JIMI’s TINY HOME
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ARTES, ARQUITETURA E COMUNICAÇÃO CAMPUS BAURU
JIMI’S TINY HOME DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE UMA CASA MÓVEL SOBRE O CHASSI DE UM TRAILER E APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA COM USO DE RECURSOS DIGITAIS DE EXTENSÃO DA REALIDADE
RELATÓRIO DESCRITIVO DO PROJETO DE CONCLUSÃO DE CURSO EM DESIGN DE PRODUTO
RENATO CORREIA DI LÁBIO ORIENTAÇÃO | PROF. DR. DORIVAL CAMPOS ROSSI
BAURU 2017
Dedico esse trabalho às pessoas que ajudaram a tornar a minha graduação possível e aos que transformaram momentos, durante esse período, em memórias inesquecíveis. Em especial, agradeço aos meus pais, esposa, familiares e amigos pelo apoio e aos meus professores, colegas de curso e de moradia pelo aprendizado, inspiração e por tornarem minha estadia em Bauru extraordinária. 5
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1
Exemplo de Tiny House(interior) - <http://www.livingbiginatinyhouse.com> Acesso em 03/08/2017
14
Figura 2
Exemplo de Tiny House(exterior) - <http://www.livingbiginatinyhouse.com> Acesso em 03/08/2017
14
Figura 3
Canal “Living Big In A Tiny House” - <Youtube> Disponível em 03/08/2017
17
Figura 4
Figura 04. Ensaios de disposição de objetos e ambientes
18
Figura 5
Ensaios de disposição de objetos e ambientes.
18
Figura 6
Exemplo de LSF - <http://tecnoobrassc.com.br> Acesso em 03/08/2017
19
Figura 7
Exemplo de estrutura de madeira - <http://thatoregonlife.com> Acesso em 03/08/2017
19
Figura 8
Canal “Living Big In A Tiny House” - <Youtube>. Disponível em 03/08/2017
20
Figura 9
Ambiente de trabalho software 3D (Solidworks)
20
Ambiente de trabalho software para render (Keyshot)
21
Figura 11
Ambiente de trabalho software usado para a geração de imagens esféricas (Kolor Autopano Giga)
21
Figura 12
Hardware usado para a visualização das imagens esféricas
22
Figura 13
Equipamento para a visualização de imagens esféricas em uso
22
Figura 14
Equipamento para a visualização de imagens esféricas em uso
23
Figura 10
6
Figura 15
Imagem esférica - Entrada da casa
24
Figura 16
Imagem esférica - Banheiro
24
Figura 17
Imagem esférica - Cozinha
25
Figura 18
Imagem esférica - Sala (Jantar)
25
Figura 19
Sala (Estar) e escada de acesso ao Loft secundário
26
Imagem esférica - Loft secundário
26
Figura 21
Imagem esférica - Loft principal
27
Figura 22
Imagem plana - Exterior da Tiny House
28
Figura 23
Detalhe - Aproveitamento dos espaços para armazenamento
28
Figura 24
Imagem plana - Exterior da Tiny House
28
Figura 25
Dispositivos e armários
28
Figura 26
Mesa de jantar dobrável
29
Figura 27
Sofás com compartimento para armazenamento extra.
29
Figura 28
Escada telescópica para acesso ao Loft secundário.
