo loucuras com apenas dois copos dessa beleza. House riu e procurou Wilson, enquanto tomava um gole. - Procurando alguém em especial? - O dono da festa – respondeu simplesmente. - Achei que era ela – Ruthe apontou para Caroline Sneijer que se apresentava no meio do salão em um palco especial – Ela não para de olhar para o senhor. - Então é melhor eu parar de beber – riu terminando o drinque e deixando o copo em uma bandeja qualquer – Afim de conhecer alguém especial? Ruthe riu e acompanhou o médico que identificara o amigo, a essa altura já bêbado, no meio dos convidados. Ele estava conversando com Chase, Taub e mais dois homens, próximos a um dos palcos das strippers. - A diversão está no meio do salão – House comentou ao chegar. - Bela festa, chefe – Chase cumprimentou erguendo um copo. - Uma festa espetacular – Taub disse, a voz nitidamente afetada pelo álcool, enquanto seus olhos pareciam se perder em Caroline. - House! Onde arranjou essa mulher? - É a melhor stripper da Holanda – respondeu sem emoção pegando um copo de cima da mesa e virando-o de uma vez – Meu presente de noivado. Todos riram e resolveram se aproximar no palco onde ocorria o melhor show. Mas House segurou Wilson pelo braço, deixando que todos fossem, menos ele. - Quero te apresentar a uma pessoa – apontou para Ruthe – A Sra. Watson não é holandesa, mas realmente é boa. - Prazer, James Wilson – apertou a mão da moça. - Desculpe doutor, mas não quero privar o nosso noivo de perder o show da grande Srta. Sneijer. Poderia me acompanhar até o meio do salão, Dr. Wilson? O oncologista concordou alegremente, não só pela bebida, mas porque estava com vontade de ver a famosa stripper. Os três então tentaram se aproximar do local, obviamente lotado por uma multidão de bêbados excitados. House conseguiu se aproximar do palco e teve tempo de puxar Caroline para perto dele, não queria gritar, mas precisou fazê-lo, pois a música estava alta. - Maak je werk – gritou. - Als u wilt, meneer. Ik kan meer doen – ela sorriu provocante, e beijou o rosto de House fazendo que todos ao redor gritassem empolgados. - Só preciso disso – retrucou sarcasticamente e apressou-se em sair dali. Deixando Wilson para trás, ele sabia que a outra sala séria um lugar muito mais


sossegado. Sinceramente, não estava com vontade de assistir a apresentação, ao contrário do restante da festa. Mancou até o bar e precisou chamar a atenção do atendente, uma vez que até eles estavam babando pela holandesa. - Duas garrafas de Der Kuß des Teufel – pediu e o barman não iria recusar a atendêlo. - Copo? - Não precisa, só as deixe abertas, idiota – recomendou mal humorado. O barman atendeu e House seguiu até a outra sala. Como previsto, estava vazia, não havia uma santa alma que não estivesse se matando para ficar perto de Caroline Sneijer. Mas o médico jogou-se em um dos sofás, tomou um gole da garrafa e tirou seu smoking, ficando apenas com coleto por cima da blusa de botão. Não demorou a se livrar dos sapatos sociais que tanto odiava. Bebeu mais um pouco, relaxando entre as confortáveis almofadas. Sabia que não deveria ficar bêbado, mas gostava tanto daquela bebida que não podia evitar. Além do mais, por mais estranho que fosse, a festa era entediante para House. Sinceramente, era divertida planejá-la. Escolher todas as coisas, mas não tinha tanta graça assim o final. Afinal, House não era o tipo de pessoa que gostava de se divertir em grupo. Quanto menos pessoas melhor. Aquela multidão era entediante. Ele bebeu mais um pouco, lembrando-se que a ultima vez que estivera em uma festa como aquela, foi perto da sua internação. Muita coisa mudou desde lá... Como House não estava lá, Caroline parecia dedicar sua atenção, agora, ao dono da festa. Ela dançava mais próxima e mais intensamente para Wilson, que envergonhado evitada qualquer tipo de contato. - Dr. Wilson, a mulher quer o senhor... – Ruthe parecia divertir-se – Porque não a chama para uma das cortinas? - Eu vou casar, não posso simplesmente ficar com outra mulher – respondia nervosamente quase engolido as palavras – A festa é para todo mundo menos o noivo. Mas Caroline não parecia pensar assim, ela desceu no palco e andou em direção ao oncologista sentando em seu colo. Quando dia beijá-lo, ele levantou-se com mais de mil, quase derrubando a mulher. - Marica! Marica! Marica! – o povo começou a cantar tentando incentivá-lo. - Vai lá, Dr. Wilson – Ruthe o empurrou. - Eu... Eu não posso... Caroline o tocou sensualmente puxando-o para mais perto. Pegou uma dose de vodka e colocou na boca dele. Todos acompanhavam a cena com gritos e aplaudos. - Dá-lhe Wilson! - gritou alguém. - É isso ai, Jimmy! - disse outro. Quandos os lábios da mulher foram tocar os deles, Wilson a empurrou e afastou-se. Rindo Ruthe o puxou pela mão e o ajudou a sair do meio da multidão. - Não conheço sua noiva, doutor, mas ela é uma mulher de muita sorte. House estava na metade da segunda garrafa quando a cortina se abriu e Wilson pulou ao seu lado. O médico instintivamente afastou-se e segurou a bebida para que não cai-se. O oncologista tinha marca de batom pela camisa e no rosto. - Me salva, cara – ele estava praticamente desesperado e incrivelmente bêbado. - Onde estão suas calças, Jimmy? – House tentou manter seus olhos abertos.


- A Nathy vai me matar cara – ele dizia nervosamente – Eu juro que não a beijei, juro que não fiz nada! Mas ela me atacou! - Não existe estupro contra homens – House zombou. Mas antes que ele pudesse continuar, Ruthe entrou no espaço e abraçou Wilson. - Por que você quer correr, gato? - Nada contra você, Sra. Watson, mas... Eu sou comprometido – ele tentava escapar. A garota bufou e cruzou os braços parando de tentar beijá-lo. - Você é muito fiel... House riu e terminou de tomar o ultimo gole jogando a garrafa no tapete. - Mas seu amigo, ele é tão gato quando você – Ruthe sorriu maliciosamente e sentou-se ao lado de House acariciando os cabelos dele. - Nada contra, mas eu já tenho compromisso – House riu – Com Deus, minha filha, sou padre. - Deus não pode ser ciumento – ela se aproximou. - Mas minha mulher é – levantou-se para evitar maiores contatos – Pega o Wilson, ele é difícil no começo, mas depois você vê que é só frescura. - Não! – ele pegou a bengala de House para se proteger – Sério! Eu vou casar! Não me force a te machucar... É sério. - Ui! – ela zombou – Que medo do grande Jimmy. Wilson iria dizer algo, mas repentinamente percebeu algo. - Jimmy? – ele cerrou os olhos. - Sim... É... – Ruthe parecia nervosa – É o apelido de James não é? - Poucas pessoas me chamam de Jimmy – ele continuou pensativo. - É o apelido de James – House disse rapidamente – Pare de ser paranóico. - Não! – tudo fazia sentido – Sua voz! Tudo! Merda! Como eu não percebi antes? O oncologista olhou para House e depois para a mulher de máscara na sua frente. House exibia um sorriso sacana. - Oi amorzinho! – Nathy disse tirando a máscara que cobria seu rosto – Como você está? - Bêbado o suficiente para não reconhecer a voz da noiva – House zombou. - Seus! Seus... Loucos! Como? Por quê? - Acha mesmo que eu ia deixar o senhor vim para um lugar promiscuo como esse sem te vigiar?! Wilson fitou os dois sem acreditar. - Pelo menos você foi fiel – House riu. - Passou no teste amor! – Nathy correu para abraçar o médico que dessa vez não recusou o beijo – Te amo tanto! Você foi bem fiel, tão fofo.


- Eu fecho as cortinas – House disse sonolento enquanto os dois se beijavam. - Você já vai? – Wilson perguntou entre os beijos. Ele sacudiu a cabeça enquanto bocejava. - Festa chata, eu quero pegar o idiota que planejou tudo isso – riu. - A gente te leva até a porta – Wilson ofereceu. - O Greg já tá com soninho – Nathy brincou enquanto levantava-se e seguia o noivo e o amigo. - Com sono e bêbado – ele comentou sem emoção. Os três caminharam então para o salão principal. House levando o sapato e o smoking em uma mão, segurando a bengala com a outra; Wilson ainda sem acreditar que House e Nathy armaram para ele, mas feliz que passara no "teste", e Nathy também feliz com a fidelidade do noivo. Eles ainda conversavam, quando House sentiu alguém chamá-lo tocando seu ombro. Ao virar-se Caroline depositou as mãos em seu rosto. - Bebeu o suficiente, dokter? – ela ia beijá-lo, mas House deu um passo para trás. - Dispenso, preciso ir para casa... Antes que minha querida esposa me mate – sorriu sarcasticamente. - Nenhum homem diz não para mim, dokter! – ela quase gritava. Mas não era preciso tanto barulho para chamar a atenção, a maioria dos convidados olhava para eles agora. Foreman, Taub, Treze e Chase correram para ver o que o chefe faria. - Cem pratas que o House pega a holandesa gostosa – Chase propôs rindo. - Cem que ele dispensa ela – Treze riu apertando a mão do amigo para firmar a aposta. - Estou com o Chase – Taub riu. - E eu vou com os meninos – Foreman disse – House está bêbado e essa tal de Caroline é realmente espetacular, não tem Cuddy que o vá impedir, afinal a holandesa está doida por ele. Deus sabe porque! Caroline não media esforços para tentar convencer House, o médico tentou continuar seu caminho, mas ela ficou na frente dele, sua mão viajando pelo peitoral dele. Mas rapidamente ele tirou as mãos dela dali. - Sério... Eu não quero – apesar de bêbado ele parecia firme. - Nenhum homem diz... – ela ia começar a dizer mais ele a cortou. - Então eu sou uma bicha – retrucou ironicamente e abriu passagem para sair. - Dokter?! – ela o chamou pela ultima vez. House iria argumentar novamente, mas seu rosto foi atingido por uma tapa impressionantemente tão forte que o derrubou. - Espero que sua mulher seja suficiente pra seu ego – ela cuspia as palavras, deu uma girada arrogante e olhou para o povo, e continuou a andar. Ele riu, levantando-se com a ajuda de Wilson. - Parece que mais de uma pessoa passou no teste hoje – o oncologista riu entregando os sapatos para o amigo.


- E eu fiquei rica porque você ama a Cuddy mais do que sexo – Treze riu pegando cem reais de Chase, cem de Foreman e cem de Taub. - Eu fui a única que ainda não bebi – Nathy comentou – Vamos Jardineiro Fiel! Eu te levo para casa! Ela foi puxando o amigo pelo braço enquanto ele se despedia dos outros. - Amor você vai voltar? – Wilson perguntou afrouxando a gravata. - Claro! Não pense que vai se livrar de mim! – riu. - Boa noite, dokter! – Wilson mangou, enquanto House e Nathy seguiam para o carro. ______________________________________________________________________ Capitulo 19 - Dias assim... Lisa Cuddy ainda não havia conseguido dormir. Passar o fim da noite cuidando de Rachel e brincando com Black, que se mostrava cada vez mais um presente magnífico. Quando a filha foi dormir, um pouco antes de House sair de casa, Lisa dedicou o tempo de folga para cuidar de alguns relatórios do hospital. Ao contrário do que imaginava, o sono não veio com a chegada da madrugada, então ao terminar a papelada e adiantar boa parte de outras tarefas da semana, a diretora decidiu assistir a um filme e aproveitou a companhia do energético Black que parecia estar também sem sono. Faltavam dez minutos para uma da manhã, quando Lisa levantou-se assustado do sofá ao ouvir o barulho na porta. Era muito cedo para ser House, provavelmente ele chegaria mais tarde ou só pela manhã. Mas ela observou aliviada quando ele apareceu, os braços em volta de Nathy como se ela o sustentasse. - Correio! – Nathy brincou ajudando-o a caminhar – Alguém pediu um médico aqui? Lisa apressou-se em ajudá-lo também. House estava tão bêbado que não conseguia andar direito e elas o ajudaram até o sofá. - Acho que erraram no pedido, eu não queria um chapado – Cuddy brincou, mas House não deixou de perceber uma leve irritação em sua voz. - Ah! Mas ai a culpa não é minha – Nathy sorriu. - Obrigada por trazê-lo – disse gentilmente. - Não agradeça, é sempre um prazer cuidar desse doido – riu – Já vou indo. - Eu te acompanho até a porta – Cuddy foi caminhando com ela, mas logo estranhou a presença de Nathy e principalmente a maneira como ela estava vestida – Você estava na festa? A garota parou e olhou para a própria roupa rindo. Nunca em sua vida pensou que se vestiria assim. Gargalhou antes de responder. - Sim... Eu e o Greg armamos para o Jimmy – explicou sorrindo. - Ela se fantasiou de stripper, colocou uma mascará e abusou sexualmente do nosso pequeno Jimmy – House disse com a voz abafada pela almofada que tampava sua boca. Cuddy olhou para os rindo, mas ainda sem entender direito. - A idéia foi sua, bobão! – Nathy apontou para o corpo estendido no sofá – Eu disse que queria ver como o Jimmy se comportaria, ai o Greg elaborou esse plano maluco. - Vocês são doidos! – Cuddy riu.


- Eu sei... Mas pelo menos o Jimmy passou no teste – ela falou enquanto abria a porta – Sei que ele vai se comportar sempre. - Pensando bem até que parece um bom plano... - Por isso o Greg precisa ir para a festa, o chato nem queria – Nathy olhou para o médico – Passou a noite sozinho, depois de fazer a sua parte... Todo anti-social. Cuddy ainda acompanhou Nathy até o carro. - Espero que não seja só o James que tenha se comportado essa noite – Cuddy disse sugestivamente. - Coitado do meu amor – Nathy riu – Eu praticamente agarrei ele, mas sem saber que era eu o coitado tentou fugir. - Boa noite Nathy, acho que você vai voltar para lá, não é? - Claro! Tenho que vigiar meu homem – ela riu. - Lembre aos meus queridos funcionários, principalmente quem fará plantão amanhã, que eu não quero ninguém chapado durante o trabalho – Cuddy recomendou com sua voz maternal. - Sim senhora! – Nathy bateu continência – Boa noite e cuida do Greg, ele apanhou de uma holandesa doida. - O que? - Só foi uma tapa... – ela respondeu já entrando no carro – Mas deve ter doido! - Por que ele apanhou? – perguntou já preocupada. - Parece que a doida lá não gostou de ser rejeitada... – disse simplesmente – Só porque era a melhor stripper do mundo e tal. Sabe como é esse povo, não é? Tchau Lisa! - Tchau... – foi a única coisa que ela conseguiu dizer. House levará uma tapa porque rejeitara uma mulher? E essa mulher era uma stripper conhecida mundialmente? - Quem é você e o que fez com Gregory House?! – Cuddy disse ao entrar em casa. - Do que está falando? – ele tentou se levantar, mas achou melhor ficar deitado. - A Nathy disse que você apanhou e... - Apanhei nada! – retrucou – Não foi nada demais... Ele tentou se levantar, mas não conseguia ficar direito em pé. Cuddy riu olhando para ele. Sua voz era puxada e carregada. Ele estava sem sapatos, a gravata borboleta já desfeita, o smoking pendurado no mesmo braço em que ele carregava seus sapatos e uma sacola, o colete aberto e os olhos fechando de tão bêbados. - Você disse que não ia beber – comentou quando ele tentou caminhar para o quarto. Cambaleava e acabou deixando a bengala cair, mas Cuddy disse a si mesma que não o ajudaria. - Eu não prometi nada! Você pediu para eu não beber, mas eu não prometi nada. Não tinha nada para fazer naquela festa... Só beber. - Está tentando justificar o fato de estar bêbado? – Cuddy riu.


- Talvez... – ele ergueu o dedo como se fosse continuar, mas se calou e continuou a tentar chegar ao quarto. Mesmo levemente chateada por ele ter bebido, ela resolveu ceder e se aproximou oferecendo o braço para que ele se apoiasse. House deu um sorriso meio culpado e foi o suficiente para ela perdoá-lo. Ele se jogou na cama e Cuddy o fitou por um tempo. - Só você para armar contra seu melhor amigo... – ela comentou sentando-se na beira da cama. - Era um teste... A Nathy gostou da idéia e resolvemos fazer – a voz dele era puxada e seus olhos não conseguiam ficar abertos. - Já pensou se a moda pega e em todas as despedidas de solteiro, as noivas vão fantasiadas? – ela sorriu enquanto tirava a meia dele. - Eu vou ter que beijar todas as stripper da minha festa então – ele riu, erguendo o tronco para encará-la – Até reconhecer seu beijo. - Você é um safado sabia? – ela riu empurrando-o de volta na cama – Vou fazer algo para ajudar na sua ressaca... - Quero chocolate – a cortou infantilmente – Ou sorvete... Isso ajuda na ressaca. - Aonde ouviu isso? – perguntou rindo. - Não sei, mas... Mamãe eu quero sorvete – ele fez bico. - Cuide de tomar banho, enquanto eu vejo algo que realmente funcione. - Não! Você vai trazer algo amargo! – resmungou colocando um travesseiro na frente no rosto. - Você não está no direito de reclamar, Gregory House! – ela brincou e antes de ir para a cozinha completou – Quais as chances que tenho de chegar a tempo na festa para bater em uma holandesa vadia? Ele puxou o travesseiro e deu um sorriso malicioso para Cuddy. Dando uma rápida piscada para ele, a diretora saiu para ir pegar algo que realmente fizesse efeito contra a ressaca, por mais amargo que fosse. De má vontade, ele levantou-se e se arrastou até o banheiro, sabia que um banho não era uma má idéia. Ele realmente havia exagerado na bebida. Jogou o que restava da sua roupa no chão no banheiro e mancou até a ducha. Esfregou os olhos como se diminuísse a dor de cabeça que doía e deixou a água fria molhar seu corpo, principalmente a perna dolorida. Não ia demorar lá embaixo da água, pois o clima estava frio e já era de madrugada, logo não faria muito bem. Ao sair, percebeu que esquecera a toalha e ouviu Cuddy entrar no quarto. - Lisa? – chamou – Eu... - Esqueceu sua toalha – completou por ele e não demorou a entrar no recinto jogando uma para ele. - Obrigado... Ele saiu e se enxugou enquanto ela mexia uma espécie de chá em uma xícara. Merda! Isso deve ser horrível, ele pensou. Cuddy tinha um sorriso divertido como se achasse que ele merecia tomar aqui, e até que ele realmente merecia. - Tem que tomar tudo – entregou o copo para ele. - Tudo? Tudo? – resmungou enquanto colocava sua camisa e uma calça – Não pode ser só metade?


- Se tomar tudo ganha um chocolate depois – ela sorriu. House não podia dizer não, pelo menos não se a pessoa que estava pedindo tinha um sorriso como aquele. Virou então de uma vez a droga daquele chá na boca e fez uma careta devolvendo a xícara para Cuddy. - Meu chocolate! – exigiu infantilmente. - Serve um beijo? – ela disse enquanto tentava arrumar os cabelos, agora molhados, dele. Ele sorriu e a puxou para um beijo que começou singelo, mas foi ganhando intensidade com o tempo. Só deu tempo de Cuddy deixar a xícara em cima do criado mudo para que House a colocasse na cama e continuar o beijo. Cuddy sentiu o peso do corpo dele gentilmente sobre o dela, e agradeceu por ele ter tido a consideração de escovar os dentes para retirar o cheiro da bebida. Esse é o House, nunca mudará... ela sorriu enquanto seus lábios finalmente se separaram. Ele a colocou então ao seu lado, deixando o braço como que ela apoiasse. Ficaram se olhando por um tempo. Seus dedos enrolavam no cabelo dela, brincando e sentindo a maciez que ele tanto amava. - Hoje eu... – ele comentou baixinho, enquanto Lisa acariciava seu abdome por baixo da camisa – Eu vi a mulher mais... Mais... Não consigo pensar em um adjetivo que não seja promiscuo... Cuddy riu. - Gostosa é o menos ofensivo eu acho – brincou. - Pode ser... – ele riu – Então, hoje eu vi a mulher mais gostosa do mundo e não aconteceu nada. - Nada? Como nada? - Assim nada! Ela foi indiferente – ele passou a mão no próprio queixo – Mulheres como Caroline Sneijer não são simplesmente recusáveis, mas... Pra mim foi indiferente. Isso é muito estranho para meu conceito de vida. - Como assim? - Hoje eu tive um grande exemplo do que foi boa parte da minha vida, e sabe o que eu percebi? - Não... – ela sorriu agora agradando o rosto dele com a ponta dos dedos. - Que eu passei a noite pensando em você, mesmo com um bando de mulheres seminuas dançando em palcos. Acho que estou enlouquecendo. Ela gargalhou beijando rapidamente os lábios dele. - Sério! Eu nunca pensei que amaria tanto alguém quanto eu amo você, é quase... Eu não sei... Você me faz querer mudar, ser diferente, dar o meu melhor. E o problema é que eu não vejo sentido nisso. - O amor não tem sentido, Greg... - Tudo tem um sentido – retrucou. - As coisas racionais sim, coisas exatas... O amor não é uma ciência. House não respondeu, ficou encarando o teto só sentindo o cabelo dela em suas mãos e tentando entender a sensação de estar ao seu lado.


- Veja o Wilson e a Nathy! – comentou – Aparentemente não tem nada em comum, mas vão se casar daqui há quatro dias e são um dos casais mais lindos que eu já vi. Não acha que eles se darão bem? - Claro que sim... Mas... É talvez você tenha razão. - O casamento vai ser lindo – ela falou mudando de assunto – Estava vendo o convite hoje, está tão perfeito. - Como um casamento duplo não pode ser perfeito? – House perguntou sorrindo, virandose para encará-la. - Casamento duplo? Ela levantou a cabeça e o encarou sem compreender o que ele queria dizer com aquilo. - Casamento duplo é como chamamos quando dois casais têm a cerimônia no mesmo dia e local, é uma definição... – ele começou a explicar com a voz ainda pesada. - Eu sei o que significa! – o interrompeu – Mas quem vai casar junto com o James e Natasha? - Ora... Eu e você – respondeu simplesmente. - Do que está falando, Greg? – Cuddy não estava conseguindo raciocinar direito tamanha era sua surpresa. - Eu e você vamos casar... – ele sorriu – Ou você não quer? - House! Você está bêbado! – Cuddy simplesmente virou-se de costa para ele. - Não estou bêbado... – parou de repente pensando melhor – Na verdade estou, mas não significa que perdi a razão. - Eu não posso casar com você, Greg! – virando-se novamente para encará-lo. - Não? Ele a fitou por um tempo, naqueles segundos eternos que demoraram para que ela falasse novamente. - Não em quatro dias, seu maluco – ela o beijou como se quisesse lembrá-lo que realmente o amava. - Por quê? – fez cara de triste – Tem duvida se gosta de mim? - Eu te amo! Mas... Você viu como foi um sufoco organizar o casamento do Wilson em um mês, é loucura achar que em quatro dias podemos casar! E... House colocou o dedo dele nos lábios dela, impedindo-a de continuar. Ele deu um sorriso e disse calmamente: - O local já está escolhido, o horário também, os amigos do Wilson são praticamente os nossos, logo os convidados já estão todos com convite. - Mas Greg... - O padre, rabino, pastor, skin head! Sei lá como vocês chamam o mestre religioso de vocês – ele completou sarcasticamente – Ele já está avisado. - Não é assim que as coisas acontecem! Têm uma série de outras coisas tipo roupa, padrinhos... Ele apontou para a sacola que trouxe, ela estava caída no quanto do quarto. - Lá dentro estão seu vestido de noiva, nossas alianças – ele falava com uma calma


divertida, mas ainda sutilmente bêbado – Seus padrinhos serão o Jimmy e a Nathy, os meus acho que posso chamar a Treze e Foreman, quem sabe? - Greg, é sério... – ela não sabia se ria ou se pedia para que ele parasse. Só podia ser brincadeira. - Seus pais chegam na terça-feira e minha mãe já havia sido convidada para o casamento do Wilson – continuou simplesmente, ignorando as intervenções dela – Minha mãe não pode faltar, é claro. - Você convidou meus pais? – Cuddy perguntou, achando o fofo o fato de ele ter se preocupado com isso. - Claro que sim. Então? - Então? - Sim ou não? – ele tinha um sorriso divertido. Quando Lisa ia responder ele não deixou, os dedos frios tocaram os lábios dela e ele os acariciou por alguns segundos, antes de beijá-la. - Sim ou não? – sussurrou em seu ouvido. - Sim... – ela disse rindo. - Você é doida, então – ele riu. - Doido é você, Greg! Querer casar em quatro dias, comprar vestido e tudo... - Hey! Aquilo – apontou para a sacola – É comida mexicana. - O que? - A gente não vai casar com o Wilson – agora ele ria da cara dele. Cuddy o olhou com tal fúria que queria acertá-lo, sorte que o objeto mais próximo de sua mão era o travesseiro. - Por que disse isso? - Você fica com raiva quando eu digo que vamos casar na quarta... – ele ria enquanto tentava escapar das “travesseiradas” – Mas quer me bater quando eu digo que não vamos mais... - Greg! – ela só conseguiu bufar e deitar de costa para ele, cruzando os braços. - O que foi? - Não se faz brincadeiras com coisas sérias assim! Ela fechou os olhos com força tentando dormir. Esse cretino... Eu ainda disse “sim” para ele! pensava com raiva. House calmamente sentou-se na cama, e tocou no ombro dela chamando-a. - Lisa... – sua voz era um pouco infantil – Lisa? - Boa noite, House! – ela disse irritada. - Lisa? – agora ele parecia mais criança ainda – Lisa meu amor? Sem paciência e sabendo que ele nunca deixaria que ela dormisse sem ouvi-lo, Cuddy virou-se para fitá-lo. - O que é?!


- Eu só disse isso para provar duas coisas – falou simplesmente – A primeira: se você era louca para casar em quatro dias. E você provou que é – riu. - E a segunda? - Se você é louca o suficiente para casar comigo – ele sorriu. E era um sorriso que Cuddy não podia deixar passar. Ela amava aquele idiota. - Chegar bêbado em casa, comida mexicana e mentir dizendo que seus pais estão chegando para nosso casamento é uma maneira meio exótica de tentar dizer o que eu quero dizer – começou a falar parecendo nervoso com a situação – Mas... - Isso é mesmo um pedido de casamento? – Cuddy olhava agora singelamente para ele. - Depende... – corou um pouco – Escuta, não quero casar com você daqui a quatro dias. - Ainda bem – ela riu. - Mas não significa que nunca vou querer. Ele realmente disse isso? Cuddy quase surtou por dentro, mas exteriormente se manteve calma o suficiente para controlar o impulso de pular nos braços daquele homem. - Você quer casar comigo? – ela falava calmamente como se não quisesse se perder em suas próprias palavras – Com tudo que tem direito? Tipo, eu sei que você não gosta das coisas tipo véu, buque, família reunida, igreja e... Claro que você vai adorar o antes e o depois: despedida de solteiro e lua-de-mel. - Qual é Lisa? Acha mesmo que eu não vou gostar de te ver naquele vestido, que eu vou forçar o Wilson a pagar? Um vestido bem lindo que deixará até o padre, rabino, anticristo, sei lá, excitado? Cuddy gargalhou e sentou-se também na cama. - Lisa... É cedo para pensar em casamento, eu não sou apressado como o Wilson e nem quero que nós dois tomemos decisões precipitadas, mas... Ela passou seus braços pelo pescoço dele e sorriu ao vê-lo ficar nervoso enquanto falava. - Hoje eu percebi que... Eu quero passar o resto da minha vida com você. Sei que você tem mil razões para não querer ficar comigo, mas eu quero ser um cara melhor por você... Pela Rachel. - Comida mexicana e mentira sobre casamento na próxima semana? – ela fingiu está pensando – Esse é seu jeito maluco de dizer que gosta de mim? - Eu não gosto de você – disse sério. - Não? - Eu te amo – ele a beijou rapidamente – Lisa... Você... – desviou o olhar, corando de leve – Você é minha vida, se for sem você eu não quero mais viver. - Eu que te amo, seu doido! – falou encarando os olhos dele. O azul que tanto a fascinava. - Promete para mim que nunca vai me deixar? – a voz dele soou triste, mas sincera. - Do que está falando, Greg? - Atualmente, você sabe que estamos bem, mas também sabe que não será sempre assim... – ele fitou o teto – Você me conhece mais que ninguém e sabe quem eu sou. Eu vou te machucar... A você e a mim mesmo. Mas... Eu nunca vou deixar de te amar.


Ela o fitou em silêncio. Sabia que o ele estava falando era verdade. - Promete que vai olhar para mim nesses dias como você está me olhando agora? - Eu prometo Greg... – ela beijou o rosto dele – Eu prometo. - Lisa... Por que você me ama? - Que te tipo de pergunta é essa? - Eu sou um cretino, miserável, estúpido, mal humorado, canalha, egoísta... As mãos dela o calaram. - Podem ter mil motivos para eu não ficar com você – ela sorriu sinceramente – Mas basta um para eu te amar... - E qual é? – perguntou curioso. - Você me faz feliz, Greg... Faz eu me sentir completa. - Isso são dois motivos – ele encrencou rindo – Você é doida sabia? - Por amar você? - É – House disse levantando da cama e indo até seu notebook que estava ligado em uma mesa no canto do quarto. - Nada... Isso me faz sortuda – sorriu. - É mesmo? – ele estendeu a mão para que ela saísse da cama – Vem cá. Cuddy o fitou sem entender, mas aceitou a mão dele puxando-a para fora. - O que vai fazer? - Eu? Nada... Nós vamos – ele sorriu e com um toque no teclado ligou a música. Ela reconheceu a introdução, mas não conseguia identificar a música. Seus pensamentos foram interrompidos quando os braços de House a envolveram, puxando-a para mais perto. Ele tinha um sorriso lindo, apaixonado, e Cuddy daria tudo para desvendar aqueles olhos que agora encaravam os dela. I could stay awake just to hear you breathing Eu poderia ficar acordado só para ouvir você respirando Watch you smile while you are sleeping Observar você sorrir enquanto está dormindo While you're far away and dreaming Enquanto você está longe e sonhando I could spend my life in this sweet surrender Eu poderia passar minha vida nessa doce rendição Cuddy sorriu, sentido as mãos deles segurando-a firmemente pela costa. Ela adorava o fato de se sentir protegida na presença dele. Sua cabeça repousou no peito dele, enquanto seus corpos balançavam lentamente. Era engraçado como pareciam se encaixar perfeitamente, muito em conta a diferença de altura.

I could stay lost in this moment forever Eu poderia continuar perdido neste momento para sempre Every moment spent with you Todo momento que eu passo com você Is a moment I treasure É um momento que eu valorizo


Ela sentiu o beijo dele em seu pescoço. House a apertou ainda mais contra seu próprio corpo, ele não queria perdê-la e tê-la ali naquele momento era como se garantisse que nunca ficaria em Lisa. - Don't wanna close my eyes… I don't wanna fall asleep 'cause I'd miss you baby and I don't wanna miss a thing… Não quero fechar meus olhos... Eu não quero pegar no sono porque eu sentiria a sua falta, amor, e eu não quero perder nada... – House cantou junto com a música no ouvido dela – 'Cause even when I dream of you the sweetest dream would never do... I'd still miss you baby and I don't wanna miss a thing! Porque mesmo quando eu sonho com você, o sonho mais doce nunca vai ser suficiente... E eu ainda sentiria a sua falta, amor... E eu não quero perder nada! Cuddy adorava a voz dele, principalmente quando ela soava rouca em seu ouvido. A diretora podia sentir o calor tocar seu corpo, a respiração pesada dele, o sotaque que ela nunca esqueceria. Lisa amava tudo em Greg House. As mãos dele agora brincavam no cabelo dela, e ele adorava essa sensação. De repente a fitou, e ficou assim por um tempo, somente acompanhando a música, esforçando-se o máximo até onde sua perna permitia. Ele sabia que a amava e nada no mundo iria provar o contrário. House sorriu quando depois de se beijarem, Lisa deixou sua cabeça novamente no peito dele e fechou os olhos sorrindo. Ele daria o mundo para saber no que ela estaria pensando. Cuddy podia sentir que ele sorria também, e mesmo sem saber os dois se perguntavam por que estavam assim felizes. Sendo que a resposta era a mesma. Laying close to you Repousando perto de você Feeling your heart beating Sentindo o seu coração bater And I'm wondering what you're dreaming E imaginando o que você está sonhando Wondering if it's me you're seeing Imaginando se sou eu quem você está vendo Then I kiss your eyes and thank God we're together Então eu beijo seus olhos e agradeço a Deus por estarmos juntos I just want to stay with you Eu só quero ficar com você In this moment forever, forever and ever Neste momento para sempre, sempre e sempre - Lisa? – ele colocou a mão no rosto dela e puxou gentilmente para que seus olhos se encontrassem – Eu juro que eu vou te amar todos os dias da minha vida. Batendo no teclado ele desligou a música, enquanto segurava a mão dela guiando-a até a cama. Lisa o fitou, sorrindo. - Te amei durante vinte anos – ele a beijou – E vou te amar por muito mais... - Você gosta de mim há vinte anos? - Desde o dia em que te vi... Você sabe que sempre fui apaixonado por você. - Sério Greg... Às vezes eu me pergunto como você consegue ser tão fofo... – ela riu puxando-o para deitar na cama com ela. - Eu já disse que você faz eu me sentir estranho? – sorriu começando a beijar toda a extensão do pescoço dela. Cuddy o deixou livre para percorrer seu corpo, enquanto agarrava o cabelo dele. Era incrível como um simples toque de House, parecia deixá-la febril. Ela amava aquele homem, precisava dele, não se importa que sacrifícios teria de fazer ou o que ia enfrentar. Ela amava Gregory House. Mas quando Lisa ia retribuir o beijo dele, algo os interrompeu, forçando a ambos pararem.


- Espera – ela pediu que ele fizesse silêncio. - Parece choro – comentou baixinho sentando-se. - Rachel! – Lisa falou assustada e pulou da cama. - Também... Você é barulhenta – ele implicou jogando-se de volta na cama, enquanto Lisa corria até o quarto da filha. House deixou um sorriso escapar, passando a mão no rosto, ele podia sentir seu corpo pedir pelo dela. Queria ouvir sua voz, sentir seus beijos. Naquele momento, ele sabia que nunca mais seria feliz longe daquela mulher. Quando a porta do quarto abriu, poucos minutos depois, Cuddy apareceu fitando-o com uma expressão chateada. Mas sinceramente ele não tinha idéia do que tinha feito dessa vez. - O que foi? - Isso nunca aconteceu, tá? – ela fez cara de triste e cruzou os braços. - Sério Lisa... O que foi? – começou a se preocupar. - “Eu quero o papai” – tentou imitar a voz de criança e depois bufou contrariada. - O que? - Eu fui ver minha filha e ela não me quer – lançou um olhar assassino para ele – Ela quer o papai! - Tenho culpa de nossa filha gosta mais de mim? - Exibido! House gargalhou levantando-se ao passar por Lisa deu um beijo rápido e continuou a mancar até o quarto. - Era só o que faltava – resmungou enquanto o seguia. - O Rau está aqui – ele disse sentando-se na beira da cama, a menina logo foi até o colo dele ainda chorando de leve – O que aconteceu? Pesadelo? Eu já está aqui com você – disse abraçando-a – E mamãe também. Cuddy o fitou rindo. Era tão estranho vê-lo assim. Ao perceber o olhar dela, ele corou um pouco mais continuou a tentar acalmar a menina. - Quer que eu fique aqui até você dormir? – perguntou encarando-a. - Fica pai – pediu manhosa, suas mãozinhas tocando a barba dele. - Vou ficar – ele sorriu. A diretora aproximou-se dos dois e acariciando o cabelo da filha, fitou-o. - É incrível como você ainda consegue me surpreender... - Fico feliz de não ter perdido essa capacidade – ele riu. Apesar de House e Cuddy ficarem ali, Rachel ainda estava inquieta e não conseguia dormir. - Rach? Você quer que o papai cante para você? - Sim...


Cuddy o encarou sem acreditar. Já era incrível o fato dele ter levantado da cama para atender ao pedido de Rachel. Ele devia estar em uma ressaca terrível, e mesmo assim, sua voz era doce e protetora, House sorria para a menina como se fosse o maior prazer do mundo está ali cantando para ela. Os olhos de Rachel não demoraram a mostrar sinal de cansaço, Cuddy escorou-se na porta observando-o os dois. Em alguns minutos, a garota já dormia de novo e Lisa já voltava para o quarto. Mas no meio do corredor, ele a abraçou por trás. - Quando eu falei que quero passar o resto da vida com você – ele sussurrou em seu ouvido – Isso incluía a pequena Hannibal. - Você gosta dela, não gosta? – Lisa sorriu. - Está louca? Eu sou apaixonado por essa piralha – brincou. Cuddy riu e virou-se para encará-lo, mas seus olhos encontraram algo no tapete da sala. - Amanhã você precisa limpar aquilo – ela apontou rindo para uma amostra que Black deixara no chão. - Você sabe estragar nossos momentos, não sabe? – brincou – Eu não vou limpar nada, o cachorro é seu! - Sem beijo até lá – Lisa correu até o quarto. - Estávamos juntos há dois dias e já começaram as greves? – perguntou inconformado. - Tudo depende do seu comportamento! - Estou ferrado – brincou – Terei greve até de dormir de conchinha. - Não! – ela riu puxando-o para a cama – Eu nunca te privaria disso. O cansaço de House pareceu vir de uma vez logo quando ele se deitou, depois de abraçar Lisa, seus olhos instantaneamente fecharam, mas antes de apagar completamente ele só teve tempo de dizer mais uma vez: - Eu te amo, Lisa. - Eu também – ela respondeu mesmo sabendo que a essa altura ele já estava dormindo. Ela já sabia que mais uma vez acordaria tarde, pois provavelmente House desligaria seu despertado. Para o médico era um crime que Cuddy acordasse às sete da manhã em pleno fim de semana. Mas antes que ele pudesse pensar em fazer isso, os dois acordaram ao som de Girls just wanna have fun. - O que é isso? – Lisa perguntou ainda sonolenta. - Meu celular – respondeu mal humorada, sem nem se mexer – É o toque da Nathy... - Que másculo! – brincou, procurando o aparelho – House! Atende! Contrariado ele levantou-se, seus olhos meio abertos tateou até seu smoking retirando de lá o celular que parou de tocar antes que ele atendesse. Três chamadas perdidas, pode ler no visor. House jogou o aparelho no criado mudo e voltou para a cama, puxando Cuddy para um outro abraço, mas o celular voltou a tocar. - Atende logo amor... – Lisa falava, mas seus olhos estavam fechados. - O que é Nathy? – atendeu – O que? Fala direito Wilson! – a voz dele mudou de mal humorada para preocupada em segundos – Merda! Eu estou indo para ai... Okay.


- O que foi? - A Nathy, passou mal... Eles estão no Princeton – falou sério trocando de roupa. - Eu vou com você – Cuddy correu para o banheiro para ao menos lavar o rosto. - E quem vai ficar com a Rach? - Nós a levávamos dormindo, você não tem condinção de dirigir e... Meu Deus! Como está a Nathy? - Segundo o Wilson? – respirou fundo – Muito mal... Sinceramente, House nunca viu uma sala de exame tão cheia. Em uma cadeira, que um dos enfermeiros prontamente colocou lá dentro, Cuddy estava sentando com uma Rach semi acordada em seu colo. Ao lado da maca, em que Nathy tentava permanecer sentada, Wilson andava de um lado para o outro preocupado. Em volta de House, havia um enfermeiro, Taub, Chase, Treze e Foreman. - Não sabia que quando se casava com um chefe de departamento ganhava toda essa atenção – House mangou sarcástico, enquanto verificava os batimentos de Nathy. - Inveja? – Nathy perguntou meio tonta, mas não deixou de esboçar um sorriso. - Pra que? Você pegou o chefe de um departamento – ele sorriu vitorioso – Eu estou com a diretora de todo esse hospital. Wilson lhe lançou um olhar preocupado, e House resolveu continuar o exame sem maiores comentários. Deixou o estetoscópio de lado e pediu de Foreman o pequeno martelo para testar os reflexos de Nathy. - Muito mal... – ele comentou irônico – Pensei que sua urina estava cor de rosa. - Eu... Eu disse... – Nathy ainda estava muito enjoada – Que não era nada. - Não era nada e vocês me tiraram da cama de madrugada? – House continuou malhumorado, guardando o martelo – Isso se chama ressaca. - House... Você e a Nathy vivem bebendo e ela nunca se sentiu tão mal – Wilson o observava preocupado – Examine melhor, por favor... House revirou os olhos sem vontade. Mas não negaria o pedido, levantou-se então e abriu a gaveta pegando uma seringa e um elástico. Todos o observavam atentamente. - O que vai fazer? – Wilson perguntou atônito. - Matar a Nathy com esse elástico – resmungou sarcástico. - Greg... Por favor... – Cuddy pediu. Contrariado, ele se calou e amarrou o elástico no braço de Nathy, o enfermeiro apoiou o braço dela, enquanto House procurava pela melhor veia. - Só uma picadinha – ele brincou. - Vocês sempre dizem isso e... Ai! - Como você é frouxa – House mangou e colocando o sangue em um vidro especial, entregou a Chase – Quando o exame der positivo, você vem nos avisar. - Que exame? O que ela tem? – Wilson quase pulou na frente de Chase, quando o mesmo ia saindo da sala. - Se eu te falar, seria cola – riu – Por isso eu sou o gênio desse hospital. Todos que estavam na sala iam saindo, mas Nathy o chamou.


- Greg? É sempre assim? - O que? - O dia de vocês... – ela sorriu mesmo ainda enjoada – no hospital. - Eu costumo salvar pessoas com doenças mais legais como Síndrome MERRF, Síndrome de Doege-Potter, brucelose e até um cara com um palito de dente não digerido... – ele parou para pensar enquanto todos riam – E pode acreditar que tratei uma mulher com câncer de mama no tecido mamário deslocado para a perna. - Mentira! – Nathy sorria admirada. - Minha vida é mentir meus diagnósticos – retrucou irônico – Por que acha que eu contratei uma equipe? Para ter como provar meus feitos grandiosos. - Hey! Somos úteis! – Taub disse chateado. - Claro que são... Eu tenho esses super pacientes, mas essa mulher – apontou para Cuddy – Me forçar a ir pra clinica curar resfriados. - Coitado do grandioso Greg House – Cuddy mangou, enquanto caminhava para o estacionamento, afinal era domingo e ela só deveria ir para o hospital se algo acontecesse. - Ai você pega casos sem graças como meu... – Nathy comentou sorrindo. - É... Vez ou outra eu faço o diagnóstico de uma grávida – ele riu já sabendo o impacto de sua frase. - G-grávida? - É como chamamos quando uma mulher tem um feto na barriga – House tentou não ser sarcástico, mas não resistiu. - Eu estou grávida? – Nathy falava sem acreditar. - Claro que sim! Até a Rachel consegue ver isso – ele riu pegando a menina, que acordava, e colocando-a no colo. Todos olharam para ele, mas ninguém dizia nada. Nathy estava grávida? Ninguém podia simplesmente acreditar. Wilson olhava chocado para House, agora. Ele ia ser pai? - Eu? – Nathy fitou o chão e depois tocou em sua barriga com as próprias mãos – Eu estou grávida? House sorriu e balançou a cabeça, enquanto fazia carinhos em Rachel que gargalhava. Os outros olharam admirados para a rara cena de afeição do médico, mas a atenção de Wilson se concentrou na noiva. Ela não esboçara nenhuma reação com a idéia, e ele chegou a pensar no pior: ela não queria ter um filho. - Nathy? – ele a chamou calmamente. - Wilson... – ela nunca o chamava pelo sobrenome, e isso não passou despercebido, principalmente para House que fitou a amiga, erguendo a sobrancelha – Eu... Todos encaravam os dois em um silêncio desconfortante. - EU ESTOU GRÁVIDA! – ela quase surtou. Mesmo sabendo que devia ter cuidado, ela pulou da maca e correu para abraçá-lo, agarrando-o pelo pescoço – Vamos ter um filho! Não é lindo?! Isso é perfeito demais! Estou grávida... James Wilson! Eu estou grávida! O oncologista sorriu feliz e aliviado, por um instante a idéia de que Nathy pudesse estar infeliz com isso, o torturou profundamente. E pela primeira vez na vida ele


teve a certeza que sim: ele queria ser pai. - Calma... Calma. – Foreman pediu sorrindo - O resultado ainda não chegou, isso é só uma suposição do House. House já iria argumentar algo, mas Chase chegou antes com um sorriso enorme e um papel na mão. - E quando foi que você viu o House errar? – sorriu entregando a folha para Wilson – Parabéns, você será papai! - Pai? – a voz do oncologista soou rouca, e seus olhos se encheram de lágrimas – Eu vou ser pai... Uma por uma, as pessoas foram parabenizando o médico e sua noiva, ambos emocionados com a notícia. De longe, House olhava o amigo com uma estranha sensação, mas não era uma sensação ruim e sim especial, ele viu a felicidade de Wilson e ficou orgulhoso de onde ele chegou. Wilson caminhou lentamente até o amigo, passando entre os votos de felicidade e os apertos de mão, ficou a frente de House e o fitou. Sua mão acariciou os cabelos de Rachel e o oncologista por um bom tempo observou a garota, como se olhasse para seu futuro. Ela riu roubando-lhe também um sorriso, e ele pode sentir a mão de House tocar seu ombro trazendo-o de volta de seus devaneios. - Estou vendo que titio House vai precisar cuidar dessa criança – sorriu – Para que não puxe o pai. - Obrigado, House... – falou timidamente. Nathy ficou fitando por um tempo o exame em suas mãos. Positivo. Sim ela estava grávida e era do homem que mais amava no mundo. Sentiu lágrimas gordas escorrerem por seu rosto radiante, eram todas de felicidade. - Eu já sei o nome... – ela falou baixo, apesar disso chamou a atenção de todos – Se for homem é claro. - Qual? – Wilson perguntou curioso. - Gregory – respondeu sorrindo. House riu principalmente com a cara de quase decepção de Wilson. Realmente o oncologista esperava ouvir seu próprio nome. - Gregory? – ele falou sem acreditar – Mas por que Gregory? - É um lindo nome – Nathy disse simplesmente. - Eu concordo – Cuddy sorriu, abrindo a porta do carro. - Não tenho duvidas que seja o nome mais lindo do mundo – House mangou, enquanto colocava a Rachel na cadeirinha. - Mas Nathy, tem tantos outros nomes... Phillip, Gabriel, Karl, Simon, Eric, Robert, podemos colocar o nome do seu pai! – ele falava um pouco apressado. - Gregory é um ótimo nome – Nathy disse decidida – Para que eu me lembre do padrinho dele! - Padrinho? – House perguntou curioso. - Quem vocês acham que vamos chamar para padrinhos? – ela perguntou como se fosse óbvio. Cuddy e House sorriram, sinceramente contentes com a proposta.


- Quanto aos padrinhos eu concordo, mas não quero que ele tenha o nome do House – Wilson fazia beiço, apoiando as mãos no capô do carro. - Aceite que a Nathy gosta mais de mim – ele zoou ligando o carro. O oncologista revirou os olhos. - Vão almoçar com a gente? – Cuddy perguntou simpaticamente, enquanto colocava o cinto. - Obrigada, mas agora esse senhor vai precisar e até a casa dos meus pais contar sobre a gravidez – Nathy riu abraçando o noivo por trás – Eles vão ficar tão felizes! - Pois é... – Wilson falou um pouco pensativo – Tenho que encarar essa. - Hey, boa sorte! – House riu – Vai contar para seu sogro sobre o Gregory. Todos riram, mas Wilson o fitou zangado. - E se for mulher? – Cuddy perguntou. - Vai ser... – Nathy parou para pensar, enquanto Wilson a fitou curioso – Amber! - Amber? – House, Cuddy e Wilson perguntaram em uníssono. - Sim, eu sei o quanto você a amou – ela sorriu simpaticamente. Ele sorriu sem saber o que dizer, uma onda estranha de felicidade percorreu seu corpo. Mas do que nunca, ele tinha certeza de que Nathy era a mulher da sua vida. Na maior parte do tempo, lembrava uma garotinha feliz, mas sabia se mostrar madura e sensata quando precisava ser. - Passam em nossa casa a noite então? – Cuddy ofereceu. - Acho que sim – Wilson falou ainda sorrindo – Eu ligo para vocês! - Espero que não – House brincou – Vou até desligar o celular. - Também adoro você – o oncologista riu e abraçou Nathy, enquanto observavam o carro sair. - Eu preciso ir num lugar – House disse pensativo. - Posso saber? – ela tocou na mão dele, que repousava na macha do carro. Mas ele não respondeu imediatamente. Lisa não insistiu. House passara a maior parte da vida sem ter alguém para com quem compartilhar as coisas, e não seria de um dia para o outro que ele mudaria. E ela não se importaria se ele nunca conseguisse. O silêncio e o mistério dele eram coisas com o qual ela podia conviver. - Estive pensando no Tom... – falou depois de um tempo. Cuddy o fitou, segurando sua mão mais fortemente. Mas não disse nada, esperou que ele ficasse a vontade para continuar. - Não sei é certo, mas... - Você pensou em adotar o Tom? – Cuddy sorria. - Não importa – a voz dele soou baixa – Foi só um pensamento idiota. - Claro que não foi idiota, Greg... Ele a interrompeu, completando rapidamente. - Eu pensei em adotar o Tom e não perguntei sua opinião, isso é idiota.