29
Figura 29
Imagem plana - Exterior da Tiny House
29
Figura 20
7
SUMÁRIO PROPOSTA E JUSTIFICATIVA
11
CASAS PEQUENINAS | CONCEITO
13
3D E REALIDADE VIRTUAL| TÉCNICA
17
PRIMEIRA FASE | PESQUISA
17
SEGUNDA FASE | CONCEITUAÇÃO DO OBJETO
18
TERCEIRA FASE | MATERIALIZAÇÃO SIMULADA
20
QUARTA FASE | IMERSÃO
21
QUINTA FASE | VISUALIZAÇÃO
23
CONCLUSÃO
30
AGRADECIMENTOS
31
BIBLIOGRAFIA
32
Proposta Com o desenvolvimento da técnica digital, emergiram nas últimas décadas novas plataformas e meios que possibilitam a concretização de conceitos idealizados e proporcionam ao sujeito criativo oportunidades de desenvolver, ensaiar e vivenciar, de certa forma, o seu objeto de criação, antes mesmo da materialização desse objeto, isto é, da sua construção física propriamente dita. A utilização desses meios torna possível não somente a concepção de imagens que representam ideias, mas também viabilizam simulações físicas em ambientes virtuais, o que auxilia o desenvolvimento de projetos. Ademais, com a popularização e o desenvolvimento dos computadores, muitas criações passaram a ser desenvolvidas não mais para o espaço físico, entretanto são projetadas exclusivamente para espaços virtuais. O presente trabalho tem por objetivo desenvolver o projeto de uma casa móvel sobre o chassi de um trailer. Vale-se essencialmente de técnicas de modelagem e simulação digital baseadas em recursos computacionais. Tecnologias de realidade virtual são utilizadas para a elaboração de modelos tridimensionais dos objetos necessários e para a criação de um ambiente virtual, simulando o espaço contemplado e proporcionando, desta forma, a oportunidade para que usuários possam experimentar e vivenciar o projeto, expandindo o virtual para o real.
Justificativa Para o projeto subsequentemente apresentado, busquei aplicar técnicas desenvolvidas e conhecimentos adquiridos durante o curso de Design de Produto a um tema com o qual, pessoalmente me ideintifico, e inspirado, em especial, por temas apresentados em sala de aula na disciplina de Linguagens Contemporâneas e pelo autor e pensador Vilém Flusser. Vale ressaltar, dentre as técnicas aplicadas neste trabalho: a modelagem digital com o uso de softwares paramétricos para o desenvolvimento dos modelos tridimensionais; a simulação fotorealista de iluminação e texturização; o processamento final das imagens geradas empregando programas de processamento de imagem; técnicas de construção de imagem com base em conhecimentos em semiótica e composição fotográfica; desenho técnico e técnicas de desenho manual.
11
CASAS PEQUENINAS
CONCEITO O assim chamado “Tiny House Movement” é uma manifestação social crescente em popularidade, em que pessoas ao redor do mundo buscam trocar grandes espaços por um estilo de vida mais simples em pequenas casas.
de objetos que se possui ao que é considerado estritamente essencial pelo indivíduo. Além de determinar o espaço mínimo necessário para uma casa, o número de objetos considerados essenciais também pode definir o nível de mobilidade desse indivíduo. Quanto menor o número de bens possuídos, maior o desimpedimento para mudanças.
Dentre as principais motivações que levam cada vez mais pessoas a optarem por moradias menores em detrimento à procura por grandes casas, pode-se destacar os seguintes fatores: a fuga de uma vida estressante, a busca por um estilo de vida simples, redução de custos relacionados à moradia, maior mobilidade e a redução dos impactos ambientais e sociais causados pelo consumo excessivo.
Em oposição aos amantes das grandes cidades, existem aqueles que procuram fugir delas e desejam ter maior contato com a natureza. Para essas pessoas, as pequenas moradias podem ser uma oportunidade para isso, devido ao seu baixo custo e de sua mobilidade. Há diversos modelos de casa desenvolvidos que podem ser construídas em um certo lugar e transportados até o local desejado, além de prover todos os recursos necessários para uma vida confortável.
Antes de entrar em maiores detalhes a respeito do tema, é necessário citar o fato de que, embora este seja um tema crescente em popularidade, o estilo de morada almejado pelas pessoas que aderem a esse movimento não é algo necessariamente novo. Diversas sociedades, dentre elas, povos nômades e indígenas já habitavam pequenas casas e cabanas projetadas para serem desmontadas e levadas para novas localizações.
Muito bem, mas o que isso tudo tem a ver com design? Ao projetar uma casa visando o menor espaço possível é necessário tomar vários cuidados que têm atraído a atenção de diversos designers e arquitetos. Em uma casa pequena cada espaço tem grande valor e, para aproveitar cada espaço disponível de forma eficiente, é necessário projetar com cuidado o mobiliário e recursos que a casa irá oferecer de modo a atender as necessidades básicas e não comprometer o conforto desejado pelo usuário (FIG.01) .
Embora ha ja grande similaridade entre os principais fatores que estimulam pessoas a buscarem casas menores, os diferentes estilos de vida desejados definem o perfil das casas e os recursos que elas devem oferecer. Diversas pessoas que decidiram morar em pequenas casas mantém o estilo de vida agitado em grandes centros urbanos, e optam por pequenos apartamentos e “lofts” inferiores a 30 metros quadrados, não só pelo fato de que nessas grandes cidades os grandes espaços são geralmente raros e tem altíssimo custo, mas por haver maior flexibilidade e disponibilidade para mudanças, por exemplo.
Tudo isso pode ser um desafio e é necessário ser criativo para atender a pequenos espaços com eficácia. Móveis multifuncionais e planejados sobmedida são essenciais, O estilo de vida do morador também exige cuidados especiais no projeto. Uma casa pode ser completamente autossustentável e fornecer todos os recursos necessários através do emprego das técnicas e tecnologias adequadas. Existem modelos de casas que produzem toda a energia que consomem, coletam água da chuva e dispensam o uso
Esses fatores podem ser um grande encora jamento para a opção por espaços reduzidos. Ao optar por viver em espaços menores, é necessário também reduzir o número 13
de sistemas de esgoto, o que é muito útil para quem procura fugir dos espaços urbanos, mas não deseja uma vida rudimentar. Um bom design define o quão eficiente será a moradia. À medida em que o espaço da moradia deixa de ser o foco, e a atenção é voltada a equipamentos, móveis e recursos que reduzam o espaço e atendam às necessidades do usuário, abre-se a oportunidade para tratar esse objeto casa, não mais, apenas, como um projeto civil, e sim como um produto. Além disso, é possível nem mesmo usar materiais e métodos aplicados usualmente pela engenharia civil. Alguns modelos de casas são construídos de forma artesanal ou até mesmo industrial, substituindo o concreto pelo aço e pela madeira e podendo ser produzido em locais que facilitam sua montagem e depois ser transportados até o local desejado (FIG.02) . Pode-se também fabricar os componentes que irão compor a casa e montar a casa em seu local “definitivo”. Em caso de construções artesanais é comum o uso de materiais reciclados ou descartados em boas condições de uso.
Figura 01. Exemplo de Tiny House(interior) - <http://www.livingbiginatinyhouse. com> Acesso em 03/08/2017.
Outra razão que tem popularizado esses novos conceitos de moradia é a ampla divulgação dos projetos já existentes. Ao fazer buscas simples na internet, é possível encontrar não somente vídeos e fotografias de tiny houses construídas por outras pessoas, como também projetos e instruções detalhadas de como desenvolver e construir sua própria casa passo a passo. Há ainda muitas informações sobre materiais e técnicas que podem ser empregadas. Apesar da facilidade em se encontrar informações, bem como na aplicabilidade desses projetos, aquele que decide desenvolver uma casa alternativa pode encontrar obstáculos. Por não existir regulamentação para esses novos modelos de casa em muitos lugares, elas podem ser consideradas ilegais, de certa forma. Podem, ainda, existir dificuldades no transporte ou até mesmo para a permanência das mesmas.
Figura 02. Exemplo de Tiny House(exterior) - <http://www.livingbiginatinyhouse. com> Acesso em 03/08/2017.
14
3D E REALIDADE VIRTUAL
TÉCNICA A base teórica que inspirou esse trabalho foi o livro “O Mundo Codificado” , obra organizada pelo historiador de arte Rafael Cardoso, que reúne diversos ensaios do filósofo tcheco Vilém Flusser, sobre teorias do design e da comunicação. Sintetiza processos históricos da escrita, imagem e artefatos e descreve uma sociedade orientada por imagens (LIRA, 2015).