- Como assim? - Não posso querer fazer coisas simplesmente por que quero – ele falou lentamente – Somos uma... Família. Cuddy sorriu beijando rapidamente o rosto dele, para não o atrapalhar, pois ele dirigia. - Então prometo que vamos conversar sobre isso – Lisa disse sorrindo – Tudo bem? Por que você sabe que uma criança envolve muitas coisas – completou rapidamente. - Acho que sou impulsivo demais – ele riu. - Tenho que controlar seus impulsos, então – passava a mão no cabelo dele, agora. - Todos eles? – House sorriu maliciosamente. A diretora gargalhou e passando os braços em volta do pescoço dele, começou a beijálo diversas vezes. - Rach! Se batermos o carro a culpa é da tarada da sua mãe! – brincou e a menina riu no banco de trás. - Não ganha mais beijo – Cuddy implicou largando-o. - Ah não! Eu quero beijo! – House inclinou-se para beijá-la, mas Lisa o afastou segurando seu rosto forçando-o a olhar pra frente. - Você está dirigindo! House sorriu, mas bufou contrariado voltando à atenção ao volante e a rua a sua frente. - Pensei realmente em pelo menos visitá-lo – ele voltou a falar depois de um tempo. - E... Eu posso ir ou você prefere ir sozinho? – Lisa brincava com Rach. - Tanto faz, amor – respondeu simplesmente – Faça como preferir. Mas Cuddy notou que era algo que ele realmente queria fazer sozinho, e como Tom parecia ter uma relação especial com o médico, ela resolveu não ir. - Acho que ficarei em casa, então... Vamos nos divertir, não é Rach? A garota respondeu com outra risada. E durante o resto do caminho, House e Cuddy conversaram sobre coisas diversas como a futura chegada do pequeno Wilson. House tomou um banho rápido, enquanto Cuddy trocava a roupa de Rachel e dava o café da manhã para ela. Quando ele saiu, as duas estavam na sala, a mulher ajudando a pequena a montar um torre com blocos de Lego. Um longo corredor separava a recepção do St. Pauli dos dormitórios. House sentou-se em um dos inúmeros sofás para esperar que Tom fosse avisado. A Sra. Miranda fez questão de lhe fazer companhia. - O Tom fala muito no senhor – ela disse sorrindo. - Espero que bem – House deixou escapar com sarcasmo. - É m grande garoto, doutor. Vive lendo livros de medicina, mesmo não entendendo a maioria das palavras. Sabe o que ele fez? House disse que não, sinceramente desinteressado. - Gasta o tempo dele de internet para tentar encontrar o significado – Sra. Mirando


exibiu um sorriso orgulhoso – Enquanto os outros meninos jogam, ele quer aprender. Será um grande médico. Um silêncio prevaleceu depois do comentário, mas House resolveu perguntar: - E quanto às famílias? Já veio alguém interessado? - Os Oliver’s – a diretora respondeu – Ótimas pessoas. Mas não só eles, uma vez que o pequeno Tom é o típico garoto que agrada a maioria das famílias. Educado, inteligente, só um pouco temperamental, mas um grande garoto. - Do jeito como falam parece que as crianças são animais – House resmungou – Uma família vem e vê o que prefere. Não é quase desumano? - Não funciona desse jeito, doutor – ela pareceu ofendida – É um processo longo, onde a família e a criança precisam ter uma compatibilidade. Não adianta os Oliver’s gostarem de Tom, se ele não quiser ir com eles, não forçaremos. Não são animais! O médico iria argumentar de volta, mas nesse momento Tom apareceu, o garoto corria animado ao encontro de House. - Doutor! – disse surpreso, estendendo a mão prontamente para ele. - Deixe disso – House sorriu abraçando-o. - Acho que o senhor está passando muito tempo com o Dr. Jimmy – Tom brincou. - Por falar nele, tenho novidades – o médico sentou-se novamente, e o garoto sentouse ao seu lado – A noiva dele, Natasha, está grávida. - Dr. Jimmy vai ser pai? – os olhos do garoto brilharam. A Sra. Miranda acompanhava a conversa dos dois, animada. Apesar de ser um bom garoto, Tom era extremamente tímido e não gostava de conversar com ninguém. Vê-lo assim falando com House era algo realmente surpreendente. - Pobre criança – brincou e Tom riu. - Eu ainda vou ao casamento não vou? – perguntou inocentemente. - Claro! Eu mesmo venho pegar você aqui. Eu e a Lisa... - A doutora Lisa? – perguntou animado – Eu gosto dela, ela é como um anjo, algo assim. Sempre foi muito boa comigo. - Hey Sawyer! Eu tenho ciúmes – House brincou. O garoto sorriu fitando-o. - Eu sabia que o senhor gostava dela – disse espertamente – Tava na cara, o jeito como vocês se olhavam. House riu, pensando em como para todo mundo era obvio. - Agora estamos namorando – ele falou um pouco desconfortável. - Não brinca! – Tom o fitou sem acreditar – Não passo nem uma semana aqui e tudo muda com vocês? - Quase isso – House sorriu. - Ah! Doutor... Eu tenho um presente pro senhor – Tom disse lembrando-se – O senhor espera aqui? House afirmou com um aceno, e o garoto correu.


- Eles tem aulas de arte - Sra. Mirando explicou - Tom fez um presente para o senhor na ultima semana. Ele gosta muito do senhor, doutor. - Vai entender por que - House sorriu timidamente. - Desculpe perguntar, mas o senhor e a Dra. Cuddy realmente estão juntos? A Sra. Miranda e Cuddy se conheciam pelo menos há seis anos. Sempre a endocrinologista precisava de um lugar para deixar um paciente que ficara orfã, era em St. Pauli que deixava. Cuddy confiava completamente na Sra. Miranda, e com os tempos as duas viraram amigas. Timidamente, House balançou afirmativamente a cabeça e desviou o olhar. - O senhor é um dos homens mais inteligentes e sagazes que eu conheci – ela comentou de repente - Isso é uma cantada? – brincou. – Deve saber no que eu estou pensando agora, doutor – finalizou ignorando o comentário dele. Ele não respondeu imediatamente. - Antes eu era um cara solteiro, agora tenho uma família – House dizia pausadamente – Você está pensando na possibilidade de que eu adote o Tom. A diretora o fitou com um sorriso, pois ele acertara. O garoto era louco pelo House, e agora o médico tinha as devidas referências para se tornar um candidato a adoção. Pois apesar de possuir boa condição financeira, os solteiros não conseguem adotar uma criança com tanta facilidade. - O garoto adora o senhor – ela tentou justificar. - E eu adoro o garoto... – House completou rapidamente quase em um sussurro. A Sra. Miranda sorriu. - Mas não sei se é o certo a fazer... – ele confessou de repente. - A maioria das pessoas tem duvidas – a diretora realmente gostaria que House adotasse o garoto. - Você disse que tem famílias que vem aqui, logo elas já estão certas sobre o assunto – tentou justificar – O Tom precisa de alguém agora, ele não merece esperar até que eu saiba se estou pronto. - Doutor acredite... O senhor é melhor que a maioria dos pais que nos procuram – ela sorriu simpaticamente – A quanto a Cuddy, sou até suspeita para falar dela. Ele sorriu timidamente. - A senhora falou sobre os Oliver’s... - Eles marcaram para visitar o Tom hoje a tarde – disse simplesmente – Bom família, história triste. - O que aconteceu? – ele perguntou fingindo está interessado. - Nove anos tentando engravidar, quando finalmente conseguiram, a Sra. Oliver perdeu a criança no parto e ainda parte do útero tornando-se totalmente estéril – respondeu mesmo sabendo que House não era o tipo de pessoa que se sensibilizava. - Quando aconteceu isso?


- Há dois meses e semana passada eles entrarem em contato conosco. House ficou calado e foi tempo suficiente para o ofegante Tom voltar correndo e entregar timidamente para o médico um pequeno barco de madeira. - Obrigado... – tentou parecer o mais sincero possível, mas não entendeu o presente. Se fosse um moto, faria mais sentido. - Quando eu dormir na sua casa, a Dra. Lisa rezou comigo... O senhor não. O médico o fitou sem entender. - Meu pai sempre dizia que quando as viam um barco sobre as águas, eles sempre imaginavam que o que permitia que ele se movesse era a engenharia de suas velas. - E não é? – House perguntou curioso. - Não, doutor – ele sorriu – É o vento que sopra invisível. House deixou um sorriso escapar, e fitou o garoto a sua frente. - Não ligo para o que o senhor acreditar, doutor. Mas alguma coisa aconteceu no dia em que meus pais morreram. E eu tenho certeza que foi um milagre. - Tom, eu já disse que milagres não existem – a voz de House soou impaciente e triste. - Doutor... Obrigado por ser meu milagre. Ele não sabia o que dizer e só pode aceitar o abraço que recebeu logo em seguida. Virou-se e pegou na mochila o presente que trouxera para o garoto. - Anatomia para iniciantes - Tom leu a capa do livro velho. - Esse livro foi meu - House explicou - É bem fácil de entender, e mesmo que tenha palavras dificeis, você saberá se virar. - O senhor já vai? - Preciso ir... A Lisa e a Rachel estão me esperando em casa. A Sra. Mirando fitou o médico profundamente como se esperasse por palavras mágicas. - Rachel é sua filha? - Tom perguntou curioso. - Sim - ele sorriu - É uma pesta, lembra você. Mas ela ainda é pequena. - Ah - disse simplesmente. House encarou o silêncio dele sem saber o que dizer. Neste momento, os Olivers cruzaram o salão e o médico fitou o casal que entrara esperançoso em St. Pauli. - O senhor vai vim me buscar na quarta-feira não vai? - ele fitava o chão. - Claro que sim! A festa do Jimmy será imperdível - House tentou animá-lo sabendo que algo o chateara - Eu quero que você conheça a Nathy e a Rachel também. - São garotas de sorte - ele sorriu sem graça, ainda sem encará-lo. - Por que? - perguntou curioso. - Uma é a noiva do Tio Jimmy e outra sua filha - respondeu inocente. - Não é tanta sorte assim - brincou. Os olhos de Tom finalmente encontraram o casal que o observava de longe, a Sra.


Mirando prontamente foi atendê-los e pediu que eles esperassem. - Posso te contar um segredo, doutor? - perguntou timido. - Claro, Tom. - Acho que eles serão meus novos pais - um sorriso finalmente apareceu no rosto dele. - Eu acho que eles são legais - House o encorajou. - Tem certeza? - As vezes os pais são chatos, mas... Seus pais não eram chatos? Ele riu dizendo que sim. - Por isso existem os amigos - ele tirou um papel de dentro do casaco e anotou seu número - Quando precisar de alguém você liga pra mim. Os olhos de Tom brilharam. - O senhor é meu amigo? - Infelizmente - brincou. - Então... Mesmo que eles me adotem, vamos continuar nos vendo? - Claro - ele sorriu - Jogar Guitar Hero, tomar sopa e escolher arranjo de mesas. O garoto gargalhou. - Tenho medo de passar uma semana sem lhe ver e tudo mudar de novo - ele falou rindo. House riu. - Agora eu preciso ir. Boa sorte, Tom Sawyer... - Boa sorte, Dr. House - ele abraçou o médico. - Com o que? - Assim como eu, também ganhou uma nova familia - ele sorriu sinceramente. Pensando bem o garoto estava certo. Ele deu um aceno de cabeça e despedindo-se Tom caminhou até a Sra. Mirando, mas House o chamou: - Sawyer! - e ele virou-se - Obrigado... - Pelo que? - Por seu meu milagre - sorriu. - Quarta-feira? - Espero que goste de festa. House passou em sua casa, antes de voltar para a casa de Cuddy. Pegou algumas mudas de roupa e o restante do videogame. Pensou em Tom e em tudo que estava acontecendo em sua vida nos últimos dias. Não podia negar que estava mais feliz do que nunca. Não só pelo que acontecia com ele, mas com Wilson também. Tom tinha razão. Muita coisa mudara e em tão pouco tempo. Ele deixou um sorriso escapar enquanto dirigia. Mayfield... Alvie... Lydia... Nolan. House lembrou-se de tudo que teve que passar naquele lugar. Sem evitar lembrou-se do dia em que descobriu que Cuddy estava com Lucas, e como sua


vida mudou desde esse momento. A tentativa frustrada de separá-los. Mas nem tudo foi ruim, já que foi nessa época em que ele e Wilson conheceram Natasha. Parando o carro na frente da casa de Cuddy, ele respirou fundo antes de sair. Retirou de dentro do automóvel a mochila que trouxera e mancou vagarosamente até a porta. Ele olhava para a casa, como se olhasse para si. Hoje ele podia fizer: estava feliz. - Ah não! Lisa, o que eu falei sobre deixar pessoas estranhas entrarem em nossa casa? – ele brincou olhando para Wilson e Nathy sentados no sofá. - Eu também te amo bobão! – retrucou Nathy sorrindo. - Não estava falando de você – ele sorriu – Estava falando da Hannibal! Deixando a mochila cair, ele aproximou-se da menina, que brincava no chão e a carregou com um braço, deixando-a de cabeça pra baixo. - Saudades? – perguntou enquanto a garota gargalhava. - Amor! A Rach acabou de comer – Cuddy recomendou. - Se ela vomitar, eu prometo que a coloco na direção do Jimmy – ele riu, sacudindo ainda mais a garota que gargalhava ainda mais. E recebeu um olhar indignado do amigo. A diretora riu, mas levantou-se para carregar a filha, antes que ela se sentisse mal. House aproveitou para beijar rapidamente seus lábios, antes de mancar até o sofá e jogar-se entre Wilson e Nathy. - Vocês não conseguem viver sem mim, não é? – brincou pegando o controle da TV. - Nós viemos visitar a Rachel e a Lisa – Wilson resmungou – E eu estou assistindo! Ignorando, House mudou de canal e colocou em um que era chinês. Ninguém além dele conseguia entender. - Deixa de implicar com o James – Cuddy pediu sentando-se com Rachel no outro sofá. - É deixa de implicar comigo! – ele tentou pegar o controle. - Rach! Pergunta pro tio Jimmy o que eu te ensinei – House disse, enquanto se levantava para sentar ao lado de Lisa e da menina. A garota colocou a mão na boca envergonhada, mas a mãe segurou seu braço retirando-o de lá. Mesmo assim ela não disse. - Vamos, Hannibal. Pergunta... – House insistiu. - Tio Jimmy? – ela o chamou. - Oi querida... - Você é bicha? – perguntou rindo. House gargalhou e pegou a menina pro seu colo, enquanto Nathy ria também. Wilson revirou os olhos e não disse nada, aproveitando para colocar novamente no canal que ele queria. Cuddy bateu de leve no ombro do House. - Não ensine essas coisas pra ela! – brigou, mas não conseguiu ficar séria. - Oh! É só brincadeira... – ele fez cara de santo e depois se virou pra Wilson – Como foi lá com o patrão? - Eles ficaram felizes. Meia hora só pra mãe da Nathy para de chorar – contou rindo. - Nem foi tanto, okay? – ela riu e beijou o noivo.


A atenção por um bom tempo permaneceu na televisão, onde passava um filme de comédia. Rachel brincava deitada sobre a barriga de House, enquanto ele e Nathy ficavam fazendo comentários sobre o filme, só para chatear Wilson e Cuddy. - Ele é gay! – House disse em um momento – Só pode... Ou tem outro motivo pra não casar com ela? - Não, Greg... Ele é gay mesmo, viu como ele olhou para o irmão do cara? – Nathy riu dando corda. Mas os dois pararam ao receber olhares desaprovadores dos seus respectivos companheiros. Depois de um tempo, quando o filme mostrou-se tão monótono quanto House e Nathy diziam, Cuddy perguntou: - E como foi lá com o Tom? Como Nathy e Wilson não se mostraram surpresos, eles já deviam saber onde House estava. Mas ele não respondeu imediatamente. Pela primeira vez o filme pareceu interessante. - A Sra. Miranda só tem elogios dele, e o garoto vai bem – House limitou-se em responder. Mas obviamente eles não ficaram satisfeitos com essa resposta. Nathy não tivera oportunidade de conhecer Tom, mas Wilson e Cuddy estavam cientes de como House se envolvera com o garoto, e que a adoção era algo que impressionantemente ele havia cotado. - Parece que vai virar médico mesmo... – House continuou, encarando a TV, quando nenhum comentário foi feito. Pelo menos nenhum além das risadas de Rachel que se divertia ao ver o personagem do filme cair – Tem futuro, é curioso, aposto que será um grande neurologista. - Ele ainda vai ao casamento não vai? – Wilson falava pausadamente numa cautela desnecessária. House só balançou a cabeça e o silêncio novamente se formou. Wilson e Cuddy queriam saber o que o médico estava pensando, mas nenhum dos dois queria perguntar diretamente. - E... – Cuddy ia dizer, mas House foi mais rápido. - Quando saíra de St. Pauli? – ele fitou os dois, impaciente por toda aquela precaução irritante – Acho que em poucos dias. Cuddy e Wilson se entreolharam. House iria adotá-lo? Por mais diferente que isso pudesse ser, não era totalmente absurdo. Nathy pegou Rachel no colo, pois não tinha o que falar sobre o assunto. - Oliver... – falou escorando-se ainda mais no sofá – Acho que é o nome da família. Parecem ser pessoas boas, o garoto vai ter mais sorte que a maioria. - Achei que... – Wilson volto a falar cautelosamente, mas House novamente o interrompeu, levantando a mão ele fez sinal pra que o amigo parasse. O infectologista respirou fundo e por um tempo ficou encarando as próprias mãos. Sabendo que não era o melhor momento, ainda com Rachel no colo, Nathy pegou o controle e desligou o filme que há muito já não ganhava a atenção de ninguém. Os olhos de House repentinamente encontraram os de Cuddy, sentada não muito distante ao seu lado. Ele então abriu os braços como se chamando para aproximar-se, e ela não hesito em fazê-lo. Levantando-se, voltou a sentar rapidamente, agora escorando sua cabeça no peito dele. - Tenho pensado nisso desde o dia do acidente... Quando tom perdeu a família – House começou a falar como se fosse difícil cada palavra.


Todos só o observavam, em total silêncio. - Não posso me enganar achando que sou uma boa influência para qualquer pessoa – seus olhos encontraram o da pequena Rachel, que sorria no colo de Nathy – Nem devo achar que seria um bom pai. Mas nos últimos dias, tenho pensado muito nisso. Cuddy segurou a mão dele e o fitou profundamente. - Greg... – lhe lançou um sorriso sincero – Se quiser adotar o Tom, eu concordo e dou todo o apoio a você. Mas o médico a fitou confuso. - Não estou falando do Tom... - Não? – todos perguntariam isso, mas Nathy foi mais rápida. - Hey! Tom é um garoto incrível, e eu realmente o adoro – o médico começou a falar como se estranhasse ser necessária uma explicação – Mas... Adotá-lo? - Falou sobre isso comigo – agora Cuddy é que o olhava sem entender. - E disse depois que era uma idéia idiota... Se eu fizesse tudo que eu penso em fazer, minha vira seria um caos. É sério... Tom é um grande garoto, mas eu me limito a ser um amigo. - Devemos admitir que isso já é grande coisa – Nathy disse sorrindo – Quantas pessoas você considera amigo? House a olhou por um tempo, mas não respondeu. - Espera! Se você não estava falando do Tom – Wilson perguntou depois de um tempo – O que quis dizer com essa conversa de pensar sobre como seria como pai? O infectologista pegou as mãos de Cuddy. - Entenderei perfeitamente se você não quiser. Pensando sobre o assunto, encontrei mais de quinze motivos para que você diga não, mas... – os olhos azuis fitaram os dela – Lisa... Eu quero ser o pai da Rachel. - Você já é... - Legalmente, com todos os direitos e deveres. Eu quero que ela seja Rachel Cuddy Hannibal Lecter House – ele sorriu. Cuddy gargalhou antes de beijá-lo. - Se vocês quiserem a gente sai de sala – Wilson falou com um sorriso sem graça. - Não precisa – Cuddy riu levemente envergonhada. - Posso considerar o beijo como um sim? – ele fez cara de inocente. - Bom... Se tirar Hannibal Lecter do nome dela, claro que pode. Ele sorriu e a beijou, puxando-a para cima dele, com cuidado para não sobrecarregar o peso em cima de sua perna. - Ouviu Rach? – Nathy falou olhando para a menina – Agora você será Rachel House. A menina sorriu com seus valiosos cinco dentes, como se estivesse satisfeita, apesar de não entender nada do que acontecia. Para Rachel, há tempos House já era seu pai. - Rachel House... – Wilson repetiu pensativo e deu um sorriso.


- E Gregory Wilson – House completou, enquanto colocava seus braços em volta da diretora. - Meu filho não se chamará Greg! – Wilson retrucou um pouco impaciente. - Se for homem sim! – Nathy concertou rapidamente – Mas sinceramente eu acho que é mulher... - Não, não... – Cuddy falou olhando para a amiga – Tem cara de que vai ser homem. Gregory Wilson mesmo. Wilson aproximou-se da noiva e observou a barriga escondida pela camisa, olhou como se pudesse ver através de tudo. - Amber Wilson, com certeza – ele disse sorrindo. - Cem dólares como é homem! – House tirou do bolso e levantou a nota. - Apostado! – Nathy disse depressa. - Eu não vou apostar o sexo do meu filho – resmungou Wilson ligando a TV de novo. - Mariquinha... – zoou House. - Eu não vou! - Maliquinha! – Rachel o imitou e todos riram, até Wilson. Rindo Cuddy levantou-se e pegou Rach no colo. - Só aprende o que não deve – repreendeu, mas logo sorriu – Você já está bocejando muito... Vou colocá-la para dormir e já volto, com licença. Ela caminhou com a menina até perto de Nathy. - Diz tchau pra tia Nathy – Cuddy pediu. - Tchau tia! – ela balançou a mãozinha, enquanto bocejava. - Agora pro tio Wilson – a diretora levou-a até ele. - Tchau maliquinha! – despediu-se rindo, pois já sabia que a mãe brigaria novamente. - Rachel! – Cuddy lançou um olhar reprovador. Rindo, a garota colocou a mão na boca, enquanto Wilson bufava chateado. Cuddy, então, deu a volta no sofá e a levou até House. - Dê tchau para o papai agora – pediu sorrindo para o médico. - Boa noite, papai! – ela ergueu os braços para que House a tomasse no colo e ele o fez. - Boa noite, Hannibal – House despediu-se esfregando sua barba mal feita nela. Rachel gargalhou e logo deu um beijo babado na bochecha dele. - O que o papai é? – ele perguntou sorrindo, quando Cuddy já a pegara de volta. - Papai bonitão, lindão e gostosão – Rachel riu e mandou beijo pra ele. - House! – Cuddy o fitou sem acreditar. Sorrindo ela levou a filha até o quarto, Rachel já não conseguia nem manter os olhos abertos.


- Você só ensina besteira pra menina – Wilson resmungou. - E você acha que eu não vou ensinar essas coisas pro Gregory? – ele implicou sentando-se ao lado do amigo. Pegou o controle para mudar de canal. - Eu não deixarei você chegar perto do menino – Wilson encarava a TV. - Agora é menino? – House riu levantando-se. - Menina! Você não chegará perto dela... - Claro que ele vai! – Nathy disse sorrindo – Ele vai ser o padrinho. - Sinceramente estou pensando em depois do casamento, nos mudarmos pro Alaska! House mancou até a cozinha. - Vamos com vocês – gritou de lá – A Lisa adora o frio! O amigo só revirou os olhos devolvendo ao canal que ele queria. - Greg! Você vai beber? – Nathy perguntou, enquanto ajeitava-se no sofá. - Vou! Por quê? – ele continuou a gritar. - Traz para gente! - Traz para gente nada! – Wilson brigou – Você não pode beber. - Nem um pouco? - Nem um pouco! – House ajudou. Quando House voltou com as garrafas na mão, encontrou Cuddy no corredor. A diretora teu uma tapa de leve no ombro dele. - Para de gritar, menino! A Rach acabou de dormir! - Agora você quem está gritando. Revirando os olhos ela sentou-se no sofá e logo House fez o mesmo, jogando-se ao lado dela. Inclinou-se para entregar uma garrafa Wilson. Ofereceu depois para Cuddy, mas ela preferiu não beber. Não tão cedo. - Vão querer assistir filme mesmo? – Nathy indo pegar suco. - Se forem, eu vou dormir com quinze minutos – House disse sem emoção. - E vocês pretendem fazer o que? – Wilson ergueu de leve as sobrancelhas. Sinceramente ele estava com muita vontade de assistir Frost/Nixon. - Jogar queimada – House disse sarcasticamente. - Vocês dois simplesmente não conseguem ficar parados tempo o suficiente para assistir a um filme? – Cuddy olhou para o namorado e pra Nathy quando ela voltou da cozinha. - Não! – responderam juntos. Cuddy e Wilson resolveram ignorar, e aconchegando-se nos braços dos seus respectivos pares, continuaram a ver alegremente o filme. Com isso, House rapidamente pegou no sono, deixando sua cabeça repousar nas pernas de Cuddy. Nathy deu sua atenção para Black que hora ou outra aparecia correndo pela sala. Quando o filme finalmente acabou, Cuddy e Wilson acordaram os dois, já que depois de um tempo nem Black conseguiu manter Nathy acordada.


- O filme é tão bom... – Cuddy comentou sorrindo, enquanto dava um beijo rápido no ainda sonolento House. - Deve ser um sonho – House resmungou sarcástico. - Temos culpa se você só gosta de filme pornô? – Wilson riu. Ele levantou-se balançando a cabeça para tentar despertar melhor, e lançou um olhar desafiador para o amigo. - Gosto dos filmes da Disney também – sorriu, deixando seu corpo apoiar-se novamente em Cuddy. - O que vamos fazer agora? – Nathy perguntou bocejando. - Almoçar! – House disse rapidamente. - Ainda são onze e dez – Cuddy disse olhando no relógio. Nathy pegou uma garrafa e a fitou por um tempo, depois sorrindo olhou para os outros três, lembrando-se de um jogo que costumava fazer na faculdade. - Que tal “Eu já fiz...”? - O que é isso? – Wilson perguntou curioso. - Algo que você nunca fez – House disse rindo, mesmo sabendo que a piada era sem graça. - Eu costumava jogar na faculdade e... - Deve ser chato! – House a interrompeu, deitando-se a cabeça novamente sobre as pernas de Cuddy, que agradava seu cabelo. - Tem a ver com bebida, Greg – Nathy apressou-se em acrescentar para convencê-lo. - Você não pode beber – Wilson retrucou. - Eu substituo por outra coisa, tem que ser algo que eu não goste – disse pensativa. - Tem aquele chá da Lisa na geladeira – House ofereceu sorrindo. - Aquele chá é do mal! – Nathy riu e correu pra pegá-lo – Eu tomo o chá do mal e vocês bebem. - Ah não! Vocês querem ficar bêbados ainda de manhã! – Wilson reclamou. - Qual é Jimmy? Quer que eu chame a Rach pra te chamar de mariquinha? – House perguntou rindo. - Parou os dois! – Cuddy pediu – Continua Nathy... - Vamos precisar de quatro copos e mais bebida – ela começou e House levantou-se para pegar, como ele não conseguiria trazer tudo Wilson o ajudou. Quando os dois voltaram e deixaram as coisas na mesa do centro, Nathy prosseguiu – Escolhemos um para começar e depois em cada rodada muda o líder... - É muito complicado! – House atrapalhou a explicação por implicância. - Greg! – Lisa deu outra tapa em seu ombro. - Você vai me matar, mulher – resmungou fazendo cena. - Continuando... O líder da vez precisa contar algo que já tenha feito, mas uma coisa bem diferente – explicou – E quem tiver feito a mesma coisa bebe. Caso ninguém tenha


cometido a mesma loucura que você, então beberá sozinho. - Parece chato – House resmungou beijando o pescoço de Cuddy. - É divertido! – Nathy retrucou fazendo beiço. - Ah Greg! Você não quer assistir filme, não quer brincar... O que quer? - Jogar queimada! – ele repetiu com sarcasmo. Ignorando a falta de vontade de House, Nathy levantou-se e serviu os quatro copos, logo entregou um para cada um. - Quem começa? – olhou para os amigos – Pai do ano, você! Wilson sorriu sem graça e pensou muito bem antes de dizer. - Eu já fiquei sem calça em uma festa – disse timidamente. - Aonde? Não acredito que perdi essa festa – Nathy riu surpresa. Todos riram, mas ninguém bebeu. Revirando os olhos, Wilson precisou beber sozinho. Como Cuddy estava tecnicamente do seu lado direito, ela seria a próxima. - Eu já... – pensou bem – namorei um professor. Nathy riu e virou o copo, logo fazendo careta. House também tomou o uísque do seu, mas Wilson não. - Fala sério, Jimmy! Nunca dormiu com uma professora sua? - Não! – ele parecia quase ofendido – Vocês já? - Ultimo ano do High School – Cuddy admitiu corando um pouco. - Faculdade... Anatomia aplicada à Artes – Nathy confessou. - Bem... – House passou a mão no queixo – No colégio Biologia e Geografia. Na faculdade... Parasitologia, Anatomia, Psicologia e Ética Médica. - Dormiu com sua professora de Ética Médica? – Wilson agora estava ofendido. - A hipocrisia disso me deu coragem para investir – ele riu. - Seu namorado é um galinha – Nathy comentou rindo. - E você acha que eu não sei do passado obscuro dele – Cuddy beijou-lhe – O que importa se ele vai se comportar agora. - Claro que vou! – fez cara de santo. E pela ordem do jogo, era a vez dele – Eu já... Dormi com alguém que eu nem sabia o nome. Cuddy lhe lançou um olhar reprovador, e Wilson voltou a ficar ofendido. Mas Nathy virou o copo fazendo mais careta ainda. - Quem foi? – Wilson arregalou os olhos. - Eu não sei o nome dele... Nunca descobri – Nathy disse como se fosse obvio – Agora é minha vez. Deixe-me pensar. E já... Me apaixonei a primeira vista. Desta vez todos viraram seus copos. - O meu foi pelo meu primeiro marido – Nathy contou de olhos fechados, ainda pelo mal gosto do chá – Anthony. - Valéria, eu acho – Wilson disse sorrindo sem graça.


- O nome dele era Eric... – Cuddy contou servindo a bebida da próxima rodada. House ficou em silêncio por um tempo, fitando o copo a sua frente. Respirou fundo antes de responder quase em um sussurro: - Lisa Cuddy. Nathy quase surtou, e Cuddy o encarou com um sorriso meio bobo. Não podia acreditar no que acabara de ouvir. - Mentira! Você não se apaixonou a primeira vista pela Lisa! – Nathy apontou para ele cerrando os olhos. - Me apaixonei sim... – ele encarava o chão, desconfortável – O jogo não é só para falar a verdade? Então... - Espera ai, então... Vocês se conheceram na faculdade, certo? – ela começou a contar nos dedos – Isso faz com que você esteja apaixonado por essa mulher há mais de vinte anos! Ele desviou o olhar, e Lisa sorriu abraçando-o ainda mais. - Aw! Eu quero um namorado assim – ela fez bico e todos riram, menos Wilson. - Quando nós fizermos vinte anos de casado, eu vou querer desculpas – ele retrucou. - Mas quando vocês tiverem tudo isso, eu vou está apaixonado pela Lisa por quarenta anos – House sorriu vitorioso. Wilson revirou os olhos e pegou o copo, pois era sua vez. - Vamos continuar a brincadeira... – pensou um pouco – Eu já decorei uma das coreografias do Village People. Obviamente o oncologista bebeu sozinho. - Esse Jimmy é meio gay – House brincou. - Tudo pra você é gay! – Wilson cruzou os braços. - Parem os dois! Agora é minha vez – Cuddy inclinou-se para pegar seu copo – Por favor, não vão rir. Mas eu já trabalhei em uma lanchonete e precisei me vestir de hambúrguer. Os três ainda tentaram, mas segundos depois estavam rindo. - Hey! Eu precisava de dinheiro... – ela tentou justificar. - Okay, okay! Minha vez – House pensou um pouco – Eu já... Me apaixonei por um hambúrguer. Todos riram, e o médico beijou Lisa que corou um pouco. Mas quando House ia pegar o copo, Nathy bebeu o chá, significando que ela também tinha feito isso. - Você já? – House ergueu as sobrancelhas. - Mark Hughes, segundo ano de faculdade... – ela sorriu – Ele era muito fofo vestido de hambúrguer, tá? - Jimmy! Você está perdido – House brincou – Na lua-de-mel, a Nathy vai te forçar a vestir-se de hambúrguer! - Para de ser chato, Greg – Nathy pediu jogando uma almofada nele – Agora acho que é minha vez, não é? Bem... Eu já me apaixonei pelo melhor amigo do meu namorado!


Wilson a fitou assustado, House e Cuddy se entreolharam desconfiados. - Hey! – ela percebeu que eles haviam entendido errado – Não é do Greg que estou falando! O Anthony era o melhor amigo de um antigo namorado. - Meu Deus! Com essas revelações ainda teremos casamento? – Cuddy riu. House ia aproveitar para também implicar com Wilson, mas seu telefone tocou na hora. Thirteen Ele pode ler no leitor. Mas o que ela podia querer a essa hora? - Oi? – disse sem vontade – Ah? É muito abuso mesmo! – revirou os olhos e entregou o telefone para Cuddy – É pra você. - Quem é? - A Treze... - Alô? - Cuddy falou levantando-se. - Cuddy? - Sim. - Se o Wilson ou a Nathy estiverem na sala, por favor vá para um lugar distante deles. - Entendi, um momento - e foi caminhando até à cozinha. Cuddy já estava a mais de dez minutos na cozinha conversando com Treze. Wilson e Nathy estavam entretidos com um reality showque passava em um daqueles canais que você só assisti sem querer. Mas House constantemente se mexia no sofá, inclinando-se para olhar para a cozinha e tentar ver o que Lisa estava fazendo. A conversa parecia animada, e em alguns momentos ela soltava uma risada, parecia empolgada com algo. O que essas duas estão aprontando?. Não conseguindo mais conter sua curiosidade, ele levantou-se e mancou até a cozinha. - Biscoito! – ele disse rapidamente, quando Cuddy o fitou parando de falar. - Já vamos almoçar – falou tirando o celular do ouvido – Não fique comendo besteiras. - Pouco biscoito – resmungou pegando o pote. Ela mandou um beijo pra ele, e ignorou seu comentário voltando a atenção ao telefone. - Sim, Remy. Okay... Acho que o horário está perfeito. Não, claro que não! – ela ria parecendo se divertir. House escorou-se na bancada, com o pote de biscoitos na mão. Franziu a testa e observou a diretora atentamente tentando captar qualquer informação daquelas frases soltas. - Vou falar em código porque tem um espião aqui – disse aproximando-se de House – Quem mais seria? Seu chefe... Quanto a isso não tem problema, eu pego o cartão de crédito do House. - O que quer com meu cartão de crédito? Mas ela não respondeu, só sorriu e deu um beijo rápido nele. Enquanto ele ainda a encarava, observando-a, a mão livre de Cuddy passou por debaixo da camiseta dele e começou a agradar seu tórax. - Isso tudo é pra eu te emprestar meu cartão? – perguntou com um sorriso malicioso. Ele amava as sensações que um simples toque dela podia proporcionar. - Eu dou um jeito – Lisa falou para o telefone, ainda ignorando House – Diz para o


Foreman que ele não vai! - Pra onde? – a voz de House soava infantil, enquanto ele jogava outro biscoito na boca. - Claro que não... Ela não disse que era proibido? – Cuddy continuou a relevar o que House dizia, e a única coisa que ele ouvia era um murmúrio do outro lado da linha. Ele a olhou intrigado, a curiosidade quase o matando. Além da gostosa sensação que as pontas dos dedos de Cuddy faziam ao subir e descer pela extensão de seu tórax. - Diz pro Foreman que não! – ela riu e olhou para um pouco de farelo que o biscoito deixara na barba de House, tirou a mão da barriga dele e limpou, depositando um beijo depois no local. - Fala pra mim o que é isso – pediu com uma voz mais infantil ainda, aproveitando a proximidade beijou o pescoço dela. - Para! – Lisa pediu sentindo cócegas – Não! Não é com você, Remy! É o Greg que está querendo saber. Então, tudo combinado? Okay! Beijos. Ela desligou o telefone e sua mão voltou a acariciá-lo por baixo na camisa em movimentos circulares que o faziam fechar os olhos de tão agradáveis. Beijou-o por um tempo. - Você não vai me dizer? – ele fez cara de vítima - Não tem beijinho. Cuddy sorriu. - Você quem sabe - disse desafiadoramente. - Por favor! - Só se me prometer que vai fazer um favor pra mim... - Chantagista - resmungou - Okay... Minha curiosidade é maior. Cuddy sorriu e inclinou-se para olhar a sala, Nathy e Wilson continuavam vendo o programa. - Primeiro: para de comer biscoitos – ela tirou o pote da mão dele e colocou no balcão. - Estava falando sobre biscoitos com a Treze? – House a fitou confuso. - É House... Sobre biscoitos – disse sarcasticamente – Vamos almoçar daqui a pouco e você fica comendo besteiras e... - Já parei! Agora me conta... - Vai fazer meu favor? – ela se aproximou dele, mordendo os lábios. House nunca negaria nada com aquela cara sexy que ela fazia. - Vou – sorriu maliciosamente, colocando suas mãos na cintura dela, puxando-a para mais perto. - A Tammy e a Sra. Doyle estão combinando uma espécie de chá de bebê pra Nathy – ela falou baixinho. - Só isso? – resmungou – Pensei que era algo legal... - Mas é surpresa e eu tenho que desviar a atenção na Nathy para levá-la pra casa só na hora – continuou. - Chá de bebe? – ele não acreditava que era tão pouco – Nem dá pra vê que ela tá grávida ainda, vocês não fazem isso só quando o piralho já está pra nascer?


- Mas nós vamos fazer dois! – Cuddy sorriu como se fosse obvio – É que queremos fazer um antes do casamento. - Vai ter comida? - Não interessa. Você não vai! - Por quê? – House perguntou quase ofendido. - Só para mulheres... Por que acha que eu estava mandando o Foreman tirar o cavalinho da chuva? - O Wilson vai e eu não – resmungou. - Eu disse que é só pra mulheres... - Ou seja... O Wilson vai – brincou. Ela riu e beijou-lhe. - Mas tem uma coisa... – ela fez cara de pidona. - Você quer meu cartão de credito para gastar numa noite vulgar e desnecessária com um bando de mulheres doidas – disse sarcasticamente. - Também! – ela riu – Mas eu disse que só lhe falaria se você me fizesse um favor. - Esse é um segredo idiota, não merece um favor. - Mas eu não disse que era o melhor segredo de todos – Cuddy retrucou rapidamente – Você quis saber por que quis. - O que quer que eu faça? – falou revirando os olhos. - Eu não vou poder levar a Rachel, né? - E daí? A Anne existe com outra finalidade que não seja cuidar da Rachel? – ele perguntou sem emoção. - A Anne vai pra festa – Cuddy disse esperando que ele concluísse sozinho. - Então eu? – ele pensou um pouco – Não Lisa, você sabe que não posso! - Você me prometeu um favor. - Mas eu não posso fazer isso... – ele estava sendo sincero – Isso não. - Greg House! Você prometeu! - Estava com os dedos cruzados – tentou escapar. - Por favor... - Não! Ela olhou para ele sem acreditar que não cumpriria a promessa. Resolveu usar métodos ao nível dele, então. Aproveitando a distância, começou a beijá-lo próximo ao rosto, enquanto suas mãos, por baixo da blusa, faziam carinhos no tórax dele, causando-lhe calafrios. - Greg... – ela falava quase em um gemido. - Hummm? – House mal conseguia pensar. - Não seja um garoto malvado...


As mãos dela foram descendo, e com as unhas ela marcava não muito forte algumas linhas vermelhas sobre a pele dele. A dor sutil era mais agradável do que um incomodo. O cinto apertado impediu que ela descesse mais e por um momento ele odiou estar vestido. Então, por cima da roupa mesmo, Lisa começou a acariciar as coxas dele. House fechou os olhos, enquanto a diretora mordeu de leve seu queixo. Mas quando ela parecia chegar onde ela queria com as mãos, parou brutalmente. E o fitou desafiadora. - Não! Continue, mulher! - Vai fazer o meu favor? - Chantagista – resmungou. House passou a mão no queixo sabendo que estava com problemas. - Fará o favor ou não? – Cuddy já o olhava impaciente. - Okay... – respondeu contrariado – Não tem outro jeito, não é? - Chama o Wilson pra ficar com você, ele não poderá ir ao chá mesmo. - Que horas você vai sair de casa? – House perguntou já querendo que ela voltasse. - Saiu as quatro para arrumar tudo, enquanto organizamos as coisas, a Tammy levará a Nathy para passear e dez horas irá começar. - Dez horas vai começar? Que horas a senhora está pensando em volta pra casa? Cuddy deu uma risada. Mas não respondeu. - Não acredito que ficarei de babá da Rachel – ele resmungou. - Vamos almoçar! – Lisa o ignorou e começou a puxá-lo pelo braço de volta a sala. - Não quero sair para comer, podíamos comprar algo fora, mas comer aqui em casa – House disse jogando-se no sofá. - Devo concordar com o House, não estou com vontade de sair desse sofá – Wilson falou. Nathy e Lisa então decidiram que sairiam para comprar algo em um restaurante perto e todos iriam comer em casa depois. Mas claro que essa idéia sobrou para o Wilson que precisou prometer que lavaria toda a louça. Quando as mulheres saíram, House não demorou dois minutos para tentar explicar o que estava pensando para o amigo. Mas antes que pudesse começar a falar, Wilson perguntou: - O que a Treze queria com a Lisa? – ele olhava para a TV. - Chá de bebê surpresa pra Nathy – falou sem emoção, esticando as pernas. - Sério? Legal... Sem homens na festa suponho. - Sim, mas é por outro motivo – House fitava suas próprias mãos, que batiam com ritmo uma na outra. Wilson o olhou confuso e o infectologista explicou. - Chá de bebê? Acredita mesmo nisso? - Por que não? A Nathy está grávida e é normal as mulheres organizarem um.


- O piralho de vocês tem no máximo dois meses de gestação – House agora rodava sua bengala – Nem dá para ver a barriga da Nathy. - Se não é chá de bebê é o que? House sorriu antes de responder. - Despedida de solteira, meu caro. - Ah House! Para com isso... Elas não fariam isso – Wilson parecia tentar se convencer. - Por que não? A gente fez isso! - É diferente... - Diferente como? Elas não gostam de se divertir? – House agora tentava fazer a bengala atingir propositalmente o amigo, mas sem sucesso. Wilson foi para outro sofá. - Mentir pra Nathy tudo bem, é festa surpresa. Mas por que a Lisa mentiria para você então? - Isso é o que eu estou tentando saber... – ele fitava um ponto fixo na sala. Wilson não falou mais nada por um tempo. Ele não tinha medo que Nathy fizesse uma loucura ou o traísse, mas não sabia explicar porque a idéia da festa de despedida lhe preocupava tanto. Ele não queria pensar sobre o assunto. - Por que você acha que a Lisa está mentindo? – não conseguiu se segurar. - Simples. Além de estarmos fora da época para o chá de bebê, caso o mesmo fosse feito quem ligaria para Lisa seria a Sra. Doyle e não a Treze. - Isso é loucura... A Treze não pode fazer nada que não seja vulgar? - Claro que pode, mas me recuso a acreditar que seja só um chá de bebê. - Você está ficando paranóico isso sim... O silêncio voltou novamente, mas Wilson não conseguia tirar da cabeça a imagem de Nathy dançando no meio dos homens. - Acha mesmo? – perguntou preocupado. - Eu acho, Jimmy, eu sinceramente acho... – respondeu impaciente, mas pensativo. - O que vai fazer sobre isso, então? Proibirá a Lisa de ir? - Não... Ela pode se divertir sem problema. Eu não fui a sua festa? - Foi, mas... Neste caso, você disse a ela exatamente aonde iria. Lisa mentiu. - Não me importo que ela tenha mentindo – falou sinceramente – E muito menos que vá a uma despedida de solteiro. - Então por que está pensativo? - Por que quero saber o motivo da mentira – explicou como se fosse obvio – Não a proibiria, e ela sabe muito bem disso. Então... Por que mentir? O oncologista sentou-se na cadeira pensativo. Muitas teorias em sua mente, e mais ainda na cabeça de House. Mas nenhum dos dois falou mais nada, e as meninas voltaram logo depois. - Greg ajude a Nathy a arrumar e mesa, pois vou acordar a Rachel – Cuddy pediu


entregando as sacolas para o Wilson. Os três foram até a cozinha organizar tudo, enquanto Nathy e Wilson cuidavam dos pratos e talheres, House montava a cadeirinha da filha. - Diz bom dia pra todo mundo, filha – Lisa pediu sorrindo. - Bom dia tio – a menina falou sonolenta – Tia, papai. - Bom dia, querida – Nathy e Wilson disseram juntos, enquanto se sentavam. - Hannibal, meu amor, bom dia – House a pegou no colo e a colocou na cadeira, recebendo antes disso mais um beijo babado. Tirando o nervosismo de Wilson, quer precisava se segurar para não fazer nenhum comentário revelador, o almoço correu naturalmente. E logo depois da sobremesa, que House insistiu que fosse sorvete, Wilson e Nathy foram para casa. A artista plástica sem saber de nada, e Lisa achando que noivo também não estava ciente. - Greg... – Cuddy o abraçou por trás, enquanto Rach brincava com Black em cima do tapete – Está tudo combinado. O James vem pra cá quatro horas, e é essa hora que eu vou arrumar as coisas com a Remy, Nina e Sra. Doyle. - Onde vai ser isso? - Na casa da Sra. Doyle – falou antes de beijar seu pescoço. - Claro – disse sabendo que ela estava mentindo – É um ótimo lugar. - Afim de assistir um filme? – perguntou enquanto o soltava e sentava no sofá. - Se eu escolher – sorriu sentando-se ao lado dela e pegando Rachel para colocar em seu colo. ____________________________________________________________________ Capitulo 20 - Girls Just Wanna Have Fun Como previamente combinado, Wilson chegou a casa de Cuddy pontualmente as quarto da tarde, e Nathy já havia saído com a irmã, sem saber de nada. - Cuida da Nathy, hem? – o oncologista pediu com um sorriso sem graça. - Não se preocupe James. A festa vai ser muito legal. - Lembre-se que a Nathy não pode beber – House recomendou. - Sim senhor – Lisa sorriu e deu um beijo rápido nele, depois beijou a testa de Rach que estava no colo dele – Cuidem da minha menina. Se tiverem qualquer dificuldade, não pensem duas vezes antes de me ligar. A diretora se despediu de Wilson e logo já saia no carro. House deu um suspiro e fechou a porta. Eram quatro da tarde, a festa começaria as dez, provavelmente Cuddy só voltaria de madrugada. Mas o que eram passar algumas horas com a filha? - Não vejo dificuldade nenhuma em cuidar dessa coisa fofa – Wilson falou enquanto fazia carinho nela. - Sinceramente, Jimmy... Não sei dizer, mas tenho a leve impressão de que você está muito enganado. House deixou a menina no chão, e ela correu até alguns brinquedos em cima do tapete, bagunçando-os. Os dois ficaram em pé olhando para ela. Não demorou para que a pequena se enjoasse dos brinquedos, e levantando-se pegou o controle da TV tentando mudar de canal. - O que você quer assistir Rachel? – Wilson perguntou gentilmente pegando o controle de sua mão.


- Quato, quato – respondeu sorrindo. - “Quato, quato”? O que é isso? – perguntou para House, que se jogava no sofá. - Nem faço idéia. - Quato, quato! – ela insistiu. - Mas o que é isso, Rachel? – Wilson olhava para a menina tentando encontrar alguma pista. - Quato, quato! – já estava impaciente, e eles podiam ver o começo de um choro. - É um desenho? – House tentou descobrir. - Quato, quato! – ela batia com os pés no chão. - Mas que droga é isso? – House parou por um momento – Já sei! É o canal! Pegou o controle da mão do amigo e clicou no número quatro duas vezes. Logo surgiu na tela um desenho colorido, e Rachel pareceu ficar hipnotizada. Sorrindo Wilson a ajudou a se sentar no sofá, e logo fez o mesmo. - Infelizmente Greg... Vou precisar concordar com você – suspirou – Acho que eu me enganei muito. E logo os dois perceberam muito bem isso. House olhou preocupado para o relógio. Quatro e meia. Mas não parecia que se passado meia hora. Os olhos dele passaram rapidamente pela sala e pode brinquedos e brinquedos espalhados pelo chão. A mesa do centro repleta de infantis que Rachel rejeitou, e ainda estava suja com uma papa igualmente desejada.

só haviam ver livros não

Black corria pela sala, sujo com o batom que Rachel queria passar no Wilson, e até conseguiu um pouco, atingindo só a testa do oncologista. Os olhos azuis de House percorreram novamente o ambiente, encontrando mais brinquedos, e viu o amigo abaixado para limpar o suco que Rachel derrubara. Meia hora. E a pequena Rachel parecia ligada em 220V. No sofá, ao lado de House, nem a televisão conseguia mais pará-la. Balbuciava palavras desconexas e pulava no sofá, às vezes até em cima do pai. - A Rachel nunca pareceu tão hiperativa assim... – Wilson comentou, enquanto levantase para levar o pano molhado até a área de serviços. - Sinceramente acho que a presença da Lisa a intimida, só pode! – House olhou profundamente para a filha que gargalhava animada. Rachel encontrou a bengala de House escorada na mesa e achou poderia ser um novo brinquedo. O infectologista ainda tentou impedi-la de correr com o objeto, mas Rach foi mais rápida e seguiu para a cozinha dando de encontro com Wilson. Infortunadamente, a altura na bengala atingiu as partes intimas do médico em cheio. A gargalhada dela soou alta pela quase, mas não tanto quando o grito de dor. House tentou segurar o riso, mas teve pena no amigo que caiu ajoelhado, segurando suas coisas preciosas. - Por Deus! – ele conseguiu dizer gemendo. - Hannibal – House tentou ficar sério, tirando a bengala das mãos da menina – Não podemos bater no... – ele apontou para baixo – negócio de um homem. Nem no do tio Jimmy! Isso é muito errado, okay? - Okay... – Rachel disse parando de rir.


House ajudou o amigo a se levantar e ir até o sofá, pegando depois uma bolsa gelada para tentar aliviar a dor. Por alguns momentos, a garotinha parou, como se a culpa por ter machucado o Tio Jimmy a fizesse ficar quieta. Mas não demorou cinco minutos para Rachel está correndo pela casa novamente, tentando mais uma vez passar batom no pobre Black. - Rachel! – a voz do médico soou série, quando a menina agarrou o rabo do filhote. Não era necessário que House completasse a fala. Rachel entendeu e libertou o pequeno Black. Quatro e cinqüenta. Ele olhou no relógio novamente. - Jesus! – Wilson gemeu tirando a bolsa de gelo – Acho que está passando... - Você é muito mole, Jimmy – House brincou, pegando a Rachel, agora entediada. O médico segurou a pequena por debaixo do braço e a ergueu no ar, imitando um avião. Ela logo aprovou a brincadeira. - Acho que sua mãe dava café para você quando era menor – House disse sorrindo, agora a jogando no ar e pegando-a de volta. - Se eu fosse você não faria isso – Wilson recomendou, ainda com a voz fraca. - Por quê? – House ergueu as sobrancelhas e deixou Rach no chão. A menina olhou para o pai, querendo mais. Os movimentos rapidamente cansaram House, pois apesar de pequena, Rachel já era pesada o suficiente para forçar os braços. - De novo! – ela pediu com os braços levantados. - Por isso – Wilson deu um sorriso. - Avião, papai, avião! – insistiu. House fitou o amigo e deu um longo suspiro antes de pegar a menina novamente e fazêla voar. Não sabia por quanto tempo agüentaria. Cinco e cinco. - Continue assim, capitão House... – Wilson disse sorrindo. - Cala a boca ou eu faço o avião aterrissar na sua central de estação – House resmungou, já ofegante. O infectologista sentiu seus braços reclamarem, enquanto Rachel voava e voltava para as suas mãos. House precisava de algo para substituir o “avião”. Pensou em pedir para que Wilson o fizesse, mas o médico ainda segurava a parte debaixo, gemendo. A batida foi muito forte. - Que tal assistirmos um filme, Hannibal? – House ofereceu colocando-a no seu colo. - Já colocamos em todos os canais, ela não quer nenhum – Wilson resmungou. - E essa sua positividade ajuda muito não é? – ele retrucou e pensou um pouco – Podemos alugar um filme novo, que tal? A garota balançou a cabeça animada e House levantou-se com ela, procurando a chave do carro. - Eu não vou... – Wilson gemeu – Mal consigo sentar! Quem dirá andar... - Você, definitivamente, é muito mole, Jimmy – House tirou algumas coisas da mesa, ainda procurando a chave. Contrariado, o oncologista levantou-se e ajudou o amigo a procurar o objeto perdido. - Como você perder a chave do seu quarto? – Wilson gritou da cozinha.


- A minha está aqui no meu bolso – House respondeu simplesmente. - Então o que estamos procurando? - A sua, não queria gastar minha gasolina. Wilson lhe lançou um olhar reprovador. - Mas olhe pelo lado positivo Jimmy, se não fosse por isso, não saberíamos que a chave do seu carro sumiu – ele deu um sorriso forçado. Cozinha. Quarto. Sala. Até o banheiro, por que não? Sala novamente. Debaixo da mesa. Quarto da Rachel. Ultima tentativa na sala. Eles não encontravam a chave em canto algum, e Wilson começava a se preocupar mais que o normal. - Já olhamos na casa toda – House comentou, um pouco cansado – Nem eu nem você pegamos, só restam duas pessoas... - Rachel e... – Wilson o olhou confuso. - Black – concluiu sorrindo. - Ou eles juntos. Os dois caminharam até a varanda, na parte de trás da casa, onde Lisa improvisou uma casa para Black. Dito e feito, a chave do carro, extremamente babada, estava em cima do coberto do filhote. - Excelente... – Wilson pegou a chave e tentou limpá-la. - Tomara que o alarme ainda funcione – disse só para implicar. Como a cadeira estava no carro da Lisa, House foi no banco de trás levando a filha no colo, enquanto o machucado Wilson dirigia. A locadora de filmes não ficava tão longe, mas nem House nem Wilson acharam que era uma boa idéia ir andando até lá. Não com a Rachel. - Esse Verdade Nua e Crua parece legal – House comentou pegando o DVD, a bengala presa no braço e com a outra mão segurava Rachel. - Prefiro isso Trilogia das Cores – Wilson mostrou o box com os filmes. - A descrição do filme já dá sono – resmungou, pegando outro DVD – A Órfã é mais masculino. Wilson ignorou e pegou outro DVD. - Melhor amigo na noiva é ótimo. Já viu? Mas House lhe lançou um olhar preocupado. - Você reclama depois quando acham que somos gays – disse balançando a cabeça sem acreditar. - Razão e Sensibilidade? – Wilson perguntou já sabendo a resposta. - Santo Deus! Além de ser velho é mais que gay – passou a mão na cabeça – Hannibal, pergunta dele, pergunta. - O senhor é bicha? – perguntou envergonhada. House riu enquanto batia as mãos com ela. Wilson suspirou sabendo que não podia fazer nada e tentou achar outro filme que o agradava - Gamer? Melhorou?


- Pelo menos não é gay, mas prefiro Verdade Nua e Crua. - Os dois são com o Gerard Butler, House! - falou como se fosse óbvio. - Eu não alugo filmes pelo ator – lhe lançou um olhar aflito – Você gosta do Butler é? Hummm. Sei. - Cala a boca, House! Deixa a Rachel escolher então – propôs. - Okay... – desceu a garota pro chão e mostrou o DVD – Qual dos dois, Hannibal? Mas a pequena ignorou as duas caixas, e caminhou sapecamente para outra estante. Olhou um pouco e pegou um DVD rosa ao alcance. - Aqui! – entregou ao pai. - Barbie e a magia de Alado? Que droga é essa? Wilson e ele se entreolharam. Não iriam assistir aquilo. House devolveu o DVD para a filha e resolveu alugar os dois. Mas Rachel não parecia muito disposta em perder. - Papai... Barbie – insistiu. - Não, Rach... Por favor... Mas eles se entreolharam preocupado, quando a menina fez um beiço, mostrando o inicio de um choro. Um minuto depois, e todos na locadora olhavam para os médicos, enquanto Rachel chorava alto. - Chantagista que nem a mãe – House sussurrou – Mas você não vai conseguir o que quer. - Barbie... – disse chorando. Wilson olhava envergonhado para as pessoas que encaravam os dois. E resolvendo para com o choro pegou o DVD da mão dela, juntou com os outros dois e entregou para o recepcionista que tentava segurar o riso. Imediatamente Rachel parou de chorar. Revirando os olhos, House pegou a pequena chantagista e colocou no colo. - Não acredito que vamos ver isso, Jimmy, não acredito... Sem muita escolha, House e Wilson jogaram-se no sofá da sala. Rachel no meio deles. O filme era tão rosa e feminino que House preferia manter os olhos fechados. Felizmente, apesar de tudo o filme parecia conseguir manter Rachel parada, o que era de grande ajuda. Para passar o tempo, Wilson foi até uma das estantes da sala e escolheu aleatoriamente um livro. Julio Verne. Ótima escolha. Retornando ao sofá, agradeceu por poder manter sua atenção na leitura e não no filme. Enquanto House, após dar algumas cochiladas, pegou seu PSP de dentro da mochila e colocando os fones pode jogar tranquilamente Rock Band, pelo menos era o que ele pretendia. Uma vez que apesar de entretida, Rachel hora ou outra chamava pelo pai e pelo tio para que prestassem atenção no filme. - Eu sei, eu sei Rach... Estou vendo – Wilson mentiu sem tirar os olhos da folha. - A Babie, tio! – Rach insistiu apontando para a tela – A Babie! - É, Jimmy, olha a “Babie” – House implicou, sem parar de jogar. - House! Você não está ajudando – resmungou. Para a sorte deles, a cena tão fascinante – pelo menos pra Rachel – já passara e ela voltou a assistir sozinha. Os minutos passaram rápidos com House tocando, Wilson


lendo e Rach hipnotizada com o filme. E quando este acabou, foi um alivio para os dois. House mancou até a TV para tirar o DVD, na esperança de assistir ao filme que ele alugou, mas no momento em que abriu o aparelho, um pedido lhe fez congelar. - De novo! – Rachel pediu alegremente. O infectologista e o amigo se entreolharam assustados. Olharam para a garota esperando que ela não falasse isso. - De novo! – insistiu sorrindo. - Não! Nem pensar – House olhou preocupado, tentando buscar apoio do oncologista – Você queria ver o filme e nós colocamos, agora é minha vez. A garota engatinhou até o Wilson e puxando-o pelo braço, lançou-lhe um olhar de vítima. Fazendo beicinho, para tentar convencê-lo, ela insistiu em pedir. - De novo, tio! Favor... De novo... A Babie – os olhinhos já estavam começando a ficar cheios de lágrimas. - House, coloca de novo – ele pediu. - Não! Jimmy! Você não pode fazer tudo que essa maníaca quer! - a voz dele soou infantilmente indignada. Tentando convencer o pai, Rachel o fitou tristemente. Mas House parecia não ser afetado com isso, então simplesmente colocou seu filme. - Pai! De novo, pai! – agora ela já chorava. House tampou os ouvidos com a mão e ignorando-a jogou-se ao sofá. Usando o livro que estava lendo, Wilson bateu no amigo. - Quantos anos você tem? – perguntou aborrecido e pegou Rachel em seu colo, já que a garota soluçava. - De que lado você está? Wilson o olhou de maneira desaprovadora, mas sem responder. House entendeu que ele não mudaria de idéia. - Ela é uma manipuladora! – pronunciou indistintamente. Contrariado levantou-se e fitou Wilson como se esperasse que ele mudasse de opinião e apesar de também não querer assistir, o oncologista não se mostrava muito disposto em contrariar Rachel. Respirando fundo, House mancou de volta a TV e colocou o filme, voltou para o sofá e ligou novamente seu PSP. - Deus salve o homem que inventou o videogame! – resmungou. Wilson deu um sorriso voltando à leitura, enquanto Rachel revivia as cenas, que para ela, eram engraçadas e muito interessantes. O livro já estava na metade e o repertório de músicas do jogo já estava acabando, quando o filme finalmente terminou. Mas para o azar dos dois médicos, o óbvio se concretizou e assim que o crédito do filme apareceu, Rachel voltou a pedir: - Babie! – bateu palmas animadas – De novo! - Você está louca? – ele fitou a pequena, que agora o olhava desafiadoramente – Ninguém vai ver isso de novo! Ela colocou as mãos no quadril, e por um momento nem House nem Wilson conseguiram segurar a risada, pois Rachel estava lembrando imensamente a mãe.


- De novo! – a voz soou tão autoritária quanto a pose que ela fazia – Babie! - Não! – ele disse sério, mas de maneira infantil. - Babie! – repetiu. No momento que em House ia negar novamente, Wilson o interrompeu. - Você não pode fazer isso – disse enquanto guardava o livro. - O que? - Simplesmente negar algo a uma criança – explicou – Você disse não, é seu direito, mas para fazer com que a Rachel ouça você precisa oferecer algo em troca. Ela não verá o filme, mas... Vai brincar de boneca, por exemplo. House lhe lançou um olhar aflito. - Guia prático de crianças... Estava na Ala da Pediatria – Wilson completou rapidamente, tentando se explicar. - Você definitivamente é estranho, mas faz sentindo... – ele fitou a garotinha que ainda o encarava de maneira desafiadora – O que você quer fazer? - Babie – respondeu espertamente, com seu sorriso de cinco dentes. - Okay! Tudo menos o maldito filme da Barbie! Revirando os olhos e depois rindo da tentativa frustrada de House tentando se entender com a filha, Wilson foi até o quarto da menina e olhando rapidamente pelo recinto localizou três coisas que aparentavam ser uma ótima opção. - Olha, Rach! Tem o Munble – mostrou o pingüim de pelúcia – A sua boneca que canta e tinta para pintar. Rapidamente a garotinha pegou o pingüim e a boneca, colocando-os sentados ao seu lado e esticou o braço para pegar o pote com as tintas. - Desenho! – disse animada. - Genial Jimmy! – House resmungou – Agora teremos que colocar um monte de jornal para que a Hannibal não pinte toda a sala da Lisa! - Hey... Eu estava tentando ajudar – falou tristemente – Melhor do que ficar discutindo com uma garotinha que ainda nem fez dois anos! - Se a doida da Rachel pintar qualquer coisa, você sabe que a Lisa vai nos matar e... – de repente ele parou de falar e teve que praticamente pular para segurar a mão de Rachel, suja de tinta vermelha, que ia tocar no sofá da sala. Wilson olhou assustado, quase a garota assina o atestado de óbito dos dois. House segurou a garota e tentou convencê-la a fazer outra coisa, mas nem assistir Barbie ela queria mais, a única coisa que Rachel queria era pintar. - Okay Gênio, vai pegar papel na dispensa e me ajuda a arrumar isso daqui. Os dois afastaram a mesa do centro até mais perto da televisão, enrolaram o caríssimo tapete da sala colocando-o escorado próximo a entrada da cozinha, colocaram o sofá o mais distante possível das mãos vermelhas de Rachel. Sentada então no centro de um ambiente preparado para ser sujo, Rachel pegou vários papéis e começou a pintar coisas que só ela entendia. Algumas cores misturadas até tinham um aspecto bonito, mas no geral os desenhos não faziam sentido algum, o que não era de se estranhar para idade dela.


Enquanto isso, House e Wilson acabaram dormindo, enquanto viam um filme que, para a surpresa total de ambos, não conseguia ser tão legal quanto um filme com Barbie e cavalinhos que voam. Rachel ficou pintando suas coisas desconexas, sem formas e altamente coloridas. Mas ao perceber que eles apagaram, teve a “brilhante” idéia de brincar de cabeleireira e maquiadora sem avisar pro papai House e pro tio Jimmy. Os dedos sujos de tinta preta passeavam pelo rosto cansado do Wilson, depois foi a vez do pai receber uma pintura vermelha. Não demorou muito para Rachel perceber que era muito divertido. Pegou outras cores e pintou em outros lugares. House acordou quando Rach passou sua mão suja com tinta roxa em seu cabelo. - Hannibal! Sua pirada! O que você está fazendo? - Bincando de pintar o cabelo. – disse Rach sorrindo, como se fosse a coisa mais normal do mundo. O infectologista olhou pra Wilson verificando o estado de saúde do couro cabeludo do amigo. Titio Jimmy ganhara uma coloração amarelo e preta em seus tão me cuidados cabelos. As cores quando misturadas formavam um tom de amarelo queimado. Então House o acordou empurrando levemente seu ombro. - Wilson! – falou House rindo – Você está parecendo a Paris Hilton. O oncologista ainda meio tonto, não entendia direito o que House tentava dizer. - Do que você está falando House? – perguntou esfregando os olhos, sem saber que assim espalhava ainda mais a tinta do seu rosto. Mas antes mesmo que o amigo pudesse responder, ele acabou percebendo algo estranho que traria conseqüências praticamente fatais. - House, o sofá! – Wilson gritou mostrando uma mancha de tinta roxa no braço do móvel. - Hannibal, sua psicopata maluca! Como você faz isso no sofá da sua mãe? – perguntou gritando. - Não adianta brigar com ela agora. Temos que limpar isso agora mesmo nesse instante – ele falava tão rápido que nem ligava para a coerência – imediatamente, antes que a Cuddy chegue em casa e abra o maior barraco. - Tem razão – sua voz soou assustada. Eles, então, deixaram Rachel brincando no cercadinho – dessa vez sem tintas bonitinhas e coloridas – junto com Mumble. Os dois já tinham tentado limpar o cabelo, agora só restava a maldita mancha no sofá. Com quase nulo conhecimento sobre limpeza, eles demoraram mais que o normal. Quando estavam quase terminando, Rachel, repentinamente, aparece com outra sujeira pra limpar. Uma sujeira definitivamente muito pior. - Papai! Côcô! – Rachel grita de dentro do cercadinho. - O que? Você quer fazer côcô? – House virou-se com medo. - Já foi! – ela fala sorrindo. Os dois entreolharam-se, pois sabiam muito bem o que estava esperando. - House, a filha é sua. – falou Wilson rapidamente. - Primeiro os tios oncologistas. – House retrucou. - Sem chance!


E quando os médicos pensaram que o único problema deles era esse. - Papai! Fome! – Rachel falou passando a mãozinha em cima de sua barriga. - Eu sei fazer papinha! – vibrou Wilson, feliz com a escapatória – Eu vou para a cozinha e você vai pro banheiro – ordenou ele. - Claro que não! A casa é minha e quem escolhe as coisas sou eu! - A casa é da Cuddy! – devolveu. - Mas a Lisa é minha – disse infantilmente. - Par ou impar! – Wilson propôs rapidamente. House lhe lançou um olhar como se não concordava que isso fosse decidido assim. Mas resolveu ceder, uma vez que Rachel reclamava cada vez mais de fome e suas fraldas fediam horrivelmente. - Par – ele disse contrariado e mostrou as mãos ao mesmo tempo em que o amigo também o fez. Wilson colocou dois dedos e House três. Cinco era impar, e House seria destinado ao cruel fim de limpar a Rachel. Revirando os olhos, ele segurou a filha pelas pernas, de cabeça para baixo, deixando-a o mais distante possível, e mancou até o banheiro, enquanto o amigo foi até a cozinha. Se a tarefa de Wilson era complicada, a de House era provavelmente impossível. Chegando ao recinto, o médico colocou a filha em cima de uma bancada que já existia ali e a fitou como se esperasse instruções, mas nada veio, a não ser o sorriso de cinco dentes. Coçando a cabeça ele tentou pensar, mas nunca fizera isso na vida e nem vir alguém fazendo. Resolveu então tirar toda a roupa de Rachel, deixando-a somente de fralda. Ele pode ver então a quantidade de “sujeira”. - Wilson, o que eu faço agora? – perguntou House gritando de dentro do banheiro. - Liga pra Cuddy – respondeu Wilson gritando também. - Nunca! Meu orgulho é mais forte que qualquer coisa! - Você tem uma idéia melhor? – gritou, enquanto procurava o material para fazer a comida. - Já sei... – pegou o celular - Vou ligar pra mamãe. House tirou o aparelho de dentro do bolso e procurou o numero na agenda o mais rápido que pode. O telefone tocou algumas vezes até ser atendido. - Alô – a mãe de House atendeu. - Mãe, eu preciso da sua ajuda! – disse rapidamente, agora tampando o nariz, uma vez que o fedor só aumentava. - O que foi Greg? – perguntou preocupada. - Eu... – House pensou na melhor maneira de responder - Eu tenho que trocar uma fralda cheia de côcô. - Algum paciente seu fez coco na fralda? - o sarcasmo soou familiar. - Não, foi a minha filha – explicou rapidamente - O que eu faço? - Filha? Que filha?


- Depois eu explico! – tentou apressar as coisas. - Tudo bem... Primeiro você tira a fralda – a Sra. House começou a falar, enquanto ouvia as risadas de Rachel do outro lado da linha. House procurava por alguma forma de abrir a fralda cheia, mas não achou nenhuma. Ele tentou puxar pelos lados e por trás, mas não conseguiu. Rachel ficava rindo dele. - Mãe, como eu tiro a fralda? – perguntou um pouco envergonhado. - Filho, você descobre todos os dias as doenças mais absurdas do mundo, mas não sabe trocar uma fralda? - É eu também estou chocado. Pode me falar logo com se tirar a fralda? – insistiu enquanto colocava o celular no viva-voz, para facilitar. A Sra. House abafou a risada e tentou imaginar mentalmente a cena, para auxiliá-lo da melhor maneira possível. - Você puxa umas fitas que estão grudadas na frente da fralda – começou. O médico olhou para as duas pequenas abas e retirou com cuidado, mas como Rachel estava de pé, a fralda caiu com tudo sujando ainda mais as coisas. O cheiro empestou rapidamente o ambiente. - Meu Deus! O que a Lisa lhe dá pra comer? – ele tampava o nariz – Isso está podre! - É coco de bebê! Queria que cheirasse como? – a Sra. House perguntou rindo – Agora... Deve ter em algum lugar lenços umedecidos. Pegue-os e utilize para limpá-la. Ele primeiro cuidou de jogar a fralda rapidamente no lixo, depois se abaixou para abrir o armário e logo reconheceu a caixa com os tais lenços. House retirou um e analisou, achou que era pequeno demais, porém mesmo assim passou na bunda dela. Quase vomitando, House jogou o lenço no lixo e observou que não tinha tanto efeito, Rachel ainda estava extremamente suja. - Mãe... Eu acho que não adianta muito. Só jogando fora e pegando outra – brincou. - Para Greg! – disse seriamente – Não pode ser tanto coco assim. House olhou para a pequena e deu um sorriso. - Acredite mãe, nunca vi tanta merda na minha vida. Nem três caixas de lenço adiantariam! - Então a lave – sugeriu. Concordando rapidamente com a idéia, ele a levou até a banheira e lançou uma careta para a suja Rachel que ria com toda a situação. Ele pegou a garota e pegou a torneira móvel. - Lembre-se de passar bem a mão para limpar tudo – a Sra. House advertiu. - Passar o que? – perguntou assustado. - Sua mão... - Hey! Não vou passar minha mão no... A senhora sabe aonde! - E você quer que limpe sozinho? Tem que passar a mão – explicou rindo. House olhou para o local e quase vomitou novamente. Mas pegou a ducha e mirou na parte de trás, deixando que a sujeira saísse o máximo possível, porém logo percebeu que sua mãe estava certa e ele seria forçado a lavar bem.


- Rachel Cuddy! Eu quero que você lembre bem desse dia – House disse olhando para a garota – Quando eu estiver velho, não terá o direito de negar absolutamente nada pra mim. Ela e a avó riram juntas, e House respirou fundo antes de colocar a mão para limpar direito. Sinceramente, foram os quinze segundos mais longos da vida dele. - O sabão... – lembrou a Sra. House, como se pudesse ver o que estava acontecendo. House obedeceu e terminou de fazer o trabalho sujo. Dando uma tapa de leve na bunda de Rachel, a tirou da banheira e a cobriu com uma toalha. - Agora, Greg, passe o talco e coloque uma fralda nova. Abaixando-se novamente ele encontrou o recipiente com talco, mas quando tentou abrilo fez força demais e o pote cedeu, voando talco para todo lado. - Que barulho foi esse? – a Sra. House perguntou rapidamente. - Chuva! – Rachel gritou agora cheia de talco. Resmungando, ele a recolocou na banheira e lavou-a rapidamente. Uma grande quantidade havia se depositado no cabelo dele e o resto espalhado por todo o banheiro. Sem ter muito tempo para organizar as coisas, ele passou o talco corretamente nela e pegou uma nova fralda. - Como faço para colocar? – perguntou com um tom cansado. - Abra-a e depois ponha Rachel deitada em cima, puxe a outra parte e feche as abas – explicou calmamente. House coçou a cabeça e seguiu as instruções. Já de fralda, Rachel levantou-se agora limpinha e ficou rindo. - Obrigado mãe... – falou envergonhado. - De nada filho. Qualquer coisa é só ligar... - Terça-feira a senhora chega, não? – perguntou enquanto pegava Rach no colo. - Sim e quero conhecer essa minha neta... - Filha da Lisa – ele respondeu simplesmente – Rachel... - Ah! – a interjeição dela foi tanto de surpresa como de felicidade – Vocês estão juntos? Isso é tão bom, filho, mas depois conversamos. Você me tirou de um jogo de buraco. Ele sorriu e despedindo-se desligou o telefone. Foi com Rach até a cozinha, mas no momento em que cruzou a porta e avistou Wilson servindo a papa em um prato, viu o amigo assustar-se com algo. - A fralda da Rachel está ao contrário! – o oncologista disse apontando - E seu cabelo está branco! House levantou a pequena à altura dos olhos e teve que admitir que a fralda estava, no mínimo, estranha. Deixando a tigela em cima da mesa, Wilson caminhou até o amigo e batendo em sua cabeça, pegou Rachel e a levou para o quarto, para arrumar a fralda e colocar o pijama. Quando voltou, House estava jogado no sofá com o notebook aberto em cima da perna. Ele então se sentou com a menina ao lado do infectologista. Desta vez, Rachel estava devidamente vestida. - O que está fazendo? – perguntou inclinando-se para olhar a tela.


- Só existem quatro bares em New Jersey onde tanto a Lisa quanto a Nathy já freqüentaram – House explicou – O que diminuí a lista de possíveis lugares onde está acontecendo a festa. Wilson deu um suspiro profundo e foi pegar o prato na cozinha, antes de falar. - Você ainda acha que a Lisa e a Treze preparam uma festa para a Nathy? E que não existe nenhum chá de bebê? – a voz dele soou cansada. - Com toda a certeza – ele falou ainda procurando algo no computador. Ele digitava rapidamente e anotava algumas coisas em um pequeno caderno. Wilson ajeitou Rachel e colocou um pouco de comida na colher dando para garota que já voltava a reclamar de fome. Mas no momento em que Rach tentou engoli, algo de errado aconteceu. Ela cuspiu o conteúdo na camisa de Wilson e começou a chorar. House deixou o notebook de lado e a pegou no colo para ver o que havia acontecido. - O que você fez? - Nada! – tentou se limpar. - Está envenenada?! Wilson o olhou assustado. - É claro que sim! Meu sonho de infância é matar a Rachel – respondeu ironicamente, enquanto a garota começa a se acalmar no colo de House. - Não pode ser seu sonho de infância – House disse sério, ainda agradando a menina. - Viu só? Genial, não? – continuou irônico. - Por que quando você era criança, isso há sessenta anos, a Rachel não existia – House explicou rindo. Mas Wilson só balançou a cabeça, sem acreditar na infantilidade do amigo. - O que você acha que aconteceu? – o oncologista perguntou olhando para o prato. - Se você não envenenou a comida, eu não sei. Os dois olharam para o prato durante um bom tempo. Wilson certificou-se que fez a comida exatamente como Cuddy deixou anotado em um papel. - E se tiver quente demais? – propôs Wilson depois de um tempo – Lembro que A Lisa disse que devíamos verificar a temperatura, ou algo assim... House pegou um pouco e derramou em seu dedo, colocando depois na boca para checar se não estava quente demais e por um acaso Rachel não havia se queimado. Mas no momento em que ele colocou na boca, sua reação foi exatamente a da filha, exceto pelo choro. Novamente a camisa de Wilson foi suja. - Droga, House! – ele reclamou limpando-se. - Você é idiota? – fez uma pausa – Isso está horrível! - Como horrível?! Eu segui todas as instruções da Lisa, exatamente como ela falou. Mas House ergueu a sobrancelha e foi até a cozinha, com Rachel no colo. Wilson pegou o prato e provou, também cuspiu, mas desta vez na pia. Jogou todo o inútil conteúdo no lixo e acompanhou enquanto House procurava por algo. - De onde pegou o açúcar? – ele perguntou ao abrir a geladeira.


- Como assim? - Eu comprei dois sacos e ambos estão aqui – apontou – Não tinha e eu mesmo comprei, mas nenhum dos sacos foi aberto. Você não colocou açúcar? - Claro que coloquei – Wilson disse quase ofendido e caminhou até o balcão, pegando um pote de tampa vermelha – Peguei daqui. House respirou fundo ao ver o recipiente da mão dele. - Isso é sal, seu idiota! – House gritou sem acreditar. Rapidamente Wilson abriu o pote e provou o conteúdo. Impossível! Ele tinha confundido. Como era possível. House lhe deu um cascudo, e Rachel gostou gargalhando. - Você é inacreditável... Leva a Hannibal para a sala que eu faço outro jantar. Envergonhado, o oncologista ficou vendo TV com a menina, enquanto House preparava outra comida. Para a sorte de Rachel, dessa vez tinha açúcar e ela comeu tudo. Já tomada banho, de pijama e com a barriga cheia, Rach não demorou muito para cair no sono, enquanto via pela qüinquagésima vez o filme da Barbie. - Acho que sei as todas as falas desse filmes – Wilson comentou cansado. House riu e levantou-se para levar a filha até o quarto. Quando voltou, pegou duas garrafas e retornou a sua busca no notebook. - Esquece isso, House – Wilson pediu procurando algo na TV – As meninas estão em um fofo e rosa chá de beber. - Claro que sim – pegou seu celular e discou rapidamente – Olá? É do bar da Kate Dogger? Ah! Okay... Obrigado. - O que foi isso? - O Bar da Kate está normal... – falou simplesmente discando outro número. - Desde quando conhece os donos de bar de New Jersey? – Wilson perguntou impressionado. - Você precisa ser mais sociável, Jimmy – ele brincou, enquanto esperava alguém atender do outro lado da linha. Wilson revirou os olhos, enquanto House levantou-se para falar particularmente com quem quer que seja. Desta vez ele demorou mais tempo, mais ou menos quinze minutos, e pelos sussurros que conseguia captar, House deveria ter feito pelo menos mais três ligações. O médico adentrou a sala sorrindo e jogou o celular no sofá. Pegou um papel e anotou mais algumas coisas. - E ai? Conseguiu descobrir alguma coisa? - Lisa mentiu – ele sorriu – A não ser que agora se aluguem bares para fazer um chá de beber. O oncologista respirou fundo com a informação. - Por que ela mentiria? - Tenho uma teoria, meu caro Wilson. Mas prefiro revelá-la num futuro próximo – House começou a falar com um sotaque incrivelmente britânico – Pegue seu casaco, temos um caso! - O que? Você vai atrás dela? – perguntou confuso.


- Claro que sim! – pegou a carteira, o celular e sua jaqueta. - Mas e a Rachel? House já ia entusiasmado em direção a porta quando ouviu aquilo. Ele tinha esquecido esse “pequeno” detalhe. Pensou um pouco e pegou o celular. - Quer ganhar duzentas pratas? – falou para alguém do outro lado – Não é nada que exija demais do seu QI quase primata... Olha a Rachel... – ele falava pausadamente, esperando as resposta – São duzentas pratas! Sim... Antecipadas... Ela já está dormindo... É só garantir que nada aconteça de ruim. Okay, estou esperando. - Pra quem você ligou? – Wilson agora estava realmente preocupado. - Dr. Robert Chase – respondeu simplesmente. Sim. Agora Wilson estava realmente com muito medo. - Sente-se, meu caro Wilson – pediu House – Enquanto a babá Nancy não chega, vamos repassar o plano. - Que plano? House deu um sorriso sinistro e Wilson pode perceber que ele podia ficar com medo do que já estava naquele dia. House deu um sorriso sinistro e Wilson pode perceber que podia ficar com mais medo do que já estava naquele dia. - Primeiro e mais importante de tudo – House começou a falar pegando o notebook – Devemos entender o que está acontecendo na festa. - Como assim? Você não está totalmente convencido que é uma festa de despedida? O infectologista suspirou profundamente, no fundo ele tinha uma teoria totalmente bizarra da qual, com toda certeza do mundo, Wilson discordaria. - Há duas possibilidades, meu caro... – o sotaque britânico voltou – E em ambos os casos precisaremos de uma fantasia. - Fantasia? – agora Wilson estava assustado. - Sim, fantasias – ele passou a mão na barba por um tempo como se pensasse em algo realmente importante – Lisa mentiu pra mim. Ela deve ter uma boa razão. Independente do que seja, preciso fazer algumas ligações. Ele levantou-se, pegou o celular e a folha onde havia anotado algumas informações aleatórias. Wilson tinha a leve impressão que ia se arrepender de ajudá-lo, mas não ia impedi-lo, não por enquanto. Sinceramente, ele também estava curioso sobre o que as meninas estariam fazendo. - House, eu acho que você está viajando – ele sabia que não adiantaria falar nada Devíamos ficar em casa. Em alguns minutos vai passar o VT do jogo dos Yankees. Mas ele o ignorou, e mancou até a cozinha falando animadamente com alguém pelo telefone. Não demorou muito para a campainha tocar, e como House ainda estava ocupado em suas importantíssimas ligações, Wilson levantou-se para atender. - E ai chefe? – Chase sorriu simpaticamente. - Olá Chase, pode entrar – ofereceu com um sorriso sem graça. Pra ser sincero, Wilson preferia ligar para uma agencia com babás de verdade. Ou melhor, nem sair de caso. Mas discutir com House e tentar convencê-lo a esquecer sua obsessão pela festa da Nathy eram perda de tempo.


- Cadê a mini-House? – perguntou animado. Não é todo dia que se ganha duzentas pratas para olhar um bebê. - Dormindo no quarto dela – falou mostrando o recinto – Se não houver problema, só acordará amanhã, então não se preocupe. Ele balançou a cabeça e deu uma olhada pela casa. Uma bela casa. House não demorou muito para se juntar a eles. - Chase! Que bom que já chegou, os britânicos costumam se atrasar – deu um sorriso provocador. - Australiano – concertou, mesmo sabendo que não fazia diferença. - Okay, Beckham. Estamos de saída, então... Basicamente, a guria está dormindo, e se uma bomba nuclear não cair, ela só acorda amanhã ao meio-dia. Tem comida na geladeira e bebida, mas eu espero que você não fique bêbado. Chase riu em resposta. Mas Wilson ficou mais preocupado. - Nessa TV tem todos os canais que você imagina, então aproveita – House deu uma olhada na casa – Não coloque os pés na mesinha, não deixe o Black fazer coco no tapete da sala e não, por favor, não toque no piano. - Você está há três dias aqui e já trouxe seu piano? - Chocante, não? – House riu e pegou suas coisas puxando Wilson. - Tem certeza que é uma boa idéia? – o oncologista perguntou, sabendo que ia se arrepender. - Sabe qual a diferença entre o Chase e uma babá? - Eu não tenho seios? – Chase perguntou rindo. - Também... – House riu pensativo – Mas, se o Chase fizer besteira, ele será demitido. House falou aquilo com tanta simplicidade, que Chase começou a repensar se era uma boa idéia aceitar a oferta. Rachel não era só filha do seu chefe, Gregory House, mas também da chefa do seu chefe. E bem, Lisa Cuddy não parecia ter tanta misericórdia quanto o assunto é a filha dela. - Ou a Cuddy me mata – falou realmente com medo. - Não esquenta, vocês britânicos tem um dom natural para cuidar de crianças – House riu antes de fechar a porta, deixando Rachel, Chase e o arrependimento dele. Enquanto House dirigia, Wilson se perguntava por que realmente estava ali. Era óbvio que se houvesse alguma festa, isso envolveria diretamente sua noiva. Mas Nathy não sabia de nada, quem havia mentido era Lisa e Treze. - Sabe onde fica alguma loja de fantasias? – House perguntou em algum sinal vermelho. - Não faço a mínima idéia, Sherlock – ele não estava preocupado em demonstrar sua falta de animação. - Você é um péssimo parceiro – lhe lançou um olhar desapontado. - Para onde estamos indo? - Bar da Stella, onde está acontecendo a festa. Não vamos demorar. Cinco minutos depois, eles realmente chegaram ao local. Não tinha nada de especial, a não ser a ausência de pessoas entrando nele. House estava certo quanto dissera que o


bar fora alugado para um evento privado. House estacionou do outro lado da rua, e insistiu veemente para que Wilson não fizesse barulho. Ao contrário do que o oncologista esperava, eles não bateram na porta da frente. House pediu que dessem a volta e olhassem pelo fundo. Havia uma janela bem no alto. - Sobre naqueles caixotes e dá uma olhada – disse House. - O que? Por que eu? - Qual é? Devo te lembrar que sou aleijado? – fez cara de vítima. Revirando os olhos e sabendo que não tinha poder de argumento, Wilson pediu pelo menos ajuda para subir. Ele quase escorreu de primeira, e House o xingou pelo barulho, mas mesmo assim ele tentou novamente. Usando uma grande lixeira, Wilson se apoiou o suficiente para ver através da janela. - O que tem ai? – perguntou animado. - Vejo as meninas – ele deixou os olhos entreabertos, forçando a visão – Não conheço todas, mas a Nathy, Lisa, Treze, Tammy, todas estão ai. - Algum homem? Ele demorou um tempo para responder, analisando bem o local. - Nenhuma alma masculina. - O que elas estão fazendo então? – House ergueu de leve as sobrancelhas. - Bom... Têm várias almofadas, bebidas, salgadinhos – ele falava pausadamente – Então rindo, parece que girando uma garrafa no meio delas. Não dá pra ouvir a música direito, mas tem música. - Bebidas, brincadeiras idiotas e música? – House parecia falar para si mesmo – Um chá de bebê seria mais radical! - Pois é... – Wilson continuou olhando pela janela. Eram um bando de amigas se divertindo. Ele riu ao ver no fundo uma faixa onde se lia Feliz Despedida de Solteira! Nathy! – É uma despedida, mas... - Isso não é uma despedida. É uma ofensa às despedidas! – continuou pensativo. Wilson riu, balançando a cabeça, enquanto procurava algum jeito de descer. - Só não entendendo por que Lisa mentiria para você, já que não é nada demais – ele viu que House ainda olhava pensativo para algum lugar no fim da rua – No que está pensando? Admita House, você se enganou. - Não me enganei – ele sorriu, pegando o celular – Disse a você que havia duas possibilidades. - Como assim? – Wilson pulou de cima da lixeira, e mal-disse seu joelho que reclamou do movimento. - Eu sabia que era uma festa de despedida, disso nunca duvidei. Mas Lisa mentiu para mim, e ela só teria dois motivos para isso. - Ainda não captei aonde você quer chegar... - Claro que não! Por isso eu sou o cérebro e você é o cara que olha pela janela – ele desligou o alarme do carro – Vamos! - Hey House, é sério! Primeiro você não me conta nada, depois me chama de inútil, e agora quer que eu entre no carro sem ainda saber pra onde vamos?


- Não chamei você de inútil – ligou o automóvel – Disse que você faz a ação, enquanto eu penso. É diferente. O oncologista respirou fundo, e mesmo sabendo que ia se arrepender entrou no carro. - Por que não podemos simplesmente entrar ali? - Lisa mentiu para mim – House repetiu enfaticamente – E toda mentira merece uma vingança. - O que vai fazer? - Confirmar algumas ligações – ele sorriu, sabendo que Wilson não entenderia – E procurar uma loja de fantasias. - Alguém já te disse que você é maluco? - Mamãe – respondeu rapidamente. E no escuro daquela noite de domingo, o carro de Gregory House sumiu da rua Kripke, com o destino que nem James Wilson sabia.

Não fazia nem uma hora que a festa havia começado, mas Nathy poderia garantir que não havia surpresa melhor preparada pelas amigas. Poucas convidadas, boa música e boa comida. Bebida para todo mundo que não carregasse o Wilson Jr. na barriga. E no caso de Nathy, Lisa arranjou um ótimo suco de laranja. - Minha vez! – gritou Nina levantando as mãos. A garrafa que rodava parou nela – Eu pergunto, agora eu pergunto! Elas sentaram em roda, e a garrafa era girada, quando parasse apontaria para quem faria uma pergunta para Nathy, que ou respondia o questionário ou pagava uma prenda. Algumas perguntas eram maldosas e pessoas demais, então Nathy muitas vezes preferiu arcar com a prenda a responder. Não era a toa que usava um nariz de palhaço, seu cabelo foi pintando de verde e uma torta jogada na sua cara. - Onde foi... – Nina falava devagar e todas prestavam bastante atenção – a primeira vez de vocês dois? As mulheres bateram palmas animadas, e até se podia ouvir alguns gritos entusiasmos. E rapidamente Nathy ponderou se respondia ou vestia um casaquinho de vaca, que alguém levara. - Lisa não me mate – ela pediu sem graça, e no começo ninguém entendeu – Mas foi no carro do Greg. - O que? – Lisa perguntou confusa. - Tipo, a gente tinha brigado no dia – Nathy tratou de explicar a história – E o Greg, no melhor estilo dele, nos trancou no carro até resolvermos o problema e foi embora. E bem... Nós resolvemos até demais. - Ah bom... - Claro que depois ele nos xingou por ter tirado a dignidade do carro dele, mas tudo bem. Próxima pergunta! A garrafa girou novamente, e parou desta vez em Rayra, uma amiga de faculdade. - O melhor presente que o James já te deu? - Meu filho – respondeu passando a mão na barriga.


A reação do povo não podia ser diferente. E a garrafa novamente girou. Perguntas foram feitas e respondidas. Nathy foi até obrigada a colocar o casaco de vaquinha. Mas não importava, a brincadeira continuou por mais um bom tempo. No meio das risadas, dos gritos e comentários, Stella Singer, dona do bar, ouviu batidas à porta. Pedindo licença do grupo, prontificou-se a ir lá atender. Era estranho, o bar estava fechado. Sinceramente, não esperava por ninguém. - Boa noite, senhora – disse um homem inglês – Aqui é o bar da senhora Singer? Durante alguns segundos, ela analisou o estranho homem a sua frente. O sotaque era inconfundível. Estranhamente, apesar de ser de noite, ele usava óculos escuros, tinha um grande bigode que não combinava com a barba por fazer. Vestia um grande sobretudo e um usava um chapéu que não permitia ver direito seu rosto. Ao seu lado, aparentemente nervoso, estava outro homem, um pouco mais baixo. Este usava um casaco de uma universidade qualquer, e o capuz cobria-lhe a face, tinha uma barba grande e negra. Estava nitidamente agitado. - Sim, mas estamos fechados – com medo de um assalto, rapidamente fechou a porta. Entretanto, o mais alto deles rapidamente colocou a mão impedindo. - Perdão, senhora, mas temos uma entrega a fazer – ele fez um aceno de cabeça mostrando um grande caminhão do outro lado da rua. - Uma entrega? – perguntou desconfiada – Eu não pedi nada! - Para a senhorita Remy Hardley, na verdade – disse o outro homem rapidamente, em uma mistura exótica de inglês com espanhol. Stella deu mais uma boa olhada nos dois sujeitos a sua frente. Era praticamente impossível que eles adivinhassem que a Dra. Hardley estava ali dentro, então pela lógica estariam falando a verdade. - Vou chamá-la – disse ainda desconfiada. Por segurança fechou a porta ao entrar, deixando os dois entregadores esperando, enquanto ia procurar pela doutora lá dentro. - O que você queria ser? O Antonio Bandeiras? – House perguntou rindo, agora com seu sotaque normal. - Foi a única voz que me veio a mente – Wilson disse desconfiado, puxando o capuz mais para baixo, certificando-se de esconder deu rosto – E quem você é? O Alan Rickman? - Eu só espero que ela não chame a Lisa... - Por quê? – ele ainda estava cismado com o capuz. - Porque eu tenho a leve impressão de que ela me reconheceria facilmente. Não demorou muito para que eles ouvissem a porta sendo destrancada, e rapidamente voltaram a encarnar os entregadores. Para o azar de House, Treze veio acompanhada por Stella e Lisa. - Desculpe senhores, mas acho que houve um engano, não pedi nada – Treze começou a falar educadamente. Os olhos de Lisa foram do agora mais nervoso ainda Entregador-Quase-Espanhol, para o Entregador-Inglês, neste ultimo demorou mais tempo. House podia imaginar seu plano indo por água à baixo neste momento. - Eu conheço você? – ela perguntou olhando fixamente para House.


- Provavelmente não... – falou rapidamente, tendo cuidado para manter o sotaque. Sabendo que o melhor era evitar Lisa, ele virou-se para Treze – Minha senhora, eu só entrego as coisas. Falaram para entregar aqui, e é isso que estou fazendo. - Entregar o que? – Lisa insistiu, sabendo que conhecia aquele cara de algum lugar. - Filha, não somos nós que sabemos – Wilson interrompeu com seu sotaque ridiculamente espanhol – Falaram: levem o caminhão até o bar para a Dra. Remy Hardley. As mulheres se entreolharam. Isso era realmente muito estranho. Nem Treze, nem Lisa haviam pedido nada, e só elas estavam organizando a festa. - Desculpem, mas deve ter havido algum engano – Treze falou calmamente. - Pelo amor de Deus! Quantas Remy Hardleys existem no mundo? – House falou impaciente e se odiou por ter parecido tão House ao falar. Lisa lhe lançou um olhar mais desconfiado ainda e ele respirou fundo antes de continuar. - Minhas senhoras. Tenho três filhos me esperando em casa, essa é a ultima entrega da noite – na guerra vale tudo! – Por favor. Assine, receba e deixe-nos ir. - Mas senhor... – Treze tentava ser educada – Qual seu nome? Que droga de pergunta! pensou House. Ele devia pensar numa resposta rápida. Mas ela tinha que perguntar isso? - Henri Jones – falou sem pensar, já começando a ficar nervoso – Por favor, assine. - Senhor Jones, eu não fiz nenhum pedido, minha amiga não fez nenhum pedido. Não podemos aceitar. Perdoe-nos, por favor. House olhou preocupado para Wilson. Eles precisavam da assinatura. Sem assinatura, sem entrega. E se o que estava dentro do caminhão, continuasse dentro do caminhão. Bem... Isso significaria: sem vingança. - Meu Deus! Eu sei que conheço você – Lisa agora não desgrudava os olhos dele. - Claro! Eu fiz alguns filmes pornôs – ele não queria ter parecido tão House, mas não se conteve – Ou pode me conhecer da Igreja, não sei. Wilson balançou a cabeça negativamente, House seria desmascarado. Então teve que pensar rápido. - Já está pago! - O que? – Lisa perguntou tirando pela primeira vez os olhos de House. - A encomenda – House completou – Está pago. É só receber... Assinem, por favor. Sabendo que os entregadores não iriam desistir, Treze deu com os ombros e resolveu assinar, uma vez que a tal coisa já estava paga mesmo. Não teria nada a perder. Enquanto a médica pegava os papéis, House sorriu vitorioso. E bem... Essa foi sua perdição. Ele podia se fantasiar do que quisesse, mas Cuddy sempre reconheceria aquele sorriso. - Seu cretino! – gritou aproximando-se dele – O que você está fazendo aqui? House olhou rapidamente para a prancheta que Wilson entregara para Treze, certificando-se que já estava assinada e o plano tinha dado certo. - Soube de um chá de bebe – ele falou normalmente – Queria participar. Lisa e Treze se entreolharam um pouco culpadas, mas o sentimento não durou muito. A


diretora se aproximou do namorado e sem piedade arrancou o bigode falso do seu rosto. - Aaah! Você enlouqueceu?! – ele quase chorou de dor. - Sério House! O que você está fazendo aqui? – Lisa o encarou seriamente. - Você mentiu pra mim! – apontou infantilmente para ela – Mas não importa agora. Wilson abra o caminhão. - O que tem no caminhão? – Treze perguntou preocupada. - Nem eu sei – Wilson disse sem animação, enquanto caminhou até o veiculo. Ele abriu com cuidado as portas de trás do caminhão, e afastou-se rapidamente abrindo passagem para alguma coisa. - O que é, chefe? – Treze, agora, estava com medo – Eu não quero mais! - Você assinou – ele riu, ainda encarando Lisa – Ou seja, sem devolução. Todos olharam para as portas, agora abertas, de onde saiu um homem com algumas caixas. Em seguida, saíram vários outros caras, com várias outras caixas. - Harry, o Dj – House apontou para o primeiro rapaz – Os caras da decoração, o mágico, o pessoal da pirotecnia – ele foi mostrando todo mundo, enquanto passavam por elas e entravam no bar – E claro... Os dançarinos. - Go go boys? – Lisa perguntou incrédula ao avistar o grupo que saiu por ultimo do caminhão. - Dançarinos – House concertou rindo. - Não acredito que era isso que tinha no caminhão – Wilson falou cansado. Na verdade, ele estava preocupado em quanto iria doer tirar toda a barba falsa que usava. Houve uma gritaria lá dentro, e eles se viraram para ver, enquanto o Dj Harry colocava I Gotta Feeling do Black Eyed Peas para tocar, e as convidadas entraram em delírio. Finalmente alguma música boa pra dançar. - House... – Lisa ia falar, mas ela a interrompeu. - Vocês duas – apontou para Treze e pra ela – Mentiram pra mim. E eu sei porquê. - Por quê? – Wilson também queria saber. - Na verdade, a Treze não teve nada a ver com isso. A culpa é toda da Lisa. Você queria uma festa simples, sem caras pelados dançando, sem choques anafiláticos. - E se você soubesse que era a despedida de solteira da Nathy, você com certeza ia transformar isso numa iniqüidade só – falou cruzando os braços. - Espera ai! – Wilson balançava as mãos – Você mentiu para ele só porque o House transformaria uma simples festa em... – ele pensou em um termo que não fosse ofensivo – um lugar cheio de coisas erradas? Cuddy afirmou com a cabeça, decididamente, ainda sem achar que tivesse feito errado ao mentir, tentando impedi-lo. - E você me forçou a te ajudar? – ele apontava para o House. - Você brincou por que quis – disse zombando. - Se eu soubesse o que tinha dentro do caminhão – continuou a apontar, como se isso demonstrasse sua raiva – nunca tinha vindo até aqui!


House o encarou assustado, não sabia por que Wilson não concordaria com a brincadeira. Apesar dele sempre hesitar, o oncologista acabava por aceitar a maior parte das coisas que o amigo fazia principalmente se faziam sentido. Se vingar das meninas, nesse caso, fazia todo o sentido do mundo. - Por que não? Viu como a festa está mais divertida agora – House brincou na intenção de aborrecer ainda mais a Lisa. - Pervertida você quer dizer! Tem homens! – ele apontou para dentro do bar, onde os Go Go Boys dançavam para as animadas mulheres – Dançando com roupas minúsculas na frente da minha noiva! - Você não ligou quando eram mulheres com roupas minúsculas dançando na sua festa – Treze disse rindo – Qual é Wilson? Nós mulheres também temos o direito! O oncologista ficou em silêncio diante ao argumento. Talvez a médica estivesse certa, mas mesmo assim o ciúme continuava a deixá-lo chateado com House e sua idéia insana e promiscua de vingança. - Por que não entramos para nos divertir? – sugeriu Stella voltando para o bar. - Deixa de ser criança Wilson e vamos festejar! – House riu e aproximando-se de Cuddy depositou um beijo em seus lábios, ela continuava a encará-lo furiosa – Você vai ficar com raiva? A mentirosa é você! Ela não respondeu. Uma coisa que Lisa Cuddy não suportava era ser vencida por House. O plano era que ele nunca descobrisse, e House não só descobriu como armou para que tudo que ela tanto temia acontecesse. Pelo Wilson parecia estar do lado dela. - Vão ficar ai fora? – ele insistiu divertindo – Está tocando Lady Gaga lá dentro, o DJ é muito bom! E o mágico vai cortar a Tammy no meio! Os dois ficaram de braços cruzados, sem encarar o infectologista, como dois adolescentes no colegial. - Eu quero vê o mágico! – Treze gritou animada. - Viram? É esse espírito que eu espero nas pessoas, Treze foi enganada pateticamente pela minha versão britânica e nem ficou com raiva – ele e a médica entrelaçaram os braços – Agora nós vamos ver a irmã da Nathy morrer! House e Treze entraram no bar, enquanto todas gritavam animadas lá dentro. Nathy quando viu o médico, quase pulou em seu pescoço e o arrastou apresentando-a a todas as amigas que ainda não conheciam o famoso “Greg”. Lá fora ainda, Cuddy e Wilson se entreolharam. Deram um longo suspiro, e sem concordar nem um pouco com o que estava acontecendo dentro do estabelecimento, tiveram que entrar. - Que fique claro que eu não pretendia que isso acontecesse – Wilson disse cansado, enquanto acenava para os conhecidos. - E que fique mais claro ainda que eu tentei impedir isso – Cuddy complementou também cansada. Por mais que Cuddy não quisesse admitir, a festa estava muito melhor com as pequenas “mudanças” que House fizera. Quando ela e Wilson encontraram o médico, no meio das, agora, agitadas convidadas, ele aplaudia entusiasmado o mágico que retirara um taco de beisebol do ouvido da Sra. Doyle. - Eu ainda acho tudo isso desnecessário... – resmungou, abraçando-o. - Você está brincando, não está? – perguntou tomando um gole de uma bebida qualquer – Agora isso aqui está demais. A diretora ia contra-argumentar, mas o mágico pediu dois ajudantes para o próximo


número, e House apressou-se para chegar ao palco, subindo quase ao mesmo tempo em que Treze. - Muito bem – ele começou a dizer olhando para os dois – Temos uma linda mulher e o cara que está pagando meu salário essa noite. Todos riram, enquanto o mágico pegava alguma coisa em uma mesa colocada no palco especialmente para ele. - Agora, Sr. House – dirigiu-se ao infectologista – pegue algo e ponha em seu bolso. Ele então pediu o celular da Lisa e colocou no bolso da calça. O mágico pediu o mesmo para Treze que tirou seu colar e pôs no bolso. Todos ficaram em silêncio, até o DJ Harry parou a música. - Atenção! Dêem as mãos vocês dois – ele pediu, e os médicos obedeceram – Agora fechem os olhos. Por alguns segundos, o mágico falou palavras estranhas. E logo depois bateu nas costas dos dói simultaneamente, pedindo em seguida que abrissem os olhos e retirassem o que estava em seu bolso. Quando House colocou a mão na calça, sentiu que o celular sumiu e no seu lugar dele estava o colar de Treze. - Oh meu Deus! – a médica exclamou mostrando o celular da chefa, recém-retirado do seu bolso – Você é demais! - Obrigado, obrigado – agradeceu orgulhoso, enquanto era aplaudido por todos. O mágico fez pelo menos mais três números, antes de sair e dar lugar aos dançarinos. Enquanto Wilson se arrependia de ter ajuda, Cuddy reclamava da postura dos rapazes no palco, o resto se divertia, e Nathy agradecia muito a House pela festa. - Vocês dois estão ficando velhos e caretas – a Sra. Doyle brincou com Wilson e Cuddy, enquanto sentava-se junto a eles. - Apoiada sogrinha! – House entrou na brincadeira, erguendo um copo de whisky. - Você não acha que já está alegrinho demais? – Cuddy o cortou, tirando o copo da mão dele e deixando em cima da mesa –Sogrinha... House riu e a puxou para um beijo. - Ela não fica linda quando está brava? – ele implicou beijando-a novamente. - Eu ainda não acredito que vocês deixaram a Rachel com uma babá – comentou, bebendo um pouco também. - Uma babá mais que qualificada, amor... – falou, enquanto continuava a beijá-la Tipo aquela dos programas da TV: babá Nancy. Aquelas cruéis, britânicas e que são britânicas cruéis. Wilson revirou os olhos ao ouvir isso, pois sabia muito bem que Chase podia ser tudo, mas definitivamente não era uma babá qualificada. - Olha a Remy! – Tammy interrompeu-lhes, apontando para o palco e rindo – Olha a Remy! Já muito afetada pela bebida, Treze dançava frenética e sensualmente com três “dançarinos” ao mesmo tempo, e quem estava perto batia palmas empolgadas. - Vamos! – House puxou Nathy pela mão, enquanto terminou de esvaziar a garrafa que bebia. - O que, maluco? - Vem comigo!