Para a execução do presente projeto foram usados programas de computador para: a modelagem tridimensional de todos os objetos e da casa em si; para a simulação da iluminação e das texturas dos materiais a serem aplicados; para o processamento de imagens realistas a partir dos modelos tridimensionais; para a geração de imagens esféricas a partir de imagens planas; para a elaboração do tour virtual e para a apresentação final do projeto em realidade virtual.
Para coletar informações técnicas sobre regulamentações brasileiras pertinentes ao projeto, entrei em contato com instituições que me disponibilizaram normas relativas ao tipo de construção a ser desenvolvido.
Com o intuido de esclarecer melhor como se deu cada etapa do processo, qual a utilidade e onde foi aplicada cada ferramenta utilizada, irei apresentar, passo a passo, cada fase do desenvolvimento.
PRIMEIRA FASE | PESQUISA Discorramos primeiramente sobre as etapas iniciais do progresso deste trabalho, antes de apresentar as técnicas aplicadas. Meu primeiro contato com projetos de tiny houses ocorreu através de vídeos na internet (FIG.03). Eu já havia visto diversos projetos de mobiliário multifuncional e que atendessem a pequenos apartamentos em grandes cidades, mas nunca havia experienciado um projeto completo de uma casa com foco na redução do espaço e em instalar cada objeto que o compõe da forma mais eficiente possível. Antes mesmo de definir o tema do trabalho de conclusão de curso, aprofundei minha pesquisa e conheci técnicas, materiais e diversos espaços já desenvolvidos por outras pessoas. Após minha decisão por trabalhar sobre esse tema comecei a selecionar e recolher essas informações. No geral, toda a minha pesquisa foi baseada em buscas online.
Figura 03. Canal “Living Big In A Tiny House” - <Youtube> Disponível em 03/08/2017.
17
SEGUNDA FASE | CONCEITUAÇÃO DO OBJETO A escolha do tipo de construção foi feita durante a pesquisa. Dentre os modelos encontrados, optei por desenvolver um projeto de um modelo, com o qual mais me identifiquei, que usa o chassi de um trailer como base para a casa. A mobilidade desse modelo é sua principal característica e os tamanhos podem variar de acordo com as dimensões e características da base escolhida. Para esse modelo construtivo é necessário seguir normas que regem as dimensões máximas permitidas para o trânsito em vias públicas, instalação elétrica, aparatos de segurança, frenagem e sinalização. No Brasil as principais normas, nas quais o projeto deve se enquadrar, são a RTQ 25 do INMETRO, a resolução 227 do CONTRAN e a NBR ISO 1724, que controlam o tráfego de reboques no país.
Figura 04. Ensaios de disposição de objetos e ambientes
Após recolher as informações básicas necessárias para o início do projeto, passei a definir os recursos, equipamentos e objetos que iriam compor o espaço, pois a partir dessas decisões seria possível estabelecer o tamanho adequado da casa e a melhor disposição dos ambientes, equipamentos, objetos e instalações. Para demarcar os espaços e a posição onde cada objeto iria ocupar, foram feitos diversos ensaios, nos quais variados desenhos individuais em escala de objetos e de ambientes foram posicionados sobre uma planta baixa do trailer (FIG.04) . Com isso foi possível resolver cada posicionamento antes mesmo de desenvolver os modelos tridimensionais (FIG.05) . Além das definições que dizem respeito à base da casa e ao posicionamento dos objetos e ambientes, foi necessário também escolher o método construtivo a ser aplicado no projeto. Neste caso optei pelo light steel framing. Figura 05. Ensaios de disposição de objetos e ambientes
18
Os principais métodos construtivos usados nesse tipo de tiny house que encontrei durante minha pesquisa foram as estruturas de madeira ou estruturas metálicas conhecidas por light steel framing(LSF) (FIG.06) . As estruturas de madeira (FIG.07) são usadas normalmente, nessas casas, quando o proprietário ou construtor opta por uma construção mais artesanal e sua grande vantagem é a de não requerer equipamentos caros e complexos para a edificação. É possível construir uma tiny house sobre rodas usando ferramentas convencionais que se pode ter em casa. Diferente das estruturas de madeira, as estruturas metálicas leves requerem o uso de ferramentas industriais e de conhecimento especializado. Embora seja indispensável a contratação de mão de obra especializada, as construções em metal apresentam diversas vantagens. Antes de discorrer acerca dos benefícios desse método, vou esclarecer rapidamente seu funcionamento.