Ele a guiou até o palco e pediu licença para os trabalhadores rapazes que começavam a acreditar que todas as médicas do mundo deveriam ser lindas e bissexuais como a Dra. Remy Hardley. Pegou então um microfone e entregou para a noiva. - I come home in the morning light. My mother says when you gonna live your life right? Eu chego em casa de manhã cedo. Minha mãe me diz quando é que você vai viver decentemente? – House começou a cantar - Oh! Mother dear we're not the fortunate ones and girls they wanna have fun… Oh girls just wanna have fun! Oh,mamãe querida,nós não somos as afortunadas e as garotas querem só se divertir... Oh, as garotas querem só se divertir - The phone rings in the middle of the night. My father yells what you gonna do with your life? Oh daddy dear you know you're still number one O telefone toca no meio da noite, meu pai grita:O que você vai fazer da sua vida? Oh, papai querido,você sabe que ainda é o número um. – Nathy começou a cantar com ele, e o DJ colocou o fundo da música somente para acompanhá-los – But girls they wanna have fun! Oh girls just wanna have… Mas as garotas querem só se divertir! Oh, as garotas só querem… - That's all they really want some fun. When the working day is done… Girls! They wanna have fun! Oh girls just wanna have fun! É isso que elas realmente querem: se divertir. Quando o dia de trabalho termina... As garotas! Elas querem só se divertir! Oh, as garotas querem só se divertir – em um instante todo mundo estava cantando com eles. Quem não conhece a música? Ah! É perfeita para um dia de despedida de solteira, e o padrinho bêbado da noiva não poderia ter escolhido melhor. Cantem! Oh Girls! Just wanna have fun! Até o Wilson está cantando, em uma língua estranha é claro. Cuddy também cantava, que percebeu depois de um tempo que ficar chateada com House não mudaria o rumo da festa, logo era melhor aproveitar. Vê as convidadas cantando com os dois era normal, porém devemos dizer que era no mínimo bizarro observar os dançarinos bombados cantando Cyndi Lauper. - Some boys take a beautiful girl and hide her away from the rest of the world. Alguns caras ficam com uma garota linda e a escondem do resto do mundo – Nathy cantou apontando para Wilson. - I wanna be the one who walks in the sun. Oh girls they wanna have fun! Oh girls just wanna have… That's all they really want: some fun. When the working day is done… Girls! They want to have fun! Oh girls just want to have fun! Eu só quero poder andar sob a luz do sol. Oh, as garotas querem só se divertir!Oh, as garotas só querem... É isso que elas realmente querem: se divertir. Quando o dia de trabalho termina... As garotas! Elas querem só se divertir! Oh, as garotas querem só se divertir! Finalizaram juntos, e todo mundo aplaudiu animado.Depois de duas garrafas, House estava preparado para cantar “I will Suvive” sem reclamar, mas Lisa subiu ao palco e o impediu de fazer algo que se arrependeria na manhã seguinte. E depois da animada apresentação dos dois, House se convenceu que os salgadinhos que Cuddy comprara não eram suficientes para todo mundo, e resolveu pedir pizza. Uma coisa é pedir pizza, outra é fazer um pedido com o número de trinta e sete pizzas. Alguns países na África ficariam muito felizes ao receber trinta e sete pizza gigantes, algumas pizzarias saltariam ao receber tal pedido, e algumas mulheres, principalmente se são diretoras de Medicina, ficariam com muito medo ao perceber que o namorado gastou tanto dinheiro assim com... Pizzas. Quando o entregador chegou, desta vez sem sua pequena moto, e sim com um van; até o mágico estava jogado em algum canto do bar preparando-se para um coma alcoólico. Talvez os únicos ainda sóbrios da festa fossem Nathy, proibida por todos até de chegar perto de algo com álcool, e o DJ que temia vomitar em seus instrumentos de trabalho. Wilson que desde o segundo que descobriu o plano de House, discordara com a festa,


agora dançava – daquele jeito que bêbados dançam – com a sogra, que hoje, só hoje, não se importava em ver o futuro marido de sua filha caçula, naquele estado lamentável. - Você é uma péssima influencia pra todos deste lugar – Cuddy disse, jogando-se no sofá ao lado de House, que conversava com Treze, que impressionantemente, conseguira está mais bêbada que o próprio chefe. - Diz que você não gostou da festa... – ele riu, colocando o braço ao redor dela – Não está demais? - Está demais! – Treze disse rapidamente, erguendo os braços – Eu consegui até o número do telefone do Juan... - Juan? – Cuddy perguntou curiosa e preocupada. - Aquele Juan! – House apontou com um sotaque ligeiramente espanhol – O imigrante ilegal da Costa Rica que ganha a vida como dançarino aqui. Cuddy riu ao olhar para o Go Go Boy, que de longe era o mais bonito Um físico impecável, a pele morena, os cabelos e olhos negros, e um sorriso! Mas por um instante ela soltou uma gargalhada, ao perceber ela preferia o médico arrogante, chato, implicante, bêbado e já com sentado ao seu lado.

entre todos eles. sorriso. Que que estranhamente poucos cabelos,

- Eu tenho o número deste aqui – a diretora sorriu apontando para House, depois dando um rápido beijo. - É eu sei... – Treze se levantou e tentou se manter em pé e depois picou para os chefe – Sortuda! Os dois se entreolharam e riram, enquanto Treze caminhava, ou pelo menos tentava, em direção a Juan, que logo também foi ao encontro dela. Deus! Vê aqueles dois dançando juntos, merecia censura para pelo menos cinqüenta anos. - Acho que já estou alucinando – ele brincou, referindo-se ao número de bebidas que tomou. - É... E o que você está vendo? – entrou na brincadeira. - Uma linda mulher ao meu lado. Por Deus! Tenho que parar de beber – riu, puxando-a para mais perto dele. Cuddy agarrou sua cabeça por trás e aceitou o beijo intenso que ele lhe dava. Segurou firme o cabelo dele, e puxou um pouco ao perceber que ele tentava levantar sua camisa. - Não, não! – ela alertou com um sorriso, tirando a mão dele dali. - Por favor... – fez beicinho – Só um pouco! - Greg! Estamos numa festa, controle-se – Cuddy ria da empolgação iminente dele – Vai querer me despir na frente dos outros? - Não... – falou sinceramente e rindo – Eu já vi como aqueles dançarinos olham pra você. - Está com ciúmes? – perguntou beijando-lhe sensualmente – Acha que a Dra. Remy não está de olho em você? - Treze? – ele deu uma risada bêbada – Ela está com o Foreman... E outra, vou ser sincero com você, no seu lugar, eu não estaria preocupado com a Treze. - Não? E com quem eu devo me preocupar? - Já viu o jeito como a Sra. Doyle olha pra mim? – ele riu – Aquela velha é tarada!


Cuddy gargalhou enquanto se ajeitava ainda mais no colo dele, House passou os braços envolta dela, puxando-a para mais perto. E por um bom tempo eles ficaram ali, só observando e rindo dos amigos que se divertiam na festa. Nina tentara fazer um truque com o grupo de pirotecnia, e acabou queimando o cabelo de uma das amigas de Nathy. A artista perguntava todo o tempo se já estava na hora de abrir os presentes. Wilson tentava lembrar onde deixara suas calças, até encontrálas, minutos depois, jogada em cima de uns dos balcões do bar. - Às vezes o Jimmy me envergonha – House comentou de relance ao vê-lo tropeçar e cair no meio das pessoas dançando. - Ah! Você sabe como o James é. O que ele tem de bondade, ele tem como atrapalhado – ela fitou o amigo por um tempo – Vai ser um bom pai. - Você acha? - Claro que sim... Você não? – o olhou curiosa. - Eu ainda acredito que o Tio Greg e a Tia Lisa vão ter levar esse moleque pra casa, se não provavelmente ele será gay – explicou rindo – Vou precisar levá-los a jogos de futebol, dá-lhe um videogame de Natal, ensiná-lo a bater nos colegas de escola, essas coisas... - Claro, o que será o pequeno Wilson sem o Tio Greg? – Cuddy divertiu-se beijando-o. - Não vale me beijar... – reclamou fingindo-se de magoado. - Por que não? - Ora! Por que você só quer dez por cento... Eu não quero dez por cento. Ou é cem, ou é nada. Cuddy gargalhou e o fitou. - Não é porque estamos em um bar, com um monte de Go Go Boy, mulheres bêbadas, um oncologista desorientado e está tocando Madonna, que vamos chegar a cem por cento. - Você é má – retrucou infantilmente – Fica inventando desculpas... - Eu não sou má! Você que não sabe se comportar, se nós só nos beijássemos tudo bem. Mas você vem com essa sua mão boba... - Síndrome da mão alienígena - falou rapidamente – Meu cérebro foi partido em dois, e um das minhas mãos tem vontade própria! A diretora ria, enquanto levantava-se do sofá. Mas quando ia caminhar até a mesa para pegar uma fatia de pizza, House a impediu segurando seu braço. Com um sorriso traquina no rosto, sem dizer nada, ele foi guiando-a para algum lugar no bar. - Onde estamos indo? - Você disse que o problema era que as pessoas estavam vendo – ele explicou mostrando a porta da sala, onde Stella guardava os mantimentos do bar. - Eu não vou entrar ai com você! – Cuddy gritou sem saber se ria ou se ficava chocada com a proposta. - Agora você está sendo má, mulher – ele riu, enquanto abria a porta. Cuddy já ia perguntar, como House tinha as chaves do bar, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele a puxou para dentro. Bem... Greg House e Lisa Cuddy sumiram da festa por pelo menos quarenta minutos, e se Wilson estivesse menos bêbado talvez tivesse percebido o desaparecimento dos amigos mais cedo.


- Onde tá o Greg? Eu vou abrir os presentes! – Nathy perguntou ao achar o noivo caído em um dos sofás. - Ele estava com a Lisa... – falou um pouco desnorteado. - A Lisa também sumiu - disse olhando para os lados - Deus! Onde o Greg se meteu? Cinco minutos. Cinco longos minutos foram necessários para que Nathy visse os dois novamente. Ou apensar cinco curtíssimos segundos, bom... O tempo é muito relativo, e depende infinitamente de que lado do armário você está. No caso dos dois que estavam do lado de dentro, bom cinco minutos não eram lá muito coisa. Pra falar a verdade, não foi Nathy que os encontrou e sim Stella. Bom, a dona do bar precisava pegar uma lâmpada nova, já que uma muito alegre convidada conseguiu a proeza de quebrá-la quando recebeu uma dança particular de um dos “garotos”. - Achei! – disse com um sorriso no rosto, olhando para os dois. Ora House e Cuddy não estavam fazendo algo tão depravado assim. Afinal tinham pessoas fazendo coisa pior do lado de fora. Como quebrar lâmpadas. E Stella podia agradecer por seu tão querido armário de suprimento continuar intacto. A diretora rapidamente abotoou os dois botões da sua camisa, que House fizera questão de abrir, e agilmente e com uma velocidade impressionante arrumou os cabelos, enquanto agradecia ao bom Deus que a única pessoa que conseguia olhar dentro do armário era Stella. Ou então sua reputação estaria arruinada. House só sorria, enquanto, quase sem coragem limpava o batom que ficara esfregado em seus lábios e no pescoço. Diferente de Cuddy, ele não tinha muito porque estar constrangido, uma vez que sua reputação já estava acabada há tempos, e bem... Não era para Cuddy saber. E nunca saberia. Mas Stella tinha o visto em um estado definitivamente mais intimo. Ou com uma quantidade menor de roupas, como preferirem. - Nathy, amor... – Stella deu três passos, saindo da vista deles e retornou com Nathy agarrada ao seu braço. O sorriso não sumira – Achei os dois. - Gregory House!? – a expressão de surpresa dela era hilariamente nítida – Lisa? Quer dizer... Eu não espero outra coisa do House, mas... Você?! House saiu o mais rápido que sua perna permitiu, e tampou a boca de Nathy que não percebeu que começou, de repente, a gritar, e chamar a atenção de alguns convidados que não estavam bêbados o suficiente para ignorar um grito. Principalmente vindo da convidada. - O que vocês estavam fazendo lá dentro? – perguntou com a voz abafada pela mão do padrinho. - Estava sendo assaltado – House respondeu irônico, olhando para os lados. - E perdeu o que? – Cuddy perguntou rindo, mas ainda envergonhada. - Minha santidade – ele revidou com um sorriso, de repente se lembrando de fechar o zíper da sua calça. Stella e Nathy deram uma gargalha e cada uma guiou um dos dois sumidos de volta ao meio da festa, com as pobres pessoas que nem sonharam com o que tivesse acontecido naquele pequeno e escuro recinto. - Eu fico imaginando o quanto você precisa beber para repetir isso – House comentou no ouvido de Cuddy que lhe deu uma tapa de leve no ombro. - Espero que tenha aproveitado, seu safado, porque foi a última vez – Cuddy retrucou dando um beijo rápido dele e procurando um sofá que não estivesse ocupado por um grupo de bêbados. - Sério? Tem um monte de quartinhos secretos em Princeton que podemos experimentar...


– ele falou indo se sentar ao lado dela, mas Nathy o puxou. - Não senhor... Já ficou demais com a Lisa – disse baixinho – Minha vez! Vamos abrir os presentes. Mas quando Nathy já arrastava o médico para perto da mesa de presentes, a Sra. Doyle, Tammy e mais duas amigas subiram no palco e gritaram para elas pararem. Todos olharam para tentar ver o que as quatro faziam, enquanto Tammy levava uma cadeira lá pra cima. - Irmãzinha, antes dos presentes – ela disse em um tom alto o suficiente para que todos ouvissem – Temos O desafio! Bem... Tammy gritou aquilo como se todos os presentes soubessem o que era “O desafio”. Mas aparentemente só a família Doyle e as duas amigas com ela no palco sabiam. - O que é isso? – House perguntou, antes de todos. - James Wilson invadiu a festa de despedida de sua noiva! – Tammy gritava com uma voz maléfica, que era sim assustadora – Por isso terá que pagar! House virou-se para encontrar o amigo, e o viu arregalar os olhos, verdadeiramente preocupado, quando as pessoas começaram a encará-lo. Nathy tinha um sorriso sinistro no rosto. - Sim amor! Você terá que pagar! – Nathy gritou animada, aproximando-se dele. - Pagar pelo que? Mas eu não fiz nada... – ele estava muito preocupado. Mas ou Nathy não o ouviu ou ela simplesmente o ignorou. Puxando-o pelo braço, foi levando-o até o palco, onde as outras quatro, lá em cima, jogaram-no na cadeira. - É bem simples, James – a Sra. Doyle começou a explicar para a platéia curiosa lá embaixo – Como você invadiu o reino das mulheres. Será desafiado! Natasha irá lhe fazer perguntas... Wilson respirou aliviado, pensou realmente que era algo pior. E... Mais desafiador. Ou até constrangedor. - Cada pergunta que você errar, receberá um ponto – era simples mesmo – Cada uma que acertar, Nathy ganhará um ponto. - Que brincadeira mais besta – House bufou lá de baixo. - Calma Greg! – a Sra. Doyle pediu – O primeiro dos dois que receber cinco pontos... Agora a calma de Wilson tinha acabado, e House ficou menos entediado. - Terá que fazer um stripper pro vencedor! - O QUE? NUNCA! – o oncologista tentou se levantar, mas as garotas o seguraram na cadeira. - Pegou o teu safado! – House mangou dele, enquanto o resto aplaudia ansiosos pelo jogo – Quem mandou invadir a festa da Nathy. Ele tinha que pensar rápido, não podia se submeter aquilo. Era péssimo para lembrar as coisas, e com certeza perderia. Ele realmente precisava pensar rápido. - Mas... Mas eu... Não fiz isso sozinho! – ele tinha que tentar – O House também invadiu essa festa! Não posso ser castigado! Por um momento, o plano pareceu dá certo, pois todos se calaram e ficaram pensativos. Não era justo punir só o noivo, afinal House também tinha entrado lá.


- Simples! Dr. House suba ao palco... – disse Tammy sorrindo – Lisa, querida, se prepare ao lado da Nathy, pois ele também receberá o desafio. - Pro inferno que vou fazer isso! – House bradou confiante. Mas confiança é só uma palavra às vezes. E quando se está em uma festa com quarenta mulheres bêbadas, e pelo menos trinta delas, desejavam vê-lo sem roupa, bem... Confiança não é nada. Minutos depois de resistência, House encontrava-se sentado em uma cadeira ao lado do ex-melhor amigo que ele deseja matar. Muito por culpa das cinqüentas garrafas que tomou, que o impediram de lutar contra os bombados dançarinos que o levaram até o palco a pedido da dona da festa. Em certos casos, a dona da festa tem mais moral do que o cara que paga o salário. Sua namorada a sua frente, com um sorriso sinistro no rosto que lembrava vingança e um pouco de maldade com malicia. Que sorriso sinistro Lisa Cuddy! Dava medo... Dava muito medo. - Eu vou te matar, quando sairmos daqui – falou entre os dentes. - Calma, é só ganhar o jogo... – Wilson tentou tranqüilizar a si mesmo, enquanto o DJ colocava uma música de batalha para tocar. Por que DJ levam músicas de batalha para uma despedida de solteiro? – Se ganhar, ganha um stripper da Cuddy... Não é bom? - Esse é problema, idiota! – House ainda fitava o sinistro sorriso a sua frente – Ganhar... De um lado, as meninas gritavam esperançosas por Lisa e Nathy. Do outro, os homens, resumidos aos dançarinos, ao mágico bêbado, ao DJ e ao pessoal da pirotecnia, que não davam vinte pessoas, torciam animado por House e Wilson. Cada um querendo ver o sexo oposto tirando a roupa. Mas no fim, Nathy só queria seguir uma tradição de família, Wilson só queria se safar, House queria um jeito de matar Wilson dolorosamente e Cuddy procurava uma razão pra ter aceitado o jogo. Houve ainda uma rápida discussão para saber quem seria o juiz do jogo. Mas logo todos aceitaram a opinião de House que sugeriu Treze, a única na festa que gostaria de ver tantos os homens como as mulheres, tirando a roupa. Pelo menos era a única assumida. - Alguém vai morrer hoje à noite, e se chama James Wilson – House resmungou, enquanto um dos dançarinos algemava-o na cadeira – Por que diabos vocês trouxeram algemas? - Pediu serviço completo quando nos contratou – respondeu gentilmente virando-se para prender Wilson também – Com licença. Treze aproximou-se dos dois e deu um sorriso. Sinistro sorriso. House tinha fortes motivos para achar que ela torcia por um empate e que ao invés de dois, fossem quatro stripers. - Agora que os garotos estão quietos – começou a falar. As pessoas ficaram estranhamente em silêncio - Podemos começar. Nathy tenha a bondade... Tanto Natasha quanto Lisa, estavam sentadas a frente deles, sem algemas é claro. A artista pensou bem antes de fazer a primeira pergunta. - Quando eu conheci você e o Greg – o restante fazia silêncio, Wilson cerrava os olhos como se ajudasse a concentrar – me apresentei com outro nome. Qual foi? Enquanto fazia a pergunta, escrevia a resposta em um papel para entregar para Treze. House encarou o amigo, que parecia não saber responder. Ele sabia a resposta! E a noiva não era nem dele. “Idiota...” pensou. Poderia dizer em voz alta, mas estava com raiva demais para perder o tempo. - Samantha? – arriscou com um sorriso amarelo. House balançou negativamente a cabeça.


Treze com seu sorriso sinistro virou a folha, onde se podia ler claramente Amanda. - Idiota... – House resolver perder tempo. - Como é que eu ia lembrar uma coisa dessas? – tentou se defender. - Ponto para o Wilson, e nesse caso é algo ruim – disse Treze, riscando em seu caderno. Da onde ela tirou esse caderno – Anotado. Vez da Cuddy. House respirou fundo e a encarou. Os olhos de Lisa estavam acima de tudo competitivos, mas não deixavam de passar certa diversão. “Que jogo idiota! Wilson é um idiota! Como a Lisa concordou com algo assim?” pensou sem deixar transparecer nada “Confesso que já sonhei com a Lisa e algemas, mas não tinham pessoas ao nosso redor”. - Qual foi o primeiro filme que vimos no cinema? – ela deu um sorriso estranho. “Cinema? Golpe baixo, senhora diretora! Eu sempre durmo, ou fico com meus olhos grudados nas suas pernas... Nunca presto atenção no filme!” Demorou um pouco para responder, como se realmente procura-se algo dentro da sua mente. - A Fortaleza com Christopher Lambert! – disse rapidamente com um sorriso orgulhoso – E foi você quem escolheu! Cuddy mostrou sua folha, realmente decepcionada. Sinceramente, ela pensava que o namorado não lembraria. A Fortaleza estava escrito nela. E House aproveitou para tirar sarro de Wilson, sobre sua grande capacidade de memória e sua aparente dedicação a relacionamentos, enquanto Treze anotava o ponto pra chefa. - Meu perfume preferido? – Nathy perguntou rindo. - 212 Carolina Herrera – Wilson respondeu rápido, mas com medo. Resposta correta do oncologista, que não lembra nomes, mas lembra perfumes. Casal de noivos, empatado. - O primeiro presente que eu te dei – Cuddy deu seguimento ao jogo. - Seu beijo? – House tentou se safar. - Resposta fofa mais errada, doutor – ela sorriu mostrando a placa – Um CD do AC/DC. Ponto para House, que caiu na estratégia de “perguntas de vinte anos atrás”. Lisa sabia que era o único jeito de ganhar de House e sua mente. Agora, também estavam empatados. - Música que tocou no nosso primeiro encontro? – Nathy lançou. - Love of my life do Queen – disse rapidamente, com toda a certeza, esboçando seu melhor sorriso de vitória. Wilson virou o jogo. Nathy com dois e ele com um, agora. Nathy bufou chateada. A festa era dela! Façam alguma coisa para ela ganhar, por favor! - De que matéria eu sempre deixava de assistir aula, para a gente se encontrar? – Cuddy continuou na tática dos vinte anos. - Anatomia III e Fisiologia – House sorriu malicioso- Precisávamos de muito tempo. Infelizmente, para Cuddy, ele tinha boa memória, acima de tudo. House retomou a ponta. - O que eu não gosto em você? – Nathy perguntou, enquanto descobria que a cadeira era giratória, e resolveu brincar com ela. A pergunta realmente pegou o oncologista de surpresa. E aparentemente não só ele.


Todos de repente calaram qualquer burburinho e fitaram Wilson esperando qualquer reação. - Como assim? – era uma tentativa de ganhar tempo. - O que eu não gosto em você – era realmente divertido brincar com a cadeira. Wilson olhou para House que tinha um sorriso divertido. O amigo melhor que ninguém devia saber seus defeitos listados, mas... Era uma pergunta extremamente complicada. Ele não era perfeito, mas não dava pra simplesmente adivinhar qual era seu defeito preferido para a noiva. Defeito preferido, isso existe? - Ah... Eu... Meu melhor amigo? – arriscou com um sorriso amarelo para House, que bem... Fez um gesto nada agradável em resposta. - O que?! Seu melhor amigo é uma das coisas que mais amo em você! – Nathy parou ao receber um olhar desconfiado de Cuddy – Não é isso. - Ah! Meu trabalho, meu jeito de ligar com as coisas? O que é? – ele tentou disfarça a gafe de ter desconfiado que ser amigo de House era um defeito. Nathy virou a folha devagar, onde podia-se ler um expressivo Ouwn!. - Mas que merda é “Ouwn!”? – foi House a perguntar primeiro. - Essa coisa que ele faz – disse apontando para Wilson – Toda vez que a gente diz algo surpreendente ele vem com “ouwn!” – imitou o noivo e todos riram. - Verdade, isso é irritante – House divertiu-se – E gay, não esqueça. - Mas... Mas qual é o problema do meu “ouwn!”? Apesar de ficar ofendido, não pode fazer nada, e Treze anotou o ponto para ele, já que não respondera corretamente. Empatados novamente! - Minha bebida preferida? – Cuddy continuou quase impassível. - Vodka – House respondeu tão rápido, que Lisa ainda nem tinha terminado de escrever. - Não! – sorriu e mostrou o papel – Vinho. - Hey juíza! Ela sempre toma vodka, não vale, ela mudou a reposta – House reclamou, lançando um olhar desafiador para a diretora. - Vodka é o que eu mais tomo, mas não é meu preferido. Pergunte ao Wilson. Para não dar confusão, Treze conferiu com o oncologista que confirmou: Vinho era a bebida preferida da amiga. Se House não estivesse algemado à cadeira, provavelmente teria levantado para bater no amigo. Dois para Cuddy, dois para House. Tudo empatado. - Meu presente perfeito? – Nathy realmente gostou da cadeira. - Uma câmera profissional – disse sorridente. Três para na Nathy e sua cadeira giratória, e dois para o contente Wilson. - O que você fez que mais me surpreendeu até hoje? – Cuddy perguntou com um sorriso. House a encarou por um tempo, enquanto pensava na intenção verdadeira daquela pergunta. Por alguns segundos tentou realmente pensar em algo bom que tivesse feito. Surpreendente, como ela mesma colocou. - Ir atrás da Rachel? – era bem recente, então foi a primeira coisa que veio a sua cabeça.


Todos se viraram para fitar Cuddy como em um jogo de tênis, esperando para vê se House estava certo. Ele se arriscou muito quando foi atrás de Rachel naquele infeliz episódio. - Não – ela sorriu gentilmente e virou a placa onde se lia Lucas. - Lucas? Mas que droga o Lucas tem a ver com isso? - Quando você conversou com ele, emprestou seu apartamento até – começou a explicar Naquele dia você me surpreendeu, pois mostrou respeito a ele. Poderia humilhá-lo, mas não o fez... House ficou em silêncio, e todo o bar também. Lentamente, Treze foi até o placar, e anotou um ponto para o chefe, por ele ter errado. Três para House, dois para Cuddy. - Meu livro preferido? – Nathy continuou, precisava ganhar. - Orgulho e Preconceito da Jane Austen – foi fácil. Ou Wilson realmente conhecia a noiva, ou ela estava querendo facilitar as coisas para ele. Do jeito que Natasha era louca, podia até ser uma probabilidade. Ou não. Qual é o ponto da loucura que devemos estar para tirar a roupa no meio de uma festa? Ou o ponto de embriaguez? Bom... Bêbada Nathy não estava. Indepente de tudo isso, o fato era que no momento, Nathy encontrava-se a um ponto de perder. Quatro pontos para ela, e somente dois para Wilson. - Uma artista que eu gosto muito, mas ninguém sabe? – Cuddy perguntou, enquanto se servia de vodka, para encrecar com ele. - Bob Marley – ele sorriu, também descobrindo a cadeira giratória – Desde os seus tempos de cabelo rastafari! - Eu não usava meu cabelo assim – retrucou, enquanto mostrava a placa que confirmava que House acertara. Então, ponto para Cuddy. E jogo voltou a ficar empatado. Pelo menos para o casal House. - Nathy, por favor, se o Wilson acertar mais uma, você perde – Treze avisou, enquanto a artista rodava a cadeira pensativa. - Eu sei... Eu sei... Todos olhavam ansiosos para ver qual seria a pergunta. Se Wilson acertasse, o jogo acabaria, e logicamente Nathy teria que dançar para ele. E pra todo mundo ver. - Qual foi... – ela hesitou. Precisava ser uma pergunta difícil. Ela precisava e muito de uma boa pergunta. Falar sobre o noivado não era boa idéia, já que era muito recente. Sobre House, era o mesmo que dar a resposta. Os homens não prestam atenção em muitas coisas, mas Wilson não era como todos os outros homens. - Qual foi à primeira coisa que me chamou a atenção em você? Wilson quase não acreditou quando ouviu. - Qual é a pergunta? – precisou se segurar para não rir. - Foi... – ela não entendia o motivo do seu sorriso confiante - Qual foi a primeira coisa que me chamou a atenção em você? Quando o oncologista riu, todos olharam para ele sem entender. Afinal era uma pergunta difícil. Mas House sorria também.


- O que chamou sua atenção foi o fato deu ter recusado um convite seu para sairmos, pois eu tinha que levar o House para casa – ele disse ainda sem acreditar. - Como você sabe disso? – Nathy ficou de queixo caído, virando a placa: Me trocar pelo Greg. - Ora, porque você disse isso. Foi a voz de House que soou pelo bar. A voz acompanhada por um sorriso. - Você contou para nós dois, no dia do jogo dos Lakers, quando ficamos bêbados. - Mas... Mas, eu não me lembro disso! - Porque você estava bêbada! – House disse impaciente – Eu não sei como eu lembro! Bebemos naquele dia mais do que durante um ano... Nathy realmente tentava se lembrar. Mas nada... Ela fizera uma pergunta cuja resposta Wilson sabia perfeitamente bem, e isso significava uma coisa. Seus olhos encontraram o sinistro sorriso de Treze, enquanto a médica riscava um ponto para ela. Cinco pontos. Ela alcançara o limite. Poderia ter feito qualquer pergunta, e fez justamente essa. Era injusto! Cinco pontos para Nathy, apenas dois para Wilson. Praticamente uma goleada. - Temos um vencedor! – Treze aproximou-se com um dos dançarinos para soltar Wilson da cadeira – Aplausos ao noivo! Dá pra imaginar a gritaria que ficou. E os aplausos, gritos, assobios, leves batidas nas costas, duraram pelo menos mais cinco minutos, enquanto Wilson desviava dos convidados para sentar-se ao lado da chateada Nathy. Afinal, o jogo precisava continuar. - Agora o ultimo e concorrido casal – deu um sorriso e fez um gesto para a diretora dar seguimento a brincadeira. Cuddy posicionou-se na cadeira e fitou os olhos azuis e desafiadores a sua frente. - Acaba com ele, amiga! – Nathy gritou. Já que perdera, não custava torcer pelas mulheres agora – Mostra quem manda. A diretora riu, enquanto House lançou um olhar quase assassino para a noiva. - Qual é a música que eu mais amo quando você toca? E não é necessariamente minha música preferida – ela deu um sorriso, enquanto escondia a resposta dele. - Bad Romance da Lady Gaga – falou depois de um espirro estranho – Eu sei que você tem um caso secreto com ela. Cuddy gargalhou e virou a placa: I don’t wanna miss a thing. - Desculpa, Greg. Mas eu também gosto da Lady Gaga. Rindo do chefe, Treze anotou um ponto para ele. Cuddy com três, House com quatro. Mas um erro e ele se juntaria a Nathy. - O que eu vestia na primeira vez que a gente se viu? – tática de vinte anos atrás. O infectologista encostou-se preguiçosamente à cadeira, pensativo. Nossa! Fora a praticamente há duas décadas. - Calça jeans, uma sandália rasteira – ele falava devagar, como se fosse vendo tudo em um filme e comentava depois – A elegante blusa da universidade, que não era grande o suficiente para não permiti que eu visse seu umbigo, e... Seu cabelo estava preso como se mandasse o recado que não estava disponível para nenhum babaca daquele lugar.


A diretora gargalhou e achou tão fofo o que ele disse, que nem ficou tão preocupada ao virar a placa e confirma a resposta dele. Só tinha um pequeno problema: quatro acertos e quatro erros. Eles estavam empatados. Logo tudo dependia da ultima pergunta. Cuddy não podia facilitar. Até porque Wilson havia vencido o outro jogo, e as mulheres perderem para os “invasores” era demais! Ela não ia permitir isso. Precisava vingar Nathy, precisava vencer House, até porque seria muito divertido vê-lo fazer um stripper só para ela. Na verdade, só para ela não. Pra festa inteira. A diretora riu sozinha com a idéia e ficou em silêncio pensando na ultima pergunta. A pergunta que decidiria tudo. - Quem foi meu herói? – Cuddy perguntou pensativa. Todos ficaram na expectativa, e olharam para House que demorou um pouco a responder. Afinal muita coisa estava em jogo. Dignidade era uma delas. - Seu pai – disse quase perguntando – Ou o Batman! Não, foi seu pai. - Errado – sorriu vitoriosa, enquanto todas as garotas aplaudiam. Mas antes de ser considerada vencedora, Cuddy precisava mostrar para todos a resposta certa. Então ela virou lentamente a placa onde lia-se: Gregory House. Aquilo não podia estar certo... Podia? Como ele podia ser o herói da Cuddy? Afinal, eles podiam se amar, mas isso não anulava o fato dele ser um cretino, irresponsável, idiota, egoísta e de muitas vezes ter causado dor a ela. Como um herói? - Eu não entendo... – ele disse quase em um sussurro enquanto Treze soltava-o da cadeira. Cuddy o fitou serenamente, e ele se aproximou, passando a mão no pulso que ficara tanto tempo pressionado contra as algemas. - Meu herói – repetiu sorrindo como se não precisasse de explicação. - Eu? Lisa, por favor, você sabe que eu não sou... - Perfeito? – completou por ele – Claro que não é. Mas você esteve ao meu lado nos momentos mais importantes da vida, foi você que a fez ser extraordinária... Você fez tudo valer a pena... Ensinou-me que estava errado e que as pessoas mudam sim. House deu um sorriso, apesar de não concordar, e eles se beijaram, sob os gritos e aplausos dos convidados que acharam consideravelmente fofo o momento, mas que também estavam animados pelo que estaria por vir. Como foi a primeira a perder, Nathy seria a primeira a pagar. O DJ Harry colocou uma boa música de fundo. Pra falar a verdade era uma música realmente muito boa, e várias pessoas se perguntaram se ele já sabia que alguém tiraria a roupa pra ter trazido uma música dessas. Wilson sentou na cadeira, dessa vez sem algemas, e todos rodearam os dois para observá-los melhor. Mas House não estava prestando muita atenção. De olhos fechados ele se perguntava como tinha se metido naquilo. Respirava fundo, e imaginava um jeito de escapar, enquanto sua mão repousava na cintura de Lisa que não parava de rir da amiga que aproximava sensualmente do noivo. Nathy chegou até próximo do oncologista e deu um sorriso levado. Não estava bêbeda, e não parecia nenhum um pouco incomodada com a presença da mãe e da irmã. Muito por que as duas estavam mortas de bêbadas e provavelmente não se lembrariam de todos os detalhes desse episódio no dia seguinte. E o Sr. Doyle? O pobre homem nunca saberia nem da festa, quanto mais que sua adorável filha, sentava, neste momento, com um sorriso sinistro, diga-se de passagem, no colo do homem com quem iria se casar, enquanto uma de suas mãos agarrava-lhe o cabelo, e a outra começa a tirar a própria camisa. Todos ao redor, com exceção do apreensivo House, aplaudiam e gritavam animados com a


cena. E sim, a única exceção era House, pois a Sra. Doyle e Tammy aplaudiam e muito o desempenho da filha. Wilson tinha um sorriso bobo, enquanto Nathy rebolava na frente dele, tirando por completo a blusa e jogando em seu rosto. Ele tratou de tirá-la rapidamente, para contemplar o belo corpo da sua futura esposa. Estava tão bêbado, e por que não dizer, extasiado àquela altura que realmente não se importava com os dançarinos que babavam por ela também. A artista, em um movimento, rápido colocou um dos pés em cima dele e o fitou de maneira provocadora, enquanto dançava obedecendo a música. O oncologista passou a mão no rosto sem acreditar, quando Nathy começou a descer a calça, em uma velocidade torturante. “Que belas pernas”. Era o comentário menos bêbado e indecoroso que podia ser ouvido do grupo ao redor. A artista plástica, que se mostrava uma excelente dançarina, aproximou-se do noivo e pegou as mãos dele guiando-as até sua própria cintura, depois rebolou mais um pouco para que ele acompanha-se o movimento. - Por Deus! Isso por que está criatura não bebeu – House comentou impaciente, ainda sem olhar para cena. - É divertido – Cuddy riu, repousando sua cabeça no ombro dele. - Não, é idiotice – resmungou, pegando uma bebida de um garçom estimulado que passou por eles. - Só porque você quem terá que fazer depois, se você eu, estaria todo empolgado agora. Ele não disse nada, só deu um sorriso de concordância, fechando os olhos e esperando que a bebida ajudasse em algo. - Saiba que será a ultima vez que eu farei algo assim – recomendou, quando percebeu que a dança da Nathy já estava chegando ao fim. Pelo menos precisava chegar, antes que um dos dançarinos ou o próprio Wilson passassem mal com a apresentação. E neste caso “passar mal”, realmente tem outro significado. - Você precisa ser mais liberal, Greg – a diretora brincou – Isso se chama confiança, os dois se amam e o Wilson sabe que não tem nada demais, pois daqui a alguns dias eles irão jurar ser um do outro pelo resto de suas vidas. Até parece que não sabe que o amor, às vezes, faz brotar uma nova pessoa dentro de você! - Não Lisa – retrucou, aplaudindo a dança que realmente acabara - O nome disso é gravidez. O amor é outra coisa; A diretora gargalhou enquanto empurrava-o para não quisesse, ele tinha perdido o jogo e agora Cuddy até a cadeira, onde Wilson sentara, para em que o Dj Harry coloca para tocar There's No

o centro da roda. Por mais que House teria que pagar. Treze encaminhou ficar de frente ao médico. No momento Fucking Rules, Dude*

- Garçom – House chamou um dos rapazes – Vou precisar de muita... Muita bebida. - O que quer exatamente, senhor? – perguntou rindo. - O que você tiver de mais forte. O Não demorou muito para o rapaz voltar com o pedido do médico, enquanto todos esperavam. Mas sabiam que não adiantava insistir, ele não faria nada enquanto estive levemente sóbrio. - Você perdeu a cabeça? – Cuddy levantou-se e tirou um dos copos da bandeja – Absinto, Greg?


- Mãe... – ele fez cara de pidão. Mas tarde de mais, a dose já fora jogada na primeira lixeira que a diretora encontrou. Contrariado, tomou em só uma virada a dose de uísque e depois também de uma vez, virou o copo de vodka. Respirou fundo, e todo mundo começou a bater palmas acompanhando o ritmo da música. Se ele tivesse que beber ao ponto de perder seu senso, entraria em como alcoólico antes de tirar a primeira peça. Então, era melhor começar a dançar assim mesmo. Mais um copo de uísque, por favor! Certo, definitivamente, aquela era a coisa mais idiota, ousada, vergonhosa, e qualquer outro adjetivo pífio que caiba no momento, que ele ia fazer em toda a sua vida. Sem acreditar que estava realmente fazendo isso, ele deu dois passos em direção a Cuddy e lançou a bengala para que Wilson segurasse. Um pedaço de madeira voando e todos aplaudiram e gritaram. Foi ousado? Imagina como reagiriam quando ele começasse de verdade. Ele sabia que ia ser pior ainda, já que o número de mulheres era bem maior. Mas, o que podia ser feito? Aposta é aposta, Greg. - Mas que grande merda... – sussurrou enquanto se aproximava ainda mais de Lisa. O infectologista não sabia o que era pior. Os gritos de incentivos das excitadas amigas da Nathy, ou os olhares “interessados” dos dançarinos. “Malditos bissexuais”, pensou consigo mesmo, “Só a Treze se salva”. Cuddy tinha um sorriso divertido no rosto, e colocou as mãos sobre os joelhos como uma menina esperando o presente de natal. Ele coçou o queixo e esperou mais um pouco, tentando adiar. - Vamos chefe! – Treze batia palmas e estava com uma... Uma filmadora! - Greg, anda! – Nathy ainda colocava suas roupas – Eu paguei vai ter que pagar também! Ele revirou os olhos e deu uma bola olhada ao redor, antes de olhar para as próprias roupas. Era um longo caminho até o nudismo. Então... Tinha que ser feito. “Eu vou matar o Wilson, quando sair daqui... Eu juro que vou”, pensou enquanto dava um sorriso para Cuddy. Por Deus! Que sorriso era aquele? sensualidade, em um charme que só álcool não estivesse tão elevado, histéricos vindo da platéia. Tira

Quase pervertido. Uma mistura de atrevimento e Greg House era capaz de fazer. E se o nível de Cuddy teria se importando com alguns gritinhos o olho! É o namorado dela.

Sapatos. Era um bom lugar para começar. E foi por onde ele iniciou seu “castigo”, sem tirar o tão elogiado sorriso, retirou os tênis e aproveitou para lançá-los na direção dos dançarinos. Ao menos quebrava aquele contato visual irritante. Meias. Ele agradeceu por estar com elas. Três minutos de dança. Enquanto Nathy já teria arrancado a própria blusa, ele acabava de mostrar os pés. Bonitos pés, Dr. House. Mas sinceramente, se ele não estivesse prosseguindo com o sorriso, a mulherada já teria pulado em cima dele e tirado sua roupa. Agora, vejamos... O terno! Ele mexeu um pouco os quadris, enquanto tirava o terno. E claro, não vale esquecer que depois três copos de vodka, dois de uísque, cinco martinis e até um bom copo de gim, House conseguia dançar um pouco. Mais gritinhos e mais olhares suspeitos. Rindo das reações e principalmente do sorriso divertido de Lisa, ele jogou o terno no rosto dela, e enquanto a visão da diretora estava bloqueada, ele requebrou um pouco mais. - O que você fez? – perguntou rindo, colocando a roupa em cima da perna. - Agora perdeu, não faço mais – ele provocou, inclinando-se para beijar seu pescoço.


Tudo bem, talvez fosse divertido tudo aquilo. Mas só porque as pessoas reagiam de forma engraçada, e também porque ver Lisa Cuddy olhando para ele do que jeito que estava valia qualquer coisa. E afinal, era uma festa de despedida! Quem não faz coisas idiotas em festas de despedida? Rindo, começou a desabotoar vagarosamente a camisa de botão, que ficava por baixo do terno. E se concentrou tanto em fazer isso devagar, que mal percebeu quando um dos dançarinos aproximou-se dele. - Senhor House – pediu permissão – O senhor precisa fazer assim. Logo o homem estava rebolando ao lado do médico, de modo exagerado até, enquanto desabotoava a camisa. - Eu não vou fazer isso – erguendo as sobrancelhas. - Mas é fácil – ele aproximou-se do médico e colocou as mãos na cintura dele, com a finalidade de mostrar como se fazia. Não demorou muito para que ele estivesse no chão. Belo soco, House! A mulherada aplaudiu, e alguns dançarinos ajudaram o prestativo rapaz a levantar de novo. O sucesso do golpe só fez o sorriso dele ficar mais charmoso ainda, então ele precisou continuar. Terminou de desabotoar e tirou na mesma velocidade torturante e jogou novamente para a diretora. Ele não era atleta e já passara dos quarenta anos, mas... O corpo não deixava a desejar. Que braços! Desta vez os comentários foram tão pertinentes, que Lisa precisou se virar e lançar um olhara assassino para que os elogios e observações provocantes terminassem. O sorriso ganhou um toque de vaidade. O infectologista aproximou-se dela, e tocando em seu ombro virou-a para fitá-lo novamente. - Ciúme? – perguntou tão baixo, que ela precisou ler os lábios deles – Eu sou seu. Ela sorriu e ele deu uma piscada, que só piorou as histéricas atrás deles. Mas antes que a diretora se vira-se novamente, ele a levantou-se pelas mãos. - Tanz mit mir*? – perguntou com sotaque, quando seus corpos chocaram-se sutilmente. Cuddy o fitou sem entender onde ele queria chegar. Mas House a segurou firme pela cintura e beijou seu pescoço. Muito bem, ele sabia dar show quando queria e a bebida permitia. House fez sinal para o DJ. - Harry, por favor, uma para alegrar – brincou e o DJ não demorou a obedecer. Ao som de El gitano del amor , House segurou Cuddy pelas mãos e em um movimento preciso afastou-a o maior longe possível, sem quebrar o contato. Ela o fitou surpresa. Depois ele foi se aproximando devagar, com seu sorriso de sempre, e puxou com firmeza para perto dele novamente. Mais gritos, mais olhares, e quando Treze puxou o mágico bêbado para dançar, todo mundo fez o mesmo. Bebida e música latina são motivos realmente fortes para fazer você levantar da cadeira e se mexer um pouco. As mãos habilidosas do infectologista tocaram um pouco abaixo da cintura da Cuddy e foram subindo sensualmente por toda a extensão medial dela, enquanto ambos se mexiam ao ritmo da música, e só parou quando alcançou a raiz do cabelo dela, bagunçando levemente, jogando-o para trás. Cuddy riu, aquele filho da mãe realmente sabia dançar! Ele aproximou seus corpos, e beijou o pescoço dela seguindo toda linha do ombro, enquanto sua mão escorregava novamente para a cintura dela. Depois ele se afastou, ainda dançando. Ele ainda teria que terminar o que começou.


Sorriu e puxou um pouco a camiseta que ainda sobrara, mostrando parte do abdômen, mas depois deixando a peça cair novamente. Mesmo quem estava dançando, prestava atenção ao casal no meio do salão. Ele repetiu o movimento, provocando-a. Cuddy mordeu os lábios e se aproximou dele. House fez menção que ia beijá-la, mas não chegou a fazê-lo. A diretora então passou os braços em volta do pescoço dele, voltando a aproximar-se e continuaram a dançar. Foi a vez dela de deslizar sua mãos pelo corpo dele, primeiro no rosto com aquela barba mal-feita, depois pelos ombros largos e fortes dele e foi descendo até o braço. Dela, por favor! Aqueles braços eram dela, e nenhuma outra podia ficar de olho. Deu um sorriso de leve ao sentir a pele dele e a até a intensidade dos músculos bem desenvolvidos. Foi passando os dedos de leve para chegar até as mãos dele. House sorriu enquanto ela o tocava e Cuddy achou graça dos seus pelos loiros e em quantidade quase nula. Chegou até as mãos e as segurou com firmeza. Mas ele a afastou novamente com força, sem soltar sua mão, e depois a puxou de volta, mas dessa vez fazendo-a virar e ficar costa para ele. Lisa soltou um gemido devido ao encontro. House sorriu ao ver o que causava nela, e começou a abaixar-se devagar no ritmo da música e Cuddy sentia o corpo dele contra o dela, e precisou morder mais fortemente os lábios para se controlar. A dança não era tão rápida por causa da perna dele, mas talvez ele estivesse chapado de mais para sentir dor, pois dançava de uma maneira empolgante. Afastou-se dela novamente, e aproximou-se devagar, pegando as mãos dela, as guiou até sua camisa e fez com que a própria Lisa começasse a levantá-la. Ela não demorou a retirar a peça e jogá-la em um canto qualquer do salão, as mãos dela agora tocavam o peitoral dele. House ainda dançava e assim que podia beija-a. Mas em um relâmpago do que ele podia chamar de lucidez, lembrou-se de um motivo muito bom para não tirar a calça. Sua perna... De repente ele olhou para Cuddy esperando algo, as mãos dela já desabotoavam a calça jeans que ele usava. Ultima peça do seu corpo. Sinceramente, ele não teria problema nenhum em mostrar-se para Cuddy, mas e o resto? Não era só questão de estética, mas também de significado. Ele não poderia fazer isso. E quando achou que não havia mais jeito, sentiu os braços de Lisa, em volta da sua cintura, puxá-lo até o sofá. Ela jogou-se por cima dele e começou a beijá-lo. House retribuiu, mas não sabia onde ela queria chegar. - Não precisa fazer isso... – ela sussurrou em seu ouvido, enquanto voltava a abotoar as calças dele – Já fez mais do que precisava, isso é só meu... - Você quer isso? – perguntou confuso. - Eu quero você Greg, por completo – beijou-lhe a testa – Seus defeitos e qualidades, sua vaidade e o que está escondido... Ele a puxou para um beijo mais intenso ainda, e ninguém ia atrapalhar os dois no sofá. Então Treze como uma boa juíza – apesar de não saber o motivo – desconsiderou o fato dele continuar com um pega, e mandou todo mundo voltar a se divertir. O jogo tinha acabado. - Oh meu Deus – Cuddy se espreguiçou, deitando novamente no ombro dele. - O que foi? – House perguntou virando um pouco de vodka. Como se ainda não tivesse bebido o suficiente. Estava vestido só com a camisa de botão, pois teve preguiça de recolocar o resto. - Amanhã é segunda... – disse sem emoção – E são... Ah... Duas e meia da manhã. - Mande seus tripulantes pra casa, capitã, ou amanhã seu navio estará desfalcado –


ele riu, beijando-a. - Lembre-se que você é um dos tripulantes – provocou de volta. - Eu sei, mas sou especial! – riu. Mas Cuddy não precisou dizer nada. Todos na festa trabalhavam de manhã e tinham que ir pra casa. Um por um começaram a pegar suas coisas e arrumar quaisquer coisas que pudessem no bar, antes de sair. House já havia pagado os dançarinos, o mágico, o DJ, o pessoal da pirotecnia, então todos já podiam ir. - Greg, James... Vocês vêm comigo! – Nathy puxava o noivo por um braço e agarrou o padrinho pelo outro – Como não estou bêbada: eu dirijo! - Como assim? – Cuddy olhou para o House sem entender. Ele estava dormindo desde sexta na casa dela, e porque hoje não? - Vou... Eu... – ele hesitou antes de responder – Vou dormir hoje lá, pra pegar algumas coisas... Minhas roupas estão acabando. Ela o fitou por um tempo. - Já chamei um taxi para você – ele deu um sorriso, antes de beijá-la – Boa noite, Lisa. - Boa noite – disse sem saber o que sentir em relação a isso. Não demorou muito para o bar da Stella esvaziar. House e Nathy cantavam Metallica no carro, quando Wilson virou-se para o amigo: - Por que não dormiu na casa da Cuddy? - Longa história... ____________________________________________________________ Capitulo 21 – Sonhos... Evitar Lisa Cuddy. Esse era um esporte muito praticado pelos corredores de Princeton Plainsboro, por alguns dos melhores funcionários. E nessa manhã, um dos mestres desse desporto, estava realizando muito bem. Meio dia e nada de Lisa Cuddy. E House tinha muitos motivos para não querer encontrar a diretora naquela dia. Um desses motivos tinha duas palavras: Robert Chase. Possivelmente, não foi nada agradável quando Cuddy chegou em casa e descobriu que a babá britânica e muito competente que House contratara não era ninguém mais ninguém menos que o seu cirurgião, jogado no sofá com um pacote de salgadinhos. Sua cara de ressaca também não era a melhor maneira de se apresentar para sua chefa, naquela segunda. E o infectologista ainda tinha o melhor de todos os motivos: não trabalhar. Com o casamento de Wilson marcado para quarta-feira, Cuddy decidiu que o departamento de Diagnósticos e o próprio oncologista não iriam trabalhar nem no dia do casamento, nem no dia anterior. Essas duas folgas significavam simplesmente que House não podia pegar nenhum caso, e durante aquela segunda-feira, teria que trabalhar na clinica. Bem... House não gosta muito de trabalhar na clinica. - Você ainda tem aquele remédio para a ressaca que a Treze te deu? – Wilson perguntou sentando-se a mesa. House puxou do bolso uma pílula e jogou para o amigo. - Pra quem está fugindo da diretora do hospital, você não parece esforçado hoje... É muito fácil ser encontrado na lanchonete na hora do almoço – comentou ironicamente engolindo o remédio. - Uma das regalias de quando se dorme com a chefe, é saber dos horários dela –


explicou sem emoção, comendo um poucos das batatas do Wilson – Cuddy está numa almoço de negócios com alguns empresários idiotas. Isso me dá algumas horas de liberdade. Por alguns segundo Wilson e sua ressaca acharam que era mais importante proteger suas batatas, mas depois de um tempo ele resolveu perguntar. - Qual era a longa história? - Que longa história? – se fez de desentendido. - Por que não dormiu na casa da Cuddy como das outras vezes? - Por que eu tinha que pegar mais roupas... – conseguiu roubar uma batata - as calcinhas da Lisa ficaram apertas na minha bunda! Wilson revirou os olhos. - Mas, eu vi na hora que você colocou seu PSP na mochila, não tinham roupas lá – observou rapidamente. - Por que eu vou pegar depois – retrucou – Não queria que eu viesse cheio de roupa pra cá. Depois do trabalho, eu pego e vou pra casa da Lisa. - Mas se depois do trabalho você ainda vai voltar para nossa casa para pegar as coisas, porque não dormiu na casa da Cuddy e depois foi em casa? Isso é totalmente sem lógica! - E você é totalmente chato – rebateu finalmente roubando todo o prato com as batatas. - Qual é House? Sou seu melhor amigo, me conta... - Isso é papo de Gossip Girl – encrencou fazendo voz de mulher – Oh! Eu sou sua melhor amiga, me conte tudo! - Não, é sério. Vocês pareciam tão bem, a própria Cuddy estranhou. O que está acontecendo? House ficou em silêncio por algum tempo, brincando com uma batata. - Promete que não vai rir? - O que? - Rir! – House repetiu impaciente – Rir! Promete que não vai rir? - Por que eu ia rir? - Sei lá, parece o tipo de coisas que pessoas como você fariam... - O que é que está acontecendo? - Eu e a Lisa... – hesitou – Nós ainda... - Vocês ainda? – perguntou para encorajá-lo. House se recostou na cadeira e respirou fundo. Pensar sobre o assunto é bem mais fácil do que falar sobre ele. - Nós ainda... – ele continuou tão baixo, que Wilson precisou se levantar um pouco para tentar ouvir – Não... Você sabe... - Sei? – perguntou confuso – Eu não sei! Vocês ainda não o que? House rodou algumas batatas na mão e desviou o olhar. Parecia envergonhado. E vergonha estava na lista de sentimentos que Greg House não sentia.


- Dormimos juntos – ele sussurrou. Wilson deu uma bela gargalha não acreditando no que acabara de ouvir, e por sorte não repetiu as palavras do infectologista em forma de pergunta, como pessoas idiotas fazem quando não acreditam em algo. Sala de Exame 2 - Bem doutor Wilson, ficou bem ruim – o Dr. Marcus avaliou o local e continuou a limpá-lo – Tem certeza de que não sabe o que caiu ai? O oncologista bufou e fitou o amigo que brincava de rodar a bengala, totalmente indiferente, recostado na parede da sala. “Uma batata frita”. Essa era a resposta correta. Uma grande batata cheia de sal que foi arremessada diretamente nos olhos dele. - Não sei – mentiu, gemendo um pouco, pois realmente ardia. - Acho que está limpo – comentou passando novamente a gaze. - Quais as chances de ficar inchado? – perguntou preocupado. O médico sorriu, enquanto guardava seus materiais, antes de responder. - Preocupado com o casamento, Wilson? Não se preocupe, pois de hoje não passa. Porém tenha cuidado especial com o olho e lave-o bem. Ficará bem para a cerimônia – apertou a mão do colega e ia saindo – O Dr. House pode ajudar na hora de lavar. - Com certeza – House disse com uma ironia tão sutil, que só Wilson percebeu. E logo depois que o Dr. Marcus saiu, House e Wilson também deixaram o consultório. O oncologista muito irritado com o olho foi seguindo para a lanchonete terminar seu almoço interrompido tão drasticamente, mas percebeu que House foi em direção ao elevador. - Que merda House! Precisava? – perguntou irritado – E por que subir? - Primeiro: você riu – ele contou com o dedo – Segundo: é quase uma da tarde. Cuddy está chegando e a lanchonete voltou a ser um lugar perigoso. Ainda esfregando o olho, Wilson seguiu em silêncio o amigo até o terraço do hospital. Apesar de ser um dos lugares preferidos do infectologista, há algum tempo ele não o visitava. Um bom lugar para se pensar, Wilson tinha que concordar. House puxou o pacote com as batatas do terno e sentou-se, deixando a bengala apoiada no muro. Com cuidado e um medo quase inexplicável do pacote de batatas, Wilson sentouse ao seu lado, e lá ficaram por alguns minutos. Fazia um dia bonito. - Você riu... – ele disse quase infantilmente. - Foi engraçado – Wilson defendeu-se pensativo, mas ainda com raiva. Tinha necessidade de batata frita no olho, afinal? - Por quê? – manteve o tom infantil, e o interesse diretamente na comida em sua mão. - Por que é engraçado? Bom... – ele pensou um pouco – Sei lá. É que é meio improvável. Você e a Lisa, há uma tensão sexual em vocês tão grande que eu acreditei que vocês já teriam feito o que eu não fiz a vida toda. - Um garoto de doze anos já fez mais do que você durante sua vida toda – brincou, oferecendo o pacote. - Não é pra tanto – riu – Mas você entende onde quero chegar, não? É difícil de acreditar...


O silêncio voltou por um tempo. - No dia da sua festa, eu tinha caído da moto e tudo, não tinha condições nem de ficar em pé – começou a falar em um tom suave – E não foi só isso. Foi na noite em que eles terminaram. Pareceu tão errado... - Errado? – Wilson riu de novo, mas se conteve. Batatas em mãos. - Não parece para você? – assustou-se. - Pra mim parece, pra Nathy também, pra Cuddy provavelmente, até para o Papa parece errado... Mas não para você. Ele deu um sorriso de concordância. - Mas no dia pareceu – respirou fundo – No sábado foi sua festa de despedida e eu... Você sabe... Não iria dormir com ela estando tão bêbado quanto eu estava. Wilson riu de novo, agora sem medo das batatas. - Não dormiu com a Cuddy porque você bebeu? Okay! Quem é você e o que fez com meu melhor amigo? House lhe lançou um olhar ameaçador e fingiu que tacaria outra batata fatal. - Desculpa é que... Não parece você. - Eu me sinto um idiota... – disse finalmente. - Você a ama, House. Todos nós somos idiotas quando estamos apaixonados. - Talvez... Mas por Deus! Eu me sinto como um garoto de quinze anos que não sabe o que fazer – amassou o pacote em sua mão com força- Eu sinto... Merda! É diferente... Wilson ficou em silêncio. Quando House chegava ao ponto de conseguir se abrir, não deveria ser interrompido, a não ser que perguntasse algo. Wilson sabia disso. Sabia que deveria deixá-lo falar tudo que quisesse. - Eu já dormir com mulheres que eu nem sabia o nome. E não digo só prostitutas, mas várias outras com o qual eu nem me importava. Eu... Nunca me senti assim. Nem com a Stacy, e eu a amava. Mas a Lisa... Droga! Ela é diferente de tudo que eu já vi. O oncologista limitou-se a sussurros de concordância e alguns sorrisos. - Não podia dormir com ela no sábado... Não bêbado! Lisa... A Lisa não merece isso – ele fitou o amigo – Ela merece algo melhor. - Você é um idiota House – ele riu provocando-o – Um idiota de quinze anos de idade que não sabe tirar o sutiã da sua namorada. - Talvez eu seja mesmo – sorriu – E ontem... Se eu fosse para casa, ia acontecer. - Mas você não queria ainda – Wilson completou por ele – Estava bêbado, havia feito strip para uma festa cheia de mulheres, colocou seu cirurgião para tomar conta da filha dela... É House, tenho que concordar que não era a melhor noite. - Eu a amo Wilson. Eu me sinto tão idiota, mas ao mesmo tempo eu me sinto bem. É confuso, mas... É como se valesse a pena. - Ah! O amor te faz perder a fala e a respiração, meu amigo – Wilson brincou fazendo sua melhor voz de locutor de rádio. - Não, Jimmy. Isso ai é bronquite asmática e ataca o pulmão – disse sarcasticamente O amor é outra coisa.


- Tem razão – concluiu rindo – Mas então... O que vai fazer? - O que eu vou fazer não importa. A questão é o que você vai fazer, Jimmy! - Eu? O que quer que eu faça? Entregue um soneto? Te ajudar a cantar uma música pra ela? - Pior – disse com um sorriso suspeito. - O que é pior do que pagar de cupido? – ele estava com medo. Os planos do House conseguiam assustar mais do que batatas. - É simples... Vai cuidar da Rachel – respondeu simplesmente. - Rachel? Rachel Cuddy House? – Sim. Isso dava medo. - Claro! Vai cuidar da Hannibal hoje a noite. - Nem pensar! Você é o pai dela e ela quase matou nos dois ontem à noite! – tentou argumentar. - Chama a Nathy para te ajudar – deu de ombros e levantou-se, como se estivesse tudo decidido. - A Nathy e o corpo de bombeiros, não? – perguntou ironicamente. - Não se preocupe, Jimmy, eu deixo dinheiro para batatas fritas – sorriu e deixou o amigo sozinho no terraço. Rápido demais para um aleijado. Rápido suficiente para Wilson negar o pedido – quase ordem – de cuidar de Rachel aquela noite. Oito e quarenta. Pelo menos era o que marcava seu relógio, quando estacionou o carro na garagem de casa. Deu um sorriso bobo ao ver que uma moto já estava ali. Chaves. Onde estariam as chaves? Perdidas na desordem da sua bolsa ao final do dia. Enquanto abriu a porta de casa, pensava mentalmente no pedido de desculpas que daria babá por mais um atraso. Não era a primeira vem que Anne tinha que ficar até depois do seu horário. - Onde está a babá? - Eu dispensei – ele respondeu sem emoção e sem tirar os olhos da TV. Passava um jogo qualquer de futebol, e ele estava largado no sofá com um pacote daqueles salgadinhos mexicanos. Se existe algo que um homem odeia, é que uma mulher fique entre ele e sua amada televisão. Principalmente se ela estiver vestida. - Vai me fazer perder o gol! – ele se inclinava para o lado. Mas o jogador bateu pra fora. - Cadê a Rachel? – a voz dela era firme. House gostava disso. - Eu não sei – fingiu não estar preocupado, enquanto ainda se inclinava para olhar a tela – Deve estar por ai. Brincando, fazendo coisas de bebê. Cuddy lhe lançou um olhar do mal, e rapidamente desligou a TV e tirou o pacote de salgadinho da sua mão. - Onde está a minha filha? – a raiva expressa em cada marca do seu rosto. Ele sorriu, adorava quando ele perdia a cabeça. Ficava ligeiramente mais atraente. Se isso era algo realmente possível. - Passou um cara aqui que comprava crianças, eu consegui cinqüenta pratas na Rach! – ele sorriu implicante. - Eu vou te bater – Cuddy disse vagarosamente como se quisesse deixar bem claro sua


ameaça. - Ela está com o Wilson! – falou rapidamente, enquanto ria dela. Aliviada, a diretora jogou-se no sofá ao lado dele. - Precisa enrolar tanto para me responder? – ela fingia prestar atenção no jogo. - Você fica tão bonita quando está irritada comigo – ele sorriu jogando um dos salgadinhos na boca para depois beijar a bochecha dela. - Isso não muda o fato deu ainda querer te matar por causa do Chase... - Ah, Lisa... Por favor, a Hannibal ficou bem, e outras babás são caras – ele a interrompeu, aumentando o volume da TV. Aquela DR estava atrapalhando o jogo. Ela ficou calada por um tempo, até tentou roubar um salgadinho dele, mas House não deixou. O silencio a incomodava, ela tinha que admitir. - Por que me evitou durante o trabalho? – a voz dela ficava mais calma. E quem era aquele jogador bonito com a camisa oito? - Eu não evitei você – disse simplesmente – Eu evitei o trabalho. E enquanto dentro daquele hospital você for Cuddy, a administradora do mal, eu a evitarei. Lisa se posicionou no sofá, cruzando as pernas e virando-se para ele. - Eu não sou só sua chefe... - Eu posso agarrar você nos corredores? – perguntou infantilmente. - Não! – ela quase riu. - Na sua sala? Na minha? No elevador? No quartinho da dispensa? Na sala de exames? - Não, não e não... - Então você ainda é minha chefe, se eu não posso abusar sexualmente de você no trabalho – ele deu um sorriso – Em casa você é a Lisa. Lá você a é a Cuddy. Percebe a profundeza disso? - Não gostei... Quase ele perdeu o lance, ao virar-se para encará-la. Mas deu tempo de retornar o olhar para tela e ver o belo lançamento que quase resultou em gol. - Não gostou do que? - Quero ser a Lisa sempre... – fez biquinho cruzando os braços. Neste momento, Frank Lampard chutava do meio do campo e a bola balançava as redes, mas House não viu e nem fazia questão de ver. Ele ficou perdido no olhar dela e deixou uma gargalhada escarpar. - Sempre mesmo? – ele se aproximou e envolveu-a em um abraço – Posso te agarrar durante uma reunião importante? - Claro que não, mas eu... Ele a interrompeu, colocando seus lábios nos delas em um beijo divertido. Quando a soltou, Cuddy o olhou sem entender. Ele sorriu, inclinou-se para desligar a TV e depois voltou para beijá-la novamente. Desta vez de uma maneira mais intensa. - Você sempre será minha Lisa – falou sorrindo – Eu só quero implicar com você. - Por que você tem que ser tão chato? – perguntou manhosamente ao ouvido dele.


House sorriu e ficou um bom tempo em silêncio, abraçado com ela. Aquela estranha paz que ela conseguia trazer. - Eu ia te convidar para jantar, mas aqui no sofá está tão legal – disse rindo. - Hey! Eu quero jantar com você – rebateu enquanto fazia carinho no cabelo dele. - Tem certeza que quer sair com esse chato e implicante que vende sua filha para um velho que comprava crianças? – perguntou provocando-a. - Você não vendeu minha filha – riu decidida, e chegou bem perto do ouvido dele – Se fizesse isso, eu cortava seu Little Greg fora! Ela se afastou dele e o encarou rindo da expressão assustada que invadiu o rosto dele. Sutilmente, ele deixou a mão cair para a região de baixo como se protegendo tal coisa ameaçada por aquela mulher do mal. - Sabe brincar não, mulher? – reclamou ainda abalado. - Vou tomar banho, ai a gente sai – disse sorrindo e indo pro quarto. - Você ia sentir falta dele! – gritou – Muita saudade! - Nem tanto! – ela revidou já do banheiro. Ainda protegendo seu “amigo”, ele ligou a TV novamente para ver ao final do jogo. Mas deixou de repente um sorriso escapar. Cada dia que passava dentro daquela casa, ele tinha cada vez mais certeza que a amava. Qual é exatamente o problema das mulheres? Uma hora e dezessete minutos para se arrumar! House mudou novamente de canal, já impaciente. Depois de chegar em casa e entregar Rachel para o Tio Wilson e sua missão impossível, ele demorou exatamente quinze minutos para ficar pronto. Ele realmente não entendia o problema das mulheres... Mas quando Lisa apareceu, finalmente, na sala, House sabia que podia esperar mais algumas horas sem problema nenhuma. Ela estava absurdamente linda. O infectologista deixou um sorriso bobo escapar, daqueles que seu ego nunca permite. - Achei que era Nathy que iria casar e só daqui a dois dias – ele brincou. - Esse é seu jeito de dizer que estou bonita? - Talvez – fingiu indiferença e voltou a atenção para a TV. - Então... – estranhou o fato dele ainda estar largado no sofá - Vamos? - Pra onde? – ele sabia realmente se fazer de desentendido. - Greg! Jantar! – não era tão divertido entrar nos jogos dele. Ele a fitou seriamente por um bom tempo, respirou fundo e aumentou o volume da TV. - Não estou mais afim – disse simplesmente. - O que?! - Não estou mais afim – repetiu quase impaciente – Sair pra jantar é chato. Tem pessoas, contas para pagar e tudo mais. Eu não gosto de pessoas e nem de gastar dinheiro. Lisa o fitou por algum tempo, antes de sentar-se no sofá. - Greg, diz que está brincando! - Eu não gosto mesmo de pessoas e nem de gastar dinheiro – sorriu.


- Não vamos mais sair? - Ah Lisa... Não estou afim – mudou o canal. A TV devia ter mais canais bons. A diretora ajeitou-se no sofá para não amassar o vestido e não falou nada por alguns segundos. Ele deve ter algum problema, pensou consigo. Pegou uma almofada e ficou jogando pra cima várias vezes. - Se ficar fazendo isso – apontou para a almofada – Vai tirar minha atenção da TV. Ela fingiu que não ouviu. - Você podia ficar nua na frente da TV – implicou – era mais eficiente e... House não terminou. A almofada já havia voado violentamente no seu rosto, e quando ele fitou a diretora, ela estava de braços cruzados olhando assassinamente para ele. Não pode evitar a risada. - Lisa... – ele riu mais um pouco antes de continuar – Quando resolveu ficar comigo sabia que eu era bipolar e instável, não pode ficar com raiva. - Podia ter avisado antes de eu ter todo o trabalho de me arrumar – ela disse baixo e com raiva. - Eu ia tirar sua roupa do mesmo jeito – provocou, brincando com o próprio cabelo. - House! Você é um idiota! – ela gritou e levantou-se para sair, mas ele a segurou. Cuddy continuou olhando para frente. A mão dele fria segurando seu braço. Ele tinha força suficiente para fazer o que quisesse, e então puxa-a de volta para o sofá, desta vez sentando-a no colo dele. - Eu te amo... – ele disse sorrindo e cauteloso, sabia que podia apanhar a qualquer momento – Só não estou mais a fim de sair. Ela não disse nada, mas também não tentou sair dali. - Você está absurdamente linda essa noite, e mesmo que fossemos jantar, eu pediria para você trocar de roupa, pois nunca deixaria você sair assim. - Por que você tem que ser tão chato? – ela o encarou, menos chateada. - Tive uma idéia! Vou fazer nosso jantar, o que acha? – deu um sorriso amarelo. Cuddy suspirou fundo e sorriu, deixando sua cabeça encostar-se ao peito dele. - Você é muito complexo, House... – sorriu - Muito complexo. - Então... Você quer ou não que eu faça nosso jantar? - Deixa-me ver... – ela fingiu precisar de tempo para responde – Eu quero! Mas... Não tem nada na geladeira! - Que tipo de dona de casa você é? – provocou-a, tirando-a do seu colo e deixando-a no sofá. Pegou as chaves da moto e sua bengala – Vou ao supermercado, então. - Ah Greg! Então vou com você – podia ser divertido, afinal. - Nada disso – ele já abria a porta da casa – Você vai demorar pelo menos uma hora para tirar a roupa, e eu já estou com fome. - Claro que não, vai ser bem rápido – ela já corria para o quarto. - Se quiser ajuda, eu estou aqui! – gritou, enquanto se escorava na parede – Eu teria o maior prazer em tirar sua roupa!


- Você é um cretino... Seis minutos e trinta e dois segundos, cronometrados. Pelo menos ela era mais eficiente para ficar nua do que para ficar bonita. E sim, isso é muito relevante. Cuddy substituiu o belíssimo vestido, por uma calça jeans e uma camiseta. Mesmo assim, House achou que ela estava extremamente sexy aquela noite. - Nada de moto – falou ao passar por ele, balançando as chaves do seu carro. - O que? Você pediu para ir comigo e eu deixei, não tem direito de exigir nada, senhorita – resmungou saindo primeiro e desligando o alarme da moto. - Greg! Vamos fazer compras, como quer trazer tudo na moto? - Por que acha que estou levando você como co-piloto? – ele riu, fechando a casa. - Idiota... – resmungou, cruzando os braços em protesto, enquanto ele prendia a bengala ao lado da moto. Ela já ia dizer que não ia, quando House aproximou-se e praticamente a carregou, fazendo-a sentar no acento, mas de lado, de modo que ficasse de frente para ele. O infectologista sorriu e afastou gentilmente as pernas dela, para que pudesse chegar ainda mais perto. Tirou a mecha de cabeço que escorria do rosto emburrado dela. - Eu te amo... – ele sussurrou, antes de beijá-la. Como ela estava em cima da moto, a diferença de altura não era tão acentuada. Lisa passou suas pernas em volta do tronco dele, puxando-o para mais perto, enquanto as mãos dele se perdiam nos lindos cachos que ele tanto amava. Aquele beijo foi tão intenso, que nenhum dos dois poderia responder quanto tempo exatamente durou, e mesmo depois de se separarem – quando o maldito oxigênio se fez necessário mais uma vez – eles ficaram ali, juntos. A cabeça dele que recostou desta vez no peito dela. E se não tivessem com tanta fome, ficariam assim por um longo tempo, sem problema. - Eu te amo, seu maluco bipolar – ela riu, descendo da moto. Ele riu, enquanto colocava o capacete e entregava o dela, junto com a chave. - Você dirigi – disse simplesmente. - O que? Está louco? - Qual é Lisa? Você sabe dirigir, eu já vi – deu os ombros e subiu na moto, mas na parte de trás. - Eu só fiz isso umas três vezes, há muito tempo – falou insegura – E não era numa dessa potente como a sua. - É a mesma coisa, anda – pediu batendo no acento. Ela ainda hesitou um pouco antes de subir. Olhou para o painel e revisou mentalmente tudo que tinha que fazer, mas sua atenção foi roubada quando sentiu as mãos deles segurar-lhe os seios. - House! – ela gritou, sem saber se ria ou brigava – Nem pense nisso! - Mas, pilota, eu tenho que me apoiar em algo – fingiu-se de inocente. - Não ai! – ela ria. House bufou um pouco, contrariado, e para implicar, colocou as duas mãos da frente do capacete dela.


- Nem ai, bobão! - ela continuou rindo da infantilidade dele. - Okay, mais embaixo, não é? – perguntou maliciosamente, deixando sua mão descer por toda a extensão do corpo dela até próximo ao umbigo. - Gregory House! – ela o impediu antes que ele chegasse ao seu destino – Lembra a conversa sobre tesouras e Little Greg? O que ele tava pensando? Lisa Cuddy era mulher de respeito, rapaz! - Au! Não seja má, mulher! – ele resmungou, enquanto Lisa pegava as mãos dele e as colocava apoiada em sua própria barriga. - Agora sim – sorriu, ligando a moto. - Não tem graça esse lugar! Não me sinto seguro – resmungou infantilmente. Cuddy somente continuou sorrindo e tirou, com cuidado, a moto da garagem. Ela era boa nisso! Mas nunca chegaria a duzentos quilômetros por hora como ele. O que era algo bom também. O supermercado não era longe. Uma pena, pensava Cuddy. Pois a sensação de dirigir aquela máquina era melhor do que ela se lembrava. E ainda melhor era ter aquele homem atrás dela. Sentir a mão dele deslizar até suas coxas e repousar ali. Nem um pouco seguro, mas altamente agradável. - Sabe que existi uma coisa chamada acelerador não sabe, amor? – ele gritou atrás. Ela o ignorou e manteve a velocidade. Mas não deixou de sorrir ao ouvir o amor. Sim, ela não queria admitir, mas a cada minuto, ficava mais apaixonada ainda por ele. Como era segunda-feira a noite, não havia muitos carros no estacionamento, então Cuddy pode estacionar normalmente, apesar dos comentários implicantes de House sobre como ela realmente não sabia dirigir uma moto. - Pronto – respirou ofegante, desligando a máquina – Sem nenhum arranhão, acidente ou morte. Ele sorriu tirando o capacete e ajudando-a a descer, mas quando ele foi fazer o mesmo, seu celular tocou e ele permaneceu sentado. A diretora deu alguns passos para frente, e se escorou em uma das colunas, esperando que ele terminasse. Ficou ali, parada, observando-o. House parecia impaciente no começo, mas depois sorriu algumas vezes. Não demorou a desligar o aparelho e descer também. Cuddy nunca perguntaria quem era. Mas saber se House iria contar ou não, era uma maneira divertida de ver até que ponto ele se importava agora. Ele não disse nada, quando a alcançou e começou a caminhar lentamente ao seu lado. A diretora acompanhando os passos lentos que a bengala lhe fazia dar. - Dra Miranda – ele disse depois de um tempo. - Do St. Pauli? – Cuddy perguntou realmente surpresa, enquanto os dois pegavam as escadas rolantes. Ele balançou a cabeça afirmativamente e ficou em silêncio por mais alguns segundos, fitando os negros e mecanizados degraus a sua frente. - É oficial – sorriu de leve – O Tom foi adotado pelos Olivers. Ela ligou para avisar e pra confirmar se eu iria pegá-lo quarta-feira. - Fico feliz por ele... - Eu também – sorriu.


O silêncio retornou depois de um tempo, mas Cuddy ficou feliz por ele ter comentado a ligação. Não que quisesse conhecer sobre todos os detalhes da vida dele, mas era importante saber que de repente House quisesse que ela realmente fizesse parte de sua vida. Seus pensamentos foram interrompidos, quando ela sentiu os dedos frios dele entrelaçarem-se com os seus. Ela o fitou surpresa, e ele apenas sorriu, apertando de leve as mãos. Cuddy não tinha a mínima idéia de qual era o prato que ele iria preparar. E às vezes, nem ele parecia saber, tamanha era a variedade de condimentos na cesta que eles pegaram. Alguns até dispensáveis, ela achava, como um pacote de Doritos. Ele não falava muito. Nunca dizia nada a mais que algum comentário rápido e irônico e por vezes até engraçado sobre como as pessoas nos supermercado são idiotas, ou como os donos do supermercado são idiotas, ou como o mundo é um pouco idiota. Nunca sobre como se estava se sentido, no que estava pensando, como fora o dia no hospital ou um plano para o dia seguinte. Apenas comentários e as mãos entrelaçadas. Em momento nenhum ele as separou. Mesmo quando pegava algo na prateleira, deixava sua bengala, mas não soltava a mão dela. A presença de House lhe proporcionava certa paz estranha, que até com o silêncio se fazia satisfeita. Ele era engraçado, reclamão e por vezes implicava com ela como uma criança de oito anos. E ela nunca esteve tão feliz por tê-lo ao seu lado. - Cinqüenta dólares para me dizer no que está pensando – Cuddy propôs quando ele escolhia um vinho. - Só isso – riu – Em muitas coisas... No casamento do Wilson, na minha vida. Ou melhor, na nossa vida. Lisa sorriu e fechou os olhos quando ele a abraçou por trás, ainda analisando os vinhos. - Mas também estou pensando em caminhões monstros, suecas de biquíni e em como o futebol americano está decadente – implicou infantilmente. - Devia estar pensando no vinho! - Já pensei – pegou um português – Esse aqui tá bom. Vamos pro caixa. Duas sacolas. Muitos ingredientes. Quarenta e sete dólares sem o vinho. Cento e vinte e sete com o vinho. Mas valia a pena, pois até o caixa elogio o bom gosto do médico. Ao sair, House tratou de pegar a chave e arrumar um jeito de colocar as sacolas presas a moto. - Eu dirijo! – disse rapidamente – Quero chegar antes de meia-noite em casa! - Hey! Não sou tão lenta assim – fez beicinho, subindo no veiculo. Ele riu e aproximou-se, beijando-a novamente. Aquela altura era mais fácil alcançar os lábios dela, e sentir as pernas dela envolverem seu corpo, era uma sensação única. - Vamos pra casa... – Cuddy disse baixinho quando seus lábios se separam. - A gente podia ficar aqui mais um tempo – ele falou manhoso, beijando rapidamente. - Claro, por que não há lugar mais romântico no mundo do que o estacionamento – ela brincou, enquanto acariciava o cabelo dele – E eu em cima de uma moto. - Qualquer lugar é perfeito... Se tiver você. Lisa o olhou, admirada, o jeito fofo como ele dizia aquilo lhe pegou de surpresa.


- Mas eu estou com fome – ela passou a mão na própria barriga e ele riu. - Okay – deu outro beijo rápido – Venceu... Vamos pra casa. Mas eu gosto de estacionamentos. Como se revidasse o carinho, Cuddy também deixou as mãos repousaram na coxa dele, enquanto ele acelerava pelas ruas. Mas não demorou para ambos serem surpreendidos por grandes gotas de chuva. - Não acredito – resmungou, principalmente por ainda estarem na metade do caminho. - Greg! As compras vão molhar! – ela falou bem alto – Temos que parar em alguma lugar! O infectologista andou um pouco ainda procurando um lugar, e logo avistou um estabelecimento qualquer já fechado, que tinha uma pequena cobertura em um estacionamento que dava para no máximo três carros. O suficiente para a moto. - Não me olhe como se a culpa fosse minha – ele brincou descendo da moto. - Pela chuva não, mas por não estarmos de carro: sim! – ela também pulou da moto. Ele deu de ombros, e sem nem tirar a bengala do apoio, mancou até um banco próximo e sentou-se. Ventava frio e a chuva só piorava. - Foi minha culpa mesmo – disse depois de um tempo. - Você não fez chover – ela riu, sentando-se ao lado dele. - Mas a essa hora podíamos estar em um restaurante e você com um belo vestido – ele passou o braço por detrás do pescoço dela – Eu não estaria com fome. Ele sorriu sinceramente, enquanto espalhava um pouco de poeira no chão com seu tênis. - Restaurantes são entediantes para você, prefiro como está – falou encostando sua cabeça no ombro dele. - Esqueci de comprar ração para o Black – falou de repente. - A gente compra amanhã – riu da preocupação dele. - E esqueci de comprar cereal pra Rachel – continuou rindo – E vodka pra mim... - Palhaço... A chuva continuou e o silêncio voltou. Aquele sossego aconchegante, aquela paz estranha. Duas sacolas com comida por fazer penduradas em uma moto. Duas pessoas sentadas em um banco qualquer. E chovia lá fora. Não era a típica noite romântica. Mas eles estavam juntos... - Na minha primeira semana de trabalho – House falou de repente – Congresso médico em Connecnicute... Aquele médico mauricinho perguntou o que pensávamos que já seriamos nos próximos dez ou quinze anos, lembra? - Sim... – ela riu tentando se lembrar – Você disse que queria estar em Las Vegas com três lindas mulheres e uma bela moto. House riu, porque era verdade. - E você disse... Eu quero encontrar alguém especial, ser mãe e me tornar diretora desse hospital – ele a fitou, um sorriso orgulhoso – Você é mais eficiente com seus sonhos do que eu. - Não se martirize – brincou – Você tem uma mulher e uma moto. - Estou meio longe de Las Vegas, não acha? Mas posso chamar a Nathy e Treze para


serem minhas outras duas mulheres – ele levantou-se rápido, pois sabia que Cuddy tentaria bater nele. - Palhaço! Pra sorte do House, ela não estava com muita coragem para levantar. Ainda chovia muito, e ele virou-se para encarar a rua deserta a sua frente. O silêncio visitou-os mais uma vez. Mas depois de um tempo, ele aproximou-se, jogou sua jaqueta no banco e ofereceu-lhe a mão. - O que você quer? – perguntou em tom divertido. - Quer dançar? – ele tinha um sorriso diferente. - Você adora dançar, não é? – perguntou aceitando a mão dele para levantar. Mas House a pegou de surpresa e usando da sua força muito superior a ela, arrastou-a para rua, fugindo da proteção que os mantinha, secos. - Greg! - ela tentou voltar para a pequena cobertura – Está frio! Mas ele a ignorou, e a abraçou por trás impedindo que ela corresse. A água fria encharcando seus corpos. A boca de Cuddy tremia tamanho era o frio, mas ela também gargalhava. - Você é louco, Greg! - No máximo pegamos pneumonia – ele riu, virando-a gentilmente. Os olhos azuis, semi-fechados pela quantidade de água, encaravam-na com um brilho pueril. A mão dele segurou sua cintura, enquanto a outra lhe segurou a mão. E mesmo debaixo de tanta chuva, ele começou a dançar vagarosamente. - I'm in love with a girl… Estou apaixonado por uma garota – ele começou a cantar, mesmo que sua boca tremesse de frio – Finest girl in the world. I didn't know I could feel this way A melhor garota do mundo. Eu não sabia que podia me sentir assim... - Eu te amo... – Lisa sussurrou em seu ouvido, enquanto sua mão livre acariciava o cabelo encharcado dele. - Think about her all the time always on my mind… I didn't know about Love. All that a man should do is true Penso nela o tempo todo, sempre no meu pensamento... Eu não sabia nada sobre o amor. Tudo o que um homem deve fazer é verdade Eles podiam ficar ali para o resto de suas vidas, que para Cuddy não teria importância. O frio flagelando seu corpo, mas o contato com House lhe queimando por dentro. A voz dele rouca e sincera soando em seu ouvido. Aquelas palavras fazendo seu coração bater mais forte. Não, eles não foram para o restaurante mais caro de Princeton. Ele não está usando gravata e nem lhe dando um buquê de flores. Na verdade, eles estão dançando na chuva. Ele está cantando para ela. Dançando em um ritmo lento, pois é a única coisa que ele pode oferecer. Ele manca sutilmente e seu sorriso esconde sua dor. O frio é cruel e a chuva é forte. Mas há duas sacolas amarradas a uma moto. E há um casal dançando no meio da rua. Ele está cantando para ela. Com uma voz rouca e apaixonada. Ele está dizendo que ama, e que não quer viver sem ela. Ele passou as mãos gentilmente pelo rosto dela, tirando os cabelos molhados que insistiam em cair. Agora os braços dela estavam em volta ao seu pescoço, e a chuva diminuía devagar, restando da sua chuva uma fina garoa, silencia e agradável. - Eu realmente estou com fome – ele falou depois de um tempo sorrindo. - Acho que já podemos ir pra casa, seu louco – a boca dela ainda tremia. - Vamos morrer – ele brincou, enquanto caminhavam de volta para moto – Uma pneumonia


legal, mas foi divertido. House pegou sua jaqueta seca e ofereceu gentilmente para Lisa que abraçava os próprios braços, tentando se aquecer. - Obrigada – depois colocou o capacete e subiu. Nada mais foi dito. Porém, novamente as mãos dela, agora molhadas e extremamente frias, tocaram a coxa dele, em um carinho único. Por de trás do capacete House sorriu. Não demorou para chegarem em casa. Ele pegou as compras e a bengala, enquanto ela foi abrir a casa. Sempre naquele silêncio confortável que havia entre eles. Lisa acendeu a luz, pensando em como devia estar o chão, enquanto a água escorria deles. House abaixou-se e deixou as compras ali mesmo perto da porta. - Temos que tomar um banho – falou ainda com frio – Vou pegar uma toalha e... Mas antes que Cuddy pudesse ir para o quarto, a mão dele, mais fria do que nunca, segurou-lhe o braço. - Espera – pediu. - Greg! Você vai ficar doente – ela insistiu, mas ele a segurou firme – O que é? - Preciso te pedir uma coisa – seus olhos nunca foram tão sinceros. Ela o fitou sem entender, e ele deu dois passos, chegando mais perto. Seus corpos parados acumulavam água embaixo dos seus pés. - Connecnicute... – falou devagar – Você não realizou um dos sonhos. - Do que está falando, Greg? – perguntou realmente confusa. - Você encontrou alguém e se tornou diretora do hospital – ele a encarava – Mas... - Ah não, Greg! – ela apontou impaciente – Nem pense em dizer o que eu estou pensando! A Rach é minha filha, e não importa se não nasceu de mim e... Os dedos molhados e trêmulos dele tocaram-lhe os lábios impedindo que ela continuasse. - Não estou duvidando disso – concertou-se. Odiava o fato de nunca conseguir se expressar da maneira mais adequada – A Rach é sua filha. - Então aonde quer chegar? - Mas não significa que você foi mãe... A diretora ainda continuou a lhe encarar confusa. Queria saber onde ele queria chegar. House vagarosamente colocou as mãos sobre sua barriga. - Nada cresceu durante nove meses aqui – sua voz soava suave – Você não acordou ninguém no meio da noite porque teve uma vontade inesperada de comer tacos. - Sério Greg... O que isso quer dizer? - Você nunca, Lisa, nunca sentiu o paradoxo da vida – ele falava devagar, como pesando cada palavra – A pior das dores, seguida pelo maior dos prazeres. - Quer me lembrar que eu fracassei? – perguntou magoada – Vai me lembrar que eu não consegui e tive que recorrer à adoção? É isso? - Não! – ele disse rapidamente, quase ofendido.


- O que é então House?! Ele desviou o olhar por um tempo. Realmente não sabia se deveria pedir pelo que ele ia pedir, mas mesmo assim o fez. - Me deixa realizar teu ultimo sonho? – o infectologista a encarou decidido. - O que? - Me deixa, Lisa... Me deixa te dar um filho? – ele pediu sinceramente. Cuddy sentiu seu coração bater perigosamente mais rápido. Não era possível que ele tinha falado o que ela acabara de ouvir. - Me deixa tentar, por favor. Me deixa te ajudar a realizar seu ultimo sonho – as mãos dele ainda tremiam tocando a barriga dela. - Oh Greg... – ela não sabia nem o que dizer. - Me deixa dar um irmão pra Rach – um meio sorriso escapou – Uma criança de olhos azuis que terá seu sorriso e meu cabelo, minha astucia e sua bondade... Me deixa te dar um filho, Lisa? Ela não conseguia falar. A única coisa que conseguiu fazer – além de chorar – foi puxá-lo para um beijo. Talvez o mais lento, apaixonado, longo, arrebatador, delirante e verdadeiro beijo de toda a vida deles. - Não Greg... Ele tem que ter o seu sorriso. Lisa sentiu seu corpo inundar-se por uma mistura excêntrica de sentimentos, quando os lábios dele tomaram novamente os seus. O contato entre seus corpos deveria ser frio. Deveria. Mas não foi. O simples toque dele parecia queimá-la, mas sem causar dor, e sim um êxtase estranho e peculiar. Mais uma vez, House pode sentir a reação quase fisiológica que o corpo dela lhe proporcionava. Quase anestésica. Quase exclusiva. Quando a amplitude do beijo fez sua costa chocar-se contra a parede, ele não sentiu dor, nem quando os movimentos intensos lhe forçavam a perna ruim. Sentia somente a paz estranha de estar com ela. O pedido dele ainda soava vivo em seus ouvidos. Por alguns segundos ela não pode simplesmente acreditar. Mas ele dissera mais de uma vez, e nunca aqueles olhos azuis soaram tão sinceros. As mãos dele cuidaram de livrar-se da jaqueta que cobria os ombros dela, para depois retirar-lhe a encharcada camiseta. Por um tempo ele só observou o busto ainda privado pelo fino tecido de seu lingerie. Não com um olhar malicioso, e sim, incrivelmente fascinado. E mais uma vez, os braços dela envolveram seu pescoço puxando-o para um beijo. Cada vez mais apaixonado. Cada vez mais intenso. Eles deram alguns passos sem direção, chegando involuntariamente à outra parede. E quando precisavam respirar, seus lábios só se separavam os segundos necessários para fazê-los, sem nunca se distancia, e sempre voltando a encontrar-se novamente em um espécie de necessidade impetuosa. Greg não podia viver sem Lisa. E ela não podia viver sem ele. E nunca, em todo o mundo, um fato foi tão verdadeiro e ardente. Ele não sabia amar. Ela desistiu de tentar. Mas apesar disso, contra tudo que eles mesmos acreditavam ambos estavam ali. As mãos deixando rastros quentes por onde percorriam, o beijo tornando-os cada vez mais independentes do ar, cada vez mais dependentes um do outro.


Vagarosamente, as mãos dele desceram dos cabelos dela, e viajaram até sua cintura. Ele a guiou, sem nunca deixar seus lábios, até o sofá. Em qualquer outra noite, ela teria lhe matado se molhasse seu sofá. Mas hoje não... Ele a deitou cuidadosamente, e sentou-se na beira no móvel. Seus olhos perdidos no azul brilhante dos dela, enquanto os dedos dele acariciavam suavemente o rosto radiante dela. Ambos respiravam ofegantes. Ambos sabiam o que tudo isso significava. Por alguns momentos, House viu os últimos meses passarem velozmente por sua mente, enquanto ele a encarava. Mayfield, Princeton, Lisa... Lucas. Não podia negar que ainda havia um pouco de magoa, quem sabe um pouco de medo. No meio desse vórtice de adágios, Greg poderia falar ou perguntar qualquer coisa, tamanha era a variação de seus pensamentos. Ela realmente o amava? Ela queria estar com ele? Por quê? Ela ainda amava Lucas? Ela... - Eu te amo – fora a única coisa que ele conseguiu dizer, em meio a sua própria confusão – Eu te amo... Lisa sorriu, puxando-o para perto. Tão perto que suas testas ficaram coladas uma na outra, e seus olhos naquela distância sempre perigosa. Os pingos frios da chuva escorrendo da camisa encharcada dele, e congelando o corpo descoberto dela, em contatos rápidos e repetidos. Logo ela sentiu sua temperatura subir, quando ele beijou seu pescoço, depois percorrendo toda a linha do seu ombro. Ajudo-o, depois de tempo, a retirar a camisa molhada, e o contato de seus corpos gélidos tornou-se mais necessário. Ela sentiu o abraço dele, quando Greg a virou-a gentilmente pondo-a por cima. Deitou a cabeça repousando no peito ofegante dele, os poucos pêlos de seu corpo em pé procurando qualquer fonte de calor. Ela sorriu novamente. Não, eles não foram feitos um para o outro. Não, eles não eram nenhum um pouco parecidos. Ela era apaixonada e acredita fielmente no amor. Ele fora machucado e tinha certeza que podia viver perfeitamente sem esse sentimento. Mas o coração dele batia cada vez mais forte, em uma velocidade quase primitiva. Você tem dúvidas. Você sempre tem dúvidas. Sobre tudo na vida. E quanto ao amor não é diferente. Nem pode ser. Ele era o gênio indomável. Ela era a mulher a ser conquistada. Os beijos dele percorreram toda a extensão do seu busto. Sempre quentes... Sempre necessários. Ela abriu a calça dele, e peça caiu devagar. Ele não sabia amar. Ela não queria mais. Ele nunca seria o cara perfeito para ela. O gênio indomável. A mulher a ser conquistada. Era isso que eles eram. E mesmo assim, respiravam ofegantes com a proximidade. Seus corpos entregavam, literalmente, todo seu desejo. Todo seu pudor. Toda sua luxuria. Ela não deveria amá-lo. Ele não podia amá-la. Mas quando Lisa pode senti-lo dentro dela, já nada importava. Nem o desejo, nem o pudor, nem a luxuria. Muito menos o tempo e a razão. - Greg... – o nome dele dito em um sussurro inaudível – Greg! O amor não é preciso, não é lógico, nem objetivo. Na verdade ele está muito distante disso. Hora é dúvida, medo, hesitação. Hora ele é certeza, confiança, verdade. Ele é a certeza que se pode mudar. É um sussurro no meio da noite. - Greg... – o deleite ilustrado em sua fala. O amor é sentir-se completo. Sentir-se perfeito, mesmo que não pela pessoa perfeita. O gênio. A mulher. Agora eram um só. Ele movia-se como se lesse seus pensamentos. Movimentos sucintos, precisos. Os dedos dela deixavam marcas em suas costas.


Ele não era o que homem ideal. House era o que ela queria, o que ela precisava. O gosto do corpo dele em seus lábios. Seus dedos agora agarrando o cabelo dele. - Lisa... – foi a vez dele de chamá-la. A diretora riu ao vê-lo fechar os olhos tamanho prazer. Ele tinha um sorriso pueril. Uma de suas mãos entrelaçadas nos negros cabelos dela, a outra acariciando seu seio despido. Os gestos cada vez mais intensos. Ele abriu os olhos somente para observar a expressão dela quando chegasse o momento. Ele sorria. Ela também. E não demorou a acontecer. O liquido quase primitivo de seu corpo. Metáfora viva do prazer. Ela o banhou com seu sabor. E isso tinha muitos significados. O ar faltou aos pulmões dele, quando seu corpo chegou ao êxtase de sua própria satisfação. Eles atingiram juntos. Em uma sincronia quase surreal. Seus olhos estavam contíguos, quando alcançaram. A felicidade refletida no azul do outro. Lisa. Greg. Dois nomes. Dois auges. Agora nada mais importava. Eles pertenciam um ao outro, como nunca ninguém conseguiu pertencer a outro alguém. Quando ele a deixou, sentiu seu corpo congelar. Então, ele a deixou deitar-se ao seu lado, usando agora um dos braços como apoio. Foi a vez dela de fechar os olhos, quando os lábios ávidos dele tomaram seu pescoço e desceram devagar até sua boca. Com os pés, Lisa acariciava a perna dele em um carinho peculiar. O silêncio de manteve por alguns longos segundos. Os olhos fechados, sorrisos no rosto, respiração ofegante. Não importava mais quem eram. A verdade foi dita aquela noite, e não foi com palavras. - Sinto meu corpo febril – ele disse depois de um tempo, com a voz quase infantil. - Chuva não faz bem pra ninguém – comentou aconchegando-se ainda mais em seus braços. - Uma pneumonia não é nada demais – sorriu. Ela poderia ficar ali pra sempre. O cheiro dele invadindo e até confundido seus sentidos. A sensação recente de seus corpos unidos. A maneira divertida como ele brincava com o pé dela. Sentir os dedos dele em seu cabelo. - Vamos – ela disse, quase maternalmente, levantando-se. House a fitou sem entender, e a segurou pelo pulso puxando-a novamente para o sofá. - O que? - Você vai ficar doente – ela repetiu, levantando-se novamente. Mas como da primeira vez ele a puxo-a de volta, e a abraçou impedindo-a de sair dali. - Besteira! - É sério Greg! – ela ria – Levanta! - Que saco, Lisa! Isso é mesmo necessário? Eu não... – mas ele não conseguiu terminar, pois um espirro involuntário o interrompeu. - Viu? Está é a prova! – falou divertindo-se e tentando tirá-lo do sofá. - Okay! Eu vou... Mas pega a minha toalha. House caminhou lentamente para o banheiro, praticamente se arrastando. Ele realmente estava se sentido febril, não foi nenhum tipo eufemismo para sua excitação. Trinta e nove graus no mínimo. Agora além da perna, o corpo também doía. Ao abrir o armário, Lisa pegou um roupão que comprara certa vez para Lucas, mas que ficara grande demais para o detetive, e por isso ele nunca usara. House não se importaria, então. Pegou um roupão também pra ela e rumou até o banheiro, estranhando


que o chuveiro ainda não estivesse ligado. - Greg? O infectologista estava escorado na parede e deu um meio sorriso ao vê-la entrar preocupada. Não, não estava com um pingo de coragem para encarar o chuveiro. E Cuddy riu da preguiça dele. Mas quando foi se aproximar para puxá-lo, ele foi mais rápido e tirou as toalhas de sua mão jogando-as em um canto. Logo ela sentiu os lábios frios dele tocarem gentilmente seu pescoço, enquanto a segurava pela cintura, sempre a aproximando de seu corpo, agora quente. A diretora deu uma risada divertida, e surpreendeu-se quando House a levantou colocando-a sobre a pia. O contato do mármore frígido com a sua pele, naquele momento protegida somente pelo fino tecido da sua peça intima, lhe causou um calafrio e ela riu vendo alguns dos seus objetos caindo. Mas hoje ela não ligava. Percebeu que adorava beijá-lo àquela altura. - Isso tudo é pra não tomar banho? – perguntou entre os beijos. - Não... Talvez... Também! – ele sorriu, para depois beijá-la ainda mais. Lisa passou as pernas em volta do corpo febril dele puxando-o ainda mais pra perto, enquanto uma das mãos dele agradava sua coxa e a outra apoiava sua costa nua. Em um momento, ele deixou o rosto repousar no ombro dela, enquanto respirava cansado, aproveitando o aroma único de seus cabelos. - O que mais você vai inventar pra não encarar o chuveiro? – divertiu-se agora acariciando o pouco cabelo dele. - Tudo bem! Vou embora – ele disse implicando, enquanto a ajudava descer. Ela riu, enquanto House mancou até o Box abrindo-o em um único movimento. Não, ele realmente não estava com coragem de encarar o chuveiro. - Não precisa ser assim radical – comentou, escorando-se na pia. - Às vezes eu não entendo... – ele falou de repente ainda de costas – Sinceramente, não entendo. - O que? – perguntou curiosa, enquanto enrolava o dedo nos cabelos. Ele virou devagar e observou por um tempo antes de responder. Seus olhos cuidadosamente analisando cada detalhe daquela corpo a sua frente. Cada perfeição e só isso. Pois era a única coisa que ele podia ver: perfeição. Os cachos, ainda molhados da chuva, caindo pelos ombros. O vermelho deixado por sua barba no pescoço dela. O corpo perfeito, capaz de matar de ciúme muitas garotinhas por ai. Seu sorriso... Ele perdeu-se durante alguns segundos naquele sorriso. Uma garota. Uma mulher. - Não entendo como passei tanto tempo sem você – ele disse francamente. Ela sorriu e o foi até ele, segurando suas mãos. Ambos ficaram ali por um tempo, naquela distância prazerosa e contígua. Mas House de repente começou a guiá-la. Aproximou-se do vaso, cuja tampa estava baixada, e sentou-se, sem soltar a mão dela. Os olhos deles sem se deixar por nenhum segundo. Lisa sorriu e entendeu onde ele queria chegar. Deu um passo pra frente, sempre em silêncio, e tomou as mãos dele levando-as até sua própria cintura. Em movimentos leves, ela o fez retirar a ultima peça que ainda cobria seu corpo. A roupa escorregou sutilmente entre os dedos dele para depois cair no chão ao seu lado.


Mais um passo, e Lisa estava tão perto quando poderia estar. Os olhos dele a fitaram, tristes, mas sinceros. Como se ele tivesse medo de que essa pudesse ser a ultima vez. Como se temesse que no fim, tudo desse errado. Ela respeitou seu receio. A sua frente ela não viu mais o homem que vira durante vinte anos. Aquele era outro homem. Nem mais o adolescente insolente, excêntrico e apaixonante da faculdade. Muito menos o médico genial e solitário. Nada de House. Somente Gregory... Seu Greg. O cabelo grisalho, as marcas do tempo, o sorriso sincero, os olhos triste. Seu Greg e nada mais. As mãos quentes dele auxiliando-a, enquanto ela lentamente movia-a até ele. Nada foi dito. Não era necessário. Ambos sabiam onde tudo iria dar. Ambos queriam chegar até lá. Seus corpos expondo, quase instintivamente, todo o desejo. Um encaixe exato. Ele deu um gemido demorado, ela abriu a boca com satisfação. Movimentos leves. Sempre leves. Uma sincronia perfeita. Seus lábios se encontraram novamente. Cada vez mais sedentos um do outro. O ar? Dane-se o ar. O calafrio sublime que o toque de um deixava sobre o corpo de outro. O silêncio, hora quebrado por sussurros inconcebíveis, mas apreciáveis; hora deixado pela pronuncia quase poética de seus nomes em um êxtase frenético e tentador. Os movimentos seguiram. Leves e sutis. Intensos e insaciáveis. Hora silêncio. Hora pronuncia. Por vezes luxúria. Por vezes maravilha. Os dedos dela marcaram sua costa. Os dele envolveram seu cabelo. Ora Greg... Ora Lisa. Sobrava até para Deus, vez ou outra. O gemido baixo em seu ouvido fez House sorrir. Ele a apertou ainda mais contra si, ao perceber que Lisa chegaria ao seu próprio auge. O médico a esperou. Respirando ofegante, abraçou cada vez mais forte, enquanto ela o chamava pelo primeiro nome. - Oh Greg... Ele beijou seu rosto singelamente. Como se dissesse com isso tudo que precisava ser dito. A mão acariciando os cabelos dela. Outro beijo e um sorriso agora. Sempre seguido por um silêncio, estranhamente, sutil. Lisa agarrou as costas dele com mais força agora. E pela segunda vez no dia, ela o banhou com seu próprio sabor. Na forma mais primitiva e menos poética de dizer: eu te amo. Ela pode também senti-lo dizer isso dentro dela. Um amor, definitivamente, recíproco. Ele estava escorado na parede úmida do banheiro. Sem se importa de sentar-se no chão molhado do mesmo. Em sua mão um dos brinquedos de borracha de Rachel. Ele o jogou pra cima e apanhou com habilidade. Era divertido. Ele fez de novo. Lisa deixou escapar um sorriso, enquanto a água quente do chuveiro percorria por seu corpo. Ele parecia uma criança. Ambas as pernas dobradas para caber no Box, um olhar perdido, e a diversão aparente de jogar um brinquedo para cima e fazê-lo voltar para sua mão. - Não sabia que tinha preguiça de tomar banho – ela comentou quando começou a lavar seus cabelos. - Já tomou banho com febre? – ele manteve a atenção ao brinquedo de borracha – Não é divertido. Ela somente sorriu, jogando um pouco de água nele e voltando a banhar-se. Logo ele deixou o brinquedo de lado e a observou. Cada movimento suave que ela fazia lavando seu próprio corpo. Mas ele não a olhava com malicia. Ele só observa. - O que vai fazer amanhã? – perguntou depois de um tempo. - Pretendo trabalhar – respondeu com um toque de sarcasmo – como todas as pessoas normais fazem nas terças-feiras.