Figura 06. Exemplo de LSF - <http://tecnoobrassc.com.br> Acesso em 03/08/2017.
O light steel framing é um sistema construtivo consolidado e usado amplamente em diversos países e que também já é empregado em algumas regiões do Brasil. Este sistema consiste em uma estrutura leve constituída por quadros(frames) compostos por perfis de aço galvanizado que formam um esqueleto estrutural autoportante, projetado para suportar as cargas da edificação. Sobre essa estrutura são fixadas placas nas partes interna e externa. Entre essas placas são feitas as instalações elétrica, hidráulica e de gás. Os espaços vazios entre as placas são preenchidos por materiais que promovem o isolamento hidráulico e acústico. As principais vantagens desse sistema ao serem aplicadas sobre essas pequenas casas sobre rodas são a redução do peso, a alta resistência às cargas provenientes do movimento enquanto a casa já construída é transportada, a facilidade na montagem dos quadros, a precisão dimensional e a rapidez na produção e na montagem das peças (FIG.08) .
Figura 07. Exemplo de estrutura de madeira - <http://thatoregonlife.com> Acesso em 03/08/2017.
19
metálicos que a compõem.
Figura 08. Canal “Living Big In A Tiny House” - <Youtube>. Disponível em 03/08/2017.
Figura 09. Ambiente de trabalho software 3D (Solidworks)
TERCEIRA FASE | MATERIALIZAÇÃO SIMULADA Essa é a etapa que demanda mais tempo de trabalho em um projeto voltado à representação virtual como este. Nessa fase, todos os objetos são modelados conforme seu planejamento, usando programas de computador (softwares) conforme a intenção do designer. Neste caso, optei por desenvolver o produto usando um software de modelagem tridimensional paramétrico (FIG.09) . As vantagens de modelar em um programa baseado em parâmetros - no qual o modelo é gerado a partir de formas geométricas precisas vinculadas entre si - em comparação aos programas de modelagem livre são: a precisão dimensional, que posteriormente facilita a construção do produto, e a facilidade em fazer alterações em peças e montagens. As formas geométricas e fórmulas matemáticas que compõem o modelo são vinculadas de tal forma, que se torna possível alterar todas as dimensões de uma peça ou um conjunto inteiro de peças a partir de um único parâmetro. Por exemplo; alterando-se a cota que define a altura máxima da estrutura metálica da casa, alteramse, automaticamente, todos os comprimentos dos perfis 20
Encerrando a construção dos modelos digitais, é necessário dar o acabamento final nas peças. É válido pontuar que normalmente os programas de computador simulam ferramentas e processos da materialização física que os procederam, pode-se dizer então que os conhecimentos em processos de fabricação, materiais e ferramentas - sejam artesanais ou industriais - contribuem para uma modelagem virtual mais convincente. No processo de texturização dos modelos - além de serem imputados diversos parâmetros numéricos, que determinam, por exemplo, intensidade, cor ou posicionamento no espaço tridimensional em simulação - são aplicadas sobreposições de imagens sobre as superfícies, de maneira que não somente a coloração real de um material seja simulada, mas também outros fatores como, por exemplo, sua rugosidade e refletividade. Mapas de refletividade, relevo e transparência podem ser aplicados com o objetivo de representar, de maneira realista, cada nuança das superfícies e o comportamento da luz ao refletir sobre elas. Um mapa de refletividade, por exemplo, é uma imagem que informa o programa, através de tonalidades de cinza,
onde a luz é mais ou menos refletida sobre as superfícies. Um mapa de relevo, por sua vez, auxilia o programa a definir sombras e onde os raios de luz são desviados simulando rugosidade e imperfeições sobre as faces. O programa tem a função de traduzir todas as informações imputadas pelo usuário - na forma de números ou mapas - e aliar esses dados a equações que simulam o comportamento da luz, obtendo por fim uma imagem que reproduz a realidade (FIG.10) . Esse processo de geração de imagens verossimilhantes é chamado de render.