- Pensei que ia ajudar a Nathy nos preparativos – o brinquedo voltou a parecer divertido. Desta vez ele pegou um pato. - Depois do almoço. Irei trabalhar só meio expediente, vocês poderão sair mais cedo também. O Wilson me pediu e eu concordei – ela parou de falar por um momento, para poder retirar o xampu do cabelo – Por isso não quero que se comprometa com nenhum caso, até o casamento. - O Jimmy é um folgado – retrucou com preguiça. O silêncio voltou depois disso. O silêncio quase natural entre os dois. Não eram necessárias muitas palavras. Ele não gostava de conversar. E ela nunca o pressionaria pra isso. O vapor da água quente embaçou o vidro a frente dele, e House achou interessante rabiscar qualquer coisa. Seria demais imaginar que ele desenharia um coração. - O que é isso? – ela terminava de tirar o sabão do corpo, quando viu o desenho. - Eu não sei – respondeu rindo do seu próprio devaneio. Ele resolveu apagar o que até então estava entre um cavalo e um estetoscópio. Definitivamente, um péssimo desenhista. Aproximou-se dela, mas mantendo distância suficiente para não se molhar. Espreguiçou-se e encarou por um tempo a água que escorria fortemente. Foi surpreendido quando os braços dela envolveram seu pescoço e o puxaram para debaixo do chuveiro. Enganado pela mulher que amava! Maldita deslealdade. A água, em contato com seu corpo febril, lhe causou uma sensação estranha de alivio e agonia. Ele gemeu baixinho. As mãos dela, de repente, tocaram seu corpo, causando-lhe igual sensação. Por Deus, estavam congelando! Mas logo começaram a passear por sua pele lhe proporcionando somente prazer. Ela o tocava de leve, quase maternalmente. Primeiro no peito, depois descendo e indo para as laterais de seu tronco. Depois voltou para cima, massageando seus ombros. - Depois vou preparar um chá delicioso pra você – ela avisou, divertindo-se. Ainda de olhos fechados, ele fez um careta. Todos sabem que tipo de chá “delicioso” é dado para pessoas doentes. - Você é uma mulher má, Lisa Cuddy, extremamente má – resmungou, puxando-a para um beijo demorado. - Não vai se livrar do chá me bajulando, Greg, não vai mesmo – ela pegou o sabonete para passar nele. Sem coragem alguma para fazer outra coisa além de respirar, ele permitiu que ela o banhe-se. Fato que a surpreendeu e muito. House sempre estava disposto a provar que não precisava de ninguém. Hoje ele não fazia questão. Ela passou lentamente o sabonete pelas costas dele. E ele tinha um sorriso tolo no rosto. - Pega o xampu da Rachel pra mim, por favor? – pediu ainda sem abrir os olhos. - Por quê? Usa o meu... - E o seu, por um acaso, é dermatologicamente testado e aprovado? – ele ergueu de leve as sobrancelhas, divertindo-se – Provavelmente não. Ela riu batendo de leve no ombro dele, mesmo curiosa, pegou e entregou o recipiente. - Agora é sério, isso é realmente idiota. Se os cientistas são capazes de criar um xampu que não arde o olho, por que não fazer isso pra todos os xampus do universo? – perguntou, quase indignado.


- Não entende onde você quer chegar... - Veja – ele mostrou o xampu – Não arde o olho! Só porque eu sou adulto, meu olho tem que arder? Que idiota pensa em algo assim? Lisa só conseguia rir dele. - Eles criam uma tecnologia e não usam! Isso me deixa com raiva! - Percebo – ela tentava segurar o riso. - É sério Lisa! As pessoas têm que começar a fazer xampus pra adultos que não ardam os olhos! – House abriu o recipiente e jogou uma quantidade relativamente grande na cabeça – Eu não gosto dos meus olhos ardendo, por isso eu uso o xampu do... – ele parou para ler a embalagem – Snoop! A diretora gargalhou, quando ele, infantilmente, esfregou a espuma nos próprios olhos. Que tipo de pessoa de revolta com a química dos xampus? - Não arde! É genial – ele sorria – Tenho espuma nos olhos e não os sinto arder. Viu? E ainda assim posso ser um adulto... Um adulto com um xampu dermatologicamente testado. - Você é maluco, sabia? - Qual é o problema dos dermatologistas? Eles são pedófilos!? Eu fico indignado. Só fazem coisas pras crianças. - Para com sua neura com os xampus, Greg! – ela esfregou o cabelo dele, para lavar direito – Você está careca demais pra se preocupar com isso. Ele abriu os olhos e a encarou desafiadoramente. - Você não sabe brincar! – resmungou infantilmente. - Cuida de tirar esse sabão, eu vou preparar seu remédio – deu um selinho rápido nele – Vou deixar seu roupão em cima na pia. House fez um resmungo de concordância, e a viu tirar o sabão das mãos, antes de deixá-lo sozinho no Box. O vidro não permitia ver bem, mas o médico viu quando ela colocou seu roupão e saiu do banheiro. - Eu gosto do Snoop – disse para si mesmo, rindo. Ele fechou os olhos novamente, aproveitando a sensação da água, que agora não era mais tão ruim. Ficou um tempo lá. Massageando sua perna, que há algum tempo reclamava. Respirou fundo algumas vezes, como se recuperasse um fôlego perdido. Não demorou a sair, mas assim que seus pés tocaram a sala, sua mão foi virada e nela depositada um comprimido, e na outra um copo com água. A ordem “Engula logo isso” foi dita com tanta gerência, que ele não ousaria desobedecer. O termômetro colocado em sua boca, e um beijo rápido na testa para compensar, talvez, o exame médico feito ali no meio do corredor. - Trinta e seis e oito – ela leu o indicador do aparelho – Mas era esperado que a febre baixasse por causa do banho, daqui a pouco medimos novamente. Ele só concordou com a cabeça. Engoliu, de mal grado, o remédio e devolveu o copo, agora pela metade. Observou enquanto ela escorava-se na pia, só o roupão guardando seu corpo. Tão fácil acesso, ele pensou divertindo-se. - Ainda tenho que fazer o jantar – disse, enfim, mas preguiçosamente. Lisa não demorou a pronunciar as palavras que ele tanto queria ouvir.


- Não precisa, amor – ela aproximou-se – Você faz alguma coisa amanhã, deve estar tão cansando. - Mas ainda estou com fome. - Peço uma pizza. Aceita? – ela o pegou pela mão e puxou-o, gentilmente, até o quarto. - Eles entregam na cama? Ela riu, enquanto ele deixou-se cair no colchão. - Vou ligar! Alguma preferência pra sabor? – gritou já do corredor. - Tem sabor de Lisa Cuddy? – brincou também gritando. - Ih! Desculpe senhor, mas esse é exclusivo – entrou no jogo. - Que pena! Então serve qualquer um. House deixou seus olhos fecharem. O remédio ia demorar a fazer efeito. Ele ouviu de longe enquanto ela pedia o jantar. Não sabia porque, mas aquela cama, aquela casa, lhe traziam uma paz curiosa. - Pedido feito. Se não entregarem em trinta minutos: sai de graça! – ela apareceu à porta – O senhor deseja mais alguma coisa? Vou pegar seu chá na cozinha... - Sinceramente, eu preferia que fosse o vinho na sacola do supermercado. Ela trouxe. Mas os dois. Era justo. O infectologista reclamou mais do que o necessário para tomar a meia xícara de chá a sua frente. Deus! Era mais horrível do que parecia ser. Tampou o nariz, enquanto o líquido passava amargamente por sua garganta. O gosto do vinho logo depois, foi verdadeiramente pior. Nunca um vinho foi tão bom. Ela deitou-se ao seu lado, usando o braço dele de travesseiro, enquanto seu dedo brincava de percorrer a borda da taça. Mais uma vez o silêncio. E o aroma singelo da bebida. E a sensação de estarem um com o outro. Ela amava deitar ao seu lado. Ele adorava tê-la ao seu lado. Lisa sentia-se protegida. House sentia como se tivesse algo para cuidar. Ambos de roupão. A garrafa nitidamente consumida. Tão de repente quanto lógico. As duas taças abandonados na mesinha ao lado da cama. Os lábios sem se abandonar. Era com um vicio, como uma necessidade. Facilmente, ele livrou-se da peça única que cobria o corpo dela. Seus beijos deixados no pescoço ainda refrescado dela. Um gemido solitário. As mãos dela agarram o pouco cabelo dele – com cheiro de bebê – com força, quando ele a colocou por cima. As mãos quentes dele acariciando e incendiando seu busto, na mágica excepcional que ele era capaz de fazer. Entregamos sua pizza em 30 minutos! Entrega garantida ou seu dinheiro de volta! O cara que inventou essa promoção só podia ter encontrado sua mulher na cama com um motoboy. Pelo menos era a opinião de William, enquanto ele tentava passar entre os carros para chegar ao seu destino. Acelerou um pouco e teve que parar. Era homem, mas pedia informação. Afinal, ele só tinha trinta minutos para chegar ao endereço. Na verdade, nem isso! A pizza devora praticamente quinze minutos para ficar pronta, o que só lhe dava metade do tempo para encontrar a casa. Casa número quarenta e dois, ele repetiu mentalmente, diminuindo a velocidade da moto para olhar melhor as residências. Pelo menos a rua ele tinha encontrado. Quatro minutos para receber pela pizza. Quatro malditos minutos.


Quarenta e dois. Bela casa. Bela voz ao telefone. Do lado de fora uma bela moto. Uma pizza gigante, metade de presunto, metade vegetariana. Quatro minutos. Ele cruzou o caminho até a porta e apertou a campainha, agradecendo por não haver nenhum cachorro por ai. Convenhamos, Black não era nenhum cão de guarda. O pobre cachorro nem acordara quando seus donos resolveram brincar na sala, e muito menos deixaria seu sono para dar importância ao entregador de pizza à porta. Black, definitivamente, não era um cão de guarda. Nem tinha tamanho para isso. Novamente se toca a campainha. Droga! Três minutos. Será que tem alguém em casa? William dá dois passos para trás e vê uma luz acesa em um cômodo mais afastado da porta. Tem que ter alguém na casa. A campainha é tocada mais uma vez. Ninguém. Nenhum som. Nem Black se deu o trabalho de acordar, ou latir. Mas William precisava entregar a pizza. Dois minutos. Seu trabalho era esse! Era por isso que ele ia ralar todos os dias, afinal: garantir que as pizzas dos clientes chegassem às casas. Ou isso acontecia ou ele não era um bom entregador. - Alguém?! – ele batia palmas agora. Sim, ele era um bom entregador. Campainha novamente. Nada. Um minuto. Ele virou-se e encarou sua moto. Não podia voltar para a pizzaria com o pedido. Campainha. Batida na porta. Palmas. Grito. Sinceramente, ele ia desistir. Mas quando estava virando-se para ir embora, a porta abriu e ele fitou o semblante do homem que o fitava agora. O roupão cobrindo seu corpo. Pelo menos tentando. O vermelho em seu pescoço e seu rosto, e seu cabelo desarrumado falando muito mais. Por um instante, William pensou em reclamar na demora para abrir a porta. Mas, convenhamos, ele podia perdoar uma situação como essa. O jovem deu um sorriso sem graça, enquanto entregava a caixa para ele. - Isso dá vinte dólares, senhor – ele falou segurando o riso - Cheguei no prazo, o senhor não atendeu. House limitou-se em concordar com a cabeça e virou-se para ver alguém que estava atrás dele. Logo William viu a mulher que ria e lhe entregava sua carteira e logo pegou a pizza, deixando-a numa mesa ao lado deles. Por Deus! Que bela mulher! Sim, ele podia perdoar a demora. - Aqui está, moleque – House jogou uma nota de cinqüenta, e coçou o queixo enquanto esperava o troco. Ele não ia comentar nada. Mas a senhora estava sem sutiã! Mesma marca vermelha, cabelo igualmente bagunçado. Ele tinha que reconhecer que o cara a sua frente mandava bem mesmo. Rapidamente tirou o troco do bolso e devolveu. - Trinta. A Pizza Dell agradece e boa noite senhor! – ele disse com um sorriso palhaço – E senhora! House lhe lançou um olhar e William não demorou a entender o recado. Tão logo estava em cima da moto voltando para o trabalho. - Que filho da mãe – brincou fechando a porta. - Está feliz agora? – ela foi andando até a cozinha. - Com a pizza? - Não! Você traumatizou um jovem entregador de pizza – ela respondeu rindo – O que ele vai achar que acontece nessa casa? - Qual é Lisa? Eu profanei até seu banheiro – ele a abraçou por trás, beijando seu pescoço – Não é hora de se preocupar com o entregador.


- É mesmo – virou-se e pegou um pedaço da parte vegetariana – Você profanou muitos lugares dessa casa santa, Gregory House. - Eu não tenho culpa – retrucou com a boca cheia – Você me seduz! Ela gargalhou e sentou-se a mesa. Ele buscou o resto vinho no quarto e logo se sentou também. A garrafa não demorou a secar e a caixa a ficar vazia. Eles realmente estavam com fome. E uma conversa descontraída aconteceu durante o “jantar”. Por sorte, xampus não foram tema. Mas House se perguntou, em um momento, a utilidade dos bolsos em seus roupões. E as repostas, que ele deu a si mesmo, não poderiam ser mais depravadas. House era extremamente divertido. E por muito tempo, Lisa esqueceu-se disso. Ele amava o silêncio e pouco falava, mas mesmo assim era uma ótima companhia. Seus comentários pertinentes e excêntricos. Suas teorias exóticas. Até sua revolta com certas coisas. Lisa amava sua voz, do mesmo modo que amava seu silêncio. Sinceramente, a inteligência dela sempre o fascinou. Ele nunca tivera paciência para trocar palavras com muitas pessoas. Mas Lisa definitivamente era exceção. Seu humor afinado, sua sutileza e a forma única como devolvia, no mesmo nível, todos os seus comentários. Tudo, de certa, forma o fascinava. Era uma guerra. Uma eterna guerra. Para saber quem era o melhor. Em tudo. Fora assim no trabalho. Era assim agora. Isso nunca mudaria. E ambos estavam felizes com a permanência disso. Perder? Talvez só para Lisa, Greg aceitasse. Mas ele nunca admitiria. - Falando sério – ele apontou para ela com uma das fatias – Qual foi o último cara que te levou até lá três vezes numa única noite? Sofá. Banheiro. Cama. Esta última até certo ponto normal, mas traumatizando o pobre entregador. Ou não. - Humm – não precisava de muito tempo – Pensando bem, acho que você foi o único. - Senhoras e senhores, nós temos um novo recorde aqui! - Por favor, Greg, não se vanglorie tanto! Até parece que você fez isso outras vezes, com qualquer mulher... - Hey! Primeiro: não aponte essa pizza pra mim, mulher – brincou – E ninguém está tirando seu mérito, de forma alguma. Você tem todo o mérito. Todo! Ela ficou em silêncio, tentando não rir, mas olhou para ele e percebeu o sorriso safado. House queria falar mais alguma coisa, com certeza. - Diz o que está pensando, logo – pediu contrariada. - Não estou pensando em nada. - Fala logo, Greg! Mas ele não respondeu imediatamente, apoiou seu queixo nas mãos e a fitou com uma cara forçadamente humilde. - Isso é claro porque eu estou extremamente doente – ele riu vitorioso. - Você é um canalha – ela gargalhou e levantou-se, colocando sua taça e seu prato na pia. Ele recostou-se na cadeira rindo, enquanto ela visivelmente amolada virou-se e foi para o quarto. Deus! Como ele amava aquela mulher. Não se preocupar em colocar suas coisas para lavar, somente levantou e mancou até o quarto, escorando-se na porta. A observou, enquanto ela procurava algo para se vestir.


- Não pode ficar com raiva de mim, pode? Eu nem fiz nada... - Molhou meu sofá, tirou a santidade do meu banheiro, acabou com o xampu da Rachel, não fez o jantar, e ainda... - Pode parar! Metade das suas acusações é falsa – ele retrucou, mancando até o guarda-roupa. Faria frio àquela noite. - Eu sei – ela puxou uma blusa que ele havia pegado pra vestir, e colocou – Só quero ficar com raiva de você, é legal! Ele definitivamente não entendia aquela mulher. Deixou escapar um sorriso bobo ao vêla deitar daquela maneira. A camisa, duas vezes mais que ela, cobrindo só até um pouco abaixo de sua cintura, conseguia ser mais sensual que muitos vestidos. Quando deitou, agasalhado o suficiente para agüentar o frio que sua febre o faria enfrentar, depositou um beijo na nuca e puxou todo o lençol pra si. Não por que precisasse. Ele, na verdade, só queria provocá-la. - Boa noite, Less. Ela estava pronta pra contra-atacar a provocação dele, mas foi surpreendida quando ele a chamou pelo apelido. - Há tempos você não me chama assim – comentou saudosista. - Há tempos eu não me sinto assim – ele sorriu, de olhos fechados. O silêncio, amável silêncio. Em um movimento, ela dividiu o lençol pros dois. Costa com costa. Ninguém cederia facilmente. - Assim como? – a pergunta soou de repente. - Em paz – respondeu simplesmente, depois de um espirro. Novo silêncio. Adorável silêncio. No meio de duas pessoas que não precisavam dizer mais nada. Durante vinte anos? Tudo já foi dito. O frio pé dela acariciou o dele. - Greg? – o chamou melosamente. - Humm? - Acha que conseguimos chegar a quatro essa noite? – soou quase infantil. Eles se viraram ao mesmo tempo, e Lisa pode completar o sorriso no rosto dele, enquanto as mãos quentes seguravam seu rosto. - Você vai me matar mulher – ele disse antes de beijá-la. Não. Ele não a levou para o restaurante mais caro da cidade. Não comprou rosas, nem chocolates, nem cartões com declarações de amor. Ele nem precisava. Na verdade, ele a fez dançar na chuva. Pediu para ser pai do seu filho. E lhe proporcionou sensações únicas. Ele era um gênio indomável. Machucado demais para amar. Cansado demais para isso. Mas Cuddy só tinha uma certeza: ela o ama o suficiente para superar qualquer coisa. ___________________________________________________________________

Capitulo 22 – Noiva em fuga... Lisa acordou, mas não abriu seus olhos e continuou ali. A respiração dele era forte, e isso fazia com que sua cabeça subisse e descesse em um ritmo divertido. Deixou um meio sorriso escapar ao lembrar onde estava.


Deitada em cima dele, seu corpo mal cabia na cama. House usava uma mão para agradar os cabelos dela, e outra segurava um livro a sua frente. Ele já acordara há alguns minutos. Suas pernas dobradas para fora da cama. - Não acredito que você me convenceu a vir até aqui – Lisa falou preguiçosamente ainda de olhos fechados. - Você sabe que quebramos a cama, não é? – sua voz soou divertida, mas ele continuou a leitura. - E você sabe que a Rachel vai ficar muito chateada por isso. - Qual é, Lisa? Foi por uma boa causa... – ele beijou o topo de sua cabeça – Novo recorde! Nem eu cheguei a cinco! E a Rachel usa mais o berço do que a cama mesmo. - Você é um babaca – riu, abrindo os olhos devagar. O relógio ao lado da cama pareceu assustá-la – Nove horas? Ela levantou-se em um salto e House a fitou sem entender. - House! Nove horas? Eu disse que ia trabalhar hoje! - Hey! Se acalma – ele voltou a atenção pro livro enquanto falava – Liguei pra Princeton e avisei que você não podia ir hoje, pois estava doente. Iria ficar só meio expediente mesmo, então a Sarah te substituiu. A diretora respirou fundo, colocando a mão na cabeça. Menos mal. Ainda bem que Sarah podia ficar em seu lugar na reunião com os representantes da Leverkusen. - Meus relatórios, House! – ela voltou a gritar – Tinha que levar pra reunião e já começou há meia hora! Ele deu um meio sorriso, quase se divertindo com o desespero dela. Abaixou o livro com calma, e seu olhar atrevido começou a irritá-la. - Liguei e a Treze veio pegá-los antes de ir pro hospital, os relatórios estão todos com a Sarah – disse calmamente. De primeira, Lisa lhe lançou um olhar desconfiado, mas não havia porque se preocupar. Sarah cuidaria de tudo, os relatórios estavam com ela. Ufa! Não era o fim do mundo, afinal. - Rachel! – ela deu um grito de repente. - Eu sei Lisa – revirou os olhos - nós vamos comprar uma cama nova. - Não é disso que eu estou falando! Apesar de que é algo que temos que fazer, mas como ela está? O Wilson e a Nathy devem estar cheio de coisas pra fazer! O café da manhã dela? House! Ela falava rápido e alto, e andava em círculos pelo quarto. E a aparente indiferença dele, só a deixava mais inquieta. - House! O médico abaixou o livro impaciente, mas continuou deitado. - Eu liguei pra Anne e pedi que ela fosse para a casa do Jimmy e acompanhasse os dois - retirou calmamente os óculos de leitura que usava, deixando na cômoda ao lado da cama - A Rachel está bem, e uma hora dessas deve estar passeando pelo shopping, enquanto o Wilson procura desesperado uma nova gravata. Nove horas. O hospital não estava sozinho. Rachel não estava sozinha. E o homem, irritantemente calmo, deitado na cama de sua filha, com um meio sorriso no rosto, cuidara de tudo. Pela primeira vez em muito tempo, Lisa não se sentiu mais tão sozinha.


- Agora, estressada, volta pra cama – ele pediu, voltando à leitura. Antes de ir, Lisa riu das suas próprias preocupações. Riu dele também. Da maneira como ele lidava calmamente com tudo. Eles eram realmente muito diferentes. Nove horas e o combinado era se encontrar com a Nathy somente as doze, para almoçarem juntos e resolverem os últimos detalhes. Ela voltou para cama, deitando sobre o peito dele, sabendo que podia ficar um bom tempo ali, porque ele já havia cuidado de tudo. - Como vai ser? – House perguntou depois de um tempo, sem nunca tirar os olhos do livro. - O que? – ela agradava a barba dele. - No hospital? Dr. House e Dra. Cuddy? Só isso... Ela não respondeu imediatamente. - Nunca foi só isso – ela sorriu – Nunca fomos o Dr. House e a Dra. Cuddy. Por que seríamos agora? House não falou nada. Nenhuma piada. Nem sobre pegas no elevador, nem no armário de limpeza. Nada. - Isso te preocupa? - Não, mas... Você sabe que isso: eu e você. Isso muda muita coisa, e não só no hospital. Lisa levantou-se um pouco e afastou o livro, queria encará-lo. - Acho que só não quero fazer nada errado – disse simplesmente – Eu tenho medo que seja temporário. É legal no começo, passamos vinte anos sem dormir juntos e ontem foi a melhor noite da minha vida. Mas e depois? - Depois do que? - Depois que toda a novidade passar. Toda a tensão virar rotina – ele coçou a cabeça e desviou o olhar – Seremos felizes por algum tempo, ai haverá dias ruins, dias em que a dor será insuportável e me tornará insuportável. - Greg... - Sua vida, tudo que você é. Chegará um momento em que você precisará de algo a mais. O que vai acontecer quando lembrar que eu não posso ser quem você precisa? O que vai... Mas Lisa o calou. Seus lábios surpreenderam os deles. E quando o beijo terminou, ela manteve a proximidade, abraçando-o fortemente. - Você não sabe do que está falando – sussurrou seriamente – Você sempre cuidou de mim, sempre esteve perto nos momentos mais importantes da minha vida. - Eu... – seus dedos tocavam o rosto decidido dela. - Você? - Só tenho medo de te perder. A voz dele nunca soou tão suave e sincera. Ela manteve o contato e a proximidade que aquele abraço proporcionava. E mais uma vez, como sempre, o silêncio os visitou. Ele estava com medo. Ela também. E isso era tão normal. - Você faz eu me sentir estranho – ele comentou depois de um tempo, a mão dele entrelaçada em seu cabelo. Lisa não estava olhando para ele, mas sabia que ele estava sorrindo – Eu me sinto às vezes tão gay falando essas coisas pra você, mulher.


- Não são coisas gays! São românticas! – sorriu, encarando-o. - Admita! São gays... - Não importa – acariciou sua barba com a ponta dos dedos – O que vale é que se são sinceras. - Eu não minto para você – a frase soou mais séria do que ele queria – Até porque você saberia reconhecer minhas mentiras. - Verdade – deu um beijo rápido e levantou. House olhou para o relógio ao lado da cama. Nova e vinte cinco. Se fosse por ele, ficaria o resto do dia na cama, mas malditos compromissos. - Preciso sair – comentou sem emoção, levantando-se também. Ela o fitou sem entender, enquanto, de frente para o espelho, começava a arrumar seus cabelos, devidamente, bagunçados pelo infectologista durante a noite. - Mamãe vai chegar as dez – explicou, enquanto analisava de longe o estrago que eles fizeram na cama da Rach – Preciso pegá-la no aeroporto, pois o filho bastardo dela está ocupado... - Filho bastardo? - É. O Jimmy – respondeu quase infantilmente – Isso é obrigação dele, não minha. Cuddy deu um sorriso, encarando-o pelo reflexo do espelho. Viu quando ele aproximouse, beijou sua nuca e mancou até fora do quarto. Ainda bem que parecia realmente melhor da gripe. Como House ia sair, ela aproveitaria o resto da manhã para arrumar o que é que tivesse de pendente na casa. Começou pela sala, totalmente desorganizada. Ouviu o barulho do chuveiro e ficou realmente pensando se ele estava melhor. Roupas molhadas para lavar. O sofá depois ela pediria para que ele levasse até a varanda pra secar. Coisas no lugar. Agora a cozinha. Antes disso, comida e água para o Black, por favor. Ela estava lavando a louça quando House apareceu já vestido. - Você não tem idéia de quão sexy ficas desse jeito, não é? – comentou escorado na parede, terminando de abotoar sua camisa. - Acho que não – riu – Sua mãe vai ficar aonde? - Na casa de uma amiga – ele aproximou-se e a surpreendeu com um abraço caloroso por trás – Só vamos precisar nos livrar da Rachel mesmo. - Não fale como se ela fosse um problema! – bateu de leve com o cotovelo na barriga dele. - Ela não é! Mas o que vamos fazer hoje a noite pode traumatizá-la e isso será um problema – ele caçoou, enquanto beijava o pescoço dela. Lisa fechou os olhos aproveitando melhor o momento. Os braços fortes dele envolvendoa, os beijos quentes que lhe causavama arrepios imediatos. O cheiro do xampu infantil que exalava de seu cabelo. Era o típico momento que Lisa podia viver pra sempre. Nove e quarenta e ele infelizmente precisava ir pro aeroporto. Virou-a gentilmente, e puxando-a pela cintura, dei-lhe um beijo mais intenso. Ela envolveu seu pescoço, com cuidado para não sujá-lo com o sabão espalhado por suas mãos. Se pudesse ela o agarraria e não deixaria que ele passasse pela porta. Mas não era o caso agora. Casa praticamente arrumada, só faltava uma geral no seu quarto. Roupas pelo chão, caixa de pizza, garrafa de vinho e lençóis espalhados.


Vôo 3742. Previsão de aterrissagem às dez e vinte e cinco. Por sorte ele levara o videogame portátil. Sentou-se confortavelmente em uma das cadeiras e esperou. Agora realmente estava tudo pronto. Claro, se você não considerar a cama quebrada no quarto da filha. Mas tirando isso, realmente tudo em ordem. Onze e dez. Ela sorriu. Tudo aquilo lhe proporcionava uma alegria tão simples, mas verdadeira. Há essa hora House já estava com a mãe provavelmente na casa da amiga dela. Combinaram de se encontrar no shopping com Nathy e Wilson ao meio dia. Então dava tempo para que a diretora tomasse um demorado e merecido banho. Antes disso, ligação rápida para o Princeton, confirma se estava tudo em ordem. Ainda bem que estava. O banho foi revigorante, mas sinceramente, Lisa sentiu falta de um alguém resmungão ali. Sorriu ao lembrar dá teoria idiota sobre os xampus. Salto alto? Hoje não, por favor. De segunda a sexta, das sete da manhã às nove da noite, um maldito salto alto. Sexy e essencial. Mas maldito e principalmente dolorido! Hoje seria prático e confortável. Ao olhar no espelho ela aprovou o jeans que parecia ressaltar algumas curvas. Seus pés agradeceram os míseros três centímetros de salto. Por mais que isso significasse ficar mais nanica ainda perto do Greg, não fazia mal. Ela abriu o guarda-roupa para pegar uma de suas batas, mas ficou tentada por outra coisa. Quando Lisa os encontrou, Wilson, Nathy, Anne, Rach, Tammy, Greg e a Sra. House já conversavam alegremente em uma mesa de uma praça de alimentação. O infectologista sorriu ao vê-la se aproximar, vestindo uma de suas blusas. Por Deus! Como ela conseguia ficar sexy com aquela camisa rosa de botões? - Mãe! – Rachel quase pulou do colo de Anne ao avistá-la no meio das pessoas. Lisa sorriu e acenou para o grupo um pouco distante ainda. Caminhou tentando desviar do mar de gente, e respirou fundo ao ver a mulher sentada na cabeceira da mesa. Uma postura séria e madura, mas um belo sorriso no rosto. O brilho maternal estampando em seus olhos. Sim, é isso mesmo. Hora de conhecer a sogra. “Olá Lisa, prazer em lhe rever”. Essas eram as palavras que ela esperava ouvir ao se aproximar mais ainda de onde todos estavam. Porém antes que qualquer um deles pudesse dizer algo, um ser praticamente pulou em seu pescoço. - Lisa! – sim, Nathy gritava. - O-oi, Nathy. Também estou feliz em revê-la – disse sem graça. Metade da praça de alimentação olhava para as duas. Mas tudo bem. Como se todos ali não conhecessem Nathy Doyle. - Você poderia tentar ter um pouco mais de auto-controle – House resmungou, tirando a colher da boca e pondo um pouco para Rach ao se lado – Pelo menos em lugares públicos. A artista lançou infantilmente a língua para ele, voltando a se sentar. Todos sorriam para diretora, quando Lisa respirou fundo e lançou um simples, e nervoso: - Bom dia pra todo mundo! – sorriso amarelo. A Sra. House levantou-se então e Lisa ofereceu educadamente a mão. Mas a mulher não iria aceitar tal demonstração de formalidade. Não com sua nora. - Lisa Cuddy – falou vagarosamente, enquanto a abraçava – Quanto tempo! Prazer em lhe rever... A senhorita então que está colocando um lindo sorriso no rosto do meu filho, não é? - Digamos que sim – sorriu sinceramente – E o prazer é todo meu. Atrás da mãe, House fingiu está vomitando, e quando ela virou, voltou à postura


indiferente com a qual costumava ficar. Lisa sorriu da infantilidade dele. Okay, a Sra. House é um amor. Ponto. Não precisa ficar nervosa. Logo a diretora ficou a par dos assuntos na mesa. E sim, tudo que se falava era sobre o casamento do dia seguinte. Últimos detalhes. Talvez os mais difíceis de resolver. E bem... O padrinho da noiva não ajudava muito. House reclamava mais que Rachel, e o grupo acabou liberando as duas “crianças” para passearem pelas lojas, depois do almoço, enquanto eles cuidavam de coisas realmente importantes. Anne acompanhou o chefe e a pequena, e os outros foram correr de loja em loja, resolvendo detalhe por detalhe. Por sorte, por volta das duas, Treze juntou-se a turma e o trabalho diminuiu. Além do mais, a experiência da Sra. House mostrou-se muito útil. Seus conselhos e sugestões eram além de excelentes, práticos. Confirma com o Buffet. Encontra uma gravata pro Wilson. Confirma com o florista. A banda? Confirma! Loja de decoração... Por que ninguém se lembrou de comprar antes os enfeites para substituir os que quebraram? Confirmar o horário, também, por favor! Alguém liga pra Igreja?! Troca a gravata porque o Wilson decidiu que não era essa. - Mas que droga Jimmy! Escolhe logo isso! – House resmungou impaciente. Não fazia muito tempo que ele havia voltado com Rach e Anne, provavelmente depois de gastar mais de cem dólares no parque de jogos dentro do shopping. A menina ainda estava com um boné novo dos Larkers, grande demais pra sua cabeça, e uma boneca linda nas mãos. Um pouco mais de dinheiro gasto. Tudo bem. Era o dinheiro do pai dela mesmo. - Hey! A gravata é muito importante, não pode ser escolhida avulsamente – retrucou Wilson olhando para mais três exemplos que o já cansado atendente trazia. - Que tal essa? – A Sra. House colocou uma de tom bem suave a sua frente. - É perfeita! Era realmente bonita. E até o atendente sorriu aliviado, pois aparentemente o oncologista havia se decidido. - Ótimo! Vamos comprar logo e sair daqui! – House o empurrava até o balcão. E ninguém o reprovou por isso. Todos realmente queriam sair dali. Com tantas coisas pra fazer e confirmar, gravatas era a última preocupação. Por favor! Alguém se lembra de confirmar o horário no cabeleireiro, pelo amor de Deus! - Less... – House a chamou sutilmente até o lado de fora. - O que foi? – perguntou curiosa, parecia um segredo. E era. - Temos que comprar a cama, ainda, lembra? – disse um pouco desconfortável. Do lado de dentro, os outros conversavam animados, enquanto Wilson terminava de pagar a gravata tão difícil de ser encontrada. - Eu sei – ela sorriu. - Quer fazer isso agora? Ou... – olhava para baixo, desviando o olhar. Era diferente estar com alguém. Sair com alguém. Era como se ele não estivesse mais acostumado com isso. Com o normal. Mesmo que comprar camas infantis que se quebram em noites quentes não seja assim tão normal. - Agora – o embaraço dele era fofo. Ela tocou em seu rosto – Só temos que achar uma desculpa ou então contar a verdade para todos sobre como aquela cama quebrou. A segunda opção não parece ser muito boa.


Ele sorriu e fitou o grupo dentro da loja. - Realmente – falou sem emoção – Mas é só não dizer nada. - Como assim? - Se falarmos que precisamos resolver um problema, a primeira coisa que virá na cabeça deles é que vamos comprar o presente de casamento, que é surpresa – respondeu calculista - E se vamos fazer isso, eles não encher o saco perguntando detalhes e a gente pode simplesmente ir. Lisa o encarou sorrindo. A bela arte de manipular as pessoas da qual House era grande adepto. Hoje era diferente, ela podia vê-lo fazer isso. Era bom saber como ele pensava, pois lhe dava a sensação de participar da vida dele. - Eu também pensaria assim. E os dois entraram na loja. Avisaram que precisavam resolver um problema e como previsto Nathy e Wilson realmente pensaram que era sobre o presente. - Greg... – ela o chamou, enquanto caminhavam a procura de uma loja de móveis. - Hummm? – gentilmente, ele segurou a mão dela. - Eu preciso comprar o presente deles ainda – contou rindo. - Eu também – confessou – Mas não vá pensando que vai poder explorar meu cartão de crédito, mulher! - Você é mal e mesquinho, Greg! - Não, mulher. Eu sou realista! Você é minha chefa, então conseqüentemente, ganha mais que eu – ele passou braço pelo ombro dela. E caminharam mais juntos. Alguém informou que poderiam encontrar a loja no segundo andar – Você quem deveria me bancar. Lisa gargalhou, deixando que ele a abraçasse por trás, enquanto subiam as escadas rolantes. Nunca haveria alguém mais chato, reclamão e impaciente para se levar a um shopping. Mas ela também amava estar com ele. [...] A noite. - Less.. Me responde: isso é mesmo necessário? – ele mantinha seus olhos nas notas músicas que apareciam rapidamente na tela do PSP. Seus dedos habilidosos apertavam rápidos e precisamente os botões. A diretora riu, ainda fazendo carinho em Rach que estava praticamente dormindo. Virou um pouco a cabeça para fitá-lo. O cabelo molhados do banho, os olhos grudados no videogame e o rosto com uma expressão de contrariedade. A filha no meio dos dois. - Ela podia dormir no berço! – continuou. - É seu castigo por quebrar a cama – ela riu, provocando-o. Rach virou-se na cama e encontrou a barriga do pai ao seu lado. Sua pequena mão começou a agradá-la, ainda por cima do pijama, em movimentos sonolentos. Isso roubou um sorriso de House. E lhe fez errar uma nota. - Pra deixar claro que eu não quebrei a cama, sozinho, okay? – retrucou, voltando a entortar a boca – E... A Hannibal pode dormir aqui. Cuddy sorriu, mas não disse nada, ouvindo somente o som que saia do videogame dele. - Eles vão entregar amanhã e a greve de sexo acaba não é? – perguntou quase infantilmente.


- Greg! – ela o censurou por causa da palavra “sexo” sendo dita na presença da Rach. - Ela nem entende o que é isso – tentou se safar – Mas tudo bem. Sua greve vai acabar não é? - Não sei... Se você se comportar, talvez. House sorriu. Adorava quando ela o provocava. E se desligar o videogame, tirar a Rach da cama, colocar a Rach no berço, fazê-la dormir, voltar pro quarto, tirar todo o pijama da Cuddy e tentar quebrar a cama do quarto deles, não desse tanto trabalho, House com certeza o faria. Mas, às vezes, a preguiça o impede de fazer muitas coisas. - Eu te amo – quase sussurrou, enquanto desligava o aparelho. - Também. Sorriu e se surpreendeu quando ele puxou Rachel para cima dele, deixando-a deitar sobre seu peito. - Noite, pai – Rach disse entre dois bocejos – Noite, mãe. - Boa noite, Hannibal. As mãos deles acariciaram sua cabeça até que o sono lhe dominar de vez. Lisa deu um sorriso intenso com a cena. O cretino chato conseguia ser a coisa mais fofa do mundo às vezes. - Diz que posso levá-la pro berço, diz – ele fez beicinho. - Isso tudo era um plano, Greg? – ria mais do que brigava – Você sabe estragar os momentos mais fofos. - Eu amo a Hannibal e a fiz dormir, só quero levá-la até o berço agora – disse fingindo inocência. - E o que vai fazer quando voltar? Ele levantou-se com a menina nas mãos e todo o cuidado do mundo. Não importava a safadice dele e suas segundas intenções, ele amava aquela criatura pequena em seus braços e mancou até a porta. Antes de sair, ele virou com um dos sorrisos mais maliciosos que Lisa já vira. - Isso vai depender da quantidade de roupa que estará vestindo quando eu voltar. Cuddy gargalhou e jogou o lençol sobre seu rosto, enquanto ele ia em direção ao quarto da filha. Por Deus! Tomara que mais uma cama não seja quebrada essa noite. Poupe trabalho, afinal amanhã será o dia do casamento. E camas quebradas seriam um grande problema. O sol estava tão intenso que nem a cortina conseguia conte-lo. Maldito sol, House pensou consigo enquanto esfregava os olhos e puxava o edredom para cobrir seu rosto. Do seu lado na cama: ninguém. Ao olhar de relance para o relógio, ele sabia o por que. Dez para as onze. Graças a Deus, Lisa teve piedade e não o acordou. Ele podia ficar ali, o resto do dia. Apesar do sol, estava um clima agradável. E a cama, naquele momento, tinha um grande poder sobre ele. Mas House estava com fome. E em certas horas, a fome parece o único argumento bom para fazer um preguiçoso deixar a cama. Juntou com a bengala sua blusa do chão e a colocou. Esta hora, Anne e sua mãe já deveriam estar em casa. Mancou até o banheiro. Que bela marca em seu pescoço! Ele deu um sorriso malicioso analisando o lugar. Lavou o rosto e saiu do banheiro ainda com a escova de dente na boca. - Less! O que tem pra comer? – sua voz abafada pela escova.


- Deixe de ser folgado e vai procurar algo, perdeu o horário do café da manhã... – ela apareceu correndo na sala, com algumas roupas nas mãos. - Deus do céu! Que droga é essa? – ele praticamente cuspiu o que te tinha na boca. Lisa olhou para ele sem entender o escândalo. Mas seu rosto estava coberto por um creme verde, e isso é algo suficientemente assustador. - Você parece o Jim Carey em Máscara! – House apontava para o rosto dele – Droga Lisa! - Ah Greg! Deixa disso! – ela bateu em seu ombro quando passou por ele para ir ao quarto e voltar com mais roupa – Isso é pra pele ficar bonita, ora! Ele limpou a espuma da pasta em sua boca e olhou reprovadoramente para a diretora. Pele bonita ou feia, aquela máscara verde continuava assustosa. - Você não pode ficar andando pela casa assim, pois... – ele continuava a resmungar, mas algo novamente lhe chamou a atenção – Jesus Cristo! Anne! Neste momento, a babá adentrou a sala com Rach nos braços e... Claro! A máscara assustadoramente verde no rosto. - Qual é o problema de vocês?! - Patrão, é só creme – ela explicou, enquanto Rachel ria da cena. A mãozinha levemente suja - Pra ficar mais bonita. - Bonita? Vocês ficam tudo menos bonita e... – nessa hora a Sra. House também chegou na sala, seu rosto igualmente verde. - Qual o problema Greg? – o telefone no ouvido, mas não parecia falar com ninguém. - Nada... Nada. A senhora tá bonita! – mentiu. Neste momento uma almofada voou mortalmente até seu rosto. Um ser com a cara verde lhe havia acertado em cheio. - Okay – a Sra. House voltou a falar ao telefone e desligou – Lisa, a Nathy acabou de dizer que passa daqui há dez minutos para nos pegar. A diretora concordou com um leve aceno e voltou a correr de um lado para outro da casa. Roupas e mais roupas. Anne corria, com roupas e com Rachel. A Sra. House não corria, claro, mas também estava atrás de roupas. House revirou os olhos e foi até o banheiro terminar de escovar seus dentes, mancou até a cozinha e procurou algo. Uma cerveja, uma comida mexicana congelada e Catchup. Pronto. Seis minutos no microondas e seu café da manhã estava feito. Jogou-se no sofá e ligou a TV. Mais correria. Até na frente da TV. Ele ameaçou jogar algo na próxima alma que passasse por ele. Mas achou melhor não, pois as mulheres daquela casa pareciam está a um passo da loucura. Bocejou. Mais correria. - Pega que a filha é sua! – Anne entregou Rach e saiu correndo para pegar mais alguma coisa. - Na verdade é de um moleque loiro – resmungou, mas a babá já estava longe – Quer ver novela? Rachel era fácil de lidar. Uma boa televisão era o suficiente e isso com certeza era algo que House admirava e muito na filha. - Me devolve a Rach! Ela tem que se arrumar – Lisa correu e pegou a filha do sofá – O que você também deveria fazer!


- Hey! São onze e quinze! – a boca cheia de comida – O casamento é daqui a oito horas! Lisa lhe lançou um olhar de reprovação. Graça a Deus já estava sem o creme. Menos assustador, ele tinha que admitir. - Meu Deus! Só oito horas – ela começou a correr novamente – Cadê a Nathy que não chega? Vamos nos atrasar! Ele revirou os olhos de novo. E nova correria. Por que tanta roupa? Bocejou. Mais comida. Trocando de canal, pois a novela está chata. Alguém correu tão rápido a sua frente, que ele nem se deu o trabalho de ver quem era. Mas não demorou muito para Nathy chegar. A buzina do carro foi aperta vinte vezes em um intervalo de cinco segundos. Acreditem, Nathy conseguia isso. Logo, Lisa, Rach, Anne e a Sra. House corriam para o carro, levando com elas uma montanha de roupas, maquiagens e afins. “Beijos Greg!”. “Por favor não se atrase!”. “Tchau, patrão!”. “Vamos nos arrumar lá mesmo e nos encontramos na Igreja! Te amo!”. “Não destrua a casa, filho”. “Beijo, pai!” Elas se despediram em gritos tão desordenados que o médico não captou metade das informações. Por Deus! Onze e quinze e já iam se arrumar para um evento que só ocorreria em nove horas. Mulheres... Outro bocejo, mais comida, mudando de canal. Sinceramente, o que ele ia fazer até dar a hora do casamento? Hoje não estava muito adepto da idéia de ficar sozinho. Pra isso servia os empregados. Ou será que eram amigos? Se chamar de empregados, retiram-se algumas responsabilidades e fica mais fácil de lidar. - Chase? – esfregou os olhos, ainda com sono – O que você está fazendo agora? -Oi! Nada... – a voz dele também era de sono. - Vem pra casa da Lisa então – era mais uma ordem que um pedido – E traz alguns filmes pornôs australianos com você. - Tem comida e baralho ai? - Claro, vem logo! Pronto. Chase convidado. Pra que exatamente, House não sabia. Mas já tinha algo pra fazer. - Foreman? Vai fazer o que hoje a tarde? - Tentar convencer a Remy que não preciso ir ao cabeleireiro com ela – comentou alto para que a namorada ouvisse a indireta. - Manda a Remy ir com as meninas e vem pra casa – sim, era quase um ordem também – E... Traz alguns filmes pornôs afro-americanos! Ele riu do outro lado da liga e disse que logo estaria lá, antes de desligar. Okay. Australiano, Negão e alguns filmes pornôs. Já dava pra não morrer de tédio até a hora do casamento. - Taub? Vai fazer o que hoje, narigudo? Mas não foi a voz do cirurgião que falou do outro lado da linha. - House!? – era Rachel. - Oh! Desculpa, Rachel – não devia ter dito aquilo. Mas que mulher atende o celular do marido? – O Taub está ai?


- Sim, mas está ocupado – curta e grossa. House pode ouvir do outro lado da linha, Taub perguntando quem estava ao telefone, e nunca na vida ele ouviu seu nome ser tido com tanto desprezo. - Emergência médica – mentiu. - Como se a Dra. Cuddy deu folga para o departamento inteiro? - Sabe o significado de emergência médica , não é? Se Taub não for, o paciente pode morrer. - Você não é o melhor médico do mundo e o tudo mais? Que mulher chata! - Então posso demiti-lo? Diga ao Taub para me encontrar no hospital em trinta minutos – ele já estava impaciente – E vá de ônibus ao cabeleireiro! Depois ninguém sabe porque o Taub trai a mulher! Não demorou muito para o telefone tocar, e o cirurgião falar, nitidamente escondido, com o chefe. - Casa da Cuddy e traga filmes pornôs com mulheres de narizes bonitos. - Okay! Mas alguma coisa? – quase sussurrava. - Bebida, se quiser – disse sem emoção. Australiano. Negão. E agora o safado. Mas House pegou o telefone e discou mais uma vez. - Jimmy, causa da Lisa, filme pornô religioso, agora – falou sem esperar nem o “oi”. - Tá louco? - Okay, sem filme pornô entre padres e feiras – disse com sarcasmo. - Não é isso, House! Estou saindo pro cabeleireiro agora e depois tem a manicure e... - Jimmy! – ele o interrompeu rapidamente – Não fode! Você é bicha? Nada de cabeleireiro, manicure, nem nada! Seja homem e venha pra cá! - Mas House! É meu casamento! - E ai? Quem tem que tá bonita é a Nathy, você passa desodorante e tá feito! Ele ia recusar. Ele devia recusar. Como ele podia casar sem fazer uma hidratação no cabelo. Suas unhas estavam um horror também. Por Deus! Respirou fundo e resolveu ceder. - Tudo bem, mas só até as seis. House balançou a cabeça negativamente ao desligar. Era o que faltava! O melhor amigo dele ser realmente gay. O infectologista sempre brincava e implicava, mas... Ainda tinha esperanças na masculinidade de Wilson. O telefone da casa tocou de repente, tirando-o dos pensamentos. St. Pauli ligando para lembrar sobre o Tom. Como House pode esquecer o garoto? Chave das motos e já estava indo em direção ao endereço dos Olivers. - É tão bom rever o senhor, Dr. House! – ele disse com um belo sorriso. Estava vestido normalmente, sua roupa de gala na mochila enorme em suas costas. A porta, os felizes pais adotivos.


- Esse é o numero do meu celular, doutor. Qualquer problema é só me ligar – o Sr. Oliver disse atenciosamente. - Claro, claro – falou com pressa. - E Tom, comporte-se, obedeça ao doutor e... – a Sra. Oliver falava, quando House a cortou. - O Tom é um bom garoto sabe de tudo isso – ele coçou o queixo – Mas estou esperando umas pessoas em casa e estou com um pouco de pressa. - Tudo bem, tudo bem. Tchau Tom! Logo o garoto se despediu dos pais e subiu na moto. Mas para frente, longe da nova residência dele, House encostou a moto e virou-se. - Você vê filme pornô não vê? Antes de responder, o garoto olhou para os lados como se procurasse qualquer pessoa que pudesse ouvi-lo. - Sim – disse timidamente. - Ótimo! – House sorriu por detrás do capacete – São as ultimas horas de liberdade do Jimmy, então... - Vamos nos divertir esta tarde – Tom completou por ele, sorrindo – Com certeza vamos. - Gosto disso em você, garoto! - Mas, doutor... – ele chamou, voltando a ficar tímido – Eu não bebo. Trate de arranjar muito refrigerante para compensar. House riu e tomou um caminho diferente com a moto, para antes de chegar em casa, atender ao pedido de Tom. Refrigerantes. E aproveitaria pra comprar outras coisas. Muito rápido, pois os rapazes já deviam estar chegando. - Também nenhum problema com garotas semi nuas, não é? – disse voltando ao estacionamento. - Eu não, mas... A Sra. Cuddy também – ele riu – Bem que a mamãe disse ao meu pai que o senhor era uma péssima influência. - Talvez eu seja, Sawyer, talvez... Quando eles chegaram, a porta já estava aberta. Tom estranhou, mas House já sabia o motivo. - Você não devia ter a chave da casa da minha namorada – disse apontando pra Wilson ao entrar – Soa estranho. - Ainda bem que ele tinha –Taub disse rapidamente – ou ficaríamos do lado de fora! - Esse é o Tom? – Foreman surpreendeu-se. House só concordou com a cabeça e Tom deu um sorriso tímido. - Como você está, garoto? – foi Wilson quem perguntou. - Bem... – não gostava de falar muito. Todos então foram para a cozinha preparar qualquer coisa para comer e pegar algumas bebidas. Refrigerante para Tom, claro.


- Você não vai assistir àqueles filmes com o garoto aqui, vai House? – Wilson perguntou preocupado. - Olhe Sawyer! O Jimmy pensa que você é gay como ele! - Já assisti algumas vezes – se jogou no sofá ao lado de Taub – Mas não estou afim agora. - E você quer fazer o que? – Chase perguntou servindo um copo pra ele. - Jogar cartaz talvez – respondeu tímido. - Bom, vocês ouviram o Sawyer – House puxou a maleta de poker – Negão, você dá as cartas. - Por que eu? - Está vendo mais alguém de cor aqui além de você? – retrucou ironicamente. Contrariado, o neurologista começou a embaralhar as cartas e logo todos começaram a jogar. E sim, Tom era um ótimo jogador. Talvez, só talvez, se eles tivessem permanecido jogando poker e bebendo pelo resto dia, as coisas dariam certo. Eu disse: talvez.