qualquer direção a partir de um ponto de vista fixo. Para o processo de união das imagens planas e criação de imagens esféricas, foi usado um programa específico. Esse programa tem a função de comparar, reconhecer as áreas em comum entre as imagens e gerar as sobreposições e distorções adequadas (FIG.11) . Para que o programa possa gerar uma boa imagem final é preciso planejar as imagens planas de forma que cada quadro cubra 30% da área do quadro anterior. Ademais, as imagens precisam tem um ponto de vista fixo. No caso da criação de imagens a partir de fotografias, as imagens precisam ser captadas a partir do mesmo ponto nodal, que é o ponto exato onde ocorre a intersecção entre os eixos ópticos. Para isso, o fotógrafo precisa conhecer o ponto nodal da lente usada e portar um tripé adequado que posicione o ponto nodal da lente sobre o eixo de rotação do tripé. As imagens originadas pelo programa são exportadas em um formato planificado que deve ser traduzido, por sua vez, para o formato esférico pelo software que fará a exibição dessas imagens.
Figura 10. Ambiente de trabalho software para render (Keyshot)
QUARTA FASE | IMERSÃO O processo de criação de imagens imersivas se inicia na escolha dos parâmetros para a elaboração dos renders. Quando o software de geração de imagens foto realistas, que irão compor as imagens imersivas, não possui uma ferramenta específica para a geração de imagens esféricas é necessário criar a imagem final por meio da geração de diferentes quadros(frames) individuais que são sobrepostos uns aos outros e que, com a aplicação das distorções adequadas, compõem uma única imagem com campo de visão esférico; ou seja, uma imagem projetada dentro de uma esfera que possibilita ver 360 graus em
Figura 11. Ambiente de trabalho software usado para a geração de imagens esféricas (Kolor Autopano Giga)
21
Há diversos programas disponíveis para a tradução e exibição das imagens planificadas em imagens esféricas. Cada programa pode, além dessas funções básicas, ter outras funcionalidades interessantes. O programa usado neste caso tem como função adicional a possibilidade de criar interações entre as imagens esféricas, tornando a experiência do usuário mais interativa. Também há a possiblidade de acrescentar sons e criar uma apresentação audiovisual, ampliando o campo sensorial envolvido. Para a exibição da apresentação final criada, é preciso, além dos recursos digitais, uma plataforma (hardware) de comunicação entre o usuário e o programa gerado para a apresentação. O hardware usado no presente trabalho foi um smartphone com uma tela com elevada densidade de pixels (pequenos pontos que carregam as informações das cores que compõem a imagem final), um sistema operacional adequado e um giroscópio (FIG.12) . O giroscópio é o componente responsável por informar o smartphone em qual direção está sendo apontado, assim, a imagem esférica é rotacionada à medida que o usuário o aponta para diferentes direções. Além do computador (smartphone), foi usado um óculos específico, também chamado de cardboard, para adicionar ao smartphone a função de “tela imersiva para realidade virtual”. O aparelho é inserido em um compartimento do dispositivo e as lentes no interior dos óculos deixam as imagens exibidas em foco (FIG.13) . O programa usado divide a tela em duas imagens, uma para o olho direito e outra para o olho esquerdo, e gera uma pequena variação do ponto de vista de cada imagem. A divisão de tela aliada a essa variação e às lentes dos óculos simulam o visão humana e criam uma ilusão de profundidade.
Figura 12. Hardware usado para a visualização das imagens esféricas.
Figura 13. Equipamento para a visualização de imagens esféricas em uso.