[...] Se não tivesse começado a tocar “Woman” do Wolfmother, provavelmente Tom não acordaria na hora. Seus olhos ardiam e sua bexiga estava para explodir. Ele levantou devagar, com os olhos ainda cerrados, procurando de onde vinha a música abafada. Deu uma olhada rápida pela sala. Todos estavam jogados em algum canto do recinto. Mas também havia outras coisas espalhadas. Latas e garrafas, caixas de pizza, pacotes de salgados, fotos... Fotos? Ele esfregou a cabeça, estava doendo. Andou com cuidado para não pisar em nada, principalmente na cabeça de Foreman, que estava simplesmente largado no chão e roncando alto. Então, percebeu de onde vinha o som. O celular de House tocava em seu bolso. Tom desviou de mais alguns objetos até chegar ao sofá onde o médico dormia. - Tio House? – cutucou com cuidado – Tio House? - Humm? – ele esfregou a mão no rosto, mas não abriu os olhos. - Seu celular – explicou ainda sonolento. Estava se sentindo tão cansando, que se deixou sentar no chão. O infectologista levantou devagar e ficou sentado, mas o aparelho já havia parado. Ele o retirou do bolso e verificou o visor: Cuddy, 1 chamada não atendida. Discou e fechou os olhos. Maldita ressaca. - Greg? – ela quase gritou – Onde você está? Ele não respondeu imediatamente, até porque estava tentando reorganizar as idéias. Provavelmente não sabia responder onde estava. Então, puxou o braço de Tom e fitou o relógio em seu pulso. Que merda! Sete e quarenta! - Less... Eu... – ainda tentava raciocinar. - Falta meia hora para cerimônia! Cadê você? Cadê o Wilson? – agora ela gritou de verdade. - Bem... Aconteceu um problema – ele precisava de uma resposta rápida. Deu uma olhada na sala. Mas que droga tinha acontecido ali? – Estamos chegando! - Que problema?! House! – quando ela o chamava pelo sobrenome, era um mau sinal –


Vocês já deviam estar aqui! - Gasolina – foi a primeira coisa que veio a sua mente. Tom deu uma risada baixa ao ouvir a mentira. - Precisam que mandemos alguém pra pegar vocês? – perguntou mais calma. - Não, não... Já resolvemos aqui, estamos chegando... – ele ia desligar. - Te amo, seu louco – a diretora falou antes. - Também, também... Desligou e jogou o telefone. Respirou fundo como se um pouco mais de ar nos pulmões ajudassem em seu raciocínio. - Onde é o banheiro, tio House? – o garoto segurava suas partes intimas com força e seus olhos fechavam de sono. O médico só apontou e Tom correu. A mente dele estava uma bagunça. Okay, House! Pare e pense. O que aconteceu aqui? Bebidas, pizzas, médicos largados e garotas... Garotas? - Merda! – ele quase gritou olhando para uma jovem caída em cima de Chase – Merda, merda, merda! Ele pareceu despertar de repente. Espera! Sete e quarenta da noite? Por Deus! Eles estavam mais que atrasados! Então era isso que a Cuddy estava falando ao telefone afinal? Que merda! - Jimmy! – House quase socou o médico – Sete e quarenta! O oncologista acordou com um pulo, e olhou assustado para House. Piscou algumas vezes antes de recuperar a consciência. - Onde... Onde estão minhas calças? – ele olhou para baixo – E... Que droga é essa? House olhou melhor para ele. Sim, James Wilson estava usando um sutiã vermelho. E não, não estava com suas calças. Sério, que merda tinha acontecido ali? - Sete e quarenta! – House repetiu com pressa, cutucando Foreman com a ponta do pé – Acorda Negão! - Sete e quanto? – Wilson olhou no relógio e falou alguns palavrões que você não imagina James Wilson falando – Sou um homem morto. Foreman levantou devagar do chão, sentindo algo dentro de sua calça. Balançou a cabeça para tentar pensar melhor. Ressaca. Maldita ressaca. E que drogas uma pizza estava fazendo dentro de sua calça. - Acorda tio Chase! – Tom quase pulou em cima do médico e da garota, é claro. Foreman tentou acordar Taub, enquanto House procurava a carteira e Wilson corria para procurar sua roupa. - Sawyer! – chamou o garoto e jogou sua carteira pra ele – Pague as meninas! Com habilidade, Tom a apanhou e começou a acordar cada uma das meninas. Dando para cada uma delas uma nota de cem dólares. “Obrigada meninas e bom noite”. Ele se despedia educadamente com um belo sorriso, e foi abrir a porta pra elas. - Mas que merda é essa, Chase? – House apontou para o médico. O cirurgião se levantou visivelmente ainda bêbado e com um vestido! Agora, como ele foi ficar vestido assim, era outra história. Maldita bebida que não permitia que ninguém se lembrasse de nada.


- Droga! – ele gritou ao olhar para si mesmo. De repente acordou. Tom riu, enquanto os homens a sua frente corriam de um lado para o outro tentando achar suas roupas. Só Deus sabe onde foi parar a calça do Wilson, ou a cueca de Chase. Sete e quarenta. Isso significava que todos deveriam se arrumar em... Deixe-me ver. Um minuto? Coloca calça, cinto, camisa, terno, meia, sapato. Corram! Já são sete e quarenta e cinco agora. E ainda havia muitas coisas sem explicação. House mancou até seu quarto e pegou a roupa que já estava separada. Quando voltou para sala, Tom e Chase estavam arrumados, enquanto Taub dava uma força para Wilson e Foreman ainda procurava o paradeiro da sua camisa. - Que é isso, House? – Chase riu da roupa que o chefe vestia. O infectologista não estava com um terno comum. Na verdade, ele usava uma camisa com a gola parecida de padre e um smoking por cima. - Eu sou de Deus! – brincou. - Não, tio House, o senhor é tudo, menos de Deus – Tom disse pegando algumas fotos e entregando ao médico. Chase havia levado uma daquelas máquinas instantâneas. E bom... Muitas, talvez até todas, aquelas fotos em cima da mesinha de centro da Lisa deviam ser queimadas. - Você está quase beijando o Taub! – Tom riu apontando para uma foto especifica. - Mas que merda! – ele ia virando uma por uma. Por Deus! Mulheres, bebidas, baralho. Mas que diabos tinha acontecido ali? - Foreman? Depilaram sua perna? – House perguntou mostrando uma foto, onde uma das meninas brincava com um barbeador. O médico levantou as calças e pode ver o estrago. Uma perna sim e outra não. Que lindo! Sete e cinqüenta e cinco. Estão todos ferrados. - House! Seu cachorro destruiu meu terno! – Taub quase escorreu, quando correu com a peça na mão. Black tinha mordido toda a manga da roupa. - Meus ternos ficaram imensos em você – ele coçou a cabeça. - Vamos! Temos que ir ao casamento agora! – Wilson já estava praticamente do lado de fora da casa. - Como vou com o terno ruído? - Pega o meu! – Chase tirou a roupa e jogou para o amigo – Eu pego um no guarda-roupa do House. Dois minutos perdidos. Wilson estava para ter um troço. - Vamos Chase! – foi seguido de um palavrão. O médico voltou ofegante, e todos saíram, mas de repente House parou. - Como vou deixar a casa assim? – House olhou para a sala estragada, enquanto ajeitava sua roupa – Bebida, testosterona, comida, filmes não-educativos! A Cuddy me mata! Todos olharam de repente. House tinha razão, não podiam deixar a casa daquele jeito. Mas eram sete e cinqüenta e oito. Precisavam estar na Igreja, o casamento ia começar. Morrer por transformar a sala de Lisa Cuddy em um bordel ou morrer por chegar atrasado à cerimônia. Ambos os destinos eram cruéis. - Com licença – de repente Tom pediu pra falar – Por que não liga para um serviço de


limpeza? Os médicos se entreolharam. - Quando meus pais viajavam, meus irmãos faziam festas que não podiam em casa – começou a explicar - se não dava tempo de arrumar tudo: contratavam uma empresa. - Sawyer! Eu te amo – House falou rindo, enquanto discava. Bêbados, com a cara e a roupa amassada, eles decidiram só ir com um carro, pois isso resumiria a dois bêbados dirigindo e não a cinco. As chances de morto diminuiriam, ou não? Tanto faz, estavam com ressaca demais para pensar. Enquanto dirigia, Wilson blasfemava das fotos que capturam momentos que pose era aquela do Foreman? Parecia Chase, o segundo ainda colocando os

Deus e o mundo e só não xingou sua mãe. House ria a bebida lhe impedia de lembrar. Mas que merda de uma Drag Queen. No outro carro, seguiam Foreman e sapatos.

- Tio Taub? O senhor pode arrumar minha gravata? – pediu tímido – Não sei dar nó. - É claro – e logo começou a ajeitar a peça. - Valeu! Mas posso lhe fazer uma pergunta? - Diz ai – ele tentava respirar e voltar ao normal. - Por que está sem calça? Freada brusca. Alguns palavrões e uma virada violenta. Por sorte não havia quase ninguém na rua. Okay, o que são cento e vinte quilômetros por hora? Uma velocidade um pouco menor da que Wilson usava para voltar a casa de Cuddy. Mais alguns minutos perdidos procurando a calça do Taub. Mas que droga! Como ninguém percebeu que ele tinha saído de casa sem elas? Corre de volta para o carro, mas antes de entrar, verifica-se se todos estão devidamente vestidos. - Foreman, tira essa marca de batom do seu pescoço – Chase pediu voltando para o carro. Cento e cinqüenta quilômetros por hora no máximo! E por favor, que a policia não pare ninguém. Correr é essencialmente necessário nessa situação. Oito e oito. Eles já podiam se considerar mortos. Os carros foram estacionados de qualquer jeito e os cinco correram o mais rápido possível até a Igreja, menos House, pois além de não estar afobado, não era muito adepto da arte de correr. O padrinho foi mandado para uma sala atrás do altar, Wilson seguiu para outra sala onde estava o celebrante, enquanto Chase, Foreman, Taub e Tom sentavam-se junto aos outros convidados. Lisa, Lucas e Treze já esperavam por ele. - Graças a Deus você chegou Greg! – Cuddy o abraçou tão forte, que House pensou que nem estivesse tão atrasado. - O James ainda não sabe e não é pra dizer nada agora, mas... – Treze falava pausadamente. - O que foi? - Tammy acabou de ligar – quem tomou a palavra foi um visivelmente desconfortável Lucas – A Nathy sumiu. - Sumiu? Ninguém some! – House tinha um sorriso no rosto que foi desaparecendo devagar – Como assim? - Ela pegou o carro da Tammy e disse que viria sozinha pra Igreja e tipo sumiu – ele


explicou. - Tem mais – Treze fitava o chão. Lucas puxou um telefone de seu bolso. - A gente tentou falar com ela, e ela nos mandou essa mensagem. House pegou o aparelho de suas mãos e leu: As vezes as coisas não são como nós queremos. Não me encham agora, preciso de tempo... Muito tempo. - Mas que merda! Quando House deixou a sala e fitou a quase multidão de pessoas sentadas à sua frente, se perguntou mentalmente se alguma delas tinha podia lhe dar pelo menos um bom motivo para que alguém desistisse de um casamento. - Chase! As chaves! – pediu jogando a bengala para o médico que o olhou sem entender – Rápido. Ele demorou alguns segundos para entender a mensagem, e ainda sem compreender nada, tirou a chave do carro do bolso e jogou para o chefe. - Aonde você vai House? - Pro Sex shop! – ele gritou ironicamente, enquanto corria pra porta, sem se importar de estar no meio de uma igreja. Chase ainda pensou em correr atrás dele e ajudar com o que é que ele fosse fazer, mas aquela altura, ele já havia saído. Nunca vira o chefe correr tanto. Nathy poderia estar pelo menos em quinze lugares. Mas House não tinha tempo para ir a todos os quinze. O casamento já estava atrasado, e se ainda fosse acontecer, ele precisava encontrar a noiva o mais rápido o possível. Ela não amava Wilson? Era a pela Alexander St. E se ela ponto? Nathy não era nem de depois largá-lo. Tinha quer

pergunta que soava em sua mente, enquanto ele dirigia não o ama, por que deixou que as coisas chegassem a esse perto uma pessoa ruim, que se aproveitaria de Wilson para ter uma razão pra tudo isso. Sempre existe uma razão.

- Bem, usando fusos horários, deve haver um lugar no mundo no qual você não esteja atrasada pra cerimônia – foi à primeira coisa que ele disse ao avistá-la. Seu sarcasmo, sempre presente. Ela não respondeu, e nem se virou para encará-lo. Não estava surpresa com sua presença, muito menos. Simplesmente, continuou sentada, fitando a límpida água a sua frente refletir a bela lua no céu. Springdale Golf Club. Seu primeiro palpite, e ele estava certo. - Não sabia que o clube abria esse horário – ele continuou quando não ouviu resposta, andando calmamente até perto dela. Ninguém ali além deles. Uma artista plástica com um belo – e caro – vestido de noiva, e um médico com roupas de padre, em um clube de golfe. Por vezes o silêncio, por outra, o barulho distante da máquina de corta grama de algum funcionário bem remunerado do local. Distante o suficiente para não ouvi-los. Se é que Nathy estava disposta a falar alguma coisa. - Como sabia que eu estava aqui? – ela encarava a água. Tudo menos os olhos dele. - O lago Carnegie me ajuda a pensar também – respondeu e sentou-se – Principalmente quando eu pago uma boa quantia de dólares por mês para ter exclusividade por pelo menos essa pequena parte dele. Novamente o silêncio, o lago a sua frente e máquina cada vez mais distante.


- Você está vestido de padre – Nathy comentou como se não fosse óbvio. - E você está fugindo do seu casamento – retrucou quase infantilmente. - Não estou – ela disse rapidamente. - Não? Bem – verificou o relógio antes de continuar – São oito e trinta e sete, estamos a meia hora atrasados para o seu casamento e você não está fazendo muito esforço para ir até a Igreja. - É só que... - Por Deus, Nathy! O que você quer? – a voz dele soou mais irritada do que ele pretendia – Quer que alguém te diga que tudo vai ser perfeito? É idiotice, porque não vai ser. Vocês vão brigar e muitas vezes irá se questionar se você fez a escolha certa. Ela o fitou surpresa, pela primeira vez naquela noite. - É melhor se arrepender por algo que você fez do que por algo que você não fez – desta vez ele soou triste. - Eu só não tenho certeza, sabe? - Certeza se o ama? – ele temia a resposta. - É claro que eu amo, mas... A questão não é o amor – Nathy jogou o mais distante possível, uma pedra, que algum tempo estava em sua mão. - E qual é a questão? Ela hesitou um pouco antes de responder. Talvez porque não tivesse certeza de qual era a verdadeira resposta. - Tenho medo... De não dar certo. Medo de ser responsabilidade demais pra nossa relação. House deu uma risada. Não de deboche, pelo contrário. Apenas uma risada. Passou o braço em volta do ombro dela e a puxou para mais perto, meio que a protegendo. Meio como um irmão mais velho. - Um idiota inglês disse uma vez que “nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar” – disse em meio a um sorriso – O medo é a desculpa dos idiotas. - A ultima frase parecesse ser sua - o abraçou – Mas e a primeira? - William Shakespeare – respondeu, retribuindo o gesto – Mas prefiro a minha. Ela sorriu, mas não disse nada. Oito e quarenta e cinco. Ficou ali por um tempo, se pudesse ficava pra sempre. - O que vai fazer? - House sabia que eles não podiam demorar ali, e também sabia que não importasse o que ele dissesse, nunca conseguiria retirar todas as duvidas da cabeça dela. - Me casar com o homem da minha vida – deu um grande sorriso – E fazer de tudo pra que as coisas dêem certo. - Torcerei por vocês – disse sinceramente, enquanto se levantava. Mas a mão de Nathy segurou a dele. - Posso te pedir algo, antes que a gente volte? – perguntou quase em sussurro. Ele só balançou a cabeça, sem entender.


- Me dá um beijo? House a encarou sem entender, enquanto ela se levantava e com dois passos ficava bem a sua frente. - Me dá um beijo? – Nathy repetiu como se o único erro nisso tudo fosse que ele simplesmente não tivesse ouvido. O infectologista soltou um uníssono, daqueles que não tem sentido nenhum, a não ser expressar o quanto estamos confusos sobre algo. Alguma coisa não se encaixava. Como estar andando e ver um unicórnio rosa atravessar a rua. Tudo faz sentido, menos o unicórnio. Tudo fazia sentido, menos o pedido dela. A mão dela tocou sua barba por fazer, enquanto seus olhos infantis e brilhantes encararam a imensidão azul a sua frente. Ainda não fazia sentido. Ela era a noiva, ele o padrinho. Noiva do seu melhor amigo, e ele o padrinho que veio impedi-la de cometer um grande erro. O beijo? Bem... O beijo seria como um unicórnio rosa atravessando a rua. - Nathy... – a voz dele soou baixa e calculista – Aonde quer chegar? Ela sacudiu os ombros. - Você pode simplesmente negar. Sim ele podia. Podia se afastar ir até o carro e levá-la até a Igreja. Mas isso seria como ver o unicórnio e fingir que não viu. Fingir que não precisa ter cuidado com a quantidade de drogas que se ingeri antes de sair de casa. Ele podia negar. Mas mesmo assim, ela ainda teria pedido. E ainda sim, deveria existir uma razão. Unicórnios e beijos aparecessem na sua vida por uma razão. O primeiro provavelmente quase se estar drogado, o segundo não. Por que estou falando tanto de unicórnios? Talvez por que eles sejam tão surreais quanto uma noiva pedir um beijo do seu padrinho, segundos antes de casar. Eu não gosto de unicórnios, fique claro, mas admito que são surreais. - Eu sei, mas... Por que você pediu? - Testar uma teoria maluca que ouvi por ai – ela respondeu sorrindo, sabendo que ele não entenderia de primeira. Outra mão em seu rosto e ela aproximou-se lentamente de seus lábios semi-abertos. Ele não disse que a beijaria, mas também não se afastou. Uma noiva, um padrinho e máquina de cortar grama longe dali. Nathy fechou os olhos quando sentiu o gosto quase exótico da boca dele. Instintivamente, as mãos do médico seguraram sua cintura, como se a protegendo de cair. Ele não devolveu o beijo imediatamente, mas acabou fazendo. Seis segundos. Expressivos seis segundos e praticamente em sincronia eles se afastaram balançando negativamente a cabeça e rindo. - Definitivamente... – Nathy começou a falar olhando para seus pés – Você estava certo. House passou a mão em seus próprios lábios e limpou a fina camada de batom espalhada nele. Fitou Nathy curiosamente. - Por quê? – ele insistiu com a pergunta. - Porque eu te amo – respondeu simplesmente. Outro unicórnio rosa. Ainda não fazia sentido. - Eu te amo – ela repetiu novamente como se o único problema pudesse ser que House não a ouvisse. Deu dois passos e deixou a cabeça recostar sobre o peito dele – Você é


um das pessoas mais importantes e significantes em minha vida. House não respondeu. Até porque nem sabia o que dizer. Ele ainda procurava um sentido em tudo isso e não ousou falar enquanto não obtivesse qualquer linha de raciocínio que fosse pelo menos razoável. - Você mesmo disse pra Lisa – ela passou os braços em volta dele, abraçando-o – Que este é o problema de estarmos apaixonados: depois que beijamos o amor da nossa vida... - Não importa o quão maravilhosa seja outra pessoa. Nunca será a mesma coisa – House completou por ela, com um sorriso aliviado – Eu tenho que parar de falar certas coisas em voz alta, me pouparia de situações assim. - Beijo tão mal? – ela riu, ainda com o rosto escorado nele. - Não, mas... Deve concordar que foi estranho. - Foi – ela sorriu. Silêncio estranho. Oito e cinqüenta e três. Pelo menos os unicórnios tinham ido embora. - Então, voltamos ao casamento? - Mesmo com medo... Sim – ela sorriu e se afastou um pouco encarando-o – Posso te falar uma coisa? - Pode ser no carro? A gente tá meio que muito atrasado. O Wilson deve estar tendo um ataque. Ela riu e concordou. Enquanto caminhou até o carro, sentiu o braço dele envolver seu pescoço e quando olhou House sorria. O carro que pegara de Tammy ficaria ali mesmo, depois eles pegariam. Afinal tinham que chegar o mais rápido possível. - Quando eu conheci você – começou colocando o cinto – Achei que era um cretino miserável e infeliz. - E eu não sou? – sorriu ligando o carro. - Talvez um pouco. Mas você mudou. - Pessoas não mudam – parou para mostrar a carteira de sócio para o porteiro na saída do clube – Você sabe disse, Nathy. - Sei, então talvez você sempre foi um cretino infeliz que também tinha um grande coração. - Talvez... – ele sorriu acelerando e cortando dois carros a sua frente. - Você fez o que poucas pessoas fizeram – continuou encarando a rua. - O que? - Se permitiu ser salvo – ela o encarou desta vez, sorrindo sinceramente. House não disse nada, mas entendeu a mensagem. Cortou mais alguns carros, acelerou um pouco mais. Alguns metros e eles chegariam a Igreja. Quando Nathy abriu a porta para sair do carro, sentiu a mão de House segurá-la e virou-se parar encarar o padrinho. - Obrigado por me salvar – disse com um sorriso sem graça. - Eu não fiz isso... A Lisa fez.


- Todos vocês fizeram, não me deixaram desistir e agora aqui estamos. - Verdade – beijou a mão dele – Mas hoje, você me salvou, não foi? - Talvez... Praticamente nove horas. - Fica aqui fora que eu vou chamar seu pai pra entrar com você – ele disse enquanto fechava o carro. Ela concordou e House abriu as portas da Igreja, fechando-as rapidamente. A sua frente, uma multidão de curiosos que só queriam uma resposta: Onde estava Natasha Doyle? - Sr. Doyle – House tocou seu braço e falou baixo em seu ouvido – Nathy está lá fora. O sorriso do homem foi genuíno e aliviado, seguido por sussurros felizes da família que sentava ao seu lado e ouviram que a noiva finalmente chegara. House olhou para o grupo perto do altar, enquanto o homem passava pelos convidados até a saída. Ele não precisava dizer nada, todos entendiam com aquilo, que Nathy estava do lado de fora e que o casamento aconteceria sim. Cuddy, Lucas, Treze e os outros sorriam aliviados, até o padre Edson, que começava a acreditar que não haveria mais cerimônia. Mas Wilson não estava com eles. O médico então mancou até a parte da frente da Igreja. - Cadê o Jimmy? – perguntou para Tom que estava sentando perto dele. - Ainda não saiu da sala, senhor – apontou para o local – Está tudo bem com a Nathy? Ele concordou com a cabeça e fitou a porta. - Filho, algum problema sério? - foi a voz da Sra. House que soou perto. - Não se preocupem, atrasos são normais – deu um sorriso quase irônico e mancou em direção a sala. Mas antes que entrasse, sentiu a mão de Lucas segurar-lhe o braço. - Ele está muito nervoso – avisou. - Há quanto tempo ele já sabe que ela tinha sumido? - O suficiente para pensar mil besteiras. House balançou a cabeça, e sob o olhar de todos na Igreja, adentrou a sala, seguido pelo restante de padrinhos a sua costa. - Ela vai me lagar, não vai? – ele choramingava para Stacy que dava um lenço pra ele. O infectologista demorara tanto tempo no clube de golfe, que nem viu quando a exmulher chegou, e recebeu um olhar censurado dela ao aproximar-se de Wilson. - Ela está lá fora – disse suavemente. Com seus olhos vermelhos de lágrimas, Wilson levantou a cabeça devagar para encarar o amigo. - Do que adianta? Ela está com duvidas! Não posso casar com ela! House soltou pelo menos dois palavrões, antes que Lucas e Treze o segurassem para que ele não dissesse nada. Cuddy o censurou com os olhos, para então se aproximar de Wilson. - James – ela falava, desnecessariamente, baixo – Você está exagerando.


- Como exagerando? Não é questão do tempo, eu podia esperar até quatros horas se soubesse que ela simplesmente não conseguia chegar aqui, mas ela não queria chegar aqui! É diferente! A voz dele soava magoada, todos queriam falar, mas não sabiam se deviam. - Sua bicha! – House resmungou alto o suficiente para ser ouvido – Vai desistir agora? - Por que eu deveria me casar com alguém que não quer? - Mas ela quer! – House retrucou rapidamente – Ela te ama, seu idiota! - Então por que fugiu? A Tammy me contou! Ela fugiu, House. - Ela estava com dúvidas, todos nós temos dúvidas – ele diminuiu o tom da voz, quando Cuddy colocou a mão em seu ombro – Sinceramente, você tem plena certeza sobre tudo que envolve esse casamento? Wilson não respondeu imediatamente. Lá fora, os comentários voltavam. - Eu tenho certeza que a amo – disse quase em um sussurro. - Ela ama você também, James – foi Cuddy quem afirmou dessa vez – Mas um casamento é uma grande responsabilidade. - A Nathy devia estar com medo – Treze disse baixinho, encarando o chão – Todos nós temos. Um silêncio estranho envolveu a sala. Nathy com o pai lá fora, esperando o sinal para entrar, se perguntava se tudo daria certo. Os convidados impacientes. - Cara, não faça nenhuma besteira – Lucas tentou dizer algo na sua mínima condição de padrinho. - Eu tenho medo, tenho dúvidas – ele quase cuspiu – Mas eu vim até aqui. Por que ela não? - Você parece ser muito mais maduro do que ela, James – Stacy tentou falar. - Ela quer se casar comigo ainda? – a pergunta dele foi direcionada para o melhor amigo. House o encarou por alguns segundos. - Sim – falou decidido e sincero. - Como pode ter tanta certeza quando nem ela tem certeza do que quer? Sem esperar a resposta, Wilson se levantou, encarou todos que estavam naquela sala e sem muita certeza se deveria fazer, caminhou lentamente até a porta. Há certas coisas que devem morrer com você. Mas House sabia, melhor que ninguém, que as verdades merecem ser ditas. - Eu a beijei – House disse encarando qualquer canto da sala que não fosse os olhos dele – Eu sei que ela o ama, porque eu a beijei. Era mentira. Em parte, era mentira. Mas ele estava pronto para assumir a culpa sozinho se fosse necessário para salvar seu melhor amigo. O gosto estranho do sangue em sua boca. O impacto inesperado, mas lógico, do soco em seu rosto. House caiu no chão e seus olhos encararam os de Cuddy. - Ela te ama, Wilson – ele repetiu como se fosse a única coisa que importava no


momento. E com certeza era. - Seu filho da... – Wilson teria continuado se não fosse Lucas e Treze correrem e agarrarem, cada um deles, um dos seus braços. Ninguém falou nada por um tempo, enquanto o burburinho do lado de fora parecia ser a única coisa disposta a quebrar o silêncio. House nem fez questão de levantar, só passou a mão de leve no lábio cortado e limpou o sangue. Wilson balançava a cabeça e fitava o chão a sua frente, seus braços ainda presos. Ele sussurrava algumas palavras inaudíveis, enquanto todos na sala pareciam esperar algo que lhes dissesse o que fazer. - A Nathy te ama – House falou baixinho, sem encará-lo – Ela te ama... - Você a beijou – Wilson repetiu, ainda fitando o chão, como se tentasse acreditar nisso – Cretino! Você a beijou... House limpou novamente os lábios e passou os olhos pela sala. Cuddy andava agora de um lado para o outro em passos curtos, mas decididos. Sua expressão nunca foi tão misteriosa para ele. A indiferença de Stacy parecia ser o único alivio que House via na cena. Ela o superara finalmente? Aparentemente sim, e isso significava um problema a menos. A advogada parecia dedicar toda sua atenção a Wilson, e escorada no canto da sala, parecia só esperar a hora de levá-lo dali. Enquanto Treze concentrava-se mais em segurar Wilson do que entender tudo. Apesar de que seus olhos e a ausência de um sorriso dissessem que a médica gostaria de rever a cena pelo menos mais uma vez. Tudo aconteceu tão rápido. House ainda fitou Lucas, temendo qualquer expressão de esperança que pudesse existir em seu rosto, mas o detetive parecia limitado a buscar qualquer que fosse a razão que explicasse os fatos recentes. - Você a beijou – disse mais uma vez, agora lutava um pouco menos contra os dois que o seguravam – Por quê? - Não importa – House respondeu rapidamente. - Como não importa?! – ele não queria gritar, mas o fez. Torcendo para que a sala guarda-se sua raiva somente dentro daquelas quatro paredes – Como?! - Merda Wilson – passou as mãos na cabeça e fitou decididamente o amigo – Você sabe que não importa... A questão é que você a ama e é recíproco. - Você... - Eu sou um canalha! – House o cortou – Me odeie, mas não faça isso com a Nathy! Ela te ama, ela é a mulher da sua vida e não casar hoje é o pior erro que você pode cometer. Todos na sala olhavam agora para a dupla. Quase oito e meia. Já não importava. - Por que a beijou? House não respondeu imediatamente. - Só para... Eu nem sei porque, na verdade. O oncologista parou de fazer força e Lucas e Treze acharam seguro soltá-lo. Ele deu dois passos e estendeu a mão para House. - Sempre tem um motivo – sua voz não era nada feliz.


House balançou a cabeça concordando, mas não aceitou a ajuda dele, preferiu continuar sentado. O gesto pareceu ofender um pouco mais o amigo. - Como espera que eu me sinta? Minha noiva não quer casar comigo... Meu melhor amigo a beijou. - Wilson não seja idiota – ele o encarou agora impaciente – A Nathy estava com medo, como todos nós ficamos e... Ela só tem uma maneira muito mais expressiva de mostrar isso! Silêncio. Mas Wilson o fitava esperando que ele continuasse. - Eu beberia, talvez a Cuddy rezasse, a Treze choraria no travesseiro, você conversaria com alguém, sei lá! – recuperou um pouco de fôlego – Todos nós encaramos as coisas de maneiras diferentes. A Nathy, bem... Ela corre e se esconde no armário do quarto, como uma garota de cinco anos. É o jeito dela. Você precisa perdoar isso... - Mas medo de que? – sua mão em punho – De me amar? Apanhar, incrivelmente, era a última preocupação de House. - Não – ele balançava a cabeça – Medo de que não fosse a hora certa. Medo de que o casamento só fosse separar vocês, medo da responsabilidade toda que cairia sobre a relação de vocês dois. - Se ela me amasse não... - Claro que teria medo! – House o interrompeu rapidamente, fazendo força para levantar – Medo de te perder! Por que a vida é uma grande merda! E você pode dormir um dia com o amor da sua vida e quando acordar vê que você está sozinho! Lisa virou-se para encará-lo. Uma serenidade estranha juntou-se a confusão de sentimentos que seus olhos expressavam. - Ela te ama... Por isso eu fui atrás dela, pra trazê-la até você – continuou. - E então a beijou? – Wilson nunca soou tão sarcástico – Grande ajuda. - Não faz sentido – foi à voz de Cuddy que soou. Existe uma grande diferença entre Lisa Cuddy e James Wilson. Ela sabe reconhecer um unicórnio rosa mais facilmente que ele. - Não faz sentido o beijo – ela fitou o namorado – A Nathy está com medo, sim. E isso a justifica ter fugido, também de certa forma, se você considerar o fato dela ser mais louca que todos nós juntos. Mas o beijo... House respirou fundo antes de tentar explicar, mas Lucas falou antes. - Esse é o problema! – tinha um sorriso estranho e todos viraram para encarar o detetive. - Meu amigo ter beijado minha noiva?! Claro que é um problema! - Não! – gesticulava com as mãos – Espera... É um problema também, mas não foi o que eu quis dizer. - O que você quis dizer então? – Wilson estava um pouco irritado com a entrada dele na conversa. House percebeu, então. Lucas tinha entendido, bem mais claro do que Lisa, talvez. - Você – o detetive apontou para ele – Não fazia sentido sair correndo atrás dela, se você a quisesse. Você a trouxe até a igreja, pois vê-la com o Wilson era a única


coisa que você queria. Sempre apoiou esse casamento desde o começo. Todos ficaram em silêncio para ouvi-lo. Só House sabia o final. - Também não faz sentido contar que a beijou – ele coçava a cabeça como se isso ajudasse-lhe a pensar – Beijá-la é cretinice, mas por que contar? Wilson encarou House. Por que ele confessou? - Simplesmente porque o beijo não foi importante – ele riu de si mesmo – Pois não houve sentimentos. House não a beijou porque a ama, e sim pra provar que o Wilson é o cara certo! - Isso não faz sentido algum – Treze falou pensativa. - Não no nosso mundo! Mas na cabeça de House sim – ele sorriu apontado para o infectologista – Afinal esse é o problema de estarmos apaixonados, não é? Depois que se beija o amor da sua vida, nenhuma outra pessoa por mais maravilhosa que seja, conseguira te fazer sentir como ela faz. Era incrivelmente estranho ouvir aquilo saindo da boca dele. Parecia até injusto. Eram as palavras que House usara na noite em que, metaforicamente, roubou Lisa dele. - Foi por isso que a beijou, não foi? – sua expressa era de um menino de dez anos que conseguiu solucionar um quebra cabeça de quinhentas peças. - Por mais bizarro que seja... – House deu com os ombros. Wilson ficou um tempo calado, tentando organizar seus pensamentos. Deu dois passos para frente e acertou outro soco em House. O médico voltou ao chão e cuspiu um pouco de sangue, novamente. Lucas e Treze iam correr, mas Wilson sorriu e estendeu a mão novamente para o amigo, que desta vez aceitou confuso. - Existem outras maneiras de provar isso a alguém – falou voltando a ficar sério. - Como se você não me conhecesse – House tentou sorrir – Eu sempre escolho a mais peculiar dentre as opções. O amigo o encarou. O beijo parecia um pouco mais compreensível, mas não significava que tornara-se perdoável. Wilson encarou Lisa, esperando a reação dela para talvez decidir o que fazer. Ela ainda estava com os braços cruzados encarando-os em seu misto de sentimentos. - Por Deus! Ainda haverá casamento?! – foi o padre que adentrou a sala desesperadamente mostrando o relógio – Digam agora para que eu mande este povo para casa ou não. Todos viraram para Wilson aguardando sua resposta. Todos viraram para Wilson aguardando sua resposta. E o oncologista respirou fundo. Talvez da maneira mais intensa e demorada que já tenha respirado em sua vida. Fechou os olhos devagar, enquanto pensava nas coisas que tinham acontecido e no que tinha sido falado. - Sim... – disse alto o suficiente para todos ouvirem. E quando ele disse, todos sorriram aliviados. Com exceção do próprio Wilson, que fitou House por um tempo como se falasse que ainda não havia terminado. - Eu vou avisar ao Sr. Doyle então – o padre comentou um pouco mais calmo. Wilson balançou a cabeça em concordância e depois se virou para Stacy, Lucas e Treze, e mesmo sem dizer uma única palavra, eles entenderam a mensagem. Ele queria ficar a sós com House e Cuddy, logo, cada um deles foi saindo da sala para já se posicionar


no altar. - Então... – House ia dizer, mas Wilson o encarou e ele parou. Depois o oncologista fitou Lisa, esperando qualquer que fosse a reação da diretora. Era incrível que em meio a tanto silêncio, os três conseguiam se comunicar tanto. Ela deu alguns passos em direção aos dois, os braços ainda cruzados, o olhar ainda praticamente indecifrável. - Lisa, eu e... – novamente ele tentou falar, mas deve fez foram os olhos de Cuddy que o fizeram calar-se. - Não quero saber o que aconteceu – sua voz era baixa, mas decidida. Durantes os primeiros segundos ela não tentou desviar o olhar – Eu só sei que... Wilson os observava com atenção. Gentilmente, House colocou a mão no queixo dela e o puxou um pouco pra cima, de forma que seus olhos se encontrassem. - Tudo o que você faz de certa forma foi pelo Wilson – disse sinceramente – Porque é assim que você é. Há várias maneiras de ver esse beijo e eu o vejo como uma forma de você tentar ajudá-lo, por mais absurdo que pareça. - Lisa... - Se você gosta dela, eu te perdoou – ela o cortou – E se você não gosta da Nathy, eu compreenderia mais facilmente o beijo. - Eu amo você, Less... – House completou rapidamente. Ela sorriu. Foi sua reação imediata. Ele era um maluco, e Lucas tinha razão, o beijo foi só uma forma bizarra dele tentar provar pra Nathy que ela não devia temer o casamento. House também sorriu aproximando-se dela. O golpe foi rápido e inesperado. A mão dela bateu com velocidade em seu rosto, e ele sentiu mais dor ainda por já ter sido atingido outras duas vezes naquela noite. Quando virou seu rosto novamente após o impacto, fitou Lisa que ainda tinha a mão estendida no ar. - Por que? - Porque tinham outras maneiras de provar aquilo a Nathy – ela deu um sorriso maldoso. - Mas eu pensei que... Ele tentou falar, mas seus lábios foram tomados por ela, tão inesperadamente quanto seu rosto foi atingido. Lisa segurou seu cabelo e ficou de ponta de pé. O infectologista primeiro ficou confuso, mas não demorou a retribuir o ato, beijando-a também com a mesma paixão com a qual ela fizera. - Eu também te amo, seu doido – disse ainda próxima dele. House sorriu e ainda com as mãos na cintura dela, fitou o amigo que agora sorria. Por um momento o perdão da Cuddy, parecia seu perdão também, e House ficou aliviado com isso. - Ainda sou seu padrinho? – deu um sorriso amarelo. - Acha mesmo que eu vou casar sem você? – Wilson deu com os ombros. - Vocês dois parecem crianças – disse Cuddy, enquanto repousava a cabeça no peito do médico – Brigam e um segundo depois já estão de bem. - E isso é ruim? – House riu. - Então, vamos... – Wilson deu um sorriso nervoso, ao pensar no que o esperava do


outro lado da porta – Acho que estou com medo. - O medo é coisa de idiotas – retrucou. - Você disse que quando a gente ama alguém, a gente tem medo – comentou ajeitando a roupa. - O amor é coisa de idiotas – sorriu. - É mesmo, Greg House? – Lisa perguntou sensualmente mordendo de leve seu queixo. - Amor é só... – pensou um pouco – Roma ao contrário! Os dois riram. Então, alguém bateu a porta avisando que já ia começar a cerimônia. - Acho que não começa sem você – Lisa disse saindo do abraço com House. - É... - Preparado? – ela perguntou sorrindo amigavelmente e ajeitando o cabelo dele. - Depois de tudo isso, eu não podia estar mais preparado – brincou fitando a porta. Mas quando ele foi abrir House o chamou. - Jimmy! - O que foi? – deixou a porta entre aberta e fitou o amigo. - Eu te amo, cara – disse envergonhado, mas sinceramente. Wilson sorriu e Cuddy também. - Eu também, House... Eu também - falou e saiu. Quando Cuddy ia segui-lo, House a segurou pelo braço e gentilmente a guiou até a parade. Fitou seus olhos confusos por alguns segundos, antes de sorrir e beijá-la, agora mais intensamente do que da primeira vez. Aquele sim, era o beijo que roubaválhe o ar. Aquela sim, era a mulher que mexia com seu coração.

Lisa afastou-se devagar, respirando ofegante. Ele tinha um sorriso divertido no rosto, e suas mãos seguravam gentilmente a cintura dela. Do outro lado da porta, as pessoas pareciam mais animadas, depois de tanto tempo de espera. - Vamos? – House disse ainda fitando-a. Ela balançou a cabeça concordando, e antes de se livrar dos braços dele para sair, deixou um beijo rápido em seus lábios. Quando ele saiu, posicionou-se ao lado de Treze na parte esquerda do altar, enquanto Lucas e Cuddy ficavam a direita e um nervoso Wilson tentava respirar um pouco a frente do padre feliz pelo andamento das coisas. Finalmente teríamos casamento. A tão conhecida música ao fundo, alguns aplausos contidos e a porta principal se abriu devagar. House podia ver nos olhos mais que radiantes de Nathy que ela tinha certeza, e pelo jeito como Wilson transpirava, ele também devia ter. O infectologista deixou escapar um sorriso, daqueles que seu ego nunca permite. A cada passo que Nathy dava, ela parecia ter que se lembrar: um pé antes do outro, inspira, outro pé agora, expira, outro pé, olhe pra frente! Os metros que a levavam até o altar, onde Wilson estava, nunca parecem tão distantes. Ao seu lado, seus amigos acenavam e sorriam. Todos se levantaram quando ela finalmente chegou, e como manda a tradição o Sr. Doyle


entregou sua filha ao homem a sua frente. Ao nervoso homem a sua frente, é valido ressaltar. - Cuida dela, James – ele disse baixo o suficiente para que só o noivo ouvisse. E Wilson concordou com a cabeça e segurou a mão da sua futura mulher guiando-a até à parte mais elevado do altar, virando-se para ficar agora de frente ao padre Edson. As palavras tão conhecidas passaram distante para House, enquanto ele mantinha sua atenção por alguns momentos no casal no centro da Igreja. Ele os observou com certo orgulho não característico dele. - Isso é muito lindo – Treze comentou emocionada, segurando o braço do chefe – Muito lindo mesmo! - Você não está chorando, está? – House a encarou e riu quando ela usou a mão livre para enxugar algumas lágrimas. - Cisco – disfarçou rapidamente. - Múltiplos ciscos – House implicou – Que está atacando a grande parte dos convidados. - Você é muito insensível chefe – retrucou voltando a prestar atenção ao padre. Ele deu um meio sorriso e aproveitou o silêncio para observar as pessoas a sua frente. Os convidados emocionados – ou entediados, depende se você já fez sete anos ou não – que acompanhavam a cerimônia. Logo na primeira fila: a família Doyle. Talvez eles não estivessem sofrendo com a sensação da perda, uma vez que há anos já não moravam na mesma casa, mas com certeza estavam orgulhoso. Alguns amigos da Nathy cujo nome ele não sabia, outros que ele já falara pelo menos uma vez. Não importava. Todos pareciam totalmente felizes. Simplesmente felizes. Do outro lado da Igreja, também na frente, sua mãe tinha um sorriso especial. Mas House não se concentrou nele, muito porque não estava disposto a ficar pensando em seu pai. Ao lado dela, Tom tentava se concentrar nas palavras do padre, mas sua atenção era facilmente desviada por qualquer som ou movimento próximo a ele. Não muito longe, Foreman via escondido as fotos da festa feita poucas horas antes. Por vezes ele precisava segurar o riso, em outras tinha que esconder sua indignação. House riu da sua tentativa falha de tentar fazer isso sem que ninguém percebesse, uma vez que Taub não parava de tentar ver, o que começava a irritar Rachel, há essa hora já no segundo lenço para conter as lágrimas. Quem também chorava era Anne. Segurando a agitada Rachel em seu colo, a jovem tentava conter sua emoção. Nos primeiros minutos, a pequena dormiu, depois foi para os braços da avó, depois voltou para Anne e foi novamente para avó. Hora ou outra pedia para ir até ele, e House jurou que se Rach continuasse a encará-lo com aqueles olhinhos préchoro, ele desceria do altar para pegá-la. Por sorte, ela pareceu se entreter com algum celular. Chase estava de pé, mais próximo ao altar, gravando tudo com um sorriso um pouco exagerado na opinião de House. Talvez o pobre estivesse lembrando vagamente do seu próprio casamento. E o infectologista torcia mentalmente para que os casamentos não tivessem o mesmo fim. - Sério, chefe, como não se emociona? – Treze o tirou do seu adágio. - Estou muito emocionado – mentiu – Mas você não espera que eu chore, não é? - Uma lágrima pelo menos – brincou. - Sou biologicamente incapaz de chorar.


Ela deu uma tapa de leve nele e voltou a enxugar suas lágrimas antes que borrasse toda sua maquiagem. House agora manteve seus olhos no casal principal. Mas sua atenção foi roubada quando a mão de Lucas segurou a de Cuddy do outro lado do altar. Primeiramente ele se sentiu estranho, mas depois percebeu que de certa forma isso não o incomodava, como ele um dia pensou que poderia incomodar. Era como se o mais importante ele já soubesse. Os olhos marejados da diretora perceberam que House a encarava e o fitaram. Ele pode ver o sorriso mais lindo do mundo. - Natasha Doyle, você aceita James Wilson como seu legítimo esposo? – a voz do padre os chamou de volta. - Sim! – talvez o “sim” mais empolgado de todos os casamentos da história. Ela até levantou os braços, o que fez todos rirem. - James Wilson, aceita Natasha Doyle como sua legítima esposa? – o padre voltou a perguntar. - Sim – disse decidido, suas mãos segurando fortemente as dela. Alguns aplausos, alguns assobios. Os olhos de House encontraram novamente os de Cuddy, enquanto Wilson e Nathy se encaravam. - Eu te amo – House disse só com os lábios para a mulher do outro lado da Igreja. - Eu também – ela também usou somente os lábios. A mão que Lucas segurava, no fim, era só uma mão. Literalmente uma mão. Enquanto o mais importante, seu coração, pertencia, metaforicamente, ao cretino do outro lado da igreja. - Eu vos declaro – o padre voltou a chamar a atenção de todos – marido e mulher! Pode beijar a noiva! Sim, a frase é essa. “Pode beijar a noiva”. Pelo menos é a que eu ouvi em todos os casamentos que eu fui, ou que simplesmente vi nos cinemas e na TV. Provavelmente se eu perguntar a qualquer um, eles dirão: sim, essa é a frase correta. Então, por que minha dúvida? Bem... Quando Natasha, que agora era Wilson e não mais Doyle, segurou seu marido James, que era Wilson desde o dia que nasceu, e lhe tascou o maior beijo que se viu, fiquei pensando se a frase verdadeira não era: “pode beijar onoivo”. Mas tudo bem. Considerando toda a insanidade que envolveu este casamento, a frase que o padre usou é a ultima coisa que importa. Não podemos esquecer é claro, que os pés de Wilson ficaram pelo menos a dois centímetros do chão quando ela o puxou praticamente arrancado seus cabelos perfeitamente arrumados. Até aquele momento, ninguém tinha noção da força de Nathy... Ou da fragilidade de Wilson. Tanto faz. - Você não vai chorar?! – Treze apertou um pouco mais o braço dele, enquanto aplaudia. - Não! – ele riu e também bateu palmas. O casal virou-se para acenar aos convidados e começar a sair. Sr. e Sra. Wilson, agora. E um pequeno Wilson daqui a alguns meses. Uma elegante limusine os esperava do lado de fora para levá-los ao salão da festa e depois para o aeroporto. Calmamente, os convidados iam pegando suas coisas e dirigindo-se para fora. Há duas ruas dali, havia um salão preparado para receber todos. Mas House ainda esperou um pouco ali em pé, fitando todo mundo. Sua mãe, Anne e Rachel já estavam indo esperá-lo no carro. Tom iria com Chase e a igreja começou a esvaziar aos poucos.


Ele esperou até que Cuddy saísse também, ela conversava com Lucas, mas não demoraram, eles se despediram e o detetive seguiu até a porta também. Foi quando ela o viu, observando-a do outro lado do salão. - Me espera no carro – Lisa pediu e ele concordou com a cabeça. Antes padre havia Sr. e

de ir, a diretora entrou ainda na sala paroquial para agradecer a paciência do e de todos os ajudantes da Igreja, para depois ir embora. A essa altura não mais ninguém ali. Deu um grande sorriso ao lembrar que tudo dera certo afinal. Sra. Wilson.

A igreja estava muito enfeitada, e Cuddy nunca a vira tão bonita. Só que ela pode contemplar totalmente sua beleza. Caminhou devagar para os detalhes. Estava tão perdida nisso que não percebeu que ao passar confessionário, a porta deste abriu-se rapidamente e uma mão a puxou

agora vazia é observar todos pelo para dentro.

Tão rapidamente, ele a colocou contra a parede de madeira, que a única reação dela foi um pequeno grito de surpresa. Com o pé, ele fechou a porta e suas mãos seguravam a cintura dela. Cuddy pode encarar o sorriso mais depravado de Gregory House. - Confessionário, Greg? – ela não pode deixar de rir. Infantilmente ele deu com os ombros, antes de tomar o pescoço dela com seus lábios. A primeira vista era uma péssima idéia, mas quando ele a puxou para mais perto e tomou seus lábios da maneira mais apaixonada que ele já fizera, Lisa começou a encarar como uma boa idéia.

Agilmente ele começou a afastar a alça do vestido dela, deixando seu ombro nu e fazendo a peça cair um pouco liberando a visão sobre o busto perfeito dela. Lisa deu uma risada, quando ele tomou seu corpo com seus lábios. - Que droga de roupa – ela resmungou, quase se divertindo, quando não conseguiu desabotoar a camisa dele, por causa da gola de padre – Por que veio vestido assim? - Me dá uma sensação de quebrar as regras – ele sussurrou antes de morder o lóbulo da orelha dela. Depois de tentar muito ela conseguiu finalmente desvendar o enigma da gola e começou a desabotoar a camisa dele em uma velocidade tão lenta que era torturante para o médico. A diretora arranhou levemente seu abdômen ainda por cima da camisa de meia que ele usava. - Tem que usar tanta roupa? – perguntou enquanto colocava a mão por debaixo da peça. - Deu pra criticar meu vestuário agora – retrucou levando-a até parede. Lisa riu do movimento e Greg a puxou para mais perto sem quebra o beijo que lhe dava. O infectologista começou a puxar o zíper lateral do vestido, mas não o abriu por inteiro, pois a porta do confessionário se abriu. - Sra. Cuddy? – a expressão perplexa do padre era impagável. Para evitar qualquer coisa, House puxou rapidamente o homem pela batina colocando-o dentro do pequeno local e fechando a porta. O confessionário era pequeno demais para os três, e enquanto Cuddy ficava de costa para a parede, House estava virado de frente para ela, sua calça caindo pela ausência do cinto retirado em algum momento que ele nem percebeu, e padre Edson logo atrás dele. - O que tem a dizer sobre isso? – ele tentava não rir da situação. - Bem... – House deveria evitar piadas. Deveria – Como se o senhor não presenciasse pecados aqui dentro! - Cala a boca, House – a diretora sussurrou para ele, sentindo seu rosto queimar de vergonha – Não piora as coisas.


Ele deu um sorriso sacana e se controlou para não dizer mais nada. Enquanto o padre deu um longo suspiro e ajeitou os óculos em seu rosto. - Não podemos simplesmente esquecer isso? – Cuddy sugeriu ainda corada. - Claro que não Lisa, o homem precisa nos excomungar – brincou House, mas seu estomago foi atingido pelo cotovelo dela, o médico ainda resmungou algum palavrão qualquer. - Nós pedimos desculpas, senhor padre – a diretora insistiu – Desrespeitamos o lugar. - Como assim nós? Peça por você! – House retrucou, passando a mão na barriga. - Não se arrepende, senhor House? – agora o padre parecia realmente chateado. Felizmente, não havia ninguém do lado de fora para ouvir a estranha conversa de três pessoas e um único confessionário. Há essa altura todos já teriam se dirigido a outra festa. Com exceção, da Sra. House, de Rachel e da babá, que se perguntavam onde teriam se metido House e Cuddy. (Ambigüidades, a parte, por favor. Essa ainda é uma fic de família). - Estou obedecendo a Deus – retomou o seu tom infantil, esquivando-se, apesar de pouco espaço, para não apanhar de Cuddy – Está na bíblia: Crescei e multiplicai-vos. Genesis, capitulo um, versículo vinte e dois. Tanto o padre quanto a namorada poderiam – e deveriam – repreendê-lo, mas tal demonstração de conhecimento religioso os pegou com tal surpresa, que ambos só puderam evitar rir. - Tal argumento foi tão inteligentemente empregado, Sr. House, e maliciosamente também – o padre começava a mostrar bom humor com a situação – Que acho que posso fazer vista grossa com esse atual episódio. - Sua misericórdia, padre, é quase divina – replicou sarcasticamente. - Greg! – ela o acertou de novo – Não abusa. O médico passou de novo a mão em seu abdômen. Ela realmente sabia acertá-lo. - Eu insisto em pedir desculpas, padre – Cuddy olhou ainda envergonhada para o sacerdote. - Sim, sim... Vamos rezar quarenta ave-marias – House brincou e precisou desviar novamente de outra cotovelada. E quando o infectologista pareceu preparado para soltar outra frase. Provavelmente com termos como ajoelhar e rezar, empregados de uma forma nada religiosa. Cuddy, agilmente, tampou sua boca. - Desculpas aceitas Sra. Cuddy, por sorte tal cena não foi presenciada por ninguém – ele retornou ao sem tom polido – Mas espero que entendam meu desconforto. Isso continua sendo uma Igreja... Ele ia ser interrompido por House, que disse algo abafado pelas mãos dela. - E como Igreja merece respeito – concluiu severamente. - Mas eu sou ateu! – ele quase gritou ao escapar de Cuddy – Graças a Deus... - Continue assim e eu chamarei um exorcista, Sr. House – o padre replicou voltando ao bom humor. O médico riu e saiu rapidamente para não apanhar mais. Cuidadosamente, Cuddy o seguiu, ainda expressão uma meia dúzia de pedido de desculpas e sentido seu rosto arder de vergonha. O padre só ria dos dois, e torcia, mentalmente, para que a


diretora tivesse paciência – e juízo – para cuidar do namorado, enquanto se dirigia de volta a sua sala. - Onde vocês estavam? – a Sra. House não escondia sua preocupação. - Assuntos confidenciais – o filho replicou rapidamente abrindo o carro – O que acontece entre dois fieis e o padre, fica na Igreja. - Achei que o senhor era ateu, patrão – Anne disse ajeitando Rach na cadeirinha. - E eu era – replicou rapidamente, ligando o automóvel – até vê o milagre da graça de Deus – completou dando uma piscadinha marota pra namorada ao seu lado. - Por favor, Greg, não faça brincadeiras desse cunho – a mãe o censurou rapidamente. Era difícil imaginar House ouvindo sermão de alguém. Mas a maneira que ele se calou após o comentário, levou a uma onda de risos por parte das mulheres do carro. Até de Rachel, que apesar de não entender a graça da situação, achou que seria quase seu dever imitar os adultos e soltar uma gostosa gargalhada, a única a não ofender o ego de House, que a essa altura estava desconfortável com o poder que a mãe ainda tinha sobre ele. - Sim, senhora – limitou-se a responder – Não se repetirá. A conversa tomou outros assuntos, menos religiosos e mais fúteis, como a eleição da Miss Universa naquela noite. Obviamente, House fora repreendido mais algumas vezes pela mãe e pela namorada, com seus comentários nada próprios para o horário. Mas o local da festa do casamento não era tão distante a ponto de que a conversa se estendesse muito mais. Logo House estacionou, o grupo já pode ver o Sr. e a Sra. Wilson, cumprimentando os convidados a porta do decorado salão. O infectologista se perguntava mentalmente, se há essa altura Wilson já desconfiava do que ele e Chase aprontaram durante a última despedida de solteiro. De uma maneira ou de outra, logo ele saberia. Imaginar a reação, provavelmente, exagerada do amigo o divertiu, enquanto ele caminhava até o salão, levando a filha no colo.