22
As imagens a seguir são imagens esféricas geradas. As são traduzidas pelo software maneira convincente o espaço
QUINTA FASE | VISUALIZAÇÃO Além do uso de técnicas de visualização já consolidadas através do uso de imagens planas, foi aplicado no presente trabalho uma técnica ainda em desenvolvimento, já mencionada anteriormente, a qual faz o uso de imagens esféricas. Assim como as imagens planas, as imagens esféricas também precisam ser projetadas sobre superfícies para sua visualização. No entanto, diferente das imagens planas, não existem bordas nas imagens esféricas.
versões planificadas das distorções nela observadas de modo a representar de desenvolvido (FIG.14) .
Apesar de ambos os tipos de imagens serem limitados a um espaço pré-determinado, por serem projetadas no interior de uma esfera, o observador não se depara com limites em seu campo de visão nas imagens esféricas. Não importa a direção na qual o espectador volta o seu olhar, sempre haverá um fragmento da imagem para ser observado. A perspectiva aplicada à imagem, aliada às lentes dos óculos de imersão, transmite a ilusão de profundidade, fato que também ocorre em imagens planas, mas, por não haver limitações no campo de visão, toda a atenção visual do observador é voltada para a imagem e a sua experiência é notavelmente mais intensa. É claro que existem certas limitações, devido ao equipamento ou à técnica utilizada, por exemplo. O suporte usado para a projeção não passa despercebido e pode ser notado durante a experiência em muitos casos. O ponto de vista do observador é fixo e pré-determinado por quem projetou a imagem. As imagens esféricas são, no entanto, um avanço na comunicação e suas possibilidades ainda não foram totalmente exploradas. Da mesma forma, as plataformas para seu uso ainda estão sendo desenvolvidas.
Figura 14. Equipamento para a visualização de imagens esféricas em uso.
É possível vislumbrar o potencial, dessa nova técnica de comunicação, de alterar a percepção de realidade humana e espero, através desse trabalho, além de poder experimentar as possibilidades dessa técnica em ascensão, poder introduzir e compartilhar experiências a ela relacionadas.
23
Figura 15. Imagem esfĂŠrica - Entrada da casa
Figura 16. Imagem esfĂŠrica - Banheiro
24
Figura 17. Imagem esférica - Cozinha
Figura 18. Imagem esférica - Sala (Jantar)
25
Figura 19. Imagem esférica - Sala (Estar) e escada de acesso ao Loft secundário
Figura 20. Imagem esférica - Loft secundário
26
Figura 21. Imagem esférica - Loft principal
IMAGENS PLANAS Além das imagens esféricas, foram geradas também imagens planas, com a finalidade de illustrar alguns recursos e detalhes dos espaços e objetos projetados. 27
Figura 22. Imagem plana - Exterior da Tiny House
Figura 24. Imagem plana - Exterior da Tiny House
Figura 23. Detalhe - Aproveitamento dos espaรงos para armazenamento
Figura 25. Dispositivos e armรกrios
28
Figura 26. Mesa de jantar dobrรกvel
Figura 28. Escada telescรณpica para acesso ao Loft secundรกrio.
Figura 27. Sofรกs com compartimento para armazenamento extra.
Figura 29. Imagem plana - Exterior da Tiny House
29
CONCLUSÃO As Tiny Houses constituem uma novo conceito que pode ser inserido em diversas áreas do conhecimento, como a construção civil, o design, a arquitetura e a comunicação. Sua facilidade de alocação e o pouco espaço que ocupam, proporcionam sua adequação a diversos tipos de pessoas, podendo atender a várias camadas sociais e sendo adaptáveis às necessidades de seus moradores. O projeto minimalista reforço os conceitos de vivência sustentável, uma vez que além de ocuparem pouco espaço, podem ser construídas com materiais reaproveitados de outras construções e materiais oriundos de reciclagem. Além disso há a possibilidade de desenvolver projetos independentes das estruturas urbanas através da geração de energia com uso da luz solar, captação de água de chuva, sistemas de esgoto autonomos e renováveis, etc. Essas pequenas casas podem ser uma opção de baixo custo que proporcione à pessoas desfavorecidas economicamente, uma casa própria e digna. Pensando em praticidade, pessoas podem facilmente ser realocadas em caso de desastres naturais como alagamento e deslizamento. As tecnologias de realidade virtual, assim como as tiny houses, ainda estão em fase de desenvolvimento, mas prometem grandes mudanças, não só nas relações de pessoas com os objetos que as rodeiam. Essa novas técnicas tem grande potencial para alterar todas as relações humanas e aliar realidades alternativas á vida cotidiana.
30
AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pela vida e pelas oportunidades e experiências proporcionadas, muitas delas, nas quais, nunca imaginei ser possível. À minha esposa Débora por acompanhar de perto todo o desenvolvimento desse trabalho, por me a judar a tomar decisões importantes quanto ao seu desenvolvimento e por passar noites acordada me esperando finalizar cada etapa. Aos meus pais e sogros pelo apoio durante a minha graduação e por estarem sempre disponíveis em momentos de necessidade. Aos meus famíliares, amigos e colegas de curso, pelo apoio prestado e pelos momentos de divertidos. Aos meus companheiros de república que acompanharam de perto boa parte da minha graduação e com quem dividi parte da minha vida durante esse período. Também agradeço ao meu colega de curso e trabalho Victor Thadeu, pelas inúmeras dicas e pelo auxílio técnico sempre que tive dúvidas quanto à softwares e técnicas de modelagem. Sou grato aos meus professores e pelo aprendizado e pela inspiração que me impulsionam até hoje a buscar sempre aprofundar meus conhecimentos. Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Dorival Rossi pelas excelentes aulas, pelo auxílio e, principalmente por inspirar diversas das minhas escolhas acadêmicas nos últimos anos do curso.
31
REFERÊNCIAS
FLUSSER, Vilém; CARDOSO, Rafael. O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. Editora Cosac Naify, 2007. LIRA, Isadora Teixeira. O mundo codificado: uma filosofia do design e da comunicação. Temática, v. 11, n. 9, 2015. CONTEÚDO DIGITAL ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE TRAILERS, REBOQUES E ENGATES - ANFATRE. Disponível em https://www.anfatre.org. br/. Acesso em 3 Ago. 2017 DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRANSITO - DENATRAN. Resolução 227/2007. Disponível em https://www.denatran.gov.br. Acesso em 3 Ago. 2017 FABRICA DO STEEL FRAME. Disponível em https://www.prefabricadosteelframe.wordpress.com. Acesso em 3 Ago. 2017 INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA - INMETRO. RTQ25 - INSPEÇÃO DE VEÍCULOS RODOVIÁRIOS REBOCADOS. Disponível em https://www.inmetro.gov.br/. Acesso em 3 Ago. 2017 LANGSTON, Bryce. Living Big In A Tiny House. Disponível em https://www.youtube.com/channel/UCoNTMWgGuXtGPLv9UeJZwBw. Acesso em 3 Ago. 2017 MORRISON, Andrew e Gabiella. Couple Builds Own Tiny House on Wheels in 4 Months. Disponível em https://www.youtube.com/ watch?v=RSzgh3D7-Q0. Acesso em 3 Ago. 2017 NELSON TINY HOUSES. Disponível em https://www.youtube.com/channel/UCqmWTqARkddIn_pBJT0P6gQ. Acesso em 3 Ago. 2017 RELAX HACKS DOT COM. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=LT9pyOUQ2vE. Acesso em 3 Ago. 2017 THE TINY TACK HOUSE. Disponível em http://chrisandmalissa.com. Acesso em 3 Ago. 2017 TINY HOME BUILDERS. Disponível em https://www.tinyhomebuilders.com. Acesso em 3 Ago. 2017 TINY HOUSE LISTINGS. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=ddLxMSpBUzw. Acesso em 3 Ago. 2017 TINY HOUSE TALK. Small Space Freedom. Disponível em http://tinyhousetalk.com/tumbleweed-trailers/. Acesso em 3 Ago. 2017 32