O grupo cumprimentou rapidamente o casal e foi se juntar a uma mesa, não muito distante, reservada ao pessoal do hospital. House estranhou a ausência de Chase e Tom, mas logo viu os dois conversando no canto oposto do salão e deduziu, corretamente, que eles terminavam de colocar o plano deles em ação. - Se perderam no caminho? – Taub perguntou quando eles se sentaram. - O Greg quis confessar todos os pecados dele para o padre, hoje – a Sra. House brincou. - Mas não falou todos falou? – Treze entrou na brincadeira – Deve ter sido só um pouco, uma vez que se fossem todos os pecados, até essa hora estariam lá! Todos riram, mas House parecia ocupado demais prestando atenção em Chase e Tom para ligar para os comentários. Não demorou muito para os dois de juntarem a grande mesa que comentava sobre a cerimônia. Em todos os aspectos, inclusive o atraso. - Você colocou? – House sussurrou para Chase. - Tom já trocou – respondeu apontando para o menino que entretido brincava com Rach e com Anne – Ele nem desconfia de nada. A festa estava agradável, e só esporadicamente o casal visitava o grupo, já que devia dar atenção a todos os convidados. Mas apesar da insistência de Cuddy, House preferia mil vezes ficar sentando a ir dançar, e a diretora acabou aceitando a oferta de Chase. - Puxa-saco fura-olho – ele resmungou quando o cirurgião saiu guiando Cuddy.


- Você não pode reclamar se não quis ir – Treze refletiu – Sua perna dói? Ele balançou a cabeça negativamente. Era mentira, mas ele achava que sua saúde era tema para o momento. Com a resposta, Treze levantou e foi dançar com Foreman, seguindo o exemplo de Taub e Rach que faziam o mesmo. - Você não vai arranjar nenhum namorado na festa, vai? – House perguntou sorrindo para a mãe. - E desde quando festas de casamentos são bons lugares para se arranjar alguém? – replicou – Você procura namorado bom nas noitadas. - Por favor, mãe! Não quero imaginar a senhora em boates GLS – brincou fingindo-se horrorizado com a idéia. - Não há o que temer, mas agora me dê licença, preciso falar com os pais da Nathy – disse se levantado e colocando a bolsa na cadeira. - Não precisa não... - Você tem que deixar de ser anti-social, mocinho – ela sorriu. - Eu sempre fui anti-social, desde bebê e isso nunca foi um problema. - Nunca é – concordou – Até um australiano bonitão pedir sua namorada pra dançar. - A senhora não tinha que falar com as pessoas da sua idade não? – retrucou infantilmente – Me incomoda a senhora se referir ao Chase desse jeito. - Oh desculpe! O gostosão australiano – implicou e retirou-se rapidamente, antes de ouvir qualquer replica da parte do filho. House balançou a cabeça rindo. Tomou mais um pouco da bebida a sua frente e elogiou mentalmente o Buffet que servia aqueles apetitosos salgadinhos. Deu um logo suspiro antes de passar os olhos pelo salão. Ninguém na mesa além dele. Sua mãe conversava animadamente com os Doyles e outro grupo de pessoas, perto da mesa principal. O assunto que os levava a tanta vivacidade era irrelevante, e ele apenas de um meio sorriso. Não distante Tom e Anne levaram Hannibal para brincar outras crianças, de idades variadas, que se distraiam com um conjunto de brinquedos disponibilizados pelo local. Wilson e Nathy conversavam com um casal de amigos dela. E o restante parecia, obviamente, diverti-se no local dedicado a dança, no fundo do salão. House não podia condenar o repertório musical, até então altamente agradável e eclético. E a festa percorria assim. O infectologista pegou a cadeira, antes usada por Chase, e nela apoiou a perna, massageando-a devagar. Deu um sorriso com a estranha epifania que repentinamente lhe ocorreu, quando seus olhos cruzaram novamente o salão. Como poucas vezes na vida, ele não se sentia sozinho. Seu melhor amigo se casara, ia seguir com sua vida, teria menos tempo para ele, mas ele não se sentia sozinho. Pois talvez solidão não tenha nada a ver com estar ou não na companhia de alguém. E sim, em sentir-se sozinho mesmo no meio de uma multidão. O jantar principal fora servido próximo às onze da noite, e assim todos voltaram a sentar-se e a conversa voltou a ficar animada entre todos. A final do Superbowl, um terremoto no Oriente, células-tronco, a gravata do Wilson, qual tempero teria sido usado para preparar o filé que comiam. Tudo era assunto, até as novas divas do pop. - Você tem que entender que a Rihanna não é tudo isso – Rach Taub disse para o marido. - Já se foi o tempo em que a Madonna reinava tudo – comentou a Sra. House com um


sorriso saudosista. - A Madonna sempre será minha favorita – Cuddy disse com convicção. - Acho que a Rihanna ainda tem algo a mais de especial – Taub falou como um entendedor do assunto – É sério, ela tem algo de diferente. - Sinceramente eu achei que você gostasse mais da Lady Gaga, pequeno Taub – House comentou de repente. - Por que? - Os narizes são semelhantes – respondeu rapidamente e todos na mesa riram. - Mas fala sério, a Lady Gaga é a melhor de todas – Foreman disse antes mesmo de terminar de engolir. - Errei de novo – falou House com falsa tristeza – Achei que gostasse mais da Rihanna por causa da cor. Você traiu o movimento, Negão. E antes de Chase pudessem questionar qual das divas era mais a cara dele, Wilson cruzou o salão rapidamente. - HOUSE! – ele apertava algo com muita na sua mão. Enquanto algumas pessoas de outras mesas viraram-se para ver a cena, e com isso, Wilson forçou-se a falar mais baixo – Como você pode? O médico fingiu-se de inocente. - Por que quando algo dá errado, a culpa é minha? – perguntou quase ofendido. - Força do hábito – replicou Treze sorrindo. - O que você fez dessa vez, Greg? – Cuddy perguntou como se quisesse mostrar para Wilson que ela não ficaria do lado de House, só porque estavam juntos. - Nada! Em sei porque ele tá todo histérico – deu com ombros e voltou toda sua atenção para Rach ao seu lado. - Você trocou as passagens da lua-de-mel! – o oncologista disse apontando para ele. - Eu? Como eu posso ter trocado alguma coisa? – perguntou seriamente – Eu não teria tempo para mudar passagens da Europa para o Caribe. O oncologista ainda olhou desconfiado para o amigo, mas realmente, com toda a correria do casamento não sobraria tempo nem que ele quisesse. - Espera ai! – Cuddy apontou para o namorado – Em nenhum momento o Wilson disse que as passagens foram mudadas para o Caribe! Todos na mesa viraram rapidamente para ele, sorrindo. House fora pego. - Odeio o fato de ter namorado um detetive – resmungou, já esperando a volta da histeria de Wilson. - Por que?! - Não fui eu! – insistiu. - Claro que foi! Como pode saber então que agora era o Caribe? Por Deus House! Era a viagem dos nossos sonhos – completou puxando uma cadeira entre o infectologista e Rachel. - Jimmy, primeiramente eu falei para o incompetente do Chase colocar Las Vegas – falou sorrindo, já sabendo o efeito que a frase dele teria. Os olhos de Wilson e do restante da mesa agora foram para o cirurgião e seu sorriso


desconcertado. - Foi o Tom que disse que Caribe seria melhor – apontou infantilmente para o garoto. Agora todos se voltaram para o garoto, que só deu de ombros. - A lua de mel dos meus pais foi lá – disse simplesmente – Achei que seria legal. - Por Deus Wilson! Europa? A gente tinha que trocar os destinos – House voltou a falar – Você não leva a mulher da sua vida para a Europa. Não para passar a lua-demel. Ele não pareceu convencido. - Se for pra férias, tudo bem – insistiu – Mas lua-de-mel? Por favor! - Mas House... Era o que eu e a Nathy combinamos. - Mulheres da mesa – House ignorou o que o amigo falara – Com exceção da mamãe é claro. Onde prefeririam passar a lua-de-mel: um albergue na Republica Tcheca ou em uma casa de praia caribenha? - Caribe! – Treze levantou as mãos e Foreman riu, anotando mentalmente a dica. - Opa! Praia caribenha, claro – Rachel disse sorrindo para Taub, que a levara para Paris. - Caribe – Anne falou rindo, nem pensava em casar, mas a idéia de uma lua de mel no caribe parecia legal. - Acho que seria um albergue na Republica Tcheca – Cuddy disse sorrindo. - Por isso eu vou te levar para o Brasil – House retrucou e voltou-se para Wilson – Percebeu? Eu só fiz o melhor por você, Jimmy. - Mas House, eu ainda acho que... Porém, antes que o oncologista pudesse continuar seu descontentamento, Nathy atravessou correndo o salão e quase pulou em cima do marido. - Willis! – beijou a testa pelo menos quatro vezes – Você é o melhor de todos! O marido a fitou sem entender. - Caribe! Que linda idéia! – continuou animada – Sempre quis ir pro caribe! - Sempre? – perguntou sem jeito. - Claro! E a Tammy falando que você ia me levar pra Europa – completou sorrindo. Deu um rápido tchau para todos na mesa e voltou correndo para o outro lado do salão continuar a conversar com seus familiares. House segurou-se para não gargalhar da cara dele. Sem êxito. E Wilson ainda precisou encarar o sorriso e os comentários dos outros. - Prepara ai todo mundo que daqui a pouco vamos jogar o buque – disse simplesmente ao levantar-se. A idéia pareceu animar as mulheres, mas House replicou rapidamente. - Nem pense nisso – apontou para Cuddy. - Meu caro, só tenho a lhe dizer que vou me casar um dia – disse decidida – E não dependo do senhor para isso, Dr. House. Alguns aplausos para o comentário de Cuddy, e House colocou a mão na altura do


coração fingindo estar extremamente abalado. - Cinqüenta dólares que a Treze pega o buque – Foreman disse antes que as mulheres começassem a se levantar. - Então – Chase refletiu – eu aposto cinqüenta na Sra. House. - Hey! Não aposte coisas com a minha mãe, geriatra – o chefe o cortou – Ela não vai pegar o buque, simplesmente porque não vai casar de novo. - Por que não? Agora imaginei o Chase como seu pai – disse rindo. - Vocês dois podem parar?! – House estava ofendido, enquanto todos na mesa riam – Não é o tipo de coisa que eu gosto de pensar. - Qual é filhinho? - Chase entrou na brincadeira – Prometo lhe dar uma mesada digna. - Se eu pegar você flertando com a minha mãe será demitido – ele falou seriamente. Alguns outros comentários foram feitos, mas antes que House pudesse demitir Chase ou qualquer outra coisa, sentiu seu terno ser puxado e virou-se para olhar Tom. - Me dá empresta cinqüenta dólares, tio House? – perguntou sorrindo. House pegou então uma nota na carteira e entregou para o menino, esperando o que ele ia dizer. - Cinqüenta dólares na Dra. Cuddy – disse decidido. - Hey! Não pode apostar nela! – House replicou rapidamente. - Por que não? – Tom perguntou dando os ombros – Você não apostou nela. - Primeiro, ela é minha namorada. Segundo, eu não deixei ela pegar buque nenhum. - Você não manda em nada House – Cuddy disse levantando-se, já que as convidadas começavam a se reunir no meio do salão. Deu um beijo sensual em House e virou-se para Tom – Vou ganhar esse dinheiro pra gente Sawyer! Todas se levantaram sorrindo e House ergueu os braços. - Espera! - O senhor vai apostar em mim, patrão? – perguntou Anne animada. - Não... Na Hannibal. Com isso, ele deixou cinqüenta dólares na mesa e levantou-se para pegar a filha. Todos olharam para ele sem entender, enquanto ele mancava até o meio do salão. Já havia muitas mulheres lá no meio e Nathy estava ansiosa para jogar o buque. House levantou, com até muita facilidade, Rach, deixando-a mais alta do que qualquer uma. - É um! – Nathy começou a contar – É dois... Cuddy, Sra. House, Rachel, Treze e Anne correram para o meio também. - É três! Todas ergueram os braços o mais que puderam. Agora não era só uma questão de tradição pegar o buque. Tinha muito dinheiro em jogo. Os maridos e namorados gargalhavam nas mesas da grande batalha no meio do salão. Até que todos pararam para prestar atenção na única que sairia vitoriosa. Quando a mulherada foi se afastando lentamente, olhando para os lados, procurando em que mão estaria o buque, House deu um grande sorriso ao avistar as flores da mão da pequena Rachel que gargalhava exibindo seus quantitativos cinco dentes.


- Essa é minha garota! – ele exclamou abaixando-a. - Não é justo! – uma das convidadas reclamou – Ele é homem. - Mas eu não peguei, quem pegou foi ela – retrucou infantilmente. - Não acredito que a Rach pegou – Cuddy disse sorrindo, enquanto todos voltavam a sentar-se. - Podem começar a pagar – o infectologista ergueu as mãos e cada um foi colocando o dinheiro da aposta em sua mão – Tom, você me deve cinqüenta dólares. - Acabei de lhe devolver – retrucou cinicamente – O dinheiro não voltou pra sua mão? - Essa eu vou deixar passar. A Sra. House prontamente tirou o buque das mãos da neta antes que esta pudesse destruir o lindo arranjo de rosas brancas. - Essas rosas entram em contrastes com seus olhos , Sra. House – Chase falou galantear, mais para sacanear com o chefe do que pra tentar conquistá-la. - É sério! Pode parar com isso! – ele apontou para o funcionário – Vocês dois estão me dando dor de cabeça! O assunto entre as conseqüências de que aquele improvável relacionamento entre Chase e a mão dele, pra seu azar, não foi esquecido e várias piadas foram feitas. Acostumado a tirar com a cara de todo mundo, House precisou ouvir piadas até que Wilson e Nathy se aproximassem da mesa. - Viemos dizer tchau! – a artista disse alegremente. - Já mesmo? – Treze perguntou pra amiga – Ainda são uma e meia da manhã. - Como os gênios ai mudaram os planos – Wilson disse apontado para House, Chase e Tom – o vôo será mais cedo, então... Um por um, dos que estavam à mesa, foram se levantando para abraçar tanto o oncologista quanto Nathy. Votos de uma boa lua-de-mel sussurrados ao pé do ouvido, tapas nas costas e repetições de congratulações. - Boa sorte no Caribe – House disse com sotaque, ele era o ultimo a abraçar o amigo. - Valeu – respondeu sem jeito. - Meu presente de casamento foi meu chicote – continuou agora falando com Nathy – Aproveite-o bem. O infectologista foi censurado quase que instantaneamente pela namorada e pela mãe. - É sério, você está grávida mesmo, então nem corre o risco – ele sussurrou, tentando não ser ouvido por mais ninguém além de Nathy que gargalhava com os conselhos do padrinho. - Aproveitem esses dias – Cuddy completou. - Isso mesmo, já que o esperto do Wilson ainda pediu as férias agora, passar milhões de anos fora – House brincou. - Dois meses – Treze disse com pesar olhando para amiga – Vou ter saudade. - Eu também – Nathy disse forçando uma cara exageradamente triste – De todos vocês. Mais alguns abraços, mais alguns votos, e logo o casal partia até a limusine que os levaria para o aeroporto. Todos estavam voltando a se sentar e comentar sobre como o


Caribe poderia ser realmente melhor que a Europa, mas Rachel Taub deu um grito um tanto quanto escandaloso, ao analisar um dos bolsos do terno que o marido deixara na cadeira. - Christopher Taub! Quem é Irene? – cada expressão fácil beirando a fúria absoluta. - Irene? Que Irene? – Taub tentou manter o tom baixo, mas ele realmente não sabia quem era a Irene – De onde tirou isso. Se segurando para não surtar, Rachel mostrou pra ele uma foto, onde uma ruiva escandalosamente bonita, só de lingerie fazia pose. Uma marca de batom no canto esquerdo e inferior, além de um recado: ”Me liga, amor... “, acompanhado por um número de telefone. E Taub se preparava para levar uma tapa, quando Chase falou rapidamente: - Ops! Isso é meu – pegou sem graça a foto das mãos de Rachel – Eu fiquei de ligar pra ela. - Se essa foto é pra você por que isso estava com o Cris? – a mulher continuou desconfiada. - Porque o terno é do Chase – House respondeu simplesmente. - O que ele faz com o terno do Chase? – perguntou sem estar satisfeita. - Porque o Black roeu a manga do meu – o cirurgião plástico respondeu fitando o prato vazio a sua frente – Então o Chase me deu o dele e pegou um com o House. Eu não trai você, nem sei que é Irene. Alguns segundos de tensão seguiram a resposta dele. Mas tão logo Chase preparava-se para guardar a foto em um lugar seguro, Treze puxou da mão do colega e analisou. - É você aqui atrás Eric? – ela cerrou os olhos para observar melhor. O namorado fazia uma pose estranha no fundo da fotografia – E o Wilson sem calça?! De repente, todos na mesa, principalmente as mulheres, aproximaram-se da médica para olhar a foto também. Sim, havia uma ruiva seminua, mas Foreman e Wilson também estavam lá. E a pessoa provavelmente jogada no chão era... - Taub?! Você está ai também? – Rachel voltou-se contra ele – E ainda diz que não conhece nenhuma Irene? - Meu Deus! – Cuddy a cortou, antes que ela pudesse acertar o médico – Eu conheço esse lugar... Gregory House! Essa é minha casa? O infectologista recostou-se na cadeira e fingiu nem ouvir a pergunta. Todos eles se entreolhavam confusos, se perguntando, mentalmente, o que fariam. - O que aconteceu na minha casa?! House coçou o queixo e pensou rapidamente. - Hannibal, meu bem – ele pegou a filha da babá e levantou-se – Vamos brincar lá fora? - Não! Você fica aqui e vai explicar isso! - Eu não creio – Treze ria ainda com a foto na mão – Vocês fizeram outra despedida e nem me chamaram! O infectologista aproveitou o comentário que chamou a atenção da diretora para começar a caminhar em direção a parte de fora do salão. Mas ele não era o único a ter que dar explicações. - Err... Tom? Você não tinha que voltar cedo pra casa? – Chase pensou rápido.


- Sim! – disse rindo, sabendo que tinha que ajudar. - Então, eu te levo! – falou prestativo, levantando-se rapidamente para ir embora. - Seu carro não está aqui – Foreman também pensou rapidamente – A gente pega o meu! E com isso, o neurologista também achou uma bela desculpa pra sair dali. - Err... – Taub coçou a cabeça – Alguma coisa! Riu sem graça e correu um pouco até alcançar o grupo de cara de paus que procuravam sair o mais rápido possível dali, enquanto suas companheiras os observavam, perplexas e de braços cruzados. - Esses meninos não valem nada – Treze continuou rindo. - Não mesmo – Cuddy concordou, agora se divertindo com a situação- Quem sabe um dia eles crescem... - Os homens? Crescerem? – Rachel ainda estava com a cara fechada – Duvido muito. - Eles crescem sim – comentou a Sra. House sorrindo – Algum dia. Veja o Greg, por exemplo, nunca pensei que o veria como pai, mas as pessoas sempre lhe surpreendem. Elas concordaram silenciosamente, e sem esperanças que os rapazes voltassem tão cedo, serviram-se de sobremesa e aproveitaram da boa companhia e boa conversa. - Tenho uma pergunta importante – House disse, enquanto colocava Rach em seu cangote – Onde estão as outras fotos? - As mais constrangedoras? – riu Foreman e pegou algo no bolso – Aqui! - Eu tenho um Zippo – Tom disse pegando o isqueiro – Acho melhor queimar. - Tem razão – Chase concordou e se encarregou de ele mesmo fazer o serviço. O cirurgião se afastou do estacionamento e deixou as cópias se cremarem um pouco longe dali e voltou para onde os outros estavam, encostados nos carros, e fitando o céu estralado que a noite lhes presenciava. - Certas coisas só devem ficar entre certas pessoas – Taub filosofou, nitidamente já sobre o sutil efeito do pouco álcool que ingerira. Um silêncio confortável se fez entre eles, enquanto observavam a rua movimentada. Algumas risadas aqui e ali lembrando a loucura que viveram um pouco antes. Mas eles pensavam mesmo era em Wilson, que dera um grande passo em sua vida. - Chase? – o chefe chamou de repente quebrando o silêncio. - Sim? - Você não quer pegar minha mãe, quer? – sua voz soou infantil e todos riram com a pergunta. - Não chefe – ele também riu – Não se preocupe... - Acho bom – comentou – Chega de casamentos por enquanto. Eles são mais estressantes do que parecem. O silêncio voltou e só foi quebrado quando Rachel deu uma bela risada e apontou animada para um avião que cortou o céu acima deles. Talvez fosse Wilson e Nathy indo para o Caribe. Talvez não. Depois de um tempo, já era seguro voltar para a festa. Talvez não. FIM!!


EPILOGO -----------------------------------------------------------------------------------------------------------Segundos depois e mais uma rajada. Ele sentiu o vomito passar rapidamente por sua garganta, deixando seu gosto amargo. A mão dela segurava sua testa, enquanto ele se apoiava sobre a pia. Com a outra mão, ela esfregava sua costa em uma tentativa, quase falha, de deixá-lo mais confortável. - Melhorou? – Lisa quase sussurrou. Ele não respondeu. Abriu a torneira e passou um pouco de água na boca, para depois cuspir. Malditas náuseas. Sua respiração era ofegante e a dor insuportável. Tentou se levantar, mas novamente vomitou. - Greg... – hesitou um pouco – Se você quiser eu posso aplicar, não tem problema. - Merda, Lisa! – ele a encarava através do espelho – Eu já disse não, que merda! A mulher o encarou, preocupada, retirando suas mãos dele. O médico ainda se apoiava com força sobre a pia, tentando segurar mais uma onda de enjôos. Fechou os olhos e tentou se concentrar em sua respiração. - Eu só queria ajudar – disse simplesmente, deixando-se apoiar na parede, sem se preocupar em amassar seu vestido. House pôs a própria mão no abdômen, pressionando com força, como se isso o fizesse parar de doer. Seu corpo estava febril e ele sabia que daqui a alguns segundos voltaria a vomitar. Ele segurou com mais força a porcelana em suas mãos, quase as machucando. - A Rachel vai entender – Lisa agora soou triste, encarando o úmido chão do banheiro. - Não, não vai – retrucou rapidamente. A diretora não estava com humor para continuar a discussão. Cruzou os braços e deu um longo suspiro encarando o marido a sua frente. - Você deve ir, Lisa – ele disse ofegante, depois de um tempo. - Não vou deixar você aqui, Greg – respondeu simplesmente, sem se mexer. Ele até replicaria, se não fosse forçado a vomitar novamente. Abriu a torneira de novo e lavou a boca, deixando escapar alguns palavrões de irritação. Seu terno, colocado onde ficam as toalhas, seu sapato jogado do lado de fora, suas meias em contato com o chão quase molhado, a gravata desfeita e a camisa aberta. Pelo espelho, ele via como Lisa estava fascinante aquela noite. - Você deve ir – insistiu, apertando com mais força o abdômen – Pela Rachel. - Eu já disse que ela vai entender! Então para de agir como um... Mas Lisa foi interrompida quando a porta do banheiro abriu. Os dois fitaram então o garoto de cabelos tão intensamente negros quantos seus olhos eram azuis. Ele segurava uma xícara nas mãos. - O senhor está melhor? – perguntou com um meio sorriso. House não respondeu. Com a perna boa, fechou a porta em sua cara e bufou frustrado, fazendo mais força para se manter em pé. - Você é idiota? – Lisa o fitou sem acreditar e quando se virou para abrir a porta, sentiu as mãos febris dele impedi-la.


- Mande-o ir embora – ordenou. - Não, House! – a pronuncia do seu segundo nome o fez perceber o quanto ela estava irritada – Não vou mandá-lo ir embora. Ele só quer ajudar! - Não preciso dele – o infectologista não se preocupou em gritar. Lisa o encarou com raiva, antes de se livrar de sua mão e sair do banheiro, deixandoo sozinho. O infectologista encarou o teto escuro e mancou com dificuldades até sentar sobre o vaso. Esticou a perna, pressionou o estômago e se concentrou novamente na respiração. O garoto estava sentado em um sofá encarando o conteúdo da sua xícara. Ele não parecia com raiva, só desapontado. A diretora então se aproximou lentamente e sentou ao seu lado. - Ele está bem? – perguntou depois de um tempo. - Vai passar – ela respondeu, mesmo sem acreditar. - Eu... Eu... Só queria ajudar – mostrou a xícara em sua mão – Pra tirar o gosto ruim. Lisa deu um grande suspiro e pegou a mão dele, encarando então os olhos azuis tão familiares. - John, seu pai só quer ficar sozinho. Por um tempo – comentou ajeitando a gravata dele. - Mas não devia – replicou rapidamente. Ele tinha razão. Ninguém precisa encarar nada sozinho. Lisa sorriu ao olhar novamente para o filho. John estava realmente bonito essa noite. John House... E o nome fora escolhido pelo próprio infectologista, que o fez como um ato de perdão. Ao batizar seu filho assim, ele perdoava seu pai. O tratado de paz que felizmente, Bittley House pode ver antes de morrer. - Você devia voltar pra festa, logo os convidados estão chegando e... - Eu não ligo pros convidados – a cortou com um tom que lembrava muito o do pai. - Faça por sua irmã, então – pediu fitando-o com censura. John iria argumentar de volta, mas preferiu ceder. Levantou-se então e fitou a porta do banheiro. - Posso dar pelo menos isso a ele? – apontou para o café. A mãe concordou com a cabeça e assistiu sentada quando John abriu a porta devagar. House ainda estava sentado, apertando com força a barriga e sua cabeça jogada pra trás. - Eu... Trouxe – ele odiava ver o pai naquele estado. Fechou a porta atrás de si – Isso. House inclinou-se e abriu os olhos devagar encarando o azul que era dele. Respirou fundo e levantou-se com dificuldades. Sem dizer nada, pegou a xícara da mão dele e a colocou na pia. Dois passos e suas mãos envolveram o garoto a sua frente. - Pai... – o sussurro de John não escondia sua surpresa. A diferença de altura, por conta da diferença de idade, fazia com que o filho se encaixasse perfeitamente no abraço. John podia sentir o corpo quente do pai em seu rosto. House tremia de dor e seu queixo batia com o frio causado pela febre. Mas não demorou muito e o médico o soltou, voltando a se sentar e encarando o chão.


- Desculpe – sua voz era fraca, mas sincera – Eu só não gosto que vocês me vejam assim. Nessa hora a porta se abriu e Lisa se escorou no batente para fitar os dois, mas nada disse, só esboçou um sorriso. House apontou para a xícara, e John a entregou. Ele tomou um gole rápido e a devolveu. - Colombiano – sussurrou com a voz cansada, mas sorriu – Você é mesmo meu garoto. John sorriu. - Agora é sério, voltem, por favor, para a festa – pediu ainda ofegante. - Você vai aplicar Greg? – Lisa o encarava da porta. - Não! Eu já disse... Que merda! – ele esfregava com mais força o abdômen. A diretora pediu para o filho sair, pois queria conversar com o marido, mas John não quis. - Por que não? – o encarou com olhos marejados. - Não preciso disso – House falou, fitando seus pés – Só preciso de tempo. - Acha que vai passar? – o garoto se odiava por falar isso – Que simplesmente vai ficar melhor se ficar sentado aqui por mais dez minutos? Pai, o senhor tem que parar com isso! House o encarou um tanto surpreso. Da porta, Lisa não dizia nada. - Parar de achar que é capaz de encarar tudo isso sozinho – se ele fosse um pouco mais fraco, choraria – Não é a doença que determinar quem o senhor é. - John... – ele tentou se levantar, mas não conseguiu. - O senhor é forte, mas do que qualquer um. Eu sei que o senhor odeia ter que tomar isso, mas... É necessário. O infectologista hesitou um pouco antes de concordar com a cabeça. John então saiu, deixando sua mãe a sós com ele. Cruzou a sala e fitou o salão a sua frente. Estava realmente tudo muito lindo. Mas bonito do que qualquer outra noite. John odiava ver o pai assim - Dolly! – Joy o chamou, agarrando-o por trás do pescoço – Como ele está? - Já falei pra você não me chamar assim – revirou os olhos. - Mas você é o clone do papai! – riu, implicando – Vou te chamar de que? - De John, de mano, de bonitão – brincou. - Tanto faz – disse largando-o – Como ele está? Ele fitou a irmã gêmea por um tempo. - Ele teve uma crise – deu com os ombros, enquanto começaram a passar pelos convidados. - Justo hoje? – comentou tristemente – Mas ele já... Você sabe. - Ele vai aplicar – respondeu simplesmente. Joy segurou a mão dele com força, enquanto caminhavam. Agora ela estava realmente preocupada. - Odeio quando ele é forçado a fazer isso – comentou, depois de acenar alegremente


para uma professora de Rach, que também dava aula pra eles. - Todos nós odiamos – concordou – Principalmente ele. Ela deu um sorriso triste para o irmão, antes de encontrar Rachel entre um grupo de amigos. - E se perguntaram sobre ele? - Dizemos que ele teve que resolver um problema no hospital – John disse simplesmente. - É... Todo mundo mente – olhou para ele – Mas a Rach nunca vai acreditar. - Não mesmo – concordou sorrindo. House acordou, mas não abriu os olhos. Estava deitado, provavelmente sobre o sofá. Não se lembrava de muita coisa, só sabia que havia dormido um pouco depois de Lisa aplicar a morfina modificada e intravenosa. Não sentia dor... Mas não sentia nada. Esse era o grande problema. Seu corpo estava leve e sua mente parecia relaxada. Relaxada até demais. Ele odiava quando precisava tomá-la. E se esta noite não fosse simplesmente o baile de debutante de sua filha, ele com certeza faria de tudo para evitar o remédio. Depois de tanto anos abusando do Vicodin, reabilitação, quando passou a tomar doses ao seu organismo já fora feito. Com quase conseqüências de toda uma vida regada por

bebidas e drogas – e apesar de sua menores de remédios mais fracos - o estrago sessenta e cinco anos, House sofria as exageros.

Sua história mudou completamente nos últimos quinze anos. Ele se casara, assumira Rachel e ainda ganhara mais dois filhos. Lutara, contra sua própria concepção de mundo, para manter sua vida a mais normal possível diante de tantas mudanças. Drogas, só medicinais. E mal bebia, a não ser que a ocasião pedisse. Entretanto não foi o suficiente. House parou tarde demais, e de uma maneira ou de outra, ainda precisava de remédios para a perna. Seu organismo de certa forma ainda era bombardeado quimicamente. A morfina em sua veia o deixava sem dor, mas aéreo. Ele abriu os olhos devagar, pode ver Joy mexendo em seu celular e ela sorria. Quando Joy ria, você não precisava nem entender a graça, pois acabava sendo contagiado por sua gargalhada. - Que horas são? – perguntou ainda fraco. - Meia noite e vinte e dois – a filha respondeu olhando para o relógio do celular – Como o senhor estar? - Não estou sentindo absolutamente nada – comentou tentando se levantar. Joy o ajudou e House tentou se manter em pé, mas ainda estava tonto, e acabou caindo sentando sobre o móvel. Passou a mão no rosto e respirou fundo. - Odeio isso – disse aborrecido. - Não se preocupa, pai – sentou-se ao lado dele e colocou a mão na perna dele – O senhor só perdeu a parte chata da festa. - Você está aqui há quanto tempo? - Uns trinta minutos – respondeu levantando para pegar a roupa dele – Antes de mim quem veio foi o Tio James. House começou a fechar a blusa. Por sorte ainda sabia fazê-lo. O nível de morfina era


tão grande que atrapalhava sua mente. Depois pegou o terno das mãos de Joy, enquanto ela dava o nó em sua gravata. - Então... – hesitou um pouco – Todos sabem? - Todos que podem saber sim – deu com os ombros – Pro resto dos convidados, o pai da debutante está resolvendo um problema no hospital. Ele desviou o olhar pensativo. Ainda não acredita que havia perdido praticamente toda a festa. - Seus sapatos – Joy sorriu entregando-os – Não fica assim. A Rach entende. - Ela pode fingir que não se importa – retrucou – Mas eu estava largado nesse sofá enquanto deveria estar lá fora. - Pai! – Joy segurou os ombros dele – O senhor está doente. Ter uma crise essa noite foi azar, e você não tem culpa. Conheço a Rach há dezesseis anos e sei que ela entende melhor que ninguém. - Catorze – resmungou. - O que? - Catorze – repetiu – Você só tem catorze anos, então não pode conhecer a Rach há dezesseis. E se você considerar que não lembra nada que aconteceu em sua vida antes dos cinco anos. Só conhece sua irmã a nove. - Você é chato sabia? – Joy colocou as mãos na cintura e lhe lançou um olhar. Por Deus! Era uma cópia de Lisa. Ele sorriu e com ajuda levantou-se. - Dois mais dois? – ela perguntou para testar o nível mental em que ele estava. - O mesmo que trinta e dois divido por oito – respondeu rapidamente – Você poderia me testar com algo mais difícil, não? - Okay! Quem você ama mais: eu, o John ou a Rach? – sorriu, empurrando-o. - Você também não sabe brincar. Ela riu e entrelaçando seu braço no dele, caminhou até o salão principal. Já havia muitos convidados, o jantar já fora servido, e todos conversavam alegremente. Rachel já usava seu segundo vestido e provavelmente as homenagens já teriam sido feitas. - O Tio James leu o texto que você escreveu pra ela – Joy comentou de repente. - Eu queria ter lido – procurou por Lisa no meio da multidão. Alguns pessoas olhavam curiosas para o médico que entrava com a filha mais nova. - Ela chorou – sorriu – Era um bonito texto. - Estava inspirado... Escrevi no banheiro - brincou – Você e o John tocaram Sweet Sixteen pra ela? - Sim e ela chorou também – comentou se divertindo – O Tom substituiu você nos teclados. House se virou para observar o rapaz, sentado não muito distante deles, e deu um meio sorriso. Ao ver o médico, Tom correu até ele. - Tio House! – apertou sua mão e aproximou-se para falar mais baixo – Está melhor? - Melhorando – respondeu sem jeito.


- Que bom! Parabéns pela Rach, ela está linda. - Cuidado rapaz, eu estou tecnicamente drogado, mas ainda posso te bater – brincou. - Não tem perigo, doutor – Tom sorriu mostrando a namorada. - Esqueci que já está preso. - Talvez – riu – A gente se vê. House então o cumprimentou e seguiu com Joy até a mesa onde Rachel estava alegremente conversando com os amigos do colégio. Quando ele caminhou até ela, Rach deu um meio sorriso. Ele provavelmente tinha aplicado, já que andava sem a bengala. - Pai! – ela correu até ele, abraçando-o pelo pescoço. - Desculpa o atraso – pediu retribuindo – As coisas estavam complicadas. - Eu sei – disse com os olhos marejados – Não precisa se desculpar. O infectologista afastou-se um pouco e encarou a filha. O vestido longo e verde parecia realçar mais ainda seus olhos. House passou o dedo sutilmente limpando as lágrimas. Depois sorriu, segurou a mão dela e aproximou-se para beijar-lhe a testa. - Eu te amo – falou segurando sua mão com mais força. - Eu também pai, te amo muito. - Não vai chorar, Careca! – Joy brincou vendo a cena de perto. House ia retrucar alguma coisas, mas alguém o abraçou por trás. Ao virar-se ele pode ver Lisa. - Hora da valsa! – disse sorrindo. - Valsa? Eu pensei que já tinham dançado – disse confuso. - Acha mesmo que eu ia dançar sem o senhor? – Rachel perguntou. Ela então puxou o pai até o salão. A banda de repente parou de tocar, e o mestre de cerimônia apressou para informar a todos que a parte mais importante da noite estava preste a começar. House e Rachel se posicionaram então, sob o olhar de todos, enquanto os outros que iriam dançar com a debutante se encaminhavam para mais perto. Joy agarrou o braço da mãe, que se segurava para não chorar, enquanto o irmão comentava desconfiado com Wilson sobre como Joseph Blacker, um garoto do colégio deles, olhava para Rach. As luzes foram diminuindo e se concentrando no casal no meio do salão. Rach fez sinal para os músicos que começaram em um ritmo quase acústico, a música que ela previamente pedira para dançar com o pai. Então, When You Were Young começou a ser tocada, enquanto House beijava a mão dela antes de puxá-la para a dança. Mesmo com o salto, o pai continuava muito mais alto, deixando um divertida imagem dos dois. Rachel o encarou sorrindo. Até poucos segundos, a expressão do pai era vazia, devido ao remédio, mas agora parecia iluminada. Os olhos azuis por trás dos óculos, que a idade lhe forçou a usar. O pouco cabelo que lhe restara praticamente todo branco. As marcas que o tempo deixou em seu rosto. E até a perna que levemente dificultava seus movimentos. Rachel sorriu, enquanto dançava, pois nunca vira o pai tão bonito como estava agora. Aplausos entusiasmados precederem a dança, e tão longo o mestre de cerimônia anunciou que James Wilson seria o próximo. Mas antes de soltar o pai e ir dançar com o padrinho, Rachel lhe deu um abraço e House pode sentir as lágrimas molharem seu


terno. Lágrimas de felicidade. - Eu te amo – ele sussurrou, antes de soltá-la. Logo, Wilson se apresentou e tomou a afilhada para a valsa. Não era uma dança tão emocionante como a de House, mas foi igualmente bonita. O infectologista mancou então até onde a esposa e os filhos observavam, deu um cascudo leve em Joy para que ela soltasse Lisa e que assim ele pudesse ficar ao lado da diretora. - Era só pedir, Careca – fingiu estar gravemente ferida – Era só pedir. House sorriu e segurou a mão de Lisa, enquanto Rach e Wilson dançavam. Ele ia fazer algum comentário sarcástico sobre como a esposa estava exagerando ao chorar, mas não conseguia pensar em nada. Mesmo tentando se manter concentrado no que estava acontecendo, a morfina continuava a deixar sua mente lenta. House fechou os olhos. - E agora, eu chamo o irmão da nossa debutante – a voz do mestre de cerimônia, o Sr. Stuart, soou pelo salão despertando-o – John House! Lisa apertou com força a mão do marido ao ver o filho caminhar até a irmã. Sentia seu coração bater perigosamente mais forte, e ela não conseguiu conter mais lágrimas. Em seu estado atual, House limitou-se a sorrir. - Nesse momento, eu chamo o avô – Sr. Stuart disse, e House pode ver o sogro desviando dos convidados com dificuldades até o meio do salão – Sr. Cuddy. Ernest Cuddy Jr, já estava com idade avançada, mas seu vigor permitia que ele fizesse muitas coisas, e nada o impediria de dançar a valsa de dezesseis com sua neta. Ele a mulher, vieram de Chicago só para a festa. - É a vez do senhor Gregory Wilson – anunciou o homem. - É a vez do senhor Gregory Wilson – anunciou o homem. O avô então deu lugar ao garoto que atravessou sorridente o salão. Greg herdara a vivacidade da mãe e a fisionomia do pai, a não ser pelo cabelo e pelos olhos. Seu jeito de andar e falar eram uma mistura divertida dos dois. Gregory, que era só um ano mais velho que os gêmeos House, não se demorou em dar lugar a Tom que prontamente apresentou-se para dançar com Rachel. Sawyer, agora com vinte quatro anos, mantivera sua amizade solida com House e a equipe, principalmente com Chase. O agora estudante de Medicina de Hopkins enfrentou alguns quilômetros para estar ali essa noite. E ele não faltaria por nada. Quando eles deixaram de dançar, Rachel teve então a companhia dos três empregados do pai. Que não deixaram de ser “tios”, e grandes amigos. Primeiro foi o Tio Taub, e as boas imitações que Rach adorava desde que era pequena. Depois Chase, este mais companheiro de aventuras com toda a sua bagagem australiana. E logo, Tio Foreman, o ar mais sério nunca permitiu lembranças tão divertidas como dos dois primeiros, mas sempre fora um ótimo conselheiro. - Eu chamo então, o senhor Giovanni Foreman – disse o Sr. Stuart quando o neurologista parou de dançar. Ele se espremeu em meio a alguns convidados antes de alcançar o meio do salão. Seus olhos absurdamente claros traziam um contraste bonito com a cor escura de sua pele. Ninguém podia negar que ele tinha toda a pompa de Foreman, mas o sorriso era da mãe. Giovanni segurou as mãos da amiga, com um tanto de esforço devido à altura, já que só tinha onze anos. Quando eles começaram a dançar, House pode ver Treze chorando, não muito longe. Os avanços da medicina e a descoberta de novos tratamentos alternativos fizeram o que muito julgaram um milagre: aumentaram seu tempo de vida e diminuíram a intensidade


dos sintomas. Treze ia morrer. A doença de Huntington ia matá-la. Mas não hoje. Talvez daqui a três ou quatro anos. Agora, ela estava em sua cadeira de rodas, sem quase nenhum movimento das pernas. Hoje não tivera crise alguma, então seus braços não tremiam. Quanto a sua lucidez? Ela estava bem melhor que House ao tomar morfina. Ela sobrevivera mais do que o esperado. Ela se casara com o homem que sempre esteve com ela. E agora seu filho, Giovanni, dançava lindamente com a filha do seu chefe. Rachel e Joy sempre tiveram uma relação muito boa com Treze, e House sabia que quando ela os deixasse, seria um golpe duro para todos, mas principalmente para as duas filhas. Tão logo, o pequeno Foreman deu lugar ao melhor amigo de Rachel. O canadense Henry Austen que foi seguido por outro amigo de escola, depois pelo professor de esgrima, o prof. Williams. O décimo quarto fora Joseph Blacker, e Joy comentou com pai que se o apaixonado garoto tentasse alguma coisa, John desceria da sua condição de “bom garoto criado pela excelentíssima Sra. Lisa House” e desceria porrada nele. House não duvidou. Por sorte, ele não fizera nada, e House pode voltar para fechar a valsa. Dessa vez, sem tanta emoção e um pouco mais vulnerável ao efeito dos medicamentos. Quando a dança terminou, todos começaram a voltar aos seus lugares. Os flashes das máquinas pararam, finalmente. E Rachel fora trocar de roupa. Mas House sentira falta de alguém durante a dança. E isso tinha a ver com comentários engraçados e gritos histéricos. - Onde está sua excelentíssima mãe? – perguntou ao passar por Greg. - Ah... Eu não sei tio, mas a ultima vez que a vi, ela fora para aquela sala – apontou o garoto, antes de sentar-se a mesa com amigos. ouse sorriu, enquanto levantava Grace o mais alto que podia e a garota garg House virou-se e tão logo viu a artista, em seu belo vestido, deixar a sala. Ela trazia pela mão a sonolenta Grace, filha caçula dos Wilsons. E ao ver o “Tio House” a garotinha correu até ele, parecendo despertar instantaneamente. - Não acredito que eu perdi a valsa! – Nathy resmungou ao alcançá-los. - É por isso que a gente manda gravar as coisas – House sorriu, enquanto levantava Grace o mais alto que podia e a garota gargalhava. - Você está com aquele olhar – ela comentou esperando que ele descesse a filha – Você tomou não tomou? House deu um sorriso triste quando colocou Grace no chão e encarou Nathy. Ele fez que sim com a cabeça. - De novo, tio House! – a garotinha pediu estendendo as mãos – De novo! Avião! - Ah Grace! Não tenho mais idade pra isso – ele piscou pra pequena a sua frente – Por que não pede pro seu pai brincar de avião com você? A garota colocou a mão no queixo e pensou por alguns segundos antes de esboçar um grande sorriso para o médico e então correr até o pai, do outro lado do salão. - Pobre Jimmy, ele está com dores nas costas – comentou Nathy observando a filha de longe puxar a camisa do pai e pedir algo a ele. - Você tem que maneirar no sexo então – brincou – O Jimmy nunca foi muito resistente a esforços. Ela sorriu e sentou-se em uma mesa abandonada por um grupo de garotos que fora aproveitar a discoteca. House também o fez. Era um silêncio estranho.


- O que foi? - Ainda pergunta? Eu tomei aquela porcaria... – respondeu desviando o olhar - Eu sempre fico assim. - Não é isso. Quando você toma morfina, você fica aéreo e não triste. - Deveria ficar feliz por ficar aéreo? – retrucou. - Não, mas há algo a mais incomodando você – ela parou de falar para aceitar uma bebida oferecida por um garçom de passagem – Conheço você, Greg. Ele a fitou, mas não respondeu imediatamente. Respirou fundo, antes de encontrar Lisa conversando com Foreman e Treze, depois seu olhar parou em Rachel. - Três letras... – respondeu o infectologista – MIT. - Instituto de Tecnologia de Massachusetts – Nathy concluiu, seus olhos também encontrando a debutante – Ela foi aceita? House puxou uma carta do terno e entregou a artista. - “Blah Blah Blah... Ficamos felizes em informá-los que a aluna Rachel Cuddy House encontra-se no seleto grupo de vinte alunos, entre os melhores dos Estados Unidos, que farão parte da preparação especial para o ingresso em nosso Instituto” – Nathy leu, admirada – House! Isso é ótimo! - Sério? Diga-me em que parte para eu poder também ficar feliz – retrucou ironicamente. - Para de ser assim! Ela conseguiu! Vai estudar no MIT, era o sonho dela! - Eu sei – bufou – Mas ela não precisava ir agora. Quando ele disse isso, Nathy deu um grande sorriso e apontou infantilmente pra ele. - Agora entendi o problema! Você não quer que ela vá embora. - Não – mentiu – Vou pagar vinte quatro mil dólares por ano pra minha filha se tornar engenheira. - O problema não é dinheiro, Greg... - Isso sem contar com o custo de vida, moradia, alimentação, material escolar – a ignorou. - Para! Quem se preocupa com isso é a Lisa! Você gasta seu dinheiro impulsivamente e nunca viu problema em gastar com seus filhos – o cortou rapidamente – Você tem medo de perder sua garotinha. House revirou os olhos. - Ela só tem dezesseis anos, não precisava ir agora – confessou – Por que a Rachel não pode ser como os outros e só pensar em universidade daqui a alguns anos? - Simplesmente porque ela não é como os outros – sorriu – O que você espera de alguém que quando tinha oito anos, visitava o necrotério com o pai? Que sabia todos os nomes difíceis que até hoje eu não sei falar? - Então, que virasse médica como a Joy quer – House retrucou. - Claro, se esquecermos o fato de que com apenas onze anos ela construiu sozinha uma placa de computador e que sempre acabava os livros de matemática no primeiro bimestre.


- Ela não tem que ir... Massachusetts é longe. Nathy riu dele. - Vai se acostumando, Greg. Acha que será diferente com os outros dois? – ela fez um movimento com a cabeça mostrando os gêmeos – Você mesmo disse que o John provavelmente irá cursa ciências políticas em Harvard ou Yale. Enquanto a Joy seguira seu exemplo e irá para Hopkins. Ele coçou a cabeça observando de longe os filhos. O pior é que Nathy tinha razão. - Gregory também vai embora – comentou de repente. - Eu sei, estou me preparando psicologicamente pra isso – riu – Mas eu ainda tenho a Grace e são muitos anos para ela sair de casa. House concordou pensativo e se levantou, guardou a carta e sorriu. - Um dia eles vão embora de um jeito ou de outro. Estou orgulhoso dela, mas acho que é meu direito não mostrar isso. Pelo menos não hoje. - Quando começa o curso? - Setembro. - Em agosto você mostra pra ela, então – aconselhou rindo. O infectologista então caminhou até onde sua mulher estava, pediu licença da equipe para levá-la dali. Segurando sua mão e em silêncio, House a guiou para um canto mais sossegado. - Como você está? – Lisa perguntou envolvendo o pescoço dele. - Odeio quando pergunta isso – disse mal-humorado – Pareço tão vulnerável. A diretora sorriu e depositou um beijo rápido em seus lábios. - Tudo bem, nós vamos parar de falar em você. - Assim é melhor – sorriu deixando suas mãos repousarem na cintura dela. - Quer falar sobre o que? - Em como esse vestido deixa sua bunda bonita – sorriu maliciosamente. - Palhaço! É sério! – a diretora riu deixando sua cabeça escorar no peito dele. - Mas é sério. É incrível como você deixa todas essa amiguinhas da Rach pra trás. Ela só gargalhou, abafada pelo terno dele, puxando-o para mais perto. - Vou deixar de falar da sua bunda agora – brincou – Preciso te perguntar uma coisa. - O que? – ela levantou a cabeça devagar encarando os olhos azuis herdados pelos filhos. - Que tal Frank? - Frank? – Lisa perguntou confusa. Ela não tinha nem idéia de quem fosse. - É – ele tinha um sorriso divertido – Claro que não podemos garantir que seja um menino, mas eu gostaria que ele se chamasse Frank. - House! Você quer outro filho? – ela o encarava surpresa. - Sim – respondeu dando com os ombros – Minha filha acaba de ser admitida no MIT.


Daqui a alguns anos, um vai virar presidente dos Estados Unidos e a outra vai dar continuidade a lenda chamada House. Lisa o olhou por alguns segundos antes de dizer: - Você sabe que a gravidez dos gêmeos foi altamente perigosa e isso foi há catorze anos! - Se você não quiser ter um filho comigo tudo bem – ele disse fazendo bico. - Não é isso, seu palhaço! Você sabe que não podemos e... - Vamos adotar então – disse simplesmente. - Adotar? - É Lisa, adotar. Os ingratos dos nossos filhos vão nos deixar em casa e eu gostaria muito de ter alguém pra jogar videogame comigo. Ela o fitou sorrindo. - E não! Você não sabe jogar! - Você quer mesmo outro filho? – ela perguntou seriamente. - É algo que eu tenho pensado, e não desconsidere minhas palavras só porque eu estou drogado. - Não estou desconsiderando nada. Só me surpreende. - Por quê? Achou que quando os meninos fossem embora eu transformaria nossa casa em ninho de amor? - Não! – riu – É só que pra alguém que nunca quis ser pai, agora querer o quarto filho é um tanto surpreendente. - Talvez... – pensou – É. Eu devo admitir que sim. - Então... Você quer um menino? - Se você quiser a gente pode até pegar algum moleque africano – sugeriu sorrindo. - Sério? – divertindo-se. - É. Seria algo humanitário para você e engraçado pra mim. - Não vejo que graça pode existir nisso. - Sabe quantas piadas farão de que o menino é filho seu com Foreman? – riu. Ela o abraçou forte, deixando seus corpos o menos separados possível. Seus olhos, agora marejados, encontravam os filhos pelo salão. - Eu te amo – sussurrou. - Também. Mas acho importante que mesmo que consigamos o quarto filho através da adoção, nós continuemos a... Você sabe – riu. - Tudo bem House, eu entendi – sorriu e de repente pegou algo em sua bolsa – Mudando de assunto. Já soube disso? Ele aceitou o pequeno envelope. - O que isso? - Convite para um casamento – respondeu simplesmente.


- Quem vai casar? - O Tom! Por que não abre? - Sério? Eu odeio casamentos... – resmungou. - Então por que a gente casou três vezes? – brincou passando a mão na barba dele. - Ah Lisa! Nosso primeiro casamento foi em Las Vegas, e todo mundo estava bêbado, com exceção da Rach. O segundo, a mamãe não estava, então teve que existir um terceiro. - Para de ser chato, casamentos são legais, além de lindos e emocionantes. Os olhos do médico procuraram o rapaz no meio da multidão. Ele deixou escapar um meio sorriso. - Não Lisa... Eu odeio casamentos.

FIM


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